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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br ________________________________________________________________________________________________________ Ano 2017, Número 050 Divulgação: segunda-feira, 13 de março de 2017 Publicação: terça-feira, 14 de março de 2017 Tribunal Superior Eleitoral Ministro Gilmar Mendes Presidente Ministro Luiz Fux Vice-Presidente Ministro Herman Benjamin Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral Maurício Caldas de Melo Diretor-Geral Secretaria Judiciária Secretaria de Gestão da Informação Coordenadoria de Editoração e Publicações Fone/Fax: (61) 3030-9321 [email protected] Sumário PRESIDÊNCIA ................................................................................................................................................................................ 2 Assessoria de Plenário ........................................................................................................................................................... 2 Ata de Julgamento ......................................................................................................................................................... 2 Pauta de Julgamento .................................................................................................................................................... 15 SECRETARIA JUDICIÁRIA .............................................................................................................................................................. 17 Coordenadoria de Registros Partidários, Autuação e Distribuição .............................................................................................. 17 Despacho ................................................................................................................................................................... 17 Ata de Distribuição ...................................................................................................................................................... 19 Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento I ................................................................................................. 54 Decisão monocrática .................................................................................................................................................... 54 Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento II .............................................................................................. 162 Decisão monocrática .................................................................................................................................................. 162 Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento III .............................................................................................. 177 Intimação ................................................................................................................................................................. 177 Decisão monocrática .................................................................................................................................................. 178 Coordenadoria de Acórdãos e Resoluções ............................................................................................................................. 200 Acórdão .................................................................................................................................................................... 200 Intimação ................................................................................................................................................................. 206 Documentos Eletrônicos Publicados pelo PJE ........................................................................................................................ 207 Intimação ................................................................................................................................................................. 207 Intimação de pauta .................................................................................................................................................... 209 CORREGEDORIA ELEITORAL ........................................................................................................................................................ 209 SECRETARIA DO TRIBUNAL ......................................................................................................................................................... 209 SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................................................ 210 SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA ....................................................................................................................... 210 SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ........................................................................................................................... 210

Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

________________________________________________________________________________________________________

Ano 2017, Número 050 Divulgação: segunda-feira, 13 de março de 2017

Publicação: terça-feira, 14 de março de 2017

Tribunal Superior Eleitoral

Ministro Gilmar Mendes

Presidente

Ministro Luiz Fux

Vice-Presidente

Ministro Herman Benjamin

Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral

Maurício Caldas de Melo

Diretor-Geral

Secretaria Judiciária

Secretaria de Gestão da Informação

Coordenadoria de Editoração e Publicações

Fone/Fax: (61) 3030-9321

[email protected]

SumárioPRESIDÊNCIA ................................................................................................................................................................................2

Assessoria de Plenário ...........................................................................................................................................................2

Ata de Julgamento .........................................................................................................................................................2

Pauta de Julgamento ....................................................................................................................................................15

SECRETARIA JUDICIÁRIA ..............................................................................................................................................................17

Coordenadoria de Registros Partidários, Autuação e Distribuição ..............................................................................................17

Despacho ...................................................................................................................................................................17

Ata de Distribuição ......................................................................................................................................................19

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento I .................................................................................................54

Decisão monocrática ....................................................................................................................................................54

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento II ..............................................................................................162

Decisão monocrática ..................................................................................................................................................162

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento III ..............................................................................................177

Intimação .................................................................................................................................................................177

Decisão monocrática ..................................................................................................................................................178

Coordenadoria de Acórdãos e Resoluções .............................................................................................................................200

Acórdão ....................................................................................................................................................................200

Intimação .................................................................................................................................................................206

Documentos Eletrônicos Publicados pelo PJE ........................................................................................................................207

Intimação .................................................................................................................................................................207

Intimação de pauta ....................................................................................................................................................209

CORREGEDORIA ELEITORAL ........................................................................................................................................................209

SECRETARIA DO TRIBUNAL .........................................................................................................................................................209

SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................................................210

SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA .......................................................................................................................210

SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ...........................................................................................................................210

Page 2: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 2

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

SECRETARIA DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO ...................................................................................................................................210

PRESIDÊNCIA

Assessoria de Plenário

Ata de Julgamento

ATA DA 123ª SESSÃO, EM 8 DE NOVEMBRO DE 2016

SESSÃO ORDINÁRIA JURISDICIONAL

Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes a Senhora Ministra Rosa Weber e os Senhores Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga. Ausências, justificadas, dos Senhores Ministros Gilmar Mendes (Presidente) e Luciana Lóssio. Vice-Procurador-Geral Eleitoral, o Dr. Nicolao Dino. Secretário, Victor de Souto Pereira. Às dezenove horas e quarenta e seis minutos foi aberta a sessão, sendo lida e aprovada a ata da 122ª sessão.

JULGAMENTOS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 1-30.2005.6.26.0146

ORIGEM: BENTO DE ABREU-SP

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

EMBARGANTE: TEREZINHA DO CARMO SALESSE

ADVOGADOS: JOELSON COSTA DIAS E OUTROS

EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, mantendo-se condenada a embargante por crime de corrupção eleitoral (art. 299 do Código Eleitoral), nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 8-09.2013.6.24.0013

ORIGEM: FLORIANÓPOLIS-SC

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: FRANCISCO JURACI GONÇALVES GOMES

ADVOGADA: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 32-80.2015.6.26.0346

ORIGEM: SÃO PAULO-SP

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: FASCIATA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.

ADVOGADOS: GUILHERME AMORIM CAMPOS DA SILVA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 3

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental de Fasciata Empreendimentos Imobiliários Ltda., nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator o Ministro Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 32-80.2015.6.26.0346

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADA: FASCIATA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.

ADVOGADOS: GUILHERME AMORIM CAMPOS DA SILVA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental do Ministério Público Eleitoral, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator o Ministro Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 39-12.2016.6.16.0089

ORIGEM: UMUARAMA-PR

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: SÍLVIO DA ROCHA

ADVOGADOS: LUIZ FABRICIO BETIN CARNEIRO E OUTRO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 47-83.2013.6.26.0228

ORIGEM: CAJATI-SP

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: PAULO CHAGAS DE CASTRO

ADVOGADOS: CRISTIANO VILELA DE PINHO E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 54-94.2016.6.26.0220

ORIGEM: VOTORANTIM-SP

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: SEBASTIÃO APARECIDO BERNARDO

ADVOGADO: ANSELMO CIANFARANI

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga. Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 74-12.2013.6.21.0000

ORIGEM: PORTO ALEGRE-RS

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB) ESTADUAL

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

ADVOGADO: RODRIGO WALTRICK RIBAS

EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 82-59.2015.6.13.0026

ORIGEM: BELO HORIZONTE-MG

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: SUPERGRÁFICA EDITORA LTDA.

ADVOGADOS: LUCAS LOUREIRO TICLE E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 84-20.2016.6.15.0032

ORIGEM: PIANCÓ-PB

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: JOSÉ BRÁULIO DE SOUZA JÚNIOR

ADVOGADOS: DIEGO FABRÍCIO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 85-47.2013.6.18.0025

ORIGEM: JERUMENHA-PI (25ª ZONA ELEITORAL)

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

RECORRENTE: LUÍS ALMEIDA VILAR NETO

ADVOGADOS: EMMANUEL FONSECA DE SOUZA E OUTRO

RECORRENTE: CHIRLENE DE SOUZA ARAÚJO

ADVOGADOS: RAIMUNDO DE ARAÚJO SILVA JÚNIOR E OUTROS

RECORRIDA: COLIGAÇÃO O PROGRESSO CONTINUA

ADVOGADOS: IGOR MARTINS FERREIRA DE CARVALHO E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento aos recursos especiais eleitorais, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Falou, pela recorrente Chirlene de Souza Araújo, o Dr. Daniane Furtado.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 97-43.2015.6.26.0001

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADA: ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MOTÉIS (APAM)

ADVOGADO: SYLVIO RICARDO DE LUCCIA AGUIAR PAVAN

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 5

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 101-51.2015.6.20.0000

ORIGEM: NATAL-RN

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) ESTADUAL

ADVOGADOS: ALEXANDRE HENRIQUE PEREIRA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, acolheu os embargos de declaração, sem efeitos modificativos, para prestar esclarecimentos, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 101-71.2016.6.15.0027

ORIGEM: TAPEROÁ-PB

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: JOSÉ HUMBERTO DE SALES

ADVOGADOS: NEWTON NOBEL SOBREIRA VITA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga. Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 120-60.2016.6.08.0031

ORIGEM: PONTO BELO-ES

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: PAULO ANTONIO ZANETTI

ADVOGADOS: RODRIGO BARCELLOS GONÇALVES E OUTROS

AGRAVADA: COLIGAÇÃO PONTO BELO NO CAMINHO CERTO

ADVOGADO: FLÁVIO MARX BERNARDO SILVESTRE

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 121-45.2016.6.08.0031

ORIGEM: PONTO BELO-ES

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO PONTO BELO NO CAMINHO CERTO

ADVOGADOS: FLÁVIO MARX BERNARDO SILVESTRE E OUTROS

AGRAVADO: MÁRCIO GARCIA TIGRE

ADVOGADOS: GILBERTO FERNANDO LOUBACK E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 153-33.2016.6.06.0087

ORIGEM: GRAÇA-CE

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 6

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: FRANCISCO HELTON LOPES ALCÂNTARA

ADVOGADOS: JOSÉ MARQUES JÚNIOR E OUTROS

AGRAVADAS: COLIGAÇÃO UNIDOS PARA O GRAÇA CONTINUAR CRESCENDO E OUTRA

ADVOGADO: JOÃO MORAES RIBEIRO NETO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 156-03.2016.6.26.0290

ORIGEM: ASSIS-SP

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO PARA ASSIS CONTINUAR AVANÇANDO

ADVOGADOS: CARLOS HENRIQUE AFFONSO PINHEIRO E OUTROS

AGRAVADOS: JOSÉ APARECIDO FERNANDES E OUTRO

ADVOGADOS: MARCO AURÉLIO TOSCANO DA SILVA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 163-77.2016.6.06.0087

ORIGEM: GRAÇA-CE

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: MARIA ELIANE DE ARAÚJO

ADVOGADOS: ADRIANO FERREIRA GOMES SILVA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga. Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 181-41.2013.6.00.0000

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

AGRAVANTE: LAURO ROZENE FERREIRA

ADVOGADA: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 192-26.2016.6.10.0020

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADA: LEONILDE SANTOS COSTA

ADVOGADOS: THIAGO DE SOUSA CASTRO E OUTRA

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 7

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 198-77.2016.6.21.0165

ORIGEM: SÃO VENDELINO-RS

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: RÉGIS PAULO FRITZEN

ADVOGADO: ANTÔNIO AUGUSTO MAYER DOS SANTOS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 204-84.2016.6.26.0023

ORIGEM: BAURU-SP

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: JOSÉ NASCIMENTO DE SOUZA

ADVOGADO: KLÁUDIO CÓFFANI NUNES

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 216-38.2016.6.26.0140

ORIGEM: PORANGABA-SP

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO NOVOS TEMPOS, NOVOS IDEAIS

ADVOGADOS: ADNA SOUZA GUIMARÃES E OUTRO

AGRAVADO: LUIZ CARLOS VIEIRA SOBRINHO

ADVOGADOS: RICARDO VITA PORTO E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 219-37.2016.6.14.0104

ORIGEM: SANTARÉM-PA

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTES: COLIGAÇÃO PSDB PTB E OUTRO

ADVOGADO: WALMIR HUGO PONTES DOS SANTOS NETO

EMBARGADO: ALEXANDRE ALMEIDA MADURO

ADVOGADOS: NÁRGILA BERTOLINO MEDORI E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 235-09.2016.6.05.0082

ORIGEM: FÁTIMA-BA

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 8

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: GILVAN DE MATOS PEREIRA

ADVOGADOS: GABRIEL GERALDO CARVALHO DE FONTES E OUTROS

AGRAVADO: MANOEL MISSIAS VIEIRA

ADVOGADOS: VIVIANE DE JESUS SOUZA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 242-09.2016.6.13.0266

ORIGEM: TAIOBEIRAS-MG

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: ZENILTON APARECIDO SILVEIRA MENDES

ADVOGADOS: THAÍS VIEIRA ROCHA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 252-19.2016.6.15.0033

ORIGEM: ITAPORANGA-PB

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: JOSÉ FRANCISCO DE SOUSA NETO

ADVOGADOS: MARIA IVONETE DE FIGUEIREDO E OUTRO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, recebeu o agravo de instrumento como agravo regimental e o desproveu, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 254-14.2016.6.24.0073

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: LUIZ BERNARDO

ADVOGADA: LETÍCIA TEIXEIRA CORRÊA

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 262-19.2016.6.26.0078

ORIGEM: ONDA VERDE-SP

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: VANDERLEI BORIN

ADVOGADOS: ANDERSON POMINI E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e

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Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 262-90.2016.6.06.0105

ORIGEM: ARATUBA-CE

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO O POVO SEGUINDO EM FRENTE

ADVOGADOS: MARCOS ANTÔNIO SAMPAIO DE MACEDO E OUTROS

AGRAVADA: MARIA AUXILIADORA LIMA BATISTA

ADVOGADOS: ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 308-13.2016.6.26.0141

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: CARLOS ROBERTO LOPES DE ALVARENGA PEIXOTO

ADVOGADOS: MARCO AURÉLIO TOSCANO DA SILVA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 346-88.2012.6.06.0119

ORIGEM: JUAZEIRO DO NORTE-CE

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

EMBARGANTES: JOSÉ NOBRE GUIMARÃES E OUTROS

ADVOGADO: ANDRÉ LUIZ DE SOUZA COSTA

EMBARGADA: COLIGAÇÃO O POVO PODE MAIS

ADVOGADOS: AMANDA PERES DA SILVEIRA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, não conheceu dos embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 374-09.2016.6.15.0073

ORIGEM: ALHANDRA-PB

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO A FORÇA DO TRABALHO I

ADVOGADOS: MARCUS TÚLIO MACÊDO DE LIMA CAMPOS E OUTROS

AGRAVADO: RENATO MENDES LEITE

ADVOGADO: ANTÔNIO FÁBIO ROCHA GALDINO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 387-32.2016.6.06.0049

ORIGEM: PACAJUS-CE

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: FRANCISCO CÉSAR PEREIRA DA COSTA

ADVOGADOS: ADRIANO FERREIRA GOMES SILVA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 390-84.2016.6.06.0049

ORIGEM: PACAJUS-CE

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: FRANCISCO ERLANDO LIMA DO NASCIMENTO

ADVOGADOS: FRANCISCO IRAPUAN PINHO CAMURÇA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 414-52.2016.6.24.0101

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: ROBERTO KATUMI ODA

ADVOGADOS: LUIZA CEZAR PORTELLA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 425-25.2015.6.17.0000

ORIGEM: CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

EMBARGANTE: EDNILSON JOSÉ GABRIEL DE SOUZA

ADVOGADO: MARIO SÉRGIO MENEZES GALVÃO FILHO

EMBARGADO: PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB) MUNICIPAL

ADVOGADA: GILMARA CÍNTIA RIBEIRO DA SILVA

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, recebeu os embargos de declaração como agravo regimental e o desproveu, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 532-06.2016.6.13.0272

ORIGEM: SÃO BENTO ABADE-MG

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: DEMILSON FERREIRA DINIZ

ADVOGADOS: RAIMUNDO CÂNDIDO NETO E OUTRO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz

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Fux (Presidente). Acórdão publicado em sessão.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 801-42.2012.6.20.0029

ORIGEM: ITAJÁ-RN

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

EMBARGANTE: LICÉLIO JACKSON GUIMARÃES

ADVOGADOS: PABLO DE MEDEIROS PINTO E OUTROS

EMBARGADOS: FRANCISCO NETO DA SILVA E OUTROS

ADVOGADO: JOÃO EUDES FERREIRA FILHO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, reconhecendo-se sua natureza procrastinatória e impondo-se multa de um salário-mínimo ao embargante, nos termos do art. 275, §6º, do Código Eleitoral, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 897-33.2014.6.18.0000

ORIGEM: TERESINA-PI

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

EMBARGANTE: FRANCISCO WAGNER PIRES COELHO

ADVOGADOS: CARLOS WASHINGTON CRONEMBERGER COELHO E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 969-15.2014.6.11.0000

ORIGEM: CUIABÁ-MT

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: MAURO LUIZ SAVI

ADVOGADOS: PATRICK SHARON DOS SANTOS E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 1266-92.2014.6.12.0000

ORIGEM: CAMPO GRANDE-MS

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) ESTADUAL

ADVOGADOS: RAFAEL MEDEIROS DUARTE E OUTRO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1425-83.2014.6.21.0000

ORIGEM: PORTO ALEGRE-RS

RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX

EMBARGANTE: SÉRGIO IVAN MORAES

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ADVOGADOS: FRANCISCO QUEIROZ CAPUTO NETO E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator a Ministra Rosa Weber e os Ministros Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1827-62.2014.6.14.0000

ORIGEM: BELÉM-PA

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: FRANCISCO EUDES LOPES RODRIGUES

ADVOGADOS: ORLANDO BARATA MILEO JÚNIOR E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 3091-44.2014.6.13.0000

ORIGEM: BELO HORIZONTE-MG

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL (PT do B) ESTADUAL

ADVOGADOS: WEDERSON ADVÍNCULA SIQUEIRA E OUTROS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 6588-67.2007.6.11.0000

ORIGEM: BRASÍLIA-DF

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS) ESTADUAL

ADVOGADO: DIOGO EGIDIO SACHS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator e os Ministros Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Luiz Fux (Presidente).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ORDINÁRIO Nº 8032-69.2014.6.19.0000

ORIGEM: RIO DE JANEIRO-RJ

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

EMBARGANTE: JULIANA FANT ALVES

ADVOGADOS: EDUARDO DAMIAN DUARTE E OUTROS

EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, mantendo-se a perda de diploma de suplente de vereador e a inelegibilidade impostas à embargante, por abuso de poder político e econômico, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux (Presidente).

PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 13

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

HABEAS CORPUS Nº 0600932-71.2016.6.00.0000

ORIGEM: SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN

PACIENTE: RAIMUNDO NONATO DE QUEIROZ

IMPETRANTE: JOSÉ AUGUSTO DELGADO

ADVOGADO DO PACIENTE E DO IMPETRANTE: HINDENBERG FERNANDES DUTRA

IMPETRADO: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DECISÃO: O Tribunal, por unanimidade, concedeu parcialmente a ordem, de ofício, para declarar extinta a punibilidade em razão da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal, na modalidade retroativa, tão somente em relação ao delito do art. 289 do CE (inscrição fraudulenta de eleitor), nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator os Ministros Henrique Neves da Silva, Admar Gonzaga, Rosa Weber, Herman Benjamin e Luiz Fux (Presidente). Ausente, ocasionalmente, o Ministro Luís Roberto Barroso.

DECISÕES MONOCRÁTICAS PUBLICADAS EM SESSÃO

REspe nº 21-57.2016.6.22.0013/RO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 34-20.2016.6.12.0018/MS. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 36-91.2016.6.25.0029/SE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 43-04.2016.6.26.0208/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 63-97.2016.6.06.0063/CE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 64-72.2016.6.18.0023/PI. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 70-13.2016.6.16.0160/PR. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 71-41.2016.6.26.0282/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 72-92.2016.6.05.0061/BA. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 77-31.2016.6.13.0340/MG. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 81-61.2016.6.09.0055/GO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 82-70.2016.6.17.0072/PE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 83-91.2016.6.21.0121/RS. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 86-93.2016.6.17.0012/PE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 88-26.2016.6.06.0091/CE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 89-36.2016.6.05.0124/BA. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 91-45.2016.6.06.0005/CE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 91-46.2016.6.13.0071/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 92-90.2016.6.25.0008/SE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 97-42.2016.6.03.0003/AP. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 98-60.2016.6.21.0121/RS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 100-17.2016.6.15.0050/PB. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 105-86.2016.6.13.0020/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 106-42.2016.6.18.0017/PI. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Com despacho; REspe nº 108-31.2016.6.06.0054/CE. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Provimento em parte; REspe nº 111-74.2016.6.17.0055/PE. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 113-45.2016.6.24.0024/SC. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 114-57.2016.6.02.0019/AL. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 115-59.2016.6.24.0074/SC. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 116-21.2016.6.02.0021/AL. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 116-64.2016.6.21.0062/RS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 121-60.2016.6.13.0175/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 121-84.2016.6.09.0009/GO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 122-41.2016.6.26.0221/SP. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 123-73.2016.6.02.0001/AL. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 123-85.2016.6.06.0058/CE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 126-42.2016.6.14.0050/PA. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 127-54.2016.6.17.0111/PE. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 128-51.2016.6.26.0220/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 130-05.2016.6.02.0021/AL. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 135-48.2016.6.19.0055/RJ. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 136-36.2016.6.22.0027/RO. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 137-81.2016.6.19.0034/RJ. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 138-72.2016.6.06.0052/CE. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 139-25.2016.6.21.0154/RS. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Com decisão; REspe nº 141-41.2016.6.05.0121/BA. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 141-86.2016.6.13.0325/MG. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 143-52.2016.6.11.0021/MT. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 150-15.2016.6.16.0115/PR. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 154-80.2016.6.26.0242/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 164-47.2016.6.21.0151/RS. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 165-02.2016.6.25.0028/SE. Relator: Ministro

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 14

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Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 166-47.2016.6.13.0310/MG. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 166-47.2016.6.20.0053/RN. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 168-05.2016.6.16.0093/PR. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 168-22.2016.6.19.0028/RJ. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 169-17.2016.6.26.0188/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 173-36.2016.6.21.0142/RS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 175-54.2016.6.18.0056/PI. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 179-77.2016.6.12.0050/MS. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 184-73.2016.6.24.0080/SC. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 186-68.2016.6.19.0149/RJ. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 191-31.2016.6.08.0009/ES. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 193-43.2016.6.06.0013/CE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 193-45.2016.6.03.0007/AP. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 193-56.2016.6.09.0014/GO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Provimento; REspe nº 196-56.2016.6.18.0015/PI. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 204-69.2016.6.27.0019/TO. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 205-71.2016.6.24.0105/SC. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 210-98.2016.6.16.0046/PR. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 213-94.2016.6.25.0016/SE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 215-04.2016.6.06.0013/CE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 216-13.2016.6.04.0023/AM. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 219-33.2016.6.22.0001/RO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 226-13.2016.6.11.0007/MT. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 229-73.2016.6.26.0031/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Provimento; REspe nº 229-85.2016.6.06.0013/CE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 233-86.2016.6.13.0253/MG. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 235-83.2016.6.27.0021/TO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 235-96.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 237-66.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 238-51.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 239-36.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 239-40.2016.6.13.0303/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 240-21.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 242-66.2016.6.08.0001/ES. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 243-73.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 244-20.2016.6.24.0024/SC. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 244-51.2016.6.13.0339/MG. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 244-58.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 245-43.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 246-28.2016.6.17.0139/PE. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 249-63.2016.6.20.0053/RN. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 250-55.2016.6.26.0223/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 257-65.2016.6.12.0052/MS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Determina citação/intimação/notificação; REspe nº 270-69.2016.6.24.0104/SC. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 275-56.2016.6.13.0247/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 276-64.2016.6.03.0006/AP. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 279-22.2016.6.19.0152/RJ. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 280-51.2016.6.17.0026/PE. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 284-48.2016.6.12.0052/MS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Com despacho; REspe nº 287-67.2016.6.13.0151/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 288-65.2016.6.19.0028/RJ. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 289-20.2016.6.17.0056/PE. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 289-37.2016.6.26.0034/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 292-17.2016.6.13.0272/MG. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 294-59.2016.6.26.0034/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 294-69.2016.6.15.0065/PB. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 295-69.2016.6.13.0272/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 296-29.2016.6.26.0034/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; RO nº 306-73.2016.6.08.0002/ES. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 307-58.2016.6.26.0034/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 310-13.2016.6.26.0034/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 313-67.2016.6.04.0005/AM. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Com despacho; REspe nº 314-52.2016.6.04.0005/AM. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 315-45.2016.6.26.0354/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; RO nº 320-10.2016.6.10.0032/MA. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 321-81.2016.6.26.0021/SP. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 325-63.2016.6.26.0201/SP. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Com decisão; REspe nº 328-43.2016.6.13.0342/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 340-06.2016.6.13.0262/MG. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 350-48.2016.6.09.0040/GO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Provimento; REspe nº 354-03.2016.6.09.0132/GO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 362-23.2016.6.26.0094/SP. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão; REspe nº 379-14.2016.6.16.0005/PR. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 389-57.2016.6.23.0007/RR. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 391-83.2016.6.26.0026/SP. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 395-22.2016.6.26.0188/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão:

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Negação de seguimento; REspe nº 425-32.2016.6.22.0006/RO. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 426-64.2016.6.26.0213/SP. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 455-55.2016.6.23.0001/RR. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 456-40.2016.6.23.0001/RR. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 458-10.2016.6.23.0001/RR. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 459-61.2016.6.13.0069/MG. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; Rcl nº 506-11.2016.6.00.0000/AM. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Com decisão; Pet nº 508-15.2015.6.00.0000/RJ. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Com despacho; RO nº 511-05.2016.6.08.0002/ES. Relator: Ministro Henrique Neves da Silva. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 515-37.2016.6.19.0131/RJ. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 537-78.2016.6.13.0029/MG. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 537-95.2016.6.19.0131/RJ. Relator: Ministro Luiz Fux. Decisão: Com decisão; REspe nº 767-37.2016.6.17.0150/PE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; REspe nº 768-22.2016.6.17.0150/PE. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão: Negação de seguimento; Protocolo nº 12197/2016. Origem: Itabirito-MG. Relatora: Ministra Luciana Lóssio. Decisão: Com decisão.

Nada mais havendo a tratar foi encerrada a sessão às vinte horas e dezoito minutos. E, para constar, eu, Victor de Souto Pereira, Secretário, lavrei a presente ata que vai assinada pelo Senhor Ministro Vice-Presidente, no exercício da Presidência deste Tribunal. Brasília, 8 de novembro de 2016. MINISTRO LUIZ FUX, Vice-Presidente, no exercício da Presidência.

Pauta de Julgamento

PAUTA DE JULGAMENTO Nº 29/2017

Elaborada nos termos do artigo 18 da Resolução-TSE nº 23.478/2016, para julgamento dos processos abaixo relacionados, respeitado o prazo de 24 horas.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 65-27.2016.6.16.0051 CLASSE 32 - MORRETES-PR (51ª ZONA ELEITORAL)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: AIRTON TOMAZI

ADVOGADA: ANA PAULA VIANA BARMANN - OAB: 83005/PR

AGRAVADA: COLIGAÇÃO O CIDADÃO EM PRIMEIRO LUGAR

ADVOGADOS: EPAMINONDAS RONCHINI MONTALVÃO - OAB: 16360/PR E OUTROS

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 98-27.2016.6.22.0026 CLASSE 32 RIO CRESPO-RO (26ª ZONA ELEITORAL - ARIQUEMES)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: JOALDO GOMES DE CARVALHO

ADVOGADOS: JOSÉ DE ALMEIDA JÚNIOR - OAB: 1370/RO E OUTROS

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 102-32.2016.6.13.0053 CLASSE 32 MUNHOZ-MG (53ª ZONA ELEITORAL - BUENO BRANDÃO)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: DONIZETE MAGALHÃES BRANDÃO

ADVOGADOS: GERALDO CUNHA NETO - OAB: 102023/MG E OUTROS

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 102-32.2016.6.13.0053 CLASSE 32 MUNHOZ-MG (53ª ZONA ELEITORAL - BUENO BRANDÃO)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

EMBARGANTES: ANDERSON MÁRCIO VASCONCELOS E OUTRO

ADVOGADO: BENEDITO DA CUNHA VASCONCELOS - OAB: 103469/MG

EMBARGADO: DONIZETE MAGALHÃES BRANDÃO

ADVOGADOS: GERALDO CUNHA NETO - OAB: 102023/MG E OUTROS

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 155-71.2016.6.06.0032 CLASSE 32 CAMOCIM-CE (32ª ZONA ELEITORAL)

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

AGRAVANTE: IRACEMA GONÇALVES ARAÚJO

ADVOGADAS: KARLA RENARA MILÉRIO BENEVIDES - OAB: 29010/CE E OUTRAS

AGRAVADO: KLÉBER TRÉVIA VERAS

ADVOGADO: ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS MAIA - OAB: 15059/CE

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 177-07.2016.6.26.0119 CLASSE 32 CUBATÃO-SP (119ª ZONA ELEITORAL)

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN

AGRAVANTES: MARIA SONIA DOS SANTOS E OUTRA

ADVOGADOS: PAULO DE TOLEDO RIBEIRO - OAB: 164256/SP E OUTROS

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 182-13.2016.6.26.0092 CLASSE 32 JOANÓPOLIS-SP (92ª ZONA ELEITORAL - PIRACAIA)

RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: LUIZ MARCELO COSTA

ADVOGADO: FERNANDO DE OLIVEIRA E SILVA - OAB: 119361/SP

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 263-37.2016.6.11.0008 CLASSE 32 ALTO TAQUARI-MT (8ª ZONA ELEITORAL - ALTO ARAGUAIA)

RELATORA: MINISTRA LUCIANA LÓSSIO

EMBARGANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

EMBARGADO: LAIRTO JOÃO SPERANDIO

ADVOGADOS: ROGÉRIO CALAZANS DA SILVA - OAB: 35955/PR E OUTROS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 263-37.2016.6.11.0008 CLASSE 32 ALTO TAQUARI-MT (8ª ZONA ELEITORAL - ALTO ARAGUAIA)

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RELATORA: MINISTRA LUCIANA LÓSSIO

EMBARGANTE: VANDERLEY SANTEIRO TEODORO

ADVOGADOS: MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO - OAB: 25341/DF E OUTROS

EMBARGADO: LAIRTO JOÃO SPERANDIO

ADVOGADOS: ROGÉRIO CALAZANS DA SILVA - OAB: 35955/PR E OUTROS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 263-37.2016.6.11.0008 CLASSE 32 ALTO TAQUARI-MT (8ª ZONA ELEITORAL - ALTO ARAGUAIA)

RELATORA: MINISTRA LUCIANA LÓSSIO

EMBARGANTES: COLIGAÇÃO UM NOVO TEMPO PARA ALTO TAQUARI E OUTRO

ADVOGADOS: MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO - OAB: 25341/DF E OUTRO

EMBARGADO: LAIRTO JOÃO SPERANDIO

ADVOGADOS: ROGÉRIO CALAZANS DA SILVA - OAB: 35955/PR E OUTROS

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 263-37.2016.6.11.0008 CLASSE 32 ALTO TAQUARI-MT (8ª ZONA ELEITORAL - ALTO ARAGUAIA)

RELATORA: MINISTRA LUCIANA LÓSSIO

EMBARGANTE: LAIRTO JOÃO SPERANDIO

ADVOGADOS: ROGÉRIO CALAZANS DA SILVA - OAB: 35955/PR E OUTROS

EMBARGADOS: COLIGAÇÃO UM NOVO TEMPO PARA ALTO TAQUARI E OUTRO

ADVOGADOS: MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO - OAB: 25341/DF E OUTROS

EMBARGADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Brasília, 13 de março de 2017.

JEAN CARLOS SILVA DE ASSUNÇÃO

Assessor-Chefe

SECRETARIA JUDICIÁRIA

Coordenadoria de Registros Partidários, Autuação e Distribuição

Despacho

PUBLICAÇÃO DE DESPACHO Nº 65/2017 - CPADI

PRESTAÇÃO DE CONTAS Nº 261-39.2012.6.00.0000 BRASÍLIA-DF

REQUERENTE: PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO (PSTU) - NACIONAL, POR SEU PRESIDENTE

ADVOGADOS: BRUNO COLARES SOARES FIGUEIREDO ALVES - OAB: 294272/SP E OUTROS

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REQUERENTE: JOSÉ MARIA DE ALMEIDA, PRESIDENTE

ADVOGADOS: BRUNO COLARES SOARES FIGUEIREDO ALVES - OAB: 294272/SP E OUTROS

REQUERENTE: GENILDA ALVES DE SOUZA, 1ª TESOUREIRA

ADVOGADOS: BRUNO COLARES SOARES FIGUEIREDO ALVES - OAB: 294272/SP E OUTROS

REQUERENTE: CYRO GARCIA, 2º VICE-PRESIDENTE

ADVOGADOS: ALBERTO ALBIERO JUNIOR - OAB: 238781/SP E OUTROS

REQUERENTE: SEBASTIÃO CARLOS PEREIRA FILHO, 2º TESOUREIRO

ADVOGADOS: ALBERTO ALBIERO JUNIOR - OAB: 238781/SP E OUTROS

REQUERENTE: RICARDO PEREIRA DE OLIVEIRA, PROCURADOR

ADVOGADOS: ALBERTO ALBIERO JUNIOR - OAB: 238781/SP E OUTROS

MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

PROTOCOLO Nº 8.011/2012

DESPACHO

1. Trata-se de Prestação de Contas do Diretório Nacional do PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO (PSTU) referente ao exercício financeiro de 2011.

2. Na data de ontem, 9.3.2017 a ASEPA apresentou parecer conclusivo, encartado às fls. 795-828 em que sugeriu a desaprovação das contas e a devolução de valores aos cofres públicos.

3. Posto isso, de ordem, encaminhem-se os autos ao MPE, conforme preceitua o art. 37 da Res.-TSE 23.464/15.

4. Na sequência, intimem-se o partido e os responsáveis pela Prestação de Contas, nos termos do art. 43 da Res.-TSE 23.464/15, para que ofereçam defesa, no prazo de 15 dias, e requeiram, sob pena de preclusão, as provas que pretendem produzir, especificando-as e demonstrando sua relevância para o processo (art. 38 da Res.-TSE 23.464/15).

5. Publique-se. Cumpra-se com urgência.

Brasília (DF), 10 de março de 2017.

DIEGO CÂMARA

Juiz Auxiliar

(Gab. Min. Napoleão Maia)

PUBLICAÇÃO DE DESPACHO Nº 66/2017 - CPADI

PRESTAÇÃO DE CONTAS Nº 180-51.2016.6.00.0000 BRASÍLIA-DF

REQUERENTE: PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B) - NACIONAL

ADVOGADO: PAULO MACHADO GUIMARÃES - OAB: 5358/DF

REQUERENTES: LUCIANA BARBOSA DE OLIVEIRA SANTOS, PRESIDENTE E OUTROS

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

PROTOCOLO: 4.462/2016

DESPACHO

Cuida-se de prestação de contas do Diretório Nacional do Partido Comunista do Brasil (PC do B) apresentada em cumprimento aos

arts. 32 da Lei nº 9.096/95 e 28 da Res.-TSE nº 23.464, relativa ao exercício financeiro de 2015.

Pelo despacho de fl. 461, determinei o encaminhamento dos autos à Seção de Gerenciamento de Dados Partidários (Sedap) para que procedesse às providências previstas no art. 31 da Res.-TSE nº 23.464.

Conforme certidão de fl. 463, foram publicados o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 19

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do Partido Comunista do Brasil (PC do B), no DJe de 16.6.2016.

Em 1º.8.2016, foi publicado o Edital 28/2016-CPADI (certidão à fl. 468), em atendimento ao disposto no art. 31, § 3º, da Res.-TSE 23.464, tendo decorrido o prazo de cinco dias sem que houvesse impugnação.

O PC do B, por petição de fl. 171, requereu a juntada aos autos de documentos da Fundação Maurício Grabois (anexos 6 a 14).

_

Desse modo, encaminhem-se os autos à Asepa para que se manifeste sobre os referidos documentos.

Publique-se.

Brasília, 13 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

Ata de Distribuição

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Terceira Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos vinte e três dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 2-68.2017.6.00.0000 (1)

Origem: DESCALVADO-SP (44ª ZONA ELEITORAL - DESCALVADO)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição por prevenção (AC Nº 768-29.2014.6.00.0000)

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO DE CORAÇÃO ABERTO PRA VOCÊ

ADVOGADOS: SÉRGIO FRANCO DE LIMA e Outros

AGRAVADOS: LUÍS ANTÔNIO PANONE e Outro

ADVOGADOS: ANDREIA FERRAZ MARINI e Outros

Agravo de Instrumento nº 262-91.2016.6.17.0135 (2)

Origem: LAGOA DE ITAENGA-PE

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: MARIA DAS GRAÇAS DE ARRUDA SILVA

ADVOGADOS: LUIZ CAVALCANTI DE PETRIBÚ NETO e Outros

AGRAVADA: COLIGAÇÃO FRENTE DEMOCRÁTICA POPULAR

ADVOGADOS: LEONARDO AZEVEDO SARAIVA e Outro

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 20

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Recurso Especial Eleitoral nº 3-84.2015.6.19.0197 (3)

Origem: SÃO GONÇALO-RJ (197ª ZONA ELEITORAL - SÃO GONÇALO)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDO: CLAUDIOMIRO FRANCISCO SODRÉ

ADVOGADO: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

Recurso Especial Eleitoral nº 105-96.2016.6.17.0013 (4)

Origem: SÃO LOURENÇO DA MATA-PE (13ª ZONA ELEITORAL - SÃO LOURENÇO DA MATA)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: BRUNO GOMES DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: EDUARDO HENRIQUE TEIXEIRA NEVES e Outro

RECORRIDA: COLIGAÇÃO FRENTE POPULAR DE SÃO LOURENÇO DA MATA

ADVOGADO: JOÃO BATISTA DO REGO

Recurso Especial Eleitoral nº 131-06.2016.6.17.0107 (5)

Origem: DORMENTES-PE (107ª ZONA ELEITORAL - AFRÂNIO)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: JEOLÂNDIO JOSÉ COELHO

ADVOGADOS: LEANDRO DA CONCEIÇÃO BENÍCIO e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

ADVOGADOS: PERICLES CAVALCANTI RODRIGUES e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 430-57.2012.6.18.0054 (6)

Origem: LAGOA DO PIAUÍ-PI (54ª ZONA ELEITORAL - DEMERVAL LOBÃO)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: LÍGIA MARIA PIMENTEL LIMA

ADVOGADOS: ISABELLE MARQUES SOUSA e Outros

RECORRIDOS: ANTÔNIO FRANCISCO DE OLIVEIRA NETO e Outros

ADVOGADOS: KALINY DE CARVALHO COSTA e Outros

Quadro de distribuição

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 21

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Distr Redist Tot

LUIZ FUX 2 0 2

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

ROSA WEBER 2 0 2

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 1 0 1

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ALEXANDRE DE ALMEIDA MARTINS LIMA (6)

ANDREIA FERRAZ MARINI (1)

ANDRESSA CRISLAINE CONEJO (1)

ANTONIO TITO COSTA (1)

CATHERINE DE SOUZA WERENICZ (1)

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO (3)

EDSON MONTEIRO VERA CRUZ FILHO (4)

EDUARDO HENRIQUE TEIXEIRA NEVES (4)

ÉRIKA ARAÚJO ROCHA (6)

FRANCISCO TEIXEIRA LEAL JUNIOR (6)

IGOR MARTINS FERREIRA DE CARVALHO (6)

ISABELLE MARQUES SOUSA (6)

JOÃO BATISTA DO REGO (4)

JOAQUIM MURILO GONÇALVES DE CARVALHO (2)

JOSÉ EDUARDO DE MELO SOUZA (5)

JOSÉ NORBERTO LOPES CAMPELO (6)

KALINY DE CARVALHO COSTA (6)

LEANDRO DA CONCEIÇÃO BENÍCIO (5)

LEONARDO AZEVEDO SARAIVA (2)

LILIAN CLAESSEN DE MIRANDA BRANDÃO (1)

LÚCIA HELENA BIANCHI FRANCO DE LIMA (1)

LUCIANA PORTELA SOARES PIRES GALVÃO (6)

LUIZ ANTÔNIO PANONE (1)

LUIZ CAVALCANTI DE PETRIBÚ NETO (2)

MARCELA JULIANA FREGONESI (1)

MARÍLIA MACEDO DE MELO GOMES (5)

MAX WELL MUNIZ FEITOSA (5)

MAYSE CRISTINA GAVA MONZANI (1)

PAULO FERNANDO DE SOUZA SIMÕES (2)

PAULO FERNANDO DE SOUZA SIMÕES JÚNIOR (2)

PERICLES CAVALCANTI RODRIGUES (5)

POLLYANA LEAL RIBEIRO DIAS (6)

RAFAEL FRANCO DE LIMA (1)

RENATO LEAL CATUNDA MARTINS (6)

RODRIGO MELO MESQUITA (6)

SÉRGIO FRANCO DE LIMA (1)

SÉRGIO FRANCO DE LIMA FILHO (1)

TIAGO DE LIMA SIMÕES (2)

TORQUATO LORENA JARDIM (1)

WILLIAMS RODRIGUES FERREIRA (2)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 22

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Quarta Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos vinte e quatro dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 82-90.2014.6.12.0036 (1)

Origem: CAMPO GRANDE-MS (36ª ZONA ELEITORAL - CAMPO GRANDE)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: THAIS HELENA VIEIRA ROSA GOMES

ADVOGADOS: RONALDO DE SOUZA FRANCO e Outras

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 95-70.2016.6.19.0086 (2)

Origem: SÃO GONÇALO-RJ (86ª ZONA ELEITORAL - SÃO GONÇALO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: NEILTON MULIM DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 102-62.2016.6.19.0086 (3)

Origem: SÃO GONÇALO-RJ (86ª ZONA ELEITORAL - SÃO GONÇALO)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição por prevenção (AI Nº 85-26.2016.6.19.0086)

AGRAVANTE: NEILTON MULIM DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 242-36.2013.6.13.0000 (4)

Origem: BELO HORIZONTE-MG

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 23

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA (PDT) - ESTADUAL

ADVOGADOS: JORGE WASHINGTON CANÇADO NETO e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 35-14.2016.6.17.0067 (5)

Origem: FLORES-PE (67ª ZONA ELEITORAL - FLORES)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 63-79.2016.6.17.0067)

RECORRENTE: SORAYA DEFENSORA RODRIGUES DE MEDEIROS

ADVOGADO: EDUARDO ANTONIO DE ALBUQUERQUE FERREIRA LIMA

RECORRIDO: PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: DANIELA SOARES FALCÃO e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 53-18.2016.6.02.0046 (6)

Origem: MINADOR DO NEGRÃO-AL (46ª ZONA ELEITORAL - CACIMBINHAS)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: GLEYSSON CORREIA CARDOSO FERRO

ADVOGADOS: SUZANY PEDROSA MELO e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 166-75.2014.6.13.0000 (7)

Origem: BELO HORIZONTE-MG

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS) - ESTADUAL

ADVOGADO: CAIO DE BARROS SANTOS

Recurso Especial Eleitoral nº 188-09.2016.6.16.0024 (8)

Origem: JACAREZINHO-PR (24ª ZONA ELEITORAL - JACAREZINHO)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: COLIGAÇÃO PT/PSB/PMB/PR

ADVOGADO: HENRY WILLIAN DURVAL

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 24

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RECORRIDA: COLIGAÇÃO GESTÃO SÉRIA E RESPONSÁVEL

ADVOGADO: CARLOS ALBERTO DA SILVA JÚNIOR

RECORRIDA: EDITORA TRIBUNA DO VALE LTDA.

ADVOGADO: RONIE PRADO LOPES

RECORRIDA: DATACONSULTE PESQUISAS, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO LTDA - ME

ADVOGADO: THIAGO DE ARAÚJO CHAMULERA

Recurso Especial Eleitoral nº 241-11.2016.6.17.0008 (9)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 2 0 2

LUIZ FUX 1 0 1

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

ROSA WEBER 1 0 1

HERMAN BENJAMIN 2 0 2

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 2 0 2

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ALBERTO DE MATTOS OLIVEIRA (1)

ALESSANDRO MELO MONTENEGRO (6)

ALINE FONTES ROCHA (2),(3)

ALUIZIO BEZERRA DE ALBUQUERQUE FILHO (9)

BIANCA CRUZ DE CARVALHO (2),(3)

BRUNELLA CAROLINA PEROBA BUENO (6)

BRUNO ALEIXO COTTA (4)

CAIO DE BARROS SANTOS (7)

CARLOS ALBERTO DA SILVA JÚNIOR (8)

DANIELA SOARES FALCÃO (5)

DAVI ANTÔNIO LIMA ROCHA (6)

DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO (9)

DÊNIS GUIMARÃES DE OLIVEIRA (6)

EDUARDO ANTONIO DE ALBUQUERQUE FERREIRA LIMA (5)

EDUARDO DA COSTA CORREIA (9)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 25

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

EDUARDO LUIZ DE PAIVA LIMA MARINHO (6)

FILIPE FERNANDES CAMPOS (5)

HENRIQUE CORREIA VASCONCELLOS (6)

HENRY WILLIAN DURVAL (8)

IGOR FRANCO PEREIRA DOS SANTOS (6)

JOÃO MARCEL BRAGA MACIEL VILELA JÚNIOR (6)

JOÃO SOARES AUGUSTO VIEGAS (6)

JORGE WASHINGTON CANÇADO NETO (4)

JUAREZ DA ROCHA ACIOLI NETTO (6)

JULIANNY LIMA CARDEAL (6)

KATIANA YURI ARAZAWA (1)

KÊNIA PAULA GOMES DO PRADO FONTOURA (1)

LUÍS ALBERTO GALLINDO MARTINS (5)

LUÍS GERALDO DOS ANJOS FILHO (9)

LUIZ OTÁVIO MONTEIRO PEDROSA (9)

MANUELA CRUZ DE LUCENA (9)

MARIA STEPHANY DOS SANTOS (9)

MILENA DE BARROS FONTOURA (1)

NATÁLIA CAROLINA FALCÃO (9)

PAULO ROBERTO DE JESUS (2),(3)

RAPHAEL PARENTE OLIVEIRA (5)

RENAM BRAIDA MARRACHE (6)

RODRIGO ARAÚJO CAMPOS (6)

RODRIGO DA COSTA BARBOSA (6)

RODRIGO FRAGOSO PEIXOTO (6)

RONALDO DE SOUZA FRANCO (1)

RONIE PRADO LOPES (8)

SUZANY PEDROSA MELO (6)

THIAGO DE ARAÚJO CHAMULERA (8)

YASMIN MARIA ALVES DA SILVA (6)

YURI DE PONTES CEZARIO (6)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Quinta Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos vinte e cinco dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 7-91.2016.6.12.0000 (1)

Origem: CAMPO GRANDE-MS

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

Page 26: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 26

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

AGRAVANTE: PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO (PSD) - ESTADUAL

ADVOGADOS: GUILHERME ALMEIDA TABOSA e Outra

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 35-83.2016.6.19.0123 (2)

Origem: RIO DE JANEIRO-RJ (123ª ZONA ELEITORAL - RIO DE JANEIRO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTES: COLIGAÇÃO JUNTOS PELO RIO e Outro

ADVOGADOS: FILIPE ORLANDO DANAN SARAIVA e Outros

AGRAVADA: COLIGAÇÃO POR UM RIO MAIS HUMANO

ADVOGADOS: MARCIO VIEIRA SANTOS e Outros

Agravo de Instrumento nº 91-38.2016.6.12.0018 (3)

Origem: DOURADINA-MS (18ª ZONA ELEITORAL - DOURADOS)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 41-12.2016.6.12.0018)

AGRAVANTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - NACIONAL

ADVOGADOS: RAFAEL MEDEIROS DUARTE e Outros

AGRAVADO: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - MUNICIPAL

AGRAVADA: COLIGAÇÃO JUNTOS SOMOS CADA VEZ MAIS FORTES

Agravo de Instrumento nº 94-85.2016.6.19.0086 (4)

Origem: SÃO GONÇALO-RJ (86ª ZONA ELEITORAL - SÃO GONÇALO)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: NEILTON MULIM DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 143-06.2012.6.12.0008 (5)

Origem: CAMPO GRANDE-MS (8ª ZONA ELEITORAL - CAMPO GRANDE)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (AI Nº 744-25.2012.6.12.0036)

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADOS: EDSON GIROTO e Outros

ADVOGADOS: JOSÉ VALERIANO DE SOUZA FONTOURA e Outras

Page 27: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 27

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

AGRAVADO: ANDRÉ PUCCINELLI

ADVOGADOS: LUÍS CLÁUDIO ALVES PEREIRA e Outros

AGRAVADO: OTÁVIO AUGUSTO TRAD MARTINS

ADVOGADA: KATARINA DE CARVALHO FIGUEIREDO VIANA

AGRAVADA: CARLA CHARBEL STEPHANINI

ADVOGADOS: BRUNO RAMOS ALBUQUERQUE e Outros

AGRAVADO: CÍCERO ÁVILA DE LIMA

ADVOGADOS: RODRIGO NASCIMENTO DA SILVA e Outros

AGRAVADO: EDIL AFONSO ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: RODRIGO DALPIAZ DIAS e Outros

AGRAVADO: LAMARTINE SANTOS RIBEIRO

ADVOGADOS: RODRIGO DALPIAZ DIAS e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 3-75.2016.6.18.0036 (6)

Origem: PAJEÚ DO PIAUÍ-PI (36ª ZONA ELEITORAL - CANTO DO BURITI)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição por prevenção (REspe Nº 44-76.2015.6.18.0036)

RECORRENTE: PARTIDO DA REPÚBLICA (PR) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: JAMES RODRIGUES DOS SANTOS e Outro

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRENTES: ERISMAR OLIVEIRA DIAS e Outros

ADVOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA

RECORRIDOS: ERISMAR OLIVEIRA DIAS e Outros

RECORRIDOS: HÉLIO BARBOSA DOS SANTOS

RECORRIDOS: CAROLINE DA SILVA MIRANDA

RECORRIDOS: JOSÉ DOMINGOS FILHO

RECORRIDOS: JÚLIO CÉSAR COELHO DA SILVA

ADVOGADO: FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA

RECORRIDA: ISABEL CRISTINA DE LIMA ALENCAR

RECORRIDO: JOSÉ NETO CESÁRIO DA SILVA

RECORRIDA: MARIA FRANCISCA DA SILVA

RECORRIDO: PARTIDO DA REPÚBLICA (PR) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: JAMES RODRIGUES DOS SANTOS e Outro

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 71-70.2016.6.20.0003 (7)

Origem: NATAL-RN (3ª ZONA ELEITORAL - NATAL)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: KELPS DE OLIVEIRA LIMA

ADVOGADOS: CAIO VITOR RIBEIRO BARBOSA e Outros

RECORRIDOS: COLIGAÇÃO NATAL MELHOR DE NOVO e Outro

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 28

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

ADVOGADOS: GLEYDSON KLEBER LOPES DE OLIVEIRA e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 197-89.2016.6.17.0008 (8)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 209-06.2016.6.17.0008 (9)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 212-58.2016.6.17.0008 (10)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 235-04.2016.6.17.0008 (11)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 236-86.2016.6.17.0008 (12)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição por prevenção (REspe Nº 239-41.2016.6.17.0008)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 29

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso em Habeas Corpus nº 467-88.2016.6.26.0000 (13)

Origem: SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP (125ª ZONA ELEITORAL - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: EDLÊNIO XAVIER BARRETO

PACIENTE: ROGÉRIO GUILHERME MARTINS

ADVOGADO: EDLÊNIO XAVIER BARRETO

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 4 0 4

LUIZ FUX 1 0 1

LUCIANA LÓSSIO 2 0 2

ROSA WEBER 2 0 2

HERMAN BENJAMIN 2 0 2

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 2 0 2

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ALBERTO SAMPAIO JR (2)

ALINE FONTES ROCHA (4)

ALUIZIO BEZERRA DE ALBUQUERQUE FILHO (10),(8),(11),(9),(12)

ANA PAULA TAVARES SIMÕES (5)

ANDRÉ LUIZ FARIA MIRANDA (2)

ANDREI HERBERTH R. DE OLIVEIRA (7)

BIANCA CRUZ DE CARVALHO (4)

BRUNO RAMOS ALBUQUERQUE (5),(5),(5)

CAIO VITOR RIBEIRO BARBOSA (7)

CLÁUDIA REGINA DIAS ARAKAKI ISHIKAWA (5)

DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO (8),(10),(11),(9),(12)

DJEFFERSON AMADEUS (2)

EDLÊNIO XAVIER BARRETO (13)

EDUARDO DA COSTA CORREIA (8),(10),(11),(9),(12)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 30

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EDUARDO DAMIAN DUARTE (2)

FÁBIO DE MATOS MORAES (5),(5),(5)

FÁBIO ROCHA (5)

FILIPE ORLANDO DANAN SARAIVA (2)

FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA (6),(6)

GILBERTO PICOLOTTO JUNIOR (5)

GLEYDSON KLEBER LOPES DE OLIVEIRA (7)

GUILHERME ALMEIDA TABOSA (1)

GUILHERME TABOSA SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA (1)

JAMES RODRIGUES DOS SANTOS (6),(6)

JOSÉ VALERIANO DE SOUZA FONTOURA (5)

JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA (7)

JULIO CESAR DE MORAIS (5)

KATARINA DE CARVALHO FIGUEIREDO VIANA (5)

KATIANA YURI ARAZAWA (5)

KENIA PAULA GOMES DO PRADO FONTOURA (5)

LARISSA MAIA DA FONSECA (3)

LAURO VINÍCIUS RAMOS RABHA (2)

LEANDRO DELPHINO (2)

LEONARDO SAAD COSTA (3)

LUCAS BEZERRA VIEIRA (7)

LUCAS MEDEIROS DUARTE (3)

LUÍS CLÁUDIO ALVES PEREIRA (5)

LUÍS GERALDO DOS ANJOS FILHO (8),(10),(11),(9),(12)

LUIZ OTÁVIO MONTEIRO PEDROSA (8),(10),(9),(11),(12)

MANUELA CRUZ DE LUCENA (8),(10),(11),(9),(12)

MARCIO VIEIRA SANTOS (2)

MARIA STEPHANY DOS SANTOS (8),(10),(11),(9),(12)

MILENA DE BARROS FONTOURA (5)

NATÁLIA CAROLINA FALCÃO (8),(10),(11),(9),(12)

PAULO HENRIQUE DE ALMEIDA AMORIM (3)

PAULO ROBERTO DE JESUS (4)

PAULO TADEU HAENDCHEN (5)

RAFAEL BARBOSA DE CASTRO (2)

RAFAEL MEDEIROS DUARTE (3)

REGINA PAULA DE CAMPOS HAENDCHEN ROCHA (5)

RENATO BARRETO DE ARAÚJO LIMA (7)

RODRIGO COUTO CORRÉA (5)

RODRIGO DALPIAZ DIAS (5),(5),(5)

RODRIGO FONSECA ALVES DE ANDRADE (7)

RODRIGO NASCIMENTO DA SILVA (5)

WASHINGTON LUIS R. RIBEIRO (6),(6)

WELLINGTON JOSE AGOSTINHO (5)

WENDELL LIMA LOPES MEDEIROS (5)

WILLIAM DA SILVA PINTO (5),(5),(5)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Décima Sexta Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos vinte e seis dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Recurso Especial Eleitoral nº 31-28.2016.6.20.0023 (1)

Origem: JARDIM DO SERIDÓ-RN (23ª ZONA ELEITORAL - JARDIM DO SERIDÓ)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: JOCIMAR DANTAS DE ARAÚJO

ADVOGADO: SARAH NATALLY DUARTE DE CARVALHO CORTEZ GOMES

RECORRIDO: PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: WALTER DE MEDEIROS AZEVEDO e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 44-90.2015.6.07.0001 (2)

Origem: BRASÍLIA-DF (1ª ZONA ELEITORAL - BRASÍLIA)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: GLAM OPTICA ME

ADVOGADOS: CLAUDISMAR ZUPIROLI e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 151-59.2016.6.08.0038 (3)

Origem: MONTANHA-ES (38ª ZONA ELEITORAL - MONTANHA)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTES: RICARDO AZEVEDO FAVARATO e Outro

ADVOGADO: ROSILANE RUELLA SILVA PASSOS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 229-94.2016.6.17.0008 (4)

Origem: RECIFE-PE (8ª ZONA ELEITORAL - RECIFE)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição por prevenção (REspe Nº 228-12.2016.6.17.0008)

RECORRENTE: ROMERO LIMA BEZERRA DE ALBUQUERQUE

ADVOGADOS: MARIA STEPHANY DOS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 32

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Recurso Especial Eleitoral nº 285-18.2016.6.05.0023 (5)

Origem: JEQUIÉ-BA (23ª ZONA ELEITORAL - JEQUIÉ)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: MANOEL DE MELO LIMA

ADVOGADOS: ANDRÉ REQUIÃO MOURA e Outros

Recurso em Mandado de Segurança nº 693-72.2016.6.16.0000 (6)

Origem: IVATÉ-PR (172ª ZONA ELEITORAL - ICARAÍMA)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: VALDECIR PREVITAL

ADVOGADOS: FERNANDO AUGUSTO DISSENHA e Outros

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 1 0 1

LUIZ FUX 2 0 2

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

ROSA WEBER 2 0 2

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ALBERTO MOREIRA RODRIGUES (2)

ALUIZIO BEZERRA DE ALBUQUERQUE FILHO (4)

ANDRÉ REQUIÃO MOURA (5)

ARIANE BARBOSA ALVES (5)

BRUNO GUSTAVO FREITAS ADRY (5)

CARLOS ALBERTO DISSENHA (6)

CARLOS ALBERTO MALIZIA (6)

CLAUDISMAR ZUPIROLI (2)

DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO (4)

EDUARDO DA COSTA CORREIA (4)

FERNANDO AUGUSTO DISSENHA (6)

GILBERTO DE LIMA BRITO (1)

JÔNATAS AZEVEDO (1)

LUÍS GERALDO DOS ANJOS FILHO (4)

LUIZ OTÁVIO MONTEIRO PEDROSA (4)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 33

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

MANUELA CRUZ DE LUCENA (4)

MARCO ANTONIO ADRY RAMOS (5)

MARIA ABADIA ALVES (2)

MARIA STEPHANY DOS SANTOS (4)

MATEUS BONAMIGO ZUPIROLI (2)

MOISÉS FIGUEIREDO DE CARVALHO (5)

NATÁLIA CAROLINA FALCÃO (4)

PAULO ROBERTO TEIXEIRA PIMENTEL (5)

ROSILANE RUELLA SILVA PASSOS (3)

RUYBERG VALENÇA DA SILVA (5)

SANZO KACIANO BIONDI CARVALHO (5)

SARAH NATALLY DUARTE DE CARVALHO CORTEZ GOMES (1)

TARCISIO BIONDI CARVALHO (5)

WALTER DE MEDEIROS AZEVEDO (1)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Sétima Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos vinte e sete dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 59-61.2015.6.08.0056 (1)

Origem: VITÓRIA-ES (56ª ZONA ELEITORAL - VITÓRIA)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: NORTE SUL BUSINESS - TECNOLOGIA E SERVIÇOS LTDA - ME

ADVOGADOS: RODRIGO FARDIN e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 162-46.2016.6.12.0016 (2)

Origem: MARACAJU-MS (16ª ZONA ELEITORAL - MARACAJU)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

AGRAVANTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - NACIONAL

ADVOGADOS: RAFAEL MEDEIROS DUARTE e Outros

AGRAVADO: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - MUNICIPAL

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 34

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

ADVOGADO: CLEBSON MARCONDES DE LIMA

Recurso Especial Eleitoral nº 46-71.2016.6.05.0101 (3)

Origem: RIO DE CONTAS-BA (101ª ZONA ELEITORAL - LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição de Ordem

RECORRENTE: COLIGAÇÃO RIO DE CONTAS DO BEM E DA PAZ

ADVOGADOS: HENRIQUE TANAJURA e Outros

RECORRIDO: CRISTIANO CARDOSO DE AZEVEDO

ADVOGADOS: DANILO MOREIRA ROCHA e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 57-39.2016.6.06.0080 (4)

Origem: SABOEIRO-CE (80ª ZONA ELEITORAL - SABOEIRO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição de Ordem

RECORRENTE: COLIGAÇÃO POR UM SABOEIRO MAIS FELIZ

ADVOGADOS: DANILSON DE CARVALHO PASSOS e Outros

RECORRENTE: JOSÉ GOTARDO DOS SANTOS MARTINS

ADVOGADOS: KARLA RENARA MILÉRIO BENEVIDES e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO POR UM SABOEIRO MAIS FELIZ

ADVOGADOS: DANILSON DE CARVALHO PASSOS e Outros

RECORRIDOS: JOSÉ GOTARDO DOS SANTOS MARTINS e Outra

ADVOGADOS: KARLA RENARA MILÉRIO BENEVIDES e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 110-26.2016.6.05.0087 (5)

Origem: MACAJUBA-BA (87ª ZONA ELEITORAL - RUY BARBOSA)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: DIÊGO SANTIAGO CINTRA

ADVOGADOS: ANDRÉ DIAS FERRAZ e Outros

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 35

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Recurso Especial Eleitoral nº 200-47.2016.6.05.0115 (6)

Origem: SAÚDE-BA (115ª ZONA ELEITORAL - SAÚDE)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: REGINALDO DUARTE DOS SANTOS

ADVOGADA: DÉBORAH CARDOSO GUIRRA

RECORRIDA: COLIGAÇÃO DA VITÓRIA

ADVOGADOS: MAÍSA MOTA RIOS e Outros

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

LUIZ FUX 1 0 1

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

ROSA WEBER 1 0 1

HERMAN BENJAMIN 3 0 3

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ADRIANO FERREIRA GOMES SILVA (4),(4)

ANDRÉ DIAS FERRAZ (5)

ÂNGELO MACIEL SANTOS REIS (3)

CARLOS AUGUSTO PIMENTEL NETO (3)

CLEBSON MARCONDES DE LIMA (2)

DANILO MOREIRA ROCHA (3)

DANILSON DE CARVALHO PASSOS (4),(4)

DÉBORAH CARDOSO GUIRRA (6)

ERNANDO PEREIRA COSTA (4),(4)

FERNANDA VARELA SERPA (1)

FERNANDO GONÇALVES CAMPINHO (3)

FERNANDO LUÍS MELO DA ESCÓSSIA (4),(4)

FRANCISCO IRAPUAN PINHO CAMURÇA (4),(4)

FREDERICO MATOS DE OLIVEIRA (3)

GERALDO DE HOLANDA GONÇALVES FILHO (4),(4)

HENRIQUE TANAJURA (3)

HUGO VASCONCELOS LOULA (3)

ÍCARO WERNER DE SENA BITAR (3)

ITAMAR LOBO DA SILVA (5)

JERÔNIMO LUIZ PLACIDO DE MESQUITA (3)

JOÃO GERSON FERNANDES DUARTE (4),(4)

JOEL CAETANO DA SILVA NETO (6)

KARLA RENARA MILÉRIO BENEVIDES (4),(4)

LARISSA MAIA DA FONSECA (2)

LEANDRO COELHO DANTAS (4),(4)

Page 36: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 36

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

LEONARDO MOREIRA CASTRO CHAVES (3)

LEONARDO ROBERTO OLIVEIRA DE VASCONCELOS (4),(4)

LEONARDO SAAD COSTA (2)

LUCAS MEDEIROS DUARTE (2)

LUIZ RICARDO CAETANO DA SILVA (6)

MAÍSA MOTA RIOS (6)

MARCELO SOUZA NUNES (1)

MYLLA SOARES ALMEIDA (4),(4)

OTÁVIO LEAL PIRES (6)

PAULA BEZERRA VASCONCELOS (4)

RAFAEL DE MEDEIROS CHAVES MATTOS (3)

RAFAEL MEDEIROS DUARTE (2)

RICARDO TEIXEIRA DA SILVA PARANHOS (3)

RODRIGO FARDIN (1)

SAMARA LOBO DA SILVA (5)

TÂMARA COSTA MEDINA DA SILVA (3)

VAGNER BISPO DA CUNHA (3)

YARA LIMA BARRETO DE CARVALHO (5)

YURI OLIVEIRA ARLÉO (3)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Oitava Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos trinta dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 162-56.2016.6.25.0025 (1)

Origem: SÃO FRANCISCO-SE (25ª ZONA ELEITORAL - CEDRO DE SÃO JOÃO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: AILTON NASCIMENTO

ADVOGADO: FABIANO FREIRE FEITOSA

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 500-51.2016.6.24.0027 (2)

Origem: SÃO FRANCISCO DO SUL-SC (27ª ZONA ELEITORAL - SÃO FRANCISCO DO SUL)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 37

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO UMA SÃO FRANCISCO DO SUL MELHOR PARA TODOS

ADVOGADOS: FURTADO NETO ADVOGADOS ASSOCIADOS e Outros

AGRAVADOS: COLIGAÇÃO UMA CIDADE PARA TODOS e Outro

ADVOGADA: CAMILA MARA VIZOTO

Recurso Especial Eleitoral nº 3-53.2017.6.00.0000 (3)

Origem: ITABIRITO-MG (133ª ZONA ELEITORAL - ITABIRITO)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: CELINA RODRIGUES DA CUNHA OLIVEIRA

ADVOGADO: CELINA RODRIGUES DA CUNHA OLIVEIRA

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 163-11.2016.6.05.0118 (4)

Origem: CACHOEIRA-BA (118ª ZONA ELEITORAL - CACHOEIRA)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: NAILTON DOS SANTOS GERTRUDES

ADVOGADOS: RAFAEL CERQUEIRA ROCHA e Outro

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

LUIZ FUX 1 0 1

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

HERMAN BENJAMIN 1 0 1

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 1 0 1

Lista de Processos por Advogado

Advogado

CAMILA MARA VIZOTO (2)

CELINA RODRIGUES DA CUNHA OLIVEIRA (3)

FABIANO FREIRE FEITOSA (1)

FABRÍCIO BASTOS DE OLIVEIRA (4)

FURTADO NETO ADVOGADOS ASSOCIADOS (2)

GISELIS DARCI KREMER (2)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 38

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

MARCOS JÚNIOR JAROSZUK (2)

MOYSÉS BORGES FURTADO NETO (2)

RAFAEL CERQUEIRA ROCHA (4)

VITOR GUILHERME AGUIAR BARRETA (2)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Décima Nona Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos trinta e um dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 52-17.2014.6.21.0000 (1)

Origem: PORTO ALEGRE-RS

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição por prevenção (AI Nº 484-84.2015.6.00.0000)

AGRAVANTE: PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) - ESTADUAL

ADVOGADOS: VANIR DE MATTOS e Outro

Agravo de Instrumento nº 89-63.2016.6.19.0086 (2)

Origem: SÃO GONÇALO-RJ (86ª ZONA ELEITORAL - SÃO GONÇALO)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição por prevenção (AI Nº 93-03.2016.6.19.0086)

AGRAVANTE: NEILTON MULIM DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO e Outros

AGRAVANTE: MAURA DE OLIVEIRA LOBO

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 28-93.2016.6.05.0119 (3)

Origem: NOVA REDENÇÃO-BA (119ª ZONA ELEITORAL - ANDARAÍ)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: COLIGAÇÃO JUNTOS VAMOS RECONSTRUIR NOVA REDENÇÃO

ADVOGADOS: MARCELO LIBERATO DE MATTOS e Outro

RECORRIDO: CLEDIVALDO DE SOUZA BRAGA

ADVOGADO: RODRIGO ISAAC DE FREITAS MARTINS

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 39

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Recurso Especial Eleitoral nº 39-14.2016.6.04.0067 (4)

Origem: APUÍ-AM (67ª ZONA ELEITORAL - APUÍ)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição de Ordem

RECORRENTE: ANTÔNIO ROQUE LONGO

ADVOGADOS: MARIA AUXILIADORA DOS SANTOS BENIGNO e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO RESPEITANDO A NOSSA GENTE

ADVOGADOS: DIEGO ROSSATO BOTTON e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 121-24.2016.6.05.0162 (5)

Origem: SÃO FRANCISCO DO CONDE-BA (162ª ZONA ELEITORAL - SÃO FRANCISCO DO CONDE)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 323-98.2016.6.05.0162)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO A NOSSA CIDADE TEM JEITO

ADVOGADA: KARINA MARIA BARRETO SILVA

RECORRIDO: EVANDRO SANTOS ALMEIDA

ADVOGADOS: FÁBIO DA SILVA TORRES e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 123-04.2016.6.26.0099 (6)

Origem: QUEIROZ-SP (99ª ZONA ELEITORAL - POMPÉIA)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: JOSÉ PAULO NEMÉZIO

ADVOGADOS: RONAN FIGUEIRA DAUN e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 164-89.2016.6.05.0087 (7)

Origem: RUY BARBOSA-BA (87ª ZONA ELEITORAL - RUY BARBOSA)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTES: GIRLENE GOMES DOS SANTOS e Outro

ADVOGADOS: LUIS VINICIUS DE ARAGÃO COSTA e Outro

RECORRIDO: ANTONIO CESAR SILVA DOS SANTOS

ADVOGADOS: ANDRÉ REQUIÃO MOURA e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 235-64.2016.6.05.0193 (8)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 40

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Origem: MILAGRES-BA (193ª ZONA ELEITORAL - IAÇU)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 232-12.2016.6.05.0193)

RECORRENTES: COLIGAÇÃO A CONFIANÇA SE RENOVA e Outras

ADVOGADOS: VICENTE DE PAULA SANTOS CARVALHO e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO UM NOVO TEMPO, UMA NOVA HISTÓRIA

ADVOGADOS: ANDRÉ MARIANO CUNHA e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 254-70.2016.6.05.0193 (9)

Origem: MILAGRES-BA (193ª ZONA ELEITORAL - IAÇU)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 232-12.2016.6.05.0193)

RECORRENTES: COLIGAÇÃO A CONFIANÇA SE RENOVA e Outras

ADVOGADOS: VICENTE DE PAULA SANTOS CARVALHO e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO TODOS POR MILAGRES

ADVOGADOS: ROBERTA SANTOS DE OLIVEIRA e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 357-14.2016.6.27.0016 (10)

Origem: PEQUIZEIRO-TO (16ª ZONA ELEITORAL - COLMÉIA)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTES: COLIGAÇÃO PEQUIZEIRO EM BOAS MÃOS e Outro

ADVOGADOS: PABLLO VINÍCIUS FELIX DE ARAÚJO e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO PEQUIZEIRO PARA TODOS

ADVOGADO: ALDEON SOUSA GOMES

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 1 0 1

LUIZ FUX 1 0 1

ROSA WEBER 2 0 2

HERMAN BENJAMIN 3 0 3

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 3 0 3

Lista de Processos por Advogado

Advogado

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 41

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

ALDEON SOUSA GOMES (10)

ALINE FONTES ROCHA (2),(2)

ANDRÉ MARIANO CUNHA (8)

ANDRÉ REQUIÃO MOURA (7)

BIANCA CRUZ DE CARVALHO (2),(2)

CIRO ROCHA SOARES (8),(9)

DIEGO RAFAEL ESTEVES VASCONCELLOS (6)

DIEGO ROSSATO BOTTON (4)

DILMA LIRA PORTO BOTTON (4)

EDUARDO BARBOSA FERREIRA (3)

EDUARDO MARINHO JUCÁ RODRIGUES (6)

EVERTON CARLOS LISE (4)

EVERTON DE SOUSA VIÉGAS (7)

FÁBIO DA SILVA TORRES (5)

FRANCIELE LISE (4)

GUSTAVO DOS SANTOS SOUZA (10)

JENDER DE MELO LOBATO (4)

JOSÉ EDÍZIO NUNES (7)

KARINA MARIA BARRETO SILVA (5)

LUCIANO DO REGO FARIAS (9)

LUCIANO MANINI NEUMANN (1)

LUIS FELIPE AVELINO MEDINA (4)

LUIS GUSTAVO MOTTA SEVERO DA SILVA (4)

LUIS VINICIUS DE ARAGÃO COSTA (7)

MARCELA FÉLIX OLIVEIRA (10)

MARCELO LIBERATO DE MATTOS (3)

MARIA AUXILIADORA DOS SANTOS BENIGNO (4)

MAYARA DE SÁ PEDROSA (4)

OTÁVIO LEAL PIRES (5)

PABLLO VINÍCIUS FELIX DE ARAÚJO (10)

PAULO ROBERTO DE JESUS (2),(2)

ROBERTA SANTOS DE OLIVEIRA (8),(9)

RODRIGO ISAAC DE FREITAS MARTINS (3)

RONAN FIGUEIRA DAUN (6)

SÓCRATES MASCARENHAS SANTOS (8),(9)

TIAGO LEAL AYRES (8),(9)

VANIR DE MATTOS (1)

VICENTE DE PAULA SANTOS CARVALHO (8),(9)

VICTOR SACRAMENTO PRAZERES (8),(9)

WALTER UBIRANEY DOS SANTOS (9),(8)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 42

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Vigésima Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada ao primeiro dia do mês de fevereiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 12-76.2016.6.26.0242 (1)

Origem: VÁRZEA PAULISTA-SP (242ª ZONA ELEITORAL - VÁRZEA PAULISTA)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição por prevenção (AI Nº 13-61.2016.6.26.0242)

AGRAVANTES: NILSON SOLLA e Outro

ADVOGADOS: CHRISTOPHER REZENDE GUERRA AGUIAR e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 30-51.2015.6.13.0030 (2)

Origem: BELO HORIZONTE-MG (30ª ZONA ELEITORAL - BELO HORIZONTE)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: ISABELA SANTANA BOAVENTURA

ADVOGADOS: AUGUSTO MÁRIO MENEZES PAULINO e Outro

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 43-83.2016.6.26.0117 (3)

Origem: PIQUEROBI-SP (117ª ZONA ELEITORAL - FLORINÉA)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: JOSÉ ADIVALDO MORENO GIACOMELLI

ADVOGADO: CAMILA MATHEUS GIACOMELLI

AGRAVADO: PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (PMDB) - MUNICIPAL

ADVOGADO: ÁUREO FERNANDO DE ALMEIDA

Agravo de Instrumento nº 58-97.2016.6.26.0296 (4)

Origem: SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP (296ª ZONA ELEITORAL - SÃO BERNARDO DO CAMPO)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: ORLANDO MORANDO JÚNIOR

ADVOGADOS: RAFAEL CEZAR DOS SANTOS e Outros

AGRAVADA: COLIGAÇÃO PRA SÃO BERNARDO SEGUIR MUDANDO

ADVOGADOS: RUTH DOS SANTOS SOUSA e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 81-51.2016.6.05.0062 (5)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 43

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Origem: IPIRÁ-BA (62ª ZONA ELEITORAL - IPIRÁ)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: JOSÉ RAIMUNDO PEDREIRA MACÊDO

ADVOGADOS: FREDERICO MATOS DE OLIVEIRA e Outros

RECORRIDA: COLIGAÇÃO IPIRÁ HONESTO

ADVOGADOS: JOSÉ CARLOS MATOS DE OLIVEIRA e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 104-55.2016.6.26.0177 (6)

Origem: SÃO VICENTE-SP (177ª ZONA ELEITORAL - SÃO VICENTE)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: MARCELO CORREIA DE SOUZA

ADVOGADOS: KARINA DE PAULA KUFA e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 114-62.2012.6.20.0030 (7)

Origem: MACAU-RN (30ª ZONA ELEITORAL - MACAU)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: ZAIRA OLIVEIRA DA SILVA

ADVOGADOS: RAFFAEL GOMES CAMPELO e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 117-49.2016.6.04.0021 (8)

Origem: CARAUARI-AM (21ª ZONA ELEITORAL - CARAUARI)

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição de Ordem

RECORRENTES: BRUNO LUIS LITAIFF RAMALHO e Outra

ADVOGADOS: DÉLCIO LUÍS SANTOS e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDA: COLIGAÇÃO EXPERIÊNCIA E JUVENTUDE À SERVIÇO DO POVO

ADVOGADOS: ZAYRA TAYS ALBUQUERQUE DA SILVA e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 177-51.2016.6.26.0072 (9)

Origem: NEVES PAULISTA-SP (72ª ZONA ELEITORAL - MIRASSOL)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição de Ordem

RECORRENTE: ILSO PAROCHI

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 44

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

ADVOGADO: SÍLVIO ROBERTO SEIXAS REGO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDO: NILTON CESAR STUQUI

ADVOGADO: CARLOS EDMUR MARQUESI

RECORRIDA: COLIGAÇÃO RENOVA NEVES

ADVOGADO: REGINA CÉLIA ATIQUE REI

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 1 0 1

LUIZ FUX 1 0 1

LUCIANA LÓSSIO 2 0 2

ROSA WEBER 1 0 1

HERMAN BENJAMIN 1 0 1

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 3 0 3

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ABRAHIM JEZINI JUNIOR (8)

ADRIANA MARTINS LIMA (4)

AMILTON AUGUSTO DA SILVA JUNIOR (6)

ANA CAROLINA ROSSI BARRETO SERRA (4)

ANDERSON ALMEIDA DE SOUZA (5)

AUGUSTO MÁRIO CALDEIRA PAULINO (2)

AUGUSTO MÁRIO MENEZES PAULINO (2)

AUGUSTO SAMPAIO DE ARAÚJO NETTO (8)

ÁUREO FERNANDO DE ALMEIDA (3)

CAIO CESAR BENÍCIO RIZEK (4)

CAMILA MATHEUS GIACOMELLI (3)

CARLOS EDMUR MARQUESI (9)

CARLOS EDUARDO GOMES CALLADO MORAES (4)

CAROLINA VIDAL FEIJÓ FAZOLO (4)

CAUPOLICAN PADILHA JÚNIOR (8)

CHRISTOPHER REZENDE GUERRA AGUIAR (1)

CRISTIAN MENDES DA SILVA (8)

DÉLCIO LUÍS SANTOS (8)

ELAINE BASTOS LUGÃO (6)

ERICK WILSON PEREIRA (7)

FREDERICO MATOS DE OLIVEIRA (5)

GABRIELA GUIMARÃES PEIXOTO (8)

ÍCARO WENDELL DA SILVA SANTOS (7)

JOSÉ CARLOS MATOS DE OLIVEIRA (5)

JOSÉ LUÍS DO REGO BARROS BARRETO (4)

JOSÉ PEREIRA DE MOURA NETO (8)

Page 45: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 45

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

JULIANA DE MATTOS GARCIA (4)

KARINA DE PAULA KUFA (6)

LEANDRO PETRIN (4)

LEONARDO PALITOT VILLAR DE MELLO (7)

LOURENÇO DOS SANTOS PEREIRA BRAGA (8)

LUANA DO NASCIMENTO JUCÁ (8)

LUIS GUSTAVO MOTTA SEVERO DA SILVA (8)

LUIZ ANTONIO DE OLIVEIRA (1)

MAGALY PEREIRA DE AMORIM (4)

MANOELITO SAMPAIO SANTOS JUNIOR (5)

MÁRCIO SANTIAGO PIMENTEL (5)

MARCONI SILVA NAVARRO (5)

MARCOS ANTÔNIO SANTIAGO PIMENTEL (5)

MARCOS MOREIRA DE CARVALHO (4)

MARIA CRISTINA PEREIRA (7)

MARIANA MACHADO SOARES (4)

MARÍLIA CASTELLANO PEREIRA DE SOUZA (7)

MAYARA DE SÁ PEDROSA (8)

MICHEL SALIBA OLIVEIRA (8)

PAULO RODRIGO REZENDE GUERRA AGUIAR (1)

PEDRO HENRIQUE GOMES CALLADO MORAES (4)

PEDRO LIMA DOMINGUES (4)

RAFAEL CEZAR DOS SANTOS (4)

RAFFAEL GOMES CAMPELO (7)

RAQUEL RAIMUNDA BATISTA BRAGA (8)

REGINA CÉLIA ATIQUE REI (9)

RICARDO AUGUSTO RODRIGUES (7)

RICARDO TEIXEIRA DA SILVA PARANHOS (5)

ROBERTA REZENDE GUERRA AGUIAR GARCIA CID (1)

RUTH DOS SANTOS SOUSA (4)

SÍLVIO ROBERTO SEIXAS REGO (9)

WALLESKA DWANNE GOMES E MATOS (7)

WERCELLI MARIA ANDRADE DOS SANTOS (8)

ZAYRA TAYS ALBUQUERQUE DA SILVA (8)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Vigésima Primeira Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos dois dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 87-98.2016.6.26.0377 (1)

Origem: ITAQUAQUECETUBA-SP (377ª ZONA ELEITORAL - ITAQUAQUECETUBA)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Page 46: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 46

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: MAMORU NAKASHIMA

ADVOGADOS: MAURICIO CESAR BONFIM e Outro

Agravo de Instrumento nº 127-20.2015.6.13.0202 (2)

Origem: PARÁ DE MINAS-MG (202ª ZONA ELEITORAL - PARÁ DE MINAS)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: LEONARDO SILVIO DA SILVA

ADVOGADOS: WEDERSON ADVÍNCULA SIQUEIRA e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 201-64.2016.6.13.0000 (3)

Origem: CUPARAQUE-MG

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: JOSE ELIAS DE LIMA

ADVOGADOS: GUILHERME FÁBREGAS INÁCIO e Outros

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Agravo de Instrumento nº 310-73.2016.6.24.0032 (4)

Origem: TIMBÓ-SC (32ª ZONA ELEITORAL - TIMBÓ)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA.

ADVOGADOS: PATRÍCIA HELENA MARTA e Outros

AGRAVADA: COLIGAÇÃO AS FAMÍLIAS AMAM TIMBÓ

ADVOGADO: CAROLINA HELOISA GUCHEL BERRI

Recurso Especial Eleitoral nº 4-60.2013.6.10.0045 (5)

Origem: PENALVA-MA (45ª ZONA ELEITORAL - PENALVA)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTES: WENDELL CASTRO FRANÇA e Outra

ADVOGADO: BENNO CESAR NOGUEIRA DE CALDAS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 47

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Recurso Especial Eleitoral nº 223-59.2015.6.13.0000 (6)

Origem: LAVRAS-MG (160ª ZONA ELEITORAL - LAVRAS)

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Redistribuição por determinação do Presidente

RECORRENTES: COLIGAÇÃO UNIDOS POR LAVRAS e Outro

ADVOGADOS: FLÁVIO HENRIQUE UNES PEREIRA e Outros

RECORRIDOS: ANTÔNIO MARCOS POSSATO e Outra

ADVOGADOS: EDILENE LÔBO e Outro

RECORRIDOS: MARCOS CHEREM e Outro

ADVOGADOS: BEATRIZ VERÍSSIMO DE SENA e Outros

RECORRIDO: MARIA ADÉLIA POSSATO

ADVOGADO: PAULO LUCIANO DE OLIVEIRA CARLOS

Recurso Especial Eleitoral nº 277-78.2016.6.14.0059 (7)

Origem: PAU D'ARCO-PA (59ª ZONA ELEITORAL - REDENÇÃO)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRENTES: COLIGAÇÃO PAU D`ARCO MAIS FORTE e Outro

ADVOGADOS: JOÃO LUIS BRASIL BATISTA ROLIM DE CASTRO e Outros

RECORRIDO: FREDSON PEREIRA DA SILVA

ADVOGADOS: RAFAEL OLIVEIRA LIMA e Outros

Recurso em Mandado de Segurança nº 751-59.2016.6.13.0000 (8)

Origem: RIBEIRÃO DAS NEVES-MG (286ª ZONA ELEITORAL - RIBEIRÃO DAS NEVES)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: RONNIE PETERSON GONÇALVES DA SILVA

ADVOGADOS: RANY CHAVES BECHELENI MARTINS e Outros

Recurso em Mandado de Segurança nº 753-29.2016.6.13.0000 (9)

Origem: RIBEIRÃO DAS NEVES-MG (286ª ZONA ELEITORAL - RIBEIRÃO DAS NEVES)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: RONNIE PETERSON GONÇALVES DA SILVA

ADVOGADOS: GABRIEL CHAVES BECHELENI MARTINS e Outros

Recurso em Mandado de Segurança nº 754-14.2016.6.13.0000 (10)

Origem: RIBEIRÃO DAS NEVES-MG (286ª ZONA ELEITORAL - RIBEIRÃO DAS NEVES)

Page 48: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 48

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Relator: NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: RONNIE PETERSON GONÇALVES DA SILVA

ADVOGADOS: RANY CHAVES BECHELENI MARTINS e Outros

Quadro de distribuição

Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 5 0 5

LUIZ FUX 2 0 2

LUCIANA LÓSSIO 0 1 1

ROSA WEBER 1 0 1

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 1 0 1

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ADILSON VITORINO (7)

ALEXANDRE FREITAS SILVA (6),(2)

AMAURI DOS SANTOS MAIA (4)

ANA CAROLINA DINIZ DE MATOS (6)

ANDRÉ LUIZ MARTINS LEITE (6)

ANDREIA SANGLARD SILVA DE ANDRADE (6),(2)

ANNA CAROLINA RIBAS VIEIRA KASTRUP (4)

ARMANDO CANDIDO DA CRUZ JÚNIOR (6),(2)

AUACK NATAN MOREIRA DE OLIVEIRA REIS (6),(2)

BEATRIZ VERÍSSIMO DE SENA (6)

BENNO CESAR NOGUEIRA DE CALDAS (5)

BRUNA BORGHI (4)

BRUNO ALEXANDRE GOZZI (4)

BRUNO AYUB PRATA (4)

BRUNO DE MENDONÇA PEREIRA CUNHA (6)

CAMILA ARAÚJO GUIMARÃES (4)

CARINA BABETO (4)

CARLOS EDUARDO GODOY PERES (7)

CAROLINA HELOISA GUCHEL BERRI (4)

CELSO DE FARIA MONTEIRO (4)

CLAUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO (6)

DANIELA RIBEIRO DE GUSMÃO (6)

DANIELA TOSETTO GAUCHER (4)

DANIELLE DE MARCO (4)

DANILO RIBEIRO ROCHA (7)

DANILO VICTOR DA SILVA BEZERRA (7)

DIEGO BORGES CRUVINEL (3)

DIEGO COSTA SPÍNOLA (4)

DIEGO DE ARAÚJO LIMA (9),(10),(8)

Page 49: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 49

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

EDILENE LÔBO (6)

EDUARDO CORRÊA (4)

EVA LETÍCIA RICCIARDI DE PAULA (4)

EZEQUIEL GERALDO DE MAGELA (6),(2)

FELIPE BELLOZUPKO STREMEL (6)

FELIPE SANTA CRUZ OLIVEIRA SCALETSKY (6)

FLÁVIO CARVALHO QUEIROZ TOMÉ (6)

FLÁVIO HENRIQUE UNES PEREIRA (6)

FRANCO SCHIRRU JÚNIOR (4)

GABRIEL BERNARDES DE CASTRO CARDOSO (3)

GABRIEL CHAVES BECHELENI MARTINS (9),(10),(8)

GABRIELA GUIMARÃES PEIXOTO (6)

GUILHERME FÁBREGAS INÁCIO (3)

GUSTAVO CESAR MAZUTTI (4)

HUGO HENRIQUE LANNES ARAUJO (6),(2)

IGOR BRUNO SILVA DE OLIVEIRA (6)

INDIA INDIRA AYER NASCIMENTO (7)

ISABELLE MARIA GOMES FAGUNDES (6)

IVO BEDINI WERNECKE (4)

JANAÍNA CASTRO FÉLIX NUNES (4)

JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA FILHO (6)

JOÃO LUIS BRASIL BATISTA ROLIM DE CASTRO (7)

JOÃO RAFAEL DE SOUSA CAETANO SOARES (6)

JOSÉ SAD JÚNIOR (6)

JOSÉ VARGAS SOBRINHO JÚNIOR (7)

JULIELE BATISTA DOS SANTOS (6),(2)

JULIO GONZAGA ANDRADE NEVES (4)

LAYZA QUEIROZ SANTOS (6)

LEONARDO COSTA DA FONSECA (4)

LUCIANO LARA SANTANA (6)

LUIS GUSTAVO MOTTA SEVERO DA SILVA (6)

LUÍS VIRGÍLIO PIMENTA PENTEADO MANENTE (4)

LUIZ MAGNO PINTO BASTOS JUNIOR (4)

MARCELO GOMES BORGES (7)

MÁRCIA MARIA DE BRITO (1)

MARCOS EZEQUIEL DE MOURA LIMA (6),(2)

MARCUS VINICIUS BERNARDES GUSMÃO (6)

MARIANA ALVES PEREIRA DE ASSUMPÇÃO (4)

MARIANA DE MORAES TORGGLER (4)

MARIANA OLIVO DE CERQUEIRA (4)

MARILDA DE PAULA SILVEIRA (6)

MATEUS DE MOURA LIMA GOMES (6)

MATHEUS PRATES DE OLIVEIRA (6),(2)

MATHEUS SILVA CAMPOS FERREIRA (6)

MAURICIO CESAR BONFIM (1)

MICHEL SALIBA OLIVEIRA (6)

MILA DE ÁVILA VIO (4)

MIRALDO JÚNIOR VILELA MARQUES (7)

NATÁLIA TEIXEIRA MENDES (4)

PATRÍCIA HELENA MARTA (4)

PAULA CRISTINA ARODRIGUES FERREIRA (6)

PAULA CRISTINA RODRIGUES FERREIRA (2)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 50

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PAULA SERRA LEAL (4)

PAULO LUCIANO DE OLIVEIRA CARLOS (6)

PEDRO HENRIQUE ROCHA SILVA FIALHO (6),(6),(2)

PRISCILA ANDRADE (4)

PRISCILA PEREIRA SANTOS (4)

RAFAEL DE MILITE LUIZ (4)

RAFAEL INOCÊNCIO FINETTO (4)

RAFAEL MELO DE SOUSA (7)

RAFAEL OLIVEIRA LIMA (7)

RAMON DINIZ TOCAFUNDO (6)

RANY CHAVES BECHELENI MARTINS (9),(10),(8)

RENAN GALLINARI (4)

RENATA CAVASSANA MAYER (4)

RICARDO TADEU DALMASO MARQUES (4)

RODRIGO GUEDES MELLO (4)

RODRIGO LÁZARO DA SILVA (2)

RODRIGO MIRANDA MELO DA CUNHA (4)

RODRIGO ROCHA DA SILVA (6)

RONILTON ARNALDO DOS REIS (7)

SÁBATO GIOVANI MEGALE ROSSETTI (7)

SANDRO DE SOUSA RABELLO (6)

SÁVIO LEONARDO DE MELO RODRIGUES (7)

SOFIA GAVIÃO KILMAR (4)

TAMMY PARASIN PEREIRA (4)

THIAGO LOPES LIMA NAVES (6)

TIRZA JOANA MATOS (3)

VITOR ANDRÉ PEREIRA SARUBO (4)

VIVIAN LEITE BARCELOS (4)

WALTER ALVES DE SOUZA NETO (4)

WEDERSON ADVÍNCULA SIQUEIRA (6),(2)

WILLIAM LUCAS LANG (4)

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

SECRETARIA JUDICIÁRIA

COORDENADORIA DE REGISTROS PARTIDÁRIOS, AUTUAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO.

