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vitória vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano XI Nº 126 Fevereiro de 2016 A vida pede MUDANÇAS Reportagem Pequenas mudanças de hábito no dia a dia para preservar o meio ambiente Atualidade Mobilização popular para a luta contra o aedes aegypti Entrevista O ex-morador de rua que, pela família, resolveu mudar de vida

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI • Nº 126 • Fevereiro de 2016

A vida pedeMUDANÇAS

Reportagem Pequenas mudanças de hábito no dia a dia para preservar o meio ambiente

AtualidadeMobilização popular para a luta contra o aedes aegypti

EntrevistaO ex-morador de rua que, pela família, resolveu mudar de vida

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arquivix

@arquivix

Embora muitos se adaptem a rotina, e até gostem dela, em algum momento de nossa vida sentimos neces-sidade de mudança. Seja um corte de cabelo, o sofá de lugar, o emprego e até mesmo a cidade. O que nos instiga para essa mudança são os fatores internos e externos que nos provocam a atitude: é preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. E então nos transformamos, mudamos as nossas ideias e ideais, deixamos de ser caroço e viramos pipoca. Nesta edição, percebemos que até mesmo em pequenas atitudes do dia a dia te-mos capacidade de transformar grandes coisas, assim como podemos notar na reportagem, na entrevista, na atualidade, no viver bem... e fiquem tranquilos, neste editorial, a mudança é apenas temporária! Boa leitura! n

Mudar é preciso

editorial

fale com a gente

letícia Bazet

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI – Edição 126 – Fevereiro/2016Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Paulo Victor F. Rocha • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

17 PENSAR

22 VIVER BEM

26 CoMuNICAção

29 ENtREVIStA

33 ElEIçõES

39 ARquIVo E MEMóRIA

42 ENSINAMENtoS

46 ACoNtECE

05

11

15

21

27

44

AtuAlIdAdEEstamos mesmo em luta contra o aedes aegypti?

ESPECIAlEcumenismo para uma casa comum

ECoNoMIA PolítICAEmergências continuadas

SugEStõESFeira de livros e fábulas

ASPASSó o Povo Salva o Povo

ECologIALouvada seja a casa comum,nossa responsabilidade!

MicronotíciasBicicleta ecologicamente correta

08

Pergunte a queM sabe

O que é mais importante levar em consideração na hora da

compra do smartphone?

40esPiritualidade

Você quer ser rico?

16

rePortageM

editorialMudar

é preciso

ideiasCoisas comuns,

banais, rotineiras: que maravilha!

caMinhosda bíblia

Os discípulosmissionários

em Jo 1,35-51

03

24 32 45

12 18

diálogos Mundo litúrgico

cultura caPixaba

ela está no meio de nós! a espiritualidade

litúrgicaLiteratura capixaba

34

para mudar o mundoMude você

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Gilliard ZuqueVander Silva

atualidade

estamos mesmo em luta

Um único mosquito que vive entre 30 a 45 dias e pode contaminar

300 pessoas. Este é o mosqui-to aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, chikungunya, malária, febre amarela e outras doenças que ainda não chegaram ao Brasil. Em 2015 este mosquito infectou um milhão e meio de pessoas e fez com que todo o país se mobilizasse para as ações de combate. O que era apenas uma ame-aça pontual, nos períodos chu-vosos em regiões mais quentes do país, se tornou uma ques-tão de saúde pública na qual as autoridades parecem ter sido surpreendidas e agora “correm atrás do prejuízo” na busca de tratamentos eficazes, rápidos e acessíveis. O fato é que o combate e erradicação do mosquito não é tarefa fácil. O aedes aegypti é um mosquito urbano que vive no interior das residências ou a poucos metros das casas. As fêmeas, únicas transmissoras

contra o aedes aegypti?de doença, precisam do sangue humano para fabricar seus ovos. De acordo com a bióloga Denise Valle, pesquisadora da Fiocruz, “é um mosquito oportunista, vai acompanhar o homem sempre. Quanto maior o número de cria-douros e de pessoas para picar, mais ele vai viver”. Para sua proliferação, basta ter água limpa parada, como a água da chuva acumulada den-tro de vasilhas. No Brasil, a situação torna-se mais crítica por causa das regiões de grande densidade populacional, onde há muito resíduo espalhado, lixo como garrafas pet, sacos plásticos, copos descartáveis, pneus, entre outros acumula-

dores de água. O desafio é enorme, mas um bom exemplo vem de um país pequeno do Sudeste Asi-ático, Cingapura. Com cerca de cinco milhões de habitantes, conseguiram o feito de eliminar o mosquito seguindo três prin-cípios: intenso investimento em controle; coleta e análise de in-formação estratégica e punição ao desleixo.

Caso de Cingapura Diariamente, agentes per-correm regiões das cidades aplicando pesticida nos focos de desova. As divisas do país são monitoradas com uma rede de armadilhas que atraem mos-

quitos fêmeas em busca de um local para colocar seus ovos que per-mi te ao go-verno mapear onde há maior incidência de mosquitos fér-teis e, então,

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atualidade

Como cerca de 80% dos focos de proliferação estão nas residên-cias, antes de pensarmos o que o poder público deve fazer, devemos cumprir a nossa parte eliminando os criadouros em nossas casas. O que assusta é que apesar de várias

E o que podemos fazer?

combatê-los com esforço redo-brado nestas áreas. Um código de cores avisa aos moradores o nível de risco no bairro onde moram, para que a conscientização ocorra em tempo real. O alerta verde indica que “está tudo bem”. O amarelo, que “há casos de dengue registrados no seu bairro”. Já o alerta vermelho aponta que “há mais de dez casos registrados” nas proximidades. Os agentes podem entrar sem autorização judicial em proprie-dades particulares e emitir multas aos cidadãos que tiverem em suas casas água parada com ovos do mosquito. Em última instância, a negligência pode levar à cadeia. Já as empreiteiras têm de ga-rantir canteiros de obras seguros, senão a construção pode ser ime-diatamente embargada. A cada ano, Cingapura inves-te pelo menos 45 reais por cidadão no combate à dengue.

E no Brasil? Devido ao alto custo dos in-vestimentos e a grande extensão do território brasileiro, especia-listas afirmam que erradicar o mosquito aedes aegypti no Brasil seria extremamente difícil. “Não podemos replicar o modelo de Cingapura. É completamente di-ferente. Cingapura é muito peque-no, muito rico e muito severo em suas leis.Seria impossível. Todo país precisa adaptar medidas de controle às suas condições”, diz o médico e professor Jonas Schmidt--Chanasit, do Instituto Bernard--Noch de Medicina Tropical e es-pecialista na área da Organização Mundial de Saúde. Então, o que um país sem dinheiro e com leis brandas pode realizar? O que Cingapura e Brasil têm em comum, entretanto, é a busca por novos métodos de controle do mosquito. Ambos os países

estão estudando uma tecnologia pioneira. O método de erradicação proposto não foca somente em reduzir a população de insetos, mas principalmente em propa-gar a presença de uma bactéria, a wolbachia, entre os mosquitos. Segundo pesquisas, a pre-sença no organismo do inseto agiria como agente bloqueador na transmissão de doenças tropi-cais. Machos com wolbachia que

campanhas de conscientização, as pessoas continuam achando que o problema é dos outros e prefe-rem reclamar a adotarem atitudes simples e eficazes. A Secretaria de Saúde do Estado, criou um check list, com o qual você pode

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acasalam com fêmeas nativas re-sultam em ovos que não vingam. O cruzamento entre dois mosquitos com a bactéria resulta em filhotes com a bactéria e, quando apenas a fêmea está infectada, os ovos que ela gerar também carregarão a bactéria consigo. A wolbachia seria segura e não causaria doenças em humanos, por ser um elemento que já está presente na natureza e em diversos insetos.

em cerca de dez minutos con-ferir se sua casa está livre do aedes aegypti. Que tal dedicar um pouco do seu tempo à saúde de todos nós? Saindo da passividade podere-mos encarar esta luta.

A expectativa é de que, no futuro, com um investimento de quatro reais por cidadão, seja pos-sível erradicar muitas das doenças propagadas pelo mosquito, sem ter de exterminá-lo.

Testes semelhantes com mos-quitos portadores da bactéria estão ocorrendo na Colômbia, Vietnã, Indonésia, Austrália e Brasil, onde a coordenação é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). n

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micronotícias

cama especial para os bichinhos de estimação

overdose de cafeína

Para evitar o trânsito caótico das cidades grandes, muitas pessoas optam pelo uso das bi-cicletas. O uruguaio radicado no Brasil Juan Muzzi projetou as bicicletas sustentáveis e a ideia está sendo desenvolvida por uma empresa brasileira. Para cons-truir o quadro de uma bicicleta são utilizadas aproximadamente 200 garrafas PET. Para realizar o traba-lho, ONGs recolhem sucatas e os próprios clientes levam o material reciclável. Existem vários modelos e os preços chegam a custar metade das bicicletas convencionais.

Para as pessoas que não querem deixar o bichinho de estimação sozinho durante a noite ou do lado de fora da

casa, uma solução é a Cama Pet. É um espaço otimizado no próprio box e feito sob medida para o animal.

Os apreciadores do café devem tomar cuidado com o consumo excessivo da bebida. O alerta sobre a overdose de cafeína veio em decorrência da

bicicleta ecologicamente correta

morte de algumas pessoas, in-clusive adolescentes. As auto-ridades internacionais de saúde recomendam que o consumo diário seja de meia a três xíca-

ras. Dentre os sintomas estão pulso acelerado ou irregular e em casos de intoxicação, vômito, diarreia e perda momentânea de consciência.

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aplicativo para gerenciar empréstimo de livros As pessoas que emprestam livros geralmente sofrem por não tê-los de volta. Para resolver esse problema, foi criada uma ferramen-ta para facilitar a troca de livros entre amigos. O aplicativo Livro é gratuito e pode ser instalado tanto em sistema Android, como em iOS. Ele permite que você compartilhe a sua lista de livros e conheça a dos seus amigos.

