104
Baixar o anexo original O capital – aula 1 – Ricardo Musse Capítulo 1. A mercadoria Consiste em 3 livros, o livro 1 tem como subtítulo processo de produção de capital, 25 capítulos, vamos ler 13, que corresponde a um pouco mais do que a metade do livro. O capital é subdivido em sessões e capítulos, vamos começar pela sessão 1. Mercadoria e dinheiro. Capitulo 1 – a mercadoria. Abre o livro com uma frase – A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias e a mercadoria individual como sua forma elementar. Nossa investigação começa ,portanto com a análise da mercadoria. Se o Marx diz que a mercadoria é aparência obviamente quer dizer q ela não é o elemento essencial, isso não significa dizer que eles esta dizendo que a análise deve seguir o modelo hegeliano. O modelo dessa relação no Marx é de outra natureza, por enquanto basta percebermos que a riqueza na sociedade capitalista aparece como mercadoria, mas o livro não se chama “a mercadoria”, o livro se chama “o capital”, então já temos ai uma pista melhor para entender esta, o modo como o Marx se utiliza esse termo. Por outro lado, há também uma famosa distinção que Marx fez na introdução para a crítica da economia política, discute um pouco o seu método, faz um distinção entre o método de investigação e o método de exposição, isso também suscita um mal entendido por que mostra que a investigação começa com a mercadoria. No rascunho é que faz sentido essa distinção entre met. de investigação e de exposição, a sua exposição vai começar pela mercadoria, o processo no qual ele apresenta a sua pesquisa e os paços que o leitor deverá seguir (método de exposição). Portanto, vai iniciar o livro examinando a mercadoria, que é um conceito já definido pela economia política

ANotações K Musse

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANotações K Musse

Baixar o anexo original

      O capital – aula 1 – Ricardo Musse

Capítulo  1. A mercadoria

      Consiste em 3 livros, o livro 1 tem como subtítulo processo de produção de capital, 25 capítulos, vamos ler 13, que corresponde a um pouco mais do que a metade do livro.

      O capital é subdivido em sessões e capítulos, vamos começar pela sessão 1. Mercadoria e dinheiro. Capitulo 1 – a mercadoria. 

     Abre o livro com uma frase – A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias e a mercadoria individual como sua forma elementar. Nossa investigação começa ,portanto com a análise da mercadoria.

     Se o Marx diz que a mercadoria é aparência obviamente quer dizer q ela não é o elemento essencial, isso não significa dizer que eles esta dizendo que a análise deve seguir o modelo hegeliano. O modelo dessa relação no Marx é de outra natureza, por enquanto basta percebermos que a riqueza na sociedade capitalista aparece como mercadoria, mas o livro não se chama “a mercadoria”, o livro se chama “o capital”, então já temos ai uma pista melhor para entender esta, o modo como o Marx se utiliza esse termo. Por outro lado, há também uma famosa distinção que Marx fez na introdução para a crítica da economia política, discute um pouco o seu método, faz um distinção entre o método de investigação e o método de exposição, isso também suscita um mal entendido por que mostra que a investigação começa com a mercadoria. No rascunho é que faz sentido essa distinção entre met. de investigação e de exposição, a sua exposição vai começar pela mercadoria, o processo no qual ele apresenta a sua pesquisa e os paços que o leitor deverá seguir (método de exposição).

     Portanto, vai iniciar o livro examinando a mercadoria, que é um conceito já definido pela economia política inglesa, O Marx irá começar a investigação, exposição apresentando uma primeira determinação do conceito. (no livro os conceitos serão apresentados e reapresentados, um modo peculiar da exposição de Marx, acrescentar novas determinações de um conceito, somente no fim da exposição se torna inteligível, o conceito aparece como uma conjunção de múltiplas determinações.)

     A primeira determinação da qual ele parte é uma definição formal de mercadoria, um objeto externo, uma coisa que satisfaz por suas propriedades necessidades humanas, qualquer espécie, não importa se for do estômago ou da fantasia. Não há nada de novo nesta definição de mercadoria, no entanto, em seguida, vai demonstrar que esta definição, chama atenção para o caráter material da mercadoria, capacidade de satisfazer necessidades humanas, não distingue se essas necessidades são do estômago ou do espírito, produtos da cesta básica ou um filme, uma obra de arte, não distingue o tipo de mercadoria.

     Logo em seguida, Marx irá lembrar que essa definição, se vale para qualquer bem. Tudo aquilo que satisfaça necessidades humanas.  A característica então é que, por conta dessa definição formal, se afirma de que a mercadoria possui “valor-de-uso”(VU)

Page 2: ANotações K Musse

     Esse VU depende obviamente do corpo da mercadoria, seu caráter material, seu conteúdo material, já a decisão sobre a utilidade, depende deste conteúdo material , mas também da sociedade. A decisão sobre a utilidade de um bem, de uma mercadoria, é um ato social histórico, para entender isto basta pensarmos o uso que se dá à mercadoria Vaca no Brasil e a mercadoria Vaca na India, a utilidade não é algo que esta escrito no corpo material. Nada indica que a vaca deve se tornar objeto de alimentação, mas também nada indica que a vaca deva se tornar uma animal sagrado. Utilidade histórico-social. De modo geral, essa definição da mercadoria como VU, ou essa definição formal (comofoi dito antes), não completa ,não determina completamente o que é uma mercadoria, esta é uma definição genérica. Os VU constituem o conteúdo material da riqueza qualquer que seja a forma social desta. A riqueza em toda e qualquer sociedade assume essa forma de VU, são objetos que podem ser consumidos. O que é específico da mercadoria é outra características, é o fato de que ela é objeto, pode ser obtida, se determina por meio da troca, portanto a mercadoria possui além de VU, valor-de-troca (VT).

     O VT é fácil de entender, diz o Marx, aparece de inicio como a relação quantitativa, a proporção na qual Vu  de uma espécie se troca com VU de outra espécie, ou seja, a troca supõe que ( uma exposição mais lógica do que histórica neste capítulo). A troca pacífica, supõe que haja uma concordância dos agentes a cerca da proporção a qual os objetos vão ser trocados. Duas dúzias de ovos por um queijo, esta determinação é o que dá o VT, ou se quisermos, se troca duas dúzias de ovos por uma nota de 5 reais. O que caracteriza a mercadoria é exatamente o fato dela possuir VU, possui também VT, isso quer dizer que nem todo o bem é mercadoria. Se eu faço um bolo na minha casa e como esse bolo, ou se dou de presente para o vizinho esse bolo não é mercadoria, mas se o padeiro faz um bolo e o coloca a venda, esse bolo é mercadoria as qualidades corpóreas são as mesma, o conteúdo e utilidade é a mesma, mas um é mercadoria e outro não. Um tem um valor de troca e o outro se limita a ter apenas valor de uso.

     Para que algo seja mercadoria, para que uma riqueza seja uma mercadoria, tem que ter essas duas determinações (VU e VT). Até aqui só  repete o que dizia a economia política inglesa. A novidade começa quando apresenta o modo como concebe a relação entre essas duas determinações. Ele diz: “ No capitalismo, os valores de uso(VU) são os portadores, os suportes materiais do valor de troca(VT).”

     Valores de troca – valores de uso

           Suporte material

     Com isso o Marx inicia a exposição daquilo que é a característica desse capítulo, a teoria do valor(decisivo no Capital). A primeira conclusão que podemos tirar é de que o que é relevante na mercadoria , para a teoria do valor, é o seu VT. È sobre isso que ele ira se debruçar e também é o assunto da própria economia política. O VU, o erro da economia política foi ter desconsiderado o VU, é relevante, também deve ser levado em conta, o estudo do VU é assunto de outra disciplina, a divisão atual seria um assunto de uma antropologia do consumo. Para teoria do valor, para a critica da economia política,o  andamento de Marx no capital, o decisivo é o Valor de troca(VT). Marx diz que o valor de uso é mero SUPORTE deste valor de troca(VT), este é a relação social decisiva do capitalismo.

Page 3: ANotações K Musse

      Como entender o valor de troca?

     O valor de troca é a proporção pela qual as mercadorias são trocadas. Essa proporção é ao mesmo tempo algo casual e relativo, depende das circunstancias historias e sociedade, mas ao mesmo tempo tem algo de intrínseco, pelo qual as trocas são feitas e de forma pacífica. Hoje o valor já esta determinado, não há pechincharia. A questão toda é, como se chego àquele valor?(na linguagem do senso comum, na economia cotidiana, o que permite estabelecer o preço de uma mercadoria?)

     Antes disso, Marx diz que há uma questão ai que a economia vulgar, não é capaz de responder. Que é a resposta da economia vulgar é que o sistema de preço é relativo, depende da oferta e da demanda e que as coisas se colocam uma em relação a outra, mas a questão que Marx se coloca é de outra espécie. Uma questão antiga, que ele mais adiante remonta ao Aristóteles. Diz numa passagem do item 3, o Aristóteles foi o primeiro a colocar a questão da teoria do valor. Que é basicamente a seguinte:

     O que torna comensuráveis, equiparáveis coisas que em si são incomensuráveis e incomparáveis?

     O que há de comum entre os VU das mercadorias que são trocadas? Nada. O que há de comum entre duas dúzias de ovos e um queijo, o que me permite trocar exatamente duas dúzias de ovos por 1 queijo, ou seja, por mais que você se debruce sobre as propriedades da mercadoria, as características do seu VU, não temos nenhuma informação sobre a possibilidade da troca, no entanto a troca existe. É um fato social que precisa ser explicado. Aristóteles so não percebeu qual era o fundamento disso porque ele viveu numa sociedade que ainda não experimentava o fato de que a troca se generalizou, de que a mercadoria assume o caráter primordial de que se generaliza, é o caso da sociedade ocidental. Aristóteles percebeu no entanto o que permite comparar substancias, é de que elas tem algo em comum e isto é intrínseco e por isso o valor de troca se assenta no fato de que casa mercadoria tem um valor.

     Para diferenciá-los dos valores morais, chama de valor econômico, o valor é algo que cada mercadoria contém em si que é intrínseco, é exatamente aquilo que permite fazer a troca. A troca é uma comparação e uma comparação que se dá determinada proporção, numérica, matemática, objetiva.

     A questão então se torna – como explicar o valor?

     Marx ainda segue os passos da economia política inglesa, percebeu qual era a substância deste valor. O raciocínio para mostrar isso é simples, é preciso apenas lembrar que há algo de comum entre todas as mercadorias, esse algo de comum pode ser, nem o corpo matéria, Nem suas propriedades naturais da mercadoria, tão pouco pode ser sua utilidade, portanto, o que há de comum que determina o valor da mercadoria, é algo que não é o seu VU, é preciso fazer a abstração deste VU, só resta uma coisa, uma determinação em comum entre as mercadorias – que é o fato de que elas são produtos do trabalho humano.

     Mesmo aqui, essa determinação é incompleta, e é nesse ponto que Marx irá se descolar da EP(economia política), isto já havia sido teorizado por Adam Smith e Ricardo. A critíca de Marx começa quando observa que o trabalho humano assume duas

Page 4: ANotações K Musse

formas  e esse é o assunto do item 2, para entender esta passagem é preciso antecipar um pouco o que ele diz mais a frente.  Se você pega não pelo lado do trabalho, mas pelo lado do produto observamos que toda a riqueza contém trabalho, mas na verdade depois Marx alerta( nem toda a forma de riqueza é resultado do trabalho, formas de riqueza que são da natureza, para se transformar em mercadoria precisam do trabalho humano.)

     A mercadoria enquanto VU contém tipo de trabalho específico determinado que caracteriza seu corpo material e de certa forma pré-determina a sua finalidade. Esse caráter específico do trabalho, determina o seu valor-de-uso(VU), não é isso que há de comum entre as mercadorias, não é isso portanto que está na base do valor. Está na base do valor é um outro tipo de trabalho, que na verdade não um outro tipo, é uma outra determinação do trabalho. Esse trabalho contém duas determinações: Trabalho útil e trabalho humano em geral. Chama o trabalho útil de concreto, e chama o segundo de trabalho abstrato, este último é o que há de comum em todas as mercadorias. Essa determinação de uma forma de trabalho que é comum a todas as mercadorias e que portanto é a substância do valor(trabalho abstrato).

     Temos a primeira determinação que Marx chama no subtítulo, da substância do valor. EM contraposição daquela determinação do trabalho, quando pensa sobre esse trabalho fazemos esta distinção. Por oposição daquela determinação do trabalho, o que é útil e concreto, essa outra determinação o trabalho abstrato compreende o trabalho humano indiferenciado, o puro dispêndio de trabalho humano, nesse sentido o valor, os valores mercantis , logo, o VT constituem cristalizações do trabalho humano.

     Ao fazer este passo, ao buscar uma outra e segunda determinação do trabalho, se afasta da EP. Se afasta num ponto que é decisivo, por conta disso é que estamos estudando Marx. Quando diz que a substância do valor é o trabalho humano abstrato, está de certa forma dizendo, isso se torna mais claro mais adiante, que a compreensão do valor deve ser buscada para além do âmbito econômico. De certo modo, esta dizendo que o fundamento do valor, a sua substância se encontra na sociedade, o valor é nada mais nada menos do que uma relação social. Fica claro quando mostra o significado de um bem numa sociedade capitalista e nas sociedades pré-capitalistas. A mercadoria é uma forma de existência dos bens, é uma forma de riqueza que supõe todo um ambiente social e histórico que é o capitalismo, supõe a troca. A sociedade medieval, a troca era inexistente ou no mínimo residual, a riqueza era determinada de forma religiosa-jurídica, na corvéia o servo repartia uma parte para si e uma parte para o seu senhor, uma relação social totalmente diferente da relação mercantil.

     Voltamos àquele ponto da Ideologia Alemã, para fazer uma critica da economia política, desenvolve uma teoria da sociedade, mostra como funciona o sistema do capitalismo mas também como funciona essa formação social, o capitalista(capitalismo?).

     Segundo ponto, esse termo abstrato não é casual, Marx diz aqui que o trabalho abstrato é por definição é aquele trabalho que fazemos a abstração do seu caráter concreto, mas esse ato é um ato que já está na troca. Quando troco duas dúzias de ovos por 1 queijo, para estabelecer uma proporção, eu estou abstraindo o corpo material do queijo, quando vou a padaria e compro um bolo por 5 reais, eu também estou abstraindo o caráter material do bolo. Qualquer ato de troca supõe uma abstração do caráter material.  Logo, a troca é a base daquilo que os sociólogos chamas de razão abstrata. A

Page 5: ANotações K Musse

troca mercantil impõe uma certa razão abstrata(dialética do esclarecimento – essa razão abstrata que impera na troca, vai gerir toda  a sociedade, não é só na lógica econômica, mas também nas outras esferas, a razão abstrata pode ser encontrada em todos os âmbitos, na ciência, na arte, em tudo aquilo que imaginamos que teria uma razão mais completa). Então, só para mostrar que esse termo abstrato é central na doutrina do Marx e na história do marxismo, a substância do valor é o trabalho abstrato, a partir disto, desta substância, é possível entender qual é a medida do valor. A grandeza do valor é o quanto nele contido de sua substância, ora essa substância é o trabalho, logo a grandeza do valor é o quanto de trabalho presente em cada mercadoria.

     Grandeza do valor

     Quantidade de trabalho.

      A quantidade de trabalho, por sua vez, é medida pelo tempo de duração do trabalho. Então, nos podemos inferir que a medida do valor é dada pelo tempo de trabalho presente em cada mercadoria. O que importa, afinal de contas, é entender o valor, para determinar exatamente o valor de troca, essa determinação é dada pelo tempo de trabalho. Só que, há ai um pequeno senão, sendo este tudo, este tempo de trabalho não é uma medida privada, a determinação do tempo de trabalho que nos acabamos de ver, o valor é uma relação social, agora podemos entender o porque dele ser uma relação social, este tempo de trabalho é determinado socialmente. Resolve uma questão simples e elementar, que é o seguinte:

Se sou um artesão e fabrico uma bota, o preço desta esta vinculado ao meu tempo de trabalho, quanto mais lento eu sou, maior o tempo de trabalho, maior o tempo, maior o preço. Se gasto uma semana para fazer uma bota, tem de ser o suficiente para me alimentar numa semana, se não não faria a bota. No entanto outro artesão faz num dia, como estabelecer o preço? Como determina o trabalho, ou nos termos de Marx, qual é o Quantum de trabalho presente na bota. O Quantum de trabalho presente na bota, é uma média, mais que uma média estatística, esse tempo de trabalho na bota é determinado socialmente, não é uma determinação individual nem privada, porque se eu gasto uma semana fazendo uma bota e acho que ela vale duzentos porque gastei uma bota o outro faz uma bota igual a minha durante um dia e esta vendendo por 100, a determinação social do valor não é feita individualmente.  Como se trata de uma sociedade mercantil, de troca, a determinação social do valor, portanto do Quantum de trabalho, é feita pelo mercado, na troca. Quando coloco a minha bota a venda e verifico que ela só vale 50 ou 100 só vou encontrar a 100 é que eu percebo que demoro muito para fazer uma bota, e é por isso que o preço da bota é o preço socialmente necessário, é o tempo médio, o tempo que o conjunto das produtores num determinado circunscrição de mercado gastam.

Temos duas coisas:

1 – enquanto valores todas as mercadorias são apenas medidas determinadas pelo tempo de trabalho despendido , logo o tempo de trabalho é a grandeza do valor. Esse tempo de trabalho não é, por sua vez, o tempo de trabalho individual, é o tempo de trabalho socialmente necessário. Que em ultima instancia é determinado pelo mercado, que varia conforme as sociedades, segundo a produtividade do trabalho.

Page 6: ANotações K Musse

A grandeza do valor que é dado pelo tempo de trabalho socialmente necessário, é uma determinação social e ao mesmo tempo, objetiva, pois ela é dada pela própria troca mercantil. 

2 – Diferença dessas duas determinações do trabalho já antecipou de certa forma o assunto do item 2, Marx irá desenvolver esse duplo caráter do trabalho que está presente na mercadoria. Nos vimos que, o que caracteriza a mercadoria é essa duplicidade (VU e VT). Enquanto VU, ou seja, pelo seu uso a mercadoria supõe um tipo de trabalho que o Marx chama o trabalho útil, que é o trabalho que visa um fim específico, já supõe o fim.  Este trabalho útil nada mais é que aquilo na EP compreende sobre a rubrica sobre “Divisão social do trabalho” , portanto esta é uma condição de existência para a produção de mercadoria, porque as mercadorias vão ser realizadas de acordo com esta divisão. (No exemplo. Um mesmo metal na mão do ferreiro vira zippo, na mão do joalheiro vira brinco, então são formas diferentes de trabalho e são características da própria divisão do trabalho, da especialização do trabalho.). Capitalismo, uma sociedade produtora de mercadorias.

A diferença que o conceito de divisão social do trabalho adquire aqui em relação que o peso que adquire na Ideologia Alemã, um conceito decisivo lá para Marx, aqui Marx já diz que ela explica os VU, se explica os VU não explica os VT, não explica o VALOR, não explica a sociabilidade das relações sociais. Marx ai se descola da economia política, se descola do conceito central da divisão social do trabalho, que explica apenas os VU das mercadorias, que de certa forma é prescindível numa teoria do valor, porque para essa, o que importa é outra determinação, que é o trabalho abstrato.

O valor da mercadoria é dado pelo dispêndio da força de trabalho. Esse dispêndio, diz o Marx, significa que o trabalho complexo pode ser comparado com o trabalho simples( para dar um exemplo: o trabalho de um cirurgião pode ser comparado com o trabalho de um assistente de pedreiro pelo seu VT, a hora do pedreiro é 10 reais e a hora do cirurgião seja 10 mil reais, o trabalho do cirurgião vale mil vezes o trabalho do pedreiro, o fato de valer tantas vezes não altera nada, são dos tipos de trabalho que na sociedade capitalista podem ser comparados, uma determinação decisiva para Marx quando diz que a substância do valor é o trabalho abstrato, e a grandeza do valor é dado pela quantidade de trabalho, então há algo de comum entre todos os trabalho, isto que é característico da sociedade capitalista.) Todos os trabalhos tem a mesma medida, seu valores são diferentes, mas a sua grandeza é dada pelo tempo de trabalho, é por isso que o tempo é tão importante no capitalismo, ele é a medida do valor das mercadorias (tempo é dinheiro – Benjamin Franklin).

Portanto, diz Marx, todo trabalho é por um lado, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato, gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é por outro lado dispêndiodotrabalho dohomem sob forma especifica com determinado fim, essa qualidade produz valores de uso(horrível! Reescrever!) ----Final do duplo caráter do trabalho.

O que torna as coisas incomensuráveis em comensuráveis, o trabalho abstrato.    

A forma de valor ou valor-de-troca. Renomeia o VT em forma de valor.

Page 7: ANotações K Musse

     Por que forma? Ele usa forma aqui, podemos entender isso, num sentido que é ao mesmo tempo que é a convergência numa determinação que é puramente lógica e conceitual e ao mesmo tempo social e histórica. Além disso, é por isso que ele usa forma e não categorias, conceitos. Ele ta chamando atenção de que esta categoria ou conceito tem uma dimensão histórico-social. O trabalho abstrato por exemplo é um conceito, mas também uma determinação social própria do capitalismo. Mas por outro lado, o termo forma serve cômo uma luva para mostrar algo que é característico do seu pensamento de certa forma, que são as suas transformações, as mutações. Nelas sejam conceituais ou não, elas se cristalizam em formas diferentes. Isso é essencial para entendermos outra questão que está em jogo aqui e que é o assunto da primeira sessão, qual é a relação entre mercadoria e dinheiro. Ora mercadoria e dinheiro são duas formas de expressão da riqueza na sociedade capitalista. A riqueza na sociedade capitalista aparece como imensa acumulação de mercadoria. Mas e o dinheiro? Outra forma de expressão da riqueza é o dinheiro. Outra tese do Marx é de que o dinheiro é nada mais do que outra forma assumida da mercadoria, outra forma da riqueza. O dinheiro é por definição o valor de troca, este em estado Puro, não tem valor de uso e, portanto se o Marx explica o dinheiro, também explica o valor. O item 3 é uma contraprova de sua teoria do valor, no qual agora as trocas, ou o valor, o que há de comum entre as mercadorias é explicado a partir do dinheiro.

Segunda parte da aula:

      O trabalho se cristaliza na forma de mercadoria ou na forma dinheiro. O objetivo do Marx é mostrar que a mesma riqueza se cristaliza sob formas distintas, ou melhor que se transmuta, isto é também uma forma de comprovar a sua teoria do valor e por outro lado um desdobramento da teoria do valor. Para chegar até isso, Marx começa fazendo outras determinações.  Aquilo que ele entendia por VU, o corpo da mercadoria, agora irá denominar a forma natural da mercadoria.

     Elas são só mercadorias, entretanto devido a sua duplicidade, objeto de uso e simultaneamente objeto de valor, possuem a forma de mercadoria apenas na medida em que possuem dupla forma: forma natural e forma de valor.

Forma mercadoria:                                Forma dinheiro:

      - forma natural

      - forma de valor

A proporção na qual elas são trocadas é algo puramente social, só pode aparecer numa relação social mercadorias por mercadorias. Seu ponto de partida é o VT, a relação de troca das mercadorias.

      Mas sabemos também, que o que há de comum entre as mercadorias, o que há de comum entre o valor das mercadorias é que todas elas podem ser trocadas por dinheiro, portanto o que há de comum entre ela é: a forma dinheiro. Temos por um lado a heterogeneidade, a incomensurabilidade entre as diversas formas naturais da mercadoria e por outro lado algo em comum que é a sua medida de valor que permite a troca e que tem como forma de expressão o dinheiro.

Page 8: ANotações K Musse

      Portanto, nos temos de um lado no início a relação de troca, que por defnição é uma relação social, são as sociedades que determinam se é  assim ou não que elas vão distribuir seus bens, na sociedade patriarcal por exemplo, essa distribuição depende do arbítrio do patriarca, nas sociedades mercantis, no capitalismo, esse modo de circulação e distribuição da riqueza é a troca. E a medida do valor da mercadoria é dada por uma expressão numérica cujo signo é o dinheiro. 

     Então a questão da teoria do valor é  como se passa da troca ao dinheiro. O que Marx quer provar no item 3 é que a forma dinheiro é  apenas uma transmutação da forma mercadoria. O dinheiro decorre do próprio ato de troca.

      De outro ponto de vista, se trata, portanto, de decifrar o enigma do dinheiro, estabelecer uma teoria do valor. Para decifrar o enigma do dinheiro, Marx se propõe a comprovar a gênese da forma dinheiro, ou seja, acompanhar o desenvolvimento da expressão de valor contida na relação de valor das mercadorias da sua forma mais simples até a forma de dinheiro,

A forma acaba com a qual nos deparamos no capitalismo do valor é o dinheiro.

      O valor já esta presente na troca simples, a forma mais elementar de valor é aquela que se realiza numa simples permuta. (Quando troco duas dúzias de ovos por um queijo). Marx no item 3 faz um histórico deste processo, este é feito de forma inteiramente abstrata, Marx prescinde aqui do ambiente histórico-social e vai examinar apenas as determinações lógicas e conceituais destas operações. É claro que o caminho que ele segue é nada mais do que o caminho histórico da gênese do dinheiro, mas o que procura mostrar é que não s trata de uma reconstrução histórica, mas lógica conceitual dessa gênese.

      Seu ponto de partida é: a forma simples, singular ou acidental do valor.

