117
Manual do Formando Gestão Ambiental António Lencastre Godinho Recurso desenvolvido no âmbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:

António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

  • Upload
    doandat

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando

Gestão Ambiental

António Lencastre Godinho

Recurso desenvolvido no âmbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:

Page 2: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

2

FICHA TÉCNICA

Gestão Ambiental

António Lencastre Godinho

Ambiente

Versão - 02

ISLA de Leiria

Gabinete de Formação

Depósito Legal 000 000/00

ISBN 000-00-0000-0

Page 3: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

3

1 INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL 7

1.1 Sustentabilidade Ambiental 7 1.1.1 Autoavaliação 9

1.2 Actividades económicas e poluição ambiental 9 1.2.1 Auto-avaliação 12

1.3 Gestão Ambiental 12

1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental 13

1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental 16

1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental 18 1.6.1 Auto-avaliação 18

2 NORMA ISO 14001:2004 20

2.1 Estrutura da Norma ISO 14001:2004 20

2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1) 24 2.2.1 Auto-avaliação 25 2.2.2 Resolução de estudo de caso 25

2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2) 27 2.3.1 Auto-avaliação 29 2.3.2 Resolução do Estudo de caso 29

2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3) 30 2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1) 30 2.4.2 Auto-avaliação 43 2.4.3 Resolução do estudo de caso 43 2.4.4 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2) 44 2.4.5 Auto-avaliação 47 2.4.6 Resolução do estudo de caso 48 2.4.7 Objectivos, metas e programas (4.3.3) 48 2.4.8 Auto-avaliação 56 2.4.9 Resolução do estudo de caso 56

3 APRESENTAÇÃO DA NORMA EN ISO 14001:2004 58

3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4) 58 3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1) 58 3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2) 59

3.2 Comunicação (4.4.3) 60 3.2.1 Auto-avaliação 62

Page 4: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

4

3.3 Documentação (4.4.4) 63 3.3.1 Controlo de documentos (4.4.5) 65 3.3.2 Auto-avaliação 66 3.3.3 Resolução do estudo de caso 67 3.3.4 Controlo Operacional (4.4.6) 67 3.3.5 Auto-avaliação 70 3.3.6 Resolução do estudo de caso 70 3.3.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7) 71 3.3.8 Auto-avaliação 75 3.3.9 Resolução do estudo de caso 75

4 NORMA EN ISO 14001:2004 78

4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5) 78 4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1) 78 4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2) 80 4.1.3 Auto-avaliação 81 4.1.4 Resolução do estudo de caso 81 4.1.5 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3) 82 4.1.6 Controlo de Registos (4.5.4) 84 4.1.7 Auto-avaliação 85 4.1.8 Resolução do estudo de caso 85 4.1.9 Auditoria interna (4.5.5) 85

4.2 Revisão pela Gestão (4.6) 92 4.2.1 Auto-avaliação 93 4.2.2 Resolução do estudo de caso 94

5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS 95

5.1 Conceitos Gerais 95

5.2 Regulamento EMAS 96 5.2.1 Estrutura do Regulamento 96 5.2.2 Definições do Regulamento 98 5.2.3 Anexo I – Partes A e B 99 5.2.4 Anexo II - Auditoria Ambiental Interna 102 5.2.5 Anexo III - Declaração Ambiental 104 5.2.6 Anexo IV - Logotipo 105 5.2.7 Anexo V – Acreditação, supervisão e funções dos Verificadores Ambientais 106 5.2.8 Sistema de Acreditação e Verificadores Ambientais em Portugal 108 5.2.9 Anexo VI - Aspectos Ambientais 108 5.2.10 Anexo VII - Levantamento Ambiental 110 5.2.11 Anexo VIII – Informações para o Registo 110

5.3 Registo no EMAS 111 5.3.1 Entidades que se podem registar no EMAS 111 5.3.2 Etapas para registo 113

5.4 Benefícios do EMAS 113

5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS 114 5.5.1 Auto-avaliação 115 5.5.2 Proposta de actividade complementar 115

Page 5: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

5

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 116 NOTA: O presente manual apresenta a seguinte estrutura:

− Está organizado em 5 capítulos − Cada capítulo tem a seguinte organização:

o Objectivos o Tópicos o Desenvolvimento dos conteúdos o Notas de rodapé fazendo referência a meios complementares de estudo o No final do conjunto de conteúdos que equivalem a uma lição:

� Resumo do módulo � Auto-avaliação – as fichas de autoavaliação encontram-se no ficheiro

indicado. Esse mesmo ficheiro contém as soluções das fichas de trabalho. � Resolução do estudo de caso

Page 6: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

6

Page 7: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

7

Módulo 1 – Introdução à Gestão Ambiental

Objectivos

− Identificar as premissas da sustentabilidade ambiental

− Relacionar as actividades económicas e a poluição ambiental

− Compreender a necessidade da implementação de sistemas de gestão ambiental

para a sustentabilidade ambiental

− Conhecer o percurso dos normativos voluntários de gestão ambiental

− Reconhecer razões, vantagens e desvantagens inerentes à implementação de

sistemas de gestão ambiental

Tópicos

1 Introdução à Gestão Ambiental

1.1 Sustentabilidade Ambiental

1.2 Actividades económicas e poluição ambiental

1.3 Gestão Ambiental

1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental

1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental

1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental

1 Introdução à Gestão Ambiental

1.1 Sustentabilidade Ambiental

Os problemas ambientais não conhecem fronteiras nacionais. A diminuição da camada de ozono, os

efeitos das mudanças climatéricas, a poluição dos mares e a destruição das florestas afectam a

população mundial. O barulho da aviação, as emissões dos canos de escape dos veículos, os lixos, a

qualidade da água dos rios e o ambiente que nos rodeia têm um grande impacto na nossa saúde e

bem-estar.

É paradoxal, mas os comportamentos descritos devem-se ao fulgurante desenvolvimento

económico! É imperioso que o crescimento económico deixe de ser feito à custa da delapidação do

ambiente. A “World Commission on Environment and Development” no relatório Brundtland, “Our

Common Future”, emitido em 1987, abordou o conceito de “desenvolvimento sustentável” com a

mensagem de que “a satisfação das necessidades da geração actual não devem comprometer a

capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas”.

Page 8: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

8

Em 1992 a “United Nations Conference on Environment and Development (UNCED)”, conhecida

por “Conferência do Rio - Eco 92”, reuniu o maior número de sempre de chefes de governo e

primeiros ministros, além de ter colocado nas sua agenda pública e política os problemas ambientais,

teve o mérito de mostrar para todo o mundo, que o crescimento económico só será possível com a

protecção simultânea do meio ambiente e que o bem-estar das pessoas não pode diminuir com o

passar do tempo, ou seja, o desenvolvimento económico não pode ser sustentado à custa da

delapidação da riqueza natural.

É necessário demonstrar que o crescimento económico só será possível com a protecção

simultânea do meio ambiente e que o bem estar das pessoas, não pode diminuir com o passar do

tempo, ou seja, o desenvolvimento económico não pode ser sustentado à custa da delapidação da

riqueza natural.

Os governos estão a ser pressionados publicamente para entrarem em acção, obrigando as

organizações a responsabilizarem-se pelos seus actos e a melhorarem as suas performances

ambientais. Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual:

− A consciência ambiental dos consumidores torna-os mais selectivos na escolha de produtos

e serviços, nomeadamente, ao nível da biodegradabilidade, reciclagem e reutilização.

− Estão-se a desenvolver programas de “rótulos ecológicos” e “sistemas de gestão ambiental”

que permitem a acreditação de produtos ou das próprias organizações, em termos

ambientais.

− Os investidores, em geral, querem estar seguros de que os seus investimentos respeitam o

ambiente. Os bancos e outras instituições estão a introduzir factores ambientais nos critérios

de selecção de investimentos.

− Os parceiros negociais estão, mais do que nunca, interessados nas políticas ambientais das

empresas com quem mantêm relações de negócio, ou por motivos de cooperação, ou para os

abandonar quando as suas performances ambientais não os satisfizerem.

− Os empregados qualificados mostram desejo de trabalhar em empresas que respeitem o

ambiente e que tenham uma boa imagem pública.

− As autoridades locais, grupos comunitários e comunicação social interessam-se, por várias

razões, pelos impactos ambientais exercendo influência nas performances das companhias.

− Os grupos de pressão, em todo o mundo, têm o poder de mobilizar a opinião pública,

favorecendo ou não, as actuações das organizações.

Page 9: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

9

Em jeito de conclusão pode dizer-se que o desenvolvimento sustentável assenta em três

dimensões: económica, ambiental e social

Figura 1: As três dimensões do desenvolvimento sustentável

1.1.1 Autoavaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 3 – Sustentabilidade Ambiental (Fichas de Trabalho –

Autoavaliação Formando)

1.2 Actividades económicas e poluição ambiental

Segundo a directiva 96/61/CE do Conselho de 24/9/96 relativa à prevenção e controlo integrados

da poluição, entende-se por poluição, “a introdução directa ou indirecta, por acção humana, de

substâncias, vibrações, calor ou ruído no ar, na água ou no solo, susceptíveis de prejudicar a saúde

humana ou a qualidade do ambiente e de causar deteriorações ou entraves ao usufruto do ambiente

ou a outras utilizações ilegítimas deste último.”

Poluir será, pois, ameaçar o funcionamento dos meios naturais, explorando-os acima dos seus

níveis de reversibilidade ou despejando detritos em grande escala sem preocupações de reciclagem

para os recolocar, de novo, no funcionamento da máquina económica. Ao nível individual ou duma

empresa, poluir equivale a participar na degradação do ambiente, ameaçando o equilíbrio natural,

contribuindo para o esgotamento dos recursos naturais ou para a sua degradação (Ordre Des Experts

Contables, 1996a).

Page 10: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

10

Um poluente será qualquer material estranho ou forma de energia, cujo grau de transferência

entre os seus componentes e os factores do ambiente é de tal modo alterado, que o bem-estar dos

organismos ou ecossistemas é, negativamente, afectado. Os poluentes subsistem sob a forma de

gases, líquidos, sólidos, ruídos, odores, descargas radioactivas, ou outras, incapacitando os recursos

para os seus fins específicos ou afectando adversamente humanos, edifícios ou a vida animal

(Henning, 1989). Os poluentes afectam o ar, a água, os solos e a vida em geral, verificando-se, em

muitas circunstâncias, efeitos sinergéticos trágicos que estão na origem dos desastres ambientais 1

A indústria é um dos principais factores de poluição a nível mundial, consumindo a maior

percentagem de oxigénio das águas continentais, sendo a grande responsável pela contaminação

das águas costeiras, a maior emissora de dióxido de enxofre e outras substâncias perigosas para a

atmosfera e a produtora de resíduos, não em maior quantidade, mas com o maior grau de toxicidade

(Fernandéz, 1991; Beaud e Bouguerra, 1993).

Os impactos negativos sobre o meio ambiente podem manifestar-se, entre outras, através das

seguintes formas (Winter, 1992):

− Consumos excessivos de água, energia e matérias-primas.

− Consumo de materiais pouco ecológicos, dentro da empresa, para usos gerais2

− Consumo de materiais de embalagem prejudiciais ao ambiente.

− Consumo de substâncias nocivas nos processos produtivos, lesivas do ambiente e

causadoras de doenças profissionais.

− Concepção de produtos com embalagens volumosas sem utilizações alternativas ou com

materiais não recicláveis e que estão a tornar o ambiente numa grande lixeira.

− Efluentes industriais, que são desperdícios sob a forma líquida ou gasosa, descarregados no

meio ambiente, tratados ou não. Geralmente, referem-se a poluentes introduzidos em meio

aquático, cujo potencial nocivo pode incluir a desoxigenação, assoreamento e

envenenamento de rios, lagos e mares (Lowe, 1980).

− Emissões industriais, que são descargas na atmosfera, de determinados tipos de gases ou

de desperdícios solúveis, tratados ou não.

− Emissões de gases com cheiro pestilento provenientes das indústrias ofensivas (offensive

trades), como matadouros, fabricantes de rações, indústrias de peixe, gorduras.

1 Para obter mais informações sobre o tema tratado nesta lição, disponibilizam-se os seguintes anexos: Anexo A11 – Tabela de

Poluentes (informações complementares sobre os principais poluentes, e os respectivos impactes.); Anexo A12 – Poluentes

Atmosféricos; Anexo A13 – O recurso Água; A14 – Ambiente e Energia

2 Para obter um conhecimento mais aprofundado sobre as questões da sustentabilidade pode consultar o ficheiro A15 – A

Preservação do Ambiente e A16 – Carta das cidades europeias para a sustentabilidade

Page 11: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

11

− Ruídos excessivos devidos à própria maquinaria e que podem ser a causa de algumas

doenças profissionais ou de incómodo da vizinhança.

− Resíduos em geral. Segundo o Decreto-Lei nº 178/2006 de 5 de Setembro, que aprova o

regime geral da gestão de resíduos entendem-se por resíduo, “qualquer substância ou

objecto de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer,

nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos (LER).

− Resíduos perigosos. O Decreto-Lei nº 178/2006 define resíduo perigoso como “o resíduo que

apresente, pelo menos, uma característica de perigosidade para a saúde ou para o ambiente,

nomeadamente os identificados como tal na LER”. De entre estes podem destacar-se:

o Resíduos de materiais perigosos, inorgânicos ou minerais que não se decompõem

nos seus elementos básicos pela acção de microorganismos permanecendo no meio

ambiente por longos períodos de tempo e que são os grandes responsáveis pela

contaminação de solos.

o Resíduos tóxicos, que são um tipo especial de resíduos perigosos. Nestas categorias

incluem-se anti-congelantes, amianto, óleo de travões, luzes fluorescentes, resíduos

resultantes do polimento de mobílias, limpadores de fornos, petróleo, medicamentos

antigos, pinturas e solventes, pesticidas, herbicidas, entre outros. O grau de

nocividade pode ser medido pelas seguintes características: (1) toxicidade (grau de

envenenamento), (2) persistência (tempo de decomposição) e (3) bioacumulação

(repercussão na cadeia alimentar) (Sadgrove, 1997).

− Explorações a céu aberto que levam à erosão e à degradação paisagística.

− Abate de largas áreas de floresta que estão a provocar um aumento adicional, na atmosfera, de dióxido de carbono, além do fenómeno do desflorestamento (Lowe, 1980).

− Transporte inadequado de substâncias tóxicas que já estiveram na origem de graves acidentes ambientais.

Figura 2:Desequilíbrio dos ecossistemas como resultado da poluição ambiental

Page 12: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

12

Síntese

− Poluir é ameaçar o funcionamento dos meios naturais, explorando-os acima dos seus níveis de reversibilidade

− Um poluente é qualquer material estranho ou forma de energia, cujo grau de transferência entre os seus componentes e os factores do ambiente é de tal modo alterado, que o bem-estar dos organismos ou ecossistemas é, negativamente, afectado

− O Homem deve maximizar a utilização dos recursos perpétuos, assegurar a renovação dos recursos renováveis, e minimizar a utilização dos recursos não renováveis

1.2.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 2 – Actividades económicas e poluição ambiental (Fichas de

Trabalho – Autoavaliação Formando)

1.3 Gestão Ambiental

A Gestão Ambiental pode ser definida como um conjunto de processos, que gerem as relações

entre o ser humano e o ambiente, e as transformações por ele proporcionadas, tendo em linha de

conta variáveis, como o desenvolvimento sustentável, as políticas ambientais, a legislação ambiental,

internacional, comunitária, nacional e as auditorias ambientais.

Sob o ponto de vista das empresas/organizações, a gestão ambiental é um aspecto funcional de

gestão, que desenvolve e implementa as políticas e estratégias ambientais na conquista de uma

situação ambiental desejada, verificando-se que está a crescer a preocupação em atingir e

demonstrar um desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente.

Actuar sobre as modificações causadas no meio ambiente, como por exemplo, a deposição de

resíduos, ou as emissões e/ou efluentes contaminados, para manter um ambiente saudável para

todos, no presente e no futuro, exige uma mudança na cultura empresarial, que deve ser alavancada

pelo recurso sistemático a ferramentas, especificamente criadas para o efeito, como é o caso dos

Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que são parte de um sistema de gestão de uma organização,

utilizados para desenvolver e implementar a sua política ambiental e gerir os seus aspectos

ambientais.

Page 13: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

13

1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental

Do ponto de vista histórico a primeira norma de gestão ambiental, baseada no ciclo de Deming

(PDCA – Plan-do-Check-act) foi publicada em 1992 pelo organismo britânico, British Standards

Institution (BSI), sendo conhecida por BS 7750, com os seguintes objectivos, entre outros:

− Complementar a norma sobre sistemas da qualidade, BS 5750

− Servir as necessidades de profissionais generalistas e não especificamente especialistas em

meio ambiente

− Possibilitar a sua aplicação a todos os tipos de empresas

− Apoiar as normas e leis ambientais existentes, ou em preparação.

Começou por ser implantada num programa piloto de 230 empresas o que permitiu uma revisão

em 1994, mais sob o ponto de vista da clarificação, do que de alterações de fundo.

Boa parte do texto desta norma, foi utilizado no projecto da Comunidade Europeia, conhecido como

o regulamento EMAS (Eco management and audit scheeme), que foi aprovado definitivamente em

1993 com a designação de “Regulamento CEE nº 1836/93, que permitia que as empresas do sector

industrial aderissem voluntariamente a um sistema comunitário de gestão e auditoria ambiental, de

forma a melhorarem as suas actuações ambientais e facilitando a informação à sociedade.

Também em 1993 apareceu uma norma espanhola denominada UNE 77-801, e uma norma

francesa, XF 30-200, na mesma linha da BS 7750.

No início da década de 90, a ISO (International Standard Organization), organização não-

governamental, fundada em 1947, com sede em Genebra, na Suíça, verificou a necessidade de

desenvolver normas sobre a questão ambiental, com o intuito de padronizar processos de empresas

que utilizassem recursos naturais e/ou causassem algum dano ambiental, decorrente de suas

actividades.