Filme capixaba disputa prêmios internacionais no festival de berlim “Das águas que passam” é o nome do filme capixaba dirigido por Diego Zon que participará do Festival de Berlim entre os dias 11 e 21 de fevereiro, na capital alemã. É a única produção brasileira que disputa os prêmios Urso de Ouro e Urso de Prata na categoria curta-metragem. Gravado em março de 2015 em Regência, município de Linhares, o documentário narra a história de um pescador e as suas relações com o seu local e as pessoas que o cercam. O cenário onde deságua o Rio Doce foi atingido pelo desastre ambiental de Mariana, em novembro de 2015.

O aparelho desenvolvido na França funciona com luzes de LED, que mudam de cor de acordo com o consu-

mo permitido de água. Mil unidades já foram distribuídas até agora e a evolução é

fruto de financiamento coletivo. Um banho de 7 minutos con-

some aproximadamente 75 litros de água. Segundo os criadores, o chuveiro passa a piscar no ver-melho quando o banho atinge 49 litros.

chuveiro que ajuda a controlar consumo de água

Mais de 45 milhões de pes-soas com deficiência serão be-neficiados pela lei Brasileira de Inclusão. A lei promove mudanças significativas em diversas áreas como educação, saúde, mobilida-de, trabalho, moradia e cultura. Sites da internet, por exemplo, deverão estar acessíveis, garan-tindo ao usuário com deficiência as informações disponíveis. Em www.w3c.br, há uma cartilha so-bre acessibilidade na web baseada nos padrões internacionais.

No dia 21 de fevereiro termina o horário de ve-rão. os relógios devem ser atrasados em 1 hora.

lei brasileira de inclusão

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edebrande cavalieri doutor em ciências da religião e professor da ufes

ecumenismo para uma casa comum

O ecumenismo nasceu nos tempos modernos em decorrência da

expansão colonial dos países europeus protestantes rumo aos continentes africano e asiático. A expansão econômica exigia no campo missionário um con-junto de ações tendo como eixos principais a disseminação da Bí-blia entre os povos colonizados e a promoção da saúde com a construção de hospitais. Assim, as diversas Igrejas protestantes acabaram se unindo nas missões além-fronteira. A necessidade da unidade cristã entre as Igrejas nasceu do trabalho missionário. Portanto, a primeira iniciativa ecumênica nasceu no meio pro-testante. Somente mais tarde é que o ecumenismo tomará o caminho de ação em vista da unidade dos cristãos, quando também a Igreja Católica passa a incorporar esse movimento. E foi o Concílio Va-ticano II que marcou o divisor de águas nesta questão e em tantas outras. Entende-se que é preciso restaurar a unidade dos cristãos, quebrada na maioria das vezes por interesses políticos ou con-junturas culturais diferentes. O Magistério da Igreja afirma que

o ecumenismo “pertence à vida e ação da Igreja”. Então, para os católicos o ecumenismo não pode ser reduzido à Semana de Oração pela unidade dos cristãos conduzida pelo Conselho Nacio-nal de Igrejas Cristãs na semana anterior a Pentecostes. O surgimento das Igrejas Pentecostais e Neopentecostais no século XX trouxe uma nova configuração à vivência cristã: mais disputas por adeptos para cada uma destas Igrejas. Os meios de comunicação tornaram-se al-tamente disputados e para isso cada Igreja luta desbravadamente para angariar recursos para sua manutenção. A igreja virou uma empresa religiosa. Ao mesmo tempo observa-se o nascimento numeroso de novas organizações religiosas e espirituais pelo mun-do a fora. O pluralismo religioso e cultural parece ser a sina deste milênio que mal se inicia. Ao mesmo tempo, nota-se o cres-cimento de ações intolerantes, perseguições religiosas, guerras, conflitos e disputas diversas. Em sua origem, o termo gre-go OIKOUMÉNE significava o mundo habitado, a casa comum, onde ninguém era considerado estrangeiro. No mundo que vi-

“no Mundo que ViVeMosé Preciso encontrar alguM Ponto coMuMqUepOssanOrtearasações

religiOsaseespiritUais.”

especial

vemos, as iniciativas ecumênicas precisam ir além dos aspectos doutrinários; é preciso encontrar algum ponto comum que possa nortear as ações religiosas e es-pirituais. Cresce cada vez mais a necessidade de referenciais de cunho ético, que possam cons-tituir uma nova moralidade na humanidade. A missão das reli-giões é o desenvolvimento ético. De nada adianta um fiel que paga

em dia o dízimo e vai ao culto todo final de semana se na vida diária já se acostumou ao des-leixo ético, sonegando, corrom-pendo, dando propina, burlando a lei. É a base ética que garante uma convivência humana de paz numa casa comum habitada por uma complexidade e diversidade religiosa e espiritual cada vez maior. n

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coisas comuns, banais, rotineiras:

que maravilha!

s omos investidos e revesti-dos por pequenas coisas, aquelas comuns, rotinei-

ras, banais, e que definem quem somos e a vida que vivemos. Mas temos sonhos de distinção, de grandezas, de que somos es-peciais. A vida, no entanto, se faz de banalidades: o trabalho, a rotina, as pessoas, espaços e objetos com os quais lidamos no dia a dia. Mesmo as pessoas mais importantes, seja a rainha ou o cardeal, o jogador de fute-bol mais famoso ou o ator que ganhou o oscar, todos têm sua vida coberta pelas banalidades. (E não coloco aqui nenhuma co-notação negativa para o termo). Vive-se com e por intermé-dio das banalidades. Elas nos

servem e nos servimos delas, e ainda assim temos por elas ingratidões, como se elas nos impedissem de experimentar a vida em intensidades outras e especiais. Ah, talvez nos exa-geremos em ilusões. Não habi-tamos pedestais. Bem sabemos que não. Se um ou outro pedes-tal nos é reservado na vida eles são poucos e frágeis em seus pequenos minutos de glória. O comum, o cotidiano, o banal, o ordinário, o trabalho forram o chão e permeiam o ar de nossas vidas. Se há felicidade é do co-mum da vida que ela floresce. Portanto, a rotina, o tra-balho, o que se faz todo dia enfim, também se constituem em benção de paz e tranquili-

ideias

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dade. De uma viagem por terras longínquas e belas um dos mo-mentos mais importantes consiste na volta para casa e para o comum que se expande pela cidade em que vivemos, pelas pessoas que encontramos sempre, pelas paisa-gens que todos os dias delimitam seus territórios em nossas retinas. Jesus nos ensina a pedir o pão nosso de cada dia. Também nos propõe suportar a cruz de cada dia. O dia a dia é, afinal, o lugar onde a vida acontece e ganha sentido. Ninguém encontra sentido capaz de firmar a própria vida com fortes convicções e valo-res senão no cotidiano. O que dá sentido à vida não é o domingo, mas a sequência de dias em que somos chamados a trabalhar e nos esculpir em coragem, força, deli-cadeza, amor, esforço, beleza. A folga, as férias, o domingo, o ócio renovam-nos para que retomemos aquilo que nos faz quem somos. Não se trabalha o ano inteiro pra brincar o carnaval. Ao contrário, se brinca o carnaval para se tra-balhar o ano inteiro. Claro, sim, claro, você pode

discordar. Mas me coloco aqui como aquele torcedor que resol-ve torcer pelo time mais fraco. Faço isso levantando a bandeira do banal, do comum, do trabalho. E levanto a título de conversa, pois que muitos impõem ao trabalho, à rotina, às coisas do dia a dia uma carga negativa, como se a infelicidade residisse exatamente ali. Ah, não! É evidente como a sociedade atual faz uma supervalorização do fim de semana, das férias e do lazer. Não afirmo que isso não seja bom e importante. Mas bom também seria afirmar: bendita é a segunda-feira, bendito é o tra-balho. Por que não amamos o tra-balho? Por que o trabalho é fonte de tanto mau humor e contrarieda-des? Porque, talvez, deixemos que nos plantem na ideia a ilusão de que bom mesmo é a aposentadoria, as férias, o ócio. Mas o trabalho tem algo, tem um sentido - ou vários - que nos alimenta para além daquilo que ele nos garante em termos materiais. Muitos são os que trabalham mesmo não pre-cisando. Muitos trabalham para se

dauri Batisti

manter vivos. Sabem: se pararem de trabalhar, morrerão. Mas é claro que então pre-cisamos redimensionar certos parâmetros: não trabalho só por dinheiro. Também. Mas não só. Trabalho porque estou fazendo minha vida, traçando minha histó-ria, e porque, bem ou mal, o meu trabalho, o que ando fazendo na vida, se torna o principal perso-nagem do meu enredo. Quando olho minha história vejo que não conseguirei uma explicação me-lhor de quem eu sou senão aquela que se tece por aquilo que escolhi e fui chamado a fazer no comum meus dos dias. n

Ninguém encontra

sentido capaz

de firmar a própria

vida com fortes

convicções e valores

senão no cotidiano.