                        xA = Yb

A       forma relativa de valor –

B  forma equivalente de valor (forma natural) -> forma de valor

B Trabalho concreto -> trabalho abstrato

Trabalho privado – trabalho social

Seu ponto de partida é uma relação de troca casual, acidental, não é nem uma relação de troca habitual. Mas por outro lado o que importa é a dimensão lógica, essa é sem dúvida a forma mais simples da expressão do valor. É quando se troca uma determinada quantidade X de uma mercadoria A por uma outra determinada quantidade y de uma mercadoria B. (24 ovos por 1 queijo).

     Essa troca pode ser expressa de dois modos, na expresão matemática ou na expressão lingüística. Esse é o ponto de partida do Marx, a forma simples da troca.

Page 9: ANotações K Musse

     O que Marx irá fazer primeiro é uma determinação conceitual, vai diferenciar os 2 pólos da expressão, são 2 pólos indissociáveis, um não existe sem o outro. Um remete necessariamente ao outro, mas ao mesmo tempo são pólos distintos, ou seja, as mercadorias A e B representam posições distintas, pelo menos quando se é anunciado. Marx irá denominar uma de “forma relativa de valor (FR)” e outra de “forma equivalente de valor(FE)”.

     FR, esta forma é relativa a outra, está em relação a outra. FE significa que funciona como equivalente(24 ovos equivalem 1 queijo). Portanto  FR e FE pertencem uma a outra, são momentos inseparáveis, são ao mesmo tempo expressão que se excluem reciprocamente. Pólos da mesma expressão de valor. Repartem sempre as mesmas diversas mercadorias relacionadas entre si pela expressão de valor, ou seja, nas expressão a mercadoria vai ter forma de valor relativa (FR) ou forma de valor equivalente (FE) se a mercadoria é aquela cujo valor eu expressão ou se é aquela cujo é expresso o valor.(“É mais ou menos quando se coloca a balança os pesos de chumbo de um lado e as mercadorias de outro, as mercadorias são expressas em pesos de chumbo, o peso em chumbo era o equivalente, quando eu digo duas dúzias de ovos valem 1 queijo, o queijo assume a forma de equivalente, expressa o valor de troca do ovo pelo queijo. ) A medida do valor é dado em função da mercadoria B.

     Então Marx irá examinar uma a uma essas formas, primeiro a forma relativa de valor(FR). Vai examinar seu conteúdo e sua determinação quantitativa. Começa pelo exame do conteúdo da FR. Quando fala do conteúdo, diz que há uma determinada relação entre essas mercadorias, ou seja, ele está preocupado não é em saber quantos X da mercadoria B são trocados por quantos da Y da mercadoria A, isso é determinação quantitativa, ele está preocupado na verdade é msotrar que há uma determinada relação entre as mercadorias cuja forma natural são distintas, diferentes, incomensuráveis.

     Temos aqui já, nessa troca, aquela situação na qual a característica da troca mercantil, a estrutura básica da teoria do valor, que nos temos uma forma de comparação entre mercadorias heterogêneas, que se tornam quantitativamente comparáveis, apesar de heterogêneas se tornam comensuráveis. Porem, nesse ato, não desempenham o mesmo papel, neste caso, somente o valor de A é expresso por meio de sua relação com B.

     A é expresso por meio de B, por meio de seu equivalente, por meio da mercadoria pelo qual ele é permutado.

     B nesta relação vale como forma de existência de valor, como coisa de valor.

Então temos aqui, ainda em estado bruto, aquele paradoxo que a forma natural das mercadorias é distintas, e portanto trazem em si formas diferentes de trabalho útil de trabalho concreto e essas formas diferentes de trabalho concreto, no entanto, são comensuráveis, são pq trazem junto com o trabalho concreto essa outra determinação que Marx chama de trabalho humano em geral.

      Conclui dizendo o seguinte: por meio da relação de valor, a forma natural da mercadoria B, torna-se a forma de valor da mercadoria A – ou – o corpo da mercadoria b é o espelho de valor da mercadoria  A.

Page 10: ANotações K Musse

      Para faciliar, partimos para o exemplo. Sou um produtor independente, autônomo, no entanto, as minhas duas vacas estão com problema e não produzem leite suficiente, como estou acostumado a comer sempre queijo,  eu vou a procura de queijo , o que esta sobrando da minha produção são ovos, então eu levo os ovos e os ofereço em troca de queijo. Quando me deparo com alguém com um problema oposto (precisa de ovos), a condição subjetiva da troca torna- a possível. Mas a questão é obviamente, como trocar tantos ovos por tantos queijos. De qualquer forma, nesta troca o que torna possível a troca é a determinação do valor, da forma de valor da mercadoria, em relação a uma outra. Se vou troca-las por queijo,  este torna-se a forma equivalente desta mercadoria. Tornando-se isto, o valor de troca da mercadoria dos ovos é dado em relação a mercadoria queijo,  a mercadoria queijo tem sobretudo um substrato material. Portanto, o queijo interessa em seu valor de uso, em sua forma natural, mas isto esta de certa forma expresso logicamente, na própria relação lógica da troca, quando digo ; duas dúzias de ovos valem um queijo, estabelecemos o valor, portanto estou situando a forma de valor da mercadoria A em relação a mercadoria B, que se torna o espelho medida de valor, mas é isto enquanto corpo material. Estou medindo em relação a substância queijo, por isso estou prescindindo da determinação quantitativa. Quando analisamos somente o conteúdo da FR, vejo que o espelho de valor da mercadoria A é o corpo da mercadoria de B, o que me permite determinara forma do valor da mercadoria A é o corpo da mercadoria B.

      O segundo ponto é a determinação quantitativa da forma de valor relativa. Nessa relação a mercadoria A e B, duas espécies distintas são comparadas não apenas qualitativamente mas também quantitativamente, a troca não é só uma troca de ovo por queijo, é uma troca de exatos 24 ovos por 1 queijo. Além da equiparação há uma determinação numérica, objetiva, quantitativa. Nos já sabemos que o fundamento disso é a substância do valor, que a grandeza do valor é a medida do tempo de trabalho socialmente necessário. Se trocam mercadorias que contem a mesma quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário. E aqui vai, que esta determinação é social, é mutável, varia no tempo, depende da sociedade, depende do grau de desenvolvimento das forças produtivas, das forças de produção.

Portanto, uma coisa muito complexa para ser examinada em seus detalhes, Marx chama atenção é que há uma relação numérica entre essa troca e que essa relação remete a quantidade de tempo de trabalho.  

Em seguida, examina a forma equivalente(FE). Uma definição que leva em conta o que aprendemos ao examinar o conteudo da FV.  (olhar no livro a definição, não conseguir escrever).  Ela é a medida de valor, a unidade de medida, o espelho da forma de valor. Mas o q vimos ao analisar a forma relativa de valor é que ela é a medida de valor enquanto forma natural. Quanto valem 24 ovos? Um queijo. O que vale é a substância, não é o numero. O numero esta expresso em queijo, esse é o mundo onde não há o dinheiro, estudamos a gênese do dinheiro. A forma de expressão do valor do ovo é o queijo. 

A forma de expressão do valor da emrcadoria A é o corpo da mercadoria B, a sua forma natural.

Isto esta além das determinações quantitativas, não importa qual é o tempo de trabalho necessário para a produção da mercadoria B, eles se tornaram nesse caso a forma

Page 11: ANotações K Musse

equivalente. Como forma equivalente não possui nenhuma determinação quantitativa do valor, esta está na forma relativa. E a forma equivalente vai ser cruscial para entendermos o Capital em particlar, para entender o dinheiro, mas também pelo próprio fetichismo da mercadoria.

O que o Marx destaca é que a 3 peculiaridades na forma equivalente:

1. O valor de uso torna-se a forma de manifestação de seu contrário, do valor. Nessa relação de valor, a forma natural da mercadoria, torna-se forma de valor. Se levarmos em conta a teoria do valor,podemos perceber que o corpo da mercadoria que serve de equivalente, figura sempre como corporificação do trabalho humano abstrato e é sempre o produto de um determinado trabalho concreto, útil.  Se a forma natural expressa a forma útil, chegamos a segunda peculiaridade.

2. O trabalho concreto se torna na forma de manifestação de seu contrário, o trabalho abstrato. O que esta expresso na forma de valor é o trabalho abstrato. Isto é decisivo, primeiro porque assim nos não percebemos a relação social que ta na base do trabalho abstrato, um ocultamento dessa relação.

3. O trabalho privado se converte na forma de seu contrário, do trabalho diretamente social. Se o queijo é a medida do ovo, significa que a determinação do valor, logo, o tempo de trabalho socialmente necessário vai ser feita no trabalho individual, vai ser expressa no trabalho individual. Aquele queijo que foi feito numa determinada propriedade e que portanto por definição, constitui uma modalidade de trabalho privado, individual, se torna forma equivalente, assim se torna o espelho, a unidade de medida do valor, mas a medida do valor não é dada pelos trabalho individuais, a determinação do valor também não é individual, privada, é social, ela é determinada pela troca, só quando levamos a mercadoria no mercado é que eu sei o seu valor. A sua expressão social é dada por um trabalho individual, é uma das bases do fetichismo da mercadoria, por que este trabalho não aparece como trabalho social, mas sim como trabalho individual.

  

Aula 2 – O capital – cap.1 – continuação. 

        Na sociedade grega a resposta á questão não havia sido dada socialmente, o que há de comum entre as mercadorias, o valor, a substância do valor – que é o trabalho humano indiferenciado, abstrato. Essa própria idéia é que Marx acrescenta a discussão dessa forma, a EP  havia percebido que a ponte do valor era o trabalho, mas não o havia apreendido em sua dupla dimensão de trabalho útil e concreto, voltado a uma finalidade (VU), e também trabalho humano indiferenciado que é expresso no valor da mercadoria e portanto o trabalho indiferente (gelatina de trabalho) é a substância do valor, logo, a unidade de medida do valor é dado pela duração do tempo de trabalho, mas não da duração do tempo de trabalho individual, mas a duração do tempo de trabalho socialmente necessário, tempo de trabalho social. Essa dupla determinação se localiza, de reapresenta na mercadoria, e por conseguinte possui um caráter duplo. É ao mesmo tempo VU, mas também VT, ela tem uma valor para a troca, esse assume um papel proeminente no capitalismo, é inerente á mercadoria.

Page 12: ANotações K Musse

      Só  no capitalismo os valores de uso são meros suportes dos valores de troca. 

       A forma como o VT aparece no cotidiano é a sua expressão numérica,  seu preço, a sua determinação monetária, o seu valor como dinheiro. Marx retoma, desdobra e amplia a sua teoria de valor e apresenta como de contraprova de sua teoria (no item 3) do cap. 1 , onde Ele reapresenta a questão do valor, como a forma do valor se apresenta?

      Utiliza-se da categoria forma, porque essa palavra designa tanto uma configuração formal (uma dimensão teórica, conceitual) quanto uma configuração que é histórica e social. Mas sobre tudo se vale deste termo porque permite apreender as passagens, as transmutações da mercadoria. É a relação entre mercadoria e dinheiro é o assunto do primeiro capítulo.  Há um vínculo estreito entre mercadoria e dinheiro. Esta relação é também um outro modo de se formular a teoria do valor, a própria existência, o seu uso social do dinheiro significa que as mercadorias podem ser trocadas em determinadas proporções e que o dinheiro é a  unidade de medida dessas trocas. Então se nós entendermos o dinheiro, também somos capazes de entender o valor. A teoria do valor tem que mostrar como, porque e de que modo o dinheiro se tornou a medida do valor das mercadorias. Já que não vivemos mais numa sociedade que troca ocasionalmente, já que todas as nossas trocas são mediadas direta e indiretamente pelo dinheiro, o valor é expresso através do dinheiro.  Aquela característica que a mercadoria possui valor, significa que tudo o seu preço e todos os produtos, toda a forma de riqueza assume um caráter monetário, a riqueza se configura na sociedade capitalista como uma determinação monetária, o dinheiro se torna o ponto comum, um vinculo entre as diversas mercadorias. Portanto ele assume essa expressão do valor, de exprimir o valor.

      Marx começa fazendo a distinção entre Forma natural da mercadoria (FN nova denominação do VU)  e a sua forma de valor (FV nova denominação para o VT), a questão destas formas se recoloca como a reconstituição dessa passagem da troca simples ao valor. Para decifrar o enigma do dinheiro, basta comprovar a gênese desta forma dinheiro, ou seja, acompanhar o desenvolvimento da expressão de valor contida na relação de valor das mercadorias da sua forma mais simples até a sua forma ofuscante dinheiro. Para tanto Marx começará pela forma simples, singular ou acidental do valor – a troca simples. 

( 3.  A) forma simples

      xA= yB 

      Na troca simples enxergamos uma certa proporção X de A que é trocada por uma certa quantidade Y da mercadoria B. Nessa equação a expressão desdobram-se em dois pólos que são recíprocos e também diversos. Forma relativa do valor e Forma equivalente do valor. Para investigar a forma de valor, a forma relativa de valor, a sua definição é a mercadoria que é expressa, cujo valor é expresso de uma forma simples através do corpo de outra, da mercadoria B, a unidade de medida é a mercadoria B. A mercadoria B assume a forma de mercadoria equivalente. (aqui ainda não existe o dinheiro, há uma permuta simples entre duas mercadorias). Para que essa troca exista é necessário que haja de algum modo uma proporção entre essas mercadorias, a unidade de medida é a substância B(mercadoria B).

Page 13: ANotações K Musse

      A forma de valor, a FR da mercadoria A foi expressa em termos da mercadoria B, ou seja, foi expressa em termos do corpo material, ou da forma natural da mercadoria B, a unidade de medida é a mercadoria B. O resultado disso é que nos vamos ter do outro lado, no outro pólo, algumas especificidade que Marx chama de peculiaridades, que são próprias da forma equivalente.

      A forma equivalente é a forma de sua permutabilidade direta com outra mercadoria, mas ela não contém ainda nenhuma determinação quantitativa de valor, ela funciona um pouco como aqueles pesos de chumbo nas balanças antigas. Então, o que Marx chama atenção são pra elas

1. O valor de uso na mercadoria B se torna a forma de manifestação do seu contrário, do valor, a forma natural da mercadoria torna-se forma de valor. A FN torna-se a forma de expressão da forma de valor.  Não há nada na mercadoria B que permita uma quantificação, mas é isso que acontece, ela esta sendo a unidade de quantificação, uma certa proporção de B vale uma certa proporção de A. Já sabemos que pela teoria do valor, que os tipos de trabalho se apresenta na forma natural é o trabalho concreto e o tipo de trabalho que se apresenta na forma de valor é o trabalho indiferenciado, portanto é um corolário, ...

2. a segunda peculiaridade é de que o trabalho concreto se converte na forma de manifestação de seu contrário, o trabalho abstrato. Mais precisamente a forma natural da mercadoria B,que contém esse trabalho concreto, torna forma de manisfestação do valor da mercadoria A, por definição é dada pela incorporação de trabalho abstrato.

Na troca simples já temo essa relação entre trabalho abstrato e trabalho concreto ,  forma natural e forma de valor.

3. A medida do valor é dada pelo dispêndio de tempo de trabalho, é medido pelo tempo de trabalho socialmente necessário. O trabalho privado se converte na forma de seu contrário, trabalho em forma diretamente social. Se há uma medida do trabalho e essa medida é que me permite situar a proporção é algo que depende do dispêndio de trabalho ali incorporado, este dispêndio é dado pelo tempo de trabalho socialmente necessário, logo um trabalho concretamente, quando levado a troca se converte em seu contrário, o trabalho abstrato.

4. A medida do trabalho é social e não individual, quem demorar mais tempo para produzir ganha menos. A remuneração não é dada no capitalismo levando em conta o processo individual, na relação capitalista você remunera o produto do trabalho. Portanto nesse processo, o trabalho individual transmuta em trabalho social. E o importante é que essa transmutação de trabalho individual em trabalho social se da necessariamente por meio da troca. Pelo fato da mercadoria ter uma valor é que o trabalho individual se transforma em trabalho social. O vinculo entre as mercadorias e os produtores se dá pela relação de troca.

O resultado disso, Marx enuncia no item 4. ( não consegui pegar, olhar no primeiro parágrafo 1 do item)

Page 14: ANotações K Musse

B) Forma do valor total ou desdobrada

zA = wB = xC = ....

      Esse bem que eu levo ao mercado passa a ser trocada por todas as outras mercadorias, um desdobramento da troca simples, significa que a cada momento eu  vou repetir a troca simples, mas repetir a forma simples tomando como equivalente todas as outras riquezas, as outras mercadorias.Quando se analisa essa situação, um modelo teórico, diz o Marx que percebemos pela primeira vez que o valor aparece como a cristalização do trabalho humano indiferenciado, no caso anterior poderíamos até suspeitar, na troca simples de que o que havia de comum entre as mercadorias era o fato de serem produtos de trabalho humano, mas agora podemos perceber nitidamente qual o tipo de trabalho que está sendo comparado, ora se as mesmas dúzias de ovos podem ser trocadas por mercadorias tão diferentes, significa que o que há de comum, o que possibilita a troca não é o trabalho humano concreto, útil, mas sim uma outra dimensão que é a do trabalho abstrato, indiferenciado. Estou estabelecendo uma relação entre coisas, a mesma relação entre as mercadorias que não contém em si o mesmo tipo de trabalho(concreto), logo o que permite que esta relação seja estabelecida é a outra dimensão do trabalho (trabalho abstrato).

      Quando se observa essa série interminável é indiferente para a determinação do valor mercantil a forma de valor no qual ele se manifesta, todas as mercadorias são equivalente, mas são equivalentes de um tipo próprio, a forma equivalente particular. A forma natural de cada uma dessas substâncias assume a função de equivalente ao lado de muitas outras, da mesma forma que são diferentes tipos de trabalho que são examinados do conceito de divisão do trabalho, há diferentes substância que adquirem uma certa equivalência(?? Perdi).

     Essa forma de valor total é insuficiente, o desenvolvimento da troca não para aí, isso porque, primeiro a expressão relativa de valor da mercadoria é incompleta. É incompleta porque é um exemplo, é uma série infinita. Um mosaico colorido de expressões do valor, desconexas e diferenciadas, temos uma sucessão, uma série de formas equivalentes, de formas equivalentes particulares. Essas formas equivalentes são limitadas, uma exclui a outra, ou expresso o valor dos ovos em queijo ou em arroz ou em cenoura, o valor da mercadoria A é expresso ou no corpo material da mercadoria B ou da C ou da D.  

     Isso tudo muda de figura quando se inverte a série. (forma simples, mudava tudo, mas não mudava nada, FE vira FR, FR vira FE, mas as determinações continuam sendo as mesmas, as funções da FE não se alteravam com essa inversão). Quando se pratica a inversão aqui se obtém a forma geral unitária, forma geral de valor.

C) Forma geral do valor

                                                      wB

  Mundo das mercadorias         xC    =   zA

                                                       yD 

Page 15: ANotações K Musse

     A troca de Marx deixou de ser ocasional e acidental, como o caso da Forma A, a forma simples de valor. Também supero a situação da troca B que era uma troca habitual. As mercadorias representam seus valores de modo simples em uma só mercadoria e de modo unitário(na mesma mercadoria, sua forma valor é simples e comum a todos). A figura histórica disso é a troca generalizada. Significa que se chego a uma situação na qual o ato da troca já me permitiu saber que duas dúzias de ovos vale 1 queijo, 3 maços de cenoura, etc, mas se eu quero estabelecer relações entre queijo, cenouras e arroz, eu posso usar os ovos como um intermediário, não preciso mais que a troca seja direta, eu posso levar queijo no mercado e troca-los por ovos e, logo em seguida, usá-los para trocar por arroz, cenoura, trigo. Essa inversão da forma desdobrada levou a cristalização de uma só mercadoria equivalente. Equivalente geral. Se tínhamos no primeiro caso o equivalente individual, no segundo o equivalente particular, no segundo caso temos o equivalente geral. Este equivalente geral vai exercer a função de simplificar a troca, torná-la mais abstrata.

     Então nos temos que por um lado a forma equivalente, agora assume a forma de equivalente geral, a forma geral equivalente, mas diz o Marx, na forma C, o valor de cada mercadoria não apenas distingue-se do seu valor de uso, mas de qualquer de valor de uso, e justamente por isso é que ela é expressa como comum a todas as mercadorias, é a primeira a relacionar todas as mercadorias como valor. (a forma relativa de valor era expresso na forma natural da mercadoria B, da forma equivalente, valia tanto para a simples quanto a desdobrada. Agora há uma mudança, esta não significa nenhuma transformação, uma questão apenas matemática, todas as mercadorias são expressas no corpo material da forma equivalente, na forma natural da forma equivalente, mas se colocarmos em termos de proporção matemática, teremos uma equação na qual há uma coisa comum, que é exatamente a forma natural. Quando há algo comum numa equação, simplificamos, eliminar da equação, teremos uma situação no qual todas as mercadorias vão se relacionar como valor e não mais como valor em relação aos valores de uso.

           Todas as mercadorias são expressas agora em uma mercadoria A, se eu sei qual a proporção entre cada mercadoria e amercadoria A e a simplificação não é nada mais que isso, significa que eu sei também qual é a proporção de qualquer uma dessas mercadorias, se 2 quilos de trigo valem 24 ovos e se 5 quilos de arroz valem 24 ovos, simplificamos os 24 ovos, sabemos que 2 quilos de trigo é igual a 5 quilos de arroz, uma proporção entre arroz e trigo. Fazendo isso, passamos a ter uma situação na qual todas as mercadorias vão se relacionar entre si apenas e somente em valor, na forma de valor (forma relativa de valor de cada mercadoria), para isso é necessário que uma mercadoria só assuma a função de equivalente. Uma só mercadoria ganha a expressão geral de valor, porque simultaneamente todas as mercadorias expressão seu valor pelo seu corpo material.

     Temos a situação na qual a troca, a troca cotidiana tem o seu fundamento extra econômico, ela só se torna possível porque ocorre essa situação, esta na qual se define que uma mercadoria vai se tornar o equivalente geral e que, portanto, enquanto equivalente geral, vai ser excluída do mundo da mercadoria. O Fundamente da própria troca é uma situação qual todas as mercadorias são expressas na forma de uma só mercadoria, é um processo social. E portanto, a determinação deste processo não pode ser entendido como a economia política entendia como imanente da lógica econômica. Essa determinação é eminentemente social.

Page 16: ANotações K Musse

     Então temos, quando se compara essas 3 expressões, temos 3 pares distintos. Na primeira, a forma valor relativa simples ou individualizada a qual corresponde um equivalente individual (A).

     Na forma desdobrada do valor relativo, vamos ter uma série de dados de equivalentes particulares. São equivalentes de diferentes espécies. Mas já na forma geral de valor, vamos ter a forma geral de equivalente no qual todas as mercadorias fazem de uma mercadoria determinada o material de sua forma de valor, que passa a ser unitário e geral.

     O pressuposto disso é que esse duplo movimento na qual uma mercadoria expressa todas as demais, na medida que ela expressa todas as demais ela é excluída do mundo das mercadorias, somente nesse caso que vamos poder dizer que a troca se adquire uma consistência objetiva e uma validade social geral. Diz Marx, esse gênero especifico de mercadoria cuja forma natural torna-se socialmente a mercadoria-dinheiro, funciona como dinheiro. Afirma de que a gênese do dinheiro esta na mercadoria, está na troca, o dinheiro é apenas outra forma de enunciar a riqueza, uma forma distinta de enunciá-la como mercadoria.  Para Marx o dinheiro é uma forma no qual a riqueza se transmuta, o dinheiro só existe, sobrevive no capitalismo, porque ele é imediatamente conversível em mercadoria. Ter dinheiro é ter o poder de comprar mercadorias, de ter riqueza.

      Chegamos a forma dinheiro que é atingida quando simplesmente se substitui a mercadoria A por outra

D) Forma dinheiro 

Mundo das mercadorias  wB, xC, yD  = ouro (equivalente geral)

A forma dinheiro exatamente igual a forma C, ao invés disso é o ouro que se torna a forma equivalente geral.

Item 4. – O caráter fetichismo da mercadoria

      O fetichismo é tomado ao longo de todo o livro, aqui ele é  apresentado de uma forma mais clara, Marx apresentou a mercadoria, e no ultimo item tratou-se do caráter fetichista da mercadoria. O mesmo vai acontecer em outros capítulos, mas não numa forma tão didática. Todos os conceitos vão ser analisados a partir do fetichismo. Todas as formas de fetichismo nada mais são do que formas mais complexas do fetichismo da mercadoria, desdobramentos do fetichismo da mercadoria. A forma do fetichismo da mercadoria é o mais simples.

      O fetichismo, primeiro Marx supõe que lidos os 3 primeiros item chegamos a conclusão de que a mercadoria é uma coisa trivial, evidente, a forma de manifestação da riqueza, mas quando foi examinada, ficou latente de que se trata de uma coisa complicada cheia de sutilezas metafísicas(para além da física), tem uma dimensão alem do que seu caráter físico, a mercadoria tem uma dimensão social que é complexa, e isso Marx chama de caráter místico da mercadoria.

      Para examinar este caráter Marx, novamente faz uma redução. Aonde se situa esse caráter? Não é nem no valor de uso e tampouco no seu valor de troca, esse VT tem o seu

Page 17: ANotações K Musse

conteúdo na determinação de valor dado pela duração do trabalho despendido, portanto o que deve ser examinado é a própria forma mercadoria.     

