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E m n a t a l / r n
INSTItuiçãod e l o n g a p e r m a n ê n c i a
Anteprojeto De uma
Natal, Junho 2017MARIA VITÓRIA COSTA
P A R A I D O S O S
ANTEPROJETO DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS EM
NATAL/RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MARIA VITÓRIA BANDEIRA DE MELO COSTA
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque
Natal, 2017.1
MARIA VITÓRIA BANDEIRA DE MELO COSTA
ANTEPROJETO DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS EM
NATAL/RN
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Glauce Lilian Alves de Albuquerque Professora Orientadora
_________________________________________________
Edna Moura Pinto Avaliador interno – UFRN
__________________________________________________
Eudja Maria Mafaldo de Oliveira Avaliador externo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT
Costa, Maria Vitória Bandeira de Melo. Anteprojeto de uma instituição de longa permanência para
idosos em Natal-RN / Maria Vitória Bandeira de Melo Costa. - Natal, 2017.
96f.: il.
Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo.
Orientadora: Glauce Lílian Alves de Albuquerque.
1. Lar para idosos - Arquitetura - Monografia. 2. Terceira
idade - Habitação para idosos - Monografia. 3. Espaço geriátrico
- Monografia. I. Albuquerque, Glauce Lílian Alves de. II. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 725.56
À minha preciosa avó, Terezinha Bandeira de Melo Costa
AGRADECIMENTOS
Primeiramente eu gostaria de agradecer a mim
mesma pela paciência e dedicação que eu tive em toda essa
trajetória desde o primeiro dia do curso, por acreditar que eu
conseguiria, por todas as renúncias pertinentes que foram
feitas até hoje, mas também por ter sempre me programado
para não perder um só Carnatal. Agradecer também por
nunca ter compactuado e nem prosseguido com nada que
tirasse a paz e comprometesse de alguma forma a minha
sanidade. Vocês sabem que esse curso não é dos mais
simples, e que realmente, tem que respeitar.
Dito isso, os agradecimentos agora vão para os meus
professores. Sem vocês, obviamente, nada disso seria
possível. Obrigada pelas noites que vocês passam
preparando aulas, pesquisando e estudando diversos livros,
idealizando atividades e corrigindo trabalhos imensos (que,
vale lembrar, vocês mesmos passam...). À Renato Medeiros,
não é segredo pra ninguém que você é o meu professor
preferido, e não há dúvidas quanto a isso, que me ensinou
que a relação entre o professor e aluno fica muito mais leve
se houver uma amizade, e aumenta significativamente o
interesse pela matéria ministrada, mesmo que esta seja de
Tecnologia da Construção.
À minha orientadora, Glauce Lilian, que todas as
quintas estava às 9h da manhã no Galinheiro me esperando
para tirar todas as minhas dúvidas e acalmar meu
coraçãozinho de quem achava que ia dar tudo errado, com
a maior paciência do mundo. Obrigada por me fazer pensar
e, de alguma forma, me provar que eu tenho a capacidade
de resolver os problemas que precisam ser enfrentados, sem
desesperos.
Seguindo a ordem dos fatores, queria agradecer ao
único arquiteto da minha família, que se formou 1 ano antes
de mim, mas que sempre me ajudou em tudo que eu precisei.
Pode entrar, Mateus Cândido. Você sempre esteve aí pra tudo
que eu precisasse, fosse dicas sobre o vestibular (a lenda do
0,5 na discursiva de história), sobre os professores, e
principalmente parceria pra farra. Enfim, obrigada por trazer
um pouco de casa pra UFRN e por cada “Vamo? VAMO”.
Agora, os agradecimentos são destinados aos meus
amigos. Primeiro eu queria pedir desculpas pelo fato de ter
ficado um tanto quanto ausente para a maioria de vocês, e
agradecer por vocês entenderem que, nesse momento, os
meus velhinhos tinham de ser prioridade pra mim.
Ao meu grupinho lindo de estágio, as Escraviárias,
onde eu sou o bendito fruto de arquitetura nesse ninho de
estudantes de engenharia civil. Obrigada Rayssa, Jesk,
Silvinha, Duda, Lírcia e Vanessa por, cada uma do seu
jeitinho, terem me acolhido tão bem e criado essa amizade
linda. Por todas as farras com muito FitDance e muitas provas
do “Supere-se” no meio delas, mas também por me salvarem
várias vezes nos meus trabalhos e por me ensinarem que a
relação arquiteto e engenheiro, além de ser extremamente
importante, pode ser muito fácil e leve.
Às minhas melhores amigas das três fases da escola.
Laís desde o maternal, Alice do Ensino Fundamental, e Baby
do Ensino Médio. À estas eu agradeço pelos momentos de
descontração, de engorda e de jogos de tabuleiro. Não existe
sushi e nem partidas de Jogo da Vida suficiente pra nós, amo
demais cada uma de vocês.
Agora os agradecimentos vão para as que passaram
por tudo isso junto comigo, do começo ao fim. À Juliana e à
Rute, que foram meu trio por muito tempo até o Ciências sem
Fronteiras, cada trabalho integrado, cada resumo de HTAU
e noites viradas e almoços na casa de Rute estão guardadas
na minha memória, assim como vocês duas. Às meninas do
Baile de Favela, obrigada por todos os momentos de
desespero compartilhado, por todas as dúvidas debatidas e
por toda a preocupação e carinho que uma tem pela outra.
Vai dar certo, amigas, a gente tá quase lá!!
Apesar da importância de todas estas, dentre elas, eu
preciso agradecer diretamente à Nana, Kelly e Lana. Todo
mundo que me conhece sabe o quanto Nana é importante
na minha vida e no curso, e à ela eu queria agradecer por
essa amizade incrível que a gente tem, por todos os
transtornos que começam com “Já posso chamar o Uber?”
ou com “Sambinha hoje?”, pelas conversas sem pé nem
cabeça que começam das formas mais aleatórias (e
desconhecidas) possíveis, e por ela estar sempre disposta à
ajudar e a se fazer presente.
À maior parceira desse TFG eu não vou conseguir
descrever em palavras como foi importante nós duas juntas,
em várias tardes e noites, apoiando e reclamando sobre a
vida uma pra outra. Talvez eu consiga te agradecer o
suficiente comprando mil catuabas açaí ou, sei lá, me
comprometendo em nunca mais comer banana na vida. À
você, Kelly, que conhece o meu projeto tanto quanto eu e
minha orientadora, muito obrigada pela sua amizade, pelo
seu tempo, por ter segurado a minha mão com tanta força e
sem soltar durante esse semestre, e por tantos “VDS” que
aparentemente se transformaram num grande “JDS”.
À Lana, eu agradeço pela aproximação enorme que
aconteceu esse semestre, pelas conversas quilométricas
cheias de prints, por me ajudar a resolver o reservatório do
meu trabalho, por ser essa pessoa tão calma que me traz
tanta paz, e como não poderia ser diferente, pela viagem de
Salvador. A viagem mais incrível desse semestre de caos, que
depois de muito dar errado, desafogou um pouco a nossa
cabeça desse trabalho e nos renovou para continua-lo.
Falando em Bahia, não se pode deixar de agradecer
à pessoa que, apesar de estar a 1.090km de distância e de
ter aparecido só esse semestre, sempre fez questão de se
manter o mais presente possível. Mesmo sem você entender
nada sobre o meu curso, sobre o que era o meu trabalho,
você deixou tudo mais fácil de levar só com as nossas
conversas. Obrigada por se preocupar em perguntar como
andava o meu “tê cê cê”, mas mais obrigada ainda por, na
maior parte do tempo, só me distrair conversando besteira.
Acabei de escrever um parágrafo só pra você, Ricardo, CE
ACREDITA?
Por falar em gente fisicamente distante, queria
agradecer os meus amigos Thamyres, Gledson e Levi por
manterem nossa relação viva mesmo com toda a distância
que existe. Vocês são um dos encontros mais certos que eu já
tive nessa vida. À Jesse, que parece que se preocupou mais
do que eu mesma com esse trabalho e me mandava,
diretamente dos Estados Unidos, vários links e materiais
relevantes para o meu projeto. Além disso, obrigada também
por não saber lidar muito bem com a diferença de fuso
horário e me mandar muitos áudios com músicas de
sertanejo na madrugada. É muito bom saber que você agora
é um apreciador assíduo desse estilo de música maravilhoso.
Obrigada às duplas Henrique e Juliano, Bruninho e
Davi, Henrique e Diego, Zé Neto e Cristiano, Jorge e Mateus,
Matheus e Kauan, Simone e Simária, Maiara e Maraísa,
George Henrique e Rodrigo, João Bosco e Vinícius, e aos que
enfrentam essa trajetória sozinhos, Lucas Lucco, Israel
Novaes, Luan Santana, Thiago Brava, Leo Santana, Marília
Mendonça e Wesley Safadão. Estes estão em todos os
momentos nesse projeto, em cada linha feita no AutoCAD,
sem eles eu teria ido dormir às 22h todos os dias e,
provavelmente, não teria conseguido entregar o trabalho no
prazo estipulado.
Por último gostaria de agradecer à toda minha
família, mas mais especificamente à minha mãe e à minha
irmã.
