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^SSlGNATUlSi PREÇOS ADÉOTADOS:Corte Nktherov: paka foka ba gotítk.

Trimestre . . . '4&0O0J

......Semestre - - - «$000;; Seinaülre . . .Armo .... 16S0001 Airne 18Jul.O.

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SYSTHEM 3ÀCOME

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2 BAZAR VOLANTE

fi BAZAR VOLANTE&

Rio'6 de Maio de 1866.

Finalmente já pisa o exercito brasileiro as terras doParaguay, e a nossa esquadra lá vai caminho de Humaitádar uma lição tremenda ao tyranno, que ousou affrqhtáros brios de uma nação civilisada e poderosa 1 A causasanta que pleiteamos ha de triumphar, tenhamos féem Deos; e o pavilhão nacional, coberto de gloria, tre-mulará sobre os muros d'essa Assumpção, onde a bar-baria estabeleceu a sua sede.

A passagem do Passo da Pátria é o mais importantetriumpho do Brasil na campanha actual 1 A posição fa-voravel em que se achava o inimigo, defendido por uma*linha de bocas de fogo, que o tornava quasi que inac*-cessivel, e a perda dos mais valentes officiaes da nossamarinha, os quaes a pátria deplora com lagrimas quejamais se estancarão-, erão como que razões de desa-nimo que devião actuar no espirito da nossa gente;mas o patriotismo fallou alto, e o Brasil chegou, co-berto de gloria, aos dominios do Paraguay.

Honra á esses bravos! Que as bênçãos da pátriachovão sobre elles.

A' aquelles que morrerão abraçados com o santo pa-vilhão auri-verde, o reconhecimento eterno de seuscompatriotas I

Das cinzas do Eldorado vai surgir o — Jardim de4 Flora. —O antigo Brisson prepara-se com todo o es-mero para receber uma companhia franceza de elite,que em breve terá de dar-nos noites deliciosas e apra-ziveis.

No fundo do jardim, que o nosso publico já conhece,o theatrinho ía nova companhia ostenta-se risonhopor entre as flores e a verdura, como um palácio en-cantado da Deosa, cujo nome herdou.

Quem ali hoje entrar não poderá exclamar, paro-diando o poeta—Campus tibi Eldoradus fuitl

Tudo está mudado I A caixa do antigo theatrinhofugiu do lado do jardim, e desertou para o fundo do-mesmo, ficando portanto na direcçâo da ponta do narizde quem entra. Os camarotes e a platéa, mais soli-darios com a caixa que os membros do actual gabinete,acompanharão-na também I Emfim a construcção d'essemimoso edifício, pintura e ornatos, nada indica queali existiu o Eldorado do Brisson.

Anciosos aguardamos a chegada do Sr, Che ri coma nova companhia para a abertura d'esse Café Can-tante que tanto promette.

Ao Jardim de Flora o Bazar Volante prognostica,semserpropheta, um futuro brilhante, e uma longavida.

Sesostris.

COUSAS E LOUSAS

|p^- S9^Kí^^r^^Mm^^M^^^mM

Um velho celibatario, para fazer economias, alugou umaposento a uma sujeita qup alugava quartos. Quando sabia,para não furar o bolso com a chave, que era mais umaarma prohibida que uma chave, ertregava-a a locandeira, quemostrava os-melhores desejos de servir o seu freguez, esco-vando-lhe a roupa, e limp-ando-lhe a velha mobilia de jaca-randá.

Tanta solicitude tinha-o por tal modo penhorado, que ovelho, que andava sempre como um caracol de casa as costas,de mudança em mudança, resolvera ali assentar failexa parasempre.

Üm dia, abrindo um bahú, deu por falta de algumas latasde goiabada, presente que um amigo lhe fizera de Campos.

Atribuir o furto aos moleques da casa, foi a sua primeiraidéa.

