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O DIREITO FUNDAMENTAL DAS PARTES AO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO E A ATUAÇÃO DO CNJ 1 Flávia Moreira Guimarães Pessoa 2 Rafaela Góis Teixeira 3 SUMÁRIO 1. Introdução. 2. O Direito Fundamental ao livre convencimento motivado. 3. A atuação do CNJ; 3. Considerações Finais; 4 Referências bibliográficas. RESUMO 1 O presente artigo foi elaborado no âmbito do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais”, projeto de pesquisa A Concretização do Direto Fundamental ao Livre Convencimento Motivado e a Atuação do CNJ da Universidade Federal de Sergipe. 2 Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Professora do Mestrado em Direito da UFS, Juíza do Trabalho (TRT 20ª Região), Especialista em Direito Processual pela UFSC, Mestre em Direito, Estado e Cidadania pela UGF, Doutora em Direito Público pela UFBA, líder do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da Universidade Federal de Sergipe. Artigo elaborado com o apoio do PIBIC da Universidade Federal de Sergipe. 3 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBIC, integrante do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da Universidade Federal de Sergipe.

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O DIREITO FUNDAMENTAL DAS PARTES AO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO E A ATUAÇÃO DO CNJ 1

Flávia Moreira Guimarães Pessoa2

Rafaela Góis Teixeira3

SUMÁRIO

1. Introdução. 2. O Direito Fundamental ao livre convencimento motivado. 3. A atuação do

CNJ; 3. Considerações Finais; 4 Referências bibliográficas.

RESUMO

O presente trabalho tem como finalidade analisar de que forma está estabelecido o direito

fundamental a um julgamento independente na legislação brasileira pátria, buscando enfrentar

as discussões promovidas pela atuação do Conselho Nacional de Justiça, no que tange a

concretização deste direito fundamental.

Palavras- Chaves: Direitos Fundamentais, Livre Convencimento Motivado, Conselho

Nacional de Justiça.

1O presente artigo foi elaborado no âmbito do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais”, projeto de pesquisa A Concretização do Direto Fundamental ao Livre Convencimento Motivado e a Atuação do CNJ da Universidade Federal de Sergipe. 2 Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Professora do Mestrado em Direito da UFS, Juíza do Trabalho (TRT 20ª Região), Especialista em Direito Processual pela UFSC, Mestre em Direito, Estado e Cidadania pela UGF, Doutora em Direito Público pela UFBA, líder do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da Universidade Federal de Sergipe. Artigo elaborado com o apoio do PIBIC da Universidade Federal de Sergipe. 3 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBIC, integrante do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da Universidade Federal de Sergipe.

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1.IntroduçãoO presente artigo visa analisar a concretização do direito fundamental ao livre

convencimento motivado. Para atingir o objetivo proposto, divide-se em duas partes, sendo ao

final expostas as conclusões.

Na primeira, é abordado o livre convencimento motivado enquanto direito

fundamental das partes. Na segunda, são analisadas as discussões atuais promovidas pela

atuação do Conselho Nacional de Justiça, a partir das decisões s e atos normativos daquele

órgão, enquanto limitadores do livre convencimento do juiz. Finalmente são apontados os

pontos principais do texto.

2. O DIREITO FUNDAMENTAL AO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO

A conceituação do que sejam “direitos fundamentais” é particularmente difícil,

tendo em vista a ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no envolver

histórico. Aumenta essa dificuldade o fato de se empregarem várias expressões para designá-

los, como “direitos naturais”, “direitos humanos”, “direitos públicos subjetivos”, “liberdades

fundamentais”, entre outros conceitos4.

Cumpre frisar que o conteúdo dos direitos fundamentais foi sendo paulatinamente

alterado, a partir da verificação do seu caráter histórico. Com efeito, consoante assinala

Canotilho (2003, p. 1395), os direitos fundamentais “pressupõem concepções de Estado e de

Constituição decisivamente operantes na atividade interpretativo-concretizadora das normas

constitucionais”.

