16
RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém algumas, como você, podem ter muito mais a ofe- recer... Leia a crônica: Página 2 - Estamos vivendo momentos difí- ceis, atormentados pela violência, frustrações, sonhos desfeitos e de- pressão. - Paremos de ir no embalo dos alarmistas de plantão. Leia mais sobre: Página 3 Errâncias Armoriais nas veredas do academicismo Conheci um demônio enigmático... Leia mais sobre: Página 4 Todo final e início de ano é um pe- ríodo reflexivo em que muitos e- goisticamente fazem apenas a re- flexão de seu mundinho, esque- cendo tudo que o cerca, mas não dá para ser assim não é mesmo? Afinal tudo que nos cerca é exata- mente a engrenagem que movi- menta a vida. Leia mais sobre: Página 5 MORTE E VIDA DE UMA SEVE- RINA Mulheres nordestinas, a maioria sofridas, doam-se para a família, zelam toda a vida pela dignidade e quando partem deixam sempre muita saudade. Leia mais sobre: Página 6 40 Anos De Coma (crônica) Eu, aos 20 anos de idade, ainda com espírito adolescente, fazia te- atro e escrevia. Sonhava ser ator e escritor. Leia a crônica: Página 7 Aprendizados Ano Velho e Ano Novo Leia mais sobre: Página 8 ANO NOVO EXPECTATIVAS NO- VAS Mais um ano se inicia. O Natal já se foi, as pessoas deram e recebe- ram presentes. Ano novo, vida no- va. Será? Leia mais sobre: Página 9 Dia primeiro de Janeiro se come- mora o dia do Município. Entenda as várias divisões gover- namentais de seu Município. Mas para melhor compreensão: Leia mais sobre: Página 10 O BRASIL NÃO FOI COLÔ- NIA Parte III Não são de todo subreptícias, nem dispiciendas, as conotações entre o ideal sinárquico dos tem- plários, isto é, a sua demanda da equanimidade universal ... Leia mais sobre: Página 11 Qual o lugar da luta de classes em meio a queda dos preços do petró- leo? Leia mais sobre: Página 13 O que é o Islã político, mal chama- do de fundamentalismo islâmico? Quando surgiu? Por quê? É igual em todos os países? Qual é o pro- jeto do Hamas? Leia mais sobre: Página 14 Auto-ajuda, auto-engano e outras coisas no piloto automático. Tem dias que tristeza ou mau humor é mais problema hor- monal que qualquer outro mo- tivo. Leia mais sobre: Página 15 A língua brasileira, ou o português no Brasil, não é apenas uma con- textualização do português de Por- tugal; Leia mais sobre: Página 16 No ano passado... Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra mar- gem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodiná- ria sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas de- sencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um des- pacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do A- no Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte: "Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo ati- rará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados". Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu pró- prio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação pa- ra as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria le- var muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irreali- zável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáfo- ras a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos... Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo- sexagésimo-quinto andar do ano passado. Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova. Mario Quintana www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

  • Upload
    lethuan

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

RE

CIC

LE IN

FO

RM

ÃO

: P

asse

est

e jo

rnal

par

a ou

tro

leito

r ou

indi

que

o si

te

Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém algumas, como você, podem ter muito mais a ofe-recer...

Leia a crônica: Página 2

- Estamos vivendo momentos difí-ceis, atormentados pela violência, frustrações, sonhos desfeitos e de-pressão.

- Paremos de ir no embalo dos alarmistas de plantão. Leia mais sobre: Página 3

Errâncias Armoriais nas veredas do academicismo Conheci um demônio enigmático...

Leia mais sobre: Página 4 Todo final e início de ano é um pe-ríodo reflexivo em que muitos e-goisticamente fazem apenas a re-flexão de seu mundinho, esque-cendo tudo que o cerca, mas não dá para ser assim não é mesmo?

Afinal tudo que nos cerca é exata-mente a engrenagem que movi-menta a vida.

Leia mais sobre: Página 5

MORTE E VIDA DE UMA SEVE-RINA Mulheres nordestinas, a maioria sofridas, doam-se para a família, zelam toda a vida pela dignidade e quando partem deixam sempre muita saudade.

Leia mais sobre: Página 6

40 Anos De Coma (crônica) Eu, aos 20 anos de idade, ainda com espírito adolescente, fazia te-atro e escrevia. Sonhava ser ator e escritor.

Leia a crônica: Página 7

Aprendizados Ano Velho e Ano Novo Leia mais sobre: Página 8

ANO NOVO EXPECTATIVAS NO-VAS Mais um ano se inicia. O Natal já se foi, as pessoas deram e recebe-ram presentes. Ano novo, vida no-va. Será? Leia mais sobre: Página 9

Dia primeiro de Janeiro se come-mora o dia do Município. Entenda as várias divisões gover-namentais de seu Município. Mas para melhor compreensão:

Leia mais sobre: Página 10

O BRASIL NÃO FOI COLÔ-NIA Parte III “Não são de todo subreptícias, nem dispiciendas, as conotações entre o ideal sinárquico dos tem-plários, isto é, a sua demanda da equanimidade universal ...

Leia mais sobre: Página 11

Qual o lugar da luta de classes em meio a queda dos preços do petró-leo?

Leia mais sobre: Página 13

O que é o Islã político, mal chama-do de fundamentalismo islâmico? Quando surgiu? Por quê? É igual em todos os países? Qual é o pro-jeto do Hamas? Leia mais sobre: Página 14

Auto-ajuda, auto-engano e outras coisas no piloto automático. Tem dias que tristeza ou mau humor é mais problema hor-monal que qualquer outro mo-tivo. Leia mais sobre: Página 15

A língua brasileira, ou o português no Brasil, não é apenas uma con-textualização do português de Por-tugal; Leia mais sobre: Página 16

No ano passado... Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra mar-gem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodiná-ria sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas de-sencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um des-pacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do A-no Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte: "Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo ati-rará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados". Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu pró-prio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação pa-ra as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria le-var muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irreali-zável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáfo-ras a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos... Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado. Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.

Mario Quintana

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 2: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download

Editor : Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Email: [email protected]

Designe e artes gráficas: Rede Vale Comunicações - Fone: 0 xx 12 99703.0031

Gazeta Valeparaibana

Um MULTIPLICADOR do Projeto Social “ALeste” Uma OSCIP - Sem fins

lucrativos

“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. “ “Tenho em mim todos os sonhos do mundo. “ “Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentari-am nova luminosidade às estrelas, no-va beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens. “ “A liberdade é a possibilidade do isola-mento. Se te é impossível viver só, nas-ceste escravo.” “Sentir é criar. Sentir é pensar sem idei-as, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias.” “Viver é ser outro. Nem sentir é possí-vel se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.” “Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamen-te se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida.” “Viver não é necessário. Necessário é criar.” Fernando Pessoa

www.formiguinhasdovale.org

Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educaç ão, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e , onde a Educação se discute num debate aberto, crí tico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebr.org

Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém alg umas, como você, podem ter muito mais a oferecer...

Era uma vez uma árvore, no meio de uma floresta.

Ela era uma árvore muito pequena, de galhos muito frágeis, mas sonhava ser grande e dar mui-tos frutos. O tempo foi passando, seu caule engrossou e suas folhas se multiplicaram. Um belo dia, ela perguntou à sua mãe quando é que os frutos viriam.

- Oh! Meu amor! Não somos árvores frutíferas. Somos só assim, mesmo...

E a árvore chorou, porque não tinha nada pra oferecer. Via as pessoas apanharem frutas de su-as companheiras, e até folhas medicinais, enquanto ela vivia ali, parada, inútil.

Até que ficou tão triste que teve vontade de morrer.

Suas folhas, então, foram murchando.

Seus galhos começaram a secar

Ela foi ficando cada vez mais curvada, seca, e, no silêncio de sua dor, ouviu um pássaro piar: - Pelo amor de Deus, Dona Árvore! Não faça isto. Minha esposa está chocando nossos filhotes, aqui neste seu galho. Se ele cair, que será de nós?

Espantada, ela começou a prestar atenção em si mesma. E passou a reparar quanta "gente" mo-rava nela.

· Tinha uma família de micos-leões.

· E mais uma casinha de João-de-barro.

· E mais uns besouros.

Uma orquídea em botão, presa ao seu tronco, sussurrou:

- Espere um pouco mais, pra ver a surpresa que vou lhe fazer!..

Então ela viu as abelhas que se tinham alojado num vão entre suas raízes, onde fabricavam mel saboroso. E viu uma família de pessoas almoçando à sua sombra.

E só então ela conseguiu ouvir a voz de Deus em seu coração, dizendo:

- Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém algumas, como você, podem ter muito mais a oferecer... A árvore, com aquele pensamento, recuperou a vontade de viver, ficando saudável em poucos dias. Assim , ela pôde festejar quando os passarinhos nasceram, e a orquídea logo se abriu. Muitas gerações de crianças já construíram casas" e balanços em seus galhos firmes e fortes. Esta é uma de suas grandes alegrias!

E até hoje ela está lá, dando cada vez mais sombra, sustentando cada vez mais vidas, feliz por ter encontrado sua verdadeira razão de viver.

Então nosso votos são que 2015 desperte em todos nós, a importância de cada um e do que ca-da um de nós tem a oferecer na busca de um mundo melhor para todos.

Feliz 2015 !

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de inteira respon-

sabilidade dos colaboradores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não corresponderem à

opinião deste projeto nem deste Jornal.

CULTURAonline BRASIL

Page 3: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 3

2015 - Amor e paz...

PARA 2015 Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

- Estamos vivendo momentos difíceis, ator-mentados pela violência, frustrações, so-nhos desfeitos e depressão.

- Paremos de ir no embalo dos alarmistas de plantão. - Recebemos diariamente uma carga de in-formações, sofremos pressão na vida profis-sional, na vida acadêmica, nos relaciona-mentos. Vivemos com os nervos à flor da pele.

- Ao entrarmos nos locais que frequenta-mos, façamos uma prece em silêncio e cumprimentemos a todos com alegria.

- Esquecemo-nos de cuidar do nosso bem estar e sofremos as consequências dos ma-les que vem nos assolando através das do-enças.

- Para manter o equilíbrio precisa-mos:relaxar, fazer orações, terapias, e muito amor como exercício diário.

- Recebemos notícias ruins o tempo todo e somos bombardeados tão rapidamente que não há tempo de analisar e descartar o que realmente não é importante para nosso ca-minhar.

- Vamos usar o bom senso ao ler as notí-cias e usar um filtro para não carregar a desesperança diariamente em nossas vi-das.

- Reunimo-nos com pessoas que não com-partilham com nossas ideias e por não sa-berem lidar com o adverso, tiram-nos a paz.

- Pessoas podem ser dispensáveis do nosso convívio quando nos roubam a tranquilidade. - Manter o emprego virou uma competição entre funcionários, tornando o clima muitas vezes insuportável.

- Se mantivermos nossos pensamentos

voltados para nossos desejos e sonhos, com sabedoria, seremos vitoriosos. Caso não aconteça, é melhor uma derrota ho-nesta do que uma vitória sem escrúpu-los.

- Os relacionamentos andam se rompendo por coisas banais e tragicamente.

- Amar não é só um sentimento, e sim um jeito de tratar a pessoa amada.

- Estamos cada vez mais sós.

- Sorrir mais, relaxar, buscar um cantinho dentro de nós pode nos fazer sentir-se bem. Mesmo sozinhos somos responsá-veis pela nossa felicidade e, felizes, se-guiremos outros caminhos e melhores. -Todos acreditam que somos fortes e usam nosso ombro como se fossemos um grande muro de lamentações e nos deixam carrega-dos de energias nada boas.

