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1 INSTITUTO A VEZ DO MESTRE ANTONIO CARLOS SANTANA A QUESTÃO DA INCOMUNICABILIDADE DOS JURADOS NO TRIBUNAL DO JURI RIO DE JANEIRO 2011

ANTONIO CARLOS SANTANA A QUESTÃO DA … · acadêmico, na Lei mosaica; nos Dikasta; na Hiléia ou no Areópago Grego; na Germânia. Existe também uma doutrina que entende que a

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ANTONIO CARLOS SANTANA

A QUESTÃO DA INCOMUNICABILIDADE DOS JURADOS NO TRIBUNAL DO JURI

RIO DE JANEIRO

2011

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A QUESTÃO DA INCOMUNICABILIDADE DOS JURADOS NO TRIBUNAL DO

JURI

Monografia apresentada como

exigência final da Pós Graduação do

Curso de Direito e Processo Penal da

Instituição de Ensino A Vez do Mestre

– Curso de Direito

Orientador: Francis Rajzman

Rio de Janeiro

2011

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RESUMO

Este trabalho de curso, se propôs a demonstrar o Estudo Do Tribunal do

Júri, começando com a evolução histórica referente essa instituição milenar,

que tem muitas discussões doutrinarias no que tange a sua origem. Em

segundo plano trabalharemos a questão do Tribunal do Júri no Brasil, desde

o período imperial, passando pela republica e as questões de falta de

democracia, até a constituição de 1988. Este trabalho também irá fornecer

informações sobre questões que são controvertidas, no ordenamento jurídico

nacional que é a questão da incomunicabilidade dos jurados no Brasil, onde

em capitulo próprio estaremos estudando o tribunal do júri e a questão da

incomunicabilidade dos jurados frente ao nosso Ordenamento jurídico.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................... 2 - HISTÓRICO DO TRIBUNAL DO JURI........................................................... 3 - TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL................................................................... 3.1 - BRASIL IMPÉRIO................................................................................................. 3.2 - O CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL E O JÚRI.......................................... 3.3 - O GRANDE JÚRI E O PEQUENO JÚRI : A GARANTIA DO ACUSADO....... 3.4 - A REFORMA PROCESSUAL PENAL COMO INSTRUMENTO DE

MANIPULAÇÃO POLITICA................................................................................

3.5 - A REPÚBLICA E O TRIBUNAL DO JÚRI......................................................... 3.6 - A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.............................. 3.6.1 A Constituição Como Instrumento Garantidor Do Estado Democratico De

Direito....................................................................................................................

3.7 - ALISTAMENTO DOS JURADOS E SUA CONSTITUCIONALIDADE........... 4 - O TRIBUNAL DO JÚRI NO DIREITO ALIENÍGENA.................................. 4.1 - JURADOS QUEM SÃO?....................................................................................... 4.2 - O DIREITO COMPARADO E A QUESTÃO DA INCOMUNICABILIDADE.. 4.2.1 Inglaterra............................................................................................................... 4.2.2 Estados Unidos...................................................................................................... 4.2.3 França.................................................................................................................... 4.2.4 Itália....................................................................................................................... 4.2.5 Espanha................................................................................................................. 4.2.6 Portugal................................................................................................................. 5 - CONCLUSÃO....................................................................................................... 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................

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1 - INTRODUÇÃO

O presente trabalho de curso tem como objetivo trazer o estudo sobre

a origem do tribunal do júri , bem como a discussão doutrinaria sobre o

assunto da incomunicabilidade dos jurados, também iremos abordar o Brasil

e o tribunal do júri e a sua evolução histórica dentro de nosso ordenamento

pátrio.

Em nosso ordenamento iremos abordar o Brasil colônia, ordenações

filipinas também passarão pelo júri na republica e suas fases ditatoriais e

democráticas. Cabe ressaltar que a linguagem é tratada como um liame para

a libertação do autoritarismo, a linguagem deve ser considerada um ponto de

apoio para a democracia. Traremos a questão da incomunicabilidade dos

jurados e a constitucionalização do júri, e sua proteção nos direitos e

garantias fundamentais, também iremos abordar o tribunal do júri no direito

comparado.

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2 - HISTÓRICO DO TRIBUNAL DO JURI

O tribunal do júri é um órgão do Poder Judiciário, que está presente na

sociedade há milênios percorrendo os países ano por ano, século por

século, por ser uma instituição milenar esteve presente em inúmeras formas

de governo e formas de Estado, enfrentando todos anseios sociais.

O Tribunal do Júri, ao contrario do que a maioria dos doutrinadores

entendem e gostam de positivar sobre, em sua obras doutrinarias não possui

o seu manancial na Inglaterra, pois já existiam nas civilizações humanas,

alguns Tribunais que se assemelham muito no que tange a composição e

procedimentos existentes nos Júris atuais.

A sua fonte de origem é muito discutida entre os doutrinadores, pois

cabe ressaltar que a boa doutrina, busca sua origem nos heliastas Gregos;

nas questiones perpetuae romana; no Tribunal de Assis com base no

gorda da França por volta do século XII. O mestre Rogério Laura Tucci,

em seu entendimento doutrinário, salienta que pode-se encontrar respaldo

no tocante a origem do Tribunal, objeto de Estudo deste Trabalho

acadêmico, na Lei mosaica; nos Dikasta; na Hiléia ou no Areópago

Grego; na Germânia.

Existe também uma doutrina que entende que a origem do Tribunal do

Júri, poderia se dar o mesmo período no nascimento do Common Law,

onde surgira no Século XII, sendo promissor desta corrente o Jurista John

Gilsen.

Outro doutrinador respeitadíssimo no que tange ao Estudo do Tribunal

do Júri é o Mestre Guilherme de Souza Nucci, pois ao estudo realizado por

este nobre jurista nascera o Tribunal do Júri na Palestina onde havia O

Tribunal dos 23 Anciões, quando as vilas que possuíssem uma população

maior do que 120(cento e vinte) Famílias.

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O tribunal do júri por séculos, passou por momentos de ouro, onde

seus princípios de empedravam, mas cabe carrear que em alguns momentos

esteve em declínio livre, passando passivamente seus princípios basilares

se esfacelarem diante dos Estados que adotaram o Absolutismo e os

Regimes Ditatoriais.

Sem querer adentrar sobre o Estudo Religioso nos Estados, uma vez

que nosso Estado é laico, mas não pode deixar de passar desapercebido

neste capitulo que assevera sobre os Estudo da Origem do Tribunal do Júri,

um acontecimento Histórico e Religioso, que é o Julgamento de Jesus

Cristo, ou seja, podendo carrear a este estudo que foi um dos primeiros ou

senão o primeiro relato positivado de julgamento de uma pessoa pela

sociedade.

Jesus Cristo foi o grande idealizador, um grande profeta, onde tentara

mostrar que os Deuses do Império romano, não eram verdadeiros e que o

Absolutismo imposto por estes depostas a sociedade vinha em contrapartida

da Lei de Deus , logo Jesus Cristo foi seguido por milhares de pessoas e

isso aborreceu os imperadores daquela época e começara a caçada ao

Salvador conforme acham os cristãos, então Judas o traiu entregando-o a

sua localização aos seus caçadores. Diante da prisão efetuada por soldados

do Exército Romano Jesus fora levado a Julgamento por Pôncio Pilatos este

Governador da época, mas o governador sabendo da importância que o

Salvador Tinha e da prática de crimes aos quais eram insignificantes a coroa

Romana, viu-se entrelaçado em dois caminhos, o primeiro era de condenar

uma pessoa inocente que não trazia risco para a paz daquela cidade, a

segunda era de absolve-lo e proferir uma decisão contra a burguesia

daquela época. Então o Governador passou o poder de decisão ao povo,

que eles julgassem Jesus, logo o povo o sentenciaram morte, então

podemos verificar que este julgamento e a decisão fora emanada do povo.

Ao aplicar a analogia percebemos que se moldura ao Tribunal do Júri atual ,

como O presidente-Juiz e os Jurados que representam a sociedade.

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Como podemos verificar existem inúmeros doutrinadores

respeitadíssimos que estudam e publicam sobre a origem do Tribunal do

Júri, mas cabe ressaltar que não há duvidas sobre o objeto democrático ao

ser instituído o Tribunal Social, onde as decisões são emanadas do povo,

logrando êxito em retirar das atribuições do Juiz, onde poderiam e em

muitas das vezes são corrompidos e defender os interesses da pequena

parcela da sociedade, ou seja, os nobres, ferindo-se o Principio do Devido

Processo Legal.

Diante disto ao percebemos a história do nascimento e composição do

Tribunal do Júri, vamos partir da premissa dos Direitos e Garantias

Individuais no mundo, por isso houve uma grande aceitação perante ao

direito inglês, lugar que a sociedade mediante muitas revoluções contra a

monarquia, aprenderam a exercer os princípios que defendem os direitos

humanos, mas deve-se entender que o Tribunal do júri que existe hoje e

utilizado no ordenamento jurídico pátrio é eivado do direito inglês, tendo

como premissa a Guerra que Napoleão travou com a coroa inglesa,

acarretando na vinda da coroa Lusitana na o Brasil, então colônia de

Portugal, na época da guerra o júri dói revogado do ordenamento jurídico

Frances em 1808 e fora implantado uma Câmara do Magistrados, ou seja,

alguns juízes reunidos em uma Turma para decidir para a sociedade, mas

não prosperou uma vez que em todo Regime Ditatorial o Tribunal do Júri,

não é visto com bons olhos.

