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“Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da infestação do Aedes aegypti, associadas à transmissão de dengue nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiropor Mário Sérgio Ribeiro Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública. Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Nildimar Honório Rocha Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Torres Codeço Rio de Janeiro, julho de 2013

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“Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da

infestação do Aedes aegypti, associadas à transmissão de dengue nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro”

por

Mário Sérgio Ribeiro

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre

Modalidade Profissional em Saúde Pública.

Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Nildimar Honório Rocha

Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Torres Codeço

Rio de Janeiro, julho de 2013

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Esta dissertação, intitulada

“Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da

infestação do Aedes aegypti, associadas à transmissão de dengue nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro”

apresentada por

Mário Sérgio Ribeiro

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz

Prof.ª Dr.ª Andréa Sobral de Almeida

Prof.ª Dr.ª Nildimar Honório Rocha – Orientadora principal

Dissertação defendida e aprovada em 31 de julho de 2013.

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Biblioteca de Saúde Pública

R484 Ribeiro, Mário Sérgio

Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da

infestação do Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762)

(Diptera:Culicidae) associadas à transmissão de dengue nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro. / Mário

Sérgio Ribeiro. -- 2013.

xii,93 f. : il. ; tab. ; graf. ; mapas

Orientador: Rocha, Nildimar Honório

Codeço, Cláudia Torres

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2013.

1. Dengue - epidemiologia. 2. Dengue – transmissão. 3. Aedes.

4. Controle de Mosquitos - métodos. I. Título.

CDD - 22.ed. – 614.571098153

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iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela oportunidade de ter uma família que

me apoia e me sustenta com amor, carinho e compreensão.

À minha querida e amada esposa Céia Ribeiro, pelo seu incondicional apoio e

incentivo em todos os momentos da minha vida, não me negando carinho,

compreensão e paciência, principalmente durante esses dois anos de curso.

À Drª. Nildimar Honório, minha orientadora, pela dedicação persistente com

que me motivou durante a elaboração deste trabalho, sempre incansável nas

atividades de campo e correções textuais, paciente nas minhas dificuldades,

proferindo palavras de carinho e compreensão.

À Drª. Cláudia Codeço, minha segunda orientadora, pelo apoio incondicional e

fundamental nas análises estatísticas e aprimoramento textual.

À subsecretária de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do

Rio de Janeiro, Drª Hellen Miyamoto, pela indicação, autorização e

compreensão nos momentos de ausência no trabalho, para dedicar-me aos

estudos.

Aos colegas de turma, que compartilharam comigo suas potencialidades,

amizade e incentivo durante os momentos em que passamos juntos em sala de

aula, nas reuniões para estudo e elaboração dos trabalhos em grupo, e,

sobretudo, pela oportunidade de tê-los conhecido.

À minha querida amiga Cristina Giordano, pela amizade e colaboração e

paciência com todos os colegas de turma.

Aos profissionais do programa de controle da dengue dos municípios de

Itaboraí e Guapimirim, em especial ao Raul, Franklin e Nilton, pela inestimável

colaboração na execução das atividades de campo, bem como na

disponibilização das informações que foram imprescindíveis para a qualidade

deste trabalho.

Aos profissionais do Laboratório de Transmissores de Hematozoários

(LATHEMA/IOC) e Núcleo de Apoio às Pesquisas em Vetores (NAPVE), em

especial ao Célio Pinel e Marcos Pereira, pela participação nas atividades de

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iv

campo, organização e disponibilização do material para as coletas de campo e

identificação do material coletado e auxílio na tabulação dos resultados.

Aos amigos da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pelo apoio,

incentivo, amizade e dedicação durante as atividades de campo e pelas

informações e suporte técnico dispensado para subsidiar a elaboração deste

trabalho.

A todos os professores, que ao longo do curso, dispensaram, com dedicação e

empenho, seus conhecimentos em benefício de todos os alunos, para facilitar-

lhes o aprendizado e consequente aplicação em serviço.

À Drª. Andréa Sobral, pela participação na elaboração da análise espacial e por

aceitar participar da banca de qualificação do projeto e da banca examinadora

do trabalho final.

Ao Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz, pela participação na banca de qualificação e

na banca examinadora e pela criteriosa análise e contribuições ao texto final.

Aos demais membros da banca examinadora, Drª. Marilia Sá Carvalho e Drª.

Tamara Nunes Lima Câmara, pelas contribuições ao texto final.

Ao Dr. Giovanini Evelim Coelho, pela participação como convidado,

representando o Programa Nacional de Controle da Dengue/MS e pelas

contribuições no aprimoramento do texto final.

Ao amigo Waldemir Vargas pelas contribuições na elaboração da análise

espacial dos dados.

À coordenação do curso em especial aos Drs. Luciano Toledo, Paulo Sabroza,

André Perissé e a sempre atenciosa Lidia Vidal, pela competência, tolerância,

pelo rigor e pela capacidade de mobilizar e motivar a todos os alunos, nos

proporcionando o cumprimento de nossas obrigações com oportunidade e zelo

ao longo de todo o curso.

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Sumário

Resumo 01

Abstract 02

1. Introdução 03

1.1. Dengue 03

1.2. Dengue no Brasil e Rio de Janeiro 04

1.3. Itaboraí e Guapimirim: Municípios situados na área de

influência do Complexo Petroquímico do estado do Rio de

Janeiro - COMPERJ

07

1.4. Vetores do dengue – Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e

Aedes albopictus (Skuse, 1894)

08

1.4.1. Aedes aegypti – vetor primário 08

1.4.2. Aedes albopictus – vetor potencial 09

1.5. Pesquisas domiciliares para a obtenção dos índices de

Stegomyia

10

1.6. Índices de infestação do Ae. aegypti obtidos a partir de

dados produzidos por armadilhas

11

1.7. Proposta deste estudo 12

2. Justificativa 14

3. Objetivos 15

3.1. Objetivo Geral 15

3.2. Objetivos Específicos 15

4. Metodologia 16

4.1. Delineamento do estudo 16

4.2. Comitê de Ética 16

4.3. Áreas de estudo

4.3.1. Município de Itaboraí

4.3.2. Município de Guapimirim

16

16

18

4.4. Seleção dos estratos do LIRAa 19

4.5. Inquérito Entomológico

4.5.1. LIRAa

4.5.2. Implantação e coleta das ovitrampas

4.5.3. Coleta dos mosquitos adultos

21

22

22

25

4.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa 26

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4.7. Análise dos dados 28

5. Resultados 30

5.1. Caracterização sócio-econômica das áreas de estudo 30

5.2. Dados epidemiológicos de Itaboraí e Guapimirim 31

5.3. Dados entomológicos 33

5.3.1. LIRAa (Itaboraí) 33

5.3.2. LIRAa (Guapimirim) 36

5.3.3. Monitoramento com Ovitrampas 38

5.3.3.1. Índices de Positividade da ovitrampa em

Itaboraí

5.3.3.2. Índices de Densidade da ovitrampa em

Itaboraí

5.3.3.3. Índices de Positividade da ovitrampa em

Guapimirim

5.3.3.4. Índices de Densidade da ovitrampa em

Guapimirim

42

44

47

49

5.3.4. Aspiração de mosquitos adultos 52

5.3.5. LIRAa x Ovitrampas 53

5.4. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e

captura de mosquitos adultos em Itaboraí

55

5.5. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e

captura de mosquitos adultos em Guapimirim

62

5.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa 65

6. Discussão 68

7. Considerações finais 79

8. Conclusões 81

9. Referências Bibliográficas 83

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Lista de Figuras, Tabelas e Quadro

Figura 1 Mapa da área de abrangência da distribuição do dengue e do Ae.

aegypti no mundo.

Figura 2 Série histórica do número de casos notificados de dengue no

estado do Rio de Janeiro, período de 2002 a 2013.

Figura 3 Taxa de incidência de casos notificados de dengue /100 mil

habitantes, no estado do Rio de Janeiro em 2012.

Figura 4 Circulação viral dos sorotipos dengue no estado do Rio de Janeiro

em 2012.

Figura 5 Imagem aérea da construção do Pólo Petroquímico do estado do

Rio de Janeiro – COMPERJ.

Figura 6 Percentual de municípios do estado do Rio de Janeiro que

realizaram o LIRAa, em março nos anos de 2009 a 2012, em

relação aos IIP.

Figura 7 Mapa do município de Itaboraí, localizado na região metropolitana

do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento

Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

Figura 8 Mapa do município de Guapimirim, localizado na região serrana

do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento

Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

Figura 9 Mapa do município de Itaboraí com os 18 estratos do LIRAa, em

2012. Fonte: SES-RJ.

Figura 10 Mapa do município de Guapimirim com os 4 estratos do LIRAa,

em 2012. Fonte: DCV/SES-RJ.

Figura 11 Foto ilustrativa de uma ovitrampa.

Figura 12 Mapa de Itaboraí com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª

semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa

foi realizado (triângulo rosa).

Figura 13 Mapa de Guapimirim com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª

semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa

foi realizado (triângulo rosa).

Figura 14 Foto ilustrativa do aspirador movido à bateria, que foi utilizado na

coleta de mosquitos adultos.

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Figura 15 Mapa com a distribuição dos imóveis onde os mosquitos adultos

foram coletados com os aspiradores movidos à bateria, nos

meses de agosto e outubro de 2012, nos municípios de

Guapimirim e Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 16 Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água,

esgoto e coleta de lixo no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Fonte: IBGE 2010.

Figura 17 Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água,

esgoto e coleta de lixo no município de Guapimirim, Rio de

Janeiro. Fonte: IBGE 2010.

Figura 18 Taxa de incidência de casos notificados de dengue, por semana

epidemiológica, nos municípios de Guapimirim, Itaboraí e estado

do Rio de Janeiro, no ano de 2012 e nas semanas

epidemiológicas de 1 a 23, no ano de 2013. Fonte: SINAN/SES-

RJ.

Figura 19 Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos

meses de março (a), maio (b), agosto (c) e outubro (d) de 2012,

no município de Itaboraí. Fonte: SES-RJ.

Figura 20 Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos

meses de março (a), agosto (b) e outubro (c) de 2012, no

município de Guapimirim, Rio de Janeiro. Fonte: SES-RJ.

Figura 21 Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de

Itaboraí, nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012.

Figura 22 Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de

Guapimirim, nos meses de agosto e outubro de 2012.

Figura 23 Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012,

Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 24 Índice de Positividade de Ovos nas três coletas realizadas nas

duas semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e

outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 25 Índice de Densidade de Ovos (IDO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012,

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em bairros de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 26 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e

outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 27 Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª

semanas, em 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 28 Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em agosto e outubro de 2012, Guapimirim,

Rio de Janeiro.

Figura 29 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de

2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro.

Figura 30 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de

2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro.

Figura 31 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de

2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim – Rio de

Janeiro.

Figura 32 Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª

semanas, Guapimirim – 2012.

Figura 33 Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae.

albopictus (b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e

outubro de 2012, por bairro, no município de Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 34 Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae.

albopictus (b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e

outubro de 2012, por bairro, no município de Guapimirim, Rio de

Janeiro.

Figura 35 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de

março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Figura 36 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

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x

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, no mês de agosto

de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Figura 37 Número médio de ovos coletados na 1ª semana nos imóveis onde

o LIRAa não foi realizado por mês, com sobreposição aos índices

de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos

meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 38 Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde

o LIRAa não foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices

de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos

meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 39 Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde

o LIRAa não foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices

de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos

meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Figura 40 Número médio de ovos coletados na 1ª e 2ª semana nos imóveis

onde o LIRAa não foi realizado e na 2ª semana onde o LIRAa foi

realizado, com sobreposição aos índices de infestação predial

aferidos durante a realização do LIRAa no mês de agosto de

2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 41 Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus,

capturados na semana após a realização do LIRAa, por mês, com

sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante o

LIRAa de 2012, no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 42 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de

agosto e outubro de 2012, em Guapimirim – Rio de Janeiro.

Figura 43 Número de ovos coletados na 1ª e 2ª semanas, nos imóveis onde

o LIRAa não foi realizado, e na 2ª semana onde o LIRAa foi

realizado, por mês, com sobreposição aos índices de infestação

predial aferidos durante a realização do LIRAa nos meses de

agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de

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xi

Janeiro.

Figura 44 Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus,

capturados na semana após a realização do LIRAa, por mês, com

sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante o

LIRAa de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 1 Descrição de cada estrato do LIRAa de março de 2012, contendo

informações dos bairros, número de quarteirões e imóveis, nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 2 População e casos notificados de dengue em Itaboraí e

Guapimirim, no período de 2002 a 2013 (até a 23ª semana

epidemiológica).

Tabela 3 Descrição dos índices de infestação predial, índice de Breteau e

depósitos predominantes aferidos pelo LIRAa nos meses de

março, maio, agosto e outubro de 2012, nos municípios de

Itaboraí e Guapimirim. Fonte: SES-RJ.

Tabela 4 Número total de ovos de Aedes e porcentagem de Ae. aegypti e

Ae. albopictus coletados nas ovitrampas nos meses de março,

maio, agosto e outubro de 2012, município de Itaboraí, Rio de

Janeiro.

Tabela 5 Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes

em cinco bairros de Itaboraí, nos meses de março, maio, agosto e

outubro de 2012.

Tabela 6 Número total de ovos e porcentagem de Ae. aegypti e Ae.

albopictus coletados nas ovitrampas nos meses de agosto e

outubro de 2012, município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 7 Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes

em cinco bairros de Guapimirim, nos meses de agosto e outubro

de 2012.

Tabela 8 Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos

meses de março, maio, agosto e outubro de 2012 no município de

Itaboraí, Rio de Janeiro.

Tabela 9 Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos

meses de agosto e outubro de 2012 no município de Guapimirim,

Rio de Janeiro.

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xii

Tabela 10 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no

LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos

meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, em Itaboraí –

Rio de Janeiro.

Tabela 11 Comparação entre ovitrampa positiva e imóveis positivos no

LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados nos meses de

março, maio, agosto e outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de

Janeiro.

Tabela 12 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no

LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos

meses de agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim,

Rio de Janeiro.

