19
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 18ª ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE IBITIRAMA – ESPÍRITO SANTO. O PARTIDO DEMOCRATAS (DEM), inscrito no cadastro Nacional de Pessoa Jurídica sob o número 15.804.371.0001.01, com sede na cidade de Ibitirama/Espírito Santo, Cep: 29.540.000, representado pela Ilustríssima Presidente ANA CRISTINA DE ARAUJO, brasileira, casada, autônoma, inscrita no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o nº 112.313.917.23 e registro de identidade de nº 22.302.571.9, residente e domiciliada na Rua Sebastião Lemos Sobrinho s/n, Centro, cidade de Ibitirama/Espírito Santo, Cep: 29.540.000 por seu procurador, com instrumento de procuração incluso, vem à presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo art. 14, § 9º, da Constituição Federal de 1988, com sobredito artigo 1º, inciso I, alíneas “g” e “l”, da Lei Complementar 64/90 (redação da LC 135/2010), apresentar a seguinte; AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA Em face de PAULO LEMOS BARBOSA, brasileiro, casado, pré- candidato a prefeito, processo de registro de candidatura de nº 0600302.94.2020.6.08.0018, inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o nº 049.142.107- 97, com endereço na Rua Silvano Louzada s/nº, Centro,

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE …

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 18ª ZONA

ELEITORAL DA COMARCA DE IBITIRAMA – ESPÍRITO SANTO.

O PARTIDO DEMOCRATAS (DEM), inscrito no cadastro

Nacional de Pessoa Jurídica sob o número

15.804.371.0001.01, com sede na cidade de Ibitirama/Espírito

Santo, Cep: 29.540.000, representado pela Ilustríssima

Presidente ANA CRISTINA DE ARAUJO, brasileira, casada,

autônoma, inscrita no Cadastro de Pessoa Física do Ministério

da Fazenda sob o nº 112.313.917.23 e registro de identidade

de nº 22.302.571.9, residente e domiciliada na Rua Sebastião

Lemos Sobrinho s/n, Centro, cidade de Ibitirama/Espírito

Santo, Cep: 29.540.000 por seu procurador, com instrumento

de procuração incluso, vem à presença de Vossa Excelência,

nos termos do artigo art. 14, § 9º, da Constituição Federal de

1988, com sobredito artigo 1º, inciso I, alíneas “g” e “l”, da Lei

Complementar nº 64/90 (redação da LC 135/2010),

apresentar a seguinte;

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA

Em face de PAULO LEMOS BARBOSA, brasileiro, casado, pré-

candidato a prefeito, processo de registro de candidatura de

nº 0600302.94.2020.6.08.0018, inscrito no Cadastro de

Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o nº 049.142.107-

97, com endereço na Rua Silvano Louzada s/nº, Centro,

Cidade de Ibitirama/Espírito Santo, CEP 29540-000, Telefone

de contato (28) 3569-1316.

I. DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS DA PRESENTE AÇÃO DE

IMPUGNAÇÃO.

O IMPUGNADO pleiteou perante o Juízo desta 18ª Zona Eleitoral do

Estado do Espírito Santo o registro de candidatura de nº 0600302.94.2020.6.08.0018

ao cargo de Prefeito Municipal pela Coligação “UNIÃO, TRABALHO, RESPEITO E

PROGRESSO”, após uma escolha temerária e irregular em convenção partidária

conforme ata publicada nos sítios eletrônicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do

Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE/ES), bem como constante no

DivulgaCand.

No entanto, o IMPUGNADO encontra-se inelegível, por diversas

situações com fundamentação legal, haja vista que, foi condenado em ação de

improbidade administrativa por sentença transitada em julgado nas sanções previstas

no art. 12, II e III da Lei Federal de nº 8.429/92.

E de forma concomitante nos últimos anos, obteve a prestação de

contas públicas desaprovada em face de irregularidades insanáveis, as quais

configuram ato doloso de improbidade administrativa, conforme processo de nº

0202.442/2009-3 junto ao Tribunal de Contas da União, com os acórdãos e demais

peças relevantes devidamente anexados a esta petição inicial, referente a prestação de

Contas de Gestão realizada no exercício de 2002/2003 na cidade de Ibitirama/Espírito

Santo.

