Ansiedade e Estresse no setor público

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  • 8/22/2019 Ansiedade e Estresse no setor pblico

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    Anlise do Nvel de Estresse no Setor Pblico

    na rea da Sade

    Claudia [email protected]

    FAQ

    MIRIAM MARIA [email protected]

    FAQ

    LUIZ ANTONIO [email protected]

    FAQ

    NOEL TEODORO [email protected]

    FAQ

    Resumo:Atualmente muito se fala de estresse e principalmente de estresse no trabalho. Existem aindaconhecimentos do senso comum ou talvez mitos que revelam a presena do estresse no funcionalismo

    pblico e principalmente na rea da sade. Assim sendo, esse trabalho de pesquisa foi desenvolvido em

    um Setor Pblico na rea da sade no interior de So Paulo com o objetivo de avaliar o nvel de estresse

    nos servidores bem como a diferena existente entre funes distintas. Para a coleta de dados elaborou-se

    um questionrio com um total de 10 questes, sendo 1 questo de varivel nominal e as outras 9 de

    variveis intervalares. O instrumento foi aplicado a uma amostragem de 85 servidores pblicos atuantes

    na rea da sade, dentre eles: administradores, dentistas, agentes de sade, dentre outros. Aps as

    anlises estatsticas constatou-se que de maneira geral no h um alto nvel de estresse no setor

    analisado, porm quando comparado as diferentes funes, notou-se que os servidores do administrativo

    apresentaram maiores sintomas de estresse do que as demais funes e os auxiliares de dentistas foi a

    categoria que apresentou os menores sintomas de estresse.

    Palavras Chave: Anlise - Estresse - Servidor Pblico - Sade - Comparao

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    1. INTRODUONos dias de hoje pergunta-seconstantemente o que o mundo quer do homem, o que o

    homem quer do mundo e o que o homem quer do homem. Existem muitas cobranas s

    perguntas e respostas de tudo, uma acelerao do tempo e uma insegurana constante.O funcionrio pblico em sade apresenta algumas especificidades: um profissional

    que carece uma poltica de recursos-humanos, justa e coerente. Sofre com a insatisfao dapopulao com relao ao atendimento em sade pblica e acaba por vezes oferecendoqualidade insatisfatria nos servios, por falta de equipamentos, qualificao profissional equantidade de pessoal.

    O profissional de sade ainda sofre a presso da sua responsabilidade quanto vida deseu cliente que depende de sua avaliao e ao para obter sade ou manter a prpria vida.

    Neste segmento esto os profissionais que atuam mais diretamente com esta condio,como mdicos e enfermeiros e os que trabalham de forma indireta, como os profissionais

    administrativos que tambm no deixam de ter sua medida de responsabilidade.A importncia desta pesquisa est na descoberta e atuao dos agentes formadores de

    estresse no trabalho destes profissionais para, posteriormente poder planejar aesamenizadoras ou mesmo eliminadoras de parte ou de alguns dos elementos de estresse na reade sade de um setor pblico.

    A qualidade de vida que se tem, pode mostrar suas conseqncias no desempenhoprofissional do trabalhador e, vale lembrar que quase todos passam a maior parte do tempo desua vida no local de trabalho. Conseguir estar bem neste perodo apesar de todas as presses, uma grande conquista de cada um.

    Considerando todas estas questes, este trabalho ir analisar o seguinte problemadepesquisa: Qual o nvel de estresse no setor pblico na rea de sade na instituio analisada?

    Tratar como objetivo, a percepo do nvel e condies de estresse a que estoexpostos os colaboradores de um setor pblico na rea de sade, conhecer seu perfil eencontrar principais fatores de estresse no trabalho.

    1.1.OBJETO DE PESQUISAA pesquisa foi executada em uma instituio do setor pblico, na rea da sade, em

    uma cidade de aproximadamente dezesseis mil habitantes, que tem uma populao flutuantedevido a sua caracterstica de estncia turstica.

    A Diretoria de Sade est subordinada a prefeitura municipal e quem responde por elaem ltima instncia o prefeito, entretanto, o responsvel direto por ela um diretor de sade.Esta Diretoria responsvel pela manuteno da vida e sade da populao e procura cadavez mais, investir em preveno.

    Conta com uma equipe multidisciplinar de 135 colaboradores aqui citados: mdicosclnicos e especialistas, enfermeiras, odontlogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas,assistentes sociais, psiclogos, fonoaudiloga.