No ano de 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e criou um comité, designado por “Comité

Técnico TC 207”, dividido em diversos sub comités com o objectivo de desenvolver normas (série

14000) nas seguintes áreas ambientais:

Sub comité 1 Sistemas de gestão ambiental

Sub comité 2 Auditorias ambientais

Sub comité 3 Rotulagem ambiental

Sub comité 4 Avaliação do desempenho ou performance ambiental

Sub comité 5 Análise do ciclo de vida

Sub comité 6 Definições de conceitos

Sub comité 7 Integração de aspectos ambientais no projecto e desenvolvimento de produtos

Sub comité 8 Comunicação Ambiental

Sub comité 9 Mudanças climáticas

Page 14: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

14

Até ao momento actual, foram publicadas variadíssimas normas, ISO, algumas já foram revistas e

outras aguardam publicação. Na figura seguinte apresenta-se o panorama geral das normas série

ISO 14000 e sobre a questão ambiental.3

De todas as normas ISO, entretanto criadas a de maior divulgação e utilização é a norma de

enfoque na organização – Sistemas de Gestão Ambiental - ISO 14001, que estabelece as directrizes

básicas para o desenvolvimento de um sistema de gestão da ambiental e que é certificável por

terceiras entidades. A 1ª edição desta norma é de 1996. A sua tradução em Portugal é mais tardia,

sendo conhecida por EN ISO 14001: 1999.

Figura 3: Resumo das normas série ISO 14000

3 No anexo A17 – Normas série ISO 14000 apresentam-se o estado actual das normas ISO sobre a questão

ambiental

Page 15: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

15

Em 2001 foi revisto o regulamento EMAS, que levou à sua revogação, sendo suportado

actualmente pelo Regulamento (CE) nº 761/2001 do PE e do Conselho, com as alterações

introduzidas pelo Regulamento (CE) 196/2006 do PE e da Comissão que altera o seu Anexo I, tendo

em vista a aproximação à norma ISO 14001:2004

Como a cada 5 anos as normas ISO estão sujeitas a um processo de revisão, o respectivo Comité

Técnico, após 4 anos de trabalho, publicou em 15.11.2004 a nova ISO 14001:2004, não para

acrescentar novos requisitos, mas sobretudo para clarificar, simplificar e promover um maior

alinhamento com a norma ISO 9001:2000. Neste processo de revisão também foi publicada uma

versão actualizada da norma ISO 14004 (texto em inglês). Em Portugal e após uma emenda à norma

no ano de 2006, a norma é apresentada como NP EN ISO 14001:2004 /emenda 1:2006 (1ª ed),

adiante designada por ISO 14001:2004.

A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) constitui uma ferramenta estratégica

para as organizações, possibilitando a identificação de oportunidades de melhoria que reduzam ou

minimizem os impactes sobre o ambiente, das actividades da organização.4

A implementação nas organizações de sistemas de gestão ambiental (SGA) tem aumentado

significativamente, verificando-se, a nível mundial e também em Portugal, um crescimento muito

considerável do número de entidades que solicitam a certificação dos respectivos SGA. No nosso

país existem várias empresas acreditadas para a certificação de SGA, nomeadamente a APCER,

SGS, EIC, BVQI, TUV, QSCB, o que demonstra o interesse crescente por esta actividade, pelo

menos desde o ano de 2000, como se pode verificar nos quadros seguintes:

Figura 4: Panorama português da certificação ambiental5

4 Se quiser saber mais alguma coisa sobre a questão ambiental consulte A21 – Evolução da vigilância ambiental 5 A obtenção destes dados, que foram posteriormente tratados resultou da consulta site www.ipq.pt

Page 16: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

16

1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental

A implementação de um SGA é suportada por um número razoável de considerações, o que de

certo modo justifica a evolução de empresas certificadas no mundo inteiro e em Portugal também. Os

SGA tanto podem surgir por motivações inevitáveis, como pelas vantagens e potencialidades que

advêm da sua implementação.

Figura 5: Motivações e vantagens na implementação de SGA

Tabela 1: Motivações para a implementação de um SGA

Motivações

− Exigências de clientes (imposições de índole ambiental que terão

obrigatoriamente de satisfazer para que se mantenham as respectivas relações

comerciais)

− Exigências de investidores (critérios ambientais nas decisões de investimento)

− Exigências de conformidade legal (legislação ambiental e respectiva

fiscalização é progressivamente mais exigente o que implica uma melhoria do

desempenho ambiental das empresas)

− Ecomarketing e melhoria de imagem

− Redução de custos, nomeadamente, com seguros de responsabilidade civil.

− Responsabilidade ambiental e social traduzida no comprometimento da redução da

poluição, conservação dos recursos naturais, melhorias nas condições de trabalho

Tabela 2: Vantagens e Potencialidades na implementação de SGA

Page 17: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

17

Redução de Custos

− Aumento da eficiência de processos que se podem traduzir em redução de custos com a prevenção ou minimização de impactes ambientais

− Economias devido à redução de consumos

− Maiores facilidades em financiamentos

− Redução em taxas de seguro

− Redução do potencial de coimas

Aumento de receitas

− Aumento da contribuição marginal de "produtos verdes" que podem ser vendidos a preços mais altos.

− Aumento da procura para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.

− Economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes

− Novas linhas de produtos para novos mercados.

− Satisfação dos critérios dos investidores e melhoria do acesso ao capital

Aumento de Vantagens

competitivas

− Liderança no mercado

− Aumento de quotas de mercado directamente relacionadas com produtos ecológicos

− Melhoria da imagem

− Melhoria das relações públicas, e internas com trabalhadores e colaboradores

− Reconhecimento internacional por ter obtido certificações ambientais

Internas

− Controlo de requisitos legais ambientais e outros requisitos

− Diminuição de riscos de acidente ambientais e profissionais

− Melhoria da eficiência operacional ou de processos traduzida por:

o Melhorias na gestão de recursos

o Melhorias no controlo da poluição

o Melhorias na prevenção da poluição

− Motivação e consciencialização de colaboradores decorrentes da aplicação de programas de sensibilização e/ou formação

− Melhoria contínua do desempenho ambiental

Sinergéticas

− Diferencial competitivo - Melhoria de imagem ambiental aumento de produtividade, conquista de novos mercados

− Melhoria organizacional – gestão sistematizada, integração da qualidade ambiental à gestão, consciencialização de colaboradores, melhores parcerias com a comunidade

− Minimização de custos - Eliminação dos desperdícios, obtenção da conformidade ao menor custo e racionalização da alocação de recursos

− Minimização de riscos – segurança legal e efectiva, minimização de acidentes, redução de passivos ambientais, identificação de vulnerabilidades

Page 18: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

18

1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental

A par dos inegáveis benefícios existem sérias dificuldades que podem obstar à implementação de

SGA, nomeadamente:

− Alteração de mentalidades, práticas e procedimentos

− Legislação vaga, ou muito complexa, ou dispersa ou contraditória, ou omissa ou pouco exequível

− Custos elevados com consultoria

− Custos elevados para obter conformidade com a legislação

− Custos elevados para fazer face às necessidades de formação

− Custos elevados para a obtenção da Certificação/registo

Síntese

− A gestão ambiental gere as relações entre o ser humano e o ambiente e as

transformações ambientais por ela proporcionadas, com base no desenvolvimento

sustentável, políticas e legislação ambientais.

− Os sistemas de gestão ambiental apareceram na década de 90, mas o grande

desenvolvimento apenas se verifica com a publicação da norma ISO 14001 em

1996, estando actualmente em vigor a EN ISO 14001:2004/emenda 1:2006 (Ed 1),

designada neste manual por ISO 14001:2004

− Tem sido muitas as razões que levam as organizações à implementação de SGA,

destacando-se, sobretudo as vantagens económicas que podem trazer aumento de

receitas, de mercado pela melhoria de imagem, internas pelo aumento da eficiência

e redução de custos e sinergéticas por potenciarem cada uma das vantagens

anteriores.

− Também são apontadas desvantagens, mas as que tem maior peso associam-se

aos custos de implementação, manutenção e certificação.

1.6.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 3 – Gestão ambiental (Fichas de Trabalho – Autoavaliação

Formando)

Page 19: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

19

Módulo 2 - Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004 – Análise dos

requisitos do planeamento

Objectivos

Gerais:

− Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma

organização.

Específicos:

− Conhecer a metodologia em que se baseia a implementação de um SGA

− Conhecer e compreender a estrutura da norma ISO 14001:2004

− Identificar os principais termos e definições

− Compreender a abrangência do conteúdo do requisito “Requisitos Gerais”

− Identificar os requisitos a que deve obedecer a política ambiental

− Analisar as características dos requisitos do planeamento

Tópicos

2 Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004

2.1 Estrutura da Norma ISO 14001

2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1)

2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2)

2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3)

2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1)

2.4.2 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2)

2.4.3 Objectivos, metas e programas 35

Page 20: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

20

2 Norma ISO 14001:2004

2.1 Estrutura da Norma ISO 14001:2004

A presente NI encontra-se organizada da seguinte forma6:

Preâmbulo Nacional

Clarificação muito importante sobre o espírito da tradução de alguns dos termos utilizados nesta NI:

− “Deve” ou “devem” (“shall”) – para um cariz de exigência

− “Deverá” ou “deverão” (“Should”) – para um cariz de aconselhamento/conveniência

− “Pode” ou “Podem” (“can”) – para um cariz de capacidade para

− “Poderá” ou “Poderão” (“may”) – para um cariz de alternativa a

Preâmbulo Faz referência ao comité de elaboração – Comité técnico ISO/TC 207, à forma como esta NI

adquire o estatuto de norma nacional e aos países onde esta NI deve ser implementada

pelos organismos nacionais de normalização, onde se refere Portugal.

Introdução

O texto de introdução começa por fazer referência a questões de sustentabilidade ambiental,

destacando-se entre outros os seguintes pontos:

− Esta NI especifica os requisitos para a implementação e manutenção de um SGA, para

qualquer tipo de organização, cuja finalidade global é apoiar a protecção ambiental e

prevenir a poluição.

− Esta NI descreve os requisitos para um SGA e que pode ser utilizada para uma (1)

certificação/registo, e/ou (2) auto-declaração do seu SGA., não estabelecendo no entanto

requisitos absolutos de desempenho ambiental, para além dos compromissos

estabelecidos na política ambiental e no cumprimento dos requisitos legais e outros.

− Esta NI não inclui orientações relativas às técnicas de gestão ambiental, que estão

incluídas em outras normas relativas a gestão ambiental.

− Esta NI contém apenas os requisitos ambientais, que podem ser objectivamente

auditados, mas não garantindo por si só resultados óptimos.

− O detalhe, complexidade, documentação e outros recursos dependem do âmbito do

sistema e da dimensão da organização.

1.Objectivo e campo de aplicação

Esta NI é aplicável a qualquer organização que pretenda:

− Desenvolver um SGA

− Assegurar a sua conformidade com a sua política ambiental (PA)

− Demonstrar conformidade com esta NI:

− Efectuar uma auto-avaliação e auto-declaração

6 No Anexo A21 – Resumo ISO 14001:2004, apresenta um resumo da estrutura desta NI, que pode utilizar como

guia de apoio ao estudo e aplicação dos seus requisitos. No Anexo A23 – ISO 14001:2004 apresenta-se a

transcrição do texto na norma ISO 14001:2004.

Page 21: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

21

− Obter a confirmação da sua conformidade por partes interessadas (ex: clientes)

− Obter a confirmação da auto-declaração por uma entidade externa à organização

− Obter a certificação/registo do seu SGA por uma organização externa

2.Referências Normativas

Não são referidas quaisquer referências a não ser a edição anterior da própria norma, ou seja a ISO 14001:1996

3.Termos e definições

Esta NI utiliza um determinado tipo de vocabulário que define de forma clara neste ponto da norma

4.Requisitos do SGA

Neste ponto da NI descrevem-se os requisitos que podem ser objectivamente auditados. É o elemento fulcral da norma.

Anexo A – Informativo

Linhas de orientação para a utilização da presente NI – neste ponto da norma são apresentadas informações adicionais aos seus 4 pontos, no sentido de evitar interpretações erróneas. A numeração deste ponto é a mesma que se apresenta no ponto 4 da norma.

Anexo B – informativo

Correspondência entre a ISO 14001:2004 e a ISO 9001:2000

Bibliografia Neste ponto identifica as normas da série ISO que são referidas na presente norma.

Pretende-se que esta NI seja aplicável a organizações de todos os tipos e dimensões, condições

geográficas e culturais. A presente NI contém apenas os requisitos que podem ser objectivamente

auditados. As orientações relativas às técnicas de gestão ambiental estão incluídas em outras

normas internacionais, nomeadamente a norma ISO 14004:20047. Segundo o objectivo e campo de

aplicação, esta NI tem vários níveis de aplicação, sendo que o estádio final é o que corresponde à

obtenção da certificação/registo do seu SGA por uma entidade certificadora externa. A certificação é

o processo de atestar a conformidade com um documento de referência, de forma credível. Tal como

já referimos, existem em Portugal várias entidades certificadoras e nem todas têm os mesmos

procedimentos de certificação8.

7 O Anexo A21 ISO 14001:2004 apresenta o texto integral desta norma, em inglês. É um instrumento bastante

útil para a fase de implementação do SGA. 8 Foram compilados alguns documentos sobre certificação de nos Anexos A01 a A10.

Page 22: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

22

Da estrutura desta Norma Internacional (NI) o ponto Introdução destaca que é baseada na

conhecida metodologia Ciclo de Deming, PDCA (Plan-Do-Check-Act) (Planear-agir-verificar-actuar),

(tal como nos sistemas da qualidade):

Figura 6: Ciclo de Deming

Muitas organizações gerem as suas operações através da aplicação de um sistema baseado em

processos e respectivas interacções, o que pode ser designado por “abordagem por processos”. A

ISO 9001 promove esse tipo de abordagem e como o ciclo PDCA pode ser aplicado a todos os

processos, as duas metodologias são compatíveis9

De entre as 20 definições que a norma apresenta no ponto 3, e que devem ser dominadas por

quem pretende estabelecer e/ou implementar um SGA, destacam-se, pela frequência da utilização e

importância, as que se apresentam na figura seguinte e que serão objecto de clarificação no estudo

dos requisitos desta NI10.

9 Este curso será ilustrado com um estudo de caso denominado Emoção & Lazer baseado numa empresa real,

tendo sido estruturado com base numa abordagem por processos. Que se encontra descrita no procedimento

documentado no Anexo 23 – Abordagem por processos (ficheiro em Word) e Anexo 24 – Abordagem por

processos (ficheiro em Excel).A abordagem pró processos teve como base o doccumento do Anexo 25 –

Projecto de a bordagem por processos de um sistema integrado.

10 No Anexo A24 - Termos e definições, pode aceder a todas as definições com interesse, bem como a um

esquema de relacionamento entre alguns termos e definições.

Page 23: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

23

Figura 7: Relação entre alguns dos termos e definições referidos no ponto 3 da norma

O ponto 4 desta NI está organizado em função dos cinco princípios em que se baseia a sua

aplicação, com vista à melhoria contínua.

Figura 8: Os cinco princípios da norma ISO 14001

Page 24: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

24

2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1)

4.1

Requisitos Gerais

A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente

um sistema de gestão ambiental de acordo com os requisitos da presente Norma Internacional,

e determinar como irá cumprir tais requisitos.

A organização deve definir e documentar o âmbito do seu sistema de gestão ambiental.

A especificação deste requisito está baseada no conceito de que a organização irá periodicamente

fazer análises críticas, rever e avaliar o seu SGA para identificar oportunidades de melhoria e sua

implementação. Pretende-se que melhorias na gestão ambiental resultem em melhorias

adicionais no desempenho ambiental.

Objectivamente este requisito indica a necessidade de definir e documentar o âmbito do SGA.

A definição do âmbito tem como objectivo clarificar as fronteiras da organização a que o sistema de

gestão ambiental é aplicável, especialmente se a organização é parte de uma organização mais

alargada num determinado local. Uma vez definido o âmbito, todas as actividades, produtos e

serviços da organização que façam parte desse âmbito necessitam de ser incluídos no sistema de

gestão ambiental.

No entanto, é da análise atenta do ponto A1 do Anexo A da norma ISO 14001:2004, que se

deduzem informações mais consubstanciadas sobre alguns aspectos da implementação e

manutenção do SGA. Dessa análise resultou o fluxograma representado na figura 9, que mais não é

do que uma interpretação figurativa do requisito 4.1 “requisitos gerais”, donde se destaca a indicação

de que, se a organização vai iniciar pela 1ª vez a implementação de um SGA deve fazer um

Levantamento Ambiental. Apesar de não lhe dar um cariz de exigência, considera que é uma

actividade fundamental na estruturação e implementação do SGA. 1112

11 Para a elaboração do levantamento ambiental podem seguir-se as orientações do Anexo VII do Regulamento

761/2001 (EMAS), que identifica 5 domínios-chave (ver este documento no Anexo 23 do módulo 5)

(1) Requisitos legais e outras que a organização subscreva:

(2) Identificação de aspectos ambientais com impacte ambiental significativo e compilação de um registo dos

aspectos ambientais identificados como significativos;

(3) Descrição dos critérios de avaliação da significância;

(4) Exame das práticas e procedimentos de gestão ambiental identificados;

(5) Avaliação da experiência obtida com investigações anteriores 12 Neste curso é apresentado um estudo de caso denominado Emoção & Lazer, incluído numa pasta com a

mesma designação que inclui um Levantamento Ambiental. Este está identificado como Anexo 01. O ficheiro de

Word contém o relatório final e o ficheiro de Excel é um documento de trabalho que serviu de apoio à elaboração

desse relatório

Page 25: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

25

2.2.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 4 – Estrutura da NI (Fichas de Trabalho – Autoavaliação

Formando)

2.2.2 Resolução de estudo de caso

Atendendo aos objectivos globais do curso pretende-se que o(s) formando (s) sejam avaliados pela

sua capacidade de estruturar e implementar um sistema de gestão ambiental. Deve dar início à

resolução do estudo de caso da empresa Metaltubo preparado a partir de uma empresa real. O

estudo de caso está compilado nos seguintes ficheiros:

Estudo de Caso – Metaltubo.doc com os seguintes tópicos:

1 Introdução

2 Apresentação da Empresa

3 Levantamento Ambiental

4 Fluxograma de entradas e saídas

5 Gestão documental

6 Abordagem por processos

7 Pedidos

Estudo de Caso – Metaltubo.xls ficheiro de apoio à apresentação do estudo de caso.