Tabela 13 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no

LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, nos meses de

agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de

Janeiro.

Quadro 1 Roteiro de observação do planejamento e execução do LIRAa,

utilizado nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

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1

RESUMO

O dengue é considerado a mais importante doença viral transmitida por mosquitos ao homem e apresenta-se de forma endêmica no estado do Rio de Janeiro. Aedes aegypti, vetor primário do dengue, está amplamente associado às atividades antrópicas, que disponibilizam sítios de oviposição artificiais e permitem a manutenção da sua infestação em áreas urbanas. O monitoramento dos níveis de infestação do Ae. aegypti é feito através de pesquisas larvárias domiciliares, com posterior construção de índices de infestação predial e Breteau. Atualmente, um componente das ações de vigilância em dengue é o Levantamento de Índice Rápido do Ae. aegypti – LIRAa. Embora, seja considerado um método rápido para estimar o nível de infestação do Ae. aegypti, sua estratégia tem sido muito questionada. O presente estudo avaliou o LIRAa e comparou-o com indicadores de positividade da ovitrampa (IPO) e a proporção de adultos de Ae. aegypti, além de densidade de ovos de Aedes (IDO) em dois municípios do Rio de Janeiro. O inquérito entomológico foi realizado durante quatro ciclos do LIRAa em Itaboraí e dois ciclos em Guapimirim. Para tal, em cinco bairros de cada município, foram implantadas 200 ovitrampas distribuídas nos quarteirões e imóveis onde o LIRAa foi realizado, além da aspiração de adultos em 10 imóveis do LIRAa. Observações sobre a operacionalização do LIRAa foram obtidas em cada município. Como resultados, observou-se que o LIRAa apresentou baixa capacidade de detecção do Ae. aegypti em Itaboraí. Diferenças de mais de 22% em Itaboraí e mais de 10% em Guapimirim foram observadas entre imóveis com ovos de Ae. aegypti e imóveis com a presença de larvas e/ou pupas de Ae. aegypti. Diferenças dos IPO e IDO foram observadas quando comparados os resultados entre as coletas das duas semanas, porém com tendência de semelhança entre as coletas realizadas dentro da mesma semana. Correlações significativas foram observadas entre IPO e IDO em Itaboraí e Guapimirim. Observou-se grande variabilidade na produtividade de ovos de Aedes dentre os bairros estudados, em Itaboraí de 11,07 ± 23,68 a 32,47 ± 70,56 ovos/ armadilha, porém em Guapimirim a variabilidade foi menor, de 8,7 ± 23,2 a 18,1 ± 57,5 ovos/armadilha. O mês de maio apresentou-se com maior número de ovos coletados e também o mês com maiores índices de infestação aferidos pelo LIRAa, e Ae. aegypti foi a espécie mais frequente em ambos os municípios comparado com Ae. albopictus. Um total de 87 Ae. aegypti adultos foram capturados em 32 imóveis de Itaboraí, com índices de positividade que variaram de 10 a 80%. Já em Guapimirim foram coletados 58 Ae. aegypti distribuídos em 20 imóveis. Nossos resultados em relação à análise do padrão espacial do número de ovos de Aedes, revelaram alta densidade em estratos onde o LIRAa apresentou índices de infestação predial entre <1 e ≥4%, apontando para a presença e elevadas densidades do Ae. aegypti, mesmo em estratos onde o LIRAa apresenta situação satisfatória ou de alerta. Os resultados da avaliação do planejamento e execução do LIRAa evidenciaram a necessidade de atualização das bases cartográficas, qualificação profissional dos agentes de saúde e uniformidade na estratificação dos estratos do LIRAa. Esse trabalho aponta para a necessidade e viabilidade de se executar estratégias integradas de monitoramento da infestação do Ae. aegypti e subsidiar as ações de intervenção para essa grave doença que acomete nossa população, o dengue.

Palavras-chave: Dengue, Ae. aegypti, LIRAa, metodologias alternativas.

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ABSTRACT

Currently, dengue is considered the most important mosquito-borne human viral disease and is endemic in the state of Rio de Janeiro. Aedes aegypti, the primary vector in the state, is commonly associated with anthropogenic activities, which provide artificial oviposition sites and allow for the maintenance of its infestation in urban areas. Monitoring of Ae. aegypti infestation levels is conducted using immature and adult forms, with subsequent construction of infestation rates and Breteau index. Today, a component of dengue surveillance includes the Ae. aegypti infestation index rapid survey (LIRAa). Although considered a rapid method for estimating the level of Ae. aegypti infestation, the usage of this strategy remains questionable. The present study evaluated LIRAa and compared this index with the ovitrap positive index (OPI), the proportion of Ae. aegypti adults and egg density index (EDI) in two municipalities of Rio de Janeiro, Itaborai and Guapimirim. The entomological survey was conducted for four LIRAa cycles in Itaboraí and two cycles in Guapimirim. For this study, in five districts of each municipality, 200 ovitramps were distributed in blocks and buildings where LIRAa had been previously performed and the aspiration of adults were conducted in 10 buildings where LIRAa had also been performed. LIRAa management strategies and results were obtained for each municipality. For the comparison between LIRAa and ovitramp results, LIRAa was shown to present low Ae. aegypti detection capacity in Itaborai. Differences of more than 22% in Itaboraí and more than 10% in Guapimirim were observed between buildings with Ae. aegypti eggs and properties with the presence of larvae and/or pupae of Ae. aegypti. Differences in OPI and EDI were found when comparing results between the two collection weeks, but tended to be similar between collections of the same week. Significant correlations were observed between OPI and EDI in Itaboraí and Guapimirim. Large variability was demonstrated in the productivity of Aedes eggs among the districts studied. In Itaboraí, there were 11.07 ± 23.68 to 32.47 ± 70.56 eggs/trap and in Guapimirim the variability was smaller, with 18.1 23.2 ± 8.7 ± 57.5 eggs/trap. The month of May presented the highest number of eggs collected and also represented the month with the highest rates of infestation standardized by LIRAa. Aedes aegypti was the most frequently observed species in both municipalities when compared with Ae. albopictus. A total of 87 Ae. aegypti adults were captured in 32 buildings of Itaboraí, with positivity rates ranging from 10% to 80%. In Guapimirim, the 58 collected Ae. aegypti were distributed among 20 buildings. Spatial pattern analysis of Aedes egg counts revealed a high density in strata where LIRAa presented infestation rates between <1% and ≥ 4%, highlighting the presence and high densities of Ae. aegypti even in strata where LIRAa presents as a satisfactory or alert situation. Our results suggest the need for evaluation of LIRAa planning and execution, updating of cartographic databases, professional training of health workers and uniformity in the stratification of LIRAa layers. This work also points to the need for integrated strategies for monitoring Ae. aegypti infestation and subsidized dengue entomological surveillance.

Keywords: Dengue, Ae. aegypti, LIRAa, alternative methodologies.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Dengue

O dengue é atualmente considerado a mais importante arbovirose

transmitida por mosquitos ao homem, em função da sua morbidade e

mortalidade (Gubler & Kuno 1997). Segundo a Organização Mundial de Saúde

(OMS), a prevalência global do dengue cresceu exponencialmente nas últimas

décadas. As estimativas sugerem que poderão ocorrer de 50 a 100 milhões de

casos anuais de dengue, ocasionando aproximadamente 250.000 a 500.000

casos de febre hemorrágica e 24.000 mortes/ ano em todo o mundo (OMS

1997, 2012, Halstead 2008).

É caracterizado como uma doença infecciosa aguda causada por vírus

(DENV), de genoma RNA, pertencente à família Flaviviridae e ao gênero

Flavivirus. Até o momento, são conhecidos quatro sorotipos antigenicamente

distintos, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 (Gubler 1998,

Halstead 2008). Os sorotipos do vírus dengue estão presentes em vários

países tropicais e subtropicais (Gubler & Kuno 1997) (Figura 1). São

transmitidos aos seres humanos por mosquitos do gênero Aedes. A principal

espécie vetora é o Aedes aegypti (Christophers 1960, Consoli & Lourenço-de-

Oliveira 1994).

Figura 1. Mapa da área de abrangência da distribuição do dengue e do Ae. aegypti no

mundo. As linhas azuis definem os limites da área tropical e subtropical. Fonte: OMS

2011.

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1.2. Dengue no Brasil e no Rio de Janeiro

Surtos e notificações comparáveis ao dengue são registrados no Brasil

desde o século XIX, nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, São

Paulo e Rio Grande do Sul (Meira 1916, Mariano 1917, Figueiredo et al. 2000).

Várias décadas se passaram até a ocorrência de novo registro de dengue no

Brasil. Durante os anos de 1981 e 1982, em Boa Vista, Roraima, foram

isolados os vírus DENV-1 e DENV-4 durante uma epidemia com 11 mil casos

notificados de dengue, os quais ficaram restritos à cidade de Boa Vista (Osanai

et al. 1983). Embora medidas de controle e prevenção contra o Ae. aegypti

tenham sido implementadas em Roraima, quatro anos depois, o estado do Rio

de Janeiro registrou sua primeira epidemia causada pelo vírus DENV-1

(Schatzmayr et al. 1986). A partir desse episódio, a doença se disseminou para

outras regiões do país, sendo considerado um grave problema de saúde

pública e de extrema relevância para as autoridades no âmbito nacional

(Nogueira et al. 1999).

Após a entrada do vírus DENV-1 no Rio de Janeiro em 1986,

sucederam-se vários episódios com a entrada de novos sorotipos, o que

ocorreu em 1990 com a entrada do vírus DENV-2 (Nogueira et al. 1990) e

DENV-3 em dezembro de 2000 (Nogueira et al. 2001, Lourenço-de-Oliveira et

al. 2002), ambos na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro e,

posteriormente, a reemergência do DENV-4 no Brasil (MS Nota Técnica 2010)

e introdução, em 2011, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro (Nogueira &

Eppinghaus 2011). A Figura 2 apresenta a série temporal do número de casos

notificados de dengue no estado do Rio de Janeiro desde 2002 até a 23ª

semana epidemiológica de 2013 (de 01/01 a 08/06).

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Figura 2. Série histórica do número de casos notificados de dengue no estado do Rio

de Janeiro, período de 2002 a 2013. Fonte: SES-RJ/2013.

Hoje, os sorotipos DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 circulam

simultaneamente no Rio de Janeiro, o que reforça este estado como o mais

receptivo para introdução e disseminação de novos sorotipos de dengue no

Brasil (Honório et al. 2009a). Com efeito, os anos considerados epidêmicos

(2002, 2008, 2011 e 2012) foram precedidos pela introdução de um novo

sorotipo viral, como, por exemplo, DENV-3, isolado em dezembro 2000, e

DENV-4, em 2011, ou houve reintrodução de um sorotipo após um

determinado período sem ser detectado, como, por exemplo, DENV-2, em

2007/2008, e DENV-1, em 2011 (SES-RJ 2012).

Durante o período de estudo, em 2012, foram notificados 182.128 casos

notificados de dengue, com 41 óbitos confirmados, o que possibilitou a

caracterização desse ano como o terceiro ano com o maior número de casos,

superando o ano de 2011. Acredita-se que a intensa transmissão do dengue,

nos anos de 2011-2012, se estabeleceu pela presença predominante do

DENV-4, detectado no estado, na cidade de Niterói (Nogueira & Eppinghaus

2011). A Figura 3 apresenta a distribuição da taxa de incidência de dengue por

100.000 habitantes no estado do Rio de Janeiro em 2012, um dos anos

considerados epidêmicos. Adicionalmente, é importante ressaltar que o DENV-

4 também foi isolado em outros 22 municípios do estado do Rio de Janeiro,

dentre eles, o município de Itaboraí (SES-RJ 2012) (Fig. 4).

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Nº casos 285702 9460 2936 3140 30567 67275 255818 12636 29813 168.242 182.128 198.028

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

Cas

os

no

tifi

cad

os

de

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ngu

e

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Figura 3. Taxa de incidência de casos notificados de dengue/ 100 mil habitantes, no

estado do Rio de Janeiro em 2012. Em destaque o município de Itaboraí. Fonte:

SINAN/GDTVZ/SES-RJ.

Figura 4. Circulação viral dos sorotipos dengue no estado do Rio de Janeiro em 2012.

Fonte: SES/RJ.

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1.3. Itaboraí e Guapimirim: Municípios situados na área de

influência do Complexo Petroquímico do estado do Rio de

Janeiro - COMPERJ

Em 2006, o município de Itaboraí foi escolhido para sediar o Complexo

Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), considerado um dos maiores

empreendimentos industriais do mundo, onde serão produzidos derivados de

petróleo e produtos petroquímicos. O COMPERJ está em construção em uma

área de 45 km², o que equivale a 10,5% da área de Itaboraí, o qual será

constituído por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos

e um Arco Metropolitano, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí, atraindo

indústrias para as esferas municipais da região (Fig. 5)

(http//.www.comperj.com.br).

Acredita-se que a construção do Pólo Petroquímico poderá transformar a

paisagem urbana de Itaboraí passando a ser um dos maiores centros de

geração de emprego e renda do Rio de Janeiro. Sabe-se que o

empreendimento será construído na mesma região do Macacu, onde outrora

existiu a Vila de Santo Antônio de Sá, que foi responsável, no século XIX, pela

formação de diversos municípios fluminenses, como Cachoeiras de Macacu,

Guapimirim, Tanguá, Rio Bonito, Maricá e Itaboraí (Prefeitura do Município de

Itaboraí 2012). De fato, a construção do COMPERJ pode favorecer uma

transformação do perfil socioeconômico da região, além da ocorrência de

impactos sobre o ambiente biológico, produzidos pela construção e operação

do empreendimento, o que causará importantes mudanças relacionadas com a

qualidade ambiental e o perfil das doenças veiculadas por vetores como, por

exemplo, o dengue. Além de Itaboraí, outros municípios sofrem o impacto do

COMPERJ, como o município de Guapimirim, através de mudanças na

paisagem urbana da cidade. Cabe ressaltar que as alterações no ambiente

urbano podem propiciar aumento da densidade do Ae. aegypti em áreas

consideradas de baixa infestação ou até mesmo a presença em áreas antes

indenes.

