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LITERATURA MEDIEVAL Volume II ACTAS DO IV CONGRESSO DA ÀssociAgÀo HISPÁNICA DE LITERATURA MEDIEVAL (Lisboa, 1-5 Outubro 1991) Organizagao de AIRES A . NASCIMENTO e CRISTINA ALMEIDA REBEIRO EOIGÓES COSMOS Lisboa 1993

António Lindeza Diogo - Texto e Metatexto em Fernão Lopes

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LITERATURAMEDIEVAL Vol ume II ACTAS DOIVCONGRESSO DA ssociAgo HISPNICADELITERATURAMEDIEVAL (Lisboa,1-5 Outubro1991) Organizagao de AI RESA .NASCIMENTO e CRISTINAALMEIDAREBEIRO EOI GESCOSMOS Lisboa 1993 1993,EDI CESCOSMOSeASSOCI AOHI SPNI CA DELI TERATURAMEDI EVAL Reservados todos os direitos de acordo com a legisla^o em vigor Capa Concep9o: Henrique Cay atte Impresso: Litografia Amorim Composi^o e Impresso: EOIFOESCOSMOS 1 ed9o: Maio de1993 Depsito Legal: 63839/93 ISBN: 972-8081-05-7 DifusoDistribu9o LI VRARI AARCO- RI SEDI CESCOSMOS Av. JUo Dinis, 6-A Ljas 23 e 30 P1000 LisboaRua da Emenda,111-11200 Lisboa Telefones: 795 51 40 (6 linhas)Telefones: 342 20 50 346 82 01 Fax: 796 9713 Telex: 62393" VERSUS-PFax: 347 82 55 Texto e MetatextoHistoriogrfico em FernoLopes AmricaAntonioLindezaDiogo Universidade do Minho 1. Cicero, noDeOratore,ao definir a histria como narra9o verdadeira de factos pas-sados, nao distingue entre o plano da diegese e o plano do discurso ou, mais simplesmente, entre o plano da enunciagao e o plano do enunciado, e nao considera nem a possibilidade de urna histria do presente', nem a possibilidade de urna histria nao narrativa. 1.1.Adefin9o de Cicero que podemosconsiderarumadefin9ao mnima nao decide, assim, entre uma definifo de histria, pelo dominio dos objectos, como res gestae,e uma definifo pelo dominio do discurso (no seu caso, narrativo), como rerumgestorum. Vossius, no sculo XVII, desloca a questao, definindo a disciplina pelo conhecimentodos factos passados; e liga-a Retrica e Potica, adscrevendo-lhe uma preceptiva (cf. Mignolo, 1981: 366-67 e ss). Contemporaneamente,pensadores tao importantes como umRicoeur nao veroincom-patibilidadede especiealgumaentre narrare conhecer,duvidandoat da possibilidadede existenciadeumahistrianaonarrativa;e umHaydenWhitenaosecoibirde juntara 'narrar' e a 'conhecer' uma Retrica que essencialmente tropolgica. Porque se o criterio de verdade um principio necessrio para a defm9ao de qualquer discurso historiogrficoqua historiogrfico, ele nao, noentonto,suficiente, e, sobretudo, naofunciona comonoutras disciplinas (por exemplo, a lgica, e tambm a filosofia). O criterio de verdade, em histria, funciona nos planos da enuncia9ao e do enunciado (a verdade pode ser de dictoe dere) s foi sendo pragmticamente definido, por rela9ao ' causa eficente' (o historiador) e []'causa final'(o fim da histria) (Mignolo, 1981: 369). Como consequncia, a ordena9o ds factos, OS processos discursivos, os elementos de persuaso retrica so determinantes e ocorrem a um nivel de aberta explicita9ao textual e sem problemas de conscincia, a bem dizer em toda a historiografia ante-positivista. De qualquer modo, nao parece possivel ir muito longe em termos de estabelecerrela95es directas entre os critrios lgicose historogrficosde verdade(idem:369).ComodisseBenvenistedapsicanlise,aquios'fenmenos'sao govemadospor imiarelagodemotivagSo,que ocupaolugardaquiloqueas cienciasda natureza definem como uma rela93o de causalidade (Benveniste, 1976: 76); e a explicagio apenas parcial: caso em que umexplanans nSo implica que um evento ou um acto particular, mataro conde Andeiro,por exemplo caia numa