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ANO V • Nº12 • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA • DEZEMBRO 2000

ANO V • Nº12 • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA • DEZEMBRO 2000

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m privilégiopara 3000 membros

U• Usufruir para ti e até quatro acompanhantes, em qualquer época

do ano de um desconto de 30% sobre os preços de balcão no alojamento dos Aldeamentos Turísticos de Pedras D'El Rei e Pedras da Rainha em Tavira - Algarve;

• Usufruir, para ti e até quatro acompanhantes, em qualquer época do ano, de um desconto de 25% sobre os preços de balcão no alojamento (dormida e pequeno almoço) nas seguintes unidades do Grupo Hoteleiro Fernando Barata:

Mónica Isabel Beach Club (Albufeira)

Forte de S. João (Albufeira)

Hotel Sol e Mar (Albufeira)

Hotel Suiço-Atlântico (Lisboa)

Aparthotel Auramar (Albufeira)

Hotel Sol e Serra (Castelo de Vide)

Hotel Mar à vista (Albufeira)

Hotel Dom Fernando (Évora)

Oleandro Country Club (Albufeira)

Hotel São João (Funchal)

Residencial Vila Recife (Albufeira)

• Utilizar a messe de Marinha em Cascais;

• Usufruir de condições especiais na Estalagem da Quinta de Santo António em Elvas.

• Acesso às consultas do Hospital de Marinha, a todos os asso-ciados da AORN, conjuges, ascendentes e descendentes que integrem o respectivo agregado familiar.

Em turismo de habitação, extensivo até cinco acompanhantes, na margem esquerda do rio Douro. Em qualquer época do ano, na Vila de Resende, com desconto de 30% no alojamento (dormida e pequeno almoço).

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Publicação Periódica da Associaçãodos Oficiais da Reserva Naval

Nº 12 • Ano VDezembro de 2000

Administração e RedacçãoFábrica Nacional da Cordoaria

Rua da Junqueira1300- 342 Lisboa

Telefs.: 21 362 68 40 / 21 362 68 39 (Fax)

Design e paginação electrónicaM. LEMA SANTOS

Comunicação Gráfica, Lda.Casal do Barota, Lote 65 - Loja Direita

2605-659 BELAS

Fotolito e montagemGRAFILIS, SA.

Impressão e acabamentoMINERVA COMERCIAL SINTRENSE, LDA.

Tiragem3.000 exemplares

DIREITOS E OBRIGAÇÕES

A adesão a uma associação como a AORN é um acto isento de pressãoexterna ou condicionante da vontade de cada um.

Quando muito, poderá alegar-se que são utilizados argumentos de ordemsentimental que influenciam a decisão de uns quantos.

E nem mesmo a existência de alguns benefícios, será a razão da cons-tante entrada de novos associados.

Resta assim, como motivação mais frequente, o saudosismo da época emque éramos efectivamente jovens, a perspectiva de um reencontro comamizades interrompidas pela implacável lei da vida, alguma ilusão deque a Marinha e a tradição ainda permanecem como as conhecemos,quem sabe se o cheiro a Mar que nunca nos abandonou e que muitosgostariam fosse também sentido pela geração que nos segue.

Ninguém poderá, penso eu, sentir-se obrigado a entrar na AORN.

Também ninguém deverá sentir-se obrigado a nela permanecer.

Não ser obrigado a entrar ou a permanecer é um DIREITO inques-tionável, mas quem permanecer tem a OBRIGAÇÃO de cumprir com opagamento atempado das suas quotas, sob pena de se transformar esta as-sociação em mais um clube recreativo, sem qualquer hipótese de levar acabo as suas tarefas estatutárias.

Embora duvidando, em pleno, da eficácia de mais este apelo, continua-remos a fazê-lo, quanto mais não seja para mostrar que há alguém quenão desiste facilmente.

José Pires de Lima

Editorial

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Último com esta designação ( pas-sou posteriormente a CFORN) ecriado com base numa directiva

emanada em 8 de Julho, iniciou-se em9 de Outubro de 1965, integrado naEscola Naval de que era Director e Co-mandante o Comodoro Manuel CarlosSanches.

Integrando um total de 68 cadetes – 30 daclasse de Marinha, 4 de Saúde Naval,5 Engenheiros Maquinistas Navais, 8 deAdministração Naval, 20 Fuzileiros e1 Construtor Naval – foi dos mais nu-merosos cursos incorporado até à altura,resultado de uma política de apoio àmanutenção das frentes que, sobretudoem África, exigiam uma mobilizaçãocontínua desde o início dos conflitosalém-territoriais.

Era Director de Instrução o Cap.Ten.António Seixas Louçã.

O Patrono do curso, de seu nome "Memde Sá", irmão de Sá de Miranda e tambémdo renascentista Gil Vicente, embora ape-nas pelo sangue paterno, era licenciadoem Direito e cedo chegou ao topo da car-reira da magistratura, como Juiz Desem-bargador.

Nomeado Governador-Geral do Brasilem 1557, estabeleceu-se em S. Salvador eprocurou normalizar a vida naquele ter-ritório colonial, degradada pelo jogo emarginalidade, tentando estabelecer nor-mas de conduta adequadas a um ambienteregido por princípios jurídicos.

Após várias lutas internas quer com os in-dígenas, em que perde o próprio filho,quer com os franceses, que lá tentaramcom insucesso estabelecer uma colónia,acaba por conseguir escorraçar definiti-vamente os franceses no final de váriosanos, em 1567.

Cansado e ambicionando o regresso, so-licita a sua substituição mas tal não chegaa suceder.

Faleceu Mem de Sá em 1572.

O 8º CEORN

Contra-Almirante Manuel Carlos Sanches

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Classe de Marinha

1 - Manuel Alfaia Pinto Pereira2 - Manuel Sousa Torres3 - Luís A. Mata de Oliveira4 - Rogério E. Bordalo da Rocha5 - Manuel Ferreira Gomes

10 - José J. Ferreira Martins13 - Afonso Henriques da Costa16 - Abílio Martins Silva17 - Manuel Sousa Santos19 - José P. Cabral Fernandes23 - José Alcino F. da Costa25 - José C. Pereira Marques26 - Martinho Pereira Coutinho28 - José Manuel Neto Domingues29 - Jorge Manuel Calado Marques31 - Carlos Alberto Duarte Moura37 - Manuel Lema Santos40 - Júlio Ribeiro Coelho43 - Mário Rui Alves Nunes44 - José Mª Correia Sampaio45 - Fernando A. Costa Nicolau46 - Jorge M. Duarte Pedro47 - António J. Cardoso da Silva49 - Luís A. Santos Pereira53 - Francisco Sampaio Simões59 - José R. Centeno da Costa61 - João Manuel Sousa Dias

63 - Emídio Aragão Teixeira64 - José Tereno Valente66 - Carlos Alberto Lopes

Classe de Fuzileiros

6 - Joaquim de Oliveira Branquinho8 - Antº Luís Marinho de Castro

11 - Luís D. Azevedo Vaquinhas12 - Carlos A. M. Pinto Pereira22 - Frederico da Luz Rebelo27 - Urbano Moreno Marques32 - Manuel Renipundo M. Coutinho34 - José Manuel Matos Moniz35 - Adelino Mendes da Silva36 - José Manuel Silva Peixoto38 - Pedro Corrêa de Barros39 - Eduardo Van Zeller48 - Fernando Carvalho Mendes50 - Manuel José Santos Pereira54 - Paulo Lowndes Marques55 - Rui Sousa Eiró58 - Luis Filipe de Araújo Neves65 - João Nuno Belo da Conceição

Classe de Contrutores Navais

56 - João Stichaner Lacasta

Classe de Administração Naval

7 - Jorge M. L. Miranda14 - António Palma Fernandes18 - Alexandre F. Borrego20 - José António Fragoeiro21 - Álvaro Henriques Quintana24 - Vítor Manuel Pessoa30 - José Antº Silveira Godinho52 - Augusto de Athayde Albergaria

Classe de Médicos Navais

9 - Mário Rocha de Sousa15 - Agostinho Almeida Santos42 - Frederico Silveira Machado57 - João C. Nunes Corrêa

Classe de Engºs Maquinistas Navais

33 - António M. Simões Pereira41 - Manuel Castro Norton51 - António P. Costa Quintas60 - Fernando Nunes Serra62 - Ismael de Oliveira Cavaco

8º CEORN

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A viagem de instrução efectuou-se nasFragatas "Diogo Cão" e "Corte Real", co-mandadas, respectivamente, pelos Cap.Frag. Peixoto Correia e Cap. Frag. PinheirodeAzevedo e escalou osAçores, Madeira eCabo Verde.

O Prémio Reserva Naval foi concedidoao Cadete de Administração Naval, JoséAntónio da Silveira Godinho.

No dia 29 de Abril de 1966, em cerimó-nia presidida pelo então Ministro daMarinha, Almirante Fernando Quintani-lha Mendonça Dias, realizou-se o Jura-mento de Bandeira e a subsequente pro-moção a Aspirantes.

Quase de imediato, seguiu-se o destaca-mento para diversas Unidades e Serviçoscom especial incidência de rendições noUltramar.

Na Guiné, Manuel Sousa Torres, CarlosAlberto Lopes e Emídio Aragão Teixeiraforam nomeados Comandantes das LFP'sBellatrix,Canopus eDeneb enquanto queManuel Lema Santos, Jorge CaladoMarques, Manuel Sousa Santos e AbílioMartins Silva assumiram as funções deOficiais Imediatos das LFG's Orion,Lira,Hidra e Cassiopeia; como oficiais daguarnição dos N.H. Pedro Nunes e N.H.Carvalho Araújo, respectivamente, as-sumiram funções António Cardoso da

Silva e Jorge Duarte Pedro; José PereiraMarques, Júlio Ribeiro Coelho, AfonsoHenriques da Costa, José António Fra-goeiro assumiram diferentes funções noC.D.M. Guiné e Álvaro Henriques Quin-tana no Gab. Mil. do C.C.F.A. Guiné.

Em Angola, Rogério Bordalo da Rocha eJosé Manuel Domingues foram nomeadosComandantes das LFP's Fomalhaut eAlgol, tendo assumido as funções deOficial Imediato da LFG Escorpião JoséCenteno da Costa; Frederico Silveira Ma-chado (MN), António Marinho de Castro,Rui Sousa Eiró e Joaquim José Carvalhoforam integrados na Companhia de Fuzi-leiros nº 1, Mário Rocha de Sousa (MN),

Entrega do Prémio Reserva Naval a José AntónioSilveira Godinho pelo Alm. Reboredo e Silva

Manuel Lema Santos Jorge Calado Marques Manuel Sousa Santos Abílio Martins Silva Rogério Bordalo da Rocha

José Manuel Neto Domingues José Centeno da Costa António Marinho de Castro Rui Sousa Eiró Carlos Pinto Pereira

Manuel Sousa Torres Carlos Alberto Lopes Emídio Aragão Teixeira

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Paulo Lowndes Marques, Pedro Corrêa deBarros, Carlos Pinto Pereira e AdelinoMendes da Silva na Companhia deFuzileiros nº 10; ainda João Nunes Corrêa(MN), depois de passar pela DSP - 4ª Rep.,Luís Azevedo Vaquinhas, Frederico daLuz Rebelo e Manuel Santos Pereira naCompanhia de Fuzileiros nº 11.

Em Moçambique, José Pedro CabralFernandes foi nomeado Comandante daLFP Castor e Luís Santos Pereira as-sumiu funções no Comando Naval;João Oliveira Branquinho, Eduardo VanZeller e José Silva Peixoto passaram aestar integrados na Companhia de Fu-zileiros nº 6.