Na Inglaterra o concilio de latrão aparece mediante ao esforço dos

juristas em acabar com os Ordálios, que consistia no direito germânico,

onde sentenciavam por exemplo pessoas a serem jogadas em um rio com

pernas e mãos amarradas aos pés e mãos, caso sobrevivessem seriam

perdoadas, sendo algo terrível, ou seja, uma barbárie. Nesta época a

acusação era feita por um Servidor da coroa, podendo-se fazer analogia ao

ínclito parquet, com o advento do Tribunal do Júri passou a ser feito o

julgamento pela comunidades onde eram ocorrido os crimes mais graves.

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Podemos perceber que o Tribunal do júri nasceu e está em pleno

desenvolvimento com a finalidade de reduzir a vontade da tirania ditatorial,

ou seja, retirar do juiz que representava a vontade dos chefes de governo e

chefes de estado, o poder de decidir, deixando que a prestação da tutela

jurisdicional seja exercido pelo povo.

3 - TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL

3.1 - BRASIL IMPÉRIO

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No Brasil com a vinda da família real para o nosso território, criaram-

se inúmeras desavenças no campo jurídico nacional, uma vez que os

cidadãos não sabiam se utilizavam o ordenamento jurídico português, ou o

ordenamento jurídico da colônia. Com o final do Bloqueio continental e com

o retorno da família real portuguesa ao solo lusitano, Dom João deixou seu

filho, Dom Pedro de Alcântara, que governara a colônia em detrimento aos

mandos da metrópole,alguns anos se passaram e o Rei de Portugal exigiu a

volta de seu filho a metrópole para receber a Coroa de Portugal. Mas Dom

Pedro estava encantado com o sentimento patriota, bem como as belezas

tupiniquins, Dom Pedro preocupado com o futuro da colônia em face a

metrópole no dia 09 de janeiro de 1822, disse a multidão brasileira que iria

continuar no Brasil, onde o dia ficou marcado como dia do fico, logo depois

preocupado com a soberania e idéias do Velho continente em 07 de

Setembro de 1822 declarou a independência do Brasil, se tornando o 1º

imperador do Brasil, recebendo o Titulo de Dom Pedro I. No Brasil regia-se

as Ordenações Filipinas, pela força do Decreto 20/1823, desde que não feri-

se a Soberania da recém terra independente, diante disto o Brasil ganhou

um novo regime processualista.

“ A elite brasileira também absorveu muito do liberalismo político da Inglaterra. A assembléia constituinte delineou uma constituição sob a direção de José Bonifácio de Andrade e Silva, um proeminente de terras e juristas. Ele copiava , em grande medida, o sistema parlamentar inglês com o objetivo de criar um governo controlado pela elite por meio de uma elegibilidade altamente restrita. O imperador Dom Pedro não gostou dela. Ele dissolveu a Assembléia Arbitrariamente e promulgou sua própria constituição1”

Sendo que o ambiente proporcionado entre Jose Bonifácio e o

Imperador e a liberalidade que a antiga colônia conseguiu da metrópole,

1 SKIDMORE, Tomas. Uma Historia Brasileira .2ª ed. São Paulo.Paz e Terra, 1998, pág 63.

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trouxe a Dom Pedro a outorgar a primeira Carta Constitucional do Brasil,

sendo que é denominada Carta,uma vez que da forma que foi introduzida no

Ordenamento Jurídico é de uma forma autoritária, sem a aprovação do povo,

bem como processos legislativo.

Diante da carta constitucional outorgada pelo imperador, nasce o

Tribunal do Júri no Brasil em 25 de Março de 1824,tendo grande influência

Inglesa, sendo que o Tribunal do Júri apenas era competente para julgar e

processar os crimes relacionados a imprensa.

A mesma carta outorgada ao ser impetrada no ordenamento jurídico

pátrio, esta nasceu sob uma visão discriminatória; senão vejamos que o

inclito jurista Dr. Paulo Rangel Salienta sobre o Assunto:

“ A primeira constituição da História do Brasil nascia de cima para baixo, ou seja, foi imposta pelo imperador ao povo que representava uma minoria branca e mestiça que votava e tinha participação na vida política.os escravos estavam excluídos de seus dispositivos, até porque eram tratados como coisa2”.

Nosso país passava por um regime governamental, que adotou a

Monarquia, logo esse seria um sistema Hereditário, ou seja, passava de pais

para filho, sendo inspirado na democracia européia, sendo o Brasil divido

em províncias deferente dos dias atuais, o Brasil adotou como religião a

Católica Apostólica Romana, com fulcros nos artigos 1º ao 4º, da carta

constitucional de 1824.

3.2 - O CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL E O JÚRI

Com a exclusão da maioria da população e a concentração do poder

nas mãos do monarca é fácil perceber que o Código de Processo Criminal

do Império foi eivado de autoritarismo em sua elaboração em 1832, logo

2 RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal, 15ª ed, Rio de Janeiro, Lumem Iuris,2009. pág 53

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José Bonifácio e seus filhos que tinham suas essências jurídicas

evidenciadas do direito inglês, foram presos expulsos do Brasil e radicados

na França. Sendo que os outros 3(Três) poderes exerciam sua atuação

limitadamente,porque os Poder Moderador, este sendo exercido pelo

Monarca iram em contrapartida da constitucionalidade e a Originalidade do

Poder Constituinte.

O Brasil foi dividido em 04 (quatro) poderes, 1º era o Executivo, o 2º o

Legisferante, o 3º o Judiciário e o 4º o Poder Moderador. O Poder Moderador

era exercido pelo imperador com fundamentos na ideologia da França de

Tomnere de Benjamim Constant , o monarca intervinha legalmente nos

campos formalmente definidos nos quais exerciam a pratica dos demais

Poderes3.

Com inúmeros problemas o imperador do Brasil abdicou de seu trono

em 1831, depois de 09 anos da independência, indo para a Inglaterra com a

finalidade de recuperar o seu trono na Coroa Portuguesa que era ocupado

por seu irmão Dom Miguel e aqui deixando seu filho de apenas 05 anos de

idade.

O Jovenil Imperador, era menor, logo não poderia exercitar seu cargo

de chefe de Estado, bem como chefe de governo, pois não possuía a

capacidade civil, entretanto figuras conhecidas no meio político e histórico de

noção nação figuraram e governaram em nome do novo Imperador, logo o

Brasil no ano de 1831 á 1840 foi governado e doutrinariamente foi conhecida

uma época da Regência. Com essa oportunidade os regentes aproveitaram

para fazerem reformas importantes para diminuir ou até mesmo acabar com

as atribuições do órgão da monarquia e estabelecer uma estrutura com

fundamentos no precipício da dignidade da pessoa humana.

Em 1832, 1 ano depois do período regencial , fora sancionado o CPCI

( Código de Processo Criminal do Império) de primeira instancia, este foi um

feito da regência permanente Trina, fazendo parte os ilustres governantes

3 ALBUQUERQUE, Manoel Mauricio. De OB, cit, pág 342

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regenciais Francisco de Lima Silva, Jose da Costa Cavalcante e João

Brautio Muniz, aplicando mudanças no que tange aos jurados que fossem

eleitores com fulcros no artigo 23 do CPCI/1832 ( código de processo

criminal do império), portanto só poderia exercer o cargo de jurado quem

tivesse uma boa condição financeira e quem poderia vota.

Nasce ai uma distancia entre os julgadores e os réus, pois nem

sempre os réus eram eleitores, mas em muitas das vezes, quase sempre

eram pessoas das camadas mais baixas da sociedade imperiana, na

verdade muitas das vezes eram vitimas de um regime monarca Absolutista.

Logo fazer parte do corpo de jurados era apenas possível a uma

determinada camada da sociedade, fazendo agonizar o principio da

Dignidade da Pessoa Humana, no que tange a Formação do Conselho de

Sentença.

3.3 - O GRANDE JÚRI E O PEQUENO JÚRI : A GARANTIA DO ACUSADO

O Brasil estava infiltrado de uma influencia inglesa, tanto que o

Tribunal do Júri no Brasil Império era dividido em duas Fases: o grande júri

e o pequeno júri. O primeiro era composto por debates orais entre os

jurados, caso chegassem a uma decisão unânime de que o acusado fosse

culpado dos fatos narrados na Inicial Pública ou na Inicial Privada este será

remetido ao Pequeno Júri, onde seria Julgado por outro conselho de

sentença. Caso não chegasse a uma decisão unânime o magistrado

presidente iria lograr na sentença, que a denuncia ou a queixa não

deveriam prosperar, com fundamentos no artigo 251 do CPCI/1832., senão

vejamos:

“Quando a decisão fôr negativa, o Juiz de Direito, por sua sentença lançada nos autos, julgará de nenhum effeito a queixa, ou a denuncia”

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Em outra diapasão, vejamos o que dizia o artigo 248 do mesmo

estatuto imperiano:

“ Finda a ratificação do processo, ou formada a culpa, o Presidente fará sahir da sala as pessoas admitidas, e depois do debate que se suscitar entre os jurados, porá a votos a questão seguinte: Procede a accusação contra alguém? O secretário escreverá as respostas pelas fórmulas seguintes: O Júry achou matéria para accusação contra F. ou F O Jury não achou matéria para accusação.”