Vigésima Segunda Ata de Distribuição Ordinária de Processos, realizada aos três dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e dezessete, presidida pelo Exmo. Sr. Ministro GILMAR MENDES, Presidente.

Foram distribuídos/redistribuídos pelo Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos (SADP), os seguintes feitos:

Agravo de Instrumento nº 14-10.2016.6.21.0008 (1)

Origem: BENTO GONÇALVES-RS (8ª ZONA ELEITORAL - BENTO GONÇALVES)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição automática

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AGRAVANTES: CESAR GABARDO e Outro

ADVOGADO: MATHEUS DALLA ZEN BORGES

Agravo de Instrumento nº 85-25.2016.6.21.0133 (2)

Origem: TRIUNFO-RS (133ª ZONA ELEITORAL - TRIUNFO)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADOS: VALDAIR GABRIEL KUHN e Outros

ADVOGADOS: GLAUCO DOS REIS DA SILVA e Outros

Agravo de Instrumento nº 127-85.2016.6.21.0000 (3)

Origem: PORTO ALEGRE-RS

Relator: LUCIANA LÓSSIO

Tipo: Distribuição automática

AGRAVANTE: PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (PMDB) - ESTADUAL

ADVOGADOS: MILTON CAVA CORRÊA e Outra

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 4-38.2017.6.00.0000 (4)

Origem: ITAPEMIRIM-ES (22ª ZONA ELEITORAL - ITAPEMIRIM)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição por prevenção (REspe Nº 16-69.2013.6.08.0000)

RECORRENTE: LUCIANO DE PAIVA ALVES

ADVOGADOS: RODRIGO REIS MAZZEI e Outros

RECORRIDO: PARTIDO DEMOCRATAS (DEM) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: WILLER TOMAZ DE SOUZA e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 34-08.2016.6.14.0101 (5)

Origem: NOVO REPARTIMENTO-PA (101ª ZONA ELEITORAL - NOVO REPARTIMENTO)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: BERSAJONE MOURA

ADVOGADOS: JOÃO LUIS BRASIL BATISTA ROLIM DE CASTRO e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDA: COLIGAÇÃO SOMOS TODOS POR 1 NOVO REPARTIMENTO

ADVOGADOS: RENATO CARNEIRO HEITOR e Outros

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Recurso Especial Eleitoral nº 80-96.2016.6.05.0052 (6)

Origem: CORONEL JOÃO SÁ-BA (52ª ZONA ELEITORAL - PARIPIRANGA)

Relator: HERMAN BENJAMIN

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: COLIGAÇÃO UNIDOS VENCEREMOS

ADVOGADO: ALLAN OLIVEIRA LIMA

RECORRIDO: CARLOS AUGUSTO SILVEIRA SOBRAL

ADVOGADOS: RICARDO TEIXEIRA DA SILVA PARANHOS e Outros

Recurso Especial Eleitoral nº 123-12.2015.6.19.0009 (7)

Origem: RIO DE JANEIRO-RJ (119ª ZONA ELEITORAL - RIO DE JANEIRO)

Relator: ROSA WEBER

Tipo: Distribuição automática

RECORRENTE: AVB MINERAÇÃO LTDA

ADVOGADOS: JOSÉ GUILHERME BERMAN CORRÊA PINTO e Outros

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Recurso Especial Eleitoral nº 136-58.2016.6.14.0027 (8)

Origem: PONTA DE PEDRAS-PA (27ª ZONA ELEITORAL - PONTA DE PEDRAS)

Relator: HENRIQUE NEVES DA SILVA

Tipo: Distribuição por prevenção (art. 260, CE) Municipal (REspe Nº 34-36.2016.6.14.0027)

RECORRENTE: PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA (PDT) - MUNICIPAL

ADVOGADO: ADRIANO BORGES DA COSTA NETO

RECORRIDA: ELDA CARLOTA DA SILVA FERREIRA

ADVOGADOS: ADEMIR LEMOS DE FREITAS e Outro

Recurso Especial Eleitoral nº 178-73.2016.6.10.0042 (9)

Origem: CHAPADINHA-MA (42ª ZONA ELEITORAL - CHAPADINHA)

Relator: LUIZ FUX

Tipo: Distribuição AUTOMÁTICA, gerando prevenção art. 260, CE/Municipal

RECORRENTE: COLIGAÇÃO PRA FRENTE CHAPADINHA 01

ADVOGADOS: CARLOS SÉRGIO DE CARVALHO BARROS e Outros

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDOS: MAGNO AUGUSTO BACELAR NUNES e Outro

ADVOGADOS: ENÉAS GARCIA FERNANDES NETO e Outro

Quadro de distribuição

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Distr Redist Tot

HENRIQUE NEVES DA SILVA 1 0 1

LUIZ FUX 2 0 2

LUCIANA LÓSSIO 1 0 1

ROSA WEBER 1 0 1

HERMAN BENJAMIN 4 0 4

Lista de Processos por Advogado

Advogado

ADEMIR LEMOS DE FREITAS (8)

ADRIANO BORGES DA COSTA NETO (8)

ALEXANDRE DE CASTRO NOGUEIRA (4)

ALLAN OLIVEIRA LIMA (6)

AMANDA FRANCO DE QUADROS (2)

AMANDA GIESTAS CARNIELLI (4)

ANA CAROLINA ANDRADE CARNEIRO (4)

ANDRÉ LUIS GUIMARÃES PINHEIRO (4)

ANDRÉ RIBEIRO MACHADO (4)

BATISTONIO LIMA DE OLIVEIRA (5)

BERTOLDO KLINGER BARROS REGO NETO (9)

BIANCA LOURENCINI MARCONI (4)

BRUNO DE PINHO E SILVA (4)

BRUNO PEREIRA MARQUES (4)

CARLA GRAZIELA MACHADO (2)

CARLOS SÉRGIO DE CARVALHO BARROS (9)

CAROLINE BEZERRA DE MARTIN (4)

CATIUSCIA PACHECO PIRES DE OLIVEIRA (7)

CHRISTIANO WILLON DA SILVA GUALBERTO (7)

DANIEL FONSECA ROLLER (4)

DANILO RIBEIRO ROCHA (5)

EDSON GUILHERME MOREIRA LIMA FREITAS (5)

EDUARDO BORGES DA SILVA (6)

EDUARDO ROCHA LEMOS (4)

ENÉAS GARCIA FERNANDES NETO (9)

ERICK SILVEIRA FERREIRA (4)

EZEQUIAS MENDES MACIEL (5)

FABYO BARROS LIMA (9)

FERNANDA BISSOLI PINHO (4)

FERNANDA DE PINHO DA SILVA (4)

FERNANDO DE OLIVIERA CRUZ NETO (4)

FERNANDO GONÇALVES CAMPINHO (6)

FLÁVIA MIRANDA OLEARE (4)

FLÁVIO COUTINHO SAMPAIO (4)

FRANCISCO LUIZ DOS SANTOS SILVA (4)

FRANCISCO SARMENTO CAVALCANTE (5)

FREDERICO CAMPOS TORQUATO (7)

GABRIEL SHCMIDT ROCHA (2)

GABRIELA SANTOS TORRES (4)

GIOVANI TRINDADE CASTANHEIRA MENICUCCI (7)

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GLAUCO DOS REIS DA SILVA (2)

HELIO DEIVID AMORIM MALDONADO (4)

HELIO MALDONADO JORGE (4)

IANÊ PITROWSKY DA ROCHA (7)

JOÃO BATISTA VIEIRA DOS ANJOS (5)

JOÃO JOSÉ ANDRADE GOMES (6)

JOÃO LUIS BRASIL BATISTA ROLIM DE CASTRO (5)

JOSÉ GUILHERME BERMAN CORRÊA PINTO (7)

LARISSA FARIA MELEIP (4)

LEANDRO JOSÉ DONATO SARNAGLIA (4)

LERNARDO CATETE RODRIGUES (8)

LIZANIA PINTO DE ALVARENGA (4)

LUANA ARIANE ARIMATÉA (4)

LUCAS CARVALHO RIZZO (4)

LUCIANA CARVALHO DAL PIAZ (4)

LUIS MARCELO ABDALLA JAUED (7)

LUIS MAURICIO FERRAIUOLI DE AZEVEDO (7)

MANUELA MATTOSO CAMARA RIBEIRO (7)

MARCELO JAIME FERREIRA (4)

MARCOS FERNANDO LEITE (4)

MARILUZ COSTA (3)

MATHEUS DALLA ZEN BORGES (1)

MEIRILANE SANTANA NASCIMENTO (6)

MILTON CAVA CORRÊA (3)

PAULO DE OLIVEIRA MASULLO (4)

PAULO ROBERTO VIANA DA SILVA (4)

RAIMUNDO FREITAS ARAÚJO JÚNIOR (6)

RENATO CARNEIRO HEITOR (5)

RICARDO MARINHO CATUABA (5)

RICARDO TEIXEIRA DA SILVA PARANHOS (6)

RICHARD SALLA RODRIGUES ROCHA (4)

RODRIGO DOS SANTOS PATITUCCI CABRAL (7)

RODRIGO REIS MAZZEI (4)

RODRIGO SIMÕES LESSA (7)

RUDIMAR DE SOUZA KUHN (2)

SAMANTHA MONTEIRO DE CARVALHO BITTENCOURT (7)

SARA ALVES BRITO (4)

SARAH RORIZ DE FREITAS (7)

SÓCRATES JOSÉ NICLEVISK (9)

TIAGO MARTINS DA SILVA (4)

WEBER CAMPOS VITRAL (4)

WILLER TOMAZ DE SOUZA (4)

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento I

Decisão monocrática

PUBLICAÇÃO Nº 54/2017/SEPROC1

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 55

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 821-65.2012.6.26.0126 CEDRAL-SP 126ª Zona Eleitoral (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRIDOS: JOSÉ LUIS PEDRÃO E OUTRO

ADVOGADOS: MÁRCIO ANTONIO MANCILIA - OAB: 274675/SP E OUTROS

Ministro Gilmar Mendes

Protocolo: 22.463/2014

RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 821-65.2012.6.26.0126 - CLASSE 32 - CEDRAL - SÃO PAULO

Relator: Ministro Gilmar Mendes

Recorrente: Ministério Público Eleitoral

Recorridos: José Luis Pedrão e outro

Advogados: Márcio Antonio Mancilia e outros

Eleições 2012. Recurso extraordinário em recurso especial eleitoral. Gravação ambiental. Ilicitude. 1. O acórdão recorrido não declarou ilícita toda e qualquer gravação ambiental, e sim que a ilicitude deve ser mantida em homenagem ao princípio da segurança jurídica (evitar modificação de jurisprudência para os processos da mesma eleição). 2. A decisão adotada pela Corte, antes de afrontar o art. 5º, inciso XII, da Constituição Federal, privilegia a máxima eficácia de cada um dos princípios envolvidos, como o da isonomia e o da segurança jurídica. 3. Recurso inadmitido.

DECISÃO

1. Trata-se de recursos extraordinários interpostos com fundamento no art. 102, inciso III, alínea a, da Constituição Federal de acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, assim ementado (fls. 1.142-1.143):

ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO COM BASE NO ART. 41-A DA LEI Nº 9.504/1997. ABUSO DE PODER POLÍTICO. GRAVAÇÃO REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. JURISPRUDÊNCIA DO TSE CONSIDERA ILÍCITA A PROVA. SEGURANÇA JURÍDICA. PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL.

1. A grave sanção do art. 41-A da Lei nº 9.504/1997 exige a presença de provas lícitas e seguras que indiquem todos os requisitos previstos nessa norma, sendo que a ausência de qualquer deles deve, obrigatoriamente, levar à improcedência do pedido. Entendimento que se reforça com a edição da Lei Complementar nº 135/2010, pois o reconhecimento do ilícito em questão, além de ensejar a grave sanção de cassação de diploma, afasta o político das disputas eleitorais pelo longo prazo de oito anos (art. 1º, inciso I, alínea j, da LC nº 64/1990).

2. Conquanto se guardem reservas em relação à tese de que a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores e prova ilícita, mormente se verificado que não se cuida de interceptação telefônica sem autorização, entendida assim como a realizada por um terceiro estranho à conversa, constata-se que, nas eleições de 2012, a conclusão acerca da ilicitude daquele meio de prova está consolidada, merecendo reflexão para eleições futuras.

3. A segurança jurídica implicitamente prevista no art. 16 da CF/1988 recomenda que, neste caso, também das eleições de 2012, a tese da ilicitude da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores deve ser aplicada, evitando-se modificação de entendimento apôs o encerramento do processo eleitoral, a sugerir indesejável casuísmo.

4. Equivoca-se o Ministério Público Eleitoral ao afirmar que, na ponderação de valores, a decisão agravada prestigiou o direito à privacidade, pois a decisão impugnada simplesmente afirmou que a tese da ilicitude da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores está consolidada, quanto às eleições de 2012, na jurisprudência do TSE, cuja eventual modificação deve incidir em pleitos futuros, em respeito ao princípio da segurança jurídica, implicitamente previsto no art. 16 da Constituição Federal.

5. Decisão agravada mantida pelos próprios fundamentos. Agravo regimental desprovido.

Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (fls. 1.173-1.192).

No recurso extraordinário de fls. 1.195-1.209, o Ministério Público Eleitoral sustenta a repercussão geral da matéria, alegando violação aos arts. 5º, incisos II e XII, e 93, inciso IX, da Constituição Federal.

Afirma que o acórdão recorrido considerou ilícitas as provas derivadas de gravação ambiental sem autorização judicial, em violação ao texto constitucional e à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal exarada em regime de repercussão geral.

Salienta a diferença etimológica entre interceptação e gravação e que a Constituição Federal não exige autorização judicial para esta última, uma vez que se trata de disponibilidade da conversa por quem dela participou, seja como falante ou como ouvinte.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 56

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Dessa forma, consoante assinala, a privacidade deveria ceder espaço à preservação da verdade real.

Assevera que o acórdão deste Tribunal não apresentou fundamentos aptos a justificar a exigência de autorização judicial e afastar a aplicação da jurisprudência da Corte Suprema.

Requer o provimento do recurso a fim de que seja considerada lícita a gravação ambiental que instruiu a ação de investigação judicial eleitoral.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 1.212).

Decido.

2. O recurso não pode ser admitido.

Não procede a alegada transgressão ao art. 5º, incisos II e XII, da Constituição Federal por ter o Tribunal consignado a ilicitude das provas derivadas da gravação ambiental. Ao contrário do afirmado pelo recorrente, o acórdão recorrido não declarou ilícita, a priori, a gravação ambiental. No voto asseverei expressamente que a ilicitude deveria ser mantida em observância ao princípio da segurança jurídica, de modo a evitar indesejável casuísmo (fl. 1.157).

Consignei, ainda, que o princípio da segurança jurídica implicaria a necessidade de manter igual posicionamento quanto à admissibilidade da gravação ambiental em todos os feitos derivados do pleito eleitoral de 2012.

A decisão adotada pela Corte, antes de afrontar os dispositivos constitucionais, privilegia a máxima eficácia de cada um dos princípios envolvidos, como o da isonomia e o da segurança jurídica. Assim, o acórdão recorrido apenas interpretou os dispositivos constitucionais de forma a ajustar o âmbito de incidência de cada um deles, em harmonia com os ditames dos princípios hermenêuticos da unidade da constituição e da máxima efetividade.

Portanto, a violação alegada pelo recorrente não ocorreu, tratando-se, no caso, de simples interpretação de dispositivos constitucionais de acordo com os princípios da hermenêutica.

3. Ante o exposto, inadmito o recurso extraordinário, nos termos do art. 1.030, inciso V, do Código de Processo Civil.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 07 de março de 2017.

Ministro GILMAR MENDES

Presidente

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 409-69.2016.6.26.0361 HORTOLÂNDIA-SP 361ª Zona Eleitoral (HORTOLÂNDIA)

AGRAVANTE: LILIANE KRIBELY

ADVOGADO: ELIANE DALUIO COSTA - OAB: 247648/SP

AGRAVADA: COLIGAÇÃO HORTOLÂNDIA, O SONHO CONTINUA

ADVOGADOS: OTHON DE SÁ FUNCHAL BARROS - OAB: 232427/SP E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 9.165/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL COM AGRAVO. REPRESENTAÇÃO. DIVULGAÇÃO DE PESQUISA ELEITORAL SEM O PRÉVIO REGISTRO. FACEBOOK. CONFIGURAÇÃO. ART. 33, § 3°, DA LEI N° 9.504/97. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DO DECISUM DE PISO PADECE DA AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 282 DO STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. SÚMULA Nº 28 DO TSE. REVOLVIMENTO DO ARCABOUÇO FÁTICO-PROBATÓRIO. ÓBICE PLASMADO PELA SÚMULA Nº 24 DO TSE. MULTA FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de agravo nos próprios autos interposto por Liliane Kribely contra decisão mediante a qual se inadmitiu recurso especial manejado em face de acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o qual negou provimento ao recurso da ora Agravante mantendo a sentença de piso que a condenou por divulgação de pesquisa eleitoral, por meio da rede social Facebook, sem o prévio registro na Justiça Eleitoral. Eis a ementa (fls. 56):

"RECURSO ELEITORAL. PUBLICAÇÃO DE PESQUISA ELEITORAL, NO FACEBOOK, SEM PRÉVIO REGISTRO. INTELIGÊNCIA DO ART. 33, E PARÁGRAFO 3º, DA LEI DAS ELEIÇÕES. RECURSO DESPROVIDO" .

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 57

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Sobreveio, então, recurso especial eleitoral, com arrimo no art. 121, § 4º, I e II, da Constituição da República, no qual a ora Agravante aponta violação ao art. 33 do Código Eleitoral, bem como suscita suposta divergência jurisprudencial entre o acórdão vergastado e a jurisprudência desta Corte Superior.

Afirma, inicialmente, que a Agravante não teria sido responsável por contratar ou realizar a aludida pesquisa eleitoral, de modo que "o simples compartilhamento não poderá ser configurado como crime tipificado na Lei Eleitoral e Resolução 23.453/2015, devendo a presente Representação ser extinta" (fls. 67).

Sustenta que o compartilhamento dos dados da pesquisa no Facebook se deu porque teria sido "induzida a acreditar que a mesma encontrava-se registrada junto à Justiça Eleitoral, dada a sua abordagem sistematizada, [...] não acreditando que tratava-se [sic] de pesquisa fraudulenta, inventada, fictícia, produzida por determinado partido e/ou candidato sem nenhum critério, tendenciosa e direcionada a difundir vantagens a seus mentores e sua divulgação, com ou sem registro" (fls. 68).

Defende, ainda, que o decisum de piso, ao fixar a pena de multa no valor de cinquenta mil UFIRs, nos termos do art. 33, §3º, da Lei nº 9.504/97, constituiu julgamento extra petita, na medida em que teria extrapolado os limites dos pedidos lançados na Representação ajuizada.

Prossegue aduzindo que a sentença a quo é ilíquida, porquanto "o índice aplicado é inexistente e a diga [sic] juíza não determinou nenhum outro índice de substituição ao revogado índice de correção aplicado pela MM. Juíza" (fls. 71).

Alega, por outra via, que, "à luz da proporcionalidade e razoabilidade, a divulgação em rede social de pesquisa sem registro não enseja a aplicação da multa, quando as circunstâncias do caso concreto evidenciam que não causaram prejuízos aos candidatos a eleição" (fls. 73-74).

Pleiteia, por derradeiro, o provimento do apelo especial, a fim de ter a reforma in totum do aresto hostilizado. Caso assim não se entenda, requer a nulidade do julgado ou, ainda, a diminuição da multa aplicada ao seu patamar mínimo.

O Presidente da Corte Regional negou seguimento ao recurso especial ante a ausência de cotejo analítico entre os julgados apontados. Consignou, ainda, que o acórdão combatido perfilha o entendimento jurisprudencial sedimentado neste Tribunal Superior (fls. 81-82).

Daí a interposição do presente agravo, no qual a Agravante reitera as teses jurídicas veiculadas no especial (fls. 88-97).

Consoante certidão de fls. 124, o prazo para apresentação de contrarrazões transcorreu in albis.

Em seu parecer, o Parquet Eleitoral manifestou-se pelo não conhecimento do agravo (fls. 127-130).

É o relatório. Decido.

Ab initio, anoto que este recurso foi interposto dentro do prazo assinado em lei e está subscrito por advogada regularmente constituída (fls. 20).

Assento, inicialmente, que a discussão acerca de suposta decisão extra petita prolatada pelo juízo de primeira instância, bem como a tese de nulidade do decisum em decorrência de fixação da multa no índice legal estabelecido pelo art. 33, § 3º, da Lei das Eleições, carecem do imperioso requisito do prequestionamento, ex vi da Súmula nº 282 do STF¹.

Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado, verbis:

[...]

"2. O prequestionamento não resulta da circunstância de a matéria haver sido arguida pela parte recorrente, mas é derivado de debate e decisão prévios pelo Tribunal de origem, o que não ocorreu na espécie. Ademais, suposta violação ao art. 275 do Código Eleitoral não foi arguida no recurso especial.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-AI nº 233-45/MG, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 5/8/2014).

No tocante ao alegado dissídio jurisprudencial, verifico que a Agravante não se desincumbiu de realizar o cotejo analítico entre os julgados confrontados, a fim de demonstrar a necessária similitude fática entre eles. Conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal Superior, a divergência jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração, similitude fática entre o acórdão vergastado e os julgados paradigmas (Precedentes: AgR-Respe nº 142-56/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes, DJe de 8/11/2016; AgR-REspe nº 3018-73/PI, Rel. Min. Maria Thereza, DJe de 15/12/2015; AgR-REspe n° 122-34/PE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 30/5/2014; e AgR-REspe n° 424-30/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 19/5/2014).

Incide, no ponto, o verbete nº 28 da Súmula do TSE, segundo o qual "a divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial interposto com base na alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral somente estará demonstrada mediante a realização de cotejo analítico e a existência de similitude fática entre os acórdãos" .

Ainda que superados tais óbices, no mérito, a insurgência não teria condição de êxito. Explico.

In casu, o TRE/SP, analisando o arcabouço fático-probatório, consignou configurada a divulgação de pesquisa eleitoral sem o prévio registro, com base nos seguintes fundamentos (fls. 57-58):

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

"Como se observa às fls. 5, a recorrente publicou em sua página na rede social Facebook uma pesquisa eleitoral sem ter feito registro dela, como manda a legislação.

Com efeito, o art. 33 da Lei das Eleições disciplina minuciosamente a pesquisa eleitoral. Estabelece, em seu parágrafo primeiro, a obrigatoriedade do prévio registro da pesquisa. A recorrente não cumpriu esse dever e, sem tergiversação, o caso é de punir a conduta, como adequadamente feito pela sentença.

Sobre o presente tema, trago julgado do Colendo Tribunal Superior Eleitoral:

`ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. DIVULGAÇÃO DE PESQUISA ELEITORAL SEM O PRÉVIO REGISTRO. INTERNEI. FACEBOOK. CONFIGURAÇÃO. ART. 33, § 3°, DA LEI N° 9.504/97. MULTA. MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. In casu, da leitura do conteúdo da postagem transcrita no acórdão, verifica-se que houve a publicação de dados de pesquisa eleitoral na página pessoal do Recorrente no. Facebook.

2. A divulgação, na rede social Facebook, de pesquisa sem o registro insere-se na vedação prevista no art. 33 da Lei n° 9.504/97, sujeitando o responsável ao pagamento da multa prescrita no § 3º do referido dispositivo legal.

3. A multa aplicada por infração à legislação eleitoral não pode ser reduzida para valor aquém do mínimo legal (AgR-REspe n° 469-36/AL, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe de 20.2.2015 e AgR-Al n° 1174-71/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 1612.2014).

4. Agravo regimental desprovido."

(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 93359/PB. Acórdão de 01.12.2015. Rel. Min. LUIZ FUX. Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, em 16.02.2016)

Correta, portanto, a subsunção do caso à previsão do art. 33, §3º, da Lei das Eleições, por meio da qual se condenou a recorrente ao pagamento de multa no patamar mínimo.

Ante o exposto, nego provimento aos [sic] recurso interposto" .

Delineadas essas premissas fáticas, percebe-se com meridiana clareza que a modificação das conclusões a que chegou a Corte Regional - de que a Agravante publicou em sua página na rede social Facebook uma pesquisa eleitoral sem o prévio registro nesta Justiça Especializada - reclamaria o reexame do complexo fático-probatório (i.e., exigiria a formação de nova convicção acerca dos fatos narrados), e não o reenquadramento jurídico dos fatos, providência que, aí sim, coadunar-se-ia com a cognição realizada nesta sede processual.

Justamente por não se tratar de quaestio juris, que pode, ao menos em linha de princípio, ser objeto dos recursos excepcionais - extraordinário e especial -, incide na espécie a Súmula no 24² do TSE.

Demais disso, realço que a divulgação, na rede social Facebook, de pesquisa sem o registro insere-se na vedação prevista no art. 33 da Lei n° 9.504/97, sujeitando o responsável ao pagamento da multa prescrita no § 3º do referido dispositivo legal.

Com efeito, o art. 33, caput, da Lei n° 9.504/97 determina que as pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, realizadas para conhecimento público, devem ser registradas na Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, sob pena de incidência de multa. Vejamos:

"Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações: [...]

§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR" .

Destarte, consoante o enunciado supra, sujeitam-se à sanção pecuniária os responsáveis pela divulgação de pesquisa sem o prévio registro. Ou seja, a norma possui o amplo escopo de coibir a divulgação de pesquisas eleitorais irregulares, a fim de evitar o conhecimento geral de informações inverídicas ou fictícias, não havendo qualquer exigência acerca da capacidade do alcance do meio utilizado.

Nessa seara, destaco que, no julgamento do REspe nº 354-79/MG, o Relator, Ministro Henrique Neves, assentou em seu voto que "o fato de a divulgação das informações ter ocorrido por intermédio da página do candidato no Facebook não retira a ilicitude da divulgação da pesquisa sem o prévio registro na Justiça Eleitoral, cuja obrigatoriedade está estampada no caput do art. 33 da Lei n° 9.504/97 e alcança qualquer meio de propagação de informação" (REspe n° 354-79/MG, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 12/9/2014).

Por derradeiro, no que tange ao quantum da multa aplicada, pontuo que a sanção pecuniária foi fixada em seu patamar mínimo, de modo que não é possível minorá-la. Nos termos da jurisprudência sedimentada por esta Corte Superior, a multa aplicada por infração à legislação eleitoral não pode ser reduzida para valor aquém do mínimo legal. Confiram-se:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. ENQUETE. VIOLAÇÃO DO ART. 2º, § 1º, DA RES.-TSE 23.364/2011. REDUÇÃO DA MULTA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.

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[...]

4. Descabe a aplicação dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade para reduzir-se a multa a valor aquém do mínimo legal. Precedentes.

5. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-REspe n° 469-36/AL, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe de 20/2/2015); e

"ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PESQUISA ELEITORAL. DIVULGAÇÃO DE ENQUETE SEM A DEVIDA ADVERTÊNCIA EM SÍTIO NA INTERNET. MULTA APLICADA NO MÍNIMO LEGAL MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

[...]

2. A multa por infração à legislação eleitoral não pode ser aplicada em valor abaixo do mínimo legal. Precedentes.

3. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-AI n° 1174-71/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 16/12/2014).

Ex positis, nego seguimento a este recurso especial, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno deste Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹STF. Súmula nº 282. É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.

²TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 114-73.2016.6.17.0008 RECIFE-PE 8ª Zona Eleitoral (RECIFE)

RECORRENTE: JOAQUIM PEDRO CARNEIRO CAMPELLO FILHO

ADVOGADO: RODOLFO GUILHERME FERNANDES MATTOS - OAB: 28471/PE

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 13.068/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. "PUBLICIDADE PATROCINADA" . FACEBOOK. ART. 36-A DA LEI Nº 9.504/97. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES. PROIBIÇÃO DO ART. 57-C DA LEI Nº 9.504/97 NÃO VERIFICADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Na origem, o Ministério Público Eleitoral ajuizou Representação em face de Joaquim Pedro Carneiro Campello Filho, tendo como causa petendi suposta prática de propaganda eleitoral extemporânea, por meio de publicidade paga na Internet, através da ferramenta "publicidade patrocinada" do Facebook, com o seguinte conteúdo: "`Nesse vídeo vamos responder a questão levantada no vídeo anterior. Além disso, trarei as bandeiras que serão levantadas em nossa campanha e levadas para discussão e fiscalização na câmara dos vereadores do Recife a partir de 2017. Continuem participando, comentando e dando ideias, pois as opiniões levantadas por vocês serão fundamentais na construção de um novo Recife. Abraço, Joaquim Pedro e Equipe". #JoaquimPedro2016 #JuventudeEJustiça" (fls. 03).

Em pronunciamento monocrático de fls. 33-45, o juízo da Comissão de Propaganda Eleitoral julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando o Representado ao pagamento de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com esteio no art. 36, § 3º, da Lei nº 9.504/97.

Contra a referida decisão, foi manejado recurso eleitoral, ao qual foi dado provimento, nos termos da seguinte ementa (fls. 79):

"RECURSO ELEITORAL. PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA. ATO DE PRÉ-CAMPANHA REALIZADO PELA INTERNET PAGA. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL. VEDAÇÕES CONTIDAS NOS ARTS. 36 E 57-C DA LEI N. 9.504/97. DESPROVIMENTO DO RECURSO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA EM LEI.

1. O art. 36-A, com a recente redação dada pela Lei n. 13.165/2015, ampliou as hipóteses nas quais é permitida a realização de

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atos de pré-campanha. É perfeitamente salutar a qualquer Estado Democrático de Direito dar a conhecer ao eleitorado os ideais e planos de governo dos pretensos candidatos a cargos políticos em período pré-eleitoral. Contudo, os atos de pré-campanha perdem a sua legitimidade, caso sejam realizados por meio do poderio econômico ou político.

2. Essa conclusão se extrai de uma leitura constitucional dos dispositivos legais que regem a espécie, pois resta inafastável a interpretação de que os meios propagandísticos proibidos durante a campanha eleitoral, tais como a utilização de outdoors, de publicidade eleitoral paga pela internet, de realização de showmício e tantos outros previstos em lei, são igualmente vedados para os atos de pré-campanha, já que é comando normativo constitucional a vedação à influência do poder econômico no pleito eleitoral.

3. Não se pode deixar de aplicar ao caso a interpretação sistemática dos dispositivos que tratam de propaganda eleitoral e suas vedações. Se a menção à pretensa candidatura é conduta atualmente lícita no ordenamento jurídico vigente, a sua divulgação por meio proibido acaba por ultrapassar a licitude, esbarrando nos proibitivos descritos no art. 57-C e no art. 36, §3°, todos da Lei n.° 9.504/97, tornando-se, portanto, irregular. Se o ordenamento jurídico veda a divulgação de propaganda eleitoral através da internet paga, existe também uma vedação implícita de não veicular atos de pré- campanha pelo mesmo meio vedado, ou seja, por intermédio da internet paga.

4. Tal interpretação é que mais se coaduna com o atual ordenamento jurídico, tendo em vista que a referida proibição nasceu com vistas a coibir a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais, e, em conseqüência, a igualdade de oportunidades entre os aspirantes aos cargos eletivos.

5. Do conteúdo veiculado pelo ora recorrente, extrai-se um pedido expresso de votos, pois utilizou-se de recursos de marketing para deixar clara a sua intenção de angariar o sufrágio dos alcançados pela publicidade.

6. Recurso a que se nega provimento" .

Sobreveio, então, o presente recurso especial (fls. 89-97), no qual Joaquim Pedro Carneiro Campello Filho aduz violação ao art. 36-A da Lei nº 9.504/97, sob o argumento de que "a lei autoriza a menção à pretensa candidatura, a exaltação de suas qualidades pessoais, a exposição de plataformas e projetos políticos, a divulgação de opiniões e posição pessoal em questões políticas, inclusive através dos meios de comunicação e da internet" (fls. 92).

Defende a legítima utilização do Facebook, porquanto "é uma das redes sociais mais utilizadas pela população e, em decorrência da recente modificação da legislação eleitoral trazida pela Lei 13.165/2015, é vista como forte e inconteste canal de discussões sociais e políticas" (fls. 91).

Prossegue sustentando que "os atos de pré-campanha não serão considerados propaganda antecipada desde que não haja pedido explícito de votos" (fls. 92). E mais: "se o legislador quisesse proibir a postagem patrocinada no período de pré-campanha, teria explicitado claramente na norma, o que, indubitavelmente, não fez" (fls. 93).

Assevera que a postagem patrocinada em redes sociais não pode ser tida como abuso de poder econômico, "uma vez que não há qualquer desproporcionalidade na sua utilização, haja vista seu ínfimo valor" (fls. 94).

Requer, ao final, o provimento do apelo nobre, a fim de que seja reformado o aresto combatido e julgado improcedente o pedido formulado na Representação.

O recurso foi admitido pela Presidência do Regional (fls. 99-99v).

Foram apresentadas contrarrazões a fls. 102-106.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento do recurso (fls. 110-115).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso especial foi protocolado dentro do prazo legal e está assinado por advogado regularmente constituído (fls. 31).

A controvérsia travada na demanda consiste em saber se a publicação paga veiculada no Facebook pelo Recorrente, fora do período eleitoral, configurou (ou não) propaganda eleitoral antecipada, considerados os novos limites dispostos no art. 36-A da Lei nº 9.504/97¹.

In casu, a Corte Regional, analisando a mensagem divulgada, manteve a decisão primeva ao entender caracterizada a propaganda eleitoral extemporânea, assentando, na ocasião, que a publicidade foi veiculada por meio proibido, a teor do óbice plasmado no art. 57-C da Lei nº 9.504/97². Confiram-se os seguintes excertos do aresto objurgado (fls. 82-85):

"A questão devolvida a este Tribunal versa a respeito de apontada propaganda irregular, veiculada por meio de publicidade paga no facebook, cujo conteúdo teve a seguinte redação (fl. 19):

`Nesse vídeo vamos responder a questão levantada no vídeo anterior.

Além disso, trarei as bandeiras que serão levantadas em nossa campanha e levadas para discussão e fiscalização na câmara dos vereadores do Recife a partir de 2017.

Continuem participando, comentando e dando idéias, pois as opiniões levantadas por vocês serão fundamentais na construção de um novo Recife.

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Abraço, Joaquim Pedro e equipe.

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#JoaquimPedro2016 #JuventudeEJustiça"

Em análise às normas que tratam a matéria, observo que o sistema jurídico vigente proíbe este tipo de conduta, pelas razões que passo a expor:

[...]

O art. 36-A, com a recente redação dada pela Lei n. 13.165/2015, ampliou as hipóteses nas quais é permitida a realização de atos de pré-campanha, dentre elas encontramos a possibilidade de o pré-candidato fazer menção à pretensa candidatura, a exaltação de suas qualidades pessoas, a participação em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, desde que observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico, dentre outros casos.

[...]

Contudo, estes mesmos atos, caso sejam realizados por meio do poderio econômico ou político, perdem a sua legitimidade.

Fazendo-se uma leitura constitucional dos citados dispositivos, resta inafastável a interpretação de que os meios propagandísticos proibidos durante a campanha eleitoral, tais como a utilização de outdoors, de publicidade eleitoral paga pela internet, de realização de showmício e tantos outros previstos em lei, são igualmente vedados para os atos de pré-campanha, já que é comando normativo constitucional a vedação à influência do poder econômico no pleito eleitoral, devendo a legislação eleitoral ser interpretada à luz desse princípio.

Desta feita, permitir que pré-candidatos façam atos de pré- campanha utilizando-se de recursos econômicos, alavancando suas candidaturas em detrimento daqueles que não possuem meios suficientes para tanto, seria afrontar os postulados constitucionais que circundam a matéria.

Ora, a razão de existir do proibitivo contido no art. 57-C é a mesma que justifica a vedação de internet paga aos atos de pré-campanha, qual seja, evitar a influência do poder econômico e o desequilíbrio entre os concorrentes ao pleito, garantindo-se a isonomia entre os pretensos candidatos.

[...]

Ademais, destaco que, do conteúdo veiculado pelo ora recorrente, extrai-se um pedido expresso de votos. Na medida em que ele, notório pré-candidato, coloca em sua página patrocinada da internet os dizeres `JOAQUIM PEDRO 2016" e `JUVENTUDE E JUSTIÇA", não deixou nenhuma dúvida a respeito do seu pedido explícito de votos. Ora, há várias formas de se pedir explicitamente votos. A primeira e mais conhecida seria utilizar frases diretas, tais como `votem em mim" ou `preciso do seu voto". Só que esta não exclui tantas outras formas indiretas, encontradas na gramática portuguesa, de EXPLICITAMENTE pedir votos, como ocorre in casu.

Desta feita, não é forçoso concluir que o recorrente, utilizando-se de outras palavras, pediu explicitamente votos" .

Fixadas essas premissas no acórdão regional, esclareço, inicialmente, que o equacionamento da discussão ora em debate não diz respeito ao reexame do complexo fático-probatório acostado aos autos, mas ao eventual reenquadramento jurídico dos fatos, notadamente constantes das transcrições impugnadas.

A requalificação jurídica dos fatos ocorre em momento ulterior ao exame da relação entre a prova e o fato, partindo-se da premissa de que o fato está devidamente provado. Trata-se, à evidência, de quaestio juris, que pode, ao menos em tese, ser objeto dos recursos excepcionais - extraordinário e especial.

Dito isso, não vislumbro, da leitura do decisum regional, elementos capazes de configurar a existência de propaganda eleitoral extemporânea. Isso porque o conteúdo transcrito revela que não houve, por parte do Recorrente, pedido expresso de votos. À guisa das premissas consignadas e da exegese constitucionalmente adequada do art. 36 da Lei das Eleições, indigitada conclusão não pode subsistir. Explico.

Com efeito, o art. 36, caput, da Lei das Eleições preconiza que a propaganda eleitoral somente é admitida após 15 de julho do ano das eleições. A ratio essendi subjacente à vedação legal é evitar, ou, ao menos, amainar a captação antecipada de votos, o que poderia desequilibrar a disputa eleitoral, vulnerar o postulado da igualdade de chances entre os candidatos e, no limite, comprometer a própria higidez do prélio eleitoral.

Ao lado dessa norma proibitiva, há a regra permissiva do art. 36-A da Lei das Eleições, que, com a redação dada pela Lei nº 13.165/2015, aplicável às eleições de 2016, retira do âmbito de caracterização da propaganda antecipada, desde que não envolva pedido expresso de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: i) participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico; ii) realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e às expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 62

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alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; iii) realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos; iv) divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos; v) manifestação e o posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais.

Consentâneo a tal entendimento, esta Corte Superior já fixou orientação no mesmo sentido. Confira-se:

"ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA (LEI DAS ELEIÇÕES, ART. 36-A). DIVULGAÇÃO DE MENSAGEM EM FACEBOOK. ENALTECIMENTO DE PARTIDO POLÍTICO. MENÇÃO À POSSÍVEL CANDIDATURA. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTOS. NÃO CONFIGURAÇÃO. LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA LIBERDADE JUSFUNDAMENTAL DE INFORMAÇÃO. ULTRAJE À LEGISLAÇÃO ELEITORAL NÃO CONFIGURADO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

1. A liberdade de expressão reclama proteção reforçada, não apenas por encerrar direito moral do indivíduo, mas também por consubstanciar valor fundamental e requisito de funcionamento em um Estado Democrático de Direito, motivo por que o direito de expressar-se - e suas exteriorizações (informação e de imprensa) - ostenta uma posição preferencial (preferred position) dentro do arquétipo constitucional das liberdades.

2. A proeminência da liberdade de expressão deve ser trasladada para o processo político-eleitoral, mormente porque os cidadãos devem ser informados da variedade e riqueza de assuntos respeitantes a eventuais candidatos, bem como das ações parlamentares praticadas pelos detentores de mandato eletivo (FUX, Luiz; FRAZÃO, Carlos Eduardo. Novos Paradigmas do Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Fórum, 2016 - prelo).

[...]

4. A ampla divulgação de ideias fora do período eleitoral propriamente dito se ancora em dois postulados fundamentais: no princípio republicano, materializado no dever de prestação de contas imposto aos agentes eleitos de difundirem atos parlamentares e seus projetos políticos à sociedade; e no direito conferido ao eleitor de acompanhar, de forma abrangente, as ideias, convicções, opiniões e plataformas políticas dos representantes eleitos e dos potenciais candidatos acerca dos mais variados temas debatidos na sociedade, de forma a orientar a formação de um juízo mais consciente e responsável, quando do exercício de seu ius suffragii.

[...]

6. A menção à pretensa candidatura e a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos, nos termos da redação conferida ao art. 36-A pela Lei nº 13.165/2015, não configuram propaganda extemporânea, desde que não envolvam pedido explícito de voto.

[...]

8. Recurso especial provido" .

(REspe nº 51-24/MG, de minha relatoria, PSESS de 18/10/2016).

Destarte, verifico que a postagem em apreço - com a menção a possível candidatura e exposição de ideias políticas - não consubstancia propaganda eleitoral antecipada, máxime porque não constitui ato atentatório à isonomia de chances, à higidez do pleito e à moralidade que devem presidir a competição eleitoral.

Reconhecida a regularidade da veiculação sub examine, cumpre rechaçar, por consectário, a incidência do art. 57-C da Lei nº 9.504/97. É que a vedação constante no aludido dispositivo pressupõe a existência de propaganda eleitoral. Vejamos:

Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga.

§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios:

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

A despeito de a mensagem ter sido veiculada por meio da ferramenta "publicidade patrocinada" na rede social Facebook, não incide, na espécie, o óbice previsto no artigo supra, porquanto descaracterizado o cunho eleitoral da propaganda analisada.

Ex positis, dou provimento ao recurso especial, com base no art. 36, § 7º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, para reformar o acórdão regional, a fim de julgar improcedente a Representação Eleitoral e afastar a multa dela decorrente.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 63

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

¹LE. Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;

III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos;

IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos;

V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais;

VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.

§ 1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação social. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2º Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende desenvolver. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 3º O disposto no § 2o não se aplica aos profissionais de comunicação social no exercício da profissão. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

²LE. Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 527-54.2016.6.26.0261 NARANDIBA-SP 261ª Zona Eleitoral (PIRAPOZINHO)

RECORRENTE: EDUARDO DA SILVA

ADVOGADOS: AILTON ROGÉRIO BARBOSA - OAB: 282008/SP E OUTRO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 13.901/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO. VEREADOR. CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE NÃO ATENDIDA. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO RESPE. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS SUPOSTAMENTE VIOLADOS. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. SÚMULA Nº 27 DO TSE. ANOTAÇÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE JUNTADA DE CERTIDÕES DE OBJETO E PÉ. ART. 27, § 7º, DA RES.-TSE Nº 23.455/2015. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial interposto por Eduardo da Silva em face de acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que, por unanimidade, deu provimento ao recurso eleitoral interposto pelo Ministério Público Eleitoral e indeferiu o seu pedido de registro de candidatura ao cargo de Vereador do Município de Narandiba/SP, nas Eleições 2016.

O acórdão foi assim ementado (fls. 73):

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 64

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

"RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CARGO DE VEREADOR. DEFERIMENTO. INSURGÊNCIA MINISTERIAL. CERTIDÃO DE 2º GRAU DA JUSTIÇA ESTADUAL POSITIVA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE HOMONÍMIA OU DA CERTIDÃO DE OBJETO E PÉ DO FEITO APONTADO. DESCUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 27, II, `B", § 7º E § 8º, DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.455. SENTENÇA REFORMADA. REGISTRO INDEFERIDO. RECURSO PROVIDO" .

Nas razões do apelo nobre (fls. 80-89), interposto com esteio no art. 105, III, c, da Constituição da República, o Recorrente afirma que "a ficha do processo e o relatório de andamento já foram juntados aos autos, conforme orientação do Cartório Eleitoral apenas para provar que o recorrente não é parte, ou seja, consta dos autos apenas como interessado" (fls. 85).

Cita ementas de precedentes jurisprudenciais para comprovar o dissídio e permitir a admissibilidade do apelo nobre (fls. 87-88).

Requer o recebimento do recurso no efeito devolutivo e suspensivo e a reforma do acórdão recorrido (fls. 89).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Contrarrazões a fls. 93-94.

Em 22/11/2016, indeferi o pedido de efeito suspensivo ao recurso especial, em razão da ausência dos requisitos autorizadores (fls. 98-99).

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso especial (fls. 101-103).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifica-se que este recurso especial atende os pressupostos gerais de recorribilidade: a interposição ocorreu no prazo legal e a peça está subscrita por advogado regularmente constituído (fls. 69).

Analisando as razões do recurso especial, verifico que o Recorrente não apontou qualquer dispositivo legal que teria sido contrariado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, bem como não alegou eventual existência de divergência jurisprudencial, máxime porque limitou-se a reproduzir ementas de julgados, não realizando o cotejo analítico indispensável para a aferição da similitude fática entre o acórdão vergastado e os paradigmas.

Conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal Superior, a divergência jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração, similitude fática entre o acórdão objurgado e os julgados paradigmas (Precedentes: AgR-REspe n° 2597-82/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 18/4/2016, AgR-REspe nº 346-88/CE, de minha relatoria, DJe de 13/6/2016 e AgR-REspe n° 122-34/PE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 30/5/2014.).

Desse modo, a deficiência da fundamentação atrai a incidência do Enunciado nº 27 da Súmula do Tribunal Superior Eleitoral, in verbis: "É inadmissível o recurso cuja deficiência de fundamentação impossibilite a compreensão da controvérsia".

Nesse sentido, cito o seguinte julgado deste Tribunal:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA NO AGRAVO. NÃO PROVIMENTO.

[...]

2. O recurso especial foi interposto sem indicação dos dispositivos legais ou constitucionais supostamente violados pelo acórdão vergastado e sem a demonstração de dissídio jurisprudencial. A patente deficiência da fundamentação atrai o disposto na Súmula n° 284/STF.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-REspe n° 1702-81/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 11/11/2013).

Ainda que ultrapassado tal óbice, vislumbro que as alegações veiculadas no especial não teriam condição de êxito. Isso porque, in casu, consta do acórdão vergastado (fls. 74):

"Do exame dos autos, verifica-se que o recorrido deixou de apresentar certidão de objeto e pé relativa ao processo apontado na certidão estadual de segundo grau (fl. 29), em descumprimento ao disposto no art. 27, § 7º, da Resolução TSE nº 23.455/15, assim redigido:

[...]

Ademais, não se trata de homonímia, pois, além de não ter apresentado a respectiva declaração, a certidão indica o número do RG do recorrido. E o documento é indispensável à averiguação das causas de inelegibilidade e das condições de elegibilidade.

É certo que o recorrido apresentou a ficha do Processo nº 0001986-19.1999.8.26.0456 (fl. 38) e o relatório de andamento do Processo nº 9003976-04.1996.8.26.000 (fls. 40/41).

Todavia, os mencionados documentos não são hábeis a permitir a averiguação das condições de elegibilidade e das causas de inelegibilidade" .

Tal circunstância evidencia que o Recorrente não se desincumbiu do seu ônus de apresentar as certidões de objeto e pé

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 65

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referentes às menções positivas constantes na certidão estadual de segundo grau, nos termos do art. 27, § 7º, da Res.-TSE nº 23.455/2015, in verbis:

"Art. 27. O formulário de RRC será apresentado com os seguintes documentos:

(...)

II - certidões criminais fornecidas:

a) pela Justiça Federal de 1º e 2º graus da circunscrição na qual o candidato tenha o seu domicílio eleitoral;

b) pela Justiça Estadual de 1º e 2º graus da circunscrição na qual o candidato tenha o seu domicílio eleitoral;

c) pelos Tribunais competentes, quando os candidatos gozarem de foro especial.

(...)

§ 7º Quando as certidões criminais a que se refere o inciso II do caput forem positivas, o RRC também deverá ser instruído com as respectivas certidões de objeto e pé atualizadas de cada um dos processos indicados" .

Destarte, deve ser mantido o indeferimento do pedido de registro de candidatura do Recorrente, na medida em que a juntada de relatório com os andamentos processuais não cumpre a exigência do art. 27, § 7º, da Res.-TSE nº 23.455/2015 e não permite a aferição do conteúdo da condenação para averiguar as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade.

Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso especial.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 140-47.2016.6.13.0343 ITUMIRIM-MG 343ª Zona Eleitoral (ITUMIRIM)

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRENTE: MARILDO NAZARÉ DA LUZ

ADVOGADOS: LUIS ANDRÉ DE ARAÚJO VASCONCELOS - OAB: 118484/MG E OUTROS

RECORRIDO: GERALDO MAGNO DE RESENDE

ADVOGADOS: MARCOS VINICIUS DE ANDRADE - OAB: 128844/MG E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.037/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSOS ESPECIAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEFERIMENTO. IMPUGNAÇÃO. CARGO. PREFEITO. ART. 1°, I, G, DA LC N° 64/90. NULIDADE POR INOBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. REJEIÇÃO. CONTAS DE 2006 DESAPROVADAS POR CÂMARA MUNICIPAL . DECRETO LEGISLATIVO. PUBLICAÇÃO. AUSÊNCIA. CIÊNCIA POR OUTROS MEIOS. ALEGAÇÃO NÃO APRECIADA PELO ACÓRDÃO RECORRIDO. OMISSÃO RELEVANTE. RETORNO DOS AUTOS À CORTE A QUO. RECURSOS ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS.

Cuida-se de recursos especiais interpostos pelo Ministério Público e por Marildo Nazaré da Luz em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais que, ao julgar agravo regimental, manteve decisão monocrática que deu provimento ao recurso eleitoral de Geraldo Magno de Resende, deferindo o seu requerimento de registro de candidatura ao cargo de Prefeito do Município de Itumirim/MG nas eleições 2016 - em que se sagrou eleito com 49,14% dos votos -, por não constatar na espécie a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1°, I, g, da LC n° 64/90. Eis a ementa do acórdão (fls. 288-289):

"AGRAVO INTERNO. AIRC. INELEGIBILIDADE. ALÍNEA `G" DO INCISO I DO ART. Io DA LC ? 64/90. AUSÊNCIA DE PROVA DA

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 66

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PUBLICAÇÃO DO DECRETO ADMNISTRATIVO. SENTENÇA REFORMADA. REGISTRO DEFERIDO. PREFEITO MUNICIPAL ELEITO. ELEIÇÕES 2016.

A questão é de ordem pública, sendo certo que, para o reconhecimento da incidência da inelegibilidade da alínea `g" do incido I do art. Io da LC n° 64/90, o julgador deve percorrer o caminho da análise dos requisitos legais, não podendo a questão ficar adstrita ao quanto trazidos pelas partes do processo, como se o direito controvertido fosse disponível.

A decisão, quando aprofunda a análise outrora realizada pelo juízo sentenciante, para verificar o aperfeiçoamento do processo de julgamento das contas, não promove julgamento extra petita, nem ofende o art. 10 do NCPC/2015, pois não fugiu da causa de pedir inerente à AIRC proposta, nem se debruçou sobre fundamentos estranho à análise da referida inelegibilidade.

A exigência de se verificar, nos autos, a publicação do Decreto Legislativo não é ato que foge da competência desta Especializada, já que, nesse ponto, a decisão não verificou a validade ou a invalidade do procedimento realizado pela Câmara Municipal, mas apenas verificou que não há prova de que tenha havido a publicidade do ato, que é elemento essencial a todo ato emanado da administração pública, nos termos do art. 37, Caput, da CRFB/88.

Não é possível conhecer a incidência da inelegibilidade da alínea `g" do incido I do art. Io da LC n° 64/90, se nos autos do registro de candidatura não está demonstrada a publicação do decreto legislativo de rejeição das contas, que, como já dito, a publicidade é elemento essencial para a validade do ato.

Recursos a que se nega provimento, para manter a decisão monocrática que, reformando a sentença de primeiro grau, deferiu o registro de candidatura de Geraldo Magno de Rezende" .

Desse acórdão, foram interpostos embargos de declaração por Marildo Nazaré da Luz (fls. 302-304), onde se alega que o decisum padece de omissão, por não ter analisado "os argumentos constantes da peça recursal no sentido de que há nos autos prova suficiente de que o candidato impugnado teve ciência do Decreto Legislativo que rejeitou as contas, inclusive por ter sido juntado aos autos pelo próprio embargado" (fls. 303).

Os embargos foram rejeitados a fls. 320-323.

Nas razões do apelo nobre (fls. 306-310), manejado com arrimo no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, o Ministério Público Eleitoral suscita, inicialmente, a nulidade da decisão monocrática mantida pelo acórdão regional, em vista de violação ao art. 5º, LV, da Constituição da República e aos arts. 10 e 1.103 do Código de Processo Civil, por ter sido considerada como ratio decidendi matéria não ventilada no processo - ausência de publicação do decreto legislativo que referendou a desaprovação das contas - sobre a qual não fora dado às partes a oportunidade para se manifestar.

Aponta ofensa ao art. 1°, I, g, da LC n° 64/90, bem como divergência entre o acórdão recorrido e o entendimento acolhido pelo TSE no AgR-REspe nº 34.612 (Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe de 4/12/2016), alegando que "a questão da publicação é irrelevante para a configuração da rejeição de contas" (fls. 309) e que, no caso, "o recorrido sequer questionou na Justiça Comum qualquer irregularidade no procedimento, tampouco afirmou nos presentes autos que não tomou ciência da rejeição de suas contas. Além disso, é possível perceber que o agravado acompanhou o inquérito civil instauradao pelo Ministério Público para apurar possíveis atos de improbidade administrativa nas contas do exercício de 2006, razão pela qual conclui-se que tinha plena ciência de sua rejeição pela Câmara" (fls. 309v).

Ao final, pleiteia o provimento do recurso, para que, reformando-se o acórdão regional, seja indeferido o registro de candidatura do candidato Recorrido.

Nas razões do seu recurso especial (fls. 324-332), Marildo Nazaré da Luz suscita, inicialmente, a nulidade do acórdão por ofensa aos arts. 1.022, II, c/c 489, §1º, IV, do Código de Processo Civil, e 275 do Código Eleitoral, sob a alegação de que, apesar da interposição de embargos de declaração, o Regional "furtou-se da análise da questão essencial para o deslinde do feito, qual seja, que o recorrido possuía ciência inequívoca da Rejeição das Contas, tendo em vista que ele próprio juntou aos autos cópia do referido ato" (fls. 327).

No mais, aponta ofensa ao art. 1.033 do CPC, por ter o acórdão regional acolhido matéria não devolvida no recurso do candidato, e ao art. 1º, I, g, da LC n° 64/90, por não ter considerado a "possibilidade da ciência da rejeição das contas decorrer de outra via que não seja a publicação do Decreto Legislativo" (fls. 330).

Ao final, pleiteia o provimento do recurso, para que, reformando-se o acórdão regional, seja indeferido o registro da chapa majoritária formada pelo Recorrido e Valdo Souza dos Santos.

Contrarrazões a fls. 334-349.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento dos recursos (fls. 352-356).

É o relatório. Decido.

Ab initio, anoto que os recursos são tempestivos e o interposto por Marildo Nazaré da Luz está subscrito por advogado regularmente constituído (fls. 270).

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

De acordo com a inteligência do art. 219 do CE e a jurisprudência consolidada deste Tribunal Superior², no âmbito das chamadas nulidades processuais vigora o princípio pas de nullité sans grief, segundo o qual não se pronuncia a nulidade se não for comprovado efetivo prejuízo decorrente do desrespeito às normas processuais.

Fixada essa premissa, afasto, de logo, a alegação de nulidade do acórdão por afronta aos arts. 5º, LV, da Constituição da República, 10 e 1.103 do Código de Processo Civil, pois, a despeito de a decisão monocrática haver violado o princípio da não surpresa ao adotar fundamento sobre o qual não foi oportunizada a prévia manifestação das partes, resta patente a ausência de prejuízo, na medida em que o contraditório substancial pôde ser plenamente exercido em sede de agravo interno e embargos de declaração opostos na instância ordinária, quando os Recorrentes expuseram com amplitude suas razões sobre a matéria.

Prosseguindo, a controvérsia travada na demanda cinge-se em verificar se a decisão de rejeição das contas do Recorrido relativas ao exercício do cargo de Prefeito no ano de 2006 proferida pela Câmara Municipal, por meio de Decreto Legislativo n° 001/2014, não publicado, possui aptidão para atrair a causa de inelegibilidade prevista no art. 1°, I, g, da LC n° 64/90.

In casu, a impugnação ao registro de candidatura do recorrido foi indeferido pelo juízo de 1º grau, mas tal decisão foi reformada por decisão monocrática proferida no âmbito do Regional mineiro, sob o único fundamento, suscitado ex officio, de inexistência de publicação do correspondente decreto legislativo.

Ao interpor o agravo interno contra tal decisão, alegou o Parquet que "o agravado sequer questionou na Justiça Comum qualquer irregularidade no procedimento, tampouco afirmou nos presentes autos que não tomou ciência da rejeição de suas contas. Além disso, é possível perceber que o agravado acompanhou o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apurar possíveis atos de improbidade nas contas do exercício de 2006, razão pela qual conclui-se que tinha plena ciência de sua rejeição pela Câmara" (fls. 261).

Por sua vez, nas razões do seu agravo, Marildo Nazaré da Luz também alegou que o Recorrido tinha ciência inequívoca do ato legislativo, e que o "acompanhamento da sessão deliberativa pelo agravado, bem como a apresentação de defesa, satisfazem o requisito obrigatório de intimação pessoal do interessado sobre o teor da decisão, nos moldes da própria jurisprudência colacionada pelo relator. A questão fica ainda mais clara quando, analisando os autos, percebe-se que o próprio agravado juntou o Decreto Legislativo nº 01/2014 em todas as suas defesas, bem como em ação de improbidade administrativa noticiada nos presentes autos" (fls. 268).

O acórdão recorrido, contudo, deixou de apreciar essas questões, por entender que "a presunção de que o candidato tomou conhecimento do decreto por meio diverso da publicação não tem a capacidade de afastar a necessidade de que, no ato administrativo que rejeitou as suas contas, acarretando-lhe sérias consequências, tenha ele sido cientificado de maneira formal" (fls. 293).

Tal conclusão destoa do entendimento firmado por esta Corte Superior no julgamento do REspe nº 117-33 (Rel. Min. Herman Benjamin, PSESS de 15/12/2016), no qual restou vencedora a tese de que a ausência de publicação do decreto legislativo - que tem por finalidade cientificar o interessado acerca do teor do decisum, de modo a permitir-lhe a adoção de medidas administrativas ou judiciais que entender cabíveis - não obsta a incidência da inelegibilidade se, por outros meios, restar comprovada a ciência inequívoca do ato da Câmara Municipal.

Provocado por meio de embargos, o Regional não sanou a omissão.

Nesse quadro, merece acolhimento a alegação de violação aos arts. 1.022, II, c/c 489, §1º, IV, do Código de Processo Civil³, e 275 do Código Eleitoral4, impondo-se o retorno dos autos ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, para que enfrente a questão.

Ex positis, dou parcial provimento aos recursos especiais, nos termos do art. 36, § 7º, do RITSE, para reconhecer a existência de omissão relevante no acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao TRE/MG, a fim de que proceda ao saneamento do vício.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²Por exemplo: AgR-Respe nº 958/SP, Rel. Min. Luciana Lóssi, DJe de 2/12/2016; AgR-REspe n° 39216-24/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 16.5.2012, REspe n° 35.739/RN, ReI. designado Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 18.2.2011

³CPC. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; [...].

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 68

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Art. 498. [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: [...] IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; [...].

4CE. Art. 275. São admissíveis embargos de declaração nas hipóteses previstas no Código de Processo Civil.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 218-41.2016.6.16.0122 ITAIPULÂNDIA-PR 122ª Zona Eleitoral (SÃO MIGUEL DO IGUAÇU)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO ITAIPULÂNDIA: UNIÃO, FORÇA E TRABALHO

ADVOGADOS: LUIZ EDUARDO PECCININ - OAB: 58101/PR E OUTROS

RECORRIDO: EDINEI VALDIR MORESCO GASPARINI

ADVOGADOS: EMMA ROBERTA PALÚ BUENO - OAB: 70382/PR E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 14.153/2016

Eleições 2016. Recurso especial eleitoral. Registro de candidatura. Prefeito eleito (PDT). Deferido. Inelegibilidade. Art. 1º, II, i, da LC nº 64/1990. Candidato que administra empresa contratada pelo Poder Público mediante pregão. Cláusulas uniformes. Desincompatibilização desnecessária. Inelegibilidade não configurada. Negativa de seguimento.

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), pelo acórdão das fls. 242-54, complementado às fls. 266-9, manteve o deferimento do pedido de registro de candidatura de Edinei Valdir Moresco Gasparini ao cargo de Prefeito de Itaipulândia/PR nas Eleições 2016, ante a não incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, II, i, da Lei Complementar nº 64/1990.

A Coligação Itaipulândia: União, Força e Trabalho - impugnante - interpõe recurso especial (fls. 274-91), aparelhado na afronta aos arts. 1º, II, i, e IV, a, da LC nº 64/1990; 275 do Código Eleitoral; e 1.022 do CPC/2015, coligido aresto a demonstrar o dissenso pretoriano. Alega a recorrente, em suma:

a) contraditório o acórdão recorrido, pois, embora reconhecida a faculdade de negociação entre as partes, reconheceu-se que o contrato obedeceria a cláusulas uniformes, em evidente negativa de prestação jurisdicional;

b) que a licitação na modalidade pregão não tem o condão de tornar uniformes as cláusulas dos contratos, em razão de possibilitar negociações entre as partes, irrelevante a circunstância de não ter havido efetiva alteração no contrato; e

c) preenchidos todos os requisitos exigidos pela norma e não havendo a desincompatibilização no prazo legal, configurada a inelegibilidade.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem, nos termos do art. 62, parágrafo único, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

Contrarrazões (fls. 348-60).

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo não provimento do recurso especial (fls. 364-7).

Em consulta ao sítio eletrônico deste Tribunal Superior, verifico que o recorrido obteve a maior votação no pleito majoritário de Itaipulândia/PR.

É o relatório.

Decido.

Preenchidos os pressupostos extrínsecos, passo ao exame dos intrínsecos.

Afasto, de imediato, a ventilada nulidade do acórdão regional, por afronta aos arts. 275 do Código Eleitoral e 1.022 do CPC/2015. Registrado, de forma clara no aresto, que, embora existam cláusulas no contrato que permitam a modificação de seu objeto e rearranjo do equilíbrio econômico, a quebra da uniformidade das cláusulas somente se verifica se efetivamente alterados o objeto e valores do contrato.

Corretas ou não as conclusões firmadas no julgado, sentido contrário ao interesse da parte não configura negativa de prestação jurisdicional.

Quanto à matéria de fundo, também não prospera o apelo.

Dispõe o art. 1º, II, i, e IV, a, da LC nº 64/1990:

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 69

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"Art. 1º São inelegíveis:

[...]

II - para Presidente e Vice-Presidente da República:

[...]

i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido cargo ou função de direção, administração ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato de execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes;

[...]

IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:

a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização;

A recorrente alega que o contrato para fornecimento de gêneros alimentícios, firmado mediante pregão, entre o Município de Itaipulândia/PR e Z. Gasparini - EIRELLI - EPP, empresa administrada pelo pretenso candidato, contém cláusulas não uniformes, a exigir, portanto, sua desincompatibilização para ingresso na disputa eleitoral.

A orientação hoje prevalecente nesta Corte Superior é a de que "o contrato firmado com o Poder Público decorrente de pregão obedece, em geral, a cláusulas uniformes, motivo pelo qual se aplica a ressalva da parte final do art. 1º, II, i, da Lei Complementar nº 64/90, não havendo necessidade de desincompatibilização" (REspe nº 237-63/PR, Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 11.10.2012 - destaquei).

Reproduzo julgado relativo às eleições de 2016, no qual reafirmada essa exegese:

"ELEIÇÃO 2016. AGRAVO REGIMENTAL RECURSO ESPECIAL REGISTRO DE CANDIDATO. DEFERIMENTO. VICE-PREFEITO DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, II, ALÍNEA I, DA LC Nº 64/90. NÃO CARACTERIZADA. CONTRATO. PREGÃO CLÁUSULAS UNIFORMES. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.

1. Os argumentos postos no agravo regimental não são aptos a modificar a decisão atacada, pois consistem em mera reprodução das teses apontadas no recurso especial, o que atrai a incidência, na espécie, da Súmula n° 26/TSE.

2. Na hipótese dos autos, o TRE/MG assentou que, tanto o edital de licitação quanto o contrato celebrado entre o recorrido e o Município de Amparo do Serra/MG "não autorizam alterações posteriores ao ato de celebração do contrato" (fl. 165), nos termos do disposto no art. 37, XXI, da CF, tratando-se, portando, de licitação na modalidade pregão, com a devida obediência a cláusulas uniformes, o que afasta a necessidade de desincompatibilização do recorrido. Nesse contexto, não há como se adotar conclusão diversa, sob pena do vedado revolvimento de fatos e provas nesta instância especial, a teor das Súmulas nos 24/TSE e 279/STF.

3. Como bem pontuado no acórdão regional, caberia à agravante demonstrar que o contrato celebrado entre o Poder Público e o agravado não obedece a cláusulas uniformes, o que não ocorreu nos autos, de forma a comprovar a eventual necessidade de desincompatibilização do recorrido. Precedentes.

4. Segundo a jurisprudência mais recente deste Tribunal Superior, "o contrato firmado com o Poder Público decorrente de pregão obedece, em geral, a cláusulas uniformes, motivo pelo qual se aplica a ressalva da parte final do art. 1º, II, i, da Lei Complementar n° 64/90, não havendo necessidade de desincompatibilização" (REspe n° 237-63/PR, Rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 11.10.2012).

5. Agravo regimental desprovido." (AgR-REspe nº 219-89/MG, Relatora Min. Luciana Lóssio, PSESS de 22.11.2016 - destaquei)

Tal presunção, contudo, não se reveste de natureza absoluta, admitida a produção de prova em sentido contrário pelo impugnante. Cito precedente:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. CONTRATO DE CLÁUSULA UNIFORME. ÔNUS DA PROVA. IMPUGNANTE. DEFERIMENTO DO REGISTRO DE CANDIDATURA. NÃO PROVIMENTO.

1. Segundo a jurisprudência do TSE, caberia ao impugnante demonstrar que o contrato celebrado entre o Poder Público e o candidato não obedece a cláusulas uniformes, pressuposto para a declaração de inelegibilidade. Precedentes.

2. No caso, o provimento do recurso especial não demanda o reexame de fatos e provas, mas apenas sua correta revaloração jurídica, visto que as premissas fáticas encontram-se delineadas no acórdão regional. Precedentes.

3. Agravo regimental não provido.

(AgR-REspe nº 638-33/SP, Rel. Min. Fátima Nancy Andrighi, PSESS de 6.12.2012 - grifei)

Na espécie, extrai-se do acórdão recorrido a existência de três cláusulas contratuais cuja uniformidade foi questionada. Transcrevo o teor das mesmas (fls. 250-2):

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"5 6. Caso a ordem de compras recebida não for recusada, por escrito, pela CONTRATADA, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas contados a partir de seu recebimento considerar-se-ão aceitas todas as suas condições, na forma da cláusula anterior."

[...]

"12.1. O preço pelo qual será contratado o objeto da presente licitação poderá sofrer reajuste de preços com embasamento legal e acordo formal entre as partes, com base no INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor, nos termos do art. 65 da Lei Federal regente"

[...]

"14.1. O presente contrato poderá ser alterado, com as devidas justificativas, unilateralmente ou por acordo das partes nos termos dos incisos I e II do art. 65 da Lei Federal nº 8.666/93."

Com relação ao item 5.6 - possibilidade de recusa de ordem de compra pelo contratado -, consta do acórdão regional (fls. 250-1):

2.1. Da cláusula 5.6:

Diz a cláusula:

"5 6. Caso a ordem de compras recebida não for recusada, por escrito, pela CONTRATADA, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas contados a partir de seu recebimento considerar-se-ão aceitas todas as suas condições, na forma da cláusula anterior." (fl. 38).

A cláusula permite que a parte contratada deixe de aceitar ordens de compra feitas pela Contratante. O contrato, contudo, não menciona na Cláusula Quinta e suas subcláusulas quais os motivos que permitem a negativa de aceitação da ordem de compra.

A negativa de aceitação de ordem de compra, em meu entender, não quebra a uniformidade das cláusulas do contrato, eis que não causa abalo no equilíbrio econômico que rege o contrato, tampouco permite que a Contratada aufira lucros indevidos ou qualquer outra vantagem às expensas do Poder Público.

A recusa não permite a rediscussão dos valores dos bens fixados no início do contrato, e pode decorrer, hipoteticamente, da indisponibilidade do bem, fator este que não abala as cláusulas do contrato ao ponto de lhes retirar a característica de uniformidade.

É de se admitir, inclusive, que essa cláusula serve de salvaguarda ao Contratante de boa-fé que recebe ordem de compra indevida do Poder Público, quiçá com o intuito de lhe tornar inelegível.

Nesta hipótese, o Contratante pode constatar que o pedido extrapola os termos do contrato, ou mesmo que tal pedido poderia quebrar a uniformidade das cláusulas do contrato, e pode então exercer licitamente a recusa ao pedido irregular do Poder Público.

Concluo, portanto, que a faculdade de recusa de ordem de compra pela Contratada não representa quebra da uniformidade das cláusulas do contrato (Destaquei).

No mesmo sentido se posicionou o Procurador-Geral Eleitoral: "a negativa de ordem de compra pela contratada não revela a existência de liberalidade entre os contratantes". Isso porque "não há como considerar que a simples previsão de possibilidade de recusa de ordem de compra possa retirar do contrato a obediência a cláusulas uniformes. Na verdade, não se pode compreender a existência de referida previsão como algo revelador de liberalidade entre as partes contratantes. Ao contrário, pois uma disposição desse teor tem por fim, claramente, a proteção de equilíbrio contratual. Como bem destacado no acórdão regional, tal disposição permite ao contratado deixar de atender ao contratante diante de impossibilidade de ordem material, e sem tal previsão de recusa restaria caracterizado o descumprimento da avença. Logo, longe de revelar liberalidade, a cláusula revela um caráter protetivo da parte contratante que se encontra na posição mais frágil na relação jurídica" (fl. 366).

De fato, a possibilidade de recusa de ordem de compra não revela, por si, benefício ou liberalidade conferida especificamente à empresa gerida pelo candidato, de modo a retirar a uniformidade do pacto. Consideradas as balizas contidas no acórdão recorrido, do qual consta o texto isolado do item 5.6, tal disposição parece somente contemplar a possibilidade de que o particular verifique se a ordem emitida pela Administração se encontra em conformidade com o objeto pactuado para, assim, aceitá-la ou recusá-la, com base nas regras previamente estabelecidas na avença.

À míngua de qualquer outro indício de que a recusa possa se dar por ato unilateral da contratada, sem as devidas justificativas, entendo inviável assentar a não uniformidade da cláusula, sobretudo diante da presunção de que os contratos administrativos precedidos de pregão ostentam, em geral, natureza uniforme.

No tocante à cláusula 12.1 - reajustamento de preços - também nada colhe o recurso especial.

O ponto foi assim examinado pelo Tribunal de origem (fls. 251-2):

"2.2. Da cláusula 12.1:

A cláusula foi assim versada no contrato:

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"12.1. O preço pelo qual será contratado o objeto da presente licitação poderá sofrer reajuste de preços com embasamento legal e acordo formal entre as partes, com base no INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor, nos termos do art. 65 da Lei Federal regente" (fl. 42).

A correção de preços pelo INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor, não significa qualquer forma de quebra da uniformidade das cláusulas do contrato, mas apenas e tão somente uma forma de permitir ao Poder Público que firme contratos de duração mais alongada e que possa reajustar, com justiça, os preços dos bens e serviços que lhe são prestados.

No que a cláusula menciona a possibilidade de acordo formal entre as partes, parece-me que nada mais expressa do que a necessidade de que os reajustes operados pela aplicação do INPC ao contrato sejam formalizados em Termos Aditivos ou outros instrumentos entendidos aptos, desde que revestidos das formalidades legais.

Por fim, a menção ao art. 65 da Lei das Licitações, no âmbito da presente cláusula, significa que as alterações devem obedecer aos parâmetros do citado dispositivo, nada mais.

Não há, nesta cláusula, a permissão de alteração unilateral das cláusulas do contrato por parte da Administração, mas sim a possibilidade de pactuação de reajuste vinculado ao INPC, obedecidas as formalidades legais (art. 65, § 8º, - A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.).

Esta cláusula, de per si, não importa a quebra da uniformidade das cláusulas do contrato, mas apenas permite a justa e necessária correção do valor dos bens fornecidos em razão da inflação" (Destaquei).

Consabido que a previsão de reajustamento de preços com base em índices oficiais é destinada a preservar as condições originalmente pactuadas, mantido o equilíbrio econômico-fincaneiro do ajuste. Como bem pontuou o PGE: "não se pode pretender, como parece querer a recorrente, que um contrato de cláusulas uniformes seja engessado a tal ponto que não permita a recomposição de perdas inflacionárias. Se assim fosse, o Poder Público enfrentaria sérias dificuldades em encontrar fornecedores dispostos a se submeterem a tal tipo de avença, que se revelaria excessivamente draconiana" (fls. 366-7).

Referida previsão, aliás, é obrigatória nos contratos administrativos, como enuncia o art. 55, III, da Lei nº 8.666/1990:

"Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

[...]

III - os preços, as condições de pagamento, os critérios, data base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;" (Destaquei)

Frise-se que a preservação da equação econômico-financeira do contrato é direito constitucionalmente garantido ao particular, ex vi do art. 37, XXI, da Constituição Federal:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações" (destaquei).

Nenhuma liberalidade há, portanto, na cláusula em comento.

Resta examinar o disposto na cláusula 14.1. Do acórdão regional extraio os seguintes excertos (fls. 252-4):

"2.3. Da cláusula 14.1:

Entendo que esta cláusula deve ser lida junto com a cláusula 14.2., nelas se lendo que:

"14.1. O presente contrato poderá ser alterado, com as devidas justificativas, unilateralmente ou por acordo das partes nos termos dos incisos I e II do art. 65 da Lei Federal nº 8.666/93.

14.2. O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições estipuladas neste contrato, possíveis acréscimos ou supressões que se fizerem necessárias, até o limite permitido por lei" (fl. 42).

Esta cláusula traz em si tanto a possibilidade de modificação dos termos do contrato por acordo das partes quanto por ato unilateral da Administração Pública, conforme limites previstos no art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

"§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos."

Pois bem, não há nos autos qualquer notícia de que o Contrato que ora se analisa tenha sofrido qualquer termo aditivo das partes ou mesmo termo aditivo feito unilateralmente pela Administração Pública com esteio no transcrito § 1º do art. 65 da Lei

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das Licitações.

Ou seja, ainda que exista uma potencialidade para a alteração do contrato e, porventura, da modificação do equilíbrio econômico que o informou na origem, esta faculdade não foi utilizada no caso em concreto.

Este Tribunal já se debruçou sobre situação similar ao analisar o Recurso Eleitoral nº 403-41.206.6.16.0144, de Mandirituba, de relatoria do Eminente Dr. Nicolau Konkel Júnior, julgado e publicado na sessão de julgamentos do dia 1º/10/2016, lá entendendo que a possibilidade de alteração do contrato, enquanto mantida latente, não acarreta a quebra da uniformidade das cláusulas contratuais, em decisão unânime e na qual se lê a seguinte fundamentação:

"Por fim, aponto que não há notícia de qualquer termo aditivo não havendo falar, assim, em descaracterização de cláusula uniforme, porquanto não tenham ocorrido acordos diferentes dos previstos nos editais. Muito embora a cláusula sexta possibilite acréscimos e supressões até o limite de 25% do valor inicial, o fato é que não há notícia de que essa faculdade tenha sido exercida, inexistindo alterações que possam retirar a característica do contrato de seguir cláusulas uniformes" .

Assim, embora seja forçoso reconhecer que o contrato debulhado traz em si cláusulas e permissões que, caso exercidas, poderiam vir a quebrar a uniformidade de suas cláusulas, constato que no caso concreto nenhuma destas situações se concretizou, o que impede que se reconheça, por consequência, que houve a quebra da uniformidade das cláusulas do contrato.

[...]

Conclui-se, portanto, que embora ao Recorrido tenham sido conferidos poderes de Representação de empresa que mantém contrato de fornecimento de gêneros alimentícios com o Município de Itaipulândia, o dito contrato possui cláusulas uniformes e não se exige de Edinei Valdir Moresco Gasparini que se desincompatibilizasse no prazo e forma do art. 1º, inciso II, alínea `i", c/c inciso IV, alínea 'a' todos da Lei das Inelegibilidades." (destaquei)

Assinalo, desde logo, não compartilhar do entendimento fixado pelo Tribunal de origem, segundo o qual a não utilização de uma prerrogativa prevista em cláusula "não uniforme" evidenciaria a preservação da uniformidade do pacto e, via de consequência, afastaria a inelegibilidade pela não desincompatibilização oportuna.

A meu ver, a previsão do art. 1º, II, i, da LC nº 64/1990 é objetiva. Para viabilizar a candidatura, sem a necessária desincompatibilização, é preciso que o contrato celebrado com o Poder Público obedeça integralmente a cláusulas uniformes e não que as partes tenham deixado de utilizar prerrogativas que transpareçam a não uniformidade do que entre elas pactuado.

A desincompatibilização, como se sabe, visa a salvaguardar a legitimidade do pleito contra a utilização eleitoreira da máquina pública. Nesse sentido, a simples previsão de cláusulas "não uniformes" é potencialmente hábil a frustrar o objetivo da norma no decorrer de todo o processo eleitoral, ainda que, por ocasião da formalização do pedido de registro de candidatura, tal não tenha ocorrido.

Daí porque, estabelecidas cláusulas dessa natureza entre o particular e o Poder Público, a desincompatibilização é medida obrigatória, sob pena de incidir o impedimento para ingresso na disputa eletiva.

Não obstante, há, na espécie, fundamento suficiente a manter as conclusões da Corte de origem quanto à inocorrência de inelegibilidade.

Do quadro fático delineado, tem-se que o item 14.1 enumera as hipóteses de alteração do contrato, restringindo-as aos incisos I e II do art. 65 da Lei nº 8.666/1990. Reproduzo o texto contratual, acompanhado do texto normativo nele referenciado:

Contrato (fl. 252):

"14.1. O presente contrato poderá ser alterado, com as devidas justificativas, unilateralmente ou por acordo das partes nos termos dos incisos I e II do art. 65 da Lei Federal nº 8.666/93 (destaquei)" .

Lei nº 8.666/1993:

"Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

II - por acordo das partes:

a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;

b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;

c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;

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d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual" . (Destaquei)

Consoante se vê, o inciso I do art. 65 da Lei nº 8.666/93 disciplina a possibilidade de alteração por ato unilateral da Administração, prerrogativa conferida ao ente estatal, em virtude da supremacia do interesse público. Essa primazia está positivada no art. 58, I, da Lei de Licitações:

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;

O tema, portanto, prescinde de maiores esclarecimentos, pois tais modificações são impostas ao particular, o qual deverá compulsoriamente acatá-las, garantida apenas a recomposição do conteúdo financeiro do ajuste.

Quanto ao o inciso II do art. 65, nele estão listadas as alterações decorrentes de acordo entre as partes, razão pela qual se poderia objetar do caráter "não uniforme" dessa previsão em contrato específico.

No entanto, mesmo nesses casos, não se vislumbra permissividade maior conferida ao particular, na medida em que tais alterações têm suas hipóteses objetivamente estabelecidas pela própria Lei nº 8.666/1993, estando relacionadas à eventual substituição de garantia; motivos de ordem técnica, a serem devidamente justificados, e de manutenção do equilíbrio do pacto, o qual, como se viu, é direito do contratado. Marçal Justen Filho ensina que:

"É certo que a alteração unilateral imposta pela Administração tem de ser acatada pelo particular. Mas não é correto que a alteração convencional seja, em todos os casos, meramente facultativa (podendo ou não ser aceita pelas partes). Há casos em que a alteração faz-se por acordo entre as partes, mas é obrigatória, na acepção de que a Lei determina que não pode deixar de ser realizada sempre que ocorrem certos pressupostos. O conteúdo da modificação dependerá do acordo entre as partes, mas sua produção é obrigatória, na acepção de que a lei determina seus pressupostos. Uma vez verificados, deverá produzir-se seu aperfeiçoamento (destaquei)

Dessa forma, à míngua de prova a indicar a não uniformidade do contrato em análise, tenho como não configurada a inelegibilidade do art. 1º, II, i, da LC nº 64/1990.

Por fim, quanto ao paradigma colacionado, dele se extrai tese já superada no âmbito desta Corte Superior, razão pela qual desserve à demonstração do dissenso pretoriano. Aplica-se a Súmula nº 30 do TSE, verbis: "não se conhece de recurso especial eleitoral por dissídio jurisprudencial, quando a decisão recorrida estiver em conformidade com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral" .

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial (art. 36, § 6º, do RITSE).

Publique-se.

Brasília, 06 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 188-07.2016.6.13.0084 CONCEIÇÃO DO RIO VERDE-MG 84ª Zona Eleitoral (CONCEIÇÃO DO RIO VERDE)

RECORRENTE: ADILSON GONÇALVES DE OLIVEIRA PAGANELLI

ADVOGADOS: EMILIANA SOARES PONZO DE CASTRO FÉLIX - OAB: 73811/MG E OUTROS

RECORRIDO: RICARDO ALVES CARNEIRO

ADVOGADOS: MAURO JORGE DE PAULA BOMFIM - OAB: 43712/MG E OUTRO

RECORRIDO: PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO (PRTB) - MUNICIPAL

ADVOGADO: HENRIQUE PEREIRA RIBEIRO - OAB: 157674/MG

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.266/2016

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 74

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO DE PREFEITO. ART. 1º, I, L, DA LC nº 64/1990. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. CUMULATIVIDADE. NECESSIDADE. CONFIGURAÇÃO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Adilson Gonçalves de Oliveira Paganelli interpõe recurso especial, aparelhado com pedido de tutela antecipada satisfativa, em face do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais que, por unanimidade, manteve o indeferimento da respectiva candidatura ao cargo de Prefeito do Município de Conceição do Rio Verde/MG, ante a incidência da hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 414-415):

"RECURSO ELEITORAL. IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA. RRC. CANDIDATO. CARGO. PREFEITO. INELEGIBILIDADE. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO CRIMINAL PROFERIDA POR ÓRGÃO JUDICIAL COLEGIADO. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. REGISTRO INDEFERIDO.

QUESTÃO DE ORDEM.

Pedido de assistência. Ausência de interesse jurídico do pretenso assistente na solução da lide. INDEFERIMENTO.

MÉRITO.

A sentença primeva não fundamentou o indeferimento do presente Requerimento de Registro de Candidatura na condenação criminal, razão pela qual deixo de analisar as alegações recursais do recorrente no tocante a condenação pela prática da conduta delitiva insculpida no art. 1º, inciso XIII, do Decreto-lei nº 201/67.

O e. Tribunal Superior Eleitoral assentou o entendimento segundo o qual a inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea `l", da Lei Complementar nº 64/90 incide quando verificada a condenação cumulativa de prejuízo ao erário e de enriquecimento ilícito decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, ainda que não conste expressamente na parte dispositiva da decisão condenatória.

Da detida leitura da decisão proferida pelo e. TJMG, resta claramente evidenciado o ato doloso de improbidade administrativa e a lesão ao patrimônio público.

No que tange ao enriquecimento ilícito, o c. Tribunal Superior Eleitoral tem admitido que este seja em proveito próprio ou de terceiros beneficiados pelo ato de improbidade administrativa. No caso em tela, restou patente que o excedente dos valores pagos aos artistas destinaram-se a beneficiar a empresa que intermediou as contratações que, inclusive, foi condenada solidariamente na [d]evolução de valores percebidos em excesso.

Os Embargos Declaratórios têm por finalidade aclarar obscuridade, resolver eventual contradição, ou, ainda suprir omissão presentes na sentença ou no Acórdão. Assim, ao contrário do sustentado pelo recorrente, o recurso aviado não tem efeito suspensivo. Além disso, o pretenso candidato não trouxe ao presente feito os motivos e razões fáticas e jurídicas que embasam o recurso manejado, deixando de demonstrar qualquer fundamento que possa levar o Órgão Colegiado a modificar a decisão prolatada.

NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PRIMEVA" .

Contra a referida decisão foram opostos embargos de declaração (fls. 431-438), os quais foram rejeitados (fls. 459-464).

Daí a interposição de recurso especial (fls. 468-480), com fundamento no art. 121, §4º, I, da Constituição Federal, no qual Adilson Gonçalves de Oliveira Paganelli sustenta o ultraje ao art. 1º, I, l, da LC nº 64/90¹, sob a alegação de que "não há se falar em inelegibilidade, a partir de [...] decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, seja por não se fazerem presentes todos os requisitos da alínea l, do inc. I, do art. 1º, da Lei das Inelegibilidades, seja por não se ter implementado a condição exigida pela referida lei para que a decisão gere o efeito de suprimir a capacidade eleitoral passiva do cidadão" (fls. 471).

Assevera que a pendência de julgamento dos embargos de declaração opostos em face do acórdão proferido pelo TJ/MG que desaguou na sua condenação na ação de improbidade administrativa seria suficiente para afastar a aludida inelegibilidade, ante a ausência do exaurimento da instância. Alude, a fim de amparar o aduzido, ao entendimento pacificado neste Tribunal no sentido de que as decisões que importem cassação de mandato, registro ou diploma somente podem ser executadas após o julgamento dos embargos de declaração.

Em seguida, assinala que os mesmos fatos que ensejaram a ação de improbidade foram também objeto de ação penal, a qual teve a sequência obstada pelo Superior Tribunal de Justiça em virtude da ausência do dolo, transcrevendo trecho da referida decisão. Nessa toada, afirma que, "quando a decisão do juízo criminal tem por fundamento a inexistência de elemento comum à responsabilidade penal e extrapenal, a decisão daquele tem, sim, o efeito de vincular essa" (fls. 475).

Ademais, aduz que o Tribunal de Justiça partiu de presunções, ao considerar o enriquecimento ilícito de terceiro, e que não haveria provas do enriquecimento próprio ou de terceiros.

Alega ausentes ainda os demais requisitos necessários para subsunção da inelegibilidade contida no art. 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990.

Destaca que amealhou 4.106 (quatro mil, cento e seis) votos nominais, o que lhe garantiu o primeiro lugar na disputa realizada no último 2 de outubro.

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Requer a concessão de tutela satisfativa, para que sejam determinadas a respectiva diplomação e posse, até a decisão final deste Tribunal.

Ao final, requer o provimento do recurso especial para que, afastada a inelegibilidade, seja deferido o registro de candidatura do Recorrente.

Ricardo Alves Carneiro apresentou contrarrazões a fls. 485-495 (original a fls. 518-528). As contrarrazões do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro constam a fls. 494-510 e as do Ministério Público, a fls. 511-513.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015².

A fls. 530-536, indeferi o pleito de tutela antecipada, ante a ausência dos requisitos autorizadores do provimento vindicado.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 538-545).

É o relatório necessário. Decido.

Assento que o recurso é tempestivo e está subscrito por advogado regularmente habilitado.

De início, a alegação de que os mesmos fatos que ensejaram a ação de improbidade foram também objeto da ação penal - a qual teve a sequência obstada pelo Superior Tribunal de Justiça em virtude da ausência do dolo - não foi debatida na instância regional, padecendo o tema da ausência do indispensável prequestionamento. Incide sobre esse ponto, portanto, o Enunciado da Súmula n° 356/STF.

Quanto à matéria de fundo, pontuo que o equacionamento da discussão travada não reclama a reincursão no conjunto fático-probatório carreado aos autos, providência vedada pelo Enunciado da Súmula nº 24 deste Tribunal Superior³, mas, ao revés, autoriza o reenquadramento jurídico dos fatos. É que, dada a moldura fática delineada no aresto fustigado, a pretensão do Recorrente questiona a qualificação jurídica consignada pelo Regional Eleitoral mineiro ao assentar o preenchimento dos elementos fático-jurídicos caracterizadores da inelegibilidade da alínea l.

A pretensão deduzida, portanto, veicula quaestio iuris, prescindindo, bem por isso, da formação de nova convicção acerca dos fatos narrados nos autos. Na irretocável lição de Luiz Guilherme Marinoni, "a qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. "Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário" . In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

A controvérsia travada nos autos cinge-se em perquirir se a conduta ímproba imputada ao Recorrente, que deu azo ao indeferimento de seu registro de candidatura, amolda-se ou não aos pressupostos fáticos configuradores da inelegibilidade insculpida no art. 1°, I, l, da LC n° 64/90, que dispõe:

Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; [...].

Daí tem-se que, para a incidência dessa causa de inelegibilidade, faz-se necessária a junção concomitante dos seguintes requisitos: (i) condenação transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, (ii) ato doloso de improbidade administrativa, (iii) ato ímprobo que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito e (iv) condenação à suspensão dos direitos políticos.

A necessidade da ocorrência simultânea dos supracitados requisitos encontra eco na jurisprudência deste Tribunal, a qual aponta ser imprescindível que a condenação à suspensão dos direitos políticos resulte de ato doloso de improbidade administrativa que importe, conjugadamente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito, para ter-se por caracterizada a hipótese de inelegibilidade contida no art. 1º, I, l, da LC nº 64/90, verbis:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO ORDINÁRIO. IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, ALÍNEA L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90.

1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, reafirmada para as Eleições de 2014, a caracterização da hipótese de inelegibilidade prevista na alínea l do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90 demanda a existência de condenação à suspensão dos direitos políticos transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em decorrência de ato doloso de improbidade administrativa que tenha importado cumulativamente enriquecimento ilícito e lesão ao erário.