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economia política

passados mais de dois meses desde a catástrofe socioam-biental-econômica provoca-

da pela Vale/BHP/Samarco é mais do que reconhecido o despreparo das empresas e de autoridades para lidar com uma tragédia dessas pro-porções. Despreparo que é fruto do desinteresse com o bem comum e a prioridade que elas dão ao processo de crescimento a qualquer custo. Pouco a pouco, a sociedade vai se dando conta da efetiva dimen-são da catástrofe. O exercício de identificá-la de forma mais ampla e abrangente, requer humildade. Por um lado, a experiência e o conheci-mento acumulados localmente para lidar com questões na proporção do acontecido são insuficientes. Por outro, as empresas responsáveis pela tragédia reagem com a mo-bilização de seus comunicadores para deslegitimar tudo que explicite suas responsabilidades. Para fazer face à musculatura financeira das empresas, é funda-mental que o dimensionamento das consequências da tragédia seja internacionalizado. Existem estudiosos de grandes desastres socioambientais em nível mundial que podem ser mobilizados para

contribuir com a defesa de inte-resses do bem comum – o meio ambiente – e os difusos de indiví-duos, grupos sociais e empresariais de menor porte. Esses estudiosos podem contribuir para que o poder público e a sociedade capixaba se articulem com organismos interna-cionais de defesa de direitos sociais e ambientais. A mobilização internacional pode também colaborar na tarefa de repensar a formação socioeco-

arlindo Vilaschiprofessor de economia e coordenador do grupo de pesquisa em inovação e desenvolvimento capixaba da ufes

“Para Fazer Face à Musculatura Financeira das eMPresas, é FundaMental que o diMensionaMento das consequências da tragédia seja internacionalizado”

nômica capixaba no médio/longo prazos. É preciso quebrar com o encantamento que tomou conta de governantes com taxas de cresci-mento sustentadas pela produção/circulação de commodities. A articulação de forças polí-ticas, sociais, acadêmicas, empre-sariais do estado e do Brasil com experiências bem sucedidas em outros países, pode ser um passo no sentido do Espírito Santo tirar subproduto positivo da tragédia

emergências continuadas

- um novo modelo de desenvol-vimento. Inclusivo de gente e do meio ambiente como valores a serem buscados, esse modelo precisa ser contemporâneo do que é portador de futuro: diversidade cultural/ambiental; respeito aos direitos humanos; conhecimento e aprendizagem. Mesmo que diminua a ex-posição da tragédia nos meios de comunicação, suas nefastas con-sequências humanas, ambientais e

econômicas estarão presentes em boa parte da área afetada por muito tempo. Por isso, é importante que a sociedade se mobilize e pressio-ne governantes no sentido de se posicionarem em favor da vida de pessoas – principalmente os mais humildes – e da natureza – ao longo do Rio Doce e da costa do Espírito Santo e de estados vizinhos. n

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espiritualidade

dom rubens sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

Você quer ser rico?escolheram anestesiar o peso da vida enganando-se com a fantasia do desejo de ficar rico. De fato, nessa ilusão, a riqueza joga uma espécie de luz mágica que tornaria a pessoa bonita, inteligente, saudável, podero-sa, enfim, uma pessoa “feliz”. O dinheiro, magicamente, re-solveria todos os problemas e tornaria a vida um mar de rosas. O dinheiro é o grande deus de muitos, inclusive de muitos “cristãos”. O pior é que a maior parte da humanidade é pobre e, portanto, sofre triplamente: primeiro, sofre os efeitos da pobreza; segundo, sofre a frus-tração de não ter conseguido ficar rico e, por último, sofre ao perceber que a vida passou rapidamente e não viveu ple-namente o dom da existência. Curiosamente, nessa ilu-são, eles culpam o “fracasso” financeiro como o responsável por todos os erros, derrotas e decepções que tiveram na vida.

M uitas pessoas passam a vida desejando ser ricas. A vida passa e

a maioria delas não ficou rica. Conclusão: não viveram inten-samente e vão terminar seus dias literalmente frustradas. Ainda dá tempo de mudar o foco. O sonho da sua vida não pode ser a armadilha existen-cial que é o desejo da riqueza, a qual traria a felicidade, ou seja, ela seria a solução de todos os problemas. Penso que muitos

São incapazes de fazer um bom exame de consciência e ava-liar ampla e profundamente a própria existência, onde, certa-mente, iriam descobrir muitas outras causas em si mesmos, que provocaram os erros, fra-cassos e decepções. Para os escravos do ídolo da riqueza, o dinheiro é a solução de todos os problemas e, a falta dele, a causa de todos os males. Quem adora o Deus ver-dadeiro sabe muito bem o va-lor e o lugar do dinheiro na grande família humana: uma útil invenção do homem para que melhor nos organizemos e melhor nos ajudemos. Simples assim. Quando o homem vai acor-dar e perceber que o desejo de ser rico é um delírio coletivo, uma hipnose? Como é possível que a humanidade ainda seja escrava do ídolo-deus dinheiro, mesmo ouvindo durante dois mil anos de cristianismo as palavras de Jesus (Mt 6,24): “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”? Acorda, irmão! n

”paraOsescravOsdOídOlOdariqUeza,O

dinheirOéasOlUçãOdetOdOsOsprObleMase,a

faltadele,acaUsadetOdOsOsMales”

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caminhos da BíBlia

como dissemos no artigo passado, na edição de Ja-neiro, o texto, por ser ex-

tenso foi dividido em duas partes, a fim de que o assunto pudesse ser bem desenvolvido e a reflexão melhor aprofundada. Partindo então do encontro dos discípulos com o Senhor, de-pois de terem recebido o anúncio de testemunhas qualificadas, os primeiros passos dos discípulos os conduzem ao encontro com o próprio Senhor. O Encontro do discípulo com o Mestre de Nazaré serve como lugar de amadureci-mento, já que o discípulo é imerso numa experiência pessoal com Ele, um encontro de comunhão e profunda relação de amizade. Quem se coloca no caminho do seguimento é tomado por Cristo, entra num diálogo único e irrepe-tível, que o conduz a uma vida de grande intimidade com o próprio

em jo 1,35-51

Os discípulos missionários

Parte II

Senhor: “foram e viram onde ele morava e permaneceram com ele aquele dia. Era aproximadamente a hora sétima” (v. 39). O caminho tem início quando os discípulos vão ver onde ele morava e termina quando contemplam a sua glória e acreditam nele, texto encontra-do no final do relato das Bodas de Caná (Jo 2,11). O verbo per-manecer tem uma extensão para toda a vida e a hora sétima diz do momento a partir do qual as suas vidas mudaram completamente. O novo chamado, o discípulo também pronuncia a sua profissão

de fé: “Encontramos o Messias” (v. 41.45). A experiência de co-munhão com o Mestre produz um desejo de anunciar aos ou-tros Aquele que foi encontrado e garantiu um sentido novo para a vida e um chamado a uma nova vocação. Neste caso, pode-se per-ceber que existem dois pontos fundamentais no discipulado do Quarto Evangelho: um convite à comunhão com o Senhor, estar com Ele: “venham e vejam” (v. 39.46), e um lançar-se na direção dos outros no anúncio e na missão, proclamando a novidade da fé

O Encontro do discípulo com o Mestre de

Nazaré serve como lugar de amadurecimento,

já que o discípulo é imerso numa experiência

pessoal com Ele, um encontro de comunhão e

profunda relação de amizade

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pe. andherson franklin, professor de sagrada escritura no iftaV e doutor em sagrada escritura

recebida no encontro com o Senhor: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (v. 49). Deste encontro com o Senhor e do contínuo estar com Ele nasce a missão dos discípulos missionários já que, é a partir do encontro fecundo com o Senhor e de sua presença na vida do discípulo, que a missão tem seu início. Deste modo, o caminho de seguimento e discipulado é apre-sentado como um chamado pessoal de comunhão com o Senhor que se desenvolve na formação de novas tes-

temunhas, anunciadores da Verdade do Evangelho. Sendo assim, é Cristo que convida o homem ao seguimento e é Ele aquele que o sustenta no mes-mo caminho. Aquele que é chamado se une a Cristo, e junto com Ele deve dar os passos no discipulado, a fim de que, nas dificuldades do dia a dia da vida, nunca desista da vocação a que foi chamado, a de ser discípulo missionário. A missão assim compreendida, não está desvinculada de um longo processo de encontro, experiência e

permanência com o Senhor que con-vida a cada discípulo ao seguimento. Ao contrário, a missão é fruto de um caminho contínuo e constante junto Àquele que é o autor da fé, que por sua voz forte e vigorosa continua a convidar homens e mulheres do nosso tempo a fazerem a mesma experiência que fizeram os primeiros discípulos e discípulas. n

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exPosiÇÃo

história do espírito santo em cartões postais

como conversar com um fascista

sugestões

Num tempo marcado pela intolerância, con-flitos políticos e ideológicos e exercício autoritário do poder, a filósofa Márcia Tiburi aponta o diálogo como forma de resistência e caminho possível para a alteridade. Essa reflexão permeia as páginas do livro “Como conversar com um fascista – refle-xões sobre o cotidiano do autoritário brasileiro” (Ed. Record, 2015). Os capítulos breves tornam a leitura muito agradável e a linguagem simples e compreensível, utilizada pela autora para abordar temas complexos, é um grande atrativo.

eu sou compatível

Feira de livros e fábulas

A campanha “Eu sou compatível” mobiliza o Espírito Santo para o cadastro de doadores de medula óssea. O cadastramento pode ser feito no Hemoes de Vitória, localizado no Hospital das Clí-nicas em Maruípe, e no Hemoes anexo ao Hospital Dório Silva, na Serra. Na página da Campanha no facebook, você pode acompanhar as ações: www.facebook.com/eusoucompativel.