No Continente e desempenhando funçõesem várias Unidades e Serviços, foram co-locados: Manuel Ferreira Gomes, Fernan-do Costa Nicolau, José A. Ferreira daCosta e Carlos Duarte Moura – InstitutoHidrográfico; Francisco Sampaio Si-mões, Luis Mata de Oliveira e AntónioPalma Fernandes – Estado Maior daArmada; José Correia Sampaio, MartinhoPereira Coutinho – NRP Santo André e

Agr. nº 2 de Draga-Minas; Manuel A.Pinto Pereira, João Belo da Conceição eManuel Castro Norton – Grupo nº 1 deEA (o último depois de uma passagem pe-lo NRP Azevia); Mário R. Alves Nunes –NRP Dourada; João Manuel Lacasta eJosé Ferreira Martins – Insp. de Cons-trução Naval, tendo o último posterior-mente assumido o comando do NRPAljezur; José Tereno Valente e UrbanoMoreno Marques –DSP 5ª e 6ª Rep., JoãoSousa Dias – SSA; José Matos Moniz –DFE1; AgostinhoAlmeida Santos (MN) –NRP S. Gabriel e, mais tarde, com LuísAraújo Neves – Companhia nº 2 deFuzileiros; Ismael Oliveira Cavaco –NRP Dourada e DSA; António CostaQuintas – NRP Bicuda e D/M RibeiraGrande; Fernando Nunes Serra – NRPSanto An-dré e Grupo nº 2 de EA;António Simões Pereira –NRP EspadilhaeDSP 5ª Rep.; JoséA. Silveira Godinho –Inspecção de Marinha; Victor RodriguesPessoa – DSA; Augusto Soares deAlbergaria – DSP 4ª Rep.; Jorge Loureirode Miranda – DSAN; Alexandre FerreiraBorrêgo – Grupo nº 2 de EA.

A partir de meados de 1968, a maioriadestes oficiais começou a ser licenciada,tendo ingressado no Quadro Permanente,na classe de Marinha, José Joaquim deSousa Ferreira Martins e, na classe deFuzileiros, José Manuel de Matos Moniz eAdelino Carlos Mendes da Silva; ManuelLema Santos solicitou prorrogações su-cessivas até 1972, sendo licenciado em1º tenente.

Decorridos trinta e seis anos desde a datado ingresso na Escola Naval, a Revista daAORN regista a memória do 8º CEORN,curso com larga participação nas activi-dades da Associação e encontros diversosao longo do tempo.

Também aqui expressamos uma justahomenagem e a sentida saudade daquelesque, sempre prematuramente, já não se en-contram entre nós, inexoravelmente colhi-dos pela lei da vida.

Manuel Lema Santos8º CEORN

José Pedro Cabral Fernandes

Da esq. para a dir.: Augusto Athayde, A. Almeida Santos, Silveira Machado,Silveira Godinho, Castro Norton, Simões Pereira e Mário Rocha de Sousa

Da esq. para a dir.: Manuel Torres, Lema Santos, José Moniz, Ismael Cavaco,João Manuel Lacasta, “Machado”, Rui Eiró, Simões Pereira e Nunes Serra

José Ferreira Martins Jorge Loureiro de Miranda Manuel Renipundo Coutinho Luis Filipe Araújo Neves

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Paulo Lowndes Marques e Augustode Athayde, são dois integrantes do8.º CEORN que em condições e

cenários diversos, no longínquo ano de1967 cumpriram o seu tempo de serviçomilitar, na Marinha.

Em Angola, o primeiro e, em Lisboa, osegundo, foram os autores de uma trocade correspondência que reflecte estadosde espírito bem diferentes, um e outrocom curiosas observações que, sem qual-quer comentário, a Revista da AORN dáa conhecer passados que são 33 anos.

«Angola, 1 de Março de 1967

Meu Caro Augusto,

Eis-me em pleno Rio Zaire, a uns 70 Kmda foz deste grande rio. Comando umPosto denominado Macala, numa zonado rio onde este estreita. Não só vejo per-feitamente a outra margem, como distin-go uma pequena aldeia e, indistinta-mente, as pessoas que nela se movimen-tam.

Contam-me os meus libidinosos fuzileirosque lá se encontra uma albina, o que al-go excita os latinos deste lado, embora,francamente, a distância não o justifique.

Mas no centro de África como emPigalle, a imaginação é tudo!

O rio embora aqui estreito, como disse,parece ser mais profundo do que oMediterrâneo! O Zaire é rio interna-cional até penetrar no Congo Kinshasa eo porto de Matadi é pois servido por este"canal" meu vizinho. Tenho cerca de 35homens (e não, helas, mulheres – quantotempo demorará para o bom exemplo deIsrael chegar aqui?) sob o meu comando.

Tenho ordens por escrito segundo asquais este posto não se pode render.

Se for atacado, tenho a obrigação demorrer gloriosamente com tudo e todos.Medito muitas vezes (até porque há muitotempo para meditar) no dilema de ummilitar jovem e subalterno há seis anos(1961) na fronteira de Goa. Durante se-manas o inimigo aumentou a pressão psi-cológica através da rádio e de óbvia con-centração de tropas em frente do equiva-lente deste posto com o vai-vem decamionetas, a chegada de artilharia, otreino diário de cada vez mais homens, aprática dos morteiros. E eu com os meustrinta homens, por certo com armamentomuito inferior.

Vem a madrugada do ataque – na últimaescuridão da noite ouviria (mantendo oparalelo com a minha situação) o baru-lho das Lanchas arrancando os seus mo-tores, os primeiros morteiros caindo, ten-tando calcular o alcance certo. Eu en-viaria uma mensagem com prioridadepara a minha chefia hierárquica e desco-briria que eles, os meus chefes, já lá nãoestavam! Já tinham decampado, ou serendido, ou sei lá? E ali estava eu com asminhas ordens escritas, irredutíveis e pa-trióticas e os meus chefes desaparecidos!Julgo, sinceramente, que este abandonodos subordinados constitui a acusaçãomais grave aos comandos militares emGoa quando da invasão.

Há bons e honrados precedentes históri-cos para ignorar e desobedecer ao poderpolítico. O almirante russo que desobe-decendo a ordens, ordenou a rendiçãogeral na batalha de Tsuchima, por exem-plo. Enfim, estou a divagar.

O rio corre com enorme força. Na épocadas chuvas chega a fazer sete milhas por

hora. Se se sobrevoar a foz, o Zaire entracomo um grande soco castanho no estô-mago do Atlântico Sul.

Tenho cerca de 20 Km de rio à minhaguarda. Por vezes aparece uma men-sagem alarmista – vem um corpo de umbranco morto levado pelo rio. Além dodesagradável que me escuso de te descre-ver (o que faz, por vezes, só darmos oalarme quando o dito já está no territóriodo posto vizinho) o "branco" é invaria-velmente um negro, pois a pigmentaçãoescura descolora com a imersão prolon-gada – (para a tua sabedoria anatómica).

De resto muitas, algo rotineiras patrulhas.Por vezes (não nesta zona), há incidentescom pescadores furtivos que vêem a este la-do. Nada mais. Não há guerra. Os crocodi-los são bemmais perigosos, embora tenhammuito mais medo de nós, que nós deles.

É claro que esta guerra mole e algo po-dre tem os seus perigos. A complacênciae a rotina levam ao descuido e é entãoque um ataque ocorre. Em Nóqui, a mon-tante de onde estou, o aeroporto fica dis-tanciado uns quilómetros do quartel datropa. Passaram os meses e sempre nada,as medidas prudentes de escolta e cuida-dos dos primeiros tempos foram-sediluindo no calor, na rotina e no aban-dalhamento. Depois veio o ataque e em-boscada cuidadosamente preparados,deixando sete mortos! Enfim.

O Posto da Macala é bonito, com florestrepadeiras cuidadas, buganvílias e vis-tas panorâmicas. Há muito tempo nasmãos. Leio muito. Finalmente li a"Guerra e Paz" de capa a capa.

É da lógica militar que um pelotão detrinta homens só tem dez para, de facto,ocupar em patrulhas. Sentinelas, cozi-nhas, reparação de botes, etc., etc., con-somem a mão-de-obra. É de questionarse a "fixação" de militares, afinal treina-dos para actividades de maior inter-venção, será a melhor forma de osaproveitar. Porque não trazer navios pa-trulha e lanchas a navegar neste rio co-mo "postos flutuantes", usando assim to-dos os fuzileiros para patrulhar?

CARTAS TROCADAS

Paulo Lowndes Marques (8º CEORN)

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Recordo com saudade a nossa viagem aCabo Verde, Açores e Madeira. Do pó eareia em São Vicente (os dois clubes degolf – um português, outro inglês – os"greens" algo castanhos!), do cenário lu-nar de Santo Antão, dum lado e do outrodo verde tropical no fundo dos vales, daperdida fotografia do Raul Ventura numarepartição esquecida e do magnifico CaféMussolini. Não sei se visitaste o famosoTarrafal. O Luandino Vieira que se re-cusava, com dignidade, diga-se em abonoda verdade, a encontrar o "olhar" dosvisitantes.

E após o mau tempo e embates do mar àsaída de Cabo Verde, a súbita e quasemágica visão do verde dos Açores. Bemse percebe a psicologia do Canto IX dosLusíadas, embora, mais uma vez, helas,sem a substância do Canto tão queridodos escolares portugueses. E as nossasdeambulações na Madeira, culminandocom o civilizado chá no Reeds.

É curioso como uma farda nos solidariza.Enfim, percebi a lógica de uma farda decolégio. A farda e, em verdade, a proxi-midade de perigo que, na prática, só merecordo dos exames na Faculdade, perío-do onde todos éramos amigos e nos co-nhecíamos de perto. Tu, bom aluno, de-certo nunca experimentaste o receio dochumbo, mas acredita que, como dizia oDr. Johnson sobre alguém que vai ser en-forcado no dia seguinte, que "concentra amente por forma admirável". Mas nova-mente divago.

Li algures e em tempos, que a guerra éuma experiência de grandes períodos deócio e maçada, intercalados por súbitosmomentos de medo intenso, sem nada pe-lo meio.

Confesso, conforme disse, que até agorative bem mais medo de exames do quepropriamente experiências de guerra.

Em verdade te diz este fuzileiro distanteque te abraça com amizade.

a) Paulo»

«Lisboa, 15 de Março de 1967

Caríssimo Paulo,

Muito obrigado pela tua carta de 1 destemês, como sempre cheia de interesse pe-los factos narrados e reflexões feitas.

Ainda bem que os teus riscos de guerranão são os piores! Adiro por inteiro aoque dizes sobre o inconcebível abandonodos subordinados pelos chefes. Esperoveementemente que tal nunca te venha asuceder!

De qualquer forma pergunto-me sempre:como irá tudo isto acabar? Mal, muitoprovavelmente… A paz celestial dos nos-sos primeiros anos, vividos nestes palmosde terra esquecidos e intactos durante apior convulsão que a humanidade co-nheceu e de todos os seus horrores… vaibem longe. Afinal os males das guerrassó viriam a atingir a nossa geração maistarde (sem, reconheça-se, as dimensõesapocalípticas de Hiroshima e outros de-sastres indiscritíveis...) Mesmo assim, to-dos teríamos desejado entrar na idadeadulta de outra forma… E eu estou-me aqueixar "de barriga cheia".

A "minha guerra" na "nau de pedra" é…de papel e lápis. A Repartição de Justiça(é certo esmagada de trabalho) inclui:um Capitão de Mar e Guerra, um Tenentedo Serviço Geral, um Sargento e trêsMarinheiros. E, é claro, os dois juristasda Reserva Naval: o Rui Machete e eu.