[...]" .

(RO n° 875-13/MG, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 2/10/2015); e

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"RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO. DANO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ART. 1°, I, l, DA LC N° 64/90. AUSÊNCIA DA INTEGRAL CAPITULAÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROBIDADE. OMISSÃO. PROVIMENTO PARCIAL.

1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, para a configuração da inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (Precedentes: REspe nº 14763, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 11.9.2012; REspe nº 22642, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 20.11.2012).

[...]" .

(REspe nº 278-38/CE, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 24/2/2014).

Destaco, ainda, que a apreciação da configuração in concrecto da prática de enriquecimento ilícito pode ser realizada por esta Justiça Eleitoral, a partir do exame da fundamentação do decisum condenatório, ainda que tal reconhecimento não tenha constado expressamente do dispositivo daquele pronunciamento judicial (AgR-RO n° 223-44/RO, de minha relatoria, DJe de 17/12/2014). No mesmo sentido, este Tribunal já se manifestou nos processos referentes às eleições de 2016, em recente sessão4, no julgamento do REspe nº 50-39/PE, relator para o acórdão o Ministro Tarcísio Vieira.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, ao debruçar-se sobre o conteúdo fático-probatório dos autos, concluiu presentes, na hipótese, os requisitos necessários à configuração da causa de inelegibilidade inserta no art. 1°, inciso I, alínea l, da LC n° 64/90, razão pela qual indeferiu o registro de candidatura do Recorrente. Observe-se o que consignado (fls. 423-426):

"Sendo assim, ainda que in casu a tipificação tenha sido feita com base apenas nos arts. 10 e 11 da Lei no. 8.429/92, a e. Corte Superior Eleitoral tem admitido a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1°, inciso I, alínea `I", da Lei Complementar no. 64/90 quando for possível extrair o enriquecimento ilícito - disposto no art. 9º - da fundamentação da decisão condenatória.

No tocante ao DOLO, o r. Acórdão prolatado pela Primeira Câmara Cível do colendo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (doc. fls. 149/158), de relatoria do Des. Alberto Vilas Boas, estabeleceu à fl. 156-v que:

Não há dúvida acerca do dolo, eis que as contratações são objeto de consciente vontade, conduzida no sentido de propiciar benefício indevido aos proprietários e representantes da Pottência Estrutura e Eventos.

O então Prefeito Municipal aqui com dolo, eis que alguns dos acertos são anteriores ao parecer sobre a inexigibilidade, e que contratou e autorizou pagamentos mesmo sabedor de todas as nuances do contrato - que não visava apenas a apresentação de artistas - mesmo tendo ciência das recomendações do Ministério Público (f. 18/19) acerca da necessidade de licitação. (g.n.)

Quanto à LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO, extrai-se do v. Acórdão, fls. 155 e 157, que o ato de improbidade administrativa praticado por Adilson Gonçalves de Oliveira Paganelli decorreu da dispensa indevida de licitação, em total afronta ao disposto no art. 25, inciso III, da Lei no. 8.666/93. Vejamos.

A utilização de procuração e declarações de exclusividade limitadas ao período ou à data dos shows apenas demonstra que a ré Pottência agiu como intermediária de contratação que poderia ter sido realizada diretamente pelo Município e, tendo ocorrido de modo diverso, gerou prejuízo de monta aos cofres públicos.

Restou provado no processo, outrossim, que o princípio da economicidade - e por conseguinte os da legalidade e da moralidade - foi desrespeitado porquanto o Município pagou por alguns dos shows quantias muito superiores às de mercado eu [sic] cachê efetivamente pago é muito inferior ao que foi contratado.

Esta realidade evidencia o prejuízo ao erário causado pelo primeiro réu na condição de Prefeito; se a contratação tivesse se dado diretamente, os valores pagos com dinheiro público seriam muito inferiores.

(...)

A anulação do contrato deve ser mantida, eis que evidenciada a ilegalidade na dispensa da licitação, em franca violação ao art. 25, III da Lei de Licitações. (g.n.)

Desta forma, da detida leitura da decisão proferida pelo e. TJMG nos autos no. 1.0177.12.000784-0/002, fls. 155-v e 156-v, o prejuízo ao Erário resta claramente evidenciado.

Analisando-se os argumentos das partes e os comprovantes de pagamento de cachês e demais elementos de prova é inexorável reconhecer o significativo dano ao patrimônio público.

Os valores pagos pelo Município não foram, como deveriam, destinados ao pagamento da contratação de artistas, mas também as diárias, alimentação, estrutura, seguranças, sobrando ainda inexplicados valores cujo destino não se demonstrou.

(...)

Conforme antes exposto, se se perquirir onde está a improbidade administrativa nos fatos, é de fácil percepção quem caso o Município tivesse formalizado contratação direta, sem intermediários, teria gasto quantias muito inferiores aos R$ 740.000,00 dispendidos.

Ainda, no que tange ao ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, o c. Tribunal Superior Eleitoral tem admitindo que este seja em proveito próprio ou de terceiros beneficiados pelo ato de improbidade administrativa.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 77

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[...]

Sendo assim, como já destacado pelo M.M. Juiz Eleitoral em sua r. decisão, ainda que o reconhecimento do enriquecimento ilícito não tenha constado da parte dispositiva do v. Acórdão, restou patente que o excedente dos valores pagos aos artistas destinaram-se a beneficiar a empresa Pottência Estrutura e Eventos Ltda., que, inclusive, foi condenada solidariamente na devolução de valores percebidos em excesso.

Pela pertinência, destaco trecho da decisão colegiada de fl. 156:

Somando-se os montantes constantes dos comprovantes de f. 100/103 da artista Cláudia Leitte, constata-se que foram pagos R$ 170.000,00 a título de cachê e R$ 46.274,85 de despesas com transporte e hospedagem, totalizando R$ 216.274,85. Há, por conseguinte, uma diferença de R$ 143.725,15 entre o cachê da artista Cláudia Leitte e as despesas com seu transporte e hospedagem e o que o Município de Conceição do Rio Verde pagou ao intermediário para realização do show (R$ 360.000,00).

Quanto aos artistas Marcelinho Lima e Camargo, contratados pelo valor de R$ 50.000,00, foi realizado depósito de R$ 26.072,00 (f. 104/105), sendo certo que, ausente prova de qualquer outro dispêndio de valores, há uma diferença de R$ 14.000,00 entre o que foi utilizado para cachê e o que foi contratado.

Os artistas João Bosco e Vinícius foram contratados pelo Município de Conceição do Rio Verde por R$ 200.000,00, mas o réu Pottência Estruturas e Eventos pagou R$ 152.000,00 relativos ao contrato, aí incluídas as despesas com transportes e alimentação, vide pacto de f. 284/290.

Mais explícito neste caso, o superfaturamento, eis que nitidamente mais caro o que o Município pagou com relação ao que foi objeto de contratação entre artistas e promotor do evento. Há diferença de R$ 48.000,00 a ser devolvida.

O artista Eduardo Costa foi contratado pelo Município pelo valor de R$ 130.000,00, tendo recebido de cachê, segundo documento de f. 115, no valor de R$ 65.000,00. Há, por conseguinte, diferença de R$ 65.000,00 a ser devolvida aos cofres públicos que, conforme antes exposto, não teria sido desembolsada se a contratação não se desse por meio de intermediário. (g.n.)" .

A partir das premissas do acórdão regional e dos excertos da decisão condenatória acima transcritos, verifico que a conduta imputada ao candidato como ímproba - dispensa indevida de licitação com a contratação de serviços superfaturados (fls. 426) - importou dano ao erário e enriquecimento ilícito de terceiro, na medida em que consubstanciou prática ilegal por meio da qual houve malversação dos recursos públicos bem como resultou em auferimento, por terceiro, de vantagem patrimonial indevida. Tal prática, por certo, além de vulnerar os princípios da administração pública, causou, repito, lesão ao erário e enriquecimento ilícito em proveito de terceiros.

Destarte, registro que não merece reparos o decisum Regional, uma vez que é possível concluir presentes, na situação concreta aposta no acórdão hostilizado, os requisitos necessários à caracterização da causa de inelegibilidade descrita no art. 1°, I, l, da LC n° 64/90, quais sejam: condenação proferida por órgão judicial colegiado à suspensão dos direitos políticos em decorrência de ato doloso de improbidade administrativa que importou lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiro.

Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do RITSE5, nego seguimento ao recurso especial, para manter o indeferimento do pedido de registro de candidatura de Adilson Gonçalves de Oliveira Paganelli.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 17 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LC nº 64/1990. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) [...].

²Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

³TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

4Sessão de 13/12/2016.

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5RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferirá despacho fundamentado, admitindo, ou não, o recurso.

[...]

§ 6º. O relator negará seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 100-92.2016.6.19.0086 SÃO GONÇALO-RJ 86ª Zona Eleitoral (SÃO GONÇALO)

AGRAVANTE: NEILTON MULIN DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO - OAB: 136042/RJ E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.556/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL COM AGRAVO. FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS Nº 26 DO TSE E 182 DO STJ. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CHUVA DE SANTINHOS. VIAS PÚBLICAS. MADRUGADA DO PLEITO ELEITORAL. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVIÁVEL. CASO EXCEPCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 1º, DA LEI N° 9.504/97. MANUTENÇÃO DA MULTA. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por Neilton Mulin da Costa, com alegada base no art. 279 do Código Eleitoral, contra decisão que inadmitiu o especial protocolado em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro que, por unanimidade, desproveu o recurso eleitoral. Eis a síntese do que assentado (fls. 53):

"RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. ELEIÇÕES 2016. RECURSO DO PRIMEIRO RECORRENTE INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. RECURSO DO SEGUNDO RECORRENTE. SENTENÇA JULGADA PROCEDENTE. DERRAME DE MATERIAL DE CAMPANHA. VIA PÚBLICA. 1º TURNO DAS ELEIÇÕES. DESCUMPRIMENTO DO ARTIGO 37, § 1º DA LEI Nº 9.504/97 E ARTIGO 14, PARÁGRAFO 7º DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.457/2015. PRECEDENTES DO TSE. A EXIGÊNCIA DA PRÉVIA NOTIFICAÇÃO INSERTA NO ART. 37, § 1º, DA LEI Nº 9.504/97 PODE SER MITIGADA, PARA GARANTIR A RATIO ESSENDI DA REFERIDA NORMA, QUE É COIBIR A REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PÚBLICOS, A FIM DE PRESERVÁ-LOS, GARANTINDO A ISONOMIA ENTRE OS CANDIDATOS NA DISPUTA ELEITORAL E EVITANDO INFLUÊNCIAS NO VOTO DO ELEITOR. RESPONSABILIDADE DO CANDIDATO. RECUSRO DESPROVIDO PARA MANTER A SENTENÇA" .

Contra esse pronunciamento, Neilton Mulin da Costa interpôs recurso especial eleitoral (fls. 59-63), por meio do qual apontou violação ao art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97, na medida em que "não houve o prévio conhecimento por parte do ora recorrente da mencionada propaganda, não havendo sequer sua notificação preliminar, a qual poderia em tese fazer com que se presumisse, a partir de agora, sua presunção" (fls. 62).

Asseverou que "o presente caso não encontra óbice nas Súmulas 07/STJ e 279/STF, pois é descipiendo o reexame fático-probatório, já que a devida interpretação (e possível revisão) do enquadramento legal poderá ser efetivada pela simples análise das razões do caso em tela" (fls. 61).

Pleiteou o provimento do especial, a fim de seja reformada a decisão atacada e julgada improcedente a representação.

O Presidente do Tribunal a quo negou seguimento ao apelo especial em razão da incidência dos Enunciados das Súmulas nº 30/TSE e nº 83/STJ, na medida em que "o Tribunal Superior Eleitoral adota entendimento pela mitigação da exigência prevista no artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, quanto à notificação prévia do candidato, no caso de derrame de material de campanha em local de votação" (fls. 69).

Daí o presente agravo nos próprios autos (fls. 73-78), no qual o Agravante reitera a ocorrência de violação ao art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97 em razão da ausência de notificação e conhecimento acerca da propaganda tida por irregular. Ademais, assevera que "não há que se falar em revolvimento de fatos e provas, que encontre óbice na Súmula 07 do STJ. O que se pretende é o correto enquadramento dos fatos" (fls. 78).

Contrarrazões a fls. 81-84.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do agravo (fls. 88-91).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifico que o agravo foi interposto tempestivamente e está subscrito por advogado devidamente constituído nos autos (fls. 17).

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 79

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No juízo de admissibilidade, o Presidente do TRE/RJ negou seguimento ao recurso especial, assentando a incidência dos Enunciados das Súmulas nº 30/TSE e nº 83/STJ, na medida em que "o Tribunal Superior Eleitoral adota entendimento pela mitigação da exigência prevista no artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, quanto à notificação prévia do candidato, no caso de derrame de material de campanha em local de votação" (fls. 69).

Sucede que, ao interpor este agravo, e diversamente do que preconizam as legislações eleitoral¹ e processual², o Agravante não se desincumbiu de impugnar especificamente o fundamento utilizado pelo Presidente do Tribunal a quo para obstar o regular processamento de seu apelo extremo eleitoral.

De efeito, no agravo apenas foram reiterados os termos do recurso especial e impugnada a incidência da Súmula nº 7/STJ, a qual não foi fundamento e sequer foi mencionada na decisão denegatória do agravo.

Portanto, não foram apresentadas razões que justifiquem a reforma do decisum monocrático, o que atrai a incidência in casu do Enunciado da Súmula nº 26/TSE³ e nº 182/STJ4.

Como é cediço, não merece processamento o agravo que não infirma os fundamentos da decisão denegatória do recurso especial, em razão da ausência de um dos requisitos extrínsecos de admissibilidade recursal, qual seja, a regularidade formal.

Nessa esteira são os seguintes precedentes:

"[...]

1. As conclusões da decisão agravada que não foram especificamente impugnadas devem ser mantidas por seus próprios fundamentos.

2. A Súmula n° 182/STJ incide no agravo de instrumento interposto pelo agravante, pois este não infirmou o fundamento da decisão regional que negou seguimento ao recurso especial, limitando-se a repetir os argumentos do especial.

[...]

4. Agravo regimental desprovido."

(AgR-AI nº 220-39/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26/8/2013); e

"[...] 1. Nas razões do instrumento, os Agravantes deixaram de se voltar contra os fundamentos da decisão agravada, quais sejam, necessidade de reexame de provas e incidência da Súmula 83 do STJ, fazendo incidir a Súmula 182 do mesmo Tribunal.

[...]

4. Agravo regimental desprovido."

(AgR-AI nº 134-63/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 3/9/2013).

Ainda que superado tal óbice, registro que esta Corte Superior tem entendido que o derramamento de santinhos nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição configura propaganda eleitoral irregular e sujeita o responsável ao pagamento de multa por infração ao art. 37 da Lei n° 9.504/97. Confira-se o seguinte precedente:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA IRREGULAR. DERRAMA. SANTINHOS. DIA DO PLEITO. IRREGULARIDADE. CONFIGURAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. REPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CASO CONCRETO. PRÉVIO CONHECIMENTO. RESPONSABILIDADE. PECULIARIDADES. APLICAÇÃO DE MULTA.

1. Configura propaganda eleitoral irregular o "derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição.

2. Constatada a "chuva de santinhos" às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, pois a proibição contida no art. 37 da Lei n° 9.504/1997, além de destinar-se a evitar poluição visual, atua no sentido de evitar influências no voto do eleitor, em razão de propaganda ilícita, e de conferir tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção posterior ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta visibilidade.

3. Ante as particularidades observadas nos autos, é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem.

4. Responsabilidade pelo ato aferida diante das peculiaridades do caso.

5. Recurso especial provido. Procedência da representação, com fixação de multa no valor mínimo previsto em lei" .

(REspe n° 3798-23/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 14/3/2016).

Assentou-se no referido julgado que, constatada a chuva de santinhos às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, uma vez que a proibição contida no art. 37 da Lei n° 9.504/97 visa a evitar poluição visual e influências no voto do eleitor realizadas por meio de publicidade ilegal, garantindo tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção da propaganda irregular posteriormente ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta

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visibilidade.

Desse modo, assim como verificado no aludido precedente, a prévia notificação revela-se desnecessária na hipótese dos autos, ante a impossibilidade de se promover a regularização do bem no caso concreto, restando configurada a propaganda eleitoral irregular prescrita no art. 37 da Lei das Eleições.

Ex positis, nego seguimento ao agravo, com base no art. 36, § 6°, do RITSE5.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Código Eleitoral. Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poderá interpor, dentro em 3 (três) dias, agravo de instrumento.

§ 1º O agravo de instrumento será interposto por petição que conterá:

[...]

II - as razões do pedido de reforma da decisão;

²CPC. Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através de petição com os seguintes requisitos:

[...]

II - as razões do pedido de reforma da decisão;

³TSE. Súmula nº 26. É inadmissível o recurso que deixa de impugnar especificamente fundamento da decisão recorrida que é, por si só, suficiente para a manutenção desta.

4É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravo.

5RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferirá despacho fundamentado, admitindo, ou não, o recurso.

[...]

§ 6º O relator negará seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

PUBLICAÇÃO Nº 51/2017/SEPROC1

RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 248-59.2012.6.19.0049 CACHOEIRAS DE MACACU-RJ 49ª Zona Eleitoral (CACHOEIRAS DE MACACU)

RECORRENTES: RAFAEL MUZZI DE MIRANDA

ADVOGADOS: JOSÉ LEITE SARAIVA FILHO - OAB: 8242/DF E OUTROS

RECORRIDA: COLIGAÇÃO CACHOEIRAS MAIS HUMANA

ADVOGADOS: RONILDO REIS - OAB: 100350/RJ E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 32.414/2014

RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 248-59.2012.6.19.0049 - CLASSE 32 - CACHOEIRAS DE MACACU - RIO DE JANEIRO

Relatora: Ministra Rosa Weber

Recorrente: Rafael Muzzi de Miranda

Advogados: José Leite Saraiva Filho e outros

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Recorrida: Coligação Cachoeiras Mais Humana

Advogados: Ronildo Reis e outros

Eleições 2012. Recurso extraordinário em recurso especial. Ação de investigação judicial eleitoral. Abuso de poder político. Reexame de acervo fático-probatório. 1. A análise dos pressupostos de admissibilidade do recurso especial eleitoral possui natureza infraconstitucional, não ensejando o cabimento de recurso extraordinário por ausência de repercussão geral da matéria. Tema 181 de repercussão geral. 2. Negado seguimento ao recurso.

DECISÃO

1. Trata-se de recurso extraordinário interposto com fundamento no art. 102, inciso III, alínea a, da Constituição Federal, de acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, assim ementado (fl. 562):

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDORES SEM CONCURSO PÚBLICO EM ANO ELEITORAL. ABUSO DE PODER POLÍTICO. CONFIGURAÇÃO.

1. Não há que falar em violação ao art. 275 do Código Eleitoral quando o Tribunal de origem enfrenta todas as questões jurídicas relevantes para a solução do caso concreto.

2. O TRE/RJ concluiu pela configuração de abuso de poder político mediante a contratação temporária de 186 servidores sem concurso público em ano eleitoral a afetar a legitimidade e a normalidade da eleição. A pretensão dos agravantes exigiria a análise do conjunto probatório dos autos.

3. Decisão agravada mantida por seus fundamentos. Agravo regimental desprovido.

O recorrente sustenta a existência de repercussão geral da matéria deduzida no recurso, porque, segundo entende, o acórdão recorrido violou o decidido pelo STF no RE nº 658.026/RJ, em regime de repercussão geral, sobre os requisitos para contratação temporária de servidores no âmbito da Administração Pública.

Segundo alega, houve ofensa ao art. 37, inciso IX, da Constituição Federal. Argumenta que o TRE/MG não analisou detidamente as leis municipais que amparavam sua conduta, porque se limitou a fundamentar a decisão de maneira genérica.

Requer, por fim, o provimento do recurso para declarar a nulidade do acórdão do TRE a fim de que seja realizado novo julgamento do recurso eleitoral com a análise das Leis Municipais nos 1.744/2009, 1.835/2010, 1.837/2010 e 1.906/2012 conforme o entendimento firmado no acórdão exarado pelo STF no RE nº 658.026/MG, rel. Min. Dias Toffoli.

Decido

2. O Tribunal Superior Eleitoral assentou que a modificação do entendimento regional - de que houve abuso de poder político - demandaria o reexame de fatos e provas, inadmissível na instância extraordinária, consoante se extrai do seguinte trecho do respectivo acórdão (fl. 572):

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro expressamente assentou que houve contratação de diversos servidores em caráter temporário sem fundamento legal e concluiu, com base nos depoimentos testemunhais, pela existência da finalidade eleitoral da conduta; portanto, não subsiste a alegação dos recorrentes de que, por terem sido realizadas contratações similares em gestões anteriores, inexistiria abuso de poder.

No mais, verifico que Rafael Muzzi de Miranda e Marcos Antônio dos Santos Souza não trouxeram argumentos capazes de alterar a decisão agravada. Com base no quadro fático delineado pelo TRE e em consonância com a atual jurisprudência desta Corte, ressalto que a reforma da conclusão do Regional - de que ficou comprovado o ilícito a configurar abuso de poder político (contratação irregular de servidores e beneficiamento eleitoral) -, se possível, demandaria o reexame de provas, o que não se admite em recurso especial, nos termos da Súmula nº 279/STF. (Grifo nosso)

Conquanto o recorrente postule a admissão do recurso em razão de suposta ofensa ao art. 37, inciso IX, da CF/1988, verifico que a questão dos autos se refere a um pressuposto de admissibilidade do recurso especial, qual seja, seu cabimento. Tal alegação possui natureza infraconstitucional, não ensejando o reconhecimento do apelo extremo por inexistência de repercussão geral (Tema 181). Confira-se:

PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DE RECURSOS DA COMPETÊNCIA DE OUTROS TRIBUNAIS. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

A questão alusiva ao cabimento de recursos da competência de outros Tribunais se restringe ao âmbito infraconstitucional. Precedentes. Não havendo, em rigor, questão constitucional a ser apreciada por esta nossa Corte, falta ao caso "elemento de configuração da própria repercussão geral" , conforme salientou a ministra Ellen Gracie, no julgamento da Repercussão Geral no RE 584.608

(RE nº 598.365 RG/MG, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 14.8.2009 - grifo nosso)

3. Ante o exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário, nos termos do art. 1.030, inciso I, alínea a, do Código de Processo Civil.

Publique-se.

Brasília, 07 de março de 2017.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 82

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Ministro GILMAR MENDES

Presidente

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 280-77.2016.6.16.0188 PINHAIS-PR 188ª Zona Eleitoral (PINHAIS)

RECORRENTES: ALAMIR LAZARO SELL E OUTRO

ADVOGADO: JOÃO BATISTA LOPES COUTINHO - OAB: 50695/PR

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 10.084/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO PRIVADO. INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, E, 2, DA LC Nº 64/90. PRAZO DE INELEGIBILIDADE PROJETA-SE POR 8 ANOS APÓS O CUMPRIMENTO DA PENA. SÚMULA Nº 61 DO TSE. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto por Alamir Lázaro Sell e pelo Partido Socialista Brasileiro contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que manteve o indeferimento do pedido de registro de candidatura do primeiro Recorrente ao cargo de Vereador do município de Pinhais/PR, nas eleições de 2016, por incidir na causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, 2, da LC nº 64/90¹. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 126):

"EMENTA: RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - VEREADOR - IMPUGNAÇÃO - INELEGIBILIDADE - ART. 1º, I, `E", 2, 1ª PARTE DA LC Nº 64/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA - INOCORRÊNCIA. NÃO HOUVE O DECURSO DO PRAZO DE 08 ANOS DO CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA EM DECORRÊNCIA DA PRÁTICA DO CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO PRIVADO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA QUE FOI IMPOSTA CUMULATIVAMENTE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO."

Contra essa decisão foram opostos embargos de declaração (fls. 135-145), os quais foram rejeitados por ausência dos vícios autorizadores do seu manejo (fls. 147-149).

Os Recorrentes, em suas razões, alegam não incidir a hipótese de inelegibilidade do art. 1º, I, e, 2, da LC nº 64/90, sob o argumento de que ao caso deveria ser aplicado o mesmo entendimento firmado no julgamento da ex-presidente Dilma Rousseff.

Nesse passo, argumentam que o referido "julgamento abre precedente para julgamentos semelhantes que envolvam a discussão do afastamento a [sic] inelegibilidade pelo prazo de 8 (oito) anos para concorrer a cargos políticos, perceba-se que por mais que as proporções sejam largamente distantes, os casos são de extrema semelhanças e perfeitamente é admissível a hermenêutica análoga ao presente processo, tendo que ser analisado de forma correta o presente precedente, para tanto cabe aqui ressaltar o princípio da isonomia" (fls. 163).

Sustentam, ainda, que o "recente precedente deve ser estendido ao Recorrente, sob pena de ferir o princípio da igualdade tanto defendido pela nossa constituição, sob pena de ferir direitos fundamentais da igualdade" (fls. 165).

Por fim, requerem seja dado provimento ao recurso, para que, reformado o acórdão regional, seja deferido o pedido de registro de candidatura de Alamir Lázaro Sell.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015².

Contrarrazões apresentadas a fls. 169, nas quais o Ministério Público Eleitoral ratifica os argumentos expendidos no parecer de fls. 121-124.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 173-174).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso é tempestivo e foi subscrito por advogado regularmente inscrito (fls. 61).

Todavia, em juízo de prelibação, verifico que os Recorrentes deixaram de demonstrar, de forma clara e inequívoca, os dispositivos legais que teriam sido contrariados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Desse modo, a deficiência da fundamentação atrai o óbice plasmado na Súmula nº 27 desta Corte Eleitoral, in verbis: "É inadmissível o recurso cuja deficiência de fundamentação impossibilite a compreensão da controvérsia".

Nesse sentido, cito o seguinte julgado deste Tribunal:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 83

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REEXAME. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA NO AGRAVO. NÃO PROVIMENTO.

[...] 2. O recurso especial foi interposto sem indicação dos dispositivos legais ou constitucionais supostamente violados pelo acórdão vergastado e sem a demonstração de dissídio jurisprudencial. A patente deficiência da fundamentação atrai o disposto na Súmula n° 284/STF.

[...] 4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-REspe n° 1702-81/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 11/11/2013).

Ainda que ultrapassado tal óbice, vislumbro que as alegações veiculadas no especial não teriam condição de êxito. Explico.

De meritis, a controvérsia travada nos autos consiste em verificar se a condenação, transitada em julgado, pela prática de crime contra o patrimônio privado atrai a causa de inelegibilidade da alínea e, "2" , inciso I, do art. 1º da LC nº 64/90.

Com efeito, o aludido dispositivo prevê causa de inelegibilidade decorrente da condenação, com trânsito em julgado ou proferida por órgão colegiado, pela prática de crime contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência. Eis a redação do preceito legal, verbis:

"Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

[...]

2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; [...]" .

In casu, o Tribunal de origem indeferiu o registro de candidatura do candidato Alamir Lázaro Sell sob o fundamento de que a condenação, transitada em julgado, por crime contra o patrimônio privado atrai a inelegibilidade em comento. Confiram-se os seguintes excertos do acórdão regional (fls. 128-129):

"Verifica-se no documento de fl. 36 que o cumprimento da pena de 3 anos e 3 meses de reclusão teve início em 28/07/2006, com a realização da audiência admonitória, nos termos do art. 160 da Lei de Execuções Penais, encerrando-se, portanto, em 27/10/2009, caso, ainda, tivesse demonstrado o cumprimento da pena de multa.

Foi declarada extinta, em 18/02/2010, apena a pena privativa de liberdade, não existindo, nos autos, notícia do cumprimento da pena de multa.

Foi declarada extinta, em 18/02/2010, apenas a pena privativa de liberdade, não existindo, nos autos, notícia do cumprimento da pena de multa. Não obstante, a data do término do cumprimento da pena privativa de liberdade já é suficiente para demonstrar a inelegibilidade para o pleito eleitoral de 2016, estendendo o prazo pelo menos até o 27/10/2017.

Assim, restando claro não ter decorrido o prazo previsto no artigo 1º, inciso I, alínea `e", nº 2, 1ª parte da Lei Complementar 64/90 [...] correta está a sentença a quo ao reconhecer a incidência da referida inelegibilidade" .

A moldura fática delineada no acórdão hostilizado permite afirmar que os pressupostos caracterizadores da inelegibilidade previstos no art. 1º, I, e, 2, da LC nº 64/90 restaram suficientemente preenchidos: (i) condenação por crime contra o patrimônio privado e (ii) decisão transitada em julgado, extinta a punibilidade em 18/2/2010.

Destarte, o aresto não merece reparos, porquanto encontra eco na jurisprudência desta Corte Eleitoral, mormente no que tange ao entendimento consolidado no Enunciado Sumular nº 61 do TSE, segundo o qual "o prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa" .

Confira-se, nessa mesma esteira, o seguinte julgado:

"[...]

3. Nos termos do art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, o prazo de inelegibilidade, hipótese que abrange somente os condenados pelos crimes previstos no mencionado dispositivo, projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena imposta, seja ela privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa.

[...]" .

(PA nº 936-31/MS, Relator designado Min. Dias Toffoli, DJe de 20/5/2015).

Ademais, quanto ao argumento dos Recorrentes de que se deve estender ao candidato, pelo princípio da isonomia, o alegado precedente firmado no julgamento da ex-presidente Dilma Rousseff, realço ser irrelevante a análise, na medida em que o indeferimento do registro de Alamir Lázaro Sell se deu por incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1°, I, e, 2, da LC n° 64/90, e não em decorrência da prática de crime de responsabilidade - imputado à ex-presidente -, cujo rito e respectiva pena são previstos no art. 52 da Constituição Federal.

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Ex positis, nego seguimento a este recurso, nos termos do art. 36, § 6º, do RITSE.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

[...]

2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

²Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 134-65.2016.6.13.0270 OURO VERDE DE MINAS-MG 270ª Zona Eleitoral (TEÓFILO OTONI)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO UM NOVO CAMINHO

ADVOGADOS: MÁRCIO LUIZ SILVA - OAB: 12415/DF E OUTROS

RECORRIDO: JOSIMAR TELES DA COSTA

ADVOGADOS: MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO - OAB: 25341/DF E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 13.033/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. PREFEITO ELEITO. ART. 1º, I, L, DA LC nº 64/90. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INOBSERVÂNCIA. CONJUNÇÃO DOS REQUISITOS. LESÃO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. INAPLICAÇÃO. SUSPENSÃO DIREITOS POLÍTICOS. AUSÊNCIA. TRÂNSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. DISCUSSÃO. IRREGULARIDADE. DRAP. REGISTRO DE CANDIDATURA INDIVIDUAL. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial interposto pela Coligação Um Novo Caminho, com alegada base no art. 276, I, a, do Código Eleitoral, em face do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais que, por unanimidade, manteve o deferimento da candidatura de Josimar Teles da Costa ao cargo de Prefeito do Município de Ouro Verde de Minas/MG, nas eleições de 2016. Eis a ementa do aresto vergastado (fls. 188-189):

"AGRAVO INTERNO. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. CONDENAÇÃO POR IMPROBIDADE ADMNISTRATIVA. PENA DE SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. REGISTRO DEFERIDO. DECISÃO MONOCRÁTICA. ELEIÇÕES DE 2016.

A matéria tratada nos embargos de declaração de fls. 128-132, por se relacionar ao mérito, no que toca as alegadas nulidades de atas de convenção e falsificação de assinatura, foi renovada em grau de recurso eleitoral, tendo sido devidamente apreciada pela decisão agravada, que ratificou o entendimento de que a via adequada para tratar de tais questões é o DRAP da coligação, e não o registro do candidato, não restando configurado qualquer prejuízo à parte. Inexistência de nulidade da sentença.

As questões suscitadas pelo agravado com o objetivo de atacar a decisão que não conheceu dos seus embargos de declaração são de ordem pública, razão pela qual, se verificadas, pode o ato decisório ser declarado nulo em qualquer tempo e grau de jurisdição, inclusive ex officio. Não configuração da preclusão.

Há interesse recursal que sustenta a pretensão do agravante de reforma da sentença, uma vez que, embora esta lhe tenha sido favorável, já que indeferido o registro de candidatura do agravado, parte do fundamento da sua impugnação foi rechaçada pelo

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 85

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Juízo a quo, bem assim pela decisão agravada, qual seja, a alegação de nulidade das atas das convenções e falsidade de assinatura, pois relacionadas ao julgamento do DRAP. Existência de interesse recursal.

O ato ímprobo, atentatório, exclusivamente, dos princípios da administração pública, nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429/1992, não gerou, cumulativamente, dano ao erário e enriquecimento ilícito do agravado, ou de terceiro. Não há a incidência da inelegibilidade da alínea `L" do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90.

Da certidão de fls. 127, expedida pelo STJ em 12/09/2016, é possível verificar que o Agravo em Recurso Especial nº 966728/MG, recebido eletronicamente naquela Corte em 02/08/2016, ainda estava pendente de julgamento por aquele Superior Tribunal de Justiça.

Sendo assim, nos termos do art. 20 da Lei nº 8429/1992, ainda não é possível a aplicação dos efeitos da pena de suspensão dos direitos políticos para o ora agravado, em razão da condenação na ACP nº 0686.12.011471-1, confirmada pelo acórdão do TJMG de fls. 102-109, uma vez que o decreto condenatório correspondente ainda não transitou em julgado.

Decisão monocrática mantida.

RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO" .

Nas razões do recurso, a Recorrente assevera que o pronunciamento do Regional, ao afastar a referida inelegibilidade por não vislumbrar o requisito do enriquecimento ilícito do candidato, violou o disposto no art. 1º, I, l, da Lei Complementar nº 64/90.

Argumenta que é "inquestionável a lesão ao patrimônio Público, sobretudo porque não foi prestado o serviço público necessário e útil a toda a sociedade" (fls. 201).

Aponta, também, a suspensão dos direitos políticos do recorrido em decorrência da decisão condenatória por ato de improbidade administrativa que possuiria efeitos imediatos, independentemente do trânsito em julgado.

Aduz violação ao art. 16 da Lei nº 9.096/95, sustentando que "a Sra. Livânia Cólen Teles, com os direitos políticos suspensos, presidiu ilegalmente a convenção partidária, que escolheu o Recorrido para candidato a Prefeito em Ouro Verde de Minas" (fls. 204).

Acrescenta que "a nulidade das convenções que escolherem [sic] o Recorrido para candidato a Prefeito é flagrante e, por se tratar de matéria de ordem pública deve ser analisada por esta Eg. Corte Eleitoral, em sede de registro de candidatura, em que pese entendimento contrário contido no acórdão recorrido" (fls. 205).

Pleiteia, ao final, o provimento do recurso, para ser indeferido o registro de candidatura de Josimar Teles da Costa.

Contrarrazões a fls. 209-222.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

A Procuradoria-Geral Eleitoral opina pelo desprovimento do especial (fls. 225-229).

É o relatório. Decido.

Ab initio, observo que o recurso é tempestivo e foi subscrito por procurador regularmente constituído (fls. 245).

O Tribunal de origem - ao analisar os fundamentos do acórdão proferido pela Justiça Comum, para proceder à classificação do ato de improbidade, verificando a aplicabilidade do disposto no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990 ao caso -, concluiu que a hipótese não atrairia a referida inelegibilidade, porquanto essa exige, para o seu aperfeiçoamento, a demonstração concomitante de condenação à suspensão dos direitos políticos em decisão transitada em julgado, ou proferida por órgão judicial colegiado, bem assim que tal decisum decorra da prática de ato doloso de improbidade administrativa que importe, cumulativamente, lesão ao patrimônio e enriquecimento ilícito, inocorrente no caso.

Na espécie, o recorrido foi condenado por improbidade administrativa, pois, "na condição de Secretário Municipal, juntamente com a Prefeita da época, determinou a remoção de servidor para município diverso, motivado por questões que não se relacionaram com o interesse da Administração, além do que impediram, por atos e por desídia, que o servidor exercesse as funções inerentes ao seu cargo" (fls. 193-194).

O Tribunal regional entendeu não configurada a inelegibilidade, in casu, consignando que "o ato ímprobo, atentório, exclusivamente, dos princípios da administração pública, nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429/1992, não gerou, cumulativamente, dano ao erário e enriquecimento ilícito do agravado, ou de terceiro, pelo que entendo que não há a incidência da referida inelegibilidade, por ausência de um dos seus requisitos legais" (fls. 195).

Nessa toada, diante de tal assertiva, deve-se manter o afastamento da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990, considerando necessária a junção concomitante dos seguintes requisitos: (i) condenação transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, (ii) ato doloso de improbidade administrativa, (iii) ato ímprobo que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito e (iv) condenação à suspensão dos direitos políticos.

A necessidade da ocorrência simultânea dos supracitados requisitos encontra eco na jurisprudência deste Tribunal, a qual aponta ser imprescindível que a condenação à suspensão dos direitos políticos resulte de ato doloso de improbidade administrativa que importe, conjugadamente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito, para ter-se por caracterizada a hipótese de inelegibilidade contida no art. 1º, I, l, da LC nº 64/90. Confiram-se, nessa esteira, os seguintes precedentes:

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"INELEGIBILIDADE - ALÍNEA L DO INCISO I DO ARTIGO 1º DA LEI COMPLEMENTAR N° 64/1990 - REQUISITOS. A teor do disposto na alínea l do inciso I do artigo 1º da Lei Complementar n° 64/1990, indispensável é ter-se condenação à suspensão dos direitos políticos, considerado ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. A tanto não equivale arregimentação de servidores, via cooperativa, sem concurso público."

(REspe nº 109-02/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 11/4/2013); e

"RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO. DANO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ART. 1°, I, l, DA LC N° 64/90. AUSÊNCIA DA INTEGRAL CAPITULAÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROBIDADE. OMISSÃO. PROVIMENTO PARCIAL.

1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, para a configuração da inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (Precedentes: REspe nº 14763, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 11.9.2012; REspe nº 22642, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 20.11.2012).

[...]."

(REspe nº 278-38/CE, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 24/2/2014).

A situação concreta revela que a conduta imputada como ímproba ao candidato vulnerou os princípios da administração pública - remoção de servidor por motivação pessoal -, sem demonstrar o efetivo dano ao erário e enriquecimento ilícito, de modo que tais efeitos devem estar comprovados, e não serem presumidos.

Nesse pormenor, não é possível concluir que o aludido ato de improbidade imputado ao Recorrido se enquadre na inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC nº 64/90, ante a ausência de requisito legal.

No que concerne à suspensão dos direitos políticos do Recorrido, se extrai do acórdão regional que a decisão proferida em ação civil pública ainda não transitou em julgado. Transcrevo excerto do julgado (fls. 195):

"Da certidão de fls. 127, expedida pelo STJ em 12/09/2016, é possível verificar que o Agravo em Recurso Especial nº 966728/MG, recebido eletronicamente em 02/08/2016, ainda estava pendente de julgamento por aquele Superior Tribunal de Justiça.

Sendo assim, ainda não é possível a aplicação dos efeitos da pena de suspensão dos direitos políticos para o ora agravado, em razão da condenação na ACP nº 0686.12.011471-1, confirmada pelo acórdão do TJMG de fls. 102-109, uma vez que o decreto condenatório correspondente ainda não transitou em julgado" .

Sem reparos o acórdão regional, tendo em vista que o art. 15, V, da Constituição da República, consoante a jurisprudência desta Corte Superior, somente tem efeitos a partir do trânsito em julgado da decisão condenatória por ato de improbidade administrativa. Nesse sentido: AgR-RMS nº 982-60/SP, de minha relatoria, DJe de 13/6/2016.

Por fim, quanto à alegação de nulidade na convenção partidária que escolheu o Recorrido como candidato à Prefeito, verifico que o acórdão do TRE/MG encontra guarida na jurisprudência iterativa desta Corte Eleitoral, segundo a qual a (in)validade de convenções partidárias deve ser discutida nos autos do DRAP, não sendo possível a sua apreciação no processo de requerimento de registro de candidatura.

Opportune tempore, trago à colação o entendimento sedimentado nesta Corte Superior, verbis:

"ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. RECURSO ESPECIAL. CARGO. VICE-PREFEITO. CONVENÇÃO. IRREGULARIDADES. MATÉRIA OBJETO. DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS (DRAP). PARTIDO COLIGADO. ILEGITIMIDADE ATIVA. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOCORRÊCIA. DESPROVIMENTO.

[...] 1. Na linha da remansosa jurisprudência desta Corte, as discussões que envolvem vícios relativos à convenção partidária devem ser examinadas nos autos do DRAP, e não nos dos registros individuais de candidatura. Precedentes. [...]" .

(REspe nº 207-65/MT, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 30/9/2016); e

"ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO E VICE-PREFEITO. ESCOLHA DE CANDIDATOS EM CONVENÇÃO. DIVERGÊNCIAS INTRAPARTIDÁRIAS. INTERVENÇÃO NO DIRETÓRIO MUNICIPAL. A matéria atinente à validade de convenção partidária deve ser discutida nos autos do DRAP e não nos dos registros individuais de candidatura. Precedentes. Recurso especial desprovido" .

(REspe n° 87-16/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 22/12/2014).

Destarte, o acórdão recorrido está em consonância com a jurisprudência desta Corte, razão pela qual deve ser mantido o deferimento do registro de candidatura do Recorrido.

Ex positis, nego seguimento ao recurso, com base no art. 36, § 6º, do RITSE.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

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MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 492-21.2016.6.26.0156 SANTO ANDRÉ-SP 156ª Zona Eleitoral (SANTO ANDRÉ)

RECORRENTE: JOSÉ FRANCISCO DE ARAÚJO

ADVOGADOS: JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN - OAB: 2977/DF E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 13.658/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO DE VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DE VERBAS INDEVIDAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29, VI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, G, DA LC Nº 64/90. NEGATIVA DE SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial interposto por José Francisco de Araújo, com alegada base no art. 11, § 2º, da Lei Complementar nº 64/1990 combinado com o art. 60, parágrafos 2º e 3º, da Resolução-TSE nº 23.455/2015, em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que, por unanimidade, deu provimento ao recurso apresentado pelo Ministério Público Eleitoral e, consequentemente, indeferiu sua candidatura ao cargo de Vereador do Município de Santo André/SP, nas Eleições 2016, ante a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990. Eis a síntese do que decidido (fls. 306):

"RECURSO ELEITORAL: REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. ELEIÇÕES 2016.

Sentença que deferiu o registro do candidato a Vereador. Artigo 1°, I, g da Lei Complementar n° 64/90. Presidente da Cârnara Municipal. Inobservância do disposto no artigo 39, § 4°, da Constituição Federal. Pagamento de ajuda de custo. Irregularidade insanável que caracteriza ato doloso de improbidade administrativa. Recurso provido para indeferir o registro de candidatura."

Nas razões do especial, assevera violados os art. 5º, inciso LIV e 93, inciso IX, da Constituição Federal e art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990.

Aduz o desacerto da decisão do Regional, que entendeu caracterizarem ato doloso de improbidade administrativa as irregularidades que acarretaram a rejeição das contas alusivas aos exercícios de 2011 e 2012, período em que exerceu o cargo de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Santo André/SP.

Esclarece que a irregularidade verificada pelo Tribunal de Contas, a qual desaguou na reprovação das referidas contabilidades, foi pagamento a maior dos subsídios dos Vereadores, em desrespeito à norma constitucional. Em seguida, ressalta que houve a devolução dos valores pagos a maior aos cofres públicos, demonstrando assim sua boa-fé.

Afirma que não há, nas referidas decisões, qualquer anotação de que as irregularidades são insanáveis e configuradoras de ato doloso de improbidade administrativa.

Na sequência, alega que os julgamentos administrativos proferidos pela Corte de Contas não podem caracterizar as irregularidades verificadas como ato ímprobo nem atestar a existência do dolo, pressupostos indispensáveis para o efetivo enquadramento na inelegibilidade prevista na alínea g. Consoante diz, tal aferição deverá ser feita por órgão do judiciário via ação de improbidade administrativa. Anota que não há qualquer ação de improbidade administrativa contra si, não podendo assim ser considerado inelegível.

Pontua que os pagamentos feitos aos Vereadores, supostamente em desacordo com preceito constitucional, ocorreram nos estritos limites estatuídos pela Resolução nº 04/2008 da Câmara de Santo André, sendo mero cumpridor de norma anteriormente prevista. Ressalta que tal comando legal não é ato vinculado, devendo ser cumprido.

Acrescenta que sempre respeitou o limite, fixado na Resolução nº 04/08, de pagamento aos vereadores do percentual de 75% da remuneração percebida pelos Deputados Estaduais.

Diante de tais fatos, sustenta ausente o dolo.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 88

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Aduz violado o art. 5º, inciso LV, da Constituição da República, ante a incompetência do Tribunal de Contas em qualificar o ato como ímprobo e insanável.

Assevera vulnerado o art. 93, inciso IX, da Constituição da República, por ausência de fundamentação do pronunciamento atacado.

Por fim, diz inobservado o princípio da proporcionalidade no momento da análise do registro.

Requer o provimento do recurso, para que seja deferida a respectiva candidatura.

O Recorrido apresentou contrarrazões (fls. 378-381v).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Mediante petição de fls. 383-391, o Recorrente pleiteou a concessão do efeito suspensivo a essa irresignação, o qual foi por mim indeferido (fls. 402-407).

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 409-415).

Prosseguindo no relato, verifico que José Francisco de Araújo protocolizou, pelo Processo Judicial Eletrônico desta Justiça Especializada, a Ação Cautelar nº 0602676-04/SP, com pedido de liminar, visando à concessão de efeito suspensivo ativo a esse recurso, o qual foi por mim indeferido. Anoto, ainda, que está pendente de exame agravo regimental por ele apresentado.

É o relatório suficiente. Decido.

Ab initio, assento que o recurso é tempestivo e foi subscrito por advogado regularmente constituído.

No que tange ao suposto desrespeito aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da proporcionalidade, observo que tais matérias não foram debatidas na instância regional, tampouco houve oposição de embargos de declaração a fim de provocar a manifestação daquele Tribunal sobre a questão, padecendo o tema da ausência do indispensável prequestionamento. Incide nesse ponto o Enunciado nº 356 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.

Verifica-se que a alegada violação ao art. 93, inciso IX, da Constituição da República não ocorreu, haja vista que a Corte de origem se manifestou expressamente e de maneira minuciosa a respeito de todas as questões relevantes ao deslinde da controvérsia, as quais foram devidamente explicitadas e fundamentadas.

Prosseguindo no exame do recurso, pontuo que o equacionamento da discussão travada não reclama a reincursão do conjunto fático-probatório carreado aos autos, providência vedada pelo Enunciado da Súmula nº 24 deste Tribunal Superior², mas, ao revés, autoriza o reenquadramento jurídico dos fatos. É que, dada a moldura fática delineada no aresto fustigado, a pretensão do Recorrente questiona a qualificação jurídica consignada pelo Regional Eleitoral paulista ao assentar o preenchimento dos elementos fático-jurídicos caracterizadores da inelegibilidade da alínea g.

A pretensão deduzida veicula quaestio iuris, prescindindo, bem por isso, da formação de nova convicção acerca dos fatos narrados nos autos. Na irretocável lição de Luiz Guilherme Marinoni, "a qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. "Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário" . In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, após debruçar-se sobre o arcabouço fático-probatório, concluiu que configuram ato doloso de improbidade as irregularidades apuradas na prestação de contas do Recorrente - referentes aos exercícios financeiros de 2011 e 2012, período em que exercia a presidência da Câmara dos Vereadores -, as quais foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. Assentou que, em ambos os exercícios, a irregularidade verificada é a mesma, qual seja, pagamento de subsídios em desconformidade com normas constitucionais.

Em abono de sua pretensão, José Francisco de Araújo sustenta que não há, nas decisões administrativas do Órgão de Controle, qualquer anotação de que as irregularidades são insanáveis e configuradoras de ato doloso de improbidade administrativa, asseverando que tal aferição deverá ser feita por órgão do judiciário via ação de improbidade administrativa, inexistindo contra si a referida ação. Advoga, ainda, pela ausência do dolo, considerando que se limitou a praticar ato vinculado estatuído na resolução da Câmara dos Vereadores do Município de Santo André/SP. Além disso, destaca sua boa- fé, em virtude de ter devolvido aos cofres públicos todos os valores pagos a maior.

A despeito de certa obviedade e até naturalidade com que o assunto é tratado, enfrentar o argumento com o respeito devido requer algum desenvolvimento teórico acerca do grau da cognição que se realiza nas impugnações de registro de candidatura (AIRCs).

É que não é autoevidente nem intuitivo sustentar que ao juiz eleitoral é outorgada a competência, nesse tipo de ação, para avaliar a presença in concrecto dos requisitos caracterizadores de causas restritivas à cidadania passiva, mediante a formulação de juízos de valor sobre elementos do tipo eleitoral. Em termos estritamente processuais, o pressuposto para o enfrentamento de quaestio desse jaez perpassa pela delimitação do âmbito de cognoscibilidade autorizado ao juiz eleitoral [cognitio], quanto à amplitude e à profundidade do debate travado, i.e., o "conjunto de atividade intelectuais do juiz como `instrumento de atuação

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

da lei mediante verificação"" (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil, vol. I, p. 253-254), de ordem a divisar ex ante os pontos e as questões passíveis de serem discutidas e decididas. Daí ser imperiosa a incursão, ainda que perfunctória, nos limites e possibilidades dessa atividade intelectiva nas impugnações de registro.

Extrai-se da dogmática processual civil que a cognição encetada pelo juiz comporta análise do thema iudicandum sob dois planos distintos - horizontal e vertical (cf., FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 51). Tomada pelo plano horizontal, a atividade cognitiva refere-se à amplitude e à extensão dos limites objetivos da atividade cognitiva realizada, de forma a definir quais questões podem ser conhecidas pelo magistrado (i.e., pressupostos processuais, condições da ação e mérito). Ela se subdivide em plena (ou ilimitada), sempre que inexistirem óbices temáticos ao conhecimento das questões objeto da cognição judicial, ou limitada (ou parcial), quando forem impostas restrições. Quando examinada verticalmente, a cognição se relaciona com a profundidade do pronunciamento judicial, perquirindo o modo como aludidas questões foram analisadas, i.e., se ancoradas em juízo de certeza ou de verossimilhança. O plano vertical também comporta subdivisão: exauriente, se completa, ou sumária, quando incompleta.

No valioso escólio do Professor das Arcadas Kazuo Watanabe, em sua clássica obra Da Cognição no Processo Civil, indispensável à compreensão do instituto, "a cognição pode ser vista em dois planos distintos: horizontal (extensão, amplitude) e vertical (profundidade). No plano horizontal, a cognição tem por limite os elementos objetivos (trinômio: questões processuais, condições da ação e mérito, inclusive questões de mérito; para alguns, binômio, com exclusão das condições da ação; Celso Neves: quadrinômio, distinguindo os pressupostos dos supostos processuais). Nesse plano, a cognição pode ser plena ou limitada (ou parcial), segundo a extensão permitida. No plano vertical, a cognição pode ser classificada, segundo o grau de sua profundidade, em exauriente (completa) ou sumária (incompleta)" (WATANABE, Kazuo. Da Cognição no Processo Civil. 3ª ed. São Paulo: Perfil, 2005, p. 127 - grifos no original).

Deveras, o estudo da cognitio nos diversos procedimentos não é despido de utilidade prática. É precisamente a combinação entre as modalidades de cognição que habilita o legislador processual a engendrar desenhos procedimentais distintos para cada tipo de pretensão deduzida. A depender das especificidades da relação de direito material debatida, sobressaem diferentes técnicas cognitivas de adequação, no afã de proceder às adaptações e aos ajustes à efetiva tutela jurisdicional e à salvaguarda do princípio do juízo natural. Como bem adverte Kazuo Watanabe, "[p]ara a cognição adequada a cada caso, pressuposto de um julgamento justo, a sensibilidade mencionada é um elemento impostergável. Não seria, certamente, um exagero afirmar-se que o direito à cognição adequada faz mesmo parte do conceito menos abstrato do princípio do juiz natural" (WATANABE, Kazuo. Da Cognição no Processo Civil. Op. Cit., p. 74-75).

À evidência, a categorização supra padece do reducionismo ínsito a qualquer taxonomia: seu propósito específico e precípuo consiste tão só em propiciar a compreensão, neste caso, desse feixe de atuação intelectiva do magistrado frente os diversos tipos de procedimento, revelando-se inábil, contudo, ante sua perfunctoriedade, a espelhar fidedignamente a complexidade do fenômeno. É que, posto que seja escorreito traçar uma distinção ontológica, "não é absoluta, quando cabível, a diferenciação em fases dedicadas à atividade cognitiva e à executiva. No terreno coberto por uma delas não raro se inserem atos pertinentes à outra" (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo Código de Processo Civil. 29ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 206).

Daí ser possível identificar atividades intelectivas inerentes às ações executivas em processos de conhecimento, e vice-versa, não obstante os processos de execução, tradicionalmente, caracterizarem-se por sua cognitio tênue e rarefeita ou de "não cognição" , para valer-me de expressão cunhada por Pontes de Miranda³, e os processos de conhecimento traduzirem, a seu turno, cognição plena e exauriente.

Aludido diagnóstico demonstra que a atividade cognitiva realizada nos diferentes procedimentos não é homogênea nem pode ser apreendida sob o aspecto qualitativo. Ao contrário, a diferenciação entre os processos de conhecimento, executivo e cautelar ancora-se no critério da predominância (viés quantitativo) da cognitio verificada em cada processo: sobressai maior espaço para a formulação de juízos de valor em processos de conhecimento do que em ações executivas, mas isso nem de longe obsta a adoção de providências de cunho satisfativo (ou executório) em processos de conhecimento e tampouco manieta a formulação de juízos de valor em processos executivos. Essa advertência foi captada, em irretocável lição, pelo Professor Araken de Assis, ao prelecionar que "[t]ão artificial se afigura a divisão tricotômica dos `processos", e postiça a pureza funcional dessas estruturas, que acaba sem explicações, e insatisfatoriamente compreendido o motivo por que há cognição no `processo" executivo, ou cautelar, e insondáveis motivos atos executórios ocorrem no `processo" de conhecimento. (...). Toda demanda exige cognição do órgão jurisdicional. Ele conhecerá do próprio processo, em primeiro lugar, e também do thema decidendum trazido pelo demandante, ainda quando se limite a emitir comando transitório e emergencial (função cautelar), ou a atuar o comando definitivo (função executiva)" (ASSIS, Araken de. Manual de Execução. 16ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 85-86).

No mesmo sentido é o magistério de Cândido Rangel Dinamarco, quando averba que, "nem mesmo em processo executivo, seria concebível um juiz robot, sem participação inteligente e sem poder decisório algum. O juiz é seguidamente chamado a proferir juízos de valor no processo de execução, seja acerca dos pressupostos processuais, das condições da ação ou dos pressupostos específicos dos diversos atos a levar a efeito" (DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil. 8ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 181-182).

E tais lições devem a fortiori ser transladas ao se analisar a cognição autorizada aos juízes eleitorais nas impugnações de registro.

Conquanto seja proscrito adentrar no acerto ou desacerto na decisão (judicial, administrativa ou normativa) que embasa a pretensão nas AIRCs, à Justiça Eleitoral é, sim, confiado algum espaço para formular juízos de valor, no afã de apurar a

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existência, no caso concreto, dos pressupostos fático-jurídicos das inelegibilidades constantes do art. 1º, inciso I, de maneira a produzir uma regra concreta acerca do estado jurídico de elegibilidade do pretenso candidato.

Incumbe ao magistrado eleitoral o mister de, à guisa das premissas fáticas do título que justifica o pedido de declaração de inelegibilidade, investigar se as premissas fáticas amoldam-se, ou não, aos elementos normativos do tipo eleitoral, a atrair a suposta causa restritiva da cidadania passiva. Eis a consequência: dependendo do elemento do tipo eleitoral analisado, haverá a ampliação ou a redução da cognição realizada pelo juiz eleitoral, franqueando-lhe, em consequência, a prerrogativa de formular juízos de valor acerca da ocorrência in concrecto de alguns deles.

Portanto, são os elementos que compõem a estrutura normativa da causa de inelegibilidade que informam a postura adotada pelo juiz eleitoral, ampliando ou reduzindo o objeto cognoscível, razão por que inexiste uniformidade na cognitio desempenhada nessas ações.

Ilustrativamente, a cognição exercida na alínea g não deve se assemelhar àquela realizada nos casos de alínea o. E isso porque é inconteste que a estrutura normativa da alínea g é mais complexa que a da alínea o. De um lado, a alínea g contempla, em seu tipo, seis elementos fático-jurídicos como antecedentes de sua consequência jurídica, a serem, cumulativamente, preenchidos: (i) o exercício de cargos ou funções públicas; (ii) a rejeição das contas pelo órgão competente; (iii) a insanabilidade da irregularidade apurada, (iv) o ato doloso de improbidade administrativa; (v) a irrecorribilidade do pronunciamento que desaprovara; e (vi) a inexistência de suspensão ou anulação judicial do aresto que rejeitara as contas. De outro lado, a alínea o foi insculpida em tipo eleitoral mais simplório, que prevê como fato imponível tão somente a demissão do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, ressalvados os casos de suspensão ou anulação pelo Poder Judiciário4.

Na alínea o, diminuto campo de cognição remanesce ao magistrado, adstrito que está em verificar (i) se houve, ou não, demissão do serviço público, decorrente de processo judicial ou administrativo, e (ii) se há, ou não, suspensão ou anulação, pelo Poder Judiciário, desse pronunciamento que implicou a demissão.

No que respeita à alínea g, existem elementos do tipo que também manietam, em alguma medida, a cognição horizontal do juiz: requer menor amplitude intelectiva identificar se o indivíduo desempenha cargo ou função pública, bem como saber se o pronunciamento exarado é suscetível de impugnação (requisito da irrecorribilidade), ou se há, ou não, suspensão ou anulação judicial do acórdão de rejeição das contas.

Sem embargo, a tipologia da alínea g traz em seu bojo, ainda, requisitos que habilitam o magistrado eleitoral a exarar juízos de valor concretos acerca de cada um deles. Assentar o caráter insanável de uma irregularidade apurada ou qualificar certa conduta ímproba como dolosa ou culposa, por exemplo, não se resume a uma atividade intelectiva meramente mecânica. Ao revés: a apuração desses requisitos envolve maior espectro de valoração, notadamente quando o acórdão de rejeição de contas ou o decreto legislativo forem omissos com relação a tais pontos ou os examinarem de forma açodada, sem perquirir as particularidades das circunstâncias de fato. Justamente por isso, afigura-se viável debruçar-se sobre a presença desses pressupostos à luz das premissas fáticas constantes da moldura do título proferido pelo Órgão Legislativo ou pela Corte de Contas que fundamenta a impugnação de registro.

Em suma: a ausência de homogeneidade na tipologia das alíneas do art. 1º, inciso I, justifica a distinção quanto à amplitude do objeto cognoscível (i.e., se maior ou menor a profundidade da cognição), condicionada, no entanto, especificamente ao pressuposto fático-jurídico sub examine.

A doutrina eleitoralista e a jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral, ainda que implicitamente, endossam referidas conclusões. Em doutrina, Rodrigo López Zílio afirma que "é a Justiça Eleitoral quem, analisando a natureza das contas reprovadas, define se a rejeição apresenta cunho de irregularidade insanável, possuindo característica de nota de improbidade (agora, dolosa) e, assim, reconhece o impeditivo à capacidade eleitoral passiva. O julgador eleitoral deve necessariamente partir da conclusão da Corte administrativa sobre as contas apreciadas, para definir a existência da irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade, de modo a caracterizar inelegibilidade" (ZÍLIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. 5ª Ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2016, p. 230-231). A seu turno, José Jairo Gomes preleciona que, "dentro de sua esfera competencial, tem a Justiça Eleitoral plena autonomia para valorar os fatos ensejadores da rejeição das contas e fixar, no caso concreto, o sentido da cláusula aberta `irregularidade insanável", bem como apontar se ela caracteriza ato doloso de improbidade administrativa" (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 216).

De igual modo, a jurisprudência desta Corte Superior já sedimentou entendimento segundo o qual "[a] Justiça Especializada Eleitoral detém competência constitucional e legal complementar para aferir, in concrecto, a configuração de irregularidade de cariz insanável, ex vi dos arts. 14, § 9º, da CRFB/88 e 1°, I, g, da LC n° 64/90, outrossim examinar se aludido vício qualifica-se juridicamente como ato doloso de improbidade administrativa" (AgR-REspe nº 39-64/RN, de minha relatoria, DJe 23.06.2016). Na mesma toada, o Ministro Henrique Neves já asseverou, com precisão, que, "[n]os termos da alínea g do art. 1º, I, da Lei das Inelegibilidades, cabe à Justiça Eleitoral verificar se a falha ou irregularidade constatada pelo órgão de contas caracteriza vício insanável e se tal vício pode ser, em tese, enquadrado como ato doloso de improbidade" (RO n° 884-67/CE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe 14.04.2016; Cf., ainda, RO n° 725-69/SP, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 27.03.2015: "Cabe à Justiça Eleitoral, rejeitadas as contas, proceder ao enquadramento das irregularidades como insanáveis ou não e verificar se constituem ou não ato doloso de improbidade administrativa, não lhe competindo, todavia, a análise do acerto ou desacerto da decisão da corte de contas" ).

Assentados os limites da cognitio desta Justiça Eleitoral no bojo das impugnações de registro, percebe-se com clareza meridiana que, ao apreciar a controvérsia, o Tribunal Regional, diversamente do que aduzido pelo Recorrente, procedera apenas à

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qualificação jurídica dos vícios apurados como insanáveis e configuradores de ato doloso de improbidade administrativa.

Trata-se de atividade cognitiva que, consoante exaustivamente afirmado, é franqueada à Justiça Eleitoral nas impugnações de registro de candidatura, ante a possibilidade de emissão de juízos de valor acerca da ocorrência, ou não, dos pressupostos fático-jurídicos da alínea g. É inobjetável que a Justiça Eleitoral ostenta expertise para verificar se as premissas fáticas delineadas no título que lastreia a impugnação de registro (i.e., acórdão da Corte de Contas) evidenciam a presença in concrecto dos requisitos encartados na aludida causa restritiva de ius honorum.

Endossar entendimento oposto, de ordem a interditar tal exame, conferirá à Justiça Eleitoral uma tarefa decorativa na análise das inelegibilidades, meramente subsuntiva e mecânica, na medida em que somente poderia se pronunciar nas hipóteses em que o título (judicial, normativo ou administrativo) que ancora a impugnação expressamente aludir à existência dos requisitos constantes das alíneas. À Justiça Eleitoral seria atribuído o papel, em linguagem vulgar, de fazer o "cara-crachá". E não é disso que se trata.

Reconhece-se, ao revés, que o grau de amplitude da cognitio desempenhada pela Justiça Eleitoral nas impugnações de registro varia em conformidade com a estrutura normativa de cada hipótese restritiva, não se concebendo, bem por isso, de exame uniforme e homogêneo. E foi exatamente o que in casu ocorreu.

Consta, do pronunciamento hostilizado, que houve rejeição das contas do candidato, referentes aos exercícios financeiros de 2011 e 2012, período em que exercia a presidência da Câmara dos Vereadores, e que em ambos os exercícios a irregularidade verificada é a mesma, qual seja, pagamento de subsídios em desconformidade com normas constitucionais.

Para a Corte Regional Eleitoral, indigitado vício configuraria ato doloso de improbidade administrativa, nomeadamente por causarem lesão ao erário, bem como por ter o administrador assumido os riscos de não atender os comandos constitucionais e legais que vinculam a Administração Pública (dolo genérico). Acrescentou, ainda, que no caso em análise houve reiteração da irregularidade em comento.

Transcrevo, por oportuno, excertos do acórdão fustigado que evidenciam as conclusões do TRE/SP (fls. 307-313):

"In casu, tratou-se da rejeição de contas do presidente da Câmara Municipal, nos exercícios de 2011 e 2012, as quais passo a analisar de forma individualizada. Em relação às contas do exercício de 2011,

destaco o seguinte trecho do parecer do Tribunal de Contas (234/269):

(...)

a) A instrução da matéria destacou que os subsídios dos Agentes Políticos foram fixados pela Resolução n° 04/08, em percentual de 75% dos subsídios pagos aos Deputados Estaduais - sem expressar valor monetário, sendo válido à época, o pagamento mensal de R$ 9.288,05.

Ocorre que a Câmara acresceu àqueles agentes, remunerações pagas em agosto (R$ 9.288,04) e dezembro (R$ 9.288,04), a título de `ajuda de custo" e `subsídio suplementar", em total que chegou a R$ 390.097,68 - fixado na condenação à sua devolução (fls. 28 e 78).

É evidente que ditos pagamentos foram irregulares. A Constituição foi muito clara em definir que a retribuição pecuniária ao trabalho dos Vereadores seria o subsídio único, espécie do gênero remuneração; e, na verdade, foram estabelecidos diversos tetos ou limites à contraprestação dos serviços prestados por servidores (remuneração) e Membros de Poder (subsídios).

(...)

Qualquer pagamento que exceda àquele limite somente poderia ser aceito sob caráter de indenização a situações reconhecidas em lei, a exemplo do deslocamento dos Parlamentares da Assembleia Legislativa de suas bases, o que não se aceita aos Vereadores, que obrigatoriamente devem residir no Município.

(...)

Nesse sentido já decidiu o E. Superior Tribunal de Justiça, da impossibilidade de percepção de 13º salário aos Deputados Estaduais, decisão conhecida antes mesmo do exercício em que ocorreram os pagamentos destacados (DJ 12.04.2004); a qual, pela sua inteligência, pode ser estendida aos Vereadores, a exemplo do discutido nos presentes autos.

(...)

Aliás, devo acresentar que, conforme anotado no r. voto proferido, condutor do v. Acórdão combatido, as últimas contas da Câmara, Municipal de Santo André examinadas nesta E. Corte obtiveram julgamento pela sua irregularidade, sob forte impacto dos pagamentos decorrentes dos subsídios aos Agentes Políticos.

De tal sorte, não há como abonar os atos praticados, os quais geraram prejuízo ao erário.

(...)

d) Finalmente, quanto à multa aplicada, considerando que o Presidente da Câmara à época era o Ordenador das Despesas em destaque e, portanto, agente capaz para a correção ao seu tempo, das questões impugnadas, não havendo como abonar-lhe os atos, não há como relevar a imposição pecuniária.

Em relação às contas do exercício de 2012, observo que foi a mesma irregularidade que gerou a rejeição das contas (fls. 96 e

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verso).

Cumpre destacar, de início, que o pagamento de subsídios em desconformidade com a norma constitucional é recorrente no Município de Santo André. Pelo documento de fls. 191/195 é possível afirmar que o pagamento irregular teve início em 2006. Tal fato é suficiente para confirmar o dolo do recorrido, reafirmado pelo Tribunal de Contas ao impor-lhe o pagamento de pena pecuniária, prevista no artigo 104, II da Lei Complementar Estadual nº 709/31, que reconheceu a afronta ao texto Constitucional (art. 39, §4º).

Destaco que a ação ajuizada por parlamentares, inclusive pelo recorrido, para anular os processos de rejeição das contas dos exercícios de 2006, 2007 e 2008, em razão dos referidos pagamentos, foi julgada improcedente, ficando consignado na sentença que `tendo os autores recebido a título de `ajuda de custo", em exercícios bem posteriores à Emenda Constitucional n° 19/98, em afronta aos ditames do art. 39, parágrafo 4°, da Constituição Federal, sem qualquer excepcionalidade que justificasse o recebimento da verba ou natureza jurídica diversa da prevista no citado preceito constitucional, nada há de irregular na rejeição das contas, pelo TCE".

É inegável, portanto, que a falha tem natureza grave e caracteriza ato doloso de improbidade administrativa, independentemente de o valor indevidamente pago ser, eventualmente, restituído à municipalidade.

[...]

Quanto à sanabilidade da irregularidade, destaco que a devolução dos valores pagos indevidamente, diferentemente do alegado pelo recorrido, não é suficiente para reparar o dano e a irregularidade. Nesse sentido é a jurisprudência.

[...]" .

É possível concluir que o acórdão fustigado não merece reprimendas. A gravidade da irregularidade apurada se revela suficiente para comprovar a prática de ato doloso de improbidade administrativa, atraindo, via de consequência, a inelegibilidade preconizada no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990.

Aludido entendimento encontra eco na jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral:

"ELEIÇÕES 2008. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental no recurso especial. Registro de candidatura ao cargo de vereador. Deferimento no TRE. Rejeição de contas pelo TCE. Pagamento de subsídios a vereadores em desacordo com o art. 29, VI, da CF. Possibilidade de a Justiça Eleitoral apurar a natureza das irregularidades apontadas. Irregularidade de natureza insanável. Ressarcimento mediante parcelamento. Irrelevância. Ação anulatória ajuizada após o pedido de registro. Ausência de liminar ou de tutela antecipada para suspender os efeitos da decisão que rejeitou as contas. Aplicação do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Registro cassado. Precedentes. Recurso provido.

1. Os embargos devem ser recebidos como agravo regimental quando opostos contra decisão monocrática e com nítido caráter infringente. Precedentes do TSE.

2. A jurisprudência desta Corte consolidou entendimento no sentido de que a declaração de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90 depende da presença simultânea de três fatores: a) contas rejeitadas por irregularidade insanável; b) decisão do órgão competente que rejeita as contas deve ser irrecorrível; c) decisão de rejeição das contas não deve estar submetida ao crivo do Judiciário, mas, se estiver, é imperioso que os seus efeitos não tenham sido suspensos mediante a concessão de liminar ou de tutela antecipada.

3. Não cabe ao TSE analisar o acerto ou o desacerto da decisão proferida pelo Tribunal de Contas para, por exemplo, aprovar contas julgadas irregulares, ou vice-versa. No entanto, esta Casa, desde que rejeitadas as contas, não só pode como deve proceder ao devido enquadramento jurídico do vício constatado, interpretando-o como sanável ou insanável (cf. Acórdãos nos 26.942, rel. min. José Delgado, de 29.09.2006; 24.448, rel. min. Carlos Velloso, de 07.10.2004; 22.296, rel. min. Caputo Bastos, de 22.09.2004).

4. O pagamento de subsídios aos vereadores em percentual superior ao previsto no art. 29, VI, da Constituição Federal, com elevação de 59% e em afronta ao art. 37, X, também da Constituição Federal, uma vez que o aumento superou em muito o reajuste concedido aos servidores (10%) e o pagamento de assistência médica aos vereadores, com violação do art. 39, § 4º, da Constituição Federal, constituem irregularidades de natureza insanável.

5. O parcelamento do débito não tem o condão de afastar a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, máxime quando os valores pagos indevidamente a título de assistência médica não foram incluídos entre aqueles a serem ressarcidos, o que resulta em dano ao erário.

6. Inexistente provimento jurisdicional que suspenda os efeitos da decisão do órgão que desaprovou as contas de então presidente da Câmara Municipal, deve ser indeferido o registro de sua candidatura" .

(AgR-REspe nº 30000/SP, Rel. Min. Joaquim Benedito Barbosa Gomes, PSESS de 11/10/2008);

"ELEIÇÕES 2010. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. INELEGIBILIDADE. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA g, DA LC Nº 64/1990. REDAÇÃO ANTERIOR. CONFIGURAÇÃO. REGISTRO INDEFERIDO. RECURSOS ESPECIAIS DESPROVIDOS.

1. O STF decidiu, por maioria, que a LC nº 135/2010 não se aplica às eleições de 2010, em face do princípio da anterioridade eleitoral (RE nº 633.703/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, sessão plenária de 23.3.2011). Análise do caso concreto conforme a

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redação originária do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990.

2. A inelegibilidade a que se refere o art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta na decisão que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição.

3. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes nessa norma: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) prazo de cinco anos contados da decisão não exaurido; v) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário.

4. Cabe à Justiça Eleitoral proceder ao enquadramento jurídico das irregularidades, inexistindo vinculação com a decisão do Ministério Público estadual que determina o arquivamento de inquérito civil destinado a apurar a existência de atos de improbidade administrativa. Precedente.

5. Vício insanável. O pagamento a maior de subsídios a vereadores sem amparo legal, a contratação de auditoria independente, em desconformidade com a Constituição Federal, e o pagamento total do preço contratado, não obstante a inexecução parcial do objeto e a não prestação dos serviços, configuram vícios insanáveis, nos termos da jurisprudência do TSE firmada nas eleições de 2010.

6. Recursos especiais desprovidos" .

(RO nº 484975/RS, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, DJe de 23/2/2015); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. RECONSIDERAÇÃO DE DECISÃO MONOCRÁTICA. CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR 64/90. PAGAMENTO A MAIOR DE SUBSÍDIO A VEREADORES. ART. 29, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NEGADO PROVIMENTO.

1. Em sede de agravo regimental, não há previsão legal de vista dos autos e instauração de contraditório, com abertura de prazo ao agravado. A reconsideração da decisão agravada corresponde a juízo discricionário do magistrado, a ser exercido no momento oportuno e sem prejuízo de posterior impugnação. Essa a norma prevista no art. 36, § 9º, do RI-TSE. Precedente do TSE e do STF.

2. O pagamento a maior de subsídio a vereadores (dentre eles o próprio agravante), em descumprimento ao art. 29, VI, da CF/88, constitui irregularidade insanável e ato doloso de improbidade administrativa (art. 10, I, IX e XI, da Lei 8.429/92), atraindo a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da LC 64/90. Precedentes.

3. Agravo regimental não provido" .

(AgR-REspe nº 19317/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 3/6/2013).

Além disso, destaco que a existência de norma anterior que autorize o pagamento de subsídios a vereadores em desacordo com a norma constitucional não afasta a incidência da inelegibilidade, porquanto a atuação do administrador público é vinculada e deve se pautar, sobretudo, nas disposições constitucionais.

Ademais, a devolução dos valores recebidos indevidamente não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do Impetrante, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas.

Ressalto, por oportuno, que está vinculada a esse recurso a Ação Cautelar nº 0602676-04/SP, a qual objetivava atribuir-lhe eficácia suspensiva ativa, e que se encontra pendente de exame regimental interposto pelo Recorrente contra decisão denegatória. Julgando-se este recurso, torna-se despicienda a incursão no mérito da cautelar. Diante do exposto, declaro prejudicado o seu exame.

Junte-se cópia desta decisão aos autos da Ação Cautelar nº 0602676-04/SP.

Ex positis, com fulcro no art. 36, § 6º, do RITSE, nego seguimento à cautelar, prejudicado, via de consequência, o pedido de medida liminar.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

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³PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. Tomo X. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 533.

4LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010).

(...)

o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 552-43.2016.6.26.0075 ARTUR NOGUEIRA-SP 75ª Zona Eleitoral (MOGI MIRIM)

RECORRENTE: JOAQUIM CHAVES PINHEIRO

ADVOGADO: CARLOS EDUARDO VALLIM DE CASTRO - OAB: 73623/SP

RECORRIDO: VALDELICIO DA SILVA BARBOSA

ADVOGADOS: ROBERTO LAFFYTHY LINO - OAB: 151539/SP E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.471/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CARGO. VEREADOR. DEFERIMENTO. INELEGIBILIDADE. ART. 14, §4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ALFABETIZAÇÃO. CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO (CNH). PRESUNÇÃO DE ESCOLARIDADE. MEIO HÁBIL PARA COMPROVAR A CONDIÇÃO DE ALFABETIZADO. SÚMULA Nº 55 DO TSE. JUNTADA TARDIA. INSTÂNCIA ORDINÁRIA. POSSIBILIDADE. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial interposto por Joaquim Chaves Pinheiro em face do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que, dando provimento ao recurso eleitoral, deferiu o registro de candidatura de Valdelicio da Silva Barbosa ao cargo de Vereador do Município de Artur Nogueira/SP, nas eleições 2016. Eis a síntese do que decidido (fls. 152):

"Recurso Eleitoral. Eleições 2016. Registro de candidatura. Vereador. Comprovante de escolaridade não apresentado. Declaração firmada de próprio punho. "Reprovação" no teste de alfabetização. Comprovação da mínima capacidade de ler texto pequeno e simples. Suficiência. Apresentação, ademais, da carteira nacional de habilitação a gerar presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro. Exegese da Súmula n° 55, do E. TSE. Quarto mandato consecutivo como vereador. Vídeo lendo trecho da bíblia. Analfabetismo não caracterizado. Deferimento. Imprescindibilidade. Precedentes. Sentença reformada. Recurso provido" .

Nas razões do apelo nobre (fls. 181-191), interposto com esteio no art. 121, § 4º, II, da Constituição da República, o Recorrente afirma ter legitimidade ativa para recorrer do decisum vergastado, na qualidade de terceiro prejudicado, sob o argumento de ser "candidato suplente ao Recorrido" (fls. 183).

No mérito, alega, em síntese, que o Recorrido incorre na inelegibilidade do art. 14, § 4º, da Carta Republicana, em decorrência do analfabetismo.

Nesse passo, sustenta que "a prova realizada pelo Recorrido e constatação pessoal por juiz togado do analfabetismo não pode ser afastada pela juntada superveniente de documento inidôneo e de procedência questionável, uma vez que a `presunção" gerada por tais documentos, no caso concreto, foi totalmente afastada pela diligência do juiz de primeiro grau" (fls. 185).

Prossegue afirmando que "o momento da aferição da condição de elegibilidade é o pedido de registro da candidatura e, naquele momento, o Recorrido não preenchia os requisitos" (fls. 186).

No tocante à consideração da Carteira de Habilitação Nacional do Recorrido (CNH) como meio de prova, o Recorrente argui que "é de conhecimento geral que a obtenção de CNH, infelizmente, ainda pode ser feita por meios ilícitos, como o uso de uma suposta declaração de escolaridade, por exemplo" (fls. 188).

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Assevera que, nos termos do Enunciado nº 15 da Súmula do TSE, "o fato do candidato já ter sido vereador ou estar no exercício do mandato, não modifica sua inelegibilidade" (fls. 188).

Suscita, ainda, suposta divergência jurisprudencial entre o acórdão hostilizado e julgados deste Tribunal Superior, sob o fundamento de que a "realização de prova pelo Juiz já [constitui] documento hábil para indeferimento do registro de candidatura" (fls. 190).

Por fim, pleiteia o provimento do presente apelo, para que seja reformado o acórdão regional e, por via de consequência, seja reconhecida a inelegibilidade do Recorrido.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Foram apresentadas contrarrazões a fls. 206-224.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo não conhecimento do recurso especial (fls. 238-240).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifica-se que este recurso especial atende os pressupostos gerais de recorribilidade: a interposição ocorreu no prazo legal e está subscrito por advogado regularmente constituído (fls. 192).

De saída, reconheço o ingresso de Joaquim Chaves Pinheiro na demanda como primeiro suplente do cargo de vereador, por ser terceiro juridicamente interessado. Com efeito, há nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial, visto que a decisão deste processo poderá acarretar-lhe prejuízo.

De meritis, verifico que melhor sorte não assiste ao Recorrente. Isso porque, além do comprovante de escolaridade, há outros meios hábeis para comprovação da condição de alfabetizado, consoante disposto no § 11 do art. 27 da Resolução-TSE nº 23.455/15, verbis:

Art. 27. O formulário de RRC será apresentado com os seguintes documentos:

[...]

IV - comprovante de escolaridade;

[...]

§ 11. A ausência do comprovante de escolaridade a que se refere o inciso IV do caput poderá ser suprida por declaração de próprio punho, podendo a exigência de alfabetização do candidato ser comprovada por outros meios, desde que individual e reservadamente.

Demais disso, é cediço nesta Corte Eleitoral o entendimento segundo o qual as restrições que geram as inelegibilidades são de legalidade estrita e, portanto, devem ser interpretadas restritivamente. Tal orientação aplica-se, inclusive, à hipótese insculpida no art. 14, §4º, da Constituição Republicana. Confira-se:

"Inelegibilidade. Analfabetismo.

1. A jurisprudência do Tribunal é pacífica no sentido de que as restrições que geram as inelegibilidades são de legalidade estrita, vedada a interpretação extensiva.

2. Essa orientação aplica-se, inclusive, quanto à configuração da inelegibilidade do art. 14, § 4º, da Constituição Federal, devendo ser exigido apenas que o candidato saiba ler e escrever, minimamente, de modo que se possa evidenciar eventual incapacidade absoluta de incompreensão e expressão da língua.

3. Não é possível impor restrição de elegibilidade, por meio da utilização de critérios rigorosos para a aferição de alfabetismo.

Agravo regimental não provido" .

(AgR-REspe nº 4248-39/SE, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe de 4/9/2012); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATO. DEFERIMENTO. ELEIÇÃO MUNICIPAL. 2012. ANALFABETISMO. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS. DESPROVIMENTO.

1. A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que as restrições que geram inelegibilidades são de legalidade estrita, vedada interpretação extensiva. Precedentes.

2. A hipótese de inelegibilidade prevista no art. 14, § 4º, da Constituição Federal diz respeito apenas aos analfabetos e não àqueles que, de alguma forma, possam ler e escrever, ainda que de forma precária.

3. Agravo regimental desprovido."

(AgR-REspe nº 906-67/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, PSESS de 8/11/2012).

Consentâneo ao entendimento supra, este Tribunal Superior assentou que Carteira Nacional de Habilitação (CNH) gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do Registro de Candidatura, porquanto, "nos termos do art. 140, II, do Código de Trânsito Brasileiro - CTB (Lei 9.503/97), saber ler e escrever são requisitos para a obtenção da habilitação para conduzir veículo automotor"².

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 96

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In casu, o Tribunal a quo, soberano na análise das provas, reformou a sentença de piso ao entender demonstrada a alfabetização de Valdelicio da Silva Barbosa ante as provas acostadas aos autos, quais sejam: (i) vídeo no qual demonstra a sua capacidade de leitura; (ii) declaração do Secretário Municipal de Educação de Aracatu/BA, na qual afirma que o Recorrido frequentou a escola municipal de 1977 a 1979; e, por fim (iii) cópia da CNH. Vejamos (fls. 155-156):

"Malgrado se constate a falta de correção do resultado do ditado, o recorrente acostou aos autos um vídeo no qual é possível verificar que foi designado para fazer a leitura de um trecho da bíblia, em sessão da Câmara Municipal, realizando-a de forma satisfatória (fl. 114).

Também foi juntada cópia de uma declaração do Secretário Municipal de Educação de Aracatu-BA, informando que o recorrente frequentou uma escola municipal no período de 1977 a 1979 (fl. 141).

Insta ressaltar, ademais, que o recorrente está reeleito para o quarto mandato consecutivo como vereador de Artur Nogueira, tendo os registros de candidatura daqueles pleitos deferidos (fls. 131/133).

Reforce-se, paralelamente, que ao presente requerimento foi colacionada cópia da Carteira Nacional de Habilitação do recorrente (fl. 57), a qual, nos termos da Súmula nº 55, do Excelso Tribunal Superior Eleitoral, gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura.

Logo, não se pode cogitar da inelegibilidade inserta no artigo 14, § 4º, segunda figura, da Constituição Federal.

Ora, analfabeto é aquele que não tem qualquer domínio das letras, não sendo de se exigir significativo grau de instrução ou, ainda, considerável nível de compreensão na leitura de textos em vernáculo, característica essa que o suplicante não ostenta" .

Verifica-se, portanto, que o aresto hostilizado não merece reparos, mormente porque a cópia da CNH acostada aos autos é meio hábil a comprovar a condição de alfabetizado do ora Recorrido, nos lindes do Enunciado Sumular nº 55 deste Tribunal Superior: "A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura" .

A despeito da irresignação quanto à juntada da CNH do Recorrido na ocasião da interposição do recurso eleitoral junto ao TRE/SP, cumpre rememorar a orientação desta Corte Superior segundo a qual o julgador deve considerar os documentos faltantes apresentados pelo pré-candidato enquanto não houver o prévio exaurimento da instância ordinária, ante a falta de prejuízo ao processo eleitoral e a incidência, na espécie, dos princípios da instrumentalidade das formas, da razoabilidade e da proporcionalidade. (Precedente: REspe nº 384-55/AM, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 4/9/2014).

Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso especial.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²Trecho do voto-vista da Ministra Nancy Andrighi no AgR-RO nº 4459-25/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 13.9.2011.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 274-73.2016.6.13.0311 SÃO JOSÉ DA LAPA-MG 311ª Zona Eleitoral (VESPASIANO)

RECORRENTE: VANDERLEI JOSÉ DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: WEDERSON ADVÍNCULA SIQUEIRA - OAB: 102533/MG E OUTROS

RECORRIDA: COLIGAÇÃO SÃO JOSÉ NO CAMINHO CERTO

ADVOGADOS: GABRIEL CHAVES BECHELENI MARTINS - OAB: 167511/MG E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.725/2016

DECISÃO

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 97

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. ART. 1º, I, L, DA LC nº 64/1990. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. CUMULATIVIDADE. NECESSIDADE. CONFIGURAÇÃO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, ao dar provimento aos recursos eleitorais interpostos pelo Ministério Público Eleitoral e pela Coligação São José no Caminho Certo, reformou a sentença e indeferiu o pedido de registro de candidatura de Vanderlei José de Oliveira ao cargo de vereador, nas eleições de 2016, por incidência na causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, l, da LC nº 64/90¹. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 306):

"Recursos eleitorais. Impugnação ao registro de Candidatura. Vereador. Eleições 2016. Inelegibilidades previstas no art. 1º, inciso I, alíneas `l" e `o", da LC nº 64/1990. Ação julgada improcedente. Deferimento pelo Juiz a quo.

Inaplicabilidade da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea `o", da LC nº 64/1990. A perda do cargo por prática de improbidade administrativa, na condição de Vereador, não se equipara à penalidade disciplinar de demissão, aplicável ao servidor público.

Causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea `l" da LC nº 64/1990. Condenação por ato doloso de improbidade administrativa. A condenação fundamentada na violação de princípios (art. 11 da Lei nº 8.429/1992) não afasta, por si só, a presença de dano ao patrimônio e de enriquecimento ilícito. Cabe à Justiça Eleitoral examinar o título condenatório, a fim de concluir pela presença cumulativa do enriquecimento ilícito e do dano ao erário, aferindo-os pela análise dos fundamentos da condenação, ainda que tal reconhecimento não tenha constado expressamente do dispositivo da decisão da Justiça Comum. Precedentes do TSE.

Penalidade de ressarcimento dos valores auferidos indevidamente, correspondentes aos pacotes de viagens usufruídas por cada vereador e de multa no valor do dano. Demonstração da presença de enriquecimento ilícito e de dano, cumulativamente. A inelegibilidade do art. 1º, I, `l", da LC nº 64/90 incide quando verificada, efetivamente, a condenação cumulativa por dano ao Erário e enriquecimento ilícito, em proveito próprio ou de terceiro, ainda que a condenação cumulativa não conste expressamente da parte dispositiva da decisão condenatória. Precedentes do TSE. Constatação de que o ato doloso de improbidade importou em enriquecimento ilícito e dano ao erário. Reforma da sentença de 1º grau. Indeferimento do pedido de registro de candidatura. Recursos a que se dá provimento."

Contra essa decisão, Vanderlei José de Oliveira opôs embargos de declaração (fls. 348-352), os quais foram rejeitados (fls. 379-388).

Daí a interposição de recurso especial, interposto com fundamento no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, no qual sustenta o ultraje ao art. 1º, I, l, da LC nº 64/90², alegando que restou "comprovado nos autos que o Recorrente foi condenado pela prática de improbidade do artigo 11 da Lei 8.429/92 e, conforme se verifica da decisão do TJMG, não houve prejuízo ao erário e enriquecimento ilícito, não atraindo, por conseguinte, a inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC nº 64/90" (fls. 392-393).

Assevera que, a despeito do consignado no acórdão recorrido, não compete à "Justiça Eleitoral discutir o enquadramento jurídico realizado pela Justiça Comum Estadual, sendo incontroverso que o Acórdão proferido nos autos nº 0515488-60.2007.8.13.0290 expressamente enquadrou a conduta do Recorrente apenas no artigo 11 da Lei 8.429/92 (violação aos princípios), sem lhe condenar com base no art. 9º (enriquecimento ilícito) ou art. 10º (dano ao erário), ambos da lei 8.429/92" (fls. 395).

Aduz divergência jurisprudencial entre o acórdão vergastado e julgados desta Corte, nos quais se consignou a necessidade da cumulação de lesão ao erário e enriquecimento ilícito para que se configure a inelegibilidade em exame.

Alega, ainda, que o "Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, indubitavelmente, adentrou no mérito do julgamento pelo eg. Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em manifesta afronta ao enunciado de súmula nº 41 deste c. Tribunal Superior Eleitoral, pois modificou as conclusões do título condenatório" (fls. 401).

Pleiteia, por fim, o provimento do recurso, para que, reformado o acórdão vergastado, seja deferido o registro de candidatura de Vanderlei José de Oliveira.

A Coligação São José no Caminho Certo apresentou contrarrazões a fls. 408-428, e o Ministério Público Eleitoral, a fls. 430-432.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015³.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 435-442).

É o relatório. Decido.

Assento que o recurso é tempestivo e está subscrito por advogado regularmente habilitado.

De início, pontuo que o equacionamento da discussão travada não reclama a reincursão no conjunto fático-probatório carreado aos autos, providência vedada pelo Enunciado da Súmula nº 24 deste Tribunal Superior4, mas, ao revés, autoriza o reenquadramento jurídico dos fatos. É que, dada a moldura fática delineada no aresto fustigado, a pretensão do Recorrente, Vanderlei José de Oliveira, questiona a qualificação jurídica consignada pelo Regional Eleitoral mineiro ao assentar o preenchimento dos elementos fático-jurídicos caracterizadores da inelegibilidade da alínea l.

A pretensão deduzida, portanto, veicula quaestio iuris, prescindindo, bem por isso, da formação de nova convicção acerca dos

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 98

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

fatos narrados nos autos. Na irretocável lição de Luiz Guilherme Marinoni, "a qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. "Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário" . In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

A controvérsia travada nos autos cinge-se em perquirir se a conduta ímproba imputada ao Recorrente, que deu azo ao indeferimento de seu registro de candidatura, amolda-se ou não aos pressupostos fáticos configuradores da inelegibilidade insculpida no art. 1°, I, l, da LC n° 64/90, que dispõe:

Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; [...].

