40
NOVO PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DEFENDE A BUSCA DE PARCEIROS INTERNACIONAIS Depois de 11 anos de taxas positivas, vendas do comércio Empresa Brasil Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 DESPENCAM

Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

NOVO PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DEFENDE A BUSCA DE PARCEIROS INTERNACIONAIS

Depois de 11 anos de taxas positivas, vendas do comércio

Empresa Bras

il

Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015

DESPENCAM

Page 2: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doEstado do Acre – FEDERACREPresidente: Adem Araújo da SilvaAvenida Ceará, 2351 Bairro: CentroCidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado deAlagoas – FEDERALAGOASPresidente: Kennedy Davidson Pinaud CalheirosRua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIAPresidente: Nonato Altair Marques PereiraRua General Rondon, 1385 Bairro: CentroCidade: Macapá CEP: 68.900-182

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariaisdo Amazonas – FACEAPresidente: Valdemar PinheiroRua Guilherme Moreira, 281Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300

Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado daBahia – FACEBPresidente: Clóves Lopes CedrazRua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070

Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACCPresidente: João Porto GuimarãesRua Doutor João Moreira, 207 Bairro: CentroCidade: Fortaleza CEP: 60.030-000

Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais eIndustriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDFPresidente: Francisco de Assis SilvaQuadra 01, Área Especial 03, Lote 01 – Setor Industrial Bernardo SayãoCidade: Núcleo Bandeirante/DF CEP: 71735-167

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Espírito Santo – FACIAPESPresidente: Amarildo Selva LovatoRua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória - CEP 29.050-700

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEGPresidente: Ubiratan da Silva LopesRua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

Maranhão – Federação das Associações Empresariais doMaranhão – FAEMPresidente: Domingos Sousa Silva JúniorRua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis.Bairro: São Francisco - São LuísCEP: 65.076-360

Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais do Estado do Mato Grosso – FACMATPresidente: Jonas Alves de SouzaRua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020

Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais doMato Grosso do Sul – FAEMSPresidente: Alfredo Zamlutti JúniorRua Piratininga, 399 – Jardim dos EstadosCidade: Campo Grande CEP: 79021-210

Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINASPresidente: Emílio César Ribeiro ParoliniAvenida Afonso Pena, 726, 15º andarBairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002

Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doPará – FACIAPAPresidente: Olavo Rogério Bastos das NevesAvenida Presidente Vargas, 158 - 2º andar, bloco 203Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000

Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais daParaíba – FACEPBPresidente: Alexandre José Beltrão MouraAvenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andarBairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais doParaná – FACIAPPresidente: Guido BresolinRua: Heitor Stockler de Franca, 356Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais eEmpresariais de Pernambuco – FACEPPresidente: Jussara Pereira BarbosaRua do Bom Jesus, 215 – 1º andarBairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACPPresidente: José Elias TajraRua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207.Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: CentroCidade: Teresina CEP: 64.001-060

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJPresidente: Jésus Mendes CostaRua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: CentroCidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030

Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do RioGrande do Norte – FACERNPresidente: Itamar Manso Maciel JúniorAvenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200

Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e deServiços do Rio Grande do Sul - FEDERASULPresidente: Ricardo RussowskyRua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andarPalácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110

Rondônia – Federação das Associações Comerciaise Industriais do Estado de Rondônia – FACERPresidente: Gerçon Szezerbatz ZanattoRua Pio XII, 1061, Pedrinhas, 1º andar, Sl 01 Cidade: Porto Velho CEP: 76801-498

Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais deRoraima – FACIRPresidente: João Batista de Melo MêneAvenida Jaime Brasil, 223, 1º andarBairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350

Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISCPresidente: Ernesto João ReckRua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540

São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo – FACESPPresidente: Alencar BurtiRua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001

Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais eAgropastoris do Estado de Sergipe – FACIASEPresidente: Wladimir Alves TorresRua José do Prado Franco, 557 - Bairro: CentroCidade: Aracaju CEP: 49.010-110

Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriaisdo Estado de Tocantins – FACIETPresidente: Pedro José Ferreira103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA -Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversifi cada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às in-formações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

DIRETORIA DA CACBTRIÊNIO 2013/2015

PRESIDENTEJosé Paulo Dornelles Cairoli (RS)

1º VICE-PRESIDENTERogério Pinto Coelho Amato (SP)

VICE-PRESIDENTESAntônio Freire (MS)Djalma Farias Cintra Junior (PE)Jésus Mendes Costa (RJ)Jonas Alves de Souza (MT)José Sobrinho Barros (DF)Rainer Zielasko (PR)Reginaldo Ferreira (PA)Sérgio Roberto de Medeiros Freire (RN)Wander Luis Silva (MG)

VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAISSérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL)

VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃOAlexandre Santana Porto (SE)

VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESALuiz Carlos Furtado Neves (SC)

VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOSPedro José Ferreira (TO)

DIRETOR–SECRETÁRIOJarbas Luis Meurer (TO)

DIRETOR–FINANCEIROGeorge Teixeira Pinheiro (AC)

CONSELHO FISCAL TITULARESJadir Correa da Costa (RR)Ubiratan da Silva Lopes (GO)Valdemar Pinheiro (AM)

CONSELHO FISCAL SUPLENTEAlaor Francisco Tissot (SC)Itamar Manso Maciel (RN)Kennedy Davison Pinaud Calheiros (AL)

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIAAvani Slomp Rodrigues (PR)

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIOFernando Fagundes Milagre

GERENTE ADMINSTRATIVO/FINANCEIROCésar Augusto Silva

COORDENADOR DO EMPREENDERCarlos Alberto Rezende

COORDENADOR DA CBMAEEduardo Vieira

COORDENADOR DO PROGERECSLuiz Antônio Bortolin

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli Fróes

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIALNeusa Galli FróesCyntia MenezesMaíra Valério

SCS Quadra 3 Bloco ALote 126Edifício CACB61 3321-131161 3224-003470.313-916 Brasília - DF

Site: www.cacb.org.br

Federações CACB

Page 3: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 3

Foi gratifi cante presenciar, ain-da como presidente, a eleição de meu sucessor em 5 de no-vembro. Eleito por aclamação

pelo Conselho Deliberativo da entida-de, em Brasília, George Pinheiro, do Acre, que ocupou o cargo de diretor fi nanceiro em nosso mandato, será o responsável pela gestão da CACB no período de 2016/2018.

George liderou uma chapa com-posta por representantes de vários estados. Ao todo, são 27 federações, que agregam 2.300 associações co-merciais, empresariais e de serviços e representam, sob o guarda-chuva da CACB, 2 milhões de empresários, pessoas físicas e jurídicas, de todos os setores da economia.

George Pinheiro possui uma larga folha de serviços dedicados à entidade. É, para mim, um privilégio tê-lo como meu sucessor. Tenho certeza de que ele será um líder efetivo, que não só dará continuidade, como também melho-rará substancialmente o trabalho feito até aqui, deixando sua marca na histó-ria da entidade, assim como os demais membros da nova diretoria executiva: Jésus Mendes Costa, do Rio de Janeiro; Jonas Alves de Souza, do Mato Gros-so; e Jarbas Luis Meurer, do Tocantins. Desejo sucesso ao novo corpo diretivo da entidade e um caminho seguro de grandes realizações.

Aproveito a oportunidade ense-jada pela eleição para enfatizar a im-portância de entidades empresariais, sobretudo como incentivadoras da economia produtiva e também como

catalisadoras de negócios que resul-tam em emprego e renda. Além do conhecido protagonismo da CACB nos trâmites que resultaram na cria-ção da Lei Geral e, depois, em seu aperfeiçoamento, atuamos em várias frentes de grande representatividade.

O Empreender, por exemplo, me-rece um capítulo à parte. Não somen-te pelo sucesso do programa, mas também por sua dimensão e alcance em todo o Brasil. Está claro que esse programa irá merecer destaque em qualquer narrativa histórica sobre o empreendedorismo brasileiro. Outro destaque é o Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs). Criado em 2006 com a grandiosa e nobre mis-são de proporcionar sustentabilidade para todas as Associações Comerciais que fazem parte da rede da CACB, ele tem levado o apoio necessário para o desenvolvimento das MPEs nos mais recônditos locais desse imenso país.

Criada em 2000, por meio de uma parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com o Se-brae, a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) é outro sucesso da CACB. Podemos dizer, hoje, sem medo de errar, que a cultu-ra da pacifi cação avançou de forma signifi cativa no país nos últimos anos e que uma parcela considerável dessa evolução deve ser atribuída à CBMAE. O desafi o é imenso, mas o trabalho de formiguinha da Câmara, mais cedo que se pensa, poderá resultar em uma justi-ça mais rápida, no Brasil, nos casos em que ela pode contribuir.

A importância das entidades empresariais

PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

Page 4: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

4 Empresa Brasil

3 PALAVRA DO PRESIDENTE

Foi gratifi cante presenciar,

ainda como presidente, a

eleição de meu sucessor em

5 de novembro.

5 PELO BRASIL

AFIF assume presidência

do Sebrae.

8 CAPA

Nunca houve uma crise

como agora no varejo.

12 EMPREENDEDORISMO

Núcleos de RH mostram

a importância da gestão

e da coletividade.

14 TECNOLOGIA

Ciberataques: a ameaça

invisível.

17 CONJUNTURA

Banco Central deve

manter taxa básica de juros

até outubro de 2016.

18 LEGISLAÇÃO

Justiça do Trabalho: como

evitar dor de cabeça.

ÍNDICE

EXPE

DIE

NTE

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróesfróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - [email protected] gráfi co: Vinícius KraskinDiagramação: Kraskin ComunicaçãoFoto da capa: Romolo Tavani/fotolia.comRevisão: Press RevisãoColaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia e Tagli Padilha.Execução: Editora Matita Perê Ltda.Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - [email protected] Impressão: Orby Gráfi ca Editora Com. Dist. Ltda.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Afi f defende que pequenos negócios tenham mais acesso ao crédito

8 CAPA

12 EMPREENDEDORISMO

14 TECNOLOGIA

20 ENTREVISTA

Novo presidente da CACB defende

a busca de parceiros internacionais.

22 JUSTIÇA

Pesquisa mostra que a

Justiça brasileira é a mais

cara do Ocidente.

24 CONSUMIDOR

Desemprego e juros altos

aumentam a inadimplência.

26 TRIBUTOS

Câmara aprovou texto-base do

projeto Crescer sem Medo.

28 FINANÇAS

Mesmo com redução no número

e volume de operações, o setor

de factoring registrou ganho na

margem operacional.

30 LIVROS

Para entender o sistema capitalista,

o novo livro de Fábio Giambiagi.

31 ARTIGO

Paulo Ferezin escreve

sobre redução de custos:

ação de ordem no varejo.

Page 5: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 5

PELO BRASIL

O ex-ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa Guilher-me Afi f Domingos assumiu, no dia 29 de outubro, a presidência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Entre os objetivos iniciais à frente da entidade, ele destacou a defesa que fará no governo para libera-ção de parcela dos compulsórios dos bancos – depositados como garantias ao setor fi nanceiro – para o setor produtivo.

“Está ocorrendo algo que não ocorria há tempos. Em setembro, o desemprego começou a atingir as micro e pequenas empresas. Apesar de o saldo estar positivo em 109 mil vagas no acumulado do ano, 29 mil postos foram fechados em setembro. Está muito difícil captar dinheiro em bancos para capital de giro”, afi rmou Afi f.

