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Ano 121 / Setembro, 2003 / Nbvespirita.com/Revista Reformador - 2003 - Setembro (Federacao... · de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli- ... Joanna de Ângelis 20 Brasil

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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 121 / Setembro, 2003 / No 2.094

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli-veira São Thiago; Secretário – Iaponan Albuquerqueda Silva; Gerente – Amaury Alves da Silva; REFOR-MADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73(DCDP do Departamento de Polícia Federal do Mi-nistério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 –

I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838

Capa: Rebouças & Associados

Tema da Capa: NÃO MATARÁS! – fundamentadono Decálogo (5o Mandamento), em Jesus (Sermãoda Montanha) e na Doutrina Espírita.

EDITORIAL 4Não matarás!

ENTREVISTA: VANDERLEI MARQUES 17Movimento Espírita nos Estados Unidos

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Contempla mais longe – Emmanuel

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 22 Reunião da Comissão Regional Centro

A FEB E O ESPERANTO 34Espiritismo na Turquia via Esperanto –

Affonso Soares

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 36 Independência sonambúlica – Allan Kardec

SEARA ESPÍRITA 42

Retificações necessárias – Juvanir Borges de Souza 5

Refletindo sobre o suicídio – Roosevelt Pinto Sampaio 8

Um caso de suicídio por obsessão – Severino Barbosa 10

Aos Colaboradores de Reformador 11

Sem choques – Richard Simonetti 12

Lição do cotidiano – Iaponan A. da Silva 13

A matéria escura do Universo e as constantes fundamentais – 14

Suely Caldas Schubert

Deus te vê – Maria Dolores 19

Suicídio moral – Joanna de Ângelis 20

Brasil – Olavo Bilac 24

Conferência de Divaldo na FEB (Rio-RJ) 25

Convite de Urgência – Bezerra de Menezes 25

Enfermo, ame-se – Adésio Alves Machado 26

Ante-sala da Regeneração – Julio Cesar de Sá Roriz 28

Nascer de novo – Inaldo Lacerda Lima 29

Encontro avalia 20 anos do ESDE 30

Devotamento e abnegação – Lucy Dias Ramos 32

Livros e Livros Espíritas – Dulcídio Dibo 35

Médiuns sonambúlicos – Allan Kardec 37

O Espiritismo em seu tríplice aspecto: científico, filosófico 38

e religioso (Parte II) – Silvio Seno Chibeni

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4 Reformador/Setembro 2003322

Diante da constância com que a morte é apresentada nos veículos de comunicação demassa, na maioria das vezes de forma violenta, como guerras, assassinatos e suicídios,o ser humano vem-se acostumando com a rotina e passa, gradativamente, a considerar

normal o fato de se pretender eliminar a vida de seu semelhante ou mesmo a sua, por qual-quer motivo.

Puro engano. A visão materialista da vida leva a essa postura, mas não representa a rea-lidade. Ao destruir o corpo físico, acredita-se que o Ser é eliminado. Na verdade o Ser, mes-mo, não se destrói: é Espírito imortal, indestrutível. E toda violência contra a vida retornasempre de forma dolorosa àquele que a praticou: seja através de perseguições obsessivas dasvítimas, nos casos de assassinatos; seja através de profundos sofrimentos auto-aplicados, noscasos de suicídio; seja pelos dramas de consciência decorrentes do desrespeito à Lei de Deus.

Não é sem razão que a Providência Divina, há quatro mil anos, através dos Dez Man-damentos, vem alertando o homem de forma inquestionável: Não matarás!

Os sábios da Antiguidade já observavam quanto à necessidade de o homem conhecer-sea si mesmo. E a ciência humana, hoje, já vem constatando que o homem é um Espírito imor-tal que viveu inúmeras reencarnações.

Tentar destruir o próximo ou a si mesmo é um erro de graves conseqüências, que retar-da por séculos o progresso humano, retardando, conseqüentemente, o recebimento dos be-nefícios que ele a todos traz.

Assim, a única alternativa sensata que nos resta, em qualquer situação mais dolorosa comque a vida se nos apresenta, é aceitar os desafios de trabalhar no próprio aperfeiçoamento,procurando desenvolver as virtudes ainda incipientes que existem em nós e conquistar os co-nhecimentos que ainda não adquirimos.

Numa época em que a violência é promovida pela invigilância, todos buscam paz. A paz,porém, não se encontra pronta, nos ensina Jesus; é necessário construí-la no nosso dia-a-dia,vivenciando os ensinos do Evangelho.

Divulgar, pois, a Doutrina Espírita, esclarecedora do que somos, de onde viemos, paraonde vamos e quanto nos cabe fazer para bem atender ao objetivo da existência terrena, é acaridade maior que devemos praticar, pois liberta o ser humano de muitos enganos compro-metedores da sua existência, mostrando a vida como manifestação do amor de Deus, que nãodelegou a ninguém o direito de eliminá-la.

Construamos a Paz, preservando a Vida e promovendo o Bem!

EditorialNão matarás!

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Ohomem, habitante deste or-be de expiações e provas, li-mitado em seus conhecimen-

tos de tantas e tantas coisas domundo que o rodeia, desconhecen-do a si mesmo, tem, entretanto, aintuição de que um Ser Supremoem Amor, Poder e Sabedoria é nãosó seu Criador, mas a Causa de tu-do quanto existe.

Ser espiritual que é, a intuiçãodo Infinito jamais lhe foi cerceada,apesar de sua ignorância.

Daí as crenças, desde os tem-pos primitivos, em deuses de varia-das denominações, em forças supe-riores não definidas.

Surgiram posteriormente as re-ligiões, com seus cultos e justifica-ções, eivados de superstições e erros,mas sempre em busca de explica-ções a respeito do fenômeno da vi-da e da Criação.

Em toda a trajetória do ho-mem na Terra, jamais faltou a assis-tência de seu Guia e Governador, oCristo de Deus, o Verbo do princí-pio, acompanhando o lento pro-gresso da Humanidade com infini-ta paciência e amor.

Hoje sabemos que o acompa-nhamento do progresso dos habi-

tantes deste planeta pelo Cristo de-corre de determinação de Deus,nosso Pai e Criador. Ele é o Guia daHumanidade.

Graças à Revelação Espírita, aúltima das grandes intervenções doPlano Espiritual Superior em favorda Humanidade, aclararam-se vá-rias passagens evangélicas malcom-preendidas, que deram origem aconfusões e distorções no seio dasdenominadas igrejas cristãs.

Assim, tornou-se claro que oCriador, o Deus de nossos corações,é o Poder Infinito, criador dos Uni-versos Espirituais e materiais.

Indefinível para nós, seres fini-tos em evolução, preferiram osEspíritos Reveladores oferecer-nosuma idéia genérica sobre a grande-za e o poder ilimitado de Deus, “aInteligência Suprema, causa primá-ria de todas as coisas”.

Alertaram-nos, ainda, “que hácoisas que estão acima da inteligên-cia do homem mais inteligente, asquais a vossa linguagem, restrita àsvossas idéias e sensações, não temmeios de exprimir”. (Questão 13 deO Livro dos Espíritos.)

Por isso, por enquanto nos bas-ta conhecer alguns dos atributos doCriador Supremo, que “é eterno,infinito, imutável, imaterial, único,onipotente, soberanamente justo ebom”. (Idem.)

Essas idéias, que nos foramtransmitidas pelos Espíritos Revela-

dores, permitem-nos retificar umasérie de conceitos enganosos cons-tantes das Escrituras do Novo e doVelho Testamentos, como tambémdos textos de livros de outras reli-giões orientais.

Ao mesmo tempo, o ensinoclaro dos Espíritos repele o panteís-mo, em todas as suas formas, mos-trando-nos, pela razão, que o Cria-dor e as criaturas não se confundem,já que as criaturas jamais poderãotransformar-se no próprio Deus.

O Livro dos Espíritos, ao tratardas causas primárias e de Deus, emseu primeiro capítulo, clarifica umasérie de idéias de suma importânciapara que o homem possa entender asi mesmo, a Natureza, os ensinos deJesus, constantes dos Evangelhos, emuitos dos ensinos ministrados pe-las diversas religiões do mundo.

A Religião dos Espíritos, vindoao mundo séculos e milênios após aformulação e instituição das diver-sas denominações religiosas, encon-tra uma Humanidade que já haviaprogredido muito em termos de co-nhecimentos científicos.

Depois das teorias comprova-das de Nicolau Copérnico e de Ga-lileu Galilei, a Terra deixou de sertomada como o centro do Univer-so, em torno da qual giravam o Sole os outros corpos celestes. Sua for-ma não era plana, como se pensava,mas esférica, como a dos demais as-tros da abóbada celeste visível. >

Retificações necessáriasJuvanir Borges de Souza

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> A Terra passou a ser encaradanão mais como o único mundo on-de a vida se manifesta. Era precisoconsiderar-se os bilhões de estrelas,planetas, satélites e outros corposcelestes, componentes de milhõesde galáxias espalhadas pelo infinitodo Universo.

Essa nova concepção cósmica,a partir do século XVII, aliada aodesenvolvimento das ciências nosséculos seguintes, preparou a Hu-manidade para que pudesse evoluirconsideravelmente no campo doconhecimento e também no campomoral-espiritual.

Podemos compreender, assim,a razão por que somente em mea-dos do século XVIII o GovernadorEspiritual deste orbe enviou o ou-tro Consolador prometido quandode sua passagem pela Terra.

É que, sem uma base de co-nhecimentos mínimos, a respeitode si mesmo, como Espírito imor-tal, e do mundo em que vive, den-tro do Universo infinito, e, de ou-tro lado, cerceado em sua liberdadepor séculos de milênios, o homemnão tinha condições de tomar co-nhecimento, de forma satisfatória,de verdades e realidades novas paraele, embora essas verdades já tives-sem sido referidas antes, de formavelada, tanto pelo próprio Cristoquanto por seus emissários.

Quando chega ao mundo aTerceira Revelação, a Doutrina dosEspíritos, é o Cristo de volta, cum-prindo sua promessa de enviar ou-tro Consolador, revelando novasrealidades e retificando o que foramal-entendido.

Como simples ilustração dessasassertivas, vemos, no Velho Testa-mento, que Deus é apresentado aopovo hebreu sob aspectos contra-

ditórios. Ora é o pai bondoso e mi-sericordioso, para, em seguida, mos-trar-se impiedoso para com os fi-lhos culpados.

De outras vezes é referido aonível das paixões humanas, impla-cável, vingativo, exclusivo da raçahebraica, devendo ser temido emvez de ser amado, como nos ensi-nos do Cristo.

A Doutrina Espírita vê o VelhoTestamento como o livro sagradodo povo hebreu, contendo verdadesreveladas, como os Dez Manda-mentos, ao lado de regras humanaspara a época e narrativas por vezescontraditórias.

Ora, as Revelações se ajustamàs épocas e aos estágios de vivência,seja de um povo, de uma civiliza-ção, ou de considerável parcela daHumanidade.

Por isso as Revelações são su-cessivas.

Já no Novo Testamento, osEvangelhos contêm os ensinos doCristo para todos os homens, dequaisquer nacionalidades ou dequaisquer épocas, já que são verda-des eternas, desde que entendidasem espírito, escoimadas das inter-pretações e adições humanas.

O último estágio das revela-ções, a Revelação dos Espíritos,aclara todas as anteriores, considerao estágio atual das ciências e a capa-cidade de entendimento de consi-derável parte da Humanidade, semfechar as portas ao progresso e àevolução, comportando, portanto,novos conhecimentos, como já temocorrido.

...Capítulo especial na busca per-

manente da verdade e de novos co-nhecimentos é o que se refere às in-

terpretações dos textos consideradossagrados, ou básicos, nas diversasescrituras das religiões.

Precisamos considerar que alinguagem humana, falada ou es-crita, nem sempre é precisa, exa-ta, para expressar idéias e pensa-mentos.

As idéias originais são, muitasvezes, entendidas de forma diferen-te, quando não mutiladas na suasignificação real.

Consideremos, então, certostextos, ou expressões verbais, paratraduzir determinada idéia que ori-ginalmente está correta.

Entretanto, essa mesma idéia,ao ser retransmitida por outrem,pode sofrer alteração em seu signi-ficado original, com grave prejuízointerpretativo.

Um exemplo tirado dos Evan-gelhos de Jesus nos mostrará a gra-vidade do problema, com conse-qüências importantíssimas na cons-trução das doutrinas cristãs.

Disse Jesus certa vez, referindo--se a Si e a Deus:

“Eu e meu Pai somos um; Eleestá em mim e eu estou n’Ele.”Noutra ocasião assim se expres-

sou:“Eu e meu Pai somos uno.”A idéia manifestada por Jesus

era a de que Ele cumpria a vontadede seu Pai, unidos na mesma vonta-de expressa nas leis divinas, eternas.

Entretanto, não foi esse o en-tendimento dos homens que inter-pretaram os Evangelhos, formulan-do os teólogos a doutrina católica eprotestante a respeito de Deus e doCristo, considerados numa mesmapessoa: Deus-pai, Deus-filho e maiso Espírito Santo, numa trindadeque não tem fundamento no espí-rito e na verdade dos Evangelhos.

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E essa interpretação firmou-seno tempo, vindo até nossos dias,apesar de Jesus ter ensinado, em di-versas ocasiões, que Ele era o “Filhode Deus”, o Messias esperado pormais de setecentos anos, nas refe-rências dos profetas de Israel.

Esse lastimável engano inter-pretativo transmitiu-se a milhões deindivíduos, pelos séculos sucessivos,com suas naturais conseqüências.

Somente a Doutrina dos Espí-ritos viria retificar o desvio, recolo-cando a verdade dos ensinos doMestre, o “Filho de Deus”, o Go-vernador Espiritual deste mundo,nosso Irmão Maior, nosso Guia.

Outro escolho terrível queocorre na transmissão das idéias,dos ensinos e dos conhecimentosem geral, acontece nas traduções deuma língua para outra.

Cada língua humana tem suagênese, suas expressões peculiares,sua maior ou menor riqueza de vo-cábulos etc.

Ocorre muitas vezes, nas tra-duções de uma língua para outra, afalta de cuidado ou a falta de co-nhecimento do tradutor para ex-pressar a idéia exata que se encon-tra no original.

A literalidade nas traduções le-va geralmente à modificação do ori-ginal, especialmente quando se quertranspor idéias expostas numa lín-gua pobre para outra mais rica emvocabulário e sinônimos.

Modernamente, tem-se verifi-cado, quantos prejuízos, para osoriginais, ocorreram nas traduções,levando-se para a nova língua idéiasque não constavam dos textostraduzidos.

No que concerne às traduçõesda Bíblia, textos do Velho Testa-mento em seu original hebraico fo-

ram distorcidos desde as traduçõespara as línguas grega e latina, con-forme assinala o professor SeverinoCelestino da Silva em sua notávelobra Analisando as Traduções Bí-blicas.

Assinala ainda esse autor, pro-fundo conhecedor do hebraico, “afalta de fidelidade encontrada nostextos traduzidos para a nossa lín-gua”, comparando essa constataçãosua com o que escrevera São Jerôni-mo, em carta ao papa Dâmaso, arespeito da tradução da Bíblia dogrego para o latim, tradução queconstitui a “Vulgata”.

Eis um trecho dessa carta deSão Jerônimo, que comprova terhavido acréscimo, substituições ecorrigendas nos originais traduzi-dos:

“Qual, de fato, o sábio emesmo o ignorante que, desdeque tiver nas mãos um exem-plar (novo), depois de o haverpercorrido apenas uma vez,vendo que se acha em desacor-do com o que está habituado aler, não se ponha imediata-mente a clamar que eu sou umsacrílego, um falsário, porqueterei tido a audácia de acres-centar, substituir, corrigir al-guma coisa nos antigos livros?”(Assinalei a parte final.)Aí está uma confissão clara do

tradutor da Vulgata, mostrando queseu autor alterou, por diversas for-mas, os textos originais traduzidos,naturalmente para adaptar a tradu-ção aos interesses e às concepçõesda Igreja a que pertencia.

Compulsando traduções da Bí-blia para a língua portuguesa pode-mos verificar, em algumas delas, areferência ao Espiritismo como prá-tica condenada pela Bíblia.

Essa referência, repetida porpastores e seguidores de igrejas de-nominadas cristãs e evangélicas, éfruto de má-fé ou ignorância, umavez que o Espiritismo, doutrinasurgida em 1857, com sua obra bá-sica, O Livro dos Espíritos, não po-deria ser condenado em escritos bí-blicos que datam de mais de 3.000anos.

Na lenta ascensão do Espíritoem busca de conhecimentos e demoralidade, reencarna ele muitasvezes na crosta terrestre.

O caminho que conduz à feli-cidade é difícil, cheio de obstáculosque precisam ser vencidos pelo ho-mem, em vidas sucessivas.

No curso desse caminho come-temos erros, repetimos faltas quenos trazem experiências e sofrimen-tos.

Cumpre-nos evitar os erros esuas conseqüências fatais, procuran-do acertar nossos passos no sentidocorreto.

Para isso o Cristo de Deus as-siste aos seus tutelados deste orbe,desde sempre, ensinando-lhes o ca-minho e a verdade para a vida.

Cada qual, no curso da vidaque não cessa, conta com seu pró-prio esforço, suas experiências, a in-tuição da verdade, a inteligência e arazão.

O Espiritismo, o Consolador,a última das revelações, continua eatualiza as anteriores.

Auxilia-nos a retificar o que foimalcompreendido, ou adulterado,despertando em nós os poderes re-cônditos que possuímos.

É a busca da verdade, dasidéias superiores, das leis divinas,que nos cumpre assimilar, em de-manda da felicidade.

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O suicídio é um crime aos olhosde Deus (...)1”.O suicida é um Espírito crimino-so, falido nos compromissos quetinha para com as Leis sábias,justas e imutáveis estabelecidaspelo Criador, e que se vê obriga-do a repetir a experiência na Ter-ra, tomando corpo novo, umavez que destruiu aquele que aLei lhe confiara para instrumen-to de auxílio na conquista dopróprio aperfeiçoamento (...).O Espírito de um suicida voltaráa novo corpo terreno em condi-ções muito penosas de sofri-mento, agravadas pelas resul-tantes do grande desequilíbrioque o desesperado gesto provo-cou no seu corpo astral, isto é,no perispírito.2

Na fantasia do suicídio, pensao praticante que morrer seriauma maneira de livrar-se do

medo de ficar louco, no estado dedesestruturação e de aniquilamen-to em que se encontra. É morrerpara livrar-se de uma situação in-sustentável. Pensa que irá para ummundo paradisíaco onde não hámais necessidades e, ainda, que nes-se mundo encontrará pessoas queri-das.