- Respeitemo-nos, se não estivermos com vontade de ouvir, retiremo-nos. Te-mos o direito de não permitir que isso aconteça.

2014 passou nada mais podemos fazer...

Em 2015:

- Procuremos manter nossa paz interior, ela é à força do equilíbrio mesmo durante as piores tempestades. Não a percamos, haja o que houver. - Precisamos estar muito bem. Se não esti-vermos bem, devemos pedir ajuda, também precisamos.

- Quem sabe 2015 será o ano certo para se tentar alguma coisa nova que nos faça acre-ditar e agir.

- Sejamos capazes de pedir mais desculpas e engrandecer a alma, chorar mais de ale-grias, ver uma estrela no céu, fazer mais cri-anças sorrirem, falar de Deus e agradecer pelas dádivas, zelar pelos mais idosos, ser-mos militantes nas campanhas para preser-var a natureza e os animais.

- Sejamos pessoas simples, com olhar sin-cero e coração grande e que não precise-mos de aplausos para ter uma boa noite de sono.

- Sejamos heróis em 2015: amando e nos amando, para dessa forma, a paz interior ser conquistada e fortalecida!

Feliz Ano Novo !

Calendário Janeiro Feriados, Datas Comemorativas

01 – Dia da Confraternização Universal 01 – Dia do Município 01 – Dia Mundial da Paz

04 – Dia da Abreugrafia 04 – Dia do Hemofílico

06 – Dia da Gratidão 06 – Dia do Mensageiro

07 – Dia da Liberdade do Culto 08 – Dia Nacional do Fotógrafo 09 – Dia do Astronauta 09 – Dia do Fico

11 – Dia do Controle da Poluição por Agrotóxico 14 – Dia Nacional do Enfermo 15 – Dia do Adulto 15 – Dia Mundial do Compositor

17 – Dia do Tribunal de Contas 20 – Dia do Farmacêutico 21 – Dia Mundial da Religião 24 – Dia da Constituição 24 – Dia da Previdência Social 24 – Dia do Aposentado

25 – Dia do Carteiro 25 – Dia dos Correios e Telégrafos

27 – Dia do Orador 29 – Dia Mundial do Hanseniano 30 – Dia da Saudade 30 – Dia do Portuário

31 – Dia Mundial do Mágico

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 4: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 4

Literatura I Errâncias Armoriais nas veredas do

academicismo

Quando eu ingressei na faculdade de Le-tras, na PUCRS, eu tive uma grande de-cepção, pois acredita-va que toda essa ri-queza poética susten-tada há séculos, por artistas populares, se-

ria reconhecida e estudada com admiração pela instituição responsável por produzir e di-fundir conhecimento teórico sobre literatura. Mas o que encontrei foi uma visão totalmente automatizada e automatizante, formadora em série de pensadores que continuariam confir-mando o cânone estabelecido, onde a força desta torrente poética corre às margens.

Nesse tempo, extremamente revoltado com as limitações teóricas que não me permitiam aprofundar, com olhares acadêmicos, os estu-dos destas manifestações, movido também pela imaturidade que não me permitia encon-trar autonomamente um caminho teórico que desse vazão a esses estudos, eu escrevi este soneto:

Soneto acadêmico Conheci um demônio enigmático Vil construto de um ávido intelecto Que domina de um modo sistemático Faz de um verso, por rótulos, infecto

Com ardil monta seu esquema tático Pra engessar em sua fôrma os pensamentos E o dinâmico olhar se faz estático Nos limites de seus compartimentos

Torna um simples poema tão complexo Especulando a intenção de quem o cria Sob a égide da lógica e do nexo

Quem frequenta uma "nobre" academia Vê nas mentes o sórdido reflexo Deste monstro chamado Teoria Quando eu cheguei na metade do curso, já desesperançoso de que houvesse espaço pa-ra minhas visões naquele meio, resolvi largar a faculdade. No período de um ano, em que fiquei com a matrícula trancada, pude refletir bastante e, olhando de fora, percebi que pre-cisava ter uma atitude minha, que eu não ti-nha persistido o suficiente. Então, movido pe-la necessidade de continuar estudando e lu-tando pela valorização das poéticas orais, vol-

tei a cursar Letras e conheci professores fun-damentais para minha formação. Acho que, muitas vezes, a maneira como enxergamos uma situação muda tudo, fato é que, a partir daí, comecei a construir meu espaço neste meio e, com apoio de professores, como Charles Kiefer e Ricardo Barberena, passei a ministrar minhas primeiras oficinas.

Ricardo Barberena é um grande admirador de Ariano e, através de um artigo que ele escre-veu sobre A Pedra do Reino, passou a ter u-ma amizade com Suassuna, sendo transfor-mado em personagem do Romance que o mestre vinha escrevendo há mais de 30 anos.

Hoje venho fazendo este trabalho de soergui-mento da bandeira Armorial, levando aos qua-tro cantos o nome e a Obra de Ariano e mos-trando a importância da valorização das raí-zes populares da cultura brasileira. Fico muito feliz em ter mais de 10 mil pessoas seguindo o Projeto Artesania Literária .

Autor: Suriel Ribeiro - Artesania Literária https://www.facebook.com/ArtesaniaLiteraria Visite!

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Literatura II

Ariano Suassuna Ariano Suassuna

(1927 - 2014) foi um poeta, romancista e

dramaturgo brasileiro. Nasceu na cidade de

Nossa Senhora das Ne-ves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, no

dia 16 de junho de 1927.

Filho de João Suassu-na, ex-governador do Estado, passou parte de sua infância na fazen-da Acauham. Em 1930, com o assassinato de pai, a família muda-se para a cidade de Taperoá, no sertão, onde Ariano fez seu curso pri-mário.

Em 1938 vão morar no Recife, onde Ariano ingressa no Colégio Ame-ricano Batista. Em seguida estuda no Ginásio Pernambucano, impor-tante colégio da cidade. Em 1946 entra para a Faculdade de Direito, ligando-se ao círculo de poetas, escritores e artistas da capital per-nambucana, onde fundam o Teatro do Estudante de Pernambuco.

Em 1952 começa a trabalhar como advogado mas, logo abandona a profissão, dedicando-se ao magistério e à atividade de escritor. Autor de extensa obra, entre elas, os romances "O Auto da Compadeci-da" (1955), obra que mais tarde seria adaptada para o cinema e para a televisão, "O Santo e a Porca" (1958), "A Pena e a Lei" (1971) e o "Romance d'a Pedra do Reino" (1971), obra também adaptada para a televisão.

O romance o "Auto da Compadecida" enquadra-se na tradição medie-val dos Milagres de Nossa Senhora (do século XIV), em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. O estilo é simples, onde o humor e a sátira unem-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante. Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denuncian-do a corrupção, o preconceito e a hipocrisia.

Ariano Suassuna foi membro fundador do Conselho Federal de Cultu-ra em 1967, foi diretor do Departamento de Extensão Cultural da UF-PE, em 1969. Foi também secretário de cultura do governo Eduardo Campos. Realizava aulas-espetáculos em várias cidades do país. Com seu estilo próprio, sua capacidade imaginativa e seus conheci-mentos sobre o folclore nordestino, realizava verdadeiro espetáculo.

Ariano faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, em decorrência de um AVC hemorrágico.

Page 5: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

Brasil 2015

Apenas uma Reflexão

Todo final e início de ano é um período refle-

xivo em que muitos egoisticamente fazem a-penas a reflexão de seu mundinho, esque-cendo tudo que o cerca, mas não dá para ser assim não é mesmo? Afinal tudo que nos cer-ca é exatamente a engrenagem que movi-menta a vida.

Todos sabem que não sou muito de falar em política, mas os que me conhecem sabem bem que sou uma boa observadora, o que penso e minha opinião.

Pois bem, nesse primeiro exemplar de 2015, optei por lhes trazer uma reflexão: o Brasil é ou não é um país sério?

Qual sua opinião diante de tudo que estamos assistindo, de tudo que se vem apresentando há muito?

Pode ser sério um país que mantém quase que vitaliciamente políticos condenados, fi-chas sujas e corruptos em seu governo?

Pode ser sério um país que aprova um salá-rio mínimo ao trabalhador no valor de R$790,00 (setecentos e noventa reais) a par-tir deste mês - lembrando aqui que este tam-

bém é o valor do benefício pago a maioria dos aposentados - contra a aprovação de sa-lários de R$ 30,9 mil para presidente da Re-pública e de R$ 33 mil para deputados fede-rais, senadores, ministros do Supremo Tribu-nal Federal (STF) e procurador-geral da Re-pública? Você acha pouco?

Tem mais: auxílio-moradia a todos os juízes do país fixado em R$ 4.377,73 (Quatro mil trezentos e setenta e sete reais e setenta e três centavos) o mesmo previsto para minis-tros do Supremo Tribunal Federal; aposenta-doria vitalícia a governador de Estado no va-lor de R$ 25 mil por mês que se soma a outra aposentadoria de R$ 23,8 mil referente a car-go de senador o que perfaz uma aposentado-ria de R$48.800,00 (Quarenta e oito mil e oi-tocentos reais).

Pode ser sério um país que tem evidência por ser o país com maior carga tributária e o que é pior, sem o devido retorno aos contribuin-tes? Para onde vai esse dinheiro?

De fato, as coisas não estão bem: a corrup-ção cada vez se alastra mais; o gestor públi-co ou é incompetente ou é corrupto, quando não as duas coisas.

E o Brasil, apesar da sua potencialidade, vai perdendo espaço para outros países em de-senvolvimento.

O administrador público está mais preocupa-do em se reeleger e se perpetuar no poder do que administrar com competência a coisa pú-blica, o que significa, com efeito, ausência de espírito republicano.

E como diria o poeta, a gente vai levando e sabe por quê?

Porque o brasileiro na urna se atém ao con-ceito de que “ele rouba mas faz” ou então se vende por uma cesta básica ou uma bolsa qualquer capaz de sanar uma necessidade momentânea esquecendo de direcionar a vi-são ao horizonte e é assim que os corruptos e os ímprobos se mantém no poder.

O problema crônico de nosso país está nos seus gestores, mas não podemos nos esque-cer de que se os gestores ocupam esse lugar é porque este lhes foi concedido pela maioria dos eleitores.

E só para lembrar aos mais desavisados não esqueça que neste mês temos alguns com-promissos e modificações em serviços, como exemplo: a substituição dos extintores nos veículos automotores; o aumento de luz; a partir do dia 15 os usuários de internet pré-paga terão a navegação bloqueada após o fim do pacote de dados contratado, em vez de reduzir a velocidade de conexão como sempre fizeram e como ainda acontece em planos pós-pago, buscando assim forçar o consumidor a adquirir franquia adicional de internet; o IPTU para quem quer ser benefici-ado com desconto; a recomposição do IPI para automotores; o IPVA, etc.

E então, qual sua opinião: o Brasil é ou não é um país sério?

Feliz 2015 a todos.

Claudia Andreucci

Na cidade, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

SOBRE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Democracia representativa é o exercício do poder po lítico pela população eleitora não diretamente, mas através de seus representantes , por si designados, com man-

dato para atuar em seu nome e por sua autoridade, i sto é, legitimados pela soberania popular.

VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL!

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 6: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 6

Literatura III

MORTE E VIDA DE UMA SEVERINA

Mulheres nordestinas, a maioria sofridas,

doam-se para a família, zelam

toda a vida pela dignidade e quando

partem deixam sempre muita

saudade.

Dorival ainda estava aturdido com a

separação e a falta de convivência com o fi-

lho; ele estava disposto a aproveitar o período

do Carnaval para relaxar: queria fazer parte

do desfile da “Rosas de Ouro”, tradicional Es-

cola de Samba em São Paulo. Chegou inclu-

sive a comprar a fantasia e participar de um

ensaio.