Afi f assume a presidência do SebraeFoto: Charles Damasceno

Programas de desenvolvimentoganham força na região Norte de MS

Após a segunda edição da Rota do Desenvolvimento em Co-xim, região Norte de Mato Grosso do Sul, os programas de desen-volvimento local ganharam ainda mais força com ações contínuas do Sebrae. O ALI – Agentes Locais de Inovação, por exemplo, tem o objetivo de levar a inovação e a gestão para as pequenas empre-sas. A ideia consiste em sensibilizar empreendedores e empresários

sobre a importância de inovar, roti-neiramente, como uma estratégia para crescer.

Empreendedores de Coxim e São Gabriel do Oeste já tiveram melhoras signifi cativas em seus respectivos negócios. Os proprie-tários dos supermercados Super Nossa 1 e 2, em Coxim, Fernanda Falco e Gilberto Fernandes, im-plantaram com êxito uma planilha fi nanceira para cálculo de lucrati-

vidade. “Isso nos permite tomar decisões mais acertadas quanto a manter ou retirar algum produto de linha”, garantiu Gilberto.

Em São Gabriel do Oeste, a Multipneus Centro Automotivo, de Rosângela Barth, obteve me-lhorias, desde a identifi cação da necessidade de criar canais através das mídias sociais até o lança-mento de uma campanha para recuperação de crédito.

Guilherme Afi f Domingos e Robson Andrade assinam termo de posse. Meta da nova gestão é facilitar empréstimos para estancar o desemprego nas MPEs

Page 6: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

6 Empresa Brasil

PELO BRASIL

CBMAE realiza encontro pelasolução pacífi ca de confl itosempresariais no Maranhão

A fi m de conscientizar empresas na adoção de práti-cas adequadas de resolução de confl itos, a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresa-rial (CBMAE) realizou o Encontro pela Solução Pacífi ca de Confl itos Empresariais, na sede da Asso-ciação Comercial do Maranhão (ACM), em 19 de outubro. Por meio dos métodos de negocia-ção, conciliação e mediação, evitam-se prejuízos à imagem da marca junto ao mercado, além dos altos custos que os processos judiciais acarretam.

Os realizadores do encontro convidaram os empresários pre-

sentes a aderirem ao Pacto pela não Judicialização de Confl itos, que se constitui no compromisso de adotar, interna e externa-mente, práticas fi rmadas com os métodos consensuais de solução de controvérsias.

O evento foi promovido pela ACM, pela Federação das Associações Empresariais do Maranhão (FAEM) e pela CACB, por meio da CBMAE, contando com o apoio do Sebrae. Na ocasião, também foi inaugu-rada ofi cialmente a Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Empresarial do Maranhão (CBMAE-MA).

Coordenador da CBMAE, Eduardo Vieira palestrou durante encontro

“O sistema previdenciário atual é inviável”, diz especialista na ACSP

“O custo da seguridade social no Brasil é absolutamente inviável”, afi rmou o vice-presi-dente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Nilton Mo-lina. Também administrador de empresas e membro titular do Conselho Nacional de Previdên-cia Complementar, ele justifi cou a inevitabilidade de o governo promover uma reforma no siste-ma previdenciário do país.

Em palestra concedida na ACSP, em 19 de outubro, o especialista se recordou de ter falado sobre o mesmo assun-to em 1995. “Passaram-se 20 anos e é praticamente a mesma apresentação”, comentou. Na avaliação dele, o Brasil teve várias oportunidades de promo-ver uma reforma previdenciária nas últimas duas décadas, mas preferiu se esquivar das conse-quências políticas.

Em processo de transição demográfi ca, a população brasileira vem envelhecendo nas últimas décadas. O problema, segundo Nilton, é arcar com os custos políticos e econômicos de se fazer algo a respeito disso. “A expectativa de vida cresce, e a taxa de fertilidade cai. A pergun-ta que fi ca é: quem vai pagar essa conta?”, questionou.

Page 7: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 7

Começou em 20 de outubro em todo o estado mineiro a campanha “Um Sonho de Natal”. Criado pela Federaminas (Federação das Asso-ciações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais), o projeto busca estimular as vendas de fi m de ano nos estabelecimentos de comér-cio ligados ao sistema. Conforme a entidade, são milhares de empresas distribuindo aos consumidores cupons para concorrerem a prêmios expres-sivos: uma casa, no valor de R$ 250 mil, três caminhonetes Volkswagen Amarok 0Km, que valem mais de R$ 600 mil, além de premiações em dinheiro e vale-compras instantâneos,

totalizando cerca de R$ 2 milhões.Mais de 70 associações comer-

ciais (ACEs) de cidades localizadas em todas as regiões mineiras estão envolvidas na promoção. O presiden-te da Federaminas, Emílio Parolini, explica que campanhas de Natal são promovidas todos os anos pelas ACEs, mas nunca de forma con-junta, como agora. Segundo ele, a ideia de desenvolver um projeto de maior dimensão, abrangendo todo o estado, correspondeu ao propósito da federação de disponibilizar às entidades uma alternativa para as empresas associadas enfrentarem a atual conjuntura econômica adversa.

Emílio Parolini: “Mais de 70 associações estão envolvidas na promoção”

Governo do Rio lança incentivos a empresas para fortalecer economia

Aplicativo gratuito ajuda a criar modelo de negócio

O Sebrae lançou, em outubro, mais uma ferra-menta para ajudar o em-preendedor inexperiente. A ferramenta gratuita Sebrae Canvas 2.0 auxilia a montar um modelo de negócios e identifi car como se diferenciar e inovar no mercado. O aplicativo é ba-seado na metodologia mais utilizada atualmente em planejamento empresarial.

Criada pelo suíço Ale-xander Osterwalder, a meto-dologia Canvas ajuda o empreendedor a identifi car como pode se diferenciar e inovar no mercado a partir

da análise de nove blocos: segmentos de clientes; pro-posta de valor; canais; rela-cionamento com clientes; fontes de receita; recursos principais; atividades-chave, parcerias principais e estru-tura de custos.

Para acessar e baixar a ferramenta, basta acessar o link: https://www.sebrae-canvas.com/#/.

Campanha de Natal da Federaminasincentiva aumento de vendas no comércio

O governo do estado do Rio de Janeiro, em parce-ria com o Banco do Brasil, lançou, em 26 de outubro, o Mobiliza Rio, ação para incentivar a procura e a con-cessão de crédito para empresas localizadas no Rio de Janeiro. O intuito da parceria é fortalecer a economia e gerar emprego e renda em território fl uminense. A in-tenção é montar agendas e fóruns em diversas regiões do estado para difusão das linhas de crédito do banco e mobilização junto aos parceiros. O presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio), Paulo Protasio, assinou o documento como testemunha.

Segundo o governo, caberá ao estado apresentar projetos e programas prioritários que incentivem a produção ou a geração e manutenção de emprego e renda. O Mobiliza Rio é resultado de trabalho de parce-ria entre as secretarias de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Energia e Serviços (Sedeis), Agricultura e Pe-cuária (Seapec), Desenvolvimento Regional e Pesca (Se-drap) e Turismo (Setur), com a colaboração do Sebrae, da Fecomércio, de instituições e associações do setor.

Page 8: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

8 Empresa Brasil

No início de novembro, em anos anteriores, já era pos-sível perceber nas capitais brasileiras que o Natal es-

tava próximo. As vitrines, não raro, exi-biam os símbolos daquela que é consi-derada a primeira melhor data para o comércio. Neste ano, entretanto, nada será como antes. A falta de confi ança do consumidor, aliada ao aumento do desemprego e à taxa de juros, sinalizam

aquele que deverá ser, na melhor das hipóteses, “um Natal apenas modera-do”, diz o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A PIOR QUEDA NA SÉRIEHISTÓRICA DO IBGE

A entidade, diante da falta de pers-pectivas de reversão do cenário de con-sumo no curto prazo, prevê para este

Em 2003, crédito e emprego eram piores; agora, a queda nas vendas se agrava com a falta de confiança do consumidor

“Nunca houve uma crise como agora no varejo”

CAPA

Atividade tem os piores resultados

depois de 11 anos de taxas positivas

Page 9: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 9

Foto: Agência Brasil

ano, comparado ao ano anterior, um índice negativo de 3,6% para o vare-jo restrito, que exclui os segmentos de material de construção e veículos.

De acordo com Isabela Nunes Pe-reira, gerente da Coordenação de Ser-viços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), o co-mércio intensifi cou o ritmo de declínio nas vendas no segundo trimestre de 2015. Esse quadro resultou na pior queda de toda a série histórica, com redução de 3,5% em relação ao se-gundo trimestre do ano passado.

“O recuo do setor fi cou muito con-centrado no período. Mesmo quem fi cou positivo cresceu menos”, afi rmou Isabela em nota distribuída pelo IBGE.

MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOSNo segundo trimestre, as vendas

de móveis e eletrodomésticos recua-ram 16,0% em relação a igual perío-do do ano passado, também a maior retração já observada na série. Restri-ção ao crédito e um mercado de tra-balho desaquecido pesam sobre o va-rejo, principalmente em setores cujos produtos são mais caros e demandam planejamento ou fi nanciamento.

Lembrou a executiva que muitos indicadores do comércio mostram uma atividade combalida, com os piores re-sultados desde 2003, quando as ven-das encolheram em relação ao ano an-terior. “Em 2003, houve mudança de governo, com uma crise de confi ança muito marcada no primeiro semestre. Já no segundo semestre, as vendas fo-ram bem menos negativas. Em 2004, o comércio inaugurou um período de 11 anos de taxas positivas.”

Hoje, existem vários fatores que podem explicar a retração do comér-

cio. O crédito, que estimulava o va-rejo, está mais restrito e mais caro. O aumento da infl ação reduziu o salário real, e o desemprego provocou queda na massa de renda. “Em 2003, crédi-to e emprego eram piores que agora, mas a crise era mais política. Agora, tem uma crise mais interna, o que se agrava com o baixo nível de confi ança do consumidor”, resume Isabela.

Como resultado da crise no se-tor, as previsões indicam que neste ano cerca de 1 milhão devem per-der seus empregos. O maior número será, sem dúvida, na área de serviços, onde o varejo se encaixa.

RETRAÇÃO DEVE CONTINUARO pior é que a retração do varejo

deve continuar. Isso porque não há cla-reza nos fundamentos para uma sus-tentação e recuperação do consumo, avalia o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira. “O ritmo de queda vai continuar até que seja encontrado um ponto de equilí-brio do varejo com a situação econô-mica e atividade industrial atual”, disse.

O pior é que aretração do varejodeve continuar.Isso porque nãohá clareza nosfundamentos parauma sustentaçãoe recuperaçãodo consumo”,avalia o diretorde pesquisaeconômicaFabio Silveira, da GO Associados

Page 10: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

10 Empresa Brasil

CAPA

Serão as médias empresas que sofrerão mais,A crise está atingindo indistintamente

grandes, médios e pequenos varejistas. As grandes lojas têm capital humano e fi -nanceiro de maior porte para se defender e podem aguentar mais tempo a queda de vendas e de lucros. As pequenas lojas, principalmente as de bairro, têm um rela-cionamento direto com o consumidor e, portanto, sofrem menos porque oferecem crédito informal para esse tipo de cliente, quando ele não consegue comprar à vista. As maiores difi culdades sobram para as lojas de porte médio, que não têm as ven-das das grandes, mas o volume de des-pesas das pequenas. São as médias que sofrerão muito mais com a crise, afi rma o economista e consultor Nelson Barrizzelli. A seguir, leia os principais trechos de sua entrevista à Empresa Brasil:

O que está acontecendo com o varejo?