É possível que encontremos,também, o suicídio inconscienteque advém do desregramento com

que se abrevia a vida – gastronomia,alcoolismo, tóxicos, etc.

Normalmente aquele que bus-ca o suicídio é o necessitado delivrar-se de algo atormentador. Di-fícil de fazer uma análise do que oprovoca. Dentre as prováveis causaspodemos citar: razão econômica,culpa, remorsos, doenças incuráveis,doenças mentais, depressão, etc.

O suicídio, na maioria das ve-zes, traduz perfeitamente o apelomórbido ao próximo. Em determi-nadas ocasiões a culpa do suicídioencontra-se na razão direta das de-sigualdades sociais.

Há um estudo sociológico deÉmile Durkheim intitulado O Sui-cídio3 em que o autor desenvolveo tema e em que ele categoriza osuicídio em três tipos: o egoísta,o altruísta e o anômico.

Suicídio egoísta é aquele queresultaria de uma individuação ex-cessiva nas sociedades onde a moralse esforça para manter no indivíduoa idéia de seu grande valor, fazendocom que sua personalidade se so-breponha à coletiva. Acompanha oprocesso outro constituinte que é avaidade, na linguagem da moda,sem a “inflação da personalidade”.

O egoísmo é tema fundamen-tal nas obras básicas da DoutrinaEspírita. Emmanuel, no cap. XI deO Evangelho segundo o Espiritismoafirma que o egoísmo é a chaga daHumanidade. O Instrutor nos dizque é o alvo para o qual todos osverdadeiros crentes devem dirigir

suas armas, suas forças e sua co-ragem. Coragem porque é precisomais coragem para vencê-lo em simesmo do que para vencer nos ou-tros. Conclama que cada um colo-que todo o seu cuidado para com-batê-lo em si, porque esse monstrodevorador de todas as inteligências,esse filho do orgulho, como nosdiz, é o maior obstáculo para que oshomens alcancem a felicidade, é anegação da caridade. Kardec apre-senta diversas reflexões de comodestruí-lo, já que ele representa omaior obstáculo ao progresso moraldo indivíduo e, conseqüentemente,da sociedade. Relaciona o egoísmoà perda de pessoas amadas, à vidade isolamento, às desigualdades so-ciais, ingratidões, ao problema dafome e aos laços de família.4

Suicídio altruísta é aquele pra-ticado nos meios onde o indivíduodeve abrir mão de sua personalida-de e fazer prevalecer o espírito deabnegação e entrega a causas coleti-vas. Por exemplo, o espírito militarque exige que o indivíduo esteja de-sinteressado de si mesmo em fun-ção da causa patriótica.

Nesse particular, na questão951 de O Livro dos Espíritos Kardeccomenta que todo sacrifício feito àcusta da própria felicidade é um atosoberanamente meritório aos olhosde Deus, porque é a prática da cari-dade.5 Sendo a vida o maior bemterrestre, aquele que a ela renunciapara benefício de seus semelhantesnão comete um atentado: ele faz um

Refletindo sobre o suicídioRoosevelt Pinto Sampaio

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sacrifício. Mas antes de o cumprir,deve refletir se sua vida não pode sermais útil que a morte.

O terceiro tipo de suicídio é oanômico, que vem de ocorrer nosmeios onde o progresso é que temde ser rápido, levando ambições ealimentando desejos. O dever deprogredir tira do homem a capacida-de de viver dentro de situações limi-tadas, tira-lhe a capacidade de resig-nação e, por conseqüência, surge oaumento dos descontentes, dos irre-quietos. Nesse particular a DoutrinaEspírita não poderia se omitir e oapresenta em diversas de suas obras.

Podemos dizer com AlmerindoMartins de Castro: O suicídio é ocomeço do maior tormento que acriatura humana possa sofrer, porquecontinua viva (apesar de morto ocorpo) e sem receber socorro, nem teralívio do seu padecer, pois esse alíviosó a seu tempo terá lugar.6

O perfil daqueles que tentam osuicídio é normalmente: homenscom mais de 55 anos, moradores degrandes cidades, agnósticos e social-mente isolados, fisicamente doen-tes, com antecedentes psiquiátricose/ou alcoólatra moderado; mulhe-res jovens de boa saúde corporal,em situação de conflito evidentecom o grupo familiar ou social maisimediato; idosos, em número bemmenor, quase sempre ligados a doenças degenerativas ou incuráveisou a psicoses depressivas.

Preocupa-nos, também, e mui-to, o caso dos adolescentes, quan-do as estatísticas mostram que noBrasil 15.000 adolescentes se sui-cidam a cada ano. Em grandescentros como o Rio de Janeiro eCampinas a proporção chega a 10por 10.000 habitantes e entre jo-vens de 15 a 24 anos, tentativas de

suicídio chegam a 300 por 100 milhabitantes.

O Rio de Janeiro, com 100mortes de adolescentes por suicídio,tem neste feito a terceira causa demorte, somente sendo suplantadapor acidentes de trânsito e, nos diasde hoje, homicídios, oriundos dacrescente onda de violência que seabate sobre o Estado.

Em pesquisa de por que osadolescentes se lançam ao suicídio,verificou-se como principais causasa separação dos pais, o alcoolismoe o envolvimento com a polícia.

A religião, a moral e todas as fi-losofias condenam o suicídio comocontrário às leis da Natureza. Nãose tem o direito de abreviar volun-tariamente a vida porque não so-mos livres para pôr fim ao que pos-sa ser nossos sofrimentos. Ao Es-piritismo é reservado demonstrar,pelo exemplo dos que sucumbiram,que o suicídio é uma falta por cons-tituir infração da Lei Natural.

A Doutrina Espírita, com suasrazões filosóficas e éticas, e atravésdos imortais, vem de há muito cha-mando atenção à construção dasvirtudes pelos homens, em relaçãocom o bom senso, o raciocínio ló-gico, ao lado das atividades desen-volvidas no bem em qualquer setorda vida, colocando-se assim defesoao suicídio.

É preciso que se mude, tam-bém, a visão deformada sobre o sui-cida no que diz respeito ao trata-mento que os profissionais de saúdelhe prestam. É comum ouvir-se di-zer que médicos e enfermeiros vêemcom muito preconceito o suicídio,tratando os pacientes com agressi-vidade e com adjetivos pejorativos,esquecendo-se de que estão lidandocom pessoas muito doentes!

Finalizando, gostaríamos de re-ferenciar o trabalho que vêm pres-tando a Sociedade BeneficenteVigília da Amizade e o Centro deValorização da Vida, que, funcio-nando 24 horas com serviço e aten-dimento telefônico, atendem àque-les que se encontram em desespe-ro ou desorientação, procurandoapoiá-los, esclarecê-los com muitoamor, evitando a consumação deato tão infeliz.

Para facilitar àqueles que pre-cisam desse serviço, informamosque o CVV, que tem 46 postos es-palhados por todo Brasil, possui se-te centrais, a saber: São Paulo –Capital ( 11-2324-1110), Sudoes-te Paulista (19- 460-4111), ABC--Litoral (11-4972-4111), Vitória(integrado ao Rio – 27-223-4111),Ribeirão Preto (16-236-4111), Sul(Florianópolis – 48-222-4111), co-brindo também o Rio Grande doSul, Paraná e Santa Catarina; BeloHorizonte (31-347-1495), Centro--Oeste (Brasília) – (61-3264-1111),Nordeste (71-3222-4111) e o Rio,com 4 postos: (21) 2233-9191;2236-0536; 2208-9898 e 2613--4141.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1 KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Trad.Manuel Quintão. 13. ed., Rio de Janeiro: FEB,1994, Parte II, cap. IV, p. 304.2 PEREIRA, Yvonne. Memórias de um Suicida.16. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1991, Parte II,cap. 5, p. 132.3 DURKHEIM, Émile. Émile Durkheim. SãoPaulo, Editora Ática, 1979.4 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 101. ed., Riode Janeiro: FEB, 1989.5 ______. O Livro dos Espíritos. Trad. GuillonRibeiro. 75. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994.6 CASTRO, Almerindo Martins de. O Martíriodos Suicidas. 10. ed., Rio de Janeiro: FEB,1989, p. 209.

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Todas as religiões cristãs ensinamque os maus Espíritos podemexercer influência maléfica so-

bre os homens. Com base nessa pre-missa, pode um Espírito persegui-dor induzir sua vítima à prática dosuicídio? Claro que sim. O fato temocorrido com freqüência. Todavia, avítima obsidiada, no uso e gozo doseu livre-arbítrio, pode, querendo,com o império da sua força de von-tade, resistir à tentação e tornar-sevitoriosa. Porém, caso venha o obsi-diado a ceder às sugestões do inimi-go invisível, e se suicidar, certamen-te consentiu. Inevitavelmente res-ponderá pela fraqueza perante as leisdivinas, muito embora se leve emconsideração, como fator atenuan-te, o aspecto obsessivo.

É interessante lembrar, tam-bém, que os maus Espíritos, quan-do encontram em suas vítimas po-derosas forças psíquicas para rejei-tá-los, não lhes aceitando as más su-gestões, delas se afastam. Entretan-to, retornam vez ou outra para con-ferir se suas presas continuam fir-mes em seus propósitos. E se no re-torno perceberem que elas vacilam,o assédio será dobrado. As conse-qüências poderão ser imprevisíveis.

É bom que se saiba, à guisa deesclarecimento doutrinário, que oEspírito obsessor não é o demôniocomo ensinam as religiões dog-máticas. Ele é uma criatura huma-na invisível. É um homem (ouuma mulher) que viveu aqui naTerra e que foi injustiçado, desen-carnou com ódio e desejo de repre-sália. Depois da morte, como Espí-rito livre, persegue do Além aquelesque lhe fizeram o mal. Como o Es-pírito é vingativo, esse acerto decontas é chamado obsessão peloEspiritismo.

Assediando sua vítima, o ob-sessor pode levá-la não apenas aosuicídio, convencendo-a a isso, mastambém aos crimes e aos vícios emgeral.

O livro O Céu e o Inferno, domestre Allan Kardec, é um vasto ce-leiro de casos dessa natureza.

Com as nossas próprias pala-vras, levamos ao conhecimento doleitor um caso citado naquele livro,que bem caracteriza suicídio pormaléfica influência espiritual. Con-ta-nos Kardec que o Sr. AntonioBell era funcionário de um Bancodo Canadá. Homem pacato e res-peitado chefe de família. Para sur-presa dos seus conhecidos e familia-res, de repente ele começou a variar,embora vez ou outra apresentasseperíodos de lucidez. Em seus mo-mentos de aparente fantasia psico-

lógica, imaginava haver compradosubstância venenosa em uma far-mácia para envenenar alguém, dequem não se lembrava precisa-mente. Vítima de alucinações terrí-veis, o mal progredia desenfreada-mente. Passava noites em claro.Tornou-se, assim, um elemento deperturbação e inquietação para to-da a família, agravando-se aindamais o problema, especialmente noperíodo das quatro horas da tardeàs nove horas da manhã, quandoele se dirigia ao Banco a fim de cui-dar dos seus afazeres profissionais,sem cometer a menor irregulari-dade. Exatamente nesse período deplena lucidez intelectual, costuma-va dizer sentir-se influenciado porum ser espiritual (seu guia) que oajudava a realizar o trabalho sem er-ros. Porém, logo que retornava aoseu lar, as alucinações voltavam aassediá-lo, implacavelmente. E per-feitamente consciente do mal deque estava acometido, embora nãosoubesse explicar a causa, exclamavadesequilibrado: “Não; não; quereisiludir-me... lembro-me... é verdade.”

Nesse lamentável estado de es-pírito, o Sr. Antonio Bell enforcou--se em 28 de fevereiro de 1865.

Evocado em sessão mediúnicaa 17 de abril do mesmo ano, na So-ciedade Espírita de Paris, presididapor Allan Kardec, confessou queem sua existência passada amou ter-

Um caso de suicídio por obsessão

Severino Barbosa

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namente uma bela jovem e por elafoi correspondido. Entretanto, sen-do pobre, foi rejeitado pela famíliadela, que era afortunada. Por essemotivo, teve ele o desprazer de vê--la casar-se com um jovem de famí-lia rica e poderosa. E assim, desvai-rado de dor e embora no íntimofosse contra qualquer ato de violên-cia, não dominou os impulsos dociúme doentio. Envenenou seu ri-val na véspera do casamento, sa-ciando o seu desejo de vingança.

O Espírito comunicante, emsua comovente confissão, acrescen-tou que ao desencarnar muitos anosdepois do fato, como castigo de suafalta, foi atormentado no mundodos Espíritos pela presença constan-te de sua vítima, como em geralocorre nos casos de homicídio.Confessou que, assediado pelo re-morso, arrependeu-se e fez precesem favor do Espírito que havia en-venenado. Algum tempo depois,reencarnou. Porém, em sua novaexistência, vez ou outra era assedia-do pela intuição da culpa do crimede outrora. Eram as reminiscênciasdo seu passado culposo. Esse fortesentimento de culpa foi o bastantepara que um Espírito obsessor, queera exatamente o pai da sua antigavítima, que não o havia perdoado,se aproveitasse da situação e o levas-se a constantes crises de alucinações,culminando com o suicídio por en-forcamento.

Como vemos, o Espírito vinga-dor conseguiu o seu objetivo.

O Sr. Antonio Bell, ao mesmotempo, foi perseguido pelo remor-so do crime que cometeu em suaexistência anterior e pelo assédio doobsessor, genitor do jovem envene-nado. Portanto, seu caso foi de sui-cídio por obsessão.

Aos Colaboradores deReformador

Com o objetivo de facilitar o trabalho dos colaboradores de Re-formador e dos serviços da sua Redação, tendo em vista a nova diagra-mação da Revista, solicitamos aos articulistas o obséquio de atenderem,na medida do possível, às seguintes observações:

1. Aos artigos deverão acompanhar, além do nome do autor, seuendereço completo, telefone, fax e, se for o caso, o e-mail, o que faci-litará os contatos da Redação com o autor.

2. Artigos formatados em processador de texto (justificados*) –As matérias deverão ter, de preferência, até 58 linhas – 3.119 caracte-res (1 página da Revista) –, ou até 174 linhas – 9.357 caracteres (3 pá-ginas), podendo conter ilustrações (fotos, etc.), que se relacionem como assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores.

2.1 No caso de assuntos especiais (pesquisas, trabalhos apre-sentados em congressos e outros), o limite acima não precisa ser ob-servado. Todavia, nos textos superiores a 4 (quatro) páginas, pedimosque o artigo seja desdobrado em partes (exemplo: I, II, etc.), acompa-nhadas de Referências bibliográficas;

2.2 É recomendável a utilização da fonte Times, tamanho 12,papel formato A4, em uma coluna, preferencialmente em Word e ob-servando-se a régua-padrão (15cm).

3. Textos datilografados: Com os mesmos limites de linhas e asilustrações a que se refere o item 2.

4. Referências bibliográficas: Quando a citação de uma obra é fei-ta pela primeira vez, a sua referência deve ser completa. Exemplo: PE-REIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB,1997, p. 9-10.

5. Os trabalhos poderão ser enviados por via postal:a) em folhas datilografadas ou impressas;b) através de disquete;Endereço:

Federação Espírita BrasileiraRevista ReformadorRua Souza Valente, 17 – São Cristóvão20941-040 – Rio de Janeiro (RJ).

c) ou via e-mail para: [email protected] 6. Nas citações usadas nos artigos deverão constar: Autor, obra,

capítulo e página.

*Margens esquerda e direita, e recuos nos parágrafos.

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Há uma característica marcan-te na personalidade humana– o acomodamento.

Com raras exceções, mais cedoou mais tarde, as pessoas renunciamà iniciativa.

Exemplo típico – o aposenta-do.

É aquele cidadão que traba-lhou durante décadas. Lutou, en-frentou problemas, persistiu, habi-litou-se à estabilidade financeira econclui que é tempo de descansar.

Reduzindo suas atividades aomínimo, entrega-se ao dulce fareniente, adotando a postura “de pa-po pro ar”.

Esse comportamento equivalea um “marcapasso” evolutivo.

Aprendemos com a DoutrinaEspírita que o Espírito não retro-grada, mas, freqüentemente, esta-ciona.

Se passam as horas, os dias, osanos, sem que nos envolvamos como empenho de aprender, o esforçoda renovação, o exercício da solida-riedade, o cultivo do ideal, a Vidaroda em falso.

Não saímos do lugar.

...Pior que o acomodamento: o

amornamento. É quando o indivíduo se per-

mite uma coexistência pacífica en-

tre o certo e o errado, o virtuoso eo vicioso, o bem e o mal, a verdadee a mentira…

Entram em cena, no palco dasconvicções negligenciadas, o adulté-rio, o palavreado chulo, a mentira,o vício, a agressividade, a maledi-cência, a disposição em tirar vanta-gem, a corrupção…

– Bem… sei que não está mui-to correto, mas… ninguém é deferro!

...Quando essa dupla sinistra to-

ma conta, só a morte dá jeito.A perda do corpo físico impõe

drástica revisão existencial.Envolve angústias e perplexida-

des que marcam os descuidados dasaquisições espirituais a que se referiaJesus, ao proclamar (Mateus, 6:19):

Não ajunteis tesouros na terra,onde a traça e a ferrugem destroeme onde os ladrões arrombam e rou-bam.

Deixar a Terra sem os tesourosespirituais é candidatura certa a tor-mentos no Além.

...Bem, leitor amigo, com o pas-

sar do tempo, funciona a capacida-de de adaptação do Espírito.

Ainda que segregado em re-giões purgatoriais, compatíveis comseus deméritos e comprometimen-tos, tende a ocorrer novo acomoda-mento.

É como o indigente que se ha-bitua a viver miseravelmente, con-tentando-se com migalhas.

E no Além há uma agravante:ninguém morre de fome ou frio, oque favorece a indolência.

O jeito é um novo choque: areencarnação.

O retorno às lides humanasconcede-lhe a bênção do recomeço,sem a lembrança do passado, a fimde que supere o amornamento.

Por outro lado, impõe-lhe obenéfico desafio de sustentar o no-vo corpo, sob inspiração do instin-to de conservação, que é a ânsia deviver. Será preciso exercitar o traba-lho, contrariando o acomodamen-to.

Será mais um dos incontáveis“choques”, que se sucederão, envol-vendo o nascer e o morrer, o renas-cer e o remorrer, para vencer a du-pla terrível, incrivelmente resistente.