Daí tem-se que, para a incidência dessa causa de inelegibilidade, faz-se necessária a junção concomitante dos seguintes requisitos: (i) condenação transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, (ii) ato doloso de improbidade administrativa, (iii) ato ímprobo que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito e (iv) condenação à suspensão dos direitos políticos.

Para o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, após debruçar-se sobre o arcabouço fático-probatório, consubstanciou ato doloso de improbidade a aquisição de pacotes de viagens para usufruto de vereadores, a fim de participarem de eventos/congressos cuja realização não restou devidamente comprovada, tampouco o comparecimento dos vereadores. Concluiu, ainda, que o referido ato, além de possuir um viés de improbidade, causou lesão ao erário e ensejou enriquecimento ilícito.

Em abono de sua pretensão, o Recorrente, Vanderlei José de Oliveira, aponta dois equívocos no pronunciamento adversado. Advoga, de início, que as irregularidades apuradas não teriam aptidão para caracterizar a inelegibilidade da alínea l, alegando que o acórdão proferido pela Justiça Comum tão somente o condenou pela prática de conduta ímproba capitulada no art. 11 da Lei nº 8.429/92 (violação de princípios da administração pública). Assevera, por isso, a usurpação de competência da Justiça Comum por parte da Justiça Eleitoral, em manifesta afronta ao enunciado de Súmula nº 41 deste c. Tribunal Superior Eleitoral, ante a impossibilidade de assentar a ocorrência de lesão ao erário e enriquecimento ilícito quando o acórdão condenatório não o fez expressamente.

À luz do conjunto de argumentos aduzidos, o itinerário lógico de meu pronunciamento exigirá o prévio enfrentamento da suposta usurpação de competência da Justiça Comum, para, em seguida, examinar se os vícios apontados se revelam suficientes, ou não, para atrair a inelegibilidade da alínea l.

Bem delimitada, portanto, a controvérsia e apresentadas as teses jurídicas em confronto, passo a decidir.

Quanto à arguição do Recorrente de que o acórdão Regional afronta o enunciado de súmula nº 41 deste c. Tribunal Superior Eleitoral - ante a impossibilidade de assentar a ocorrência de lesão ao erário e enriquecimento ilícito quando a decisão proferida pela Justiça Comum não o fez expressamente - tenho que razão não lhe assiste.

Com efeito, a Justiça Eleitoral poderá analisar os fundamentos do aresto proferido pela Justiça Comum, para, procedendo-se à classificação do ato de improbidade, verificar a aplicabilidade do disposto no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990 ao caso. Ademais, acrescento que, ainda que não conste expressamente do dispositivo daquela decisão ter havido comprovação de dano ao erário e o enriquecimento ilícito, será possível extrair a concretização de tal efeito a partir do exame de sua fundamentação. Esse entendimento coaduna-se com a nova posição deste Tribunal. Senão vejamos:

"RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2014. GOVERNADOR. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1°, I, L, DA LC 64/90. DANO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. REQUISITOS CUMULATIVOS.

1. Consoante a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, para fim de incidência da inelegibilidade prevista no art. 1°, I, l, da LC 64/90, é necessário que a condenação à suspensão dos direitos políticos pela prática de ato doloso de improbidade administrativa implique, cumulativamente, lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

2. Deve-se indeferir o registro de candidatura se, a partir da análise das condenações, for possível constatar que a Justiça Comum reconheceu a presença cumulativa de prejuízo ao erário e de enriquecimento ilícito decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, ainda que não conste expressamente na parte dispositiva da decisão condenatória.

3. No caso, o candidato foi condenado nos autos de quatro ações civis públicas à suspensão dos direitos políticos pela prática de ato doloso de improbidade administrativa, consistente em um esquema de desvio e apropriação de recursos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, mediante emissão de cheques em benefício de empresas inexistentes ou irregulares, sem nenhuma contraprestação, e que, posteriormente, eram descontados em empresas de factoring ou sacados na boca do caixa. Extrai-se dos acórdãos condenatórios que a Justiça Comum reconheceu a existência de prejuízo ao erário e de enriquecimento ilícito

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 99

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decorrente do ato doloso de improbidade administrativa. Assim, presentes todos os requisitos da causa de inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC 64/90, deve ser mantido o indeferimento do registro.

4. Recursos ordinários não providos."

(RO nº 380-23/MT, Rel. Min. João Otávio de Noronha, PSESS de 12/9/2014).

À luz de tal entendimento, a Corte a quo não exorbitou dos limites de sua cognição em AIRCs, mas, em vez disso, o fez nos estritos limites de sua atividade intelectiva, motivo por que o argumento de violação ao enunciado da Súmula nº 41 desta Corte, suscitado nas razões recursais, é, por todo, inconsistente.

O passo seguinte, então, é perquirir se as premissas de fato constantes do acórdão da Justiça Comum amoldam-se, consoante assentou o TRE mineiro, aos requisitos da alínea l. E, de plano, assento que o pronunciamento ora fustigado não merece reparos.

In casu, o Tribunal de origem, ao debruçar-se sobre o conteúdo fático-probatório dos autos, concluiu presentes na hipótese os requisitos necessários à configuração da causa de inelegibilidade inserta na alínea l do inciso I do art. 1° da LC n° 64/90, razão pela qual indeferiu o registro de candidatura do Recorrente, com lastro nos seguintes fundamentos (fls. 309-315):

"No caso em questão, imprescindível ressaltar que a decisão colegiada não fez constar especificamente em qual (is) dispositivo(s) legal (is) enquadrava-se o ato `ímprobo". É o que se extrai do dispositivo da decisão condenatória, a seguir transcrito em seu inteiro teor (fls. 80-81):

III - DISPOSITIVO:

[...]

a) Dou parcial provimento ao recurso de Nivaldo Alves dos Santos, José Carlos Chumbinho Ribeiro, Vanderlei José de Oliveira para: i) limitar a condenação a título de ressarcimento ao valor de R$ 18.677,89; ii) restringir o pagamento da multa civil à referida quantia; iii) reduzir a vedação à contratação com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios ao período de três anos; fixar a suspensão de direitos políticos ao prazo de cinco anos; mantendo incólume a sanção de perda do cargo público.

[...]

Por outro lado, ao fundamentar a aplicação das sanções, o Magistrado afirmou que `as sanções para o referido ato estão elencadas no art. 12, da Lei de Improbidade Administrativa", e transcreveu, além do inciso III, que se refere às hipóteses de violação aos princípios administrativos, os incisos I e II do referido artigo, que preveem as penas para dano ao erário e enriquecimento ilícito.

Dessa forma, não prospera a alegação de que a condenação do recorrido restringiu-se à violação aos princípios da administração (art. 11 da Lei de Improbidade), uma vez que lhe foram cominadas sanções para as hipóteses de dano ao erário e enriquecimento ilícito, a despeito de expressa fundamentação no dispositivo da decisão.

Ademais, na decisão de 1º grau, no tocante à penalidade de ressarcimento de R$ 18.677,89, mantida pelo órgão colegiado, consignou-se expressamente que se tratava de valores recebidos como enriquecimento ilícito. Nesse ponto, o relatório da decisão condenatória, fl. 42:

(2) Condenar na devolução integral dos valores recebidos como enriquecimento ilícito, especificamente [...] Vanderlei José R$ 18.677,89 [...]

(3) Condenar os requeridos no pagamento de multa civil no valor de três vezes o da condenação constante no item (2);

Nessa esteira, depreende-se da atenta leitura da decisão colegiada condenatória, fls. 40-82, que o caso não é de censura isolada à violação de princípios da administração, mas de um ato doloso que importou em enriquecimento ilícito e em dano ao patrimônio público. Afinal, o recorrido foi condenado por ato de improbidade administrativa, com imposição de penalidade próprias do enriquecimento ilícito e do dano ao patrimônio público, quais sejam: o ressarcimento do valor correspondente aos pacotes de viagens usufruídos por cada vereador, e pagamento de multa civil no mesmo valor do dano."

A partir das premissas do acórdão regional e dos excertos da decisão condenatória acima transcritos, verifica-se que o Recorrente foi condenado por órgão colegiado da Justiça Comum à perda da função pública, proibição de contratar com o poder público pelo prazo de 3 anos, além de suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 5 (cinco) anos, por ato doloso de improbidade administrativa - consubstanciado na aquisição de pacotes de viagens, sem o devido procedimento licitatório, para que membros da Câmara Municipal supostamente participassem de eventos/congressos - que importou lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Não merece reparos a decisão regional quanto à necessidade da ocorrência simultânea dos supracitados requisitos, porquanto encontra eco na jurisprudência deste Tribunal, a qual aponta ser imprescindível que a condenação à suspensão dos direitos políticos resulte de ato doloso de improbidade administrativa que importe, conjugadamente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito, para ter-se por caracterizada a hipótese de inelegibilidade contida no art. 1º, I, l, da LC nº 64/90, verbis:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO ORDINÁRIO. IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, ALÍNEA L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90.

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1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, reafirmada para as Eleições de 2014, a caracterização da hipótese de inelegibilidade prevista na alínea l do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90 demanda a existência de condenação à suspensão dos direitos políticos transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em decorrência de ato doloso de improbidade administrativa que tenha importado cumulativamente enriquecimento ilícito e lesão ao erário.

[...]" .

(RO n° 875-13/MG, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 2/10/2015); e

"RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO. DANO AO ERÁRIO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. ART. 1°, I, l, DA LC N° 64/90. AUSÊNCIA DA INTEGRAL CAPITULAÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROBIDADE. OMISSÃO. PROVIMENTO PARCIAL.

1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, para a configuração da inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (Precedentes: REspe nº 14763, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 11.9.2012; REspe nº 22642, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 20.11.2012).

[...]" .

(REspe nº 278-38/CE, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 24/2/2014).

Firme nesse sentido, a decisão proferida por esta Corte, por maioria, no REspe nº 49-32/SP, de relatoria da Min. Luciana Lóssio, em sessão realizada no dia 18/10/2016.

O Regional, ao citar excertos da decisão condenatória proferida pela Justiça Comum, consignou que a conduta dolosa imputada ao candidato vulnerou os princípios da administração pública, assim como importou em enriquecimento ilícito e causou lesão ao erário.

Nesse ponto, transcrevo a elucidativa conclusão exarada pelo Tribunal a quo (fls. 311-314):

"[...] depreende-se da atenta leitura da decisão colegiada condenatória, fls. 40-82, que o caso não é de censura isolada à violação de princípios da administração, mas de um ato doloso que importou em enriquecimento ilícito e em dano ao patrimônio público. Afinal, o recorrido foi condenado por ato de improbidade administrativa, com imposição de penalidade próprias do enriquecimento ilícito e do dano ao patrimônio público, quais sejam: o ressarcimento do valor correspondente aos pacotes de viagens usufruídos por cada vereador, e pagamento de multa civil no mesmo valor do dano.

A propósito, por pertinentes à constatação da presença cumulativa do dolo, do dano e do enriquecimento ilícito, confiram-se trechos da decisão colegiada da Justiça Comum (fls. 40-82):

[...]

No caso dos autos [...] o Parquet aduz que os requeridos, ao arrepio da Constituição da República, efetuaram despesas injustificáveis aos cofres municipais, consubstanciadas em várias viagens para diversos pontos do País, a título de participação em congressos, seminários e encontros regionais.

Analisando os pedidos formulados pelo Ministério Público, o MM. Juiz sentenciante entendeu que os requeridos praticaram atos ímprobos, consubstanciados: i) no pagamento de despesas de viagens de forma indevida, usando de procedimento equivocado; ii) na participação de eventos, em manifesto desvio de finalidade e afronta à moralidade pública e iii) na criação de empresa de fachada para fins de lucros com o desvio de dinheiro público. Reputou que tais condutas estariam descritas no art. 11, I, da LIA (ato visando a fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência).

[...]

Por outro lado, verifica-se que o Juiz a quo entendeu que o ato de improbidade fundou-se também na ausência de prestação de contas de tais despesas ou, ao menos, de que os requeridos efetivamente compareceram aos eventos.

[...]

Como narrado pelo Parquet na exordial, a Casa Legislativa de São José da Lapa, além de arcar com as inscrições e pacotes aéreos, os quais incluem passagens, hospedagem, translado e diária de R$ 300,00, também custeava as ligações telefônicas do Presidente da Câmara e do Secretário.

Portanto, não é possível eximir os representantes públicos de comprovarem a destinação das indenizações que eram a eles repassadas.

Observa-se, na espécie, que todos esses eventos eram promovidos pela União Nacional de Vereadores (UNV) e os pacotes vendidos, sem prévia licitação, pela CDC Agência de Viagens e Turismo. Ademais, ambas as empresas eram geridas por Divino Resende de Moraes e Clésio Múcio Drumond, vereadores de Vespasiano, e também réus nesta demanda, eis que, segundo o Parquet, a CDC teria sido instituída `visando à obtenção de vultosos lucros com a exclusividade na venda de passagens aéreas e pacotes turísticos aos `congressistas"".

Diante dos fortes indícios de conluio envolvendo as partes, os recibos emitidos pelas mencionadas empresas são precários, de modo que cabia aos réus trazer qualquer prova que apontasse que as referidas viagens não tinham viés apenas turístico, como defende o Parquet, ônus este que se desincumbiram somente quanto à viagem à cidade de Fortaleza/CE, pois juntaram aos

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autos Certificado de Participação no LI Encontro Nacional de Vereadores, Prefeitos, Vice-Prefeitos, Secretários Municipais, Assessores, bem como Relatório das atividades do evento (f. 248).

Espanta-se com a dificuldade em provar a destinação dos recursos públicos, seja através de recibo de compra de passagens, reserva de hotéis e certificados de comparecimento, eis que, como já ressaltado, o sócio da CDC Agência de Viagem e Turismo Ltda. era também presidente da UNV - associação que organizava os eventos - e vereador de Vespasiano.

Curioso também que, logo após o protesto de parcela da população quanto aos vultosos gastos com viagens a congressos (f. 1318/1320), os vereadores prontamente prestaram contas daquela acontecida em Fortaleza, havendo somente quanto ao evento lá realizado a prova de comparecimento no Encontro, bem como Relatório pormenorizado das atividades lá desempenhadas.

Tal fato revela dolo, ainda que genérico, dos legisladores municipais em violar os princípios da Administração Pública, na medida em que, uma vez pressionados pelos cidadãos de São José da Lapa, adotaram comportamento diverso do que habitualmente praticavam, pois tinham plena ciência de sua ilegalidade.

[...]

Patente, portanto, que as viagens ora realizadas embasaram-se em procedimento irregular, dada a ausência de licitação ou de sua dispensa sem a observância dos ditames legais, novamente malferindo os princípios da Administração Pública.

Destaca-se nesse ponto a reprovabilidade das condutas praticadas pelos edis que presidiram a Câmara Municipal nesse período, José Carlos Chumbinho Ribeiro, Nivaldo Alves dos Santos e Vanderlei José de Oliveira, haja vista que, como autoridades responsáveis pela gestão da referida Casa, detinham o dever de zelar pelo cumprimento das exigências constitucionais e dos demais mandamentos legais acerca da necessidade de submeter tais gastos a prévio procedimento licitatório ou de proceder à correta justificação da sua dispensa.

Por consectário lógico, segundo bem explanado pelo Ministério Público, a dispensa de licitação para a venda de pacotes de viagens foi feita de modo a favorecer os sócios da agência CDC, em detrimento da busca de outras propostas que melhor atenderiam ao interesse público e da garantia de igualdade de oportunidades e condições a quem pretendesse contratar com a Câmara Municipal.

[...]

As sanções para o referido ato estão elencadas no artigo 12, da Lei de Improbidade Administrativa [...]

[...] passa-se ao exame da cominação das penalidade de forma individualizada.

I - Nivaldo Alves dos Santos, José Carlos Chumbinho Ribeiro, Vanderlei José de Oliveira:

Quanto aos referidos réus, entendo que a penalidade a ser aplicada a estes deve ser superior a dos demais. Isso Porque, em razão da posição hierárquica a qual ocuparam, qual seja, a de presidente da Câmara Legislativa, a estes era ainda mais exigido comportamento diverso, notadamente quanto à observância do procedimento licitatório para a compra de pacotes de viagens ou atentar-se para o devido processo de justificação de dispensa.

Nesse espeque, em razão da desproporcionalidade das viagens - promovidas em curto período, para um grande número de vereadores (quase a totalidade da Câmara à época), e tendo em vista a quantidade de habitantes de São José da Lapa - e da ausência de provas da destinação dos recursos públicos, deve ser mantida a penalidade de ressarcimento, correspondente ao valor dos pacotes de viagens usufruídos por cada edil, bem como da multa civil, reduzida, porém, ao valor do dano.

(...)

A evidente reprovabilidade do ato e as repercussões ao Município e à coletividade, diante dos altos gastos com viagens para participação em congressos em cidades turísticas, de forma desmedida, autorizam, ainda, a condenação à perda da função pública e a suspensão de direitos políticos, limitada esta última ao prazo de cinco anos.

[...]

Como se observa, o órgão colegiado, além de reconhecer a presença de dolo e de má-fé na prática do ato de improbidade, ressaltou na fundamentação das sanções o caput do art. 12 da Lei de Improbidade [...] e manteve a penalidade aplicada em 1º grau, de ressarcimento de R$ 18.677,89 [...] correspondente ao valor dos pacotes usufruídos por cada vereador, caracterizados como enriquecimento ilícito, reduzindo, porém, a multa civil ao valor do dano, a qual em 1ª instância era de 3 (três) vezes o valor do dano.

[...]

Dessa forma, ao contrário do que sustenta o recorrido, depreende-se do acórdão condenatório, que, além da violação aos princípios da moralidade, da impessoalidade e da preponderância do interesse público sobre o particular, o ato importou também em enriquecimento ilícito, tanto dos Vereadores que usufruíram dos pacotes de viagens, quanto dos sócios da CDC viagens, que foram favorecidos com a dispensa de licitação para venda dos referidos pacotes, em detrimento da busca de outras propostas que melhor atenderiam ao interesse público.

Incide a hipótese de inelegibilidade prevista na alínea `l" do inciso I do art. 1º da LC n. 64/90, quando o ato doloso de improbidade administrativa tenha importado cumulativamente em enriquecimento ilícito e dano ao erário, aferidos estes

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elementos pela análise da decisão condenatória, ainda que tal reconhecimento não tenha constado expressamente do dispositivo da decisão da Justiça Comum" .

Diante de tais premissas fáticas, verifico que a lesão ao erário ocorreu em virtude do ato doloso perpetrado por Vanderlei José de Oliveira consubstanciado na aquisição de pacotes de viagens para vereadores a fim de participarem de eventos/congressos cuja realização não restou devidamente comprovada, tampouco o comparecimento dos vereadores, conforme consta expressamente do acórdão recorrido, tendo o Recorrente sido condenado ao pagamento de multa no mesmo valor do dano, que atingiu o montante de R$ 18.677,89.

Quanto ao enriquecimento ilícito, registro, mais uma vez, que a apreciação da sua configuração in concrecto pode ser realizada por esta Justiça Eleitoral, a partir do exame da fundamentação do decisum condenatório, ainda que tal reconhecimento não tenha constado expressamente do dispositivo daquele pronunciamento judicial (AgR-RO n° 223-44/RO, de minha relatoria, DJe de 17/12/2014), conforme o fez a Corte a quo ao examinar trechos da decisão condenatória, que assentou o pagamento indevido de pacotes de viagens aos vereadores da casa legislativa para participação em congressos e eventos em locais turísticos, sem a devida comprovação da sua realização e o comparecimento dos vereadores.

Diante de tal conduta, o Recorrente foi condenado a ressarcir aos cofres públicos o valor correspondente a R$ 18.677,89, referentes aos pacotes de viagens usufruídos pelos vereadores.

Ademais, como se observa da leitura dos excertos transcritos no aresto regional e colacionados algures, verifico que, decerto, as condutas consignadas no decisum condenatório da Justiça Comum viabilizam a conclusão da prática dolosa de atos que importam dano ao erário e enriquecimento ilícito, na medida em que consubstanciam práticas ilegais por meio das quais houve malversação dos recursos públicos - através da aquisição de pacotes de viagens para vereadores a fim de participarem de eventos/congressos cuja realização não restou devidamente comprovada -, bem como se auferiu vantagem patrimonial indevida em razão do exercício do cargo público. Tais práticas, inclusive, culminaram na expressa condenação do Recorrente ao pagamento do valor correspondente ao dano e à devolução integral dos valores referentes aos pacotes de viagens usufruídos por cada membro da Câmara Municipal.

Destarte, é possível concluir presentes, na situação concreta aposta no acórdão hostilizado, os requisitos necessários à caracterização da causa de inelegibilidade descrita no art. 1°, I, l, da LC n° 64/90, quais sejam: condenação proferida por órgão judicial colegiado à suspensão dos direitos políticos em decorrência de ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Ademais, registro que a decisão do Regional não se distancia do entendimento perfilhado por esta Corte Superior, a qual, em julgamento proferido em 13/12/2016, no REspe nº 50-39/PE, relator designado o Ministro Tarcísio Vieira, entendeu que a conduta do réu, consubstanciada em realização de viagem para mero deleite, com dinheiro público, a pretexto de participar em evento ficto e se capacitar para exercício de suas funções, se subsume à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea l, da LC nº 64/1990.

Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do RITSE5, nego seguimento ao recurso especial, para manter o indeferimento do pedido de registro de candidatura de Vanderlei José de Oliveira.

Publique-se em sessão.

Intime-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena;

² LC nº 64/1990. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) [...].

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³Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

4TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

5RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferirá despacho fundamentado, admitindo, ou não, o recurso.

[...]

§ 6º. O relator negará seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 304-09.2016.6.26.0130 SÃO PEDRO-SP 130ª Zona Eleitoral (SÃO PEDRO)

RECORRENTE: BENEDITO ERNESTO BRAGANHOLO

ADVOGADO: JOÃO ARTHUR - OAB: 66632/SP

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.965/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO. VEREADOR. CONTAS DE CAMPANHA JULGADAS NÃO PRESTADAS. AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 11, § 7º, DA LEI Nº 9.504/97. SITUAÇÃO QUE PERDURA ENQUANTO NÃO TRANSCORRIDO O PRAZO DO MANDATO PARA O QUAL O CANDIDATO CONCORREU. ENUNCIADO DA SÚMULA Nº 42 DESTE TRIBUNAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DO CANDIDATO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que, por unanimidade, manteve decisão de indeferimento do pedido de registro de candidatura de Benedito Ernesto Braganholo ao cargo de Vereador do Município de São Pedro/SP, nas Eleições 2016. Eis a ementa do acórdão vergastado (fls. 87):

"RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2016. VEREADOR. SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DO REGISTRO. CONTAS JULGADAS `NÃO PRESTADAS". CAMPANHA ELEITORAL DE 2012. TRÂNSITO EM JULGADO. A APRESENTAÇÃO POSTERIOR DAS CONTAS SERÁ CONSIDERADA APENAS PARA FINS DE DIVULGAÇÃO E REGULARIZAÇÃO DO CADASTRO ELEITORAL AO TÉRMINO DA LEGISLATURA. IMPEDIMENTO DE OBTER A CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL ATÉ O FINAL DA LEGISLATURA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE ORA SE IMPÕE. DESPROVIMENTO DO RECURSO".

Contra essa decisão foi interposto recurso especial (fls. 95-97), no qual o Recorrente alega, em síntese, que as contas foram apresentadas e que "o próprio TSE possui jurisprudência no sentido de que a apresentação ocorrida anterior ao novo pedido de registro de candidatura não impediria a quitação eleitoral do candidato" (fls. 96).

Cita precedentes jurisprudenciais para comprovar o dissídio jurisprudencial e, consequentemente, para que seja admitido o processamento do apelo nobre (fls. 96-97).

Assevera que "a Lei 9.504/97 (art. 11, § 7º) exige a apresentação de contas de campanha como condição de elegibilidade, todavia, não menciona em seu comando legal no prazo para tal apresentação" (fls. 97).

Afirma que "não ocorreu a necessária notificação via mandado do candidato, o qual somente atendeu posteriormente a tal necessidade ao tomar conhecimento da intimação de muitos colegas de partido e outros candidatos, os quais foram notificados e puderam atender as notificações" (fls. 97).

Pleiteia, por fim, o provimento do recurso especial, para que seja reformado o acórdão recorrido e deferido o seu registro de candidatura (fls. 97).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do presente recurso, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 103-107).

É o relatório. Decido.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 104

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Ab initio, verifica-se que este recurso especial atende os pressupostos gerais de recorribilidade, na medida em que foi interposto dentro do prazo legal e está subscrito por advogado regularmente constituído (fls. 70).

Não obstante, vislumbro que as alegações veiculadas no especial não têm condição de êxito. Explico.

In casu, o Tribunal de origem, debruçando-se sobre o acervo fático-probatório dos autos, indeferiu o registro de candidatura de Benedito Ernesto Braganholo ao cargo de Vereador por constatar a ausência de quitação eleitoral, em virtude de decisão que julgou não prestadas suas contas de campanha referentes às Eleições de 2012.

Este Tribunal Superior já sedimentou seu entendimento no sentido de que o candidato tem o dever de prestar contas, consoante estabelece o art. 28 da Lei nº 9.504/97, e seu descumprimento implica o reconhecimento da ausência de quitação eleitoral, nos termos do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97.

Nesse sentido, os seguintes precedentes:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RECEBIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. DEPUTADO ESTADUAL. QUITAÇÃO ELEITORAL. NÃO APRESENTAÇÃO DAS CONTAS. AUSÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. Recebem-se como agravo regimental os embargos de declaração opostos contra decisão monocrática e com pretensão infringente.

2. O dever de prestar contas está previsto no art. 28, da Lei nº 9.504/97 e, uma vez descumprido, impõe-se o reconhecimento de que o candidato está em mora com esta Justiça Especializada, ou seja, de que não possui quitação de suas obrigações eleitorais (art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97).

3. Conforme já decidiu o TSE, as condições de elegibilidade não estão previstas somente no art. 14, § 3º, I a VI, da Constituição Federal, mas também na Lei nº 9.504/97, a qual, no art. 11, § 1º, estabelece, entre outras condições, que o candidato tenha quitação eleitoral. Precedente.

4. A exigência de que os candidatos prestem contas dos recursos auferidos tem assento no princípio republicano e é medida que confere legitimidade ao processo democrático, por permitir a fiscalização financeira da campanha, verificando-se, assim, eventual utilização ou recebimento de recursos de forma abusiva, em detrimento da isonomia que deve pautar o pleito.

5. É ônus do agravante impugnar os fundamentos da decisão agravada, sob pena de subsistirem as suas conclusões (Súmula nº 182/STJ).

6. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento" . [Grifei]

(ED-REspe nº 347-11/RJ, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS em 25/9/2014); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2008. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. QUITAÇÃO ELEITORAL. CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE. NÃO-PROVIMENTO.

[...]

2. A redação do artigo 14, § 3º, da Constituição Federal remete à lei a definição dos conceitos das condições de elegibilidade nele arrolados, entre os quais, aquele disposto no inciso II, referente ao pleno gozo dos direitos políticos. Não se vislumbra, pois, inconstitucionalidade na hipótese de a Lei nº 9.504/97 apontar a quitação eleitoral como uma das condições para a comprovação da circunstância de estar o candidato em pleno gozo dos direitos políticos e a Resolução-TSE nº 21.823/2004, dada sua condição de ato normativo secundário, conceituar a quitação eleitoral.

3. A respeito da abrangência do conceito de quitação eleitoral, a jurisprudência do e. TSE já teve a oportunidade de afirmar que, além de estar na plenitude do gozo dos seus direitos políticos, o candidato deve reunir, concomitantemente, a regularidade do exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a eventuais convocações da Justiça Eleitoral, inexistência de multas aplicadas por esta Justiça Especializada e regular prestação de contas de sua campanha eleitoral. (Cta 1.576, de minha relatoria, DJ de 21.5.2008; Resolução-TSE nº 21.823/2004).

4. Agravo regimental não provido" . [Grifei]

(AgR-REspe nº 31269/PB, Rel. Min. Felix Fischer, PSESS em 13/10/2008).

Não merece prosperar, também, a alegação do Recorrente de que a apresentação posterior das contas não pode obstar a obtenção da quitação eleitoral.

Conforme jurisprudência deste Tribunal Superior, a decisão que julga as contas como não prestadas impede a obtenção de quitação eleitoral para as eleições posteriores, perdurando essa situação enquanto não transcorrido o prazo do mandato para o qual o candidato concorreu. Nessa linha, os seguintes precedentes:

"ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. DEPUTADO ESTADUAL. QUITAÇÃO ELEITORAL. AUSÊNCIA. CONTAS DE CAMPANHA DA ELEIÇÃO DE 2012 JULGADAS NÃO PRESTADAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

1. A decisão transitada em julgado da Justiça Eleitoral que considera não prestadas as contas de campanha das eleições de 2012 impede a obtenção de quitação eleitoral para as de 2014, nos termos do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/1997. Precedentes.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 105

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

2. Não tendo transcorrido o prazo do mandato para o qual o candidato concorreu, não se encontra quite com a Justiça Eleitoral, sendo irrelevante a apresentação das contas após a formalização do pedido de registro nas eleições de 2014.

3. O agravante limitou-se a reproduzir os argumentos expostos no recurso especial, razão pela qual a decisão deve ser mantida pelos próprios fundamentos. Incidência na Súmula nº 182/STJ.

4. Agravo regimental desprovido" . [Grifei]

(AgR-REspe nº 439-86/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS 30/10/2014); e

"ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. CONTABILIDADE DE CAMPANHA. NÃO APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. CONTAS JULGADAS NÃO PRESTADAS. CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL. NÃO OBTENÇÃO. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DAS CONTAS. PERMANÊNCIA DO DÉBITO COM A JUSTIÇA ELEITORAL ATÉ O TÉRMINO DA LEGISLATURA PARA A QUAL CONCORREU. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO POR MANDADO DE SEGURANÇA.

1. Os candidatos têm o dever de prestar contas à Justiça Eleitoral, ainda que hajam renunciado à candidatura, desistido ou obtido seu pedido de registro indeferido.

2. Nos termos do disposto no art. 51, § 2º, da Res.-TSE nº 23.376/2012, `julgadas não prestadas, mas posteriormente apresentadas, as contas não serão objeto de novo julgamento, sendo considerada a sua apresentação apenas para fins de divulgação e de regularização no Cadastro Eleitoral ao término da legislatura".

3. Segundo consta do art. 53, inciso I, da referida resolução, `a decisão que julgar as contas eleitorais como não prestadas acarretará [...] ao candidato o impedimento de obter a certidão de quitação eleitoral até o final da legislatura, persistindo os efeitos da restrição após esse período até a efetiva apresentação das contas".

4. Na lição de Hely Lopes Meirelles, `o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante".

5. Negado seguimento ao recurso ordinário" .

(RMS nº 4309-47/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 15/9/2016).

Incide, na espécie, a Súmula nº 42 deste Tribunal, in verbis: "a decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas".

Dessa forma, o entendimento adotado pela Corte Regional está em consonância com a jurisprudência iterativa deste Tribunal Superior, conforme se verifica no seguinte precedente:

"ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. PRESTAÇÃO DE CONTAS. CANDIDATO. CONTASNÃO PRESTADAS. APRESENTAÇÃO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE NOVO JULGAMENTO. QUITAÇÃO ELEITORAL. CERTIDÃO. OBTENÇÃO. INVIABILIDADE. ART. 53, I, DA RES.-TSE Nº 23.376/2012. INTIMAÇÃO PARA MANIFESTAÇÃO. SUPOSTA AUSÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. NÃO CABIMENTO. SÚMULAS Nº 7/STJ E 279/STF. DESPROVIMENTO.

1. Julgadas as contas como não prestadas, o candidato fica impedido de obter a certidão de quitação eleitoral, nos termos do art. 53, I, da Res.-TSE nº 23.376/2012. Precedentes.

2. A apresentação posterior das contas julgadas não prestadas não será objeto de novo julgamento, sendo considerada a sua apresentação apenas para fins de divulgação e de regularização no Cadastro Eleitoral ao término da legislatura, a teor do que dispõe o art. 51, § 2º, da Res.-TSE nº 23.376/2012.

3. O recurso especial não se presta ao reexame do acervo fático-probatório dos autos (Súmulas nos 7/STJ e 279/STF).

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-AI nº 186-73/SP, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 28/4/2016).

Ademais, verifico que a alegação de ausência de intimação via mandado do candidato padece do indispensável prequestionamento, porquanto não houve análise do tema pela instância regional.

Nessa esteira, confira-se o seguinte julgado, in verbis:

[...]

"2. O prequestionamento não resulta da circunstância de a matéria haver sido arguida pela parte recorrente, mas é derivado de debate e decisão prévios pelo Tribunal de origem, o que não ocorreu na espécie. Ademais, suposta violação ao art. 275 do Código Eleitoral não foi arguida no recurso especial.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" [Grifei].

(AgR-AI nº 233-45/MG, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 5/8/2014).

Por fim, consigno que a divergência jurisprudencial não foi devidamente demonstrada, uma vez que o Recorrente limitou-se a reproduzir ementas de julgados, não realizando o cotejo analítico indispensável para a aferição da similitude fática entre o

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 106

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

acórdão vergastado e os paradigmas.

Conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal Superior, a divergência jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração, similitude fática entre o acórdão objurgado e os julgados paradigmas (Precedentes: AgR-REspe n° 2597-82/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 18/4/2016, AgR-REspe nº 346-88/CE, de minha relatoria, DJe de 13/6/2016 e AgR-REspe n° 122-34/PE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 30/5/2014).

Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Res.-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente.

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 147-97.2016.6.10.0092 SÃO PEDRO DA ÁGUA BRANCA-MA 92ª Zona Eleitoral (IMPERATRIZ)

RECORRENTE: MARCELO PEREIRA DA SILVA

ADVOGADOS: ENÉAS GARCIA FERNANDES NETO - OAB: 6756/MA E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 15.500/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LC N° 135/2010. INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, E, 7, DA LC Nº 64/90. REGRAS INTRODUZIDAS E ALTERADAS PELA LC Nº 135/2010. APLICAÇÃO ÀS SITUAÇÕES ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA. ADCs Nº 29 E Nº 30 E ADI Nº 4.578/STF. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial eleitoral interposto por Marcelo Pereira da Silva contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, que, reformando a decisão primeva, indeferiu o seu pedido de registro de candidatura ao cargo de Vereador do Município de São Pedro da Água Branca/MA, nas eleições de 2016, ante a incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 109-110):

ELEIÇÕES 2016. RECURSO ELEITORAL EM REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA "E", DA LC N° 64/90. CONDENAÇÃO PELA PRÁTICA DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. LEI DA FICHA LIMPA. PRAZO DE INELEGIBILIDADE. 8 ANOS. APLICABILIDADE. PROVIMENTO DO RECURSO. INDEFERIMENTO DO REGISTRO DE CANDIDATURA.

1. No julgamento da ADC 30, o STF entendeu pela aplicação do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade fixado pela Lei da Ficha Limpa aos condenados pelos crimes listados no art. 1º, I, "e" da LC 64/90, mesmo que o prazo de inelegibilidade anterior esteja em andamento ou mesmo já exaurido, não cabendo qualquer questionamento, vez que a decisão possui efeito erga omnes e vinculante.

2. In casu, levando-se em consideração o prazo de inelegibilidade de 8 (oito) anos para os condenados criminalmente com decisão transitada em julgado, conforme fixado pela LC 135/2010, e tendo em vista que o Recorrido cumpriu a pena imposta em 06/12/2008, ele só estará elegível em 06/12/2016.

3. Recurso conhecido e provido, em consonância com o parecer ministerial para reformar a sentença e indeferir o registro de candidatura ao cargo de Vereador.

Os embargos de declaração opostos por Marcelo Pereira da Silva foram rejeitados (fls. 132-137)

Nas razões do apelo nobre eleitoral, o Recorrente aponta ofensa aos arts. 5°, XXXVI, XXXIX e XL, da Constituição da República e 1°, I, e, da LC n° 64/90.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 107

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Alega, em síntese, a impossibilidade de aplicação da LC n° 135/2010 a fatos anteriores a sua vigência, citando votos proferidos em julgados do Supremo Tribunal Federal. Nessa linha, defende o deferimento do seu registro de candidatura.

Destaca, ainda, que o recurso não encontra óbice nos enunciados da Súmulas nos 7/STJ e 279/STF.

Ao final, pugna pelo provimento do recurso especial para que seja deferido o seu registro de candidatura.

O Parquet Eleitoral apresentou contrarrazões a fls. 155-156v.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso especial (fls. 162-164).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifico que este recurso especial é tempestivo e está subscrito por advogado devidamente habilitado.

A controvérsia travada na demanda consiste em verificar se a condenação criminal do candidato Recorrido por tráfico de entorpecentes, transitada em julgado, cujo cumprimento da pena se extinguiu em 6/12/2008, atrai (ou não) a causa de inelegibilidade inserta no art. 1º, I, e, da Lei das Inelegibilidades.

O Tribunal de origem, reformando a sentença de primeiro grau, indeferiu o registro de candidatura do Recorrente, sob o fundamento de que aplicação da LC n° 135/2010 a fatos anteriores a sua vigência não viola o princípio constitucional da irretroatividade das leis, nos termos da ADC nº 30/STF e da jurisprudência do TSE, de modo que a condenação do candidato, transitada em julgado, por tráfico de entorpecentes faz incidir sobre ele a inelegibilidade prevista no art. 1°, I, e, 7, da LC n° 64/90. Confiram-se alguns excertos do aresto vergastado (fls. 113-114):

"In casu, o Recorrido foi condenado pela prática de tráfico de intorpecentes à pena de 4 (quatro) anos de reclusão, tendo iniciado seu cumprimento em 07/12/2004 e findado em 06/12/2008, conforme certidão de fls. 51/52.

[...]

É que o tema já foi objeto de decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADC 30, que possui efeito erga omnes e vinculante.

Portanto, não cabe qualquer questionamento quanto à aplicação do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade fixado pela Lei da Ficha Limpa aos condenados pelos crimes listados no art. 1°, I, `e", da LC n° 64/90, mesmo que o prazo de inelegibilidade anterior esteja em andamento ou mesmo já exaurido [...].

[...]

Desse modo, levando-se em consideração o prazo de inelegibilidade de 8 (oito) anos para os condenados criminalmente com decisão transitada em julgado, conforme fixado pela LC 135/2010, e tendo em vista que o Recorrido cumpriu a pena imposta em 06/12/2008, ele só estará elegível em 06/12/2016" .

Acerca dessa temática, assento que no julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade nos 29² e 30³, das quais fui relator, assentei que as inovações trazidas por essa Lei Complementar seriam aplicadas a fatos anteriores à sua vigência, esclarecendo que não se tratava de hipótese de retroatividade da lei, mas de prospectividade ou retroatividade inautêntica, em que os fatos passados podem ser considerados para surtir efeito no futuro (i.e., no momento do registro de candidaturas).

Naquela oportunidade, averbei que "a elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico - constitucional e legal complementar - do processo eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº 135/10 com a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula rebus sic stantibus) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal retromencionado; subjaz a mera adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de direito)" .

A ratio decidendi subjacente às mencionadas ações, que culminaram na declaração de constitucionalidade das inelegibilidades instituídas pela Lei Complementar nº 135/2010, consiste na possibilidade de aferição da existência de causas de inelegibilidades à luz das normas introduzidas em 2010, ainda que em relação a fatos praticados anteriormente à sua vigência, por inexistência de ultraje à irretroatividade das leis, ao direito adquirido e à coisa julgada.

Desse modo, relativamente aos crimes previstos no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/90, observo que inexiste vedação quanto à incidência dos novéis regramentos estatuídos pela mencionada Lei para a configuração de hipóteses de inelegibilidades que exsurgem como efeito secundário de pena cominada em decorrência da prática de crimes, ainda que anterior à vigência dessa norma.

Ademais, consigno que a jurisprudência iterativa desta Corte perfilhou entendimento de que a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/90 incide em fatos anteriores à sua vigência, ex vi das ADCs n° 29 e 30 e da ADI n° 4.578 do STF, projetando-se a inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da pena.

Nesse sentido são os seguintes precedentes:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2016. VEREADOR. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 108

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

1º, I, E, DA LC 64/90. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO. NÃO EXAURIMENTO DO PRAZO DE OITO ANOS APÓS EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DESPROVIMENTO.

1. Autos recebidos no gabinete em 23.10.2016.

2. É inelegível, por oito anos, quem tiver contra si condenação penal transitada em julgado por prática de crime contra a administração pública, a teor do art. 1º, I, e, 1, da LC 64/90.

3. No caso, o candidato foi condenado pelo delito de descaminho - art. 334 do Código Penal - e sua punibilidade foi extinta em 17.12.2010.

4. A incidência da LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) a condenações criminais transitadas em julgado antes de sua vigência não ofende o princípio da segurança jurídica, conforme decidido pelo c. Supremo Tribunal Federal na ADC 29/DF, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 29.6.2012.

5. Os votos divergentes proferidos naquela oportunidade não elidem o consenso da maioria, cujo entendimento vincula os demais órgãos do Poder Judiciário, conforme art. 102, § 2º, da CF/88.

6. A repercussão geral reconhecida no RE/STF 929.670/DF ainda pende de análise. Assim, prevalece o que decidido na ADC 29/DF acerca da incidência da LC 135/2010 a fatos anteriores à sua entrada em vigor.

7. Agravo regimental desprovido."

(AgR-REspe nº 188-40/PR, Rel. Min. Antonio Herman, Dje de 03/11/2016);

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010. FATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA. INCIDÊNCIA. CONDENAÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO. CUMPRIMENTO DA PENA. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA E, ITEM 9, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. As disposições introduzidas pela LC nº 135/2010 incidem de imediato sobre todas as hipóteses nela contempladas, ainda que o fato seja anterior à sua vigência. Isso porque as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, não implicando ofensa ao princípio da irretroatividade das leis.

2. A incidência das disposições da LC nº 135/2010 a fatos anteriores à sua vigência não provoca ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, tampouco ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e à segurança jurídica. Precedente.

3. A condenação do agravante em decisão transitada em julgado, por crime tipificado no artigo 129, § 2º, IV, do Código Penal, cujo cumprimento da pena findou-se em 6.11.2012, atrai a incidência da causa de inelegibilidade objeto do art. 1º, I, e, 9, da Lei de Inelegibilidade, com as alterações introduzidas pela LC nº 135/2010.

4. Agravo regimental a que se nega provimento" .

(AgR-RO n° 3740-46/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, PSESS de 9/10/2014); e

"ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO. DEPUTADO ESTADUAL. CRIME.INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, e, DA LC Nº 64/1990. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. RECURSO. ABRANGÊNCIA. ART. 36, § 6º, RITSE. FUNDAMENTAÇÃO DEVIDA. CARACTERIZAÇÃO. DECISÃO DO STF NAS ADCs Nos 29 E 30 E NA ADI Nº 458. EFICÁCIA ERGA OMNES E EFEITO VINCULANTE. DESPROVIMENTO.

[...]

3. O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990, nos termos do decidido pelo Supremo na Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 29, projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena.

[...]

5. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo nessas ações, como é sabido em jurisdição constitucional, são dotadas de eficácia erga omnes e revestem-se de efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, ex vi do art. 102, § 2º, da Constituição da República, razão pela qual deve este Tribunal Superior Eleitoral observá-las, sob pena de autorizar o manejo da reclamação perante o Pretório Excelso.

6. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-RO n° 440-87/RO, de minha relatoria, PSESS de 13/11/2014).

Destarte, irretocável a aplicação, pelo tribunal a quo, da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, 7, da Lei Complementar nº 64/90 para indeferir o registro de candidatura da ora Recorrente, em virtude de condenação criminal, em decisão transitada em julgado, por tráfico de entorpecentes, cujo cumprimento da pena findou-se em 6/12/2008.

Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do RITSE.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 109

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²STF, ADC nº 29/DF, de minha relatoria, DJe de 29/6/2012.

³STF, ADC nº 30/DF, de minha relatoria, DJe de 29/6/2012.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 215-94.2016.6.26.0191 IBIÚNA-SP 191ª Zona Eleitoral (IBIÚNA)

RECORRENTE: ALEXANDRE BELLO DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: WAGNER BOTELHO CORRALES - OAB: 279437/SP E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 15.623/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. ART. 14, § 7°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INELEGIBILIDADE REFLEXA. CANDIDATO SUPLENTE DE VEREADOR E IRMÃO DE PREFEITO CANDIDATO À REELEIÇÃO. SUPLENTE NÃO É TITULAR DE MANDATO ELETIVO. INAPLICABILIDADE DA EXCEÇÃO PREVISTA NO DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. INELEGIBILIDADE INCIDENTE. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial interposto por Alexandre Bello de Oliveira em face de acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que manteve o indeferimento do seu pedido de registro de candidatura ao cargo de Vereador do Município de Ibiúna/SP nas eleições de 2016, por constatar na espécie a configuração da inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição da República¹.

Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 111):

"REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. ELEIÇÕES 2016. Sentença de indeferimento do registro. Inelegibilidade decorrente de vínculo de parentesco. Irmão do candidato à reeleição para o cargo de prefeito. Artigo 14 § 7° da Constituição Federal. Suplente de vereador. A exceção prevista na parte final do mencionado artigo tem aplicação apenas aos titulares de cargo eletivo e candidatos à reeleição, não se estendendo aos respectivos suplentes. Precedentes. DESPROVIMENTO do recurso" .

Os embargos de declaração opostos em face do referido decisum foram rejeitados pela Corte a quo (fls. 129-131).

Nas razões do recurso especial (fls. 135-143), o Recorrente aponta ofensa ao art. 14, § 7º, da Constituição da República e aos arts.178 e 215 do Código Eleitoral.

Alega que, "mesmo não tendo exercido a vereança, gozava do beneplácito prescrito no final do artigo 14, § 7°, da CF, dada a situação e a natureza jurídica da suplência" (fls. 140). Nesse sentido, afirma que "não há que se falar em inelegibilidade [...], uma vez que [...] é político e foi tão eleito quanto o vereador com o qual compartilhou a chapa" (fls. 141).

Demais disso, defende que "a interpretação conferida pelo TRE/SP não se mostra a mais arrazoada, afinal, os artigos 178 e 215 do Código Eleitoral são, sim, aplicáveis aos vereadores mediante emprego da simetria" (fls. 141).

Em seguida, argúi que "a inelegibilidade deve ser restrita ao mesmo cargo político para o qual o candidato tenha relação de parentesco com o titular do cargo, afinal, o escopo desta inelegibilidade é evitar a perpetuação de uma mesma família no Poder" (fls. 142).

Pleiteia, ao final, o provimento do recurso, a fim de que, reformando-se o aresto regional, seja deferido seu registro de candidatura.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015².

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso especial (fls. 150-152).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifico que o recurso especial é tempestivo e está subscrito por procurador regularmente constituído.

A quaestio iuris debatida consiste em verificar se a causa de inelegibilidade descrita no art. 14, § 7º, da Constituição da

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 110

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

República incide (ou não) sobre candidato à vereança e atual suplente de vereador de Município cujo atual prefeito candidato à reeleição é seu irmão.

De início, convém registrar que, ao editar o § 7° do art. 14 da Lei Fundamental, o constituinte reformador instituiu hipóteses de inelegibilidades reflexas, porquanto atingem aqueles que mantêm vínculos pessoais com o titular do mandato. Eis o teor do dispositivo:

Art.14. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Nos termos do dispositivo constitucional precitado, a inelegibilidade reflexa compreende os limites do território de jurisdição do titular. A esse respeito, José Jairo Gomes ensina que "a inelegibilidade reflexa é relativa, só ocorrendo quanto aos cargos em disputa na circunscrição do titular. De maneira que o cônjuge e parentes de prefeito são inelegíveis no mesmo Município, mas podem concorrer em outros Municípios, bem como disputar cargos eletivos estaduais (inclusive no mesmo Estado em que for situado o Município) e federais já que não há coincidência de circunscrições nesses casos" (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 12ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 217).

A parte final do aludido artigo, no entanto, estabelece exceção à regra geral da cláusula de inelegibilidade. É que, ao prever a expressão "salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição" , a norma autoriza cônjuge ou parentes que já sejam titulares de mandatos eletivos na jurisdição do titular a se candidatem à reeleição sem que configure causa de inelegibilidade. Em outros termos, a inelegibilidade inserta no art. 14, § 7º, da Constituição da República não se patenteia se o cônjuge ou parente já for titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Destaca-se que essa ressalva legal deve ser interpretada restritivamente³, não se aplicando aos suplentes de cargos proporcionais, porquanto estes não são titulares de mandato eletivo. Nesse sentido é a jurisprudência perfilhada por este Tribunal Superior:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. IMPUGNAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO POR PROMOTOR ELEITORAL. ILEGITIMIDADE. INELEGIBILIDADE REFLEXA. RESSALVA. ART. 14, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SUPLENTE. TITULAR DE MANDATO ELETIVO. DISTINÇÃO.

[...]

2. No que se refere ao agravo regimental interposto pela Coligação A Volta do Progresso, registro que os suplentes, enquanto ostentarem esta condição, não são titulares de mandato eletivo e, por essa razão, não se lhes aplica a exceção prevista no § 7º do art. 14 da Constituição Federal (Cta nº 1.485/DF, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJ de 15.5.2008; REspe nº 19.422/BA, Rel. Min. Fernando Neves, DJ de 19.4.2002; STF, RE 409.459/BA, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 4.6.2004).

3. In casu, o suplente ora agravado assumiu o cargo apenas temporariamente, razão pela qual a ressalva final do § 7º do art. 14 da Carta Magna não lhe é aplicável, estando ele, pois, inelegível para o pleito de 2008.

4. Nego seguimento ao primeiro agravo regimental e dou provimento ao segundo agravo regimental para reconsiderar a decisão monocrática e negar provimento ao recurso especial eleitoral.

(AgR-REspe n° 35154/MA, Rel. Felix Fischer, DJe de 10/2/2009); e

ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ART. 14, §§ 5º E 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PAI CANDIDATO À REELEIÇÃO AO CARGO DE PREFEITO. FILHO SUPLENTE DE VEREADOR NA DATA DO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA E CANDIDATO AO CARGO DE VEREADOR. INELEGIBILIDADE REFLEXA. POSTERIOR ASSUNÇÃO DEFINITIVA DO FILHO AO CARGO DE VEREADOR EM RAZÃO DE RENÚNCIA DO TITULAR. IRRELEVÂNCIA. RECURSO PROVIDO.

[...]

2. Já o art. 14, § 7º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual "são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito", resguarda, de um lado, o princípio republicano, ao evitar que grupos familiares se apoderem do poder local; por outro, o próprio princípio da igualdade de chances - enquanto decorrência da normalidade e legitimidade do pleito -, pois impede a interferência da campanha do parente, candidato ao Executivo, na disputa pela vereança, "salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição".

3. A parte final do art. 14, § 7º, da Carta Magna constitui exceção à regra geral da cláusula de inelegibilidade, devendo ser interpretada restritivamente. No caso concreto, na data do pedido de registro de candidatura para as eleições de 2012, o recorrido, filho, era suplente de vereador, não titular, e candidato ao cargo de vereador, enquanto o pai era candidato à reeleição ao cargo de prefeito, o que atrai a referida causa de inelegibilidade, considerados os princípios constitucionais republicano e da igualdade de chances. Precedentes do TSE e do STF.

4. A assunção definitiva do candidato ao cargo de vereador, após o pedido de registro de candidatura para as eleições de 2012, não se qualifica como alteração fática e jurídica superveniente capaz de afastar a inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição Federal, pois a referida norma constitucional visa proteger princípios constitucionais - republicano e igualdade de chances - que

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não podem ser afastados em razão de uma regra infraconstitucional (art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997), direcionada, sobretudo, às inelegibilidades infraconstitucionais que buscam resguardar "a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato" (art. 14, § 9º, da Constituição Federal de 1988). Argumento que se reforça com a circunstância verificada no caso concreto, visto que a assunção definitiva do recorrido ao cargo de vereador, em 17.8.2012, ocorreu três dias após o TRE/MA manter o indeferimento do registro na sessão de 14.8.2012, o que sugere indevido casuísmo.

5. Recurso especial eleitoral provido.

(REspe n° 172-10/MA, Rel. Gilmar Mendes, DJe de 10/3/2016).

In casu, o TRE/SP indeferiu o registro de candidatura do Recorrente ao cargo de vereador em virtude da incidência da inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição da República decorrente de seu parentesco fraternal com o prefeito de Ibiúna/SP e candidato à reeleição no pleito de 2016, Fábio Bello de Oliveira. Confiram-se alguns excertos do aresto fustigado (fls. 112-114):

O recorrente não nega o seu parentesco com o candidato à reeleição para o cargo de prefeito Fabio Bello de Oliveira (fls. 47 e 84), afirma apenas que não incide causa de inelegibilidade em razão: i) da não coincidência do cargo em disputa, vez que concorre a uma vaga na Câmara Municipal e ii) do fato de ser diplomado suplente de vereador.

Todavia, não lhe assiste razão. Nos termos do acima transcrito artigo da Constituição são inelegíveis, no território de jurisdição do titular (prefeito) os parentes consanguíneos, até o segundo grau (irmão). A única exceção prevista em lei se refere ao caso de o parente já ser titular de mandato eletivo e estar disputando a reeleição. Não é este, entretanto; o caso dos autos.

[...]

Destaco que a única ressalva prevista na lei tem aplicação apenas aos titulares de cargo eletivo e candidatos à reeleição, não se estendendo aos respectivos suplentes, conforme remansosa jurisprudência: [...].

A partir dessas premissas fáticas, verifico que o decisum regional não merece reparos, porquanto ombreado com a jurisprudência desta Corte Superior exposta algures.

Com efeito, o fato de o Recorrente ser (ao tempo da demanda) suplente de vereador e irmão do então prefeito candidato à reeleição do Município de Ibiúna/SP não subsume a hipótese à exceção preconizada na parte final do art. 14, § 7º, da Lei Fundamental. Pelo contrário, o cargo de suplente, precisamente por não consubstanciar titularidade de mandato eletivo, insere o ora Recorrente na regra geral da cláusula de inelegibilidade insculpida no dispositivo constitucional, atraindo na espécie a causa restritiva do ius honorum.

Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹CRFB. Art. 14 [...]

[...]

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

²Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

³AgR-REspe n° 20143/PE, Rel. Min. Rosa Weber, PSESS de 10/11/2016 e REspe n° 172-10/MA, ReI. Min. Gilmar Ferreira Mendes, DJe de 10/3/2016.

PUBLICAÇÃO Nº 53/2017/SEPROC1

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 43-91.2015.6.18.0036 PAJEÚ DO PIAUÍ-PI 36ª Zona Eleitoral (CANTO DO BURITI)

RECORRENTE: PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATA BRASILEIRO (PMDB) - MUNICIPAL

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ADVOGADOS: WASHINGTON LUIS R. RIBEIRO - OAB: 276/PI E OUTRO

RECORRIDO: LUIZ HENRIQUE OLIVEIRA DA SILVA

ADVOGADOS: FRANCISCO DAS CHAGAS LIMA - OAB: 1672/86/PI E OUTRO

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 6.667/2016

DECISÃO

EMENTA: TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO ELEITORAL. PEDIDO DEFERIDO. RECORRIBILIDADE POR QUALQUER DELEGADO DE PARTIDO POLÍTICO. ART. 57, § 2º, DO CÓDIGO ELEITORAL E ART. 18, § 5º, DA RESOLUÇÃO-TSE Nº 21.538/2003. PROCEDIMENTO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. CAPACIDADE POSTULATÓRIA. INEXIGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO, DETERMINANDO-SE O RETORNO DOS AUTOS AO TRE/PI PARA QUE SE PROCEDA À ANÁLISE DE MÉRITO.

Trata-se de recurso especial interposto pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Piauí que não conheceu de recurso da Agremiação - interposto contra decisão de juiz eleitoral que deferiu o pedido de transferência de domicílio eleitoral do ora Recorrido - em razão de irregularidade da representação processual e consequente ausência de capacidade postulatória.

O acórdão adversado foi assim ementado (fls. 56):

"RECURSO ELEITORAL REQUERIMENTO DE TRANSFERÊNCIA ELEITORAL PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE POSTULATÓRIA. PARTIDO POLÍTICO. ATUAÇÃO SEM ADVOGADO. ACOLHIMENTO. ART. 133, CF. NÃO CONHECIMENTO.

- Os Partidos Políticos, por seus representantes, possuem, em tese, legitimidade para interpor recurso de decisão que defere inscrição ou transferência eleitoral (Resolução TSE nº 21.538/2003).

- Embora tenham legitimidade para recorrer, os Partidos necessitam de advogado para atuar em juízo, com vista a atender o requisito processual da capacidade postulatória, a qual deve restar comprovada mediante a indispensável juntada aos autos do instrumento, procuratório habilitando o advogado a atuar judicialmente.

- A subscrição de peça recursal por quem não detém a condição de advogado não enseja regularização, prevista no art. 76 do novo Código de Processo Civil, eis que não se deve confundir irregularidade na representação processual com falta de capacidade postulatória, de natureza insanável.

- Recurso não conhecido.

Contra essa decisão, foi interposto recurso especial a fls. 67-69, com esteio no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, no qual o Recorrente aduz violação ao art. 5º, XXXIV, da Constituição da República e ao art. 18 da Resolução-TSE nº 21.538/2003, bem como divergência jurisprudencial.

Sustenta, em síntese, que, "além de ter sido sanada a representação do recorrente, com a juntada da procuração do seu advogado, entende-se que como ocorre na atuação do partido junto aos juízos de 1º grau na impugnação de registros irregulares de candidatura, igualmente deve ocorrer a desnecessidade da representação por advogado quando se rebate transferência irregular de domicílio eleitoral" (fls. 68).

Por fim, pleiteia o provimento do recurso para que o acórdão regional seja reformado.

As contrarrazões foram apresentadas a fls. 75-85.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento do recurso para que se determine o retorno dos autos à origem (fls. 91-93).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o presente feito trata de pedido de transferência de domicílio eleitoral formulado pelo Recorrido e deferido pelo Juízo Eleitoral da 36ª Zona Eleitoral do Piauí.

Anoto ser cediço que esta Justiça Especializada desempenha funções de natureza híbrida, tanto administrativa quanto jurisdicional, cujos regramentos se especificam de acordo com o tipo de processo a que subjazem.

A função jurisdicional da Justiça Eleitoral se volta para a solução dos conflitos intersubjetivos de viés eleitoral que reclamam solução imparcial do Estado-juiz, tais como propaganda eleitoral irregular, captação ilícita de sufrágio, conduta vedada, abuso de poder político e outros.

Atuando administrativamente, esta Justiça é responsável pelos atos relativos ao preparo e à organização de todo o processo eleitoral, tais quais inscrição de eleitores, transferência de domicílio eleitoral, organização dos locais de votação, registro de partidos políticos, entre outros.

Pondero que, como sói acontecer nos procedimentos de índole administrativa, o pedido de transferência de domicílio eleitoral dispensa a necessidade de representação por advogado habilitado. Esse requisito é exigido, porém, nos processos jurídico-

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 113

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

eleitorais.

Consoante se extrai das disposições previstas no art. 57, § 2º do Código Eleitoral e no art. 18, §5º, da Resolução-TSE nº 21.538/2003, qualquer delegado de grêmio político poderá recorrer da decisão que deferir o pedido de transferência de domicílio eleitoral.

Nesse sentido - de não exigir a capacidade postulatória nos feitos administrativos, notadamente naqueles relativos à transferência de domicílio eleitoral - se firmou a jurisprudência desta Corte, vejamos:

"Recurso especial. Transferência de domicílio eleitoral. Natureza administrativa. Alegação de capacidade postulatória de delegado de partido. Violação ao art. 57, § 2º, do Código Eleitoral. Reconhecimento.

Recurso provido para que retorne os autos ao TRE/PB, para que examine o mérito."

(REspe 16.400/PB, Rel. Min. Costa Porto, DJ de 29/9/2000) ;

"RECURSO ESPECIAL - TRANSFERÊNCIA DE DOMICILIO ELEITORAL - PROCEDIMENTO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA - DESNECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO POR ADVOGADO - AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NÃO IMPEDE A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO - ALEGAÇÃO DE INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA

- IMPOSSIBILIDADE - RECURSO NÃO CONHECIDO."

(REspe 13.217/CE, Rel. Min. Eduardo Alckmin, DJ de 22/11/96); e

"DOMICILIO ELEITORAL - TRANSFERÊNCIA - REQUERIMENTO - NATUREZA DO PROCESSO.

O PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA DO DOMICILIO ELEITORAL OCORRE NO ÂMBITO DE PROCESSO QUE POSSUI CONTORNOS ADMINISTRATIVOS, DESCABENDO, ASSIM, EXIGIR A REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL QUER NO JUÍZO, QUER NO TRIBUNAL QUE VENHA A APRECIAR RECURSO CONTRA DECISÃO NEGATIVA."

(REspe 10.891/PI, Rel. Min. Marco Aurélio Mello, DJ de 1º/10/1993).

Esse entendimento também ficou consignado no julgamento do REspe nº 53-38/PI, de relatoria da Ministra Luciana Lóssio, DJe de 13/2/2017 e do REspe nº 57-75/PI, da lavra do Ministro Herman Benjamin, DJe de 19/10/2016, respectivamente: "esta Corte Superior entende que o procedimento de transferência de domicílio tem natureza administrativa, razão pela qual é descabida a exigência de capacidade postulatória" e "delegado ou presidente de partido político possui capacidade postulatória para recorrer de decisão de primeira instância em que se defere transferência de domicílio eleitoral, haja vista a natureza administrativa do procedimento" ,

In casu, a Corte Eleitoral piauiense assentou que a ausência de capacidade postulatória configura vício insanável que impede o conhecimento do recurso eleitoral manejado pela agremiação política, por intermédio de representante de seu órgão partidário. Vejamos excertos do julgado (fls. 59v-60):

"Com efeito, o art. 18, § 5º, da Resolução TSE nº 21.538/2003 reconhece a legitimidade do delegado de partido político para recorrer contra decisão que defere requerimento de transferência de domicílio eleitoral, no prazo de 10 (dez) dias.

Porém, a legitimidade recursal não afasta q pressuposto processual da capacidade postulatória, de modo que o manejo do recurso deve ser levado a efeito por advogado legalmente habilitado.

No caso dos autos, o recurso foi interposto por representante de órgão partidário sem a participação de advogado devidamente habilitado, constituindo, tal vício, óbice intransponível ao conhecimento do recurso.

[...]

A Constituição Federal prescreve no art. 133 que o advogado é indispensável à administração da justiça.

Com os mesmos fundamentos, entendo que o vício da falta de capacidade postulatória do recorrente é de natureza insanável, não comportando regularização.

Finalmente, ressalto o entendimento firmado por esta Eg. Corte, no julgamento dos Recursos Eleitorais 4816, 4998 e 5083, todos de minha Relatoria, no sentido de não conhecer do recurso no caso de ausência de capacidade postulatória do recorrente.

Isto posto, peço vênia ao eminente Relator, mas divirjo e voto pelo não conhecimento do recurso, por falta de capacidade postulatória do recorrente."

Destarte, verifico que o aludido decisum merece ser reformado, porquanto contrário ao entendimento desta Corte Superior que assevera a inexigibilidade de representação processual por advogado em feitos atinentes a pedido de transferência de domicílio eleitoral, precisamente devido à natureza administrativa a eles imanente.

Ex positis, dou provimento ao recurso especial, com base no art. 36, § 7º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, e determino o retorno dos autos à instância de origem para que se proceda à análise do mérito do presente feito.

Publique-se.

Brasília, 16 de fevereiro de 2017.

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MINISTRO LUIZ FUX

Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 62-97.2015.6.18.0036 PAJEÚ DO PIAUÍ-PI 36ª Zona Eleitoral (CANTO DO BURITI)

RECORRENTE: PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (PMDB) - MUNICIPAL

ADVOGADOS: WASHINGTON LUIS R RIBEIRO - OAB: 276-B/PI E OUTRO

RECORRIDA: ROSENIR EZEQUIEL PEREIRA DOS SANTOS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 7.132/2016

DECISÃO

EMENTA: TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO ELEITORAL. PEDIDO DEFERIDO. RECORRIBILIDADE POR QUALQUER DELEGADO DE PARTIDO POLÍTICO. ART. 57, § 2º, DO CÓDIGO ELEITORAL E ART. 18, § 5º, DA RESOLUÇÃO-TSE Nº 21.538/2003. PROCEDIMENTO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. CAPACIDADE POSTULATÓRIA. INEXIGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO, DETERMINANDO-SE O RETORNO DOS AUTOS AO TRE/PI PARA QUE SE PROCEDA À ANÁLISE DE MÉRITO.

Trata-se de recurso especial interposto pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Piauí que não conheceu de recurso da Agremiação - interposto contra decisão de juiz eleitoral que deferiu o pedido de transferência de domicílio eleitoral da ora Recorrida - em razão de irregularidade da representação processual e consequente ausência de capacidade postulatória.

O acórdão adversado foi assim ementado (fls. 46):

"RECURSO ELEITORAL REQUERIMENTO DE TRANSFERÊNCIA ELEITORAL PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE POSTULATÓRIA. PARTIDO POLÍTICO. ATUAÇÃO SEM ADVOGADO. ACOLHIMENTO. ART. 133, CF. NÃO CONHECIMENTO.

- Os Partidos Políticos, por seus representantes, possuem, em tese, legitimidade para interpor recurso de decisão que defere inscrição ou transferência eleitoral (Resolução TSE nº 21.538/2003).

- Embora tenham legitimidade para recorrer, os Partidos necessitam de advogado para atuar em juízo, com vista a atender o requisito processual da capacidade postulatória, a qual deve restar comprovada mediante a indispensável juntada aos autos do instrumento, procuratório habilitando o advogado a atuar judicialmente.

- A subscrição de peça recursal por quem não detém a condição de advogado não enseja regularização, prevista no art. 76 do novo Código de Processo Civil, eis que não se deve confundir irregularidade na representação processual com falta de capacidade postulatória, de natureza insanável.

- Recurso não conhecido.

Contra essa decisão, foi interposto recurso especial a fls. 51-53, com esteio no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, no qual o Recorrente aduz violação ao art. 5º, XXXIV, da Constituição da República e ao art. 18 da Resolução-TSE nº 21.538/2003, bem como divergência jurisprudencial.

Sustenta, em síntese, que, "além de ter sido sanada a representação do recorrente, com a juntada da procuração do seu advogado, entende-se que como ocorre na atuação do partido junto aos juízos de 1º grau na impugnação de registros irregulares de candidatura, igualmente deve ocorrer a desnecessidade da representação por advogado quando se rebate transferência irregular de domicílio eleitoral" (fls. 52).

Por fim, pleiteia o provimento do recurso para que o acórdão regional seja reformado.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento do recurso para que se determine o retorno dos autos à origem (fls. 63-65).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o presente feito trata de pedido de transferência de domicílio eleitoral formulado pela Recorrida e deferido pelo Juízo Eleitoral da 36ª Zona Eleitoral do Piauí.

Para melhor delineamento da controvérsia, anoto algumas premissas iniciais acerca da natureza das funções desempenhadas pela Justiça Eleitoral.

Anoto ser cediço que essa Justiça Especializada desempenha funções de natureza híbrida, tanto administrativa quanto jurisdicional, cujos regramentos se especificam de acordo com o tipo de processo a que subjazem.

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

A função jurisdicional da Justiça Eleitoral se volta para a solução dos conflitos intersubjetivos de viés eleitoral que reclamam solução imparcial do Estado-juiz, tais como propaganda eleitoral irregular, captação ilícita de sufrágio, conduta vedada, abuso de poder político e outros.

Atuando administrativamente, esta Justiça é responsável pelos atos relativos ao preparo e à organização de todo o processo eleitoral, tais quais inscrição de eleitores, transferência de domicílio eleitoral, organização dos locais de votação, registro de partidos políticos, entre outros.

Pondero que, como sói acontecer nos procedimentos de índole administrativa, o pedido de transferência de domicílio eleitoral dispensa a necessidade de representação por advogado habilitado. Esse requisito é exigido, porém, nos processos jurídico-eleitorais.

Consoante se extrai das disposições previstas no art. 57, § 2º do Código Eleitoral e no art. 18, §5º, da Resolução-TSE nº 21.538/2003, qualquer delegado de grêmio político poderá recorrer da decisão que deferir o pedido de transferência de domicílio eleitoral.

Nesse sentido - de inexigir a capacidade postulatória nos feitos administrativos, notadamente naqueles relativos à transferência de domicílio eleitoral - se firmou a jurisprudência desta Corte, vejamos:

"Recurso especial. Transferência de domicílio eleitoral. Natureza administrativa. Alegação de capacidade postulatória de delegado de partido. Violação ao art. 57, § 2º, do Código Eleitoral. Reconhecimento.

Recurso provido para que retorne os autos ao TRE/PB, para que examine o mérito."

(REspe 16.400/PB, Rel. Min. Costa Porto, DJ de 29/9/2000) ;

"RECURSO ESPECIAL - TRANSFERÊNCIA DE DOMICILIO ELEITORAL - PROCEDIMENTO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA - DESNECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO POR ADVOGADO - AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NÃO IMPEDE A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO - ALEGAÇÃO DE INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA

- IMPOSSIBILIDADE - RECURSO NÃO CONHECIDO."

(REspe 13.217/CE, Rel. Min. Eduardo Alckmin, DJ de 22/11/96); e

"DOMICILIO ELEITORAL - TRANSFERÊNCIA - REQUERIMENTO - NATUREZA DO PROCESSO.

O PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA DO DOMICILIO ELEITORAL OCORRE NO ÂMBITO DE PROCESSO QUE POSSUI CONTORNOS ADMINISTRATIVOS, DESCABENDO, ASSIM, EXIGIR A REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL QUER NO JUÍZO, QUER NO TRIBUNAL QUE VENHA A APRECIAR RECURSO CONTRA DECISÃO NEGATIVA."

(REspe 10.891/PI, Rel. Min. Marco Aurélio Mello, DJ de 1º/10/93).

Esse entendimento também ficou consignado no julgamento do REspe nº 53-38/PI, de relatoria da Ministra Luciana Lóssio, DJe de 13/2/2017 e do REspe nº 57-75/PI, da lavra do Ministro Herman Benjamin, DJe de 19/10/2016, respectivamente: "esta Corte Superior entende que o procedimento de transferência de domicílio tem natureza administrativa, razão pela qual é descabida a exigência de capacidade postulatória" e "delegado ou presidente de partido político possui capacidade postulatória para recorrer de decisão de primeira instância em que se defere transferência de domicílio eleitoral, haja vista a natureza administrativa do procedimento" ,

In casu, a Corte Eleitoral piauiense assentou que a ausência de capacidade postulatória configura vício insanável que impede o conhecimento do recurso eleitoral manejado pela agremiação política, por intermédio de representante de seu órgão partidário. Vejamos excertos do julgado (fls. 49v-50):

"Com efeito, o art. 18, § 5º, da Resolução TSE nº 21.538/2003 reconhece a legitimidade do delegado de partido político para recorrer contra decisão que defere requerimento de transferência de domicílio eleitoral, no prazo de 10 (dez) dias.

Porém, a legitimidade recursal não afasta q pressuposto processual da capacidade postulatória, de modo que o manejo do recurso deve ser levado a efeito por advogado legalmente habilitado.

No caso dos autos, o recurso foi interposto por representante de órgão partidário sem a participação de advogado devidamente habilitado, constituindo, tal vício, óbice intransponível ao conhecimento do recurso.

[...]

A Constituição Federal prescreve no art. 133 que o advogado é indispensável à administração da justiça.

Com os mesmos fundamentos, entendo que o vício da falta de capacidade postulatória do recorrente é de natureza insanável, não comportando regularização.

Finalmente, ressalto o entendimento firmado por esta Eg. Corte, no julgamento dos Recursos Eleitorais 4816, 4998 e 5083, todos de minha Relatoria, no sentido de não conhecer do recurso no caso de ausência de capacidade postulatória do recorrente.

Isto posto, peço vênia ao eminente Relator, mas divirjo e voto pelo não conhecimento do recurso, por falta de capacidade postulatória do recorrente."

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Destarte, verifico que o decisum regional merece ser reformado, porquanto contrário ao entendimento desta Corte Superior que assevera a inexigibilidade de representação processual por advogado em feitos atinentes a pedido de transferência de domicílio eleitoral, precisamente devido à natureza administrativa a eles imanente.

Ex positis, dou provimento ao recurso especial, com base no art. 36, § 7º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, e determino o retorno dos autos à instância de origem para que se proceda à análise do mérito do presente feito.

Publique-se.

Brasília, 16 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 258-04.2016.6.16.0096 MARILENA-PR 96ª Zona Eleitoral (NOVA LONDRINA)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO JUNTOS PODEMOS MUITO MAIS

ADVOGADOS: JOÃO BATISTA DE ALMEIDA - OAB: 2067-A/DF E OUTROS

RECORRIDO: JOSÉ APARECIDO DA SILVA

ADVOGADOS: VITOR AUGUSTO WAGNER KIST - OAB: 75805/PR E OUTROS

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 11.131/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEFERIMENTO. CARGO. PREFEITO. ELEITO. RECURSO ELEITORAL INTERPOSTO APÓS O TRÍDUO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE REFLEXA. RECURSO ESPECIAL AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial, com pedido de efeito suspensivo, interposto pela Coligação Juntos Podemos Muito Mais em face do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, que, por unanimidade, manteve o deferimento da candidatura de José Aparecido da Silva para o cargo de Prefeito do Município de Marilena/PR, nas eleições de 2016. Eis a síntese do que decidido (fls. 414):

"ELEIÇÕES 2016 - RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - INELEGIBILIDADE - ARTIGO 1º, INCISO I, ALÍNEA G, DA LC 64/90 - REJEIÇÃO DE CONTAS - DECISÃO LIMINAR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ SUSPENDENDO OS EFEITOS DO DECRETO LEGISLATIVO - REGISTRO DEFERIDO - RECURSO DESPROVIDO.

1. Negar o fato superveniente que afasta a inelegibilidade constitui grave violação à soberania popular, traduzida nos votos obtidos pelo candidato, plenamente elegível antes do encerramento do processo eleitoral, isto é, da diplomação dos eleitos. Entendimento em sentido contrário, além de fazer do processo eleitoral não um instrumento de resguardo da soberania popular, mas um processo exageradamente formalista em detrimento dela, pilar de um Estado Democrático, nega o próprio conceito de processo eleitoral definido pelo Supremo Tribunal Federal, o qual se encerra com a diplomação dos eleitos.

2. Recurso desprovido" .

Em seu recurso, manejado com arrimo no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral (fls. 435-440), a Coligação Juntos Podemos Muito Mais alega, em síntese, que a concessão de liminar suspendendo o Decreto Legislativo nº 001/2015, através do qual a Câmara Municipal desaprovou as contas do exercício financeiro de 2012 prestadas pelo Recorrido na qualidade de Prefeito de Marilena/PR, não se presta a afastar a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC nº 64/90, pois fora proferida após o registro de candidatura.

Assevera que as alterações fáticas ou jurídicas de que trata o art. 11, §10, da Lei das Eleições não podem incidir quando o candidato ajuíza ação anulatória visando afastar a inelegibilidade após o período fixado para o registro de candidatura.

Invoca precedentes jurisprudenciais em defesa da sua tese e requer, ao final, o provimento do apelo nobre, a fim de que, reformando-se o aresto regional, seja indeferido o registro de candidatura do Recorrido.

O Recorrido apresentou contrarrazões a fls. 441-447, sustentando, inicialmente, o trânsito em julgado da sentença de 1º grau que deferiu o seu pedido de registro de candidatura e, quanto à questão de fundo, que "o fato superveniente que afasta a inelegibilidade, ocorrido antes da diplomação dos eleitos, tem que ser analisado pela Justiça eleitoral" (fls. 445).

Requer, ao final, o desprovimento do recurso especial.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 117

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Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

O pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial foi indeferido (fls. 451-452).

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo não conhecimento do recurso e, caso conhecido, por seu desprovimento (fls. 463-465).

A fls. 470-471, a Recorrente solicita a juntada de cópias de duas decisões judiciais, a primeira proferida em 12/12/2016, no âmbito de Ação de Investigação Judicial Eleitoral, e a segunda, em 11/11/2016, em Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa, alegando que tais documentos demonstram a prática de compra de votos e de improbidade administrativa por parte do Recorrido.

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso encontra-se subscrito por advogado regularmente habilitado (fls. 107), porém, padece de intempestividade reflexa.

In casu, a sentença de 1º grau foi publicada em 10/9/2016 (fls. 287) e o recurso eleitoral somente fora interposto em 15/9/2016 (fls. 289), após, portanto, o tríduo legal². A intempestividade foi alegada em contrarrazões perante esta instância especial (fls. 443) e também perante a instância ordinária (fls. 101-106), mas o Regional sobre ela não se manifestou especificamente.

Nessa hipótese, aplica-se a jurisprudência iterativa deste Tribunal no sentido de ser possível a aferição da tempestividade dos recursos interpostos nas instâncias ordinárias, ainda que a matéria não tenha sido tratada no acórdão recorrido e que o recurso tenha sido conhecido pelo Tribunal a quo (AgR-AI nº 2536-05/RS, Rel. Min. Henrique Neves, DJe 15/2/2016; AgR-REspe nº 1041-90/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 4/9/2015; ED-AgR-REspe nº 15864-97/MG, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 24/9/2015; AgR-RO n° 2360/SP, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 4/5/2010; AgR-REspe nº 34942/PR, redator para o acórdão Min. Dias Toffoli, DJe de 23/5/2013).

O recurso especial, portanto, não merece seguimento.

Ainda que assim não fosse, é fato que nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1°, inciso l, alínea g, da LC n° 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: (i) decisão do órgão competente; (ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; (iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; (iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; (v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; (vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário.

In casu, o acórdão recorrido afirma que os efeitos da decisão que desaprovou as contas do Recorrido encontram-se suspensos "por decisão liminar deferida pelo Tribunal de Justiça do Paraná, em 05/09/2016" (fls. 416), o que afasta a incidência da inelegibilidade, na medida em que a jurisprudência desta Corte Superior³ permite que sejam considerados os fatos supervenientes que afastem as inelegibilidades listadas no art. 1º, I, da LC nº 64/90, se ocorridos até a data da diplomação dos eleitos.

Por fim, as decisões mencionadas a fls. 470-471, ambas proferidas após as eleições, não são aptas a influenciar o pedido de registro de candidatura do Recorrido.

Ex positis, nego seguimento ao agravo, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral4.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²LC nº 64/90: Art. 8° Nos pedidos de registro de candidatos a eleições municipais, o Juiz Eleitoral apresentará a sentença em cartório 3 (três) dias após a conclusão dos autos, passando a correr deste momento o prazo de 3 (três) dias para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral.

³Sedimentada a partir das eleições de 2014 através do ED-RO nº 294-62, Rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 11/12/2014.

4Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferirá despacho fundamentado, admitindo, ou não, o recurso.

[...]

§ 6º O relator negará seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 33-47.2016.6.22.0021 PORTO VELHO-RO 21ª Zona Eleitoral (PORTO VELHO)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO ABRACE PORTO VELHO

ADVOGADOS: MÁRCIO MELO NOGUEIRA - OAB: 2827/RO E OUTROS

RECORRIDA: COLIGAÇÃO PORTO VELHO MAIS FORTE

ADVOGADOS: NELSON CANEDO MOTTA - OAB: 2721/RO E OUTRA

RECORRIDO: MAURO NAZIF RASUL

ADVOGADOS: NELSON CANEDO MOTTA - OAB: 2721/RO E OUTRA

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 12.737/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA VEICULADA NA TELEVISÃO. PERDA SUPERVENIENTE DE OBJETO. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto pela Coligação Abrace Porto Velho, em face do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia que, por unanimidade, negou provimento ao recurso eleitoral, e, mantendo a sentença primeva, confirmou o indeferimento da representação por propaganda irregular. Eis a ementa do acórdão vergastado (fls. 51):

"Recurso Eleitoral. Representação. Propaganda Eleitoral. Eleições 2016. Horário Eleitoral Gratuito na TV. Cena Externa. Aparição de apoiadora de campanha. Explanação pelo candidato. Regularidade. Inteligência do art. 54, § 2º, da Lei 9.504/97.

I - A aparição de apoiador (a) do candidato, na propaganda eleitoral na TV, em cena externa, não constitui, por si só, irregularidade, mormente quando a análise do programa ou inserção, na sua totalidade, proporciona o entendimento de que é o próprio candidato quem realiza a explanação.

II - Recurso a que se nega provimento."

Nas razões do recurso (fls. 60-61v), manejado com arrimo no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, a Recorrente aponta violação ao art. 54 da Lei nº 9.504/97, sob o fundamento de que, embora o dispositivo em comento vede a veiculação de imagens externas sem a presença do candidato, restou consignado no "acórdão fustigado que há imagens externas sem a presença do candidato, a qual foi permitida a despeito da expressa vedação legal, entendendo tanto o magistrado a quo, no que seguido pela Egrégia Corte Eleitoral local, que as imagens externas, por si só, não comprometeria a igualdade de condições dos candidatos, contrariando o disposto na Lei Federal" (fls. 61v).

Requer o conhecimento e provimento do recurso, para que seja reformado o acórdão recorrido e julgada procedente a representação proposta.

O Presidente do TRE/RO admitiu o recurso especial (fls. 65-66v).

A Procuradoria-Geral Eleitoral opina pela prejudicialidade do apelo, em virtude da perda superveniente do objeto (fls. 69-71).

É o relatório.

Decido.

Ab initio, assento que o recurso especial foi protocolado dentro do prazo legal e encontra-se subscrito por advogado regularmente constituído nos autos.

Verifico que o apelo especial tem por escopo a reforma do acórdão regional que, mantendo a sentença primeva, consignou a improcedência da representação proposta pelo Recorrente - cujo objeto é a proibição de veiculação de propaganda eleitoral produzida em alegado confronto ao disposto no art. 54, § 2º, da Lei nº 9.504/97.

A Res.-TSE nº 23.457/2015 - que dispõe sobre propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral nas eleições 2016 - estabelece, em seu art. 37, o período de 26 de agosto a 29 de setembro de 2016 para veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.

Exaurido o período de horário eleitoral gratuito, impõe-se o reconhecimento da perda superveniente do objeto do recurso. Nesse sentido, colaciono os seguintes precedentes:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO. REPRESENTAÇÃO. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE SUPOSTA PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. ENCERRAMENTO DO PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES. TÉRMINO DOS PROGRAMAS ELEITORAIS GRATUITOS. RECURSO PREJUDICADO. PRECEDENTES.

[...]

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 119

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

4. `Exaurido o período de propaganda eleitoral gratuita relativa ao primeiro turno das eleições, há perda superveniente do interesse recursal" (REspe 5469-23, rel. desig. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 19.10.2010).

[...]" .

(RRP nº 1444-74/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, PSESS de 14/10/2014); e

"RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. DIREITO DE RESPOSTA. ENCERRAMENTO DO PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES. PREJUDICIALIDADE.

1. Exaurido o período de propaganda eleitoral gratuita relativa ao primeiro turno das eleições, há perda superveniente do interesse recursal.

2. Recurso especial eleitoral prejudicado."

(REspe nº 5428-56/GO, Rel. Min. Marco Aurélio, PSESS de 19/10/2010).

Ex positis, com fundamento no art. 36, § 6º, do RITSE, nego seguimento ao recurso, em razão da perda superveniente de seu objeto.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 468-90.2016.6.26.0156 SANTO ANDRÉ-SP 156ª Zona Eleitoral (SANTO ANDRÉ)

RECORRENTE: JOSÉ MONTORO FILHO

ADVOGADOS: JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN - OAB: 2977/DF E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 13.873/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO DE VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DE VERBAS INDEVIDAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 39, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, G, DA LC Nº 64/90. NEGATIVA DE SEGUIMENTO.

Cuida-se de recurso especial interposto por José Montoro Filho, com alegada base no art. 11, § 2º, da Lei Complementar nº 64/1990 combinado com o art. 60, parágrafos 2º e 3º, da Resolução-TSE nº 23.455/2015, em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que, por unanimidade, deu provimento ao recurso apresentado pelo Ministério Público Eleitoral e, consequentemente, indeferiu sua candidatura ao cargo de Vereador do Município de Santo André/SP, nas Eleições 2016, ante a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990. Eis a síntese do que decidido (fls. 365):

"RECURSO ELEITORAL: REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. ELEIÇÕES 2016.

Sentença que deferiu o registro do candidato a Vereador. Artigo 1°, I, g da Lei Complementar n° 64/90. Presidente da Câmara Municipal. Inobservância do disposto no artigo 39, §4°, da Constituição Federal. Pagamento de ajuda de custo. Irregularidade insanável que caracteriza ato doloso de improbidade administrativa. Recurso provido para indeferir o registro de candidatura."

Nas razões do especial, assevera violados os art. 5º, inciso LIV e 93, inciso IX, da Constituição Federal e art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990.

Noticia que interpôs ação anulatória em face da decisão do Tribunal de Contas que rejeitou as respectivas contabilidades referentes aos anos de 2007 e 2008. Em seguida, informa que obteve a antecipação dos efeitos da tutela, mas que no mérito a ação foi julgada improcedente. Consoante afirma, apresentou, contra essa decisão, apelação no Tribunal de Justiça em 7 de maio de 2015. Assevera que a referida irresignação tem efeito suspensivo, haja vista o preconizado no Novo Código de Processo Civil.

Aduz o desacerto da decisão do Regional, que entendeu caracterizarem ato doloso de improbidade administrativa as irregularidades que acarretaram a rejeição das contas alusivas aos exercícios de 2007 e 2008, período em que exerceu o cargo de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Santo André/SP.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 120

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Esclarece que a irregularidade verificada pelo Tribunal de Contas, a qual desaguou na reprovação das referidas contabilidades, foi pagamento a maior dos subsídios dos Vereadores, em desrespeito à norma constitucional. Em seguida, ressalta que houve a devolução dos valores pagos a maior aos cofres públicos, demonstrando assim sua boa-fé.

Afirma que não há, nas referidas decisões, qualquer anotação de que as irregularidades são insanáveis e configuradoras de ato doloso de improbidade administrativa.

Na sequência, alega que os julgamentos administrativos proferidos pela Corte de Contas não podem caracterizar as irregularidades verificadas como ato ímprobo nem atestar a existência do dolo, pressupostos indispensáveis para o efetivo enquadramento na inelegibilidade prevista na alínea g. Consoante diz, tal aferição deverá ser feita por órgão do judiciário via ação de improbidade administrativa.

Pontua que os pagamentos feitos aos Vereadores, supostamente em desacordo com preceito constitucional, ocorreram nos estritos limites estatuídos pela Resolução nº 02/2004 da Câmara de Santo André, sendo mero cumpridor de norma anteriormente prevista. Ressalta que tal comando legal não é ato vinculado, devendo ser cumprido.

Acrescenta que sempre respeitou o limite, fixado na Resolução nº 02/2004, de pagamento aos vereadores do percentual de 75% da remuneração percebida pelos Deputados Estaduais. Diante de tais fatos, sustenta ausente o dolo.

Diz violado o art. 5º, inciso LV, da Constituição da República, ante a incompetência do Tribunal de Contas em qualificar o ato como ímprobo e insanável.

Assevera vulnerado o art. 93, inciso IX, da Constituição da República, por ausência de fundamentação do pronunciamento atacado.

Por fim, diz inobservado o princípio da proporcionalidade no momento da análise do registro.

Requer o provimento do recurso, para que seja deferida a respectiva candidatura.

O Recorrido apresentou contrarrazões (fls. 451-454v).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Mediante petição de fls. 456-464, o Recorrente pleiteou a concessão do efeito suspensivo a essa irresignação, o qual foi por mim indeferido (fls. 481-486).

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 488-497).

Prosseguindo no relato, verifico que José Montoro Filho protocolizou, pelo Processo Judicial Eletrônico desta Justiça Especializada, a Ação Cautelar nº 0602677-86/SP, com pedido de liminar, visando à concessão de efeito suspensivo ativo a esse recurso, o qual foi por mim indeferido. Anoto, ainda, que está pendente de exame agravo regimental por ele apresentado.

É o relatório suficiente. Decido.

Ab initio, assento que o recurso é tempestivo e foi subscrito por advogado regularmente constituído.

No que tange ao suposto desrespeito aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da proporcionalidade, observo que tais matérias não foram debatidas na instância regional, tampouco houve oposição de embargos de declaração a fim de provocar a manifestação daquele Tribunal sobre a questão, padecendo o tema da ausência do indispensável prequestionamento. Incide nesse ponto o Enunciado nº 356 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.

Quanto à alegada suspensão dos efeitos da decisão da Corte de Contas, haja vista possuir efeito suspensivo automático a apelação apresentada em 7 de maio de 2015 teria, ante ao que preconizado no art. 1.012 do Código de Processo Civil. Verifico também que não houve debate sobre o tema no Regional, limitando-se o acórdão a assentar que a ação ajuizada pelo Recorrente e por outros parlamentares foi julgada improcedente (fls. 368-369).

Ainda que assim não fosse, entendo que não merece prosperar tal pretensão. Explico.

Trata-se aqui de problemática alusiva à aplicação da lei no tempo, em que, via de regra, utiliza-se a máxima do tempus regit actum, aplicando-se a lei do tempo em que foram praticados. O ilustre mestre Pontes de Miranda prelecionava que "normalmente as leis dispõem para o futuro, não olham para o passado. Lex prospicit, non respicit. Em consequência, os atos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que foram praticados. Tempus regit actum. Entretanto, algumas leis afastam-se excepcionalmente dessa regra e retrocedem no tempo, alcançando fatos pretéritos ou os seus efeitos. Tais leis chamam-se retroativas"². Assim, equilibrando-se entre a regra e as exceções é que surge o direito intertemporal, o qual visa a regular a aplicação da lei no tempo, formulando regras "segundo as quais o aplicador se informa quando o efeito imediato da lei não envolve uma atuação retrooperante³" .