No que tange a um entendimento doutrinário por parte dos juristas,

vejamos que oi douto João Junior elenca:

“ o nosso código de processo consagrou os dois júris, dando ao grande júri o nome de júri de acusação e ao pequeno júri, o nome de júri de sentença; entretanto, não seguiu completamente o sistema inglês, isto é, não admitiu que a queixa ou a denuncia pudesse ser diretamente apresentada ao júri de acusação. Os artigos 144 e 145 determinavam, neste ponto o sistema do nosso código: - o Juiz de paz, a quem se apresenta a queixa ou a denuncia, depois de proceder as diligencias, inquirições, interrogatório, em suma, aos atos da formação da culpa, pronunciava ou não o indiciado, declarando procedente ou improcedente a queixa ou a denuncia4.

Nesta época, ao estudarmos , percebemos que foi uma das fases mais

democrata do Ilustre Tribunal do Povo, onde os Julgadores debatiam entre si

o caso em tela para opinarem se o acusado iria participar da sabatina do

4 ALMEIDA JR., op cit., p. 233

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pequeno Júri, dando uma maior Publicidade, transparência, reservas legais

as decisões do Júri de Acusação.

Aplicando a analogia percebemos que o Grande Júri exercia o papel

que é do magistrado togado, que é a primeira fase do procedimento do

Tribunal do Júri que é doutrinariamente classificado como judicium

accusationes no que tange a uma decisão interlocutória de pronúncia do

réu, uam vez que é discricionário ao Togado de Pronunciar ou não o ora

Acusado, mesmo que eivado de duvidas, quanto a materialidade e autoria do

acusado, o magistrado irá Pronunciar o réu, em face ao principio do in

dúbio pro societate com fundamentos no artigo 408 do Atual CPP.

Então vejamos o que o eminente Professor Vicente Greco Filho

(Tribunal do Júri - Estudo sobre a mais democrática instituição jurídica

brasileira. Coordenação: Rogério Lauria Tucci, São Paulo: Ed. Rev. dos

Tribunais, 1999, pp. 118/120, apud Marides de Melo Ribeiro, in Artigo do

Boletim IBCCRIM nº 124 Março/2003). "Em sendo o veredicto do júri

qualificado pela soberania, que se consubstancia em sua irreformabilidade

em determinadas circunstâncias, e tendo em tinta a ausência de

fundamentação da decisão, a função, às vezes esquecida, da pronúncia é a

de impedir que um inocente seja submetido aos riscos do julgamento social

irrestrito e incensurável.5

Tende-se que o povo é o titular do direito, logo é a sociedade é quem

daria a decisão de que o réu seria submetido ou não ao crivo popular, sendo

este um mecanismo de controle da população e não do Estado absolutista

que assolava nossa país e levar seus súditos ao banco dos réus, sem que

houvesse o mínimo do provas de indicio de autoria e materialidade do fato.

O Grande Júri era composto por 23 jurados, logo que este decidia pelo

provimento da peça vestibular privada ou pública ao réu seria julgado pelo

pequeno júri, este formado por outros 12 jurados que decidiria sobre o objeto

5 http://jus2.uol.com.br/doutrina/imprimir.asp?id=6106)

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da causa, ou seja, o mérito da acusação, então vejamos o que salientava o

artigo 270 do CPCI/1831:

“ Retirando-se os jurados a outra sala, confeccionarão sós, e a portas fechadas, sobre cada uma das questões propostas e o que for julgado pela maioria absoluta de votos será escripto e publicado como júry de acusação”

Percebemos que o modelo de julgamento na época monarca bem

mais democrática do que os dias atuais, a norma que impedia aos jurados

de participarem do objeto da causa, pois estavam preocupado o legislador

em assegurar a imparcialidade no julgamento e respeitar o principio do juiz

natural.

Cabe ressaltar que a estrutura do tribunal do júri imperial, levando-se

em conta o Regime e a Forma de governo da época o procedimento no

tribunal popular era bem democrático, pois estava embasado no

ordenamento jurídico inglês, que tem a originalidade na democracia e nas

garantias individuais.

Analisando o tribunal do júri da época o ilustre mestre e jurista, o Dr.

Fauzi Hassan Chockr, faz jus as seguintes assertivas:

· A eleição popular do jurado foi ima momentânea escolha do legislador

que jamais se repetiu no direito positivo, seja no período imperial ou após a

proclamação da república

· O juízo de admissibilidade popular, totalmente consentâneo como

primado da população na administração da justiça, assim como muito mais

fiel ao preceito constitucional do juiz natural, jamais retornou ao direito

positivo.

· A discussão da causa entre os jurados como forma de obtenção dos

veredictos mecanismos extremamente democrático, fez parte da

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regulamentação jurídica do Tribunal do Júri e foi completamente

abandonada nas reformas anteriores.

3.4 - A REFORMA PROCESSUAL PENAL COMO INSTRUMENTO DE MANIPULAÇÃO POLITICA

Logo após a edição do Ato adicional, várias insurreições ocorreram e

surgiu no sentimento dos brasileiros a necessidade de uma profunda reforma

na organização estatal.

Com as mudanças vindas do continente europeu, o governo central

deu autonomia ás assembléias provinciais e permitiu que elas se

organizassem melhor a distribuição de renda entre o governo central e as

assembléias, diante disto surgiram as disputas entre as elites regionais que

muitos daqueles governantes, inspirados na forma de federação utilizada

nos EUA, queriam controlar sozinha as províncias que a cada dia crescia.

Nesse víeis de revoltas, o governo aprova a reforma processual, para

com a desculpa de sempre conter a onda de violências, diante do advento

da lei 261 de 1841,m o tribunal do júri sofreu um grande golpe no que tange

a forma acusatória. O entendimento dos senadores imperiais, deu bem a

idéia da origem do sistema jurídico brasileiro e de onde foram buscar

inspiração para acabar com o grande júri. O senador Vasconcelos durante o

seminário nas cortes imperiana, suscitou inúmeros argumentos a favor e

contra a forma de julgamento do grande júri.

Aqueles que queriam que o grande júri fosse mantido no ordenamento

jurídico nacional justificavam que a Inglaterra teria a origem sobre o qual

nosso país deveria se basear para a manutenção desta fase processual,

pois existia na fase do grande júri respeito as garantias fundamentais do

acusado. Muitos senadores como o ilustre Almeida de Albuquerque,

defendia a manutenção da fase processual, pois estaria pautado na

Democracia, entre outros temais defensores das Garantias individuais do

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acusado, mas o senado acima citado queria diminuir o número de jurados

para 08 á 12 julgadores.

Mas grande parte da elite dos senadores eram contra o grande júri e

justificavam com fundamentos no júri francês. Destarte a reforma do CPCI

pela lei 261 acabou com o Grande Júri. A decisão da precedência ou não da

pretensão do Estado em exercer a acusação, não mais estava nas mães dos

jurados, mas sim das autoridades policiais e aos juizes municipais, aqueles

membros do Poder Executivo, ou seja, uma função atípica, e quando a

decisão fosse emanada por Delegados e Subdelegados, dependeria de

Homologação do Juiz municipal, então vejamos o que o Artigo 54 da lei 261,

salientava:

“As sentenças de pronuncia nos crimes individuais proferidas pelos chefes de policia, juízes Municipais e dos Delegados e subdelegados, que forem confirmadas pelos juizes, sujeitam os reos á acusação, e a serem julgados pelo jury, procedendo-se na forma indicada o artigo 254, e seguintes do código de processo criminal” ( sem griffos no original)

De nada melhorou o sistema processual, pelo contrario, dilapidou as

atribuições dos juízes de paz, pois criaram cargos na policia com atribuições

típicas do Judiciário, inclusive no modo de pronunciar todos os crimes,

tomou embasamento para as pronuncias proferidas pelo poder executivo. A

reforma portanto visava retirar das mãos da população o poder de julgar seis

pares, sendo este o fundamento do tribunal do júri.

3.5 - A REPÚBLICA E O TRIBUNAL DO JÚRI

A guerra do Paraguai, foi o sintoma mais latente, de que mais a diante,

os militares, que tinha perdido espaço no campo político, desde que o

segundo reinado cai nas mãos da regência Feijó, quando a monarquia criou

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a guarda nacional, logo iriam exigir seus poderes novamente, diante disto

começa o movimento republicano, que mais tarde iria cominar na

proclamação da república, de modo não heróico para o Senhor Deodoro da

Fonseca.

Deve ressaltar que vários fatores influenciaram, para o fim do regime

imperial, mas o militares e uma parte da burguesia relacionada ao café, no

Estado de são Paulo foram as forças latentes que conseguiram dar o “golpe”

na monarquia, logo influenciando na republica.

Ao ser proclamada a republica em 15 de novembro de 1889, nosso

país passa a ser aproximar mais do Estados unidos e se afastar da

Inglaterra, que não via com bons olhos a república. Essa aproximação com o

país da América do Norte, tinha como escopo de fazer com que houvesse

apoio para o Brasil se tornar líder da América do sul, exigindo-se assim uma

Constituição que se aproximava dos ideais americanos, no que tange a

política, econômicos e sociais.