Importa destacar, neste tópico, a existência de direitos fundamentais processuais,

tema bem desenvolvido por Julio Guilherme Muller (2004), que aponta como direitos 4 Ingo Sarlet (2006, p. 35-37) estabelece a distinção entre “direitos fundamentais”, “direitos humanos” e “direitos do homem”. Nesse sentido, segundo o autor, o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, enquanto que a expressão direitos humanos seria relativa aos documentos de direito internacional, por referir-se às posições jurídicas que se reconhece ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação a determinado Estado. Já a expressão “direitos do homem” seria, segundo Sarlet (2006, p. 37) marcadamente jusnaturalista, de uma fase que precedeu o reconhecimento dos direitos no âmbito do direito positivo interno e internacional.

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fundamentais principais aqueles expressos no art. 5º, caput5, e incisos XXXV6, LIII7, LIV8,

LV9, LVI10 e LX11 da Constituição brasileira de 1988, ou seja, os princípios da igualdade, do

devido processo legal, contraditório, ampla defesa, publicidade dos atos processuais,

inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos, inafastabilidade da jurisdição e juiz

natural (MULLER, 2004, p. 66). Ao lado dos direitos fundamentais processuais principais,

Muller (2004, p. 67) também aponta os direitos fundamentais materiais adstritos, como a

exigência de motivação das decisões, consagrada no art. 93 IX12 da Constituição Federal.

Ao lado dos direitos fundamentais processuais, assinalem-se, ainda, as garantias

processuais que, embora consagradas na Constituição Federal, não se constituem em direito

fundamental. Entre elas, podem-se explicitar a previsão de vários órgãos do judiciário, com

atribuições e competências fixadas, a vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de

vencimentos dos magistrados e membros do ministério público (MULLER, 2004, p. 67).

Verificados os Direitos Fundamentais Processuais, percebe-se que o direito ao

livre convencimento motivado é decorrência do princípio do devido processo legal. O devido

processo legal é um direito fundamental de conteúdo complexo. Segundo Fredie Didier Júnior

“trata-se de uma cláusula geral e, portanto, aberta, que a experiência histórica cuida de

preencher” (DIDIER JÚNIOR, 2006, p. 53).

Para Oreste Nestor de Souza Laspro traduz o devido processo legal a “obediência

à lei para obtenção de julgamento adequado, justo e équo, conforme aos princípios

constitucionais, que atuam concorrentemente e não de forma singular, a todos os indivíduos,

protegendo-os de qualquer discriminação” (LASPRO, 1995, p.88).

Nelson Nery Júnior considera o due process of law como princípio básico do

processo, do qual derivariam todos os demais. Em suas palavras: “bastaria a norma

5 Art. 5º Constituição Federal: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.6 Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;7 Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;8 Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;9 Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;10 Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;11 Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;12 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

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constitucional haver adotado o princípio do due process of law para que daí decorrerem todas

as conseqüências processuais que garantiriam aos litigantes o direito a um processo e a uma

sentença justa”. (NERY JUNIOR, 1997, p. 27).

Trata-se de garantia inserta no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, nos

seguintes termos: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo

legal”. A inserção da cláusula na Constituição é sintomática, uma vez que o devido processo

legal tanto pode ser entendido como princípio constitucional do processo, quanto elemento

inerente ao estado de direito, ou ainda, direito fundamental do cidadão, ou, mais

precisamente, instrumento assecuratório do gozo dos direitos fundamentais.

O primeiro documento legislativo que fez menção ao princípio no mundo

ocidental foi a Magna Carta de 1215, que aludia a Law of the land. Somente mais de um

século depois, já em 1354, é que se teve menção específica ao termo Due Process of law, no

Statute of Westminster of the Liberties of London.