classe restrita dos actos ou dos eventos, W, mas somente numa classe mais ampia, Fque incluiria, por exemplo, casarcomLeonor Teles , a qual abrangeriatodos os actos ou eventos que satisfariam o que matar oconde Andeiro satisfaz (digamos, um desejo de mais honra do Mestre) (cf. Hempel, 1962:177-78). AnarTa93ofunciona justamentecomoumaexplica9odestetipo.ArthurC.Danto,por exemplo, reescreve narrativamente a explica9ao de tipo lgico-dedutivo: 1) X F em t^; 2) H acontecea X emt^; 3) X G emtj. Os pontos1 e 3 constituemoexplanandum;o ponto2 constitui o explanans(cf. Danto, 1968: 236). 2. No hdvidasde espciealgumaquanto importanciaque a narra9oassumeno discurso historiogrfico de Femo Lopes. Mrio Martins, num pioneiro estudo, mostrou mes-mo OS antecedentesliterrios dos processos narrativos do cronista. Sao as frases de orien-ta9o, que funcionam como placas giratrias, frases de trans9ao e recolagem (cf. Martins, 95 1977: 24). O seu papel seria essencialmente recolectivo e prospectivo, anafrico e catafrico: (...) ora resumem o que se acabou de contar, para o leitor ficar, assim, com urna ficha interior para depois se lembrar, ora chamam a ateno para os novos acontecimentos e servem ento decicerone(idem:4).Noutraperspectivamaislocalosprocessosdiscursivos apresentam-nos una tecitura bastante cerrada, que aproveita dos ndices da lingua atravs dos quais se passa do enimciado enuncialo e vice-versa{shifters). Adaptando Roland Barthes, diriaqueLopesutilizashifterstestemoniais,tectnicosede protagonizao(cf. Barthes, 1987:121). Osprimeirosreferemoactoverbaldetransmissodeinformaosobreessesacon-tecimentos, nao raro associados protagonizao.Os segundos poderiamclassificar-se em termos de imobilidade (per quanto dissemos, por exemplo), subida (neste ponto), descida (onde sabei), anincio (afirmam que foi desta guisa ou Do que a rainha disse por amorte do comde, e doutras cousas que hi aveherom), e paragem (leixemos o page hir hu Ihe man-darom), que corresponde, em grai, primeira parte de uma metalepse de autor, atravs da quai este, passando do nivel extradiegtico para o nivel intradiegtico, simula criar os efeitos de que escreve (o conjunto funciona segundo aquilo a que um Coseriu chamaria aspecto ver-bal de viso globalizadora). Os terceiros, que podemiguahnente co-ocorrer com os anteriores, tma ver com a pre-senadoenunciadornodiscurso,assumindolunadimensoretricaevidente,ondeesto muito presentes os pico-decticos{sabede,oraesguardae,etc.). Regressandoaombitodoglobal,poderdizer-sequeestesprocessosarticulama dimenso episdica e a dimenso confgurativa que qualquer entrechamento comporta. Trata--se, em suma, de seguir o fio da histria: seguir uma histria, escreve Ricoeur, progredir pelo meio de contingenciase peripecias,soba presso de umaexpectativaquetemoseu preenchimentona 'concluso'da histria (Ricoeur,1982: 7). Mas a concluso nao coisa quedecorralogicamentedepremissas.Se umpontofinal, -o enquantopontodevista donde a histria pode ser vista como um todo (idem: idem). Quer dizer: a concluso da his-tria nao propriamente previsvel; meramente aceitvel tem a ver com tmia relao de conveniencia com os episdios arrazoados pela histria (idem: 8). Na dimenso configurativa, os eventos no sao uma srie aberta. Se a sucesso garante o fio da histria, h a considerar a recoleco, govemada pela maneira de acabar. E a maneira de acabar no coisa superveniente (nemsequer,provavelmente,numanarrativaexteriormentearticuladaemtermosdee depois). O poder de esquematizao simblica e linguistica dado no interior de tradies e configura-seemprogramasde