Em 24 de fevereiro de 1891, seria promulgada a primeira Carta, da

República dos Estados Unidos do Brazil, logo o júri era colocado na esfera

do titulo referente ais cidadãos brasileiros na secção da Declaração dos

direitos, fundamentado no artigo 72§ 31, que elencava que era mantida a

instituição do Júry.

Tal medida fez com que os legisladores e doutrinadores da época,

sustenta-se que como era mantido a instituição do tribunal popular, iria

impedir que leis ordinárias, posteriores pudessem alterar sua essência, caso

fossem editadas essas normas, estariam eivadas de inconstitucionalidade,

pois o poder constituinte da época que pertencia ao governantes.

O inclito jurista Rui Barbosa, elencava que a intenção manifesta na

constituição acima citada foi determinar que o tribunal social, nos seus

elementos substanciais, continuassem em vigor tal qual como no regime

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anterior, logo qualquer alteração que não respeita-se essa essência seria

inconstitucional6.

O decreto nº 848, foi criado para organizando a Justiça Federal e

criando o júri federal com doze jurados, sorteados de trinta e seis cidadãos

do corpo de jurados estadual da comarca.

Antes da constituição de 1934, entrar em vigor existia no plano

internacional, uma crise que assolava todo os paises, pois era o fim da

primeira grande guerra mundial, e existia uma agravante do crack da Bolsa

de Nova Iorque.

Nesse contexto e com outras variantes, que não está na esfera de

nosso estudo, nasce a Revolução de 1930, e Vargas inicia o seu reinado que

iria ter por fim em 1945. Vargas promoveu o capitalismo nacional em dois

suportes básicos: no aparelho do Estado com as Forças Armadas e na

sociedade, através da aliança entre a burguesia industrial e setores das

classes urbanas 7

A constituição de 1934, teve como inspiração o modelo da constituição

alemã, ou seja, no modelo em que era empregado na Alemanha no fim da

primeira guerra e antes do período nazista. O júri ingressa na constituição de

1934, em pleno governo provisório getulista, após a chamada revolução de

302, em que o presidente foi, basicamente deposto do seu cargo, logo na

constituição de 1934, o júri estava dentro capitulo do Poder Judiciário e não

mais na declaração de direitos do cidadão, como na primeira constituição.

Logo inúmeras ascensões autoritaristas nasce nações autoritaristas,

como na União Soviética, Alemanha e até nossos amigos Portugueses,

Getulio Vargas sentiu-se autorizado pelo contexto mundial de fazer o mesmo

em nosso país, logo ele institui o Estado Novo que começou em 1937,

nascendo uma nova fase política no Brasil de Ditadura. Cabe ressaltar que a

Ditadura e o júri, não são bons amigos, não podem conviver no mesmo

ambiente político, pois a essência do júri é a democracia, pois a criação do

6 A instituição do júri, p. 22 7 BORIS FAUSTO, OB, CIT. 327

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júri como vimos acima é retirar das mãos do déspotas o poder de decidir

sobre direitos fundamentais do cidadão.

Neste diapasão, a constituição de 1937, sequer trouxe o Tribunal do

Júri, levando a alguns doutrinadores e juristas entender que teria se

extinguindo esse instituto. Entretanto em 1938, um ano após a outorga da

carta de 37, foi promulgado o Decreto lei de 167, que iria regular a instituição

do Tribunal do Júri, mas com uma grande perda par a Democracia, pois os

veredictos dos jurados não seriam mais soberanos, admitindo Recurso de

apelação quando existi-se injustiça por completa divergência, podendo em

segunda instancia aplicar pena justa ou absolver o pronunciado. O decreto

167, foi considerado pela doutrina a primeira lei nacional de direito

Processual penal da Republica do Brasil.

Podemos perceber que, na medida que o contexto do governo se

endurece, o governante, executa vários atos em que poderia ser

“consertado” pelo Poder Judiciário, diante disto ele diminui o Campo de

atuação dos Magistrados, com isso tinha liberdade para facilitar a

Repressão. Em segunda instancia, Vargas exercia seu poder e influenciava

nas decisões colegiadas.

Era competente o Tribunal do júri para julgar os crimes de homicídio,

o atentado contra a vida de uma pessoa por envenenamento, o

infanticídio, o suicídio, a morte, a lesão corporal seguida de morte por

duelo, o latrocínio e a tentativa de roubo.

Em 1941, entrou em vigor o Código de Processo Penal, que manteve

a estrutura caótica do Tribunal do Júri, prevista no decreto lei acima citado,

até porque o governo era o mesmo, logo sofreu algumas alterações

Vargas foi deposto de seu cargo em 29 de outubro de 1945, foi eleito

para o Executivo mais um militar e dezembro de 45, prometend2o uma nova

estrutura para a democracia no pais, mas como sempre o Brasil sempre

sofreu por promessas de seus Candidatos e cabe ressaltar que militar não

se une ao Tribunal do júri.

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Logo em 1946, o Brasil, outorgou a sua Quarta Carta Republicana,

senndo a quinta da História, trazendo o Tribunal do Júri em seu artigo 141 §

28, in verbis:

“ È mantida a instituição do júri, com a organização qie lhe der a lei, contanto que seja sempre impar o número de seus membros e garantindo o sigilo das votações, a plenitude de defesa do réu e a soberania de veredictos. Será obrigatoriamente da sua competência o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Cabe ressaltar que ao ser instituído o período democrático no Brasil, o

Tribunal do júri volta ser tratado com respeito. O número impar de seus

componentes, com a sucessiva soberania era notório que a condenação não

era almejada e o réu tinha direito ao Contraditório e ampla defesa. Decisão

do júri, sendo soberana, somente poderia ter recurso pelo próprio tribunal

social, não sendo mais legal interpor recurso de Apelação quando for órgão

julgador o júri, razão pela qual foi editada a lei 263 de 1948, que revogou os

artigos 604,605,606 do Código de Processo Penal.

Tal lei veio dar compatibilidade ao código frente a nova ordem

constitucional que restabeleceu a soberania dos veredictos, cabe ressaltar

que nova ordem constitucional democrática, a carta de 46, exigia a

revogação dos artigos que permitiam as Câmaras reformar a decisão dos

jurados. Por isso fora promulgada a lei 263 de 48.

Dizia o artigo 606:

“Se a apelação de fundar no nº III, letra “b” do artigo 593 e o Tribunal de Apelação se convencer de que a decisão dos jurados não encontra apoio algum nas provas existentes nos autos, Dara provimento á apelação para aplicar a pena legal, ou absolver o réu, conforme o caso”.

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O período da democracia, teve vida curta, ou seja, perdurou por

apenas 18 anos de idade, e mais uma vez nosso pais passou por uma

turbulência, que foi desde o suposto suicídio de Getulio em 1954, passando

pela crise financeira que assolou nosso pais por causa da construção de

Brasília, por Juscelino, pela eleição direta, em outubro de 60 foi eleito Jânio

Quadros e foi obrigado a renunciar em 61 e o conturbado Governo de Jango,

até chegar o dia 31 de Março de 1964, quando mais uma vez os militares

influenciado pelos americanos, pois estavam com medo da aproximação

Brasil, com a URSS, deram o Golpe de Estado, sendo um Retrocesso para

um pais e a Visão democrática.

Destarte o País passou a ser administrado através de Atos

Institucionais e o primeiro foi de 9 de Abril de 1964, em que a garantia

constitucional dos Magistrados da vitaliciedade foi retirada por seis meses e

outras medidas severas foram impostas ferindo os direitos e garantias

fundamentais. A Carta Ditatorial de 67 em seu artigo 150 § 18, in verbis,

salientava:

“ São mantidas a instituição e a soberania do júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”

Foi mantido a soberania e sua competência, para julgar e processar

réus contra crimes dolosos contra a vida, mas na verdade a historia que a

nação brasileira conhece mostrou que essa soberania só ficou no papel, o

regime militar era incompatível com o manancial do Tribunal do júri.

Ao ser editado o AI 5 em 13 Dezembro de 1968 a sociedade brasileira

assiste e sofre uma das mais seria restrições aos direitos e garantias

individuais. O Ato institucional suspendeu a garantia do Hábeas Corpus ,

para os acusados dos crimes contra a ordem econômica e social e popular e

contra a segurança nacional. Em 1969, foi reformada a constituição de 67, e

sua emenda constitucional , chamada por alguns doutrinadores

constitucionais de uma nova carta, tratou até do júri, mas sem a sua

essência soberana., Então vejamos:

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“È mantida a instituição do júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.