Assim, preleciona o art. 14, § 9º, da Constituição Federal de 1988,

com sobredito artigo 1º, inciso I, alíneas “g” e “l”, da Lei Complementar nº 64/90

(redação da LC 135/2010), que constitui causa de inelegibilidade, in verbis:

Art. 1º São inelegíveis:

I - Para qualquer cargo:

(...)

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos

ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável

que configure ato doloso de improbidade administrativa, e

por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta

houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para

as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes,

contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto

no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os

ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que

houverem agido nessa condição;

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos

políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por

órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade

administrativa que importe lesão ao patrimônio público e

enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em

julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o

cumprimento da pena;

(...)

Destarte, diante os fatos relatados, cabe destacar incialmente que os

procedimentos em face as contas julgadas irregulares pelo TCU transitado julgado;

O IMPUGNADO, no exercício do mandato de Prefeito Municipal de

Ibitirama/Espírito Santo, obteve suas contas de gestão – relativas aos atos de Agente

Público na condição de ordenador de despesas – julgadas irregulares pelo Tribunal de

Contas da União, em decisão definitiva, conforme documentação em anexo (Acordão

TCU 4699/2012 - Acordão TCU 9430/2012 – Acordão TCU 1538/2014).

Ressalte-se, outrossim, que não compete à Justiça Eleitoral rediscutir

o mérito do acórdão do Tribunal de Contas da União, que rejeitou as contas do

IMPUGNADO, mas apenas verificar se os fatos que ensejaram a rejeição das contas,

em tese, configuram (1) vício insanável e (2) ato doloso de improbidade administrativa,

ou seja, se possuem enquadramento nos artigos 9º, 10 ou 11 da Lei nº 8.429/92 e não

foram simplesmente atos culposos.

Portanto, não cabe à Justiça Eleitoral julgar a conclusão do Tribunal

de Contas da União (TCU) quanto à materialidade e à autoria dos fatos (vícios

insanáveis/atos de improbidade dolosos) que ensejaram a rejeição das contas do

IMPUGNADO, o que é matéria de competência da Justiça Comum, que pode, se for o

caso, suspender ou anular o acórdão da Corte de Contas.

No caso em apreço, o candidato IMPUGNADO obteve as contas de

gestão julgadas desaprovadas em virtude de irregularidades ocorridas na época em

que exercia a função de Prefeito do Município de Ibitirama/Espírito Santo, consistentes

na OPERAÇÃO SANGUESSUGA - PREFEITURA MUNICIPAL DE IBITIRAMA /ES -

IRREGULARIDADES NA AQUISIÇÃO DE UMS DO CONV. 1057/2002 FNS (SIAFI 456485)

(PROCESSO ORIGINAL 25002.002158/2007-18).

1

Em auditória realizada em face aos recursos repassados pelo Fundo

Nacional de Saúde (FNS) ao Município de Ibitirama/ES conforme o convênio de nº

1.057/2002 no total do valor de R$ 85.714,28 (oitenta e cinco mil e setecentos e

quatorze reais e vinte e oito centavos) o órgão de controle interno identificaram a

existência de superfaturamento no valor de R$ 14.946,50 (quatorze mil e novecentos e

quarenta e seis reais e cinquenta centavos).

Referido julgamento ocorreu na citada Prestação de Contas do

convenio de nº 1.057/2002, Acórdão de nº 4699/2012 do TCU (vide anexo), julgado

aos 03 (três) de julho do ano de 2012, posteriormente confirmado pelos Acórdão nº

9430/2012, e Acordão de nº 1538/2014 (vide anexo).