Sobre o direito intertemporal, Moacyr Amaral Santos o divide em três sistemas, objetivando regular a eficácia da lei no tempo: (i) o sistema da unidade processual, segundo o qual se aplica ao processo somente uma mesma lei, do início até o seu fim, ainda que nesse período ocorram alterações legislativas; (ii) o das fases processuais, considerando cada uma das fases processuais um módulo mais ou menos autônomo do processo, mantida a aplicação da lei antiga à fase em curso no momento da alteração; (ii) o do isolamento dos atos processuais, que respeita aqueles já realizados, somente aplicando a lei processual nova aos atos processuais praticados sob a vigência do novo diploma.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 121

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Destaco, por oportuno, que todos os sistemas supramencionados são contrários à retroatividade da lei processual mais moderna.

Nesse pormenor, o novo Código de Processo Civil, em seu art. 1.046, adotou o sistema de isolamento de atos processuais, segundo o qual suas normas serão aplicadas aos processos em curso, vedada a retroatividade da lei.

Nessa toada, não assiste razão ao Recorrente quando pretende que esta Justiça especializada entenda que a apelação por ele proposta no Tribunal de Justiça foi recebida no seu duplo efeito, afastando-se assim a inelegibilidade contida no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, considerando que ela foi protocolizada sob a vigência do Código de Processo Civil de 1973, no qual não havia previsão do efeito suspensivo automático ao recuso de apelação, aplicando-se ao caso a lei do tempo em que foi praticado o ato.

Verifica-se, ainda, que a aduzida violação ao art. 93, inciso IX, da Constituição da República não ocorreu, haja vista que a Corte de origem se manifestou expressamente e de maneira minuciosa a respeito de todas as questões relevantes ao deslinde da controvérsia, as quais foram devidamente explicitadas e fundamentadas.

Prosseguindo no exame do recurso, pontuo que o equacionamento da discussão travada não reclama a reincursão do conjunto fático-probatório carreado aos autos, providência vedada pelo Enunciado da Súmula nº 24 deste Tribunal Superior4, mas, ao revés, autoriza o reenquadramento jurídico dos fatos. É que, dada a moldura fática delineada no aresto fustigado, a pretensão do Recorrente questiona a qualificação jurídica consignada pelo Regional Eleitoral paulista ao assentar o preenchimento dos elementos fático-jurídicos caracterizadores da inelegibilidade da alínea g.

A pretensão deduzida veicula quaestio iuris, prescindindo, bem por isso, da formação de nova convicção acerca dos fatos narrados nos autos. Na irretocável lição de Luiz Guilherme Marinoni, "a qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. "Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário" . In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, após debruçar-se sobre o arcabouço fático-probatório, concluiu que configuram ato doloso de improbidade as irregularidades apuradas na prestação de contas do Recorrente - referentes aos exercícios financeiros de 2007 e 2008, período em que exercia a presidência da Câmara dos Vereadores -, as quais foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas. Assentou que, em ambos os exercícios, a irregularidade verificada é a mesma, qual seja, pagamento de subsídios em desconformidade com normas constitucionais.

Em abono de sua pretensão, o Recorrente sustenta que não há, nas decisões administrativas do Órgão de Controle, qualquer anotação de que as irregularidades são insanáveis e configuradoras de ato doloso de improbidade administrativa, asseverando que tal aferição deverá ser feita por órgão do judiciário via ação de improbidade administrativa, inexistindo contra si a referida ação. Advoga, ainda, pela ausência do dolo, considerando que se limitou a praticar ato vinculado estatuído na resolução da Câmara dos Vereadores do Município de Santo André/SP. Além disso, destaca sua boa- fé, em virtude de ter devolvido aos cofres públicos todos os valores pagos a maior.

A despeito de certa obviedade e até naturalidade com que o assunto é tratado, enfrentar o argumento com o respeito devido requer algum desenvolvimento teórico acerca do grau da cognição que se realiza nas impugnações de registro de candidatura (AIRCs).

É que não é autoevidente nem intuitivo sustentar que ao juiz eleitoral é outorgada a competência, nesse tipo de ação, para avaliar a presença in concrecto dos requisitos caracterizadores de causas restritivas à cidadania passiva, mediante a formulação de juízos de valor sobre elementos do tipo eleitoral. Em termos estritamente processuais, o pressuposto para o enfrentamento de quaestio desse jaez perpassa pela delimitação do âmbito de cognoscibilidade autorizado ao juiz eleitoral [cognitio], quanto à amplitude e à profundidade do debate travado, i.e., o "conjunto de atividade intelectuais do juiz como `instrumento de atuação da lei mediante verificação"" (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil, vol. I, p. 253-254), de ordem a divisar ex ante os pontos e as questões passíveis de serem discutidas e decididas. Daí ser imperiosa a incursão, ainda que perfunctória, nos limites e possibilidades dessa atividade intelectiva nas impugnações de registro.

Extrai-se da dogmática processual civil que a cognição encetada pelo juiz comporta análise do thema iudicandum sob dois planos distintos - horizontal e vertical (cf., FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 51). Tomada pelo plano horizontal, a atividade cognitiva refere-se à amplitude e à extensão dos limites objetivos da atividade cognitiva realizada, de forma a definir quais questões podem ser conhecidas pelo magistrado (i.e., pressupostos processuais, condições da ação e mérito). Ela se subdivide em plena (ou ilimitada), sempre que inexistirem óbices temáticos ao conhecimento das questões objeto da cognição judicial, ou limitada (ou parcial), quando forem impostas restrições. Quando examinada verticalmente, a cognição se relaciona com a profundidade do pronunciamento judicial, perquirindo o modo como aludidas questões foram analisadas, i.e., se ancoradas em juízo de certeza ou de verossimilhança. O plano vertical também comporta subdivisão: exauriente, se completa, ou sumária, quando incompleta.

No valioso escólio do Professor das Arcadas Kazuo Watanabe, em sua clássica obra Da Cognição no Processo Civil, indispensável à compreensão do instituto, "a cognição pode ser vista em dois planos distintos: horizontal (extensão, amplitude) e vertical (profundidade). No plano horizontal, a cognição tem por limite os elementos objetivos (trinômio: questões processuais, condições da ação e mérito, inclusive questões de mérito; para alguns, binômio, com exclusão das condições da ação; Celso

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 122

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Neves: quadrinômio, distinguindo os pressupostos dos supostos processuais). Nesse plano, a cognição pode ser plena ou limitada (ou parcial), segundo a extensão permitida. No plano vertical, a cognição pode ser classificada, segundo o grau de sua profundidade, em exauriente (completa) ou sumária (incompleta)" (WATANABE, Kazuo. Da Cognição no Processo Civil. 3ª ed. São Paulo: Perfil, 2005, p. 127 - grifos no original).

Deveras, o estudo da cognitio nos diversos procedimentos não é despido de utilidade prática. É precisamente a combinação entre as modalidades de cognição que habilita o legislador processual a engendrar desenhos procedimentais distintos para cada tipo de pretensão deduzida. A depender das especificidades da relação de direito material debatida, sobressaem diferentes técnicas cognitivas de adequação, no afã de proceder às adaptações e aos ajustes à efetiva tutela jurisdicional e à salvaguarda do princípio do juízo natural. Como bem adverte Kazuo Watanabe, "[p]ara a cognição adequada a cada caso, pressuposto de um julgamento justo, a sensibilidade mencionada é um elemento impostergável. Não seria, certamente, um exagero afirmar-se que o direito à cognição adequada faz mesmo parte do conceito menos abstrato do princípio do juiz natural" (WATANABE, Kazuo. Da Cognição no Processo Civil. Op. Cit., p. 74-75).

À evidência, a categorização supra padece do reducionismo ínsito a qualquer taxonomia: seu propósito específico e precípuo consiste tão só em propiciar a compreensão, neste caso, desse feixe de atuação intelectiva do magistrado frente os diversos tipos de procedimento, revelando-se inábil, contudo, ante sua perfunctoriedade, a espelhar fidedignamente a complexidade do fenômeno. É que, posto que seja escorreito traçar uma distinção ontológica, "não é absoluta, quando cabível, a diferenciação em fases dedicadas à atividade cognitiva e à executiva. No terreno coberto por uma delas não raro se inserem atos pertinentes à outra" (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo Código de Processo Civil. 29ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 206).

Daí ser possível identificar atividades intelectivas inerentes às ações executivas em processos de conhecimento, e vice-versa, não obstante os processos de execução, tradicionalmente, caracterizarem-se por sua cognitio tênue e rarefeita ou de "não cognição" , para valer-me de expressão cunhada por Pontes de Miranda5, e os processos de conhecimento traduzirem, a seu turno, cognição plena e exauriente.

Aludido diagnóstico demonstra que a atividade cognitiva realizada nos diferentes procedimentos não é homogênea nem pode ser apreendida sob o aspecto qualitativo. Ao contrário, a diferenciação entre os processos de conhecimento, executivo e cautelar ancora-se no critério da predominância (viés quantitativo) da cognitio verificada em cada processo: sobressai maior espaço para a formulação de juízos de valor em processos de conhecimento do que em ações executivas, mas isso nem de longe obsta a adoção de providências de cunho satisfativo (ou executório) em processos de conhecimento e tampouco manieta a formulação de juízos de valor em processos executivos. Essa advertência foi captada, em irretocável lição, pelo Professor Araken de Assis, ao prelecionar que "[t]ão artificial se afigura a divisão tricotômica dos `processos", e postiça a pureza funcional dessas estruturas, que acaba sem explicações, e insatisfatoriamente compreendido o motivo por que há cognição no `processo" executivo, ou cautelar, e insondáveis motivos atos executórios ocorrem no `processo" de conhecimento. (...). Toda demanda exige cognição do órgão jurisdicional. Ele conhecerá do próprio processo, em primeiro lugar, e também do thema decidendum trazido pelo demandante, ainda quando se limite a emitir comando transitório e emergencial (função cautelar), ou a atuar o comando definitivo (função executiva)" (ASSIS, Araken de. Manual de Execução. 16ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 85-86).

No mesmo sentido é o magistério de Cândido Rangel Dinamarco, quando averba que, "nem mesmo em processo executivo, seria concebível um juiz robot, sem participação inteligente e sem poder decisório algum. O juiz é seguidamente chamado a proferir juízos de valor no processo de execução, seja acerca dos pressupostos processuais, das condições da ação ou dos pressupostos específicos dos diversos atos a levar a efeito" (DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil. 8ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 181-182).

E tais lições devem a fortiori ser transladas ao se analisar a cognição autorizada aos juízes eleitorais nas impugnações de registro.

Conquanto seja proscrito adentrar no acerto ou desacerto na decisão (judicial, administrativa ou normativa) que embasa a pretensão nas AIRCs, à Justiça Eleitoral é, sim, confiado algum espaço para formular juízos de valor, no afã de apurar a existência, no caso concreto, dos pressupostos fático-jurídicos das inelegibilidades constantes do art. 1º, inciso I, de maneira a produzir uma regra concreta acerca do estado jurídico de elegibilidade do pretenso candidato.

Incumbe ao magistrado eleitoral o mister de, à guisa das premissas fáticas do título que justifica o pedido de declaração de inelegibilidade, investigar se as premissas fáticas amoldam-se, ou não, aos elementos normativos do tipo eleitoral, a atrair a suposta causa restritiva da cidadania passiva. Eis a consequência: dependendo do elemento do tipo eleitoral analisado, haverá a ampliação ou a redução da cognição realizada pelo juiz eleitoral, franqueando-lhe, em consequência, a prerrogativa de formular juízos de valor acerca da ocorrência in concrecto de alguns deles.

Portanto, são os elementos que compõem a estrutura normativa da causa de inelegibilidade que informam a postura adotada pelo juiz eleitoral, ampliando ou reduzindo o objeto cognoscível, razão por que inexiste uniformidade na cognitio desempenhada nessas ações.

Ilustrativamente, a cognição exercida na alínea g não deve se assemelhar àquela realizada nos casos de alínea o. E isso porque é inconteste que a estrutura normativa da alínea g é mais complexa que a da alínea o. De um lado, a alínea g contempla, em seu tipo, seis elementos fático-jurídicos como antecedentes de sua consequência jurídica, a serem, cumulativamente, preenchidos: (i) o exercício de cargos ou funções públicas; (ii) a rejeição das contas pelo órgão competente; (iii) a insanabilidade da irregularidade apurada, (iv) o ato doloso de improbidade administrativa; (v) a irrecorribilidade do pronunciamento que

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desaprovara; e (vi) a inexistência de suspensão ou anulação judicial do aresto que rejeitara as contas. De outro lado, a alínea o foi insculpida em tipo eleitoral mais simplório, que prevê como fato imponível tão somente a demissão do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, ressalvados os casos de suspensão ou anulação pelo Poder Judiciário6.

Na alínea o, diminuto campo de cognição remanesce ao magistrado, adstrito que está em verificar (i) se houve, ou não, demissão do serviço público, decorrente de processo judicial ou administrativo, e (ii) se há, ou não, suspensão ou anulação, pelo Poder Judiciário, desse pronunciamento que implicou a demissão.

No que respeita à alínea g, existem elementos do tipo que também manietam, em alguma medida, a cognição horizontal do juiz: requer menor amplitude intelectiva identificar se o indivíduo desempenha cargo ou função pública, bem como saber se o pronunciamento exarado é suscetível de impugnação (requisito da irrecorribilidade), ou se há, ou não, suspensão ou anulação judicial do acórdão de rejeição das contas.

Sem embargo, a tipologia da alínea g traz em seu bojo, ainda, requisitos que habilitam o magistrado eleitoral a exarar juízos de valor concretos acerca de cada um deles. Assentar o caráter insanável de uma irregularidade apurada ou qualificar certa conduta ímproba como dolosa ou culposa, por exemplo, não se resume a uma atividade intelectiva meramente mecânica. Ao revés: a apuração desses requisitos envolve maior espectro de valoração, notadamente quando o acórdão de rejeição de contas ou o decreto legislativo forem omissos com relação a tais pontos ou os examinarem de forma açodada, sem perquirir as particularidades das circunstâncias de fato. Justamente por isso, afigura-se viável debruçar-se sobre a presença desses pressupostos à luz das premissas fáticas constantes da moldura do título proferido pelo Órgão Legislativo ou pela Corte de Contas que fundamenta a impugnação de registro.

Em suma: a ausência de homogeneidade na tipologia das alíneas do art. 1º, inciso I, justifica a distinção quanto à amplitude do objeto cognoscível (i.e., se maior ou menor a profundidade da cognição), condicionada, no entanto, especificamente ao pressuposto fático-jurídico sub examine.

A doutrina eleitoralista e a jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral, ainda que implicitamente, endossam referidas conclusões. Em doutrina, Rodrigo López Zílio afirma que "é a Justiça Eleitoral quem, analisando a natureza das contas reprovadas, define se a rejeição apresenta cunho de irregularidade insanável, possuindo característica de nota de improbidade (agora, dolosa) e, assim, reconhece o impeditivo à capacidade eleitoral passiva. O julgador eleitoral deve necessariamente partir da conclusão da Corte administrativa sobre as contas apreciadas, para definir a existência da irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade, de modo a caracterizar inelegibilidade" (ZÍLIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. 5ª Ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2016, p. 230-231). A seu turno, José Jairo Gomes preleciona que, "dentro de sua esfera competencial, tem a Justiça Eleitoral plena autonomia para valorar os fatos ensejadores da rejeição das contas e fixar, no caso concreto, o sentido da cláusula aberta `irregularidade insanável", bem como apontar se ela caracteriza ato doloso de improbidade administrativa" (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 216).

De igual modo, a jurisprudência desta Corte Superior já sedimentou entendimento segundo o qual "[a] Justiça Especializada Eleitoral detém competência constitucional e legal complementar para aferir, in concrecto, a configuração de irregularidade de cariz insanável, ex vi dos arts. 14, § 9º, da CRFB/88 e 1°, I, g, da LC n° 64/90, outrossim examinar se aludido vício qualifica-se juridicamente como ato doloso de improbidade administrativa" (AgR-REspe nº 39-64/RN, de minha relatoria, DJe 23.06.2016). Na mesma toada, o Ministro Henrique Neves já asseverou, com precisão, que, "[n]os termos da alínea g do art. 1º, I, da Lei das Inelegibilidades, cabe à Justiça Eleitoral verificar se a falha ou irregularidade constatada pelo órgão de contas caracteriza vício insanável e se tal vício pode ser, em tese, enquadrado como ato doloso de improbidade" (RO n° 884-67/CE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe 14.04.2016; Cf., ainda, RO n° 725-69/SP, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 27.03.2015: "Cabe à Justiça Eleitoral, rejeitadas as contas, proceder ao enquadramento das irregularidades como insanáveis ou não e verificar se constituem ou não ato doloso de improbidade administrativa, não lhe competindo, todavia, a análise do acerto ou desacerto da decisão da corte de contas").

Assentados os limites da cognitio desta Justiça Eleitoral no bojo das impugnações de registro, percebe-se com clareza meridiana que, ao apreciar a controvérsia, o Tribunal Regional, diversamente do que aduzido pelo Recorrente, procedera apenas à qualificação jurídica dos vícios apurados como insanáveis e configuradores de ato doloso de improbidade administrativa.

Trata-se de atividade cognitiva que, consoante exaustivamente afirmado, é franqueada à Justiça Eleitoral nas impugnações de registro de candidatura, ante a possibilidade de emissão de juízos de valor acerca da ocorrência, ou não, dos pressupostos fático-jurídicos da alínea g. É inobjetável que a Justiça Eleitoral ostenta expertise para verificar se as premissas fáticas delineadas no título que lastreia a impugnação de registro (i.e., acórdão da Corte de Contas) evidenciam a presença in concrecto dos requisitos encartados na aludida causa restritiva de ius honorum.

Endossar entendimento oposto, de ordem a interditar tal exame, conferirá à Justiça Eleitoral uma tarefa decorativa na análise das inelegibilidades, meramente subsuntiva e mecânica, na medida em que somente poderia se pronunciar nas hipóteses em que o título (judicial, normativo ou administrativo) que ancora a impugnação expressamente aludir à existência dos requisitos constantes das alíneas. À Justiça Eleitoral seria atribuído o papel, em linguagem vulgar, de fazer o "cara-crachá". E não é disso que se trata.

Reconhece-se, ao revés, que o grau de amplitude da cognitio desempenhada pela Justiça Eleitoral nas impugnações de registro varia em conformidade com a estrutura normativa de cada hipótese restritiva, não se concebendo, bem por isso, de exame uniforme e homogêneo. E foi exatamente o que in casu ocorreu.

Consta, do pronunciamento hostilizado, que houve rejeição das contas do candidato, referentes aos exercícios financeiros de

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2007 e 2008, período em que exercia a presidência da Câmara dos Vereadores, e que em ambos os exercícios a irregularidade verificada é a mesma, qual seja, pagamento de subsídios em desconformidade com normas constitucionais.

Para a Corte Regional Eleitoral, indigitado vício configuraria ato doloso de improbidade administrativa, nomeadamente por causarem lesão ao erário, bem como por ter o administrador assumido os riscos de não atender os comandos constitucionais e legais que vinculam a Administração Pública (dolo genérico). Acrescentou, ainda, que no caso em análise houve reiteração da irregularidade em comento.

Transcrevo, por oportuno, excertos do acórdão fustigado que evidenciam as conclusões do TRE/SP (fls. 366-372):

"In casu, tratou-se da rejeição de contas do presidente da Câmara Municipal, nos exercícios de 2007 e 2008, as quais passo a analisar de forma individualizada.

Em relação a ambos os exercícios, a rejeição das contas se pautou na mesma irregularidade, já apreciada por esta Corte em outros dois casos semelhantes, qual seja, o pagamento de subsídios em desconformidade com a norma constitucional.

Do acórdão que julgou as contas do exercício de 2007, destaco o seguinte trecho (fls. 323/328):

`(...)

Ressalte-se, inicialmente, que as contas anuais da Câmara Municipal de Santo André de 2002 e 2006 foram reprovadas em virtude do pagamento de benefícios aos vereadores idênticos ao ora questionados.

Não obstante isso, esse Legislativo insiste, reiteradamente, em assim proceder, limitando-se tão somente a refutar com veemência, quando impulsionado, os fundamentos das decisões proferidas por este Tribunal a esse respeito. Aliás os argumentos e contra-argumentos da defesa não parecem variar corri o tempo.

Acresça-se a isso a falta de empenhamento e de pagamento exigível no exercício em análise de um único precatório.

(...)" destaquei.

Todavia, o acórdão que julgou as contas do exercício de 2008, destaco o seguinte trecho (fls. 298/321):

`(...)

Os pagamentos dos subsídios não atenderam ao disposto nos artigos 37, inciso X, 39, § 4°, da Constituição Federal e sequer à deliberação desta Corte, proferida no TC-A-43.579/026/08, uma vez que houve reajuste automático dos subsídios, na forma do aumento concedido aos Deputados Estaduais.

Além disso, ocorreram pagamentos de ajuda de custo nos meses de fevereiro e dezembro/08, em desacordo com a jurisprudência desta Corte, além de pagamentos de subsídio complementar em junho/08.

(...):

A área de abrangência e a dissimilitude da competência Constitucional (Legislativos Estaduais e Municipais) acabam por descaracterizar a pretendida concessão análoga da ajuda de custo e de subsídio complementar outorgados aos Vereadores, remanescendo, pois, o descumprido o § 4°, do artigo 39, da CF, que prevê o pagamento em parcela única, (...)"

Cumpre destacar, de início, que o pagamento de subsídios em desconformidade com a norma constitucional é recorrente no Município de Santo André. Pelo documento de fls. 263/267 é possível afirmar que o pagamento irregular teve início em 2006. Tal fato é suficiente para confirmar o dolo do recorrido que infringiu o texto Constitucional (art. 39, §4º).

Destaco que a ação ajuizada por parlamentares, inclusive pelo recorrido, para anular os processos de rejeição das contas dos exercícios de 2006, 2007 e 2008, em razão dos referidos pagamentos, foi julgada improcedente, ficando consignado na sentença que `tendo os autores recebido à título de `ajuda de custo", em exercícios bem posteriores à Emenda Constitucional n° 19/98, em afronta aos ditames do art. 39, parágrafo 4°, da Constituição Federal, sem qualquer excepcionalidade que justificasse o recebimento da verba ou natureza jurídica diversa da prevista no citado preceito constitucional, nada há de irregular na rejeição das contas, pelo TCE".

É inegável, portanto, que a falha tem natureza grave e caracteriza ato doloso de improbidade administrativa, independentemente de o valor indevidamente pago ser, eventualmente, restituído à municipalidade.

No mais, sobre o tema, impõe destacar o posicionamento já consolidado pelo c. Tribunal Superior Eleitoral:

[...]

Quanto à sanabilidade da irregularidade, destaco que a devolução dos valores pagos indevidamente, diferentemente do alegado pelo recorrido, não é suficiente para reparar o dano e a irregularidade. Nesse sentido é a Jurisprudência.

[...]" .

É possível concluir que o acórdão fustigado não merece reprimendas. A gravidade da irregularidade apurada se revela suficiente para comprovar a prática de ato doloso de improbidade administrativa, atraindo, via de consequência, a inelegibilidade preconizada no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990.

Aludido entendimento encontra eco na jurisprudência deste Tribunal Superior Eleitoral:

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 125

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

"ELEIÇÕES 2008. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental no recurso especial. Registro de candidatura ao cargo de vereador. Deferimento no TRE. Rejeição de contas pelo TCE. Pagamento de subsídios a vereadores em desacordo com o art. 29, VI, da CF. Possibilidade de a Justiça Eleitoral apurar a natureza das irregularidades apontadas. Irregularidade de natureza insanável. Ressarcimento mediante parcelamento. Irrelevância. Ação anulatória ajuizada após o pedido de registro. Ausência de liminar ou de tutela antecipada para suspender os efeitos da decisão que rejeitou as contas. Aplicação do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Registro cassado. Precedentes. Recurso provido.

1. Os embargos devem ser recebidos como agravo regimental quando opostos contra decisão monocrática e com nítido caráter infringente. Precedentes do TSE.

2. A jurisprudência desta Corte consolidou entendimento no sentido de que a declaração de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90 depende da presença simultânea de três fatores: a) contas rejeitadas por irregularidade insanável; b) decisão do órgão competente que rejeita as contas deve ser irrecorrível; c) decisão de rejeição das contas não deve estar submetida ao crivo do Judiciário, mas, se estiver, é imperioso que os seus efeitos não tenham sido suspensos mediante a concessão de liminar ou de tutela antecipada.

3. Não cabe ao TSE analisar o acerto ou o desacerto da decisão proferida pelo Tribunal de Contas para, por exemplo, aprovar contas julgadas irregulares, ou vice-versa. No entanto, esta Casa, desde que rejeitadas as contas, não só pode como deve proceder ao devido enquadramento jurídico do vício constatado, interpretando-o como sanável ou insanável (cf. Acórdãos nos 26.942, rel. min. José Delgado, de 29.09.2006; 24.448, rel. min. Carlos Velloso, de 07.10.2004; 22.296, rel. min. Caputo Bastos, de 22.09.2004).

4. O pagamento de subsídios aos vereadores em percentual superior ao previsto no art. 29, VI, da Constituição Federal, com elevação de 59% e em afronta ao art. 37, X, também da Constituição Federal, uma vez que o aumento superou em muito o reajuste concedido aos servidores (10%) e o pagamento de assistência médica aos vereadores, com violação do art. 39, § 4º, da Constituição Federal, constituem irregularidades de natureza insanável.

5. O parcelamento do débito não tem o condão de afastar a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, máxime quando os valores pagos indevidamente a título de assistência médica não foram incluídos entre aqueles a serem ressarcidos, o que resulta em dano ao erário.

6. Inexistente provimento jurisdicional que suspenda os efeitos da decisão do órgão que desaprovou as contas de então presidente da Câmara Municipal, deve ser indeferido o registro de sua candidatura" .

(AgR-REspe nº 30000/SP, Rel. Min. Joaquim Benedito Barbosa Gomes, PSESS de 11/10/2008);

"ELEIÇÕES 2010. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. INELEGIBILIDADE. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA g, DA LC Nº 64/1990. REDAÇÃO ANTERIOR. CONFIGURAÇÃO. REGISTRO INDEFERIDO. RECURSOS ESPECIAIS DESPROVIDOS.

1. O STF decidiu, por maioria, que a LC nº 135/2010 não se aplica às eleições de 2010, em face do princípio da anterioridade eleitoral (RE nº 633.703/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, sessão plenária de 23.3.2011). Análise do caso concreto conforme a redação originária do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990.

2. A inelegibilidade a que se refere o art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta na decisão que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição.

3. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes nessa norma: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) prazo de cinco anos contados da decisão não exaurido; v) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário.

4. Cabe à Justiça Eleitoral proceder ao enquadramento jurídico das irregularidades, inexistindo vinculação com a decisão do Ministério Público estadual que determina o arquivamento de inquérito civil destinado a apurar a existência de atos de improbidade administrativa. Precedente.

5. Vício insanável. O pagamento a maior de subsídios a vereadores sem amparo legal, a contratação de auditoria independente, em desconformidade com a Constituição Federal, e o pagamento total do preço contratado, não obstante a inexecução parcial do objeto e a não prestação dos serviços, configuram vícios insanáveis, nos termos da jurisprudência do TSE firmada nas eleições de 2010.

6. Recursos especiais desprovidos" .

(RO nº 484975/RS, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, DJe de 23/2/2015); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. RECONSIDERAÇÃO DE DECISÃO MONOCRÁTICA. CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR 64/90. PAGAMENTO A MAIOR DE SUBSÍDIO A VEREADORES. ART. 29, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NEGADO PROVIMENTO.

1. Em sede de agravo regimental, não há previsão legal de vista dos autos e instauração de contraditório, com abertura de prazo ao agravado. A reconsideração da decisão agravada corresponde a juízo discricionário do magistrado, a ser exercido no

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momento oportuno e sem prejuízo de posterior impugnação. Essa a norma prevista no art. 36, § 9º, do RI-TSE. Precedente do TSE e do STF.

2. O pagamento a maior de subsídio a vereadores (dentre eles o próprio agravante), em descumprimento ao art. 29, VI, da CF/88, constitui irregularidade insanável e ato doloso de improbidade administrativa (art. 10, I, IX e XI, da Lei 8.429/92), atraindo a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da LC 64/90. Precedentes.

3. Agravo regimental não provido" .

(AgR-REspe nº 19317/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 3/6/2013).

Além disso, destaco que a existência de norma anterior que autorize o pagamento de subsídios a vereadores em desacordo com a norma constitucional não afasta a incidência da inelegibilidade, porquanto a atuação do administrador público é vinculada e deve se pautar, sobretudo, nas disposições constitucionais.

Ademais, a devolução dos valores recebidos indevidamente não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do Impetrante, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas.

Ressalto, por oportuno, que está vinculada a esse recurso a Ação Cautelar nº 0602677-86/SP, a qual objetivava atribuir-lhe eficácia suspensiva ativa, e que se encontra pendente de exame regimental interposto pelo Recorrente contra decisão denegatória. Julgando-se este recurso, torna-se despicienda a incursão no mérito da cautelar. Diante do exposto, declaro prejudicado o seu exame.

Junte-se cópia desta decisão aos autos da Ação Cautelar nº 0602677-86/SP.

Ex positis, com fulcro no art. 36, § 6º, do RITSE, nego seguimento à cautelar, prejudicado, via de consequência, o pedido de medida liminar.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²MIRANDA. Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. Tomo XVII (Arts. 1.211-1.220). Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 20-21.

³PEIXOTO, José Carlos de Matos. Curso de Direito Romano. Rio de Janeiro: Editorial Peixoto, 1943, p. 212-213.

4TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

5PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. Tomo X. Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 533.

6LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010).

(...)

o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 104-29.2016.6.17.0008 RECIFE-PE 8ª Zona Eleitoral (RECIFE)

RECORRENTE: ANDRÉ FRUTUOSO DE PAULA

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 127

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ADVOGADOS: VALMIR FERREIRA RODRIGUES - OAB: 34823/PE E OUTRO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.120/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. "PUBLICIDADE PATROCINADA" . FACEBOOK. AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES. ART. 36-A DA LEI Nº 9.504/97. PROIBIÇÃO DO ART. 57-C DA LEI Nº 9.504/97 NÃO VERIFICADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Na origem, o Ministério Público Eleitoral ajuizou Representação em face de André Frutuoso de Paula, tendo como causa petendi suposta prática de propaganda eleitoral extemporânea, por meio de publicidade paga na Internet, através da ferramenta "publicidade patrocinada" do Facebook, com o seguinte conteúdo: "curta nossa página e nos acompanhe no dia-a-dia. #lnovaRecife #RenovaRecife #Transformação" (fls. 2).

Em pronunciamento monocrático de fls. 35-39, a juíza eleitoral auxiliar julgou improcedente a representação eleitoral.

Contra essa decisão, o Parquet Eleitoral manejou recurso eleitoral, ao qual foi dado provimento pelo TRE/PE, nos termos da seguinte ementa (fls. 66):

"RECURSO ELEITORAL. PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA. ATO DE PRÉ-CAMPANHA REALIZADO PELA INTERNET PAGA. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL. VEDAÇÕES CONTIDAS NOS ARTS. 36 E 57-C DA LEI N. 9.504/97. PROVIMENTO DO RECURSO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA EM LEI.

1. O art. 36-A, com a recente redação dada pela Lei n. 13.165/2015, ampliou as hipóteses nas quais é permitida a realização de atos de pré-campanha. É perfeitamente salutar a qualquer Estado Democrático de Direito dar a conhecer ao eleitorado os ideais e planos de governo dos pretensos candidatos a cargos políticos em período pré-eleitoral. Contudo, os atos de pré-campanha perdem a sua legitimidade, caso sejam realizados por meio do poderio econômico ou político.

2. Essa conclusão se extrai de uma leitura constitucional dos dispositivos legais que regem a espécie, pois resta inafastável a interpretação de que os meios propagandísticos proibidos durante a campanha eleitoral, tais como a utilização de outdoors, de publicidade eleitoral paga pela internet, de realização de showmício e tantos outros previstos em lei, são igualmente vedados para os atos de pré-campanha, já que é comando normativo constitucional a vedação à influência do poder econômico no pleito eleitoral.

3. Não se pode deixar de aplicar ao caso a interpretação sistemática dos dispositivos que tratam de propaganda eleitoral e suas vedações. Se a menção à pretensa candidatura é conduta atualmente lícita no ordenamento jurídico vigente, a sua divulgação por meio proibido acaba por ultrapassar a licitude, esbarrando nos proibitivos descritos no art. 57-C e no art. 36, §3°, todos da Lei n.° 9.504/97, tornando-se, portanto, irregular. Se o ordenamento jurídico veda a divulgação de propaganda eleitoral através da internet paga, existe também uma vedação implícita de não veicular atos de pré-campanha pelo mesmo meio vedado, ou seja, por intermédio da internet paga.

4. Tal interpretação é que mais se coaduna com o atual ordenamento jurídico, tendo em vista que a referida proibição nasceu com vistas a coibir a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais, e, em conseqüência, a igualdade de oportunidades entre os aspirantes aos cargos eletivos.

5. Do conteúdo veiculado pelo ora recorrido, extrai-se um pedido expresso de votos, pois utilizou-se de recursos de marketing para deixar clara a sua intenção de angariar o sufrágio dos alcançados pela publicidade.

6. Recurso provido para aplicar a multa em seu mínimo legal, no valor de RS 5.000,00 (cinco mil reais)" .

Sobreveio, então, o presente recurso especial (fls. 76-89), no qual André Frutuoso de Paula, com arrimo no art. 121, §4º, I e II, da Carta Republicana, aduz violação aos arts. 36-A e 57-C, ambos da Lei nº 9.504/97, bem como suscita divergência jurisprudencial entre o acórdão hostilizado e a jurisprudência de outros Tribunais Regionais Eleitorais.

Sustenta que "para que seja possível a configuração da propaganda extemporânea patrocinada é necessário o pedido explícito de votos, o que não é o caso dos autos" (fls. 80).

Prossegue asseverando que "não [é] possível aplicar isoladamente a restrição do art. 57-C, sem a vedação contida no art. 36-A, a qual veda propaganda antes do período eleitoral com pedido explícito de votos" (fls. 80).

Pondera, ainda, que "a utilização do chamado link patrocinado, que, diga-se de passagem, serviço lícito e utilizado sem qualquer histeria nos anos de 2012 e 2014, não causou nenhum desequilíbrio durante a pré-campanha, haja vista que assegurou, tão somente, o direito de informação do eleitor" (fls. 85).

Defende que a propaganda ora analisada "foi realizada antes do período eleitoral (15.08.2016), portanto, para que seja possível a aplicação de qualquer restrição do período eleitoral na pré-campanha é necessário que subsista o pedido explícito de votos" (fls. 85), razão pela qual reitera que "a interpretação deve ser cumulativa entre as restrições contidas no art. 36-A e o art. 57-C da Lei nº 9.504/97" (fls. 85).

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 128

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Requer, ao final, o provimento do apelo nobre, a fim de reformar o aresto combatido e julgar improcedente o pedido formulado na Representação Eleitoral.

O recurso foi admitido pela Presidência do Regional (fls. 94-94v).

Foram apresentadas contrarrazões a fls. 97-101.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento do recurso (fls. 106-111).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso especial foi protocolado dentro do prazo legal e está assinado por advogados regularmente constituídos nos autos.

A controvérsia travada na demanda consiste em saber se a publicação paga veiculada no Facebook pelo Recorrente, fora do período eleitoral, configurou (ou não) propaganda eleitoral antecipada, considerados os novos limites dispostos no art. 36-A da Lei nº 9.504/97¹.

In casu, a Corte Regional, ao analisar o conteúdo da mensagem, expressamente registrada no acórdão vergastado, concluiu configurada a propaganda eleitoral extemporânea, assentando, ainda, que a publicidade foi veiculada por meio proibido, a teor do óbice plasmado no art. 57-C da Lei nº 9.504/97². Confiram-se os seguintes excertos do aresto objurgado (fls. 69-72):

"A questão devolvida a este Tribunal versa a respeito de apontada propaganda irregular, veiculada por meio de publicidade paga no facebook, cujo conteúdo teve a seguinte redação (fl. 13):

`Curta nossa página e nos acompanhe no dia-a-dia. #lnovaRecife #RenovaRecife #Transformação"

Logo abaixo, vê-se uma foto com vários jovens, na qual alguns seguram papéis contendo os seguintes dizeres: `POR UM RECIFE DIREITO" e `EU CURTO ANDRÉ FRUTUOSO".

Em análise às normas que tratam da matéria, observo que o sistema jurídico vigente proíbe este tipo de conduta, pelas razões que passo a expor:

O art. 57-C da Lei n. 9.504/97, acrescentado pela Lei nº 12.034/2009, veda a prática de atos de propaganda eleitoral paga na internet, durante o período permitido de propaganda eleitoral, in litteris:

`Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga." (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

O art. 36-A, com a recente redação dada pela Lei n. 13.165/2015, ampliou as hipóteses nas quais é permitida a realização de atos de pré- campanha, dentre elas encontramos a possibilidade de o pré-candidato fazer menção à pretensa candidatura, de exaltar as suas qualidades pessoa[i]s, de participar de entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, desde que observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico, dentre outros casos.

[...]

Contudo, estes mesmos atos, caso sejam realizados por meio do poderio econômico ou político, perdem a sua legitimidade.

Fazendo-se uma leitura constitucional dos citados dispositivos, resta inafastável a interpretação de que os meios propagandísticos proibidos durante a campanha eleitoral, tais como a utilização de outdoors, de publicidade eleitoral paga pela internet de realização de showmício e tantos outros previstos em lei, são igualmente vedados para os atos de pré-campanha, já que é comando normativo constitucional a vedação à influência do poder econômico no pleito eleitoral, devendo a legislação eleitoral ser interpretada à luz desse princípio.

Desta feita, permitir que pré-candidatos façam atos de pré- campanha utilizando-se de recursos econômicos, alavancando suas candidaturas em detrimento daqueles que não possuem meios suficientes para tanto, seria afrontar os postulados constitucionais que circundam a matéria.

Ora, a razão de existir do proibitivo contido no art. 57-C é a mesma que justifica a vedação de internet paga aos atos de pré-campanha, qual seja, evitar a influência do poder econômico e o desequilíbrio entre os concorrentes ao pleito, garantindo-se a isonomia entre os pretensos candidatos.

[...]

Ademais, destaco que, do conteúdo veiculado pelo ora recorrido extrai-se um pedido expresso de votos. Na medida em que ele, notório pré- candidato, coloca, em seu facebook patrocinado, os dizeres `INOVA RECIFE", "RENOVA RECIFE". `TRANSFORMAÇÃO". "POR UM RECIFE DIREITO". `EU CURTO ANDRÉ FRUTUOSO". não deixou nenhuma dúvida a respeito do seu pedido explícito de votos. Ora, há várias formas de se pedir explicitamente votos. A primeira e mais conhecida seria utilizar frases diretas, tais como `votem em mim" ou `preciso do seu voto". Só que esta não exclui outras tantas outras formas indiretas, encontradas na gramática portuguesa, de EXPLICITAMENTE pedir votos como ocorre in casu.

Desta feita, não é forçoso concluir que o recorrido, utilizando-se de outras palavras, pediu explicitamente votos.

[...]" .

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 129

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Fixadas essas premissas no acórdão regional, esclareço, inicialmente, que o equacionamento da discussão ora em debate não diz respeito ao reexame do complexo fático-probatório acostado aos autos, mas ao eventual reenquadramento jurídico dos fatos, notadamente constantes das transcrições impugnadas.

A requalificação jurídica dos fatos ocorre em momento ulterior ao exame da relação entre a prova e o fato, partindo-se da premissa de que o fato está devidamente provado. Trata-se, à evidência, de quaestio juris, que pode, ao menos em tese, ser objeto dos recursos excepcionais - extraordinário e especial.

Dito isso, da leitura do decisum regional, não vislumbro elementos capazes de configurar a existência de propaganda eleitoral extemporânea. Isso porque o conteúdo transcrito - "Curta nossa página e nos acompanhe no dia-a-dia. #lnovaRecife #RenovaRecife #Transformação" (fls. 69), seguida de uma foto logo abaixo, em que se vê "vários jovens, na qual alguns seguram papéis contendo os seguintes dizeres: `POR UM RECIFE DIREITO" e `EU CURTO ANDRÉ FRUTUOSO"" (fls. 69) - revela que não houve, por parte do Recorrente, pedido expresso de votos.

Com efeito, o art. 36, caput, da Lei das Eleições preconiza que a propaganda eleitoral somente é admitida após 15 de julho do ano das eleições. A ratio essendi subjacente à vedação legal é evitar, ou, ao menos, amainar a captação antecipada de votos, o que poderia desequilibrar a disputa eleitoral, vulnerar o postulado da igualdade de chances entre os candidatos e, no limite, comprometer a própria higidez do prélio eleitoral.

Ao lado dessa norma proibitiva, há a regra permissiva do art. 36-A da Lei das Eleições, que, com a redação dada pela Lei nº 13.165/2015, aplicável às eleições de 2016, retira do âmbito de caracterização da propaganda antecipada, desde que não envolva pedido expresso de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: i) participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico; ii) realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e às expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária; iii) realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos; iv) divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos; v) manifestação e o posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais.

Consentâneo a tal entendimento, esta Corte Superior já fixou orientação no mesmo sentido. Confira-se:

"ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA (LEI DAS ELEIÇÕES, ART. 36-A). DIVULGAÇÃO DE MENSAGEM EM FACEBOOK. ENALTECIMENTO DE PARTIDO POLÍTICO. MENÇÃO À POSSÍVEL CANDIDATURA. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTOS. NÃO CONFIGURAÇÃO. LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA LIBERDADE JUSFUNDAMENTAL DE INFORMAÇÃO. ULTRAJE À LEGISLAÇÃO ELEITORAL NÃO CONFIGURADO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

1. A liberdade de expressão reclama proteção reforçada, não apenas por encerrar direito moral do indivíduo, mas também por consubstanciar valor fundamental e requisito de funcionamento em um Estado Democrático de Direito, motivo por que o direito de expressar-se - e suas exteriorizações (informação e de imprensa) - ostenta uma posição preferencial (preferred position) dentro do arquétipo constitucional das liberdades.

2. A proeminência da liberdade de expressão deve ser trasladada para o processo político-eleitoral, mormente porque os cidadãos devem ser informados da variedade e riqueza de assuntos respeitantes a eventuais candidatos, bem como das ações parlamentares praticadas pelos detentores de mandato eletivo (FUX, Luiz; FRAZÃO, Carlos Eduardo. Novos Paradigmas do Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Fórum, 2016 - prelo).

[...]

4. A ampla divulgação de ideias fora do período eleitoral propriamente dito se ancora em dois postulados fundamentais: no princípio republicano, materializado no dever de prestação de contas imposto aos agentes eleitos de difundirem atos parlamentares e seus projetos políticos à sociedade; e no direito conferido ao eleitor de acompanhar, de forma abrangente, as ideias, convicções, opiniões e plataformas políticas dos representantes eleitos e dos potenciais candidatos acerca dos mais variados temas debatidos na sociedade, de forma a orientar a formação de um juízo mais consciente e responsável, quando do exercício de seu ius suffragii.

[...]

6. A menção à pretensa candidatura e a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos, nos termos da redação conferida ao art. 36-A pela Lei nº 13.165/2015, não configuram propaganda extemporânea, desde que não envolvam pedido explícito de voto.

[...]

8. Recurso especial provido" .

(REspe nº 51-24/MG, de minha relatoria, PSESS de 18/10/2016).

Verificada a regularidade da veiculação sub examine, cumpre rechaçar, por consectário, a aplicação do art. 57-C da Lei nº

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9.504/97. É que a vedação constante no aludido dispositivo pressupõe a existência de propaganda eleitoral. Vejamos:

Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga.

§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios:

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

A despeito de a mensagem ter sido veiculada por meio da ferramenta "publicidade patrocinada" na rede social Facebook, não incide, na espécie, o óbice previsto no artigo supra, porquanto descaracterizado o cunho eleitoral da propaganda analisada.

Ex positis, dou provimento ao recurso especial, com base no art. 36, § 7º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, para reformar o acórdão regional, a fim de julgar improcedente a Representação Eleitoral e afastar a multa dela decorrente.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LE. Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;

III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos;

IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos;

V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais;

VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.

§ 1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios de comunicação social. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 2º Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas desenvolvidas e das que se pretende desenvolver. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 3º O disposto no § 2º não se aplica aos profissionais de comunicação social no exercício da profissão. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

²LE. Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 258-41.2016.6.25.0035 INDIAROBA-SE 35ª Zona Eleitoral (UMBAÚBA)

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RECORRENTE: CARLOS ALBERTO MENDONÇA DE ARAÚJO

ADVOGADO: FABIANO FREIRE FEITOSA - OAB: 3173/SE

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.551/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. ART. 1º, I, L, DA LC nº 64/1990. CONDENAÇÃO PELA PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DA AMPLA DEFESA NÃO DEMONSTRADA. INTIMAÇÃO DO CANDIDATO NO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU PARA APRESENTAR CERTIDÕES DE OBJETO E PÉ REFERENTES ÀS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. NÃO ATENDIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA Nº 24 DO TSE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, que, por unanimidade, manteve decisão de indeferimento do pedido de registro de candidatura de Carlos Alberto Mendonça de Araújo ao cargo de Vereador do Município de Indiaroba/SE, nas Eleições 2016. Eis a ementa do acórdão vergastado (fls. 79):

"ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. DESNECESSIDADE. CONDENAÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E DANO AO ERÁRIO. PELO CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO.

1. Não comprovado que o candidato exerce cargo no Município de Indiaroba/SE, torna-se desnecessária a desincompatibilização, conforme precedente desta Corte consubstanciada na decisão lançada nos autos do Recurso Eleitoral nº 99-07.2016.6.25.0033, da relatoria da Juíza Lenora Viana de Assis.

2. Incidência do art. 1º, I, alínea `l", da Lei Complementar nº 64/1990, com a redação conferida pela LC nº 135/2010: a) houve a suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 06 (seis) anos, confirmada por decisão colegiada, na medida em que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região desproveu apelação apresentada pelo candidato; b) há o expresso reconhecimento da prática de ato doloso de improbidade administrativa, ressaltando-se quanto a este que, a despeito de não exigir a ocorrência simultânea de lesão ao patrimônio público ou enriquecimento ilícito, na situação analisada o ato, além de reconhecidamente ter produzido prejuízo ao erário, visava ao enriquecimento ilícito.

3. Pelo conhecimento e desprovimento do recurso".

Carlos Alberto Mendonça de Araújo opôs embargos de declaração (fls. 89-97), rejeitados pelo Tribunal de origem (fls. 109-111).

Na sequência, o pretenso candidato interpôs recurso especial (fls. 114-132), no qual aponta contrariedade ao art. 1.022, I e II, do Código de Processo Civil, na medida em que, "clara a omissão promovida pelos Nobres Julgadores do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, uma vez que reconhecendo na decisão que a ausência seria de documentos relacionados à ações criminais, este tribunal indeferiu o registro do embargante sem que lhe fosse oportunizado falar de fatos novos referentes à [sic] inelegibilidades previstas na alínea `l", o que gera a nulificação do acórdão" (fls. 122).

Assevera que houve ofensa aos princípios do devido processo legal e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF), pois "o recurso analisou inelegibilidade tipificada na alínea `l", por decisões de improbidade administrativa, que não suscitada em primeiro grau, nem tampouco fora análise da sentença. A eventual ausência de certidão de improbidade também não foi tratada na decisão zonal" (fls. 124). Prossegue sustentando que, "ausente a oportunização para que o Recorrente se manifestasse acerca de fato novo tratado apenas em segundo grau, impende-se a anulação do acórdão, uma vez que a Corte Regional Eleitoral não poderia inovar, sem a manifestação prévia do candidato" (fls. 124).

Cita precedentes jurisprudenciais e afirma que, "em casos semelhantes, os Tribunais Regionais Eleitorais entendem de forma diametralmente diversa, posto que asseveram, em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, que deve ser oportunizar [sic] ao candidato pronunciar-se sobre fatos ou documentos novos que ensejaram o indeferimento do registro de candidatura" (fls. 126).

Pleiteia, por fim, o provimento do recurso, para que seja anulado o acórdão vergastado, "em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, a fim de oportunizar-se ao candidato manifestar-se sobre todos os fatos novos" (fls. 131-132).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 137-145).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso é tempestivo e está subscrito por advogado regularmente habilitado (fls. 47).

Quanto à suposta ofensa ao art. 1.022, I e II, do Código de Processo Civil, constato que inexistem os alegados vícios por parte da Corte Regional, uma vez que, no acórdão integrativo que julgou os aclaratórios, houve expressa análise quanto à alegada ofensa

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

aos princípios do contraditório e da ampla defesa (fls. 110v). Não há, pois, vício de fundamentação que enseje a nulidade do julgado.

Da leitura do acórdão, vê-se que a matéria foi devidamente apreciada, ainda que a conclusão da Corte de origem tenha se firmado em sentido contrário à pretensão do Agravante, o que não constitui ofensa ao aludido dispositivo legal.

No mérito, o Recorrente aponta contrariedade aos princípios do devido processo legal e da ampla defesa em razão da ausência de intimação para manifestar-se quanto às ações de improbidade administrativa, as quais ensejaram o indeferimento do seu pedido de registro de candidatura.

Não obstante, consta no acórdão integrativo que julgou os embargos de declaração (fls. 110v):

"No vertente caso, o embargante, parte interessada a quem incumbia a apresentação das respectivas certidões de objeto e pé atualizadas de cada um dos processos indicados nas certidões de fls. 11 e 17, conquanto devidamente intimado, pelo juízo da Zona Eleitoral, `permaneceu inerte", sem promover a juntada da documentação exigida pela legislação citada, imprescindível à aferição da presença das condições de elegibilidade e ausência das causas de inelegibilidade, motivo ensejador do indeferimento de seu registro de candidatura na primeira instância.

[...]

Destarte, não merece prosperar o argumento de afronta ao contraditório e à ampla defesa, posto que a certidão emitida pela Justiça Federal, noticiando a existência das ações de improbidade foi juntada aos autos pelo próprio candidato ora embargante, quando da apresentação da documentação que deve instruir o pedido de registro de candidatura, assim como quedou-se inerte ao chamamento judicial para esclarecer a situação verificada nos autos" .

Dessa forma, verifico que não há a apontada contrariedade aos referidos princípios constitucionais, na medida em que o Recorrente foi devidamente intimado para apresentar certidões de objeto e pé atualizadas de cada um dos processos indicados nas certidões de fls. 11 e 17. Consta no acórdão regional que "a certidão emitida pela Justiça Federal da 5ª Região, fl. 11, revelou a existência de duas ações de improbidade administrativa em desfavor do candidato" (fls. 81).

Destarte, observo que a modificação do julgado, para acatar a tese do Recorrente, demandaria reexame do conjunto fático-probatório dos autos, vedado nesta instância especial.

Captando a distinção entre reenquadramento jurídico e o reexame de provas, Luiz Guilherme Marinoni preleciona que "o conceito de reexame de prova deve ser atrelado ao de convicção, pois o que não se deseja permitir, quando se fala em impossibilidade de reexame de prova, é a formação de nova convicção sobre os fatos [...]. A qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário. In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

Justamente por não se tratar de quaestio juris, que pode, ao menos em linha de princípio, ser objeto dos recursos excepcionais - extraordinário e especial -, incide na espécie a Súmula no 24/TSE².

Quanto à divergência jurisprudencial, anoto que não houve a sua devida demonstração, uma vez que o Recorrente limitou-se a reproduzir ementas de julgados proferidos por Tribunais Regionais Eleitorais, não realizando o efetivo cotejo analítico indispensável para a aferição da similitude fática entre o acórdão vergastado e os paradigmas.

Conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal Superior, a divergência jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração, similitude fática entre o acórdão objurgado e os julgados paradigmas (Precedentes: AgR-REspe n° 2597-82/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 18/4/2016, AgR-REspe nº 346-88/CE, de minha relatoria, DJe de 13/6/2016 e AgR-REspe n° 122-34/PE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 30/5/2014).

Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso especial.

Publique-se em sessão.

Intime-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

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²Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 308-46.2016.6.26.0130 SÃO PEDRO-SP 130ª Zona Eleitoral (SÃO PEDRO)

RECORRENTE: SILVANA GALHARDO FORNACIARI

ADVOGADO: JOÃO ARTHUR - OAB: 66632/SP

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 14.962/2016

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO. VEREADOR. CONTAS DE CAMPANHA JULGADAS NÃO PRESTADAS. AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 11, § 7º, DA LEI Nº 9.504/97. SITUAÇÃO QUE PERDURA ENQUANTO NÃO TRANSCORRIDO O PRAZO DO MANDATO PARA O QUAL O CANDIDATO CONCORREU. ENUNCIADO DA SÚMULA Nº 42 DESTE TRIBUNAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DA CANDIDATA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que, por unanimidade, manteve decisão de indeferimento do pedido de registro de candidatura de Silvana Galhardo Fornaciari ao cargo de Vereador do Município de São Pedro/SP, nas Eleições 2016. Eis a ementa do acórdão vergastado (fls. 95):

"RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2016. VEREADOR. SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DO REGISTRO. CONTAS JULGADAS `NÃO PRESTADAS". CAMPANHA ELEITORAL DE 2012. TRÂNSITO EM JULGADO. A APRESENTAÇÃO POSTERIOR DAS CONTAS SERÁ CONSIDERADA APENAS PARA FINS DE DIVULGAÇÃO E REGULARIZAÇÃO DO CADASTRO ELEITORAL AO TÉRMINO DA LEGISLATURA. IMPEDIMENTO DE OBTER A CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL ATÉ O FINAL DA LEGISLATURA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE ORA SE IMPÕE. DESPROVIMENTO DO RECURSO".

Contra essa decisão foi interposto recurso especial (fls. 103-105), no qual a Recorrente alega, em síntese, que as contas foram apresentadas e que "o próprio TSE possui jurisprudência no sentido de que a apresentação ocorrida anterior ao novo pedido de registro de candidatura não impediria a quitação eleitoral do candidato" (fls. 104).

Cita precedentes jurisprudenciais para comprovar o dissídio jurisprudencial e, consequentemente, para que seja admitido o processamento do apelo nobre (fls. 104-105).

Assevera que "a Lei 9.504/97 (art. 11, § 7º) exige a apresentação de contas de campanha como condição de elegibilidade, todavia, não menciona em seu comando legal no prazo para tal apresentação" (fls. 105).

Afirma que "não ocorreu a necessária notificação via mandado do candidato, o qual somente atendeu posteriormente a tal necessidade ao tomar conhecimento da intimação de muitos colegas de partido e outros candidatos, os quais foram notificados e puderam atender as notificações" (fls. 105).

Pleiteia, por fim, o provimento do recurso especial, para que seja reformado o acórdão recorrido e deferido o seu registro de candidatura (fls. 105).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do presente recurso, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 111-115).

É o relatório. Decido.

Ab initio, verifica-se que este recurso especial atende os pressupostos gerais de recorribilidade, na medida em que foi interposto dentro do prazo legal e está subscrito por advogado regularmente constituído (fls. 78).

Não obstante, vislumbro que as alegações veiculadas no especial não têm condição de êxito. Explico.

In casu, o Tribunal de origem, debruçando-se sobre o acervo fático-probatório dos autos, indeferiu o registro de candidatura de Silvana Galhardo Fornaciari ao cargo de Vereador por constatar a ausência de quitação eleitoral, em virtude de decisão que julgou não prestadas suas contas de campanha referentes às Eleições de 2012.

Este Tribunal Superior já sedimentou seu entendimento no sentido de que o candidato tem o dever de prestar contas, consoante estabelece o art. 28 da Lei nº 9.504/97, e seu descumprimento implica o reconhecimento da ausência de quitação eleitoral, nos termos do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97.

Nesse sentido, os seguintes precedentes:

"ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RECEBIMENTO. AGRAVO

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 134

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REGIMENTAL. DEPUTADO ESTADUAL. QUITAÇÃO ELEITORAL. NÃO APRESENTAÇÃO DAS CONTAS. AUSÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. Recebem-se como agravo regimental os embargos de declaração opostos contra decisão monocrática e com pretensão infringente.

2. O dever de prestar contas está previsto no art. 28, da Lei nº 9.504/97 e, uma vez descumprido, impõe-se o reconhecimento de que o candidato está em mora com esta Justiça Especializada, ou seja, de que não possui quitação de suas obrigações eleitorais (art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97).

3. Conforme já decidiu o TSE, as condições de elegibilidade não estão previstas somente no art. 14, § 3º, I a VI, da Constituição Federal, mas também na Lei nº 9.504/97, a qual, no art. 11, § 1º, estabelece, entre outras condições, que o candidato tenha quitação eleitoral. Precedente.

4. A exigência de que os candidatos prestem contas dos recursos auferidos tem assento no princípio republicano e é medida que confere legitimidade ao processo democrático, por permitir a fiscalização financeira da campanha, verificando-se, assim, eventual utilização ou recebimento de recursos de forma abusiva, em detrimento da isonomia que deve pautar o pleito.

5. É ônus do agravante impugnar os fundamentos da decisão agravada, sob pena de subsistirem as suas conclusões (Súmula nº 182/STJ).

6. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento" . [Grifei]

(ED-REspe nº 347-11/RJ, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS 25/9/2014); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2008. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. QUITAÇÃO ELEITORAL. CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE. NÃO-PROVIMENTO.

[...]

2. A redação do artigo 14, § 3º, da Constituição Federal remete à lei a definição dos conceitos das condições de elegibilidade nele arrolados, entre os quais, aquele disposto no inciso II, referente ao pleno gozo dos direitos políticos. Não se vislumbra, pois, inconstitucionalidade na hipótese de a Lei nº 9.504/97 apontar a quitação eleitoral como uma das condições para a comprovação da circunstância de estar o candidato em pleno gozo dos direitos políticos e a Resolução-TSE nº 21.823/2004, dada sua condição de ato normativo secundário, conceituar a quitação eleitoral.

3. A respeito da abrangência do conceito de quitação eleitoral, a jurisprudência do e. TSE já teve a oportunidade de afirmar que, além de estar na plenitude do gozo dos seus direitos políticos, o candidato deve reunir, concomitantemente, a regularidade do exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a eventuais convocações da Justiça Eleitoral, inexistência de multas aplicadas por esta Justiça Especializada e regular prestação de contas de sua campanha eleitoral. (Cta 1.576, de minha relatoria, DJ de 21.5.2008; Resolução-TSE nº 21.823/2004).

4. Agravo regimental não provido" . [Grifei]

(AgR-REspe nº 31269/PB, Rel. Min. Felix Fischer, PSESS 13/10/2008).

Não merece prosperar, também, a alegação da Recorrente de que a apresentação posterior das contas não pode obstar a obtenção da quitação eleitoral.

Conforme jurisprudência deste Tribunal Superior, a decisão que julga as contas como não prestadas impede a obtenção de quitação eleitoral para as eleições posteriores, perdurando essa situação enquanto não transcorrido o prazo do mandato para o qual o candidato concorreu. Nessa linha, os seguintes precedentes:

"ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. DEPUTADO ESTADUAL. QUITAÇÃO ELEITORAL. AUSÊNCIA. CONTAS DE CAMPANHA DA ELEIÇÃO DE 2012 JULGADAS NÃO PRESTADAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

1. A decisão transitada em julgado da Justiça Eleitoral que considera não prestadas as contas de campanha das eleições de 2012 impede a obtenção de quitação eleitoral para as de 2014, nos termos do art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/1997. Precedentes.

2. Não tendo transcorrido o prazo do mandato para o qual o candidato concorreu, não se encontra quite com a Justiça Eleitoral, sendo irrelevante a apresentação das contas após a formalização do pedido de registro nas eleições de 2014.

3. O agravante limitou-se a reproduzir os argumentos expostos no recurso especial, razão pela qual a decisão deve ser mantida pelos próprios fundamentos. Incidência na Súmula nº 182/STJ.

4. Agravo regimental desprovido" . [Grifei]

(AgR-REspe nº 439-86/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS 30/10/2014); e

"ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. CONTABILIDADE DE CAMPANHA. NÃO APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. CONTAS JULGADAS NÃO PRESTADAS. CERTIDÃO DE QUITAÇÃO ELEITORAL. NÃO OBTENÇÃO. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DAS CONTAS. PERMANÊNCIA DO DÉBITO COM A JUSTIÇA ELEITORAL ATÉ O TÉRMINO DA LEGISLATURA PARA A QUAL CONCORREU. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO POR MANDADO DE SEGURANÇA.

1. Os candidatos têm o dever de prestar contas à Justiça Eleitoral, ainda que hajam renunciado à candidatura, desistido ou

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 135

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obtido seu pedido de registro indeferido.

2. Nos termos do disposto no art. 51, § 2º, da Res.-TSE nº 23.376/2012, `julgadas não prestadas, mas posteriormente apresentadas, as contas não serão objeto de novo julgamento, sendo considerada a sua apresentação apenas para fins de divulgação e de regularização no Cadastro Eleitoral ao término da legislatura".

3. Segundo consta do art. 53, inciso I, da referida resolução, `a decisão que julgar as contas eleitorais como não prestadas acarretará [...] ao candidato o impedimento de obter a certidão de quitação eleitoral até o final da legislatura, persistindo os efeitos da restrição após esse período até a efetiva apresentação das contas".

4. Na lição de Hely Lopes Meirelles, `o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante".

5. Negado seguimento ao recurso ordinário" .

(RMS nº 4309-47/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 15/9/2016).

Incide, na espécie, a Súmula nº 42 deste Tribunal, in verbis: "a decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas".

Dessa forma, o entendimento adotado pela Corte Regional está em consonância com a jurisprudência iterativa deste Tribunal Superior, conforme se verifica no seguinte precedente:

"ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. PRESTAÇÃO DE CONTAS. CANDIDATO. CONTASNÃO PRESTADAS. APRESENTAÇÃO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE NOVO JULGAMENTO. QUITAÇÃO ELEITORAL. CERTIDÃO. OBTENÇÃO. INVIABILIDADE. ART. 53, I, DA RES.-TSE Nº 23.376/2012. INTIMAÇÃO PARA MANIFESTAÇÃO. SUPOSTA AUSÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. NÃO CABIMENTO. SÚMULAS Nº 7/STJ E 279/STF. DESPROVIMENTO.

1. Julgadas as contas como não prestadas, o candidato fica impedido de obter a certidão de quitação eleitoral, nos termos do art. 53, I, da Res.-TSE nº 23.376/2012. Precedentes.

2. A apresentação posterior das contas julgadas não prestadas não será objeto de novo julgamento, sendo considerada a sua apresentação apenas para fins de divulgação e de regularização no Cadastro Eleitoral ao término da legislatura, a teor do que dispõe o art. 51, § 2º, da Res.-TSE nº 23.376/2012.

3. O recurso especial não se presta ao reexame do acervo fático-probatório dos autos (Súmulas nos 7/STJ e 279/STF).

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-AI nº 186-73/SP, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 28/4/2016).

Ademais, verifico que a alegação de ausência de intimação via mandado da candidata padece do indispensável prequestionamento, porquanto não houve análise do tema pela instância regional.

Nessa esteira, confira-se o seguinte julgado, in verbis:

[...]

"2. O prequestionamento não resulta da circunstância de a matéria haver sido arguida pela parte recorrente, mas é derivado de debate e decisão prévios pelo Tribunal de origem, o que não ocorreu na espécie. Ademais, suposta violação ao art. 275 do Código Eleitoral não foi arguida no recurso especial.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" [Grifei].

(AgR-AI nº 233-45/MG, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 5/8/2014).

Por fim, consigno que a divergência jurisprudencial não foi devidamente demonstrada, uma vez que a Recorrente limitou-se a reproduzir ementas de julgados, não realizando o cotejo analítico indispensável para a aferição da similitude fática entre o acórdão vergastado e os paradigmas.

Conforme remansosa jurisprudência deste Tribunal Superior, a divergência jurisprudencial exige, para a sua correta demonstração, similitude fática entre o acórdão objurgado e os julgados paradigmas (Precedentes: AgR-REspe n° 2597-82/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 18/4/2016, AgR-REspe nº 346-88/CE, de minha relatoria, DJe de 13/6/2016 e AgR-REspe n° 122-34/PE, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 30/5/2014).

Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

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¹Res.-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente.

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 111-13.2016.6.13.0273 TRÊS PONTAS-MG 273ª Zona Eleitoral (TRÊS PONTAS)

AGRAVANTES: PAULO LUÍS RABELLO E OUTRA

ADVOGADOS: PAULO RICARDO DE FÁTIMA BARBOSA - OAB: 130435/MG E OUTRO

AGRAVADO: MARCELO CHAVES GARCIA

ADVOGADOS: ABRAHÃO ELIAS NETO - OAB: 55164/MG E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 16.143/2016

DESPACHO

De ordem, intime-se a parte agravada para, caso queira, apresentar contrarrazões ao respectivo agravo regimental, no prazo de três dias.

Publique-se.

Brasília, 08 de março de 2017.

Renata Dallposso de Azevedo

Assessora Chefe

Mat. 30901150

Gabinete da Min. Rosa Weber

PUBLICAÇÃO Nº 52/2017/SEPROC1

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 124-63.2016.6.15.0044 PEDRAS DE FOGO-PB 44ª Zona Eleitoral (PEDRAS DE FOGO)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO PEDRAS DE FOGO SEGUINDO EM FRENTE

ADVOGADOS: ANIEL AIRES DO NASCIMENTO - OAB: 7772/PB E OUTROS

RECORRIDA: MARIA JOSÉ DA SILVA DO NASCIMENTO

ADVOGADOS: CELSO FERNANDES DA SILVA JÚNIOR - OAB: 11121/PB E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 10.821/2016

Eleições 2016. Recurso especial eleitoral. Registro de candidatura deferido. Vereadora (Coligação Renovação e Verdade - PRB/ PMDB/PHS). Filiação partidária. Comprovação. Documentos produzidos unilateralmente (cópias da ficha de filiação partidária, espelho do Sistema Filiaweb, fotografias, reportagens baixadas de site da Internet e Facebook). Inadmissibilidade. Súmula nº 20/TSE. Condição de elegibilidade não preenchida. Recurso especial eleitoral provido para restabelecer a sentença pelo indeferimento do registro de candidatura.

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE/PB), pelo acórdão das fls. 184-7, deu provimento ao recurso eleitoral, por

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unanimidade, para, reformada a sentença, deferir o registro de candidatura de Maria José da Silva do Nascimento ao cargo de Vereador de Pedras de Fogo/PB nas Eleições 2016, por entender preenchida a condição de elegibilidade relativa à filiação partidária.

A Coligação Pedras de Fogo Seguindo em Frente maneja recurso especial (fls. 188-99) aparelhado na afronta aos arts. 14, § 3º, V, da Constituição Federal e 11, § 1º, V, da Res.-TSE nº 23.455/2015, bem como na contrariedade à Súmula nº 20/TSE. Em suas razões, alega, em síntese, que:

a) os documentos coligidos não são aptos a comprovar a filiação partidária da candidata, eis que produzidos de forma unilateral, bem como destituídos de fé pública; e

b) fundamentado o deferimento do registro de candidatura em documento sobre o qual não lhe foi oportunizado se manifestar - meras fotografias (fls. 176-80) - colacionadas aos autos na véspera do julgamento do recurso eleitoral, caracterizado o cerceamento de defesa.

Contrarrazões às fls. 202-16.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem, nos termos do art. 12, parágrafo único, da Lei Complementar nº 64/1990.

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo provimento do recurso (fls. 220-1).

Em 18.10.2016, a recorrida protocolizou petição sob o nº 11.456/2016 (fls. 224-9) requerendo a juntada das notas taquigráficas do acórdão nº 864/2016, julgado em 26.09.2016.

Novamente, em 18.12.2016, às fls. 241-6, a recorrida Maria José da Silva Nascimento protocolizou petição sob o nº 12.855/2016 para juntada de reportagem retirada de site da internet e de atas de reunião, sob a alegação de que admitida a juntada, mesmo em sede extraordinária, nos termos do julgamento do RO nº 96-71/GO, da relatoria da Ministra Luciana Lóssio, publicado em 23.11.2016, desde que ocorrida até a diplomação do candidato.

Argumenta, ainda, que as atas juntadas comprovam não só a sua participação nos eventos do PMDB, em especial, no evento festivo de filiação, mas o retorno aos quadros do partido, o que, aliados aos demais documentos anteriormente colacionados, atestam o preenchimento das condições de elegibilidade.

É o relatório.

Decido.

De plano, registro pacífica a jurisprudência deste Tribunal Superior de que "a juntada de documentos novos em sede de recurso especial se revela inadmissível" (AgR-AI n° 161158/MS, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 2.2.2016; AgR-REspe nº 618-63/PA, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 5.2.2015 e AgR-AI nº 197633/RS, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 17.6.2016).

De outra banda, o entendimento firmado recentemente por esta Corte Superior quanto à admissibilidade de documentos apresentados nesta sede especial restringe-se àqueles destinados a comprovar alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro de candidatura que afastem a inelegibilidade - consoante firmado por esta Corte Superior no julgamento do RO nº 96-71, Rel. Min. Luciana Lóssio, em sessão de 23.11.2016 - situação distinta da hipótese dos autos, em que discutido o preenchimento de condição de elegibilidade, filiação partidária, da candidata.

De mais a mais, os documentos apresentados pela recorrida - reportagem retirada de site da internet datada de 30.3.2016 (fls. 247-8), ata do partido datada de 31 de março de 2016 (fls. 250-1), lista de presença dos convencionais (fl. 254) e ata de convenção municipal ocorrida em 24.7.2016 (fls. 255-6) -, são produzidos unilateralmente e destituídos de fé pública.

Do mesmo modo, a ata de reunião do partido realizada em 16.12.2016 - a pretexto de comprovar fato superveniente, ocorrido depois de inaugurada a instância especial - igualmente não se presta a comprovar a regular filiação partidária da recorrida, mas revela, em verdade, o intuito de alterar circunstância fática preexistente ao julgamento do feito pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, de todo incabível.

Ultrapassada essa questão, preenchidos os pressupostos extrínsecos, passo ao exame dos intrínsecos.

De plano, anoto incabível o recurso especial calcado em violação de súmula (Precedentes: AgR-REspe nº 1422-40/MG, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 30.10.2012; AgR-REspe nº 403877/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, PSESS de 3.11.2010).

Nesse sentido, também o Enunciado Sumular nº 518 do STJ: "para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula" .

Quanto alegado cerceamento de defesa, da detida análise do aresto regional, detecto ausente pronunciamento do Tribunal de origem sobre o ponto, não suscitado por ocasião dos embargos de declaração manejados, a inviabilizar o seu exame, à míngua do necessário prequestionamento.

De toda sorte, passo à análise do recurso especial, no tocante à agitada afronta aos arts. 14, § 3º, V, da CF e 11, § 1º, V, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

O TRE/PB deferiu o registro de candidatura de Maria José da Silva do Nascimento, por entender preenchida a condição de elegibilidade relativa à filiação partidária, com base nos seguintes documentos: imagem do Filiaweb, cópias da ficha de filiação, fotografias e reportagens baixadas de site da Internet e Facebook.

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Extraio, a propósito, o seguinte excerto do acórdão regional (fls. 186-7):

"[...]

No presente caso, a ora recorrente prova a sua filiação partidária junto ao PMDB de Pedras de Fogo/PB por outros elementos de convicção, a saber: 1) Imagem do FiliaWEB, módulo interno do partido (fls. 13); 2) cópias de Fichas de filiação partidária (fls. 12, 64 e 86); 3) a Certidão nº 02/2016-SESFIC/CRE, de 24/08/2016 (fls. 66 e 85); 4) cópias de Fotografias da Recorrida com o Dep. Federal Manoel Júnior do PMDB Paraíba e outras pessoas (fls. 67-70 e 88-91); e 5) fotografias e reportagens baixadas de site da internet e facebook, em datas pretéritas, demonstrando a presença da ora Recorrida (fls. 176-180).

A Certidão nº 02/2016-SESFIC/CRE, de 24/08/2016, carreada aos autos desde a Contestação, afirma que a Sra. MARIA JOSÉ DA SILVA NASCIMENTO, ora recorrente, consta apenas com registro na situação "interna" do PMDB Pedras de Fogo, não atestando a data de gravação dessa eventual filiação no sistema FiliaWEB, módulo interno do partido.

As cópias de Fotografias da Recorrida com o Dep. Federal Manoel Júnior do PMDB Paraíba e outras pessoas (fls. 65 e 82) por ser uma personalidade pública, um deputado federal foi fato notório e que serviu de prova noutro caso idêntico.

Por fim, as fotografias contidas nas reportagens baixadas de site da internet (Fronteira Social) e facebook, em datas pretéritas, demonstrando a presença da ora Recorrida em eventos do PMDB Pedras de Fogo - PB em datas de 21 de setembro de 2015 e 7 de abril deste ano, respectivamente, são autênticas, pois tive o cuidado de examiná-las.

Há ficha de filiação nos autos (fl. 85) e imagem do FiliaWEB (17/03/2016). As outras duas cópias com data provável de 17/03/2016.

A matéria jornalística do site Fronteira Social (fls. 176-180), sob o título Manoel Júnior, PMDB e o golpismo!, datada de 7 de abril deste ano, noticia que em 31 de março de 2016 `foi realizado ato de filiação do PMDB em Pedras de Fogo, na Câmara Municipal", em que aparece a Recorrente na foto em que se encontra o já citado Dep. Federal Manoel Júnior.

A Corte vem decidindo, por maioria, em reconhecer a filiação partidária com base em outros elementos de convicção, à luz da Súmula TSE nº 20, por consequência deferido pedido de registro de candidatura, e eu venho me curvado a esta corrente, como ocorreu no RE 112-49.2016.6.15.0044, Acórdão TRE/PB nº 794/2016, publicado em Sessão, Volume 17:9, de 20/09/2016, do Relator designado, Juiz Marcos Antônio Souto Maior, que dispenso transcrição.

Portanto, a Recorrente teve aptidão para demonstrar o preenchimento da condição de elegibilidade disposta na legislação de regência da matéria (Súmula TSE nº 20; Lei nº 9.504/97, art. 9º e CF/88, art. 14, § 3º, V).

Isto posto, sem delongas, voto pelo provimento do recurso para reformar a decisão do Juiz Eleitoral da 44ª Zona para deferir o Registro de Candidatura da Sr.ª MARIA JOSÉ DA SILVA NASCIMENTO, ao cargo de vereador no Município de Pedras de Fogo-PB." - (Destaquei)

Assiste razão à recorrente.

Não obstante os fundamentos invocados no acórdão recorrido, o entendimento adotado não encontra respaldo na jurisprudência consolidada desta Corte Superior de que "a documentação unilateralmente produzida pelo candidato/partido político (e.g., ficha de filiação, relatório extraído do sistema Filiaweb, atas de reunião) não se reveste de fé pública e, precisamente por isso, não possui aptidão para demonstrar o preenchimento da condição de elegibilidade insculpida nos art. 14, § 3º, V, da CRFB/88, art. 9º da Lei nº 9.504/97 [...]." (AgR-REspe nº 1131-85/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 23.10.2014).

Do mesmo modo, consoante firmado, as fotografias e reportagens retiradas de site da Internet e Facebook colacionadas não são aptas a comprovar a filiação partidária da recorrida, dado que não gozam de fé pública, por serem produzidas unilateralmente.

Nesse sentido, inclusive, já decidi no julgamento do AgR-REspe

nº 117-71/PB, de minha relatoria, publicado em 22.11.2016, com a seguinte ementa:

"ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AGR MANEJADO EM 16.10.2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR (PMDB). INDEFERIMENTO. DOCUMENTOS UNILATERAIS. FOTOGRAFIAS EXTRAÍDAS DA INTERNET. FÉ PÚBLICA. AUSÊNCIA. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. NÃO COMPROVAÇÃO. Documentos produzidos unilateralmente, bem como fotografias extraídas da internet, destituídos de fé pública, não se mostram hábeis a comprovar a filiação partidária. Reenquadramento jurídico da matéria. Limites da moldura fática delineada pela Corte de origem respeitados. Ausência de afronta à Súmula n° 24/TSE. Precedentes. Agravo regimental conhecido e não provido." (Destaquei)

Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial, para, reformado o acórdão regional, restabelecer a sentença pelo indeferimento do registro de candidatura de Maria José da Silva do Nascimento (art. 36, § 7º, do RITSE).

Publique-se.

Brasília, 07 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

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RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 78-17.2016.6.24.0079 IÇARA-SC 79ª Zona Eleitoral (IÇARA)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO COM POVO

ADVOGADO: MARCEL LODETTI FÁBRIS - OAB: 37255/SC

RECORRIDO: SANDRO GIASSI SERAFIN

ADVOGADOS: GABRIEL SCHONFELDER DE SOUZA - OAB: 18390/SC E OUTRA

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 12.363/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEFERIMENTO. CARGO. VICE-PREFEITO. IMPUGNAÇÃO. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA Nº 27 DO TSE. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO VERIFICADA. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. SECRETÁRIO MUNICIPAL. CAUSA DE INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1°, IV, a, DA LC Nº 64/90. NÃO CONFIGURAÇÃO. PRAZO LEGAL. 4 (QUATRO) MESES ANTES DO PLEITO. MEMBRO DO CONSELHO MUNICIPAL. EFETIVO AFASTAMENTO. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 24 DO TSE. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial eleitoral interposto pela Coligação com Povo em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina que manteve o deferimento do registro de candidatura de Sandro Giassi Serafin ao cargo de Vice-Prefeito do Município de Içara/SC, nas eleições 2016. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 540):

"ELEIÇÕES 2016 - RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC - CANDIDATO - CARGO - VICE-PREFEITO - IMPUGNAÇÃO - INELEGIBILIDADE - DESINCOMPATIBILIZAÇÃO DE SECRETÁRIO MUNICIPAL - PRAZO DE DESINCOMPATIBILIZAÇÃO DE QUATRO MESES - LEI COMPLEMENTAR N. 64/1990, ART. 1º, IV, `A" - APRESENTAÇÃO DE PORTARIA DE EXONERAÇÃO DO CARGO ALÉM DE FOLHA DE PAGAMENTO, QUE COMPROVAM O EFETIVO AFASTAMENTO DAS FUNÇÕES - AUSÊNCIA DE PROVA DE ATO DE GESTÃO NO PERÍODO - DESINCOMPATIBILIZAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO - EFETIVO AFASTAMENTO - PRENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS - RECURSO DESPROVIDO" .

Contra essa decisão, foram opostos embargos de declaração (fls. 552-554), nos quais se arguia a nulidade do julgado anterior em razão de suposto cerceamento do direito de defesa. Os aclaratórios foram rejeitados nos termos da ementa a seguir (fls. 568):

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM PEDIDO DE EFEITOS INFRINGENTES - ALEGADA NULIDADE DO JULGAMENTO - INOCORRÊNCIA - DISPOSIÇÕES ESPECÍFICAS ACERCA DO PROCESSAMENTO DOS REGISTROS DE CANDIDATURA - REJEIÇÃO" .

Nas razões do apelo nobre (fls. 575-592), interposto com esteio no art. 276, I, a e b, do Código Eleitoral, a Recorrente argui, preliminarmente, a nulidade absoluta do acórdão prolatado pelo TRE/SC sob o argumento de que não fora devidamente notificada da alteração de horário da sessão de julgamento.

Sustenta que, a despeito da informação do sítio daquele Tribunal de que "todas as sessões no período de 12 de setembro a 19 de dezembro se iniciariam às 16h" (fls. 580), a sessão do dia 1º/10/2016, na qual fora pautado o julgamento do presente processo, "foi realizada às 11h sem que houvesse qualquer comunicação oficial da alteração do horário, causando grave prejuízo ao Recorrente, que distribuiu memoriais e que faria a sustentação oral da matéria" (fls. 580).

No mérito, a Recorrente aduz que não foi cumprido o prazo legal de desincompatibilização pelo Recorrido, afirmando que "[este] não foi desligado das funções tempestivamente de modo a lhe deixar em condições de elegibilidade, ou seja, foi oficialmente desincompatibilizado em 24/06/2016, através da portaria municipal nº GP/1002/16, do cargo de secretário, e até hoje não há ato oficial de afastamento das funções do conselho municipal" (fls. 583).

Prossegue argumentando que, "ao perceber um dos equívocos cometidos ao não realizar a exoneração do Recorrido no cargo de secretário municipal no prazo de 04 (quatro) meses antes da eleição, a portaria municipal acima elencada foi editada com efeitos retroativos no intuito de convalidar o erro cometido. Uma verdadeira aberração!" (fls. 583).

Assevera, ainda, que "os documentos juntados às folhas 382-390 e o depoimento de Higor Robetti Batista [revelam a] inidoneidade da prova apresentada pelo Recorrido acerca de sua desincompatibilização" (fls. 588).

A fim de conferir amparo aos argumentos expostos, a Recorrente suscita divergência jurisprudencial entre o decisum fustigado e acórdãos do TRE/GO e TRE/SC.

Ao final, requer o provimento do recurso, para que (i) seja reconhecida a preliminar de nulidade da decisão atacada, retornando-se os autos para prolação de nova decisão; e, no mérito, (ii) seja indeferido o registro de candidatura de Sandro Giassi Serafin ante o reconhecimento de sua inelegibilidade.

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015¹.

Foram apresentadas contrarrazões a fls. 622-630.

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A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo não conhecimento do apelo (fls. 645-649).

É o relatório. Decido.

Ab initio, anoto que este recurso foi tempestivamente interposto e está subscrito por advogado regularmente constituído.

Em juízo de prelibação, verifico que a Recorrente deixou de apontar, de forma clara e inequívoca, os dispositivos legais que teriam sido contrariados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, bem como não demonstrou a existência de divergência jurisprudencial, deixando de realizar o cotejo analítico entre o acórdão regional verberado e a jurisprudência de outros Tribunais Eleitorais para fins de demonstração de similitude fática.

Destarte, assevero que a deficiência da fundamentação atrai a incidência do Enunciado nº 27 da Súmula do Tribunal Superior Eleitoral, in verbis: "É inadmissível o recurso cuja deficiência de fundamentação impossibilite a compreensão da controvérsia" , cujo teor se assemelha com o da Súmula nº 284 do STF².

Nesse sentido, cito os seguintes julgados desta Corte:

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. DECISÃO AGRAVADA. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. SÚMULA 284/STF. DESPROVIMENTO.

1. A deficiência da fundamentação do recurso especial eleitoral atrai a incidência da Súmula 284/STF.

[...]

4. Agravo regimental desprovido."

(AgR-AI nº 2-45, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe de 18/9/2014); e

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA NO AGRAVO. NÃO PROVIMENTO.

[...]

2. O recurso especial foi interposto sem indicação dos dispositivos legais ou constitucionais supostamente violados pelo acórdão vergastado e sem a demonstração de dissídio jurisprudencial. A patente deficiência da fundamentação atrai o disposto na Súmula n° 284/STF.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-REspe n° 1702-81/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 11/11/2013).

Ainda que assim não fosse, observo que a insurgência não teria condições de êxito. Explico.

No que se refere ao alegado cerceamento do direito de defesa em decorrência da ausência de intimação sobre a alteração do horário da sessão de julgamento do feito no Tribunal de origem, observo que melhor sorte não assiste à Recorrente. Isso porque inexiste previsão legal sobre a exigência de intimação das partes para o ato da sessão de julgamento, mormente nos processos de registro de candidatura cuja celeridade lhes é inerente. Nesse passo, confira-se a orientação desta Corte Superior em caso semelhante:

"ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE. ALEGAÇÃO. DESCUMPRIMENTO. TRE. PRAZO. INCLUSÃO EM PAUTA DE JULGAMENTO NOS TERMOS DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 10 DA LC Nº 64/90. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. PUBLICAÇÃO. PAUTA. SESSÃO. DESPROVIMENTO.

[...]

2. Nos processos de registro de candidatura, a publicação do acórdão far-se-á em sessão, passando a correr daí o prazo de três dias para interposição do recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, nos temos dos artigos 11, § 2º, da LC nº 64/90 e 53, § 3º, da Res.-TSE nº 23.373/2011, não havendo falar em intimação pessoal.

[...]

4. Agravo regimental desprovido" .

(AgR-REspe nº 241-48/ES, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 6/12/2012)" .

Demais disso, cumpre frisar que, nos termos do art. 219 do Código Eleitoral, a decretação de nulidade de ato processual por cerceamento de defesa pressupõe a demonstração de efetivo prejuízo, o que, in casu, não se verificou. Pelo contrário, constam dos autos que a Recorrente teve conhecimento da marcação da sessão extraordinária naquela Corte. É o que se extrai de excertos do acórdão integrativo, ad litteram (fls. 571):

"[...] anota-se que a previsão acerca da data e horário do julgamento deste feito estava disponível no Sistema de Acompanhamento de Processos deste Tribunal (SADP), de onde se colige, aliás, a informação inserida pela unidade responsável pelo registro, que já se encontrava pautado para a sessão do dia 1º.10.2016, às 11 horas.

Em face disso, em 30.9.2016, às 22h59min, o procurador representante da coligação recorrente remeteu ao endereço de e-mail sessã[email protected] <mailto:sessã[email protected]>, os memoriais relativos ao processo, demonstrando, sem

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embargo de dúvida, que teve previamente conhecimento do horário e da data designadas ao julgamento.

Demais disso, o Colegiado já havia deliberado por realizar a sessão extraordinária na véspera da eleição para apreciar os últimos registros de candidatura eventualmente distribuídos, conforme se infere das atas das sessões dos dias 26, 28 e 30.9.2016.

Convém ressaltar, ainda, que não houve demonstração efetiva do cerceamento do exercício da defesa, ou, neste caso, da acusação, já que se objetivava a rejeição do registro do candidato Sandro Giassi Serafin, sendo imprópria a declaração de nulidade sem a demonstração inequívoca de prejuízo" .

De meritis, a controvérsia travada cinge-se em saber se houve a efetiva desincompatibilização dos cargos ocupados pelo Recorrido, quais sejam: (i) Secretário Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Içara/SC; e (ii) membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico daquele município.

O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, soberano na análise das provas, manteve o deferimento do registro de candidatura de Sandro Giassi Serafin, sob o argumento de que estaria comprovada a sua regular desincompatibilização do cargo de Secretário Municipal dentro do prazo legal de 4 (quatro) meses estabelecido pelo art. 1º, IV, a, da LC nº 64/90³. No que concerne à atuação do Recorrido junto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico do Município de Içara/SC, a Corte de origem assentou que as provas produzidas comprovaram suficientemente seu afastamento no período estabelecido pela legislação de regência. Confira-se (fls. 542-543):

"No caso, a título de prova, trouxe o recorrido o ato de exoneração - Portaria GP n. 1002/16, de 24.6.2016 - que teria sido editado com efeitos retroativos a 1º de junho de 2016 (fl. 67).

Embora em um primeiro momento possa causar estranheza o fato de a aludida portaria possuir efeito retroativo, isso pode ser debitado à própria mora no processamento interno do requerimento do candidato, sendo, aliás, praxe daquela municipalidade este procedimento, como demonstram as 204 portarias emitidas no ano em curso e acostadas às fls. 145-362.

Da documentação acostada, possível conferir que o candidato encaminhou tempestivamente o requerimento de exoneração do cargo ao Assessor da Secretaria de Indústria e Comércio, Higor Robetti Batista, em 20.5.2016 (fl. 133), o qual, por sua vez, em 24.5.2016, manifestou-se favoravelmente ao pedido, determinando a remessa ao Secretário de Administração para o devido processamento, conforme se infere dos documentos de fls. 133 e 155.

Indicativo que reforça a certeza do ato de desincompatibilização é o contracheque de fl. 143, que demonstra o ajuste na remuneração percebida pelo candidato no mês de junho, em que não mais há a gratificação comissionada.

Demais disso, inexistem elementos probatórios convincentes a demonstrar que o candidato tenha praticado qualquer ato inerente à função antes exercida no transcurso do prazo de desincompatibilização, ônus do qual deveriam se desincumbir os recorrentes.

Além disso, a prova testemunhal mencionada não é bastante contundente a demonstrar o suposto ardil engendrado.

A má-fé do agente não se presume, mesmo porque concluir que a diferenciação no trâmite do pedido de exoneração do candidato do cargo ocupado e a versão de uma única testemunha, não se mostra suficiente, por si só, para configurar a alegada ausência de desvinculação.

[...]

Como já deixou assente a Corte Superior Eleitoral, deve-se seguir `a orientação mais abrangente das hipóteses de afastamento de fato para fins de desincompatibilização" [Agravo Regimental no Recurso Ordinário n. 668-79, de 13.11.2014, rel. Min. Luiz Fux].

De igual modo, insubsistente o argumento de que não teria o recorrido se desvinculado do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, pois resta incontroverso, pela prova testemunhal produzida e pela simples leitura das atas de reunião de fls. 136-140, que não teria ele participado da administração após o prazo delimitado pela legislação eleitoral.

Assim, entendo que os documentos comprovam suficientemente o afastamento no plano fático de Sandro Giassi Serafim da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio de Içara" .

Destarte, para modificar a conclusão do julgado - a fim de reconhecer a inidoneidade da prova apreciada pelo Tribunal a quo e concluir pela ausência de afastamento de fato do Recorrido no serviço público - seria imprescindível o reexame do arcabouço fático-probatório carreado aos autos, providência inviável na estreita via do apelo excepcional.

Captando a distinção entre reenquadramento jurídico e o reexame de provas, Luiz Guilherme Marinoni preleciona que "o conceito de reexame de prova deve ser atrelado ao de convicção, pois o que não se deseja permitir, quando se fala em impossibilidade de reexame de prova, é a formação de nova convicção sobre os fatos [...]. A qualificação jurídica do fato é posterior ao exame da relação entre a prova e o fato e, assim, parte da premissa de que o fato está provado. Por isso, como é pouco mais que evidente, nada tem a ver com a valoração da prova e com a perfeição da formação da convicção sobre a matéria de fato. A qualificação jurídica de um ato ou de uma manifestação de vontade acontece quando a discussão recai somente na sua qualidade jurídica" (MARINONI, Luiz Guilherme. Reexame de prova diante dos recursos especial e extraordinário. In: Revista Genesis de Direito Processual Civil. Curitiba, núm 35, p. 128-145).

