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Manual do Formando
Gestão Ambiental
António Lencastre Godinho
Recurso desenvolvido no âmbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:
Manual do Formando | Gestão Ambiental
2
FICHA TÉCNICA
Gestão Ambiental
António Lencastre Godinho
Ambiente
Versão - 02
ISLA de Leiria
Gabinete de Formação
Depósito Legal 000 000/00
ISBN 000-00-0000-0
Manual do Formando | Gestão Ambiental
3
1 INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL 7
1.1 Sustentabilidade Ambiental 7 1.1.1 Autoavaliação 9
1.2 Actividades económicas e poluição ambiental 9 1.2.1 Auto-avaliação 12
1.3 Gestão Ambiental 12
1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental 13
1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental 16
1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental 18 1.6.1 Auto-avaliação 18
2 NORMA ISO 14001:2004 20
2.1 Estrutura da Norma ISO 14001:2004 20
2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1) 24 2.2.1 Auto-avaliação 25 2.2.2 Resolução de estudo de caso 25
2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2) 27 2.3.1 Auto-avaliação 29 2.3.2 Resolução do Estudo de caso 29
2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3) 30 2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1) 30 2.4.2 Auto-avaliação 43 2.4.3 Resolução do estudo de caso 43 2.4.4 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2) 44 2.4.5 Auto-avaliação 47 2.4.6 Resolução do estudo de caso 48 2.4.7 Objectivos, metas e programas (4.3.3) 48 2.4.8 Auto-avaliação 56 2.4.9 Resolução do estudo de caso 56
3 APRESENTAÇÃO DA NORMA EN ISO 14001:2004 58
3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4) 58 3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1) 58 3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2) 59
3.2 Comunicação (4.4.3) 60 3.2.1 Auto-avaliação 62
Manual do Formando | Gestão Ambiental
4
3.3 Documentação (4.4.4) 63 3.3.1 Controlo de documentos (4.4.5) 65 3.3.2 Auto-avaliação 66 3.3.3 Resolução do estudo de caso 67 3.3.4 Controlo Operacional (4.4.6) 67 3.3.5 Auto-avaliação 70 3.3.6 Resolução do estudo de caso 70 3.3.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7) 71 3.3.8 Auto-avaliação 75 3.3.9 Resolução do estudo de caso 75
4 NORMA EN ISO 14001:2004 78
4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5) 78 4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1) 78 4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2) 80 4.1.3 Auto-avaliação 81 4.1.4 Resolução do estudo de caso 81 4.1.5 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3) 82 4.1.6 Controlo de Registos (4.5.4) 84 4.1.7 Auto-avaliação 85 4.1.8 Resolução do estudo de caso 85 4.1.9 Auditoria interna (4.5.5) 85
4.2 Revisão pela Gestão (4.6) 92 4.2.1 Auto-avaliação 93 4.2.2 Resolução do estudo de caso 94
5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS 95
5.1 Conceitos Gerais 95
5.2 Regulamento EMAS 96 5.2.1 Estrutura do Regulamento 96 5.2.2 Definições do Regulamento 98 5.2.3 Anexo I – Partes A e B 99 5.2.4 Anexo II - Auditoria Ambiental Interna 102 5.2.5 Anexo III - Declaração Ambiental 104 5.2.6 Anexo IV - Logotipo 105 5.2.7 Anexo V – Acreditação, supervisão e funções dos Verificadores Ambientais 106 5.2.8 Sistema de Acreditação e Verificadores Ambientais em Portugal 108 5.2.9 Anexo VI - Aspectos Ambientais 108 5.2.10 Anexo VII - Levantamento Ambiental 110 5.2.11 Anexo VIII – Informações para o Registo 110
5.3 Registo no EMAS 111 5.3.1 Entidades que se podem registar no EMAS 111 5.3.2 Etapas para registo 113
5.4 Benefícios do EMAS 113
5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS 114 5.5.1 Auto-avaliação 115 5.5.2 Proposta de actividade complementar 115
Manual do Formando | Gestão Ambiental
5
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 116 NOTA: O presente manual apresenta a seguinte estrutura:
− Está organizado em 5 capítulos − Cada capítulo tem a seguinte organização:
o Objectivos o Tópicos o Desenvolvimento dos conteúdos o Notas de rodapé fazendo referência a meios complementares de estudo o No final do conjunto de conteúdos que equivalem a uma lição:
� Resumo do módulo � Auto-avaliação – as fichas de autoavaliação encontram-se no ficheiro
indicado. Esse mesmo ficheiro contém as soluções das fichas de trabalho. � Resolução do estudo de caso
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Módulo 1 – Introdução à Gestão Ambiental
Objectivos
− Identificar as premissas da sustentabilidade ambiental
− Relacionar as actividades económicas e a poluição ambiental
− Compreender a necessidade da implementação de sistemas de gestão ambiental
para a sustentabilidade ambiental
− Conhecer o percurso dos normativos voluntários de gestão ambiental
− Reconhecer razões, vantagens e desvantagens inerentes à implementação de
sistemas de gestão ambiental
Tópicos
1 Introdução à Gestão Ambiental
1.1 Sustentabilidade Ambiental
1.2 Actividades económicas e poluição ambiental
1.3 Gestão Ambiental
1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental
1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental
1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental
1 Introdução à Gestão Ambiental
1.1 Sustentabilidade Ambiental
Os problemas ambientais não conhecem fronteiras nacionais. A diminuição da camada de ozono, os
efeitos das mudanças climatéricas, a poluição dos mares e a destruição das florestas afectam a
população mundial. O barulho da aviação, as emissões dos canos de escape dos veículos, os lixos, a
qualidade da água dos rios e o ambiente que nos rodeia têm um grande impacto na nossa saúde e
bem-estar.
É paradoxal, mas os comportamentos descritos devem-se ao fulgurante desenvolvimento
económico! É imperioso que o crescimento económico deixe de ser feito à custa da delapidação do
ambiente. A “World Commission on Environment and Development” no relatório Brundtland, “Our
Common Future”, emitido em 1987, abordou o conceito de “desenvolvimento sustentável” com a
mensagem de que “a satisfação das necessidades da geração actual não devem comprometer a
capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas”.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Em 1992 a “United Nations Conference on Environment and Development (UNCED)”, conhecida
por “Conferência do Rio - Eco 92”, reuniu o maior número de sempre de chefes de governo e
primeiros ministros, além de ter colocado nas sua agenda pública e política os problemas ambientais,
teve o mérito de mostrar para todo o mundo, que o crescimento económico só será possível com a
protecção simultânea do meio ambiente e que o bem-estar das pessoas não pode diminuir com o
passar do tempo, ou seja, o desenvolvimento económico não pode ser sustentado à custa da
delapidação da riqueza natural.
É necessário demonstrar que o crescimento económico só será possível com a protecção
simultânea do meio ambiente e que o bem estar das pessoas, não pode diminuir com o passar do
tempo, ou seja, o desenvolvimento económico não pode ser sustentado à custa da delapidação da
riqueza natural.
Os governos estão a ser pressionados publicamente para entrarem em acção, obrigando as
organizações a responsabilizarem-se pelos seus actos e a melhorarem as suas performances
ambientais. Existem outros sinais de que a agenda ambiental é uma preocupação actual:
− A consciência ambiental dos consumidores torna-os mais selectivos na escolha de produtos
e serviços, nomeadamente, ao nível da biodegradabilidade, reciclagem e reutilização.
− Estão-se a desenvolver programas de “rótulos ecológicos” e “sistemas de gestão ambiental”
que permitem a acreditação de produtos ou das próprias organizações, em termos
ambientais.
− Os investidores, em geral, querem estar seguros de que os seus investimentos respeitam o
ambiente. Os bancos e outras instituições estão a introduzir factores ambientais nos critérios
de selecção de investimentos.
− Os parceiros negociais estão, mais do que nunca, interessados nas políticas ambientais das
empresas com quem mantêm relações de negócio, ou por motivos de cooperação, ou para os
abandonar quando as suas performances ambientais não os satisfizerem.
− Os empregados qualificados mostram desejo de trabalhar em empresas que respeitem o
ambiente e que tenham uma boa imagem pública.
− As autoridades locais, grupos comunitários e comunicação social interessam-se, por várias
razões, pelos impactos ambientais exercendo influência nas performances das companhias.
− Os grupos de pressão, em todo o mundo, têm o poder de mobilizar a opinião pública,
favorecendo ou não, as actuações das organizações.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Em jeito de conclusão pode dizer-se que o desenvolvimento sustentável assenta em três
dimensões: económica, ambiental e social
Figura 1: As três dimensões do desenvolvimento sustentável
1.1.1 Autoavaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 3 – Sustentabilidade Ambiental (Fichas de Trabalho –
Autoavaliação Formando)
1.2 Actividades económicas e poluição ambiental
Segundo a directiva 96/61/CE do Conselho de 24/9/96 relativa à prevenção e controlo integrados
da poluição, entende-se por poluição, “a introdução directa ou indirecta, por acção humana, de
substâncias, vibrações, calor ou ruído no ar, na água ou no solo, susceptíveis de prejudicar a saúde
humana ou a qualidade do ambiente e de causar deteriorações ou entraves ao usufruto do ambiente
ou a outras utilizações ilegítimas deste último.”
Poluir será, pois, ameaçar o funcionamento dos meios naturais, explorando-os acima dos seus
níveis de reversibilidade ou despejando detritos em grande escala sem preocupações de reciclagem
para os recolocar, de novo, no funcionamento da máquina económica. Ao nível individual ou duma
empresa, poluir equivale a participar na degradação do ambiente, ameaçando o equilíbrio natural,
contribuindo para o esgotamento dos recursos naturais ou para a sua degradação (Ordre Des Experts
Contables, 1996a).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
10
Um poluente será qualquer material estranho ou forma de energia, cujo grau de transferência
entre os seus componentes e os factores do ambiente é de tal modo alterado, que o bem-estar dos
organismos ou ecossistemas é, negativamente, afectado. Os poluentes subsistem sob a forma de
gases, líquidos, sólidos, ruídos, odores, descargas radioactivas, ou outras, incapacitando os recursos
para os seus fins específicos ou afectando adversamente humanos, edifícios ou a vida animal
(Henning, 1989). Os poluentes afectam o ar, a água, os solos e a vida em geral, verificando-se, em
muitas circunstâncias, efeitos sinergéticos trágicos que estão na origem dos desastres ambientais 1
A indústria é um dos principais factores de poluição a nível mundial, consumindo a maior
percentagem de oxigénio das águas continentais, sendo a grande responsável pela contaminação
das águas costeiras, a maior emissora de dióxido de enxofre e outras substâncias perigosas para a
atmosfera e a produtora de resíduos, não em maior quantidade, mas com o maior grau de toxicidade
(Fernandéz, 1991; Beaud e Bouguerra, 1993).
Os impactos negativos sobre o meio ambiente podem manifestar-se, entre outras, através das
seguintes formas (Winter, 1992):
− Consumos excessivos de água, energia e matérias-primas.
− Consumo de materiais pouco ecológicos, dentro da empresa, para usos gerais2
− Consumo de materiais de embalagem prejudiciais ao ambiente.
− Consumo de substâncias nocivas nos processos produtivos, lesivas do ambiente e
causadoras de doenças profissionais.
− Concepção de produtos com embalagens volumosas sem utilizações alternativas ou com
materiais não recicláveis e que estão a tornar o ambiente numa grande lixeira.
− Efluentes industriais, que são desperdícios sob a forma líquida ou gasosa, descarregados no
meio ambiente, tratados ou não. Geralmente, referem-se a poluentes introduzidos em meio
aquático, cujo potencial nocivo pode incluir a desoxigenação, assoreamento e
envenenamento de rios, lagos e mares (Lowe, 1980).
− Emissões industriais, que são descargas na atmosfera, de determinados tipos de gases ou
de desperdícios solúveis, tratados ou não.
− Emissões de gases com cheiro pestilento provenientes das indústrias ofensivas (offensive
trades), como matadouros, fabricantes de rações, indústrias de peixe, gorduras.
1 Para obter mais informações sobre o tema tratado nesta lição, disponibilizam-se os seguintes anexos: Anexo A11 – Tabela de
Poluentes (informações complementares sobre os principais poluentes, e os respectivos impactes.); Anexo A12 – Poluentes
Atmosféricos; Anexo A13 – O recurso Água; A14 – Ambiente e Energia
2 Para obter um conhecimento mais aprofundado sobre as questões da sustentabilidade pode consultar o ficheiro A15 – A
Preservação do Ambiente e A16 – Carta das cidades europeias para a sustentabilidade
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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− Ruídos excessivos devidos à própria maquinaria e que podem ser a causa de algumas
doenças profissionais ou de incómodo da vizinhança.
− Resíduos em geral. Segundo o Decreto-Lei nº 178/2006 de 5 de Setembro, que aprova o
regime geral da gestão de resíduos entendem-se por resíduo, “qualquer substância ou
objecto de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer,
nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos (LER).
− Resíduos perigosos. O Decreto-Lei nº 178/2006 define resíduo perigoso como “o resíduo que
apresente, pelo menos, uma característica de perigosidade para a saúde ou para o ambiente,
nomeadamente os identificados como tal na LER”. De entre estes podem destacar-se:
o Resíduos de materiais perigosos, inorgânicos ou minerais que não se decompõem
nos seus elementos básicos pela acção de microorganismos permanecendo no meio
ambiente por longos períodos de tempo e que são os grandes responsáveis pela
contaminação de solos.
o Resíduos tóxicos, que são um tipo especial de resíduos perigosos. Nestas categorias
incluem-se anti-congelantes, amianto, óleo de travões, luzes fluorescentes, resíduos
resultantes do polimento de mobílias, limpadores de fornos, petróleo, medicamentos
antigos, pinturas e solventes, pesticidas, herbicidas, entre outros. O grau de
nocividade pode ser medido pelas seguintes características: (1) toxicidade (grau de
envenenamento), (2) persistência (tempo de decomposição) e (3) bioacumulação
(repercussão na cadeia alimentar) (Sadgrove, 1997).
− Explorações a céu aberto que levam à erosão e à degradação paisagística.
− Abate de largas áreas de floresta que estão a provocar um aumento adicional, na atmosfera, de dióxido de carbono, além do fenómeno do desflorestamento (Lowe, 1980).
− Transporte inadequado de substâncias tóxicas que já estiveram na origem de graves acidentes ambientais.
Figura 2:Desequilíbrio dos ecossistemas como resultado da poluição ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Síntese
− Poluir é ameaçar o funcionamento dos meios naturais, explorando-os acima dos seus níveis de reversibilidade
− Um poluente é qualquer material estranho ou forma de energia, cujo grau de transferência entre os seus componentes e os factores do ambiente é de tal modo alterado, que o bem-estar dos organismos ou ecossistemas é, negativamente, afectado
− O Homem deve maximizar a utilização dos recursos perpétuos, assegurar a renovação dos recursos renováveis, e minimizar a utilização dos recursos não renováveis
1.2.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 2 – Actividades económicas e poluição ambiental (Fichas de
Trabalho – Autoavaliação Formando)
1.3 Gestão Ambiental
A Gestão Ambiental pode ser definida como um conjunto de processos, que gerem as relações
entre o ser humano e o ambiente, e as transformações por ele proporcionadas, tendo em linha de
conta variáveis, como o desenvolvimento sustentável, as políticas ambientais, a legislação ambiental,
internacional, comunitária, nacional e as auditorias ambientais.
Sob o ponto de vista das empresas/organizações, a gestão ambiental é um aspecto funcional de
gestão, que desenvolve e implementa as políticas e estratégias ambientais na conquista de uma
situação ambiental desejada, verificando-se que está a crescer a preocupação em atingir e
demonstrar um desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente.
Actuar sobre as modificações causadas no meio ambiente, como por exemplo, a deposição de
resíduos, ou as emissões e/ou efluentes contaminados, para manter um ambiente saudável para
todos, no presente e no futuro, exige uma mudança na cultura empresarial, que deve ser alavancada
pelo recurso sistemático a ferramentas, especificamente criadas para o efeito, como é o caso dos
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que são parte de um sistema de gestão de uma organização,
utilizados para desenvolver e implementar a sua política ambiental e gerir os seus aspectos
ambientais.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
13
1.4 Evolução dos Sistemas de Gestão Ambiental
Do ponto de vista histórico a primeira norma de gestão ambiental, baseada no ciclo de Deming
(PDCA – Plan-do-Check-act) foi publicada em 1992 pelo organismo britânico, British Standards
Institution (BSI), sendo conhecida por BS 7750, com os seguintes objectivos, entre outros:
− Complementar a norma sobre sistemas da qualidade, BS 5750
− Servir as necessidades de profissionais generalistas e não especificamente especialistas em
meio ambiente
− Possibilitar a sua aplicação a todos os tipos de empresas
− Apoiar as normas e leis ambientais existentes, ou em preparação.
Começou por ser implantada num programa piloto de 230 empresas o que permitiu uma revisão
em 1994, mais sob o ponto de vista da clarificação, do que de alterações de fundo.
Boa parte do texto desta norma, foi utilizado no projecto da Comunidade Europeia, conhecido como
o regulamento EMAS (Eco management and audit scheeme), que foi aprovado definitivamente em
1993 com a designação de “Regulamento CEE nº 1836/93, que permitia que as empresas do sector
industrial aderissem voluntariamente a um sistema comunitário de gestão e auditoria ambiental, de
forma a melhorarem as suas actuações ambientais e facilitando a informação à sociedade.
Também em 1993 apareceu uma norma espanhola denominada UNE 77-801, e uma norma
francesa, XF 30-200, na mesma linha da BS 7750.
No início da década de 90, a ISO (International Standard Organization), organização não-
governamental, fundada em 1947, com sede em Genebra, na Suíça, verificou a necessidade de
desenvolver normas sobre a questão ambiental, com o intuito de padronizar processos de empresas
que utilizassem recursos naturais e/ou causassem algum dano ambiental, decorrente de suas
actividades.
No ano de 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e criou um comité, designado por “Comité
Técnico TC 207”, dividido em diversos sub comités com o objectivo de desenvolver normas (série
14000) nas seguintes áreas ambientais:
Sub comité 1 Sistemas de gestão ambiental
Sub comité 2 Auditorias ambientais
Sub comité 3 Rotulagem ambiental
Sub comité 4 Avaliação do desempenho ou performance ambiental
Sub comité 5 Análise do ciclo de vida
Sub comité 6 Definições de conceitos
Sub comité 7 Integração de aspectos ambientais no projecto e desenvolvimento de produtos
Sub comité 8 Comunicação Ambiental
Sub comité 9 Mudanças climáticas
Manual do Formando | Gestão Ambiental
14
Até ao momento actual, foram publicadas variadíssimas normas, ISO, algumas já foram revistas e
outras aguardam publicação. Na figura seguinte apresenta-se o panorama geral das normas série
ISO 14000 e sobre a questão ambiental.3
De todas as normas ISO, entretanto criadas a de maior divulgação e utilização é a norma de
enfoque na organização – Sistemas de Gestão Ambiental - ISO 14001, que estabelece as directrizes
básicas para o desenvolvimento de um sistema de gestão da ambiental e que é certificável por
terceiras entidades. A 1ª edição desta norma é de 1996. A sua tradução em Portugal é mais tardia,
sendo conhecida por EN ISO 14001: 1999.