Por oportuno, transcrevemos abaixo excertos do acórdão de nº

4699/2012, acima mencionado:

1 http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/06/prefeito-de-alegre-e-condenado-pela-mafia-das-

sanguessugas.html

Nessas condições, considero presentes todos os elementos

necessários à formulação de juízo de mérito quanto às

presentes contas, as quais, em meu entendimento e nos

exatos termos sugeridos pela Secex/4 e pelo Ministério

Público/TCU, devem ser julgadas irregulares, com

fundamento no art. 16, inciso III, alínea c, da Lei 8.443, de

16/7/1992, condenando-se em débito o responsável Paulo

Lemos Barbosa, ex-Prefeito Municipal de Ibitirama/ES,

solidariamente com a empresa Klass Comércio e

Representação Ltda. e com o Sr. Luiz Antônio Trevisan Vedoin,

pelo valor original R$ 28.722.2

Por oportuno, transcrevemos abaixo excertos do acórdão de nº

9430/2012, acima mencionado:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de

Contas Especial do responsável Paulo Lemos Barbosa em que

foram interpostos Embargos de Declaração contra o Acórdão

4.699/2012 – TCU – 2ª Câmara, ACORDAM os Ministros do

Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª

Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1.

com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei nº

8.443/1992, c/c os arts. 277, inciso III, e 287, do Regimento

Interno do Tribunal, conhecer dos presentes Embargos de

Declaração, para, no mérito, negar- lhes provimento,

mantendo inalterados os exatos termos do acórdão

2 https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-

1230706%22

embargado; 9.2. dar ciência desta deliberação ao

Embargante.3

Por oportuno, transcrevemos abaixo excertos do acórdão de nº

1538/2014 – SEGUNDA CÂMARA, acima mencionado:

Manifesto minha concordância com os pareceres

precedentes, cujos fundamentos incorporo como razões de

decidir, e Voto no sentido de negar provimento ao recurso ora

em análise. De fato, o recorrente não trouxe aos autos

elementos capazes de afastar o superfaturamento a ele

imputado, débito este calculado por meio de metodologia

aprovada pelo Plenário desta Corte e utilizada nos diversos

processos autuados em decorrência de ir regularidades na

aquisição de unidades móveis de saúde (UMS).4

Em síntese, a causa de inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I,

alínea g, da Lei Complementar de nº 64/90 pressupõe:

a) rejeição de contas;

b) irregularidade insanável, por ato doloso de improbidade

administrativa;

c) decisão definitiva exarada por órgão competente;

d) ausência de suspensão da decisão de rejeição de contas

pelo Poder Judiciário.

Conforme estabelece a parte final da alínea g do inciso I do art. 1º da

LC nº 64/90, com o disposto no inciso II do artigo 71 da Constituição Federal de 1988 é

3 https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-

1252864%22

4https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/redireciona/acordao-completo/%22ACORDAO-COMPLETO-

1304039%22

regra a ser aplicada “a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de

mandatários que houverem agido nessa condição”.

II. DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONFIRMADA POR SENTENÇA

TRANSITADA EM JULGADO

De outra parte, cabe destacar que durante o mesmo tempo laboral

do procedimento de rejeição de contas estabelecido pelo Tribuna de Contas da União

(TCU), foi instaurado o Inquérito Civil Público de nº 1.17.001.001561/2006-77, para a

devida apuração das irregularidades em licitações realizadas quando ordenador de

despesas pelo Município de Ibitirama/Espírito Santo, referente ao Convênio de nº

1057/2002, pactuado com o Ministério da Saúde para aquisição de unidades móveis

de saúde.

Posteriormente a instauração do Inquérito Civil Público de nº

1.17.001.001561/2006-77 e presentes os requisitos suficientes para a instauração da

Ação Civil Pública de nº 0001108-23.2008.4.02.5002 iniciou a instrução probatória que

confirmou a prática de improbidade administrativa pelo IMPUGNADO.

Após o trâmite processual que ocorreu no judiciária federal o

IMPUGNADO foi sentenciado aos 18 (dezoito) dias do mês de maio do ano de 2016

nas seguintes disposições (JF - SENTENÇA - 0001108-23.2008.4.02.5002);

Condeno o Réu PAULO LEMOS BARBOSA e determino: 1- a

suspensão dos direitos políticos do réu por 8 (oito) anos; 2-a

proibição de contratar com o Poder Público e de receber

benefícios e incentivos fiscais e creditícios, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,

pelo prazo de 5 (cinco) anos; 3- ao pagamento de multa civil

no valor correspondente ao dano, ou seja na quantia de

R$34.466,40 (trinta e quatro mil e quatrocentos e sessenta e

seis reais e quarenta centavos), a ser revertida em favor

Secretaria de Saúde do Município de Ibitirama/ES, na forma

do art. 18 da Lei N. 8.429/1992;

Não satisfeito o IMPUGNADO utilizou de todas as artimanhas

processuais para esquivar-se da sanção, não conseguindo o êxito, sendo a sentença

confirma por acordão do Tribunal Regional Federal em anexo (TRF2-ACOR-0001108-

23.2008.4.02.5002).