E pois, para não molestar a locandeira, que o tractava comtanta amabil_dade,nada quiz dizer-lhe do que tinha occorrido,esperando apanhar o ladrão com a bocea na botija.

Para esse fim entrava sempre no seu quarto pé ante pé,tendo o cuidado de espreitar antes por uma janella.

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BAZAR VOLANTE 3= *_*ft

O resultado das suas experiências foi encontrar, uma tarde,a locandeira sentada em uma cadeira, a devorar-lhe uma dastaes latas com um canibalismo, digno de Yitellio.

No dia seguinte o quarto estava com escriptos!*

* *

ficar perto de seu compadre, diante do maior guardanopo damesa. Era um boi!!

Ahi vão os guardanapos. Quem quizer dar banquetes de

annos pode dirigir-se ao escriptorio do Bazar Volante, ondeencontrará um perfeito artista ri-essa especialidade. E'

só ter o trabalho de mandar a lista dos convidados, que elle

encarrega-se de dobrar os guardanapos conforme as pessoas.* * * *

Souza,

D. Erneslina, senhora viuva e espirituosa, festejava o seu(rigesimo anniversorio com um lauto banquete, no qual nadatinha esquecido para o conforto de seus convidados. Era um

jantar de 40 talheres, e como em todos os jantares brasileiros,só o leitão, que se ostentava"no centro da mesa condecoradode rodellas de limão, podia fornecer alimento ao duplo dasconvivas. Quem já tem visto um leitão sovado expressamentepara dia de annos, pode aquilatar o que levamos dito. Comoextremos d'este centro vião-se um presunto, encapotado compó de rosca, o um obeso peru, cujo papo parecia querer apre-bentar diante de uma velha que comia conservas, a espera

que chegasse a vez da explosão d'aquelle Vesuvio deaseitonas,ovos duros, e farinha.

Ensopados et reliqua rodeavãoas grandes peças, que não tar-darão a entrar em fogo.

Não é ludo ainda. D. Chiquinha tinha alugado expressa-mente um criado n'esse dia para dobrar guardanapos. Pelocorrer da mesa tinha arranjado o artista uma fileira de rosas,borboletas, cachorros, macacos, bois... tudo de guardanapos!

O criado, sem o saber,'tinha preparado um epigramma paracada conviva.

Uma menina loureira, que antes do jantar já tinha corle-jado a 4 dandys, e recebido a corte de outros tantos, teve dedesdobrar uma borboleta que lhe íicou em frente.

Um velho, feio como um mono, mas com pretenções abonito, sentou-se em frente de um macaco que, apezar, de serde guardanapo, parecia fazer-lhe caretas.

A dona da casa, que era muito modesta, limpou os lábios denacar durante o jantar cora uma rosa.

E para cumulo do epigramma um marido condescendente

AVENTURAS DE UMA MOÇA SOLTEIRA

ROMANCE INEDI.OPOR SESOSTRIS E MEN AND RO

CAPITULO Y.

(Continuação).

Erão duas horas da madrugada.Contra a minha vontade cheguei até o Cáes da Gloria, lo-

vado pelo meu amigo Menandro, que dizia-me a cada momen-to : — preciso de ar, preciso de ar, quero respirar.

A. lua, infelizmente para mim havia uma lua-, poiso meucompanheiro, como todos os poetas apaixonados, tornou-seum ponto de admiração diante do astro romântico, e até hojeainda estaria lá a recitar poesias, si eu não lhe puzesse termo,,perguntando-lhe por mais de uma vez o que significava tudoaquillo, e o que faziamos nós aquellas horas, a guisa de se-renos, a guardar a bahia.

—E' noite, o astro soudosoRompe a custo o plúmbeo céu,Tolda-lhe o rosto....

—Toldado, dizia-lhe eu, parece-me estar você. Você nãotoma mais juízo, seu Menandro ?

—A virgem da noite no azul transparente....