O conteúdo e significado do princípio são, aliás, bastante discutidos na doutrina

processual pátria. Segundo Nelson Nery Junior, em entendimento já mencionado, o princípio

é o principal dentro da Teoria Geral do Processo, dele derivando todos os demais. Nesse

mesmo sentido se orienta Fredie Didier Júnior (DIDIER, 2006, p. 33). Na mesma orientação,

Paulo Lucon (2006, p. 14) aponta o devido processo legal como o ponto de convergência de

todos os princípios, garantias e exigências do processo civil.

O sistema da persuasão racional foi adotado após a Revolução Francesa, época em

que a valoração meramente numérica e automática das testemunhas deixou de ser utilizada. A

formação do sistema racional de valoração das provas teve progressiva evolução, de forma

que somente no século XX se pode situar a adoção da lógica racional como método de

hermenêutica. Com isso, o sistema do livre convencimento motivado passou a ser adotado

pelas legislações modernas, dentre as quais o Código de Processo Civil brasileiro, mais

precisamente em seu art. 13113. Ademais, o art. 93 IX Constituição consagra o princípio,

neste aspecto entendido como direito fundamental material adstrito.

13 Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não legados pelas partes; mas deverá indicar na, sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento

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Pode-se definir o sistema do livre convencimento motivado como aquele no qual

o juiz, de conformidade com seus critérios de entendimento, calcado no raciocínio e na lógica,

tendo como base a legislação vigente, com apoio nos elementos existentes nos próprios autos,

tendo que, na sentença, explanar sua motivação, decide, com racional liberdade, a demanda

proposta.

Ao formar o seu juízo de valor acerca dos fatos que lhe são expostos e do direito

aplicável ao caso, o juiz possui liberdade. Essa liberdade, contudo, é limitada pelo campo

semântico que toda norma possui. Essa mesma liberdade, A liberdade, contudo, cessa a partir

do momento em que o magistrado firma seu convencimento. Formado o juízo de valor, o

magistrado não pode dele abdicar, pois determinou, diante do caso concreto, qual é o sentido

da norma por ele interpretada.

Verifica-se, portanto, que a motivação é um dos pilares do sistema da persuasão

racional, porque, através dela, se confere... da motivação confere-se racionalidade e

legitimidade à independência de que goza o julgador na apreciação da prova. Tanto assim

que o sistema é também conhecido como do livre convencimento motivado.

O livre convencimento motivado, porém, não é previsão apenas do art. 93, inciso

IX, da Constituição. Trata-se, em realidade, de direito fundamental inscrito no art. 5º, inciso

LIV, da Constituição. Saliente-se, neste aspecto, que não se trata de garantia para o julgador.

Ao contrário, é garantia para a sociedade, num Estado Democrático de Direito, tendo em vista

estar no conteúdo do devido processo legal.

Assim, ao se tolher a aplicação do princípio da persuasão racional, ou livre

convencimento motivado, além de se ofender o disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição,

está-se a ferir de morte os princípios do devido processo legal (art. 5º LIV) e, em

conseqüência, o próprio Estado Democrático de Direito (art. 1º caput Constituição), razão

pela qual se trata de garantia irrenunciável pelo cidadão.

3. A Atuação Do Conselho Nacional de Justiça -

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O Conselho Judicial Brasileiro tem sua previsão legal no art. 103-B da Constituição Federal, sendo que o rol de suas atribuições encontra-se no parágrafo 4º deste artigo, in verbis:

“Art. 103-B [...], § 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa

e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos

juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem atribuídas pelo

Estatuto da Magistratura.”

O instituto em questão possui natureza jurídica administrativa e financeira do

Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes , conforme sua previsão

constitucional antes exarada. A prova desta natureza está nas decisões a serem proferidas pelo

CNJ, as quais não possuem qualidade de coisa julgada material.

Resta, portanto, superado o debate de que a natureza jurídica do CNJ é

jurisdicional, ficando quase incontroverso que sua estrutura é administrativa.