Figura 3: Resumo das normas série ISO 14000
3 No anexo A17 – Normas série ISO 14000 apresentam-se o estado actual das normas ISO sobre a questão
ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
15
Em 2001 foi revisto o regulamento EMAS, que levou à sua revogação, sendo suportado
actualmente pelo Regulamento (CE) nº 761/2001 do PE e do Conselho, com as alterações
introduzidas pelo Regulamento (CE) 196/2006 do PE e da Comissão que altera o seu Anexo I, tendo
em vista a aproximação à norma ISO 14001:2004
Como a cada 5 anos as normas ISO estão sujeitas a um processo de revisão, o respectivo Comité
Técnico, após 4 anos de trabalho, publicou em 15.11.2004 a nova ISO 14001:2004, não para
acrescentar novos requisitos, mas sobretudo para clarificar, simplificar e promover um maior
alinhamento com a norma ISO 9001:2000. Neste processo de revisão também foi publicada uma
versão actualizada da norma ISO 14004 (texto em inglês). Em Portugal e após uma emenda à norma
no ano de 2006, a norma é apresentada como NP EN ISO 14001:2004 /emenda 1:2006 (1ª ed),
adiante designada por ISO 14001:2004.
A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) constitui uma ferramenta estratégica
para as organizações, possibilitando a identificação de oportunidades de melhoria que reduzam ou
minimizem os impactes sobre o ambiente, das actividades da organização.4
A implementação nas organizações de sistemas de gestão ambiental (SGA) tem aumentado
significativamente, verificando-se, a nível mundial e também em Portugal, um crescimento muito
considerável do número de entidades que solicitam a certificação dos respectivos SGA. No nosso
país existem várias empresas acreditadas para a certificação de SGA, nomeadamente a APCER,
SGS, EIC, BVQI, TUV, QSCB, o que demonstra o interesse crescente por esta actividade, pelo
menos desde o ano de 2000, como se pode verificar nos quadros seguintes:
Figura 4: Panorama português da certificação ambiental5
4 Se quiser saber mais alguma coisa sobre a questão ambiental consulte A21 – Evolução da vigilância ambiental 5 A obtenção destes dados, que foram posteriormente tratados resultou da consulta site www.ipq.pt
Manual do Formando | Gestão Ambiental
16
1.5 Razões para implementar um sistema de gestão ambiental
A implementação de um SGA é suportada por um número razoável de considerações, o que de
certo modo justifica a evolução de empresas certificadas no mundo inteiro e em Portugal também. Os
SGA tanto podem surgir por motivações inevitáveis, como pelas vantagens e potencialidades que
advêm da sua implementação.
Figura 5: Motivações e vantagens na implementação de SGA
Tabela 1: Motivações para a implementação de um SGA
Motivações
− Exigências de clientes (imposições de índole ambiental que terão
obrigatoriamente de satisfazer para que se mantenham as respectivas relações
comerciais)
− Exigências de investidores (critérios ambientais nas decisões de investimento)
− Exigências de conformidade legal (legislação ambiental e respectiva
fiscalização é progressivamente mais exigente o que implica uma melhoria do
desempenho ambiental das empresas)
− Ecomarketing e melhoria de imagem
− Redução de custos, nomeadamente, com seguros de responsabilidade civil.
− Responsabilidade ambiental e social traduzida no comprometimento da redução da
poluição, conservação dos recursos naturais, melhorias nas condições de trabalho
Tabela 2: Vantagens e Potencialidades na implementação de SGA
Manual do Formando | Gestão Ambiental
17
Redução de Custos
− Aumento da eficiência de processos que se podem traduzir em redução de custos com a prevenção ou minimização de impactes ambientais
− Economias devido à redução de consumos
− Maiores facilidades em financiamentos
− Redução em taxas de seguro
− Redução do potencial de coimas
Aumento de receitas
− Aumento da contribuição marginal de "produtos verdes" que podem ser vendidos a preços mais altos.
− Aumento da procura para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.
− Economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes
− Novas linhas de produtos para novos mercados.
− Satisfação dos critérios dos investidores e melhoria do acesso ao capital
Aumento de Vantagens
competitivas
− Liderança no mercado
− Aumento de quotas de mercado directamente relacionadas com produtos ecológicos
− Melhoria da imagem
− Melhoria das relações públicas, e internas com trabalhadores e colaboradores
− Reconhecimento internacional por ter obtido certificações ambientais
Internas
− Controlo de requisitos legais ambientais e outros requisitos
− Diminuição de riscos de acidente ambientais e profissionais
− Melhoria da eficiência operacional ou de processos traduzida por:
o Melhorias na gestão de recursos
o Melhorias no controlo da poluição
o Melhorias na prevenção da poluição
− Motivação e consciencialização de colaboradores decorrentes da aplicação de programas de sensibilização e/ou formação
− Melhoria contínua do desempenho ambiental
Sinergéticas
− Diferencial competitivo - Melhoria de imagem ambiental aumento de produtividade, conquista de novos mercados
− Melhoria organizacional – gestão sistematizada, integração da qualidade ambiental à gestão, consciencialização de colaboradores, melhores parcerias com a comunidade
− Minimização de custos - Eliminação dos desperdícios, obtenção da conformidade ao menor custo e racionalização da alocação de recursos
− Minimização de riscos – segurança legal e efectiva, minimização de acidentes, redução de passivos ambientais, identificação de vulnerabilidades
Manual do Formando | Gestão Ambiental
18
1.6 Dificuldades na implementação de um sistema de gestão ambiental
A par dos inegáveis benefícios existem sérias dificuldades que podem obstar à implementação de
SGA, nomeadamente:
− Alteração de mentalidades, práticas e procedimentos
− Legislação vaga, ou muito complexa, ou dispersa ou contraditória, ou omissa ou pouco exequível
− Custos elevados com consultoria
− Custos elevados para obter conformidade com a legislação
− Custos elevados para fazer face às necessidades de formação
− Custos elevados para a obtenção da Certificação/registo
Síntese
− A gestão ambiental gere as relações entre o ser humano e o ambiente e as
transformações ambientais por ela proporcionadas, com base no desenvolvimento
sustentável, políticas e legislação ambientais.
− Os sistemas de gestão ambiental apareceram na década de 90, mas o grande
desenvolvimento apenas se verifica com a publicação da norma ISO 14001 em
1996, estando actualmente em vigor a EN ISO 14001:2004/emenda 1:2006 (Ed 1),
designada neste manual por ISO 14001:2004
− Tem sido muitas as razões que levam as organizações à implementação de SGA,
destacando-se, sobretudo as vantagens económicas que podem trazer aumento de
receitas, de mercado pela melhoria de imagem, internas pelo aumento da eficiência
e redução de custos e sinergéticas por potenciarem cada uma das vantagens
anteriores.
− Também são apontadas desvantagens, mas as que tem maior peso associam-se
aos custos de implementação, manutenção e certificação.
1.6.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 3 – Gestão ambiental (Fichas de Trabalho – Autoavaliação
Formando)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
19
Módulo 2 - Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004 – Análise dos
requisitos do planeamento
Objectivos
Gerais:
− Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma
organização.
Específicos:
− Conhecer a metodologia em que se baseia a implementação de um SGA
− Conhecer e compreender a estrutura da norma ISO 14001:2004
− Identificar os principais termos e definições
− Compreender a abrangência do conteúdo do requisito “Requisitos Gerais”
− Identificar os requisitos a que deve obedecer a política ambiental
− Analisar as características dos requisitos do planeamento
Tópicos
2 Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004
2.1 Estrutura da Norma ISO 14001
2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1)
2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2)
2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3)
2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1)
2.4.2 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2)
2.4.3 Objectivos, metas e programas 35
Manual do Formando | Gestão Ambiental
20
2 Norma ISO 14001:2004
2.1 Estrutura da Norma ISO 14001:2004
A presente NI encontra-se organizada da seguinte forma6:
Preâmbulo Nacional
Clarificação muito importante sobre o espírito da tradução de alguns dos termos utilizados nesta NI:
− “Deve” ou “devem” (“shall”) – para um cariz de exigência
− “Deverá” ou “deverão” (“Should”) – para um cariz de aconselhamento/conveniência
− “Pode” ou “Podem” (“can”) – para um cariz de capacidade para
− “Poderá” ou “Poderão” (“may”) – para um cariz de alternativa a
Preâmbulo Faz referência ao comité de elaboração – Comité técnico ISO/TC 207, à forma como esta NI
adquire o estatuto de norma nacional e aos países onde esta NI deve ser implementada
pelos organismos nacionais de normalização, onde se refere Portugal.
Introdução
O texto de introdução começa por fazer referência a questões de sustentabilidade ambiental,
destacando-se entre outros os seguintes pontos:
− Esta NI especifica os requisitos para a implementação e manutenção de um SGA, para
qualquer tipo de organização, cuja finalidade global é apoiar a protecção ambiental e
prevenir a poluição.
− Esta NI descreve os requisitos para um SGA e que pode ser utilizada para uma (1)
certificação/registo, e/ou (2) auto-declaração do seu SGA., não estabelecendo no entanto
requisitos absolutos de desempenho ambiental, para além dos compromissos
estabelecidos na política ambiental e no cumprimento dos requisitos legais e outros.
− Esta NI não inclui orientações relativas às técnicas de gestão ambiental, que estão
incluídas em outras normas relativas a gestão ambiental.
− Esta NI contém apenas os requisitos ambientais, que podem ser objectivamente
auditados, mas não garantindo por si só resultados óptimos.
− O detalhe, complexidade, documentação e outros recursos dependem do âmbito do
sistema e da dimensão da organização.
1.Objectivo e campo de aplicação
Esta NI é aplicável a qualquer organização que pretenda:
− Desenvolver um SGA
− Assegurar a sua conformidade com a sua política ambiental (PA)
− Demonstrar conformidade com esta NI:
− Efectuar uma auto-avaliação e auto-declaração
6 No Anexo A21 – Resumo ISO 14001:2004, apresenta um resumo da estrutura desta NI, que pode utilizar como
guia de apoio ao estudo e aplicação dos seus requisitos. No Anexo A23 – ISO 14001:2004 apresenta-se a
transcrição do texto na norma ISO 14001:2004.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
21
− Obter a confirmação da sua conformidade por partes interessadas (ex: clientes)
− Obter a confirmação da auto-declaração por uma entidade externa à organização
− Obter a certificação/registo do seu SGA por uma organização externa
2.Referências Normativas
Não são referidas quaisquer referências a não ser a edição anterior da própria norma, ou seja a ISO 14001:1996
3.Termos e definições
Esta NI utiliza um determinado tipo de vocabulário que define de forma clara neste ponto da norma
4.Requisitos do SGA
Neste ponto da NI descrevem-se os requisitos que podem ser objectivamente auditados. É o elemento fulcral da norma.
Anexo A – Informativo
Linhas de orientação para a utilização da presente NI – neste ponto da norma são apresentadas informações adicionais aos seus 4 pontos, no sentido de evitar interpretações erróneas. A numeração deste ponto é a mesma que se apresenta no ponto 4 da norma.
Anexo B – informativo
Correspondência entre a ISO 14001:2004 e a ISO 9001:2000
Bibliografia Neste ponto identifica as normas da série ISO que são referidas na presente norma.
Pretende-se que esta NI seja aplicável a organizações de todos os tipos e dimensões, condições
geográficas e culturais. A presente NI contém apenas os requisitos que podem ser objectivamente
auditados. As orientações relativas às técnicas de gestão ambiental estão incluídas em outras
normas internacionais, nomeadamente a norma ISO 14004:20047. Segundo o objectivo e campo de
aplicação, esta NI tem vários níveis de aplicação, sendo que o estádio final é o que corresponde à
obtenção da certificação/registo do seu SGA por uma entidade certificadora externa. A certificação é
o processo de atestar a conformidade com um documento de referência, de forma credível. Tal como
já referimos, existem em Portugal várias entidades certificadoras e nem todas têm os mesmos
procedimentos de certificação8.
7 O Anexo A21 ISO 14001:2004 apresenta o texto integral desta norma, em inglês. É um instrumento bastante
útil para a fase de implementação do SGA. 8 Foram compilados alguns documentos sobre certificação de nos Anexos A01 a A10.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
22
Da estrutura desta Norma Internacional (NI) o ponto Introdução destaca que é baseada na
conhecida metodologia Ciclo de Deming, PDCA (Plan-Do-Check-Act) (Planear-agir-verificar-actuar),
(tal como nos sistemas da qualidade):
Figura 6: Ciclo de Deming
Muitas organizações gerem as suas operações através da aplicação de um sistema baseado em
processos e respectivas interacções, o que pode ser designado por “abordagem por processos”. A
ISO 9001 promove esse tipo de abordagem e como o ciclo PDCA pode ser aplicado a todos os
processos, as duas metodologias são compatíveis9
De entre as 20 definições que a norma apresenta no ponto 3, e que devem ser dominadas por
quem pretende estabelecer e/ou implementar um SGA, destacam-se, pela frequência da utilização e
importância, as que se apresentam na figura seguinte e que serão objecto de clarificação no estudo
dos requisitos desta NI10.
9 Este curso será ilustrado com um estudo de caso denominado Emoção & Lazer baseado numa empresa real,
tendo sido estruturado com base numa abordagem por processos. Que se encontra descrita no procedimento
documentado no Anexo 23 – Abordagem por processos (ficheiro em Word) e Anexo 24 – Abordagem por
processos (ficheiro em Excel).A abordagem pró processos teve como base o doccumento do Anexo 25 –
Projecto de a bordagem por processos de um sistema integrado.
10 No Anexo A24 - Termos e definições, pode aceder a todas as definições com interesse, bem como a um
esquema de relacionamento entre alguns termos e definições.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
23
Figura 7: Relação entre alguns dos termos e definições referidos no ponto 3 da norma
O ponto 4 desta NI está organizado em função dos cinco princípios em que se baseia a sua
aplicação, com vista à melhoria contínua.
Figura 8: Os cinco princípios da norma ISO 14001
Manual do Formando | Gestão Ambiental
24
2.2 Análise do requisito “Requisitos Gerais” (4.1)
4.1
Requisitos Gerais
A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente
um sistema de gestão ambiental de acordo com os requisitos da presente Norma Internacional,
e determinar como irá cumprir tais requisitos.
A organização deve definir e documentar o âmbito do seu sistema de gestão ambiental.
A especificação deste requisito está baseada no conceito de que a organização irá periodicamente
fazer análises críticas, rever e avaliar o seu SGA para identificar oportunidades de melhoria e sua
implementação. Pretende-se que melhorias na gestão ambiental resultem em melhorias
adicionais no desempenho ambiental.
Objectivamente este requisito indica a necessidade de definir e documentar o âmbito do SGA.
A definição do âmbito tem como objectivo clarificar as fronteiras da organização a que o sistema de
gestão ambiental é aplicável, especialmente se a organização é parte de uma organização mais
alargada num determinado local. Uma vez definido o âmbito, todas as actividades, produtos e
serviços da organização que façam parte desse âmbito necessitam de ser incluídos no sistema de
gestão ambiental.
No entanto, é da análise atenta do ponto A1 do Anexo A da norma ISO 14001:2004, que se
deduzem informações mais consubstanciadas sobre alguns aspectos da implementação e
manutenção do SGA. Dessa análise resultou o fluxograma representado na figura 9, que mais não é
do que uma interpretação figurativa do requisito 4.1 “requisitos gerais”, donde se destaca a indicação
de que, se a organização vai iniciar pela 1ª vez a implementação de um SGA deve fazer um
Levantamento Ambiental. Apesar de não lhe dar um cariz de exigência, considera que é uma
actividade fundamental na estruturação e implementação do SGA. 1112
11 Para a elaboração do levantamento ambiental podem seguir-se as orientações do Anexo VII do Regulamento
761/2001 (EMAS), que identifica 5 domínios-chave (ver este documento no Anexo 23 do módulo 5)
(1) Requisitos legais e outras que a organização subscreva:
(2) Identificação de aspectos ambientais com impacte ambiental significativo e compilação de um registo dos
aspectos ambientais identificados como significativos;
(3) Descrição dos critérios de avaliação da significância;
(4) Exame das práticas e procedimentos de gestão ambiental identificados;
(5) Avaliação da experiência obtida com investigações anteriores 12 Neste curso é apresentado um estudo de caso denominado Emoção & Lazer, incluído numa pasta com a
mesma designação que inclui um Levantamento Ambiental. Este está identificado como Anexo 01. O ficheiro de
Word contém o relatório final e o ficheiro de Excel é um documento de trabalho que serviu de apoio à elaboração
desse relatório
Manual do Formando | Gestão Ambiental
25
2.2.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 4 – Estrutura da NI (Fichas de Trabalho – Autoavaliação
Formando)
2.2.2 Resolução de estudo de caso
Atendendo aos objectivos globais do curso pretende-se que o(s) formando (s) sejam avaliados pela
sua capacidade de estruturar e implementar um sistema de gestão ambiental. Deve dar início à
resolução do estudo de caso da empresa Metaltubo preparado a partir de uma empresa real. O
estudo de caso está compilado nos seguintes ficheiros:
Estudo de Caso – Metaltubo.doc com os seguintes tópicos:
1 Introdução
2 Apresentação da Empresa
3 Levantamento Ambiental
4 Fluxograma de entradas e saídas
5 Gestão documental
6 Abordagem por processos
7 Pedidos
Estudo de Caso – Metaltubo.xls ficheiro de apoio à apresentação do estudo de caso.