O serviço corresponde, como saberás, emreceber Autos (toneladas de Autos), le-vantados pelas Unidades, estudá-los e,num bonito papel amarelo, emitir uma in-formação distinguindo entre o que é

infracção disciplinar, (faltas que serãopunidas pelo Almirante Superintendente,ao abrigo do RDM) e o que é crime, casoem que os Autos seguem para o tribunalde Marinha. Sem esquecer que há situa-ções nas quais se acumulam infracçõesdisciplinares com crimes e outros – maisraros – em que, depois do Auto bem exa-minado, se tem de concluir não havernem uma coisa nem outra.

Já somos todos amigos, dentro desta salapombalina, dividida por tabique e comjanela para um pátio. Por baixo dessajanela existe um aparelho de "ar condi-cionado" que, – fazendo enorme ruídosem produzir nem calor nem frio – seconsidera que terá a função de nos im-pedir de esquecer o das máquinas dosnavios…

O tema a que bem aludes da "ausênciafeminina" em Macala… leva-me, por as-sociação de ideias, a contar que aqui, naRep. de Justiça há, por vezes, visitas ex-tremamente pitorescas e que eu, como "omais novo" devo atender. Invariavel-mente uma megera "à la portugaise",obesa, perna gorda, hálito pestilento epêlo na venta, vem acompanhar umamulherona nova (que receio já tenhadormido com metade da Armada…) parareclamar contra a lentidão do processoem que o grumete ou marinheiro X é acu-sado de ter estuprado a segunda. A me-gera faz as despesas da gritaria, "Vocêsestão é todos feitos uns com os outros! Eolhe que a mim homens nunca me mete-ram medo, óviu! Nem fardas!!" (etc., etc.)Isto acompanhado de grandes punhadasno tórax (dela!). Eu tento fazê-la falarmais baixo: “olhe que está ali o senhorComandante” - “Pois que esteja. Querolá saberi! O que vocês querem todos seieu! (etc.,)!”

Finalmente invoca o testemunho da es-tuprada. "Oh filha conta lá como é queaquele filho de puta te levou ao engano!”E a matulona: "Olhe, eu ia pr'a casa comuma pequena amiga e ali do outro lado( do Terreiro do Paço), vem ele por trás,encosta-se a nós, e vai logo pondo asmãos. Bem…, o senhor está a entender…E diz: Oh filhas: vocês são bem boas. Sese lavassem bem – (censurado) – todas!“Etc., etc.

Mantenho uma cara digna (com dificul-dade) e asseguro que podem confiar na

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Augusto Athayde (8º CEORN)

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Justiça. A Repartição toda abafa (mal) oriso. Lá as vou acompanhando para fora.Penso, sinceramente, que qualquer diaquem leva uns socos sou eu! O que aindanão terá ocorrido devido à minha visívelcorpulência… Enfim, nota para a vastatemática "a mulher e a Armada"…

Uma curiosidade jurídica: descobri, noCódigo de Justiça Militar que, ao con-trário do que nos tinham ensinado naFaculdade, a pena de morte ainda estáem vigor neste país, para certos crimesmilitares, especialmente graves. Pergun-tarás: mas quando se aplica? Resposta:nunca! Como só poderia ser aplicada aautores de crimes cometidos em teatro deguerra, a "brandura dos nossos cos-tumes" e, penso eu – principalmenterazões políticas, – levaram o Governo aconsiderar que as operações noUltramar… são de polícia… e não deguerra… logo… não há teatro de guer-ra…. Antes assim! Por esta vez, aomenos, houve o bom senso de nãoagravar um descontentamento que (asgerações mais velhas não se dão conta)vai crescendo imparavelmente. Queefeitos provocará esse descontentamen-to? Os mais variados, de certo. Bons, oumuitos bons, se ele for a alavanca, no fu-turo, de um grande espírito de reforma,justa, tolerante, feita em liberdade e equi-líbrio. Maus, ou muito maus, se se de-sembocar nalguma grande ruptura revo-lucionária, ideológica e arrasadora.Enfim, não divaguemos… Mas o menosque se pode dizer é que o futuro, para anossa geração, é incerto. Só me pareceevidente que o "modelo" actual não podesubsistir indefinidamente: ou evolui ouacaba…

Mas passemos a coisas "menos pesadas".

A longa batalha para pagar as dívidasdos meus pais, continua. Felizmente, aospoucos, e através dos episódios maisvariados, vou avançando para o grandeobjectivo de se pagar tudo mesmo fican-do sem nada mas de "cara lavada".Agora, Paulo caríssimo: este é que é overdadeiro curso de Direito!! Acho queaté devia pagar por um mergulho assimnas realidades do Direito sobre as quaisa Faculdade pouco ou nada nos disse!(Pagar? Mais ainda? Livra!!)

Afinal este é um "assunto pesado". Pesa-do também e, cada vez mais, está o meufilho Augusto. Parece alegre e esperto…

(Olhos de Pai…) Oxalá "as fadas" ten-ham visitado o seu berço… Em que mun-do viverá quando tiver a nossa idade?Espero que faça a Marinha! (Cada vezmais aprecio esta instituição de rigor, se-riedade, trabalho, ambiente civilizado.Penso que representa algo de, infeliz-mente, raro em Portugal).

(Ou, quando tiver a idade que hoje temos,o Augusto já só poderá optar pela…Marinha soviética…?)

Não posso ficar a escrever o resto datarde… em cima destes Autos… porqueacabo por chamar a atenção do senhorTenente!!

Mas apetecia-me recordar também a nos-sa inesquecível viagem. Tocas nos pontosfundamentais. Lembras-te do momentoem que, do convés da lancha que nos le-vou do Mindelo a Santo Antão, entrerisos e solavancos, avistámos à chegada,pintada no exterior da pequena doca, emgrandes letras, a célebre frase "havemosde chorar os mortos se os vivos o nãomerecerem"… Nada mais dissonantenaqueles confins do mundo, na paisagemdesértica daquela ilha, ainda por cimaem paz absoluta, do que aqueles dizeres

"épicos"… inutilmente virados para umimenso mar vazio… Recordámos, comorecordarás, a célebre tirada mussolonia-na pintada nos mais remotos recantos dosdesertos da Líbia e da Abissinia - "Moltin'mici molto onore"… (Não sei se se es-crevia assim). E o "Café Mussolini", naCosta Oeste de Santo Antão? Dizes bem:é um nome… inesperado… Alguma vez seconseguirá descobrir a sua origem?

Termino no terraço do "Reid's" e nogrande momento, que evocas tão bem,daquele "chá" civilizado, com o grandefim de dia sobre o Funchal. Uma granderecordação, de certo vitalícia. Entre tan-tas outras boas que essa viagem deixou!

Voltando ao presente: cuidado com a"paz podre"!! Não te "descuides"!!

Mas escreve sempre!

O maior abraço do

Augusto

P.S.: Não conseguirás filar a pele de uns crocodi-los, para uma pasta para ti e uma carteira que al-guma menina certamente apreciaria muitíssimo?Umas caçadas bem se integrariam na insólita (e,para mim, falsa…), frase de Malraux: " Les guer-res sont les vacances de la vie".»

Posto de Fuzileirosda Quissangaem 1967

Uma patrulhade Fuzileirosno Rio Zaire

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OCorpo de Oficiais da ReservaNaval associa-se, por ocasião dapassagem do primeiro centenário

do seu nascimento, à merecida home-nagem que por iniciativa da CâmaraMunicipal de Freixo de Espada à Cinta,se pretende prestar à memória doAlmirante Sarmento Rodrigues, en-quanto Director e Primeiro Comandanteda Escola Naval quando da incorporaçãodos primeiros cursos de Oficiais daReserva Naval.

A criação de um corpo de milicianos naMarinha de Guerra portuguesa, teve co-mo base a necessidade de preparação deoficiais que, integrando temporariamenteos quadros permanentes, permitisse res-ponder às crescentes missões atribuídas àMarinha, por força dos compromissos in-ternacionais que Portugal tinha assumido,nomeadamente com a sua integração naNATO, o que obrigava a manter ummaior grau de operacionalidade dos seusserviços e flotilhas.

Esta necessidade veio a tomar maior con-sistência com o desencadear das lutaspela independência em Angola, Moçam-bique e Guiné.

A formação militar e escolar dos primei-ros cursos, da qual se iriam recolher ensi-namentos para melhor conduzir as incor-porações consequentes, envolvia proble-mas de organização e preparação peda-gógica por parte do corpo docente daEscola, aliados a alguma sensibilidadehumana, dada a característica de volun-tariado da incorporação.

As matérias de natureza militar e muitoprincipalmente as de natureza técnico--profissional, assumiam importância par-ticular pela perspectiva da integração emserviços altamente especializados dosnovos oficiais, sujeitos a uma formaçãoalgo intensiva e acelerada, mas que se de-veria revestir de um conjunto bastante di-versificado de conhecimentos, considera-dos essenciais para o bom desempenhodas suas futuras funções.

O Almirante Sarmento Rodrigues com-preendeu e assumiu a importância destatarefa, e a responsabilidade pedagógicaque a sua Escola iria ter na escolha doconteúdo das matérias a administrar, paraa formação profissional dos futuros ofici-ais e a transmissão da disciplina, brio eespírito de corpo e de missão que teriaque lhes incutir durante a sua preparaçãomilitar.

Nestas tarefas se empenhou o entãoComodoro Sarmento Rodrigues, com to-do o seu saber profissional e militar, e asua dimensão humana e soube transmitirao corpo docente da Escola Naval a res-ponsabilidade da tarefa assumida e, aoscadetes da Reserva Naval, um entusiasmoque se veio a reflectir no aproveitamentoe comportamento dos primeiros cursos,que se transmitiu necessariamente aosseguintes.

A consideração e confiança que o Almi-rante Sarmento Rodrigues depositava nofuturo da Reserva Naval, ficou demons-trada e assinalada no facto, altamente si-gnificativo de, no dia 2 de Março de1959, no acto de Juramento de Bandeirados primeiros Oficiais da Reserva Navalter envergado a sua farda de gala e pelaspalavras que então proferiu.

«As contingências das necessidades deuma guerra e até as previsões que é pos-sível fazer, aconselharam a que se prepa-rassem em devido tempo numerosos ele-mentos que, colocados na Reserva,pudessem num dado momento vir re-forçar os efectivos normais da Marinha,quer para operações de guerra no mar,quer para serviços auxiliares. Esta foi aexigência que determinou este primeiro

contingente de oficiais da Reserva; esta aconveniência da Marinha e da Nação.

Mas a contribuição que lhes foi exigidatraz-lhes a par do sentimento de que es-tão cumprindo um dever que igualmentea todos compete – o de se prepararempara defender a nossa Pátria – outrosbenefícios que só por si compensariamqualquer sacrifício que porventura ti-vessem feito. (…) Os que para cá vieram,sairão da Marinha mais homens, maisportugueses, e terão decerto uma melhorcompreensão do valor da Marinha e dasua gente. E nas futuras missões que odestino lhes reservar, hão-de com certezaser-lhes muito úteis os ensinamentos co-lhidos e saberão por sua vez ajudar areivindicar para a Marinha o lugar quelhe deve pertencer, dentro do conjuntodas actividades nacionais.

E desta maneira estaremos pagos, uns eoutros, louvando a hora em que foi toma-da tão feliz iniciativa.»

Os resultados desta obra, a que oAlmirante Sarmento Rodrigues deu o seuvalioso contributo como militar, comopedagogo e como Homem, vieram a serconfirmados através dos serviços presta-dos à Marinha e à Pátria, pelo Corpo doscerca de três mil oficiais, que desde aque-la data integraram os quadros da ReservaNaval, e que pretendem deixar aqui umtestemunho de respeito e consideração namerecida homenagem que se presta a umHomem cuja obra, ao longo da sua vida,é de relembrar e meditar.