“Desde a primeira hora, a ideia da criação de um órgão de controle social do

funcionamento da Justiça, integrado por pessoas externas à magistratura, enfrentou aguerrida

resistência. No plano político, a matéria foi superada, pela deliberação majoritária qualificada

do Congresso Nacional, atuando como poder constituinte derivado, que aprovou a EC nº

45/2004. No plano jurídico, trava-se a última batalha: a da determinação da

constitucionalidade ou não do Conselho Nacional de Justiça em face dos princípios da

separação de Poderes e da forma federativa de Estado (CF, art. 60, § 4º, I e III)14”,

(BARROSO, 2005, p.2)

É interessante frisar que, independentemente de discussões, o Supremo Tribunal

Federal já firmou entendimento de que o CNJ possui natureza jurídica administrativa de

controle interno, consoante ADIN n. 3.367-DF.

14 Art. 60,§ 4º- Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:I-A forma federativa de Estado;[...]III-a separação de poderes.

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O conteúdo nuclear e histórico do princípio da separação de Poderes pode ser

descrito nos seguintes termos: as funções estatais devem ser divididas e atribuídas a órgãos

diversos e devem existir mecanismos de controle recíproco entre eles, de modo a proteger os

indivíduos contra o abuso potencial de um poder absoluto15. Em interessante decisão, em que

examinava a possibilidade de controle judicial dos atos das Comissões Parlamentares de

Inquérito, o Supremo Tribunal Federal identificou esse sentido básico da separação de

Poderes com a vedação da existência, no âmbito do Estado, de instâncias hegemônicas, que

não estejam sujeitas a controle. Vale transcrever trecho do acórdão no qual o tema foi

discutido, da lavra do Ministro Celso de Mello”16, BARROSO, 2005, p.7:  

“A essência do postulado da divisão funcional do poder, além de derivar da

necessidade de conter os excessos dos órgãos que compõem o aparelho de Estado,

representa o princípio conservador das liberdades do cidadão e constitui o meio

mais adequado para tornar efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela

Constituição. Esse princípio, que tem assento no art. 2º da Carta Política, não pode

constituir e nem qualificar-se como um inaceitável manto protetor de

comportamentos abusivos e arbitrários, por parte de qualquer agente do Poder

Público ou de qualquer instituição estatal. (...) O sistema constitucional brasileiro,

ao consagrar o princípio da limitação de poderes, teve por objetivo instituir

modelo destinado a impedir a formação de instâncias hegemônicas de poder no

âmbito do Estado, em ordem a neutralizar, no plano político-jurídico, a

possibilidade de dominação institucional de qualquer dos Poderes da República

sobre os demais órgãos da soberania nacional."

Diante de todo o narrado, verifica-se que o CNJ possui atribuição de controle do

Poder Judiciário. Tal controle, consoante legislação vigente, diz respeito a um controle

administrativo, que possui índole interna, isto é, um controle em que não prejudica a

autonomia e a independência do Poder Judiciário, mas sim, o organiza. Esta característica foi

(re)firmada na decisão do STF que julgou improcedente a ADI 3365, a qual foi intentada pela

15 Nuno Piçarra, A separação dos Poderes como doutrina e princípio constitucional – Um contributo para o estudo das suas origens e evolução, 1989, p. 26: “Na sua dimensão orgânico-funcional, o princípio da separação dos Poderes deve continuar a ser encarado como princípio de moderação, racionalização e limitação do poder político-estadual no interesse da liberdade. Tal constitui seguramente o seu núcleo intangível”, apud BARROSO.16 STF, MS 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 12.05.00, apud BARROSO.

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AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), que entendia ser o CNJ um órgão de controle

jurisdicional e, portanto, inconstitucional, pois de encontro com a autonomia do Judiciário.