...Melhor seria se pudéssemos

acelerar esse processo. Crescer a partir de nosso pró-

prio esforço, sem a necessidade detão drásticos estímulos.

Não é difícil. Basta que, aqui ou no Além,

não percamos o elã. Que estejamos dispostos a cul-

tivar a companhia de outra dupla,esta dinâmica, libertadora, indicadapelo Espírito de Verdade, em OEvangelho segundo o Espiritismo:

O amor e a instrução.Amar é, fundamentalmente,

Sem choquesRichard Simonetti

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querer o bem de alguém. Por isso,quem ama de verdade está sempreempenhado em fazer algo por seuamado, como ocorre com as mãesem relação aos filhos. E sempre ha-verá gente para ser beneficiada, secultivarmos amor pela Humani-dade.

Instruir-se é penetrar no mun-do do conhecimento, alargando ho-rizontes. Quem se empenha nessesentido vê melhor, equaciona compropriedade seus problemas, superasuas dificuldades, principalmentequando cogita dos porquês da Vida,atento aos valores espirituais.

Se persistirmos, caminharemosmais depressa, habilitando-nos a vi-ver em planos mais altos do Infini-to.

Sem acomodamentos ou amor-namentos.

E, suprema felicidade:Sem choques.

“Em verdade vos digo: Tudo oque ligardes sobre a Terra, seráligado no Céu: e tudo o que des-ligardes sobre a Terra, será des-ligado no Céu.”

(Mateus, 18:18.)

Caminhávamos naturalmentepela rua, num desses belosdias no Rio de Janeiro, cida-

de que nos concede de dia um solescaldante e, à noite, um belo tetode estrelas, quando deparamoscom um anúncio de cinema, feéri-co e retumbante, com os dizeresintitulativos de mais um filme: AsLigações Perigosas.

Seguimos nosso caminho epusemo-nos a meditar sobre aque-le título traduzido da película fran-cesa – Les Liaisons Dangereuses –,pois é nosso hábito comparar osacontecimentos materiais com arealidade espiritual, e, através des-ses confrontos, tirarmos lições eilações proveitosas para o nossopobre espírito.

Assim que chegamos ao lar,fomos até a nossa modesta biblio-teca e consultamos o dicionário.Lá estava: Ligação – ato ou efeitode ligar; junção; união; relação; ne-xo; vínculo; amizade.

Passamos então a fazer a se-guinte análise de nossas necessida-des espirituais a partir das pala-vras que definiam o vocábulo“ligação”.

Como seres gregários, anda-mos associados, ou seja, ligados aalgo ou alguém. Estaremos certosna escolha da companhia ou doideal? Com que pessoas, grupos,associações ou ideais fazemos jun-ção? Dessa união, quais os frutos?Lembremo-nos da parábola evan-gélica de que “má árvore não dábons frutos”.

Quais as relações que mante-mos em nossas vidas? São daquelasque nos asfixiam e prendem ao so-lo ou daquelas que nos estimulamo ideal e enobrecem a vida? Nessarelação que nos liga aos outros ha-verá nexo de boa intenção? Estare-mos entendendo as clarinadas deluz que despontam dos enuncia-

dos espíritas ou estaremos vivendosem nexo?

Até onde nossa vinculação aoEvangelho, às verdades eternas, aoscompromissos assumidos?... Paranós, espíritas, vincularmo-nos aomovimento de redenção espiritualnão é mero formalismo ético. É al-go mais, que nos pede trabalho,suor, lágrimas.

Estaremos sendo dignos daAmizade do Cristo? Amizade quenos honra, fortalece e dignifica?Ou estaremos buscando a amizadedas transitoriedades terrenas e dastemporalidades humanas?

Lembremo-nos, prezados ir-mãos em Cristo, da necessidadeurgente e inadiável de nos des-vencilharmos de vez das “liga-ções perigosas”, dos elos que ain-da nos ligam aos erros secularesque vêm amargurando nossasexistências.

Liguemo-nos, sim, e de umavez por todas, aos Planos Superio-res da Vida, através de trabalho re-dentor, cientes de que, se cumprir-mos retamente os nossos deveres,ligando nossas vidas à Seara Espí-rita na Terra, por certo estaremosligando nossa destinação à desti-nação daqueles que trabalham emprol da Humanidade nos Céus.

Lição do cotidianoIaponan A. da Silva

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“Caminhando de par com o pro-gresso, o Espiritismo jamais seráultrapassado, porque, se novasdescobertas lhe demonstrassemestar em erro acerca de um pontoqualquer, ele se modificaria nesseponto. Se uma verdade nova se re-velar, ele a aceitará.”

Allan Kardec(A Gênese, cap. I, it. 55.)

Informa o matemático, astrofísi-co e doutor em cosmologia Ste-phen Hawking1, o mais famoso

físico teórico da atualidade, no seulivro O Universo numa casca denoz, que o telescópio espacial Hub-ble – que opera em órbita a 300quilômetros da Terra – tem possibi-litado sondar mais profundamenteo espaço, mostrando bilhões e bi-lhões de galáxias de variadas formase tamanhos. Cada galáxia possui in-contáveis bilhões de estrelas, muitascom planetas à sua volta (só a Via--Láctea tem 100 bilhões de estre-las). Buracos negros misteriosos, cu-ja força gravitacional devora até aluz, corpos celestes situados a dis-tâncias colossais, nuvens de gases,asteróides flutuando pelo espaço,mas o que vemos, segundo os físi-cos e cosmologistas, é só uma pe-quena amostra do cosmo, cerca de5%. O que é também importanteressaltar são as informações de quea imensidão cósmica é preenchida

fundamentalmente pela chamadamatéria escura, e, segundo assinalaa revista Super interessante (outu-bro de 2002), esta é “uma espéciede fluido invisível que se esparramapelo espaço”.

Nesse campo da cosmologiatêm sido feitas importantes desco-bertas e é crescente o interesse daspessoas sobre o tema, tanto que olivro mencionado tem tido notávelrepercussão, a exemplo de um ou-tro livro de Hawking, Uma brevehistória do tempo, que permaneceuna lista de best sellers do LondonSunday Times por mais de quatroanos.

É importante acompanharmoso avanço da Ciência em todos os ra-mos do conhecimento, pois a Dou-trina Espírita tendo um caráter pro-gressivo está aberta às novas des-cobertas, desde que estejam plena-mente comprovadas. Allan Kardec,com sua notável visão do futuro, res-salta em A Gênese, cap. I, item 55:

[A Doutrina Espírita,] “(...)apoiando-se em fatos, tem que ser,e não pode deixar de ser, essencial-mente progressiva, como todas asciências de observação. Pela suasubstância, alia-se à Ciência que,sendo a exposição das leis da Natu-reza, com relação a certa ordem defatos, não pode ser contrária às leisde Deus, autor daquelas leis. As des-cobertas que a Ciência realiza, lon-

ge de o rebaixarem, glorificam aDeus; unicamente destroem o queos homens edificaram sobre as fal-sas idéias que formaram de Deus.”(Grifo no original.)

Vejamos, por exemplo, algu-mas das informações relativas àcosmologia, especificamente sobrea matéria escura, pinçadas do livroO Universo numa casca de noz.

Indícios de matéria escura

Diversas observações cosmoló-gicas indicam fortemente que devehaver muito mais matéria em nos-sa e em outras galáxias do que ve-mos. A mais convincente dessas ob-servações é o fato de as estrelas nasmargens das galáxias espirais, comoa nossa própria Via-Láctea, orbita-rem rápido demais para serem con-tidas em suas órbitas apenas pelaatração gravitacional de todas as es-trelas que observamos.

Sabemos, desde a década de70, que há uma discrepância entreas velocidades rotacionais das estre-las observadas nas regiões externasdas galáxias espirais e as velocida-des orbitais que se esperariam, se-gundo as leis de Newton, da distri-buição das estrelas visíveis na ga-láxia. Essa discrepância indica quedeveria haver muito mais matérianas partes externas das galáxias es-pirais.

A matéria escura do Universo e as constantes fundamentais

Suely Caldas Schubert

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A natureza da matéria escura

Os cosmologistas acreditamatualmente que, enquanto as re-giões centrais de galáxias espiraisconsistem em grande parte em es-trelas comuns, suas margens são do-minadas por matéria escura quenão podemos ver diretamente. Masum dos problemas fundamentaisagora é descobrir a natureza da for-ma dominante de matéria escuranessas regiões externas das galáxias.

Antes da década de 80, geral-mente se supu-nha que essa ma-téria escura fossematéria comum,composta deprótons, nêu-trons e elétrons,em alguma for-ma difícil de serdetectada: talveznuvens de gás –como estrelasanãs brancas ouestrelas de nêu-trons, ou mesmoburacos negros.Entretanto, estudos recentes sobrea formação das galáxias levaram oscosmologistas a acreditarem queuma fração significativa da matériaescura deve ter forma diferenteda matéria comum. Talvez ela surjadas massas de partículas elementa-res muito leves, como áxions ouneutrinos.2

...Quando lemos em livros ou

em reportagens de jornais ou revis-tas atuais a informação de que oscosmologistas não conseguem deci-frar o enigma da matéria escura doUniverso, de imediato recordamo-

-nos da questão número 36 de OLivro dos Espíritos, que transcreve-mos a seguir:

O Codificador pergunta aosEspíritos Superiores: O vácuo [ouvazio, em outras traduções] absolu-to existe em alguma parte no Espa-ço universal? “Não, não há o vá-cuo. O que te parece vazio está ocu-pado por matéria que te escapa aossentidos e aos instrumentos.”

Sabemos que Deus, espírito ematéria constituem a trindade uni-versal, o princípio de tudo o que

existe, juntamente com o fluidocósmico universal, conforme escla-rece O Livro dos Espíritos. (Q. 27.)Em A Gênese encontramos explica-ções mais detalhadas acerca da ma-téria cósmica primitiva e que a di-visa do brasão do Universo é “uni-dade-variedade”.

É o caso de perguntarmos: essamatéria escura não seria a matériacósmica universal? Pelas afirmativasdo mais famoso astrofísico da atua-lidade, não há ainda uma explicaçãoplausível sobre o que seria essa ma-téria escura e várias têm sido as teo-rias para explicá-la. Regendo tudo

isto estão as leis e as forças e é tal aperfeição e a harmonia que impe-ram em todo o cosmo que não po-de haver outra conclusão senão a deque somente poderiam ser resultan-tes de uma Inteligência Suprema, oCriador de todas as coisas e seres.

A não ser assim, o Universo se-ria resultado de uma série incalcu-lável de “coincidências”, hipótesemuito mais absurda e improvável.

...Em 1983 houve interessante

simpósio promo-vido pela RoyalSociety, no qualforam enfocadasas constantesfundamentais. Is-to quer dizer queexistem no Uni-verso determina-dos valores fixosque medem agrandeza de cer-tas propriedadesfixas da matéria,tais como, a cons-tante gravitacio-

nal universal, a massa do elétronem repouso, a massa do próton emrepouso, e muitas outras – é o quenos informa o ilustre cientista e es-critor espírita Hernani GuimarãesAndrade.

Segundo este, “a existência des-sas constantes físicas conduz a im-pressionantes coincidências em cer-tos fenômenos naturais. Tais coin-cidências, interpretadas à luz de al-gumas proposições da chamadaNova Física, sugerem, conformeafirma M. Talbot (1988), que oUniverso foi planejado com o obje-tivo de criar seres capazes de ob-servá-lo e compreendê-lo”.3 >

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> Mencionamos a seguir trêsexemplos das coincidências citadaspelo Dr. Hernani:

Primeiro – Sabe-se que a vidade uma estrela resulta do equilíbriomantido constantemente entre asforças da gravidade e as do eletro-magnetismo. As primeiras tendema levar a estrela a um colapso gravi-tacional. Estas são contrabalança-das pelas forças do eletromagnetis-mo, que impedem a estrela de en-trar em colapso. Esse equilíbrio en-tre as duas forças é de tal forma pre-ciso, que é inadmissível supor sejauma coincidência.

Segundo – Se no momento daformação do Universo, a força dagravitação houvesse variado de umagrandeza tão pequena como umaparte em 10 dozilhões, este delica-díssimo equilíbrio seria rompido eo Sol e as demais estrelas jamais seteriam formado.

Terceiro – Foi demonstradoque o oxigênio e o carbono são pro-duzidos no interior das estrelas emquantidades rigorosamente iguais.Estes elementos são absolutamenteimprescindíveis à vida na Terra. Seum ou outro desses elementos hou-vesse predominado ligeiramente noUniverso, a vida não teria sido pos-sível em nosso planeta e em outrosorbes com biosfera semelhante ànossa. (Dados extraídos do livro“Morte: Uma luz no fim do tú-nel”.)3

Tudo no Universo expressauma Inteligência Suprema, comocausa primária de todas as coisas.Entretanto, a Ciência, através deseus ícones mais famosos, como opróprio Stephen Hawking, conti-nua negando essa realidade, para aqual um dia despertarão.

Herculano Pires, no seu exce-

lente livro O Espírito e o Tempo,referindo-se ao materialismo e à ne-gação de certas verdades, afirma:

“Vemos, assim, que as supers-tições dos selvagens, as suas práticasmágicas, não eram nem podiam serde natureza abstrata, imaginária.Decorriam, como tudo na vida pri-mitiva, de realidades positivas e defatos concretos, conhecidos natural-mente dos selvagens, como sempreforam e são conhecidos dos homenscivilizados, em todas as épocas e emtodas as latitudes da terra. Somen-te nos momentos de grande refina-mento intelectual, quando os ho-mens constroem o seu mundo pró-prio, de abstrações mentais, e se en-castelam nas suas tentativas de ex-plicação racional das coisas, é queessas realidades passam a ser nega-das, por uma reduzida elite. O ma-terialismo é, portanto, uma espéciede flor de estufa, artificial, cultiva-da em compartimentos de vidro,que isolam a mente da realidadecomplexa da natureza.”4

Quando os cientistas que hojenegam a existência de Deus, daimortalidade da alma, das vidas su-cessivas, da comunicabilidade dosEspíritos e de todas as questões ati-nentes à espiritualidade do ser hu-mano descobrirem essa realidade te-rão dado um passo muito maisimportante do que aquele que foidado no solo lunar. Será um passopara a conquista do “reino doscéus”, que não necessita do telescó-pio mais potente do mundo e, sim,um olhar para dentro de si mesmos,de onde descobrirão a lei divina ins-culpida na própria consciência.

Deixamos com Léon Denis asbelas palavras finais:

“Se a Terra evolucionasse comestrondo; se o mecanismo do mun-

do se regulasse com fracasso, os ho-mens, aterrorizados, curvar-se-iame creriam. Mas, não! A obra formi-dável se executa sem esforço. Glo-bos e sóis flutuam no Infinito, tãolivres quanto plumas sob a brisa.Avante, sempre avante! O rondardas esferas se efetua guiado por umapotência invisível. (...)

Tudo quanto na Natureza e naHumanidade canta e celebra oamor, a beleza, a perfeição, tudoque vive e respira é mensagem deDeus. As forças grandiosas que ani-mam o Universo proclamam a rea-lidade da Inteligência divina; ao la-do delas, a majestade de Deus semanifesta na História, pela ação dasgrandes Almas que, semelhantes avagas imensas, trazem às plagas ter-restres todas as potências da obra desabedoria e de amor.

E Deus está, assim, em cadaum de nós, no templo vivo da cons-ciência. É aquele o lugar sagrado,o santuário em que se encontra adivina centelha.” (Grifei.)5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 HAWKING, Stephen – nascido em 1942 emOxford, Inglaterra – é matemático, astrofísicoe doutor em cosmologia pela Universidade deCambridge, onde ocupa a cadeira de Newtoncomo professor lucasiano de matemática. Éconsiderado o mais brilhante físico teórico des-de Albert Einstein.

2HAWKING, Stephen – O Universo numacasca de noz. Trad. Ivo Korytowski – EditoraMandarim – 2002.

3ANDRADE, Hernani G. – Uma luz no fimdo túnel – FE Ed. – São Paulo, 1999.

4PIRES, Herculano – O Espírito e o Tempo –Ed. Pensamento – São Paulo – 1964. I Parte,cap. I, item 2, p. 20.

5DENIS, Léon. O Grande Enigma. 11.ed. Rio deJaneiro: FEB, 1999, 1a Parte, p. 27, 29 e 30.

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P. – Você já era espírita antesde se radicar nos Estados Unidos?

Vanderlei – Sim. Nasci numlar espírita, em Soledade, no Esta-do do Rio Grande do Sul, onde, naépoca, havia uma recém-fundadacasa espírita: o Centro Espírita Luze Caridade, freqüentado pelos meuspais e demais parentes.

P. – Como surgiu o Centro Es-pírita que dirige?

Vanderlei – A Allan KardecSpiritist Society of Maryland Inc.,situada em Rockville, Estado deMaryland, na região metropolitanade Washington D.C., teve sua ori-gem nas reuniões semanais de trêscasais de brasileiros que, em meadosde 1985, deram início a um estu-do conjunto das obras básicas.Tratava-se de dois coronéis do Exér-cito brasileiro servindo em Wa-shington D.C., Walter Bittencourte Alfredo Araújo, além do Repre-sentante do Banco do Brasil, naépoca, Antônio Bomfim, e respec-tivas esposas. Com o tempo, novosintegrantes juntaram-se a eles, nósinclusive, e, simultaneamente aocrescimento do grupo e ao incenti-vo de parte de oradores e orientado-res como Divaldo Franco e RaulTeixeira, deu-se início a um proces-so de incorporação da instituiçãonascente sob a forma de sociedadecaritativa de acordo com leis esta-duais e federais, após, naturalmen-

te, a preparação e aprovação do Es-tatuto e constituição de uma Dire-toria e de um Conselho Fiscal.

P. – O Movimento Espíritatem-se desenvolvido nos EstadosUnidos?

Vanderlei – Sim, sem dúvida,em particular após a criação do Uni-ted States Spiritist Council (USSC),em português, Conselho Espíritados Estados Unidos – e que, desdesua filiação ao Conselho Espírita In-ternacional (CEI), representa o Mo-vimento Espírita deste país.

Sob sua direção um CongressoEspírita Internacional ocorreu emMiami, Flórida, em 2000; mini-congressos têm sido levados a caboem cidades várias como Nova Yorke Boston, com a perspectiva de se-rem realizados em outras capitais;seminários têm sido promovidos

em Washington D.C., Miami, No-va York, Boston, Los Angeles e SãoFrancisco, sobre temas como: “Pre-paração de Trabalhadores do Cen-tro Espírita”, “Preparação de Expo-sitores da Doutrina Espírita”, “Pre-paração de Instrutores do EstudoSistematizado da Doutrina Espíri-ta” e “Preparação de Evangelizado-res Espíritas da Infância e da Juven-tude”, entre outros.