O ambiente econômico em que vi-vemos mostrava fraqueza desde 2013. Enquanto o brasileiro não sentiu o de-semprego na sua casa ou na proximi-dade dela, foi no embalo do consumo, que começou em 2006. Somente no segundo semestre de 2014, os comer-ciantes começaram a se dar conta de que haveria uma infl exão da curva. Em dezembro, o desempenho do comércio foi muito ruim: queda de 2,6% em re-lação a novembro de 2014, a primeira queda após quatro meses consecutivos de expansão, segundo o IBGE. O país viveu durante anos uma situação que foi sendo empurrada com a barriga pelo governo. A população não enxergou o desemprego de forma explícita e foi to-cando a vida até que, em 2015, a crise

que a presidente Dilma diz que não via se mostrou com toda a força.

Qual deve ser a queda nominal no comércio varejista em 2015 dian-te do ano anterior?

Depende do setor: o de saúde, por exemplo, está crescendo neste ano dois dígitos. O setor de alimentos deve ven-der, em termos reais, um pouco menos do que o ano passado, mais por razões da troca de produtos por outros de me-nor valor do que por volume. Os seto-res de produtos semiduráveis devem ter quedas razoáveis, e os de bens duráveis terão grandes quedas.

Quais são as maiores difi culdades ligadas à sobrevivência das empresas?

Existem dois outros problemas liga-

dos à sobrevivência em tempos de cri-se, além da queda de vendas: o nível de endividamento e a qualidade da gestão. Empresas pouco endividadas conseguem passar pela crise com mais facilidade. O mesmo ocorre com empresas bem ge-ridas. Mas isso não ocorre só no varejo. Vale para qualquer tipo de empresa em qualquer ramo de atividade.

O que o lojista deve fazer para sobreviver diante da crise?

As empresas que sobreviverão são aquelas que foram cuidadosas no perí-odo de bonança pelo qual o Brasil pas-sou, graças aos aspectos positivos do ambiente externo ao país, entre 2004 e 2008, e procuraram corrigir seus erros de gerenciamento, reduziram despesas fi xas e mantiveram sob controle o seu

Nelson Barrizzelli: “Se precisar de dinheiro para pagar empregados, o fechamento é a melhor saída”

Page 11: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 11

Setor caminha para a primeira redução no número de empresas

No Brasil, o total de estabele-cimentos comerciais caiu 5,6% em 12 meses até julho, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A previsão é de que o se-tor caminha para a primeira redu-ção no número de empresas desde o início da série, em 2005.

O número de pedidos de falên-cia deve ter a maior alta também desde 2005, estima a Boa Vista SCPC, considerando todos os se-tores. O processo é puxado pelo comércio, cujos pedidos sobem em ritmo mais intenso. Nos oito primeiros meses de 2015, o total de falências requeridas no Brasil subiu 14,2% em comparação a igual período de 2014. No comér-cio, o salto foi de 20,9%.

Os pedidos de recuperação judicial, medida para tentar evitar a falência da empresa, também caminham para um recorde em 2015. Até agosto, totalizaram 800 no país, alta de quase 40%.

O economista Flávio Calife, da Boa Vista SCPC, afi rma que os pedidos de falência e recuperação judicial explodiram a partir do se-gundo trimestre de 2015. “Houve uma piora muito forte no ambien-te de negócios. A falta de confi an-ça está levando empresários que vinham tentando cortar custos e evitando demitir a abrir mão de seus negócios”, diz.

Calife explica que, no caso da in-dústria, a situação já vinha piorando há mais tempo, por isso os dados do comércio chamam mais a atenção neste ano. As pequenas empresas são as que mais sofrem: respondem por 91% dos pedidos de falência no comércio e 79%, na indústria.

A expectativa da Boa Vista SCPC é que a situação continue se agravando até o fi m do ano, resul-tando no maior crescimento dos pedidos de falência desde 2005, quando a nova lei entrou em vigor. Em 2009, auge da crise fi nanceira global, a alta foi de 7%. “Não há sinal de melhora. Medidas como a retomada de impostos tendem a derrubar mais a confi ança”, alerta.

diz especialistaendividamento. Quem acreditou que o Brasil tinha encontrado o caminho do desenvolvi-mento sustentado para todo o sempre, sem entender os sinais que estavam aparecendo já em 2011, agora vai pagar o preço de não ter se ajustado quando havia tempo.

O que os comerciantes devem fazer para enfrentar este momento?

Eles têm de fazer o que todo o empresário deve fazer com crise ou sem crise: controlar as despesas fi xas. Quando as vendas caem, se tiver despesa fi xa baixa, a empresa não entra em pre-juízo, vai até certo limite no qual despesa e lucra-tividade se equilibram e ele consegue sobreviver. Se tiver despesa fi xa alta, com queda de vendas, ele não sobrevive. O varejista precisa transformar o máximo de despesa fi xa em despesa variável.

Quais são as recomendações para os pequenos comerciantes?

Se as vendas do pequeno comerciante ca-írem a ponto de fechar o mês no vermelho, mesmo pagando o piso da categoria, é me-lhor até fechar as portas. Agora, se tiver al-gum fôlego, conseguir melhorar um pouco a lucratividade, de forma que isso não o leve a se endividar mais, deve se manter até a crise acabar. Uma hora a crise acaba.

Quais são os sinais de que o comer-ciante deve fechar a loja?

Quando acaba o capital de giro próprio e a empresa começa a se endividar de for-ma crescente. Quando, durante dois meses consecutivos, a empresa fecha no vermelho e tem de pedir dinheiro emprestado para pa-gar empregados e fornecedores. Nesta situ-ação, minha recomendação é o fechamento da empresa. Não temos perspectiva de que a crise irá acabar no curto prazo.

Flávio Calife: “A falta de confi ança está levando empresários a abrir mão de seus negócios”

Page 12: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

12 Empresa Brasil

Recrutar e avaliar funcioná-rios, analisar cargos, fun-ções e desempenho, além de diversas outras questões

relacionadas à gestão e organização interna de uma empresa, são ativida-des que passam pelo departamento de Recursos Humanos. Esse impor-tante setor é responsável por geren-ciar e sistematizar as relações entre empresas e colaboradores. Pensando no papel estratégico que exercem, profi ssionais da área decidiram apli-car seus conhecimentos agregado-res também nas próprias carreiras: a Associação Empresarial de Rio do Sul (ACIRS), no estado de Santa Catarina, agora conta com um Núcleo de Re-cursos Humanos.

Desde agosto, o grupo tem rea-lizado reuniões para discutir ques-tões comuns à área de Recursos Humanos, bem como para traçar estratégias que incentivem a atuação conjunta, calcada na parceria, e que garantam benefícios para todos os participantes. O Programa Empreen-der, que mantém os núcleos nas as-sociações, foi explicado em detalhes para os nucleados. Em um cenário de globalização, e também de crise, é importante pensar na sobrevivên-

cia das empresas, principalmente as de pequeno porte. Por meio do pro-grama, micro e pequenas empresas reúnem empresários de um mesmo segmento nos chamados núcleos setoriais. Dessa forma, soluções são encontradas e executadas pelos pró-prios empresários.

Na primeira reunião do núcleo, a consultora da Federação das As-sociações Empresariais de Santa Catarina (FACISC), Scheila Lenzi, coordenou o grupo. Ela sugeriu que

cada participante colocasse no papel o que espera dos encontros e apon-tasse as necessidades do setor. Essas ideias serviram como base para o Plano de Ação, o qual foi montado em outros encontros.

A Gerente de RH e da Área Social da Cravil, Marina Lessa Mansur Pon-tes, comentou que a importância do setor de Recursos Humanos está em “cumprir toda a parte de legislação, para então buscar capacitação, trei-namento, qualifi cação dos colabo-

EMPREENDEDORISMO

Núcleos de RH mostrama importância da gestãoe da coletividadeO surgimento de núcleos setoriais na área de Recursos Humanos capacita e une profissionais de Santa Catarina

Encontro trouxe exemplos de ações desenvolvidas com ótimos resultados

Page 13: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 13

radores e incentivar a autonomia e o comprometimento deles. É uma forma de fazer o ser humano crescer dentro da empresa”. Marina, que já atua no Núcleo da Mulher Empresá-ria (NUME), revelou ainda que a ex-pectativa quanto ao novo núcleo é a melhor possível. “São pessoas que vieram ávidas por trocas de experi-ências, de conhecimento, e eu acre-dito piamente que isso vai fl uir e, realmente, vamos compartilhar pro-cedimentos, o que hoje não aconte-ce em Rio do Sul”, relatou.

PARCERIA ENTRE NÚCLEOSA coordenadora do Núcleo de

Recursos Humanos da Associação Empresarial de Taió (ACIAT), Janara Cerutti, também tem participado das reuniões, levando exemplos de ações desenvolvidas pelo grupo de Taió que estão alcançando resulta-dos satisfatórios. Ela ressalta que as maiores vantagens dos núcleos são as possibilidades de parcerias e a troca de informações entre as em-presas. “Dessa forma, é possível pre-venir problemas, economizar com treinamentos e até oferecer mais be-nefícios aos colaboradores”, disse.

O núcleo de Taió, município cata-rinense, é também bastante recente: foi criado em junho do ano passado. No entanto, para a coordenadora, os resultados obtidos têm sido satisfató-rios, e os participantes estão conse-guindo, de forma coletiva, detectar problemas e encontrar soluções. “A gente precisa se aperfeiçoar na ges-tão de pessoas, não é só fazer a folha de pagamento. Um dos problemas apontados pelas empresas é a grande rotatividade de funcionários. Por isso

precisamos identifi car a causa dessa rotatividade”, exemplifi cou.

Entre as ações realizadas pelo grupo de Taió, está uma visita técnica a uma grande empresa do setor ali-mentício em Rio do Sul, com o obje-tivo de conhecer o modelo de gestão de RH dela. Os participantes visitaram a área social da empresa, áreas de re-feitório, vestiários, área administrativa e fábrica, e puderam também avaliar critérios de seleção na contratação de funcionários e os benefícios ofereci-dos aos colaboradores da empresa, como creche e prêmio assiduidade.

PLANO DE AÇÃOPara apoiar e estimular o cresci-

mento do recém-nascido núcleo da ACIRS, as responsáveis pela elabo-ração do planejamento 2015/2016 foram as consultoras Samira Rudolf, da própria associação, e Scheila Lenzi. Os participantes ouviram so-bre a metodologia de trabalho do Programa Empreender e revisaram sugestões que Scheila os orientou a fazer em encontros anteriores. A consultora da FACISC coordenou os participantes na escolha das ideias consideradas prioritárias e que farão parte do planejamento. Os nuclea-dos decidiram então por sugestões envolvendo capacitações, visitas técnicas, debates, palestras, pesqui-sas e troca de experiências. Depois disso, foi defi nido o que deverá ser feito para a realização de cada meta, quais os responsáveis e os prazos.

Interessados em participar do nú-cleo podem entrar em contato pelo telefone (47) 3531-0500 ou pelo email [email protected], com a consultora Samira.

Vantagens da união em Núcleos Setoriais: • Acesso à capacitação e

consultoria gerencial e técnica a custos menores.

• Possibilidade de realização de compras e vendas em conjunto.

• Participação em feiras, missões empresariais e eventos com maior regularidade e menor custo.

• Acesso e ampliação de mercados.

• Realização de marketing de rede.

• Aprimoramento tecnológico de processos.

• Exercício da cidadania mediante participação em projetos sociais.

• Ganhos de qualidade, produtividade e competitividade.

• Profi ssionalização do quadro funcional.

• Participação proativa no desenvolvimento local e regional.