O objectivo é que o formando (s) elabore os pedidos do estudo de caso, com a colaboração do

formador e com a finalização do curso apresente o estudo de caso estruturado, ou seja tenha

elaborado os documentos essenciais à implementação do SGA. Apresentação de um pequeno

relatório com o resumo dos elementos essenciais do levantamento ambiental (Anexo 01)

Page 26: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

26

Figura 9: Interpretação figurativa do requisito 4.1 “Requisitos Gerais”

Page 27: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

27

2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2)

4.2

Política Ambiental

A Gestão de topo deve definir a política ambiental da organização e garantir que, no âmbito definido para o seu sistema de gestão ambiental, esta política

a) é adequada à natureza, à escala e aos impactes ambientais das suas actividades, produtos e serviços,

b) inclui um compromisso de melhoria contínua e de prevenção da poluição,

c) inclui um compromisso de cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e de outros requisitos que a organização subscreva relativos aos seus aspectos ambientais,

d) proporciona o enquadramento para estabelecer e rever os objectivos e metas ambientais,

e) está documentada, implementada e mantida,

f) é comunicada a todas as pessoas que trabalham para a organização ou em seu nome, e

g) está disponível ao público.

A política ambiental, que deverá ser definida no início do processo de implementação do SGA,

representa os princípios pelos quais a organização se rege em termos ambientais. Deve servir

de base ao estabelecimento de objectivos e metas, neste sentido a PA deve definir os princípios do

desempenho ambiental da organização através dos quais o SGA é avaliado. A PA deve ser

adequada à organização, logo deve reflectir a sua natureza, escala e impactes ambientais associados

às suas actividades, produtos e serviços, As decisões que a organização toma em sede de

planeamento devem ser justificadas e suportadas ao nível da política. O conteúdo da PA deve ser

baseado nestes 3 compromissos:

− Melhoria contínua – orientar a organização para a melhoria continua do SGA. Como o

compromisso não implica uma actuação simultânea em todas as áreas a política pode

identificar áreas prioritárias de actuação.

− Prevenção da poluição - este compromisso não implica uma actuação simultânea em

todas as todas as áreas: produtos, serviços, processos, daí que a PA deva esclarecer

quais as áreas de actuação no âmbito deste compromisso

− Cumprimento de RLOA - que a organização subscreva - a conformidade legal é o

patamar mínimo do desempenho ambienta

Page 28: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

28

Não existe um modelo específico para a sua elaboração, no entanto é normalmente redigida sob a

forma de carta e assinada pela alta direcção.13. Uma das principais alterações relativamente à 1ª

versão desta NI é que, a política deve ser comunicada “a todas as pessoas que trabalham para a

organização ou em seu nome”. A figura seguinte resume as charadísticas a que a PA deve obedecer.

Figura 10: Características da política ambiental

13 Nos anexos A25 – Políticas Ambientais, encontram-se alguns exemplos de políticas de empresas nacionais,

divulgadas através da Internet, aliás uma das formas possíveis para cumprir com o requisito “disponível ao

público”. No estudo de caso Emoção & Laser o Anexo 02 contém a política da Qualidade e Ambiente.

Page 29: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

29

Lembrete – Formas de dar a conhecer a Política Ambiental

− Expô-la em locais públicos concorridos

− Publicá-la em boletins periódicos da empresa

− Distribuí-la em reuniões informativas e aos colaboradores subcontratados juntamente com os contratos e pelo menos uma vez com a entrega do recibo de vencimentos

− Quando a PA for entregue pela 1ª vez deve haver um registo da entrega

Lembrete – Formas de disponibilizar a PA ao público;

− Colocá-la em locais onde circulem as visitas da empresa

− Disponibilizá-la na WEB

− Afixá-la em locais apropriados

Resumo

− Para implementar um sistema de Gestão Ambiental segundo a norma ISO 14001:2004 é essencial dominar o seu referencial com bastante rigor.

− A presente NI está assim estruturada: Preâmbulo nacional, preâmbulo, introdução, Objectivos e campo de aplicação, referências normativas, termos e definições, requisitos do SGA, Anexo A e B – informativos. Bibliografia.

− Mas os requisitos auditáveis para efeitos de certificação fazem parte de todo o ponto 4.que, identifica os 5 princípios em que se baseia a aplicação desta NI com vista à melhoria contínua.

− O requisito “4.1 – Requisitos Gerais” destaca que a organização deve definir e documentar o âmbito do seu SGA.

− O requisito “4.2 – Política Ambiental” define as características a que deve obedecer o documento em si e as que são inerentes à sua divulgação.

2.3.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 5 – Requisitos gerais e politica ambiental (Fichas de Trabalho –

Autoavaliação Formando)

2.3.2 Resolução do Estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso, elaboração da politica ambiental (Anexo 02)

Page 30: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

30

2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3)

O planeamento do SGA comporta 3 fases essenciais: A identificação dos aspectos ambientais

significativos, dos requisitos legais e outros, a definição dos objectivos e metas, a elaboração de

Programa (s), a avaliação do desempenho de objectivos e metas.

Figura 11: o planeamento do SGA

2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1)

4.3.1 Aspectos

Ambientais

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para

a) identificar os aspectos ambientais de suas actividades, produtos e serviços no âmbito definido para o SGA, que pode controlar e aqueles que pode influenciar, tendo em consideração desenvolvimentos novos ou planeados ou actividades, produtos e serviços, novos ou modificados, e

b) determinar quais têm ou podem ter impactos ambientais significativos sobre o ambiente (i.e aspectos ambientais significativos).

A organização deve documentar esta informação e mantê-la actualizada.

A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos são tomados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão ambiental

Page 31: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

31

Atendendo às definições de aspecto e impacte ambiental, conclui-se que os aspectos ambientais

são os elementos observáveis nas organizações, que tanto se podem referir a actividades, como a

serviços, como a produtos e que os impactes são as alterações no meio ambiente, quase sempre

adversas, mas também benéficas. Na figura seguinte apresenta-se a distinção entre aspectos e

impactes ambientais por descritores14, sendo, no entanto, essencial obter uma boa formação.

14 Para melhorar os conhecimentos sobre aspectos e impactes este manual disponibiliza os seguintes anexos:

A26 – Cuidar da água, A27 – Curso de Poluição do Ar; A28 – Efeito de estufa e convenção sobre o clima; A29 –

Lista de Frases de Risco; A210 – Manual Luminotécnico; A211 – Prevenção dos Resíduos Industriais; A212 –

Reciclagem de lâmpadas aspectos ambientais e tecnológicos; A213 – Tratamento de Resíduos sólidos, A214 –

Poupe hoje para ter amanhã.

Page 32: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

32

Figura 12: Exemplos de distinção entre aspectos e impacte ambientais

Page 33: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

33

A identificação dos aspectos e respectivos impactes ambientais, seguida de uma metodologia de

avaliação de significância para obter uma filtragem dos aspectos significativos, é um elemento fulcral

da implementação do SGA.

Figura 13: Avaliação de impacte ambiental para filtragem dos aspectos significativos, segundo critérios especificados

Dependendo da complexidade da organização, poderá ser necessário consultar a norma ISO

14031- Directrizes para a avaliação do desempenho (performance) ambiental, para obter mais

exemplos de categorias de actividades, produtos e serviços.

Um aspecto muito importante, que não pode ser descurado na análise dos aspectos ambientais, é

o tipo de controlo que pode ser exercido, directo e indirecto (ou que pode influenciar). Na figura 14

apresentam-se alguns descritores ambientais com exemplos de controlo directo e indirecto sobre os

mesmos.

A compreensão dos impactes ambientais é essencial quando se determina a significância dos

aspectos ambientais. Existem muitas aproximações devendo as organizações escolher as mais

adaptáveis. Recomenda-se que as mais complexas, sobre esta temática consultem as seguintes

normas:

− ISO 14040 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida – Princípios e práticas gerais

− ISO 14041 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida – Definição do âmbito, metas e

inventário

− ISO 14042 Gestão ambiental - avaliação do ciclo de vida - avaliação dos impactes do ciclo de

vida

− ISO 14043 Gestão ambiental - avaliação do ciclo de vida - interpretação do ciclo de vida

− ISO 14044 Avaliação da melhoria do ciclo de vida

− ISO TR 14047 Exemplos ilustrativos de como aplicar a ISO 14042

Page 34: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

34

Esta consulta é essencial, sobretudo se a organização, no âmbito do seu SGA, pretenda

implementar sistemas de rótulo ecológico para os seus produtos.

Figura 14: Exemplo de controlo de Aspectos Ambientais

Nesta fase de planeamento do SGA deverão fazer-se pontos da situação para encontrar as suas

debilidades e, no curto prazo, aplicar oportunidades de melhoria.

Page 35: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

35

Figura 15: Exemplos de listas de verificação para a fase do planeamento do SGA

A significância é um conceito relativo que não pode ser definido em termos absolutos. O que é

significativo para uma organização pode não ser para outra. A avaliação da significância dos

impactes é um processo que requer a definição prévia de critérios de avaliação, o que se pode

traduzir em valorações diferentes do mesmo impacte em diferentes organizações. Na figura seguinte

apresentam-se alguns exemplos de critérios ou filtros de significância.

Page 36: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

36

Figura 16: Exemplos de critérios para avaliação de significância

Agora é essencial definir uma metodologia de identificação de aspectos/impactes, bem como da

avaliação da significância de impactes ambientais para chegar aos aspectos significativos.

Tabela 3:Etapas na identificação de aspectos / impactes ambientais

Etapas Descrição

1

Identificar actividades, produtos ou

serviços

Recomenda-se que a actividade, produto ou serviço seleccionado seja grande o suficiente

para que o exame tenha significado e pequena o suficiente para que seja adequadamente

compreendida. Neste processo devem considerar-se:

− A complexidade da organização e das suas operações

− Práticas e procedimentos já existentes de gestão ambiental

− Informações sobre a previsão de acidentes ambientais

− Requisitos exigidos pelas partes interessadas

− Requisitos legais

2 Identificar aspectos

ambientais

Obter entre outras as seguintes informações:

− Características das actividades, produtos ou serviços, consumos de materiais,

energia e água, processos tecnológicos, factores humanos.

− Informações das relações causa-efeito das actividades, produtos ou serviços no

meio ambiente

− Interesses ambientais das partes interessadas

Page 37: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

37

Etapas Descrição

− Requisitos legais ou outros associados aos aspectos identificados

3

Identificar impactes

ambientais associados

Identificar o maior número possível de impactes ambientais reais e potenciais, positivos e

negativos, associados a cada aspecto identificado. As fontes de informação podem ser:

− Informações técnicas sobre produtos

− Documentos legais, contendo critérios ambientais

− Análises do ciclo de vida

− Códigos de práticas, normas, e outros documentos

− Relatórios de acidentes ambientais

− Cada aspecto pode ter mais do que um impacte associado. Estes podem

identificar:

o Efeitos Negativos – efeitos adversos

o Efeitos Positivos – efeitos benéficos

− Onde recai o efeito (ar, água, solo, flora, fauna,...)

− Natureza das mudanças no ambiente

4 Avaliar a

significância dos impactes

A importância de cada impacto ambiental identificado pode variar de uma organização para

outra. A quantificação pode auxiliar no julgamento. Exemplos de factores ambientais, a

considerar na avaliação da significância:

− Probabilidade de ocorrência

− Escala do impacte

− Frequência e duração

− Severidade

− Requisitos legais

− Interesses das partes envolvidas,

5

Segregar aspectos

ambientais significativos

A etapa anterior permite graduar os impactes ambientais e destacar os mais significativos e

quais são os aspectos ambientais significativos associados. Estes devem ficar listados,

registados e ordenados

Page 38: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

38

Em suma, e segundo uma proposta do documento “Orientações para a Identificação dos Aspecto

Ambientais e a Avaliação da sua Importância” do EMAS o processo de identificação dos aspectos

ambientais significativos pode ser sintetizado conforme se mostra na figura seguinte:

Figura 17: A segregação dos aspectos ambientais significativos

Apesar do requisito 4.3.1 – Aspectos Ambientais, não exigir um procedimento documentado para

identificação e avaliação da significância dos aspectos ambientais, este é um dos casos em que faz

todo o sentido que seja elaborado um, dado que:

− A metodologia de identificação dos aspectos ambientais e relação com os respectivos impactes

deve ser rigorosamente seguida por todos os responsáveis da organização cujas actividades

tenham impacte ambiental;

− Como os aspectos ambientais estão quase sempre associados a requisitos legais, deve estar

documentada a forma como a organização controla esses aspectos ambientais;

− É necessário garantir que toda a actividade que leva à avaliação da significância dos aspectos

ambientais é executada de forma consistente.

Page 39: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

39

O procedimento documentado pode designar-se “Identificação e Avaliação da Significância de

Aspectos Ambientais”15. Para avaliar a significância dos aspectos ambientais é essencial definir

uma matriz com os parâmetros a incluir, bem como uma matriz de registo associada.

Suponhamos que se pretende avaliar a significância do aspecto ambiental “Resíduos de

embalagem de vidro” com os impactes associados “Consumo de Recursos Naturais”e “Diminuição

do tempo de vida útil do aterro", em condições normais de operação e com requisitos legais

associados na actividade de Aprovisionamento

Definiram-se os seguintes parâmetros de avaliação:

Figura 18: Parâmetros de Avaliação Gravidade e Probabilidade

Com a conjugação destes dois parâmetros determina-se o Índice de Risco de Ambiental, que pode

variar entre 1 e 4.

15 No anexo A221 pode consultar um modelo de procedimento para a identificação e avaliação da significância

dos aspectos ambientais que tem associado um ficheiro de Excel que materializa as indicações do procedimento

documentado para a avaliação da significância dos aspectos ambientais

Page 40: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

40

Figura 19: Níveis de Índice de Risco Ambiental

Figura 20: Níveis de risco ambiental

Determinado o Índice de Risco, pode utilizar-se um outro parâmetro de avaliação, por exemplo o

Controlo Operacional exercitado sobre os aspectos ambientais:

Figura 21: Tipos de controlo ambiental

Page 41: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

41

Da conjugação do Índice de Risco com o nível de controlo operacional obtém-se o índice de

significância:

Figura 22: Determinação do índice de Significância

Finalmente considere-se também as condições de operação: em que “Anormal”, significa situações

de paragem programadas ou não e emergência para situações ligadas a acidentes e incidentes.

Figura 23: Parâmetro condições de operação

A figura 24 resume o cálculo do índice de risco e do índice de significância com base nos

parâmetros definidos, tendo-se concluído que é significativo. A figura 25 mostra como o tema pode

ser tratado através de uma matriz de registo.16

16 Continuando com o estudo de caso Emoção & Lazer. O Anexo 03 contém o procedimento documentado de

Identificação e Avaliação dos Aspectos Ambientais e o Anexo 04 materializa todo o processo de avaliação dos

aspectos ambientais através de um conjunto de matrizes.

Page 42: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

42

Figura 24: Determinação da significância dos aspectos ambientais

Figura 25:Matriz de registo de aspectos ambientais e avaliação da significância

Page 43: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

43

Resumo

2.4.2 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 6 – Requisitos do planeamento – aspectos ambientais (Fichas de

Trabalho – Autoavaliação Formando)

2.4.3 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso:

− Elaboração do procedimento documentado de identificação e avaliação dos aspectos

ambientais (Anexo 03)

− Identificação e avaliação da significância dos aspectos ambientais num ficheiro de Excel num

dos ficheiros de Excel disponibilizados neste curso (Anexo 04).

Page 44: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

44

2.4.4 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2)

4.3.2 Requisitos Legais e Outros

Requisitos

A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para

− a) identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos que a organização subscreva, relacionados com os seus aspectos ambientais, e

− b) determinar como estes requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais.

A organização deve assegurar que estes requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização subscreva são tomados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão ambiental.

São diversos os requisitos legais a que a organização deve aceder para estar em conformidade

legal. Mas pode não ser suficiente, para estar em conformidade legal, obedecer apenas a requisitos

legais. Na categoria de “outros requisitos” a lista pode ser extensa. Na tabela seguinte estão

referenciados alguns exemplos, bem como fontes de consulta.

Tabela 4: Exemplos de tipos de requisitos legais e outros

Espécies de regulamentos/leis Outros requisitos Fontes

− Específicos à actividade (por exemplo,

licenças de operação);

− Específicos aos produtos ou serviços

da organização (por exemplo, proibições

relativas a processos ou utilização de

materiais);

− Específicos ao ramo industrial da

organização (certas industrias estão

sujeitas a restrições específicas, que

devem ser cumpridas);

− Leis ambientais gerais, nacionais,

comunitárias, ou internacionais;

− Autorizações, licenças e permissões.

− Acordos com autoridades públicas

− Acordos com clientes

− Códigos de boas práticas

− Compromissos de rotulagem

ambiental

− Requisitos de associações

industriais

− Acordos com grupos comunitários

− Acordos com organizações não

governamentais

− Compromissos públicos

− Governo, Comunidade,

outros Organismos

Reguladores

− Associações ou grupos

industriais;

− Bases de dados

gratuitas ou subscritas

− Serviços profissionais

de consultoria

Conforme se pode ver na figura seguinte, esta NI refere explicitamente que existem duas fases

neste requisito: (1) “identificar e ter acesso a” (2) “determinar como estes requisitos se aplicam aos

seus aspectos ambientais”. Tratou-se de uma alteração importante relativamente à norma anterior

que permitia que as organizações fizessem listas de legislação sem indicar a sua aplicabilidade.

Page 45: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

45

Figura 26: Exemplo de procedimento de acesso, interpretação e aplicação de requisitos legais

Sem ser, de modo algum exaustivo, pois esta é uma formação em SGA e não em Legislação

Ambiental, achou-se, no entanto essencial, referir os principais textos legais tendo em conta os

principais descritores ambientais, bem como disponibilizá-los em anexo.17.

Actualmente, quase não se coloca o problema de ter acesso aos textos legais, pela sua

disponibilidade na internet de forma gratuita. Já o determinar como estes requisitos se aplicam aos

aspectos ambientais, exige conhecimentos específicos, sempre actualizados. Aproveitando o que de

bom se vai fazendo em Portugal nesta área, foi recentemente publicado pela União das Associações

Empresariais da Região Norte, um “Manual de boas práticas ambientais e de responsabilidade

social”, que se apresenta por áreas temáticas com um enquadramento legal exaustivo e actualizado e

que se traduz num documento muito válido no controlo dos aspectos ambientais18.

17 No Anexo A215 – Legislação Ambiental Básica por descritores, estão disponíveis todos os textos legislativos

indicados na figura.27 18 Este documento está referenciado como anexo A224

Page 46: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

46

Apesar da norma de referência não exigir um procedimento documentado, também se pode optar

pela sua elaboração, devendo ter sempre associadas matrizes de listas de legislação aplicáveis 19

Figura 27: Principais referências legislativas organizada por descritores

19 O anexos A22 apresenta um exemplo para um procedimento de RLOR e o anexo A23 um exemplo de matriz

de RLOR. O estudo de caso que se tem vindo a seguir apresenta nos anexos 05 e 06 respectivamente um

exemplo de procedimento documentado para os RLOR e uma lista de RLOR que pode não estar actualizada,

tendo em conta que o estudo de caso foi elaborado em 2005.