O objectivo é que o formando (s) elabore os pedidos do estudo de caso, com a colaboração do
formador e com a finalização do curso apresente o estudo de caso estruturado, ou seja tenha
elaborado os documentos essenciais à implementação do SGA. Apresentação de um pequeno
relatório com o resumo dos elementos essenciais do levantamento ambiental (Anexo 01)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
26
Figura 9: Interpretação figurativa do requisito 4.1 “Requisitos Gerais”
Manual do Formando | Gestão Ambiental
27
2.3 Análise do requisito Política Ambiental (4.2)
4.2
Política Ambiental
A Gestão de topo deve definir a política ambiental da organização e garantir que, no âmbito definido para o seu sistema de gestão ambiental, esta política
a) é adequada à natureza, à escala e aos impactes ambientais das suas actividades, produtos e serviços,
b) inclui um compromisso de melhoria contínua e de prevenção da poluição,
c) inclui um compromisso de cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e de outros requisitos que a organização subscreva relativos aos seus aspectos ambientais,
d) proporciona o enquadramento para estabelecer e rever os objectivos e metas ambientais,
e) está documentada, implementada e mantida,
f) é comunicada a todas as pessoas que trabalham para a organização ou em seu nome, e
g) está disponível ao público.
A política ambiental, que deverá ser definida no início do processo de implementação do SGA,
representa os princípios pelos quais a organização se rege em termos ambientais. Deve servir
de base ao estabelecimento de objectivos e metas, neste sentido a PA deve definir os princípios do
desempenho ambiental da organização através dos quais o SGA é avaliado. A PA deve ser
adequada à organização, logo deve reflectir a sua natureza, escala e impactes ambientais associados
às suas actividades, produtos e serviços, As decisões que a organização toma em sede de
planeamento devem ser justificadas e suportadas ao nível da política. O conteúdo da PA deve ser
baseado nestes 3 compromissos:
− Melhoria contínua – orientar a organização para a melhoria continua do SGA. Como o
compromisso não implica uma actuação simultânea em todas as áreas a política pode
identificar áreas prioritárias de actuação.
− Prevenção da poluição - este compromisso não implica uma actuação simultânea em
todas as todas as áreas: produtos, serviços, processos, daí que a PA deva esclarecer
quais as áreas de actuação no âmbito deste compromisso
− Cumprimento de RLOA - que a organização subscreva - a conformidade legal é o
patamar mínimo do desempenho ambienta
Manual do Formando | Gestão Ambiental
28
Não existe um modelo específico para a sua elaboração, no entanto é normalmente redigida sob a
forma de carta e assinada pela alta direcção.13. Uma das principais alterações relativamente à 1ª
versão desta NI é que, a política deve ser comunicada “a todas as pessoas que trabalham para a
organização ou em seu nome”. A figura seguinte resume as charadísticas a que a PA deve obedecer.
Figura 10: Características da política ambiental
13 Nos anexos A25 – Políticas Ambientais, encontram-se alguns exemplos de políticas de empresas nacionais,
divulgadas através da Internet, aliás uma das formas possíveis para cumprir com o requisito “disponível ao
público”. No estudo de caso Emoção & Laser o Anexo 02 contém a política da Qualidade e Ambiente.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
29
Lembrete – Formas de dar a conhecer a Política Ambiental
− Expô-la em locais públicos concorridos
− Publicá-la em boletins periódicos da empresa
− Distribuí-la em reuniões informativas e aos colaboradores subcontratados juntamente com os contratos e pelo menos uma vez com a entrega do recibo de vencimentos
− Quando a PA for entregue pela 1ª vez deve haver um registo da entrega
−
Lembrete – Formas de disponibilizar a PA ao público;
− Colocá-la em locais onde circulem as visitas da empresa
− Disponibilizá-la na WEB
− Afixá-la em locais apropriados
Resumo
− Para implementar um sistema de Gestão Ambiental segundo a norma ISO 14001:2004 é essencial dominar o seu referencial com bastante rigor.
− A presente NI está assim estruturada: Preâmbulo nacional, preâmbulo, introdução, Objectivos e campo de aplicação, referências normativas, termos e definições, requisitos do SGA, Anexo A e B – informativos. Bibliografia.
− Mas os requisitos auditáveis para efeitos de certificação fazem parte de todo o ponto 4.que, identifica os 5 princípios em que se baseia a aplicação desta NI com vista à melhoria contínua.
− O requisito “4.1 – Requisitos Gerais” destaca que a organização deve definir e documentar o âmbito do seu SGA.
− O requisito “4.2 – Política Ambiental” define as características a que deve obedecer o documento em si e as que são inerentes à sua divulgação.
2.3.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 5 – Requisitos gerais e politica ambiental (Fichas de Trabalho –
Autoavaliação Formando)
2.3.2 Resolução do Estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso, elaboração da politica ambiental (Anexo 02)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
30
2.4 Análise dos requisitos do Planeamento (4.3)
O planeamento do SGA comporta 3 fases essenciais: A identificação dos aspectos ambientais
significativos, dos requisitos legais e outros, a definição dos objectivos e metas, a elaboração de
Programa (s), a avaliação do desempenho de objectivos e metas.
Figura 11: o planeamento do SGA
2.4.1 Aspectos Ambientais (4.3.1)
4.3.1 Aspectos
Ambientais
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para
a) identificar os aspectos ambientais de suas actividades, produtos e serviços no âmbito definido para o SGA, que pode controlar e aqueles que pode influenciar, tendo em consideração desenvolvimentos novos ou planeados ou actividades, produtos e serviços, novos ou modificados, e
b) determinar quais têm ou podem ter impactos ambientais significativos sobre o ambiente (i.e aspectos ambientais significativos).
A organização deve documentar esta informação e mantê-la actualizada.
A organização deve assegurar que os aspectos ambientais significativos são tomados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
31
Atendendo às definições de aspecto e impacte ambiental, conclui-se que os aspectos ambientais
são os elementos observáveis nas organizações, que tanto se podem referir a actividades, como a
serviços, como a produtos e que os impactes são as alterações no meio ambiente, quase sempre
adversas, mas também benéficas. Na figura seguinte apresenta-se a distinção entre aspectos e
impactes ambientais por descritores14, sendo, no entanto, essencial obter uma boa formação.
14 Para melhorar os conhecimentos sobre aspectos e impactes este manual disponibiliza os seguintes anexos:
A26 – Cuidar da água, A27 – Curso de Poluição do Ar; A28 – Efeito de estufa e convenção sobre o clima; A29 –
Lista de Frases de Risco; A210 – Manual Luminotécnico; A211 – Prevenção dos Resíduos Industriais; A212 –
Reciclagem de lâmpadas aspectos ambientais e tecnológicos; A213 – Tratamento de Resíduos sólidos, A214 –
Poupe hoje para ter amanhã.
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32
Figura 12: Exemplos de distinção entre aspectos e impacte ambientais
Manual do Formando | Gestão Ambiental
33
A identificação dos aspectos e respectivos impactes ambientais, seguida de uma metodologia de
avaliação de significância para obter uma filtragem dos aspectos significativos, é um elemento fulcral
da implementação do SGA.
Figura 13: Avaliação de impacte ambiental para filtragem dos aspectos significativos, segundo critérios especificados
Dependendo da complexidade da organização, poderá ser necessário consultar a norma ISO
14031- Directrizes para a avaliação do desempenho (performance) ambiental, para obter mais
exemplos de categorias de actividades, produtos e serviços.
Um aspecto muito importante, que não pode ser descurado na análise dos aspectos ambientais, é
o tipo de controlo que pode ser exercido, directo e indirecto (ou que pode influenciar). Na figura 14
apresentam-se alguns descritores ambientais com exemplos de controlo directo e indirecto sobre os
mesmos.
A compreensão dos impactes ambientais é essencial quando se determina a significância dos
aspectos ambientais. Existem muitas aproximações devendo as organizações escolher as mais
adaptáveis. Recomenda-se que as mais complexas, sobre esta temática consultem as seguintes
normas:
− ISO 14040 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida – Princípios e práticas gerais
− ISO 14041 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida – Definição do âmbito, metas e
inventário
− ISO 14042 Gestão ambiental - avaliação do ciclo de vida - avaliação dos impactes do ciclo de
vida
− ISO 14043 Gestão ambiental - avaliação do ciclo de vida - interpretação do ciclo de vida
− ISO 14044 Avaliação da melhoria do ciclo de vida
− ISO TR 14047 Exemplos ilustrativos de como aplicar a ISO 14042
Manual do Formando | Gestão Ambiental
34
Esta consulta é essencial, sobretudo se a organização, no âmbito do seu SGA, pretenda
implementar sistemas de rótulo ecológico para os seus produtos.
Figura 14: Exemplo de controlo de Aspectos Ambientais
Nesta fase de planeamento do SGA deverão fazer-se pontos da situação para encontrar as suas
debilidades e, no curto prazo, aplicar oportunidades de melhoria.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
35
Figura 15: Exemplos de listas de verificação para a fase do planeamento do SGA
A significância é um conceito relativo que não pode ser definido em termos absolutos. O que é
significativo para uma organização pode não ser para outra. A avaliação da significância dos
impactes é um processo que requer a definição prévia de critérios de avaliação, o que se pode
traduzir em valorações diferentes do mesmo impacte em diferentes organizações. Na figura seguinte
apresentam-se alguns exemplos de critérios ou filtros de significância.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
36
Figura 16: Exemplos de critérios para avaliação de significância
Agora é essencial definir uma metodologia de identificação de aspectos/impactes, bem como da
avaliação da significância de impactes ambientais para chegar aos aspectos significativos.
Tabela 3:Etapas na identificação de aspectos / impactes ambientais
Etapas Descrição
1
Identificar actividades, produtos ou
serviços
Recomenda-se que a actividade, produto ou serviço seleccionado seja grande o suficiente
para que o exame tenha significado e pequena o suficiente para que seja adequadamente
compreendida. Neste processo devem considerar-se:
− A complexidade da organização e das suas operações
− Práticas e procedimentos já existentes de gestão ambiental
− Informações sobre a previsão de acidentes ambientais
− Requisitos exigidos pelas partes interessadas
− Requisitos legais
2 Identificar aspectos
ambientais
Obter entre outras as seguintes informações:
− Características das actividades, produtos ou serviços, consumos de materiais,
energia e água, processos tecnológicos, factores humanos.
− Informações das relações causa-efeito das actividades, produtos ou serviços no
meio ambiente
− Interesses ambientais das partes interessadas
Manual do Formando | Gestão Ambiental
37
Etapas Descrição
− Requisitos legais ou outros associados aos aspectos identificados
3
Identificar impactes
ambientais associados
Identificar o maior número possível de impactes ambientais reais e potenciais, positivos e
negativos, associados a cada aspecto identificado. As fontes de informação podem ser:
− Informações técnicas sobre produtos
− Documentos legais, contendo critérios ambientais
− Análises do ciclo de vida
− Códigos de práticas, normas, e outros documentos
− Relatórios de acidentes ambientais
− Cada aspecto pode ter mais do que um impacte associado. Estes podem
identificar:
o Efeitos Negativos – efeitos adversos
o Efeitos Positivos – efeitos benéficos
− Onde recai o efeito (ar, água, solo, flora, fauna,...)
− Natureza das mudanças no ambiente
4 Avaliar a
significância dos impactes
A importância de cada impacto ambiental identificado pode variar de uma organização para
outra. A quantificação pode auxiliar no julgamento. Exemplos de factores ambientais, a
considerar na avaliação da significância:
− Probabilidade de ocorrência
− Escala do impacte
− Frequência e duração
− Severidade
− Requisitos legais
− Interesses das partes envolvidas,
5
Segregar aspectos
ambientais significativos
A etapa anterior permite graduar os impactes ambientais e destacar os mais significativos e
quais são os aspectos ambientais significativos associados. Estes devem ficar listados,
registados e ordenados
Manual do Formando | Gestão Ambiental
38
Em suma, e segundo uma proposta do documento “Orientações para a Identificação dos Aspecto
Ambientais e a Avaliação da sua Importância” do EMAS o processo de identificação dos aspectos
ambientais significativos pode ser sintetizado conforme se mostra na figura seguinte:
Figura 17: A segregação dos aspectos ambientais significativos
Apesar do requisito 4.3.1 – Aspectos Ambientais, não exigir um procedimento documentado para
identificação e avaliação da significância dos aspectos ambientais, este é um dos casos em que faz
todo o sentido que seja elaborado um, dado que:
− A metodologia de identificação dos aspectos ambientais e relação com os respectivos impactes
deve ser rigorosamente seguida por todos os responsáveis da organização cujas actividades
tenham impacte ambiental;
− Como os aspectos ambientais estão quase sempre associados a requisitos legais, deve estar
documentada a forma como a organização controla esses aspectos ambientais;
− É necessário garantir que toda a actividade que leva à avaliação da significância dos aspectos
ambientais é executada de forma consistente.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
39
O procedimento documentado pode designar-se “Identificação e Avaliação da Significância de
Aspectos Ambientais”15. Para avaliar a significância dos aspectos ambientais é essencial definir
uma matriz com os parâmetros a incluir, bem como uma matriz de registo associada.
Suponhamos que se pretende avaliar a significância do aspecto ambiental “Resíduos de
embalagem de vidro” com os impactes associados “Consumo de Recursos Naturais”e “Diminuição
do tempo de vida útil do aterro", em condições normais de operação e com requisitos legais
associados na actividade de Aprovisionamento
Definiram-se os seguintes parâmetros de avaliação:
Figura 18: Parâmetros de Avaliação Gravidade e Probabilidade
Com a conjugação destes dois parâmetros determina-se o Índice de Risco de Ambiental, que pode
variar entre 1 e 4.
15 No anexo A221 pode consultar um modelo de procedimento para a identificação e avaliação da significância
dos aspectos ambientais que tem associado um ficheiro de Excel que materializa as indicações do procedimento
documentado para a avaliação da significância dos aspectos ambientais
Manual do Formando | Gestão Ambiental
40
Figura 19: Níveis de Índice de Risco Ambiental
Figura 20: Níveis de risco ambiental
Determinado o Índice de Risco, pode utilizar-se um outro parâmetro de avaliação, por exemplo o
Controlo Operacional exercitado sobre os aspectos ambientais:
Figura 21: Tipos de controlo ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
41
Da conjugação do Índice de Risco com o nível de controlo operacional obtém-se o índice de
significância:
Figura 22: Determinação do índice de Significância
Finalmente considere-se também as condições de operação: em que “Anormal”, significa situações
de paragem programadas ou não e emergência para situações ligadas a acidentes e incidentes.
Figura 23: Parâmetro condições de operação
A figura 24 resume o cálculo do índice de risco e do índice de significância com base nos
parâmetros definidos, tendo-se concluído que é significativo. A figura 25 mostra como o tema pode
ser tratado através de uma matriz de registo.16
16 Continuando com o estudo de caso Emoção & Lazer. O Anexo 03 contém o procedimento documentado de
Identificação e Avaliação dos Aspectos Ambientais e o Anexo 04 materializa todo o processo de avaliação dos
aspectos ambientais através de um conjunto de matrizes.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
42
Figura 24: Determinação da significância dos aspectos ambientais
Figura 25:Matriz de registo de aspectos ambientais e avaliação da significância
Manual do Formando | Gestão Ambiental
43
Resumo
2.4.2 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 6 – Requisitos do planeamento – aspectos ambientais (Fichas de
Trabalho – Autoavaliação Formando)
2.4.3 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso:
− Elaboração do procedimento documentado de identificação e avaliação dos aspectos
ambientais (Anexo 03)
− Identificação e avaliação da significância dos aspectos ambientais num ficheiro de Excel num
dos ficheiros de Excel disponibilizados neste curso (Anexo 04).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
44
2.4.4 Requisitos Legais e Outros requisitos (4.3.2)
4.3.2 Requisitos Legais e Outros
Requisitos
A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para
− a) identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos que a organização subscreva, relacionados com os seus aspectos ambientais, e
− b) determinar como estes requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais.
A organização deve assegurar que estes requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização subscreva são tomados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão ambiental.
São diversos os requisitos legais a que a organização deve aceder para estar em conformidade
legal. Mas pode não ser suficiente, para estar em conformidade legal, obedecer apenas a requisitos
legais. Na categoria de “outros requisitos” a lista pode ser extensa. Na tabela seguinte estão
referenciados alguns exemplos, bem como fontes de consulta.
Tabela 4: Exemplos de tipos de requisitos legais e outros
Espécies de regulamentos/leis Outros requisitos Fontes
− Específicos à actividade (por exemplo,
licenças de operação);
− Específicos aos produtos ou serviços
da organização (por exemplo, proibições
relativas a processos ou utilização de
materiais);
− Específicos ao ramo industrial da
organização (certas industrias estão
sujeitas a restrições específicas, que
devem ser cumpridas);
− Leis ambientais gerais, nacionais,
comunitárias, ou internacionais;
− Autorizações, licenças e permissões.
− Acordos com autoridades públicas
− Acordos com clientes
− Códigos de boas práticas
− Compromissos de rotulagem
ambiental
− Requisitos de associações
industriais
− Acordos com grupos comunitários
− Acordos com organizações não
governamentais
− Compromissos públicos
− Governo, Comunidade,
outros Organismos
Reguladores
− Associações ou grupos
industriais;
− Bases de dados
gratuitas ou subscritas
− Serviços profissionais
de consultoria
Conforme se pode ver na figura seguinte, esta NI refere explicitamente que existem duas fases
neste requisito: (1) “identificar e ter acesso a” (2) “determinar como estes requisitos se aplicam aos
seus aspectos ambientais”. Tratou-se de uma alteração importante relativamente à norma anterior
que permitia que as organizações fizessem listas de legislação sem indicar a sua aplicabilidade.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
45
Figura 26: Exemplo de procedimento de acesso, interpretação e aplicação de requisitos legais
Sem ser, de modo algum exaustivo, pois esta é uma formação em SGA e não em Legislação
Ambiental, achou-se, no entanto essencial, referir os principais textos legais tendo em conta os
principais descritores ambientais, bem como disponibilizá-los em anexo.17.
Actualmente, quase não se coloca o problema de ter acesso aos textos legais, pela sua
disponibilidade na internet de forma gratuita. Já o determinar como estes requisitos se aplicam aos
aspectos ambientais, exige conhecimentos específicos, sempre actualizados. Aproveitando o que de
bom se vai fazendo em Portugal nesta área, foi recentemente publicado pela União das Associações
Empresariais da Região Norte, um “Manual de boas práticas ambientais e de responsabilidade
social”, que se apresenta por áreas temáticas com um enquadramento legal exaustivo e actualizado e
que se traduz num documento muito válido no controlo dos aspectos ambientais18.
