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Anais do 15 O Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA – XV ENCITA / 2009 Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil, Outubro, 19 a 22, 2009. ANÁLISE ESTRUTURAL DE MÁQUINAS-FERRAMENTA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS Diego Rodrigues Sant’ Anna ETEP Faculdades Avenida Barão do Rio Branco, 882 - Bairro Jardim Esplanada - CEP 12242-800 - São José dos Campos - SP Bolsista PIBIC-CNPq [email protected] Jacson Machado Nunes Jefferson de Oliveira Gomes Instituto Tecnológico de Aeronáutica Praça Marechal Eduardo Gomes - Bairro Vila das Acácias - CEP 12228-900 - São José dos Campos - SP [email protected] [email protected] Resumo O presente artigo descreve as atividades desenvolvidas em uma fresadora vertical fabricada por uma empresa brasileira. Tal estudo foi motivado pela crescente utilização do método FEM - Finite Element Method em modelos complexos e do interesse da empresa e instituição em desenvolver pesquisas relacionadas ao projeto de máquinas. Nesse contexto o trabalho analisa 3 configurações do conjunto da máquina-ferramenta. As atividades consistiram no entendimento teórico do problema para o desenvolvimento do modelo em elementos finitos no software NxNastran. Os testes contaram com o suporte do Centro de Competência em Manufatura - CCM, localizado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA e da empresa fabricante da máquina-ferramenta em disponibilizar os modelos 3D das respectivas máquinas. Por último, a análise dos resultados avaliou o comportamento dos conjuntos, onde foi possível verificar a opção que condiz com o melhor comportamento estrutural. Palavras chave: Máquina-ferramenta, fresadora vertical, elementos finitos, análise estrutural. 1. Introdução Antigamente não podia-se contar com recursos computacionais tão evoluídos como os de hoje, os recursos de computação gráfica como a chamada Tecnologia CAE - Computer Aided Engineering e FEM - Finite Element Method eram extremamente limitadas. Porém com o avanço tecnológico essas ferramentas passaram a ser largamente utilizada. Atualmente encontramos no mercado diversos softwares capazes de simular estruturas extremamente complexas em pouco tempo, graças aos recursos computacionais que encontramos hoje. (Filho, 2007; Azevedo, 2003). A analise estrutural em máquinas-ferramenta utilizando o Método dos Elementos Finitos mostra-se como uma ferramenta importante para predizer como a mesma irá comporta-se devido a disposição de seus componentes e da própria estrutura, podendo dessa forma avaliar a melhor configuração no que diz respeito a rigidez e deformações. No projeto da estrutura de máquinas-ferramenta o requisito rigidez é muito mais importante do que o requisito capacidade de carga, isto porque os esforços gerados durante a usinagem, e suas consequentes deformações são, em geral, bem inferiores aos limites admissíveis para vários materiais. O conceito de rigidez se divide em estático e dinâmico, e esse é utilizado como parâmetro de desempenho ou de projeto. Em muitos casos o conceito de rigidez estrutural serve também de parâmetro de comparação em máquinas-ferramenta. A rigidez estática é estabelecida tomando a relação entre a carga e a deformação, ao passo que a rigidez dinâmica toma os mesmos parâmetros como sendo função da freqüência. (Stoeterau, 2004). O problema de rigidez não se resume ao quanto a máquina-ferramenta como um todo irá se deformar sob a ação de cargas estáticas, tais como o peso da peça, esforços de usinagem. Este problema também é caracterizado pelo quanto a máquina irá se deformar quando sujeita a vibrações sob a ação de forças inerciais, e carregamentos dinâmicos. (Stoeterau, 2004). O requisito de rigidez estática se caracteriza principalmente, em termos das deformações resultantes dos esforços aplicados sobre a máquina-ferramenta, sendo as mais importantes aquelas causadas por carregamentos flexivos e torcionais. Esses carregamentos são importantes, pois geralmente resultam em desalinhamentos e deslocamentos dos elementos guias, ocasionando assim inexatidões na máquina. A origem dessas deformações são principalmente decorrentes do peso das partes móveis, peso das peças de trabalho, forças de usinagem e gradientes térmicos. (Stoeterau, 2004). Esse trabalho propõe-se a identificar como a estrutura se comporta e determinar onde estão localizadas as deflexões máximas por meio do Método dos Elementos Finitos. Para os testes os modelos das máquinas foram considerados como máquinas-ferramenta de precisão.

