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ANO LVII – N.º 2 FEVEREIRO 2011 ASSINATURA ANUAL | Nacional 7,00 € l Estrangeiro 9,50 € A revolução tunisina A mais emocionante notícia 2011 Ano europeu do voluntariado Jovem português ordenado diácono Desafio a multiplicar o número de voluntários

Ano Europeu do Voluntariado

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Desafio a multiplicar o número de voluntários

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ANO

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A maisemocionante

notícia

2011

Ano europeu do voluntariado

Jovemportuguês ordenado

diácono

Desafioa multiplicaro númerode voluntários

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Apoie a formação de jovens missionáriosFunde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250€ e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar.São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: 8fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; 8participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; 8beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATARua Francisco Marto, 52 – Ap. 5 – 2496-908 FÁTIMA | T. 249 539 430 | [email protected] Rua D.a Maria Faria, 138 – Ap. 2009 – 4429-909 Águas Santas MAI | T. 229 732 047 | [email protected] Quinta do Castelo – 2735-206 CACÉM | T. 214 260 279 | [email protected] Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 – 1800-048 LISBOA | T. 218 512 356 | [email protected] da Marginal, 138 – 4700-713 PALMEIRA BRG | T. 253 691 307 | [email protected]

Consolata é cheia de graça, por Deus agraciada para levar ao mundo a consolação de JesusConsolados são os evangelizados, porque amados de DeusConsolar é levar a toda a parte a consolação de Deus salvadorComo Maria tornamo-nos solidários com todos. Solidariedade é o outro nome da consolaçãoComo Ela somos presença consoladora em situações de afliçãoPor seu amor colocamos a nossa vida ao serviço do homem todo e de todos os homensAllamano deu-nos Maria por mãe e modelo. Por isso chamamo-nos Missionários da Consolata

Nossa Senhora da Consolata

Page 3: Ano Europeu do Voluntariado

FEVEREIRO 2011 03 FÁTIMA MISSIONÁRIA

editorial

Com o Tratado de Paris, nasceu a experiência original de entendimento supra-nacional do velho continente. Alemanha, França, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo deram origem à CECA – comunidade europeia do carvão e do aço. Por ela, lutaram tenazmente os estadistas de então: os franceses Robert Schuman e Jean Monnet, o alemão Konrad Adenauer e o italiano Alcide De Gasperi. Um ano antes, a Declaração Schuman, de 9 de Maio de 1950, abrira o caminho: a Europa “nascerá de realizações concretas que criem, antes de mais, uma solidariedade efectiva”. Mais adiante, lê-se: “O governo francês propõe que se junte a produção franco-alemã do carvão e do aço, sob uma Alta Autoridade comum, no quadro de uma organização à qual possam aderir os outros países europeus”.Seguiram-se outras etapas que culminaram no formato actual da União Europeia (UE), composta por 27 estados aderentes e 500 milhões de cidadãos. A Europa tornou-se um protagonistas de peso na cena mundial actual, garantindo a paz e a democracia dentro das suas fronteiras. Celebrado há apenas um ano, o Tratado de Lisboa abre caminho aos desafios do mundo globalizado, com instrumentos de solidariedade e de subsidiariedade.

O presente aniversário da UE reclama opções e compromissos que manifesrem a sua maturidade. Requerem-se passos concretos que beneficiem os seus cidadãos, no campo da economia, do trabalho, da energia, mas também da cultura, da justiça e dos valores éticos, que constituem os seus alicerces históricos. Porén, os governos dos 27, reunidos no Conselho Europeu, conservam ainda um poder de decisão muito elevado, quando comparado com o poder do Parlamento e da Comissão, as duas instituições europeias com carácter mais comunitário. O caminho da integração e da governabilidade poderá ir mais além, quando os nacionalismos e os interesses regionais derem lugar a um espírito europeu solidário, mais alargado e mais consistente.

Uma democracia efectiva e participativa é essencial para que a UE seja capaz de envolver os seus 500 milhões de cidadãos na construção do futuro europeu. A chamada “iniciativa dos cidadãos”, criada pelo Tratado de Lisboa, vai nesse sentido, quando permite que um milhão de pessoas de sete estados membros possam apresentar uma lei europeia.Igualmente importante é o reconhecimento do contributo das Igrejas e das comunidades religiosas no processo de integração europeia. São-lhes confirmados o seu peso histórico, a sua autoridade moral, e o seu contributo necessário para a construção da Europa de hoje. É um capital que os cristãos legitimamente reivindicam e não deixarão de fazer render.Na cena mundial, a UE não poderá abdicar das suas responsabilidades históricas, assumindo o papel de paladina da promoção da paz e da democracia. A defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais fazem parte do seu património, como é o caso da liberdade religiosa, hoje ameaçada em várias regiões do mundo.

EA

anosA Europa tem 60 anos.

Os primeiros passos da

União Europeia remontam

a 18 de Abril de 1951

A defesados direitos

humanose das

liberdades fundamentais

são valoresque fazem

parte do seupatrimónio,

como é o casoda liberdade

religiosa, hoje ameaçadaem várias

regiõesdo mundo

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Pagamento da assinaturamultibanco (ver dados na folha de endereço),transferência bancária nacional (Millenniumbcp)NIB 0033 0000 00101759888 05transferência bancária internacionalIBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05BIC/SWIFT BCOMPTPLcheque ou vale postal

Assinatura AnualNacional 7,00€Estrangeiro 9,50€De apoio à revista 10,00€Benemérito 25,00€Avulso 0,90€(inclui o IVA à taxa legal)

Nº 2 Ano LVII – Fevereiro 2011Tel. 249 539 430 / 249 539 460Fax 249 539 429 [email protected]@fatimamissionaria.ptwww.fatimamissionaria.pt

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da ConsolataContribuinte Nº 500 985 235Superior Provincial Norberto Ribeiro LouroRedacção Rua Francisco Marto, 522496-908 FátimaImpressão Gráfica Almondina,Zona Industrial – Torres NovasDepósito Legal N.º 244/82Tiragem 28.600 exemplaresDirector Elísio AssunçãoRedacção Elísio Assunção, Manuel CarreiraConselho de Redacção António Marujo, Elísio Assunção, Manuel CarreiraColaboração Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Cristina Santos, Darci Vilarinho, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diamantino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira – Quénia, Álvaro Pacheco – Coreia do SulFotografia Lusa, Ana Paula, Elísio Assunçãoe ArquivoCapa Lusa Contra-capa H. MouratoIlustração H. Mourato, Mário José Teixeirae Ricardo NetoComposição e Design Ana Paula RibeiroAdministração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques

Rua Francisco Marto, 52Apartado 52496-908 FÁTIMA

Tem a sua assinatura da revista

atrasada? Com apenas 10 eurospode actualizá-la para 2011Porque continua à espera?Não perca tempo!

803 EDITORIAL 60 anos 805 PONTO DE VISTA 2011 de todos os encontros806 LEITORES ATENTOS 808 MUNDO MISSIONÁRIO 811 AVENTURAS Pipo con-tra a crise 812 APóSTOLOS MODERNOS Sonhos invadem o dia-a-dia

capa sumário

FÁTIMA MISSIONÁRIA 04 FEVEREIRO 2011

07 HORIZONTESInstrumento de bênção

10 A MISSÃO HOJE

Coreia do SulJovem portuguêsordenado diácono

13 DESTAQUEA revolução tunisina

14 ACTUALIDADEA mais emocionante notícia

Descobrir o voluntariadocomo acto de cidadania

16Ano europeu do voluntariado

2011

À espera de uma mão amiga para combater a pobreza e a solidão

822 GENTE NOVA EM MISSÃO Existo?

824 TEMPO JOVEM admissão internet ou adição

826 SEMENTES DO REINO Vai e faz o mesmo 8 28 O QUE SE ESCREVE 8 30 O QUE SE DIZ

8 31 VIDA COM VIDA Moçambique campo de missão

8 32 OUTROS SABERES Ler pegadas na areia

8 33 A MISSÃO É SIMPÁTICA Com graça e com jeito

8 34 FÁTIMA INFORMA De velas acesas para lançar SOS

Page 5: Ano Europeu do Voluntariado

FEVEREIRO 2011 05 FÁTIMA MISSIONÁRIA

texto NORBERTO LOURO

ponto de vista

A Família Missionária da Consolata – padres, irmãos, irmãs, leigos, colaboradores e amigos – tem vivido várias actividades, desde Setembro de 2010, que tendem a intensificar--se ainda mais em 2011. Os grandes eventos preparam-se na programação atempada, na reflexão ponderada, na oração intensa, na partilha abundante.Missionários e missionárias da Consolata, em Setembro passado, iniciaram este processo ascendente com um curso de exercícios espirituais. Nada nos distraiu nem desviou do tema fundamental: o lugar central da pessoa de Jesus no caminho do missionário e da missão. Sem a adesão pessoal a Cristo, não se consegue fazer missão.Missionários e missionárias da Consolata são o núcleo central da família fundada pelo Beato José Allamano, em 29 de Janeiro de 1901. Falecido em 16 de Fevereiro de 1926, foi beatificado por João Paulo II, em 7 de Outubro de 1990.O zelo de fogo missionário e a vida impregnada de santidade de Allamano transbordaram para milhares de missionários e, deles, para milhões de pessoas em quatro continentes. “Primeiro santos, depois missionários”, é o motor fundamental que ele indica aos seus filhos e filhas para anunciarem o Evangelho. Em Portugal, são já milhares as pessoas tocadas pela santidade deste homem humilde, mas empreendedor. Muitos estão

2011 de todos os encontrosAnimados pelafé do que vivemos, pelo testemunho que queremos dar, lançar-nos-emosa animar a todos com a esperança dum mundo melhorassociados em grupos dinâmicos de acção missionária intensa e constante, animados pelo carisma de Allamano. Em Novembro passado, estes grupos reuniram-se em Fátima para fazerem o ponto da situação sobre a fidelidade à missão e ao carisma do seu Fundador.Viveram e celebraram a alegria de pertencer à Família Missionária da Consolata. Experimentaram a satisfação por tudo o que foi feito e fortaleceram o desejo de fazer mais, numa abertura à novidade. Sentiram a necessidade de rejuvenescer e renovar a acção missionária, a que se deram de alma e coração, para se tornarem apóstolos credíveis neste mundo em mudança. Partiram alegres para as suas comunidades para acenderem o fogo em assembleias locais e aplicarem as conclusões programáticas e carismáticas

de comunhão, a que chegaram.A grande peregrinação de toda a Família Missionária da Consolata a Fátima, a 19 de Fevereiro, é a tarefa mais imediata para a qual se estão a mobilizar. A peregrinação, como sempre, levará ao rubro a nossa fé, tonificará a nossa decisão em partir para a Missão. Será presidida pelo bispo do Gurué, Moçambique, Francisco Lerma, missionário da Consolata.De toda esta riqueza de reflexão e oração, brota um manancial estupendo de achegas para os capítulos gerais, que vão reunir, em Roma, os missionários e as missionárias da Consolata, com participação de Leigos, nos meses de Maio e Junho. Animados pela fé do que vivemos, pelo testemunho que queremos dar, lançar-nos-emos a animar a todos com a esperança dum mundo melhor.Maria e Allamano fizeram o milagre de criar esta grande e destemida Família, que continua a evangelizar onde quer que se encontre. Ele diz que foi Ela, com o nome de Consolata, que quer dizer consoladora, a fundar os seus dois institutos. A verdade é que Ela o constituiu tesoureiro de todas as suas graças durante os 47 anos em que ele foi reitor do seu santuário, em Turim. Ambos são modelos em que nos plasmamos. Maria, por ser a primeira missionária da Igreja fundada pelo seu Filho; Allamano, por se ter deixado plasmar por Ela.

Page 6: Ano Europeu do Voluntariado

AgrAdecemos que os nossos estimados assinantes renovem a assinatura para 2011.só As AssinAturAs actualizadas poderão usufruir do pequeno apoio do estado ao porte dos correios.nA folhA onde vai escrita a sua direcção, do lado esquerdo, poderá verificar o ano pago e o seu número de assinante.

o pAgAmento da assinatura pode-rá ser feito através dos colabora-dores, se os houver, ou nas casas da consolata, ou através de multi-banco, cheque ou vale postal. ou ainda por transferência bancária: niB 0033 0000 00101759888 05importAnte refira sempre o número ou nome do assinante.

os do­­na­tivo­­s para as missões são dedutíveis no irs.se desejAr reciBo, deverá enviar-nos o seu número de con-tribuinte.

renove

muitos leitores chamam à fÁ-timA missionÁriA «a nossa revis-ta». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil assinantes. ela é mesmo nossa! somos uma grande família.

a assinatura

diÁlogo ABerto

leitores atentos

fÁtimA missionÁriA 06 FEvEREiRo­­ 2011

ecos do natalSenhor Padre Elísio,Tenho muitas saudades vossas, mas a vida não me tem permitido ir aí pessoalmente. Mas tudo farei para retomar as minhas visitas à Consolata e conviver com essa gente maravilhosa.Nesta época natalícia não tive mãos a medir. Graças a Deus veio cá a minha família de Braga, que me deu muita alegria. Venho desejar a toda a equipa da FÁTIMA MISSIONÁRIA umano 2011, com muita saúde e sobretudo com muita paz e amor.emília

AdmiraçãoEx.mo Senhor Director,Hoje mesmo enviarei um vale postal: dele tirará a importância para renovar a minha assinatura e do resto disporá

como entender. É pouco, mas não posso fazer mais. Aceite também o meu apreço pelo vosso trabalho e da vossa equipa. Que amor o vosso! E que repartam com todos os que dele necessitam.custódia

ler e relerSenhor Director,Sinto-me envergonhada pelo atraso. Sempre que me lembrava, amanhã sem falta outro dia a mesma coisa. Peço imensa desculpa. Não sei quanto é que devo. Mando aqui este valor; se chegar ou se faltar, façam o favor de me dizerem. É para renovar a assinatura. A nossa revista é a melhor do mundo, leio-aaté vir outra e encontro sempre coisas novas. Prometo ser mais pontual e faça favor diga-me como estão as minhas contas

que se estiver em falta mandarei logo.piedade

elogiosÀ redacção da FÁTIMA MISSIONÁRIA,Sou o assinante nº 46001 e venho por este meio pagar a minha assinatura, enviando a importância de 50,00€. Acho a revista atractiva e com assuntos da actualidade muito bem descritos e de carácter universal. Parabéns por isso.fernando

uma portaPara FÁTIMA MISSIONÁRIA,envio cheque para pagamento de uma porta das casas Gurué. Actualmente o tempo que se faz sentir de tanta chuva, frio e vento uma casa sem porta não pode ser habitada. Poder é crer e foi o que aconteceu com a minha

força de vontade: ultrapasseias minhas posses.joão

serviço pontualEx.mos Senhores,Antes de mais quero agradecer o vosso pontual envio da nossa revista apesar de nem sempre nós termos a assinatura em dia. Acabo de o fazer, por transferência bancária. Desejo muita saúde e muita força para continuarem a dar testemunho de fé pelo mundo.maria

A melhor leituraÀ FÁTIMA MISSIONÁRIA,Venho renovar a minha assinatura para 2011. O pouco que resta é para a missão. Agradeço a pontualidade com que sempre ma enviam, já faz uns bons anos. A revista faz parte das minhas melhores leituras.celeste

Ex.mo Senhor Director,Sou esposa de um marido sofredor, defi-ciente motor por acidente de trabalho há 38 anos. Logo, também, sou sofredora. Não tenho reforma com 76 anos, porque me dediquei de alma e coração à família. Vivemos da magra reforma do meu ma-rido. Ao contrário dos que vivem abasta-damente nestes tempos de crise, não ab-dicando dos seus privilégios. Perante a mesquinhez daqueles que nos governam para o seu próprio interesse e dos seus sequazes e se esquecem do sofrimento dos mais fracos, quem não se revolta?...

