249

Anuário 2010

Embed Size (px)

Citation preview

Página 2 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Índice TÉCNICAS FOTOGRÁFICAS................................................................................................................................. 5

Retrato .............................................................................................................................................................................. 6

5 Dicas Básicas para um bom Retrato ............................................................................................................................... 8

Iluminação básica de retrato .......................................................................................................................................... 12

O que é a “Caixa de Luz” para Retratos e Moda ............................................................................................................. 13

Com quantos flashes se faz um cartão de Natal ............................................................................................................. 15

Fotos Aéreas & Grafismos ............................................................................................................................................... 16

10 dicas para fotografia de paisagem ............................................................................................................................. 18

Crónica de fotografia de Natureza .................................................................................................................................. 21

Fotografia… a quanto obrigas ......................................................................................................................................... 25

Fotografia de paisagem nas Serras de Portugal. ............................................................................................................. 27

Viagens e Fotografia........................................................................................................................................................ 31

Admirando a Paisagem ................................................................................................................................................... 34

Breves considerações sobre Fotojornalismo .................................................................................................................. 40

Fotografia Infantil - O Bê-a-bá ........................................................................................................................................ 46

Fotografia de Shows: entre o domínio de luz e a paixão ................................................................................................ 48

O Segredo das fotografias noturnas ............................................................................................................................... 49

“Fotografia Noturna” sem segredos!!! ........................................................................................................................... 51

Fotografando na chuva ................................................................................................................................................... 53

Fotografar durante o Inverno ......................................................................................................................................... 55

Como transformar a sua sala num estúdio profissional ................................................................................................. 59

DICAS FOTOGRÁFICAS .................................................................................................................................... 63

10 Questões básicas que o fotógrafo deve saber antes de fotografar ........................................................................... 65

Fotografia Digital – 25 Questões Básicas ........................................................................................................................ 66

O que é a fotografia, afinal?............................................................................................................................................ 72

Cores Vavá....................................................................................................................................................................... 73

Literaturas e Leituras Fotográficas .................................................................................................................................. 74

Melhorar suas fotos – Regras de composição ................................................................................................................ 80

Enquadramento – Regra dos terços................................................................................................................................ 83

Página 3 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Quebrando a regra dos terços ........................................................................................................................................ 84

A abertura do diafragma – O mistério desvendado! ...................................................................................................... 85

Fotografando sem flash .................................................................................................................................................. 88

Já fotografou seu banheiro hoje? ................................................................................................................................... 88

Identidade. A sua fotografia tem? .................................................................................................................................. 90

Do que um fotógrafo é composto ................................................................................................................................... 92

Criando um estúdio a céu aberto em tempo nublado .................................................................................................... 93

Direito Autoral – Registro de Fotografia ......................................................................................................................... 94

Preservação fotográfica Digital ....................................................................................................................................... 97

10 Dicas sobre cartões de memória ................................................................................................................................ 99

HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA ........................................................................................................................... 100

Fotógrafos brasileiros mais consagrados ...................................................................................................................... 101

História da fotografia no Brasil ..................................................................................................................................... 113

Fotografia: A linha do tempo ........................................................................................................................................ 117

TÉCNICAS DE PÓS-PRODUÇÃO ...................................................................................................................... 129

Como obter fidelidade de cores nas fotografias impressas .......................................................................................... 130

Marca d´água: hora de sujar suas fotos ........................................................................................................................ 133

Pixels e Resolução ......................................................................................................................................................... 135

Qual formato utiliza para salvar suas fotos?................................................................................................................. 138

ARTIGOS DE OPINIÃO ................................................................................................................................... 140

Crítica pela crítica ou escambo de elogios? .................................................................................................................. 141

Uma foto pode matar?.................................................................................................................................................. 143

A informação na fotografia ........................................................................................................................................... 144

A polêmica da marca d´água ......................................................................................................................................... 146

Fotografia: evolução ou bagunça conceitual? .............................................................................................................. 147

Equipamentos melhores fazem fotos melhores? ......................................................................................................... 149

A fotografia é necessária............................................................................................................................................... 150

ENTREVISTAS ............................................................................................................................................... 152

Entrevista a Enio Leite - Um dos maiores nomes da educação fotográfica no Brasil ................................................... 153

Senhoras e Senhores, com vocês, Clicio Barroso .......................................................................................................... 155

Lair Bernardoni - Romantismo feminino – uma resistente ........................................................................................... 158

Mauricio Po - Entrevista exclusiva ................................................................................................................................ 160

Erika Verginelli: a fotógrafa full time… ......................................................................................................................... 162

Kazuo Okubo – um voyeur por excelência .................................................................................................................... 165

Ricca Marques: paixão por escrever com a luz desde sempre ..................................................................................... 166

Dani Prates – Fotógrafa de família e infantil................................................................................................................. 170

Renato Miranda: A pessoa por trás do “I love my job” ................................................................................................ 173

Página 4 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Kirsty Mitchell - fotógrafa e fashion designer ............................................................................................................... 178

Fotografia molhada, fotografia abençoada! ................................................................................................................. 181

Jorge Bispo revela: “Gente. Só sei fotografar gente” ................................................................................................... 183

TENDENCIAS DO MERCADO .......................................................................................................................... 186

Dicas para Orçamentar correctamente um trabalho fotográfico ................................................................................. 187

Cansei, mudei de profissão, virei fotógrafo! ................................................................................................................. 190

Fotógrafo, por onde começar? ..................................................................................................................................... 192

O outro lado da Fotografia ............................................................................................................................................ 196

Fotografia e Gestão ....................................................................................................................................................... 198

Não basta fotografar, é necessário saber vender ......................................................................................................... 199

Vida de Fotógrafo .......................................................................................................................................................... 201

Que tipo de fotógrafo você é? ...................................................................................................................................... 203

Como lidar com a concorrência na Fotografia de Casamentos .................................................................................... 205

Que a sorte nos encontre trabalhando ......................................................................................................................... 208

Como se inserir no mercado fotográfico ...................................................................................................................... 210

Fotografia Profissional: As inúmeras áreas do conhecimento ..................................................................................... 212

Decidi que quero ser fotógrafo. E aí?! .......................................................................................................................... 214

5 razões para investir em fotografias de alta qualidade ............................................................................................... 215

Controle de qualidade, você faz? .................................................................................................................................. 217

Orçamento fotográfico ................................................................................................................................................. 219

Ansiedade Fotográfica .................................................................................................................................................. 221

Desconto, dar ou não dar? ............................................................................................................................................ 223

EQUIPE FOTOGRAFIA-DG .............................................................................................................................. 226

Diogo Ramos ................................................................................................................................................................. 227

Fernando A. Melo ......................................................................................................................................................... 229

Fernando Bagnola ......................................................................................................................................................... 231

Hermes Cerelli ............................................................................................................................................................... 233

Jéssica Tavares .............................................................................................................................................................. 235

Annelize Tozetto ........................................................................................................................................................... 236

Tyto Neves .................................................................................................................................................................... 238

Nuno Luís ...................................................................................................................................................................... 240

Mariana Simon .............................................................................................................................................................. 241

Carol Avon ..................................................................................................................................................................... 243

Armando Vernaglia ....................................................................................................................................................... 244

Renato dPAULA ............................................................................................................................................................. 246

J Grilo ............................................................................................................................................................................ 248

Página 5 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 6 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Retrato

Podemos começar pelo que a maioria das pessoas pretende de um retrato, que este seja reconhecível, bastante atraente e que mostre o lado mais agradável da sua personalidade e fisionomia. É o tipo de declaração do fotografado ―Eis o que sou, e este é o meu aspecto‖. Não irei falar de fotografia de pose, mas de fotografarmos rostos. Simplicidade é a palavra-chave. O rosto humano é super interessante, sem termos que aplicar grandes técnicas fotográficas complicadas ou composições invulgares. Um dos truques para se conseguir uma imagem simples, mas com grande impacto visual, é, sermos capazes enquanto fotógrafos de encorajar as pessoas a descontrair e agir normalmente para não se fixarem em poses. Um retrato não tem de ser captado em condições controladas de iluminação avançada e planeada. Muitos dos melhores retratos que já vi são frutos do espontâneo, porque o fotógrafo soube aproveitar a oportunidade, e com o digital não temos nada a perder. Não vai haver nenhum fundo com que tenhamos de nos preocupar, nem linguagem corporal ou roupa que irá dominar a fotografia. O outro lado da moeda é que iremos ter pouco espaço para erros na composição, focagem, iluminação ou expressão. Esta ultima de facto irá dominar a imagem. Existem milhares de maneiras de compormos um retrato de maneira a que este se concentre no rosto, por vezes o mais usual é fazermos um enquadramento vertical, mas também podemos ignorar essa regra e fazermos enquadramentos horizontais, até mesmo cortando a parte de cima da cabeça do fotografado, pode ser interessante e vai aumentar a atenção do observador nos olhos dentro do enquadramento, para onde se dirige o olhar, o seu brilho e como estão iluminados, são pontos vitais para o sucesso da imagem.

Por: J Grilo

Página 7 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Estes deverão estar nítidos. Uma teoria afirma que se deve focar sempre no olho mais próximo, outra diz que deverá ser o que está mais iluminado. Mas será apenas uma questão de gosto pessoal, o que é importante é manter o ponto de focagem num ou ambos os olhos. Aqui ficam alguns exemplos de enquadramentos verticais e horizontais:

Página 8 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

5 Dicas Básicas para um bom Retrato

Dica # 1 – Estudar

Parece simples não é mesmo? Mas não é. Para começarmos a entender como é feito um simples retrato devemos estudar além dos grandes nomes da fotografia de retratos, os grandes nomes da pintura. Dessa forma poderemos entender como a luz projetada caminha e reflete sobre nosso retratado, por vezes evidenciando, por outras ocultando detalhes que se revelam diante de nossa câmera.

Dica # 2 – Praticar

Mais simples ainda não é mesmo? Mas por incrível que pareça não é o que vejo publicado nos inúmeros blogs que chegam diariamente a minha caixa de mensagens. Vejo muitas fotografias feitas na euforia, com lentes inadequadas, uso intenso de grande angular para retratos, luz irregular, usando os mesmos presets do Lightroom, ou filtros do Photoshop. Isso é resultado da fase de euforia que a fotografia cria, com a ―facilidade‖ de captura digital. Um bom exercício seria desligar o visor da câmera e ver o resultado apenas depois que o trabalho estiver pronto. Parece estranho? Mas acredite, não é!

*Nota: Não estou defendendo o uso da fotografia analógica, mas o sistema de aprendizado. Sou usuário do sistema digital desde o lançamento da Mavica FD81. Fotografava obras de arquitetura para relatórios com ela, tempos depois a saudosa G2 e por ai vai. Em 10 anos o desenvolvimento tecnológico das câmeras digitais rompeu a cada ano barreiras surpreendentes. Mas em contrapartida o aprendizado em algumas etapas diminuiu. Obviamente trabalhamos em

outras plataformas, mas destaco aqui um item primordial na fotografia, que praticamente foi posto de lado, inclusive (por um tempo confesso) por este que vos escreve. Nosso amigo fotômetro. Pratiquem a fotografia de retratos com o uso do fotômetro. Se você usa, parabéns. Se não usa, experimente. Sua fotografia, sua maneira de ver o mundo vai mudar, acredite. Destaco aqui o tempo das saídas fotográficas promovidas por nosso amigo Enio Leite da Focus aos domingos pelo centro de São Paulo. Nossa brincadeira era olhar a palma da mão e dizer a fotometria. “1/200 e F11 no Provia 100 F” ou “ 1/100 e F8 no Velvia 50”

Dica # 3 – Regras

Por: Tyto Neves

Página 9 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Em minhas primeiras aulas de fotografia na faculdade de arquitetura eu falava: ―Regras existem para serem quebradas‖. Pois bem, o resultado dessa época são fotos com horizonte torto, cortes comprometedores no que se refere à linguagem fotográfica e enquadramentos estranhos. Sabe aquelas fotos que você precisa virar o pescoço para entender a ―mensagem do artista‖? Ou então aquelas fotos onde as diagonais não levam nada a lugar nenhum? Sem falar nas fotos sem foco onde insistimos

em dizer que a mensagem é interpretada de acordo com a intelectualidade de cada observador. Pode parar de rir e confesse: Você já fez isso não é mesmo? Se estiver rindo é um ótimo sinal. Sua fase (necessária para o aprendizado) de experimentações já passou. Agora é fotografar corretamente, lembrando que uma boa foto fala por si. Não precisa de explicações artísticas ou teóricas. Faça um teste: Selecione 10 fotos de sua obra. Aplique as regras mais simples:

Regras de Composição

Ângulos e Planos de Enquadramento, Plano Geral, Plano Médio, Plano Americano

Regra dos terço

Ponto de Ouro

Sentido de Leitura

Diagonais Acredite, vai ter uma surpresa ao ver que suas melhores fotos estarão dentro de alguma regra que você achou estar quebrando.

Dica # 4 – Linguagem Corporal

Nosso corpo realmente fala. Portanto é preciso observar a mensagem que o personagem está nos transmitindo ao ser fotografado. Alguns cuidados básicos em relação à postura do (a) fotografado (a) podem mudar muito o resultado fotográfico. Vejamos no caso de Retratos de Gestantes: Postura/Coluna Reta Por uma questão de física, geralmente as gestantes ao sentarem deixam o corpo se acomodar numa posição onde a coluna não seja muito requisitada. O resultado disso é uma fotografia onde a gestante ficará ―encurvada‖ para frente. Como resolver isso? Simplesmente fique atento e peça que ela fique com a coluna reta, ao menos na hora da fotografia. Isso não se aplica somente as gestantes, mas para todo tipo de pessoa. Braços Cruzados Podemos destacar dois casos: Defesa e desconforto.

Página 10 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A pessoa de braços cruzados geralmente não está à vontade. Não está aberta a receber nada que venha de fora de seu perímetro, ou do alcance dos braços. Portanto uma pessoa assim não irá render boas fotos até que ela esteja totalmente à vontade. Quando ela colocar as mãos no bolso, ou para trás do corpo, ou até mesmo apoiar-se em algo ela estará bem à vontade.

Pistas Verbais

O Tom de nossa voz é o grande mensageiro de nossas emoções. A variação de altura e intensidade de voz pode revelar particularidades, que o corpo reeducado pode esconder. Alguns exemplos:

Voz alta: Pessoa que está no controle, autoritária, intimidadora.

Voz apagada: Sem emoção, timidez, desconfortável na situação.

Voz macia: Conforto, educação, pessoa resolvida emocionalmente, cansaço. *Nota: Isso não é uma ciência exata, e os fatores precisam estar relacionados uns aos outros para compor um cenário especifico entre cada situação ou pessoa que você irá fotografar.

Dica # 5 – Interação com o Personagem

Quanto mais a pessoa estiver à vontade com você, melhor será o resultado fotográfico. Portanto não tenho pressa ao fotografar. É muito comum a pessoa ficar um pouco ―assustada‖ ao chegar ao estúdio, afinal esse ambiente não faz parte de sua rotina, então tudo é novidade. A melhor maneira para passar essa etapa é apresentar o estúdio, mostrar o funcionamento, falar sobre outros trabalhos, família, assuntos do cotidiano. Investindo tempo nessa etapa, você ganhará rendimento durante o ensaio,

pois conseguirá a confiança e proximidade necessária para explorar ângulos e tipos de luz diferentes, sem cansar o fotografado (a). Fique próximo, mas mantenha a distancia profissional. Veja, essa é minha maneira de fotografar, e isso se aplica diretamente a minha linguagem fotográfica. O resultado pode ser visto ao longo dos anos, nas histórias de inúmeras famílias que voltam e continuam a indicar novas famílias para ensaios.

Página 11 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Mas destaco que esse comportamento deve ser uma coisa natural, não crie um personagem. Muita gente não gosta desse tipo de relacionamento com clientes. Respeito isso, mas não consigo fotografar uma pessoa sem saber um pouco de sua história. Claro, às vezes todo esse empenho pode esbarrar num fator determinante: Tempo. Certa vez ao fotografar 30 advogados de um escritório num prazo de 3 horas não havia tempo para conhecer todo mundo e falar sobre futebol, cotidiano etc. Como resolvi isso? Na espera enquanto o estúdio era montado colocamos vários álbuns e fotos de meu trabalho. Todo tipo de fotografia, inclusive revistas e livros onde meu trabalho fora publicado. Assim, quando chegavam um a um ao estúdio eu perguntava: Gostou das fotos na recepção? Ótimo! Mas as nossas ficarão ainda melhores. O resultado? 30 pessoas felizes e sorridentes fotografadas em 3 horas. Bom, se você chegou até aqui merece uma surpresa: Mais 5 dicas que somadas as demais completam uma lista de conduta pessoal e profissional.

Dica # 6 – Seja autêntico e verdadeiro. Dica # 7 – Sua linguagem é um filtro natural para clientes. Dica # 8 – Estude sempre. Dica # 9 – Quando pensar que sabe tudo estude mais ainda.

Página 12 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Iluminação básica de retrato

Profissionalmente os fotógrafos precisam adiantar a preparação de uma sessão fotográfica, com especial atenção se ela for feita em estúdio, porque neste caso irá precisar de iluminação. Isto vai tornar as coisas menos divertidas e menos simples do que a fotografia casual de exterior, mas vai ser possível inventar e garantir um tipo de imagem interessante. A iluminação é o elemento chave do retrato, e se estamos a construir do nada, iremos descobrir que uma iluminação com uma luz suave irá servir para a maior parte das caras, ao contrário de uma luz dura. Um dos tipos de iluminação mais básicos na fotografia e de maior confiança inclui uma luz principal, difundida por uma sombrinha ou softbox, a 45º graus do modelo, uma segunda luz mais fraca ou reflector para preencher as sombras, uma terceira mais afastada e direcionada, pode iluminar o cabelo ou o outro lado da cara. A luz principal será responsável pela moldagem básica, enquanto que o resto das luzes vão reduzir o contraste e suavizar as sombras. Para ajudar a iluminar a sombra por baixo do queixo, que normalmente é mais escura, podemos pedir ao modelo, caso não tenhamos um assistente ou suporte, para segurar um refletor, que poderá ser branco ou prateado ou outra cor, dependendo da tonalidade pretendida. Existem obviamente tantas maneiras de iluminar rostos como fotógrafos e vale sempre a pena experimentar estilos diferentes. Todas as sugestões de luz aqui referidas, bem como os refletores, poderão e devem ser alteradas conforme necessário. A solução irá depender do resultado desejado – Uma fotografia de beleza suave ou um retrato vigoroso. Mas alguns princípios têm de ser observados, a luz pode também ser usada para realçar as melhores características da cara e disfarçar as menos boas. Estas decisões têm de ser tomadas mediante as circunstancias, e teremos que ir alterando a iluminação ao longo da sessão.

1 – Cabelo: O cabelo fica com melhor aspecto quando parcialmente iluminado por trás, dando algum brilho. 2 – Testa: A menos que tenha a sombra do cabelo, a inclinação da testa pode reflectir uma iluminação forte e parecer e parecer demasiado exposta. Aqui a luz difundida poderá reduzir este problema. 3 – Olhos: Normalmente precisam de um bom preenchimento de sombra para evitar que fiquem muito escuros. 4 – Nariz: Não há problemas especiais na iluminação do nariz, embora possa ser necessário evitar que pareça demasiado proeminente. Uma luz forte cruzada irá produzir uma sombra e acentuar o nariz. Uma iluminação menos óbvia será mais eficaz. 5 – Maçãs do rosto: Factor importante nos retratos. As maçãs do rosto fortes e altas são particularmente fotogénicas. 6 – Boca: A boca não causa geralmente problemas de iluminação. Devemos ter algum cuidado com batons mais

escuros, em imagens P&B e também a cores, poderão parecer, mais proeminentes. 7 – Queixo: Com iluminação por cima, vantajosa em alguns casos pode criar uma grande sombra, será boa ideia colocar por baixo do queixo um reflector. 8 – Orelhas: Se o modelo tem as orelhas grandes, apenas uma alteração da pose pode ajudar. Uma pose a três-quartos é melhor do que de frente. A iluminação é um elemento fundamental na fotografia, espero que tenha gostado. Aguardo pela sua opinião nos comentários!

Por: J Grilo

Página 13 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O que é a “Caixa de Luz” para Retratos e Moda

Já faz algum tempo que tenho conversado com o Diogo Guerreiro sobre a minha vontade de criar aulas ilustradas que nada mais são do que um making of dos meus próprios trabalhos onde ensino todos os truques (mesmo). Há alguns meses comecei a desenvolver uma série de ensaios com uma modelo new face, Carol Maia, e tive a ideia de criar no Olhares o upload em tempo real, ou seja, clicava e depois de 10 minutos algumas das fotos já estavam online para que todos pudessem curtir e aprender também já que explicava exatamente o que havia feito para obter aquele resultado. Percebi que o assunto ―Caixa de Luz‖ que eu mencionava chamava muito a atenção dos visitantes da minha galeria e tenho comigo inúmeras mensagens de pessoas que gostariam de saber o que é, como se constrói e para que serve esse tipo de luz que muitos profissionais topo de gama utilizam para suas maravilhosas fotos já que sua principal vantagem é o ritmo por permitir a movimentação variada da modelo (profissionais, não briguem de novo

comigo mas é que tenho alma de professor … ).

Modelo: Carol Maia / Make up/Hair: Vanessa Souchet / Styling: TeamWork

1) DEFINIÇÃO:

O termo ―Caixa de Luz‖ define uma área onde qualquer posição (ou pose) está garantidamente bem iluminada e, principalmente, com a mesma fotometria. Isso acontece porque forma-se uma ―caixa de segurança‖ com várias fontes de luz dispostas ao redor e o mais emocionante é que sempre há uma variação significativa do efeito da iluminação, embora as fontes estejam sempre na mesma posição. Para os que já ficaram meio desanimados pensando que não possuem cabeças de flash, refletores, fundos pretos, eu tenho uma ótima notícia … pode-se improvisar com lâmpadas comuns também desde que não sejam fracas e que se faça um balanço customizado dos brancos que é um recurso muito comum nas câmeras DSLR de gama média (leiam seus manuais, Fotodgnianos!!!). Eu fiz uma fotografia em plano aberto do que estava acontecendo e numerei todos os componentes que julguei serem importantes para que vocês pudessem entender exatamente do que se trata e como a caixa de luz vale também para vários enquadramentos desde portrait até corpo inteiro.

Por: Fernando Bagnola

Página 14 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1 – Luz Principal: Cabeça de flash em ½ potência com snoot para concentrar e manter a luz numa determinada área (em ½ potência para não ―estourar‖ a pele mantendo os tons médios mais naturais). 2 – Cabeça de flash com sombrinha branca em potência total para criar altas luzes e brilhos. 3 – Cabeça de flash com sombrinha branca em potência total para criar altas luzes e brilhos. 4 – Refletor dourado para captar a luz parasita proporcionando um tom de pele mais ―quente‖. 5 – Disparador por Radio Frequência que evita a presença de cabos (e tropeços desastrosos). 6 e 7 – Reflexão da luz parasita que funciona como a ―tampa e fundo‖ da caixa de luz devolvendo para a cena (podem ser feitas com placas de esferovite/isopor). 8 e 9 – Nesse dia o frio era intenso e é sempre importante que a modelo sinta-se confortável. Importante: Sempre opte por tecidos (hobby) ou superfícies (aquecedor) brancos, pretos ou cinzentos para não contaminar a luz com reflexos de cores que não sejam brancas. 10 – Fundo preto (mate) para evitar inclusão de brilhos indesejados. 11 – Um depósito de pilhas ―Pilhão‖ (www.ecopilhas.pt) para que o mundo não fique contaminado pelas incontáveis pilhas que NÓS utilizamos (o planeta agradece).

Página 15 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Com quantos flashes se faz um cartão de Natal

Há muitos anos sou um grande entusiasta do uso de flashes dedicados em estúdio, tanto que substitui todos os meus flashes tradicionais por unidades dedicadas que trabalham usando o sistema TTL das câmeras. Esse sistema tem inúmeras vantagens como portabilidade, independência sobre a rede elétrica, o fato de dispensar o uso de um Flash Meter (fotômetro de mão) entre outras. Aproveito esta volta ao tema para anunciar que inicio agora uma longa série de artigos sobre fotometria e flashes dedicados. Faço isso após notar a carência de bibliografia no assunto em

língua portuguesa e também após acumular longa experiência ministrando cursos nesses dois tópicos. Fotometria e flash são assuntos que se relacionam, um não vive sem o outro, daí a necessidade de tratar os dois simultaneamente. Mas voltemos ao cartão de Natal e a pergunta que dá título a este artigo, cuja resposta neste caso é 3. Sim, são necessários 3 flashes pata fazer este cartão de Natal e você pode ver a distribuição deles nesta imagem abaixo: E o resultado final da foto esta abaixo: Os ingredientes para a foto são muito simples, um pouco de farinha de rosca (aquela que é feita moendo pão), enfeites natalinos comprados em uma loja, uma bolinha de mouse, uma pequena sombrinha usada para decorar bebidas tropicais e uma folha de EVA (borracha) verde. Além disso temos rebatedores que visam deixar a luz suave, sem sombras agressivas ou muito marcadas, flashes (neste caso, um Canon Speedlite 550EX e dois Speedlite 420EX). A luz principal é feita com o 550EX, que ganhou um difusor para espalhar um pouco a luz no ambiente e ter um resultado mais suave. Os dois flashes 420EX cumprem com a finalidade de criar brilhos na borracha e assim simular a água do mar, as dobras na folha quando desfocadas dão a impressão das ondas. Além disso esses flashes iluminam o fundo branco o que aumenta a difusão geral da luz e sua consequente suavidade e naturalidade. Tudo foi apoiado sobre uma mesa de jantar e a foto foi feita literalmente na sala de minha casa. Devo dizer que tanto esta foto, como outros dois cartões que fiz em outros anos estão disponíveis para download gratuito em meu site. Basta colocar a imagem em seu carrinho de compras e proceder o fechamento, é gratuito, um presente de Natal para meus amigos, leitores, seguidores no Twitter e todos os demais que de alguma forma acompanham minha trajetória fotográfica.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 16 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotos Aéreas & Grafismos

Começo minha terceira coluna agradecendo ao piloto Dr. Fernando Arruda Botelho pelo incrível convite de voar da cidade de Itirapina até Rancharia no interior paulista acreditando no meu sonho de um dia fazer parte da elite mundial

da fotografia. Nesse trabalho mais do

que especial, retratei os grafismos formados pela vegetação. Mas o que são grafismos? Na fotografia é ―uma técnica usada para criar imagens abstratas e com composições geométricas. Geralmente são fotos de forte apelo gráfico, que retratam detalhes arquitetônicos de construções, objetos coloridos ou situações em que vale mais a forma do

que o conteúdo. Na minha humilde visão e mais resumida do que tudo isso, o grafismo é uma forma de treinar os olhos valorizando coisas simples, formas sem sentidos que nos fazem ficar atentos a todos os detalhes. Mesmo em fotos como essas em que tudo parece sem sentido. Lembre se da regra dos terços para compor melhor suas fotos‖.

Dicas técnicas

ISO sempre alto, para manter o contraste e usar velocidades mais altas.

Aberturas menores para maior profundidade de campo.

Velocidade mais alta para ajudar evitar desfoques, pois estará no mínimo a 120km/h.

Escolha lentes grande angulares.

Filtro polarizador

Dicas importantes

1. Para fazer fotos aéreas é importante conhecer o piloto. Um fator primordial é explicar como quer enquadrar certas paisagense terá que fazer com que o piloto compreenda altura e velocidade.

2. Esteja atento à posição do sol e nuvens que podem atrapalhar. 3. Evite voar com aviões nas quais não possui janelas, pois fotografar com um acrílico ou vidro na

frente, tira toda a vida de sua imagem, fora que terá reflexos mais do que indesejados. 4. O melhor horário para voar sem dúvida alguma, é no fim de tarde.

Mas nada melhor do que demonstrar não é? Então vamos ver algumas fotos desse trabalho que realizei com a participação do piloto Dr. Fernando de Arruda Botelho.

Por: Lucas Amorelli

Uma plantação de eucaliptos formam uma “pizza gigante”

Página 17 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Um conselho para os iniciantes que querem se dar bem na carreira em qualquer estilo de fotografia, estude o grafismo e treine muito, pois se tornará uma ferramenta para treinar seus olhos em qualquer situação.

Razante na Represa do Broa

Acima a esquerda segue a foto com uma bela imagem do piloto Dr. Fernando Botelho sobrevoando uma represa e acima a direita

um razante em meio à floresta

Acima a esquerda segue uma plantação de laranjas dão profundidade a foto com suas linhas curvas e acima a direita segue a foto onde o contraste da terra vermelha com as poucas árvores na região

Repare que o objeto principal da foto respeita a regra dos terços

Página 18 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

10 dicas para fotografia de paisagem

1- Tripé Por norma, na fotografia de Paisagem Natural utiliza-se valores de ISO baixo (exº ISO 100, para se obter o menor ruído possível) conjugados com aberturas pequenas (exº f/22, para se obter a maior profundidade de campo). Como os ISO‘s baixos são pouco sensíveis à luz e uma abertura pequena significa que o diafragma da objectiva está mais fechado, então será necessário um tempo de exposição mais longo para a fotografia ficar exposta correctamente. Nesse sentido, um tripé robusto é uma ferramenta essencial para nos garantir que a câmara fica completamente estática durante a exposição.

2- Bolha de Nível Dupla Este é um dos acessórios mais importantes para o fotógrafo de Paisagem Natural. A bolha de nível dupla encaixa-se na sapata do flash, garantindo horizontes direitos na horizontal e vertical. Defendo desde sempre que devemos extrair o máximo de uma fotografia no ―terreno‖, por isso nivelar horizontes posteriormente no Photoshop está fora de questão, essa tarefa não só me iria roubar mais tempo em frente ao computador como ainda iria perder alguns pixeis por cada ajuste tendo em conta que teria de fazer sempre um crop à imagem. 3- Cabo Disparador

Outro acessório essencial e que deverá ser utilizado em simultâneo com o tripé, é o cabo disparador que permite accionar o obturador sem termos contacto directo com a câmara através das nossas mãos. Nesse sentido as fotografias não ficam tremidas sempre que é necessário um tempo de exposição longo. Se não possui este acessório poderá sempre optar por utilizar o temporizador da sua câmara e evitar a trepidação causada pelo contacto manual com a câmara, mas há que ter em conta que esta será apenas uma solução de recurso. Veja-se o exemplo: se

quisermos captar um momento numa fracção de segundo ou disparar no modo continuo, ainda que com velocidades lentas, só será possível através da utilização de um cabo disparador. 4- Mirror Lock-Up Com a utilização do tripé e cabo disparador, podemos reduzir ainda mais a hipótese de trepidações indesejadas, é aqui que entra o mirror lock-up. Depois de selecionada esta opção na nossa câmara, e após premir o obturador o espelho é recolhido. Se posteriormente olharmos pelo visor da câmara irá aparecer tudo negro porque o espelho já foi recolhido e não reflete a imagem para o visor. É por isso essencial que o enquadramento já tenha sido escolhido, depois só teremos de premir novamente o obturador para acionar as cortinas e a luz impressionar o sensor. Trata-se de uma funcionalidade a dois tempos e que pode ser bastante vantajosa com o uso de teles ou em situações de longas exposições para que se obtenham imagens com a maior nitidez possível.

Por: Pedro Bento

Página 19 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

5- Focagem Hiperfocal

É uma técnica bastante utilizada pelos fotógrafos de paisagem natural, que por norma pretendem obter nas suas imagens nitidez desde o primeiro plano até o infinito. No entanto, quando se houve falar em hiperfocal é sinónimo de dúvidas e confusão. Vamos simplificar: esta técnica assenta no principio óptico básico de a área correspondente aos 2/3 à frente do ponto de foco e a área correspondente ao 1/3 atrás do ponto de foco também aparecerem nítidas. Neste sentido se focarmos no infinito estaremos a desperdiçar a área correspondente aos 2/3 à frente do ponto de foco, por outro lado se focarmos no primeiro plano estaremos a desperdiçar a área correspondente ao 1/3 atrás do ponto de foco. Assim sendo, para maximizarmos a área de nitidez na imagem devemos focar num ponto localizado a 1/3 da objectiva. A dificuldade pode surgir precisamente na localização da marca da distância hiperfocal, a boa noticia é que pode encontrar online inúmeras calculadoras e tabelas que pode imprimir para ajudá-lo no momento do click.

6- Filtros

A partir do momento que comecei a utilizar filtros fotográficos as minhas fotografias ganharam uma nova dimensão, desde aí que não prescindo deles e na minha mochila acompanham-me sempre os seguintes exemplares: Filtro Polarizador Circular: Elimina reflexos de superfícies não metálicas proporcionando cores mais intensas e maior contraste. É extremamente útil para acentuar o azul do céu, intensificar as cores da vegetação e revelar elementos que se encontram debaixo de água. Filtro de Densidade Neutra: Filtro cinzento igualmente opaco a todas as cores do espectro e que, portanto, não afecta as cores finais da imagem. Utilizo quando pretendo aumentar o tempo de exposição e captar o movimento da água ou nuvens. Filtro Graduado de Densidade Neutra: Serve para equilibrar as diferenças de luz existentes entre o que está acima e abaixo da linha do horizonte, uma vez que por norma existe sempre mais luz no céu. Na parte superior o filtro é cinzento e opaco enquanto que na parte inferior é totalmente transparente.

7- Grande Angular

Há quem diga que fotografia de natureza é sinónimo de grande angular, se por um lado os filtros permitem um aumento de criatividade a inclusão de uma grande angular na nossa lista de equipamento permite a entrada numa nova dimensão. Estas objectivas apresentam um grande campo de visão e oferecem ao fotógrafo perspectivas de visão únicas.

Página 20 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

8- Composição / Regra dos Terços

De nada adianta ter conhecimentos técnicos se na hora de compor uma imagem não tivermos um cuidado especial. A regra dos terços é uma maneira simples e um bom ponto de partida para se conseguir uma composição equilibrada, para utilizá-la deve-se dividir a fotografia em nove quadrados, traçando duas linhas horizontais e duas verticais imaginárias, e posicionando nos pontos de cruzamento o assunto que se deseja destacar.

9- Meteorologia

Na preparação de uma saída fotográfica para o exterior, devemos antecipadamente consultar as previsões meteorológicas em sites da especialidade. Para um fotógrafo de paisagem natural não há nada pior do que um dia de céu limpo. A regra é ―mau tempo = bom tempo para fotografar‖, por isso se as previsões anunciam nuvens e possibilidade de chuva, prepare a mochila e vá fotografar,pois as possibilidades de captar momentos dramáticos, luz de transição e até um arco-iris serão muito maiores.

10- Golden Hour

Mais de 90% das minhas imagens são captadas nos momentos imediatamente antes e a seguir ao nascer e por do sol. Durante estes dois períodos do dia o sol está posicionado num ângulo baixo, a luz rasante e dourada cria longas sombras horizontais que conferem profundidade ás imagens e em simultâneo as texturas dos elementos são reveladas. Realizar uma sessão fotográfica ao pôr do sol é fácil para qualquer fotógrafo, devemos chegar com alguma antecedência e ―bater‖ a zona à procura de potenciais enquadramentos para fotografar na hora mágica. Já a fotografia ao nascer do sol, exige um planeamento mais elaborado: teremos de ter estudado previamente o local a fotografar, ter força suficiente para sair da cama quando o despertador toca (no Verão o sol nasce bastante cedo, por isso é perfeitamente comum acordar as 04:00 AM) fazer o percurso ainda na escuridão da noite e encontrar o local previamente escolhido para estarmos prontos no momento em que os primeiros raios de luz iluminam o spot escolhido. Espero que esta lista de dicas vos ajude a tirar mais e melhores fotografias, e que acima de tudo se divirtam.

Página 21 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Crónica de fotografia de Natureza

Viagem, aventura e fotografia nas paisagens costeiras selvagens a Norte do Cabo de São Vicente, Portugal Conheça as histórias, emoções, perigos e muitos aspectos da fotografia de natureza mais extrema em meio selvagem na Jornada de fotografia na Costa Vicentina no decorrer do pico de cores de Primavera, pelo fotógrafo de Natureza Hélio Cristóvão.

Os motivos a fotografar:

Detalhes/intimismos de escarpas, rochedos, arrifes;

Grandes vistas com plantas silvestres nas arribas costeiras;

Enseadas e praias nas marés baixas à hora do nascer pôr-do-Sol;

Plantas selvagens;

Recorte dos montes e vales costeiros, revestidos de verde da vegetação de Primavera.

Locais:

Enseadas e escarpas a Norte do Cabo de São Vicente;

Costa selvagem entre Murração/Praia da Barriga e Castelejo;

Costa selvagem entre a Grota/Torre de Aspa e Malhão do Infante.

Na Primavera, durante as últimas semanas de Abril, altura em que as cores das planícies, serranias e orla marítima estão ao rubro, estabeleci o meu regresso às paisagens costeiras de espectacular beleza e dramatismo. Aproveitando a intensidade da Primavera, optei por explorar as arribas altas e escuras da Costa Vicentina, que nesta altura do ano se encontram encimadas por extenso coberto de vegetação em flor. O plano estava traçado. A viagem seriam três a quatro dias de fotografia, permanecendo no terreno desde o nascer ao pôr-do-Sol, explorando zonas costeiras desconhecidas, por vezes das mais inacessíveis, percorrendo topos de arribas, tendo a vegetação como motivo essencial.

Este é o relato das últimas horas desta jornada, o último dia, antes do regresso de 400 Km a casa. É o relato de fotografar ao Pôr-do-Sol de Sábado, 24 de Abril de 2010, onde sem que eu ainda o soubesse, iria experimentar a mais perigosa e arriscada descida e subida de penhasco que fiz na minha vida (até à data), para alcançar uma enseada situada entre a Carrapateira e Vila do Bispo. Durante todo esse dia a luz nunca foi boa para fotografar paisagens amplas e grandes vistas, há que conhecer a ―qualidade‖ da luz (própria) para os vários motivos, e o céu muito nublado – nuvens altas e completamente coberto, sem textura – um céu branco, que não apresenta interesse ao incluir numa fotografia de paisagem. Esta luz difusa e cálida,

Por: Hélio Cristovão

―SILVER EYE‖ 17:43h – 12mm f/22 1/2s

ISO100, filtro polarizador cir.

Página 22 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

no entanto, ao fotografar detalhes de Natureza, plantas e perspectivas mais ―fechadas‖ permite evitar sombras e grandes contrastes, podendo vir a gerar bons resultados. Durante a tarde percorri a pé trilhos ao longo dos topos das arribas entre as Praias da Barriga e Murração, ocasionalmente descendo a algumas praias, entre elas o Mareadouro da Escada que implica uma descida de 100mt de altura, apenas possível com o auxílio de cordas que os pescadores lá fixaram, vencendo grandes desníveis e inclinações sob um piso de xistos erodidos. Lá em baixo, fotografei a falésia que delimita a praia a Sul, tendo em primeiro plano rochas cobertas de musgos, cujos tons verdes por vezes tornavam-se quase fluorescentes, devido à suavidade da luz! As cores estavam vivas. Subi a escarpa, era a hora de me dirigir para Norte, e, contornando os três grandes vales seguintes desço novamente, atravessando o leito do Barranco da Pena Furada. Sigo em direcção a uma praia ainda a Sul de Murração, onde um gigante pináculo piramidal ostenta cerca de 21 mt de altura. O céu não ajudou a fotografar a paisagem, e entretanto chegava a chuva. Nestas ocasiões é importante estar preparado. A máquina fotográfica deve ser protegida com capa impermeável, e o fotógrafo também! Um casaco corta-vento impermeável, leve e que não comprometa a maleabilidade é aconselhável. Fotografo o cenário idealizando já uma transformação para o preto-e-branco, acrescentando o necessário dramatismo entre a claridade do céu e a escuridão global na cena.

São agora 18:30h, e tenho de tomar uma decisão dentro dos próximos 10 minutos: Espero que as condições nesta praia melhorem – que o céu se apresente com algum detalhe, nem que por momentos apenas umas nuvens surgissem – ou sigo de imediato para a subida que me deu acesso à praia, voltando para trás, uma vez que o local onde quero fotografar ao Pôr-do-Sol é ainda distante para Sul. Nesta última alternativa, há ainda que contornar um pequeno vale que fica na outra vertente da cumeada da praia onde estou, mais, existe ainda uma descida de falésia cujo trilho ainda não conheço completamente. O tempo está a ficar escasso. Volto para trás, e observo o horizonte. Após um dia sem qualquer dramatismo no céu, agora observa-se alguma luz dourada que já está a aparecer. Uma luz típica de trovoada. Mas parece que as condições estariam a mudar. Reúno todas as minhas energias e subo vigorosamente, quero chegar ao destino e tenho pouco tempo. Estou na crista da escarpa onde tem origem o trilho. A luz ainda está muito escura, chove, o chão está escorregadio. Estou a 105 mt. de altura sobre o oceano. Lá em baixo, vejo a escarpa e o local exacto onde pretendo fotografar. Mesmo após a descida, ainda haveriam cerca de 350 mt. de caminhada na enseada, sempre sob rochas, por vezes polidas e escorregadias.

―DARK GUARDIAN‖ 18:42h – 17mm f/22 1/2s

ISO100, filtro polarizador cir.

“SPIRITUAL GATE” 20:12h – 12mm

(APS) f/22 1/2s ISO100 e 1/3s ISO200,

filtro polarizador circular

Página 23 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Durante os primeiros 30 mt. de descida, estou face ao primeiro grande perigo: devido às chuvas fortes ocorreram deslizamentos na arriba, e o trilho da largura de 2 pés juntos foi cortado e divide-se à distância de pequenos saltos em alguns metros, mesmo em cima da vertiginosa escarpa, quase vertical, a dezenas de metros sobre o mar e rochas; este é o momento em que é necessário acreditar. Estamos nos limites do impossível, fazendo equilíbrio para o penhasco tentando agarrá-lo bem… atravesso com muita calma, qual trapezista numa falésia. É preciso ter ―sangue frio‖, preferia não pensar por agora que teria de cá voltar aquando da subida. Eu quero continuar.

Chego ao patamar dos 70mt. de elevação, é uma proeminência, um ―pequeno‖ cabo que se estende para o mar e termina lá bem em baixo num pesqueiro de camadas estratificadas de xisto, a ―Furna do Mirouço‖. Quando chego ao pesqueiro, verifico que afinal… ainda estou a uns 50 mt. de distância da enseada para trás de mim! E talvez a uns 15 mt. de altura! E já não há trilho… A única solução é caminhar sobre os patamares da rocha, que se ergue em camadas laminadas, escorregadias. Avanço pela rocha e detecto uma corda, muito difícil de alcançar. Está cravada com ferros em vários pontos, e o objectivo é atravessar lateralmente – contornando a rocha. Não há alternativa. Sem essa corda, seria impossível

atravessar. Com todo o cuidado avanço, ainda muitos metros acima do mar, mas com espaço apenas para um pé de cada vez e com a corda a segurar a minha vida. Após a corda, há que saltar para o seixo rolado da enseada. Estou sozinho na verdadeira costa selvagem. Com a mochila às costas e tripé empilhado nela – mais de meia dúzia de quilos de equipamento, salto de rocha em rocha, a bom ritmo até chegar à ponta de uma das mais impressionantes escarpas da Costa Vicentina. Chegar a este ponto é um feito de experiência acumulada. Uma inexplicável motivação leva-me a pressentir que iria fazer a minha fotografia! Confronto de frente a escarpa dos Caixões. O mar está agitado, mesmo ali à beira do oceano, neste local é preciso observar com muita atenção o comportamento das ondas fortes, estou em plena zona de rebentação, ocasionalmente pego no tripé com a máquina e dou uma corrida para me afastar das maiores vagas. Começa a chover, e fica bastante difícil estudar enquadramentos e compor sobre estas condições. Eu estava a experienciar em tempo real o expoente máximo do puro dramatismo da Natureza, à medida que a chuva fraqueja e cessa, por trás de mim revela-se agora a formação de um espectacular arco-íris acima da linha costeira das arribas! A luz começa a transformar-se, o céu está cada vez a ficar menos nublado e a começar a explodir de cor à medida que o Sol baixa no horizonte. Estou a fotografar.

Optei por voltar para trás até ao local onde havia descido à enseada, mesmo sabendo que ainda não tinha atingido o pico de cores que aquela luz iria oferecer no crepúsculo. Mas não havia tempo. O local é demasiado perigoso e era preciso tempo para voltar a subir a arriba. Eu já tinha feito a minha fotografia aproveitando vários momentos de luz espectacular. Chegando ao canto a Sul das arribas, antes de iniciar a subida, assisto agora a um céu inesquecível, nuvens vermelhas, tenho de fotografar estas cores. Monto novamente tripé e máquina. Sem perder muito tempo, e em questão de poucos minutos fiz ainda a última fotografia, incidindo sobre um rochedo que optei por centrar na composição. Vou subir por um local diferente, há uma alternativa, uma corda que se estende por vários metros de altura, sem sequer ver o que está a seguir, não há trilho visível, mas ainda assim arrisco. Prefiro arriscar as minhas hipóteses ao invés de voltar à corda e rochas por onde desci. Agarro esta corda e mais uma vez lhe confio tudo. Chegando ao fim desta corda, não há caminho perceptível daqui para

“WILD GLOW” 20:10h – 14mm f/22 1s ISO200, filtro polarizador cir.

Página 24 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

cima. Está a anoitecer e sinto-me encurralado. Resulta a impressão que dada a inclinação fortíssima deste precipício, o rochedo erodido deslizou, e onde poderia haver um trilho visível, já não existe. Este foi o momento emocionalmente mais forte e exigiu muito controle, observo à minha volta, e vou confiar toda a minha mente à subida. Prontamente começo a escalar à mão livre, agarrando ramos cravados na terra, agarrando rocha e a própria terra, a subida é quase vertical, apoio os pés no que me pareciam marcas semelhantes a pequenos degraus da espessura de um pé como que definindo um carreiro de passagem; Consigo vencer esse trecho de subida e volto ao caminho inicial! Há ainda alguns obstáculos, terei a minha garantia de vida quando chegar ao carro. Nunca mais volto a este local sem as minhas próprias cordas e outras medidas de segurança. Senti enorme alívio ao chegar ao carro, iniciando a viagem de regresso escrevo uma mensagem de telemóvel a colegas e amigos:

“Acabei de chegar ao carro vindo de uma enseada selvagem da costa vicentina. As falésias mais perigosas onde estive na minha vida. Descida e subida de escarpa quase a pique, dezenas de metros acima do mar. Por vezes escalando a mão livre outras com auxílio de cordas – onde parece impossível sequer passar. Passei por momentos de medo e desespero sem conhecer o caminho. E de alegria por chegar bem de volta ao TOPO! Sozinho. Mas fui recompensado com a luz para fotografar todo o dramatismo dos Caixões – o nome do local. É hora de voltar para a família. Agora vou a ouvir Eddie Vedder – Into the Wild. Bem alto.”

A Costa Vicentina tem as paisagens costeiras da contemplação e do fascínio, mas apenas uma mão de praias conhecidas e facilmente acessíveis, no entanto, praticamente toda a orla costeira, por mais elevadas que sejam as escarpas, têm um ou mais acessos. Acontecem situações inacreditáveis e há descidas que deixam a cismar como é possível? Mas os pescadores traçam os seus caminhos, e a dezenas de metros, com ou sem cordas, pelas arribas e através de carreiros entre rochas descem aos pesqueiros.

“TWILIGHT CLAW” 20:25h – 16mm f/22 1s ISO320, filtro polarizador cir.

Página 25 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia… a quanto obrigas

Sacrifícios que um fotografo está disposto a fazer para obter determinada fotografia. Qual o sacrifício que cada fotógrafo está disposto a fazer para obter determinada fotografia? Muitas vezes, a questão meramente técnica é a parte mais fácil, pois por detrás de cada imagem captada existem imensas histórias e peripécias que ficam por contar… Este artigo servirá para contar em detalhe a última aventura em que participei com o também fotógrafo e amigo Hélio Cristóvão, e para falar sobre o sacrifício e empenho a que a mesma nos obrigou..

Neste último ano, e em parceria com outros fotógrafos amigos, tenho vindo a percorrer alguns dos locais mais inóspitos e inacessíveis em Portugal do ponto de vista fotográfico. Para quem, tal como eu, é amante da fotografia de paisagem, o Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG) é talvez o expoente máximo para este tipo de fotografia em Portugal Continental, tal a diversidade paisagística do local. O nosso objectivo nesta aventura era simples: fotografar dois ou três locais no PNPG, sabendo que teríamos pouco mais de 24 horas para concretizar esta aventura. E assim foi.

Duas semanas antes da nossa expedição e com a ajuda do inevitável Google Earth, planeámos toda a viagem, e após alguns avanços e recuos, decidimos quais os locais a fotografar. Foi numa sexta-feira que deixámos para trás uma Lisboa com algumas nuvens, mas muito solarenga e as nossas expectativas eram elevadíssimas. Com o avançar da viagem, o tempo ia ficando cada vez mais fechado e acima do Porto começou mesmo a chover copiosamente. Em pouco mais de duas horas víamos os nossos desejos praticamente caírem por terra, devido à chuva que teimava em cair e que punha em causa os objectivos a que nos tínhamos proposto. Chegados finalmente à Serra da Peneda, o nosso objectivo era fotografar a pequena barragem que existe no alto da Senhora da Peneda, ainda que isso implicasse fazer uma difícil caminhada de mais ou menos uma hora. Devido à chuva que ia caindo de forma insistente, hesitámos em subir, mas como a nossa viagem tinha um propósito bem definido e como que movidos por uma inspiração divina, talvez oriunda da imponente Igreja da Senhora da Peneda, decidimos avançar. Começámos a subir a velha calçada romana e à medida que íamos subindo, a chuva foi parando e uma vez na barragem, a chuva estancou por completo. Esta barragem distingue-se por estar rodeada por uma pequena cordilheira montanhosa e pelo facto de mesmo no meio da barragem, como que por capricho dos deuses, se encontrar uma pedra redonda de enormes proporções. Uma vez na barragem, o verde dominava o local. Era um verde quase fluorescente, sentíamo-nos meros figurantes num cenário como este, pois as personagens principais definitivamente não éramos nós, mas sim, as vacas barrosãs, as rãs, os sapos… No nosso íntimo devemos ter pensado que num cenário destes facilmente poderia aparecer uma fada, um elfo, qualquer coisa saída de um conto fantástico, tal o cenário que presenciávamos. O pouco vento que se fazia sentir parou por completo, e o pequeno lago naquele momento não era mais do que um enorme espelho reflector de tudo o que o rodeava, desde a montanha, à vegetação ou às árvores. Ah, quase me esquecia: até as próprias rãs faziam questão de mostrar as suas habilidades

Por: Nuno Luís

Nossa Senhora da Peneda

Página 26 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

quando, de uma forma quase sincronizada, saltavam da berma do lago para a água sempre que sentiam a nossa presença. Durante quase uma hora, fotografámos de forma intensa, houve momentos em que o azul do céu, o dourado do sol, o nevoeiro e o verde das plantas se misturavam num mundo único, tornando-se difícil descrever e até mesmo registar fotograficamente toda a panóplia de emoções vividas naquele local.

Passada a hora mágica e após o regresso ao carro, seguimos em direcção à Vila do Gerês onde jantámos e onde teve início a segunda metade desta aventura. Seguimos em direcção à cascata do Rio Arado, onde iríamos montar as tendas e prepararmo-nos para o nascer-do-sol. Programámos os telemóveis para tocarem às 04h30 da manhã e tal e qual um relógio suíço, à hora marcada os telemóveis deram o toque de alvorada, faltava sensivelmente uma hora e meia para o nascer-do-sol. Sempre junto à margem do rio e com passagem próxima da enorme e não menos bela cascata que cai imponente em direcção a uma antiga ponte romana, subimos o rio durante mais ou menos uma hora. Ainda que esta subida não seja fácil e exija algum cuidado e esforço físico, acreditem que é gratificante ver a imponência da paisagem por estas paragens, onde o rio serpenteia por entre a imponente cordilheira montanhosa, na qual se escondem inúmeros recantos, tornando-se quase impossível explorar todos eles com a devida atenção – seja um lago minúsculo, uma pequena cascata, ou a própria limpidez das águas que é impressionante por estas paragens. Mais uma vez vimos todo o nosso esforço recompensado, uma vez que a acompanhar as cores do nascer do sol, tivemos sempre a presença do nevoeiro, o que proporcionou uma atmosfera única, mística. Nem sei muito bem que adjectivos utilizar para classificar estes momentos únicos, belos e magníficos. No final, cada um registou o momento sublime de acordo com a sua própria visão e interpretação artística do local. Passadas todas estas emoções, já eram 11 horas da manhã e estava na hora de regressar a casa. Estávamos de volta a Lisboa, passadas pouco mais de 24 horas sobre a nossa ida, loucura? – Podem dizer que sim, mas lembram-se da frase com a qual iniciei o artigo, ―Qual o sacrifício que cada fotógrafo está disposto a fazer para obter determinada fotografia?‖. Aqui têm a resposta! Importa referir que toda esta aventura foi feita em plena consciência e nunca tomámos nenhuma decisão que nos pudesse colocar em risco. A montanha pode ser traiçoeira e é preciso ter cuidados quando se percorrem trilhos algo acidentados. A atenção terá de ser sempre redobrada, inclusivamente na viagem de automóvel, durante a qual tivemos o cuidado de parar de duas em duas horas, de forma a evitar o cansaço que poderia provocar algum dissabor. Após a chegada, fica a sensação de dever cumprido, independentemente do esforço físico e mental a que tivemos sujeitos, mas ao mesmo tempo também fica a certeza que esta jornada está bem longe do fim, pois apenas cumprimos mais uma etapa deste nosso caminho que tem como principal objectivo, desvendar do ponto de vista fotográfico muitos dos locais quase inacessíveis do nosso país.

Nas Margens do Rio Arado

Página 27 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia de paisagem nas Serras de Portugal.

Fotografar nas montanhas da Madrugada ao Pôr-do-Sol nas Serras do Alvão e Freita

Como faço as minhas fotografias de montanha? Que preparações e estudos prévios são necessários? E equipamento? Como observar a paisagem segundo o fotógrafo? Com este artigo pretendo partilhar alguma da minha experiência, fazendo chegar ao leitor o espírito da aventura neste estilo de fotografia, contemplado com matérias essenciais para o fotógrafo que pretende aventurar-se na montanha. Num formato de relato de viagem, em que sucessivamente se vão introduzindo dicas e muitos aspectos de fotografia de paisagem das serranias no Norte de Portugal, descubra a fotografia dos trilhos de aventura, e como faz as fotografias de montanha – o fotógrafo de Natureza Hélio Cristóvão.

Fevereiro de 2010: A madrugada começa a notar-se mais cedo na última quinzena de Inverno. Viajei com o amigo fotógrafo Paulo Lopes, com partida de Lisboa às 2h00, havia mais de 400 quilómetros a percorrer até chegar às escarpas imponentes das montanhas perto de Ermelo e Varzigueto, onde corre ainda selvagem o Rio Olo. O destino seria fotografar a jusante das enormes cascatas que se despejam abruptamente num vale semelhante a um canyon de enormes proporções. Planejei mais uma viagem ―relâmpago‖, pois pretendia fotografar cascatas com os fortes caudais de Inverno, no ano em que se assistiu a uma quantidade atípica de chuva, num local que teria de ser desprovido de muita vegetação arbórea, as árvores caducas típicas de Serra nesta época estão despidas de folhagem. Assim,

preferia um local de montanha de granito despido e áspero – um cenário selvagem de montanha. O local seria as Fisgas do Ermelo. Entre os meus métodos de fotografia de paisagem, a preparação de viagens e o planeamento é fulcral. Embora seja praticamente impossível seguir um plano conciso para cada jornada, seja um dia ou uma semana, pois as condições de meteorologia podem variar bastante, assim como a duração prevista de permanência nos locais, convém traçar planos gerais incluindo os percursos, locais, e uma duração aproximada de fotografar em cada zona. Planeamento e objectivos são factores muito importantes quando se está em campo. Neste estilo de fotografia em montanha, eis um resumo de preparações e recursos na Internet que habitualmente utilizo para as mesmas:

Meteorologia – trabalhar no exterior depende das condições atmosféricas, aqui não há novidade. Mas claro que inerente ao planeamento de qualquer jornada fotográfica, ainda para mais que implique grandes viagens, é importante boa informação sobre as condições previstas, e quanto mais detalhada essa informação melhor:

Por: Hélio Cristovão

Mountain Heart (Coração da Montanha)

Parque Natural da Serra do Alvão. Uma fotografia de longa

exposição na madrugada mágica. Ao Sol Nascente, o pico da

cordilheira montanhosa do Alvão ilumina-se por luz dourada,

enquanto as nuvens coloridas

Página 28 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

o O site www.accuweather.com contém previsões a duas semanas na versão de uso livre. Muito detalhado, o estado do tempo com intervalos de hora a hora. Adicionalmente, poderá consultar dados astronómicos.

o Complemento sempre a informação do website anterior com a do Instituto de Meteorologia Portuguesa www.meteo.pt/pt/

Horários de nascer e Pôr-do-Sol, Fases e horas de nascer e ocaso da Lua – No terreno são as duas fontes de iluminação principal. Consulte informação precisa segundo os Almanaques publicados pelo Observatório Astronómico de Lisboa em www.oal.ul.pt/index.php?link=almanaques

Em termos de informação meteorológica e astronómica estamos assegurados. Mas a fotografia de paisagem, tal como eu a faço implica por vezes longas horas de estudo, com mais incidência na pesquisa segundo informação geográfica. Os SIG – Sistemas de Informação Geográfica – disponíveis online trouxeram grandes vantagens e um salto de tecnologia na observação e edição de dados geográficos. Entre interfaces na web e plataformas mais comuns está o aplicativo Google Earth:

O Google Earth é uma ferramenta muito poderosa. Tire o máximo partido do software, com visualização tridimensional de relevos, pesquise acessos, desde trilhos carreteiros a estradões em terra. Aponte coordenadas e introduza no GPS. Há um mundo de possibilidades a explorar para as jornadas em campo e orientação nesta abordagem à fotografia em montanha.

O Instituto Geográfico Português (I.G.P.) é o organismo responsável pela execução da política de informação geográfica nacional. Alguns recursos muito úteis para descarregar ou consultar na Internet:

o O Instituto disponibiliza uma carta gratuita em formato digital à escala 1:1 000 000 de

Portugal Continental: www.igeo.pt/e-IGEO/DOWNLOADS/1000m/1000k_1_70.zip o Através do serviço m@pas online disponibiliza ao público, gratuitamente, um conjunto de

serviços de dados geográficos, muito completo. Essencial no âmbitos dos SIG na Internet: http://mapas.igeo.pt/

Excertos de informação geográfica – Mapa de relevo e acessos e carta à

escala 1:1 000 000 de Portugal Continental

Uso de software no planeamento de fotografia de paisagem.

Google Earth com relevo tridimensional.

Página 29 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Continuando em viagem…

Antes do Sol nascer, já estava a contemplar as montanhas da Serra do Alvão, no coração do Parque Natural. Observámo-las ainda sob a luz nocturna da madrugada. Em viagem, a altitudes superiores a 900 mt. atravessámos neve, junto à Serra do Marão, mas entretanto, a cotas mais baixas, era a chuva em direcção a Ermelo que combatia a motivação. Uma ―lição‖ importante para o fotógrafo de Natureza, independentemente da experiência, é não perder a motivação e continuar focado nos objectivos, mas ter em conta que nunca se deve ter expectativas demasiado altas. Nada é garantido neste estilo de fotografia em paisagem, e a taxa de sucesso de produção de grandes imagens é baixa. Pode se feita uma enorme viagem em tempo

reduzido, mas simplesmente o cenário no destino pode não funcionar. A perspectiva é sempre o regresso. Por outro lado, é quase inevitável uma ―baixa‖ de moral ao observar certas condições impróprias para a fotografia que se pretende fazer. Uma vez mais, há que continuar, pois como descrito abaixo, sob tempo instável, tudo pode mudar… A chuva iria cessar em breve dando lugar, ainda sob o crepúsculo matinal, a céus instáveis, com nuvens rápidas a atravessar a Serra. Chega o momento de fotografar, estudar enquadramentos, compor neste ambiente místico, sob a luz de um novo dia na montanha. Avista-se neve em picos mais elevados e distantes. As condições de nevoeiro e céu denso conferem o dramatismo da Alvorada na paisagem.

Durante o Sol que se ergue, ainda a grande bola dourada, brechas nas nuvens permitem atravessar a luz iluminando o pico virado a Nascente. A magia estava a acontecer. Sobe a adrenalina tentando compor o que se espera um momento de paisagem inesquecível. Eu opto por longas exposições de 15 a 30 segundos, captando arrastamentos de nuvens enquanto a montanha recebe luz. Durante a manhã exploram-se as vertentes na margem direita do Rio Olo, a Montante e Jusante das cascatas. Os desníveis das cristas ao leito são vertiginosos, e mesmo assim, há a aproximação ao precipício para fotografar de tripé montado.

No campo: Nas circunstâncias em que foram feitas as fotografias anteriores, a qualquer momento a luz muda. É preciso estar preparado? Sim. Mas por vezes é muito difícil. Contemplar um local pela primeira vez e assistir a boa luz para fotografar, sem conhecer ainda os melhores enquadramentos e composições pode ser muito stressante. Há que manter a concentração e não a dispersão. Se é uma grande foto que procura, estude bem os enquadramentos. Se já tem um enquadramento que realmente agrada, pondere seriamente antes de desmontar o tripé se ainda não fez a foto.

Dawn Valley (Vale na Madrugada)

Parque Natural da Serra do Alvão

Tons ao nascer do dia, com a primeira luz do Sol a iluminar as

nuvens, e de frente para o precipício escarpado. Um

espectacular recorte de montanha

Olo Canyon - Parque Natural da Serra do Alvão

Espectacular vale, montanhas altas. É impossível transmitir a

sensação de altura vertiginosa nesta imagem dimensionada para

a web

Página 30 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Insista, espere, pois em instantes, tudo pode mudar e transformar o cenário. Eu mencionei o tripé? Sim, todas as imagens que o leitor observa neste artigo (com a excepção da Cabra Montanhesa, abaixo) são feitas com uso de tripé.

Os trilhos: Acrescente-se que os percursos pedonais que estes trilhos envolvem, são muito perigosos em certos locais, não havendo lugar para falhas. Os desníveis abruptos e piso molhado que estava na altura tornam iminente qualquer erro. Pondere a segurança. Deve levar vestuário e calçado apropriado, de montanha – quanto mais aderente melhor; e mais leve também. Máximo cuidado na aproximação dos precipícios, sobretudo com muito vento.

Equipamento: Um breve resumo do equipamento na mochila apropriado para as fotografias aqui patentes: É uma questão onde muito há a dizer, mas nesta viagem em concreto, trabalhei com três objectivas, que normalmente constam no meu saco. São elas uma grande-angular de 12-24mm f/4, uma 24-70mm f/2.8 e 70-200mm f/2.8 VR (com duplicador 2x quando necessário). Este material, em conjunto com outros

acessórios e excluindo o tripé implica peso acima de meia-dúzia de quilos às costas. Panos de limpeza, conjuntos de filtros, baterias extra, flash, cabo disparador, entre outros acessórios constam também nas profundezas da mochila.

A continuação da jornada.

Esta viagem foi ambiciosa… … e o plano era seguir ao fim da manhã em direcção à Serra da Freita, concelho de Arouca, 140 Km para Sudoeste. Percorreu-se a EN224, a estrada é desgastante, mas chegámos à aldeia de Albergaria das Cabras para assistir à magnífica queda de água superior a 60 mt. que acontece na Frecha da Mizarela. Das maiores de Portugal. E da Europa. Apenas o caudal se diferenciava relativamente a condições de céu e vegetação de nada especiais, encostas despidas. Lá voltarei apenas no Outono para fotografar com maior beleza a alma do local. O desafio é grande e somos constantemente postos à prova, testando a capacidade de gerir a fotografia no pleno decorrer de escassos minutos que se revela nos momentos mágicos, transformando a paisagem. Prova superada? No total, 20 horas de viagem, 900 Km percorridos, e a experiência de luz inebriante nos cenários de Portugal mais remoto. Muitas vezes os locais são visitados, mas muito raramente observados verdadeiramente em condições de luz mais especiais, que conferem dramatismo e enchem de emoção a paisagem. Nestas condições enquadra-se a luz da madrugada, ao nascer do dia, momentos em que foram executadas as primeiras fotos deste artigo. E é muitas vezes nestas condições que se podem obter resultados excepcionais na fotografia de paisagem natural. Nestas imagens, toda a cor e tonalidades são o mais aproximado possível do cenário real proporcionado pela luz disponível no momento, com alguns ajustes de contraste e vivacidade de cores próprios da edição de imagem e preparação para a publicação na internet.

Capra aegagrus hircus

Parque Natural da Serra do Alvão

The Darkness

Serra da Freita. Portugal

Frecha da Mizarela. Cascata no Rio Caima

com mais de 60 metros de altura

Página 31 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Viagens e Fotografia

O fascínio de conhecer e desvendar novos mundos, de poder partilhar e experienciar novas emoções, sensações e culturas estão enraizados em nós portugueses, desde a nossa gloriosa época dos descobrimentos. É algo muito nosso e foi esse fascínio pelo desconhecido que nos moveu na descoberta de quase meio mundo, sem medo de desvendar e percorrer caminhos nunca antes trilhados, levando-nos de encontro a diferentes povos e culturas, sem saber muito bem o que esperar. Como que uma herança, esse fascínio passou de geração em geração até aos nossos dias e eu não fujo à regra e sinto essa necessidade, essa tentação, esse desejo e sempre que me é possível, ponho a mochila às costas e aí vou eu de encontro a um país, a uma cultura que seja novidade para mim. Este artigo irá servir essencialmente para dar algumas dicas e conselhos sobre fotografia de viagem, com base na minha experiência pessoal.

Saber gerir expectativas

Recordo com saudade a minha viagem à Suíça, não só pela beleza do país, um autêntico paraíso para os fotógrafos de paisagem, onde as montanhas, os lagos, os rios e as enormes cascatas entre outras belezas naturais, fazem as delícias de qualquer fotógrafo, mas também porque foi uma das lições mais duras que tive de enfrentar até hoje no que diz respeito à fotografia. Tudo indicava que iria ser a viagem perfeita para regressar a casa com imagens de raríssima beleza. Confesso que elevei, e muito, as minhas expectativas com base em imagens que através da internet fui visualizando de fotógrafos locais e essa possibilidade fez com que tratasse da viagem ao detalhe, não descurando o mais ínfimo pormenor. Ao fim de alguns dias na Suíça, e não foram precisos muitos, rapidamente percebi que dificilmente iria trazer as imagens com que meses antes tinha sonhado. Em primeiro lugar era difícil, para não dizer quase impossível estar na chamada ―golden hour‖ nos melhores locais, sobretudo por questões de logística, depois e porque ao contrário do que acontece na nossa área de residência, não poderia voltar a muitos desses locais e repetir assim, a imagem que um dia antes não tinha ficado de acordo com o pretendido. Para finalizar, a luz que eu imaginara apanhar com base em imagens que anteriormente tinha visualizado, nem sempre acontecia apenas e só porque eu estava lá! Após regressar da Suíça, nos primeiros dias foi difícil conviver com a triste realidade que do ponto de vista fotográfico os objectivos a que me tinha proposto tinham ficado longe de ser atingidos, mas retive três ideias essenciais para o futuro:

Não poder delinear objectivos com base em imagens de fotógrafos que estão num local o ano inteiro e que podem visitar e revisitar o mesmo local, vezes sem conta, tal e qual como eu faço por exemplo em relação ao Parque Natural Sintra Cascais;

Sendo eu um amante confesso da fotografia de paisagem, tive de aprender a tirar partido do que as situações do dia-a-dia nos podem proporcionar não ficando única e exclusivamente

Por: Nuno Luís

Parque Nacional de Auvergne – França

Página 32 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

―preso‖ à espera do nascer e do pôr-do-sol para fotografar, passando assim a incluir no meu estilo de fotografia o mero registo documental;

Dar mais valor aos locais da minha área de residência e, ai sim, aumentar o nível de exigência em relação às imagens que obtenho.

O equipamento

Outra questão fundamental quando se prepara uma viagem, é o equipamento a levar na mochila. Esta é uma questão pertinente para o fotógrafo. Ao contrário do que leio em muitos livros e revistas da especialidade, que aconselham que sejamos práticos e que levemos a nossa mochila o mais leve possível, eu levo sempre o meu material todo. É apenas uma questão de compromisso, mas prefiro ter mais peso na mochila do que me arrepender por não levar determinado equipamento.

Lista de equipamento que normalmente levo na mochila:

Se possível, deve-se levar duas câmaras. Por dois motivos: em caso de avaria existe sempre uma alternativa e ainda permite que em cada uma das câmaras tenha objectivas com diferentes distâncias focais;

Levar objectivas que cubram as distâncias focais mais comuns: grande angular (10-20 mm), lente intermédia (28 – 135 mm) e teleobjectiva (70 – 300mm);

Vários cartões de memória;

Pelo menos 2 discos portáteis para descarregar as imagens. Fazer sempre copia do mesmo cartão de memória nos 2 discos, garantindo assim que, se um dos discos portáteis avariar, existe sempre uma cópia de tudo o que foi fotografado;

No mínimo 2 baterias por cada câmara fotográfica;

Tripé, cabo disparador e filtros (polarizador, graduados e graduados de densidade neutra);

Outras dicas

Para finalizar o artigo, deixo ainda uma pequena lista com algumas dicas que julgo úteis antes e durante a viagem.

Antes da Viagem:

Planear a viagem de forma a conhecer o melhor possível os locais com mais potencial fotográfico. Com a ajuda da internet e do inevitável Google Earth, quase que é possível conhecer um local sem nunca lá ter estado antes;

Analisar no Google Earth, qual a orientação do sol no nascer e pôr-do-sol;

Ter planos sensatos durante a viagem e não querer visitar e conhecer tudo, diminui e muito a probabilidade de se vir a obter boas imagens;

Durante a Viagem:

Jaipur – Índia

Página 33 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Não procurar fazer imagens apenas artísticas. Fazer também imagens documentais, permitindo

assim ter um conjunto final de imagens bastante diversificado;

Procurar locais pouco fotografados e não ter medo de inovar, por vezes conseguem-se boas surpresas;

Levantar cedo e fotografar o nascer-do-sol, nunca se sabe o que realmente pode acontecer, desde que se tenha um plano prévio daquilo que se irá fotografar.

Consoante o local, ter um plano diário de locais para fotografar o pôr-do-sol;

Se necessário, contratar um guia / tradutor uma vez que facilita a descoberta de sítios mais recônditos e facilita também a comunicação com os locais;

Se possível, passar vários dias na mesma área, para melhor perceber como funciona a luz no nascer e no pôr-do-sol. Permite ainda corrigir eventuais erros que surjam numa 1ª tentativa;

Ter sempre presente que mais vale uma boa imagem de um determinado local, do que várias imagens razoáveis;

Não ter receio de abordar os nativos no sentido de os fotografar;

Guilin – China

Ilha de Skye – Escócia

Página 34 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Admirando a Paisagem

Capítulo 1 de Equipar-se a Rigor

1. O Essencial

―A câmara é um instrumento que ensina as pessoas a ver sem uma câmara‖.

Dorothea Lange

O mundo do equipamento fotográfico é tão apaixonante como o próprio universo da fotografia. Prova disso é a existência de um sem número de publicações e websites dedicados a máquinas, lentes e demais gadgets e de seres humanos que gastam fortunas em equipamento topo de gama que nunca chega a ver – e a registar – a luz do dia… A verdade é que todas as fotografias existem diante de nós, no cenário natural ou urbano que nos abraça, mas também é certo que sem uma máquina que as registe nunca as poderemos fazer perdurar no tempo, criando memória e gravando evidência para partilha com as gerações futuras. Como é esse o principal fundamento da fotografia, decidi começar esta minha série de artigos com um ensaio sobre o equipamento fundamental a qualquer aspirante a fotógrafo de paisagem natural.

Câmara A primeira peça de equipamento fotográfico a ser geralmente adquirido é a câmara fotográfica. Esta personifica o coração de todo o equipamento e sem uma câmara adequada, o resto do material pode tornar-se inútil. Mas com tantas marcas, formatos e modelos disponíveis, qual a que devemos escolher então? Para a prática deste estilo de fotografia, é essencial que a câmara tenha algumas características fundamentais:

Modo manual para controlo da exposição (abertura e tempo de exposição);

Modo bulb, ou seja, capacidade para deixar aberto o obturador sem limite de tempo;

Capacidade de usar vários tipos de lentes;

Possibilidade de olhar através da lente;

Possuir um medidor de exposição incorporado;

Apresentação do histograma no LCD da câmara para verificação no terreno da exposição;

Ligação para cabo disparador;

Encaixe para tripé.