As obras que pelos seus méritos perdu-ram ao longo dos tempos, deverão seracompanhadas, na nossa memória, pelarecordação daqueles que contribuírampara a sua realizaçãoÉ por isso e para isso, a nossa presença econtributo.

Nota: Este depoimento foi transcrito do livro"Almirante Sarmento Rodrigues 1899-1979,Testemunhos e Inéditos no Centenário do seuNascimento" edição da Câmara Municipal deFreixo de Espada à Cinta e da Academia deMarinha, a quem a Revista da AORN agradece aoferta.

O ALM. SARMENTO RODRIGUES E A RESERVA NAVAL

Rogério Canas de Sousa Ferreira (1º CEORN)

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Decorreu em Ponta Delgada, no pas-sado dia 5 de Junho, a 3ª Conferên-cia integrada no Ciclo de Conferên-

cias Nacionais, promovido pela AORN,desta vez subordinada ao tema "O Mar –Economia e Geoestratégia".

Numa organização doNúcleo dosAçores daAssociação, o encontro teve lugar no au-ditório da Universidade, que através do seuCentro de Estudos de Relações Interna-cionais e Estratégia, dirigido pelo ProfessorCarlos Pacheco Amaral, proporcionou oapoio necessário ao sucesso do evento.

Referiu o Professor Carlos Amaral, que«pela dimensão que imprime, pela pro-jecção que oferece e pelos mundos queabre, o Mar apresenta-se como o agentede viabilização e de garantia da digni-dade humana. É do Mar que chegam osinstrumentos adequados para a obtençãodas condições que permitem a cons-trução, nestas ilhas, de uma sociedade

capaz de garantir a todos os seus mem-bros uma dignidade e patamares de qua-lidade de vida que se querem cada vezmais próximos daqueles já alcançadospelos europeus».

Na sessão de abertura presidida peloMagnífico Reitor, Professor Vasco daSilva Garcia, foi por este sublinhado opapel fundamental da Universidade nocampo do ensino e da investigação, par-ticularmente nos assuntos do Mar, mani-festando o desejo de que as fortes liga-ções à Marinha portuguesa possam ser re-forçadas com a vinda para o arquipélago,por um alargado período, de um NavioHidrográfico.Iniciada às 10 horas da manhã, a Confe-rência prolongou-se até às 19 horas, comintervenções de diversos oradores, tendosido Moderador, o Presidente da Assem-bleia Geral da AORN, Professor ErnâniRodrigues Lopes.

Interveniente ao longo de toda a sessão, oProfessor Ernâni Lopes manteve um re-dobrado interesse da assistência nos vá-rios temas tratados, reforçando aspectosapresentados pelos oradores e sintetizan-

CICLO DE CONFERÊNCIAS NACIONAIS

As palavras de abertura proferidas pelo Prof. Dr. Vasco da Silva Garcia,Magnífico Reitor da Universidade dos Açores

O Prof. Ernâni Lopes, como moderador interveniente do debate, tendo a seulado o Prof. Ricardo Santos

Sessão de encerramento, presidida pelo Secretário de Estado da DefesaNacional, Dr. José da Silva Mourato

Em primeiro plano e da direita para a esquerda, o Dr. Alípio Dias com osAlmirantes Botelho Leal e Monteiro da Silva

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do, de forma magnífica as conferências,permitindo e facilitando um debate com omaior interesse.

Uma lição dentro das diversas lições.

Na sua primeira intervenção, o ProfessorErnâni Lopes referiu o facto de a AORNconsolidar neste terceiro Seminário, o triân-gulo dos "Três Cês" – camaradagem, cons-ciência e cidadania – continuando a serviro país através da experiência e reflexão.

Salientamos a intervenção do AlmiranteNuno Vieira Matias, Chefe do EstadoMaior da Armada, responsável por umabrilhante palestra que titulou "Economiado Mar" e durante a qual teceu importan-tes afirmações.

Na opinião do Almirante Vieira Matias«existem, actualmente, oportunidadesque, com visão estratégica, devem ser ex-ploradas, aproveitando o crescimento dotransporte marítimo a nível mundial,avançando para o pedido de ampliaçãoda ZEE portuguesa, implementando ac-tividades económicas como a aquacul-tura e a exploração do fundo do mar, nãodescurando a segurança e defesa" e ain-da "que o vínculo europeu, importantepolítica e economicamente, mas simul-taneamente erosivo da tradicional sobe-rania, deve ser complementado ou atécontrabalançado pelo relacionamentocom o Mar e, através dele, pela ligaçãoàs duas margens do Atlântico».

Na mesma sessão, foram ainda oradores oProfessor Medeiros Ferreira que falousobre "Os Açores na Encruzilhadada Política Europeia de SegurançaComum", o Professor Ricardo SerrãoSantos, Director do Departamento deOceanografia e Pescas da Universidade

dos Açores, que tratou o tema "Perspec-tivas para a Investigação em Ecossis-temas Oceânicos na Região dos Açores"e que «considera os Açores como umimenso laboratório experimental, onde serealizam importantes estudos sobre aregulação climatérica e bioquímica doOceano Atlântico, a par do conhecimentosobre ecossistemas hidrotermais e habi-tats marinhos», e o Professor LuísAndrade, Assessor para a CooperaçãoExterna da Presidência do GovernoRegional, que na sua comunicação sobre"O Triângulo Estratégico Português"referiu «o eixo do Atlântico Sul (Bra-sil/África) como polo dinamizador deuma futura estratégia nacional, com osvectores língua e cultura a desempenha-rem papel importante».

Uma extensa reportagem foi apresentadana imprensa açoreana, com destaque paraos jornais "Açoreano Oriental" e "Correiodos Açores". Também a RTP se referiu aoevento, dedicando largo espaço do seuNoticiário, com entrevistas realizadas aoProfessor Ernâni Lopes e ao AlmiranteNuno Vieira Matias.

Os trabalhos foram encerrados peloSecretário de Estado da Defesa Nacional,

Dr. José da Silva Mourato, cuja presençafoi sinal evidente do interesse que esta 3.ªConferência da AORN mereceu.

Para além do período consagrado à Con-ferência, o Núcleo da AORN dos Açores eas entidades locais, proporcionaram diver-sos encontros que foram pretexto para re-forçar a camaradagem a que já nos habitu-ou a gente de São Miguel.

Um almoço do célebre Cozido das Furnas,um jantar na residência oficial doComandante da Zona Marítima dos Aço-res, Almirante Carlos Monteiro da Silvae um jantar oferecido pelo Presidente daAssembleia Regional, no Clube de Golfe,foram três simpáticos acontecimentosproporcionados aos elementos do NúcleodaAORN dosAçores e a todos quantos sedeslocaram de Lisboa para esta jornada.

Deixamos aqui bem vincado o agradeci-mento ao Almirante José Manuel BotelhoLeal, Comandante Militar dosAçores e aoAlmirante Carlos Monteiro da Silva, pelaforma como receberam os membros daAORN e facilitaram as suas deslocaçõesem S. Miguel.

O Almirante Monteiro da Silva recebendo a serigrafia da AORN das mãosdo Prof. Ernâni Lopes

Momentos do jantar-convívio com o Chefe do Estado Maior da Armada,Almirante Nuno Vieira Matias

C. Teixeira da Silva, F. Pacheco Costa, V. Pereira da Silva e J. Bernardo Rodrigues do Núcleo dos Açores

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O3.º CEORN comemorou, nos Açores, o 40.º aniversárioda sua entrada na Escola Naval. Foram quinze os compo-nentes deste curso que, de 9 a 13 de Junho, cumpriram

um programa organizado pelo Núcleo da AORN Açoreano.Carlos Teixeira da Silva, do Núcleo dos Açores e FernandoMarques Antunes do 3.º CEORN, foram os impulsionadores doacontecimento.

AAORN esteve presente na Escola Naval, no passado dia23 de Outubro, na cerimónia de entrega de Comandodaquela Unidade.

O Vice-Almirante Américo da Silva Santos que assume o cargode Comandante Naval, foi rendido pelo Contra-AlmiranteAntónio Rebelo Duarte.

Também no passado dia 31 de Outubro, a AORN se fez repre-sentar na tomada de posse do Vice-Almirante José ManuelMendes Cabeçadas, no cargo de Director do ISNG. O Vice- -Almirante Mendes Cabeçadas substituiu no cargo o Vice- -Almirante Carlos de Magalhães Queirós.

Com larga representação dos seus Corpos Sociais, aAORN esteve na Escola Naval no dia 5 de Maio, na cer-imónia de Juramento de Bandeira do Curso

"Contra--Almirante Carlos Testa". O Presidente daAssembleia Geral, Ernâni Rodrigues Lopes, procedeu à entregado Prémio Reserva Naval – Sub-Ten António BernardinoApolónio Piteira ao Cadete do 4.º ano, Engenheiro Naval AELAntónio Gonçalo do Vale Batista.

O Prof. Dr. Ricardo Migães de Campos e o Almirante Tierno Bagulho recor-dando histórias do Niassa

O Vice-Almirante Botelho Leal, Comandante Militar do Açores, com o grupodo 3º CEORN

NOTÍCIAS

AAORN esteve presente na cerimónia comemorativa doDia do Corpo de Fuzileiros, em Vale do Zebro e quefoi presidida pelo Vice-Almirante Luís Mota e Silva, en-

tão Comandante Naval.

No dia 28 de Abril realizou-se um convívio, no ClubeMilitar Naval, com a presença de várias dezenas de ofi-ciais de Marinha que fizeram comissão de serviço no

Lago Niassa. Muitos RN compareceram a este encontro, queteve a presença do Vice-Almirante António Tierno Bagulho,antigo Comandante Naval de Moçambique e que contou na or-ganização com o Contra-Almirante Espadinha Galo, Coman-dante José Pereira da Silva e Professor Ricardo Campos, daAORN.

Na cidade de Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel, reali-zou-se, no dia 5 de Junho passado, a 3.ª Conferência in-tegrada no "Ciclo" que a AORN tem vindo a promover,

desta vez subordinada ao tema "O MAR - Economia e Geoes-tratégia".

Decorreu nas instalações da Universidade de Ponta Delgada,com o apoio indispensável do seu Centro de Estudos de Rela-ções Internacionais e Estratégias e o seu êxito deveu-se à per-feita organização do Núcleo da AORN dos Açores. Maior de-senvolvimento desta notícia pode ser encontrada noutro localdesta revista.

Aconvite do Comandante da Escola de Fuzileiros, CMGFrancisco Lhano Preto, a AORN marcou presença na ce-rimónia de Juramento de Bandeira e Imposição de

Boinas, aos alunos dos Cursos de Formação de Oficias FZ RV ede Formação Básica de Praças.

Foi no dia 28 de Julho passado e o acto foi presidido peloAlmirante Nuno Gonçalo Vieira Matias, Chefe do Estado Maiorda Armada.

ABase de Fuzileiros comemorou o seuDia da Unidade, nopassado dia 3 de Julho. A convite do respectivo Coman-dante, CMGAntónio Manuel Mateus, diversos RN' s es-

tiveram presentes nas cerimónias que foram presididas pelo Co-mandante do Corpo de Fuzileiros, CMG Vasco da Cunha Brasão.

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Com a colaboração do Departa-mento de Conferências e Debatesda Associação Académica da

Universidade Lusíada, a AORN levou aefeito, no passado dia 15 de Dezembro,no auditório daquela Universidade, a 4ª eúltima das conferências integrada numCiclo iniciado em Maio de 1999.