Não sei nem como começar a agradecer à minha
pessoa preferida no mundo inteiro. Ju, muito obrigada por
ser a pessoa que você é pra mim, eu sinceramente não tenho
noção de como eu consegui viver tanto tempo sem você na
minha vida. Obrigada por todas as vezes que você entrou no
meu quarto só pra deitar na minha cama enquanto eu estava
na computador, ou até mesmo quando você vinha com um
edredom pra gente dormir “juntamiga”, mesmo que eu só
desligasse o computador e a luz de madrugada. Obrigada
também por escutar todas as minhas histórias malucas, por
me aguentar estressada muitas vezes, por me acobertar nas
situações mais diversas e por ser minha confidente que,
apesar de tão nova, é o meu porto seguro pra todas as
situações da vida. Obrigada por ser tão presente. Tamo
junta, Jujubola.
À minha mãe, Cláudia, obrigada por toda confiança
que você tem em mim, por toda a liberdade que você sempre
me deu, por todas as vezes que você brigou comigo por
causa da minha alimentação e também por todas as vezes
que você me chamou pra tomar uma gela. Obrigada por
todas as vezes que você disse “O café tá pronto!”. Por todas
as vezes que você só ficou parada na porta do meu quarto
me olhando fazer o trabalho, dizendo que queria construir a
minha proposta, me perguntando se estava tudo bem, e se
poderia me ajudar. Tudo isso significou muito mais do que
você pode imaginar. Você é um exemplo de pessoa, de
mulher e de mãe e todo esse meu esforço é pra conseguir me
tornar pelo menos metade do que você representa pra mim
e pra minha irmã.
RESUMO
O envelhecimento da população, tanto no Brasil como em todo mundo, vem se tornando uma realidade nos dias atuais. De acordo com dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas acima de 60 anos de idade duplicou entre os anos de 1991 e 2011. A tendência do envelhecimento da população já vem sendo notada pelo Censo desde o ano de 2002. Esta mudança vem sendo comprovada por diversos fatores, principalmente pelos resultados alcançados entre comparações de dados quantitativos sobre o assunto. De acordo com o Censo, a participação do grupo de até 24 anos decaiu cerca de 10% em 10 anos, e a idade média da população brasileira passou de 29,4 anos para 33,1 neste mesmo intervalo, fortalecendo ainda mais a conjectura do envelhecimento populacional no Brasil. Além disso, a marginalização do idoso na sociedade é um fato e há a necessidade óbvia de uma discussão sobre o assunto e da criação de um espaço que os acolha da melhor maneira possível. O fato é que a dinâmica social vem sendo desmontada e reconstruída, como sempre foi e sempre vai ser, e precisa ser analisada para ser entendida e enfrentada. Precisa-se, principalmente, desfazer os preconceitos e estereótipos acerca da velhice para que se possa enfrentar o futuro da sociedade de maneira ciente. Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é elaborar um anteprojeto de um Instituição de Longa Permanência para idosos na cidade de Natal no Rio Grande do Norte que venha atender a esta crescente demanda. Para sua elaboração foi adotada como metodologia o estudo referencial teórico através de livros, reportagens e dados do IBGE sobre o assunto, além do estudo referencial prático direto, com visita ao Instituto Juvino Barreto e da análise formal e funcional dos projetos referenciais indiretos. Assim, foi proposto equipamento contendo 3 blocos edificados, que oferecerão moradia aos idosos, com apoio médico, de lazer e espiritual.
Palavras-Chave: Terceira Idade; Habitação para Idosos; Espaço Geriátrico;
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Entrada do instituto Juvino Barreto................................ 26
Figura 2 - Localização do Instituto Juvino Barreto ....................... 26
Figura 3 - Área dos apartamentos em uso atualmente ................ 28
Figura 4 - Estacionamento interno .................................................. 28
Figura 5 - Guarita .............................................................................. 28
Figura 6 - Praça aos fundos da Instituição ..................................... 29
Figura 7 - Horta comunitária ........................................................... 29
Figura 8 - Área para eventos ........................................................... 29
Figura 9 - Corrimãos fora de norma nos corredores de circulação
.............................................................................................................. 30
Figura 10 - Área médica com consultórios .................................... 31
Figura 11 - Igreja interna da Instituição ......................................... 31
Figura 12 - Refeitório em reforma ................................................... 31
Figura 13 - Área de preparo dos alimentos .................................. 32
Figura 14 - Área de lavagem dos equipamentos e dos alimentos
para ..................................................................................................... 32
Figura 15 - Localização do De Ronding ......................................... 33
Figura 16 - Aberturas zenitais em ambos os pavimentos ............ 34
Figura 17 - Corredor de passagem e convívio da edificação e
área privada aos fundos ................................................................... 34
Figura 18 - Planta do apartamento ................................................. 35
Figura 19 - Interação com o exterior .............................................. 35
Figura 20 - Localização do Retirement Living Richmond Woods 36
Figura 21 - Fachada principal do Richmond Woods e área de
convívio ................................................................................................ 36
Figura 22 - Área de biblioteca e piscina indoor ............................ 37
Figura 23 - Planta baixa das suítes ................................................. 38
Figura 24 - Regiões administrativas do município de Natal ........ 39
Figura 25 - Bairro Dixsept Rosado e seus bairros vizinhos .......... 40
Figura 26 - Localização do lote escolhido e as paradas de ônibus
mais próximas .................................................................................... 41
Figura 27 - Dimensões totais do terreno escolhido ...................... 41
Figura 28 - Mapa de uso do solo do entorno................................ 42
Figura 29 - Mapa de gabarito do entorno ..................................... 42
Figura 30 - Fotos da Rua dos Potiguares a partir do terreno ...... 43
Figura 31 - Curvas de nível do terreno escolhido ......................... 44
Figura 32 - Fotos do terreno ............................................................ 44
Figura 33 - Rosa dos ventos da cidade de Natal .......................... 45
Figura 34 - Ventilação predominante da cidade de Natal
aplicada ao terreno ........................................................................... 46
Figura 35 - Trajeto do Sol da cidade de Natal aplicado ao
terreno ................................................................................................. 46
Figura 36 - Análise da insolação o terreno pela Carta Solar de
Natal .................................................................................................... 47
Figura 37 - Cadeira de balanço de palha ..................................... 53
Figura 38 - Trama de palha ............................................................. 54
Figura 39 - Evolução formal e zoneamento ................................... 56
Figura 40 - Proposta 01 .................................................................... 56
Figura 41 - Proposta 02 .................................................................... 57
Figura 42 - Proposta 03 .................................................................... 58
Figura 43 - Pavimento térreo do Bloco I ......................................... 64
Figura 44 - Primeiro pavimento do Bloco I .................................... 64
Figura 45 - Segundo pavimento do Bloco I ................................... 64
Figura 46 - Área de lazer no pavimento térreo do Bloco II ......... 66
Figura 47 - Área voltada para atividades de lazer no primeiro
pavimento do Bloco II ........................................................................ 68
Figura 48 - Área ambulatorial no pavimento térreo do Bloco II . 68
Figura 49 - Área admnistrativa e de descanso médico do primeiro
pavimento do Bloco II ........................................................................ 70
Figura 50 - Jardim interno criado entre o protetor solar e a
edificação ............................................................................................ 71
Figura 51 - Planta baixa do Bloco III ............................................... 73
Figura 52 - Cobogó conceito no Bloco 1 ....................................... 79
Figura 53 - Cobogós conceito no Bloco 2 ...................................... 79
Figura 54 - Configuração de corrimãos em rampas e escadas .. 80
Figura 55 - Altura da bacia sanitária e das barras de
acessibilidade ..................................................................................... 81
Figura 56 - Vista superior, lateral e frontal do BWC acessível .... 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Faixa etária da população de Natal, do Rio Grande
do Norte e do Brasil ........................................................................... 19
Tabela 2 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor .............. 48
Tabela 3 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor .............. 49
Tabela 4 - Relação entre espessura e isolamento térmico da
espuma rígida de poliuretano .......................................................... 75
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................... 14
1. O ANCIÃO EM TEMPOS DE ANSIEDADE .............................. 17
1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO ............................ 17
1.1.2. PORQUE A POPULAÇÃO ESTÁ ENVELHECENDO? .. 19
1.2. PARTICIPAÇÃO DO IDOSO NA SOCIEDADE ............... 21
ATUAL .............................................................................................. 21
1.2.1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA .......................................... 22
2. LARES FORA DE CASA ............................................................... 26
2.1. DIRETO ................................................................................ 26
2.1.1. INSTITUTO JUVINO BARRETO ................................. 26
2.2. INDIRETOS .......................................................................... 32
2.2.1. DE RONDING – HOLANDA ..................................... 32
2.2.2. RETIREMENT LIVING RICHMOND WOODS
INGLATERRA ............................................................................... 36
3. BASES PROJETUAIS ....................................................................... 39
3.1. ESCOLHA DA ÁREA E DO TERRENO .................................. 39
3.1.1. O TERRENO .................................................................... 40
3.2. CONDICIONANTES .............................................................. 43
3.2.1. TOPOGRAFIA .................................................................. 43
3.2.2. ANÁLISE BIOCLIMÁTICA ............................................... 45
3.2.3. LEGISLAÇÃO VIGENTE.................................................. 47
3.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-
DIMENSIONAMENTO ................................................................... 51
4. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ......................................... 53
4.1. CONCEITO ............................................................................ 53
4.2. PARTIDO ................................................................................. 55
4.3. EVOLUÇÃO FORMAL E ZONEAMENTO ............................ 56
5. PROPOSTA FINAL .......................................................................... 59
5.1. IMPLANTAÇÃO ...................................................................... 59
5.2. OS BLOCOS ........................................................................... 63
5.2.1. BLOCO I – RESIDENCIAL .............................................. 63
5.2.2. BLOCO II – SAÚDE, LAZER E ADMNISTRAÇÃO ........ 65
5.2.3. BLOCO III – SERVIÇOS E FUNCIONÁRIOS ............... 72
5.3. ESPAÇO PARA EVENTOS E HORTA COMUNITÁRIA ........ 75
5.4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ............................................... 78
5.4.1. SISTEMA CONSTRUTIVO .............................................. 78
5.4.2. COBOGÓ CONCEITO ................................................. 78
5.4.3. ACESSIBILIDADE ............................................................. 79
5.4.4. ESTACIONAMENTO ...................................................... 81
5.4.5. RESERVATÓRIOS ............................................................ 82
6. PERSPECTIVAS ................................................................................ 84
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 84
REFERÊNCIAS...................................................................................... 85
INTRODUÇÃO
É inegável que o envelhecimento da população já é um
fato do cenário atual da sociedade em escala mundial.