Mas, por meio do pai, recebeu a notícia

de que sua mãe, Dona Severina Maria de Li-

ma, estava com precária condição de saúde.

Dona Sissi, como era chamada pelos mais

próximos, já há bastante tempo vinha lutando

contra a doença e, ao fazer uma transfusão

de sangue, contraiu o vírus da hepatite, que

aos poucos foi comprometendo seu fígado, a

ponto de necessitar um transplante do órgão.

A dificuldade para conseguir um doador e a

falta de recursos do lugar deixou-a muito debi-

litada; a doença evoluiu para um câncer, es-

palhando-se rapidamente. Quando Dorival foi

avisado, ela já estava sem esperanças, prati-

camente à beira da morte.

Ele foi imediatamente para Santa Luzi-

a, interior da Bahia; com situação financeira

péssima, teve que ser auxiliado pelo irmão,

que foi junto. Poucos dias depois que chega-

ram a mãe faleceu. Encontraram-na prostrada

na rede, muito enfraquecida, mas consciente.

Assim ficou até o último suspiro.

Ela sempre coordenava tudo, nem se

preocupava com ela mesma, atenta em saber

se as obrigações da casa estavam sendo

cumpridas, foi zelosa com tudo e todos até o

fim, assim como fora em toda sua vida.

Movimentava-se repetidamente num

vai e vem com as costas, incomodada pela

dor, e à noite mal respirava e mal dormia. Do-

rival, logo que chegou, providenciou uma ca-

ma hospitalar para acomodar melhor a mãe

que dormia na rede, mas ela nunca se adap-

tou e durante todo processo a cama ficou va-

zia ao lado da rede que nunca abandonou.

Mesmo abatida pela doença, continuou

muito vaidosa, pedia um espelho e pente a

cada vez que precisava ir ao médico ou quan-

do recebia visita de quem quer que fosse.

Nessa época, todos se juntavam para ficar ao

lado dela. Somente quando a família chegou

é que seu pai, já muito cansado, teve uma tré-

gua e pôde passar a dormir um pouco melhor.

À noite reuniam-se e rezavam o terço.

Foram noites de sofrimento, mas, no

terceiro dia, Dorival já não suportando tanto

sofrimento de Dona Sissi, resolveu levá-la ao

hospital que só havia na cidade mais próxima,

mas não sem antes consultar um médico em

Santa Luzia para saber se ela resistiria à via-

gem.

Como de costume ela pediu o espelho,

arrumou-se toda em meio às dores e foram

até o médico. O doutor a examinou e achou

por bem aplicar-lhe soro para amenizar o qua-

dro crítico, mas a enfermeira não conseguiu

achar a veia para injetar o medicamento. De-

vido a isso, precisaram retornar para casa,

não foi possível ir até o hospital. No dia se-

guinte, Ananias, um vizinho que tomava medi-

camentos para dores, atendendo ao pedido

dela, deu-lhe um comprimido analgésico, que

ela tomou, na esperança de surtir algum efei-

to; mas de nada adiantou.

Certo momento Dorival estava conver-

sando com a mãe; ela, para sua surpresa, pe-

diu ao filho que lhe massageasse as pernas, o

que não era hábito da parte dela. Dorival en-

tendeu esse pedido incomum quase como u-

ma despedida. Atendeu a solicitação choran-

do e, assim, em silêncio, por quase uma hora,

massageou as pernas da mãe, ajustando sua

posição para que ela se sentisse o mais con-

fortável possível, dentro do quadro que apre-

sentava.

Envolvidos nesse último gesto de cari-

nho que Deus permitiu, o silêncio foi interrom-

pido de repente. Os dois, ao mesmo tempo,

rezavam, ela serena e ele embargado pelo

choro.

Um primo chegou perto nesse momen-

to e se deparou com a cena; correndo, pede

aos familiares uma vela, pois percebeu que a

tia estava indo embora. Dorival estava tão ab-

sorto em orar e repleto de emoção, que não

se deu conta disso; no nordeste, colocar uma

vela acesa na mão de quem está morrendo é

de costume e importante, diz-se que a vela

acesa ilumina os caminhos de quem parte.

Dorival afasta-se da cena e sua irmã

adotiva Conceição, então com dezesseis a-

nos, aproxima-se. Os homens da família se

abraçaram em prantos, rezaram, enalteceram

Dona Sissi, e todos foram testemunhas de su-

a passagem.

No dia do enterro, Dorival pediu para

uma pessoa ler um texto que preparou com

todo cuidado, ressaltando as qualidades da

mãe, o caráter dela e seus feitos para com

todos que ela sempre fraternalmente ajudou.

Depois da missa de sétimo dia ele vol-

tou para São Paulo. Seu pai ficou com o auxí-

lio da irmã; isso sempre foi a preocupação de

Sissi, que mesmo doente tentou ajeitar as coi-

sas para que o marido ficasse bem depois

que ela partisse.

Todos seguiram a vida, mas sem nun-

ca esquecer o exemplo da mãe que lutou com

coragem, enfrentando as dificuldades, criou

os filhos, cuidou da casa e de todos, sempre

com muito amor.

Severina foi competente em transmitir

sua sabedoria e mensagem de vida para a

próxima geração.

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 7: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 7

Contos, Poesias e Crônicas

40 Anos De Coma Crônica de Boanerges Filho

Eu, aos 20 anos de idade, ainda com espírito adolescente, fazia teatro e escrevia. Sonha-va ser ator e escritor.

Esperava ansioso pela publicação de um jornaleco de certa religião. Lá seria publicada a minha 2ª crônica. Foi totalmente censurada!

Eu convidava, naquela crônica, àquela “santa” gente para que lavássemos a nossa “roupa” suja dentro da própria congregação. Não percebiam a dita roupa “escorregando” rua afora. E que a fedentina do mofo azedo já tocava às narinas de DEUS!

Para eles eu já parecia ser um escritor monstruoso e ameaçador, pois, apontava a sujeira que varriam para debaixo dos seus tapetes.

Seus dirigentes irados, covardes, malignos, impiedosos e estúpidos defecaram, via oral, sobre o cerne da minha autoestima, suas fezes neurônicas e o que havia de mais fedoren-to nas entranhas das suas almas empedernidas.

Jogaram na privada do mundo o embrião de escritor, ator e diretor que havia em mim. Senti como se eu fosse a própria latrina da humanidade, que depois de entupida, foi joga-da no mais fétido dos aterros sanitários.

Condenaram-me, sem direito de defesa, à morte por asfixia cerebral.

Fizeram-me acreditar que a culpa era minha. Induziram-me à crença de que o que eu es-crevia não passava de lixo imprestável.

Foi tentativa de “homicídio”, pois, trucidaram a minha essência altruísta, esperançosa e ainda criança! Impregnaram os recôncavos das narinas do meu ser! Cavaram feridas tim-pânicas no meu ego! Afundaram a minha ingênua cabeça na lama da inércia do intelecto, resultando numa grave lesão intelectual! Em 4 décadas, não me dei conta da desgraça que me impuseram!

Tais agressões foram feitas em nome da religião e de DEUS!

Nunca quiseram saber o rumo que tomou o rascunho de projeto de ator e escritor que eu achava que fosse!

Deram-se por satisfeitos, pois, dormiam com a sensação do dever cumprido, afinal, a grande “ameaça” estava extinta!

Paguei altíssimo preço pelo meu inocente, porém ousado ato de apontar aquele amontoa-do de “roupas” encardidas.

40 anos depois, o projeto de escritor, ator e diretor ressurgiu! Felizmente livre do induzido coma profundo.

Hoje, resgatando e sonhando os sonhos não sonhados, posso até sonhar acordado! Rea-lizo-me pelas belas veredas da Literatura, Cinema e Teatro!

Hoje, mais ainda, vejo “roupas sujas” “caindo” de altares e cúpulas de religiões. Cujo fedor do putrefato bolor vai além das narinas do Criador!

Nunca tive e não tenho nada contra nenhuma religião. Todas, em tese, são boas. O pro-blema é a sua banda podre, o homem mau que lá está!

Demônios vestidos de anjos e porcos camuflados em peles de cordeiros me provocaram, provocam e sempre provocarão em mim profunda repugnância!

O homem criou a religião e levou junto consigo o seu esfarrapado caráter!

Faço, ao meu querido leitor, o seguinte convite.

Lute, para que NINGUÉM fure o teu balão de sonhos!

Feliz 2015 !

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, enco ntramos pessoas propensas aos mais diversos rumos i ncluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não te-nha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momento s que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estã o à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu f uturo amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre.

GESTOS DE FÉ - Genha Auga

Abra caminhos com gestos de fé.

Em Deus estão as raízes do amor, seus filhos serão eternos como músicas que en-

cantam, nunca morrerão!

Esse Deus que o mundo comanda e que um dia todos entenderão,

esse mistério; Cristo, Jah, Jeová... Mistério de bravura e poesia,

mudará o destino e o irá purificar.

Coloque a cabeça em cima do coração e tornar-se-á um imperador. Desenhe o futuro com honra

e gestos de grandeza. Cultive essas raízes e siga esse caminho.

E nada o deterá!

Poema de Boanerges Filho

Trinca os cérebros andarilhos. Neblina o brilho dos olhos. Seca a lança do rio falante.

Balança a montanha decadente. Amarra a corrente do vento. Fraqueja o vulcão inquieto.

Retorce os tentáculos vibrantes. Quebra a ponta sem furo.

Amarra as raízes tremulantes. Apaga a luz no escuro...

Page 8: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 8

2014 x 2015 - Aprendizados Aprendizados

Ano Velho e Ano Novo

A gente aprende sempre. Com aquilo que nos foi tirado, com aquilo que foi conquistado, com as dores que sofremos, com as alegrias que vivemos, com situações, com pessoas, com a vida. As dificuldades ensinam, e são necessárias para o nosso crescimento. As ve-zes precisamos perder para valorizarmos.

As vezes aquilo que tanto nos machucou po-de ser a nossa redenção. As adversidades vão sempre existir, nem tudo vai ser bom sempre. É natural o ser humano querer que somente coisas boas aconteçam, mas não há crescimento sem dor, sem stress. Nada dura pra sempre, nem o mal nem o bem, no meio disso tudo estamos nós, tentando nos equili-brar, sairmos vivos de situações de confronto, de desconforto.

Deparamo-nos com o nosso lado “menos bom”, menos iluminado , menos tolerante e mais agressivo, várias vezes durante a nossa existência. Quantos de nós já não tomaram um susto ou se defrontar com um eu que não conheciam? A verdade é que nem tudo são flores, nem tudo sai como a gente espera, as frustrações , os desenganos, os erros e acer-tos fazem parte de viver.

Erramos na maioria das vezes tentando acer-tar. Quantas vezes nos arrependemos de algo que fizemos num momento de desatino? Mas algumas coisas não tem volta. APRENDIZA-DO, essa é a palavra, se compreendermos isso, que tudo serve para o nosso crescimen-to, fica mais fácil aceitar tanto o bem quanto o mal. As coisas são como são, e algumas de-las nós até podemos mudar ou evitar.

Mas muitos acontecimentos independem do nosso querer, simplesmente acontecem, do-enças por exemplo, morte, e aí nos pergunta-mos: Porque comigo? ou com um filho, ou com alguém que gostamos, não achamos jus-

to, mas nos indignarmos em nada vai ajudar. Não precisamos aceitar tudo calados, resigna-dos, mas compreender que podemos tirar al-gum aprendizado dali, ajuda a acalmar a dor.