Afora isso, o Conselho promo-ve a seleção de oradores e roteirospelo País de acordo com a preferên-cia da maioria das instituições bene-ficiárias, filiadas ou não ao Conse-lho. Muito importante também é oincentivo às entidades espíritas nosEstados Unidos para que se incor-porem e se associem ao Conselho,uma vez que somente unidos sere-mos vitoriosos na unificação doMovimento Espírita. Promover aunião dos Centros Espíritas e a uni-ficação do Movimento são os obje-tivos maiores do Conselho.

P. – Os Centros Espíritas se lo-calizam em todas as regiões dosEUA? Quantos são?

Vanderlei – Infelizmente, a res-posta à primeira pergunta é negati-va, uma vez que não há instituiçõesespíritas em todas as regiões dos Es-tados Unidos. Com relação à se-gunda pergunta, diríamos que exis-tem, aproximadamente, 70 insti-tuições espíritas em todo o país, das

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ENTREVISTA: VANDERLEI MARQUES

Movimento Espírita nos Estados UnidosO desenvolvimento do Movimento Espírita nos Estados Unidos da América é relatado por

Vanderlei Marques, Presidente do Conselho Espírita dos Estados Unidos,em entrevista para a Redação

Vanderlei Marques

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quais somente 17 são centros ou so-ciedades incorporados, legalizados,com personalidade jurídica, por ou-tras palavras.

P. – Como aconteceu a funda-ção do Conselho Espírita dos Esta-dos Unidos?

Vanderlei – Durante o Encon-tro Espírita de Miami, em 1994,chamou-nos a atenção a atuação deNestor João Masotti, Altivo Ferreirae Benjamin Rodriguez Barrera, nu-ma reunião do recém-criado Conse-lho Espírita Internacional, com aparticipação de representantes de vá-rios países e que se realizavam simul-taneamente as conferências e pales-tras do mencionado Encontro de1994. Naquela sala entramos, poracaso, julgando tratar-se de mais umaatividade, conferência ou semináriodo Encontro. Ao final da Reuniãoaproximamo-nos dos três compa-nheiros e os convidamos para virematé Washington D.C., manifestando--lhes nosso antigo desejo de funda-ção de uma entidade representativado Movimento Espírita dos EstadosUnidos. De 1994 a 1996 recebemosvárias visitas em Washington, emparticular de Nestor Masotti e Ben-jamin Rodriguez, então Presidenteda Federação Espírita da Flórida. Denossa parte, igualmente, visitamos aFederação Espírita da Flórida e esti-vemos na sede do CEI, em Brasília,em duas oportunidades. Ao saber denosso intento recebemos, igualmen-te, um grande incentivo de Raul Tei-xeira em face das dificuldades comque nos deparávamos naquele iníciode processo.

Em novembro de 1996 tivemosuma primeira reunião em Washing-ton D.C., com dirigentes de institui-ções espíritas norte-americanas, on-de se decidiu criar uma Comissão

Provisória integrada por três brasilei-ros e três hispânicos para levanta-mento das instituições existentes noPaís e a preparação de um antepro-jeto de Estatuto para a entidade quese tencionava criar. Acordou-se, tam-bém, encontrarmo-nos novamenteno ano seguinte, após a conclusão darevisão e análise do Estatuto. Efeti-vamente, em 15 de novembro de1997, dirigentes de instituições espí-ritas norte-americanas encontraram--se pela segunda vez em WashingtonD.C. e após discussão e aprovaçãodo Estatuto em Assembléia Geral,fundou-se oficialmente o UnitedStates Spiritist Council.

P. – Desde quando o USSCestá participando do Conselho Es-pírita Internacional?

Vanderlei – O United StatesSpiritist Council tornou-se mem-bro do CEI em 9 de outubro de1999 por ocasião da 6a Reunião

Ordinária do CEI, em Montevi-déu, Uruguai.

P. – O fato de circularem nosEUA muitos livros sobre fenôme-nos, principalmente, de sensaçõesde desdobramento, isso predispõe aointeresse pelo Espiritismo?

Vanderlei – Até certa medida,cremos que sim a partir do mo-mento em que a referência a tais“fenômenos e sensações de desdo-bramento” mantém acesa a chamada possibilidade de comunicaçãocom o mundo dos Espíritos. A lite-ratura americana é vasta sobre fenô-menos espíritas que, aliás, sabemosnão serem propriedade de CentrosEspíritas. O que falta, evidente-mente, ao autor norte-americano, éo entendimento e a explicação dosfenômenos à luz do Espiritismo,como também a noção da respon-sabilidade mediúnica do dar de gra-ça o que de graça recebemos. Livroscomo o do psiquiatra americanoBryan Weiss, também conhecidono Brasil, propagam hoje em dia aidéia da reencarnação e a possibili-dade de comunicação com Espíri-tos. E como Weiss, há vários outrosautores de obras similares abrangen-do os mais variados fenômenos es-píritas. Além disto, outros estudos,como o relativo à eficácia da precee do passe, por exemplo, estão me-recendo, atualmente, séria atençãonos meios científicos. Neste senti-do, o Conselho Espírita dos Esta-dos Unidos tem uma grande missãopela frente: a de ampliar a dissemi-nação da Doutrina através de obrasespíritas em língua inglesa.

P. – Qual o planejamento doConselho Espírita dos Estados Unidospara etapas de curto e médio prazo?

Vanderlei – Além de darmoscontinuidade às atividades que

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O Conselho Espírita

dos Estados Unidos

tem uma grande

missão pela frente:

a de ampliar a

disseminação da

Doutrina através

de obras espíritas

em língua

inglesa

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mencionamos anteriormente, a deassistir, de forma mais efetiva, à re-visão de obras espíritas vertidas pa-ra o inglês em pleno entendimentoe acordo com as partes envolvidas:tradutores e detentores de direitosautorais. Deveremos, igualmente,continuar desenvolvendo o websitedo Conselho Espírita dos EstadosUnidos para que se torne um veícu-lo realmente útil ao fortalecimentoda unificação do Movimento e adisseminação da Doutrina, afora

veicular outras informações e reco-mendações que interessam de per-to às entidades espíritas e aos espí-ritas em geral. Além disso, nossacampanha maior de união das Ca-sas Espíritas e de unificação do Mo-vimento Espírita, objetivos primei-ros do Conselho, da mesma forma,continuará sendo nosso alvo per-manente.

P. – Teria uma mensagem aosespíritas do Brasil?

Vanderlei – Sim, em nome do

Conselho Espírita dos Estados Uni-dos, agradecimentos aos oradores econferencistas espíritas brasileirosque têm visitado este país trazendosuas palestras esclarecedoras e soli-dariedade para com todos os espíri-tas do Brasil nessa busca conjuntade divulgação da obra de Kardec edas mensagens dos Espíritos supe-riores, objetivando-se, entre outrosfins, que a paz e a fraternidade seinstaurem aqui, no Brasil e nomundo inteiro.

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Deus te vê, alma querida,Quando te pões na trilha escura,Para ajudar aos filhos da amarguraQue tanta vez se vãoComo sombras errantes no caminho– Chagas pensantes ao relento –,Entre as nuvens do Pó e as pancadas do Vento,Com saudades do Pão...

Deus te vê a mensagem de bondadeCom que suprimes ou reduzesAs provações, as lágrimas e as cruzesDos que vagam na rua sem ninguém,E te agradece as posses que desprendes,No auxílio ao companheiro em desamparo,Seja um tesouro inesperado e raro,Seja um simples vintém!...

Deus te vê quando estendes braço amigoAos que carregam lenhos de tristeza,Doando-lhes o afeto, o abrigo, a mesa,O remédio, a camisa, o cobertor...E, por altos recursos sem que o saibas,Manda que a Lei te aumente os dons divinos,Em mais belos destinos,Para a glória do amor.

Deus te vê na palavra com que ensinasA senda clara e boaDa verdade que alenta e que abençoaSem perturbar e sem ferir...E determina aos homens que teu verboSeja apoiado, aceitoE ouvido com respeito,Na construção excelsa do porvir.

Deus te vê quando acolhes sem revideO golpe da pedrada que te insulta,O braseiro da ofensa, a dor ocultaEm ferida mortal...E te louva o perdão espontâneo e sinceroCom que ajudas o Céu no trabalho fecundoDe extinguir sem alarde, entre as sombras do

[mundo,A presença do mal!...

Deus te vê, através da caridade!...Mas não só isso... Em paz calada e santa,Pede alguém que te siga e te garantaNa jornada de luz!...E, por isso, onde estás, rujam trevas em torno,Sofras humilhação, injúria, cativeiro,Tens contigo um sublime companheiro:– Nosso Amado Jesus!...

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, cap. 113, p. 161-162.

Deus te vê

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Vários são os mecanismos quedesencadeiam o autocídio.Multiplicam-se desde aqueles

de natureza moral aos terríveis so-frimentos que defluem de enfermi-dades degenerativas e dolorosas,passando pelos dramas existenciaise torpezas do comportamento, afli-ções econômicas e sociais... Dentreoutros, os transtornos psicológicosem forma de depressão respondempor altas cifras de desencarnaçõespelo suicídio.

Há, no entanto, uma formainsidiosa e traiçoeira de autodes-truição, de referência ao corpo so-mático, que não passa de instru-mento indireto para atingir o mes-mo fim.

Esse cruel adversário da vida éo cultivo de idéias mórbidas e per-turbadoras, que se instalam comopessimismo ou culpa, desestruturan-do o ser nos seus objetivos elevados.

Inicialmente surgem como pen-samentos infelizes que prosseguem,fixando-se e alienando o indivíduoque foge ao convívio saudável comoutras pessoas, transformando-se emconflitos destrutivos que terminamde maneira penosa, injustificável.

...A vida física é oportunidade

sublime para o crescimento íntimoe a auto-iluminação, que não podeser exposta a esses fatores de desa-gregação e perda.

Da mesma forma, o hábitodoentio de entregar-se aos vícios, se-jam quais forem, desde aqueles quecriam dependência química ou osque se fazem compromissos moraisdevastadores, culminando no esfa-celamento das forças com o conse-qüente fenômeno da desencarnação.

O corpo é instrumento da Vi-da com finalidades específicas, quedeve ser preservado a qualquerpreço. A partir dos hábitos saudá-veis de higiene até aos do trabalhodignificante em favor da sua manu-tenção, a fim de mantê-lo em equi-líbrio conforme os costumes da so-ciedade, apresenta-se a necessidadede oferecer-lhe auxílio para os equi-pamentos que o constituem, atravésdos contributos morais que melhor-mente o preservam.

Sem as disciplinas hábeis, queconservam as funções de que seconstitui, facilmente degenera e su-cumbe.

Sob condicionamentos infeli-zes e sujeição de drogas desgastan-tes ou vapores mentais tóxicos, asua maquinaria desajusta-se e inter-rompe a marcha.

Certamente aquele que assimprocede, por negligência ou indife-rença, está contribuindo para a pró-pria desencarnação, sub-repticia-mente desejando-a.

É menos responsável aqueleque, mediante gesto intempestivo ealucinado, atira-se no abismo dosuicídio covarde, do que o indiví-duo que dispõe de tempo para a re-flexão e a mudança de comporta-mento, não obstante prosseguindo

no programa de desrespeito à vidaconforme se entrega.

...Nada justifica o ato insano do

autocídio.A noite tempestuosa de hoje

sempre cede lugar ao dia claro e ri-sonho de amanhã.

Dor é instrumento de reflexão eanálise de como se está vivendo, en-quanto que os acidentes e incidentessociais e morais são chamados deatenção de que dispõe a Vida para oauto-aprimoramento do ser.

Tem paciência, pois, em qual-quer situação em que te encontres,e aguarda a Divina Providência.

Coisa alguma acontece fora dasLeis Cósmicas e das necessidades deevolução.

Não poucas vezes, quando al-go negativo ou perturbador, em for-ma de desar ou enfermidade, che-ga-te, afligindo-te, e a Vida cha-mando-te à reflexão em torno da-quilo que necessita ser corrigido edeves averiguá-lo para logo o fazer.

Preserva o teu corpo, preparan-do-o para servir-te de domicílio pe-lo período mais largo possível, a fimde que, ao desencarnares, não te dêsconta de que te encontras entreaqueles que chegaram à Pátria espi-ritual antes da hora, pelo nefandoinstrumento do suicídio indireto.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, na noite de 26 de junho de2002, na reunião do Centro EspíritaCaminho da Redenção, em Salvador,Bahia.)

Suicídio moral

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Contempla mais longe“Porque com a mesma medida com que medirdes

também vos medirão.” – Jesus. (Lucas, 6:38.)

Para o esquimó, o céu é um continente de gelo, sustentado a focas.

Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além da caça abun-dante.

Para o homem de religião sectária, a glória de além-túmulo pertence ex-clusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.

Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que o rodeiam são pe-queninos departamentos do Universo.

Transfere a observação para o teu campo de experiência diária e não ol-vides que as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segun-do o material de reflexão que acolhes na consciência.

Se perseverares na cólera, todas as forças em torno te parecerão iradas.

Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada trecho do caminho.

Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.

Se te habituaste às perturbações e aos atritos, dificilmente saberás viverem paz contigo mesmo.

Respirarás na zona superior ou inferior, torturada ou tranqüila, em quecolocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te comprazes,viverás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás adquiri--lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho, encontrarás milrecursos diferentes de servir.

Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será sempre em tuaapreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que apli-cares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te medirá.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso, 21. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, capítulo 72, p.155-156.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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A Reunião Ordináriade 2003 da Comissão Re-gional Centro do Conse-lho Federativo Nacional daFEB realizou-se em Goiâ-nia (GO), no período de 4a 6 de julho, com 68 par-ticipantes de todas as Fe-derativas da Região: Fede-ração Espírita do DistritoFederal (9 integrantes),Federação Espírita do Esta-do do Espírito Santo (9),Federação Espírita do Esta-do de Goiás (11), Fede-ração Espírita do Estado deMato Grosso (11), Federação Es-pírita de Mato Grosso do Sul (9),União Espírita Mineira (10) e Fe-deração Espírita do Estado do To-cantins (9). A delegação da FEBcompareceu com o Presidente emais 13 integrantes. Total de par-ticipantes: 82.

Reunião Geral

A Reunião Geral teve início nanoite de sexta-feira (dia 4), comprece e palavras de saudação aos vi-sitantes pelo Presidente da Federati-va anfitriã, Weimar Muniz deOliveira. O Coordenador da Reu-nião passou a palavra ao Presidenteda FEB, Nestor João Masotti, e àVice-Presidente Cecília Rocha, paratransmitirem suas mensagens aoscompanheiros das Federativas da

Região Centro; em seguida, prestouinformações sobre a Pauta dos tra-balhos, fez a apresentação dos com-ponentes da delegação da FEB econvidou os Dirigentes a apre-sentarem os companheiros de suasFederativas. A Reunião Geral foi in-terrompida, instalando-se, nas res-pectivas salas, as reuniões setoriais –dos Dirigentes e das seis Áreas es-pecíficas: da Atividade Mediúnica,da Comunicação Social Espírita, doEstudo Sistematizado da DoutrinaEspírita, da Infância e Juventude, doServiço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita e do AtendimentoEspiritual no Centro Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Essa reunião contou com osseguintes participantes: pela FEB –

Nestor João Masotti (Presidente),Altivo Ferreira (Coordenador), Um-berto Ferreira (Secretário) e AntonioCesar Perri de Carvalho (Assessor);pelas Federativas, os seguintes Diri-gentes (além de alguns assessores):Distrito Federal – César de JesusMoutinho (FEDF); Espírito San-to – Dalva Silva Souza (FEEES);Goiás – Weimar Muniz de Oliveira(FEEGO); Mato Grosso – Lacor-daire Abrahão Faiad (FEEMT);Mato Grosso do Sul – Maria TúliaBertoni (FEMS); Minas Gerais –Honório Onofre de Abreu (UEM);Tocantins – Leila Ramos (FEETO).

Proferida a prece de abertura,foi apresentado o projeto “Capaci-tação Administrativa dos DirigentesEspíritas” pelo seu coordenador, An-tonio Cesar Perri de Carvalho, de-finindo-se três pólos sub-regionais,

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS

Reunião da Comissão Regional Centro

Sessão Plenária: Dirigentes da FEB e das Federativas. Em pé, Honório de Abreu (UEM)

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onde será ministrado ocurso “Capacitação Ad-ministrativa para a Ges-tão de Casas Espíritas” –destinado à formação demultiplicadores –, nosseguintes locais e datas:Pólo Espírito Santo/Mi-nas Gerais (Vitória, 15--16 de novembro/03);Pólo Mato Grosso/Ma-to Grosso do Sul (Cuia-bá, 22-23 de novem-bro/03); e Pólo Distrito Federal//Goiás/Tocantins (Goiânia, 6-7 dedezembro/03).

O assunto da reunião – “Co-mo preparar o Centro Espírita parao atendimento ao público a fim deorientar a Família e integrá-la nassuas atividades” – foi debatido eaprofundado pelos Dirigentes, queexpuseram as atividades e projetosdesenvolvidos, assim como as ex-periências colhidas, em sua açãojunto às Instituições Espíritas parao apoio à família. Foi designado umGrupo de Trabalho para elaborarprojeto com o objetivo de fortalecera campanha sobre a vida em fa-mília, para implementação pelasFederativas estaduais. Os Dirigentesinformaram a quantidade de Cen-tros Espíritas existentes e respectivafiliação às Federativas, como segue:

Distrito Federal – 110 Centros Es-píritas e 84 filiados à FEDF; Es-pírito Santo – cerca de 120 CEs e96 filiados à FEEES; Goiás – cercade 600 CEs e 447 filiados àFEEGO; Mato Grosso – 112 CEse 66 filiados à FEEMT; MatoGrosso do Sul – 160 CEs e 98adesos à FEMS; Minas Gerais –cerca de 1.500 CEs e 1.240 filiadosà UEM; e Tocantins – cerca de 38CEs e 35 adesos à FEETO.

O Presidente da FEB fez umaabordagem sobre a editoração dolivro espírita pela FEB, sua apre-sentação em visual, dimensão e dia-gramação mais modernos, e a par-ticipação com um stand na BienalInternacional do Livro, quandohouve o lançamento da Coleção AVida no Mundo Espiritual, quereúne 13 livros do Espírito André

Luiz, psicografados por FranciscoCândido Xavier; reportou-se àsprovidências que devem tomar asCasas Espíritas para reforma de seusEstatutos, em face das exigênciasdo novo Código Civil, conformeorientações da Assessoria Jurídicada FEB [publicadas em Reforma-dor de agosto, p. 18-20]; referiu-se àhomenagem prestada pela CâmaraFederal a Francisco Cândido Xavier,em 26 de junho passado; deu in-formação sobre o projeto “Portal daFEB” na Internet e acerca do Con-gresso Espírita Mundial de 2004.