“A crise tem que ser vencida com o sacri-fício de todos” e não só dos mais fracos. Gostaria de poder contribuir com mais alguma coisa, porque chega-nos também a Urgência Gurué. Devo repartir com outros que também sofrem e necessi-tam. Como prioridade, faço o pagamen-to da minha assinatura e quando me for possível enviarei mais alguma coisinha.maria

NR A senhora dona Maria tem 76 anos de idade e, pelo que escreve, tem-se de-dicado de alma e coração à família e

sobretudo ao marido doente. Não co-nheço outros pormenores da sua vida, mas pelos vistos, não há-de navegar em grande abundância. Para nós, leitores da FÁTIMA MISSIONÁRIA, o que mais nos interessa é a grande lição que nos dá renunciando a tudo por amor à família; em segundo lugar é a vontade que tem de ajudar os que ainda precisam mais do que ela, pro-metendo enviar mais alguma coisinha logo que possa. Isto é o que se chama ter um grande coração.mc

Page 7: Ano Europeu do Voluntariado

texto TERESA CARVALHO

FEVEREIRO 2011 07 FÁTIMA MISSIONÁRIA

horizontes

aldeia corria o risco de fi-car vazia. Uns emigraram, outros sairam para estudar.

Há os que constituí­ram famí­-lia noutras localidades. Que triste que está a ficar a aldeia! Graça passou, pela primeira vez, ao lado da casa da Ma-riana sem a chamar. A sua grande amiga deixara a terra no iní­cio do ano lectivo.Porque quereriam todos sair? Para quê mais estudos ou mais dinheiro? Não eram fe-lizes ali? E se lhes acontecer, para onde vão, perigos que di-zem existir e que dão medo só de pensar!? Os pensamentos atropelam-se na sua mente, enquanto, de passo vagaroso, percorre os caminhos, ago-ra sem a animação de outros tempos. A sua imen-sa energia e alegria tendiam a definhar.– Graça, podes cui-dar um tempinho da Sofia?, pediu-lhe a vizinha, entrando no seu quintal já com a Sofia ao colo e a saco-la das emergências.– Sim, sim, Natália!, saltitou, pedindo os bracinhos de Sofia que se atirou logo para o seu colo. Graça abandonou a inércia que a invadi-ra e, com a Sofia às cavalitas, percorreu as casas das vizinhas, mostrando a bebé mais novinha da al-

Instrumentode bênção

15 anitos a jorrarem genica e alegria empolgam a aldeia. Com o seu jeito feliz de viver, Graça arrasta atrás de si crianças e adultos

deia. E conversava, conver-sava. As gargalhadas eram bem-vindas a todas aquelas pessoas simples e atarefadas. E não só! Conhecia bem as dificuldades de cada vizinho e servia de “pombo-correio” das ajudas que era preciso fa-zer chegar. E chegavam.Os fins-de-semana traziam às crianças a liberdade da es-cola. Os 15 anos da Graça e a sua forma feliz de viver não a deixavam inactiva.– Quem quer dar um passeio ao pinheiro grande? Levo uma bola para fazer lá um jogo de futebol, foi apregoan-do de casa em casa.Das crianças da aldeia não faltava nenhuma. Alguns pais juntaram-se e aproveitaram para ter um dia diferente. No largo de terra batida, à volta do pinheiro grande, foi mara-

vilhoso para crianças e adul-tos. Os pais envolveram-se e organizaram jogos infantis que julgavam já ter esqueci-do. Encontraram em si sen-timentos que os faziam sorrir e descobrir uma parte bonita e esquecida da sua história. Graça vibrava com aquela fe-licidade. Empoleirou-se num tronco caí­do e anunciou:– Hei, pessoal! No primeiro domingo de cada mês, depois do almoço, podemos fazer um passeio a um sí­tio dife-rente? Quem alinha? Teve palmas de mãozinhas pequeninas e palmas de mãos poderosas e caleja-das. Confiavam naquela ra-pariguinha amiga e alegre, com quem as crianças gos-tavam de estar. E reviveram felicidades que aproxima-ram filhos pais e vizinhos.

E a aldeia tomou mais vida.No Verão seguinte, os es-tudantes e emigrantes vol-taram à aldeia e puderam juntar os seus contributos. Num piquenique à volta do pinheiro, para lembrar o primeiro “encontro”, toda a aldeia partilhou a felicidade dos que estavam e dos que regressavam. Era uma al-deia mais fraterna. A Graça fora o instrumento da bên-ção de que precisavam.Passaram os anos, as crian-ças cresceram e sairam da aldeia para estudar ou traba-lhar. Mas regressavam sem-pre. Os velhinhos aumen-tavam. A Graça mantinha a vitalidade dos encontros que já ninguém dispensava e todos ansiavam. Um dia, foi a sua vez de partir. Aos 31 anos, foi estudar mais.

Levou consigo o dina-mismo e a felicidade imensa de provocar unidade e felicidade. Aceitou um trabalho numa escola. Sentia--se realizada junto de crianças. Havia algo de especial nesta se-nhora que se tornou, sem se saber porquê, numa das grandes confidentes dos alu-nos. Mas, nos tempos livres, o lugar da Gra-ça era na sua aldeia. A sua presença conti-nua a ser bênção que congrega a sua gente e lhe permite experi-mentar jeitos simples de felicidade.

Page 8: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 08 FEVEREIRO 2011

PORTugAlA sociedade atravessa uma “crise terrível”. A afirmação é do professor Adriano Moreira e foi proferida no centenário do liceu Passos Manuel, onde foi aluno. Convidado a dar uma lição sobre os desafios da educação, afirmou: “O conceito europeu de formação, neste momento e o que consta do programa europeu, é que estamos obrigados a formar uma sociedade da informação e do saber. E a minha crítica é que falta acrescentar a sabedoria, que são os valores”. Na opinião de Adriano Moreira, “a sociedade ocidental está a sofrer uma crise terrível de relativismo e decadência, justamente porque a sociedade não pode ser apenas da informação e do saber. Também tem de ser dos valores, a que os clássicos chamavam virtude”. Ligada à crise dos valores, está a crise do Estado, que o professor identifica como sendo comum a todo o Ocidente e que tem uma relação directa com a crise financeira e económica.

PAleSTINAA distribuição de ajuda humanitária das Nações Unidas, no campo de refugiados al Shatea, no oeste da cidade de Gaza, continua enquanto a violência não der lugar à paz. Para alimentar, todos os dias, cerca de 750 famílias da faixa de Gaza, são distribuídas entre 25 e 38 toneladas de alimentos

COSTA dO MARFIMAgricultores transportam o cacau

para a fronteira da Libéria, na tentativa de exportar o produto das suas colheitas. Enquanto os

marfinenses aguardam pela resolução da crise política, a vida económica

do maior produtor mundial de cacau continua a ser severamente afectada

SudãOEntre muitos receios, mas sem grandes

percalços, o Sul Sudão referendou o seu futuro, de 9 a 15 de Janeiro. Mais

de 80 por cento dos quatro milhões de eleitores inscritos participaram na

votação. Os resultados finais, que ditarão a independência do sul, são esperados

até 14 de Fevereiro. O acordo de paz que previa este referendo, pôs fim a uma

guerra civil, que durou 23 anos

MACAuVidas de pobreza vegetam à sombra dos milhões

de euros dos casinos e definham abandonadas pelas ruas de Macau, apesar do esforço dos

técnicos de acção social. As receitas brutas dos casinos, que ultrapassam em muito o défice das contas públicas portuguesas, ignoram a maioria

silenciosa e oculta da cidade: pobres e desalojados

mundo missionário

Page 9: Ano Europeu do Voluntariado

Tobias oliveira,

Nairobi, Quénia

FEVEREIRO 2011 09 FÁTiMa MissioNÁria

O Quénia é um país que depende muito das grandes e pequenas chuvas de Abril e Outubro. Este ano as chuvas de Outubro foram escassas. Houve zonas onde qua-se não caiu uma gota. As colheitas falharam em mais de 90 por cento e as pastagens secaram, pressa-giando assim fome para as pes-soas e para os animais. Viajando pelos subúrbios de Nairobi, tenho ultimamente notado uma invasão pouco habitual: pastores com ma-nadas de vacas vagueiam pelo pe-rímetro urbano, onde os animais encontram alguma erva na berma das estradas e nas sebes. Sempre que as pastagens escasseiam os pastores não hesitam em entrar pela cidade dentro. Tendo eu sido pastor de uma dúzia de cabras na minha meninice, não deixo de fi-car comovido quando me cruzo com animais que mais parecem esqueletos ambulantes.O pior porém é que, à fome e mor-te dos animais, segue-se a fome e a morte das pessoas. Os meios de comunicação social já noticiaram as primeiras fatalidades. Há dias, na zona de Machakos, poucos quilómetros a sudeste de Nairobi, cinco pessoas foram encontradas mortas devido à fome.Sabemos que as próximas chu-vas, se vierem, são esperadas só lá para Abril ou Maio, o que indicia que temos à nossa frente quase meio ano de carestia. Se o go-verno, as Igrejas e as instituições internacionais não entrarem ime-diatamente em campo, com a aju-da necessária, teremos diante dos olhos mais uma tragédia, cujas maiores vítimas serão, como é habitual, os velhinhos e as crian-ças. No nosso mundo, onde tanto alimento é desperdiçado, deixar morrer gente à fome é um pecado que brada aos céus.

FilipiNasOs católicos devotos

do Menino Jesus peregrinam para a

basílica centenária do «Santo Niño», para

venerar a imagem miraculosa e participar

na procissão solene nas principais ruas da

cidade de Manila

eTiópia Mulheres de Babile, Etiópia, abastecem-sede água a partir de um furo. A fundação austríaca de ajuda humanitária “Menschen fuer Menschen” criou uma rede de fornecimento de água a várias aldeias da região

brasilA tragédia climática, como nunca acontecera, no Rio de Janeiro causou milhares de desalojados e cerca de um milhar de mortos. Em solidariedade com as vítimas, a Igreja católica do Brasil mobilizou meios para socorrer as vítimas, pondo à disposição bens e imóveis para minorar o sofrimento

porTugalJovem de São João da Madeira, Patrícia Santiago, deixa o emprego em Portugal e parte em missão para Luanda, Angola, onde dará formação no Bairro da Lixeira. Os meninos da rua perdem-se num amontoado de cores de barracas iguais

roMaA 1 de Maio, João Paulo II será declarado beato.

Bento XVI assinou o decreto que exalta o seu antecessor e o apresenta ao povo de Deus, como

modelo de santidade. O processo de beatificação ficou concluído com a aprovação do milagre que, em 2005, curou uma religiosa francesa da doença de Parkinson, que lhe fora diagnosticada em 2001. Cumpre-se assim

a vontade popular que já aclamara santo João Paulo II, aquando da eleição de Bento XVI

o espectroda fome

Page 10: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 10 FEVEREIRO 2011

a missão hoje

ambiente caloroso e acolhedor do pavilhão desportivo de Pu­cheon contrasta com o dia gé-lido de 11 de Janeiro. Cerca de 5.000 pessoas

– familiares, amigos e fiéis de várias paróqu­ias – agu­ardam a ordenação de 15 novos diáconos e de 21 novos sacer-dotes. Para Incheon, u­ma diocese da periferia oeste de Seu­l, com 200 padres e u­ma média anu­al de du­as dezenas de novos sacerdotes, até parece u­m aconte-cimento vu­lgar. Mas não é! Tanto mais qu­e, entre os diáconos, está u­m jovem

Coreia do Sul

A estagiar na Coreiado Sul, há mais de dois anos, Marcos Coelho entra no caminho que o fará padre no próximo Verão

texto PedRO LOURO e e. ASSUNçãO foto PedRO LOURO

ordenadodiácono

Passados mais de dois anos de experiência missionária na Coreia, sinto-me realizado como homem e como missionário. Deu­s não desilu­de qu­em O procu­ra e acredita n’Ele. Estou­ a viver u­m momento de graça. Depois dos longos anos de formação e da minha admissão à vida consagrada, na família da Consolata, sou­ ordenado diácono. Com a profissão perpétu­a, qu­is consagrar-me, por toda a vida, à obra de evangelizar. Qu­ero empenhar toda a minha vida ao serviço da missão.Com a ordenação diaconal, tenho o imperativo de anu­nciar o Evangelho. Estou­ consciente qu­e o sopro do Espírito Santo se u­ne à minha palavra, para qu­e aqu­ilo qu­e eu­ pregar e ensinar não seja apenas u­ma voz hu­mana. A minha será a voz hu­mana de Cristo para os homens. Conto com a vossa amizade e oração.