Page 47: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

47

De acordo com o regime jurídico de gestão de resíduos (DL 178/2006), a sua produção deve ser

minimizada, para assegurar a sua gestão sustentável, onde a responsabilidade deve ser partilhada

por todos os intervenientes: do produtor de um bem ao cidadão consumidor, do produtor dos resíduos

ao detentor, dos operadores de gestão às autoridades administrativas reguladoras. Neste contexto,

têm vindo a ser criados um vasto leque de organismos, grande parte deles, sem fins lucrativos e que

são um elemento fundamental no circuito da recolha selectiva de resíduos, valorização, reciclagem,

aterro, ou outro destino adequado. Estes organismos designam-se basicamente:

− Fileiras – organismos que pretendem garantir que os resíduos são efectiva e

adequadamente valorizados e reintroduzidos no sistema económico. A fileira organiza-se em

função do tipo de material constituinte dos resíduos, nomeadamente fileira dos vidros, fileira

dos plásticos, fileira dos metais, fileira da matéria orgânica ou fileira do papel e cartão;

− Fluxos – são entidades gestoras de sistemas de gestão específicos de resíduos. Como

“fluxo de resíduos” entende-se o tipo de produto componente de uma categoria de resíduos

transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens, electrodomésticos, pilhas,

acumuladores, pneus ou solventes, medicamentos, veículos em fim de vida.

Com a aplicação do princípio do "poluidor-pagador" aos custos inerentes à gestão de resíduos, que

responsabilizam prioritariamente os produtores dos bens de consumo e os produtores de resíduos ou

seus detentores, o aparecimento destas entidades permite transferir as suas responsabilidade pela

gestão dos resíduos para uma entidade devidamente licenciada e assim estar em conformidade legal

com a legislação aplicável à gestão de resíduos20. No terreno, a gestão de resíduos (recolha,

transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação) deve ser levada a cabo por

operadores devidamente licenciados, sendo o Instituto dos Resíduos (www.inresiduos.pt) a

entidade que confere autorização prévia para o desenvolvimento da respectiva actividade, o que lhes

confere o direito de estarem listados no respectivo site, dando a possibilidade ao detentor de resíduos

de se certificar que contratou um operador devidamente licenciado.

2.4.5 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 7 – Requisitos do planeamento – requisitos legais (Fichas de

Trabalho – Autoavaliação Formando)

20 No anexo A218 – Fileiras e Fluxos apresentam-se um quadro síntese das fileiras e fluxos actualmente

existentes em Portugal.

Page 48: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

48

2.4.6 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso:

− Elaboração do procedimento documentado de controlo e aplicabilidade dos RLOR (Anexo 05)

− Elaboração de uma matriz com alguma legislação aplicável ao estudo de caso de acordo com

o procedimento definido (anexo 06)

Síntese

− O cumprimento do requisito 3.4.2 pressupõe que as organizações identifiquem todos os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais.

− Estes podem apresentar-se sob diversas formas e serem nacionais, comunitários ou mesmo internacionais

− Mas também se podem ter de cumprir resoluções ministeriais e municipais − Nos outros podem incluir-se políticas do grupo a que a organização pertença,

códigos de boa conduta e requisitos dos clientes. − Por isso todos os requisitos identificados e aplicáveis devem fazer parte

integrante do SGA implementado − É conveniente que a organização defina um procedimento (escrito ou não), que

garanta p acesso à informação sobre os requisitos subscritos, sobre a sua actualização permanente, a sua análise , difusão e implicações dentro do SGA.

2.4.7 Objectivos, metas e programas (4.3.3)

4.3.3 Objectivos e

metas e programas

A organização deve estabelecer, implementar e manter objectivos e metas ambientais documentados, a todos os níveis e funções relevantes dentro da organização.

Os objectivos e metas devem ser mensuráveis, sempre que possível, e consistentes com a política ambiental, incluindo os compromissos relativos à prevenção da poluição, ao cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização subscreva, e à melhoria contínua.

Ao estabelecer e rever os seus objectivos e metas, a organização deve ter em conta os requisitos legais e outros requisitos que a organização subscreva, e os seus aspectos ambientais significativos. Deve também considerar as suas opções tecnológicas e os seus requisitos financeiros, operacionais e de negócio, bem como os pontos de vista das partes interessadas.

Para atingir os seus objectivos e metas, a organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais programas. Este(s) programa(s) deve(m) incluir

a) a designação das responsabilidades para atingir os objectivos e metas, aos níveis e funções relevantes da organização, e

b) os meios e os prazos de realização.

A coerência com a política ambiental, quer dizer que os objectivos definidos devem ser adequados

ao comprometimento com a política. Por exemplo se há um comprometimento com a redução de

resíduos, um objectivo de promover a recolha selectiva não é adequado pois a recolha selectiva não

reduz a produção de resíduos, apenas promove o seu encaminhamento adequado. Na figura

seguinte estão definidos um conjunto de objectivos coerentes com uma dada política. Na prática, o

mais difícil é a definição de metas a atingir, pois se forem muito ligeiras o esforço de melhoria

contínua é reduzido, se forem muito ambiciosas corre-se o risco de não cumprir os objectivos.

Page 49: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

49

Figura 28: Exemplo de definição de objectivos e metas consistentes com uma política ambiental

Nas figuras seguintes, para além de um fluxograma interpretativo deste requisito, apresentam-se 3

exemplos de programa ambiental, respectivamente para um produto, uma actividade e um serviço,

que tiveram como base os casos apresentados na norma ISO 14004:2004.

Finalmente na tabela 5 apresenta-se uma hipótese de matriz para um programa ambiental, bem

como um pequeno exemplo de um programa ambiental para a Manutenção de uma organização.

Para além dos aspectos formais, na prática, a amplitude do Programa Ambiental vai depender:

− Das capacidades técnicas, financeiras e humanas da organização

− Das prioridades em termos de controlo dos aspectos ambientais significativos

Depois de elaborado e implementado o Programa Ambiental deve:

− Ser continuamente acompanhado quanto ao seu grau de concretização

− Ser reexaminado periodicamente e reajustado, se necessário

Os resultados desta análise são reportados à gestão de Topo e devem ser considerados nas

entradas da revisão pela gestão podendo desencadear:

− Manter o mesmo programa, mas com novas metas, por exemplo mais ambiciosas

Page 50: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

50

− Iniciar novos projectos, a incluir em novas edições do Programa, principalmente, se a melhoria contínua exigir níveis de desempenho superiores aos actuais

O ciclo PDCA é uma metodologia também aplicável ao Programa Ambiental:

− Planear (as acções, os recursos, o timing, os resultados esperados, indicar quem é o responsável pela concretização)

Figura 29: Resumo do planeamento

Page 51: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

51

Figura 30: Exemplo de um programa ambiental para um produto

− Implementar e executar as acções previstas

− Acompanhar, monitorizar e controlar a execução

− Actuar durante a execução para corrigir trajectórias desviadas

− Elaborar no final do prazo indicado um relatório de execução a reportar à gestão de topo

Page 52: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

52

Por último, é de referir mais uma vez, que a norma também não exige um procedimento

documentado para o acompanhamento de objectivos, metas e programas, mas pelas razões já

indicadas, a sua elaboração é um factor de consistência para estas actividades21

Figura 31: exemplo de um programa ambiental para um serviço

21 No estudo de caso que se vem a acompanhar, os anexos 07 e 08 apresentam respectivamente um

procedimento documentado para os objectivos, metas e programas e o programa ambiental

Page 53: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

53

Figura 32: Exemplo de um programa ambiental para uma actividade

Page 54: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

54

Síntese

O planeamento do SGA começa com o compromisso da política ambiental

Devem ser identificados todos os aspectos ambientais, bem como os requisitos legais aplicáveis e como são aplicáveis

Os aspectos ambientais significativos devem ser segregados para serem controlados pela organização através do Programa Ambiental e controlo operacional com vista à melhoria contínua.

O Programa Ambiental deve incluir as acções necessárias à consecução dos objectivos e metas, os recursos a envolver, os prazos a cumprir, os responsáveis pela sua concretização, os indicadores de desempenho.

Compete à gestão operacional e de topo:

− Acompanhar a execução do Programa e promover o seu reajustamento, se necessário

− Utilizar os relatórios do desempenho do Programa Ambiental nas entradas da revisão pela gestão

Page 55: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

55

Tabela 5: Exemplo de Programa Ambiental

Page 56: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

56

2.4.8 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 8 – Requisitos do planeamento – objectivos, metas e programas

(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando

2.4.9 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso: elaboração do programa do sistema de gestão

ambiental tendo em atenção os aspectos considerados significativos. Pelo menos considere dois

desses aspectos (Anexo 07).

Page 57: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

57

Módulo 3 – Norma EN ISO 14001:2004 – Análise dos requisitos da

implementação e Operação

Objectivos

Gerais:

− Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma organização.

Específicos:

− Identificar as responsabilidades da gestão de topo no fornecimento de recursos,

definição de autoridade e responsabilidade

− Identificar as exigências desta NI em matéria de formação, competência e

sensibilização.

− Identificar as características da comunicação interna e externa

− Conhecer o nível de detalhe e controlo exigido à documentação do SGA

− Identificar e interpretar as exigências desta NI no que respeita ao controlo das

actividades geradoras de aspectos ambientais significativos

− Identificar e interpretar as exigências desta NI em matéria de preparação e resposta a

emergências

Tópicos

3 Norma EN ISO 14001:2004

3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4)

3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1)

3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2)

3.1.3 Comunicação (4.4.3)

3.1.4 Documentação (4.4.4)

3.1.5 Controlo de documentos (4.4.5)

3.1.6 Controlo Operacional (4.4.6)

3.1.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7)

Page 58: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

58

3 Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004

3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4)

3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1)

4.4.1

Recursos, atribuições,

responsabilidade e autoridade

A Gestão deve garantir a disponibilidade dos recursos indispensáveis para estabelecer, implementar, mater e melhorar o sistema de gestão ambiental. Estes recursos incluem os recursos humanos e aptidões específicas , as infra-estruturas da organização e os tecnológicos e financeiros)

As atribuições, as responsabilidades e a autoridade devem ser definidas, documentadas e comunicadas, de forma a proporcionar uma gestão ambiental eficaz.

A Gestão de topo deve nomear um ou mais representante (s) específico (s) que independentemente de outras responsabilidades, deve (m) ter atribuições, responsabilidades e definidas para:

a. Assegurar que o SGA é estabelecido, implementado e mantidos de acordo com esta Norma Internacional;

b. Reportar à Gestão de Topo desempenho do SGA para efeitos de revisão, incluindo e recomendações de melhoria.

Para a conformidade com o requisito 4.4.1, Recursos, atribuições, responsabilidade e

autoridade, salienta-se que a Gestão de Topo:

− Fornece ou disponibiliza: recursos humanos e financeiros, bem como capacidades e

tecnologias

− Nomeia: um representante específico (ex: o gestor do sistema) que assegura a

implementação do SGA e relata o seu desempenho à gestão de topo.

Acresce ainda, que devem estar documentadas e comunicadas as atribuições, responsabilidades e

autoridades definidas para proporcionar um SGA eficaz.

Nesta actual versão, o representante da Gestão de Topo deve, no relato do desempenho do SGA

para efeitos de revisão, incluir recomendações para melhoria. A informação sobre este requisito

poderá ser veiculada através do Manual do SGA.22

22 O estudo de caso que se tem vindo a acompanhar apresenta um procedimento documentado para o

acompanhamento dos requisitos 4.4.1 e 4.4.2 (Anexo 10), mas que deixa em aberto a actualização dos

requisitos de recursos materiais

Page 59: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

59

3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2)

4.4.2. Competência,

formação e sensibilização

A organização deve assegurar que qualquer pessoa que execute tarefas para a

organização ou em seu nome, que tenham potencial para causar impacte(s) ambiental(is)

significativo(s) identificados pela organização, é competente com base numa adequada

escolaridade, formação ou experiência. A organização deve manter os registos associados.

A organização deve identificar as necessidades de formação associadas aos seus

aspectos ambientais e ao seu SGA. A organização deve providenciar formação ou

desenvolver outras acções para responder a estas necessidades, e deve manter os registos

associados.

A organização deve estabelecer, implementar ou manter um ou mais procedimentos

para as pessoas que trabalham para a organização ou em seu nome, estarem preparadas

para:

a) A importância da conformidade com a da política ambiental, os procedimentos e

os requisitos do SGA.

b) Os aspectos ambientais significativos e impactes relacionados, reais ou

potenciais, associados ao seu trabalho e para os benefícios ambientais

decorrentes da melhoria do seu desempenho individual

c) As suas atribuições e responsabilidade para atingir a conformidade com os

requisitos do SGA

d) As consequências potenciais de desvios aos procedimentos especificados

Quanto ao requisito 4.4.2 – Competência, formação e sensibilização, a organização deve

assegurar:

− A sensibilização de todas as pessoas da organização ou em seu nome para o bom

funcionamento do SGA, nomeadamente para a importância da conformidade com a política

ambiental, os procedimentos e com os requisitos do SGA.

− A identificação das necessidades de formação que permitam estabelecer planos de formação

para todas as pessoas que trabalham para a organização ou sem seu nome mesmo que

subcontratados, desenvolvam tarefas ou actividades associadas aos seus aspectos

ambientais.

− A competência para o desempenho do cargo, assegurada não só pela formação, mas

também pela educação (que deve ser apropriada às tarefas desempenhadas) e pela

experiência (nas tarefas que lhe são atribuídas).

Page 60: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

60

− A manutenção de registos adequados (ver ponto 4.5.3) às actividades afectas à formação,

como por exemplo:

o Identificação das necessidades de formação23

o Plano de formação

o Sumários das acções de formação

o Certificados de formação.

− Procedimentos de sensibilização/formação para:

o Política e procedimentos de gestão ambiental

o Impactes ambientais significativos das actividades

Tabela 6: Tipos de formação/ Sensibilização

Tipo de formação/sensibilização Público-alvo Propósito

Consciencialização sobre a importância estratégica da

gestão ambiental Gestores executivos

Obter o comprometimento e harmonização com a política ambiental da organização

Consciencialização sobre as questões ambientais em gera Todos os empregados

Obter o comprometimento com a política ambiental, seus objectivos e metas, e fomentar um senso de responsabilidade individual.

Aperfeiçoamento de competências

Colaboradores com responsabilidades ambientais

Melhorar o desempenho em áreas específicas da organização

Cumprimento dos requisitos Colaboradores cujas acções

podem afectar o cumprimento dos requisitos

Assegurar que os requisitos legais e internos sejam cumpridos.

Assegurar o cumprimento de procedimentos, instruções de serviço, especificações técnicas, registo correcto de monitorizações, etc

3.2 Comunicação (4.4.3)

4.4.3. Comunicação

No que se refere aos seus aspectos ambientais e ao seu SGA, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para

(1) Comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização,

(2) Receber, documentar, e responder a comunicações relevantes de partes interessadas externas.

A organização deve decidir acerca da comunicação externa sobre os aspectos ambientais significativos e deve documentar a sua decisão. Se a organização decidir comunicar, deve estabelecer e implementar (um) método(s) para esta comunicação externa.

23 Os anexos A31 2 A32 – Levantamento das necessidades de formação apresentam dois possíveis exemplos de

documentos de levantamento das necessidades de formação

Page 61: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

61

O requisito 4.4.3 Comunicação é perfeitamente enquadrável com o que se faz em qualquer outro

sistema de gestão tanto para a comunicação interna como externa. O destaque deste requisito vai

para a comunicação externa sobre os seus aspectos ambientais significativos, que é facultativa, mas

caso tenha sido tomada a decisão de comunicar, deve estabelecer e implementar um método de

comunicação.24

Figura 33: Exemplos de aspectos a ter em consideração na comunicação interna

24 No estudo de caso que se tem vindo a acompanhar, o anexo 09 apresenta um modelo de matriz para uma

metodologia de comunicação dentro da empresa

Page 62: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

62

Figura 34: exemplos de aspectos a ter em consideração na comunicação externa

Síntese

Para a implementação e operação do SGA a gestão de topo deve assegurar a

disponibilização de recursos, definir documentar e comunicar atribuições e

responsabilidades, incluído a nomeação de um mais representantes, assegurar que

todos os que trabalham na organização ou em seu nome possuem a formação,

competência e escolaridade adequadas ao desenvolvimento de actividades com

potencial de causar impactes ambientais e manter procedimentos adequados para a

comunicação interna e externa.

3.2.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho 9 - Implementação e Operação: Recursos, atribuições

responsabilidade e autoridade (4.4.1), competência formação e sensibilização (4.4.2), Comunicação (4.4.3)

(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

Page 63: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

63

3.3 Documentação (4.4.4)

4.4.4. Documentação

A documentação do SGA deve incluir:

− A Política Ambiental, objectivos e metas

− Uma descrição do âmbito do SGA

− Uma descrição dos principais elementos do SGA e suas interacções e referências a documentos relacionados

− Documentos, incluindo registos requeridos por esta NI

− Documentos, incluindo registos, definidos como necessários pela organização para assegurar o planeamento, a operação e o controlo eficazes dos processos relacionados com os seus aspectos ambientais significativos.

Do requisito 4.4.4 – Documentação, que descreve os elementos chave do SGA, salienta-se:

− Deve orientar na obtenção de informações

− Estar ou não integrada na documentação de outros sistemas. Nas organizações que optam pela integração de sistemas, qualidade, ambiente e segurança, a gestão documental, incluindo o controlo de documentos é um dos requisitos com elevado grau de integração.

− Ser apropriada ao tamanho da organização, complexidade de processos, competência do pessoal

− Ser documentada (papel, ficheiros informáticos…) sempre que:

o Os requisitos desta NI assim o exijam

o Caso se tema que os procedimentos estabelecidos não sejam seguidos

o Se determine que é a melhor forma de obter a conformidade legal

o Exista a necessidade de garantir que a actividade é executada de forma consistente.

Apesar de não existir nenhuma recomendação específica sobre a estrutura documental, poderá

adoptar-se um modelo em tudo semelhante ao preconizado pela norma ISO 9001:2000, tanto mais

que se verifica uma tendência crescente para a integração de sistemas. Um modelo possível pode

ser analisado na figura 35. No topo encontra-se o manual do sistema de gestão, que não sendo um

documento obrigatório na implementação do SGA, reveste-se de grande importância pelas suas

características integradoras 25.26 Em termos de hierarquia seguem-se os procedimentos, as instruções

de trabalho e os registos.