A próxima reunião será realiza-da em Campo Grande (MS), noperíodo de 25 a 27 de junho de2004, com abordagem do assunto:“Como preparar o Centro Espíritapara atender à família e integrá-lanas suas atividades (avaliação da im-

plementação do projeto corres-pondente)”.

Sessão Plenária

Na manhã de domingo (dia6) ocorreu a Sessão Plenária, como reinício da Reunião Geral,sendo apresentados os relatos dasatividades das reuniões setoriais,abaixo resumidos:

Área da Atividade Mediúni-

Participantes da Reunião da C. R. Centro

Sessão Plenária (esq./dir.): Secretário da CRC e coordenadores das Áreas específicas

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ca, coordenada por Marta Antunesde Oliveira Moura, com o apoio deEdna Maria Fabro. Assunto da reu-nião: “Apresentação de atividadesexperienciais bem-sucedidas naárea mediúnica”. Assunto para apróxima reunião: “Diálogo com osEspíritos”.

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MerhySeba. Assunto da reunião: “O LivroEspírita: a) Marketing do Livro Es-pírita; b) Responsabilidade social edoutrinária do Autor; c) Reper-cussão no leitor”. Assunto para apróxima reunião: “Kardec e a Co-municação Social Espírita: 1. Comoentender a CSE na visão de Kardec;2. Difusão, divulgação e proseli-tismo; 3. O trabalhador espírita co-mo mídia”. Assuntos gerais: Apre-ciação das pesquisas sobre o livroespírita pelas Federativas.

Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, supervisio-nada pela Vice-Presidente CecíliaRocha e coordenada por Elzio An-tônio Cornélio, com o apoio deTossie Yamashita. Assuntos dareunião: “1. Curso de formação ede aperfeiçoamento para monitoresdo ESDE; 2. Censo 2003”. Assun-tos para a próxima reunião: “1.Curso de Formação de Monitores(Oficina a ser realizada pelas Fede-rativas da Região); 2. Censo 2004”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribeiro,com o apoio de Miriam Lúcia Dusi.Assunto da reunião: “Juventude Es-pírita: Resultado dos projetos apre-sentados na Comissão RegionalCentro de 2002”. Assunto para apróxima reunião: “Acompanhamen-to da execução dos Projetos elabo-rados no IV Encontro Nacional deDiretores de DIJ”.

Área do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita, coor-denada por José Carlos da Silva Sil-veira. Assunto da reunião: “Ela-boração pelas Federativas de umaproposta para o estudo do Manualde Apoio do SAPSE”. Assuntospara a próxima reunião: “1. AsPolíticas Públicas e a Assistência ePromoção Social Espírita; 2. Su-gestões de modelos de curso paraelaboração de Projetos Sociais; 3.Experiências de projetos sociais emsistemas de rede e parcerias.”

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, sob a coor-denação conjunta de Maria EunyHerrera Masotti e Umberto Fer-reira. Assuntos da reunião: “Análiseda Reunião de Assistência Espiri-tual – item IV de Orientação aoCentro Espírita; 2. Análise do Cul-to do Evangelho no Lar – item XI

de Orientação ao Centro Espírita”.Tratou-se, também, do exame daabrangência da Área de Atendi-mento Espiritual. Assunto para apróxima reunião: “Implantação doAtendimento Espiritual”.

Reunião dos Dirigentes: O Se-cretário da Comissão fez uma sín-tese dos assuntos tratados pelosDirigentes das Federativas.

Ao final dos trabalhos, o Co-ordenador concedeu a palavraaos Dirigentes para suas conside-rações finais e despedidas, sendoressaltado o clima de fraternidadeque a todos envolveu naquelesdias, assim como os excelentes re-sultados da Reunião. O Presidenteda FEB falou em nome da suadelegação, encerrando-se o eventocom a prece proferida pela Presi-dente da FEMS, anfitriã da pró-xima reunião, em 2004.

BrasilDesde o Nilo famoso, aberto ao sol da graça,Da virtude ateniense à grandeza espartana,O anjo triste da paz chora e se desengana,Em vão plantando o amor que o ódio despedaça,

Tribos, tronos, nações... tudo se esfuma e passa.Mas o torvo dragão da guerra soberanaRuge, fere, destrói e se alteia e se ufana,Disputando o poder e denegrindo a raça.

Eis, porém, que o Senhor, na América nascente,Acende nova luz em novo continentePara a restauração do homem exausto e velho.

E aparece o Brasil que, valoroso, avança,Encerrando consigo, em láureas de esperança,O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.

Olavo Bilac

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo, 16. ed., Rio de Janeiro:FEB, 2002, p. 412. Edição Comemorativa dos 70 anos.

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... É chegado pois, o momen-to, espíritas, de reflexionarmos emtorno das nossas responsabilidades.

O tempo urge. Não mais ama-nhã. É agora. Agora soa a hora danossa libertação.

Por muito tempo caminhamospor estradas difíceis, perdemo-nosem caminhos acidentados pelas nos-sas paixões, tombamos irremediavel-mente nos abismos do egoísmo, edeixamos Jesus à margem...

Comprometemo-nos servir, a-braçados aos ideais de solidariedade.

E, de imediato, jugulados ao câncerdas paixões, mudamos de atitude.

Que temos feito de Jesus, meusfilhos?

Utilizamo-nos da Sua presençade Cordeiro de Deus para nos er-guermos a posições efêmeras e en-ganosas, longe do serviço de cons-trução do mundo íntimo.

Usamos o Seu nome para es-cravizar e levar ao exílio muitas vi-das, destruir ideais. Apesar disso,não conseguimos retirá-lO de nos-so coração.

Quem encontra Jesus, nãomais é o mesmo. Impregnado pela

suave misericór-dia e, de amorbanhado, alte-ra-se completa-mente...

Não bastapois conhecerJesus. É necessá-rio entregar-Lhea vida, para queEle a conduza.

Recebendo os Filhos do Calváriocomo irmãos; distendendo a com-paixão e a caridade em Seu nomepara que fiquemos como cartas-vi-vas assinalando a nossa passagem naTerra.

Não posterguemos mais a opor-tunidade de servir.

Este é o nosso momento deiluminação.

...Voltai aos vossos lares tocados

por Jesus.Dai notícia da Sua presença em

vosso coração a todos, pela cordura,pela humildade, pela misericórdia.

...E, se vos perseguirem, se vosmaltratarem, se vos odiarem, per-doai, porque eles não sabem aindao que fazem.

Sede vós aqueles que têm ahonra de amar, e de amar até sofrer.

Que Ele nos abençoe, meus fi-lhos, são os votos do servidor humí-limo e paternal de sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelomédium Divaldo P. Franco, na noite de 5de agosto de 2003, ao término da confe-rência de reinauguração do salão nobre daFederação Espírita Brasileira, na AvenidaPassos, 30, Rio de Janeiro.)

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Conferência de Divaldo na FEB (Rio-RJ)A Federação Espírita Brasileira realizou em

sua Sede Seccional do Rio de Janeiro (AvenidaPassos, 30), às 20 horas do dia 5 de agosto pas-sado, uma conferência pública do tribuno espíritaDivaldo Pereira Franco, com a presença de Direto-res e membros do Conselho Superior, de centenasde convidados e assistentes em geral.

O evento foi dirigido pelo Presidente da FEB,Nestor João Masotti, estando presente o ex-Pre-sidente Juvanir Borges de Souza – que fez a precede abertura e teceu considerações históricas sobre a Federação Espírita Brasileira, apartir da inauguração da sede da Avenida Passos, em 10 de dezembro de 1911, lem-brando que se estava, agora, com a presença de Divaldo, reinaugurando o salão deconferência, recentemente reformado. A conferência de Divaldo enfocou, de forma co-movente, a personalidade de Jesus e foi encerrada com a seguinte mensagem do Dr.Bezerra de Menezes, recebida por via psicofônica:

Formação da Mesa: Divaldo P. Franco, Nestor Masotti e Juvanir Borges de Souza

Aspecto parcial do público presente à conferência de Divaldo

Convite de Urgência

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Não há ser humano que de-monstre a mínima simpatiapelas enfermidades dessa ou

daquela etiologia. Será que alguémdiria: “Como sou feliz porque estoucom um câncer!?” Digamos, sim,“tenho um câncer, mas o câncernão me tem”.

Todos queremos, com avidez,saúde, e esta palavra acha-se semprepresente quando, principalmentenos finais de ano, pergunta-se: “Oque você deseja para o ano novo?”E a pessoa indagada responde: “Saú-de, paz, amor e... dinheiro”, inva-riavelmente.

É mais do que justo desejar-seum corpo físico isento de enfermi-dades, mas devemos atentar para asVozes do Além que também reves-tiram inúmeros corpos físicos, e quepor esta razão têm uma palavra sá-bia a respeito de saúde e doenças.

Quem reencarna num mundocom as características do nosso, éporque está doente, é um enfermoespiritual, segundo palavras de nos-sos Mentores. Isto sempre lembra-mos quando oportuno. Caso nãoestivesse, iria habitar outro mundomais pacificado, mais feliz. Dizemainda as Vozes do Alto que a vidaterrena se constitui em oportunida-de de soerguimento dos Espíritosmoralmente caídos. Somos Espíri-

tos que necessitamos muito é desaúde espiritual, e não do corpo queusamos temporariamente. Este vairetratando um estado patológico doEspírito que o enverga.

Mais do que importante ocombate às moléstias do corpo; noentanto, não é possível nulificar osefeitos (as doenças físicas) sem re-correr à eliminação das suas causasalojadas no comportamento in-telecto-moral do Espírito. Usar re-médios humanos é mais do que ló-gico, é sadia atitude, mas vamoscomeçar o processo de aproximaçãoàs lições do Médico das Almas –Jesus –, se queremos desfrutar daverdadeira saúde.

O Mestre, ao dizer “vai e nãopeques mais para que não te acon-teça algo pior”, convidava os cura-dos a se dedicarem, daquele mo-mento em diante, ao processo deiluminação da alma imperecível,único meio de o Espírito usufruir asaúde verdadeira, não mais aquelade pequena duração, quando só ocorpo sarava, mas a alma permane-cia enferma.

Necessário, de uma vez por to-das, conscientizarmo-nos do se-guinte: não somos este agrupamen-to de células orgânicas que ficam aserviço da alma. Somos Espíritosimortais, e esses nossos microorga-nismos são infectados, muitas vezes,de forma mortal, quando os vicia-mos ou aviltamos ao atendermosaos impulsos da animalidade, aosabusos e excessos de toda ordem.Respondamos, cada um de nós, a

estas indagações: “De que adiantaconhecer se não vivemos segundo oque sabemos?” e “não será, tal pro-cedimento, uma forma de negar oque aprendemos?”

Os estados patológicos são aresultante das nossas vibrações maisíntimas. Cabe-nos, nesse instante,lembrar a necessidade de não dar-mos às doenças um tratamento ouuma qualificação de pavor, e vê-lassob a ótica do desequilíbrio emo-cional. Cada doença possui umalinguagem própria e uma mensa-gem especial.

“Namore a doença e você secasará com ela”, lemos certa feita.

Sífilis, indigestão, úlcera, leu-cemia, câncer, aids e até um simplesresfriado falam à alma, contam-lhetoda uma história, dizem-lhe o por-quê de haverem surgido, quais assuas origens, e quanto tempo esta-rão nela, caso não mude a visão davida e não se decida por uma mu-dança comportamental compatívelcom a transformação processada.

Por que razão alguns aderemao tabagismo, ao alcoolismo, à sen-sualidade desregrada, à glutonaria eao uso de drogas estupefacientese alucinógenas? Por ignorância, po-de-se responder, mas nós acrescen-tamos: também por falta de von-tade. Há pessoas que, mesmo sa-bendo da existência do perispírito,que ele será o molde do seu próxi-mo corpo carnal, e que o tabaco, oálcool, o alimento em excesso e adroga desestruturam regiões ener-géticas desse seu campo vibratorial

Enfermo, ame-seAdésio Alves Machado

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onde o Espírito terá de agregar suascélulas orgânicas na formação deum novo corpo na reencarnaçãoque se seguirá, não param com osvícios, continuam tabagistas, alcoó-latras, glutões e adictos. Tudo istose chama apego, apego que é vício,vício que é prisão.

O que poderão aguardar taiscriaturas? Verão pessoas jovens sur-girem com sintomas de leucemia,câncer e uma série de enfermidadesem seus corpos físicos, incluindo--se entre elas os transtornos men-tais. É triste, muito triste! É o quepodem aguardar, nas próximas reencarnações, todos os portadoresde desequilíbrios de comportamen-to. Ou não?

Temos que ter em mente oequilíbrio, que é o resultado da so-briedade. É nele, equilíbrio, que avida se estrutura sadiamente em to-dos os seus setores de atividades.

O corpo físico possui defesasinteriores que são verdadeiras forta-lezas contra a invasão de vírus, vi-briões de ordem psíquica. Porém,há limites preestabelecidos porDeus. O nosso sistema imunológi-co resiste até um determinado pon-to para, somente depois, enviar oaviso, através da dor, de que estávencido, de que resistiu até ondepôde.

Os irracionais deveriam servirde exemplo para os humanos ditosracionais, quando somente se ali-mentam do necessário, impulsiona-dos pelo instinto de sobrevivência.Buscam o sol como buscam a chu-va, as áreas secas como as úmidas,os locais fechados como os camposabertos. Estão no limite do equi-líbrio. Por que os homens não fa-zem o mesmo, sendo seres dotadosde inteligência?

O homem, pela sua invigilân-cia, indisciplina e falta de vontade,desordena o fígado, estraga os ór-gãos respiratórios, maltrata o estô-mago quase que deliberadamente.Vamos percebendo que tais “doen-ças-avisos” ( expressão do EspíritoEmmanuel ) são frutos de origemmoral. Sem prevalecerem as adver-tências, surgem hepatites, asma, car-diopatias, congestões, reumatismos,enxaquecas...

O homem não se conforma enem quer submeter-se aos Desíg-nios do Pai Criador, exatamente oque encontramos em O Livro dosEspíritos, pergunta 712: “Com quefim pôs Deus atrativos no gozo dosbens materiais?” Resposta: “Parainstigar o homem ao cumprimentoda sua missão e para experimentá--lo por meio da tentação.” E AllanKardec insistiu: “– Qual o objetivodessa tentação?”, tendo obtido co-mo resposta: “Desenvolver-lhe a ra-zão, que deve preservá-lo dos exces-sos.”

Nota-se, claramente, o proces-so educativo divino ao qual nos en-contramos submetidos, mais ain-da quando estudamos Espiritismo.

Compete-nos, pois, ser bons e apli-cados alunos.

Aprendemos que as moléstiassão escoadouros das imperfeiçõesmorais que a alma carrega. Aprovei-temos a oportunidade desta reen-carnação e usemo-las na busca dasaúde plena.

Acidentes imprevistos e aleijõesfazem parte dos resgates justos den-tro das tabelas expiatórias. A molés-tia hereditária, que não está intrin-secamente na complexidade gené-tica do ser humano, é bom lem-brarmos na oportunidade, será sem-pre um convite à luta regeneradorado Espírito.

A dor e a enfermidade, em es-sência, são mensagens amigas con-vidando-nos às meditações impres-cindíveis, se realmente desejamos averdadeira saúde – a da alma.

Tratemo-nos espiritualmentepara termos corpos físicos sadios,em condições de uso proveitoso.

Jesus nunca adoeceu, não obs-tante tenha estado na cruz, não porSua culpa, mas compadecido pelador que adviria aos homens imbe-cilizados pela ignorância religiosa epela ambição desmedida do podertemporal.

Obedeçamos a Deus, socor-ramo-nos em Jesus, apelemos aosGuias Espirituais sem exigir mila-gres salvacionistas, porque conti-nuamos aqueles que “não sabem oque fazem”.

Teremos acréscimos de Miseri-córdia Divina quando a merecer-mos, antes não. Cumpramos nossosdeveres com a mente racional, co-mandando os pensamentos, porqueé ela que avalia as conseqüênciasdos nossos abusos morais, e nãocom a emocional, que nos leva aoarrependimento, invariavelmente.

Aprendemos que as

moléstias são

escoadouros das

imperfeições morais

que a alma

carrega

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"A caridade, porém, desconhece la-titudes e não distingue a cor doshomens. Quando, por toda parte, alei de Deus servir de base à lei hu-mana, os povos praticarão entre sia caridade, como os indivíduos. En-tão, viverão felizes e em paz, por-que nenhum cuidará de causar da-no ao seu vizinho, nem de viver aexpensas dele." (Questão 789 deO Livro dos Espíritos.)

Uma casa erguida só ganha sen-tido a partir de sua finalida-de, porque esta define a razão

de ser daquela existir no mundo.Vale o mesmo para o mundo,

enquanto casa dos Espíritos encar-nados, porque são estes que lhe dãosentido.

Se o mundo é de expiações eprovas é porque os homens que ohabitam ainda não se constituíramhomens e mulheres de bem. (Verquestão 1019, O Livro dos Espíritos.)

Guardadas as devidas propor-ções, dependendo do modo de serdos espíritas, pode haver uma con-dição de ensaio do ambiente de re-generação na casa espírita, anteci-pando-se, assim, ao que vai ocorrercom o mundo. Para que isso ocor-ra de fato, nós, os espíritas que lhesomos atuantes, teremos que ha-bitá-la agindo sempre como verda-deiros espíritas, conforme preceituaO Evangelho segundo o Espiritismo,cap. XVII, itens 3 e 4.

Isto posto, podemos concluirque aos espíritas cabe dar sentido àcasa espírita na qual trabalham vo-luntariamente, auxiliando, de mo-do direto ou indireto, a sociedadehumana que por ela passa todos osdias. (Ver questões 793 e 842, O Li-vro dos Espíritos.)

Não agindo assim, a casa espí-rita deixaria um espaço vazio naspossibilidades de progresso do bemna face da Terra, e foi isso exata-mente o que Allan Kardec alertouno livro A Gênese (cap. III, item 8),onde chamou de mal a ausência dobem, naquele que pode fazê-lo.

Torna-se, portanto, necessárioum exame de consciência: quandoe como, enquanto diretores ou di-rigentes de casa espírita, deixamoseste perigoso espaço vazio ocorrer?