17 No Anexo A215 – Legislação Ambiental Básica por descritores, estão disponíveis todos os textos legislativos
indicados na figura.27 18 Este documento está referenciado como anexo A224
Manual do Formando | Gestão Ambiental
46
Apesar da norma de referência não exigir um procedimento documentado, também se pode optar
pela sua elaboração, devendo ter sempre associadas matrizes de listas de legislação aplicáveis 19
Figura 27: Principais referências legislativas organizada por descritores
19 O anexos A22 apresenta um exemplo para um procedimento de RLOR e o anexo A23 um exemplo de matriz
de RLOR. O estudo de caso que se tem vindo a seguir apresenta nos anexos 05 e 06 respectivamente um
exemplo de procedimento documentado para os RLOR e uma lista de RLOR que pode não estar actualizada,
tendo em conta que o estudo de caso foi elaborado em 2005.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
47
De acordo com o regime jurídico de gestão de resíduos (DL 178/2006), a sua produção deve ser
minimizada, para assegurar a sua gestão sustentável, onde a responsabilidade deve ser partilhada
por todos os intervenientes: do produtor de um bem ao cidadão consumidor, do produtor dos resíduos
ao detentor, dos operadores de gestão às autoridades administrativas reguladoras. Neste contexto,
têm vindo a ser criados um vasto leque de organismos, grande parte deles, sem fins lucrativos e que
são um elemento fundamental no circuito da recolha selectiva de resíduos, valorização, reciclagem,
aterro, ou outro destino adequado. Estes organismos designam-se basicamente:
− Fileiras – organismos que pretendem garantir que os resíduos são efectiva e
adequadamente valorizados e reintroduzidos no sistema económico. A fileira organiza-se em
função do tipo de material constituinte dos resíduos, nomeadamente fileira dos vidros, fileira
dos plásticos, fileira dos metais, fileira da matéria orgânica ou fileira do papel e cartão;
− Fluxos – são entidades gestoras de sistemas de gestão específicos de resíduos. Como
“fluxo de resíduos” entende-se o tipo de produto componente de uma categoria de resíduos
transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens, electrodomésticos, pilhas,
acumuladores, pneus ou solventes, medicamentos, veículos em fim de vida.
Com a aplicação do princípio do "poluidor-pagador" aos custos inerentes à gestão de resíduos, que
responsabilizam prioritariamente os produtores dos bens de consumo e os produtores de resíduos ou
seus detentores, o aparecimento destas entidades permite transferir as suas responsabilidade pela
gestão dos resíduos para uma entidade devidamente licenciada e assim estar em conformidade legal
com a legislação aplicável à gestão de resíduos20. No terreno, a gestão de resíduos (recolha,
transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação) deve ser levada a cabo por
operadores devidamente licenciados, sendo o Instituto dos Resíduos (www.inresiduos.pt) a
entidade que confere autorização prévia para o desenvolvimento da respectiva actividade, o que lhes
confere o direito de estarem listados no respectivo site, dando a possibilidade ao detentor de resíduos
de se certificar que contratou um operador devidamente licenciado.
2.4.5 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 7 – Requisitos do planeamento – requisitos legais (Fichas de
Trabalho – Autoavaliação Formando)
20 No anexo A218 – Fileiras e Fluxos apresentam-se um quadro síntese das fileiras e fluxos actualmente
existentes em Portugal.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
48
2.4.6 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso:
− Elaboração do procedimento documentado de controlo e aplicabilidade dos RLOR (Anexo 05)
− Elaboração de uma matriz com alguma legislação aplicável ao estudo de caso de acordo com
o procedimento definido (anexo 06)
Síntese
− O cumprimento do requisito 3.4.2 pressupõe que as organizações identifiquem todos os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais.
− Estes podem apresentar-se sob diversas formas e serem nacionais, comunitários ou mesmo internacionais
− Mas também se podem ter de cumprir resoluções ministeriais e municipais − Nos outros podem incluir-se políticas do grupo a que a organização pertença,
códigos de boa conduta e requisitos dos clientes. − Por isso todos os requisitos identificados e aplicáveis devem fazer parte
integrante do SGA implementado − É conveniente que a organização defina um procedimento (escrito ou não), que
garanta p acesso à informação sobre os requisitos subscritos, sobre a sua actualização permanente, a sua análise , difusão e implicações dentro do SGA.
−
2.4.7 Objectivos, metas e programas (4.3.3)
4.3.3 Objectivos e
metas e programas
A organização deve estabelecer, implementar e manter objectivos e metas ambientais documentados, a todos os níveis e funções relevantes dentro da organização.
Os objectivos e metas devem ser mensuráveis, sempre que possível, e consistentes com a política ambiental, incluindo os compromissos relativos à prevenção da poluição, ao cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização subscreva, e à melhoria contínua.
Ao estabelecer e rever os seus objectivos e metas, a organização deve ter em conta os requisitos legais e outros requisitos que a organização subscreva, e os seus aspectos ambientais significativos. Deve também considerar as suas opções tecnológicas e os seus requisitos financeiros, operacionais e de negócio, bem como os pontos de vista das partes interessadas.
Para atingir os seus objectivos e metas, a organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais programas. Este(s) programa(s) deve(m) incluir
a) a designação das responsabilidades para atingir os objectivos e metas, aos níveis e funções relevantes da organização, e
b) os meios e os prazos de realização.
A coerência com a política ambiental, quer dizer que os objectivos definidos devem ser adequados
ao comprometimento com a política. Por exemplo se há um comprometimento com a redução de
resíduos, um objectivo de promover a recolha selectiva não é adequado pois a recolha selectiva não
reduz a produção de resíduos, apenas promove o seu encaminhamento adequado. Na figura
seguinte estão definidos um conjunto de objectivos coerentes com uma dada política. Na prática, o
mais difícil é a definição de metas a atingir, pois se forem muito ligeiras o esforço de melhoria
contínua é reduzido, se forem muito ambiciosas corre-se o risco de não cumprir os objectivos.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
49
Figura 28: Exemplo de definição de objectivos e metas consistentes com uma política ambiental
Nas figuras seguintes, para além de um fluxograma interpretativo deste requisito, apresentam-se 3
exemplos de programa ambiental, respectivamente para um produto, uma actividade e um serviço,
que tiveram como base os casos apresentados na norma ISO 14004:2004.
Finalmente na tabela 5 apresenta-se uma hipótese de matriz para um programa ambiental, bem
como um pequeno exemplo de um programa ambiental para a Manutenção de uma organização.
Para além dos aspectos formais, na prática, a amplitude do Programa Ambiental vai depender:
− Das capacidades técnicas, financeiras e humanas da organização
− Das prioridades em termos de controlo dos aspectos ambientais significativos
Depois de elaborado e implementado o Programa Ambiental deve:
− Ser continuamente acompanhado quanto ao seu grau de concretização
− Ser reexaminado periodicamente e reajustado, se necessário
Os resultados desta análise são reportados à gestão de Topo e devem ser considerados nas
entradas da revisão pela gestão podendo desencadear:
− Manter o mesmo programa, mas com novas metas, por exemplo mais ambiciosas
Manual do Formando | Gestão Ambiental
50
− Iniciar novos projectos, a incluir em novas edições do Programa, principalmente, se a melhoria contínua exigir níveis de desempenho superiores aos actuais
O ciclo PDCA é uma metodologia também aplicável ao Programa Ambiental:
− Planear (as acções, os recursos, o timing, os resultados esperados, indicar quem é o responsável pela concretização)
Figura 29: Resumo do planeamento
Manual do Formando | Gestão Ambiental
51
Figura 30: Exemplo de um programa ambiental para um produto
− Implementar e executar as acções previstas
− Acompanhar, monitorizar e controlar a execução
− Actuar durante a execução para corrigir trajectórias desviadas
− Elaborar no final do prazo indicado um relatório de execução a reportar à gestão de topo
Manual do Formando | Gestão Ambiental
52
Por último, é de referir mais uma vez, que a norma também não exige um procedimento
documentado para o acompanhamento de objectivos, metas e programas, mas pelas razões já
indicadas, a sua elaboração é um factor de consistência para estas actividades21
Figura 31: exemplo de um programa ambiental para um serviço
21 No estudo de caso que se vem a acompanhar, os anexos 07 e 08 apresentam respectivamente um
procedimento documentado para os objectivos, metas e programas e o programa ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
53
Figura 32: Exemplo de um programa ambiental para uma actividade
Manual do Formando | Gestão Ambiental
54
Síntese
O planeamento do SGA começa com o compromisso da política ambiental
Devem ser identificados todos os aspectos ambientais, bem como os requisitos legais aplicáveis e como são aplicáveis
Os aspectos ambientais significativos devem ser segregados para serem controlados pela organização através do Programa Ambiental e controlo operacional com vista à melhoria contínua.
O Programa Ambiental deve incluir as acções necessárias à consecução dos objectivos e metas, os recursos a envolver, os prazos a cumprir, os responsáveis pela sua concretização, os indicadores de desempenho.
Compete à gestão operacional e de topo:
− Acompanhar a execução do Programa e promover o seu reajustamento, se necessário
− Utilizar os relatórios do desempenho do Programa Ambiental nas entradas da revisão pela gestão
Manual do Formando | Gestão Ambiental
55
Tabela 5: Exemplo de Programa Ambiental
Manual do Formando | Gestão Ambiental
56
2.4.8 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 8 – Requisitos do planeamento – objectivos, metas e programas
(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando
2.4.9 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso: elaboração do programa do sistema de gestão
ambiental tendo em atenção os aspectos considerados significativos. Pelo menos considere dois
desses aspectos (Anexo 07).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
57
Módulo 3 – Norma EN ISO 14001:2004 – Análise dos requisitos da
implementação e Operação
Objectivos
Gerais:
− Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma organização.
Específicos:
− Identificar as responsabilidades da gestão de topo no fornecimento de recursos,
definição de autoridade e responsabilidade
− Identificar as exigências desta NI em matéria de formação, competência e
sensibilização.
− Identificar as características da comunicação interna e externa
− Conhecer o nível de detalhe e controlo exigido à documentação do SGA
− Identificar e interpretar as exigências desta NI no que respeita ao controlo das
actividades geradoras de aspectos ambientais significativos
− Identificar e interpretar as exigências desta NI em matéria de preparação e resposta a
emergências
Tópicos
3 Norma EN ISO 14001:2004
3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4)
3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1)
3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2)
3.1.3 Comunicação (4.4.3)
3.1.4 Documentação (4.4.4)
3.1.5 Controlo de documentos (4.4.5)
3.1.6 Controlo Operacional (4.4.6)
3.1.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
58
3 Apresentação da Norma EN ISO 14001:2004
3.1 Análise dos requisitos da Implementação e Operação (4.4)
3.1.1 Recursos Atribuições, responsabilidade e autoridade (4.4.1)
4.4.1
Recursos, atribuições,
responsabilidade e autoridade
A Gestão deve garantir a disponibilidade dos recursos indispensáveis para estabelecer, implementar, mater e melhorar o sistema de gestão ambiental. Estes recursos incluem os recursos humanos e aptidões específicas , as infra-estruturas da organização e os tecnológicos e financeiros)
As atribuições, as responsabilidades e a autoridade devem ser definidas, documentadas e comunicadas, de forma a proporcionar uma gestão ambiental eficaz.
A Gestão de topo deve nomear um ou mais representante (s) específico (s) que independentemente de outras responsabilidades, deve (m) ter atribuições, responsabilidades e definidas para:
a. Assegurar que o SGA é estabelecido, implementado e mantidos de acordo com esta Norma Internacional;
b. Reportar à Gestão de Topo desempenho do SGA para efeitos de revisão, incluindo e recomendações de melhoria.
Para a conformidade com o requisito 4.4.1, Recursos, atribuições, responsabilidade e
autoridade, salienta-se que a Gestão de Topo:
− Fornece ou disponibiliza: recursos humanos e financeiros, bem como capacidades e
tecnologias
− Nomeia: um representante específico (ex: o gestor do sistema) que assegura a
implementação do SGA e relata o seu desempenho à gestão de topo.
Acresce ainda, que devem estar documentadas e comunicadas as atribuições, responsabilidades e
autoridades definidas para proporcionar um SGA eficaz.
Nesta actual versão, o representante da Gestão de Topo deve, no relato do desempenho do SGA
para efeitos de revisão, incluir recomendações para melhoria. A informação sobre este requisito
poderá ser veiculada através do Manual do SGA.22
22 O estudo de caso que se tem vindo a acompanhar apresenta um procedimento documentado para o
acompanhamento dos requisitos 4.4.1 e 4.4.2 (Anexo 10), mas que deixa em aberto a actualização dos
requisitos de recursos materiais
Manual do Formando | Gestão Ambiental
59
3.1.2 Competência, formação e sensibilização (4.4.2)
4.4.2. Competência,
formação e sensibilização
A organização deve assegurar que qualquer pessoa que execute tarefas para a
organização ou em seu nome, que tenham potencial para causar impacte(s) ambiental(is)
significativo(s) identificados pela organização, é competente com base numa adequada
escolaridade, formação ou experiência. A organização deve manter os registos associados.
A organização deve identificar as necessidades de formação associadas aos seus
aspectos ambientais e ao seu SGA. A organização deve providenciar formação ou
desenvolver outras acções para responder a estas necessidades, e deve manter os registos
associados.
A organização deve estabelecer, implementar ou manter um ou mais procedimentos
para as pessoas que trabalham para a organização ou em seu nome, estarem preparadas
para:
a) A importância da conformidade com a da política ambiental, os procedimentos e
os requisitos do SGA.
b) Os aspectos ambientais significativos e impactes relacionados, reais ou
potenciais, associados ao seu trabalho e para os benefícios ambientais
decorrentes da melhoria do seu desempenho individual
c) As suas atribuições e responsabilidade para atingir a conformidade com os
requisitos do SGA
d) As consequências potenciais de desvios aos procedimentos especificados
Quanto ao requisito 4.4.2 – Competência, formação e sensibilização, a organização deve
assegurar:
− A sensibilização de todas as pessoas da organização ou em seu nome para o bom
funcionamento do SGA, nomeadamente para a importância da conformidade com a política
ambiental, os procedimentos e com os requisitos do SGA.
− A identificação das necessidades de formação que permitam estabelecer planos de formação
para todas as pessoas que trabalham para a organização ou sem seu nome mesmo que
subcontratados, desenvolvam tarefas ou actividades associadas aos seus aspectos
ambientais.
− A competência para o desempenho do cargo, assegurada não só pela formação, mas
também pela educação (que deve ser apropriada às tarefas desempenhadas) e pela
experiência (nas tarefas que lhe são atribuídas).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
60
− A manutenção de registos adequados (ver ponto 4.5.3) às actividades afectas à formação,
como por exemplo:
o Identificação das necessidades de formação23
o Plano de formação
o Sumários das acções de formação
o Certificados de formação.
− Procedimentos de sensibilização/formação para:
o Política e procedimentos de gestão ambiental
o Impactes ambientais significativos das actividades
Tabela 6: Tipos de formação/ Sensibilização
Tipo de formação/sensibilização Público-alvo Propósito
Consciencialização sobre a importância estratégica da
gestão ambiental Gestores executivos
Obter o comprometimento e harmonização com a política ambiental da organização
Consciencialização sobre as questões ambientais em gera Todos os empregados
Obter o comprometimento com a política ambiental, seus objectivos e metas, e fomentar um senso de responsabilidade individual.
Aperfeiçoamento de competências
Colaboradores com responsabilidades ambientais
Melhorar o desempenho em áreas específicas da organização
Cumprimento dos requisitos Colaboradores cujas acções
podem afectar o cumprimento dos requisitos
Assegurar que os requisitos legais e internos sejam cumpridos.
Assegurar o cumprimento de procedimentos, instruções de serviço, especificações técnicas, registo correcto de monitorizações, etc
3.2 Comunicação (4.4.3)
4.4.3. Comunicação
No que se refere aos seus aspectos ambientais e ao seu SGA, a organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para
(1) Comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização,
(2) Receber, documentar, e responder a comunicações relevantes de partes interessadas externas.
A organização deve decidir acerca da comunicação externa sobre os aspectos ambientais significativos e deve documentar a sua decisão. Se a organização decidir comunicar, deve estabelecer e implementar (um) método(s) para esta comunicação externa.
23 Os anexos A31 2 A32 – Levantamento das necessidades de formação apresentam dois possíveis exemplos de
documentos de levantamento das necessidades de formação
Manual do Formando | Gestão Ambiental
61
O requisito 4.4.3 Comunicação é perfeitamente enquadrável com o que se faz em qualquer outro
sistema de gestão tanto para a comunicação interna como externa. O destaque deste requisito vai
para a comunicação externa sobre os seus aspectos ambientais significativos, que é facultativa, mas
caso tenha sido tomada a decisão de comunicar, deve estabelecer e implementar um método de
comunicação.24
Figura 33: Exemplos de aspectos a ter em consideração na comunicação interna
24 No estudo de caso que se tem vindo a acompanhar, o anexo 09 apresenta um modelo de matriz para uma
metodologia de comunicação dentro da empresa
Manual do Formando | Gestão Ambiental
62
Figura 34: exemplos de aspectos a ter em consideração na comunicação externa
Síntese
Para a implementação e operação do SGA a gestão de topo deve assegurar a
disponibilização de recursos, definir documentar e comunicar atribuições e
responsabilidades, incluído a nomeação de um mais representantes, assegurar que
todos os que trabalham na organização ou em seu nome possuem a formação,
competência e escolaridade adequadas ao desenvolvimento de actividades com
potencial de causar impactes ambientais e manter procedimentos adequados para a
comunicação interna e externa.
3.2.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho 9 - Implementação e Operação: Recursos, atribuições
responsabilidade e autoridade (4.4.1), competência formação e sensibilização (4.4.2), Comunicação (4.4.3)
(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
63
3.3 Documentação (4.4.4)
4.4.4. Documentação
A documentação do SGA deve incluir:
− A Política Ambiental, objectivos e metas
− Uma descrição do âmbito do SGA
− Uma descrição dos principais elementos do SGA e suas interacções e referências a documentos relacionados
− Documentos, incluindo registos requeridos por esta NI
− Documentos, incluindo registos, definidos como necessários pela organização para assegurar o planeamento, a operação e o controlo eficazes dos processos relacionados com os seus aspectos ambientais significativos.
Do requisito 4.4.4 – Documentação, que descreve os elementos chave do SGA, salienta-se:
− Deve orientar na obtenção de informações
− Estar ou não integrada na documentação de outros sistemas. Nas organizações que optam pela integração de sistemas, qualidade, ambiente e segurança, a gestão documental, incluindo o controlo de documentos é um dos requisitos com elevado grau de integração.
− Ser apropriada ao tamanho da organização, complexidade de processos, competência do pessoal
− Ser documentada (papel, ficheiros informáticos…) sempre que:
o Os requisitos desta NI assim o exijam
o Caso se tema que os procedimentos estabelecidos não sejam seguidos
o Se determine que é a melhor forma de obter a conformidade legal
o Exista a necessidade de garantir que a actividade é executada de forma consistente.