4) O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo:

- Forma mercadoria

(substância) Igualdade dos trabalhos - > (assume a forma de.) -> igual objetividade dos produtos do trabalho

(grandeza do valor) medida do desempenho do trabalho - > valor dos produtos do trabalho

Relações entre os produtores -> relações sociais entre os produtos do trabalho

     A partir de outra perspectiva Marx no apresenta a mercadoria. Examinarmos os resultados à qual chegou pelo âmbito do trabalho, podemos dizer  três coisas: a igualdade dos trabalhos humanos assumem a forma material de igual objetividade de valor de produto do trabalho. Isso quer dizer que a substância do valor é o trabalho humano indiferenciado, abstrato, logo, há uma igualdade, uma equiparação de trabalho que é o que permite que as mercadorias sejam trocadas. Mas esta igualdade entre trabalho, não se manifesta como tal, só se manifesta, só assume a forma de igual objetividade do produto do trabalho. Só sabemos que há uma equiparação dos trabalhos na sociedade mercantil quando nós trocamos mercadorias,quando nós estabelecemos relações numéricas matemáticas, objetivas entre as mercadorias, os produtos do trabalho. Só a partir da forma 3, é que se pode perceber que a medida comum das mercadorias é o trabalho abstrato, mas este só é perceptível numa situação de troca generalizada deriva do fato de que esta igualdade só aparece como uma relação entre mercadorias.  Marx esta dizendo que a forma de sociabilidade que é dada pelas relações do trabalho, vai assumir características de uma relação entre mercadorias, entre o produto do trabalho. Esse deslocamento no qual o trabalho se revela por meio dos produtos do trabalho não é pouca coisa.

     O valor é também uma forma de entender como funciona a forma mercadoria. A medida do desempenho da forma de trabalho humano assume a forma valor dos produtos do trabalho.

     A única forma que pode medir o dispêndio da força de trabalho é  a grandeza de valor do produto de trabalho, a única forma de medir nas sociedades mercantis capitalistas. A conseqüência disso é de que as relações entre os produtores com que aquelas características sociais com o trabalho são ativadas, assumem a forma de uma relação social entre os produtos do trabalho. Se a igualdade dos trabalho humanos, se a medida do dispêndio, tudo isso assuma a forma de relação entre os produtos do trabalho, uma relação entre as mercadorias, o mesmo vale para a relação entre os produtores. As relações sociais assumem a forma de relações sociais entre produtos do trabalho, de relações sociais de mercadorias. Isto é o fetichismo da mercadoria.

Page 18: ANotações K Musse

     Isto não é pouca coisa, se pensarmos em termos de disciplina, termos acadêmicos, podemos perceber que as relações sociais elas se ocultam sobre as formas de relações entre as mercadorias, e portanto podemos entender o sentido geral do projeto de Marx, o fetichismo da mercadoria nos indica que as relações sociais no capitalismo assumem a forma de relações sociais entre mercadorias, só levando em conta as relações econômicas podemos formar uma teoria da sociedade. Se trata de examinar as formas determinadas próprias do capitalismo em sua configuração econômica específica, que é dada pela relação mercantil. Por outro lado,o discurso econômico é por definição fetichista, por que ele vai levar a sério a relação dos produtos do trabalho.

     A essa inversão, que também é um ocultamento, que nos permite a fazer uma analogia. O fetichismo é uma nova forma de expressão adequada aos termos do capital daquilo que Marx chamava de ideologia, uma defasagem, um deslocamento. Só que o fetichismo é um pouco mais poderoso do que a ideologia, a ideologia era sobretudo uma operação da consciência, ela tinha um fundamento externo à consciência, se manifestava como forma de pensamentos, representações. Já o fetichismo, vai ter as duas características, vai ser uma forma de consciência, mas também tem um caráter objetivo, é determinado por uma relação econômica especifica, que é a forma mercantil. É como se o Marx tivesse encontrado um fundamento objetivo da ideologia no capitalismo e o chamou de fetichismo.

     O fetichismo é uma figura da consciência, uma relação social objetiva que é inerente à produção da mercadoria. Os produtores só se vinculam entre si, por meio da relação entre suas mercadorias. Há todo um lado de que a relação social é ocultado, isso significa que o capital é critica da economia política na medida em que procura explicitar essa relação social. Portanto, “O capital” é, em certa medida, uma teoria social do capitalismo. O que nós temos no lugar da relação social é uma relação fantasmagórica, as coisas parecem dotadas de vida própria, corporificam as relações sociais. Aparecem como se fossem características próprias das coisas (subiu o café, o leite, etc), como se fosse uma característica do caráter natural, no capitalismo a sociedade aparece como uma segunda natureza, segundo Marx.

     Já  o segredo do fetichismo é o embrião da teoria social do capitalismo. O segredo do caráter fetichista das mercadorias se assenta(a premissa geral) no caráter social peculiar do trabalho que produz mercadorias. É isso que Marx tem feito desde o início do texto.

     Em que consiste especificamente esse trabalho? O primeiro ponto que Marx irá salientar é:

     1 – O objeto se torna mercadoria apenas pro serem produtos de trabalho privados, produzidos independentemente uns dos outros. Se contrapormos com as outras sociedades isso fica fácil de entender. Numa unidade patriarcal familiar, auto-suficiente, os produtos serão consumidos ali mesmo, é de todos, esse trabalho nunca vai ser um trabalho privado. O pressuposto da troca mercantil, o que o ato da troca pressupõe é que seja uma relação entre dois proprietários (troca pacífica), esses dois proprietários que se reconheçam mutuamente como proprietário, as mercadorias são produtos do trabalho individual. Ao mesmo tempo que o trabalho é privado ele também é uma especialização, é diferente por exemplo da unidade patriarcal no qual muitos dos trabalho são realizados coletivamente no qual não há uma especialização.  O decisivo aqui é que a única forma de contato social entre esses produtores privados é a troca. Só

Page 19: ANotações K Musse

entram em contato no ato da troca. E portanto, a troca vai ser a medida da sociabilidade, é uma troca que os valores vão ser confrontados, se tornam comensurados e nessa medida que se vai aferir a quantidade de trabalho incorporada em cada produto. Agora podemos entender a frase onde Marx diz que: os valores de uso no capitalismo são meros suportes dos valores (VT). A situação da forma geral, aquela qual uma mercadoria se desloca do mundo das mercadorias, o objetivo econômico do produtor deixa de ser valores de uso, passa a ser a produção de valores. É claro que seus produtos tem que ter utilidades, mas eles são escolhidos em função do seu valor, não é mais um produto do homem por tradição familiar, as pessoas passam a produzir porque tal mercadoria tem uma alto valor. Não é mais uma troca de excedentes, a produção passa a ser determinada pelo valor de troca. Esse é um sinal de que o VT prepondera e o VU torna-se apenas um meio, afetando assim o âmbito da produção. Com isso, ocorre a generalização da forma de produção. No âmbito da produção, os trabalhos privados adquirem esse duplo caráter social, devem satisfazer necessidades humanas, mas também tem que ser permutáveis, todo trabalho útil deve ser permutável pro outra espécie de trabalho privado que seja equivalente. A igualdade de trabalho totalmente diferentes só pode consistir numa abstração de suas verdadeiras desigualdades.

     A ação econômica dos produtores ai seguir esse movimento, o trabalho útil se subordina ao trabalho abstrato. No predomínio da relação de troca também vincula o predomínio do valor de troca sobre o valor de uso.

2-  Os homens ao equiparar seus produtos de diferentes espécies na troca como valores, equiparam seus diferentes trabalhos com o trabalho humano, não o sabem, mas o fazem. O desenvolvimento da troca, a generalização da troca promove uma equiparação entre os trabalhos, os trabalhos podem ser simples ou complexos, mas passam a ter em si uma relação quantitativa na medida que esse dispêndio de apresenta como uma relação entre as grandezas dos produtos do trabalho, uma relação entre os valores, uma relação entre os preços das mercadorias. Marx salienta é que os homens não sabem, é preciso todo o desenvolvimento cientifico para perceber como funcionam as relações sociais, como se articula o trabalho, qual o nexo social que jaz o capital. O valor transforma os produtos do trabalho em um hieróglifo, e a mercadoria em algo misterioso que nós podemos entender se pensarmos, por exemplo, na crise econômica.  O fato de que uma mercadoria possui um valor e imediatamente esse valor começa a despencar, aparece como algo inexplicável, há algo de misterioso na riqueza da sociedade capitalista, que explica porque determinadas pessoas ficam ricas e outras pobres e vice-versa, por que a mercadoria em seus movimentos aparece como algo opaco. Por outro lado, não sabem mais o fazem, essa segunda parte da frase indica que a determinação dos valores de uso como valores, ou seja, a forma específica do trabalho,assim como a língua é seu produto social. O capitalismo, assim como transformação do seu trabalho em trabalhos privados autônomos e a subordinação do valor de uso em valor não é algo natural, mas sim um produto social coletivo, tal como é a língua. Mas como a língua é também um produto social coletivo que nos aparece sendo algo estranho, alheio. O caráter mercantil das mercadorias engendra um sistema econômico no qual seu funcionamento, sua própria existência nos parece como algo estranho.

     O dispêndio socialmente necessário de trabalho só sabemos qual é no ato da troca. O valor do trabalho é medido pelo dispêndio do trabalho socialmente necessário.

Page 20: ANotações K Musse

     O movimento social adquire a forma de um movimento de coisas. O movimento social dos valores aparece para os produtores sobre a forma de um movimento de coisas, cujo controle se encontram ao invés de controlá-lo. Esse é o resultado mais evidente e impactante do fetichismo, de que os homens organizam-se autônomos, estabelecem relações sociais por meio da troca, ao fazer isso “fetichizam”. As relações entre os trabalhos assumem a forma de relações entre os produtos do trabalho, as mercadorias. O sistema econômico se afigura como um movimento entre mercadorias. A conseqüência disso é de que os homens se encontram sob o controle desse movimento ao invés de controlá-lo. Os homens estão submetidos à lógica econômica, ao movimento das mercadorias. O sistema econômico escapa ao controle dos homens. A produção é individual, mas a determinação do valor é social, mas não é feita por nenhuma forma de acordo, ela se impõe como uma lei objetiva das coisas.

      Expressões “fetichizadas” de determinadas relações sociais ( categorias como dinheiro, mercadoria), para a economia política, essa forma de riqueza aparece como forma natural, imutável, a critica da economia também vai ser a critica do fetichismo. Passar da categoria forma mercadoria para a forma de trabalho que gera a relação mercantil. O exame da sociedade do capitalismo constitui sobre esse tipo de relação. Isso significa que a economia tem também uma aplicação que a torna uma espécie de sistema operacional da lógica econômica. Ela é uma reflexão, uma forma de pensamento que reflete as condições objetivas da produção nesse modo de produção historicamente determinado da produção de mercadorias.

      Por fim, diz Marx, a economia política analisou o valor e grandeza de valor e o conteúdo oculto nessas formas, mas nunca chegou a perguntar por que o conteúdo assume aquela forma. O fetichismo da mercadoria.

- Projeto político, libertação do homem da mercadoria, do sistema econômico que escapa ao seu controle.

-Associação dos homens livres – comunismo seria a constituição de uma sociedade em que os indivíduos não fossem mais controlados pela vida econômica. Isso também no sentido de que podemos entender a critica da economia política.

Aula 3 – O capital – Cap 2. 3

      Cap. 2 – O processo de troca

      Inerente em qualquer situação de que os produtos do trabalho se apresentam como mercadorias (fetichismo), isto deriva um sistema, um modo de produção nos quais o trabalho se organiza de tal forma que os produtos do trabalho são mercadorias.

      Para mostrar como isso não é natural, nem inevitável e nem sequer cobre a maior parte da historia humana. Marx mostra no final do cap.1 a distinção onde os produtos do trabalho assumem a forma de mercadoria e onde eles não tomam – idade média onde os produtos do trabalho não assumem a forma de mercadoria, a forma de satisfação das necessidades humanas não seriam realizadas pela forma da troca de mercadorias.

     Um dos objetivos do capital é mostrar de que forma o capitalismo organiza o trabalho de modo de que o produto do trabalho assuma a forma de mercadoria.

Page 21: ANotações K Musse

     Analisa os condicionantes sociais da troca neste capítulo. Vimos no cap.1 que quando Marx fala de troca fala sempre de duas mercadorias que são trocadas numa certa proporção. Agora leva em conta que essas mercadorias não vão sozinhas ao mercado. Para que haja troca é necessário que existam seus agentes, estes são, por definição, os possuidores da mercadoria. Fala aqui da troca pacífica especificamente. Há outras situações onde a troca não é pacifica, situações de guerra, de conflito. O pressuposto da troca pacifica é de que há um mutuo reconhecimento dos agentes da troca como proprietários (privados) da mercadoria, é a pré-condição da troca pacífica, a troca já é um tipo de relação social onde a forma jurídica é o contrato. Estabelece entre eles uma relação onde a forma jurídica é o contrato.

     Se essa relação, a troca, tem estes pressupostos iniciais, jurídicos, o seu conteúdo é dado pela relação econômica, por isso que a economia política ocupa um lugar central no capital e na própria sociedade capitalista. A relação social básica para uma área do conhecimento, se essa relação supõe uma sociedade de proprietários, se sua relação é o contrato, sua relação só pode ser examinada enquanto relação econômica. A relação básica que a EP é uma relação econômica.

     Quando se concentra no exame nessa relação econômica, o que se percebe é que essas pessoas só existem como representantes das mercadorias (ótica da relação econômica). As personagens econômicas encarnadas pelas pessoas são personificações das relações econômicas.

     Os agentes econômicos operam em função da troca, o mesmo vale aqui para a relação entre o agente e a mercadoria, o agente é apenas a personificação de relações econômicas, pois o que importa é  a relação que os produtos estabelecem, esta é uma característica da troca mercantil e uma das formas da objetividade do fetichismo. Este pode ser entendido perfeitamente quando se leva em conta que a relação econômica independe pela figura do agente, pode ser substituído sem que a relação econômica seja alterada, a relação se da entre os produtos do trabalho.

     Esta condição dos agentes como suporte das relações econômicas, homo economicus, o homem na sociedade capitalista é reduzido a personificação de relações econômicas.

     Neste capítulo faz o movimento inverso do primeiro, mostra como historicamente o dinheiro se desenvolveu segundo a determinação examinada no cap. 1, mas também mostrando que as determinações não são puramente lógicas, são sociais e históricas. O cap. 2 e 3 são capítulos em quais a abstração do cap. 1 é deixada de lado e é preenchido por um conteúdo social e histórico.

     Recapitula brevemente o que já expôs no capitulo anterior, examinar a troca. Para o possuidor da mercadoria ela não tem VU direto, mas tem VU para outros. Essa suposição permite que aconteça o meio de troca. Quando leva ao mercado testa a hipótese, essa mercadoria terá valor de uso para outros. Quando acha um comprador fica comprovado. Se configura como VU para outros e logo como VT. Isso significa que por um lado, as mercadorias tem que se comprovarem como valor de uso, é isso que permite que elas têm valor. So se torna mercadoria quando é valor de uso para outros.

     Isso significa que a troca satisfaz necessidades, logo, ela é um processo individual. A figura do possuidor, se for colocada entre parênteses, é essencial porque a troca exige

Page 22: ANotações K Musse

que o possuidor da mercadoria não se interessa pelo seu uso e que haja um outro possuidor da mercadoria que se interessa pelo uso dessa mercadoria. Desse ponto de vista a troca é um processo individual.

     Mas quando se efetua a troca, as duas mercadorias que estão em relação tem que ter algo comum, valor, isto que permite que seja estabelecida a troca entre coisas diversas para alem da sua utilidade (VU), se fosse assim não teríamos uma medida para este valor, esta medida é o tempo de trabalho socialmente necessário, que por sua vez é o trabalho abstrato, a substância do valor. A troca além de ser um processo individual, é também um processo genericamente social, ou seja, uma determinação social como sendo característica da troca. Esta determinação vai se apresentar da seguinte forma: para o possuidor de mercadoria, a outra mercadoria funciona como equivalente particular da mercadoria (série desdobrada da mercadoria), esta sua mercadoria por sua vez, funciona como equivalente geral de todas as outras mercadorias, permite fazer a inversão da forma valor desdobrada para a forma geral, na qual uma mercadoria se torna a forma equivalente geral.

     Em principio, qualquer mercadoria pode se tornar equivalente geral. Essa determinação da mercadoria como equivalente geral é uma determinação social, histórica, em algum momento as sociedades cristalizaram uma mercadoria como equivalente geral, apenas a ação social pode fazer de uma mercadoria equivalente geral se não ficaríamos no ,mosaico da forma desdobrada,essa ação social torna uma forma equivalente em socialmente válida, faz com que uma mercadoria funcione como dinheiro. A forma dinheiro nada mais é que a mesma expressão da forma geral. Se uma mercadoria é separada do mundo das mercadorias, assume a função de dinheiro.

     A ampliação e desenvolvimento histórico desenvolvem a antítese entre VU e VT da mercadoria. A ação social cria a circunstância histórica de que a riqueza da sociedade não aprece mais como uma imensa coleção de mercadorias, mas sim como coleção de mercadorias e dinheiro. A riqueza se manifesta de forma dupla, nas mercadorias e no dinheiro. Por outro lado, é preciso não esquecer de que o dinheiro tem a sua gênese na mercadoria. Isto é decisivo para a observação que Marx faz a cerca do fetichismo do dinheiro.

     Os produtos do trabalho assumem a forma de mercadoria, por isso gera o fetichismo da mercadoria, esse processo se completa com a transformação da mercadoria em dinheiro. Vamos ter no fetichismo do dinheiro o mesmo processo, só que agora, é o fetichismo da mercadoria na qual a mercadoria assume a forma dinheiro.

     Mercadoria

     Mercadoria        dinheiro

     O fetichismo do dinheiro é a repetição do fetichismo da mercadoria na situação de que uma ação social humana exclui uma mercadoria do mundo das mercadorias, logo houve uma transformação da mercadoria para o dinheiro, a riqueza transmutou-se da forma mercadoria para a forma dinheiro. Temos na sociedade uma duplo fetichismo (mercadoria e do dinheiro).

Page 23: ANotações K Musse

     Historicamente, surgem as trocas quando as comunidades entram em contato. São os pontos de contato entre as comunidades que começam a troca de mercadorias. Na medida em que o produto se torna mercadoria fora da comunidade, tende a se tornar no interior da comunidade. Se uma comunidade tem um excedente de se uma falta de azeite, troca os vasos por azeite. Os vasos tendem a se tornar mercadorias. Fabrico os vasos não pelo seu VU, são fabricados tendo em vista seu valor de troca, fabrico vasos para trocar por azeite. A repretição dessa troca, transforma essa ocorrência casual inicialmente numa troca habitual, num processo social regular, afeta o próprio processo do trabalho que se organiza em função dessa troca. Se esta troca persistir, começa também a sobrar azeite de oliva, agora carente de outros produtos agora. Começa a ampliar a variedade da mercadoria, produtos que entram no processo de troca. Uma diferenciação de troca acontece e chegamos a troca desdobrada.

     Com o desenvolvimento da troca, se fixa numa determinada de mercadoria, cristaliza na forma dinheiro, passa a funcionar como dinheiro.

     Num determinado momento, fixou-se a mercadoria nos metais preciosos, o ouro e a prata se tornaram o equivalente geral das mercadorias. Tornaram-se então a forma de manifestação do valor das mercadorias, o material no qual as grandezas de valor da mercadoria se expressão socialmente. A prata e ouro permitem que todas as operações numéricas sejam feitas na proporção dos metais. O que acontece com o ouro e a prata, o seu valor de uso duplica-se, continuam sendo utilizados como antes, para fazer jóias, brincos, mas ao mesmo tempo passam a funcionar como a mercadoria-dinheiro. Portanto, sendo todas as mercadorias equivalentes particulares do dinheiro, e este equivalente geral, as mercadorias se relacionam com o dinheiro como equivalente geral. Para o Marx o dinheiro é uma mercadoria, não é nem um signo, nem resulta de uma convenção arbitrária, resulta de um processo social no qual a mercadoria se duplica, a riqueza da sociedade se duplica em mercadoria e dinheiro.

     O que acontece quando o valor do ouro sobe ou diminui? Rigorosamente nada, o valor do ouro enquanto VU na fabricação de jóia, aumenta ou diminui. Mas enquanto mercadoria dinheiro não altera em nada. Se o valor do ouro aumenta ou diminui não altera em nada o sistema monetário, nem o valor das mercadorias e sua troca. O movimento mediador desaparece em seu próprio resultado e não deixa atrás de si nenhum vestígio. Essas coisas, ouro e prata, são imediatamente encarnação direta de todo o trabalho humano. O que permite comparar as mercadorias é o trabalho abstrato, essa sua grandeza é dado pelo dispêndio de trabalho socialmente necessário, isso aprece, a forma relativa do dinheiro é a forma preço, é a etiqueta da mercadoria, uma expressão em ouro. Todas as mercadorias carregam em si não as marcas do trabalho, não a situação social da gênese daquele trabalho, não o fato de que são produtos do trabalho, carregam em si apenas a sua denominação monetária.

     No cap.3 investiga ao dinheiro. A chave do enigma do dinheiro é o fetichismo da mercadoria, para entender o dinheiro não se pode descuidar do fato de que ele é uma transmutação da mercadoria.

Cap. 3 – Dinheiro ou a circulação das mercadorias.

      Não fala mais em troca, mas em circulação de mercadoria. No item 2 explica o que é a circulação. De antemão podemos trabalhar que a circulação nada mais é de que uma

Page 24: ANotações K Musse

situação onde a troca é generalizada. Agora temos condições de examinar como funciona o dinheiro. 3 modalidades distintas do funcionamento do dinheiro com suas correspondentes figuras monetárias, com suas determinações sociais e com suas formas peculiares e particulares do fetichismo. Uma determinação que não é mais lógica, é histórica de certa forma. O interventor é a intensificação da troca e circulação da mercadoria.

      O que sabemos até agora sobre o dinheiro, por meio da ação social a sociedade em determinado momento cristaliza mercadorias como o equivalente geral, portanto, o dinheiro. O ouro se torna a medida monetária, medida geral dos valores. É exatamente assim que ele se torna dinheiro, assume a forma dinheiro porque é a medida geral dos valores, assume a fora dinheiro porque é equivalente geral. Aqui temos a primeira determinação da função do dinheiro. Este funciona como medida de valor.

Determinações da função do dinheiro:

1. Medida de valores.

 

A expressão de valor das mercadorias é expressa pelo ouro, o ouro assume a forma dinheiro, e a forma relativa, o preço é dado em ouro. Sabemos pela teoria do valor que não é por meio do dinheiro que as mercadorias são comensuráveis, na verdade tanto logicamente quanto historicamente somos levados concluir que é o contrário, o dinheiro na medida que funciona como medida do valor, é apenas uma forma de manifestação da medida do valor, uma forma de expressão do valor, simplificada, simples. Muito mais simples ter uma equivalente geral do que viver numa sociedade em que há inúmeros equivalentes, forma de valor desdobrado. Sabemos que essa medida do valor é dada pelo tempo de trabalho, portanto, em sua função de medida de valor, o dinheiro serve como dinheiro apenas como imaginário ideal. Isso significa que o ouro é só unidade de medida, é como o metro. Todas as determinações do sistema métrico são efetuadas em função dessa medida que é imaginária, uma pura convenção, uma convenção que se impôs socialmente. O dinheiro aqui enquanto medida de valor, é apenas imaginário, é apenas unidade de medida, mas também ao mesmo tempo funciona como padrão de preço. Surge aqui a contradição de que o dinheiro vai exercer duas funções interamente diferentes, medida do valor porque é a encarnação do trabalho social humano, mas é padrão de preços por ser um peso fixado em metal. É simples de entender, uma vara de linho custa 2g de ouro, é uma certa quantidade fixada do metal, mas vamos supor que este preço se realize em valor, é preciso que alguém compre, se não é só um preço. Uma coisa é fixar o preço, outra é fixar o valor. O trabalho embora é uma forma de trabalho individual, torna-se trabalho social. O trabalho social se apresenta como se fosse individual, uma nova expressão do fetichismo. O trabalho social se apresenta como trabalho individual, ou nos nossos termos, a medida de valor se apresenta como preço. Na forma preço em geral, se fixa uma certa unidade de medida dada por um quantum de ouro. Mas ai, diz Marx, nos entramos na seguinte situação, as determinações monetárias que os pesos metálicos (3g, 5g) se desligam pouco a pouco de suas determinações originais. A isso se acrescenta o fato de que, esse padrão é

Page 25: ANotações K Musse

convencional. A sua validade geral é dada por uma ação social,a forma que esta assume é a sua regulação numa lei. Ao invés de dizer 2g ou 3g de ouro se diz 2 ou 3 libras, 2 ou 3 reais. Quando isso acontece nós passamos a ter a forma preço determinada em função destas moedas, moedas nacionais, que vinculam-se a uma certa quantidade de ouro. Os vestígios da relação de valor tendem a desaparecer sob a forma das moedas nacionais, na forma fetichizada da forma preço. A forma preço implica a alienabilidade das mercadorias contra dinheiro, e a necessidade dessa forma dinheiro. Eu entrego essa mercadoria você me deve o que eu estou pedindo de dinheiro, só se realiza enquanto valor a forma dinheiro quando essa alienação é realizada. Essa forma preço é acoplada ao  sistema no qual o equivalente geral, o ouro assume a denominação dessas moedas nacionais. Na medida ideal dos valores, espreita o dinheiro somente. Tudo isso aqui nos leva a situação do qual, aponta para o dinheiro como papel, não chegamos no papel moeda, só aparece no item 2. Por que? É por uma questão meramente didática, é preciso apresentar a outra pré-condição do papel moeda. Ele pode ser desentranhado, uma possibilidade aberta pelo uso do dinheiro como medida de valor, mas o papel moeda é mesmo a figura histórica de uma outra função do dinheiro, a segunda função do dinheiro que sem ela não entendemos a figura do papel moeda, que é a função do dinheiro como meio de circulação.