Desta vez subordinada ao tema "Para umConceito Estratégico deDefesa Nacional –

– Que importância para o Mar?", contoucom a participação de cerca de trezentosconvidados, sendo moderada pelo Profes-sor Ernâni Rodrigues Lopes.

Como oradores estiveram o Vice-Almi-rante António Ferraz Sacchetti e os Pro-fessores Humberto Nuno Oliveira e NunoRogeiro e, em próximo número destaRevista, será publicado o relato completodo evento.

NOTÍCIAS

Com larga representação dos seusCorpos Sociais, a AORN estevena Escola Naval no dia 5 de Maio,

na cerimónia de Juramento de Bandeirado curso "CALM Carlos Testa". O Pre-sidente da Assembleia Geral, ErnâniRodrigues Lopes, procedeu à entrega doPrémio Reserva Naval - Sub Ten FZ RN

António Bernardino Apolónio Piteira , aoCadete do 4.º ano, Engenheiro Naval AELAntónio Gonçalo do Vale Batista.«Com a instituição deste Prémio, a AORN querperpetuar e honrar a memória de um dos seusmaiores, um jovem oficial da Reserva Naval mor-to em combate em Angola, no ano de 1973, apon-tando-o como exemplo e referência aos senhorescadetes da Escola Naval, futuros oficiais daMarinha de Guerra Portuguesa.

O Sub Ten António Bernardino Apolónio Piteirareunia um conjunto de qualidades que o tornavamum ser excepcional – era generoso, altruísta esolidário, sempre disponível para ajudar, predis-posto para dar sem cuidar de compensação ou re-tribuição, discreto e afável.

O Prémio Reserva Naval visa incentivar o desen-volvimento destas qualidades, que são as que maisenobrecem os homens e será atribuído ao senhorcadete que, no dia a dia, melhor actue as virtudes dagenerosidade e do altruísmo, da disponibilidadepara ajudar, da solidariedade e da sã camaradagem.

O premiado é um aluno do 4.º ano, escolhido porvotação secreta e universal de todos os alunos daEscola Naval, e o prémio é entregue no final doano lectivo, com o cerimonial e a solenidade que oComando da Escola Naval determinar, sendoconstituído por um valor pecuniário e certificadopor documento ou objecto apropriado».

A cerimónia de entrega do Prémio ao Cadete Engº Naval AEL António Batistapelo Prof. Dr. Ernâni Lopes

O premiado com o Ministro da Defesa Nacional, o Chefe do Estado Maior daArmada e o Presidente da Assembleia Geral da AORN

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Passado que foram mais de dois anosde intensos contactos e tentativas avários níveis, para podermos trazer

para o nosso museu algum material(peças e equipamentos), que fizeramparte dos navios mais intimamente liga-dos à História da Reserva Naval, na pas-sagem dos seus membros por África, écom particular satisfação que se dá co-nhecimento à AORN e, de uma forma ge-ral à Marinha, que chegou finalmente aPortugal parte de um espólio que foi pos-sível recolher em Angola, de navios dasclasses "Argos" e "Bellatrix" e que aliforam abatidos e deixados em 1975.

Faz parte deste material, um Hélice, umaPá de Leme, um Veio, um Frequencí-metro dos navios da classe Bellatrix, umPiston e um Filtro de Motor Deutz dosGrupos Electrogéneos dos navios daclasse Argos, um Termómetro e umConta-Rotações dos Motores Maybchdos navios da classe Argos.

Para este sucesso muito contribuíram osapoios do Senhor General Tomé Pinto, fa-cilitando-nos os contactos iniciais com oChefe do Estado Maior da Marinha deGuerra de Angola, Almirante SantosRufino e, a partir deste, a boa vontade

manifestada pelas entidades locais, no-meadamente o Director das Infra-estru-turas Navais, Contra Almirante Wemba eo CMG Mário André, a quem a AORNagradece reconhecida e que desde aprimeira hora se manifestaram incondi-cionais apoiantes da iniciativa, sem osquais não seria possível levar a bom ter-mo esta operação.

Aqui deixamos, igualmente vincado, onosso reconhecimento ao CMG AntónioManuel Mateus, também ele um antigooficial da Reserva Naval (16.º CFORN) eque integrando hoje o Quadro Permanen-te de Oficiais da Marinha de Guerra, co-manda nesta altura a Base de Fuzileiros,pelo seu envolvimento e apoio que forne-ceu nas nossas deslocações a Luanda e du-rante a permanência na Comissão TécnicaMilitar como Assessor da Marinha deGuerra Angolana e também uma referên-cia para o Comandante da Força deFuzileiros de Angola, CMG Noé de Ma-galhães e restantes fuzileiros portuguesesem missão na referida CTM.

O material ficou à guarda da PetrogalAngola durante algum tempo, esperandotransporte para Lisboa, graças à boa von-tade do seu Director Geral em Luanda, a

quem a AORN agradece a disponibili-dade. De igual modo, foram de grandeimportância as diligências junto da TAPdo nosso associado Frederico Blanc deSousa (3º CEORN), piloto desta Compa-nhia e que permitiu o transporte definiti-vo desde Angola para Lisboa.Os contactos que continuamos a mantercom a Marinha de Guerra deAngola, comvista a aumentarmos as possibilidades deobtenção de mais algum mate-rial de in-teresse para o museu, desde há algunsmeses, tem tido a importante cola-bo-ração do actual responsável da CTM emLuanda, CMG Oliveira e Costa a quemmanifestamos o nosso reconhecimentopelo apoio que nos tem dado.Confiamos que este trabalho irá permitir,em breve, uma maior valorização do es-pólio do Museu da Reserva Naval.Um antigo apelo deixamos a quantos seinteressam pela vida da AORN: continua-mos receptivos a todas as colaboraçõesvoluntárias para levarmos a bom termoeste projecto.

Manuel Morgado Sequeira(3º CEORN)

O MUSEU DA RESERVA NAVAL

Na pesquisa histórica uma presença permanenteFundação

Luso-Americanapara o Desenvolvimento

Assinatura do Termo de Entrega do material para o Museu, sendo intervenienteso Contra-Almirante Wemba e o Comdte. António Manuel Mateus

O Almirante Santos Rufino com Manuel Morgado Sequeira e o Comdte. AntónioManuel Mateus

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Nodia 18 de Março, reuniu a Assembleia Geral Extraor-dinária da AORN para "Apreciar e votar proposta de al-teração dos artigos 10.º e 11.º dos Estatutos".

Convocada pelo Presidente da AG a pedido de 10% dos associa-dos no pleno gozo dos seus direitos estatutários, estiveram emdiscussão alterações que visavam alargar o período de per-manência nos Corpos Sociais daqueles que, em obediência aopreceito em vigor, atingissem o final do 2.º mandato.

Das várias propostas apresentadas, resultaram as alterações cujaredacção se transcreve, estando à disposição dos associados aActa completa desta Assembleia.Artigo DécimoDAASSEMBLEIA GERALMantém-se a redacção dos artigos UM – DOIS – TRÊS – QUATRO – CIN-CO – SEIS – OITO e NOVE e foi alterado o articulado do número SETEque ficou com a redacção seguinte:SETE – Os Corpos Sociais são eleitos por um período de dois anos, podendoser reeleitos.Artigo Décimo PrimeiroDA DIRECÇÃOOnde consta:UM –ADirecção daAssociação é composta por um Presidente, um Vice- -Presidente e três Vogais.Passará a constar:UM – A Direcção da Associação é composta por um Presidente com voto dequalidade, dois Vice-Presidentes e três Vogais.DOIS – Um Vice-Presidente assumirá a área Financeira e um Vice-Presidenteassumirá a área Administrativa.

No passado dia 8 de Abril, reuniu no Auditório doInstituto Superior Naval de Guerra, a Assembleia GeralOrdinária da AORN, com a seguinte Ordem de Traba-

lhos: "Apreciar e Votar o Relatório de Actividades e o Balançoe Contas do Exercício de 1999 e proceder à eleição dos CorposSociais para o biénio 2000/2001".Muito concorrido, este encontro decorreu em ambiente degrande participação, sendo o Relatório de Actividades, apresen-tado pela Direcção, objecto de detalhada apreciação.A sua aprovação fez-se por unanimidade e, conforme se trans-creve da Acta elaborada, "espontaneamente, por aclamação dossessenta e nove associados presentes". Também o Balanço eContas foram aprovados por unanimidade.Apresentada na Mesa uma única lista concorrente à eleição para osCorpos Sociais, para o biénio 2000 / 2001, procedeu-se à votação,separadamente, Órgão por Órgão, sendo o resultado o seguinte:

Assembleia GeralPresidente:Ernâni Rodrigues Lopes (7º CEORN)Vogais:João Bernardo Pacheco Rodrigues (Núcleo Açores - 7º CEORN)António Aurélio de Castro Moreira (Núcleo Norte - 22º CFORN)(Lista aprovada por unanimidade)

Conselho FiscalPresidente:Alípio Barrosa Pereira Dias (9º CFORN)Vogais:Fernando Amaro Valente de Almeida (2º CEORN)José Gomes Honorato Ferreira (11º CFORN)(Lista aprovada por unanimidade)

DirecçãoPresidente:António Henrique Rodrigues Maximiano (20º CFORN)Vice Presidentes:Alfredo Augusto de Lemos Damião (15º CFORN)Carlos Alberto Marques Pinto Pereira (8º CEORN)Vogais:Jorge Manuel de Moura Vieira Teles (20º CFORN)ManuelVenturaCarneiroMoreiradaSilva (NúcleoNorte -25ºCFORN)Joaquim de Oliveira Moreira (Núcleo Norte - 25º CFORN)Suplentes:JoãoMariaMachadoMarquesFernandes (NúcleoNorte - 12ºCFORN)José António Ruivo (21º CFORN)João Sales Henriques Belchior (39º CFORN)Fernando Manuel Fonseca Rosa (62º CFORN)Miguel Paulo de Oliveira Matos (58º CFORN )(Lista aprovada por maioria, com duas abstenções)

ASSEMBLEIAS GERAIS

18 DE MARÇO DE 2000

8 DE ABRIL DE 2000

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Como é do conhecimento geral,Hipertensão Arterial (HTA) signi-fica tensão (mais correctamente

pressão) arterial elevada.

Pressão arterial, é a força exercida pelosangue na superfície arterial em resultadoda acção de bombeamento do coração eda resistência oposta ao fluxo sanguíneopelas artérias. A pressão arterial é medidaatravés de aparelhos designados por es-figmomanometros.

Segundo a Organização Mundial deSaúde, nos adultos, a pressão arterial éconsiderada normal quando os valores depressão máxima ou sistólica (correspon-dente à pressão máxima atingida durantea contracção ou sístole cardíaca) são infe-riores a 140 mm Hg (14 cm Hg) e os va-lores de pressão mínima ou diastólica(correspondente à pressão mínima atingi-da durante o relaxamento cardíaco) sãoinferiores a 90 mm Hg (9 cm Hg).Portanto, no adulto existe HTA quando apressão arterial é igual ou superior a 140mm Hg e/ou 90 mm Hg.

Nas crianças, é necessário recorrer atabelas que definem os valores tensoriaisconsiderados normais de acordo com aidade e o sexo.

A HTA é um dos principais factores derisco de aterosclerose e de doença cardio-vascular, em especial de acidentes vascu-lares cerebrais (AVC), quer isquémiosquer hemorrágicos, e de doença das coro-

nárias (enfarte do miocárdio e angina depeito).