Apesar de não existir nenhuma recomendação específica sobre a estrutura documental, poderá
adoptar-se um modelo em tudo semelhante ao preconizado pela norma ISO 9001:2000, tanto mais
que se verifica uma tendência crescente para a integração de sistemas. Um modelo possível pode
ser analisado na figura 35. No topo encontra-se o manual do sistema de gestão, que não sendo um
documento obrigatório na implementação do SGA, reveste-se de grande importância pelas suas
características integradoras 25.26 Em termos de hierarquia seguem-se os procedimentos, as instruções
de trabalho e os registos.
25 Não sendo um documento obrigatório, muitas organizações elaboram um manual do SGA que resume os seus
principais elementos Nos anexos deste módulo encontram-se alguns exemplos de manuais do SGA (anexos
A318 a A322). 26 O estudo de caso que tem vindo a ser apresentado neste curso também apresenta um Manual da qualidade e
ambiente no anexo 26.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
64
No que respeita ao tipo de documentação (procedimentos documentados ou não, documentos,
programas, registos) proposta ou indicada ao longo da norma, na figura 36 apresenta-se um resumo
de todas as referências documentais desta NI. Em termos documentais assume grande importância o
formato do procedimento. Para os procedimentos escritos, apesar de os mesmos não serem
obrigatórios ao abrigo desta norma, deve ser previamente adoptado um modelo que deve ser seguido
em todos os procedimentos.27.28.
Figura 35: Exemplo de uma possível estrutura documental para um SGA
27 Ver no anexo A33 – Modelo de Procedimento, que inclui os conteúdos que podem ser abordados num
procedimento, bem como as indicações que deve conter para efeitos de controlo. O anexo A317 apresenta um
extracto de um procedimento de gestão documental, no que se refere a todos elementos que devem ser
controlados 28 28 No seguimento do estudo de caso que se tem vindo a acompanhar, o anexo 11 apresenta o procedimento
documentado para a gestão de documentos e registos
Manual do Formando | Gestão Ambiental
65
Figura 36: Referências documentais e de comunicação na norma ISO 14001:2004
3.3.1 Controlo de documentos (4.4.5)
4.4.5.
Controlo de Documentos
Os documentos requeridos pelo SGA e pela presente NI devem ser controlados. Os registos são um tipo específico de documentos e devem ser controlados de acordo com os requisitos constantes em 4.5.4.
A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para
a) Aprovar os documentos quanto à sua adequação antes da respectiva emissão
b) Rever e actualizar, conforme necessário, e reaprovar os documentos
c) Assegurar que são identificadas as alterações e o estado actual da revisão dos documentos
d) Assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis estão disponíveis nos locais da utilização
e) Assegurar que os documentos permanecem legíveis e facilmente identificáveis
f) Assegurar que os documentos de origem externa definidos pela organização como necessários ao planeamento e operação do SGA são identificados e sua distribuição controlada
g) Prevenir a utilização involuntária de documentos obsoletos e identificá-los devidamente caso estes sejam retirados por qualquer motivo
Manual do Formando | Gestão Ambiental
66
Quanto ao requisito 4.4.5 – Controlo de documentos, destacam-se alguns elementos
preponderantes na sua gestão, referidos na figura seguinte, salientando-se, mais uma vez, que este
requisito, caso existam outros sistemas de gestão, será tratado de forma integrada.
Figura 37: Requisitos requeridos na gestão documental
Com a revisão desta NI, este foi um dos requisitos bastante clarificado. Os registos são designados
um tipo específico de documentos e devem ser controlados de acordo com os requisitos constantes
em 4.5.4. Um elemento novo neste requisito é que a organização deve estabelecer, implementar e
manter um ou mais procedimentos para assegurar que são identificadas as alterações e o estado da
revisão em curso dos documentos e que os documentos de origem externa definidos pela
organização como necessários ao planeamento e operação do sistema de gestão ambiental são
identificados e a sua distribuição controlada.
3.3.2 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho Ficha de Trabalho 10 - Implementação e Operação:
Documentação (4.4.4) e Controlo de Documentos (4.4.5) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
67
3.3.3 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso:
− Elaboração de um procedimento documentado de Gestão documental incluindo o controlo de
registos. Ter em consideração as propostas do enunciado do estudo de caso (Anexo 08)
− Estruturação do Manual do sistema de gestão ambiental com a apresentação de um índice
(Anexo 09). Descrição de alguns pontos referentes a requisitos não desenvolvidos, como por
exemplo o requisito da comunicação.
−
3.3.4 Controlo Operacional (4.4.6)
4.4.6.
Controlo Operacional
A organização deve identificar e planear as operações que estão associadas aos aspectos ambientais significativos identificados, consistentes com sua política ambiental e os seus objectivos e metas de forma a garantir que estas operações são realizadas sob condições especificadas
a) Estabelecendo, implementando e mantendo um ou mais procedimentos documentados para controlar as situações onde a sua inexistência possa conduzir a desvios à política ambiental e aos objectivos e metas
b) Estipulando critérios operacionais nos procedimentos
c) Estabelecendo, implementando e mantendo procedimentos relacionados com os aspectos ambientais significativos identificados dos bens e serviços utilizados pela organização, e comunicando os procedimentos e requisitos aplicáveis aos fornecedores, incluindo subcontratados
Na implementação e funcionamento de um SGA, reveste-se da maior importância o requisito 4.4.6
– Controlo Operacional, o único para que a norma exige procedimentos documentados.
A figura seguinte apresenta um modelo possível de fluxograma para o procedimento operacional.
Assim segundo a figura, o controlo operacional começa com a identificação das actividades que
causam impactes (1) e com a avaliação consequente dos aspectos significativos e seu
enquadramento legal (2), ou seja o processo começou com o cumprimento dos requisitos do
planeamento. Estas actividades devem ser objecto de planeamento (3) (como, quando, quem), tendo
em conta condições de operação normais, manutenção e paragens. Para o controlo dos impactes são
definidos procedimentos gerais, instruções de trabalho mais específicas,29, ou outros documentos,
29 Nos anexos deste módulo podem ser consultados vários exemplos de documentos de controlo operacional
Pode consultar os seguintes anexos: A34 – Procedimento de gestão de Resíduos, A35 – Procedimento
Manual do Formando | Gestão Ambiental
68
que orientam as tarefas para a prevenção ou minimização desses mesmos impactes. Estes
documentos devem ser divulgados, quer interna quer externamente (5), nomeadamente para
fornecedores e subcontratados relacionados com os aspectos ambientais significativos. No processo
de divulgação/comunicação pode verificar-se a necessidade de implementar, não só acções de
sensibilização, como de formação para atender ao requisito 4.4.2.30
operacional para gestão de resíduos, A36 – Instrução de trabalho para resíduos sólidos, A37 – Instrução de
trabalho para resíduos sólidos, A38 – Instrução de Trabalho para Águas Residuais. 30 Na continuação do estudo de caso Emoção & Lazer pode ser analisado o procedimento documentado
genérico para o controlo operacional e vários documentos operacionais. de controlo dos aspectos considerados
significativos.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
69
Figura 38: Controlo operacional
Manual do Formando | Gestão Ambiental
70
Dada a importância da minimização do consumo de recursos e produção de resíduos, a figura
seguinte apresenta a hierarquia a considerar no controlo operacional.
Figura 39: Hierarquia na minimização de consumos e na produção e destino final de resíduos
3.3.5 Auto-avaliação
O formando deve resolver A Ficha de Trabalho 11 - Implementação e operação: Controlo Operacional: (4.4.6)
Preparação e Resposta a Emergência (4.4.7) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
3.3.6 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso:
− Elaboração de um Procedimento documentado de Controlo Operacional para os aspectos
ambientais significativos que permita o enquadramento para procedimentos operacionais e
instruções de trabalho (anexo 10)
− Seleccionar um aspecto significativo e elaborar uma instrução de trabalho (como proposta
para fazer uma instrução para os resíduos do processo produtivo) (Anexo 11)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
71
3.3.7 Preparação e Resposta a Emergências (4.4.7)
4.4.7.
Preparação e resposta a
emergências
A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para
identificar as situações de emergência potenciais e os acidentes potenciais que podem ter
(um) impacte (s) no ambiente e como dar resposta a estas situações.
A organização deve responder às situações de emergência e aos acidentes reais, e
prevenir ou mitigar os impactes ambientais adversos associados.
A organização deve examinar periodicamente e, quando necessário , rever os seus
procedimentos de preparação e resposta a emergências, em particular a ocorrência de
acidentes ou situações de emergência
A organização deve testar periodicamente tais procedimentos, sempre que praticável,.
Do requisito 4.4.7 – Preparação e resposta a emergências destaca-se:
Figura 40: As exigências do requisito 4.4.7
Manual do Formando | Gestão Ambiental
72
Da interpretação das exigências deste requisito verifica-se, que a determinação da natureza dos
riscos é essencial para identificar as situações de emergência potenciais. Enquanto os riscos
profissionais estão mais ligados à segurança e higiene no trabalho, sendo os seus impactes mais
importantes sobre o trabalhador, os riscos naturais e tecnológicos são aqueles que podem causar ou
causam mais impactes ambientais (ver figura 41).
A preparação e resposta a emergências decorre também da avaliação dos aspectos ambientais
significativos, sempre que se considerem situações anormais ou de emergência. A organização
deve evidenciar o seu controlo, nomeadamente com uma cobertura adequada de procedimentos
onde devem constar, pelo menos, os conteúdos indicados na figura 42.
A título de exemplo, este manual apresenta em anexo alguns exemplos de procedimentos para
situações de emergência31.32
31 Pode consultar os seguintes anexos: A39 – Procedimento de emergência Ambiental – incêndio em áreas
sociais, A310 - Instrução operatória de emergência ambiental – Derrame, A311 – Instrução de emergência
ambiental – incêndio. 32 No seguimento do acompanhamento do estudo de caso Emoção & Lazer, apresenta um procedimento
documentado de preparação e resposta a emergências (anexo 16) e 2 instruções de emergência (anexos 17 e
18).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
73
Figura 41: Lista dos principais riscos
Manual do Formando | Gestão Ambiental
74
Figura 42: Conteúdos a ter em consideração num procedimento de preparação e resposta a emergência
Síntese
− O cumprimento rigoroso e integral dos requisitos da Implementação e Operação
é essencial ao bom desempenho do Sistema de Gestão Ambiental. Grande parte
destes requisitos, são desenvolvidos na fase do planeamento do SGA, ou seja
devem ser planeadas também, as condições para que o seu funcionamento seja
eficaz. Requisitos, tais como, Documentação, Comunicação, Controlo
Operacional, Resposta e Emergências, devem ser planeados antes de serem
implementados.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
75
3.3.8 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho 11 - Implementação e operação: Controlo Operacional: (4.4.6)
Preparação e Resposta a Emergência (4.4.7) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
3.3.9 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso: Elaborar uma instrução de emergência ambiental
para uma situação de incêndio no processo produtivo (Anexo 12)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
76
Manual do Formando | Gestão Ambiental
77
Módulo 4 - Norma EN ISO 14001:2004 – Requisitos da Verificação
Objectivos
Gerais: − Interpretar os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma
organização. Específicos: − Identificar as exigências relativas ao requisito Monitorização e Medição e
proporcionar linhas de orientação para o planeamento do controlo das operações e actividades que possam ter um impacte significativo sobre o ambiente.
− Identificar as formas demonstrar a conformidade com os requisitos legais aplicáveis
− Identificar as exigências relativas aos procedimentos para tratar as "Não conformidades”
− Identificar os requisitos normativos para os quais se exigem requisitos, bem como as exigências relativas ao seu controlo.
− Identificar a forma como são elaborados os planos de auditoria, bem como são planeadas e realizadas as auditorias
− Identificar a forma como é feita a revisão do sistema e que elementos devem ser considerados como entradas e que elementos devem estar considerados nas saídas
Tópicos
4 Norma EN ISO 14001:2004
4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5)
4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1)
4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2)
4.1.3 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3)
4.1.4 Controlo de Registos (4.5.4)
4.1.5 Auditoria interna (4.5.5)
4.2 Revisão pela Gestão (4.6)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
78
4 Norma EN ISO 14001:2004
4.1 Apresentação e análise dos requisitos da Verificação (4.5)
4.1.1 Monitorização e Medição (4.5.1)
4.5.1. Monitorização e
Medição
A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para
monitorizar e medir, de uma forma regular, as características principais das suas
operações que podem ter um impacte ambiental significativo. Este(s) procedimento(s)
deve(m) incluir a documentação da informação para monitorizar o desempenho, os
controlos operacionais aplicáveis e a conformidade com os objectivos e metas ambientais
da organização.
A organização deve assegurar que é utilizado equipamento de monitorização e medição
calibrado ou verificado e que este é sujeito a manutenção. A organização deve manter os
registos associados.
A monitorização e medição (requisito 4.5.1) são essenciais para avaliar a conformidade do SGA
implementado, com a política ambiental, com os requisitos legais e outros e com os objectivos e
metas definidos em cada programa (ver figura seguinte).
Manual do Formando | Gestão Ambiental
79
Figura 43: Exemplo de características a medir e a monitorizar33
Para assegurar resultados válidos e caso exista, o equipamento de medição, deve ser calibrado
e/ou verificado a intervalos regulares:
− Face a padrões de medição rastreáveis
− Face a padrões de medição internacionais ou nacionais
− Na ausência de padrões a calibração deve ser registada
Uma das formas de manter a conformidade não só com este requisito, mas também legislação
aplicável, é estabelecer planos de monitorização para um dado período de tempo e agregar aos
planos de monitorização, todos os registos associados.3435
33 No que respeita à monitorização e medição das emissões gasosas, é essencial que cada organização saiba
qual o seu enquadramento legal e agir em conformidade, o que pode verificar de forma rápida no Anexo A41-
Monitorização de emissões gasosas.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
80
4.1.2 Avaliação da Conformidade (4.5.2)
4.5.2
Avaliação da conformidade
4.5.2.1 Em coerência com o seu compromisso de cumprimento, a organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para avaliar periodicamente a conformidade com os requisitos legais aplicáveis. A organização deve manter registos dos resultados das avaliações periódicas.
4.5.2.2 A organização deve avaliar o cumprimento dos outros requisitos que subscreva, podendo optar por combinar esta avaliação com a avaliação de conformidade legal referida em 4.5.2.1, ou estabelecer um ou mais procedimentos separados. A organização deve manter registos dos resultados das avaliações periódicas.
Apesar de o requisito 4.5.2 – Avaliação da conformidade não ser propriamente uma novidade em
termos de exigência, é-o pelo facto de ter sido desagregado do requisito 4.5.1. Uma questão que se
tem colocado é a forma como pode ser demonstrada a conformidade com este requisito.
O compromisso com a conformidade começa com entrada em acção do compromisso com a
política ambiental (4.2) assumindo-se como a fase mais crítica da garantia da conformidade, por
causa do esforço que é necessário desenvolver.
Para cumprir com sucesso as obrigações de conformidade, a organização necessita de
implementar programas ambientais (cláusula 4.3.3). Mas como a norma permite que as organizações
identifiquem o seu estatuto, estabelece-se um equilíbrio realista entre o desejável e o possível.
Com a alteração introduzida ao requisito 4.3.2, a organização deverá determinar a aplicabilidade
dos requisitos aos seus aspectos ambientais e, em simultâneo, garantir que estes requisitos são tidos
em linha de conta quando se desenvolve, implementa e mantém o SGA. Sendo assim é provável que
empresas diferentes necessitem de formas diferentes de controlar os seus aspectos ambientais
significativos e de formas diferentes de obter a conformidade com a ISO 14001.
A capacidade de traduzir estes regulamentos em termos de requisitos processuais e critérios
operacionais (4.4.6) é o passo seguinte no processo de garantia de conformidade. Os controlos
administrativos (procedimentos documentados, inspecções ou aprovações ou auditorias internas) e
os controlos operacionais (equipamento de controlo da poluição, alarmes de derrames) são
empregues para garantir o correcto funcionamento dentro dos limites permitidos.
34 Para ter uma noção do que são planos de monitorização disponibilizam-se os seguintes anexos: A42 – Matriz
de Plano de Monitorização; A43 – Plano de monitorização para a gestão de resíduos; A44 – Plano de
Monitorização - REN 35 O estudo de caso que se tem vindo a acompanhar apresenta um procedimento documentado para a
monitorização e medicação (Anexo 19)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
81
Para além disso, um programa de amostragens representativas que utilize medições periódicas ou
contínuas das condições operacionais e das emissões/efluentes, conforme adequado (4.5.1) satisfaz
os requisitos de relato ambiental.
Com os canais de comunicação interna transmite-se a importância da conformidade normativa para
o sucesso da organização e os requisitos normativos aplicáveis.
Em suma para estar em conformidade e cumprir com os requisitos da ISO 14001, é necessário
avaliar, não só a implementação e a eficácia dos requisitos SGA, como também avaliar a
conformidade da organização em relação aos seus requisitos legais. Com a revisão da norma criou-
se uma nova cláusula separada e dedicada a este tema, dando, desse modo, uma maior atenção a
este requisito.
A avaliação da conformidade pode assumir diversas formas:
− A análise dos dados monitorizados
− Resultados de inspecção periódica das áreas de trabalho e armazenamento
− Auditorias
− A avaliação independente através de um organismo de certificação/registo autónomo é
ainda outro meio de garantir que uma dada organização possui um SGA que visa o
cumprimento das suas obrigações e deveres de conformidade.
− Realizada durante o processo de revisão pela direcção ou administração (cláusula 4.6). A
gestão de topo revê o desempenho ambiental da organização e avalia se o SGA se
mantém adequado, conveniente e eficaz quanto à concretização dos compromissos da
política, inerentes ao plano de acção
4.1.3 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho 12 - Verificação: Monitorização e medição (4.5.1) e Avaliação da
conformidade (4.5.2) e Ficha de Trabalho 13 - Programa ambiental, controlo, monitorização e medição (Fichas
de Trabalho – Autoavaliação Formando)
4.1.4 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso: Elaboração de uma matriz onde identifique as
formas de monitorização e medição para os seus controlos operacionais e quais os indicadores do
desempenho (pelo menos de um aspecto significativo) (Anexo 13). Deve fazer uma referência à
avaliação do desempenho no seu manual.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
82
4.1.5 Não conformidades, acções correctivas e preventivas (4.5.3)
4.5.3
Não conformidades,
acção correctivas e
acções preventivas
A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para
tratar as não-conformidades reais e potenciais e para implementar as acções correctivas
e as acções preventivas. Este(s) procedimento(s) deve(m) definir requisitos para:
a) A identificação e correcção da(s) não conformidade(s) e a implementação das
acções de mitigação dos seus impactes ambientais
b) A investigação da(s) não conformidade(s), a determinação da(s) sua(s) causa(s) e a
implementação das acções necessárias para evitar a sua recorrência,
c) A avaliação da necessidade de acções para prevenir não conformidade(s) e a
implementação das acções apropriadas, definidas para evitar a sua ocorrência,
d) O registo dos resultados de acções correctivas e de acções preventivas
implementadas,
e) A revisão da eficácia de acções correctivas e de acções preventivas implementadas.