2 – Meio de circulação:

      A forma preço oculta ainda mais que as formas de valores são o tempo de trabalho, oculta o processo de trabalho. O Fetichismo é dado pelo fato de que as relações entre os trabalhos eram dada por meio de uma relação entre as mercadorias. Temos agora um passo além, a relação entre os trabalhos é dada pelo preço das mercadorias. Uma determinação há mais, que é o preço das mercadorias que oculta o fato de que o próprio dinheiro funciona como medida de valor, como se o dinheiro se torna-se autônomo, independente de função de medida valor. Na ponta, como equivalente geral, podemos perceber já, a figura do papel moeda, essa figura do papel moeda só se torna possível, só se tornou possível historicamente na situação em que o dinheiro funcionou como meio de circulação, é uma figura histórica e social do dinheiro como meio de circulação, foi necessário para chegarmos ao papel moeda que as trocas foram intensificadas. Não da mais para falar de troca, esses processos só podem ser descritos pela expressão circulação. A circulação de mercadorias se torna a base do metabolismo social, é a generalização do processo de troca. Um processo incessante onde mercadorias são colocadas e retiradas. Na circulação, como uma metamorfose das mercadorias, isto já esta dado na própria forma simples (VT, VU). Mas agora temos uma situação diversa, mas já estamos nessa situação em que essas mercadorias, riqueza se desdobra em mercadoria e dinheiro. Essa metamorfose é uma metamorfose que entra em campo uma mercadoria comum e a mercadoria monetária. Temos no processo de troca a duplicação da mercadoria em dinheiro. A expressão interna, a antítese interna da mercadoria, mas de tal forma que esse processo pode ser descrito sinteticamente como a conjunção de duas metamorfoses opostas e reciprocamente complementares, a operação de venda em compra. Temos a transformação da mercadoria em dinheiro e a sua re-transformação da mercadoria em dinheiro. A riqueza circula segunda a expressão M – D – M, síntese do processo de circulação de mercadorias. Examina os dois pólos dessa expressão.

Page 26: ANotações K Musse

      Os dois pólos da metamorfose mercadoria são descritos pelo Marx como primeira e segunda metamorfose. Na primeira, o valor de uso da mercadoria posta a venda se confirma(alguém se interessa por ela), a questão é quanto dinheiro é necessária para realizar a troca. O valor da mercadoria é como se fosse uma parte alíquota de toda mercadoria, toda aquela mercadoria produzida num determinado sistema econômico – quanto vale uma vara de linho, vale 1 parte de todo o linho produzido na Inglaterra. A grande questão é que o tempo de trabalho não é o tempo de trabalho individual, é o tempo de trabalho socialmente necessário. Todo o linho existente no mercado vale como 1 único artigo comercial, cada peça como parte da alíquota. O importante aqui é que novamente encontramos uma ato de socialização na determinação do valor, é a sociedade que determina qual é o valor. É um dos descompassos, o fetichismo da mercadoria, que levará a crise. A execução dos trabalhos é individual, produtores individuais de mercadoria, mas a determinação do valor é social. Por isso acontecem situações onde o custo de produção é menor que o custo de venda, leva a situação de crise. Isto é expresso no fetichismo, aquela determinação que há um sistema econômico onde a medida mais elementar, a determinação do preço escapa ao meu controle. Produzo algo e não sou capaz de dizer o valor daquilo, o valor é uma determinação social.só vai ter efetividade, só vai ser trocado quando ele se aproxima dessa parte alíquota de todo o trabalho, de todos os produtores daquela mesma mercadoria.

     A divisão que os torna produtores privados, independentes, ao mesmo tempo torna independentes deles mesmo o processo social de produção e suas relações dentro do processo. O que faz a independência recíproca das pessoas (marca da divisão social do trabalho no capitalismo), se completa num sistema de dependência retificada universal. O que nós temos nessa primeira operação – a venda - a realização do preço, e quais as circunstancias sociais em que se dá a operação do preço, é a realização do valor de uso no ideal do dinheiro, a medida de valor do dinheiro como mera unidade de medida. Nessa operação temos a transformação do dinheiro em mercadoria. O que é a venda se não a transformação da mercadoria em dinheiro. Riqueza na forma material troquei por dinheiro, passo a ter riqueza na sua forma ideal, de medida de valor.

     Esta operação é vista da esquerda para a direita e direita para esquerda, é uma operação de conta. O que acontece na segunda metamorfose já esta realizado na primeira metamorfose, é o mesmo processo visto de outro ângulo. A compra é a transformação inversa do dinheiro em mercadoria.

     O que há é uma situação na qual o produtor de mercadorias troca de papel, é ora comprador ora vendedor. A figura do comprador e do vendedor muda de pessoas dentro da circulação de mercadorias. A circulação de mercadorias constitui um ciclo. Forma mercadoria – abandono da forma de mercadoria – forma mercadoria. Não-valor-de-uso – valor – valor de uso.

     O dinheiro vai se entrelaçar e fazer um monte de séries conexas, vamos ter vários círculos na qual surgem inúmeros círculos de mercadoria. O conjunto dos ciclos é a circulação (M – D – M) de mercadoria. A mercadoria entra no mercado se transforma em dinheiro e depois retorna a sua forma de mercadoria.

     A circulação distingue não só formalmente e essencialmente da troca simples, porque a mercadoria B substitui a mercadoria A, mas A e B não troca suas mercadorias diretamente. Primeiro fiz a operação de compra depois a operação de venda. Essa

Page 27: ANotações K Musse

separação vai garantir primeiro: um ganho em termos de troca, a troca sempre é individual, local, uma situação na qual a troca não precisa ser mais local com a circulação. O principal é que o processo de circulação não se extingue, é incessante, sobretudo porque as mercadorias entram e saem, mas o dinheiro não, o dinheiro não desaparece, sempre se deposita em outro ponto de circulação abandonado pela mercadoria. Com o dinheiro eu posso engendrar uma nova circulação, é o dinheiro que leva a circulação de mercadorias, o que é específico da circulação é que o dinheiro não se deposita.  Vai romper com as limitações temporais e individuais da troca, posso levar o dinheiro e voltar e gastá-lo alguns meses depois.

     Como mediador da circulação de mercadorias, o dinheiro assume a função de meio de circulação.

     Temos ai novamente, uma antítese. Só é perceptível na crise. O dinheiro se torna a forma mais evidente da riqueza, se torna o meio de circulação, ele é enquanto meio de circulação um facilitador. A limitações individuais, locais e temporais podem ser superadas, a vantagem do dinheiro. Isso nos leva a pensar o dinheiro, a usar o dinheiro como uma entidade autônoma,como puro meio de circulação. O fetichismo do dinheiro nasce e a crise (quase sinônimos), a função de circulação do dinheiro mascara e oculta a sua função de medida de valor. O dinheiro soe meio de circulação porque é medida de valor. O que fica patente no fato de que embora o movimento do dinheiro seja apenas a expressão da circulação das mercadorias, a circulação das mercadorias aparece ao contrário como se fosse ao contrário como se fosse o resultado do dinheiro. Temos essa inversão na qual temos a ilusão de que o que move a economia é o dinheiro. O que se ignora é que o dinheiro é medida de valor, é um fetiche de que se tivesse vida própria, como se tivesse o dom e a capacidade de engendrar o crescimento e levar a uma recessão, isso é uma inversão porque o dinheiro apresenta apenas como medida de valor, e como este adquire uma segunda função. Enquanto é meio de circulação se apoio na medida de valor. Se é meio de circulação tem uma relação com as mercadorias, deve ter uma quantidade exata de dinheiro conforme o fluxo das mercadorias. Para que o dinheiro não seja mais que o meio de circulação, para que seja exatamente meio de circulação, é necessário que toda a quantidade de dinheiro na circulação seja a mesma da necessária para as trocas mercantis. A questão toda é de que como eu vou saber a velocidade da troca.

     Um descompasso, discrepância entre quantidade de dinheiro e movimento de mercadorias. A crise esta sempre no horizonte, é de certa forma latente na sociedade capitalista porque qualquer movimento faz com que haja o descompasso entre a quantidade de dinheiro que é absorvido na circulação, que é necessário para o dinheiro operar como meio de circulação e quantidade de dinheiro que circula efetivamente seja ela maior ou menos, isto gera crises econômicas. Isso é mais latente pro conta do fetichismo, este no caso específico do dinheiro como meio de circulação é dado por essa impressão de que a circulação das mercadorias resulta da circulação do dinheiro.

     Assim o dinheiro deixa de ser percebido como uma mercadoria. O dinheiro é  em ultima instancia um produto do trabalho humano, mas na sua forma fetichizada que os produtos do trabalho humano assumem no capitalismo é algo que escapa ao nosso controle, adquire vida própria. Parece claro agora porque da circulação emerge a moeda. E com ela, logo em seguida, o papel moeda. Esse papel de facilitador das operações de troca faz com que eu tenha que guardar esta riqueza sobre a forma do dinheiro, eu troco

Page 28: ANotações K Musse

já não mais uma mercadoria por outra, mas uma mercadoria por dinheiro. Esse lado prático histórico e social faz com que se passe da situal onde o ouro era equivalente geral para depois onde o ouro era padrão de preço e logo em seguida meio circulante, quando assume essa ultima função, o dinheiro metálico, pode ser substituído por outro material que o simbolize, no caso da nota promissória ou o papel moeda, este apenas representa o ouro. A moeda papel é o signo do ouro ou o signo do dinheiro. A figura social histórica de dinheiro como meio circulante é o papel moeda. A riqueza passa a ser expressa em dinheiro, as pessoas começam a acumular dinheiro. O homem se abstém de consumir, de comprar. Vender muito e comprar pouco são resumos da sua economia política.

     O dinheiro tem ainda uma terceira função, funciona como meio de pagamento.

3 – Meio de pagamento

      A função do dinheiro como medida do valor permite que ele seja transformado em papel moeda e, portanto, funcione como meio de circulação, o operador da circulação. Essa sua função como meio de circulação também permite que na medida em que ele é ciclo de valor, permite que se prescinda do dinheiro, que ele se torne na circulação apenas meio de pagamento. É o que acontece quando se usa o sistema de crédito, neste se efetua a compra, se consome a mercadoria antes do seu pagamento. Essa relação, M – D –M, já não corresponde inteiramente ao sistema de crédito. Ao mesmo tempo, é um sistema mais intensificado de circulação de mercadorias.

      A pré-condição disso é a existência de um sistema financeiro de compensação, de mutua compensação. O dinheiro se torna puro meio de pagamento, só entra na circulação depois que a mercadoria se retirou dela, já não é mais o mediador do processo, essa primeira metamorfose só se realiza posteriormente. Mas obviamente criamos aqui uma contradição. Temos uma sequência que é histórica no qual o dinheiro assumiu inicialmente de medida de valor (ouro), depois de meio de circulação (papel moeda) depois de meio de pagamento (cartão de crédito). A cada uma dessas corresponde uma forma específica de fetiche que é um desdobramento que vimos no fetiche do dinheiro, que é o fetiche da mercadoria quando esta assume a forma dinheiro. Os produtos do trabalho estão representados pelo seu preço, os produtos do trabalho assumem a forma de um preço, o fetiche no caso do meio circulante é quando o dinheiro se autonomiz,a a mercadoria se autonomia em relação ao trabalho, o dinheiro em relação a mercadoria, se autonomia na circulação em relação a mercadoria de tal forma que achamos que é ele que impulsiona o processo econômico, como se ele tivesse autonomia e vida própria e não fosse apenas o meio de circulação das mercadorias, ao fetiche da medida de valor dado pela forma preço em que se oculta que é uma medida de valor. E há um fetiche de um em relação ao outro, como se quando o dinheiro assume a função de meio de circulação deixasse de ser medida de valor, o dinheiro só pode ser meio de pagamento porque é medida de valor, só pode ser meio de circulação porque é medida de valor, só pode ser meio de pagamento por que é meio de circulação. Mas aparece como meio de pagamento como se fosse autônomo, financeirização, como se isso fosse descolado do movimento do trabalho humano, do próprio ciclo das mercadorias. Quando isso acontece leva a crise.

     Uma forma de dizer que o dinheiro só é tal porque é medida de valor, porque ele é uma mercadoria equivalente às outras mercadorias, é o equivalente geral do mundo

Page 29: ANotações K Musse

das mercadorias. Essa sua função é oculta, surge como se fosse autônoma, se descola, como se fosse o mundo das mercadorias e o mundo das finanças. A autonomização do dinheiro que de certa forma é engendrada quase que necessariamente, faz com que o dinheiro seja sim o motor das trocas econômicas, a troca econômica é possibilitada pelo crédito.

      Quando do dinheiro funciona como meio de pagamento o descompasso entre o dinheiro e a circulação de mercadoria é inevitável, é inerente a essa própria modalidade. Como funciona como meio de circulação tende a ignorar a sua função de medida de valor. E como meio de pagamento ignora o meio de circulação. O descompasso entre o ritmo da produção e o ritmo do consumo entre as mercadorias se torna inevitável, o que ciclicamente engendra a crise. As crises podem assumir a forma de um excesso e carência de dinheiro. 

Aula 4 – O capital – Ricardo Musse.

Seção II: A transformação do dinheiro em capital

      Marx vai tratar do conceito que dá titulo ao livro, o capital. Só  agora determina com precisão o que ele entende por capital e capitalismo.

      O ponto de partida do exame do capital é a circulação de mercadorias ou seja o capital só pode ser examinado depois que já vimos todas a decorrência da circulação de mercadorias, inclusive as 3 funções do dinheiro. Os pressupostos históricos do capital giram em torno deste circuito em que as mercadorias são produzidas já como mercadorias, há uma circulação desenvolvida dessas mercadorias dadas e facilitadas por um comércio em larga escala. A origem histórica disso Marx data com o sec. XVI com o início do comércio mundial.

      A questão aqui é da diferença, mas uma diferença já anunciada sob a forma de uma metamorfose entre o capital e o dinheiro, ou seja como porque e de que modo o dinheiro se transforma em capital. Marx aqui é mais breve, já vimos que a circulação das mercadorias gera um produto útil que é o dinheiro, enquanto as mercadorias entram e saem dessas circulação, o dinheiro permanece, nos dando inclusive a visão fetichista que ele é o motor do movimento das mercadorias. O dinheiro por outro lado se é a forma ultima de circulação das mercadorias, é a primeira forma de aparição do capital. O capital aparece primeiramente como acumulo de dinheiro.

      A primeira determinação do capital é um certo acumulo de dinheiro, uma concentração do dinheiro em algumas m]aos, o surgimento de fortunas em dinheiro, surgiram com o capital comercial e com o capital usurário, duas formas conexas mas rivais. Rivalidade que pode ser vista na peça de Shakespeare “O mercador de Veneza”, há uma rivalidade entre usurários(empresta dinheiro a juros) e o mercador. Essas duas formas se opõem a outra forma de riqueza que era a da propriedade fundiária. O surgimento de grandes qunatidade de fortunas em dinheiro (comercial ou usurário) vai se opor historicamente às formas de riqueza e poder vinculadas a propriedade fundiária.

      O que vai diferenciar e possibilitar a transformação do dinheiro em capital é quando esse dinheiro, essa fortuna em dinheiro, a primeira aparição do capital, o que diferencia

Page 30: ANotações K Musse

é a circulação do dinheiro. Por analogia, podemos entender mais ou menos que o dinheiro surge da circulação de mercadorias e o capital da circulação do dinheiro.

Origem do dinheiro - > Circulação de mercadorias -   M – D – M  (vender para comprar)

Origem do capital - > Circulação do dinheiro. – D – M – D (comprar para vender)

          D – M – D’

D’ – D = AD = Mais -valia

A circulação do dinheiro é dada pela forma D – M –D, dessa circulação que já apareceu sob a forma de fortunas de dinheiro, se gera a produção de capital um processo endógeno,da mesma forma que a circulação de mercadorias é um processo insaciável do qual o dinheiro sempre permanece, na circulação do dinheiro, o capital se desenvolve - e como veremos - se amplia, se acumula. A forma dessa circulação é a transformação do dinheiro em mercadoria e a posterior transformação da mercadoria em dinheiro. Dois processos que são possíveis pelo fato de dinheiro e mercadorias serem equivalentes, são formas equivalentes de uma mesma coisa, a mercadoria assume inicialmente essa forma por um processo social assume a forma dinheiro. Agora temos um processo diferente pelo ponto de vista do agente. Se o ponto de vsita do agente na circulação de mercadoria é vender para comprar.

      Agora o processo é distinto, o possuidor do dinheiro compra uma mercadoria para posteriormente se desfazer dela, o ciclo do dinheiro começa e termina do mesmo ponto, no bolso do capitalista. O resultado final disso é uma troca de dinheiro por dinheiro. Isso fica mais claro se confrontarmos essas duas formas de circulação pela sua finalidade.

      Na circulação do dinheiro (M – D – M) a finalidade é o consumo,a satisfação das necessidades, prevalece portanto o valor-de-uso. O possuidor da mercadoria se desfaz dessa mercadoria porque esta não lhe serve mais, o seu uso não lhe interessa, ele a troca por dinheiro e em seguida troca esse dinheiro por uma mercadoria cujo uso lhe interessa. O ponto de partida prevalece, o valor de uso.

      Já  no caso da circulação do dinheiro ( D – M – D’) não mais o valor de uso, o que prevalece é o valor de troca. A diferença é apenas quantitativa. A ação, a prática de comprar para vender visa sobretudo o incremento do valor de troca, essa operação só tem sentido para o agente, e só é levada a cabo nos casos em que D’ é maior que D. O incremento do dinheiro, Marx chama de mais-valia.isso éfacil de entender nas figuras históricas do capital usurário e comercial.

      Na operação seja do empréstimo a juros, seja de um financiamento de um empreendimento comercial como uma viagem de navegação, o capital ao fim deste processo, o dinheiro ao fim desse processo é acrescido desse incremento, a mais valia, faz com que esse dois termos sejam de alguma forma conexos e inseparáveis na teoria do Marx – capital e mais-valia.

Page 31: ANotações K Musse

      Diz o Marx, o valor originalmente adiantado não só se mantem na circulação mais altera nela a sua grandeza de valor. Acrescenta mais valia, se valoriza e esse movimento o transforma em capital. O capital é  o dinheiro posto em circulação que retorna valorizado, acrescido de mais-valia, há uma expansão na grandeza do valor.

      Tanto no inicio quanto no fim temos o dinheiro. Mas no final do processo esse valor é expandido.se analisarmos esse processo do ponto de vista da finalidade, esta é apenas quantitativa, visa apenas a expansão da grandeza. Isso permite que esse movimento seja concebido como infinito, sem fim no duplo sentido do termo, que não cessa e que não tem uma finalidade. A circulação do dinheiro como capital é uma finalidade em si mesmo, a valorização do valor só existe nesse movimento sendo renovado. Por isso, o movimento do capital é insaciável.

      Portanto, a meta imediata do capitalismo nunca pode ser o VU. A impressão do Marx é a obtenção de um lucro imediato, mas apenas um movimento incessante de ganho. A figura sociológica, portanto, associada a esse movimento é a figura do capitalista. Ele é o agente econômico da circulação do dinheiro. Uma das características da sociedade capitalista é de que todos n[os somos forçados,quer queríamos ou não por isso forçados, a nos comportar como agente econômico. Só assim temos a nossa sobrevivência assegurada, que podemos ter nossa sobrevivência assegurada. Todos os indivíduos, portanto, no capitalismo participam da circulação da mercadoria e são agentes da troca, e exercem ai conforme a situação tanto a situação de comprador quanto a de vendedor, pois para comprar é preciso ter dinheiro e para ter dinheiro é preciso ter vendido alguma coisa.

      Temos um agente especifico, o capitalista. O Ponto de partida e o ponto de chegada do dinheiro. O conteúdo objetivo dessa circulação, a valorização do valor, tem que ser portanto a sua meta subjetiva, ou seja, só funciona como capitalista ou como capital personificado quando suas ações são orientadas por essa expansão da riqueza, por essa ampliação do valor pela valorização do valor.

      Essa situação, a existência de indivíduos que se comporta como capitalistas, que fazem da meta de circulação de dinheiro a sua finalidade subjetiva, devotam sua vida a isso, é muito generalizada em nossa sociedade, mas mesmo hoje não é algo natural ou sequer social. Essa situação de que alguém seja a personificação do capital seja suporte do capital não é algo comum, mas surgiu socialmente (a ética protestante e o espírito do capitalismo – Weber), é um impulso abstrato de enriquecimento que no caso da circulação do dinheiro tem sua figura do entesourador, do ponto de vista do capitalista o entesourador é um capitalista demente, um capitalista que tira o dinheiro de circulação. O enterousador acumula o dinheiro retirando da circulação, ele permitiu qualitativamente ao acumular e concentrar dinheiro, que se concentrasse o dinheiro e que esse tomasse a forma do capital, ai sim o capitalista é um enterousador nacional, entrega o dinheiro nessa circulação e por meio da circulação esse dinheiro se expande, se valoriza. A conseqüência disso é que a circulação do dinheiro engendra um movimento que torna o capital vitima de uma espécie de autonatismo.

Marx diz o seguinte>: na circulação DMD ambas a mercadoria e dinheiro funcionam como modo diferente de existência do próprio valor. O dinheiro o seu modo geral e a mercadoria seu modo particular, por assim dizer apenas camuflado de existência, ele passa continuamente de uma forma para eoutra sem se perder nesse movmiento. Essa

Page 32: ANotações K Musse

assim se transforma num sujeito automático. O capital, portanto, é a substância em processo e auto-movente. Então nós temos uma outra transformação. Vimos como a mercadoria se transforma em dinheiro, e agora como a mercadoria e dinheiro se transforma em capital. Quando ela se tranforma em capital isso engendra esse movimento de uma finalidade em si mesmo, uma finalidade sem fim, dada pela pura expansão do valor. O valor se valoriza, isso que permite Marx conceber o capital como um sujeito automático.

      Essa definição do capital como um sujeito automático é distinta daquela posição da burguesia feita no manifesto em que havia ainda um certo automatismo mas o que prevalecia era o de que a burguesia era um sujeito histórico, uma classe que determinava seus próprio fins e, portanto, dotada da capacidade de autodeterminação e autonomia suficiente para executá-los. Ainda se podia ler também nas entrelinha a situação retificada da burguesia, a sua condição não de sujeito, mas de objeto desse processo.essa descrição de mão única, o capitalista é apenas a personificação do capital, é o suporte, o portador do capital. “No capitalismo o valor de uso era um mero suporte do valor de troca”, se o agente econômico do modo de produção capitalista numa situação em que a circulação de mercadoria é generalizada, predomina o valor de troca sobre o valor de uso, a circulação de mercadorias permite que haja uma circulação de dinheiro, o agente econômico nessa circulação é apenas o suporte de um movimento indefinido, infindo e ao mesmo tempo cuja finalidade se encontra em si mesmo. Podemos obviamente perceber uma nova figura, uma nova determinação do fetichismo.

      Um movimento que gira, que dá dinamismo à sociedade capitalista, um movimento de auto-valorização de capital, que é ao mesmo tempo obtido pela circulação do dinheiro. Esse movimento é algo que escapa ao controle, á vontade, ás intenções dos agentes e é executado por sobre as suas cabeças como se tivesse uma vida própria. O fetichismo do capital pro sua vez, é apenas um desdobramento do fetichismo inicial da mercadoria, ele decorre de uma sociedade na qual os produtos do trabalho assumem a forma de mercadoria, quando os produtos do trabalho assumem a forma de mercadorias a relação entre os produtos é dada entre uma relação entre coisas, o caracter dessa relação entre coisas torna-se ainda mais ofuscante quando entra em cena o dinheiro como equivalente geral, medida geral de valor ou sem suas outras funções como meio de circulação ou ainda meio de pagamento. O que acontece no âmbito da produção pouco importa, a própria produção é mascarada por esse ofuscamento da circulação na qual as mercadorias, as coisas parecem dotadas de vida própria, adquirem essa fantasmagoria, é como se elas tivesse um movimento próprio, movimento esse que agora nos entendemos melhro é dado por esse processo, ou chega a esse ponto desse processo , engendrado pela circulação de dinheiro, no qual o movimento assume essa forma num fim em si mesmo, insaciável de uma incessante, de uma perpétua valorização do valor.

      Então temos nesse processode circulação, uma situação na qual o dinheiro gera dinheiro. É fácil de entender no capital usurário, comerciário, mas também no caso do capital industrial, no qual o dinheiro também se transforma em mercadoria e por meio da venda de mercadorias se metamorfoseia em mais dinheiro. Isso permite o Marx concluir que essa expressão D – M – D’é a forma geral do capital.

      No item 2. Marx examina as contradições dessa forma geral. Isso já  é anunciado de chofre, quando Ele diz: a forma de circulação pela qual o dinheiro se revela como

Page 33: ANotações K Musse

capital, contradiz todas as leis anteriormente sobre a natureza da mercadoria e o valor do dinheiro na própria circulação, o que a distingue da circulação de mercadoria é a sequencia inversa dos mesmos processos em contraponto. Marx se refere de que até então, a transmutação de mercadoria em dinheiro e de dinheiro em mercadoria obedecia a lei geral da troca que é dada pela lei do valor em que se troca equivalentes. O que permite a troca é exatamente a existência de um valor em comum medido pela quantidade de trabalho socialmente necessário incorporado na mercadoria, ou pela quantidade de dinheiro, que possibilita as metamorfoses, estas que se tornaram corriqueiras na nossa sociedade, troca a todo momento mercadoria por dinheiro e dinheiri por mercadoria, sem no entanto que seja contestado esse principio da troca de equivalentes. A partir disso, foi examinado todos esses conceitos, mercadoria dinheiro, valor e circulação.