Pesquisas mostram, em números, a velocidade em que este
fenômeno se tornou realidade e como se tonou em algo que
não se trata mais de apenas uma previsão.
Variáveis como os avanços da medicina, a urbanização e
a preocupação com a saúde e bem estar do idoso conferem
aos mesmos o crescimento e, consequentemente melhora, na
sua expectativa e qualidade de vida.
Apesar de sua dominância em grande porcentagem
populacional, a terceira idade ainda não recebe toda a
importância e o cuidado que deveria. O número de idosos
negligenciados é alarmante e isso implica na marginalização
do mesmo perante a sociedade.
A violência contra o idoso, na qual se inclui a questão da
negligência, é algo bastante recorrente. Além de não serem
“casos isolados”, geralmente a violência é cometida por
membros componentes de sua estrutura familiar, o que de
fato é algo revoltante e digno de atenção. Ainda assim,
mesmo com todos esses fatores, o preparo da sociedade
frente a esta realidade deixa a desejar. O Brasil, por sua vez,
não difere desta realidade.
Se o idoso não está seguro, muitas vezes em sua própria
residência, de que forma este pode aproveitar a fase da vida
que deveria ser apenas de lazer e descanso?
Trazendo para a realidade mais próxima, o espaço para
a terceira idade no Estado do Rio Grande do Norte é tão
precária, que o mesmo foi condenado em 2014 à construir
um lar para idosos, sendo passível de multa, pois o Estado
detém a responsabilidade de amparar a população idosa
residente dentro de seus limites.
Atualmente a cidade de Natal conta com cerca de 10
asilos, dentre os quais se pode citar o Instituto Juvino Barreto,
o Lar da Vovozinha, o Lar do Ancião Evangélico (LAE) e a
Casa de Idosos Feliz Idade. Estes variam entre instituições de
iniciativa privada, algumas de cunho filantrópico e até
mesmo patrocinadas pelo Governo Federal. A maioria destes
lares encontram-se superlotados, sua estrutura não condiz
com as necessidades do usuário no que diz respeito à
arquitetura inclusiva, e devido a isso, muitos idosos deixam
de ser assistidos e são privados de uma boa qualidade de
vida e um envelhecimento com dignidade.
A necessidade de se criar um espaço que proporcione
qualidade de vida para os que a sociedade esqueceu ou
tratou de maneira hostil. Como já foi dito anteriormente, o
número de idosos só tende a crescer concomitantemente com
a negligência para com eles, e a necessidade de existir um
espaço onde estes recebam a devida atenção e tratamento
torna-se – ou deveria tornar-se – uma prioridade.
Inserido nesse quadro, este trabalho final de graduação
(TFG) propõe uma Instituição de Longa Permanência para
Idosos, que ampare principalmente os residentes da grande
Natal, a ser implantado no bairro de Dix-Sept Rosado na
cidade de Natal/RN.
Englobando diversos ramos projetuais já estudados no
decorrer do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN – tais
como os segmentos de apoio médico, de incentivo à cultura,
espaços de convivência e de moradia – o referente projeto
ainda prioriza a questão da acessibilidade nas edificações.
Mesmo tendo ciência das limitações motoras enfrentadas
por esse público, a maioria das Instituições voltadas para o
idoso – especialmente as públicas e/ou filantrópicas – sofrem
desta carência pelos mais diversos motivos. Pode ser
explicado pelo fato de se apresentar uma demanda cada vez
maior, pela cultura de reuso de locais sem as devidas
adequações, ou até mesmo por contenção de gastos.
A opção por este tema ainda pode ser explicada pelo
desejo de exaltar o impacto que arquitetura exerce na
reestruturação da sociedade e de como esta tem uma
significativa influência na garantia do bem-estar de seus
usuários.
A fim de alcançar o objetivo geral do trabalho, alguns
objetivos específicos foram traçados: Identificar e entender as
principais dificuldades enfrentadas pelo idoso na vivência em
um ambiente construído, principalmente no que diz respeito
às questões de acessibilidade; Adotar uma forma
arquitetônica que seja visualmente permeável, atraindo a
sociedade a fim de proporcionar uma interação e reinserção
social dos longevos; Criar um espaço que seja seguro para
os seus usuários e que se manifeste como um local acolhedor
para os mesmos, visto que este será seu lar e, de certa forma,
contribuir para a discussão sobre a questão do
envelhecimento na sociedade atual.
Este TFG é dividido em duas partes: um memorial
descritivo do projeto e a proposta gráfica do mesmo. O
memorial em si divide-se em 6 partes, cada parte com suas
respectivas e pertinentes subdivisões. Sua primeira parte é
voltada principalmente para a contextualização da
problemática abordada, com aprofundamento teórico sobre
o tema, além de dados quantitativos pertinentes relativos ao
assunto.
Em sequência, seguem os estudos de referência, tanto
diretos como indiretos, afim de entender as questões
relacionadas ao fluxo, à forma e as necessidades do público
ao qual o projeto beneficiará. Após isso, serão apresentados
o terreno escolhido, bem como suas condicionantes
projetuais, o programa de necessidades e seu pré-
dimensionamento; a seguir, explana-se o conceito do
projeto, seu partido e sua evolução formal e da implantação
a partir da setorização definida. Por fim, tem-se a descrição
e imagens da proposta final, bem como suas especificações
técnicas.
A proposta gráfica é composta por desenhos técnicos,
onde estarão representadas as plantas baixas, plantas de
cobertura, cortes e fachadas dos blocos, além da sua
implantação.
1. O ANCIÃO EM TEMPOS DE ANSIEDADE
1.1. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
Primeiramente, faz-se necessária a definição do conceito
e do significado do termo “idoso”. De acordo com o
dicionário Aurélio, a palavra “idoso” é definida como “que
ou quem tem idade avançada”. Já a Organização Mundial
da Saúde (OMS) (2002) define idoso a partir da idade
cronológica1, estabelecendo 60 anos ou mais para países em
desenvolvimento e 65 anos ou mais para países
desenvolvidos. Para fins mais precisos, obedecendo a
classificação do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que
o Brasil pertence ao grupo de países em desenvolvimento, a
Política Nacional do Idoso (PNI) e o Estatuto do Idoso definem
idoso como um indivíduo com idade superior a de 60 anos.
Sabe-se que a população brasileira vem envelhecendo
durante os últimos anos. Segundo Flávio Chaimowicz (1997),
a população brasileira está envelhecendo desde a década de
60, quando houve a queda das taxas de fecundidade que
1 Idade cronológica considera apenas a quantidade de dias de vida, ao contrário de idade biológica, que leva diversos fatores em consideração, como quantidade e qualidade da massa óssea, por exemplo.
alteraram significativamente as pirâmides de faixa etária,
estreitando sua base.
“Somente a partir de 1960, com o declínio
da fecundidade em algumas regiões mais
desenvolvidas do Brasil, iniciou-se o processo
de envelhecimento populacional. (...) Se no
início do século a proporção de indivíduos
que conseguia alcançar os 60 anos se
aproximava de 25%, em 1990 ela superava
78% entre as mulheres e 65% entre os
homens; a esperança de vida ao nascer
então já ultrapassava os 65 anos”
(CHAIMOWICZ, Flávio)
De acordo com dados mais recentes obtidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de
pessoas acima de 60 anos de idade duplicou entre os anos
de 1991 e 2011. O resultado obtido pela Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que, em 2013, as
pessoas que atingiram a Melhor Idade eram representadas
por 26,1 milhões dos brasileiros, cerca de 13% da população
em sua totalidade.
A tendência do envelhecimento da população já vem
sendo exaltada pelo Censo desde o ano de 2002. Esta
mudança vem sendo comprovada por diversos fatores,
principalmente pelos resultados alcançados entre
comparações de dados quantitativos sobre o tema. De
acordo com o Censo, a idade média da população brasileira
passou de 29,4 anos para 33,1 entre os anos de 2002 e
2012, fortalecendo ainda mais a conjectura do
envelhecimento populacional no Brasil.
Ainda segundo o IBGE, o número de idosos no Brasil vai
quadruplicar até o ano de 2060. Previsões desta natureza
incentivam a tomada de medidas necessárias para que o país
se capacite e não enfrente maiores problemas no momento
em que este prognóstico se tornar realidade.