Enumeramos alguns itens quepodem ser identificados em nossascondutas, embora o leitor atentotambém possa, sem alardes, realçaroutros itens que considere impor-tantes de serem combatidos:

Quando deixamos a preguiçaou a falta de ânimo nos invadirno momento em que temos queestar à frente da tarefa doutriná-ria a nós confiada. (Ver questão192-a, O Livro dos Espíritos.)Quando fazemos vista grossaquanto aos desvios doutriná-rios, incentivados por pessoasou entidades pseudo-sábias quese intrometem nas tarefas in-devidamente.

Quando perdemos a noção dejustiça e de amor, do bom hu-mor ou da boa vontade e, pornada, abrimos mão dos míni-mos códigos de urbanidade notrato com os semelhantes, as-sistidos ou não. (Ver questões812-a, 828, 828-a, O Livro dosEspíritos.)Quando nos deixamos levar

pela “teocracia mediúnica” queimobiliza as iniciativas dos ta-refeiros do bem encarnados,submetendo-os forçosamenteaos ditames oriundos das enti-dades desencarnadas que se en-volvem no processo decisóriode tudo, dentro da casa espíri-ta. (Ver questão 532, O Livrodos Espíritos.)Quando não combatemos

com o diálogo franco e cordialo disse-que-disse e a formaçãode subgrupos antagônicos, des-de o seu nascedouro, entregan-do as ações doutrinárias da ca-sa a verdadeiros miniguetos que,nem de longe, se assemelhamaos esperados irmãos queridosque se envolvem na prática dobem geral com humildadee amor. (Ver questões 303-a,980, O Livro dos Espíritos.) Quando ocupamos indevida-

mente o espaço da divulgaçãodoutrinária, apoiados num pa-lanque elitista, sofisticado e dis-tante do coração do povo emgeral, dos menos favorecidos

Ante-sala da RegeneraçãoJulio Cesar de Sá Roriz

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ou dos que não possuem gran-des dotes intelectuais ou aca-dêmicos.Quando não facilitamos ounão promovemos a evangeliza-ção das crianças, dos jovens edos adultos, e não incentiva-mos, principalmente, algunsdestes últimos, para uma pre-paração cuidadosa e coordena-da, objetivando futuras subs-tituições nos comandos e di-reções da casa. (Ver questão199-a, O Livro dos Espíritos.)Quando isolamos a casa espíri-ta do contato com o Movi-mento Espírita, evitando assimque os seus trabalhadores com-partilhem com outros tarefei-ros do bem, da salutar troca deexperiências proporcionada pe-lo extraordinário esforço deunificação do Movimento Es-pírita brasileiro, regional e fede-ral. (Ver questão 768, O Livrodos Espíritos.)Quando a casa deixa de serorientada basicamente pelasobras fundamentais do Espi-ritismo codificado por AllanKardec, mesmo que outrasobras espíritas subsidiárias, em-bora respeitáveis, estejam sen-do utilizadas como roteiro dassuas atividades doutrinárias.A casa alberga a causa. A causa

dá sentido à casa e à sociedade quea freqüenta. Os bons espíritas éque mantêm a causa espírita vivae atuante dentro da casa espírita,através do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita e da prática cons-tante da caridade. (Ver “Conclu-são”, item VIII, 6o parágrafo, OLivro dos Espíritos.)

Os encarnados e desencarna-dos que entram na casa espírita e

percebem que há vigência exclusivado bem e da fraternidade, do estu-do e da caridade, entre os tarefeirosdo bem, usufruem os seus benefí-cios, como se estivessem já na ante--sala do mundo de regeneração.(Ver questões 798, 799, O Livrodos Espíritos.)

Os encarnados e desencarna-dos que passam pela casa espíritae permanecem no serviço, bemorientados e assistidos, guardam namemória espiritual as imagens vi-vas da simplicidade e da serieda-de, da competência no bem e doamplo conhecimento doutrinárioexteriorizados, na prática, pelosresponsáveis das tarefas espíritas,que, assim, no contexto da fé ra-ciocinada, conseguem proporcio-nar aos assistidos uma autêntica

higiene mental, auxiliando-os a en-cher o coração de um sereno cla-mor, sempre inspirados no Evan-gelho de Jesus, que os convoca aassumirem também o seu papel dehomem e de mulher de bem, nes-te mundo de expiações e provas,no rumo da regeneração.

Que outra casa abriga e incen-tiva uma causa tão feliz para a socie-dade humana? O Espiritismo é oConsolador prometido há dois milanos por Jesus. Antes de tudo, paranós é uma honra servir como tare-feiro do bem na causa espírita. (Ver“Conclusão”, item V, 4o parágrafo,O Livro dos Espíritos.)

Casa espírita autêntica: presen-ça de uma ante-sala da regeneração,em pleno mundo de expiações eprovas.

Nascer de novoInaldo Lacerda Lima

“Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cessetelle est la loi.” (Dólmen de Kardec.)

Nascer e renascer!... Fugir quem há-de a tão severa lei? – Mas lei de Amor!Diferente daquela em que o Senhorpor seus filhos não tinha caridade,

e nem os perdoava!... Sem piedade,nos tormentos do inferno o pecadorlançava, cheio de ira e desamor...– que assim se humanizava a Divindade!...*

Mas, com o advento da Doutrina-Luz,restaurou-se o Evangelho de Jesus,e do esplendor dos Céus varreu-se o inferno!

Volta a viger a lei santa e divinadas vidas sucessivas que destinatodas as Almas para o Pai eterno!

* Referência ao dogma das penas eternas.

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Na sede da Fe-deração Espí-rita Brasileira

em Brasília, o II En-contro Nacional deCoordenadores deESDE avaliou os 20anos de implantaçãodo Estudo Sistemati-zado da DoutrinaEspírita. O eventodesenvolveu-se entreos dias 25 e 27 de julho de 2003 eteve por lema: Um olhar para o fu-turo! ESDE 20 anos. Estudando oEspiritismo de forma metódica, con-tínua e séria. O II Encontro contoucom a participação de companheirosdas 27 Federativas Estaduais do País,da Argentina, do Paraguai e de Por-tugal, totalizando 136 participantes.

Abertura do Encontro

Na abertura do Encontro, no

período da noite do dia 25 de ju-lho, o Presidente da FEB, NestorJoão Masotti, destacou a importân-cia do ESDE no aperfeiçoamentodo Movimento Espírita. A Vice--Presidente da FEB e coordenadorada Campanha do ESDE, CecíliaRocha, comentou o objetivo geraldo evento: reunir os coordenadoresdos cursos de Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita – ESDE – detodos os Estados do Brasil para tro-ca de experiências e conseqüente

aperfeiçoamento do trabalho. Emseguida, fez referência aos marcosantecessores e estimuladores para aimplantação do ESDE. Referiu-se àCampanha “Comece pelo Come-ço”, focalizando a obra de AllanKardec, lançada em 1975 pelaUnião das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo. Em 1977, aFederação Espírita do Estado doRio Grande do Sul iniciou a Cam-panha de Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita. No ano de1983, foi lançada a Campanha doESDE, em nível nacional, com oapoio do Conselho Federativo Na-cional. Na reunião deste Conselho,aos 27/11/1983, Bezerra de Mene-zes se manifestou pela psicofonia deDivaldo Pereira Franco: “Um pro-grama de ESDE, sem nenhum de-mérito para todas as nobres tenta-tivas feitas ao longo dos anos (...) éo programa da atualidade, sob ainspiração do Cristo.”

Ainda na abertura do evento,fizeram rápidas saudações os repre-sentantes do Exterior: FernandoQuaglia (Argentina), Glória DelCarmen Ávalos de Insfrán (Para-

Encontro avalia 20 anos do ESDE

Abertura do Encontro: O Presidente Nestor Masotti e a Vice-Presidente Cecília Rocha, ladeadospor Adriano Barros, Fernando Quaglia, Glória Insfrán e José Carlos da Silva Silveira

Participantes da abertura do Encontro

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guai) e Adriano José da FonsecaBarros (Portugal).

Desenvolvimento do Programa

Em seguida à abertura, ocorreuo “Painel ESDE”, com o seguintedesdobramento: Objetivo – Cecí-lia Rocha; Histórico – José Carlosda Silva Silveira; Visão Panorâmicada Campanha no Brasil – MariaTúlia Bertoni.

No dia 26, pela manhã, foirealizado o Trabalho em Grupo so-bre o tema “Análise de problemas elevantamento de soluções” consti-tuindo-se 14 grupos. No períododa tarde, ocorreram os Relatos deExperiências e o Seminário “Comoorganizar cursos de capacitação docoordenador/monitor do ESDE”,contando com a participação deSônia Maria Arruda Fonseca, JoséCarlos da Silva Silveira, CarmemLúcia Waltrick e com a coordena-ção de Maria Vanira R. Pereira. Noperíodo da noite, Marta Antunesde Oliveira Moura e Rute VieiraRibeiro desenvolveram um trabalhosobre Avaliação do ESDE.

No período da manhã do dia27 de julho houve a apresentaçãodo resultado do Trabalho em Gru-po no Plenário. Na seqüência, ocor-reu o “Simpósio sobre a dinamiza-ção da Campanha do ESDE”, comatuação de Inês de Carvalho Igná-cio de Mário, Jorge Alberto ElarratCanto, Maria Túlia Bertoni e coor-denação de Cecília Rocha.

Pouco antes do encerramentodo evento, no final da manhã do dia27 de julho, Cecília Rocha foi ho-menageada pelo seu trabalho nos 20anos de funcionamento do ESDE.

Durante o evento reinou umclima de confraternização, com

momentos de refeições e lanchescoletivos e de apresentações musi-cais.

Resultados e metas

No “Simpósio sobre a dinami-zação da Campanha do ESDE”, fo-ram resumidos os principais resul-tados do ESDE: fortalecimento dotrabalho de unificação; criação denovas Casas Espíritas; redução doproblema do personalismo; descen-tralização das tarefas; surgimentode novas lideranças e formação debibliotecas.

Como metas para dinamizaçãoda Campanha, foram propostas arealização dos Encontros Regionaisde Coordenadores de ESDE, dequatro em quatro anos; programar--se o III Encontro Nacional deCoordenadores de ESDE, em 2008;implantação do ESDE em todas asCasas Espíritas do País até o ano2010.

Coincidência de propostas

Em diálogo com Adriano Bar-ros, da Fraternidade Espírita Cris-tã, de Lisboa (Portugal), a Redaçãorecebeu curiosa informação. Noano de 1983, uma Entidade espiri-tual manifestou-se durante reuniãona Fraternidade e sugeriu que ela-

borassem um programa de estudosque foi implantado com o mesmonome – ESDE. Em 1984, ao parti-cipar do I Curso Internacional deEvangelizadores Espíritas, em Bra-sília, Adriano constatou que estavasendo implantado no Brasil umcurso com o mesmo nome, mas oprograma era diferente. Na oportu-nidade, gostou do programa doESDE implantado no Brasil e pas-sou a adotá-lo na Casa já citada. Naopinião de Adriano, “é sensacionalo reflexo do ESDE, e que passou adar origem à criação de outros cur-sos complementares, principalmen-te o ‘Kardec – iniciação’, com 22temas e destinado a neófitos”.

Opiniões sobre o ESDE

Para a coordenadora da Cam-panha do ESDE, Cecília Rocha, “oobjetivo da Campanha é um so-mente – o estudo do Espiritismo;os resultados, todavia, podem serdiferentes, conforme a conduçãoque se imprima a esses estudos”.Ela lembra também que o Codifi-cador já planejava um curso, aoabordar o “Ensino espírita”: “(...)Considero esse curso como de natu-reza a exercer capital influência so-bre o futuro do Espiritismo e sobresuas conseqüências.” (Obras Póstu-mas, Projeto 1868, Ed. FEB.)

Encerramento: Aspecto parcial da Mesa, quando falava a Vice-Presidente Cecília Rocha

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Analisando a vida que nos cer-ca, através das belezas quea Natureza nos confere a ca-

da amanhecer, em sua renovaçãoconstante, refletindo a grandeza deDeus e sua benevolência para comtodos nós, recordei-me das lições deJesus, concedendo-nos a esperançae a fé através da promessa de que“estaria sempre conosco e estaria emnós”...

Basta que nos coloquemos emsintonia com o lado bom de tudo ede todos.

Você já avaliou, estimado lei-tor, o quanto somos beneficiadospelas dádivas da Natureza, da vidaque nos foi concedida como ensejode resgate e crescimento espiritual,pelo conhecimento enriquecedor daDoutrina Espírita na presente en-carnação?

Ante a riqueza da informaçãoespírita, dos livros e mensagensque estão sempre ao nosso dispor, orientando-nos, suavizando as do-res do caminho, encorajando-nosa prosseguir... Já pensou o quantosomos ricos, como detentores des-te acervo?

Dentre todas as obras que en-riquecem a literatura espírita, con-sidero O Evangelho segundo o Es-piritismo o livro ideal para nos acom-panhar em todos os momentos de

nossas vidas. Mais valioso, ainda, setorna quando suas palavras de luz jáestão arquivadas em nossas mentese aninhadas em nossos corações,dando-nos o discernimento, o con-solo e a esperança.

A cada nova leitura, descobri-mos toda uma riqueza de informa-ção e nossa alma se acalma, as ener-gias que fluem das lições de Jesusfluem em vibrações sutis a nos rea-bastecer, concedendo-nos ânimoforte para prosseguir nas lutas dodia-a-dia...

Refletindo em torno de umamensagem, de autoria de O Espíri-to de Verdade, inserida no cap. VI,item 8, duas palavras chamaramminha atenção pela importânciaque o nobre benfeitor espiritual lhedava: devotamento e abnegação.Como sempre faço, para aprofun-dar em minhas deduções, fui ao Di-cionário e lá encontrei: “Devoção =sentimento religioso, piedade, afe-to. Devotamento = dedicação. Ab-negação = desinteresse, desprendi-mento. Abnegar = abster-se com sa-crifício, sacrificar-se.”

Concluí nesta análise que oconceito de determinadas palavras,apenas, sob a ótica restrita de seusentido gramatical, limita de formaacentuada as suas conotações relati-vas ao comportamento humano eseus sentimentos.

O Espírito de Verdade enalte-ce estas duas virtudes como sendouma prece contínua e que encerramum ensinamento mais profundo,

pois afirma que a sabedoria huma-na reside nessas duas palavras.

Realmente, a aquisição da ver-dade, da sabedoria em seu sentidomais amplo, somente poderão serreais, se o ser humano chegar a estegrau de dedicação e desprendimen-to aludidos na mensagem. Quantosinteresses imediatos terão que sersacrificados, quantas renúncias pa-ra que a devoção, o amor, a abnega-ção se expandam e cresçam ante osobjetivos maiores da vida de rela-ção, do trabalho no Bem, da dedi-cação voluntária e integral.

No capítulo já citado, AllanKardec analisa O Consolador Pro-metido, enfocando as causas dos so-frimentos e misérias humanas, des-tacando o cumprimento da pro-messa do Cristo, com o advento doEspiritismo – a Terceira Revelação.“O Espiritismo vem na época pre-dita cumprir a promessa do Cristo:preside ao seu advento o Espírito deVerdade.”

A Doutrina Espírita concede aoser humano a busca incessante des-sa Verdade, conscientizando-o desua destinação na Terra e de sua res-ponsabilidade ante os deveres e ocumprimento da lei divina. Nas“Instruções dos Espíritos”, todas asmensagens deste capítulo são assina-das por O Espírito de Verdade, re-cebidas no período de 1860 a 1863.Todas elas são bastante conhecidaspelos espíritas por suas palavras deconsolação e esperança para os quesofrem sob o látego da dor...

Devotamento e abnegaçãoLucy Dias Ramos

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Na primeira mensagem, desta-camos a célebre advertência: “Espí-ritas! amai-vos, este o primeiro en-sinamento; instruí-vos, este o se-gundo.” Prossegue, chamando nos-sa atenção para o discernimentocom que devemos agir no tratocom os problemas humanos, nossoposicionamento ao defrontar como sentimento de perda, com as do-res morais e físicas. Ressalta a neces-sidade do estudo, mas coloca oamor como o móvel insuperável dasconquistas espirituais.

Nas segunda e terceira mensa-gens, consola e instrui aos deserda-dos acenando com a luz da esperan-ça que a fé em suas palavras pro-porciona – “os que carregam seusfardos e assistem os seus irmãos sãobem-amados meus.”

Sublime convite à renúncia eao amor sem limites, levando o sera esquecer suas dores para aliviaraos que padecem, sequiosos decompreensão e solidariedade.

O conhecimento da lei divina,a certeza da imortalidade da almaimprimem à consciência um novoalento, uma convicção maior ante overdadeiro sentido da vida.

Na última mensagem, que mo-tivou estas reflexões, fala da abne-gação e do devotamento, colocan-do-os como resultantes da caridadee da humildade.

Por que teria afirmado que “asabedoria humana reside nestasduas palavras (...) abnegação e de-votamento?” E ainda acentua queessas virtudes encerram um ensina-mento profundo, constituindo umaprece contínua.

A abnegação é um sentimentoaltruísta, que leva o ser à renúnciade si mesmo, ao esquecimento dascoisas imediatas, de sua própria dor,

para ajudar ao outro, na busca daplenitude, do amor desinteressado,da capacidade máxima de doação.

A benfeitora espiritual Joannade Ângelis nos ajuda a entendermelhor, quando nos diz, no livroTriunfo Pessoal, cap. 9, psicografiade Divaldo P. Franco: “A busca psi-cológica do significado existencialdeve revestir-se de uma visão idea-lista do mundo, sem os excessos quedesprezam os valores materiais, mastambém sem o apego a esses, pen-sando-se em assegurar o futuro pa-ra onde se marcha.”

Este desinteresse, portanto,dentro de uma linha de equilíbrio ediscernimento não interfere emnossos deveres para com a família eo meio social em que estamos inse-ridos, antes nos propicia um rela-cionamento saudável na proporçãoem que caminhamos para expressaros sentimentos enobrecidos da ge-nerosidade, do devotamento e daabnegação, dentro dos limites donível ético que nossa posição espiri-tual nos concede.

Ajuda-nos, sobremaneira, oexercício constante da meditação,da reflexão em torno de nossos va-lores morais, na busca do autodes-cobrimento, o que nos levará, cer-tamente, a uma consciência ética

mais elevada, compatível com nos-so desejo de superação dos vícios edesejos imediatistas.