Tendo em conta a lista apresentada, é fácil concluir que a opção que melhor se ajusta aos requisitos de uma câmara adequada à fotografia de paisagem natural é uma dSLR (SLR Digital)¹. Isto não quer dizer que não existam compactas que poderão ser utilizadas com sucesso neste estilo fotográfico. Aliás, há quem recomende a existência das duas lado a lado no equipamento do fotógrafo, pois uma compacta

Por: Luís Afonso

Canon EOS 5D Mark II * Canon EF 17-40 L USM

Página 35 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

pode chegar onde muitas vezes uma SLR ―grande e pesada‖ não consegue ser levada. Mas, para este artigo, vou deixar de lado as compactas, prometendo voltar a elas num espaço próprio. E agora? Qual a dSLR mais adequada? Não pretendendo entrar na batalha das marcas, queria apenas apontar os dois formatos digitais mais utilizados hoje em dia pelos fotógrafos de paisagem natural: o formato full-frame (equivalente ao 35mm do filme) e o formato APS-C² que implica uma redução no tamanho do sensor digital e que introduz uma componente de ampliação focal na ordem dos 1.6x (dependendo do fabricante).

A imagem ao lado foi realizada com uma 17-40mm a 17mm. Apenas pode ser usada nesta amplitude em full-frame. Numa APS-C a secção utilizável é menor, pois o sensor está mais perto da lente e o espaço fora da janela indicada na imagem é descartado (não consegue ser visto pelo sensor APS-C). A lente continua a ser uma 17mm, apenas o campo de visão equivalente (EFOV) foi alterado. Num sensor APS-C o EFOV é de 17mm x 1.6 o que equivale a 27,2mm. Uma lente ultra grande angular que deixa de o ser quando montada numa máquina APS-C.

[1] Deixo de fora deste artigo sistemas

analógicos e formatos superiores a 35mm (incluindo digitais), visto estarem um pouco fora das opções usualmente disponíveis no mercado actual.

[2] Entre os formatos de sensores dSLR existem ainda vários outros, entre os quais está o Four-Thirds. Este formato implica um factor de ampliação de 2x e é por isso também um cropped-sensor. Juntamente com o full-frame e o APS-C, o Four-Thirds faz parte do grupo dos sensores mais usados no mercado. Foi deixado de lado nesta análise pelas suas semelhanças com o APS-C, embora possibilite um grau de miniaturização mais elevado, o que permite a produção de corpos e lentes ainda mais pequenos e leves.

Alguns aspectos importantes a ter em conta na escolha:

O formato APS-C, ao aplicar um factor de ampliação quando comparado com o 35 mm, é adequado para quem procura distâncias focais grandes, tal como as usadas na fotografia de vida selvagem;

O formato APS-C está normalmente associado a lentes mais pequenas e leves (para ângulos de visão, intervalo de distâncias, qualidade de construção e intervalo de aberturas semelhantes às do 35mm) o que pode ser importante para quem pretende levar o equipamento consigo para todo o lado;

Como o formato APS-C descarta a parte da imagem junto às margens (habitualmente a que tem menos qualidade nas lentes mais baratas) é mais adequada para aqueles fotógrafos com orçamento mais limitado, uma vez que lentes mais baratas normalmente sofrem de perda de qualidade principalmente nestas áreas. Este formato produz também imagens com menos vinhetagem devido à quantidade do cenário que enquadra. Pelo contrário, o formatofull-frame, ao utilizar todo o espectro focal disponível implica a utilização de lentes com maior qualidade de modo a que a imagem não sofra qualquer degradação em todas as secções do enquadramento, encarecendo assim o equipamento e forçando à utilização de acessórios (sistemas de filtros, por exemplo) que tenham em atenção a tendência para a vinhetagem nas lentes grande angular;

O formato APS-C requer distâncias focais menores para apresentar a mesma visão do que o 35mm. Na fotografia de paisagem natural é essencial usar lentes grande angular e, no formato APS-C, para conseguir, por exemplo, uma distância focal de 16mm é necessário ter uma lente que consiga apresentar 10mm. Como, normalmente, quanto mais baixa é a distância focal pior

Página 36 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

é a qualidade da imagem produzida, o formato full-frame é o de eleição para quem pretende tirar o máximo partido de lentes grandes angular;

Sensores maiores têm normalmente pixéis maiores o que possibilita a produção de imagens com menor nível de ruído e maior gama dinâmica. Além disso, pixéis de maior densidade podem receber um fluxo superior de fotões durante o mesmo tempo de exposição (utilizando uma mesma abertura) o que permite receber um sinal de luz mais forte e produzir imagens mais suaves, com qualidade de impressão superior. É também por esta razão que o formato full-frame é o mais apetecível quando se pretende conseguir imagens de qualidade superior.

Dito isto, é importante não esquecer que nem sempre a ferramenta mais adequada é a mais cara. Deverá ter em conta a utilização que pretende dar ao seu sistema e escolher a solução mais vantajosa e económica para o seu caso particular, tendo sempre em conta que, se um dia pretender migrar do sistema APS-C para o full-frame, as lentes poderão não ser compatíveis entre sistemas. Partilhando um pouco da minha experiência pessoal, actualmente utilizo uma Canon EOS 5D Mark II que utiliza o formato full-frame. Antes disso, utilizei várias máquinas da mesma marca no formato APS-C, com lentes apenas compatíveis para esse formato. Quando migrei de formato, fui obrigado a deixar de lado a minha lente

grande angular que apenas funcionava em APS-C, o que implicou um acréscimo de custo na escolha do novo sensor. E quais foram os ganhos conseguidos? Em primeiro lugar, a nova lente que estou a usar (uma 17mm da Canon em comparação com a 10mm da Sigma) é de uma qualidade muito superior e isto falando no mesmo patamar de preços. Para além disso, a gama dinâmica e o nível de ruído das imagens teve um grande acréscimo no sentido da maior qualidade. O par ―full-frame/lente de qualidade‖ é, a meu ver, imbatível em termos de qualidade no resultado final da imagem, em especial, para quem pretende imprimir ou publicar as suas fotografias.

A minha recomendação é a seguinte:

Cropped Sensor: se pretende um sistema (corpo e lentes) mais barato, mais pequeno e leve e se pretende utilizar, no futuro, lentes com menor qualidade. Um sistema deste tipo produzirá imagens de qualidade mantendo um rácio preço/qualidade muito aceitável. Se a sua fotografia se baseia em distância focais grandes, este sistema pode ser também uma boa aposta, pois permitirá com menor custos conseguir adquirir tele-zooms que, em combinação com o factor de ampliação do sensor, conseguem atingir uma maior distância focal. Em resumo, se o seu foco está no preço, este será o sistema de eleição. Máquinas recomendadas: Canon EOS 60D, Canon EOS 7D, Nikon D300s,Nikon D7000, Olympus E-5, Pentax K-7. Full Frame: se pretende um sistema que lhe dê o máximo de qualidade, ou se está a migrar do sistema analógico de 35mm e possui uma série de lentes de alta qualidade, este é o único sistema que lhe permite tirar o máximo partido das suas lentes, mantendo o leque de visão do sistema analógico. Se o seu estilo de fotografia se baseia na utilização de lentes de grande angular, se pretende fotografar com pouca luz ou em alturas do dia em que a luz disponível é escassa e possui uma grande amplitude dinâmica, se pretende obter os melhores resultados na impressão a grande formato, então o sistema full-frame deve ser o escolhido. É preciso ter em atenção que este sistema implica um grande investimento financeiro, pois tanto as lentes (que terão de ser de qualidade profissional), como os acessórios, tendem a ser consideravelmente mais caros. Em resumo, se o seu foco está na qualidade, este é o sistema de eleição. Máquinas recomendadas (a preços ―acessíveis‖): Canon EOS 5D Mark II, Nikon D700, Sony Alpha 850.

Capítulo 2 de Equipar-se a Rigor

Canon EOS 5D Mark II * Canon EF17-40mm f/4L USM

Página 37 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Para quem não leu o meu artigo anterior (acima), ―Admirando a Paisagem: Equipar-se a Rigor – O Essencial Parte 1‖, aconselho a sua leitura antes de prosseguir com a parte 2 do artigo. Lentes

Em conjunto com a câmara, as lentes são as peças de equipamento mais importantes do sistema de qualquer fotógrafo. Há quem defenda que a qualidade das lentes é o factor mais importante no resultado final de qualquer imagem e a minha experiência pessoal diz-me que esta teoria tem fundamento. Se no formato full-frame a qualidade das lentes é fundamental para a qualidade final da imagem capturada, já no formato APS-C a escolha deve ser realizada com conta, peso e medida. Existem lentes que produzem os seus melhores resultados dependendo do sensor onde são usadas e esse factor deve ser tido em conta na hora da compra. Ainda assim, a minha recomendação é que se compre a melhor lente que o orçamento possibilitar, ainda que para isso se tenha de comprometer a escolha da própria câmara. Na minha opinião, é melhor comprar a lente mais capaz do que a máquina mais cara e com mais funções.

Segue-se a lista das lentes essenciais no kit de qualquer fotógrafo de paisagem natural.

Lentes Ultra Grande Angular: se é, como eu, um amante dos grandes espaços, de uma sensação de profundidade intensa e de céus ricos e envolventes, não tem como escapar à compra de uma lente deste tipo. Distâncias focais de 14mm a 28mm (10mm a 18mm no formato APS-C) são os mais habituais neste tipo de lentes. São os mais usados na fotografia de paisagem natural e é a minha lente de eleição. Cerca de 75% da fotografia que faço é realizada através do recurso a lentes deste tipo. Os elementos no primeiro plano conduzem o olhar pela imagem até ao cenário que se vislumbra lá atrás. Quanto maior for a amplitude angular, mais perto terá de estar do elemento no primeiro plano e este elemento constituirá, na maior parte das vezes, o elemento fundamental da foto. A perspectiva conseguida por uma lente ultra grande angular empresta uma forte sensação de profundidade (especialmente quando combinada com aberturas muito pequenas) e uma visão tridimensional muito própria. Quem está a contemplar a imagem tem a sensação de poder andar sobre ela. Lente no meu saco: Canon EF 17-40mm f/4.0 L USM.

Grande Angular moderada ou Normal: lentes no intervalo 28-70mm (18-55mm no formato APS-C) possibilitam a obtenção de imagens que mais próximo se identificam com aquilo que o nosso campo de visão está habituado a ver. A dominante da cena será sempre o segundo plano e um elemento no primeiro plano pode ser usado mas nunca será o elemento primordial. Utilizo-as fundamentalmente para registar imagens na floresta, cascatas ou para planos de detalhe, onde a tridimensionalidade da cena não é importante. Lente no meu saco: Canon EF 24-105mm f/4 L IS USM.

Telefoto: As lentes de distância focal superior a 70mm não devem ser deixadas em casa e, surpreendentemente, são mais usadas por mim no terreno do que as lentes do tipo anterior. Têm a possibilidade de compressar a perspectiva e conseguem isolar um determinado elemento na cena com alguma facilidade. São também as ideais para capturar o sol ou a lua numa cena sem os tornar muito pequenos – como acontece com as grande angular –,

Canon EOS 5D Mark II * Canon EF 17-40mm f/4 L USM a

26mm

Página 38 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

conseguindo assim imagens de rara beleza e fora do comum. Hoje em dia, é a lente que me acompanha sempre ao lado da ultra grande angular. As lentes deste tipo podem ser também utilizadas como substitutas de uma lente macro. Embora não produzam o mesmo nível de reprodução 1:1, são suficientes para registar aquilo a que se chamam paisagens íntimas, ou seja, pequenos detalhes da natureza num enquadramento mais aberto do que o mundo miniatura conseguido através de uma lente macro. Para ser sincero, também tenho uma lente macro, mas essa fica em casa na maior parte das vezes e não me lembro da última vez que a usei. Escolho, então, deixá-la de fora desta minha lista de essenciais. Lente no meu saco: Canon EF 70-200mm f/4.0 L IS USM.

Estas são as três lentes que deve equacionar ter no seu saco e as que normalmente deve transportar consigo sempre que possa. Mas qual delas deve comprar primeiro se estiver agora a começar? A resposta a esta questão tem muito a ver com o seu estilo de fotografia. Eu, por exemplo, sou amante da fotografia de grandes espaços e a sensação de profundidade e diálogo entre planos é fundamental no meu trabalho. Para isso, preciso de uma ultra grande angular e é essa lente que me acompanha sempre, por vezes sozinha. Por outro lado, se é amante dos detalhes, a telefoto deve acompanhá-lo sempre. A sua visão perante a arte é essencial nesta escolha e, se tiver orçamento para apenas uma, deve concentrar-se neste ponto antes de fazer a sua escolha. Depois, à medida que for evoluindo e criando novas necessidades pessoais, poderá ir juntando ao seu arsenal novas opções que lhe permitirão novos estilos no âmbito da sua própria fotografia. Mais uma vez, atendendo à minha convicção pessoal, é preferível comprar a melhor lente que o seu orçamento permita, para associar a um determinado estilo dentro da paisagem natural, do que comprar duas menos boas para que possa abraçar dois estilos. Desta forma, não sentirá que o seu investimento foi em vão quando perceber que a qualidade das lentes que adquiriu já está aquém daquilo que almeja.

Tripé Para terminar a lista de equipamento essencial ao fotógrafo de paisagem natural falta adicionar o tripé. O tripé, muitas vezes descurado por alguns, é peça chave na obtenção de imagens de elevada qualidade. O entusiasta de fotografia típico tem a noção – errada – de que a escolha da câmara é o factor número um a ter em conta no que diz respeito à qualidade da imagem. Na realidade, a escolha da máquina a utilizar é talvez o menos importante dos três que apresento neste artigo, quando estamos a falar na qualidade final da imagem. Uma câmara barata montada sobre um tripé firme terá sempre a possibilidade de produzir melhores imagens do que uma câmara de topo ―segura‖ por um tripé que baloiça… Na fotografia de paisagem natural, a utilização de tempos de exposição longos impossibilita a realização de imagens sem o recurso a um tripé. A utilização das aberturas de maior qualidade das lentes já apresentadas, e que na maior parte das vezes se situa no intervalo f/8 a f/16, implica também a utilização de exposições não compatíveis com a trémula mão humana. Além disso, experimentar fazer uma boa fotografia ao nascer ou por do sol sem o uso de um bom tripé é tarefa impossível. Um tripé permite ainda concentrar o fotógrafo no cenário que tem perante si e dar-lhe o tempo necessário para pensar no melhor enquadramento da realidade natural que tem de ―aprisionar‖ no visor da sua máquina. Como podemos ver,

Canon EOS 30D * Sigma 10-20mm F4-5.6 EX DC HSM a 20mm (APS-C)

Página 39 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

a qualidade da imagem está muito dependente do tripé que se usa, por isso não olhe a meios para comprar o melhor que o seu orçamento possibilitar.

Normalmente, os tripés são adquiridos sem a cabeça que suporta a máquina. Para o ―trio de pernas‖ há que ter em conta os seguintes aspectos:

Quanto mais leve melhor, mas não sacrifique a qualidade pela leveza. Materiais como o carbono absorvem melhor a vibração do que o metal e são muito mais leves, isto tudo sem sacrificar a robustez. Tenha em atenção o peso que tem de suportar (corpo mais lente) e some 2,5kg de reserva;

Se vai fotografar na praia (e em Portugal vai de certeza) evite os tripés que usam trancas por torção. Estas tendem a estragar-se com a areia e a água, mesmo as de marcas prestigiadas como a Gitzo. Prefira as de mola que, embora sejam mais lentas a fechar/abrir, duram anos no nosso meio ambiente;

Deve ter um gancho para pendurar um objecto pesado (por exemplo a mochila) para aumentar a estabilidade nos dias mais ventosos;

Uma bolha de nível na base da câmara é fundamental para manter o tripé nivelado para fotografar panoramas;

As pernas devem abrir independentemente umas das outras e poder ser estendidas ou encolhidas de forma independente também. Por esta razão, não deve haver qualquer ligação entre as três pernas;

Se puder comprar um tripé de 3 secções será preferível. Alem de serem mais rápidos a montar, são mais estáveis. Têm no entanto a desvantagem de ser mais longos quando recolhidos.

A cabeça que suporta a máquina deve ser escolhida tendo em conta o equipamento que esta vai suportar. Deve pesar o corpo e a lente mais pesada que vai usar (adicionando uma margem de segurança para acessórios) e adquirir uma cabeça certa para o peso indicado. Existem vários tipos de cabeça, desde bolas hidráulicas, joysticks, manípulos que permitem regular os vários ângulos… A minha preferência vai para as do tipo bola que permitem uma maior liberdade na escolha do ângulo e um manuseamento mais rápido. Deve escolher uma cabeça que permita a rotação da máquina na horizontal (panning) e nos restantes ângulos e que tenha uma placa de ligação à máquina de rápida libertação (quick release plate). Os botões de controlo devem também ser rápidos de operar, visto que vão ser usados milhares de vezes. Se puder, experimente a cabeça antes de a adquirir. No que diz respeito à altura do tripé, é muito importante que a combinação tripé/cabeça faça com que a sua máquina chegue ao nível dos seus olhos sem a necessidade de elevar a coluna central. A minha experiência diz-me que isto é muito importante. Durante alguns anos usei um tripé que não tinha esta característica e fui confrontado com situações no terreno que exigiam um ângulo de visão superior. Actualmente, utilizo um Manfrotto 055CXPRO4 que é feito em carbono e uma cabeça 488RC2. Este tripé é leve o suficiente para o levar comigo nas minhas caminhadas de horas, onde tenho de subir terrenos muito inclinados e onde convém caminhar leve, ao mesmo tempo que me dá a segurança necessária no que diz respeito à firmeza com que suporta o meu equipamento. Recomendações: Manfrotto, Slik, Velbon (tripé); Kirk Ball head BH-1, Acratech, Really Right Stuff BH-55 (cabeças), entre outros. Apresentadas que estão as três peças fundamentais a figurar na lista de equipamento de qualquer fotógrafo de paisagem natural, não se esqueça que, antes de puxar do cartão de crédito, é fundamental definir quais são os seus objectivos em termos fotográficos e qual a sua visão perante o mundo que o rodeia. O equipamento deve submeter-se à sua arte e não deve ser este a fazer tocar a orquestra. E lembre-se, o equipamento mais importante para a prática desta apaixonante actividade já viaja consigo: os seus olhos.

Página 40 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Breves considerações sobre Fotojornalismo

O fotojornalismo, sem dúvida, é uma das fontes primordiais para o estudo da ideologia da imprensa, pois o seu poder de comunicação é imediato, e o impacto causado pela aparente veracidade de suas imagens é muito pouco contestado pela sociedade. Assim, seu poder de condicionar a opinião pública é muito mais direto e eficiente em relação às manchetes e artigos de primeira página. Não se pretende tecer a história da imprensa ou do fotojornalismo e nem considerar a imprensa como ―um mero jornal de informação‖ e o fotojornalismo como ―meio meramente ilustrativo―, transmissores imparciais e neutros dos acontecimentos, em um nível isolado da realidade político-social na qual se insere. A hipótese da qual se parte é que a fotografia de imprensa representa efetivamente um instrumento de condução de interesses e de intervenção na vida social. Neste sentido, o objetivo será compreender como o fotojornalismo atua no dia a dia.

O ponto de partida, o advento da fotografia já inserida na sociedade industrial e da sua mediação pela grande imprensa. Os jornais diários apresentam de imediato, duas características: são empresas comerciais que visam lucro e ao mesmo tempo desempenham papel político capital no contexto global da sociedade. Portanto, apresentam-se ao mesmo tempo como empresas capitalistas e como instrumentos políticos e ideológicos. A fotografia, por sua vez, não só atua diretamente no condicionamento da opinião pública, como o principal elemento que ―vende a notícia―. Quantas vezes presenciamos leitores impacientes folheando desesperadamente um jornal até que uma imagem capture o interesse de seus olhos e os convide a ler tranquilamente a respectiva notícia?

Para o jornalismo moderno é imprescindível que o público leitor tenha dois níveis distintos de informação: a escrita e a fotográfica. E, para tanto, não se pretende aqui, reduzir a fotografia de imprensa a ―simples arma de difusão ideológica―, mas expô-la como mensagem visual, conotativa e denotativa, assinalando sua importância autônoma, diferenciada de textos, legendas, títulos ou paginação e suas possibilidades de utilização, para melhor conhecimento da sociedade. Mais ágil que as emissoras de TV da década de 50, na época desprovidas de maiores recursos técnicos, a fotografia de imprensa foi, nas eleições presidenciais de 1960, o principal meio de comunicação, como ali já havia ocorrido em agosto de 1954, com a morte de Getúlio Vargas, mais recentemente, o mesmo fenômeno se verifica com a morte de Tancredo, apesar do grande desenvolvimento da TV. Era ela quem endossava a campanha eleitoral de Jânio, levando-o ao poder, com as propostas partidárias, e se engajava a favor dos candidatos com um passionalismo que tornava a sua presença praticamente indispensável nas primeiras páginas dos principais jornais paulistanos. O desenvolvimento do fotojornalismo no Brasil sempre esteve imediatamente atrás do desenvolvimento da imprensa e esta, por sua vez, das instituições políticas. Nesse contexto, os momentos de crise também se apresentavam como índices para detectar a evolução da mensagem fotográfica e da própria sociedade brasileira.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Foto: Reuters

Getúlio Vargas (cosmo.uol.com.br)

Página 41 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Apesar de geradas pelo mesmo processo industrial emergente, a incorporação da fotografia pela imprensa foi tardia. Esse atraso se justificava pelos seus elevados custos, pois os primeiros clichês eram elaborados em casas especializadas e não nas oficinas dos próprios jornais. Por outro lado, como se tratava de algo aparentemente novo e seus proprietários ainda não conheciam a importância desse novo instrumento, preferiram não arriscar o prestígio e a serenidade de seus veículos. Mas, se a introdução da fotografia na imprensa foi um fenômeno de importância capital que mudava radicalmente a visão de seus leitores e, conseqüentemente, abria uma janela para o mundo, a sua aura de veracidade não passou despercebida, convertendo-se em pouco tempo num poderoso instrumento de propaganda e manipulação. A produção e veiculação de imagens estavam em sintonia com os interesses dos proprietários da imprensa: a indústria, a estrutura financeira, os governos. O conflito entre a informação e o poder sempre se caracterizou pelo fato de que este nunca mostrou a sua verdadeira face, mesmo porque não tinha só uma mas várias. Quando a mostrava, era em ocasiões muito especiais, como eventos litúrgicos ou festivos, e de maneira muito superficial. Assim, não é difícil concluir que a manipulação do conteúdo da fotografia ocorria desde o momento da sua tomada, até a total distorção das intenções originais, por meio de retoques ou montagens. O fato da fotografia ser uma analogia do real não é suficiente para lhe conferir uma credibilidade imediata e absoluta. Caso contrário, estaríamos lhe atribuindo um valor falso, um poder ilusório. Este poder da fotografia em falsificar os fatos e privilegiar os interesses de uma minoria dominante, foi amplamente utilizado pelos regimes políticos mais radicais para perpetuar a sua força, como se pode perceber no processo da nova ordem política que sucedeu a Revolução Russa, ou mesmo durante o governo de Mao Tsé Tung, ou ainda na propagação do discurso nazi-facista, que utilizaram amplamente a informação fotográfica, como falsa verdade Nesse período era comum ―fabricar fotos‖ reconstituindo, muito tempo depois, fatos históricos isolados, e sob o prisma de quem detinha as rédeas do poder. Os exemplos clássicos são as fotos da tomada do Palácio de Inverno de Petrogrado, ou ainda a ―Grande Marcha‖ de Mao Tsé Tung. A manipulação não para por aí. Se assiste assim não somente a eliminação da própria história, como também, das fotos que a testemunharam, mas também das personalidades que durante a implantação dos novos regimes passaram a não ser mais interessantes para as suas respectivas diretrizes governamentais. Havia também formas mais simples de falsear – sempre de baixo para cima – para enaltecer a grandeza do momento ou da personalidade em questão. A fotografia, podendo ser utilizada como forma de expressão, sempre teve livre trânsito nos caminhos da racionalidade humana, pois sua produção é fruto da organização deliberada e arbitrária de fragmentos de uma realidade e a partir de uma intenção definida no momento da descoberta ―e antecede ao instante da captação da imagem‖. Seu discurso visual passa a ser aceito como ele é, sem manipulações ou interferências, a partir do momento em que este, por meio de sua ―decodificação cartesiana‖, também reflete a ―ideologia racional burguesa‖. Segundo Arlindo Machado, ―não é exagero dizer que a câmera fotográfica é um aparelho que difunde a ideologia burguesa, antes mesmo de difundir o que quer que seja‖. Um dos primeiros a compreender o sentido do discurso fotográfico foi certamente Jacob A. Riis, que, durante a década de 1870, recorreu à fotografia como instrumento concreto de crítica social, com o intuito de ilustrar seus textos sobre as condições miseráveis de vida dos imigrantes no submundo de Nova York. Sua primeira publicação,How

The Other Half Lives, em 1890, comove profundamente a opinião pública da época.

Jacob A. Riis

Página 42 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Mais tarde, também seguindo os passos de Riis, Lewis W. Hine, sociólogo norte-americano, desenvolve durante o período de 1908-1914 uma investigação sobre crianças na sua jornada de doze horas, nas fábricas e nos campos, bem como suas vida nas favelas em que habitavam. Essa iniciativa despertou a consciência da população, que passou a pressionar amplamente uma reforma na legislação trabalhista norte-americana. Tivemos, assim, exemplos inéditos que não só atestam à fotografia sua própria emancipação enquanto linguagem, como também contribuíram no processo de luta para melhorar as condições de vida da sociedade. Embora tardiamente, parte dessa contribuição foi aproveitada em 23 de novembro de 1936, com o primeiro número da revista Life.

O novo estilo de fotojornalismo criado pelas revistas alemãs no começo dos anos trinta, endossado em seguida pela revista francesa Vu, foram de capital importância para influenciar os criadores da Life. Como se isto não bastasse, alguns dos melhores fotojornalistas alemães, que procuraram asilo político nos Estados Unidos, se filiaram à nova revista norte-americana, incrementando ainda mais sua linha editorial. Esta nova linguagem serviu para narrar histórias visuais, utilizando-se a sintaxe de fotos seriadas. A própria evolução do cinema e das histórias em quadrinhos contribuiu de forma imperativa para que o novo estilo proposto fosse aceito. Os progressos da fotografia eram atrelados aos novos processos de impressão (inclusive em cores), e com as transmissões por radiofoto, e à ampliação dos complexos rodoviário e ferroviário. Estreitou-se a relação dos mercados produtor e consumidor, aliada ao suporte publicitário, cuja sobrevivência e sucesso são fatais para o veículo, e à preferência dos anunciantes em estarem presentes nessa nova modalidade jornalística, já que seu tempo de circulação é muito maior em

relação aos jornais e o custo do anúncio por número de leitores é muito mais reduzido. Estes fatores também contribuíram para tornar a Life um marco do fotojornalismo moderno e influenciando de forma decisiva toda a produção do mundo ocidental. A experiência da Life deixou claro que qualquer notícia acompanhada de fotos desperta mais interesse do que qualquer outra informação sem imagem. Tal regra, porém, não pode ser aplicada aos jornais mais tradicionais, como é o caso do jornal francês Le Monde. A incorporação da fotografia pela imprensa no mundo moderno é facilmente compreensível: ―A explicação espacial da cultura, da política, das relações sociais pode ser percebida. E isso é uma coisa que a fotografia capta mais e melhor do que qualquer outra fonte de informação. Dessa forma as informações que podem sair da fotografia são ilimitadas‖. (Lissovsky) Um dos motivos da fotografia não transmitir ao leitor todas as informações nela contidas seria a falta de aprendizado para sua leitura. Um texto escrito não pode ser considerado como uma linguagem em si. Este

Créditos: Jacob A. Riis.

Lewis W. Hine

(academic.uprm.edu)

Página 43 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

apenas desencadeia no intelecto do leitor um processo de leitura que, conseqüentemente, se transforma em linguagem. Na fotografia existe a necessidade de se referir à linguagem da imagem. Um analfabeto não compreende o texto de jornal, mas pode ler parte das imagens. O segundo motivo é o conhecimento dos elementos que compõem a imagem. Uma fotografia representando objetos ou fatos desconhecidos é tão ilegível quanto um texto escrito em idioma que não se conhece A fotografia é um objeto antropologicamente novo e seu idioma comum pertence ao mesmo meio sócio-cultural. Não se pode afirmar que a linguagem fotográfica é universal. Não há imagem fotográfica que possa ser interpretada da mesma maneira por diferentes povos. A própria história de vida do indivíduo, e a classe sócio-econômica na qual está inserido, também é um fator a ser considerado. A leitura apreendida por uma jovem bancária de 18 anos que acaba de entrar em uma faculdade de administração é muito diferente da de um ferroviário aposentado de 80 anos. A leitura de um texto se inicia com uma ação óptica e mental que se desenvolve simultaneamente, mediada por um contexto bio- social no qual o leitor já se encontra plenamente incorporado. O leitor primeiramente decifra as letras, para depois assimilar o sentido de cada palavra, estabelecer as relações entre as palavras e por fim tomar conhecimento da frase. Na fotografia, o processo de leitura é decomposto em três fases: a percepção, a identificação e, conseqüentemente, a interpretação. Este processo diferenciado de leitura provoca reações emocionais mais espontâneas e mais intensas do que a leitura de um texto. Quando se lê um texto, as reações psicológicas também se desencadeiam imediatamente, por m o sentido das palavras e das frases é antes de tudo, mediado pela imaginação, para depois ser traduzido em imagens mentais. Na leitura da imagem fotográfica há um amplo e direto desencadeamento das reações emocionais, pois esta já suprimiu essa fase intermediária que concebe mentalmente a imagem. Desta forma, a fotografia de imprensa não tem condições de fornecer a decantada informação complementar, pois ela tem a necessidade de transmitir uma informação autônoma e não de complementar a informação já apreendida pelo texto. Ela deve fornecer um outro nível de informação que somente a linguagem fotográfica poderá passar. E essa linguagem somente se completará se forem utilizados todos os recursos visuais inerentes á fotografia, seja como forma de expressão, como técnica, ou ainda como documento. Assim sendo,a linguagem fotográfica autêntica é, antes de tudo, uma necessidade. É importante que ela exprima os acontecimentos de maneira clara e sem a mínima sombra de dúvidas, e que situe a sua mensagem dentro de um espaço e de uma época. A imagem deve estar em sintonia com uma situação específica, vivida pela cidade e pelo local na qual ela se originou, e não com um país qualquer. Examinando melhor os clássicos da fotografia, como W. Eugene Smith, Henri Cartier-Bresson e mesmo Sebastião Salgado, notamos que foi justamente por possuírem sujeito e circunstância que suas imagens puderam corresponder a certo momento determinado e não a qualquer momento aleatório da história moderna. O ambiente em si das imagens produzidas não é simplesmente um cenário ou uma paisagem. Essas imagens já identificam momentos de uma situação específica vivida somente naquele lugar, e não em outro qualquer. Sem fazer exotismos paisagísticos, ou fotos turísticas se pode perceber que dentro do imobilismo daquele fragmento do real, havia ambientes e fatos na expectativa de transformação. A fotografia de imprensa é, antes de tudo, um signo visual e figurativo; reflete e refrata a realidade representada. Objetiva veicular uma informação de assimilação instantânea, pois em seu processo de leitura temos amplo e direto desencadeamento das reações emocionais, já que este suprimiu a fase intermediária da leitura escrita, que aos poucos vai concebendo mentalmente a imagem. A veracidade da fotografia, seu lado verídico muito difícil de ser contestado, nos induz a lhe atribuir um poder de credibilidade e confiabilidade muito alto. A manipulação deste signo resulta do fato de que a imagem fotográfica não é uma entidade autônoma que representa tudo o que ocorre em sua volta com ―pureza‖ e ―fidelidade‖, sem quaisquer tipos de intervenções. Os instrumentos e indivíduos, juntamente com todos os valores e atribuições por eles constituídos, interferem diretamente na produção dos signos, como agentes de refração da realidade. Os indivíduos manipulam as informações segundo as características de sua realidade material, processo histórico e posição na estratificação social. A informação fotojornalística já nasce com o germe da manipulação. Para se compreender melhor esse processo, temos que nos transportar para os bastidores da notícia e começar a investigar a partir do impacto da imagem impressa na página de jornal e em seguida iniciar a autópsia da imagem, procurando, ao mesmo tempo, descobrir tanto as intenções do fotógrafo e do editor, como também as intenções do

Página 44 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

próprio veículo. Portanto, teremos que dissecar as imagens veiculadas na imprensa atual. E, para que isto surta efeito, teremos que estabelecer alguns critérios: a fotografia como informação, a fotografia dentro do ponto de vista estético, como a fotografia funciona em relação ao texto, como a fotografia atua isoladamente, ou editada dentro da página, apoiada ou em choque com o texto nesta mesma página. E como cada caso implica na concepção de mundo de cada veículo, pois o signo fotográfico já é caracterizado pela natureza do grupo – neste caso, representado pelo órgão de imprensa – que o produz, dentro de um momento histórico dado. Não se pode, portanto, determinar regras gerais para esse assunto. Cada caso único e deve ser minuciosamente analisado. Partindo desses critérios, a primeira preocupação é detectar quando a fotografia de imprensa é verídica, ou é uma falsa representação visando reconduzir a opinião pública (parte-se do pressuposto de que os meios de comunicação não formam a opinião pública, que já é inerente ao contexto social; o que os meios de comunicação fazem, realmente, é conduzi-la e direcioná-la, dentro dos seus propósitos específicos), e como se pode situar o leitor dentro de tudo isto. O leitor comum acredita que essa imagem, fragmento da realidade, é a própria verdade. Acredita-se que a imagem represente uma realidade, que nem sempre é a verdade. Isso ocorre em função da manipulação da imagem de imprensa, que tem como objetivo fazer com que a verdade seja refletida e refratada em função de determinados interesses, adquirindo um efeito ilusionista. A maioria do público leitor considera a fotografia como analogia do real. Esta atribuição é mais do que suficiente para lhe conferir um falso valor, um poder ilusionista, que falsifica os fatos privilegiando os interesses e, consequentemente, a intervenção de uma minoria dominante. Esta possibilidade, inerente ao signo fotográfico, foi amplamente utilizada pelos regimes políticos mais radicais para estarem mais próximos à população, e, com isso, ganharem mais credibilidade para perpetuarem sua força. Os clássicos exemplos são as fotos da ampla participação popular na tomada do Palácio de Inverno de Petrogrado, a maciça presença da população nas paradas nazistas e fascistas, ou mesmo a eliminação de personagens políticas nas fotos posteriores, que no processo dos acontecimentos perdem a sua aura de prestígio e caem em desgraça. Uma fotografia ―documental‖ pode ser fabricada com um grosseiro retoque e faz com que a realidade seja falseada. Durante as duas grandes guerras mundiais, tanto os alemães como os próprios aliados manipularam a informação fotográfica para mostrar à opinião pública que estavam levando vantagem da situação. Desde a Grécia Antiga, passando pela Igreja Medieval, chegando à Renascença Mercantilista, até os mais sofisticados meios de comunicação de nossos dias, a classe dominante sempre utilizou as produções artísticas, literárias, teatrais e informativas em qualquer gênero e grau para persuadir e chegar mais perto de sua população. Mas a manipulação da fotografia de imprensa não se reduz somente ao retoque, aos ângulos ―mais favoráveis‖, à prévia manipulação do assunto a ser fotografado, desfocamento intencional do assunto, para que este não se evidencie tanto, ou ainda ao corte da imagem final retirando elementos secundários que possam comprometer o elemento principal. A própria legenda é um dado importante a ser considerado na manipulação da informação. Benjamin afirmava que Atget tinha fotografado as ruas desertas de Paris no século XIX como se fotografa o local de um crime, pois já tinha demarcado cada ponto da futura evolução urbana parisiense. ―Também o local de um crime deserto. O retrato de um local semelhante não tem outro objetivo além de descobrir indícios. Para a evolução histórica, os clichês deixados por Atget são verdadeiras provas documentais. Também eles possuem uma secreta significação política. Já exigem serem exibidos num sentido determinado. Não mais se prestam a uma consideração desinteressada: inquietam quem os contempla; para chegar a eles o espectador intui a necessidade de seguir um certo caminho‖ (Walter Benjamin), um indicador de itinerários, ―verdadeiros ou falsos, pouco importa‖, conclui Benjamin. E, estas legendas vão ter um caráter totalmente distinto em relação ao título de um quadro. A secreta significação política inerente à própria informação fotográfica criou direções para que os textos dos jornais ilustrados impusessem a quem observasse suas imagens, legendas mais precisas e imperativas, onde aparentemente é impossível apreender qualquer imagem isolada que não esteja subordinada à narrativa escrita. E, também, para que o leitor não tire conclusões ―autônomas‖ e contrárias ao discurso geral veiculado. R. Barthes, no entanto, atinge o núcleo da questão quando coloca que a fotografia de imprensa é, antes de mais nada, uma mensagem. Seu conteúdo nos remete a uma realidade qualquer, perfeitamente identificável em nosso universo bio-social. A fotografia, na sua essência, é imagem, e a imagem é a analogia imediata do ser, destituída de qualquer outro car ter ou acessório; portanto, a mensagem fotojornalística é por si só puramente denotativa, destituída de código. A ausência deste conjunto arbitrário de signos se auto-justifica na medida em que a fotografia choca seu interlocutor.

Página 45 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Nesse contexto, o uso da fotografia pela imprensa deve ser questionado como manipulação do sistema. E é como tal que deve ser analisado. Procedendo dessa forma, R. Barthes descobre a necessidade de promover duas análises distintas: primeiro, a da mensagem fotográfica em si e, conseqüentemente, da mensagem verbal na qual ela está inserida. O sistema fotográfico, para ele, caracteriza-se, de início, por ser uma mensagem sem código, porquanto se pretende a pura transcrição do real. Enquanto no discurso textual entre o assunto exposto e a mensagem exposta interpõe-se um código que não reflete, nem refrata a realidade objetiva, na mensagem fotográfica, entre o elemento real e a sua imagem, não há a intervenção de um terceiro elemento, mas sim a sua coincidência. A imprensa pretende que a imagem fotográfica seja análoga ao que se fotografou. Com essa analogia, a fotografia seria a total transparência do real que por ela se dá à mostra, a sua pura denotatividade. Isto, em outras palavras, confirmaria a isenção da ideologia por parte de seus produtores. E, mesmo sem código, a mensagem fotográfica contém, um estilo. E é por meio desse estilo que se pode detectar seu segundo significado, seu índice conotativo. A legenda pretende perpetuar a coincidência da informação dentro da hierarquia texto/imagem. As diferenças de edição, da escolha da fotografia nas primeiras páginas dos jornais, refletem diretamente a linha ideológica de cada veículo, seu poder de persuasão em determinados segmentos da sociedade e suas omissões diante dos fatos. A falta de um editor de fotografia, um profissional que tenha cultura fotográfica, que impeça o mau uso da fotografia para não alterar seu significado e oriente melhor sua equipe de fotógrafos, também é um fator que acarreta na manipulação gratuita e inconsequente. Acreditamos, também, que a herança cultural e suas respectivas formas de apropriação da fotografia pela imprensa brasileira a partir de 1900 é outro dado que influenciou diretamente a produção e manipulação de suas imagens. No entanto, o advento da fotografia editorial brasileira e seus respectivos usos e atribuições no processo de desenvolvimento social e conquistas das novas classes no cenário econômico e político, a partir das primeiras décadas do século XX,. O jornalismo impresso contemporâneo caracteriza-se como um produto cultural industrializado, cuja função mercadológica se justifica pela constante preocupação com a precisão da informação. Este produto impresso, como qualquer gênero de primeira necessidade, atende a um segmento do mercado, com o qual se relaciona diretamente, pois veicula informações estritamente direcionadas à vida de seu consumidor final, o leitor. Estes dados precisam ser facilmente consultáveis e manipuláveis, suprindo a lacuna deixada pela mídia eletrônica, como é o caso das tabelas, cotações, programações e outros dados. Uma das qualidades essenciais do jornalismo impresso é proporcionar a retenção das informações. Desta forma, é necessário que a informação tenha sido previamente versada, bem detalhada, e possivelmente acompanhada de uma análise. O mosaico de estilos, destituído do conteúdo diferenciado, não encontra espaço dentro deste tipo de processo, pois a própria dinâmica industrial condiciona a criatividade jornalística a se concentrar inteiramente no levantamento dos dados da matéria, e não na maneira de descrevê-la. Não só os textos se enquadram nessa perspectiva, como também a fotografia, o desenho e os gráficos. O processo jornalístico tende a uma completa homogeneização. As regras são impostas aos jornalistas que delas não podem se afastar, para que o mercado já conquistado pelo veículo continue sendo satisfeito. Como exceções á regra, permanecem ainda as crônicas, os artigos assinados, e as colunas. O padrão de qualidade de cada veículo é mantido pelos manuais de redação, cuja função principal é facilitar a compreensão do leitor, e ao mesmo tempo, aumentar seu grau de retenção nas informações veiculadas. Assim, devemos considerar que os jornais diários apresentam, de imediato, duas características: são empresas comerciais que visam o lucro e portanto, devem estar em perfeita sintonia com seu mercado consumidor, e ao mesmo tempo desempenham papel político capital no contexto global da sociedade. A manipulação da informação pode ser vista como o veículo se auto-conceitua, como ele aponta sua ideologia na própria foto, nas manchetes, nos títulos, artigos e legendas. É uma imagem geralmente antecipada do conceito que ele tem da realidade apreendida, respaldada no seu mercado leitor e interagida por ele.

Página 46 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia Infantil - O Bê-a-bá

Certo dia vi um artigo do fotógrafo Darren Rowse, no twitter de uma colega minha, que traz algumas dicas e truques para melhorar suas fotos de crianças. Não farei uma tradução, mas usaremos este texto como base. Vamos seguir os passos dele e dividir em duas partes: configurações e o clique.

Configurações

Algumas configurações na sua câmera podem ser feitas para melhorar o desempenho na fotografia infantil. São elas: Prioridade de abertura: Gostei da dica do Darren, essa eu também uso muito. Usar prioridade de abertura (e deixando a velocidade por conta do ‗cérebro‘ da câmera) permitirá a você um controle criativo da profundidade de campo, que é um fator importantíssimo nos retratos. Se a sua câmera não tem essa função, você pode usar o modo pré-programado ‗retrato‘, que deve funcionar. Grades aberturas: Seguindo o racicínio anterior, sempre que mantiver uma grande abertura (acima de f/5.6) você terá um lindo fundo desfocado, que valorizará bem o seu modelo. ISO: Dependendo do ambiente (interno ou externo), você o ajustará o menor ISO possível. Quanto mais alto o ISO, mais granulado ficará a imagem. Quando mais baixo, mais nítida sua foto ficará. Obturador: Fique de olho na velocidade que você vai configurar. Tente manter pelo menos 1/200, diz o fotógrafo Rowse. Eu arriscaria dizer que depende da criança e da situação. Se for um bebê e estiver paradinho, não há porquê tanta velocidade. Se as crianças estiverem correndo lá fora, priorize a velocidade mais alta para congelar o movimento. Se ficar muito escuro, pode aumentar o ISO ou mexer na abertura. Outra dica boa do texto: Se sua câmera não possui esse controle de velocidade, procure usar o pré-programado ‗esportes‘. Focagem: Crianças são rápidas, isso é fato. Em fotografia infantil eu diria sem pensar duas vezes: esqueça o foco manual. Uma dica ótima no artigo do Darren é usar a focagem multiponto, onde você fixa o foco na criança e o ponto de focagem move-se com ela. RAW: Aqui concordo com toda a citação. ―Se você tiver tempo (e habilidade) para fazer algum trabalho de pós-produção de suas imagens mais tarde tentar fotografar em RAW. Isso lhe dará mais licenças para editar suas fotos mais tarde. Se você estiver sob a bomba de tempo e / ou não têm a capacidade de editar o seu trabalho – JPEG fará‖. Não se sinta pressionado a fotografar em RAW, mas podendo fazê-lo é um ótimo exercício e os resultados serão certamente muito melhores. Flash/Luz: Aqui o fotógrafo Rowse comenta sobre usar ou não o flash. Ele diz que se você tiver uma unidade de flash externo e esteja fotografando em ambiente fechado, você pode usá-lo rebatido no teto ou em uma parede (brancos) para criar uma luz difusa. Vocês podem também usar um rebatedor de papel para criar este efeito. Caso não possua um flash, você pode procurar situações onde seja possível fazer bom uso da luz natural, como luz de janelas. Fotografando lá fora, com a luz do sol direta, você pode usar o flash ou um rebatedor branco grande para preencher a sombra e deixar toda a iluminação homogênea.

Por: Huaine Nunes

Fotografia de Jamie {74}

Página 47 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Lentes: Aqui é uma questão bastante pessoal. Concordo com o autor do texto sobre levar um pequeno conjunto de lentes para diferentes abordagens. Eu costumo usar duas lentes bem versáteis e uma luminosa, como o conjunto 18-55mm + 55-200mm + 50mm. Ele diz que costuma usar uma 70-300mm para fotografar à distância e ainda conseguir um bom retrato da criança. Gostaria de acrescentar ainda que a perspectiva da tele é muito bonita em retratos e dá uma impressão de diminuição de profundidade de campo que gosto bastante.

O clique

A primeira dica que Darren Rowse dá sobre fotografar crianças, é algo que venho afirmando há bastante tempo: estar confortável. Isso não significa somente o fotógrafo estar de bem com a vida. Significa controle da situação, conhecer bem o equipamento e principalmente, ter habilidade para deixar a criança à vontade. Quanto mais relaxados eles estiverem, melhor. Locação: Onde você vai fotografar depende muito da situação. O ideal é já planejar alguns diferentes lugares antes de sair para o clique. Se puder ter um ambiente externo e um interno é ainda melhor. Sempre atentando para a luz, as cores e os fundos (preferência simples). E é legal também pensar em lugares divertidos para as crianças, como parques, praias e zoológicos. Poses: Sempre que possível, procuro evitar as poses forçadas que as crianças (principalmente as mais velhas) costumam fazer. Muitas vezes a situação interessante está entre uma pose e outra, enquanto elas estão pensando em qual será a próxima maluquice que irão inventar. Olho no olho: Essa dica é de praxe, mas muita gente acaba esquecendo. Descer ao nível dos olhos das crianças, além de contribuir ricamente com o enquadramento, é algo que aumenta a sensação de confiança da criança. É como se você, fotógrafo, fosse ―um deles‖. Você estará deixando de ver as coisas da perspectiva de um adulto e passará a encarar tudo do ponto de visita deles. Vale a pena experimentar. Perspectivas Diferentes: Agora que já conhecemos a ‗regrinha‘ do olho no olho é que podemos quebrá-la. Procurar ângulos e perspectivas diferenciadas podem trazer grandes resultados. Chegue mais perto: Uma objetiva zoom pode ajudar muito nesse processo. Chegue perto, focalize o rosto, tente capturar sua personalidade. Os papais e mamãe querem ter aquela lembrança do rostinho da criança. Foco nos olhos: O espectador é sempre atraído pelos olhos do fotografado. Atente para o foco no olhar. Fundos: Às vezes quando estamos fotografando crianças, nos distraímos com o quando elas são incrívelmente bonitinhas e esquecemos de olhar além delas. Atentar para o fundo da imagem pode fazer toda a diferença entre um retrato lindo e harmônico e um nada chamativo e atraente. Procure fundos simples, que destaquem o máximo da criança. Fundos confusos desviam a atenção do objeto principal. Pequenos detalhes, grandes imagens: Em algumas sessões fotográficas, há muitos detalhezinhos que podem falar muito mais sobre a personalidade da criança do que simplesmente a fotografia de seu rosto. É legal fazer alguns cliques extras, dos brinquedos que elas levaram para a sessão, dos sapatinhos… Quando colocadas num album, junto ao restante das fotos, cria um resultado final muito bacana. Foto em Grupo: Se fotografar uma criança já é divertido, por que não várias? Em grupo elas costumam ser ainda mais engenhosas e voce conseguirá vários cliques bons e espontâneos em poucos minutos. Diversão: Palavra-chave da sessão de fotografia infantil. Procure tornar tudo o mais divertido e gostoso possível. As crianças mal notarão que estão sendo fotografadas e voce fará diversos cliques sem maiores problemas, deixando tudo por conta da naturalidade dessas pequenas criaturinhas.

Página 48 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia de Shows: entre o domínio de luz e a paixão

Durante os últimos anos, constantemente tenho realizado trabalhos na área de Fotografia de Shows. Fotografar shows não é uma tarefa simples, talvez por isso com o tempo tornou-se uma das minhas paixões na profissão. Por isso escolhi abordar o tema no meu primeiro artigo produzido para a Fotografia DG. A primeira providência para se obter bons resultados, é buscar com antecedência tudo que acontecerá durante o espetáculo. Procure a assessoria e produção e se abasteça de informações para criar seu planejamento de trabalho: duração, repertório, troca de roupas ou cenário, convidados no palco, efeitos especiais, bis, características particulares de cada artista, etc. Dessa maneira, não será pego de surpresa com a escolha de equipamento, localização inadequada, ou qualquer falta de informação do que virá pela frente. E o melhor, terá plenas condições de realizar um trabalho completo. O ato de fotografar show requer que o profissional tenha domínio do seu equipamento e de fotometria. Normalmente o fotógrafo encontrará grande variação de iluminação devido aos efeitos de luz do próprio espetáculo, iluminação insuficiente, e muita movimentação no palco. Recomendo utilizar o modo de exposição e

manual, já que a grande área escura em volta do motivo e a grande variação de luz muitas vezes faz com que o fotômetro da câmera tenha leituras distorcidas. O que vai assegurar resultados eficientes e constantes neste tipo de fotografia é a prática: a famosa tentativa e erro. E acredite, ao passar esse estágio já estará vivendo uma grande paixão com este tipo de trabalho. Normalmente nesse tipo de registro, principalmente quando o show acontece em locais fechados ou a noite, não é recomendado o uso do flash. Com isso um ponto importante é a utilização de grandes aberturas e ISO (sensibilidade de luz) altos: 800, 1600, 3200. Nos dias atuais isso não irá prejudicar o seu trabalho, já que os equipamentos estão gerando imagens cada vez mais limpas (pouco grão) quando regulados com sensibilidades altas. Em relação a escolha de lentes, o ponto determinante é a sua localização do palco. Se seu acesso é restrito e distante do palco, é recomendo a utilização de teleobjetivas com o suporte de um monopé. Agora se você tem liberdade de se aproximar do palco recomendo uma grande angular (17-35mm) , uma lente normal (24-70mm) e uma zoom (70-200mm), sendo todas elas lentes preferencialmente claras (grandes aberturas / 2.8). Afinal, quanto maior a capacidade de o seu equipamento captar luz, melhor. Quanto ao já citado problema de variação de iluminação e superexposições devido aos efeitos luz decorrentes do show, a dica é utilizar uma objetiva longa com o quadro bem preenchido com o motivo principal da foto. Com isso você tira a média de fotometria para seguir adiante com as demais lentes. Mas nem sempre isso é possível devido as condições de trabalho, então eu particularmente diminuo a exposição em uma média de um até dois pontos para compensar a superexposição. Com o tempo, aprendi a transformar a maior dificuldade de fotografar shows que é a iluminação em grande aliada: através da observação passei a criar efeitos nas fotos com as luzes instáveis e junto a isso buscar expressões corporais do artista e momentos de emoção das apresentações.

Por: Bruna Prado

Página 49 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O Segredo das fotografias noturnas

Paisagens noturnas são para muitos, encantadoras. Registrar uma paisagem durante a noite pode ser um desafio, mas sabendo as técnicas é possível conseguir um resultado muito bonito. Apresento a seguir, meu pequeno passo a passo para realizar paisagens noturnas com qualidade. 1 – Tripé sempre. É possível sim, se você for mão-firme realizar uma paisagem com pouca luz, segurando a câmera na mão. Mas se a intenção é uma fotografia realmente nítida, o ideal é usar um tripé, que manterá a câmera firme (por isso é importante que ele seja relativamente pesado) durante toda a exposição. 2 – Controle remoto da câmera. Mesmo que a sua câmera esteja firme e forte em cima de um tripé, nada disso adianta se durante o apertar do obturador, você movê-la um pouquinho. A foto poderá ficar um pouco borrada, ainda que quase imperceptível. O resultado pode ser muito melhor se você utilizar um controle remoto para acionar o obturador, assim a câmera ficará com toda certeza imóvel.

Dica: Não tem um controle remoto? Não tem problema, você pode usar o timer! Componha a foto, regule velocidade e abertura e então programe para câmera disparar em 5seg. Assim há tempo para você se distanciar do tripé e impedir que a câmera balance. 3 – Desligue o estabilizador de imagem. Sabe essa função de evitar tremidos da mão do fotógrafo? Ao fotografar no tripé, essa função fica confusa, pois a câmera já estará 100% imóvel. O resultado, com o estabilizador ligado, pode ser justamente o oposto. Fiz o teste há um tempo. Fotografei com o VR (sistema de estabilização de imagem da Nikon) ligado usando tripé. Depois reproduzi a imagem com o mesmo desligado.

4 – Pequenas aberturas e foco infinito. Em fotografia de paisagens de modo geral, essa dica se aplica muito bem. Em fotografias noturnas, a pequena abertura dá um efeito muito bacana. Além da profundidade de campo aumentar, os pontos de luz na foto, devido à pequena abertura, ficam muito bonitos. Às vezes ficam assim, parecendo estrelinhas. Nessa foto usei abertura f/22 para conseguir este efeito.

Por: Huaine Nunes

Página 50 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

5 – ISO baixo e longa exposição. Vamos pensar bem, se sua câmera está paradinha, não existe nenhum motivo para que essa exposição tenha que ser rápida. Pensando melhor, não há nenhum motivo para aumentarmos o ISO, então! Sempre que faço fotos no tripé, de motivos imóveis (paisagens são um exemplo, mas poderia ser still também), uso o menor ISO disponível, normalmente o 100. Assim terei o máximo de nitidez em minhas fotos. A longa exposição (que nesse caso será regra, conseqüente do ISO baixo), só dará um efeito ainda mais legal, como as luzes ‗riscadas‘ dos carros, por exemplo.

Por ultimo, mas não menos importante… 6 – Nem pensar em usar configurações automáticas. Sou uma grande defensora de sistemas facilitadores, como os modos pré-programados. Mas no caso da fotografia noturna, a sua câmera não é tão inteligente assim, para saber o que você pretende registrar. O mais provável é que ela dispare o flash, aumente o ISO e consiga um resultado que certamente não é o que você espera.

Para os menos experientes, sugiro o seguinte:

coloque no tripé e componha a imagem;

ajuste o ISO para o mais baixo possível;

use prioridade de abertura e diminua o f/stop;

deixe o tempo por conta do fotômetro, que diante dessa configuração usada, aumentará bastante o tempo de exposição;

Página 51 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

“Fotografia Noturna” sem segredos!!!

TÉCNICA: FOTOS NOTURNAS SEM FLASH

Lightpainting com a luz disponível

Fiz esta fotografia ao lado em Assisi, Itália, optando (sempre!!) pelo ISO mais baixo possível para manter-me longe do ruído (granulação = menor nitidez). Essa decisão pede velocidades de obturação muito mais lentas e torna-se imprescindível o uso de um tripé com boa estabilidade, uma boa solução é fazer o setup da câmera com prioridade de abertura, geralmente a opção AV ou A no menu de programas de disparo. Esse recurso permite ajustar manualmente a abertura do diafragma, enquanto a câmera acerta a velocidade do obturador automaticamente. Outro fator importante é a Profundidade de Campo (=a distância à frente e atrás do assunto principal em que os elementos ficam em foco). Quanto maior for a abertura (numero menor da escala), menor será a profundidade de campo e vice-versa, ou seja, para dar destaque ao primeiro plano e desfocar o fundo, o diafragma deve estar mais aberto, em valor f/3.5, por exemplo. Se o assunto é uma paisagem com foco em todos os planos, o diafragma deve estar mais fechado, algo em torno de f/22. Muita gente associa (equivocadamente) a fotografia noturna com aumento de ISO e o resultado disso é um nível de granulação visivelmente mais acentuado, principalmente nas baixas luzes (sombras). Gosto do foco em todos os planos que vem da opção pela distância focal mais wide angle (18 mm) que já põe todos os planos como característica principal.

MAS … E SE VOCÊ NÃO TEM UM TRIPÉ????!!! Calma, Galera!!! ooooommmmmm … respira … tem

solução!!! Vou dar um exemplo: Assim que cheguei a Portugal, fui conhecer o Sul do País começando por Lisboa, que muita gente associa com o passado mas que é uma cidade muito moderna principalmente na área circunscrita pelo Parque das Nações que tem uma arquitetura futurista estilo 2.050 (ainda é)

à beira do Tejo … maravilha!!!!!!!!! Como não tinha levado tripé, saquei do meu cinto de utilidades um pedaço de papel de alumínio que sempre tenho no case da câmera, o desdobrei, fiz dele uma bola, sentei na sarjeta, coloquei a bola de papel na calçada, pus a câmera sobre ele dando um jeitinho para ficar paradinha na horizontal,

Por: Fernando Bagnola

Página 52 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

ajoelhei (mesmo!!) olhando no visor (imagina a cena?? ), escolhi o ISO mais baixo possível (100) para não comprometer a nitidez, fiz o enquadramento, escolhi prioridade de abertura para poder ter foco em todos os planos pois esta ponte metálica em perspecitva é muito importante na composição, pus no selftimer (10 segundos) para não haver tremores quando eu clicasse, fiz o auto foco no setup com todos os pontos (importante), esperei o semáforo abrir para dar mais movimento à cena toda, cliquei … pim, pim,

pim, pim, pim, pim, pim, pim, pim, pim, pim … (barulho do selftimer … ) e a exposição foi de 3 segundos com diafragma 22 (o que deu esse arrasto de luz no segundo plano). E agora a melhor parte … houve um concurso de fotografia que é muito relevante em Portugal e na Europa que é promovido pelo Parque das Nações & Casino de Lisboa (Brasucas … é Casino mesmo … com um S) cujo tema era ―Lisboa‖. Mandei a fotografia (homônima) para concorrer e fui premiado com uma menção honrosa que foi o primeiro bom sinal de que Portugal aceita os olhares estrangeiros e seria o início de uma feliz estrada profissional e pessoal por esta terra que amo mais a cada dia.

Como podem ver … fotografar é fácil … basta querer transformá-la em emoção! … (e não ter vergonha de sentar na sarjeta por uma boa causa fotográfica … hahahaha!!!). Experimentem que dá certo!!! … eu

garanto!!!

Página 53 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografando na chuva

Caminhar pela chuva é uma experiência única. A chuva alimenta o espírito e faz você se sentir como se estivesse dançando sobre as poças. Capture esse sentimento com alguns instantâneos em dia de chuva. Não é preciso deixar a câmera fotográfica em casa só porque o sol não apareceu. A chuva pode ser uma amiga do fotógrafo, intensificando cores e adicionando brilho instantâneo em praticamente qualquer situação. Arrisque-se Tempo ruim não significa fotografias ruins. A chuva só muda as opções e prepara o cenário para oportunidades únicas de fotos. Neblina, por

exemplo, pode suavizar cores e dar leveza a objetos no plano de fundo, tornando etérea e misteriosa a aparência de um lago ou um parque nas redondezas. Até o céu nublado pode ser utilizado em seu benefício. Contrastes de cores são atenuados em dias cinzentos e as cores parecem mais ricas, criando o cenário perfeito para fotos de árvores e plantas. Dias nublados e com neblina também proporcionam uma oportunidade perfeita para fotografar em preto-e-branco. Após a tempestade Tempestades e chuva forte adicionam força e drama às imagens. Após uma tempestade é um momento particularmente bom para fotos espetaculares de paisagens. O sol está começando a aparecer e nuvens escuras ainda podem ser vistas a distância. A combinação do brilho do sol com o céu escuro cria um cenário extraordinário. Tudo parece limpo e resplandecente, as cores parecem intensas e os objetos brilham sob os raios do sol que nasce.

Dica rápida: O arco-íris proporciona fotos incríveis. Eles são formados pela refração da luz pelas gotas de chuva e, normalmente, essas condições ocorrem antes ou depois de uma tempestade. Assim, seja rápido ao ver um arco-íris. A tempestade pode parar repentinamente e o reflexo das superfícies molhadas pode desaparecer em um instante. Retrato de poças de água E as poças quase sempre despercebidas? Pense em todos os efeitos interessantes de reflexos que podem ser capturados nessas pequenas porções de água: as árvores, as nuvens do céu ou o reflexo das luzes da cidade. Poças atraem crianças como um ímã, fornecendo excelente oportunidade para fotos não posadas. Mais um motivo para manter uma câmera digital à mão!

Dica rápida: Durante um temporal, mantenha sempre a câmera dentro da jaqueta ou abrigo. E, para proteção adicional, use um saco de plástico transparente, à prova d‘água. Basta um buraco para a lente e vá em frente! Pronto! Você criou uma capa de chuva instantânea para sua câmera. Sempre carregue um pano limpo ou lenço de papel para enxugar as gotas d‘água. Projetos de fotos em dias de chuva Dias chuvosos não são excelentes apenas para passear com a câmera; também são uma oportunidade maravilhosa de iniciar um projeto de fotos. Amplie uma bonita foto de um dia chuvoso para enfeitar seu escritório doméstico ou o quarto do bebê com uma peça contemplativa. Reúna instantâneos em um álbum de fotos ou de recordações. Ou envie algumas fotos em uma carta para alguém que esteja distante e compartilhe a alegria de brincar na chuva.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Foto: Henri Cartier-Bresson

Página 54 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Dicas importantes Use sempre filtro UV para proteger a objectiva e mantenha-a sempre tampada. Nunca deixe pilhas ou baterias dentro do seu equipamento por muito tempo sem uso. Tenha sempre pilhas ou baterias extras dentro da bolsa. Por-do-sol Para fotografar pessoas com pôr-do-sol ao fundo, é aconselhável que se utilize o flash da câmera para iluminar o assunto principal e evitar que o mesmo apareça na sombra. Paisagem Para tornar as fotografias de paisagem mais agradáveis ao olhar, é interessante evitar posicionar a linha do horizonte no centro do enquadramento. Na maioria das vezes, o resultado fica melhor quando se desloca a linha do horizonte mais abaixo ou mais acima do centro da imagem. Dias nublados Apesar da maioria das pessoas não gostar de fotografar em dias nublados, essa é uma ótima condição de luz para retratos de pessoas, pois oferece uma iluminação suave e sem sombras fortes. Uma boa dica para se fotografar nessas condições é evitar incluir grandes porções de céu no enquadramento e procurar ter um fundo mais escuro que o assunto principal. Cachoeira ou neve Sempre que se fotografa assuntos muito claros como cachoeira ou neve, a câmera tende a ser ―enganada‖ pela alta intensidade da luz ambiente, registrando a cena de forma mais escura do que a realidade. Nesses casos, é importante usar o recurso de compensação de exposição, ajustando o mesmo para + 1 ou mais, caso haja necessidade. Essência da localidade Para se obter imagens que retratem a essência de uma localidade, é fundamental que haja um nível de envolvimento com o ambiente e as pessoas que nele vivem. Para isso, recomenda-se evitar fotos da janela do carro e de pessoas à distância e procurar interagir com a população e vivenciar a cultura local. Assim, as fotos se tornarão muito mais realistas, trazendo mais informações e demonstrando muito melhor as características da região. “Menos é mais” As pessoas tendem a inserir uma grande quantidade de elementos na mesma imagem. Mas, na maioria das vezes, esta prática faz com que a foto se torne poluída e sem um foco de atenção. O ideal é procurar inserir poucos elementos no enquadramento, basicamente um primeiro plano, um assunto principal e um fundo. Assim, a imagem fica mais clara, objetiva e agradável ao olhar. E, claro, cartões de memória e baterias sobressalentes são essenciais em uma viagem. Assim, evita-se perder momentos importantes por falta de memória ou porque acabou a bateria no meio do passeio e não é possível carregá-la. Os equipamentos eletrônicos são sensíveis ao calor excessivo e umidade. Procure evitar deixar a câmera exposta ao sol direto ou maresia ou ao frio.

Foto: Robert Doisneau

Página 55 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografar durante o Inverno

Resumindo e parafraseando alguém que conheço: O nosso país é lindo! Mas deixo a seguinte questão: Teremos nós portugueses, consciência da beleza natural do nosso próprio país? Há uns anos atrás, aconteceu comigo um episódio caricato que ilustra bem a falta de conhecimento que existe relativamente ao nosso país, no que diz respeito à beleza natural e paisagística deste pedaço de terra à beira mar plantado. Uma amiga minha, ao ver algumas das minhas imagens de neve, exclamou: ―Estiveste na Suíça! Estas fotos são lindas!‖ Adivinhem o ar de espanto dela quando lhe disse que aquelas fotos haviam sido tiradas, todas elas, em Portugal Continental e em particular no Parque Natural da Serra da Estrela! Fui um pouco mais longe e disse-lhe que, infelizmente, existe uma ideia generalizada e enraizada de que o Parque Natural Serra da Estrela se resume a uma ida à Torre e se possível, parar pelo caminho e brincar um pouco com a neve na companhia da família e/ou amigos. O Parque Natural Serra da Estrela é lindíssimo, ainda mais lindo fica, quando coberto de neve e na minha humilde opinião, a Torre é dos locais menos interessantes deste Parque Natural.

Na altura em que escrevo este artigo, não faltam muitos dias para a chegada do Inverno, altura em que chega também um elemento muito apreciado pela grande maioria dos fotógrafos de paisagem espalhados por esse mundo fora: a neve! Além da neve, o Inverno, também proporciona múltiplas oportunidades fotográficas enaltecidas pela carga dramática e pelo toque especial que pode dar a cada imagem. Este artigo irá servir essencialmente para dar alguns conselhos sobre a melhor forma de enfrentar os rigores do mesmo, no que à fotografia diz respeito. Tentará também ir de encontro às necessidades/dificuldades do caro leitor, e serão fornecidas algumas dicas sobre a melhor forma de fotografar neve, sem que as

imagens obtidas se tornem num fracasso ou numa desilusão, na hora de chegar a casa e descarrega-las para o computador. Existem várias regiões em Portugal continental nas quais é possível encontrar neve. No entanto, e pelo conhecimento que tenho do mesmo, irei centrar este artigo no Parque Natural Serra da Estrela.

Atitude

Fotografar em condições extremas, como as que podem ser encontradas durante o Inverno, exige uma atitude por parte do fotógrafo! Além de atitude,

é preciso também ter um grande espírito de sacrifício, uma vez que é necessário estar preparado física e sobretudo mentalmente para as adversidades que o Inverno proporciona. A falta de atitude, representa

não ir para o terreno fotografar, ―apenas‖ porque está a chover, a nevar ou a fazer frio! O não ir fotografar, representa não captar aquela luz única ou aquele momento mais dramático que o Inverno pode proporcionar.

Por: Nuno Luís

Parque Natural Serra da Estrela – Cântaro Magro

Página 56 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Roupa e Calçado

Falar do Inverno é falar de neve, chuva e frio. Se o fotógrafo não estiver protegido de forma adequada, pode deitar por terra todos os planos de ser bem-sucedido. Roupa quente, confortável e impermeável ajudará a que a experiência de fotografar com estas condições atmosféricas, seja muito mais gratificante, caso contrário poderá redundar em grande desilusão. Aconselhe-se em lojas de roupa para desportos de Inverno pois, por norma, estas roupas e acessórios para desportos, são também adequados para quem vai enfrentar os rigores do Inverno com uma câmara na mão. Peça auxílio em lojas da especialidade e diga exactamente o tipo de roupa e acessórios que pretende e para o que pretende, e assim ficará equipado para enfrentar de forma mais confortável os rigores do Inverno.

Equipamento Fotográfico – Cuidados a ter

Um dos erros mais comuns que se costuma praticar quando se fotografa com temperaturas muito baixas, é envolver a câmara no casaco, junto ao corpo. Assim que se volta a colocar a câmara à temperatura ambiente, irá aparecer algo muito indesejado: a condensação. Deverá sempre manter a câmara à temperatura ambiente.

Fotografar no Inverno, obriga a que o equipamento muitas vezes tenha de trabalhar no limite das suas capacidades. É importante ter sempre presente, que as baterias, quando em contacto com temperaturas muito baixas, descarregam muito mais depressa. Ter baterias suplentes é fundamental! Deverá ter sempre pelo menos uma segunda bateria totalmente carregada no bolso interno do casaco, assim o calor do corpo ajuda a mantê-la protegida. Se a bateria que estiver a ser utilizada começar a dar sinais que vai ficar descarregada, deverá ser trocada pela que está no bolso. Por sua vez a que estava na câmara ao passar para o bolso, voltará a ganhar alguma energia quando em contacto com o calor do corpo.

Evite respirar para a câmara, para a objectiva ou para os filtros, uma vez que esta acção irá originar condensação na câmara, impedindo assim o fotógrafo de registar um determinado momento.

Expôr correctamente imagens com

neve – As dicas mais comuns

Fotografar neve, traz em muitas situações alguns dissabores a fotógrafos menos experientes. O branco da neve pode ―enganar‖ a câmara na hora de medir a luz, originando muitas vezes imagens em que a cor da neve mais se assemelha a um cinzento, ou azul, esbatido. Ficam algumas dicas para as situações mais comuns.

Sempre que tiver oportunidade de fotografar neve acabada de cair, ou seja, branco puro, deverá dar pelo menos mais 2 stop´s de compensação, para poder captar todo o detalhe da neve;

Se no local onde se encontra a fotografar, a neve já não for recente, deverá fazer compensações de 1 a 1/3 de stop´s. Se for para além disso, corre o risco de as zonas de neve ficarem sobreexpostas;

Em dias solarengos, fotografar neve que esteja em zonas de sombra, deverá fazer compensações de luz iguais ou superiores a 1 stop;

Se estiver a fotografar em dias nublados, deverá fazer a medição de luz na neve e dar 2 stop´s de compensação de luz;

Em caso de dúvida com alguma das dicas acima indicada, não hesite em programar a sua câmara para fazer bracketing, não correndo assim grandes riscos;

Página 57 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Com a prática e com várias saídas para o terreno, de certeza que irá encontrar a forma que melhor se adequa ao seu gosto pessoal, no que respeita ao resultado final das imagens.

Outras dicas

Se vai fazer fotografia nocturna, deve ter tudo preparado. Não esqueça que o frio, as várias camadas de roupa vestida e a reduzida visibilidade, fazem com que o mais simples movimento se possa tornar num verdadeiro desafio;

Há imensos detalhes que podem ser fotografados, muitos deles devido ao facto de a neve em muitas circunstâncias não cobrir na totalidade toda a paisagem. Tenha um olhar atento e faça novas abordagens sem receio de inovar;

Subir a pontos altos, pode ajudar a criar imagens com bastante dinâmica onde é possível fotografar toda a área envolvente coberta de neve. Durante o nascer e o pôr-do-sol, é comum que os picos mais altos das montanhas fiquem iluminados com uma luz suave;

Em dias de chuva intensa, é muitas vezes comum no final do dia parar de chover, originando uma palete de cores incrível no céu que muitas vezes não demora mais que 10 a 20 minutos. Um dia de chuva não é dia de ficar em casa, pelo contrário, é dia de sair para a rua à procura da tal luz, do tal momento que pode fazer a diferença no resultado final da imagem;

Utilize filtros graduados de densidade neutra para dar mais ênfase ao céu e ainda conseguir um melhor controlo da luz;

Utilize o filtro polarizador, ajuda a saturar as cores e eliminar ou reforçar reflexos, consoante o gosto pessoal do fotógrafo;

Os melhores locais para fotografar no P.N. serra da Estrela

Este capítulo tem como objectivo dar-lhe a conhecer alguns dos locais mais bonitos do P.N. Serra da Estrela. Com estas dicas, o caro leitor já não tem desculpa para dizer que do Parque Natural Serra da Estrela apenas conhece a Torre e pouco mais. Esta secção fica dividida em duas partes: locais de fácil acesso e locais de difícil acesso. Relembro que os locais que indico como sendo de difícil acesso, nunca deverão ser feitos sem o contacto prévio com o posto de turismo do P.N. Serra da Estrela!