Trazendo para o universo de estudo em questão, as
estatísticas sobre o envelhecimento da população no Rio
Grande do Norte não são diferentes das encontradas para o
Brasil. Comparando dados entre o mesmo período, ainda
utilizando dados fornecidos pelo IBGE – de 2001 e 2011 – o
número de idosos aumentou em 52% no estado, e alcançou
o número de 253 mil pessoas com idade igual ou superior a
60 anos.
Em Natal os números não são destoantes do parâmetro
encontrado até o momento. A população de Natal em 2007,
de acordo com o IBGE, é de 803.739 habitantes, onde
segundo da mesma fonte, o número de pessoas acima de 60
anos é de 83.939, cerca de 10% do total da população
natalense. Considera-se que atualmente o número de idosos
é ainda maior do que o indicado, visto que estamos 6 anos
afrente dos dados mais atualizados disponível, e a tendência
é apenas o crescimento do mesmo.
Tabela 1 – Faixa etária da população de Natal, do Rio Grande do Norte e do Brasil
Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2010;
1.1.2. PORQUE A POPULAÇÃO ESTÁ ENVELHECENDO?
Como foi explanado no tópico anterior, o
envelhecimento da população mundial é um fato
comprovado. São diversos fatores, que somados, foram e
continuam sendo responsáveis por esse contexto.
Há 40 anos atrás no Brasil, houve uma migração das
pessoas que costumavam morar na área rural para a cidade,
e essa mudança causou uma redução significativa nas taxas
de natalidade. O geógrafo político francês radicado no
Brasil, Hervé Théry, explica que isso se deve ao fato de que
um filho no campo se equivale à mão de obra, enquanto que
na cidade um filho representa um custo. Portanto, com a
redução da taxa de natalidade que se tornou e permanece
realidade, é inevitável que a população fique cada vez mais
velha.
Atrelado a este fator, por um lado temos os avanços
da medicina que permitem o planejamento da família, com
os mais diversos métodos contraceptivos formulados e
disseminados, que reduzem significativamente a taxa de
natalidade. No Brasil, o principal método contraceptivo
utilizado pelas mulheres – o anticoncepcional –, começou a
ser vendido no ano de 1961 e a partir desse momento, outros
métodos passaram a ser conhecidos e comercializados. O
impacto desta mudança pode ser exemplificada por dados
do IBGE, de que nos anos de 1960 as mulheres brasileiras
tinham uma média de 6,3 filhos, e atualmente essa média é
de 2,3 filhos, abaixo da média mundial, que é de 2,6.
Por outro lado, temos os avanços médicos que são os
principais responsáveis pelo aumento da probabilidade de
atingir e viver a Melhor Idade, através da prevenção,
acompanhamento e/ou cura de doenças, reduzindo
significativamente a taxa de mortalidade. Doenças com taxa
de óbito elevada, como a febre amarela, AIDS e o Mal de
Alzeimer passaram a ser diagnosticados, tratados e
prevenidos, reduzindo de forma drástica o índice de
mortalidade.
O crescimento vegetativo e a migração são dois
fatores responsáveis pelo crescimento populacional de um
local, sendo o primeiro a relação entre os índices de
natalidade e mortalidade. Conforme estimativas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2050, a
população brasileira será de aproximadamente 259,8
milhões de pessoas. Nesse mesmo ano a taxa de crescimento
vegetativo será de 0,24, bem diferente da década de 1950,
que apresentou taxa de crescimento vegetativo positivo de
2,40%. Sendo assim, apesar de a população continuar
aumentando, as porcentagens de crescimento estão
despencando.
Somado a todos esses fatores, existe atualmente os
cuidados e a preocupação com a saúde, que antes não
existiam. Sabe-se que a prática da atividade física é de suma
importância na manutenção do corpo e da saúde. Ao exercitar-
se na Melhor Idade, existem diversos benefícios que podem ser
alcançados, como foi apresentado por SOUZA (2010).
“(...) exercício físico (...) melhora da
velocidade de andar; melhora do equilíbrio;
aumento do nível de atividade física
espontânea; melhora da autoeficácia; na
contribuição na manutenção ou no aumento
da densidade óssea; ajuda no controle da
diabetes; artrite; doença cardíaca; melhora
na ingestão alimentar; diminuição da
depressão” SOUZA (2010).
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de
Academias (Acad), os idosos representam um terço das pessoas
matriculadas em academia no Brasil. Em números, atinge a
quantidade de 1,8 milhões o que há 10 anos atrás não chegava
aos 300 mil.
“Assim, a nova velhice da
contemporaneidade abarca o novo ser
idoso, mas ativo, mais independente e
interrelacionado à vida moderna. A nova
concepção de idoso traz consigo a ideia de
envelhecimento ativo, como mais uma etapa
da vida e não mais a última etapa da vida.”
(GRANDO; STURZA, 2015, p. 38)
É fato que a dinâmica social foi alterada com o passar
dos anos e adaptada às novas necessidades do ser humano.
Em suma, segundo Wagner de Cerqueira, a urbanização, a
queda da fecundidade da mulher, o planejamento familiar,
a utilização de métodos de prevenção à gravidez, a mudança
ideológica da população são todos fatores que contribuem
para a redução do crescimento populacional e consequente
envelhecimento da população.
1.2. PARTICIPAÇÃO DO IDOSO NA SOCIEDADE
ATUAL
É evidente os privilégios conseguidos pelas pessoas de
terceira idade ao logo dos anos. Filas especiais,
medicamentos gratuitos, preferência em determinados locais
e atendimentos especializados atribuem ao idoso uma
maneira mais fácil de encarar a rotina que costumava ser
mais simples. Em contrapartida, o desrespeito e a
humilhação sofrida diariamente pelos mesmos também são
de natureza perceptível, e estão cada vez mais enraizadas no
corpo social.
Sabe-se que existem algumas variáveis que, ao se
relacionarem, conferem a cada longevo uma realidade
diferente. Dados como o local onde moram, se tiveram uma
juventude ativa, questões relacionadas a genética e até
mesmo ao sexo do indivíduo conferem a cada um, uma
particularidade.
Levando isso em consideração, conclui-se que não
existe uma lógica em homogeneizar e estereotipar as pessoas
de Terceira Idade. Segundo estudiosos, o preconceito contra
o envelhecimento e o Idoso é fruto de uma sociedade que
valoriza demasiadamente a juventude. Isso nos encaminha a
existência de uma tendência a relacionar as pessoas mais
velhas à fardos a serem carregados, e este tipo de
pensamento não só começam a serem tomadas como
realidade, como os são grandes influenciadores na
marginalização dos mesmos frente à sociedade.
Segundo o IBGE, das 21 milhões de pessoas que estão
acima dos 60 anos de idade, 4,5 (22%) milhões ainda
trabalham. Edgard Pitta, consultor em carreira da Alfa
Centauri, afirma que estes números só tendem a despencar,
principalmente depois da crise que assola o mundo nos dias
de hoje. Verdades como essa comprovam que o fato de
atingir certa idade não necessariamente venha a privar todo
e qualquer tipo de atividade, especialmente os relacionados
a cognitividade.
Com essa queda da participação dos longevos na
parcela economicamente ativa da sociedade, aumenta-se
consideravelmente o número de pessoas que dependem
somente da Previdência. Economicamente falando, o
aumento de aposentados juntamente com o envelhecimento
populacional vai sobrecarregar a juventude trabalhadora,
uma vez que um número cada vez mais reduzido de pessoas
trabalharão em virtude de outras que já cumpriram seu
tempo no mercado de trabalho.
1.2.1. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O crescimento da população da terceira idade entra em
conflito com a dinâmica da sociedade atual. Vivemos
atualmente em uma realidade onde estar ocupado é sinal de
sucesso profissional e satisfação pessoal, principalmente
devido à necessidade de produzir e de ser ativo que foi
imposta pela cultura capitalista. Essa realidade é comumente
utilizada como justificativa para o crescente abandono de
anciões – entre outros tipos de violência – que vem se
tornando um padrão no corpo social contemporâneo.
A preocupação com esta fase da vida vem se tornando
mais forte desde o ano de 1991. Quando a Organização das
Nações Unidas lançou uma Carta de Princípios para as
Pessoas Idosas, que inclui a independência, dignidade,
assistência e participação dos anciões na sociedade. A partir
disto, políticas assistenciais e de incentivo foram
disseminadas pelo mundo, e no Brasil são representadas
pela Política Nacional do Idoso, estabelecida em 1994.
Nos últimos anos, os avanços nesse âmbito vieram se
tornando cada vez mais evidentes no país. Diversas leis,
decretos e medidas que interferem de maneira positiva na
vida de idosos vem sendo tomadas, e referenciadas pelas
diretrizes internacionais, advindas do Plano de Ação
internacional para o Envelhecimento. Dentre as grandes
conquistas alcançadas, devem ser destacadas a criação do
Conselho Nacional dos Direitos do Idoso em 2002, e a
publicação do Estatuto do Idoso em 2003.
Somado a isto, diversas medidas relacionadas à proteção
das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos vem
sendo tomadas. Dentre elas, foram criadas a Política
Nacional de Prevenção a Morbi-mortalidade por Acidentes e
Violência (2001); o Plano de Ação para o Enfrentamento da
Violência contra a Pessoa Idosa (2004); a Política Nacional
de Saúde da Pessoa Idosa (2006); o II Plano de Ação para o
Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa (2007).
