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Anotações Foucault FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder, capítulos: XII e XVII. CAPÍTULO XII Soberania e Disciplina Como do poder. P. 100. Um triangulo: poder, direito e verdade. P. 101- Existem relações de poder múltiplas que atravessam, caracterizam e constituem o corpo social e que essas relações de poder não podem se dissociar, se estabelecer nem funcionar sem uma produção, uma acumulação, uma circulação e um funcionamento do discurso. Somos submetidos pelo poder a produção da verdade, e só podemos exercê-lo através da produção da verdade. Temos que produzir verdades para produzir riquezas. A verdae é lei e produz discurso verdadeiro que decide, transmite e reproduz, ao menos em partes, efeitos de poder. Discursos de verdades trazem efeitos de poder. A elaboração do pensamento jurídico desde a idade media, se fez essencialmente em torno do poder real. O personagem central de todo edifício jurídico ocidental é o rei. P. 102- A teoria do direito, desde a idade média, tem essencialmente o papel de fixar a legitimidade do poder. O problema maior em torno do qual se organiza toda a teoria do direito é o da soberania. O discurso e a técnica do direito tiveram a função de dissolver o fato da dominação dentro do poder e trazer: os direitos legítimos da soberania, e a obrigação legal da obediência. O autor busca sobressair o fato da dominação, e mostrar como o direito é instrumento dessa dominação e até que ponto e sob que forma o direito Poe em pratica, veicula relações que são não de soberania, mas de dominação. Múltiplas formas de dominação. Direito como procedimento de sujeição e não como legitimidade a ser estabelecida. Soberania e obediência < dominação e sujeição. P. 102- Metodologia (precauções): 1- Objetivo, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício. 2-estudar o poder onde ele se implanta e produz efeitos reais, onde se relaciona direta e imediatamente com seu objeto. Sua face externa, onde sua intenção está investida em práticas reais e efetivas. Captar a instancia material da sujeição enquanto constituição dos sujeitos. P. 103- 3- o poder não é maciço e homogenio. Não se pode dividilo entre aqules que tem e o detem exculsivamente, e aqules que não o possuem e são submetidos. É algo que funciona em cadeia. Se exerce em redeo poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles. Os indivíduos é um efeito do poder e é seu centro de transmissão. 4- não fazer deduções do poder que partindo do cenro procuraria ver como se prolonga pra baixo. Deve-se fazer uma analise ascendente do poder. Partindo dos mecanismos infinitesimais, e deposi ver como esses mecanismos forma investidos por mecanismos cada vez mais gerais e por formas de

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  • Anotaes Foucault

    FOUCAULT, Michel. Microfsica do poder, captulos: XII e XVII.

    CAPTULO XII Soberania e Disciplina

    Como do poder.

    P. 100. Um triangulo: poder, direito e verdade.

    P. 101- Existem relaes de poder mltiplas que atravessam, caracterizam e constituem o

    corpo social e que essas relaes de poder no podem se dissociar, se estabelecer nem

    funcionar sem uma produo, uma acumulao, uma circulao e um funcionamento do

    discurso.

    Somos submetidos pelo poder a produo da verdade, e s podemos exerc-lo atravs da

    produo da verdade. Temos que produzir verdades para produzir riquezas. A verdae lei e

    produz discurso verdadeiro que decide, transmite e reproduz, ao menos em partes, efeitos de

    poder. Discursos de verdades trazem efeitos de poder.

    A elaborao do pensamento jurdico desde a idade media, se fez essencialmente em torno do

    poder real. O personagem central de todo edifcio jurdico ocidental o rei.

    P. 102- A teoria do direito, desde a idade mdia, tem essencialmente o papel de fixar a

    legitimidade do poder. O problema maior em torno do qual se organiza toda a teoria do direito

    o da soberania. O discurso e a tcnica do direito tiveram a funo de dissolver o fato da

    dominao dentro do poder e trazer: os direitos legtimos da soberania, e a obrigao legal da

    obedincia.

    O autor busca sobressair o fato da dominao, e mostrar como o direito instrumento dessa

    dominao e at que ponto e sob que forma o direito Poe em pratica, veicula relaes que so

    no de soberania, mas de dominao. Mltiplas formas de dominao. Direito como

    procedimento de sujeio e no como legitimidade a ser estabelecida.