Page 14: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

14 Empresa Brasil

TECNOLOGIA

Ciberataques:a ameaça invisívelEmbora os golpes virtuais mais famosos envolvam empresas de grande porte, 75% dos ataques ocorrem nas pequenas empresas

Cadeados, janelas reforçadas e câmeras de vigilância já não são sufi cientes para pro-teger empresas de um pos-

sível “arrombamento”. Ataques ao sistema de informática de pequenas corporações representam uma amea-ça muito mais difícil de evitar do que as deixadas por uma invasão física. É por isso que estratégias de contrain-teligência podem ajudar empreende-dores a se proteger de ciberataques.

Apesar de os golpes virtuais mais famosos envolverem empresas de grande porte, pequenos empreendi-mentos também têm dados valiosos que despertam o interesse de hackers.

Notas fi scais, cadastro de clientes e transações bancárias são algumas das informações sigilosas frequentemen-te visadas. “Embora os ataques às pequenas empresas não façam parte frequente das manchetes, o impacto é signifi cante: mais de 75% dos ataques ocorrem nas pequenas empresas. Isto mostra o quanto este segmento é alvo dos cibercriminosos”, alerta Marcus Al-meida, gerente de uma grande empre-sa dedicada à tecnologia de segurança.

Segundo Almeida, muitas vezes o pequeno empreendedor não tem o conhecimento ou o cuidado necessário para proteger os dados da empresa e se arrisca com comportamentos como

14 Empresa Brasil

Estratégias de contra-inteligência podem ajudar empreendedores a se

proteger de ataques externos

Page 15: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 15

Marcus Almeida: mais de 75% dos ataques ocorrem nas pequenas empresas

abrir e-mails suspeitos, realizar transa-ções usando redes wi-fi públicas ou utilizar o mesmo computador para ati-vidades corporativas e pessoais. Esses descuidos colocam em risco a seguran-ça da empresa e de seus clientes.

Para evitar golpes virtuais e roubo de dados, o especialista indica manter uma solução de segurança abrangen-te instalada e atualizada em todos os dispositivos usados para o trabalho, sejam computadores, notebooks, ta-blets ou smartphones. Também é im-portante criar políticas de segurança e treinar funcionários para que tenham comportamento adequado relaciona-do à segurança de dados.

Cuidados necessários

Para Marco Ribeiro, gerente-executi-vo de uma consultora em gestão de riscos de negócios, o ideal é utilizar sistemas operacionais e softwares licenciados e originais, assim como antivírus de mercado, com bases de atualização periódica (no mínimo se-manal), e mantê-los sempre ativados em desktops, notebooks e até mes-mo tablets e smartphones. Outras medidas indicadas por Ribeiro são:

• Adquirir um Firewall de Borda, de acordo com o tamanho da companhia, com capacidade para prevenir ameaças, fi ltrar conteúdos e analisar e-mails. O Firewall de Borda é um sistema desenvolvido para prevenir acesso não autorizado a uma rede privada.

• Não realizar processos para desbloqueio de recursos em gadgets, chamado de “Jailbreak”

em dispositivos da Apple ou “Root” em Android.

• Cuidado na utilização de arquivos enviados por e-mail (propagandas, currículos, ofertas) em formatos ZIP, DOC, XLS e executáveis como EXE e BAT.

• Cuidado ao fazer download de software na Internet e nunca utilizar software ou mídia

pirateada (sempre carregam vírus e ameaças).

• Evitar o uso de dispositivos com a funcionalidade de geolocalização ativada.

• Procurar empresas especializadas que possam fornecer um serviço contínuo de monitoramento de riscos e vulnerabilidades.

Para evitar golpes virtuais e roubo de dados, é preciso manter uma solução de segurança abrangente instalada e atualizada em todos os dispositivos usados para o trabalho

Marco Ribeiro: o ideal é utilizar sistemas

operacionais e softwares licenciados e originais

Page 16: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

16 Empresa Brasil

Descuidos mais comuns Segundo Marcus Almeida, alguns atos que representam risco para a empresa são:

• Abrir e-mails suspeitos: mensagens falsas criadas por hackers podem instalar malwares no computador com intuito de roubar dados.

• Realizar transações usando redes wi-fi públicas: criminosos podem facilmente criar redes com o mesmo nome de estabelecimentos como cafés, hotéis, restaurantes e aeroportos e, com essa estratégia, roubar todos os dados que trafegarem na rede.

• Usar o mesmo computador para atividades corporativas e pessoais: o computador usado no trabalho guarda informações sensíveis como notas e dados bancários. Ao usar a mesma máquina para atividades como navegar em sites suspeitos, baixar músicas e vídeos, o empresário aumenta muito as chances de ter o seu computador infectado.

• Conectar pen drives e outros dispositivos móveis na rede corporativa: dispositivos móveis podem estar infectados e transmitir os malwares para dentro da rede corporativa.

• Não usar senhas para desbloquear smartphones: os smartphones dão acesso direto a contas de e-mail, mídias sociais e outros dados. Pessoas mal-intencionadas podem ter acesso a todos os dados armazenados em caso de perda ou roubo do dispositivo.

Práticas de hacking e roubo de dados visam a obter informações sigilosas e importantes, podendo causar grandes prejuízos a entidades privadas, como perdas por fraudes, custos de reparação e redução do número de clientes. Um dos ataques mais frequentes da web é o phishing, um golpe eletrônico cujo objetivo é o furto de dados pessoais, tais como número de CPF, senhas e dados ban-cários. O nome phishing é um neolo-gismo de “fi shing”, que signifi ca pes-ca em inglês, já que o golpe consiste em “pescar” informações sigilosas de pessoas desavisadas.

Segundo pesquisa da Intel, 97% dos usuários não sabem identifi car um phishing recebido via e-mail. Esse tipo de ataques redireciona o usuário por meio de um link para uma página fal-sa preparada para coletar seus dados. Basta um clique para que um malware seja baixado no computador e, a partir de então, os hackers passam a agir.

Para se ter uma ideia, cerca de 55% das empresas do Reino Unido e dos Estados Unidos já foram vítimas de phishing. De acordo com o Relatório de Spam e Phishing, o Brasil é o líder

em volume de usuários atacados. Em-bora tenha diminuído 2,74% no pri-meiro trimestre de 2015, os brasileiros permanecem sendo os alvos preferidos dos phishers e representam 18,28% dos ataques no índice mundial.

ATENÇÃO AOS E-MAILS“O e-mail é um dos principais

vetores que trazem ameaças para as pequenas empresas”, explica Marcus Almeida. Além do phishing, podem espalhar vírus e outros malwares. “Também por e-mail pode chegar o ramsonware, um tipo de ameaça que tem se tornado muito comum nos úl-timos tempos. Em linhas gerais, esta ameaça bloqueia o acesso a todo o computador, e o usuário tem que pa-gar um ‘resgate’ para conseguir des-bloquear e voltar a ter acesso ao seu próprio equipamento”, avisa Marcus.

Golpes realizados por boletos tam-bém têm se tornado frequentes. “Ciber-criminosos usam um malware capaz de alterar os números de boletos bancários, no ato da geração ou no pagamento do boleto realizado via internet, fazendo com que o pagamento seja direcionado para outro benefi ciário”, explica.

Não morda a isca!

Page 17: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

PEQUENOS PRECISAM DE MAIS CRÉDITOEvento realizado pelo Sebrae e pelo Banco Central, em Brasília, discutiu a importância da cidadania fi nanceira e da ampliação da participação das micro e pequenas empresas

NOVEMBRO/2015 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800O O 20 S A CO 0800 0 0800NOVEMBRO/2015 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

Foto

: Cha

rles

Dam

asce

no

Presidente do Sebrae, Afi f Domingos, na

abertura do Fórum de Cidadania Financeira

Page 18: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

2 EMPREENDER / SEBRAE

Especialistas analisam o cenário econômico como propício para exportações e apontam mercados mais promissores

ESTRATÉGIA

A HORA DA INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

CLEONILDO MELLO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/RN

As empresas de pequeno porte com estrutura bem organizada e produtos com alta deman-

da global têm uma oportunidade de negócio favorável no atual cenário econômico brasileiro. A alta cambial favorece o comércio exterior, possi-bilitando a internacionalização para competir globalmente. Uma estraté-gia para abertura de novos mercados e aumento de volume de vendas. É preciso, porém, analisar os caminhos e mercados antes de investir. Especia-

listas avaliam a situação e dão dicas

para os empresários atenderem às

exigências do mercado exterior.

A conjuntura atual é muito favo-

rável às exportações devido à alta do

dólar e à retração do consumo no mer-

cado interno. A avaliação é do econo-

mista, palestrante e consultor Ricardo

Amorim, presidente de uma empresa

de consultoria e um dos debatedores

do programa Manhattan Connection,

da Globo News. O mercado mais pro-

pício para as empresas brasileiras é

o norte-americano, que mais perdeu

participação de mercado nos últimos

15 anos. “A alta do dólar torna pro-

dutos brasileiros muito mais baratos

para os Estados Unidos e isso faz com

que a entrada dos nossos produtos se-

ja maior”, pondera.

Os principais países emergentes

também passaram por desacelerações.

A Rússia tem uma recessão ainda mais

grave que a brasileira, e a China, ainda

que com um crescimento bastante

forte, vem desacelerando. “Pensando

a longo prazo, a China ainda é um mer-

cado que vale investir e a Índia, sem dú-

vidas, é um mercado que vai se tornar

cada vez mais importante”, considera.

Foto: Moraes Neto

Alta do dólar e retração do consumo favorecem as exportações nacionais

Page 19: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

3NOVEMBRO DE 2015

“A ALTA DO DÓLAR TORNA PRODUTOS BRASILEIROS MUITO MAIS BARATOS PARA OS ESTADOS UNIDOS E ISSO FAZ COM QUE A ENTRADA DOS NOSSOS PRODUTOS SEJA MAIOR”, DECLARA O CONSULTOR RICARDO AMORIM

Setores propensosRicardo Amorim diz que o agronegó-cio brasileiro tradicionalmente tem se mostrado muito competitivo, tanto de exportações que provêm do Nordes-te como do resto do país. “Acredito que, como o dólar deve permanecer elevado por períodos longos, cria-se condições para que setores que até recentemente não eram muito com-petitivos e tinham poucas condições de exportar passem a exportar. Isso vale inclusive para as empresas que estão instaladas no Nordeste”, explica.

Já o consultor Naji Harb, que atu-almente mora nos Estados Unidos, é mais específi co. Com larga expe-riência no recrutamento de grupos estrangeiros interessados em fazer negócios com empresas brasileiras, ele acredita que o setor de frutas fres-cas, alimentos processados, bebidas, cosméticos e moda têm boa aceita-ção no cenário global. “Com o Euro a R$ 4,35, as cidades turísticas do Brasil devem testemunhar um fl uxo maior de turistas. Além disso, o setor imobiliário que atua com vendas internacionais terá um crescimento nessas cidades turísticas, pois existe uma grande possibilidade de aumentar a venda de imóveis para compradores inter-nacionais”, projeta Naji Harb.

Dicas A principal dica para os pequenos negócios que pensam em ampliar mercados com a entrada no comércio exterior ainda é pesquisar, segundo Naji Harb. “É altamente importante que as empresas de pequeno porte antes da entrada no mercado interna-cional façam pesquisas para entender

a demanda e tendências de consumo no mercado”, aconselha. Após a iden-tifi cação, é recomendado também fa-zer levantamento sobre o histórico de crédito desses parceiros. Deve-se investir na qualidade e apresentação dos produtos, sempre calculando os custos dos produtos considerando os riscos cambiais.