—Ora, seu Menandro, ainda ha pouco o céu era plúmbeo, eagora já é azul transparente....

~N'essas praias de limpidas arêas..*.

—Jesus, não assassine mais esta infeliz !E Menandro continuava a fatigar os echos com inspirações

de todos os poetas.—Mas onde ficamos nós ? Ah í na lua.A lua, como dizia.... Na realidade estou engasgado,

já melhei tres Yezes a penna no tinteiro, e não possodizer como estava a lua. Menandro, tira-me d'esta entalacão :diz aqui aos leitores o que era essa lua ; mas falia em prosa.

« A lua, sem o cortejo esplendido das nuvens, subia serenaebella os degraus do Armamento, derramando o seu prantode luz sobre a superfície tremula das águas da nossa bahia.Nunca a nossa lua se mostrou tão merecedora do epitheto de—astro saudoso—, somo nessa noite, tão fatal para mim....

•—Basta Sr. Menandro, fique em noite: o que lhe aconteceuteve de seu tar-se,paracorictender corn a mulher que desejava eu vou contar aos leitores.

Hi!

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Este cogumelo ha de vingar, graças aos meus cuidados.

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ilL^^M M'í_^$>tM/ 1

Pois deveras, pretendes forrar toda esta safa com notas do Bâncó ?Meu amigo, foi o papel mais barato que encontrei.

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O GUARDA NACIONAL OU O DILRMIA DE 4 PONTAS\ •;-. i

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^siâ^f^^

Si nào vier para a guarda, mando-o prender. Si* continuar a faltar, faço-o despedir.

g$*): '"" '" *"""*-- ___Él^_£_i.

Si não mandar dinheiro, nào vai carne secca para :¦— Si nào nos deres o que comer, morreremos a fome..e.Sft-,

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6 BAZAR VOLANTE

Antes d'isso, porém, devo dizer-lhe que não era preciso se-

melhante periphrase para pintar a lua.

No meu caso eu diria.... E esta ! ainda estou engasgado :tem razào Sr. Menandro, dou as mãos a palmatória.

Já sabem portanto os leitores, (o Sr. Menandro está sem-

pre a chamar-me de malcriado, porque nunca me refiro asleitoras) que a scena deste capitulo passa-se no Cáes da Gloria,sob a cúpula de uma das arvores que o ornâo, e no silenciode alta noite.

Menandro, sentado no paredão, tinha as pernas voltadas

para o mar, e os braços crusados sobre o largo peito, comoNapoleão no rochedo de Waterloo. Que pensamento domi-nava aquella alma tão grande, como o mundo !

Eu mudo e quedo, encostado n'esse paredão, observavatodos os movimentos de Menandro depois da febre de

poesias, nutrindo sérios receios.... — Esses poetas acabão mal,dizia eu com os meus botões; e lembrei-me de Chatterton.

Não pude conter por mais tempo o silencio ; segurei-o

pelas abas do fraque, e disse-lhe : Menandro sahe d'ahi.

O meu amigo fitou-me com um olhar desvairado, e a crisefebril reapareceu com os — Ciúmes do Bardo.

-—Ao que ousar dar a vela

A barretina cahia-lhe pelas orelhas; meu fardio dançava-lheno corpo, arrastando as abas pelo chão; a cada passo quedava com as minhas bolas tropeçava na espada que se lhe

enrolavanas pernas; quizsegural-a vendo quo so encaminhava

para a rua, mas a endiabrada menina pucha d;i espada,cuja ponta ao sair da bainha,riscando-me a barriga,vai quebrardous vasos de porcelana, e grila:— em guarda! Eu estre-meei SE D. Rosa ria-se ! Sabe qual foi o fim de tudo isso,Sr. Menandro? foi o ver-me obrigado a sair de casa,para ir buscarminha filha no cães da Chichorrn, onde, tomando quatro mo-leques por inimigos, corria de espada u^esernbainhada atrazdelles, gritando sempre a sua phrase predilecta—em guarda!em guarda! Ultimamente quer a força marchar para o P4-niguay como voluntário da pátria; não me falia em casa senãona Jovita! Já disse a prima, com quem anda de namoro, quelogo quo voltar da guerra lhe pedirá a mão. Ora, agoradiga-me, Sr. Menandro, minha filha não esta dotnla?! Eu nãosou tão infeliz ?! »

—E o pobre velho, Sesostris, ficou cum a cabeça pendidasobre o peito, na atitude mereneoria do abatimento.