ANÁLISE ESTRUTURAL DE MÁQUINAS-FERRAMENTA … · A analise estrutural em máquinas-ferramenta utilizando o Método dos Elementos Finitos mostra-se como uma ferramenta

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Anais do 15O Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA – XV ENCITA / 2009

Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil, Outubro, 19 a 22, 2009.

ANÁLISE ESTRUTURAL DE MÁQUINAS-FERRAMENTA PELO MÉTODO

DOS ELEMENTOS FINITOS

Diego Rodrigues Sant’ Anna ETEP Faculdades Avenida Barão do Rio Branco, 882 - Bairro Jardim Esplanada - CEP 12242-800 - São José dos Campos - SP Bolsista PIBIC-CNPq [email protected] Jacson Machado Nunes Jefferson de Oliveira Gomes Instituto Tecnológico de Aeronáutica Praça Marechal Eduardo Gomes - Bairro Vila das Acácias - CEP 12228-900 - São José dos Campos - SP [email protected] [email protected] Resumo O presente artigo descreve as atividades desenvolvidas em uma fresadora vertical fabricada por uma empresa brasileira. Tal

estudo foi motivado pela crescente utilização do método FEM - Finite Element Method em modelos complexos e do interesse da empresa

e instituição em desenvolver pesquisas relacionadas ao projeto de máquinas. Nesse contexto o trabalho analisa 3 configurações do

conjunto da máquina-ferramenta. As atividades consistiram no entendimento teórico do problema para o desenvolvimento do modelo em

elementos finitos no software NxNastran. Os testes contaram com o suporte do Centro de Competência em Manufatura - CCM,

localizado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA e da empresa fabricante da máquina-ferramenta em disponibilizar os modelos

3D das respectivas máquinas. Por último, a análise dos resultados avaliou o comportamento dos conjuntos, onde foi possível verificar a

opção que condiz com o melhor comportamento estrutural.

Palavras chave: Máquina-ferramenta, fresadora vertical, elementos finitos, análise estrutural.

1. Introdução

Antigamente não podia-se contar com recursos computacionais tão evoluídos como os de hoje, os recursos de computação gráfica como a chamada Tecnologia CAE - Computer Aided Engineering e FEM - Finite Element Method eram extremamente limitadas. Porém com o avanço tecnológico essas ferramentas passaram a ser largamente utilizada. Atualmente encontramos no mercado diversos softwares capazes de simular estruturas extremamente complexas em pouco tempo, graças aos recursos computacionais que encontramos hoje. (Filho, 2007; Azevedo, 2003).

A analise estrutural em máquinas-ferramenta utilizando o Método dos Elementos Finitos mostra-se como uma ferramenta importante para predizer como a mesma irá comporta-se devido a disposição de seus componentes e da própria estrutura, podendo dessa forma avaliar a melhor configuração no que diz respeito a rigidez e deformações.

No projeto da estrutura de máquinas-ferramenta o requisito rigidez é muito mais importante do que o requisito capacidade de carga, isto porque os esforços gerados durante a usinagem, e suas consequentes deformações são, em geral, bem inferiores aos limites admissíveis para vários materiais. O conceito de rigidez se divide em estático e dinâmico, e esse é utilizado como parâmetro de desempenho ou de projeto. Em muitos casos o conceito de rigidez estrutural serve também de parâmetro de comparação em máquinas-ferramenta. A rigidez estática é estabelecida tomando a relação entre a carga e a deformação, ao passo que a rigidez dinâmica toma os mesmos parâmetros como sendo função da freqüência. (Stoeterau, 2004).