Até 09 de fevereiro acontece no Sho-pping Norte Sul, em Jardim Camburi, a Feira de Livros e Fábulas. O evento busca despertar o interesse pela leitura em todas as idades. São mais de dois mil títulos de diferentes gêneros e podem ser comprados

por valores entre R$5 e R$15,00. Uma exposição com mais de 300 cartões postais contando a história do Espírito Santo está aberta para visitação no Palácio Anchieta. O acervo pertence ao Monsenhor Jamil Abib, de Campinas, um dos maiores colecionadores de postais do mundo.

local: Espaço Cultural do Palácio Anchieta, Centro de VitóriaVisitação: de 20/01 a 19/04/16Horário: de terça à sexta: das 9h às 17hSábado, domingo e feriados: das 9h às 16h

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leitura

Feira

solidariedade

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ViVer Bem

O hábito alimentar no ser humano é desenvolvi-do desde o seu nasci-

mento. Aprende-se e educa-se para uma alimentação saudável desde os primeiros dias de nossa existência, a começar do leite materno. Tudo o que nós apren-demos sobre alimentação fica registrado em nossas células por toda a vida, por isso, chamamos de hábito alimentar este apren-dizado. Somos educados a nos alimentar com os nossos pais. Aos poucos vamos descobrindo o valor de uma alimentação sau-dável e quais tipos de alimentos fazem o nosso bem-estar. Os ali-mentos consumidos vão variar de pessoa para pessoa (biotipo). O que me faz bem, pode não

quais os benefícios de

não se comer carne?fazer bem para o outro. Cada ser humano precisa descobrir qual tipo de alimento realmente faz bem à sua saúde ou não. Aprendi desde a minha in-fância, com minha mãe e meu pai, que todos os alimentos que a terra produz fazem bem à nossa saúde. Por isso, deve-ríamos comer de tudo o que a terra produz para conservar a saúde. Esta é uma verdade, pois quanto mais simples for a alimentação, mais rica ela será para a nossa nutrição. Desde a minha infância, fui acostumado a alimentar-me com carnes de boi, porco, frango, cabrito e os outros animais que eram caçados em nossas matas. O consumo da carne era mode-

rado. Comía-se um delicioso frango com quiabo e macarrão aos domingos e uma outra carne durante um outro dia da semana. Com o passar do tempo, fui descobrindo que as carnes não me faziam bem. Em 2008, após uma profunda crise de saúde, foi descoberta uma gastrite. O médico me propôs abstinência de carne durante um mês. No primeiro mês deixei a carne de porco, depois de boi e por último carne de frango. Como peixe uma vez por semana. Fiz uma experiência de 30,60 e 90 dias. As dores de cabeça e do estômago foram desaparecendo. Faz 7 anos que eu não como mais carne. Mas quais benefícios se tem

JEJum AbStInêncIAQuArESmA

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não se comer carne?

padre luiz carlos meneghetti, cp formador do teologado passionista cascavel/pr

quando se muda este hábito alimentar de comer carne se ela é tão gostosa? No meu caso aconteceu a melhora na digestão, acabaram as dores de cabeça e a dor de estômago não mais voltou a me incomodar. Melhorei o meu humor e a qualidade de vida hoje é outra. Fiz uma reeducação ali-mentar comendo frutas pela manhã e à noite. No almoço, optei por verduras e legumes com outros alimentos mais simples. A Igreja Católica nos en-sina que precisamos nos abster de carne durante as sextas--feiras no tempo quaresmal e, sobretudo, na sexta-feira da

Paixão. O jejum e a abstinên-cia são atitudes pedagógicas que a Igreja tomou ao longo de sua história, tendo como orientação Jesus Cristo que jejuou 40 dias no deserto antes de sofrer a Paixão e morte na Cruz. Esta proposta pedagógi-ca nos leva a modificar o nosso hábito alimentar e nos ensina a solidarizar-nos com todos que passam fome. Portanto, tudo o que não se comer deve ser repartido com os pobres. Os benefícios de não se comer carne na Quaresma como um ato religioso pode ser expandido por todos os outros tempos litúrgicos ou quando a pessoa desejar fazer, pois os benefícios de não comer car-

ne fazem muito bem ao nosso organismo. A mudança de hábito ali-mentar é exigente e por isto cada pessoa precisa decidir por esta mudança. A mudança de hábito na ingestão da carne requer mais disciplina ainda, pois se tem a impressão de que, se não comer carne, não está se alimentando bem. Descubra qual é o melhor alimento para sua saúde e se você escolher não comer carne, verá que sua saúde será cada vez melhor. n

JEJumAbStInêncIA SAúdE

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SolIdArIEdAdE

QuArESmAAlImEntoS dA tErrAbEnEfícIoS

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mudAnçA dE hábIto

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diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

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iniciamos o novo ano com as bên-çãos da Mãe de Deus, que cele-bramos no primeiro dia de janeiro,

mas também com a graça de ter, durante todo o primeiro semestre, na Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, a visita especial da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Acolhemos com alegria o con-vite de sua Eminência o Cardeal de Aparecida, Dom Raymundo Da-masceno Assis, o qual, gentilmente propôs a todas as Arquidioceses e Dioceses do Brasil que celebrassem com a Arquidiocese de Aparecida a Festa Comemorativa dos trezentos anos da aparição da Imagem no Rio Paraíba, em Aparecida - SP. Buscamos a imagem no San-tuário Nacional e a trouxemos para que Ela pudesse “visitar” todas as Paróquias de cada Igreja Particular. E Nossa Senhora já está peregrinando entre nós desde o dia 5 de janeiro quando, em carreata, a trouxemos do aeroporto de Vitória até nossa catedral e ali celebramos a missa e nos consagramos à Mãe de Deus e nossa. No mês de janeiro Ela já per-correu todas as paróquias da área pastoral Benevente e agora em fe-vereiro está em todas as paróquias

da área pastoral Serrana. Estamos felizes, pois como disse em Aparecida e depois confirmei na catedral o povo capixaba é um povo Mariano! Espero que esta visita a todas as paróquias traga a muita gente a oportunidade para um encontro na fé com a Mãe de Deus através da Ima-gem da Padroeira do Brasil, símbolo forte que transporta a pessoa de fé ao Coração Imaculado de Maria. Todos, com certeza, receberão as graças e bênçãos que suplicam confiantes. Vamos rezar por nossas famílias, pelos que sofrem todo tipo de obs-táculos na vida cristã, vamos rezar pelo Espírito Santo, por nossa Arqui-diocese, pelo Brasil e pelo mundo. Com a Virgem Aparecida somos missionários e peregrinos rezando pelos desafios da Igreja nos dias de hoje e concretamente os desafios que precisamos enfrentar. Que ela nos dê força e coragem! A Igreja vive a sua fé através dos diversos sinais e símbolos que nos transportam para a celebração do Mistério da nossa fé Cristã. A Imagem de Nossa Senhora nos trans-porta para o Mistério da Encarnação do Verbo e para o Mistério da Cruz Redentora. Maria, a Virgem de Na-

zaré, celebrada por nós em milhares de títulos, tem um lugar especial na Encarnação da Palavra de Deus no meio de nós, como Mãe da Reden-ção, Mãe da Nova Humanidade. Ela nos ensina a abertura para a ação do Espírito em nós, como no Evento da Anunciação do Anjo. Ela nos ensina a abertura para a ação do Espírito como no Evento de Pentecostes. Todos nós, que nascemos de novo pelo santo batismo, temos uma enorme gratidão para com a Mãe do Salvador. Ela disse sim e Deus se fez presente no meio de nós! A visita de Nossa Senhora Apa-recida quer significar a presença do Mistério do Amor de Deus no meio de nós. Ela é a Mãe da Misericórdia que trouxe para nós a Misericórdia Divina! Por isso, com alegria a cha-mamos no Estado do Espírito Santo como Nossa Senhora das Alegrais, a Virgem da Penha. A nossa Arquidio-cese a venera como Nossa Senhora da Vitória, a mesma e sempre Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, aquela que, em Aparecida, veio em socorro dos pobres e aflitos. Rogai por nós, ó Senhora Apa-recida, estamos felizes com sua pre-sença entre nós! Sim, Ela está no meio de nós! n

ela está no meio de nós!

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as deverão compreender-se. Porém, se lermos um livro do século XIX, as dificuldades de compreensão serão maiores. E, quanto mais nos afastarmos no tempo, mais dificuldades tere-mos para entender a linguagem dos antigos. Com o passar do tempo, algumas palavras/formas da língua podem ser cada vez menos usadas (como urinol, meliante etc.) e ser esquecidas, enquanto outras vão sofrendo mudanças de significado. A língua portuguesa tem muitos exemplos de palavras que, em tempos passados, tinham um significado e atualmente têm outro. O Prof. Cláudio Moreno, no site www.sualingua.com.br, apresenta-nos alguns exemplos bastante interessantes: formidável: a palavra vem do Latim formidabilis e signi-ficava temível, assustador, ou seja, apresentava conotação pejorativa. Atualmente, ela é um grande elogio para quem a recebe. Prestígio: significava charla-tanismo, impostura, no latim, onde teve origem, mas, nos dias

comunicação

Variação e mudança

das línguas

edenize ponzo peresdoutora em sociolinguística professora da ufes

é fato que todas as lín-guas apresentam varia-ção. Esse tema é um dos

assuntos estudados por uma disciplina da Linguística de-nominada Sociolinguística. Nós podemos perceber que a variação acontece no nível es-pacial/geográfico (as pessoas de Vitória, Rio de Janeiro, Sal-vador etc. não falam do mesmo modo) e social (as diferenças de sexo, idade, grupos de amizade ou de trabalho etc. fazem com que as pessoas falem de forma diferente). A variação linguística, ine-rente a todas as línguas, como dissemos, origina a mudan-ça linguística. Desse modo, as línguas também variam no tempo. Entretanto, essa mu-dança normalmente não se dá de maneira rápida, e sim muito lentamente, para que as pessoas consigam se compreender. Para termos uma ideia da mudança, imaginemos, por exemplo, uma pessoa de 70 anos conversan-do com seu filho e com seu neto. Com exceção de algu-mas palavras possivelmente desconhecidas, as três pesso-

atuais, passou a significar po-der e influência de uma pessoa.libertino: segundo o Prof. Moreno, em Roma, o termo libertinus designava apenas o escravo liberto. Atualmente, a palavra tem o significado de devasso. tratante: no latim, queria di-zer simplesmente aquele que trata, que contrata”. Hoje, ser chamado de tratante é uma ofensa, pois designa a pessoa que não honra a sua palavra no trato. Como dissemos, as mudan-ças semânticas vão acontecendo lentamente. As pequenas altera-ções de significado das expres-sões, realizadas pelos usuários da língua, vão conformando a linguagem, imprimindo-lhe as marcas de seus falantes, em con-sonância com a época e o con-texto social em que vivem. Esse é um processo universal, o que nos alerta para que não vejamos com maus olhos as mudanças que ocorrem na língua. n