As acções implementadas devem ser apropriadas à magnitude dos problemas e aos
impactes ambientais identificados.
A organização deve assegurar que são efectuadas todas as alterações necessárias à
documentação do sistema de gestão ambiental.
A revisão da cláusula 4.5.3 – Não conformidades, acções correctivas e preventivas,
compatibiliza os requisitos para identificar e corrigir não-conformidades de forma similar com o
requisito da ISO 9001:2000. Definições claras são fornecidas para as acções necessárias para
prevenir, investigar, avaliar, rever e registar não-conformidades, acções correctivas e preventivas. A
norma anterior nem sequer definia não-conformidade. Como se pode ver na figura seguinte, o
procedimento de acompanhamento das não conformidades é em tudo semelhante ao mesmo
requisito na norma ISO 9001:2000. A grande diferença está no objecto das não conformidades: na
qualidade incidem sobretudo sobre o produto, no ambiente sobre as actividades. A figura 44
apresenta dois exemplos de não conformidades e respectivas acções correctivas e preventivas.36
Os procedimentos a desenvolver, em termos práticos, devem ser desenvolvidos de forma a
caracterizar as actividades em causa. 37
36 Nos anexos A45 e A46 apresentam-se 2 exemplos de relatórios de não conformidades ambientais. 37 O estudo de caso que temos vindo a acompanhar apresenta no anexo 20 um procedimento de NC, AC e AP
bastante especificado.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
83
Figura 44: Procedimento para tratamento de não-conformidades
Figura 45: Exemplos de não conformidades e acções correctivas e preventivas (Ciclo SDCA - um standard (S), que deve continuar a ser seguido (D), monitorizado e medido (C) e agir em conformidade (A); (Ciclo PDCA –
planear-executar-verificar-actuar)
Manual do Formando | Gestão Ambiental
84
4.1.6 Controlo de Registos (4.5.4)
4.5.4
Controlo de registos
A organização deve estabelecer e manter registos, na medida em que sejam necessários para demonstrar a conformidade com os requisitos do seu sistema de gestão ambiental e desta Norma Internacional, e para demonstrar os resultados obtidos.
A organização deve estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos para a identificação, o armazenamento, a protecção, a recuperação, a retenção e a eliminação dos registos.
Os registos devem ser e manter-se legíveis, identificáveis e rastreáveis.
O requisito 4.5.4 – Registos, foi simplificado para melhorar a compatibilização com a norma ISO
9001:2000. A revisão deste requisito descreve que os registos precisam de demonstrar
conformidade com os requisitos do SGA da organização, daí que a sua existência é uma
evidência de um SGA implementado. Esta deve estabelecer, implementar e manter procedimentos
para a sua gestão, devendo manter-se legíveis, identificáveis e rastreáveis, ou seja as mesmas
características que se exigem a quaisquer outros documentos.
São os seguintes os requisitos que mencionam a necessidade de apresentar registos:
Figura 46: Requisitos requeridos pela norma ISO 14001
Manual do Formando | Gestão Ambiental
85
Convém referir que os registos têm uma grande importância num SGA, pois apesar de não serem a
única forma de evidenciar a conformidade com esta NI, assumem um papel primordial sempre que
está em causa a conformidade com a legislação aplicável, bem como a análise evolutiva, como um
dos motores da melhoria contínua.
4.1.7 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho 14: Verificação - Não conformidades, acções correctivas e
preventivas 4.5.3; Registos (4.5.4) (Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
4.1.8 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso: Elaboração de um procedimento para as Não
Conformidades, Acções Correctivas e Preventiva e descrever esse procedimento no manual do SGA
4.1.9 Auditoria interna (4.5.5)
4.5.5
Auditoria interna
A organização deve assegurar que as auditorias internas ao SGA são realizadas em intervalos planeados para
a) Determinar se o sistema de gestão ambiental
1. Está em conformidade com as disposições planeadas para a gestão ambiental, incluindo os requisitos desta Norma Internacional, e
2. Foi adequadamente implementado e é mantido, e
b) Fornecer à Gestão informações sobre os resultados das auditorias.
O(s) programa(s) de auditorias deve(m) ser planeado(s), estabelecido(s), implementado(s) e mantido(s) pela organização, tendo em conta a importância ambiental da(s) operação(ões) em questão e os resultados de auditorias anteriores.
Estes programas devem considerar:
o • As responsabilidades e os requisitos para o planeamento e realização das auditorias, para relatar os resultados e para manter os registos associados,
o • A determinação dos critérios, do âmbito, da frequência e dos métodos de auditoria.
A selecção dos auditores e a realização das auditorias deve assegurar a objectividade e a imparcialidade do processo de auditoria.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
86
A análise deste requisito permite identificar, pelo menos, quatro temáticas distintas, se bem que
interligadas:
1. Importância dos resultados das auditorias internas, que são fornecidos à Gestão (nº2 b)),
sendo aliás, uma das entradas para as revisões ao SGA, o que torna a auditoria interna
como o principal instrumento da melhoria contínua do SGA.
2. Conceito de auditoria, nomeadamente, auditoria interna ao SGA e aos requisitos desta NI (nº
1a))
3. Características dos programas de auditorias, que a organização deve planear, estabelecer,
implementar e manter.
4. A figura do auditor associada à realização de auditorias internas.
Conjugando esta análise com o conteúdo do ponto A.5.5 do Anexo A (que reforça o papel do
auditor) e a sua Nota 2, as auditorias ao SGA devem ser orientadas pela norma ISO 19011 - Linhas
de orientação para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambientais, ou seja todos os
aspectos relacionados com o programa de auditorias, execução de auditorias e a competência e
avaliação de auditores, a que o requisito 4.5.5 se refere devem nortear-se pelos requisitos da norma
19011. A Nota 1 do ponto A.5.5 refere ainda que não são abrangidas por esta NI (ISO 14001) as
auditorias de conformidade legal ambiental.
4.1.9.1 Conceito e classificações de auditoria
De acordo com organismo, American Accounting Association. uma auditoria, em sentido lato é:
“… o processo sistemático de, objectivamente, obter e avaliar provas à cerca da correspondência
entre asserções económico-financeiras, situações e procedimentos em relação a critérios
preestabelecidos e comunicar as conclusões aos utilizadores interessados”.
Segundo Reis (1995) uma auditoria é uma “ferramenta de orientação de gestão que permite aos
dirigentes de uma área ou de toda a organização identificar os pontos fortes e fracos de uma
determinada actividade, quando sistematicamente comparada a um padrão consagrado como
referencial”.
Pode então considerar-se que uma auditoria, é um processo independente e devidamente
planeado de acordo com regras previamente estabelecidas, efectuado com o objectivo de constatar
evidências. Através desse processo de verificação pretende detectar-se situações susceptíveis de
melhoria, contribuindo para a evolução do sistema e/ou organização.
A norma ISO 14001 define auditoria interna como o “Processo sistemático, independente e
documentado para obtenção de evidências de auditoria e respectiva avaliação objectiva, com vista a
determinar em que medida os critérios de auditoria ao sistema de gestão ambiental estabelecidos
pela organização são cumpridos”.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
87
Existem variadíssimas classificações de auditorias, conforme se pode constatar nas tabelas
seguintes.
Tabela 7: Classificações de auditorias
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88
Manual do Formando | Gestão Ambiental
89
4.1.9.2 A norma ISO 9011
A Norma ISO 1901138, é a versão conjunta da norma de referência relativa a Auditorias a Sistemas
de Gestão Ambiental e a Sistemas de Gestão da Qualidade. Esta norma substitui as partes 1, 2 e 3
da norma ISO 10011 e as normas ISO 14010, 14011 e 14012.
A norma ISO 19011 permite às organizações a realização de auditorias aos seus sistemas, quer
estas sejam auditorias internas ou externas.
Esta norma internacional surge pela necessidade de revogação de anteriores normas que já não
satisfaziam as necessidades impostas pela actual conjuntura sócio - económica, que demonstra a
crescente preocupação de agregar à qualidade de um produto a sua vertente ambiental.
O surgimento da ISO 19011 é a associação destas duas vertentes, fornecendo linhas de apoio
para a gestão de programas de auditorias, a realização de auditorias e avaliação de auditores,
tendo como base as séries de normas ISO 9000 e ISO 14000, Qualidade e Ambiente,
respectivamente.
A norma apoia todas as organizações que implementam sistemas de gestão nestas áreas,
permitindo auxiliar na condução de auditorias conjuntas e combinadas nos sistemas de gestão.
A ISO 19011 subdivide-se em sete secções:
1. Âmbito
2. Referências Normativas
3. Termos e Definições
4. Princípios de Auditoria
5. Gestão de um Programa de Auditorias
6. Actividades de Auditoria
7. Competência e Avaliação de Auditores
Destas secções apenas se refere, de forma breve o conteúdo das secções 5, 6 e 7, por serem os
mais importantes, que se devem observar no cumprimento deste requisito.
38 Ver o Anexo A47 – ISO 19011 – Documento de Trabalho, que transcreve o texto integral da norma, apenas
para fins didácticos.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
90
Ponto 5 - Gestão de um Programa de Auditorias
Segundo o ponto 3.11 da norma ISO 19011, um programa de auditoria é “um conjunto de uma ou
mais auditorias planeadas para um dado período de tempo e para um fim específico” e deve incluir
todas as actividades necessárias para planear, organizar e realizar as auditorias.
De forma a cumprir prazos estabelecidos antecipadamente para a realização de um programa de
auditorias é de extrema importância saber gerir adequadamente o tempo disponível.
Independentemente de se tratar de uma ou mais auditorias, de auditorias internas, de segunda
parte, de certificação, de seguimento, de acompanhamento ou de renovação, a organização pode
estabelecer mais do que um programa de auditorias, dependendo das circunstâncias da
organização a auditar e os objectivos que lhes estão associados.
Um processo adequado de gestão de um programa de auditoria pode-se fraccionar em quatro
fases consecutivas para melhorar a eficiência do programa:
o Planeamento - Estabelecer objectivos de acordo com as necessidades
o Execução - Analisar todo o sistema de acordo com os objectivos estabelecidos
o Verificação - Constatar existência de não-conformidades; monitorizar
o Actuação - Implementação através de acções correctivas e/ou preventivas
Os objectivos de um programa de gestão são estabelecidos, tendo em consideração as prioridades
ou necessidades da organização.
A responsabilidade de um programa de auditorias deve ser atribuída a indivíduos que demonstrem
competências para tal.
É crucial manter registos credíveis de todos os procedimentos do programa, rever e melhorar,
se necessário, e manter acompanhamento constante.
A autoridade de gestão do programa de auditorias está dependente da concordância da gestão de
topo da organização.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
91
Ponto 6 - Actividades da Auditoria
Neste requisito são abordados os itens a obedecer para a constituição de uma boa equipa auditora,
e o correcto desenvolvimento de um processo de auditoria, onde se consideram os seguintes passos:
1. Nomeação de um líder da equipa auditora para cada auditoria, por parte dos responsáveis
pela gestão do programa.
2. Definição de responsabilidades específicas face aos objectivos, âmbitos e critérios das
auditorias a incluir no programa
3. Após a constituição da equipa auditora, devem estabelecer-se adequados canais de
comunicação com o auditado
4. Elaboração do plano de auditoria que é da responsabilidade do auditor líder
5. Análise da informação disponível para as suas tarefas e a preparação da documentação de
trabalho que lhe é necessária para o seu bom desempenho, salvaguardando os mesmos.
6. Execução da auditoria
7. Relatório de auditoria (deve ser conciso, completo e exacto, onde constam registos completos
de intervenientes, referências e critérios adoptados, âmbito de aplicação, objectivos,
divergências, constatações, acções correctivas e preventivas e a totalidade de elementos
directos ou indirectos intervenientes no processo, resumindo toda a actividade realizada). O
conteúdo e preparação do relatório é da responsabilidade do auditor coordenador.
8. Reunião de fecho
9. Embora não sendo considerado parte da auditoria, muitas vezes é essencial a realização de
um seguimento da auditoria a pedido da própria entidade auditada, principalmente em termos
de acções preventivas, correctivas ou de melhoramento.
Ponto 7 - Competência e Avaliação dos Auditores
Para assegurar credibilidade no trabalho executado é fundamental que a equipa auditora tenha
formação e e competência adequadas. A referida competência é adquirida através de escolaridade e
formação na área em causa, experiência de trabalho em auditorias, e os próprios atributos pessoais
contribuem em muito para comprovar essa competência.
Um auditor tem de ter conhecimento geral da legislação a aplicar, quer na área do ambiente ou
qualidade, conforme a área que está a auditar.
Para auditorias de certificação ou similares, existem exigências legais em termos de períodos
mínimos de formação em auditorias, escolaridade, experiência de trabalho total, experiência de
trabalho no campo da gestão da qualidade ou do ambiente e experiência em auditorias.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
92
Um auditor exemplar deve demonstrar um desenvolvimento profissional contínuo, acompanhar
alterações na legislação e apresentar formação contínua.
Para avaliar um auditor, quanto às áreas de competência para executar as suas funções, toma-se
em consideração os atributos pessoais, conhecimentos e saber fazer. Para além destes,
estabelecem-se critérios de avaliação e métodos de avaliação que através de um programa de
auditorias internas avalia as suas capacidades no desempenho de funções.
4.1.9.3 Procedimento de Auditorias
Apesar desta NI não exigir um procedimento documentado para este requisito, justifica-se
plenamente a sua existência, até por comparação com a norma ISO 9001:2000, em que é um
procedimento obrigatório. Por outro lado, dado que a tendência actual é o aparecimento de sistemas
integrados, o procedimento documentado para a gestão de um programa de auditorias é essencial
para o controlo deste processo. No modo operativo do procedimento deve constar a forma de gestão
do programa de auditorias, a preparação e realização de uma auditoria, os critérios de selecção e
avaliação dos auditores, o conteúdo do relatório de auditoria.39
4.2 Revisão pela Gestão (4.6)
4.2
Revisão pela gestão
A Gestão de topo deve rever o sistema de gestão ambiental da organização em intervalos planeados, para assegurar a sua contínua adequação, suficiência e eficácia. Estas revisões devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações ao sistema de gestão ambiental, incluindo a política ambiental e os objectivos e metas ambientais. Devem ser mantidos registos das revisões pela Gestão.
As entradas para as revisões pela Gestão devem incluir
a) Os resultados das auditorias internas e avaliações de conformidade com os requisitos legais e com outros requisitos que a organização subscreva,
b) As comunicações de partes interessadas externas, incluindo reclamações,
c) O desempenho ambiental da organização,
d) O grau de cumprimento dos objectivos e metas,
e) O estado das acções correctivas e preventivas,
f) As acções de seguimento resultantes de anteriores revisões pela Gestão,
g) Alterações de circunstâncias, incluindo desenvolvimentos nos requisitos legais e outros requisitos relacionados com os seus aspectos ambientais, e
h) Recomendações para melhoria.
As saídas das revisões pela Gestão devem incluir quaisquer decisões e acções relativas a possíveis alterações da política ambiental, dos objectivos, das metas e de outros elementos do sistema de gestão ambiental, em coerência com o compromisso de melhoria contínua.
39 Ver o Anexo A47 – Procedimento de Auditorias. O nosso estudo de caso também contempla um procedimento
de gestão de autorias no Anexo 21
Manual do Formando | Gestão Ambiental
93
Esta cláusula inclui mudanças importantes para compatibilizar com a norma ISO 9001:2000.
Apesar do objectivo deste requisito ser o mesmo, a revisão explica detalhadamente como a análise
crítica fornece meios para alcançar a melhoria contínua, adequação e eficácia do SGA. Deste modo o
procedimento de tomada de decisão com vista à melhoria contínua que tem como base a análise de
dados que são transformados em informação, em função de certos parâmetros, e que por vez se
configuram como elementos de entrada para a(s) revisão(ões) do(s) sistema(s), das quais resultam
as acções de melhoria contínua é idêntica para qualquer sistema de gestão.40.
Síntese
− Foram apresentados e analisados todos os requisitos da Norma ISO 14001 de
forma a possibilitar uma adequada implementação do SGA. Requisito a requisito,
foram sendo disponibilizados documentos de apoio que completam a informação
necessária ao seu cumprimento rigoroso e integral, tanto quanto possível.
− Para a lançar um projecto de SGA deve ter um bom conhecimento de todos os
requisitos, das suas exigências e recomendações, não só em termos de
documentação associada, mas em termos de procedimentos.
− Assim para potenciar a sua capacidade de retenção, o Anexo A410 apresenta
toda a evidência documental que deve associar à implementação do seu “SGA”.41
4.2.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho 15: Verificação - Auditoria (4.5.5) e Revisão pela Gestão (4.6)
(Fichas de Trabalho – Autoavaliação Formando)
40 O anexo A49 – Gestão de Dados – apresenta um procedimento de transformação de dados em informação
para as entradas de revisão dos sistemas de gestão. 41 O Anexo A410 – evidência documental da EN ISO 14001:2004 pode ser uma boa ajuda para tirar dúvidas de
forma rápida e global.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
94
4.2.2 Resolução do estudo de caso
Continuação da resolução do estudo de caso:
− Elaboração um procedimento documentado para um programa de gestão de auditorias (Anexo
15). Apresentar um anexo ao procedimento com um programa de auditorias para um dado
período.
− Identificação das entradas e saídas para a revisão e referi-las no manual do SGA
− Conclusão do manual do SGA, após verificar que elementos do SGA não foram tratados em
procedimentos documentados e que por isso devem ser referidos mais explicitamente.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
95
Módulo 5
5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS
Objectivos
Gerais: − Conhecer os requisitos de uma SGA segundo a norma ISO 14001 a uma organização. Específicos: − Conhecer as origens do Regulamento EMAS − Conhecer a estrutura do regulamento − Conhecer o tipo de entidades que podem aderir ao Emas − Conhecer os benefícios do EMAS − Conhecer os trâmites de Registo − Estabelecer as principiais diferenças entre a Norma ISO 14001 e o EMAS
Tópicos
5 REGULAMENTO COMUNITÁRIO EMAS
5.1 Conceitos Gerais
5.2 Regulamento EMAS
5.3 Registo no EMAS
5.4 Benefícios do EMAS
5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS
5.1 Conceitos Gerais
O Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria, conhecido internacionalmente por EMAS é um
importante instrumento de gestão ambiental, lançado em 1993 pela CE, cujo suporte legal foi o
Regulamento CEE nº 1836/93. Após vários anos em vigor, a necessidade de o reformular,
aproximando-o da Norma Internacional ISO 14001, levou à sua revogação, sendo suportado
actualmente pelo Regulamento (CE) nº 761/2001 do PE e do Conselho, com as alterações
introduzidas pelo Regulamento (CE) 196/2006 do PE e da Comissão que altera o seu Anexo I, tendo
em vista a aproximação à norma ISO 14001:200442
O EMAS é instrumento de adopção voluntária e o seu o principal objectivo é promover um
aperfeiçoamento contínuo nas performances ambientais das organizações, do sector privado ou
público, quer desenvolvam actividades industriais ou de serviços, seja qual for a sua dimensão.