O problema de rigidez não se resume ao quanto a máquina-ferramenta como um todo irá se deformar sob a ação de cargas estáticas, tais como o peso da peça, esforços de usinagem. Este problema também é caracterizado pelo quanto a máquina irá se deformar quando sujeita a vibrações sob a ação de forças inerciais, e carregamentos dinâmicos. (Stoeterau, 2004).

O requisito de rigidez estática se caracteriza principalmente, em termos das deformações resultantes dos esforços aplicados sobre a máquina-ferramenta, sendo as mais importantes aquelas causadas por carregamentos flexivos e torcionais. Esses carregamentos são importantes, pois geralmente resultam em desalinhamentos e deslocamentos dos elementos guias, ocasionando assim inexatidões na máquina. A origem dessas deformações são principalmente decorrentes do peso das partes móveis, peso das peças de trabalho, forças de usinagem e gradientes térmicos. (Stoeterau, 2004).

Esse trabalho propõe-se a identificar como a estrutura se comporta e determinar onde estão localizadas as deflexões máximas por meio do Método dos Elementos Finitos. Para os testes os modelos das máquinas foram considerados como máquinas-ferramenta de precisão.

Anais do 15O Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA – XV ENCITA / 2009

Blodgett (1963) apresenta o critério para a análise de flexão em estruturas de máquina-ferramenta de precisão. A

deflexão permissível (∆ / L) é resultante da deflexão da viga dividido pelo comprimento da viga. Para este caso, a deflexão permissível no centro da viga deve estar na faixa entre 0,00001 e 0,000001 (mm/mm).

No caso da fresadora vertical analisada, a distância média entre os pontos de apoio é 1,8 m, portanto, a deflexão admissível no centro da viga será de 1,8 µm a 18 µm. Para efeito de projeto, consideramos o maior valor. Os desenhos das máquinas foram simplificados de modo a eliminar detalhes e elementos desnecessários para análise por FEM.

2. Objetivos

O objetivo desse trabalho consiste em analisar o comportamento das estruturas e suas deflexões máximas utilizando a ferramenta FEM, a fim de verificar qual configuração de máquina possui um comportamento melhor no que se diz respeito a rigidez. 3. Materiais

A Tabela 1 apresenta as características dos materiais que compõem o conjunto máquinas-ferramenta. Tabela 1. Características dos materiais.

Material Densidade ρ (kg/m3)

Módulo de Elasticidade E (GPa)

Coeficiente de Poisson

Ferro fundido 7192 126,2 0,25

Aço 7829 206,9 0,29

Cobre 8920 114,0 0,31

3.1. Massa dos conjuntos

A Tabela 2 apresenta os valores das massas aproximadas do conjunto A (modelo original).

Tabela 2. Discretização do conjunto e suas respectivas massas.

Desenho Conjunto Massa (kg)

1 - Cabeçote 732

2 - Carro 460

3 - Estrutura 1497

4 - Ponte 1967

5 - Colunas 1602

A Tabela 3 apresenta o valor da massa aproximada do cabeçote e da estrutura modificados pelo projeto para concepção

do modelo E.

2

3

4

5

1

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Tabela 3. Discretização do conjunto modificado e suas massas.

Desenho Conjunto Massa (kg)

6 - Cabeçote mais carro modificado

928

7 - Estrutura modificada

1271

A Tabela 4 apresenta o valor da massa aproximada do cabeçote e da estrutura modificados pelo projeto para concepção

do modelo B.

Tabela 4. Discretização do conjunto modificado e suas massas.

Desenho Conjunto Massa (kg)

8 - Cabeçote mais carro modificado

1582

9 - Estrutura modificada

2255

4. Metodologia

As simulações FEM foram realizadas em etapas que estão descritos a seguir. A condição de contorno utilizada entre os modelos (componentes) foi a Glue Coincident, onde a malha é gerada de forma que o nós fiquem coincidentes. As colunas foram restringidas em sua extremidade inferior nos 6 graus de liberdade. De acordo com Filho (2007) o elemento que melhor representaria a malha é o elemento CTETRA10 (elemento sólido tetraédrico parabólico), no entanto devido a limitações de hardware foi utilizado o elemento CTETRA4 (elemento sólido tetraédrico linear) para simulação.