    Conta tambm com: farmacuticas, veterinrio, tcnicos de enfermagem, auxiliar deenfermagem, auxiliar de servios, auxiliar de odontologia, escriturrios, agentes sanitrios,agentes de sade e comunitrias, motoristas, estagirios e guarda mirim.

    Vale lembrar que essa diretoria conta com colaboradores concursados, contratados,colaboradores do estado emprestados prefeitura, prestadores de servios, colaboradores

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    prestadores de servio de um consrcio do qual a prefeitura participa, estagirios e guardas -mirim.

    2. REVISO DE LITERATURA

    Neste captulo sero apresentadas algumas das definies e bases tericas usadas parao desenvolvimento do trabalho.

    2.1. O ESTRESSEPara Ferreira (1994, p. 279), a definio de estresse : Conjunto de reaes do

    organismo a agresses de ordem fsica, psquica, infecciosa, e outras, capazes de perturbar-lhea homeostase., definindo homeostase como o equilbrio dos meios internos do organismo.

    Mudanas muito rpidas na forma de vida, problema que uma constante naatualidade, fazem com que o organismo no consiga se adaptar, ficando com a mensagemanterior, sua realidade primeira. Neste contexto, cria uma situao de estresse constante e, o

    que era positivo, como fora de mudana, passa a ser destrutivo e trazer conseqncias fsicase psquicas. (BERNARDO & DIAS, 2004).

    De acordo com Carvalho & Serafim (1995), o estresse est ligado diretamente afatores psicolgicos, a pessoa estressada no d conta da carga emocional envolvida e osdescontroles fisiolgicos por ele causados, tendo como conseqncias, perda de suas respostaspsicolgicas. O estresse envolve desgastes fsicos e emocionais e de acordo com apredisposio do indivduo pode-se verificar desnimo, ansiedade, ou at manifestaesfsicas mais graves como: lcera, infarto e at mesmo tendncia ao suicdio.

    Para McLellan; Bragg & Cacciola (1988) o estresse uma condio da vida humana,portanto s nos livramos dele com a morte.

    2.1.1. PRINCIPAIS SINTOMAS DO ESTRESSEPara Carvalho & Serafim (1995) as manifestaes do estresse se diferenciam de

    indivduo para indivduo, tendo alguns mais e outros menos sintomas, variando de acordocom a estrutura psquica da pessoa.

    No processo de estresse h transformaes qumicas no corpo que podem trazertranstornos mentais ou fsicos, entre eles destaca-se: cansao, angstia, perda de memria,perturbao, acelerao do batimento cardaco, lcera, colite, alterao no desempenho desuas funes, dor de cabea, bruxismo, pnico, agitao, diarria, entre outros.

    2.1.2. COMO SE CRIA O ESTRESSEArroba & James (1994) mostram algumas maneiras mais fceis de perceber a criao

    de estresse nos dias de hoje:

    Ameaa futura: A imaginao do futuro uma capacidade importante no sistema dedefesa, pois pode haver preveno e reao a perigos, no entanto preciso no fantasiar asprevises e criar medidas certas para respostas a possveis perigos. preciso ter informaesobjetivas e uma conversa, honesta e baseada na realidade, consigo mesmo, para ter reaesadequadas situao de estresse.

    Lembranas: As lembranas de vivncias passadas podem causar interpretaesdiferentes de uma mesma realidade para duas pessoas distintas. Portanto a forma como setrata um acontecimento hoje pode estar influenciado em experincias passadas. Como muitasvezes estas lembranas podem no ser favorveis preciso se desvencilhar destas memrias.

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    Frustrao: Pode ocorrer quando no h definio do que se quer e, portanto nuncaestar satisfeito; pode-se querer o que no est nem nunca estar disponvel. Agir de forma areduzir suas possibilidades de conseguir o que se quer e ter expectativas irreais de comoconseguir suprir suas necessidades.

    Necessidade de reconhecimento e contato: A ausncia de contato com pessoas notrabalho pode ser to penosa quanto seu excesso, mas em qualquer dos casos h sempre anecessidade de aprovao pelo grupo, reconhecimento da presena e realizaes. E, a dosedestes reconhecimentos que traro bem-estar ou desalento pessoa.