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Figura 5. Imagem aérea da construção do Pólo Petroquímico do estado do Rio de

Janeiro – COMPERJ. Foto: Frederico Bailoni (site www.comperj.com.br).

1.4. Vetores do dengue – Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e Aedes

albopictus (Skuse, 1894)

O Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e Aedes albopictus (Skuse, 1894) são

espécies do subgênero Stegomyia, originadas da região da Etiópia e Ásia,

respectivamente, que se dispersaram para fora de sua área zoogeográfica,

adaptando-se às condições de outras regiões, incluindo o Brasil. (Consoli &

Lourenço-de-Oliveira 1994).

1.4.1. Aedes aegypti – vetor primário

Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) é um mosquito originário da África, tendo

sido descrito pela primeira vez no Egito. Ao longo do tempo, acompanhou o

homem em sua migração pelo mundo e, hoje, é considerado um mosquito

cosmopolita (Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994). Aedes aegypti foi

introduzido no Brasil durante o período colonial, provavelmente através do

tráfico de escravos. Por ser também vetor da febre amarela, foi intensamente

combatido e erradicado em nosso território em 1955. Uma reinvasão do Aedes

aegypti em território brasileiro ocorreu no final da década de 60, quando após

campanhas de controle foi novamente considerado erradicado. Porém, a partir

de 1976, o Ae. aegypti reiniciou sua expansão no Brasil, provavelmente a partir

do litoral. Hoje em dia, essa espécie é encontrada em todos os estados do

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Brasil, sendo considerado o principal vetor dos quatro sorotipos do vírus

dengue circulantes em território brasileiro (Consoli & Lourenço-de-Oliveira

1994, Lourenço-de-Oliveira et al. 2002, Nogueira et al. 2001, Teixeira et al.

2002).

Aedes aegypti está associado a ambientes urbanos e suburbanos, onde

há elevada concentração populacional humana e alta concentração de

residências (Braks et al. 2003, Lima-Camara et al. 2006). Com efeito, sua

distribuição pelo mundo se deu de forma passiva, sendo o homem o principal

responsável por sua disseminação, tornando a espécie presente no domicílio e

peridomicílio, onde encontrou condições favoráveis para a sua permanência e

proliferação, provavelmente devido à oferta abundante de criadouros

produzidos e por seu comportamento antropofílico (Christophers, 1960). Aedes

aegypti apresenta alta antropofilia, alimentando-se com elevada frequência do

sangue humano, demonstrando assim sua importância na transmissão do vírus

dengue ao homem (Scott et al. 1993, Hoeck et al. 2003). As fêmeas de Ae.

aegypti colocam seus ovos em criadouros artificiais, como pneus usados,

garrafas, latas, potes, vasos de plantas e reservatórios de água destampados

como caixas d’água, cisternas e tonéis contendo água parada (Christophers

1960, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

1.4.2. Aedes albopictus - vetor potencial

O Ae. albopictus é uma espécie oriunda da Ásia, onde atua como vetor

primário do vírus dengue em diversos países (Hawley 1988, Gratz 2004,

Ponlawat & Harrington 2005). Sua descrição original foi feita na Índia e, assim

como o Ae. aegypti, é encontrado em áreas tropicais e temperadas (Hawley

1988). No Brasil, o Ae. albopictus foi primeiramente encontrado na década de

1980, nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Aos poucos, foi invadindo

estados vizinhos, como Espírito Santo e São Paulo (Gomes & Marques 1988,

Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

Aedes albopictus também apresenta sua distribuição associada à

presença humana. Entretanto, é um mosquito que também ocupa ambientes

urbano, suburbano e rural e, diferentemente de Ae. aegypti, tem maior

frequência nos locais de menor concentração humana e maior cobertura

vegetal (Hawley 1988, Braks et al. 2003, Honório et al. 2009b). No Brasil, Ae.

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albopictus é considerado vetor potencial do dengue (Schatzmayr et al. 2000) e

trata-se de um mosquito que, frequentemente, é capturado no lado de fora das

casas, preferindo o peridomicílio ao intradomicílio (Lima-Camara et al. 2006).

Quanto à alimentação, Ae. albopictus é considerado eclético, podendo se

alimentar do sangue de outros vertebrados, além do homem (Niebylski et al.

1994), além de utilizar criadouros artificiais produzidos pelo homem, como o

Ae. aegypti (Honório et al. 2006), também utiliza os criadouros naturais, como

bromélias, internódios de bambu, formados por depressões em plantas,

encontrados no peridomicílio e vegetações distantes do ambiente domiciliar

(Hawley 1988, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994, Marques et al. 2001).

1.5. Pesquisas domiciliares para a obtenção dos índices de

Stegomyia

Os índices utilizados na vigilância entomológica, visando avaliar os

níveis de infestação do Ae. aegypti são conhecidos como índices de Stegomyia

(revisado por Focks 2003). Alguns dos índices de Stegomyia mais empregados

são o índice de infestação predial (IIP) e o índice de Breteau (IB). O primeiro

deles - IIP - é definido como o percentual de imóveis positivos para imaturos de

Ae. aegypti em uma dada localidade, enquanto o segundo - IB - quantifica o

número de recipientes contendo larvas de Ae. aegypti por 100 imóveis

pesquisados. Tradicionalmente, durante os inquéritos para a determinação

destes índices, um agente inspeciona um em cada 10 imóveis ou mais, de uma

rua e quarteirão (Focks et al. 2000). Estes índices consideram tanto o imóvel

quanto o recipiente positivo independentemente do número de imaturos neles

encontrados. Com efeito, existem múltiplos fatores envolvidos na transmissão

do dengue que não são totalmente cobertos por estes indicadores, como, por

exemplo, a medida da abundância do adulto fêmea e a estimativa do risco de

transmissão do dengue.

O Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti - LIRAa, é um

método de amostragem cujo objetivo principal é a obtenção de indicadores

entomológicos de maneira rápida. No LIRAa é empregada uma técnica de

amostragem randômica na qual uma unidade de amostra corresponde a 9.000

ou 12.000 imóveis. Na amostragem randômica do LIRAa, 450 imóveis de uma

localidade são sorteados e visitados pelos agentes de endemias. Durante a

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inspeção, os imóveis são vistoriados para a busca de larvas ou pupas de Ae.

aegypti e, em seguida, são calculados os índices de IIP e IB (Coelho et al.

2008). De acordo com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de

Epidemias de Dengue (MS 2009), os parâmetros para definição de risco de um

município, considerando o indicador do LIRAa, o Índice de Infestação Predial –

IIP, são os seguintes: IIP < 1% = satisfatório; IIP > 1% e < 4% = alerta; > 4% =

alto risco. Esses parâmetros são representados em mapas ou gráficos pelas

cores verde, nível satisfatório, amarelo, representando o nível de alerta, e

vermelho, o nível de alto risco. A Figura 6 apresenta a porcentagem de

municípios do estado do Rio de Janeiro que realizaram o LIRAa (IIP) do mês

de março nos anos de 2009 a 2012.

Figura 6. Percentual de municípios do estado do Rio de Janeiro que realizaram o

LIRAa do mês de março nos anos de 2009 a 2012, em relação aos IIP. Fonte: SES-

RJ.

1.6. Índices de infestação do Ae. aegypti obtidos a partir de dados

produzidos por armadilhas

Visando aperfeiçoar e facilitar o processo de monitoramento da

infestação do Ae. aegypti, métodos de captura utilizando armadilhas têm sido

desenvolvidos para a captura tanto de formas imaturas quanto de adultos de

2009 2010 2011 2012

< 1% 46.34 39.02 19.51 63.41

> 1% < 4% 51.22 53.66 68.29 36.59

> 4% 2.44 7.32 12.20 0.00

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

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% d

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Ae. aegypti. Vários métodos e armadilhas inovadores e tradicionais têm sido

propostos e empregados. O monitoramento baseado nas coletas de formas

imaturas, as ovitrampas foram pioneiras neste sentido. A utilização da

ovitrampa como ferramenta para detectar a presença do Ae. aegypti foi

primeiramente proposta por Fay & Perry (1965), que demonstraram que o uso

dessa armadilha de ovos era um método mais sensível do que a pesquisa

larvária para o levantamento de índices de infestação (índices de positividade e

de densidade de ovos de Aedes). Hoje, índices calculados a partir de

ovitrampas são utilizados para estimar a distribuição dos vetores do dengue,

bem como a densidade populacional de Ae. aegypti em áreas infestadas

(Gomes 1998). O uso da ovitrampa vem ocorrendo na vigilância indireta das

populações adultas de Ae. aegypti, além de representar importante instrumento

de avaliação e do monitoramento do impacto de certas medidas de controle

(Fay & Perry 1965, Braga et al. 2000). Por outro lado, iniciativas mais recentes

sugerem o uso de armadilhas para adultos (MosquiTrap, Adultrap, BG-Sentinel,

dentre outras), que teriam a vantagem de estimar diretamente essa população

(Fávaro et al. 2006, Gomes et al. 2007, Honório et al. 2009a).

1.7. Proposta deste estudo

Planejou-se avaliar a metodologia que estabelece os indicadores

entomológicos que subsidiam o rumo das ações a serem desencadeadas no

âmbito federal, estadual e municipal.

São 3 os indicadores entomológicos usados pelos órgãos de vigilância,

aferidos pelo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti-LIRAa, a saber:

o índice de infestação predial-IIP, o Índice de Tipo de Recipiente-ITR, e o

Índice de Breteau-IB.

O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti, o LIRAa, avalia

primeiramente o nível de infestação do Ae. aegypti nos imóveis de uma

determinada área, definida como estrato, gerando o Índice de Infestação

Predial (IIP). Posteriormente, a proporção de recipientes positivos por tipo de

criadouro é avaliada pelo Índice de Tipo de Recipiente (ITR). E finalmente a

frequência do tipo de criadouro é verificada através do índice de Breteau (IB).

Procurou-se no presente estudo avaliar a concordância entre os

indicadores gerados pelo LIRAa e aqueles obtidos por outras metodologias.

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Cabe ressaltar que não há padrão-ouro para mensuração de indicadores

de infestação e que, por causa disso, não é possível medir a sensibilidade e

valor preditivo do LIRAa.

Contudo, sabe-se que a ovitrampa é um dos métodos mais sensíveis de

detecção de presença de Ae. aegypti e ao desenvolver esse estudo, partimos

do pressuposto de que os índices baseados em ovitrampa seriam relevantes

parâmetros de comparação. Por fim, investigamos também a metodologia

baseada em captura de adultos, por meio de aspiração, com uso de

equipamento específico. Essa metodologia, embora empregada em diversos

estudos focais, não é usualmente utilizada para monitoramento em larga

escala.

Por fim, pretendeu-se discutir aspectos socioambientais, operacionais e

gerenciais que podem interferir e influenciar nos resultados finais alcançados,

podendo comprometer o planejamento geral no nível local. Essa interferência

poderá ser sentida até mesmo em outras instâncias onde são definidas as

prioridades quanto ao direcionamento de suporte técnico, físico e financeiro

para a execução das ações. Com base nos resultados por nós encontrados,

objetivamos ainda apontar e sugerir medidas possíveis para a superação das

limitações identificadas durante o estudo.

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2. JUSTIFICATIVA

As ações de vigilância em dengue têm um custo alto para o Brasil, com

cerca de um bilhão de dólares gastos por ano (Pepin et al. 2013). A execução

das ações de vigilância em dengue requer uma série de ações e estratégias

integradas, com vistas a minimizar o impacto dessa arbovirose em áreas

urbanas e endêmicas do país. Um componente importante das ações de

vigilância em dengue é o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti –

LIRAa, recomendado pelo Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD/MS). Embora seja considerado um método rápido para estimar o nível

de infestação do Ae. aegypti, sua estratégia tem sido muito questionada. Um

dos questionamentos se refere aos índices larvários, os quais são

considerados ineficazes para estimar o risco de transmissão do dengue, por

serem de baixa sensibilidade e pouca associação com a população de adultos,

responsáveis pela transmissão do dengue. Para ampliar a sensibilidade e o

poder de detecção do monitoramento de vetores, propõe-se a combinação dos

métodos tradicionais com métodos baseados em armadilhas, que são mais

sensíveis e menos custosos, que permitiriam uma amostragem mais frequente

da população de vetores para nortear as estratégias de monitoramento da

infestação do Ae. aegypti e subsidiar as ações de intervenção do dengue.

Sendo assim, a questão iminente é: A metodologia de medição da

infestação do Ae. aegypti, baseada na utilização do LIRAa, é considerada um

marcador entomológico capaz de definir áreas de maior abundância do Ae.

aegypti de forma nortear as intervenções e direcionar as ações de controle do

dengue?

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Comparar o método atual de Levantamento de Índice Rápido do Aedes

aegypti (LIRAa) para monitoramento de Aedes aegypti com metodologias

entomológicas alternativas, visando subsidiar possíveis estratégias de maior

precisão às ações de vigilância entomológica nos municípios de Itaboraí e

Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar nas áreas urbanas de Itaboraí e Guapimirim fatores

socioambientais que podem estar associados à infestação do Ae.

aegypti que favorecem sua presença em alta densidade.

- Comparar os índices de infestação do Ae. aegypti baseados em

armadilhas de oviposição e mosquitos adultos, com os índices de

infestação predial aferidos pelo LIRAa.

- Mapear a distribuição espacial e temporal do Ae. aegypti e comparar

com os índices obtidos no LIRAa.

- Descrever os fatores que podem interferir na qualidade das coletas e

na produção das informações do LIRAa.

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16

4. METODOLOGIA

4.1. Delineamento do estudo

O trabalho foi desenvolvido nos municípios de Itaboraí e Guapimirim,

localizados nas regiões Metropolitana II e Serrana do estado do Rio de Janeiro,

respectivamente. A pesquisa apresentou uma avaliação quali-quantitativa,

considerando cada um dos objetivos específicos apresentados. O critério de

seleção dos bairros respeitou a sua conformação urbana, onde geralmente

ocorre a maioria dos casos notificados de dengue e onde os índices de

infestação predial estão acima de 1%, quando comparados aos outros bairros

do município.