      A questão que se coloca então é: Como é possível que na circulação do dinheiro, ele se retorne acrescido? Como é possível que seja produzida a mais-valia. Há aqui também outra qusetão que justifica o subtítulo desse livro. A Economia política não conseguiu fornece uma resposta para essa questão, e a rseposta que Marx da essa questão lhe permite apresentar-se como critico da EP, o lhe permite fazer essa critica é exatamente o fato de que ele desenvolveu uma teoria da sociedade capaz de mostrar como os conceitos da ciência econômica, a objetividade nos olha, a forma da consciência reificada desse processo desse processo que acabamos de ver da circulação do dinheiro. O fetichismo tem uma dimensão objetiva independemente do conhecimento que temos do valor, enquanto agente econômicos somos forçados a equiparar mercadorias e nunca o processo de trabalho, os homens não sabem mas o fazem.

     Ao lado disso a economia política com a sua objetividade, com a sua capacidade de precisão, seu calculo, é a forma fetichista da consciência, no caso da consciência científica. O mesmo vale aqui para a questão do fetichismo do capital em que a mercadoria não escapou aos economistas de que há um mistério ai de que as leis da troca de equivalente não explicam a formação da mais-valia. As explicações da economia vulgar são sem sentido, se você diz que o modelo de produção da mais-valia é o comercio de que alguém compra por x e vende por x+Dx isso não explica o movimento geral das mercadorias na sociedade. Isso não explica que haja uma expansão geral do capital, da circulação do dinheiro, pois nesse modelo do comércio alguém esta se apropriando do dinheiro dos outros. Grandes fortunas não foram formadas comercialmente mas sim políticamente. O especifico docapitalismo é exatamente o fato de que a circulação do dinheiro produz mais-valia. Isso para Marx funciona como a física newtonia, é um dado que precisa explicar. O capital vem se acumulando, a esse movimento incessante de produção de mais-valia, é preciso explicar esse mecanismo, com este Marx vai novamente reposicionar a questão, observando que a mais-valia não pode se originar na circulação, porque na circulação temos sempre uma troca de equivalentes, mas ao mesmo tempo não pode originar-se fora da circulação, porque a circulação é a forma de origem do dinheiro.

     A solução disso é fácil se atentarmos para a própria formula D – m – D só há um modo pelo qual D – M – D se torna D – M – D’, trocando equivalentes por equivalentes, isso só se torna possível se existe uma mercadoria cujo consumo gere valor. Essa mercadoria existe, o que gera valor é o trabalho socialmente necessário, é o trabalho abstrato. Portanto, a fonte da mais-valia, a solução do enigma da mais-valia é

Page 34: ANotações K Musse

que o capitalista encontra na mercadoria permite que o dinheiro retorne ao seu bolso expandido, a essa mercadoria Marx chama de: força de trabalho.

     Se pensarmos novamente nas detemrinaçãoes e no modo de produção de capitalismo ou mesmo na detemrinação doconceito de capital. Acrescentaremos um novo elemento de que o capitalismo só se torna possível quando havia uma circulação desenvolvida de mercadoria que permitia que o dinehiro...o capitalismo vai existir onde existir a circulação do dinheiro ( um processo diferente da circulação da mercadoria), a condição da circulação do dinheiro é a mais-valia, e a condição da mais valia é a existência da mercadoria que produz valor. O capitalismo é a sociedade na qual que ale de uma concentração do dinehro que permita que ele funcione como capital, que circule expandindo o seu valor, é necessário que também exista essa emrcadoria, a força de trabalho que gera esse valor que permita que trocando equivalentes por equivalentes o capital se expanda e produza mais-valia. Agora temos condições de diferenciar o capitalismo de sociedade monetárias. Na Grécia e Roma havia circulação de mercadoria e dinheiro, fortuna e dinheiro, mas não constituíram-se como sociedade capitalista porque ainda não havia essa mercadoria específica, a base do mercado lá era o trabalho escravo e não como no capitalismo o trabalho livre. No cap.24 deste livro , Marx mostra o que fez com que na Inglaterra determianda cicusntancias hisoricas aparecesse essa modalidade de trabalhador livre, no duplo sentido do termo. Ou seja, livre no sentido de que ele não estará sujeito juridicamente a nenhum estamento a nenhum tipo de dependência jurídica de vassalagem, de servidão, de escravidão em que ele é um livre proprietário de si mesmoe permita que ele ofereça sua forma de trabalho como mercadoria numa situação em que os agentes são juridicamente iguais, se reconhecem como possuidores de mercadoria. Em conseqüência disso é que quem deve oferecer a mercadoria força de trabalho é o trabalhor, ele próprio se oferece de mercadoria assim temos a situação da livre troca, no contrato no qual ambos os agentes se reconhecem como proprietários, são juridicamente iguais, para isso ele tem que ser o livre proprietário de sua capacidade de trabalho, de sua pessoa. Por outro lado, livre significa também que ele não tenha nenhuma outra mercadoria para obter a sua sobrevivência, ou sequer mesmo outras formas de sobreviência, não tem mercadorias para oferecer para trocá-las  por dinheiro e sequer tem condiç~eso de se manter numa estrutura subsistente. Esse processo se intensificou na Inglaterra desde arrendamento, pela presença do Estado, entre outras coisas, houve uma política de cercamento que os empurrou a essa situação em que ele era obrigado a vender sua força de trabalho.

  Nesse processo de venda,a vende por um tempo determinado, ele abdicaria de ser proprietário da sua força de trabalho e o mais importante o que ele coloca a venda é essa sua capacidade de trabalho, o que ele está vendendo não são as mercadorias que ele irá produzir, não são as mercadorias que o seu trabalho objetivar, mas sim a sua própria força de trabalho. Essa situação não é natural, nem tampouco social, é resultado de um desenvolvimento histórico, da decadência de formas mais antigas de produção social, e essa situação vai caracterizar ent]aoas condições históricas que permitem que os produtos do trabalho assumam de modo generalizado a forma mercadoria. O que vai caracterizar esse modo de produção específico, em que o processo de produção social é determinado em toda a sua extensão e efetividade pelo valor de troca. Oque caracteriz a aépoca capitalist a é de que a força de trabalho assume a força de mercadoria que pertence, a ele, e consequentemente o seu trabalho assume a forma de trabalho assalariado e por conseguinte só assim se universaliza a forma mercadoria como produto do trabalho.

Page 35: ANotações K Musse

O que caracteriza o capitalismo portanto é a generalização da forma mercadoria, todos os produtos do trabalho assumem a forma de mercadoria , e por outro lado, isso se torna possível quando e somente quando a produção de organiza como compra de mercadorias do produto do trabalho, que significa socialmente na circulação do dinheiro, isto nada mais é o ato pelo qual o capitalista compra a mercadoria produto de trabalho, ao comprar essa mercadoria engendra uma sistema de produção assentado no trabalho salariado.

      Já  vimos que o enigma da produção de mais-valia, a solução do enigma decorre do fato de que essa circulação do dinheiro nada mais é  o ato de comprar mercadoria. Mas ainda permanece obscuro a seguinte questão: como o consumo da mercadoria força de trabalho gera mais-valia? Para examinar como e porque, que modo o consumo da força de trabalho produz mais-valia, Marx examina a força de trabalho não em termos sociais, psicológicos, mas agora em termos estritamente econômicos, a força de trabalho se apresenta no mercado como uma mercadoria, é isso que permite a circulação do dinheiro. O capitalista pode comprar essa mercadoria, mas ele a compra por quanto? Ele a compra por seu valor, seu valor de mercado é dado como todo valor pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-lo, nesse caso a produção é a reprodução. A produção da força de trabalho é a reprodução, mante-la viva, de pé, desperta e com as capacidades físicas e mentais adequadas para o exercício do trabalho, dia-a-dia cotidianamente. Então o valor da força de trabalho é o valor necessário para repo-la, para mante-la, para reproduzi-la. Mas como se calcula esse valor? Esse valor, que é o mesmo valor do trabalho assalariado, corresponde a uma cesta de produtos necessário à sobrevivência do trabalhador. Cesta de produtos que possui alimentação, transporte, educação, lazer, se tornou corriqueiro no discurso sociológico e no noticiário dos jornais. O valor da força de trabalho é o valor pelo qual se compra a mercadoria força de trabalho, o valor pelo qual ela é oferecida, onde o trabalhador aceita sair de casa passar X horas trabalhando para outro por uma certa quantia em dinheiro, esta que julga suficiente para satisfazer suas necessidades de alimentação, moradia, transporte, entre outras, não sua mas da sua prole.

      Esse valor obviamente varia conforme a sociedade, conforme o momento, ele tem uma valor ao mesmo tempo histórico e moral, esse valor moral obviamente é dado pela idéia de uma salário mínimo, que também varia conforme a sociedade, que acaba no mesmo possuir uma valor determinado. Um dos dados que se divulga é o valor médio da mercadoria força de trabalho no Brasil. Ora, mas esse valor diz respeito a quantidade de dinheiro que o trabalhador recebe nessa troca. Ele não tem nada haver com o consumo da força de trabalho, o consumo da força de trabalho é por sua vez o processo de produção das mercadorias que é ao mesmo tempo o processo de produção da mais-valia. Como todo o consumo ele ocorre fora da esfera da circulação. Diz o amrx: para investigar portanto a mais valia, o consumo da mercadoria força-de-trabalho é preciso abandonar a esfera da circulação. Ou seja, novamente desse ponto o Marx vai ser dissociado da economia política, porque a economia política fica presa a esfera da circulação e as categorias da esfera da circulação: mercadoria, dinheiro. E não entende como se dá a produção da mais-valia, porque no âmbito da esfera da circulação esse processo é incomprensível, somente no âmbito da produção fica possível, no âmbito da produção é possível entender o processo da mais-valia.

      Marx faz um balanço no final, mostra o fetichismo agora não mais só  da mercadoria, dinheiro e capital, mas o fetichismo inerente a própria esfera da circulação,

Page 36: ANotações K Musse

o ocultamento, fantasmagoria, essa inversão que é própria da esfera da circulação. A noção burguesa de liberdade de restringe a liberdade econômica.

Cap 5 – Processo de trabalho e processo de valorização

      Abandonando a esfera da circulação e investiga o que acontece por detrás da circulação, o que acontece na produção da mais-valia. O termo absoluta aparece porque depois defina outro tipo de mais-valia como relativa.

      A produção de mais-valia por sua vez é a forma da produção capitalista. Essa investigação de confunde com a investigação do modo como são feitos os produtos do trabalho capitalista que nós vimos, estão na base do fetichismo da mercadoria. A critica ao fetichismo, a critica á EP, já alertava para a necessidade que se investigasse aquilo que estava obscurecido pela relação mercantil que é o modo como o produto do trabalho se torna uma mercadoria. Esse processo nada mais é do que esse processo pelo qual se produz mais-valia. Ou seja, são modos distintos de se expressar a mesma questão. Como se organiza o trabalho na sociedade capitalista.

      Para mostrar a especificidade do trabalho no capitalismo, se encontra subordinado um processo de valorização. Marx contrapõe e examina lado a lado o processo de trabalho em geral e o processo de trabalho no capitalismo ou processo de valorização. Mas para examinar o processo de trabalho em geral independenmente da forma social em que ele desenvolve, retoma as categoras que já vimos na ideologia alemã sobre a produção da vida material, como Marx havia desistido de publicar a ideologia alemã trás aqui e lhe da uma outra notação, aquelas observações que ele fez lá, recuperando a tese centralde que o trabalho é um processo do metabolismo entre o homem e a natureza, Um processo em que o homem por sua própria ação media , regula e controla seu metabolismo com a natureza. O trabalho é uma instancia decisiva da socialização porque ao atuar sobre a natureza externa, ao modifica-la o homem também modifica a sua própria natureza. Encontramos essas duas determinações que já haviam sido expressas na ideologia, o trabalho como um metabolismo entre o homem e a natureza e como uma um processo em que o homem não modifica só a sua natureza externa mas a sua natureza interna também. Para desenvolver o processo de trabalho, Marx começa a seguir um caminho diferente da ideologia, distingue o trabalho institinvo dos animais e o trabalho humano. Diz ele: o que distingue o pior arquiteto da melhro abelha é que ele construiu o prédio emsua cabeça antes de contrui-lo, no fim do processo de trabalho o resultado antes deste já existia ante, portanto idealmente, realiza na material natural seu pensamento.(? olhar no cap, ta ruim).

      Qualquer processo de trabalho portanto vai assumir a forma de uma atividade orientada a um fim (e é isso que denomia o sentido estrito do trabalho) atuando sobre o objeto e valendo-se de determinados meios. O objeto geral do trabalho humano é a superfície terrestre, a terra, a água. Tudo aquilo que se toma como ponto de partida do processo de trabalho, os meios - as ferramenta são aquilo que se coloca entre o trabalhador e o objeto de trabalho que permitem alterar e modificar esse objeto. O uso de objetos de trabalho, mas sobretudo a criação de novos objetos de trabalho é um das caracteristicas principais do trabalho humano, o homem é um animal que faz ferramentas. Vai destacar ainda a importania do meio de trabalho, não é o que se faz mas como com que emio de trabalho que se faz que distingue as épocas econômicas. Ou seja, os meio de trabalho são um item impotante no graude desenolvimento das forças

Page 37: ANotações K Musse

produtivas, da força humana de trabalho e ao mesmo tempo um índice das condições sociais od trabalho. Por conseguinte, pdemos dizer que no processo de trabalho, a atividade do homem efetua por intermédio dos meios de trabalho uma transformação do objeto de trabalho. O processo extingue-se no produto, que assume a forma de VU e esse produto contém trabalho objetivado. Nós sabemos já que esse trabalho objetivado vai ser uma das bases da troca e do valor. A medida da grandeza do valor é dada pelo tempo de trabalho socialmente necessário, pela quantidade de trabalho objetivado.

      Pensando o procesos de trabalho a partir do produto, o modo como ele aparece no capitalismo, nós vamos ter os meios e os objetos de trabalho e o trabalho propriamente dito. Marx irá usar uma denominação que novamente é importante – vai se prender a ela no resto do livro.                    

Produtos (trabalho objetivado): - Meio e objeto de trabalho – meios de produção

                                      - Trabalho – trabalho produtivo

      Para que tenhamos um produto é preciso que haja uma atividade de trabalho, mas essa atividade de dá, o trabalho humano também, se dá utilizando meios e objetvos de trabalho, isso que Marx chama de meios de produção. O resultado final, o produto, pode ser tanto um produto para consumo quanto condições de um processo ulterior de trabalho, pode se tornar objeto de trabalho ou meio de trabalho. O exemplo que Marx dá é o fio de algodão. Este pode ser vendido mas também se torna produto que será objeto de um novo processo de trabalho que vai resultar no tecido. A roca de fiar por sua vez pode ser o produto de um processo de trabalho e será um meio de produção, um meio de trabalho. Um produto de determinado valor de uso pode aparecer ora como matéria prima, ora como meio de trabalho, ora como produto final, isso vai depender da posição que ocupa no processo de trabalho, esta pode variar no processo. Outra distinção que Marx faz: fatores objetivos e fatores subjetivos. Trabalho objetivado, congela e trabalho vivo. Atividade que conserva e ao mesmo tempo realiza o produto de trabalho passado como valor de uso.

      O trabalho útil conserva o valor que já estava na roca e no algodão e acrescenta esse valor com mais o trabalho abstrato (Marx irá  volta a isso mais adiante, não se preocupe com isso). O importante aqui é entender que o processo de trabalho de modo geral, é um processo de transformação da natureza no qual o trabalho vivo, fatores subjetivos, se aplicam sobre aquilo que já existe, trabalho morto, objetivado, os meios de produção. E todos estes produtos no capitalismo são encontráveis no mercado. As condições do processo de tarbalho no capitalismo vão ser caracterizar pelo fato de que o capitalista, ou seja, o possuidor de dinheiro, engendra o processo de circulação dodinheiro comprando a mercadoria força de trabalho. Mas, para comprar essa mercadoria, para consumi-la é preciso também comprar meios de produção, é preciso comprar o objeto do trabalho e os meios de trabalho. È preciso comprar tanto os fatos subjetivos quanto os fatos objetivos. O que caracteriza o capitaismo é o fato de que todas essas mercadorias se encontram no mercado, existe um mercador de mercadorias na qual ele vai comprar objetos e os meios de trabalho, mas existe também um mercado de trabalho, no qual ele irá comprar a mercadoria força de trabalho. Se ele não tiver dinheiro ainda existe o mercado dinheiro, onde ele pode utilizar-se do crédito, pegar o dinheiro antecipadamente (dinheiro meio de pagamento), fazer um empréstimo.

Page 38: ANotações K Musse

      Quando o capitalita compra essas mercadorias, ele as coloca em funcionamento, engendra o processo de trabalho ( objetos de tarbalho) consome essas mercadorias que são suas propriedades, isso significa que o trabalho do trabalhador se encontra sob o controle do capitalista, pois ele comanda os processos de trabalho como algo que lhe é seu, como uma mercadoria que ele comprou que ele consome como melhor lhe parece, isso significa que ele controla oprocesso de trabalho e que também o resultado desse processod e trabalho lhe pertence e não ao trabalhador que produziu esse produto. Ao comprar uma mercadoria, seja meio de trabalho ou objeto de trabalho, ele compra algo sobre o qual já existe trabalho objetivado, se apropria de trabalho objetivado e depois compra o trabalho vivo, este processo todo, que é feito sob seu controle, e que o produto desse processo lhe pertence.

      Então, temos essa primeira determinação do processo de trabalho no capitalismo – o proceso de trabalho no capitalismo é feito sob o comando e controle do capitalista que compra, como mercadoria, todos os oelementos necessários do processo de tarbalho, os meios de produção e o próprio trabalho, os fatores subjetivos e os fatores objetivos, o meio de trabalho e a atividade de trabalho. Ora, mas porque que o capitalista compra essas mercadorias? Compra essas mercadorias porque quer produzir mais valia, quer valorizar o valor. A compra dessasc mercadorias vem doprocesso de circulação do dinheirio, processo no qual delinha no qual o capitalista sabe de antemão ter de como resutlado um produto cujo valor seja maior do que a soma das mercadorias que ele pagou. é isso que possibilita o desembolso do dinheiro, o que multos não tendo dinheiro se arrisquem com o empréstimo, ao produzir no mercado de trabalho uma mercadoria cuja soma o valor seja maior que a soma das mercadorias compradas para o processo de tarbalho.

      Temos aqui duas coisas. A primeira de que nos podemos entender agora porque que Marx disse no inicio do livro de que o VU são meros suportes dos VT. A intensão do capitalista, a sua finalidade não é produzir VU mas sim VT. Só produz VU na medida em que esse seja suporte do VT. Só engendra o processo de trabalho, na medida em que esse processo de trabalho gere mais-valia. A finalidade do processo de tarbalho, que resulta da circulaçãpo do dinheiro, da comrpa dessesa mercadorias meio de produção e força de tarbalho é a sua geração de valor. A finalidade sem fim é essa determinação quantitativa na qual o valor retorna expandido. Diz o Marx; primeiro ele quer produzir um valor de uso que tem um VT, um artigo destinado a venda, uma mercadoria, Segundo quer produzir uma mercadoria cujo valor seja mais alto do que a soma das mercadorias exigidas para produzi-la seja mais alta, quer produzir não só um valor de uso, mas uma mercadoria, não só valor de uso, mas valor. E não so valor, mas também mais-valia.

      O objetivo da produção capitalista é a produção de mais-valia. É a mesma situação que Marx no apresentava a partir da circulação do dinheiro, agora vemos como essa circulação do dinheiro se dá  em termos de processo de trabalho. No âmbito na circulação é o faot de term de comprar mercadorias, no âmbito do processo, é comprar mercadorias para produzir uma mercadoria cujo valor de uso tenha valor e além disso tenha mais-valia, ou seja, cuja soma do valor seja maior do que a soma das mercadorias necessárias para produzi-la. Diz o Marx: como a mercadoria é uma unidade de valor de uso e de valor, o processo de produção é também uma unidade do processo de tarbalho do processo de formação de valor. O proceso de trabalho no capitalismo é como todo

Page 39: ANotações K Musse

processo de trabalhom, produção de valor de uso, mas essa produção de vaor de uso subordina-se, só existe enquanto produz mais-valia.

      O trabalho então vai ter as duas dimansões, tanto qualitativa e tanto quantitativa, esta que vai estar na base do trabalho abstrato e do calculo da mais-valia.

      Então podemos entender agora também porque que o capitalismo é um processo cujo fim se vê em si mesmo, na própria valorização do valor, isso determina todas as instancias do capitalismo. Poderias partir do processo de trabalho, ao investiga-lo percebemos que o que acontece neste é que este se subordina ao processo de valorização. É por isso que os valores de uso se tornam suporte dos valores de troca, é por isso que os produtos do trabalho assumem a forma de mercadoria. Para o capitalista é o aspecto quantitativo e não qualitativo do processo de trabalho, o capital é indiferente se esta produzindo bolas de ping-pong ou café. É por isso que as empresas aplicam nas mais diversas atividades.

O objetivo, a lógica do capitalista é valorizar o valor. Nesse sentido, a produção do valor de uso é secundária, é claro que sem valor de uso não há valor de troca. Mas o que importa é  o valor de troca, e mais do que isso, o que importa é a mais-valia, não se trata só de produzir produtos caros que tenham valor, mas sim a operação principal da ótica do capitalista, agente econômico, do capital personificado , aquela situação na qual a situação de mais-valia seja mais intensa.

      Então o processo de trabalho assume no capitalismo um aspecto totalmente diferente, a matéria prima é apenas o detemrinado quantum de trabalh que se compra, o produto apenas mede o trabalho absolvido na matéria prima + as partes que lhe são acrescida nos meios de trabalho e no trabalho em si, de forma tal que o objetivo do processo é a valorização dovalor e a obtenção da mais-valia.

      Só  agora Marx da a solução final para o enigma da mais-valia. A mais-valia é um fato da sociedade capitalista a ser explicado, que a sua fonte é o consumo da mercadoria força de trabalho, que ao comprar todas as mercadorias para o processo de trabalho e ao controlar esse processo de trabalho, se apropriar do produto final desse processo, o capitalista acrescenta um valor ao valor produzido. O valor é valorizado por conta desse consumo. Mas o que acontece nesse consumo, como se explica que haja essa ampliação?

      Agora, do ponto de vista da produção é possível, é isso que Marx critica na EP por não ir até o processo de produção, o ponto de vista do âmbito da produção é possível entender como se produz a mais-valia. Esta se produz pelo fato de que o valor da força de trabalho e sua valorização no processo de trabalho são duas grandezas distintas. Qual é o valor da força de tarbalho? Nós vimos no cap anterior, é dado pelo quanto de trabalho necessário para a reprodução da força de trabalho, emitido por uma cesta de bens (alimentação, transporte, etc), que é medido em termos monetários pelo salário. Mas o que acontece no processo de produção, no processo de produção temos a transformação do objeto de trabalho pela utilização do meio de trabalho, ou seja, a aplicação do trabalho,dos fatores subjetivos do trabalho sobre os fatores objetivos gerando novo produto cujo valor é maior do que a soma das mercadorias anteriores. Então, essa transformação que é dada pelo consumo de mercadorias força de trabalho não tem nada haver a rigor com a reprodução da força de trabalho. As mercadorias que

Page 40: ANotações K Musse

o trabalhador produz e as que ele consome não tem nenhuma relação entre si. Podemos entender isso mais facilmente se pensarmos que a emrcadoria força de trabalho tem um valor de troca e um valor de usso. Seu VT é dado pelo preço o qual ela é comprada, pelo salário, pela sua remuneração. Já o seu valor de uso é dado no processod e trabalho, no processo de produção no qual ela é consumida. Então para que haja mais-valia basta que o consumo da mercadoria força de trabalho gere mais valor do que custou ao capitalista essa mercadoria força de trabalho.  Se o trabalhador consome uma certa quantidade de alimentos para a sua reprodução, mil reais. Para que haja produção de mais-valia, baste que no processo de produzir pneus, o valor acrescido à matéria prima, os meios de produção pela incorporação de trabalho vivo seja maior que os mil reais. A medida do valor que Marx apresenta desde o inicio é dada pela dispêndio da força de trabalho, pela quantidade de trabalho, para que haja mais –valia basta que a quantidade de horas de trabalho seja maior do que a quantidade de hroas necessárias para a reprodução da força de trabalho. Vamos supor que durante 4 horas o trabalhador acrescente a essas mercadorias mil reias, mas não trabalho só 4 hroas, trabalha 12 e esse trabalho a mais é que gera mais-valia.

      Diz Marx: graças a isso dinheiro se transforma capital sem violar as leis de intercambio de mercadoria. Trocou-se equivalente pro equivalente, o capitalista pagou a mercadoria por seu valor. Depois fez oque faz todo pcomrpador de mercadorias, consumiu seu produto. No processo de consumo da força de trabalho surge a mais-valia. Portanto a transformação de dinehrio em capital opera na esfera da circualação e não se opera nela. Então temos essa situação na qual a mais-valia não viola as regras de troca de equivalentes porque ela ocorre para além da esfera da circulação, ocorre no âmbito da produção. É por isso que a esfera da circulação vai de certa forma condensar todas as formas de fetichismo, porque lá tudo aparece como uma mera troca de equivalentes. É por isso que Marx chama a atenação desde o inicio para o fato de que os produtos do trabalho no capitalismo se apresentam como mercadoria. Isso significa que há um ocultamento do processo de trabalho, até ai nada demais, o problema todo esta que ao ocultar o processo de trabalho o capitalismo oculta também a produção mercantil, o modo como se produz mais-valia, que nós acabamos de ver, a mais-valia se produz quando o capitalista se apropria de um trabalho adicional do trabalhador, ele compro a força de trabalho por mil reais, mas essas força de trabalho gerou mais do que mil reais. Essa expropriação do trabalho, a gênese do capitalismo, a fonte do capitalismo. Uma aplicação poderosa, toda a produção de capital, portanto toda a riqueza da classe capitalista resulta da mais-valia, é uma apropriação do trabalho.