A voz humana de CristoTestemunho de Marcos Coelho

portu­gu­ês. Natu­ral de Paço de Sou­sa, Paredes, de 31 anos, em estágio na Coreia há dois anos, Marcos Coelho dá agora o primeiro passo no caminho da ordena-ção sacerdotal, qu­e deverá acontecer no próximo Verão, na su­a terra natal.

Para os Missionários da Consolata, há já 22 anos em Incheon, é u­m mo-mento de particu­lar alegria. Além da ordenação diaconal do Marcos Coelho, o bispo Choi Bonifácio, tendo a seu­ lado o seu­ au­xiliar e nu­merosos sacerdotes diocesanos e religiosos, vai ordenar sa-cerdote u­m jovem coreano missionário

Jovem portuguêsda Consolata, Kim José, qu­e irá exercer o seu­ ministério na Colômbia, onde já esteve a trabalhar como diácono. São já três os sacerdotes coreanos da Consola-ta, fru­to do trabalho dos missionários da Consolata naqu­ele país.

A celebração foi preparada ao por-menor. Nu­m ambiente grandemente festivo, animado pelas vozes melodiosas do coro do seminário diocesano e abri-lhantado pela cor dos trajes típicos de cerimónia de u­m nu­meroso gru­po de volu­ntárias qu­e facilitam a celebração, os candidatos respondem, alto e bom som, ao chamamento qu­e o bispo lhes dirige. Com a su­a resposta firme e de-cidida, os 36 jovens em cau­sa atestam a su­a vontade de serem fiéis aos compro-missos qu­e vão assu­mir. Prostrados por terra, invocam o Espírito do Senhor, ju­n-tamente com a assembleia emocionada. Ao impor as mãos aos novos sacerdotes não foi difícil aperceber-se da comoção qu­e invadiu­ os corações dos presentes, com u­ma ou­ ou­tra lágrima fu­rtiva. Emo-ção partilhada, sobretu­do, pelos pais do Marcos Coelho, qu­e deixaram o acon-chego da su­a casa para se aventu­rarem por terras nu­nca antes pisadas por eles. Tinham chegado u­ns dias antes para acompanharem o filho único qu­e gene-rosamente oferecem à Igreja e à missão, com orgu­lho bem visível.

diácono pela imposição das mãos

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FEVEREIRO 2011 11 FÁTIMA MISSIONÁRIA

aventuras

texto CARReIRA JúNIOR ilustração H. MOuRATO

– Pipo, vens da catequese?– Venho e aprendi lá hoje umas coisas muito jeitosas.– E que coisas foram essas?– Olhe, falámos da crise. Os jornais e a televisão também falam, mas ninguém resolve nada!– E vocês resolveram?– Foi bonito. A catequista picou-nos dizendo: Hoje vamos falar do primeiro mandamento da Lei de Deus. Quem sabe? Todos sabiam, mas era só metade: “Adorar a Deus e amá-losobre todas as coisas”. Faltava o resto: “Amar o próximo como a nós mesmos”. Era aqui que ela queria chegar.– E que tem isso a ver com a crise?– Tem muito. Já vimos que o governo não é capaz de a resolver e, enquanto não se resolve, o povo passa fome e passa frio. Nós combinámos levar qualquer coisa e pôr tudo num monte. Depois distribuimos. Vamos levar coisas aos meninos e meninas pobres que a gente conhece lá no nosso lugar ou no nosso bairro.– E se alguém do grupo da catequese não tiver nada para oferecer?– Fica incumbido de ir a casa de algum rico pedir qualquer produto que possa levar. O que nos interessaé que todos entrem no jogo. Como diz o provérbio: “Onde todos ajudam, nada custa”.

Pipo contra a criseTarde do penúltimo dia de Dezembro. Um telefonema, o meu bispo, Francisco Munera, anuncia-me que devo deixar Remolino, onde fui pároco. Tenho uma nova tarefa: a administração económica do vicariato de São Vicente. Remolino é um município, fundado em meados do século XVIII, situado na costa norte da Colômbia.Nomeação com efeito imediato! Nos últimos meses, já tínhamos falado desta possibilidade. Então tinha-me mostrado disponível para aceitar o novo encargo, sob duas condições. É meu desejo continuar a ter um compromisso pastoral numa paróquia; e estou empenhado em formar uma equipa de administração, constituída por leigos. É a eles que compete esta tarefa. Com a minha partida de Remolino assumiu a administração da paróquia uma leiga missionária,Beatriz Sierra. Está habilitada para esta tarefa, uma vez que, há três anos,já dirigia comigo os projectos sociais da paróquia e das aldeias. Entretanto, como administrador do vicariato, continuarei a acompanharos projectos da minhaex-paróquia.É com tristeza que deixo Remolino. Foi o meu “primeiro amor” missionário, a minha primeira experiência de pároco. Jamais poderei esquecer o que vivi nesta comunidade, desde os meus primeiros passos. Aprendi a conhecer e a compreender uma realidade que muda muito rapidamente. Nos meus quatro anos e meio de serviço paroquial,

Colômbia

Quase à queima-roupa

texto ÂNGeLO CASADeI

aprendi a adaptar-me a um território quente e húmido, a entrar numa cultura com hábitos e costumes muito diferentes dos meus. Aprendi a relativizar muitos “absolutos”, que me habituara a ter, vivendo sempre no mesmo ambiente. Aprendi a dar o tempo devido a cada acção. Foram intensas as relações humanas com os paroquianos, com os membros da equipa paroquial e da zona pastoral, com o vicariato, com o meu bispo e com os colegas.

Aprendi a relativizar muitos “absolutos”, que me habituaraa ter,vivendo sempre no mesmo ambiente

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 12 FEVEREIRO 2011

apóstolos modernos

nviados para rea­lizar a missão do povo”. São pala­vras do superior dos missionários

da Consolata, padre Salvador Medina. Com elas, apresenta­mo­vos a missão na Colômbia. Há lugares no planeta, onde os programas e os esquemas fa­lham ou não se podem aplicar. Aqui, a missão obriga­nos a conhecer primeiro as pessoas e as suas culturas, a escutar os seus lamentos, bem como os sonhos e expectativas. Não podemos pensar por elas, mas pensar com elas.

A partir desta ideia, quere­mos partilhar como tem sido, na prática, “viver o projecto do povo e não o nosso”. Desde que chegámos, a 8 de Novem­bro de 2010, as oportunidades de estar com o povo e entrar na sua vida têm sido muitas. É importante estar atento e interessado. Passámos o pri­meiro mês na capital Bogotá,

cidade de negócios, pluricul­tural e lugar de refúgio para milhares de deslocados. São pessoas que foram forçadas a deixar a sua terra à procura de outras condições de vida, ou por outros motivos. Segundo dados das Nações Unidas, a Colômbia é o segundo país do mundo com maior número de refugiados internos. Im­põe­se como mais um campo de missão, que precisa de tra­balhadores.Situando os leitores, passa­mos a explicar, brevemente, como se definem as diferen­tes áreas e populações dos diversos campos de missão: pastoral indígena, pastoral afrodescendente e pastoral urbana, incluindo o trabalho com campesinos, refugiados, mestiços e muitos outros gru­pos étnicos ou situações de contínua exclusão.

Embora curta e fugaz, a passagem pela capital co­lombiana mostrou­nos a rea­

lidade urbana. Foi uma opor­tunidade para conhecer as suas barreiras e expectativas. A segunda etapa levou­nos para um mundo muito dife­rente. Entrámos pela mag­nífica Amazónia adentro, indo parar a uma missão nas margens do rio Putumayo. Para além da paisagem deslumbrante, encontrámos pessoas muito diferentes. “Vocês têm o relógio. Nós temos o tempo!”, explicam. Aí o quotidiano é vivido sem grandes projectos, mas com alguns sonhos. Por aí nos quedámos, com o “projecto” principal de acompanhar a comunidade, na medida em que ela necessita e até onde nos permite.

Oriundos da realidade ocidental, onde os minutos es­tão sempre a contar e as activi­dades são mais do que aquelas que o tempo permite, este am­biente pode parecer desmoti­vante. Na verdade, apercebe­

mo­nos, muitas vezes, que esse sentimento não corresponde à realidade. Por exemplo, quan­do alguém da comunidade, durante um encontro de ora­ção, agradece a presença dos missionários, então percebe­mos o valor de estar com eles. O mesmo acontece, quando os jovens nos bombardeiam com perguntas, admirados e entusiasmados com o nos­so estilo diferente de vida, de sermos missionários casados. E até mesmo, quando saímos de casa e as crianças quase nos atropelam, gritando os nossos nomes e querendo apenas caminhar connosco. Surge­­nos então a pergunta: Quanto tempo passamos com o povo, apenas para lhe fazer compa­nhia? Afinal, o que Deus nos pede nestas terras é simples: acompanhar todos sem excluir quem quer que seja, em todo o sentido da palavra. Anun­ciamos a Boa Nova, manten­do acesa a luz da presença de Deus no meio do povo.

Sonhosinvadem o dia-a-dia

texto e foto VIVIANA NuNES

Em Putumayo, Amazónia colombiana adentro, conta o tempoe não o relógio, afirma o casal. Conta pensar com o povo e não pelo povo

Quando saímos de casa, as crianças atropelam-nos

Casal Viviana Nunes e Rui SousaLeigos Missionários da Consolata

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gente nova em missãodestaque

FEVEREIRO 2011 13 FÁTIMA MISSIONÁRIA

atitude do jovem Moha­med Bouazizi, de 26 anos, ficará na história como expressão do mo­mento histórico que fez cair o regime de Ben

Ali que, face a 26 dias consecutivos de protestos em crescendo, decidiu aban­donar o país, com destino à Arábia Sau­dita. Para trás, ficaram 23 anos de um poder que não foi capaz de se reformar e se deixou enredar num vasto sistema de corrupção, particularmente visível nos círculos políticos. Ben Ali sempre foi conseguindo, internamente, pagar a paz social com a promessa do cresci­mento e o desenvolvimento económico e, externamente, desculpar o seu au­toritarismo como uma forma de fazer frente ao radicalismo islâmico. Os últimos anos mudaram este cenário. Desde o final dos anos 90 que a Tunísia se confronta com um número crescente de jovens, muitos deles diplomados, sem emprego e sem perspectivas de vida. A taxa de desemprego entre os jovens está estimada em quase 30 por cento, cerca do dobro da média nacional. A crise eco­nómica deixou a nu um regime marcado por uma forte concentração do poder, por uma elite política e administrativa corrupta, um forte aparelho repressivo e uma democracia de fachada. Crise precipita a paz socialTalvez não seja por acaso que, peran­te isto, o mundo se interrogue acerca do significado da Revolução tunisina, nomeadamente no contexto dos ou­tros países árabes que enfermam dos mesmos males, embora seja muito cedo para nos pronunciarmos sobre

o rumo dos acontecimentos na pró­pria Tunísia. As manifestações que se sucederam na vizinha Argélia não deixaram de nos colocar perante o problema de se saber se, de facto, nos preparávamos para assistir ao adven­

to da democracia a que assistimos na Europa Central e na América Latina, após a queda do muro de Berlim.A questão não é meramente teórica. Talvez não seja por acaso que, sob a tensão das manifestações na Tunísia, verificámos que, países como a Argélia, Líbia, Marrocos ou Jordânia, tentaram rapidamente encontrar soluções econó­micas destinadas a amenizar o aumento dos preços dos produtos alimentares ve­rificado nos últimos tempos no mercado mundial. Mas por quanto tempo será isso possível? Com efeito, neste domí­nio, nem todos os países árabes podem contar com a almofada dos recursos pe­trolíferos para diminuir os impactos so­ciais e políticos da crise económica.

Presidente Ben Ali deixa o país depois de 23 anos de poder

A revolução tunisina

texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA

O regime do presidente Ben Ali caiu ao fim de 23 anos de poder, perante o desespero de um jovem tunisino que, depois de ver a sua banca de fruta apreendida pela polícia, se imolou pelas chamas, num acto de desespero, em protesto por lhe terem retirado, a ele e à sua família, o único sustento que lhe restava

A taxa de desemprego entre os jovensestá estimada em quase 30 por cento,cerca do dobro da média nacional

Tunisinos a residirem em Paris manifestam-se contra o regime do seu país

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FÁTIMA MISSIONÁRIA 14 FEVEREIRO 2011

actualidade

um texto recheado de princípios de teologia, António Couto, bispo auxiliar de Braga e pre­sidente da Comissão Episcopal de Missões, comenta a recente car­

ta pastoral dos bispos portugueses: Para um rosto missionário da Igreja em Portugal. Respigamos, livremente, as ideias principais e que nos parecem mais pertinentes e acessíveis. O seu conteúdo é publicado pelas revistas missionárias associadas da Missãopress.

“A Igreja peregrina é, por sua na­tureza, missionária”, ensina o concílio Vaticano II. Esta sua identidade vem­lhe da missão do Filho, o primeiro e o maior evangelizador, e do Espírito Santo, o pro­tagonista da evangelização. Assim a cau­

sa missionária torna­­se a primeira de todas as causas. “Não pode­mos ficar indiferentes ao pensar nos milhões de irmãos e de irmãs que ignoram ainda o amor de Deus”, lem­bra João Paulo II, na encíclica «A missão do Redentor».

Os cristãos são mis­sionários quando sa­bem ser testemunhas credíveis do “amor excessivo, superabun­dante” de Deus, que “revela uma miseri­córdia sem medida”. O verdadeiro motor da missão é o amor, no dizer do Papa João Paulo II.Um amor inadiável e não delegável. Com olhar profundo, o Papa Paulo VI traçou o perfil evangeli­zador da Igreja: “Evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda. A Igreja existe para Evangelizar”. Na linha destas afirmações, os bispos ita­lianos escreveram: “A evangelização é o fundamento de tudo e deve ter o prima­

Mãe cada vez mais forade casa, sensível, fraterna, acolhedora e sempre apressadamentea caminho é a imagemda Igreja que é missionária

do sobre tudo; nada a pode substituir e ne­nhuma outra tarefa se lhe pode antepor”.