Por vezes as lições são duras, e por vezes tão maravilhosas. Lembramos então de como é bom estar vivo. Como é bom aprender e se surpreender com as descobertas. Descobrir o quanto eu posso fazer a diferença na vida de alguém ou no mundo. Porque não?

O quanto tudo que sei e vou aprendendo du-rante a vida pode me ajudar e ajudar aos ou-tros. Pode me levar adiante, me conduzir pra o bem ou para o mal, porque a escolha é mi-nha. E cada vez que faço uma escolha, a-prendo com o resultado. Nem sempre sabe-mos se nossas escolhas são as mais corre-tas, mas temos que fazê-las. Nem tudo é cer-teza.

As coisas não vem prontas e acabadas, te-mos que tentar, errar ou acertar, mas seguir em frente. Temos a mania de querer ter certe-za de tudo, respostas para tudo, e isso é an-gustiante. Como é difícil deixar tudo fluir, dei-xar a vida seguir o seu caminho. Só isso, já é um aprendizado. Aprender a relaxar. Deixar acontecer. Entender que tudo é como tem que ser. Nas tristezas se aprende. Nas alegrias se aprende. Quando somos tolerantes, amamos , somos amados, rejeitamos ou somos rejeita-dos também aprendemos. Quando perdoa-mos e somos perdoados também. Há aprendi-zado no perdão.

A compreensão disso tudo nos trás paz, cal-ma. Nos ajuda a perceber que não precisa-mos fazer tempestade por tudo. Podemos não entender agora algum acontecimento, mas uma hora isso vai acontecer e fazer sentido ou não! Todos os dias nos reservam algo. To-dos os dias aprendemos, e nem nos damos conta disso. Aprendemos com amigos, filhos, colegas, família, lendo, vendo, ouvindo, ob-servando e como aprendemos simplesmente observando.

Na correria do nosso dia-a-dia não prestamos atenção a tantas coisas que passam desper-cebidas por nós e que poderia fazer a diferen-ça se estivéssemos atentos. Por exemplo, a-prender a se ouvir, a ouvir nossa intuição, a-prender a ouvir o silêncio, o que ele tem a nos dizer? O que a vida tem a nos dizer que não estamos querendo ouvir? Ou melhor, que não estamos querendo aprender?

Outra coisa que devemos aprender,é a sentir. Sem defesas e medos, nos entregarmos ao sentimento, qualquer tipo de sentimento, as-sim totalmente entregue, saberemos como lidar com eles. É inegável que a medida que o tempo passa vamos aprendendo mais e mais sobre quem somos, sobre a vida e tudo que a

envolve.

A compreensão e aceitação de fatos e acon-tecimentos que nos envolvem e permeiam a nossa existência nos trás paz. Nem tudo con-seguimos entender, mas isso já é um aprendi-zado, percebermos que certas coisas não en-tenderemos nunca. Em cada fase de nossas vidas importantes aprendizados irão ocorrer. E todos são significativos para o nosso cres-cimento pessoal.

Chegamos ao final de mais um ano e, inevita-velmente fazemos um balanço do que fize-mos, do que deixamos de fazer, das promes-sas de ano novo não cumpridas, das que con-seguimos concretizar.

Lembramos das dores das alegrias e muitas vezes não percebemos tudo o que a vida nos ensinou no ano que passou. Verdade é que no aprender a viver, está aprender a respeitar o outro.

Aprender a se doar, aprender que o outro tem tantos direitos quanto eu, aprender que nunca saberei tudo, que estarei sempre “aprendendo”.

Algumas coisas que nem todos aprenderam ainda, mas que faz um bem enorme:

- Aprender a sorrir mais, a abraçar mais, a amar, a ser gentil.

- Ter compaixão, se colocar no lugar do outro, sublimar, abstrair, relaxar, contemplar mais.

- Aprender a conviver com a ausência de al-guns, com o término de relacionamentos, de ciclos de vida. Aprender a recomeçar. Apren-der que não teremos respostas para tudo, e que podemos encarar a vida de maneira mais positiva. Desfrutando do que alegra a nossa alma, nos deixa mais feliz e torna nossos dias mais leves e coloridos.

- Aprender a deixar a arrogância de lado a-chando que sabemos tudo.

- Aprender a sermos mais humildes, modes-tos e honestos.

- Aprender a nos doarmos mais.

Segundo Guimarães Rosa :

“ Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia peri-gosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difí-cil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”

Feliz 2015 !

Mariene Hildebrando Professora e especialista em Direitos Humanos Email: [email protected]

www.formiguinhasdovale.org /// Rádio web CULTURA online BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 9: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 9

Espaço Educação

ANO NOVO EXPECTATIVAS NOVAS Mais um ano se inicia. O Natal já se foi, as pessoas deram e receberam presentes. Ano novo, vida nova. Será? Será que na educação teremos vida nova? Quais são as boas novas para a Educação? No ano de 2014 foi final-mente aprovado o Plano Nacional de Educa-ção. Com quatro anos de atraso muitas dis-cussões se sucederam, muitos choques de interesses barraram o projeto, mas no mês de junho ele finalmente foi aprovado. Nós do “Programa E Agora José?” Dedicamos vinte e um programas (disponíveis no YouTube) anali-sando cada uma das metas e das estratégias. Anunciamos nossas preocupações e dúvidas e evidentemente iremos acompanhar o desen-rolar dessa trágica comédia que é a política educacional em nosso país.

Durante o ano de 2014 vimos crescer a violência dentro e fora da escola, falamos do estresse dos professores, chamamos a aten-ção para os desvios de verbas, fomos incan-sáveis na crítica aos pais que insistem em ter-ceirizar a educação de seus filhos, deixando para a escola essa difícil tarefa. Defendemos a opinião de que professor não é educador, pois educação cabe aos pais e não aos professo-res.

Sabemos que boa parte do que quere-mos, daquilo que entendemos como necessá-rio, para a educação em nosso país é algo quase utópico. Como já dissemos, os nossos políticos tratam a educação como um tema interessante para discussões de palanque, mas na realidade deixam a desejar quando da aplicação de suas promessas.

Com um discurso inflamado fomos in-cansáveis na proposição de que aumentar o investimento na educação (os 10% do PIB) somente iria aumentar os desvios das verbas. Não acreditamos que a falta de qualidade na educação esteja atrelada à falta de dinheiro. Na verdade entendemos que a má gestão desse dinheiro, os desvios de verbas (através de licitações superfaturadas), através do pool

de empresas que se revezam nos projetos, os rios de dinheiro que se gastam em projetos mirabolantes para salvar a educação (tablets, notebook, lousa digital e computadores) e a vontade do status quo, são os grandes res-ponsáveis pela má qualidade da educação. Mas, como sempre dissemos: muita gente ga-nha dinheiro com uma educação sem qualida-de.

Criticamos veemente a falta de um pla-no de carreira decente para o professor. De-fendemos que ele possa galgar postos dentro da escola e pleitear o cargo de diretor de es-cola, supervisor e até mesmo de dirigente regi-onal. Abominamos o fato de que os Dirigentes Regionais de Ensino deste país, assim como diretores, supervisores ou coordenadores pos-sam ser cargos políticos (muitas vezes de indi-cação partidária).

Defendemos a transparência das esco-las, principalmente dos problemas. Acredita-mos que um país democrático se faça com a plena liberdade de expressão. Não aceitamos o fato de que não se possa falar dos proble-mas e das soluções da escola em que direto-res e professores tenham que se calar diante da mídia. No Brasil ainda prevalece a lei de quem manda, a lei da mordaça em plena ativi-dade, só que de maneira sórdida, suja.

Falamos também da necessidade dos professores estarem sempre atualizados na sua área específica, pois desta forma estariam preparados para enfrentar novos desafios. De-safios esses que podem variar das questões pedagógicas às questões estruturais. Estudar os conteúdos que ensinam, as orientações di-dáticas e as legislações que regulamentam o seu trabalho é fundamental para qualquer pro-fessor de qualquer segmento.

O ano de 2014 fechou. Acabou! Se foi! Tivemos copa do mundo no Brasil, eleições, e mais um monte de eventos que influenciaram no calendário escolar e nas atividades políti-cas. Vimos um gigante que havia acordado e que voltou a dormir elegendo as mesmas figu-rinhas de sempre.

O ano de 2015 está apenas começando e já estamos a todo vapor. Vamos fundo nas nossas análises e críticas sobre a educação. No ano de 2014 reinauguramos no nosso ca-nal no YouTube e contribuímos com a demo-cratização das informações. Nossos blocos que vão para o YouTube apresentam as prin-cipais análises sobre diversos pontos na edu-cação. Fizemos duas grandes séries. A primei-ra foi uma análise completa do Relatório da Comissão Internacional de Educação para o século XX, denominado “Educação: um tesou-ro a descobrir”. Uma série de nove programas destrinchando este relatório que embasa prati-camente todas as políticas públicas em educa-ção nos países. O segundo, como já dito aci-ma, 21 programas sobre o Plano Nacional de Educação. Agradecemos muito àqueles que nos acompanham, nos criticam e nos sugerem temas para serem tratados.

Que este ano de 2015 seja muito mais produtivo, tanto do ponto de vista teórico quanto prático. Queremos ver uma educação funcionando no papel e na prática. Queremos ver professores ensinando e alunos aprenden-do. Queremos ver escolas particulares e públi-cas oferecerem espaços propícios para o tra-balho e salários dignos. Queremos ver uma educação de qualidade! Omar de Camargo Técnico Químico Professor em Química. [email protected]

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. Articulista e Palestrante. Especialista em Gestão Ambiental. Mestre em Geociên-cias e doutorando em Geologia. [email protected]

OUÇA-NOS

E agora José?

Todos os Sábados 16 horas Na CULTURAonline BRASIL PROGRAMA: E agora José?

www.culturaonline.br

www.formiguinhasdovale.org /// Rádio web CULTURA online BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 10: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 10

Funções dos Governos 01 de Janeiro - Dia do Município

O governo municipal é o mais próximo do cidadão porque está dentro da cidade. Tal-vez você não saiba, mas há meios para você, cidadão, influen-ciar as escolhas do seu município. Saber

como funciona o governo da sua cidade é o primeiro passo para conquistar direitos para você e sua comuni-dade. Dia primeiro de Janeiro se comemora o dia do Municí-pio.

Entenda as várias divisões governamentais de seu Mu-nicípio. Mas para melhor compreensão: a. A União, os estados e os municípios Além da separação dos poderes (executivo, legislativo e judiciário), o governo brasileiro também é dividido em três esferas de atuação: a) Federal: também chamado de União, é o governo com sede em Brasília (Presidente da República, minis-tros, Deputados Federais e Senadores); b) Estadual (Governador, Secretários do estado e Depu-tados estaduais); e c) Municipal: é o governo de cada cidade (Prefeito, Se-cretários municipais e Vereadores).

b. Veja como fica a distribuição dos poderes no muni-cípio:

Poder judiciário: Em termos gerais, não existe poder judiciário na esfera municipal. O judiciário que conhece-mos normalmente e no qual corre a maior parte dos ca-sos (processos) é estadual ou federal. É claro que existe poder judiciário em cada cidade, mas a administração não cabe ao município. Porém, existe um órgão que pode ser considerado judiciário no município – o Tribu-nal de Contas. O trabalho do Tribunal de Contas é fisca-lizar a aplicação dos recursos da administração pública. Poder legislativo: É composto pelos vereadores que têm como função modificar ou manter leis antigas e/ou propor novas leis. Os vereadores também têm o dever de fiscalizar o trabalho da prefeitura. As leis também podem ser propostas pelo poder executivo e até pelos cidadãos, mas será preciso que os vereadores aprovem a lei (veja mais em “como são feitas as leis”). Cada ve-reador tem o seu gabinete, um escritório onde ele e seus assessores estudam os problemas da cidade e recebem cidadãos e autoridades para ouvir suas opini-ões. Na hora de debater e votar as leis, os vereadores se reúnem na Câmara Municipal.