      Esse resultado cientifico legitima todas as reivindicações políticas e revolucionárias na classe trabalhadora, movimento o qual Marx se filiou nos anos 1840.

      Então o que acontece no capitalismo é que o capitalista se apropria do trabalho morto e do trabalho vivo, das mercadorias que compra, sejam meios de produção ou força de trabalho, e essa apropriação que faz com que o valor se valorize, que o capital se expanda, que haja uma incessante e insaciável acumulação de capital. Isso porque, o processo de trabalho no capitalismo se encontra unido, é inseparável do processo de valorização. O processo de produção, de trabalho nada mais é do que um processo de valorização.

Cap. 6, 7 e 8 – Aula 5 – O capital

Page 41: ANotações K Musse

Seção 3 – A produção de mais-valia absoluta 

Cap. VI – Capital constante e capital variável

      Mais-valia – valorização do capital. Se torna possível porque existe uma mercadoria cuja compra e cujo consumo gera valor, que é a mercadoria força de trabalho, esta gera força de trabalho porque é a medida do valor, gera mais-valia porque é comprada pelo valor da sua reprodução e é utilizada por um tempo adicional em relação ao tempo necessário à sua produção, a chave do enigma da mais-valia.

      Apresentado isso, Marx em seguida examina de que forma a mais-valia é gerada no âmbito do capitalismo, mais especificamente vai procurar determinar os diferentes aspectos envolvidos nesse conceito.

      Nesse cap. 6 em particular, Capital constante, capital variável, Marx vai procurar explicar de que forma a mais-valia aparece no processo de formação do valor. Então, vai examinar o diferente papel desempenhado pelos diversos elementos que tomam parte na formação do valor do produto. O processo de trabalho foi resumido por Marx na designação de que há dois fatores essenciais para o processo – os meios de produção e a força de trabalho. As características do capitalismo vimos que esses dois fatores se encontram disponíveis para compra no mercado. Por outro lado, se são mercadorias já contem se a substancia do valor – o trabalho abstrato – e em particular também uma determinada grandeza do valor, são comprados diante uma certa quantidade de dinheiro. O valor final do produto tem que ser maior do que a soma dos valores, dos elementos envolvidos no processo de produção. O que faz com que o empreendimento capitalista subsista é o fato de que o capitalista ao colocar seu dinheiro em circulação vai voltar acrescido, para isso acontecer é necessário que o valor que ele pagou pelos elementos de produção – meios de produção e força de trabalho – seja menor que o valor que ele irá obter vendendo o produto final desse processo de trabalho.

      O que interessa ao Marx aqui é o papel desempenhado por cada um desses elementos, a resposta dele é simples e óbvia. A atividade trabalho, o consumo da força de trabalho acrescenta valor, que explica que essa soma seja maior do que o valor das partes. Mas, por definição sabemos que a substancia do valor é o trabalho, logo a atividade que vai acrescentar valor é a atividade do trabalho. Para que esse valor seja maior que o valor das partes, é necessário que o valor dos meios de produção permaneçam idênticos.

Meios de produção(fatores objetivos) + Força de trabalho(fatores subjetivos, agrega valor) -> Produto

                  Valor  Meios de produção    <   Valor produto

      O valor do produto deve ser maior que o valor dos fatores, este valor - a força de trabalho agrega valor, se colocarmos mais trabalho haverá  logicamente um acréscimo de valor. O valor dos meios de produção permanece constante. O que é uma decorrência da própria conclusão de que a medida do valor é o trabalho. Isso não é simples nem trivial, como e de que forma o valor dos meios de produção permanece constante de tal forma que possibilita que o valor do produto seja maior que o valor dos elementos.

Page 42: ANotações K Musse

      Retoma a distinção feita no item 2 entre trabalho abstrato e trabalho útil (concreto). O que ele dizia lá é que obviamente só  há um trabalho mas que esse trabalho pode ser desmembrado em duas determinações, é ao mesmo tempo trabalho útil – visa uma determinada finalidade, transforma um objeto visando o seu uso, a base do valor de uso – mas é também puro dispêndio de trabalho, algo quantificado pelo tempo de trabalho socialmente necessário e portanto substancia e medida da grandeza de valor. O que  Marx diz agora é que é preciso novamente retomar essa distinção para perceber que há uma atividade do trabalho, uma dimensão do trabalho, que é o trabalho concreto que faz com que o valor dos meios de produção permaneça constante. Isso pode ser entendido melhor se pensarmos do ponto de vista do capitalista, este quando vai fazer o calculo do valor do seu produto, esse calculo é apenas  uma estimativa porque o que determina ovalor dos produtos é o mercado e não o capitalista. Este raciocina assim – eu gastei X em meios de produção, Y em força de trabalho, logo o valor do meu produto tem que ser X+Y. Esse é algo que ele pode calcular, os meios de produção significa tantos os insumos, matéria-prima quanto os instrumentos da produção, os instrumentos de trabalho (máquinas, ferramentas, aluguel). Quem determina o valor é o mercado, mas por outro lado, esse calculo não é totalmente descabido porque o valor de mercado é mesmo este que o valor de produto é maior que o valor dos fatores. Tem termos da teoria do valor, como se explica isso? Como se explica que esse calculo não seja tão absurdo. Objetivamente em termos da teoria do valor, esse valor que o capitalista dispendeu para comprar meios de produção é transferido para o produto final pelo trabalho concreto útil, esta dimensão, o trabalho concreto da atividade da força de trabalho.

Pensamos no seguinte exemplo:

      O capitalista compra fio, compra um equipamento para transformar esse fio em tecido.  O valor do tecido é maior que o valor dos fios e do equipamento. O valor do tecido é dado pelo valor dos fios e do desgaste do equipamento + pela quantidade de trabalho acrescida, isso é trivial. A questão é porque que o valor do fio está no valor do tecido, porque o fio foi manejado visando uma finalidade, transformar-se em tecido, transformou-se em valor de uso, logo algo que tem valor para a troca. Pensando em um caso absurdo, se os fios fossem picotados, esse valor não seria transferido para o produto, foi um tipo de trabalho determinado que preservou esse valor, trabalho concreto. Isso Marx diz não é algo trivial é um tipo de ganho que o capitalista tem pelo qual ele não remunera o seu trabalhador, o de manter e conservar o valor dos meios de produção. Isso não é trivial e não é algo que acontece sempre, na crise isso entra em colapso. Por que as empresas abrem falências durante a crise, entre outros motivos é de que ela tem em estoque um monte de meios de produção que não podem ser transformados em produto porque o valor do produto não vai ser maior que os meios de produção. Eu comprei fios no valor de 50 mil reais e há uma deflação, o tecido que eu vou produzir vai custar menos que 50 mil reais, o valor dos meios de produção não vai ser conservado.

      Marx não se debruça muito sobre isso, apenas um exemplo de que forma e como o trabalhador conserva os valores dos meios de produção, o caráter particularmente útil e forma especifica ele transfere os valores dos meios de produção para o produto.

      Ao mesmo tempo esse trabalho útil é trabalho abstrato, é dispêndio de trabalho humano e portanto agrega valor ao valor dos meios de produção. É isso que explica que

Page 43: ANotações K Musse

o valor do produto é maior que o valor dos meios. Pela mera agregação quantitativa de trabalho, valor novo é agregado.

      O trabalho tem essa dupla dimensão – trabalho útil e trabalho abstrato – e que no caso, na formação de valor, significa que o trabalho tanto conserva – enquanto trabalho útil – e enquanto trabalho abstrato cria valor.

      Marx denomina os meios de produção de fatores objetivos do processo de trabalho e a força de trabalho como fatores subjetivos. Então nos vimos que a dimensão do trabalho útil conserva o valor dos fatores objetivos, por outro lado, a dimensão do trabalho que é abstrato, essas duas dimensões são inseparáveis, gera valor, acresci valor. A conseqüência disso, é que a produção da mais-valia vai estar concentrada toda ela no consumo dos fatores subjetivos, no consumo da mercadoria força de trabalho, é ela que agrega e gera um novo valor, faz com que o valor do produto seja maior do que a soma dos fatores do trabalho , o que explica a mais-valia. Mas, por que e como que o fator subjetivo gera a mais-valia, como o consumo do fator subjetivo gera mais-valia?

      Isso se dá porque o processo de trabalho perdura, vai além, excede o tempo em que essa mercadoria força de trabalho teria o seu valor reproduzido. Nós vimos que são duas grandezas inteiramente diferentes o valor da mercadoria força de trabalho e o valor gerado pela mercadoria força de trabalho. O valor damercadoria força de trabalho é dado por uma cesta de produtos que satisfaz as necessidades de reprodução do trabalhador e de sua família – são necessidades de alimentação, transporte, moradia, educação. Esse valor é dado por uma troca entre equivalentes que se da na esfera da circulação, abandonamos essa esfera e estamos no interior da esfera de produção. O valor que ela produz diz respeito a outro processo inteiramente distinto, o valor que ele gera nesse produto não tem nada haver como o valor pelo qual ele foi remunerado, então a mais-valia se explica pelo fato de que o seu trabalho perdura além do tempo necessário para reproduzir esse valor (reprodução da força de trabalho).

“Mediante a atividade da força de trabalho, reproduz-se não só o seu próprio valor, mas produz também valor excedente”

      È por isso que o consumo da mercadoria força de trabalho gera valor, é por isso que há um excedente que permite que o valor do produto seja maior que a soma dos meios de produção.

      Quando se observa do ponto de vista do capitalista, tem-se que: os diversos fatores de produção do trabalho desempenham algo equivalente que as diferentes partes do capital desempenham no processo de produção. (?)

  Marx examina a mais-valia sobre um duplo ponto de vista. È um acréscimo do capital (D’- D) e ela é também uma apropriação da força de trabalho pelo capitalista para além do tempo necessário da reprodução da força de trabalho, o trabalho excedente. Do ponto de vista do capital, nos podemos descrever esse mesmo processo dizendo que uma parte do dinheiro do capital foi investida comprando meios de produção, o que acontece com os meios de produção durante o processo de produção? Seu valor é conservado, logo, essa quantidade de capital que foi ali colocada permanece idêntica, o capital constante. Por outro lado, parte do capital foi direcionado para comprar a mercadoria força de

Page 44: ANotações K Musse

trabalho, esta no entanto gerou um novo valor, um acréscimo de valor, que fez com que o capital se modifica-se, retorna-se acrescido de mais-valia – o capital variável.

“As mesmas partes componentes do capital do ponto de vista do procsod de trabalho fator subjetivo e objetivo, se distinguem no processo de valorização como capital constante e capital variável. Aquele parte do capital que se converte em emios de produção, não altera seu valor no proceso de valor, é a parte constante do valor. Capital variável, parte do capital convertido em força de produção, muda seu valor, variável.” (não peguei, olhar no texto)

Cap. 7 – A taxa de mais-valia

      Capital =  Constante + Variável    = (venda)>  Capital’ = Constante + Variável + Mais-valia

O capital constante não interfere na formação da mais-valia, o capital variável é  que gera a mais-valia. Logo para calcular a taxa da mais-valia. Aplicamos a forma clássica de Delta V sobre V = Mais-valia sobre capital variável. (taxa de mais-valia)

      Isso significa que a taxa de mais-valia é uma proporção entre a mais-valia e quantidade de capital variável. È a medida objetiva do grau de exploração do trabalhador. Do ponto de vista do trabalhador, essa proporção na qual se valoriza o capital variável pode ser medida em termos de tempo de trabalho, para tanto, basta pensar que a jornada de trabalho contém dois momentos.

Jornada de trabalho = tempo de trabalho necessário (o exercício da atividade do trabalho mantém a si próprio e o tempo de trabalho excedente que é o que gera a mais-valia

     Portanto a taxa de mais valia é uma relação entre o trabalho excedente e o trabalho necessário. Mais precisamente entre o tempo de trabalho excedente e o tempo de trabalho necessário. TE sobre TN. (fazer as equações)

      Então, nos temos até agora duas formas de visualizar a mais-valia. Ela pode ser visualizada do ponto de vista do capital despendido – isso se explica na lógica econômica, o capitalista desembolsa uma quantidade de dinheiro comprando meios de produção e produto de trabalho, o valor destes são sempre repostos mais o valor final do produto é maior, então há um acréscimo do valor do capital que é gerado pelo consumo da mercadoria força de trabalho, que gera mais-valia, portanto o capitalista pode com esse acréscimo ou comprar novos produtos, expandir a produção ou simplesmente embolsar a parte da mais-valia e remunerar o trabalhador com o próprio resultado do trabalho do trabalhador, não precisa despender dinheiro próprio para remunerar a força de trabalho, que em geral acontece. Um outro modo de visualizar a mais valia é pelo tempo de trabalho, esse é o ponto central do próximo capitulo, há um tempo de trabalho em que o trabalhador teria necessariamente que trabalhar para manter a sua existência, independente do sistema econômico, parte do metabolismo do homem com a natureza, mas o seu trabalho perdura para além desse tempo, trabalho excedente, a fonte da mais-valia. Obviamente, essa expressão da taxa de mais valia nos indica que quanto maior o trabalho excedente maior a taxa de mais-valia. Mas há ainda um terceiro modo de visualizar isso que é o Marx chama de Mais-produto. A parte na qual a mais-valia se representa no produto. A relação econômica que é próprio do capitalismo, a valorização do valor, visa produzir mais-valia. O capitalista não quer apenas produzir valores de uso

Page 45: ANotações K Musse

mas valores de troca, não só valor mas mais-valia. O processo de valorização de valor, o motor do sujeito automático no capitalismo visa produzir mais-valia, mas produzir esta por sua vez significa intensificar a exploração do trabalho. Portanto, são duas lógicas contraditórias. A do capitalista e a do trabalhador

      A lógica do capitalista é intensificar a produção de mais-valia, mas intensificar a produção desta significa aumentar o incremento dessa taxa, isso nada mais é do que amplificar a exploração do trabalho. A lógica do trabalhador é obviamente no sentido de se furtar, resistir, se opor a esse incremento da exploração.

      Então aqui depois de 180 páginas reaparece o conflito fundamental na sociedade moderna que Marx havia apresentado no manifesto como sendo o conflito entre burguesia e proletariado. E que aqui assume a forma de um conflito entre a lógica do sistema capitalista no qual a figura do capitalista é um mero suporte e os trabalhadores submetidos a exploração. O palco de excelência desse conflito vai ser a duração da fornada de trabalho, que é o assunto do próximo capítulo.

Cap. 8 – Jornada de trabalho

 

      A                                                 B                               C

Ab = parte necessária

BC = parte execente 

Se o tempo de trabalho pode ser quantificado em AC, ele contém duas partes. Uma é o tempo necssário para a reprodução da força de trabalho, cujo valor é dado pela remuneração, pelo salário. E outro é o tempo excedente que gera a mais valia.  Vimos que a taxa de mais-valia é uma relação entre o trabalho excedente e o tempo de trabalho necessário. Logo quanto maior BC, maior a taxa de exploração, a taxa de exploração. Por conseguinte, supondo fixo AB, quanto maior for a parte excedente, o mais-trabalho, maior será a jornada de trabalho. É por isso que a duração da jornada de trabalho se torna o palco do conflito. Quanto maior for este tempo excedente, maior a mais-valia, maior o retorno monetário do capitalista. Mas ao mesmo tempo, maior a jornada de trabalho, menor o tempo que o trabalhador tem para si.

            Qual é a medida econômica da jornada de trabalho? Marx ta o tempo todo dialogando com o economistas, a resposta dele é de que não há uma medida econômica da jornada de trabalho. A duração da jornada de trabalho é algo em si indeterminado, é claro que ela tem um limite mínimo, nunca pode ser menor ou igual a parte de trabalho necessário, mas nunca pode ser reduzida a esse mínimo, não produzindo mais-valia, o capitalista não Irã assim desembolsar o seu dinheiro. Também há um limite máximo que é dado pelo dia , mas propriamente pela exaustão do trabalhador, que numa forma geral é um limite que é estipulado moralmente e socialmente, a determinação da jornada de trabalho é uma medida social, portanto. Mas essa medida não é econômica porque raciocinando nos termos econômicos chegamos a seguinte situação: qual é o tempo da jornada de trabalho para o capitalista? Para ele é o tempo no qual ele consome a mercadoria a qual ele comprou, quando ele compra essa ele espera que o tempo seja

Page 46: ANotações K Musse

maior possível, qual é o tempo da jornada de trabalho para o trabalhador? É o tempo no qual ele trabalha não para si mas para outro, ele espera que seja o menor possível. Quando se troca equivalentes no âmbito da circulação há um mutuo interconhecimento que permite estipular o contrato que supõe que ambos sejam juridicamente iguais, portanto a relação de troca, o contrato de trabalho, o contrato de compra da mercadoria força de trabalho não fornece nenhuma indicação de qual deva ser a identificação da jornada de trabalho. Temos uma situação na qual o capitalista acha que é seu direito prolongar ao máximo a jornada de trabalho e o trabalhador acha que é o seu direito diminuir ao máximo essa jornada de trabalho, é uma situação que estamos vivendo hoje. Nesse caso, temos direito contra direito e entre direitos iguais decide a força. A conseqüência disso Marx resume:

Assim, a regulamentação da jornada de trabalho apresenta-se na historia de produção do capitalismo como uma luta aos limites da jornada de trabalho. Uma luta entre os capitalistas e os trabalhadores.

      Então reencontramos aqui um conflito decisivo do mundo moderno que o Marx apresentou no manifesto como sendo o conflito entre burguesia e proletariado. Esse mesmo conflito é reapresentado agora como um conflito entre a classe trabalhadora e a classe dos capitalistas. Podemos aqui fazer umas reflexões comparativas com o modo como esse conflito era apresentado aqui e lá.

Lá o conflito era apresentado como o embate entre dois sujeitos históricos, o que de certa força balizava esse conflitos era que havia duas classes decisivas no mundo moderno que tinham projetos de sociedade antagônicas, então uma das matrizes do conflito era o próprio modo de se pensar o processo de trabalho, o processo de produção. O que de certa forma permitia que o Marx descrevesse como antagônicos os interesses eram os projetos de sociedade que poderiam ser descritos com os termos Capitalismo e Socialismo. Socialismo, interesse de uma constituição de uma sociedade sem classe, o que fazia com que o antagonismo assume a forma de um conflito político entre modelo de sociedade. Agora nós temos uma descrição do conflito que é imediatamente econômica, este conflito econômico permite, norteia, dá uma base objetiva para o conflito político tal como Marx expõe no manifesto. Tranformou o conflito econômico num conflito político. Mas também apresentar o conflito dessa forma, Marx abre caminho para um vertente não revolucionária do marxismo que pensa o conflito basicamente econômico, mas como político dentro do quadro do capitalismo, porque o conflito vai se dar em torno da duração da jornada de trabalho, este conflito nada mais é do que uma disputa pela mais-valia. Assim, surgem duas possibilidades. Uma, o trabalhador buscar a redução da jornada de trabalho e aumentar o tempo que ele tem para si próprio, em que ele não esta trabalhando para outro, esta a serviço do capital que é o que acontece no movimento no Brasil de reduzir a jornada de 44 para 40h. Há uma outra disputa que surge daí, que é a disputa pela própria mais-valia que se dá no momento que uma parcela da mais-valia é incorporada pelo estado. Quando o Estado incorpora uma parte da mais-valia, as classes vão disputar essa mais-valia (trabalhadores e capitalistas). Essa mais-valia por exemplo pode assumir a forma de créditos subsidiados para novos investimentos (retorna para classe capitalista) ou pode assumir a forma de proteção presidenciária, educação gratuita, sistema de saúde gratuito, legislação de proteção social que são as bandeiras da classe trabalhadora. Então o modo como o Marx apresenta o conflito no capitulo 8 do capital permite conceber o conflito como o germe de um conflito político entre dois maneiras de sociedade

Page 47: ANotações K Musse

(manifesto) como um conflito e uma disputa pela mais-valia (redução da jornada de trabalho ou pela apropriação de uma parcela da mais-valia).

      Mais-trabalho sempre existiu em todas as formas de produção desde que alguma parcela da sociedade seja proprietária de algum meio de produção, ou seja, relembrando o que ele dizia na ideologia alemã, desde que se iniciou o processo de divisão do trabalho há um desigualdade no processo de repartição onde alguns produzem em outros usufruem, essa condição é ser proprietária dos meios de produção. As diversas sociedades capitalistas tiveram diferentes formas de apropriação de mais-valia, de mais-trabalho. O trabalhador não produz só para si, mas para o sustento de uma camada que não trabalha diretamente, que não trabalha produzindo sua própria subsistência.

      No capitalismo, das duas coisas, primeiro que o trabalho excedente é  oculto, não aparece como tal, o que aparece é a compra equivalente, o trabalhador é remunerado pelo seu salário que é o equivalente das suas necessidades do seu tempo de trabalho necessário, esse trabalho excedente sequer é percebido pelo trabalhador, isso faz parte do próprio fetichismo da mercadoria que coloca as relações em termos de produtos do trabalho e não entre processos de trabalho. O que Marx quer chamar atenção neste item é de que há uma avidez no capitalismo para mais-trabalho, essa avidez tem haver com o próprio modo como se incorpora o mais-trabalho no capitalismo, o objetivo do capitalismo é valorização do valor, esta intensificação da valorização visa intensificar a produção de mais-valia, logo, ampliar a exploração do trabalho, no mínimo por meio de uma ampliação desmesurada da jornada de trabalho. Se apropriar ao máximo do mais-trabalho – lógica do capitalismo. (neo-liberalismo – desregulamentação do trabalho e por conseguinte desregulamentação da jornada de trabalho. A tercerização é uma modalidade do aumento da jornada).

     A diferença que Marx quer estabelecer é que a exploração do mais-trabalho era subjetiva, dependia do arbítrio do proprietário. Já no capitalismo essa apropriação do mais-trabalho é objetiva é decorrente da própria lógica do sistema, é por isso que o capitalismo entra em crise quando a apropriação de mais-valia não esta sendo apropriada.

      Crise - o sistema para porque o seu fim é produzir valor, se a sua finalidade fosse produzir riqueza ele seria imune a crise, medidas contra a crise seja distribuir riquezas que induzam novamente o investimento, o investimento só se dá, a máquina só gira no capitalismo quando há um acréscimo de mais-valia.

      Isso se comprova diz o Marx quando se compara oque aconteceu depois da legislação fabril de 1833. A legislação fabril determinou: existe uma jornada normal de trabalho, deve ser obedecida, foi promulgada contra os princípios do livre-cambismo. É possível ver qual é a lógica do mercado exatamente nos setores que foram tido como exceções, a legislação fabril determinou quais setores deveriam seguir sua determinação e quais não deveria, uma duração da jornada de trabalho livre. Esses setores que não foram incluídos na lei eram a fabricação de fósforos, entre outras( olhar). A ausência de regulamentação levou uma extensão demasiada da jornada de trabalho. Se deixado por si  só, uma legislação a tendência é que a jornada de trabalho seja ampliada. Um fato que explica  isso, Marx da no item 4, é que o que acontece na produção capitalista é uma espécie de inversão na qual nós vimos, o trabalhador não é mais o sujeito do processo de produção mas sim o seu objeto. Ou seja, isso pode ser visto de uma forma

Page 48: ANotações K Musse

simples quando se aborda o processo de trabalho do ponto de vista do processo de valorização. O capital constante imobilizado, e essa é uma característica dele, se o processo de produção é continuo essa quantidade de capital esta sempre mantendo-se constante, portanto imobilizado, não pode ser retirado do processo de produção, o que pode variar é só o capital variável, contratar menos trabalhadores, pagar menos, pagar mais, mas a parcela do capital constante é imobilizável, uma vez que isso aconteceu o seu objetivo é que ele retorne sobre a forma de mais-valia o mais rápido possível, por conseguinte, a lógica do próprio processo do capitalista é de uma utilização dos meios de produção ininterrupta, isso que cria na industria os famosos turnos, processo de revezamento.

      A lógica do capital é prolongar a jornada ao máximo e se apropriar do trabalho durante 24h do dia. Esse é o impulso imanente da produção capitalista. Esse movimento de tensão e de ampliação da jornada de trabalho. Por conseguinte, e é isso que Marx apresenta no item 5, para o capital o trabalhador nada mais é do que força de trabalho. Portanto, diz o Marx, para o capitalista todo o tempo disponível do trabalhador é tempo de trabalho, portanto algo a ser utilizado na valorização do capital. Na lógica do capitalista, tempo para educação humano, para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funçõe sociais, o mesmo tempo livre é pura futilidade. Temos uma inversão em vez da conservação normal da jornada de trabalho determininar o limite da jornada de trabalho, é o maior dispêndio de trablaho é que determina o limite de descanso do trabalhador. Isso chega ao ponto de que a duração da vida da força de trabalho se torna indiferente para o capitalista, o desgaste físico e mental do trabalhador se torna indiferente porque o trabalhador pode ser reposto, uma mercadoria no mercado. Uma situação análoga ao escravismo, este tendia força ao máximo a duração da jornada de trabalho. Se torna melhor explorar a força de trabalho do escravo do que manter a vida do trabalho por muito tempo. A mesma lógica que foi condenada moralmente pelos liberais ingleses, seus argumentos contra a manutenção da escravidão, de certa forma está presente no capitalismo com essa despreocupação do capitalista com a saúde física e mental do trabalhador. Nesse momento histórico, seguindo a lógica da valorização do valor, a exploração do trabalhador foi levada ao máximo, uma ampliação desmesurada da jornada de trabalho, acima da capacidade de trabalho dos trabalhadores, os levava a exaustão física. Que de certa forma diminui o tempo de vida útil da classe trabalhadora, o que é possibilitado economicamente pelo fato de que existia uma superpopulação em relação a necessidade de força de trabalho, existia sempre um excedente. Marx vai denominá-los de exercito industrial de reserva.  