Desde a origem do Tribunal do Júri, quanto a sua evolução do mesmo,

é notório que não pode associar esse instituto com a falta da democracia,

pois esse instituto foi criado para retirar das mãos do autoritarismo o

julgamento de uma pessoa sem que tenha interesses alocados na decisão,

então vejamos a passagem cristalina de como ditadura e juri nunca

combinaram, com a palavra Helio bicudo:

“ avolumavam-se as pressões para que o juiz Jose Fernandes Rama deixa-se a presidência do II Tribunal do júri de São Paulo,corte que passara a julgar grande numero de processos promovidos contra membros do Esquadrão da Morte, Fazendo-o de modo imparcial, e que por isso mesmo, vinha acarretando a condenação sistemática e exemplar dos culpados.Armou-se contra ele uma verdadeira cilada.Advogados interessado criaram um incidente, no qual diziam ofendidos pelo juiz.pediram e obtiveram o apoio da Ordem dos advogados. Fez-se um ato publico de desagravo.... Não decorreu muito tempo o juiz Rama deixava por “ato voluntário”, o II Tribunal do júri, para refugiar-se no anonimato de uma das varas criminais da Capital.Hoje encontra-se no II Tribunal do Júri um juiz simpático á causa do Esquadrão da Morte assessorado por um promotor que nesses caso faz o jogo da defesa....Com pano de fundo desde triste espetáculo, o Governo Federal, em dezembro de 1973, fazia passar uma reforma de dispositivos do código de Processo Penal, que permitia que os réus pronunciados, sob certas condições aguardassem em liberdade o pronunciamento do júri.É que o Delegado Sérgio Fleury havia sido pronunciado por acórdão unânime da 1ª câmara criminal do Tribunal de Justiça e, por força de lei,encontrava-se preso, recolhido ao DEOPS, a aguardar julgamento pelo tribunal popular.A lei Fleury como ficou conhecida, foi um passo inicialpara uma verdadeira limpeza na

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área. Em seguida vieram o afastamento de promotores e juizes. Tudo pronto para o julgamento do homem símbolo do esquadrão da morte, ato que não passou de uma farsa, pois sua absolvição, dentro do quadro descrito, era em decorrência inarredável e serviu apenas para reforçar a convicção generalidzada de que não faltaria o esquema armado para sua absolvição8

Cabe ressaltar que o AI 5, teve vigência até em 1979, cabe carrear

que não existe a possibilidade de desconsiderar esse processo histórico,

uma vez que podemos compreender a relação entre o júri democracia, e o

júri ditadura.

Nosso pais passou por momentos negros,os quais podemos fazer

analogia com as guerras hoje existentes, bem como a política

governamental da China. Logo chegou o fim do regime militar que assolava

a democracia, logo com o movimento das direitas já e a promulgação da

Constituição cidadã, sem antes de os militares fazerem inúmeros atentados

para que pudessem ruir com a democracia.

Logo , o Tribunal do Júri recebe na constituição de 1988, novos

contornos. Instaura-se o período democrático. Diz a constituição de 1988, in

verbis:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa b) O sigilo das votações c) Soberania dos veredictos d) a competência para julgamentos dos crimes dolosos contra a vida.

3.6 - A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI

8 Meu Depoimento sobre o Esquadrão da Morte. 10 ed, São Paulo: Martins Fontes, 2002. p 88

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3.6.1 A Constituição Como Instrumento Garantidor Do Estado Democratico De Direito

A constituição de um estado é o momento que o Poder Constituinte

Originário, constitui, estabelece normas, condutas, organização de ser o

assoalho, de ser essencial a algo que se pretende instituir. Outras palavras

constituição determina certa ordem, organizando os processos do Estado,

estabelecendo limites ao seu exercício, pois o Estado não pode deixar seis

súditos agonizando em favor do tirano que passa a possuir legitimação de

direito e obrigações, contra ele, imprescritíveis e invioláveis9.

“ a idéia de constituição é de uma garantia e ainda mais, de uma direção da garantia. Para o constitucionalismo, o fim está na protcção que se conquista em avor dos indivíduos, dos homens cidadãos, e a constituição não passa de um meio para o atingir” * ( Miranda, Teoria....op, cit, p 326)

O cidadão do Estado, possui a garantia que tanto seu direito quanto os

seus deveres estão positivados no texto constitucional, podemos utilizar dos

remédios constitucionais, para que o Judiciário possa exercer a tutela

jurisdicional, para sana a lide. Quando o Estado, sendo governado pelo

Estado de Direito e não pelo absolutismo monarca ou do ditador, o cidadão

irá gozar dos beneplácitos inerentes ao exercício legal da cidadania. Nesse

diapasão, o Estado defensor das garantias fundamentais, vem constituir o

seu fundamento e objetivo perante a legalidade e a ordem jurídica.

Contudo, não se pode perder de vista a ética do Estado, ou seja, seu

comprometimento de criar mecanismo asseguradores do pleno

desenvolvimento da pessoa humana, tornado-se assim um Estado

Democrático Social de Direito, objetivando o desenvolvimento e a libertação

dos integrantes excluídos pela sociedade, livrando o Estado definitivamente

9 MIRANDA, Jorge , teoria do Estado e da Constituição, rio de janeiro: forense: 2009, p 326.

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do centro imperial dominador. A constituição de um país como o nosso, deve

em consideração e ter como objetivo fundamental essa exclusão de adotar

atitudes de livrar os seus cidadãos do jugo do dominador, razão pela qual o

homem deve ter esse principio como foco central.

No passado o Brasil passou por 2 momentos em que o homem não

era respeitado, deferindo suas garantias fundamentais e sua dignidade

humana, tanto na época monárquica , quanto no começo da república, no

entanto com as reformas na esfera política e jurídica o Brasil, n~]ao tem mais

espaço para elaboração de uma constituição que não leve em consideração

o homem em si, como participante da vida publica, pois quando o Estado é

democrático de direito terá como elemento qualificador a democracia, pois

seus elementos constitutivos como: povo, território, governo e soberania,

irão regulamentar a ordem jurídica. O que qualifica o Estado é ser ele eivado

de democracia e não ser ele apenas Democrático de Direito, pois o Brasil

diferentemente do Estado português que é um Estado de Direito

Democratico, com o democratico adjetivando o direito e não o Estado10.

Nesse diapasão não existe legitimidade no ato de julgar sem que

respeite a vida e a dignidade da pessoa humana, estando compreendidas

em todos seus reflexos como sendo sagrado e inalienavel do ser

humano.pois qualquer decisão com fundamentos no artigo 93,IX deverá ser

fundamentada então vejamos:r das garantias fundamentais, vem constituir o

seu fundamento e objetivo perante a legalidade e a ordem juri.

“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”

10 SILVA. José Afonso. Curso de Direito Constitucional positivado. 27. ed Malheiros. São paulo, 2006. p. 119

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Se todo poder emana do povo e em seu nome é exercido alguns

princípios, a incomunicabilidade, instituída quando o pais passava pela

ditadura varguista e não encontra espaço no ordenamento jurídico

constitucional hordieiro.

Os direitos e garantias fundamentais ganham uma proporção

diferente no Estado Democrático de Direito, afim que se possa por meio dele

erradicar toda e qualquer falta de isonomia entre os cidadãos daquele

Estado pois os verdadeiros atores jurídicos devem agir visando obter uma

eficácia protetiva dos direitos e garantias fundamentais, sob pena de

esvaziar-se sua particular dignidade na ordem constitucional, razão pela qual

o legislador constituinte originário erigiu tais direitos a condição de clausual

petrea ou garantias de eternidade11.

Então vejamos o que o Artigo 60 § 4º, IV da CRFB/88, salienta:

“§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir IV - os direitos e garantias individuais.”

Nesse sentido o Tribunal do Júri, este dentro da esfera dos direitos e

garantias individuais, do qual são tratados direitos fundamentais do homem,

tais como a vida, a liberdade para não dizer a dignidade da pessoa humana

e do poder que o povo exerce ao julgar, deve merecer um leitura mediante

aos fundamentos dos direitos fundamentais que não pode ser roubado de

tais direitos.

Lenio Streak ensina:

“ nunca é demais repetir que o Estado democrático de direito assenta-se em dois pilares: a democracia e dos direitos fundamentais. Não há democracia sem o respeito e a realização dos direitos fundamentais-

11 SARLET, ingo wolfgage. A eficácia dos direitos fundamentais. 4ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 371-377

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socias- no sentido que lhe é dado pela tradição sem democracia, há sim uma co-pertença entre ambos12.

Para tanto nossa constituição estabelece que o tema de garantias

constitucionais, sendo o conjunto instrumental e organizado de meios

jurídicos que prevê, para angariar a conversação e nascimento de suas

normas, uma permanente observação fazendo ter validade sua aplicação

efetiva em defesa da vida e contra qualquer agressão aos postulados e

principalmente o objeto de nosso estudo, o tribunal do júri sendo esta

instituição, ou seja, uma garantia fundamental, inserida no artigo 5º XXXVIII

da CRFB, sendo que a maioria da doutrina entendem que esta é uma

instituição não poderia ficar longe dessa proteção petrificada.

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

3.7 - ALISTAMENTO DOS JURADOS E SUA CONSTITUCIONALIDADE

No ordenamento jurídico nacional, a função dos jurados não encontra

assentamento legisferante nem no texto constitucional, pois deveria estar

inserido este tema, mas não está, ao estudarmos o tema em tela não

podemos confundir a previsão da instituição do Tribunal do Júri, na

constituição, com as regras no que tange a convocação do nacional para

fazer parte do corpo de jurado. A carta magna assegura que o julgamento

feita pela instituição do júri é uma garantia constitucional do acusado, mas

no que tange a fazer parte do corpo de jurados não lhe deu este

endurecimento, ou seja, não está positivado em qualquer lugar em nosso

ordenamento jurídico o direito a ser jurado, mas verdade é um dever imposto

12 STERACK, Jurisdição ....op. cit. P 110

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ao cidadão, como no caso do alistamento do serviço militar para os

nacionais do sexo masculino , então vejamos o que o artigo 434 do CPP,

salienta:

“ o serviço do júri será obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores de 21 anos isentos os maiores de 60 anos.”