Para atender as demandas assistidas, em 2011 foi
instaurado pelo Governo Federal o Módulo Idoso do Disque
Direitos Humanos (DDH – Disque 100). De acordo com
dados cedidos pelas autoridades responsáveis, o maior
número de denúncias está relacionado com as questões de
negligência, representado por 68,7% das violações
reportadas. Mas ainda assim, o número de denúncias alusiva
às outras categorias de abuso também são preocupantes, e
prejudicam a qualidade de vida dos longevos de maneira
alarmante.
Para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (2002),
violência doméstica consistem em “(...) qualquer ação ou
omissão de natureza criminal, entre pessoas que residam no
mesmo espaço doméstico ou, não residindo, sejam ex-
cônjuges, ex-companheiro/a, ex-namorado/a, progenitor de
descendente comum, ascendente ou descendente, e que
inflija sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos e econômicos”
Como já foi dito acima, existem diversos tipos de violação
doméstica, que torna-se ainda mais grave quando exercida
contra uma pessoa idosa. Além da questão da negligência
explanada anteriormente, existem também a violência
psicológica, abuso financeiro e econômico, violência
patrimonial, física e sexual que são apenas algumas dentre
as demais modalidades de ultraje para com indivíduos da
terceira idade, que devem e serão levadas em consideração.
Segundo informações levantadas no ano de 2015 pelo
Disque 100, 76,48% das violações são consumadas na casa
da vítima e – dentro deste número –, 51,55% dos casos são
protagonizados pelos próprios filhos das vítimas. O estado
do Rio Grande do Norte é o terceiro estado no ranking dos
números de denúncias, com 250,81 denúncias por 100 mil
habitantes, encontrando-se atrás apenas do Distrito Federal
e do estado do Amazonas. Conforme publicado pela Tribuna
2 Que não dispõe dos recursos financeiros necessários para se sustentar; que não é autossuficiente.
do Norte em 2014, as denúncias de abuso no RN cresceram
em 300% nos últimos 3 anos.
Dessa maneira, num contexto onde o idoso não é
devidamente assistido ou não está seguro em sua própria
residência, surgem os asilos, os abrigos para os longevos, e
as Instituições de Longa Permanência para Idosos. Esses
locais dispõem, ou deveriam dispor, de ambientes
direcionados para a melhor vivência desta etapa da vida e
estão se tornando cada vez mais necessários e procurados.
Em 2014, sob determinação do juiz Airton Pinheiro da 5°
Vara da Fazenda de Natal, o estado do Rio Grande do Norte
foi condenado a construir lar para idosos na capital potiguar.
A ação foi ajuizada pela 30° Promotoria de Justiça para
atender a necessidade de idosos hipossuficientes2 da cidade,
que se baseando no artigo 159 da Constituição Federal, frisa
a responsabilidade do estado de amparar a população idosa
residente no mesmo.
Atualmente a cidade de Natal conta com cerca de 10
asilos, dentre os quais se pode citar o Instituto Juvino Barreto,
o Lar da Vovozinha, o Lar do Ancião Evangélico (LAE) e a
Casa de Idosos Feliz Idade. Estes variam entre instituições de
iniciativa privada, algumas de cunho filantrópico e até
mesmo patrocinadas pelo Governo Federal. A maioria destes
lares encontram-se superlotados, sua estrutura não condiz
com as necessidades do usuário no que diz respeito à
arquitetura inclusiva, e devido a isso, muitos idosos deixam
de ser assistidos e são privados de uma boa qualidade de
vida e um envelhecimento com dignidade.
2. LARES FORA DE CASA
2.1. DIRETO
2.1.1. INSTITUTO JUVINO BARRETO
Figura 1 - Entrada do instituto Juvino Barreto
Fonte: http://juvinobarreto.com.br/instituicao/junino/
Localizado na Avenida Alexandrino de Alencar, no
bairro de Lagoa Seca, inserido na Zona Leste da cidade de
Natal, o Instituto Juvino Barreto foi fundado no dia 19 de
abril de 1944, pelas irmãs da ordem São Vicente de São
Paulo. Trata-se de uma instituição filantrópica, sem fins
lucrativos e voltada para atender idosos carentes, amparada
pela Lei Municipal n° 1.489, de 29 de agosto de 1993, pela
Lei Estadual n° 6.482de 24 de setembro de 1993 e pela Lei
Federal n / 193/00/93 de 03/05/2000.
Figura 2 - Localização do Instituto Juvino Barreto
Fonte: Google Maps
O bairro em questão é majoritariamente residencial,
com tendência ao uso misto. Barro vermelho apresenta uma
boa infraestrutura de drenagem, abastecimento público de
água, coleta de lixo, saneamento básico, transporte público
e telefone.
Os serviços oferecidos pela Instituição são de
assistência de saúde e moradia, em regime não hospitalar,
funcionando em horário integral e estabelecendo horário fixo
apenas para fins de visitação, os quais ocorrem diariamente
das 14h às 16h. Em 2006, o local contava com cerca de 80
funcionários vinculados à Secretaria do Estado e Ação Social
do município e ao próprio instituto, e abrigava cerca de 170
idosos.
No ano de 2010 o Instituto passou por uma
intervenção, recomendada pela promotora de defesa do
Estado, Iadya Gama Maio, e administrada pelo Interventor
Kerginaldo Jacob de Medeiros. Foram implantadas
melhorias no local, que envolveram desde renovação da
pintura e do piso do estabelecimento, até a redução do corpo
de funcionários e reabertura de instalações, como foi o caso
do consultório odontológico que se encontrava fechado há
quase 2 anos.
Como o Instituto Juvino Barreto encontra-se na Região
Metropolitana da Cidade de Natal, houve a possibilidade de
uma visita ao local com o acompanhamento de uma das
assistentes de administração do local, Adriana. A visita foi
feita na terça feira, dia 04/04/2017 às 14h30, onde houve
uma conversa informal com Adriana, bem como uma visita
aos ambientes permitidos pela Instituição.
Atualmente, o são encontrados 43 funcionários e 60
longevos assistidos, sendo 55 destes residentes fixos. Dentre
os profissionais encontrados prestando serviços para a
Instituição, estão: porteiro, cuidadores, técnicos de
enfermagem, nutricionista, coopeiras, cozinheiros, chefe de
cozinha, auxiliar de lavanderia, vendedores, operadores de
telemarketing, assistente social, enfermeiros, supervisor de
telemarketing, mensageiros, assessor de direção financeira,
médico e psicólogo.
Os idosos, por sua vez, normalmente são distribuídos
em apartamentos com capacidade para abrigar 2 pessoas,
os quais possuem o quarto, um banheiro completo e
adaptado, uma copa e uma pequena sala. O Instituto conta
com cerca de 30 apartamentos e 3 enfermarias, mas
atualmente, devido a problemas relacionados às condições
de alguns apartamentos, apenas 7 estão disponível para
moradia, enquanto que os outros 23 estão interditados à
espera de reforma.
Figura 3 - Área dos apartamentos em uso atualmente
Fonte: Acervo pessoal
O instituto permite a saída e entrada dos idosos que
tem a independência necessária para tal, mediante
apresentação de uma autorização advinda da assistente
social, onde os mesmos selam um contrato, estabelecendo
horários de saída e de chegada que devem ser obedecidos.
Para controle de entrada e saída de visitantes, idosos
e automóveis em geral – ambulância, carros de profissionais
ou de visitantes –, existe uma guarita que funciona 24h por
dia mantendo principalmente a segurança do local.
Internamente existe um estacionamento pequeno, e área
para carga e descarga, além do local da ambulância. Apesar
de ser localizado na Av. Alexandrino de Alencar, cuja possui
um fluxo intenso de carros, existe local para estacionamento
também na área externa, no canteiro que separa as mãos da
Avenida, propositalmente próximo à faixa de pedestres.
Figura 4 - Estacionamento interno
Fonte: Acervo pessoal
Figura 5 - Guarita
Fonte: Acervo pessoal
Além dos usuários permanentes do local, estima-se
que cerca de 300 pessoas visitem o local por dia com
excursões escolares, principalmente. Para atender a grande
demanda e fluxo de pessoas, o local disponibiliza de uma
pequena praça aos fundos – o qual possui uma horta
comunitária – e um local para eventos próximo a entrada,
onde ocorrem atividades como bazares e festas temáticas ao
longo do ano.
Figura 6 - Praça aos fundos da Instituição
Fonte: Acervo pessoal
Figura 7 - Horta comunitária
Fonte: Acervo pessoal
Figura 8 - Área para eventos
Fonte: Acervo pessoal
. A instituição por ser muito antiga, vem passando por
diversas adaptações às novas regras e leis que regem
atualmente. Atualmente está passando por processo de
renovação dos corrimãos instalados para que se adequem
ao requerido, e suas rampas estão no padrão recomendado
de possuir inclinação de no máximo 8,33%. Sua circulação
vertical é inexistente devido ao fato de que a construção é
inteiramente térrea, e por isso não necessita de elevadores,
de plataformas elevatórias ou escadas.
Figura 9 - Corrimãos fora de norma nos corredores de circulação
Fonte: Acervo pessoal
Não foi possível tirar fotos das acomodações – tanto
dos apartamentos como das enfermarias – dos longevos por
questões de privacidade, mas nota-se que no que se diz
respeito às normas de acessibilidade nestes locais
supracitados, o instituto se encontra nos padrões
estabelecidos pela NBR 9050/2015
Tem-se ainda uma área voltada para questões de
saúde, que conta com consultórios de psicologia, sala de
curativo, farmácia, sala de fisioterapia, sala de arquivos,
entre outros. Logo ao seu lado, encontra-se a igreja católica
própria do Instituto Juvino Barreto, onde não só os asilados
podem utilizas, mas também seus visitantes e pessoas do
próprio bairro.