—Agora o que hei de fazer ?— Vem para a casa dormir, que já respiraste muito ar.

(Continua).

Fe, bom velho, virtude, amor, constânciaFugirão deste mundo....

—Ainda poesias, Sr. Meenandro !! Desça, desça porquem é.

—Por quem é? ! Oh 1 fallaste n'ella.... graças meu amigo,eu desço, mas escuta.

E Menandro contou-me o que ahi vai:—Felippe de Azambuja já sabe do meu namoro,—Poderá não, disse eu, si elle até o protege.—Não, não o ^'Otege, Sesostris, porque infelizmente não o

pode. E no entretanto cu sinto que amo essa mulher comtodas as forcas de minha alma !'

Sabes o que medisse aquelle pobre velho, com o rostobanhado em lagrimas ?!

,« Sr. Menandro:—Chiquinha está douda !... a educação quelhe dei, unida a Índole que herdou de sua mãi, com certezaarrasto u-a para esse fatal abysmo — a loucura ! Entendeque ó homem e que, como tal, deve abusar de todas as suasgarantias! Hontem tive um bate barbas com minha mulher,que julga que Chiquinha está ainda em idade de se lhe fazertodas as vontades. Chiquinha, Sr. Menandro, foi desencavaro meu grande uniforme de guarda nacional, e quando eu davaos primeiros cochilos da sésta nesta cadeira, e.is que sou brus-cajnente acordado por um tinir de espadas no corredor: le-vanto-me, e vejo minha filha fardada dos pés até a cabeça!

THEATROLOGIÀ

Oh!! Mas nào me engano !! E's com effeito tú, meucaroF?! Quem diria! estás velho, esbandalhado, eaté magro I O qne fizeste (TaqueHa barriga que, quandopasseávamos juntos a cavallo, dava-te o aspecto de umSancho Pança ?!¦• • o . ;_.'

Abraços, apertos de mão, —como vai a tua família,— boa, obrigado, e a tua ?— trocas de pitadas, offereci-mentos de casa,tudo isso adubado de quando em quandocom reminiscençias saudosas de tempos que não voltào,bem indica que se trata do encontro inesperado dedous sujeitos qne não se vem de ha muito.

Foi justamente o que aconteceu. A scena passa-se narua do Ouvidor. Eu descia por essa rua tentadora esta-cando a cada momento como um ponto de admiraçãodiante das vidraças pejadas de quinquilharias e dequantas bugigangas o gênio francez entende que devetransportar para este bemaventurado Brazil, eis queesbarro n'um grupo que se apinhava junto a porta, sinão me engano, do — Livro Verde—. Ahi tornei-me

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BAZAR VOLANTE

luCum ponto de interrogação, — 0 que e isto? foi a per-gunta que dirigi a 6 cotovellos, que me atirarão impa-cientes para o meio da rua. Consegui a final a custo,abrindo passagem por entre um nariz e um queixo,satis-fazer a minha curiosidade. Era uma espécie de cosmo-rama> no qual pondo um olho, e applicando o rabo dooutro que me ficava disponível sobre um sujeito queestava a meu ladcPcom todos os característicos de ladrãode carteiras, consegui ver, horror II uma mulherpíompta para entrar no banho, em costume de estatua,com a circuvistancia aggravante do relevo das formas.0 meu pudor ficou tão revoltado, qne encostei abo-

—¦ Tudo isto por ahi está escangalhado e perdido. Onosso nunca assa»chorado João Caetano....