Parque Natural Serra da Estrela - Barragem do Vale do Rossim

Página 58 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Locais de fácil acesso

Covão da Ametade – Considerado por muitos como o local mais bonito do P.N. Serra da Estrela, esta pequena maravilha da natureza, fica localizado na estrada que liga as Penhas da Saúde a Manteigas. Aproveite para fotografar o nascer-do-sol; Covão da Ponte – Saindo de Manteigas em direcção às Penhas Douradas, vá com atenção às placas. No caminho de acesso a este bonito covão, ainda é possível ver a encosta onde se encontra a bonita mata de São Lourenço; Barragem do Vale do Rossim – Esta pequena barragem, localizada nas Penhas Douradas, é de fácil acesso, podendo ser visitada na maioria das vezes de carro. Fotograficamente, resulta muito bem ao nascer e ao pôr-do-sol; Poço do Inferno – Uma das maiores cascatas deste Parque Natural, o Poço do Inferno, fica localizado à saída de Manteigas, no sentido das Penhas da Saúde;

Locais de difícil acesso

Lagoa do Peixão – Lagoa localizada no coração do parque natural, perto do Cântaro Gordo. Ainda que lindíssima, chegar a esta lagoa implica uma caminhada de mais ou menos 2 horas com um desnível de 200 metros. Com neve o acesso fica mais complicado ainda e é essencial contactar e pedir conselhos junto do posto de turismo do parque natural; Lagoa dos Cântaros – Lagoa localizada no Cântaro Gordo, pode ser acedida através do Covão da Ametade. Como a Lagoa do Peixão, o seu acesso é bastante difícil e nunca deverá tomar a decisão de lá ir sem contactar previamente o posto de turismo do parque natural;

Página 59 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Como transformar a sua sala num estúdio profissional

Iluminação fotográfica é sempre um ―monstrinho‖ que assombra tanto iniciantes como profissionais. Realmente, o assunto merece – pelo menos em parte – a fama que possui. Uma iluminação mal feita estraga qualquer cenário, modelo e trabalho. E, acreditem, há casos em que nem o ―santo photoshop‖ dá jeito e lá se vai todo um dia de trabalho perdido. A primeira coisa que vem à mente quando se pensa em estúdio é: equipamentos caros, apetrechos aos montes e muito tempo gasto em fotometria. Atualmente a grande ―menina dos olhos‖ dos fotógrafos é o strobist(uso de flashes TTL fora da câmera e com ou sem acessórios de estúdio). Já existe inclusive uma série de acessórios específicos para esse tipo de trabalho, como snoots, colméias e sombrinhas, que através de uma peça chamada flash mount podem ser acoplados ao seu TTL e daí em diante é experimentar. Particularmente acho strobist uma alternativa plenamente inteligente, de baixo custo e cujo resultado não deixa nada à desejar. Aderi à moda, mas mesmo assim admito que brincar com luzes variadas ainda é meu atrativo principal. O Still improvisado faz parte da minha artilharia principal quando quero ―brincar com a luz‖. Neste artigo em particular, resolvi mostrar o poder que um pouco de imaginação possui, quando aliada a acessórios que todos têm em casa. Alguns metros de TNT, luminárias comuns e lâmpadas de tungstênio foram os meus aliados na empreitada. Sinto dizer que aos preguiçosos de plantão que buscam desculpas para não estudar, este tutorial é uma amostra de como um pouco de criatividade e alguns daqueles apetrechos largados no quartinho dos fundos podem servir para acabar com as desculpas esfarrapadas e levar você à um passeio intrigante pelo mundo mágico da fotografia. Agora sem mais enrolação, mãos à obra!

Material

3 metros de TNT preto (R$ 6,00)

3 metros de TNT vermelho (R$ 6,00)

1 folha de 1m de isopor, coberto por papel laminado dourado

2 luminárias comuns (R$ 18,00 cada)

2 lâmpadas de tungstênio do tipo ―branca‖, uma de 100w e outra de 60w ( R$ 2,40 cada)

Uma extensão e fita adesiva

Construindo o fundo

Encontre uma área com um bom espaço em casa, de preferência um quarto onde você poderá isolar as interferências de luz de outras fontes. É importante que as fontes externas sejam de fato isoladas pois podem atrapalhar tanto em sua fotometria quanto na iluminação do assunto. Neste exemplo utilizei uma sala de 4m x 6m com janelas e portas fechadas. Após encontrar sua área de trabalho, é hora de montar o fundo. Nesse caso prendi o TNT com fita adesiva na parede a 2,5m, que era uma altura perfeita para me dar quase um metro de sobra acima da modelo. Por ser leve, o TNT fica preso facilmente com a fita adesiva. Prenda em cima e também no chão, deixando uma pequena curvatura para criar o efeito de fundo infinito.

O assento

Esse é um passo opcional. Resolvi utilizar uma cadeira de escritório comum e sobre ela o TNT vermelho, apenas para dar um charme. Se você tiver uma cadeira interessante ou preferir não utilizar assento, fique à vontade. Para ficar bem natural, apenas joguei o TNT de forma displicente sobre a cadeira, tendo apenas o cuidado de esconder todas as partes, deixando apenas o tecido à mostra.

Por: Regis Falcão

Página 60 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Esquemas

Montei três esquemas de luz para dar uma base do resultado obtido, mas a idéia é que você mesmo experimente posições e composições partindo do que mostro à seguir: Esquema 1 No primeiro esquema de luz utilizaremos apenas uma luminária. Utilizei um banquinho para dar a altura perfeita (1m de altura) e a ―cabeça‖ da luminária com uma inclinação de aproximadamente 45º, apenas do lado esquerdo da modelo. Note que pela altura da luz a perna ficou ligeiramente mais iluminada, criando uma luz mais dramática no rosto e deixando o lado direito praticamente absorvido pela sombra. O esquema usado foi o seguinte:

Após a correção de níveis e cores no photoshop, o resultado foi esse ao acima: Apesar de estar usando lâmpadas de tungstênio, gosto de experimentar balanços de branco variados até chegar no resultado mais próximo do que desejo. Quando importadas, um pequeno ajuste de temperatura pode ser necessário. Uma dica adicional se faz necessária nesse ponto. Como devem ter percebido, a largura do TNT pode não ser suficiente para cobrir toda a área do seu enquadramento. E agora? Entra em ação nossa ferramenta mágica chamada content aware, disponível no Photoshop CS5 (menu Edit ->Fill -> content aware), que após selecionadas, preenche as áreas não cobertas. Para usuários de versões mais antigas, a ferramenta Clone (carimbo) serve. Nessa captura utilizei o content aware nas laterais, onde parte da parede estava visível. Esquema 2 No segundo esquema utilizamos duas luzes, uma na mesma posição anterior e uma segunda voltada para a modelo, mas posicionada à frente e à direita. Atentem para o fato de que tenho o rosto da modelo perfeitamente iluminado (pela luminária mais alta, à esquerda da modelo) assim como também o lado direito da modelo com uma ligeira diferença de tons na parte inferior da perna, já que esta segunda luminária está posicionada no chão.

Abertura f 4.5, velocidade 1/50, ISO 640,

distância focal de 22mm

Página 61 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Assim como na anterior, corrigimos a temperatura, cor, níveis e utilizando o content aware, gerando o resultado final foi o que se segue acima: Esquema 3 No Terceiro esquema utilizamos duas luzes, uma na mesma posição anterior ( a da esquerda da modelo) e uma segunda voltada para o rebatedor. Utilizei um rebatedor circular dourado, que substituído pelo isopor produz praticamente o mesmo efeito. O rebatedor produz uma luz mais difusa e suave, principalmente por ambas as lâmpadas serem da mesma intensidade (100w), e utilizando a luz auxiliar de forma rebatida conseguimos uma luz mais suave em toda a composição. Veja o esquema:

Abertura f 4.5, velocidade 1/50, ISO 640,

distância focal de 22mm

Página 62 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O rebatedor dourado produz uma luz mais quente, que nesse caso em particular achei interessante pela cor da pele e cabelos da modelo, mas isso não quer dizer que você deva usá-lo. Experimente o que mais se adequar à sua necessidade.

Dicas adicionais

Não preciso dizer que sua câmera deve estar com o White balance regulado para tungstenio, e é possível que as capturas fiquem um pouco quentes, o que pode ser facilmente resolvido no Camera Raw, Lightroom ou programa de sua preferência. Às vezes experimento regular o balanço para outros tipos de luz, diferentes do que estou utilizando e consigo resultados particularmente interessantes. Experimente. Bem, esses três esquemas de luz são apenas um exemplo de como com um pouco de criatividade você pode transformar a sala da sua casa em um estúdio. É muito mais cômodo ter a praticidade de equipamentos profissionais, mas boa parte da ―graça‖ da fotografia é experimentar, descobrir que resultados você pode obter com cada item usado, cada posição da luz. Isso faz parte do caminho de aprendizagem. Encontre outras coisas como papel celofane, lâmpadas de outros tipos, outras intensidades e faça suas próprias descobertas.

Página 63 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 64 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 65 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

10 Questões básicas que o fotógrafo deve saber antes de

fotografar

Cuidado ao fotografar pessoas, há restrições quanto ao uso da imagem alheia. Para fins jornalísticos e editoriais não há impedimento desde que não haja denegrimento da imagem.

Cuidado ao fotografar obra de arte que também é protegida, tanto quanto a imagem de uma pessoa.

Fotos para fins pedagógicos, científicos, têm uma redução da proteção do titular de direito em favor da sociedade que é usuária do conhecimento humano.

Obras arquitetônicas são consideradas artísticas, portanto, também estão protegidas pelo direito do autor.

Na publicidade, tenha sempre a regra: nada pode sem a autorização do titular.

Jamais faça remontagem da imagem de uma pessoa. A prática é comum no design e não é permitida perante a Lei.

Obra fotográfica bastante conhecida ou notoriamente artística não pode ser plagiada.

Ninguém pode alegar que o fotógrafo cedeu os direitos autorais, sem que isso conste expressamente em contrato de cessão de direitos.

A interpretação dos contratos de cessão é restrita.

O fotógrafo não é obrigado a autorizar alterações em sua obra, a não ser que conste no contrato de cessão de direitos.

A fotografia é protegida por Lei?

É. A fotografia é considerada como obra intelectual, legalmente protegida e como tal está protegida pelos art. 6 da Lei 5988/73 e art. 7º, inc. VII da Lei nº 9.610/98, cujo teor é: ―Art.7º: São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: ―VII – As obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia‖.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 66 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia Digital – 25 Questões Básicas

O que é fotografia digital? A fotografia digital se assemelha um minúsculo mosaico, formado por

pequenos quadradinhos coloridos, denominado pixels, abreviação de picture elements, em inglês. Cada imagem digital é formada por grande número de pixels, sendo que cada um deles tem uma única cor e uma única posição na imagem.

O que é pixel? Pixel, abreviação de picture element é a unidade da imagem digital. Um pixel é o menor

ponto que forma uma imagem digital, sendo que a partir do conjunto de milhares de pixels começa a surgir a imagem visível. São aqueles quadradinhos quando se amplia a imagem no visualizador do Windows ou em programas de edição de imagens, com o Photoshop.

O que é megapixel? Megapixel na verdade é apenas um número ligado a qualidade da imagem digital,

um CCD com 3 megapixel é um CCD onde o produto de seus pixels na horizontal pelos pixels na vertical é da ordem de 3 milhões de pixels. Uma câmera digital que tem 3000 pixels na horizontal e 2000 pixels na vertical tem 6 000 000 pixels, ou seja, 6 megapixel (prefixo mega é igual a milhão). Em termos práticos, uma imagem de 3 megapixels gera uma excelente impressão em papel fotográfico, processo químico, no tamanho 10 x 15 cm.

Calculo de Resoluções e tamanhos Ex: Maior lado da imagem 3888 pixels: 3888 dividido por 300

pixels (alta resolução) = 12.96 polegadas . 2,5 cm (tamanho da polegada) = 32,4 cm. Consulte o manual de sua câmera, veja os tamanhos de imagem em pixels e monte sua própria tabela.

Qual é a relação entre a qualidade da imagem e o número de pixels? A qualidade da imagem é

diretamente proporcional ao número de pixels que forma a imagem. Maiores sensores de imagem produzem maior número de pixels que por sua vez irão gerar imagens digitais de melhor qualidade. Full Frame Reflex Digital, fator de corte de imagem 1.1 x – tamanho 24 x 36 mm 1.3x Fator de corte, tamanho 28.7 mm x 15 mm 1.5x Fator de corte tamanho 18 x 24 mm 1.6x Fator de corre, Tamanho 22.5 x 15 mm Quanto maior a área do sensor, melhor a qualidade da imagem.

O que é um CCD? CCD significa charge-coupled device, ou seja, dispositivo de carga acoplada. É um

sistema eletrônico formado por fotodiodos onde a luz incidente produz diferenças de potencial que são proporcionais a quantidade de luz incidente. Assim, quanto mais luz atingirem os fotodiodos que formam o CCD maior é a voltagem: esta é interpretada pelo sistema eletrônico da câmera e associa esses valores aos tons presentes na cena fotografada.

O que é um CMOS? CMOS significa Complementary metal-oxide semicondutor, é produzido com

tecnologia mais simples que os CCD e, portanto mais econômicos. Atualmente a qualidade dos detectores CCD são superiores aos CMOS. Há diversos tamanhos de sensor e o formato padrão é baseado no filme 35 mm cuja área é 36×24 mm. Câmeras com sensor desse tamanho são conhecidas como ―Full Frame‖ (quadro inteiro). Além dos sensores Full Frame temos os sensores menores, chamados de APSC que possui cerca de 50% da área de um sensor full frame (crop factor ou fator corte) que correspondem ao sensor imagens de tamanho 18x24mm.

O que é resolução de uma câmera digital? A resolução de uma câmera digital é basicamente o

produto do número de pixels na horizontal pelo número de pixels na vertical, quanto maior esse número,

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 67 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

melhor é a qualidade da imagem. Agora cuidado, pois os valores em megapixel podem ser reais ou interpolados. A regra é 72 dpi, resolução de imagem para mídia eletrônica, como e-mail, publicação de imagens na internet e 300 dpi para impressão em gráfica ou laboratório fotográfico. Caso pretenda fazer banners ou imprimir cartazes, pergunte antes, qual a resolução recomendada.

O que são formatos de arquivo: TIFF, JPEG e RAW? Os arquivos produzidos pelas câmeras

podem ser formatados de diversos modos. Os tipos mais importantes e populares para a gravação dos arquivos são os formatos TIFF e JPEG. Os arquivos JPEG são mais compactos, comprimidos, isto é, economizam espaços de memória e são suficientes para a maior parte dos usos de imagens digitais. Os arquivos TIFF são arquivos maiores, que consomem maior quantidade de memória e devem ser usados em situações onde a qualidade deve ser preservada. Os arquivos RAW são os arquivos nativos do CCD ou CMOS que ainda não foram processados, permitindo maiores possibilidades de correção em editores específicos de imagens, como Lightroom e Câmera Raw, Os arquivos RAW são importantes, pois são econômicos em termos de memória e servem como negativos digitais, para manipulação e finalização posterior.

O que é DPI? DPI significa dots per inch, isto é, pontos por polegada. É uma expressão importada das

artes gráficas, na fotografia digital é mais conveniente o uso da expressão ppi, ou seja, pixels per inch ou pixel por polegada. Embora alguns programas de edição de imagem utilizem também a expressão pixels por centímetro, o mercado adota dpi ou ppi.

Câmeras digitais e câmeras convencionais: conceitos e limitações As câmeras

digitais obedecem basicamente os mesmos modelos das câmeras convencionais, isto é, podem ser compactas, prosumers, câmeras reflex profissionais, câmeras de médio formato e câmeras de grande formato, estes últimos, para fotografia editorial, moda e publicidade. Também podem ser utilizadas para fotografia cientifica ou criminalista.

Quais as principais vantagens da câmera digital em comparação com a câmera convencional? As principais vantagens das câmeras digitais são a velocidade na obtenção da imagem,

no seu tratamento e envio por meio da internet e custos de operação reduzidos.

Como ajustar a câmera digital antes de usá-la? De forma geral, não são grandes as dificuldades

na operação das câmeras digitais – na maioria das vezes leitura no manual do fabricante sem conhecimento prévio dos termos técnicos utilizados não são suficientes. A instalação das baterias e colocação de cartão, já formatado pela câmera, para a gravação das imagens são passos essenciais. As providencias posteriores serão abordadas logo mais. Fique tranquilo.

Quais programas a serem utilizados no computador? De forma geral, os programas que devem

ser instalados no computador, são aqueles que acompanham o manual de instruções de sua câmera, também conhecidos, por ―programas proprietários‖ para tratamento de magens em Raw, e mais para frente, programas para a manipulação de imagens mias complexos como o Adobe Photoshop e Lightroom. Para quem está iniciando e quer efetuar manipulação básica em suas imagens, com pequenas correções, experimente PICASA, é gratuito, basta procurá-lo no Google.

Cuidados com uma câmera digital Os cuidados que se deve ter com uma câmera digital são os

mesmos que devemos ter com uma câmera convencional. Devemos mantê-las em locais secos e ventilados (estojos de plástico ou couro devem ser evitados), e não devemos guardá-las por muito tempo com suas baterias. É claro que esses instrumentos são delicados e devem ser manuseados com cuidado e atenção. Em locais perto de praia, os cuidados devem ser redobrados devido à maresia.

Página 68 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Altas e baixas temperaturas também danificam seu equipamento O mesmo ocorre em climas ou

ambiente úmidos ou de PH ácido. como a poluição da Cidade de São Paulo ou da Cidade do México. Recomendamos providenciar caixa de isopor com tampa, na medida de sua câmera e lente. Coloque a caixa tampada, com tudo dentro, sobre uma prateleira aberta, em local fresco e seco. Não deixe a câmera parada por muito tempo. Ligue-a e use-a com frequência e mantenha a bateria sempre com carga, como no seu celular. Com o avanço da micro eletrônica, os produtos saem da fabrica com tempo de vida pré-determinado, se submetidos ao uso regular. Caso esteja fora de uso por muito tempo, sua durabilidade será abreviada. Esta história de ―vou guardar para não gastar‖ não existe mais…

O que é interpolação? Algumas câmeras aumentam o tamanho dos arquivos, utilizando uma técnica

denominada interpolação. Na imagem interpolada, pixels extras são inseridos entre os pixels capturados. A estes pixels extras são atribuídos valores de cor que estão entre aqueles que o rodeiam. Assim se consegue que a imagem fique maior sem aparente perda de qualidade.

Ruído na imagem Entende-se por ruído na imagem digital, milhares de minúsculos pontos

multicoloridos que aparecem na imagem e que não fazem parte daquilo que foi fotografado. Como se fosse imagem desenhada na areia úmida da praia, ou ainda a granulação do filmes de alta sensibilidade, por exemplo. Quanto menor o tamanho do sensor digital, maior a taxa de ruido. Outro fator que colabora com a produção de reuidos são ―dead pixels‖, fixela mortos. Com o uso, algumas cecluas do sensor queimam, gerando pontos pretos na imagem. As assistencias tecnicas autorizadas possuem programas especificos para mover estes pontos preto para a borda da imagem, deixando a imagem gerada novamente limpa. O ruído é criado por sinais elétricos não desejados gerados por instabilidades do sensor de captura de imagem. Estes ruídos acabam por confundir o sensor e aparecem como centenas de pequenos pontos coloridos dando impressão de ―granulação‖ ou pouca definição. Isso acontece quando aumentamos muito o ISO na câmera. Quando aumentamos o ISO amplificamos também a potência do sinal gerado pelo pixel e o ruído, antes desprezível, acaba aparecendo junto. Quando se utiliza ISO baixo, entre 100 e 400 o ruído é desprezível e não precisamos ter receio. Para ISO acima deste o ruído pode ser mais perceptível. Outra maneira de se produzir ruídos é a interpolação da imagem, muito comum nas câmeras compactas. O CCD, sensor que captura a luz e a transforma em informação digital, é passivel de atrair grãos de poeira. Isto acontece porque durante a foto ele fica exposto e carregado de grande quantidade de energia elétrica, o que o torna um ―imã‖ de pequenas poeiras. Percebe-se que o CCD está sujo quando aparecem pequenos pontos nas fotos digitais que estão sempre no mesmo lugar. Uma boa forma de localizar estes pontos é fotografar uma parede ou cartão branco, os pontos escuros que aparecem são sujeira impregnadas no sensor. Estes pontos não causam prejuízo ao funcionamento da câmera, mas devem ser removidos para que as fotos não fiquem com pontos indesejáveis. Esta limpeza deverá ser efetuada pela assistência técnica de sua confiança. Alguns modelos possuem nos menus um modo de limpeza do CCD. Quando acionado este modo o espelho se levanta, a cortina abre e o CCD fica exposto sem estar energizado, desprendendo assim a poeira acumulada. Por fim, o tamanho do sensor também influencia na formação de ruidos. Os sensores full frame apresentam menor taxa de ruído, se comparados aos sensores das câmeras compactas. Para melhor aproveitamento de sua imagem, faça o corte enquanto estiver fotografando. Qulaquer corte posterior poderá comprometer a resolução de sua imagem.

O que é efeito artifacting ? São ruidos e distorções da imagem causado por defeitos no sensor, no

processamento da imagem ou ainda devido à baixa qualidade do sistema optico das cameras digitais

Tamanho do cartão Com a chegada de cartões de memória com maior capacidade de armazenamento,

ficamos tentados a adquiri-los pois podem carregar mais de 600 imagens em alta resolução. O risco de descarregar muitas imagens num cartão apenas pode levar à perda de todas as fotos de uma viagem.

Página 69 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A forma mais comum de perder as imagens de um cartão é tentar retira-los enquanto a câmera está acessando as imagens (o que é mais comum) ou então por defeito de fabricação (mais raro). Além disto, poderá danificar todo o sistema de arquivos do cartão, corrompendo a demais imagens.

Alguns cuidados com o cartão Mantenha os cartões de memória bem longe de campos magnéticos,

como imãs, aparelhos de tv, alto-falantes etc; Mantenha os cartões em ambientes frescos; não os deixe dentro do porta luvas de seu carro em um dia quente ou exposto ao sol; Mantenha os cartões secos; não os exponha a condições quentes ou úmidas imediatamente após sair de uma sala com ar-condicionado, ou de ambiente umido, com banheiros, lavatórios, lavagem de carros; Insira os cartões de memória nas câmeras ou nos leitores de cartões com cuidado. Força em excesso pode danificar os contatos; Mantenha os cartões de memória livres de poeiras. Os contatos são extremamente sensíveis e podem ser facilmente danificados por pequenas partículas de sujeira. Onde houver areia ou pó, não retire o cartão da câmera, a não ser que você esteja protegido dentro de um ambiente limpo e sem sujeira; Guarde sempre os cartões de memória dentro de seus estojos de plástico sempre que não estiverem em uso. Alguns fotógrafos o colocam no bolso da camisa, sem nenhuma proteção. O suor nos terminais poderá queimar o cartão e danificar seriamente sua câmera; Após descarregar suas imagens, formate o cartão pela sua câmera, nuca no computador, para nova utilização. Este procedimento é melhor do que simplesmente excluir as imagens presentes no cartão. Ao formatar, você estará reiniciando o sistema de arquivos a uma condição ideal de operação; Os fabricantes afirmam os cartões de memória tem uma vida útil estimada entre 300.000 e 1.000.000 de horas; Um ponto que gera bastante controvérsia é quanto ao descarregamento das imagens. Afirmam também a limitação de inserções do cartão, está em torno de 50.000 vezes. Mas, na pratica é muito difícil verificar este grau de eficiência, pois a cada 6 meses os cartões costumam ser substituídos por outros, de maior capacidade e menor custo; Por vias de dúvidas, recomendamos você adquira uma série de cartões entre 4 a 8 GB, ao invés de utilizar cartões mais pesados;

Qualidade do arquivo JPG? Quando usamos arquivos JPG, podemos selecionar sua qualidade ou

taxa de compressão, entre básica, normal ou fina (padrão câmera digital Reflex Nikon) ou normal e fina (padrão câmera digital Reflex Canon) , e respectivo tamanho. Os arquivos JPG são arquivos compactados, ou seja, usando artifícios de programação, quando guardados ficam menores do que os arquivos abertos no computador. As compactações podem acarretar perda de qualidade ou não. Compactações sem perda de qualidade normalmente são pouco eficientes, já aquelas com perda de qualidade conseguem taxas de compactação maiores. A compactação do JPG acarreta perda de qualidade. Quanto maior o fator de compactação utilizado maior a perda de informação e a degradação da imagem. Só devemos utilizar nossas câmeras digitais em baixa qualidade se a imagem que estamos gerando realmente não tem compromisso. A qualidade intermediária das câmeras, entretanto, permite uma qualidade um pouco maior, suficiente para uma boa impressão. Arquivos em jpeg se corropem com facilidade. Caso queira preservar suas imagens digitais, utilize um editor de imagens, como o Photoshop, por exemplo e converta-os para extensão TIFF ou PSD.

Arquivo RAW é útil? Os arquivos RAW são cópias das informações gravadas pela luz no CCD. Eles

não sofrem tratamento posterior dentro da câmera e, portanto podem ser processados a posteriormente. Como não recebem nenhum tipo de tratamento, nem compactação, normalmente ocupam grande espaço, podendo facilmente chegar a 40 megabites. Toda câmera digital que produz arquivos RAW, traz junto um CD com programas para processamento destas imagens e conversão para formatos de arquivos mais populares. A vantagem deste tipo de arquivo é que toda decisão de tratamento como aplicação de filtro como nitidez, cor ou contraste pode ser feitas depois sem que haja perigo de erro por pressa ou desconhecimento do fotógrafo. Fabricantes e puristas afirmam que um arquivo gerado primeiramente em RAW e depois tratado nos editores de imagem, tem mais qualidade que um arquivo feito em JPG. A realidade é que a maciça maioria dos fotógrafos não usa RAW, porque o ganho de qualidade se não é imperceptível, pelo menos é bem próximo disto. Recomenda-

Página 70 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

se que os arquivos Raw, após tratados sejam também convertidos para extensão TIFF ou PSD. São extensões mais pesadas, não são comprimidas, nem corrompe com facilidade.

Estabilizador de Imagem? Função: Ativar a redução do tremor da câmera permite fotografar com

velocidades de obturador aproximadamente dois valores mais lento (de 1/60 para 1/15) sem que a qualidade final fique comprometida. Os efeitos de redução da vibração podem variar dependendo das condições individuais e de disparo.

Dicas:

Defina o botão ON/OFF de redução do tremor para ON para ligar a redução de vibração.

O tremor da câmera é reduzido quando o botão de disparo do obturador é pressionado ligeiramente. A focagem automática e a focagem manual, assim como enquadramento preciso do motivo, serão mais lentos porque a estabilização da câmara visível através do visor também está reduzido.

Para desativar a redução do tremor, defina o botão ON/OFF de redução da vibração para OFF

Os primeiros estabilizadores de imagem para reduzir o tremor surgiram no princípio dos anos 60. Estes sistemas eram capazes de compensar ligeiramente a vibração da câmera fotográfica e os movimentos involuntários. Estavam baseados em mecanismos controlados mediante giroscópios, com os que se podiam cancelar os movimentos não desejados mudando os elementos da lente em direção oposta. Hoje em dia, o uso de estabilizadores de imagem se aplica em câmeras, videocâmaras, telescópios, binóculos e também em óculos, os mais comuns são os seguintes. Alguns modelos de câmeras compactas mostram uma mãozinha, alertando que a imagem poderá ficar tremida.

Estabilizador de Imagem Óptico É um sistema mecânico aparte da câmara que incorpora duas

superfícies ópticas flutuantes paralelas ao interior da lente que atuam como um tipo de prisma flexível. Quando a câmara se move, o movimento é eletronicamente detectado onde gera uma voltagem que faz mover as lentes. Isto altera o ângulo da luz que atravessa o prisma e envia a imagem ao sensor na direção oposta ao movimento que realiza a câmara. Por tanto, estabiliza a imagem antes de ser processada. Já que a imagem completa do sensor é usada com a estabilização de imagem óptica, não se obtém perda de qualidade da mesma. Sistemas comerciais famosos de estabilização óptica são esat IS, Nikon VR e Panasonic Lumix (e Leica) Mega OIS O estabilizador óptico de imagens é um dos melhores recursos no combate a fotos tremidas causadas pelo eventual movimento da câmera durante o disparo, problema que tanto aflige os usuários das compactas. Os fabricantes adotam diferentes tecnologias, mas no geral este sistema detecta a vibração do sensor e, por meio de processo mecânico, faz a compensação de seu movimento. Estabilizador Mecânico para descolamento do CCD ou CMOS Comparável ao método anterior, mas em vez de mover a lente move-se o sensor de imagem. Utilizado em várias câmaras fotográficas digitais, incluindo Sony Alpha (herdado de Konica Minolta), Fuji, Olympus, Ricoh Caplio e Casio Exilim.

Estabilizador de Imagem Digital É um sistema eletrônico que atua diretamente sobre a imagem

obtida no sensor da câmara. Neste tipo de sistema, a superfície da imagem útil é ligeiramente menor que a superfície da imagem. Quando a câmara se move, o enquadramento menor se desloca entre a área maior do sensor CCD tratando de compensar o movimento. As maiorias das câmeras Sony utilizam estabilizador óptico. O recurso, chamado Steady Shot, permite o movimento do sensor CCD, na horizontal ou na vertical. No caso das câmeras da Nikon e Canon, o sistema estabilizador costuma estar localizado nas lentes. Estabilizadores ópticos eficientes minimizam, de fato, os efeitos do tremor da câmera e possibilitam fotografar com a máquina na mão sob condições de luz um pouco mais precárias do se conseguiria sem ele. Porém, não se iluda: movimentos bruscos com a

Página 71 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

câmera dificilmente serão compensados. E conforme a luz ambiente reduz, obrigando a aplicação de longas exposições, o bom e velho tripé continua indispensável para preservar a nitidez das imagens. O prazer de fotografar com a câmera na mão recebe forte apoio dos estabilizadores, mas é preciso lembrar que eles não fazem milagres. Na maioria das vezes o tremor da imagem é substituído por um leve desfoque. Ainda que os dispositivos de estabilização sejam de grande ajuda para reduzir ou eliminar movimentos de câmara não desejados, há de ter em conta algumas considerações na hora de realizar tomadas em movimento. Assim, devido aos estabilizadores de imagem, quando a câmara se desloca intencionadamente de um lado a outro, existe normalmente uma pequena demora enquanto a câmara trata inicialmente de compensar o movimento. Uma vez transmitida a imagem25 do sensor para o processador, o estabilizador não pode compensar mais o movimento e a imagem começa a se mover a deriva. Para compensar isso o sensor capta a imagem em partes, o que gera um leve ―desfoque‖ na imagem final, por conta do processador. Qualquer que seja o principio utilizado de estabilização, a imagem será prejudicada pelo desfoque ou produção de ruídos. Recomenda-se desativa-los e adotar uso de tripé.

Espaço de Cor ? Espaço de cor é quantas cores sua câmera é capaz de representar, atualmente as

câmeras digitais costumam trabalhar com dois espaços de cor já bem reconhecidos e aceitos, o sRGB (1953) e o Adobe RGB 1998). As câmeras digitais compactas populares trabalham com o espaço de cor sRGB que possui 8 bits de cor em cada canal, ou seja 8bits de cor no R (vermelho), 8 bits no G (verde) e 8 bits no B (azul), sendo assim temos em cada uma desses canais 256 tons, tendo um total de 24 bits de cor em todos os canais o que representa um total de aproximadamente 16 milhões de cores. Já as câmeras digitais reflex (DSLR) possuem a opção de ajuste desse espaço para Adobe RGB, que apresenta 16 bits de cor em cada canal, superior a 65 mil tons de cada cor, dando um total de aproximadamente 282 trilhões de cores no total. Parece muito não é, e de fato é, porem temos que ver se o tamanho e a tecnologia do sensor digital em questão combinados com o tipo e precisão do processador nos deixa representá-las.

Página 72 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O que é a fotografia, afinal?

A Fotografia oferece uma série de atribuições, todos fotografam visando vários objetivos: recordar um momento de vida que passa, documentar um fato ou um fundamento técnico, divulgar uma visão de mundo ou simplesmente expor um conceito, uma idéia. A Fotografia antes de tudo é uma linguagem. Um sistema de códigos, verbais ou visuais, um instrumento visual de comunicação. E toda a linguagem nada mais é do que um suporte, um meio, uma base, que sustenta aquilo que realmente deve ser dito: a mensagem. Um simples e-mail ou a obra ―Guerra e Paz‖ de Tolstoi, em dois volumes. A mensagem é uma derivação de dois fatores: conotado e denotado. Qual é a diferença entre o cachorro amigo e o amigo cachorro? Enquanto a primeira é descritiva, a segunda já atribui um determinado valor metafórico. A Fotografia, ao contrário do que pensamos não é uma cópia fiel da realidade fotografada. Isto porque a objetiva da câmara ―filtra‖ essa imagem e o filme ou o sensor digital, por sua vez a distorce, alterando sua cor, luminosidade e a sensação de tridimensionalidade. Contudo, por mais que se queira apreender essa realidade em toda a sua amplitude, qualquer tentativa técnica é inútil, mesmo porque cada um de nós a concebe de modo distinto. E tudo aquilo que não é real ou análogo, passa a estar a serviço das mitologias contemporâneas, como a indústria cultural, por exemplo. A Fotografia não apenas prolonga a visão natural, como também descobre outro tipo de visão, a visão fotográfica, dotada de gramática própria, estética e ética peculiar. Saber ler, distinguir o detalhe do todo, pode resultar num aprendizado sem fim, e então aquela coisa que não tinha a menor graça para quem as observa, passa a ter vida própria. A Fotografia não é realista, mas sim surrealista, nativamente surreal. Embora a Fotografia gere obras que podem ser denominadas por arte, esta subjetividade, pode mentir provocar, chocar ou ainda proporcionar prazer estético. A imagem fotográfica não é, para começo de conversa, uma forma de arte, em absoluto. Como linguagem, ela é o meio pelo qual as obras de arte, entre outras coisas, são realizadas. A Fotografia é sempre uma imagem de algo. Esta está atrelada ao referente que atesta a sua existência e todo o processo histórico que o gerou. Ler uma Fotografia implica reconstituir no tempo um assunto, derivá-lo no passado e conjugá-lo num futuro virtual. Assim, a linguagem fotográfica é essencialmente metafórica. Esta atribui novas formas, novas cores, novos sentidos conotativos e denotativos. Estas comprovam que a Fotografia não está limitada apenas ao seu referente; ela ultrapassa-o na medida em que o seu tempo presente é reconstituído, que o seu passado não pode deixar de ser considerado, e que o seu futuro também estará em jogo. Ou seja, a sobrevivência de sua imagem está intimamente ligada á genialidade criativa, experiência de vida, padrão técnico, estético, cultural e intelectual de seu autor.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Nadar Pierrot the Photographer 1854-55

Página 73 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Cores Vavá

O sonho de ter um filme fotográfico colorido com capacidade de registro semelhante ao do olho humano ainda está um pouco mais longe do que realmente parece. Quem ainda não acredita, é só experimentar a vasta gama de tipos, marcas e novos lançamentos do mercado. Concluímos que todos atualmente são menos sensíveis a variação de químicos ou campo magnético dos sensores digitais, durante seu processamento e alterações climáticas. Entretanto, o mistério continua: a fidelidade ás cores! Desde que surgiu na Alemanha em 1870, a pedrinha no sapato da fotografia colorida sempre foi a sua incapacidade de reproduzir bem alguns matizes Pastéis, limão, rosa e laranja claros, marrons, cor de madeira, vernizes, superfícies e tecidos brilhantes e mesmo as cores puras em tons apagados, nem de longe se aproximavam ao real. O fotógrafo se acostumou assim, talvez por nunca ter pego uma foto e comparado lado a lado, com o original fotografado! Se o fizesse, ficaria intrigado com o tamanho do desvio. O assunto era tratado como uma limitação da emulsão química dos materiais fotográficos, incapazes de registrar todo o universo de cores possíveis com as combinações de luz. Os fabricantes passaram então, a caprichar no ajuste das emulsões para as quatro cores tidas como as mais fotografadas: VERMELHO, AZUL, VERDE e AMARELO. Foi daí que surgiu o termo VAVÁ, as boas cores para a fotografia. Inclui-las na sua imagem é certeza de ótimos resultados! De fato, incluir qualquer uma delas em uma mesma cena, é certeza de saturação, contraste forte, além de compensar a péssima ótica das câmaras amadoras. O negócio era ―Vender Cor‖, a mais viva possível! Os profissionais, por outro lado, sentiram-se desagradados, foi essa festa de contraste e saturação prejudicava seus trabalhos. Os fabricantes, então, desenvolveram uma linha específica, só para eles, mais calibrada nos tons tênues e mais adequada ao tema e tipo de imagem que produzem. Apesar do esforço dos fabricantes em atenderem ―GREGOS & TROIANOS‖(Fotógrafos Amadores & Profissionais), temos um dado importante a considerar: Os filmes Pretos & Brancos, conseguem obter melhor textura, maior contraste, e grande definição, em relação á imagem colorida. Tente comparar os resultados de uma mesma cena, em P&B e COR! Comece pelos respectivos negativos, cromos e em seguida pelas cópias em papel. Já as câmeras digitais apesar da tecnologia empregada em seus sensores ainda apresentam distorções cromáticas que só podem ser corrigidas no próprio menu ou posteriormente no Photoshop. Mas, de qualquer forma, efetue o seguinte teste: Fotografe várias situações: Sol Forte (Luz Dura), Dia Nublado, (Luz Suave), Flash , Estúdio e em todas as condições de luz possível. Sempre em modo manual, efetuando bracketing de ISO, WB e EV. Aproveite também, e experimente esse método alterando no menu de sua câmera, a otimização de imagem ou estilo de imagem. As duas primeiras ferramentas simulam os perfis dos filmes fotógrafos profissionais para fins específicos. Considerando que as diversas marcas de câmeras digitais DRSL disponíveis no mercado, foram calibradas em função das exigências do consumidor de seus respectivos países de origem, onde clima é seco e temperado. Para que possamos utilizá-las adequadamente em condições tropicais, teremos que efetuar estes ajustes básicos de calibragem de WB, espaço de cores e outras configurações de menu.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 74 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Literaturas e Leituras Fotográficas

Capitulo: Eventos Sociais

Nunca se ―viveu‖ tanto a fotografia como hoje. Creio que a fotografia vem deixando de ser somente uma arte ou profissão para se tornar um bem comum ao comportamento humano. O ato de fotografar vem incorporado no dia-a-dia de cada, vide exemplo os nossos aparelhos celulares (móbiles) que instigam ―revelar‖ o mundo a qualquer momento, diante de uma imensidão de fatos que vivenciamos diariamente. Muitas pessoas, após o experimento da fotografia, estão se apaixonando e encontrando novos caminhos, inclusive profissionais. E esse ―boom‖ fotográfico já reflete claramente no mercado: são novos amadores, novos profissionais, novas escolas, nova comunicação, novas linguagens, novos equipamentos. Diante de tantas informações e novidades, muitos ainda se perguntam em como se aprofundar, que caminho seguir e como seguir.

Os caminhos podem ser variados de acordo com os objetivos e a necessidade de cada um, porém existe uma ―velha receita‖ que é sempre vencedora quando somada a outras opções para se adquirir conhecimento: Ler. ―A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo‖ – Joseph Addison. Com base nas diversas opções de leitura atuais, e que surgem cada vez mais em português, resolvi apostar em indicar referências de leitura no meu segundo artigo para a Fotografia DG. Precisava optar por um segmento e, não por mero acaso, escolhi a Fotografia de Eventos Sociais, no qual também atuo e que cresce aceleradamente em terras brasileiras e hoje já conta com um bom número de profissionais reconhecidos e premiados por esse mundo afora, principalmente na área de casamentos. Uma turma que vem se destacando por uma nova postura profissional e ousando em sua linguagem fotográfica. Também não deixei de fora a fotografia infantil que em muitos casos é o primeiro passo, ou porta de entrada para os profissionais desse segmento. Já contamos com uma boa quantidade de livros escritos e traduzidos para o português (Figura 1), que abordam desde a produção fotográfica em si, até as questões de mercado, marketing profissional, pós-produção e por ai vai. Indiquei também literatura de assuntos próximos e que hoje também se tornam imprescindíveis para quem quer percorrer os caminhos da Fotografia Social (Figura 2): pós-produção, guias de iluminação, estúdio, direção de modelos, retratos etc. Achei válido também disponibilizar as vídeo aulas (Figuras 2 e 3).

Por: Bruna Prado

Página 75 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 76 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 77 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Figura 3

Onde encontrar:

EDITORA PHOTOS: www.editoraphotos.com.br

IPHOTO EDITORA: www.iphotoeditora.com.br

EDITORA EUROPA: www.europanet.com.br/site/index.php?cat_id=1222

Capitulo: ABC da Fotografia

Recebo muitos e-mails com perguntas sobre por onde começar, orientações de equipamentos apropriados para iniciar o estudo básico da fotografia, dentre outros. Os caminhos são muitos, mas independente de qual seguir indico sempre carregar a leitura como aliada, é uma fonte constante de aprendizado. Volto a ressaltar toda modificação no perfil do ―público fotográfico‖ vem atravessando. É fato, que a fotografia se incorporou no dia-a-dia de cada um, seja por aparelhos celulares (móbiles) ou por máquinas digitais compactas cada vez mais acessíveis a grande massa. Os mercados de consumo se aquecem e os curiosos buscam aprimoramento. Consequentemente as opções de literatura crescem na mesma proporção.

Para esse ―segmento‖ específico da literatura fotográfica não faltam opções. São diversos os livros e revistas disponíveis escritos e traduzidos para a Língua Portuguesa, que vão desde a história da fotografia, prática avançada.

Página 78 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 79 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Dentre os livros indicados, ressalto a Trilogia de Ansel Adams: A câmera, O Negativo e A Cópia. Escrita por um dos maiores Mestres da História da Fotografia, a trilogia irá te levar a uma viagem no tempo para descobrir a fotografia em um período anterior a nossa ―Era Digital‖, são publicações técnicas, mas precisas e completas.

Página 80 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Melhorar suas fotos – Regras de composição

Uma boa composição é o que difere uma boa fotografia de uma fotografia ruim. É muito importante sabermos como posicionar uma pessoa ou objeto em uma fotografia. Neste post falaremos de sentido de leitura, regras dos terços e ponto de ouro.

Sentido de leitura

Na cultura ocidental, lemos um texto sempre da esquerda para a direita e de cima para baixo. Com a fotografia não é diferente, lemos estas da mesma forma. De posse desta informação nós podemos encaminhar o olhar do ―leitor‖ da foto da esquerda para a direita dentro da mesma, mostrando qual foi a intenção do fotógrafo. Quando posicionamos um objeto do lado esquerdo da imagem, temos de encontrar uma forma de aquele objeto conduzir o olha do nosso leitor para a direita e vice-versa, pois assim fazemos com que as pessoas olhem a imagem como um todo e não apenas uma parte desta. Vamos a alguns exemplos: Na imagem ao lado, nosso olhar entra pelo canto superior esquerdo, temos a haste da ponte que

o conduz para a direita e abaixo e o piso da ponte termina de conduzir nosso olhar para o canto inferior direito, onde o olhar sai da foto, tendo percorrido toda a sua extensão.

Nesta imagem (esquerda), temos a rosa ocupando mais da metade do frame, porém o seu centro aponta para o canto superior direito, o faz com que o olhar do leitor vá para aquela direção e saia da imagem logo em seguida.

Já na imagem da direita, temos o arame que nos conduz até o pequeno pássaro do lado direito da imagem, que está olhando para a esquerda, sendo que este ―olhar‖ nos conduz de volta ao lado esquerdo da imagem. Note como não prestamos atenção no que está a direita deste, como nosso olhar volta imediatamente para a esquerda. Caso houvesse algo importante por ali, estaria ―perdido‖ na imagem.

Por: Hermes Cerelli

Página 81 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Regra dos terços: A regra dos terços foi criada

para que evitemos o tema das fotos extremamente centralizados e para que possamos distribui melhor as pessoas ou objetos dentro do frame da foto. Esta regra consiste em dividir o frame em terços horizontais e verticais como vemos na imagem.

Distribuindo os objetos através dos terços, criamos imagens mais dinâmicas e agradáveis de ler, deixando a fotografia bem mais harmônica. À interseção das linhas dos terços, damos o nome de pontos de ouro. Esses pontos são pontos de grande interesse dos olhos humanos, sendo que

os objetos que estiverem neste ponto, chamarão grande atenção do leitor. Se fizermos uma foto de close de rosto, colocamos alí os olhos da pessoa. Se for uma foto de meio corpo, posicionamos no ponto de ouro o centro do rosto, se for de corpo inteiro a cabeça. Caso seja fotos de objetos, o ideal é o que este objeto esta posicionado em um dos 4 pontos de ouro. Tudo que queremos destacar, colocamos nas interseções das linhas horizontais e verticais. Devemos lembrar que a leitura sempre começa no canto superior esquerdo, a partir daí devemos decidir como queremos conduzir o olhar do nosso leitor e posicionar os objetos de forma a alcançar este objetivo e usar os pontos de ouro para destacar o que queremos. Algumas câmeras compactas trazem sempre o recurso de mostar a grade da regra dos terços na tela do LCD. Se está pouco habituado a isto, deixe sempre habilitado pois isto facilitará bastante o uso destas regras.

Fotos Horizontais x Verticais

A decisão de qual formato devemos utilizar, não depende exclusivamente de nossa vontade, mas sim do que queremos mostrar na imagem. Ao olhar para a cena e para o objeto fotografado, já temos plena noção de como devemos posicionar a câmera.

Vertical: Se o objetivo é fazer um retrato, onde vamos destacar

apenas o rosto da pessoa, vamos utilizar o formato vertical, pois assim deixamos toda a atenção no rosto da pessoa. Se for uma fotografia de corpo inteiro, onde o fundo não é importante devemos optar por uma fotografia também na vertical, pois assim deixamos a pessoa da foto em grande evidencia, tirando as distrações e mostrando mais detalhes. Sempre que formos fotografar um objeto vertical e o ambiente onde o mesmo está não é relevante, se torna interessante a utilização deste formato. Uma outra utilização para a fotografia vertical é quando em uma paisagem queremos passar a ideia de profundidade da cena.

Página 82 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Horizontal: Utilizamos a câmera na horizontal, quando

desejamos que o fundo seja parte integrante da fotografia. Quando temos mais de um ponto de interesse. Para fotografar pessoas deitadas, um grupo de pessoas ou objetos. Fotografando uma paisagem ou um local, neste formato temos uma sensação de amplitude, de mais espaço, mostrando mais do local. Lembrando que isto são apenas dicas e não regras, porque não inovar e fazer belas imagens utilizado a orientação ―errada‖?

Planos Abertos, Medianos e Fechados

Planos Fechados: Utilizamos para dar destaque ao tema da fotografia. Neste plano, o que estamos retratando ocupa praticamente todo o frame da foto. Muito utilizado para macro fotografia, retratos de rostos, para detalhes, etc. Geralmente, utilizamos lentes teleobjetiva, meia-tele e macro para este tipo de fotografia. Planos Medianos: Este plano é utilizado para mostrar o tema da fotografia e um pouco do ambiente onde ele se encontra. Conseguimos ainda mostrar um pouco de detalhes, sem perder o ambiente, como por exemplo, um vaso sobre uma mesa, onde o centro das atenções é o vaso, mas a mesa também é mostrada. As lentes normalmente utilizadas são as consideradas normais (50mm por exemplo) Planos Abertos: Neste tipo de enquadramento, mostramos muito ambiente. Por exemplo, se fotografarmos uma pessoa em uma praia e quisermos mostrar a paisagem, mostrar o altar durante um casamento, a decoração de uma sala, utilizamos o plano aberto. Este formato é também muito utilizado para paisagens e fotos panorâmicas. Aqui, as lentes mais indicadas são as grande-angulares. Apesar de ter citado as lentes mais comuns para os tipos de planos, vale lembrar que isto não é uma regra, pois é possível fazer uma foto de plano fechado com uma grande angular, bastando para isto nos aproximarmos do objeto, assim como podemos fazer um plano aberto com uma tele, nos afastando do mesmo, por exemplo.

Página 83 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Enquadramento – Regra dos terços

Lógico que todos sabem que foto de impacto e que marca para sempre não é feita apenas apertando o botão e pronto. Existem vários fatores… Mas vários, que vão influenciar no resultado final. O que eu mais me preocupo quando estou fotografando é o enquadramento. Em minha opinião, um fator determinante que distingue o fotógrafo profissional do amador entusiasta. E como melhorar o meu enquadramento? Existe uma regra muito simples, que se chama regra dos terços, que até alguns modelos de câmeras você tem a possibilidade de ver ela no seu display para fotografar melhor. Até cheguei ouvir de uma pessoa que me perguntou o que era aquele ―Jogo da velha‖ aparecendo na tela! Hahahahah…

O que é a regra dos terços ou “Jogo da velha”? Rsrsrs…

Divida a fotografia em 9 quadros, traçando 2 linhas horizontais e duas verticais imaginárias, e posicionando nos pontos de cruzamento ou próximo a eles, o assunto que se deseja destacar para se obter uma foto equilibrada. Vou exemplificar usando uma foto que fiz em Ushuaia na Patagônia Argentina, que foi selecionada como a foto do dia no site fotodigital.com no dia 31 de agosto e uma das selecionadas pela National Geographic América Latina.

Repare na pessoa que está filmando no canto direito da foto, se torna objeto fundamental que chama atenção sem desequilibrar a imagem… Ela traz harmonia e vida à fotografia que seria apenas uma foto de paisagem senão estivesse ali. Resumindo ela conta uma história. Vamos ver como ela ficaria sem o cinegrafista?

Quando estiver de férias na praia e for fazer uma foto de uma pessoa e o mar ao fundo… Coloque a pessoa no canto esquerdo ou direito da imagem, não faça aquelas clássicas fotos clichês com a pessoa no meio, com certeza vai notar a diferença. E claro que não estou falando apenas de pessoas, tente treinar seus olhos para qualquer coisa. Tente colocar o objeto que faz a diferença na imagem perto dos 4 pontos da regra dos terços e com tempo e muitas fotos depois vai perceber a evolução.

Por: Lucas Amorelli

Página 84 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Quebrando a regra dos terços

Na primeira coluna, falei como usar a regra dos terços para compor melhor uma imagem. Agora veremos como fazer isso sem usar essa regra que atravessa gerações e gerações de fotógrafos e sempre resulta em grandes imagens. Claro que para isso espero que tenham aprendido a regra dos terços, pois só assim poderão saber quando não usá la. Como exemplo, vou usar uma das minhas fotos da cidade de El Calafate, que foi selecionada pela National Geographic América Latina. Repare que a foto está com seu objeto principal (a estrada) centralizada. Esse enquadramento serve para dar impressão de profundidade à imagem. Esse resultado é possível porque a estrada se fecha como se fosse um triângulo, formando um ponto no centro da imagem. Não importa para que parte da fotografia você olhe, ela sempre irá puxar para o centro da foto. Nessa segunda imagem, vocês vão entender melhor.

As linhas vermelhas representam a regra dos terços, a verde o centro horizontal da foto e a amarela exemplifica o triângulo que é formado pela estrada, dando uma ideia de profundidade, que leva ao centro da foto formando um ponto que leva os olhos involuntariamente. Espero que tenham gostado de mais essa dica!

Por: Lucas Amorelli

Página 85 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A abertura do diafragma – O mistério desvendado!

Todo o fotógrafo no início de carreira tem muita dificuldade em compreender a escala de números f/. Por que um número baixo, como f/2.0 pode proporcionar maior passagem de luz em relação a f/22 ? Vamos explicar estas dúvidas agora: A determinação da abertura do diafragma é feita por meio de uma nomenclatura própria, denominada ESCALA DE NÚMEROS f/. Quanto maior for o número, menor será a quantidade de luz a ser transmitida pela objetiva, e menos luminosa a imagem se formará. Esta escala se apresenta da seguinte forma: f/1,f/ 1.4,f/ 2, f/2.8,f/ 4,f/ 5.6,f/ 8,f/ 11,f/ 16,f/ 22,f/ 32, e outras. Nessa escala, reduz-se sempre a metade a luz do numero anterior, ou seja, a abertura f/2 é a metade em relação à f/1.4, mas representa o dobro em relação à f/2.8. À medida que se fecha o diafragma a sua área é reduzida pela metade, e à medida que se abre, esta área é dobrada. Os números f/ correspondem a uma série de círculos decrescentes. A maior abertura, maior entrada de luz, corresponde ao 1. Em cada posição sucessiva, a área do circulo correspondente vai sendo reduzida, para o que temos que dividir o diâmetro do circulo maior pela raiz de 2, raiz de 4, raiz de 8 é raiz de 16, e assim por diante. Os produtos dessas raízes são: f/1.4, f/ 2, f/ 2.8 e f/ 4. Estes produtos são os números que aparecem na borda do diafragma e correspondem à grandeza a que é reduzida a superfície da abertura. As velocidades de um obturador mais complexo, geralmente variam de B até 1/8000s. Estas velocidades, ou tempos de exposição, aumentam ou diminuem em um sistema múltiplo de dois. Cada uma delas é o dobro da velocidade seguinte é a metade da anterior, ou seja, por exemplo, 1/125 ―é o dobro de tempo de 1/250″ e a metade de 1/60. Desta forma, pode-se estabelecer com precisão a relação entre a abertura do DIAFRAGMA, que são determinadas pelas mesmas bases. Caso tenhamos que reduzir a velocidade de 1/60, para 1/125, afim de ―parar‖ o movimento de uma pessoa caminhando, teremos que abrir o DIAFRAGMA em um ponto (+1), de f/5.6 para f/4. Por quê? – Porque diminuímos pela metade o tempo de exposição, que implicará em uma sub-exposição (-1). Abrindo o DIAFRAGMA de f/ 5.6 para f/4, dobramos a quantidade de luz por ela admitida, e assim teremos uma imagem com a mesma gama de contraste. A luminosidade de uma lente depende de seu diâmetro e de sua distância focal. Como estas duas grandezas variam inversamente uma em relação à outra, ou seja, quanto maior o diâmetro da lente mais luminosa ela é, e quanto maior a distância focal menor a luminosidade da mesma, é possível medir a característica de luminosidade de uma lente em relação à outra através do quociente ―distância focal / diâmetro da lente‖. Uma lente comum (exceto zoom) não pode ter sua característica de distância focal alterada, porém pode ter sua característica de diâmetro alterada, através de um dispositivo denominado diafragma. Abrindo-se ou fechando-se o mesmo é possível controlar a luminosidade da lente, daí o termo abertura ser utilizado para medir esta característica da lente. A letra ‖ f ‖ minúscula é utilizada para representar este quociente:

Onde:

f é o valor da abertura do diafragma obtido

Distância focal é o comprimento da lente em questão

A é o diâmetro da abertura da lente, em milímetros.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 86 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Estas grandezas são medidas em milímetros, assim, um exemplo de abertura para uma determinada lente é f = 100mm / 50mm o que resulta no valor f = 2. Existe uma convenção, herdada do mundo fotográfico, onde a abertura ajustada em determinada lente é representada por ‖ f/x ‖ onde ‖ x ‖ é o próprio valor da abertura ‖ f ―. Assim, no exemplo acima a abertura da lente de distância focal 100mm e diâmetro 50mm é indicada por ‖ f/2 ‖ Para facilitar o uso do diafragma, foram estabelecidos valores-padrão para suas aberturas em uma escala de pontos (f-stops), onde cada ponto corresponde a uma abertura do diafragma que deixa passar metade da luz do ponto antecessor e o dobro da luz do ponto sucessor. O desenho abaixo mostra uma sequência dessas aberturas, onde, da esquerda para a direita, a área central (por onde passa a luz) de uma dada abertura tem metade do tamanho da área da abertura da esquerda e o dobro do tamanho da área da abertura da direita:

Como a área pela qual passa a luz no diafragma é a de um circulo, existe uma fórmula matemática (vide final deste item) que a relaciona com seu diâmetro: a área de um círculo dobra se seu diâmetro for multiplicado por v2 (raiz quadrada de 2) e fica dividida pela metade se o mesmo diâmetro for dividido também por v2. Conforme visto acima, a abertura de uma lente pode ser representada pelo quociente da distância focal da lente pelo diâmetro da mesma, ou seja, para uma determinada lente com distância focal fixa F, a abertura pode ser indicada por f = F / D , onde ‗ D ‗ é o diâmetro da abertura do diafragma (que pode ser considerado como o diâmetro da lente). Para obtermos uma abertura f „ com metade da área de uma dada abertura f , é necessário portanto dividir seu diâmetro por v2. Assim, se f = F / D , f „ será F / (D / v2) o que é o mesmo que F / 1 multiplicado por v2 / D , ou seja, F / D multiplicado por v2 ; como F / D = f , conclui-se que f „ = f multiplicado por v2 Considerando-se f = 1 como o valor máximo de abertura da lente (diafragma totalmente aberto), o próximo valor será portanto 1 multiplicado por v2 . Como o valor de v2 = 1,4142135…, chega-se em 1,4, que é o valor do próximo número ‗ f ‗ (f-stop), o que deixa entrar metade da luz pelo seu orifício em relação a f = 1 . A seguir, sucessivamente, multiplicando-se cada valor de f por v2 , tem-se os valores da escala padrão de aberturas, ou seja: f/ 1.0 / 1.4 / 2 / 2.8 / 4 / 5.6 / 8 / 11 / 16 / 22 / 32 Onde, da esquerda para a direita, cada ponto significa metade da luz admitida pela lente em relação ao ponto anterior e vice-versa. A abertura máxima da lente (diafragma totalmente aberto) corresponde ao valor 1.0. No entanto, como as lentes possuem anéis ao seu redor para fixá-las à objetiva e outros elementos internos, suas aberturas máximas nunca são 1.0 e sim valores um pouco menores do que isto, como f/1.2, por exemplo, exemplificado no desenho abaixo:

Página 87 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Esse valor de abertura máxima varia, portanto de lente para lente, porque depende da sua construção, e influi na luminosidade da lente; assim, para lentes de mesmo diâmetro e mesma distância focal (outro fator que influi na luminosidade), uma lente com abertura máxima 1.2 é mais luminosa do que uma lente cuja abertura máxima é 1.8 . Por outro lado, para lentes com diâmetros diferentes e mesma distância focal, ter a mesma abertura máxima não significa que as lentes sejam igualmente luminosas: entre duas lentes com mesma distância focal e abertura máxima 1.3, se a primeira tiver diâmetro maior do que a segunda é mais luminosa do que esta. E, ainda, duas lentes com mesmo diâmetro, mesma abertura máxima e mesma distância focal podem diferir (embora pouco) na característica luminosidade, que também depende do material com que as mesmas são confeccionadas. Quanto ao diâmetro, no segmento semi-profissional os mais comuns são: 52mm, 58mm, 62 mm, 67 mm, 72 mm, 77 mm e 100 mm. A abertura sempre trabalha em conjunto com a velocidade do obturador para obter-se a exposição correta da imagem. Ambos vão determinar o EV = 0 da cena a ser fotografada.

Página 88 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografando sem flash

Quando somos contratados para fotografar um evento, nosso contratante deseja que seja registrado todos os detalhes que estão por acontecer, decoração, emoção, enfim, tudo aquilo que compõe a cerimonia. Muitas das vezes, a decoração inclui luzes cênicas que dão um toque de beleza a mais ao ambiente. A melhor forma para se registrar este tipo de situação, é fotografando sem a utilização do flash. Hoje, com o avanço da tecnologia, está cada vez mais fácil fotografar desta forma, pois as câmeras permitem o uso de altos ISOs. Associando-se isto a utilização de lentes claras (2.8, 1.8, 1.4,…) conseguimos registrar tudo com maestria. Na fotografia sem flash, conseguimos não somente registrar todas a luzes, cores, mas também conseguimos dar mais volume ao tema retratado, deixando as imagens mais bonitas, menos ―chapadas‖, mostrando melhor a expressão das pessoas, retratando o momento exatamente como ele foi. Sem a utilização deste, temos uma luz mais natural, sombras mais suaves, imagens com mais contraste, normalmente imagens mais quentes e cheias de sentimentos. O flash, em muitos momentos é necessário e ajuda muito, mas tira um pouco da beleza da imagem, ainda que seja muito bem ajustado e utilizado. Claro que para podermos desligá-lo, precisamos uma boa luz ambiente, ou ate mesmo utilizar fontes de luz alternativa como led, luz de vídeo, etc. Porém, estas são luzes que produzem um resultado muito mais natural que a luz do flash. Existem vários fotógrafos de renome que estão cada vez menos utilizando flash como exemplo Marcus Bell (www.marcusbell.com). Seus trabalhos dispensam comentários. Esses fotógrafos são chamados de available light shooters. Tente da próxima vez que for fotografar desligar o seu flash e fazer algumas imagens desta forma. Garanto que você se surpreenderá com a qualidade e expressividade das imagens. Seguem algumas imagens feitas sem o uso do flash:

Por: Hermes Cerelli

Página 89 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Já fotografou seu banheiro hoje?

Não sei se o que vou descrever a seguir acontece para todos os fotógrafos, mas posso assegurar que é um fato frequente para a grande maioria, especialmente para todos que ainda estão no início de sua caminhada junto à fotografia. Constantemente pergunto para meus alunos o que eles fotografaram durante a semana entre uma aula e outra, e de forma geral a resposta vem na forma de frases como: ―eu pretendia sair com minha família para uma praia mas como não fomos acabei não fotografando‖, ou ―planejei um passeio para fotografar um parque mas como choveu acabei não

fazendo nenhuma foto‖, ou ainda ―pensei, pensei, pensei e não consegui imaginar nada de diferente para fotografar, algo criativo, acabei não fotografando nada‖. Entre tantas outras frases semelhantes.

Sempre que recebo este tipo de resposta percebo que muitos fotógrafos ficam presos à ideia de que para fazer uma boa foto, uma daquelas que são interessantes o suficiente para sair mostrando para todo mundo, seria necessário estar diante de um grande tema, uma cena impactante, diferente, exótica. É como se só fossem possíveis grandes fotos em um safari na África, em um estúdio sofisticado cheio de equipamentos e com pessoas famosas diante das lentes, quem sabe diante de monumentos impressionantes como o Coliseu ou a Torre Eiffel ou ainda diante de belezas naturais exuberantes de algum paraíso tropical distante. Sempre que vejo este tipo de ideia lembro-me das fotos de Cartier Bresson fotografando qualquer pessoa em ruas e lugares para lá de comuns, e fazendo do comum uma arte. Nessas horas costumo sugerir um exercício, que dá título a este artigo: Já fotografou seu banheiro hoje?

Isso mesmo que você leu, seu banheiro. Acredite meu caro fotógrafo, se você não for capaz de fazer fotos interessantes dentro de seu banheiro, você também não será capaz de fazê-las mesmo diante de grandes monumentos ou fotografando gente famosa em um estúdio sofisticado. Um banheiro é cheio de formas interessantes, reflexos, brilhos, líquidos, objetos de cores e formas diferentes, é um pequeno espaço recheado de coisas dignas de serem fotografadas, mas que quase sempre ignoramos. Outro exercício que recomendo é o que fiz para a foto que ilustra este artigo. Pegue qualquer uma das gavetas de sua cozinha e despeje o conteúdo sobre uma mesa, escolha uns objetos e comece a fotografar. Qualquer coisa, garfos, facas, colheres, abridores de vinho, espátulas. Assim como um banheiro, uma cozinha é um ambiente absolutamente repleto de objetos, formas, cores e brilhos interessantes. Sendo assim, se você cancelou o passeio com a família por que estava chovendo, que tal adotar um desses exercícios e produzir fotos diferentes e criativas apenas com o que você tem em casa? Ou que tal criar lindos retratos de seus familiares apenas com a luz de uma janela? A fotografia está em todos os lugares, grandes fotos estão por aí, mas você precisa vê-las.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 90 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Identidade. A sua fotografia tem?

Photoshop. Lightroom. Aperture. Três principais softwares de edição de imagens. Qual usar, realmente não importa. Entraríamos no velho mérito da discussão Canon x Nikon. Não importa com qual máquina você fotografa ou com qual software você edita suas imagens. O importante é o resultado obtido com o equipamento e conhecimento que você tem. Se o Photoshop é melhor ou não, também não quero entrar no mérito. Quando escrevi o título desse artigo não me referi à identidade como estilo fotográfico. Isso cada fotógrafo

tem o seu. Me refiro aqui à identidade como trabalho fotográfico editado. Um ensaio propriamente dito. Quando vamos fazer um ensaio, ou qualquer outro tipo de trabalho que tenha um início, meio e fim, é preciso que ele tenha uma identidade. É preciso definir uma linguagem específica para o trabalho.

Se é um ensaio vintage, mantenha a edição com estilo vintage do início ao fim. Se vai criar ou usar uma Action no Photoshop, use uma única para um determinado ensaio. Ao invés de usar os presets do Lightroom sem qualquer critério, crie ou adote um como linguagem daquele trabalho. Não passe o mouse por cima dos presets até chegar em um que agrade naquela determinada foto para então depois sair procurando outro preset para a próxima foto. Se feito isso, o resultado que se tem é um carnaval, no verdadeiro sentido da palavra. Logo que o Lightroom 1 foi lançado eu o instalei e fiz exatamente isso. Era surreal a facilidade como o programa fazia tudo muito rápido. Mas o que eu obtive foi um trabalho sem identidade alguma. Cuidado! Ver um ensaio sem identidade é como estar dirigindo em uma estrada num dia ensolarado e de repente tudo mudar para um dia nublado. É ir do outono para a primavera. É como estar num mundo e de repente pular para outro, sem ao menos ser avisado. Não tem nexo. Nós fotógrafos somos contadores de histórias. E uma história é narrada também da forma como você a edita. Você define a dramaticidade que quer dar ao trabalho.

O filme de Fernando Meirelles, Ensaio sobre a cegueira, baseado no romance do escritor português José Saramago, tem uma identidade visual muito forte. Criada pelo diretor de fotografia César Charlone, o filme é caracterizado por tons dessaturados, branco estourado e a predominância de cores frias. Já imaginou mudar essa identidade visual no meio do filme? Seria no mínimo estranho. É como ser desconectado do filme no instante em que essa identidade é alterada. Eu poderia citar diversos fotógrafos que tem um excelente trabalho como referência. Mas eu vou citar uma referência que serve perfeitamente para esse exemplo. O Coletivo Cia de Foto. Cito-os porque além de fazerem um trabalho fantástico, é um caso onde existe mais de um fotógrafo e mesmo assim o trabalho

Por: Renato dPaula

Página 91 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

final de um ensaio sai com uma única identidade. Uma das integrantes do Cia de Foto é quem faz o tratamento de todas as fotos do ensaio realizado. Ela cria a identidade e essa é seguida do início ao fim. Se um coletivo consegue, um fotógrafo que edita o seu próprio trabalho também pode e deve conseguir. Há dois anos fiz um workshop com o antigo editor de fotografia da Time magazine, Jay Colton. Jay era um verdadeiro ―rato‖ em saber como montar rapidamente um ensaio. Analisando um dos meus ensaios, ele perguntou por que eu havia feito uma determinada foto em PB. Eu achava aquela foto em PB maravilhosa. Foi quando ele me explicou em manter uma identidade visual no ensaio. Quer PB, faça do início ao fim. Um balde de água fria.

Em minha opinião não vejo problema em alternar na edição de um casamento fotos coloridas e PB, desde que ambas tenham uma identidade. Em meus trabalhos autorais tenho adotado identidades únicas do início ao fim, somente em cores ou somente em PB. Depende como vejo o trabalho, como me envolvo com a história e como me sinto no dia. Tudo isso reflete na edição e como vejo na hora de fotografar. Já fotografo pensando em PB ou em um determinado tom de cores. Quando em PB ou em cores, sempre com a mesma identidade visual, os mesmos tons, o mesmo contraste, e por aí vai. Se você é um fotógrafo de casamento e administra outros fotógrafos e equipes, tenha um editor trabalhando com as fotos de forma homogênea. O casamento deve ser um trabalho coeso, independente de quem tenha fotografado. Assim como um ensaio de noivos, a cobertura da festa do seu filho, ou em qualquer outro trabalho que você tenha escolhido fazer, é preciso ter uma identidade única. Afinal, ninguém tem dois RGs.

Página 92 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Do que um fotógrafo é composto

Muitos ainda acham que basta ter uma câmera para se tornar um fotógrafo profissional. Não dá para resumir a fotografia ao equipamento, tem que ter o equilíbrio entre a razão e a emoção. Alguns escolhem a máquina pela robustez e a exibem no pescoço como se atribuísse status, importância função… e isso bastasse. Quanto maior a objetiva, mais equipada a máquina, com flash, filtros, etc., mais elevado fica o ser, é quase que uma massagem no ego do individuo que mal sabe para que serve tanto botão e acessório. Alguns começam errado mas sem intenção, não há nenhuma regra que estabeleça os parâmetros para se tornar um (bom) fotógrafo. A receita não vem pronta, não segue um padrão. Enquanto em algumas carreiras é imprescindível cursar, conhecer, dominar e consequentemente obter um diploma para poder exercer a atividade, na fotografia não há esse filtro. O próprio curso de graduação em fotografia é recente no mercado profissionalizante.

Hora de sair do automático! Independente do que o motivou a começar, saiba como prosseguir e admirar ainda mais o universo fotográfico sem ser apenas mais um indivíduo com uma máquina no pescoço. O primeiro passo é dominar a técnica: pode ser lendo, fazendo cursos, explorando fóruns, conversando com profissionais. Explore a linguagem fotográfica, os termos atribuídos e fundamentais: ISO, sensibilidade, abertura, exposição, velocidade, diafragma, obturador, disparador, distância focal, objetiva, resolução, qualidade, pixel, entre muitos outros. Depois de estudar essa parte eu aconselho um contato com uma câmera analógica e se possível com filme em preto-e-branco. Creio que seja a melhor forma de botar em prática o conhecimento e ainda criar aquela deliciosa expectativa do registro pós revelação. Com isso você conhecerá a base da fotografia além de formar noções de composição, perspectiva e então poderá escolher adequadamente a tão esperada câmera digital com lente intercambiável, classificada como DSLR. Câmeras em mãos, e agora, o que fazer? Simples, pegar o manual e por mais chato que seja, LER! Para a atividade não ficar entediante tente ir vinculando tudo que absorveu anteriormente com testes nas funções da máquina. Fotografe, compare os resultados, entenda o registro, tente detectar falhas, compartilhar com profissionais e analisar as críticas sobretudo tentando visualizar uma adequação e também os elogios, procurando sempre ―evoluir‖ e ter o próprio senso. Quando esses dois itens: estudo da técnica e conhecimento da máquina estiverem em harmonia é hora de partir para o desenvolvimento da sua identidade fotográfica. Mais uma vez é hora de investigar as áreas que mais te agradam: fotojornalismo, social, moda, publicidade, documental, e acredite, o mercado já está tão subdividido que as vezes surge uma dúvida entre mais de uma categoria. Escolhido, parte-se então para um mergulho em uma linguagem fotográfica mais direcionada: autores, trabalhos, dicas… sempre absorvendo o necessário para desenvolver a sua própria identidade, afinal, de cópias já estamos saturados! Inove, ouse, crie uma nova categoria, solte a criatividade. Trabalhar como assistente de fotógrafo é bem interessante para os que não se sentem totalmente preparados para seguir adiante, nada melhor do que a vivência para abrir caminhos, clarear as ideias. Durante essas etapas o fantasma da edição te assombrará, e então você precisará pesquisar sobre os principais programas e ferramentas para aprimorar a imagem. O que não significa que toda fotografia deve ser alterada digitalmente, mas a tecnologia já é capaz de resolver muita coisa. A internet está repleta de tutoriais, e certamente você descobrirá diversas opções ao visitar alguns deles. A principal dúvida talvez seja ―quando posso me considerar um fotógrafo profissional?‖. Na minha concepção, quando você for eficientemente capaz de visualizar, entender e repassar o sentido da luz nos seus registros. Manter no mesmo nível estudo, intuição, observação, reflexão, simbolismo e ideias que encaminham conceitos diretamente relacionados ao conjunto de técnicas fotográficas. Procure sempre usar o cérebro antes da máquina e boas fotos!

Por: Mariana Simon

Página 93 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Criando um estúdio a céu aberto em tempo nublado

Nesta nova coluna resolvi abordar um assunto que julgo ser importante para quebrar o tabú de que só se faz fotografia se houver luz… logicamente, sempre é melhor que assim seja, mas, temos que cumprir objetivos com o cliente, caso contrário, o prejuízo será no bolso dele e assim perdemos uma chance fantástica de mostrar a nossa capacidade técnica e criativa diante de um desafio profissional.

Esse foi um trabalho feito recentemente para uma marca Ursula Hjordie de beachwear e o tempo estava

chuvoso, podem acreditar … … eu juro!!! Como sempre faço para motivar os talentos fotográficos que vou encontrando em minhas turmas de formação, convidei 4 dos meus melhores alunos do IPF para serem meus assistentes e pudessem, assim, ganhar um dinheiro extra aprendendo na prática com a responsabilidade de um trabalho real. Quando chegamos até a locação, chovia, tudo parecia uma tragédia e eu disse-lhes que adorava aquela luz porque conseguia controlar os pormenores das altas luzes (vem dai a textura do chapéu) ao contrário do que acontece com o céu aberto e que iríamos construir juntos uma luz de verão autêntica. hahaha! E aí está nosso trabalho de equipe com uma cabeça de flash do lado direito que cria esses brilhos (altas luzes) com +2 de sobrexposição em relação â luz de enchimento que está apontada na mesma direção do enquadramento e com um refletor dourado ao lado esquerdo criando um tom mais warm na casa dos 4.000 K que fica coerente com a luz parasita proveniente do sol que não existia nesse momento e acabava por funcionar com luz de preenchimento do segundo plano. Há alguns fotógrafos da era digital que defendem que ―fotômetro/flashmeter‖ é algo do passado e usam o histograma da câmera como referência… cuidado, não acreditem nisso!!! Como a produção era realmente grande e a previsão de duração era de 3 dias inteiros, construí a iluminação de forma a poder ficar coerente com o que faríamos caso a chuva desse uma trégua no dia seguinte … e foi o que aconteceu como mostra esta foto feita em condições mais fáceis com o sol bombando sobre nossas cabeças.