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONFORME A LEI

FEDERAL DE Nº 8429/92

Conforme toda a explanação apresentada sobre os procedimentos

relativos à improbidade administrativa do IMPUGNADO, cabe tecer comentários da Lei

Federal de nº 8.429/92 e a sentença transitada em julgado;

A lei supra dispõe sobre os atos de improbidade administrativa nos

seguintes artigos;

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa

importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de

cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente [..]

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que

causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou

culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente [...]

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa

qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter

benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem

o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de

31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157,

de 2016) (Produção de efeito) [..]

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da administração pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e

notadamente [..]

Percebemos que os artigos de forma exaustiva demonstram os

comportamentos e atitudes realizadas pelos gestores em função da administração

pública que causam prejuízo ao erário e disseminam a insegurança jurídica em face aos

princípios que regem a administração pública.

Em relação a sentença julgada procedente pelo Poder Judiciário

Federal, transcreve a nitidez de atos de improbidade administrativa em qual o

IMPUGNADO concorreu, causando dano ao erário e enriquecimento ilícito por

intermédio de vantagem patrimonial próprio e a terceiros.

Nas disposições da sentença perceber-se todos os atos de

improbidade administrativa praticados;

Portanto, tenho que os Réus, Paulo Lemos Barbosa e Auro

Ferreira da Silva, frustraram a licitude de processo licitatório,

conduta ímproba prevista no art. 10, VIII5, da Lei 8.429/92.

Outrossim, facilitaram a aquisição de bem por preço superior

ao de mercado, conforme previsto no art. 10, V6, da Lei

8.429/92. Além disso, causaram prejuízo ao erário, uma vez

5 VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de

parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

6 V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior

ao de mercado;

que permitiram o enriquecimento ilícito de terceiros, nos

termos do art. 10, XII7, da Lei 8.429/92.

Torna-se óbvio a questão do enriquecimento ilícito é a participação

do IMPUGNADO em um esquema criminoso desmantelado por todo o Brasil;

[...] Entretanto, no caso em questão, reconheço a presença do

elemento subjetivo, pelo conjunto probatório apreciado,

concluindo que o modus operandi adotado no Município de

Ibitirama/ES é em tudo semelhante ao verificado em diversos

outros entes municipais brasileiros que participaram do

esquema fraudulento de licitações da 'Máfia das

Ambulâncias' [...]

Diante o quadro apresentado, o IMPUGNADO tem em seu desfavor

condenação transitada em julgado e decisão de órgão judicial colegiado, não

possuindo a condição de elegibilidade, nos precisos termos do supracitado dispositivo

legal, derivado a determinação constitucional do artigo 14, § 9º, da Constituição

Federal de 1988;

Art. 1º São inelegíveis:

I - Para qualquer cargo:

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos,

em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão

judicial colegiado, por ato doloso de improbidade

administrativa que importe lesão ao patrimônio público e

enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em

julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o

cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº

135, de 2010).

7 XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

Tendo em vista é necessário a aplicação do entendimento

jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral8;

Ac.-TSE, de 21.2.2017, no REspe nº 10049: requisitos de

incidência desta alínea: a) condenação por ato de

improbidade administrativa que importe,

simultaneamente, lesão ao patrimônio público e

enriquecimento ilícito; b) presença de dolo; c) decisão

definitiva ou proferida por órgão judicial colegiado; e d)

sanção de suspensão dos direitos políticos.