Etapas das simulações: • Efeito do cabeçote, carro e estrutura no centro da ponte no modelo A; • Efeito do cabeçote, carro e estrutura na extremidade da ponte no modelo A; • Efeito da adição de um suporte entre as colunas no modelo A; A Tabela 5 apresenta o suporte e suas características.

Tabela 5. Características do suporte. Desenho Conjunto Massa (kg) Material

Suporte 654 Ferro

fundido

• Efeito da nervura com formato “W” na estrutura da ponte no modelo A; A Tabela 6 apresenta as características da nervura no formato “W” e a original.

6 7

8

9

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Tabela 6. Características das pontes.

Desenho Conjunto Massa (kg) Material

Ponte com nervura “W”

1895 Ferro

fundido

Ponte com nervura paralela

(original) 1967

Ferro fundido

• Efeito físico do contrapeso no modelo A; A fresadora vertical analisada possue um cilindro hidráulico na parte superior da estrutura. Esse cilindro atua como um

contrapeso a fim de equilibrar o peso do cabeçote. O cilindro exerce uma força na direção vertical contraria ao peso do cabeçote, dessa forma promovendo o equilíbrio da estrutura.

Para analisar o efeito do contrapeso na fresadora vertical foram propostas duas representações do fenômeno físico. Com elas, espera-se chegar a uma melhor aproximação do fenômeno real.

Na primeira representação são consideradas uma força de tração na haste do contrapeso com magnitude igual ao peso da estrutura (carro e cabeçote) a ser sustentada, ou seja, 11885 N e uma força de reação, de mesma intensidade e sentido oposto, aplicada no flange que fixa o contrapeso no suporte da estrutura da máquina, conforme Fig. 1.

Figura 1. Representação das forças de tração e reação do contrapeso.

Na segunda representação é considerada apenas uma força de tração na haste do contrapeso com magnitude igual ao peso da estrutura a ser sustentada, ou seja, 11885 N, conforme Fig. 2.

Figura 2. Representação da força de tração do contrapeso.

• Efeito sem o suporte entre as colunas no modelo E; • Efeito da adição do suporte entre as colunas no modelo E; • Efeito do cabeçote e estrutura modificados no modelo B;

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5. Resultados e Discussão 5.1. Efeito do cabeçote, carro e estrutura no centro da ponte no modelo A

Nesta análise, o cabeçote atingiu um deslocamento de 31 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial, enquanto no centro da viga este deslocamento chegou a 21 µm, conforme ilustrado na Fig. 3.

Figura 3. Deformação da máquina considerando o conjunto no centro da viga. 5.2. Efeito do cabeçote, carro e estrutura na extremidade da ponte no modelo A

No cenário apresentado na Figura 4, o cabeçote, carro e estrutura foram posicionados na extremidade limite da ponte.

Nesta análise, o cabeçote atingiu um deslocamento de 30 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial, enquanto no centro da ponte este deslocamento chegou a 19 µm. Esses dados caracterizam um erro menor que 10% se comparado com a simulação 5.1. Portanto, numericamente não há diferença significativa.

Observa-se também que o deslocamento da ponte com a carga posicionada na extremidade diminuiu para 17 µm, ou seja, 20% menor se comparada com 5.1, resultante da maior rigidez axial devido a proximidade da coluna de apoio.

Figura 4. Deformação da máquina considerando o conjunto na extremidade da ponte.

21 µm

84 µm

52 µm

38 µm

31 µm

52 µm

37 µm

30 µm

17 µm

85 µm

19 µm

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6. Efeito da adição de um suporte entre as colunas no modelo A

É apresentada a inserção de um suporte em ferro fundido com o objetivo de mensurar seu efeito sobre a rigidez da

ponte. Nesta análise, o cabeçote atingiu um deslocamento de 24 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial, ou seja, 23% menor se comparada com 5.1, enquanto no centro da ponte este deslocamento chegou a 14 µm, ou seja, 33% menor se comparada com 5.1.