    Soberania e obedincia < dominao e sujeio.

    P. 102- Metodologia (precaues): 1- Objetivo, captar o poder na extremidade cada vez menos

    jurdica de seu exerccio. 2-estudar o poder onde ele se implanta e produz efeitos reais, onde

    se relaciona direta e imediatamente com seu objeto. Sua face externa, onde sua inteno est

    investida em prticas reais e efetivas. Captar a instancia material da sujeio enquanto

    constituio dos sujeitos.

    P. 103- 3- o poder no macio e homogenio. No se pode dividilo entre aqules que tem e o

    detem exculsivamente, e aqules que no o possuem e so submetidos. algo que funciona em

    cadeia. Se exerce em redeo poder no se aplica aos indivduos, passa por eles. Os indivduos

    um efeito do poder e seu centro de transmisso. 4- no fazer dedues do poder que

    partindo do cenro procuraria ver como se prolonga pra baixo. Deve-se fazer uma analise

    ascendente do poder. Partindo dos mecanismos infinitesimais, e deposi ver como esses

    mecanismos forma investidos por mecanismos cada vez mais gerais e por formas de

  • dominao global. Buscar os agentes reais. Exemplo da excluso do louco e represso da

    sexualidade infantil.

    P. 104- 5- bem possvel que as grandes maquinas de poder tenham sido acompanhadas de

    produes ideolgicas.mas muito menos e muito mais que isso. O poder para exercer-se

    nesses mecanismos sutis obrigado a formar, organizar, por em circulao um saber, ou

    melhor aparelhos de saber que no so construes ideolgicas. Por que sso precauo

    ideolgica? O que significa?

    P. 105- Teoria jurdico-politica da soberania. Foi o grande instrumento da luta poltica e terica

    em relao aos sistemas de poder dos sculos XVI e XVII, relao soberano-sudito. Sculo XVIII-

    construir um modelo alternativo contra as monarquias administrativas- o das democracias

    parlamentares, inveno de uma nova mecnica do poder, incopativel com as relaes de

    soberania. Representa uma nova economia do poder, segundo o qual deve-se propiciar

    simultaneamente o crescimento das foras dominadas e o aumento da fora e da eficcia de

    quem as domina. Se ope ao mecanismo que a teoria da soberania (poder mais sobre a terra e

    seus produtos) descrevia. Esse novo mecanismo se apoia mais nos corpos e seus atos, sistemas

    de vigilncia contnuos e permanentes, no pode mais ser trascrito em termos de soberania,

    uma das ggrandes invenes da sociedade burguesa, o poder disciplinar.

    A teoria da soberania persistiu como ideologia e principio organizados dos grandes cdigos

    jurdicos por: 1- ser instrumento permanente de critica contra a monarquia e obstculos

    capazes de se opor ao desenvolvimento da sociedade disciplinar. 2-permiti sobrepor aos

    mecanismos da disciplina um sistema de direito que oculta os procedimentos e tcnicas de

    dominao. Permitia uma democratizao da sobernia. Mecanismos de coero disciplinar

    fizados na democratizao e soberania coletiva.

    P. 106- Um direito de soberania e um mecanismo de disciplina: dentro destes limites que se

    d o exerccio do poder, limites to heternogeneos como irredutiveis. As disciplinas tem seu

    discurso , criadoras de aparelhos de saber e mltiplos sominios de conhecimento. Discurso da

    regra natural, normalizao, saber cnico. Sociedade de normalizao.

    O autor declara que para ir contra as usurpaes da mecania disciplinar, e a asceno de um

    poder ligado ao saber cientifico, o nico recurso aparentemente slido o retorno a um

    direito organizado em torno da soberania. Beco sem saidapois isso no elimina os efeitos do

    poder disciplinar. Deve-se buscar um novo direito antidisciplinar, e ao mesmo tempo liberado

    do principio de soberania.

    P. 107- Encontramos a noo de represso. Permanece sendo jurdico-disciplinar.

    CAPTULO XVII

    A governamentalidade

    P.163- Relao entre segurana populao e governo. Foco na temtica do governo.