    Necessidade de estrutura e estabilidade: Fatores de instabilidade tanto no lar quantono trabalho, podem perturbar a sensao de segurana e previsibilidade, transformando-se emameaas antes mesmo de acontecer. Nas empresas vivem-se muitas situaes de mudanasque causam problemas de enfrentamentos diretos, ou seja, lidar com novas estruturas, chefes,esquema, e de enfrentamento indireto como o dizer adeus ao antigo.

    Necessidade de variedade e estmulo: H uma medida adequada de variedade eestmulo que to saudvel para o funcionrio quanto para a empresa. Estmulos muito baixosou altos se tornam ameaadores. Pode-se tambm criar estmulos perigosos para suprirnecessidades de excitao mesmo fora do ambiente do trabalho, como dirigir um veculoperigosamente.

    2.1.3. O ESTRESSE NO TRABALHOSegundo Dejours (1987), quando o trabalhador tem seus limites de tolerncia ao

    estresse ultrapassado, pode ocorrer a troca de setor ou mudana de empresa. Pode tambmsurgir o absentesmo, onde o funcionrio tem sofrimento mental ou fadiga - sintomas que nose mostram claramente como uma doena - o que no justifica o abandono do servio, mas

    cria um crculo de esforos para conter os sintomas e se manter em equilbrio.Para Mclellan; Bragg & Cacciola (1988), uma das causas mais marcantes do estresse

    no trabalho a competio, colocada como algo inevitvel. A soluo como forma de lidarcom este sentimento encarar como oportunidade de reflexo e aprendizagem para lidar comnovas situaes e obteno de solues.

    Segundo Arroba & James (1994), o estresse dentro de uma empresa pode ser vistoprimordialmente de duas maneiras, em uma delas, o profissional estressado que representapara a empresa uma situao de status, pois demonstra que trabalha muito e geralmente estnum cargo hierrquico mais alto.

    De acordo comBernardo & Dias (2004),os seis fatores bsicos de estresse no trabalhopelo padro da EU, podem ser assim descritos: autonomia ou controle do trabalho; o contedodo trabalho, sua relao com o todo organizacional. Tambm a previsibilidade, conhecimentodo que pode acontecer; apoio social, relao com seus colegas de trabalho; recompensa,salrios e justia; demanda de trabalho justa qualitativa e quantitativa.

    2.1.4. A SNDROME DEBURN- OUTSegundo o Ministrio da Sade do Brasil (2001), a sndrome do esgotamento

    profissional ou sndrome de burn-out a resposta ao estresse emocional e interpessoalprolongado e crnico no trabalho.

    O profissional antes muito envolvido afetivamente com seu trabalho e principalmente

    com seus clientes, sofre desgaste, perde a energia necessria para continuar e perde o sentidode relao com o trabalho, sentindo que qualquer esforo seu ser intil. Essa sndromeenvolve atitudes negativas quanto aos usurios, clientes e a prpria organizao do trabalho.

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    Pode estar suscetvel ainda a doenas fsicas, uso de lcool, outras drogas ou mesmo aosuicdio.

    Os profissionais da rea de servios e cuidados como trabalhadores da sade educao,policiais, assistentes sociais, agentes penitencirios so os que mais sofrem com estasndrome.

    A sndrome de burn-out caracterizada por: grande envolvimento com a profisso,chegando mesmo a ganhar um carter de misso; sentimento de vazio afetivo; insensibilizaocom o cliente (despersonalizao) e queixa de sentimento de incompetncia. (MINISTRIODA SADE DO BRASIL, 2001).

    2.1.5. O ESTRESSE TRAZENDO BENEFCIOSGeralmente se associa o conceito de estresse a idias desagradveis, porm algumas

    situaes de estresse podem ser benficas e conhecido como eustress e estimula a uma ao,tornando o indivduo produtivo. (MCLELLAN; BRAGG & CACCIOLA,1988).

    Bernardo & Dias (2004) colocam que a primeira funo do estresse para a vidahumana a prpria conservao da vida (ataque e fuga). Na vida selvagem ou primitiva a caae o caador, onde o estresse que possibilita essa sobrevivncia ou no, e nos dias de hoje afuga de um carro vindo em sua direo tambm pode fazer a diferena entre a vida e a morte.

    Segundo Arroba & James (1994), as presses so as somatrias de exignciasdepositadas no indivduo. O estresse a resposta a um nvel de presso inadequado. H umamedida de presso ideal para cada pessoa para no ocorrer o estresse, ele s se manifesta sobpresso alta ou baixa demais.