Incertezas fi scaisQuanto aos impactos da política eco-nômica do Brasil sobre as exportações, os especialistas veem as incertezas fi scais como um problema para todos os segmentos da economia. “Enquanto o Brasil tiver esse desequilíbrio das contas públicas e a necessidade de ajustá-lo, o risco vai permanecer por-que esse ajuste pode, e deveria, ser fei-to predominantemente por cortes de gastos públicos, mas é muito difícil ter certeza de que isso ocorrerá. Aliás, pelas sinalizações do governo, vai acontecer com aumento de impostos”, analisa Ri-cardo Amorim.

Para ele, essa situação cria um ce-nário em que as empresas são força-das a precifi car, em qualquer decisão futura, um potencial aumento de cus-tos por conta desses impostos mais altos. E isso limita a quantidade de negócios e, por consequência, o cresci-mento do país. “Até que o ajuste fi scal esteja terminado e esteja claro que o Brasil retomou a confi ança e que, portanto, não precisa continuar aper-tando o cinto, elevando impostos ou cortando os gastos do governo, todos esses setores têm um risco de verem aumento de impostos. Isso signifi ca redução de recursos para todos”, diz o economista. E

Page 20: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

4 EMPREENDER / SEBRAE

RECONHECIMENTO

Quarta edição irá identifi car e premiar as 100 unidades de produção artesanal mais competitivas do país; inscrições podem ser feitas até o dia 15 de dezembro

PRÊMIO SEBRAE TOP 100 DE ARTESANATO ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS

GIZELLA RODRIGUES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

Estão abertas as inscrições ao Prêmio Sebrae Top 100 de Arte-sanato, que é realizado a cada três

anos. Serão premiadas as 100 unidades de produção artesanal mais competitivas do Brasil. Para concorrer, é preciso ser formalizado e ter um CNPJ, que pode ser próprio ou coletivo. Em julho de 2016, os ganhadores serão premiados em uma cerimônia no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, no Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas pelo hot-site www.top100.sebrae.com.br até o dia 15 de dezembro.

Pode participar todo artesão que esteja associado a uma instituição le-galmente constituída (cooperativa ou associação), empreendedor individual, pequenas e microempresas. O Top 100 busca identifi car as unidades produtivas que detêm as melhores práticas de ges-tão, considerando a produção, a adminis-tração, a divulgação e a comercialização.

Ao se inscreverem, os candidatos devem enviar fotos de três produtos con-feccionados na unidade de produção, uma foto das embalagens utilizadas e duas fo-tos do local da produção, totalizando seis fotos. Também devem preencher o ques-tionário disponível no endereço eletrôni-co. Além do reconhecimento nacional, os premiados terão o direito de usar o selo “Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato - 4ª Edição” por três anos após a entrega do certifi cado, e também de participar em eventos de promoção comercial.

O certame ocorrerá em oito fases e irá se estender até setembro de 2016. Os artesãos serão avaliados por júris especializados, que utilizarão 11 crité-rios de avaliação: práticas de inovação, qualidade dos produtos, identidade e compromisso cultural, embalagem, condições de trabalho, sustentabilida-de ambiental, organização da produção, adequação econômica dos produtos, práticas comerciais, responsabilidade social e planejamento e gestão. E

Foto

: Ber

nard

o Re

bello

Foto

: Ron

aldo

Gui

mar

ães

■ Inscrições:até 15 de dezembro de 2015■ Realização dastrês etapas do júri:fevereiro a junho de 2016■ Divulgação dos resultados:1º a 15 de julho de 2016■ Premiação:setembro de 2016

Os premiados poderão usar o selo do prêmio e participar de eventos de promoção comercial

Page 21: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

5NOVEMBRO DE 2015sebrae.com.br facebook.com/sebrae twitter.com/sebrae youtube.com/tvsebrae plus.google.com/sebrae

DURANTE O EVENTO, AFIF DESTACOU QUE ENQUANTO AS MÉDIAS E GRANDES EMPRESAS DESEMPREGARAM NESTE ANO, AS MICRO E PEQUENAS AINDA SUSTENTAM SALDO POSITIVO DE VAGAS

O presidente do Sebrae participou da abertura do Fórum de Cidadania Financeira, promovido pela instituição e pelo Banco Central

CRÉDITO

AFIF DEFENDE QUE PEQUENOS NEGÓCIOS TENHAM MAIS ACESSO AO CRÉDITO

VINÍCIUS TAVARES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

O novo presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afi f Do-mingos, defendeu mais acesso

ao crédito para as micro e pequenas empresas durante a abertura do Fórum de Cidadania Financeira, no início de novembro, em Brasília. De acordo com o dirigente, seu grande desafi o é colocar a instituição na liderança das políticas públicas voltadas ao empreendedor. O evento foi promovido pelo Banco Cen-tral (Bacen), em parceria com o Sebrae.

“O papel do Sebrae é entrar mais fi rme nessa batalha”, destacou. Afi f apresentou uma pesquisa feita pela instituição em 2015, segundo a qual apenas 17% das microempresas toma-ram empréstimo, enquanto 24% das empresas de pequeno porte contraí-ram crédito. Segundo o levantamen-to, os fornecedores são os principais fi nanciadores de 72% das microempre-sas e de 76% dos empreendimentos de pequeno porte.

“O sistema fi nanceiro nacional é muito concentrado nas médias e grandes empre-sas. O crédito ainda é voltado a serviços fi nanceiros para pessoas físicas e consu-mo. Mas, quando a gente fala em fi nanciar a produção, temos um longo caminho pela frente, pois as instituições são grandes de-mais para atender ao pequeno produtor.“

O cheque pré-datado é usado por 51% das microempresas e 57% dos negócios de pequeno porte. Ainda conforme a pesquisa, possuem conta bancária 84% dos donos de microempresa e 89% dos proprietários de pequenas empresas. Em 2015, o valor médio de empréstimo solicitado foi de R$ 36 mil por micro-empresa e de R$ 56 mil por empresa de pequeno porte.

O presidente recém-eleito do Sebrae reforçou a importância dos pequenos negócios na manutenção de empregos. “Enquanto as médias e grandes desem-pregaram 800 mil pessoas de janeiro a novembro, as micro e pequenas empre-sas ainda sustentam saldo positivo de 109 mil vagas”, frisou. E

Page 22: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

6 EMPREENDER INFORME SEBRAEGerente de Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Fone: (61) 3348-7494

ISABELLE BENTO, COM COLABORAÇÃO DE LARA FRANCO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/TO

Para começar o próprio negócio,

não basta ter recursos. É pre-

ciso ter percepção do mercado

em que pretende entrar e estar sem-

pre interessado em adquirir conhe-

cimento. Com o desejo de aprender

para transformar seu sonho de em-

preendimento em realidade, Kelsiene

Cardoso, que no início possuía apenas

uma ideia e força de vontade, há três

anos conduz a Elegance Shoes, loja

de calçados no município de Porto

Nacional, no Tocantins.

A empresária conta que, antes de

realizar um estudo de mercado, já

havia procurado conhecer o que as

mulheres de Porto Nacional sentiam

falta. “Observei que não existiam op-

ções de sapatos mais bonitos e de

melhor qualidade nas lojas da região.

Como mulher, eu me identifi quei e

percebi que seria interessante investir

nesse segmento”, comenta Cardoso.

Atualmente, Kelsiene aposta em marcas de qualidade e em se manter sempre próxima de seus clientes, atra-vés das redes sociais e de um blog no qual escreve dicas de moda. Por meio de publicações com fotos de novida-des da loja e sugestões de looks, as clientes comentam, tiram dúvidas e fazem reservas de seus pares de sapato favoritos, sendo sempre con-vidadas a visitar a loja física. Além disso, a empresária também aposta em eventos de lançamentos de cole-ções, promoções e se preocupa com o pós-venda, ou seja, com a opinião dos clientes sobre o atendimento e produtos adquiridos.

A empresária, que começou co-mo microempreendedora individual (MEI) e hoje tem uma microempre-sa, pretende ampliar seu catálogo de calçados para o público masculino e infantil. Kelsiene também já estuda a possibilidade de inauguração de uma fi lial no município de Paraíso. Um pe-queno negócio que dá certo. E

Loja de calçados usa as redes sociais e um blog com dicas de moda para fortalecer relacionamento com seus clientes

EMPRESA APOSTA EM REDES SOCIAIS PARA SE MANTER CONECTADA AOS CLIENTES

TECNOLOGIA

Por meio das publicações, as clientes comentam, tiram dúvidas e fazem reservas

Reprodução

Page 23: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 17

A infl ação ainda segue pres-sionada pelas tarifas públi-cas e pela alta do dólar – que soma 45% em 2015.

Para completar o quadro, a queda na previsão de superávit primário, a eco-nomia feita para pagar juros da dívida pública, em 2015 e 2016, torna mais difícil a tarefa do Banco Central de tentar conter a infl ação. A valoriza-ção do dólar é outro fator que pesa sobre a alta dos preços, devendo se prolongar em 2016.

Para este ano, os analistas do mercado acreditam que o IPCA deve-rá somar 9,75%. Com isso, a infl ação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acon-tece desde 2003.

Em 21 de outubro, o Banco Cen-tral manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, mas afi r-mou que a infl ação vai demorar mais para chegar ao objetivo de 4,5%. Desde julho, a instituição sustentava que seu objetivo era atingir esse valor no fi nal de 2016. Na reunião de setem-bro, o BC interrompeu uma sequência de sete altas consecutivas. Agora, o ór-gão declara que vai manter os juros nesse patamar “por período sufi cien-temente prolongado” para alcançar essa meta “no horizonte relevan-te da política monetária”, período

que se estende até outubro de 2017. De acordo com José Paulo Dornel-

les Cairoli, presidente da CACB, dian-te da retração econômica do país, é preciso reduzir e não aumentar a taxa de juros para permitir uma suave re-tomada da economia. “Em paralelo, apostamos na superação dos graves problemas econômicos que o país enfrenta, como o aumento assus-tador do desemprego, a partir dos ajustes fi scais, do corte de gastos e da redução da carga tributária.”

Alencar Burti, presidente da Asso-ciação Comercial de São Paulo (ACSP), em nota distribuída à imprensa, con-siderou acertada a decisão do Banco

Central de manter a mesma taxa bási-ca: “Não haveria nenhuma razão para o aumento da taxa Selic, diante da recessão em que se encontra o Brasil. Nossa expectativa, agora, é de que o BC comece a reduzir a taxa, o que vai permitir que o país possa se estabilizar e dê início a uma retomada gradual.”

“Mas, para essa recuperação, é preciso que o governo realize – efeti-vamente – o ajuste fi scal. E que esse ajuste seja feito pelo lado do governo, via corte de gastos, e não por meio de mais aumento de tributação.”

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 24 e 25 de novembro deste ano.

CONJUNTURA

Banco Central deve manter taxa básica de juros até outubro de 2016BC interrompeu uma sequência de sete altas consecutivas. Agora, o órgão afirma que vai manter os juros no mesmo patamar “por período suficientemente prolongado” para alcançar o centro da meta de 4,5% em 2017

BC admite que a infl ação vai demorar mais para chegar ao objetivo de 4,5%

Foto: Antônio Cruz/Abr

Page 24: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

18 Empresa Brasil

Com a chegada do fi nal do ano, empresas atendem a uma grande demanda nas vendas e nos serviços. Assim,

está aberta a temporada de contrata-ção de novos funcionários. Para fi car por dentro e evitar ações trabalhistas, o empresário deve fi car atento.

Segundo a advogada Joseane Fer-nandes, micro e pequenos empresários costumam optar pelo contrato por pra-zo indeterminado, seguindo as normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma modalidade de

contratação simples e de maior conhe-cimento dos pequenos empreendedo-res, pois são regulamentadas pela CLT.