Mostra-se importante destacar, em face da absoluta pertinência, fragmento do

voto que o eminente Ministro Eros Grau proferiu no julgamento da ADI 3.367/DF:

De resto e este ponto é de fundamental importância ao Conselho Nacional de

Justiça não é atribuída competência nenhuma que permita a sua interferência na

independência funcional do magistrado. Cabe a ele, exclusivamente, o controle da

atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, no modelo brasileiro de

harmonia e equilíbrio entre os poderes, não conformará nem informará nem

mesmo afetará o dever-poder de decidir conforme a Constituição e as leis que

vincula os membros da magistratura. O controle que exercerá está adstrito ao

plano da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do

cumprimento dos deveres funcionais do Poder Judiciário e do cumprimento dos

deveres funcionais dos juízes. Embora órgão integrante do Poder Judiciário razão

pela qual desempenha autêntico controle interno não exerce função jurisdicional.

(Mandado de segurança 27.148 Distrito Federal. STF. Relator Min. Celso de

Melo. Decisão de 20/05/2010).

Ocorre que, apesar da Constituição Federal mencionar que o CNJ possui

atribuição exclusivamente administrativa, sendo tal dispositivo reafirmado pela Corte máxima

(ADI 3365), tal mandamento não parece ser sempre seguido. Diversas resoluções foram

editadas sobre os mais diversos temas. Alguns deles atenderam à função atribuída ao

referido órgão, e tiveram o condão de organizar e reorganizar o poder judiciário, a exemplo da

Resolução nº 7 que se refere ao nepotismo17. É de se destacar que tal resolução foi crucial para

tornar viável a aplicação da súmula vinculante nº. 13 do STF18, pois esta possuía difícil

observância , frente a sua enorme abrangência, que a tornava inexequível.

17 Art. 1° É vedada a prática de nepotismo no âmbito de todos os órgãos do Poder Judiciário, sendo nulos os atos assim caracterizados. (Resolução nº 7 do CNJ).18 “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.(BRASIL, SV n° 13, 2008).

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Contudo, nem todas as resoluções editadas pelo CNJ seguiram a mesma idéia..

Exemplo dessa situação são as Resoluções referentes aos Precatórios (n. 115/10 e 123/10)19 e

aos Cartórios de Registros Públicos (n. 80/09)20, as quais, ao que parece, regulamentaram a

matéria de forma completa, independentemente de Lei.

De igual forma, também extrapolando a função administrativa, há registro de

atuação do CNJ no sentido de suspender decisão judicial do próprio Poder Judiciário em sua

função típica, conforme se depreende da ementa abaixo:

EMENTA: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA. ATO QUE SUSPENDE A EFICÁCIA DE DECISÃO CONCESSIVA DE MANDADO DE SEGURANÇA EMANADA DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INADMISSIBILIDADE. ATUAÇÃO “ULTRA VIRES” DO CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, PORQUE EXCEDENTE DOS ESTRITOS LIMITES DAS ATRIBUIÇÕES MERAMENTE ADMINISTRATIVAS OUTORGADAS PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, NÃO OBSTANTE ÓRGÃO DE CONTROLE INTERNO DO PODER JUDICIÁRIO, PARA INTERVIR EM PROCESSOS DE NATUREZA JURISDICIONAL. IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (QUE SE QUALIFICA COMO ÓRGÃO DE CARÁTER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO) FISCALIZAR, REEXAMINAR E SUSPENDER OS EFEITOS DECORRENTES DE ATO DE CONTEÚDO JURISDICIONAL, COMO AQUELE QUE CONCEDE MANDADO DE SEGURANÇA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. MEDIDA LIMINAR DEFERIDA. DECISÃO: Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado contra ato do Senhor Corregedor Nacional de Justiça, que resolveu “tornar sem efeito” decisão concessiva de mandado de segurança proferida, pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, em favor da ora impetrante. (MS 28598 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 08/06/2010, publicado em DJe-106 DIVULG 11/06/2010 PUBLIC 14/06/2010 RDDP n. 89, 2010, p. 183-186).