    H um nvel ideal de presso e este varia de pessoa a pessoa e nem sempre se pode

    mensur-lo. Quando esta presso comea a passar do ideal aparecem s tenses e o estressecausado pelo aumento de exigncias, a pessoa comea a gastar energia tentando aparentarcalma e equilbrio, mas a tenso e desconforto continuaro presentes. Portanto h um pontoideal de presso e estresse para tornar a atividade profissional satisfatria e motivante e eletem a medida exata para cada profissional. (ARROBA & JAMES ,1994).

    2.2. O TRABALHADOR DA SADEPara Bernardo & Dias (2004), o trabalho o que d sentido a vida em sociedade,

    onde se produz produtos ou servios com valor, para uso e melhoria da qualidade de vida detodos. Neste contexto, o trabalhador dono de sua fora de trabalho onde oscila entreemprego e trabalho.

    A organizao do tipo de trabalho em uma empresa ditada pela sua poltica, poder deorganizao dos trabalhadores, situao do mercado ou a tecnologia empregada. Dentro deuma organizao flexvel, percebe-se um aumento de autonomia para algumas categorias detrabalhadores, o trabalho em equipe, relaes de trabalho individualizadas, intensificao docontrole (autocontrole e cliente) e o trabalho invadindo o tempo livre (excesso de dedicao).(BERNARDO & DIAS, 2004).

    As relaes de disputa e poder no ambiente de trabalho so histricas. No ambiente detrabalho na rea da sade h uma disputa clssica de poder entre a medicina e enfermagem,pois seus objetivos se interagem. Nas equipes ainda h as disputas de gnero: entre homem emulher, de relaes afetivas: prestgio e subordinao; cincia e senso comum e classes

    sociais, entre outras. (OS DESAFIOS..., 2005)Especificamente na rea da sade h disputas entre vrios profissionais que atuam

    nela, como: Agentes Comunitrios de Sade e Auxiliares de Enfermagem, Auxiliares de

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    Enfermagem e Enfermeiros, Mdicos e Cirurgies Dentistas, Enfermeiros e Gerentes,Administradores e Mdicos, entre outros.

    Dentro deste emaranhado de conhecimentos e saberes, encontra-se o profissional desade para cuidar das pessoas, gerenciar os servios de sade e formular novos projetos afavor da vida. uma equipe muito dinmica, alternando entre momentos de desnimo,resistncia, criao e inovao.

    Portanto, a simples colocao de trabalhadores juntos num mesmo ambiente nocondiz necessariamente com uma equipe, eles precisam ser agenciados para se transformar emum modo de equipe para o trabalho.Essa equipe vai conviver com conflitos, onde apesarde existirem aspectos nocivos, evidenciam as diferenas para a produo de umahomogeneizao de pensamentos, dentro dela que o cliente ser acolhido. (OSDESAFIOS..., 2005)

    Para Benevides & Ribeiro (2005), acolher receber bem, ouvir, compreender esolidarizar-se com o acolhido. Nos servios de sade ainda deve-se respeitar o momentoexistencial de cada um, sabendo colocar os limites necessrios. Os profissionais da sade e aorganizao da sade devero responsabilizar-se pela interveno nas suas realidades deatuao.

    Deve-se procurar a promoo da sade com uma relao acolhedora e humanizada,tanto a nvel individual quanto coletivo. A equipe acolhedora usa da escuta, dilogo e respeitodo saber dos usurios. Constri vnculos para eliminar sofrimentos e perceber as reaisnecessidades dos clientes. (BENEVIDES & RIBEIRO, 2005)

    3. METODOLOGIAA metodologia possibilita uma escolha do caminho a seguir para se chegar a um

    objetivo que ser a possibilidade de resposta pergunta de pesquisa, e nesta busca, para estapesquisa foi usado o mtodo de pesquisa exploratria.

    Segundo Trpoli (1991 apud LAKATOS et al. 1975:42-71) a pesquisa de campo sedivide em trs grandes grupos que so: quantitativo-descritivo, exploratrio e experimental.

    Ainda segundo o autor citado, a pesquisa exploratria uma investigao empricapara formular questes ou problemas com as finalidades de desenvolver hipteses,familiarizar o autor com o objeto a ser pesquisado e clarear conceitos.

    3.1. AMOSTRAGEMConsiderando uma populao de 135 profissionais, para um nvel de confiabilidade da

    pesquisa de 95% e uma margem de erro de 7%, a amostragem foi composta por um total de 85profissionais, os quais foram selecionados aleatoriamente.