42 Anexo 01 – Regulamento (CE) 761/2001, Anexo 02 Regulamento 196/2001
Manual do Formando | Gestão Ambiental
96
Com o presente regulamento pretende-se garantir uma execução idêntica do EMAS em todo o
espaço comunitário, aumentar a transparência e credibilidade das organizações que o adoptarem,
garantir a melhor qualidade possível na validação das declarações ambientais efectuadas pelos
verificadores ambientais e promover a disponibilização por parte das organizações, ao público alvo
interessado, de relatórios ambientais.
5.2 Regulamento EMAS
5.2.1 Estrutura do Regulamento
O Regulamento (CE) nº 761/2001 é constituído por 18 Artigos e 8 Anexos. Enquanto os artigos
desenvolvem os principais elementos a ter em conta no SGA, os Anexos funcionam como um guia
para a concepção e implementação do sistema, verificando-se uma real aproximação, em termos
metodológicos da ISO 14001.
Tabela 8: Estrutura do Regulamento (Artigos)
Artigos Conteúdo Anotação
1º Sistema de eco gestão e
auditoria e seus objectivos
Melhoria contínua: concepção e implementação de um SGA, avaliação
sistemática objectiva e periódica, em conformidade com o Anexo I;
divulgação de informações, participação de todos os elementos
envolvidos
2º Definições Definições dos principais termos ambientais
3º Participação no EMAS Indicações precisas para efeitos de registo de uma organização no
EMAS
4º Sistema de acreditação
Definição dos procedimentos legais subjacentes ao sistema de
acreditação dos verificadores ambientais independentes, bem como a
forma de supervisionar as suas actividades
5º Organismos competentes Definição, orientação, suspensão ou anulação do registo das
organizações, para uso dos organismos competentes
6º Registo das organizações
Processamento do registo das organizações, pelos organismos
competentes, bem como situações que podem levar à sua suspensão
ou cancelamento
7º
Lista de organizações
registadas e de
verificadores ambientais
Actualização mensal da lista dos verificadores ambientais e do seu
âmbito de acreditação, para que a Comissão possa dispor
permanentemente dados actualizados sobre verificadores e
organizações registadas.
8º Logótipo Indicações precisas sobre a utilização do logótipo do EMAS
9º Relação com normas
europeias e nacionais
Estabelece as formas de equiparação do EMAS a outras normas
ambientais europeias ou internacionais.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
97
Artigos Conteúdo Anotação
10º
Relação com outra
legislação ambiental com
a comunidade
O EMAS não substitui a legislação ambiental comunitária ou nacional,
as normas standard que controlam a poluição, nem diminui as
responsabilidades de cumprimento das obrigações legais das
organizações
11º
Promoção da participação
das organizações, e em
especial das pequenas e
médias empresas
Promoção do acesso à informação, disponibilização de fundos de
apoio, assistência técnica, principalmente a empresas de menor
dimensão
12º Informação
A Comissão deve estar informada das formas utilizadas pelos estados
membros na divulgação desta norma, bem como promover informações
em caso de inoperância
13º Infracções Medidas legais em casos de incumprimento
14º Comité A Comissão é assistida por um Comité que aprovará o seu próprio
regulamento interno
15º Revisão
A comissão compromete-se a proceder a revisões com base na
experiência adquirida, o mais tardar após 5 anos da norma em vigor, o
que levará à adaptação dos Anexos, com excepção do V.
16º Custos e taxas Deve ser instituído e regulamentado um regime de taxas
17º
Revogação do
Regulamento (CEE) nº
1836/93
O regulamento anterior será revogado a partir da entrada em vigor do
actual, com as excepções indicadas neste artigo.
18º Entrada em vigor No 3º dia seguinte ao da publicação no Jornal Oficial das Comunidades
Europeias.
Tabela 9: Anexos do Regulamento 761/2001
Anexos Conteúdo
Anexo I - A Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental
Anexo I - B Questões a tratar pelas organizações que aplicam o EMAS
Anexo II Requisitos relativos à auditoria ambiental interna
Anexo III Declaração Ambiental
Anexo IV Logótipo
Anexo V Acreditação, supervisão e funções dos verificadores ambientais
Manual do Formando | Gestão Ambiental
98
Anexos Conteúdo
Anexo VI Aspectos Ambientais
Anexo VII Levantamento Ambiental
Anexo VIII Informações para registo
5.2.2 Definições do Regulamento
O regulamento EMAS, no ser artigo 2º, apresenta um conjunto de definições relativas a expressões
muito utilizadas no âmbito dos SGA.
Tabela 10: Principais definições de acordo com o artigo 2º do Regulamento
Elemento Descrição
Política ambiental
Dimensão global das metas e princípios de acção sobre o ambiente, incluindo a concordância com os requisitos da regulamentação mais relevante sobre a matéria.
Melhoria contínua
Processo de melhoramento ano após ano dos resultados mensuráveis do SGA implementado
Levantamento ambiental
Análise inicial exaustiva dos problemas, impactos e performances ambientais relacionadas com a actividade da organização (Anexo VII)
Programa ambiental
Descrição das medidas (responsabilidades e meios) necessárias à consecução dos objectivos e metas que assegurem a melhor protecção ambiental em dado local, incluindo datas limite
Auditoria ambiental
Instrumento de gestão que compreende uma avaliação, sistemática, documentada, periódica e objectiva do comportamento da organização, do SGA e dos processos para proteger o ambiente, facilitando a gestão e controlo das práticas que possam ter impactos ambientais, bem como estabelecer a concordância com as políticas e metas ambientais da organização.
Declaração ambiental
Exposição preparada pela organização de acordo com os requisitos deste Regulamento, referenciados no Anexo III.
Organização Sociedade, firma, empresa, dotada de personalidade jurídica que tem a seu cargo a gestão e controlo de todas as actividades.
Verificador ambiental
Qualquer pessoa ou organização, independente da companhia a ser verificada, que tenha obtido acreditação de acordo com as condições e procedimentos referidos no Artigo 6.
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99
5.2.3 Anexo I – Partes A e B
Os requisitos do EMAS são o elemento fundamental do documento, pois a partir do momento em
que uma organização implementa um SGA segundo o EMAS, estes requisitos tornam-se de
cumprimento obrigatório. Conforme já se disse, o conteúdo do Anexo I-A foi revogado pelo Rg
196/2006.
Tabela 11: Anexo I-A – Requisitos do SGA
I-A.1 Requisitos
gerais A organização deve estabelecer e manter um SGA
I-A.2
Política ambiental
Declaração de princípios com as seguintes características: (a) adequada à natureza, à escala e ao impacto ambiental das suas actividades, produtos e serviços; (b e c) inclua os seguintes compromissos: melhoria contínua, prevenção da poluição; cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização está vinculada, relacionados com os seus AA; (d) proporcionar o enquadramento adequado à definição e revisão de objectivos e metas; (e) documentada, implementada mantida; (f) comunicada a todas os colaboradores; (g) publicamente disponível
I-A.3.1 Aspectos
ambientais
Procedimentos para identificar os AA que pode controlar e influenciar para determinar os AA com impactos significativos no ambiente documentando esta informação e mantendo-a actualizada e fazendo reflectir os AAS no estabelecimento, aplicação e manutenção do SGA.
I-A.3.2 Requisitos
legais e outros
Procedimentos para identificação e acesso aos RL e outros aplicáveis aos aspectos ambientais e que estes são considerados no seu SGA
I-A.3. Planeamento
I-A.3.3 Objectivos e
Metas e Programas
Estabelecimento, aplicação e manutenção de objectivos, metas ambientais documentados, e programas para atingir estes objectivos e metas, em consonância com os RL, aspectos ambientais significativos, opções tecnológicas, requisitos financeiros e opiniões de partes interessadas. Definir responsabilidades
I-A.4.1 Recursos, funções
Responsabilidade e
Autoridade
A direcção deve assegurar a disponibilidade de todo o tipo de recursos; Documentar funções, responsabilidade e autoridade; Nomear um representante da direcção para a gestão ambiental e para o relato do desempenho do SGA
I-A
.4. I
mpl
emen
taçã
o e
func
iona
men
to
I-A.4.2.
Competência Formação e
sensibilização
Assegurar a competência dos colaboradores que desempenham tarefas ligadas aos AAS. Identificação de necessidades de formação ligadas aos AAS. Sensibilização de colaboradores para a PA, o SGA, os procedimentos ambientais
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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I-A.4.3 Comunicação
Estabelecimento de procedimentos adequados para a manutenção de um adequado sistema de comunicação interna e externa. Documentar a decisão de comunicar para o exterior os AAS
I-A.4.4. Documentaçã
o
Documentação do SGA: PA, objectivos e metas ambientais, descrição do Âmbito do SGA, descrição dos principais elementos do SGA, sua interacção e referência a documentos conexos, documentos, incluindo registos, exigidos por esta NI e todos os que forem essenciais ao funcionamento do SGA
I-A.4.5
Controlo de Documentos
Descrição do sistema adoptado para o controlo de todos os documentos, nomeadamente no que se refere a: definição de responsabilidades para a elaboração/actualização/remoção de documentos, localização, actualização, remoção, datas, conservação. Os registos são um tipo especial de documentos
I-A.4.6
Controlo operacional
Identificação e planeamento das operações associadas aos AAS e estabelecimento de procedimentos documentados com a fixação de critérios operacionais e sua comunicação com partes interessadas
I-A.4.7 Prevenção e
capacidade de resposta a
emergências
Procedimentos para identificar potenciais situações de emergência e acidentes com impactos no ambiente. Resposta a situações de emergência, revisão periódica de procedimentos de prevenção e resposta a emergências. Se possível testar periodicamente tais procedimentos
I-A.5.1 Monitorização
e medição
Procedimentos para monitorizar e medir as características das operações com IAS. Devem incluir a documentação da informação necessária ao controlo do desempenho ambiental. O Equipamento deve estar calibrado e verificado
I-A.5.2 Avaliação da conformidade
Procedimentos para avaliar a conformidade com os requisitos aplicáveis, devendo conservar os registos dos resultados das avaliações periódicas
Avaliar a conformidade com outros requisitos a que está vinculada
I-A.5.3.
NC, medidas correctivas e preventivas
Procedimentos para fazer face a situações de não-conformidade potencial ou real e tomar medidas:
I-A.5.
Verificação e acções
correctivas
I-A.5.4
Controlo de Registos
Procedimentos aplicáveis à identificação, armazenamento, protecção, extracção conservação e eliminação de registos. Estes servem para demonstrar a conformidade aos requisitos
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I-A.5.5
Auditoria Interna
As auditorias internas ao SGA devem ser planeadas e realizadas para verificar se o SGA está em conformidade com as disposições planeadas para o SGA, se foi adequadamente aplicado e mantido e ainda se fornece à direcção informações sobre os seus resultados. Procedimentos para as responsabilidades, planeamento, realização, comunicação de resultados, selecção de auditores.
I-A.6
Análise pela Direcção
A direcção ao mais alto nível deve analisar periodicamente o bom desempenho do SGA, avaliar melhorias para o SGA, politica ambiental objectivos e metas ambientais
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Tabela 12: Anexo I-B Questões a tratar pelas Organizações que aplicam o EMAS
1. Conformidade legal
(1) Para além do levantamento da legislação ambiental aplicável é necessário demonstrar que se conhecem as suas implicações no seio da organização e de que forma se mantêm actualizados; (2) é necessário demonstrar que se encontram em conformidade com a legislação ambiental aplicável; (3) é necessário elaborar um manual de procedimentos que garantam a consecução dos objectivos anteriores.
2. Comportamento Capacidade de demonstração por parte da organização que existe correlação entre o SGA implementado e os aspectos/ impactes ambientais significativos, bem como se cumprem os desígnios da melhoria contínua.
3. Comunicação e relações externas
A organização deve ser capaz de demonstrar abertura ao diálogo com todas as partes interessadas
4. Participação dos trabalhadores
Deve verificar-se o envolvimento efectivo dos trabalhadores no processo de melhoria contínua do SGA, através de um sistema de sugestões / recompensas, trabalhos de grupo, comités ambientais e opiniões dos representantes dos trabalhadores, sempre que solicitados.
5.2.4 Anexo II - Auditoria Ambiental Interna
O Anexo II especifica os requisitos a serem aplicados ao requisito do SGA I-A.5.5 – Auditoria
Interna
Tabela 13: Anexos II - Requisitos relativos à Auditoria Interna
2.1. Requisitos
gerais
As AAI garantem que (1) as actividades de uma organização se desenvolvem de acordo com os procedimentos estabelecidos, (2) e identificam eventuais problemas com esses requisitos. As AAI variam quanto ao grau de complexidade e ao ciclo. Devem ser efectuadas por pessoas com um elevado grau de independência às actividades a auditar, para poderem emitir relatórios objectivos e isentos.
2.2. Objectivos Para cada auditoria deve ser elaborado um programa onde constem os seus objectivos específicos que logicamente devem estar em consonância com a globalidade do SGA
2.3. Âmbito
O âmbito da auditoria compreende a definição do objecto(s) a auditar, as áreas temáticas abrangidas, as actividades a auditar, os critérios ambientais que se devem considerar, o período abrangido e as formas escolhidas para apreciar (papéis de auditoria) os dados factuais necessários à avaliação do comportamento.
2.4.
Organização e
recursos
O(s) auditor(es) devem possuir competência técnica adequada à ao objecto a auditar, e à função que desempenham e conhecer em profundidade o SGA. No desenvolvimento da sua actividade devem ser apoiados pelo Direcção.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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2.5.
Planeamento e
preparação de
uma auditoria
O plano de auditoria deve permitir delinear os seguintes elementos:
− Identificação do objecto
− Identificação do âmbito
− Afectação de recursos adequados
− Definição de funções e responsabilidades das pessoas envolvidas
− Fazer referência à análise de resultados anteriores
2.6. Actividades
de auditoria
Actividades: (1) entrevistas; (2) inspecções; (3) análise de registos; (4) procedimentos escritos.
Fases do processo de auditoria: (a)Compreensão dos SG; (b) Determinação de pontes fortes e fracos; (c) Recolha de elementos relevantes; (d) elaboração das conclusões; (e) Comunicação dos resultados e conclusões da auditoria.
2.7.
Comunicação
dos resultados e
conclusões da
auditoria.
O trabalho de auditoria culmina com a emissão de um relatório apropriado, donde se destacam os seguintes objectivos:
− Documentar o âmbito da auditoria
− Fornecer à Administração informações sobre:
− O grau de cumprimento da PA e respectivos progressos
− A eficácia e fiabilidade das medidas adoptadas nas monitorizações
− Demonstrar a necessidade de medidas correctivas
2.8. Seguimento
da auditoria
Trata-se da fase subsequente que deve culminar com a elaboração de um plano de medidas correctivas e respectiva aplicação, num prazo determinado, bem como a criação dos mecanismos que assegurem que se deu andamento ao seguimento das conclusões
2.9. Frequência
das auditorias
O ciclo de auditoria não pode exceder os 3 anos. A frequência depende:
− Natureza, dimensão e complexidade das actividades;
− Grau de significância dos impactes associados;
− Importância dos problemas detectados anteriormente
− Historial dos problemas ambientais anteriores
− Grau de complexidade das actividades
Manual do Formando | Gestão Ambiental
104
5.2.5 Anexo III - Declaração Ambiental
Um dos requisitos da participação no EMAS é a preparação de uma Declaração Ambiental que
deve prestar atenção aos resultados obtidos pela organização, sobre os seus objectivos e metas
ambientais.43
Tabela 14: Anexo III- Declaração Ambiental (DA)
3.1. Introdução
O objectivo da DA é fornecer às partes interessadas informações de carácter ambiental sobre o comportamento da organização e demonstrar os progressos no que respeita à melhoria contínua, em consonância com a qualidade da comunicação pretendida no ponto 3 do Anexo I-B e o grau de pertinência.
3.2. Declaração Ambiental
Procedimentos para o 1º registo: (1) elaborar a DA em conformidade com o ponto 3.5; (2) Apresenta-la para validação a um verificador ambiental (VA); (3) Após a validação apresentá-la ao organismo competente; (4) Após este procedimento podem ser tornadas públicas.
Os elementos mínimos da DA são os seguintes:
− Descrição clara e inequívoca da organização
− Descrição do processo produtivo, actividades, serviços ou quaisquer outras informações relevantes
− PA da organização e descrição sumária do seu SGA
− Descrição dos aspectos/impactes ambientais directos e indirectos significativos (Anexo VI)
− Descrição de objectivos e metas ambientais e sua relação com o ponto anterior
− Resumo de dados disponíveis sobre o comportamento da organização em relação aos dois pontos anteriores. Neste ponto o relatório é de caracter técnico, devendo permitir uma comparação anual.
− Outros factores relacionados com o comportamento ambiental, nomeadamente face às disposições legais
− O nome e o número de acreditação do VA e a data de validação
3.3. Critérios para a elaboração dos
relatórios
Um das formas de elaborar relatórios ambientais adequados é recorrer a indicadores ambientais de comportamento pertinentes, que permitam obter uma avaliação rigorosa, inteligível, não ambígua, comparável, aferição por benchmarks e/ou por requisitos regulamentares.
3.4. Manutenção de informação
Caso se verifiquem alterações à DA, validada pelo VA, é necessário proceder anualmente à sua revalidação.
43 Nos anexos 03 a 15 apresentam-se Declarações Ambientais entre o período de 2003 a 2007 de empresas
registadas no EMAS, que publicam as suas Declarações Ambientais na Internet
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3.5. Publicação da informação
Se uma organização pretende chegar diferentes públicos, pode emitir relatórios mais sucintos com extraídos da DA. As organizações podem ostentar o logotipo do EMAS nos seus relatórios filtrados, desde que os mesmos tenham sido validados pelo VA e obedeçam às seguintes características: (1) serem exactos e não enganadores; (2) fundamentados e verificáveis; (3) Relevantes dado o contexto; (4) Representativos do comportamento ambiental; (5) não passíveis de más interpretações; (6) significativos em termos dos impactes ambientais da organização; (7) fazerem referencia à última DA donde foram extraídos.