19 Art. 1º O Sistema de Gestão de Precatórios – SGP, instituído no âmbito do Poder Judiciário e gerido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, tem por base banco de dados de caráter nacional, alimentado pelos Tribunais descritos nos incisos I I a VII do Art. 92 da Constituição Federal , com as seguintes informações:(...) Resolução 115 do CNJ.20 Art. 1°. É declarada a vacância dos serviços notariais e de registro cujos atuais responsáveis não tenham sido investidos por meio de concurso público de provas e títulos específico para a outorga de delegações de notas e de registro, na forma da Constituição Federal de 1988; resolução 80 do CNJ.

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Insta destacar que, em recente decisão, o CNJ aprovou, por maioria de votos, a

Resolução nº 175/201321, a qual assegura aos casais homossexuais, o direto ao casamento

civil, bem como a conversão da união estável em casamento diante de qualquer cartório.

Não obstante a relevância do tema nos dias atuais, diante de importantes decisões,

a exemplo do julgamento da ADPF 132/RJ, na qual o Supremo Tribunal Federal decidiu, com

efeito vinculante, afastar qualquer interpretação discriminatória da união estável entre

parceiros do mesmo sexo, vê-se que o CNJ foi além dos seus limites constitucionais. Isso

porque, no julgamento da ADPF 132, o STF não tratou de qualquer outra forma de família

que não a decorrente da união estável, e por isso não reconheceu de forma automática o

casamento homoafetivo.22.

Sobre o tema aqui tratado a Corregedoria Geral de Justiça do Rio de Janeiro

editou o Provimento CGJ 25/2013, estabelecendo que se trata de matéria jurisdicional a

apreciação de eventual impedimento legal para casamento homoafetivo, não podendo ato

normativo interno do tribunal sobrepor-se ao entendimento do juízo competente.

Com efeito, a independência do Poder Judiciário e, por consequência, da

Magistratura Nacional, é inequivocamente um dos pilares do Estado Democrático de Direito

(artigos 2º, 5º, LIV, e 95, I a III, da CRFB). Ao exercer a jurisdição, o Magistrado deve estar

seguro e isento de qualquer interferência externa, seja econômica, política, da mídia ou de

natureza meramente administrativa. Não devem os Juízes sofrer pressões, nem tampouco

retaliação ou sanção se decidem e atuam com base no respectivo entendimento jurídico, ainda

que não seja o majoritário naquele determinado momento histórico, como se sabe, por vezes

transitório. Não podem, jamais, sofrer influências impertinentes no processo de formação de

seu livre convencimento fundamentado.

21 Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.

Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis.

Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação .22 O ministro Gilmar Mendes observou que, no julgamento realizado há dois anos, o Supremo não autorizou o casamento civil entre homossexuais. “Pelo que me lembro, o tribunal só tratou da questão da união estável, mandou aplicar a união estável. Ficou muito claro isso”.

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O exercício da judicatura pressupõe independência, liberdade e tranquilidade para

a análise justa e isenta dos casos que lhes são submetidos, em todas as suas peculiaridades e

com todas as suas idiossincrasias.

Não há, então, como relativizar a garantia de independência de entendimento dos

Magistrados, ainda que desagrade às partes e seja contrária ao entendimento majoritário da

doutrina, jurisprudência ou, ainda, dos órgãos imbuídos do poder disciplinar.