Poder executivo: É formado pelo prefeito (eleito), por seus secretários (escolhidos pelo prefeito) e por funcio-nários públicos (parte desses são funcionários concur-sados e fixos e outra parte é indicada pelo prefeito). A administração municipal é aquela que, de fato, “põe a mão na massa” e presta os serviços para os cidadãos. No entanto, é importante lembrar que devem cumprir leis que definem como deve ser feito o trabalho e como deve ser gasto o dinheiro. Para administrar melhor a cidade, o prefeito e seus secretários podem propor no-vas leis que são analisadas pelos vereadores que po-dem aprová-las ou não.

Um município pode fazer suas próprias leis, desde que estas não entrem em conflito com as leis estaduais ou federais. Por outro lado, alguns assuntos só podem ser

decididos por uma de determinada esfera de governo. Os limites de ação governamental dos municípios estão definidos na Constituição Brasileira.

a. Pode e deve

Educação: O governo municipal tem obrigação de ofe-recer creches, escolas de educação infantil e de educa-ção fundamental para a população. Só depois que o número de vagas nessas escolas atendam a necessida-de local é que o município pode abrir escolas de ensino médio e até universidades.

Transporte público urbano: Também é um dever do município. Já o transporte entre cidades, inclusive em regiões metropolitanas, é responsabilidade do governo estadual.

Urbanização: O poder municipal deve planejar o uso dos espaços na cidade definindo, por exemplo, se uma região deve ser residencial ou comercial. A prefeitura também tem que realizar a pavimentação e manutenção das ruas, cuidar da iluminação pública, garantir a coleta de lixo.

b. São matérias de dependência relativa do municí-pio:

Saúde: Desde a Constituição de 1988, o Brasil adotou o princípio da municipalização. A municipalização reco-nhece o município como principal responsável pela saú-de de sua população. Municipalizar é transferir para as cidades a responsabilidade e os recursos necessários para exercerem plenamente as funções de planejamen-to, coordenação, execução, controle e avaliação da saú-de local. Esse é um processo que atualmente está em curso com a implantação do Sistema Único de Saúde. Por outro lado, embora os municípios tenham a função de executar, a legislação do SUS é feita em nível fede-ral.

Impostos: Os impostos são usados para fazer funcio-nar os serviços públicos e o governo. Assim, todas as esferas de governo têm seus impostos. O Imposto Pre-dial Territorial Urbano (IPTU) e o Impostos Sobre Servi-ços de Qualquer Natureza (ISS) são impostos munici-pais que já estão previstos na constituição federal e não podem ser extintos pelo poder local. Porém, é da admi-nistração municipal o poder de definir o valor desses impostos, de criar regras para isenções, descontos e para a cobrança. O poder municipal também pode criar outros impostos e taxas que digam respeito a necessi-dades locais.

c. São matérias sobre a qual o poder municipal não tem quase nenhum ou nenhum poder de atuar:

Segurança: É muito comum que um candidato a prefeito ou a vereador faça promessas de melhorar a segurança na cidade o que não pode ser feito por ele, a não ser que isso seja feito de forma indireta, por exemplo, me-lhorando a iluminação pública. A cidade não tem uma polícia, o que ela pode é ter uma guarda municipal, mas a função desta NÃO é a proteção dos cidadãos. Segun-do a Constituição Federal, a atuação da Guarda Munici-pal é proteger os bens públicos do município.Os prefei-tos e vereadores também não podem modificar as leis criminais, como aquelas que envolvem roubo, morte e tráfico de drogas, isso é feito exclusivamente na esfera federal (afinal, essas leis valem para o país inteiro).

Sistema prisional: Esta área é administrada pelo go-verno estadual, seguindo leis regionais em concordância com a legislação federal.

Previdência social: Todos os benefícios da previdên-cia social são da ordem da união. Assim, salário mater-nidade, seguro desemprego, aposentadoria etc., são regidos por leis federais e são administradas pelo Minis-

tério da Previdência e Assistência Social. As agências da Previdência Social estão nos municípios, mas isso não quer dizer que sejam administradas por ele. O que os municípios podem fazer é criar fundos de pensão para os servidores públicos daquela cidade.

Reforma agrária: Está matéria cabe apenas ao gover-no federal.

Eleições: Matéria que cabe apenas ao governo federal.

a. Lei orgânica do município. Assim como o país e os estados, a cidade também tem sua própria “constituição”, que é a lei orgânica do município. É uma lei mais geral, não tem muitos detalhes e é mais difícil de modificar.

b. Lei complementar: A palavra “complementar” refe-re-se à lei orgânica. Uma lei complementar explica me-lhor, dá mais detalhes e complementa um ou mais arti-gos da lei orgânica. Ela não modifica a lei orgânica. c. Emenda: A emenda visa a modificar a lei orgânica. d. Lei ordinária: É o ato normativo comum, ou apenas “Lei”, que não interfere na Constituição mas não pode estar contrária a ela. Para ser aprovada precisa de mai-oria simples (50% + 1 dos presentes) de votos favorá-veis. e. Lei orçamentária: é um projeto que o poder execu-tivo envia à Câmara sobre como devem ser gastos os recursos do município. Os vereadores analisam o docu-mento, geralmente propõem modificações e, depois de aprovada, a lei vale para todo o ano seguinte. f. Decreto: São atos administrativos da competência exclusiva do Prefeito, destinados a resolver situações gerais ou individuais, que estão mais ou menos previs-tas na lei. O decreto não pode entrar em conflito com leis (a não ser que substituam um outro decreto). g. Portaria: é o instrumento pelo qual os secretários municipais ou outras autoridades expedem instruções sobre a organização prática e funcionamento de servi-ços públicos. Você certamente já ouviu falar de Comissão Parlamen-tar de Inquérito, ou CPI, que tem função investigativa. Mas a CPI é só um tipo de Comissão Parlamentar, que nada mais é do que um grupo de legisladores (no caso do município, os vereadores), que se reúnem para estu-dar a fundo um tema específico. Há comissões perma-nentes, como a que ajuda a planejar o orçamento anual do município, e comissões temporárias, como por exem-plo, as CPIs. As comissões parlamentares devem ser compostas sempre por vereadores de vários partidos para que haja equilíbrio nos procedimentos. Algumas comissões apenas estudam um assunto e o apresentam para que todos os vereadores votem a matéria. Outras têm o poder de votar um assunto, sem precisar levar para todos os outros vereadores. Como são muitos, va-riados e complexos os assuntos da administração públi-ca, dividir algumas tarefas entre os vereadores ajuda todo o processo legislativo. Os números mínimo e máximo de vereadores em uma cidade são definidos pela constituição federal. A quanti-dade exata é definida pela lei orgânica do município, respeitando o que diz a constituição. Até 1 milhão máximo 21 Vereadores Mais de 1 milhão até 5 milhões 41 Vereadores Mais de 5 milhões máximo 55 Vereadores FONTE PESQUISA: WEB

Page 11: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 11

O outro lado da história

O BRASIL NÃO FOI COLÔNIA

“A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso,

nem um feito político da Coroa ou de cortesão esforça-dos, antes a missão de uma Ordem iniciática.”

Manuel J. Gandra

CONTINUAÇÂO

Por: Loryel Rocha Parte III “Não são de todo subreptícias, nem dispiciendas, as conotações entre o ideal sinárquico dos templá-rios, isto é, a sua demanda da equanimidade uni-versal ( no seio de uma hierarquia de competên-cias), com o corpus doutrinal derivado do pensa-mento do cisterciense Joaquim de Fiori e populari-zado pelos espirituais franciscanos. De outro mo-do, como justificar que os mesmos monarcas que protegeram os templários se tivessem empenhado na difusão do joaquimismo, cujos princípios religi-osos, éticos e políticos se baseavam na ideia de que, sob a influência sucessiva de cada uma das três pessoas da Trindade, as criaturas se haviam de tornar puras, como os meninos, para ganhar o Reino dos Céus. Foi este ideário que, como é pú-blico, imortalizou Santa Isabel e Dom Dinis.

[...] A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso, nem um feito político da Coroa ou de corte-são esforçados, antes a missão de uma Ordem ini-ciática.

Motivada por expectativas milenaristas e messiâ-nicas coletivas, sincreticamente compendiadas no Auto do Império, a gesta marítima lusa resolve-se na demanda do Paraíso Perdido, esse Centro Espi-ritual supremo só alcançável, garantem-no escri-tos espirituais medievos como o Conto do Amaro, a Navegação de são Brandão, o Livro de José de Arimatéia e o Orto do Esposo, pelo nauta audaz que, em demanda do seu destino, embarque nas naus da iniciação e empreenda a travessia do Oce-ano da Alma, modelo dos oceanos do mundo, para dilatar Fé e Império (Manuel J. Gandra, 2013).

“Dilatar Fé e Império”... o engenho e arte decan-tados por Camões está na contramão da tese que perfila atribuir uma má gestão e descaso da Coroa Portuguesa na chamada tomada de posse definiti-va do Brasil depois de 1500. O tema dos Templá-rios portugueses, salvo raras e honrosas exceções, tem sido ignorado, omitido ou subvalorizado.

Consigna Silva que a historiografia registra, desde muito cedo, os precoces e estreitos laços entre a Ordem do Templo e os círculos aristocráticos por-tucalenses. A Ordem do Templo desempenhou papel fundamental tanto na formação da naciona-lidade portuguesa quanto na expansão urbana portuguesa, ocorrida ao longo dos séculos XII e

XIII. Acrescido a isso, a Ordem do Templo teve pa-pel decisivo nas guerras de Reconquista da Penín-sula Ibérica, exerceu poderosas influências em vá-rios reinos da Europa e foi decisiva para as Cruza-das. Vale frisar que, no tocante a este último item, vinculou-se de tal modo a imagem Templária às Cruzadas que sua vital importância e presença em Portugal foi abafada. Evidentemente que os Tem-plários tem muito a ver com as Cruzadas. No en-tanto, os Templários portugueses configuram um tipo muito particular de templário. E a própria Or-dem do Templo em Portugal se desenvolve de mo-do bastante específico.

Relações extremamente complexas se teceram entre os reis portugueses e a Ordem do Templo, onde apesar de documentado, impera o véu de silêncio sobre a relação da Coroa Portuguesa com os Templários e, da Ordem de Cristo com o Brasil. Isso não só porque o tema sobre os Templários é carregado de estigmas. Reações bipolares aconte-cem no trato dessa questão, que oscila entre a ad-miração incrédula, a discrição da ignorância, o pre-conceito pretensioso e a negligência erudita. Mas, sobretudo, porque, ainda se ausentam das pesqui-sas historiográficas o diálogo e os novos horizon-tes que a transdisciplinaridade estará mais habili-tada a fornecer que a engessada hermenêutica positivista.

Nesta conformidade, uma vez alienada a presença e a participação da Ordem de Cristo no Descobri-mento do Brasil, espargido o seu dinamismo espe-cífico e perdidas as chaves destinadas à sua leitura e interpretação, abre-se inexoravelmente um vazi-o histórico que só pode ser transposto uma vez que se recupere e se esclareça o que foi efetiva-mente o Projeto Templário.

“De facto, salvo algumas monografias e contribu-tos pontuais com direito a destaque, as Ordens do Templo e de Cristo não conheceram ainda quem, numa perspectiva global, sistemática, sustentada (quer tradicional, quer documentalmente) e lusía-da se aventurasse a resgatar a sua história, proje-to, práxis e patrimônio.