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Só o Povo Salva o Povo

aspas

Dom João Batista da Mota e Albuquerque

écélebre esta máxima de Dom João Batista da Mota e Albu-querque: “Só o Povo salva o

Povo”. Este grito ecoou em todos os recantos da Arquidiocese de Vitória por ocasião da grande enchente de 1979, quando milhares de pessoas ficaram desabrigadas devido às chuvas torrenciais que desabaram sobre o povo do Espírito Santo. Diante daquela catástrofe que deixou o povo sem casa, sem ali-mentos, sem água potável e em grande risco de contrair as mais variadas doenças, uma pergunta não se deixava calar: “o que fa-zer? Esperar pelo poder público? Esperar pelas autoridades? Esperar pela ajuda externa? Como homens e mulheres de fé, o que fazer?”. O pensamento de Dom João é pro-vocante porque coloca o povo não como mera massa passiva e de ma-nobra que se deixa manipular pelos salvadores do povo. Esses ditos “salvadores”, ge-ralmente, aproveitam-se das crises e das tragédias para se promover e se fazer notáveis e notados no meio do povo. Quase sempre, agem com

a finalidade de obter algum proveito para o próprio enriquecimento e também para vantagem dos grupos com os quais estão comprometidos. “Só o povo salva o povo” edu-ca para um processo de libertação e de construção de alternativas de promoção econômica e social a partir de dentro. A realidade é analisada pelos próprios sujeitos envolvidos nas problemáticas que os desafiam. As soluções partem do próprio povo. Nesse processo não há soluções prontas, fabricadas; e sim ações bem pensadas e plane-jadas que atendam às verdadeiras demandas do povo. “Só o povo salva o povo” é o reconhecimento de que no povo existe uma sabedoria inesgotável, um conhecimento que brota da experiência de vida. “Só o povo salva o povo” vem dos lábios e da experiência de um Bispo, Pastor do Rebanho de Cristo, de um místico, de um homem lúcido e possuidor de uma profunda espiritualidade. “Só o povo salva o povo” é a palavra de fé de um homem que fez experiência com o Pai de Nosso

Senhor Jesus Cristo, o Deus de Amor e Libertador que declara a Moisés na montanha sagrada: “Eu vi a aflição do meu povo, ouvi o seu clamor e desci para libertá-lo” (Ex 3,7-8). Uma palavra de sabe-doria não se apaga com o tempo. Ela continua a iluminar a realidade atual. Nos últimos meses, a tragédia ocorrida em Mariana (MG), com o rompimento das barragens de rejeitos da Mineradora Samarco – este um evento ocorrido não de forma natural, mas provocado pela intervenção humana na natureza e que deixou desamparadas milhares de pessoas que vivem às margens do Rio Doce – faz também eco-ar as palavras dos pastores atuais que orientam e conduzem o povo no caminho da fé, da esperança e da tomada de consciência de seus direitos de cidadãos. Tudo isso leva-nos também a fazer memória da palavra de Dom João ao afirmar que “só o povo salva o povo”. n

padre Jorge campos ramos

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“na rua você não faz parte da sociedade. ninguém te vê ali”juvenildo ribeiro tem 32 anos, passou cerca de sete nas ruas, até que, se apegando em sua família, resolveu mudar de vida. hoje ele é atendido no projeto da Prefeitura de Vitória, escola da Vida, e sonha em tirar sua carteira de habilitação.

entreVista letícia Bazet

não ter para onde ir, senti muito e vi o quanto minha família me fez falta. Ainda mais nos primeiros dias... Foi só choro. Mas ali naquela situação eu só me afundei cada vez mais. Enquanto não dá aquele estalo que é preciso mudar de vida, que nessa vida o seu destino é embaixo da terra, você não tem como sair dali.

vitória - E o aprendizado que você carrega?Juvenildo Ribeiro - Vou falar das coisas boas que aprendi em todo esse tempo. Aprendi que há pessoas que vão te dar a mão quando você precisar, desde como eu falei, te dar o estalo que as coisas precisam mudar, porque muitas vezes a pessoa até quer sair dali, mas o vício vai puxando cada vez mais pra baixo, e quando al-guém te estende a mão para ajudar fica muito mais fácil de levantar e reagir. Quando se está realmente com vontade de sair daquilo, você se dá a oportunidade, a pessoa te dá a

mão, mas você tem que se dar a oportunidade de sair do chão, segurar na mão e levantar, aí vem as coisas boas. Aqui na Escola da Vida me deu mais força para continuar, vi um ca-minho para eu trilhar e seguir. E quero seguir de cabeça erguida. Muitas pessoas até querem sair, mas não tem um porto seguro, não tem o que fazer, é preciso ajuda mesmo.

vitória - Qual foi o estalo que te deu para você sentir vontade de sair dessa situ-ação?Juvenildo Ribeiro - Eu sempre prezei muito pela minha famí-lia. Eu não podia voltar para a minha casa, mas minha mãe sempre dava um jeito de vir me

vitória - o que você fazia da vida?Juvenildo Ribeiro - Eu levava uma vida normal, trabalhava como assistente de cozinha na Praça de Alimentação do sho-pping. Com o tempo comecei a sair com uns amigos e entrei na onda de fazer uso de drogas. Quando passei a usar o crack, minha vida que estava muito bem, obrigada, foi no chão. Isso começou a ficar muito intenso, eu acabei arrumando confusão na comunidade onde eu morava com minha família e precisei sair. Então passei a morar com um amigo que me deu abrigo e continuei o uso frequente da droga, até o ponto de largar o meu emprego. A partir daí meu colega não podia mais me comportar na casa dele e eu caí em situação de rua.

vitória - o que você diz desse período que viveu?Juvenildo Ribeiro - Nossa, é muito sofrido. A gente passa privação de muita coisa, fica a mercê do sol, da chuva, sair e

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ver, me encontrar. E nessa eu per-cebi o quanto minha mãe estava sofrendo, porque se eu sofria de um lado, na rua, minha família sofria muito mais do outro lado. E mãe ficava muito abalada, ela saía dali mais chateada e trans-tornada, até que ela teve uma parada cardíaca e precisou colo-car o marca passo, fazer cirurgia. Nesse meio tempo eu perdi o meu pai. Eu perdi o meu pai e nem pude vê-lo ser enterrado. Na rua a gente não tem nada, então minha família não conseguiu me avisar, às vezes eu saía andando, ia pra Serra, Guarapari, Campo Grande. Quando meu pai faleceu eu estava em Guarapari e só fui saber quando já tinham passado três semanas. Nesse momento eu só queria voltar para a minha família, não queria mais perder ninguém sem poder me despedir.

vitória - o que sua família representou nesse processo de saída de casa, a vida nas ruas e a vontade de voltar a levar uma vida normal?Juvenildo Ribeiro - Minha fa-mília foi o que me deu forças para sair, por ela eu tive a força de vontade, quis voltar para o seio da sociedade, porque na rua você não faz parte da sociedade, ninguém te vê ali, e quando vê é para criticar. A família também passa vergonha com a situação. Eu mesmo quando passava um conhecido na rua me escondia

para não ser visto, porque eles depois iam falar para os meus parentes que tinham me visto dessa forma e, com certeza, eles iam ficar chateados.

vitória - do que você mais sentia falta quando estava nas ruas?Juvenildo Ribeiro - Do aconche-go, do carinho da minha famí-lia, porque às vezes você está cercado de muita gente, mas se sente sozinho. Na rua é um olho aberto e outro fechado, nunca está tranquilo. Para dormir tem que procurar um lugar isolado e realmente alguém que está com você. Na rua a gente não descan-sa, a gente não dorme, é muito perigoso. Outra coisa que era muito difícil era em relação a hi-giene. Você levantar e não poder fazer uma higienização correta, escovar os dentes. Às vezes ia andando até o Parque Moscoso e aí usar tudo rapidamente por-que os guardinhas não deixavam. Você acordar e não ter nada para se alimentar... É terrível.

vitória - diante das situações que viu e viveu o que te deixou mais impressionado?Juvenildo Ribeiro - Certa vez o pessoal estava em uso, todo mundo bem enquanto tinha um cara fornecendo ali para todos. Quando acabou a droga eles fo-ram pra cima desse que estava fornecendo, e eu via que eles

queriam matar mesmo. Eu entrei no meio para defender o cara e eles me ameaçaram também, então chamei um amigo e ele me ajudou a separar a briga, mas ali pude ver que realmente na rua não se pode confiar, tem que estar sempre com o olho aberto, porque em um minuto os caras estavam juntos, eram amigos, e no outro queriam matar. Foi a maior covardia que presenciei e não pude deixar que acontecesse.

vitória - como era a relação com sua família antes de ir para as ruas?Juvenildo Ribeiro - Sempre tive uma ótima relação com minha fa-mília. A educação, o respeito, isso vem do que eu aprendi em casa. Os meus sobrinhos, sobrinhos-netos que eu já tenho, são muito bem educados, respeitam todo mundo. Lá em casa todo mundo se res-peita, ninguém nunca usou pala-vras de baixo calão, nunca houve humilhação de apontar o dedo e falar coisas que ninguém gosta de escutar. Sempre as conversas eram respeitosas, querendo o bem do outro mesmo. O período que passei na rua foi muito sofrido e por isso luto tanto para não voltar. Então você não ter a oportunidade de dar o último adeus a alguém da sua família que você ama, ma-chuca demais. Quando descobri a morte do meu pai passei muito tempo chorando, era um buraco que parecia não ter fundo. Mas eu

entreVista

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acredito muito que quando você quer uma coisa, Deus ajuda para você alcançar.