Por: Fernando Bagnola

Página 94 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Direito Autoral – Registro de Fotografia

A Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro tem área especializada para registro de produção fotográfica. Fotógrafos brasileiros ainda não têm o hábito de registrar suas obras no Escritório do Direito Autoral (EDA), da Biblioteca Nacional. Principalmente quando não dispomos mais do filme negativo para atestar a origem da imagem propriamente dita. Para cada fotografia a ser registrada é necessário preencher requerimento e anexar cópia xerografada do RG, CPF, comprovante de residência do requerente e pagamento de taxa de R$ 20,00, via Guia de Recolhimento da União (GRU), recibo original do pagamento e copia da fotografia a ser registrada que poderá ser inédita ou não, em qualquer tamanho. Esta documentação poderá ser encaminhada pelo correio à sede da EDA ou para os postos estaduais nos seguintes endereços:

Postos Estaduais EDA

Amapá – AP

BIBLIOTECA ESTADUAL ELCY LACERDA

Rua São José, 1800

Bairro Central – Macapá, CEP: 68900-110

Tel: (96) 3212-5119 – (96) 3212-5119 – (96) 3212-

5239

Bahia – BA

BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA

Rua General Labatut, 27 ? 3º andar

Barris – Salvador, CEP: 40070-100

Tel: (71) 3117-6064 – (71) 3117-6064

Fax: (71) 3328-3940

Brasília – DF

BIBLIOTECA DEMONSTRATIVA DE BRASÍLIA

Maria da Conceição Moreira Salles

Av. 3W Sul – EQS 506/507, s/nº

Brasília – CEP: 70350-580

Tel: (61) 3244-1361 – (61) 3244-1361

Fax: (61) 3443-3163

Espírito Santo – ES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Av .Fernando Ferrari, 514

Goiabeiras – Campus Universitário ? Vitória, CEP:

29060-900

Tel: (27) 3335-2370 – (27) 3335-2370 – (27), 3335-

2375 / Fax: (27) 3335-2378

Maranhão – MA

BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE

Praça do Panteon s/n

Centro – São Luis, MA CEP: 65020-480

Tel: (98) 3218-9961 – (98) 3218-9961

E-mail: [email protected]

Mato Grosso

Unic – UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

Av. Beira Rio 3100

Grande Terceiro – Cuiabá, CEP: 78065-700

Tel: (65) 3363-1179 – (65) 3363-1179

Fax: (65) 3363-1176

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 95 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Pará – PA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Av. Augusto Corrêa, nº 1

Guamá – Belém, CEP: 66075-900

Tel: (91) 3201-7258 – (91) 3201-7258 – (91), 3201-

7000 (Geral)

Paraná – PR

BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ

Rua Cândido Lopes, 133

Centro – Curitiba, CEP: 80020-901

Tel: (41) 3221-4900 – (41) 3221-4900

Fax: (41) 3224-0575 – (41) 225-6883

Pernambuco – PE

Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco

Rua João Lira, s/nº

Bairro Santo Amaro – Recife, CEP: 50050-550

Tel: (81) 3221-3716 – (81) 3221-3716 – (81), 3423-

8446 / Fax: (81) 3221-3716

Rio de Janeiro – RJ (SEDE)

Escritório de Direitos Autorais

Rua da Imprensa, 16/12º andar – sala 1205

Castelo – Rio de Janeiro – 20030-120

Tel (21) 2220-0039 – (21) 2220-0039 – (21), 2262-

0017 / Fax (21) 2240-9179

Rio Grande do Norte – RN

Biblioteca Câmara Cascudo

Rua Potengi, 535

Petrópolis – Natal, CEP: 59020-030

Tel: (84) 3232-9746 – (84) 3232-9746

Fax: (84) 3232-9724

Santa Catarina – SC

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA

CATARINA

Av. Madre Boaventura, 2007

Itacorubi – Florianópolis, CEP: 88035-001

Tel: (48) 3321 8020 – (48) 3321 8020 – (48), 3231-

1590 / Fax: (48) 3334-6000

São Paulo – SP

Rua General Julio Marcondes Salgado, 234

Campos Elíseos – São Paulo, CEP: 01201-020

Horário de atendimento de 10:00 às 16:00 horas.

Tel: (11) 3825-5249 – (11) 3825-5249

Segundo o especialista em direitos autorais, Paulo Gomes de Oliveira Filho, a lei 9610/98, não exige o registro da obra nos casos de reivindicação de autoria. Na prática são raríssimos os casos de fotografias registradas, geralmente para fotografia fine art, confirma o responsável técnico do EDA, Jaury Nepomuceno de Oliveira, O registro assegura uma anterioridade de autoria, mas não é constitutivo de direito, esclarece o técnico. Estando com toda a documentação em ordem o EDA tem o prazo de até 30 dias, contados a partir do recebimento da notificação, pelo requerente. Para maiores informações consulte o site www.bn.br Fundação Biblioteca Nacional, Av Rio Branco 219 Rio de Janeiro, CEP 20040-008, Tel 55 21 3095 3879, Fax 55 21 3095 3811 ou nos escritórios regionais mais próximo de sua cidade.

Página 96 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O que está protegido

De acordo com a Lei do Direito Autoral, ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos, esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios, formulários em branco para serem preenchidos com qualquer tipo de informação, textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e atos oficiais, calendários, agendas e outros. Aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras, não estão protegidas pela lei. É com base nessas restrições que o layout de um álbum compósito, por exemplo, não pode ser registrado. ―A não ser que fosse algo excepcionalmente diferente e personalizado, e ainda assim deve ser submetido a um perito‖, comenta o advogado Paulo Gomes, lembrando um caso que passou pelas suas mãos. ―Na decada de 90 foi criado um calendário lunar muito diferente e original. Normalmente não é possível registrar um calendário, mas como era uma peça original, seu registro foi concedido‖. Paulo ainda conta que os pedidos de autoria mais solicitados são: para desenhos e personagens de campanhas publicitárias. Editar imagens com metadados, nunca publicar o original na íntegra, mas efetuar corte do mesmo e assinatura commarca d‘agua, são precauções que ajudam a preservar a autenticidade da obra fotográfica. Outra saída é fotografar sempre em formato RAW e preservar backup dos originais.

O que prevê a lei do direito autoral N° 9.610 19/02/98 Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: VII – as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia; Capítulo III Do Registro das Obras Intelectuais Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

Página 97 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Preservação fotográfica Digital

Desde sua invenção, a fotografia tem sido utilizada como instrumento para a memória: um minúsculo recorte do tempo e do espaço que, registrado através da luz, poderá ser perpetuado por séculos. Porém, se não preservarmos essa imagem ela desaparecerá, como efêmera que é. A fotografia digital também se mostra frágil, colocando novos desafios para a preservação. Para muitos fotógrafos, a película fotográfica ainda é o meio mais seguro de conservação de uma imagem. Como fazer para que milhões de imagens produzidas todos os anos não se percam? Como protegê-las da ação do tempo e garantir que elas continuem a comunicar ao longo de outras gerações? Desde o início da fotografia digital esse debate se tornou fundamental dentro dos centros de documentação e museus e, agora, começa a ganhar lugar também nas maletas fotográficas e nos arquivos pessoais de todos aqueles que adoram fotografar. Durante anos a chamada síndrome do vinagre foi a grande vilã que deteriorou quilômetros de rolos de filmes e papeis fotográficos, com seus fungos corroendo a história da vida privada de famílias em todo o planeta. Porém, além da corrosão, existe um problema tecnológico: as indústrias estão produzindo cada vez menos papel fotográfico. Além da restauração, existe a questão do material. Se uma imagem, hoje, estraga muitas vezes você não pode fazer outra.

Fungos encontrados em CDs e DVDs

O papel fotográfico ainda é o meio mais seguro de conservação de uma imagem. Ressaltamos, ainda, a incerteza quanto ao tempo de vida dos suportes tecnológicos que, voltados para o mercado, podem desaparecer rapidamente das prateleiras das lojas fotográficas, deixando milhões de arquivos presos em um formato incompatível. Imagens fotográficas, filmes e outras informações estocadas digitalmente em Cds ou Dvds ou podem não estar tão seguros como os consumidores acreditam. É claro que os fabricantes asseguram que um CD durará no mínimo 10 anos ou mais, se mantidos sob condições normais. Tais condições são totalmente adversas em climas tropicais como o nosso onde a umidade e alta temperatura são imperativas, produzindo mofo e descolando a camada em alumínio ou material equivalente destas mídias. Há também alguns tipos de fungo que se alimentam do adesivo aplicado nestas camadas.

Preservação Preventiva Há a necessidade da preservação preventiva: que o próprio fotógrafo selecione e organize periodicamente suas imagens, mantendo-as atualizadas com as mudanças tecnológicas. ―O que se guarda acaba

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 98 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

tornando-se a nossa história e o que não é guardado se perde e é apagado de nossas memórias, precisamos escolher o que queremos guardar, principalmente diante da possibilidade, com a fotografia digital, de se produzir grande quantidade de imagens. Por isso, seria fundamental uma seleção periódica, para impedir que aquilo que é realmente importante se perca junto com todo o resto. E gerar novos backups, pelo menos a cada 6 meses. A questão da velocidade com que novas tecnologias são colocadas e retiradas no mercado e como esta rapidez é um dos principais fatores de risco para a perda da memória fotográfica. Para evitá-la, é preciso sempre migrar os arquivos para a tecnologia mais recente, evitando que eles fiquem presos em um suporte obsoleto, como já ocorreu com as disquetes 1.44 Mb. Pequenos sulcos ou riscos no CD ou DVD poderão inviabilizar a reprodução de imagens gravadas. Isto lembra as velhas discussões sobre discos de vinil e suas agulhas. A questão é que se um CD de áudio estiver parcialmente danificado, parte daquela trilha não será ouvida. Às vezes, o defeito é tão pequeno, que apenas compositores como Mozart ou Chopin iriam notar algo diferente. A imagem digital é uma sequência de números binários, portanto o produto desta equação poderá estar parcialmente corrompido ou totalmente inviabilizado. Um minúsculo ponto de bolor já bem desenvolvido e devida enraizado poderá provocar esta corruptela. A preservação preventiva é fundamental para minimizar os fatores da degradação do material. A questão não é apenas o quê guardar, mas como guardar.

Centros de Memória Iconográfica O padrão utilizado e recomendado pelos centros de memória ainda é o formato TIFF. Há quem prefira o formato PSD proprietário do Photshop, podendo ser aberto em qualquer versão do mesmo A idéia proposta foi a de se salvar imagens com duas resoluções diferentes, uma mais baixa – para facilitar o acesso – e uma alta, destinada a um arquivo permanente. Ponto comum para todas as fotografias, portanto, é a preocupação com a vida dos arquivos: cada um deve criar um sistema próprio de catalogação de suas imagens, dentro de suas necessidades, que permita sempre revê-las, pois apenas com a constante revisitação é que a memória permanece viva. A história nos ensina que a melhor maneira de se preservar imagens é ampliando-as em laboratório fotográfico, por processo químico. Mantenha as copia em álbuns presas com cantoneiras sem o uso de cola. As colas e adesivos tendem a ser ácidos e corroem o papel fotográfico com muita facilidade. Pesquisadores utilizam alguns de família para fazerem reconstituição de épocas. Nossa sugestão é a de que cada fotógrafo, amador ou profissional, faça um foto livro por ano, escolhendo as fotografias que mais lhe significam: ―monte, escreva legendas, dê um nome e mande encadernar com capa dura. Pronto: você terá uma prática forma de guardar vivas suas memórias. Ou ampliar suas fotos em papel fotográfico tamanho 20 x 30 cm. Sempre haverá um scanner de ultima geração pronto apara digitá-las novamente.

Síndrome do vinagre Esse nome lhe é atribuído pelo forte odor de vinagre gerado pela reprodução de fungos nas películas fotográficas de acetato. O processo ocorre por causa do acondicionamento inadequado. Ele pode expor a ampliação fotográfica à umidade e às altas temperaturas, favorecendo a proliferação de fungos devido ao ácido acético residual da revelação, que permanece na película do papel, e se liga com os cristais de prata. Assim, partes da imagem terminam cobertas por esse fungo e são corroídas por ele. Temperaturas altas também afetam midias como pendrives, cartões dé memória, CD, DVDs e ainda o próprio HD.

Página 99 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

10 Dicas sobre cartões de memória

O tempo médio de vida de um cartão de memória, segundo seus fabricantes é de 8 a 10 anos, se bem conservado, livre de umidade, gases, poeira, queda, altas e baixas temperaturas, maresia, raios X de aeroportos, etc, pode-se atingir esta estimativa de vida de um cartão.

A seguir alguns conselhos úteis: 01 – Formate o cartão na câmera – Formate sempre o cartão na câmera e nunca pelo computador. Isso facilita o alinhamento do cartão com a câmera. 02 – Preste atenção na quantidade de fotos que cabem em seu cartão – Imagens podem ser corrompidas quando você tenta fotografar com um cartão de memória cheio. Isso se torna mais importante quando estamos usando cartões de baixa capacidade em uma câmera de grande resolução. 03 – Use softwares de Recuperação – se formatar um cartão acidentalmente ou apagar uma imagem, a possibilidade de recuperação do trabalho perdido é muito grande. Após a formatação do cartão, retire-o da câmera e use um software de recuperação de imagens. 04 – Organize seus cartões – no caso de fotógrafos profissionais que se utilizam de vários cartões de memória em um trabalho, o ideal é que se tenha um sistema para diferenciar os cartões cheios dos vazios. Isso vai de encontro ao indicado no ítem 02, para não correr o risco de danificar alguma imagem. 05 – Utilize um leitor de cartão – É mais prático e mais rápido. Sem falar que você não desperdiça carga de bateria da câmera para transferir as fotos e se a bateria acaba no meio da transferência existe o perigo de corromper os arquivos. 06 – Não apague fotos na câmera – prefira cartões de alta capacidade e deixe para apagar fotos no computador, após a transferencia dos arquivos. Isso economiza tempo durante a sessão fotográfica. 07 – Não retire o cartão da câmera muito cedo – é importante não tirar o cartão da câmera enquanto a luz vermelha de leitura estiver acesa. Espere todos os processos de gravação e leitura estarem terminados. 08 – Não entre em pânico – se o seu cartão de memória se molhar, não entre em desespero. As memórias flash são de estado sólido e sem partes móveis. Certifique-se que a memória está bem seca antes de colocar em qualquer aparelho eletrônico. 09 – Backup primeiro – se as fotos são importantes para você, ou um trabalho profissional, certifique-se de apagar as imagens do cartão apenas depois de fazer múltiplos backups. 10 – Nunca compre o ultimo lançamento de cartão de memoria – São muito caros e podem não ser 100% seguros. Espere mais um pouco, enquanto o fabricante ajusta e afina a tecnologia do seu produto.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 100 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 101 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotógrafos brasileiros mais consagrados

Alair de Oliveira Gomes Data Nascimento: Valença, RJ, 1921 Área de Atuação: Nú Biografia: Formado em Engenharia Civil e Elétrica em 1944 pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, abandonou a profissão em 1948 para se dedicar à crítica de arte e ao estudo da filosofia da natureza e da ciência. Foi professor visitante de Filosofia da Ciência na Universidade de Yale, Estados Unidos, em 1962 e 1963. Foi coordenador da área de fotografia e professor de Fotografia e Cinema da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, entre 1977 e 1979. Ensaísta, colaborou com publicações especializadas em ciências, arte e cultura. No campo da fotografia atuou a partir de 1960, desenvolvendo basicamente dois temas: o carnaval e o corpo masculino.

Alberto Santos Dumont Data Nascimento: (Palmira, 20 de julho de 1873 ) Área de Atuação: Inventor Biografia: Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis autênticos. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, ele também foi, portanto, o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho oficial de especialistas, jornalistas e populares. Santos Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906, ele voou cerca de 60 metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de proie‘ (francês para ―ave de rapina‖), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de 6 metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar, e possivelmente a primeira demonstração pública de um veículo levantando vôo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento. Apesar de a maioria dos países do mundo considerar os Irmãos Wright como os inventores do avião, por uma decolagem ocorrida em 17 de dezembro de 1903 no Flyer – na verdade, um motoplanador – o 14-Bis teve uma decolagem auto-propulsada, e por isso, Santos Dumont é considerado no Brasil como o ―Pai da Aviação‖.

Alice Bill Nascimento: Colônia, Alemanha, 1920 Área de atuação: Foto Documental, Fotojornalismo Biografia: Chegou ao Brasil em 1934. Artista plástica e fotógrafa estudaram pintura com Paulo Rossi Osíris, Aldo Bonadei, Yolanda Mohalyi e o Grupo Santo Helena. Em 1946 freqüentou os cursos de pintura e fotografia na University of New Mexico, em Albuquerque e na Art Student‘s League, em Nova York. De volta a São Paulo em 1948, decidiu se dedicar à fotografia. Neste ano acompanhou uma delegação oficial do governo em viagem ao centro do Brasil, fotografando os índios Carajás da Ilha do Bananal. Nos anos 50 foi fotógrafa oficial da revista Habitate, para a qual fotografou arquitetura e obras de arte. Convidada pelo professor Pietro Maria Bardi, diretor do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, realizou, em 1953 e 1954, uma ampla campanha fotográfica sobre o cotidiano na cidade de São Paulo. Desde os anos 50, destacou-se como pintora, gravurista e aquarelista, participando de inúmeras exposições nacionais e internacionais. Formou-se em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1976) e obteve o título de Mestre (1982) e Doutor (1994) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É também autora de ensaios e livros sobre artistas brasileiros.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 102 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

André François Data Nascimento: São Paulo, SP, 1966 Área de atuação: Foto autoral Biografia: O interesse pela pintura e o desenho o levam à fotografia, em 1982, como forma de expressão. Torna-se foto-documentarista registrando diferentes povos na América, Europa e África. Em 1992 passa um período em São Thomé das Letras, MG, fotografando os trabalhadores das pedreiras e a sociedade que ali vive. A partir desta experiência funda em 1995 a ImageMagica, organização que atua em escolas e industrias com o objetivo de propagar a fotografia como meio de conhecimento. A partir de 2005 empreende uma documentação sobre a medicina em cerca de 20 hospitais do país, com a participação dos pacientes e profissionais da área. Premiado em 1º lugar na categoria Comunicação e Saúde da III Conferência Latino-Americana de Promoção e Educação para a Saúde e é finalista do Prêmio Empreendedor Social da Fundação Schwab (2006). Aluno da Escola Focus de Fotografia durante a decada de 80.

Araquém Alcântara Nascimento: São Paulo-SP, 1951 Área de atuação: Fotografia Documental, Fotografia de Natureza Biografia: Um dos percussores da fotografia de natureza no Brasil e considerado o mais importante fotógrafo dessa especialidade em atuação no país. Seu trabalho presente em várias galerias e museus em vários países tornou-se reverencia nacional e fonte de inspiração para novos fotógrafos. Em sua vasta produção constam 39 livros sobre temas ambientais, cinco prêmios internacionais, 32 nacionais, 75 exposições individuais e reportagens para publicações nacionais e estrangeiras. Autor de, Terra Brasil, o livro de fotografia mais vendido no país, Araquém Alcântara é o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais brasileiros. Também produziu uma edição especial, como colaborador, para a revista National Geographic, intitulada Bichos do Brasil.

Augusto César Malta de Campos Data Nascimento: 1864 em Paulo Afonso, Alagoas . Área de Atuação: Eventos Biografia: Em 1903, o vendedor de tecidos por amostras e fotógrafo amador Augusto Malta foi contratado pelo prefeito Pereira Passos para registrar em imagens as transformações que passaria o Rio de Janeiro. Desde então, acompanhou o prefeito por toda a cidade fornecendo à prefeitura cenas urbanas de antes e depois do famoso ―bota abaixo‖. Malta permanece na prefeitura mesmo depois da gestão de Pereira Passos e, sempre muito ligado ao ex-prefeito, oferece à família Passos inúmeras fotos, seja de caráter particular ou da cidade. Focalizando também os tipos e festas do Rio de Janeiro, podemos dizer que nas três primeiras décadas do século XX a vida carioca foi documentada pela câmera de Augusto Malta.Em 1911 registra cenas do carnaval carioca, tornando-se o primeiro foto jornalista brasileiro. Que Paris seja aqui! O chamado afrancesamento que Pereira Passos praticou nas ruas da cidade culminou com a organização, pela prefeitura, da Batalha de Flores, série anual de desfiles de inspiração requintadamente européia. Realizado pela primeira vez em 15/08/1903, na Praça da República.

Página 103 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Benedito Junqueira Duarte Data Nascimento: Franca, SP, 1910 Área de Atuação: Foto Documental Biografia: Com 10 anos mudou-se para Paris e iniciou aprendizado com o tio José Ferreira Guimarães, fotógrafo da Corte Imperial Brasileira. A partir de 1923 continuou o aprendizado no Estúdio Reutlinger, um dos maiores de Paris, onde se tornou assistente aos 15 anos e conheceu os grandes nomes da fotografia – Nadar, Man Ray – e do cinema. Em 1929 voltou para São Paulo. Trabalhou como foto jornalista no Diário Nacional (1929) e colaborou na revista São Paulo, ao lado de Cassiano Ricardo e Menotti del Picchia (1936). Entre 1935 e 1951 dirigiu a Seção de Iconografia do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, onde produziu e organizou o acervo fotográfico de cerca de 4000 fotos. Fotografou as atividades do Departamento de Cultura e, entre 1938 e 1945, período em que esteve diretamente ligado ao prefeito Prestes Maia, documentou as diversas obras empreendidas na cidade, como a retificação do Rio Tietê, o Túnel da Avenida 9 de Julho e a abertura da Avenida Rebouças. Neste período produziu uma série de filmes sobre a cidade. Trabalhou na prefeitura até 1965 e passou a dedicar-se exclusivamente à documentação científica. Em 1968 registrou o primeiro transplante de coração da América do Sul. Foi crítico de cinema no jornal O Estado de S. Paulo e um dos fundadores da Cinemateca Brasileira.

Bob Wolfenson Nascimento: São Paulo-SP, 1954 Área de atuação: Fotos de moda, Retrato Biografia: Iniciou a carreira aos 16 anos como assistente de fotografia na Editora Abril onde permaneceu por quatro anos. Em 1974, passou a trabalhar como free-lancer, fazendo algumas revistas técnicas da Editora Abril, como Químicos e Derivados, Máquinas e Metais. Em 1978, montou seu primeiro estúdio e estudou Ciências Sociais. Em 1982 mudou-se para Nova Iorque, trabalhou como assistente do fotógrafo norte-americano Bill King. De volta ao Brasil, sua carreira tomou novo rumo e, a partir de 1985, começou a fazer editoriais para diversas revistas. A consagração como fotógrafo veio após a exposição Jardim da Luz, em 1996, no Museu de Arte de São Paulo. Foi responsável por vários ensaios para a Playboy e diversas capas e editoriais de moda. Atualmente Bob Wolfenson é co-editor da revista da qual ele mesmo é co-criador, a S/N (lê-se Sem Número)

Celina Yamauchi Data Nascimento: São Paulo, SP, 1970 Área de Atuação: Foto Retratos Biografia: Obteve o título de Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo em 2001. Foi assistente do fotógrafo João Musa entre 1994 e 1999. É professora de fotografia na Faculdade Santa Marcelina e nas Faculdades Integradas Rio Branco. Atua na área das artes visuais e desenvolve trabalho de expressão pessoal em fotografia desde 1994.

Claudio Edinger Data Nascimento: Rio de Janeiro, RJ, 1952 Área de Atuação: Foto Documental Biografia: Formado em Economia pela Universidade Mackenzie, São Paulo, iniciou a carreira de fotógrafo em 1975. Morou em Nova Iorque entre 1976 e 1996, onde trabalhou para diversas publicações norte-americanas – como Time, Newsweek, Vanity Fair, Fortune e Forbes – e ministrou cursos em The New School e International Center of Photography. Recebeu a Leica Medal of Excellence pelos livros Chelsea

Página 104 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Hotel (1983) e Venice Beach (1985), o Ernest Hass Award (1990) e a Bolsa de Fotografia da Fundação Vitae (1993).

Clicio Barroso Filho Nascimento: São Paulo – SP , 1950 Área de atuação: Produtos, Beleza e Moda Biografia: Clicio Barroso começou a trabalhar em 1974 de câmera de cinema na Sonima, com George Füster e Rudolf Iksey, ao mesmo tempo em que cursava a escola de fotografia profissional Camera Photoagentur/Nikon School. Em 1975, foi contratado pela Editora Abril para ser assistente de fotógrafo, onde permaneceu um ano antes de embarcar para Nova York e estagiar em diversos estúdios de moda e publicidade. De volta ao Brasil foi contratado pela MPM Propaganda, fotografando para esta renomada agência até 1980 quando decidiu abrir seu próprio estúdio. Durante dois anos trabalhou para várias agências de publicidade até se mudar para Madri, na Espanha. Após sete anos trabalhando na Espanha, Grécia, Itália e Portugal para inúmeras publicações de moda e agências de propaganda voltaram ao país e abriu um novo estúdio, desta vez em São Paulo, onde trabalha até hoje. Atualmente, além de fotografar para revistas e agências, realiza trabalhos de computação gráfica e web design.

Cristiano Mascaro Data Nascimento: Catanduva, SP, 1944 Área de Atuação: Foto Retrato, Arquitetura e Urbanismo. Biografia: Formado em arquitetura, obteve o título de Mestre (1986) e Doutor (1994) pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde dirigiu o Laboratório de Recursos Audiovisuais entre 1974 e 1988. Trabalhou como repórter fotográfico na revista Veja de 1968 a 1972. Foi professor de fotojornalismo da Enfoco Escola de Fotografia (1972 a 1975) e de comunicação visual na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (1976 a 1986). Recebeu o prêmio Eugène Atget, Musée de l‘Art Moderne de la Ville de Paris (1985), a Bolsa Vitae de Artes/Fotografia (1989) e o prêmio de melhor exposição de fotografia da Associação Paulista de Críticos de Arte (1996). Desenvolve trabalho de expressão pessoal, fotografando as cidades e sua arquitetura.

Dimitri Lee Nascimento: São Paulo, SP, 1961 Área de atuação: Publicidade e Moda Biografia: Autodidata, começou a carreira trabalhando como assistente nos estúdios da Editora Abril em 1978, onde atuou até 1980. Em 1981 montou estúdio próprio e começou a trabalhar com publicidade, atendendo as principais agências do Brasil. Em 2000 começou a utilizar o formato panorâmico em projetos de expressão pessoal. Em 1995, criou o primeiro provedor de Internet exclusivamente baseado em Macintosh no Brasil em parceria com a Apple. Embora tenha muita experiência em informática, tem resistência no seu uso em fotografia, preferindo usar filme de grande formato.

Egberto Nogueira Nascimento: Santos, SP, 1966 Área de atuação: Fotojornalismo Biografia: Cursou Sociologia durante três anos na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Iniciou sua carreira de fotojornalista na Agência Angular. Trabalhou para as agências Reuters, France Press e para revistas e jornais como Time, The Face, L´Express, Boston Globe e The Independent. Em 1991 foi contratado pela revista Veja, onde desenvolveu trabalho de cunho social. Recebeu prêmio do Conselho

Página 105 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Médico Federal com ensaio sobre o sistema médico no Brasil (1993) e o Prêmio Abril de Jornalismo (1995) com ensaio sobre a campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso. Desde 1999 atua como fotógrafo profissional independente e criou, em 2001, a Imã Foto Galeria em parceria com Kiko Ferrite. Enio Leite Nascimento: São Paulo, Sp, 1953 Área de atuação: Fotografia educacional, fotografia autoral, fotojormanimo, moda e publicidade. Biografia: Enio Leite foi fotografo de imprensa desde 1967, prestando serviços para os Diários Associados e professor do Sesc e do Curso de Artes Fotográficas Senac Dr. Vila Nova, São Paulo. Fotografo do Jornal da Tarde em 1972 -1973. Em 1975, funda a Focus – Escola de Fotografia. Professor de fotografia publicitária da Escola Superior de Propaganda e Marketing, (ESPM), 1982/84. Mestre em Ciências da Comunicação em 1990, pela Escola de Comunicação e Artes, USP. Doutor em Fotografia Publicitária, em 1993, pela UNIZH , Suíça. Atualmente leciona em várias universidades e atua como fotografo independente em agencias de propaganda e agencias internacionais de notícias. Colabora com artigos sobre fotografia e filosofia da imagem para veículos nacionais e internacionais.

Evandro Teixeira Nascimento: Santa Inês-BA, 1945 Área de atuação: Fotojornalismo Biografia: Inicia a carreira na área de fotojornalismo no jornal Diário da Noite – RJ, na qual se radica e onde vive desde então. Transfere-se para o Jornal do Brasil em 1963, ali permanecendo até hoje. Extremamente versátil, destaca-se em diversos campos da cobertura jornalística, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. No primeiro caso, fotografa a chegada do general Castello Branco ao forte Copacabana durante o golpe militar de 1964, a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende no Chile, em 1973. No segundo, cobre várias Olimpíadas e Copas do Mundo, realizando, em 1991, a mostra itinerante Seul & Cia., congregando suas fotografias no campo do esporte. É autor dos livros Fotojornalismo e Canudos 100 anos.

Elza Lima Nascimento: Belém, PA, 1952 Área de Atuação: Foto Documental Biografia: Formada em história pela Universidade Federal do Pará, Belém (1979), começou a fotografar profissionalmente em 1985, atuando na área da fotografia documental. Participou do projeto Fotoativo de documentação do núcleo histórico da cidade de Belém (1985). Trabalhou na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, onde criou um acervo fotográfico das manifestações culturais da Amazônia e, em convênio com a Fundação Nacional do Índio, realizou a documentação fotográfica das tribos indígenas da Amazônia Legal. Recebeu o Prêmio José Medeiros, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1991); bolsa do Kunstmuseum des Kantons Thurgau, Suíça (1995), onde residiu por seis meses; o Prêmio Marc Ferrez, da Funarte (1996); e a Bolsa Vitae de Artes/Fotografia (2000). Integra o Conselho Curador da Galeria de Arte da Universidade da Amazônia, Belém, desde a sua criação em 1993.

Felipe Hellmeister Data Nascimento: Rio de Janeiro, RJ, 1952 Área de Atuação: Foto Publicidade Biografia: Foi assistente do fotógrafo Miro no período1992-93, em 1994-95 é fotógrafo contratado da DPZ Propaganda. Em 1996 forma-se em Cinema pela Fundação Alvares Penteado e passa a atuar como

Página 106 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

fotógrafo freelancer para publicações editoriais e agências de publicidade. Recebeu o Prêmio Conrado Wessel, 3º lugar, 2005 e o Prêmio Porto-Seguro de Fotografia, Categoria São Paulo, 2008.

Geraldo de Barros Nascimento: Chavantes SP 1923 – São Paulo SP 1998 Área de atuação: Fotografia Experimental, Artista Plástico Biografia: Estuda desenho e pintura, a partir de 1945, nos ateliês de Clóvis Graciano, Yoshiya Takaoka e Colette Pujol. Em 1946, faz suas primeiras fotos com uma câmera construída por ele mesmo. Inicialmente, fotografa jogos de futebol na periferia de São Paulo. Ainda nesse período, realiza experimentações que consistem em interferências no negativo, como cortar, desenhar, pintar, perfurar, solarizar e sobrepor imagens. É um dos fundadores do Grupo 15, ateliê instalado no centro da cidade em 1947, onde constrói um laboratório fotográfico. No mesmo ano, ingressa no Foto Cine Clube Bandeirantes – FCCB, principal núcleo da fotografia moderna brasileira. Realiza a exposição Fotoformas em 1950. Sua trajetória artística o coloca na linha de frente da fotografia experimental. Em 1951, com bolsa do governo francês vai para Paris, onde estuda litografia na École National Superiéure des Beaux-Arts.

German Lorca Data Nascimento: São Paulo, SP, 1922 Área de Atuação: Foto Publicidade Biografia: Formou-se em ciências contábeis pelo Liceu Acadêmico em 1940. Em 1948 se filiou ao Foto Cine Clube Bandeirante. Investiu na sua própria formação e começou a registrar a paisagem da cidade de São Paulo. Exerceu a atividade de contador até 1952, ano em que abriu seu próprio estúdio fotográfico e foi contemplado com o Prêmio Alexandre Del Conte por ocasião da Exposição Internacional de Buenos Aires, Argentina. Foi fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954) e passou a dedicar-se exclusivamente à fotografia, atuando principalmente na área de publicidade. Conquistou vários prêmios nesta área como Medalha ao Mérito (1961) e Menção Honrosa (1962) concedidos pelo Art Directors Club de Miami (Estados Unidos) e Prêmio Colunistas (1986 e 1989) da revista Meio & Mensagem, entre outros. Em 1966 construiu um dos maiores estúdios de fotografia publicitária de São Paulo. Paralelamente, sempre desenvolveu trabalhos de expressão pessoal em fotografia e registrou as transformações da cidade de São Paulo ao longo do século 20.

Gui Paganini Data Nascimento: São Paulo, SP, 1963 Área de Atuação: Foto Publicidade Biografia: Em 1987 após o 3º ano de engenharia decide ser fotógrafo de moda. Seus primeiros trabalhos foram para a revista Moda Brasil, que o revelou nesse campo. Realiza alguns trabalhos para a Playboy no início dos anos 90. Seu primeiro editorial é para a revista Vogue em 1996. Tem trabalhado para as melhores revistas de moda, tais como Vogue, Marie Claire, Elle, L‘Officiel, Mag, e realizado campanhas publicitárias e catálogos para as principais empresas do ramo.

Hans Günther Flieg Nascimento: Cheminitz, Alemanha, 1923 Área de Atuação: Fotojornalismo, Publicidade, Arquitetura. Biografia: Cursou fotografia em 1939 com o fotógrafo de museu Grete Karplus em Berlim. No mesmo ano mudou-se para São Paulo com a família, em virtude da guerra. Iniciou sua carreira como assistente do

Página 107 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

fotógrafo alemão Peter Scheier (1940). Trabalhou com litografia e fotolito na Companhia Lithografica Ypiranga (1941 a 1943) e com fotografia de produtos e publicidade na Indústria Gráfica Niccolini S.A. (1943 a 1945). A partir de então montou seu próprio estúdio, dedicando-se à fotografia de indústrias, arquitetura e publicidade. Em 1948 fotografou para o calendário anual da Pirelli. Produziu cerca de 40 mil fotos, documentando e registrando o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano de São Paulo. Recebeu a Comenda do Japan Photo Culture Association (1975) e o prêmio de 1o lugar em foto publicitária no 5o Salão Profissional de Arte Fotográfica, SEAFESP, São Paulo (1979).

Isabel Garcia Nascimento: Rio de Janeiro, RJ, 1954 Área de Atuação: Fotojornalismo, Retrato, Moda. Biografia: Graduou-se em cinema pela Universidade Federal Fluminense e em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Entre 1975 e 1982 trabalhou como fotojornalista para a Bloch Editores. Em 1983 abriu estúdio próprio no Rio de Janeiro e colaborou para as revistas de moda Elle, Vogue e Marie Claire, realizando também campanhas publicitárias. Mudou-se para França em 1992, onde colaborou com revistas europeias de moda, realizou catálogos e fotos para publicidade. Foi contemplada com Menção Honrosa, categoria Cor, no Nikon Photo Contest International 1980/1981 e ganhou o Prêmio Abril de Jornalismo em 1993, na categoria Foto Externa. Desde 1995 divide seu tempo entre Nova Iorque e Paris.

José Cristiano de Freitas Henriques Júnior Nascimento: Portugal, 1830 Assunção – Paraguai, 1902 Área de atuação: Retratos Biografia: Cristiano Júnior, nome pelo qual ficou conhecido, era provavelmente português de nascimento. Em 1862 já estava no Brasil exercendo a profissão de fotógrafo em Maceió, Alagoas. Logo a seguir transferiu-se para a capital do Império e assim que chegou ao Rio de Janeiro fez uma série de anúncios propondo-se ―a tirar retratos por qualquer sistema fotográfico onde for chamado, seja qual for a distância‖. Neste primeiro momento ainda não se encontrava estabelecido e solicitava aos eventuais fregueses que o chamassem ―por escrito no hotel Brisson, Rua da Ajuda 57B‖. Além de retratos o anunciante aceitava pedidos de encomenda e ―quadros e cestas de flores e frutas de cera‖. Apesar de manter o estúdio do Rio de Janeiro, Cristiano Júnior, desde o ano de 1867, buscava expandir as suas atividades na Argentina. Em 1871 recebeu a medalha de ouro na Primeira Exposição Nacional daquele país com a série de fotos Vistas y costumbres de la Republica Argentina. Em 1876 alcançou novamente o grande prêmio na segunda exposição anual da Sociedade Científica Argentina com uma coleção de Retratos y vistas de costumbres y paysages. Apesar desse sucesso, faleceu pobre e quase cego, em Assunção, no Paraguai, onde passou seus últimos anos.

José Yalente Nascimento: 1896-1967 Área de atuação: Fotos do Cotidiano Biografia: São Paulo, José Vicente Eugenio Yalente disse: ―Há assuntos que só podem ser pintados e nunca fotografados, pois convencem exclusivamente pelas suas cores, e há outros que só podem ser fotografados, e nunca pintados, pois convencem pelas suas formas geométricas e as linhas que perfazem.‖ Realizou fotos de contra luz, de vultos, escadarias… Uma das mais famosas é de 1945: ―Embarque‖ (contra luz). Foi um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirantes, em 29 de abril de 1939, na cidade de São Paulo.

Página 108 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

J.R. Duran Data Nascimento: Barcelona, Espanha, 1952 Área de Atuação: Moda e Publicidade Biografia: Radicado no Brasil desde 1970, formou-se em Comunicação na Faculdade Anhembi e começou a carreira de fotógrafo em São Paulo. Estabeleceu seu estúdio em 1980 e passou a colaborar com as mais importantes revistas nacionais e internacionais de moda. Ganhou dez prêmios de fotografia da Editora Abril e três prêmios Multimoda, concedido ao melhor fotógrafo de moda do país. Entre 1989 e 1994, viveu em Nova Iorque, onde atuou na publicidade e na moda. Retornou ao Brasil em 1995 e passou também a dirigir filmes publicitários. Vive em São Paulo.

Juan Esteves Data Nascimento: Santos, SP, 1957 Área de Atuação: Foto Jornalismo e Documental. Biografia: Iniciou a carreira profissional como fotógrafo independente, colaborando com agências nacionais e internacionais (1980-1984). Foi repórter fotográfico dos jornais A Tribuna, deSantos (1985), e Folha de S. Paulo, onde atuou também como editor-adjunto de fotografia (1986–1994). Desde então trabalha como fotógrafo independente para a imprensa, editoras e gravadoras de discos. Suas fotos foram publicadas em jornais e revistas do Brasil e do exterior, como Elle, Isto É, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, O Globo, Veja, Vogue, Stern, Time, Newsweek e Marie Claire, entre outros. Vive em São Paulo.

Klaus Mitteldorf Data Nascimento: São Paulo, SP, 1953 Área de Atuação: Foto Jornalismo, Moda e Publicidade. Biografia: Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Brás Cubas, de Mogi das Cruzes (1978), fotografa desde 1975. Atuou inicialmente em fotojornalismo e a partir de 1982 especializou-se em moda e publicidade, fotografando para diversas revistas nacionais e internacionais. Dirige filmes comerciais e curtas-metragens. Foi premiado no Nikon Photo Contest International em 1980, 1982 e 1986; recebeu o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Fotografia em 2002.

Luís Humberto Nascimento: Rio de Janeiro – RJ, 1934 Área de atuação: Foto Documental, Arquitetura e Urbanismo, Retratos. Biografia: Formado em arquitetura pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi co-fundador da Universidade de Brasília, onde lecionou fotografia. Exerce a profissão de fotógrafo desde 1966. Trabalhou nas revistas Realidade, Veja e Isto é. Foi diretor de arte e editor de fotografia do Jornal de Brasília. Dirigiu o Teatro Nacional de Brasília e foi diretor executivo da Fundação Cultural do Distrito Federal. Recebeu o prêmioNikon Photo Contest International, Tóquio-Japão (1975) e o Prêmio Augusto Rodrigues de Fotografia da Info-Funarte e Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro. Desenvolve trabalho de expressão pessoal e escreve ensaios teóricos sobre fotografia. Lança o livro Fotografia, a Poética do Banal, em 2004.

Página 109 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Luiz Tripolli Nascimento: São Paulo, SP, 1949 Área de atuação: Fotojornalismo, Retrato Biografia: Autodidata, iniciou a carreira profissional em 1963 como fotógrafo de eventos. De 1969 a 1978 colaborou na Editora Abril, participando de todas as revistas do grupo e ganhando vários prêmios como profissional do ano. A partir de 1978 atua no campo da publicidade e colabora em outras revistas. Em 1991 inicia a atividade de diretor e fotógrafo de filmes publicitários, permanecendo na área de cinema com projetos de curta e longa metragem.

Mario Cravo Neto Data Nascimento: Salvador, BA, 1947 Área de Atuação: Retratos Biografia: Iniciou-se na arte da fotografia e da escultura em 1964. Estudou na Art Student‘s League de Nova Iorque (1969-1970). Participou da 11ª., 12ª., 13ª.,14ª.,17ª. Bienal Internacional de São Paulo. Em 1980 e 1995 recebeu o prêmio Melhor Fotógrafo do Ano da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1996 o Prêmio Nacional deFotografia da Funarte e em 2004 o Prêmio Mario Pedrosa da Associação Brasileira de Críticos de Arte. É internacionalmente reconhecido pelo seu trabalho de expressão pessoal em fotografia.

Marcio Scavone Data Nascimento: São Paulo, SP, 1952 Área de Atuação: Foto Publicidade e Retratos Biografia: Começou a fotografar muito cedo, trabalhando como assistente fotográfico na área publicitária (1969-1970). Dirigiu o departamento de fotografia da Alcântara Machado Periscinoto Comunicações (1973). Estudou fotografia no Ealing College, em Londres, graduando-se em Professional Photography (1974-1976). De volta a São Paulo em 1977, abriu seu estúdio de fotografia, no qual continuou atuando na área publicitária e dedicou-se ao retrato. Seus retratos de celebridades e empresários foram publicados nas revistas Vogue e Carta Capital. Em 1985, participou da criação da Associação Brasileira dos Fotógrafos de Publicidade (Abrafoto). Colaborou com a revista Íris, mantendo uma coluna sobre questões estéticas e história da fotografia (1995-1996), e atua na área editorial.

Manuk Poladian Data Nascimento: São Paulo, SP, 1936 Área de Atuação: Evento Social Biografia: Manuk Poladian, tem a fotografia em suas raízes, segunda geração de uma família de fotógrafos, seu trabalho não está somente nas fotos sociais, sua paixão por encontrar a melhor luz no melhor momento e no melhor ângulo é uma procura incansável e que a cada dia treina seu olhar. As fotos autorais de Manuk, fazem sucesso não só no Brasil como em todo o mundo, onde ja foi consagrado em vários concursos e exposições.

Página 110 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Miguel Rio Branco Data Nascimento: Las Palmas de Gran Canária-Espanha, 1946 Área de Atuação: Fotojornalismo, Cinema, Artes Plásticas. Biografia: Filho de diplomata brasileiro, é pintor, fotógrafo, diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre a pintura e a fotografia, optou pela câmera. Em 1972, uma reportagem sobre a prostituição em El Salvador, o tornou famoso, e em 1980, ingressou na agência Magnum, é correspondente em Paris, e se destaca pelo uso de cores saturadas em seus trabalhos. Desde 1980, realiza instalações audiovisuais utilizando fotografia, pintura, cinema e expõe regularmente no Brasil e no exterior. Entre seus numerosos prêmios destaca-se o Prêmio Kodak de Crítica Fotográfica, recebido em 1982.

Militão Augusto de Azevedo Data Nascimento: Rio de Janeiro, RJ, 1837 Área de Atuação: Retratos Biografia: Desenvolveu paralelamente as carreiras de ator e fotógrafo, atuando na Companhia Joaquim Heleodoro (de 1858 a 1860) e na Companhia Dramática Nacional (de 1860 a 1862), com quem se mudou para São Paulo aos 25 anos de idade. Ainda na década de 1850 trava conhecimento com os proprietários do ateliê Carneiro & Gaspar, para o qual passa a trabalhar como retratista. A experiência de Militão no teatro exerceu uma influência importante em seu estilo de fotografar. Cria o estúdio Photographia Americana em 1875, onde, além de figuras ilustres como Castro Alves, Joaquim Nabuco, Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina, recebe uma clientela mais popular do que a dos demais estúdios instalados em São Paulo. Inclusive o preço cobrado pelas fotos era um dos mais baratos da cidade: cinco mil réis, o equivalente ao preço de cinco passagens para a Penha. A localização do ateliê, em frente à Igreja do Rosário, frequentada principalmente pela população negra, provavelmente explica a grande quantidade de negros fotografados, bem como a maneira em que estes aparecem nas fotos, não como escravos, mas como cidadãos comuns. Muitos outros registros mostram também coristas e artistas de teatro. Apesar da popularidade cada vez maior do mercado fotográfico, em 1884, enfrentando sérios problemas comerciais, Militão decide colocar o Photographia Americana à venda, o que leva a efeito em 1885, leiloando seus móveis e equipamentos e viajando para a Europa. Provavelmente influenciado pela febre dos álbuns mostrando as cidades europeias, tem a ideia de produzir um álbum focado nas mudanças da vista urbana da cidade de São Paulo.Em 1887, Militão divulga o ―Álbum Comparativo de Vistas da Cidade de São Paulo (1862-1867)‖, definindo um modelo para o estilo de fotografia paisagística urbana com enfoque na comparação entre épocas distintas. Realizou outros álbuns da mesma espécie, destacando-se entre eles ―Vistas da Cidade de São Paulo‖ (1863), ―Álbum de vistas da Cidade de Santos‖ (1864-65) ―Álbum de vistas da Estrada de Ferro Santos Jundiaí‖ (1868) e ―Álbum Comparativo de Vistas da Cidade de São Paulo (1862-1887)‖ (1887).Em 1996 a coleção de mais de 12.000 fotos produzidas por Militão de Azevedo é adquirida pela Fundação Roberto Marinho e doada ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Nelson Kon Data Nascimento: São Paulo, SP, 1961 Área de Atuação: Foto Arquitetura. Biografia: Formou-se em arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1983). Atua profissionalmente como fotógrafo desde 1985 e especializou-se em fotografia de arquitetura e urbanismo. Trabalha no campo da editoria colaborando para várias editoras brasileiras como Editora Abril, Brasiliense, Cosac & Naify, Martins Fontes e estrangeiras como Phaidon, Prestel, Rizzoli, Taschen e outras. Ministroucursos de fotografia de arquitetura na Faculdade de Fotografia da Escola de Comunicações e Artes do Senac em São Paulo (2001-2004) e cursos de fotografia na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1990-1992), na Oficina Cultural Oswald de

Página 111 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Andrade (1991-1993), na Universidade Mackenzie (1995-1996), entre outros. Professor da Escola Focus de Fotografia durante a década de 80.

Pierre Verger Data Nascimento: Paris, França, 1902 — Salvador, BA, 1996 Área de Atuação: Fotojornalismo, Foto Documental. Biografia: Fotógrafo, etnólogo, antropólogo e escritor, começou a fotografar em 1932. Empreendeu um período de quase 14 anos consecutivos de viagens pelo mundo (1932-1946) colaborando com jornais e revistas europeus e americanos. Neste período colaborou com a agência Alliance-Photo e com o Musée d‘Etnographie du Trocadéro, atual Musée de l‘Homme em Paris. Obteve o título de Doutor em estudos africanos pela Faculté des Lettres et Sciences Humaines de l‘Université de Paris, foi membro correspondente do Musée National d‘Histoire Naturelle e ex-diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique, ambos em Paris. Como colaborador e pesquisador visitante de várias universidades, conseguiu ir transformando suas pesquisas em artigos e livros. Em 1946, quando passou a residir em Salvador, dedicou-se ao estudo da religião e cultura negra da África e do Brasil. Tornou-se um estudioso do culto aos orixás e recebeu uma bolsa para estudar rituais na África em 1948. Em 1953 recebeu o nome Fatumbi (nascido de novo graças ao Ifá) e foi iniciado como babalaô, um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubas. Em 1974, integrou o corpo docente da Universidade Federal da Bahia e colaborou na criação do Museu Afro-Brasileiro, que foi inaugurado em 1982. Suas últimas fotografias e viagens à África datam do final dos anos 70. Em 1988, criou em Salvador a Fundação Pierre Verger, que abriga uma preciosa biblioteca e 62.000 negativos de sua produção.

Pedro Martinelli Data Nascimento: São Paulo-SP, 1 Janeiro 1950 Área de Atuação: Fotojornalismo, Fotografia Documental. Biografia: Começou no jornalismo como fotógrafo em A Gazeta Esportiva. Passou pelo Diário do Grande ABC e O Globo, quando cobriu a expedição de contato dos índios Kranhacãrore (hoje chamados Panará). Trabalhou depois na revista Veja e chefiou o ―Estúdio Abril‖. Desde 1994, dedica-se à documentação da vida do homem da Amazônia, da qual resultou em livro. Em 1970, quando o regime militar botou em marcha os primeiros acordes do chamado ―Plano de Integração Nacional‖ e iniciou a construção de rodovias que cortariam a floresta amazônica, Pedro, então com 20 anos, foi escalado pelo jornal O Globo para cobrir a célebre expedição de ―atração‖ dos chamados Kranhacãrore, os ―índios gigantes‖, na rota da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém. Recebeu o prêmio Esso de Jornalismo na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica (1996) e publicou os livros, Amazônia, gente da água, Mulheres da Amazônia e Gente do Mato.

Sebastião Ribeiro Salgado Data Nascimento: Aimorés-MG, 8 de Fevereiro de 1944 Área de Atuação: Fotografia Documental. Biografia: Formado em economia pela Universidade de São Paulo, trabalhou na Organização Internacional do Café em 1973, e trocou a economia pela fotografia após viajar para a África levando emprestada a câmera fotográfica de sua mulher, Lélia Wanick Salgado. Na fotografia descobri o melhor meio para denunciar a injustiça, a desigualdade e a exploração que tanto o preocupam. Trabalho para as agências Sygma, Gamma e Magnum. Suas imagens ilustraram as páginas de publicações internacionais como Stern, Time, Paris-Match, Actuel, Libération, El País, Newsweek, Sunday Times, entre tantas outras. Através da imprensa e de seus livros – Terra, Êxodos, Trabalhadores – causou impacto junto a opinião pública. Seu trabalho rendeu-lhe prestigiosas distinções, como Prêmio W.Eugene Smith à fotografia de interesse humano. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, ―a Imagens da Amazônia‖, que representa o fotógrafo e seu trabalho.

Página 112 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Thomas Farkas Data Nascimento: Budapeste, Hungria, 1924 Área de Atuação: Fotojornalismo Biografia: Chegou ao Brasil em 1930 com sua família, fixando residência em São Paulo, onde seu pai foi o fundador da primeira Fotoptica, loja de fotografia especializada em equipamentos fotográficos. Graduou-se em engenharia mecânica e elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e trabalhou como fotógrafo, professor, produtor, diretor de cinema e empresário. No campo da fotografia, desenvolve trabalho de expressão pessoal e documental. Atua também como incentivador e organizador de exposições, concursos e premiações. Foi responsável pelo projeto e instalação de laboratórios fotográficos em várias instituições, entre as quais o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateuabriand (1950), o Instituto de Eletrotécnica (1954), Instituto de Polícia Técnica (1957) e a escola de Comunicações e Artes (1970), os três últimos pertencentes à Universidade de São Paulo. Foi diretor de filmes documentários, bem como produtor e fotógrafo de cinema. A partir de 1968 produziu ou co-produziu trinta e três documentários de curta e média-metragem e oito longas-metragens. Em 1969, passou a lecionar fotografia nos departamentos de cinema e jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, na qual obteve o grau de doutor em comunicação em 1977. Na década de 70, lançou a revista Fotopticade São Paulo desde 1987 e preside o Conselho da Cinemateca Brasileira de São Paulo desde 1995, na qual também foi diretor em 1993. Recebeu vários prêmios entre os quais o 4º. Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte (1998), a Medalha de Ordem do Mérito Cultural outorgada pelo presidente da República (2000) e o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia (2005). , especializada em fotografia, e em 1979 fundou, com Rosely Nakagawa, a Galeria Fotoptica, pioneira na difusão e comercialização de fotografias no país. Integra o Conselho da Fundação Bienal .

Tuca Reinés Data Nascimento: São Paulo, SP, 1956 Área de Atuação: Foto Arquitetura, Moda e Publicidade Biografia: Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (1981), especializou-se em fotografia de arquitetura, moda e publicidade. Desde o início da década de 1980 colabora com revistas de moda e decoração nacionais, como VogueInterior Design, Arquitectural Digest e House Garden.

Tuca Vieira Data Nascimento: São Paulo, SP, 1974 Área de Atuação: Foto Jornalismo Biografia: Formou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (1998). Estudou fotografia com Cláudio Feijó, Eduardo Castanho, André Douek, Nair Benedicto e Eder Chiodetto. Trabalhou no Museu da Imagem e do Som, na Agência N-Imagens e atua como fotógrafo profissional desde 1991. Recebeu o Prêmio Folha de Jornalismo – categoria fotografia (2003), o Prêmio Grupo Nordeste de Fotografia – categoria profissional (2005) e foi contemplado no Concurso de apoio à produção de artes visuais, fotografia e novas mídias da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, com o qual realizou o projeto Fotografia de Rua. Integra a equipe de fotografia do jornal Folha de S. Paulo, e desde 2002 desenvolve projetos com temas como a cidade, a paisagem urbana, arquitetura e urbanismo.

Página 113 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

História da fotografia no Brasil

Como tudo começou… A segunda metade do século XIX acordou com a proliferação de uma invenção que soube, definitivamente, marcar o advento de um novo tempo. A pequena caixa de madeira, criada por Louis Mande Daguerre, em 1839, conseguiu realizar um sonho desejado há milênios. O homem conquistou um novo passo para a eternidade. Seu registro, após séculos de tentativas, adquiriu a dinâmica da reprodução do real.

De todas as manifestações artísticas, a fotografia foi a primeira a surgir dentro do sistema industrial. Seu nascimento só imaginável frente à possibilidade da reprodução. Pode-se afirmar que a fotografia não poderia existir conforme a conhecemos, sem o advento da indústria. Buscando atingir a todos. Por meio de novos produtos culturais, ela possibilitou a maior democratização do saber. A fotografia, enquanto princípio fundamental já fora descrita por Platão na Antiga Grécia que, ao se encontrar no interior de uma caverna escura, viu imagens projetadas em sua parede. Mesmo no Antigo Oriente, um árabe conhecido por Alhazen mencionava uma ―tenda às escuras‖, dentro da qual se podia observar o eclipse solar.

O sonho de poder embalsamar as imagens perdidas no tempo só se transformaria em realidade, apesar de todos os esforços, com o advento do Renascimento Cultural, na Europa. Em um quarto escuro, com um minúsculo orifício em uma de sua faces, o artista da época descobria como facilitar seu trabalho mimético, contornando com pincel a imagem refletida na parede oposta. Adaptar uma lente para ―dar mais força à luz‖, foi quase um nada, e o passo seguinte foi simplificar o suplício que era a caixa da câmera em si: torná-la mais leve e desmontável, e com o passar do tempo, reduzir seu tamanho, para garantir a melhor produção do artista.

Nadar Félix, aparece logo após o advento da fotografia, como o melhor fotografo de sua época. Nadar, pseudónimo de Gaspard-Félix Tournachon (Paris, 5 de Abril de 1820 – Paris, 21 de Março de 1910) foi o fotógrafo, caricaturista e jornalista francês. E também o melhor fotografo retratista de seu período.

Estudou medicina em Lyon, França, mas devido à falência da editora do pai teve que abandonar os estudos e começar a trabalhar. Começou por escrever para jornais assinando os seus

artigos com o pseudónimo «Nadar». Em 1842 foi viver para Paris, tendo começado por vender caricaturas aos jornais humorísticos.No princípio dos anos 50, Nadar já era considerado um fotógrafo de mérito, tendo mesmo aberto um estúdio. Começou a ser conhecido devido às suas ações espectaculares. Mandou pintar o edifício onde se encontrava seu estúdio e colocou na fachada um painel de 15 metros com o seu nome. O edifício, no

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Louis Daguerre, 1839

Nadar, um dos melhores fotógrafos

parisienses,

em auto-retrato, em meados do século XIX

Página 114 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

boulevard des Capucines, no centro dos Grands Boulevards, tornou-se uma local de referência e o estúdio um ponto de encontro dos intelectuais parisienses. Em 1854 acabou o seu primeiro «PanthéonNadar», um conjunto de dois painéis gigantes apresentando caricaturas de parisienses conhecidos. Foi ao preparar o seu segundo «PanthéonNadar», que começou a fotografar as personagens que tencionava caricaturar. É por isso que os retratos do ilustrador Gustave Doré e do poeta Charles Baudelaire, assim como os do escritor Théophile Gautier e do pintor Eugène Delacroix, todos realizados por volta de 1855, têm uma pose natural, que contrastava com as poses hirtas e formais dos retratos da época. Nadar era um inovador e em 1855 patenteou a idéia de utilizar a fotografia aérea na cartografia. Tipo de fotografia que só conseguiu realizar três anos depois, em 1858, quando conseguiu tirar a primeira fotografia aérea de sempre de um balão. Por volta de 1863, Nadar construíu um enorme balão de ar quente, com cerca de 6000 m3, chamado Le Géant (―O Gigante‖), inspirando Júlio Verne na sua obra Cinq semaines en ballon (Cinco Semanas em Balão). Foi criada a ―The Society for the Encouragement of Aerial Locomotion by Means of Heavier than Air Machines‖, com Nadar como presidente, e Júlio Verne como secretário. Em Abril de 1874, cedeu o seu estúdio de fotografia a um grupo de pintores (Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Cézanne, Berthe Morisot e Edgar Degas), numa altura em que o impressionismo era rejeitado pela crítica, o que lhes possibilitou apresentarem a primeira exposição de impressionismo, sem ser no Salon des Refusés (Salão dos Recusados). Em 1885, fotografou Victor Hugo na sua cama, aquando a sua morte. É referido como sendo o autor (em 1886) da primeira ―entrevista fotográfica‖ (do químico Michel Eugène Chevreul). Tirou também fotografias com motivos eróticos.

A nova invenção veio para ficar… A nova invenção veio para ficar. A Europa se viu aos poucos, substituída por sua imagem fotográfica. O mundo tornou-se, assim portátil e ilustrado. O homem moderno diante desse novo cenário, não tinha mais tempo para ler. Tinha que ver para crer! Não podia mais contar com a lentidão e imperfeição das imagens produzidas artesanalmente por desenhistas e pintores de sua época.

A chegada da fotografia no Brasil Enquanto a Europa durante o período do século XIX passava por profundas revoluções no universo artístico, cultural, intelectual e mesmo na essência humanística, no Brasil o invento de Daguerre era recebido com outra conotação. Poucos meses se passaram da tarde de 19 de agosto de 1839, quando a invenção foi consagrada em Paris, para que a fotografia chegasse ao Rio de Janeiro em 16.01.1840, trazida pelo Abade Louis Compte, de posse de todo o material necessário para a tomada de vários daguerreótipos, conforme ilustra o Jornal do Commércio deste período: ―É preciso ter visto a cousa com os seus próprios olhos para se fazer ideia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, o chafariz do Largo do Paço, a Praça. do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que

Foto: Abade Louis Compte, Rio de Janeiro, 1840

Página 115 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem a intervenção do artista.‖ (Jornal do Comércio, 17.01.1840,p.2)

Afastados geograficamente das metrópoles, o estágio de desenvolvimento do país era bem inferior àqueles das metrópoles europeias. As novidades aqui eram muito bem recebidas, tornando- se moda num prazo bem curto de tempo. Os debates na Europa em relação a validade ou não da fotografia enquanto manifestação artística, comparada à pintura, não encontrariam espaço no Brasil durante as primeiras décadas. A sociedade brasileira do período do Império estava mais preocupada em usufruir a nova técnica, conhecida até então teoricamente, em se deixar fotografar do que em refletir sobre os aspectos artísticos e culturais do novo invento. O Brasil desta época, agrário e escravocrata, tinha a sua economia voltada para a cultura do café, visando exclusivamente o mercado externo e dependendo dele para importações de outros produtos. A sociedade dominante ainda cultuava padrões e valores estéticos arcaicos, puramente acadêmicos, já ultrapassados em seus respectivos países de origem, que só seriam questionados e combatidos com a Semana de Arte Moderna de 1922. Os Senhores do Café e a sociedade como um todo, tinham uma visão de mundo infinitamente estreita e só poderiam conceber a fotografia como mágica divertida, mais uma invenção europeia maluca!

A fotografia brasileira, de D. Pedro II a Santos Dumont

Em 21 de Janeiro do mesmo ano, Compte dava uma demonstração especial para o Imperador D .Pedro II, registrando alguns aspectos da fachada do Paço e algumas vistas ao seu redor. Estes e muitos outros originais se perderam e já em novembro, surgem os primeiros classificados da venda de equipamentos fotográficos na Rua do Ouvidor, 90-A.. Desde o dia que Compte registrou as primeiras imagens no Rio de Janeiro, D Pedro II se interessou profundamente pela fotografia, sendo o primeiro fotografo brasileiro com menos que 15 anos de idade. Tornou-se praticante, colecionador e mecenas da nova arte. Trouxe os melhores fotógrafos da Europa, patrocinou grande exposições, promoveu a arte fotográfica brasileira e difundiu a nova técnica por todo o Brasil. Os profissionais liberais da época, grandes comerciantes e outros donos de uma situação

financeira abastada, já podiam se dedicar à fotografia em suas horas vagas. Para essa nova classe urbana em ascensão, carente de símbolos que a identificassem socialmente, a fotografia veio bem a calhar criando-lhe uma forte identidade cultural. O grande exemplo disso foi o jovem Santos Dumont. Em suas constantes idas a Paris, Dumont apaixona-se por fotografia e compra seu primeiro equipamento fotográfico. De volta ao Brasil, monta seu laboratório e aos poucos vai demonstrando interesse em registrar o vôo dos pássaros até conceber os primeiros princípios da aviação. Daí para chegar ao 14 Bis e ao Relógio de Pulso foi um pequeno passo…

A descoberta isolada no Brasil Por mais paradoxal que seja, foi justamente dentro desse cenário que o Brasil, do outro lado do Atlântico, disparava na frente das grandes metrópoles europeias, descobrindo a fotografia no interior do Estado de São Paulo, em 15 de agosto de 1832.

D. Pedro II e familia

Página 116 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A quase inexistência de recursos para impressão gráfica daquela época, levou Hércules Romuald Florence, desenhista francês, radicado no Brasil, a realizar pesquisas para encontrar fórmulas alternativas de impressão por meio da luz solar. Francês, natural de Nice, Florence chegou ao Brasil em 1824 e durante os 55 anos que aqui viveu até a sua morte, na antiga Vila de São Carlos – Atual Campinas/SP, dedicou-se a uma série de invenções. Entre 1825 e 1829, participou como desenhista de uma expedição científica, para registrar a Fauna e Flora Brasileira, chefiada pelo Barão Georg Heirich von Langsdorff, cônsul geral da Rússia no Brasil. De volta da expedição, Florence casou-se com Maria Angélica Alvares Machado e Vasconcelos, em 1830. Durante a década de 30, Florence deu sentido prático á sua descoberta que ele próprio denominou de ―Photographie‖: imprimia fotograficamente diplomas maçônicos, rótulos de medicamentos, bem como fotografara desde 1832 alguns aspectos de sua Vila, isto é, cinco anos antes do Inglês John Herschel, a quem a história sempre atribuiu o mérito de ter criado o vocábulo.

Em 1833 Florence aprimora seu invento, e passa a fotografar com chapa de vidro e papel pré-sensibilizado para contato. Foi o primeiro a usar a técnica ―Negativo/Positivo‖ empregado até hoje. Enfim, totalmente isolado, contando apenas com os seus conhecimentos e habilidade, e sem saber as conquistas de seus contemporâneos europeus, Népce, Daguerre e Talbot, Florence obteve em terras brasileiras o primeiro resultado fotográfico da história. O Nitrato de Prata, agente sensibilizante e princípio ativo da invenção de Florence, tinha um pequeno inconveniente: a imagem após revelada, passava por uma solução ―fixadora‖ que removia os sais não revelados, mantendo a durabilidade da imagem. Constatou que a amônia além de ter essa função, também reagia com os sais oxidados durante a revelação, rebaixando o contraste da imagem final. Conforme seu diário passou a usar a urina, rico em amônia como fixador ―fiz isso por acaso‖! De fato, um dia enquanto revelava, esqueceu e preparar o Fixador tradicional. Como a vontade de urinar apareceu de repente, não poderia abrir a porta de seu laboratório, com risco de velar seus filmes. Acabou urinando em uma banheira e na confusão, acidentalmente passou suas chapas para lá. Além de descobrir a própria fotografia,

descobriu também o processo mais adequado para a fixação da imagem, que atualmente foi substituído pelo ―Tiossulfato de Amônia‖ utilizado atualmente na fotografia Preto & Branco, Colorida, Cinema, Artes Gráficas e Radiologia. Alguns exemplares de Florence existem até hoje, e podem ser vistos no Museu da Imagem e do Som, SP. Sua contribuição, entretanto, só ficou sendo conhecida pelos habitantes de sua cidade, e por algumas pessoas na Capital de São Paulo e Rio de Janeiro, não surtindo, na época, qualquer outro tipo de efeito, conforme exaustivas pesquisas e investigações do Historiador Boris Kossoy.

Hercules Florence

Página 117 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia: A linha do tempo

1515 – O italiano Leonardo da Vinci descreve cientificamente a câmera escura. Precursora das câmeras fotográficas atuais consiste em uma sala totalmente escura, com um pequeno orifício em uma das paredes através do qual a luz passa, projetando imagens invertidas dos objetos externos na parede oposta à abertura. No final do século XVI, colocam-se lentes no orifício para melhorar a projeção das imagens. Nesse período, a câmera escura era usada pelos pintores para copiar imagens da natureza.

Câmera Escura Renascentista

Câmera escura portátil século VXII

1727 – O professor alemão Johann Heinrich Schulze constata que a luz provoca o escurecimento de sais de prata. Essa descoberta, em conjunto com a câmera escura, fornece a tecnologia básica para o posterior desenvolvimento da fotografia. 1826 – O físico francês Joseph Nicéphore Niépce consegue fixar a primeira imagem fotográfica conhecida, uma paisagem campestre vista da janela de sua casa. Ele coloca uma placa sensibilizada quimicamente dentro de uma câmara escura com orifício para exposição à luz, processo que demora, na época, oito horas. 1835 – O pintor francês Louis Daguerre descobre que placas de cobre cobertas com sais de prata conseguem captar imagens, que podem se tornar visíveis ao ser expostas ao vapor de mercúrio. Isso o leva a desenvolver, em 1939, o daguerreótipo, aparelho capaz de fixar a imagem com um tempo menor de exposição (em geral 30 minutos), o que possibilita realizar fotografias mais rápidas. Cada uma ainda é exemplar único, do qual não é possível fazer cópias.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 118 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1839-1840 – O físico britânico William Henry Fox Talbot cria uma base de papel emulsionada com sais de prata que registra uma matriz em negativo a partir da qual é possível fazer cópias positivas. Esse processo, chamado de calótipo e patenteado em 1841, é mais barato do que o de Daguerre, tornando a fotografia mais acessível e mais presente na vida das pessoas. Entre 1844 e 1846 Talbot publica The Pencil of Nature, o primeiro livro ilustrado com fotografias. 1840 – O norte-americano Alexander Wolcott abre o primeiro estúdio fotográfico do mundo em Nova York (EUA), onde realiza pequenos retratos com um daguerreótipo. No ano seguinte, começa a funcionar o primeiro estúdio europeu, em Londres (Reino Unido), dirigido pelo fotógrafo britânico Richard Beard. 1851 – O escultor britânico Frederick Scott Archer desenvolve o processo chamado de colódio úmido, negativo feito sobre placas de vidro sensibilizadas com uma solução de nitrocelulose com álcool e éter. O fotógrafo tem de sensibilizar a placa imediatamente antes da exposição e revelar a imagem logo depois. Esse processo é 20 vezes mais rápido que os anteriores e os negativos apresentam uma riqueza de detalhes semelhante à do daguerreótipo, com a vantagem de permitir a produção de várias cópias. 1854-1910 – Nesse período desenvolve-se o movimento denominado pictorialismo, que se caracteriza por uma tentativa de aproximação da fotografia com a pintura. Para isso, os fotógrafos retocam e pintam as fotos, riscam os negativos ou embaçam as imagens. Também empregam em suas obras composições e assuntos característicos da pintura. Seus temas são, em geral, paisagem, natureza-morta e retrato. Entre os grandes fotógrafos dessa fase está o francês Félix Nadar, o primeiro a realizar fotos aéreas a partir de um balão, em 1858. Apesar do preconceito de alguns pintores em relação à fotografia, vários se baseiam em fotos para pintar, como os franceses Ingres e Delacroix e, posteriormente, muitos impressionistas. 1855 – O britânico Roger Fenton fotografa durante quatro meses a Guerra da Criméia (1853-1856). Para fazer seutrabalho, transforma uma carruagem puxada por cavalos em quarto escuro, onde revela as chapas. Ao todo, produz 360 fotografias. Realiza assim a primeira grande documentação de uma guerra e dá início ao fotojornalismo.

Roger Fenton e sua carroça fotográfica, com câmera, químicos etc.

1861-1865 – O norte-americano Mathew Brady faz a cobertura da Guerra Civil Americana e torna-se um dos primeiros fotojornalistas do mundo. 1871 – O médico britânico Richard Maddox cria as chapas secas de gelatina com sais de prata, em substituição ao colódio úmido. Fabricadas em larga escala a partir de 1878, marcam o início da fotografia moderna. A grande vantagem em relação ao colódio úmido é que os fotógrafos podem comprar as chapas já sensibilizadas quimicamente, em vez de ter de prepará-las antes da exposição. 1878 – O inglês Edward Muybridge, fotógrafo inglês (9 de abril de 1830 – 8 de maio de 1904) reproduz em fotografia o movimento de um cavalo galopando. Conhecido por seus experimentos com o uso de

Página 119 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

múltiplas câmeras para captar o movimento, além de inventor do zoopraxiscópio- dispositivo para projetar os retratos de movimento que seria o precursor da película de celulóide (filme) e do cinema.

Edward Muybridge, estudo de movimento 1878

1880 – Publicação da primeira fotografia pela imprensa, na capa do jornal Daily Herald, de Nova York (EUA). Mas somente no início do século XX o uso de fotografias nos jornais e revistas torna-se comum. 1882 – O francês Aphonse Bertillon inventa o sistema de identificação de criminosos através da ampliação fotográfica das impressões digitais. 1888 – O norte-americano George Eastman desenvolve a primeira câmera portátil, a Kodak, vendida com um filme em rolo de papel suficiente para tirar 100 fotografias. Terminado o rolo, o cliente manda a câmera inteira para a empresa Eastman, que revela o filme e faz as cópias, devolvendo o aparelho com um novo rolo de filme. O lema da Eastman é ―Você aperta o botão, nós fazemos o resto‖. A simplicidade da câmera Kodak é responsável pela popularização da fotografia amadora. No ano seguinte, Eastman substitui o filme de papel por um de plástico transparente à base de nitrocelulose. 1902 – O norte-americano Alfred Stieglitz funda o movimento fotossecessão, no qual a foto passa a ser valorizada como expressão artística própria, diferente das demais artes. Os fotossecessionistas defendem a fotografia sem retoques ou manipulação nos negativos e nas cópias, em reação ao pictorialismo. A fotografia se aproxima do abstracionismo, com ênfase na forma e não no objeto em si. O trabalho dos fotossecessionistas é divulgado pela revista Camera Work, fundada por Stieglitz e publicada entre 1903 e 1917. Edward Steichen, Alvin Langdon Coburn e Paul Strand estão entre os principais nomes do movimento.