A utilidade do empreendimento chegou a mere-cer, convém recordá-lo o reconhecimento de au-toridades como Pedro A. de Azevedo ou Jaime Cortesão, o qual sublinharia ainda a necessidade de conduzir tal estudo ponderando o quanto do tesouro templário (espiritual, mas também mate-rial) terá sido investido na preparação e concreti-zação da expansão marítima, bem como na conso-lidação do Império português (Gandra, op. cit., 2013, p.22).

Essa parece ser a aspiração que tanto Tito Lívio quanto Manoel R. Ferreira tinham em mente quando se propuseram a pesquisar sobre as cone-xões entre a Ordem de Cristo e o Brasil. Apelam incessantemente para a importância do “eixo tem-plário” na construção da totalidade da visão que norteia o Descobrimento do Brasil, indo buscar o início de um tal projeto com a Ordem de Cristo. Nisto reside sua virtude.

Contudo, cabe acrescentar mais algumas conside-rações para encerrar esse assunto. As obras de

ambos os irmãos não tratam da decadência nacio-nal portuguesa propiciada pelo enfraquecimento da Ordem de Cristo, que tem como marco basilar o assassinato do Grão-Mestre da Ordem por D. João II, o “Príncipe Perfeito”. Uma vez que o ideal nacional imbuído de um sentido missional preco-nizado pela Ordem de Cristo (e assumido integral-mente pela Coroa até D. João II) se arrefece ou transmuta, de resto, sofrem as consequências to-do o planejamento do Projeto Templário, incluso o Descobrimento do Brasil e a forma como a Coroa conduzirá suas ações e decisões em todo o impé-rio ultramarino.

Para o contributo do enfraquecimento da Ordem de Cristo e, por conseguinte, da decadência de Portugal, está D. João III que sucede o pai D. Ma-nuel I em 1521, aos 19 anos. D. João III manteve a equipe governante do pai, mas, abandonou seu projeto Imperial (que seria retomado por seu neto D. Sebastião I, (projeto de Império decantado por Fernando Pessoa). Dividiu o Brasil em Capitanias-Hereditárias.. Era extremamente religioso (católico) e subserviente à Igreja de Roma a ponto de permitir a entrada da inquisição em Portugal. Longe ser uma coincidência, é no seu reinado, em 1529, que frei António de Lisboa levou a cabo a reforma da Ordem de Cristo, destruindo e quei-mando todos os arquivos da Ordem, praticamente dissolvendo-a e, transformando-a numa ordem de clausura. D. João III é tido como pai-fundador e protetor da Companhia de Jesus, a quem confia a missão de “irradiar a fé cristã”, um contraponto ao ideal templário de dilatar Fé e Império. D. João III nomeia o Pe. Manoel da Nóbrega primeiro Secre-tário da Educação do Estado do Brasil para estabe-lecer a rede espiritual da educação luso-brasileira, fazendo com que, durante longos anos o ensino público de Humanidades só se ministrasse nos Pá-tios da Companhia de Jesus. Os jesuítas eram pro-fessores pagos pela Coroa Portuguesa.

É também deveras sintomático os seguintes fatos: o episódio das Bandeiras e dos Bandeirantes en-volvendo jesuítas portugueses e os jesuítas espa-nhóis; o fato de estar a Companhia de Jesus dire-tamente envolvida nas questões da mineração do Brasil “colônia”; o envolvimento dos jesuítas com a revolta de Amador Bueno, episódio separatista que arrolava à São Paulo separação da Coroa Por-tuguesa. De todos estes episódios, o dos Sete Po-vos da Missões constitui o caso mais emblemático e trágico envolvendo jesuítas, portugueses e ín-dios. Muito embora Tito Lívio (A Ordem de Cristo e o Brasil) distingua sobremaneira a atuação dos jesuí-tas portugueses dos jesuítas espanhóis, Frei Ber-nardo da Costa (in: Inéditos da Crônica da Ordem de Cristo) apresenta um Compêndio Histórico so-bre os jesuítas e a Ordem de Cristo que contém denúncias graves. Frei Bernardo acusa os jesuítas de se apossarem não só do patrimônio templário pertencente a Ordem de Cristo, bem como, de in-tentaram assumir o seu papel no desempenho do ideal sinárquico .

CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

www.formiguinhasdovale.org /// Rádio web CULTURA online BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 12: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 12

Dia 11 – Dia do Controle da Poluição por Agrotóxico

ATENÇÂO

A Gazeta Valeparaibana , um veículo de divul-gação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, orga-nização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de au-las, tais como: educação, cultura, tradições, his-tória, meio ambiente e sustentabilidade, respon-sabilidade social e ambiental, além da transmis-são de conhecimento.

Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conheci-mento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas res-ponsabilidades sociais.

No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudi-quem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato. [email protected]

Rádio web CULTURAonline Brasil Prestigie, divulgue, acesse,

junte-se a nós. A Rádio web

CULTURAonline BRASIL, prioriza a Educação, a boa

Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social,

cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Saúde,

Cidadania, Professor e Famí-lia. Uma rádio onde o profes-

sor é valorizado e tem voz e, a Educação e o Brasil se discute

num debate aberto, crítico e livre, com conhecimento e

responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebr.org

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

A Organização Mundial da Sade (OMS) acaba de publi-car o seu relatório anual cujo tema é a prevenção dos suicídios que se tornaram um grave problema em escala global. Um fator que aparece como uma forma dissemi-nada de suicídios é a ingestão de agrotóxicos. Segundo a OMS, o fenômeno do suicídio associado à ingestão desses venenos agrícolas estaria tendo grande ocorrên-cia em países de economias mais atrasadas onde a a-doção de agrotóxicos não foi acompanhada das devidas medidas para dificultar o acesso, controlar a venda de agrotóxicos e pela redução do nível de toxicidade dos produtos sendo comercializados.

Pois bem, apesar do Brasil não estar enquadrado como uma economia mais atrasada, a descrição da OMS para a causa dos suicídios por agrotóxicos também é aplicá-vel por aqui, pois os mesmos sintomas de descontrole e despreocupação estão bem evidentes. E, pior, os repre-sentantes do latifúndio agro-exportador capitaneados pela dublê de latifundiária e senadora (e a futura minis-tra da agricultura de Dilma Rousseff) Kátia Abreu (PMDB/TO), estão pressionando para que as normas existentes sejam completamente fragilizadas.

A questão apontada pela OMS já sido identificada em relatórios produzidas pela Associação Brasileira de Saú-de Coletiva (ABRASCO), mas até o momento o governo federal tem ignorado as demandas para maior regulação e, na prática, tem progressivamente cedido às deman-das do latifúndio agro-exportador por mais venenos agrí-colas. O resultado é que também no Brasil as taxas de suicídio associadas aos agrotóxicos estão sendo ignora-das, o que é particularmente grave dada a posição do Brasil como maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2008. Desde 2008, o Brasil, vem ocupando o lugar de maior

consumidor de agrotóxicos no mundo. Os impactos à saúde pública são amplos porque atingem vastos territó-rios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazen-das, além de todos nós que consumimos alimentos con-taminados.

Diante desta situação, mais de 100 entidades nacionais constroem desde 2011 a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que tem o objetivo de sensi-bilizar a população brasileira para os riscos que os agro-tóxicos representam, e anunciar um novo modelo de produção de alimentos baseado na Agroecologia.

Bandeiras

Pelo fim da pulverização aérea! Pelo fim da isenção de impostos aos agrotóxicos! Pelo banimento imediato dos agrotóxicos banidos no exterior! Por uma água livre de agrotóxicos! Pela criação de zonas livres de agrotóxicos e transgêni-cos!

O que defendemos:

O que é Agricultura Orgânica?

Agricultura Orgânica é um processo produtivo compro-metido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres huma-nos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apro-priadas à realidade local de solo, topografia, clima, á-gua, radiações e biodiversidade própria de cada contex-to, mantendo a harmonia de todos esses elementos en-tre si e com os seres humanos.

Esse modo de produção assegura o fornecimento de

alimentos orgânicos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade; não utilizando agrotóxicos preserva a qualidade da água usada na irrigação e não polui o solo nem o lençol freático com substâncias químicas tóxicas; por utilizar sistema de manejo mínimo do solo assegura a estrutura e fertilidade dos solos evitando erosões e degradação, contribuindo para promover e restaurar a rica biodiversidade local; por esse conjunto de fatores a agricultura orgânica viabiliza a sustentabili-dade da agricultura familiar e amplia a capacidade dos ecossistemas locais em prestar serviços ambientais a toda a comunidade do entorno, contribuindo para reduzir o aquecimento global.

As práticas da agricultura orgânica, assim como as de-mais sob a denominação de biológica, ecológica, biodi-nâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, im-plicam em:

Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixa-doras de nitrogênio atmosférico;

Adubação orgânica com uso de compostagem da maté-ria orgânica, que pela fermentação elimina microorga-nismos como fungos e bactérias, eventualmente exis-tentes em estercos de origem animal, desde que prove-nientes da própria região;

Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade;

Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries;

uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualiza-das na realidade local de topografia, clima, variação cli-mática e hábitos culturais de sua população. FONTE DE PESQUISA: WEB

Page 13: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 13

Petróleo: Nós e o Mundo

Qual o lugar da luta de classes em meio a queda dos preços do petróleo?

Os grandes jornais e noticiários financeiros internacio-nais vêm se debruçando sobre o tema da queda do pre-ço do petróleo e seu impacto sobre a economia mundial. Para a maioria dos especialistas as conseqüências não atravessam os limiares da política econômica e da pro-dução interna dos países; com maior raridade, alguns poucos dedicam algumas reflexões sobre os efeitos nas relações entre os estados (diminuindo tendências a en-frentamentos). Mas a chave de interpretação dos efeitos da queda dos preços das matérias primas (como o pe-tróleo, que atingiu um declínio de 38% nos preços inter-nacionais, de US$115 para US$80 o barril, de junho a novembro) sobre a luta de classes é praticamente ine-xistente, mesmo para países onde a relação é mais evi-dente, como mostram as greves na China.

Queda nos preços como produto da crise econômica mundial

A queda no preço do petróleo pode remontar-se a uma combinação de fatores, associando-se fundamentalmen-te a um incremento sustentado na oferta de petróleo nos últimos anos, disparada em particular pela extração de petróleo de xisto nos Estados Unidos, que pressionou os maiores exportadores de petróleo convencional a aumentarem a produção.

Para os EUA, trata-se de conquistar melhores condições numa “nova ordem energética mundial”, com menor de-pendência frente a países adversários, como a Rússia, ou aliados instáveis, como a Arábia Saudita (além de deixar abrir margem frente à produção chinesa). Nesta disputa da matéria-prima geopolítica por excelência, os EUA aumentou sua produção de 8,5 para 9 milhões de barris diários, sendo assinalado pelo The Economist como a causa do incremento de quase 2 milhões de barris diários em todo o mundo.

Apesar da Rússia, terceira maior produtora do mundo, seguir envolvida no conflito da Ucrânia, e produtores como Iraque, Síria, Nigéria e Líbia se encontrarem com crises políticas internas, todos elevaram a produção, segundo o jornal britânico. A OPEP já anunciou que manterá constante a produção, como decisão da Arábia Saudita, que se negou a cortar a extração petrolífera para frear a queda nos preços, em base a uma estraté-gia que visa desalentar o negócio do petróleo de xisto

norteamericano, cortando a rentabilidade dos EUA (que produz a preços mais altos que a extração convencio-nal).