Entre nós a importância do diagnósticode HTA e de um correcto tratamento ad-vém ainda do facto de Portugal ser umdos países com maior mortalidade porAVC, o que estará relacionado, de certo,com um inadequado controlo da HTA.

Nos Estados Unidos da América, apenascerca de 27% dos hipertensos estão devi-damente controlados. Em Portugal,menos de 15% o estarão, o que acontecetambém em vários países da Europa.

Os hipertensos têm ainda, com mais fre-quência, hipertrofia ventricular esquerda,insuficiência cardíaca, arritmia, insufi-ciência renal, doenças da aorta (dissecçãoaórtica) e das artérias periféricas e lesõesretineanas.

A gravidade da HTAé avaliada não só pe-los valores tensionais, mas também pelaslesões nos chamados orgãos alvo dahipertensão (coração, sistema nervosocentral, rim, retina, artérias) e pela pre-sença de outros factores de risco cardio-vasculares ou doenças associadas (ex.:diabetes, insuficiência renal, doença dascoronárias).

A prevalência de HTA é muito elevada.Calcula-se que 20-25% da populaçãoadulta portuguesa é hipertensa. Estaprevalência é idêntica à de muitos paíseseuropeus e à dos EUA. Acima dos 60-65anos a prevalência é muito maior.

A HTA habitualmente não se acompanhade sintomas e, portanto, só se diagnosticamedindo a pressão arterial. Contudo, nãobasta uma única medição para se rotularum indivíduo de hipertenso.

A pressão arterial é uma variável, poden-do haver grandes alterações com os es-forços e com as emoções, sendo disso umexemplo as subidas tensoriais acentuadasna presença do médico.

São necessárias, portanto, várias medi-ções de pressão arterial antes de se de-cidir iniciar medicação anti-hipertensiva.

Actualmente, há a possibilidade de sefazer o registo ambulatório da pressão ar-terial durante 24 horas, com medições au-tomáticas a intervalos regulares (porexemplo, de 20 em 20, ou de 30 em 30 mi-nutos), método este que se utiliza apenasem determinadas situações.

Quando existe HTA estabelecida, a prin-cipal alteração hemodinâmica existente, éo aumento da resistência arterial periféri-ca.

A maior parte das hipertensões não têmcausa conhecida. Assim, quanto à etolo-gia, a hipertensão arterial pode dividir-seem:

1) Essencial ou Primária – 90-95% doscasos – em que não se consegue detectaruma causa específica da hipertensão.

2) Secundária – os restantes 5-10%, – emque é possível identificar uma causa res-ponsável pela elevação tensional.

Entre as causas da Hipertensão Secundá-ria contam-se algumas doenças renais edas artérias renais, das glândulas suprare-nais, da tiroideia, etc. Alguns medicamen-tos podem também contribuir para a eleva-ção da pressão arterial ou dificultar a acçãodoutros medicamentos utilizados parabaixar a pressão arterial (por exemplo,

SAÚDE E MEDICINA

ALGUMAS NOTAS SOBRE HIPERTENSÃO ARTERIAL

Um dos primeiros métodos de medição da pressãoarterial num animal (Rev. Stephen Hales - 1732)

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A Apollo XIII

Umdia, estava eumuito no quentinhono Cacheu, quando me apareceu oradiotelegrafista com cara de caso.

– “Oh homem, o que é que se passa?”pergunto-lhe eu, ao que me respondemeio acabrunhado – “Senhor Comandan-te, chegou agora uma mensagem que eunão percebo e que parece que não é deBissau...”.

O CDMTG em Bissau era, como já se cal-cula, a única entidade que se correspondiaconnosco diariamente em código.

– “Então descodifica lá isso!”

– “Não sou capaz...”

– “Mau, mostra lá isso, então?” atiro-lheeu já curioso.

E à fria análise do meu olhar arguto, reve-lou-se a dura realidade: a mensagem eracifrada!

– “Eh pá, atão tu não vês qu’isso é umamensagem cifrada? Decifra já isso,homem!”

Aí começa-me ele a gaguejar: – “É qu’êcá... ê cá nan sei, nan sei decifrar men-sagens...”

– “Mau, então não te ensinaram isso emVila Franca?” digo-lhe eu, já com arsevero.

– “Ensinaram, sô Comandante, mas é que... é qu’eu já me esqueci, nunca mais pra-tiquei...”

Estou feito, pensei eu, que também nuncamais tinha praticado! E lá fomos à procu-ra da máquina da cifra e mais dos dossiersadequados à resolução do problema.

alguns medicamentos para o reumatismo,alguns produtos anti-gripais, a pílula, ossupressores do apetite etc.).

A HTA Essencial está associada a umasérie de factores genéticos, hereditários(com muito mais frequência os hiperten-sos têm familiares hipertensos e tambéma HTA é mais frequente na raça negra) ea erros de estilo de vida.

Enquanto os factores genéticos não são,por enquanto, modificáveis, os erros deestilo de vida são-no, podendo essa modi-ficação contribuir para a prevenção oucontrolo da HTA e de outros factores derisco cardiovascular que muitas vezes co-existem no hipertenso (tabagismo, dia-betes, sedentarismo, hipercolesterolemia,obesidade).

O tratamento da HTA passa, obrigatoria-mente, por modificações do estilo de vi-da.

Assim, dever-se-á:a) Restringir a ingestão de sódio e favo-recer a ingestão de potássio.

b) Deixar de fumar.

c) Combater o excesso de peso.

d) Combater o sedentarismo (praticar exer-cício aeróbico com regularidade).

e) Combater a ingestão de bebidas alcoó-licas em excesso ( não ingerir mais de2-3 copos de vinho/dia).

f) Evitar as gorduras saturadas e o co-terol.

Presentemente, existem medicamentosanti-hipertensivos que, administradosapenas 1 ou 2 vezes por dia e sem efeitoscolaterais significativos, permitem umcontrolo adequado da pressão arterialpara valores inferiores a 140/90 mm Hg.

Nos hipertensos diabéticos, ou com in-suficiência renal, são aconselhados mes-mo valores mais baixos, da ordem de130-85 mm Hg.

Os principais fármacos pertencem aosseguintes grupos terapêuticos: diuréticos,bloqueadores beta adrenérgicos, blo-queadores alfa adrenérgicos, antagonistasdo cálcio, inibidores da enzima conver-sora da angiotensina I e os antagonistasdos receptores AT1 da angiotensina II,podendo cada um deles ser utilizado iso-ladamente ou em associação.

Após se conseguir um controlo adequadoda pressão arterial, as citadas modificaçõesdo estilo de vida e a terapêutica medica-mentosa, deverão ser mantidas.

Se um hipertenso parar a terapêutica pres-crita, a sua pressão arterial subirá de novo,por vezes de modo súbito e grave, com to-das as consequências que daí poderãoadvir. Para que haja um controlo eficaz dapressão arterial e consequentemente dimi-nuição dosAVC, doenças coronárias, in-suficiência cardíaca e renal, é fundamentaluma boa colaboração/cooperação médico-doente, no sentido de um maior esclareci-mento deste último relativamente aosriscos que corre e à necessidade documprimento estricto da terapêutica pro-posta.

Prof. José Manuel Brás Nogueira7º CEORN (MN)

MINHA QUERIDA “BELLATRIX” = NRP 363 - Conclusão

Moderno aparelho digital de medição da pressãoarterial

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Ao fim de algumas três horas, ou mais, deporfiados esforços, lá tinhamos a máquinaactualizada e pronta a começar o serviço. Ecomeçaram a aparecer as primeiras indi-cações: FLAX!!! SECRETO!!! E, pânico,a mensagem vinha directamente para oComandante da Bellatrix, de SEXA, oCEMA, o autêntico, o verdadeiro e genuí-no, o do Terreiro do Paço!!!

E no final de mais de duas horas, final-mente a mensagem decifrada.

Para encurtar razões, tratava-se doseguinte: a cápsula Apollo XIII, a do pro-grama espacial da NASA (e do filme), acumprir missão no espaço, tinha tido umaavaria nos sistemas de navegação e mos-trava-se incapaz de tornar à Terra, auto-maticamente, como estava previsto, ten-do de regressar “em manual”, isto é, sobmanobra directa dos astronautas.

Isso determinou que a NATO lançasse umalerta geral e atribuísse, a cada navio dosseus parceiros, uma determinada área deresponsabilidade, na eventualidade dacápsula não amarar, como estava previstono plano de voo inicial, numa zona doPacífico.

E à Bellatrix calhou, e era isso que diziaa mensagem, um quadradinho no Atlân-tico, entre a Guiné e Cabo Verde, paraonde eu, já em estado de prontidão, medeveria deslocar tão rápido quanto mefosse ordenado, e lá assegurar a devidaprotecção aos astronautas até à chegadade quem de direito.

O curioso é que, com os consumos decombustível e as performances de que aLancha então era capaz, se eu atestasse osdepósitos à partida, a minha autonomia sóme permitia chegar ao ponto de encontro.Para o regresso teria de vir a reboque, jáse vê...

Mas enfim, tudo está bem quando acababem e, graças a Deus, aApollo XIII amarouexactamente onde devia, no Pacífico.

O Buba

O Rio Grande do Buba, assim chamado,não tinha nada a ver com o Cacheu. Erauma ria grande e larga, espraiada, deáguas limpas e claras, com a savana achegar às margens.

Riquíssimo em peixe (em quantidade e

qualidade), de tal modo que atrás já fo-quei, se pescava diariamente o almoço e ojantar.

Na minha estreia no Buba, e na primeiramaré que lá passámos, fui ver a faina dapesca.

As linhas eram cordéis e os anzóis,alfinetes revirados. Isco, quando o pu-nham, era uma côdea de pão.

E mesmo assim, mal a primeira linha to-cou a água, logo um pargo, um belo par-go aí de 25 ou 30 cm, começou a serrecolhido. Mas esse não o provámos, quevinha ele já metade fora de água quando,vinda lá de baixo, uma bicuda com 1metro, levou pargo, anzol, ponta da linhae tudo o mais. Por estas e por outras éque, no Buba, só se pescava com estoprode aço.

E era assim que, com 20 ou 30 minutosde pesca diária, assegurávamos o peixefresco (e que peixe!) para as refeições.

No Buba, o calor exterior e a temperaturae limpidez da água convidavam ao mer-gulho. Mas aí o receio eram os tubarões,que os havia naquelas águas.

E então, no pressuposto de que ostubarões fogem do ruído, inventou-se apiscina oceânica de águas permanente-mente correntes e com limites definidos,com cintura flexível de segurança sonora,a saber: um voluntário, normalmente umdos fogueiros, saltava para o Zebro – en-tretanto já com os paneiros reparados eum motor espectacular de 50 hp em vezdos habituais 35 hp das outras Lanchas –e começava a desenhar círculos centradosna Bellatrix e um raio de aproximada-mente 6 metros, enquanto os banhistasevolucionavam graciosamente que nemEsther Williams, na zona de segurança.E assim se passava o tempo.Apesar de tudo foi no Buba que, um dia,apanhei um susto. Estava no meio de umcruzeiro, quando fui mandado levar umcombóio de batelões à Foz do Cumbijã,no Sul.Não era habitual interromper um cru-zeiro, mas qualquer conjunto de circuns-tâncias determinou a inoperacionalidadesimultânea de várias Lanchas e não hou-ve outra alternativa senão mandarem-mea mim na missão.

Lá fui eu e correu tudo sem problemas.

Mas como tinha de regressar imediata-mente ao Buba, em vez de passar a noiteno Cumbijã, voltei sem parar.

Isso determinou que tenha estado trinta etal horas sem dormir. Por isso, quando meapanhei de novo no Buba, já passadaBolama e porque, aquelas águas nessa al-tura, para além de calmas já nos eram fa-miliares, entreguei a Ponte ao Mestre queme assegurou que eu podia ir descansarum pouco.