4.2. Comitê de ética

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP)

em 17 de dezembro de 2012, sob número CAEE 08277612.2.0000.5240.

4.3. Áreas de estudo

4.3.1. Município de Itaboraí

O município de Itaboraí pertence à Região Metropolitana II do estado do

Rio de Janeiro e apresenta uma área total de 429,32 km² (Fig. 7). Itaboraí fica

aproximadamente a 48 km de distância da capital do Rio de Janeiro, de

coordenadas geográficas 22° 44' 51" sul, 42° 51' 21" oeste e altitude média de

17m em relação ao nível do mar. O município de Itaboraí faz divisa com os

municípios de São Gonçalo a oeste, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim ao

norte, Tanguá a leste e Maricá ao sul. A população estimada é de 220.352

habitantes (estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ IBGE -

2011), densidade demográfica de 506,6 hab/ km² e aproximadamente 69.422

domicílios. A área urbana de Itaboraí é de 98,8%, enquanto a rural é de 1,2%

(IBGE, 2010).

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Em sua divisão territorial, o município é constituído por 8 distritos: o 1º

distrito corresponde ao Centro, o 2º distrito a Porto das Caixas, o 3º distrito a

Itambi, o 4º distrito a Sambaetiba, o 5º distrito a Visconde, o 6º distrito a

Cabuçu, o 7º distrito a Manilha e o 8º distrito a região de Pachecos. As

principais atividades econômicas de Itaboraí são: serviços, comércio,

transporte, comunicação, construção civil, indústria de transformação,

apicultura, pecuária, agroturismo, gastronomia e citricultura (IBGE 2010,

Prefeitura Municipal de Itaboraí 2012).

Figura 7. Mapa do município de Itaboraí, localizado na região metropolitana do Rio de

Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

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4.3.2. Município de Guapimirim

O município de Guapimirim está localizado na Região Serrana do estado

do Rio de Janeiro e dista da capital do estado cerca de 50 km, apresentando

uma área total de 360.766 km², em um vale formado pela Serra dos Órgãos

(Fig. 8). Guapimirim faz limite com os municípios de Teresópolis e Petrópolis ao

norte, Itaboraí ao sul, Cachoeiras de Macacu a leste e Magé e fundos da Baía

de Guanabara a oeste, de coordenadas geográficas 22º 32' 14" sul, 42º 58' 55"

oeste e altitude média de 60m em relação ao nível do mar. Apresenta uma

população estimada de 51.483 habitantes, com densidade demográfica de

142,70 habitantes/ km² distribuída em aproximadamente 15.741 domicílios. Do

total de domicílios do município 96,71% está em área urbana e 3,29% em área

rural (IBGE, 2010). O município de Guapimirim foi desmembrado do município

de Magé pela Lei Estadual nº 1772, de 21/12/1990, sendo constituído em

distrito sede desde 1995 e não apresenta oficialmente divisão distrital

(Prefeitura Municipal de Guapimirim 2012).

Figura 8. Mapa do município de Guapimirim, localizado na região serrana do Rio de

Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

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4.4. Seleção dos estratos do LIRAa

O LIRAa é um método de amostragem que tem como objetivo principal a

obtenção de indicadores entomológicos, de maneira rápida. Os critérios para

delineamento da amostra do LIRAa em cada município são determinados em

função de sua densidade populacional, do número de imóveis e de quarteirões

existentes, considerando sempre como unidade primária de amostragem o

quarteirão. Em municípios de médio e grande porte, a amostragem é de

conglomerados em dois estágios: quarteirões (unidade primária) e imóveis

(unidade secundária). Essa forma de amostragem permite menor concentração

de imóveis nos quarteirões sorteados, propiciando a divisão dos municípios de

médio e grande porte em estratos de, no mínimo, 8.100 imóveis e de, no

máximo, 12.000 imóveis, sendo o ideal 9.000 imóveis. Em cada estrato,

sorteia-se uma amostra independente de, no máximo, 450 imóveis, número

que poderá variar de acordo com o número de imóveis do estrato (MS, 2009).

Para a escolha dos estratos e respectivos bairros, foram utilizadas as

mesmas áreas definidas no processo de estratificação do LIRAa, limitando-se

àquelas no entorno do eixo urbano, onde há maior concentração de imóveis e

adensamento populacional, garantindo uma representatividade da área urbana

do município.

Rotineiramente em Itaboraí, o LIRAa é realizado em 18 estratos (Fig. 9).

Para o atual estudo, foram selecionados os estratos 2, 3, 16 e 17, que

correspondem aos bairros do Centro, Outeiro das Pedras, Rio Várzea, Areal e

Venda das Pedras. Em Guapimirim, o LIRAa é realizado em 4 estratos urbanos

(Fig. 10). Para o presente estudo, foi selecionado o estrato 1, que inclui os

bairros do Capim, Centro, Parada Modelo, Jardim Modelo e Quinta Mariana. A

Tabela 1 apresenta a descrição de cada estrato com o número de quarteirões,

imóveis e os bairros correspondentes.

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Figura 9. Mapa do município de Itaboraí com os 18 estratos do LIRAa, em 2012.

Fonte: SES-RJ.

Figura 10. Mapa do município de Guapimirim com os 4 estratos do LIRAa, em 2012.

Fonte: SES-RJ.

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Tabela 1. Descrição de cada estrato do LIRAa de março de 2012, contendo

informações dos bairros, número de quarteirões e imóveis, nos municípios de Itaboraí

e Guapimirim, Rio de Janeiro.

ITABORAI

Nº. do estrato Nome dos bairros Nº.

quarteirões Nº. imóveis

16 Areal 262 9.269

2 Centro 80 4.626

2 Outeiro das Pedras 20 1.908

3 Rio Várzea 129 6.563

17 Venda das Pedras 40 4.002

GUAPIMIRIM

1

Capim 52

11.117

Centro 110

Jardim Modelo 32

Parada Modelo 16

Quinta Mariana 20

4.5. Inquérito entomológico

Em Itaboraí, foram realizados quatro inquéritos entomológicos pelas

equipes de vigilância entomológica nos meses de março, maio, agosto e

outubro de 2012, enquanto em Guapimirim foram realizados dois inquéritos nos

meses de agosto e outubro de 2012, concomitantes à realização do LIRAa.

Nesses inquéritos, foram obtidos índices de infestação de formas imaturas e

adultas de mosquitos do gênero Aedes, por meio do LIRAa (índices de

infestação predial), de armadilhas de oviposição (índices de positividade e de

densidade de ovos de Aedes) e de aspiração de mosquitos adultos (proporção

de Ae. aegypti e Ae. albopictus). Todas as atividades de campo foram

realizadas uma semana antes, durante e após a execução do LIRAa realizado

pelas equipes de vigilância entomológica do município.

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4.5.1. LIRAa

Como é rotina durante a vigilância entomológica realizada pela

autoridade municipal a cada ciclo do LIRAa, em cada estrato são sorteados os

quarteirões que serão incluídos na pesquisa domiciliar. Durante a semana de

execução do LIRAa, o agente de saúde visitou os imóveis selecionados em

busca de criadouros contendo formas imaturas de Ae. aegypti e Ae. albopictus,

respeitando um percentual de 50% do total de imóveis de cada quarteirão. Para

a realização dessas visitas, define-se o quantitativo de agentes necessários,

visando a cobertura do número de imóveis programados para a realização do

LIRAa em um período máximo de cinco dias, cabendo a cada agente realizar

uma média de 20 visitas por dia. Se o agente identificar um imóvel positivo, as

formas imaturas são coletadas, colocadas em tubinhos contendo álcool a 70%

e transportadas para o laboratório do município para identificação. Após a

identificação das espécies coletadas, foram obtidos os indicadores de

infestação preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Dengue

(PNCD), que são Índice de Infestação Predial (IIP), Índice de Tipos de

Recipientes (ITR) e Índice de Breteau (IB). Mapas com o resultado dos índices

de infestação predial de cada LIRAa e estrato foram construídos, utilizando o

programa ArcGIS versão 10.0. Todas as etapas do LIRAa foram realizadas nos

estratos incluídos nesse estudo, seguindo os procedimentos de rotina da

autoridade de vigilância entomológica do município. Os dados obtidos nesse

monitoramento de rotina, referentes aos estratos de estudo, foram incluídos

para comparação na presente análise.

4.5.2. Implantação e coleta das ovitrampas

Para o inquérito entomológico utilizando armadilhas de oviposição

(ovitrampas), definiu-se um quantitativo de 200 armadilhas por município de

Itaboraí e Guapimirim (Fig. 11). As ovitrampas consistem em vasos pretos de

plásticos com capacidade de 500 ml, as quais foram preenchidas com 270 ml

de água e 30 ml de infusão de feno. Em cada ovitrampa é presa uma palheta

de Eucatex (5 mm de espessura X 12,5 cm de comprimento X 2,5 cm de

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largura), com auxílio de um grampo, utilizada como substrato de postura para

as fêmeas de Aedes.

O esquema de instalação das ovitrampas se deu da seguinte forma: Nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, foram implantadas no ambiente

peridomiciliar, um total de 100 ovitrampas na semana anterior ao LIRAa,

distribuídas entre os estratos selecionados. Na semana seguinte, ou seja, na

semana de averiguação do LIRAa, foram trocadas as palhetas das ovitrampas

instaladas anteriormente e implantadas mais 100 ovitrampas, dessa vez em

imóveis onde o LIRAa foi realizado. A coleta das 200 ovitrampas foi realizada

na semana seguinte após a realização do LIRAa. Na ocasião da troca das

palhetas, as ovitrampas foram lavadas e escovadas cuidadosamente antes de

serem novamente preenchidas com água e feno. As palhetas foram

encaminhadas para o laboratório para triagem de positividade e contagem dos

ovos, com o propósito de calcular os índices de positividade (IPO) e de

densidade de ovos (IDO). As palhetas positivas, contendo pelo menos um ovo

de Aedes, foram submersas em água limpa e, após a eclosão, as larvas foram

mantidas até o 4º estádio, para contagem e identificação da espécie. As larvas

foram identificadas através da chave dicotômica de Consoli & Lourenço-de-

Oliveira (1994). As figuras 12 e 13 apresentam a distribuição das ovitrampas

em Itaboraí e Guapimirim, respectivamente, na primeira e segunda semanas

nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado (círculos pretos) e nos imóveis

onde o LIRAa foi realizado (triângulos rosas). Todas as ovitrampas foram

georreferenciadas com o auxílio do sistema de posicionamento global (GPS) e

mapas de densidade de ovos de Aedes foram construídos a partir do número

de ovos coletados nas ovitrampas. Para a confecção dos mapas utilizou-se o

programa ArcGIS versão 10.0.

Figura 11. Foto ilustrativa de uma ovitrampa.

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Figura 12. Mapa de Itaboraí com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana de

coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

Figura 13. Mapa de Guapimirim com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana

de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

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4.5.3. Coleta dos mosquitos adultos

A aspiração dos mosquitos adultos foi realizada no 3º e 4º LIRAa,

correspondente aos meses de agosto e outubro de 2012, nos municípios de

Itaboraí e Guapimirim. Os mosquitos adultos foram coletados com aspiradores

movidos à bateria (Fig. 14), considerando um tempo mínimo de 10 minutos no

intradomicílio das residências selecionadas. A aspiração foi realizada na quarta

semana, em 10 imóveis onde o LIRAa tinha sido realizado. Todos os mosquitos

coletados foram armazenados em gaiolas plásticas, etiquetadas por área,

endereço do imóvel e data. As gaiolas foram transportadas para o Núcleo de

Apoio às Pesquisas em Vetores (NAPVE), onde os mosquitos foram separados

por sexo e identificados por espécie a partir da chave dicotômica de Consoli &

Lourenço-de-Oliveira (1994). Todas as informações foram registradas em

formulários específicos, elaborados para os momentos de atividades de campo.

A figura 15 apresenta a distribuição dos imóveis vistoriadas para coleta de

adultos em agosto e outubro de 2012 em cada município de estudo. Todas as

residências foram georreferenciadas com o auxílio do sistema de

posicionamento global (GPS). Mapas de densidade de adultos de Ae. aegypti e

Ae. albopictus foram construídos a partir do número de mosquitos coletados

com auxílio do programa ArcGIS versão 10.0.

Figura 14: Foto ilustrativa do aspirador movido à bateria (A), que foi utilizado na coleta

de mosquitos adultos, e outros materiais: (B) bateria; (C) gaiola de plástico usada para

transporte dos mosquitos capturados; (D) ovitrampa.

A

B C B D D

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Figura 15. Mapa com a distribuição dos imóveis onde os mosquitos adultos foram

coletados com os aspiradores movidos à bateria, nos meses de agosto e outubro de

2012, nos municípios de Guapimirim e Itaboraí – Rio de Janeiro.

4.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa

Para a avaliação qualitativa da execução do LIRAa nos municípios de

Itaboraí e Guapimirim foi elaborado um roteiro de observação, visando registrar

e descrever fatores que pudessem interferir na qualidade das atividades

realizadas durante a execução do LIRAa. O roteiro elaborado inclui questões

sobre aspectos operacionais, relacionados à estrutura, planejamento e etapa

de execução do LIRAa (Quadro 1). Trata-se de um questionário estruturado

onde foram considerados quinze itens essenciais para a sua execução com

notas de 0 a 5, sendo "0" para nenhuma conformidade, "1 e 2" para o mínimo

de conformidade, “3 e 4” para uma conformidade aceitável e "5" para o máximo

de conformidade. Para que fosse possível comparar as informações reunidas

no roteiro referentes aos três aspectos mencionados (operacional, processo e

estrutura), foram estabelecidos os seguintes critérios para o somatório das

pontuações atribuídas aos doze itens: Satisfatório - ≥ 45 e ≤ 60, Razoável - ≥

30 e ≤ 45 (> 50% < 75%) e Ruim- < 30.