Justamente por não se tratar de quaestio juris, que pode, ao menos em linha de princípio, ser objeto dos recursos excepcionais - extraordinário e especial -, incide na espécie a Súmula no 24/TSE4.

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Ex positis, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso especial.

Publique-se em sessão.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

²STF. Súmula 284. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.

³LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

[...]

IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:

a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização; [...]

4TSE. Súmula nº 24. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 219-35.2016.6.09.0085 CRIXÁS-GO 85ª Zona Eleitoral (CRIXÁS)

RECORRENTE: ALTAÍDE CAETANO DE LACERDA

ADVOGADO: DANUBIO CARDOSO REMY - OAB: 24919/GO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 12.908/2016

Referente ao protocolo nº 14.948/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. CARGO DE VEREADOR. INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, I, G, DA LC Nº 64/90. NOTÍCIA DE FATO SUPERVENIENTE. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO. DESPACHO PROFERIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS. ADMISSÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO APENAS COM EFEITO DEVOLUTIVO. INAPTIDÃO PARA AFASTAR A CAUSA DE INELEGIBILIDADE. DECURSO DO PRAZO LEGAL PARA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO CONTRA A DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. INDEFERIMENTO DOS REQUERIMENTOS.

In casu, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo negou provimento ao recurso eleitoral interposto por Altaíde Caetano de Lacerda e manteve o indeferimento do seu pedido de registro de candidatura ao cargo de Vereador do Município de Crixás/GO, nas Eleições de 2016. Eis a síntese do que decidido (fls. 145):

"RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2016. CONTAS REJEITADAS. VÍCIO INSANÁVEL. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 1º, I, G, DA LC 64/90. ACÓRDÃO COM CARÁTER DEFINITIVO.

1. A rejeição de contas apta a ensejar a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da LC 64/90, é aquela que mostra de forma inequívoca a ocorrência de irregularidade insanável, e a configuração de ato doloso de improbidade administrativa com decisão irrecorrível de órgão competente.

2. O não recolhimento de contribuições previdenciárias e o desrespeito ao art. 29-A da CF, constituem irregularidades aptas a configurar a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC nº 64/90.

3. Recurso conhecido e desprovido" .

Altaíde Caetano de Lacerda opôs embargos de declaração (fls. 158-169), não conhecidos pelo Tribunal de origem em razão de sua intempestividade (fls. 171-174).

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Na sequência, o pretenso candidato interpôs recurso especial, com esteio no art. 276, I, do Código Eleitoral (fls. 179-189).

Contrarrazões a fls. 191-199.

A Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo não conhecimento do recurso especial (fls. 203-204).

Em 21/11/2016, proferi decisão monocrática, mediante a qual neguei seguimento ao recurso especial, em razão da intempestividade reflexa do apelo nobre, na medida em que os embargos de declaração foram opostos no Tribunal de origem após o decurso do prazo de 3 (três) dias previsto no art. 275, § 1º, do Código Eleitoral (fls. 206-210).

A publicação do referido decisum ocorreu em 6/12/2016 (fls. 216).

Em 5/12/2016, Altaíde Caetano de Lacerda apresentou petição na qual noticiou a existência de fato superveniente que lhe beneficiaria, qual seja, a admissão de embargos de declaração com pedido de efeitos infringentes perante o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, tendo juntado cópia da referida decisão (fls. 212-215v).

Por fim, requereu a concessão de efeito suspensivo, com a devida diplomação, e o afastamento da causa de inelegibilidade prevista na LC nº 64/90, com o consequente deferimento do seu pedido de registro de candidatura (fls. 213).

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo indeferimento dos requerimentos (fls. 218-224).

É o relatório necessário. Decido.

Ab initio, pontuo que Altaíde Caetano de Lacerda juntou aos autos o despacho nº 6869/2016, proferido pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás em 1º/12/2016, mediante o qual foram admitidos os embargos de declaração por ele opostos, excepcionalmente, apenas no efeito devolutivo, e distribuídos ao Conselheiro Substituto Irany de Carvalho Júnior, Relator da decisão embargada (fls. 215v).

Pontuo que o art. 1º, I, g, da LC nº 64/90 contempla, em seu tipo, seis elementos fático-jurídicos como antecedentes de sua consequência jurídica, a serem, cumulativamente, preenchidos: (i) o exercício de cargos ou funções públicas; (ii) a rejeição das contas pelo órgão competente; (iii) a insanabilidade da irregularidade apurada, (iv) o ato doloso de improbidade administrativa; (v) a irrecorribilidade do pronunciamento que desaprovara; e (vi) a inexistência de suspensão ou anulação judicial do aresto que rejeitara as contas¹.

Na hipótese em apreço, foram preenchidos todos os requisitos e, por essa razão, foi mantido o indeferimento do pedido de registro de candidatura de Altaíde Caetano de Lacerda pelo Tribunal a quo, nos termos do acórdão de fls. 145-153.

Nessa toada, constata-se que a decisão noticiada pelo pretenso candidato não tem aptidão para afastar a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC nº 64/90, na medida em que os embargos foram recebidos apenas no efeito devolutivo, conforme consta expressamente no despacho juntado aos autos (fls. 215v).

Ademais, pontuo que em 6/12/2016 foi publicada a decisão monocrática que negou seguimento ao recurso especial interposto por Altaíde Caetano de Lacerda e, em 9/12/2016, decorreu o prazo legal sem que fosse interposto qualquer recurso em face do referido ato judicial, nos termos da certidão de fls. 216.

Ex positis, indefiro os requerimentos formulados por Altaíde Caetano de Lacerda na petição de fls. 212-213.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 197-54.2016.6.16.0061 ARAPONGAS-PR 61ª Zona Eleitoral (ARAPONGAS)

RECORRENTE: FLAVIA ALEXANDRINA DA SILVA MAZIERO

ADVOGADOS: ODUWALDO DE SOUZA CALIXTO - OAB: 11849/PR E OUTROS

Ministra Rosa Weber

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Protocolo: 13.555/2016

Eleições 2016. Recurso especial eleitoral. Registro de candidatura. Vereador (Coligação Arapongas De Volta ao Desenvolvimento - PRB/PSDB). Indeferido. 1. Certidão criminal. Art. 27, II, b, da Res.-TSE nº 23.405/2014. Ausência. Intimação. Não apresentação. Aplicação da Súmula nº 24/TSE. Juntada de documentos em sede de recurso especial. Inadmissibilidade. 2. Óbice à candidatura constatado apenas em grau de recurso em razão da apresentação de certidões ideologicamente falsas. Aplicação da Súmula nº 24/TSE. Conhecimento de ofício. Direito de defesa assegurado. Aplicação da Súmula nº 45/TSE. 3. Suspensão dos direitos políticos. Condenação criminal transitada em julgado. Art. 15, III, da Constituição Federal. Autoaplicabilidade. 4. Inexistente notícia de provimento jurisdicional suspensivo ou anulatório da decisão criminal, indeferida liminar pleiteada em Habeas Corpus. Recurso especial a que se nega de seguimento.

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), pelo acórdão das fls. 130-7, manteve o indeferimento do pedido de registro de candidatura (RRC) de Flávia Alexandrina da Silva Maziero ao cargo de Vereador de Arapongas/PR nas Eleições de 2016, ante (i) a ausência de certidão criminal da Justiça Estadual de 2º grau - não obstante intimada com tal finalidade; (ii) a constatação, em grau de recurso, da existência de condenação criminal transitada em julgado, suspensos os direitos políticos da pretensa candidata, determinado o encaminhamento de cópia do feito ao Ministério Público Eleitoral, presentes indícios da prática do crime previsto no art. 348 do Código Penal - apresentação de certidões ideologicamente falsas.

No recurso especial eleitoral (fls. 210-20), aparelhado na afronta ao princípio da presunção de não culpabilidade e ao art. 1º, I, e, item 1, da Lei Complementar nº 64/1990. Coligidos arestos a demonstrar o dissenso pretoriano. Alega, a recorrente, em síntese:

a) toda a documentação necessária ao deferimento do seu registro foi apresentada - a faltante em sede de recurso -, não podendo ser prejudicada por erro cometido pela coligação partidária no momento da protocolização do RRC;

b) não houve falsificação de documento, já que, quando da expedição das certidões, nada constava em relação à suposta condenação, tendo em vista haver sido absolvida, em grau de apelação, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mantida, por decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça em momento posterior, a condenação que houvera sido fixada na primeira instância;

c) pendente de julgamento habeas corpus impetrado em razão de suposto cerceamento de defesa decorrente da ausência de intimação para a apresentação de contrarrazões ao recurso especial apresentado pela acusação, não havendo falar em trânsito em julgado, sob pena de afronta ao princípio constitucional da presunção de não culpabilidade;

d) a matéria relativa à condenação criminal transitada em julgado não foi analisada pelo Juiz Eleitoral e, portanto, não veiculada no recurso eleitoral - cujo objeto cingiu-se à ausência de documento, juntado na ocasião -, evidenciada nulidade decorrente de indevida supressão de instância;

e) não incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, item 1, pois o tipo previsto no art. 334 do Código Penal - descaminho - não se enquadra como crime contra a economia popular, cuja competência para julgamento é da Justiça Estadual, a teor da Súmula nº 498/STF, ao passo que a recorrente foi processada e julgada pela Justiça Federal; e

f) obteve votos suficientes à assunção de uma cadeira na Câmara de Vereadores, auferida a segunda colocação no âmbito da sua coligação partidária.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem, nos termos do art. 12, parágrafo único, da Lei Complementar nº 64/1990.

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo não conhecimento ou pelo não provimento do recurso especial (fls. 253-6).

É o breve relatório.

Decido.

Preenchidos os pressupostos extrínsecos, passo ao exame dos intrínsecos.

A Corte de origem manteve o indeferimento do pedido de registro de candidatura da recorrente, ante a ausência de certidão criminal expedida pela Justiça Estadual de 2° grau - exigência contida no art. 27, II, b, da Res.-TSE nº 23.455/2015 - bem como a suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado.

Extraio, a propósito, o seguinte excerto do acórdão recorrido (fls. 132-7):

"Inicialmente, com relação à preliminar de mérito suscitada pelo recorrente, friso que, em que pese a sentença seja, de fato, lacônica, não há qualquer nulidade, porque fundamentou motivo para indeferimento, qual seja, ausência de documentação indispensável.

É de se registrar ainda que a relação dos documentos apresentados e dos documentos faltantes consta dos autos às fls. 16/17, não havendo se falar em falta de informação da recorrente acerca dos documentos exigidos.

Diante disso, rejeito a preliminar arguida.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 145

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

No mérito, a controvérsia estabelecida no presente recurso diz respeito ao indeferimento do registro de candidatura da recorrente fundado na ausência de condição de registrabilidade, consubstanciada na falta de apresentação da certidão criminal da Justiça Estadual de 2º grau.

O art. 27 da Resolução TSE nº 23.455/2015 determina que as certidões da Justiça Federal e Estadual são requisitos necessários para o requerimento de registro de candidatura, in verbis:

Art. 27. O formulário de RRC será apresentado com os seguintes documentos:

(...)

II - certidões criminais fornecidas (Lei nº 9.504/1997, art. 11, § 19, inciso VII):

a) pela Justiça Federal de 1º e 2º graus da circunscrição na qual o candidato tenha seu domicílio eleitoral;

b) pela Justiça Estadual de 1º e 2º graus da circunscrição na qual candidato tenha seu domicílio eleitoral;

Na hipótese, a recorrente, mesmo intimada para apresentar as certidões faltantes, não atendeu ao pedido, limitando-se a reapresentar as certidões já constantes dos autos protocolo de requerimento da certidão do Tribunal de Justiça do Paraná que ensejou a acertada decisão de indeferimento do registro de candidatura. Nesse sentido é o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral:

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. DEPUTADO ESTADUAL AUSÊNCIA DE DOCUMENTO INDISPENSÁVEL JULGAMENTO CONVERTIDO EM DILIGÊNCIA. IRREGULARIDADE NÃO SANADA. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO COM RECURSO ESPECIAL IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

1. A ausência de certidão criminal da Justiça Estadual de 1º grau "da circunscrição na qual candidato tenha seu domicílio eleitoral", exigida no art. 27, inciso II, alínea b, da Res.-TSE nº 23.405/2014, mesmo após abertura de prazo para sua apresentação, implica indeferimento do pedido de registro de candidatura.

(...)

4. Agravo regimental desprovido.

(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 45540, Acórdão de 30/10/2014, Relator(a) Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Publicação: PSESS Publicado em Sessão, Data 30/10/2014)

Ademais desse vício de natureza formal, mas que permite o indeferimento do registro, a d. Procuradoria Regional Eleitoral apresentou em seu judicioso parecer notícia de que a recorrente foi condenada, por decisão transitada em julgado em 11/09/2015, às sanções do artigo 334 do Código Penal, o que lhe retiraria a elegibilidade.

A notícia, que em princípio causou estranheza, já que processo foi instruído com as certidões negativas de 1º e 2° graus da Justiça Federal, foi confirmada pela recorrente, que sustenta que a condenação não gera a inelegibilidade do artigo 1º, I, "e" da Lei Complementar nº 64/90 e não pode ser apreciada por esta Corte, sob pena de supressão de instância.

Pois bem.

Com a devida vênia dos argumentos deduzidos, é cediço que as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade são matérias de ordem pública, cognoscíveis de ofício. Irrelevante que a notícia tenha se originado perante este Tribunal, mormente porque se verifica evidente fraude na instrução do pedido de registro de candidatura, no qual foram juntadas certidões ideologicamente falsas, que atestaram nada constar em nome da recorrente, quando há condenação transitada em julgado. Nesse sentido é a pacífica jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:

PROCESSO DE REGISTRO DE CANDIDATURA:

(...)

II - Condições de elegibilidade: A denúncia da carência de qualquer delas com relação a determinado candidato, ainda que partida de cidadão não legitimado a impugnar-lhe o registro, é de ser recebida como notícia, nos termos do art. 37 da RES./TSE 20.993/2002, na interpretação da qual não cabe emprestar alusão à inelegibilidade força excludente da possibilidade dela valer-se o cidadão para alegar carência de condição de elegibilidade pelo candidato, que, como a presença de causa de inelegibilidade stricto sensu, pode ser considerada de ofício no processo individual de registro.

(Recurso Especial Eleitoral nº 20267, Acórdão nº 20267 de 20/09/2002, Relator(a) Min. JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE, Publicação: PSESS Publicado em Sessão, Data 20/09/2002 RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 13, Tomo 4, Página 388)

ELEIÇÕES 2008. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO REGIMENTAL RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. OFENSA AO ART. 275 DO CÓDIGO ELEITORAL. INEXISTÊNCIA. INELEGIBILIDADE. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DE OFÍCIO PELO JUIZ ELEITORAL. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. OBTENÇÃO DE LIMINAR EM HABEAS CORPUS APÓS PEDIDO DE REGISTRO.

(...)

II - Na linha da jurisprudência deste Tribunal, tanto a carência das condições de elegibilidade como a presença das causas de inelegibilidades podem ser conhecidas de ofício (AgR-REspe nº 33.558/PI. Rel. Min, Joaquim Barbosa, publicado na sessão de

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30.10.2008: AgRgRespe n° 21.902/SP. rel. Luiz Carlos Madeira, publicado na sessão de 31.8.2004; e REspe n° 20.267/DF. rel. Min. Sepúlveda Pertence, publicado na sessão de 20.9.2002 ).

(...)

VI - Agravo regimental a que se nega provimento. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 34075, Acórdão de 26/11/2008, Relator(a) Min. FERNANDO GONÇALVES, Publicação: PSESS Publicado em Sessão, Data 26/11/2008)

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. CERTIDÃO CRIMINAL POSITIVA. CERTIDÕES DE INTEIRO TEOR. AUSÊNCIA. ALEGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EQUIVALENTES. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. INDEFERIMENTO. DESPROVIMENTO.

1. Na espécie, o registro do candidato foi indeferido por não ter apresentado as certidões de inteiro teor dos processos constantes de certidão criminal positiva.

2. Conforme iterativa jurisprudência desta Corte, "é necessária a apresentação de certidão de inteiro teor quando apresentada certidão criminal com registros positivos, pois cabe à Justiça Eleitoral examinar, de ofício, a satisfação das condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade" (ED-AgR-REspe n° 214-95/RJ, Rel. Ministro Dias Toffoli. Dte de 1º.8.2013).

3. O atendimento da pretensão recursal, no sentido de que foi juntada documentação equivalente às certidões de inteiro teor, demandaria reexame fático-probatório, inadmissível na via estreita do recurso especial (Súmulas nos 7/5TJ 279/STF).

4. Agravo regimental desprovido.

(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 64978. Acórdão de 30/09/2014, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: PSESS Publicado em Sessão, Data 30/9/2014).

Entendimento diverso, data vênia, esvaziaria por completo a função do processo de registro de candidatura. Não haveria motivos para se exigir documentos e certidões para instruir o referido processo se não fosse permitido ao magistrado analisar seu conteúdo para concluir pelo preenchimento das condições de elegibilidade.

Para além disso, o conhecimento da matéria neste Tribunal é possível não caracteriza supressão de instância.

Com efeito, a interposição do recurso devolveu ao Tribunal o conhecimento de toda a matéria relativa ao registro de candidatura. Inexistente a alegada supressão de instância, uma vez que a causa, quanto a esta circunstância, está madura para julgamento, sendo sua análise meramente documental e tendo sido respeitado o princípio do contraditório, na medida em que se oportunizou à recorrente que se manifestasse sobre a questão. Aplicável, pois, o disposto no artigo 1013 do Código de Processo Civil.

Por fim, também não se cogita aplicação do princípio da proibição da reformatio in pejus, pois o conhecimento da inexistência de condição de elegibilidade não agravará situação jurídica da recorrente, que teve seu registro indeferido e assim continuará.

Passo, então, à análise da condenação criminal transitada em julgado pelo artigo 334 do Código Penal e suas consequências jurídicas.

Conforme se infere dos documentos acostados pela d. Procuradoria Regional Eleitoral, a recorrente FLÁVIA ALEXANDRINA DA SILVA MAZIERO foi condenada pela prática do delito previsto no artigo 334 do Código Penal, em decisão transitada em julgado em 11/09/2015.

A recorrente afirma que houve falha na condução do processo penal, que é nulo em virtude da ausência de intimação de seus defensores constituídos, o que está sendo discutido via Habeas Corpus interposto perante o Superior Tribunal de Justiça.

Em que pese haja comprovação da impetração do writ perante aquela Corte Superior, a liminar pleiteada para suspender os efeitos da condenação foi indeferida, não havendo, portanto, nada que obste os efeitos penais e extrapenais daquela condenação.

Pois bem. O entendimento já pacificado no C. Tribunal Superior Eleitoral é no sentido de que a suspensão dos direitos políticos é efeito imediato do trânsito em julgado da decisão condenatória, sendo dispensável a adoção de qualquer medida para a suspensão. Confira-se:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. ART. 262, I, DO CÓDIGO ELEITORAL. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO. DESPROVIMENTO.

1. O art. 15, III, da CF/88 é auto-aplicável, constituindo a suspensão dos direitos políticos efeito automático da condenação.

2. A condenação criminal transitada em julgado é suficiente à imediata suspensão dos direitos políticos, ainda que a pena privativa de liberdade tenha sido posteriormente substituída por uma restritiva de direitos.

3. Agravo regimental desprovido.

(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 65172, Acórdão de 29/04/2014, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE Diário de justiça eletrônico, Tomo 98, Data 28/5/2014, Página 82/83).

Sendo incontestável a suspensão dos direitos políticos da recorrente, nos exatos termos do artigo 15, III, da Constituição Federal, tem-se que os demais argumentos por ela lançados não merecem acolhida, eis que se referem à decisão condenatória e a sua execução, matérias que não podem ser apreciadas no bojo do registro de candidatura, nos termos da Súmula 41 do TSE.

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Assim, tanto em virtude da suspensão dos direitos políticos, quanto da ausência da certidão obrigatória, a teor do artigo 27, II, "b", da Resolução TSE 23.455, é de ser mantido o indeferimento do pedido de registro de candidatura da recorrente.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, acolher parcialmente o parecer do Ministério Público Eleitoral e voto no sentido de se conhecer do recurso e, no mérito, de negar-lhe provimento.

Em virtude da evidente incongruência entre as certidões de fls. 11/12 e 87/88, extraia-se cópia do feito e encaminhe-se ao Ministério Público Eleitoral, para que adote as providências que entender pertinentes para apuração de eventual prática da conduta prevista no artigo 348 do Código Eleitoral.

Outrossim, diante o trânsito em julgado da sentença condenatória e da inexistência de anotação acerca da suspensão dos direitos políticos no cadastro eleitoral da recorrente, oficie-se à Corregedoria Regional Eleitoral, bem como a Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, para apuração de eventual falta funcional.

É o voto." (Destaquei)

Extrai-se do quadro fático delineado no acórdão regional que a recorrente, apesar de intimada para apresentar a certidão faltante, "não atendeu ao pedido, limitando-se a reapresentar certidões já constantes dos autos e o protocolo de requerimento da Certidão do Tribunal de Justiça do Paraná o que ensejou a acertada decisão de indeferimento do registro de candidatura" (fl. 133).

Compreensão em sentido diverso, tal como pretendido pela recorrente, demandaria a reelaboração da moldura fática delineada pelo Tribunal de origem, providência vedada em sede de recurso especial, por força da Súmula nº 24/TSE, prejudicado o exame do dissenso pretoriano quanto ao ponto.

Nos termos da Jurisprudência desta Corte Superior, "a ausência de certidão criminal da Justiça Estadual de 1º grau da circunscrição na qual o candidato tenha o seu domicílio eleitoral, exigida no art. 27, inciso II, alínea b, da Res.-TSE nº 23.405/2014, mesmo após a abertura de prazo para a sua apresentação, implica o indeferimento do pedido de registro de candidatura" (REspe nº 45540, Decisão monocrática de 30/9/2014, Relator Min. Gilmar Ferreira Mendes, PSESS de 01/10/2014).

Do mesmo modo, quanto à suposta autenticidade das certidões da Justiça Federal apresentadas pela recorrente, o TRE/PR, instância exauriente na análise de fatos e provas, concluiu que "se verifica evidente fraude na instrução do pedido de registro de candidatura, no qual foram juntadas certidões ideologicamente falsas, que atestaram nada constar em nome da recorrente, quando há condenação transitada em julgado" , determinado o encaminhamento de cópia do feito "ao Ministério Público Eleitoral, para que adote as providências que entender pertinentes para a apuração de eventual prática da conduta prevista no artigo 348 do Código Eleitoral" (fls. 134-7). Aplicação da Súmula nº 24/TSE.

No que tange ao indeferimento do registro de candidatura com fundamento na "incontestável a suspensão dos direitos políticos da recorrente, nos exatos termos do artigo 15, III, da Constituição Federal" (fl. 137) - tendo em vista a condenação criminal pela prática do crime de descaminho, previsto no art. 334 do Código Penal, transitada em julgado em 11.9.2015 -, constatada em grau de recurso, da mesma forma não prospera a insurgência.

Consigno, de plano, não subsistir a tese de nulidade decorrente de indevida supressão de instância pelo fato de a informação acerca da condenação criminal ter sido verificada apenas em grau recursal, sobretudo se considerado que, à luz do aresto recorrido, a informação não foi verificada em primeira instância pelo fato de a pretensa candidata ter apresentado documentação ideologicamente falsa, mascarando, desse modo, a existência da condenação criminal transitada em julgado.

Ademais, consabido que, a teor da Súmula nº 45/TSE, "nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa."

Sobre o ponto, assentado no acórdão recorrido que "a causa, quanto a esta circunstância, está madura para julgamento, sendo sua análise meramente documental e tendo sido respeitado o princípio do contraditório, na medida em que se oportunizou à recorrente que se manifestasse sobre a questão. Aplicável, pois o disposto no artigo 1013 do Código de Processo Civil" (fl. 135).

Noutro giro, ao contrário do alegado pela recorrente, à luz do acórdão regional, ocorrido o trânsito em julgado da decisão condenatória, não obstante a impetração de habeas corpus, tendo em conta que "a liminar pleiteada para suspender os efeitos da condenação foi indeferida, não havendo, portanto, nada que obste os efeitos penais e extrapenais daquela condenação" (fl. 136).

A propósito, a jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que "a condenação criminal transitada em julgado é suficiente à imediata suspensão dos direitos políticos (...)" (AgR-REspe nº 65172, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 28.05.2014; AgR-REspe Nº 91-81/SE, Rel. Min. Ministra Luciana Lóssio, PSESS de 03.11.2016).

Quanto à alegação de que não caracterizada a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, item 1, da LC nº 64/1990, haja vista que o delito de descaminho não se enquadra como crime contra a economia popular, trata-se de situação distinta da hipótese dos autos, em que discutida a ausência de condição de elegibilidade - plenitude dos direitos políticos.

Consoante bem pontuou o Vice-Procurador-Geral Eleitoral em seu parecer "destaque-se que, neste feito, não se discutiu a incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990, mas tão somente a ausência da condição de

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elegibilidade prevista no art. 14, § 3º, II, da Constituição Federal. Portanto, irrelevante a tese recursal no sentido de que a natureza do crime do art. 334 do CP não se enquadraria na referida inelegibilidade" (fl. 255).

Com efeito, nos termos da jurisprudência deste Tribunal Superior, "a suspensão dos direitos políticos em virtude de condenação criminal transitada em julgado decorre da autoaplicação do art. 15, III, da Constituição Federal, independentemente da natureza do crime, e não se confunde com inelegibilidade" (AgR-REspe-MS nº 440, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJE de 16.12.2016 - destaquei).

Por derradeiro, não é possível conhecer da documentação apresentada nesta sede recursal, pacificada a jurisprudência deste Tribunal Superior de que, "admite-se nos processos de registro de candidatura, a apresentação de documentos até a instância ordinária ainda que tenha sido anteriormente dada oportunidade ao requerente para suprir a omissão, não sendo possível conhecer de documentos apresentados com o recurso especial" (AgR-REspe nº 45540/RJ, Relator Min. Gilmar Mendes, PSESS de 30.10.2014 - destaquei).

Por oportuno, esclareço que o entendimento firmado recentemente por esta Corte Superior quanto à admissibilidade de documentos apresentados nesta sede especial restringe-se àqueles destinados a comprovar alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro de candidatura que afastem a inelegibilidade - consoante firmado por esta Corte Superior no julgamento do RO nº 96-71, Rel. Min. Luciana Lóssio, em sessão de 23.11.2016 -, situação distinta da hipótese em apreço.

Portanto, nos termos assentados pela Corte de origem, não apresentada a certidão criminal expedida pela Justiça Estadual de 2º grau, não obstante intimada a recorrente com tal finalidade, bem como suspensos seus direitos políticos, nos termos do art. 15, III, da Constituição Federal - ausente notícia de que tenha obtido provimento judicial suspensivo ou anulatório da decisão pela qual condenada criminalmente -, deve ser mantido o indeferimento do registro de candidatura.

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial (art. 36, § 6º, do RITSE).

Brasília, 07 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 88-92.2016.6.09.0139 LUZIÂNIA-GO 139ª Zona Eleitoral (LUZIÂNIA)

AGRAVANTE: COLIGAÇÃO LUZIÂNIA DA VERDADE

ADVOGADOS: JOSÉ EDUARDO RANGEL DE ALCKMIN - OAB: 2977/DF E OUTROS

AGRAVADA: COLIGAÇÃO LUZIÂNIA NO CAMINHO CERTO

ADVOGADOS: MÁRCIO LUIZ SILVA - OAB: 12415/DF E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 14.268/2016

De ordem.

Intime-se a parte agravada para apresentar contrarrazões ao agravo regimental, no prazo de três dias

Brasília, 08 .03 .2017.

Renata Dallposso de Azevedo

Assessora Chefe

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 131-49.2016.6.05.0136 ITAJUÍPE-BA 136ª Zona Eleitoral (ITAJUÍPE)

RECORRENTE: ANTÔNIO PÁDUA FRANCA GALO

ADVOGADOS: MARCO ANTONIO ADRY RAMOS - OAB: 48896/BA E OUTRA

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 15.812/2016

DECISÃO

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. CARGO. VEREADOR. ALEGADO

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CERCEAMENTO DE DEFESA. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 24 DO TSE. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

Trata-se de recurso especial interposto por Antônio Pádua Franca Galo, com fundamento no art. 276, I, a, do Código Eleitoral, em face de acórdão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia que manteve o indeferimento do seu pedido de registro de candidatura ao cargo de vereador do município de Itajuípe/BA, nas eleições de 2016, por incidência na causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, 1 da LC nº 64/90¹. Eis a ementa do acórdão hostilizado (fls. 67):

"Recurso. Registro de candidatura. Vereador. Registro indeferido. Condenação criminal transitada em julgado. Incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea e da LC nº 64/90. Desprovimento.

Preliminar de cerceamento de defesa.

Não há que se falar em afronta à ampla defesa, uma vez que o documento sobre o qual o recorrente assevera que deixou de ser intimado para manifestar-se, não trouxe qualquer fato novo aos autos, fazendo referência a uma certidão pré-existente e por ele próprio trazida. Preliminar afastada.

Mérito.

1. O recorrente foi condenado, por decisão transitada em julgado pela prática de crime contra a administração pública, o que atrai a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e da LC nº 64/90;

2. Recurso a que se nega provimento."

Contra essa decisão foram opostos embargos de declaração pelo Recorrente (fls. 73-81), os quais foram rejeitados por não restar configurada nenhuma das hipóteses de cabimento previstas no art. 275 do Código Eleitoral (fls. 84-85v). Contra o acórdão que rejeitou os referidos embargos, foram opostos embargos de declaração pela Coligação Um Novo Futuro (fls. 89-97), os quais foram igualmente rejeitados e cominou-se multa em razão do caráter protelatório (fls. 110-112v).

Nas razões do recurso especial (fls. 100-105), o Recorrente aponta violação ao art. 275 do Código Eleitoral e ao art. 93, IX, da Constituição da República.

Assevera que houve cerceamento de defesa, porquanto, a seu juízo, "não teria sido o recorrente intimado para se manifestar sobre a certidão (fl. 27) juntada ao processo e que teria ensejado a improcedência do pedido de registro" (fls. 102).

Sustenta que, apesar de opostos embargos de declaração, a fim de sanar a alegada omissão, "o tribunal recorrido rejeitou os declaratórios, sem ao menos enfrentar o tema proposto, o que configura nulidade do acórdão integrativo por ausência de manifestação e recusa de prestação jurisdicional" (fls. 104).

Pleiteia, por fim, o provimento do recurso especial, para que se reconheça a nulidade do acórdão que rejeitou os embargos e se determine "a baixa dos autos para que o tribunal de origem aprecie novamente os aclaratórios, desta feita enfrentando todos os pontos suscitados no recurso horizontal" (fls. 105).

Não houve juízo prévio de admissibilidade do recurso especial, conforme preconiza o art. 62, parágrafo único, da Resolução-TSE nº 23.455/2015².

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do recurso (fls. 121-123).

É o relatório. Decido.

Ab initio, assento que o recurso é tempestivo e foi subscrito por advogado regularmente constituído (fls. 37).

Em sede preliminar, o Tribunal a quo refutou a alegação do Recorrente de cerceamento de defesa em virtude da ausência de intimação para se manifestar sobre documento juntado aos autos, assentando que seria desnecessária sua intimação em razão de o documento em questão apresentar informação já constante de certidão carreada ao processo, que versa sobre a condenação do recorrente.

Vejamos excertos do julgado (fls. 68v):

"Compulsando os autos, verifico que o documento de fl. 27, sobre o qual o recorrente entende que caberia sua manifestação, traz informações que não refogem àquelas mencionadas na certidão de fl. 21, que versa sobre a condenação do recorrente.

Nessa perspectiva, considerando que o documento não trouxe qualquer inovação que necessite de intimação do recorrente, afastado a preliminar suscitada."

Vejamos ainda excertos do acórdão integrativo (fls. 85):

"[...] esta Corte entendeu que o documento de fl. 27, sobre o qual o recorrente entende que caberia sua manifestação, traz informações que não refogem àquelas mencionadas na certidão de fl. 21, que versa sobre a condenação do recorrente.

Nessa perspectiva, a decisão guerreada considerou, expressamente, que o aludido documento não trouxe qualquer inovação que ensejasse a intimação do recorrente, afastando, destarte, a nulidade aventada."

Observo que, para modificar o decisum regional - que assentou a ausência de necessidade de intimação do Recorrente para manifestar-se sobre documento reputado essencial notadamente porque o documento em questão trouxe informação já constante nos autos - seria imprescindível o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável nas instâncias

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 150

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extraordinárias, ex vi do Enunciado de Súmula nº 24 do TSE³.

Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Brasília, 22 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹LC nº 64/90. Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

[...]

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público [...].

²Resolução-TSE nº 23.455/2015. Art. 62. Apresentadas as contrarrazões ou transcorrido o respectivo prazo, os autos serão imediatamente remetidos ao TSE, inclusive por portador, se houver necessidade, correndo as despesas do transporte, nesse último caso, por conta do recorrente (Lei Complementar nº 64/1990, art. 8º, § 2º, c.c. o art. 12, parágrafo único).

Parágrafo único. O recurso para o TSE subirá imediatamente, dispensado o juízo de admissibilidade (Lei Complementar nº 64/1990, art. 12, parágrafo único).

³Súmula nº 24/TSE. Não cabe recurso especial eleitoral para simples reexame do conjunto fático-probatório

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 214-12.2016.6.05.0089 IRAQUARA-BA 89ª Zona Eleitoral (LENÇÓIS)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO IRAQUARA RETOMANDO O CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO

ADVOGADOS: CIRO ROCHA SOARES - OAB: 17309/BA E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 15.848/2016

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE/BA), pelo acórdão das fls. 159-61v, complementado às fls. 189-93, manteve a sentença de deferimento parcial do registro da coligação proporcional "Iraquara Retomando o Caminho do Desenvolvimento" (PSD/PSC/PTB/DEM), nas Eleições 2016, com a exclusão do PTB - em razão da ilegitimidade do presidente que conduziu a convenção na qual decidido pelo ingresso desta legenda naquele bloco partidário -, ao fundamento de que não compete à Justiça Eleitoral examinar a validade da destituição da Comissão Provisória Municipal, pelo Diretório Estadual, por se tratar de questão interna corporis.

No recurso especial eleitoral (fls. 197-209), aparelhado no dissenso pretoriano, a recorrente pleiteia seja deferido o DRAP com a inclusão do PTB, forte nas seguintes alegações:

a) a dissolução da Comissão Provisória somente aconteceu após a regular realização da convenção municipal em 04.8.2016, quando figurava como Presidente Municipal do PTB João Régis Batista dos Santos, afastado posteriormente;

b) a destituição da Comissão Provisória pelo Diretório Estadual do PTB foi realizada de forma irregular, "interferindo diretamente nas coligações a serem formadas na municipalidade" (fl. 201);

c) o Diretório Estadual do PTB, reconhecendo o equívoco, se retratou da decisão anteriormente adotada, retornando a antiga Comissão Provisória;

d) ajuizada ação de obrigação de fazer (nº 5739.2016), na qual declarada, pelo Juiz Eleitoral, a nulidade do ato do Diretório Estadual;

e) no caso de as destituições de comissões provisórias influenciarem diretamente no resultado do pleito, a justiça eleitoral poderá analisar a matéria, conforme entendimento jurisprudencial.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem nos termos do art. 62, parágrafo único, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

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O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo provimento parcial do recurso, com o consequente retorno dos autos à instância de origem a fim de que seja examinada a validade, ou não, da destituição da comissão provisória (fls. 213-8).

É o relatório.

Decido.

Preenchidos os pressupostos extrínsecos.

À adequada compreensão da controvérsia, extraio os seguintes excertos do acórdão regional (fls. 161-2):

"Trata-se de recursos interpostos, o primeiro pela Iraquara Retomando o Caminho do Desenvolvimento e o segundo pelo Ministério Público, em face da decisão do Juiz Eleitoral da 89ª Zona que deferiu parcialmente o DRAP da coligação, com a exclusão do PTB, em razão da ilegitimidade de seu presidente para conduzir a convenção que deliberou por se coligar e escolher candidatos.

Aduz a recorrente que a exclusão do PTB do seu DRAP se deu por motivo baseado em acontecimentos arbitrários e ilegais, haja vista que a Comissão Provisória que presidiu a convenção seria parte perfeitamente legítima.

Afirma que a destituição da Comissão Provisória do PTB de Iraquara, pelo Diretório Estadual do Partido, se deu de forma totalmente irregular, abrupta e ilegal, na medida em que teve o condão de tirar da disputa diversos candidatos devidamente filiados, causando reflexos no pleito vindouro.

Sustenta que os mandatos de João Regis Batista dos Santos e Elias José de Souza, Presidente e Secretário da Comissão Provisória do Partido, assumidos em 14/07/2016, terminariam em 04/11/2016, após o pleito eleitoral, tendo a dissolução acontecido depois da realização da convenção por eles conduzida em 04/08/2016, em total desrespeito aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal.

Esclarece ter ingressado com ação de obrigação de fazer perante o Juízo Eleitoral competente, requerendo fosse a destituição anulada, com pedido de tutela provisória de urgência para sustar os efeitos do ato de destituição, pleito inicialmente indeferido por falta de elementos que evidenciassem a probabilidade do direito. Opostos embargos, os mesmos foram rejeitados, motivando a impetração de mandado de segurança.

Em 21/09/2016, a recorrente trouxe aos autos cópia de decisão proferida na Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela Provisória de Urgência de n° 57-39.2016.6.05.0089, ajuizada pelos senhores João Regis Batista dos Santos e Elias José de Souza, Presidente e Tesoureiro da Comissão destituída, na qual foi reconhecida e declarada a nulidade do ato da Direção Estadual do Partido Trabalhista Brasileiro, restabelecendo-se a validade da comissão provisória anterior.

[...]

É o relatório.

[...]

As pretensões recursais não ensejam acolhimento.

O ponto nodal a ser desatado no feito em exame é a validade da convenção realizada pelo Partido Trabalhista Brasileiro, conduzida pelo presidente e pelo tesoureiro de comissão provisória que veio a ser destituída pelo órgão partidário regional.

Sobre esse ponto, esta Corte já firmou entendimento no sentido da incompetência da Justiça Eleitoral para se imiscuir em questões internas partidárias, dentre as quais se enquadra a destituição ou nomeação de comissões provisórias.

Nesse sentido decidiu o Colegiado:

[...]

Diante da posição adotada, concluo que a decisão proferida pelo Juiz Eleitoral da 89ª Zona em sede de ação de obrigação de fazer não pode surtir o efeito almejado pela recorrente vez que nula em virtude de sua incompetência para decidir a matéria.

Assim, deve ser mantida a exclusão do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB - da composição da coligação recorrente. [...]" (destaquei)

Ao exame dos embargos de declaração, o TRE-BA assentou (fls. 192v-3):

"[...]

A conclusão adotada no sentido de que a competência para apreciar a questão seria da Justiça Comum e não da Justiça Eleitoral foi suficientemente abordada e o argumento de que a matéria em exame influiria diretamente no pleito somente pode ser levado para discussão na instância superior.

A par disso, o julgado não tratou de questão extra petita.

O ponto em foco era a validade da deliberação do órgão regional do Partido Trabalhista Brasileiro, que havia dissolvido sua comissão provisória municipal, de modo que a mesma pudesse ou não integrar a composição da coligação embargante e, diante do entendimento de não se tratar de matéria que possa ser apreciada pela Justiça Eleitoral, este Relator decidiu por desconsiderar a decisão zonal que havia deliberado sobre a questão, em nada extrapolando os limites propostos na lide.

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Por fim, mesmo diante do entendimento no sentido de que podem ser considerados documentos que venham aos autos enquanto não exaurida a instância ordinária, a Resolução carreada a fl. 182, do Partido Trabalhista Brasileiro, não se mostra apta a surtir os efeitos almejados pela embargante.

Não é mais possível, depois de já realizadas as eleições e devidamente totalizados os resultados, pretender dar validade a convenção realizada pelo órgão partidário destituído.

Como bem observado pelo Parquet, autorizar um órgão partidário regional a, depois de realizado o pleito, decidir qual de suas representações deve ser considerada válida, significaria permitir que o mesmo direcionasse o resultado da eleição proporcional como melhor lhe aprouvesse, integrando uma ou outra das coligações em disputa, conforme pudesse ou não eleger seus vereadores. [...]" (destaquei)

O Tribunal de origem manteve a sentença pela qual deferido parcialmente o DRAP da "Coligação Iraquara Retomando o Caminho do Desenvolvimento" , com a exclusão do PTB - "em razão da ilegitimidade de seu presidente para conduzir a convenção que deliberou por se coligar e escolher candidatos" (fl. 160) -, não considerada a decisão proferida posteriormente pelo Juiz Eleitoral na Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela Provisória de Urgência de n° 57-39.2016.6.05.0089 - "na qual foi reconhecida e declarada a nulidade do ato da Direção Estadual do Partido Trabalhista Brasileiro, restabelecendo-se a validade da comissão provisória anterior" (fl. 160v.) -, ao fundamento de não competir à Justiça Eleitoral examinar tal questão, por se tratar de matéria interna corporis.

Entretanto, a conclusão adotada no aresto impugnado não encontra respaldo no entendimento desta Corte Superior de que compete à Justiça Eleitoral examinar a legalidade de destituição de Comissão Provisória, em razão de seus impactos no prélio eleitoral. Nesse sentido, o MS nº 0601453-16, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em sessão de 29.9.2016:

"MANDADO DE SEGURANÇA. DESTITUIÇÃO DE COMISSÃO PROVISÓRIA. ATO DO PRESIDENTE DO DIRETÓRIO NACIONAL DO PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL (PROS) COM EFICÁCIA RETROATIVA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. DISSOLUÇÃO OCORRIDA APÓS AS CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS. IMPACTOS INEQUÍVOCOS E IMEDIATOS NO PRÉLIO ELEITORAL. NECESSIDADE DE REVISITAR A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. DIVERGÊNCIAS INTERNAS PARTIDÁRIAS, SE OCORRIDAS NO PERÍODO ELEITORAL, COMPREENDIDO EM SENTIDO AMPLO (I.E., UM ANO ANTES DO PLEITO), ESCAPAM À COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM, ANTE O ATINGIMENTO NA ESFERA JURÍDICA DOS PLAYERS DA COMPETIÇÃO ELEITORAL. ATO DE DISSOLUÇÃO PRATICADO SEM A OBSERVÂNCIA DOS CÂNONES JUSFUNDAMENTAIS DO PROCESSO. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (DRITTWIRKUNG). INCIDÊNCIA DIRETA E IMEDIATA DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO (CRFB/88, ART. 5º, LIV E LV). CENTRALIDADE E PROEMINÊNCIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS EM NOSSO REGIME DEMOCRÁTICO. ESTATUTO CONSTITUCIONAL DOS PARTIDOS POLÍTICOS DISTINTO DAS ASSOCIAÇÕES CIVIS. GREIS PARTIDÁRIAS COMO INTEGRANTES DO ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO ESTATAL, À SEMELHANÇA DA UBC. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. PEDIDO LIMINAR DEFERIDO.

1. A Justiça Eleitoral possui competência para apreciar as controvérsias internas de partido político, sempre que delas advierem reflexos no processo eleitoral, circunstância que mitiga o postulado fundamental da autonomia partidária, ex vi do art. 17, § 1º, da Constituição da República - cânone normativo invocado para censurar intervenções externas nas deliberações da entidade -, o qual cede terreno para maior controle jurisdicional (Precedente: TSE - ED-AgR-REspe nº 23913, Min. Gilmar Mendes, 26/10/2004).

2. Ante os potenciais riscos ao processo democrático e os interesses subjetivos envolvidos (suposto ultraje a princípios fundamentais do processo), qualificar juridicamente referido debate dessa natureza como interna corporis, considerando-o imune ao controle da Justiça Eleitoral, se revela concepção atávica, inadequada e ultrapassada: em um Estado Democrático de Direito, como o é a República Federativa do Brasil (CRFB/88, art. 1º, caput), é paradoxal conceber a existência de campos que estejam blindados contra a revisão jurisdicional, adstritos tão somente à alçada exclusiva da respectiva grei partidária. Insulamento de tal monta é capaz de comprometer a própria higidez do processo político-eleitoral, e, no limite, o adequado funcionamento das instituições democráticas.

3. O processo eleitoral, punctum saliens do art. 16 da Lei Fundamental de 1988, em sua exegese constitucionalmente adequada, deve ser compreendido seu sentido mais elástico, iniciando-se um ano antes da data do pleito, razão pela qual qualquer divergência partidária interna tem, presumidamente, o condão de impactar na competição eleitoral.

4. A dinâmica eleitoral não se inicia apenas formalmente na convenção partidária: há movimentos políticos de estratégia que ocorrem antes, pela conjugação e harmonização de forças, como é notório, e notoria non egent probationem, por isso que esse fato não pode ser simplesmente desconsiderado na identificação da razão subjacente ao art. 16.

5. A mens legis do art. 16 da Constituição de 1988 proscreve a edição de normas eleitorais ad-hoc ou de exceção, sejam elas de cariz material ou procedimental, com o propósito de obstar a deturpação casuística do cognominado devido processo legal eleitoral, capaz de vilipendiar a igualdade de participação e de chances dos partidos políticos e seus candidatos.

6. À proeminência dispensada, em nosso arquétipo constitucional, não se seguira uma imunidade aos partidos políticos para, a seu talante, praticarem barbáries e arbítrios entre seus Diretórios, máxime porque referidas entidades gozam de elevada proeminência e envergadura institucional, essenciais que são para a tomada de decisões e na própria conformação do regime democrático.

7. O postulado fundamental da autonomia partidária, insculpido no art. 17, §1º, da Lei Fundamental de 1988, manto normativo protetor contra ingerências estatais canhestras em domínios específicos dessas entidades (e.g., estrutura, organização e

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 153

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

funcionamento interno), não imuniza os partidos políticos do controle jurisdicional, criando uma barreira intransponível à prerrogativa do Poder Judiciário imiscuir-se no equacionamento das divergências internas partidárias, uma vez que as disposições regimentais (ou estatutárias) consubstanciam, em tese, autênticas normas jurídicas e, como tais, são dotadas de imperatividade e de caráter vinculante.

8. A fixação de tal regramento denota autolimitação voluntária por parte do próprio partido, enquanto produção normativa endógena, que traduz um pré-compromisso com a disciplina interna de suas atividades, de modo que sua violação habilita a pronta e imediata resposta do ordenamento jurídico.

9. A postura judicial mais incisiva se justifica nas hipóteses em que a disposição estatutária, supostamente transgredida, densificar/concretizar diretamente um comando constitucional. Do contrário, quanto menos a regra estatutária materializar uma norma constitucional, menor deve ser a intensidade da intervenção judicial.

10. In casu, a destituição da Comissão Provisória municipal do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), com data retroativa, ocorreu na indigitada fase pré-eleitoral, o que pode repercutir na escolha dos candidatos para as Eleições 2016, bem como na formação das coligações, majoritária e proporcional, já definidas, ostentando aptidão para influir, em larga extensão, no prélio eleitoral que se avizinha: as coligações anteriormente formalizadas poderão ser desconstituídas, é crível que haja a substituição de candidatos anteriormente escolhidos etc.

11. Os direitos fundamentais exteriorizam os valores nucleares de uma ordem jurídica democrática, aos quais se reconhece, para além da dimensão subjetiva, da qual se podem extrair pretensões deduzíveis em juízo, uma faceta objetiva, em que tais comandos se irradiam por todo o ordenamento jurídico e agregam uma espécie de "mais-valia" (ANDRADE, José Carlos Vieira. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976. Coimbra: Almedina, 1987, p. 165), mediante a adoção de deveres de proteção, que impõe a implementação de medidas comissivas para sua concretização.

12. A vinculação direta e imediata dos particulares aos direitos fundamentais consubstancia a teoria que atende de forma mais satisfatória, segundo penso, a problemática concernente à eficácia horizontal (Drittwirkung), conclusão lastreada (i) na aplicação imediata prevista no art. 5º, § 1º, da CRFB/88 (argumento de direito positivo), (ii) no reconhecimento da acentuada assimetria fática na sociedade brasileira (argumento sociológico) e (iii) no fato de que a Lei Fundamental é pródiga em normas de conteúdo substantivo, o que se comprova com a positivação da Dignidade da Pessoa Humana como um dos fundamentos de nossa República (argumento axiológico).

13. Sob o ângulo do direito positivo, os direitos fundamentais possuem aplicação imediata, ex vi do art. 5º, §1º, que não excepciona as relações entre particulares de seu âmbito de incidência, motivo por que não se infere que os direitos fundamentais vinculem apenas e tão somente os poderes públicos. Pensamento oposto implicaria injustificável retrocesso dogmático na pacificada compreensão acerca da normatividade inerente das disposições constitucionais, em geral, e daquelas consagradoras de direitos fundamentais, em especial, a qual dispensa a colmatação por parte do legislador para a produção de efeitos jurídicos, ainda que apenas negativos ou interpretativos.

14. Sob o prisma sociológico, ninguém ousaria discordar que a sociedade brasileira é profundamente injusta e desigual, com milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e da miséria. E é exatamente no campo das relações sociais que se verificam, com maior intensidade, os abusos e violações a direitos humanos, os quais podem - e devem - ser remediados mediante o reconhecimento da incidência direta e imediata dos direitos fundamentais. Sem essa possibilidade, reduz-se em muito as chances de alteração dos status quo, de promoção de justiça social e distributiva e da redução das desigualdades sociais e regionais, diretrizes fundamentais de nossa República (CRFB/88, art. 3º, III e IV).

15. Sob a vertente valorativa, do reconhecimento da Dignidade da Pessoa Humana como epicentro axiológico do ordenamento jurídico pátrio exsurgem relevantes consequências práticas: em primeiro lugar, tem-se a legitimação moral de todas as emanações estatais, as quais não podem distanciar-se do conteúdo da Dignidade Humana, e, em segundo lugar, ela atua como vetor interpretativo, por meio do qual o intérprete/aplicador do direito deve se guiar quando do equacionamento dos conflitos contra os quais se defronta. Em terceiro lugar, referida cláusula fundamenta materialmente a existência de todos os direitos e garantias, atuando como uma espécie de manancial inesgotável de valores de uma ordem jurídica.

15. Ainda que sob a ótica da state action, sobressai a vinculação das entidades partidárias aos direitos jusfundamentais, mediante o reconhecimento da cognominada public function theory, desenvolvida pioneiramente nas Whites Primaries, um conjunto de casos julgados pela Suprema Corte americana, em que se discutia a compatibilidade de discriminações motivadas em critérios raciais, levadas a efeito em diversas eleições primárias realizadas no Estado do Texas, com os direitos insculpidos na Décima Quarta e Décima Quinta Emendas [Precedentes da Suprema Corte americana: Nixon v. Herndon (273 U.S. 536 (1927)), Nixon v. Concon (286 U.S. 73 (1932)), Smith v. Allwright (321 U.S. 649 (1944)) e Terry v. Adams (345 U.S. 461 (1953))].

16. As greis partidárias, à semelhança da União Brasileira de Compositores (UBC), podem ser qualificadas juridicamente como entidades integrantes do denominado espaço público, ainda que não estatal, o que se extrai da centralidade dispensada em nosso regime democrático aos partidos, essenciais que são ao processo decisório e à legitimidade na conformação do poder político.

17. O estatuto jurídico-constitucional dos partidos políticos ostenta peculiaridades e especificidades conferidas pela Carta de 1988 (e.g., filiação partidária como condição de elegibilidade, acesso ao fundo partidário e ao direito de antena, exigência de registro no TSE para perfectibilizar o ato constitutivo etc.) que o aparta do regime jurídico das associações civis (CRFB/88, art. 5º, XVII ao XXI), aplicado em caso de lacuna e subsidiariamente. Doutrina nacional e do direito comparado.

17. No caso sub examine,

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 154

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a) a questão de fundo debatida no mandamus cinge-se em examinar a legalidade do ato de destituição da Comissão Provisória levada a efeito pelo Presidente Nacional do PROS com data retroativa (i.e., a deliberação ocorreu em 02.08.2016 retroagindo a 29.07.2016) e sem a observância das garantias processuais jusfundamentais da ampla defesa e do contraditório.

b) eventual destituição de Comissões Provisórias somente se afigura legítima se e somente atender às diretrizes e aos imperativos magnos, notadamente a observância das garantias fundamentais do contraditório e da ampla defesa, o que não ocorreu, consoante se demonstrou exaustivamente, na espécie.

18. Ex positis, pleito liminar deferido, a fim de que seja suspenso o ato administrativo de destituição da comissão provisória do PROS no Município de Picuí/PB, reconhecendo, via de consequência, a convenção realizada, até o julgamento final do mandado de segurança." (destaquei)

Na mesma linha de entendimento, o seguinte julgado:

"ELEIÇÕES 2016. DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS (DRAP). COLIGAÇÃO FORMADA PELA PRIMEIRA CONVENÇÃO PARTIDÁRIA MUNICIPAL. CONSTITUIÇÃO DE NOVA COMISSÃO PROVISÓRIA QUE REALIZOU NOVA CONVENÇÃO PARTIDÁRIA EM DATA POSTERIOR. ANULAÇÃO DA PRIMEIRA CONVENÇÃO POR ESSA NOVEL COMISSÃO PROVISÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 7º, § 2º, DA LEI DAS ELEIÇÕES. PRERROGATIVA EXCLUSIVA CONFIADA AO DIRETÓRIO NACIONAL. HIPÓTESES ESTRITAS DE DESCUMPRIMENTO DE SUAS DIRETRIZES ANTERIORMENTE ESTABELECIDAS E DESDE QUE A INTERVENÇÃO DO ÓRGÃO NACIONAL OBSERVE OS IMPERATIVOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.

1. Os partidos políticos, mercê da proeminência dispensada em nosso arquétipo constitucional, não gozam de imunidade para, a seu talante, praticarem barbáries e arbítrios entre seus Diretórios, máxime porque referidas entidades gozam de elevada envergadura institucional, posto essenciais que são para a tomada de decisões e na própria conformação do regime democrático.

2. A autonomia partidária, postulado fundamental insculpido no art. 17, § 1º, da Lei Fundamental de 1988, manto normativo protetor contra ingerências estatais canhestras em domínios específicos dessas entidades (e.g., estrutura, organização e funcionamento interno), não imuniza os partidos políticos do controle jurisdicional, a ponto de erigir uma barreira intransponível à prerrogativa do Poder Judiciário de imiscuir-se no equacionamento das divergências internas partidárias, uma vez que as disposições regimentais (ou estatutárias) consubstanciam, em tese, autênticas normas jurídicas e, como tais, são dotadas de imperatividade e de caráter vinculante.

3. O estatuto partidário denota autolimitação voluntária por parte da grei, enquanto produção normativa endógena, que traduz um pré-compromisso com a disciplina interna de suas atividades, de modo que sua violação habilita a pronta e imediata resposta do ordenamento jurídico.

4. Os atos interna corporis dos partidos políticos, quando potencialmente apresentarem riscos ao processo democrático e lesão aos interesses subjetivos envolvidos (suposto ultraje a princípios fundamentais do processo) não são imunes ao controle da Justiça Eleitoral, sob pena de se revelar concepção atávica, inadequada e ultrapassada, em um Estado Democrático de Direito, como o é a República Federativa do Brasil (CRFB/88, art. 1º, caput).

5. O órgão nacional da grei partidária ostenta a prerrogativa exclusiva de anular as deliberações e atos decorrentes de convenções realizadas pelas instâncias de nível inferior, sempre que se verificar ultraje às diretrizes da direção nacional, ex vi do art. 7º, § 2º, da Lei das Eleições, desde que indigitadas orientações não desbordem dos balizamentos erigidos pelos imperativos constitucionais.

6. A jurisdição mais incisiva se justifica nas hipóteses em que a disposição estatutária, supostamente transgredida, densificar/concretizar diretamente um comando constitucional.

7. As discussões partidárias não podem situar-se em campo que esteja blindado contra a revisão jurisdicional, adstritas tão somente à alçada exclusiva da respectiva grei partidária, porquanto insulamento extremo é capaz de comprometer a própria higidez do processo político-eleitoral, e, no limite, o adequado funcionamento das instituições democráticas.

8. A Justiça Eleitoral possui competência para apreciar as controvérsias internas de partido político, sempre que delas advierem reflexos no processo eleitoral, circunstância que mitiga o postulado fundamental da autonomia partidária, ex vi do art. 17, § 1º, da Constituição da República - cânone normativo invocado para censurar intervenções externas nas deliberações da entidade -, o qual cede terreno para maior controle jurisdicional.

9. In casu,

a) Foram constituídas duas Comissões Provisórias, as quais realizaram duas Convenções Partidárias pelo PTB, em datas distintas e com resultados destoantes em cada uma delas, o que ocasionou a formação de duas coligações diversas.

b) A primeira Convenção Partidária Municipal, realizada pela Primeira Comissão Provisória, válida de 4.7.2016 a 27.7.2016, decidiu pela formação da Coligação "PARAR NUNCA, AVANÇAR SEMPRE" e "AVANTE BANNACH", integrada pelo PMDB, PP e PTB (fls. 149).

c) Após, ocorreu a segunda Convenção Partidária Municipal, organizada pela Comissão Provisória, vigente entre 28.7.2016 a 15.8.2016, que, procedendo à anulação da deliberação anterior (fls. 83), optou por formar a coligação "UNIDOS POR BANNACH", composta pelas seguintes greis PT, PCdoB, DEM, PSD, PEN e PTB.

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

d) Para os Recorrentes, a matéria debatida encerra "questão interna corporis do partido PTB, que, num primeiro momento, decidiu contrário às diretrizes do Partido no âmbito regional e, então, houve a substituição da comissão provisória".

e) A seu turno, a Corte Regional Eleitoral, em seu aresto ora hostilizado, endossando as conclusões do juízo da 60ª Zona Eleitoral de Rio Maria/PA, assentou vício de competência no ato anulatório levado ao cabo pela segunda Comissão Provisória, porquanto apenas e tão somente o órgão de direção nacional ostenta a prerrogativa legal, com caráter de exclusividade, de nulificar as deliberações das demais instâncias partidárias (regionais e locais), quando contrárias às suas diretrizes, nos termos do art. 7º, § 2º, da Lei das Eleições.

f) Como consectário, à luz das premissas expostas, a decisão do Regional Eleitoral paraense não merece reparos, ante a impossibilidade normativa de a novel Comissão Provisória Municipal anular a Convenção Partidária primeva da agremiação, realizada pela Primeira Comissão Provisória do PTB e instituir nova Convenção com formação de outra Coligação, desafia o indigitado art. 7º, § 2º, da Lei das Eleições.

g) Ademais, os próprios Recorrentes afirmam, em bases peremptórias, que a deliberação da Primeira Comissão Provisória contrariou "as diretrizes do Partido no âmbito regional" (fls. 154 de suas razões recursais), e não as orientações do órgão nacional - este, sim, suporte fático-jurídico de incidência da anulação da deliberação da Comissão Provisória -, circunstância que impõe, também sob essa perspectiva, o não acolhimento da pretensão recursal deduzida

10. Ex positis, desprovejo o presente recurso especial eleitoral, a fim de manter a Coligação "UNIDOS POR BANACH", com a exclusão do PTB, ante o reconhecimento da nulidade da segunda Convenção Partidária." (REspe nº 112-28/PA, Rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 04.10.2016 - destaquei))

Desse modo, superada a questão relativa à competência da Justiça Eleitoral para examinar a matéria, deve o processo retornar à origem, a fim de que o TRE/SP se manifeste sobre a legalidade do ato do Diretório Regional do PTB, pelo qual destituída a Comissão Provisória que deliberou pelo ingresso da legenda na "Coligação Iraquara Retomando o Caminho do Desenvolvimento" , ora recorrente.

Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso especial eleitoral (art. 36, § 7º, RITSE) para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que se prossiga no exame do mérito.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 07 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 135-68.2016.6.13.0070 ORIZÂNIA-MG 70ª Zona Eleitoral (DIVINO)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO CORAGEM E ATITUDE PARA MUDAR

ADVOGADOS: JOSÉ SAD JÚNIOR - OAB: 65791/MG E OUTROS

RECORRIDO: EBIO JOSE VITOR

ADVOGADOS: JÚLIO CESAR NOGUEIRA - OAB: 46269/MG E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 461/2017

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas gerais (TRE/MG), pelo acórdão das fls. 252-70, complementado às fls. 283-8, manteve o deferimento do pedido de registro de candidatura de Ebio José Vitor ao cargo de Prefeito de Orizânia/MG nas Eleições 2016, assentada a impossibilidade de conhecimento de inelegibilidade superveniente (art. 1º, I, l, da Lei Complementar nº 64/1990) depois de interposto o recurso eleitoral e contrarrazoado o apelo.

A Coligação Coragem e Atitude para Mudar - impugnante - interpõe recurso especial (fls. 291-9), aparelhado na afronta aos arts. 11, §10, da Lei nº 9.504/1997 e 262 do Código Eleitoral, coligido aresto a demonstrar o dissenso pretoriano. Sustenta a recorrente, em suma:

a) ter ajuizado ação de impugnação ao registro do recorrido, com base em condenação por ele sofrida na Ação Civil Pública nº 000357-55.2006.8.13.0220, na qual apurada improbidade administrativa. Rejeitada a impugnação em primeira instância, seguiu-se a interposição de recurso eleitoral, desprovido monocraticamente pelo Relator do feito no TRE/MG. Referida decisão foi atacada mediante agravo regimental.

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b) em 19.9.2016 - antes do julgamento do agravo, bem como da data do pleito -, o recorrido foi novamente condenado por improbidade, desta vez nos autos do processo de nº 1.020.11.000229/002. Noticiado o fato novo ao Regional, determinada a intimação do candidato para se manifestar sobre a eventual superveniência de inelegibilidade.

c) ao examinar a matéria, a Corte Regional, equivocadamente, não conheceu da inelegibilidade, por entendê-la estranha ao objeto recursal, passível de análise somente em sede de recurso contra expedição de diploma. Entretanto, este Tribunal Superior já decidiu que o efetivo encerramento da jurisdição ordinária só ocorre depois de julgados os embargos declaratórios opostos das decisões colegiadas dos TREs.

d) igualmente equivocada a afirmação da Corte de origem, no sentido de que a notícia de inelegibilidade só é admitida em primeira instância, porquanto não vinculada ao prazo para impugnação ao registro, admissível o seu conhecimento inclusive em sede recursal, respeitados o contraditório e a ampla defesa

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem, nos termos do art. 62, parágrafo único, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

Contrarrazões às fls. 330-45, nas quais Ébio José Vitor sustenta:

a) a regra inscrita no § 10 do art. 11 da Lei nº 9.504/1997 só permite considerar as alterações fáticas supervenientes se hábeis a afastar a inelegibilidade;

b) "Nesse sentido, não há amparo procedimental e jurídico para pretender seja analisada no âmbito do presente Agravo Regimental, condenação em ato de improbidade administrativa ainda não transitada em julgado, cuja publicação do Acórdão se deu em 19.09.2016, ainda mais quando a notícia de inelegibilidade foi apresentada somente em 13.10.2016, dez dias após o pleito eleitoral" (fl. 335 - destaques no original).

c) os julgados trazidos no recurso especial se referem a fatos deduzidos em primeira instância (instância ordinária). Respaldar a situação pretendida pelo recorrente seria fazer tabula rasa do princípio da segurança jurídica e da não surpresa;

d) de toda forma, a condenação imposta na Ação Civil Pública nº 000357-55.2006.8.13.0220, objeto original da AIRC, não evidencia a existência de enriquecimento ilícito, razão pela qual não configurada a inelegibilidade do art. 1º, I, l, da Lei Complementar nº 64/1990.

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo "provimento do recurso especial a fim de que os presentes autos retornem ao Tribunal Regional Eleitoral, que, após oportunizar novo contraditório de 7 (sete) dias aos candidato ora recorrido (nos termos do art. 4º da LC nº 64/90), conheça a causa de inelegibilidade superveniente comunicada pela recorrente na petição de fls. 161-176 e verifique a incidência, ou não, do disposto no art. 1º, "I" , l, da LC nº 64/90" (fls. 348-55).

Em consulta ao sítio eletrônico deste Tribunal Superior, verifico que o recorrido obteve a maior votação no pleito majoritário de Orizânia/MG (55,87%).

É o relatório.

Decido.

Incontroverso que Ébio José Vitor, ora recorrido, possui condenação por improbidade administrativa, publicada em 19.9.2016, data posterior ao protocolo de sua candidatura. Referida condenação foi levada a conhecimento da Justiça Eleitoral quando o registro ainda tramitava nas instâncias ordinárias, para exame de eventual superveniência da causa de inelegibilidade vertida na alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90.

A Corte Regional, todavia, não conheceu da condenação, fundamentadas as suas conclusões nos seguintes termos (fls. 254-7):

"Preliminar de não conhecimento da inelegibilidade superveniente, suscitada pelo agravado.

Como visto, por simples petição, quando o agravo já estava pronto para ser julgado, a agravante suscita modificação fática que surgiu após o registro e antes do pleito, com a condenação por ato de improbidade administrativa por órgão colegiado, acórdão publicado em 19/09/2016 (fl. 218) que, em tese, acarreta inelegibilidade superveniente do agravado.

Como afirmei na ocasião do julgamento do RE 659-72, há uma sistemática de prestígio à elegibilidade do cidadão, que não se esgota no art. 26-C da LC 64/90, voltada para permitir a candidatura de cidadãos que incorram em uma nova configuração fática apta a modificar o retrato desfavorável que se fizera de seu jus honorum no momento do registro de candidatura.

Por isso, tenho por correta a interpretação mais restritiva dada ao art. 11, § 10, da Lei 9.504/97, de que as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro da candidatura só podem ser aferidas em momento posterior ao da formalização do pedido se afastarem a inelegibilidade.

Não desconheço que o TSE decidiu que as inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura, desde que garantidos o contraditório e a ampla defesa. Confira a ementa do R0 15429, julgado em 27/08/2014:

[...]

Contudo, a inelegibilidade superveniente, em regra, deve ser objeto do recurso contra expedição de diploma, nos termos do art. 262 do Código Eleitoral.

Por outro lado, vê-se que, na espécie, as razões e contrarrazões já haviam sido apresentadas, o que delimita a matéria recursal,

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 157

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

configurando a inelegibilidade superveniente verdadeira inovação da matéria recursal.

Alem disso, em analogia ao instrumento da notícia de inelegibilidade, o qual não se vincula ao prazo para a impugnação ao registro de candidatura, só é admitida em primeira instância.

Sob qualquer viés que se observa, percebo nítida violação ao devido processo legal.

Assim, não conheço nesta fase processual da inelegibilidade superveniente em razão de interpretação mais restritiva dada ao art. 11, § 10, da Lei 9.504/97, e de violação ao devido processo legal.

A insurgência prospera.

De plano, no tocante aos limites para conhecimento da superveniência de inelegibilidade nos autos do registro de candidatura, consigno que esta Corte Superior, ao julgar o RO n° 154-29/DF, rel. Min. Henrique Neves da Silva, assentou: "as inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura" . Nesse mesmo sentido, confira-se também o seguinte julgado de 2016:

"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. INELEGIBILIDADE REFERIDA NO ART. 1°, INCISO I, ALÍNEA O, DA LC N° 64/1990 SUSPENSA NA DATA DO PEDIDO DE REGISTRO. ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE. DEFERIMENTO DO REGISTRO. RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

1. No julgamento do RO n° 154-29/DF, rel. Min. Henrique Neves da Silva, em 26.8.2014, este Tribunal, por maioria, assentou que "as inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura", ressalvado meu entendimento em sentido contrário. Consolidação de entendimento. (Destaquei)

2. A manutenção, por esta Corte Superior, da condenação imposta pelo TRE em AIJE por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social praticados nas eleições de 2012 implica o indeferimento do pedido de registro de candidatura.

3. Agravo regimental provido. (AgR-RO nº 2944-55/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 17.5.2016 - Destaquei)" .

Ante o quadro, noticiada a nova condenação por improbidade antes do julgamento do agravo regimental pelo TRE/MG, é dizer, antes de exauridas as instâncias ordinárias, ausente óbice ao exame do jus honorum à luz do fato superveniente, respeitadas as garantias do devido processo legal.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial, a fim que os autos regressem ao Tribunal de origem para, após oportunizado o contraditório ao recorrido, nos termos do art. 4º da Lei Complementar nº 64/1990, conhecer do fato superveniente e decidir como entender de direito acerca do disposto no art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990. (art. 36, § 7º, RITSE).

Publique-se.

Brasília, 08 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 96-82.2016.6.05.0203 EUNÁPOLIS-BA 203ª Zona Eleitoral (EUNÁPOLIS)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO CORAGEM PARA MUDAR E FÉ PARA VENCER

ADVOGADOS: MARCELO LIBERATO DE MATTOS - OAB: 13791/BA E OUTRO

RECORRIDO: JOSÉ ROBÉRIO BATISTA DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: MAURÍCIO OLIVEIRA CAMPOS - OAB: 22263/BA E OUTROS

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 472/2017

DECISÃO

Vistos etc.

O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE/BA), pelo acórdão das fls. 421-3v, negou provimento ao recurso interposto pela Coligação Coragem para Mudar e Fé em Vencer, mantida a sentença de deferimento do registro da candidatura de José Robério Batista de Oliveia - eleito vereador de Eunápolis/BA, nas Eleições 2016, ante a não incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/1990.

A Coligação Coragem para Mudar e Fé em Vencer - impugnante - interpõe recurso especial eleitoral (fls. 427-36), aparelhado no mencionado preceito da Lei de Inelegibilidades, coligidos arestos a demonstrar o dissenso pretoriano. Alega, a recorrente, em

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 158

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

síntese:

a) inobservada pelo Tribunal "a quo" a Lei de Inelegibilidade, pois a prescrição não possui o caráter de absolvição, bem como não pode ser verificada pela Justiça Eleitoral (fl. 430);

b) incidência da sanção de inelegibilidade, nos casos de prescrição da pretensão punitiva e executória, por entender inafastada a condenação (fl. 434); e

c) que a inelegibilidade é sanção distinta (não acessória) a incidir no caso em comento - redução de pena do recorrido pelo STJ para dois anos de reclusão com posterior reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva -, porquanto presente a autoria, culpabilidade e materialidade (fl. 434-5);

Contrarrazões às fls. 440-3.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem, nos termos do art. 62, parágrafo único, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral opina pelo desprovimento do recurso especial, por entender em seu parecer de fls. 448-9 que "sendo reconhecida, pela Justiça Comum, a prescrição da pretensão punitiva, não incide a causa de inelegibilidade do art. 1º, I, "e" , da LC nº 64/90, porquanto extinguem-se todos os efeitos da condenação" .

É o relatório.

Decido.

Preenchidos os pressupostos genéricos.

Transcrevo a ementa e os fundamentos adotados pela Corte de origem para a manutenção do deferimento da candidatura do recorrido (fls. 123-5):

"Recurso eleitoral. Registro de candidatura. Prefeito. Impugnação. Improcedência. Condenação em ação penal. Inelegibilidade do art. 1º, I, e da LC nº 64/90. Prescrição da pretensão punitiva. Afastamento da causa de inelegibilidade. Desprovimento.

(...) Mérito.

1. Reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, afasta-se a incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e da Lei Complementar nº 64/90;

2. Recurso a que se nega provimento para manter a sentença de primeiro grau que deferiu o registro de candidatura do candidato recorrido.

(...)

O recurso interposto pela Coligação CORAGEM PARA MUDAR E FÉ PARA VENCER defende estar configurada a hipótese do art. 1º, I, e da Lei Complementar nº 64/90, em razão da condenação do candidato na ação penal nº 2995-59.2009.58.05.00, pela 1ª Câmara do TJBA, em decorrência da utilização de recursos públicos para fins de autopromoção em publicidade do governo.

A decisão a quo afastou a incidência da indigitada inelegibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva, reconhecida pelo STJ em decorrência da redução da pena aplicada.

A recorrente aduz que a sentença a quo equivocou-se ao rechaçar a aludida causa de inelegibilidade, afirmando que a prescrição não possui caráter de absolvição, mas sim de extinção de punibilidade, apenas na seara criminal.

Sem razão a insurgente.

A jurisprudência colacionada pela coligação recorrente, segundo a qual a prescrição não extingue os efeitos secundário da condenação - dentre os quais, a inelegibilidade - refere-se ao reconhecimento da prescrição da pretensão executória, hipótese diversa da presente, em que o STJ admitiu a prescrição da pretensão punitiva, conforme se extrai da decisão de fl. 246/247.

Em casos tais, a jurisprudência do TSE é firme no sentido da não incidência da causa de inelegibilidade do art. 1º, I, e, da LC nº 64/90. (...)

À vista dessa considerações, sintonizado com o entendimento ministerial, nego provimento ao recurso de modo a manter incólume a sentença de primeiro grau que julgou improcedente a AIRC e deferiu o registro de candidatura de José Robério Batista de Oliveira para o cargo de prefeito.

Não prospera a insurgência.

Na espécie, reconhecida a prescrição da pretensão punitiva pela Justiça Comum, não há cogitar na inelegibilidade do art. 1º, I, alínea "e" , da LC nº 64/90 - consequência da condenação criminal -, pois extintos todos os seus efeitos, diversamente da prescrição da pretensão executória, cristalizada a Súmula nº 59 do TSE.

Ante o quadro, respeitadas as premissas firmadas no acórdão recorrido, reputo alinhada a decisão da Corte de origem à orientação jurisprudencial desta Corte Superior Eleitoral:

"ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA AO CARGO DE PREFEITO. DEFERIMENTO NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. DECISÃO REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS HÁBEIS PARA MODIFICAR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 159

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(...) 2. Hipótese em que o Tribunal de origem expressamente assentou a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, considerando-se o prazo prescricional de 4 anos aplicável no caso, haja vista que, ao tempo da prolação do acórdão condenatório, o agravado já possuía mais de 70 anos de idade (art. 115 do CP).

3. O acórdão recorrido está em consonância com o entendimento do TSE de que, afastados, ante a prescrição da pretensão punitiva, os efeitos do título condenatório, descabe cogitar da inelegibilidade prevista na Lei Complementar 64/90, com a redação decorrente da LC 135/10 (AgR-REspe 256-09/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJe 30.8.2013).

(...) 5. Agravo Regimental a que se nega provimento" . (REsp nº 32843, Rel. Napoleão Nunes Maia Filho. PSESS, de 06.12.2016). Destaquei.

"ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ORDINÁRIO. CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO PELO TRE. INELEGIBILIDADE POR CONDENAÇÃO CRIMINAL E POR REJEIÇÃO DE CONTAS.

1. Inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea e, da LC nº 64/1990. Reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, afasta-se a incidência da causa de inelegibilidade. Precedentes.

(...) 4. Agravos regimentais desprovidos e não conhecido o regimental de fls. 993-1.007, por preclusão consumativa" . (RO nº 69179, Rel. Gilmar Mendes. DJE, de 01.07.2015). Destaquei.

"ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. ALÍNEA E, I, ART. 1º, DA LC Nº 64/90. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. RECONHECIMENTO. STF. INELEGIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA. DESPROVIMENTO.

1. O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva do Estado importa na extinção da punibilidade do agente, obsta o prosseguimento do processo penal, retira o jus puniendi estatal, não forma título judicial condenatório, bem como elimina os efeitos principais, secundários e extrapenais da sentença penal condenatória.

2. A prescrição da pretensão punitiva, hipótese dos autos, não se confunde com a prescrição da pretensão executória que não prejudica os efeitos extrapenais da condenação criminal, a exemplo dos político-eleitorais, já que não afasta a inelegibilidade da alínea e.

3. Por ser a inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I do art. 1º da LC n° 64/90 uma consequência da condenação criminal, não há como incidir a causa de inelegibilidade ante o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva pelo STF.

4. Recurso especial desprovido" . (REsp nº 11137, Rel. Luciana Lóssio. PSESS, de 13.10.2016). Destaquei.

Acresço, à demasia, que, não obstante a Justiça Eleitoral seja incompetente para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum (RO nº 96862, Rel. Luciana Lóssio, PSESS, de 22.10.2014), cabe a ela apreciar, conhecer e decidir tais arguições, para fins de incidência da lei de inelegibilidade, nos termos do art. 2º, da LC nº 64/90.

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial (art. 36, § 6º, RITSE).

Publique-se.

Brasília, 08 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 215-94.2016.6.05.0089 IRAQUARA-BA 89ª Zona Eleitoral (LENÇÓIS)

RECORRENTE: ELIAS JOSÉ DE SOUZA

ADVOGADOS: CIRO ROCHA SOARES - OAB: 17309/BA E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 15.849/2016

DECISÃO

Vistos etc.

Trata-se de recurso especial interposto por Elias José de Souza contra acórdão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE/BA), pelo qual mantido o indeferimento seu pedido de registro de candidatura tão somente em razão de o partido ao qual está filiado haver sido excluído do DRAP da coligação proporcional "Iraquara Retomando o Caminho do Desenvolvimento" , questão objeto de exame do REspe nº 214-12, ao qual está apensado o presente feito.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 160

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Pleiteia, o recorrente, em apertada síntese, o retorno do PTB à mencionada coligação - porquanto sua exclusão teria sido amparada em ato ilegal perpetrado pelo Diretório Estadual da legenda, sendo competente a Justiça Eleitoral para examinar questões quando houver reflexos no processo eleitoral - e, consequentemente, o deferimento do seu pedido de registro de candidatura.

Dispensado o juízo de admissibilidade na origem nos termos do art. 62, parágrafo único, da Res.-TSE nº 23.455/2015.

O Vice-Procurador-Geral Eleitoral requer sobrestamento do feito até o trânsito em julgado da decisão proferida nos autos do REspe nº 214-12, atinente ao DRAP, considerado o disposto nos arts. 48 e 58 da Res.-TSE nº 23.455/2015 (fls. 138-9).

É o relatório.

Decido.

Consigno, de plano, que, nos termos do reiterado entendimento desta Corte Superior, "não cabe rediscutir, nos processos relativos a requerimentos individuais de candidatura, matéria atinente ao DRAP" (AgR-REspe nº 18853/PR, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 13.02.2017).

Nos termos do art. 48 da Res.-TSE nº 23.455/2015, que dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos nas eleições de 2016, "o indeferimento do DRAP é fundamento suficiente para indeferir os pedidos de registro a ele vinculados, entretanto, enquanto não transitada em julgado aquela decisão, o Cartório e o Juiz Eleitoral devem proceder à análise, diligências e decisão sobre os demais requisitos individuais dos candidatos."

Consoante bem pontuado pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral, à luz do aresto recorrido, verifica-se que o presente RRC foi indeferido tão somente em razão do deferimento parcial do DRAP, com a exclusão do PTB, partido ao qual filiado o ora recorrente.

Tal circunstância, entretanto, não autoriza que, em sede de requerimento de registro de candidatura (RRC), se discuta controvérsia atinente ao processo coletivo (DRAP).

Por outro lado, não se pode perder de vista que, a teor dos arts. 47 e 58 do citado diploma normativo, "o julgamento do processo principal (DRAP) precederá ao dos processos dos candidatos, devendo o resultado daquele ser certificado nos autos destes" , bem como que "o trânsito em julgado dos processos dos candidatos somente ocorrerá com o efetivo trânsito dos respectivos DRAPs" , a revelar que a pendência de julgamento definitivo do DRAP não implica, necessariamente, o sobrestamento dos processos individuais a ele vinculados.

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial eleitoral (art. 36, § 6º, RITSE).

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 07 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

PUBLICAÇÃO Nº 55/2017/SEPROC1

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 211-60.2016.6.14.0007 ABAETETUBA-PA 7ª Zona Eleitoral (ABAETETUBA)

RECORRENTE: ALUISIO MONTEIRO CÔRREA

ADVOGADOS: MÁRCIO LUIZ SILVA - OAB: 12415/DF E OUTROS

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 12.849/2016

DESPACHO

Referente à petição nº 1.238/2017.

Aluisio Monteiro Correa requer a imediata comunicação ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará da decisão de fls. 629-43, pela

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

qual provido o recurso especial para deferir seu registro de candidatura ao cargo de vereador.

Publicada a referida decisão em 1º.3.2017 (certidão de fl. 645), comunique-se, com urgência, ao Tribunal de origem.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 06 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 29-87.2015.6.12.0032 RIBAS DO RIO PARDO-MS 32ª Zona Eleitoral (RIBAS DO RIO PARDO)

AGRAVANTE: RBM SERVIÇOS FLORESTAIS LTDA

ADVOGADOS: GUSTAVO MARQUES FERREIRA - OAB: 7863/MS E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Luiz Fux

Protocolo: 960/2017

DESPACHO

Determino o desentranhamento dos documentos indicados pela Secretaria Judiciária a fls. 293, formando anexo, em observância ao disposto no art. 7º da Resolução-TSE nº 23.326/2010¹.

Após, dê-se vista à Procuradoria-Geral Eleitoral.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 21 de fevereiro de 2017.

MINISTRO LUIZ FUX

Relator

¹Art. 7º Os documentos sigilosos serão identificados pela expressão "SIGILOSO" , a ser afixada na primeira folha do documento.

§ 1º Os documentos sigilosos que acompanham petição ou processo serão destacados e acondicionados em anexos lacrados, lavrando-se certidão circunstanciada.

§ 2º A capa do respectivo processo receberá a identificação "CONTÉM ANEXOS SIGILOSOS" .

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 379-07.2016.6.05.0074 IRARÁ-BA 74ª Zona Eleitoral (IRARÁ)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO AVANÇA IRARÁ

ADVOGADOS: TÂMARA COSTA MEDINA DA SILVA - OAB: 15776/BA E OUTROS

RECORRIDO: JUSCELINO SOUZA DOS SANTOS

ADVOGADO: MICHEL SOARES REIS - OAB: 14620/BA

Ministra Rosa Weber

Protocolo: 893/2017

DESPACHO

Trata-se de recurso especial eleitoral inteposto pela Coligação Avança Irará contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE/BA), em sede de registro de candidatura nas Eleições 2016.

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A recorrente alega que, por ocasião do termo final do prazo para a interposição do recurso especial - 30.01.2017, segunda feira -, o Sistema de Peticionamento Eletrônico do TSE se encontrava indisponível, razão pela qual interpôs o recurso no dia seguinte.

Noutro giro, verifico que a advogada subscritora do apelo, Dra. Tâmara Costa Medina da Silva, não possui procuração ou substabelecimento nos autos, ausente, ainda, certidão a atestar arquivamento de instrumento de mandato em Cartório Eleitoral ou Secretaria Judiciária.

Ante o exposto: a) intime-se a recorrente para, querendo, regularizar a representação processual, no prazo de 3 (três) dias (art. 76, § 2º, I, do CPC/2015); e b) encaminhem-se à Secretaria Judiciária para manifestação sobre a ventilada falha no Sistema de Petição Eletrônica do TSE.

Publique-se. Intime-se.

Brasília, 13 de março de 2017.

Ministra ROSA WEBER

Relatora

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento II

Decisão monocrática

PUBLICAÇÃO Nº 89/2017/SEPROC2/CPRO/SJD

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1-19.2016.6.18.0000 TERESINA-PI

AGRAVANTE: FRANCISCO UBALDO NOGUEIRA

ADVOGADOS: DAVID OLIVEIRA SILVA JUNIOR OAB: 5764/PI E OUTRO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 6.493/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2008. AGRAVO. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO FORA DO TRÍDUO LEGAL EXPRESSAMENTE PREVISTO NO § 1o. DO ART. 276 DO CE. INTEMPESTIVIDADE. NÃO APLICABILIDADE, NA JUSTIÇA ELEITORAL, DA CONTAGEM DE PRAZOS EM DIAS ÚTEIS PREVISTA NO ART. 219 DO CPC/15. RES.-TSE 23.478/16. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

1. Trata-se de Agravo interposto por FRANCISCO UBALDO NOGUEIRA de decisão que não conheceu de Recurso Especial manejado contra o acórdão do TRE do Piauí assim ementado:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EM AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA.

1. DECISÃO AGRAVADA. Desmembramento do feito em relação aos acusados que não possuem foro por prerrogativa de função.

2. O DESMEMBRAMENTO DO FEITO EM RELAÇÃO AOS ACUSADOS QUE NÃO POSSUEM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DEVE SER A REGRA. O Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que o desmembramento do feito em relação a imputados que não possuam prerrogativa de foro deve ser a regra, diante da manifesta excepcionalidade daquela prerrogativa (...) (Inq 3842 AgR-quinto, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 15/12/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2016 PUBLIC 29-02-2016)

3. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. Agravo interposto pelo denunciado que possui foro por prerrogativa de função, porém, eventual nulidade quanto ao desmembramento deve ser arguida por quem, de fato, houver sofrido prejuízo e, caso algum prejuízo houvesse, seria dos demais envolvidos que não possuem tal prerrogativa. Além do mais, será garantida a ampla defesa e o contraditório a todos os denunciados nas instâncias competentes.

4. IMPROVIMENTO DO APELO. Manutenção da decisão agravada (fl. 276).

2. Na decisão agravada, a Presidência da Corte Regional consignou que o Recurso Especial foi manejado intempestivamente, ou seja, fora do prazo de 3 dias previsto na legislação eleitoral (art. 276, I, § 1o. do CE). Acrescentou que, conforme o art. 364 do

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Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

referido Código, nos crimes eleitorais aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o CPP, que prevê em seu art. 798 que todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado (fls. 289).

3. Nas razões do Agravo, FRANCISCO UBALDO NOGUEIRA defende a tempestividade do apelo, afirmando que a decisão que negou trânsito ao Recurso Especial teria ignorado a regra geral do Código Eleitoral no que se refere à contagem de prazos, qual seja, a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil (fls. 291).

4. Nesses termos, aduz que o entendimento desta Corte Superior é de que a lei subsidiária imediata aplicável ao processo eleitoral é o CPC/15 e, no caso dos autos, o que prevê o seu art. 219, in verbis: Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo Juiz, computar-se-ão somente os dias úteis (fl. 291).

5. Ainda quanto ao ponto, assevera não se aplicar à espécie a regra constante do art. 364 do CE, que determina que no processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhe forem conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal. Argumenta que o Recurso Especial Eleitoral, por estar em capítulo diverso do CE, atenderia a regra geral do código, devendo ser aplicado subsidiariamente o CPC/15.

6. Reitera, no mais, as alegações contidas no Recurso Especial no que tange à pretensa inobservância do art. 80 do CPP no caso dos autos.

7. Foram apresentadas contrarrazões (fls. 299-300).

8. Instada a se manifestar, em parecer de lavra do ilustre Vice-Procurador-Geral Eleitoral, NICOLAO DINO, a PGE opinou pelo desprovimento do Agravo (fls. 307-310).

9. Era o que havia de relevante para relatar.

10. Verifica-se a tempestividade do Agravo e a subscrição por Advogado habilitado nos autos (fl. 249).

11. Constata-se que, de fato, o Recurso Especial foi interposto intempestivamente. O acórdão regional foi publicado no DJe de 2.6.2016 (quinta-feira), e o apelo foi protocolado no dia 7.6.2016 (terça-feira), fora, portanto, do tríduo legal expressamente previsto no § 1o. do art. 276 do CE, conforme atesta a certidão da Secretaria Judiciária do TRE do Piauí (fl. 286).

12. Não prosperam as alegações do agravante de que devem ser adotadas subsidiariamente ao caso dos autos as regras do CPC/15, mais precisamente o seu art. 219, que prevê a contagem do prazo em dias úteis. Com efeito, segundo o entendimento desta Corte, a contagem de prazos em dias úteis prevista no art. 219 do novo Código de Processo Civil não se aplica à Justiça Eleitoral, consoante o entendimento do TSE e materializado na Resolução 23.478/16 (AgR-REspe 44-61/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 26.10.2016). Nessa mesma linha, merece menção outro precedente deste Tribunal:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS POR AUTAIR GOMES PEREIRA, BRUNO MARTUCHELE DE SALES, JOÃO OSCAR DE SOUZA COSTA, JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS e PRICILA AUGUSTA NORONHA CARDOSO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ART. 219 DO NCPC NO PROCESSO ELEITORAL. INCOMPATIBILIDADE SISTÊMICA. PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. NÃO CONHECIMENTO.

1. A norma contida no art. 219 do NCPC, relativa à contagem de prazos processuais, não se aplica ao processo eleitoral, dada a flagrante incompatibilidade com os princípios informadores do Direito Processual Eleitoral, especialmente o da celeridade, do qual é corolário a garantia constitucional da razoável duração do processo.

(...).

Embargos de Declaração de AUTAIR GOMES PEREIRA, BRUNO MARTUCHELE DE SALES, JOÃO OSCAR DE SOUZA COSTA, JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS e PRICILA AUGUSTA NORONHA CARDOSO não conhecidos e de DANIEL DINIZ NEPOMUCENO, IRAN ALMEIDA BARBOSA, ANTÔNIO TORRES GONÇALVES, PAULO SÉRGIO PEIXOTO DA FONSECA, LEONARDO JOSÉ DE MATTOS rejeitados

(ED-AgR-REspe 533-80/MG, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 3.8.2016).

13. Destaque-se, por outro lado, que a aplicação das normas do CPP aos processos penais eleitorais é meramente supletiva e subsidiária, nos termos do art. 364 do CE, ou seja, somente são aplicáveis aquelas regras nas situações em que não houver norma específica, o que não ocorre no caso dos autos.

14. Ante o exposto, nega-se seguimento ao Agravo, nos termos do art. 36, § 6o. do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

15. Publique-se.

16. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 3 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 164

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 12-52.2015.6.05.0127 CANDEIAS-BA 127ª Zona Eleitoral (CANDEIAS)

AGRAVANTE: LUCRÉCIA PINHO DE BRITO

ADVOGADOS: VICTOR CARDOSO FREIRE OAB: 37587/BA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 6.736/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO. DOAÇÃO A CAMPANHA ELEITORAL EFETUADA POR PESSOA FÍSICA ACIMA DO LIMITE LEGAL (ART. 23 DA LEI 9.504/97). CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE MULTA NO VALOR MÍNIMO LEGAL. DECISÃO REGIONAL EM HARMONIA COM O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL E COM A LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. RAZÕES DE AGRAVO QUE NÃO TANGENCIAM AS CONCLUSÕES DA PRESIDÊNCIA DA CORTE A QUO QUE INADMITIU O RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. Trata-se de Agravo interposto por LUCRÉCIA PINHO DE BRITO de decisão que inadmitiu o Recurso Especial manejado contra o acórdão do TRE da Bahia, que deu parcial provimento ao recurso para reduzir a multa no valor mínimo legal, por doação efetuada acima do limite legal para a campanha de candidato nas eleições de 2014.