Ac.-TSE, de 20.9.2012, no REspe nº 27558: “O ato doloso de

improbidade administrativa pode implicar o enriquecimento

ilícito tanto do próprio agente, mediante proveito pessoal,

quanto de terceiros por ele beneficiados”.

Ac.-TSE, de 13.8.2018, no AgR-REspe nº 27473 e, de

18.4.2017, no AgR-REspe nº 23884: a análise

do enriquecimento ilícito e do dano ao erário pode ser

realizada pela Justiça Eleitoral, com base no exame da

fundamentação do decisum, ainda que não tenha constado

expressamente do dispositivo.

Ac.-TSE, de 13.12.2016, no REspe nº 5039: é lícito à Justiça

Eleitoral examinar por inteiro o acórdão da Justiça Comum

em que proclamada a improbidade, não podendo incluir ou

suprimir nada, requalificar fatos e provas, conceber adendos

e refazer conclusões.

8 http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-de-inelegibilidade/lei-de-inelegibilidade-lei-

complementar-nb0-64-de-18-de-maio-de-1990

Ac.-TSE, de 18.10.2016, no REspe nº 4932 e, de 10.12.2013, no

RO nº 67938: a condenação por ato doloso de improbidade

administrativa deve implicar, concomitantemente, lesão ao

Erário e enriquecimento ilícito.

Ac.-TSE, de 22.10.2014, no RO nº 140804 e, de 11.9.2014, no

RO nº 38023: indefere-se o registro de candidatura se, com

base na análise das condenações, for possível constatar que a

Justiça Comum reconheceu a presença cumulativa de prejuízo

ao Erário e de enriquecimento ilícito decorrente de ato doloso

de improbidade administrativa, ainda que não conste

expressamente na parte dispositiva da decisão condenatória.

Das irregularidades apontadas e do inteiro teor das decisões listadas,

observa-se que o IMPUGNADO, na qualidade de ordenador de despesas, cometeu

faltas graves e que, em tese, configuram ato doloso de improbidade administrativa.

No mesmo passo, o Tribunal Superior Eleitoral tem assentado que:

Para efeito da apuração da inelegibilidade prevista na alínea

“g” do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90, não se exige o dolo

específico, basta para a sua configuração a existência do dolo

genérico ou eventual, o que se caracteriza quando o

administrador deixa de observar os comandos

constitucionais, legais ou contratuais que vinculam sua

atuação” (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral

nº 273-74 – Rel. Min. Henrique Neves – j. 07.02.2013).

A jurisprudência é vasta e rica diante os entendimentos para o devido

indeferimento do registro de candidatura de agentes políticos que de alguma forma

provocaram prejuízo ao erário de forma dolosa;

Requerimento de Registro de Candidatura. Eleições 2018.

AIRC. Art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/90. Caracterização

de irregularidade insanável, configuradora de ato doloso de

improbidade administrativa, segundo remansosa

jurisprudência do TSE em casos análogos. Indeferimento do

registro. I - Decisão proferida pelo TCE/RJ que, em sessão

realizada em 16/07/2015, julgou irregulares as contas do

pretenso candidato (Proc. nº 215.692-7/11), atinentes ao

exercício de 2010, quando oficiava como Presidente da

Câmara de Vereadores de São Fidélis e ordenador de

despesas. II - Pagamento de remuneração a maior, para si e

para os demais vereadores, em desacordo com os parâmetros

estabelecidos na legislação vigente. Prática qualificada como

grave infração à norma legal ou regulamentar e causadora de

injustificado dano ao erário, na forma do art. 20, III, b, da Lei

Complementar estadual nº 63-90, no equivalente a

1.475,7717 UFIR�s. III - Restrição de direitos que exige o

preenchimento dos requisitos expressos, cuja análise é

cometida a esta Justiça Especializada, assim enumerados: i)

decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no

âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a

irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato

doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos

contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa

ou anulada pelo Poder Judiciário. IV - Competência do TCE/RJ

para julgar as contas da recorrente, outrora ordenador de

despesas e Presidente de Casa Legislativa em Município do

interior fluminense, segundo a clara dicção dos arts. 31, § 1º;