    Foram entregues os instrumentos a 123 colaboradores. Destes, 90 colaboradoresparticiparam efetivamente respondendo o questionrio e 5 questionrios foram descartadospelo seu no aproveitamento por alguma inconsistncia.

    A porcentagem de profissionais que compuseram a amostragem foi: 15% demotoristas, 9% de mdicos, 9% de balco, 10% de administrativo, 15% tcnico deenfermagem, 11% dentista, 6% auxiliar de dentista, 7% enfermeira e 18% agentes de sade,comunitrio e sanitrio.

    3.2. MATERIAL

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    Para coleta de dados foi desenvolvido um questionrio com perguntas fechadas edirecionadas, com 1 questo de varivel nominal onde buscou identificar as funes e, 9questes de variveis intervalares com uma escala likertde 5 pontos onde se tem: 5. concordototalmente; 4. concordo; 3. concordo parcialmente; 2. discordo e 1. discordo totalmente.

    Realizou-se uma aplicao piloto em 5 servidores e no havendo dificuldade alguma oinstrumento foi mantido.

    Para a questo de varivel nominal usou-se a seguinte escala numrica: 1. balco; 2.motorista; 3. mdico; 4. administrativo; 5. tcnico de enfermagem; 6. dentista; 7. agentessanitrios, de sade e comunitrios; 8. auxiliar de dentista e 9. enfermeira. J nas questes devariveis intervalares enumeradas de 1 a 9, buscou-se responder questionamentos com relaoa sintomas fsicos, motivacionais , de conflito ambiental, espao fsico e carga de trabalho.

    No questionrio houve tambm a preocupao de incluir uma carta de apresentaoonde se explicita o motivo da pesquisa, o carter sigiloso e a aprovao da Diretoria de SadeEstas medidas foram tomadas para o servidor se sentisse seguro e a vontade para responder asquestes.

    Aps a coleta de dados, houve a tabulao dos dados, utilizando-se de uma planilhaexcel e, realizou-se tratamentos estatsticos, tais como mdias aritmticas e desvio padro.

    Depois, elaborou-se um grfico de nvel de estresse por funo, onde o mximo depontos possveis nas respostas seria de 45. Para se chegar a este nmero, consideraram-se assituaes onde as respostas de um colaborador, ou seja, as 9, fossem respostas - concordototalmente, que tem peso 5. Multiplicando-se os dois valores chegou-se ao valor de 45 pontos,o que indicaria o nvel mximo de estresse. A partir da, este valor foi dividido em trs nveis,sendo: 0 a 15 nvel baixo, 16 a 30 nvel mdio e 31 a 45 nvel alto.

    3.3. PROCEDIMENTOSA aplicao da pesquisa aos servidores da sade, foi previamente autorizada e

    aprovada pela diretora e pela assessora de sade, onde mostraram inclusive interesse no usodos resultados para posterior aplicao.

    Aps a aprovao da aplicao da pesquisa pela Diretoria de Sade, a pesquisa foiiniciada com a colaborao de cada gerente de unidade.

    Depois de esclarecidos e motivados a colaborar com a pesquisa, estes gerentes levarampara suas unidades os questionrios e uma urna. Na Unidade, solicitou aos seus colaboradosque respondessem e o depositassem nas urnas, o que se deu em horrio normal de expediente.

    Estipulou-se o prazo de uma semana para a devoluo, sendo que houve necessidadede maior maleabilidade para alguns casos, para que no houvesse prejuzo pesquisa.

    Houve a preocupao de esclarecer que o instrumento seria usado somente para fins depesquisa, sendo todo o processo totalmente sigiloso e seus resultados usados sem anecessidade de divulgao de respostas pessoais. Esta idia foi reforada pela carta deapresentao inclusa no questionrio aplicado.

    Para se chegar aos resultados, houve a preocupao de aplicar os questionrios empoca anterior a que precede as eleies municipais, para que no ocorressem possveisconflitos de interesses, o que poderia prejudicar o andamento e resultados da pesquisa, oumesmo, haver influncias que pudessem distorcer as respostas do questionrio.

    Durante o andamento do processo de pesquisa, houve bastante colaborao de todos osprofissionais envolvidos no trabalho e a gerncia se interessou pelos resultados decorrentes dapesquisa.

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    4 RESULTADOS E ANLISESNeste captulo sero tratadas as anlises dos resultados encontrados nesta pesquisa

    com relao ao nvel de estresse.