A coragem do amor evangelizador tem nome e tem rosto. “Jesus, bom Pastor, é a transparência do amor de Deus, que não abandona ninguém, mas vai à procura de todos e de cada um com paixão”. Deus tomou a iniciativa da nossa salvação, aman­do­nos primeiro. Imi­tando o bom Pastor, que foi à procura da ovelha perdida, “uma comunidade evange­lizadora sente­se con­tinuamente obrigada a expandir a sua pre­

sença missionária em todo o território confiado ao seu cuidado pastoral e tam­bém na missão orientada para outros povos”, explicam os bispos da Argentina. Aliás, é este o estilo do bom Pastor que nos ama, descendo ao nosso nível, de­dicando a cada um a atenção toda, sem qualquer preocupação estatística, e dan­do prioridade à ovelha perdida. É o esti­

A maisemocionantenotícia

Os cristãos são

missionários

quando sabem

ser testemunhas

credíveis do

“amor excessivo,

superabundante”

de Deus, que

“revela uma

misericórdia

sem medida”

António Couto, bispo auxiliar de Braga e presidente da comissão episcopal de Missões

texto E. ASSuNçãO foto ANA PAuLA

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actualidade

FEVEREIRO 2011 15 FÁTIMA MISSIONÁRIA

lo que deve impregnar e moldar o rosto da Igreja, da paróquia e de cada cristão.

A paróquia é “a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas”, afirma João Paulo II. A sua vocação é “ser a casa de família, fraterna e acolhedora. O mais simples e comovente anúncio que a Igreja deve a todos os homens é que Deus os ama. A caridade tem a vastidão do mundo. “Não podemos ficar indiferentes, ao pensar em milhões de irmãos e de irmãs, também eles redimidos pelo sangue de Cristo, que ignoram ainda o amor de Deus”, avisa João Paulo II. As tarefas e as estruturas da Igreja são “ferramentas de um estilo de comunhão, cordial, de discípulo, que transmite o fundamen-tal: a bondade de Deus”, lembram os bispos da Argentina. “Temos a certeza de ser amados e de viver, em cada dia, sustentados pelos braços do Pai”.

Daqui nascerá uma Igreja com uma nova fisionomia, carinhosamente atenta e singularmente bela, verdadeira casa de família, “casa e escola de comu-nhão”, no dizer de João Paulo II. Igreja--mãe que vai ao encontro dos seus fi-lhos, cada vez menos em casa, cada vez mais fora de casa, sensível, fraterna, acolhedora e sempre apressadamente a caminho. Mãe «comovida» com as do-res e alegrias dos seus filhos e filhas, a quem deve fazer chegar a mais simples e comovente notícia do amor de Deus.

Passou um ano! Um terramoto devas-tou o Haiti em 12 de Janeiro de 2010. Quatro milhões de crianças da ilha vi-vem ainda hoje uma situação dramáti-ca. Estão ameaçadas de doenças, porque têm falta de água potável e de estruturas sanitárias, e estão privadas de condições de higiene mínimas. A falta de estrutu-ras escolásticas leva a que muitas este-jam sujeitas ao perigo diabólico do trá-fico humano.Desacompanhados, os órfãos e crianças de famílias pobres estão em risco de serem raptadas, escravizadas, vendidas ou traficadas, devido à insegurança rei-nante. A separação das famílias colo-ca-as em alto risco, piora as angústias e dificulta a sua recuperação e integração.

Haiti um ano depois

Quatro milhões de crianças sob ameaça

PARTICIPEjunte-se a nós

Cerca de 400 mil crianças ainda vivem em acampamentos, muitas vezes em condições degradadas. Mesmo antes

do terramoto que sacudiu a ilha, só 19 por cento dos haitianos tinham aces-so aos serviços básicos. O cataclismo agravou o problema. A organização das Nações Unidas para a infância tem desenvolvido campanhas de vaci-nação em massa contra a poliomielite, sarampo e difteria. Um esforço inten-so levou 360 mil redes mosquiteiras a 163 mil domicílios e promoveu a dis-tribuição de tanques de água potável, pastilhas de cloro para a desinfecção da mesma.Depois do terramoto, os problemas que afectam a infância haitiana vieram ao de cima. É alarmante a desnutrição crónica. Mais de metade das crianças não estão matriculadas na escola. Haiti – Photo Nações Unidas

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Descobriro voluntariado como acto de cidadania

FÁTIMA MISSIONÁRIA 16 FEVEREIRO 2011

Page 17: Ano Europeu do Voluntariado

FEVEREIRO 2011 17 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Desde recolher alimentos para os mais pobres até ajudar em hospitais, existem mil e uma formas de ser voluntário hoje.Na Europa, calcula-se quecerca de cem milhões de pessoas façam algum tipo de voluntariado, com destaque para países comoa Holanda ou a Áustria, em que40 por cento da população com mais de 15 anos está envolvida.Em Portugal, os números são incertos, mas fala-se de 1,5 milhões de voluntários ocasionais, cerca de 500 mil numa base mais regular. Para desafiar os europeus mais desatentos a descobrirem o voluntariado como acto de cidadania, 2011 é o Ano Europeudo Voluntariado

texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA

2011

Ano europeu do voluntariado

rapaz e a rapa­riga de sorriso contagiante são estudantes do secundário e so­nham com o dia

em que vão entrar na universidade e co­meçar a construir uma vida profissional. Contudo, sentem já um forte sentido de missão social, que procuram conciliar com a exigente rotina de estudos. Os dois adolescentes vestem o azul e bran­co dos voluntários do Banco Alimentar Contra a Fome e não se importam de de­dicar um fim­de­semana a uma recolha que promete ser complicada, pois vai testar a generosidade dos portugueses em tempo de crise. Junto aos jovens, um outro voluntário tem idade para ser avô deles, mas “tanta vontade de ajudar como qualquer miú­do do 15 anos”. Reformado da Função Pública, este sexagenário é um belo exemplo de que nunca é tarde para uma nova experiência. E recomenda a todos a participação num mega­projecto de intervenção social, como o do Banco Ali­mentar Contra a Fome.A estas três personagens, que pediam comida para os necessitados num su­permercado da margem sul do Tejo, juntem­se outros 29.997 e chegar­se­á aos 30 mil voluntários que se calcula terem participado por todo o país, no fim­de­semana de 27 e 28 de Novem­bro de 2010, numa acção de recolha de alimentos que bateu recordes. Foram recolhidas 3.625 toneladas de bens ali­mentares, mais 775 que na acção feita no último fim­de­semana de Novembro do ano anterior. E ficou provada a capa­cidade de mobilização dos portugueses, tanto a angariar ajuda como a dá­la. Houve centenas de milhares de pessoas, sobretudo idosos, que passaram assim um Dezembro menos amargo e até tive­ram direito a doces na mesa de Natal.

Pelos números que envolve, o Banco Alimentar Contra a Fome é a face mais visível do voluntariado em Portu­gal. Há duas décadas que mobiliza mi­lhares de pessoas, tanto na actividade do dia­a­dia como para as duas recolhas anuais nos estabelecimentos comerciais, sempre nos últimos fins­de­semana de

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Foi em 1990 que o Banco Alimentar Contra a Fome começou a sua activida-de em Portugal pela mão de José Vaz Pinto. A experiência tinha já antece-dentes europeus, nomeadamente em França e na Bélgica, mas a sua origem

Maio e de Novembro. Outras acções de voluntariado de massas acontecem tam-bém no país, numa base mais ocasional, como a iniciativa Limpar Portugal, que, em Março do ano passado, juntou cem mil pessoas numa operação de limpeza das matas, usadas muitas vezes como lixeiras improvisadas.

Mas a face mais habitual dovoluntariado é vivida de uma forma mais discreta por milhares de pessoas que, no quotidiano, ajudam na medida das suas disponibilidades e capacidades em hos-pitais, em clubes desportivos, em escolas ou em instituições de solidariedade so-cial, umas ligadas à igreja católica, outras não. E é com o objectivo de multiplicar o número de voluntários, em Portugal e não só, que 2011 foi baptizado de Ano Europeu do Voluntariado, com o iní-cio oficial a ter tido lugar a 8 de Janeiro em Budapeste, capital de uma Hungria, que assume a presidência da União Eu-ropeia durante o primeiro semestre do ano. Para dar pompa ao acontecimento, o Teatro Millenaris acolheu um espectá-culo de dança e música tradicional hún-gara interpretado pelo grupo Meta, com

a arte a fazer parte da estratégia para chamar a atenção dos 500 milhões de europeus para o desafio do voluntariado.

Calcula-se que 23 por cento dos europeus com mais de 15 anos pratiquem

algum tipo de voluntariado. Isso signifi-cará 94 milhões de pessoas a nível dos 27 países membros da União Europeia, mas com fortes discrepâncias de nação para nação. Por exemplo, estima-se que mais de 40 por cento dos britânicos,

Calcula-se que 23 por cento doseuropeus com mais de 15 anospratiquem algum tipo de voluntariado

O bem sucedido exemplo do Banco Alimentarremonta aos anos 1960, nos Estados Unidos. Capaz de mobilizar milhares de voluntários, o Banco Alimentar Con-tra a Fome expandiu-se por todo o país e, em 1999, tornou-se uma federação de bancos alimentares regionais, cada

qual com autonomia jurídica, o que facilita a sua gestão e garante a pro-ximidade às populações que servem.O rosto do projecto é hoje Isabel Jonet, que explica que, tal como ela, o Banco Alimentar tem total “aversão ao desper-dício”. A maior visibilidade do Banco Alimentar Contra a Fome acontece nos últimos fins-de-semana de Maio e de Novembro, quando faz as suas acções nos supermercados e hipermercados de todo o país. A mais recente dessas recolhas de alimentos, a 27 e 28 de No-vembro de 2010, bateu todos os recor-des: 3.625 toneladas, mais 775 que no ano anterior, graças ao envolvimento de 30 mil voluntários, que marcaram presença em 1.147 estabelecimentos. Contudo, o projecto funciona com re-gularidade durante todo o ano, graças às dádivas permanentes, que permitem alimentar quase 300 mil pessoas ne-cessitadas, via 1.830 instituições.

Campanha de 2010 do Banco Alimentar Contra a Fome para a recolha de alimentos, em que os jovens têm um papel importante

FÁTIMA MISSIONÁRIA 18 FEVEREIRO 2011

Voluntários da comunidade Vida e Paz preparam roupas para distribuir aos sem-abrigo durante uma festa, na cantina da Universidadede Lisboa

Page 19: Ano Europeu do Voluntariado

Quando um grupo de portugueses ou-viu falar de uma iniciativa de volunta-riado que tinha posto 50 mil estónios a limpar o seu país ficou admirado, mas teve também a ideia de imitar a receita. E assim o “Let’s do It 2008” da Estónia transformou-se no Limpar Portugal 2010, uma acção ambiental realizada por todo o país a 20 de Março de 2010 e que juntou cem mil pessoas. No total, foram apanhadas 75 mil to-neladas de lixo, desde pneus velhos até

frigoríficos, que sujavam vários locais, sobretudo matas. Participaram famí-lias inteiras, num espírito de camara-dagem inter-geracional que o volunta-riado tem o mérito de despertar, com destaque para o próprio presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que se fez acompanhar dos netos. Agora está já em marcha o Limpar Portugal 2011, com os organizadores a porem bem alta a fasquia dos envolvidos: 200 mil. A data prevista é 19 de Março.

FEVEREIRO 2011 19 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Os quatro objectivos do Ano Europeu do Voluntariado 1.ReduzirosobstáculosaovoluntariadonaUniãoEuropeia;2.Darmeiosàsorganizaçõesdevoluntáriosemelhorar aqualidadedovoluntariado;3.Recompensarereconhecerotrabalhovoluntário;4.Sensibilizaraspessoasparaovaloreaimportância dovoluntariado.

“Quem quer fazer arran-ja maneira, quem não quer arranja desculpas” é o mote de Fernanda Freitas para este Ano Europeu do Voluntaria-do. A jornalista de 38 anos, natural do Porto, foi designada pelas autoridades portuguesas como a coordenadora nacional do Ano Europeu do Voluntariado e, em várias entrevis-tas, tem manifestado a sua esperança de que a iniciativa faça aumentar o núme-ro de voluntários no país. Depois de um início profissional na rádio, Fernanda Freitas está na RTP desde 1992 e tem

apresentado programas como “Causas Comuns”, “Sociedade Civil” e “Futu-ro Comum”. Desde 2009, integra o Fórum da Edu-cação para a Cidadania e, em 2010, foi embaixado-

ra do Ano Europeu contra a Pobreza e a Exclusão Social. Sobre a importância que Portugal está a dar a este Ano Euro-peu do Voluntariado, Fernanda Freitas destacou o facto de ter sido criada uma Comissão Nacional de Acompanhamen-to composta por 51 elementos, desde re-presentantes da sociedade civil, até em-presas e ministérios.

Portugal escolheu jornalistacomo coordenadora nacional

dos holandeses e dos austríacos façam anualmente algum tipo de voluntariado. Mas já em países como a Bulgária ou a Grécia o conceito é quase desconhecido, enquanto em outros, como a Itália, até pode mobilizar um décimo da popula-ção, mas sob a faceta da caridade.Em Portugal, as estatísticas do volun-tariado têm melhorado nos últimos anos, atraindo cada vez mais gente e mais diversificada, mas continua bas-tante caminho por fazer. Apesar dos 1,5 milhões de voluntários identifi-cados, só “teremos 500 mil voluntá-rios realmente activos”, segundo Elsa Chambel, da Comissão Nacional para a Promoção do Voluntariado. Pouco a pouco, as pessoas começam a per-ceber que o voluntariado é uma for-ma importante de compromisso com a sociedade e que, mesmo sendo um desempenho não remunerado, traz novos contactos, permite desenvolver competências e até construir oportu-nidades profissionais.Para transmitir estas ideias às popu-lações, uma das iniciativas europeias passa por uma espécie de “Volta” ao continente, com paragens nas capi-tais, onde se explicará com materiais inovadores a lógica do voluntariado. Lisboa será das primeiras a acolher a tal “Volta”, já entre 3 e 9 de Fevereiro, no Fórum Picoas.