Nesse ponto, importante destacar os ensinamentos de Barroso acerca do Poder

Judiciário e da recuperação das garantias dos magistrados após a Constituição de 1988:

Uma das instigantes novidades do Brasil dos últimos anos foi a virtuosa ascensão

institucional do Poder Judiciário. Sob a Constituição de 1988, recuperadas as

liberdades democráticas e as garantias da magistratura, juízes e tribunais deixaram

de ser um departamento técnico especializado e passaram a desempenhar um

papel político, dividindo espaço com o Legislativo e o Executivo. Embora seus

métodos e argumentos sejam jurídicos, não é possível deixar de reconhecer a

repercussão, sobre o interesse público, de decisões judiciais sobre os temas mais

variados, que incluem o valor de tarifas públicas, a definição das hipóteses

legítimas de interrupção da gestação ou a definição dos poderes do Ministério

Público na investigação crimina (BARRROSO, 2005).

Nesse contexto, caracterizado pela ascensão institucional, representatividade

política e necessidade de preservação da independência do Judiciário, é que foi concebida a

criação de um órgão de composição mista, apto a promover sua adequada comunicação com a

sociedade e com as instituições políticas. Uma via de mão dupla, capaz de transmitir as

expectativas dos cidadãos e de compreender as circunstâncias das instituições judiciais.

Dentre outras funções, ao Conselho Nacional de Justiça caberá, sem interferir na atividade

jurisdicional, repita-se, planejar estrategicamente a instituição, reivindicar verbas e

compromissos, defender prerrogativas e garantias do Poder Judiciário, apresentar relatórios

estatísticos, zelar pela universalização do acesso à justiça e, quando for o caso, punir desvios

de conduta.

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Não se deve olvidar que a atuação do Conselho Nacional de Justiça tem

propiciado avanços significativos para o bom andamento do Poder Judiciário. Dentre as ações

e resoluções promovidas pelo referido órgão, destaca-se aquela referente à vedação ao

nepotismo, que corresponde à contratação de parentes até o terceiro grau, para ocupar cargos

de direção, chefia e assessoramento, sem realização de concurso público. .

Além disso, o CNJ vem repercutindo para a sociedade os esforços investidos no

fortalecimento da moralidade administrativa; com medidas concretas para reduzir a

morosidade crônica e unificar e uniformizar os procedimentos forenses; e com avanços na

produção e publicação de dados estatísticos sobre a movimentação e a produção do Judiciário

brasileiro, nas suas mais diversas organizações e instâncias. Destaca-se também o empenho

do conselho para o aperfeiçoamento de políticas e mecanismos de gestão de tribunais, bem

como o incentivo de práticas autocompositivas de conflitos, que contribuem para desafogar o

judiciário. Tudo isso caracteriza um viés positivo, reconhecido tanto por setores judiciários e

dos demais poderes, como da sociedade civil.

Por outro lado, muitos são os desafios a serem enfrentados pelo CNJ no sentido de

tornar o Poder Judiciário mais eficiente. Um desses desafios corresponde à independência dos

magistrados, pois também constitui tarefa do CNJ combater os desvios de poder

administrativo que sacrifiquem o interesse público em favor de atos pessoais de

favorecimento ou perseguição. Principalmente, cabe ao CNJ impedir qualquer tentativa de

ingerência nos julgamentos através de pressões de toda a ordem, que somente interessam aos

detentores do poder e deixam o Judiciário fraco e sem legitimidade.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

À vista de tudo o que foi exposto, é imperioso destacar a importância da criação

do Conselho Nacional de Justiça pela emenda constituicional nº 45, em um momento em que

o judiciário estava bastante desacreditado pela população, e necessitava reacender a confiança

nesse poder.

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Como consequência disso, a atuação do referido órgão tem promovido

significativas mudanças na estrutura e funcionamento do judiciário, de modo que após sete

anos de existência já é possível visualizar as conquistas aferidas. Contudo, aliado a essas

conquistas, o CNJ apresenta alguns desafios a serem superados no decorrer da sua gestão. Um

deles corresponde à necessidade de não interferir na independência do judiciário. Ao

contrário, cabe ao CNJ trabalhar no sentido de garantir a independência dos julgamentos,

funcionando, assim, como mais um instrumento do Estado Democrático de Direito para

manutenção de suas instituições.

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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