“Normalmente, os contratos de trabalho específi cos têm a necessi-dade de um maior conhecimento na área por parte dos empresários, como é o caso da contratação de temporá-rio, que é regido pela Lei 6.019/74 e não pelas normas da CLT. Isso acaba gerando uma confusão do que é de-vido no contrato de trabalho por pra-zo indeterminado e o que é devido no contrato de trabalho temporário”, explica a advogada.

Em algumas situações, a depender da empresa, acaba-se por optar pelo contrato informal, isto é, sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). “Normalmente, [esse tipo de contrato] é utilizado quando o

LEGISLAÇÃO

Final de ano é tempo de novas contratações. Empresários devem cuidar para não ter problemas na justiça

Justiça do Trabalho:como evitardor de cabeça

Joseane Fernandes:a informalidade deve ser sempre evitada

Page 25: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 19

empresário precisa de um serviço ‘rápi-do’ ou até mesmo por um acordo das partes (empregador x empregado).”

A especialista alerta que a infor-malidade sempre deve ser evitada, independentemente da categoria de empresa. “O empresário sempre de-verá priorizar a contratação formal, com registro em CTPS, mesmo nos ca-sos de um serviço ‘por pouco tempo’, onde ele poderá realizar a contratação por prazo determinado. É importan-te sempre pensar nos riscos que este tipo de contratação traz, seja ele de

reclamatória trabalhista, acidente de trabalho e até mesmo com relação a possíveis fi scalizações”, observa.

Conforme esclarece Joseane, a contratação formal gera benefícios tanto para o empregador, pois estará cumprindo com as suas obrigações legais, como para o empregado, uma vez que terá uma renda fi xa, quali-dade de segurado da previdência so-cial, o que infl uencia diretamente no recebimento de benefícios do INSS, como auxílio-doença, auxílio-aciden-tário, aposentadoria, entre outros.

No período de Natal, um dos principais tipos de contratação é a temporária. Marcos Abreu, presi-dente da Employer, empresa espe-cializada em recrutamento, fala so-bre os mitos e verdades ligados ao trabalho temporário.

Abreu esclarece que o trabalho temporário é bem diferente da ter-ceirização. Para atender às demandas transitórias, a mão de obra temporá-ria é uma realidade em todo o mun-do e, no Brasil, foi regulamentada por meio da Lei 6.019/1974. Já a tercei-rização transfere a terceiros funções que não são relacionadas às ativida-des-fi m da empresa.

“Enquanto o trabalho tempo-rário é aquele prestado por pessoa física (trabalhador temporário) a uma tomadora por tempo limitado, o trabalho terceirizado não fornece mão de obra emergencial e assume o compromisso formal de executar

atividades específi cas e predetermi-nadas”, explica Marcos.

Enquanto a terceirização refere-se a serviços, na mão de obra tem-porária a prestação é de trabalho. “Isto é, na terceirização, contrata-mos uma empresa para prestar ser-

viços. Já no trabalho temporário, o serviço da agência de trabalho tem-porário refere-se a recrutar, selecio-nar e colocar à disposição um traba-lhador temporário em uma empresa que necessite de seu trabalho e não a execução da atividade da empresa contratante em si”, descreve.

Segundo o presidente da Em-ployer, o contrato de trabalho tem-porário não exige data de término prefi xada, como muitos acreditam. É uma espécie de contrato a termo, que poderá durar até 3 meses, per-mitida a prorrogação, conforme nor-mas e autorização do Ministério do Trabalho e Emprego. “Isso não signi-fi ca que sua data de término deverá ser prefi xada na assinatura do con-trato. O contrato é extinto quando decorrido o prazo máximo permitido pela lei para sua duração ou quando o motivo justifi cador de sua contra-tação deixa de existir.”

“O empresário sempre deverá priorizar a contratação formal, com registro em CTPS, mesmo nos casos de um serviço ‘por pouco tempo’, onde ele poderá realizar a contratação por prazo determinado”

Principal tipo de contratação é temporária

Marcos Abreu: trabalho temporário é diferente de terceirização

Page 26: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

20 Empresa Brasil

Quais são os principais projetos da sua gestão?

Consolidar uma maior autonomia fi nanceira para

nossa entidade. Levar adiante o pro-jeto AC CACB, que tem como meta instalar uma Autoridade de Registro (AR) em todos os municípios brasilei-ros com mais de cem mil habitantes e também na América Latina. Também queremos criar alternativas por meio da implantação de novos projetos a se-rem apoiados por novos parceiros, na-cionais, mas, principalmente, interna-cionais, como a Comunidade Europeia e organismos, como o Banco Mundial, o BIRD, e os voltados para o desenvol-vimento das MPEs. Queremos igual-mente consolidar a área Internacional da CACB, com maior participação no International Chamber of Commerce (ICC) e na Associação Ibero-Americana de Câmaras de Comércio (AICO), a fi m de levarmos nossos produtos e ge-rar receitas para a CACB.

Incentivaremos e apoiaremos a criação de cooperativas de crédito,

ENTREVISTA

Novo presidente daCACB defende a busca de parceiros internacionaisEleito por aclamação pelo Conselho Deliberativo da entidade, em Brasília, em5 de novembro, George Pinheiro, do Acre, será o responsável pela gestão da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) no períodode 2016/2018. Ex-diretor financeiro da Confederação nos mandatos 2009-2011e 2011-2014, nesta entrevista à Empresa Brasil, ele projeta as prioridades e os desafiosque estabeleceu para a sua administração. A seguir, leia os principais trechos:

Pinheiro: “Vamos lançar uma campanha nacional para despertar a consciência fi nanceira entre os empreendedores brasileiros”

Page 27: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 21

em todas as associações comerciais do Brasil, como uma maneira de desper-tar a consciência fi nanceira entre os empreendedores brasileiros, o que in-cluiria uma campanha nacional de di-vulgação com o nosso explícito apoio.

Qual será a sua principal ban-deira?

A CACB sempre defenderá a democracia, a liberdade, a livre ini-ciativa, a desburocratização, menos impostos, menos Estado, e, principal-mente, o direito de empreender.

Quais são os principais desa-fi os no sentido de aperfeiçoar o Simples?

Vamos continuar a defender a implantação do Simples em todos os estados. Para isso, vamos provar com números e com dados que, quanto maior for a participação das empresas no Simples, mais os estados irão arre-cadar. Com isso, a formalidade criará a cultura do pagamento dos impostos sem burocracia. Precisamos criar uma escala para a mudança de patamares de faturamento, de modo a evitar o impasse quando a empresa atingir o limite. A partir desse momento, ela passaria a pagar apenas a diferença de faixas de alíquotas de acordo com o novo patamar de receita.

Em termos de empreendedo-rismo, o que falta para estimular essa cultura no Brasil?

Criar confi ança nas regras implan-tadas para que o empresário seja in-centivado a formalizar o seu negócio. Ter incentivos, principalmente juros reais, no mínimo iguais, aos oferecidos aos grandes. Além disso, precisamos

incentivar e promover a abertura de cooperativas de crédito em todas as associações comerciais do Brasil. Isso contribuirá para um salto na distribui-ção de renda em todos os municípios, fazendo com que os lucros da interme-diação fi nanceira aumentem a riqueza em cada comunidade. Ao contrário do que ocorre hoje, quando as grandes instituições fi nanceiras do país, públicas ou privadas, levam seus lucros apenas para suas matrizes e seus sócios.

Em sua opinião, quais são os fatores de mortalidade das MPEs no Brasil?

São necessários mais treinamen-tos, informações e conscientização dos empreendedores para a abertura de um novo negócio. A consciência do risco faz parte do negócio. Nesse sentido, o Sebrae é peça fundamen-tal em todos os sentidos.

Qual é a sua expectativa em relação à crise brasileira?

O Brasil amarga uma grave crise que não é só econômica. É também política e ética. Há também falta de lideranças em todos os segmentos. Precisamos de um choque de mora-lidade e de gestão na coisa pública. Talvez o caminho seja a formaliza-ção de um pacto nacional, com uma nova Constituinte, a qual seria eleita exclusivamente para este fi m, com tempo determinado. Os representan-tes não poderiam ser reeleitos para o mandato seguinte.

Isto, evidentemente, teria de ser precedido por um pacto de governa-bilidade. É o que ouvimos em todo o país, principalmente das MPEs em todos os rincões do Brasil.

“O Brasil amarga uma grave crise que não é só econômica. É também política e ética. Há também falta de lideranças em todos os segmentos. Precisamos de um choque de moralidade e de gestão na coisa pública. Talvez o caminho seja a formalização de um pacto nacional, com uma nova Constituinte, a qual seria eleita exclusivamente para este fi m”

Page 28: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

22 Empresa Brasil

O alto custo do Poder Judici-ário no Brasil virou tema de uma pesquisa recente. De acordo com dados do Con-

selho Nacional de Justiça (CNJ), apon-tados pelo documento em andamento no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), somente em 2013, o mon-tante global do sistema alcançou cifras de R$ 62,3 bilhões. Valor este que equi-vale ao orçamento anual do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Achou caro? Pois o valor é su-

perior ao Produto Interno Bruto (PIB) de doze estados brasileiros, considerados individualmente. Entre 2009 e 2012, esta despesa oscilou entre o equivalente a 1,35% e 1,48% do total de riquezas produzidas no país.

Com base neste alarmante levanta-mento, o estudo constata que o orça-mento destinado ao Poder Judiciário bra-sileiro pode ser o mais alto por habitante, entre os países do Ocidente. Segundo o gaúcho Luciano Da Ros, que conduziu a pesquisa denominada “O custo da Justi-ça no Brasil”, em parceria com o norte-

americano Mattew M. Taylor, da Ameri-can University, entre as principais causas para gastos tão elevados, está o alto vo-lume de casos que ingressam anualmen-te na Justiça e em órgãos afi ns. Outro fator que contribui é a chamada “taxa de congestionamento”, atualmente de 70%, que decorre da falta de simetria entre o volume de novos processos e o que é efetivamente julgado.

Por habitante, no Brasil, a despesa do Judiciário é de R$ 306,35, ou seja, muito superior em valores absolutos à despesa de países cuja renda média é

Por habitante, no Brasil, a despesa do Judiciário é de R$ 306,35, ou seja, muito superior em valores absolutos à despesa de países do primeiro mundo

JUSTIÇA

Pesquisa mostra que a Justiça brasileira é a mais cara do Ocidente

Entre os anos de 2003 e 2013, o número total de novos

casos passou da casa dos 18 milhões para 28 milhões

Page 29: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 23

maior, como Suécia (€ 66,7), Ho-landa (€ 58,6), Itália (€ 50), Portugal (€ 43,2), Inglaterra (€ 42,2) e Espa-nha (€ 27). E, mesmo comparado a países do mesmo continente, como Chile, Argentina e Colômbia, con-forme a pesquisa, o orçamento per capita de todo o sistema judiciário brasileiro (incluindo órgãos como o Ministério Público, defensorias e ad-vocacias públicas) é maior.

MUITOS CASOS NOVOS OU EM TRAMITAÇÃO

O número de novos casos que ingressam no Judiciário brasileiro, por ano, também cresce conside-ravelmente. Dados da pesquisa, com base em informações do CNJ 2014, apontam que há cerca de 14 mil novos processos para cada 100 mil habitantes. É o equivalente a 1.707 casos por magistrado no Brasil, enquanto na Itália o número é de 876, na França alcança 455 e, em Portugal, é de apenas 412.