2. O acórdão recorrido está assim ementado:

Recurso Eleitoral. Representação. Doação de recursos acima do limite legal. Pessoa física. Eleições 2014. Cessão de automóvel. Não comprovação. Apresentação de documentação a destempo. Art. 435, NCPC. Incidência do comando inserto no art. 23, § 1o., I da Lei 9.504/97. Princípio da insignificância. Inaplicabilidade. Princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Aplicabilidade. Inexistência de elementos que autorizem a fixação de multa acima do limite mínimo. Redução da multa para aplicação em seu patamar mínimo. Provimento parcial.

1. Além da apresentação intempestiva, nos termos do art. 435 do NCPC, os documentos apresentados não se revelam aptos a demonstrar a regular cessão gratuita do automóvel para a campanha do candidato donatário;

2. Incidência do art. 23, § 1o., I da Lei 9.504/97 que estatui o limite de dez por cento dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição;

3. O princípio da insignificância, conforme jurisprudência mais recente firmada pelo Tribunal Superior Eleitoral afigura-se inaplicável em casos de doação acima do limite legal, uma vez que estes ilícitos se configuram pela mera extrapolação do limite legal;

4. Inexistem nos autos quaisquer elementos que autorizem a fixação da sanção acima do patamar mínimo, motivo pelo qual, com fundamento nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, a multa deve ser reduzida;

5. Recurso a que se dá provimento parcial para se reduzir a multa aplicada para seu limite mínimo, 5 (cinco) vezes o valor da quantia doada em excesso (fls. 125-126).

3. Interposto Recurso Especial (fls. 137-149), foi inadmitido pela Presidência do TRE da Bahia, ao fundamento de que: a) a decisão do Tribunal Regional encontra-se em perfeita consonância com a jurisprudência assente e com a legislação de regência; b) não foi demonstrado o dissídio jurisprudencial.

4. Seguiu-se a interposição do presente Agravo (fls. 160-165), em que a agravante alega que a doação realizada acima do limite legal, consubstanciada na utilização de automóvel de sua propriedade pelo candidato MANOEL ISIDORO DE SANTANA JUNIOR, durante a campanha eleitoral das eleições de 2014, refere-se a doações estimáveis em dinheiro, albergadas pelo § 7o. do art. 23 da Lei 9.504/97, não cabendo a aplicação do §1o. à hipótese dos autos.

5. Aduz ter demonstrado a divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e julgados de outros Tribunais, os quais decidiram que o simples documento de propriedade do veículo automotor basta para a comprovação de propriedade e da realização da doação regular (fls. 163). Cita precedente do TRE de Alagoas.

6. Por fim, alega que a doação realizada foi devidamente contabilizada na Prestação de Contas do candidato acima em referência, por meio de recibo eleitoral, o qual teve suas contas julgadas aprovadas pela Justiça Eleitoral. Quanto ao ponto, cita precedente do TRE do Rio de Janeiro.

7. Requer seja dado provimento ao Agravo para que o Recurso Especial seja admitido, recebido, processado e encaminhado para julgamento.

8. O MPE apresentou contrarrazões ao Recurso Especial e ao Agravo às fls. 170-173.

9. Instada a se manifestar, a PGE apresentou parecer às fls. 179-182, opinando pelo desprovimento do Agravo.

10. Era o que havia de relevante para relatar.

11. Na origem, o Juízo da 127a. Zona Eleitoral julgou procedente a Representação ajuizada pelo MPE em desfavor de LUCRÉCIA

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 165

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PINHO DE BRITO, por doação a campanha eleitoral efetuada em desacordo com os limites legais (art. 23 da Lei 9.504/97).

12. A Corte Regional julgou parcialmente procedente a Representação para, reconhecendo o excesso na doação, minorar o valor da pena de multa para o mínimo legal, ou seja, 5 vezes o valor doado em excesso.

13. In casu, a negativa de seguimento ao Recurso Especial se deu em razão de a decisão regional se encontrar em perfeita consonância com a jurisprudência assente e com a legislação de regência e por não ter sido vislumbrado dissídio jurisprudencial entre os julgados.

14. Pois bem. O Tribunal a quo, da análise dos fatos e das provas constantes dos autos, asseverou que a agravante efetuou doação em favor de candidato no valor de R$6.160,00. Em contrapartida, seus rendimentos brutos no exercício financeiro de 2013 totalizaram R$36.000,00. Assim, de acordo com os termos previstos no § 1o. do art. 23 da Lei das Eleições, houve um excesso de R$2.560,00 no valor doado, uma vez que só lhe era possível doar até 10% do seu rendimento bruto auferido no ano anterior à eleição, que corresponderia ao valor de R$3.600,00.

15. Conquanto a agravante alegue que a hipótese tratada nos autos se refere à doação na modalidade estimável em dinheiro, incidindo o § 7o. do art. 23 da Lei 9.504/97, a Corte Regional entendeu que se revelou impositiva a aplicação do § 1o. daquele artigo, uma vez que ela não trouxe aos autos documentos que demonstrassem a regular cessão gratuita do automóvel para a campanha eleitoral.

16. Apenas por ocasião da interposição do Recurso Eleitoral juntou cópia do Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV), do comprovante de pagamento do licenciamento do veículo e outros documentos a fim de comprovar a cessão do veículo doado, mas não juntou os documentos essenciais que comprovariam suas alegações, quais sejam: recibo eleitoral ou termo de cessão gratuita de automóvel (fl. 131).

17. Com base no disposto no art. 23, § 1o. da Lei das Eleições, as doações feitas por pessoas físicas devem estar restritas a 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior das eleições. A verificação do respeito a tal limite se dá com base nos rendimentos declarados pelo doador à Receita Federal. Sobre o tema, confira-se:

ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. REPRESENTAÇÃO. DOAÇÃO PARA CAMPANHA ELEITORAL. PESSOA FÍSICA. LIMITE. BASE DE CÁLCULO. RENDIMENTOS BRUTOS AUFERIDOS NO ANO ANTERIOR ÀS ELEIÇÕES. ART. 23, § 1o., INCISO I DA LEI 9.504/97.

1. Consoante o entendimento deste Tribunal, o limite de doação de 10% previsto no art. 23, § 1o., inciso I da Lei 9.504/97 deve ser calculado sobre os rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição, comprovados por meio da declaração de imposto de renda. Precedente.

2. Agravo Regimental desprovido (AgR-AI 4177-46/MT, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe 22.12.2014).

18. Dessarte, constatada a doação, a irregularidade na extrapolação do seu limite e a ausência de prova de doação estimável em dinheiro, deve a agravante suportar a imposição da multa, aplicável em seu mínimo legal, nos moldes do acórdão guerreado.

19. Ademais, diante das premissas expostas no acórdão recorrido, alterar a conclusão do TRE da Bahia para aferir a veracidade das alegações da agravante, bem como o acerto ou desacerto do decisum, exigiria a incursão nas provas constantes dos autos, providência incabível nesta instância.

20. Ademais, a inadmissão do Recurso Especial foi motivada, também, pela ausência de demonstração de divergência jurisprudencial, porque, segundo o Presidente em exercício do TRE da Bahia, Desembargador MÁRIO ALBERTO SIMÕES HIRS, não basta a simples transcrição das ementas para comprovação do dissenso pretoriano, sendo necessário o cotejo analítico e a demonstração da similitude fática das decisões tidas como divergentes (fl. 157).

21. No que toca à demonstração do dissídio, de fato, o entendimento deste Tribunal é de que ela não se satisfaz com a simples transcrição de ementas, como realizada nas razões de Recurso Especial e do presente Agravo. Consoante dito alhures, é necessário que seja realizado o cotejo analítico a fim de mostrar a similitude fática e jurídica entre os casos confrontados. A propósito:

ELEIÇÕES 2014. PRESTAÇÃO DE CONTAS. DESAPROVAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.

1. A mera transcrição das ementas não é suficiente para comprovar o dissídio jurisprudencial apontado. Incidência da Súmula 28 do Tribunal Superior Eleitoral.

2. É inviável a aprovação das contas com ressalvas, por meio da aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, se as falhas são insanáveis e prejudicam a atividade de controle da Justiça Eleitoral e não constam do acórdão regional elementos que possibilitem o exame da relevância daquelas no contexto da campanha.

Agravo Regimental a que se nega provimento (AgR-AI 1827-62/PA, Rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 1o.12.2016).

22. Assim, não tendo explanado de forma escorreita nenhuma justificativa que pudesse ensejar a reforma da decisão agravada que inadmitiu o Recurso Especial, não há como prosperar o Agravo.

23. Nessa linha, merece destaque o seguinte precedente desta Corte:

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 166

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRESTAÇÃO DE CONTAS DE PARTIDO POLÍTICO. EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2010. FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 182 DO STJ. VÍCIOS INSANÁVEIS. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. DESPROVIMENTO.

1. O ônus de impugnar os fundamentos da decisão que obstaram o regular processamento do seu Agravo é do agravante, sob pena de subsistirem as conclusões do decisum monocrático, nos termos do enunciado da Súmula 182/STJ, segundo a qual é inviável o Agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada. Precedentes: AgR-AI 220-39/SP, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe 26.8.2013 e AgR-AI 134-63/SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 3.9.2013.

2. O princípio da dialeticidade recursal impõe ao recorrente o ônus de evidenciar os motivos de fato e de direito capazes de infirmar todos os fundamentos do decisum que se pretende modificar, sob pena de vê-lo mantido por seus próprios fundamentos.

3. (...).

5. Agravo Regimental desprovido (AgR-AI 231-75/MG, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 2.8.2016).

24. Portanto, a decisão agravada deve ser mantida, tendo em vista que as razões do Agravo não tangenciam as conclusões da Presidência da Corte a quo, que inadmitiu o Recurso Especial.

25. Ante o exposto, com fundamento no art. 36, § 6o. do Regimento Interno do Superior Tribunal Eleitoral, nega-se seguimento ao Agravo.

26. Publique-se. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 6 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 9-16.2015.6.17.0046 VERTENTES-PE 46ª Zona Eleitoral (VERTENTES)

RECORRENTE: ROMERO LEAL FERREIRA

ADVOGADOS: ZEZON AGRIPINO DE OLIVEIRA BEZERRA OAB: 23221/PE E OUTRA

RECORRIDO: DEMOCRATAS (DEM) MUNICIPAL

ADVOGADO: EMANOEL GERMANO PESSOA DA SILVA OAB: 22433/PE

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 7.706/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO DE INSTRUMENTO. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. REDE SOCIAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. RECURSO ESPECIAL INTEMPESTIVO. APRESENTAÇÃO DE JUSTO MOTIVO. SUSPENSÃO DOS PRAZOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À VALIDADE DA PUBLICAÇÃO. AFASTADA A INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO PROVIDO.

1. Cuida-se de Agravo interposto por ROMERO LEAL FERREIRA de decisão que inadmitiu o Recurso Especial manejado contra o acórdão do TRE de Pernambuco que deu provimento à Representação por propaganda eleitoral antecipada, praticada pelo agravante antes da vigência da Lei 13.175/15, aplicando-lhe a multa do art. 36, § 3o. da Lei das Eleições em seu patamar mínimo. O acórdão regional está assim ementado:

RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. REDE SOCIAL. DIVULGAÇÃO DE NÚMERO DE LEGENDA DO PARTIDO. NÃO PROVIMENTO.

1. Superadas as preliminares de inépcia da inicial e da ilegitimidade passiva do recorrente.

2. Ato praticado antes da vigência da Lei 13.175/15 (Minirreforma Eleitoral), época em que se entendia como propaganda eleitoral antecipada qualquer manifestação que levasse ao conhecimento geral, ainda que de forma simulada, a pretensa candidatura.

3. Analisando-se os fatos em conjunto, conclui-se que a propaganda em análise possui nítido propósito eleitoral apresentado de forma implícita, pois embora não peça declaradamente votos, faz menção ao número da legenda do PSDB 45, os mesmos algarismos que serão utilizados pelo recorrente nas Eleições Municipais 2016, quando pretende concorrer ao cargo de Prefeito do Município de Vertentes/PE, portanto, enquadra-se no conceito de propaganda eleitoral antecipada, ou seja, aquela realizada antes do período definido no art. 36 da Lei das Eleições.

4. Recurso não provido (fl. 89).

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 167

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

2. O Recurso Especial (fls. 102-127) foi inadmitido por ter a Presidência do TRE de Pernambuco entendido ser ele intempestivo.

3. Os Embargos de Declaração interpostos (fls. 135-140) não foram conhecidos, porque o Presidente do TRE de Pernambuco considerou inadequada a via eleita (fl. 142).

4. Sobreveio a interposição do Agravo (fls. 144-151), no qual o agravante apresenta, em suma, as seguintes alegações:

a) a publicação do acórdão teria ocorrido no DJe em 30.5.2016, segunda-feira, entretanto os prazos foram suspendidos nesse dia pelo TRE de Pernambuco, tendo em vista o encerramento do expediente antes do horário normal, em decorrência das fortes chuvas que atingiram Recife. Assim, considera-se publicado o acórdão no 1º dia útil seguinte, qual seja 31.5.2016;

b) a legislação processual civil determina que o dia da publicação também seja útil, bem como que a contagem do prazo terá inicio no 1º dia útil seguinte ao da publicação;

c) é tempestivo o Recurso Especial protocolado em 3.5.2016, sexta-feira, uma vez que se consideraria publicado o acórdão em 31.5.2016, terça-feira, o prazo recursal se iniciaria em 1o.6.2016, quarta-feira.

5. Sustenta que a decisão da Presidência do TRE de Pernambuco fere o art. 5º, inciso XXXV da CF, porquanto haveria contradição e esvaziamento do direito do embargante (fl. 150).

6. Requer a reforma da decisão de admissibilidade, a fim de que seja processado e julgado o Recurso Especial.

7. A douta PGE, em parecer de lavra do ilustre Vice-Procurador-Geral, NICOLAO DINO, pronunciou-se pelo desprovimento do Agravo (fls. 160-162).

8. Era o que havia de relevante para relatar.

9. Verifica-se a tempestividade do Agravo (fls. 143 e 144), a subscrição por Advogado habilitado nos autos (fl. 29), o interesse e a legitimidade.

10. A Presidência do TRE de Pernambuco negou seguimento ao Recurso Especial interposto pelo agravante, sob seguintes fundamentos:

O acórdão vergastado foi publicado, conforme certidão às fls. 99, no Diário da Justiça eletrônico 106, em 30.5.2016, uma segunda-feira, findando o prazo interposição de Recurso Especial no dia 2.6.2016 (quinta-feira), não importando que no 30.5.2016 não tenha havido expediente forense em face das chuvas, uma vez que o dia da publicação é excluído da contagem do prazo.

Contudo, o presente apelo só foi interposto no dia 3.6.2016, ou seja, após o prazo previsto no art. 276, § 1º do Código Eleitoral, de 3 dias, restando, assim, clara a sua extemporaneidade (fl. 131v.).

11. Em suas razões, sustenta o agravante a tempestividade do Recurso Especial, sob o argumento de que não haveria possibilidade de se considerar publicado o acórdão em 30.5.2016 por estar o prazo suspendido nesse dia pela Corte Regional, devendo ser considerado publicado no próximo dia útil, ou seja, 31.5.2016.

12. Pois bem. É plausível a justificativa apresentada pelo agravante, porquanto a certidão que suspendia os prazos no dia 30.5.2016, (segunda-feira) expedida pelo TRE de origem sem especificar quais prazos seriam atingidos pela determinação (fls. 99), gera dúvida razoável quanto à validade das publicações ocorridas naquela data. Assim, assiste razão ao recorrente no que diz respeito à consideração da publicação do acórdão no próximo dia útil seguinte, qual seja, 31.5.2016 (terça-feira); logo, é tempestivo o Recurso Especial interposto em 3.6.2016 (sexta-feira).

13. Ante o exposto, com fundamento no art. 36, § 7º do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, dá-se provimento ao Agravo para receber o Recurso Especial interposto.

14. Reautue-se.

15. Intime-se a parte contrária, para que, querendo, apresente contrarrazões ao Recurso Especial.

16. Publique-se. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 6 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1086-52.2015.6.26.0000 COLINA-SP

AGRAVANTE: LUIZ HUMBERTO PARO

ADVOGADOS: LUANA PEDROSA DE FIGUEIREDO CRUZ OAB: 227175/SP E OUTROS

AGRAVADO: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) ESTADUAL

ADVOGADOS: OTHON DE SÁ FUNCHAL BARROS OAB: 232427/SP E OUTRO

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 168

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Protocolo: 7.998/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA. PERDA DE MANDATO ELETIVO. TÉRMINO DA LEGISLATURA. PERDA DO OBJETO. FALTA DE INTERESSE SUPERVENIENTE. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

1. Trata-se de Agravo interposto por LUIZ HUMBERTO PARO, com fundamento no art. 279 do CE, de decisão que inadmitiu o Recurso Especial manejado contra o acórdão do TRE de São Paulo que, ao julgar procedente o pedido veiculado na Ação de Decretação de Perda do Cargo Eletivo proposta pelo PARTIDO DOS TRABALHADORES (Diretório Estadual de São Paulo), em razão da ausência de reconhecimento de justa causa para a desfiliação partidária do agravante decretou a perda do seu cargo de Vereador pelo Município de Colina/SP.

2. O acórdão recorrido está assim ementado:

AÇÃO DE PERDA DE CARGO ELETIVO POR DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA. RES.-TSE 22.610/07. CARGO DE VEREADOR. PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE ATIVA E DE FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL AFASTADAS, NOS TERMOS DO VOTO DO E. RELATOR. ANUÊNCIA DO PARTIDO PARA A DESFILIAÇÃO. NÃO COMPROVADA NENHUMA DAS HIPÓTESES DE JUSTA CAUSA PREVISTA NA LEGISLAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DO DIRETÓRIO MUNICIPAL. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.

1. Trata-se de Ação de Perda de Cargo Eletivo por desfiliação partidária proposta pelo Partido dos Trabalhadores PT, pelo Diretório Estadual.

2. Preliminares de ilegitimidade ativa e de falta de interesse processual, afastadas, nos termos do voto do e. Relator.

3. Anuência do Diretório Municipal com o desligamento do mandatário em divergência com o posicionamento do Diretório Estadual. Ausência de poderes específicos do Diretório Municipal para tal deliberação.

4. Anuência do partido desprovida da caracterização de quaisquer das hipóteses de justa causa enumeradas pela legislação.

5. Procedência da ação, com determinação (fl. 160).

3. Os Embargos de Declaração opostos foram rejeitados (fls. 247-250).

4. Na sequência, interpôs Recurso Especial (fls. 253-268), no qual alega ofensa aos arts. 1o., § 1o., inc. III da Res.-TSE 22.610/07 e 422 do CC, bem como divergência jurisprudencial. Informa que toda a matéria recorrida encontra-se prequestionada. Aponta, ainda, o fundamento de que houve a autorização do Diretório Municipal para a desfiliação partidária do recorrente, não podendo o mesmo ser afetado por divergências internas do Partido Político (fl. 257).

5. Alega também que o entendimento adotado pelo acórdão recorrido viola o postulado da boa-fé objetiva. Sustenta que a sua desfiliação partidária encontra-se justificada em razão do grande desvirtuamento da agremiação partidária, ao praticar, reiteradamente, atos de corrupção. Explica os pontos em que se verificam a divergência jurisprudencial. Requer, por fim, o recebimento do recurso em seu duplo efeito, explanando as razões que o justificam.

6. A decisão agravada (fls. 298-299) não admitiu o Apelo Nobre, com base nos seguintes argumentos:

a) não houve a efetiva demonstração de afronta ao art. 422 do CC, pois o consentimento obtido na reunião da Comissão Provisória Municipal encontra-se viciado;

b) a decisão proferida pela Corte de origem encontra-se em harmonia com o entendimento deste Tribunal Superior de que a anuência do Presidente do Diretório Municipal do partido político não é suficiente para demonstrar a justa causa para a desfiliação pretendida, portanto, incide o disposto na Súmula 30 do TSE;

c) a modificação do posicionamento adotado de que não houve contrariedade ao art. 1o., § 1o., inc. III da Res.-TSE 22.610/07 envolveria o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável nesta instância superior, a teor da Súmula 24 do TSE;

d) não prospera a alegada divergência jurisprudencial, em razão dos óbices das Súmulas 7 do STJ e 279 do STF.

7. Nas razões de Agravo (fls. 304-316), o agravante, a princípio, informa que toda a matéria recorrida encontra-se prequestionada. Aponta ofensa aos arts. 1o., § 1o., inc. III da Res.-TSE 22.610/07 e 422 do CC, assim como divergência jurisprudencial. Aduz que foi autorizada pelo Diretório Municipal a sua desfiliação partidária. Assevera, portanto, que o posicionamento do acórdão recorrido contraria o princípio da boa-fé objetiva. Acrescenta que a sua desfiliação partidária justifica-se, tendo em vista o grande desvirtuamento do partido político, ao realizar, de forma repetida, atos de corrupção. Afirma que não incide no caso dos autos a Súmula 24 do TSE. Assevera que a divergência jurisprudencial foi devidamente demonstrada; assim, não se aplicam os óbices das Súmulas 7 do STJ e 279 do STF.

8. Requer a reforma da decisão a fim de que seja conhecido e provido o Recurso Especial.

9. Não foram apresentadas contrarrazões.

10. A PGE opinou pelo provimento do Agravo, para viabilizar o parcial conhecimento do Recurso Especial, que, na parte conhecida, deve ser desprovido (fls. 327-331).

11. Era o que havia de relevante para relatar.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 169

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

12. Verifica-se a tempestividade do Agravo, a legitimidade, a subscrição por Advogada habilitada nos autos (procuração à fls. 35 e substabelecimento à fls. 36). Todavia, o Recurso Especial ao qual o agravante busca destrancar perdeu seu objeto, porquanto se trata de cargo eletivo referente às eleições de 2012, cujo mandato correspondeu ao período 2013-2016.

13. Nessas condições, vale destacar que falta interesse recursal no julgamento do presente recurso, tendo em vista que do eventual provimento do Agravo e do Recurso Especial não resultará nenhum proveito prático a ser alcançado pelo agravante. Nesse sentido, alinha-se o seguinte precedente deste Tribunal:

AÇÃO DE DECRETAÇÃO DE PERDA DE MANDATO ELETIVO INFIDELIDADE PARTIDÁRIA PERDA DO OBJETO.

1. O cargo eletivo controvertido na presente demanda referia-se às eleições de 2008, com mandato correspondente ao período 2009-2012.

2. Desse modo, não existe mais interesse processual no julgamento do Agravo em questão, haja vista não haver mais qualquer proveito prático a ser alcançado pelo agravante com o eventual provimento de seus Agravos e Recurso Especial Eleitoral, porquanto não poderá mais recuperar o mandato já findo.

3. Questão de Ordem resolvida no sentido de julgar prejudicado o recurso, por perda de objeto (AgR-AI 882-26/PR, Rel. designada Min. LUCIANA LÓSSIO, DJe 19.9.2014).

14. Ante o exposto, nega-se seguimento ao Agravo, com fundamento no § 6º do art. 36 do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

15. Publique-se.

16. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 3 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 298-33.2012.6.06.0054 SANTA QUITÉRIA-CE 54ª Zona Eleitoral (SANTA QUITÉRIA)

RECORRENTE: FRANCISCO DAS CHAGAS MAGALHÃES MESQUITA

ADVOGADOS: CARLOS MONTEIRO OAB: 8704/CE E OUTROS

RECORRIDA: COLIGAÇÃO SANTA QUITÉRIA DE VOLTA AO TRABALHO

ADVOGADOS: RAIMUNDO AUGUSTO FERNANDES NETO OAB: 6615/CE E OUTROS

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 8.721/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2012. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. CANDIDATO À REELEIÇÃO AO CARGO DE PREFEITO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL POR ABUSO DO PODER POLÍTICO E CONDUTA VEDADA JULGADA PROCEDENTE NA ORIGEM. DECISÃO MANTIDA PELO TRE DO CEARÁ. PINTURA DE PRÉDIOS PÚBLICOS COM A COR DO PARTIDO. MANIFESTAÇÃO DE CARÁTER ELEITOREIRO EM SHOW DE MÚSICA DURANTE A FESTA DE ANIVERSÁRIO DO MUNICÍPIO. GRAVIDADE DEMONSTRADA. DESEQUILÍBRIO NA DISPUTA ELEITORAL. AFRONTA LEGAL NÃO VERIFICADA E DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. PROVIMENTO DO AGRAVO PARA CONHECER DO RECURSO ESPECIAL E NEGAR-LHE SEGUIMENTO.

1. Trata-se de Agravo interposto por FRANCISCO DAS CHAGAS MAGALHÃES MESQUITA de inadmissão de Recurso Especial manejado contra o acórdão do TRE do Ceará que manteve a sentença que julgou procedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral em virtude da configuração das práticas de conduta vedada e abuso do poder político pelo então candidato à reeleição ao cargo de Prefeito Municipal de Santa Quitéria/CE no pleito de 2012, tendo sido declarada a sua inelegibilidade por 8 anos, além da aplicação de multa em seu grau mínimo, no valor de 6.000 Ufirs. O aresto regional foi assim ementado:

ELEIÇÕES 2012. RECURSO EM AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. FESTA DO MUNICÍPIO. SHOW. FOTOS. ÁUDIO. CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO E FIRME NO TOCANTE À UTILIZAÇÃO DO SHOW DA FESTA NO MUNICÍPIO PARA BENEFÍCIO DA CAMPANHA ELEITORAL. UTILIZAÇÃO DA COR DO PARTIDO EM PRÉDIOS PÚBLICOS. ABUSO DO PODER POLÍTICO E CONDUTA VEDADA. CONFIGURAÇÃO. CANDIDATOS NÃO ELEITOS. APLICAÇÃO DE MULTA E INELEGIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DOS RECURSOS.

1. A presente Ação de Investigação Judicial Eleitoral cumulada com conduta vedada fundamenta-se no emprego da cor verde, o símbolo da campanha eleitoral dos investigados, em todos os destaques das olimpíadas municipais, como medalhas, bolas, camisetas e prêmios, assim como em prédios públicos do município, bem como no fato de na data de 26 de agosto de 2012, na festa comemorativa do município de Santa Quitéria, a qual contou com a participação de várias bandas, dentre elas a Banda Garota Safada, ter o vocalista Wesley Safadão, utilizando bottom da campanha dos recorrentes, ter promovido diversas

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 170

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

intervenções de repercussão positiva à candidatura dos investigados, cantando, inclusive o jingle de campanha destes.

2. Conjunto probatório composto de várias fotografias, depoimentos pessoais e áudio do show. Conduta vedada e abuso do poder político configurados. Inteligência dos arts. 22, XIV da Lei 64/90, c.c. o art. 73, IV, § 4º da Lei 9.504/97.

3. Sentença mantida.

4. Recursos conhecidos e desprovidos (fls. 517-518).

2. O Recurso Especial (fls. 549-573) foi interposto com base nos arts. 276, inciso I, alíneas "a" e "b" do CE e 121, § 4o., incisos I e II da CF, em que se alega afronta ao art. 73, inciso IV e § 4o. da Lei 9.504/97, bem como ao art. 22, incisos XIV e XVI da LC 64/90, além da ocorrência de dissídio jurisprudencial.

3. Defende o recorrente a irrelevância do fato pretensamente vedado (manifestação de caráter eleitoreiro em festa municipal custeada pelo Poder Público, na qual o cantor WESLEY SAFADÃO reproduziu no palco o jingle de campanha à reeleição), que teria se dado em contexto isolado e por pouquíssimo tempo 40 segundos considerando a duração total da festividade de aniversário do Município que foi de uma semana, sendo que a cada noite (...) uma banda diferente se apresentava (fls. 561).

4. Argumenta que não houve distribuição de propaganda partidária no local e que em nenhum momento teria subido ao palco ou se manifestado durante a festividade, acrescentando desconhecer que o vocalista iria se reportar ao jingle de sua campanha (fls. 751).

5. Afirma que o art. 22, XVI da LC 64/90 determina que a configuração de abuso de poder requer a demonstração da gravidade das circunstâncias que o caracterizam, evocando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e pugnando pelo afastamento da sanção de inelegibilidade imposta pelo Tribunal Regional no caso dos autos.

6. Quanto à utilização da cor verde em destaque no material utilizado nas Olimpíadas Municipais, assevera que o uso desta cor associado ao evento em si já vem sendo realizado na municipalidade há mais de uma década na semana das comemorações do aniversário de Santa Quitéria/CE, negando qualquer vinculação política do ato. Já no que tange ao verde ostentado na fachada de prédios públicos, argumenta:

Além de não haver qualquer vedação legal, na legislação eleitoral, de coincidência do uso de cor por partido e por órgão da administração pública, o uso da cor verde nos prédios das repartições públicas segue uma regra estabelecida pela própria legislação local, além de ser a cor predominante no brasão e na bandeira do Município de Santa Quitéria, conforme aponta o acórdão recorrido (fls. 567).

7. O Recurso Especial foi inadmitido pela Presidência da Corte a quo, tendo em vista a ausência de demonstração de divergência jurisprudencial e da impossibilidade de que sejam reexaminados fatos e provas constantes dos autos, de acordo com as Súmulas 7 do STJ e 279 do STF.

8. Sobreveio a interposição do presente Agravo (fls. 739-763), em que o agravante defende que, contrariamente ao afirmado na decisão agravada, teria observado todos os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial.

9. No mais, reitera as alegações de ofensa à lei pelo acórdão regional e argumenta que a irresignação dirige-se à aplicação da legislação eleitoral aos fatos já fixados no decisum, negando a pretensão de reexame fático-probatório.

10. Assevera o seguinte:

(...) é pacífico o entendimento jurisprudencial, nessa Corte Superior, no sentido de que, estando adequadamente delimitadas as premissas fáticas plasmadas no bojo do aresto atacado, como aqui ocorre, é possível o reenquadramento jurídico dos fatos e provas (fl. 749).

11. Requer, ao final, o conhecimento e o provimento do Agravo e, por consequência, do Recurso Especial inadmitido, para que seja reformado o acórdão regional, excluindo-se a declaração de inelegibilidade e a multa pecuniária imposta.

12. Foram apresentadas contrarrazões ao Recurso Especial e ao Agravo (fls. 766-773 e 774-784).

13. A PGE manifestou-se, em parecer de lavra do ilustre Vice-Procurador-Geral Eleitoral, NICOLAO DINO, pelo desprovimento do Agravo (fls. 792-795).

14. Cabe mencionar, em tempo, que em 2.9.2016 foi deferida por este Relator Medida Liminar pleiteada para conferir efeito suspensivo provisório ao presente Agravo, a fim de garantir o direito à elegibilidade do recorrente ao cargo de Vice-Prefeito do Município de Santa Quitéria/CE nas eleições municipais pretéritas.

15. Era o que havia de relevante para relatar.

16. Verifica-se a tempestividade do Agravo, a legitimidade, a subscrição por Advogado habilitado nos autos (fls. 764) e o interesse recursal.

17. De plano, observa-se que, em razão de terem sido infirmados pelo agravante os fundamentos da decisão agravada, deve ser provido o Agravo e examinado o Recurso Especial, nos termos do art. 36, § 4o. do Regimento Interno do TSE, que assim prevê:

Art. 36. (...).

(...).

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 171

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§ 4o. O Tribunal Superior, dando provimento ao Agravo de Instrumento, estando o mesmo suficientemente instruído, poderá, desde logo, julgar o mérito do recurso denegado; no caso de determinar apenas a sua subida, será Relator o mesmo do Agravo provido.

18. No caso dos autos, o Recurso Especial foi manejado contra o acórdão do TRE do Ceará que manteve a sentença que julgou procedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral em virtude da configuração das práticas de conduta vedada e abuso do poder político pelo então candidato à reeleição ao cargo de Prefeito Municipal de Santa Quitéria/CE no pleito de 2012, FRANCISCO DAS CHAGAS MAGALHÃES MESQUITA. Para melhor compreensão da controvérsia, transcrevem-se os seguintes excertos do acórdão regional:

O primeiro fato diz respeito ao emprego da cor verde, o símbolo da campanha eleitoral dos investigados, em todos os destaques das olimpíadas municipais, como medalhas, bolas, camisetas e prêmios, bem como em todos os prédios públicos do município.

Já o segundo fato a ser analisado, refere-se a ter ocorrido, na data de 26 de agosto de 2012, a festa comemorativa do município de Santa Quitéria, a qual contou com a participação de várias bandas, dentre elas a Banda Garota Safada, onde o vocalista Wesley Safadão, supostamente promoveu intervenções de repercussão positiva à candidatura dos investigados Francisco das Chagas Magalhães Mesquita e Francisco Anascélio Ferreira Rodrigues, sendo o primeiro à época candidato à reeleição ao cargo de Prefeito daquele município.

Dentre as provas carreadas aos autos, constam fotografias, fls. 22-39, que, inclusive, circularam na rede social Facebook, aumentando o seu impacto, onde foram registradas diversos momentos do vocalista da Banda Garota Safada, Wesley Safadão, utilizando o bottom com o número 55 da campanha dos recorrentes durante a festa do município, bem como, inclusive, fazendo o símbolo do número com as mãos. Constam, ainda, fotos do material na cor verde utilizado nas olimpíadas municipais, bem como o prédio da Secretaria Municipal de Educação também pintado de verde.

Cabe aqui, de logo, afastar a alegação do recorrente de que as fotos acostadas às fls. 22-39, com exceção daquelas de fls. 22 e 26, todas as outras foram tiradas no hotel ambiente restrito, bem como que a fotografia de fls. 22, é uma montagem grosseira, já que ocorreu inovação de tese em sede recursal, pois em seu próprio depoimento o recorrente afirma que as fotografias foram tiradas atrás do palco no local do evento e em sua contestação, fls. 45-63, aduziu que foram tiradas no camarim. Ademais, o recorrente sequer suscitou na instrução probatória qualquer tipo de montagem nas fotos ou nos áudios acostados à inicial.

Não foram ouvidas testemunhas nos presentes autos, tendo sido, em razão de não terem estas comparecido à audiência, nem tampouco solicitado pelas partes as suas intimações. Foram colhidos, tão somente, os depoimentos pessoais dos recorrentes.

Compondo, ainda, a robusta prova do ilícito apurado nos autos, consta à fl. 40 mídia contendo a gravação do Show da Banda Garota Safada no dia do evento, onde na faixa 14, o vocalista Wesley Safadão canta o jingle utilizado pelos recorrentes na sua campanha eleitoral no pleito de 2012. Inclusive, cabe ressaltar que em seus depoimentos pessoais, os recorrentes reconhecem que toda a festa foi custeada pelo município, sem saber informar o valor, bem como que a música intitulada Enfica foi utilizada em suas campanhas. Entretanto, alegam, sem êxito, que referida música já fazia parte do repertório da Banda Garota Safada. Tal alegação é completamente destruída ao se ouvir a faixa 14 da mídia, identificando-se que, inclusive, o vocalista cantou exatamente como o jingle da campanha, vejamos a parte que interessa:

(...) Vou te pegar de jeito, te levar pro meu a... vai, Safadão, e fazer um Enfica até o dia amanhecer, Enfica é muito bom, é fácil de aprender! Eu tô doido pra votar em Santa Quitéria! Agora vocês que vão dizer! Mes...Mesq...Mesqui...Mesquita...Mesquita...Mesquita (...).

Aduz o recorrente, sem sorte, que não há como comprovar que o referido show foi aquele ocorrido na festa do município, entretanto não traz aos autos qualquer prova de ter sido realizado um outro show em Santa Quitéria com a participação da Banda Garota Safada, para tentar descaracterizar pelo menos o abuso do poder político para um fato configurador, se assim fosse, de um showmício, também proibido pela legislação eleitoral.

Destarte, da análise das robustas provas, verifica-se que restou comprovado o abuso do poder político perpetrado pelo então Prefeito candidato à reeleição, ora recorrente, Francisco das Chagas Magalhães Mesquita, já que este se utilizou de um evento do porte da festa do município, custeada tão somente com dinheiro público e que teve a presença de uma média de 22.000 pessoas, já que o próprio recorrente Francisco Anascélio Ferreira Rodrigues, afirmou em seu depoimento que o Parque de Exposições estava completamente lotado e segundo informa o ofício de fls. 164 a capacidade deste é de 22.000 (vinte e duas mil) pessoas, para beneficiar a sua campanha eleitoral.

(...).

No tocante à utilização da cor verde no material utilizado nas Olimpíadas Municipais, bem como na pintura dos prédios públicos, pouco foi apurado na instrução probatória acerca do fato. Entretanto, apesar de terem os recorrentes juntado aos autos provas de que a cor verde já vinha sendo utilizada nas Olimpíadas em outros anos, conforme se constata às fls. 67-74, a pintura de prédios públicos na cor verde, conforme fls. 39, reforça, ainda mais, o abuso de poder político perpetrado pelo recorrente, que, utilizando-se do fato de ser Prefeito à época dos fatos, empregou recursos públicos em prol de sua campanha à reeleição.

É sabido que o abuso do poder político, bem como a configuração da conduta vedada, deve vir escorado em provas robustas e incontestes, aptas a tornar desigual a disputa entre os candidatos e malferir a legitimidade do pleito, inclusive, em razão das

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graves sanções a serem aplicadas. Entretanto, é estreme de dúvidas a existência de tais provas robustas e incontestes nos presentes autos, conforme já demonstrado (fls. 536-540).

19. Ou seja, de acordo com o que consta no acórdão recorrido, os fatos narrados utilização da cor verde nos materiais empregados nas Olimpíadas Municipais e na pintura de prédios públicos, além do enaltecimento da candidatura do recorrente durante festa referente ao aniversário de 156 anos do Município de Santa Quitéria/CE teriam configurado abuso do poder político e conduta vedada, na forma como previstos nos arts. 22 da LC 64/90 e 73, IV da Lei 9.504/97:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, Servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

(...).

IV fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;

20. Cabe mencionar que, de acordo com o entendimento pacífico desta Corte Eleitoral, é possível o reenquadramento jurídico dos fatos pelo TSE, desde que, todavia, a análise restrinja-se às premissas fáticas assentadas pela Corte de origem (AREspe 26.135/MG, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe 3.11.2009).

21. Pois bem. Segundo o quadro fático registrado no acórdão recorrido, um dos motivos que levaram à procedência da AIJE no caso em comento teria sido o emprego da cor verde, utilizada na campanha eleitoral do recorrente, em todos os destaques das Olimpíadas Municipais, como medalhas, bolas, camisetas e prêmios, bem como em todos os prédios públicos do município (fl. 537).

22. De fato, segundo a jurisprudência deste Tribunal, a utilização das cores usadas pelo partido na campanha eleitoral para pintura de bens públicos pode representar vantagem eleitoral indevida e, por consequência, ilícito eleitoral, por demandar o emprego de recursos públicos em benefício do candidato à reeleição. Nesse sentido, destaca-se o seguinte precedente, mutatis mutandis:

PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. PINTURAS. PRÉDIOS PÚBLICOS. USO DE CORES ASSOCIADAS À CAMPANHA ELEITORAL. INEQUÍVOCA ASSOCIAÇÃO. CONFIGURAÇÃO. INFRAÇÃO. ART. 36, § 3º, DA LEI 9.504/97.

1. Conforme se infere do acórdão regional, a Corte de origem examinou as fotos e os documentos constantes dos autos, concluindo pela veiculação de propaganda eleitoral antecipada, em razão da abusiva associação das cores usadas pela campanha eleitoral do recorrente para pintura de bens públicos do município a partir de abril do ano eleitoral, consignando que todos os logradouros públicos expunham as cores da campanha eleitoral do recorrente, o que, certamente, representou vantagem eleitoral indevida, antecipada e duradoura (durante quase todo o período eleitoral), em favor do recorrente, com uso de recursos públicos.

2. Diante dessas premissas, que não se confundem com a mera utilização esporádica ou coincidente de cores, para modificar a conclusão do Tribunal Regional Eleitoral quanto à infração do art. 36, § 3o. da Lei 9.504/97, seria necessário reexaminar as provas juntadas aos autos, o que é vedado em sede de Recurso Especial, a teor das Súmulas 7 do STJ e 279 do STF.

Agravo Regimental a que se nega provimento (AgR-REspe 460-91/MG, Rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, DJe 11.11.2014).

23. O acórdão regional destaca, entretanto, que a associação da cor utilizada na campanha eleitoral do recorrente à pintura dos prédios e ao material das Olimpíadas apenas reforçaria a ocorrência da prática de conduta vedada e de abuso do poder político por parte deste, que, utilizando-se do fato de ser Prefeito à época dos fatos, empregou recursos públicos em prol de sua campanha à reeleição (fl. 539).

24. Assim, mesmo que se afaste a ilicitude da pretensa utilização da cor de campanha para fins eleitoreiros, não há como se ignorar o desvirtuamento do show ocorrido durante a festa de aniversário do município, realizada no dia 26.8.2012 no Parque de Exposições Municipal, ocasião em que o vocalista da BANDA GAROTA SAFADA, WESLEY SAFADÃO, teria cantado a música de campanha do recorrente, usando bottom com o número pelo qual o então candidato concorreu (55) e reproduzindo o símbolo desse número com as mãos, bem como a repercussão que teve tal manifestação eleitoreira na campanha para sua reeleição ao cargo de Prefeito.

25. Como visto anteriormente, o TRE do Ceará, analisando minuciosamente os fatos e as provas constantes nos autos, concluiu pela configuração de abuso de poder na utilização política do evento de comemoração do aniversário do Município de Santa Quitéria/CE festividade esta que foi custeada pelos cofres públicos e contou com a presença, segundo o acórdão regional, de 22 mil pessoas, que é a capacidade máxima do Parque de Exposições que abrigou o show do grupo musical contratado pela Prefeitura no palco do evento público, de caráter social.

26. De fato, em conformidade com a jurisprudência desta Corte, o abuso do poder político configura-se quando agente público, valendo-se de sua condição funcional e em manifesto desvio de finalidade, compromete a legitimidade do pleito e a paridade

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de armas entre candidatos (AgR-REspe 151-35/RN, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 29.8.2016).

27. No que refere à responsabilidade do candidato, ora recorrente, e à alegação de que não saberia que o vocalista da banda iria reproduzir no palco o jingle de sua campanha, cabe assinalar que, de acordo com o art. 73, § 8o. da Lei 9.504/97, estarão sujeitos à multa do § 4o. daquele artigo os agentes públicos responsáveis pelas condutas vedadas, bem como os partidos, coligações e candidatos que se beneficiarem com a prática ilícita, sendo desnecessário demonstrar a participação ativa do candidato para que fique configurado o ilícito. Nesse sentido posiciona-se a jurisprudência do TSE:

RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2010. DEPUTADO FEDERAL. REPRESENTAÇÃO. CONDUTAS VEDADAS. ATO PRATICADO ANTES DO REGISTRO DE CANDIDATURAS. POSSIBILIDADE. BENEFICIÁRIOS. LEGITIMIDADE ATIVA. PUNIÇÃO POR FUNDAMENTOS DISTINTOS. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. ART. 73, I E II DA LEI 9.504/97. NÃO CARACTERIZAÇÃO.

(...).

2. Segundo o art. 73, § 5o. e 8o. da Lei 9.504/97, os candidatos podem ser punidos por conduta vedada praticada por terceiros em seu benefício e, portanto, são partes legítimas para figurar no polo passivo da correspondente representação. Precedente.

(...).

4. A caracterização da conduta vedada prevista no art. 73, I da Lei 9.504/97 pressupõe a cessão ou o uso, em benefício de candidato, partido político ou coligação, de bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. Já a conduta descrita no inciso II do mesmo artigo pressupõe o uso de materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que exceda as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram.

6. Recurso Ordinário não provido (RO 6432-57/SP, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJe 2.5.2012).

28. Não se desconhece que, a partir das alterações introduzidas pela LC 135/10, o Legislador instituiu a gravidade dos fatos como novo paradigma para a aferição do abuso de poder (REspe 215-05/PB, Rel. Min. LUCIANA LÓSSIO, DJe 8.9.2016). Quanto ao ponto, segundo o acórdão, restou comprovada, estreme de dúvidas, a gravidade das condutas nos presentes autos (fls. 539), mormente pelo fato de que as consequências não se esgotaram no momento que o vocalista da BANDA GAROTA SAFADA, WESLEY SAFADÃO, entoou o jingle de campanha no palco da festa patrocinada pelos cofres públicos municipais: segundo o decisum, fotografias que registraram a atuação do famoso cantor circularam em redes sociais e aumentaram ainda mais o seu impacto.

29. De todo modo, não prosperam os argumentos lançados no Recurso Especial de que os fatos narrados seriam irrelevantes e não teriam a potencialidade de gerar benefícios eleitorais e atrair a inelegibilidade prevista no art. 22 da LC 64/90, independentemente dos resultados obtidos nas eleições. Como bem destacado pela Relatora do acórdão, Desembargadora MARIA NAILDE PINHEIRO NOGUEIRA, um evento dessa magnitude, com uma banda de forró renomada nacionalmente (Garota Safada), cujo cantor (Wesley Safadão) é indubitavelmente uma atração popular associado às candidaturas políticas dos recorrentes constitui-se, sim, em potencialidade necessária para influenciar na vontade eleitoral, sobretudo por se tratar de município carente de políticas públicas (fl. 538).

30. Além disso, segundo consta do voto condutor do acórdão, ao cantar o jingle de campanha do recorrente durante o show, o grupo musical incitou os presentes no evento a repetirem o nome do então candidato, como se depreende do seguinte excerto que reproduz o trecho, in verbis:

(...) Vou te pegar de jeito, te levar pro meu a... vai, Safadão, e fazer um enfica até o dia amanhecer, enfica é muito bom, é fácil de aprender! Eu tô doido pra votar em Santa Quitéria! Agora vocês que vão dizer! Mes...Mesq...Mesqui...Mesquita...Mesquita...Mesquita (...).

31. Na espécie, mostra-se evidente que a prática do abuso do poder político perpetrado pelo recorrente resultou em um desequilíbrio no pleito, visto que os demais candidatos não contavam com tal estrutura para divulgar suas candidaturas, o que afronta as disposições constantes na legislação eleitoral e deve levar às consequências previstas na norma. Nessa linha, a jurisprudência deste Tribunal:

ELEIÇÕES 2010. AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ORDINÁRIO. AIJE. ABUSO DE PODER. CONFIGURAÇÃO. DECLARAÇÃO DE INELEGIBILIDADE. AÇÃO CAUTELAR. PREJUÍZO. LIMINAR. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL. AUSÊNCIA. INTERESSE JURÍDICO.

1. Com base na compreensão da reserva legal proporcional, compete à Justiça Eleitoral verificar, baseada em provas robustas admitidas em direito, a ocorrência de abuso de poder, suficiente para ensejar as severas sanções previstas na LC 64/90. Essa compreensão jurídica, com a edição da LC 135/10, merece maior atenção e reflexão por todos os órgãos da Justiça Eleitoral, pois o reconhecimento desse ilícito poderá afastar o político das disputas eleitorais pelo longo prazo de oito anos (art. 1o., inciso I, alíneas "d", "h" e "j" da LC 64/90).

2. Segundo a jurisprudência do TSE, o abuso do poder político ocorre quando agentes públicos se valem da condição funcional para beneficiar candidaturas (desvio de finalidade), violando a normalidade e a legitimidade das eleições (AgR-REspe 36.357/PA, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 27.4.2010).

3. Abuso do poder político. Configura grave abuso de poder político a realização de comício eleitoral por candidato ao qual grande número de estudantes compareceram, durante o horário letivo, em razão de terem sido informados de que, no evento, seriam tratados temas de interesse da classe estudantil, além de terem sido submetidos a constrangimentos e humilhações,

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ferindo-lhes a dignidade.

4. A normalidade e a legitimidade do pleito, previstas no art. 14, § 9o. da Constituição Federal, decorrem da ideia de igualdade de chances entre os competidores, entendida como a necessária concorrência livre e equilibrada entre os partícipes da vida política, sem a qual se compromete a própria essência do processo democrático.

5. Assistência litisconsorcial. Inexistência de interesse jurídico de Suplente de candidato, pois, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, a revogação dos efeitos da liminar que eventualmente tenha dado suporte à decisão de deferimento do registro de candidato eleito, nos termos do art. 26-C, § 2o. da LC 64/90, somente pode produzir consequências, na seara eleitoral, se, ocorrida ainda no prazo das ações eleitorais, desvelar uma das hipóteses de incidência. Precedente.

6. Não se conhece do regimental de fls. 895-913, por preclusão consumativa, nega-se provimento aos demais Agravos Regimentais e indefere-se o pedido de assistência litisconsorcial (AgR-RO 2887-87/RO, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe 13.2.2017)

32. No que tange ao conhecimento do recurso por divergência jurisprudencial, em que pesem os esforços do recorrente, é cediço que, para demonstrá-la, necessário seria a realização de cotejo analítico, a ser efetuado nos moldes legais e regimentais, ou seja, com transcrição de trechos dos acórdãos recorrido e paradigma que demonstrem a identidade de situações e a diferente interpretação atribuída à lei, o que não ocorreu no caso dos autos.

33. Com efeito, o entendimento desta Corte Superior consolidou-se nos seguintes termos:

(...) A demonstração do dissídio jurisprudencial não se contenta com meras transcrições de ementas, sendo absolutamente indispensável o cotejo analítico de sorte a demonstrar a devida similitude fática entre os julgados (...) (AgR-AI 257276-54/SP, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 20.11.2013).

34. Ante o exposto, nega-se seguimento ao Recurso Especial, nos termos do art. 36, § 6º do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

35. Publique-se. Intimações necessárias.

36. Reautue-se.

Brasília (DF), 6 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 37-93.2016.6.17.0063 INAJÁ-PE 63ª Zona Eleitoral (INAJÁ)

RECORRENTES: CRISTIANO GOMES BEZERRA E OUTRA

ADVOGADO: EDUARDO CABRAL DE ARRUDA FRANÇA OAB: 35612/PE

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 9.392/2016

Decisão

ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA. ART. 36-A DA LEI DAS ELEIÇÕES. PUBLICAÇÃO DE IMAGEM EM MÍDIA SOCIAL CONTENDO NÚMERO IDÊNTICO AO DE FUTURA CANDIDATURA. AUSÊNCIA DE PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTO. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO PARA JULGAR IMPROCEDENTE A REPRESENTAÇÃO E AFASTAR A MULTA IMPOSTA.

1. Trata-se de Recurso Especial interposto por CRISTIANO GOMES BEZERRA e ANA CRISTINA GOMES FREIRE CABRAL, com fundamento nos arts. 121, § 4o., inciso I da CF e 276, inciso I, alínea "a" do CE, de acórdão do TRE de Pernambuco que manteve a sentença de procedência da Representação Eleitoral por propaganda eleitoral extemporânea.

2. O acórdão recorrido está assim ementado:

RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PUBLICAÇÃO. REDE SOCIAL. SLOGANS. NÚMERO DE PARTIDO. INDICAÇÃO OSTENSIVA. MERA PROMOÇÃO PESSOAL. INOCORRÊNCIA. PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA. CONFIGURAÇÃO.

1. Ato de propaganda extemporânea (art. 36 da Lei 9.504/97 e 1o. da Res.-TSE 23.457/15), que ultrapassam os limites da mera promoção pessoal permitida, consistente na divulgação ostensiva de número do partido pelo qual irá concorrer, contendo textos e ações de marketing com apelo eleitoral.

2. Considerou-se a natureza dos atos de divulgação e o alcance das mensagens, a injusta desigualdade gerada por meios de propaganda eleitoral sub-reptícia (fraudando a finalidade da lei). Precedentes desta Corte (fl. 77).

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3. Os recorrentes narram, em suas razões (fls. 92-116), que o TRE de Pernambuco manteve a condenação ao pagamento de multa no valor de R$5.000,00 pela prática de propaganda eleitoral extemporânea. Quanto ao primeiro recorrente, a condenação teria decorrido da publicação, em seu perfil do Facebook, da imagem de uma melancia contendo seu nome e futuro número de campanha (fl. 95).

4. Por sua vez, a segunda recorrente teria sido condenada por ter veiculado, em seu perfil do Facebook, a imagem de um banner contendo a foto e o nome do primeiro recorrente e sobre ela a numeração 15.000, que seria o número por ele utilizado nas eleições que se avizinhavam (fl. 95).

5. Alegam a nulidade da sentença por julgamento extra petita e por violação ao princípio do contraditório, porque não integraria a causa de pedir da lide o fato envolvendo a publicação da imagem de uma melancia, em que constava o nome e o número de campanha do primeiro recorrente, bem como porque não teria sido concedida a ele a oportunidade de se manifestar sobre o assunto (fl. 96).

6. Sustentam não existir propaganda extemporânea, pois seria necessária a comprovação da relação entre a propaganda e o pleito (fls. 108). Afirmam, ainda, quanto ao ponto, que, na imagem apresentada como prova, não há pedido explícito de voto nem qualquer referência às eleições municipais de 2016 (fls. 109), além de que a postagem realizada não foi ostensiva, mas única e sem compartilhamentos (fl. 113).

7. Apontam violação aos arts. 5o., IV e LV da CF, 10 e 319, III do CPC, 36, caput e § 3o., 40-B e 57-D da Lei 9.504/97 e 21, §§ 1º e 2º da Res.-TSE 23.457/15, ao argumento de que não teria havido propaganda extemporânea, mas, sim, a livre manifestação do pensamento, inexistindo, pois, razão para a imputação da multa (fl. 116).

8. Ao final, requerem o conhecimento e o provimento do recurso para que seja anulada a sentença e os demais atos viciados ou, subsidiariamente, reformada a sentença e afastada a sanção imposta (fl. 116).

9. A douta PGE, em parecer de lavra do ilustre Vice-Procurador-Geral Eleitoral, NICOLAO DINO, pronunciou-se pelo não provimento do recurso (fls. 130-135).

10. Era o que havia de relevante para relatar.

11. O Recurso Especial é tempestivo. O acórdão recorrido foi publicado na sessão de 12.9.2016, segunda-feira (fl. 89), e o presente recurso, interposto em 15.9.2016, quinta-feira (fls. 92). Verifica-se a subscrição por Advogado habilitado nos autos (fls. 22 e 32), o interesse e a legitimidade.

12. Inicialmente, vê-se que não prospera a tese quanto à alegação de que o Juízo de 1ª instância incidiu em julgamento extra petita, porque levou em consideração a existência de fato? Postagem na rede social Facebook, por GOMES DE INAJÁ, da imagem de uma melancia contendo a expressão Gomes 15.000 (fls. 100) que não integraria a causa de pedir da lide, pois não aventada pelo MPE na inicial, e, assim, não poderia servir de base para condenar o primeiro recorrente (fl. 100).

13. A questão foi assim examinada pela Corte Regional:

(...) não merece prosperar a alegação de que a sentença condenatória é extra petita, pois não teria observado a causa de pedir, sancionando o primeiro recorrente pelos atos praticados por sua filha, segunda recorrente.

Na verdade, o Magistrado aplicou à risca o comando do art. 36, § 3º da Lei 9.504/97, no sentido de condenar o divulgador e seu beneficiário, quando comprovado seu prévio conhecimento (fl. 83).

14. Depreende-se da leitura do trecho do acórdão acima transcrito que a condenação de CRISTIANO GOMES BEZERRA decorreu da constatação, na origem, de que, como beneficiário da postagem realizada pela segunda recorrente, ANA CRISTINA GOMES FREIRE CABRAL, sua filha, as circunstâncias e as peculiaridades do caso revelaram seu prévio conhecimento sobre a postagem (art. 36, § 3o. da Lei das Eleições). Portanto, está correto o acórdão regional, não havendo falar em ofensa ao art. 319, III do CPC/15, uma vez que a Representação foi ajuizada em desfavor de ambos os recorrentes.

15. No que diz respeito à nulidade por cerceamento de defesa arguida pelos recorrentes, ao argumento de que não lhes teria sido permitido manifestarem-se a respeito do fato acima referido, em desrespeito, segundo eles, aos arts. 5o., LV da CF e 10 do CPC/15, a alegação também não merece amparo.

16. Efetivamente, verifica-se que a Corte a quo manteve a sentença e afastou a preliminar de cerceamento de defesa alegada pelas partes, consignando que os recorrentes foram regularmente citados às fls. 14-15, cada qual apresentando sua respectiva defesa (fl. 83). Assinalou, ainda, que os recorrentes apresentaram defesa em que há o reconhecimento dos fatos da divulgação (fls. 17-32) (fl. 84).

17. Ademais, da leitura do acórdão não é possível concluir que o referido fato foi relevante para condenar os recorrentes, de modo que as partes impugnantes não demonstraram a relevância nem, tampouco, a ocorrência de prejuízo. Assim, não há falar em violação aos arts. 5º, LV da CF e 10 do CPC/15.

18. Quanto à caracterização da propaganda eleitoral extemporânea, conforme relatado, os recorrentes, nas razões do Recurso Especial, aduzem a reforma do acórdão para que sejam absolvidos do ilícito, ao argumento de que foram violados os arts. 5º, IV da CF, 36, § 3o., 40-B e 57-D da Lei 9.504/97 e 21, §§ 1º e 2º da Res.-TSE 23.457/15.

19. A Corte Regional manteve a sentença condenatória, consignando haver propaganda extemporânea consistente na publicação, em rede social (Facebook), de textos e ações de marketing com apelo eleitoral e menção a número de partido pelo

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 176

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

qual pretende concorrer nas eleições vindouras (15.000), antes da data prevista no art. 36 da Lei 9.504/97 e no art. 1º da Res.-TSE 23.457/15 (fl. 82). Entendeu, ainda, ser vedada a indicação ostensiva e antecipada de número com o qual o então pré-candidato irá concorrer ao pleito vindouro (fl. 86).

20. Entretanto, esta Corte, no julgamento do Recurso Especial 51-24, de relatoria do eminente Ministro LUIZ FUX, firmou o entendimento de que a menção à pretensa candidatura e a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos, nos termos da redação conferida ao art. 36-A pela Lei 13.165/15, não configuram propaganda extemporânea, desde que não envolvam pedido explícito de voto (REspe 51-24, Rel. Min. LUIZ FUX, publicado na sessão de 18.10.2016).

21. Merece destaque a fundamentação do acórdão supracitado, que se deu nos seguintes termos:

(...) a ratio essendi do art. 36, caput da Lei das Eleições, que estabelece a data a partir da qual é permitida a realização da propaganda eleitoral, é justamente a de evitar, ou, ao menos mitigar, a captação antecipada e irregular de votos, o que poderia desequilibrar a disputa eleitoral, vilipendiando o postulado da igualdade de chances entre os candidatos e, em última análise, comprometer a higidez das eleições: os pré-candidatos que dispõem de maiores condições econômicas e/ou políticas, antes mesmo da formalização do pedido de Registro de Candidatura na Justiça Eleitoral, tendem a abusar dessa condição de preponderância material em relação aos demais.

Pois bem. A Lei 13.165/15, última minirreforma eleitoral, sob o argumento da necessidade de redução dos custos das campanhas, alterou significativamente a disciplina da propaganda eleitoral e diminuiu à metade o tempo para a divulgação das candidaturas, que passou a ser permitida somente após o dia 15 de agosto. Além disso, retirou-se 10 dias de horário eleitoral gratuito.

(...).

Antes da referida alteração normativa, este Tribunal Superior consolidará o entendimento de que haveria propaganda eleitoral antecipada ou extemporânea quando, ainda que subliminarmente ou implicitamente, sem o pedido expresso de voto, se levasse ao conhecimento do público em geral plataformas, propostas e intenções políticas, se fizesse menção à pré-candidatura, a eleições vindouras e/ou se veiculasse a ideia de que o emissor/beneficiário da propaganda seria a pessoa mais bem preparada para exercer mandato eletivo.

Tal conclusão, porém, diante da nova realidade normativa inserida pela Lei 13.165/15, merece ser revista.

(...).

Nesse sentido, eventual estabelecimento de limite temporal às propagandas eleitorais encontra lastro no princípio da igualdade de oportunidades entre partidos e candidatos, de forma a maximizar 3 objetivos principais: (i) assegurar a todos os competidores um mesmo prazo para realizarem as atividades de captação de voto, (ii) mitigar o efeito da (inobjetável) assimetria de recursos econômicos na viabilidade das campanhas, no afã de combater a plutocratização sobre os resultados dos pleitos; e (iii) impedir que determinados competidores extraiam vantagens indevidas de seus cargos ou de seu acesso aos grandes veículos de mídia, antecipando, em consequência, a disputa eleitoral.

Precisamente por isso, o enquadramento jurídico-eleitoral de determinada mensagem de pré-candidato ao conceito de propaganda eleitoral extemporânea reclama uma análise tripartite, no sentido de perquirir se o ato atentatório à isonomia de chances, à higidez do pleito ou à moralidade que devem presidir a competição eleitoral. Do contrário, ausente quaisquer ultrajes a referidos cânones fundamentais eleitorais, a mensagem encerrará livre e legítima forma de exteriorizar seu pensamento dentro dos limites tolerados pelas regras do jogo democrático.

(...).

É que a divulgação de mensagens em rede social, na internet, de forma gratuita, com a menção a possível candidatura e o enaltecimento de uma opção política, não consubstanciam e não pode consubstanciar propaganda eleitoral antecipada. Não se verifica, em veiculação desse jaez, qualquer prejuízo à paridade de armas, porquanto qualquer eventual competidor poderia se assim quisesse, proceder da mesma forma, divulgando mensagens sobre seus posicionamentos, projetos e qualidades, em igualdade de condições.

Deveras, com o fim das doações empresariais e com o reduzido tempo de campanha eleitoral, é preciso que os pretensos candidatos, no afã de difundir suas propostas e de enaltecer suas qualidades pessoais, logrem buscar formas alternativas de conexão com o seu (futuro) eleitorado, de modo que me parece natural que eles se valham de publicações em posts e de mensagens nas mídias sociais (Facebook, Twitter etc.) para tal desiderato.

Aliás, dada à modicidade de seus custos, a veiculação de mensagens pelas mídias sociais harmoniza-se com a teleologia que presidiu tanto a proscrição de financiamento por pessoas jurídicas quanto a minirreforma eleitoral: o barateamento das campanhas eleitorais, característica que as tornam inaptas, segundo penso, a ocasionar interferência indevida do poder econômico no pleito.

Se passarmos a reprimir esses métodos alternativos de divulgação de propostas e plataformas políticas, a Justiça Eleitoral contribuirá negativamente para o esvaziamento integral do período democrático de debates (para alguns, denominado de pré-campanha) instituído pela Lei 13.165/15, na medida em que aniquilará, sem qualquer lastro constitucional ou legal, a interação que deve ocorrer entre os pretensos candidatos e os cidadãos. Pior: produzirá um chilling effect nesses pretensos candidatos, tamanho o receio de verem suas mensagens e postagens qualificadas como propaganda extemporânea. Teremos, assim, apenas candidatos-surpresa aqueles que exsurgem apenas e tão somente às vésperas do pleito. E esse modelo, decerto, antes

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 177

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de fortalecer, amesquinha a democracia.

22. Assim, no caso em tela, na linha da recente jurisprudência deste Tribunal quanto à necessidade de pedido explícito de voto na veiculação de mensagens publicadas em mídias sociais (Facebook), em referência a pretensa candidatura, para configurar propaganda extemporânea, impõe-se a reforma do acórdão regional.

23. Ante o exposto, dá-se provimento ao Recurso Especial, nos termos do art. 36, § 7o. do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, para julgar improcedente o pedido formulado na Representação e afastar a multa imposta.

24. Publique-se. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 6 de março de 2017.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

Ministro Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 121-24.2016.6.05.0162 SÃO FRANCISCO DO CONDE-BA 162ª Zona Eleitoral (SÃO FRANCISCO DO CONDE)

RECORRENTE: COLIGAÇÃO A NOSSA CIDADE TEM JEITO

ADVOGADA: KARINA MARIA BARRETO SILVA OAB: 18031/BA

RECORRIDO: EVANDRO SANTOS ALMEIDA

ADVOGADOS: FÁBIO DA SILVA TORRES OAB: 16767/BA E OUTRO

Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Protocolo: 256/2017

Despacho

1. Cuida-se de Recurso Especial interposto pela COLIGAÇÃO A NOSSA CIDADE TEM JEITO de acórdão do TRE da Bahia, o qual manteve o deferimento do Registro de Candidatura de EVANDRO SANTOS ALMEIDA ao cargo de Prefeito pelo Município de São Francisco do Conde/BA, nas eleições de 2016, para o qual foi eleito.

2. Verifica-se que o acórdão impugnado foi publicado na sessão de julgamento do dia 30.9.2016 (certidão de fls. 249), e o Recurso Especial, interposto em 4.10.2016 (fls. 261).

3. De ordem, considerando que, a teor dos arts. 16 da LC 64/90 e 74 da Res.-TSE 23.455/15, o termo final do prazo recursal seria 3.10.2016, intime-se a recorrente, nos termos do art. 10 do CPC/15, para que, no prazo de 3 dias, manifeste-se sobre eventual intempestividade do Recurso Especial.

4. Publique-se.

Brasília (DF), 7 de março de 2017.

DIEGO CÂMARA

Juiz Auxiliar

(Gab. Min. Napoleão Maia)

Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento III

Intimação

PUBLICAÇÃO DE INTIMAÇÃO Nº 70 /2017 - SEPROC3

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 126-17.2016.6.02.0037 OLHO D'ÁGUA GRANDE-AL 37ª Zona Eleitoral (PORTO REAL DO COLÉGIO)

AGRAVANTE: MARIA SUZANICE HIGINO BAHÉ

ADVOGADOS: MILTON GONÇALVES FERREIRA NETTO - OAB: 9569/AL E OUTROS

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AGRAVADA: COLIGAÇÃO OLHO D`ÁGUA GRANDE PRECISA MUDAR

ADVOGADO: WESLEY SOUZA DE ANDRADE - OAB: 5464/AL

AGRAVADO: JOSÉ ADELSON DE SOUZA

ADVOGADAS: MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO - OAB: 25341/DF E OUTRAS

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 85/2017

Ficam intimados os agravados, por seus advogados, para, querendo, apresentarem contrarrazões ao AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 126-17.2016.6.02.0037, no prazo de 3 (três) dias.

Daniel Vasconcelos Borges Netto

Coordenador de Processamento

Decisão monocrática

PUBLICAÇÃO DE DECISÃO Nº 33/2017 - SEPROC3.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 138-71.2015.6.24.0031 TIJUCAS-SC 31ª Zona Eleitoral (TIJUCAS)

AGRAVANTE: MARIA BORGUEZAN

ADVOGADO: MARCELO BRANDO LAUS - OAB: 4504/SC

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 7.454/2016

DESPACHO

Maria Borguezan interpôs agravo (fls. 175-183) contra a decisão do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (fls. 171-173) que negou seguimento a recurso especial manejado contra acórdão (fls. 152-161) que, por unanimidade, deu parcial provimento a recurso eleitoral para reformar, em parte, a sentença do Juízo da 31ª Zona Eleitoral daquele Estado que julgara procedente representação proposta pelo Ministério Público Eleitoral por doação acima do limite legal nas Eleições de 2014, a fim de manter a multa aplicada no mínimo legal, corrigida monetariamente a partir do trânsito em julgado da decisão, e afastar a incidência de juros, os quais serão devidos se não houver pagamento em trinta dias após o trânsito em julgado.

Compulsando os autos, verifico que o acórdão recorrido foi publicado em 28.6.2016, terça-feira (fl. 161v), razão pela qual o tríduo legal findaria em 1º.7.2016, sexta-feira. Todavia, o recurso especial foi protocolado em 4.7.2016, segunda-feira (fl. 164).

Diante disso, nos termos do art. 932, parágrafo único, do Código de Processo Civil, faculto à agravante se manifestar a respeito da tempestividade do recurso no prazo de 3 dias.

Publique-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 4-30.2016.6.13.0091 CONTAGEM-MG 91ª Zona Eleitoral (CONTAGEM)

AGRAVANTE: CIRO WELINGTON DE CAMPOS

ADVOGADO: SILVÉRIO DE OLIVEIRA CÂNDIDO - OAB: 64583/MG

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

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Protocolo: 7.989/2016

DECISÃO

Ciro Welington de Campos interpôs agravo de instrumento

(fls. 59-71) contra decisão denegatória de recurso especial manejado em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (fls. 35-39) que rejeitou a preliminar suscitada e, no mérito, por unanimidade, negou provimento ao recurso e manteve a sentença proferida pela 91ª Zona Eleitoral daquele Estado, que entendeu pela ausência de quitação eleitoral do agravante em razão da apresentação extemporânea das suas contas de campanha referentes ao pleito de 2012, no qual concorreu ao cargo de vereador do Município de Contagem/MG.

O acórdão tem a seguinte ementa (fl. 35):

PRELIMINAR DE COISA JULGADA. REJEITADA. RECURSO ELEITORAL. AÇÃO DECLARATÓRIA. QUITAÇÃO ELEITORAL. PEDIDO JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE. EMISSÃO DE CERTIDÃO CIRCUNSTANCIADA.

O objeto da ação de prestação de contas - análise das contas de campanha - não se confunde com o objeto desta ação declaratória, a quitação eleitoral em si, sendo o pedido formulado com base no

art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97.

Mérito

A prestação extemporânea das contas de campanha, após a decisão que as julgou não prestadas, não afasta a ausência da condição de elegibilidade referente à quitação eleitoral, pois a apresentação somente será considerada para fins de regularização do cadastro eleitoral ao final da legislatura à qual o candidato concorreu, conforme disciplinado pelo TSE.

Recurso a que se nega provimento.

O agravante sustenta, em suma, que:

a) demonstrou, em seu recurso especial, a divergência na interpretação da Lei 9.504/97, porquanto o Tribunal Superior Eleitoral, ao contrário do que decidiu o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, entende que a apresentação de contas da campanha eleitoral, ainda que extemporânea, enseja a quitação eleitoral;

b) a decisão agravada foi proferida em afronta ao § 7º do

art. 11 da Lei 9.504/97 e diverge da jurisprudência de outros tribunais eleitorais, que entendem que a quitação eleitoral abrange a mera apresentação de contas de campanha, portanto sua desaprovação não resulta na falta de quitação eleitoral;

c) a "decisão que determinou a expedição de certidão contendo esclarecimento sobre a sua situação eleitoral não teve caráter administrativo, mas sim judicial, haja vista que foi proferida pelo MM. Juiz Eleitoral de 1º grau da 91ª Zona Eleitoral de Contagem/MG" (fl. 71).

Requer o conhecimento e o provimento do agravo a fim de reformar o acórdão recorrido para que se julgue procedente a ação ordinária, determinando-se a expedição da sua certidão de quitação eleitoral.

O Ministério Público Eleitoral ofereceu contrarrazões às

fls. 79-82, nas quais defende que:

a) o agravo não merece provimento, uma vez que o agravante se limitou a reiterar os termos do seu recurso especial não tendo infirmado especificamente os fundamentos da decisão agravada, como exigido pelas Súmulas 26 do Tribunal Superior Eleitoral e 182 do Superior Tribunal de Justiça;

b) incide a Súmula 30 desta Corte Superior, segundo a qual o recurso especial não deve ser conhecido quando a decisão recorrida estiver de acordo com a jurisprudência deste Tribunal;

c) "o TSE já assentou jurisprudência no sentido de que a apresentação extemporânea das contas de campanha somente será considerada para fins de regularização do

cadastro eleitoral ao final da legislatura à qual o candidato concorreu" (fl. 81);

d) não houve violação à lei federal, uma vez que a sentença prolatada está em consonância com o disposto no parágrafo único do art. 39 da Res.-TSE 23.217, já que as contas apresentadas, após serem julgadas não prestadas, somente serão consideradas para fins de divulgação e regularização do Cadastro Eleitoral após o término da legislatura;

e) "os acórdãos paradigma invocados no REspe para demonstrar suposto dissídio jurisprudencial apresentam contexto fático diverso, no qual a prestação de contas de campanha é regular, e não extemporânea, e assim, não impediria a obtenção imediata de quitação eleitoral" (fl. 82).

A douta Procuradoria-Geral Eleitoral opinou, às fls. 85-88, pelo não conhecimento do agravo ou, se conhecido, pelo seu não provimento, afirmando que:

a) não foi demonstrada violação a legislação federal nem mesmo divergência jurisprudencial, já que o agravante reproduziu as

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razões do seu recurso especial;

b) não houve impugnação específica dos fundamentos da decisão agravada, o que torna inviável o agravo, a teor das Súmulas 26 do TSE e 182 do STJ;

c) consoante a Súmula 42 deste Tribunal Superior, "a decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas"

(fl. 87);

d) após as contas serem julgadas não prestadas, sua apresentação extemporânea não confere a quitação eleitoral, somente sendo considerada para fins de divulgação e regularização do Cadastro Eleitoral ao término da legislatura.

É o relatório.

Decido.

O agravo é tempestivo. A decisão do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais que não admitiu o recurso especial foi publicada no DJE de 23.8.2016, conforme certidão à fl. 56v, e o apelo foi apresentado em 25.8.2016, (fl. 59), por advogado habilitado nos autos (procuração à fl. 8).

O Presidente do TRE/MG negou seguimento ao recurso especial nos seguintes termos (fls. 53-56):

[...]

Ciro Welington de Campos, inconformado com o acórdão de

fls. 35/39, deste Tribunal, interpõe recurso especial para o c. Tribunal Superior Eleitoral, com fundamento no art. 121, § 4º, l e II, da Constituição Federal e art. 276, l, a e b, do Código Eleitoral.

O ora recorrente pleiteou, perante o Juízo da 91ª Zona Eleitoral de Contagem, a expedição de certidão de quitação eleitoral, invocando o disposto no art.11, § 7º, da Lei nº 9.504/97.

O MM. Juiz Eleitoral de 1º grau entendeu que o requerente não fazia jus à quitação eleitoral, julgando parcialmente procedente o pedido tão somente para determinar a expedição de certidão contendo esclarecimento sobre a sua situação eleitoral.

Interposto recurso contra essa decisão, o Tribunal negou-lhe provimento por meio de acórdão assim ementado:

Preliminar de coisa julgada. Rejeitada. Recurso Eleitoral. Ação Declaratória. Quitação Eleitoral. Pedido julgado parcialmente procedente. Emissão de certidão circunstanciada. O objeto da ação de prestação de contas - análise das contas de campanha - não se confunde com o objeto desta ação declaratória, a quitação eleitoral em si, sendo o pedido formulado com base no art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97.

Mérito

A apresentação extemporânea das contas de campanha, após a decisão que as julgou não prestadas, não afasta a ausência da condição de elegibilidade referente à quitação eleitoral, pois a apresentação somente será considerada para fins de regularização do cadastro eleitoral ao final da legislatura à qual o candidato concorreu, conforme disciplinado pelo TSE. Recurso a que se nega provimento.

O recorrente alega que o acórdão foi proferido contra expressa disposição da Lei nº 9.504/97 e em divergência com a interpretação conferida à lei pelos Tribunais Eleitorais pátrios.

Sustenta que apesar de não ter sido deferido o seu registro de candidatura ao cargo de Vereador no pleito de 2012 e de não ter efetuado movimentação financeira de campanha, prestou contas à Justiça Eleitoral, não lhe podendo ser negada a quitação eleitoral.

Argumenta que o art. 11, § 7º, da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela Lei nº 12.034/2009, passou a exigir, para fins de quitação eleitoral, apenas a apresentação das contas de campanha, ainda que extemporânea.

Aponta a ocorrência de dissídio com julgados dos Tribunais Regionais Eleitorais do Ceará e do Mato Grosso, segundo os quais para a quitação eleitoral basta que as contas sejam apresentadas.

Por essas razões requer o processamento do recurso especial e o encaminhamento dos autos à superior instância.

O acórdão recorrido foi publicado em 29.07.2016 (6ª feira), sendo tempestivo o recurso especial protocolizado em 03.08.2016 (4ª feira). A peça recursal foi subscrita por procurador habilitado (fls. 08 do

RE 1191-15.2012, apenso).

Verifico que o recurso especial interposto busca a reforma do acórdão deste Tribunal que manteve a decisão do MM. Juiz Eleitoral de 1º grau que determinou a expedição de certidão, pelo Cartório Eleitoral, esclarecendo a situação do eleitor, ou seja, o seu impedimento em obter a quitação eleitoral.

Tem-se, pois, a princípio, que a matéria discutida no feito - possibilidade ou não de emissão de certidão de quitação eleitoral - possui caráter administrativo, não podendo ser impugnada por meio de recurso especial.

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Analisando questão semelhante, o c. Tribunal Superior Eleitoral assim se manifestou:

"PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JURISDICIONAL MESCLAGEM IMPROPRIEDADE. A interposição de recurso de natureza jurisdicional em processo administrativo configura mesclagem a contrariar a organicidade e a dinâmica do Direito."

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 11576/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, DJE de 23.09.2013, p. 31).

Ainda que assim não fosse, o recurso não mereceria seguimento.

Entendeu o Tribunal que a apresentação das contas é suficiente para a quitação eleitoral, no entanto essa quitação somente se opera após o término do mandato para o qual o candidato concorreu.

Não merece prosperar a alegada ofensa ao art. 11, § 7º, da Lei

nº 9.504/97, estando o posicionamento do Tribunal em estrita consonância com a pacífica jurisprudência acerca do tema. Nesse sentido peço licença ao i. Relator para reproduzir o julgado por ele utilizado como fundamento do seu voto:

REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2014. CANDIDATO A GOVERNADOR. QUITAÇÃO ELEITORAL. NÃO PRESTAÇÃO DE CONTAS. CAMPANHA PRETÉRITA. IMPEDIMENTO. CURSO DO MANDATO PARA O QUAL O CANDIDATO CONCORREU.

(...)

2. O candidato teve o seu pedido de registro de candidatura impugnado pelo Ministério Público e indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, por falta de quitação eleitoral, em decorrência da não apresentação das contas da campanha realizada nas Eleições 2010, em que concorreu ao cargo de deputado federal, e nas Eleições 2012, em que foi candidato a vereador.

3. A não apresentação oportuna das contas de campanha de 2010 e de 2012 enseja o impedimento da quitação eleitoral até o final das respectivas legislaturas, conforme prevêem os

arts. 41, l, da Res.-TSE nº 23.217 e 53, l, da Res.-TSE

nº 23.376.

4. A apresentação extemporânea das contas de campanha, após a decisão que as julgou não prestadas, não afasta a ausência da condição de elegibilidade referente à quitação eleitoral, pois a apresentação somente será considerada para fins de regularização do cadastro eleitoral ao final da legislatura à qual o candidato concorreu, conforme disciplinado pelo TSE. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE, Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 27376/MT, Relator Ministro Henrique Neves da Silva, publicado em sessão de 23.9.2014)

A matéria foi inclusive recentemente sumulada pelo c. Tribunal Superior Eleitoral, dando origem à Súmula nº 42/TSE, segundo a qual "a decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas" .

O recorrente cita ementas de julgados de outros Tribunais visando demonstrar a ocorrência de dissídio jurisprudencial, contudo não procedeu ao confronto analítico de modo a demonstrar a semelhança entre as hipóteses.

Ademais, incide na espécie a Súmula nº 30, do c. TSE, a qual estabelece que "não se conhece de recurso especial eleitoral por dissídio jurisprudencial, quando a decisão recorrida estiver em conformidade com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral" .

Ante o exposto, NÃO ADMITO o recuso especial.

[...]

O agravante não impugnou os fundamentos da decisão agravada, limitando-se a reiterar as razões do recurso especial, o que atrai a incidência da Súmula 26 do Tribunal Superior Eleitoral.

Ainda que superado esse óbice, o agravo não prosperaria, haja vista a inviabilidade do recurso especial.

O juízo de primeiro grau entendeu que o agravante não faz jus à certidão de quitação eleitoral, em razão da apresentação extemporânea das suas contas de campanha referentes ao pleito de 2012, no qual concorreu ao cargo de vereador do Município de Contagem/MG. Entretanto, determinou ao cartório eleitoral a expedição de certidão circunstanciada em nome do agravante, contendo o esclarecimento da sua situação eleitoral.

Interposto recurso eleitoral, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais negou-lhe provimento, por acórdão contra o qual foi interposto recurso especial.

Nas razões do apelo especial, o agravante sustenta que a decisão agravada foi proferida em afronta ao § 7º do art. 11 da Lei 9.504/97 e diverge da jurisprudência de outros tribunais eleitorais e desta Corte, a qual seria no sentido de que a apresentação extemporânea das contas de campanha eleitoral é suficiente para o reconhecimento da quitação eleitoral.

Não assiste razão ao agravante.

A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que, "julgadas as contas como não prestadas, o candidato fica impedido de obter a certidão de quitação eleitoral, nos termos do art. 53, I, da Res.-TSE

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nº 23.376/2012" (AgR-AI 186-73, rel. Min. Luciana Lóssio, DJE de 28.4.2016). Na mesma linha de entendimento: RMS 4309-47, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 15.9.2016; AgR-REspe 2245-59, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, PSESS em 2.10.2014.

Ademais, a apresentação das contas de campanha após o trânsito em julgado da decisão que as julgou não prestadas não afasta a ausência da condição de elegibilidade referente à quitação eleitoral, pois a apresentação somente será considerada no final da legislatura, para a regularização do cadastro eleitoral.

Acerca do tema, já decidiu esta Corte que "a apresentação posterior das contas julgadas não prestadas não será objeto de novo julgamento, sendo considerada a sua apresentação apenas para fins de divulgação e de regularização no Cadastro Eleitoral ao término da legislatura, a teor do que dispõe o art. 51, § 2º, da Res.-TSE

nº 23.376/2012" (AgR-AI 186-73, rel. Min. Luciana Lóssio, DJE de 28.4.2016, grifo nosso).

Na mesma linha, cito: "A não apresentação da prestação de contas de campanha, ou a sua apresentação às vésperas do pedido de registro de candidatura para o novo pleito, evidencia o não-cumprimento do requisito da quitação eleitoral, previsto no art 11, § 1º, da Lei nº 9.504/97" (AgR-REspe

317-48, rel. Min. Fernando Gonçalves, PSESS em 4.12.2008).

Também nesse sentido é a Súmula 42 do TSE, que assevera que "a decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas".

Assim, tendo em vista que o acórdão recorrido está em consonância com a jurisprudência desta Corte, incide na espécie a Súmula 30 do TSE.

Por essas razões e nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao agravo interposto por Ciro Welington de Campos.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 293-29.2016.6.13.0166 MANGA-MG 166ª Zona Eleitoral (MANGA)

AGRAVANTE: ANASTÁCIO GUEDES SARAIVA

ADVOGADOS: ISABELLE FAGUNDES DE SÁ - OAB: 130782/MG E OUTROS

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AGRAVADO: LUIZ CARLOS SANTANA CAIRES

ADVOGADOS: JOSÉ SAD JÚNIOR - OAB: 65791/MG E OUTROS

AGRAVADO: JOAQUIM DE OLIVEIRA SÁ FILHO

ADVOGADOS: THIAGO PINTO CUNHA - OAB: 98851/MG E OUTROS

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 14.862/2016

DECISÃO

Maurício Magalhães de Jesus, candidato ao cargo de vice-prefeito de Manga no pleito de 2016, formulou, às fls. 658-663, pedido de assistência simples dos agravantes Ministério Público Eleitoral e Anastácio Guedes Saraiva, este último já admitido como assistente simples do órgão ministerial pelo Tribunal Regional Eleitoral mineiro (fls. 313-314).

O requerente alega, em síntese, que:

a) concorreu como candidato a vice-prefeito na chapa segunda colocada no pleito de 2016 no Município de Manga/MG;

b) está "manifesto o interesse processual do candidato a Vice-Prefeito do Município de Manga para atuar no caso em comento, sendo certo que o resultado desse feito atinge de forma direta a sua esfera jurídica, haja vista que mantido o indeferimento do registro de candidatura do Prefeito que obteve o maior número de votos, consequentemente resultará na realização de novas

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eleições e, certamente, possibilitará ao requerente disputar o pleito do município de Manga" (fl. 659);

c) sendo a chapa única e indivisível, qualquer decisão proferida em face de Anastácio Guedes Saraiva, já admitido como assistente do Ministério Público, interfere diretamente na esfera jurídica do requerente;

d) o candidato eleito não ostenta condições de registrabilidade, uma vez que a ação anulatória foi julgada procedente somente após as eleições, atraindo o disposto nas Súmulas 43 e 70 do TSE.

Postulou, ainda, vista dos autos fora da secretaria pelo prazo legal.

Em despacho de fls 728-729, determinei a intimação das partes para se manifestar sobre o pedido. Conforme certificado à fl. 730, Luiz Carlos Santana Caires, Joaquim de Oliveira Sá Filho e Anastácio Guedes Saraiva se mantiveram inertes.

Às fls. 731-733, o Ministério Público Eleitoral manifestou-se contrariamente ao deferimento do pedido de assistência, sob o argumento de que o requerente detém apenas interesse de fato na demanda, pois, tendo figurado como vice-prefeito na chapa segunda colocada no pleito, o eventual indeferimento do registro da chapa vencedora acarretaria a realização de novas eleições, na forma do art. 224 do Código Eleitoral. Ressalta que a mera pretensão de participar das novas eleições não é suficiente para o deferimento do pedido de assistência.

É o relatório.

Decido.

O pedido não merece acolhimento.

O requerente alega que a manutenção do indeferimento do registro do candidato eleito atinge diretamente a sua esfera jurídica, uma vez que ocasionará a realização de novas eleições, das quais tem interesse de participar.

Observo que o requerente concorreu como vice-prefeito na chapa segunda colocada no pleito, o que afasta o seu interesse na causa diante da impossibilidade de assunção ao cargo, porquanto a eventual manutenção do indeferimento do registro do candidato eleito resultará na realização de novo pleito, na forma do art. 224, § 3º, do Código Eleitoral, não atingindo diretamente a sua esfera jurídica.

Em recente julgado, esta Corte decidiu nesse sentido:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO ELEITO. (PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA - PDT). INDEFERIMENTO. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. ART. 14, § 3º, II, DA LEI MAIOR. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA SIMPLES. SEGUNDO COLOCADO. INTERESSE JURÍDICO AUSENTE. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INVIABILIDADE. DO PEDIDO DE INGRESSO NO FEITO NA CONDIÇÃO DE ASSISTENTE SIMPLES.

1. A pretendida assistência ao Ministério Público Eleitoral configura tão somente interesse na solução da causa, porquanto o suposto interesse jurídico do segundo colocado é apenas o de concorrer nas próximas eleições, pretensão meramente reflexa.

2. Consoante assentado por este Tribunal Superior no julgamento dos ED-REspe nº 132-72/RS, Rel. Min. Henrique Neves, em sessão de 30.11.2016, "ocorrendo o indeferimento do registro do candidato mais votado, independentemente do número de votos anulados, devem ser realizadas novas eleições, a teor do que dispõe o art. 224, § 3º, do Código Eleitoral, conforme decidido nos ED-REspe 139-25, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS em 28.11.2016" . Assim, a manutenção do indeferimento do registro do candidato eleito não viabiliza a assunção do cargo pelo requerente, na condição de segundo colocado - de rigor a convocação de novas eleições -, inexistente interesse jurídico imediato para o ingresso no feito, na condição de assistente simples.

[...]

6. Agravos regimentais conhecidos e não providos.

(AgR-RO 48-98, rel. Min. Rosa Weber, PSESS em 13.12.2016;

grifo nosso.)

Por essas razões, indefiro o pedido de assistência formulado por Maurício Magalhães de Jesus.

Publique-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 145-49.2015.6.10.0000 PARNARAMA-MA

RECORRENTES: ANTONIETA SILVA CARDOSO E OUTRO

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 184

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ADVOGADOS: MÁRCIO VENICIUS SILVA MELO - OAB: 2687/PI E OUTRO

RECORRIDOS: MANOEL COSME SOARES DA SILVA E OUTRA

ADVOGADA: AGDA MARIA ROSAL - OAB: 11491/PI

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 15.014/2016

DECISÃO

Antonieta Silva Cardoso e Joilson Soares Carvalho interpuseram recurso especial (fls. 529-541) manejado contra o acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (fls. 376-385) que julgou procedente a ação de perda de cargo eletivo por desfiliação partidária proposta contra os recorrentes, vereadores do Município de Parnarama/MA eleitos no pleito de 2012.

Opostos embargos de declaração (fls. 401-418), foram providos em parte quanto a ponto omisso, sem atribuição de efeitos infringentes ao acórdão embargado (fls. 468-474).

Nas razões do recurso especial, os recorrentes alegaram, preliminarmente, ofensa ao art. 275, §§ 1º e 2º, do Código Eleitoral e arguiram a configuração da decadência em face da ausência de citação de partido político.

No mérito, defenderam caracterizada a demonstração da grave discriminação política pessoal por eles vivenciada, além do que, "a inércia do partido em promover o pedido de desfiliação partidária e consentir com a desfiliação ainda que de forma tácita é suficiente para caracterizar justa causa" (fl. 541).

Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 578.

A douta Procuradoria-Geral Eleitoral, às fls. 582-584, manifestou-se pela prejudicialidade do recurso, em razão do término do mandato dos eleitos em 2012.

Os autos vieram conclusos em 9.3.2017 (fl. 585).

No caso, anoto que o presente feito versa sobre as Eleições de 2012, e a instância ordinária, no curso do mandato eletivo, julgou procedente a demanda em face dos recorrentes.

Assim, como bem salientado pela Procuradoria-Geral Eleitoral, evidencia-se a prejudicialidade da própria ação proposta, dado o término da respectiva legislatura.

Observo que essa conclusão igualmente alcançaria o recurso especial, caso se este pudesse ser conhecido.

Em situações similares, este Tribunal Superior assim tem decidido:

AÇÃO DE DECRETAÇÃO DE PERDA DE MANDATO ELETIVO -INFIDELIDADE PARTIDÁRIA - PERDA DO OBJETO.

1. O cargo eletivo controvertido na presente demanda referia-se às Eleições de 2008, com mandato correspondente ao período 2009-2012.