Guapimirim

Itaboraí

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Quadro 1. Roteiro de observação do planejamento e execução do LIRAa, utilizado nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

Formulário de registro das observações da operacionalização do LIRAa – RJ

MUNICÍPIO: ________________________________ MÊS: _________________________

Critérios: "0" para nenhuma conformidade; "1 e 2" para o mínimo de conformidade; “3 e 4” para uma conformidade aceitável; e "5" para o máximo de conformidade.

Tópicos observados do Planejamento Resultado da observação

Pontuação

0 1 2 3 4 5

1. Existência de mapas atualizados.

2. Realização da estratificação com antecedência de 30 dias.

3. Consideração dos critérios de continuidade e contiguidade durante a estratificação.

4. Consideração do critério de equivalência no sorteio dos quarteirões.

5. Existência de viaturas em nº suficientes para apoiar as ações de campo.

6. Quantitativo de agentes suficiente para realização do LIRAa no período de cinco dias, incluindo supervisores para o acompanhamento.

7. Identificação para os agentes.

8. Disponibilidade de todos os materiais e insumos necessários para a realização de Pesquisa LIRAa.

9. Realização do LIRAa em 100% dos Estratos do município.

10. Visitação de todos os imóveis programados por QT, como planejado.

11. Realização do LIRAa no prazo preconizado.

12. Detecção da presença de supervisores acompanhando as atividades no campo.

13. Detecção de agentes devidamente identificados,

14. Detecção da ausência de materiais ou insumos que comprometem a execução da pesquisa.

15. Execução sem detecção de ocorrência que comprometam os resultados. (ex.: falso registro)

Sub total

TOTAL 0

Equipe responsável pela observação: DATA: ___/___/_____.

Parâmetros de avaliação:

Satisfatório: se a pontuação for > que 45 e < ou = 60 (> 75% do total); Razoável: se a pontuação for > que 30 e < 45 (> 50% = 74%);

Ruim: se a pontuação for < que 30 (< 50%).

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4.7. Análise dos dados

A partir dos inquéritos entomológicos por nós realizados, gerou-se uma

coleção de indicadores entomológicos:

índice de infestação predial, baseado no inquérito larvar do LIRAa,

como o número de imóveis com larvas e/ou pupas de Ae. aegypti,

dividido pelo número de imóveis pesquisados x 100.

índice de positividade de ovitrampas (IPO), definido como a

proporção de casas com ovitrampas contendo, pelo menos, 1 ovo.

índice de densidade de ovos (IDO), definido como o número total de

ovos coletados na semana dividido pelo número de armadilhas.

índice de positividade de domicílios na aspiração (IPA), definido

como a proporção de casas com coleta de, pelo menos, um adulto na

aspiração.

índice de densidade de adultos (IDA), definido como o número total

de adultos aspirados na semana dividido pelo número de casas

aspiradas.

Para medir a correlação entre os índices de positividade e de densidade

de cada armadilha, foram utilizados testes de correlação de Pearson. Também

usou-se a correlação de Pearson para comparar os índices IPO e IDO entre a

primeira semana e a segunda semana de cada inquérito, considerando as

armadilhas colocadas nos mesmos imóveis. O objetivo foi avaliar se havia

variância significativa no índice medido entre semanas, que pode indicar a

necessidade de realizar mais de um inquérito para gerar uma medida robusta.

De forma complementar, mediu-se a correlação entre IDO e IPO gerado na

segunda semana nos imóveis do LIRAa e nos imóveis fora do LIRAa (os

mesmos da primeira semana). Aqui, o objetivo foi avaliar se havia variância

entre amostras coletadas na mesma semana, no mesmo local, porém em

imóveis diferentes.

Para os mosquitos adultos foi calculada a proporção de Ae. aegypti e

Ae. albopictus capturados por área, semana e período de estudo (Índice de

Positividade de Adultos - IPA). Mapas de densidade contendo o número de

ovos de Aedes e número de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus foram

construídos, com vistas a obtenção da distribuição espacial da infestação

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29

desses mosquitos vetores nos municípios estudados, ambos sobrepostos a

classificação dos índices de infestação predial aferidos nos estratos pelo LIRAa

dos meses estudados.

Todas as análises estatísticas foram feitas usando o programa “R for

Windows” (R Core Team 2012) e R-Studio (RStudio Team 2012).

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5. RESULTADOS

5.1. Caracterização sócio-econômica das áreas de estudo.

O município de Itaboraí, com 69.422 domicílios, apresenta precariedade

no serviço de esgotamento sanitário, com cobertura de 40,24%. A cobertura da

rede geral de distribuição de água também é baixa (27%), com 62,41% dos

domicílios utilizando água de poço ou nascente e 10,58% (7.342 domicílios)

utilizando outras formas de abastecimento. Já a coleta de lixo apresenta ampla

cobertura (92,91%), embora sem indicações do nível de regularidade deste

serviço (IBGE 2010) (Fig.16).

Figura 16. Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água, esgoto e

coleta de lixo no município Itaboraí, Rio de Janeiro. Fonte: IBGE 2010.

O município de Guapimirim tem 15.741 domicílios. Considerando a

oferta ampla de água proveniente de mananciais de rios e cachoeiras, esse

município apresenta uma cobertura de abastecimento de água relativamente

baixa (55,7%), com 34% dos domicílios utilizando poços ou nascentes e

10,29% utilizando outras fontes de abastecimento. O percentual de domicílios

ligado à rede de esgoto é de 46,57%, enquanto a coleta de lixo tem 93,22% de

cobertura, o que é considerada alta, embora não haja informação quanto à

regularidade da oferta desse serviço (IBGE/CENSO-2010) (Fig. 17).

0

20

40

60

80

100

Água Esgoto Lixo

% d

e d

om

icíli

os

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Figura 17. Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água, esgoto e

coleta de lixo no município de Guapimirim, Rio de Janeiro. Fonte: IBGE 2010.

5.2. Dados epidemiológicos de Itaboraí e Guapimirim.

Durante o período de 2002 a 2013 (até a 23ª semana epidemiológica),

1.245.745 casos de dengue foram notificados no estado do Rio de Janeiro.

Desses, 27.582 ocorreram em Itaboraí e Guapimirim, sendo 2,09% (26.145

casos) em Itaboraí e 0,12% (1.437 casos) em Guapimirim.

Em Itaboraí, as taxas de incidência variaram de 7,8 casos/ 100 mil hab.

em 2004 a 3.240,9 casos/ 100 mil hab. em 2002, porém com picos de altas

taxas em 2008 (1.555,6 casos/ 100 mil hab.), 2010 (1.024,8), 2011 (2.377,6) e

2013 (2.184,7). Durante esse período, foram registrados 11 óbitos por dengue,

todos entre os anos de 2007 a 2011, com destaque para o ano de 2010, com 5

óbitos (Tab. 2).

Em Guapimirim, as taxas de incidência por 100 mil habitantes variaram

entre o mínimo de 0,0, em 2005 e 2009, e o máximo de 894,9, em 2011. Os

anos de 2002, 2008 e 2013 também apresentaram taxas de incidência acima

de 400 casos de dengue notificados por 100 mil habitantes (Tab. 2). Nenhum

óbito por dengue foi registrado em Guapimirim desde 2002 até a 23ª semana

epidemiológica de 2013 (Tab.2).

0

20

40

60

80

100

Água Esgoto Lixo

% d

e d

om

icíli

os

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Tabela 2. População e casos notificados de dengue em Itaboraí e Guapimirim, no

período de 2002 a 2013 (até a 23ª semana epidemiológica).

ITABORAÍ

Anos População Nº casos

notificados Taxa Incidencia /

100 mil hab. Óbitos por

dengue

2002 197.016 6.385 3.240,9 0

2003 201.443 299 148,4 0

2004 205.857 16 7,8 0

2005 215.877 70 32,4 0

2006 220.981 571 258,4 0

2007 226.040 1.314 581,3 1

2008 225.309 3.505 1.555,6 1

2009 228.996 669 292,1 1

2010 218.090 2.235 1.024,8 5

2011 220.351 5.239 2.377,6 3

2012 222.635 978 439,3 0

2013 222.635 4.864 2.184,7 0

Total 217.103* 26.145 1.003,6 11

GUAPIMIRIM

Anos População Nº casos

notificados Taxa Incidencia/ 100

mil hab. Óbitos por

dengue

2002 40.028 197 492,1 0

2003 40.993 4 9,7 0

2004 41.959 2 4,7 0

2005 44.141 0 0,0 0

2006 45.253 7 15,4 0

2007 46.360 90 194,1 0

2008 48.688 216 443,6 0

2009 49.749 0 0,0 0

2010 51.483 53 102,9 0

2011 52.522 470 894,8 0

2012 53.527 9 16,8 0

2013 53.527 389 726,7 0

Total 47.353* 1.437 252,9 0 Fonte: Casos notificados e óbitos – DATASUS/MS; População - IBGE - Estimativas populacionais para o Tribunal de contas da união (TCU). (*) Média aritmética da população nos anos de 2002 a 2013.

No período de estudo, em 2012 e 2013, os dados de incidência por

semana epidemiológica mostraram que o município de Itaboraí apresentou

taxas superiores em comparação a Guapimirim e ao estado do Rio de Janeiro.

Essa observação teve como exceção apenas as semanas epidemiológicas 13

a 15 de 2012, quando as taxas de incidência do estado foram,

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33

respectivamente, (52,7; 56,6; 69,7) maiores que aquelas observadas em

Itaboraí. Em 2012, Guapimirim não apresentou transmissão importante, porém,

em 2013, entre as semanas 8 e 15 as taxas de incidência de Guapimirim foram

maiores que a média das taxas do estado (Fig. 18). Observou-se, também, que

a transmissão em 2013 em Itaboraí, quando analisada por semana

epidemiológica, apresentou maiores taxas de incidência em relação ao ano de

2012, entre as semanas 1 e 17, enquanto as taxas de incidência em 2012

ainda apresentavam tendência de elevação após a semana 17 (Fig. 18).

Figura 18. Taxa de incidência de casos notificados de dengue, por semana

epidemiológica, nos municípios de Guapimirim, Itaboraí e estado do Rio de Janeiro, no

ano de 2012 e nas semanas epidemiológicas de 1 a 23, no ano de 2013. Fonte:

SINAN/SES-RJ.

5.3. Dados entomológicos

5.3.1. LIRAa (Itaboraí).

O LIRAa foi realizado em Itaboraí nos meses de março, maio, agosto e

outubro de 2012. O índice de infestação predial do Ae. aegypti do município

variou de 1,5% em agosto e 3,4% em maio. Quando analisado por estrato,

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

100.0

120.0

140.0

160.0

180.0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

Inci

dên

cia

de

caso

s n

oti

fica

do

s d

e d

en

gue

Guapimirim2012 Itaboraí 2012 Estado 2012

Guapimirim 2013 Itaboraí 2013 Estado 2013

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34

observou-se índices entre 1,2% e 7,9%, valores que classificam os estratos

como situação de alerta e alto risco, respectivamente, de acordo com o

PNCD/MS (IIP < 1% = satisfatório; entre 1% e 3,9% = alerta; > 4% = alto risco).

No mês de maio, foram observados os maiores IIP por estrato, sendo: 4,4% no

estrato 1; 5,2% no estrato 2; 7,9% no estrato 7; 4,3% no estrato 8; 4,8% no

estrato 11; e 5,1% no estrato 16. No mês de março e outubro, embora não

tenham sido identificados índices acima de 4%, apenas 4 dos 18 estratos

ficaram com índices abaixo de 1% em ambos os meses, e os demais

apresentaram classificação de alerta, com índices entre 1% e 3,9% (Fig.20).

Nos meses de março, maio e outubro de 2012, quando tivemos acesso

aos dados sobre criadouros predominantes, em Itaboraí predominou o tipo A2

(depósito usado para armazenamento de água para consumo humano ao nível

do solo, como, por exemplo, barris, tonéis, galões), seguido do tipo D2

(depósitos passíveis de remoção/ proteção – lixo) (Tab. 3).

Foram trabalhados 18 estratos em cada um dos meses de março, maio

e outubro e 15 estratos em agosto, totalizando 69 estratos trabalhados nos 4

meses. De acordo com os parâmetros do PNCD, dos 69 estratos pesquisados

no LIRAa durante os meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, 6

estratos (8,7%) foram identificadas como de alto risco (IIP > 4%), todos no mês

de maio. Nesses mesmos meses de março, maio, agosto e outubro, 42

estratos (60,9%) apresentaram IIP entre 1% e 3,9%, situação de alerta,

enquanto 21 (30,4%) apresentaram IIP < 1%, situação satisfatória (Fig.19).

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35

Figura 19. Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos meses de

março (a), maio (b), agosto (c) e outubro (d) de 2012, no município de Itaboraí, Rio de

Janeiro. Fonte: SES-RJ.

Risco por estrato Risco por estrato

Risco por estrato Risco por estrato

(a)

(c)

(b)

(d)

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36

5.3.2. LIRAa (Guapimirim).

No ano de 2012, o LIRAa foi realizado em Guapimirim em três

momentos: março, agosto e outubro. Os Índices de Infestação Predial para o

Ae. aegypti em Guapimirim foram predominantemente baixos, variando entre

0,3% em março a 1,0% em outubro (Tab. 3). Em todos os meses, o criadouro

predominante foi do tipo B (depósitos móveis - prato xaxim, garrafas), (Tab. 3).

De acordo com os parâmetros do PNCD, dos 4 estratos pesquisados no LIRAa

durante os 3 meses em que foram realizados (n=12), não houve estrato em alto

risco, 3 (25,0%) apresentaram IIP entre 1% e 3,9% (alerta) e 9 (75,0%)

apresentaram IIP < 1% (satisfatório) (Fig.20).

Tabela 3. Descrição dos índices de infestação predial, índice de Breteau e depósitos

predominantes aferidos pelo LIRAa nos meses de março, maio, agosto e outubro de

2012, nos municípios de Itaboraí e Guapimirim. Fonte: SES-RJ.