Imigrantes chegam ao porto de Nova Iorque, 1907 – Foto: Alfred Stieglitz

Página 120 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1907 – Os franceses Auguste e Louis Lumière introduzem o autochrome, o primeiro processo fotográfico colorido. Consiste de uma placa de vidro coberta com grãos de amido tingidos (que agem como filtros para as cores primárias) e de poeira preta (que bloqueiam a luz não filtrada pelo amido). Sobre essa placa preparada é colocada uma fina camada de emulsão pancromática (sensível a todas as cores), obtendo-se uma transparência colorida positiva. 1915 – Com o aperfeiçoamento dos processos de impressão, os jornais diários começam a utilizar a fotografia com mais frequência para ilustrar as reportagens, em substituição ao desenho. A presença de fotos na imprensa firma-se com os jornais Daily Mirror, de Londres (Reino Unido), e Ilustrated Daily News, de Nova York (EUA). 1919-1938 – Ao final da I Guerra Mundial, a fotografia liga-se a movimentos artísticos de vanguarda, como o cubismo e o surrealismo. Fotógrafos como o norte-americano Man Ray e o húngaro László Moholy-Nagy trabalham em estreita ligação com pintores e outros artistas. As técnicas de fotomontagem (manipulação de negativos) e fotograma (imagem direta sobre o papel fotográfico, sem o uso do negativo e da câmera) são amplamente usadas.

Foto: László Moholy-Nagy

1923 – O norte-americano Edward Weston introduz a fotografia pura, sem retoques ou manipulações. Ele adota o uso mais realista e direto da câmera, com certa ênfase na forma abstrata, porém sem impedir a identificação do objeto fotografado. 1925 – Na Alemanha surge um estilo realista conhecido como Nova Objetividade, que propõe uma fotografia puramente objetiva, em oposição ao pictorialismo. Seu maior representante é Albert Renger-Patzsch, autor de fotografias que se caracterizam por linhas fortes, documentação factual e grande realismo. Outro expoente do movimento é August Sander.

Foto: Albert Renger-Patzsch

Página 121 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1925 – A empresa alemã Leitz começa a comercializar a primeira câmera fotográfica 35 mm, a Leica, inventada pelo engenheiro Oskar Barnack. Ela dá um grande impulso para o fotojornalismo por ser silenciosa, rápida, portátil e por ter disponíveis diversos tipos de lentes e acessórios. 1928-1929 – O fotojornalismo desenvolve-se na Alemanha nas revistas Berliner Illustrierte e Münchener Illustrierte Presse. Os principais nomes dessa época são o alemão Erich Salomon e o britânico Felix Man.

Erich Salomon

1929 – As fotografias começam a ocupar grande espaço na publicidade, considerada um dos principais processos de criação artística nesse período. Vários profissionais importantes na época, como Cecil Beaton, Man Ray, Moholy-Nagy e Edward Steichen, fazem fotografias publicitárias paralelamente ao seu trabalho artístico pessoal.

Man Ray (1928)

1932 – O francês Henri Cartier-Bresson começa sua carreira como fotojornalista, desenvolvendo um estilo definido por ele como a busca pelo ―momento decisivo‖, isto é, pelo instante fugaz em que uma imagem se forma completamente em frente à câmera. Por isso, não realiza nenhum tipo de retoque ou manipulação das imagens. Cartier-Bresson torna-se o mais influente fotojornalista de sua época. Entre os seguidores do seu estilo estão Robert Doisneau, Willy Ronis e Edouard Boubat.

Página 122 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Henri Cartier-Bresson (1932)

La gare Saint-Lazare, Paris, 1932

O salto do personagem e o salto inverso do cartaz de circo, logo ao fundo.

1932 – Fundação do grupo (64, nos Estados Unidos (EUA), os fotógrafos Ansel Adams, Edward Weston e seu filho Brett, Willard Van Dyke, Imogen Cunningham e Sonia Noskowiak. O nome refere-se à mínima abertura das lentes (diafragma) que permite a máxima profundidade de campo com o máximo de nitidez, a principal proposta do grupo.

Ansel Adams (1932)

1933 – O norte-americano Harold Edgerton desenvolve o flash eletrônico, luz relâmpago.

Página 123 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Harold Edgerton (1930)

1935 – Os norte-americanos Leopold Godowsky Jr. e Leopold Mannes inventam o filme Kodachrome, que permite a obtenção de transparências (slides) coloridas com grande riqueza de detalhes e de tons, próprias para reprodução ou projeção. 1935-1943 – A Farm Security Administration, entidade criada pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt para estudar e diminuir os problemas da população rural dos Estados Unidos (EUA) durante a Grande Depressão, recorre à fotografia para registrar suas atividades, dando impulso à fotografia documental e de denúncia social. Destacam-se o trabalho dos fotógrafos Walker Evans, Dorothea Lange, Margareth Bourke-White, Ben Shahn, Arthur Rothstein e Gordon Parks.

Dorothea Lange (1936)

1936 – O norte-americano Henry Luce funda a revista Life, nos Estados Unidos (EUA), com o objetivo de substituir a fotografia acidental, improvisada, por uma edição de fotografia planejada. Os fotógrafos a serviço da revista, um marco da fotorreportagem mundial, são pautados para cada matéria e encorajados a produzir uma grande quantidade de imagens para dar mais opções de escolha aos editores. Vários dos principais nomes do fotojornalismo mundial trabalham para a Life, entre eles Robert Capa, que faz a cobertura de guerras em todo o mundo, durante vinte anos, até morrer no Vietnã, ao pisar em uma mina terrestre. Entre suas fotos mais famosas estão Morte de um Soldado Legalista (soldado sendo alvejado na

Página 124 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Guerra Civil Espanhola, entre 1936-1939) e a série de imagens feitas durante o desembarque das tropas aliadas na Normandia, em 1944, durante a II Guerra Mundial.

Robert Capa (1936)

1942 – A Kodak introduz o filme Kodacolor, negativo colorido que permite a confecção de cópias em cores. Em 20 anos, o Kodacolor torna-se o filme mais popular entre os fotógrafos amadores. A empresa alemã Agfa, que havia desenvolvido o processo negativo-positivo colorido Agfacolor em 1936, começa a comercializá-lo apenas em 1949, devido à eclosão da II Guerra Mundial. 1945 – A empresa austríaca Voigtländer desenvolve as lentes zoom, que permitem fotografar objetos situados a grande distância da câmera. 1947 – Os fotógrafos Robert Capa, Daniel Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger fundam nos Estados Unidos (EUA) a agência cooperativa Magnum. Nela trabalham os principais nomes do fotojornalismo mundial, entre eles o norte-americano Eugene Smith, o suíço Werner Bischof e o brasileiro Sebastião Salgado.

Eugene Smith (1951)

1948 – O norte-americano Edwin Land desenvolve a câmera Polaroid, que tira fotos instantâneas em preto e branco. Década de 50 – Após a II Guerra Mundial, uma corrente da fotografia volta a passar por uma fase abstracionista e deixa de ter o compromisso de registrar a realidade. Adota-se o uso expressivo e

Página 125 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

emocional das imagens. Nessa linha destaca-se o trabalho do norte-americano Minor White. Para ele, a fotografia deve ser transformada para que o espectador perceba a mensagem interior da imagem, não visível na superfície. Outros representantes dessa corrente são Aaron Siskind, Harry Callaham e Bill Brandt. No fotojornalismo, a cobertura fotográfica dos acontecimentos no pós-guerra ganha fôlego com as revistas Time e Newsweek, nos Estados Unidos; Paris Match, na França; e Der Spiegel e Stern, na Alemanha.

Minor White (1961)

1955 – O fotógrafo norte-americano Edward Steichen organiza no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) a exposição The Family of Man, uma seleção de cerca de 500 fotos tiradas em 68 países que registram todas as fases da vida humana, do nascimento à morte. A exposição, que teve grande repercussão mundial e se tornou um marco da fotografia documental, é levada a vários países e dá origem a um livro com diversas edições. 1959 – Lançamento do livro The Americans, do fotógrafo norte-americano Robert Frank, registro fotográfico da viagem que fez pelos EUA com o poeta beat Jack Kerouak. Frank rompe com a tradição da fotografia documental, imparcial e distante, dando às suas imagens um caráter subjetivo.

Robert Frank (1950s)

Década de 60 – Nesse período desenvolve-se um grande intercâmbio entre o trabalho de fotógrafos e artistas plásticos. Muitos fotógrafos usam técnicas manuais de manipulação de imagens, como retoques e pinturas de negativos e de cópias. Os pintores, por sua vez, imitam a visão fotográfica (figurativa) e introduzem fotos em suas obras, por meio de colagem ou reprodução em silkscreen, como ocorre na pop art, nos trabalhos dos norte-americanos Andy Warhol e James Rosenquist. A fotografia também é bastante utilizada pela arte conceitual, como meio para a expressão de um conceito.

Página 126 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1962 – Os norte-americanos Emmett Leith e Juris Upatnieks e o soviético Yuri Denisyuk desenvolvem simultaneamente a holografia, fotografia em três dimensões obtida por meio da exposição de um filme à luz de raio laser refletida em um objeto.

Emmett Leith, fotografia 3D, 1966

Década de 70 – As fotografias ganham maior importância como obras de arte. Começam a ser produzidas com mais freqüência em formato de livro, são exibidas em galerias e museus e compradas por colecionadores. A fotografia passa também a ser objeto de estudo acadêmico, como arte que deve ser compreendida e estudada, a exemplo das demais manifestações artísticas (pintura, música, literatura, entre outras). A fotografia documental continua a ser desenvolvida, apesar de ter perdido espaço para a televisão e o cinema. Aumenta o uso da cor, em especial na fotografia de moda e de publicidade. Década de 80 – Nesse período, é reforçada a visão da fotografia como obra capaz de transmitir informação e prazer, mas também como meio de comunicar mensagens políticas e sociais. Cresce a importância da imagem fotográfica como instrumento da publicidade. Um dos principais nomes da fotografia publicitária é o italiano Oliviero Toscani, ao tratar de questões como tabus, violência e racismo em seus trabalhos. Natural de Milão, 28 de fevereiro de 1942, criou campanhas publicitárias polêmicas para a marca italiana Benetton, iniciada em 1982. A maioria de suas campanhas era institucional, o alvo era propaganda de marca e não de produto, normalmente composta apenas por uma fotografia polêmica e o logo da companhia. Técnicas antigas de reprodução voltam a ser utilizadas para a produção de imagens mais elaboradas e verifica-se uma tendência a se reduzir o número de cópias de uma fotografia.

Foto: Oliviero Toscani

Página 127 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

1981 – O brasileiro Sebastião Salgado torna-se mundialmente conhecido ao ser o único fotógrafo a registrar a tentativa de assassinato do presidente norte-americano Ronald Reagan. Representante da fotografia documental, Salgado se destaca nos anos 80 e 90 por suas grandes foto reportagens de denúncia social, publicadas em livros como Sahel: l‘Homme en Détresse (1986), Trabalhadores (1993) e Terra (1997).

Sebastião Salgado, refugiados da Etiópia, 1984

Década de 90 – Intensifica-se o uso das câmeras digitais, principalmente no fotojornalismo e na publicidade. Nessas câmeras, o filme é substituído por um disco ou cartão de memória no qual as imagens são armazenadas digitalmente. Elas podem, assim, ser transmitidas por meio de linha telefônica para um computador em qualquer lugar do mundo de forma extremamente rápida, já que o processo digital elimina a necessidade de revelação fotoquímica e ampliação. 1993 - Glass Tears, de Man Ray, torna-se a fotografia mais cara do mundo, ao ser vendida por US$ 65 mil. 1997 – A Maison Européenne de la Photographie (França) realiza a exposição Des Européens, que apresenta 20 fotos inéditas de Henri Cartier-Bresson. A mostra reúne ainda outras 160 imagens realizadas pelo fotógrafo francês entre os anos 30 e 70.

Página 128 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 129 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 130 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Como obter fidelidade de cores nas fotografias impressas

Resolvi tirar da gaveta (e do cofre) um instrumento que vai, certamente, mudar a vida daqueles que sentem-se insatisfeitos quando olham as suas imagens e não conseguem as mesmas cores do arquivo original enviado aos laboratórios profissionais. Aquele céu lindo que ficou apagado quando comparado ao que se via no monitor … aquela mulher bronzeada que ficou com pele esverdeada parecendo recém-chegada de Marte … coisas de fazer qualquer fotógrafo querer cortar os pulsos! Reclamar? Mas com que base técnica que devolva a tristeza a quem cometeu aquela aberração cromática e o obrigue a repetir a impressão? Fica aquele jogo de empurra-empurra que não resolve a situação e quem acaba tendo que engolir aquele sapo (que era verde mas virou magenta … hehe) é, quase sempre, o cliente, ou seja, VOCÊ!! É algo muito simples e vou usar esse espaço que ganhei do meu amigo Diogo Guerreiro sempre nesse sentido de ajudar a todos os fotodgnianos com ferramentas fiáveis e fáceis de usar que possam garantir resultados precisos, principalmente, quando o Cliente quer (e precisa) de fidelidade nas cores, por exemplo, de seus posters de loja no formato 1,80 x 0,80 m onde não há como arcar com os custos de repetição de trabalhos que não correspondem às suas peças ou quando o vestido branco daquela noiva exigente (como todas elas) ficou como se tivesse sido tingido de magenta. Conseguiram (?) perceber como é importante ter algo para colocar diante do nariz do impressor e exigir que o erro seja reparado de forma profissional como se espera de alguém que vende profissionalismo (?). Ganhei essa ferramenta de uma das pessoas mais capazes que é responsável pelo Departamento de Impressões Profissionais da PrintColor Digital Service que me atendia antes de vir para Portugal dar aulas de Fotografia de Moda (+tratamento digital) convidado pelo IPF onde fui formador até o ano passado e de onde pedi demissão por razões pessoais. Reparei que havia alguns trabalhos que passava para a turma que foram pré-aprovados por este professor megachato quando o assunto é qualidade cromática dos brancos e pretos que foram o assunto de minha coluna anterior aqui no fotografia-dg (Color Balance + Black Balance) … continuando … peles com dominante magenta … pretos que ficaram azulados … céus esverdeados … enfim, uma lástima e, lógicamente, as avaliações acabavam por ficar muito aquém do que mereciam meus estimados aluninhos que se contorciam de raiva mas nada podiam fazer. Por isso, pedi para o incansável Diogo Guerreiro que entrasse comigo nessa Guerra contra a falta de fidelidade das cores que das nossas fotografias colocando um link para download do Impression Gamma Calibrator que eu utilizo sempre como teste quando utilizo um novo fornecedor para minhas impressões profissionais. Assim, tenho hábito (mesmo!!!) de mandar fazer cópias em todos os tipos de papel mais usuais (brilho, mate e metálico) e volto para a frente do meu monitor para comparar os resultados obtidos e, também, para poder conferir a calibração do meu monitor (algumas vezes o grande culpado). Vou colocar aqui uma versão mini para poder explicar melhor como deve ser utilizado e depois vou fazer o upload para vocês baixarem a versão em 300 dpi já no formato 15×21 cm (caso o laboratório não tenha esse formato, pode ser impresso em 20×30 cm centralizado deixando o arquivo no formato original com margem branca à volta sem qualquer interpolação). Atenção: Faça a comparação com luz natural difusa com boa intensidade para não haver distorções!!!

Por: Fernando Bagnola

Página 131 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Download Impression Gamma Calibrator

Todas as cores que estão aqui devem ser fiéis ao que se vê aqui e, principalmente, os brancos devem estar limpos, caso contrário, alguém estará em sarilhos. Eu sempre uso o mesmo laboratório e tento desenvolver, em conjunto, os ajustes necessários para que, a partir de então, possa dormir tranquilo sem ter pesadelos coloridos. Algo a ser considerado é que há sempre uma pequena diferença entre os pixels e as tintas de impressão principalmente quando transformamos de RGB para CMYK (no caso de impressão gráfica). Mas há algo que não muda nunca, ou pelo menos não deveriam mudar, que são os brancos, os cinzentos e os pretos. Brancos sujos, significam, sempre, todas as outras cores sujas afastando-nos da precisão cromática. Foi por isso que, volto a repetir, comecei minha coluna com esse assunto (ainda disponível aqui no site para os fotodgnianos).

Reparem que: 1) Há uma moldura preta que deve servir como referência de impressão dos pure blacks (100%). 2) Que há duas fileiras verticais que imitam o filme de rolo com a área dos fotogramas em branco que servem para o mesmo efeito, só que dos whites (255 = pure white do Photoshop). 3) Há uma escala de cinzentos (%) na parte de baixo que começa da direita para a esquerda desde o branco puro e que vai variando (%) e que continua escurecendo na escala que fica logo abaixo até chegar ao preto 100%. Todas as divisões deverão estar visíveis no seu monitor e impressão, respectivamente. Iss controla o Gamma e dá uma noção exata da situação de calibração do monitor e da precisão da transferência de toda a escala de brancos passando por todos os cinzentos que formam as sombras e midtones.

Página 132 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

4) Há outra escala colorida, esta sim relacionada com a fidelidade das cores, que começa em Vermelho (R), Verde (G) e Azul (B) e logo a seguir entra o Cyan (C do CMYK), Magenta (M do CMYK), Yellow (Y do CMYK) e Black (que é o K do CMYK) que deve ser utilizada, principalmente, quando houver a conversão de fotos RGB para CMYK (só para impressão gráfica onde é necessário). 5) E, para finalizar, há imagens em Color e PB que farão um diagnóstico comparativo geral a respeito da composição das cores (Impression Calibrator). Acredito que munidos dessa impressão-teste, os laboratórios possam também melhorar a qualidade final dos seus serviços e os culpados sejam, finalmente, trazidos à Luz … hehe!

Página 133 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Marca d´água: hora de sujar suas fotos

Há infinitas maneiras de marcar suas fotografias. O importante é sempre manter um olhar bem crítico na hora de estipular a direção, tamanho, cor, texto etc.. Já há um tutorial para elaborar um tipo de marca d´água publicado no Fotografia DG, por Cesar Coe que provavelmente auxiliará alguns. Mas além dessa, há outras formas que carregam a mesma lógica de elaboração, e que exploro a seguir.

O texto

Ao mesmo tempo em que nome e sobrenome designam a autoria, para um fotógrafo que ainda não possuí muitas atribuições pode ser tão vago quanto a famosa frase ―All Rights Reserved‖, ―Reprodução proibida‖ ou ―Todos os direitos reservados‖. Não adianta vincular todos os dizeres na foto, provavelmente essa poluição atrapalhará tanto que a observação se perderá entre texto e imagem. A mais útil é a que leva o observador a algum lugar: um site, uma referência, mesmo que seja o nome (que funcionará a curto/médio ou longo prazo), já que a marca apenas apoia a autoria e não evita a cópia não autorizada ou inadequada.

Prefira fontes de fácil leitura, que evitem a confusão entre letras semelhantes. Pode até ser as mais simples: Calibri, Arial…

Tamanho, cor e direção

Não exagere no tamanho, com os novos métodos é tão fácil retirar um texto pequeno ou um grande. Não atrapalhe o motivo da imagem, marcas inconvenientes que ficam em cima do ponto principal certamente incomodarão a visibilidade, a harmonia entre os planos e a técnica. Tente elaborar em um tamanho legível e ao mesmo tempo discreto, aplicado a um local que não entre em conflito com os pontos da fotografia. Alguns fotógrafos incluem os dados em uma borda extra, que pode ser bem adequada para não atrapalhar na estrutura fotográfica. Seja prático na aplicação de cores, em geral uma marca negativa e uma positiva são suficientes para todas as inserções.

Por: Mariana Simon

Local inadequado, pouca transparência e

grande: fatores que afetam a imagem

Página 134 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Utilização da marca em preto e em branco

A solução para os que não tem paciência de adicionar a marca de água a cada fotografia são alguns sites capazes de incluir um texto em um lote de imagens, também disponível em plugins para o Photoshop e outros programas de edição. O problema da aplicação em massa é que o local ideal para algumas não é o mesmo para outras, o que causa diversos problemas posteriormente. Seleciono alguns endereços (todos em inglês) para adição de marca d‘água em múltiplas imagens:

Picmakr

WaterMark

Watermark Tool

Página 135 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Pixels e Resolução

A imagem de alta qualidade em baixo mostra a estrutura dos pixels com 100o% de ampliação. Observe que cada pixel aprensenta 4 quadradinhos, com se fosse favo de mel: 1 vermelho, um azul e dois de verde, para compensar a falta de sensbilidade dos nossos olhos a esta cor.

A maior diferença ainda existente entre os sensores de imagem e o filme reside nos eletrodos em si. Cada eletrodo capta uma informação da imagem com o tamanho de um quadrado. A câmera digital capta assim a imagem como uma colméia de pequenos quadrados de imagem. E estes pequenos quadrados de imagem são denominados pixels. Esses pixels são tão pequenos que chegam a criar a ilusão de imagem fotográfica contínua. O número de pixels capturado pelo sensor de imagem é normalmente referido como a resolução de uma imagem. A resolução de imagem é sempre constituída pelo número de pixels verticais e horizontais de um sensor e assim se chega ao termo menos formal de resolução, que resulta da multiplicação dos pixels horizontais pelos verticais. São denominados por MEGAPIXEL, que se tornaram sinônimo de capacidade de captação do sensor e também de qualidade de imagem. Temos então assim que considerar que quanto maior for o sensor de imagem e quantos mais eletrodos este possuir, melhor será a resolução de uma imagem.

Tamanho de imagem e compressão

Toda vez em que a imagem é captada, o sensor fica livre para receber uma nova imagem, sendo esta uma das principais diferenças para com as câmeras fotográficas tradicionais. Mas se o sensor está livre para a captação de uma nova imagem, e a imagem já captada tem que ir para um meio qualquer para efetuar a gravação de imagem. Esse é outro fator que pode influenciar a qualidade final da imagem. Quando se coloca um filme fotográfico em uma câmera já se sabe exatamente quantas fotografias iremos fotografar. O mesmo não ocorre com os meios eletrônicos de gravação. O tamanho de uma imagem digital depende da resolução da mesma. Desta forma um cartão de memória, por exemplo, pode receber 16 imagens de baixa resolução e apenas uma única imagem de alta resolução. A fórmula para se determinar o tamanho de uma imagem digital é muito simples. Cada pixel de uma imagem em preto e branco requer um byte de informação e cada pixel numa imagem a cores requer três bytes de informação. Dessa forma para determinar o tamanho de uma imagem a cores multiplica-se o numero de pixels por três. Tendo como exemplo, uma câmera com 1600 x 1200 pixels de resolução teríamos um tamanho total de imagem de 5.8MB. Isto quer dizer que nos cartões regulares de 8MB capacidade, só temos a possibilidade de gravar JPEG. uma única imagem. A resposta dos fabricantes a esse problema chama-se Esse formato de imagem permite níveis de compressão diferentes possibilitando assim a redução do tamanho do arquivo final da imagem. Isso é possível porque a compressão JPEG permite uma reorganização dos pixels de forma a serem expressos usando menos informação. Para não sermos muito exatos com esse aspecto, citamos, de modo geral, que o método de compressão JPEG é considerado como um método com pouca perca de qualidade se for usada com bom senso.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 136 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Este é um dado a ter em conta porque não faz sentido adquirir uma câmera digital com uma resolução muito elevada e depois compactar excessivamente as imagens e assim perder grande parte da sua qualidade. Há ainda outras possibilidades que as câmeras digitais mais recentes nos permitem. A captação de imagem em formato TIFF, ou RAW, formatos de imagem não comprimidos, mas que exigem cartões de memória de maior capacidade e velocidade na taxa de transmissão.

Qualidade de imagem significa tamanho de imagem. Este modelo da Canon apresenta três tamanhos diferentes: LARGE – Grande, MÉDIO e SMALL – Pequeno. Para cada tamanho, temos duas taxas de compressão. O desenho em ângulo significa baixa taxa de compressão, e ou em ―escadinha‖, alta taxa. Já nas cameras Nikon, há três padrões de compressão: basic, normal e fine. Fine apresenta a menor taxa de compressão. Quando a taxa é mínima, os pixels ficam melhor agrupados em menor tamanho. Já com taxa maior, a imagem tende a pixelar mais, os ―quadradinhos‖ dos pixels passam a ser mais visiveis. Bem, se a imagem em jpeg com maior taxa de compressão oferece imagens de baixa resolução, qual é a vantagem em utilizá-la? Simples, para cada utilização há um tamanho e taxa de compressão mais adequada. Por exemplo, se meu objetivo for produzir imagens para internet, enviar fotos para amigos, via e-mail, vou precisar de arquivos mais leves. Estes arquivos são aquele com maior taxa de compressão. Na realidade esta taxa está dentro do patamar dos 72 dpis, resolução padrão da tela do monitor. Caso tenhamos imagem com menor taxa de compressão e alta resolução, como 300 dpis, por exemplo, a tela do monitor enxergará apenas os 72 dpis, deixando de ler os demais pontos por polegadas. Imagens nesta resolução são indicadas para impressão em laboratório fotográfico, gráficas, revistas, etc. Resumindo, quando precisamos de imagens para internet ou projeção de slides, que carreguem rápido, o padrão é sempre 72 dpis. Já imagem destinada a qualquer tipo de impressão recomenda-se 300 dpis. Há outros casos, como impressão de banners, que podem oscilar de 100 a 200 dpis. Mas, não faça nada antes de consultar as configurações do seu impressor. Embora o fabricante afirme que a maior qualidade do arquivo é aproximadamente 8,0 Mepaixels, na realidade este tamanho irá variar de 2,0 até 6,0, dependendo dos dados contidos na imagem associado à sua taxa de compressão.

Ainda sobre qualidade da imagem

Ao contrário da fotografia tradicional, a fotografia digital não é independente da sua aplicação final . Devemos estar consciente que este é um sistema diferente e como tal deve ser compreendido. Ao fotografarmos com filme tradicional de 35 mm não somos obrigados a saber com antecedência qual será o tamanho da imagem final. Poderemos imprimir em 10×15 cm, em 20×25 cm, digitalizar o filme para futura impressão em brochuras, ou até digitalizar o filme para publicar apenas numa página da Internet. O filme tem características físicas que permitem uma grande variedade de utilização. A fotografia digital tem, de fato uma limitação de resolução, mas também apresenta outras vantagens a considerar. Alguns chegam até a afirmar sem qualquer tipo de dúvida, que se consideramos a amplitude dinâmica, a fotografia digital é igual ou superior à de um filme. Bem, em termos gerais, um filme de slide permite-nos ter uma amplitude dinâmica de 6 f-stops, um filme de negativo nos permite ter uma amplitude dinâmica de 10 f-stops, ao passo que uma câmera digital de gama média nos proporciona uma amplitude dinâmica de 4 a 6 f-stops e câmeras digitais profissionais chegam a atingir os 11 f-stops. Isto nos permite um detalhamento muito maior nas altas e baixas luzes de uma imagem e nas zonas de sombra profunda. Mesmo falando de resolução da imagem, temos sempre que considerar a sua aplicação. Para o fotógrafo amador, que não necessita imprimir mais do que um formato 15×10 cm, o arquivo das câmeras digitais intermediárias de mercado é mais do que o suficiente

Página 137 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

para essa finalidade. Certamente que a profundidade de cor de uma imagem digital não se assemelha à mesma de um filme cromo (―slide‖), mas podemos afirmar que para o fim a que se destina é suficiente. Para fins mais profissionais existem câmeras fotográficas digitais ou backs digitais para algumas câmeras de médio e grande formato que se assemelham em qualidade ao filme fotográfico comum (mercado amador). Hoje em dia existem câmeras digitais profissionais que permitem captar a realidade com cerca de 100 milhões de pixels de informação e uma profundidade de cor de 64 bits ou 16 milhões de cores. Sobre a qualidade do sistema, podemos ainda acrescentar um fator extra. Qualquer filme fotográfico é uma segunda geração da imagem (após o processamento), e por ser um suporte físico é susceptível de se desbotar ou até da imagem se perder para sempre. Estão sujeitos a poeiras, riscos, defeitos que depois de ampliados se não forem arquivados com material de pH neutro, irão, na certa, se deteriorar, cada vez mais. Pelo contrário, uma imagem digital não é mais do que um arquivo em código binário (0 e 1) que no seu conjunto contém a informação da nossa imagem. Por isso mesmo essa imagem mantém-se inalterada para sempre, tendo assim longevidade e facilidade de armazenamento muito maior. Não se trata aqui de dizer que um processo é melhor ou pior do que outro. Trata-se isso sim de compreender que são sistemas diferentes, com limitações e vantagens diferentes e que terão aplicações diferentes em alguns casos. Mais uma vez, trata-se isso sim de optar, se saber como preservar suas respectivas imagens.

Produzindo cores mais correctas

Se existe uma área onde as câmeras fotográficas digitais parecem levar a melhor sobre as suas similares tradicionais é na gestão da cor. A captura digital de uma imagem consegue atingir resultados de fidelidade de cor muito mais rapidamente do que o método tradicional, porque temos a possibilidade de utilizar o software que nos é fornecido com a câmera para corrigirmos essa mesma cor. Sendo um dos problemas com que o fotógrafo se debate mais frequentemente, as dominantes de cor podem ser rapidamente eliminadas de uma imagem, passando o seu original a estar corretamente equilibrado. No sistema tradicional, só é possível eliminar essa mesma dominante numa segunda fase do processamento da imagem, ficando o nosso original sempre com esse desvio. A neutralidade total de um filme fotográfico nem sempre é exigida, mas quando tal acontece, o processo para se atingir essa neutralidade é complexa e muitas vezes quase impossível de atingir. A utilização de um termocolorímetro ou calorímetro, será uma boa solução para resolver esse problema, mas o seu preço por ser muito elevado permite que seja utilizado quase que exclusivamente por fotógrafos profissionais. Por outro lado, o trabalho de correção de cor de uma imagem pode ser comprometido pela impressão. Basta que o monitor, os químicos de cor e o papale footgráfico não estejam calibrados para que se tenha que reiniciar o trabalho. Ao contrário do filme, a fotografia digital independe da intervenção de terceiros para atingirmos o resultado final esperado. Para nos certificarmos de que a cor da nossa imagem está neutra, bastará utilizar corretamente o recurso do WB da própria câmera fotográfica digital, visto o mesmo já incluir em si a função de um termocolorímetro. Apesar das câmeras terem complexidades diferentes na utilização desse tipo de característica, mesmo as mais simples proporcionam programas de balanço automático de brancos que permitem resultados bastante próximos da realidade. Há outras que permitem uma maior flexibilidade na sua utilização, que já é possível escolher a temperatura de cor mais adequada para uma determinada situação, ou até mesmo seguindo o padrão de uma folha branca, acertar a temperatura de cor de uma dada imagem os fotógrafos se deparam diariamente é com o equilíbrio de cor. O ajuste e equilíbrio das cores é um dos principais problemas que o fotografo enfrenta no seu dia a dia. Uma das maneiras para calibrar estes ajustes é por meio do canal de cores sRGB, 8 cores por canal e Adobe RGB, 16 cores por canal. Veja mais detalhes no manual de sua câmera digital reflex. As câmeras modelos compact operam apenas com o padrão sRGB.

Página 138 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Qual formato utiliza para salvar suas fotos?

Você fotógrafo fotografa em RAW ou JPEG ou às vezes em ambos. Então você começa a editar, você pode começar no Lightroom ou no Adobe Camera Raw, mas muitos fotógrafos vão acabar no Photoshop fazendo uma edição mais detalhada em suas fotografias. E na hora de salvar? O que você faz? Salva como PSD, TIFF, JPEG, GIF, PNG ou outro formato? Este artigo não pretende abordar como salvar arquivos RAW para formatos como por exemplo o DNG (Digital negativo). Destina-se, a saber, em como você vai salvar para compartilhar as fotos na Web ou enviar para impressão. Abaixo falarei um pouco de cada formato e porque você pode ou não querer usá-los:

PSD

É o formato padrão do Photoshop, e o único com suporte para a maioria dos recursos do mesmo.

É útil quando você tem muitas camadas e deseja preservá-las.

Quando se precisa manter a transparência ele também se torna muito útil.

PSD‘s são muito grandes, especialmente se forem utilizadas muitas camadas na edição.

A visualização só pode ser feita com o Photoshop ou alguns outros programas do pacote Adobe.

Você vai precisar salvar em um formato diferente para enviar a um laborátorio de revelação.

Na web não se pode exibir imagens com esse formato.

TIFF

O formato TIF ou TIFF (Tagged Image File Format) é um formato de ficheiro gráfico.

É o formato de mais alta qualidade e é excelente para imprimir pois não nenhuma perda de qualidade.

Retém as informações em camadas, dependendo de como salvá-lo.

Tem como desvantagem o arquivo muito grande e você não pode exibir imagens na web com esse formato.

JPEG

O formato JPEG (Joint Pictures Expert Group) é um tipo de arquivo para armazenamento de imagens que pode trabalhar com esquema de cores em 24 bits.

É o formato mais popular e é visível por todos e pode ser usado para impressão e web.

Ao salvar em JPG, você decide a qualidade desejada no Photoshop, por exemplo, varia de 1 que é a qualidade mais baixa e 12 que é a mais alta.

A maior desvantagem do formato JPEG é com perdas. Cada vez que você abrir e salvar, a imagem comprime e você perde uma pequena quantidade de informação.

Outra desvantagem é que as camadas são niveladas ou seja, não há como voltar para edições anteriores.

PNG

PNG (Portable Network Graphics) é um formato de dados utilizado para imagens, que surgiu como substituto para o formato GIF.

O formato PNG cria arquivos menores, mas sem a perda da qualidade de um GIF.

Por: João Vitor Teofilo

Página 139 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

É útil se deseja manter a transparência.

Você pode compartilhar esses arquivos na web.

GIF

Este formato permite imagens de alta qualidade e alta resolução serem mostrados em uma variedade de hardwares gráficos.

O Graphics Interchange Format é bom para gráficos web com animação, mas não recomendado para fotos.

O tamanho do arquivo é muito pequeno para que esse carregamento seja rápido na web.

As desvantagens são as cores limitadas e não tratar bem fotografias.

Após ler isso, esperamos que você tenha uma idéia de qual dos formatos é melhor para o seu tipo de trabalho. E como vocês podem perceber se tratando de formatos não existe certo ou errado, existe um que vai ser melhor para cada trabalho que você irá fazer. Eu fotografo em RAW e utilizo o JPEG como formato para salvar depois da edição, é um formato mais leve e a qualidade perdida é muito pequena, a não ser que se abra a foto e a salve novamente muitas vezes, um dos maiores motivos de usá-lo é que você pode usar na web em qualquer lugar e enviar para laboratório de revelação, agencias de publicidade, etc., mas quando faço a edição em camadas e sei que vou precisar fazer alguma alteração posterior salvo em PSD e em JPEG pois posso voltar e fazer modificações nas camadas.

Página 140 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 141 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Crítica pela crítica ou escambo de elogios?

Na semana passada, dois pequenos diálogos dispararam insights para escrever um pequeno texto sobre a cultura dos comentários fotográficos na internet. Na primeira situação, meu amigo e fotógrafo Almir Jr (www.almirjr.com), com quem colaboro eventualmente como assistente, após uma tarde de bate-papo em um Café, guloseimas e diversos assuntos que não necessariamente envolvem a fotografia, ao se despedir, comentando repercussão de meu mais recente ensaio disse: ―Não leve tão a sério o flickr, se você acreditar em tudo que dizem a você ali…‖. E eu concordei dizendo: ―Verdade Almir, o flickr é uma espécie de troca de elogios gratuitos.‖. Fiquei a pensar nisso durante a semana. Outro diálogo, ocorrido em MSN, gerou uma colocação minha no Twitter bem comentada. Um colega iniciando na fotografia, me aborda no MSN e pergunta: Você conhece o ―Fulano de tal‖? E eu disse: ―Sim, conheço pessoalmente, contemporâneo meu, também clica ensaios, em estúdio e em externa, tem um destaque em nossa cidade, faz um bom trabalho‖. Ao que recebi a resposta do colega: ―Não gostei das fotos dele nesse trabalho, achei muito repetitivo, sem graça e tal.‖ Não gostei do tom da crítica gratuita e disse a ele que é excessivamente crítico, que nunca gosta de nada, e acrescentei que eu valorizo o trabalho da pessoa citada, pois eu sei como é difícil fazer aquilo ali. Perguntei se ele faz igual ou melhor para poder criticar, e ele disse que não faz melhor porque não faz esse tipo de foto. Fim de dialogo com o que eu citei no Twitter: ―Não critique o trabalho de um fotógrafo se você nunca fez ou não faz fotos no estilo dele, é critica pela crítica.‖

O primeiro caso me lembrou de um conceito que aprendi na escola, nos livros de História. Antes da criação da moeda, a economia girava em torno de um sistema de trocas, o ―escambo‖. Assim, no sistema de escambo, quem produzia farinha trocava parte de sua produção com quem criava animais, que por sua vez já teria trocado parte de seus animais por quem cultivava temperos, que já havia trocado com quem produzia vasos de cerâmica, que por sua vez já tinha trocado um vaso por aquele primeiro cidadão, o produtor de farinha. Assim, na base da troca, cada um saia mais ou menos satisfeito depois das trocas. Mas o que isso tem a ver com fotografia? Nada? Tudo! Percebi sempre a natureza de certos comentários em minhas fotos e nas fotos alheias no flickr. Notei uma enxurrada de comentários do tipo: ―Adorei a foto‖, ―Bom clique‖, ―Luz legal‖, ―Gostei da definição‖, ―Ficaram lindas as cores‖, etc etc etc. E onde entra o escambo? Muitos dos elogiados, se sentem impelidos a entrar na galeria do fotógrafo que o elogiou e comentar, o que em uma política de boa vizinhança, indica elogiar o trabalho de quem te elogiou, mantendo a cadeia de reciprocidade, de troca de elogios nem sempre sinceros, muitas vezes vazios. Em que os exemplos de comentários acima ajudam a melhorar minha técnica e meu olhar? Acho que era a isso que o Almir se referia, ao velho e sábio entendimento de que aprendemos mais com as criticas do que com os elogios. Elogios estes que muitas vezes nublam nossa visão, inflam nosso ego e nos impedem de seguir adiante na busca da melhor foto, que deve ser sempre o próximo clique, e não o que passou. Mas então, não devemos comentar no flickr, olhares, multiply? Não devemos elogiar o trabalho de colegas? Não, não é isso! Não me entenda mal. Eu mesmo elogio meus colegas, observo o trabalho

Por: Igor Fraga

Página 142 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

deles, faço contatos com fotógrafos com quem me identifico, tiro dúvidas, troco experiências, discuto técnicas e idéias, cresço muito mais com o dialogo com eles, do que com o que eu leio sozinho. Na minha opinião esse é o poder do flickr e de comunidades de fotógrafos, congregar interesses comuns, e não ser a vitrine do ego e a arvore frondosa onde colher os fartos frutos dos elogios. Quando comentamos, temos que elogiar sim, pois incentivo é necessário, ninguém clica só pra si, todos precisam de feedback, mas busquemos nos colocar no lugar daquele fotógrafo e pensar: ―Como eu faria essa foto? Como eu aproveitaria essa luz? Onde eu colocaria esse flash? Será que fechar mais a abertura ajudaria? Será que menos velocidade aproveitaria mais a luz ambiente? Será que saturando mais ou menos a foto ganharia um clima legal? Um ângulo mais baixo daria um outro clima? Esse olhar da modelo está de acordo com o contexto do ensaio? Etc etc etc‖. Há muito que se pensar, e diversas formas de comentar a foto como uma forma de contribuir para o trabalho do outro, propiciando a ele alternativas que talvez nem tenha vislumbrado. Com isso não só o autor da foto comentada ganha, nós também ganhamos pois ao pensar nas possibilidades, você treina sua mente e talvez perceba coisas que nunca havia pensado, situações com as quais pode se deparar diante de sua câmera no dia de amanhã e já terá uma idéia de como agir.

Dessa forma, vejo que é possível elogiar sem ser vazio, e criticar sem ser leviano, contribuindo para a melhoria do outro. Há esperanças de comentários de qualidade na internet, em redutos como a sala ―Foto-Crítica‖ do Digifórum, a comunidade ―Comente a foto‖ no Orkut e ainda o grupo ―Crítica Fotográfica‖ do Flickr, entre outros. Para concluir, voltemos ao segundo diálogo, das críticas gratuitas. Bem sei que ninguém agrada a todos, sempre encontraremos criticas, e raramente gostamos do trabalho de todo mundo. Não podemos ser hipócritas e dizer que tudo é lindo, mas também não podemos sair por ai criticando por criticar o trabalho dos outros, ainda mais se nunca fizemos algo naquele estilo. Você faria diferente? Faria melhor? Então sugira, colabore, indique caminhos, não critique por criticar, senão ao final estará sozinho, considerado antipático. Na minha opinião, ninguém vence sozinho nesse mundo tão interligado. Almir Jr é um exímio crítico de meu trabalho, costuma sentar junto comigo e criticar foto por foto de cada ensaio meu, quanto à luz, técnica, edição, idéia e direção dos modelos. Raramente recebo um elogio dele, e o agradeço por isso. Nem sempre é fácil ouvir todas as criticas, requer um preparo psicológico, mas ao menos nunca saí de uma conversa com ele do mesmo jeito que entrei,

sempre melhorei um pouquinho em algo, mesmo em coisas que nunca tenha reparado até ele criticar. Ele me empurra pra frente mais com suas criticas do que com seus poucos elogios, e eu cresço muito mais com elas que com os elogios vazios do flickr. Isso não é critica pela crítica e sim critica com objetivo e muda a vida das pessoas. Quando formos fazer um comentário ou crítica espero que nos lembremos de tais questões. Eu gosto de ditados populares e um deles diz: ―Cuide para que suas palavras sejam melhores que o seu silêncio.‖

Página 143 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Uma foto pode matar?

Não é todo dia que um fotógrafo, ou fotojornalista, como eles são conhecidos, encontram matéria prima para uma foto expressiva, daquelas que ganham a primeira página de um grande jornal ou são passíveis de ganhar grandes prêmios fotográficos. Algumas fotos marcam a ―história‖, e até podem mudar o rumo de uma vida? Quem não conhece a famosa foto feita pelo Kevin Carter, que fotografou uma criança africana sendo observada por um abutre? O resultado final dessa composição foi a morte de Kevin, que não conseguiu mais conviver com aquela imagem em sua mente e suicidou-se? Com esse exemplo, aonde quero chegar? O fotógrafo acima de tudo é humano, é um ser como qualquer outro, passível de sentimentos, acertos e erros. Às vezes o lado profissional fala mais alto do que o humano, às vezes somos tomados por uma onda de desespero para captar momentos, mesmo que esses momentos possam nos colocar contra qualquer princípio ético. Existem situações que vamos nos deparar na profissão que teremos que decidir em segundos o que fazer, registrar, salvar uma vida, salvar a nosso própria vida (no caso fotojornalistas que cobrem guerras) e tudo isso em uma fração de segundos. Realmente é um tema muito, mas muito delicado, e principalmente polêmico, que diverge muitas opiniões profissionais. A pergunta que faço aos amigos é: ―Uma foto pode matar?―. E a minha resposta é SIM! Para justificar minha opinião, volto ao caso de Kevin, que foi massacrado por ter esperado 20 minutos para fazer a foto ao invés de ter ajudado a criança logo que viu o abutre se aproximar. Criou-se um dos maiores dilemas do fotojornalismo, no qual dizia-se que o fotógrafo numa situação como essa deveria ser uma testemunha ou um salvador? E para você, devemos ser menos profissionais e mais humanos? Seu suicídio foi motivo de diversas discussões e estudos sobre a ética na fotografia como você pode ver neste vídeo.

http://www.youtube.com/watch?v=xDOxDRUNBBQ

Convido também à assistirem o documentário de Dan Krauss, ―The Death Of Kevin Carter: Casualty Of The Bang Bang Club‖ (http://www.kevincarterfilm.com). Também veja o vídeo da música feita pelo grupo Manic Street Preachers, em sua homenagem.

http://www.youtube.com/watch?v=uqOphS9oHes

Por: Angelo Coffy

Página 144 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A informação na fotografia

Há uma ciência, denominada TEORIA DA INFORMAÇÃO, que estuda e prevê por fórmulas matemáticas e métodos estatísticos, o conteúdo da mensagem fotográfica na comunicação, e a sua devida repercussão dentro das mídias imprensa ou eletrônica. A Teoria da informação ou Teoria matemática da comunicação é um ramo da teoria da probabilidade e da matemática estatística que lida com sistemas de comunicação, transmissão de dados, criptografia, codificação, teoria do ruído, correção de erros, compressão de dados, etc. Ela não deve ser confundida com tecnologia da informação e biblioteconomia. Claude E. Shannon (1916-2001) é conhecido como ―o pai da teoria da informação‖. Sua teoria foi a primeira a considerar comunicação como um problema matemático rigorosamente embasado na estatística e deu aos engenheiros da comunicação um modo de determinar a capacidade de um canal de comunicação em termos de ocorrência de bits. A teoria não se preocupa com a semântica dos dados, mas pode envolver aspectos relacionados com a perda de informação na compressão e na transmissão de mensagens com ruído no canal. É geralmente aceito que a moderna disciplina da teoria da informação começou com duas publicações: a do artigo científico de Shannon intitulado Teoria Matemática da Comunicação (―A Mathematical Theory of Communication‖), no Bell System Technical Journal, em julho e outubro de 1948; e do livro de Shannon em co-autoria com o também engenheiro estadunidense Warren Weaver (1894-1978), intitulado Teoria Matemática da Comunicação (The Mathematical Theory of Communication), e contendo reimpressões do artigo científico anterior de forma acessível também a não-especialistas – isto popularizou os conceitos. Na formação, ou elaboração, da mensagem há três conceitos que coexistem e moldam-na, para oferecer a possibilidade de compreensão do receptor. O primeiro conceito é a INFORMAÇÃO, determinada pelo grau de improviso, pela novidade. Por exemplo: uma pessoa está numa fila, a espera do ônibus, de repente escorrega e cai. O escorregão e o tombo são a informação, pois o fato é inesperado. Portanto, a Teoria da Informação coloca em primeiro plano a IDÉIA DE NOVIDADE, como valor central objetivo, pois esta pode ser medida matematicamente. E, assim substitui a noção de ―beleza transcendente‖ que é muito difícil de ser utilizada na prática, visto que se fundamenta em subjetivismo. Às vezes, na mesma mensagem há REDUNDÂNCIA. No sentido atribuído ao termo, quer dizer, repetição. É o oposto da informação, que se apresenta na mensagem de várias maneiras. Uma mensagem redundante pode ser desnecessária. Como o valor é quantitativo, uma mensagem 100% redundante é banal, dispensável, pois não traz nenhuma novidade a quem a interpreta, além de reduzir o próprio índice de informação. Entretanto, a redundância ainda pode ser:

A) Redundância de Objeto – quando o elemento fotografado é o mesmo em várias situações. B) Redundância de Sentido – quando os elementos são diversos (vários objetos), mas, o sentido é o mesmo. C) Redundância de objeto-sentido – quando o objeto e o sentido são os mesmos, isto é, temos uma repetição como se fosse uma cópia xerox, exemplo mesma foto de agencia internacional publicada na primeira páginas de todos os jornais e sites de noticias.

O ultimo conceito dentro da mensagem é do RUÍDO. É tudo que não pertence a um contexto mas é inesperado. Em outras palavras, é o que causa interferência na transmissão da idéia ou o que atrapalha a comunicação. Por exemplo: na fotografia, é quase comum o negativo se apresentar riscado. As razões estão fora do contexto (imprudência na manipulação do material durante o processamento) e a posterior ampliação revelará risco na imagem, o que atrapalhará quem a observar. Portanto, ruído pode ser definido como qualquer interferência externa, fora do contexto da mensagem. Entretanto, o próprio ruído pode ser utilizado como aumento da informação. O próprio fotógrafo pode, por

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 145 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

meio de um estilete bem fino, riscar propositadamente o negativo, criando novas formas ou imagens, para aprimorar a sua mensagem. Ou ainda, fotos de menores ou pessoas nuas publicadas em jornal com a tradicional tarja preta.

Tipos de fotografia

De maneira breve, podemos classificar a fotografia em dois tipos, segundo as circunstancia em que ela se inscreve: Primeiro, no caso de se apresentar isolada, ou seja, mesmo estando em grande número, ela possui características autônomas, (mensagens autônomas) que se diferenciam. Segundo: São as denominadas de sintaxe. Nestas, há um conjunto de fotos relacionadas entre si, numa seqüência disposta ordenadamente, como é o caso corrente das revistas ilustradas, ou fotonovelas. As fotos em formas de sintaxe (seqüência), podem ser definidas de duas maneiras: 1) Cronológica, quando se acompanha movimento por movimento para se deduzir o fato, como seqüências de chute em gol, nas partidas de futebol. 2) E, lógica, quando não é preciso um acompanhamento rígido de todos os detalhes, para deduzir o fato. Os pormenores são sugeridos pela ausência. Porém, tanto as fotos isoladas como a sintaxe compõe-se de outros critérios diferenciados. Estas podem ser concebidas de três maneiras: FOTO POSE – Há preparação, isto é, ela é preconcebida para determinado fim, e seu objetivo é demarcado, tem consciência do que se pretende mostrar. O exemplo comum que pode ser identificado, frequentemente, na imprensa, são as fotografias de políticos cumprimentando populares, ou crianças, e fotografias de moda, publicadas em revistas femininas ou editoria. FOTOS OBJETO – Podem ser apresentadas de duas formas, quando se fotografa um elemento (objeto), ou quando alguém representa um objeto. No primeiro caso, é simplesmente objeto sem si, e sua significação. Já no segundo, alguém se torna personagem, pois é retratado na forma do objeto, ora substituindo o conteúdo numa ligação de significados sugeridos. O exemplo clássico é a tradicional foto do rapaz da ―casas Bahia‖, ou o próprio ―baixinho‖ da Kaiser. Fica clara, associação de significados. A presença da pessoa, automaticamente nos remete ao produto ou situação específica. FOTOS CHOQUE – Na essência são fotos ―realísticas‖, ou hiper-realistas, no sentido de dar a noção exata do fato, e do instante em que o fotógrafo a colheu. São flagrantes de acontecimentos. O que, por outro lado, não descarta do fotógrafo um rápido estudo dos melhores ângulos ou momentos mais propícios para registrá-la. Isto depende do seu senso de oportunidade. O exemplo, também clássico, da foto-choque, foram àquelas do maremoto da Ásia, terremotos no Chile, incêndios, rebeliões, atentados terroristas e outros. Entretanto, há casos de manipulação ―em loco‖ ou posterior na redação, que podem converter fotos pose em foto-choque, apesar de este procedimento ser condenado pela ética do jornalismo internacional.

Página 146 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A polêmica da marca d´água

A internet é conhecida pela facilidade da disseminação de conteúdo (o que inclui imagens, fotografias, textos etc.), e também pela falta de credibilidade que essa facilidade atribui. O principal ponto é: quando se preocupar com isso? Uma das principais questões levantadas por colegas fotógrafos ou não, é: sujar as fotografias por quê?

A marca d água, presente nos trabalhos de alguns fotógrafos é motivo de polêmica. Alguns defendem a ideia de que pelo simples fato de divulgar um trabalho na internet, você deve estar ciente de que outras pessoas utilizarão. E talvez seja por isso que muita coisa perde a autoria pelo mundo virtual. O ponto da aceitabilidade de disseminação é coerente, se você dispõe o trabalho na internet, sabe que está sujeito ao famoso ―copiar e colar‖. Se existe hoje essa utilização de conteúdo na internet – muitas vezes indevida – é porque de alguma forma houve margem para que isso fosse feito. Se o trabalho está bem feito, não creio que a marca d´água seja suficiente para depreciar a arte. E convenhamos que a prospecção de clientes pela internet costuma ser introdutória, é

uma amostra do trabalho, do tom e estilo do fotógrafo. Obviamente que há outras formas de proteger fotografias: diminuir a qualidade, o tamanho, adicionar informações na configuração da imagem etc. Mas a marca ainda parece o mais efetivo. Censura pelo incomodo que promove. O hábito do salvar ou copiar e colar é tão grande que o que está na internet perde a autoria. Pode parecer possessividade defender tal ponto de vista, mas só quem já enfrentou um processo sabe como a marca d´água pode ajudar na comprovação, inclusive quando a mesma é retirada

da imagem.

Há os que tem intenção de utilizar imagens indevidamente, os que a usam pela ideia de que na internet é tudo de todos, a verdade é que não há como separar esse público. A marca d´água serve tanto para os que sugam as fotos da internet e deixam de citar o local/autor, quanto para os que pretendem se apossar e para os que apenas admiram e querem compartilhar. Cortes muitas vezes não podem ser evitados – mas de alguma forma dificulta o trabalho dos que tem más intenções. Se estraga o trabalho? Depende da marca e do quão ela aparece, quando ela começar a roubar os principais pontos da foto, começa a ser inconveniente. Como tudo, senso é necessário, tal qual profissionalismo ao definir uma logomarca.

Portanto, utilizar marca d´água em fotos requer consciência e tem utilidades além da possessividade, é uma forma de exigir o direito mínimo de autoria, transformando essa disseminação em um ato pelo menos consciente.

Por: Mariana Simon

Exemplo de marca d´água

Pouca legibilidade e muito destaque pode atrapalhar

a análise da imagem

A transparência suaviza a marca, mas a definição do

tamanho e local é importante

Página 147 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia: evolução ou bagunça conceitual?

As câmeras estão mais populares do que nunca: de celulares a robustas máquinas, é bem possível que haja pelo menos uma em todo canto. Todos estão viciados em registrar o momento, e o elo virtual reforça esse hábito, as mídias sociais fazem querermos cada vez mais estender a rotina ao visual, ao mundo, instantaneamente.

No passado dia 19 de agosto comemoramos o Dia Mundial da Fotografia, de uma área em constante crescimento, mas será que é um desenvolvimento saudável? Superficialmente, não há regras para se tornar um fotógrafo, basta ter uma câmera e sair fotografando. Dentro dessa conduta, em qual parte se encaixa a ética tanto para os amadores quanto

para os profissionais? E a técnica? Levantando esses questionamentos muitas outras dúvidas surgem para atribuir parâmetros morais e éticos para o mundo fotográfico. Qual conteúdo relaciona as atribuições legais para exercer essa função e qual deve ser o comportamento do profissional, tal qual seus limites ainda é um fator muito discutido e pouco linear nesse universo de imagens.

Diferenciar a ética e a moral é o primeiro passo, para depois vincularmos a fotografia. Ética é o conjunto de regras de conduta, estuda os fundamentos da moral e cria parâmetros específicos. Moral está relacionada aos costumes, são os princípios e valores ―sociais‖, é o tratado do ―bem‖ e do ―mal‖. A ética é baseada nas regras gerais estabelecidas pela moral. No caso da fotografia é a adaptação socialmente aceita. Os fotógrafos possuem deveres, responsabilidades perante a sociedade, como em qualquer outra área.

Fotografar, intervir, ignorar…

Só de observar já estamos inclusos nas intervenções de qualquer contexto, mas até qual ponto podemos explorar o assunto?

ONE HUNDREDTH OF A SECOND

http://www.youtube.com/watch?v=tOoM3mnIzaE

Por: Mariana Simon

Página 148 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Muito se debate sobre ética no fotojornalismo, Kevin Carter é um dos muitos nomes famosos na lista. A foto da criança e o abutre e o posterior suicídio do fotógrafo acompanhado por uma carta ressaltam o impacto de uma imagem e sua repercussão, tanto para os espectadores quanto para o autor.

O incalculável poder da fotografia está vinculado a uma interpretação baseada em raízes culturais e intelectuais, sensibilidade e tantos outros fatores capazes de aprovar ou reprovar qualquer registro.

A interpretação ética pessoal cria a lacuna na quais alguns acham inadequado fotografar pessoas em locais públicos, por exemplo, enquanto outras protegem o direito de escolha e autorização de qualquer um antes ou após o clique, sem torná-las meros objetos. Tacitamente infringimos algum aspecto ético em qualquer uma das situações: seja ao interferir na cena, a ocultamente registrar, ou fazer isso antecipadamente, sem aprovação.

Além disso, as técnicas de edição aprimoradas nos envolvem em dúvidas agudas sobre o que ainda é real na imagem, e qual a dose aceitável de alterações. Como lazer ou profissão, há muito debate para se chegar a um ponto pelo menos sensato. O intuito do texto, como observado, não é expor a essência da ética fotográfica, mas induzir a uma reflexão profunda e definição pessoal, embasada em experiências e até mesmo em referências: autores, obras, histórias, casos etc. Finalizo com uma frase de Wallace Stevens (1879-1955) que se encontra muito bem com o tema: ―A maioria dos reprodutores modernos da vida, incluindo a câmera, na verdade a repudiam. Engolimos o mal, engasgamos com o bem‖.

Página 149 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Equipamentos melhores fazem fotos melhores?

O assunto não é novo, mas vejo que ainda habita a cabecinha de muitos fotógrafos iniciantes. Dentro da variável ―que câmera comprar‖, há muitas indagações sobre comprar os melhores equipamentos, na esperança de obter melhores fotografias. Até que ponto isso é verdade? Como grande defensora de métodos facilitadores, câmeras simples e valorização do aprendizado, sou uma daquelas que diz NÃO àqueles que querem mudar de equipamento sem antes dominar o equipamento anterior (se pedirem minha opinião, claro). Possuo uma câmera simples, de entrada e sou apaixonada por ela. Já ouvi por aí que consigo ―tirar leite de pedra‖, com as fotos que faço com a minha Nikonzinha. Mas pera aí, só porque a câmera é simples que as fotos saírem boas é assim tão surpreendente? Será que esta imagem acima ficaria realmente melhor se fosse capturada com uma Canon 5D Mark II? Ou foi o conjunto de técnica, sensibilidade, sorte de estar ali no momento certo e habilidade para captar a expressão da menina que fez essa foto se tornar meu cartão de visitas? Não digo que sensores com mais qualidade, que apresentem menos ruído, ou lentes com melhor qualidade ótica não vão melhorar a qualidade final da sua fotografia. Mas afirmo que de nada adianta um conjunto espetacular, se você não souber o que está fotografando, nem como está fazendo. Fotografia é arte e como toda arte, deve ser estudava, levada a sério e não é feita por qualquer um. Não basta apertar um botão para se denominar fotógrafo. O equipamento é só um intermediário. Que trabalha para você e faz com que você consiga atingir seus objetivos. A melhor pergunta para se fazer quando se quer mudar de equipamento é: ―O que ele vai me oferecer a mais, que meu antigo conjunto não possuía?‖ Se a resposta demorar a vir, é porque você não precisa da troca. Isso também se aplica àqueles que perguntam: ―Que lente preciso para fotografar melhor?‖ Bem, se você não sabe, é porque não precisa. Simples assim. Fazer uso dessa política, de quebra ainda te faz economizar uns trocados. Ótimo, não? Um exemplo (apesar de achar que vocês já entenderam, rs), que meu pai costumava me dizer, toda vez que eu apresentava a famosa neura de equipamento: ―Se você, que não é pintora profissional, fosse presenteada com o melhor conjunto de tintas e pincéis do mundo, ao mesmo tempo em que Pablo Picasso resolvesse pintar um quadro com tinta guache comprada na mercearia da esquina, quem você acha que se sairia melhor?‖ Essa explicação do meu pai nunca saiu da minha cabeça. Sempre que fico com aquela pontinha de raiva, pensando: ―Se eu tivesse uma câmera melhor, minhas fotos estariam bem melhores‖, paro e penso no exemplo do Picasso. E vocês, o que acham dessa afirmação? Acham que o equipamento faz o fotógrafo?

Por: Huaine Nunes

imagem Feita com a minha

Nikon D60 + 55-200mm f/4-5.6

Página 150 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

A fotografia é necessária

“A Fotografia é necessária… Se ao menos se soubesse para que?”

Com este encantador e paradoxal epigrama, o fotógrafo parisiense Nadar, em 1866, resumiu, ao mesmo tempo, a necessidade da nova arte e seu discutível papel dentro da emergente sociedade Industrial. A Modernidade adquiriu o hábito de tomar a fotografia como substituto do real e não como fotografia; como obra fotográfica; como construção imaginária e estética. Nesse sentido, o advento da fotografia permitiu o questionamento da dogmática clássica, substituindo a ―Arte Pura‖ pelo ―Discurso da Arte‖, devidamente inserido dentro dos novos propósitos, gerado pelas novas demandas desse momento histórico. A Fotografia antes de tudo é uma linguagem; um sistema de códigos verbais ou visuais; um instrumento de comunicação. A primeira função de toda a linguagem é ―significar‖, a segunda é ―afirmar o eu‖ e a terceira é ―comunicar‖. Desde os primórdios, o homem se apodera da natureza transformando-a. O trabalho é a transformação da natureza. O homem sonha com um trabalho mágico de transformação, sonha com a capacidade de mudar os objetos e dar-lhes novas formas e sentidos por meios mágicos. Trata-se de um equivalente, na imaginação, daquilo que o trabalho significa na realidade; o homem, a princípio, apresenta grande paixão pelo fantástico. O homem evoluiu por meio da utilização de ferramentas. Ele se aperfeiçoou produzindo novos utensílios. Não há ferramenta sem o homem e vice-versa. Os dois passaram a coexistir, indissoluvelmente ligados. A imaginação é a sua essência. Ela é tão importante para o domínio da arte quanto da própria natureza. Criar, desde o momento em que homem se tornou homem, sempre foi, antes de tudo, uma necessidade vital: algo como respirar. Com a Fotografia, pela primeira vez, a mão se liberou das tarefas artísticas essenciais, concernentes à reprodução das imagens que desde então foram apreendidas pelo olho fixado sobre a objetiva. No advento da Fotografia já estava contido o germe do futuro cinema, da televisão, das imagens digitais, dos novos discursos visuais e de outras tecnologias que estão por vir. Inaugurava-se assim, o instrumento mágico capaz de produzir sonhos… A Fotografia ressalta aspectos do original que escapam ao olho humano e só podem ser apreendidos por uma câmera que se mova livremente para obter diversos ângulos de visão. Graças a procedimentos como ampliação, velocidades lentas e outros recursos técnicos podem-se atingir realidades despercebidas por qualquer visão natural. Seus recursos na reprodução de imagens são capazes de criar efeitos ou situações que não são percebidos na cena real. Seu poder de impacto permite maior aproximação da obra e do seu espectador. A subjetividade que lhe é própria pode mentir, provocar, chocar, gerar cumplicidade, evocar sensações sensuais ou de dor, movimento, odor, som, etc. Proporciona prazer estético, e, também, manipular a opinião pública em favor dos interesses do próprio fotógrafo ou de seus respectivos clientes. Toda arte é condicionada pelo seu tempo em consonância com ideias, aspirações, necessidades e esperanças de uma situação histórica em particular. Mas ao mesmo tempo, a arte supera essa limitação e,

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Charles Beaudelaire, fotografado por Nadar,

Paris, 1863.

Página 151 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

dentro do momento histórico, cria também um momento de superação que permite continuidade no seu desenvolvimento. O próprio fotógrafo exercita um trabalho intelectual. Raciocina, sente e produz por meio de seu intelecto criativo, padrão cultural, técnica e experiência de vida. A boa fotografia é resultado de árduo projeto e não um mero ―acidente fotográfico‖. Ou, como afirma Henri Cartier-Bresson, ―fotografar é reconhecer, ao mesmo tempo e numa fração de segundo, um evento e a organização rigorosa das formas percebidas visualmente e que expressam esse evento. É reunir, no mesmo ponto de vista, a cabeça, o olhar e o coração‖. A Fotografia é um dos inúmeros modos de divulgar cultura e produzir conhecimento. A obra do fotógrafo não necessita de discursos e, menos ainda, das justificativas de seu autor. Ela antes de tudo, informa, fala por si mesma… Ela é auto-suficiente… É coesa, objetiva, bem lapidada… Esteticamente perfeita… Dispensa, aliás, tais adjetivos ou outras atribuições. Arte e fotografia andam juntas. Estão em plena cumplicidade. Por mais que se queira apreender a realidade em toda a sua amplitude, qualquer tentativa técnica é parcial, mesmo porque cada um de nós a concebe e interpreta de modos distintos. E tudo aquilo que não é real ou análogo, passa a estar a serviço das mitologias, das manifestações imaginárias, culturais ou artísticas contemporâneas. Originariamente, a preponderância absoluta do valor de culto fizera da obra de arte, sobretudo um instrumento mágico, restrito às elites de cada época. Muito mais tarde, até certo ponto, ela seria reconhecida como tal. Na modernidade, a preponderância absoluta de seu valor expositivo lhe empresta funções inteiramente novas. Entre as quais pode ocorrer que aquela da qual temos consciência – a função artística – apareça depois como acessória, meros produtos gerados pela indústria cultural, com o propósito de democratização do saber, já que a fotografia, e mais ainda o cinema, desde o seu advento, são claros testemunhos nesta vertente. Deve-se, contudo ponderar que toda a produção artística, cultural, intelectual ou mesmo cientifica, sempre se apresentou, de algum modo, antagônica. Ora, em sintonia com os interesses econômicos e políticos de seu respectivo momento histórico, ou como instrumento de contestação e superação. Portanto, a imagem fotográfica não é, a princípio, uma forma de arte. Como linguagem, ela é o meio pelo qual a obra de arte é realizada. A Fotografia é sempre uma imagem de algo. Está atrelada ao referencial que atesta a sua existência e todo o processo histórico que o gerou. Ler uma Fotografia implica reconstituir no tempo seu assunto, derivá-lo no passado e conjugá-lo a um futuro virtual. Assim, a linguagem fotográfica é essencialmente metafórica: atribui novas formas, novas cores e novos sentidos conotativos ou denotativos; comprova que a Fotografia não está limitada apenas ao seu referente. Ela o ultrapassa na medida em que o seu tempo presente é reconstituído, que o seu passado não pode deixar de ser considerado, e que o seu futuro também estará em jogo. Ou seja, a sobrevivência de sua imagem está intimamente ligada à genialidade criativa e ao potencial cultural e intelectual de seu autor. A mensagem fotográfica deve transpor sua condição documental, de verossimilhança e sempre transmitir algo mais forte, com maior impacto, que supere sua própria imagem. A Fotografia como toda arte contemporânea, é uma ferramenta de percepção para transformar e abrir novos horizontes. ILUSTAÇÃO: Baudelaire, expoente da intelectualidade parisiense desta época, jamais se conformou com o fato de que a imagem fotográfica fosse mais perfeita em relação às imagens produzidas pelas mãos de um artista.

Página 152 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 153 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Entrevista a Enio Leite - Um dos maiores nomes da educação fotográfica no Brasil

Paixão pela Imagem Fotográfica

O Dr. Professor Enio Leite além de colaborador no Fotografia DG é fotógrafo de imprensa desde 1967 e o fundador da FOCUS – Escola de Fotografia. Foram uma série de acções indirectas que levaram o Prof. Enio Leite a escolher a fotografia. «Adorava fotografar» e ver os resultados de fotógrafos europeus e norte-americanos, assim que podia ia a duas grandes lojas de fotografia admirar a panóplia de instrumentos disponíveis. Com 11 anos começou a fotografar ―como farra‖ dizia o seu pai, que sendo um entusiasta da fotografia e do cinema, dispunha de máquinas como Leica, Rolleiflex eContax, assim como um laboratório em casa. O campo da fotografia era recente e a falta de profissionais foram um impulso para Enio se destacar facilmente. Este Professor tem um currículo invejável para muitos fotógrafos e actualmente dá aulas em universidades, é fotógrafo independente em agências de publicidade e noticiosas.

A Imagem Fotográfica

Ser professor de fotografia é uma escolha que lhe permite construir conhecimento fotográfico dentro do universo do aluno. A imagem fotográfica, na perspectiva de Enio Leite, é constituída por uma semântica única e de importância assustadora que revela o orgânico e a alma do fotógrafo, mostrando uma interface entre a arte fotográfica, a psicologia e a arte. «Eu gosto da fotografia e o que se gosta faz se melhor», é este seu maior segredo. Actualmente a fotografia está numa situação excelente, em alta ebulição. No Brasil, com o advento da fotografia digital verificaram-se evoluções nas diferentes áreas. «Nunca escrevemos e publicamos tanto como hoje». A nível internacional a fotografia brasileira destaca-se na evolução do fotojornalismo, da fotografia de moda e publicitária, existindo ainda muito mais para ser conquistado. Para se evoluir na área da fotografia temos de pagar um preço cada vez mais alto e o crescimento é admirável, embora muito aquém do que precisamos e merecemos. ―Crescer dói, sangra e ajuda a expurgar os fantasmas e os falsos mitos. Crescer é saudável, é assumir riscos, é ganhar e perder, é arriscar para tentar acertar, errar, errar muito, mas aprender e ser humilde de coração e ousado nas pretensões.‖ E a fotografia brasileira tem falta de consciência de classe, ignorância política, cegueira profissional e despreparo para enfrentar animosidades e ser bem-sucedido num mercado que exige posições rápidas e competência a toda a prova. Acabou a era em que a fotografia era um emprego que dava para abrir uma loja e fazer umas fotos aqui e ali e atender clientes de última hora. Agora é necessário uma constante actualização, habilidade de trabalhar em diversas áreas da fotografia, de andar por diversos grupos, ter um conhecimento válido e oferecer uma contribuição única. O percurso que o Dr. Professor Enio Leite percorreu até atingir o seu actual status profissional, foi feito sem nunca ter renunciado nada que fosse importante na sua vida. Afinal, o que é a qualidade de vida? A qualidade de vida é estar onde quer, da forma que quer, ou seja, ter a sua mente no espaço físico que o seu corpo ocupa num dado instante. A dificuldade que mais lhe custou foi a perda de colaboradores, devido aos mais diversos motivos. Fugindo um pouco para a vida pessoal, O Dr. Enio Leite todos os dias tenta conciliar os papéis de pai, marido, filhas e profissional, é óbvio que alguém sai sempre a perder, não há uma fórmula mágica para evitar. O seu dia nem sempre cabe nas 24 horas, mas há uma procura por não decepcionar ninguém, e para tal chegou a trocar de roupa no carro, fazer a barba no trânsito, entre outras coisas. É um dia-a-dia atarefado, a sua agenda não lhe diz o que vai acontecer na próxima semana e anda sempre com

Por: Filipa Serralha

Página 154 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

telemóvel consigo porque é o meio que o permite estar presente quando está ausente. Mas afirma ―Sou muito feliz, profundamente feliz‖.

Rotina de Trabalho

Na sua rotina de trabalho os insucessos não passam ao lado, e quanto mais evoluí na profissão mais aumenta os insucessos. A escola que fundou a FOCUS ocupa-lhe grande parte dos dias, tenta sempre estar actualizado e ligado à Internet, este mundo que o permite estar em contacto com os quatro cantos do planeta. «O fracasso existe, embora seja bem menor que o acerto», a lei da profissão baseia-se no facto dos erros sejam evidentes aos olhos dos concorrentes. No que diz respeito aos cursos de fotografia disponíveis, afirma que tal como em todas as áreas há escolas melhores e outras deficitárias, e um aluno de uma escola melhor terá certamente mais chances no mercado de trabalho. Para aqueles alunos das escolas deficitárias o trabalho terá de ser duplicado, os alunos têm de estudar, fazer os trabalhos de casa, pesquisar, conhecer as tendências da fotografia, isto porque o mercado exige muito dos fotógrafos e aqueles que não estiverem preparados, sobreviveram. Aos fotógrafos falta o reconhecimento sociopolítico e profissional, que se deve à falta de participação em eventos fotográficos, quanto ao reconhecimento a nível sociopolítico falta a participação global da classe uma vez que sindicatos e associações não faltam.

Fórmula para o Sucesso

E por fim, perguntámos a Enio Leite a fórmula infalível para o sucesso. «Escolho as pessoas com quem quero estar, procuro cercar-me das melhores pessoas, principalmente quanto ao carácter». Exige muito de si, é directivo e cobrador e não esquece o que lhe fizeram de bom, o mau esquece. Quando olha para o seu percurso salienta o facto das coisas ruins não terem causado impacto negativo muito pelo contrário ajudaram-no. Gosta de ajudar e ser ajudado e aprecia compartilhar o sucesso dos outros e como professor está sempre presente nos primeiros passos do mundo profissional dos seus alunos, e isto é para Enio o que melhor pode fazer pela fotografia.