Não podemos subestimar ovalor da religiosidade no processode superação dos aspectos negati-vos da personalidade humana. Osensinamentos de Jesus, principal-mente os que estão expressos noSermão da Montanha, dão aoscristãos de todos os tempos o ro-teiro para a conquista dos valoresmorais – eternos e estabilizadoresda harmonia íntima. É o próprioEspírito de Verdade que afirma:“Tomai, pois, por divisa estas duaspalavras: devotamento e abnegação,e sereis fortes, porque elas resu-mem todos os deveres que a cari-dade e a humildade vos impõe.O sentimento do dever cumpridovos dará repouso ao espírito eresignação. O coração bate entãomelhor, a alma se asserena e o cor-po se forra aos desfalecimentos,por isso que o corpo tanto menosforte se sente, quanto mais profun-damente golpeado é o espírito.”(Obra e capítulo já citados.)

Não estaria neste contexto aconquista real da sabedoria huma-na, quando nos elevamos acima dosinteresses materiais, quando esque-cidos de nossos problemas e sofri-mentos nos dispomos a servir?

Estendamos nossas mãos nosocorro aos que padecem doresmaiores que as nossas e notaremosque abnegadas mãos invisíveis esta-rão suavizando nosso sofrimento,balsamizando com o sentimento doamor nossas agruras... Eles já com-preenderam o significado profundoda devoção e da abnegação... Amamsem restrições, perdoam sem condi-cionamentos e aguardam paciente-mente por nós...

“O sentimento do

dever cumprido

vos dará repouso

ao espírito e

resignação”

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Tudo tem começo em iniciati-vas de nosso confrade e co--idealista Victor Leonardo da

Silva Chaves no campo das pesqui-sas lingüísticas. Valendo-se dos ca-nais do mundo esperantista, nossoamigo soluciona suas dúvidas como auxílio de prestimosos adeptos daLíngua Internacional Neutra, den-tre os quais uma senhora de nomeSevdiye Katircioglu, da cidade deBursa, Turquia.

No ano de 2000, a atenção deVictor Leonardo é despertada porum anúncio publicado em periódi-co da instituição espírita-esperan-tista Societo Lorenz, do Rio de Ja-neiro, em que aquela co-idealistaturca solicita livros espíritas em Es-peranto. Victor Leonardo atende aopedido e tem início uma fecundacorrespondência, através da qualnossa irmã é abastecida com exem-plares dos livros de Allan Kardecvertidos para a Língua Internacio-nal Neutra. Em virtude do interes-se despertado em conterrâneos quenão conhecem o Esperanto, nossoamigo também lhes envia exempla-res das mesmas obras, em inglês efrancês.

Há poucos dias, recebemosalentadora mensagem eletrônica deSevdiye Katircioglu, dando-nos no-tícias de suas atividades. Como o

assunto interessa a todos os que seempenham no trabalho da difusãodo Espiritismo, transcrevemos abai-xo a comunicação de nossa irmã,principalmente para frisar o dever,a necessidade de não desanimarmosnos serviços do fortalecimento doEsperanto em nossos círculos espí-ritas, ensinando-o, divulgando-o eutilizando-o em primorosas tradu-ções, que tanto podem servir à cau-sa da Língua Internacional quantocontribuir para a disseminação dosprincípios espíritas no mundo.

Eis a mensagem, em tradução:

“Estimado co-idealista Affon-so Soares,

Paz!

Em virtude das eleições queaqui se realizaram em 3/11/02, es-crevo-lhe com algum atraso, embo-ra já houvesse recebido seu endere-ço eletrônico há alguns dias.

Se me permite, desejo, em pou-cas palavras, apresentar-me ao Sr.:sou a samideanino Sevdiye, a quem,pela correspondência com algunsco-idealistas brasileiros, Deus con-cedeu a felicidade de conhecer opensamento espírita, com o que seabriu uma nova etapa, um novocomeço em minha vida.

O co-idealista João Silva dosSantos e o muito estimado VictorLeonardo da Silva Chaves foram osprimeiros que me fizeram conhecero Espiritismo. Devo mesmo uma es-

pecial gratidão ao Victor Leonardo,que de todos os modos me tem aju-dado, seja pelo envio de livros, sejapelos esclarecimentos a respeito decertos temas espíritas.

Ao ler La Libro de la Spiri-toj, La Evangelio la9 Spiritismo eLa Libro de la Mediumoj, fiqueitomada, numa palavra, de um pro-fundo encantamento. Educada,desde o nascimento, na religião is-lâmica, nunca encontrei uma res-posta satisfatória para meus ques-tionamentos sobre religião: sempreestive confusa e em contradição.Nos livros espíritas, tudo se mostroutão simplesmente claro que tomei afirme decisão de levar o conheci-mento da Doutrina Espírita a to-dos os que compõem meus círculosde amizade.

Faz oito meses que os estudamossemanalmente, passando os textosem Esperanto para a língua turca.Estamos muito contentes, mas devoconfessar que meus conhecimentosnão são suficientes para aprofundartão rico cabedal de ensinos, pormeio de um estudo mais detalhado.Por essa razão, pedi ao co-idealistaVictor Leonardo que nos remetessealguns livros em inglês e em fran-cês, com vistas a distribuí-los a al-guns psicólogos e pessoas cultas querecentemente se interessaram pelotema. Essas pessoas certamente po-derão ser úteis para a difusão doconhecimento espírita em seus cír-culos.

Espiritismo na Turquia via EsperantoAffonso Soares

A FEB E O ESPERANTO

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Tenho essa ação como um de-ver sagrado, pois creio que meusconterrâneos necessitam sair dasombra...

Com a ajuda do Deus Grande,nutro a esperança de que, pouco apouco, alcançaremos êxito, não obs-tante tratar-se de uma tarefa difí-cil em meu país, em que 90% dapopulação é de muçulmanos. Pensoque, sem a leitura e o estudo dessasobras espíritas, acima menciona-das, não se consegue sentir a belezado Espiritismo.

Com os mais cordiais votos esaudações, sou a sua co-idealistaSevdiye.”

SEVDIYE KATIRCIOGLU

P.K. 63516374 UlucamiBURSA –Turquia

...Finalizaremos essa bela notícia

com uma estrofe do poema La Vo-jo (O Caminho), de Lázaro LuísZamenhof, no original e na primo-rosa tradução para o português, deautoria de Sylla Chaves:

Ni semas kaj semas, neniam[laci1as,

Pri l’ tempoj estontaj pensante.Cent semoj perdi1as, mil

[semoj perdi1as, Ni semas kaj semas konstante.“Ho /esu!” mokante la homoj

[admonas,

“Ne /esu, ne /esu!” en kor’ al[ni sonas:

“Obstine anta9en! La nepoj[vin benos,

Se vi pacience eltenos.”

Sementes que vamos lançando[no mundo,

Às vezes, são vaga promessa...E muitas se perdem no solo

[infecundo,Mas nosso trabalho não cessa.“Oh! Pára!” – nos dizem

[alguns pela rua,Mas o coração só nos diz:

[“Continua!Semeia, semeia, que o fruto

[virá!Teu neto te agradecerá!”

Existem Livros e Livros Espíri-tas. Expliquemos de início. Aliteratura religiosa possui li-

vros que têm por objetivo o ensi-no do Reino de Deus, e o fim últi-mo do homem, que é a eterna fe-licidade em comunhão com Deus.São autores que seguem a ReformaProtestante; outros autores afir-mam que o homem é imortal e es-tá na Terra para amar e honrar oCriador e para viver com Ele, apósa morte, em perfeita felicidade. Sãoos autores e livros que seguem o

teólogo católico Tomás de Aquino.Já os autores espíritas, com base naCodificação de Allan Kardec, têmvisão própria independente dasduas anteriores, explicitam que taisobras têm por finalidade preparare capacitar o homem, demonstran-do-lhe que é um Espírito sujeito àlei da evolução material e espiri-tual, nas quais se desenvolvemtemas, como a reencarnação e ou-tros. Neste contexto, contudo,existem livros que fazem da leituraum simples movimento ocular. OLivro Espírita, contudo, precisaser pensado. É uma leitura inten-cional que favorece mudanças deponto de vista, enriquecendo ovocabulário em geral, e amplia, no

espírita e simpatizantes, a capa-cidade de pensar em termos dou-trinários.

Tem-se observado o fracassoda Escola e sua impotência em de-senvolver o hábito e gosto pe-la leitura, acarretando a imper-meabilidade da leitura de obrasde formação, inclusive no campodoutrinário-espírita. Não obstan-te, tais obras edificantes permitemtomar conhecimento da Realidadee dos princípios doutrinários e,conseqüentemente, atuar, nela, deforma transformadora para si mes-mo e para a Sociedade. É nestesentido que admitimos que com-pete ao espírita consciente colocareste serviço doutrinário (que éo Livro Espírita), como instru-mento de gestão e manutenção daInstituição Espírita que freqüentae, portanto, da própria DoutrinaEspírita.

Livros e Livros EspíritasDulcídio Dibo

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Muitas pessoas que hoje acei-tam perfeitamente o mag-netismo contestaram du-

rante muito tempo a lucidez so-nambúlica; é que essa faculdade,com efeito, veio confundir todas asnoções que tínhamos sobre a per-cepção das coisas do mundo exte-rior. Entretanto, de há muito tínha-mos o exemplo dos sonâmbulosnaturais, que gozavam de faculda-des análogas e que, por um estra-nho contraste, jamais foram apro-fundadas. Hoje, a clarividência so-nambúlica é um fato e, se ainda écontestada por algumas pessoas,é porque as idéias novas demorama lançar raízes, sobretudo quando épreciso renunciar àquelas longa-mente acalentadas. Muita gentetambém pensava, como ainda hojecom as manifestações espíritas, queo sonambulismo pudesse ser expe-rimentado como uma máquina,sem levar em conta as condições es-peciais do fenômeno. Eis por que,não tendo obtido à vontade e nomomento preciso resultados sempresatisfatórios, concluíram pela nega-tiva. Fenômenos tão delicados exi-gem uma longa observação, assíduae perseverante, a fim de se lhes cap-tar os matizes, freqüentemente fu-gidios. É igualmente em conse-

qüência de uma observação in-completa dos fatos que certas pes-soas, embora admitindo a clarivi-dência dos sonâmbulos, contestamsua independência; segundo elas,sua visão não se estende além dopensamento daquele que os inter-roga; alguns pretendem mesmo quenão há visão, mas, simplesmente,intuição e transmissão de pensa-mento, citando em seu apoio nu-merosos exemplos. Ninguém duvi-da que, vendo o pensamento, possao sonâmbulo algumas vezes traduzi--lo e dele ser o eco; nem mesmocontestamos que possa influenciá--lo em certos casos: houvesse so-mente isso no fenômeno, já não se-ria um fato bastante curioso e dignode observação? A questão, portanto,não é saber se o sonâmbulo é oupode ser influenciado por um pen-samento estranho, o que já não sus-cita dúvidas, mas se é sempre in-fluenciado: isso é um resultado daexperiência.

Se o sonâmbulo só diz o quesabeis, é incontestável que é vossopensamento que ele traduz; mas se,em certos casos, diz o que ignorais,contradiz vossa opinião e vossa ma-neira de ser, torna-se evidente a suaindependência, não seguindo senãoo seu próprio impulso. Um únicofato bem caracterizado desse gênerobastaria para provar que a sujeiçãodo sonâmbulo ao pensamento deoutrem não é uma coisa absolu-ta; ora, há milhares deles. Entre osque são do nosso conhecimento pes-

soal, citaremos os dois que se se-guem:

Residindo em Bercy, na RuaCharenton, 43, o Sr. Marillon ha-via desaparecido desde o dia 13 dejaneiro último. Todas as pesquisaspara descobrir traços seus foram in-frutíferas; nenhuma das pessoas nacasa das quais estava habituado a iro tinham visto; nenhum negóciopodia motivar sua ausência prolon-gada. Por outro lado, seu caráter,sua posição e seu estado mentalafastavam qualquer idéia de suicí-dio. Restava a possibilidade de quetivesse sido vítima de um crime oude um acidente; nesta última hipó-tese, porém, teria sido facilmentereconhecido e levado para sua casa,ou pelo menos, despachado para onecrotério. Todas as probabilidadesapontavam, pois, para um crime,nele se firmando o pensamento,tanto mais quanto o Sr. Marillonhavia saído para fazer um paga-mento. Mas onde e como o crimehavia sido cometido? É o que todosignoravam. Sua filha recorreu, en-tão, a uma sonâmbula, a Sra. Roger,que em muitas outras situações se-melhantes havia dado provas denotável lucidez, que nós mesmosconstatamos. A Sra. Roger seguiu oSr. Marillon desde a saída da casadele, às três horas da tarde, até cer-ca de sete horas da noite, quandoele já se dispunha a voltar. Viu-odescer às margens do rio Sena, parasatisfazer a uma urgente necessida-de, sendo aí acometido de um ata-

Independência sonambúlica

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

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que de apoplexia. Ela descreveutê-lo visto cair sobre uma pedra,abrir uma fenda na fronte e depoisrolar dentro da água; não se tratou,pois, nem de suicídio, nem de cri-me; ainda havia dinheiro e umachave dentro do bolso de seupaletó. A sonâmbula indicou o lo-cal do acidente, acrescentando queo corpo lá não mais se encontravaem virtude de ter sido arrastado fa-cilmente pela correnteza. Encon-traram-no, com efeito, no local assi-nalado. Tinha a ferida indicada nafronte, a chave e o dinheiro estavamno bolso e a posição de suas roupasindicava claramente que a sonâm-bula não se havia enganado quantoao motivo que o levara à beira dorio. Diante de tantos detalhes, per-guntamos onde se poderia ver atransmissão de um pensamentoqualquer. Eis um outro fato, ondea independência sonambúlica não émenos evidente.

O Sr. e a Sra. Belhomme, cul-tivadores em Rueil, à rua Saint-De-nis, 19, tinham uma economia deaproximadamente 800 a 900 fran-cos. Para maior segurança, a Sra.Belhomme os colocou num armá-rio, do qual uma parte era reserva-da a roupas velhas e outra a roupasnovas; o dinheiro foi guardado nointerior deste último compartimen-to; nesse momento entrou alguéme a Sra. Belhomme apressou-se emfechar o armário. Algum tempomais tarde, necessitando do dinhei-ro, convenceu-se de o ter colocadojuntamente com a roupa velha, vis-to ter sido essa a sua intenção ini-cial, imaginando que tentaria me-nos os ladrões; mas em sua pre-cipitação, com a chegada do visi-tante, ela o pusera do outro lado.De tal modo estava persuadida de o

haver colocado com as roupas ve-lhas que não lhe acudiu a idéia de oprocurar alhures; encontrando o lu-gar vazio, e recordando-se da visita,julgou ter sido notada e roubada e,assim persuadida, suas suspeitas re-caíram naturalmente sobre o visi-tante.

A Sra. Belhomme conhecia aSrta. Marillon, da qual falamosmais acima, e lhe contou a sua des-ventura. Esta lhe dissera de que ma-neira seu pai havia sido encontrado,sugerindo que procurasse a mesmasonâmbula, antes de tomar qual-quer outra providência. Então o ca-sal Belhomme dirigiu-se à casa daSra. Roger, bem certos de que ha-viam sido roubados e na esperançade que lhes fosse indicado o ladrãoque, em sua opinião, só podia ser ovisitante. Tal era, pois, seu pensa-mento exclusivo. Ora, depois deminuciosa descrição do local, a so-nâmbula lhes disse: “Não fostesroubados; vosso dinheiro está intac-to no armário; apenas pensais tê-loposto com a roupa velha, quando,

na verdade, o pusestes com a roupanova; retornai à vossa casa: lá o en-contrareis.” Efetivamente, foi o queaconteceu.

Ao relatar esses dois fatos – epoderíamos citar vários outros, igual-mente conclusivos – nosso objetivofoi provar que a clarividência so-nambúlica nem sempre é o reflexode um pensamento estranho; que osonâmbulo também pode ter umalucidez própria, absolutamente in-dependente. Disso resultam conse-qüências de alta gravidade, do pon-to de vista psicológico; aqui temosa chave de mais de um problemaque examinaremos ulteriormente,quando tratarmos das relações exis-tentes entre o sonambulismo e oEspiritismo, relações que lançamuma luz inteiramente nova sobre aquestão.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) –novembro de 1858. (Tradução de Evan-dro Noleto Bezerra.)

Médiuns sonambúlicos

Pode considerar-se o sonambulismo uma variedade da faculdademediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenômenos que freqüen-

temente se acham reunidos. O sonâmbulo age sob a influência do seupróprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê,ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-ode si mesmo; suas idéias são, em geral, mais justas do que no estado nor-mal, seus conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma. Nu-ma palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos. O médium,ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e oque diz não vem de si. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu própriopensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem. (...)

Allan Kardec

Fonte: O Livro dos Médiuns, 70. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, II Parte, cap.XIV, no 6, item 172, p. 215.

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4. O que é ciência?1

Como já ressaltamos, aquilo que hoje chamamos ciên-cia derivou da filosofia, tal qual entendida nos primei-ros tempos de nossa cultura ocidental. É importante,pois, identificar os traços que servem para distinguiro conhecimento científico de outros tipos de conhe-cimento. Essa é uma das questões de que se ocupa umdos ramos especiais da filosofia mencionados anterior-mente, a filosofia da ciência.

Notadamente na segunda metade do século XX,progressos significativos foram realizados nessa área.Reconhece-se hoje entre os especialistas que uma cer-ta concepção de ciência cujas origens remontam àépoca do nascimento da ciência moderna, no séculoXVII, e que é comum até hoje entre o público leigo,padece de sérias inadequações. Ela não resiste nem avariados argumentos filosóficos levantados mais recen-temente, nem ao confronto com a descrição da gêne-se, evolução e estrutura das disciplinas científicas ma-duras, ou seja, da física, da química e da biologia. Aversão mais bem articulada dessa concepção é a dou-trina filosófica conhecida como positivismo lógico,que teve seu apogeu nas décadas de 1920 e 1930.

Grosso modo, essa visão comum de ciência pres-supõe que uma ciência inicia seu desenvolvimentocom um período longo de coleta de dados experimen-tais (dados empíricos, na linguagem filosófica); nessaetapa não compareceriam hipóteses teóricas de nenhu-ma espécie. Uma vez de posse de um conjunto sufi-

cientemente grande e variado de dados, os cientistasaplicariam então certos métodos supostamente segu-ros e neutros para obter as teorias científicas, que se-riam descrições objetivas da realidade investigada.