MÊS 2012 MUNICIPIOS IIP Ae. aegypti

Nº Estratos em situação de Risco

Depósito predominante

Satisfatório Alerta Alto risco 1º 2º

MARÇO Itaboraí 1,70 5 13 0 A2 D2

Guapimirim 0,30 4 0 0 B A2

MAIO Itaboraí 3,40 2 10 6 A2 D2

Guapimirim* - - - - - -

AGOSTO Itaboraí 1,50 8 7 0 ** **

Guapimirim 0,70 3 1 0 B A2

OUTUBRO Itaboraí 1,60 6 12 0 A2 D2

Guapimirim 1,00 3 1 0 B D2

*O município de Guapimirim não realizou o LIRAa no mês de maio. **O município de Itaboraí não disponibilizou as informações dos depósitos predominantes obtidos no LIRAa de agosto.

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37

Figura 20. Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos meses de

março (a), agosto (b) e outubro (c) de 2012, no município de Guapimirim, Rio de

Janeiro. Fonte: SES-RJ.

(a) (b) (c)

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38

5.3.3. Monitoramento com Ovitrampas

Dados entomológicos gerais. Em Itaboraí foram coletados nas armadilhas de

oviposição 20.674 ovos de Aedes, sendo 30,1% de Ae. aegypti, 9,8% de Ae.

albopictus. Um total de 60,1% dos ovos estavam inviáveis. O mês de maio teve

o maior número de coletas, com 7.612 ovos identificados de Aedes,

representando 36,8% do total de ovos coletados. Agosto foi o mês com menor

número de coletas (3.613 / 17,4%) (Tab. 4).

Tabela 4. Número total de ovos e porcentagem de Ae. aegypti e Ae. albopictus

coletados nas ovitrampas nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012,

município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Mês Total de

ovos

Ae.

aegypti

(%)

Ae.

aegypti

Ae.

albopictus

(%)

Ae.

albopictus

Março 3.666 1.361 (37,1) 261 (7,1)

Maio 7.612 1.677 (22,0) 1.089 (14,3)

Agosto 3.613 1.482 (41,0) 277 (7,7)

Outubro 5.783 1.695 (29,3) 414 (7,2)

Total 20.674 6.215 30,1 2.041 9,8

Os bairros apresentaram variabilidade na produtividade de ovos de

Aedes, com médias (± desvio padrão) que variaram de 11,07 ± 23,68 a 32,47 ±

70,56 ovos/ armadilha. Diferenças no total de ovos de Aedes coletados por

bairro foram significativas (Kruskal Wallis = 27.4136, df= 4, p< 0.001), sendo o

mínimo de 2.656 e máximo de 7.792 ovos coletados. Ae. aegypti apresentou

variação de 23,6% a 39,0% de produtividade de ovos por bairro e de Ae.

albopictus variou de 7,2% a 17,5% por bairro, mas com diferença espacial não

significativa (Ae. aegypti: Kruskal Wallis = 6.4286, df = 4, p = 0.17; Ae.

albopictus: Kruskal Wallis = 3.609, df = 4, p = 0.46) (Tab. 5). Porém, quando

analisado por mês o percentual de produtividade de ovos por bairro para Ae.

aegypti variou de 22,0% a 41,0%, enquanto o de Ae. albopictus variou de 7,1%

a 14,3%, (Tab. 4). Essa diferença entre meses não foi significativa para Ae.

aegypti (Kruskal Wallis = 0.6914, df = 3, p= 0.8752), mas marginalmente

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39

significativa para Ae. albopictus (Kruskal Wallis = 7.4941, df = 3, p = 0.057) por

causa da alta infestação no bairro do Areal.

Tabela 5. Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes em cinco

bairros de Itaboraí, nos meses de agosto e outubro de 2012.

Ovitrampas Areal Centro Rio

Várzea

Outeiro

das Pedras

Venda das

Pedras

Total de ovos 3.846 3.056 7.792 2.656 3.324

Min - Máx 0 - 483 0 - 180 0 - 570 0 ± 155 0 ± 209

Média ± DP 16,02 ±

45,19

12,73 ±

29,87

32,47 ±

70,56

11,07 ±

23,68

13,85 ±

25,55

%paletas

positivas 36,6% 28,3% 47,9% 32,9% 41,6%

% Ae. aegypti 23,6% 39,0% 30,0% 27,8% 31,0%

% Ae. albopictus 17,5% 9,3% 7,2% 10,6 7,3%

% ovos inviáveis 58,8 % 51,7% 62,8% 61,6% 61,7%

% perdas 0% 6% 4% 0% 0%

Em Guapimirim, foram coletados nas ovitrampas 7.873 ovos de Aedes,

sendo 52% de Ae. aegypti, 22,7% de Ae. albopictus. Desse total, 25,3% dos

ovos estavam inviáveis. Foram feitas duas coletas apenas nos meses de

agosto e outubro de 2012. Outubro foi o mês com o maior número de ovos de

Aedes (6.186), representando 78,6% do total de ovos coletados (Tab. 6).

Os bairros apresentaram variabilidade na produtividade de ovos de

Aedes, com médias (± desvio padrão) que variaram de 8,7 ± 23,2 a 18,1 ± 57,5

ovos/ armadilha. O total de ovos por bairro variou entre 1.038 a 2.176. Ae.

aegypti foi a espécie com maior proporção, exceto no bairro Capim, onde Ae.

albopictus apresentou maior proporção (Tab. 7).

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40

Tabela 6. Número total de ovos e porcentagem de Ae. aegypti e Ae. albopictus

coletados nas ovitrampas nos meses de agosto e outubro de 2012, município de

Guapimirim, Rio de Janeiro.

Mês

Total de

ovos

Ae.

aegypti

(%) Ae.

aegypti

Ae.

albopictus

(%) Ae.

albopictus

Agosto 1.687 730 (43,3) 452 (26,8)

Outubro 6.186 3.363 (54,4) 1.338 (21,6)

Total 7.873 4.093 52,0 1.790 22,7

Tabela 7. Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes em cinco

bairros de Guapimirim, nos meses de agosto e outubro de 2012.

Ovitrampas Capim Centro Jardim

Modelo

Parada

Modelo

Quinta

Mariana

Total de ovos 1.411 1.038 1.997 2.176 1.251

Min - Máx 0-150 0-152 0-389 0-394 0-132

Média ± DP 11.9± 25,6 8.7± 23,2 16.6±44,8 18.1±57,5 10.4±24,7

%paletas

positivas 35% 27% 44% 31% 34%

% Ae. aegypti 16% 52% 56% 62% 66%

% Ae. albopictus 57% 10% 12% 18% 18%

% ovos inviáveis 26% 37% 31% 19% 15%

% perdas 0% 0% 0% 0% 16%

Em Itaboraí, do total de ovos de Aedes que eclodiram, o maior

percentual foi de Ae. aegypti em relação a Ae. albopictus em todos os bairros.

A proporção de Ae. aegypti foi menor no mês de maio, com exceção do bairro

Outeiro das Pedras. Em geral, Ae. albopictus foi mais abundante em Areal e

menos presente em Rio Várzea (Fig. 21).

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41

Figura 21. Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de Itaboraí, nos

meses de março, maio, agosto e outubro de 2012.

Em Guapimirim, o maior percentual de ovos que eclodiram pertence a

espécie Ae. aegypti em relação ao Ae. albopictus. Aedes aegypti apresentou

maior proporção em outubro, exceto o bairro do Capim, enquanto Ae.

albopictus apresentou valores maiores no mês de agosto, com exceção do

bairro Capim que apresentou maior proporção em outubro (Fig. 22).

Figura 22. Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de Guapimirim,

nos meses de agosto e outubro de 2012.

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42

5.3.3.1. Índices de Positividade da ovitrampa em Itaboraí

Essa seção apresenta os resultados dos índices de positividade de

Aedes por imóvel (IPO), medido pelas armadilhas de oviposição. Em Itaboraí, o

mês de maio registrou o maior IPO (52,3%) (Tab. 8) enquanto agosto

apresentou o menor índice (22%). Os meses de outubro e março,

correspondendo à primavera e verão, apresentaram valores intermediários (em

torno de 36%). A figura 23 mostra o cálculo do IPO discriminado por semana.

Para a segunda semana, o cálculo do IPO foi feito por imóvel pertencente ou

não à amostra LIRAa. Na comparação semana 1 (linha preta) x semana 2

imóvel não-LIRAa (linha verde) tem-se a medida do IPO realizada exatamente

nos mesmos imóveis em semanas subsequentes. Nota-se que, com exceção

de março, em geral a semana 2 apresentou 10 a 20% maior positividade do

que a primeira semana num inquérito realizado exatamente nos mesmos

imóveis, com diferença significativa (Wilcoxon = 116, df=1, p=0,02). Comparou-

se também os imóveis onde o LIRAa foi realizado e os imóveis onde o LIRAa

não foi realizado, na segunda semana (vermelha x verde). Os indicadores

coletados simultaneamente tiveram uma tendência a ser mais semelhantes do

que indicadores medidos nos mesmos imóveis em semanas subsequentes

(Wilcoxon = 174, df=1, p =0.48).

Tabela 8. Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos meses de

março, maio, agosto e outubro de 2012 no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Mês IPO IDO

Março 36,3 12,2

Maio 52,3 25,4

Agosto 22,0 12,0

Outubro 38,7 19,3

Total 37,3 17,2

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43

Figura 23. Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012, Itaboraí, Rio de

Janeiro. A linha preta mostra o IPO mensurado na semana pré-LIRAa. A linha verde mostra o

IPO mensurado na semana do LIRAa nos mesmos imóveis da semana pré-LIRAa. A linha

vermelha mostra o IPO mensurado na segunda semana, nos imóveis em que foi realizado o

LIRAa.

Quando o IPO é estratificado por bairro, observa-se significativa

heterogeneidade espacial (Fig. 24). Apesar da heterogeneidade, observou-se

um padrão temporal semelhante nos resultados do IPO da 2ª semana

mensurados em conjuntos distintos de imóveis (Pearson r= 0,61, p = 0,003). Já

na comparação da primeira com a segunda semana, nota-se uma tendência de

aumento do IPO na segunda semana mesmo considerando as coletas feitas

nos mesmos imóveis (onde o LIRAa foi realizado e onde não foi realizado),

sem afetar a correlação entre os índices x e y (Pearson r= 0,6, p=0,004) (Fig.

24).

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44

Figura 24. Índice de Positividade de Ovos nas três coletas realizadas nas duas

semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e outubro de 2012, nos cinco

bairros pesquisados, Itaboraí, Rio de Janeiro. O primeiro painel mostra o IPO mensurado

na semana pré-LIRAa. O segundo painel mostra o IPO mensurado na semana do LIRAa nos

mesmos imóveis da semana pré-LIRAa. O terceiro painel mostra o IPO mensurado na segunda

semana, nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

5.3.3.2. Índices de Densidade da ovitrampa em Itaboraí

Com base nos ovos de Aedes coletados no monitoramento por

ovitrampas, calculou-se o índice de densidade de ovos (IDO), definido como a

média de ovos por ovitrampa válida. A perda de ovitrampas foi muito pequena

e o número de ovitrampas válidas foi maior que 90% em todas as coletas.

A tabela 8 mostra o IDO geral por mês de estudo. O pico foi em maio,

com IDO=25, seguido de outubro com IDO=19,3. Os meses com menores

índices foram março e agosto, com IDO=12,2 e 12,0, respectivamente. Ao se

estratificar os indicadores por semana (Fig. 25), observa-se que na segunda

semana de inquérito realizado exatamente nos mesmos imóveis (linha preta x

linha verde), o número de ovos coletados foi em geral muito maior na segunda

Sem 1 Sem 2 – mesmos imóveis Sem 2 – imóveis LIRAa

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45

semana, porém sem diferença significativa (W = 174, p= 0.49). Na comparação

entre medidas observadas concomitantemente na segunda semana, em

conjuntos de imóveis diferentes (linha vermelha x preta), a diferença foi

pequena e não significativa (W = 152.5, p= 0.2036).

Figura 25. Índice de Densidade de Ovos (IDO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012, em bairros de

Itaboraí, Rio de Janeiro. A linha preta mostra o IDO mensurado na semana pré-LIRAa. A

linha verde mostra o IDO mensurado na semana do LIRAa nos mesmos imóveis da semana

pré-LIRAa. A linha vermelha mostra o IDO mensurado na segunda semana, nos imóveis em

que foi realizado o LIRAa.

Na análise por bairro, os IDO apresentaram grande heterogeneidade

tendo em geral, o bairro de Rio Várzea os maiores valores, porém sem

diferença significativa (Kruskal-Wallis chi-squared= 4.867, df= 4, p= 0.3012). Os

valores mínimos e máximos se apresentaram bem distantes entre os bairros,

principalmente no mês de maio, e bem próximos entre outros bairros,

demonstrando a variedade de resultados desse indicador (Fig. 26).

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46

Figura 26. Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas nas duas

semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e outubro de 2012, em cinco

bairros de Itaboraí, Rio de Janeiro. O primeiro painel mostra o IDO mensurado na semana

pré-LIRAa. O segundo painel mostra o IDO mensurado na semana do LIRAa nos mesmos

imóveis da semana pré-LIRAa. O terceiro painel mostra o IDO mensurado na segunda semana,

nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

Os valores dos IPO e IDO apresentaram correlação significativa em

Itaboraí (Pearson r=0,63, p<=0,003) nas duas semanas de coleta (Fig. 27).

Sem 1 Sem 2 – mesmos imóveis Sem 2 – imóveis LIRAa

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47

Figura 27. Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª semanas, em

2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

5.3.3.3. Índices de Positividade da ovitrampa em Guapimirim

Em Guapimirim, o monitoramento de ovitrampas se restringiu aos meses

de agosto e outubro de 2012. O mês de outubro registrou IPO maior que o mês

de agosto (48,7%) em Guapimirim, mesmo padrão observado em Itaboraí, com

diferença marginalmente significativa (Wilcoxon=3.5, p= 0,07) (Tab. 9). Quando

medido no mesmo conjunto de casas, os valores de IPO da segunda semana

foram maiores do que os da primeira semana (linha preta x verde), porém sem

diferença significativa (Wilcoxon=30.5, p=0,14). Dentro da mesma semana,

conjunto de casas diferentes (LIRAa versus não LIRAa) também apresentaram

índices de positividade semelhantes (Wilcoxon = 33,5, p= 0,22) tanto para

Guapimirim quanto para Itaboraí (Fig. 28).