causalidade,de ques possoapontaraquiocarcterirre-dutivelmente heterogneo. No que toca a Femo Lopes, recomendaria as leituras de Antnio J osSaraiva,de J ooGouveiaMonteiro,de CarlosRiley,de LuisdeSousaRebelo(que considera as trs crnicas existentes globalmente articuladas como imi macrotexto). Fala este ltimoautor de um programade persuaso, cujo eixo semiolgico assenta na questodo poder politico considerado em funo da familia real (...) e da ideologia do consenso popular com que aquele poder se justifica (Rebelo,1983:18). No muito diferentemente, Saraiva mostra como Lopes reescreve os valores da honra, da guerra, e da defesa do reino, sempre em funo da justificao e legitimao da nova dinastia saida da crise de 1383 (Saraiva,1988: 178 e ss). A isto se deveria acrescentar o mito da gerao de Avis, a imagtica da comensalidade que toma para modelo o romancearturiano e a tvola redonda, o desvio napolenicoou bismarcidanodeforas eafectos maisoumenossubterrneos,movidasporaspiraes milenaristas, para aquela nclita gero, etc. S isto permite casos de coerncia narrativa tao excepcionaiscomo(i)a silepseinicialdacrnicadeD. J ooI, que, justapondotodasas tentativas fhistradas para matar o Andeiro, conduz concluso de que a Providencia esco-Iheraomestreparataltarcfa,(ii)areescritadahistriaemsrieshomogneas(cf. Madureira,1984:75),(ili) umapoticaartrolgicato fina comoa que,nestamesma crnica,atravsde firases deligaoerecolagem,produzumasequnciainicialdevinte 96 quadros-chave(cf. Monteiro,1988:113) Gouveia Monteirofala, aqui, dedobradigas quase de tipo lgico (idem:114) , e,finalmente,(iv) o desembocar de todos os fios narra-tivos em dois episodios, que funcionam como conclusao: o cerco de Lisboa e a bataUia de Aljubarrota,qualquerdelesasurgircomodestaqueeodramatismodeimiordlio(cf. Saraiva, 1988: 184 e passim).A dimensao explicativa de tima narrago sempre algo desta ordem. Tais programas nao ocultam sequer a presen9a de programas narrativos concorrentes. Dir--se-ia, at, que nos conflitos que Femo Lopes encena perpassa um que tem como objecto o prprio tempo histrico. No s neste esto em causaas gerages e a sua mesmasucesso (quem esteve em tal luta, quem no esteve, a boa e mansa oliveira portuguesa, etc.), como a prpriaexistenciahistrica.OspartidariosdeLeonorTelesexprimiro,porexemplo,o desejo de que Lisboa, como diria Ricoeur, desaparega histricamente, enquanto vestigio pre-sente de umpassadoausente(cf. Ricoeur,1986:30).Veja-se nofimdo captuloXVI da primeira parte de D. Joo /, a atitude dos partidrios da rainha que me lembra a Cartago das guerras ptinicas: (...) nom mimguava dos de sua companhia quem pollo caminho, oolhamdo por de tras dissesse comtra Lixboa: que maao fogo a queimasse, e que aimda a visse estroida e arada toda a bois (Lopes, 1983: 38). 3. Vejamos, agora, o que Femo Lopes escreveudo seu oficio. Para isso,cingir-me-ei, apenas,aoprefciodacrnicadeD.J oo I, IParte,quefuncionacomoumverdadeiro metatexto. O oficio de historiador corresponde a um carrego dordenar estorias (Lopes, 1983: 1 ). esta a definigo mnima do oficio e a primeira aparifSo no texto da isotopia da ordem. Nao se duvida minimamenteque historiarseja narrar e quea narrago devaser ordenada.Femao Lopes parte da defin9o para questionar certas prticas que situam a questo da verdade ime-diatamente no campo da causa eficiente, isto , da responsabilidadetico-programtica, depositada no historiador por quem Ihe d o carrego (cf. Mignolo, 1981: 370). o clebre trechodamundanalafeigom.Muitoscronistastomamnelagrandelicen9ae saomuito favorveis aos seus