2. Desse modo, não existe mais interesse processual no julgamento do agravo em questão, haja vista não haver mais qualquer proveito prático a ser alcançado pelo agravante com o eventual provimento de seus agravos e recurso especial eleitoral, porquanto não poderá mais recuperar o mandato já findo.

3. Questão de ordem resolvida no sentido de julgar prejudicado o recurso, por perda de objeto.

(AgR-AI 882-26, rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de 19.9.2014, grifo nosso).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/97. COMPETÊNCIA. JULGAMENTO. JUIZ AUXILIAR. TÉRMINO DO MANDATO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO RECURSAL. PROVIMENTO.

1. Uma vez que o diploma impugnado, obtido nas eleições de 2006, não mais subsiste, é de se reconhecer a perda superveniente do objeto do processo, sobretudo em razão de que não houve, pela Corte Regional, decisão de mérito no feito.

2. Agravo regimental provido.

(AgR-REspe 283-55, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 1º.8.2012, grifo nosso.)

Pelo exposto, julgo prejudicado o recurso especial interposto por Antonieta Silva Cardoso e Joilson Soares Carvalho, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 185

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 86-11.2016.6.19.0086 SÃO GONÇALO-RJ 86ª Zona Eleitoral (SÃO GONÇALO)

AGRAVANTE: NEILTON MULIM DA COSTA

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO - OAB: 136042/RJ E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 15.809/2016

DECISÃO

Neilton Mulim da Costa interpôs agravo de instrumento

(fls. 57-62) contra a decisão (fls. 51-54) que negou seguimento ao recurso especial manejado em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro que, mantendo sentença, julgou procedente representação para condenar o agravante ao pagamento da multa no valor de R$ 2.000,00, imposta em razão de propaganda irregular, com fundamento no § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97.

O acórdão regional tem a seguinte ementa (fl. 39):

ELEIÇÕES 2016. RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. DERRAME DE PANFLETOS EM VIAS PÚBLICAS ("VOO DA MADRUGADA" ). ART. 37 DA LEI 9.504/97 E ART. 14, § 7º, DA RES. TSE 23.457/2015. ILÍCITO CIVIL-ELEITORAL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE APLICOU MULTA. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

1. O artigo 14, § 7º, da Resolução TSE prevê que "o derrame ou a anuência com o derrame de material de propaganda no local de votação ou nas vias próximas, ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda irregular, sujeitando-se o infrator à multa prevista no § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997, sem prejuízo da apuração do crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/1997".

2. Desnecessidade de prévia notificação do candidato para a configuração do ilícito, em razão da impossibilidade de restauração do bem. Precedentes TSE e TRE/RJ.

3. Desprovimento do recurso.

O agravante alega, em suma, que:

a) não pode haver condenação sem prova da autoria da conduta ilícita, tampouco pode o conhecimento prévio ser aferido com base em presunção;

b) o agravante não foi notificada acerca da propaganda, razão pela qual não pode ser penalizado por fato que não era do seu conhecimento;

c) o § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97 impõe a notificação prévia do responsável antes da aplicação da multa;

d) o TSE tem decido que o candidato só pode ser punido se for comprovado o seu conhecimento prévio da conduta;

e) o recurso especial não visa ao reexame de provas, mas à sua correta valoração.

Requer o conhecimento e o provimento do agravo para que seja conhecido e provido o recurso especial.

O Ministério Público Eleitoral apresentou contrarrazões

(fls. 65-68), nas quais pugna pelo desprovimento do agravo, ante a inviabilidade do recurso especial, uma vez que o aresto recorrido está em consonância com o entendimento do TSE, no sentido da desnecessidade de notificação prévia nos casos de derrame de material de propaganda em via pública.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do agravo, aduzindo, em síntese, que (fls. 72-75):

a) caso fosse exigível a notificação prévia do responsável antes da imposição de multa no caso dos autos, em que houve o "derramamento de santinhos" (fl. 74) com propaganda eleitoral em via pública na madrugada do dia das eleições, a norma não seria apta a coibir a prática;

b) em caso similar, o TSE decidiu que o derrame de santinhos em via pública ocorrido às vésperas da eleição configura propaganda irregular e atrai a aplicação de multa sem a necessidade de notificação prévia.

É o relatório.

Decido.

O agravo é tempestivo. A decisão agravada foi publicada no dia 7.12.2016 (fl. 54v), e o apelo foi interposto em 9.12.2016 (fl. 57) por advogada constituída nos autos (procuração à fl. 16).

Eis os termos da decisão agravada (fls. 52-54):

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[...]

03. Defende o recorrente suposta violação ao artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, pela ausência de notificação prévia.

Ocorre que esta Corte Regional, quando do julgamento do recurso eleitoral, entendeu que a propaganda irregular realizada pelo recorrente, consistente no derrame de material de campanha eleitoral (santinhos) próximo a local de votação, impossibilitaria a restauração do bem, o que, por sua vez, afastaria a necessidade de notificação prévia. É o que se extrai do seguinte excerto do voto condutor do acórdão impugnado (fls. 40vº/41vº):

Da análise do relatório de fiscalização de fl. 05, elaborado pelo Ministério Público Eleitoral, bem como das fotografias de fls. 06/07, observa-se ter sido verificado o derrame de diversos panfletos de campanha do recorrente em frente a local de votação, contendo seu nome, foto e número de campanha para Prefeito do Município de São Gonçalo, qual seja, 22 (fls. 06/07). Foram, inclusive, apreendidos exemplares desses panfletos, acostados à fl. 08.

Tal conduta encontra-se expressamente vedada no artigo 14, §7º, da Resolução TSE 23.457/2015, que dispõe que "o derrame ou a anuência com o derrame de material de propaganda no local de votação ou nas vias próximas, ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda irregular, sujeitando-se o infrator à multa prevista no § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997, sem prejuízo da apuração do crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/1997."

Isso porque o derramamento de material de propaganda enquadra-se no artigo 37 da Lei 9.507/97, que veda a realização de propaganda eleitoral em vias públicas.

Neste ponto, frise-se que a presente representação não tem por objeto a ocorrência do crime previsto no artigo 39, §5º, inciso III, da Lei 9.504/97, mas somente a prática da conduta em questão sob a ótica de um ilícito civil-eleitoral, descrito no artigo 37 da Lei 9.504/97 e no artigo 14, § 7º, da Resolução TSE 23.457/2015, acima mencionados.

Nesse sentido é, inclusive, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a qual afasta a necessidade de prévia notificação do candidato na hipótese ora em análise, conforme se observa dos seguintes julgados:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CHUVA (`DERRAMAMENTO") DE SANTINHOS. VIAS PÚBLICAS. MADRUGADA DO PLEITO ELEITORAL. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVIÁVEL. CASO EXCEPCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 1º, DA LEI N° 9.504/97. MULTA APLICADA. DECISÃO MANTIDA. DESPROVIMENTO.

1. A propaganda eleitoral irregular resta configurada quando houver o `derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição (REspe n° 3798-23/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 14.3.2016).

2. Na hipótese de propaganda por meio de derramamento de santinhos na madrugada do dia das eleições, a exigência da prévia notificação inserta no art. 37, § 1°, da Lei n° 9.504/97 pode ser mitigada, para garantir a ratio essendi da referida norma, que é coibir a realização de propaganda eleitoral em bens públicos, a fim de preservá-los, garantindo a isonomia entre os candidatos na disputa eleitoral e evitando influências no voto do eleitor.

3. Agravo regimental desprovido.

(TSE, Ag. Reg. no RESpe 3972-32/GO, Relator Ministro Luiz Fux, j. em 18/08/2016, DJe 23/09/2016, p. 50; grifo nosso)

ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA IRREGULAR. DERRAMA. SANTINHOS. DIA DO PLEITO. IRREGULARIDADE. CONFIGURAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. REPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CASO CONCRETO. PRÉVIO CONHECIMENTO. RESPONSABILIDADE. PECULIARIDADES. APLICAÇÃO DE MULTA.

1. Configura propaganda eleitoral irregular o `derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição.

2. Constatada a `chuva de santinhos" às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, pois a proibição contida no art. 37 da Lei nº 9.504/1997, além de destinar-se a evitar poluição visual, atua no sentido de evitar influências no voto do eleitor, em razão de propaganda ilícita, e de conferir tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção posterior ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta visibilidade.

3. Ante as particularidades observadas nos autos, é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem.

4. Responsabilidade pelo ato aferida diante das peculiaridades do caso.

5. Recurso especial provido. Procedência da representação, com fixação de multa no valor mínimo previsto em lei.

(Recurso Especial Eleitoral nº 379823, Acórdão de 15/10/2015, Relator(a) Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Publicação: DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Data 14/03/2016, Página 59-60; grifo nosso)

Assim, como demonstrado no acórdão vergastado, o Tribunal Superior Eleitoral adota entendimento pela mitigação da exigência prevista no artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, quanto à notificação prévia do candidato, no caso de derrame de material de campanha em local de votação.

Dessa forma, o alinhamento das razões do acórdão à jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral conduz à inviabilidade do apelo excepcional, por atrair a incidência dos Enunciados 30 e 83 da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral e

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do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual é inadmissível o recurso especial nos casos em que a orientação da Corte Superior é no mesmo sentido da decisão recorrida.

04. Sendo assim, considerados os fundamentos jurídicos que venho de expor, por reputar ausentes os requisitos que lhe são próprios, nego seguimento ao recurso especial eleitoral.

[...]

O agravo não tem condições de êxito, haja vista a inviabilidade do recurso especial.

Na espécie, o candidato foi condenado ao pagamento de multa no valor de R$ 2.000,00, em virtude do derrame de propaganda eleitoral em via pública na madrugada de 2.10.2016, dia das eleições municipais, em frente ao local de votação.

A Corte Regional consignou que, "da análise do relatório de fiscalização de fl. 05, elaborado pelo Ministério Publico Eleitoral, bem como das fotografias de fls. 06/07, observa-se ter sido verificado o derrame de diversos panfletos de campanha do recorrente em frente a local de votação, contendo seu número de campanha para Prefeito do Município de São Gonçalo, qual seja, 22 (fls. 06/07)" (fl. 40v).

O agravante insiste no argumento de que não tinha conhecimento dos fatos e de que devia ter sido notificado para a retirada da propaganda antes da imposição de multa, na forma como prescreve o § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97. Ainda ressalta que o conhecimento prévio do beneficiário da propaganda irregular não pode ser aferido com base em presunção.

No entanto, como bem pontuou o Ministério Público, a notificação prévia, no caso dos autos, seria inócua, uma vez que não haveria tempo para a retirada da propagada irregular derramada em via pública às vésperas do pleito.

Ademais, a Corte de origem decidiu em consonância com a orientação deste Tribunal, firmada no sentido de que, no caso de derramamento de santinhos nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição, "é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem" (REspe

3798-23, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 14.3.2016).

Destaco as ementas dos seguintes julgados desta Corte sobre a matéria, que demonstram o acerto do aresto regional no caso dos autos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CHUVA ("DERRAMAMENTO" ) DE SANTINHOS. VIAS PÚBLICAS. MADRUGADA DO PLEITO ELEITORAL. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVIÁVEL. CASO EXCEPCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 1º, DA LEI N° 9.504/97. MULTA APLICADA. DECISÃO MANTIDA. DESPROVIMENTO.

1. A propaganda eleitoral irregular resta configurada quando houver o "derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição (REspe n° 3798-23/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 14.3.2016).

2. Na hipótese de propaganda por meio de derramamento de santinhos na madrugada do dia das eleições, a exigência da prévia notificação inserta no art. 37, § 1°, da Lei n° 9.504/97 pode ser mitigada, para garantir a ratio essendi da referida norma, que é coibir a realização de propaganda eleitoral em bens públicos, a fim de preservá-los, garantindo a isonomia entre os candidatos na disputa eleitoral e evitando influências no voto do eleitor.

3. Agravo regimental desprovido.

(REspe 3972-32, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23.9.2016.)

ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA IRREGULAR. DERRAMA. SANTINHOS. DIA DO PLEITO. IRREGULARIDADE. CONFIGURAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. REPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CASO CONCRETO. PRÉVIO CONHECIMENTO. RESPONSABILIDADE. PECULIARIDADES. APLICAÇÃO DE MULTA.

1. Configura propaganda eleitoral irregular o "derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição.

2. Constatada a "chuva de santinhos" às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, pois a proibição contida no art. 37 da Lei nº 9.504/1997, além de destinar-se a evitar poluição visual, atua no sentido de evitar influências no voto do eleitor, em razão de propaganda ilícita, e de conferir tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção posterior ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta visibilidade.

3. Ante as particularidades observadas nos autos, é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem.

4. Responsabilidade pelo ato aferida diante das peculiaridades do caso.

5. Recurso especial provido. Procedência da representação, com fixação de multa no valor mínimo previsto em lei.

(REspe 3798-23, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 14.3.2016.)

Portanto, o entendimento da Corte Regional é irretocável, visto que está alinhado com a jurisprudência deste Tribunal Superior.

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Por essas razões e nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao agravo interposto por Neilton Mulim da Costa.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 105-56.2015.6.14.0097 BELÉM-PA 97ª ZONA ELEITORAL (BELÉM)

AGRAVANTE: CARLOS AUGUSTO LEMOS DE OLIVEIRA

ADVOGADOS: AMANDA LIMA FIGUEIREDO - OAB: 11751/PA E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 6.360/2016

DECISÃO

Carlos Augusto Lemos de Oliveira interpôs agravo

(fls. 112-121) contra a decisão do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (fls. 105-107) que negou seguimento a recurso especial eleitoral

(fls. 86-93) manejado em face do acórdão (fls. 77-81) que, por unanimidade, deu parcial provimento a recurso eleitoral para reformar, em parte, a sentença do Juízo da 97ª Zona Eleitoral daquele Estado que julgara procedente representação proposta pelo Ministério Público Eleitoral por doação acima do limite legal nas Eleições de 2014, a fim de afastar a sanção de inelegibilidade e manter a multa aplicada no valor de R$ 10.500,00.

Eis a ementa do acórdão regional (fl. 77):

RECURSO ELEITORAL. DOAÇÃO DE RECURSOS ACIMA DO LIMITE LEGAL. PESSOA FÍSICA. ART. 23, § 1º, DA LEI Nº 9.504/97. MANUTENÇÃO DA PENA DE MULTA EM SEU GRAU MÍNIMO. INELEGIBILIDADE A SER AFERÍVEL EM EVENTUAL REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. No caso dos autos, a doação excedeu em R$ 2.100,00 (dois mil e cem reais) os limites legais, devendo ser mantida a aplicação da pena de multa, cominada pelo juízo "a quo" no mínimo legal.

2. Declaração de inelegibilidade afastada. O afastamento da inelegibilidade no bojo desta representação não implica, porém, em absolvição do recorrente, tampouco decorre dos princípios da proporcionalidade ou razoabilidade, mas se dá apenas e tão somente porque a inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea "p" , da Lei Complementar nº 64/1990 somente será verificável no momento de eventual requerimento de registro de candidatura.

3. Recurso parcialmente provido.

O agravante sustenta, em suma, que:

a) o recurso especial preencheu todos os pressupostos de admissibilidade;

b) os temas veiculados no recurso especial foram devidamente prequestionados;

c) ocorreu erro sobre a ilicitude do fato, pois acreditava que o limite de 10% para doação seria calculado com base nos rendimentos auferidos no ano-calendário de 2014;

d) é de ser aplicado o princípio da insignificância, pois as regras aplicáveis ao caso "têm o propósito de tentar coibir a quebra do equilíbrio entre os candidatos, com abuso de poder econômico traduzida em doações que ultrapassem o percentual autorizado por lei" (fl. 120);

e) o limite de doação serve para impedir que a pessoa doadora disponha de grande parte do seu patrimônio em prol de candidato;

f) embora tenha sido excedido o limite fixado para as doações de campanha feitas por pessoa física, o valor excedente é ínfimo e não tem potencial para quebrar a igualdade entre os candidatos;

g) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade devem ser aplicados em razão do valor pouco expressivo do excesso de

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doação.

Requer o conhecimento e o provimento do agravo em recurso especial, com a consequente reforma do acórdão recorrido para afastar a multa aplicada.

O Ministério Público Eleitoral apresentou contrarrazões às

fls. 125-128v, nas quais pugna pelo não conhecimento e pelo não provimento do agravo, sob os seguintes argumentos:

a) o agravo é intempestivo, pois foi interposto quando já expirado o prazo recursal de 24 horas, previsto no § 8º do

art. 96 da Lei 9.504/97, aplicável às representações por doação acima do limite legal realizadas por pessoas físicas;

b) o agravo apenas repete os argumentos deduzidos no recurso especial;

c) o agravante não se desincumbiu do ônus processual de demonstrar as violações apontadas nem indicou os dispositivos legais que teriam sido afrontados, e tampouco realizou cotejo analítico de julgados;

d) o recurso especial pretende rediscutir matéria fático-probatória;

e) as alegações de ofensa aos princípios da insignificância, da razoabilidade e da proporcionalidade não se subsumem às hipóteses de cabimento do recurso especial, cuja fundamentação é vinculada e exige a demonstração de violação de norma legal ou constitucional, e/ou de divergência jurisprudencial;

f) o recurso especial é manifestamente inadmissível e destituído de fundamento, causando embaraço à efetividade da decisão judicial, razão pela qual se faz necessário que o agravante seja advertido quanto ao caráter protelatório do apelo, nos termos do art. 77, II e IV, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Civil, a fim de viabilizar futura aplicação de multa por ato atentatório à dignidade da justiça e por litigância de má-fé em caso de reiteração da conduta.

A douta Procuradoria-Geral Eleitoral, no parecer de

fls. 136-139, manifestou-se pelo não conhecimento do agravo, pelos seguintes fundamentos:

a) o agravo é tempestivo, pois foi interposto dentro do tríduo legal, conforme interpretação sistemática dos arts. 22 da

Res.-TSE 23.398, 22 da Lei Complementar 64/90 e 258 do Código Eleitoral;

b) os julgados deste Tribunal Superior Eleitoral segundo os quais seria de 24 horas o prazo recursal em representações por excesso de doação feita por pessoa física referem-se às Eleições de 2006 e 2010, anteriores à vigência da

Lei Complementar 135/2010, a partir da qual tais feitos passaram a observar o rito do art. 22 da Lei de Inelegibilidades;

c) o agravante não deduziu nenhum argumento capaz de modificar a decisão agravada, limitando-se a afirmar que os pressupostos do recurso especial teriam sido atendidos, o que atrai a incidência da Súmula 26 desta Corte Superior.

É o relatório.

Decido.

Evidencia-se a regularidade da representação processual, na medida em que o agravo foi interposto em petição subscrita por advogados habilitados nos autos (procuração à fl. 23).

Analiso, inicialmente, a tempestividade do agravo.

Nas contrarrazões, o Ministério Público Eleitoral sustenta a intempestividade do agravo, sob o argumento de que ele foi interposto após o transcurso do prazo recursal de 24 horas previsto no § 8º do art. 96 da

Lei 9.504/97, o qual seria aplicável às representações por doações acima do limite legal realizadas por pessoas físicas.

Quanto ao ponto, a douta Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pela tempestividade do agravo, aduzindo que ele foi interposto dentro do prazo de três dias, o qual seria aplicável ao caso conforme interpretação sistemática dos arts. 22 da Res.-TSE 23.398, 22 da LC 64/90 e 258 do Código Eleitoral. Argumenta, ademais, que os julgados deste Tribunal Superior Eleitoral segundo os quais seria de 24 horas o prazo recursal em representações por excesso de doação feita por pessoa física referem-se às Eleições de 2006 e 2010, anteriores à vigência da Lei Complementar 135/2010, a partir da qual tais feitos passaram a seguir o rito do art. 22 da Lei de Inelegibilidades.

A matéria está disciplinada na Res.-TSE 23.398, que dispõe sobre as representações, as reclamações e os pedidos de direito de resposta previstos na Lei 9.504/97 referentes às Eleições de 2014, nos seguintes termos:

Seção IV

DAS REPRESENTAÇÕES ESPECIAIS

Art. 22. As representações que visem apurar as hipóteses previstas nos arts. 23, 30-A, 41-A, 73, 74, 75, 77 e 81 da Lei nº 9.504/97 observarão o rito estabelecido pelo art. 22 da Lei Complementar

nº 64/90, sem prejuízo da competência regular do Corregedor Eleitoral.

[...]

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Art. 34. Os recursos contra as decisões e acórdãos que julgarem as representações previstas nesta Seção deverão ser interpostos no prazo de 3 (três) dias contados da publicação no Diário da Justiça Eletrônico, observando-se o mesmo prazo para os recursos subsequentes, inclusive recurso especial e agravo, bem como as respectivas contrarrazões e respostas.

Portanto, a teor dos arts. 22 e 34 da Res.-TSE 23.398, é de três dias o prazo para a interposição de recurso em representação por doação acima do limite legal realizada por pessoa física de que trata o art. 23 da

Lei 9.504/97.

Assim, tendo sido publicada a decisão agravada no Diário da Justiça Eletrônico de 8.6.2016, quarta-feira, conforme certidão à fl. 108, o agravo interposto em 13.6.2016, segunda-feira (fl. 112) é tempestivo, pois foi apresentado dentro do tríduo legal.

O Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará negou seguimento ao recurso especial pelos seguintes fundamentos (fls. 105-107):

[...]

Verifico que, embora tempestivo e subscrito por advogado habilitado, o recurso não merece prosperar em face da ausência dos pressupostos de admissibilidade previstos no art. 121, § 4º, incisos I e II, da CF/88 e art. 276, I, "a" e "b" , do CE. Vejamos:

Para sua admissibilidade, a petição de recurso especial deve conter: 1) a exposição do fato e direito; 2) a demonstração do cabimento do recurso interposto; 3) as razões do pedido de reforma da decisão e 4) a demonstração de violação a texto de lei ou ocorrência de dissídio jurisprudencial.

Como já relatado, o insurgente afirma que houve violação aos princípios da insignificância, proporcionalidade e razoabilidade, uma vez que o valor doado foi pouco expressivo, não tendo o potencial de quebrar o princípio da igualdade que norteia o processo eleitoral, bem como que a decisão guerreada estaria afrontando à jurisprudência do C. TSE e de outros Regionais.

Quanto ao dissídio jurisprudencial ventilado, verifico que este não atendeu aos requisitos específicos, e isso se dá quando se observa que o recorrente sequer transcreveu ementas de julgados que estariam pretensamente em conflito com a decisão desta Casa, e muito menos realizou o necessário cotejo analítico entre as mesmas.

Noutro giro, defende que a decisão proferida por este Tribunal viola os princípios da insignificância, proporcionalidade e razoabilidade.

Nesse ponto, melhor sorte não atinge o recorrente, pois sequer cita as disposições da Constituição ou de lei que o Acórdão estaria violando.

No tangente à violação de expressa disposição de lei é necessário a demonstração da afronta de forma objetiva e específica, não sendo suficiente afirmar que esta existiu sem minuciosamente demonstrá-la. Nesse sentido, cito jurisprudência:

[...]

Portanto, nota-se, sem grande esforço interpretativo, que a matéria trazida já se encontra amplamente debatida ao longo do processo, não havendo como se admitir um recurso especial voltado ao reexame de provas, conforme preceitua a Súmula nº 07 do Superior Tribunal de Justiça.

Destarte, observo que o acórdão guerreado aplicou corretamente as disposições normativas ao caso em apreço, consoante o entendimento do Egrégio Tribunal, uma vez que foram verificadas irregularidades que comprometem a confiabilidade das contas.

Assim, o recurso sub examine não logrou êxito em demonstrar a alegada divergência jurisprudencial entre dois ou mais Tribunais Regionais, nos moldes do art. 276, I, "b" , do CE.

Ante o exposto, não tendo o recorrente demonstrado o devido cabimento da insurgência examinada, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO POR ESTAREM AUSENTES OS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE ESPECÍFICOS PARA O RECURSO ESPECIAL.

[...]

Como se vê, a negativa de seguimento ao recurso especial ocorreu com base no entendimento de que as alegações de violação de dispositivos legais e constitucionais e de divergência jurisprudencial não foram devidamente fundamentadas, evidenciando-se a pretensão de reexame do contexto fático-probatório dos autos.

No entanto, o agravante não impugnou especificamente tais fundamentos, limitando-se a repetir as alegações deduzidas no recurso especial, bem como a argumentar, genericamente, que o apelo preenche os pressupostos de admissibilidade.

Desse modo, diante da ausência de impugnação específica e objetiva dos fundamentos da decisão agravada, o agravo não pode ser conhecido, a teor da Súmula 26 do TSE: "É inadmissível o recurso que deixa de impugnar especificamente fundamento da decisão recorrida que é, por si só, suficiente para a manutenção desta" .

Nesse sentido: "Os fundamentos da decisão agravada devem ser especificamente infirmados, não sendo suficiente a mera reiteração das alegações recursais" (AgR-REspe 184-42, rel. Min. Dias Toffoli, PSESS em 29.11.2012).

Ainda que fosse possível superar tal óbice, o agravo não mereceria prosperar, ante a inviabilidade do próprio recurso especial.

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Com efeito, o agravante não indica, de forma clara e precisa, os dispositivos de lei ou da Constituição que teriam sido afrontados, limitando-se a pugnar pela aplicação dos princípios da insignificância, da razoabilidade e da proporcionalidade, sem demonstrar a existência das alegadas violações para respaldar a interposição do recurso especial. Tal circunstância atrai a incidência da Súmula 27 do TSE, segundo a qual "é inadmissível recurso cuja deficiência de fundamentação impossibilite a compreensão da controvérsia" .

Ademais, o agravante não demonstrou a existência de dissídio jurisprudencial, pois nem sequer indicou julgados de outros tribunais, supostamente divergentes do aresto recorrido, cingindo-se a alegar dissídio pretoriano, o que torna inviável o apelo, a teor da Súmula 28 do TSE: "A divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial interposto com base na alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral somente estará demonstrada mediante a realização de cotejo analítico e a existência de similitude fática entre os acórdãos paradigma e o aresto recorrido" .

De qualquer modo, verifico que não assiste razão ao agravante no tocante à questão de fundo.

O Tribunal Regional Eleitoral do Pará, soberano no exame das provas, assentou o seguinte (fls. 79-81):

[...]

Apesar de alegado pelo Recorrente o devido respeito ao limite legal, comprova-se a irregularidade e a inobservância do disposto na norma, uma vez que é notável o fato de que foi ultrapassado o valor de 10% (dez por cento) sobre os rendimentos brutos auferidos no ano anterior ao da eleição, no caso 2013, conforme demonstrados nos autos (fls. 10).

Ademais, o próprio Recorrente chegou a confessar ter ultrapassado o limite previsto em lei no valor de R$ 2.100,00 (dois mil e cem reais), porém requereu a aplicação dos princípios da insignificância, razoabilidade e proporcionalidade, por considerar o valor ultrapassado como ínfimo e alegando que este "não tem potencial de quebrar o principio igualitário que norteia a campanha eleitoral" . No entanto, não há porque utilizar o referido princípio em relação ao valor da multa, também reclamada por ele, uma vez que esta foi aplicada em conformidade com o exigido no art. 25, § 2º, da Res. TSE n° 23.406, sob o risco de vulneração da norma.

Em relação ao mérito, o Recorrente alega ter incorrido em erro sobre a ilicitude do fato, pois acreditava que o valor deveria ser calculado levando em conta como base os rendimentos auferidos no ano de 2014, ano de realização da eleição. No entanto, considerando que ele próprio conhece o limite legal, inclusive chegando a admitir a ilicitude, não há motivo para discutir a boa-fé no caso em tela e muito menos se falar em erro de proibição.

Além disso, conforme fica explícito no art. 3 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB, que não se pode deixar de cumprir a lei alegando desconhecimento, fato que, inclusive, não o exime de culpa.

Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

(Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010)

Já em relação à condenação de inelegibilidade, esta merece ser afastada, uma vez que a inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea "p" , da Lei Complementar nº 64/1990 somente será verificável a partir do momento de eventual requerimento de registro de candidatura.

A respeito do tema, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará vem se posicionando da mesma forma, inclusive chegando a não proferir a inelegibilidade, mas apenas a manutenção da multa. Vejamos:

[...]

Por último, não há porque questionar a proporção da aplicação da multa imposta ao recorrente, pois mesmo que o Recorrente considere o valor pecuniário alto, encontra-se dentro dos limites permitidos no art. 25, § 2º, da Res. TSE nº 23.406, inclusive sendo aplicada em seu grau mínimo.

Com essas considerações, CONHEÇO do recurso, eis que preenchidos os requisitos de admissibilidade, e no mérito VOTO por seu PROVIMENTO PARCIAL, retirando a condenação à pena de inelegibilidade, mantendo, porém, a multa no valor de

R$ 10.500,00 (dez mil e quinhentos reais), eis que arbitrada em seu patamar mínimo (5 vezes o valor doado de forma irregular).

[...]

Como se vê, a Corte de origem assentou que o agravante doou R$ 2.100,00 acima do limite legal para campanha eleitoral e, por conseguinte, manteve a multa aplicada no valor mínimo legal, correspondente a cinco vezes a quantia doada em excesso, totalizando

R$ 10.500,00.

Segundo o Tribunal a quo, os princípios da insignificância, da razoabilidade e da proporcionalidade não podem ser aplicados em relação ao valor da multa, sob pena de vulneração da norma do art. 25,

§ 2º, da Res.-TSE 23.406, cujos limites foram observados na fixação da sanção pecuniária.

Nas razões recursais, o agravante alega que houve erro sobre a ilicitude do fato, pois acreditava que o limite de doação para campanha seria calculado com base nos rendimentos auferidos em 2014.

Ocorre, porém, que a regra segundo a qual a aferição do limite de doação para campanha, no caso de pessoa física, é realizada

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com base nos rendimentos brutos auferidos no ano anterior ao pleito consta da redação então vigente do art. 23, § 1º, da Lei 9.504/97, in verbis:

Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei.

§ 1º As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas:

I - no caso de pessoa física, a dez por cento dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição; [Grifo nosso.]

II - no caso em que o candidato utilize recursos próprios, ao valor máximo de gastos estabelecido pelo seu partido, na forma desta Lei.

E, como bem pontuado no acórdão recorrido, nos termos do art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Acerca do tema, a orientação desta Corte Superior é no sentido de que, "averiguada a doação de quantia acima dos limites fixados pela norma legal, a multa do § 3º do art. 23 da Lei das Eleições é de aplicação impositiva" (AgR-REspe 248-26, rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de 24.2.2012).

No mesmo sentido: AgR-AI 2239-62, rel. Min. Luciana Lóssio, DJE de 26.3.2014.

O agravante defende, ademais, a aplicação dos princípios da insignificância, da proporcionalidade e da razoabilidade para afastar a sanção que lhe foi imposta, sob o argumento de que o valor do excesso de doação seria ínfimo e não teria potencial para afetar a igualdade entre os candidatos.

Todavia, a jurisprudência deste Tribunal Superior acerca do tema se firmou no sentido de que "é inaplicável o princípio da insignificância à doação de pessoa física que excede parâmetro previsto em lei para campanhas eleitorais, porquanto o ilícito se perfaz com mero extrapolamento do valor doado, sendo irrelevante a quantia em excesso" (REspe 20-07, rel. Min. Herman Benjamin, DJE de 20.9.2016).

Já se decidiu, ademais, que "os postulados fundamentais da proporcionalidade e da razoabilidade são inaplicáveis para o fim de afastar a multa cominada ou aplicá-la aquém do limite mínimo definido em lei, sob pena de vulneração da norma que fixa os parâmetros de doações de pessoas física e jurídica às campanhas eleitorais" (AgR-AI 82-59, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 9.2.2017).

No mesmo sentido, cito também o seguinte julgado:

ELEIÇÕES 2010. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. DOAÇÃO DE RECUSOS ACIMA DO LIMITE LEGAL. PESSOA FÍSICA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. AFASTAMENTO DA MULTA OU FIXAÇÃO DO SEU VALOR AQUÉM DO LIMITE MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O princípio da insignificância não encontra guarida nas representações por doação acima do limite legal, na medida em que o ilícito se perfaz com a mera extrapolação do valor doado, nos termos do art. 23 da Lei das Eleições, sendo despiciendo aquilatar-se o montante do excesso. Precedentes: AgR-REspe

nº 713-45/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 28.5.2014; AgR-AI

nº 2239-62/SP, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 26.3.2014.

2. Os postulados fundamentais da proporcionalidade e da razoabilidade são inaplicáveis para o fim de afastar a multa cominada ou aplicá-la aquém do limite mínimo definido em lei, sob pena de vulneração da norma que fixa os parâmetros de doações de pessoas física e jurídica às campanhas eleitorais.

3. Agravo regimental desprovido.

(AgR-REspe 166-28, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23.2.2015, grifo nosso.)

Desse modo, o recurso especial não poderia ser conhecido com fundamento em violação de disposição legal ou constitucional nem com base em divergência jurisprudencial, uma vez que o acórdão recorrido está em conformidade com a orientação desta Corte Superior, o que atrai a incidência da Súmula 30 do TSE e da Súmula 83 do STJ, as quais podem ser "fundamento utilizado para afastar ambas as hipóteses de cabimento do recurso especial - afronta à lei e dissídio pretoriano" (AgR-AI 134-63,

rel. Min. Laurita Vaz, DJE de 3.9.2013).

Por fim, consigno que não vislumbro, por ora, a necessidade de advertência ao agravante com base no art. 77, II e IV, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Civil, arguida pelo agravado nas contrarrazões, tendo em vista as circunstâncias do caso concreto, em que foram manejados pela parte os recursos legalmente previstos para impugnação das decisões que lhe foram desfavoráveis.

Vale lembrar que "a interposição de recursos cabíveis não implicam [sic] em litigância de má-fé nem ato atentatório à dignidade da justiça, ainda que com argumentos reiteradamente refutados pelo Tribunal de origem ou sem alegação de fundamento novo" (AgRg-EDcl-REsp 1.333.425, rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJE de 4.12.2012).

Por essas razões e nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao agravo interposto por Carlos Augusto Lemos de Oliveira.

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Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1018-05.2015.6.26.0000 ANDRADINA-SP

AGRAVANTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - ESTADUAL

ADVOGADO: OTHON DE SÁ FUNCHAL BARROS - OAB: 232427/SP

AGRAVADO: HERNANI MARTINS DA SILVA

ADVOGADA: FÁTIMA NIETO SOARES - OAB: 100067/SP

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 8.449/2016

DECISÃO

O Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) interpôs agravo de instrumento (fls. 281-285) contra a decisão denegatória do recurso especial manejado contra o acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (fls. 253-265) que julgou improcedente a ação de perda de cargo eletivo por desfiliação partidária, proposta em face de Hernani Martins da Silva, vereador do Município de Andradina/SP.

Nas razões do agravo, Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores alega que o recurso especial não foi fundamentado na alínea b do art. 276 do Código Eleitoral.

Sustenta que não busca o reexame de provas, mas a revaloração jurídica da matéria objeto da controvérsia.

Aduz, ainda, que o acórdão regional negou vigência ao art. 1º, § 1º, da Res.-TSE 22.610 e ao art. 22-A, parágrafo único, da Lei 9.096/95, visto que considerou como justa causa, para a desfiliação do mandatário, a concordância do diretório municipal da legenda.

Requer o conhecimento e o provimento do agravo, a fim de que o recurso especial seja conhecido e provido, para decretar a perda de mandato de Hernani Martins da Silva.

Hernani Martins da Silva apresentou contrarrazões, às fls. 288-298, nas quais defende que seja mantida a decisão regional e julgada improcedente a ação de perda de cargo eletivo.

A douta Procuradoria-Geral Eleitoral, às fls. 305-307, manifestou-se pela prejudicialidade do recurso, em razão do término do mandato dos eleitos em 2012.

Os autos vieram conclusos em 9.3.2017 (fl. 308).

No caso, anoto que o presente feito versa sobre as eleições de 2012, e a instância ordinária, no curso do mandato eletivo, julgou improcedente a demanda, mantendo Hernani Martins da Silva no cargo de vereador no Município de Andradina/SP.

Assim, como bem salientado pela Procuradoria-Geral Eleitoral, evidencia-se a prejudicialidade da própria ação proposta, tendo em vista o término da respectiva legislatura e a impossibilidade de eventual imposição da pena de cassação de diploma.

Observo que essa conclusão igualmente alcançaria o recurso especial, caso este pudesse ser conhecido.

Pelo exposto, julgo prejudicado o agravo interposto pelo Partido dos Trabalhadores (PT) - Estadual, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 231-03.2015.6.25.0000 ITABI-SE

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RECORRENTES: JOSÉ GÉLIO OLIVEIRA DA SILVA JÚNIOR E OUTRO

ADVOGADA: KATIANNE CINTIA CORREA ROCHA - OAB: 7297/SE

RECORRIDOS: MARCELO SILVA MELO E OUTRO

ADVOGADOS: LUZIA SANTOS GOIS - OAB: 3136/SE E OUTRO

RECORRIDO: PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO (PSD) - ESTADUAL

ADVOGADO: RENATO CARLOS CRUZ MENESES - OAB: 2455/RN

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 14.713/2016

DECISÃO

José Gélio Oliveira da Silva Júnior e Gerivaldo Alves de Resende interpuseram recurso especial (fls. 196-209) em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (fls. 153-157) que, por unanimidade, acolheu a preliminar de ilegitimidade ativa do ora recorrente e extinguiu o processo sem resolução do mérito.

Eis a ementa do acórdão regional (fl. 153):

DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA. RESOLUÇÃO-TSE nº 22.610/2007. MANDATÁRIOS ELEITOS PARA OS CARGOS DE VEREADORES PELO DEM - DEMOCRATAS - E PR - PARTIDO DA REPÚBLICA. PRIMEIRO REQUERENTE FILIADO AO DEMOCRATAS. PRAZO DECADENCIAL DE 60 DIAS. DECADÊNCIA RECONHECIDA. EXTINÇÃO COM JULGAMENTO DE MÉRITO. SEGUNDO REQUERENTE FILIADO AO PRTB - PARTIDO RENOVADOR TRABALHISTA BRASILEIRO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.

1. O prazo para ajuizamento de ação por desfiliação partidária sem justa causa é de 30 (trinta) dias a partir da data de comunicação da desfiliação, momento em que surge o interesse jurídico da agremiação preterida para requerer a perda do mandato do trânsfuga. Findo esse período com inércia do partido, inicia-se, sucessivamente, a contagem de igual tempo para a propositura da ação pelo Ministério Público ou terceiro interessado (art. 1º, § 2º, da Res. TSE nº 22.610/2007).

2. Ultrapassado o prazo, é de se reconhecer a decadência do direito de ação, com a consequente extinção do processo com resolução do mérito.

3. Nas ações por infidelidade partidária, tão somente o primeiro suplente do partido detém legitimidade para pleitear a perda do cargo eletivo de parlamentar infiel à agremiação pela qual foi eleito, visto que a legitimidade ativa do suplente fica condicionada à possibilidade de sucessão imediata.

4. Pela extinção do presente feito com resolução de mérito, em razão da decadência do direito de agir, em relação a GERIVALDO ALVES DE RESENDE JÚNIOR, e pela extinção do presente feito sem resolução de mérito, tendo em vista a ilegitimidade ativa, no tocante a JOSÉ GÉLIO OLIVEIRA DA SILVA JÚNIOR.

Opostos embargos de declaração por José Gélio Oliveira da Silva Júnior (fls. 158-173), foram eles desprovidos, em acórdão assim ementado (fl. 186):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PEDIDO DE EFEITOS INFRINGENTES. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO E OMISSÃO NO JULGADO. INSURGÊNCIA CONTRA O DECISUM. AUSÊNCIA DE QUALQUER VÍCIO CONFIGURADO. CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DOS EMBARGOS.

1. Nas ações por infidelidade partidária, tão somente o primeiro suplente do partido detém legitimidade para pleitear a perda do cargo eletivo de parlamentar infiel à agremiação pela qual foi eleito, visto que a legitimidade ativa do suplente fica condicionada à possibilidade de sucessão imediata..

2. São admissíveis embargos de declaração quando há na decisão obscuridade, dúvida ou contradição, ou quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal (art. 275, incisos I e II, do Código Eleitoral).

3. O insurgente utiliza-se da irresignação com nítido caráter modificativo do mérito do decisum, o que não se coaduna com a natureza dos embargos de declaração, vez que estes não se prestam à nova apreciação de fatos já albergados na decisão, nem servem para procrastinar a demanda.

4. Não apresentação pela parte embargante de argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a decisão embargada.

5. Embargos conhecidos e desprovidos.

Nas razões do recurso especial, o recorrente aponta violação aos arts. 41-A e 73, § 10, da Lei 9.504/97 e 22 da Lei Complementar 64/90, bem como dissídio jurisprudencial, pugnando pelo provimento do apelo, a fim de que seja determinada a perda do mandato de José Gouveia de Souza de vereador conseguido nas Eleições 2012, tendo em vista que as desfiliações partidárias foram injustificadas.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 214-227.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 195

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

A Procuradoria-Geral Eleitoral emitiu parecer às fls. 232-235, opinando pela prejudicialidade do recurso especial, em razão do término do mandato eletivo relativo às Eleições 2012.

É o relatório.

Decido.

Na espécie, observo que os recorrentes pretendem a perda do mandato eletivo de José Gouveia de Souza ao cargo de vereador do Município de Itabi/SE relativo às Eleições 2012, em razão da desfiliação partidária injustificada.

Entretanto, findo o período do mandato referente ao pleito de 2012, afigura-se prejudicada a pretensão deduzida no feito e, via de consequência, o presente apelo, em razão do término do mandato eletivo exercido pelo recorrido.

Nessa linha, como bem apontado pela Procuradoria-Geral Eleitoral, "com o término do mandato dos eleitos em 2012, correspondente ao período 2013-2016, extingue-se a controvérsia sobre a perda do mandato por infidelidade partidária, não mais subsistindo interesse processual no julgamento do presente recurso, por ausência de proveito prático a ser alcançado pela parte recorrente" (fl. 234).

Em situações similares, este Tribunal Superior assim tem decidido:

ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PERDA DO OBJETO. PREFEITO E VICE-PREFEITO. TÉRMINO DO MANDATO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. INELEGIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.

1. O agravo de instrumento está, de fato, prejudicado pela perda do objeto, diante do término do mandato eletivo relativo ao período de 2009-2012.

2. A pretensão de declaração de inelegibilidade dos Agravados pelo prazo de oito anos não merece prosperar. A uma, porque o pedido constitui inovação recursal, o que é inviável nesta seara, de acordo com precedentes desta Corte. A duas, porque a ação de impugnação de mandato eletivo enseja tão somente a cassação do mandato, não se podendo declarar inelegibilidade, à falta de previsão normativa (AgR-REspe nº 51586-57/PI, Rel. Ministro ARNALDO VERSIANI, DJe 10.5.2011).

3. Agravo regimental desprovido.

(AgR-AI 1558-52, rel. Min. Laurita Vaz, DJE de 29.8.2013, grifo nosso.)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 30-A DA LEI Nº 9.504/97. COMPETÊNCIA. JULGAMENTO. JUIZ AUXILIAR. TÉRMINO DO MANDATO. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO RECURSAL. PROVIMENTO.

1. Uma vez que o diploma impugnado, obtido nas eleições de 2006, não mais subsiste, é de se reconhecer a perda superveniente do objeto do processo, sobretudo em razão de que não houve, pela Corte Regional, decisão de mérito no feito.

2. Agravo regimental provido.

(AgR-REspe 283-55, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 1º.8.2012, grifo nosso.)

Por essas razões, julgo prejudicado o recurso especial interposto por José Gélio Oliveira da Silva Júnior e Gerivaldo Alves de Resende, com base no art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 106-02.2016.6.19.0086 SÃO GONÇALO-RJ 86ª Zona Eleitoral (SÃO GONÇALO)

AGRAVANTE: MAURA DE OLIVEIRA LOBO

ADVOGADOS: BIANCA CRUZ DE CARVALHO - OAB: 136042/RJ E OUTROS

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 15.808/2016

DECISÃO

Maura de Oliveira Lobo interpôs agravo de instrumento

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 196

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

(fls. 64-69) contra decisão (fls. 58-61) que negou seguimento ao recurso especial manejado em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro que, mantendo sentença, julgou procedente a representação para condenar a agravante ao pagamento da multa no valor de R$ 2.000,00, imposta em razão de propaganda irregular, com fundamento no § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97.

O acórdão regional tem a seguinte ementa (fl. 38):

RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. DERRAME DE MATERIAL DE CAMPANHA. VIA PÚBLICA. 1º TURNO DAS ELEIÇÕES. DESCUMPRIMENTO DO ARTIGO 37, § 1º DA LEI Nº 9.504/1997 E ARTIGO 14, PARÁGRAFO 7º DA RESOLUÇÃO TSE Nº 23.457/2015. PRECEDENTES DO TSE. A EXIGÊNCIA DA PRÉVIA NOTIFICAÇÃO INSERTA NO ART. 37, § 1º, DA LEI Nº 9.504/97 PODE SER MITIGADA, PARA GARANTIR A RATIO ESSENDI DA REFERIDA NORMA, QUE É COIBIR A REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PÚBLICOS, A FIM DE PRESERVÁ-LOS, GARANTINDO A ISONOMIA ENTRE OS CANDIDATOS NA DISPUTA ELEITORAL E EVITANDO INFLUÊNCIAS NO VOTO DO ELEITOR. RESPONSABILIDADE DO CANDIDATO. RECURSO DESPROVIDO PARA MANTER A SENTENÇA.

Opostos embargos de declaração (fls. 44-45), foram eles rejeitados em aresto assim ementado (fl. 47):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. ELEIÇÕES 2016. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. DERRAME DE MATERIAL DE CAMPANHA. PROVAS ACOSTADAS AOS AUTOS PELA EQUIPE DA FISCALIZAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO. SANTINHOS ORIGINAIS E FOTO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. RECURSO DESPROVIDO.

A agravante alega, em suma, que:

a) não pode haver condenação sem prova da autoria da conduta ilícita, tampouco pode o conhecimento prévio ser aferido com base em presunção;

b) a agravante não foi notificada acerca da propaganda, razão pela qual não pode ser penalizada por fato que não era do seu conhecimento;

c) o § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97 impõe a notificação prévia do responsável antes da aplicação da multa;

d) o TSE tem decido que o candidato só pode ser punido se for comprovado o seu conhecimento prévio da conduta;

e) o recurso especial não visa ao reexame de provas, mas, sim, à sua correta valoração.

Requer o conhecimento e o provimento do agravo para que seja conhecido e provido o recurso especial.

O Ministério Público Eleitoral apresentou contrarrazões

(fls. 72-75), nas quais pugna pelo desprovimento do agravo, ante a inviabilidade do recurso especial, uma vez que o aresto recorrido está em consonância com o entendimento do TSE, no sentido da desnecessidade de notificação prévia nos casos de derrame de material de propaganda em via pública.

A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do agravo, aduzindo, em síntese, que (fls. 79-82):

a) caso fosse exigível a notificação prévia do responsável antes da imposição de multa no caso dos autos, em que houve o "derramamento de santinhos" (fl. 81) com propaganda eleitoral em via pública na madrugada do dia das eleições, a norma não seria apta a coibir a prática;

b) em caso similar, o TSE decidiu que o derrame de santinhos em via pública ocorrido às vésperas da eleição configura propaganda irregular e atrai a aplicação de multa sem a necessidade de notificação prévia.

É o relatório.

Decido.

O agravo é tempestivo. A decisão agravada foi publicada no dia 7.12.2016 (fl. 61v), e o apelo foi interposto em 9.12.2016 (fl. 64) por advogada constituída nos autos (procuração à fl. 13).

Eis os termos da decisão agravada (fls. 59-61):

[...]

03. Defende o recorrente suposta violação ao artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, pela ausência de notificação prévia.

Ocorre que esta Corte Regional, quando do julgamento do recurso eleitoral, entendeu que a propaganda irregular realizada pela recorrente, consistente no derrame de material de campanha eleitoral (santinhos) próximo a local de votação, impossibilitaria a restauração do bem, o que, por sua vez, afastaria a necessidade de notificação prévia. É o que se extrai do seguinte excerto do voto condutor do acórdão impugnado (fls. 39vº/40vº):

`A propaganda eleitoral nas Eleições 2016 está regulamentada pela Resolução TSE nº 23.457/2015, mais especificamente, a proibição do derrame de material de campanha nas ruas, no caso `santinhos", encontra-se disciplinada no o artigo 14, § 7º, da Resolução TSE nº 23.457/2015, in verbis:

Art. 14. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e

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exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados (Lei nº 9.504/97, art. 37).

(...)

§ 7º O derrame ou a anuência com o derrame de material de propaganda no local de votação ou nas vias próximas, ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda irregular, sujeitando-se o infrator à multa prevista no § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/97, sem prejuízo da apuração do crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei nº 9.504/97.

O artigo 37, § 1º, da Lei nº 9.504/07 dispõe que:

A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais).

Está prática mostra-se reiterada a cada pleito e tem sérias implicações, pois são grandes quantidades de material de campanha (`santinhos"), despejados na via pública, no dia do pleito, o que traz, inclusive, risco de dano ambiental, o que justifica a conduta ser expurgada da prática eleitoral.

Verifica-se pelo que consta do relatório da fiscalização que são `centenas" de `panfletos", no caso, `santinhos", sendo o local de diligência a Escola Municipal Raul Veiga, situada na Rua Joaquim de Almeida, nº 14, no horário das 9 horas e 36 min., no dia do pleito, ou seja, dia 02/10/2016. A foto e os `santinhos" da candidata apreendidos, acostados à fl. 06, são capazes de demonstrar o descumprimento da legislação eleitoral pelo recorrente.

De acordo com o Juízo sentenciante o material do candidato estava espalhado na rua dando indicativos reais de `derrame" em frente ao local de votação.

A matéria em exame já foi objeto de apreciação pelo colendo Tribunal Superior Eleitoral, conforme julgados a seguir:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CHUVA (`DERRAMAMENTO") DE SANTINHOS. VIAS PÚBLICAS. MADRUGADA DO PLEITO ELEITORAL. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVIÁVEL. CASO EXCEPCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 1º, DA LEI Nº 9.504/97. MULTA APLICADA. DECISÃO MANTIDA. DESPROVIMENTO.

(...) 2. Na hipótese de propaganda por meio de derramamento de santinhos na madrugada do dia das eleições, a exigência da prévia notificação inserta no art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97 pode ser mitigada, para garantir a ratio essendi da referida norma, que é coibir a realização de propaganda eleitoral em bens públicos, a fim de preservá-los, garantindo a isonomia entre os candidatos na disputa eleitoral e evitando influência no voto do eleitor. 3. Agravo regimental desprovido.

(Agravo Regimental no Respe nº 397232 - Goiânia/GO. Acórdão de 18/8/2016. Relator Min. Luiz Fux. Publicação: Diário de Justiça Eletrônico, em 23/09/2016, pag. 50)

ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA IRREGULAR. DERRAMAMENTO SANTINHOS. DIA DO PLEITO. IRREGULARIDADE. CONFIGURAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. REPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CASO CONCRETO. PRÉVIO CONHECIMENTO. RESPONSABILIDADE. PECULIARIDADES. APLICAÇÃO DE MULTA.

1. Configura propaganda eleitoral irregular o `derramamento de santinhos" nas vias púbicas próximas aos locais de votação na madrugado do dia da eleição. 2. Constatada a `chuva de santinhos" às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, pois a proibição contida no art. 37 da Lei nº 9.504/97, além de destinar-se a evitar poluição visual, atua no sentido de evitar influências no voto do eleitor, em razão de propaganda ilícita, e de conferir tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção posterior ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta visibilidade. 3. Ante as particularidades observadas nos autos, é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem. 4. Responsabilidade pelo ato aferida diante das peculiaridades do caso. 5. Recurso especial provido. Procedência da representação, com fixação de multa no valor mínimo previsto em lei

(REspe nº 379823, sessão de 15.10.2015. Relator Min. Gilmar Ferreira Mendes. Publicação: Diário de Justiça Eletrônico em 14.03.2016).

Acolho como fundamento os julgados acima. Ademais, não obstante os argumentos apresentados pelo recorrente, o fato é que houve o derrame de material de campanha próximo ao local de votação, conforme relatório de fiscalização. Tampouco se mostra convincente a alegação de que o recorrente não tinha conhecimento."

Assim, como demonstrado no acórdão vergastado, o Tribunal Superior Eleitoral adota entendimento pela mitigação da exigência prevista no artigo 37, § 1º, da Lei 9.504/97, quanto à notificação prévia do candidato, no caso de derrame de material de campanha em local de votação.

Dessa forma, o alinhamento das razões do acórdão à jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral conduz à inviabilidade do apelo excepcional, por atrair a incidência dos Enunciados 30 e 83 da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral e do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual é inadmissível o recurso especial nos casos em que a orientação da Corte Superior é no mesmo sentido da decisão recorrida.

04. Sendo assim, considerados os fundamentos jurídicos que venho de expor, por reputar ausentes os requisitos que lhe são próprios, nego seguimento ao recurso especial eleitoral.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 198

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[...]

O agravo não tem condições de êxito, haja vista a inviabilidade do recurso especial.

Na espécie, a candidata foi condenada ao pagamento de multa no valor de R$ 2.000,00, em virtude do derrame de propaganda eleitoral em via pública na madrugada de 2.10.2016, dia das eleições municipais, em frente ao local de votação.

A Corte Regional consignou que "o Juiz sentenciante fundamentou seu decisum no fato de que o material da candidata estava espalhado na rua dando indicativos reais de `derrame" em frente ao local de votação, e que o referido material foi encontrado em larga quantidade, autorizando conceber que a ação foi praticada por pessoas que integram o grupo de campanha da candidata, que, evidentemente, nada fariam sem a sua autorização" (fl. 39v).

A agravante insiste no argumento de que não tinha conhecimento dos fatos e de que devia ter sido notificada para a retirada da propaganda antes da imposição de multa, na forma como prescreve o § 1º do art. 37 da Lei 9.504/97. Ainda ressalta que o conhecimento prévio do beneficiário da propaganda irregular não pode ser aferido com base em presunção.

No entanto, como bem pontuou o Ministério Público, a notificação prévia, no caso dos autos, seria inócua, uma vez que não haveria tempo para a retirada da propagada irregular derramada em via pública às vésperas do pleito.

Ademais, a Corte de origem decidiu em consonância com a orientação deste Tribunal, firmada no sentido de que, no caso de derramamento de santinhos nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição, "é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem" (REspe 3798-23, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 14.3.2016).

Destaco as ementas dos seguintes julgados desta Corte sobre a matéria, que demonstram o acerto do aresto regional no caso dos autos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. PROPAGANDA ELEITORAL IRREGULAR. CHUVA ("DERRAMAMENTO") DE SANTINHOS. VIAS PÚBLICAS. MADRUGADA DO PLEITO ELEITORAL. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVIÁVEL. CASO EXCEPCIONAL. INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 1º, DA LEI N° 9.504/97. MULTA APLICADA. DECISÃO MANTIDA. DESPROVIMENTO.

1. A propaganda eleitoral irregular resta configurada quando houver o "derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição (REspe n° 3798-23/GO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 14.3.2016).

2. Na hipótese de propaganda por meio de derramamento de santinhos na madrugada do dia das eleições, a exigência da prévia notificação inserta no art. 37, § 1°, da Lei n° 9.504/97 pode ser mitigada, para garantir a ratio essendi da referida norma, que é coibir a realização de propaganda eleitoral em bens públicos, a fim de preservá-los, garantindo a isonomia entre os candidatos na disputa eleitoral e evitando influências no voto do eleitor.

3. Agravo regimental desprovido.

(AgR-REspe 3795-68, rel. Min. Luiz Fux, DJE de 26.8.2016.)

ELEIÇÕES 2014. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR PROPAGANDA IRREGULAR. DERRAMA. SANTINHOS. DIA DO PLEITO. IRREGULARIDADE. CONFIGURAÇÃO. NOTIFICAÇÃO. REPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CASO CONCRETO. PRÉVIO CONHECIMENTO. RESPONSABILIDADE. PECULIARIDADES. APLICAÇÃO DE MULTA.

1. Configura propaganda eleitoral irregular o "derramamento de santinhos" nas vias públicas próximas aos locais de votação na madrugada do dia da eleição.

2. Constatada a "chuva de santinhos" às vésperas do pleito, a efetiva restauração da via pública somente se verificaria caso as ruas estivessem isentas de publicidade eleitoral durante a votação, pois a proibição contida no art. 37 da Lei nº 9.504/1997, além de destinar-se a evitar poluição visual, atua no sentido de evitar influências no voto do eleitor, em razão de propaganda ilícita, e de conferir tratamento isonômico em relação aos candidatos que realizam propaganda de acordo com os comandos legais. A remoção posterior ao pleito não afasta os danos já causados, especialmente em virtude de tratar-se de local próximo à seção de votação, ou seja, de elevado trânsito de eleitores, conferindo alta visibilidade.

3. Ante as particularidades observadas nos autos, é despicienda a prévia notificação, porque não é possível no caso concreto a efetiva restauração do bem.

4. Responsabilidade pelo ato aferida diante das peculiaridades do caso.

5. Recurso especial provido. Procedência da representação, com fixação de multa no valor mínimo previsto em lei.

(REspe 3798-23, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 14.3.2016.)

Portanto, o entendimento da Corte Regional é irretocável, visto que está alinhado com a jurisprudência deste Tribunal Superior.

Por essas razões e nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao agravo interposto por Maura de Oliveira Lobo.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 199

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 752-44.2016.6.13.0000 RIBEIRÃO DAS NEVES-MG 286ª Zona Eleitoral (RIBEIRÃO DAS NEVES)

RECORRENTE: RONNIE PETERSON GONÇALVES DA SILVA

ADVOGADOS: GABRIEL CHAVES BECHELENI MARTINS - OAB: 167511/MG E OUTROS

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 458/2017

DECISÃO

Ronnie Peterson Gonçalves da Silva interpôs recurso ordinário

(fls. 16-23) em face da decisão monocrática de membro do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (fls. 14-15) que indeferiu a inicial do mandado de segurança pela ausência de direito líquido e certo, bem como por ter sido impetrado contra sentença da qual deveria ter sido interposto recurso eleitoral.

O recorrente alega, em síntese, que o instrumento de procuração em seu nome não foi juntado aos autos por falha do Cartório Eleitoral e que não houve a sua intimação para sanar a falha na representação processual, de modo que não pôde exercer o seu direito à ampla defesa e ao contraditório na representação contra ele ajuizada, em razão de a defesa não ter sido analisada pelo juízo a quo por ausência de capacidade postulatória do subscritor.

Requer o provimento do recurso ordinário, a fim de que seja dada a segurança para determinar a análise da defesa por ele apresentada na origem, ou a abertura de novo prazo para apresentação de recurso.

Pelo parecer de fls. 29-30, a Procuradoria-Geral Eleitoral opinou pelo não conhecimento apelo, em razão da supressão de instância, por ter o recorrente interposto o recurso ordinário contra decisão monocrática.

É o relatório.

Decido.

O recorrente interpôs recurso ordinário contra decisão monocrática de relator no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, de modo que suprimiu, do órgão colegiado daquela Corte, a análise da sua irresignação.

A respeito da circunstância, observou a ilustre Procuradora-Geral Eleitoral que "a interposição de recurso ordinário contra a decisão monocrática de fls. 15/16 caracteriza supressão de instância, pois a sua análise competia ao Plenário daquele Tribunal Regional, em sede de agravo interno" (fl. 29).

Com efeito, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral se firmou no sentido de que, "em razão do não exaurimento das instâncias recursais ordinárias, não é cabível a interposição de recurso ordinário contra decisão monocrática proferida por relator no Tribunal Regional que ainda desafie recurso próprio" (AgR-RO 19-90, rel. Min. Felix Fischer, PSESS em 30.9.2008).

Por essas razões, nos termos do art. 36, § 6º, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso ordinário interposto por Ronnie Peterson Gonçalves da Silva.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 10 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 7-90.2017.6.00.0000 FORTALEZA-CE

AGRAVANTE: NABLA CONSTRUÇÕES LTDA

ADVOGADOS: JAMILSON DE MORAIS VERAS - OAB: 16926/CE E OUTROS

AGRAVADA: UNIÃO

ADVOGADO: JOSÉ SARAIVA DE SOUZA JÚNIOR, PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL - OAB: ./CE

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AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

Ministro Henrique Neves da Silva

Protocolo: 1.221/2017

DECISÃO

A sociedade empresarial Nabla Construções Ltda. interpôs agravo de instrumento (fls. 527-533) contra a decisão denegatória do recurso especial manejado em face do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará que julgou improcedente o pedido da ação declaratória de nulidade.

Conforme a certidão de fl. 552, os autos me vieram conclusos em razão de pedido de efeito suspensivo (fl. 520).

Na mesma certidão, a Secretaria Judiciária apontou, nos termos do art. 7º da Res.-TSE 23.326, a existência de documentos sigilosos às fls. 122-135.

É o relatório.

Decido.

Aprecio, inicialmente, o pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo.

Ressalto que há julgados neste Tribunal em que não se admitiu o requerimento de concessão de efeito suspensivo a acórdão formulado na própria petição do recurso. Nesse sentido: AgR-AI 101-57, rel. Min. Felix Fischer, DJE de 20.2.2009. Além disso, eventual pretensão cautelar "para atribuir efeito suspensivo a recurso não dotado desse efeito exige a presença conjugada do fumus boni juris, consubstanciado na plausibilidade do direito invocado, e do periculum in mora, o qual se traduz na ineficácia da decisão se concedida somente no julgamento definitivo da ação" (AgR-AC 2256-58, rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJE de 21.9.2010).

Na sua peça recursal, a agravante não indica o risco de dano necessário ao deferimento da medida.

Diante disso, indefiro o pedido de efeito suspensivo ao agravo.

Em face da certidão de fl. 552, determino, ainda, a aplicação das providências previstas no art. 7º da Res.-TSE 23.326 em relação aos documentos de fls. 122-135.

Cumprida a diligência, ouça-se a douta Procuradoria-Geral Eleitoral, nos termos do art. 269, § 1º, do Código Eleitoral.

Publique-se.

Intime-se.

Brasília, 7 de março de 2017.

Ministro Henrique Neves da Silva

Relator

Coordenadoria de Acórdãos e Resoluções

Acórdão

PUBLICAÇÃO DE DECISÃO Nº 057/2017

ACÓRDÃOS

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 901-90.2012.6.19.0104 CLASSE 32 ITABORAÍ RIO DE JANEIRO

Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Recorrente: Helil Barreto Cardozo

Advogados: Alessandro Martello Panno ? OAB: 161421/RJ e outros

Recorrente: Audir Santana Baptista

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Advogados: Thiago Ferreira Batista ? OAB: 152647/RJ e outro

Assistente: Coligação Unindo Forças por Itaboraí

Advogada: Carolinne Gonçalves Alves ? OAB: 201006/RJ

Recorrido: Altineu Cortes Freitas Coutinho

Advogados: Marcio Vieira Santos ? OAB: 87330/RJ e outros

Ementa:

ELEIÇÕES 2012. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ALEGAÇÃO DE PRÁTICA DE ABUSO DO PODER ECONÔMICO E DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. VEICULAÇÃO DE MILHARES DE MENSAGENS TELEFÔNICAS NO DIA DA ELEIÇÃO MUNICIPAL. REENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS DELINEADOS NO ACÓRDÃO. AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA E CONSISTENTE QUANTO À SUA AUTORIA, BEM COMO RELATIVAMENTE AOS SEUS BENEFICIÁRIOS. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO, PARA MANTER OS RECORRENTES NOS SEUS RESPECTIVOS CARGOS ELETIVOS.

1. Considerando a moldura fática delineada no acórdão do egrégio TRE do Rio de Janeiro e a transcrição dos depoimentos, é possível a revaloração jurídica do que nele consignado, sem que isso importe em reexame da prova produzida no processo.

2. Inexistência, neste caso, de prova robusta e coerente quanto à responsabilização dos recorrentes pela prática da conduta ilícita, porquanto, excluídos os depoimentos e os elementos colhidos de inquérito policial anulado, restam como elementos probatórios os dois depoimentos colhidos em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla defesa; um deles inconclusivo quanto à responsabilização dos recorrentes pela autoria da conduta ilícita e, o outro, prestado pelo Delegado que presidiu o inquérito anulado afirmando que teria visto, na casa de pessoa ligada à campanha dos recorrentes, manuscrito com o teor da mensagem ilícita , não configura prova suficientemente robusta e indubitável da prática da conduta pelos recorrentes.

3. Ausência de benefício direto aos recorrentes: o teor da mensagem ilícita (O TRE informa: O candidato a Prefeito SERGIO SOARES 11 está impugnado e seus votos não serão computados; não jogue seu voto fora) só beneficiaria os recorrentes caso fossem os únicos adversários do candidato prejudicado com o aludido informe. No caso, quatro candidatos estavam na disputa pelo cargo de Prefeito e todos, exceto SERGIO SOARES, beneficiaram-se, em tese ou em abstrato, com o teor da mensagem veiculada a cerca de 50.000 eleitores no dia do pleito.

4. Nos termos do escólio do Professor Ministro LUIZ FUX, a retirada de determinado candidato investido em mandato, de forma legítima, pelo batismo popular, somente deve ocorrer em bases excepcionalíssimas, notadamente em casos gravosos de abuso do poder econômico e captação ilícita de sufrágio manifestamente comprovados nos autos. (Novos Paradigmas do Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 115-116). Esta lição doutrinária leva à conclusão de que meras alegações, alvitres ou suposições de ilícitos, se não lastreados em dados concretos e empíricos, coerentes e firmes, não bastam à formação de juízo de condenação capaz de elidir a legitimidade do mandato popular obtido nas urnas.

5. Recurso provido para julgar improcedente o pedido formulado na Representação, mantidos os recursantes nos seus respectivos cargos eletivos. Prejudicada a análise da Ação Cautelar 454-49/RJ apensada a estes autos por meio da qual o Presidente do TRE/RJ deferiu o pedido dos ora recorrentes para que fossem mantidos nos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de Itaboraí/RJ, até o julgamento deste recurso.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, em dar provimento ao recurso especial eleitoral, para julgar improcedente o pedido formulado na representação e julgado prejudicada a Ação Cautelar nº 454-49, nos termos do voto do relator.

Brasília, 9 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Gilmar Mendes. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Luiz Fux, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Nicolao Dino.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO Nº 1136-70.2014.6.06.0000 CLASSE 37 FORTALEZA CEARÁ

Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Embargante: Cid Ferreira Gomes

Advogados: André Garcia Xerez Silva - OAB: 25545/CE e outras

Embargada: Coligação Ceará de Todos

Advogados: Waldir Xavier de Lima Filho - OAB: 10400/CE e outros

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 202

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Ementa:

ELEIÇÕES 2014. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL EM PERÍODO VEDADO. ART. 73, INCISO VI, ALÍNEA B, DA LEI 9.504/97. CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. PRETENSÃO DE SE ALTERAR O JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. Na hipótese, nenhum dos pressupostos de cabimento dos Declaratórios está presente. O acórdão embargado foi claro ao declinar os motivos pelos quais não poderiam ser apreciadas por esta Corte as questões referentes à ausência de prova de que a publicidade institucional teria sido veiculada no portal eletrônico do Governo do Estado do Ceará em período vedado e à necessidade de pedido expresso de voto ou promoção pessoal do agente público para configurar a conduta vedada descrita nos autos, por se tratar de inovação indevida em âmbito de Agravo Interno.

2. A pretensão de rediscutir essas questões é intento infringente do julgado e não se coaduna com a via dos Embargos Declaratórios, de índole integrativa por excelência.

3. Evidenciado o exercício abusivo do direito de recorrer. Afastada, por ora, a aplicação da multa prevista no art. 81 do CPC/2015.

4. Embargos de Declaração rejeitados.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.

Brasília, 14 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Luiz Fux. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral em exercício, Francisco de Assis Vieira Sanseverino. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Gilmar Mendes.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 147-17.2016.6.24.0025 CLASSE 32 IRINEÓPOLIS SANTA CATARINA

Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Agravante: Nilda Edite Banhuki Galvão

Advogados: Thiago André Marques Vieira OAB: 31164/SC e outros

Agravada: Coligação Irineópolis para Todos

Advogado: Alan Braz Damaso da Silveira OAB: 17567/SC

Ementa:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INDEFERIMENTO NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. AUSÊNCIA DE QUITAÇÃO ELEITORAL. EXISTÊNCIA DE DECISÃO QUE JULGOU NÃO PRESTADAS AS CONTAS DE CAMPANHA RELATIVAS ÀS ELEIÇÕES DE 2012, OCASIÃO EM QUE A ORA AGRAVANTE FOI CANDIDATA AO CARGO DE PREFEITO. JULGADO POSTERIOR QUE DECLAROU A NULIDADE DESSA DECISÃO EM RELAÇÃO AO CANDIDATO A VICE-PREFEITO DA CHAPA POR AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO. EXTENSÃO DOS EFEITOS À RECORRENTE. ALEGAÇÃO DE LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO. ASPECTOS QUE DEVERIAM TER SIDO ABORDADOS NO ÂMBITO DAQUELE PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. AFRONTA AO ART. 91 DO CE E DOS ARTS. 115 E 116 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. ARGUMENTOS INAPTOS PARA REFORMAR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Brasília, 2 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Gilmar Mendes. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Luiz Fux, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Nicolao Dino.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO Nº 1115-94.2014.6.06.0000 CLASSE 37 FORTALEZA CEARÁ

Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Embargante: Cid Ferreira Gomes

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 203

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Advogados: André Garcia Xerez Silva OAB: 25545/CE e outras

Embargada: Coligação Ceará de Todos

Advogados: Waldir Xavier de Lima Filho OAB: 10400/CE e outros

Ementa:

ELEIÇÕES 2014. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL EM PERÍODO VEDADO. ART. 73, INCISO VI, ALÍNEA B, DA LEI 9.504/97. CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. PRETENSÃO DE SE ALTERAR O JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. Na hipótese, nenhum dos pressupostos de cabimento dos Declaratórios está presente. O acórdão embargado foi claro ao declinar os motivos pelos quais não poderiam ser apreciadas por esta Corte as questões referentes à ausência de prova de que a publicidade institucional teria sido veiculada no portal eletrônico do Governo do Estado do Ceará em período vedado e à necessidade de pedido expresso de voto ou promoção pessoal do agente público para configurar a conduta vedada descrita nos autos, por se tratar de inovação indevida em âmbito de Agravo Interno.

2. A pretensão de rediscutir essas questões é intento infringente do julgado e não se coaduna com a via dos Embargos Declaratórios, de índole integrativa por excelência.

3. Evidenciado o exercício abusivo do direito de recorrer. Afastada, por ora, a aplicação da multa prevista no art. 81 do CPC/2015.

4. Embargos de Declaração rejeitados.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.

Brasília, 14 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Luiz Fux. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral em exercício, Francisco de Assis Vieira Sanseverino. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Gilmar Mendes.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO Nº 1118-49.2014.6.06.0000 CLASSE 37 FORTALEZA CEARÁ

Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

Embargante: Cid Ferreira Gomes

Advogados: André Garcia Xerez Silva OAB: 25545/CE e outros

Embargada: Coligação Ceará de Todos

Advogados: Waldir Xavier de Lima Filho OAB: 10400/CE e outros

Ementa:

ELEIÇÕES 2014. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL EM PERÍODO VEDADO. ART. 73, INCISO VI, ALÍNEA B, DA LEI 9.504/97. CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. PRETENSÃO DE SE ALTERAR O JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. Na hipótese, nenhum dos pressupostos de cabimento dos Declaratórios está presente. O acórdão embargado foi claro ao declinar os motivos pelos quais não poderiam ser apreciadas por esta Corte as questões referentes à ausência de prova de que a publicidade institucional teria sido veiculada no portal eletrônico do Governo do Estado do Ceará em período vedado e à necessidade de pedido expresso de voto ou promoção pessoal do agente público para configurar a conduta vedada descrita nos autos, por se tratar de inovação indevida em âmbito de Agravo Interno.

2. A pretensão de rediscutir essas questões é intento infringente do julgado e não se coaduna com a via dos Embargos Declaratórios, de índole integrativa por excelência.

3. Evidenciado o exercício abusivo do direito de recorrer. Afastada, por ora, a aplicação da multa prevista no art. 81 do CPC/2015.

4. Embargos de Declaração rejeitados.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 204

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

voto do relator.

Brasília, 14 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Luiz Fux. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral em exercício, Francisco de Assis Vieira Sanseverino. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Gilmar Mendes.

PUBLICAÇÃO DE DECISÕES Nº 58/2017

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 52-13.2013.6.21.0142 CLASSE 32 BAGÉ RIO GRANDE DO SUL

Relator: Ministro Henrique Neves da Silva

Agravante: Ministério Público Eleitoral

Agravados: Sidenir Ferreira e outras

Advogados: Maritânia Lúcia Dallagnol OAB: 25419/RS e outros

Agravado: Paulo Antônio Nocchi Parera

Advogados: Maritânia Lúcia Dallagnol OAB: 25419/RS e outros

Ementa:

AÇÃO PENAL. TRANSPORTE ILEGAL DE ELEITORES. ART. 11, III, C.C. ART. 5º DA LEI 6.091/74. ELEIÇÕES DE 2012. IMPROCEDÊNCIA.

1. O agravante limita-se a reiterar a suficiência dos indícios para alicerçar a condenação.

2. É necessário que os indícios do transporte irregular de eleitores sejam corroborados por outros elementos de prova, em especial pela oitiva dos eleitores transportados.

3. Ausência de depoimentos que corroborem o aliciamento eleitoral, isto é, o fato de que o traslado de eleitores tenha sido vinculado à obtenção de votos em favor de determinada candidatura ou mesmo de que tenham eles sido expostos a material de propaganda eleitoral capaz de causar alguma influência nas suas vontades.

4. A condenação deve amparar-se em prova robusta pela qual se demonstre, de forma inequívoca, a prática de todos os elementos do fato criminoso imputado aos réus, o que não se denota na hipótese em exame.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Brasília, 16 de fevereiro de 2017.

Presidência da Ministra Rosa Weber. Presentes os Ministros Luiz Edson Fachin, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Henrique Neves da Silva e Admar Gonzaga, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Nicolao Dino. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Gilmar Mendes.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 128-82.2016.6.14.0059 CLASSE 32 REDENÇÃO PARÁ

Relator: Ministro Henrique Neves da Silva

Agravantes: Mário Aparecido Moreira e outros

Advogados: Marcelo Gomes Borges OAB: 21133/PA e outros

Agravado: Carlo Iavé Furtado Araújo

Advogado: Bruno Timóteo Silva Rezende OAB: 19393/PA

Ementa:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. ALEGAÇÃO DE ABUSO DE PODER. AIRC. MEIO INADEQUADO.

Page 205: Ano 2017, Número 050 terça-feira, 14 de março de 2017 Página 1 · agravo regimental no agravo de instrumento nº 8-09.2013.6.24.0013 ... agravo regimental no recurso especial

Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 205

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

1. Não houve impugnação específica do fundamento da decisão agravada atinente à aplicação da jurisprudência desta Corte no sentido da impossibilidade de apuração do alegado abuso de poder em sede de impugnação ao registro de candidatura. Inviabilidade do agravo regimental, a teor da Súmula 26 do Tribunal Superior Eleitoral.

2. A impugnação ao registro de candidatura não é meio adequado para a apuração de conduta supostamente caracterizadora de abuso de poder, uma vez que a Lei Complementar 64/90 prevê, em seu art. 22, a ação de investigação judicial para esse fim. Precedentes: RO 5-93, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, PSESS em 3.9.2002; AgR-REspe 181-33, rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 22.6.2001.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Brasília, 21 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Gilmar Mendes. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Luiz Fux, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Nicolao Dino. Ausente, justificadamente, o Ministro Herman Benjamin.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 178-09.2016.6.16.0074 CLASSE 32 PEABIRU PARANÁ

Relatora: Ministra Luciana Lóssio

Embargantes: Paulo Cezar Paulete e outra

Advogados: Emma Roberta Palú Bueno OAB: 70383/PR e outros

Embargado: Ministério Público Eleitoral

Ementa:

ELEIÇÕES 2016. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. DRAP. INDEFERIMENTO. TRÂNSITO EM JULGADO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. REJEIÇÃO.

1. Os embargos de declaração somente são cabíveis nas situações em que o acórdão embargado padecer de omissão, obscuridade ou contradição, o que, de fato, não ocorreu na espécie.

2. A contradição que autoriza a oposição dos aclaratórios é apenas aquela derivada da existência, no julgado, de proposições inconciliáveis entre si, e não deste com outro julgado. Precedente.

3. O mero inconformismo da parte com o resultado do julgamento não enseja a oposição de embargos de declaração.

4. Embargos de declaração rejeitados.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto da relatora.

Brasília, 2 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Gilmar Mendes. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros Luiz Fux, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Nicolao Dino.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 207-45.2016.6.26.0215 CLASSE 32 ANGATUBA SÃO PAULO

Relator: Ministro Henrique Neves da Silva

Agravante: Coligação Governo Novo, Ideias Novas! Para a Cidade não Parar

Advogados: Márcia Regina Rodrigues OAB: 75616/SP e outros

Agravada: Marina dos Santos Duarte

Advogado: Marcos José Ramos Pereira OAB: 241235/SP

Ementa:

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO. CANDIDATA A VEREADORA. INELEGIBILIDADE.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 206

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. ART. 1º, II, L, DA LEI COMPLEMENTAR 64/90.

1. Não houve impugnação dos fundamentos da decisão agravada atinentes ao ônus de provar a caracterização da inelegibilidade. Inviabilidade do agravo regimental, a teor da Súmula 26 do Tribunal Superior Eleitoral.

2. No recurso especial, não é possível reexaminar as provas dos autos para afastar as conclusões registradas no acórdão regional, no sentido de que a desincompatibilização foi realizada a tempo e de que não há provas suficientes para se afirmar que a candidata não se afastou do seu cargo e permaneceu exercendo as suas funções. Incide, na espécie, a Súmula 24 do TSE.

3. Na linha da jurisprudência desta Corte, é ônus do impugnante comprovar a inexistência de tempestiva desincompatibilização no plano fático.

Agravo regimental a que se nega provimento.

Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator.

Brasília, 14 de fevereiro de 2017.

Presidência do Ministro Luiz Fux. Presentes as Ministras Rosa Weber e Luciana Lóssio, os Ministros, Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral em exercício, Francisco de Assis Vieira Sanseverino. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Gilmar Mendes.

Intimação

PUBLICAÇÃO DE INTIMAÇÃO Nº 51/2017

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL Nº 752-09.2016.6.13.0044 - GUARACIAMA - MINAS GERAIS

RELATOR(A): MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: FRANCISCO ADEVALDO SOARES PRAES

ADVOGADOS: RODRIGO DE SÁ QUEIROGA - OAB: 16625/DF e Outros

EMBARGADO: FILOMENO AFONSO DE FIGUEIREDO

ADVOGADOS: CÉDIO PEREIRA LIMA JÚNIOR - OAB: 97392/RJ e Outros

PROTOCOLO: 1.710/2017

Fica(m) intimado(s) o(s) embargado(s), por seu(s) advogado(s) para, querendo, no prazo de 3 (três) dias, apresentar(em) contrarrazões aos Embargos de Declaração opostos nos autos do Recurso Especial Eleitoral nº 752-09.2016.6.13.0044.

PUBLICAÇÃO DE INTIMAÇÃO Nº 52/2017

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ORDINÁRIO Nº 1380-69.2014.6.07.0000 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

RELATOR: MINISTRO HENRIQUE NEVES DA SILVA

EMBARGANTE: AGNELO SANTOS QUEIROZ FILHO

ADVOGADOS: EDSON LUIZ SARAIVA DOS REIS - OAB: 12855/DF e Outros

EMBARGADA: COLIGAÇÃO UNIÃO E FORÇA

ADVOGADOS: ANDREIVE RIBEIRO DE SOUSA - OAB: 31072/DF e Outros

PROTOCOLO: 1.732/2017

Fica intimado a embargada, por seus advogados para, querendo, no prazo de 3 (três) dias, apresentar contrarrazões aos Embargos de Declaração opostos nos autos do Recurso Ordinário nº 1380-69.2014.6.07.0000.

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 207

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

Documentos Eletrônicos Publicados pelo PJE

Intimação

Processo 0600583-34.2017.6.00.0000

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

RECLAMAÇÃO (1342)  Nº 0600583-34.2017.6.00.0000 (PJe) - COLORADO - PARANÁ RELATORA: MINISTRA ROSA MARIA WEBER CANDIOTA DA ROSA RECLAMANTE: COLIGAÇÃO COLORADO EM BOAS MÃOS Advogado do(a) RECLAMANTE: MAURICIO DE OLIVEIRA CARNEIRO - PR30485 RECLAMADO: DIEGO GUSTAVO PEREIRA Advogado do(a) RECLAMADO:

 

DECISÃO

 

Eleições 2016. Reclamação. Decisão paradigma. Liminar deferida monocraticamente nos autos do REspe nº 162-89/PR. Inadequação da via eleita. Fiel cumprimento da tutela concedida, por determinação do Juízo da 95ª ZE/PR, ora reclamado. Diplomação e posse imediatas dos candidatos majoritários mais votados. Usurpação de competência ausente. Negativa de seguimento .

 

Vistos etc.

Trata-se de reclamação, com pedido liminar, ajuizada pela Coligação Colorado em Boas Mãos contra decisão prolatada pelo Juiz da 95ª Zona Eleitoral do Paraná –pela qual determinada a imediata diplomação dos candidatos Marcos José Consalter de Mello e Adair Ignacio.

Alega, em síntese, usurpada a competência do TSE pelo Juízo Eleitoral ao extrapolar decisão do e. Presidente do TSE –pela qual concedida medida liminar para atribuir efeito suspensivo ativo ao agravo regimental interposto no REspe nº 162-89/PR, de minha relatoria –autorizada a diplomação e posse de Marcos José Consalter de Mello e Adair Ignacio Ribeiro, sem que realizada prévia e imprescindível retotalização dos votos, inviabilizada, ainda, manifestação das partes.

Aduz inobservados os arts. 141, 170 e 183, ambos da Res.-TSE nº 23.456/2015, os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

Requer a concessão da medida liminar para anular a decisão do Juiz Eleitoral, a diplomação e a posse da chapa interessada. No mérito, postula a confirmação do pedido.

Éo relatório.

Decido.

Nada colhe a reclamação.

De plano, consigno incabível reclamação contra atos decisórios de Ministros que integram esta Corte Superior. A propósito, destaco o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal quanto àmatéria:

“RECLAMAÇÃO. Propositura contra decisão de Turma do Supremo. Inadmissibilidade. Seguimento negado. Recurso improvido. Precedentes. Não se admite reclamação contra decisão de turma ou ministro do Supremo Tribunal Federal.” (Rcl nº 2.969/MG-AgR, relator o Ministro Cezar Peluso, Tribunal Pleno, DJe de 25.03.2010, destaquei)

“AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. IMPUGNAÇÃO DE ATO DE MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. COMPETÊNCIA DO RELATOR PARA DECIDIR MONOCRATICAMENTE AÇÃO SOB SUA RELATORIA. AGRAVO REGIMENTAL PREJUDICADO. 1. Não cabe reclamação para impugnar decisão monocrática de Ministro do Supremo Tribunal Federal. 2. Reconsideração da decisão reclamada. Substituição do título judicial: perda de objeto.” Rcl 8.301/DF-AgR, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe de 09.10.2009, destaquei)

De mais a mais, ao exame, não constato extrapoladas as premissas delineadas na decisão paradigma, registrado que, “com a concessão de medida liminar atribuindo efeito suspensivo ativo ao agravo regimental, a sequência de atos éa imediata diplomação do candidato mais votado. Não há, contudo, óbice àoitiva do Órgão Ministerial, devendo, no entanto, o Magistrado observar o prazo para a referida diplomação de forma a possibilitar a posse no dia 1º.1.2017”.

Por seu turno, destacado na decisão proferida pelo Magistrado da 95ª Zona Eleitoral do Paraná, ao cumprimento da tutela deferida, a impossibilidade de realização do prévio procedimento de retotalização, ante o exíguo prazo para a diplomação dos candidatos. Confira-se:

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 208

Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br

“[,,,] a Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 23.456/2015 e a jurisprudência consolidada dos TREs e TSE preveem que a diplomação do candidato que teve a candidatura deferida após a totalização dos votos depende de prévio procedimento de retotalização. Contudo, no presente caso, entendeu o TSE, por meio de nova Decisão Monocrática proferida pelo Eminente Ministro Gilmar Ferreira Mendes, que a diplomação deve ocorrer em tempo hábil para possibilitar a posse no dia 1º de janeiro de 2017. Levando-se em conta a data desta última decisão proferida pelo TSE (29.12.2016), o prazo exíguo para a posse (3 dias) e que hoje éo último dia útil antes da data designada para o empossamento, tornou-se impossível o cumprimento do disposto nos artigos 183 c.c. 141 e 170, todos da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 23.456/2015, inclusive a preparação da sessão solene de diplomação, procedimentos que demandariam, nos termos do calendário estabelecido na decisão proferida por este Juízo e observando - se os prazos legais, pelo menos 10 dias. Desta forma, devem ser expedidos imediatamente os diplomas dos candidatos Marcos José Consalter de Mello e Adair Ignacio Ribeiro, independentemente de qualquer outra formalidade”.

Não vislumbro, portanto, qualquer ato praticado pela autoridade reclamada capaz de afrontar a decisão proferida em sede de tutela de urgência, nos autos do REspe nº 162-89.2016/PR, em trâmite neste Tribunal Superior.

Acresço, àdemasia, que, consoante decidido por esta Corte Superior no julgamento dos Ed’s no REspe 139-25, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 28.11.2016, na hipótese de cassação do diploma ou de perda do mandato do candidato eleito, devem ser realizadas novas eleições, a teor do art. 224, §3º, do Código Eleitoral.

Logo, a despeito de inviabilizada a retotalização dos votos previamente àdiplomação, em se tratando de cargo majoritário, não antevejo prejuízo concreto que possa alcançar a esfera jurídica da reclamante, incontroversa a obtenção, pelos candidatos empossados, da maior votação no pleito majoritário na municipalidade, impossibilitada, por seu turno, a eventual assunção do cargo pelos segundos colocados.

Ante o exposto, nego seguimento àreclamação, prejudicado o pedido de liminar (art. 36, §6º, do RITSE).

Publique-se.

Brasília, 08 de março de 2017.

 

Ministra ROSA MARIA WEBER CANDIOTA DA ROSA Relator

Processo 0602782-63.2016.6.00.0000

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

AÇÃO CAUTELAR (12061)  Nº 0602782-63.2016.6.00.0000 (PJe) - ARAÚJOS - MINAS GERAIS RELATORA: MINISTRA ROSA MARIA WEBER CANDIOTA DA ROSA AUTOR: FRANCISCO CLEBER VIEIRA DE AQUINO Advogados do(a) AUTOR: FLAVIO HENRIQUE UNES PEREIRA - DF31442, MARILDA DE PAULA SILVEIRA - MG90211, ANTONIO PEDRO MACHADO - DF52908, JOSE SAD JUNIOR - MG65791, BRUNO DE MENDONCA PEREIRA CUNHA - MG103584, THIAGO ESTEVES BARBOSA - DF49975, BARBARA MENDES LOBO AMARAL - DF21375, MIGUEL AUGUSTO MARCANO GALDINO - DF36752, RAPHAEL ROCHA DE SOUZA MAIA - DF52820, DANIELLE PERSIANO DE CASTRO QUEIROZ - DF26497 RÉU: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL Advogado do(a) RÉU:

 

DESPACHO

 

Vistos etc.

Francisco Cleber Vieira de Aqui requer a desistência do agravo regimental interposto contra a decisão pela qual negado seguimento àpresente medida cautelar.

De plano, consigno não acostada procuração com poderes especiais conferida aos advogados José Sad Júnior (OAB/MG 65.791) e Bruno de Mendonça P. Cunha (OAB/MG 103.584), subscritores do pedido de desistência do agravo regimental formulado em 23.02.2017.

Ante o exposto, intime-se o agravante para, no prazo de 3 (três) dias, suprir a inconsistência.

Publique-se.

Brasília, 08 de março de 2017.

 

 

Ministra ROSA MARIA WEBER CANDIOTA DA ROSA Relatora

 

 

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 209

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Intimação de pauta

Intimação de Pauta

Para julgamento do processo abaixo relacionado, a partir da próxima sessão, respeitado o prazo de 24 horas, contado desta publicação.

MANDADO DE SEGURANÇA (120) N° 0602879-63.2016.6.00.0000

ORIGEM: ITAJUBá - MG

RELATOR: Ministro Henrique Neves

PARTES DO PROCESSO

TERCEIRO INTERESSADO: CELIA MARIA MORAIS RENNO BROCHETTO

Advogados do(a) TERCEIRO INTERESSADO: TIAGO DE OLIVEIRA MELGACO - MG120771, WLADIMIR RODRIGUES DIAS - MG69322, FELIPE DALDEGAN MIRANDA - MG137521, LAURO MENDONCA COSTA - MG74035

IMPETRADO: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

AÇÃO CAUTELAR (12061) N° 0602930-74.2016.6.00.0000

ORIGEM: CARMóPOLIS - SE

RELATOR: Ministro Henrique Neves

PARTES DO PROCESSO

AUTOR: VOLNEY LEITE ALVES

Advogados do(a) AUTOR: RAFAEL RESENDE DE ANDRADE - SE5201, JOSE HUNALDO SANTOS DA MOTA - SE1984, CRISTIANO MIRANDA PRADO - SE5794, MARCIO MACEDO CONRADO - SE3806, KLEBER RENISSON NASCIMENTO DOS SANTOS - SE2473, AUGUSTO LUIZ DANTAS TRINDADE - SE4150

RÉU: MINISTERIO PUBLICO ELEITORAL, COLIGAÇÃO A FORÇA DAS NOVAS IDEIAS

Jean Carlos Silva de Assunção

Assessor de Plenário

CORREGEDORIA ELEITORAL

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)

SECRETARIA DO TRIBUNAL

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)

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Ano 2017, Número 050 Brasília, terça-feira, 14 de março de 2017 Página 210

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SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)

SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)

SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)

SECRETARIA DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO

(NÃO HÁ PUBLICAÇÕES NESTA DATA)