Tabela 9. Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos meses de

agosto e outubro de 2012 no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Mês IPO IDO

Agosto 19,7 8,4

Outubro 48,7 20,6

Total 34,2 13,1

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48

Figura 28. Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por

ovitrampas realizado em agosto e outubro de 2012, Guapimirim, Rio de Janeiro. A linha

preta mostra o IPO mensurado na semana pré-LIRAa. A linha verde mostra o IPO mensurado

na semana do LIRAa nos mesmos imóveis da semana pré-LIRAa. A linha vermelha mostra o

IPO mensurado na segunda semana, nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

Quando analisados por bairro, observa-se um IPO semelhante para os

bairros de Capim, Quinta Mariana e Parada Modelo no município de

Guapimirim. O bairro do Centro apresentou pouca variação entre agosto e

outubro enquanto Jardim Modelo teve resultados diferentes quando foi

comparado o IPO de uma semana com a semana seguinte (Fig. 29). Esses

resultados discrepantes não afetaram o cálculo da correlação que foi de 0,82

(p=0,003) quando comparada a primeira versus a segunda semana (mesmas

casas) e de 0,86 (p=0,001) quando comparadas aos imóveis LIRAa x não

LIRAa, na segunda semana.

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49

Figura 29. Índice de Positividade de Ovos (IPO) nas três coletas realizadas nas duas

semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros

pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro. O primeiro painel mostra o IPO mensurado na

semana pré-LIRAa. O segundo painel mostra o IPO mensurado na semana do LIRAa nos

mesmos imóveis da semana pré-LIRAa. O terceiro painel mostra o IPO mensurado na segunda

semana, nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

5.3.3.4. Índices de Densidade da ovitrampa em Guapimirim

O IDO médio observado em Guapimirim foi quase três vezes maior em

outubro do que em agosto de 2012 (Tab. 9), devido aos valores obtidos na

segunda semana (Fig. 30). O IDO médio foi registrado tanto nas casas sem

realização do LIRAa (que haviam sido vistoriadas na semana anterior) como

nas casas LIRAa. Esse resultado sugere uma mudança drástica no nível de

infestação da localidade. A diferença entre os dois meses, de acordo com o

valor estimado na primeira semana do mês, não foi significativo (Wilcoxon=7,

p=0,31). No entanto, de acordo com a coleta da segunda semana, há diferença

significativa entre os meses de agosto e outubro de 2012 (Wilcoxon=1, p=0,01).

Sem 1 Sem 2 – mesmos imóveis Sem 2 – imóveis LIRAa

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50

Figura 30. Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas nas duas

semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros

pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro. A linha preta mostra o IDO mensurado na

semana pré-LIRAa. A linha verde mostra o IDO mensurado na semana do LIRAa nos mesmos

imóveis da semana pré-LIRAa. A linha vermelha mostra o IDO mensurado na segunda

semana, nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

O grande aumento do IDO na segunda semana deve-se ao bairro Jardim

Modelo, dentre os imóveis LIRAa, apenas (Fig. 31). Resultados diferentes

foram observados com os valores do IDO em relação ao observado para o IPO.

A correlação não foi significativa (Pearson r=0,40, p=0,24) do IDO nos imóveis

onde o LIRAa foi realizado, comparado com os dos imóveis onde o LIRAa não

foi realizado. E dentre o mesmo conjunto de imóveis, não houve correlação

significativa entre o IDO medido na primeira e na segunda semana (Pearson

r=0,50, p=0,14).

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51

Figura 31. Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas nas duas

semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros

pesquisados, Guapimirim – Rio de Janeiro. O primeiro painel mostra o IDO mensurado na

semana pré-LIRAa. O segundo painel mostra o IDO mensurado na semana do LIRAa nos

mesmos imóveis da semana pré-LIRAa. O terceiro painel mostra o IDO mensurado na segunda

semana, nos imóveis em que foi realizado o LIRAa.

Os valores dos IPO e IDO apresentaram forte correlação nas duas

semanas da pesquisa, com valores de r=0,70 (p=0,02) e r=0,94 (p=0,001),

respectivamente (Fig. 33).

Figura 33. Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª semanas,

Guapimirim – 2012.

Sem 1 Sem 2 – mesmos imóveis Sem 2 – imóveis LIRAa

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52

5.3.4. Aspiração de mosquitos adultos

Os resultados do levantamento de índices são apenas aqueles utilizando

método de aspiração de agosto e de outubro de 2012. Apesar das coletas

terem sido feitas nos meses de março e maio, não foi possível considerá-las,

pois os mosquitos aspirados foram agregados em uma única gaiola, não nos

permitindo a identificação dos imóveis onde foram coletados. As aspirações

foram realizadas na semana seguinte à execução do LIRAa e do uso das

ovitrampas. Em Itaboraí, foram feitas aspirações em 100 imóveis que estavam

dentro do conjunto de imóveis inspecionados pelo LIRAa. No total, foram

coletados 1.081 culicídeos nas duas coletas, agosto e outubro, a saber: 993

(91,8%) Culex quinquefasciatus, 87 (8,04%) Ae. aegypti e 1 (0,09%) Ae.

albopictus. Os 87 Ae. aegypti foram coletados em 32 imóveis, o que representa

um índice de positividade de 32% para essa espécie em Itaboraí. Nesse

conjunto de imóveis, apenas em 1 (um) imóvel foram encontradas formas

imaturas de Ae. aegypti durante a pesquisa do LIRAa.

O Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti foi muito maior

que o de Ae. albopictus, com valores que variaram de 10% a cerca de 80%,

com destaque para os bairros Centro e Venda das Pedras em outubro (Fig.

33). Houve pouca diferença na coleta de agosto e outubro nos bairros de Rio

Várzea, Outeiro das Pedras e Areal.

Figura 33. Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae. albopictus

(b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e outubro de 2012, por bairro, no

município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

(a) (b)

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53

Em Guapimirim, nos meses de agosto e outubro de 2012 foram

coletados 1.531 mosquitos adultos nos aspiradores, sendo 1.470 Cx.

quinquefasciatus (96,0%), 58 Ae. aegypti (3,78%) e 3 Ae. albopictus (0,19%).

Dos 58 Ae. aegypti capturados, 30 eram machos e 28 fêmeas, distribuídos em

20 imóveis dos 72 pesquisados, ou 27,77% de positividade. Nos mesmos 72

imóveis, 6 apresentaram formas imaturas de Ae. aegypti durante o LIRAa,

representando 8,33% de positividade para essa espécie. Entre os 20 imóveis

com Ae. aegypti, 19 ocorreram no mês de outubro e apenas 1 (um) em agosto.

O Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti foi maior que o

de Ae. albopictus em todos os bairros de Guapimirim. Ae. aegypti apresentou

maior proporção no mês de outubro de 2012, exceto no bairro Capim. Ae.

albopictus não foi encontrado nas capturas dos dois meses nos bairros Centro

e Jardim Modelo (Fig. 34).

Figura 34. Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae. albopictus

(b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e outubro de 2012, por bairro, no

município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

5.3.5. LIRAa x Ovitrampas

Em Itaboraí, dos 400 imóveis que foram alvo tanto da instalação de

ovitrampas quanto da pesquisa larvária, 101 (25,3%) ovitrampas estavam

positivas para Ae. aegypti e apenas 12 (3%) imóveis foram positivos para

formas imaturas (larvas e pupas) de Ae. aegypti no LIRAa. Quando os

resultados foram observados por bairro, destacou-se o bairro Rio Várzea, com

35,0% dos imóveis positivos nas ovitrampas, enquanto apenas 1,25% dos

(b) (a)

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54

mesmos imóveis foram positivos na pesquisa do LIRAa (Tab.10). Observando

os resultados por mês, constatou-se positividade das ovitrampas de 37% para

Ae. aegypti no mês de outubro, enquanto apenas 1,0% dos mesmos imóveis

foram positivos na pesquisa do LIRAa (Tab. 11)

Tabela 10. Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no LIRAa (Ae.

aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos meses de março, maio, agosto e

outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Bairros

Nº de

imóveis

com

ovitrampas

instaladas

Imóveis com

ovitrampa

positiva para

Ae. aegypti

% de

imóveis

com

ovitrampa

positiva Ae.

aegypti

Imóveis

positivos

no LIRAa

% de

imóveis

positivos

no LIRAa

Areal 80 19 23,8 2 2,5

Centro 80 19 23,8 2 2,5

Rio Várzea 80 28 35,0 1 1,25

Outeiro das Pedras 80 12 15,0 7 8,75

Venda das Pedras 80 23 28,75 0 0

Total 400 101 25,25 12 3,0

Tabela 11. Comparação entre ovitrampa positiva e imóveis positivos no LIRAa (Ae.

aegypti) em 20 imóveis pesquisados nos meses de março, maio, agosto e outubro de

2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Mês

Nº de

imóveis com

ovitrampas

instaladas

Imóveis

com

ovitrampa

positiva

para Ae.

aegypti

% de

imóveis com

ovitrampa

positiva Ae.

aegypti

Imóveis

positivos

no

LIRAa

% de

imóveis

positivos

no LIRAa

Março 100 22 22,0 3 3,0

Maio 100 31 31,0 8 31,0

Agosto 100 11 11,0 0 0,0

Outubro 100 37 37,0 1 1,0

Total 400 101 25,25 12 3,0

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55

Em Guapimirim, dos 200 imóveis onde foram instaladas as ovitrampas e

realizado inquérito larvar, 27 (13,5%) imóveis estavam positivos de acordo com

a ovitrampa e apenas 6 (3%) imóveis foram positivos com achado de formas

imaturas (larvas e pupas) durante o LIRAa (Tabs. 12 e 13).

Tabela 12. Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no LIRAa (Ae.

aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos meses de agosto e outubro de

2012, no município de Guapimirim – Rio de Janeiro.

Bairros

Nº de

ovitrampas

instaladas

Ovitrampa

positiva para

Ae. aegypti

% Ovitrampa

positiva Ae.

aegypti

Imóveis

positivos

no LIRAa

% de imóveis

positivos no

LIRAa

Capim 40 1 2,5 0 0,0

Centro 40 5 12,5 2 5,0

Parada Modelo 40 7 17,5 0 0,0

Jardim Modelo 40 6 15,0 1 2,5

Quinta Mariana 40 8 20,0 3 7,5

Total 200 27 13,5 6 3,0

Tabela 13. Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no LIRAa (Ae.

aegypti) em 20 imóveis pesquisados, nos meses de agosto e outubro de 2012, no

município de Guapimirim – Rio de Janeiro.

Mês

Nº de

ovitrampas

instaladas

Ovitrampa

positiva para

Ae. aegypti

% Ovitrampa

positiva Ae.

aegypti

Imóveis

positivos

no LIRAa

% de imóveis

positivos no

LIRAa

Agosto 100 3 3,0 0 0,0

Outubro 100 24 24,0 6 6,0

Total 200 27 13,5 6 3,0

5.4. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e captura

de mosquitos adultos em Itaboraí

Na análise espacial dos dados das ovitrampas em Itaboraí foi necessário

separar o mapa de agosto, pois a quantidade de estratos foi diferente dos

demais meses, o que dificultou a conformação dos mapas de cada LIRAa com

os outros meses de março, maio e outubro. A figura 35 define as bases que

foram consideradas no processo de estratificação do LIRAa em Itaboraí, e

mostram à direita a classificação dos estratos, segundo os valores dos índices

de infestação predial aferidos no LIRAa de março, maio e outubro e o mesmo

foi feito com os dados do LIRAa de agosto (Fig. 36). A partir desses mapas,

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56

foram plotadas as coordenadas das ovitrampas instaladas nos cinco bairros

selecionados para o estudo. Esses bairros correspondem aos estratos de

número 2 (Centro e Outeiro das Pedras), 3 (Rio Várzea), 16 (Areal) e 17

(Venda das Pedras) nos meses de março, maio e outubro, e em agosto os

estratos 2 e 3 foram agregados em um único estrato, permanecendo apenas o

estrato 2.

Figura 35. Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de março, maio e outubro de

2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

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Figura 36. Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, no mês de agosto de 2012, em Itaboraí –

Rio de Janeiro.

Na análise dos meses de março, maio e outubro, na 1ª semana nos

imóveis onde o LIRAa não foi realizado (Fig. 37), observou-se que houve coleta

semelhante de ovos de Aedes nos meses de março e outubro, porém com

diferenças entre a localização das áreas de maior concentração. O mês de

maio apresentou maior quantidade de ovos de Aedes coletados, com

distribuição mais homogênea em relação aos meses de março e outubro.

Comparando os resultados das coletas realizadas entre os três meses,

na 1ª semana (círculos pretos), nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado,

observou-se que, no mês de março, as áreas com índices de infestação

aferidos no LIRAa entre 1 e 3,9% (situação de alerta) apresentaram densidade

de ovos de Aedes até de 250 ovos, e coincidiram com as áreas identificadas no

mês de maio, quando os índices de infestação do LIRAa foram superiores a 4%

(risco de surto). Não foi observada a mesma característica quando a

comparação foi feita entre os meses de maio e outubro, mesmo tendo o mês

de outubro apresentado índices aferidos pelo LIRAa entre 1 e 3,9%, como em

março (Fig. 37). As coletas da 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa não foi

realizado (círculos azuis) foram mais elevadas quando comparadas com a

primeira semana e o mês de maio apresentou altas densidades (Fig. 38).

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58

Figura 37. Número médio de ovos coletados na 1ª semana nos imóveis onde o LIRAa

não foi realizado por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos

durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em

Itaboraí, Rio de Janeiro.

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59

Figura 38. Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa

não foi realizado por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos

durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em

Itaboraí, Rio de Janeiro.

As coletas na 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa foi realizado

apresentou maior dispersão de positividade no mês de maio em relação a

março e outubro. Maio e outubro apresentaram maior positividade das

ovitrampas em relação a março (Fig. 39).