25 Não sendo um documento obrigatório, muitas organizações elaboram um manual do SGA que resume os seus

principais elementos Nos anexos deste módulo encontram-se alguns exemplos de manuais do SGA (anexos

A318 a A322). 26 O estudo de caso que tem vindo a ser apresentado neste curso também apresenta um Manual da qualidade e

ambiente no anexo 26.

Page 64: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

64

No que respeita ao tipo de documentação (procedimentos documentados ou não, documentos,

programas, registos) proposta ou indicada ao longo da norma, na figura 36 apresenta-se um resumo

de todas as referências documentais desta NI. Em termos documentais assume grande importância o

formato do procedimento. Para os procedimentos escritos, apesar de os mesmos não serem

obrigatórios ao abrigo desta norma, deve ser previamente adoptado um modelo que deve ser seguido

em todos os procedimentos.27.28.

Figura 35: Exemplo de uma possível estrutura documental para um SGA

27 Ver no anexo A33 – Modelo de Procedimento, que inclui os conteúdos que podem ser abordados num

procedimento, bem como as indicações que deve conter para efeitos de controlo. O anexo A317 apresenta um

extracto de um procedimento de gestão documental, no que se refere a todos elementos que devem ser

controlados 28 28 No seguimento do estudo de caso que se tem vindo a acompanhar, o anexo 11 apresenta o procedimento

documentado para a gestão de documentos e registos

Page 65: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

65

Figura 36: Referências documentais e de comunicação na norma ISO 14001:2004

3.3.1 Controlo de documentos (4.4.5)

4.4.5.

Controlo de Documentos

Os documentos requeridos pelo SGA e pela presente NI devem ser controlados. Os registos são um tipo específico de documentos e devem ser controlados de acordo com os requisitos constantes em 4.5.4.

A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para

a) Aprovar os documentos quanto à sua adequação antes da respectiva emissão

b) Rever e actualizar, conforme necessário, e reaprovar os documentos

c) Assegurar que são identificadas as alterações e o estado actual da revisão dos documentos

d) Assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis estão disponíveis nos locais da utilização

e) Assegurar que os documentos permanecem legíveis e facilmente identificáveis

f) Assegurar que os documentos de origem externa definidos pela organização como necessários ao planeamento e operação do SGA são identificados e sua distribuição controlada

g) Prevenir a utilização involuntária de documentos obsoletos e identificá-los devidamente caso estes sejam retirados por qualquer motivo

Page 66: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

66

Quanto ao requisito 4.4.5 – Controlo de documentos, destacam-se alguns elementos

preponderantes na sua gestão, referidos na figura seguinte, salientando-se, mais uma vez, que este

requisito, caso existam outros sistemas de gestão, será tratado de forma integrada.

Figura 37: Requisitos requeridos na gestão documental

Com a revisão desta NI, este foi um dos requisitos bastante clarificado. Os registos são designados

um tipo específico de documentos e devem ser controlados de acordo com os requisitos constantes

em 4.5.4. Um elemento novo neste requisito é que a organização deve estabelecer, implementar e

manter um ou mais procedimentos para assegurar que são identificadas as alterações e o estado da

revisão em curso dos documentos e que os documentos de origem externa definidos pela

organização como necessários ao planeamento e operação do sistema de gestão ambiental são

identificados e a sua distribuição controlada.

3.3.2 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho Ficha de Trabalho 10 - Implementação e Operação:

Documentação (4.4.4) e Controlo de Documentos (4.4.5) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

Page 67: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

67

3.3.3 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso:

− Elaboração de um procedimento documentado de Gestão documental incluindo o controlo de

registos. Ter em consideração as propostas do enunciado do estudo de caso (Anexo 08)

− Estruturação do Manual do sistema de gestão ambiental com a apresentação de um índice

(Anexo 09). Descrição de alguns pontos referentes a requisitos não desenvolvidos, como por

exemplo o requisito da comunicação.

3.3.4 Controlo Operacional (4.4.6)

4.4.6.

Controlo Operacional

A organização deve identificar e planear as operações que estão associadas aos aspectos ambientais significativos identificados, consistentes com sua política ambiental e os seus objectivos e metas de forma a garantir que estas operações são realizadas sob condições especificadas

a) Estabelecendo, implementando e mantendo um ou mais procedimentos documentados para controlar as situações onde a sua inexistência possa conduzir a desvios à política ambiental e aos objectivos e metas

b) Estipulando critérios operacionais nos procedimentos

c) Estabelecendo, implementando e mantendo procedimentos relacionados com os aspectos ambientais significativos identificados dos bens e serviços utilizados pela organização, e comunicando os procedimentos e requisitos aplicáveis aos fornecedores, incluindo subcontratados

Na implementação e funcionamento de um SGA, reveste-se da maior importância o requisito 4.4.6

– Controlo Operacional, o único para que a norma exige procedimentos documentados.

A figura seguinte apresenta um modelo possível de fluxograma para o procedimento operacional.

Assim segundo a figura, o controlo operacional começa com a identificação das actividades que

causam impactes (1) e com a avaliação consequente dos aspectos significativos e seu

enquadramento legal (2), ou seja o processo começou com o cumprimento dos requisitos do

planeamento. Estas actividades devem ser objecto de planeamento (3) (como, quando, quem), tendo

em conta condições de operação normais, manutenção e paragens. Para o controlo dos impactes são

definidos procedimentos gerais, instruções de trabalho mais específicas,29, ou outros documentos,

29 Nos anexos deste módulo podem ser consultados vários exemplos de documentos de controlo operacional

Pode consultar os seguintes anexos: A34 – Procedimento de gestão de Resíduos, A35 – Procedimento

Page 68: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

68

que orientam as tarefas para a prevenção ou minimização desses mesmos impactes. Estes

documentos devem ser divulgados, quer interna quer externamente (5), nomeadamente para

fornecedores e subcontratados relacionados com os aspectos ambientais significativos. No processo

de divulgação/comunicação pode verificar-se a necessidade de implementar, não só acções de

sensibilização, como de formação para atender ao requisito 4.4.2.30

operacional para gestão de resíduos, A36 – Instrução de trabalho para resíduos sólidos, A37 – Instrução de

trabalho para resíduos sólidos, A38 – Instrução de Trabalho para Águas Residuais. 30 Na continuação do estudo de caso Emoção & Lazer pode ser analisado o procedimento documentado

genérico para o controlo operacional e vários documentos operacionais. de controlo dos aspectos considerados

significativos.

Page 69: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

69

Figura 38: Controlo operacional

Page 70: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

70

Dada a importância da minimização do consumo de recursos e produção de resíduos, a figura

seguinte apresenta a hierarquia a considerar no controlo operacional.

Figura 39: Hierarquia na minimização de consumos e na produção e destino final de resíduos

3.3.5 Auto-avaliação

O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 11 - Implementação e operação: Controlo Operacional: (4.4.6)

Preparação e Resposta a Emergência (4.4.7) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

3.3.6 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso:

− Elaboração de um Procedimento documentado de Controlo Operacional para os aspectos

ambientais significativos que permita o enquadramento para procedimentos operacionais e

instruções de trabalho (anexo 10)

− Seleccionar um aspecto significativo e elaborar uma instrução de trabalho (como proposta

para fazer uma instrução para os resíduos do processo produtivo) (Anexo 11)

Page 71: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

71

3.3.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7)

4.4.7.

Preparação e resposta a

emergências

A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para

identificar as situações de emergência potenciais e os acidentes potenciais que podem ter

(um) impacte (s) no ambiente e como dar resposta a estas situações.

A organização deve responder às situações de emergência e aos acidentes reais, e

prevenir ou mitigar os impactes ambientais adversos associados.

A organização deve examinar periodicamente e, quando necessário , rever os seus

procedimentos de preparação e resposta a emergências, em particular a ocorrência de

acidentes ou situações de emergência

A organização deve testar periodicamente tais procedimentos, sempre que praticável,.

Do requisito 4.4.7 – Preparação e resposta a emergências destaca-se:

Figura 40: As exigências do requisito 4.4.7

Page 72: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

72

Da interpretação das exigências deste requisito verifica-se, que a determinação da natureza dos

riscos é essencial para identificar as situações de emergência potenciais. Enquanto os riscos

profissionais estão mais ligados à segurança e higiene no trabalho, sendo os seus impactes mais

importantes sobre o trabalhador, os riscos naturais e tecnológicos são aqueles que podem causar ou

causam mais impactes ambientais (ver figura 41).

A preparação e resposta a emergências decorre também da avaliação dos aspectos ambientais

significativos, sempre que se considerem situações anormais ou de emergência. A organização

deve evidenciar o seu controlo, nomeadamente com uma cobertura adequada de procedimentos

onde devem constar, pelo menos, os conteúdos indicados na figura 42.

A título de exemplo, este manual apresenta em anexo alguns exemplos de procedimentos para

situações de emergência31.32

31 Pode consultar os seguintes anexos: A39 – Procedimento de emergência Ambiental – incêndio em áreas

sociais, A310 - Instrução operatória de emergência ambiental – Derrame, A311 – Instrução de emergência

ambiental – incêndio. 32 No seguimento do acompanhamento do estudo de caso Emoção & Lazer, apresenta um procedimento

documentado de preparação e resposta a emergências (anexo 16) e 2 instruções de emergência (anexos 17 e

18).

Page 73: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

73

Figura 41: Lista dos principais riscos

Page 74: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

74

Figura 42: Conteúdos a ter em consideração num procedimento de preparação e resposta a emergência

Síntese

− O cumprimento rigoroso e integral dos requisitos da Implementação e Operação

é essencial ao bom desempenho do Sistema de Gestão Ambiental. Grande parte

destes requisitos, são desenvolvidos na fase do planeamento do SGA, ou seja

devem ser planeadas também, as condições para que o seu funcionamento seja

eficaz. Requisitos, tais como, Documentação, Comunicação, Controlo

Operacional, Resposta e Emergências, devem ser planeados antes de serem

implementados.

Page 75: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

75

3.3.8 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho 11 - Implementação e operação: Controlo Operacional: (4.4.6)

Preparação e Resposta a Emergência (4.4.7) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

3.3.9 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso: Elaborar uma instrução de emergência ambiental

para uma situação de incêndio no processo produtivo (Anexo 12)

Page 76: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

76

Page 77: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

77

Módulo 4 - Norma EN ISO 14001:2004 – Requisitos da Verificação

Objectivos

Gerais: − Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma

organização. Específicos: − Identificar as exigências relativas ao requisito Monitorização e Medição e

proporcionar linhas de orientação para o planeamento do controlo das operações e actividades que possam ter um impacte significativo sobre o ambiente.

− Identificar as formas demonstrar a conformidade com os requisitos legais aplicáveis

− Identificar as exigências relativas aos procedimentos para tratar as "Não conformidades”

− Identificar os requisitos normativos para os quais se exigem requisitos, bem como as exigências relativas ao seu controlo.

− Identificar a forma como são elaborados os planos de auditoria, bem como são planeadas e realizadas as auditorias

− Identificar a forma como é feita a revisão do sistema e que elementos devem ser considerados como entradas e que elementos devem estar considerados nas saídas

Tópicos

4 Norma EN ISO 14001:2004

4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5)

4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1)

4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2)

4.1.3 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3)

4.1.4 Controlo de Registos (4.5.4)

4.1.5 Auditoria interna (4.5.5)

4.2 Revisão pela Gestão (4.6)

Page 78: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

78

4 Norma EN ISO 14001:2004

4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5)

4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1)

4.5.1. Monitorização e

Medição

A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para

monitorizar e medir, de uma forma regular, as características principais das suas

operações que podem ter um impacte ambiental significativo. Este(s) procedimento(s)

deve(m) incluir a documentação da informação para monitorizar o desempenho, os

controlos operacionais aplicáveis e a conformidade com os objectivos e metas ambientais

da organização.

A organização deve assegurar que é utilizado equipamento de monitorização e medição

calibrado ou verificado e que este é sujeito a manutenção. A organização deve manter os

registos associados.

A monitorização e medição (requisito 4.5.1) são essenciais para avaliar a conformidade do SGA

implementado, com a política ambiental, com os requisitos legais e outros e com os objectivos e

metas definidos em cada programa (ver figura seguinte).

Page 79: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

79

Figura 43: Exemplo de características a medir e a monitorizar33

Para assegurar resultados válidos e caso exista, o equipamento de medição, deve ser calibrado

e/ou verificado a intervalos regulares:

− Face a padrões de medição rastreáveis

− Face a padrões de medição internacionais ou nacionais

− Na ausência de padrões a calibração deve ser registada

Uma das formas de manter a conformidade não só com este requisito, mas também legislação

aplicável, é estabelecer planos de monitorização para um dado período de tempo e agregar aos

planos de monitorização, todos os registos associados.3435

33 No que respeita à monitorização e medição das emissões gasosas, é essencial que cada organização saiba

qual o seu enquadramento legal e agir em conformidade, o que pode verificar de forma rápida no Anexo A41-

Monitorização de emissões gasosas.

Page 80: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

80

4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2)

4.5.2

Avaliação da conformidade

4.5.2.1 Em coerência com o seu compromisso de cumprimento, a organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para avaliar periodicamente a conformidade com os requisitos legais aplicáveis. A organização deve manter registos dos resultados das avaliações periódicas.

4.5.2.2 A organização deve avaliar o cumprimento dos outros requisitos que subscreva, podendo optar por combinar esta avaliação com a avaliação de conformidade legal referida em 4.5.2.1, ou estabelecer um ou mais procedimentos separados. A organização deve manter registos dos resultados das avaliações periódicas.

Apesar de o requisito 4.5.2 – Avaliação da conformidade não ser propriamente uma novidade em

termos de exigência, é-o pelo facto de ter sido desagregado do requisito 4.5.1. Uma questão que se

tem colocado é a forma como pode ser demonstrada a conformidade com este requisito.

O compromisso com a conformidade começa com entrada em acção do compromisso com a

política ambiental (4.2) assumindo-se como a fase mais crítica da garantia da conformidade, por

causa do esforço que é necessário desenvolver.

Para cumprir com sucesso as obrigações de conformidade, a organização necessita de

implementar programas ambientais (cláusula 4.3.3). Mas como a norma permite que as organizações

identifiquem o seu estatuto, estabelece-se um equilíbrio realista entre o desejável e o possível.

Com a alteração introduzida ao requisito 4.3.2, a organização deverá determinar a aplicabilidade

dos requisitos aos seus aspectos ambientais e, em simultâneo, garantir que estes requisitos são tidos

em linha de conta quando se desenvolve, implementa e mantém o SGA. Sendo assim é provável que

empresas diferentes necessitem de formas diferentes de controlar os seus aspectos ambientais

significativos e de formas diferentes de obter a conformidade com a ISO 14001.

A capacidade de traduzir estes regulamentos em termos de requisitos processuais e critérios

operacionais (4.4.6) é o passo seguinte no processo de garantia de conformidade. Os controlos

administrativos (procedimentos documentados, inspecções ou aprovações ou auditorias internas) e

os controlos operacionais (equipamento de controlo da poluição, alarmes de derrames) são

empregues para garantir o correcto funcionamento dentro dos limites permitidos.

34 Para ter uma noção do que são planos de monitorização disponibilizam-se os seguintes anexos: A42 – Matriz

de Plano de Monitorização; A43 – Plano de monitorização para a gestão de resíduos; A44 – Plano de

Monitorização - REN 35 O estudo de caso que se tem vindo a acompanhar apresenta um procedimento documentado para a

monitorização e medicação (Anexo 19)

Page 81: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

81

Para além disso, um programa de amostragens representativas que utilize medições periódicas ou

contínuas das condições operacionais e das emissões/efluentes, conforme adequado (4.5.1) satisfaz

os requisitos de relato ambiental.

Com os canais de comunicação interna transmite-se a importância da conformidade normativa para

o sucesso da organização e os requisitos normativos aplicáveis.

Em suma para estar em conformidade e cumprir com os requisitos da ISO 14001, é necessário

avaliar, não só a implementação e a eficácia dos requisitos SGA, como também avaliar a

conformidade da organização em relação aos seus requisitos legais. Com a revisão da norma criou-

se uma nova cláusula separada e dedicada a este tema, dando, desse modo, uma maior atenção a

este requisito.

A avaliação da conformidade pode assumir diversas formas:

− A análise dos dados monitorizados

− Resultados de inspecção periódica das áreas de trabalho e armazenamento

− Auditorias

− A avaliação independente através de um organismo de certificação/registo autónomo é

ainda outro meio de garantir que uma dada organização possui um SGA que visa o

cumprimento das suas obrigações e deveres de conformidade.

− Realizada durante o processo de revisão pela direcção ou administração (cláusula 4.6). A

gestão de topo revê o desempenho ambiental da organização e avalia se o SGA se

mantém adequado, conveniente e eficaz quanto à concretização dos compromissos da

política, inerentes ao plano de acção

4.1.3 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho 12 - Verificação: Monitorização e medição (4.5.1) e Avaliação da

conformidade (4.5.2) e Ficha de Trabalho 13 - Programa ambiental, controlo, monitorização e medição (Fichas

de Trabalho – Autoavaliação Formando)

4.1.4 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso: Elaboração de uma matriz onde identifique as

formas de monitorização e medição para os seus controlos operacionais e quais os indicadores do

desempenho (pelo menos de um aspecto significativo) (Anexo 13). Deve fazer uma referência à

avaliação do desempenho no seu manual.

Page 82: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

82

4.1.5 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3)

4.5.3

Não conformidades,

acção correctivas e

acções preventivas

A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para

tratar as não-conformidades reais e potenciais e para implementar as acções correctivas

e as acções preventivas. Este(s) procedimento(s) deve(m) definir requisitos para:

a) A identificação e correcção da(s) não conformidade(s) e a implementação das

acções de mitigação dos seus impactes ambientais

b) A investigação da(s) não conformidade(s), a determinação da(s) sua(s) causa(s) e a

implementação das acções necessárias para evitar a sua recorrência,

c) A avaliação da necessidade de acções para prevenir não conformidade(s) e a

implementação das acções apropriadas, definidas para evitar a sua ocorrência,

d) O registo dos resultados de acções correctivas e de acções preventivas

implementadas,

e) A revisão da eficácia de acções correctivas e de acções preventivas implementadas.

As acções implementadas devem ser apropriadas à magnitude dos problemas e aos

impactes ambientais identificados.

A organização deve assegurar que são efectuadas todas as alterações necessárias à

documentação do sistema de gestão ambiental.