Outro número assustador é o de processos em tramitação. Em 2013, a carga processual existente totalizou cerca de 95 milhões, o equivalente a 6.041 processos por magistrado, ou praticamente um para cada dois habitantes. A maioria destes casos, em torno de 70%, teve início antes de 2013. E mais: no curto espaço de tempo compreendido entre os anos de 2003 e 2013, o número total de novos casos ingressando anualmente no Poder Judiciário bra-sileiro, conforme relato da pesquisa, passou da casa dos 18 milhões para 28 milhões. Crescimento este que representa uma média de 6,5% ao ano, segundo dados do CNJ.

O pesquisador gaúcho Luciano Da Ros critica a demora na tramitação dos processos. “São milhares de processos, mas o resultado agregado é de baixa efi ciência, pois os casos levam muito tempo para serem decididos. Isso é um problema do nosso sistema recursal, pois nossos juízes se tornam verdadei-ros pareceristas”, observa.

Além disso, o elevado custo por decisão judicial também impres-siona. No Brasil, é maior que o dos países europeus presentes na pesquisa, de R$ 2.248,93 por aqui, contra R$ 1.679,15 na Itália, por exemplo. “Muito disso é demanda repetitiva, é o mesmo processo repetido milhões de vezes. A cultura do ‘precedente’ não faz parte do nosso sistema jurídico. Existem métodos de uniformização da jurispru-dência e formas de reduzir demanda repetitiva. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe a ‘indenização punitiva’”, explica.

Da Ros sugere como uma proposta possível a criação de um meca-nismo que preveja altas indenizações a delitos repetidos. Desta forma, seria possível evitar que o Judiciário fi casse “enxugando gelo”, compara. Ele considera que uma das consequências da dinâmica atual é que os juízes se sentem desprestigiados. “E, para mudar esse quadro, eles apelam para o aumento salarial”, analisa.

Custo por decisão judicial também é elevado

Page 30: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

24 Empresa Brasil

Em tempos de recessão e crise econômica, a inadimplência bate à porta do consumidor. Pesquisas de empresas de

proteção de crédito apontam como principais fatores da desorganização fi nanceira o desemprego, a elevação dos juros e tributos, além da maior cautela dos agentes, tanto consumi-dores quanto concedentes de crédi-to. O superintendente da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Soli-meo, acrescenta que o aumento do desemprego, provocado pela reces-são técnica, tem difi cultado a nego-ciação das dívidas.

Como tentativa para driblar a inadimplência e manter os investi-mentos, as empresas têm renego-ciado com seus fornecedores. O efeito cascata, além de aparecer na queda do faturamento, segundo Solimeo, também está presente na difi culdade de os empresários obte-rem crédito, situação que aumenta o atraso no pagamento dos impos-tos. “Além da tributação ser eleva-da, o prazo de recolhimento é cur-to, fazendo com que as empresas tenham que pagar o imposto antes de receber pela venda do produto”, pontuou o superintendente.

O economista da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) An-dré Azevedo explica que se, de um

CONSUMIDOR

Desemprego e juros altos aumentam a inadimplênciaVarejo é o setor mais atingido e vai ficar ainda pior com o aumento dos impostos

Marcel Solimeo: “Aumento do desemprego tem difi cultado a negociação das dívidas”

André Azevedo: “Em 2015, pela primeira vez em mais de uma década, o crédito crescerá abaixo da infl ação”

Foto: Ivan Andrade / Divulgação

Foto: Paulo Pampolin / Divulgação

Page 31: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 25

lado, com a crise, o consumo vem caindo e, por consequência, a deman-da por crédito, de outro as empresas estão mais seletivas na concessão de novos empréstimos e fi nanciamentos. “Em 2015, pela primeira vez em mais de uma década, o crédito crescerá abaixo da infl ação. Isso refl ete a atual situação econômica, de estagfl ação”, avaliou o economista.

De acordo com as expectativas do superintendente da Associação Comercial de São Paulo, o ano de 2015 fechará com um resultado ne-gativo do PIB, sendo na indústria e no comércio as maiores quedas. “A me-lhora das vendas no último trimestre é sazonal e não salvará o ano para o varejo”, projetou. Já para Azevedo,

economista da Federasul, a crise eco-nômica e as medidas para combatê-la, como elevação da taxa básica de juros e de impostos, impedem o cres-cimento econômico.

REGIÕESMóveis, eletrônicos e eletrodo-

mésticos geraram a maior inadim-plência ao longo de 2015, seguido dos empréstimos pessoais. A difi cul-dade de quitar as contas está mais presente na classe com renda baixa, que, conforme o superintendente da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, é explicado por ser mais numerosa e possuir maior ins-tabilidade de renda familiar, além de estar sujeita ao desemprego.

A crise econômica e as medidas para combatê-la, como elevação da taxa básica de juros e de impostos, impedem a retomada do crescimento

Cenários não mudam em 2016

E o ano que vem?O superintendente da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, frisa que o primeiro semestre do próximo ano será uma continuação do atual cenário, podendo apresentar alguns sinais de melhora no segundo semestre. Já as projeções do economista da Federasul André Azevedo apontam para um 2016 com desempenho do crédito similar ao deste ano.

Qual é o tamanho do buraco?Pesquisas mostram que a difi culdade de manter as contas em dia bateu à porta de 54 milhões de brasileiros. 140 milhões de adultos foram pesquisados.

Falta também educação financeiraO atual desajuste da economia pessoal acontece em função de um componente estrutural. A relação dos brasileiros com as suas fi nanças é complicada e baseada em três itens: o conhecimento, a atitude e o comportamento.

Page 32: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

26 Empresa Brasil

TRIBUTOS

O texto-base do projeto que aumenta a receita bruta anual máxima permitida para enquadramento da

microempresa no regime especial de tributação do Simples Nacional – o Su-persimples – foi aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados, por 417 votos favoráveis e dois contrários, no começo do mês de setembro. O Sim-ples Nacional é um regime tributário especial, que permite o pagamento, em uma única guia, de oito impostos, facilitando o sistema de contabilidade das empresas. Com a proposta, batiza-da de Crescer sem Medo, o limite para participar desse sistema passará de

R$ 360 mil para R$ 900 mil, ou seja, um aumento de 250%.

O texto é uma emenda do par-lamentar João Arruda (PMDB-PR) e previa a vigência de todas as novas regras do projeto a partir de janei-ro de 2016. No entanto, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), conseguiu costurar um acordo en-tre os líderes partidários para que o impacto nas contas fosse distribuído aos poucos. Para as pequenas em-presas, os deputados então incluí-ram um prazo de transição, que vai até 2018. Em 2017, o novo limite será de R$ 7,2 milhões. E, somente no ano seguinte, poderão participar

Aumenta o guarda-chuvado SupersimplesCâmara aprovou texto-base do projeto Crescer sem Medo, que eleva o teto de enquadramento em 250%

Foto: J.Batista / Câmara dos Deputados

Afi f Domingos almeja aprovação doCrescer sem Medo no Senado aindaem 2015

Page 33: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 27

do Supersimples as empresas com receita bruta maior que essa, até R$ 14,4 milhões. Para o presidente do Sebrae, Guilherme Afi f Domin-gos, que acompanhou a votação, o prazo de transição é necessário porque 2016, segundo ele, será um ano crítico para as contas públicas, e, por isso, o melhor é evitar medi-das de renúncia fi scal.

De acordo com a proposta, ha-verá uma alíquota maior, mas que terá desconto fi xo específi co para cada faixa de enquadramento e não mais uma tributação simples sobre a receita bruta mensal. No entendi-mento do relator, o deputado João Arruda, a tabela do Simples Nacio-nal será um estímulo à micro e pe-quena empresa a crescer sem medo de perder seu enquadramento.

A mudança atinge também as empresas de pequeno porte, as quais terão a participação permitida no sistema simplifi cado em rendimen-tos compreendidos no intervalo de R$ 900 mil a R$ 14,4 milhões anuais.

Já para os Microempreendedores In-dividuais (MEIs), o Crescer sem Medo amplia o teto de enquadramento dos atuais R$ 60 mil para R$ 72 mil, uma elevação de R$ 1 mil mensais.

O texto deve ser analisado em seus destaques que ainda não fo-ram votados pela Câmara e, de-pois, seguir para o Senado. A meta, para Afi f Domingos, é aprovar o Crescer sem Medo no Senado ain-da em 2015.

MENOR IMPACTO NAS CONTAS PÚBLICAS

Conforme informações divul-gadas pelo governo, o impacto gerado pelas mudanças do projeto Crescer sem Medo deve ser de R$ 2 bilhões, e a compensação virá com geração de empregos e contribui-ção das empresas que se benefi -ciarão da reforma. Já pelos cálculos da Receita Federal, a proposta deve gerar uma redução de R$ 11,43 bi-lhões na arrecadação da União, de estados e municípios.

Dentre as inovações do projeto, está a permissão para que o agricul-tor familiar peça enquadramento no MEI. Isso não se aplica ao trabalhador rural, para quem a atual lei prevê o pagamento de todos os direitos tra-balhistas e previdenciários, se presen-tes os elementos característicos da relação de emprego.

Outra mudança é o aumento do prazo de parcelamento de dívidas no âmbito do Supersimples. Neste

último caso, o número de prestações mensais passa de 60 para 180, cada uma no valor mínimo de R$ 100.

Os prestadores de serviços que estavam enquadrados na sexta tabe-la, com percentuais mais elevados, passam a fi car na quarta tabela. É o caso, por exemplo, dos serviços de medicina, odontologia, psicologia, jornalismo e publicidade. No entan-to, esse reenquadramento poderá ser revisto, principalmente em fun-

ção da arrecadação, a partir do se-gundo ano da publicação da futura lei complementar.

Da mesma forma, se as empresas que exercem essas atividades tiverem muitas pessoas contratadas, poderão passar para a terceira tabela, com alí-quotas mais vantajosas. Para defi nir isso, será analisada, segundo o pro-jeto, a razão entre o valor da folha de salários e a receita bruta, quando esta for maior que 22,5%.

Projeto inclui inovações

Pelos cálculosda Receita Federal, a proposta devegerar uma redução de R$ 11,43 bilhões na arrecadação da União, de estados e municípios

Page 34: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

28 Empresa Brasil

Negociar crédito pode ser alternativa para enfrentar a crise

Manter a produtividade e o poder de negociação é o grande desafi o enfren-tado, nos dias atuais, por

muitos empreendedores pelo Brasil afo-ra. Em tempos de taxas de juros em alta, nas principais instituições fi nanceiras do país, muitas vezes é preciso buscar novos caminhos para se manter com-petitivo no mercado e com dinheiro em caixa. Com maior volume de operações nas regiões sul e sudeste, as factoring aparecem como alternativa para aque-les empresários que possuem créditos gerados por vendas a prazo e precisam aumentar a margem de negociação.

No Brasil, historicamente, as ope-rações de factoring representam 1% do PIB. Esse percentual é considerado baixo pela Associação Nacional de Fo-mento Comercial (ANFAC), quando comparado com os mercados euro-peu e asiático, em que a prática atinge em torno de 10% do PIB.

De acordo com os dados divulga-dos pelo Conselho de Controle e Ativi-dades Financeiras (COAF), existem no segmento 6,8 mil empresas com regis-tro no Brasil. Em 2014, as associadas à ANFAC apresentaram um giro de car-teira na ordem de R$ 120 bilhões ao atender a 150 mil pequenas e médias empresas. O setor ainda contribuiu para serem mantidos 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos.