    4.1. DADOS NOMINAIS

    FUNO

    9%

    15%

    9% 9%

    15%

    11%

    18%

    6%7%

    0%

    2%4%6%8%

    10%12%14%16%18%20%

    Balco

    Motorista

    Mdico

    Administrativo

    Tec.Enfermagem

    Dentista

    Agentecomunitrio/sade/san

    Aux.Dentista

    Enfermeira

    Figura 1: Porcentagem de funes analisadas

    Na figura acima observa-se que a maior participao foi por parte dos agentescomunitrios, sanitrios e da sade. Percebe-se que motoristas; tcnicos de enfermagem eagentes de sanitrios, comunitrios e de sade so as funes mais representativas na pesquisacom total de 48 %, sendo que os 52% restantes envolvem as 6 outras funes.

    A diferena entre a maior representatividade e a menor, de 12 pontos percentuais quese encontra entre os auxiliares de dentista e agentes.

    4.2. DADOS INTERVALARESNeste tpico sero apresentados os resultados referentes s questes intervalares.

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    Concordo

    9%

    ConcordoParcialmente

    23%Discordo

    22%

    ConcordoTotalmente

    7%

    DiscordoTotalmente

    37%

    No respondeu2%

    Figura 2: Apresento dor de cabea frequentemente

    O sintoma dor de cabea tem uma freqncia pouco representativa entre ostrabalhadores da sade pesquisados. Da amostragem, 59% no apresentaram o sintomafrequentemente, 23% no concordaram totalmente, enquanto apenas 16% mostraram tersentido efetivamente dores de cabeas freqentes, podendo inclusive advir de outros fatoresque no o estresse profissional.

    Considerando uma escala de 1 a 5, onde 5 significa concordo totalmente; 4, concordo;3, concordo parcialmente; 2, discordo e 1, discordo totalmente, a mdia obtida foi de 2,19.Isso significa dizer que no quesito avaliado, apresento dor de cabea frequentemente, a mdia

    ficou entre as categorias concordo parcialmente e discordo, tendendo mais para o discordo.No que diz respeito ao desvio padro de 1,29, demonstra muita disperso nas respostas

    dos pesquisados, ou seja, no houve unanimidade nas respostas.

    Concordo

    14%

    ConcordoParcialmente

    21%

    Discordo24%

    No respondeu1%

    DiscordoTotalmente

    29%

    ConcordoTotalmente

    11%

    Figura 3: Sinto-me sonolento e/ou cansado

    Os sintomas de sonolncia e canseira podem ocorrer com freqncia quando oprofissional se encontra estressado, mostrando sinais de esgotamento, inclusive podendocausar acidentes e doenas do trabalho.

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    Na figura nota-se certa diviso nas respostas, pois 53% discordam quanto a sentir-sesonolento e/ou cansado e 46% tem esta sensao pelo menos esporadicamente. Porm, quase50% de profissionais demonstrando sintomas de sonolncia ou cansao um percentual a seconsiderar. Assim, a varivel avaliada obteve uma mdia de 2,47 e um alto desvio padro de

    1,36.

    Concordo11%

    ConcordoParcialmente

    26%

    Discordo21%

    No respondeu1%

    DiscordoTotalmente

    26%

    ConcordoTotalmente

    15%

    Figura 4: No me sinto valorizado

    A valorizao de um profissional muito importante para sua satisfao e para efetuarsuas funes com prazer. Pesquisas indicam que esta valorizao no precisa ser

    necessariamente financeira.A questo da valorizao encontrada na pesquisa mostra que 47% dos servidores

    sentem-se valorizados, enquanto 52% sentem-se desvalorizados. Percebe-se que mais dametade sofre desta angstia no ambiente de trabalho, o que demonstra valor significativodeste problema, o qual deve ser dado ateno especial, visto que nem sempre a valorao dofuncionrio medida pelo salrio. A mdia dessa varivel ficou em 2,62 e o desvio padro em1,40, demonstrando divergncia nas opinies.

    Concordo14%

    ConcordoParcialmente

    19%

    Discordo21%

    No respondeu0%

    DiscordoTotalmente

    26%

    ConcordoTotalmente

    20%

    Figura 5: As poucas perspectivas de crescimento na carreira tm me deixado desmotivado

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    Uma questo singular no servio pblico a falta de perspectivas de crescimentoprofissional na instituio por no haver planos de carreira, ou mesmo quando da existnciadeles, serem vagos e pouco resolutivos.