Cabe ressaltar que o ato descrito no artigo 421 do CPP, é classificado

como manu militar, ou seja, o Estado , impõe ao cidadão a incumbência de

servir como jurado, infligindo-lhe , acarretará em multas e perdas dos direitos

politicos, com fundamentos nos artigos 443 e 435 ambos do CPP, o ilustre

professor Tourinho Filho Salienta que :

“Dizendo a lei que o serviços do júri é obrigatório, significa que, salvo as pessoas isentas por lei, não é licito a ninguém dele se escusar-se, é obrigação imposta por lei a toso os brasileiros natos ou naturalizados para desenpenho de relevante função pública13”

O jurado ao julgar, estará exercendo uma parcela de soberania

nacional, fundamentando o Estado Democrático de Direito no artigo 1º da

CR, caso que em sua decisão manifestará a opinião geral do povo e não a

sua própria opinião, com fulcros no mesmo artigo , sendo que baseado no §

único. Tal função honorifica deveria ser as garantias plenas do Exercício da

Cidadania, permitindo que o nacional pudesse se candidatar a função de

jurado desde que em consonância dos requisitos exigidos.

13 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. 9ª ed, código de processo penal comentado. São Paulo: Saraiva, 2005. V. 2. pag 77

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A boa doutrina entende que deveria estabelecer como direito e

garantia fundamental o exercício da função de jurado, pois devemos lembrar

que todo poder em Estado de Direito é exercido pelo povo e para o povo,

deve ressaltar que o exercício da cidadania no tribunal do júri, tem que

passar pelo crivo da sabatina e da escolha do jurado pelas partes ali

presentes, ou seja, o MP, o Pronunciado e assistência de acusação, diante

da lista voluntária de 36 cidadão ali impostos e presentes.

O nacional como integrante do corpo de sentença, tem como

presunção que todo aquele que se encontra em pleno dos direitos políticos,

excluindo-se erroneamente os analfabetos e os estrangeiros, pois estes não

podem ser elegíveis, estes por não exercerem parcela da soberania e

aqueles privados do conhecimento necessário para distinguir uma cédula

sem de uma não. Como consultar qualquer peça dos autos.

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4 - O TRIBUNAL DO JÚRI NO DIREITO ALIENÍGENA

4.1 - JURADOS QUEM SÃO?

Os jurados, são pessoas daquela comunidade onde ocorreu o fato,

devem decidur com fundamentos no que eles saibam e com base no que se

disse. A sua decisão deverá ser fundamentada não em provas, uma vez que

estas é de responsabilidade das partes, esses homens ou mulheres devem

ser recrutados entre os vizinhos formando o pequeno juri, bem como a

formação do grande juri.

Esses julgadores representam a verdade que Deus sempre

promulgou, por isso o fundamento de ter 12 homens, em analogia aos

Apostolos de Cristo. Esse sitema está encravado até hoje no diploma

processual nacional, com fincas ao artigo 472 do Código.

Na inglaterra, logo após a promulgação da Magna Carta, o Tribunal

Social espalhou-se em outros paises do velho continente atravessando o

Oceano Atlantico e chegando ao EUA.

Cabe ressaltar que o jurio possui a afirmativa de que os iguais julgam

os iguais. O acusado é julgado por seus pares, porem, devemos observar a

formação do conselho de sentença para que essa afirmativa não é utilizada

no Brasil.

Destarte a contituição do rei João, com fincas no artigo 48, elencava “

Ninguem poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens,

costumes e liberdades, senão em virtude de seus pares, segundo as

leis do pais”.

Nesse sentindo, o juri nasce com a missão de retirar o poder do

despota, que julgava em desconformidade do principio da dignidade humana

e do devido processo legal.

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4.2 - O DIREITO COMPARADO E A QUESTÃO DA INCOMUNICABILIDADE

Trata-se de uma questão regida por lei, que tem como objetivo,

defender a opinião dos jurados, protegedo á afirmação de que suas

mafifestções serão livres e seguras, o objetivo segundo alguns doutrinadores

é evitar interferencia de um juiz leigo no posicionamento de outro.

Esse questão que a lei assegura, tem respeito ao obejto do

julgamento, para impedir que o julgador exteriorize sua forma de decidir e

venha influir, quer favorecendo, quer prejudicando, qualquer um dos seus

membros.

A fundamentação que a incomunicabilidade é fundamental para que o

juiz leigo não venha interferir no voto de outro jurado é interpretado pela

doutrina que é uma idéia falsa e sem fundamentação, sem fundamentação

histórica.

Alguns doutrinadores entendem que é uma medida arbitraria que

descaracteriza a essência do tribunal do júri, ferindo a realidade democrática

do povo brasileiro, conseguida após anos na cortina de ferro.

Sendo necessária a inclusão no Código de Processo Penal a questão

da comunicabilidade entre os jurados até porque como é percebido em

julgamentos alienígenas estes estão mais próximo no sentido de justiça e

democracia processual.

A conversação é o instrumento em que os jurados irão apresentar

suas opiniões sobre o fato, logo evitando o arbítrio de qualquer decisão.

Cabe ressaltar que a linguagem e a comunicabilidade são os pontos do

exercício de democracia processual, onde o acusado será julgado por seus

pares, com ética devida e necessária a questão de um jurado influenciar o

outro, durante os debates orais entre os jurados, não pode por si só, querer

retirar a figura da linguagem.

Tal influência, caso venha ocorrer é fruto de um sistema democrático

processual, tendo como fundamentos de que o poder emana do povo e em

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seu nome exercido, no júri quanto for maior a discussão da causa, mais

representatividade terá nas decisões dos jurados.

4.2.1 Inglaterra

Na Inglaterra, o júri teve várias versões que é conhecida no mundo

atual, o Tribunal popular somente é responsável por apenas 1 a 2 % das

Jury, no ano de 1933, demandas criminais do Poder Judiciário inglês, desde

que houve a retirada do Grande pois a historia é baseada no common law do

próprio território inglês. Logo no tocante aos juízes de paz, em seu

crescimento trouxe uma redução dia-dia do Grand Jury que apenas exercia a

tutela jurisdicional apenas aqueles que a quem os juízes de paz acusavam

previamente, diminuindo aos poucos sua iniciativa.

Depois da revolução industrial, logo acarretou na criação da policia

profissional no século XIX significando a restrição da atuação dos juízes

leigos os quais exerciam a função de examinar as provas colhidas pela

policia, por isso o Grand Jury passou pouca atuação a te a sua extinção.

Sendo formado por vinte e quatro pessoas e tinham a subjetividade de

proceder contra o acusado, mas logo foi abolida e suas funções foram

acolhidas pelos magistrates” court.

No tocante aos jurados, no ordenamento jurídico inglês, em

numeração de 12 pessoas que devem possuir idade de 18 a 70 ano, eles

decidem se o acusado cometeu o fato narrado na peça vestibular ou se ele é

inocente a imputações. Logo se for condenatória, de pelo menos 10 votos

contra 2 , pois caso contrario caso não ocorra essa maioria que será

chamada de qualificada, logo o réu será submetido a um novo conselho de

sentença. Se o júri não alcançar essa maioria, para condenar o réu este será

considerado inocente, e destarte a absolvição.

O juiz na organização do júri inglês, apenas para garantir que o debate

na sala de audiência seja respeitado e a formalidade dos ingleses, logo

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encaminhado o julgamento a um desfecho apropriado: levando as questões

no que tange aos fatos á apreciação do júri em decisão final

No que tange a comunicabilidade entre os jurados ingleses, esta é

plena, pois os mesmo decidem com base em um juramento, que fazem de: “

julgarem fielmente o acusado e darem um veredicto verdadeiro de

acordo com as provas apresentadas14”

Destarte a decisão é um ordenamento e plena comunicação entre os

julgadores que são democratizados, o Maximo possível, a decisão sobre a

liberdade do acusado, evitando-se o puro individualismo, sendo eivando-se

de arbitrariedade, autoritarismo e abuso de poder.

4.2.2 Estados Unidos

A característica mais marcante e diferencial no ordenamento jurídico

americano é o processamento e competência do tribunal do júri, nas

demandas cíveis e penais. Os magistrados togados possuem a função de

presidir e direcionar, os debates, moderações das partes interrogatório e

exercer a tutela jurisdicional quando a lide for fundada em questões de

direito, logo presidindo a seção na função de detentor e guardião dos direitos

consagrados nas emendas constitucionais.

Logo o sistema acusatório puro, rege o direito processual penal

americano, sendo de competência do parquet, exclusivamente o ônus da

prova, sendo que este órgão que ira procurar indícios de materialidade e

autoria contra o acusado em condições isonômicas perante a defesa.

No direito processual nos EUA, o prosecutor possui a função

importante e basilar, pois no tribunal do júri, onde atua, sendo uma das

garantias do Due Process of law.