Página 155 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Senhoras e Senhores, com vocês, Clicio Barroso

Professor de Tecnologia. Consultor da Adobe. Consultor do SENAC/SP. Presidente da Associação de Fotógrafos Fototech. Colunista da revista PhotoMagazine. Colaborador eventual das revistas Fotografe, Fhox, Desktop, Publish, e da Photos & Imagens. Referência no mundo tecnológico. Assim podemos começar a descrever o fotógrafo brasileiro – nascido em São Paulo – Clicio Barroso. Sendo filho e irmão de publicitários, a imagem, especificamente a fotografia, entrou cedo em sua vida. No mercado de trabalho morou e trabalhou em New York, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Madrid, Lisboa e Atenas, fotografando editoriais de moda e publicidade. Clicio também é moderador e um dos ―experts‖ em Lightroom do Lightroom Forums. Como tem formação em multimídia, faz parte da National Association of Photoshop Professionals, da equipe de desenvolvedores do Lightroom nos EUA e é ―ACE-Adobe Certified Expert‖ nos aplicativos Photoshop e Lightroom. Para ―finalizar‖, o fotógrafo é membro do conselho curador do Paraty em Foco 2009 e 2010, e integrante da Rede Produtores Culturais da Fotografia no Brasil (RPCFB desde) 2009. Já escreveu ―Adobe Photoshop: Os Dez Fundamentos‖ ,―Adobe Lightroom: Guia Completo para Fotógrafos Digitais‖. Em uma entrevista para o Fotografia DG feita via e-mail, Clicio contou um pouco da própria história, das referências em fotografia, do que pensa sobre tecnologia e redes sociais e também deixou um recado para os leitores do portal. Confira abaixo: FOTOGRAFIA DG - Quando começou o interesse por fotografia? CLICIO - Desde pequeno, pois meu pai era diretor criativo em agências de publicidade, e eu costumava acompanhá-lo nas fotos; ficava fascinado com as câmeras e os resultados. Meu pai também fotografava, tinha uma Rolleiflex, e o primeiro filme que fiz na vida foi com esta câmera. FOTOGRAFIA DG - A carreira profissional teve inicio em 72, mas ainda era estudante da Camera Photoagenthur/ Nikon School of Photography. Que proveito tirou sendo assistente de câmera e de direção de cinema? CLICIO- Tirei da experiência de trabalhar em cinema todo o comportamento que me orientou profissionalmente. Acordar muito cedo, ter muita responsabilidade, não errar, acreditar em hierarquia e equipes de trabalho. A direção de cinema também foi fundamental, essencial na categoria em que logo atuei, a fotografia de moda. O cinema dá disciplina, faz-nos acreditar em trabalho duro, e o resultado pode ser poesia. FOTOGRAFIA DG – Qual a importância da quebra de paradigma da fotografia/digital? CLICIO - O maior benefício foi a sua popularização, bom para a fotografia mas não tão bom para o fotógrafo profissional de baixa qualidade. Por outro lado, a facilidade de se obter bons resultados, a distribuição eletrônica, a disseminação da cultura fotográfica e os diferentes usos que dela fazemos, são também benefícios incontestáveis. Sem dúvida uma evolução positiva. Eu pessoalmente não tenho a menor saudade dos filmes…

Por: Annelize Tozetto

Página 156 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG – Em entrevista feito pro programa No Olhar – da Tuiuti do PR – você afirma que não acredita que existiu uma prostituição da fotografia, mas sim uma globalização pelo próprio fenômeno da fotografia digital. Porém como se explica a enorme diferença para fazer um mesmo trabalho. Ou ainda, como mostrar para os novos fotógrafos o preço a ser cobrado? Porque muitas vezes, eles podem sentir medo de perder a clientela que está sendo formada ainda, não? CLICIO – Bem, cada um tem o mercado que merece. Acredito que mercado se cria e se educa. Não tenho nenhum interesse em concorrer com milhares de iniciantes que cobram R$50,00 por foto; o cliente que está disposto a pagar só isso não é o meu cliente; o problema é meu, tenho que achar, cativar e manter o cliente que me serve. Eles existem, é questão de esforço e capacidade. Se o fotógrafo de R$50,00 concorre comigo e pega o trabalho do ―bom‖ cliente com esse preço, ou não vai conseguir

entregar ou vai ter um enorme prejuízo. Isso ensina rapidamente para os novos que o preço a ser cobrado é aquele que cobre os custos, os impostos, as variáveis inerentes ao trabalho e ainda tem que dar lucro. Claro que isso tem que estar em uma planilha e isso muita gente não sabe nem como fazer… FOTOGRAFIA DG – Nessa mesma entrevista, você afirma que o Lightroom é específico para fotógrafo, diferente do Photoshop, que cresceu muito. Por que essa afirmativa? Como explicar para quem tem a referência o photoshop? CLICIO – O Lightroom foi feito para fotógrafos, por fotógrafos. O Photoshop foi feito para a indústria gráfica, e isso inclui ilustradores, desenhistas, criativos, arquitetos, artistas, videomakers, e até médicos e engenheiros. Hoje, 80% das minhas fotos são resolvidas muito satisfatoriamente no Lightroom, sem a necessidade de Photoshop. Mas quando é preciso, uso o Photoshop para recortes, fusões, filtros e efeitos especiais. FOTOGRAFIA DG – Qual a importância das redes sociais no mercado de trabalho do fotógrafo? CLICIO- As redes sociais são parte de uma rede muito maior, o marketing. Hoje, o marketing de serviços se mistura com o pessoal, e mídias sociais como Orkut, Facebook e Twitter funcionam muito bem para divulgação e formação de opinião. A minha resposta mais rápida, na verdade imediata, é a do Twitter. Ter 5 mil seguidores ajuda! FOTOGRAFIA DG – Quais as suas principais referências no mundo da fotografia? Como chegou até elas? CLICIO - São os grandes clássicos, principalmente os americanos; Richard Avedon, Irving Penn, Steichen, Robert Frank. Mas vejo tudo, leio tudo e vou a todas as exposições que posso; dos contemporâneos gosto muito da Cindy Sherman, Nan Goldin, David LaChapelle. Tenho uma excelente biblioteca, vejo os filmes, vou a reuniões de fotógrafos, aprendo bastante com meus alunos. FOTOGRAFIA DG – Como se sente sendo umas das principais referência – se não a maior -no campo de Fotografia Digital, especialmente em edição de imagens/portfólio? CLICIO - Não me considero referencia de nada, apenas gosto de tecnologia, estudo muito (por prazer e não por obrigação) e não tenho receio de compartilhar o pouco conhecimento que tenho com os outros. Informação é para ser disseminada, e não guardada em compartimentos escuros e sombrios. FOTOGRAFIA DG – Qual câmera fotográfica já teve/tem, lentes, qual as razões da escolha/e da troca.

Página 157 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

CLICIO - Procuro pelas melhores objetivas. Já tive Leicas com objetivas Leitz, Hasselblads com objetivas Zeiss, Sinars com objetivas Schneider, Pentax, Nikons, Canons, Sonys, Lumix. Hoje tenho uma Sony A900 com lentes Zeiss, Uma Nikon D700 com lentes Nikon, uma Lumix com lentes Leica. FOTOGRAFIA DG – Que mensagem gostaria de passar para os leitores e fotógrafos que acompanham o Fotografia DG? CLICIO – Que fotografia é uma linguagem; é poesia; para alguns, um meio de ganhar a vida; mas para qualquer um destes, estudar, se informar, e fotografar muito e sempre é fundamental.

Confira alguns trabalhos de Clicio Barroso

Página 158 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Lair Bernardoni - Romantismo feminino – uma resistente

Depois de uma pequena pesquisa sobre quais fotógrafas os outros fotógrafos do Brasil queriam que fosse entrevistada, nos deparamos com a catarinense, nascida em São Francisco do Sul, Lair Leoni Bernardoni, 71, casada, mãe de cinco filhos e filhas. Na bagagem, exposições internacionais em lugares como Buenos Aires (Argentina, 84), Montevideo (Uruguai. 84 e 89), Assunción (Paraguai, 84), Madrid (Espanha, 86), Roma (Itália, 86), Paris (França, em 87), Lima (Peru, em 89). Na década de 90 passou por New York e Washington (Estados Unidos), Wien (Áustria), Otawwa (Canadá) e Athina (na Grécia). Depois, em 2005, esteve com uma exposição no Chile, em Isla Negra. A fotógrafa catarinense também já teve suas obras expostas no Museu de Arte de Moderna de São Paulo (MASP). Com fotos voltadas ao que conhecemos como Foto Arte, Lair acredita que acima de tudo, deve-se ter estilo já que a cópia não leva a lugar nenhum. Autodidata. Ela divide a seguir com os leitores do Fotografia DG um pouco do seumundo fotográfico e revela que uma quarta obra fotográfica está a caminho.

FOTOGRAFIA DG – Quando começou a fotografar? Por quê? Lair Leoni Bernardoni - Em l982, numa cena de prova de vestido (eu tinha uma Maison de Alta Costura), mas sou filha de um pintor que à sua época teve renome no Brasil e cresci sempre envolvida com Arte. FOTOGRAFIA DG – Fez algum curso de fotografia? Onde? Lair Leoni Bernardoni - Não, sou autodidata- mas já fiz palestras e workshops. FOTOGRAFIA DG – O que fazia antes de trabalhar com imagens? Lair Leoni Bernardoni - Tive uma Maison de Alta Costura e decorava algum canto das casas que meu marido construía. FOTOGRAFIA DG – Pelas fotos (e pela logo do site) notamos a sua inclinação e paixão por Foto Arte/ Fine Art. Por que essa escolha? O que a motivou? Lair Leoni Bernardoni - Eu sou assim- imagino que a mulher tenha envolta de si um romantismo, que sei, tende a desaparecer, mas eu resisto FOTOGRAFIA DG – Qual o equipamento que usava quando começou sua carreira? Qual usa agora? Quais os motivos dessa escolha? Lair Leoni Bernardoni - Uma Nikon FE e é ainda com ela que faço as imagens que deram à minha obra notoriedade internacional. Temos uma cumplicidade alinhando meu coração junto ao cérebro dela. FOTOGRAFIA DG – Como vê o advento da fotografia digital? Lair Leoni Bernardoni - Era de se esperar pela velocidade que o mundo gira. Assim como o celular, ela tornou-se peça de resistência para qualquer pessoa.

Por: Annelize Tozetto

Casa das Rosas – Joaquim Araújo

Página 159 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG – Quais foram os lugares que você trabalhou? Conte-nos uma experiência marcante? Lair Leoni Bernardoni - Sempre trabalhei em casa, criando meus cenários e dedicando pró renascimento do Portrait que estava como Arte quase em desuso na fotografia. Depois quando busquei a Figura na Paisagem, ainda assim busquei na figura feminina a imagem etérea, soft, poética e só mais tarde me apaixonei doloridamente pela paisagem, por Janelas e Portas, mas nunca me desviei do clima lírico. FOTOGRAFIA DG – Você tem livros publicados. Qual foi a maior dificuldade enfrentada para publicá-los? Lair Leoni Bernardoni - Tenho três: Girassol, Giralua, onde começa meu envolvimento com as Letras. Depois, Pinceladas de Luz, que também foi nome de exposições ainda que em outros idiomas. Esta obra transcreve os Juízos críticos de pessoas de cultura e entendimento de Arte Fotográfica. E o terceiro, Asas Azuis, Poema Alado, também bilíngue e que já faz parte do acervo de grandes Bibliotecas e Museus. Não tive dificuldade para editá-los e intenciono ainda uma quarta obra. São obras em papel couche, a cores e alguns requintes de capa, sobre-capa e por aí vai. . . Deve ter poucos remanescentes na Livraria Curitiba. FOTOGRAFIA DG - Como a família encara sua profissão? Lair Leoni Bernardoni - São partícipes. Meu marido, mais especialmente, e minhas filhas são ainda modelos e agora já netas vem chegando mais perto do visor da Nikon. FOTOGRAFIA DG - Quais são suas referências fotográficas? Lair Leoni Bernardoni - Referências ou admiração? No Brasil me encantava a obra de Klaus Mitteldorf, porque ele fotografava o oposto do que sei fazer. Cores muito exuberantes. Eu gosto da luz de janela e ele do sol absoluto. FOTOGRAFIA DG – Quais as mensagens para os leitores do Fotografia DG? Lair Leoni Bernardoni - Me encanta que cada vez mais mulheres estejam com suas câmeras a tiracolo, mas não sou feminista, não. Sou muito feminina. Mas é fundamental que criem um ESTILO. A cópia não leva a lugar nenhum. Quando a Primeira Dama do Canadá e Gina Lolobrígida, duas mulheres de renome e fama apareceram como Fotógrafas nos anos 50, 60, imagino, espertou a coragem e a retaguarda de apoio e aplausos que promoveu a entrada da mulher na fotografia da metade do século 20. No século 19 e começo o século 20, foram algumas poucas brilhantes, todas, no entanto eram dedicadas ao Portrait e compuseram obras antológicas. A maior de todas aos meus olhos foi marcada e estigmatizada porque profissionalmente fez as imagens para a Grandeza do Terceiro Reich. Nascida em Agosto de 1902 usou como quase nenhum outro o Preto X Branco. Seu nome: Leni Riefenstahl- esta mulher criou imagens antológicas de técnica e perfeição e com os recursos parcos do ano 40- ou seja, muito limite para ser tão espetacular. Sua obra ligou-se a propaganda do Terceiro Reich e no pós guerra foi estigmatizada. Ela sequer era filiada ao partido, mas estava por demais envolvida pelas imagens, que é assustador, mas espetacular! Depois da guerra saiu de cena e mais tarde aos noventa anos foi fotografar o fundo do mar- maravilhosa também. Morreu não faz muito, aos 103 anos.

Página 160 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Mauricio Po - Entrevista exclusiva

Mauricio Po faz parte do seleto time de profissionais do Estúdio Brasil 2010 Mauricio Po, um dos maiores nomes do país em books fotográficos, fotografia de moda, editorial e catálogos, falou com exclusividade ao PORTAL PHOTOS sobre o amor pela profissão, a receita para o sucesso e o futuro dos books fotográficos. Po, que integra o seleto time de profissionais convidado para participar do Estúdio Brasil deste ano, contou ainda detalhes de sua participação no evento com o workshop ―Book para Profissionais‖. Confira! Em primeiro lugar, como surgiu a sua paixão pela fotografia? Quando a paixão virou profissão? Mauricio Po - Cresci dentro de um estúdio e a grande verdade é que nunca dei muita bola para a fotografia. Não tive esse período de ―paixão‖ que todos sentem quando descobrem a fotografia. Foi tudo muito natural, quando dei por mim já trabalhava com isso. É estranho pensar nisso, mas não tenho uma linha do tempo muito clara na minha cabeça. Quando penso no passado tenho ―flashes‖ de lembranças de alguns trabalhinhos do início, coisas bem simples, esporádicas e sem muito comprometimento – não com relação à qualidade ou responsabilidade -, mas no sentido de pensar ―essa é a minha profissão, preciso/quero viver disso‖. E, de repente, a lembrança mais recente que tenho já é de uma fase bem mais madura, já vivendo da fotografia. A fase do ―amor‖ e não da ―paixão‖.

Em 15 anos de profissão você já produziu mais de 2000 books fotográficos. Qual a receita para tanto sucesso? Mauricio Po - Difícil falar em receita, muito mais em sucesso! Acredito que é um conjunto de fatores. Determinação, paciência, humildade, vontade de aprender, planejamento, marketing e sorte, é claro! Creio também que essa ausência da ―paixão‖ tenha contribuído. É ótimo se apaixonar, mas a paixão nos cega. Acabamos fazendo as coisas sem se importar com o que, como, quando ou quanto. Tudo o que queremos é simplesmente fazer! É lindo e maravilhoso quando duas pessoas se apaixonam. Mas quando essa paixão vem de um lado só o outro lado não aguenta. Paixão mútua só existe entre pessoas! Acho que a fotografia (assim como qualquer outra profissão) precisa de amantes e não de apaixonados. O amor é mais racional, Nós amamos o que fazemos, mas temos o pé no chão, não nos sufocamos, pensamos mais, vemos os erros e somos capazes de progredir sem trocar os pés pelas mãos.

O que mais te motiva a trabalhar com moda e com a beleza? Mauricio Po - Muitas coisas. O contato com as pessoas, conhecer histórias, desejos, sonhos e fazer parte deles, trabalhar com o irreal. A fotografia de moda e de beleza é pura ilusão. Nada daquilo é real. A modelo que está na foto não é aquela mesma pessoa que chegou ao estúdio, o cenário não existe e, muitas vezes quando existe, é modificado pela produção. Trabalhar com essa realidade paralela é encantador, tenho muito dessa ―realidade paralela‖ em mim. Por muitas vezes me pego ―na lua‖. [Risos]. O que você mais gosta de fazer book pessoal ou new face? E qual a diferença básica entre os dois tipos de trabalho? Mauricio Po - Depende muito do dia e da pessoa que será fotografada. Tem sessões de fotos pessoais que são muito mais prazerosas que alguns trabalhos comerciais. É incrível pegar uma menina que não tem a menor pretensão em ser modelo e vê-la se doando completamente para a foto. A diferença é que o book profissional (modelo/ator) é mais técnico, existe um padrão de mercado. ―Tem que mostrar assim, desse jeito, dessa forma…‖ o que acaba limitando um pouco a vontade própria do fotógrafo. O pessoal é livre, pode fazer o que quiser, da forma que quiser (desde que o cliente também queira!). Ambos tem seus prós e contras. Enfim, não tenho preferência por um ou por outro. Você foi palestrante do Estúdio Brasil 2009 e, neste ano, irá participar do evento com o workshop “Book para Profissionais”. O que podemos esperar desse workshop?

Por: Editora Photos

Página 161 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Mauricio Po - Uma imersão total nesse mundo dos books. O Workshop é uma oportunidade de ver a coisa acontecer mais de perto, de poder fazer parte dela. A ênfase será na iluminação e na parte que mais ―pega‖ a galera: a direção de modelos. Um assunto que é tão temido pelo simples fato de não existir uma fórmula ou um manual. Vai de cada um, cada fotógrafo tem que descobrir e desenvolver sua forma de dirigir. Vou bater muito em cima disso. Os fotógrafos de moda ainda consideram a magreza como o ponto forte em uma modelo profissional ou isso tem mudado e outras características têm predominado? Mauricio Po - Eu particularmente não defendo a magreza. Eu sou a favor de se respeitar o biótipo de cada uma. Existem modelos magrelas incríveis, assim como existem modelos com mais corpo igualmente incríveis. Acho que para a fotografia, o importante é a capacidade de a modelo passar a imagem da foto e não qual manequim ela usa (claro que estou falando dentro de uma margem). Como você imagina o futuro dos books fotográficos? Mauricio Po - Sou muito otimista. É um mercado que já cresceu e ainda tem muito a crescer. Quando comecei as pessoas não acreditavam, tanto que todo o foco do meu trabalho era para modelos. O brasileiro não tinha a cultura de ser fotografado e quando era, a produção do material era de péssimo gosto! Hoje, esse cenário mudou. De uns dois anos para cá, mais da metade dos meus clientes são pessoas comuns querendo fazer um book para recordação, mas nos moldes dos books profissionais. Querem se sentir modelos, querem ter a foto ―capa de revista‖ como dizem. Para isso, é fundamental estar dentro do mercado da moda, o cliente está muito exigente. Tem muita gente oferecendo book – talvez hoje o mercado de book seja um dos que tenham mais fotógrafos atuando. Por outro lado, a grande maioria tem um estilo muito pobre, conhecimento ―zero‖ de moda, de tendência, de tratamento e principalmente de linguagem.

Página 162 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Erika Verginelli: a fotógrafa full time…

… mãe, esposa e filha que tem o dom de nos fazer sonhar, de querer ter uma família tão bonita e unida quanto à dela, que nos lembra o quanto a fotografia é uma arte para que façamos isso presente em nossas fotos, basta apenas sentirmos a energia positiva que está à nossa volta e dentro de nós. Ela se descreve como ―fotógrafa full time, mãe, esposa, filha… não necessariamente nessa ordem‖. Suas fotos envolvem sempre família, bebês, grávidas, crianças e casais, mas ela própria tem pouquíssimas fotos suas. Em seu blog é possível saber um pouco mais do dia-a-dia dela e também conhecer um pouco mais dos seus modelos preferidos: a filha Emanuella (dois anos) e

o filho Giuseppe (nove meses). Estamos falando de Erika Verginelli, brasileira nascida no Rio de Janeiro em 14 de fevereiro de 74 (atuais 36 anos), e que escolheu viver em São Paulo desde os 30. Cursou Química Industrial e Relações Internacionais, mas é formada em Propaganda & Marketing pela Universidade Estácio de Sá (RJ), e sempre gostou de fotografia. Mas a paixão veio à tona quando entrou para o Flickr. ―Não tem como não amar aquele site e se inspirar cada vez mais‖, revela. Seu primeiro trabalho foi o ensaio de uma família. Erika admite que isso é o que mais ama fotografar até hoje e de longe podemos notar o quanto ela acredita que a relação com a família é importante. Nas postagens ela sempre toca algum ponto que mexe com o coração das mamães e papais do pedaço. E ainda brinca: ―Quem me conhece sabe que sou simplesmente apaixonada por fotografia de famílias, bebês e crianças. Eu até brinquei no meu Twitter outro dia dizendo que chega a ser quase injusto eu ser paga pra isso‖. Pra ela não existem muitas dificuldades com o trabalho. Talvez apenas quando encontra uma pessoa mais tímida ou como dizemos por aí, ―mais travada‖. ―Até eu conseguir com que a pessoa se solte, demora um pouco. Isso normalmente acontece com os homens, que não gostam muito de estar ali, super comum… mas eu sempre dou um jeitinho e no final dá tudo certo!‖, conta.

Planejamento no trabalho e sonho realizado

Como publicitária aprendeu que fazer um planejamento da divulgação do seu trabalho é muito importante. É o que tem feito ultimamente já que há dois meses realizou o sonho de muita gente: ser fotógrafa em tempo integral. ―Foi um sonho conquistado! Nos últimos seis anos trabalhei como Gerente de Marketing e Branding e sou formada em Propaganda e Marketing.―. Isso fez com que ela conseguisse se organizar de maneira positiva no que diz respeito à fotografia. Somada ao trabalho, Erika também concilia a maternidade. No começo, ela admite que era mais difícil. ―Eu trabalhava a semana inteira das oito e meia da manhã até as cinco da tarde, chegava em casa e ia ficar

Por: Annelize Tozetto

Erika e sua filha Emanuella

Página 163 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

com meus filhos, dar janta, colocar pra dormir…‖ Só então, revela, que se voltava para o computador para responder emails de orçamento, tratar fotos, fazer álbuns, preparar post pro blog. ―Dificilmente dormia antes das três da manhã. E às sete horas estava de pé novamente para ir pro trabalho‖, diz.

Nos finais de semana? Bem.. nesses dias Erika ainda tinha sessões de fotos, não muitas, pois não dava conta e recusava vários trabalhos. Porém vira e mexe fazia sessões de fotos, dentre outros trabalhos de fotografia. ―Sem a ajuda e apoio do Gustavo, marido maravilhoso que eu tenho, isso não teria sido possível. Quase surtei durante dois anos, mas agora tudo está melhorando, pois tenho maior flexibilidade de horário‖, relembra. A crise com a fotografia teve um período de dois anos (os últimos dois). Ela se perguntava: ―Será mesmo que devo largar o meu emprego pra virar fotógrafa full time? E como fazer isso?‖. Mas a mãe da Emanuella e do Giuseppe corrige: ―Não foi bem uma crise (porque eu tinha certeza que era isso que eu queria), mas um conflito interno. É muito difícil deixar a carteira assinada pra viver como autônomo. Ainda mais depois que temos filhos, pois passamos a ter muitas despesas fixas‖, afirma.

Web, edição e fotografia no Brasil

A fotógrafa que veio morar na ―terra da garoa‖ depois de seu casamento, acredita que a troca de informações que acontece na rede é legal e muito válida. ―Adoro a troca de informações que tenho no Twitter com as pessoas que sigo e também com meus seguidores. Depois dele, não existe mais pergunta sem resposta. O Facebook tenho começado a usar bastante e estou gostando‖, revela. O único problema, segundo Erika, é que pode acontecer algum abuso de algumas pessoas por causa dessa proximidade do mundo virtual. Mas com ela nunca aconteceu nada de mais. ―Até pouco tempo, tinha uma página no formspring onde eu respondia várias perguntas, mas elas estavam um pouco repetitivas e básicas demais‖, conta. O exemplo dado pela fotógrafa é que algumas coisas que a pessoa podia facilmente pesquisar no Google, perguntava. Mesmo gostando muito de responder e ajudar, acabou por terminar temporariamente com o formspring. Além da própria família, a inspiração se baseia em vários fotógrafos. ―Difícil especificar algum. Gosto de várias fotógrafas no Flickr que são especializadas em fotografia infantil e também acompanho o trabalho de vários fotógrafos estrangeiros, sejam eles de casamento ou

especializados em crianças e famílias. Ultimamente tenho me inspirado bastante em lifestyle e editoriais‖, aponta. Porém, a fotógrafa revela que nos últimos tempos tem evitado olhar muito os blogs que acompanha pelo Google Reader. O motivo? ―Acho que isso tem prejudicado um pouco a minha criatividade. Tenho tentado não ter referências, assim tenho maior possibilidade de criar e me libertar de

Página 164 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

regras e modismos. Hoje em dia com a internet e blogs, isso é muito difícil porque está tudo muito na nossa cara né? Mas pelo menos tenho tentado não me deixar influenciar‖, confessa. Sobre edição de fotos, Erika é categórica: ―Eu edito todas as fotos que eu mostro pro cliente. Mas sempre tento fazer o mínimo possível pra não ficar over‖. Conhecida pela claridade e pelas cores das fotos (tons pastéis, delicados e ao mesmo tempo coloridos…, ―pelo menos é o que eu mais escuto por aí‖, segundo ela), continua: ―Sempre tento ao máximo fazer o certo na hora de fotografar para depois ter que mexer o mínimo possível no Photoshop‖. Ela revela que a sua fotografia melhorou muito depois que começou a fotografar no modo totalmente manual. Atualmente, acredita que uma das maiores dificuldades do fotógrafo brasileiro está atrelada a valorização (ou à falta de). ―Somos artistas e merecemos esse reconhecimento. Infelizmente muitos profissionais se prostituem e isso acaba prejudicando os fotógrafos sérios, que investem em equipamentos da melhor qualidade, caríssimos no Brasil, que investem em conhecimento fazendo cursos e workshops, que ficam horas estudando como editar suas imagens e que passam muito do seu tempo investindo em dar o melhor pros seus clientes: o melhor serviço, o melhor álbum, a melhor fotografia, a sua melhor arte‖, aponta.

Para finalizar entrevista, Erika deixa um recado para os leitores do Fotografia DG: ―Busquem a informação, não se contentem com pouco, queiram sempre saber mais e mais, o Google está aí para isso: para nos ajudar. Pratiquem e muito. Não se prendam muito em regras, experimentem e sigam sempre o seu coração e a sua intuição. É aí que está a arte, dentro de cada um de nós!‖

Página 165 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Kazuo Okubo – um voyeur por excelência

Fotógrafo marca sua estreia no evento com workshop de nu Neste ano, o tema nu sai do palco do Estúdio Brasil para o ambiente de estúdio dos workshops, com o consagrado fotógrafo brasiliense, Kazuo Okubo. Ele, que fala com muita naturalidade sobre seu apreço por observar o nu, é ainda mais extravagante na hora de fotografar. Em entrevista ao PORTAL PHOTOS, Kazuo conta detalhes de sua estreia no Estúdio Brasil 2010, com o workshop ―Fotografando Nu e Sensualidade‖ – um dos mais disputados da edição -, além de compartilhar com o leitor, que é fã de seu trabalho, um pouco da sua história na fotografia.

PORTAL PHOTOS – Você teve contato com a fotografia ainda menino. Como foi esse primeiro

contato e quando você percebeu que a fotografia não sairia mais da sua vida? Kazuo Okubo - Sou filho de fotógrafo e praticamente nasci em um cinefoto, que era do meu pai. Passei minha infância e adolescência no laboratório, atendendo clientes e revelando fotos. Quando fiquei mais velho, tentei negar esse fato e fui estudar engenharia, mas não levei adiante porque senti que aquilo, a fotografia, me puxava. Quando comecei a trabalhar como fotógrafo profissional, senti um prazer incrível. Esquecia que aquilo era trabalho, para mim era pura diversão e deleite. PORTAL PHOTOS – Hoje, em seu portfólio você acumula trabalhos reconhecidos e premiados para as principais agências do Brasil, além de trabalhar para clientes de peso. Existe uma fórmula para o sucesso? Kazuo Okubo - Acho que para todas as profissões a fórmula é a mesma: você tem que trabalhar muito, estudar bem aquilo que faz e dedicar-se ao máximo. É a construção de uma história tijolo por tijolo. A base de tudo é a confiança e a ética nas relações.

PORTAL PHOTOS – O que significa para você trabalhar o nu? Kazuo Okubo - Minha história com o nu começou desde muito cedo. Sempre gostei de observar os corpos, como se movem, como são as curvas do sexo. Eu sou um voyeur por excelência, e esse prazer em ver me faz sempre buscar novas formas de ver o nu. PORTAL PHOTOS – O tema nu sai do palco do congresso para o ambiente de estúdio dos workshops no Estúdio Brasil deste ano. O que podemos esperar do seu workshop? Kazuo Okubo - Neste workshop vou falar da minha trajetória como fotógrafo e de como comecei a fotografar o nu. Vou falar das influências, dos trabalhos que mais me impactaram e marcaram a minha alma e também vou abordar as técnicas de foto em estúdio, luz, foto ao ar livre e como produzir situações inéditas. Vou mostrar como lidar com o nu e ovoyeurismo e falar sobre a vulnerabilidade do modelo nu e a busca pela fotografia autoral. Os escritores publicam poemas, contos, artigos, romances. Nós, fotógrafos, reportamos o dia, uma história ou uma vida.

Por: Editora Photos

Página 166 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Ricca Marques: paixão por escrever com a luz desde sempre

Desde que se conhece por gente é apaixonado por fotografia. Começou com amadoras e por horas fotografava o que aparecia: festas, aniversários, churrascos, encontros de família e amigos, por um único e simples motivo: paixão. Ele nasceu em uma megalópole brasileira, aquela onde os registros de engarrafamentos batem qualquer lugar do país: São Paulo. Mais tarde foi para Jundiaí, interior do estado de São Paulo. Adora fotografar pessoas em situações reais ou produzidas. ―Não importa se está vivendo de verdade aquele momento ou interpretando… é o que eu gosto de fazer. O expectador tem que sentir que está interagindo com a cena, precisa refletir sobre aquilo que está enxergando‖, conta e emenda: ―Vejo minha fotografia como cenas de filmes congeladas, a pessoa que está observando tem que se envolver com aquele momento, tem que ter ação, reação, contraste, movimento‖. Falamos de Ricardo Marques (ou Ricca Marques), fotógrafo de Publicidade e Moda e que tem a formação inicial de Design Gráfico. Segundo ele, o amor pela fotografia aconteceu por

causa dessa outra profissão. ―Já atuo na área há 10 anos e ao viver uma experiência no departamento de marketing da Federação Paulista das Uniodontos (onde era responsável pela área de criação) me identifiquei muito com a fotografia profissional por acompanhar e coordenar as produções publicitárias da empresa‖, lembra. Como iniciou a carreira como Design precocemente, a fotografia era a oportunidade de fazer algo realmente novo, que pudesse ir além dos seus limites. ―Nessa mesma época tive contato com diversos fotógrafos experientes e a amizade permaneceu‖, revela. Marques ainda lembra que foi atrás de alguns fotógrafos, logo após ter adquirido a primeira câmera que para ele era profissional: uma Nikon D40. ―Meu maior desejo era aprender a fotografar de verdade e tive um feedback positivo. Como sempre atuei na área de publicidade e fazia muitos ‗freelas‘ de design, os trabalhos foram surgindo de forma gradativa. E aí não parei mais‖, conta. Tanto não parou que hoje tem a Ousy. ―É engraçado falar do nome Ousy. O nome surgiu quando eu e alguns amigos criamos um site de coberturas de balada, um bom tempo atrás! O site foi feito, mas o projeto ficou engavetado porque tínhamos outras prioridades profissionais.‖, conta. Mas o fato é que desde o primeiro trabalho como designer gráfico, surgiram muitos freelas, porém não tinha tempo para atender todos e compartilhava os trabalhos com os amigos. ―Surgiu daí a necessidade de criar um nome para identificar nosso trabalho, já que ficaria difícil ter uma identidade se cada um assinasse seus trabalhos, então o nome Ousy foi o aprovado pela turma e o adotamos

Por: Annelize Tozetto

Página 167 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

para identificar um núcleo de trabalho. Na época da Uniodontos não paravam os trabalhos por fora, permitindo que eu largasse o emprego fixo. O projeto Ousy, então, se transformou na minha própria empresa‖, relembra. O primeiro trabalho foi, segundo as palavras do próprio fotógrafo, ―Impactante e decisivo nas minhas escolhas na Fotografia e se refletiu no meu segmento de atuação. No começo, sem portfólio e ainda aprendendo o tempo todo, é muito difícil surgir trabalhos.‖. Então veio a idéia: começou a convidar amigas modelos para fazer seus novos materiais na base de troca. Mas nem por isso deixava de realizar os ensaios com profissionalismo. Corria atrás de tudo: ―equipe, locação, produção de moda, etc..―, lembra. Deu ―sorte‖: com esse portfólio inicial foi chamado para fazer um editorial de moda para o TCC de uma turma de formandos do curso Moda, na faculdade Anhembi Morumbi. ―Com o apoio da turma consegui produzir um trabalho totalmente diferenciado do que vinha fazendo. A turma cuidou de toda produção com embasamento técnico e auxílio dos professores da faculdade. Muitos deles atuam no mercado da moda e são profissionais respeitados. Conseguimos um resultado satisfatório que se refletiu na nota do TCC‖, conta.

A profissão de Designer e os desafios na fotografia

Lógico que fato de ser Designer ajudou e ajuda muito ainda. ―No começo costumava dizer que era muito mais designer do que fotógrafo, já que com a falta de experiência, muitos ‗erros‘ são cometidos. Erros que se fizeram fundamentais para eu melhorar a qualidade do meu trabalho‖, conta e segue em frente: ―De qualquer forma acredito que a pós-produção digital é imprescindível para o fotógrafo atual. Antes mesmo de fotografar profissionalmente, já fazia freelances de tratamento de imagens, onde os fotógrafos enviavam seus arquivos no formato RAW, então já tinha habilidade com Lightroom, Câmera Raw e todas as compensações digitais que eram necessárias‖. Outro fator que ajudou muito, segundo ele, foi a familiarização com os termos técnicos, como balanços de branco, temperatura, exposição, preenchimento e por aí em diante porque quando os amigos fotógrafos comentavam o trabalho e sugeriam mudanças, ele já sabia do que eles estavam falando. Ricca fala que o trabalho mais difícil que para ele é sempre o último. ―Recentemente fiz um catálogo de moda que foi importante para mim. No dia da produção tivemos um problema com a locação e nos vimos obrigados a repensar todo o briefing em pouquíssimo tempo. Dentro desse panorama de fácil e difícil, um fotógrafo e uma equipe de produção têm maior controle da situação dentro de um estúdio‘, acredita. Mas o fotógrafo ressalta que cada trabalho propõe novos desafios, que o bom trabalho acontece naturalmente se estivermos totalmente focados e, acima de tudo, entrosados com a equipe inteira. Se é purista na fotografia? ―Nem tem como ser purista, sou designer, né? Porém tenho sempre tentado apresentar cada vez mais naturalidade nas minhas edições, preservando as características naturais do modelo ou do objeto fotografado‖, descreve.

A rede e as inspirações

Marques é um fotógrafo antenado nas novidades da rede. Ele vê de maneira positiva a troca de informações: ―Além de aprender muito sobre fotografia, conheci profissionais maravilhosos, além de ter

Página 168 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

feito muitas amizades. Minha busca na rede está relacionada a esclarecer dúvidas sobre equipamentos e técnicas e observar o trabalho dos profissionais que admiro‖. Para esse profissional, ligado à publicidade e à moda, o estreitamento dessa relação através do twitter, por exemplo, pode fazer chegar diretamente na fonte e descobrir como um ou outro trabalho foi realizado. Lógico que ele vê os excessos. ―Principalmente em comentários positivos, dá para ver que pessoa está ali apenas para marcar presença. Procuro fazer isso de forma coerente, buscando os pontos positivos que poderão ser acrescentados na minha própria fotografia e os pontos negativos, para que o interessado possa reavaliar aquele trabalho através de outros pontos de vista‖, comenta. Além disso, usa o feed back das pessoas para corrigir falhas próprias que às vezes passam despercebidas. As referências de Ricca são, como ele mesmo reforça, magos da fotografia digital: Dave Hill e Jill Greenberg. Mantendo essa lógica, no Brasil, quem se destaca para ele é o Clicio. ―Além de um excelente fotógrafo, também possui uma habilidade ímpar na pós produção‖, ressalta e acrescenta mais uma lista de fazer tremer qualquer um: ―Costumo dividir minhas referências entre mestres consagrados da fotografia como Irving Peen, Helmut Newton e Patrick Demarchelier e alguns não tão conhecidos por todos: Hakan Celebi e Jan Masny, e os brasileiros como Jr. Duran, Bob Wolfenson e Jacques Dequeker‖.

Crise e mercado brasileiro

Apesar de toda essa inspiração na veia, na mente e principalmente no coração, o fotógrafo paulista já teve sua crise com a fotografia. ―Todo profissional, que realmente é apaixonado pelo que faz sofre, em algum momento com crises. Novos jobs trazem novas perspectivas e expectativas. E dessa forma, eu passo o tempo todo querendo me superar‖. Ele conta que, geralmente, quando busca novas referências sofre crises por achar que o trabalho dos outros está melhor que o dele. ―Outro dia um amigo questionou: ‗Porque a luz do outro é sempre melhor que a nossa?‘‖, lembra. Mas uma das maiores crises para esse profissional estava relacionada à aquisição de equipamentos. ―Num determinado momento, achei que precisava cada vez mais, para que pudesse desenvolver bons trabalhos. Mas cheguei à conclusão que na verdade tenho sempre que apresentar o meu melhor, independente dos equipamentos disponíveis‖, conclui. Ricca acredita que a maior dificuldade do profissional brasileiro está ligada à valorização. ―O mercado e as facilidades da fotografia digital permitem que qualquer pessoa com uma câmera se intitule fotógrafo. Isso torna-se uma grande desvantagem para muitos bons profissionais que estão realmente correndo atrás de conquistar seu lugar ao sol, estudando, investindo, batalhando‖. Com isso, segundo ele, fica muito difícil para o profissional que está iniciando buscar uma remuneração justa dentro do seu estilo e acabamos por ver muitos fotógrafos voltados à área de moda, por exemplo, migrando para fotografia social. ―Muitos dizem que o mais importante na fotografia é o olhar, mas na fotografia comercial, claro que o dom é fundamental, porém deve estar associado à técnica, habilidade e também a um bom equipamento, já que fotografia de publicidade e moda, exige cada vez mais qualidade final.‖, revela. O fotógrafo paulista destaca ainda mais uma dificuldade: ―iniciantes conquistarem um espaço no mercado comercial, onde estão as boas verbas, tendo um estilo mais autoral, pois o mercado não o absorve, tudo é visto como erro, ao contrário do que acontece fora do Brasil‖, fala. Para exemplificar, ele cita os ―erros‖ cometidos por ele e citados no começo dessa entrevista. Eles foram transformados em estilo de trabalho. ―Um bom exemplo são as sombras duras e marcadas que adoro usar. Ali eu enxergo volume, dramaticidade e mais realismo. Mas até incorporar esses ―erros‖ em estilo de trabalho, desenvolvi um

Página 169 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

trabalho ‗certinho‘ para poder começar a ter espaço nesse mercado tão competitivo‖. Com o know how de mercado e a credibilidade solidificada, de acordo com a fala de Marques, podemos adotar um estilo mais pessoal, que vire quase uma marca nas fotos. ―Mas no início de carreira isso não funciona. Vejo fotógrafos consagrados abusando do flare e dos ruídos, variando exposição e todo mundo acha lindo. É um profissional que tem um conceito e estilos próprios. Mas se um iniciante ousar dessa mesma forma será considerado um profissional ruim‖, lembra.

Para finalizar, Ricca Marques deixa um recado para os leitores do Fotografia DG e amantes de foto: ―Fotógrafos amadores ou profissionais, estão cada vez mais conectados. Vejo muitos profissionais admirando trabalhos dos chamados „amadores‟. Por isso quando vemos a fotografia como arte, cultura, evolução, temos que respeitar a todos, não só nas moderações aos comentários, mas em nossas próprias produções, indiferente às habilidades. O bom senso tem que vir em primeiro lugar. Hoje existem inúmeros canais para aperfeiçoar nossos conhecimentos, o próprio Fotografia DG tem um conteúdo incrível à disposição de todos. Se usarmos isso a favor da fotografia, no seu sentido mais amplo, indiferentes a interesses pessoais, teremos cada vez mais belas imagens para admirar e se envolver!‖

Página 170 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Dani Prates – Fotógrafa de família e infantil

Dani Prates. A fotógrafa de família e infantil, que encontrou seu ―olhar‖ de criança. É com enorme prazer que venho apresentar este novo formato de entrevista da FOTOGRAFIA DG. Como o objetivo aqui é disseminar informações sobre o mundo da fotografia; aprendizagem, lançamentos, eventos; resolvemos também abrir um espaço bate-papo e também expor trabalho de profissionais que ainda não estão nas grandes mídias, mas que também são dotados de muito talento, criatividade, ética e profissionalismo. Agora, ao menos uma vez por mês, estarei aqui apresentando entrevistas e trabalhos de tantos excelentes profissionais que a fotografia ganha a cada dia. Eles estarão falando um pouco da sua experiência profissional, do dia-a-dia da profissão, dando opiniões e muito mais.

A minha primeira entrevistada é a fotografa carioca Dani Prates: dona de um olhar único quando o assunto é criança e família. Colocando a criatividade em prática, ela vive em

busca do novo para adicionar em suas produções. O lema é: para cada trabalho uma idéia nova e um resultado diferente. E acredite, ela consegue. A busca da personalização também é sua marca, ou seja, ela molda o seu trabalho nas expectativas e identidade dos seus clientes. E o melhor de tudo é que na fotografia infantil e de eventos, ela consegue se ―transportar‖ para o mundo dos pequeninos para buscar uma visão de criança: um olhar verdadeiro, emocionante, brincalhão e espontâneo. Viagem agora para o mundo da fotografia familiar e de criança com a fotógrafa Dani Prates. FOTOGRAFIA DG – Como e quando a fotografia entrou na sua vida? DANI PRATES: Aprendi a fotografar com o meu marido, ele fazia por puro hobbie. Pouco tempo depois já estava trabalhando como fotógrafa. FOTOGRAFIA DG – Grande parte do seu trabalho é voltada para a fotografia de família (ensaios e books de gestante, infantil, família e eventos infantis). A opção por este segmento partiu de você? Como isso aconteceu? DANI PRATES: Com certeza foi uma escolha. Quando comecei a fotografar, meus filhos foram quase que por completo responsáveis por esta escolha. São 05 crianças e a inspiração veio deles. O universo infantil e familiar era toda a nossa rotina.

Por: Bruna Prado

Página 171 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG – Seu trabalho é marcado por ousadia no olhar, na forma de trabalhar e principalmente pela criatividade. Podemos dizer que vive a busca constante do novo. Como se dá esse processo no seu trabalho? DANI PRATES: Vivo em uma eterna busca pelo novo! Quando comecei o comum eram fotos em estúdio, quase não se via fotografias espontâneas, sessões externas. Queria algo que não cansasse as crianças. Hoje isso é comum, a maioria dos fotografos utilizar essa abordagem. Gosto de ousar, cada sessão é uma necessidade de criação, de inovação! Hoje é comum a busca de inspiração em colegas de profissão, porém eu prefiro outras fontes. Não que a fotografia de outros não me inspire, mas evito na medida do possível visitar blogs ou sites fotográficos quando estou no meu processo criativo. Abuso dos livros, das artes, da natureza, houve um ano que todas as minhas sessões tinham flores. Hoje por exemplo converso com os pais sobre a profissão ou características pessoais e as uso como base para as fotos. FOTOGRAFIA DG – Qual a importância da busca de uma linguagem fotográfica própria no resultado do seu trabalho e na visão dos seus clientes? DANI PRATES: Eu venho do varejo, passei anos da minha vida focada em personalização. Acho que a criação é um dos principais e melhores momentos que um fotografo viver e construir. Ter orgulho de algo seu, é único! É bacana saber que suas fotos possuem uma identidade, isso é o mais difícil e o mais prazeroso.

FOTOGRAFIA DG – Poderia falar um pouco sobre importância do fotografo social e de família na sociedade? DANI PRATES: Um tempo atrás esse segmento era para aqueles que não tinham mercado, o fotografo de eventos era mal visto. Quase que um invasor. Hoje ele precisa se fazer íntimo, atento. Mais que apenas registrar, ele é o retratista de uma verdade única, de um olhar absoluto. Lembranças e momentos eram no passado, descritos pela memória. Hoje o fotografo social e de família consegue registrar histórias com tamanha atenção, que conseguem descrever através da imagem a exata emoção de um momento.

FOTOGRAFIA DG – Falando um pouco de equipamentos, qual o set de que você atualmente utiliza. Essa escolha se deu por quais fatores? DANI PRATES: Meu equipamento é da marca Nikon. É comum me ver com uma Nikon D50 que não largo nunca, mas no trabalho uso uma D300S. Quanto as lentes meu set é composto das fixas 35 mm, 50 mm, 85 mm, uma ou outra tele-zoom (raramente). FOTOGRAFIA DG – O segmento de fotografia de eventos a cada dia ganha novos profissionais e interessados. Como você vê o mercado de fotografia de família e eventos diante disso? Poderia citar alguns pontos positivos e negativos dessa nova realidade? DANI PRATES: Nossa! Tanta gente! Para a fotografia só algo positivo, sem dúvida! A fotografia digital facilitou tudo e a internet foi sua cúmplice. Antigamente você só via o álbum de casamento da sua prima ou no máximo o seu quando se casava. Hoje é possível conhecer trabalhos do mundo inteiro! E

Página 172 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

mais, o aprendizado ficou mais fácil, tutoriais, dicas, sites, blog… Todos ensinam alguma coisa, é possível fazer pesquisa de equipamentos, comparativos, dentre outros. É uma profissão que conquista, mas viver dela não é fácil. É saber que viverá em uma eterna busca onde a segurança só vai depender de você. FOTOGRAFIA DG – Com a chegada dessa nova geração de profissionais e da era digital na fotografia, discute-se muito a importância do marketing para se destacar no mercado. Buscar especialização em gestão de vendas, comunicação e administração é necessário. Você acredita que este é o caminho para formar um negócio de fotografia e um fotógrafo? DANI PRATES: Vou me dar de exemplo. Nunca foi agressiva em marketing, uso o Blog para me comunicar com meus clientes. Uma vitrine para meu trabalho, mas é raro me ver vendendo meu ―peixe‖. Acredito no marketing, acho importante, mas não é o principal caminho. Tem que ser bom, não adianta Blogar, Twittar, usar o Facebook, anunciar senão tiver um bom trabalho. Um não vive sem o outro.

FOTOGRAFIA DG – Para toda essa nova geração qual seriam os “10 mandamentos” que você deixaria: DANI PRATES: Criatividade, Observação, Ética, Responsabilidade, Talento, Estudo, Investimento em equipamentos (no que for usar, pois não adianta ter ―mil‖ lentes sem saber o que fará com elas), Humildade, Caráter, Bom senso, Paciência, Teve mais de 10…

FOTOGRAFIA DG – Como é a rotina de vida de um fotógrafo de eventos e família? DANI PRATES: Difícil, muito difícil! Não só de família, mas em qualquer que seja o segmento. Controlar a ansiedade de seus clientes. Saber que todos os finais de semana e feriados você estará à disposição do trabalho, viagens e passeios de domingo serão cada vez mais escassos. Final de semana você estará fotografando e dia de semana você estará editando, respondendo aos e-mails, diagramando. Quando você tem um escritório fica um pouco mais fácil, mas geralmente a maioria trabalha em casa. Isso significa que ver TV, dormir cedo, ou algo do tipo você não fará mais. É quase

impossível ter uma rotina de casa. Você vai olhar seus emails de 5 em 5 minutos. Passará mais horas editando do que com sua família, você deve estar perguntando, ―então ser fotografo é ruim‖? Não! Com tudo isso, é maravilhoso!

Página 173 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Renato Miranda: A pessoa por trás do “I love my job”

Ele trocou a engenharia – algo dado como certo – aos 29 anos e se aventurou na fotografia para somente então se encontrar. Mas esse amor começou quando ainda criança ele se apaixonou pela ―Biblioteca da Natureza‖, da antiga revista Life. Queria porque queria saber que tipo de profissão era aquela que o fazia vontade de estar com os bichos, de conhecer a rotina daquele profissional. Tanto sonhou e lutou que conseguiu. Renato Rocha Miranda, 39, mais conhecido na rede como @i_lovemyjob, se tornou fotógrafo. E mais: trabalha para a maior rede de telecomunicação da América Latina, Rede Globo. Se antes era apaixonado por fotografia de natureza, hoje adora retrato e fica realmente feliz se puder juntar essas duas vertentes dentro da fotografia. No blog que ele mantém, dá inúmeras dicas do uso do flash.

Com formação inicial em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), fez vários cursos na antiga Visual Artes (atual Imagens e Aventuras) e workshops com Clicio Barroso. Hoje – além de todo otrabalho – cursa Direção de Fotografia na Escola Internacional de Cinema. E mais: toda terça-feira, 22 horas (no Brasil) realiza um bate-papo com fotógrafos pela twitcast.me, que pode ser visto via twitter ou pelo blog. Ele quer que, além dos brasileiros, portugueses participem. Tudo isso porque tem um grande sonho: integrar através do seu blog pessoas que falam português, estejam elas aqui no Brasil, em Portugal, na África, na Índia e até mesmo no Japão. A seguir, o nosso bate-papo com Renato, feito por e-mail: FOTOGRAFIA DG – Onde, como, onde e por que começou seu interesse por fotografia? I LOVE MY JOB: Começou quando eu era bem pequeno, meu pai comprou de presente para mim uma ―Biblioteca da Natureza‖, da antiga LIFE, que era separada em 16 livros com assuntos variados como: ―As Montanhas‖, ―Os Mamíferos‖, ―Os Desertos‖ etc. Eu li cada livro daqueles uma centena de vezes, mas ficava impressionado com as imagens, nem imaginava que havia a profissão de fotógrafo, mas batia uma vontade enorme de estar ali ao lado da pessoa que as fazia, de conhecer aquele lugar, de ver aqueles bichos, de falar com aquela gente. Curioso você me fazer

essa pergunta, porque foram esses livros que despertaram em mim a vontade de ser fotografo, só que eles sumiram lá de casa um belo dia, procurei-os em sebos, Ebay e livrarias por mais de 30 anos e semana passada, na comemoração do meu aniversario de 39 anos, os recebi de volta como presente. Minha irmã mais velha os tinha guardado e eu não sabia. Estão intactos, do jeito que os deixei da última vez que os li. Agora repousam na minha estante e me dão uma alegria e uma emoção indescritíveis. FOTOGRAFIA DG: Foi difícil a mudança da Engenharia para a Fotografia? Por quê? I LOVE MY JOB Foi dificílimo, eu tinha 29 anos e já era sócio de uma empresa junto com meu tio, que construía apartamentos caríssimos em Ipanema e Leblon, bairros nobres aqui do Rio, também já estava casado e não sabia como contar essa decisão para todos. As reações não foram boas, achavam que eu estava maluco por trocar algo concreto e certo por uma ―maluquice romântica e juvenil‖, que seria apenas mais um fotógrafo no mundo e eu mesmo me cobrava se teria talento para essa nova profissão, se

Por: Annelize Tozetto

Tarcício Meira

Página 174 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

conseguiria me manter com a fotografia. Só que estava imensamente infeliz, e eu tinha que tentar…e tentei! FOTOGRAFIA DG: Onde fez seus cursos e qual deles gostou mais? Foi o de Natureza? I LOVE MY JOB: Fiz os primeiros na Imagens e Aventuras e o de Natureza foi o que mais me aproximava das imagens que via naqueles livros, meu sonho era ser fotógrafo da National Geographic. FOTOGRAFIA DG: Como foi o período que ficou sem arranjar nenhum trabalho? Dúvidas surgiram? Críticas por parte de amigos, familiares? I LOVE MY JOB : Fiquei um ano sem arrumar trabalho, as únicas imagens que tinha eram de uma expedição fotográfica ao Nepal que fizera um ano antes, dúvidas e dívidas surgiram. Rsrsrs. Não escutava muitas criticas, mas sabia que lá dentro as pessoas estavam receosas, continuavam a me achar um maluco inconsequente. Cheguei a me afastar um pouco das pessoas por receio de ouvir essas críticas, mas no final alguns amigos até me elogiaram por ter tido a coragem de ir atrás de um sonho.

FOTOGRAFIA DG: Seu trabalho… o primeiro deles? Qual a sensação que ele te deu e qual ele te dá até hoje? I LOVE MY JOB : O primeiro trabalho profissional foi fotografar o programa ―NO LIMITE 3‖ , da Rede Globo, gravado na Ilha de Marajó, no Pará. Fiquei com um medo absurdo, pois pela primeira vez na vida fazia algo que nunca tinha feito, com pessoas que não conhecia e com uma nova máquina digital (uma saudosa Nikon D1) que nunca havia utilizado. Mas como queria ser fotógrafo sabia que aquele era o meu desafio, que era a prova que eu precisava para me testar e até hoje sinto que fiz a decisão mais certa da minha vida, basta uma imagem boa para eu ficar feliz o dia todo.

FOTOGRAFIA DG: Como é trabalhar para a Globo? Quais os trabalhos que mais foram prazerosos de fazer? E a equipe? I LOVE MY JOB: A Globo é a maior empresa de telecomunicações da América Latina, uma das 5 maiores do mundo, o trabalho é imenso, intenso e feito em uma velocidade descomunal, já conheci metade do mundo graças às viagens que faço e com e empresa aprendi que excelência não é uma virtude, mas um hábito. Entrei cru e foi a equipe que me ajudou bastante nesses anos de convivência, aprendo muito sobre luz e produção observando outros profissionais trabalhando, é uma senhora escola de vida. Eu amo o que faço, então não dá para te contar qual foi o mais prazeroso, consigo tirar prazer de todos eles, todos acabam me ensinando alguma coisa. O mais prazeroso é o próximo trabalho! FOTOGRAFIA DG: E o interesse por flash? Surgiu onde? Pergunto isso porque não são todos os fotógrafos que gostam de flash, e mesmo aqueles que gostam, nem todos sabem lidar. Qual é a importância, segundo você, sobre o flash? I LOVE MY JOB: O interesse pelos flashes surgiu das necessidades diárias, trabalho em vários tipos de ambientes e situações de luz, sempre com pedidos de retratos específicos e nem sempre tenho a minha disposição a luz mais perfeita de todas. Vendo o trabalho de outros fotógrafos como Joe McNally, David Hobby, do Strobist, percebi que o flash podia me salvar de situações com uma iluminação ruim ou que podia fazer a realidade que eu via mudar graças ao flash. Como trabalho sozinho e não posso carregar muito peso, ter um flash a mão me ajuda bastante. Para o meu tipo de trabalho, o flash é indispensável. E sua importância está no fato dele permitir o primeiro contato do fotografo com o comportamento único da luz.

Nepal

Página 175 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG: O que falta no ensino do flash? I LOVE MY JOB: Falta ele ser corretamente ensinado. Os manuais não ensinam nada, só complicam, os fabricantes vendem o flash como um acessório que dispensa o pensamento do fotógrafo, basta clicar e ele faz tudo sozinho, o que não é verdade, as informações disponíveis na internet ou em alguns livros são cheias de erros crassos, como por exemplo, afirmar que o numero guia do flash é o indicador de potência do aparelho. No I LOVE MY JOB mostro como isso é fisicamente impossível e como a simplificação do que já era simples afastou o fotógrafo da compreensão de todos os fatores que ele precisa para entender o comportamento da luz e do flash. Um flash portátil é a porta de entrada para o conhecimento da luz e essa compreensão é universal, os conceitos aprendidos com os flashes podem ser levados para um estúdio, onde se usa equipamentos diferentes, mas os conceitos são os mesmos. Ele existe para ser seu amigo, não inimigo. Por isso os chamo de ―cães‖ no blog, os melhores amigos de um fotógrafo.

Debora Nascimento (atriz) e Claudia Raia

FOTOGRAFIA DG: Seu blog conta o dia-a-dia do seu trabalho, em uma espécie de diário de bordo com dicas fotográficas. Qual foi o alcance dessa perspectiva de blog? I LOVE MY JOB: Eu comecei a escrever o blog como um acervo para mim mesmo, nunca imaginei que ele seria lido por tanta gente justamente pela linguagem simples com a qual escrevo. A ideia do blog era reunir algumas experiências minhas para que eu pudesse revê-las em qualquer canto onde estivesse, uma espécie de referência on-line para novas idéias a partir das já testadas. Mas a propaganda boca-a-boca aliada à velocidade das redes sociais fez com que ele ultrapassasse qualquer objetivo inicial. Hoje ele é acessado por gente do mundo inteiro, me assusto com os locais de alguns emails que recebo, já li gente me escrevendo até de Bangladesh e depois do Brasil, Japão e Portugal são os países que mais acessam o I LOVE MY JOB, juntos eles representam metade da audiência do Blog. FOTOGRAFIA DG: O que espera conseguir com o I LOVE MY JOB? I LOVE MY JOB: No primeiro artigo do blog eu conto que gostaria que ele fosse um ponto de encontro para a troca de experiências entre fotógrafos aqui no Brasil, mas como te contei acima, não acreditava que isso fosse possível até pela minha ignorância inicial sobre a velocidade das redes sociais. Aqui no Brasil o I LOVE MY JOB é bem conhecido, mas como vejo que brasileiros em todo canto do mundo e falantes da língua portuguesa também acessam o blog, tenho como objetivo reunir todos eles em volta do blog. Quero que os fotógrafos do Brasil, Japão, Portugal, das ex-colônias portuguesas na África e até na Índia possam trocar informações e experiências. O Brasil é resultado de um caldeirão de misturas, quero ver essa mistura novamente só que na fotografia. Recentemente coloquei a possibilidade do conteúdo ser traduzido para qualquer língua com o toque de um botão, graças ao Google Translator, óbvio que a tradução não será perfeita, mas a essência do que escrevo está ali e com o avanço da tradução on-line a minha expectativa é que o blog alcance cada vez mais leitores ao redor do mundo. O I LOVE MY JOB fala sobre

Página 176 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

a paixão humana pela produção de imagens, isso está dentro do nosso DNA, não importa em que lugar o leitor viva, e tento mostrar que não se precisa de muito ou caríssimos equipamentos para se criar uma boa imagem, já nascemos com o melhor de todos os instrumentos: olhos, coração e cérebro. Adoraria saber e ver que o que eu escrevo ajudou na criação de um retrato com flash feito por um fotógrafo angolano, em uma foto macro feita por um morador de Lamego (que já visitei aí em Portugal), um ensaio externo de moda em Goa feito com os flashinhos e assim por diante. FOTOGRAFIA DG: Com quanta frequência você faz workshops? Quando começou a fazer e por quê? O que precisa? I LOVE MY JOB: Não há como manter uma freqüência precisa por conta das peculiaridades do trabalho na Rede Globo, não tenho uma rotina fixa e trabalho também durante os finais de semana, então é difícil programar algo com antecedência, normalmente a cada semestre tem um workshop aqui no Rio, começo a receber emails me perguntando quanto acontecerá o próximo, aí sinto que é a hora de fazê-lo. Comecei a fazer o WS entre amigos e fui formatando o curso até encontrar uma fórmula que parece ser a ideal: simples e objetivo, direto ao ponto. Consegui tirar férias longas agora e estou aproveitando o tempo livre para estabelecer contatos em várias regiões do Brasil e até em Portugal e no Japão. Já fechei workshops aqui no Rio, Recife, Vitória, Brasília, Cuiabá e estou conversando com fotógrafos de Portugal para montarmos um workshop no país. Preciso de muito pouco: são 2 dias de curso, o primeiro é uma aula teórica onde falo sobre os flashes e explico sua programação e uso e no segundo é a parte prática e análise das fotos. No link abaixo os interessados em levar o curso para seus países ou estados podem ter todas as informações de que precisam: http://www.ilovemyjob.com.br/blog/o-workshop/ E quem quiser saber mais detalhes ou se comunicar comigo diretamente pode escrever para o meu e-mail:[email protected]. Acredito que a única saída para melhorar o mercado fotográfico como um todo está na educação, meu sonho é espalhar o I LOVE MY JOB por todos os cantos possíveis, quero ver até onde esse sonho pode nos levar. FOTOGRAFIA DG: O que acha da troca sobre fotografia que acontece na rede? I LOVE MY JOB: Vejo a troca acontecendo entre grupos fechados e pequenos perto do potencial que a Internet tem e penso que a rede facilitou muito a exposição das fotos, mas a carência de informações básicas para quem está começando ainda é muito grande e observo mais preocupação com o equipamento e maneirismos digitais do que com o ato de clicar. O volume de fotos expostas também é muito grande o que dificulta a percepção mais apurada e a criação de um estilo próprio. FOTOGRAFIA DG: Prefere edição ou é um purista? I LOVE MY JOB: Prefiro resolver os problemas na hora em que estou clicando, comecei a fotografar na época da transição entre o filme e o digital, então me acostumei ao hábito de parar e pensar na foto no momento em que ela está sendo feita. Na Globo clicamos, em média, 300 fotos por dia, não há tempo disponível para tratar esse volume todo e muitas vezes fazemos a imagem e ela é imediatamente enviada ao jornal ou revista. Ela tem que sair perfeita no momento do clique. Uso programas como o Lightroom e Photoshop, mas entendo que eles são ferramentas para separar o joio do trigo e ―revelar‖ a sua foto no modo digital, acho que o pensamento ―depois ajeito isso no Photoshop‖ não contribui muito para a evolução do fotógrafo e as chances de se tomar um caminho errado e ter um resultado completamente diferente do que se pensou no início pode levar a alguns enganos. Como em tudo na vida, são ferramentas poderosíssimas, mas penso que devem ser usadas com prudência e, principalmente, bom gosto. FOTOGRAFIA DG: Qual a maior dificuldade hoje para o fotógrafo brasileiro? I LOVE MY JOB: O preço dos equipamentos é ―salgado‖ por conta dos impostos e fora da realidade brasileira e a quantidade de gente que compra uma DSLR e passa a se considerar ―fotografo‖ é imensa, mas o processo inteiro está viciado, da mesma forma que em uma ponta existe gente despreparada

Página 177 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

clicando, na outra tem gente descuidada comprando, o que não forma um mercado clássico, mas um leilão injusto e cruel. Não é bom para ninguém, todos acabam perdendo. FOTOGRAFIA DG: O que mais gosta de fotografar? Por quê? I LOVE MY JOB: No início de minha carreira adorava fotografar Natureza, é engraçado que nas minhas primeiras fotos você não vê um vestígio da presença humana, era natureza pura e crua. Hoje me sinto feliz fazendo fotos no meio do mato, me desligo do mundo, mas o trabalho na Globo e o contato com o flash me ajudaram na paixão por retratos também. Se eu conseguir reunir em um trabalho a possibilidade de fazer um retrato no meio do mato, aí você verá alguém bem feliz trabalhando…rsrrss.

Fernanda Machado e Minissérie – Hoje é dia de maria

FOTOGRAFIA DG: Quais são suas referências? I LOVE MY JOB: Basicamente os grandes pintores, acho que o fotógrafo tem que gastar sola de sapato visitando museus, observando quadros e esculturas. Os maiores gênios da humanidade deixaram em suas telas todas as dicas de direção e qualidade de luz, posicionamento de modelos em relação à iluminação e uso da perspectiva que perturbam fotógrafos até hoje. Vermeer, Rembrandt, da Vinci, Goya, Michelangelo, Caravaggio , entre outros, eram ―tocados por Deus‖, tinham uma sensibilidade além do possível, um estudo de qualquer quadro deles vale por um curso de fotografia. Mas entre fotógrafos curto Irving Penn, Ansel Adams, Helmut Newton, Avedon, Walker Evans, Edward Weston, Weegee, Koudelka, Nadar, Clicio Barroso, Leonardo Aversa, Miro, Trípoli, entre vários outros. FOTOGRAFIA DG: Deixe uma mensagem pros leitores do DG I LOVE MY JOB: Quero agradecer a presença dos leitores portugueses no I LOVE MY JOB, abri até uma galeria no Olhares para facilitar nosso contato: http://olhares.aeiou.pt/ilovemyjob E se não fosse muito abuso, pedir que vocês me ajudassem na divulgação do blog em Portugal, acredito que da mesma forma que ele vem ajudando fotógrafos iniciantes aqui no Brasil, pode fazer o mesmo em Portugal. Ver que esse sonho está rompendo barreiras e fronteiras é muito gratificante. No mais, desejo sucesso a todos! http://www.ilovemyjob.com.br/blog

Página 178 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Kirsty Mitchell - fotógrafa e fashion designer

Após enfrentar o momento mais difícil de sua vida, a fotógrafa e fashion designer Kirsty Mitchell encontrou nafotografia uma maneira de expressar seus sentimentos e mostrar um trabalho que reúne dedicação e amor. Ela ensina a beleza da arte de fotografar e mostra como esta arte pode transformar a vida das pessoas. Kirsty une em suas fotografias seu talento como fashion designer realizando toda a produção do figurino e adereços com materiais ―crus‖ e os torna verdadeiras obras prima e o esplendor dos lugares exóticos que procura para cadafotografia em específico. Em seu blog a fotógrafa mantém um diário onde posta a produção de suas peças e fotografias, através dele você pode conhecer mais a fundo o que Kirsty quer transmitir com a relização dos seus projetos de trabalho. FOTOGRAFIA DG - Como e quando você decidiu se tornar uma fotógrafa e como você desenvolveu seu estilo de fotografia? Kirsty Mitchell - Eu ―caí‖ na fotografia quando eu estava me recuperando de estar muito doente em 2007. Era uma maneira de lidar com um monte de novas emoções e experiências que eu tinha, e por alguma razão eu comecei a tirar fotos de pessoas quando estava indo para o trabalho com uma pequena câmera digital que eu levava na minha bolsa. Foi uma distração no início, mas rapidamente cresceu e se tornou uma obsessão total. Eu tinha estudado fotografia quando eu era muito jovem na Faculdade de Artes, mas me frustrei com o lado técnico, e acabei me tornando uma estilista em. Mas esta nova experiência da fotografia digital me permitiu ser completamente espontânea e ―livre‖. Eu poderia tirar uma centena de fotos por dia e não importava se ficavam boas ou ruin, apenas me concentrei na emoção, no momento, e a razão pela qual eu sentia ao capturar essa pessoa. Me senti sem limites, foi uma libertação para eu me expressar.

Cerca de seis meses depois, minha mãe foi diagnosticada com um tumor no cérebro e, de repente meu mundo caiu. A fotografia se tornou minha terapia quando eu já não podia falar com mais ninguém sobre o que eu sentia. Eu passava horas andando pelas ruas tirando fotos, tentando dar sentido às coisas, era uma maneira de ser deixado sozinho e me deu tempo para pensar. Como ela piorou eu virei a câmera em mim, e tirei vários auto-retratos.Meu trabalho ficou muito emocional, foi a única maneira que eu sabia como tirar fotos, era só eu mostrar do lado de fora, como eu me sentia por dentro. Tragicamente minha mãe morreu em novembro de

2008 e seis meses depois eu comecei um grande projeto em sua memória (Wonderland), que completa agora 17 meses. É baseado no presente que ela me deu – sua imaginação e histórias que ela lia para mim como uma criança. É uma coleção de estranhas personagens de histórias inexplicáveis – um mundo que eu criei para fugir de …. me perder quando a minha vida real era tão terrível e triste com a dor. Então

Por: Jéssica Tavares

Página 179 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

o meu desenvolvimento tem sido conduzido inteiramente pela experiência pessoal e emocional, eu nunca me propus a ser fotógrafa, nunca tentei achar um estilo - é apenas a evolução natural que tem acontecido comigo. É triste, mas foi um grande despertar e difinitivamente tem mudado minha vida. FOTOGRAFIA DG - Você desenvolveu uma técnica para tirar suas fotos ? Kirsty Mitchell - Não, eu crio todas as minhas fotos reais e esta é a razão pela qual eu faço tudo sozinha. Não existem truques inteligentes com as minhas fotos ou edição, basta ver o que estava em frente de mim quando eu apertei o botão do obturador. Eu acho que compreender a luz natural é muito importante – escolher o momento certo do dia para a imagem que você está. Mas, principalmente, para mim trata-se de caçar locais extraordinários. Recebo muitos e-mails me perguntando onde estão as árvores nas minhas fotos, mas eu nunca digo. FOTOGRAFIA DG - Você cria toda a produção para as suas fotos, como é construir cada parte de sua foto e depois ver tudo pronto? Kirsty Mitchell - Faço tudo nas fotos, todos os adereços, as roupas e os cenários. Eu não trabalho com designers ou estilistas, e esta parte do projeto eu levo muito, muito a sério. Para ser honesta eu não me vejo como uma fotógrafa, eu me vejo como uma artista que registra o resultado final no formato de fotografia. Fazendo tudo na fotografia é fundamental para o que eu faço, e é um trabalho muitas vezes maior do que tirar a foto em si. É a minha maneira de pintar, só que a vida real, com pessoas reais – Espero que isso faça sentido! É muito trabalhoso! A maioria dos acessórios são feitos de nada, são materiais crus – papel machê, arame, papelão e madeira. Os tecidos são tingidos à mão, e Elbie o cabelo e make-up artist vai fazer perucas e apliques especiais para os personagens também. Eu também gasto muito tempo tentando encontrar os itens extraordinários que darão à imagem algo inesperado. Costumo ir a feiras vintage e lojas de antiguidades, e passo horas no eBay à procura de tesouros esquecidos, bizarros

que poderá contribuir com minhas ideias. Isso significa que pode demorar até um mês para me preparar para apenas uma foto, mas o resultado será perfeito no final, exatamente como eu imaginava, o que é muito importante. Às vezes eu simplesmente não posso acreditar que realmente consigo fazer tudo! FOTOGRAFIA DG - Quanto tempo demora para você fazer uma produção como Wonderland? Kirsty Mitchell - Parte superior do formulário Wonderland não está terminado ainda. Até agora tem levado 17 meses que estou produzindo, e provavelmente será concluído por volta de abril do próximo ano. Esta produção vai acabar como um livro e uma exposição em Londres. Não é um processo rápido, mas isso é bom porque significa que temos imagens de todo o ano – da neve, no verão, o amanhecer, a noite etc – tem sido uma verdadeira jornada, e que eu amo tão ternamente. FOTOGRAFIA DG - Qual o seu fotógrafo favorito e porque? Kirsty Mitchell - Eu amo o trabalho de Tim Walker por a sua imaginação, eu acho que nós compartilhamos uma

Página 180 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

idéia muito semelhante do mundo. Eu também adoro o seu uso de cor – a moda de alta costura, brotos me interessam muito. Mas eu também adoro o trabalho de Sally Mann e a força e a beleza da fotografia ―pura‖, onde o foco é sobre a beleza natural e a emoção do sujeito. A fotografia é tão diversa, e eu a amo de tantas formas, encontro-me inspirada por tantas pessoas,e estou constantemente surpresa com a forma como todos se comportam na frente da câmera. FOTOGRAFIA DG - Tenho certeza que a sua fotografia inspira muitas pessoas, o que você diria a eles para ir além da imaginação (assim como você faz)? Kirsty Mitchell - Para mim a maior lição foi quando minha mãe morreu. Me trouxe uma sensação muito forte de mortalidade, e o impulso para parar de sonhar e apenas fazê-lo. Você só tem uma vida, para torná-la melhor. Comecei maravilhas com nenhuma idéia real sobre o que eu estava fazendo. Eu fiz os adereços das coisas que eu encontrei, realmente sucata velha. Qualquer coisa que ninguém mais queria, é incrível como tinta spray pode mudar alguma coisa! Eu não tinha nenhum equipamento de iluminação e então eu aprendi a visitar locais em diferentes momentos do dia para ter a luz que eu precisava. Forcei-me a levantar de madrugada, ou sair na neve …. para pular em lagos sujos, ou subir escadas altas, tudo para conseguir as imagens que eu

precisava. Isso mudou a minha vida, e eu conheci tantas pessoas incríveis fazendo isso. Eu perdi minha mãe, mas ganhei uma visão completamente nova do mundo, e eu sou muito grata por isso. O trabalho é duro, mas não me arrependo de nada, algumas vezes você só precisa prender a respiração e dar este passo, e eu encorajo a qualquer um que siga seu coração e experimente! Conheça melhor o trabalho da fotógrafa Kirsty Mitchell em www.kirstymitchellphotography.com

Página 181 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia molhada, fotografia abençoada!

―Por vezes parece que o mundo te foge e que o tempo passa demasiado rápido‖. É este o sentimento com que Tiago Ribeiro fica quando falamos desta fotografia. Intitulou-a de ―Spinning‖ e acabou por ser das suas favoritas do Projecto 52, para o qual tirou uma fotografia por semana ao mesmo modelo, o seu amigo Rui Silva.