A revisão da cláusula 4.5.3 – Não conformidades, acções correctivas e preventivas,

compatibiliza os requisitos para identificar e corrigir não-conformidades de forma similar com o

requisito da ISO 9001:2000. Definições claras são fornecidas para as acções necessárias para

prevenir, investigar, avaliar, rever e registar não-conformidades, acções correctivas e preventivas. A

norma anterior nem sequer definia não-conformidade. Como se pode ver na figura seguinte, o

procedimento de acompanhamento das não conformidades é em tudo semelhante ao mesmo

requisito na norma ISO 9001:2000. A grande diferença está no objecto das não conformidades: na

qualidade incidem sobretudo sobre o produto, no ambiente sobre as actividades. A figura 44

apresenta dois exemplos de não conformidades e respectivas acções correctivas e preventivas.36

Os procedimentos a desenvolver, em termos práticos, devem ser desenvolvidos de forma a

caracterizar as actividades em causa. 37

36 Nos anexos A45 e A46 apresentam-se 2 exemplos de relatórios de não conformidades ambientais. 37 O estudo de caso que temos vindo a acompanhar apresenta no anexo 20 um procedimento de NC, AC e AP

bastante especificado.

Page 83: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

83

Figura 44: Procedimento para tratamento de não-conformidades

Figura 45: Exemplos de não conformidades e acções correctivas e preventivas (Ciclo SDCA - um standard (S), que deve continuar a ser seguido (D), monitorizado e medido (C) e agir em conformidade (A); (Ciclo PDCA –

planear-executar-verificar-actuar)

Page 84: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

84

4.1.6 Controlo de Registos (4.5.4)

4.5.4

Controlo de registos

A organização deve estabelecer e manter registos, na medida em que sejam necessários para demonstrar a conformidade com os requisitos do seu sistema de gestão ambiental e desta Norma Internacional, e para demonstrar os resultados obtidos.

A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para a identificação, o armazenamento, a protecção, a recuperação, a retenção e a eliminação dos registos.

Os registos devem ser e manter-se legíveis, identificáveis e rastreáveis.

O requisito 4.5.4 – Registos, foi simplificado para melhorar a compatibilização com a norma ISO

9001:2000. A revisão deste requisito descreve que os registos precisam de demonstrar

conformidade com os requisitos do SGA da organização, daí que a sua existência é uma

evidência de um SGA implementado. Esta deve estabelecer, implementar e manter procedimentos

para a sua gestão, devendo manter-se legíveis, identificáveis e rastreáveis, ou seja as mesmas

características que se exigem a quaisquer outros documentos.

São os seguintes os requisitos que mencionam a necessidade de apresentar registos:

Figura 46: Requisitos requeridos pela norma ISO 14001

Page 85: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

85

Convém referir que os registos têm uma grande importância num SGA, pois apesar de não serem a

única forma de evidenciar a conformidade com esta NI, assumem um papel primordial sempre que

está em causa a conformidade com a legislação aplicável, bem como a análise evolutiva, como um

dos motores da melhoria contínua.

4.1.7 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho 14: Verificação - Não conformidades, acções correctivas e

preventivas 4.5.3; Registos (4.5.4) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

4.1.8 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso: Elaboração de um procedimento para as Não

Conformidades, Acções Correctivas e Preventiva e descrever esse procedimento no manual do SGA

4.1.9 Auditoria interna (4.5.5)

4.5.5

Auditoria interna

A organização deve assegurar que as auditorias internas ao SGA são realizadas em intervalos planeados para

a) Determinar se o sistema de gestão ambiental

1. Está em conformidade com as disposições planeadas para a gestão ambiental, incluindo os requisitos desta Norma Internacional, e

2. Foi adequadamente implementado e é mantido, e

b) Fornecer à Gestão informações sobre os resultados das auditorias.

O(s) programa(s) de auditorias deve(m) ser planeado(s), estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) pela organização, tendo em conta a importância ambiental da(s) operação(ões) em questão e os resultados de auditorias anteriores.

Estes programas devem considerar:

o • As responsabilidades e os requisitos para o planeamento e realização das auditorias, para relatar os resultados e para manter os registos associados,

o • A determinação dos critérios, do âmbito, da frequência e dos métodos de auditoria.

A selecção dos auditores e a realização das auditorias deve assegurar a objectividade e a imparcialidade do processo de auditoria.

Page 86: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

86

A análise deste requisito permite identificar, pelo menos, quatro temáticas distintas, se bem que

interligadas:

1. Importância dos resultados das auditorias internas, que são fornecidos à Gestão (nº2 b)),

sendo aliás, uma das entradas para as revisões ao SGA, o que torna a auditoria interna

como o principal instrumento da melhoria contínua do SGA.

2. Conceito de auditoria, nomeadamente, auditoria interna ao SGA e aos requisitos desta NI (nº

1a))

3. Características dos programas de auditorias, que a organização deve planear, estabelecer,

implementar e manter.

4. A figura do auditor associada à realização de auditorias internas.

Conjugando esta análise com o conteúdo do ponto A.5.5 do Anexo A (que reforça o papel do

auditor) e a sua Nota 2, as auditorias ao SGA devem ser orientadas pela norma ISO 19011 - Linhas

de orientação para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambientais, ou seja todos os

aspectos relacionados com o programa de auditorias, execução de auditorias e a competência e

avaliação de auditores, a que o requisito 4.5.5 se refere devem nortear-se pelos requisitos da norma

19011. A Nota 1 do ponto A.5.5 refere ainda que não são abrangidas por esta NI (ISO 14001) as

auditorias de conformidade legal ambiental.

4.1.9.1 Conceito e classificações de auditoria

De acordo com organismo, American Accounting Association. uma auditoria, em sentido lato é:

“… o processo sistemático de, objectivamente, obter e avaliar provas à cerca da correspondência

entre asserções económico-financeiras, situações e procedimentos em relação a critérios

preestabelecidos e comunicar as conclusões aos utilizadores interessados”.

Segundo Reis (1995) uma auditoria é uma “ferramenta de orientação de gestão que permite aos

dirigentes de uma área ou de toda a organização identificar os pontos fortes e fracos de uma

determinada actividade, quando sistematicamente comparada a um padrão consagrado como

referencial”.

Pode então considerar-se que uma auditoria, é um processo independente e devidamente

planeado de acordo com regras previamente estabelecidas, efectuado com o objectivo de constatar

evidências. Através desse processo de verificação pretende detectar-se situações susceptíveis de

melhoria, contribuindo para a evolução do sistema e/ou organização.

A norma ISO 14001 define auditoria interna como o “Processo sistemático, independente e

documentado para obtenção de evidências de auditoria e respectiva avaliação objectiva, com vista a

determinar em que medida os critérios de auditoria ao sistema de gestão ambiental estabelecidos

pela organização são cumpridos”.

Page 87: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

87

Existem variadíssimas classificações de auditorias, conforme se pode constatar nas tabelas

seguintes.

Tabela 7: Classificações de auditorias

Page 88: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

88

Page 89: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

89

4.1.9.2 A norma ISO 9011

A Norma ISO 1901138, é a versão conjunta da norma de referência relativa a Auditorias a Sistemas

de Gestão Ambiental e a Sistemas de Gestão da Qualidade. Esta norma substitui as partes 1, 2 e 3

da norma ISO 10011 e as normas ISO 14010, 14011 e 14012.

A norma ISO 19011 permite às organizações a realização de auditorias aos seus sistemas, quer

estas sejam auditorias internas ou externas.

Esta norma internacional surge pela necessidade de revogação de anteriores normas que já não

satisfaziam as necessidades impostas pela actual conjuntura sócio - económica, que demonstra a

crescente preocupação de agregar à qualidade de um produto a sua vertente ambiental.

O surgimento da ISO 19011 é a associação destas duas vertentes, fornecendo linhas de apoio

para a gestão de programas de auditorias, a realização de auditorias e avaliação de auditores,

tendo como base as séries de normas ISO 9000 e ISO 14000, Qualidade e Ambiente,

respectivamente.

A norma apoia todas as organizações que implementam sistemas de gestão nestas áreas,

permitindo auxiliar na condução de auditorias conjuntas e combinadas nos sistemas de gestão.

A ISO 19011 subdivide-se em sete secções:

1. Âmbito

2. Referências Normativas

3. Termos e Definições

4. Princípios de Auditoria

5. Gestão de um Programa de Auditorias

6. Actividades de Auditoria

7. Competência e Avaliação de Auditores

Destas secções apenas se refere, de forma breve o conteúdo das secções 5, 6 e 7, por serem os

mais importantes, que se devem observar no cumprimento deste requisito.

38 Ver o Anexo A47 – ISO 19011 – Documento de Trabalho, que transcreve o texto integral da norma, apenas

para fins didácticos.

Page 90: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

90

Ponto 5 - Gestão de um Programa de Auditorias

Segundo o ponto 3.11 da norma ISO 19011, um programa de auditoria é “um conjunto de uma ou

mais auditorias planeadas para um dado período de tempo e para um fim específico” e deve incluir

todas as actividades necessárias para planear, organizar e realizar as auditorias.

De forma a cumprir prazos estabelecidos antecipadamente para a realização de um programa de

auditorias é de extrema importância saber gerir adequadamente o tempo disponível.

Independentemente de se tratar de uma ou mais auditorias, de auditorias internas, de segunda

parte, de certificação, de seguimento, de acompanhamento ou de renovação, a organização pode

estabelecer mais do que um programa de auditorias, dependendo das circunstâncias da

organização a auditar e os objectivos que lhes estão associados.

Um processo adequado de gestão de um programa de auditoria pode-se fraccionar em quatro

fases consecutivas para melhorar a eficiência do programa:

o Planeamento - Estabelecer objectivos de acordo com as necessidades

o Execução - Analisar todo o sistema de acordo com os objectivos estabelecidos

o Verificação - Constatar existência de não-conformidades; monitorizar

o Actuação - Implementação através de acções correctivas e/ou preventivas

Os objectivos de um programa de gestão são estabelecidos, tendo em consideração as prioridades

ou necessidades da organização.

A responsabilidade de um programa de auditorias deve ser atribuída a indivíduos que demonstrem

competências para tal.

É crucial manter registos credíveis de todos os procedimentos do programa, rever e melhorar,

se necessário, e manter acompanhamento constante.

A autoridade de gestão do programa de auditorias está dependente da concordância da gestão de

topo da organização.

Page 91: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

91

Ponto 6 - Actividades da Auditoria

Neste requisito são abordados os itens a obedecer para a constituição de uma boa equipa auditora,

e o correcto desenvolvimento de um processo de auditoria, onde se consideram os seguintes passos:

1. Nomeação de um líder da equipa auditora para cada auditoria, por parte dos responsáveis

pela gestão do programa.

2. Definição de responsabilidades específicas face aos objectivos, âmbitos e critérios das

auditorias a incluir no programa

3. Após a constituição da equipa auditora, devem estabelecer-se adequados canais de

comunicação com o auditado

4. Elaboração do plano de auditoria que é da responsabilidade do auditor líder

5. Análise da informação disponível para as suas tarefas e a preparação da documentação de

trabalho que lhe é necessária para o seu bom desempenho, salvaguardando os mesmos.

6. Execução da auditoria

7. Relatório de auditoria (deve ser conciso, completo e exacto, onde constam registos completos

de intervenientes, referências e critérios adoptados, âmbito de aplicação, objectivos,

divergências, constatações, acções correctivas e preventivas e a totalidade de elementos

directos ou indirectos intervenientes no processo, resumindo toda a actividade realizada). O

conteúdo e preparação do relatório é da responsabilidade do auditor coordenador.

8. Reunião de fecho

9. Embora não sendo considerado parte da auditoria, muitas vezes é essencial a realização de

um seguimento da auditoria a pedido da própria entidade auditada, principalmente em termos

de acções preventivas, correctivas ou de melhoramento.

Ponto 7 - Competência e Avaliação dos Auditores

Para assegurar credibilidade no trabalho executado é fundamental que a equipa auditora tenha

formação e e competência adequadas. A referida competência é adquirida através de escolaridade e

formação na área em causa, experiência de trabalho em auditorias, e os próprios atributos pessoais

contribuem em muito para comprovar essa competência.

Um auditor tem de ter conhecimento geral da legislação a aplicar, quer na área do ambiente ou

qualidade, conforme a área que está a auditar.

Para auditorias de certificação ou similares, existem exigências legais em termos de períodos

mínimos de formação em auditorias, escolaridade, experiência de trabalho total, experiência de

trabalho no campo da gestão da qualidade ou do ambiente e experiência em auditorias.

Page 92: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

92

Um auditor exemplar deve demonstrar um desenvolvimento profissional contínuo, acompanhar

alterações na legislação e apresentar formação contínua.

Para avaliar um auditor, quanto às áreas de competência para executar as suas funções, toma-se

em consideração os atributos pessoais, conhecimentos e saber fazer. Para além destes,

estabelecem-se critérios de avaliação e métodos de avaliação que através de um programa de

auditorias internas avalia as suas capacidades no desempenho de funções.

4.1.9.3 Procedimento de Auditorias

Apesar desta NI não exigir um procedimento documentado para este requisito, justifica-se

plenamente a sua existência, até por comparação com a norma ISO 9001:2000, em que é um

procedimento obrigatório. Por outro lado, dado que a tendência actual é o aparecimento de sistemas

integrados, o procedimento documentado para a gestão de um programa de auditorias é essencial

para o controlo deste processo. No modo operativo do procedimento deve constar a forma de gestão

do programa de auditorias, a preparação e realização de uma auditoria, os critérios de selecção e

avaliação dos auditores, o conteúdo do relatório de auditoria.39

4.2 Revisão pela Gestão (4.6)

4.2

Revisão pela gestão

A Gestão de topo deve rever o sistema de gestão ambiental da organização em intervalos planeados, para assegurar a sua contínua adequação, suficiência e eficácia. Estas revisões devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações ao sistema de gestão ambiental, incluindo a política ambiental e os objectivos e metas ambientais. Devem ser mantidos registos das revisões pela Gestão.

As entradas para as revisões pela Gestão devem incluir

a) Os resultados das auditorias internas e avaliações de conformidade com os requisitos legais e com outros requisitos que a organização subscreva,

b) As comunicações de partes interessadas externas, incluindo reclamações,

c) O desempenho ambiental da organização,

d) O grau de cumprimento dos objectivos e metas,

e) O estado das acções correctivas e preventivas,

f) As acções de seguimento resultantes de anteriores revisões pela Gestão,

g) Alterações de circunstâncias, incluindo desenvolvimentos nos requisitos legais e outros requisitos relacionados com os seus aspectos ambientais, e

h) Recomendações para melhoria.

As saídas das revisões pela Gestão devem incluir quaisquer decisões e acções relativas a possíveis alterações da política ambiental, dos objectivos, das metas e de outros elementos do sistema de gestão ambiental, em coerência com o compromisso de melhoria contínua.

39 Ver o Anexo A47 – Procedimento de Auditorias. O nosso estudo de caso também contempla um procedimento

de gestão de autorias no Anexo 21

Page 93: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

93

Esta cláusula inclui mudanças importantes para compatibilizar com a norma ISO 9001:2000.

Apesar do objectivo deste requisito ser o mesmo, a revisão explica detalhadamente como a análise

crítica fornece meios para alcançar a melhoria contínua, adequação e eficácia do SGA. Deste modo o

procedimento de tomada de decisão com vista à melhoria contínua que tem como base a análise de

dados que são transformados em informação, em função de certos parâmetros, e que por vez se

configuram como elementos de entrada para a(s) revisão(ões) do(s) sistema(s), das quais resultam

as acções de melhoria contínua é idêntica para qualquer sistema de gestão.40.

Síntese

− Foram apresentados e analisados todos os requisitos da Norma ISO 14001 de

forma a possibilitar uma adequada implementação do SGA. Requisito a requisito,

foram sendo disponibilizados documentos de apoio que completam a informação

necessária ao seu cumprimento rigoroso e integral, tanto quanto possível.

− Para a lançar um projecto de SGA deve ter um bom conhecimento de todos os

requisitos, das suas exigências e recomendações, não só em termos de

documentação associada, mas em termos de procedimentos.

− Assim para potenciar a sua capacidade de retenção, o Anexo A410 apresenta

toda a evidência documental que deve associar à implementação do seu “SGA”.41

4.2.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho 15: Verificação - Auditoria (4.5.5) e Revisão pela Gestão (4.6)

(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)

40 O anexo A49 – Gestão de Dados – apresenta um procedimento de transformação de dados em informação

para as entradas de revisão dos sistemas de gestão. 41 O Anexo A410 – evidência documental da EN ISO 14001:2004 pode ser uma boa ajuda para tirar dúvidas de

forma rápida e global.

Page 94: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

94

4.2.2 Resolução do estudo de caso

Continuação da resolução do estudo de caso:

− Elaboração um procedimento documentado para um programa de gestão de auditorias (Anexo

15). Apresentar um anexo ao procedimento com um programa de auditorias para um dado

período.

− Identificação das entradas e saídas para a revisão e referi-las no manual do SGA

− Conclusão do manual do SGA, após verificar que elementos do SGA não foram tratados em

procedimentos documentados e que por isso devem ser referidos mais explicitamente.

Page 95: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

95

Módulo 5

5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS

Objectivos

Gerais: − Conhecer os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma organização. Específicos: − Conhecer as origens do Regulamento EMAS − Conhecer a estrutura do regulamento − Conhecer o tipo de entidades que podem aderir ao Emas − Conhecer os benefícios do EMAS − Conhecer os trâmites de Registo − Estabelecer as principiais diferenças entre a Norma ISO 14001 e o EMAS

Tópicos

5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS

5.1 Conceitos Gerais

5.2 Regulamento EMAS

5.3 Registo no EMAS

5.4 Benefícios do EMAS

5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS

5.1 Conceitos Gerais

O Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria, conhecido internacionalmente por EMAS é um

importante instrumento de gestão ambiental, lançado em 1993 pela CE, cujo suporte legal foi o

Regulamento CEE nº 1836/93. Após vários anos em vigor, a necessidade de o reformular,

aproximando-o da Norma Internacional ISO 14001, levou à sua revogação, sendo suportado

actualmente pelo Regulamento (CE) nº 761/2001 do PE e do Conselho, com as alterações

introduzidas pelo Regulamento (CE) 196/2006 do PE e da Comissão que altera o seu Anexo I, tendo

em vista a aproximação à norma ISO 14001:200442

O EMAS é instrumento de adopção voluntária e o seu o principal objectivo é promover um

aperfeiçoamento contínuo nas performances ambientais das organizações, do sector privado ou

público, quer desenvolvam actividades industriais ou de serviços, seja qual for a sua dimensão.