Vale observar que o menor deslocamento devido ao aumento da rigidez envolve o custo adicional de um suporte de aproximadamente 654 kg, conforme mostrado na Fig. 5.

Figura 5. Deformação da máquina considerando a adição do suporte. 7. Efeito da nervura no formato “W” na ponte do modelo A

Neste caso, foi proposta a alteração da geometria das nervuras da ponte de forma paralela para forma “W” e com isso verificar sua influência sobre a rigidez da ponte.

Observa-se que, embora a ponte em formato “W” proposta tenha 72 kg a menos que a ponte com nervura paralela, os deslocamentos foram os mesmos.

Sendo assim, o cabeçote atingiu um deslocamento de 31 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial, enquanto no centro da ponte este deslocamento chegou a 21 µm, conforme ilustrado na Fig. 6.

Figura 6. Deformação da máquina considerando a ponte em formato “W”.

43 µm

31 µm

24 µm

74 µm

14 µm

21 µm

84 µm

52 µm

38 µm

31 µm

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8. Proposta 1: tração na haste do contrapeso e reação no suporte de fixação.

Os resultados dos deslocamentos encontrados nesta proposta revelam que o deslocamento no centro da ponte permaneceu inalterado comparando-se com o item 5.1.

Por outro lado, os deslocamentos ao longo do eixo do cabeçote foram próximos de forma a manter a alinhamento do cabeçote, minimizando a tendência de flexão.

O efeito da reação no suporte da estrutura, embora tenha imagem amplificada pelo visualizador do software, é representada pela deformação no ponto de apoio na extremidade da estrutura, conforme ilustrado na Fig 7.

Figura 7. Deformação da máquina considerando tração e reação do contrapeso. 8.1 Proposta 2: tração na haste do contrapeso sem reação no suporte de fixação.

Os resultados dos deslocamentos encontrados nesta segunda proposta denotam que ao aplicar a força na haste do contrapeso todo o peso do carro e do cabeçote é equilibrado. Com isso, as deformações calculadas são referentes somente a carga da estrutura sobre a ponte, conforme a Fig 8.

Observa-se que os deslocamentos ao longo do eixo do cabeçote foram próximos de forma a manter a alinhamento do cabeçote, minimizando a tendência de flexão.

Esta análise nos permitiu perceber que a distribuição da massa na estrutura sobre a ponte e sem excentricidade pode reduzir os deslocamentos em pelo menos 60%.

Dado os efeitos assistidos nas propostas 1 e 2, pode considerar a primeira como a mais representativa do fenômeno físico.

Figura 8. Deformação da máquina considerando apenas tração do contrapeso.

21 µm

135 µm 29 µm

30 µm

26 µm

9 µm

107 µm

8 µm

9 µm

9 µm

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9. Efeito da máquina modelo E sem suporte entre as colunas

A máquina na versão E mantém as colunas e a ponte conforme modelo original, porém, a configuração e projeto da estrutura e cabeçote foram alterados de forma a reduzir a quantidade de massa em balanço sobre a ponte.

Nesta análise, o cabeçote atingiu um deslocamento de 30 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial, enquanto no centro da viga este deslocamento chegou a 23 µm, conforme ilustrado na Fig. 9.

Diante do exposto, não foi visualizado melhoria com as alterações propostas. Verifica-se ainda que a massa do cabeçote em balanço propicia a geração de um momento em torno do eixo da ponte, desfavorecendo a resistência a flexão.

Figura 9. Deformação da máquina considerando a estrutura e cabeçote modificado. 9.1. Efeito da máquina modelo E com suporte entre as colunas

Conforme exposto do item 6, a inserção de um suporte em ferro fundido reduz o deslocamento na extremidade do spindle em relação a posição inicial e no centro da ponte. Para obter tais efeitos deve-se considerar a custo adicional de um suporte com aproximadamente 654 kg. (Fig. 10).