Esta fotografia foi tirada no Norte do país, em Braga (Portugal), onde Tiago fez a grande maioria das captações para o dito Projecto 52. ―A ideia surgiu-me de uma forma bastante espontânea. Quis transmitir a mensagem de que nem sempre conseguimos controlar tudo. Às vezes é melhor deixar acontecer‖, explica o engenheiro de software de 26 anos, que só em 2008 comprou a sua primeira máquina, uma Canon 400D. Para esta foto, muniu-se de uma Canon 5D Mark II, com uma objectiva Canon 50mm 1.4f e não quis tripé, recorrendo apenas à luz natural e usando a abertura máxima ―para obter uma profundidade de campo mais reduzida, aumentando assim o impacto visual‖. Mas nem tudo correu como esperado no momento da captação: o modelo acabou por ficar ―em pior estado do que a máquina‖, pois quando chegaram ao local a chuva atacou sem piedade, e só lhes permitiu fazer três ou quatro fotografias. ―Tive sorte porque uma delas coincidiu com a passagem do carro cujas luzes se vêem ao fundo dando-lhe um efeito especial‖, confessou Tiago, deixando também escapar que a chuva ―acabou por dar uma expressão ainda maior à fotografia‖ e que esta é uma das suas preferidas de todas as que tirou ao longo de um ano para este projecto. A fotografia foi capturada em formato RAW, o que permite uma maior gama de cores. Posteriormente foram feitos alguns ajustes a nível de contraste, cores e brilho. Os cantos foram escurecidos e a claridade na cara aumentada, de maneira a centrar as atenções no sujeito e a dar-lhe um maior nível de detalhe. Acima de tudo, Tiago gosta de captar as pessoas e as expressões únicas que cada um consegue criar. Apesar disto, encontramos nas suas galerias fotografias muito diversificadas e diferentes entre si, que na sua grande maioria nos provocam um ―uau‖ espontâneo, e nos deixam de boca aberta. ―Como fotógrafo, tento tornar visíveis coisas que não o são. Só assim consigo acrescentar valor a momentos que podem parecer banais.‖ Quanto às suas inspirações deixa-nos algumas (http://www.flickr.com/photos/fixe/favorites/) que nos podem ajudar a perceber de onde vem tanta criatividade, e qual o segredo para fotografias com tanto impacto, às quais nos colamos de imediato, sem termos tempo de perceber porquê.

Por: André Santos

Página 182 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Outros trabalhos de Tiago Ribeiro

Conheça mais trabalhos de Tiago Ribeiro na sua galeria do flickr: http://www.flickr.com/photos/fixe/

Página 183 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Jorge Bispo revela: “Gente. Só sei fotografar gente”

Ele não se importa com técnica, estilo ou qualquer outra coisa. O que o fotógrafo brasileiro e carioca Jorge Bispo, 35, quer, é ser absorvido pela imagem. Filhos de diretores de teatro e formado em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele conta nessa entrevista que a fotografia surgiu em sua vida muito naturalmente, que tudo que aprendeu foi na prática e com a ajuda do fotojornalista Alcir Baffa e afirma que considera a troca de informações na rede divertida e estimulante. Seu sonho? Ter uma revista só sua.

FOTOGRAFIA DG – O que te levou à fotografia? Jorge Bispo: De certa maneira fui criado em volta de arte. Meu pai e minha tia eram diretores de teatro. Do teatro pra fotografia foi uma passagem natural. Algo que começou como hobby ganhou cada vez mais espaço e quando vi era fotógrafo.

FOTOGRAFIA DG - Fez algum curso específico de fotografia ou não? Se fez, onde e por quê? Jorge Bispo: Nunca estudei fotografia. Aprendi na prática e com a ajuda de um grande fotojornalista que muito me estimulou, Alcir Baffa. FOTOGRAFIA DG – Qual foi seu primeiro trabalho profissional? O que sentiu e o que sente ainda ao falar dele? Jorge Bispo: Honestamente não tenho a menor ideia… Mas deve ter sido um book de ator ou um evento sem grande importância. Mas na época deve ter sido muito útil para pagar meu aluguel…

Por: Annelize Tozetto

Página 184 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG – Como surgiu a ideia de fazer o Ensaio “Vestido de Noiva”? E o “Unself Portrait”? Jorge Bispo: O ―Vestido de noiva‖ partiu de uma encomenda de um ensaio para uma revista feminina. Tive essa ideia com um parceiro e amigo Edu Roly, stylist. No fim guardamos essa ideia pra gente e produzimos outro trabalho para a revista. Quanto ao ―Unself Portrait‖ é algo que pensei em fazer de tanto as pessoas solicitarem fotos minhas. Com minha timidez foi uma ideia que tive para não ter que posar e trabalhar um pouco essa questão. Mas não considero ele um trabalho realizado e tenho bastante dúvida sobre algum mérito que ele tenha. Parei de fazer e deixei na gaveta. Já tá lá tem alguns anos. FOTOGRAFIA DG – Como começou com seus trabalhos para Trip, Vogue, Playboy Brasil , Trace Urban… e ai por diante? Como é trabalhar para todas essas revistas de referência? Jorge Bispo: A minha entrada com força no mercado editorial se deu depois de fazer o Curso Abril de Jornalismo. Depois disso com portfólio debaixo do braço as coisas começaram a rolar. E uma revista vai puxando a outra. Eu adoro revista, sou apaixonado. Adoro um jornaleiro. Pra mim é sempre um prazer. Meu sonho ter uma revista minha.

FOTOGRAFIA DG – E as exposições, qual marcou mais? Por quê? Jorge Bispo: Duas marcaram muito. A do ―Vestido de noiva‖ em Buenos Aires, 2004. Participei de uma leitura de portfólio e o convite da galerista nasceu daí. Foi ótimo levar esse trabalho pra lá e só descobrir no dia da vernissage que a galerista não sabia que aquelas pessoas eram atores conhecidos no Brasil. A outra foi uma coletânea de retratos meus ―Portraits du cinema Bresilien‖ em Bruxelas, Bélgica no ano de 2007 FOTOGRAFIA DG – O que considera essencial em uma fotografia? Explique seu ponto de vista. Jorge Bispo: Fundamental pra mim é força, energia. Não me importo com técnica, estilo ou qualquer outra coisa. O que me prende em uma foto é seu poder. Quero ser absorvido pela imagem. É subjetivo. Mas pra mim é fundamental. FOTOGRAFIA DG – Que equipamento usa na hora de fotografar? Com qual começou? Jorge Bispo: Hoje em dia trabalho com uma Canon 5D Mark2. Comecei com uma Nikon F4 e trabalhei muitos anos com uma Hasselblad 501.

Página 185 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG – Como o advento digital modificou a fotografia? O que ela ganhou? E o que perdeu? Jorge Bispo: Mudou muito o processo de trabalho e principalmente o tempo. Ganhamos em agilidade. Hoje em dia finalizo um trabalho em um dia, antes poderia levar uma semana… Essa agilidade foi o principal ganho ao lado da popularização da fotografia e da diminuição dos custos. Acho ótimo que mais e mais pessoas fotografem. Acho que a principal perda também vem dessa popularização e dos baixos custos: a vulgarização e banalização do clique. Antes tínhamos que fazer dois retratos com um rolo de filme. Hoje em dia as pessoas fazem oito gigas de foto pra tirar um retrato… Ninguém aguenta ver tanta foto.

FOTOGRAFIA DG – O que mais gosta de fotografar? Por quê? Jorge Bispo: Gente. Só sei fotografar gente. Preciso da troca no momento do clique. Adoro esse momento. O desafio, o jogo de interesses. Essa energia. FOTOGRAFIA DG - O que acha da troca de informações que acontece na rede? Jorge Bispo: Acho divertido e estimulante. Adoro ter esse retorno imediato que a internet proporciona. É sempre bom discutir opiniões e perceber as diferenças que existem. FOTOGRAFIA DG – Qual sua mensagem/dica para os leitores do Fotografia DG? Jorge Bispo: Não sou o tipo de cara que gosta e acredita em dicas. Mas o que acho mais importante pra um fotógrafo é bagagem cultural e cultura visual. Esqueçam técnica e equipamento. E o velho conselho do Nelson Rodrigues é sempre bom em qualquer área da vida: Envelheçam. Saiba mais sobre Jorge Bispo no seu site pessoal em www.jorgebispo.com e siga-o no twitter @jbispo.

Página 186 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 187 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Dicas para Orçamentar correctamente um trabalho

fotográfico

1º Ponto – Analisar as competências técnicas necessárias para a concretização do trabalho Apesar de nem sempre pensarmos nesta questão, acredito que possa ser a base e o primeiro ponto a analisar na realização de um trabalho. A pergunta é simples, até que ponto este trabalho é exigente? Todos temos consciência que existem tipos de fotografia que exigem mais competência técnica que outros e existem projectos que nem todos os fotógrafos têm capacidade para concretizar. Não devemos aceitar trabalhos que não sejamos capazes de realizar com qualidade. Antes de aceitarmos um trabalho devemos ter a certeza de que somos capazes de realizar aquilo a que nos estamos a propor. O ideal é perdermos umas horas e fazermos uns testes antes da aventura e se virmos que não somos capazes, recusar o trabalho. É pior desiludirmos um cliente com um trabalho mal feito, do que sermos honestos com o cliente e dizermos que não somos capazes. E se referenciarmos um outro profissional capaz da nossa confiança para fazer o trabalho, ou mesmo subcontratarmos, garantimos a fidelidade do cliente. O ideal, para não metermos os pés pelas mãos, é investirmos num portfólio. Experimentarmos tudo o que somos capazes de fazer. Este portfólio será uma excelente ferramenta de aprendizagem para nós próprios, uma excelente apresentação para os nossos clientes e funcionará como um limitador. Definirá a nossa lista de competências, e os trabalhos que aceitamos e os que recusamos. Devemos disciplinar-nos e não deixar que a ganância faça com que apresentemos um mau trabalho. E se nos propõe um trabalho que nunca fizemos, temos duas hipóteses: ou temos tempo para melhorarmos as nossas competências a tempo de realizar o trabalho ou recusamos o trabalho e entretanto melhoramos as nossas competências para não recusarmos numa próxima oportunidade. Depois de analisarmos a dificuldade do trabalho, devemos definir os nossos honorários enquanto fotógrafos. Como exemplo, a fotografia de pequenos objectos plásticos não requer a mesma competência técnica que a fotografia de jóias ou de pratas. O valor deverá ser definido por hora e deverão ser cobradas horas inteiras de trabalho. A cobrança do valor por hora ajuda-nos a gerir situações de peças mais exigentes, face a situações de peças mais simples de fotografar. Demora menos tempo fotografar 80 peças iguais do que fotografar 20 peças com características completamente diferentes.

2º Ponto – Analisar o mercado É importante sabermos que preços os outros fotógrafos praticam e a qualidade do trabalho final que apresentam. Hoje em dia conseguimos consultar a maioria dessas informações online. Devemos comparar o nosso trabalho e os preços que pretendemos cobrar de uma forma crítica. Analisar se o nosso trabalho é de qualidade superior ou inferior e se temos alguma mais valia a oferecer ao cliente. Essa mais valia pode manifestar-se das mais diversas formas: tempos de concretização, proximidade, disponibilidade, suportes disponíveis, etc.

Por: João Sofia Santos

Página 188 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

3º Ponto – Considerar o equipamento necessário para a realização do trabalho Devemos disciplinar-nos e separarmos o valor dos honorários do fotógrafo do valor do equipamento. Mesmo que o equipamento necessário para a realização do trabalhos nos pertença devemos considerar uma taxa de desgaste/manutenção do mesmo. Normalmente, faço as contas a 5% do valor do equipamento por cada 8 horas ou dia de trabalho. Se for necessário o aluguer de equipamentos extra, devemos já ter uma boa relação com os locais onde realizar esses alugueres e conhecer as disponibilidades assim como ter preços actualizados. O equipamento a utilizar e/ou a alugar deve ter sempre em vista as necessidades do cliente. Por exemplo, se o cliente precisa de uma imagem para web 150x150p, não tem qualquer sentido cobrarmos uma exorbitância de manutenção de equipamento porque temos uma máquina de médio formato ou mesmo uma fullframe. Devemos ser sempre flexíveis e razoáveis nos valores.

4º Ponto – Ter uma equipa de trabalho estruturada e que se articule bem connosco Na criação do nosso portfólio devemos aproveitar para juntar e testar uma equipa de trabalho. Não é boa ideia fazer experiências num trabalho para um cliente, por vezes os egos e as vontades individuais podem criar um mau ambiente e resultar num péssimo resultado final. Mesmo que estas experiências impliquem algum investimento, é importante encara-lo como isso mesmo, um investimento. Devemos conhecer as capacidades e vontades dos nossos colegas de equipa, assim como os honorários que pretendem cobrar e a sua disponibilidade. É importante separar uma relação profissional de uma relação particular. Se por acaso, um dos membros da equipa tem uma relação directa ou intima connosco, essa não deve influenciar os comportamentos que temos no ambiente de trabalho. A disciplina, é novamente, a palavra de ordem. Existem vários papéis a desempenhar numa equipa para a concretização de uma imagem: o fotografo, o assistente, o produtor, o criativo, o maquiador, o modelo, o técnico de iluminação, etc. A necessidade de todos estes profissionais prende-se exclusivamente com a necessidade do trabalho e com a capacidade de um dos membros desempenhar mais do que uma função. (Nota: A descrição destas e de outras funções será publicada noutro artigo.)

5º Ponto – Necessidades da equipa (deslocações, alimentação e estadias) Por vezes os profissionais esquecem-se de que a equipa também precisa de alguma manutenção. Se um trabalho é feito fora do local de contratação (o nosso estúdio) é importante considerar os custos de deslocação do fotografo e/ou da equipa. Normalmente, se utilizarem carros particulares, costumo contabilizar os custos a 0,39€ por Km. Caso seja necessário ou mais viável o aluguer, contabilizo os custos do aluguer, mais as portagens e o combustível. Se o trabalho dura mais do que um meio-dia, é importante considerar os custos de alimentação para todos os envolvidos.

Página 189 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Se o trabalho implicar estadias para algum dos profissionais, também é necessário contabilizar esses custos.

6º Ponto – A adaptação aos diferentes tipos de fotografia Fotografia de Produto – devemos fazer as contas a todos os pontos, excepto o 5, e dividir o custo por peça. O Ponto 5 deverá ser facturado à parte. Fotografia de Moda – normalmente é apresentado um valor global da sessão, fazendo o custo sempre a um mínimo de 2 horas.

7º Ponto – Cada um manda na sua casa Estas sugestões são apenas resultado da minha experiência enquanto fotógrafa e da relação que estabeleci com a minha equipa e com os meus clientes. Por vezes, não se adaptam à realidade que encontramos num trabalho específico. É importante sabermos analisar com sensatez cada um dos desafios que nos aparecem pela frente. Infelizmente há fotógrafos que trabalham com valores demasiado baixos e outros com valores demasiado altos. Devemos saber tomar decisões de forma a mantermos a estabilidade da nossa empresa e uma relação de honestidade com o nosso cliente final.

Agora passo a passo Considerar:

as nossas capacidades e limitações,

os equipamentos realmente necessários para a concretização do projecto,

a equipa necessária,

o mercado e a situação económica do nosso cliente alvo. Contabilizar:

os nossos honorários,

os gastos com equipamentos ( manutenção ou aluguer),

os gastos com a equipa ,

as despesas extra. Apresentar:

o valor num formato adaptado ao tipo de serviço que vamos concretizar,

honestidade na adaptação destes valores às particularidades do trabalho,

uma visão realista das necessidades do cliente. Contactos Essenciais Estúdios de aluguer – www.imagememarca.com (Porto) & www.infinitystudio.pt Base de dados de profissionais de fotografia – www.ptvanity5.com Site para contratação de designers e retocadores de imagem freelancers – www.elance.com

Página 190 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Cansei, mudei de profissão, virei fotógrafo!

Trabalhadores largam carreiras e vão atrás de novos desafios em busca de boas remunerações e motivação. Cansado do alto nível de estresse, Silvio Cunha, de 43 anos, abandonou a área de computação em busca de mais qualidade de vida. Já o então técnico em eletrônica Felipe Prado, de 25 anos, jogou tudo pro alto atrás de algo que lhe desse mais satisfação. Os dois não se conhecem e muito menos trabalharam juntos. No entanto, eles têm um importante fator em comum: largaram uma carreira sólida e tiveram a coragem de partir rumo à outra profissão. Pode parecer incomum, mas muitos trabalhadores ou mesmo executivos bem-sucedidos agem desta forma porque perdem o gosto pelo ramo em que atuam. Para especialistas em recursos humanos, muitos tomam essa importante decisão em busca de desafios. E, como consequência corre atrás de melhores remunerações, sempre aliada com mais qualidade de vida. ―A mudança foi uma forma de resgatar minha motivação‖, confidencia Silvio, que migrou para a área de fotografia. Já como fotógrafo especializado no ramo, ele analisa que a perda de gosto pelo trabalho é o momento para trocar de profissão. ―Antes de tudo, nosso trabalho deve nos proporcionar prazer. Melhor remuneração e mais qualidade de vida são consequências do processo‖. Felipe tinha uma carreira traçada numa empresa de som para veículos. Ele despontava a ponto de ser incentivado a estudar engenharia pela própria companhia. Mas as aulas só serviram para mostrar que estava no caminho errado. Assim, depois de relutar muito, decidiu seguir seu antigo sonho, a fotografia. ―Perdi o entusiasmo na medida em que o tempo passava‖, relembra. A escolha por ingressar em uma escola de fotografia foi feita com base na sua facilidade em aprender coisas novas. Apostou na nova chance e tornou-se fotografo, no final de 2007. Hoje, Felipe é fotografo e editor de revistas especializadas em vídeo, games e informática. ―Não me arrependo da minha decisão‖. A vontade de ter uma vida menos intensa também é um dos grandes motivos para trocar de profissão. O fotojornalista Pedro Scalco, explica que muitos buscam uma atividade mais rentável, mesmo sem almejar grandes cargos. ―Isso acontece após os 35 anos, quando a pessoa começa a pensar apenas nos ganhos‖ afirma. A consultora Betina Alves esclarece que muitas pessoas optam por trabalhar ao lado de bons profissionais, com outras cabeças, principalmente do campo de criação e fotografia publicitária ―Por isso, mudam para outras áreas atrás de desafios‖, observa.

O novo profissional precisa se preparar antes O Consultor Julio Andrade, de 43 anos, não se contentou em trabalhar num único ramo. Ele foi muito mais além. Trocou duas vezes de profissão atrás de novos desafios. Sua carreira começou na área de processamento de dados. Depois, passou pelo setor de negócios e, na nova alteração, atua no segmento fotográfico. Julio destaca que atuava como analista no extinto Banco Garantia, em 1989, quando se interessou pelo fotojornalismo. Tomou gosto e se enveredou no mundo da fotografia de moda. ―Essa oportunidade abriu minha mente em busca de melhores remunerações‖, afirma Julio, que trabalhou nessa área até 1998. Em seguida, migrou novamente para o ramo de gestão de empresas, em 1999, após fazer pós-graduação na USP e mestrado na FGV. Hoje, Julio trabalha com sua consultoria de moda. ―A experiência no banco me transformou numa pessoa mais ambiciosa‖, comenta. Antes de se tornar especialista em fotografia de culinária, o consultor de recursos humanos Silvio Cunha, de 43 anos, tinha uma vida diferente. Em vez de lidar com clientes e alimentos, ele tinha uma bem-

Por: Annelize Tozetto

Página 191 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

sucedida carreira como analista de sistema. Por 19 anos, Cunha – enquanto programador de sistemas -montava redes de computadores para grandes empresas. Para entrar nessa área em 1984, ele se formou em técnico em eletrônica. Mesmo assim, decidiu arriscar-se numa nova vida profissional. ―A escolha por uma instituição de ensino altamente especializada, acaba fazendo a diferença e reduz seu tempo de aprendizado‖. Ele afirma que a vontade de mudança já vinha de algum tempo. ―Aproveitei uma dificuldade para tomar essa decisão‖, revive Silvio, ao se referir à crise enfrentada pelas empresas de internet, em 2003. Desta forma, ele fez um curso profissionalizante de fotografia. Por um ano, conciliou as duas áreas para fazer uma migração gradativa para um ramo de atividade. ―A escolha por escola sérias, renomadas, com prestigio e conceito no mercado são determinantes‖, avisa. Nesta nova profissão, altamente tecnológica, ainda há espaço para auto-didatas? ―Sim‖, responde Enio Leite, da Escola Focus. ―Como em qualquer outra profissão do universo digital. Mas, há atalhos: o aluno recém formado por uma boa instituição de ensino, está melhor preparado e compete em nível de igualdade com fotógrafos profissionais autodidatas, atuantes no mercado há mais de 15 anos‖, explica.

Como migrar de profissão

2. Planeje ao máximo a mudança para poder enfrentar as dificuldades de forma mais tranqüila. 3. Escolha uma atividade que tenha mais domínio ou familiaridade para que tudo dê certo. 4. Migre gradativamente para a nova profissão como forma de fazer uma transição e se acostumar

com as mudanças. 5. Tenha uma boa reserva de recursos para poder se sustentar durante a migração em outro ramo. 6. Procure informações com um profissional da área em que pretende migrar para fazer um bom

planejamento. 7. Coloque um objetivo bem foiçado antes de começar a promover as mudanças para evitar possíveis

fracassos. 8. Tente sempre agregar valores, inclusive as adquiridas na experiência profissional anterior. 9. Busque sempre ser o melhor e os bons resultados porque é preciso provar seu valor,

principalmente no início da nova carreira. 10. Tenha muita humildade e reconheça sempre quando errou para aprender. 11. É necessário paciência para esse recomeço. A ansiedade pode atrapalhar. 12. Escolha sempre boas escolas, com conceito e tradição de mercado. O nome da escola é como

seu sobrenome, te acompanha o resto de sua vida.

Página 192 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotógrafo, por onde começar?

Especialistas dão dicas para conseguir estágio Currículo atualizado, dinamismo e segurança são as qualidades mais consideradas pelos entrevistadores. Para quem já está inscrito em escola de fotografia, o estágio pode ser uma boa oportunidade para ingressar no mercado de trabalho – talvez a principal. Além de proporcionar experiência prática ao estudante, ele é capaz de associar o conteúdo dado em sala de aula com a realidade da profissão. Então, prepare o currículo e comece bem a sua carreira. Daniella Correa, consultora de recursos humanos da Catho Online, explica que os candidatos devem estar preparados para ter mais chances de contratação: ―O currículo deve estar sempre atualizado, com informações objetivas. Também é importante fazer cursos específicos e complementares para a área desejada, ler revistas e jornais, pesquisar portais de fotografia, para estar atualizado com os principais acontecimentos. Conhecimentos gerais são sempre avaliados.‖ Além de distribuir currículos nas empresas, é importante se cadastrar em sites específicos e investir na rede de contatos. ―As empresas buscam profissionais nos sites de integração, e estar cadastrado pode garantir oportunidades ao estudante‖, lembra Eduardo de Oliveira, superintendente de operações do CIEE (Centro de Integração Empresa Escola). Emprega São Paulo e o Centro de Solidariedade ao Trabalhador são boas referencias. Já contratei bons profissionais, vindo destas fontes.

Lei de Estágio

Tempo. A duração não poderá exceder dois anos.

Horário. Limite máximo de seis horas diárias e 30 horas semanais. Nos cursos que alternam teoria e prática nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, o limite é de 40 horas semanais.

Número. Não há restrição em relação ao número de estagiários em uma empresa, independentemente do número de funcionários contratados.

Férias. O estagiário tem direito a recesso de 30 dias ou período proporcional.

Exame. Redução de carga horária em períodos de provas na escola de fotografia.

Outras opções que ajudam a pagar os estudos Para muitas pessoas, se inscrever em um curso de fotografia não é exatamente sinônimo de sucesso. Com o dinheiro contado, às vezes o sonho de ser fotografo profissional tem que ser colocado de lado e o curso logo é interrompido. Para auxiliar aqueles que passam por essa situação, há sites, portais e fóruns de fotografia, como por exemplo, Focus Foto e o Classificados Fotografia que dispõe de anúncios de empresas e fotógrafos profissionais já estabelecidos, que contratam aspirantes ou mesmo ex-alunos já especializados. Para os iniciantes, os ganhos ajudam a pagar o curso e a custear novos equipamentos. A Escola Focus, por exemplo, oferece desde sua fundação (1975) programa de bolsas de estudos, com descontos de 10 a 100%, sem comprovação de baixa renda, sem processo seletivo, nem fila de espera. Basta o candidato atender os requisitos mínimos necessários. Quanto mais requisitos preencher, maior o desconto. Outras instituições como o SENAC, também oferece este tipo de serviço.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 193 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Abrindo seu próprio negocio Boa parcela dos formandos em fotografia, após terem cumprido estágios, optam por abrir seu próprio negócio. Não é uma tarefa fácil, exige espírito empreendedor, conhecimento de mercado e principalmente de capital inicial. Esteja preparado para se custear durante o período de adaptação até conseguir compor sua carteira de clientes. Outra saída são os projetos do fotógrafo microempreendedor, promovido pelo governo federal. Empresas de pequeno porte também contam com o apoio do BNDS taxas de juros bem atrativas.

Apoio do governo federal, para o fotógrafo O governo federal encerrou o primeiro trimestre com algumas medidas para combater a escassez de crédito, principalmente para micro e pequenas empresas. A torneira andava seca por conta da crise financeira norte-americana iniciada em outubro do ano passado e exportada para o resto do mundo. Com governo e sociedade civil mais confiantes, é hora de retomar o crescimento das atividades econômicas. Uma das características do Governo Lula, em seus dois mandatos, tem sido o incentivo à formação de uma ampla malha de pequenos empreendedores nos mais diversos segmentos da economia. Não por acaso. As micro e pequenas empresas representam 94% do total de firmas no País; e 45% delas escolheram o comércio para suas atividades. É fato que o mercado fotográfico desenvolveu-se no País apoiado por linhas de financiamento das âncoras da indústria. Na maioria das vezes para comprar estúdio fotográfico ou mesmo novos equipamentos. Sem a figura do fabricante como intermediário da operação entre banco e fotografo estabelecido, o crédito era dificílimo de ser concedido. Hoje esse quadro é mais arejado por força do desenvolvimento da economia, do amadurecimento do mercado e também do aprimoramento da própria indústria fotográfica. Vale lembrar que bancos oficias ou fomentos e ainda os privados não oferecem linhas de financiamento específicas para o ramo fotográfico. Se for fotógrafo, por exemplo, vai ter de se enquadrar numa das categorias: micro, pequena ou média empresa; se fotógrafo, na classificação ME; se sem CNPJ, na de microempreendedor informal. Capacitação – O crédito resolve o destino de uma empresa em parte. A outra moeda que entra na carteira do sucesso é a capacitação empresarial. Quanto a isso, micro e pequenos empresários têm à disposição o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE). Fundando em 1972, esta instituição vive uma fase de grande dinamismo e de proximidade a quem se empenha. Pelo portal sebrae.com.br dá para notar o seu comprometimento com o público-alvo e sua atuação em cada Estado e Distrito Federal (cada um tem seu portal na internet). Na área de comércio e serviços, o SEBRAE desenvolve cerca de 200 projetos e promove vários cursos e consultorias. Com o slogan ―quem tem conhecimento vai pra frente‖, esses endereços passam a ser uma visita obrigatória para os empresários. É sabido que o fotografo profissional brasileiro não tem o hábito de se consultar no SEBRAE (talvez por herança da época de ouro do filme). Mas quem se decide acaba por se sair bem nos resultados. É o caso da fotógrafa Cíntia Duarte que se inscreveu para participar do prêmio SEBRAE Mulher e conquistou o segundo lugar com a empresa Cíntia Fotografias, em Lençóis Paulista (SP). O ramo necessita de mais casos como este.

MEI, você é? O microempreendedor individual (MEI) tem renda bruta anual de até 36 mil reais e pode participar de programa de microcrédito do BNDES ainda que informal.

Página 194 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Para os informais, a Receita Federal dá uma forcinha: reduziu a documentação para facilitar a inscrição no CNPJ, dispensando-os de apresentar Documento Básico de Entrada (DBE) e Protocolo de transmissão de Pessoa Jurídica (FCPJ).

De trabalhador para empresário Os recursos do fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é que compõem o Proger, o programa do governo federal destinado a gerar emprego e renda. As linhas de crédito são para investimento de longo prazo, podendo ter capital de giro associado, de micro e pequenas empresas, profissionais liberais, autônomos e até informais.

Quem são os MPMEs Empresas com receita operacional bruta anual inferior ou igual a 60 milhões de reais são consideradas Micro, Pequena e Média Empresas para efeitos de concessão de financiamentos.

Gente que cresce com crédito Fotógrafo ME A Af Rorato ME, em Cuiabá, foi constituída em 2006. Na época, Ana Flávia recorreu a um empréstimo em banco privado par as instalações de seu estúdio. Pagou 12 prestações e não se arrependeu. Atualmente a fotógrafa tem uma carta de crédito que será utilizada na compra de um imóvel para sede própria do estúdio. Isso vai implicar em novos investimentos em reformas das instalações que podem ser financiados. Uma das opções é o cartão BNDES, que permite a aquisição de bens de produção, insumos e serviços credenciados pela instituição. O crédito é rotativo, pré-aprovado até 500mil reais. Ana Flávia até então desconhecia a existência deste cartão. Outra possibilidade é uma linha de capital de giro isolado, o PEC, também do BNDES. Em ambos os casos, o solicitante deve estar em dia com o INSS, FGTS, RAIS e tributos federais. De maneira mais ágil e menos burocrática, é recorrer à rede de bancos privados. No caso dela poderia voltar ao mesmo banco que lhe concedeu o primeiro empréstimo de sua vida empresarial.

Novos investimentos bancados por financiamentos Foto Sombra Com mais de 50 anos de mercado, a rede de lojas Foto Sombra, em São Luís, já passou por cenários distintos da economia brasileira. Sérgio sombra, que dirige a rede, concorda que nos últimos tempos tem havido uma oferta maior de crédito. ―Pelo menos existe mais propaganda, mas não é tão fácil conseguir um‖, referindo-se ao processo da documentação exigida.

Linhas de financiamento BNDES O BNDES dispõe, além do cartão de crédito, um leque extenso de linhas de financiamento. Acompanhe algumas delas que empresas MPMEs do ramo fotográfico podem se beneficiar.

Página 195 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Projeto de investimentos e capital de giro associado BNDES Automático – até dez milhões de reais, a projetos de implantação, expansão e modernização de empreendimentos, em qualquer setor de atuação. Paesc - apoio empresarial a empresas afetadas pelas enchentes ocorridas em Santa Catarina em novembro de 2008

Bens de capital Aquisição e modernização de maquinas e equipamentos nacionais Finame – para aquisição de maquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados no BNDES, sem limite de valor Finame Moderniza BK – para modernização de máquinas e equipamentos instalados no País Prosoft Comercialização – para aquisição, no mercado interno, de softwares e serviços correlatos desenvolvidos no Brasil

Projetos de investimentos em inovação Apoio a projetos de Inovação, destinados a diversos setores da economia.

Capital de Giro Isolado PEC- capital de giro para empresas dos setores de indústria, comércio e serviços. Revitaliza – capital de giro para empresas de qualquer setor em Santa Catarina

Importação de equipamentos fotográficos Apoio à importação de máquinas e equipamentos, sem similar nacional E, mãos à obra !

Página 196 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O outro lado da Fotografia

Muitas pessoas praticam a fotografia como um hobby, uma maneira de aliviar o estresse, de trazer recordações de suas viagens e acompanhar o crescimento dos filhos entre outros. São inúmeras as razões para que alguém fotografe e que tenha o desejo de aprimorar sua técnica através de cursos e leituras. Nesse processo, muitos se envolvem de tal maneira com a fotografia que pensam em abandonar seus empregos em áreas como engenharia, contabilidade, medicina e tantas outras em favor desta atividade de eternizar frações de tempo. Adotar a fotografia como profissão tem aspectos positivos e muitos inicialmente citarão questões como o fato de trabalhar com algo que envolva a criatividade, de ter controle sobre seus horários sem ter a obrigação de ―bater cartão‖ em uma empresa, de não ter que aguentar aquele chefe chato que não valoriza seu trabalho, enfim, fazer o que gosta e ainda ganhar dinheiro com isso. Tudo o que foi dito no parágrafo anterior é verdade, o que faz lembrar uma publicidade famosa aqui no Brasil, de um jornal, que dizia ser possível contar um monte de mentiras falando apenas verdades. Não quero desmotivar quem tenha o interesse de ser fotógrafo profissional, muito pelo contrário, mas considero que seja útil mostrar um lado que muitos desconhecem e por ignorar as questões que tratarei logo abaixo alguns acabam se desiludindo com a vida profissional da fotografia, daí a necessidade de retirar alguns mitos que cercam a atividade. O primeiro mito é o de que sendo fotógrafo profissional você tem controle sobre seus horários, então se quiser ir a um cinema numa quarta feira a tarde você poderá, algo impensável para um funcionário com um emprego ―comum‖. Este deve ser o mais falso dos mitos fotográficos. Digo isso pois do momento em que você é um prestador de serviços, você deve estar disponível aos seus clientes nos horários em que eles irão precisar de seu trabalho, isso acaba condicionando seu dia-a-dia e fazendo com que você tenha exatamente os mesmos horários que qualquer pessoa. Além do que foi dito no parágrafo anterior, nos horários livres o fotógrafo deve se dedicar a vender seu trabalho, buscar outros clientes, melhorar o portfolio com cursos, leituras e muito treino. Achar que sobrará tempo para um cinema numa tarde qualquer é ilusão. Inclusive é comum ver fotógrafos com expedientes de trabalho de doze ou até quatorze horas por dia, muito mais do que vemos em empregos comuns. Vamos ao segundo grande mito, o de que você não precisará aturar o chefe chato que não o valoriza. Ao se tornar fotógrafo você perde um patrão mas ganha dezenas ou centenas deles pois todos os seus clientes são seus chefes. Alguns serão boas pessoas, simpáticas e interessantes, outros serão inconvenientes e mal educados que não darão qualquer valor para o que você faz, pedirão dezenas de alterações e ainda por cima atrasarão o pagamento ao ponto em que você será obrigado a contratar um advogado e processar o cliente. Algo que considero um meio mito é a questão de trabalhar numa atividade que envolve a criatividade. Muitas vezes isso será verdadeiro, mas sempre acontecerão trabalhos nos quais você terá tantas barreiras para suas idéias que acabará executando um serviço de forma burocrática apenas para entregar o mais rápido possível aquilo que o cliente quer. Sua criatividade será cerceada ou ignorada, as vezes combatida mas o fotógrafo acaba tolerando isso pois precisa do dinheiro. Isso passa após alguns anos de carreira, quando o profissional se torna mais conhecido e reconhecido por seu talento, mas o início de carreira pode ser especialmente frustrante nesse aspecto. Há um outro fator importante. Quando você é fotógrafo assumirá também tarefas como a gerência de seu negócio, o papel do vendedor e do administrador também, entre outros, assim é importante ter consciência de que fotografar é uma pequena parte do trabalho, pois gastará horas no computador fazendo orçamentos, respondendo e-mails, ao telefone vendendo seu trabalho e montando planilhas enormes para calcular custos e descobrir o quanto terá de trabalhar para pagar as contas.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 197 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Sobra o fato de que você trabalhará com algo que gosta, isso é verdade, mas afinal, quando você escolheu ser dentista, engenheiro, médico, arquiteto ou seja lá qual outra profissão, você não gostava dela? Eu sou fotógrafo profissional e gosto deste trabalho, se você, depois de pesar todos estes fatores, resolver ser fotógrafo, estude, treine muito, respeite seus concorrentes, aprenda a cobrar o valor justo por seu

trabalho e seja bem vindo ao clube.

Ilustro este artigo com uma foto que fiz no Memorial da América Latina, local projetado por Oscar Niemeyer e que rende belíssimas imagens graças a sua arquitetura diferenciada e aos amplos espaços abertos, gosto muito desta fotografia, espero que vocês gostem também.

Página 198 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia e Gestão

A atividade fotográfica é uma ferramenta recomendada para ativar novos mecanismos de percepção, raciocínio e melhorar a maturidade emocional do gestor em busca de decisões rápidas. Muitas pessoas têm sua iniciação fotográfica da pior forma possível: ―aprendem‖ os primeiros passos na rua com amigos tão ignorantes quanto elas e recebem informações soltas e carregadas de mitos e fantasmas, sem qualquer tipo de ciência associado. Raramente consultam educadores especializados, possuem dados distorcidos, parecem obrigadas a aprender tudo sozinhas e sentem medo. Muitas delas, infelizmente, passam a vida inteira sofrendo as consequências deste início desastroso. Muitos gestores aprendem gestão da mesma forma que a maioria das pessoas aprende fotografia. Não recebem informações sistematizadas sobre o assunto, aprendem com ignorantes e não desenvolvem o pensamento sistêmico. Criam preconceitos e medos nunca revelados, não estudam a natureza do próprio trabalho de gerentes, tornam-se profissionais inseguros e com fortes características de amadores e muitos sofrem também durante toda a vida as sequelas do desconhecimento. Mais grave é o caso onde estes gestores são diretores, presidentes ou acionistas. Pela falta de preparo em gestão e pela carga de autoridade que possuem, podem fazer grandes estragos nas suas empresas. Fiz recentemente duas pesquisas: a primeira em 50 escolas privadas de ensino fundamental e médio e a segunda em 78 empresas, entre indústrias e serviços, com faturamento anual acima de 70 milhões. As amostras de escolas e de empresas foram estratificadas nas regiões sul e sudeste do Brasil. Cada pesquisa continha apenas uma pergunta. Nas escolas, a pergunta foi: existe algum tipo de educação fotográfica? Nas empresas, a pergunta foi: existe algum tipo de educação em gestão? O percentual de respostas NÃO foi muito semelhante: nas escolas, a resposta NÃO EXISTE alcançou 98% (40 escolas) e nas empresas a resposta NÃO EXISTE alcançou 89.01% (61 empresas). Pessoas ignorantes em fotografiae gestores ignorantes em gestão são o triste resultado. A solução? Implantar amplos programas de educação, nas escolas e nas empresas. O que mais resta dizer? A gestão não é uma ciência, mas pode ser entendida como uma profissão ou como uma atribuição. Qualquer um de nós que receba esta atribuição precisa, portanto, ser educado e treinado para ela. Só há uma razão que provoca a falência ou o encolhimento de uma organização: a má gestão. Qualquer sinistro que ataque uma empresa (câmbio desfavorável, ações trabalhistas repetitivas e milionárias, movimentos de concorrentes, clientes que vão embora, fornecedores que pratiquem dumping, cartel ou truste, clima, governo etc.) deveria ser prevenido pela boa gestão, que deve funcionar como o SISTEMA IMUNOLÓGICO da organização. Empresas com boa gestão são mais imunes aos ataques externos (que sempre, obviamente, vão existir) do que empresas com má gestão. Estas se comportam de maneira tão frágil às agressões externas e internas como um arquivo digital infectado. Fotografia, praticada de forma ignorante ou irresponsável, é potencialmente prejudicial. Má gestão, também. A fotografia é uma excelente terapia para a mente, para o espírito, para colocar as ideais em ordem e para ajudar a solucionar problemas cotidianos, por outros enfoques, outros ângulos outras dimensões. A fotografia tem muito a contribuir para com os gestores, diretores e aqueles que detêm o poder de decisão empresarial.

Por: Prof. Dr. Enio Leite

Página 199 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Não basta fotografar, é necessário saber vender

Um dilema enfrentado por muitos fotógrafos não reside na fotografia, mas na capacidade de vender e negociar seus serviços e assim obter um nível ao menos razoável de rendimentos. Quando alguém opta por ser profissional da fotografia, precisará compreender que o trabalho de venda, que inclui buscar novos clientes, divulgar seus serviços, formar preços e negociar, responde por uma grande parte do tempo empregado pelo fotógrafo. Arrisco dizer que nem 50% do tempo é gasto fazendo clicks com a câmera, o que significa que mais da metade da atividade residirá nas vendas e no marketing. Com base nisso decidi elaborar um conjunto de dicas que podem ajudar fotógrafos em suas vendas e negociações, vamos a elas: Uma primeira dica é que você deve se manter atualizado e informado sobre seu mercado, precisa observar seus concorrentes, saber o preço que praticam e quais serviços e vantagens oferecem, pois assim poderá montar um conjunto diferenciado para oferecer aos seus clientes. Outro ponto é o preparo prévio, sempre que houver uma reunião com um cliente, ou mesmo um telefonema, você deve estar preparado, saber todas as informações e ter todas as possíveis perguntas de seus clientes com respostas já elaboradas, não se pode dizer a um cliente algo como ―não sei‖ ou ―não tenho certeza‖. Ninguém contrata dúvidas. Aproveito para registrar um aspecto que considero importante, que é o da apresentação pessoal. Por ser uma atividade muitas vezes vista como artística, é comum que os profissionais da área acabem levando esse espírito libertário das artes para suas roupas e hábitos, em resumo, tem gente que gosta de ir a reuniões usando roupas rasgadas, não exatamente limpas ou exibindo penteados nada convencionais. O fotógrafo deve ter a clareza de que desleixo nunca será visto como artístico e sim como desleixo mesmo. Cabe ressaltar que não é proibido para ninguém usar a roupa ou acessório que bem queira, mas é uma questão de adequação ao público, se quero vender meu serviço para grandes corporações cheias de executivos trajados formalmente, terei que zelar por uma apresentação adequada ao ambiente. Por outro lado, se existe uma preferência por roupas diferentes, tatuagens, piercings ou algo assim, você deve procurar clientes que tenham uma visão libertária e que aceitem ou adotem comportamentos semelhantes aos seus. Existem algumas dicas básicas que ajudam a ter um bom ambiente em uma reunião de negócios, alguns deles são tratar seu cliente sempre pelo nome, desligar o celular antes de entrar na reunião, estar de bom humor ou ao menos aparentar estar de bom humor e não ficar de braços cruzados enquanto o cliente fala. São dicas básicas fundamentais. Enquanto estiver em uma reunião, pergunte especialmente as coisas que o cliente não quer que sejam feitas. Em geral ao receber esse questionamento ele lhe mostrará muito mais interesse e informações detalhadas do que se apenas tentar saber o que ele quer. Vamos falar um pouco sobre concorrentes. Muitas vezes você pode ser questionado dos motivos para seu trabalho ser mais caro ou mais barato que o de um concorrente, ou outras características podem ser apontadas pelo cliente na busca dele descobrir qual é o profissional adequado para ele. Seja como for, nunca fale mal de um concorrente, ocupe-se em falar de seu trabalho e de seus diferenciais. Deixe claro seus pontos fortes e que o diferenciam da concorrência, mas nunca use seu tempo e do cliente para denegrir outros profissionais.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 200 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Penso que devo encerrar este artigo falando de preços. Muitos fotógrafos tem dificuldade na formação de seus preços e ficam temerosos quando o cliente parece inseguro sobre fechar ou não uma contratação. Nessa hora o nervosismo toma conta e sem pensar o fotógrafo já sai oferecendo algum desconto para tentar fechar o negócio imediatamente, mas quem disse que o problema era preço? Entenda, não dê desconto se o cliente não pediu, espere que ele diga o motivo da incerteza, ou pergunte claramente se há algo em sua proposta que não esteja adequado aos interesses do cliente. Só ofereça o desconto se lhe for dito que o problema realmente é o preço, e se for, nunca conceda um desconto superior a 20% do que foi anteriormente orçado. O ideal é fazer trocas tentando tirar serviços extras para poder cortar o preço, por exemplo, se o trabalho seria entregue em DVD mais provas de gráfica para todas as fotos, então ofereça ter poucas provas, apenas das imagens mais importantes do trabalho cortando assim os custos de gráfica. Fotógrafos de casamento podem oferecer uma diagramação mais simples do álbum mas mantendo o número de fotos. E assim por diante. Parcelamentos são uma boa opção pois ajudam

seu cliente a diluir os gastos com a fotografia ao longo de um período maior, mas entenda que ou você permite o parcelamento ou dá desconto, não é economicamente sábio oferecer os dois ao mesmo tempo. Por fim, do momento em que você formou seu preço e você tem convicção que seu trabalho vale aquela quantia, não queira entrar em guerra de preços com outros profissionais, pois isso só o prejudicará. Gaste mais de seu tempo tentando encontrar clientes adequados a seu preço do que adequando seu valor aos clientes que aparecem pela frente. A última dica, e mais importante de todas que irei deixar como encerramento deste artigo é: Coloque-se no lugar do seu cliente. Você compraria o que está vendendo?

Armando Vernaglia Jr

Página 201 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Vida de Fotógrafo

Com frequência recebo e-mails de pessoas que desejam ter a fotografia como profissão, são jovens decidindo como irão iniciar uma carreira e também pessoas com longas histórias em outras atividades como engenharia, publicidade ou medicina, querendo jogar tudo para o alto e abraçar a apaixonante atividade da fotografia. O texto que coloco abaixo contém tudo o que costumo responder para essas pessoas. Sobre ser fotógrafo e ser bem sucedido na profissão, pois ser é uma coisa, ganhar dinheiro é outra, existem dois pontos fundamentais, o primeiro é estudar fotografia, o segundo aprender marketing. Sem estudar fotografia você não terá como vender nada, sem saber vender não adianta ser um grande fotógrafo. Sem estudo nestes dois campos não há caminho a ser percorrido e não haverá dinheiro, que é o objetivo de qualquer trabalho dentro do sistema capitalista. Neste ponto em geral muitos pensam, o quanto devo estudar antes de me oferecer ao mercado? Devo comprar a câmera, fazer uns dois cursos e já sair vendendo meu trabalho? Afinal, com quantos cursos afinal se faz um fotógrafo profissional? Imaginemos outra profissão: médico. Se você resolver ser médico terá que entrar numa faculdade, estudar todos os dias durante cinco anos ou mais, aproximadamente quatro horas diárias para ao final desse período ser um iniciante na profissão. Não devemos crer que seja diferente com a fotografia, não há milagre que substitua tempo e estudo. Não existe caminho mais curto ou atalho. A evolução é proporcional ao esforço empregado, então se você treinar e estudar cerca de quatro horas por dia, seja na sala de uma faculdade ou por conta própria, em quatro ou cinco anos será um apenas iniciante dando os primeiros passos no mercado. Mas hoje ninguém quer esperar tanto, imagine estudar, treinar e se preparar por tanto tempo apenas para ser fotógrafo, e ainda por cima iniciante. O que muitos fazem é comprar uma câmera, estudar uns dois ou três guias na internet, ingressar em um curso ou dois e sair dizendo que é profissional. Infelizmente não funciona e o que espera a pessoa que pensar assim é a falência. Se quer um tempo mais curto para entrar de forma correta e bem estruturada no mercado, deverá estudar e treinar mais do que quatro horas diárias. Já fui questionado se há um segredo para fazer boas fotos, ter clientes e ganhar dinheiro com fotografia e a melhor resposta que posso dar é que pelo menos no meu caso são cerca de quinze anos de dedicação, trabalhando e estudando uma média de oito a doze horas diárias, sem férias, décimo terceiro salário ou algo assim. Fiz uns vinte cursos dos mais variados assuntos fotográficos, além de ir a cinemas constantemente para ver como grandes cineastas lidam com a estética de seus filmes, a exposições para estudar a luz e a composição dos grandes mestres da pintura e assim por diante. A cada vez que vou ao cinema parte do meu cérebro está em busca de entretenimento mas a outra parte está estudando luz, enquadramento, direção etc. O mesmo quando observo as páginas de uma revista ou quando visito o site de um grande fotógrafo. Até quando vou a um restaurante jantar com minha esposa fico olhando o prato que nos é servido e pensando numa forma interessante de iluminar aquela comida. Muitos que querem entrar para o mercado da fotografia mencionam o fato desta ser uma atividade apaixonante, e de fato é, assim como a música, o teatro, a pintura e todas as formas de arte. Mas ninguém nunca poderá perder de vista que a partir do momento em que a fotografia vira profissão, todas as decisões devem ser racionais e nunca apaixonadas. Gostar do que faz é uma coisa, entender que é um negócio como qualquer outro e que precisa pagar suas contas é diferente.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 202 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Não quero desanimar ninguém, apenas penso em abrir os olhos dos iniciantes para uma realidade que é igual em qualquer profissão, do dia em que para você a fotografia for trabalho, ela será menos atraente pois incluirá a pressão de pagar contas, responder a clientes, cumprir com prazos curtíssimos, brigar por orçamentos dignos etc. Assim é a vida de um fotógrafo, muito trabalho, estudo, treino, dedicação, e um retorno financeiro que em geral não é proporcional ao esforço empregado, mas acredite, isso é assim em qualquer profissão. Por fim há algo que gosto de mencionar sobre a parte que muitos acham chata na fotografia: o estudo da técnica. Muitos querem se desenvolver mais no lado criativo e não tem muita paciência para a parte matemática, a compreensão profunda da luz, dos contrastes, a fotometria, a harmonia de cores. Para essas pessoas, que não querem aprender muito sobre a técnica, digo que o profissional deve ter a consciência de que se tiver muita criatividade, mas nenhuma técnica, não conseguirá executar trabalho algum por outro lado se tiver muita técnica e nenhuma criatividade, será um medíocre, mas capaz de executar grande parte dos trabalhos que pedem. Não estou incentivando ninguém a desprezar a criatividade, muito pelo contrário, mas em termos de mercado, muitas vezes o profissional técnico e pouco criativo consegue muito mais sucesso e retorno financeiro que o criativo, até talentoso, mas preguiçoso. Ser criativo não adianta nada se não consegue fazer o que o cliente pede. Assim estude técnica e entenda que saber tudo sobre técnica é um pré suposto e nunca um diferencial do fotógrafo, quem não sabe tudo da técnica não é fotógrafo e a maioria daqueles que se dizem profissionais em nosso mercado não sabem o que devem. Não sei se é isso que um iniciante quer ouvir, ou melhor, quer ler mas é o que digo a quem está querendo iniciar.

Armando Vernaglia Jr

Página 203 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Que tipo de fotógrafo você é?

Olá leitor! Essa é a minha primeira coluna na Fotografia DG e vou compartilhar com vocês um pouco do meu conhecimento e experiência, principalmente na fotografia de casamento, área na qual atuo. Mesmo assim, tentarei sempre abordar assuntos que sejam do interesse de todos. O tema e pergunta dessa primeira coluna é: Que tipo de fotógrafo você é? Convivo constantemente com vários fotógrafos, amigos, colegas, alunos, que algumas vezes se preocupam demais com alguns pontos específicos da fotografia. Você com certeza conhece alguém que sabe tudo de equipamentos fotográficos. É só perguntar o modelo de uma lente que ele te passa não só todas as siglas e seus significados, como também ano de fabricação, pontos fracos e fortes, além de um possível lançamento da marca X que irá substituir essa daqui Y semanas. Fala com propriedade das diferenças entre essa, a marca X e uma outra Y também. Ele sabe tudo sobre regra dos terços e tudo o que os livros e manuais de fotografia dizem. Importante saber tudo isso? Sim, é. Mas não basta. Mas tem também aquele que mal sabe dizer a diferença entre abertura do diafragma e velocidade do obturador. Fotografa até mesmo no modo P (P de profissional, como costuma-se brincar por aí) ou automático, ainda que fazendo algumas belas imagens. Conhece tudo sobre arte e conceitua seu trabalho como tal. Desenha com a luz com o equipamento que tem, muitas vezes um equipamento simples, uma câmera de celular talvez, mas faz bonito, sem ao menos saber como ou por que ficou daquele jeito. Regra dos terços? Nunca ouviu falar. Apenas foi lá e fez o que viu, o que sentiu. Sensibilidade pura. Isso também é importante? Sim, é. Mas não basta. O que quero dizer aqui é muitas vezes somos pegos por alguns aspectos e ficamos obcecados por eles. Damos mais valor à um e deixamos os outros de lado. E fotografia é um conjunto de tudo isso: técnica, linguagem, equipamentos, luz, direção, etc. Filosofar fotografia é uma delícia e importante também para quem fotografa. Mas só ela não basta. Precisamos conhecer também de equipamentos, o que eles fazem e não fazem, para então assim conseguimos o melhor com o que temos. É preciso conhecer usar a luz a nosso favor, seja ela natural ou artificial. Nós precisamos sim saber tudo isso e muito mais. Eu adoro observar fotógrafos. Já vi gente fotografando com uma DSLR e outra pessoa ao lado fazendo a mesma foto numa pequena máquina digital. Pasmem, mas quem fez com a pequena máquina teve um resultado muitíssimo melhor. Talvez essa pessoa nunca tenha ouvido falar em composição, enquadramento, luz, mas tinha noção de estética. Ter equipamento de primeira não é tudo, e mesmo sabendo fotografar em modo Manual, não te faz um bom fotógrafo. É preciso saber mais, muito mais. E pós-produção? Será que os fotógrafos têm se preocupado com isso? Quanto do seu tempo você se dedica a conhecer mais sobre softwares de edição de imagens? Já vi gente defendendo o RAW com unhas e dentes, mas na prática, não sabia quase nada do que ele pode oferecer.

Por: Renato dPaula

Página 204 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Não faz diferença se você é um amador ou um profissional. Hoje em dia, isso pouco importa. O importante é você saber fazer direito. Com a popularização dos equipamentos fotográficos e a disseminação de conhecimento disponível na internet tem cada vez mais aproximado os amadores dos profissionais. Claro que isso não faz um amador um profissional, mas para ter cada vez mais excelência no que se faz, seja por hobby ou profissionalmente, é preciso estudar, muito! Estudar tudo sobre fotografia e até mesmo o que não é fotografia. Vamos ler mais, assistir filmes, peças de teatro, ir a shows, visitar obras de arte e viajar. Viajar não no sentido de pensamento, mas no sentido físico da palavra. Conhecer novas culturas. Isso sim fará você melhor, como fotógrafo e ser humano.

O que eu busco constantemente é me aprimorar a cada dia. Conheço muito pouco. Sou um eterno aprendiz. E estar aqui escrevendo para vocês não me faz professor ou dono da verdade. Me faz mais uma vez, um aprendiz. E tenho aprendido muito. Hoje, mais uma vez.

Página 205 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Como lidar com a concorrência na Fotografia de

Casamentos

10 dicas de como enfrentar o desafio da concorrência!

Com essa avalanche de novos fotógrafos, surge algo que começa a assustar todos aqueles que estão há muitos anos na área: a concorrência. Uma breve explicação sobre concorrência. Ela existe em todo o mercado evoluído e está em constante transformação. Diariamente novas empresas entram nos mais diversos tipos de segmentos e exige que empresas e profissionais se reinventem para que possam continuar no mercado. Com o acesso fácil às novas tecnologias e equipamentos de fotografia digital, muitos aspirantes a fotógrafos tem surgido. Já dizia

o quadro Super Sincero que para ser fotógrafo basta ter uma câmera digital. Mas nós sabemos que a coisa não é bem assim! Gostaria de deixar 10 dicas de como lidar com a concorrência na fotografia de casamentos e animar você a olhar com bons olhos para aqueles que partilham dessa profissão tão fascinante.

1) Tenha sempre uma visão positiva da concorrência

Algo que tenho presenciado, que não acontece somente no mercado de casamentos, é a maneira como se olha para os concorrentes de maneira ruim e crítica. Há fotógrafos que só sabem falar mal dos concorrentes, não tem amizade com outros fotógrafos, nem tão pouco partilha suas informações com quem quer que possa concorrer com ele. Ter concorrentes é excepcional para você e para o mercado. Ter concorrência ajuda com que profissionais invistam em conhecimento para não oferecer a mesma coisa sempre ao cliente, e com isso todos crescem. Eu gostaria de agradecer aos amigos fotógrafos de São Paulo, meus concorrentes… Mais que concorrentes, grandes parceiros da área da fotografia. Este mês viajei a trabalho e uma noiva que estava com contrato quase fechado comigo não quis esperar minha volta de viagem e acabou optando por fechar com um outro fotógrafo, que nem conheço pessoalmente, mas sei que tem um bom trabalho. Quando a noiva me disse o nome do fotógrafo, eu disse a ela: ―Que bom! Você vai ter uma boa cobertura fotográfica! Sucesso e felicidades no seu grande dia!‖. Fiquei feliz que a noiva encontrou outro profissional para atendê-la, com qualidade e que isso fortalece o mercado. O contrário já aconteceu comigo também. Então devemos sempre estar tranquilos com relação aos que trabalham com fotografia de casamento como nós!

2) Invista em valorizar seus pontos fortes

Todos nós temos pontos fortes. O interessante é que quando somos indagados de sopetão sobre as características que nos destacam dos outros profissionais, ficamos inseguros e às vezes até sem resposta. Sabe por quê? Não sabemos valorizar aquilo que temos como pontos fortes. Tenha sempre em

Por: Fernando Paes

Página 206 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

mente quais são suas melhores características e saiba valorizá-las quando você é questionado ou precisa defender seus serviços em detrimento do concorrente. O cliente (e você) precisa saber porquê você é melhor que o outro fotógrafo que cobra, inclusive, mais barato que você!

3) Não entre na guerra de preços

A pior coisa da concorrência é quando entramos na guerra de preços para poder ganhar clientes. Cada vez que cobrimos ofertas e baixamos o valor para ―ganharmos um contrato‖, rifamos nossa arte e rebaixamos o que temos a oferecer. Se um cliente tem 2.000,00 para pagar na fotografia e seu pacote mais básico é 3.000,00, deixe-o ser atendido por outro profissional que vai cobrar tal valor. Se você deprecia seu trabalho em quase 40%, significa que você não sabe quanto ele vale, e o seu cliente também vai saber disso. Outra dica nesse sentido é com relação aos descontos. Um máximo de desconto (para um pagamento diferenciado, como à vista por exemplo) deve ser de 6 a 10%. Eu ví uma pesquisa que, se você oferece 20% de desconto no seu valor, você tem que vender o dobro daquilo que você iria vender cobrando o valor normal para ter o mesmo lucro. Como não temos como fazer 8 casamentos por mês ao invés de 4 para recuperar isso, eu posso garantir: Não compensa! Cobre o justo e ensine seu cliente a dar valor pelo que ele está contratando. Muitas vezes, para mim, vale mais eu passar tempo em casa com minha esposa que pegar um contrato de alguém que não sabe dar o devido valor ao meu trabalho

4) Corra riscos

Vejo frequentemente fotógrafos que tem pavor de reajustar seus preços e valorizar seu trabalho. Se você está investindo constantemente em sua fotografia e em conhecimento, não tenha dúvidas que você precisa cobrar mais. Se cada um de nós valorizar seu trabalho, nosso mercado como um todo também vai ser valorizado pelos nossos clientes. Claro que você precisa oferecer diferenciais para poder cobrar mais. Não aumente seu valor se você não tem nada de novo a oferecer. Cursos, estudos, equipamentos, informações… Tudo isso tem seu preço e você deve cobrar mais cada vez que oferece algo melhor aos seus clientes

5) Encontre novas oportunidades

O mercado se reinventa cada vez que colocamos nossa criatividade para fora e encontramos novas formas de lucrar com nossa paixão. Antigamente não existiam sessões de noivos, trash the dress, street wedding, fotos na hora… O fotógrafo vendia um álbum com 30 fotos, tamanho 20×25 e a única forma de se lucrar mais era vendendo fotos extras. Fotógrafos visionários e profissionais com mente aberta criaram inúmeros serviços que abriram um leque de novas oportunidades. Hoje temos álbuns laminados, fotolivros, laminações especiais, impressões em

Página 207 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

papéis fine art, sessões pós casamento em lugares paradisíacos, e eu posso garantir que ainda existem muitas coisas para serem lançadas. Não continue no mesmo lugar. Crie diferenciais e cobre por isso!

6) Evolua

Quanto mais o mercado cresce e se desenvolve, mais ele exige de você ir para um outro patamar. Nunca, em toda ahistória da fotografia, foi tão necessário investir em conhecimento. E nunca também houve tantas opções para você sair do lugar onde você está. Este ano investi um valor razoável em conhecimento como cursos, livros, workshops e congressos. Posso dizer também que evoluí como nunca em meu estilo e olhar fotográfico. Se você quer estar a frente da concorrência você precisa ir atrás de coisas novas para tornar sua fotografia ainda melhor. Vale ressaltar que os grandes nomes da fotografia brasileira investem constantemente em conhecimento, inclusive indo buscar conhecimento fora do país, estando um passo a frente e nos inspirando cada vez mais a irmos além!

7) Apaixone-se cada dia pelo que você faz!

Fotografar é maravilhoso. O que eu digo para as noivas: é mágico fazer o que faço. Volto realizado para minha casa toda vez que saio de um casamento. É uma sensação de alegria e de prazer em produzir imagens que vão marcar a vida das pessoas. É interessante como ouço isso de todos os casais que vão ao meu estúdio: ―é nítido que você ama o que você faz!‖. Eu acredito que esse é um grande diferencial entre você e toda a concorrência. Seja apaixonado! Vá além. Ande uma milha a mais pela beleza das fotos do seu cliente. Mostre-se que você está tão feliz por aquele momento quanto os convidados que estão lá. Brilhe! Isso com certeza faz com quem você seja muito mais admirado por seus clientes e torna sua vida muito mais especial

8) Entenda o valor de ser raro Um conselho de um dos maiores fotógrafos do Brasil: ―Seja raro!‖. Vinicius Matos disse isso em inúmeras oportunidades que tive de ouvi-lo! Torne seu trabalho valioso! Torne-se alguém que as pessoas vão desejar contratar porque você oferece o que ninguém mais oferece. Participe de concursos e ganhe concursos! Torne-se um diamante na área. A concorrência olhará para você com admiração, o mercado também e principalmente os seus clientes!

9) Esteja antenado!

Um fotógrafo dos dias atuais precisa estar antenado e em linha com a cultura das redes sociais. O fotógrafo dos novos tempos precisa ter um bom website, um blog constantemente alimentado, facebook, twitter, Orkut, Flickr e participar de outras comunidades de troca de informação. Com a avalanche de novos profissionais, a única forma de se destacar é tornar-se conhecido. Invista em conhecimento esta área também. Noivas cada vez mais são fãs de internet e de informação. Se você estiver lá, elas vão encontrar você! Abra sua mente e, se ainda não entrou, entre de cabeça na Internet e nas mídias sociais!

10) Contribua para a sociedade

O maior prazer que podemos ter como profissionais é usarmos nosso conhecimento para ajudar outros a evoluírem também. Eu sempre adorei isso. Talvez seja uma pontinha de desejo de viver essa vida docente e transmitir conhecimento, ver outros surgindo e se edificando no mercado profissional. O mercado está em busca de novos profissionais e tem espaço para quem está desejoso de compartilhar conhecimento e informação. Colabore! Ajude! Participe de comunidades! Ofereça conhecimento e você encontrará muita satisfação na gratidão daqueles que você edificar na caminha profissional de fotógrafo de casamentos!

Página 208 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Que a sorte nos encontre trabalhando

A frase que dá título a este artigo teria sido dita por Pablo Picasso, não exatamente com essas palavras, a frase dele seria algo mais ou menos assim: ―tudo que posso fazer pela sorte é que ela me encontre trabalhando‖. Vi algumas variações para essa sentença, mas que de forma geral tem o mesmo significado, e atribuídas ao grande mestre da pintura cubista. Do momento em que a li resolvi carregá-la como lema, algo para pensar e refletir sempre que estivesse cansado ou desanimado, com a idéia de que se mesmo nas situações mais irritantes ou tediosas do dia a dia eu continuasse trabalhando e seguindo em frente, a sorte de alguma forma cruzaria o meu caminho. E vejam que recentemente tive uma prova de que este pensamento, quase que uma crença, de fato é verdadeiro. Eu andava cansado do trabalho, tive uma longa sequência de serviços repetitivos, pois foram várias encomendas parecidas, todas com muitas fotos de produtos a serem fotografados sobre fundo branco e com poucas variações. Parecia que ao longo dos últimos quatro meses eu tinha feito sempre a mesma fotografia, todos os dias, várias vezes por dia, sempre a mesma coisa. Quase sem pausas para finais de semana ou feriados. Essa longa série de trabalhos tem seu lado positivo, que é o financeiro, mas tem diversos pontos negativos como cansaço, desânimo, estresse e principalmente no bloqueio criativo, pois ao realizar tantas a mesma coisa você acaba se tornando um robô que faz tudo de forma automatizada. A criatividade acaba ficando de lado e um fotógrafo sem criatividade é a mesma coisa que nada. Sentindo os efeitos disso tudo entreguei a última foto desses trabalhos no dia seis de setembro. No dia sete, que é feriado aqui no Brasil, sob uma chuva constante, um frio desagradável e um dia tediosamente nublado, acordei cedo e fui fotografar e filmar para mim mesmo em um parque. É isso mesmo, sob frio, chuva e vento, mas eu precisava fazer isso, tinha que fazer algo para mim, que desafiasse meu cérebro, que acordasse minha criatividade que andava em estado de hibernação. O vídeo que ilustra este artigo é o resultado daquele sete de setembro chuvoso. Logo ao chegar no parque percebi que Pablo Picasso tinha razão, a sorte estava cruzando meu caminho e me encontraria ali, trabalhando sob a chuva. As flores estavam belas e sorridentes com a água que caia dos céus depois de quase cinquenta dias de seca que ocorreram nesta cidade, estava com sorte. Andei pelo parque colhendo diversas cenas, gotas d‘água caindo aqui e ali, bancos vazios mostrando a solidão do belo parque que num dia como aquele não se mostrava interessante para o público em geral. Eu sempre protegia o equipamento da chuva mas fui ficando todo molhado e com frio, não estava realmente me importando com isso, estava feliz sentindo que produzia algo de qualidade. Buscava em minha cabeça referências artísticas que iam de Monet a Kurosawa enquanto trabalhava e esquecia do frio. Num dado momento percebo uma mulher andando, a única pessoa naquele parque além deste fotógrafo que vos escreve, ela caminhava lentamente e observava a paisagem. A vi de longe, portava um guarda chuva rosa contrastando com o cenário verde. Corri para um ponto que daria uma vantagem de tempo para preparar a câmera e ajustar o enquadramento. Esperei ela passar com o guarda chuvas refletindo nas águas do lago, com passos num ritmo cadenciado e calmo. Eu não acreditava na cena que acabara de captar, parecia algo saído de um filme de Kurosawa, que é um grande ídolo que tenho, uma forte referência junto a outros grandes cineastas. Voltei para casa após quase quatro horas de trabalho molhado, descarreguei os arquivos da câmera e comecei a editar o vídeo adicionando a trilha sonora. Neste momento veio minha maior surpresa.

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 209 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Os passos da mulher com seu guarda chuva coincidiam com a música, a cada nota mais forte do piano um passo e assim seguia por quase toda a cena, num dado momento ela muda de ritmo e a música segue para outro caminho distanciando-se, ela para, observa uma árvore, e ao continuar andando, volta ao ritmo da música. A sorte definitivamente tinha me encontrado. Nada disso foi combinado, eu sequer sabia exatamente qual trilha sonora iria utilizar no momento em que captava as cenas, no entanto tudo funcionou e se encaixou perfeitamente. É por isso que Pablo Picasso tinha total razão, a única coisa que podemos fazer pela sorte é que ela nos encontre trabalhando, nem que seja quando estamos cansados, estressados e ainda por cima com frio e completamente encharcados pela chuva.

Raind – a Short movie http://vimeo.com/14915118

Página 210 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Como se inserir no mercado fotográfico

Vou ser sincera com vocês, talvez eu não seja a pessoa mais indicada do mundo para falar sobre este assunto, pois sou tão iniciante quanto os que jogaram essa frase no Google e caíram nesse texto. Porém, depois de muito pesquisar e muito quebrar a cara, acredito que possa dizer que já aprendi bastante sobre o assunto e acho que agora consigo colocar num passo a passo bem didático para vocês. O que vejo acontecendo muito entre os fotógrafos iniciantes, é a falta de instrução para o trabalho. Não digo aqueles que compram a câmera e já se julgam fotógrafo, mas aqueles que realmente estudaram a técnica, fizeram tudo certinho, sabem fotografar, mas não sabem trabalhar. Trabalhar com fotografia não é o mesmo que fotografar por si só. É preciso definir uma série de coisas, como qualquer outro trabalho. Vamos aqui tomar como base que profissional da fotografia é aquele que ganha dinheiro com ela. Ponto.

Planejamento O primeiro passo é o planejamento. Isso abrange boa parte do processo, que é somente pensar sobre o que você vai fazer. O que você vai fotografar? Casamentos? Esportes? Tenha isso em mente antes de sair por aí oferecendo seus serviços. Costumo sempre dizer: quem fotografa de tudo, não fotografa nada. Procure especializar-se numa área.

Público-alvo O segundo passo é definir o seu público-alvo. Mesmo dentro de uma única área, como casamentos, há diversos tipos de clientes que você pode trabalhar. Há aqueles que gastarão (ou pelo menos, querem gastar) no máximo R$1500 com a parte fotográfica do casamento; e aqueles que vão (e querem) gastar R$8000. E para todos estes, você precisa se adequar. Se o seu cliente potencial é aquele que gasta 8 mil, ele não vai querer gastar 1500. Isso não é economia, do ponto de vista dele. Isso é um

trabalho inferior. Ele quer gastar pois quer qualidade, quer status e tudo o mais que isso acompanha. Ao mesmo tempo que, de nada adianta oferecer um pacote de 8 mil, se o seu cliente simplesmente não tem condições, por mais que se ofereça descontos ou parcele em 10x.

Negócios à parte Terceiro passo para o fotógrafo iniciante é estar sempre organizado, trabalhando direitinho, cobrando corretamente, fazendo orçamentos justos, mesmo que seja para amigos próximos. E boa parte disso, significa fazer um contrato.

Por: Huaine Nunes

Página 211 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

É um erro comum achar que o contrato não se faz necessário algumas vezes, só porque é um trabalho simples ou para um amigo próximo. É bom sempre previnir e ter o contratinho em mãos. É bom para você e para o cliente. É lá que está tudo acordado, onde será o evento ou sessão de fotos, quanto e como o cliente está te pagando, quantas fotos receberá e de que forma. É a maneira mais segura de se trabalhar. Você pode pedir para algum amigo que fale advoguês (acadêmicos de Direito) te ajudar nessa parte. Além disso, você também pode se cadastrar como Empreendedor Individual e se legalizar como pequeno empresário, ter CNPJ, emitir notas ficais… Eu ainda não dei este passo, mas pretendo!

Quem não é visto, não é lembrado Essa parte pode ser difícil, ainda mais em meio a tantos fotógrafos bons (ou nem tanto, mas estão aí) que temos atualmente. Sei que é difícil se destacar na multidão e para isso você precisa de um diferencial. Precisa ser visto. Uma boa maneira de ser visto é a internet. Muitas vezes até gratuita – por meio de redes sociais – ou custando muito pouco, como montando um site personalizado (apróx. R$30 ao ano custa registrar um domínio). O importante é estar lá. No site você pode, além de colocar as suas fotos, desenvolver uma relação com o cliente. Por meio de blogs as pessoas podem conhecer um pouquinho mais sobre você e se identificar com o seu trabalho. É mais fácil conseguir clientes que já foram cativados pela sua maneira de trabalhar e pelo seu estilo, do que convencê-lo de que do seu jeito é legal.

Mídias locais Outra maneira, são as mídias locais. Você pode pagar para anunciar num jornal ou revista da sua cidade ou então fazer parcerias com empresas que tem o mesmo tipo de cliente. Por ex: buffet de casamento ou lojas de decoração para festas, são ótimos. Eles te indicam e vice-versa.

Cartão de visita Faça um cartão de visitas e carregue-os sempre. Distribua-os por aí. Coloque seu telefone e seu site no cartão.

Seja honesto Essa parte é importante, pessoal. Trabalhe de maneira honesta, respeite seus clientes, seus colegas de trabalho (não gosto de chamá-los de ‗concorrentes‘) e o mercado. Pesquise sobre valores, faça planilhas de cálculo e cobre preços justos. É muito ruim quando vemos um fotógrafo iniciante tentando passar a perna no outro ou então cobrando valores absurdamente baixos, que só prejudicam o mercado como um todo. Não copie nem inveje o trabalho de seus amigos mais experientes, mas aprenda com eles, se inspire.

Estude muito E para finalizar, estude muito! Nunca pense que já sabe tudo. Sempre há o que aprender e quem pensa dessa maneira só tende a crescer.