E assim fiz. Mas ainda não estava adormir há uma hora quando acordei em so-bressalto, com um pressentimento e, aosubir à Ponte, fiquei estarrecido: o Mestreconfundira alguma referência e, na gran-de bifurcação do Buba, quando ele se di-vidia em duas braças aparentementeiguais, em vez de inflectir para Leste, co-mo devia, inflectiu para Norte, para umlocal temível onde, em tempos, foraapoiar uma LDM num abastecimento aFulacunda, mas isso com cobertura aérea.Mas, enfim, lá fizémos 180° e nada deanormal aconteceu, graças a Deus.

A Operação quase Nino

Foi dos episódios mais emocionantesvividos na Guiné, enquanto Comandanteda Bellatrix.

Um fim de tarde, no Buba, estávamos jáfundeados para o período da noite, a cercade uma milha da última curva antes dotroço final que levava ao Quartel, e eu atomar um copo, a ler e à espera da hora dejantar, quando fui abordado por trêsZebros dos Fuzileiros do Buba, numa ope-ração habitual ao fim de tarde – um saqueao meu Gin!

Às 19h45 – o quarto rendia às 20h00,aparentemente satisfeitos, os “assaltan-tes” retiraram.

E eu, que costumava render a praça dequarto para que pudessem jantar todosjuntos, continuei no convés com ar con-templativo, observando os Zebros qua seafastavam. E quando começavam a desa-parecer na curva do rio, reparei com es-panto num estralejar por cima deles.

Fiquei perplexo: não era hábito na Guiné,e muito menos tinha eu notícia de algumfogo de artifício na zona.

De repente, caí em mim. Aquilo era um

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ataque e os botes estavam a ser atacados.

Dei o alarme na Lancha e via rádio eavançámos para o local. Mas, entre le-vantar ferro, arrancar com o navio e che-gar ao local à velocidade “vertiginosa”da Bellatrix, passou pelo menos meiahora.

Fazendo fogo para onde me parecia queprovinham os morteiros, continuei du-rante algum tempo nesta acção. E souberajá, entretanto, que ninguém tinha sidoatingido nos Zebros, embora houvesse aregistar um furo numa das secções deuma das embarcações.

E fui ficando por ali a ver no que é queaquilo dava, até que ao fim p’raí dumahora, apareceu a todo o vapor um LFG,disparando afanosamente.

A cena passou-se, acabei o cruzeiro evoltei para Bissau onde cheguei ao fim datarde e, cumprindo a rotina, fui ao EstadoMaior apresentar-me. Era 5ª feira.

Aí fui às minhas premissas, lavei-me evesti-me em função do dia e fui para aMesse para o jantar do ronco.

Entro e vejo o 2º Comandante na outraponta da sala, junto ao Bar, acenando naminha direcção. Olho para trás e, comonão vejo ninguém, pergunto gestualmente– é comigo?, ao que o senhor 2º Coman-dante acenou afirmativamente.

Estranho e vou ter com ele. Quandochego à sua beira ele, entusiasmadíssimo,diz-me de chofre: –”Parabéns, você ma-tou o Nino!”

Nem mais nem menos, o Nino, o Vieirapropriamente dito.

Eu estranhei aquilo e perguntei , timida-mente –”Como senhor Comandante?” Eexpliquei-lhe o que se tinha passado.

–”Sim, o Nino”, insistiu ele. E chamandoo Oficial de Informações – “Oh! Coman-dante, não é verdade?”

– “É verdade, está confirmado.”

– “Vê (?), está confirmado!”

E eu, nada convencido, voltei a contar ahistória, fundamentei-a com um cálculode probabilidades e, finalmente, usei o ar-gumento final:

– “E é que além disso, senhorComandante, os meus Pais ensinaram-meem pequenino que as armas de fogo sãomuito perigosas e que nunca se apontampara ninguém, e eu não me canso de repe-tir isso aos meus homens. Por isso, está aver, senhor Comandante, não pode teracontecido na minha Lancha...”

Como se constata pela História recente,eu tinha razão...

De quando a Bellatrix ia às Ostras

Fui duas ou três vezes à Foz do Cumbijã.O abastecimento de Bedanda e de outrosaquartelamentos para aqueles lados erafeito por combóios de batelões – às vezesmais de dez – através do Cumbijã, apoia-dos por uma LDM.

Competia, no entanto, às LFP’s o apoiode navegação a esses combóios até à Fozdo referido rio, ziguezagueando pelosbancos de areia, em animada ronda debóias inexistentes, entre os Bijagós e ter-ra firme.

As missões começavam, normalmente,em Bissau com o briefing dos Coman-dantes aonde, para além de se apresentaro plano de viagem, se recomendava ex-pressamente aos skippers dos batelõesque marcassem cuidadosamente os pon-tos de viragem da LFP, para só aí virarempor sua vez e, desse modo, evitarem osbaixios e os inconvenientes encalhanços.

Trabalho inglório!...

Os batelões avariavam a uma média dedois cada três horas.

Que é como quem diz: ainda Bissau esta-va à vista e já o combóio se estendia poralgumas três ou quatro vezes o seu com-primento à partida, inciando-se a partirdaí, a inevitável prática do atalhanço.

Que, por sua vez, determinava o iníciodos encalhanços...

Que praticamente duplicava o número deparagens imprevistas... – uma vez até aLDM se avariou!...

E assim sucessivamente até ao seu destino,dentro do Cumbijã, entre a ilha de Como eum areal, onde normalmente se pernoita-va. No dia seguinte, regressávamos à

Base e o restante combóio continuava rioacima, sob o comando da LDM.

Mas, como em tudo, também havia coisasboas – as ostras!

As ostras do Tombali.

Na Guiné, havia duas qualidades de os-tras: as do tarrafo e as da rocha. As darocha, em mar aberto, eram naturalmenteas melhores, mais limpas, mais frescas,melhor depuradas, batidas que eram pelasondas. E dessas, as de maior fama eramas dos baixios do Tombali.

E posso testemunhá-lo, graças a Deus!Graças a Deus e a cuidadosos planeamen-tos que faziam coincidir a passagem daBellatrix no local com as horas da marésvazas. Parava-se (normalmente para re-parar uma avaria ligeira), arriava-se obote e lá se iam encher os baldes com asafrodisíacas bivalves.

E depois era fartar das ditas, com umbranquinho que nunca nos faltou.

Até tenho saudades...

Epílogo

E foi assim a minha passagem de seismeses pela Bellatrix: curta, mas marcante.

Depois, ainda fiquei mais um ano naGuiné (que eu já fora para lá com licen-ciatura), mas agora em comissão civil.

Estávamos em plena acção psico-social,Congresso dos Povos de Guiné, etc., e oGeneral Spínola, ao tempo Governador,requisitou-me à Marinha e colocou-me co-mo Agrónomo nos serviços de Veterinária,aonde um dos meus principais entreteni-mentos era andar de tabanca em tabanca ainaugurar bebedouros para vacas.

E a brincar, a brincar, foi aí que andei deChaimite, de pica em coluna no mato, etive outras experiências bem mais de-sagradáveis.

E saudades da Bellatrix...

Mas isso são outras histórias.

José Manuel da Costa Bual4º CFORN

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No dia imediato, antes de deixar-mos Lichinga de regresso aMaputo, fomos recebidos na Sede

do Governo do Distrito do Niassa pelo re-spectivo Governador, Aires BonifácioBaptista Ali, na presença do DirectorGeral dos Transportes, Tomás HenriquesNarciso, que fora o seu representante ofi-cial durante a nossa estadia no Distrito.

Dirigindo-se à "Missão", manifestou oseu apreço pelo carinho com que os ex-marinheiros se referem a Metangula. Fezum apelo para a ajuda possível daAORN,que será sempre bem acolhida.

No "Livro de Bordo" deixou o seguintedepoimento:

«É com profunda satisfação que em nomedas populações e do Governo do Niassative a ocasião de receber esta importantee simpática Delegação.

A vossa visita irá certamente reforçar as

excelentes relações de amizade e coope-ração entre os nossos dois Países. A nos-sa geração tem a grande missão históri-ca de fazer a ponte segura para maior di-namismo e aprofundamento das relaçõesamistosas e desenvolvimento futuro deMoçambique e Portugal.Sucessos, continuem com o Niassa nocoração».Finda a recepção, dirigimo-nos ao Aero-porto para a viagem de regresso à capital.

Visível, nos rostos cansados de todos osparticipantes da "Missão", a satis-façãopela estadia no Niassa, movidos porapelos de consciência e espírito de cama-radagem, e igualmente por um elevadosentido de solidariedade para com genteque, dentro do seu ideal, se mantém fielàs suas tradições, buscando um destinoem comunhão secular com Portugal.

Reforçamos aqui o significado do regres-so a estas terras, revivendo tempos passa-dos, constatando o afecto que a nossa pre-sença suscitou nas populações locais e aelevação com que as autoridades nos re-ceberam, num ambiente de carinho eamizade sem limites.

A forma como o reencontro se deu, é pro-va inequívoca de que passámos peloNiassa com grandeza, porque fomos ca-pazes de servir a Pátria sem esquecer ahumanidade.

Que este estreitar de relações possa tercontinuidade, dando um sentido correctoe humano à vida da AORN.

Em Maputo fizemos contactos com enti-dades diversas, nomeadamente com oConselho Científico da Faculdade deDireito e com o seu congénere da Facul-dade de Medicina. Fomos ainda rece-bidos pelo Vice-Ministro da Saúde,Dr. José Maria Igrejas de Campos, que noLivro de Bordo escreveu:

«Foi com grande emoção e alegria que re-cebi a visita do meu colega de curso e ami-go Prof. Dr. Ricardo Campos. Sugiro querepita e traga consigo outros colegas quereceberemos com todo o gosto e prazer».

Apresentámos ainda os cumprimentos aoPrimeiro Ministro, Dr. Pascoal Mocumbi,particular amigo que, nos seus tempos dealuno da Faculdade de Medicina de Lis-boa, estudara em minha casa, deixando--lhe lembranças da nossa visita. Tambémo Embaixador de Portugal, Dr. Ruy deBrito e Cunha nos recebeu com a maiorsimpatia, testemunhando o seu apreço nodepoimento que escreveu:

«Foi com muito gosto que me encontreino meu gabinete com esta delegação daAORN que acaba de visitar Moçambique.

Foi para mim muito gratificante tomarconhecimento dos contactos que tiveramem Lichinga, Metangula e Maniamba,que aliás muitos já tinham conhecido hátrinta anos.

Sei que destes contactos vai nascer umaboa e desinteressada cooperação que es-pero frutifique e se multiplique.Com um abraço de muita amizade».

MISSÃO METANGULA 1999 – CONCLUSÃO

O Vice-Ministro da Saúde, Dr. José Maria Igrejas de Campos O Dr. Ruy de Brito e Cunha na assinatura do “Diário de Bordo”

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A forma como a nossa estadia foi acom-panhada pela RTP África, teria de ter danossa parte um gesto de agradecimento.Foi com esse objectivo que estivemos nasua Sede, deixando no seu "Livro deHonra" o testemunho da nossa visita.

Na ocasião, o Dr. FernandoTeixeira Gomes,que nos acompanhou desde a primeira hora,escreveu:

«A RTP África teve o privilégio de acom-panhar pessoas que demonstraram ter ul-trapassado traumas que muitos respon-sáveis portugueses ainda não con-seguiram.A relação dos portugueses com os povosque colonizaram deve ser mesmo esta, as-sumida agora, sem complexos, por estegrupo. Amor, carinho, amizade e incentivoao trabalho através da cooperação, devemser os vectores principais da atitude políti-ca de um povo que quer ver a sua culturaperpetuada no Mundo.