O exame cuidadoso da história da ciência e os ar-gumentos filosóficos desenvolvidos pelos filósofos daciência contemporâneos mostraram que essa caracte-rização da ciência não somente não corresponde aoque de fato ocorreu e continua ocorrendo com as ciên-cias bem estabelecidas, como também pressupõe pro-cedimentos impossíveis de serem levados a cabo. Ob-servação e teoria, experimento e hipótese nascem e sedesenvolvem juntos, num complexo processo simbió-tico de suporte recíproco. A acumulação prévia de da-dos neutros, ainda que fosse possível, seria inútil. Ne-nhum conjunto de dados leva de modo lógico a leiscientíficas; a imaginação criadora do homem desem-penha papel essencial na gênese das teorias científicas.

A imagem de ciência a que os filósofos da ciênciachegaram a partir das pesquisas recentes indica queuma ciência autêntica consiste, de modo simplifica-do, de um núcleo teórico principal, formado por leisfundamentais, introduzidas a título de hipóteses. Es-se núcleo é circundado por hipóteses auxiliares, que ocomplementam e efetuam sua conexão com os dadosempíricos. Essa estrutura teórica mais ou menos hie-rarquizada faz-se acompanhar de determinadas regras,nem sempre explícitas, que norteiam o seu desen-volvimento. De um lado, há a regra “negativa”, que es-tipula que nesse desenvolvimento os princípios do nú-cleo teórico devem, o quanto possível, ser mantidosinalterados. Eventuais discrepâncias entre as previsõesda teoria e as observações experimentais devem ser re-solvidas por ajustes nas partes menos centrais da ma-lha teórica, constituídas pelas hipóteses auxiliares. Re-gras “positivas” sugerem ao cientista como, quando e

O Espiritismo em seu tríplice aspecto:científico, filosófico e religioso

Parte IISilvio Seno Chibeni

1Esta seção e a seguinte aproveitam partes de nossos artigos “Espiritismoe ciência” e “A excelência metodológica do Espiritismo”, que deverãoser consultados para um tratamento mais detalhado do assunto. Vertambém os artigos da série “Questões sobre a natureza do Espiritismo”.As referências são dadas no final deste trabalho.

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onde essas correções e complementações devem serefetuadas. Essa é uma descrição sucinta e simplificadadaquilo que o filósofo da ciência contemporâneo Im-re Lakatos chamou de programa científico de pes-quisa.2

A exigência fundamental de um programa cien-tífico de pesquisa é que a estrutura teórica como umtodo forneça previsões empíricas corretas, ou seja dêconta dos fatos. Outras características importantes dequalquer boa teoria científica são: a consistência: a teo-ria não pode envolver contradições; a coerência: osprincípios da teoria devem apoiar-se mutuamente; aabrangência: a teoria deve explicar, ao menos em li-nhas gerais, todos os principais fenômenos de seu do-mínio; deve ainda exibir unidade e simplicidade, ouseja, a explicação que fornecem dos diversos fenôme-nos deve decorrer de maneira natural e simples de umcorpo de leis teóricas integrado e tão reduzido quan-to possível. Há, por fim, o vínculo externo de nãoconflitar com as demais teorias científicas bem confir-madas que tratem de domínios de fenômenos com-plementares.

Tendo fornecido essa noção geral, bastante sim-plificada e incompleta, da concepção contemporâneade ciência, passemos à questão da ciência espírita.

5. A ciência espírita

A inspeção meticulosa e isenta das origens, estruturae desenvolvimento do Espiritismo revela que ele pos-sui todos requisitos de uma ciência genuína, segundoas caracterizações da filosofia da ciência contemporâ-nea, como a esboçada na seção precedente. Em artigoanterior, “A excelência metodológica do Espiritismo”,procuramos mostrar, além disso, que Allan Kardec an-tecipou-se às conquistas recentes da filosofia da ciên-cia, e compreendeu muito bem a questão. Sua visãode ciência, exposta explícita e implicitamente em seusescritos, corresponde efetivamente à visão que os filó-sofos da ciência têm hoje. Isso teve a conseqüência fe-liz de que, ao travar contato com uma nova ordem de

fenômenos, Kardec empregou em sua investigaçãométodos e critérios corretos, o que lhe possibilitou aimplantação de uma verdadeira ciência do espírito.

O corpo teórico fundamental do Espiritismo en-contra-se delineado em O Livro dos Espíritos. O exa-me dessa obra revela a adequação da teoria com osfatos, sua consistência e seu alto grau de coesão e sim-plicidade, bem como a amplitude de seu escopo. Ade-mais, ali estão implicitamente presentes as diretrizesque nortearam os desenvolvimentos ulteriores das in-vestigações espíritas. Muitos desses desenvolvimentosforam, como se sabe, implementados pelo próprioKardec, e se acham expostos nas demais obras que es-creveu. Consoante com a natureza de uma verdadeiraciência, o progresso experimental e teórico do Espiri-tismo prossegue até hoje, pelos esforços de pesquisa-dores encarnados e desencarnados.

Em contraste com os fundamentos científicos só-lidos lançados por Kardec no estudo do elemento es-piritual do homem, as linhas de pesquisa que surgi-ram mais tarde, com a pretensão de competir com oEspiritismo nessa área, não alcançaram o mesmosucesso. Deve-se notar, a tal respeito, que elas tiveraminício justamente na época em que o positivismo ló-gico fornecia os parâmetros segundo os quais uma ati-vidade genuinamente científica se desenvolveria. Ora,tais parâmetros sendo equivocados, como os filósofosperceberam depois, as linhas de pesquisa nascentes,que alimentavam a pretensão à cientificidade, acaba-ram por assimilar uma visão de ciência irreal. Isso le-vou a que adotassem métodos inadequados aos fins aque se propuseram, bloqueando-lhes as possibilidadesde contribuir significativamente para o avanço de nos-so conhecimento no domínio do espírito.

Lamentavelmente, a adoção de uma concepçãofalha de ciência levou os pesquisadores dessas linhasde investigação a não somente empenharem de modoinfrutífero os seus esforços, como também a despreza-rem, ou mesmo repelirem, as conquistas e métodos deuma legítima ciência do espírito, o Espiritismo. Umaanálise mais detalhada desse ponto pode ser encontra-da na seção 4 de “A excelência metodológica do Espi-ritismo”, e não será reproduzida aqui.

6. A ciência espírita e as ciências acadêmicas

Contrariamente ao que alguns críticos mal informa-

2Ver Lakatos 1970. Para uma exposição acessível dessa e de outras abor-dagens da questão da natureza da ciência, consulte-se Chalmers 1982.Para uma análise da ciência espírita à luz de outra teoria filosófica con-temporânea acerca da ciência, elaborada por Thomas Kuhn mais oumenos no mesmo período, ver nosso artigo “O paradigma espírita”.

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dos acerca do Espiritismo e das teorias científicas con-temporâneas alegam, o Espiritismo não conflita comqualquer uma das teorias científicas maduras, quer dafísica, quer da química ou da biologia. É de crucialimportância notar que embora o Espiritismo seja umaciência, ele não se confunde com tais ciências, do mes-mo modo como elas não se confundem entre si. Osdomínios de fenômenos por elas tratados não coinci-dem, sendo antes complementares.

Kardec compreendeu perfeitamente bem essa dis-tinção, e chamou a atenção para ela em diversos deseus textos, como por exemplo no item VII da Intro-dução do Livro dos Espíritos. Ali argumentou com se-gurança que “o Espiritismo não é da alçada da ciên-cia”, ou seja, das ciências acadêmicas. Por outro lado,no parágrafo 16 do primeiro capítulo de A Gênese, en-fatizou a referida complementaridade do Espiritismoe dessas ciências, afirmando que “o Espiritismo e aciência completam-se reciprocamente”.3

A percepção desses pontos evita uma série de jul-gamentos e posturas equivocados, que têm ameaçadoo movimento espírita atual. Vêem-se, com efeito, pes-soas que imaginam que a ciência espírita consiste jus-tamente naquelas linhas de investigação iniciadas de-pois de Kardec, e cuja fragilidade científica é evidente,à luz de uma análise filosófica cuidadosa. Outros pen-sam que a ciência espírita consiste de investigações doâmbito das ciências acadêmicas, especialmente as queenvolvam experimentos conduzidos com o auxílio deaparelhagens complexas, de uso nos laboratórios de fí-sica, e dentro de referenciais teórico-conceituais em-prestados dessa ciência. Assume-se que é o uso dessesaparelhos e o emprego de terminologia técnica (aliásquase sempre não compreendida por quem a usa den-tro de tais contextos) que confere cientificidade às in-vestigações.

Dada a gravidade dos enganos envolvidos em se-melhantes posições, vale a pena nos determos umpouco mais sobre elas. Deve-se, além dos esclareci-mentos gerais já indicados, notar que o estabelecimen-

to dos princípios básicos do Espiritismo prescindecompletamente do uso de qualquer aparelho e do re-curso a qualquer teoria física. O mais fundamental detais princípios é o da existência do espírito, ou seja, daexistência de algo no homem que é a sede do pensa-mento e dos sentimentos e sobrevive à morte corpo-ral. Como enfatizou Kardec, a comprovação cabal des-se princípio se dá mediante os fenômenos a quedenominou “de efeitos intelectuais”, quais sejam a tip-tologia, a psicofonia e a psicografia. Quem quer quereflita com isenção sobre fenômenos dessa ordem nãoterá dificuldade em reconhecer que atestam a existên-cia do espírito de modo inequívoco.

Nessa avaliação, é importante notar a diferençaque existe entre esse princípio básico do Espiritismo ealguns dos princípios das teorias físicas e químicascontemporâneas, por exemplo. Nestes últimos casos,o “grau teórico” (se assim nos podemos exprimir) émuito maior, ou, em outros termos, os princípios es-tão muito mais distantes do nível fenomenológico, ouseja, da observação empírica direta. O caminho quevai da observação até o princípio teórico é bastante in-direto, passando por uma série de teorias auxiliares,necessárias, por exemplo, para tratar do funcionamen-to e interpretação dos dados dos aparelhos envolvidos.Nessas circunstâncias, a segurança com que os princí-pios podem ser afirmados fica evidentemente limita-da; há em geral possibilidades plausíveis de explicaçõesdos mesmos fenômenos através de princípios teóricosdiferentes. E, de fato, a história da física e da químicatem ilustrado a instabilidade de suas teorias que avan-çam além do nível da percepção direta.

No caso do referido princípio espírita, bem comode vários outros dos princípios básicos do Espiritismo,a situação é bastante diversa. Trata-se de princípiospertencentes à classe de princípios a que os filósofosdenominam “fenomenológicos”, que estão na base doedifício do conhecimento, dado o seu alto grau decerteza. Proposições dessa classe são, por exemplo, asde que o fogo queima e a cicuta envenena.

Notemos que a inferência espírita diante de umfenômeno de efeitos intelectuais – a saber, que sãocausados por uma inteligência humana desencarnada– não difere em nada das inferências que fazemos apartir dos fenômenos ordinários. Quando, por exem-plo, o carteiro traz à nossa casa um papel no qual le-mos certas frases, não nos acudirá à cabeça a idéia de

3Note-se que nessas citações o termo ‘ciência’ é usado numa acepçãomais restrita do que a anteriormente elucidada. Para um estudo maiscompleto da análise kardequiana das relações entre o Espiritismo e asciências ordinárias, ver a seção 3 de “A excelência metodológica do Es-piritismo” e as partes IV e V da série “Questões sobre a natureza do Es-piritismo”.

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que elas não foram escritas por um determinado ami-go, por exemplo, quando relatam fatos, contêm ex-pressões e expressam pensamentos peculiares e ínti-mos, característicos daquele amigo. Exatamente omesmo se dá com numerosos e variados casos de psi-cografia ou outras manifestações inteligentes. Nãoconstitui exagero, pois, afirmar-se que a constataçãocuidadosa de uns poucos casos dessa espécie é suficien-te para eliminar qualquer dúvida acerca da sobrevivên-cia do ser.

É importante observar, por fim, que além dos fe-nômenos especiais que formam a classe dos fenôme-nos espíritas, o Espiritismo apóia-se também em umamultidão de fenômenos ordinários, em virtude de ofe-recer uma base sólida para sua compreensão. Referi-mo-nos, por exemplo, às nossas inclinações e senti-mentos, às peculiaridades de nosso relacionamentocom as pessoas que nos cercam, aos acontecimentosmarcantes de nossas vidas, aos distúrbios da persona-lidade, aos efeitos psicossomáticos, aos sonhos, à evo-lução das espécies e das civilizações, etc.

Entendemos que a desconsideração desse vastocorpo de evidências indiretas a favor do Espiritismoconstitui omissão séria da parte de seus críticos. Comseu agudo senso científico, Kardec percebeu desde oinício que o alcance do Espiritismo transcendia demuito os fenômenos mediúnicos e anímicos específi-cos que motivaram o seu surgimento. “O estudo doEspiritismo é imenso”, disse Kardec em outra passa-gem; “interessa a todas as questões da metafísica e daordem social; é todo um mundo que se abre diante denós” (O Livro dos Espíritos, Introdução, item XIII).

(Continua no próximo número.)

REFERÊNCIAS

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––.“O paradigma espírita”, Reformador, junho de 1994, pp. 176-80.

––.“As acepções da palavra ‘Espiritismo’ e a preservação doutrinária”.

Reformador, julho de 1999, pp. 212-214. (Questões sobre a natu-reza do Espiritismo – I.)

––.“Revisão da terminologia espírita?”. Reformador, agosto de 1999,

pp. 250-252. (Questões sobre a natureza do Espiritismo – II.)

––.“A religião espírita”. Reformador, setembro de 1999, pp. 280-282.

(Questões sobre a natureza do Espiritismo – III.)

––.“A ‘ciência oficial’”. Reformador, outubro de 1999, pp. 312-313.

(Questões sobre a natureza do Espiritismo – IV.)

––.“As relações da ciência espírita com as ciências acadêmicas”. Refor-

mador, novembro de 1999, pp. 344-346. (Questões sobre a nature-

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––.“Algumas abordagens recentes dos fenômenos espíritas”. Reformador,

dezembro de 1999, pp. 380-383. (Questões sobre a natureza do Es-

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––.“A pesquisa científica espírita”. Reformador, janeiro de 2000, pp. 24-

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112200 AANNOOSS DDIIVVUULLGGAANNDDOO AA DDOOUUTTRRIINNAA EESSPPÍÍRRIITTAA

TEL.: (21) 2589-6020e.mail: [email protected]

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Paraná: Encontro Estadual EspíritaOs espíritas em tempo de mudança é o tema do VIEncontro Estadual Espírita do Interior do Paraná, pro-movido pela Federação Espírita do Paraná e realizadopela 7a URE (União Regional Espírita). O evento, pro-gramado para o período de 26 a 28 deste mês, no Tea-tro do Colégio Marista de Maringá, será coordenadopor José Raul Teixeira e Maurício Roberto Silva. Maisinformações podem ser obtidas pelo telefone (44)3026-5932 ou por e-mail: [email protected].

Ceará: Teatro e UnificaçãoA Federação Espírita do Estado do Ceará promoveudois importantes eventos ligados ao Teatro e à Unifi-cação:

1a Mostra de Teatro Transcendental, no perío-do de 13 a 17 de agosto, que teve por finalidade o des-pertar de consciência através da arte cênica, divulgan-do aspectos do mundo espiritual e da vida de Paulo deTarso e de Chico Xavier, mediante a representação daspeças O Caminho de Damasco, Lembrança de Ou-tras Vidas, A Mágica de Ser Feliz e O Cândido ChicoXavier.

VI Seminário de Unificação Espírita, de 18 a20 de julho, em Fortaleza, na sede da FEEC e no Au-ditório da Escola de Saúde Pública, com o tema Inte-gração e Capacitação de Dirigentes e Trabalhadoresdas Casas Espíritas.

Suíça: Feira do Livro EspíritaA União dos Centros Espíritas em Suíça promoveráuma Feira do Livro Espírita entre outubro e novem-bro deste ano em Friburg. Há, atualmente, oito gru-pos espíritas organizados, iniciando-se o trabalho pe-la área de influência francesa e espalhando-se para asáreas germânica, italiana e românica, uma vez quea Suíça sofre a influência de quatro culturas, com apreocupação de oferecer reuniões da Doutrina nosquatro idiomas.

Brasília: Encontro de Trabalhadores do IRC-Es-piritismoO IRC-Espiritismo – instituição que trabalha com adivulgação espírita na Internet – realiza seu XXI En-

contro de Trabalhadores e Freqüentadores (IRCentro)em Brasília, nos dias 6 e 7 deste mês. O grupo, fun-dado há sete anos, vem aprimorando as formas deatuação na rede mundial web, e-mail e chat. Nos úl-timos dois anos foram implementados novos gruposde estudo on-line e serviços de atendimento fraternoe de perguntas sobre questões doutrinárias.

Manaus (AM): Movimento EspíritaA Federação Espírita Amazonense desenvolve extensoprograma nas áreas federativa e de divulgação da Dou-trina Espírita, como se pode avaliar por estes eventos:a) Campanha “Eu sou a Família”, de 25 a 31 de agos-to, onde reflexões sobre o tema foram desenvolvidasem todas as atividades dos Centros Espíritas; b) dias29 e 30 de agosto, Alberto Ribeiro de Almeida profe-riu palestra pública e fez seminário com o tema Rela-cionamento Conjugal; dia 13 de julho, FOROCOMEAM – Foro de debates sobre Confraternizaçãode Mocidades Espíritas do Amazonas; dias 19 e 20 –Seminários sobre Qualidade na Prática Mediúnicae Pensamento e Concentração, com Suely CaldasSchubert, que também proferiu palestra pública.

Uberlândia (MG): Jornada sobre MediunidadeEm homenagem aos 65 anos da publicação, pela FEB,do livro Emmanuel, psicografado pelo médium Fran-cisco Cândido Xavier, realizou-se em Uberlândia aJornada de Estudos sobre a Mediunidade, no períodode 8 de julho a 1o de agosto deste ano. Constaram doevento, nos dias 19 e 20, um Fórum de debate sobreo livro Seara dos Médiuns, de Emmanuel, e um Cur-so de capacitação para trabalhadores do grupo mediú-nico, dos quais Marta Antunes de Oliveira Moura foi,respectivamente, expositora e coordenadora.

São Paulo: O CONEC do Circuito das ÁguasA USE Circuito das Águas (SP) – integrada pelascidades paulistas de Amparo, Águas de Lindóia,Lindóia, Serra Negra e outras daquela região –realizará o seu 1o Congresso Espírita (CONEC), dias27 e 28 de setembro corrente, no Centro de Con-venções de Serra Negra, com o tema central Desco-brindo a felicidade através da educação do ser.

SEARA ESPÍRITA

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