Sucedendo ao Ano Europeu de Luta contra a Pobreza, que marcou 2010, este Ano Europeu do Voluntaria-do de 2011 surge também num momen-to crítico para a Europa. O combate ao défice orçamental e à dívida pública tem levado muitos governos a cortar nos ser-viços sociais, o que abre novos desafios aos voluntários europeus. Até porque muita gente se idealiza como voluntário no estrangeiro, a ajudar em países me-nos desenvolvidos, mas o desafio come-ça logo à nossa porta, às vezes no apoio a crianças ou idosos das vizinhanças. O voluntariado no estrangeiro, como aquele que fazem muitos leigos liga-dos à Igreja católica ou os profissio-nais de saúde da AMI, é apenas uma das várias facetas que pode assumir este aliciante acto de cidadania.

* jornalista do DN

Imitar a Estónia e limpar Portugal

2011

Anoeuropeu dovoluntariado

Acção de limpeza do Pinhal de Leiria, no âmbito do projecto Limpar Portugal, em 20 de Março de 2010, na Marinha Grande

Page 20: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 20 FEVEREIRO 2011

Licenciada em Economia, Isabel Jonet chegou a trabalhar numa seguradora, mas quando o marido foi trabalhar para Bruxelas, seguiu-o e começou a desempenhar funções de tradutora para a União Europeia. Em 1994, deu-se a partida da Bélgica e o regresso a Portugal. Nascida em 1960, Isabel Jonet enfrentou então um dilema comum a tantas mulheres do

nosso tempo: manter uma vida profissional apesar dos filhos ou parar algum tempo para acompanhar o seu crescimento. Optou pela segunda situação, mas isso não a tornou mãe de família a 100%. Continuou envolvida com a sociedade e viu no voluntariado uma forma de dar um contributo ao todo. Hoje é famosa sobretudo pela liderança do Banco Alimentar Contra a Fome, mas também criou a Bolsa do Voluntariado, que gere 17 mil pessoas disponíveis para contribuírem com o seu trabalho e conhecimentos para quase mil organizações. Existente há quatro anos, a Bolsa do Voluntariado, que marca

presença na internet, vai ter agora uma versão no Facebook, o chamado Volunteerbook, que pretende chegar aos mais jovens. Como explicou Isabel Jonet numa recente entrevista ao Expresso: “Não tolero o desperdício de pessoas. Há cada vez mais pessoas válidas que se reformam prematuramente, e desempregados.É preciso aproveitá-los. E o que há mais são jovens com tempo de sobra que deviam ser levados pelas escolas para a intervenção cívica”. Através do Volunteerbook, que começa a funcionar a 1 de Fevereiro, Isabel Jonet espera cativar esses jovens para o voluntariado.

Usar a popularidade do facebookpara chegar aos mais jovens

2011 é o Ano Europeu do Voluntariado94 milhões de europeus envolvidos em acções de voluntariado23 por cento dos europeus com mais de 15 anos fazem regularmente voluntariado40 por cento de taxa de voluntariado em paísescomo a Holanda e a Áustria500 mil portugueses são voluntários empenhados100 mil portugueses participaram na acção Limpar Portugal 201030 mil portugueses apoiaram recolha do Banco Alimentar Contra a Fome a 27 e 28 de Novembro de 20103625 toneladas de alimentos recolhidas no fim-de-semana pelos voluntários do Banco Alimentar3 por cento do PIB é o valor do voluntariado em alguns países europeus5 euros é o retorno médio para a sociedade de cada euro investido em voluntariado51 membros tem a Comissão Nacional de Acompanhamento do Ano Europeu do Voluntariado

VoluntariadoEuropeuem números

Funcionários do Montepio Geral trabalham na construção do Centro Social 6 de Maio, na Venda Nova, Amadora, durante o fim-de-semana

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FEVEREIRO 2011 21 FÁTIMA MISSIONÁRIA

o mundo global e interde-pendente, que “nos torna vizinhos, mas não nos faz irmãos”, o voluntariado é uma resposta de fraternida-

de à desatenção que caracteriza o nosso tempo. São muitos os que, reconhecendo o valor da ajuda responsável e solidária, partem em missões de desenvolvimento, que geram relações de afecto e proximi-dade. Tal acção é visível, sobretudo atra-vés dos jovens que, todos os anos e cada vez em maior número, doam um pouco da sua vida ao mundo missionário.Desde 2003, a Fundação Evangeliza-ção e Culturas (FEC) assumiu o papel de plataforma do voluntariado missio-nário. Os dados recolhidos confirmam que, ao longo dos últimos 22 anos, esta realidade tem vindo a consolidar-se. Quando João Paulo II, em 1991, visitou o nosso país, lançou o apelo: “Portu-gal, convoco-te para a Missão”. No que respeita ao voluntariado missionário, Portugal correspondeu com 3.807 res-postas positivas. Destas, 2.430 aconte-ceram nos últimos oito anos.Movidos pela sua vocação cristã, os vo-luntários missionários são chamados a realizar o dever evangélico da ajuda so-lidária. Através dos serviços prestados, tornam-se expressão de atenção res-ponsável, que manifesta o compromisso gratuito de fraternidade.

360 voluntários em 2010O dinamismo solidário do voluntaria-do missionário renovou-se, em 2010, com a partida de 360 voluntários, pertencentes a cerca de meia centena de entidades diferentes. Cerca de um

Por paísesMoçambique 34% = 121Cabo Verde 23% = 80 Angola 11% = 41Brasil 9% = 31 Guiné-Bissau 7% = 28 Timor-Leste 6% = 21 São Tomé e Príncipe 5% = 18 Colômbia e Zâmbia 0,5% = 2República Centro Africana 0,3% = 1

Por idade18 aos 25 anos 58% = 21026 aos 30 anos 16% = 57 31 aos 35 anos 13% = 4736 aos 50 anos 4,5% = 16Mais de 51 anos 4,5% = 15

Por géneroMulheres 77% = 278Homens 23% = 82

Por duraçãoDe 15 dias a 6 meses 88% = 3171 ano 12% = 43

terço dos voluntários (109) partiram em missão pela segunda ou terceira vez. Repetindo a experiência, reac-tivam o compromisso com o desen-volvimento e a solidariedade global.O perfil dos voluntários tem vindo a sofrer alterações. Até há muito poucos anos, eram sobretudo jovens univer-sitários ou recém-licenciados. Hoje, são 51 por cento, mas há um número crescente (43 por cento) de adultos que opta por doar parte do seu tempo à vida missionária. Ainda na vida acti-va, realizam experiências missionárias durante o período de férias, ou deixam o seu percurso profissional para partir em missão, pedindo licença sem venci-mento ou despedindo-se dos seus em-pregos. Há ainda adultos que, na idade da reforma, optam por colocar os seus conhecimentos ao serviço das popula-ções, ao lado de outros pequenos gru-pos, como recém-licenciados, casais em lua-de-mel e pessoas domésticas. O número de desempregados a partir em missão é residual.Há a reter também que um número significativo de voluntários realiza mis-sões em Portugal, sobretudo nos meses de Verão e, principalmente, em regiões do interior do país.Fonte: Relatório da FEC

Voluntariado Missionário renova compromisso solidário

Por uma responsabilidadeglobalNascido há 22 anos de forma espontânea, o voluntariado missionário é hoje, em Portugal, uma realidade consolidada

texto E. ASSUNÇÃO foto FEC

Distribuiçãodos voluntários

2011

Ano europeu do voluntariado

Todos os anos, cada vez mais jovens doam um pouco da sua vida ao mundo missionário

Page 22: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 22 FEVEREIRO 2011

gente nova em missão

Olá a todos os meninos e

meninas!Aqui estamos de novo para conhecer mais um artigo da “Declaração dos Direitos da Criança”.

Vamos conhecer a história de

meninos e meninas como vós.

Cada um tem a sua história como cidadãos

de um país.Que todos

possamos conhecer que, infelizmente,

nem todos gozamos dos

mesmos direitos!

textoCARLOS e MAGDA

ilustraçãoRICARDO NETO

Existo?Em vários países do mundo, muita gente nasce e morre sem en-trar nas contas dos números oficiais. Assim não é possível que esses países conheçam correctamen-te as necessidades de registar toda a população. Anualmente, quase 50 milhões de bebés não são registados na Ásia e em África. Aqui contamos várias histórias, umas mais felizes que outras, de crianças a quem foi reconhecido o terceiro direi-to da criança. Outras não tiveram direito a uma

identidade, como cida-dãos do seu país.Muitas crianças, na

China, sobretudo meninas, são abandonadas pelos próprios pais e não são registadas, ficando sem direito à sua identidade e cidadania. Algu-mas meninas têm sorte, porque são acolhidas em orfanatos, onde é feito o seu registo. Este pro-blema tem a ver com a política chinesa do filho único. Devido ao grande aumento da população, cada casal não pode ter mais que um filho.

– Olá a todos! Eu chamo-me João, sou português e tenho dez anos. Fui registado pelo meu pai na conservatória do

registo civil de Bra-gança e com isso os meus pais tiveram direito a receber o

abono para ajuda aos meus gastos, enquanto bebé. Tive logo direito

a vacinas e a médico de família. Agora já tenho o cartão de cidadão, que me permite ter acesso aos direitos na saúde, na educação, na protecção

familiar e me garante a nacionalidade portuguesa.

– Olá! Eu sou a Xue, nasci na China e tive a pouca sorte de ser o segundo filho que os meus pais tiveram. Como nasci menina, fui colocada num orfanato sem as mí-nimas condições, não tive direito a ser registada pelos meus pais nem direito a uma nacionalidade própria.

Em Moçambique os registos de nascimentos só começaram a

abranger toda a população, a par-tir de 2004. Até aí, poucas crian-ças eram registadas. Por isso não

se sabe, ao certo, quantas pessoas existem em Moçambique.

– Viva! O meu filho José nasceu em 2008. Tem agora três anos e foi registado com sucesso. É-lhe

garantido o respeito pela sua nacionalidade, ao contrário dos

irmãos mais velhos. Eles não tiveram qualquer tipo de regis-to, nem direito à identificação da sua nacionalidade, embora eu possa afirmar que eles são

moçambicanos. Contudo, a falta de registo já me trouxe graves

problemas no controlo das vaci-nas e na frequência na escola.

Page 23: Ano Europeu do Voluntariado

gente nova em missão

FEVEREIRO 2011 23 FÁTIMA MISSIONÁRIA

– Nasci numa aldeia da região do Darfur, no Sudão, os meus pais deram-me o nome de Sumah, no ritual de atribuição do meu nome. A minha tribo é muito rica em rituais e tradições. Mas, apesar de ter um nome, foi-me negada a minha nacionalidade e a minha identidade como pertencente a uma tribo, devido aos conflitos que existem, há muitos anos, no meu país. Vários grupos radicais não reocnhecem algumas tribos e culturas diferentes.

Como vês, existem muitas

histórias diferentes para

contar. Em vários países,

o direito ao nome, à

nacionalidade, aos cuidados

básicos e ao respeito por uma

identidade própria de uma

cultura não é reconhecido.

Lembra-te desses meninos

e meninas nas tuas orações.

Pede a Jesus por aqueles que

ainda não tiveram acesso a

esse direito. Agradece pelos

direitos que te são concedidos

no teu país e que podes gozar.

Solução donúmeroanterior

ID

A AA

A AA

ELE U S

C R I N ÇM O R

F M I L IN A

Faz corresponder as bandeiras, aos nomesde alguns países onde a Consolata faz missão PORtUgAL ESPANhA COLôMbIA tANzâNIA EtIóPIA DJIbUtI

COREIA DO SUL bRASIL ItáLIA POLóNIA MOÇAMbIqUE VENEzUELA

O meu momento de oração:Querido Jesus,

Agradeço-Te pela vida que me deste. Obrigado pelo meu

nome, pela minha família e pelo meu país.

Hoje a minha oração vai para os que não têm nome,

nem família, nem país. Por aqueles que não têm meios

para viver. Que eles possam saber que Tu existes e os

acompanhas sempre no seu caminho e no modo

diferente de começar a viver.

Que a existência de cada um de nós não

seja inútil, mas cheia de sentido e gosto de

viver, porque Tu estás connosco.

A criança tem direito a... Princípio 3º Desde o dia em que nasce, toda a criança tem direito a um nome e a uma na-cionalidade, ou seja, ser cidadão de um país.

Page 24: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 24 FEVEREIRO 2011

tempo jovem

texto LUÍS MAURÍCIO

ublinho, de propó-sito, a expressão: “certos círculos so-ciais”. Faço-o para combater a ideia fantasiosa que anda por aí, instalada na “ciber-cabeça” de alguns internautas.

É uma afirmação demasiado virtual e muito afastada da realidade pen-sar que está fora do mundo quem não tem acesso à internet. Infeliz-mente, o mundo ainda conta mais de 900 milhões de pessoas pobres que não dispõem do mínimo indis-pensável para levar uma vida digna desse nome. Quanto mais pensar que possam aceder à internet, para contar no Facebook a injusta misé-ria de que são vítimas!Mas não é por aqui que eu quero entrar. A minha inquietação e preo-cupação crescem ao saber que conti-nua a aumentar o número de horas que muitas pessoas - jovens e adul-tos - passam ligadas à net, como que crucificadas em frente de um com-putador. Recordo-me que, já em 1997, uma revista de psicologia mé-dica publicava um artigo do psiquia-

tra Ivan Goldberg sobre a IAD (ini-ciais da expressão inglesa: Internet Addiction Disorder), que significa: dependência da internet. Para quem não está muito familiarizado com o tema, é bom recordar que o mundo das dependências tem a ver não ape-nas com as dependências químicas (fármacos, drogas, álcool e outros), mas também com as dependências psicológicas, relacionadas com o complexo mundo dos vícios. Muitos internautas não ousam assumir esta patologia subtil.

Nem tudo o que luz, é ouroAs redes sociais da internet são “mais uma forma” de interacção so-cial. Acrescentam um intercâmbio dinâmico entre pessoas, grupos e instituições, constituindo um sis-tema aberto e em construção per-manente. Pouco a pouco, vão en-volvendo pessoas com as mesmas necessidades, problemáticas, gostos e desgostos.O problema começa quando se par-tilham dados e intimidades pes-soais, arrastando e envolvendo pessoas que não conhecemos. Deste modo, numerosos detalhes pessoais

ficam à disposição de gente que des-conhecemos ou que não escolhe-mos e com quem não decidimos co-municar. Quem anda no mundo da net sabe que muitas cláusulas que dizem garantir a privacidade são falsas. Quando menos se espera, estamos a revelar a intimidade dos nossos maiores amigos, quase sem darmos conta e sem que eles o sai-bam ou tenham autorizado. E, mui-tas vezes, sem que possamos voltar atrás ou controlar o processo.