Página 212 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fotografia Profissional: As inúmeras áreas do conhecimento

Olá amigos do Fotografia-DG, como vocês estão? Fotografando muito? Eu, felizmente, tenho fotografado bastante. Isso significa que, além de treinar as técnicas fotográficas, estou treinando minhas relações interpessoais (com os clientes) e minhas habilidades empreendedoras. Já pararam para pensar nisso? Na quantidade enorme de outras atividades que circundam a fotografia? Eu só fui descobrir tudo isso quando comecei a trabalhar. Antes da fotografia profissional, era só festa. A gente descobre na marra, que temos que aprender sobre outras áreas. E com isso, os errinhos de trajeto são inevitáveis. O importante é aprender com eles. Vivendo e aprendendo, não tem jeito. Cada erro que cometo, penso como uma oportunidade para crescer. ―Na próxima, já sei como fazer.‖ Se alguém tivesse feito uma listinha assim como essa, minha vida seria bem mais fácil. Vamos abordar alguns assuntos que aprendi ao longo do tempo:

Área do conhecimento: Advocacia Bom e velho contrato na mão: Amigos, amigos, negócios à parte. Não custa ser repetitiva. Façam um contrato em 100% dos trabalhos. Recentemente, mesmo sempre comentando com vocês o quanto o contrato é importante, caí na besteira de não oficializar trabalho com pessoas da minha família. Sem entrar em detalhes: dancei. É por isso que não canso de repetir o quanto esse dito cujo é importante. Vou deixar a disposição de vocês, no final do post, um link para download de um modelo de contrato. Não é o que eu uso. Esse foi o professor de um curso de Fotografia de Eventos que fiz, que me mandou. Acho que pode ajudar algumas pessoas. O que é importante ressaltar, é que o contrato é algo bom para ambas as partes. Não é para o fotógrafo se beneficiar de nada, ele apenas protege o seu trabalho e também protege o seu cliente.

Área do conhecimento: Administração Barganha: Quem é muito bonzinho (como eu, cof cof), acaba sofrendo com clientes barganhadores. Com o tempo, depois de perder muito dinheiro (isso mesmo!), você acaba aprendendo a lidar e a negociar sem que nenhuma das partes saia perdendo. Por exemplo, há não muito tempo atrás, eu caía na besteira de abaixar meus preços, caso isso garantisse que determinado cliente fechasse negócio comigo. Eles vinham com aquela conversa de ―fulano faz mais barato‖ e eu, bem no estilo Casas Bahia, cobria o preço da suposta concorrência. A dica é: Primeiro, não cair nessa. Segundo, oferecer opções para o seu cliente. Se ele acha que não pode pagar este valor de uma só vez, facilite o pagamento. Evite dar descontos. Caso seja inevitável, nunca combine desconto com pagamento facilitado. É um ou outro.

Por: Huaine Nunes

Fotografia de Gianluca Fabrizio

Página 213 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Outra coisa é acreditar no seu próprio trabalho. Quanto você acha que ele vale? Você deve mostrar para o seu cliente que seu trabalho vale aquilo que você está cobrando. Se ficar baixando o preço, é como se nem você acreditasse nisso. Seguro de equipamentos fotográficos: Faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Sou mais uma dessas pessoas desligadas que até agora não providenciou um bom seguro para seus equipamentos. Nunca passei por nenhuma situação que tivesse que acionar o seguro (felizmente), mas eu não deveria esperar primeiro quebrar a cara, para depois correr atrás disso. Nunca tive uma câmera ou lente roubada, mas talvez seja porque nunca expus muito meu equipamento. Isso quer dizer que, se eu tivesse feito o seguro, talvez eu tivesse bem mais fotos legais, uma vez que não teria medo de carregar as tralhas para determinados lugares.

Área do conhecimento: Publicidade/Marketing Divulgação do material: Essa entra naquela outra discussão do ―quem não é visto, não é lembrado‖, do meu ultimo artigo. Todo mundo diz que devemos divulgar nosso trabalho, mas ninguém diz como isso deve ser feito. A bem da verdade, se bem administrada, sua divulgação via internet faz grande parte do trabalho. Por isso que julgo importante investir em um site personalizadíssimo e ‗atacar‘ [com parcimônia] as redes sociais. É interessante deixar tudo acessível ao cliente. Seu telefone para contato, e-mail, endereço do seu estúdio – se for o caso – podem estar facilmente visíveis no seu perfil do linkedin, por exemplo. Ninguém quer ter trabalho de sair vasculhando por aí, até achar seu telefone escondido em um cantinho do seu site. Algumas fotos disponibilizadas em álbuns do orkut ou facebook podem facilitar o acesso do cliente ao seu material. Vale lembrar também, que você é a cara do seu negócio, então estar bem apresentável tanto na itnernet (por exemplo, postar fotos bêbado no seu facebook não é uma boa ideia), como pessoalmente, pode fazer a diferença. Ufa, só nessas partes ultra-básicas da vida do fotógrafo, já vimos algumas áreas diferentes do conhecimento. Tenho certeza que deixei passar algumas. Que outras áreas vocês lembram ou já presenciaram?

Página 214 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Decidi que quero ser fotógrafo. E aí?!

Decidi que quero ser fotógrafo. E aí?! O que eu faço agora? Antes de dar um passo adiante é importante se perguntar: Por que eu quero ser fotógrafo? O que te faz ter a certeza de querer ser fotógrafo? Simplesmente segurar uma câmera nas mãos o torna fotógrafo, sim. Mas… Que tipo de fotógrafo você quer ser? Você pode ser um fotografo… Ou você pode ser ―o‖ fotógrafo. A fotografia tem que vir de dentro. Tem que ter sentimento. Faz me lembrar um trecho de uma música de Almir Sater: ―É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir… É preciso a chuva para florir…‖ Antes de você me perguntar qual câmera comprar, sugiro que aprenda e tire o máximo de proveito do equipamento que você tem nas mãos. Estude técnica, pesquise, compre revistas especializadas… Leia o DG desde o começo. Converse com fotógrafos da sua cidade, peça, se for conhecido, para poder acompanhar em uma sessão, fazer uma making of dele trabalhando. Se ofereça para fazer fotos dos priminhos, afilhados, sobrinhos… Tudo como um estudo para você mesmo. Comece, realmente, do começo. Nada de ficar atropelando fases. Quando se sentir, realmente, preparado e seguro de si…Quando, sem oferecer, começar a aparecer gente interessada no seu trabalho… Aí, é hora de um upgrade de equipamento. Obviamente, equipamento não é tudo… Como sempre disse e vou continuar dizendo, conheço pessoas que, mesmo com uma compacta na mão, são capazes de transmitir emoções únicas, mas… Ajuda. E muito. Por isso eu acho que esse ―estudo‖ antes de comprar uma DSRL é importantíssimo. Porque quando você pegar sua primeira nas mãos, verá um ―mundo novo‖. Aí é hora de estudar mais e mais… Aprender mais e mais… Conhecer sua nova câmera, tirar o melhor proveito dela e claro, começar a trabalhar. As mídias sociais são, hoje em dia, um dos melhores meios para quem está começando (e pra quem não está tão no começo também). Divulgue suas fotografias, seja cordial e educado. Responda e-mails, mensagens, seja prestativo. Crie uma ―assinatura‖para suas fotos… Ela será uma porta de entrada para novos clientes e interessados. Tenha um blog/site. Defina seu público alvo baseado no que você mais ama fotografar e o dinheiro acaba sendo consequência. Não fotografe só por dinheiro. Respeite para ser respeitado. E o mais importante de tudo: humildade sempre. Ninguém sabe tudo sobre tudo. Todo mundo erra. Não tenha vergonha de errar… São esses mesmos erros que nos impulsionam para frente. Não olhe para os erros com desdém, mas como uma forma de aprendizado. ―O que eu fiz de errado e o que eu poderia ter feito de melhor?‖ Não critique o erro dos outros. Aprenda com eles também.

Por: Carol Avon

Página 215 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

5 razões para investir em fotografias de alta qualidade

Escrevo este artigo pensando nos consumidores de fotografia, desde corporações que precisam de imagens para ilustrar um relatório para seus acionistas, passando por pequenos negócios que desejam ilustrar um catálogo na internet com produtos, também por decoradores que utilizam fotografias em projetos de ambientes e chegando a casais buscando por registros de casamento ou outros eventos, os exemplos são infinitos pois consumidores de fotografia somos todos nós. Vivemos num momento interessante na história no qual praticamente todos tem uma câmera, seja um equipamento fotográfico ou um celular com capacidade fotográfica. Também temos acesso irrestrito à informação gastando apenas poucos cliques no Google e na Wikipedia para obter informações sobre fotografia. Os equipamentos fotográficos nunca foram tão bons, repletos de recursos e capazes de tomar decisões sobre abertura, tempo de exposição, foco e potência do flash que antes só poderiam ser feitos por fotógrafos profissionais experientes. Num mundo como este, seria normal e compreensível alguém pensar: ―por qual razão eu deveria investir dinheiro contratando um fotógrafo se qualquer um pode fazer uma foto?‖.

Este pensamento tem feito com que casais peçam para ―aquele amigo que tem uma câmera‖ fotografar o casamento na mesma medida em que empresas dizem para o assistente de marketing que teve aulas de fotografia na faculdade para fotografar os produtos que irão para o catálogo na internet. Embora em muitos casos o amigo com a câmera ou o assistente de marketing que teve algumas aulas possam realmente dar conta do recado e produzir imagens corretas e até boas, há um grupo de motivos pelos quais sugiro que você invista em fotografias de alta qualidade, vamos a eles: 1 - Em uma empresa que vende produtos ou presta serviços, embora qualquer um possa fotografar, só um fotógrafo profissional pode olhar o seu produto e extrair o máximo dele para que não apenas apareça corretamente na foto, mas para que seja desejável aos consumidores. Uma foto correta é fácil mas uma foto vendedora pede mais em termos de qualidade, iluminação, acabamento e poder comunicativo; 2 - Imagine agora o casal buscando o registro de seu casamento, nada impede que peçam aos amigos para tirarem fotos, isso inclusive é divertido, mas o fotógrafo profissional não estará na festa para se divertir, beber ou comer, ele é pago para observar detalhes, captar sorrisos e momentos sem perder nada. O amigo com câmera não pode registrar tudo pois ele não está lá para isso; 3 - Outro caso é o de um decorador escolhendo uma imagem para um projeto. Ele pode comprar uma câmera e produzir fotos bonitas, sem dúvida, no entanto com poucos cliques no Google ele pode localizar desde um fotógrafo brasileiro que tenha uma linda fotografia de uma praia paradisíaca até alguém com uma fantástica imagem do deserto, então por que desprezar essa riqueza de imagens?

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 216 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

4 - Vamos a outro motivo: a dedicação integral. Quem não é fotógrafo em tempo integral, por mais que goste do assunto, não irá se dedicar todos os dias diversas horas por dia à fotografia, os compromissos do trabalho usual irão impedi-lo de ter o mesmo grau de dedicação que se espera de um profissional. É lógico que aqui me refiro aos bons profissionais, aqueles que estudam, pesquisam, investem em aprimoramento técnico e estético de forma constante. 5 - Equipamento adequado é outra razão. Por mais que as câmeras atuais tenham evoluído, ainda é verdadeiro que boas lentes para um retrato não são necessariamente as mesmas que para uma boa foto de evento e que por sua vez podem não ser adequadas para uma fotografia de arquitetura. Um fotógrafo especializado tem os equipamentos necessários à sua área de atuação, permitindo a máxima qualidade. Novamente repito, estou aqui a falar de bons profissionais, os ruins tentam fazer qualquer foto com qualquer equipamento e com qualquer resultado no final das contas, mas este artigo é sobre bons profissionais, dedicados, interessados, estudiosos, que são aqueles que irão zelar pelo melhor registro de um evento, pelo melhor ângulo de um produto, pela luz impecável de um retrato etc. É por isso tudo que se deve investir em fotografias de alta qualidade contratando bons profissionais. Isso não muda o fato de que é divertido e interessante que outras pessoas fotografem, gostem e estudem fotografia, isso é ótimo pois quanto mais informação, melhor para todos, a democratização da fotografia impulsionada pelo digital foi excelente, mas se o que você busca é um resultado especial e diferenciado em termos de imagem, seja para seus produtos e serviços ou para as memórias dos momentos especiais de sua vida, então contratar um bom fotógrafo nunca será um gasto, mas sim um investimento.

Página 217 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Controle de qualidade, você faz?

Este artigo é sobre um tema que converso com meus alunos e com outros fotógrafos profissionais, e quanto mais levanto este assunto mais vejo que é totalmente incomum fotógrafos realizarem algum tipo de controle de qualidade sobre seu próprio trabalho. Quando eu falo em qualidade e ter algum controle sobre ela, não me refiro a olhar para as fotos e achá-las bonitas ou feias, bem compostas ou não, apagar as que não nos agradam e manter aquelas que nos fazem ter orgulho do momento captado, não é isso. Estou me referindo a controle de qualidade preciso, mais próximo ao que é praticado pela indústria. O lado mais matemático e estatístico de um sistema de controle que normalmente é evitado ou desconhecido por fotógrafos. A idéia é estabelecer um grupo de critérios e realizar uma contagem sobre eles, descobrindo porcentagens de erros e acertos para cada um em todos os trabalhos que você faz, ao longo do tempo você terá dados para saber onde erra mais e em quais assuntos você deve se aprimorar e corrigir as falhas. Parece complicado mas não é, veja um exemplo de como proceder para implantar um eficiente sistema de qualidade em seu trabalho fotográfico: Selecione alguns critérios técnicos, estes são sempre matemáticos, pouco afetados pela subjetividades do gostar ou não gostar. Os critérios básicos são foco, profundidade de campo, tremidos (tempo de obturador), exposição (fotometria), ruído de imagem (ISO) e balanço de branco (cor). Com estes critérios você sabe se sua foto está focada, se a nitidez da área da profundidade de campo está adequada (e consequentemente se a escolha do diafragma foi correta), se há tremidos (e consequentemente se escolheu o tempo de obturador correto), se o ruído de imagem não prejudica a fotografia (para saber se sua escolha de ISO foi adequada) e por fim se as cores são o que deveriam ser, devido a correta ou equivocada escolha de balanço de branco (white balance). Coloque os critérios em uma planilha e faça uma contagem para lotes de 100 fotografias. Em cada 100 imagens, verifique quantos erros em cada aspecto técnico, some o total de falhas para ter usa porcentagem sobre o total de fotos. Se em um lote de 100 imagens você errou, por exemplo, o foco de uma, detectou tremidos em três e teve cores ruins em dez, podemos concluir que é necessário treinar mais o balanço de branco e ter mais atenção com o tempo do obturador, no foco você parece ter uma boa precisão. Ao somarmos os resultados vemos que você cometeu 14 erros, ou seja, 14% das imagens não tem qualidade para serem entregues ao cliente. Eu defendo que uma margem de erro de 1% é uma boa margem para fotógrafos iniciantes. Em cada 100 fotos, você pode errar apenas um aspecto técnico e uma única vez, tendo acertado todos os outros, algo como ter uma foto tremida enquanto as outras 99 estão bem focadas, bem expostas e com as cores adequadas. Para que o controle dê certo e você tenha real conhecimento sobre suas falhas técnicas, esqueça que sua câmera tem um botão para apagar imagens, não apague, deixe para fazer isso em casa ao verificar o trabalho no computador. Complete sua planilha e assim tenha real noção de seus erros. Na primeira vez em que realizar este controle levará um susto, perceberá que erra muito mais do que imagina, mas terá encontrado uma forma para guiar seus treinos e estudos para se tornar cada vez mais preciso e eficiente. Recentemente fiz um trabalho que durou uma semana, e em seu todo teve pouco mais de 600 fotografias feitas. Destas, errei o tempo de obturador de uma, apenas uma que teve de ser apagada pois estava

Por: Armando Vernaglia Jr

Página 218 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

tremida. A câmera estava no tripé, mas ou esbarrei nele ou a trepidação de algum caminhão passando na rua gerou o movimento. Tudo o mais estava certo. Pensei comigo: ―é apenas uma, errar é humano e ter falhado uma vez em mais de 600 é um bom resultado‖. Com este raciocínio em mente gravei o DVD com as fotos, imprimi as provas e levei para o cliente. Após dez ou quinze minutos examinando o material ele levanta os olhos e diz ―estou sentindo falta de uma fotografia, que mostre melhor esta parte da empresa‖. Era aquela foto, a tremida, maldita tremida. O trabalho inteiro foi aprovado com elogios, mas faltava uma. Entendi que mesmo um aparentemente ótimo resultado estatístico pode não ser suficiente e isto me fez ficar ainda mais atento. Quando fiz a planilha pela primeira vez, há cinco ou seis anos, eu tinha uma margem de erro de quase 10%, ali defini uma meta de em um ano baixar para 1%. Treinei, estudei e procurei melhorar minha concentração a cada trabalho. Ao final do período eu tinha atingido o objetivo de ter apenas 1% de erro técnico, aí resolvi ir além e estabelecer outra meta, de 0,50%, depois 0,25%, ou seja, uma foto errada em cada 400 feitas. Quando atingi essa meta parei de realizar o controle até que chegou esse trabalho. Uma em 600 não foi suficiente. Voltei às metas e a que quero atingir é ambiciosa, errar apenas uma em cada 1000 fotos. Muitos podem apontar que ter uma foto tecnicamente perfeita não significa ter uma boa foto em mãos, e também podem dizer que uma excelente fotografia pode não estar perfeita dentro dos conceitos técnicos. Isso é verdade, há momentos em que você não terá tempo para um ajuste ideal e deverá conseguir a foto do jeito que for possível pois é melhor ter a imagem captada do que perder um momento que nunca irá se repetir, mas mesmo isso não impede que tentemos atingir a perfeição técnica, devemos aqui nos inspirar nos grandes esportistas, casos em que um milésimo de segundo ou um milímetro faz toda a diferença entre uma medalha de ouro ou uma derrota. Por fim, devo dizer que é possível ter um controle de qualidade paralelo, sobre aspectos subjetivos como a estética, composição, a beleza das imagens, mas tenha a clareza de que controlar estatisticamente critérios subjetivos é mais complexo do que parece, uma boa foto hoje pode deixar de ser daqui um ano ou dois, depende de modas, de seu estado de espírito ou humor na hora em que verifica as fotos.

Viaduto do Chá e Shopping Light (9 fotos)

por Armando Vernaglia

E você, adota algum controle de qualidade? Qual seu método? Comente, pergunte, opine, vamos trocar idéias para que todos possam melhorar seus trabalhos.

Página 219 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Orçamento fotográfico

Orçamento fotográfico: orientações e aspectos legais. Muito embora o orçamento fotográfico não tenha a mesma validade jurídica do contrato estabelecido entre as partes, este também é de suma importância em uma negociação, uma vez que o orçamento possui caráter vinculativo, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor (art. 40, § 2º): ―Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes‖. Ou seja, aquilo que for pactuado no orçamento, deverá ser cumprido (o mesmo princípio vale para a legislação portuguesa). Portanto, o cuidado empregado ao se confeccionar um orçamento deve ser o mesmo daquele ao se realizar o trabalho propriamente dito. Além deste aspecto legal, o orçamento é o primeiro contato negocial com o cliente. Este já viu o seu portfólio impresso ou digital e agora quer saber como você vende o seu trabalho. Muitos fotógrafos, desde os iniciantes aos mais experientes, negligenciam esta importante etapa, por achar que o principal instrumento de venda está nas próprias fotografias e que o orçamento na verdade é somente uma etapa. E isso não é verdade! Um orçamento bem confeccionado impressiona tanto quanto a apresentação do portfólio para o cliente, e além de ter o papel de negociação o orçamento ainda possui o caráter de estipular ao cliente a maneira que você trabalha e como o faz. Por isso, muito além de conter os valores de determinado serviço ou venda, o orçamento deve apresentar alguns requisitos essenciais para sua validação plena, e sem margens a interpretações dúbias, e ainda que possa configurar como um meio de prova e defesa no caso de um possível entrave judicial. Além disso, contendo estes requisitos, o orçamento passa a ser mais esclarecedor para o cliente. Abaixo exponho alguns requisitos que considero cruciais, que podem ser modificados ou adicionados de outros conforme a necessidade do prestador ou cliente:

Objeto do orçamento – se refere ao que está se propondo o orçamento: se é a prestação de serviço fotográfico em um casamento, a confecção de um book, a cessão ou licença de uma imagem, etc.

Identificação das partes – auto explicativo: o orçamento deve conter o nome do prestador e do cliente. O nome do prestador normalmente está contido no cabeçalho e na assinatura, por isso não demanda maiores explicações. Quanto ao nome do cliente, não é essencial, mas fica como sugestão para que se estabeleça uma relação de maior proximidade com o cliente, criando assim uma sensação de individualidade, que é ponto positivo em uma negociação.

Descrição do trabalho realizado ou mercadoria negociada – parte principal do orçamento. Neste ponto o prestador vai detalhar os serviços que serão prestados, ou no caso de venda irá determinar o que está sendo negociado. É importante ressaltar neste aspecto a importância dos detalhes que devem estar contidos no orçamento. Se o trabalho será entregue impresso, é crucial que esteja determinado o tipo de material (fotolivro, papel fotográfico, etc.) e especificação deste material (número de páginas e fotos do fotolivro ou dimensão da fotografia), além de numerar as quantidades de cada item. Nos casos de orçamento para reprodução fotográfica estará disposto o tipo de reprodução, a mídia que se destina, a abrangência, entre outras particularidades.

Prazo de entrega ou prazo de execução – Como prazo de entrega cito o exemplo da fotografia de casamento, onde normalmente há apresentação do ensaio por meio de fotolivro e mídia portátil com as imagens. É importante que esteja previsto no orçamento em quanto tempo essa entrega. Essa informação também deverá estar contida no contrato, mas discriminar o prazo no orçamento é importante para dar maior segurança ao cliente, especialmente em casos onde há a ansiedade do cliente em ver o resultado, como no citado de casamento. No caso de prazo de

Por: Diogo Ramos

Página 220 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

execução, cito o exemplo de serviços prestados por determinado período de tempo, como a documentação de uma determinada obra ou a cobertura de um congresso ou feira.

Condições e/ou formas de pagamento – embora o assunto possa parecer constrangedor, é melhor informar previamente o cliente sobre as suas condições de pagamento do que ter que discutir posteriormente ao trabalho realizado. O assunto se torna ainda mais importante quando não é estabelecido contrato entre as partes, neste caso o cliente não poderá exigir uma condição de pagamento diversa daquela prevista no orçamento, ficando restrito ao que foi informado neste. Sugiro que as penalidades em caso de inadimplemento estejam previstas somente no contrato.

Validade do orçamento – considero um requisito muito importante e que é um dos mais esquecidos. A legislação brasileira prevê que o orçamento é válido por 10 dias (conforme art. 40, § 1º do Código de Defesa do Consumidor) quando não especificado, a partir do recebimento do cliente (saliento que o prazo informado é válido somente para o Brasil, sendo que não encontrei dentro da legislação portuguesa o prazo correspondente). Embora a vigência legal do orçamento seja relativamente curta, é importante que seja definido um prazo, justamente para que não haja margem para discussão sobre a validade ou não de determinado orçamento e evitando até mesmo uma lide judicial.

Data do orçamento – se houve estipulação do prazo de validade do orçamento, nada mais sensato do que informar a data (e local na medida do possível) em que este foi entregue. Para os casos de orçamento remetidos via e-mail, este requisito não se faz tão necessário, uma vez que a data de envio do e-mail constitui como prazo inicial para validade do mesmo.

Para finalizar, ressalto que existem diversos modelos de orçamento fotográficos disponíveis na web, entretanto os modelos não devem ser utilizados sem que haja uma preciosa análise dos requisitos que a compõe, conforme o exposto acima, e adequado à necessidade de cada cliente e prestador. Importante frisar: é mais válido pecar pelo excesso de informações do que pela sua precariedade.

Página 221 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Ansiedade Fotográfica

Iniciaria a partir deste mês uma série de artigos relacionados ao Direito de Imagem e Direito Autoral, mas, superstições a parte, achei que não seria bom iniciar esta série em um ano que já está terminando. Por este motivo resolvi fugir um pouco do mundo jurídico para entrar no mundo dos devaneios filosóficos e abordar um tema que venho refletindo a algumas semanas:

Ansiedade Fotográfica Vivemos num mundo pautado pelo excesso de informações: somos reféns das redes sociais, e-mails, sites de notícias, e ainda temos que conciliar tudo isso com nossa vida pessoal. Num piscar de olhos as notícias mudam, as informações se tornam ultrapassadas e temos que aprender a lidar com esse fluxo contínuo e massivo que nos chega. Queremos saber de tudo que está acontecendo no mundo, e queremos saber isso em tempo real, se possível que tenha lá uma câmera nos mostrando aquele fato importante que está acontecendo do outro lado do planeta. Vivemos numa época em que, bem disse o filósofo Mario Sérgio Cortella, tudo é ―fast‖. O mundo moderno nos mostra que não temos ―tempo a perder‖, em outras palavras: o tempo urge e é preciso extrair o máximo dele. E é com esta filosofia, reforçada pelo tão falado ―carpe diem‖ que atropelamos o tempo e criamos em nossa consciência um conceito de imediatismo. A velocidade da informação atual, aliada com o desenvolvimento tecnológico avançado, gerou uma mudança de percepção que talvez seja mais visível para àqueles que acompanharam essa transição entre o mundo ―analógico‖ e o mundo ―digital‖. Para os que nasceram e cresceram na era digital talvez toda essa celeuma que proponho não faça tanto sentido. E talvez você esteja se perguntando agora: o que tudo isso tem a ver com a fotografia? Explicarei. A fome voraz que temos hoje por informações e por avanço tecnológico fez com que nos tornássemos mais ansiosos. O imediatismo tomou conta dos nossos dias e queremos que tudo aconteça de maneira rápida, e isso acaba afetando a nossa maneira de pensar, agir e trabalhar. Invariavelmente a fotografia foi atingida por essa ansiedade coletiva, e de várias formas, umas mais visíveis e outras mais intrínsecas, e denomino esse fenômeno de ―ansiedade fotográfica‖. A mudança mais fácil de detectar é aquela imposta pela mudança dos equipamentos. Hoje as nossas máquinas são mais avançadas tecnologicamente e também são mais acessíveis. Isso fez com que uma grande legião de novos amantes e profissionais ingressassem nesta arte e também no mercado de trabalho. Neste aspecto, o avanço tecnológico foi muito benéfico, pois está possibilitando que mais pessoas conheçam a fotografia e que se lapidem novos talentos.

Por: Diogo Ramos

Página 222 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O revés do mundo digital, para a fotografia, foi justamente o imediatismo que ele criou na cabeça dos fotógrafos. Queremos fazer a foto e já vê-la no visor de LCD (e ficamos nervosos se a foto demora alguns segundos para processar). Não deu certo? Não tem problema, temos poderosos softwares que podem corrigir as imperfeições. Ao descarregarmos as fotos para o computador também esperamos a mesma celeridade, e logo já estamos divulgando o trabalho recém realizado nas redes sociais, sites e blogs. Não torço o nariz para os novos equipamentos, muito menos para as redes sociais, pois eu sou um consumidor assíduo dessas tecnologias. A minha crítica é quanto a este anseio que temos para que tudo aconteça de maneira rápida, para que tudo seja imediato. O fotógrafo iniciante mal começa a fotografar e já vive a angústia por um novo equipamento, pelo melhor dos equipamentos. Estamos deixando de lado a essência da fotografia para discutirmos sobre máquinas, sobre novos lançamentos, sobre os novos recursos, mas estamos nos esquecendo de discutir sobre a luz, sobre a sombra, sobre a composição, sobre as nossas referências na fotografia, deixamos de tirar algumas horas na semana apenas para ver trabalhos de outros fotógrafos, por que estamos preocupados somente em divulgar o nosso trabalho. E por falar em trabalho, estamos querendo nos tornar uma referência dentro da fotografia muito rapidamente. Hoje em dia tem se apertado muito o botão, mas e fotografado de verdade? Creio que o aprendizado hoje tem se dado muito mais pela repetição dos erros do que pela análise criteriosa daquilo que se fez. O que isso significa? Que a ansiedade fotográfica faz com que tiremos 10 vezes a mesma foto, para que depois possamos escolher uma (e se estiver imperfeita, basta corrigir), ao invés de fazermos somente uma! Uma vez apenas, se pensando antes de fazer a foto, tratando de corrigir os erros com os olhos e a cabeça, e não com o computador. Essa não é uma crítica a quem está começando, ou àqueles que já estão no mercado, mas mal acostumados com essa condição do mundo moderno. É uma crítica coletiva e me incluo no meio dela, pois muitas vezes incorro no erro de pesquisar mais sobre um equipamento mais moderno que o meu, do que fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre composição ou sobre novas tendências. Proponho aqui que nos remetamos a um passado não muito distante, até uma época onde não existiam computadores, tablets, celulares, máquinas digitais. Imaginemos agora qual era a fonte em que os fotógrafos dessa época bebiam? Livros, publicações, aulas, palestras, troca de idéias com outros fotógrafos. Não é de se estranhar que os fotoclubes daquela época faziam muito mais sucesso do que hoje, pois era lá que os apaixonados pela arte podiam encontrar outros colegas e discutir sobre fotografia. Hoje nos encontramos em fóruns, grupos virtuais, comunidades, e acabamos nos esquecendo de sair para a rua (e como diria Eder Chiodetto em curadoria a Flavio Damm: ―a fotografia está sempre lá, na rua), ver a luz, fotografar com os olhos, admirar as coisas tangíveis (e as intangíveis, quando a imaginação assim permitir). Faço outra proposta: tentemos unir essa fantástica evolução tecnológica que temos hoje, esse vasto mundo de informação, esse acesso a trabalhos de outros talentosos fotógrafos (e o fácil acesso aos próprios artistas), com a maneira de aprender do passado. Vamos resgatar os velhos livros de fotografia, vamos comprar os novos livros de fotografia. Vamos discutir mais sobre a luz e menos sobre os novos lançamentos. Vamos fotografar mais, mas apertar menos o botão. Vamos mudar a nossa maneira de pensar fotografia, resgatando a essência do passado, mas sem deixar de olhar para o futuro. Vamos deixar a ansiedade fotográfica de lado, e que possamos nos lembrar sempre daquilo que é verdadeiramente primordial. ―É impossível haver progresso sem mudanças, e quem não consegue mudar a si mesmo não muda coisa alguma.‖ (George Bernard Shaw)

Página 223 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Desconto, dar ou não dar?

O Fotografia DG é para amadores e profissionais. Nesse artigo vou falar mais especificamente para os profissionais, que vivem ou tiram um extra com a fotografia. E para quem trabalha com fotografia, certamente já passou pelo famoso pedido de desconto de um cliente. Tenho conversado com alguns colegas, amigos e alunos e esse é um ponto que tenho sido questionado constantemente, dar ou não desconto? O brasileiro já tem intrínseco em sua cultura a pechincha. Precisa receber um descontinho pra ficar feliz com a negociação. Mas até onde isso é vantajoso na hora de fechar um contrato?

Cobrando mais do que vale Vamos supor que você cobre por um trabalho R$1000,00. Seu cliente acha caro. Pede um desconto. Você cede e acaba fechando em R$800,00. E esses R$200,00 que você conseguiu tirar do orçamento? Quer dizer que você já poderia cobrar menos antes e não o fez. Seu cliente pode pensar que você estava se enriquecendo às custas dele. Se ele não falasse que estava caro, você ficava com o montante. Lembro-me que certa vez, na minha infância, meu pai orçou diversos serviços de pintores para reformar a nossa casa. Um certo ―profissional‖, após sua análise, chamou o meu pai e disse que aquele serviço custaria R$8000,00. Meu pai achou caro e disse ao pintor que iria analisar. O pintor deu então um desconto e fez por R$6000,00. Depois ofertou metade do preço, R$4000,00. Se ele poderia ter cobrado R$4000,00, por que cobrou R$8000,00 na primeira vez? A sensação do cliente de receber um desconto como esse é de ser enganado. No final das contas, meu pai não fechou com o pintor, pagou mais caro por outro serviço e ainda disse a ele uma frase que nunca vou me esquecer: ―Serviço seu em minha casa eu não quero nem de graça.‖ Certamente você não quer que seu cliente ache que você é um aproveitador. E não é preciso ir muito longe como o caso do meu pai para ele ter isso em mente. O fato de oferecer desconto não quer dizer que o cliente vá fechar e muito menos que ele estará satisfeito com a negociação. Num primeiro instante pode até ser, mas quando ele sair do seu escritório, aquela ―gordurinha‖ que você provavelmente estava cobrando a mais, no pensamento dele, foi uma tentativa frustrada sua de tentar ganhar em cima. E aí meu amigo, qualquer outro trabalho que você venha a realizar no futuro ele pedirá e exigirá um desconto, desse para maior. Ele vai entender que você cobra mais do que o seu serviço vale.

Mas quanto vale a sua fotografia? O valor é justo quando o cliente aprecia a sua fotografia, está convencido de seu potencial como fotógrafo e o resultado que você proporcionará a ele ou ao negócio dele. O valor é caro se o cliente não conhece a sua fotografia ou não se interessa pelo seu trabalho.

Por: Renato dPaula

Página 224 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

O valor de um serviço está diretamente ligado à sua importância e raridade no mercado. Seu trabalho fotográfico tem algum diferencial? Você oferece algo a mais? Sua fotografia é única? Preocupe-se em como ter isso com o seu público alvo. Agora se todos os seus clientes acham sua fotografia cara e sempre pedem descontos é porque provavelmente ela não está valendo o quanto você cobra. É preciso estar atento.

Não tenha medo de dizer não Muitas vezes, com medo de não fechar um negócio, profissionais dão descontos, pensando que isso fará com que ele não perca o cliente para um concorrente. Algumas vezes, alguns clientes fazem disso um leilão. Fulano cobra X. Por quanto você pode fazer para eu fechar com você? Ou pior, pede um desconto e na hora de fechar diz que o pagamento é à vista e quer mais desconto. O que devemos fazer é nos empenhar em aperfeiçoamentos e melhorar nosso trabalho a cada dia, tornando-o cada vez melhor e único no mercado. Se o seu trabalho vale X, cobre isso e não ceda. Cobre o justo e dê valor a ele.

Seja moderado Desconto é bom e eu gosto. Quem não gosta? Mas ele não pode ser exagerado. Pratique, por exemplo, 5% de desconto em cima do valor do seu trabalho fotográfico para pagamento à vista. O desconto é válido nesse caso e tido como um benefício por o cliente pagar no ato. Vantagem pra ele que recebe o desconto e pra você que já tem todo o pagamento em conta.

Outros benefícios Fora descontos, ofereça outros benefícios, como parcelamento sem juros. Seu trabalho certamente não será desvalorizado dessa forma.

Amigos recebem desconto? Fica aqui minha sugestão para você, que como eu, começou fotografando para amigos e ainda, muitas vezes, os tem como clientes: amigos amigos, negócios à parte. Você já ouviu isso, certo? Trate seu amigo como você trataria seu cliente que acabou de conhecer. A cobrança nos resultados será a mesma. Certamente vale o prazer por ser alguém que você já conheça e já tem uma afinidade, mas faça o seu trabalho ter valor sempre. Outro dia soube de um fotógrafo que estava quase quebrando por conta de fazer preços diferenciados para amigos. Cobre como deve ser cobrado e faça o seu melhor, independente para quem seja. Afinal de contas, esse é seu trabalho.

Serviço VS Produto Existem outras situações onde o desconto pode ser aplicável. É o caso onde o seu cliente contrata diversosprodutos fotográficos ao mesmo tempo. Um exemplo na área da fotografia de casamentos é quando o cliente fecha a cobertura do casamento, que já inclui um álbum, além de outros produtos como livro de assinaturas, mini-álbum do casamento para mãe e sogra, etc. Já seu serviço fotográfico não pode ser tratado como um produto, que multiplicado e comprado em grandes quantidades têm-se um desconto maior na aquisição. O custo e trabalho envolvido numa

Página 225 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

prestação de serviços é diferente de um produto comprado e produzido em grandes quantidades. É serviço humano. É você lá criando e desenvolvendo, independente da quantidade.

Trocando o desconto por produto Uma forma interessante é ao invés de dar um desconto, oferecer um serviço agregado. Por exemplo, o cliente fecha com você duas prestações de serviços e deseja um preço melhor no pacote todo. Ao invés de dar desconto, ofereça um ―algo a mais‖ que seja vantajoso para o cliente e para você.

Pessoas se falam e se conhecem Devemos tomar cuidado ao pensar em tratar as pessoas de forma diferente. Imagina a situação onde você fez uma sessão de fotos para uma cliente. Cobrou o valor justo por esse serviço. Uma outra cliente de contata, solicita um orçamento, pede desconto e deixa este como justificativa para fechar. Você cede e fecha por menos. Mas a segunda cliente não disse que conhecia a primeira. E num certo dia elas trocam informações, inclusive de valores. Como você acha que será o sentimento daquela que não pediu o desconto? Ela não vai ficar com raiva da amiga. Pode ser que fique com raiva dela por não ter pedido o desconto, mas com certeza vai ficar com raiva de você, que poderia ter cobrado menos e não o fez. Além de antiético, você pode ficar numa saia justa.

Conclusão Cobre o quanto vale a sua fotografia e não caia na tentação dos descontos. Muitos ficam desconfortáveis em dizer não ao cliente e não atender um pedido de desconto. Quem só procura preço não está preocupado em qualidade. Se o seu cliente quer saber primeiro o quanto você cobra antes de conhecer o seu trabalho, cabe à você mostrar os benefícios que ele terá ao contratar seus serviços. Atente-se em mostrar o seu diferencial. Tenha em mente que seu trabalho vale o quanto você cobra. Mostre isso. E o mais importante, faça-o valer. Você certamente será lembrado por isso. Lembre-se, uma boa negociação é aquela em que ambos os lados saem contentes.

Página 226 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 227 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Diogo Ramos

Uma vez, o professor de fotografia e fotógrafo, Ricardo Akam, disse que todo fotógrafo deveria cursar direito para evitar confusões. Diogo Freitas Ramos, 26, colaborador do Fotografia DG, pode não ter tido aula com Akam, mas se tivesse teria seguido seu conselho à risca já que leva nas costas as duas profissões: fotógrafo e advogado. Hoje, é especialista em Direito da Imagem e Autoral e se sente mais fotógrafo do que advogado. Abaixo, uma rápida entrevista com esse rapaz natural de Curitiba, Paraná e que atualmente mora em Itajaí (em Santa Catarina).

FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? DIOGO RAMOS - Meu gosto pela fotografia vem desde pequeno, meu pai foi fotógrafo de casamento na década de 70, mas acabou trocando a fotografia pelo vídeo, quando nasci ele não fotografava mais, mas sempre tive contato com as fotos da coleção dele. Embora tivesse no sangue o espirito de artista, cursei a faculdade de Direito, e foi somente após me formar que me interessei em comprar uma DSLR, quando fazia estudos sobre o Direito de Imagem. A primeira máquina veio no inverno de 2009, e o primeiro trabalho na metade de 2010, agora não penso em parar nunca mais. DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? DIOGO - O trabalho mais marcante foi o ensaio de um coral realizado numa fábrica abandonada, na cidade de Maringá-PR, foi um desafio enorme e um grande aprendizado.

DG - O que considera essencial em uma fotografia? DIOGO - Que ela transmita sentimento, que seja feita com emoção e que tecnicamente seja bem feita. DG - Suas referências na fotografia? DIOGO - São vários, mas destaco: Henri-Cartier Bresson, Flávio Damm, Sebastião Salgado, Ferdinando Scianna, Riccis Valladares, Fer Jursiatti, Robert Doisneau e Evandro Rocha. Na cinefotografia são dois: Joe Simon e Philip Bloom.

Página 228 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? DIOGO - Gostaria de agradecer a todos que acompanham o site do Fotografia DG e também os meus posts. Desejo a todos vocês um 2011 de muita luz e que venha com ele muito sucesso e crescimento! Deixo uma frase que gosto muito e procuro sempre aplicar: "Onde quer que você vá, vá com todo o coração‖, de Confúcio.

Página 229 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fernando A. Melo

Ele nasceu em uma ilha: Florianópolis. E lá continua pra exercer sua profissão. Estamos falando do fotógrafo Fernando Areias Melo – ou simplesmente Nando Melo - , 29. A área de atuação é voltada especialmente para gestantes , mas ele também tem registros de eventos, fotomacro, 3D e HDR. Abaixo, mais algumas curiosidades sobre esse profissional.

FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia?

NANDO MELO - Comecei a fotografar profissionalmente em 2006 quando estava nos Estados Unidos e o hobby começou a ser uma fonte de renda. Quando voltei de viagem trabalhei no setor financeiro da Pizza Hut e paralelamente fazia freela como fotógrafo. Em 2008 decidi viver apenas como fotógrafo e é o que faço até hoje.

DG - Qual o trabalho mais marcante até agora?

NANDO - Cada trabalho realizado tem sua particularidade, mas o primeiro ensaio de gestante em junho de 2008 foi o mais marcante! E agora em 2011 fiz o primeiro ensaio de gestante em 3D.

DG - O que considera essencial em uma fotografia?

NANDO - Luz, harmonia com o modelo a ser fotografado e estudo constante!

DG - Suas referências na fotografia?

NANDO - Aprecio e estudo os clássicos e atuais. Não tenho um fotógrafo base como referência. Procurei todas as técnicas e voltei a simplicidade. Não sou moderno nem antigo, fotografo o que me encanta (Adaptado de Anita Malfatti, 1926).

DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG?

NANDO - Estude sempre mais! Depois de estudar, pratique o que estudou, avalie seu desempenho, peça crítica de amigos e estude mais! Inove, crie tendências, participe de grupos de discussão e estude mais!

FOTO EM 3D

Página 230 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Página 231 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Fernando Bagnola

Grande bagagem profissional e enorme senso de humor. Duas coisas que andam juntos com o fotógrafo brasileiro nascido em São Paulo, Fernando Bagnola, 52, e que adotou Cidade do Porto, em Portugal, como sua terra há quatro anos. Trabalhando na área desde os 16, afirma que a Cidade do Porto é a mais fotográfica que ele conheceu até hoje e diz, brincando, que só falta para baixo da linha do Equador se a atual presidente, Dilma Rousseff oferecer a ele o cargo de Ministro da Cultura. Abaixo, o bate papo com mais esse colaborador do DG. FOTOGRAFIA DG: Como e quando começou na fotografia? FERNANDO BAGNOLA: Comecei na fotografia de uma forma que nunca consegui explicar... É sério… Certo dia minha mãe chegou com uma câmera Contax mega super velhinha que um amigo dela tinha deixado para ela e eu peguei emprestada … foi encostar nela e fiquei contaminado pelo bichinho da fotografia. Como eu não tinha grana para estudar em uma escola de bacana chamada FOCUS ,que na minha opinião, sempre foi a

melhor do mercado, pegava o ―buzão‖ e ficava em um boteco que tinha do outro lado da Rua Maria Figueiredo, onde ficava a FOCUS do meu querido (hoje) amigo Ênio Leite, que já era O cara desde essa época. Minha estratégia era ficar amigo da galera que saia fumar um cigarrinho e tomar um café no intervalo das aulas e dai ia sabendo dos assuntos fotográficos, por exemplo, revelação pb com revelador fine grain Microdol-X . Depois ia lá prá Conselheiro Crispiniano na Fotoptica (escrevia assim mesmo) e dai comprava o revelador. Dava uma passada na Biblioteca Mario de Andrade que fica ali pertinho prá ver nos livros como fazia o processo e voava para casa cheio de vontade Pegava todos os sacos de lixo da prateleira, cobria todas as janelas do meu quarto e começava a experimentar. Meu quarto tinha cheiro de revelador + interruptor + fixador … hahahaha!!!

DG- Qual o trabalho mais marcante até agora?

FB: Do ponto de vista do coração, há vários … principalmente quando eu conseguia obter bons resultados ali no meu quarto! Já do ponto de vista de

divulgação do meu nome, foi, sem dúvida, ter ganhado o 1º Prêmio Avon Color de Maquiagem com a Ana Paula Arósio … uau … nem acreditei, juro! Competir com tantos fotógrafos que eram ídolos (e ainda são) e ganhar??? Num puuuuuuuuta (sorry, mas sou brasileiro, lembra?!!) evento no Memorial da América Latina, com um puuuuuuuuuuta júri de fazer os joelhos baterem um no outro e, melhor, o evento inaugural desse mega projeto da AVON. Foi tudo!!!! Agora, se for escolher uma foto PB para representar toda a minha vida, seria esta, pelo fato de ser minha mesmo, tipo ―ninguém tinha feito‖, sabe? Lembro que falei pra Ana Paula pensar que ela era uma Thundercat (adoro!) e ela mandou uma expressão fantástica. E se tivesse que escolher uma foto colorida seria esta que fiz para uma campanha de moda da TZ pela estrutura da produção que era de primeira em todos os sentidos!! E foi o meu primeiro Outdoor … ui … que sensação legal ver uma foto sua desse tamanhão no meio da cidade … hehe … eita Ego, né???!!

Página 232 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

DG - O que considera essencial em uma fotografia?

FB: Várias coisas. Primeiro, emoção … ser ―doente‖ por fotografia … segundo, ter estudado (leia-se pesquisado) antes de clicar para poder compor bem, enquadrar bem, saber o que quer e fazer! Sou viciado em estudar fotografia e sinto (mesmo!!!) um prazer enorme em aprender algo que possa melhorar minhas fotografias. Na real, nada mudou desde os meus 16 anos em termos de emoção … senão já teria ido buscas outros prazeres. DG - Suas referências na fotografia? FB: Tenho algumas referências importantes, todas brasileiras, pois além de ídolos inalcançáveis que viraram brothers, também foram pessoas que partilharam muitas coisas comigo lá no comecinho e a eles serei sempre agradecido: Ênio Leite, o Grande!!! Quem começa com ele nunca será o mesmo!!! Clicio Barroso!!! Grande cara, nasceu para partilhar aquele cérebro enciclopédico … tem um trampo que dispensa qualquer comentário de tão bem feito do clic ao tratamento … não é a toa que tem esse nome que é a onomatopéia mais bem colocada. Paulo Rocha!!! lembrar daquele tempo que ele me ensinou como fazer aquele tom de pele em pb que só ele sabe fazer, que emoção, sabia? Miro!!! Nunca mais vou esquecer de ver o Miro em ação no Calendário da Pirelli … é indescritível, talvez o maior ser pulsante que já conheci e um artista do melhor que há. Ele olhou as minhas provas de contato e disse que estavam uma porcaria e que tinha que melhorar nisso porque é o que o cliente vê na apresentação preliminar de um trabalho. Foi o melhor conselho que alguém poderia me dar! DG- Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? FB: Minha mensagem para os FotoDGnianos é: "Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia ... Pois o triunfo pertence a quem se atreve. "

Página 233 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Hermes Cerelli

Ele nasceu na terra do pão de queijo mais famoso e gostoso do país. Que fala tudo ―cortadim‖, ―piquininim‖, ―miúdim‖. Isso mesmo: Hermes Cerelli, 31, fotógrafo e analista de sistema, nasceu em Minas Gerais, mais precisamente Belo Horizonte. Sempre gostou de fotografia, mas ao clicar as bodas de prata dos tios e ver a emoção na hora da entrega do álbum, descobriu que queria isso para vida toda. ―É a maior recompensa que recebo ao entregar um trabalho‖, revela o fotógrafo colaborador do Fotografia DG. Abaixo, um pouco mais sobre esse profissional. FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? HERMES CERELLI: Desde criança, sempre gostei muito de fotografia. Em 2007, ainda clicando por hobby, fotografei a cerimônia de bodas de prata dos meus tios e sem que eles soubessem, montei um álbum e entreguei a eles. Quando os vi se emocionando com aquilo, decidi que era exatamente o que eu queria para a minha vida, fazer o que eu era apaixonado e ainda emocionar as pessoas com meu trabalho. Esta é a maior recompensa que recebo ao entregar um trabalho desde então.

DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? HC: O casamento de um casal muito que tenho grande amizade e foi realizado de dia em um sítio. Além do prazer de fazer a cobertura deste casamento, do qual também fui padrinho, este trabalho também foi o que definitivamente me inseriu no mercado da fotografia de casamento e até hoje rende frutos.

DG- O que considera essencial em uma fotografia? HC- A fotografia tem de transportar quem a vê. Precisa transmitir a sensação de emoção, o calor do momento, os cheiros do local. Aguçar os sentidos! Tem de fazer com que as pessoas viajem de volta à aquele instante, ainda que não tenham feito parte dele quando foi registrado.

Página 234 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

DG- Suas referências na fotografia? HC: Henri Cartier Bresson, Robert Capa, Sebastião Salgado, Marcus Bell, Fer Juaristi e Márcia Charnizon.

DG- Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? HC: "Não tenha medo de dar um grande salto. Não se pode atravessar um abismo dando dois pulinhos." David Lloyd George. Ouse, inove e não se acomode. Busque sempre o novo, olhe sempre para o futuro e persiga os seus ideais, independente do que digam ou lhe façam. Use cada obstáculo como um trampolim para o sucesso, e principalmente, não tenha medo de lutar, pois este é o único caminho para alcançamos nossos objetivos e a felicidade! Fotografia é arte, amor e paixão. A fotografia não sai da câmera, mas sim, do coração.

Página 235 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Jéssica Tavares

Jéssica Rodrigues Ramalho Tavares, 20, nascida em Piúma, no Espírito Santo, estuda jornalismo e realiza algumas entrevistas no Fotografia DG. Fotojornalista por essência, faz de James Nachtwey, sua inspiração. Abaixo, uma pequena parte dos pensamento dessa jovem fotógrafa. FOTOGRAFIA DG – Como e quando começou na fotografia? JÉSSICA TAVARES: Sou novata na fotografia, estou fazendo cursos e estudando bastante para futuramente me tornar uma fotógrafa. DG- Qual o trabalho mais marcante até agora? JÉSSICA: Fotografia DG está me dando uma grande oportunidade para

desenvolver o meu talento do curso que estou cursando na faculdade, e a primeira entrevista que eu fiz, com a fotógrafa Kisrty Micthell foi uma grande experiência que fez eu conhecer outro lado da fotografia e consequentemente para eu aprimorar meus conhecimentos na área. DG- O que considera essencial em uma fotografia? JÉSSICA: Sem dúvida o fotógrafo, cada um desenvolve uma técnica diferente, tem um olhar diferente. É interessante analisar como o mesmo objeto ou cena é vista e interpretada diferentemente por quem a faz e vê. O olhar do fotógrafo é o que torna a fotografia uma imagem interessante de ser apreciada. DG- Suas referências na fotografia? JÉSSICA: James Nachtwey, pela sua experiência como fotógrafo e por ter me mostrado como ser um verdadeiro fotojornalista. DG: Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? JÉSSICA: O Fotografia DG tem ajudado na formação e especialização de grandes profissionais. Um bom fotógrafo pesquisa, estuda e procura sempre aprimorar seus conhecimentos, com este site você pode tanto aumentar seu nível de conhecimento na área como ter contato e conhecer pessoas no ramo. Eu sou prova que o Fotografia DG não só disponibiliza tudo isso, como também incentiva a formação de novos profissionais. Nunca se canse de estudar, pesquisar e aprimorar seus conhecimentos, afinal isso definirá a qualidade do seu trabalho.

Página 236 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Annelize Tozetto

Annelize Tozetto, conhecida como Anne, é fotógrafa e jornalista formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Entre 2009 e 2010 cursou Fotografia pelo Centro Europeu – para aprender mais sobre a profissão. Sua grande paixão é fotojornalismo, mas ultimamente tem tirado fotos de eventos, famílias e principalmente crianças. Colaboradora do Fotografia DG, ela é responsável pelas entrevistas com os fotógrafos brasileiros. FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? ANNELIZE TOZETTO: Não sei afirmar bem certo. Porque eu cursava jornalismo e me apaixonei por fotografia no primeiro ano do curso. Amava ficar dentro do laboratório, revelando os filmes e ampliando as imagens. Se as aulas permitissem, ficaria o tempo todo (mesmo com o cheiro dos químicos). Porém hoje acredito que eu fiz jornalismo porque eu amava fotografar (até porque não teria feito um curso no Centro Europeu), amava (e ainda amo) ver as fotos dentro de jornais revista... e sempre

que tinha trabalho na escola, queria ficar na imprensa, responsável pelas fotografias. Então, não consigo me ver sendo só fotógrafa sem ser jornalista, nem ser jornalista sem ser fotógrafa. FOTOGRAFIA DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? ANNE: Tiveram vários, mas acredito que participar da equipe oficial de Fotógrafos do Festival de Curitiba de 2010 foi uma experiência espetacular... Isso porque juntou a fotografia, o jornalismo e o teatro, três coisas que eu gosto muito. A equipe era ótima, um astral muito bom e além disse, fiz muitos contatos, que me renderam trabalhos depois. Espero poder repetir a experiência esse ano.

FOTOGRAFIA DG - O que considera essencial em uma fotografia? ANNE: Vivacidade. Fotografia precisa prender, precisa passar sentimento. Lógico que técnica é importante, mas nem todo mundo que entende de técnica fotográfica consegue emocionar. Precisamos sempre estar conectados com o que iremos fotografar.

Página 237 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

FOTOGRAFIA DG - Suas referências na fotografia? ANNE: Sebastião Salgado, Henry-Cartier Bresson, Walter Firmo, Evandro Teixeira, Jorge Bispo, Clicio Barroso, Rodolpho Pajuaba, Ana Correa, Erika Verginelli, Annie Leibovitz, e aí por diante... FOTOGRAFIA DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? ANNE: Leiam, aprendam, troquem informações, pratiquem, pratiquem, descansem, leiam, aprendam, troquem informações, pratiquem, descanse, pratiquem. E estejam sempre abertos para novas experiências. Tudo isso acabará refletindo na sua fotografia e na mensagem que você passa.

Página 238 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Tyto Neves

O fotógrafo Tyto Neves, 39, é de São Paulo. É direitor da OXPHOTO, Agências de Imagens e tem estúdios em São Paulo e Nova Odessa (interior paulista). Além disse, escreve periodicamente para o Fotografia DG. Abaixo, a entrevista com Neves. 1 - Como e quando começou na fotografia? Durante a faculdade de Arquitetura, comecei a fotografar obras de amigos arquitetos/decoradores além das etapas de conclusão dos projetos do escritório de arquitetura onde

trabalhava. Ainda durante a faculdade numa aula onde seria preciso pintar um quadro, minha proposta foi criar um quadro através da fotografia de rosas. Obviamente não possuía recursos técnicos e práticos para tal feito, mas nasceu o desejo intimo em levar adiante o projeto de fotografar. Fiquei sabendo de um concurso de bairro, Fotografe o Ipiranga – tradicional bairro paulistano onde morava – e munido de uma simples Trip 35 de meu falecido sogro fotografei num final de tarde os Leões do Monumento do Ipiranga. O resultado do concurso foi uma TV de 29‖ – super lançamento na época - e com o dinheiro da venda da televisão, consegui comprar minha primeira câmera reflex. A partir da aquisição desse equipamento, passei a consumir livros e cursos livres de fotografia, e dei continuidade ao projeto das fotografia das rosas e a gerenciar as duas profissões, até chegar o ponto necessário em optar por uma das duas. O resultado do projeto das rosas hoje, mais de 13 anos depois pode ser visto na exposição ―Caminhos e Histórias‖ que atualmente percorre o estado de São Paulo.Agora o resultado da mudança de profissão, pode ser visto em meu vasto portfólio e brevemente em meu livro que será lançado esse ano. 2 - Qual o trabalho mais marcante até agora? Cada pessoa, cada trabalho tem sua particularidade e, portanto sua própria história. Uma das coisas mais difíceis em minha relação com a fotografia – é a seleção de fotografias, sejam fotos para portfólio, exposições, aulas, pois sempre fotografei o que tive vontade, e quando tive vontade. Fui um dos precursores da nova geração do fotojornalismo social em São Paulo a partir do ano 2000, quando comecei a fotografar casamentos. E juntamente com minha equipe fotografei muitos casamentos durante anos. O dia em que fotografei uma gestante, que pediu uma foto de sua barriga junto de um pingente... Que era presente do pai da criança – que havia sido assassinado há pouco tempo.Ao término do trabalho fui pra casa e chorei muito... Até hoje quando lembro me emociono.Alguns Casamentos também foram marcantes, com o pai de uma noiva - que usava bengala – e antes de entrar me falou: ―Tyto, eu vou entrar com ela sem a bengala‖ Minha resposta: Se o Sr. cair, estarei lá para segurar. Minha ação, segurando suas mãos: Cara, estarei lá, junto de você. Ou a noiva que perdera o pai, duas semanas antes do casamento. ―Tyto, não sei se vou conseguir‖ Esse casamento em particular foi muito emocionante, pois era de um grande amigo fotógrafo. Segurei sua mão para descer do carro, fiz as fotos e falei que entraria com ela se fosse preciso. Caminhei passo a passo à sua frente. Enfim... Como disse cada trabalho tem sua própria história.

Página 239 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

3 - O que considera essencial em uma fotografia? Os itens mais básicos, e que a meu ver, a grande maioria parece estar esquecendo: Olhar + Regras de Composição + A busca da linguagem pessoal. 4 - Suas referências na fotografia? Confesso minha dificuldade em guardar nomes. Vejo a foto, gosto da luz e procuro entender como o fluxo de luz permeia o quadro. Mas, vamos citar alguns nomes importantes no cenário Global: meu sócio

Tomas Kolisch, Enio Leite, Danilo Russo, Clicio Barroso, Rogério Ehrlich, Diego Rousseaux, Pepe Mélega, Jonaz Chun, Manoel Guimarães, JR Duran, Sebastião Salgado, Juan Esteves, Araquém Alcântara, Nellie Solitrenik, Valter Firmo, Evandro Teixeira, Marcio Scavoni, Gal Oppido, Drauzio Tuzzulo, Adriano Gambarini, Carrieri, Jorge Príncipe, Thales Trigo, Marcos Andreoni, Avedon, Annie Leibovitz, Helmut Newton, Claro Jonson, Claudia Andujar, Pedro Martinelli, Klaus Mitteldorf, German Lorca, Bob Wolfenson. Cada um em sua especialidade - e a seu modo - fez parte de meu crescimento profissional. 5 - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? Pratique esporte! Estude sempre, pratique, estude e pratique novamente. Quando pensar que ―sabe tudo‖ sobre a fotografia, estude novamente e assim busque sua linguagem própria. Tendências são passageiras, o caráter é permanente.

Página 240 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Nuno Luís Com formação original em Análise de Sistemas de Informação, o fotógrafo Nuno Luís, 36, gosta de fotografar a natureza. Abaixo, um bate-papo com esse colaborador do Fotografia DG.

FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? NUNO LUÍS: A fotografia de forma mais a sério começou no ano de 2003. A compra da minha primeira SLR e o facto de ter conhecido dois ou 3 fotógrafos de paisagem, foram um incentivo muito grande para mim. A partir desse momento e num processo essencialmente autodidacta, tenho vindo a evoluir e crescer no mundo da fotografia, acreditando que posso sempre melhorar a cada dia que passa. DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? NUNO: A criação do projecto FOTONATURE no ano de 2007. Para mim é gratificante poder passar o meu conhecimento a outros fotógrafos que agora se iniciam, uma vez que fotografia também é partilha de informação e conhecimento. DG - O que considera essencial em uma fotografia? NUNO: Olhar para uma imagem e gostar! Independentemente se as regras básicas são ou não respeitadas. Para mim uma boa imagem é aquela que não me deixa indiferente. DG - Suas referências na fotografia? NUNO: As minhas principais referências no mundo da fotografia são portuguesas: Joel Santos e Pedro Bento. São dois grandes fotógrafos e uma grande fonte de inspiração para mim. DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? NUNO: Continuem a apoiar e a divulgar este grande projecto. É sem dúvida uma mais-valia no panorama nacional.

Página 241 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Mariana Simon

Começou a fotografar por hobby e curiosidade, quando menos percebeu, já estava em um dos trabalhos mais marcantes da carreira – feito em parceria com Organizações Não Governamentais (ONG‘s) de proteção animal, intitulado Adoção Especial. Abaixo, algumas curiosidades sobre Mariana Simon, 23, fotógrafa e publicitária, que nasceu em São Paulo. FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? MARIANA SIMON: Comecei por curiosidade e hobby, e após bastante estudo e prática comecei a fotografar eventos. Trabalho com fotografia há quase cinco anos. DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? MARIANA: Um novo projeto iniciado no fim de dezembro de 2010 cedido a ONG´s de proteção animal e nomeado de Adoção Especial, que tem como objetivo, por meio de fotografias, ajudar e incentivar a adoção de cães e gatos que necessitam de cuidados especiais. O potencial da fotografia nesse projeto me fascina muito, e me faz cada vez mais procurar formas de ajudar através desse tipo de comunicação visual.

DG - O que considera essencial em uma fotografia? MARIANA: O foco, no sentido literal, a junção da leitura da luz com a aplicação da técnica conveniente e a captação e expressão do contexto, transportando toda emoção da experiência.

Página 242 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

DG - Suas referências na fotografia? MARIANA: Admiro muito o trabalho de Eugene Smith, Diane Arbus, André Brito, Richard Avedon, Ami Vitale, Ansel Adams e Don McCullin, para citar alguns. DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? MARIANA: Explore sempre que puder, surpreenda-se. Livros, workshops, cursos, textos, dicas, a internet facilitou muito a disponibilidade de conteúdo, saiba aproveitar ao máximo. Domine a fotografia e o equipamento, e por fim, fotografe e coloque em prática todo esse acúmulo literário!

Página 243 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Carol Avon

O nome completo é Caroline Della Giustina Avon. A idade é 28. Além de fotógrafa, é publicitária (embora não atue na área). Nasceu em Palotina, interior do estado do Paraná. Porém, fixou morada em Itapema, litoral de Santa Catarina, onde trabalha. A parte essencial de uma fotografia, para Carol é a emoção porque sem ela, não significa nada. Abaixo, uma pequena entrevista com essa colaboradora do Fotografia DG. FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? CAROL AVON: A fotografia sempre foi minha grande paixão. Aprendi a fotografar na faculdade com filme, a revelar no escuro, só usando o tato... A ampliar, a testar contrastes... Era delicioso. Sempre gostei muito, e depois que meu primeiro filho nasceu, vi a real importância de tornar os momento eternos. Comprei uma Nikon Coolpix 8800, seminova, e saía fotografando tudo, por puro prazer. Há um ano, comprei minha primeira DRSL, uma T1i (500D) da Canon e resolvi me jogar de vez. Saía oferecendo fotos de graça para os conhecidos, para poder ir aprendendo, pois não fazia ideia alguma de como "ser" fotógrafa de verdade, de como fazer uma sessão. Nunca tive uma oportunidade de ser uma assistente, por exemplo. Tudo o que aprendi foi na marra, com muito estudo, esforço e sem medo de dar a cara à tapa. Sempre fui muito corajosa. Depois de oito meses fotografando, abri meu estúdio, sem ter noção alguma também, comprei o equipamento todo através de conselhos nos fóruns de fotografia. Mas ainda estou engatinhando, tenho muito para aprender... DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? CAROL: É difícil definir, mesmo porque ainda estou no começo. Todos os trabalhos são marcantes e importantes... Com cada um, aprendo, vejo o que cometi de erro, o que acertei, e sempre vou levando para o próximo trabalho. Me emociono com cada história contada de casal, com cada gestante que tem seu bebezinho. DG- O que considera essencial em uma fotografia? CAROL: A emoção! A fotografia pode ser perfeita pelo lado técnico, mas se faltar a emoção, não significa nada. Vira só um papel com uma imagem que você vai desconhecer depois. A técnica é muito importante e você deve conhecê-la, porém, temos que tomar cuidado na hora de fotografar. Sempre deve-se ter em mente o que o levou até ali, a sua origem, a sua paixão por fotografar e saber dosar a técnica com a sua emoção e com a emoção do momento. DG- Suas referências na fotografia? CAROL: Poxa, tenho várias... Mas quem eu mais me inspiro é no casal, Márcia e Eduardo, da "Doce Deleite fotografia". O trabalho deles para mim soa como uma boa música para meus ouvidos (to parecendo minha mãe falando... hehehe). Tem totalmente a dosagem certa de técnica e exalam emoção! O trabalho da Erika Verginelli também é maravilhoso... Me inspiro muito nela. DG- Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? CAROL: Nunca desistam dos seus sonhos. Sejam corajosos e deem a cara a tapa... É a melhor maneira de aprender, de se erguer. E claro, estudem, estudem, estudem... E quando já acharem que sabem tudo, estudem mais e mais e mais. Caídas e obstáculos sempre vão existir, mas o importante é você manter o SEU FOCO! Com certeza você não estará sozinho! Nos vemos por aí!!!!

Página 244 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Armando Vernaglia

Ele começou no mercado com books e moda. Aos poucos mudou para a fotografia publicitária, onde atua até hoje. Falamos do fotógrafo paulistano Armando Vernaglia Junior, 36, um dos colaboradores do Fotografia DG. Abaixo, um pouco dos pensamentos de Vernaglia. FOTOGRAFIA DG - Como e quando começou na fotografia? ARMANDO VERNAGLIA: Comecei por volta de 1995, inicialmente no mercado de books e moda, mas logo me afastei desse mercado e dediquei-me ao mercado de fotografia publicitária, onde estou até hoje. Parte dessa opção se deve ao fato de que em 1996 ingressei na faculdade de Publicidade e Propaganda, então o contato com professores que trabalhavam em agências de publicidade facilitou

minha entrada nessa área. DG: Qual o trabalho mais marcante até agora? VERNAGLIA: Não penso que eu tenha tido um trabalho em especial, algo muito marcante, sempre há algum trabalho que se destaca pela dificuldade técnica, ou outro na qual o contexto da criação fotográfica seja mais interessante e criativa, mas tenho a sorte de estar há muitos anos nesse mercado e sempre com trabalhos diferentes e que me agradam de forma geral. Um em especial talvez eu possa citar como um trabalho diferente, que foi uma série de fotografias aéreas de uma fazenda, e ao contrário de boa parte das fotos aéreas, que normalmente são feitas com um helicóptero, neste caso tivemos que utilizar um balão, por ser mais silencioso para não assustar os animais das fazendas vizinhas, com isso a logística e a execução desse trabalho foram bem diferentes do usual, e muito agradáveis também. Afinal, quem não gosta de fotografar um lugar lindo durante um voo de balão e ainda ser remunerado por isso? =^) DG- O que considera essencial em uma fotografia? VERNAGLIA: Uma mescla perfeita de técnica e estética. Esse equilíbrio deve existir, a fotografia tem que possuir um desafio técnico, necessitar de destreza e habilidade para ser feita, mas ser bela e também permitir uma criação, ter espaço para a criatividade na composição, na estética. Para mim é isso, as fotos que aprecio fazer são ao mesmo tempo tecnicamente desafiadoras e esteticamente encantadoras, se o trabalho for assim, com certeza gostarei de fazê-lo, e mesmo que não seja um trabalho meu, aprecio muito quando vejo outros fotógrafos em cujos trabalhos eu possa ver esse binômio técnica + estética. DG- Suas referências na fotografia?

Página 245 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

VERNAGLIA: Na fotografia só tenho um ídolo, que é Philippe Halsman, autor da magnífica foto Dali Atomicus, um retrato espetacular do pintor Salvador Dali no qual ele aparece pulando, gatos voam pelo cenário e água jorra pela cena, é uma cena impressionante, bela, tem o binômio técnica e estética que citei antes, além de ser extremamente criativa por inserir um autor surrealista dentro de um contexto de imagem surrealista. Fora isso, meu outro grande ídolo é o cineasta Stanley Kubrick, para mim o maior cineasta de todos os tempos, e cujos filmes tem uma fotografia simplesmente espetacular e que sempre trouxe grande influência para minha fotografia.

DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? VERNAGLIA: Estudem e fotografem, não há boa fotografia sem estudo e prática constantes, tenha sua câmera sempre com você pois nunca sabemos quando uma cena interessante, intrigante e uma bela luz estarão em nosso caminho. Mas além disso, saiam um pouco da fotografia, olhem para as outras artes como a pintura, o teatro, a literatura, a música, o cinema, todas as artes são excelentes fontes de influência e conhecimento para a fotografia.

Página 246 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

Renato dPAULA

Um dos fotógrafos de casamento mais conhecidos no Brasil chama-se Renato dPaula. Ele nasceu em São Paulo, tem 29 e sempre escreve artigos para o Fotografia DG. Para dPaula, a fotografia deve contar uma história, ter alma e sentimento. A seguir, uma rápida conversa com o fotógrafo. FOTOGRAFIA DG- Como e quando começou na fotografia? RENATO dPAULA: Comecei fotografando minhas viagens pelo mundo. Fui convidado a fotografar em uma comunidade a qual eu passei a frequentar e lá desenvolvi minha fotografia e meu estilo. Alguns amigos pediam aquele tipo de fotografia que eu tirava em seus

casamentos. Após muito resistir a não entrar para a fotografia de casamento - até então eu estudava fotografia publicitária - acabei cedendo ao primeiro casamento de um amigo. Desde então venho trabalhando exclusivamente com fotografia de casamentos e família. Há pouco mais de dois anos dedico meu tempo somente para fotografia, após me demitir de um emprego na área de internet a qual eu estava há 10 anos.

DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? dPAULA: Sou fotógrafo de casamentos e poderia citar vários trabalhos que foram marcantes. Mas um trabalho que faço junto a uma ONG da qual sou integrante deixou em mim uma marca pra sempre. Numa das visitas no orfanato, cheguei e fui logo preparar meu equipamento para começar a fotografar. Achei um cantinho para não atrapalhar ninguém, agachei e abri minha mochila. Enquanto pegava a câmera fotográfica um menino pequeno, de no máximo 3 anos, calado, encostou-se em mim e me abraçou. Olhei para ele - não esqueço aquele rostinho - e vi seu pequeno joelho se levantando em direção à minha perna dobrada, indicando que ele queria estar ainda mais perto de mim. Coloquei-o em meu colo e continuei a preparar a câmera e mostrando o que eu ia fazer com a câmera. Fiquei ali alguns minutos com aquela criança no colo. Nessa hora, eu não queria mais estar como fotógrafo. Tentei deixá-lo, mas ele voltava a querer o colo. É de arrebentar o coração de qualquer um, por mais duro que seja. O momento do lanche foi para mim o mais emocionante. A minha função era registrar, então eu passava por todos os cantos tentando buscar cenas que marcassem. Num determinado instante fui registrar uma cena, mas eu não conseguia acertar o foco. O fotômetro funcionava, mas o foco não acertava de jeito nenhum, apesar do indicador na câmera informar que este estava correto. Alguma coisa estava errada e procurei nas configurações uma explicação. Tentei foco manual, mas o problema continuava. Logo me lembrei do ajuste de dioptria, o popular "grau" dos óculos. Eu poderia ter esbarrado nesse controle e ter desconfigurado a nitidez. Mas ao verificar a configuração, ela também estava correta. Para minha

Página 247 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

surpresa, ao olhar ao meu redor, a falta de nitidez não era somente quando eu colocava o olho no visor da câmera. O que estava sem foco, nitidez ou simplesmente embaçado, era minha visão. Tudo parecia um pouco distorcido e desfocado. Parei de fotografar por alguns instantes enquanto andava e olhava para cada um, num gesto de amor e carinho sem igual. Impossível não se emocionar. DG - O que considera essencial em uma fotografia? dPAULA: A fotografia deve contar uma história. A fotografia tem que ter alma e sentimento. A fotografia deve passar uma mensagem e ir além da busca pela plástica e estética.

DG - Suas referências na fotografia? dPAULA: Sebastião Salgado, Robert Doisneau, Vinicius Matos, Liliya Gorlanova, Emin Kuliyev. DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? dPAULA: Se você algum dia for desencorajado a continuar na fotografia e esse for realmente o seu sonho, não desista. Muitos poderão dizer que não vale a pena e existem caminhos mais seguros. Na verdade o caminho mais seguro para seguir profissionalmente é aquele na qual fazemos o que gostamos. E se algum dia você ouvir que suas fotos não são boas, não desanime. De duas uma: ou quem viu suas fotos não gosta do seu estilo ou você ainda precisa estudar mais um pouco. Para esse último, é uma questão de tempo. Na verdade, esse estudo deve ser constante e não termina nunca. Para o primeiro, não se preocupe. Você nunca vai conseguir agradar a todos. Crie seu estilo e encontre o seu mercado. Trabalhar com o que se gosta é uma das receitas para o sucesso, profissional e pessoal.

Página 248 de 249

Anuário 2010 • Fotografia DG www.fotografia-dg.com

J Grilo Um dos poucos portugueses que escrevem para o Fotografia DG. Natural do Porto, ele vive hoje em Marinha Grande. Estamos falando de J Grilo, 35, fotógrafo full-time. Abaixo, uma entrevista ping-pong com Grilo. DG - Como e quando começou na fotografia? J GRILO: Comecei na adolescência, quando comprei a primeira câmera, uma Nikon FM10, usada. Antes já "tirava" fotografias, com câmeras compactas, mas comecei a "fazer" fotografia depois de experimentar as SLR.

DG - Qual o trabalho mais marcante até agora? GRILO: Até agora considero todos os trabalhos marcantes enquanto profissional. DG - O que considera essencial em uma fotografia? GRILO: Na minha opinião uma boa fotografia tem que abranger a técnica e a arte. Tento sempre conseguir um equilíbrio nas duas. DG - Suas referências na fotografia? GRILO: Admiro o trabalho dos mestres clássicos ,e alguns fotógrafos mais contemporâneos, mas não tenho nenhum como referencia. DG - Uma mensagem para o leitor do Fotografia DG? GRILO: Continuem a acompanhar este excelente lugar de partilha e conhecimento sobre a arte de fotografar.