    Os tratados que se apresnetavam como conselho para o prncipe so de longa data. Mas a

    partir do sculo XVI at o final do sculo XVIII os tratados se apresentam mais como arte de

  • governar, resolues para o problema do governo dos Estados pelos prncipes. Esse

    problemas se situam na covergencia dos processos de superao do feudalismo e instaurao

    dos grandes Estados territoriais. E o processo da Reforma e Contra-Reforma, como ser

    espiritualmente dirigido.

    P. 164- Literatura ponto de repulso,ao qual por oposio ou recusa se situa a literatura do

    governo: O prncipe, de Maquiavel. Houve tambm uma volumosa literatura anti-maquiavel,

    que um gnero positivo.

    O prncipe de mauiavel essencialmente um tratado da habilidade do prncipe em conservar

    seu principado, e isto que a literatura anti-maquiavel quer substituir por uma arte de

    governar.

    . O prncipe "maquiavlico" , por definio, nico em seu principado e est em posio de

    exterioridade, transcendncia, enquanto que nesta literatura o governante, as pessoas que

    governam, a prtica de governo so, por um lado, prticas mltiplas, na medida em que muita

    gente pode governar. Todos esses governos esto dentro do Estado.busca-se tambm definir

    as diferentes formas de governo.

    P. 165- As teorias da arte de governar procuram estabelecer uma continuidade, ascendente e

    descendente. A introduo da economia no exerccio poltico ser o papel essencial do

    governo.ter em relao aos habitantes, as riquezas, aos comportamentos individuais e

    coletivos, uma forma de vigilncia, de controle to atenta quanto a do pai de famlia, diz

    Rousseau. A palavra economia passa a assumir seu sentido moderno, pois comea-se a

    considerar que da prpria essncia do governo ter por objetivo principal o que hoje

    chamamos de economia.

    P.166- Territrio como prprio fundamento do principado ou da soberania para Maquiavel.

    No texto de La perrire, no se governam territrios, mas sim coisas. Um conjunto de coisas e

    homens. O territrio e a propriedade so apenas variveis. governo uma correta disposio

    das coisas de que se assume o encargo para conduzi-las a um fim conveniente.

    P. 167- Tem uma finalidade o governo, e isso se ope a soberania. A finalidade da soberania

    apenas circular, remete ao proprop exerccio da soberania.

    Ao contrrio, no caso da teoria do governo no se trata de impor uma lei aos homens, mas de

    dispor as coisas, isto , utilizar mais tticas do que leis, ou utilizar ao mximo as leis como

    tticas. A lei no o instrumento principal. O soberano deve governar com pacincia,

    sabedoria e diligencia, ao invs da fora.

    P. 168- A arte de governar encontra, no final do sculo XVI e inicio do sculo XVII, uma

    primeira forma de cristalizao ao se organizar em torno do tema de uma razo de Estado ( o

    estado se governa segundo as regras racionais que lhe so prprias). Esta razo de estado

    constituiu para o desenvolvimento da arte do governo uma espcie de obstculo. Em primeiro

    lugar por razes histricas (contexto de crises), em segundo pela estrututa institucional e

    mental. A primazia do problema da soberania, o bloqueio por parte do mercantilismo.

  • P. 169- na busca por estudar a soberania que os juristas do sculo XVII formulam ou

    reatualizam a teoria do contrato. A arte de governar foi bloqueada por esta ideia de soberania.

    O desbloqueio dessa arte de governar est em conexo com a emergncia do problema da

    populao. A estatstica se torna o principal, ou um dos principais, fatores tcnicos deste

    desbloqueio. A famlia como modelo do governo vai desaparecer. Vemos que a populao tem

    caractersticas prprias. Se constitui a famlia como elemento no interior da populao e como

    instrumento fundamental. Elemento interno a populao, e instumento fundamental para o

    governo da populao, como segmento.

    P. 170- deslocamento da famlia do nvel de modelo para o nvel de intrumentalizao. O que

    permite desbloquear a arte de governar o fato dela eliminar o modelo da famlia.

    A populao aparecer como objetivo final do governo, mais como fim e instrumento do

    governo que como fora do soberano. O interesse geral e o individual constituem o alvo e o

    instrumento fundamental do governo da populao.

    A passagem de um arte de governo para uma cincia poltica, de um regime dominado pela

    estrutura da soberania para um regime domindao pelas tcnicas do governoem torno da

    populao, e em torno do nascimento da economia poltica.