Figura 10. Deformação da máquina considerando acréscimo do suporte. 10. Efeito do cabeçote e estrutura modificados no modelo B

A maquia na versão B apresenta uma mudança do arranjo estrutural da máquina-ferramenta original, destacando

principalmente o giro de 90 graus da posição da ponte e a forma geométrica da estrutura.

23 µm

85 µm

50 µm

42 µm

30 µm

14 µm

73 µm 36 µm

30 µm

21 µm

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Nesta análise, o cabeçote atingiu um deslocamento de 45 µm na extremidade do spindle em relação a posição inicial,

enquanto no centro da viga este deslocamento chegou a 21 µm, conforme ilustrado na Fig. 11. Percebe-se, neste caso, a maior deformação alcançada pela extremidade do spindle. Tal fato deve-se ao aumento da

quantidade de massa em balanço de aproximadamente 30% em relação ao modelo original.

Figura 11. Deformação da máquina considerando a estrutura e cabeçote modificado. 11. Conclusões

Conclui-se que a analise FEM é extremamente importante para estudos relacionados a projetos de máquinas-ferramenta, uma vez que é possível analisar conjuntos extremamente complexos. É importante que o modelo compreenda as características reais como material, as condições de contorno e os carregamentos, para que o mesmo possa apresentar os resultados de forma confiável.

Pode-se concluir que o modelo original e as supostas modificações de cabeçote e estrutura analisados apresentaram valores superiores a 18 µm, tal valor é o limite de flexão para esse caso, ou seja, é aconselhável realizar modificações na estrutura e cabeçote a fim de reduzir a flexão.

A inserção de um suporte na região central da ponte diminui os deslocamentos, porém, existe um custo associado ao novo elemento.

O efeito do contrapeso é representativo quando são consideradas as forças de reação sobre a estrutura de apoio. Concluí-se na versão B que apesar da ponte estar na vertical, ela está suportada por uma estrutura pouco rígida, não

obstante a estrutura é relativamente fraca, existe um rasgo em sua base. Este rasgo faz com que a estrutura não possua rigidez horizontal suficiente para suportar deflexões, trações diagonais e flambagens advindas de cargas atuantes em todos os sentidos e direções. Além disso, o maior “vilão” causador das altas deflexões está ligado a sua excentricidade. Como esta estrutura é ainda mais fraca que a proposta originalmente, os efeitos devido à excentricidade são ainda piores .

Verifica-se ainda que a massa do cabeçote em balanço propicia a geração de um momento em torno do eixo da ponte, desfavorecendo a resistência a flexão e a torção.

Independentemente de qual será a estratégia utilizada para se solucionar o problema da fresadora vertical, esta terá que possuir artifícios para minimizar os efeitos da excentricidade promovida pela forma da arquitetura da máquina.

Por fim os resultados até então obtidos demonstram a importância da simulação FEM, uma ferramenta poderosa que é utilizada largamente pelas empresas e instituições auxiliando na área de mecânica estrutural, mecânica dos fluídos e de novos projetos de máquina. 12. Agradecimentos

O autor agradece ao CCM - Centro de Competência em Manufatura do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica pelo apoio nas várias etapas desse trabalho e ao CNPq pelo apoio financeiro.

21 µm

120 µm

85 µm

63 µm

45 µm

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13. Referências Azevedo, A. F. M., 2003, “Método dos Elementos Finitos”, Universidade do Porto. Filho, A. A., 2007, “Elementos Finitos - A Base da Tecnologia CAE”, Ed. Érica, S. Paulo, Brasil, 292 p. Blodgett, O.W., 1963, “Design of weldments”. Cleveland, OH: James F. Lincoln Arc Welding Foundation, P.ir. Stoeterau, R. L., 2004, “Introdução ao Projeto de Máquinas-Ferramenta Modernas”, Universidade Federal de Santa

Catarina. Tutorial NxNastran, Versão 5.0.