Entretanto, a debilidade da economia mundial e as pers-pectivas de desaceleração imprimem uma tendência contrária aos preços crescentes das matérias-primas que se impuseram desde 2010, em função principal-mente da demanda chinesa, então em rápido cresci-mento econômico. A isto, juntando-se o prognóstico de uma nova recessão na Europa e um estancamento do Japão, a China com um menor crescimento anual e os países “emergentes” em forte desaceleração, a perspec-tiva é de queda na demanda, o que não corresponde ao aumento mencionado na produção.

Estas tendências à superprodução são a base dos ris-cos de prolongados problemas deflacionários em vários países, como a China, que se vê golpeada pela super-capacidade crônica e estoques elevados de matérias-primas como cimento, carvão e aço, cuja baixa deman-da diminui os preços desses produtos e também desen-coraja o consumo interno.

Conflitos interestatais: “neo-harmonicismo” ou tendên-cias a choques?

Martin Wolf, do Financial Times, compara o atual declí-nio do petróleo com outra grande queda de magnitude, em 1985-86. Segundo o editorialista, neste momento a queda dos preços esteve assinalada por dois fatores: um rebaixamento do consumo de energia e a produção gerada pelas duas “crises do petróleo” na década de 1970, e pela entrada na produção mundial de novos produtores por fora da OPEP, como México e Reino Unido. No contexto atual, nomeia a importância dos “efeitos de reativação” que estes baixos preços teriam sobre a economia.

Isto se baseia, para o autor, em que a queda de 40 dóla-res no preço do barril representa uma transferência de aproximadamente 1,3 trilhão de dólares (cerca de 2% do PIB mundial) dos países produtores para os países con-sumidores.

Não obstante, essa análise passa por cima de grandes contradições geopolíticas. Em geral para os exportado-res, o negócio não sai bem. Países produtores de petró-leo como México, Venezuela e Rússia, começam a ter problemas fiscais e nos balanços de conta corrente, as-sim como no desenvolvimento econômico geral.

A crise econômica venezuelana desde a posse de Ma-duro vem provocando redução dos gastos públicos e ajuste na economia. Mas os “gigantes” Brasil e Rússia seguem pior. Segundo The Economist, não só o volume das exportações destes dois países está em queda, mas o preço do que exportam também (soja, açúcar e minério de ferro, além do petróleo), o que incrementa os problemas domésticos, sendo que ambos os países au-mentaram as taxas de juros e rumam para aplicação de programas de ajuste fiscal.

A Rússia, envolvida na crise da Ucrânia, recebeu uma nova rodada de sanções econômicas por parte da UE e dos EUA, o que, combinada com a queda nos preços, debilita ainda mais sua economia altamente dependente das exportações de energia (mais de dois terços da re-ceita vem da exportação de petróleo e gás). O rublo caiu mais de 23% em três meses, afetando a capacidade de pagamento das dívidas em dólares do país (90 bilhões no próximo semestre). Para piorar, a Agência Internacio-nal de Energia prevê queda na demanda e manutenção do preço médio do petróleo em US$83 o barril em 2015, bem abaixo dos US$90 de que necessita a Rússia para escapar da recessão.

Além disso, na OPEP, os países de renda petrolífera do Oriente Médio, como Arábia Saudita, utilizam esses ren-dimentos para subsidiar serviços essenciais à popula-ção e financiar seus investimentos em infraestrutura, além de que uma redução nas receitas impacta politica-mente em sua influência internacional. A ajuda que o Irã e a Rússia prestam ao regime de Assad na Síria, e que o auxílio bilionário que a Arábia Saudita presta à ditadu-ra militar no Egito dependem altamente do petróleo.

Estas disputas interestatais, tensionadas por ora no ní-vel econômico, prognosticam agravamentos geopolíticos e não acalentam nenhuma teoria “neo-harmonicista” no já convulsivo cenário internacional.

Luta de classes: a maldição do “ouro negro” na China

A queda do preço do petróleo é uma faca de dois gumes para a China. Superficialmente, isso poderia ajudar a maior consumidora de petróleo do mundo a diminuir gastos com importação. Entretanto, a China é também a quarta maior produtora mundial. A diminuição das recei-tas petrolíferas nas províncias produtoras na China co-meça a gerar conflitos operários. Greves de professores e trabalhadores industriais se desenvolvem na província de Heilongjiang, onde fica campo de petróleo de Daqing, o maior na China, em que o governo local cortou salá-rios e benefícios.

A taxa mais baixa em cinco anos nos preços do carvão devastou a economia do interior da China, palco de re-beliões mineiras na província de Shanxi (que produz 25% do carvão nacional). Enquanto a atividade manufa-tureira conseguiu atingir o crescimento mais lento nos últimos oito meses, a taxa de crescimento do PIB chinês foi de 7,3% no terceiro trimestre, o menor desde 2009, e inferior ao objetivo de crescimento do governo chinês, de 7,5%.

Sem estabelecer uma relação automática entre dificul-dades econômicas e emergência de conflitos abertos entre as classes, cumpre dialetizar esta relação desapa-recida das análises econômicas, e mostrar como a que-da do petróleo indica, ao contrário de perspectivas de “reativação”, como anda mal a marcha da economia mundial, o que pode elevar tendencialmente os choques interestatais e a luta de classes.

FONTE CONSULTA: WEB

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 14: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 14

Conhecer

Fundamentalismo islâmico

O que é o Islã político, mal chamado de funda-mentalismo islâmico? Quando surgiu? Por quê? É igual em todos os países? Qual é o projeto do Ha-mas? Há algumas perguntas as quais é necessá-rio responder para que se entenda o conflito pa-lestino-israelense e a atual situação no Oriente Médio 1. Quando surge o Islã político? Em 1928 é fundada a Irmandade Muçulmana no Egito, que, com o passar dos anos, foi se expan-dindo para vários países do mundo árabe. Esta foi a primeira organização moderna a adotar o Islã como base de seu projeto político.

Apesar de sua criação precoce e desenvolvimento teórico ao longo do século XX, durante décadas foi ignorada pelos governos nacionalistas ou pró-ocidentais que dominavam a região. Por conta das perseguições, seu trabalho foi eminentemente so-cial. A irrupção massiva e expansão do islamismo se deu, então, a partir de 1979, com a chegada da Revolução Iraniana ao governo do país. 2. Quais são seus fundamentos? O Islã político parte da premissa de que os postu-lados do Islã são aplicáveis a um programa políti-co e integral para a sociedade. Daí resulta a Cha-ria, ou Direito Islâmico.

É necessário esclarecer que não existe uma única forma de interpretar o Corão (livro sagrado dos muçulmanos) e os preceitos do Islã. Isso se refle-te, por sua vez, nas distintas organizações que promovem o islamismo.

A Charia não é a mesma no Sudão (onde se prati-ca a mutilação genital feminina), na Nigéria (onde é permitido apedrejar até a morte uma mulher a-dúltera) ou no Irã, onde as mulheres podem dirigir e ir para a universidade.

O cientista político francês François Burgat, espe-cialista em Oriente Médio, toca em um ponto bási-co, mas que carece de explicação: “São as perso-nalidades islâmicas que fazem o islamismo, e não o contrário”. Além disso, afirma que “segundo a natureza do terreno social que atravessa, das for-ças políticas que dela se apropriam, e das rea-ções dos regimes, a corrente islâmica se expressa com multiplicidade de registros e através de mo-dos muito distintos. Nenhum deles pode ser uma chave de leitura única e atemporal.”

Por isso, é incorreto dizer que o Hamás, na Pales-tina, é o mesmo que o Boko Haram, na Nigéria, ou então a Irmandade Muçulmana, no Egito. 3. Que setores sociais representa o Islã políti-co? Com a revolução iraniana de 1979 e o primeiro

governo islâmico da história, irrompem na política setores sociais que haviam sido relegados àquele rincão do mundo.

O estudioso francês Gilles Keppel aborda essa questão ao defender que “o movimento islâmico é dúbio. Nele, encontramos a juventude urbana po-bre, oriunda da explosão demográfica do terceiro mundo, do êxodo rural massivo e que, pela primei-ra vez na história, tem acesso à alfabetização.” Keppel explica que também o integram “a burgue-sia e as classes médias piedosas que foram mar-ginalizadas no momento da descolonização, leva-da a cabo pelos miliares e por dinastias fundadas por meio do poder.”

Isso quer dizer que o islamismo tem um apoio po-pular significativo, especialmente em sua versão mais radical, e também nacional. Mas não signifi-ca necessariamente que incorpore um projeto po-lítico ligado às reivindicações populares progres-sistas ou de esquerda. 4. Por que o islamismo se dividiu em duas cor-rentes majoritárias? Toda revolução gera uma reação, e o caso do Irã não foi a exceção. A chegada ao poder do Aiatolá Jomeini em 1979 determinou o auge do Islã políti-co e também a sua radicalização, em contraposi-ção aos esforços reformistas da histórica Irmanda-de Muçulmana.

É assim que aparecem e ganham força, na déca-da de 1980, grupos armados islâmicos, como o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Palestina. Em resposta, a dinastia da Arábia Saudita emerge como foco de contenção à radicalidade desses novos movimentos. O islamismo conservador pas-sou, assim, a ser financiado por um dos países mais ricos do mundo e seus aliados estratégicos.

Para sufocar a tentativa de estender a revolução iraniana ao resto do Oriente Médio, a Arábia Sau-dita impulsionou sua própria “cruzada”: a guerra do Afeganistão. Milhares de mujahidines foram enviados como combatentes internacionalistas a deter o avanço do comunismo soviético por meio da dinastia de Riad. Dessa situação nasceu a liga-ção do saudita Osama Bin Laden ao Taliban, que então governava o Afesganistão. 5. Como e por que surge o Hamas? Neste contexto convulsionado do Oriente Médio, com o Islã político no auge durante a década de 80, surge o Hamas (“Despertar”, em árabe). Em-bora suas origens estejam ligadas à Irmandade Muçulmana egípcia, devido ao trabalho social que realizava principalmente na Faixa de Gaza, a nova organização expressou e expressa uma das ver-sões do islamismo radical, como consequência da influência da Revolução Iraniana.

A primeira Intifada (“levantar a cabeça”), que co-meçou em 1987 e durou até os Acordos de Oslo de 1993, foi o contexto no qual emergiu este novo movimento político-militar. Durante estes anos, as populações palestinas de Gaza, Cisjordânia e Je-rusalém Oriental se rebelaram contra a ocupação israelense. 6. O Hamas foi impulsionado por Israel? Poucas mentiras sobre o conflito palestino-israelense foram tão difundidas e aceitas, inclusi-ve em ambientes ocidentais progressistas.

Como citado anteriormente, o Hamas surgiu de organização do trabalho social realizado nas mes-quitas palestinas, muito similar ao promovido pela

Irmandade Muçulmana no Egito. Durante déca-das, Israel permitiu a proliferação do trabalho rei-gioso islâmico por considerá-lo inofensivo e por representar um freio à posição laica, democrática e de libertação nacional da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Aqui nasce o erro e a distorção histórica.

Foi esta construção subterrânea que permitiu ao Hamas desenvolver uma hegemonia muito forte entre a população (fundamentalmente de Gaza). A Revolução Iraniana e a politização massiva do Islã no Oriente Médio catapultaram o trabalho social ao plano político. 7. Quais as diferenças entre o Hamas e a OLP? Primeiramente, o Hamas é uma organização cujo objetivo é construir um Estado islâmico na região histórica da Palestina, enquanto a Organização para a Libertação da Palestina é laica, e portanto luta por um Estado palestino democrático e similar ao estilo ocidental.