Para esses momentos que mais tarde sevão reflectir na História de Portugal,aRTP África estará sempre presente a de-sempenhar o verdadeiro serviço público.

Bem haja a AORN e os seus elementosque a compõem».

O regresso a Lisboa, no dia 20 de Maio,fez-se em longo trajecto de cerca de novehoras, tempo para fazer o balanço de umagratificante missão que ultrapassou asnossas melhores expectativas.

Em todos quantos viveram esta experiên-cia, ficou a certeza de que deixámos umrasto de amizade e saudade numa popu-lação cheia de carências, habituada a umsofrimento calado, mas esperançada no

desinteressado sentido do gesto solidário.

É uma obrigação que pela porta agoraaberta por esta Missão da AORN passe ocontributo necessário e urgente, não ape-nas material, mas sobretudo que seja ademonstração de um sentir comum depovos com a mesma raíz.

Prof. Ricardo Campos11º CFORN (MN)

Os membros da AORN na visita às instalações da RTP África e assinatura doLivro de Honra

Em Maputo, com o pintor Yussuf e os seus quadros

Na residênciado Adido de Defesano Maputo,Comdte. SantosLourenço

Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição – Estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque

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Acerimónia realizada no passadodia 25 de Maio, na Escola Naval,constituiu um dos marcos mais

significativos da ligação AORN/ MA-RINHA DE GUERRA, na História re-cente da nossa Associação.

Correspondendo à oferta de um espaçono edifício principal, que há cerca de umano o actual Comandante da Escola Na-val, Contra Almirante Américo da SilvaSantos fizera à AORN, com o objectivode nele se instalar uma sala que perpe-tuasse a passagem da Reserva Naval poraquela Unidade, a Direcção levou a caboessa tarefa que foi simultaneamente umdesafio à imaginação e à capacidade demobilização dos nossos associados.

Apoiado na técnica e no espírito criativodo Arquitecto Álvaro Lacerda Macha-do, o projecto foi tomando forma, ultra-passado o inevitável "período de refle-xão" para assentamento de ideias.

Ocupando uma área de cerca de 40 m2,utilizando como base a madeira e o már-more, este espaço poderá assemelhar-se auma câmara de um navio, onde o bomgosto e o requinte se associam, e ondeuma iluminação bem distribuída dá aomobiliário o relevo que o mesmo merece.

Alguns quadros evocativos da História daReserva Naval e simbolicamente escolhi-dos, e os mais significativos brasões dasUnidades por onde passaram os OficiaisRN conferem a esta Sala a marca históri-

ca que se pretendeu apresentar, dando-seespecial relevo ao Decreto que instituiu ,em 1957, a Reserva Naval e, por dever dehomenagem, o texto e os objectos quedão forma ao Prémio Reserva Naval –– Sub/ Ten FZ RN António BernardinoApolónio Piteira, criado e entregue pelaprimeira vez no corrente ano.

A cerimónia que teve a presença de qua-renta ex-RN's, foi presidida pelo Chefe doEstado Maior da Armada, AlmiranteNuno Gonçalo Vieira Matias que, naocasião, dirigiu palavras de agradecimentoda Marinha «por mais um acto do maiorsignificado e demonstrativo da indes-trutível ligação amiga que os oficiais da

SALA RESERVA NAVAL

Rodrigues Maximiano,Presidente da Direcçãoda AORN no uso dapalavra

Momentos que ante-cederam a cerimóniade inauguração daSala Reserva Naval

O Secretário Geral da AORN, José Pires de Lima, lendo o Acto de Entrega O CEMA, Alm. Nuno Gonçalo Vieira Matias, fazendo a sua alocução

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Reserva Naval mantêm, passados que es-tão quarenta anos desde a sua entrada,pela primeira vez, na Escola Naval.Salientou «o sentimento de orgulho que aMarinha nutre pela sua Reserva Naval» eexpressou os votos «de que todos quantospassaram pelas várias Unidades daMarinha se sintam em sua própria casade cada vez que a elas retornem».

O Acto de Entrega, que se transcreveadiante, foi assinado pela AORN, pelosPresidentes da Assembleia Geral, daDirecção e do Conselho Fiscal e pelo RNmais antigo da Reserva Naval, respecti-vamente Ernâni Rodrigues Lopes, Antó-nio Rodrigues Maximiano, Alípio PereiraDias e Rogério Sousa Ferreira e, pelaMarinha, pelo Almirante Nuno VieiraMatias, Chefe do Estado Maior daArmada e pelo Contra Almirante Améri-co da Silva Santos, Comandante da Es-cola Naval.

Dirigindo-se aos presentes, disse oComandante da Escola Naval:

«Exº Sr. Presidente da Assembleia Geralda Associação dos Oficiais da ReservaNaval

Exº Sr. Almirante Chefe do Estado Maiorda Armada

Senhores Convidados,

Como dizia há já dois anos, aqui naEscola Naval: – Eles honraram aMarinha pela acção! Nas mais diversassituações: como Comandantes e Oficiaisde guarnição das Unidades Navais, emacções de guerra e paz; como técnicos dealta qualificação em Estados Maiores,Unidades ou simples gabinetes; como ca-maradas, conselheiros ou amigos; comohomens, como militares, como cidadãosde corpo inteiro.

Os Oficiais da Reserva Naval marcaramdécadas da vida da Marinha com a suacapacidade, a sua competência e a suacidadania. Fazendo-o, honraram a Ma-rinha, prestigiaram as Forças Armadas,serviram o seu país de forma notável.

Mesmo depois do seu serviço, os homensque serviram a Marinha na ReservaNaval continuaram a ser especiais. Bastaolhar-se hoje à nossa volta, e reparamos

que, na sua diversidade, os homens daReserva Naval constituem um conjuntorepresentativo das altas elites técnicas,científicas, empresariais e políticas destepaís que ajudam a construir de forma ac-tiva e determinante. Une-os a todos, osentimento de afeição à Marinha queserviram e que muito se orgulha de tercontribuído para a sua formação comocidadãos.

É por isso que a Escola Naval, Casa Mãedessa Marinha e que foi responsável porparte da prestação naval dos Oficiais daReserva Naval, se sente tão honrada pelacerimónia de hoje e por aquilo que elatraduz.

Não são só os Oficiais que aqui recebema sua formação académica e militar querecordam e honram a Escola, e que elaacolhe com carinho e afeição.

Também aqueles que, brevemente, escu-taram o murmúrio das suas paredes, sesentem bem por voltarem e a lembramcom saudade e respeito. A Escola, comorepresentante da Marinha, acolhe-os com

o mesmo carinho e sente-se orgulhosaquando os recebe.

É esse carinho e orgulho que aqui ex-presso.

Mas hoje, à honra e ao prazer de os re-ceber, soma-se o agradecimento por umadistinção que a Associação dos Oficiaisda Reserva Naval decidiu conceder àEscola. Esta sala, que com tanta dedi-cação foi preparada pela Associaçãopara ser entregue à Escola Naval, passaa constituir mais um símbolo da suaMissão, do seu papel para com a Mari-nha e para com o País.

Ficamos mais ricos materialmente, comesta magnífica sala, mas sobretudo, es-piritualmente, pelo que ela significa.

Por isso, a Escola Naval está, estarásempre, muito grata à Direcção da Asso-ciação e a todos os camaradas da Reser-va Naval.

MUITO OBRIGADO!»

O Livro de Honrada Escola Naval

O Comandante daEscola Naval,Contra-AlmiranteAmérico Silva Santosassinando o Acto deEntrega da SalaReserva Naval

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Dando cumprimento ao Decreto LeiN.º 41 399 de 26 de Novembro de1957, a Marinha de Guerra Por-

tuguesa admitiu, nas suas fileiras, indiví-duos que, frequentando ou tendo frequen-tado cursos superiores tecnicamente ade-quados aos serviços e especialidades daArmada, nela viriam a prestar serviço co-mo Oficiais da Reserva Naval.A data de 11 de Agosto de 1958, assinala aincorporação do 1.º Curso de Oficiais RN,seguindo-se, ao longo de várias dezenas deanos, regulares admissões em novos cur-sos.Até 1975, as missões da Marinha esten-diam-se por um vasto espaço geográfico eo país confrontava-se com uma situaçãode guerra nos seus territórios ultramari-nos da Guiné, Angola e Moçambique e deespecial vigilância em Cabo Verde e SãoTomé e Príncipe.Para além da habitual presença emMacaue Timor, a Marinha de Guerra mantinhauma activa acção de participação nasoperações militares, designadamente no

respeitante às componentes operacionaise logísticas, já que os referidos territóriostinham uma importante e extensa fron-teira marítima, para além de uma vastíssi-ma rede fluvial.A carência de Oficiais nas diversas clas-ses do Quadro Permanente era notória, efoi na Reserva Naval que a Marinha en-controu a solução que melhor adequou àssuas necessidades específicas em pessoalqualificado.Os Oficiais da Reserva Naval ombrearamentão com os do Quadro Permanente, nodesempenho de cargos e missões da maisalta responsabilidade militar, na maioriadas vezes em situações de desconforto,complexas e de elevado risco.Daí resultou um intenso convívio, um sãocompanheirismo entre homens de for-mação muito diversa e um mútuo en-riquecimento cultural, técnico – profis-sional e até político, que tantas vezesperdurou no tempo e que, no plano dosprincípios, continua a inspirar referên-cias e a ocupar um destacado lugar no

imaginário de muitos Oficiais daArmada.Foi no seguimento de uma forte ligação,cimentada ao longo de várias dezenas deanos, que o Comando da Escola Navaldecidiu ceder à AORN um espaço no seuedifício principal, para que nele fossecriada uma sala que perpetuasse a pas-sagem de milhares de Oficiais RN por es-ta Unidade.Decisão do maior significado que tocoufundo na Reserva Naval e particularmentena sua Associação, criando um forte senti-mento de orgulho e motivando a vontadede retribuir com gesto de nível semelhante.Aos vinte e cinco dias do mês de Maio doano 2000, ciente do significado da ce-rimónia e crente na adequada corres-pondência à oferta do Comando da Escola,a AORN faz entrega solene da "SALARESERVA NAVAL", espaço de memóriade várias gerações marcadas na sua vidapela Marinha de Guerra Portuguesa.

O Acto de Entrega da Sala Reserva Naval

O CEMA, Alm. Nuno Gonçalo Vieira Matias, assinando o Livro de Honra daEscola Naval

O Presidente da Assembleia Geral da AORN, Ernâni Rodrigues Lopes assinandoo Livro de Honra da Escola Naval

Um Porto de Honra servido após a inauguração da Sala Reserva Naval O Presidente da Assembleia Geral da AORN, o CEMA e Rogério Canas Ferreira,o mais antigo Oficial RN, presidindo ao almoço

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Acto de Entrega

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"...Mas hoje, à honra e ao prazer de os receber, soma-se o agradecimento por uma distinção que a Associação dos Oficiais da Reserva Naval decidiu conceder à Escola.

Esta sala, que com tanta dedicação foi preparada pela Associação para ser entregue à Escola Naval, passa a constituir mais um símbolo da sua Missão, do seu papel para com a Marinha e para com o País.

Ficamos mais ricos materialmente com esta magnífica sala, mas sobretudo, espiritualmente, pelo que ela significa.

Por isso, a Escola Naval está, estará sempre, muito grata à Direcção da Associação e a todos os camaradas da Reserva Naval.

MUITO OBRIGADO!"

Américo Silva Santos Contra-Almirante