    Diante desta realidade, vislumbra-se um quadro onde a maior parte dos servidores,53%, se diz desmotivado por no encontrar perspectivas de crescimento dentro da instituioe 47% que no se sentem afetados por isso, o que justifica a mdia de 2,78 para a varivel eum desvio padro de 1,48. Pelos motivos explicitados acima, pode-se encontrar a talvez a

    justificativa para as conhecidas acomodaes dos funcionrios pblicos e seu desinteresse emse doar mais sua funo.

    Concordo6% ConcordoParcialmente

    13%

    Discordo37%

    No respondeu

    1%DiscordoTotalmente

    36%

    ConcordoTotalmente

    7%

    Figura 6: Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas acima ou abaixo de minhascondies.

    Tarefas e atribuies no compatveis com a capacidade ou preparao do profissionalpodem ser motivo de desmotivao ou fadiga. Nota-se que este problema se mostra poucoatuante na instituio j que apenas 26% concordam com a pergunta e o total de 73% diz nosofrer deste fator de estresse. A varivel obteve em uma escala de 1 a 5, uma mdia de 2,05.Lembrando que quanto maior a mdia, maior os sintomas e quanto menor a mdia, significa a

    ausncia ou pequena presena do mesmo. O desvio padro de 1,19, mostra a diferena deopinies, no havendo unanimidade nas respostas.

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    VIII SEGeT Simpsio de Excelncia em Gesto e Tecnologia 2011 11

    Concordo

    6%

    ConcordoParcialmente

    11%

    Discordo38%

    No respondeu1%

    DiscordoTotalmente

    44%

    ConcordoTotalmente

    0%

    Figura 7: Normalmente tenho que me esforar para ir trabalhar

    Quando questionados com relao ao esforo para ir trabalhar, pode-se notar que amaioria no se sente assim, o que muitas vezes acontece quando o profissional est muitocansado ou com grande grau de insatisfao com seu trabalho. Nota-se que 82% doscolaboradores responderam discordar da questo e apenas 17% concordaram. Se comparadocom as variveis anteriores, observa-se que a mdia foi menor (1,73), sendo esse um aspectopositivo por demonstrar que os servidores no precisam se esforar para ir ao trabalho.

    J o desvio padro de 0,89, o mais baixo da pesquisa, demonstra que as opinies noforam to divergentes como das variveis anteriores.

    Concordo9%

    ConcordoParcialmente

    20%Discordo

    26%

    ConcordoTotalmente

    14%Discordo

    Totalmente31%

    No respondeu0%

    Figura 8: Sinto-me envolvido ou afetado por conflitos no ambiente de trabalho

    Geralmente, em todos os ambientes de trabalho h conflitos, seja onde o profissionalest envolvido direta ou indiretamente. Na figura acima observa-se que 57% dos servidoresdizem no se sentir afetados por conflitos e 43% diz se sentir afetado por conflitos noambiente de trabalho. Assim sendo, essa varivel obteve uma mdia de 2,48 e um desvio

    padro de 1,39.

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    Concordo

    8% ConcordoParcialmente

    16%

    Discordo

    33%

    Concordo

    Totalmente

    6%

    Discordo

    Totalmente

    36%

    No respondeu

    1%

    Figura 9: No me sinto confortvel no espao fsico onde atuoEssa varivel buscou avaliar o quanto o servidor se sente confortvel em seu espao

    fsico de trabalho e notou-se que 69% dos servidores se sentem confortveis e 30% dizem nose sentirem confortveis. Assim sendo, essa varivel obteve uma mdia de 2,10 e um desviopadro de 1,19, demonstrando as divergncias nas opinies dos servidores.

    Concordo

    9% Concordo

    Parcialmente

    12%

    Discordo

    37%

    Concordo

    Totalmente

    8%

    Discordo

    Totalmente

    33%

    No respondeu

    1%

    Figura 10: Sinto minha carga de trabalho excessiva

    Muitos profissionais tm sua carga de trabalho excessiva, o que causa a exausto peloritmo de trabalho no expediente normal, ou pelo excesso de horas extras. Ambas as situaespodem acarretar o estresse profissional.

    Na figura acima, nota-se que apenas 29% sente-se com uma carga excessiva detrabalho, justificando assim a mdia de 2,17. J com relao ao desvio padro de 1,26,demonstra a divergncia nas opinies dos servidores.