vitória - Qual a parte mais difícil desse processo que você está vivendo?Juvenildo Ribeiro - É aquilo que me levou lá no fundo. A abstinência do uso. Se você não estiver focado, qualquer coisa, qualquer perturba-ção você quer correr para aquele

refúgio. O mais difícil é conseguir se controlar nessa questão, por isso tem que colocar na cabeça que isso não pode e até faço uso de medicamentos, pra ajudar nesse controle. Mas hoje agradeço por estar muito melhor do que antes, me afastei de más influências, não estou andando mais pelas ruas, tenho uma roupa mais adequada, estou parecendo gente. Isso pra mim é uma grande vitória.

vitória - Em quem você se apega?Juvenildo Ribeiro - Na minha família. No medo de perder a minha mãe. Minha mãe é tudo para a minha vida, tudo.

vitória - o que te motiva a pensar no futuro?Juvenildo Ribeiro - Voltar para o seio da sociedade, poder andar de cabeça erguida, sem passar a vergonha que eu passava, enver-gonhar os meus familiares e con-seguir as minhas coisas, alcançar os meus objetivos, conseguir um trabalho para ter a minha vida, ter meu direito de ir e vir, a minha casa. Eu sou acolhido no alber-gue noturno, mas você tem hora para entrar, se entrar não pode mais sair, 7h da manhã, fim de semana, faça chuva ou faça sol você tem que sair, porque é só pra passar a noite mesmo. Então eu luto para realmente resgatar a minha dignidade.

vitória - Você tem um sonho?Juvenildo Ribeiro - Tenho. Eu tenho um sonho, mas existem as barreiras que a gente mesmo coloca na vida da gente. Eu não sei dirigir, então eu tenho muita vontade de tirar a minha carteira de habilitação. Meu sonho é esse, de passar por esse processo e conseguir tirar a minha carteira. Primeiro quero conquistar isso, daí pra lá eu vou almejando ou-tras coisas. n

Mas hoje agradeço por estar muito melhor do que antes, me afastei de más influências, não estou andando mais pelas ruas, tenho uma roupa mais adequada, estou parecendo gente. Isso pra mim é uma grande vitória.

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mundo litúrgico

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

a espiritualidade litúrgica

a liturgia da Igreja é a base, referência e fundamentação de vida para os batizados em Cristo, sobretudo na

expressão e dinamicidade dos sacramentos da iniciação cristã: batismo, confirmação e eucaristia. O ano litúrgico é o autêntico e singular patrimônio místico e espiritual para os cristãos que querem e se propõem, com segurança e foco, aprofundar a comunhão com o Mistério e progredir no seguimento do Filho de Deus. As antigas e fundamentais catequeses dos Pais e Mães da Igreja, elaboradas ao longo dos seis ou sete primeiros séculos do cristianismo, tomaram como ponto de partida as celebrações dos sacramentos da iniciação cristã, a fim de introduzirem (mistagogia) os neocristãos na ímpar riqueza da vida em Cristo. A profundidade dessas catequeses é um legado a toda a Igreja, até o tempo presente, sendo referenciais para o aprofundamento perene da fé. O Concílio Vaticano II, através da Constituição “Sacrosanctum Concilium”, proclama a liturgia como a obra da salvação continuada pela Igreja (SC 6), afirma a presença de Cristo na mesma (SC 7), e destaca a liturgia como cimo e fonte da vida eclesial (SC 10). A reforma conciliar tem a sensibilidade e o empenho de fomentar e conduzir o povo cristão

a uma vivência mais plena, consciente e ativa na participação litúrgica (SC 14). A Igreja é continuamente desafiada a aprofundar e a viver o Mistério Pascal do Senhor por meio de uma autêntica vida litúrgica, como origem, fonte e sentido de sua fé. Esta será comunicada na vivência catequética, na elaboração teológica e no itinerário testemunhal e missionário dos batizados. Assim haverá mais foco e eficácia na superação de uma fé intimista, na qual o mero devocionismo subjetivo, as tendências desfocadas e os desvios de alguns movimentos religiosos - como também de alguns setores da mídia -, não serão o determinante ou o imperativo na formação e na prática religiosa de muitos cristãos, como tem ocorrido largamente. Portanto, o Mistério celebrado é, em essência e por excelência, a espiritualidade cristã. A referência litúrgica ecoa também na oração pessoal e na prática pastoral. Que a vivência do Ano da Graça do Senhor, inaugurado pelo Cristo e explicitado pela prática litúrgica das comunidades, seja a causa da alegria e o diferencial dos membros da Igreja de Jesus de Cristo! n

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eleições

uma oportunidade de renovação da política

a aprovação do fim do fi-nanciamento de empre-sas em Campanhas Elei-

torais, acolhido pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo Conselho Federal da OAB e que teve a CNBB como amicus curiae; corroborado pelo veto da Presidente da República ao referido financiamento no Projeto de Lei oriundo da Câmara dos Deputados, cria oportunidade de renovação da política nas eleições municipais deste ano. Haverá chance de ocorre-rem campanhas eleitorais mais programáticas para vereadores e prefeitos, homens e mulheres, com menor “pasteurização” das candidaturas pela indústria do marketing político e midiático que fazem todos parecer iguais. Serão necessárias mais conversas e reuniões para que projetos po-líticos e propostas para melhoria dos municípios sejam apresenta-das ao eleitorado local. Não se tem a ilusão de eleições municipais isentas da influência das grandes mídias monopolizadas (TV e Rádio), visto que continuam atuando para

influenciar a opinião pública para escolher projetos de cunho mais liberal e a rejeitar programas que sejam social e economicamente mais inclusivos. O contraponto possível se dará por meio das redes sociais, utilizando as tecno-logias, que criam outro universo de informações; pena que inaces-síveis à boa parte da população adulta mais empobrecida que não utiliza aparelhos mais potentes ou tem maior limitação para acessar a internet. Nunca é demais recordar o esgotamento da democracia formal, face ao financiamento de empresas em campanhas eleito-rais: consequências cruéis sofre-ram principalmente os Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, com o crime ambiental causado pela mineradora Samarco, em novembro de 2015. Mesmo diante de fatos que demonstravam a res-ponsabilidade da empresa, houve uma verdadeira “blindagem” do tema pelos deputados que com-punham a Comissão Especial no Congresso Nacional sobre o Código da Mineração, majo-ritariamente financiados pela VALE e por outras companhias

do ramo. Esse crime não pode cair no esquecimento, porque a dor das famílias atingidas é muito grande, além disso, é pre-ciso que sejam providos os meios necessários para “ressuscitar” a bacia do Rio Doce que morreu com o lançamento dos rejeitos da mineração. A CNBB, em conjunto com as entidades da Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições limpas, lançou no mês de janeiro uma verdadeira con-vocação à ação cidadã: fiscalizar com seriedade as eleições muni-cipais para banir das eleições a possibilidade do “Caixa Dois”, que pode ser percebido pela opu-lência de campanhas; e despertar para que cada pessoa conheça a história de vida de candidatos e a trajetória de lutas pelo bem comum nas quais tenha se en-volvido para que possa merecer o apoio e o voto nas próximas eleições. n

daniel seidel, membro da comissão Brasileira Justiça e paz da cnBBmestre em ciência política pela unB

Eleições Municipais de 2016:

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r eduzir o tempo do banho, fechar a torneira ao utilizar o sabonete e o shampoo,

não lavar calçada com mangueira e verificar se as torneiras não estão gotejando são pequenos há-bitos do cotidiano que ouvimos desde muito tempo atrás, como prevenção para um futuro sem água. Economizar energia elétri-ca, não descartar lixo nas ruas e fazer a coleta seletiva também são atitudes cidadãs que contribuem para um planeta mais limpo e sustentável. Antes do que muita gente poderia prever, a natureza resolveu pedir socorro: o calor sufoca, o desmatamento cresce e a água, um bem tão abundan-te, virou motivo de preocupação por causa da crise hídrica que atinge vários estados do país,

em particular o Espírito Santo. Campanhas de conscientização se multiplicam para que a população poupe este recurso essencial para a vida humana. O Papa Francisco também mostrou-se, mais do que preo-cupado, atento à situação caótica de desrespeito e irresponsabili-dade com a ‘casa comum’, dei-xando um alerta que norteia a nossa existência: “o nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos res-pirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos”. Pensando na situ-ação em que chegamos e, mais ainda, aonde queremos chegar, resolvemos reunir exemplos de atitudes sustentáveis, a contribui-ção de pessoas que, assim como eu e você, pode se comprometer

em pequenos gestos no dia a dia para melhorar a relação com o meio ambiente. Henrique partiu de um pensa-mento básico, a gratidão pela sua vida e o que pode fazer para prote-ger os recursos que possibilitam a nossa existência. “Tudo partiu de uma necessidade que todo ser hu-mano tem de responder às questões mais essen-

reportagemletícia Bazet

Mude você

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ciais: “O que estou fazendo aqui no mundo? Qual meu papel aqui? O que é essencial para minha vida? Sabemos, por exemplo, que as primeiras formas de vida surgiram graças a existência da água. Além disso, não podemos viver muito tempo sem esse re-curso e que ele é fundamental para a produção de alimentos, sem os quais também não pode-mos sobreviver por muito tem-

po. Portanto, nada mais ético do que priori-

zar a preservação e recuperação

desse recurso”. C o m esse proces-so de cons-

cientização, ele partiu para

a ação e mudança de hábitos: “no princípio é um pouco mais difícil porque, como qualquer mudança de hábito, depende de um esforço de adaptação, mas depois se torna uma atividade espontânea e corriqueira como escovar os dentes, por exemplo”, afirmou. Ele começou com a mudança na alimentação, com-prando mais em feiras orgânicas e menos em supermercado. “Isso fez com que eu melhorasse dire-tamente a minha saúde, além de gerar menos lixo. Passei também a me exercitar mais e aplicar práticas naturais de prevenção de doenças, o que me possibi-litou depender muito menos do consumo de remédios farma-cêuticos que são provenientes de indústrias poluidoras. Passei

