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Antropologia Econômica Aula 3 – Neo-evolucionismo Prof.: Rodrigo Cantu

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Antropologia Econômica

Aula 3 – Neo-evolucionismo

Prof.: Rodrigo Cantu

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Antropologia física

Paleoantropologia

Antropologia linguística

Antropologia sócio-cultural

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Antropologia e evolucionismo

Iluminismo Contra-iluminismo

Civilização Cultura

Racionalismo Anti-racionalismo

Universalismo Relativismo

Empiricismo Vitalismo

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Montesquieu (1689-1755)

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Montesquieu (1689-1755)

Existe a seguinte diferença entre os povos selvagens e os povos

bárbaros: os primeiros são pequenas nações dispersas que, por algumas

razões particulares, não se podem reunir; ao passo que os bárbaros são

normalmente pequenas nações que se podem reunir. Normalmente, os

primeiros são povos caçadores; os segundos, povos pastores.

Espírito das Leis. Martins Fontes, 1996, p.299.

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Montesquieu (1689-1755)

Isto se nota claramente no norte da Ásia. Os povos da Sibéria não

poderiam viver juntos, porque não poderiam alimentar-se; os tártaros

podem viver juntos durante algum tempo porque seus rebanhos podem ser

reunidos por algum tempo. Logo, todas as hordas podem reunir-se e isto

acontece quando um chefe submete muitos outros; depois disto, é preciso

que elas façam uma destas duas coisas: separar-se ou ir fazer alguma

grande conquista em algum império do Sul.

Espírito das Leis. Martins Fontes, 1996, p.299.

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Grupo de Chukchi (1885)

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Mulheres Tártaras (1895)

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Evolução intelectual da humanidade

• Pensamento teológico

• Pensamento metafísico

• Pensamento positivo

Auguste Comte (1798-1857)

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Charles Darwin(1809-1882)

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Lewis Morgan(1818-1881)

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As mais recentes investigações a respeito das condiçõesprimitivas da raça humana estão tendendo à conclusão de quea humanidade começou sua carreira na base da escala e seguiuum caminho ascendente, desde a selvageria até a civilização,através de lentas acumulações de conhecimento experimental.

Como é inegável que partes da família humana tenhamexistido num estado de selvageria, outras partes num estadode barbárie e outras ainda num estado de civilização, parecetambém que essas três distintas condições estão conectadasumas às outras numa sequencia de progresso que é tantonatural como necessária. Além disso, é possível supor que essasequência tenha sido historicamente verdadeira para toda afamília humana, até o status respectivo atingido por cadaramo. Essa suposição baseia-se no conhecimento das condiçõesem que ocorre todo progresso, e também no avanço conhecidode diversos ramos da família através de duas ou mais dessascondições.

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Os fatos indicam a formação gradual e o desenvolvimentosubsequente de certas ideias, paixões e aspirações. Aquelas queocupam as posições mais proeminentes podem sergeneralizadas como sendo ampliações das ideias particularescom as quais estão respectivamente conectadas. Além dasinvenções e descobertas, essas ideias são as seguintes:I. SubsistênciaII. GovernoIII. LinguagemIV. FamíliaV. ReligiãoVI. Vida doméstica e arquiteturaVII. Propriedade

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Evolucionismo de Sociedade Antiga (1877)

Estágio Características Exemplos

Selvageria baixaSubsistência com coleta, início da

linguagem articuladaInexistente

Selvageria médiaSubsistência com pesca , início do

uso do fogoPovos australianos e

polinésios

Selvageria altaInvenção do arco e flecha,

ampliação da caçaPovos atabascanos (norte

do Canadá)

Barbárie baixa Criação de artefatos de cerâmicaPovos indígenas do EUA ao

leste do Rio Missouri

Barbárie médiaDomesticação de animais,

agricultura irrigada, construçõesde pedra

Incas e Astecas

Barbárie altaFundição do ferro e instrumentos

de metal (arado)

Tribos germânicas na época de César, povos que

precederam as civilizações grega e romana

Civilização Alfabeto fonético e uso da escritaGrandes civilizações antigas

(mesopotâmia, egípcia,grega, romana, chinesa, etc.)

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Lewis Morgan (1818-1881)

Selvageria média – Povos australianos e polinésios

Aborígenas de Queensland, Austrália, 1890

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Lewis Morgan (1818-1881)

Selvageria alta – Povos do norte do Canadá

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Lewis Morgan (1818-1881)

Barbárie baixa – Povos indígenas dos EUA ao leste do Rio Missouri

Indígenas Sioux, EUA, 1877

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Formações sociais humanas

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Caça,coleta Pastoreio Agricultura Industria

Trocas

com moeda

Trocas

sem moeda

Pouca divisão do trabalho

Alta divisão do trabalho

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Caça,coleta Pastoreio Agricultura Industria

Trocas

com moeda

Trocas

sem moeda

Pouca divisão do trabalho

Alta divisão do trabalho

Intensificação das trocas

Complexificaçãoda cultura

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Invenções e descobertas mantêm relações sequenciais ao longo das

linhas do progresso humano e registram seus sucessivos estágios;

por outro lado, as instituições sociais e civis, em virtude de sua

conexão com perpétuos desejos humanos, desenvolveram-se a partir

de uns poucos germes primários de pensamento. Elas exibem

registros de progresso semelhantes. Essas instituições, invenções e

descobertas incorporaram e preservaram os principais fatos que

agora permanecem como ilustrativos dessa experiência. Quando

organizadas e comparadas, tendem a mostrar a origem única da

humanidade, a semelhança de desejos humanos em um mesmo

estágio de avanço e a uniformidade das operações da mente humana

em condições similares de sociedade

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Friedrich Engels(1820-1895)

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Tipos de organização familiar:

• Por grupos• Consanguínea• Punaluana

• Sindiásmica

• Monogâmica

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Em todas as formas de família por grupos, não se pode saber com

certeza quem é o pai de uma criança, mas sabe-se quem é a mãe.