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    Balco

    Motorista

    MdicoAdministrativo

    Tec.Enfermagem

    Dentista

    Agentecomunitrio/sa

    Aux.Dentista

    Enfermeira

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Figura 11: Nvel de estresse por funo

    Deve-se citar novamente, antes de qualquer coisa, Arroba & James (1994), que dizhaver uma medida de estresse ideal para cada pessoa, aquela medida que torna o profissionalproducente e satisfeito com suas atividades.

    Conforme observa-se na figura acima, o nvel de estresse entre os diferentes cargosno so to significativos, porm nota-se que os servidores que atuam nos cargosadministrativos apresentam maiores sintomas se comparados aos demais cargos. Emcontrapartida os auxiliares de dentista foram os que menos apresentaram os sintomas deestresse. Os demais cargos oscilaram pouco, no tendo uma diferena significativa.

    Em uma anlise geral, pode-se dizer que os servidores avaliados apresentaram poucossintomas de estresse. Um ponto de ateno nessa avaliao est para as variveis queobtiveram as maiores mdias e consecutivamente so os sintomas mais presentes, sendo elas:o sentimento de desvalorizao e a falta de perspectiva de crescimento.

    Muito se fala e se questiona os rgos pblicos. Talvez se faa necessrio maispesquisas na rea para desmistificar os ditados do senso comum sobre o funcionalismopblico e principalmente sobre os profissionais da sade.

    5. CONSIDERAES FINAISO trabalho de pesquisa pde responder como se encontra o profissional da sade na

    instituio analisada, no que diz respeito ao estresse relacionado ao trabalho. De um modomais amplo, nota-se que os fatores estressantes mais atuantes nestes profissionais so os

    relacionados a questes motivacionais e de valorao do profissional.Diante do exposto e apesar de haver uma diferenciao entre a empresa pblica e a

    privada nas possibilidades de remunerao. Com este quadro em mos, a sugesto aosgestores agregar maior valor aos seus funcionrios, talvez criando planos de carreira,treinamentos e delegando maiores responsabilidades.

    Aps seu trmino houve mudana da gerncia, mas estes tambm se mostraramsimpticos a ela e ao aproveitamento de seus resultados.

    Durante todo o processo da pesquisa, pude perceber minha mudana de perspectivacom relao viso de pesquisa, tanto bibliogrfica quanto de campo. Adquiri um novo olhar,

    mais cientfico e criterioso em relao aos problemas que permeiam o ambiente de trabalho.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASARROBA, T. & JAMES, K. Presso no trabalho: Um guia de sobrevivncia para gerentes eexecutivos. 2. ed. So Paulo: Makron Books, 1994. 274 p.

    BENEVIDES, R. & RIBEIRO, E. M. Humanizao: Compartilhando compromissos emprol da sade pblica brasileira. In: Plo de Educao Permanente do Leste Paulista, 2005.guas de Lindia. Campinas, SP: NUDRHES, 2005, 4p.

    BERNARDO, M. H. & DIAS, M. D. A. Riscos relacionados organizao do trabalho esuas conseqncias. Curso de atualizao em sade do trabalhador e sade ambiental.UNICAMP. Agosto a Outubro 2004.

    CARVALHO, A. V. & SERAFIM, O. C. Administrao de recursos humanos.So Paulo:Thomson Pioneira, 1995, v.2. 212 p.

    DEJOURS C. A. Loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. So Paulo:Obor Editorial, 1987,163 p.

    FERREIRA, A. B. H. Dicionrio Aurlio bsico da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: NovaFronteira, fascculos Folha de So Paulo, outubro de 1994 a fevereiro de 1995. p 279 e 344.

    LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia cientfica. 3. ed. SoPaulo: Atlas, 1991, p. 187 - 188.

    MCLELLAN, T.; BRAGG, A.; CACCIOLA, J. Tudo sobre drogas: ansiedade e stress.SoPaulo: Nova Cultural, 1988.

    MINISTERIO DA SADE DO BRASIL. Doenas relacionadas ao trabalho: manual deprocedimentos para os servios de sade. Edio. Braslia, DF: Ministrio da Sade, 2001.p.191 194.

    OS DESAFIOS de estar na vida com os outros e a construo do trabalho de sade emequipe. In: Plo de Educao Permanente do Leste Paulista, 2005. guas de Lindia.Campinas, SP: NUDRHES, 2005. 5 p.