Figura 10 - Área médica com consultórios
Fonte: Acervo pessoal
Figura 11 - Igreja interna da Instituição
Fonte: Arquivo pessoal
Mais aos fundos da instituição está localizado o
refeitório e a cozinha. Atualmente o refeitório está passando
por umas reformas, pois devido às fortes chuvas que
ocorreram recentemente em Natal, o teto do local se rompeu
de forma que está impossibilitado o uso do mesmo. Nesta
área encontra-se, além do refeitório, o consultório do
profissional de nutrição, a copa dos funcionários, a cozinha,
o depósito de alimentos – exposto através de visor –, a parte
de lavagem de equipamentos e de alimentos, a câmara fria
e a parte de dieta.
Figura 12 - Refeitório em reforma
(Fonte: Acervo pessoal)
Figura 13 - Área de preparo dos alimentos
Fonte: Acervo pessoal
Figura 14 - Área de lavagem dos equipamentos e dos alimentos para
Fonte: Acervo pessoal
Por fim, ainda por ser uma edificação bem antiga,
ainda não existem desenhos arquitetônicos digitalizados,
apenas as plantas originais cujas quais não podem ser
disponibilizadas para melhor entendimento das áreas e
setores apresentados. Atualmente está em andamento um
levantamento arquitetônico do local por profissionais do
Corpo de Bombeiro do Município para que estes arquivos
fiquem disponíveis digitalmente, porém ainda não há
previsão de entrega dos desenhos.
2.2. INDIRETOS
2.2.1. DE RONDING – HOLANDA
O De Ronding é um edifício de apartamentos na
cidade de Tiel, cuja está localizada nos Países Baixos, voltado
exclusivamente para idosos. Foi projetado pela equipe de
arquitetos formada por Eric Paardekooper Overman, Jeroen
Spee, Michael Hoogland, Martin Vinkestijn e Ermst-Jan
Schoute e ficou pronto há 7 anos, no ano de 2010.
Figura 15 - Localização do De Ronding
Fonte: Google Earth
O empreendimento se comporta de maneira a
estabelecer uma boa relação com a área residencial na qual
encontra-se inserido. Além disso, apresenta uma solução
formal contemplativa tanto do potencial cênico, quanto do
potencial natural, no que se refere ao aproveitamento dos
benefícios da incidência de raios solares, principalmente em
um local de clima temperado.
Esta instituição foi escolhida primordialmente devido
ao seu aspecto formal, que eventualmente coincidiu no que
se refere às questões funcionais do empreendimento. Sua
implantação em formato em “L” permite a edificação de
aproveitar as condicionantes naturais necessárias, como a
incidência dos raios solares, voltando a fachada de seus
apartamentos, bem como o corredor principal utilizado como
passagem e convívio, para o Oeste.
Ainda de maneira a aproveitar as condicionantes
naturais de melhor forma, a edificação conta com a presença
de aberturas zenitais em ambos os pavimentos, devidamente
protegidas com guarda corpo, como demonstrado na
imagem X.
Figura 16 - Aberturas zenitais em ambos os pavimentos
Fonte:
No total são 34 apartamentos distribuídos entre os
dois pavimentos, projetados de maneira funcional, divididos
na metade e deslocadas em relação a um eixo. Dessa forma,
além de resultar em uma área fechada de “quintal” privado
aos fundos do apartamento, também se garante o
aproveitamento do potencial cênico para os que estejam
ocupando a varanda do mesmo.
Figura 17 - Corredor de passagem e convívio da edificação e área privada aos fundos
Fonte:
Figura 18 - Planta do apartamento
Fonte:
O materiais utilizados no projeto foram as faixas
horizontais de concreto, revestimento em chapa de aço e
vidro.
As faixas curvas de concreto foram responsáveis por
formar uma linha contínua afim de transformar o conjunto
de unidades habitacionais combinadas de forma coesa. Seu
revestimento em chapa de aço perfilado, exteriormente
colorido artificialmente com a cor vermelha, e combinado
com o uso de grandes aberturas em vidro, deu uma leveza
ao conjunto e mais uma vez apresentou a intenção de
promover o aproveitamento do visual e das condicionantes
físicas, além da interação com o exterior.
Figura 19 - Interação com o exterior
Fonte: http://o-drie.nl/portfolio/de-ronding/
http://o-drie.nl/portfolio/de-ronding/
2.2.2. RETIREMENT LIVING RICHMOND
WOODS INGLATERRA
O Retirement Living Richmond Woods é um residencial
para aposentados localizado na zona norte de Londres,
capital da Inglaterra, no Reino Unido. Este empreendimento
do ano de 2007 é de caráter privado, e conta com 130 suítes
juntamente com outras instalações adicionais, projetadas
para proporcionar o melhor em vida para aposentados.
Figura 20 - Localização do Retirement Living Richmond Woods
Fonte:
O projeto atende tanto idosos asilados, como também
funciona com um caráter de clube, recebendo visitantes
frequentemente. Conta com instalações projetadas para
atender um público maior além dos moradores, e também
com um calendário social recreativo afim de melhorar a
mente, corpo e espírito de seus participantes e moradores.
Figura 21 - Fachada principal do Richmond Woods e área de convívio
Fonte:
O projeto em questão foi escolhido como referência
indireta para este trabalho por ter um caráter funcional
semelhante ao que está sendo proposto, englobando
diversas atividades de interação, e por isso é de grande ajuda
na questão da formulação do programa de necessidades.
Tendo isso em vista, pesquisou-se as instalações
oferecidas pelo empreendimento. Além das relacionadas a
habitação, no Richmond Woods há sala com computadores,
estúdio Fitness, cabelereiro, biblioteca, salão de festas,
piscina indoor, área para serviços religiosos e de
comemoração de feriados, um centro de bem-estar, jardim
comunitário, cozinha de hobby, salão de jogos, pátio, bar e
SPA, entre outros espaços.
Já em relação as suas atividades encontram-se:
programa de exercícios físicos, festas, teatro, aulas da bíblia,
bingo, Brain Fitness, excursões, jogos de cartas, aulas de Arts
& Crafts, noites de filmes, excursões para compras semanais,
entre outras.
Figura 22 - Área de biblioteca e piscina indoor
Fonte:
No projeto em questão, na parte habitacional,
encontram-se 4 opções de tipologia para o apartamento, que
variam em relação tanto a tamanho em área quanto preço a
ser pago, como demonstrado nas imagens abaixo.
Figura 23 - Planta baixa das suítes
Fonte:
A suíte Picadilly (1) conta com apenas uma cama, TV,
uma pequena área de estar e um banheiro completo e dentro
das normas inglesas de acessibilidade. A suíte Maitland III (2)
além de ser maior em questão de área, também apresenta
uma cozinha. A suíte Grosvenor (3) tem todas os cômodos
apresentados na Maitland III, sendo maior em relação a
área. A última suíte, a Richmond (4) é a mais completa, maior
do que a terceira aqui descrita, e tem a capacidade de
hospedar 2 pessoas em cômodos separados, no lugar de
apenas 1.
3. BASES PROJETUAIS
3.1. ESCOLHA DA ÁREA E DO TERRENO
O município escolhido para o desenvolvimento da
proposta foi o Município de Natal, área inserida na região
metropolitana homônima. Esta região tem como limites o
Oceano Atlântico ao leste, o Município de Extremoz ao norte,
São Gonçalo do Amarante e Macaíba ao oeste, e Parnamirim
ao sul, contando com uma área de aproximadamente 167
km².
A escolha deste Município deu-se pelo simples fato de
já ser devidamente equipado e desenvolvido, visto que a
proposta do projeto não é um equipamento urbano
propriamente dito, e sim um estabelecimento que tem a
necessidade de usufruir dos serviços disponibilizados por
estes, como segurança, por exemplo.
Para facilitar a gestão de Natal, a cidade foi dividida
em 4 Regiões Administrativas, como está ilustrado abaixo na
figura 24:
Figura 24 - Regiões administrativas do município de Natal
Fonte: Anuário 2015
O local de implantação é no bairro de Dix-Sept
Rosado, na Zona Administrativa Oeste da cidade de Natal, o
qual possui o bairro do Alecrim no limite ao norte, o bairro
das Quintas e Bom Pastor ao oeste, o bairro Nossa Sra. De
Nazaré ao Sul e Lagoa Nova como limite ao leste. O terreno
em si, é localizado na Rua dos Potiguares, no quarteirão entre
a Av. Antônio Basílio e Av. Nascimento de Castro.
O bairro em questão foi criado pela lei 4.329/93 e
engloba uma área de cerca de 109,64 Ha. Ainda segundo
dados fornecidos pelo anuário de Natal de 2015, possui uma
densidade demográfica de 141,65 hab/ha, sendo assim um
dos mais – demograficamente – densos bairros de Natal,
juntamente com bairros como Igapó, Mãe Luiza e Areia
Preta. Tem 80% de suas vias pavimentadas e 75% do bairro
possui drenagem de águas pluviais.
Figura 25 - Bairro Dixsept Rosado e seus bairros vizinhos
Fonte: Anuário de Natal 2015
3.1.1. O TERRENO
O terreno selecionado encontra-se próximo à pelo
menos 2 hospitais públicos, além de ser próximo também à
sede da SAMU. Tem fácil acesso para visitantes, pois
encontra-se próximo a 2 paradas de ônibus e dista de pelo
menos 50m das ruas de grande movimento, a fim de evitar
agitação em demasia.