Outro ponto de divergência na década de 90 foi o reconhecimento do Estado de Israel como tal. A-pós anos de luta, a OLP optou por negociar, e dessa forma se alcançou os Acordos de Oslo, que deram origem à Autoridade Nacional Palestina (ANP), governo do proto-Estado que nunca se constituiu devido às violações por parte de Israel. O Hamas, por sua vez, nasceu e postula, em sua carta orgânica, a destruição do Estado de Israel. Por isso, rejeitou, no começo, os Acordos de Oslo e a ANP. Esta postura inicial, entretanto, se con-verteu com o tempo em posições mais realistas. 8. Qual é a política atual do Hamas? No início, o Hamas adotou um linha de ação radi-cal, que incluía a realização de atentados suicidas entre 1994 e 2004 (desde então não voltou a reali-zá-los, embora a propaganda israelense os cite sistematicamente). A radicalização, somada à po-sição mais diplomática da OLP, permitiu ao grupo crescer e se consolidar como uma alternativa dife-rente ao povo palestino.

No entanto, sua política tem variado. Em 2001, Ahmed Yassin, dirigente máximo da organização, assassinado em 2004 por Israel, afirmou: “Não lutamos contra povos de outras religiões ou ju-deus pelo fato de serem judeus. Lutamos contra os que ocuparam nossas terras, tomaram nossas propriedades, transformaram em refugiados nos-sas famílias e massacraram nossos filhos e mu-lheres.”

Em 2006, o Hamas concorreu pela primeira vez às eleições legislativas para a ANP. Em um dos plei-tos mais democráticos da região, saiu vencedor. Mas Israel e Estados Unidos tentaram dividir e deslegitimar o triunfo do grupo islâmico. Com cer-to consentimento do Fatah (a organização prepon-derante a OLP), o governo palestino se fragmen-tou em dois: Hamas em Gaza e OLP na Cisjordâ-nia.

Esta divisão favoreceu e favorece a política israe-lense de negar a criação de um Estado palestino autônomo e soberano. Porém, no início deste ano, Hamas e OLP haviam firmado acordo para reunifi-car o governo palestino mediante uma administra-ção de transição, até que se realizassem novas eleições. A decisão palestina provocou a ira do governo de Israel, que poucos meses depois, prin-cipiou a ofensiva que perdura até agora. Por Santiago Mayor, em Notas Tradução por Anna Beatriz Anjos Crédito da foto: The Christian Science Monitor)

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Page 15: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro 2015 Gazeta Valeparaibana Página 15

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Falsos profetas do senso comum

Auto-ajuda, auto-engano e outras coisas no piloto a utomático

Por: Mauro Oliveira

Tem dias que tristeza ou mau humor é mais problema hormonal que qualquer outro motivo.

A biologia manda e desmanda em muita gente. O mau humor, algu-mas vezes, torna a pessoa chata e crítica, por outro lado a impede de ser enganada facilmente, esse é o lado bom. Mas é perigoso andar por ai com a cara fechada e com os nervos a flor da pele. Para isso a política da boa vizinhança ainda é um bom conselho a ser seguido. Por dentro se mordendo de raiva por algo que não deu certo e por fo-ra mantendo o respeito e a boa educação tratando bem as pessoas, afinal, se os os planos não deram certo, algo fugiu ao controle, seja com estranhos ou conhecidos, eles não são responsáveis por esses desencontros. Nessas horas a atitude de um excelente ator deve ser explorado para evitar transtornos maiores.

Cara de paisagem: "Tudo bem? Sim, tudo em paz."

Porém, evite o piloto automático.

O ser humano, em muitos aspectos é inimigo de si mesmo. Vencer os próprios enganos é uma meta natural e quando esse objetivo não é atendido o resultado é grande sentimento de frustração.

Quem ousa jogar a responsabilidade nos outros ainda não entendeu ser ele mesmo responsável pela própria felicidade. O que se planta hoje colhe hoje, amanhã. Isso inclui o olhar, a forma como se resolve problemas, a capacidade de achar soluções, a rapidez de sair dos sentimentos de crise lançar a si mesmo criativamente num novo pata-mar.

Preparar-se. Antecipar-se. "Colocar as barbas de molho". Existem pessoas que se antecipam, se preparam para o pior. Pessimista? Re-alista? O contrário disso é otimista? Vacilão?

Evoluir é uma tarefa especial.

A voz do cão (não o do cão cachorro, mas o do capeta), vai latir ou sussurrar, dizendo para fazer isso ou aquilo, mas "faça quando tiver condições apenas", começar projeto novo? "Não! Faça isso depois".

Síndrome “maria vai com as outras” é comum, fazer o que todos fa-zem. Pensar livremente dá trabalho, é como no filme Matrix, sair do virtual, escapar do sistema, ou como em Senhor dos Anéis, não se deixar ser seduzido pelas promessas de poder, que seria o mesmo

que carregar um anel que fornece forças sobrenaturais por um tempo e na sequencia torna escravo de um poder maior e obscuro.

As vezes o cabra mostra que é homem de verdade quando consegue manter um diálogo sério e civilizado consigo mesmo.

Com o destino traçado para criar algo novo e morrer por ter vivido a-penas repetições é decepcionante. Ao nascer, cada pessoa é a prova de que ela venceu a corrida disputada entre milhares de espermato-zoides. Alcançou o óvulo. Pode contar como a primeira vitória da vida.

"Sou uma pessoa muito boa e religiosa." Disse um rapaz. "Creio que por esse motivo eu sofra tanto, pois as pessoas se aproveitam de mim e algumas até me enganam".

Onde ser religioso faz alguém ser bom? Se o camarada é realmente ligado a um ser superior, primeira coisa que ele deve tomar consciên-cia é que o mundo é malandro, no sistema religioso essa verdade não é ignorada e, portanto deve estar atento a tudo, ligeiro.

Trabalhar a visão é um item importante, já que os enganos se reno-vam de tempos em tempos, por exemplo, ninguém começa algo ruim sem enxergar nele uma vantagem, assim é o viciado que começou curtindo uma droga, a princípio "inocente", depois com o tempo achou nela uma fuga e passou a viver debaixo das asas daquele vício.

Fazer-se de coitado, pobre e sofredor é uma cena que não leva nin-guém a nada, nem para o que encena e nem para o que assiste,. In-felizmente há quem gosta tanto disso que veste todos os dias essas ações, exibe-se, revela-se, viciou-se nesse tipo de droga.

Uma vez ouvi uma psicóloga dizer que não existe vítima sem vilão, ou vice-versa.

Um bom descanso, um bom prato, uma boa risada... Tudo equilibrado e alguns exageros de vez em quando fazem bem.

Cada aspecto em seu devido lugar. Assuntos do trabalho no trabalho, problemas de casa bem resolvidas em casa. Sem misturar os locais, um não invadindo o espaço do outro é um modo evoluído de ser.

Certas loucuras, no péssimo sentido, nascem do hábito de não parar para se organizar, simplesmente isso. Ao decidir bagunçar toda a vi-da, consciente ou não, achando que as coisas se auto-reorganizarão sozinhas, a pessoa comete um erro grave, grande é o prejuízo, pois necessitará de um tempo que poderia estar fazendo outras coisas pa-ra colocar tudo de volta no lugar.

Agir. Revolucionar. Libertar. Inspirar. Entusiasmar.

Se você for esperar o motivo certo para fazer alguma coisa, nunca fará nada.

.

Page 16: Ano VIII - Edição 86 2015 Distribuição Gratuita · Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para ... A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído

Janeiro - 2015

Edição nº. 86 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Língua Brasileira

A língua brasileira, ou o português no Brasil, não é apenas uma contextualização do portu-guês de Portugal; ela é uma historicização singular, efeito da instauração de um espaço-tempo particular diferente do de Portugal. Es-paço-tempo que se caracteriza pela forte uni-dade da língua brasileira na representação do imaginário nacional. Em países de coloniza-ção, como o Brasil, dá-se o processo do que chamamos heterogeneidade linguística pelo qual a língua funciona em uma identidade du-pla. Desse modo, línguas que são considera-das as mesmas, porque se historicizam de maneiras diferentes em sua relação com a formação dos países, são línguas diferentes. Ou seja, falamos a “mesma” língua, no caso do português do Brasil e o de Portugal, mas falamos diferente. Assim podemos dizer que essas línguas dife-rem porque produzem discursos diferentes, significam diferentemente. Nossa língua, en-tão, a língua brasileira significa em uma filia-ção de memória heterogênea. O português do Brasil e o de Portugal se filiam a interdiscursi-vidades distintas como se fossem uma só, mas não são. São distintos sistemas simbólicos, com distin-tas materialidades históricas, mas aparentan-do a mesma materialidade empírica. Que no entanto é só uma questão de aparência ha-vendo uma disjunção necessária entre elas. Por que esta disjunção necessária? Porque

elas se constituem segundo diferentes memó-rias. Ao deslocar-se no espaço, ao desterritorializar-se de Portugal para o Brasil, esta língua so-freu um processo de transferência, transfor-mando-se. Inicialmente, com a vinda de portu-gueses para o Brasil temos um investimento na relação palavra/coisa (é a mesma coisa aqui e em Portugal que assim é nomeada?). O colonizador português, de acordo com sua memória discursiva reconhece e nomeia coi-sas, seres, processos, acontecimentos. Mas ele o faz transportando meramente elementos de sua memória linguística. Como ele se en-contra no Brasil, este deslocamento força con-tornos enunciativos diferenciados (como se chama no Brasil etc) Esta diferença se torna cada vez mais uma diferença de língua (relação palavra/palavra: bicha/fila) e não de palavra/coisa. Daí resulta um trabalho sobre a língua e o português as-sim transportado acaba por estabelecer outra relação palavra/coisa, cuja ambivalência pode ser lida nas remissões: no Brasil/em Portugal. Tem lugar então a produção de um espaço de interpretação com deslizamentos, efeitos me-tafóricos que historicizam a língua aqui, no Brasil, diferente de Portugal. Produzem-se transferências, deslocamentos da memória na relação da palavra com a coisa. Aí de novo, aqui no Brasil, repõe-se a relação da palavra com ela mesma dando lugar à or-ganização, classificação em um movimento de saber (dicionários, gramáticas etc). A língua praticada nesse outro lado do Atlânti-co realiza de outra maneira a relação unidade/variedade. A unidade aqui não refere mais o português do Brasil ao de Portugal mas à uni-dade e variedades existentes aqui mesmo no Brasil. Essa é sua singularidade.

Há um giro no regime de universalidade da língua portuguesa que passa a ter sua refe-rência no Brasil. Nessas condições, a varia-ção não tem como referência Portugal, pois a diversidade concreta é produzida aqui mesmo no Brasil, na convivência, contato, de povos de línguas diferentes (línguas indígenas, afri-canas etc). Nossas variações são variações relativamente ao Brasil e não a Portugal. Por sua historiciza-ção em outro território, o Brasil, o processo de constituição da língua portuguesa se remete não a um modelo estático exterior a seu cam-po de validade (nacional) mas à sua prática real em um novo espaço-tempo de práticas discursivas. A gramatização em um país colonizado traba-lha segundo um duplo eixo: o da universaliza-ção e o do deslocamento. Pela sua gramatização, o português no Brasil instala seu direito à universalidade, garantindo a unidade (imaginária) constitutiva de qual-quer identidade. Paralelamente tem seus usos variados. Uma vez conquistado seu direito à unidade, reconhece suas variedades (relação com as línguas indígenas, africanas, de imigração etc) que lhe dão identidade para dentro e para fora – para dentro, por exemplo, distingue-se o português standard dos tupinismos, africa-nismos, populismos; para fora, distingue-se pelo mesmo traço, os brasileirismos, em rela-ção ao português de Portugal. Ambivalência que mostra o giro pelo qual transferimos para o Brasil a referência da uni-versalidade da sua língua, a língua brasileira. Esse reconhecimento é parte da nossa unida-de nacional. FONTE: http://www.labeurb.unicamp.br/