FINANÇAS

Foto: Divulgação

Mesmo com redução no número e volume de operações, o setor de factoring registrou ganho na margem operacional

João Costa Pereira:“Crise econômica trouxe ao mercado uma maior

exposição a riscos”

Page 35: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 29

Foto: Cláudio Belli/divulgação

Pelas informações preliminares le-vantadas pela Associação, o primeiro semestre de 2015 registrou uma re-dução, em números e valores opera-dos, da ordem de 12,5%. A retração é decorrente do baixo consumo e da elevação da taxa básica de juros no período. Mesmo com redução no nú-mero e volume de operações, o setor registrou ganho na margem opera-cional no primeiro semestre de 2015.

TAXA DE RISCO Para o presidente da ANFAC, Luiz

Lemos Leite, esse fenômeno ocorre em função do aumento no nível de expectativa da taxa de risco considera-da na composição de compra de cré-ditos. Ainda são observados o custo de oportunidade, custo operacional, carga tributária e expectativa de lucro.

O período de crise econômi-ca levou os agentes econômicos a serem mais seletivos e a demanda agregada, por consequência, eleva-da. Neste segundo semestre, a AN-FAC identifi cou que os resultados têm sido muito prejudicados em função da indefi nição sociopolítica que o país atravessa, como a redu-ção do PIB projetada em 2,8%.

Segundo Leite, presidente da ANFAC, para 2016 as expectativas podem se alterar, dependendo da composição política e da habilidade nas negociações que estão em an-damento envolvendo o Executivo e o Legislativo Federal.

EXPERIÊNCIAEmbora com um cenário turbu-

lento, a Brasil Factors, joint-venture do BicBanco, FIMBank e Banco Mun-dial, comemora os números atingidos

no primeiro semestre de 2015. Com cerca de 100 empresas cadastradas na carta de clientes, foi possível atin-gir um volume de operações na casa dos R$ 250 milhões. A expectativa é de que o ano se encerre com núme-ros acima dos R$ 500 milhões.

Mesmo com números positivos, o presidente da Brasil Factors, João Costa Pereira, reconhece que a cri-se econômica trouxe ao mercado uma maior exposição a riscos, com bancos reduzindo as carteiras de crédito e crescimento lento. Além disso, também aparecem aspectos de conservadorismo e cautela na seleção de clientes. “As operações no mercado doméstico caíram e a inadimplência aumentou a busca pela cobertura de riscos”, explicou.

MERCADO INTERNACIONALGlobalmente, o factoring tem

apresentado uma média anual de mais de 12% de crescimento nos úl-timos 8 anos. Em 2011, o aumento mundial foi de 22%, atingindo um volume recorde de US$ 2,6 trilhões. O mercado internacional (exporta-ção e importação) ganhou destaque com incremento de 37% em 2011, para um volume de US$ 355 bilhões. Números que indicam que o facto-ring continua ganhando importância como instrumento de administração de capital de giro.

Hoje, além dos Estados Unidos, o factoring é muito praticado e difundi-do na Inglaterra, Suécia, Noruega, Ho-landa, Espanha, Itália, França e Bélgica. Entre os países da América Latina, fora o Brasil, as operações encontram ex-pressão no México, na Colômbia, no Peru e no Equador.

Em junho deste ano, a Asso-ciação Internacional Factors Chain International (FCI) divulgou núme-ros mundiais da atividade. Confi ra os dados no quadro abaixo:

■ o volume de factoring global atingiu em 2014 a maior alta de todos os tempos: € 2,348 mil milhões de euros em 2014, um aumento de 6,3% em comparação com 2013;

■ crescimento mais forte na Euro-pa (+ 8%) e nas Américas (+8%);

■ Argentina, Marrocos, Emirados Árabes Unidos, Turquia e Cin-gapura, entre mercados, com forte crescimento do setor;

■ mercado factoring asiático cres-ceu 3% em relação a 2013, en-quanto o volume de factoring africano teve uma queda de 9%.

Os números do factoring no mundo

Luiz Lemos Leite: “Mesmo com redução de operações, o setor registrou ganho na margem operacional no primeiro semestre de 2015”

Page 36: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

30 Empresa Brasil

Qual o futuro que você dese-ja para o Brasil? O de um país com um Estado po-pulista, sempre contrário à

economia de mercado, ou um Estado moderno, democrático, em que, fora a atuação na saúde, educação e segu-rança, prevalece a competição? Essa é a tônica do novo livro do economista Fabio Giambiagi, um estudioso das mazelas do Brasil, cujo conhecimento expõe com clareza o tipo de Estado proposto pela esquerda brasileira.

Em “Capitalismo – Modo de Usar” (editora Campus/Elsevier), Giambia-gi usa como epígrafe uma das frases utilizadas pelo ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso, ao preparar o então presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para a sabatina no Se-nado Federal, em 1999. “Lembre-se”, disse FHC, “o Brasil não gosta do sis-tema capitalista. Os congressistas não gostam do capitalismo, os jornalistas não gostam do capitalismo, os univer-sitários não gostam do capitalismo... O ideal,” continuou FHC, “o pressuposto que está por trás das cabeças é um re-gime não capitalista e isolado, com Es-tado forte e bem-estar social amplo”.

Segundo o autor, o que gerou a motivação para esse livro é a percepção de que ainda hoje, 193 anos depois da Declaração da Independência, o Bra-sil continua sendo um país onde uma parte considerável das pessoas segue sem entender como funciona adequa-damente o regime capitalista.

“Capitalismo – Modo de Usar” traz em seu prefácio um novo olhar sobre o sistema capitalista do jornalista e antigo

militante esquerdista Fernando Gabeira. Traz ainda, na orelha, um texto do co-mediante Marcelo Madureira, que de-safi ou o autor a escrever um livro sobre Economia acessível ao grande público.

Para ajudar o leitor a compreen-der melhor algumas das questões sobre o tema, Giambiagi demonstra como a cultura nacional mantém viva a noção de que a solução de todos os problemas virá dos favores estatais, ao defender uma forte presença do Estado e do bem-estar amplo.

Profundo conhecedor da Previdên-cia, o maior símbolo deste equívoco, o autor mostra que a despesa do INSS em 1988 foi de 2,5% do PIB, e, em 2015, será quase de 7,5% do PIB – e continuará subindo, uma vez que o número de idosos aumentará em tor-no de 4% ao ano nos próximos 15 anos. “É uma tragédia anunciada. É como se o país tivesse feito uma esco-lha pelo passado em detrimento das gerações futuras”, diz o autor.

Para progredir, conforme o eco-nomista, o Brasil precisa, de uma vez por todas, se assumir como uma economia capitalista. O papel do go-verno será fundamental para liderar uma agenda de reformas. Estas re-querem cinco condições: a) um bom diagnóstico; b) convicções fi rmes; c) energia para implementar uma agenda; d) uma enorme capacidade de persuasão; e, fi nalmente, e) um grande poder de articulação. Se estes requisitos forem cumpridos, o país vai dar um salto. A chave do dinamismo é a competição travada no campo do setor privado, acredita o autor.

LIVRO

Para entender o sistema capitalista Segundo o autor, 193 anos depois da Declaração da Independência, o Brasil continua sendo um país onde uma parte considerável das pessoas continua sem entender como funciona adequadamente o regime capitalista

CAPITALISMO: MODO DE USARAutor: Fabio GiambiagiGênero: EconomiaPáginas: 304Formato: 16 x 23 cmEditora: Elsevier - CampusPreço: R$ 69,90

Page 37: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

Novembro de 2015 31

*Paulo Ferezin

Em um cenário econômico estagnado, com expectati-vas de relevante alta na in-fl ação e declínio nas vendas,

as empresas varejistas sentem o re-fl exo em todas as etapas do negó-cio, principalmente em suas linhas de resultados e rentabilidade. Isso porque o consumidor necessitou apertar os cintos desde o início da retração econômica. As empresas estão enfrentando difi culdades em proporções cada vez maiores para conseguir aumentar as vendas e sustentar suas margens, diante de uma competição cada vez maior.

Tal conjuntura, e outras condi-ções de concorrência mercadoló-gica, leva muitas organizações do setor a uma reestruturação que, no entanto, não foca apenas na reto-mada comercial, mas em outros três pilares: na otimização do modelo de negócio (produtividade); na consoli-dação da marca por meio da reno-vação das lojas e posicionamento das marcas; e no direcionamento do investimento em expansão para áreas operacionais de maior cresci-mento de mercado.

É na redução de custos, porém, que a gestão tem dedicado maior atenção, garantindo que esse seja o melhor caminho e o papel prin-cipal para assegurar a rentabilidade e sustentabilidade. Para que isso se

torne viável, é importante adotar uma estratégia linear, assertiva e di-ferenciada para cada empresa, con-siderando seu porte, administração, clientes e outros desafi os individuais e particulares.

Com foco na otimização ope-racional – em especial, no que diz respeito à relação Produtividade x Lucro –, estar atento ao termôme-tro que indica os sinais do comércio

e do mercado é considerado a ma-neira mais efi ciente para encontrar reduções sustentáveis em termos de custos. Dessa forma, o caminho a ser adotado é “fazer mais por me-nos”, mas sem perder de vista a pro-posta de valor e serviços da marca, para não alterar o posicionamento.

Em todo caso, fi que claro que, antes de qualquer decisão ou modi-fi cação na rotina institucional visan-do à redução de custos, uma análise sobre a condição do negócio a ser

reestruturado é imprescindível, visto que essas modifi cações devem pre-ver todos os possíveis impactos so-bre a empresa, pois, do contrário, é improvável que mudanças realmen-te efetivas aconteçam.

Apesar de, como já citado, ser necessário traçar um plano para cada empresa, existem algumas ações universais para aprimorar o trabalho no setor varejista com o ob-jetivo de reduzir custos, dentre elas destacam-se a revisão de processos e controles, a otimização da força de trabalho, a integração e captu-ra de sinergias entre vendas, pós-vendas e demais áreas da empresa, assim como uma maior interação e colaboração entre o varejista e seus fornecedores e parceiros.

Em suma, espera-se que, a partir de uma cuidadosa avaliação dos pro-cessos administrativos e operacio-nais, seja possível restabelecer uma positiva posição no mercado de va-rejo. Considerando a atual conjuntu-ra, os empresários precisarão adotar uma nova postura com todas suas interfaces, além de estarem prepa-rados para as possíveis surpresas no mercado para atingirem seu objetivo e, então, retomarem as vendas, rea-quecerem o comércio e alcançarem resultados sustentáveis.

*Sócio-diretor da

KPMG no Brasil

ARTIGO

Redução de custos:ação de ordem no varejo

“O caminho a ser adotado é ‘fazer mais por menos’, mas sem perder de vista a proposta de valor e serviços da marca, para não alterar o posicionamento”

Page 38: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram
Page 39: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

INOVAÇÃO, O INGREDIENTE QUE O SEU NEGÓCIO PRECISA PARA ESTAR SEMPRE EM MOVIMENTO.

É da porta para dentro que a gestão, inovação e produtividade fazem a diferença. É aí que entra a mão do Sebrae para ajudar a fazer o seu negócio ser cada vez melhor.

SUA VIDA É SE SUPERAR A CADA DIA? ESTAMOS JUNTOS.

Page 40: Ano 12 l Número 124 l Novembro de 2015 Brasil · AFIF assume presidência do Sebrae. 8 CAPA Nunca houve uma crise como agora no varejo. 12 EMPREENDEDORISMO Núcleos de RH mostram

SUA VIDA É SE SUPERAR A CADA DIA? ESTAMOS JUNTOS.

VOCÊ QUER MAIS PARA O SEU NEGÓCIO?

O SEBRAE QUER MAIS É ESTAR AO SEU LADO.

É da porta para dentro que a gestão, inovação e produtividade

fazem a diferença. É aí que entra a mão do Sebrae para ajudar a fazer

o seu negócio ser cada vez melhor.