O jurado americano, possui uma função responsável pela educação da

comunidade sobre os valores morais, democráticos e legais, proporcionando

14 MCNAUGHT, John. Inglaterra y Gales. Gomez, rramom macia. Sistema de processo Em Europa,Barcelona: Cedecs, 1998, p. 224

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legitimidade as decisões emanadas do povo, pois ser jurado neste pais do

norte da América é um direito de todo e qualquer cidadão que preencha os

requisitos para tal função.

Os jurados americanos, no que tange a competência, esta está

delineada no artigo 3º da Constituição, tendo atribuições em todos os juízos

criminais, sendo que a VI Emenda, fixou a competência do júri em todo

processo criminal, que seja causa de competência dos Estados, uma vez

que é uma determinação da Suprema corte.

A V emenda aceita que a necessidade de acusação na competência

do Grand Jury quando versar crimes de delito capital e infamantes. Sendo

vedadas nas demandas de direito civil.

A fase de acusação é doutrinariamente classificada como escudo do

acusado, ou seja, uma garantia imposta entre o acusado e o acusador,

defendendo este contra a persecução penal autoritária e sem

fundamentação, uma vez que pode atuar como órgão investigação contra

um suspeito.

Ao falarmos da VI emenda, esta estabeleceu que os acusados

possuem direitos a um julgamento célere e baseado na publicidade,por meio

de jurados imparciais e selecionados no Estado e no Distrito, onde o delito

foi cometido.

Cabe ressaltar que a base do tribunal do júri americano tem seu ponto

basilar na Constituição, razão pela qual o júri é um direito fundamental de

qualquer acusado que deva ser submetido ao exercício da tutela jurisdicional

do tribunal social.

O sistema processual americano em relação ao júri esta eivada nos

direitos fundamentais,portanto existe um limite a norma ordinária que se não

estiver baseada na constituição estará eivada de inconstitucionalidade,

sendo flagrante desrespeito ao Poder Constituinte Originário. Logo alguns

doutrinadores, entende que deveria o legisferante brasileiro utilizar este

molde no sistema brasileiro.

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A base da justiça americana é o processo perante o tribunal do

júri,pois o povo americano sabe da sua importância da vida publica, não

apenas se efetua a partir do direito de Sufrágio, mas sim sua integração no

corpo de jurado. A cidadania também é exercida no tribunal do júri, pois o

poder emana do povo e por intermédio dele, se evitam decisões arbitrarias

na aplicação das leis15.

A grande discussão doutrinaria é a dificuldade de estudarmos o

sistema processual do tribunal do júri, pois cada Estado, possui seus próprio

ordenamento jurídico. Somente estados exigem um júri de doze membros.

Submetendo-se a critério de decisão por unanimidade, para tanto nas

causas cíveis e criminais.

Quando o fato versar de competência Federal, a composição do corpo

de jurados era de doze pessoas e o veredicto tem que ser unânime para

todos os julgamentos que versar Direito penal material.

O respeito a liberdade é tão grande que no caso de decisão por

maioria por votos o Tribunal Supremo tem declarado inconstitucionalidade

quando o júri é composto por menos de seis membros16.

4.2.3 França

A França em conjunto com a Inglaterra foram o berço dos direitos

humanos, com a Revolução francesa, no ano de 1979, tendo como objetivo,

combater o autoritarismo e o absolutismo dos magistrados que compunham

o ancién regime os quais cediam e julgavam conforme o entendimento

monárquico e dos déspotas, os quais repassavam dinheiro e poder.

O tribunal do júri foi a tábua de salvação da democracia. Os

magistrados não possuíam o principio da independência do executivo, logo

15 ELIZABETH CARDONE, El Jurado: su tratamiento em derecho processual Español. Madrid : Dyakison 2000. p . 69. 16 RANGEL, Paulo, Tribunal do Júri, Lumem júris, 2ª ed., pág 49, 2009.

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que a tutela jurisdicional deveria ser exercida pela sociedade. Neste

diapasão o júri francês tem um símbolo marcante na revolução francesa.

Diante disto, Frederico Marques, este jurista e pesquisador, analisando

o surgimento do júri e as razões que o fizeram florescer pelo mundo, afirma,

in verbis:

“ é que o júri, levado ao continente europeu como relação a magistratura das monarquias absolutistas, perdeu seu aspecto político depois que o judiciário adquiriu independência em face ao executivo17.”

Baseada em um estrutura processual inquisitiva, o pais da França

precisou de mecanismos de administração do abuso do Estado durante a

persecução Criminal, pois o ato de tortura era aceita como meio de prova,

sendo conflitante, uma vez que a França é um dos berços do principio da

dignidade da pessoa humana. O júri, então veio limitar esses atos abusivos,

trazendo representatividade dos valores e as idéias revolucionarias da época

que deram inicio a Revolução, baseando-se na liberdade, igualdade e

fraternidade.

Para que ocorre-se uma condenação no tribunal do júri, logo após a

revolução, seria necessário dez votos dentre doze que integravam o corpo

de sentença, pois a instituição do júri foi classificado como um proteção do

individuo, frente ao autoritarismo do Estado. Cabe ressaltar que após alguns

anos, os ideais revolucionários estavam esfriando, logo em 1793, o veredicto

de culpabilidade, poderia se dar com apenas sete votos de doze, pois a

doutrina e os juristas a época entendiam que a regra anterior favorecia a

impunidade do acusado, ferindo o principio da ordem publica.

O júri na França passou por inúmeras transformações durante o lapso

temporal, podemos, que o júri possuía um liame com as funções eleitorais,

sendo que o convite para ser jurado era retirado do alistamento eleitoral.

Podendo ser jurado apenas os cidadãos eleitorais, proporcionando o campo

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de atuação do júri, mais politicamente do que de justiça, pois ao mesmo

tempo em que o Estado obrigava os cidadãos a serem jurados, não era

obrigado ser eleito.

Nos dias atuais a instituição do júri esta positivada no CPP Francês ,

perante os artigos 231 a 380, sendo que o artigo 231 delimitou a formação

da chamada cour’d Asssises com a formação de um escabinato, sendo

que composto por 3 magistrados e 9 jurados, sendo que 1 juiz seria

presidente e os outros dois seriam auxiliares.

Escabinato era um conselho que em uma esfera secreta, individual

decidiam, por meio de quesitos controvertidos e sucessivos que versavam

sobre o objeto da demanda e logo após cada uma das circunstancias ,

agravant4es e questões sub-disiarias e cada fato que constituirá em causas

legais de diminuição de pena.

4.2.4 Itália

A primeira lei que disciplinou e positivou o tribunal do júri na Itália, foi

denominada códice di procedura penale de 1859, e logo foi atualizada com

a lei do Reglamento giudiciario de 14 de dezembro de 1865 e da lei de

1874, baseadas em separar os juízes leigos de juízes togados.

Destarte, com a revolução que se expandia pela Europa, tinha

ganhado força a contra-revolução, que institui o movimento fascista, pois

inúmero países passaram por crises políticas , provocando a intranqüilidade

e o caos social, fortalecendo idéias revolucionarias que se expandiam pelo

velho continente. Op sistema capitalista estava falido e na visão de alguns

socialistas que culpavam o capitalismo como a fonte de inúmeras

revoluções, razão pela qual as revoluções era um meio de democratizar os

meios de produção.

17 MARQUES, Frederico, a instituição do júri, op... cit, p. 15

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A cúpula governamental no velho continente com mais enfoque da

Itália e Alemanha, demonstravam incapacidade de poder controlar as crises

que assolava a economia, que poderiam dar iniciativas a uma revolução

bolchevista, logo o avanço de poderosos sindicatos do trabalho, logo a

classe que governava os países acima elencados , ficou preocupado com o

Poder. Diante disto os capitalistas apoiavam e queriam o regime facista para

colocar fim na fase revolucionaria.

Logo, o jornalista socialista de nome Mussolini, com grande poder de

oratória, conseguiu que o monarca desfaça o governo e permitisse a

formação de outro, com a inclusão de partidos , logo seria o inicio do golpe.

O tribunal do júri, logo expressa democracia,m pois permite que a

sociedade expresse a democracia, pois faz o liame do Judiciário com a

Sociedade, logo isso fora aniquilado pelo decreto de 23 de março de 1931,

estabelecendo uma formula alternativa e criando o conselho dominado por

magistrados, ou seja, como na França, estava se utilizando o escabinato

para que determinadas pessoas que possuíam o estatus social e eram

filiadas ao partido fascista passassem sem a verdadeira justiça. Podemos

entender que o júri é inimigo de todo e qualquer governo ditatorial, que logo

após, chegar ao poder o aniquilá-lo

O fascismo tomou ares de governo legitimo e floresceu e como todo

regime autoristarista chegou a fim, mas cabe ressaltar que nem por isso o

tribunal represtinou, logo renasceu de forma escabinado.

No escabinato, os auxiliares togados e o outro magistrado que preside

o tribunal devem ser integrantes da corte de apelação, logo mais seis

jurados, sendo que 3 devem ser homens. Os juizes leigos integram o Poder

Judiciário, portanto exercem a tutela jurisdicional, não só nas demandas de

fato, mas também nas questões de direito.

Os jurados, são escolhidos na forma de sorteio pelo presidente do

Tribunal do júri, sendo que é necessário, ser cidadão de boa conduta e estar

na faixa etária de 30 e 65 anos de idade sendo necessário também o nível

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fundamental. Mas caso vem fazer parte da Corte de apelação é necessário o

segundo grau.