A Rua dos Potiguares, segundo o Código de Obras do
Município de Natal, é uma via Coletora II, enquanto que as
Av. Antônio Basílio e a Av. Nascimento de Castro são
Coletora I. Isso significa dizer que estas duas últimas são
distribuidoras do fluxo estrutural e local, portanto, possuem
grande fluxo.
Figura 26 - Localização do lote escolhido e as paradas de ônibus mais próximas
Fonte: Google Maps
Visto que uma pequena quantidade de pavimentos é
de interesse de Instituição Asilar, foi necessário a escolha de
um terreno com uma área maior, para a melhor distribuição
dos blocos construídos sem a necessidade da criação de
muitos pavimentos. A lateral de um dos acessos do lote
selecionado possui 60,56m, enquanto suas outras possuem
101,76m, 102,53m² e 59,42m. Sendo assim, o lote do
terreno possui uma área total de 6.124m².
Figura 27 - Dimensões totais do terreno escolhido
O terreno se encontra em uma área majoritariamente
residencial, como pode ser observado no mapa de Uso do
Solo (Figura 28). Afim de evitar a grande movimentação das
áreas comerciais, como Alecrim e Cidade Alta, o bairro de
Dix-Sept Rosado possui uma grande mancha de área
residencial, o que além de garantir a falta de movimento
exacerbado, garante também a inserção do projeto de
maneira não impactante nem destoante do entorno, visto que
sua função é também habitacional.
Próximo ao terreno escolhido existem ainda algumas
construções de caráter institucional, bem como comerciais e
de serviços. Além destes, nota-se uma grande concentração
de terrenos vazios, alguns murados e outros utilizados como
estacionamento para os estabelecimentos próximos.
Figura 28 - Mapa de uso do solo do entorno
Fonte:
No que diz respeito à altura das edificações ao redor,
como pode ser visto abaixo no mapa de gabarito (Figura 29),
chega-se à conclusão de que a existem poucos construções
com mais de 2 pavimentos na área. Este tipo de constatação
confirma a não interferência das condicionantes naturais no
lote escolhido, como ventilação e insolação, pois não há
grande barreiras nas proximidades. Além disso, garante que
a proposta a ser implantada se encaixará no meio, sem
destoar muito da paisagem já existente.
Figura 29 - Mapa de gabarito do entorno
Fonte:
Figura 30 - Fotos da Rua dos Potiguares a partir do terreno
Fonte: Arquivo pessoal
3.2. CONDICIONANTES
3.2.1. TOPOGRAFIA
Fora feito um levantamento de terrenos possíveis para
implantação deste projeto dentro da cidade de Natal. Para a
locação de um projeto com este tipo específico de uso, é de
interesse a busca de um lote que tenha a menor diferença de
curvas de nível possíveis, ou seja, majoritariamente plano.
Isso se deve ao fato de que as questões de acessibilidade e
de desenho universal constituirão uma parte imprescindível
das diretrizes projetuais. Levando isso em consideração,
foram excluídos os que possuíam uma topografia muito
acidentada, e as opções de escolha do terreno ficaram mais
reduzidas.
A fração do terreno escolhida possui apenas 3
patamares planos formado por apenas duas curvas de nível.
Como pode ser visto na imagem abaixo, existe um patamar
maior que se aproxima bastante do lado margeado pela
única rua de acesso ao terreno, facilitando assim a
implantação da massa construída.
Figura 31 - Curvas de nível do terreno escolhido
Fonte:
Figura 32 - Fotos do terreno
Fonte: Acervo Pessoal
3.2.2. ANÁLISE BIOCLIMÁTICA
As variáveis ambientais que tem influência direta no
interior das edificações são: umidade, temperatura,
ventilação e radiação. A NBR 16220/03 é o parâmetro
utilizado de maneira a compatibilizar estas 4 variáveis às
estratégias de conforto ambiental de acordo com o clima
local – no caso, quente e úmido –, trazendo consigo
alternativas para otimizar o ambiente construído.
Sabe-se que, de acordo com a NBR, o clima da cidade
de Natal encaixa-se na Zona Bioclimática Brasileira 8. Para
esta Zona em específico, a norma estabelece algumas
diretrizes construtivas, tais como: grandes aberturas para
ventilação, sombreamento de aberturas, vedações externas
leves e refletoras, ventilação cruzada e beirais.
Tendo isso em vista, faz-se necessário o estudo destas
variáveis no terreno escolhido para o desenvolvimento da
proposta. No que diz respeito a ventilação natural e
incidência solar, o software SOL-AR 6.2 nos fornece alguns
dados sobre diversas cidades brasileiras, como a intensidade
dos ventos, a frequência dos ventos e a carta solar.
Ao selecionar a cidade de Natal no programa, o
diagrama final é este apresentado abaixo na figura x, onde
se conclui que a ventilação predominante é advinda do
sudeste.
Figura 33 - Rosa dos ventos da cidade de Natal
Fonte: SOL-AR 6.2
Aplicando o diagrama dos ventos predominantes em
Natal no terreno selecionado, percebemos que a ventilação
vem da parte posterior do terreno, e segue em direção à Rua
dos Potiguares. Este tipo de constatação é de suma
importância no momento de concepção formal e funcional
do projeto que será realizado, para o maior aproveitamento
de ventilação natural principalmente.
Figura 34 - Ventilação predominante da cidade de Natal aplicada ao terreno
Fonte:
Assim como os estudos da ventilação natural
predominante, o estudo da incidência de raios solares é
igualmente importante. De acordo com o site SunCalc, o
trajeto do sol na cidade de Natal é o indicado abaixo na
figura x. Ao aplicar essa informação no terreno, percebe-se
que o sol se põe na parte posterior do terreno e nasce na
lateral margeada pela Rua dos Potiguares, e também se
configura de extrema relevância na concepção formal e
funcional do projeto.
Para os estudos referentes à incidência solar no terreno
em questão, também fora utilizado o mesmo programa dos
dados alusivos à ventilação, o Software Analysis Sol-AR.
Figura 35 - Trajeto do Sol da cidade de Natal aplicado ao terreno
Fonte:
Utilizando a Carta Solar de Natal fornecida pelo
programa, chega-se à conclusão através da análise de que
na fachada leste há a incidência solar mais frequente nas
primeiras horas do dia durante o ano todo. Já na fachada
oeste, por ser oposta à supracitada, os raios solares se
concentram na parte da tarde.
No que diz respeito à fachada norte, a análise do
resultado obtido é de que este lado recebe raios solares
durante o verão e permanece sombreada no período de
inverno. A fachada sul, por sua vez, sofre um pouco mais
com a presença da incidência solar, que se estende durante
todo o dia no período de verão.
Figura 36 - Análise da insolação o terreno pela Carta Solar de Natal
Fonte: Elaborado pela autora através do Software Analysis Sol-AR
3.2.3. LEGISLAÇÃO VIGENTE
Foram levadas em consideração para a concepção
desta proposta, os requisitos definidos pelas leis: Lei
Complementar n° 082 (Plano Diretor da cidade de Natal); Lei
Complementar n° 055 (Código de Obras e Edificações do
Município de Natal); NBR 9050/2015 (acessibilidade); o
Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico
do Rio Grande do Norte e a Resolução da Diretoria
Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária n°
283 (para Instituições de Longa Permanência para Idosos).
PLANO DIRETOR DE NATAL
Segundo o Plano Diretor do Município de Natal, o
bairro de Dix Sept Rosado é caracterizado como Zona
Adensável, a qual se caracteriza por ser onde as condições
do meio físico, a disponibilidade de infraestrutura e a
necessidade de diversificação de uso, possibilitem um
adensamento maior do que aquele correspondente aos
parâmetros básicos de coeficiente de aproveitamento. Por
tanto, ele determina que o coeficiente de aproveitamento
máximo para este local é de 2,5.
Os recuos na Zona Adensável, ainda respeitando o
determinado pelo Plano Diretor, devem respeitar a seguinte
tabela:
Tabela 2 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor
Fonte:
Ainda segundo o Plano Diretor, o bairro de Dix Sept
Rosado não se configura uma área passível de controle de
gabarito e não possui nenhuma das Zonas de Proteção
Ambiental (ZPA) em suas imediações. Além disso, não é área
de Operação Urbana, não é Zona Especial de Interesse
Histórico e também não é Zona Especial de Interesse
Turístico. O bairro em questão engloba a favela 13 de Maio,
a qual se configura uma Área Especiais de Interesse Social
(AEIS), além da concentração de vilas, juntamente com
bairros do seu entorno, como o Alecrim, Lagoa Seca e as
Quintas.
CÓDIGO DE OBRAS
De acordo com o estabelecido pelo Código de Obras
do Município de Natal, todos os compartimentos da
edificação devem dispor de aberturas diretas para
logradouro, pátio ou recuo. Além disso, estas aberturas
devem ter superfícies iguais ou superiores à 1/6 do ambiente
em áreas de uso prolongado e de 1/8 do ambiente em áreas
de uso transitório.
Prevê também as áreas mínimas, dimensão mínima e
pé direito mínimo para todos os compartimentos da
edificação – conforme o uso a que se destina – de acordo
com o quadro abaixo:
Tabela 3 - Recuos mínimos exigidos pelo Plano Diretor
Fonte: Plano Diretor de Natal
No que se diz respeito à acessibilidade, o Código de
Obras define uma largura mínima para circulação externa
ou interna de 1,20m e define também que, as portas de
acesso aos edifícios públicos ou privados devem ter no
mínimo 0,80m de vão livre.