70; 71, II e 75 da CRFB. V - Ausência de manifestação no

sentido de questionar a irrecorribilidade das decisões

proferidas pelo TCE/RJ. Ainda que regularmente intimado, o

requerente permaneceu inerte. Ausência de provas de que a

decisão que rejeitou as suas contas tenha sido submetida à

apreciação do Poder Judiciário, tampouco que haja sentença

judicial favorável ao interessado. VI - Suficiente a simples

existência do dolo genérico ou eventual, presentes tanto na

vontade dirigida à prática da conduta que gerou a

improbidade, quanto na assunção do risco de inobservar as

prescrições constitucionais e legais que devem pautar a

realização dos gastos públicos. TSE. VII - Insanabilidade das

irregularidades que motivaram a rejeição de suas contas, em

face da incontroversa gravidade da conduta ímproba em

exame. Percepção reiteradamente endossada pela

jurisprudência da mais alta Corte Eleitoral em casos

congêneres, a despeito do volume de recursos ilicitamente

empregados e mesmo nas situações em que observada a

restituição dos valores ao Erário, o que foi determinado pelo

órgão de Contas. VIII - Satisfeitos todos os requisitos

necessários à caracterização da inelegibilidade do art. 1º, I, g,

da LC nº 64/90, haja vista ainda estar em curso o prazo de 8

anos contados da decisão que rejeitou as contas do

recorrente, inviabilizado está, portanto, o deferimento do

requerimento de registro de candidatura em referência. IX -

Requerimento de registro de candidatura que não se encontra

em conformidade com a legislação eleitoral em vigor. O

candidato deixou de apresentar as certidões de objeto e pé

referentes às anotações constantes na certidão criminal da

Justiça Estadual de 1º grau. PROCEDÊNCIA do pedido

formulado na AIRC, e INDEFERIMENTO do registro de

candidatura.

(TRE-RJ - RCAND: 060301646 RIO DE JANEIRO - RJ, Relator:

LUIZ ANTONIO SOARES, Data de Julgamento: 12/09/2018,

Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data

12/09/2018).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIOS AFASTADOS.

EMBARGOS PARCIALMENTE PROVIDOS. 1 - Não há falar em

omissão em relação à análise, pelo Colegiado, da incidência

da inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g da Lei

Complementar nº 64/90, uma vez que, como bem registrado

pelo MPE, os demais membros acompanharam o voto

proferido pela Relatora, não havendo necessidade de que

cada Juiz renove, expressamente, cada um dos argumentos

utilizados como razão de decidir. 2 - Quanto à alegação de

alteração fática após o julgamento, em razão da

superveniência de provimento liminar para suspensão da

causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, alínea b, da LC

nº 64/90, destaco que não se trata de omissão, pois a liminar

foi obtida posteriormente ao julgamento. Além disso, tal fato

não é capaz de, por si só, alterar a conclusão adotada no

julgado, uma vez que o registro do pretenso candidato restou

indeferido não apenas em virtude da inelegibilidade prevista

na alínea b, mas também em decorrência da incidência da

alínea g, conforme expressamente consignado no julgado. 3 -

Por fim, destaco que o argumento do embargante de que não

incide, na espécie, a inelegibilidade prevista no art. 1º, I,

alínea g, da LC nº 64/90, demonstra, nitidamente, que sua

pretensão é a reforma do julgado, objetivo para o qual não se

prestam os Declaratórios. 4 - Recurso conhecido e

parcialmente provido apenas para assentar que a decisão

liminar superveniente não possui o condão de alterar a

conclusão adotada no julgado.

(TRE-ES - RE: 9947 FUNDÃO - ES, Relator: CRISTIANE CONDE

CHMATALIK, Data de Julgamento: 21/11/2016, Data de

Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Volume 18:58, Data

21/11/2016).9

Destarte, tendo em vista que os fatos que ensejaram a rejeição das

contas do IMPUGNADO pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em decisão definitiva

(irrecorrível), configuram, em tese, vício insanável e ato doloso de improbidade

administrativa (arts. 09, 10, 11 e 12 da Lei n. 8.429/92).