42 Anexo 01 – Regulamento (CE) 761/2001, Anexo 02 Regulamento 196/2001

Page 96: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

96

Com o presente regulamento pretende-se garantir uma execução idêntica do EMAS em todo o

espaço comunitário, aumentar a transparência e credibilidade das organizações que o adoptarem,

garantir a melhor qualidade possível na validação das declarações ambientais efectuadas pelos

verificadores ambientais e promover a disponibilização por parte das organizações, ao público alvo

interessado, de relatórios ambientais.

5.2 Regulamento EMAS

5.2.1 Estrutura do Regulamento

O Regulamento (CE) nº 761/2001 é constituído por 18 Artigos e 8 Anexos. Enquanto os artigos

desenvolvem os principais elementos a ter em conta no SGA, os Anexos funcionam como um guia

para a concepção e implementação do sistema, verificando-se uma real aproximação, em termos

metodológicos da ISO 14001.

Tabela 8: Estrutura do Regulamento (Artigos)

Artigos Conteúdo Anotação

1º Sistema de eco gestão e

auditoria e seus objectivos

Melhoria contínua: concepção e implementação de um SGA, avaliação

sistemática objectiva e periódica, em conformidade com o Anexo I;

divulgação de informações, participação de todos os elementos

envolvidos

2º Definições Definições dos principais termos ambientais

3º Participação no EMAS Indicações precisas para efeitos de registo de uma organização no

EMAS

4º Sistema de acreditação

Definição dos procedimentos legais subjacentes ao sistema de

acreditação dos verificadores ambientais independentes, bem como a

forma de supervisionar as suas actividades

5º Organismos competentes Definição, orientação, suspensão ou anulação do registo das

organizações, para uso dos organismos competentes

6º Registo das organizações

Processamento do registo das organizações, pelos organismos

competentes, bem como situações que podem levar à sua suspensão

ou cancelamento

Lista de organizações

registadas e de

verificadores ambientais

Actualização mensal da lista dos verificadores ambientais e do seu

âmbito de acreditação, para que a Comissão possa dispor

permanentemente dados actualizados sobre verificadores e

organizações registadas.

8º Logótipo Indicações precisas sobre a utilização do logótipo do EMAS

9º Relação com normas

europeias e nacionais

Estabelece as formas de equiparação do EMAS a outras normas

ambientais europeias ou internacionais.

Page 97: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

97

Artigos Conteúdo Anotação

10º

Relação com outra

legislação ambiental com

a comunidade

O EMAS não substitui a legislação ambiental comunitária ou nacional,

as normas standard que controlam a poluição, nem diminui as

responsabilidades de cumprimento das obrigações legais das

organizações

11º

Promoção da participação

das organizações, e em

especial das pequenas e

médias empresas

Promoção do acesso à informação, disponibilização de fundos de

apoio, assistência técnica, principalmente a empresas de menor

dimensão

12º Informação

A Comissão deve estar informada das formas utilizadas pelos estados

membros na divulgação desta norma, bem como promover informações

em caso de inoperância

13º Infracções Medidas legais em casos de incumprimento

14º Comité A Comissão é assistida por um Comité que aprovará o seu próprio

regulamento interno

15º Revisão

A comissão compromete-se a proceder a revisões com base na

experiência adquirida, o mais tardar após 5 anos da norma em vigor, o

que levará à adaptação dos Anexos, com excepção do V.

16º Custos e taxas Deve ser instituído e regulamentado um regime de taxas

17º

Revogação do

Regulamento (CEE) nº

1836/93

O regulamento anterior será revogado a partir da entrada em vigor do

actual, com as excepções indicadas neste artigo.

18º Entrada em vigor No 3º dia seguinte ao da publicação no Jornal Oficial das Comunidades

Europeias.

Tabela 9: Anexos do Regulamento 761/2001

Anexos Conteúdo

Anexo I - A Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental

Anexo I - B Questões a tratar pelas organizações que aplicam o EMAS

Anexo II Requisitos relativos à auditoria ambiental interna

Anexo III Declaração Ambiental

Anexo IV Logótipo

Anexo V Acreditação, supervisão e funções dos verificadores ambientais

Page 98: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

98

Anexos Conteúdo

Anexo VI Aspectos Ambientais

Anexo VII Levantamento Ambiental

Anexo VIII Informações para registo

5.2.2 Definições do Regulamento

O regulamento EMAS, no ser artigo 2º, apresenta um conjunto de definições relativas a expressões

muito utilizadas no âmbito dos SGA.

Tabela 10: Principais definições de acordo com o artigo 2º do Regulamento

Elemento Descrição

Política ambiental

Dimensão global das metas e princípios de acção sobre o ambiente, incluindo a concordância com os requisitos da regulamentação mais relevante sobre a matéria.

Melhoria contínua

Processo de melhoramento ano após ano dos resultados mensuráveis do SGA implementado

Levantamento ambiental

Análise inicial exaustiva dos problemas, impactos e performances ambientais relacionadas com a actividade da organização (Anexo VII)

Programa ambiental

Descrição das medidas (responsabilidades e meios) necessárias à consecução dos objectivos e metas que assegurem a melhor protecção ambiental em dado local, incluindo datas limite

Auditoria ambiental

Instrumento de gestão que compreende uma avaliação, sistemática, documentada, periódica e objectiva do comportamento da organização, do SGA e dos processos para proteger o ambiente, facilitando a gestão e controlo das práticas que possam ter impactos ambientais, bem como estabelecer a concordância com as políticas e metas ambientais da organização.

Declaração ambiental

Exposição preparada pela organização de acordo com os requisitos deste Regulamento, referenciados no Anexo III.

Organização Sociedade, firma, empresa, dotada de personalidade jurídica que tem a seu cargo a gestão e controlo de todas as actividades.

Verificador ambiental

Qualquer pessoa ou organização, independente da companhia a ser verificada, que tenha obtido acreditação de acordo com as condições e procedimentos referidos no Artigo 6.

Page 99: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

99

5.2.3 Anexo I – Partes A e B

Os requisitos do EMAS são o elemento fundamental do documento, pois a partir do momento em

que uma organização implementa um SGA segundo o EMAS, estes requisitos tornam-se de

cumprimento obrigatório. Conforme já se disse, o conteúdo do Anexo I-A foi revogado pelo Rg

196/2006.

Tabela 11: Anexo I-A – Requisitos do SGA

I-A.1 Requisitos

gerais A organização deve estabelecer e manter um SGA

I-A.2

Política ambiental

Declaração de princípios com as seguintes características: (a) adequada à natureza, à escala e ao impacto ambiental das suas actividades, produtos e serviços; (b e c) inclua os seguintes compromissos: melhoria contínua, prevenção da poluição; cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização está vinculada, relacionados com os seus AA; (d) proporcionar o enquadramento adequado à definição e revisão de objectivos e metas; (e) documentada, implementada mantida; (f) comunicada a todas os colaboradores; (g) publicamente disponível

I-A.3.1 Aspectos

ambientais

Procedimentos para identificar os AA que pode controlar e influenciar para determinar os AA com impactos significativos no ambiente documentando esta informação e mantendo-a actualizada e fazendo reflectir os AAS no estabelecimento, aplicação e manutenção do SGA.

I-A.3.2 Requisitos

legais e outros

Procedimentos para identificação e acesso aos RL e outros aplicáveis aos aspectos ambientais e que estes são considerados no seu SGA

I-A.3. Planeamento

I-A.3.3 Objectivos e

Metas e Programas

Estabelecimento, aplicação e manutenção de objectivos, metas ambientais documentados, e programas para atingir estes objectivos e metas, em consonância com os RL, aspectos ambientais significativos, opções tecnológicas, requisitos financeiros e opiniões de partes interessadas. Definir responsabilidades

I-A.4.1 Recursos, funções

Responsabilidade e

Autoridade

A direcção deve assegurar a disponibilidade de todo o tipo de recursos; Documentar funções, responsabilidade e autoridade; Nomear um representante da direcção para a gestão ambiental e para o relato do desempenho do SGA

I-A

.4. I

mpl

emen

taçã

o e

func

iona

men

to

I-A.4.2.

Competência Formação e

sensibilização

Assegurar a competência dos colaboradores que desempenham tarefas ligadas aos AAS. Identificação de necessidades de formação ligadas aos AAS. Sensibilização de colaboradores para a PA, o SGA, os procedimentos ambientais

Page 100: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

100

I-A.4.3 Comunicação

Estabelecimento de procedimentos adequados para a manutenção de um adequado sistema de comunicação interna e externa. Documentar a decisão de comunicar para o exterior os AAS

I-A.4.4. Documentaçã

o

Documentação do SGA: PA, objectivos e metas ambientais, descrição do Âmbito do SGA, descrição dos principais elementos do SGA, sua interacção e referência a documentos conexos, documentos, incluindo registos, exigidos por esta NI e todos os que forem essenciais ao funcionamento do SGA

I-A.4.5

Controlo de Documentos

Descrição do sistema adoptado para o controlo de todos os documentos, nomeadamente no que se refere a: definição de responsabilidades para a elaboração/actualização/remoção de documentos, localização, actualização, remoção, datas, conservação. Os registos são um tipo especial de documentos

I-A.4.6

Controlo operacional

Identificação e planeamento das operações associadas aos AAS e estabelecimento de procedimentos documentados com a fixação de critérios operacionais e sua comunicação com partes interessadas

I-A.4.7 Prevenção e

capacidade de resposta a

emergências

Procedimentos para identificar potenciais situações de emergência e acidentes com impactos no ambiente. Resposta a situações de emergência, revisão periódica de procedimentos de prevenção e resposta a emergências. Se possível testar periodicamente tais procedimentos

I-A.5.1 Monitorização

e medição

Procedimentos para monitorizar e medir as características das operações com IAS. Devem incluir a documentação da informação necessária ao controlo do desempenho ambiental. O Equipamento deve estar calibrado e verificado

I-A.5.2 Avaliação da conformidade

Procedimentos para avaliar a conformidade com os requisitos aplicáveis, devendo conservar os registos dos resultados das avaliações periódicas

Avaliar a conformidade com outros requisitos a que está vinculada

I-A.5.3.

NC, medidas correctivas e preventivas

Procedimentos para fazer face a situações de não-conformidade potencial ou real e tomar medidas:

I-A.5.

Verificação e acções

correctivas

I-A.5.4

Controlo de Registos

Procedimentos aplicáveis à identificação, armazenamento, protecção, extracção conservação e eliminação de registos. Estes servem para demonstrar a conformidade aos requisitos

Page 101: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

101

I-A.5.5

Auditoria Interna

As auditorias internas ao SGA devem ser planeadas e realizadas para verificar se o SGA está em conformidade com as disposições planeadas para o SGA, se foi adequadamente aplicado e mantido e ainda se fornece à direcção informações sobre os seus resultados. Procedimentos para as responsabilidades, planeamento, realização, comunicação de resultados, selecção de auditores.

I-A.6

Análise pela Direcção

A direcção ao mais alto nível deve analisar periodicamente o bom desempenho do SGA, avaliar melhorias para o SGA, politica ambiental objectivos e metas ambientais

Page 102: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

102

Tabela 12: Anexo I-B Questões a tratar pelas Organizações que aplicam o EMAS

1. Conformidade legal

(1) Para além do levantamento da legislação ambiental aplicável é necessário demonstrar que se conhecem as suas implicações no seio da organização e de que forma se mantêm actualizados; (2) é necessário demonstrar que se encontram em conformidade com a legislação ambiental aplicável; (3) é necessário elaborar um manual de procedimentos que garantam a consecução dos objectivos anteriores.

2. Comportamento Capacidade de demonstração por parte da organização que existe correlação entre o SGA implementado e os aspectos/ impactes ambientais significativos, bem como se cumprem os desígnios da melhoria contínua.

3. Comunicação e relações externas

A organização deve ser capaz de demonstrar abertura ao diálogo com todas as partes interessadas

4. Participação dos trabalhadores

Deve verificar-se o envolvimento efectivo dos trabalhadores no processo de melhoria contínua do SGA, através de um sistema de sugestões / recompensas, trabalhos de grupo, comités ambientais e opiniões dos representantes dos trabalhadores, sempre que solicitados.

5.2.4 Anexo II - Auditoria Ambiental Interna

O Anexo II especifica os requisitos a serem aplicados ao requisito do SGA I-A.5.5 – Auditoria

Interna

Tabela 13: Anexos II - Requisitos relativos à Auditoria Interna

2.1. Requisitos

gerais

As AAI garantem que (1) as actividades de uma organização se desenvolvem de acordo com os procedimentos estabelecidos, (2) e identificam eventuais problemas com esses requisitos. As AAI variam quanto ao grau de complexidade e ao ciclo. Devem ser efectuadas por pessoas com um elevado grau de independência às actividades a auditar, para poderem emitir relatórios objectivos e isentos.

2.2. Objectivos Para cada auditoria deve ser elaborado um programa onde constem os seus objectivos específicos que logicamente devem estar em consonância com a globalidade do SGA

2.3. Âmbito

O âmbito da auditoria compreende a definição do objecto(s) a auditar, as áreas temáticas abrangidas, as actividades a auditar, os critérios ambientais que se devem considerar, o período abrangido e as formas escolhidas para apreciar (papéis de auditoria) os dados factuais necessários à avaliação do comportamento.

2.4.

Organização e

recursos

O(s) auditor(es) devem possuir competência técnica adequada à ao objecto a auditar, e à função que desempenham e conhecer em profundidade o SGA. No desenvolvimento da sua actividade devem ser apoiados pelo Direcção.

Page 103: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

103

2.5.

Planeamento e

preparação de

uma auditoria

O plano de auditoria deve permitir delinear os seguintes elementos:

− Identificação do objecto

− Identificação do âmbito

− Afectação de recursos adequados

− Definição de funções e responsabilidades das pessoas envolvidas

− Fazer referência à análise de resultados anteriores

2.6. Actividades

de auditoria

Actividades: (1) entrevistas; (2) inspecções; (3) análise de registos; (4) procedimentos escritos.

Fases do processo de auditoria: (a)Compreensão dos SG; (b) Determinação de pontes fortes e fracos; (c) Recolha de elementos relevantes; (d) elaboração das conclusões; (e) Comunicação dos resultados e conclusões da auditoria.

2.7.

Comunicação

dos resultados e

conclusões da

auditoria.

O trabalho de auditoria culmina com a emissão de um relatório apropriado, donde se destacam os seguintes objectivos:

− Documentar o âmbito da auditoria

− Fornecer à Administração informações sobre:

− O grau de cumprimento da PA e respectivos progressos

− A eficácia e fiabilidade das medidas adoptadas nas monitorizações

− Demonstrar a necessidade de medidas correctivas

2.8. Seguimento

da auditoria

Trata-se da fase subsequente que deve culminar com a elaboração de um plano de medidas correctivas e respectiva aplicação, num prazo determinado, bem como a criação dos mecanismos que assegurem que se deu andamento ao seguimento das conclusões

2.9. Frequência

das auditorias

O ciclo de auditoria não pode exceder os 3 anos. A frequência depende:

− Natureza, dimensão e complexidade das actividades;

− Grau de significância dos impactes associados;

− Importância dos problemas detectados anteriormente

− Historial dos problemas ambientais anteriores

− Grau de complexidade das actividades

Page 104: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

104

5.2.5 Anexo III - Declaração Ambiental

Um dos requisitos da participação no EMAS é a preparação de uma Declaração Ambiental que

deve prestar atenção aos resultados obtidos pela organização, sobre os seus objectivos e metas

ambientais.43

Tabela 14: Anexo III- Declaração Ambiental (DA)

3.1. Introdução

O objectivo da DA é fornecer às partes interessadas informações de carácter ambiental sobre o comportamento da organização e demonstrar os progressos no que respeita à melhoria contínua, em consonância com a qualidade da comunicação pretendida no ponto 3 do Anexo I-B e o grau de pertinência.

3.2. Declaração Ambiental

Procedimentos para o 1º registo: (1) elaborar a DA em conformidade com o ponto 3.5; (2) Apresenta-la para validação a um verificador ambiental (VA); (3) Após a validação apresentá-la ao organismo competente; (4) Após este procedimento podem ser tornadas públicas.

Os elementos mínimos da DA são os seguintes:

− Descrição clara e inequívoca da organização

− Descrição do processo produtivo, actividades, serviços ou quaisquer outras informações relevantes

− PA da organização e descrição sumária do seu SGA

− Descrição dos aspectos/impactes ambientais directos e indirectos significativos (Anexo VI)

− Descrição de objectivos e metas ambientais e sua relação com o ponto anterior

− Resumo de dados disponíveis sobre o comportamento da organização em relação aos dois pontos anteriores. Neste ponto o relatório é de caracter técnico, devendo permitir uma comparação anual.

− Outros factores relacionados com o comportamento ambiental, nomeadamente face às disposições legais

− O nome e o número de acreditação do VA e a data de validação

3.3. Critérios para a elaboração dos

relatórios

Um das formas de elaborar relatórios ambientais adequados é recorrer a indicadores ambientais de comportamento pertinentes, que permitam obter uma avaliação rigorosa, inteligível, não ambígua, comparável, aferição por benchmarks e/ou por requisitos regulamentares.

3.4. Manutenção de informação

Caso se verifiquem alterações à DA, validada pelo VA, é necessário proceder anualmente à sua revalidação.

43 Nos anexos 03 a 15 apresentam-se Declarações Ambientais entre o período de 2003 a 2007 de empresas

registadas no EMAS, que publicam as suas Declarações Ambientais na Internet

Page 105: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

105

3.5. Publicação da informação

Se uma organização pretende chegar diferentes públicos, pode emitir relatórios mais sucintos com extraídos da DA. As organizações podem ostentar o logotipo do EMAS nos seus relatórios filtrados, desde que os mesmos tenham sido validados pelo VA e obedeçam às seguintes características: (1) serem exactos e não enganadores; (2) fundamentados e verificáveis; (3) Relevantes dado o contexto; (4) Representativos do comportamento ambiental; (5) não passíveis de más interpretações; (6) significativos em termos dos impactes ambientais da organização; (7) fazerem referencia à última DA donde foram extraídos.

3.6. Disponibilização

ao público

A DA e os relatórios de comportamento ambiental devem ser postos à disposição do público e outras partes interessadas, através de todos os meios possíveis, bem como demonstrar ao VA que não impedirá o livro acesso a estas informações.