3.6. Disponibilização
ao público
A DA e os relatórios de comportamento ambiental devem ser postos à disposição do público e outras partes interessadas, através de todos os meios possíveis, bem como demonstrar ao VA que não impedirá o livro acesso a estas informações.
3.7. Responsabilidade
local
As organizações que solicitam o registo do EMAS podem desejar apresentar uma DA que abranja vários espaços geográficos. Nestes casos deve ser possível assegurar que estão claramente identificados os impactes ambientais dos locais referidos da DA global.
5.2.6 Anexo IV - Logotipo
Tabela 15: Anexo IV - Logotipo
O logotipo EMAS é a marca comercial do regulamento EMAS. Representa uma prova de excelência ambiental, fiabilidade, credibilidade, que um SGA foi implementado com sucesso. No entanto não dá ao consumidor quaisquer informações sobre o produto. O logotipo pode ser utilizado em duas situações:
GESTÃO AMBIENTAL VERIFICADA
REG. NO.
INFORMAÇÃO VALIDADA
REG. NO.
Pode utilizar este logotipo se tiver um SGA em conformidade com o EMAS
Pode utilizar este logotipo se a informação foi validada por um VA segundo o EMAS
Os logótipos podem ser utilizados em jornais, catálogos, manuais de utilização, meios de comunicação, stands de exposições, brochuras informativas, panfletos,..... Não pode ser usado em embalagens de produtos, nem em anúncios sobre produtos.
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5.2.7 Anexo V – Acreditação, supervisão e funções dos Verificadores Ambientais
A acreditação dos verificadores ambientais deverá basear-se nos princípios de competência
constantes neste anexo.
Competências mínimas
− Conhecimento e compreensão do regulamento, dos requisitos legais relevantes para a actividade sujeita a verificação, das questões ambientais na vertente do desenvolvimento sustentável, do funcionamento geral da actividade a verificar, dos requisitos e metodologias dos auditores ambientais
− Competência em matéria de verificação da DA
− O candidato a verificador deve apresentar provas documentais das competências exigidas
− O verificador deve ser independente relativamente ao auditor da organização, deve utilizar procedimentos e metodologias documentadas e se pertencer a uma organização deve dar a conhecer a respectiva estrutura
Âmbito da acreditação
Será definido de acordo com a classificação das actividades económicas e como estabelecido no Regulamento. (CEE) nº 3037/901
Requisitos para
acreditação dos VA
Requisitos adicionais
OS VA que executem verificações por conta própria devem ainda possuir todas as competências para a execução das verificações nos seus domínios de acreditação e uma acreditação de âmbito limitado, dependente da sua competência pessoal
Pelo organismo
que lhe concedeu a acreditação
O VA deve notificar o organismo de acreditação de quaisquer alterações relevantes
A intervalos periódicos não superiores a 24 meses, devem ser tomadas medidas que assegurem os requisitos de acreditação dos VA.
Supervisão dos VA
Dos VA que realizem
actividades em outro EM
Se um VA desenvolver actividades fora do seu EM deve notificar o organismo de acreditação deste último, com a antecedência de 4 semanas, sobre o âmbito da acreditação e as competências e a composição da equipa.
A data e o local em que a verificação terá lugar também devem ser indicados
O organismo de acreditação do EM deve emitir um relatório qualificativo que enviará ao VA e respectivo organismo de acreditação.
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Funções dos VA
− Avaliar a conformidade com os requisitos deste regulamento
− A fiabilidade da DA e da informação a validar
− Numa 1ª verificação o VA deve averiguar:
o Se o SGA da organização satisfaz os requisitos do Anexo I
o Se já foi executado um programa completo de auditoria interna de acordo com os requisitos do Anexo II
o Se já foi concluída uma análise pela gestão
o Se foi elaborada uma DA em conformidade com o Anexo III.
− O VA deve certificar-se que a organização dispõe de procedimentos para o controlo dos AAS e que são suficientes para garantir a conformidade legal. Se tal não se verificar não deve validar a DA.
− Ao verificar o SGA e validar a DA, o verificador deve garantir que o âmbito está definido sem ambiguidade
Condições para o
exercício das
actividades do VA
− O trabalho do VA deve desenvolver em função de um acordo escrito com a organização
− O trabalho envolve a verificação da documentação, visita à organização, entrevistas, emissão de relatório que deve incluir todas as questões relevantes, a situação da organização anterior à implementação do SGA, casos de não conformidade legal, comparação de DA anteriores
− A análise prévia da documentação deve incluir informações básicas sobre a organização.
Frequência das
verificações
− O VA, em consulta com a organização elaborará um programa para garantir que todos os elementos exigidos para o registo do EMAS sejam verificados num prazo não superior a 36 meses. O VA, a intervalos de, pelo menos 12 meses, deve validar quaisquer novos elementos actualizados da DA.
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5.2.8 Sistema de Acreditação e Verificadores Ambientais em Portugal
Na qualidade de gestor do Sistema Português da Qualidade (SPQ), cabe ao Organismo Nacional
de Acreditação (ONA) garantir o funcionamento do sistema de acreditação de verificadores
ambientais independentes e a supervisão das suas actividades, cabendo ao Instituto do Ambiente
(IA) garantir, no domínio de ambiente, a componente técnica dessa acreditação. A gestão do EMAS
em Portugal é da competência do Instituto do Ambiente, a quem cabe, exercer as funções de
Organismo Competente e nessa qualidade44:
− Analisar as observações das partes interessadas relativamente às organizações registadas;
− Recusar, cancelar ou suspender o registo das organizações;
− Proceder ao registo das organizações;
− Controlar a admissão e manutenção das organizações no registo;
− Elaborar e actualizar anualmente a lista das organizações registadas;
− Transmitir à Comissão Europeia antes do final de cada ano, a lista das organizações registadas.
Os verificadores ambientais são organismos ou pessoas com qualificação reconhecida pelo Instituto
de Ambiente e Instituto Português da Qualidade, para verificar o preenchimento dos requisitos do
regulamento nas organizações e validar a Declaração Ambiental.
5.2.9 Anexo VI - Aspectos Ambientais
O Anexo VI – aspectos ambientais pretende apoiar a identificação e avaliação dos aspectos
ambientais das organizações.
Tabela 16:Anexo VI – Aspectos Ambientais
6.1.
Generalidades
A organização deve ponderar todos os aspectos ambientais directos e indirectos
de todas as suas actividades sobre as quais detém o controlo de gestão
44 No Anexo 25 encontra-se o DL 142/2002 que tem por objecto assegurar o cumprimento na ordem jurídica
interna e no quadro do sistema Português de Eco-gestão e Auditoria das obrigações decorrentes do
Regulamento (CE) 761/2001
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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6.2.
AA directos
→ Emissões para a atmosfera
→ Descarga de efluentes em meio aquático
→ Restrição da produção, reciclagem, reutilização, transporte e descarga de
resíduos sólidos e outros, em particular os perigosos
→ Uso e contaminação de solos
→ Utilização de recursos naturais e matérias primas
→ Questões de impacto local – ruído, vibrações, cheiros, poeiras, efeito visual,
etc
→ Questões de transporte
→ Riscos de acidentes ambientais
→ Efeitos sobre a biodiversidade
6.3.
AA indirectos
→ Questões relacionadas com produtos – concepção, desenvolvimento,
embalagem, transporte, utilização, valorização/eliminação de resíduos, que
não estão totalmente sob o controlo da organização
→ Investimentos de capital, concessão de empréstimos e serviços de seguros
→ Novos mercados
→ Escolha e composição dos serviços
→ Decisões administrativas e de planeamento
→ Composição das gamas de produtos
→ Comportamento ambiental dos parceiros negociais
6.4
Significância
A norma refere de forma não exaustiva as considerações a ter em conta na
definição dos critérios que determinam o carácter significativo dos aspectos
ambientais:
→ Informações sobre o estado do ambiente, a fim de identificar as actividades,
produtos e serviços da organização que poderão ter impacto ambiental
→ Os dados existentes na organização sobre o consumo de matérias-primas,
de energia, água, bem como os riscos ambientais ligados a emissões,
descargas, resíduos
→ Os pontos de vista das partes interessadas
→ As actividades ambientais da organização sujeitas a regulamentação
→ As actividades relacionadas com o aprovisionamento
→ Concepção, desenvolvimento, fabrico, distribuição, manutenção, utilização,
reutilização, reciclagem e eliminação dos produtos da organização
→ Actividades da organização que apresentam os custos e benefícios
ambientais mais significativos
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5.2.10 Anexo VII - Levantamento Ambiental
O levantamento ambiental é um documento que serve para definir a posição actual em matéria de
ambiente, de uma organização que não tenha prestado as informações necessárias sobre os seus
aspectos ambientais de acordo com o anexo VI – Aspectos Ambientais.
Tabela 17: Anexo VII - Levantamento Ambiental
7.2
Requisitos
Domínios-chave do levantamento ambiental:
a) Requisitos legais, regulamentares e outros
b) Identificação de aspectos ambientais e avaliação da significância dos
impactes ambientais relacionados nos termos do Anexo VI
c) Descrição dos critérios de avaliação de significância do impacte ambiental
em função do ponto 6.4 do Anexo VI
d) Exame de práticas e procedimentos
e) Avaliação da experiência obtida com a investigação de incidentes anteriores
5.2.11 Anexo VIII – Informações para o Registo
Tabela 18: Anexo VIII – Informações para registo
As indicações
necessárias para
a obtenção de
registo
Nome da organização
Endereço
Pessoa a contactar
Código de actividade NACE
Número de trabalhadores
Nome do VA
Número de acreditação
Âmbito da acreditação
Data da próxima Declaração Ambiental
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5.3 Registo no EMAS
5.3.1 Entidades que se podem registar no EMAS
Na tabela 19 apresenta-se um resumo das entidades que se podem registar no EMAS e tem como
base o teor da Decisão da Comissão 2001/681/CE de 7 de Setembro de 2001. 45
Tabela 19: Entidades que se podem registar no EMAS
Organizações que operam num único sítio
Com produtos ou
serviços idênticos ou
similares
Bancos, Agências de Viagens,
Cadeias de venda a retalho,
Consultores
Organizações que operam em
diversos sítios Com produtos ou
serviços diferentes
Produção de electricidade, Fabrico de
componentes mecânicos, Empresas
de produtos químicos, Eliminação de
resíduos
Organizações em relação às quais
não pode ser devidamente definido
um sítio específico
Serviços de abastecimento público: Aquecimento, água, gás,
electricidade, Telecomunicações, Transportes, Recolha de
resíduos
Organizações que ocupam sítios
temporários
Empresas de construção, Empresas de limpeza, Prestadores
de serviços, Empresas de descontaminação
Organizações independentes que se
registam como uma organização
comum
Pequena zona industrial; Complexo turístico; Parques
empresariais
Pequenas empresas que operam
num dado grande território e que
fabricam produtos ou fornecem
serviços idênticos ou similares
Zonas industriais; Zonas turísticas; Centros comerciais
Autoridades locais e instituições
governamentais
Autoridades locais; Ministérios; Agências governamentais;
Agenda 21 ao nível local
45 Anexo 16 - Decisão da Comissão 2001/681/CE de 7 de Setembro de 2001.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Para além dos regulamentos que dão suporte legal ao sistema de Ecogestão e Auditoria, foram
publicados diversos documentos de apoio para cada um dos anexos do Regulamento 761/2001
nomeadamente:
− Guia 1 – Orientações para entidades registada
− Guia 2 – Orientações para verificações e frequências de auditorias
− Guia 3 – Orientações para logótipos
− Guia 4 – Orientações para declaração ambiental
− Guia 5 – Orientações para a participação de trabalhadores
− Guia 6 – Orientações para Aspectos Ambientais
− Guia 7 – Orientações para verificadores PME
− Guia 8 – Orientações para indicadores46
Para além destes guias a têm sido publicados diversos documentos de apoio à implementação do
sistema de Eco-gestão e auditoria, destacando-se:
− Eco-mapping – Uma ferramenta visual, simples e prática para analisar as performances
ambientais de pequenas/médias organizações/indústrias47
− Emas 2000 – Um instrumento dinâmico para a salvaguarda ambiental e para o
desenvolvimento sustentável48
− Aplicação do EMAS a nível das autoridades do sector público49
− Emas@school - Implementação do sistema comunitário de Ecogestão e auditoria numa
instituição de ensino diversificada50
− El Reglamento EMAS, guia e pratica – um manual de aplicação51
46 Os guias indicados podem ser analisados nos anexos 18 a 24. 47 Este documento pode ser analisado no Anexo 26 48 Este documento pode ser analisado no anexo 27 49 Este documento pode ser analisado no anexo 28 50 Este documento pode ser analisado no anexo 29 51 Este documento pode ser analisado no anexo 30
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5.3.2 Etapas para registo
As organizações que pretendam aderir ao EMAS devem desencadear as seguintes acções:
Para efeitos de registo no EMAS, em Portugal as entidades aderentes a este sistema (EMAS)
deverão declarar que concordam com as “Condições de Registo – REG/EMAS D03” (instituto do
Ambiente)
5.4 Benefícios do EMAS
− Uma gestão ambiental de qualidade;
− Uma credibilidade acrescida;
− Um reforço da motivação dos trabalhadores e do espírito de equipa;
− Uma maior consciencialização do pessoal;
− Uma melhoria de imagem da organização;
− Uma redução dos custos e da regulamentação;
− Novas oportunidades de negócios;
− Maior confiança por parte dos clientes;
− Melhoria das relações com os clientes, a comunidade local e as autoridades reguladoras.
Levantamento
Ambiental
Implementação do
SGA
Verificação e
validação
Registo e divulgação
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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5.5 Comparação entre a Norma ISO 14001 e o EMAS
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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Síntese
− O sistema comunitário de Eco-gestão e auditoria - EMAS é um instrumento
voluntário dirigido às empresas que pretendam avaliar e melhorar os seus
comportamentos.
− O Emas está aberto à participação voluntária das organizações interessadas em
melhorar o seu desempenho ambiental
− São muitos os tipos de organizações que podem ser registadas no âmbito do
EMAS
− As vantagens de aderir ao EMAS são semelhantes às da norma ISO 14001
− Em Portugal cabe ao Organismo Nacional de Acreditação garantir o
funcionamento do sistema de acreditação de verificadores ambientais
independentes
− Os organismos competentes são designados pelos Estados-Membros e devem ser
independentes e isentos
− As organizações que se pretendam registar no EMAS devem desencadear um
conjunto de acções
− Existem dois tipos de logotipos: (1) Gestão Ambiental Verificada; (2) Informação
validada
− Para obter o registo no EMAS, as organizações devem elaborar, validar e publicar
uma Declaração Ambiental
5.5.1 Auto-avaliação
O formando deve resolver Ficha de Trabalho Ficha de Trabalho 16 - Regulamento EMAS (Fichas de Trabalho –
Autoavaliação Formando)
5.5.2 Proposta de actividade complementar
O formando pode analisar duas ou três declarações ambientais e fazer um pequeno relatório
comparativo, salientando os aspectos comuns.
Manual do Formando | Gestão Ambiental
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6 Referências Bibliográficas
Referências normativas
− Decisão da Comissão de 07/09/2001 relativo a orientações para a aplicação do Regulamento
(CE) n.º 761/2001 de 19 de Março
− DECISÃO DA COMISSÃO nos termos do Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento
Europeu e do Conselho - estabelece disposições relativas à utilização do logótipo EMAS nos
casos excepcionais das embalagens de transporte e das embalagens terciárias.
− Decreto-Lei n.º 142/2002 de 20 de Maio de 2002 - Designa as entidades nacionais
responsáveis pelo Sistema Português de Ecogestão e Auditoria
− Guide ISO/IEC 66 - General requirements for bodies operating assessment and
certification/registration of environmental management systems (EMS), 1999
− Norma EN ISO 14001: 2004/emenda 1:2006 – sistemas de gestão ambiental – Requisitos e
linhas de orientação para a sua utilização
− Norma EN ISO 9001:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos
− Norma ISO 14004:2004 – sistemas de gestão ambiental – linhas de orientação em princípios,
sistemas e técnicas de suporte
− Norma ISO 14031 – Gestão ambiental – Avaliação da performance ambiental - orientações
− Norma ISO 19011:2003 - Linhas de orientação para auditorias de sistemas de gestão da
qualidade e/ou ambientais
− Norma ISO 9000:2005 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e vocabulário
− Orientações destinadas aos verificadores relativas à verificação das Pequenas e Médias
Empresas (PME) especialmente Pequenas Empresas e Microempresas
− Orientações para a identificação dos aspectos ambientais e avaliação da sua importâncias
− Orientações para a utilização do logótipo EMAS
− Orientações relativas à Declaração Ambiental EMAS
− Orientações relativas à frequência das verificações, validações e auditorias
− Orientações relativas à participação dos trabalhadores no âmbito do EMAS
− Orientações relativas às entidades que podem ser registadas no âmbito do EMAS
− Recomendação da Comissão de 07/09/2001relativa a orientações para a aplicação do
Regulamento (CE) n.º 761/2001 de 19 de Março
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− Recomendação da Comissão de 10/07/2003 relativa a orientações para a aplicação do
Regulamento (CE) n.º761/2001, de 19 de Março, no que se refere à selecção e utilização de
indicadores de desempenho ambiental.
− Regulamento (CE) N.º 196/2006 da Comissão de 3 de Fevereiro de 2006 - altera o anexo I do
Regulamento (CE) n. 761/2001 do Parlamento e do Conselho, para tomar em conta a norma
europeia EN ISO 14001:2004, e revoga a Decisão 97/265/CE.
− Regulamento (CE) n.º 761/2001 de 19 de Março que permite a participação voluntária de
organizações num sistema comunitário de ecogestão e auditoria
Livros e Revistas
− Caseirão, Manuel R (2004).Auditoria Ambiental
− Conferência Luso Espanhola de Gestão e Contabilidade Ambiental. (2004). ESTG
− Contaminación y Sustancias Tóxicas Agency de Protección Ambiental de los E.U.A. (“Design for the Environment” (www.epa.gov/dfe).
− Diane Bone & Rick Griggs (2000) Qualidade no Trabalho
− Malaxechevarría, Ángel González (2000).Auditoria Ambiental
− Miguel, Alberto Sérgio S. R. (2004). Manual de Higiene e Segurança do Trabalho
− Pinto, Abel, (2001). Sistemas de Gestão Ambiental
− Sistemas Integrados de Administración Ambiental.Guía de Implementación. Program de Diseño para el Ambiente División de Economía, Exposición y Tecnología Oficina de Prevención de la