Ainda que ela chame filhos seus a todos os da família comum, e

tenha deveres maternais para com eles, nem por isso deixa de

distinguir seus próprios filhos entre os demais. É claro, portanto, que

em toda parte onde existe o matrimônio por grupos a descendência

só pode ser estabelecida do lado materno, e, por conseguinte, apenas

se reconhece a linhagem feminina. Encontram-se nesse caso, de fato,

todos os povos selvagens e todos os povos que se acham na fase

inferior da barbárie.

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A evolução da família nos tempos pré-históricos, portanto, consiste

numa redução constante do círculo em cujo seio prevalece a

comunidade conjugal entre os sexos, círculo que originariamente

abarcava a tribo inteira. A exclusão progressiva, primeiro dos

parentes próximos, depois dos parentes distantes e, por fim, até das

pessoas vinculadas apenas por aliança, torna impossível na prática

qualquer matrimônio por grupos; como último capítulo, não fica

senão o casal, unido por vínculos ainda frágeis — essa molécula com

cuja dissociação acaba o matrimônio em geral. Isso prova quão

pouco tem a ver a origem da monogamia com o amor sexual

individual, na atual acepção da palavra.

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A domesticação de animais e a criação do gado haviam abertomananciais de riqueza até então desconhecidos, criando relaçõessociais inteiramente novas. Até a fase inferior da barbárie, a riquezaduradoura limitava-se pouco mais ou menos à habitação, às vestes,aos adornos primitivos e aos utensílios necessários para a obtenção epreparação dos alimentos: o barco, as armas, os objetos caseiros maissimples. O alimento devia ser conseguido todo dia, novamente.Agora, com suas manadas de cavalos, camelos, asnos, bois,carneiros, cabras e porcos, os povos pastores, que iam ganhandoterreno (os ários, no indiano País dos Cinco Rios e no vale doGanges, assim como nas estepes de Oxus e Jaxartes, na ocasiãoesplendidamente irrigadas, e os semitas no Tibre e no Eufrates),haviam adquirido riquezas que precisavam apenas de vigilância edos cuidados mais primitivos para reproduzir-se em proporção cadavez maior e fornecer abundantíssima alimentação de carne e leite.Desde então, foram relegados a segundo plano todos os meiosanteriormente utilizados; a caça, que em outros tempos era umanecessidade, transformou-se em passatempo.A quem, no entanto, pertenceria essa riqueza nova?

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Convertidas todas essas riquezas em propriedade particular dasfamílias, e aumentadas depois rapidamente, assestaram um rudegolpe na sociedade alicerçada no matrimônio sindiásmico e na gensbaseada no matriarcado. O matrimônio sindiásmico haviaintroduzido na família um elemento novo. Junto à verdadeira mãetinha posto o verdadeiro pai, provavelmente mais autêntico quemuitos "pais" de nossos dias. De acordo com a divisão do trabalhona família de então, cabia ao homem procurar a alimentação e osinstrumentos de trabalho necessários para isso; consequentemente,era, por direito, o proprietário dos referidos instrumentos, e em casode separação levava-os consigo, da mesma forma que a mulherconservava os seus utensílios domésticos. Assim, segundo oscostumes daquela sociedade, o homem era igualmente proprietáriodo novo manancial de alimentação, o gado, e, mais adiante, do novoinstrumento de trabalho, o escravo. Mas, consoante o uso daquelamesma sociedade, seus filhos não podiam herdar dele, pois, quantoa este ponto, as coisas se passavam da maneira a seguir exposta.

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Dessa forma, pois, as riquezas, à medida que iam aumentando,davam, por um lado, ao homem uma posição mais importante que ada mulher na família, e, por outro lado, faziam com que nascessenele a ideia de valer-se desta vantagem para modificar, em proveitode seus filhos, a ordem de herança estabelecida. Mas isso não sepoderia fazer enquanto permanecesse vigente a filiação segundo odireito materno. Esse direito teria que ser abolido, e o foi.[...]A monogamia não aparece na história, portanto, absolutamente,

como uma reconciliação entre o homem e a mulher e, menos ainda,como a forma mais elevada de matrimônio. Pelo contrário, ela surgesob a forma de escravização de um sexo pelo outro, comoproclamação de um conflito entre os sexos, ignorado, até então, napré-história. Num velho manuscrito inédito, redigido em 1846 porMarx e por mim, encontro a seguinte frase:"A primeira divisão do trabalho é a que se fez entre o homem e amulher para a procriação dos filhos".

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Hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de classes queapareceu na história coincide com o desenvolvimento doantagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeiraopressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelomasculino. A monogamia foi um grande progresso histórico, mas, aomesmo tempo, iniciou, juntamente com a escravidão e as riquezasprivadas, aquele período, que dura até nossos dias, no qual cadaprogresso é simultaneamente um retrocesso relativo, e o bem-estar eo desenvolvimento de uns se verificam às custas da dor e darepressão de outros. É a forma celular da sociedade civilizada, naqual já podemos estudar a natureza das contradições e dosantagonismos que atingem seu pleno desenvolvimento nessasociedade.