Outro relacionamentoNão pretendo, de modo algum, mi-nimizar a importância das novas tecnologias ou desvalorizar o seu progresso, no caso que nos ocupa, através da internet. Muito menos pretendo rotular de dependentes to-dos aqueles que andam a alimentar animais virtuais, a comprar casas irreais ou a sustentar namoros com desconhecidos. A minha grande in-quietação reside no modo como se usa e abusa desta nova maneira de comunicar e de criar laços. Estou consciente de que o mundo das redes sociais da internet tem o poder benéfico de deitar abaixo

admissãointernetou adição

As redes sociais da internet estão a desenvolver-se a um

ritmo vertiginoso. O seu impacto em “certos círculos

sociais” é tal, que o fenómeno está a gerar novas dinâmicas

de sociabilização e de comunicação entre indivíduos e grupos

Page 25: Ano Europeu do Voluntariado

tempo jovem

FEVEREIRO 2011 25 FÁTIMA MISSIONÁRIA

barreiras geográ­ficas, de favore­cer a interacção em tempo real, de promover o cooperativismo e intercâmbio, e até de contribuir para a livre so­ciabilização da in­formação.Mas levanta­se a questão de saber se as redes sociais serão suficientes para criar laços autênticos e dura­doiros. Serão a boa solução para a grande solidão que resulta do individualismo em que hoje se vive? Não é preciso ser­se muito inteligente para se dar conta que o mundo dos afectos, dos abraços e dos olhares está, de cer­to modo, a ficar corrompido pelo mundo virtual. Agora são os «gifs de smiles », que preenchem os espaços das emoções do nosso coração.Por vezes, interrogo­me o que estará a acontecer a esta huma­nidade que troca a força de um abraço caloroso, capaz de perpe­tuar­se através da imensa sinfonia da alma, pelo toque fugaz e débil de um clique instantâneo e vazio?

Para além do inevitávelO temor que brota da minha sim­ples constatação é descobrir que, em certos grupos e ambientes, in­clusive nas famí­lias, a actividade social assente nas relações interpes­soais vai sendo substituí­da, pouco a pouco, por laços de interacção mais fracos. Há um facto que é parado­xal. Embora pensemos que o nosso cí­rculo de amigos aumentou graças às redes sociais, é um facto real e concreto que o nosso cí­rculo social, do mundo real, com o qual convive­mos no dia­a­dia, está progressiva­mente a diminuir. Conheço pessoas excelentes e cheias de dons, que

têm perdido a ca­pacidade de comu­nicar, consolar e en­riquecer em famí­lia. Em contrapartida, têm “aumentado” o número de horas em frente do com­putador, tratando de alimentar e ali­mentar­se com a dita “comunidade virtual”.A internet e o mun­do das redes sociais continuarão a in­troduzir­se, pouco a pouco, nas nos­sas vidas. Olhan­do para a rapidez das mudanças e do tempo que passa,

os internautas serão cada vez em maior número. Daí­ que seja urgen­te e necessário que tomemos cons­ciência dos impactos negativos que a internet pode causar sobre o nos­so bem­estar psicológico. E não me refiro apenas à dependência. Deve­mos, sobretudo, estar atentos a tudo quanto se refere ao nosso modo de nos relacionarmos com aqueles que amamos concretamente e com aqueles a quem deverí­amos amar mais na vida real.

Francisca António Joana

Maria Manel Filipa

Inês Tiago Zé

Rui Miguel Mariana

Jorge Teresa Pedro

Serão as redes sociais suficientes para criar laços autênticos e duradoiros? Serão uma boa solução para a grande solidão que resulta do individualismo em que hojese vive?

Page 26: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 26 FEVEREIRO 2011

sementes do reino

ede-nos a Escritura que repartamos o nosso pão com os esfomeados, que demos abrigo aos infelizes e que ajudemos, seja de que modo for, aqueles a quem a vida deixou um sabor amargo. Jesus ensina-nos que não basta cum-prir as leis, é preciso amar. “Ama e faz o que quiseres”, dirá Santo

Agostinho. O amor que tem a últi-ma palavra, só ele dá sabor ao que fazemos e nada sem ele tem valor.

Serviço voluntárioVem isto a propósito do Ano Eu-ropeu do Voluntariado, que está a principiar. Oxalá que seja, so-bretudo, um ano que faça surgir pessoas cheias de boa vontade, capazes de entregar parte do seu tempo em actividades de serviço a outros mais necessitados. Na União Europeia são cerca de cem milhões os cidadãos de todas as idades que investem o seu tempo, o seu talento, as suas energias e até o seu dinheiro, como volun-tários, em organizações civis ou religiosas, em hospitais, escolas, casas de recuperação e serviços vários. São pessoas que mostram ter um coração largo e uma von-tade enorme de acudir aos outros.A história do cristianismo está cheia de pessoas que, não se sentin-do chamadas a um serviço a tempo inteiro ou por toda a vida, tiveram a coragem de se oferecer para os serviços mais varia-dos na educação, na ocupação dos tempos livres, no trabalho paroquial, no serviço missionário. Com pequenos gestos do dia-a-dia, com uma sopa que se serve, com horas “perdidas” à cabeceira de um doente ou gastas a cuidar de pessoas ido-sas ou de crianças deficientes.Se qualquer um pode ser voluntário de bem-fazer, nós cris-tãos temos, na nossa fé, razões acrescidas para gastar o nos-

so tempo em favor dos outros. Somos discípulos de Jesus, o primeiro de todos os voluntários, que não só deu parte do seu tempo, mas a vida inteira em resgate por todos nós. É Ele o verdadeiro samaritano da parábola que todos conhece-mos. “Na sua vida mortal passou fazendo o bem e socorren-do todos os que eram prisioneiros do mal. Ainda hoje, como

bom samaritano, vem ao encontro de todos os homens atribulados no corpo ou no espírito e derrama sobre as suas feridas o óleo da con-solação e o vinho da esperança”.

Da compaixão à solidariedadeA parábola propõe-nos um estilo de vida centrado sobre as carências dos outros. O necessitado, dizia João Paulo II, pode ser olhado como um importuno e um peso, ou então como uma ocasião para fazer o bem, como possibilidade de uma riqueza incalculável. O desgraçado que está prostrado na valeta da estrada é para o sacerdote e o levita um obstá-culo a evitar, mas para o samaritano é um enorme capital de graça e cres-cimento em humanidade.Dos três personagens da parábola, se diz que “viram”, mas só do ter-ceiro ficou escrito que “teve com-paixão”. Enquanto os dois funcio-nários do templo, representantes da sociedade que conta neste mun-do, olham e passam, o samaritano

é apontado como modelo a imitar. Não importa que seja es-trangeiro, de raça bastarda ou de religião herética. Ele pára, faz-se próximo e resolve a situação.“Vai e faz o mesmo”, indica Jesus no fim da parábola. É um convite a estarmos atentos às situações que nos rodeiam e a servirmos em total gratuidade e desinteresse. Passa por aqui todo e qualquer voluntariado que não é procura de gratifica-ções, mas serviço gratuito e desinteressado, gerador de enor-me alegria interior e de uma humanidade renovada.

Vaitexto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA

Olho para os textos das Eucaristiasdos domingos de Fevereiro e reparoque o acento está colocado em sersal e luz do mundofaz o mesmo

Page 27: Ano Europeu do Voluntariado

intenção missionária

FEVEREIRO 2011 27 FÁTIMA MISSIONÁRIA

A palavra faz-se missãoEM FEVEREIRO

5º Domingo ComumIs 58, 7-10; 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16

Para ser luz do mundo“Reparte o teu pão com os esfomeados, dá abrigo aos infelizes sem casa, atende e veste os nus e não desprezes o teu irmão. Então a tua luz surgirá como a aurora e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se”. A caridade concreta renova, dá sabor e ilumina toda a nossa vida. “Vós sois o sal da terra. Vos sois a luz do mundo”. É a nossa identidade de cristãos e a melhor maneira de sermos benfeitores deste mundo.Senhor, o mundo precisa do nosso sal e da nossa luz. Dá-nos do teu sabore da tua luz para que possamos cumprir a nossa missão.

6º Domingo ComumSir 15, 16-21; 1Cor 2, 6-10; Mt 5, 17-37

Um par de asasOs mandamentos da lei de Deus não são um colete-de-forças, mas um par de asas que elevam até ao céu. Todas as leis se resumem no mandamento do amor. Já não basta cumprir, é preciso amar. É o amor que tem a última palavra, porque só ele dá sabor e valor a tudo o que fizermos. Quando fores à Igreja celebrar o sacrifício do Senhor, se por acaso te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tudo e vai primeiro reconciliar-te com ele. Só então estarás em condições de fazer a tua oração.Ensina-me, Senhor, o caminho dos teus mandamentos para ser fiel até ao fim. Dá-me entendimento para guardar a tua lei e para a cumprir de todo o coração.

7º Domingo ComumLev 19, 1-2.17-18; 1 Cor 3, 16-23; Mt 5, 38-48

O nosso distintivoO que nos distingue como filhos de Deus é o amor misericordioso com que amamos todos os outros. Se perdoamos, elevamo-nos à altura de Deus, porque amamos com o seu coração de Pai. Amar os amigos é humano; amar e fazer o bem aos inimigos é divino. Ajuda-me, Senhor, a misturar-me no meio das pessoas, mas a distinguir-me como teu filho bem-amado.

8º Domingo ComumIs 49, 14-15; 1Cor 4, 1-5; Mt 6, 24-34

Não vos inquieteisÉ a resposta de Jesus à fome de dinheiro e bens materiais que grassa no nosso mundo. O cristão não pode embarcar na atitude pagã de viver nessa obsessão. Ele trabalha e confia na providência de Deus. Não se desinteressa do progresso do mundo, mas vive noutra dimensão, buscando o essencial. “Procurai antes de mais o Reino de Deus e o resto vos será dado por acréscimo”. Dá-nos, Senhor, o pão nosso de cada dia. E que a tentação da riqueza não destrua a nossa confiança no teu amor de Pai.DV

sta intenção vem mesmo a propósito neste ano que é dedicado ao voluntariado. Há dezenas e dezenas de

milhares de pessoas que ocupam os seus tempos livres no serviço gratuito do voluntariado. Falar com estas pessoas, ouvir as suas experiências passadas em hospitais, escolas, lares e em outros locais entre gente pequena e grande, deficientes e outros é ficar encantado. É bem verdade o que por vezes se ouve: praticar o voluntariado é dar algo de nós próprios, mas é também ainda mais, receber dos beneficiados aquilo que enche o nosso coração de alegria, dever cumprido e satisfação por ter podido ajudar os que mais precisam de nós, do nosso apoio e do nosso afecto. Infelizmente, nem sempre é possível encontrar maneiras exactas para que os voluntários possam executar este serviço. Primeiro porque não estão habilitados por motivos de estudo ou prática de serviço. Segundo porque estão longe dos locais onde a sua presença seria necessária. Terceiro, por incompatibilidade de horário e outros deveres de família. Enfim,nota-se uma variedade grande de oferta mal aproveitada e uma urgente necessidade de voluntários a quemnão se pode ter acesso. Tirando a média, verifica-se que há cada vez mais pessoas a ocuparem os seus tempos livres em actividades que sejam compatíveis com os seus horários.

MC

Ser voluntário uma bênçãoPara que nos territórios, ditos de missão, onde é mais urgente a luta contra as doenças, as comunidades cristãs saibam dar testemunhoda presença de Cristoao lado das pessoasque sofrem

Page 28: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 28 FEVEREIRO 2011

Este livro, diz-se no prefácio, dá-nos a oportunidade de investigarmos mais a fundo a longa história da acção divina na história humana. A autora escolhe uma dúzia de temas tratados na Bíblia e, depois, dividindo--os em subtítulos, ajuda os leitores a compreender melhor o seu significado. Leitura agradável, mas que pressupõe um conhecimento bastante alargado da Bíblia para se poder estabelecer o confronto entre as várias partes.Autor: Sarah S. Henrich192 páginaspreço: 13,50€Paulus Editora

Grandes temasda Bíblia

A Bíblia contada às criançasO presente volume constitui um livro de vulto e grande peso. A todos os

títulos, muito interessante. Pena é que, sendo destinado às crianças, envolva

tantos euros! Foi idealizado na Itália onde os euros abundam mais que em

Portugal. Tudo isto não tira a que o livro “de peso” seja recomendável e

merecedor dos melhores elogios. Trata-se realmente de uma prenda de alto

valor: papel, impressão, ilustração, encadernação… Tudo bom.