a rever também o consumo de produtos supérfluos e industria-lizados já que esses geram um enorme rastro de poluição na sua cadeia de produção”. Como ele mesmo afirma, toda essa mudança foi um pro-cesso que surgiu de sua reflexão, passando pela conscientização, pesquisas e estudos sobre quais ações poderiam beneficiar o meio ambiente e sua própria vida e, finalmente, aplicar tudo isso em seu cotidiano. A difusão da consciência ecológica e a neces-sidade, cada vez mais urgente, de medidas voltadas para a pre-servação do meio ambiente, fez surgir o termo sustentabilidade, que ampliou o conceito ecoló-gico, atrelando-o à capacidade de “suprir as necessidades da

para mudar o mundoMude você

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reportagem

geração presente, sem afetar a possibilidade das gerações fu-turas de suprir as suas”. Aliando o fator econômico a essa consciência ambiental, An-derson Brito tornou-se proprietá-rio há dois anos de uma franquia sustentável de lavagem de carros. Ele afirma que com a técnica não se utiliza água em nenhuma parte do processo. “Nem para misturar o produto. Todos os produtos que utilizamos são orgânicos, não precisamos nem de luvas para realizar a limpeza. Lavamos de carros a aviões e embarcações. Agregar o comércio e a susten-tabilidade atendeu as minhas expectativas. A consequência de tudo isso é o menor impacto ambiental e a renda gerada. De acordo com Anderson, com 250 ml de uma composição

elaborada com produtos biode-gradáveis e naturais, é possível fazer a limpeza dos veículos. “Ao aplicar o produto a sujeira é cristalizada, quebrada em pe-quenas partículas. Com um pano mesmo tiramos toda a sujeira”. Ele afirma que o começo não foi fácil por ser uma ideia nova. “O primeiro olhar é de impacto e desconfiança, mas ao conhecer o serviço esse sentimento acaba, porque o resultado é realmente incrível”. Na vida do empresário, os hábitos sustentáveis vêm de fa-mília, no cuidado com a fazenda que o pai possui, inclusive com um título alemão de respeito ao meio ambiente, aos direitos trabalhistas, etc. “Eu cresci com esses conceitos muito fortes em minha vida. Na fazenda sempre

pratiquei isso, reciclando meu lixo, juntava sacos de adubo e colocava materiais para a re-ciclagem”. E ele garante que tudo o que aprendeu transmite ao seu filho de 11 anos para que ele crie a mentalidade e leve o aprendizado pelo resto da vida. A experiência de Henrique também continua dentro de casa com a adoção de hábitos como a separação de lixo reciclável e a transformação do lixo orgâ-nico em adubo. “Esse processo chama-se compostagem. Todo o adubo produzido é usado nas plantas que tenho em casa e o excedente é doado para amigos. empresa de anderson não utiliza água para a limpeza dos carros

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Passei também a germinar se-mentes das frutas que consumo e repassar as mudas pra quem tem lugar pra plantar”. Além disso, sentiu a ne-cessidade de dedicar parte do seu tempo para contribuir de forma voluntária para projetos relacionados à conscientização ambiental, divulgando e parti-cipando diretamente. Os exemplos mostrados apontam que para fazer a dife-rença e a mudança necessária à sobrevivência da nossa casa comum, é preciso consciência

O chefe de manutenção da Mitra Arquidiocesana de Vitória, Bene-dito Souza, apresentou há cerca de um ano uma ideia viável que ajudaria o meio ambiente e tam-bém reduziria os custos: realizar a captação da água da chuva e utilizá-la para a rega do jardim e limpeza de áreas comuns. A água fica reservada em dois tonéis de 10 mil litros e, para evitar que impurezas cheguem ao tonel, Benedito, ou Amaral, como é conhecido na Mitra, elaborou um filtro que retém as impurezas, não permite o acúmulo de água, evitando o mosquito da dengue, e, em caso de chuva intensa que ultrapasse o limite da caixa, a tampa do filtro abre e a água é absorvida pelo solo, chegando até as plantas e pés de bananeira do terreno. “Além da nossa con-tribuição para o meio ambiente, também reduzimos os custos com essa medida. É a nossa pequena parcela de ajuda, pois se cada um fizer um pouquinho, conse-guimos amenizar a situação que vivemos”, afirmou ele. n

arquidiocese também faz a sua parte

de nosso papel no mundo e o que queremos deixar para as futuras gerações, pois, como diz o Papa Francisco em sua encíclica ‘Laudato Si’: “Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, en-tão as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos”.

henrique transforma lixo orgânico em adubo na sua casa

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arquiVo e memóriagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

bispos da Província eclesiástica de Vitória recebem dom luiz Mancilha VilelaDom Luiz Mancilha Vilela foi acolhido no Espírito Santo em 1986 por Dom Silvestre Scandian, arcebispo de Vitória, e Dom Aldo Gerna, bispo de São Mateus. Ele foi nomeado bispo de Cachoeiro de Itapemirim em dezembro de 1985 e a sua ordenação aconteceu em 22 de fevereiro do ano seguinte. Há 14 anos, Dom Luiz foi transferido para Vitória como arcebispo coadjutor e, em seguida, sucedeu Dom Silvestre como arcebispo titular.

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pergunte a quem saBe

Dom Rubens SevilhaBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

Rel

igiã

o

qual a relação da confissão no período da qua-resma e no ano da Misericórdia? A resposta está na Bula O Rosto da Misericórdia do Papa Francisco: “A Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus. Há muitas pessoas – e, em grande número, jovens – que estão se aproximando do sacramento da Reconciliação e que frequentemente, nesta experiência, reencontram o caminho para voltar ao Senhor, viver um momento de intensa oração e redescobrir o sentido da sua vida. Com convicção, ponhamos novamente no centro o sacramento da Reconciliação, porque permite tocar

sensivelmente a grandeza da misericórdia. Será, para cada penitente, fonte de verdadeira paz interior”.

é uma regra da igreja confessar-se ao menos uma vez por ano? Sim. O Catecismo da Igreja Católica, citando o Direito Canônico (Cân. 989), prescreve: Conforme o mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição [7 ANOS], é obri-gado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano”. O sacramento da reconciliação (confissão) é um sacramento de cura pois, além de curar as feridas do pecado, ele fortalece a alma na luta contra o pecado e o mal. Devemos nos confessar com frequência. O Papa Francisco disse que se confessa regularmente a cada quinze ou vinte dias. Jocosamente, digo que deveriam confessar-se somente uma vez por ano aqueles que pecam somente uma vez por ano!

Leonardo Bongiovanni Técnico em InformáticaT

ecnolo

gia

diante de tanta opção de smartphones disponíveis no mercado, o que é mais importante levar em consideração na hora da compra? Na hora da compra devemos levar em conside-ração vários fatores, porém os mais importantes são: memória interna (aplicativos são atualizados frequen-temente e muitos deles são armazenados na memória

interna do smartphone, por isso, aparelhos com pouca memória acabam ficando sem atualizar e alguns deixam até de funcionar). O segundo ponto é a memória RAM e processador (deve-mos ficar sempre de olho se o aparelho oferece um bom processador e quantidade de memória suficiente para evitar travamento do smartphone). O terceiro é a bateria (para quem está sempre usando o celular em modo de rede 3G, 4G ou até mesmo Wi-Fi o consumo da bateria é grande e para não ficar na mão, a escolha de um aparelho com bateria de maior miliampère-hora (mAh) é essencial). O restante depende do gosto de cada um, no caso resolução da câmera, resolução e tamanho da tela, etc.

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André PereiraProfessor do Departamento de História da UFES, Doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e Pesquisador do Laboratório de Estudos de História Política e das Ideias (LEHPI/UFES)

PolíTic

a

como identificar as habilidades do candidato para os cargos eletivos (prefeitos, vereadores, senadores, etc)? Os políticos são eleitos com o objetivo de colocar em funcionamento o que as pessoas espe-ram. Por exemplo, se o eleitorado de Fulano deseja que o governo tenha políticas sociais, ele deve ser colocá-las em prática e não cumprir um mandato que corte gastos naquilo que ele prometeu. Portanto, os eleitores devem ter clareza do que desejam, do

Por que determinadas doenças, como o zika ví-rus, acabam virando um surto epidemiológico? Algumas doenças viram surto quando, dois ou mais casos, ocorrem em locais circunscritos, como instituições, escolas, domicílios, bairros ou comunidades. Aliados à hipótese de que tive-ram, como relação entre eles, a mesma fonte de infecção, de contaminação ou o mesmo fator de risco, além de igual quadro clínico e ocorrência simultânea. No caso do Zika vírus, a doença já é considerada epidemia, pois o vírus circula em vários Estados e municípios. A epidemia de determinadas doenças caracteriza-se pelo aumento do número de casos acima do que se espera, comparado à incidência de períodos anteriores. O mais importante, contudo, é o caráter desse aumento descontrolado, brusco,

significativo e temporário.