      Então, se conclui que a lógica econômica do capitalismo altera no sentido de ampliar a jornada de trabalho, por conseguinte o estabelecimento de uma jornada definida de trabalho, em leis, foi o resultado de uma luta secular entre a classe trabalhadora e proprietária, é essa historia que Marx relata na metade do capítulo. Ele descreve dois momentos desse processo. O primeiro momento que foi do século XIV até o XVIII toda a legislação visava ampliar a jornada de trabalho, porque a produção capitalista ainda era feita em pequenas unidades que se situavam no meio rural, a fábrica, as grandes cidades é um resultado da revolução industrial, existia uma produção capitalismo que remunerava o trabalhador livre, que pregava, que nunca conseguia fazer com que ele trabalhasse exclusivamente na empresa capitalista, porque ou ele era um artesão ou era também um mini proprietário fundiário que cultivava sua pequena propriedade ou se utilizava dos campos para caçar, para alimentar seus animais domésticos. Tinham outras formas de subsistência que não o salário. Por conseguinte,

Page 49: ANotações K Musse

todo o esforço da legislação era no sentido de obrigá-lo a se dedicar exclusivamente à produção na unidade capitalista. Esse é um dos tempos de sociologia IV. O discurso a partir da teologia no sentido de transformar o trabalho numa vocação. O êxito é inegável é porque as pessoas brigam para trabalhar. A partir da revolução industrial a situação se inverteu. Aqueles campos em que o trabalhador, o morador da região tirava parte do seu sustento seja pegando lenha, fonte de energia, levando seus animais para se alimentar, se tornaram propriedade privada, foram cercados. Chegou uma situação de que o trabalhador era livre, no duplo sentido do termo, despojado de qualquer forma de conseguir sua auto-subsistência. Nessa situação a jornada de trabalho tinha o seu ápice, foi a 60 e para além das 60h semanais. Toda a luta dos trabalhadores foi no sentido de reduzir a jornada, conseguido somente com a lei fabril, resultado de uma intensa luta que Marx relata e que é interessante compararmos com o manisfesto. Neste há uma descrição das lutas políticas e revolucionárias da classe trabalhadora o que tem haver com a própria situação que Marx escreve o livro. Agora na década de 1860 na Inglaterra o relato que Marx faz é da historia da luta do proletariado para regulamentar a jornada de trabalho (economicamente e politicamente). O objetivo se torna uniformizar a jornada de trabalho, determinar suas pautas, criar uma legislação e fazer com que essa legislação seja ampliada para todos os ramos da atividade. A criação de uma jornada normal de trabalho é o produto de uma guerra civil de longa duração mais ou menos oculta entra a classe capitalista e a classe trabalhadora. Essa luta se dá agora entre a extração de mais-trabalho. O contrato entre as classes se torna o centro de uma disputa por essa mais-valia, disputa essa pode assumir a forma de uma luta política que conteste todo o sistema produtor de mercadorias, essa é a lógica de Marx, sempre busca a intensificação de mais-trabalho é a lógica do capitalismo. Portanto, a única respostas que a classe trabalhadora pode dar a esse sistema é destruí-lo, qualquer conquista é apenas temporária, o capitalismo tende a retomar esse esforço que lhe é próprio que advêm do seu próprio mecanismo de funcionamento no sentido de ampliar a mais-valia.

Aula – 6 – O capital – cap. 9 e 10

Seção III - A produção de mais-valia absoluta.

Cap. 9 – Taxa e massa de mais-valia

      A taxa de mais-valia é dada por meio de uma relação entre o mais-trabalho(o trabalho adicional) e o tempo de trabalho necessário. Essa medida, diz o Marx, determina de forma objetiva o grau de exploração da força de trabalho, ou seja, a taxa de mais-valia é um dado referencial, um número que interessa, sobretudo, à classe trabalhadora, o setor explorado no mecanismo econômico.

      A mais-valia tem esse duplo caráter de que ela é por um lado um trabalho adicional, um mais-trabalho que é obtido pelo consumo da mercadoria força de trabalho, ou seja, do ponto de vista da produção a mais-valia dá essa medida da exploração do trabalho. Mas por outro lado, o conceito de mais-valia já existia na esfera da circulação como um de seus resultados, como a diferença obtida na circulação do dinheiro, como a diferença entre D’ e D. Portanto, podemos examinar a mais-valia hora do ponto de vista da exploração do trabalho, ora do ponto de vista da ampliação do capital. O mesmo conceito é o mesmo fenômeno, mas as determinações são inteiramente diferentes.

Page 50: ANotações K Musse

      Tendo isso em vista, podemos entender porque esse capítulo chama “taxa e massa de mais-valia”. Porque se a taxa nos dá a determinação da mais valia do ponto de vista da exploração do trabalho, do ponto de vista do capital o que importa não é essa taxa, mas sim a massa de mais-valia, porque esta é que vai determinar a quantidade, qual é o acréscimo que o dinheiro vai sofrer no processo de produção. O assunto do capítulo é de certa forma a relação entre essas duas determinações, entre essas duas perspectivas.

      Primeiro Marx vai examinar de forma objetiva, em termos matemáticos como os economistas preferem se expressar, a relação entre essas duas grandezas, a taxa e a massa de mais-valia.

      A definição da massa de mais-valia é simples: é a mais-valia da jornada individual do trabalhador, da jornada de trabalho do trabalhador individual multiplicado pelo número de trabalhadores empregados. Então:

      M = massa de mais-valia

      X = mais-valia individual diária   M = n.x 

      N = número de trabalhadores

      Para calcular a relação entre a taxa e a massa de mais-valia, Marx irá utilizar uma operação simples que é o sistema.

Relação entre massa e taxa de mais-valia:

      M = n . m . v/v = m/v . (n.v)

      M = m/v . V                          V = capital variável total.

      m- mais valia individual diária

      v- capital adiantado individual

      Essa mesma expressão pode ser ainda apresentada de uma outra forma não em termos de valores, de capital variável, mas sim em termos de tempo de trabalho.

      M = a’/a . n . k        a’ = tempo de mais-trabalho ; a = tempo de trabalho necessário ; k= valor médio da força de trabalho

      As mesmas expressões apenas mudaram os termos no qual a massa é  calculada, no primeiro caso é calculada pela soma total de capital variável, na segunda através da relação de tempo de trabalho.

      Isso interessa pelas relações que podem ser derivadas dessas equações. O que interessa ao capitalista é a ampliação, é o quantum da massa de mais-valia produzida em seu empreendimento, na sua empresa. Significa que, se levarmos em conta a primeira equação, o objetivo do capitalista deve ser manter constante e se possível ampliar a taxa de mais-valia, pois isso lhe permite ter uma aumento da massa de mais-valia sem precisar aumentar a quantidade de capital variável. É isso que acontece quando o

Page 51: ANotações K Musse

capitalista estende, amplia a jornada de trabalho. Mas, ao contrário do que parece, a recíproca não é verdadeira. Se ele aumenta o valor da soma total do capital variável, uma ampliação do “v”, isso não significa que haja necessariamente uma ampliação da massa de mais-valia. Isso pode ser entendido se nós pensarmos que quando você aumenta o “V”, você esta também aumentando “v”, ou seja, o aumento da soma total do capital variável se realizado por si só independentemente significa uma diminuição da taxa de mais-valia, isso é fácil de ser entendido, se a taxa de mais-valia mede a exploração do trabalho, se aquela massa de produtos era realizada por 5 empregados, quando ela passa ser realizada por 10 obviamente a taxa de mais-valia foi reduzida à metade. Então quando se aumenta o número de empregados não se altera em nada a massa de mais-valia. O capitalista ainda tem que desembolsar mais dinheiro para comprar a mercadoria força de trabalho, a forma do capital variável.

      Só  há uma situação na qual o aumento do capital variável corresponde ao aumento da mais-valia, quando se aumenta concomitantemente o capital variável e o capital constante. A consequência disso  é que o capitalismo vai estabelecer uma relação peculiar própria entre o capitalista e o trabalhador. Nos seus primórdios, a empresa capitalista era tocada por um artesão que dispunha de capital, isso acontece ainda na gênese das pequenas empresas. Nessa situação histórica, ela deriva dessa condição objetiva que acabamos de examinar que é a de que a massa de mais-valia é maior quanto maior for a taxa de exploração do trabalho e quanto menor for o numero de trabalhadores, por conseguinte, de quanto mais organizado e racionalizada por a produção. Então, diz o Marx, o capitalista enquanto personificação do capital, enquanto ele é capital personificado, passa a se dedicar ao controle e a racionalização e ao gerenciamento do processo de trabalho, ele passa a acompanhar, a organizar, a monitorar, seja a duração da jornada de trabalho, seja a organização do processo de trabalho, seja a própria intensidade do trabalho. Diz o Marx, o capital evolui para uma relação coercitiva que obriga a classe trabalhadora a executar mais-trabalho do que exigia as suas próprias necessidades vitais. Isso assumiu uma dimensão exacerbada. “como produtor de laboriosidade alheia, extrator de mais-trabalho, explorador da força de trabalho, o capital supera em energia e exorbitamente e eficácia todos os outros sistema de trabalho forçado.” (?)

      O mais-trabalho sempre existiu nas sociedades em que existia a divisão do trabalho, o que Marx esta dizendo é de que a eficácia e a intensidade da produção de mais-trabalho no capitalismo é maior do que no trabalho servil, no trabalho escravo. Isso parece um contra-senso, basta pensarmos como o capitalismo supero todos os meios de produção, porque produz mais riqueza do que os outros meios de produção, produz mais mais-valia cuja fonte é uma fonte maior do trabalho de excedente. O capitalismo extraiu mais-trabalho, mais-valia, trabalho excedente com mais exorbitância e eficácia que os modos anteriores de produção, isso que explica porque que os proprietários abandonaram as formas anteriores, tão logo perceberam que esse era um modo mais eficaz de produzir riqueza.

        Então essas equações nos indicam que primeiro: o capitalista passa a ter como uma das suas funções primordiais, controlar o processo de trabalho. Já vimos no manifesto, isso assume uma forma despótica, não em função das necessidades do trabalhador, mas de acordo com as sua necessidade de obter o máximo de mais valia o capitalista organiza a produção. Ora, se o processo de trabalho é organizado assim no capitalismo nós temos uma inversão do que entendemos o processo de trabalho. Marx descreveu o

Page 52: ANotações K Musse

processo de trabalho como sendo aquela situação na qual um trabalhador executava uma atividade sobre um objeto visando transformar esse objeto , segundo um fim previamente idealizado, em geral por meio de uma ferramenta, de um instrumento, de um meio de trabalho. Essa é a idéia que nós temos de processo de trabalho ainda hoje, mas que nós sabemos que não corresponde a realidade do trabalho no capitalismo. A figura histórica desse modelo de processo de trabalho é o trabalho artesanal, ora o capitalismo substitui o trabalho artesanal pelo trabalho cooperado, pelo trabalho organizado, este visando extrair o máximo da mais-valia. O objetivo do capitalismo é produzir um valor-de-uso, mas que tenha valor de troca, mas mais que isso o seu objetivo é valorizar esse valor, ou seja, extrair, produzir mais-valia. Para produzir mais-valia o capitalista tem que organizar de uma forma metódica, racional, calculada o processo de trabalho, os três conceitos que Weber usa, são características do processo de racionalização que são típicas da ação racional, um procedimento metódico, calculista. Ora, mas com isso o capitalista assume o controle total do processo de produção e faz com que haja uma inversão da situação do trabalhador, o trabalhador deixa de ser sujeito e se torna objeto do processo de trabalho. Naquela descrição que Marx faz, que temos na cabeça quando pensamos o processo de trabalho, o trabalhador é sujeito, porque é ele que exerce a atividade, é ele que determina o sentido da transformação do objeto que o torna um novo produto. Mas, no processo de produção capitalista, a lógica não é essa, a lógica é produzir mais-valia, para isso, para aumentar a massa de mais-valia o capitalista organiza, racionaliza , torna cada vez mais eficaz o processo de trabalho, essa racionalização e eficácia advem da articulação do processo de trabalho como um sistema, vamos ver isso quando examinaremos a maquinaria na manufatura já. Ora, nesse sistema o trabalhador se torna um apêndice, não é mais o trabalhador que emprega os meios de produção mas os meios de produção que empregam o trabalhador. Basta pensarmos quando um capitalista compra uma máquina, vê o manual de instrução dizendo que é preciso de 5 operários para operar a máquina, assim ele vai e contrata 5 operários, os coloca para fazer exatamente aquilo que é dito no manual de instrução.

      Nos termos do Marx, isso significa que essa máquina é produto do trabalho humano, não caiu do céu, mas tem a forma de um trabalho congelado, de trabalho morto. O trabalho que é conectado a ela, o trabalho vivo se subordina ao trabalho morto, e essa subordinação do trabalho vivo ao trabalho morto é uma das formas da decorrência do fetichismo da mercadoria. Que depois os marxistas vão chamar de retificação. Isso é fácil de entender porque o fetichismo da mercadoria decorre do fato de que o processo de trabalho é mascarado, ocultado pela relação social própria do capitalismo que se dá entre as coisas, que é a relação de troca de mercadorias, essa relação de troca de mercadorias se sobrepõe, se impõe como algo que escapa ao nosso controle, às nossas vontades, isso fica evidente na própria designação do preço. Os indivíduos não confrontam os seus trabalhos, mas os produtos dos trabalhos e essa forma de confrontação é a forma dinheiro, com o seu próprio dinheiro. Esse fetichismo penetra no próprio processo de produção, quando diz que o trabalho vivo se subordina ao trabalho morto, porque o trabalho morto esta ai na forma de uma máquina, foi comprada por um certo valor monetário, é uma mercadoria, a própria forma de trabalho também foi comprada, é também uma mercadoria, então não é só no âmbito da troca, só na esfera da circulação que os produtos de trabalho assumem uma relação entre mercadorias, isso acontece no próprio interior do processo de produção, porque os meios de trabalho, os meios de produção e a força de trabalho interagem na produção segundo a lógica mercantil, como mercadorias. É exatamente esse processo que Marx irá examinar nos

Page 53: ANotações K Musse

capítulos seguintes que serão objeto das nossas ultimas aulas, que ele vai designar como seção 4, a produção da mais-valia relativa.

Seção 4 – A produção da mais-valia relativa

Capítulo 10 – Conceito de mais-valia relativa

      Então digamos que o fio é o seguinte, trata se agora de investigar nessa seção IV as diferentes formas de organização do processo de trabalho que nada mais são do que as formas históricas que o capitalismo assumiu, as figuras históricas que o capitalismo assumiu – um capítulo para a cooperação, outro para a manufatura e outro para a grande industria.  

      Nós sabemos pelos relatos históricos que o capitalismo passou por diferentes formas de organização do processo de trabalho, Marx já tinha noção disso quando escreveu do manifesto, que diferentemente de todos os sistemas anteriores, de todas as formas de produção anteriores que tendiam a estabilizar o seu processo de trabalho, o capitalismo mantinha-se, reproduzia-se fazendo exatamente o contrário, ou seja, subvertendo, revolucionando, alterando incessantemente o processo de trabalho. Essa é a característica do dinamismo do capitalismo, a dialética pela qual ele obtém a sua estabilidade por meio de uma incessante modificação. Marx, trata disso rapidamente no manifesto, ali ele já da uma caracterização que vai se manter durante toda a sua obra, mas nós sabemos que ele não tinha uma explicação econômica para isso. Que essa explicação econômica ele só obteve na década de 1850, final da década de 1850 quando redige as primeiras versões da critica à economia política, 10 anos antes do primeiro volume do Capital, que ele apresenta aqui como o conceito de mais-valia relativa.

      Se nos pensarmos na arquitetônica do livro, e esta foi muito bem pensada pelo Marx, essa seção 4 comporta 4 capítulos, 3 históricos e 1 teórico conceitual que é este capítulo 10, que é decisivo portanto para entendermos os desdobramentos históricos, que é decisivo para entendermos a lógica econômica, para entendermos como ao subverter o processo de trabalho o capitalimos consegue sobreviver e alterar as relações sociais de produção (? Perdi!)

      A explicação que o Marx fornece para esse processo é simples e complexa, simples porque é uma achado e é complexa porque os seus desdobramentos são inúmeros. O achado é o seguinte, existe uma outra forma de ampliar a mais-valia que não seja o prolongamento, o esticamento da jornada de trabalho, isso é fácil de ser entendido visualmente

 

       A                                                                            B                                C

      Quanto maior BC, maior a produção mais-valia

AB – jornada de trabalho necessária para reproduzir a força de trabalho.

BC – tempo de trabalho excedente

Page 54: ANotações K Musse

      A                                                                    B’                                         C

A segunda chama-se redução do tempo de trabalho necessário, contração.

AB > AB’

     Temos duas formas de ampliar a mais-valia, a absoluta e a relativa. A absoluta prolonga a jornada, a relativa diminui o tempo de trabalho necessário. Ambas prolongam o mais-trabalho, ambas procuram ampliar a duração do BC ou do B’C , mas o faz por métodos inteiramente distintos, uma prolonga a jornada de trabalho e a outra procura reduzir o tempo de trabalho necessário. Historicamente os capitalistas vão procurar as duas. No início no capitalismo, o objetivo do capitalista foi combinar essas duas formas de mais-valia, depois da implantação da Lei fabril em 1833 que fixou a jornada de trabalho, deu uma duração normal, estipulou por lei o teto da jornada de trabalho, o capitalismo privilegia a intensificação da mais-valia pelo meio da mais-valia relativa. Mas essas duas formas existem ainda hoje.

     Como se dá a contração do tempo de trabalho necessário? Ora, essa contração pode se dar simplesmente reduzindo o valor dos salários, porque nós sabemos que essa medida AB corresponde a quanto de trabalho que o trabalhador despende no processo de produção que é necessário da reprodução dele como trabalhador, a reprodução da força de trabalho é dado por uma cesta com um determinado valor. Uma forma histórica que o capitalismo não abandonou é o da coerção que faz com que o valor dos salários seja reduzido. Do ponto de vista da lógica econômica nós vimos que o tempo de trabalho necessário é determinado por definição, pelo tempo em que o consumo daquela força de trabalho necessita para produzir o equivalente a sua reprodução ou ao seu valor como força de trabalho ou a sua parcela do capital variável ou ao seu salário. Então, se há uma redução do tempo de trabalho necessário, tende haver concomitantemente uma redução do valor da mercadoria força de trabalho. Por outro lado, isso só é possível quando o tempo de mais trabalho é ampliado, ora para que isso ocorra é necessário que se produza mais produtos no mesmo tempo. Isso é mais fácil de entender na outra determinação que Marx faz da mais-valia. Ele fez a determinação da mais-valia em termos de valor, em termos de tempo de trabalho e também em termos de produto. Temos que o tempo de trabalho marca por um lado a intensidade, o ritmo do processo de produção, e aqui estamos no âmbito da produção, decisivo para o Marx, mas o tempo de trabalho também é o índice da determinação no âmbito da circulação da mercadoria força de trabalho. Então, nos vamos ter uma série de variável que é preciso combinar, temos que no âmbito da produção o aumento da mais-valia, um aumento puramente econômica, é obtida por um aumento da força produtiva do trabalho, isso é obtido em geral por uma modificação dos métodos de trabalho.

     O capitalista sempre procura um meio de trocar os meios de produção ou a forma de produção, a combinação desses dois elementos que permite a contração da jornada de trabalho, a questão do capitulo é o seguinte, como se articula esse aumento na esfera da produção com a determinação do valor na esfera da circulação,e mais ainda como se articula a ação do capitalista individual com o conjunto da classe trabalhadora.

      Então vimos que existem duas formas do capitalista criar a sua massa de mais-valia.

Page 55: ANotações K Musse

     Quando se revoluciona as formas de produção, os processos de trabalho, os meios de trabalho, com uma combinação entre meios e métodos de trabalho um dos resultados é o barateamento da mercadoria, as mercadorias ficam mais baratas no capitalismo. Este barateamento explica de que forma se dá com a redução do tempo de trabalho necessário a concomitante redução do valor da mercadoria força de trabalho. O barateamento das mercadorias leva a um barateamento da mercadoria força de trabalho, isto na lógica econômica, existem outros fatores, fatores migratórios, o exército de reserva do capitalismo, a questão da qualificação maior ou menor da força de trabalho, e sobretudo a luta sindical dos trabalhadores que é uma contra-tendência do barateamento da força de trabalho.

     O barateamento das mercadorias explica portanto a primeira de nossas questões. O aparente descompasso entre o que acontece com a produção da mais-valia relativa do âmbito da produção e o seu efeito no âmbito da circulação. O incremento da força produtiva do trabalho, a diminuição do tempo de trabalho necessário prova um barateametno das mercadorias que por sua vez repercute no barateamento da mercadoria força de trabalho. É claro que para isso acontecer é necessário que essa revolução tenham que atingir a cesta de produtos que o trabalhador consome, seja diretamente, uma revolução no interior dessas industrias, seja indiretamente, como por exemplo se produz uma máquina mais barata e que por sua vez vai ser incorporada nessas industrias e vai possibilitar uma redução no valor dessas mercadorias, há uma série de fatores extra-econômicos que permitem essa redução.

     A questão toda se torna uma só, como se dá esse barateamento das mercadorias? Esse barateamento da mercadoria é um resultado da ação do capitalista individual. Há uma dialética particular entre o capitalista individual e o conjunto dos capitalistas, a classe capitalista.

     O agente da transformação é o capitalista individual, ou seja, a redução do tempo de trabalho necessário se dá porque é do interesse do capitalista individual reduzir o tempo de trabalho necessário. Nós acabamos de ver no capitulo anterior que tão logo a empresa capitalista começa se desenvolver o capitalista abandona o trabalho manual e se torna um controlador, um organizador do processo de trabalho e enquanto tal, ele é premido pela lógica econômica a constantemente, a incessantemente modificar, alterar, subverter, transformar o processo de trabalho, os métodos e os meios de trabalho.

     Quando ele subverte os meios do processo de trabalho, nos acabamos de ver, ele aumenta a sua massa de mais-valia. Quando há um incremento da produtividade do trabalho, há um concomitante aumento da massa de mais-valia. O que o Marx diz é que essa lógica é a lógica interna e intrínseca da própria sociedade capitalista. A vantagem é de que quem inicia o processo de transformação sai na frente, mas sai na frente por um certo período de tempo, porque não existe, ou não de forma duradoura, segredos no mundo da produção capitalista. O capitalista individual promove a inovação, ou seja, modifica o processo de trabalho, reduz o tempo de trabalho necessário, incrementa a força produtiva do trabalho por meio de novas técnicas de produção que logo são incorporadas pelo conjunto de capitalistas.

     Nós vimos que o valor de uma mercadoria é dada pelo tempo de trabalho despendido na sua produção. Quanto menor esse tempo de trabalho e isso que incrementa a produtividade de trabalho ou da força produtiva de trabalho menor o valor desta

Page 56: ANotações K Musse

mercadoria. Mas, o valor é dado pelo tempo médio de trabalho socialmente necessário, esse tempo pode ser calculado na seguinte analogia: como se cada produtor de tecido fizesse uma parte alíquota de uma mesma quantidade de tecido, ai você tem a soma total do preço desse tecido no mercado, você irá calcular a partir daquela soma total qual é o tempo médio necessário. Significa que individualmente algumas empresas gastaram mais e outras menos. Esse é segredo daquela pressão tempo médio socialmente necessário que nós vimos no capitulo um, agora fica claro de entender porque o processo de trabalho, os meios de produção e as técnicas de produção, os métodos de trabalho são diferentes entre as empresas, entre os capitalistas individuais, há uma heterogeneidade ai. Essa heterogeneidade tende com o tempo a se transformar numa homogeneidade. Quem não consegue acompanhar fecha as portas.

     Mas enquanto há uma heterogeneidade o capitalista individual, que produz no menor tempo de trabalho necessário leva vantagem, porque ele gasta menos tempo naquela produção da mercadoria, logo o valor da mercadoria que ele produz é menor do que a média. Se o valor que ele produz é menor que a média ele pode embolsar essa mercadoria adicional, mas não é isso que ele faz. Ele barateia a mercadoria, ele mantém a sua mesma taxa de mais-valia e diminui o preço da sua mercadoria, porque que ele faz isso? Porque é assim que ele lucra mais. Para o capitalista o que interessa é a massa da mais-valia, essa massa da mais-valia vai ser proporcional a quantidade de produtos que ele coloca no mercado, o ganho em escala, ou seja, o capitalista prefere baratear sua mercadoria para ampliar a sua fatia no mercado e essa luta pela fatia no mercado é um índice decisivo, essa fatia do mercado é o elemento decisivo da produção da mais-valia, é a busca pro ela que impulsiona a produção da mais-valia relativa e faz com que o capitalista procure o tempo todo reduzir o tempo de trabalho necessário.