Conclui-se que o IMPUGNADO encontra-se inelegível, devendo seu

registro de candidatura ser indeferido, nos termos do art. 14, § 9º, da Constituição

Federal, c/c o art. 1º, inciso I, alíneas “g” e “l”, da Lei Complementar nº 64/90 (redação

da LC 135/2010).

III. DA IRREGULARIDADE E VÍCIOS DAS CONVENÇÕES DOS PARTIDOS INTEGRADOS A

COLIGAÇÃO “UNIÃO, TRABALHO, RESPEITO E PROGRESSO”

Destarte, Vossa Excelência a Coligação “União, Trabalho, Respeito e

Progresso” por intermédio dos seus representantes, de forma a convencer aos filiados,

lançaram a pré-candidatura do IMPUGNADO a prefeito, mesmo sabendo da falta de

requisitos previstos para a elegibilidade consoante a legislação eleitoral.

O prévio conhecimento sobre a falta de requisitos de elegibilidade do

IMPUGNADO são fatos públicos e notórios por toda a população de Ibitirama e do

Estado do Espírito Santo, o que percebe o intuito da Coligação “União, Trabalho,

9 https://tre-es.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/409221459/recurso-eleitoral-re-9947-fundao-es/inteiro-

teor-409221470?ref=serp

Respeito e Progresso” em utilizar o histórico político do IMPUGNADO para realizar

manobras após o registro de candidatura.

Destarte cabe destacar que os direitos integrados conforme os

estatutos de cada partido político que forma inseridos na coligação “União, Trabalho,

Respeito e Progresso” foram violados. Os convencionais foram direcionados ao erro,

tendo em vista que a situação não foi tratada de forma clara e objetiva durante as

convenções.

Ainda cabe destacar que a coligação “União, Trabalho, Respeito e

Progresso” por intermédio do Partido Social Democrático (PSD) descumpriu as

normas estatutárias e não realizou a convenção partidária de acordo com a previsão

na Resolução de nº 23.624/2020.

Art. 9º A aplicação, às Eleições 2020, da Res.-TSE nº 23.609,

de 18 de dezembro de 2019, que dispõe sobre a escolha e o

registro de candidatos para as eleições, dar-se-á com

observância dos ajustes a seguir promovidos nos dispositivos

indicados:

III – a escolha de candidatos pelos partidos políticos e a

deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de

31 de agosto a 16 de setembro de 2020, obedecidas as

normas estabelecidas no estatuto partidário (ajuste referente

ao caput do art. 6º da Res.-TSE nº 23.609/2019, em

conformidade com a Emenda Constitucional nº 107/2020, art.

1º, § 1º, II);

Conforme a ata publicada no Candex, o Partido Social Democrático

(PSD) não cumpriu as determinações da resolução, sendo anexo ao sistema a ata com

as alterações dos candidatos aos 19 (dezenove) dias do mês de setembro de 2020.

Sendo assim a necessidade da realização de outra convenção para seguir os

procedimentos legais.

IV. DOS PEDIDOS

Ante todo o acima exposto, REQUER:

a. seja o IMPUGNADO citado, no endereço constante do seu

Pedido de Registro de Candidatura, para apresentar Contestação, se quiser, no prazo

legal, nos termos do artigo 4º da Lei Complementar de nº 64/90.

b. a produção de todos os meios de prova admitidos em Direito,

especialmente a juntada das documentações em anexos.

c. após o regular trâmite processual, SEJA INDEFERIDO EM

CARÁTER DEFINITIVO o Pedido de Registro de Candidatura do Sr. PAULO LEMOS

BARBOSA, em cumprimento ao disposto no artigo 14, § 9º, da Constituição Federal de

1988, c/c art. 1º, inciso I, alíneas “g” e “l”, da Lei Complementar de nº 64/90 (redação

da Lei Complementar nº 135/2010).

d. Que seja determinado a todos os partidos integrantes da

coligação “União, Trabalho, Respeito e Progresso” que realizem novas convenções

partidárias de acordo com as disposições da legislação eleitoral e partidárias.

Nestes Termos

Pede Deferimento

Ibitirama/Espírito Santo, 26 de setembro de 2020.

Patrick Leonardo Carvalho dos Santos OAB/MG 159.309 OAB/ES 24.683