Autores: Vários | 450 páginas | preço: 26,00€ | Paulus Editora

Trata-se do chamado Missal popular por onde qualquer cristão pode seguir todos os passos da celebração eucarística, tanto ao domingo como durante a semana. Os textos deste missal encontram--se divididos em dois volumes. Mas agora estão ambos concentrados num único volume. Tem vantagens práticas e também tem desvantagens por se tornar um livro pesado e de difícil manuseamento.2720 páginaspreço: 29,90€Organização e promoção Paulus Editora

O autor divide o seu trabalho em 45 pequenos temas, que servem de chave para abrir o tesouro dos Evangelhos à compreensão de qualquer leitor. Muitos destes temas podem ser uma óptima ajuda para catequistas, grupos bíblicos, para leitura ou estudo em qualquer grupo que deseje enriquecer a sua fé com o alimento substancioso da palavra de Deus. Para todos sem qualquer reserva.Autor: Herculano Alves376 páginaspreço: 15,75€Gráfica de Coimbra e Difusora Bíblica

É um romance do tipo histórico. A maior parte do enredo passa-se em Paris onde há essencialmente duas correntes de pensamento naquele longínquo século XIII. Metido neste enredo encontra-se o papa João XXI, médico, filósofo e cientista, que era português e morreu em Viterbo, Itália, vítima de um desabamento do tecto da casa onde se encontrava. O romance tenta saber o motivo do desabamento.Autor: Alexandre Dorozynski224 páginaspreço: 15,90€Paulinas Editora

Sementesda Palavra

Missal Quotidiano dominical e ferial

O Papa, o Bispoe o Filósofo

São dois livrinhos, cada um deles com 16 páginas todas muito ilustradas, em cores vivas e desenhos futurísticos próprios para as crianças muito pequeninas. A autora esforça-se para usar uma linguagem a condizer com a idade delas. Há depois algumas sugestões dirigidas aos educadores com perguntas para eles fazerem às crianças a fim de as levar pedagogicamente a dar respostas certas, tiradas da sua cabeça ou fantasia. Os livros recomendam-se pela beleza e por constituírem uma boa prenda para quem a quiser oferecer.Autora: Rita VilelaIlustrações: Ana Sofia Caetano16 páginaspreço: 4,99€ cadaPaulus Editora

O comboiodos fugitivos

o que se escreve

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Diálogo e cooperação“Somos chamados a desenvolver relações equilibrantes, no seio das nossas comunidades e com todos os povos do mundo, dando a mão a comunidades com histórias dife-rentes e aos sectores mais margina-lizados da sociedade”. Mafalda MonizVida Consagrada | Dezembro 2010

Horizonte da missão“O nosso horizonte próximo será necessariamente a missão. A Igrejaexiste para evangelizar, traduzindo em cada tempo e circunstância o dis-curso de Cristo na sinagoga de Naza-ré. E convém-lhe muito que evangeli-ze, não só para servir o mundo, mas até para se legitimar e garantir”.Almiro MendesMissão Omp | Dezembro 2010

Valores familiares“A família é um grande recurso para o crescimento da pessoa humana, da sociedade e da missão da Igre-ja. E não é verdade que as famílias estruturadas sejam poucas, porque muitas das nossas famílias ainda são verdadeiros oásis e lugar de cresci-mento e estabilidade humana”. José Carlos NunesFamília Cristã | Janeiro 2011

Oferecer tempo e acção“Cada indivíduo tem na sociedade, tanta responsabilidade como o Esta-do ou os agentes do poder económi-co. Cada um de nós deve deitar mãos à obra e fazer pelos outros. Olhe-mos quem está à nossa volta e ofereçamos a nossa mão e o nosso tempo. Por vezes, esse gesto quase que basta para fazer a diferença”.Fernando Nobre | AMI Notícias

Força da palavra“Sendo a palavra (de Deus) um acontecimento, mesmo antes de ser dita, então ela possui uma força que a torna uma palavra activa, que realiza o que diz, dizendo o que rea-liza. Por isso, a história da revelação, na palavra, não é apenas uma história de co-municação de informação, pela linguagem, mas uma história da realização daqui-lo que anuncia e promete”.João DuqueMensageiro Coração Jesus Fevereiro 2011

Mensagem de Fátima“Estamos todos a reflectir so-bre novos caminhos para a Igreja em Portugal. Talvez me-reça a pena olhar para Fátima, ler a mensagem, mergulhar na radicalidade da nossa fé e da nossa esperança, e olhar para Maria, porque ela gosta que olhemos para ela”.Leopoldina SimõesVoz da Fátima | 13 Janeiro 2011

Religiões“Vivemos num mun-do marcado pela mo-bilidade, pelos mais diversos motivos, que torna as nossas socie-dades e países cada vez mais multi-étnicos, intra-culturais e com a presen-ça de várias confissões religiosas, reclamando-se todas da verdade para si mesmas”.António VitalinoNotícias de Beja | 13 Janeiro 2011

Concebido para desenvolver as aquisições da faixa etária dos 3 aos 6 anos, este livro contém actividades muito variadas e divertidas que certamente darão alegria às crianças desta idade. Exige-se sempre a colaboração do adulto. O estilo usado é o habitual, já nosso conhecido.Autoria: Diana Gomes48 páginaspreço: 4,00€Papa-Letras Editora

Actividades paraa pré-escola

É difícil dizer em poucas palavras, o significado e o valor deste livro. Também não é fácil dizer

Mais um livro que ensina os pequerruchos a distinguir os números e a pronunciá-los ao jeito de uma cantilena que entra facilmente no ouvido e que as crianças aprendem e fixam quase sem darem por isso. Enfim, há mestres e mestras que estudam e inventam maneiras de tornar o ensino das crianças mais fácil.Texto: Margarida Pina PereiraIlustração: Fátima Buco32 páginaspreço: 7,00€Papa-Letras Editora

Números a rimar

Compreendero Cristianismo

essencialmente a quem se destina: pelos conteúdos interessa a todasas pessoas; pelo modo como se apresenta, pelasfotos e, até mesmo, pelo tipo de papel usado parece-nos dedicado a um número de pessoas mais restrito e comum certo grau deformação e conhecimentos bíblicos.É uma bela peça.Autor: David Winter 128 páginaspreço: 17,99€Paulinas Editora

Jovens com outra visão“É inegável que o contexto sócio-cultural e económico em que os jovens nascem e crescem influi sobremaneira na forma como entendem o mundo e nele se inserem, criando, por si só, uma miríade de cosmovisões, que nem sempre se revelam conciliáveis com os ideais do Reino apresentado e instaurado

por Jesus Cristo”.Luís Manuel da Cruz Leal | Mensageiro de Santo António | Janeiro 2011

o que se diz

FEVEREIRO 2011 29 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Page 30: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 30 FEVEREIRO 2011

gestos de partilha

Escola sEcundária dE Em-pada Guiné-Bissau Emília Pereira – 10,00€; Elias Oliveira – 50,00€; António Neves – 5,00€; Emí-lia Pinto – 5,00€; Fátima Vaz – 5,00€; Anónimo – 70,00€; Joaquim Cavadas – 18,00€. Bolsas de Estudo Cacilda Cardoso – 250,00€; Armando Braga – 25,00€; Manuel Inácio – 200,00€. padrE João coElho Bap-tista (lEprosos) Rosalina Silva

8 Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | [email protected] 8 Rua D.a Maria Faria, 138 Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | [email protected] 8 Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM Telefone 214 260 279 | [email protected] 8 Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | [email protected] Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | [email protected]

Donativos de apoio aoCentro de Acolhimento

Gurué, Moçambique

Solidariedadevários projectos

Vitorino – 50,00€; António Fernandes – 25,00€; Edite Ribeiro – 15,00€; Ilda Antunes – 20,00€; Eugénia Ramos – 5,00€; Maria Teixeira – 50,00€; Áurea Dias – 10,00€; Anónimo – 50,00€; Mário Dias – 100,00€; José Gonçalves – 1,00€; Anónimo – 10,00€; Benvinda Bento – 31,00€; Eduarda Bento – 20,00€; Lurdes Pinto – 30,00€; Fernanda Pani-

nho – 40,00€; José Couto – 20,00€; Franciscanas Missionárias de Maria – 100,00€; Anónimo – 1,00€; Joaquim Pedro – 10,00€; Manuel Crespo – 25,00€; José Vieira – 10,00€; Manuel Falcão – 50,00€; Al-fredo Lopes – 25,00€; Maria Carmo Rosa – 20,00€; Graça Soares – 10,00€; Manuel Leal – 25,00€; Carmelo de São José – 25,00€; Anónimo - 21,00€; Conceição Isidro – 10,00€; Adelaide Domingues – 5,00€; Zulmira Valadares – 10,00€; Lurdes Fer-reira – 11,00€; Cacilda Cardoso – 100,00€; Joaquim Duarte – 25,00€; António Valeroso – 150,00€; Elias Oliveira – 50,00€; Donzília Cardoso – 50,00€; Adelina Neves – 61,00€; Conceição Fernandes – 50,00€; Padre Ramiro Pinto – 50,00€; Deolinda Santos – 15,00€; Manuel Marques – 20,00€; Maria Carreira – 100,00€; Conceição Varandas – 20,00€; Ondina Figueiró – 30,00€; Padre Silvério Bernar-do – 15,00€; Céu Pereira – 30,00€; Glória Silva – 20,00€; Teresa Marcelo – 53,00€; Isabel Ferrei-ra – 10,00€; Celeste Pinto – 5,00€; Inácia Ferreira – 10,00€; Florinda Carreira – 63,00€; José Pereira – 100,00€; Conceição Lucas – 53,00€; João Alves – 25,00€; Anónimo (Figueira da Foz) – 170,00€; José Rosa – 5,00€; Manuel Gaspar – 50,00€; Virgí-nia Ferreira – 50,00€; Adelina Antunes – 100,00€; José Agostinho – 50,00€; Céu Pereira – 15,00€; Acácio Franco – 10,00€; José Silva – 30,00€; Rosa Nunes – 35,00€; Odília Teixeira – 100,00€; Ade-lino Alves – 28,00€; José Cruz – 15,00€; Aurora Serra – 20,00€; Maria Narciso – 45,00€; Anónimo – 20,00€; Vitalino Gomes – 25,00€; Rosa Pedroso – 25,00€; Glória Carvalho – 5,00€; Maria Lopes – 5,00€; Ana Pereira – 20,00€; Ermelinda Sousa – 10,00€; Gracinda Jesus – 50,00€; Cristina Rosa – 20,00€; Maria Fernandes – 100,00€; Eugénia Jorge – 15,00€; Manuel Antunes – 250,00€; Amélia Baraona – 38,00€; Anónimo – 400,00€; Anónimo – 110,00€; Assinante Nº 6151 – 20,00€; Conceição Silva – 40,00€; João Júnior – 5,00€; Álvaro Laranjo – 60,00€; António Prata – 50,00€; Joaquim Luís – 8,00€; Ana Venâncio – 20,00€; Olaia Ribeiro – 20,00€; Silvestre Santos – 13,00€; Natividade Castanheira – 10,00€; Piedade Carreira – 12,00€; Lurdes Festa – 13,00€; Lurdes Roque – 30,00€; Ana Silva – 140,00€; Manuel Rosa – 25,00€; Maria-na Ferreira – 100,00€. Total geral = 6.066,00€.

Teresa Morgado – 25,00€; Anónimo – 5,00€; Pie-dade Duarte – 81,00€; Álvaro Almeida – 40,00€; Rosa Ribeiro – 100,00€; Rui Ferreira – 25,00€; Etelvina Rodrigues – 30,00€; Madalena Guerra – 15,00€; Eduardo Soares – 20,00€; Fernanda Lobo – 25,00€; Natália Reis – 20,00€; Angelina Sousa – 50,00€; José Freitas – 50,00€; Francisco

Gurué

tijolo 1 euro

porta 25 euros

Acolhimento a doentes e acompanhantesParóquia do Gurué, MoçambiqueImagine-se doente, a dormir ao relento, ou ter um filho hospitalizadoe não poder estar perto dele. Isso acontece na diocese de Gurué,que tem dois milhões de habitantes e apenas um hospital.O bispo da diocese, Francisco Lerma, missionário da Consolata,pretende construir um centro de acolhimento paradoentes e acompanhantes.

pregos 5 euros

sacos de cimento15 euros

telhas 10 euros

Projecto 2011

viga de madeira20 euros

– 150,00€; Cidália Silva – 140,00€. crianças dE moçamBi-quE Agostinho Gomes – 20,00€. crianças Yanomami Anóni-mo (Figueira da Foz) – 170,00€. lE-prosos Amélia Martins – 13,00€. crianças dE mEcanhElas – moçamBiquE Isilda Reis – 40,00€. ofErtas várias Fe-liciano António – 73,00€; Anónimo – 60,00€; Joaquim Duarte – 143,00€; Efigénia Neves – 113,00€; Maria Carreira – 43,00€; Marcelina Carnei-ro – 43,00€; Dalila Silva – 93,00€; Lisete Santos – 33,00€; Armando Pe-dro – 28,00€; José Santos – 33,00€;

Armindo Coelho – 43,00€; Beatriz Duro – 43,00€; António Mendes – 43,00€; Augusta Roque – 68,00€; Maria Teixeira – 118,00€; Carmo António – 43,00€; Armando Cruz – 29,00€; Cento Clínico São Lucas – 93,00€; Liete Cruz – 93,00€; Isabel Pacheco – 25,00€; Agostinho Gamei-ro – 30,00€; Anjos Pereira – 32,00€; Mário Pereira – 200,00€; Anónimo – 153,00€; Ernesto Silva – 160,00€; Adelina Antunes – 36,00€; Maria Vieira – 73,00€; Celeste Joaninho – 40,50€; Armandina Silva – 26,00€; Lurdes Soares – 100,00€; Flundório Cardoso – 43,00€; Adriano Sousa

– 43,00€; Conceição Pinto – 29,00€; Rosa Costa – 43,00€; João Galvão – 43,00€; Angelina Silva – 36,00€; Fá-tima Martinho – 252,50€; Conceição Santos – 26,00€; Eduardo Martins – 60,00€; Albertina Bessa – 50,00€; José Júnior – 43,00€; Andresa Ribei-ro – 50,00€; Padre Weber Pereira – 500,00€; Manuel Antunes – 43,00€; Sílvia Lopes – 68,00€; Eugénia Boni-to – 53,00€; Ass. Nº 6151 – 100,00€; Alzira Loureiro – 28,00€; Maria Mer-cês – 33,00€; Anónimo – 263,00€; Manuel Farinha – 143,00€;Fernanda Carrilho – 60,00€;Conceição Pereira – 43,00€; Trindade Mateus – 51,00€.