conterrneos no recomtamento de seus feitos. Sendo a mundanalafeigom conformidade de coisa e entendimento, o cronista discute do que gera tal conformidade: (i) a terra em que p)er longo costume e tempo forom criados, que inibe juizosdesfavorveiseinflaccionaosfavorveis,(ii)ocorpo,osangueespritus gerados do que se come, (iii) a prpria semente, no tempo da geera9om, que nos deixa a conformidade, quer acerca da terra, quer dos parentes. Isto equivale a por uma total nfase na solidariedade (como, por opos9o objectividade, a define um Rorty); e o individuo desaparece, como se ve na cita9o de Cicero: Nos nom somos nados a nos mesmos, porque hua parte de nos tem a terra, e outra os parentes (Lopes, 1983:2). Este discurso aplica-se, seguidamente, aum objecto especfico: algus estoriadores queosfeitosdeCastella,comosdePortugallescpreverom.Aqualifica9odesses estoriadores mostra-nos que estamos ainda no campo de uma defin9o pragmtica da ver-dade, e ainda em tomo da causa eficiente: o historiador deve ser, partida, homem de boa autoridade, o que nao impede, alis, a influencia da mundanalafeigom^. O cronista conlrap5e, ento, o seucaso e o daqueleshornees deboaautoridade:oseu desejo foi escrever verdade, sem outra mestura, leixando nos bo5s aquee9mentos todo m-gidolouvor,e nuamentemostrarao poboo,quaaesquercomtrairascousas,daguisaque aveherS(idem:idem).Seosvaloresticos,naproscri9odofingidolouvor,saoainda determinantese, se assoma, pela primeira vez, a causa final mostrar ao povo... , de notar que aqueles valores abrangem os estilsticos. Escrever verdade escrever nuamente. especialmentenotvel,aqui,a isen9odo cronistapor rela9omundanalafeigom, isen9ao que a defin9o desta logicamente no consentira. Estamos perante um acto eminen-temente retrico (algo da ordem da litotes): pondo de parte toda afe9om, escreve Lopes, queporaazodasditasrrazoesaverpodiamos....Reduz-se,porumlado,a umamera 97 possibilidade o que era, nos seus prprios termos, inescapvel; e, por outro lado, a meu ver, por referencia possibilidade, joga-se na contraposio de dois conjuntos de valores. Porque a afeio deixa de ser negativa em termos ticos, e toma-se neutra, se no se situa mesmo no limiar da positividade. Deste modo, com os homens de boa autoridade, dominados por aquela, contrasta umFemoLopes ainda mais qualificado, que segue de algum modo umaascese (Oo! comquamto cuidadoe diligemiavimosgramdesvollumesde livros(...) eoutros logaresnasquaaesdepoisdelomgasvigiliasegramdestrabalhos,maisertidomnom podemos da contheuda em esta obra (idem: idem; grifos meus), e que submete o seu estilo igualmente a uma acese: se outros per ventuira em esta cronica buscam a firemosura e novi-dade de pallavras, e nom a ertidom das estorias, desprazer Ihe ha de nosso rrazoado, muito ligeiro a elles douvir, e nom sem gram trabalho a nos de hordenar (idem: idem). Ainda neste ltimo dominio, os valores ticos sobrepujam os estticos, desde logo na muito significativa rejeio da fremosura.A verdade,diz-seadiante, simprez,em contraste coma afre-mosemtada falssidade. Como se v, o cronista que, alis, como diria Antnio J os Saraiva, se atm a uma met-foratabelinicadaverdadepassarertidom,sobreserhomemdeautoridade, pretende outras qualificaSes, que tm deveras a ver com uma responsabilidade tica. Esta, para alm da ascese, contigua com a necessidade de proceder a distines, como, desde logo, entre errar e mentir. Mas o que mais impressiona , segimdo creio, aquilo a que peo licena para chamar a solido do historiador. Face a todos os outros, que no so nadosa simesmos, o cronista