Por que o combate ao mosquito aedes aegypti é tão difícil? O aedes aegypti é um mosquito com hábitos urbanos, que vive no interior das residências ou a poucos metros das casas. As fêmeas precisam do sangue humano para fabricar seus ovos. Para sua proliferação, basta ter água parada e acumu-lada dentro de algum recipiente. Cerca de 70% dos criadouros do mosquito estão dentro das residências e seu controle ainda tem sido feito pelo poder público, por meio do trabalho cons-tante dos Agentes de Combate a Endemias, que têm como rotina, visitar os imóveis a cada dois ou três meses. Outro fator é que, grande parte da população, ainda não despertou para uma conscientização coletiva da responsabilidade que todos têm para com o controle do vetor. O poder público precisa priorizar áreas de risco de transmissão da doença e a população deve impri-mir a cultura da faxina semanal no seu domicílio para eliminação de criadouros do mosquito aedes aegypti que representa uma tripla ameaça para a saúde pública do Brasil.

custo daquela política pública (se há recursos, se é algo realista), votar em quem tem propostas coerentes com esses desejos e, posteriormente, cobrar o seu cumprimento.

o que caracteriza o bom político? O bom político é aquele que representa os interesses dos seus eleitores, que mantém o contato com eles de forma fácil e descomplicada; que responde às suas demandas, fazendo reuniões constantes em instituições (igrejas, sindicatos, associações). Ele também deve ser coerente na sua filiação a um partido político, que tenha programa claro e uma posição com relação aos governos que não seja a de obter benefícios para os seus filiados, mas sim na defesa de políticas públicas para todos. Ou seja, é preciso ter posição.

Arlete Frank Dutra Gerente de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Vitória

Saúde

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ensinamentos

a Ordem e o Matrimônio são de-nominados Sacramentos do Ser-viço da Comunhão. Destinam-se

à salvação de outros, conferindo uma missão particular na Igreja e servem para a edificação do Povo de Deus. Pelo Sacramento do Matrimônio,

Edificadores da missão confiada por Cristo

os esposos cristãos são fortalecidos e consagrados para cumprirem os deve-res próprios do casamento. Já os que recebem o Sacramento da Ordem são consagrados para serem, em nome de Cristo, os pastores da Igreja. Pelo Sacramento da Ordem, a mis-são confiada por Cristo a seus Apósto-los continua sendo exercida na Igreja. Está vinculado ao ministério apostólico e comporta três graus: o Episcopado (Bispos), o Presbiterado (Presbíteros ou Padres) e o Diaconado (Diáconos), existentes já na Igreja Primitiva. Este Sacramento é chamado de Ordem porque no Império Romano, a pa-lavra “ordo” designava o corpo dos que governavam, e “ordenação” o ingresso em determinada ordem. No âmbito da Igreja, Tertuliano (+220/240) introduz o termo “ordo” na literatura cristã para fazer a distinção entre ministros orde-nados e o restante do Povo de Deus. Hoje, a palavra “ordenação” é re-servada ao ato sacramental que integra na Ordem dos Bispos, Presbíteros e Di-

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Vitor nunes rosaprofessor de filosofia na faesa

Edificadores da missão confiada por Cristo

áconos, conferindo um dom do Espírito Santo para o exercício do poder sagrado, vindo do próprio Cristo, por meio da Igreja. Os Bispos e os Presbíteros participam ministerialmente no sacerdócio de Cristo; ao passo que os diáconos se destinam a ajudá-los na missão. Os Bispos, sucessores dos Apóstolos, re-cebem a plenitude do Sacramento da Ordem, são membros do Colégio Episcopal e, por isso, participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja, sob a autoridade do Papa, sucessor de São Pedro. Os Presbíteros estão unidos aos Bispos na dignidade sacerdotal e dependem deles para

exercerem suas funções pastorais, sendo seus colaboradores. Os Diáconos não recebem o sacerdócio ministerial. São ministros ordenados para as tarefas de serviço da Igreja, que devem cumprir sob a autoridade pastoral de seu Bis-po. Os seminaristas que se preparam para o sacerdócio são ordenados diáconos tendo em vista a ordenação presbiteral. Mas, há também o Diaconado permanente, conferido a homens casados, conforme as diretrizes da Igreja. O Sacramento da Ordem, que imprime um caráter sacramental indelével, isto é, irrevo-gável, é conferido pela imposição das mãos do Bispo (somente ele, como sucessor dos Apóstolos, pode conferir esse sacramento), seguida da solene oração consecratória, que pede a Deus, as graças do Espírito Santo ne-cessárias para que o ordinando possa exercer o seu ministério. n

apalavra“OrdenaçãO”éreservada

aOatOsacraMentalqUeintegra

naOrdeMdOsbispOs,presbíterOse

diácOnOs, conFerindo uM doM do esPírito santo Para o exercício do Poder sagrado, Vindo do PróPrio cristo, Por Meio da igreja

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ecologia

Muito já se comentou sobre a importância das análises do Papa Francisco na sua

Carta Encíclica “Laudato Si” e sua relação com o Tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Casa comum, nossa responsabilidade”. Ambos os documentos lembram a humanidade do cuidado que deve-mos ter com o meio am-biente, nos convocando a zelar pelo que herdamos e o que deixaremos para os que nos sucederem. E em alguns casos corrigir seqüe-las que a humanidade tem causado à “Nossa Casa”. Mas, não podemos ficar no mundo das ideias. Deve-mos partir para a ação. Cada um analisando a sua vida pes-soal, seu comprometimento com nossa “Casa Comum”. Seu consumo de água, de luz, sua produção e destino do lixo. Analisar a possibilidade de coletar água da chuva, proteger as nascentes, produzir energia a partir do sol ou dos ventos. Recuperar nossas matas. E muitas outras questões am-bientais e também questões da vida em sociedade, que afetam diretamente a nossa “Casa Comum”. Não devemos esperar que as soluções venham apenas dos go-vernantes. Devemos discutir com nossos vizinhos, nossas comunidades religiosas ou de bairros. Veremos que muitos pensam e sentem como nós.

louvada seja a casa comum, nossa responsabilidade!

Só nos falta sentir juntos, refletirmos juntos e buscar soluções juntos. Não pensemos em resolver todos os problemas que nos cercam de uma só vez. Isso é uma boa receita de fracasso e frustração. Devemos eleger um projeto que a maioria dos moradores julgue o mais importante. Por exemplo, para as regiões serranas

as nascentes de água. Sensibilizar a todos da necessidade de recuperação e proteção; nas áreas mais densa-mente habitadas, o destino do lixo ou resíduos sólidos. Buscar conhecer experiências de reciclagem e mirar-se em experiências de outros. Outro grande problema dos aglomerados urbanos é a mobilida-de. Como nós podemos suportar a precariedade do transporte coletivo na Grande Vitória? Irmãos nossos ficam horas dentro de ônibus su-perlotados todos os dias, enquanto

existem opções de transportes aqua-viários desmantelados por interesses econômicos. Encontramos comunidades que passam, além dos problemas gerais de todas as cidades brasileiras, por problemas específicos quanto a edu-cação, falta de opções no mercado de trabalho, opções de lazer. Deve ser

uma vocação natural nestas comunidades, abordar os aspectos sociais, culturais, esportivos e ambientais, que levem a superar suas carên-cias. Enfim, a “casa comum” é formada pelas casas de cada um de nós. Enquanto não nos preocuparmos com a água; enquanto não reflo-restarmos a margem do rio da nossa cidade; enquanto não reciclarmos o lixo ou o óleo que jogamos na pia; enquanto não produzirmos

energia a partir dos ventos ou do sol, para desligar as usinas que queimam combustíveis fósseis; enquanto não cuidarmos das matas, dos mangues e todos os ambientes que nos dão vida; não assumimos a missão que nos foi dada pelo Criador: “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para o cultivar e o guardar”. (Gn 2,15). n

diácono José Benedito malta VarejãoBiólogo

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cultura capixaBa

aliteratura produzida por escritores nascidos no Espírito Santo e que

tiveram as terras capixabas por inspiração está presente nas prateleiras de todas as bi-bliotecas. Dentre esses o mais cé-lebre dos capixabas – Rubem Braga – produziu crônicas lite-rárias para entreter e instruir os amantes da língua portuguesa, com uma linguagem simples e acessível. Entre as crônicas de Ru-bem, e de seu irmão Newton Braga, podemos visualizar pai-sagens e cenas do nosso coti-

Literatura Capixabadiano que retratam bem o território e o povo do Estado. Mas, outros autores também se propuseram a descrever, em ro-mances, essas peculiaridades. Como é o caso de Graça Ara-nha que, em seu romance Canaã (1902), retratou a dura realidade dos descendentes de imigrantes ale-mães e as tragédias particulares de cada um. Os personagens, Milkau e Maria, vivem durante o período de desbravamento das montanhas capixabas e Graça Aranha pintou, com cores fortes, as perdas e sofri-mentos desses pioneiros. Mais uma escritora que retratou os imigrantes, mas dessa vez os

italianos, foi Virginia Tamanini, em seu romance histórico Karina (1964), que narra a saga dos des-bravadores do município de Santa Teresa. Outro livro, cujo tema trata de conflitos, foi o romance Cotaxé (1999) escrito por Adilson Vilaça. O enredo trata da saga de Udelino de Matos e sua tentativa de criar (entre fazendeiros, jagunços, pos-seiros, grileiros e polícia) o estado brasileiro “União de Jeovah”, em Cotaxé, distrito de Ecoporanga. Vale a leitura! n

diovani favoretohistoriadora

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acontece

área serrana recebe imagem peregrina de nossa senhora aparecida A imagem de Nossa Senhora Aparecida continua a peregrinação pela Arquidiocese de Vitória, neste mês de fevereiro visitando a área Serrana. Inicia no dia 03, em Araguaia, na paróquia São Miguel Arcanjo e, no decorrer do mês, passa por todas as

paróquias da área. As comunidades estão envolvidas nas atividades realizadas e os fiéis demonstram toda a sua devoção a Mãe de Jesus. A imagem peregrina permanece no território arquidiocesano até o mês de julho, quando retorna para Aparecida.

Passagem da imagem peregrina pela paróquia são josé, de guarapari

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abertura da campanha da Fraternidade 2016dia 14 de fevereiro: Caminhada orante pelas ruas do Centro de Vitória• Concentração às 15h na Igreja Presbiteriana unida, na rua 7 de setembro, em direção à Catedral Metropolitana.