A Lei Complementar n° 055 ainda classifica as ruas de
Natal em hierarquias, dividindo-as em vias estruturais,
coletoras e locais. A Rua dos Potiguares – a qual da acesso
ao terreno escolhido – é classificada como Coletora II, cuja
qual apoia circulação das estruturais.
NBR 9050/2015
A NBR 9050/2015 é a norma responsável pelas
questões de acessibilidade, tem como diretrizes a utilização
de maneira segura dos ambientes por toda e qualquer
pessoa. Tem-se nesse documento especificações referente à
dimensões de circulação, de acessos e de sinalizações para
uma melhor circulação no prédio.
Sabe-se que toda e qualquer edificação que possua o
uso coletivo ou público, deve haver a garantia de acesso à
todas as pessoas, principalmente incluindo pessoas com
necessidades especiais ou de mobilidade reduzida, segundo
as Normas Técnicas Brasileiras acerca deste assunto.
Serão utilizadas rampas com inclinação máxima de
8,33%, quando necessárias, para vencer desníveis superiores
a 2cm, com uma largura livre de no mínimo 1,20m e com a
presença de patamares com dimensões mínimas de 1,20m a
cada 50m. Os corrimãos nas rampas devem ser locados a
0,70m e a 0,92m do chão. Ao haver a necessidade do uso
de escadas, estas deverão possuir uma largura mínima de
1,20m, sendo recomendado nestas o uso de um vão livre de
1,50m.
As calçadas devem possuir uma largura mínima, sem
obstáculos, de 1,20m, indicando seus limites e barreiras
físicas com a implantação de pisos táteis de acordo com o
estabelecido. Além disso, diversas outras questões como
dimensionamento de banheiros, altura de equipamentos,
sinalização de pavimentos e de ambientes, estão todos
previstos e explicados por esta mesma norma.
CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA
INCÊNDIO E PÂNICO DO RN
O Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio
e Pânico do Rio Grande do Norte tem como objetivo
estabelecer critérios básicos e indispensáveis à segurança
contra incêndio nas edificações, visando garantir os meios
necessários de combate a incêndio, evitar ou minimizar a
propagação do fogo, facilitar as ações de socorro e garantir
a evacuação segura dos ocupantes do edifício.
O Código classifica as Instituições de Longa
Permanência para idosos como Ocupação Residencial, a
qual é considerada de Risco I. Levando isso em consideração,
é preciso disponibilizar dispositivos de combate a incêndio de
acordo com a área construída e altura a edificação, como
extintores, sinalização de emergência, hidrantes e rota de
fuga.
RESOLUÇÃO NÚMERO 283/2005
Essa resolução em questão tem como objetivo
estabelecer o padrão mínimo de funcionamento das
Instituições de Longa Permanência para Idosos, e é aplicável
a todas elas, seja governamental ou não-governamental,
destinada à moradia de pessoas com 60 anos ou mais, com
ou sem o suporte familiar.
Esta RDC traz consigo as condições gerais para este
tipo de Instituição. Dentre elas estão o dever de propiciar o
exercício dos direitos humanos aos seus residentes, observar
os direitos e garantias dos idosos, preservar a identidade e a
privacidade, assim como uma ambiência acolhedora. Além
disso deve-se incentivar a interação entre os asilados tanto
com a comunidade local, entre eles próprios – desenvolvendo
atividades que estimulem sua autonomia –, e principalmente
a participação da família.
Ainda nesta resolução se define a quantidade de
profissionais cuidadores e a carga horária de acordo com o
Grau de Dependência de seus moradores, além de
profissionais para atividade de lazer, de limpeza, de
alimentação e de lavanderia de acordo com a área
construída ou quantidade de idosos a serem assistidos,
dependendo de sua função.
Sendo diretamente relacionada às Instituições de
Longa Permanência para Idosos, parte deste documento se
dedica a estabelecer os ambientes necessários, como
dormitórios, sala de convivência, espaço ecumênico,
banheiros e etc, assim como suas dimensões e
particularidades de cada um destes ambientes.
Por último, porém não menos importante, ainda se
estabelece uma separação dos idosos em 3 grupos de
acordo com o seu grau de dependência. Dessa forma, se
define que o Grau de Dependência I é onde o idoso é
independente mesmo que requeiram uso de equipamentos
de autoajuda, o Grau de Dependência II é onde o idoso tem
uma dependência em até 3 atividades de autocuidado para
a vida diária (tais como higiene e alimentação, por exemplo)
e o Grau de Dependência III onde o idoso que necessitem de
assistência em todas as atividades de autocuidado.
Essa diferenciação é bastante importante na etapa
projetual pois, de certa forma, alivia o estigma de que as
pessoas com mais de 60 anos não podem ser ativas e
independentes.
RESOLUÇÃO NÚMERO 50/2002
Esta resolução traz consigo as diretrizes a respeito do
regulamento técnico para projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais a saúde, dispondo de
programas de necessidades, dimensionamento e
terminologias corretas para os mais diversos usos.
3.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-
DIMENSIONAMENTO
O programa de necessidades deste projeto foi
baseado em estudos referenciais diretos e indiretos em
edificações de mesma função e principalmente na Resolução
da Diretoria Colegiada da ANVISA n° 283, a qual é
direcionada exclusivamente para Instituições de Longa
Permanência para Idosos. Além destes estudos de referência
e revisão da norma, houve a colaboração indireta por parte
dos usuários na formulação do mesmo – tanto funcionários,
como asilados e visitantes – que costumam frequentar o
ambiente, e são capazes de perceber as necessidades do
local.
No que diz respeito ao setor de saúde, tanto o pré-
dimensionamento como o programa de necessidades, foram
baseado no que é indicado pela RDC 50 e em uma proposta
do SomaSUS, que apresenta layouts, a definição e descrição
dos ambientes. O pré-dimensionamento, no geral, foi
pensado de maneira a atender 40 idosos residentes fixos,
mas que tenha a capacidade de atender mais 20 externos
nas atividades do dia-a-dia.
O programa em si é constituído por 7 setores, que não
necessariamente formam blocos isolados. São os setores
administrativo, de lazer, de habitação, o setor de saúde,
funcionários e de apoio geral.
TABELA DO PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-
DIMENSIONAMENTO
4. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
4.1. CONCEITO
A cadeira de balanço é um dos muitos objetos
seculares utilizado pelas mais diversas gerações e
sociedades, a qual não se sabe precisamente sua origem.
Antigamente no Brasil, as pessoas mantinham o costume de
se reunir nas calçadas de suas casas para conversar,
geralmente utilizando esses tipos de cadeiras –
principalmente estas confeccionadas com trama em palha –,
tornando-se até parte do cenário da vida interiorana.
Figura 37 - Cadeira de balanço de palha
Fonte:
A Instituição de Longa Permanência para Idosos, a
qual é a proposta deste projeto, tem um público alvo bem
definido, o qual está representado por pessoas com idade
igual ou superior a de 65 anos. Partindo do conhecimento de
que este se configura um objeto de bastante utilizado pelos
longevos no decorrer de suas vidas e bastante presente em
seus cotidianos, a cadeira de balanço será utilizada como
conceito para este projeto.
Ainda se utilizando do conhecimento da presença
deste objeto no cotidiano de uma pessoa pertencente ao
público alvo, leva-se em consideração a importância da
preservação da memória e da tradição. A Instituição tem
como objetivo ser um lar para os seus usuários, e por isso
deve se tornar o máximo familiar possível.
A cadeira de balanço em si transmite um sentimento
de aconchego por ter um design extremamente confortável,
e o seu usuário consequentemente se sente confortável o
suficiente para permanecer e usufruir do objeto por um
tempo considerável. Ao mesmo tempo em que se sente
acolhido, o usuário também tem a sensação de estar em
segurança. Estes sentimentos ainda aliam-se a capacidade
de movimento proporcionada pelos impulsos de seu usuário,
promovendo de certa forma a ideia de autonomia. Estes dois
últimos possuem uma relação estreita com as ideias de
independência e de uma vida ativa, objetivos claros na busca
por um envelhecimento saudável e digno.
Sabe-se ainda da necessidade de inserção do idoso
na sociedade, para que o mesmo não seja marginalizado e
nem esquecido. A trama de palha presente na cadeira de
balanço traz a ideia de interação, que pode ser rebatida na
proposta do projeto tanto entre os próprios usuários – o
entrelaçado de palha –, como entre os usuários e a sociedade
– com a utilização de elementos vazados –.
Figura 38 - Trama de palha
Fonte:
Por fim, partindo do preceito de que a terceira idade
é o momento de relaxar depois de toda uma vida de
preocupações e trabalho, utiliza-se a cadeira como analogia
para um momento de descanso merecido e de contemplação
do visual e da vida.
4.2. PARTIDO
O principal objetivo do projeto é garantir que o
usuário do espaço sinta-se acolhido pelo ambiente. Para isso,
foram tomadas algumas medidas como a separação do
projeto em blocos, o uso de elementos vazados e
translúcidos, e principalmente a criação de espaços de
convivência.
Uma das principais preocupações do projeto é evitar
o cruzamento indesejado de fluxos nos ambientes, e para isso
viu-se a necessidade de seguir uma setorização funcional.
Essa se