diz-se s isto , perante Deus , com o seu desejo de escrever verdade sem mestura. Estamos perante a manifestao de uma racionalidade substantiva, tica, de cariz textualista, tal como no-la explica Brian Stock (cf. Stock, 1983). O cronista define-se como um individuo, que emerge do territrio enclausurado da solidariedade social, perante textos, vestidos de f, ou no, acessiveis razo critica, que guardam a verdade ou uma poro del sejam livros ou pubricasescripturas e que funcionam como modelos de percepo da realidade.Soaquelas pblicasescrituras que Ihe fomecema metfora tabelinica e, sobretudo,aquiloqueaflora na definio final do oficio como hordenara nuaverdade. Aqui, h, decerto, uma metfora que saltou, por assim dizer, para a ordem ontolgica. Porque o que o cronista fazia era ordenar no a verdade mas histrias (o que implicava uma verso debilitada da verdade, enquanto verdadede dicto); e, agora, verdadesdedictocdere convi-zinham confiantemente no interior da mesma actividade racional: ordenar, no interior de um discurso despojado (isto , tambm ele racionalizado). Nota-se, enfim, como a causa final depende da causa eficiente. Confiada a verdade res-ponsabilidade do historiador, que praticamente se resolve enquanto actividade ordenadora, o texto concini sem problemas no campo da causa final, referindo de forma algo alusiva otopos da histria como magistravitae:os claros feitos, dignos de gramde rrenembrana, do mui famoso ReidomJ oham(...)breveesamentecomtados,poemosempraanaseguimte hordem (Lopes, 1983: 3). Em resumo, Femo Lopes caracteriza o seu discurso como narrao verdadeira, e a ver-dade dla tica e pragmticamente configurada: (i)em funo do historiador, homem de autoridade, que a eia se apega; (ii) emfunodeumafinalidadeformativa,sustentadapelotoposdahistriacomo mestra da vida; (iii)emfunodeummodelotextualistaderacionalidadetica,queprocurao despojamento estilistico, usa dos textos como modelos estruturadores da realidade (a prpria ordenao narrativa), e supe um autor individualmente responsabilizado (perante a verdade, justamente). 98 Notas ' J Tcito distinguia entre Histria e Anales, com base na oposifSo presente/ passado. Mas a escolha, por assim dizer, espontnea do passado, talvez se compreenda na base de um certo estatutocertamente ima-ginro de plenitude ontolgicaque ele facilmente nos extonjae e que ns nao menos facilmente Ihe concedemos. Podera pensar-se numa certa analogia nao de todo infundada entre o discurso historiogrfico e o discursofotogrfico. Uma fotografa clssica,digamos impe a presenfadoreferente. Do mesmomodo,noque passadofunciona comoque umcertificador deexistencia, justamenteporque parece ser uma realidade conclusa e decorrida, um todo perceptvel como tal. Harald Weinrich, por outro lado, mostra-nos que um sistema de tempos vertais passados tende a impor-nos a ideia de acontecimentos organizados como um todo. Este todo equivaleria a uma plenitude ontolgica. ^Cabrerade Crdoba(1611)defina pragmticamentea disciplinado seguinte modo: a histria narrafo da verdadepor homem sbio, para ensinar a bem viver(apud Mignolo, 1981:369; grifos meus). Bibliografa I . LOPES, Femo (1983)Crnicade D. Joo /, I vol.. Porto, Civilizafo. n. BARTHES, Roland(1987) ODiscursodaHistria,inORumordaLingua,Lisboa, Edifoes 70. BENVENISTE, Emile (1976) Problemidi LinguisticaGenerale,Milano, Il Saggittore. DANTO,ArthurC.(1968)AnalyticalPhilosophyofHistory,Cambridge,Cambridge University Press. HEMPEL, C. G. (1962) Explanation in Science and History, in S. 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