A decisão do escabinato é sempre pela maioria de votos , e em todas

as decisões deverá prevalecer a mais Benfica ao réu. Concluindo, ainda que

o sistema de escabinato também possua inconvenientes, com certeza são

muitos menores que aqueles enumerados pelo tribunal do júri. Como já

apontado, não só é fundamental alterar a composição do órgão colegiado,

mas também a forma como deve se desenvolver o próprio julgamento,

incluindo aqui a necessária fundamentação que deve acompanhar a

decisão18.

4.2.5 Espanha

O tribunal do júri dentro do Ordenamento jurídico espanhol, possui

uma posição de destaque dentro da Constituição, em que deixa claro que o

cidadão tem direito de participar da administração da justiça daquele país,

logo as leis americanas o trata como um direito do cidadão, ou seja, uma

garantia constitucional.

O tribunal do júri, no direito espanhol possui uma lei especifica que é a

Lei Ordinária 5/95 Del Tribunal Del Jurado. O júri espanhol é um autentico

órgão do Judiciário Espanhol, compondo-se de nove jurados e um

Magistrado que irá presidir o respectivo tribunal. Os juizes da sociedade

desempenham função emitindo o veredicto, sentenciando e declarando

provado ou não o fato, logo culpado ou inocente o réu. Não precisando do

titulo de bacharel em direito, logo a pena será aplicada pelo juiz e quando

solicitado sentenciara sobre a responsabilidade civil do acusado perante a

família das vitimas.

As partes podem fazer um acordo, no que tange a dissolução do júri,

caso haja consenso em condenar o réu, mas a pena não poderá ser maior

18 RANGEL, Paulo , Tribunal do Júri, 2ª Edição, rio de janeiro, p. 55

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do que 6 anos quando versar sobre pena privativa de liberdade,

isoladamente, ou cumulativamente, pena de multa ou privação de direitos.

No mesmo diapasão, o parquet está sujeito ao principio da legalidade, logo

atuando com respeito ao Poder Constituinte, ás leis, e aos demais

ordenamentos espanhóis, com fundamentos no artigo 105 da LECRIM.

Caso o membro do MP espanhol, em suas alegações finais, requer a

Absolvição, o conselho de sentença será dissolvido, logo o acusado

absolvido. Não se submete ao júri, caso o parquet retire a pretensão

punitiva.

A deliberação será secreta, logo a portas cerradas, portanto nenhum

juiz leigo poderá informar sua decisão, a votação é nominal em grupo, em

voz alta, por ordem alfabética,sendo que por ultimo, votará o jurado que for

escolhido para ser o porta-voz. O acusado só poderá ser considerado

culpado pelo Estado ter 07 votos contra ele no total de 09.

A LO 5/95, que regulamentou a função do juiz social, elenca e

disciplina que o jurado espanhol, mesmo exercendo uma parcela da

administração da justiça, deverá ser remunerado, para tanto. No júri

espanhol, as partes podem entrevistar os jurados um por um, afim de

procurar o perfil para o caso, como a religião, a opinião política, eventuais

preconceitos de raça e cor e tudo o mais que possa refletir no julgamento do

fato. É uma medida que tem por objetivo proporcionar, o Maximo possível

que o júri não possa participar jurados eivados de preconceitos , racismo, ou

qualquer ato que possa influenciar no julgamento.

As perguntas das partes levam em consideração determinados dados

psicológico, por isso muitas das vezes são assistidas por psicólogos, durante

a tramitação do processo, a razão é simples: em um júri em que a principal

testemunha contra o acusado, por exemplo, é uma mulher, a defesa

seleciona mulheres para compor o júri, pois baseia-se no dado psicossocial

de que elas tendem a desconfiar das pessoas do mesmo sexo. No momento

sentido, as partes consultam cientistas sociais para utilização de dados em

relação a fatores demográficos, econômicos e culturais que possam envolver

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a causa, e conseqüentemente, escolher os jurados que compreendam

aquelas questões.

4.2.6 Portugal

O Tribunal do Júri lusitano está positivado pelo decreto-lei 387-A de

1987, sendo que é composto por três magistrados que formam o tribunal

coletivo e quatro jurados que são denominados suplentes, cabe ressaltar

quem em Portugal é adotado o escabinato como em outros países acima

citados.

O julgamento pelo júri lusitano é um direito facultativo, pois o acusado

só será julgado pelo tribunal do júri, somente se as partes requererem, uma

vez que em solo português são raros as sessões do Tribunal do júri.

A função do escabinto português é de intervir na decisão das questões

da culpabilidade e na fixação da pena imposta, a formação do escabinato

permite-se o quantum da pena aplicada e as questões estritamente

doutrinarias deveram ser compreendidas entre os magistrados e os jurados.

Cabe ressaltar que o exercício da função de jurado ela é remunerada

e constitui serviço publico obrigatório, não podendo o cidadão escusa-se,

que é tratada a recusa como desobediência qualificada, no entanto o sorteio

é feito pelo cadastro eleitoral. No ordenamento jurídico português, o parquet

e a defesa, poderão recusar cada qual até dois jurados por ato discricionário,

fazendo-se uma analogia no ordenamento jurídico do Brasil, chama-se de

recusa peremptória.

A legislação afirma que cada magistrado ou juiz leigo, deverão

apresentar os motivos, pelos quais decidiram daquela forma, apresentando

provas e fundamentação para formar sua convicção. Logo existe a

necessidade de fundamentação na decisão do júri português.A necessidade

de fundamentação e a comunicação entre os juízes leigos é normal em um

ordenamento jurídico que possui a base democrática.

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O exercício de se utilizar a linguagem na esfera do tribunal do júri, é

uma vitoria, que vem amadurecendo com o tempo, retirando o escudo do

autoritarismo. Os direitos e garantias fundamentais devem ser observados

dentro de um contexto histórico, do principio democrático e qualquer ato que

venha em contrapartida com a vida humana deve ser considerado

inconstitucional. O tribunal do júri ao ser democrático deve estar baseado n

aética da libertação, não aceitando qualquer ato manipulador de opinião não

existe mais espaço para os jurados serem manipulados e que o Poder

Judiciário, seja eivado de fraudes e manipulado pela burguesia.

Nos EUA, a função dos jurados é um processo democrático, uma vez,

que figura pleno exercício da cidadania e é evidente o patriotismo

americano, sendo um direito substantivo fundamental de todo e qualquer

acusado ser julgado por seus pares. Em outros paises a condenação

perante o tribunal do júri somente acontece se acarretar em maioria

qualificada ou unanimidade de votos, nesse diapasão a liberdade de

locomoção e a necessidade de fundamentação é inerente a qualquer juízo

do júri no velho continente.

Na maioria dos paises do velho continente os jurados no que tange o

conselho de sentença, se comunicam, tendo que fundamentar sua decisão,

diferentemente no Brasil que os jurados só sabem responder quesitos e não

fundamentam suas decisão ocorrendo autoritarismo.

O júri brasileiro tanto no Brasil império, quanto Brasil republica, era

composto por doze jurados, que debatiam sobre o fato narrado na exordial

entre si. O júri de hoje é composto por sete juizes leigos que decidem o caso

sem se comunicar, não ocorrendo o debate, proporcionando uma era menos

democrática do que antigamente. Nosso pais é um Estado Democrático de

Direito, com fincas no artigo 1º da CR, logo percebemos que o numero

deveria ser 12 jurados, com menos de 12 não dá para condenar e a

absolvição deveria ser sumaria.

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Em nosso pais a decisão se dar pór maioria simples possibilitando a

duvidas quanto a culpabilidade do acusado. A legislação procesual penal, no

Brasil, peca no que tange o principio da ioncomunicabilidade dos jurados,

uma vez que em outros paises que ocorrem a comunicação entre os jurados

é visto com bons olhos e mais democratico, uma vez que a decisão de

sentença é a consequencia logico de debates entre os julgadores que só

poderão emanar uma decisão justa cso eles discutam o fato, não julgado o

seu par no preconceito.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA JR., op cit., p. 233 A instituição do júri, p. 22 BORIS, Fausto. Ob, Cit. 327 ELIZABETH CARDONE, El Jurado: su tratamiento em derecho processual Español. Madrid : Dyakison 2000

RANGEL, Paulo. Tribunal do Júri, 2ª Edição, rio de janeiro

MCNAUGHT, jonh. Inglaterra y Gales. Gomez, rramom macia. Sistema de processo Em Europa, Barcelona: Cedecs, 1998 MIRANDA, Jorge , Teoria do Estado e da Constituição, rio de janeiro: forense: 2009, p 326 RANGEL Paulo. Direito Processual Penal, 15ª ed, Rio de Janeiro, Lumem Iuris,2009. SARLET, ingo wolfgage. A eficácia dos direitos fundamentais. 4ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 371-377 SILVA. José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivado. 27. ed Malheiros. São paulo, 2006. p. 119

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SKIDMORE, Tomas. Uma Historia Brasileira .2ª ed. São Paulo.Paz e Terra, 1998, pág 63. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. 9ª ed, Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: Saraiva, 2005. V. 2 http://jus2.uol.com.br/doutrina/imprimir.asp?id=6106