Oh! não falles n'esse nome. E o meu amigodeixou pendera cabeça sobre o peito, e a colher dosorvete cahiu no pires.

Tens razão. Era o gigante da scena, o maior vultoque tem apparecido no palco braseiro. Lembras-te doKeen ? da Gargalhada ? Deixemol-o em paz. O Fur-tado lá anda por Campos a tocar copos. Não o conheces?

De tradição apenas, sei que ó um gênio.Achaste a palavra, Silvestre: é um gênio ! eéo

checha no vidro, para que lhe não vissem a verme- próprio gênio qne ha de perdel-o; pode-se dizer d'aquellalhidão.

— 0 senhor não acaba? diz-me um sugeito pordetraz.—Aqui ha mais pessoas que desejão também ver.

Apenas voltei-me, tomei em cheio na cara essegrande oh! ! que foi o prenuncio àotableau de reco-nhecimento, que o leitor já viu.

Era um amigo de Pernambuco, um companheiro deinfância I

Satisfeita a sua curiosidade de provinciano, o Sr....Não devo ser indiscreto,declinando aqui o nome cie meuvelho amigo e collega; mas, como é preciso, por força,

que elle tenha um nome, usando da autoridade de escriptor qua fungot\ eu o baptiso por Silvestre, sem maisnada.

Dar o braço ao Sr. Silvestre, depois cie satisfazertodas as suas perguntas, pois um provinciano temsempre perguntas a fazer na corte, eleval-o até o Car-celler foi o meu primeiro movimento. Ahi, entre umsorvete e uma garrafa de cerveja, perguntou-me oSr. Silvestre: Como vamos por aqui de theatros?

Mal, meu caro; foi a resposta que me sahiu daboca como um raio. — E' rara a noite que os bilhe-teiros não adoeção ; a epidemia tem atacado de tal modoa essa gente, que já não ha ninguém que queira exercersemelhante profissão. E lá por Pernambuco como vãoas cousas .

Mal, respondeu-me também o meu amigo.tr Creio-te, Silvestre. Si eu fizesse a mesma pergunta

a umbahiano, aum maranhense, a um rio grandense^a um paulista, ao Brazil inteiro em fim, havia de tera mesma resposta.

cabeça o que disse o nosso Magalhães da alma doheróe de Waterloo—é grande como o mundo ! Um dialembrou-se de tocar copos, tocar copos n'essa épocaera uma mania. Enfileirou dez cálices sobre uma mesa,com a mesma simplicidade com que uma criança põe emordem de marcha soldados de chumbo, sem conhecera mais pequena regra da arte militar, e começou a fric-cionar cornos dedos as bordas do seu novo instrumento.Logo as primeiras fricções tirou notas suaves ; o queninguém até então, a não ser Comingio Gagliano, tinhaconseguido, Dias depois Furtado Coelho dava um con-certo I Tantas palmas e elogios, aliás merecidos, lhe tri-butárão, que Furtado Coelho apresentou-se d'ahi ha ummez com um caixa de copos de crystal, um colossalmonumento de sua gloria, em cuja face se lia em letrasde se ver ao longe—Copophonia.—D'esde então o ar-tista morreu para a scena ! Callejou os dedos no officio,e eil-o que lá se foi para as campinas dos Goytacazes,entregando a direcção do seu theatro ao seu digno col-lega Arêas.

E o que tem feito o Arêas?O que tem feito esse artista? Vamos para a casa

que lá te mostrarei a resposta em diversas theatrologias

que tenho escripto.

E dando de novo o braço ao Sr. Silvestre, sahi doCarceller.

Sesostris*

I

Typógraphia do bazáu volante, rua de Sto. Antônio n. 29.

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— Estou munido e prompto para o combate.©

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