3.7. Responsabilidade

local

As organizações que solicitam o registo do EMAS podem desejar apresentar uma DA que abranja vários espaços geográficos. Nestes casos deve ser possível assegurar que estão claramente identificados os impactes ambientais dos locais referidos da DA global.

5.2.6 Anexo IV - Logotipo

Tabela 15: Anexo IV - Logotipo

O logotipo EMAS é a marca comercial do regulamento EMAS. Representa uma prova de excelência ambiental, fiabilidade, credibilidade, que um SGA foi implementado com sucesso. No entanto não dá ao consumidor quaisquer informações sobre o produto. O logotipo pode ser utilizado em duas situações:

GESTÃO AMBIENTAL VERIFICADA

REG. NO.

INFORMAÇÃO VALIDADA

REG. NO.

Pode utilizar este logotipo se tiver um SGA em conformidade com o EMAS

Pode utilizar este logotipo se a informação foi validada por um VA segundo o EMAS

Os logótipos podem ser utilizados em jornais, catálogos, manuais de utilização, meios de comunicação, stands de exposições, brochuras informativas, panfletos,..... Não pode ser usado em embalagens de produtos, nem em anúncios sobre produtos.

Page 106: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

106

5.2.7 Anexo V – Acreditação, supervisão e funções dos Verificadores Ambientais

A acreditação dos verificadores ambientais deverá basear-se nos princípios de competência

constantes neste anexo.

Competências mínimas

− Conhecimento e compreensão do regulamento, dos requisitos legais relevantes para a actividade sujeita a verificação, das questões ambientais na vertente do desenvolvimento sustentável, do funcionamento geral da actividade a verificar, dos requisitos e metodologias dos auditores ambientais

− Competência em matéria de verificação da DA

− O candidato a verificador deve apresentar provas documentais das competências exigidas

− O verificador deve ser independente relativamente ao auditor da organização, deve utilizar procedimentos e metodologias documentadas e se pertencer a uma organização deve dar a conhecer a respectiva estrutura

Âmbito da acreditação

Será definido de acordo com a classificação das actividades económicas e como estabelecido no Regulamento. (CEE) nº 3037/901

Requisitos para

acreditação dos VA

Requisitos adicionais

OS VA que executem verificações por conta própria devem ainda possuir todas as competências para a execução das verificações nos seus domínios de acreditação e uma acreditação de âmbito limitado, dependente da sua competência pessoal

Pelo organismo

que lhe concedeu a acreditação

O VA deve notificar o organismo de acreditação de quaisquer alterações relevantes

A intervalos periódicos não superiores a 24 meses, devem ser tomadas medidas que assegurem os requisitos de acreditação dos VA.

Supervisão dos VA

Dos VA que realizem

actividades em outro EM

Se um VA desenvolver actividades fora do seu EM deve notificar o organismo de acreditação deste último, com a antecedência de 4 semanas, sobre o âmbito da acreditação e as competências e a composição da equipa.

A data e o local em que a verificação terá lugar também devem ser indicados

O organismo de acreditação do EM deve emitir um relatório qualificativo que enviará ao VA e respectivo organismo de acreditação.

Page 107: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

107

Funções dos VA

− Avaliar a conformidade com os requisitos deste regulamento

− A fiabilidade da DA e da informação a validar

− Numa 1ª verificação o VA deve averiguar:

o Se o SGA da organização satisfaz os requisitos do Anexo I

o Se já foi executado um programa completo de auditoria interna de acordo com os requisitos do Anexo II

o Se já foi concluída uma análise pela gestão

o Se foi elaborada uma DA em conformidade com o Anexo III.

− O VA deve certificar-se que a organização dispõe de procedimentos para o controlo dos AAS e que são suficientes para garantir a conformidade legal. Se tal não se verificar não deve validar a DA.

− Ao verificar o SGA e validar a DA, o verificador deve garantir que o âmbito está definido sem ambiguidade

Condições para o

exercício das

actividades do VA

− O trabalho do VA deve desenvolver em função de um acordo escrito com a organização

− O trabalho envolve a verificação da documentação, visita à organização, entrevistas, emissão de relatório que deve incluir todas as questões relevantes, a situação da organização anterior à implementação do SGA, casos de não conformidade legal, comparação de DA anteriores

− A análise prévia da documentação deve incluir informações básicas sobre a organização.

Frequência das

verificações

− O VA, em consulta com a organização elaborará um programa para garantir que todos os elementos exigidos para o registo do EMAS sejam verificados num prazo não superior a 36 meses. O VA, a intervalos de, pelo menos 12 meses, deve validar quaisquer novos elementos actualizados da DA.

Page 108: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

108

5.2.8 Sistema de Acreditação e Verificadores Ambientais em Portugal

Na qualidade de gestor do Sistema Português da Qualidade (SPQ), cabe ao Organismo Nacional

de Acreditação (ONA) garantir o funcionamento do sistema de acreditação de verificadores

ambientais independentes e a supervisão das suas actividades, cabendo ao Instituto do Ambiente

(IA) garantir, no domínio de ambiente, a componente técnica dessa acreditação. A gestão do EMAS

em Portugal é da competência do Instituto do Ambiente, a quem cabe, exercer as funções de

Organismo Competente e nessa qualidade44:

− Analisar as observações das partes interessadas relativamente às organizações registadas;

− Recusar, cancelar ou suspender o registo das organizações;

− Proceder ao registo das organizações;

− Controlar a admissão e manutenção das organizações no registo;

− Elaborar e actualizar anualmente a lista das organizações registadas;

− Transmitir à Comissão Europeia antes do final de cada ano, a lista das organizações registadas.

Os verificadores ambientais são organismos ou pessoas com qualificação reconhecida pelo Instituto

de Ambiente e Instituto Português da Qualidade, para verificar o preenchimento dos requisitos do

regulamento nas organizações e validar a Declaração Ambiental.

5.2.9 Anexo VI - Aspectos Ambientais

O Anexo VI – aspectos ambientais pretende apoiar a identificação e avaliação dos aspectos

ambientais das organizações.

Tabela 16:Anexo VI – Aspectos Ambientais

6.1.

Generalidades

A organização deve ponderar todos os aspectos ambientais directos e indirectos

de todas as suas actividades sobre as quais detém o controlo de gestão

44 No Anexo 25 encontra-se o DL 142/2002 que tem por objecto assegurar o cumprimento na ordem jurídica

interna e no quadro do sistema Português de Eco-gestão e Auditoria das obrigações decorrentes do

Regulamento (CE) 761/2001

Page 109: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

109

6.2.

AA directos

→ Emissões para a atmosfera

→ Descarga de efluentes em meio aquático

→ Restrição da produção, reciclagem, reutilização, transporte e descarga de

resíduos sólidos e outros, em particular os perigosos

→ Uso e contaminação de solos

→ Utilização de recursos naturais e matérias primas

→ Questões de impacto local – ruído, vibrações, cheiros, poeiras, efeito visual,

etc

→ Questões de transporte

→ Riscos de acidentes ambientais

→ Efeitos sobre a biodiversidade

6.3.

AA indirectos

→ Questões relacionadas com produtos – concepção, desenvolvimento,

embalagem, transporte, utilização, valorização/eliminação de resíduos, que

não estão totalmente sob o controlo da organização

→ Investimentos de capital, concessão de empréstimos e serviços de seguros

→ Novos mercados

→ Escolha e composição dos serviços

→ Decisões administrativas e de planeamento

→ Composição das gamas de produtos

→ Comportamento ambiental dos parceiros negociais

6.4

Significância

A norma refere de forma não exaustiva as considerações a ter em conta na

definição dos critérios que determinam o carácter significativo dos aspectos

ambientais:

→ Informações sobre o estado do ambiente, a fim de identificar as actividades,

produtos e serviços da organização que poderão ter impacto ambiental

→ Os dados existentes na organização sobre o consumo de matérias-primas,

de energia, água, bem como os riscos ambientais ligados a emissões,

descargas, resíduos

→ Os pontos de vista das partes interessadas

→ As actividades ambientais da organização sujeitas a regulamentação

→ As actividades relacionadas com o aprovisionamento

→ Concepção, desenvolvimento, fabrico, distribuição, manutenção, utilização,

reutilização, reciclagem e eliminação dos produtos da organização

→ Actividades da organização que apresentam os custos e benefícios

ambientais mais significativos

Page 110: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

110

5.2.10 Anexo VII - Levantamento Ambiental

O levantamento ambiental é um documento que serve para definir a posição actual em matéria de

ambiente, de uma organização que não tenha prestado as informações necessárias sobre os seus

aspectos ambientais de acordo com o anexo VI – Aspectos Ambientais.

Tabela 17: Anexo VII - Levantamento Ambiental

7.2

Requisitos

Domínios-chave do levantamento ambiental:

a) Requisitos legais, regulamentares e outros

b) Identificação de aspectos ambientais e avaliação da significância dos

impactes ambientais relacionados nos termos do Anexo VI

c) Descrição dos critérios de avaliação de significância do impacte ambiental

em função do ponto 6.4 do Anexo VI

d) Exame de práticas e procedimentos

e) Avaliação da experiência obtida com a investigação de incidentes anteriores

5.2.11 Anexo VIII – Informações para o Registo

Tabela 18: Anexo VIII – Informações para registo

As indicações

necessárias para

a obtenção de

registo

Nome da organização

Endereço

Pessoa a contactar

Código de actividade NACE

Número de trabalhadores

Nome do VA

Número de acreditação

Âmbito da acreditação

Data da próxima Declaração Ambiental

Page 111: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

111

5.3 Registo no EMAS

5.3.1 Entidades que se podem registar no EMAS

Na tabela 19 apresenta-se um resumo das entidades que se podem registar no EMAS e tem como

base o teor da Decisão da Comissão 2001/681/CE de 7 de Setembro de 2001. 45

Tabela 19: Entidades que se podem registar no EMAS

Organizações que operam num único sítio

Com produtos ou

serviços idênticos ou

similares

Bancos, Agências de Viagens,

Cadeias de venda a retalho,

Consultores

Organizações que operam em

diversos sítios Com produtos ou

serviços diferentes

Produção de electricidade, Fabrico de

componentes mecânicos, Empresas

de produtos químicos, Eliminação de

resíduos

Organizações em relação às quais

não pode ser devidamente definido

um sítio específico

Serviços de abastecimento público: Aquecimento, água, gás,

electricidade, Telecomunicações, Transportes, Recolha de

resíduos

Organizações que ocupam sítios

temporários

Empresas de construção, Empresas de limpeza, Prestadores

de serviços, Empresas de descontaminação

Organizações independentes que se

registam como uma organização

comum

Pequena zona industrial; Complexo turístico; Parques

empresariais

Pequenas empresas que operam

num dado grande território e que

fabricam produtos ou fornecem

serviços idênticos ou similares

Zonas industriais; Zonas turísticas; Centros comerciais

Autoridades locais e instituições

governamentais

Autoridades locais; Ministérios; Agências governamentais;

Agenda 21 ao nível local

45 Anexo 16 - Decisão da Comissão 2001/681/CE de 7 de Setembro de 2001.

Page 112: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

112

Para além dos regulamentos que dão suporte legal ao sistema de Ecogestão e Auditoria, foram

publicados diversos documentos de apoio para cada um dos anexos do Regulamento 761/2001

nomeadamente:

− Guia 1 – Orientações para entidades registada

− Guia 2 – Orientações para verificações e frequências de auditorias

− Guia 3 – Orientações para logótipos

− Guia 4 – Orientações para declaração ambiental

− Guia 5 – Orientações para a participação de trabalhadores

− Guia 6 – Orientações para Aspectos Ambientais

− Guia 7 – Orientações para verificadores PME

− Guia 8 – Orientações para indicadores46

Para além destes guias a têm sido publicados diversos documentos de apoio à implementação do

sistema de Eco-gestão e auditoria, destacando-se:

− Eco-mapping – Uma ferramenta visual, simples e prática para analisar as performances

ambientais de pequenas/médias organizações/indústrias47

− Emas 2000 – Um instrumento dinâmico para a salvaguarda ambiental e para o

desenvolvimento sustentável48

− Aplicação do EMAS a nível das autoridades do sector público49

− Emas@school - Implementação do sistema comunitário de Ecogestão e auditoria numa

instituição de ensino diversificada50

− El Reglamento EMAS, guia e pratica – um manual de aplicação51

46 Os guias indicados podem ser analisados nos anexos 18 a 24. 47 Este documento pode ser analisado no Anexo 26 48 Este documento pode ser analisado no anexo 27 49 Este documento pode ser analisado no anexo 28 50 Este documento pode ser analisado no anexo 29 51 Este documento pode ser analisado no anexo 30

Page 113: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

113

5.3.2 Etapas para registo

As organizações que pretendam aderir ao EMAS devem desencadear as seguintes acções:

Para efeitos de registo no EMAS, em Portugal as entidades aderentes a este sistema (EMAS)

deverão declarar que concordam com as “Condições de Registo – REG/EMAS D03” (instituto do

Ambiente)

5.4 Benefícios do EMAS

− Uma gestão ambiental de qualidade;

− Uma credibilidade acrescida;

− Um reforço da motivação dos trabalhadores e do espírito de equipa;

− Uma maior consciencialização do pessoal;

− Uma melhoria de imagem da organização;

− Uma redução dos custos e da regulamentação;

− Novas oportunidades de negócios;

− Maior confiança por parte dos clientes;

− Melhoria das relações com os clientes, a comunidade local e as autoridades reguladoras.

Levantamento

Ambiental

Implementação do

SGA

Verificação e

validação

Registo e divulgação

Page 114: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

114

5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS

Page 115: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

115

Síntese

− O sistema comunitário de Eco-gestão e auditoria - EMAS é um instrumento

voluntário dirigido às empresas que pretendam avaliar e melhorar os seus

comportamentos.

− O Emas está aberto à participação voluntária das organizações interessadas em

melhorar o seu desempenho ambiental

− São muitos os tipos de organizações que podem ser registadas no âmbito do

EMAS

− As vantagens de aderir ao EMAS são semelhantes às da norma ISO 14001

− Em Portugal cabe ao Organismo Nacional de Acreditação garantir o

funcionamento do sistema de acreditação de verificadores ambientais

independentes

− Os organismos competentes são designados pelos Estados-Membros e devem ser

independentes e isentos

− As organizações que se pretendam registar no EMAS devem desencadear um

conjunto de acções

− Existem dois tipos de logotipos: (1) Gestão Ambiental Verificada; (2) Informação

validada

− Para obter o registo no EMAS, as organizações devem elaborar, validar e publicar

uma Declaração Ambiental

5.5.1 Auto-avaliação

O formando deve resolver Ficha de Trabalho Ficha de Trabalho 16 - Regulamento EMAS (Fichas de Trabalho –

Autoavaliação Formando)

5.5.2 Proposta de actividade complementar

O formando pode analisar duas ou três declarações ambientais e fazer um pequeno relatório

comparativo, salientando os aspectos comuns.

Page 116: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

116

6 Referências Bibliográficas

Referências normativas

− Decisão da Comissão de 07/09/2001 relativo a orientações para a aplicação do Regulamento

(CE) n.º 761/2001 de 19 de Março

− DECISÃO DA COMISSÃO nos termos do Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento

Europeu e do Conselho - estabelece disposições relativas à utilização do logótipo EMAS nos

casos excepcionais das embalagens de transporte e das embalagens terciárias.

− Decreto-Lei n.º 142/2002 de 20 de Maio de 2002 - Designa as entidades nacionais

responsáveis pelo Sistema Português de Ecogestão e Auditoria

− Guide ISO/IEC 66 - General requirements for bodies operating assessment and

certification/registration of environmental management systems (EMS), 1999

− Norma EN ISO 14001: 2004/emenda 1:2006 – sistemas de gestão ambiental – Requisitos e

linhas de orientação para a sua utilização

− Norma EN ISO 9001:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos

− Norma ISO 14004:2004 – sistemas de gestão ambiental – linhas de orientação em princípios,

sistemas e técnicas de suporte

− Norma ISO 14031 – Gestão ambiental – Avaliação da performance ambiental - orientações

− Norma ISO 19011:2003 - Linhas de orientação para auditorias de sistemas de gestão da

qualidade e/ou ambientais

− Norma ISO 9000:2005 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e vocabulário

− Orientações destinadas aos verificadores relativas à verificação das Pequenas e Médias

Empresas (PME) especialmente Pequenas Empresas e Microempresas

− Orientações para a identificação dos aspectos ambientais e avaliação da sua importâncias

− Orientações para a utilização do logótipo EMAS

− Orientações relativas à Declaração Ambiental EMAS

− Orientações relativas à frequência das verificações, validações e auditorias

− Orientações relativas à participação dos trabalhadores no âmbito do EMAS

− Orientações relativas às entidades que podem ser registadas no âmbito do EMAS

− Recomendação da Comissão de 07/09/2001relativa a orientações para a aplicação do

Regulamento (CE) n.º 761/2001 de 19 de Março

Page 117: António Lencastre Godinho - Plataforma e-learning do IEFP, IP · Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual: − A consciência ambiental dos consumidores

Manual do Formando | Gestão Ambiental

117

− Recomendação da Comissão de 10/07/2003 relativa a orientações para a aplicação do

Regulamento (CE) n.º761/2001, de 19 de Março, no que se refere à selecção e utilização de

indicadores de desempenho ambiental.

− Regulamento (CE) N.º 196/2006 da Comissão de 3 de Fevereiro de 2006 - altera o anexo I do

Regulamento (CE) n. 761/2001 do Parlamento e do Conselho, para tomar em conta a norma

europeia EN ISO 14001:2004, e revoga a Decisão 97/265/CE.

− Regulamento (CE) n.º 761/2001 de 19 de Março que permite a participação voluntária de

organizações num sistema comunitário de ecogestão e auditoria

Livros e Revistas

− Caseirão, Manuel R (2004).Auditoria Ambiental

− Conferência Luso Espanhola de Gestão e Contabilidade Ambiental. (2004). ESTG

− Contaminación y Sustancias Tóxicas Agency de Protección Ambiental de los E.U.A. (“Design for the Environment” (www.epa.gov/dfe).

− Diane Bone & Rick Griggs (2000) Qualidade no Trabalho

− Malaxechevarría, Ángel González (2000).Auditoria Ambiental

− Miguel, Alberto Sérgio S. R. (2004). Manual de Higiene e Segurança do Trabalho

− Pinto, Abel, (2001). Sistemas de Gestão Ambiental

− Sistemas Integrados de Administración Ambiental.Guía de Implementación. Program de Diseño para el Ambiente División de Economía, Exposición y Tecnología Oficina de Prevención de la