Page 31: Ano Europeu do Voluntariado

FEVEREIRO 2011 31 FÁTIMA MISSIONÁRIA

vida com vida

Padre Pedro

Quaglia

nasceu

em Cúneo,

norte da

Itália

em 22 de

Maio

de 1913

Entrou na

Consolata

em 1924

Foi

ordenado

padre a 21

de

Dezembro

de 1935

Em 1947

foi

enviado

para

Moçambique

Faleceu

a 20 de

Outubro

de 1951

38 anos de vida, 16 de sacerdó-cio e quatro de vida missionária em Moçambique. São estes os marcos principais que balizam a vida deste homem que nasceu na Itália, em 1913, numa famí-lia profundamente cristã. Os seus pais, Bartolomeu e Maria-na bateram quase um recorde ao oferecerem para a vida reli-giosa missionária seis dos sete filhos, que tiveram. «Escapou» apenas um deles – o Francisco – para prolongar a linhagem fa-miliar através do casamento.Regressando ao nosso rapaz – o Pedro – vemo-lo entrar no seminário da Consolata aos 11 anos. Percorreu as várias eta-pas dos estudos, com toda a normalidade, sem que tivesse sobressaído em qualquer dis-ciplina. Após a ordenação sa-cerdotal, que ocorreu em 1935, começou a sua actividade pas-toral, trabalhando na formação dos seminaristas, embora não tivesse tido qualquer prepara-

ção adequada para esse cargo. Os alunos, alguns já adianta-dos nos estudos, queixavam-se dele por lhe notarem um certo pendor para o rigorismo, quer dizer: muita disciplina e pouco diálogo. Durou neste traba-lho cerca de cinco anos, tendo aproveitado o tempo para tirar um curso do magistério, em que fez os exames com bons re-sultados.Entretanto, mete-se a segunda guerra mundial pelo meio e lá vai o Pedro para o quartel mili-tar. Veste a farda com o distin-tivo de tenente-capelão e parte com as tropas italianas para a fronteira francesa, passando de-pois para a Albânia, até que, em Setembro de 1941, foi dispensa-do do serviço militar. Regres-sando à vida civil, ou religiosa que seja, retomou o serviço de assistente dos jovens seminaris-tas. Ao mesmo tempo, exerceu outras actividades pastorais nos arredores de Turim.

E as missões propriamente di-tas, por onde andavam? Pedro via passar os anos, mas não desesperava. A sua vez chegou em 1947 e o seu destino foi Mo-çambique. Partiu com três com-panheiros, em Setembro desse ano. O campo de apostolado que lhes foi destinado foi a zona a sul do rio Save, que hoje per-tence à diocese de Inhambane.Encontraram um terreno espi-ritualmente ávido, mas pouco trabalhado. Foi preciso arro-tear o campo, onde a fé cristã estava pouco arreigada e onde as estruturas estavam por fazer. O padre Pedro trabalhou com entusiasmo, como quem olha para um futuro longínquo, mas a morte veio colhê-lo. Tinham passado quatro anos após a sua chegada a Moçambique. E lá ficou o seu corpo sepulta-do na missão de Mapinhane, como que a fertilizar o campo que hoje produz uma colheita abundante.

Moçambiquecampo de missãotexto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO

Page 32: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 32 FEVEREIRO 2011

outros saberes

texto MANUEL CARREIRA fotos FM

Entramos com alguns provér­bios usados pelo povo Sambu­rus, do Quénia. Os Samburus são relativamente pouco nu­merosos. Nómadas que vivem essencialmente da pastorícia. Conservam usos e costumes bas­tante originais, na sua tradição.

01 Uma pessoa pode dizer: Isto é bem, aquilo é mal,

mas não sabe ao certo o que é bem e o que é mal. Só Deus é que sabe.

Significado Por mais que os humanos se esforcem por julgar as coisas com rectidão, existe sempre uma larga mar­gem de dúvida sobre o que ver­dadeiramente é bem e o que é mal. Só Deus, que é infalível, pode julgar com absoluta rec­tidão e justiça, sem pender nem para um lado nem para o outro. Daqui a cautela que nós havemos de ter, quando emitimos qualquer juízo a res­peito de quem quer que seja. É por isso que o Evangelho interroga: “Como podes ver

o argueiro na vista do outro, se tens uma trave na tua?”.

02 Uma orelha e um olho são coisas grandes aos

olhos de Deus.

Significado Para Deus não há coisas grandes nem coisas pe­quenas. Foi Deus quem criou umas e outras. Por isso, têm todas o mesmo valor. Nós ava­liamos as coisas pelo esforço que elas nos exigem, porque somos humanos e não pode­mos ir além das nossas posses. Para Deus não é assim: Ele diz. E o que diz, faz­se. Foi o que aconteceu com o centurião do Evangelho: “Senhor, diz uma só palavra e o meu servo ficará curado!”. Jesus falou e a cura realizou­se.

03 Deus não desfaz as pega-das do chão.

Significado Os nómadas do deserto têm uma grande capa­cidade para distinguir o rasto das pessoas e dos animais. Isto é indispensável para poderem

sobreviver no deserto. Por isso têm a certeza de que Deus as conhece e não as apaga do chão. Assim, poderá fazer com que, mais cedo ou mais tarde, a verdade venha ao de cima e o ladrão ou o malfeitor sejam descobertos e punidos. Hoje não se fala tanto de pegadas, mas de impressões digitais. É mais moderno, mas ao fim e ao cabo, a finalidade é a mesma.

04 Por mais que alguém corra nunca pode chegar

a casa primeiro que Deus. Não podemos competir com Deus para impedi-lo de agir.

Significado Deus chega sempre primeiro. É bom sabermos que Deus corre à nossa frente, e é Ele quem salva a casa e a famí­lia. Nós, porém, devemos fazer a nossa parte. Até onde nós pudermos chegar, Deus não precisa de intervir. Um santo dizia: “Devemos fazer tudo, como se tudo dependesse de nós, confiando em Deus como se tudo dependesse dele”.

Ler pegadas na areia

Damos início

a uma nova

rubrica:

“Outros saberes”.

É constituída

por sentenças

e provérbios

populares

recolhidos em

vários países

do mundo,

prevalentemente

nos territórios

onde trabalham

os missionários e

missionárias

da Consolata.

Servimo-nos,

com a devida

autorização, da

revista «Andare

alle Genti», das

missionárias

da Consolata.

Pescaremos,

também, aqui

e ali, coisas que

são do domínio

público.

A temática usada

diz respeito

a Deus, vida,

sabedoria,

virtude, família,

solidariedade,

trabalho e outros

Page 33: Ano Europeu do Voluntariado

a missão é simpática

FEVEREIRO 2011 33 FÁTIMA MISSIONÁRIA

Há tempos, recebi uma carta dum colega meu, que me deixou estupefacto e forte-mente comovido. Com palavras tão ex-pressivas, referia-se à maneira como foi tocado por uma experiência de doença grave e como dela saiu tratado com es-mero pelos profissionais da saúde. Dizia ele: “Estou profundamente emocionado e surpreendido. Só consigo balbuciar um agradecimento a Deus pelo dom ex-traordinário e nada esperado, que me foi concedido. Encontrei-me submerso em nuvens sombrias, mas desde o primeiro momento deste caminho, coloquei-me nas mãos de Deus, disposto a aceitar a sua vontade. E isso deu-me força para caminhar com muita paz e serenidade.Fui operado por colonoscopia por duas excelentes profissionais, tendo sido em seguida demitido do hospital, sem nem sequer chegar a ser internado, ao con-trário do que estava previsto. Depois da longa operação bem sucedida, a médi-ca comunicou-me a boa notícia: «Está operado e pode regressar a casa». Peço que agradeçais ao Senhor este milagre que Ele me concedeu. Foi um extraordi-nário dom do seu amor para comigo.As pessoas que me trataram no blo-co operatório pediram-me orações por elas e pelas suas famílias. Algu-mas assinam ou conhecem a FÁTIMA MISSIONÁRIA, outra está à frente de uma associação de apoio a crianças de Angola. Foi neste ambiente de família que decorreu a operação. O médico que devia internar-me e operar-me foi um «samaritano» extraordinário que soube conduzir tudo sabiamente. Juntos agradecemos a Deus. Passei pela capela do hospital e entreguei ao Senhor a longa lista de amigos que me acolheram, acarinharam e trataram com elevado sentido de profissiona-

lismo, numa missão muito semelhan-te à nossa de espalhar consolação”.Concordo plenamente com os senti-mentos expressos nesta comovente carta. Ando há meses a correr para os hospitais para aferir as variantes caprichosas da evolução duma doen-ça, supostamente grave, que está a alterar, para melhor, o modo com que agora olho para a vida. Nada mais en-caro com surpresa, mas como proces-so natural do seu desenrolar. E isso faz-me bem. Aumenta a minha fé em Deus, em cujas mãos coloco, mais do que nunca, o presente e o futuro, se-jam eles quais forem. Pois, a vida não é um valor absoluto, mas transitório. Por outro lado, o contacto com os hos-pitais, com os que lá vão à procura da saúde e com quem luta, galhardamen-te, contra a doença e que, tantas vezes, sorri com vontade de chorar por não conseguir vencer, abriu-me a alma

texto NORBERTO LOUROilustração MÁRIO JOSÉ TEIXEIRA

a um mundo que não pode deixar de encher-me o coração de sentimentos nobres. Vejo todos unidos, cada qual correndo para seu lado, todos debruça-dos para salvar esse valor incomparável, sagrado e inestimável que é a vida. A minha última experiência levou-me ao hospital para mostrar a mão esquer-da, inchada devido a uma queda. Pou-cas horas depois, voltei de lá operado com anestesia geral. Atenciosos e exce-lentes profissionais tomaram conta de mim como se fosse o único doente e não mais me largaram. Era assim com todos! Tudo com técnica, com graça e jeito. Não por eu ser padre, pois só o souberam quando acordei e gracejei como é meu jeito: Ainda bem que foi a mão esquerda! Se me tivessem imo-bilizado a direita, teria de pedir autori-zação ao bispo, para vos dar a bênção com a esquerda, pois sou padre. Missão simpática, a dos dadores de saúde!

Com graçae com jeito

Page 34: Ano Europeu do Voluntariado

FÁTIMA MISSIONÁRIA 34 FEVEREIRO 2011

fátima informa

Discernimento vocacionalA Conferência dos Institutos Religio-sos Portugueses promove um curso de formadores, para aqueles que se de-dicam aos sectores da formação e da pastoral vocacional sobre «Entrevista e discernimento vocacional. Acompa-nhamento pessoal». A acção decorrerá de 7 a 11 de Fevereiro, na Casa do Car-mo, em Fátima. O curso será orienta-do pelos padres jesuítas da Escola de Salamanca, Adrián Lopez Galindo e Luís Maria García Domínguez.

Bênção de ciclistasCiclistas de todo o país reúnem-se aos pés de Nossa Senhora para a nona pere-grinação nacional a Fátima, a 6 de Feve-reiro. A concentração far-se-á às 10h30, no parque 12 do Santuário. Os ciclistas farão o “Caminho dos pastorinhos”, com passagem por Aljustrel e Valinhos. Pelas 11h45, será dada a bênção aos ciclistas e bicicletas, junto à Igreja da Santíssima Trindade, na rua do lado sul do Santuá-rio. Pelas 12h30, decorrerá a Eucaristia solene da peregrinação ciclista, presidi-da pelo bispo emérito de Leiria-Fátima, Serafim Ferreira e Silva.

Amor de DeusO padre José Tolentino Mendonça é o orador da conferência: “De que falamos quando falamos do amor de Deus”. De-correrá a 13 de Fevereiro, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com entrada livre, às 16h. É o terceiro encontro mensal, incluído no ciclo de Inverno e subordinado ao tema anual do Santuário de Fátima. Segue-se um pequeno concerto de órgão.

Cortes nos apoios do Estado

e t-shirts brancas ves-tidas, velas a ilumi-nar a noite, duas mil e quinhentas pessoas

aguardavam o candidato presidencial num protesto silencioso. As palavras de ordem podiam ler-se nos cartazes “liberdade de escolha”, “não fechem a nossa escola” ou “não ao fim dos colé-gios”, onde estudam três mil alunos.Andreia Rodrigues, 17 anos, do Colégio de São Miguel sublinha que o fecho dos colégios é “um problema que nos afecta a todos e que nos afecta no dia-a-dia”. A verificar-se o encerramento dos es-tabelecimentos de ensino em Fátima, a solução passa por Leiria ou Ourém. Mas “é incomportável”, defende.Cavaco Silva mostrou-se solidário com quem está descontente com os cortes no financiamento ao ensino

privado. Ouviu as explicações de pais e dos responsáveis dos colégios, que se referem a uma morte anunciada a longo prazo, já que os cortes impli-cam uma falta de 12 por cento da ver-ba, mensalmente, para fazer face ao pagamento dos salários de professo-res e funcionários. Manuel Bento, do Centro de Estudos de Fátima, falou em «asfixia financeira», provocada por este diploma.O candidato presidencial mostrou-se preocupado com a portaria, que é da competência do governo. Mas não dei-xou de sublinhar que houve diálogo en-tre Presidência e governo, dando lugar a algumas alterações. Aos pais, pediu que lhe fizessem chegar um documento que retratasse a realidade dos colégios de Fátima, prometendo discutir o assunto com a ministra da Educação.

texto LUCÍLIA OLIVEIRA fotos ANA PAULA

De velas acesaspara

lançarSOS

Professores, pais e alunos dos colégios de Fátima manifestam-se em frente da Casa do Povo

02 Festa dos consagrados com cerimónias próprias

06 Peregrinação e bênção dos ciclistas 12/13 Encontro de guias de

peregrinos a pé 16 Festa litúrgica do Beato

Allamano 19 Peregrinação nacional da Família Missionária da Consolata 20 Festa dos Beatos

Pastorinhos Francisco e Jacinta

Fevereiro em agenda

Page 35: Ano Europeu do Voluntariado

Apenas 7 euros por anoMISSIONÁRIOS DA CONSOLATA | Rua Francisco Marto, 52 | Ap. 5 | 2496-908 FÁTIMATelefone 249 539 430 | 249 539 460 | [email protected] | www.fatimamissionaria.pt

un’altra visione del mondo mwingine mtazamo wa dunia another view of the world otra visión del mundo inny pogląd na świat une autre vision du monde wona wunyowani wa elapo eine andere sicht der welt djôbe mundu di oto manêra

Page 36: Ano Europeu do Voluntariado

InmemoriamEm álgida noiteque o frio arrefeciaTurim choravaAllamano partia.Era Fevereiro, a 16ano do Senhor, mil nove e 26.Soprada pelo ventocorre veloz a notícia.De pronto acodemao último beijopadres, irmãos, irmãse devotos mais que mil.Uma lágrima, uma prececiciada baixinho:AllamanoGuia nossos passos para Deuse aponta-nos o caminhoque da terra nos leve ao céu.Carreira Júnior