     Ele é duplamente coagido, ele é incentivado a reduzir o tempo de trabalho porque vai ganhar a fatia no mercado, aumentando a sua massa de mais-valia. Mas também é coagido porque sabe que o seu concorrente esta fazendo o mesmo, esta procurando diminui o preço de sua mercadoria. E se ele não acompanhar, não fizer, vai perder fatia de mercado, logo vai perder parte de sua massa de mais-valia. Isso engendra um circuito, um movimento que faz com que o impulso da produção da mais-valia relativa (redução do tempo de trabalho necessário), o impulso para alterações no processo de trabalho seja imanente ao capitalismo, essa é a explicação econômica que o Marx descobre para o fenômeno que já tinha observado que há um dinamismo, um revolucionamento incessante das formas e dos métodos de produção do capitalismo.

     O que o Marx chama atenção, e isso tem implicação políticas decisivas, é que todo esse impulso, todo esse ganho em termos da produtividade do trabalho não se reverte em benefícios para o trabalhador. Todo o desenvolvimento da força produtiva do trabalho visa a redução do tempo de trabalho necessário e não por exemplo a redução da jornada de trabalho. Esse é um raciocínio que pode ser extrapolado para todo o conjunto da sociedade capitalista, todo o sistema capitalista opera funciona ampliando a riqueza, intensificando a força produtiva, diminuindo o tempo de trabalho necessário, mas isso não se reverte em benefício para o trabalhador, porque este não é mais sujeito do processo de trabalho, não é ele que controla o processo de trabalho. Ele é objeto, nós vimos, porque tecnicamente o seu lugar no sistema de trabalho é dado pelo trabalho morto que se sobrepõe ao trabalho vivo. Mas o outro efeito do fetichismo da mercadoria a retificação do trabalho, é esse de que o ganho dado pelo incrmento da produtividade de trabalho não se reverte em seu benefício, pois o sistema de trabalho se apresenta

Page 57: ANotações K Musse

como um mecanismo que lhe é estranho, que escapa ao seu controle, se encontra para além da sua vontade.

           O paradoxo é que o desenvolvimento da força produtiva do trabalho, tem por finalidade encurtar a parte da jornada de trabalho que o trabalhador tem que trabalha a si mesmo justamente para prolongar a outra parte da jornada de trabalho que este trabalha gratuitamente para o capitalista. Nesse sentido mais amplo, ele também é objeto e não sujeito desse processo, posto que ele não controla o processo, é por isso que esse processo está, segundo Marx, sendo determinado pelo movimento incessante da valorização do valor, pelo capital funcionando como se fosse um sujeito automático, se o capital funciona como um sujeito automático, os trabalhadores e em certa medida os capitalistas, são não ativos mas passivos, são contemplativos, eles apenas se adéquam a esse movimento imanente do capital, que é o de buscar a valorização.

Aula 7  - O Capital – Rui Braga (não conseguir assistir a aula do Ruy, por isso peguei anotações de um veterano e coloquei aqui nesta aula, cap. 11 e 12)

Cap.11 – Cooperação

      A redução do tempo social necessário é um movimento de revolução das forças produtivas e das relações sociais. Esse movimento que advém do capitalista de ampliar sua escala de produção (aumentar sua parte da demanda), que o leva a melhorar sua produção, isso que repercute na economia e reverte numa constante mudança.

      No capitalismo há a revolução permanente das forças produtivas. Em “O Capital” esse fato não é apenas uma ação histórica da burguesia (como no Manifesto) mas ele é resultado do movimento de valorização do valor.

      Portanto esse movimento é apresentado como um sujeito automático. Esse que é ao mesmo tempo produção de mais-valia e ou ela é uma extensão da JdT ou a dedução do trabalho socialmente necessário.

      Para esse último é necessária uma modificação nos meios e/ou métodos de produção. E a primeira figura do desenvolvimento dos métodos de produção é a cooperação. Assim, vamos ver como Marx define: a cooperação (um principio geral no capitalismo), e a cooperação simples (o embrião que leva a manufatura e a grande industria).

      A cooperação surge e se instaura no ponto de partida da produção capitalista. Nesse ponto a atividade de um certo número de trabalhadores produzem a mesma mercadoria sob o comando do capitalista. Há uma unidade subjacente no processo de trabalho do capitalismo. A produção capitalista inicia-se quando o possuidor de dinheiro compra tanto os meios de produção quanto a força de trabalho encontrando ambos no mercado. Quando ele compra, ele vai consumir essas mercadorias na EdP. E a produção se define por ser a criação da ,es,a mercadoria sob o comando do capitalista.

      Isso que é visto tanto do ponto de vista histórico quanto do ponto de vista lógico. Então surge ao lado e em concorrência com o modelo de produção artesanal, o modelo de produção manufatureira. O que leva à vitória a produção capitalista é exatamente o

Page 58: ANotações K Musse

seu ganho enquanto força produtiva. Nós sabemos historicamente que esse embate teve diferenças em cada país. E Marx vai se referir especificamente à Inglaterra.

      Esse que é um movimento de produção a preços menores e é dado por conta da ampliação da mais valia relativa. Assim o mero fato de colocar mais de um trabalhador no mesmo campo de trabalho para a produção de uma mesma mercadoria já é um ganho. Pois há um incremento na massa de mais-valia (M =n.x).

      E não só o trabalho vai ser transferido mas também o valor dos meios de produção. Além disso o capitalismo engendra também a cooperação. Pois esse movimento de compra dos fatores de produção não dura muito, o que se instaura é um processo de cooperação.

      Cooperação seria a forma de trabalho em que vários trabalhadores trabalham conjuntamente no mesmo processo de produção. Nesse sentido esse trabalho está sempre no capitalismo em todas as suas fases.

      A cooperação por si só produz um efeito diferente. Não só  um aumento da força produtiva, mas ela cria uma nova força produtiva, a chamada “força produtiva de massa”.

     O trabalho individual torna-se apenas um momento do trabalho global, ele é uma etapa de um processo. Isso é o que surge desse movimento de colocar no mesmo campo de trabalho vários trabalhadores para produzir a mesma mercadoria. A cooperação engendra a divisão do trabalho.

     Então a primeira e fundamental modificação que o capitalismo introduz nos métodos de trabalho é a cooperação. Nos temos não mais JdT isoladas mas temos o que Marx chama de jornada de trabalho combinada( JdTC), ou trabalho social.

     O que vai caracterizar o capitalismo como modo de produção é esse movimento de cooperação. A chave da enorme riqueza no capitalismo é a JdTC.

     Isso decorre do fato de que os trabalhadores só podem cooperar quando vendem sua força de trabalho ao capitalista. Então a fonte da riqueza social se apresenta como derivada do capitalismo e não com ela realmente acontece. Mas ela surge no ato da compra do capitalista da força de trabalho.

     Por conta disso o capital monopoliza a função de organizar, dirigir e mediar o processo de trabalho. E o próprio processo de trabalho se torna subordinado a essa coordenação capitalista.

     Ao se especializar na organização do processo de trabalho, o capitalista da a essa função um sentido particular. O objetivo do capitalista é ampliar o máximo de mais-valia. O fim da organização do processo de trabalho é explorar ao máximo o trabalho, ou seja também ampliar a mais-valia.

     Isso que significa que a direção capitalista do processo de trabalho tem esse objetivo. E assim com esse duplo fim (a produção de um objeto – Vu- e o aumento da mais-valia – Vt) a direção capitalista se assemelha à forma despótica.

Page 59: ANotações K Musse

     Antes havia a duplicidade que já estavam prefiguradas na forma mercadoria. Mas ainda há uma contradição dada por forma e conteúdo. A forma de decisão capitalista na produção é despótica.

     Despótica no sentido trivial de que o arbitro somente do capitalista é que decide o processo e trabalho, É ele apenas que delibera. O que está de acordo com as leis de compra da EdP.

     Por conta disso o capitalista é o que é, pois ele se torna um produtor industrial por ter comprado todas as mercadorias para tanto. Então  é mais ou menos isso que acontece na produção capitalista.

     A cooperação significa um novo método de trabalho. E ele não  é uma cooperação em geral, mas é determinada pela direção capitalista. Ou seja, essa direção engendra cooperação de forma despótica.

     Isso significa também um ganho em relação às formas de produção. Esse ganho se torna uma ampliação da mais-valia relativa. Pois mesmo que ele compre individualmente a força de trabalho, ele coloca o trabalhador com outros iguais, o que gera um ganho nas forças produtivas que não é repassado ao trabalhador. Isto é, é comprado uma JdT individual e utilizada uma JdTC. O ganho advém disso e é absorvido pelo capitalista.

     Nos temos uma outra inversão do qual o processo de trabalho social não aparece como produto dos trabalhadores, e sim do capitalista, é  apresentado como o próprio do capitalismo. Como ele engendrou o trabalho social, ele é uma força inicial que permite a percepção do trabalho social e assim o socialismo.

     Historicamente o capitalismo engendrou o trabalho social e para o capitalista ele é  apenas um método de ampliação da mais-valia e a exploração do trabalho.

     Marx não é um cultivador das forças produtivas, pois o desenvolvimento delas nada mais é no capitalismo que uma forma de constante exploração dos trabalhadores. 

Cap.12 – Divisão do trabalho e manufatura

      Nesse capítulo a cooperação será explicada. Na verdade, a manufatura é a forma clássica da cooperação. A manufatura é um momento histórico preciso do capitalismo. A base dela é o artesanato. Mas élan pode surgir de dois modos distintos, seja na compra da mercadoria força de trabalho para a utilização de diferentes tarefas num mesmo âmbito; ou quando a cooperação emerge da colocação de artesões que fazem, juntos, o mesmo trabalho.

      Tanto um caso quanto no outro a cooperação engendrar a divisão do trabalho. Aqui o trabalhador já não domina mais em sua totalidade o processo de trabalho e assim ele se torna um trabalhador parcial.

      Esse mecanismo de manufatura faz com que o agente do processo de trabalho não seja mais o artesão singular, e sim o trabalho coletivo combinado. Por outro lado, o individuo, o artesão, passa para a condição de trabalhador parcial, de acessório do

Page 60: ANotações K Musse

mecanismo. Assim ele passa do papel de sujeito para o papel de objeto, passivo. Pois ele se encontra reduzido a uma peça de um mecanismo. Há uma mutilação nesse processo, e isso se torna sua profissão para toda a vida.

      Do ponto de vista geral, essa superespecialização leva a duas coisas: primeiro, o especialista é fixado na sua atividade, o transporte do produto elaborado, por exemplo,m não pe de sua alçada. O que faz com que haja uma redução dos custos. Segundo, se o trabalhador é reduzido a uma atividade única ele tende a aperfeiçoar as ferramentas que usa. E a introdução da maquinaria advém daí.

      O que Marx vai dizer em relação a divisão do trabalho e, sua dimensão micro é o seguinte: numa oficina , por exemplo, há uma divisão de trabalho de outra espécie. Há uma cooperação. Ela tem relações com a divisão social do trabalho no nível macro, pois é essa última que a possibilita. Mas elas são essencialmente diferentes.

      Mas a diferença é que o produtor parcial não produz mercadorias, na verdade, eles que são mercadorias. Então há uma distinção no seguinte sentido, a cooperação na manufatura é a venda de diferentes forças de trabalho ao mesmo capitalista. Então a figura do trabalhador parcial difere da figura de um profissional específico, ou seja, um produtor independente e autônomo.

      Marx chama a atenção de que no capitalismo essa delimitação de divisão social do trabalho não da conta do que acontece na manufatura, em que o trabalhador vira um trabalhador parcial. Pois a divisão social do trabalho, como no nível macro, supõe uma autonomia e liberdade dos produtores, o que sob o comando despótico do capitalista, não há.

      De modo geral, a divisão social do trabalho é geral em todas as sociedades, mas a divisão manufatureira do trabalho é específica ao capitalismo. Que é especifica e que engendra uma situação nova. Porque está subjacente a utilização do conceito de divisão social do trabalho é a inter-relação entre agentes livres e iguais. Como vimos, com a transformação de trabalhador em trabalhador parcial a través da revolução dos meios de produção o capitalismo mudou as relações, e as relações entre trabalhadores parciais não são livres nem autônomas.

      A conseqüência disso é que se instaurou no campo de trabalho uma reificação (que é oi nosso conceito de alienação). Em que o trabalhador manufatureiro é dividido e transformado num motor automático dentro da produção. E esse processo faz com que o trabalhador seja mutilado, ele é separado da ciência autônoma de produção.

      Essa é a alienação do trabalho. Ela tem sua matriz no fato de que surge na cooperação capitalista, a redução do trabalhador em trabalhador parcial e assim ele não domina mais nem o produto de seu trabalho nem sequer o processo de seu trabalho. Quem organiza e detêm o produto é a direção capitalista. Um resultado disso é que a ciência é vista pelo capital.

      E a alienação assenta-se no fato de que o trabalhador reduzido vê  todos os elementos do processo de trabalho cão como resultados dos trabalhadores, mas como resultado co capital. Eles são apresentados como atributos do capital. Nesse sentido que podemos entender aquilo que diferencia o processo de trabalho do processo de trabalho

Page 61: ANotações K Musse

capitalista é o fato de o trabalhador não ser mais sujeito do trabalho, e sim objeto do trabalho.

      Por isso que Marx vai dizer que na manufatura há uma deformação física e espiritual que vai dar impulso à patologia industrial. Dando, assim, um caráter de barbárie ao capitalismo.

         Cap. 13

      Uso capitalista da maquinaria, esta analisando o desenvolvimento tecnológico do período. Uma das grandes problemáticas é esta: o uso capitalista do sistema de máquinas, o que significa na verdade duas coisas. Primeiro, como o uso é capitalista, as maquinas estão a serviço de alguém , o capital. Segundo lugar, existe um uso não capitalista. Das máquinas de maneira em geral é fácil perceber porque estas existiam antes do capitalismo, sem configurar um sistema, ou seja,  sem revolucionar capitalisticamente falando a produção. Se formos olhar para a historia acharíamos autômatos ao longo de toda a historia.

      O emprego do sistema de máquinas responde a uma tendência imanente do capital, uma tendência centrada na sua composição orgânica, esta é dado pelo capital constante sobre o capital variável. Busca de cada capital individual pela mais-valia extra constrangido pelas leis da concorrência.

      O capital é sempre mais ou menos produtivo encontra-se numa relação direta com o numero de capital variável que ele economiza, produtividade é produzir mais com menos gente, máquinas mais poderosas, mais modernas, mais eficientes.  Temos um problema para analisar, do ponto de vista do trabalho. O que? O decréscimo relativo ou absoluto do seu valor . Com a generalização do uso da maquinaria temos do ponto de vista do trabalho um processo no qual a força de trabalho passa pro uma revolução, capitalista, esta é centrada na utilização do instrumental do trabalho, quais são as características desta? Temos uma total inversão da relação sujeito-objeto do processo produtivo. O trabalhador era a fonte do movimento, sujeito do processo produtivo. Com a utilização da maquinaria temos uma revolução desta relação, a própria maquinaria é a fonte do movimento e é ela que em ultima instancia emprega o trabalhador. A homogeneidade do movimento, a intensidade do movimento são garantidas pelo sistema de máquinas. Essa inversão capitalista, essa mudança radical Marx vai dar nome de subsunção real do capital em relação ao trabalho, a formação do autômato social. Antes existia sim um autômato, o trabalhador coletivo, só que este encontrava se subsumisso a um principio subjetivo, um constrangimento externo que pressiona o trabalhador. Agora esse principio se torna objetivo, no sistema de máquinas, os trabalhadores se tornam anexos do sistema de máquinas. São deslocados do seu coração do regime produtivo, são apêndices do sistema de máquinas, os capitalista controlam as máquinas. Controlam através da ciência e do desenvolvimento tecnológico, a institucionalização deste processo, ciência e tecnologia passam a ser serviçais do capital, o processo de produção capitalista passa a dirigir o processo de desenvolvimento da ciência e tecnologia, incorporando o seus frutos, porque estas são fundamentais para o desenvolvimento de máquinas e tecnologia. Quem assume o custo da formação de cientistas é o Estado, dar uma formação de uma enorme super-estrutura orientada pelo capital.

Page 62: ANotações K Musse

      Não existe mais a necessidade de força física no processo de trabalho com a maquinaria, e nem de qualificação o trabalhador. Assim, crianças e mulheres entram no processo de trabalho, a realidade do trabalhador desqualificado, se você é apêndice do sistema de máquinas, você não precisa de nenhum conhecimento específica basta você adaptar o seu ritmo ao ritmo das máquinas, adaptação do trabalho vivo ao ritmo do trabalho morto. A reprodução da hierarquia do trabalho é artificial. Nada do sistema de máquinas exige que o trabalhador fique fixo. A hierarquia na manufatura era criada organicamente. A essência do trabalho fabril é a sua flexibilidade, o trabalhador fabril pode circular sem necessariamente se fixar numa única máquina. De trabalhador parcial passa a ser trabalhador fabril porém passa a se fixar numa máquina parcial. O preço da mercadoria força de trabalho vai cair muito por não depender mais das qualificações, da força, das habilidades, as mulheres e crianças eram muito uteis na industria têxtil por terem dedos delicados conseguiam alcançar lugares que o trabalhador masculino não conseguia e desempenhar tarefas difíceis ao homem. O preço da mercadoria vai cair porque aquilo que antes era representado por um único salário contido no seu valor e esse valor o reproduzia (trabalhador), agora esse salário vai estar distribuído entre os membros de sua família, proporcionando uma concorrência entre os trabalhadores. Do ponto de vista moral esse processo degrada o trabalhador, foi devastador da família.

      Desvalorização seguida de uma degradação, a indústria viola os limites físicos e morais ampliando e alargando o campo de exploração do trabalho, e ao mesmo tempo intensifica o seu ritmo, aumenta a taxa de mais-valia, nas duas frente da mais-valia relativa (intensificação da força do trabalho) e absoluta (aumento da jornada de trabalho, pagamento de mais-salário). A separação entre o valor e o preço da mercadoria força de trabalho, esta é obrigada a reproduzir-se abaixo do seu valor. (ex. salário mínimo – preço – 450 – valor – 2000). O valor das mercadorias necessárias para a reprodução desta força de trabalho não é o preço da mercadoria força de trabalho. Do ponto de vista do alargamento, degradação, da mais-valia absoluta é um aumento gigantesco do valor-excedente, um valor tão importante que desenvolve dois mercados como nunca antes visto, o mercado de trabalho dos serviçais domésticos (do ponto de vistas do valor excedente são improdutivos). E por outro lado, a formação do mercador de consumos de bens de luxo, aumenta exponencialmente o consumo dos bens de luxo, incrementa-se de forma acelerada os comportamentos relacionados aos bens de luxo.

Essa forma industrial tende a desempregar trabalhadores, do ponto de vista da força de trabalho, diminuindo relativamente o montante de capital variável na proporção que ela a chega a outros ramos da industria. O efeito é: concentra mais capital nos meios de produção e diminui a participa do capital variável no montante global, isto quer dizer que no total o numero de trabalhadores aumenta, porém diminui o seu valor de acordo com o montante geral. No agregado, o efeito disso tudo é a concentração do capital na propriedade, e a diminuição do capital do ponto de vista do capital variável.

      A indústria foi revolucionando diferentes setores, se alargando, faz isto na medida em que consegue substituir proveitosamente e economicamente o tempo de trabalho assalariado, capital variado. Essa dinâmica relacionada aos ciclos de expansão, é um comportamento contraditório, produz efeitos contraditórios, os fluxos do processo de industrialização, não tem como permanentemente comprimir o tempo de trabalho necessário, alargando o tempo de trabalho excedente, porque quem é que vai comprar aquelas mercadorias que a mercadoria precisa vender? Se a concorrência gera a concentração maior de capital nos meios de produção, isso siginifica que os meios de

Page 63: ANotações K Musse

produção vão se tornar mais caros(incorporando mais trabalho), o capitalista precisa reproduzir no produto excedente o valor desta máquina, deste meio de produção, as maquinas tornam-se mais caras, os produtos também começam a ficar mais caros, precisam representar o valor dessas máquinas. Cai relativamente a participação do tempo de trabalho necessário na formação do valor das mercadorias, só que cai esse valor e se não aumentar o mercado como por definição a mais-valia tem origem no tempo de trabalho socialmente necessário. Os meios de produção só reproduzem o seu valor, o valor novo quer seja só reprodução da forma de trabalho quer seja valor excedente, o valor tem que ser produzido pelo trabalho vivo. O valor da mercadoria força de trabalho se comprime. Assim, maior dificuldade de realizar o valor excedente, essa parcela vai declinando e se torna cada vez mais difícil para o capitalista encontrar oportunidade de realização deste valor, a industria ao comprimir o tempo de trabalho necessário, também faz com que a parcela do tempo de trabalho responsável pela mais-valia comprime relativamente ao produto total.

     Isso gera uma tendência, declina a parcela variável do capital, se torna cada vez mais difícil o capitalista realizar o valor daquela mercadoria, conseqüentemente tem uma tendência a um declínio da taxa de lucros.

       As tendências predominantes do capitalismo produzem contra-tendencias (tendências – mais-valia relativa, mais-valia absoluta). Estas ultimas tem haver com a propria regulamentação do mercado de trabalho, construção de barreiras para essa expansão desmedida.O trabalhador não é passivo, ele reage, em primeiro lugar com a máquina. O produtor imediato ataca o instrumental de trabalho como o seu inimigo, a primeiraforma de manifestação do processo de resistência contra o capital. Evidentemente essa não é a única forma, paralelamente há o surgimento dos movimentos grevistas – cada parada da produção, cada imobilização da produção é prejuízo na certa, por vários motivos: isso dialoga com a tendência de utilização do instrumental excessivamente, não só da depreciação da inação, mas também da ação excessiva.

     O grande medo do capitalista da depreciação pelo desgaste ou pela ação o grande medo é a depreciação moral da máquina, que sobre o capitalismo a máquina tem o período físico de existência, mas tem um período econômico de existência, como a concorrência esta permentanemente fazendo o capitalista investir, as máquinas perdem valor porque elas se tornam obsoletas, quanto mais rápido consumir produtivamente a máquina menos risco o capitalista vai ter de perder capital e ter prejuízo. Até porque o capitalista sempre venderá o produto pelo preço social e não pelo preço individual, não interessa se a máquina ficou obsoleta, a máquina não pode parar. E ao mesmo tempo há uma série de manifestação dessas formas latentes de existências do trabalho, sob a forma de sindicatos, existem resistências.

     Estas resistências assumem uma existência jurídico política, leis fabris passam a ser celebradas, e estas celebrações constrangem este aumento absoluto da jornada de trabalho. Porém, ao diminui progressivamente a jornada de trabalho passa a atuar uma contra-tendência importante, a necessidade de estabelecer outros turnos, contratar mais gente, redistribuir trabalho, é por isso que a diminuição da jornada de trabalho é tão estratégico, é uma forma de redistribuir a quantidade de trabalho na sociedade. A população excedente pressiona quem trabalha por que aquela submete-se, para

Page 64: ANotações K Musse

restabelecer o vinculo com os meios de subsistência, a meios degradantes. Contra-tendência importante redistribuição do trabalho

     Impulso pela organização tecnológica – outra contra-tendência, porque o instrumental de trabalho sobre o capitalismo é uma poderosa arma contra a existência operária. Porque através das máquinas mais produtivas você pode desempregar as pessoas. (uma primeira fase doinstrumental de trabalho como arma política).

     Se aumenta a exploração da força de trabalho anulam as forças dos trabalhadores para se organizar, estimula a concorrência entre os trabalhadores.

     Existe uma dinâmica que envolve a correlação de formas entre as classes sociais – processo de renovação, reação a ampliação, novos investimentos – por isso Marx tem uma abordagem dialética para o progresso, progresso para o capital e degradação para o trabalho. È uma vitória do homem sobre as forças da natureza, porém a sua utilização capitalista ela produz degradação, produz miséria.

     Fluxos de acumulação seguido de refluxos, seguido de estagnação – os mercados não se dilatam na mesma quantidade da concorrência, uma resistência do trabalhador fabril, da própria regulamentação da jornada de trabalho, mas o ponto principal é que se o capitalismo não tivesse isso é que a tendência multi secular da taxa de lucro, dada a impossibilidade da valorização docapital acumulado e as possibilidades de sua realização. Marx descreve uma situação mais ou menos a seguinte: a industria tomando por base os seus ciclos de renovação da base técnica, substituição dos meios de produção, tendo em base esse processo a generalização deste processo, isto ai acaba produzindo um evento cíclico que pode ser descrito como um período de acumulação acelerada e depois sucedido por um momento de superprodução (superprodução em relação as possibilidades de realização do valor), sobre-capacidade produtiva, e depois um período de refluxo cuja primeira fase aparece com uma acumulação desacelerada(queima de capital) e depois um período de sub-investimento – concentração de capital. Recomposição da capacidade lucrativa, restabelecimento da taxa de lucro.

     Os trabalhadores são empregados e depois desempregados de acordo com a necessidade, com base nesse momento de fluxo e refluxo. Esse comportamento cíclico tem uma dinâmica internacional e mundial, essas contra-tendências e tendências só conseguem se realizar com a internacionalização do capitalismo. Universalização da crise.

     Outro efeito é generalização da degradação ambiental, discussão sobre a produtividade da produção fundiária. O efeito da dinâmica industrial no campo produz não só a degradação do trabalhador rural mas também a degradação da terra, degradação sócio-natural. Destruição da força de trabalho humana e a degradação das condições ambientais. Uma relação totalmente artificial entre o homem e a natureza.