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Figura 39. Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa

foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos

durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em

Itaboraí, Rio de Janeiro.

A figura 40 mostra a distribuição das ovitrampas positivas para Aedes na

1ª e 2ª semanas, nos imóveis não LIRAa, e 2ª semana, nos imóveis LIRAa, no

mês de agosto, e revela que as coletas nos imóveis não LIRAa apresentaram

maior positividade em relação a 2ª semana nos imóveis LIRAa. Nas três

coletas observou-se positividade de ovitrampas coincidindo com os índices

aferidos no LIRAa, onde os valores estiveram entre 1 e 3,9% (situação de

alerta).

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Figura 40. Número médio de ovos coletados na 1ª e 2ª semana nos imóveis onde o

LIRAa não foi realizado (círculos pretos e azuis) e na 2ª semana onde o LIRAa foi

realizado (círculos cinzas), com sobreposição aos índices de infestação predial

aferidos durante a realização do LIRAa no mês de agosto de 2012, em Itaboraí, Rio de

Janeiro.

A análise espacial das coletas de mosquitos adultos em Itaboraí

apresentou predominância de Ae. aegypti em comparação ao Ae. albopictus. O

número de Ae. aegypti variou de 0 a 12 adultos, enquanto de Ae. albopictus

não foi encontrado nos dois meses. A elevada densidade de Ae. aegypti foi

observada em outubro, enquanto em agosto a maioria dos imóveis aspirados

estava negativo. Os dados revelaram que a presença de elevada densidade do

Ae. aegypti coincidiu com os índices considerados em situação de alerta,

aferidos no LIRAa (Fig. 41).

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Figura 41. Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus, capturados

na semana após a realização do LIRAa, por mês, com sobreposição aos índices de

infestação predial aferidos durante o LIRAa de 2012, no município de Itaboraí, Rio de

Janeiro.

5.5. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e captura

de mosquitos adultos em Guapimirim

A figura 42 define as bases que foram consideradas no processo de

estratificação do LIRAa em Guapimirim, e mostram, à direita, a classificação

dos estratos, segundo os valores dos índices de infestação predial aferidos no

LIRAa de agosto e outubro. A partir desse mapa, foram plotadas as

coordenadas das ovitrampas instaladas nos cinco bairros selecionados para o

estudo. Durante a construção dos mapas de pontos em Guapimirim,

encontramos dificuldade na adequação das coordenadas de pontos em relação

à base de polígonos que define os estratos do LIRAa, de forma que os imóveis

georeferenciados aparecem incorretamente no estrato 2, vizinho ao estrato 1.

Acredita-se que a base cartográfica utilizada para a estratificação do LIRAa

encontra-se completamente desatualizada.

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Figura 42. Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de agosto e outubro de 2012,

em Guapimirim – Rio de Janeiro.

A análise espacial dos dados obtidos nas ovitrampas na semana pré-

LIRAa (1ª. semana) e durante a realização do LIRAa (2ª. semana), apresenta

densidades diferentes de Aedes nos dois meses avaliados (agosto e outubro).

O número de ovos de Aedes variou de 0 a 400 e a segunda semana do mês de

outubro apresentou elevadas densidades, compreendendo a faixa de 150 a

400 ovos (Fig. 43). Os resultados do LIRAa para o estrato 1 foram classificados

como alerta (IIP 1 - 3,9%), enquanto o estrato 2 apresentou IIP < 1%

classificado como satisfatório. Os dados das ovitrampas apresentaram

heterogeneidade espacial e demonstram que a densidade de ovos aumenta na

segunda semana (imóvel não LIRAa). Por outro lado, na semana LIRAa o mês

de outubro apresentou elevado número de ovos de Aedes, mesmo nos imóveis

onde houve a intervenção do LIRAa.

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Figura 43. Número de ovos coletados na 1ª e 2ª semanas, nos imóveis onde o LIRAa

não foi realizado, e na 2ª semana onde o LIRAa foi realizado, por mês, com

sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa

nos meses de agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

1ª sem imóveis

não

LIRAa

2ª sem imóveis

não

LIRAa

2ª sem imóveis LIRAa

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A análise espacial das coletas de mosquitos adultos apresentou

predominância de Ae. aegypti em comparação ao Ae. albopictus. O número de

Ae. aegypti variou de 0 a 12 adultos, enquanto de Ae. albopictus de 0 a 2

mosquitos. A elevada densidade de Ae. aegypti foi observada em outubro,

enquanto em agosto a maioria das residências aspiradas estava negativa. Os

dados revelaram que mesmo com índices considerados satisfatórios foi

registrada a presença e elevada densidade do Ae. aegypti (Fig. 44).

Figura 44. Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus, capturados

na semana após a realização do LIRAa, por mês, com sobreposição aos índices de

infestação predial aferidos durante o LIRAa de 2012, no município de Guapimirim, Rio

de Janeiro.

5.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa

Os parâmetros considerados durante a realização do LIRAa levaram em

conta a sua importância e relevância para obter as condições necessárias para

a operacionalização do LIRAa. Os parâmetros avaliados foram

operacionalização do LIRAa e planejamento, onde são observadas as

condições de infraestrutura, logística de apoio aos agentes de saúde,

disponibilidade de mapas atualizados, dentre outros.

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66

De acordo com os parâmetros selecionados para classificação do grau

de satisfação quanto aos 15 quesitos observados, a operacionalização do

LIRAa em Guapimirim alcançou 46 pontos de 60, o que a classificou como

satisfatória, pois representa cerca de 75% do total de pontos. Em Itaboraí, a

operacionalização alcançou 32 pontos, o que a classificou como razoável, pois

representa cerca de 50% da pontuação total.

No parâmetro do planejamento, Guapimirim apresentou pontuações

muito baixas, sendo atribuído o mínimo de conformidade nos quesitos 1

(existência de mapas atualizados), 3 (consideração dos critérios de

continuidade e contiguidade durante a estratificação, 4 (consideração do

critério de equivalência no sorteio dos quarteirões) e 7 (identificação para os

agentes), com pontuação 1 ou 2; conformidade aceitável nos quesitos 2

(realização da estratificação com antecedência de 30 dias) e 5 (existência de

viaturas em nº suficientes para apoiar as ações de campo), com pontuação 3; e

pontuação ótima (máximo de conformidade) nos quesitos 6 (quantitativo de

agentes suficiente para realização do LIRAa no período de cinco dias, incluindo

supervisores para o acompanhamento) e 8 (disponibilidade de todos os

materiais e insumos necessários para a realização da pesquisa LIRAa), com

pontuação 5). No aspecto da execução, Guapimirim apresentou o mínimo de

conformidade (pontuação 2) no item 13 (detecção de agentes devidamente

identificados), conformidade aceitável (pontuação 3 ou 4) nos quesitos 9

(realização do LIRAa em 100% dos estratos do município), 10 (visitação de

todos os imóveis programados por QT, como planejado), 12 (detecção da

presença de supervisores acompanhando as atividades no campo), 14

(detecção da ausência de materiais ou insumos que comprometem a execução

da pesquisa) e 15 (execução sem detecção de ocorrência que comprometam

os resultados), e máximo de conformidade (pontuação 5) no quesito 11

(realização do LIRAa no prazo preconizado).

Em Itaboraí, os resultados do parâmetro do planejamento foram:

quesitos 1 a 5 (existência de mapas atualizados, realização da estratificação

com antecedência de 30 dias, consideração dos critérios de continuidade e

contiguidade durante a estratificação, consideração do critério de equivalência

no sorteio dos quarteirões e existência de viaturas em nº suficientes para

apoiar as ações de campo) apresentaram pontuações baixas, sendo atribuído o

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mínimo de conformidade; os quesitos 6, 7 e 8 (quantitativo de agentes

suficiente para realização do LIRAa no período de cinco dias, incluindo

supervisores para o acompanhamento, identificação para os agentes e

disponibilidade de todos os materiais e insumos necessários para a realização

da pesquisa LIRAa) apresentaram conformidade aceitável. Sob o aspecto da

execução, os quesitos 10 (visitação de todos os imóveis programados por QT,

como planejado), 11 (realização do LIRAa no prazo preconizado), 13 (detecção

de agentes devidamente identificados) e 15 (execução sem detecção de

ocorrência que comprometam os resultados) apresentaram pontuações baixas,

com o mínimo de conformidade e os quesitos 9 (realização do LIRAa em 100%

dos estratos do município), 12 (detecção da presença de supervisores

acompanhando as atividades no campo) e 14 (detecção da ausência de

materiais ou insumos que comprometem a execução da pesquisa)

apresentaram conformidade aceitável.

Durante a avaliação foram observadas não conformidades em relação

ao parâmetro do planejamento, a saber: mapas defasados, com divergências

em relação aos manuais do RG e do LIRAa; divergências com relação às áreas

geográficas no território, quantidade real de imóveis e numeração das quadras

em desacordo com as regras estabelecidas no manual do RG; ausência de

registros de atualizações de imóveis por quadras (boletins RG 05 e 06); uso de

uma estratificação divergente das regras do PNCD; divergências descritas para

adequação da base territorial; ocorrência de proximidade entre alguns

quarteirões sorteados, caracterizando falha na observação da regra de

numeração de mapas, prevista no manual de orientação RG; número

insuficiente de veículos para a operacionalização do LIRAa e instabilidade na

situação do vínculo dos agentes, que poderia ter influência sobre a qualidade

das informações.

Quanto ao parâmetro da execução, listamos as observações que foram

feitas após a realização do LIRAa: divergências referentes ao quantitativo de

imóveis planejados; deficiências relativas à conduta técnica dos agentes, tanto

na inobservância das regras operacionais do LIRAa quanto no correto

seguimento do protocolo de visita domiciliar, pois alguns agentes permaneciam

pouco tempo no interior dos imóveis para a realização da busca ativa das

formas imaturas do Ae. aegypti.

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6. DISCUSSÃO

Atualmente, existe ampla discussão quanto a eficiência e eficácia da

vigilância entomológica do Ae. aegypti no Brasil e em outros países endêmicos.

Neste sentido, estão à busca de processos e metodologias que visem a

detecção e a determinação de sua distribuição em áreas urbanas de forma ágil.

Para tal, estão incluídas as armadilhas que se propõem como mais eficientes

que os métodos convencionais para o monitoramento, assim como a definição

de índices de infestação confiáveis que possam gerar alertas de risco, que

permitem o entendimento das características biológicas de populações do vetor

(Focks 2003, Braga & Valle 2007, Honório 2009b).

O presente estudo avaliou o levantamento de índice rápido do Ae.

aegypti (LIRAa) e comparou-o com indicadores de positividade e de densidade

de ovos e adultos de Ae. aegypti em dois municípios urbanos da região

metropolitana do Rio de Janeiro. Os municípios de Itaboraí e Guapimirim, de

acordo com o censo de 2010, apresentam precariedades nos serviços básicos

de saneamento ambiental, principalmente a baixa cobertura e irregularidade no

abastecimento de água, condição que propicia a necessidade de

armazenamento em depósitos artificiais no intra e peridomicílio, favorecendo,

assim, a manutenção e proliferação do Ae. aegypti (Tauil 2001, 2002). Embora,

a intersetorialidade seja uma estratégia para enfrentamento e superação de

problemas de saúde recorrentes no Brasil, observa-se ainda a necessidade de

ações intersetoriais mais contínuas e eficazes para o enfretamento do dengue,

buscando envolver diversos setores do poder público e da sociedade (Lenzi &

Coura 2004, Teixeira & Medronho 2008).

O município de Itaboraí é sede de um dos maiores empreendimentos

econômicos do país, o COMPERJ, que desde sua implantação tem favorecido

o crescimento populacional da região, para a qual trabalhadores têm sido

atraídos por inúmeras ofertas de oportunidades de ascensão social.

Adensamento populacional e, consequentemente, aumento de detritos

urbanos, moradias com ausência de infraestrutura de saneamento, e alta

mobilidade da população são alguns dos fatores que ampliam e favorecem a

presença do Ae. aegypti no eixo urbano (Tauil 2001, Silveira 2007). Também

acredita-se que cidades vizinhas, como o município de Guapimirim, podem

sofrer os efeitos do crescimento populacional na região.

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O Ae. aegypti é uma espécie cosmopolita e sua distribuição e

frequência estão associadas a ambientes alterados pelo homem, condição que

o caracteriza essencialmente como um mosquito do peridomicílio e domicílio

humano (Christophers 1960). O processo de adaptação do Ae. aegypti e sua

consequente disseminação pelo mundo foram facilitados pelo seu

comportamento antropofílico, aumento de sua densidade, mobilidade da

população e pela alta produtividade de potenciais criadouros em torno dos

domicílios (Tauil 2001, Silveira 2007), tornando-se totalmente domiciliado e

adaptado às condições oferecidas pelo homem (Consoli & Lourenço-de-

Oliveira 1994, Nobre 1998).

O município de Itaboraí apresenta um histórico de alta infestação do Ae.

aegypti e incidência de dengue (SES-RJ 2013). Durante a vigência do presente

estudo, no período de 2012 até a 23ª semana epidemiológica de 2013,

observou-se que a transmissão do dengue não apresentou o mesmo padrão

nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, quando comparados ao estado do

Rio de Janeiro, pois Itaboraí apresentou taxas elevadas que variaram de 7,8 a

3.240,9 por 100.000 habitantes em comparação a Guapimirim e ao estado do

Rio de Janeiro. Cabe destacar que, no ano de 2010, foram registrados, em

Itaboraí, cinco óbitos por dengue, enquanto em Guapimirim nenhum óbito por

dengue foi observado desde 2002. Com efeito, cidades com perspectivas de

viverem importantes transformações estruturais, resultantes de grandes

empreendimentos, como estão ocorrendo em Itaboraí e municípios limítrofes,

como Guapimirim, devem compor uma agenda prioritária dos gestores e

profissionais de saúde, em virtude das possibilidades dos impactos no

processo endêmico-epidêmico do dengue e de outras doenças ainda

negligenciadas no País.

A vigilância e o controle do dengue, considerado um dos agravos

prioritários para o Ministério da Saúde, requerem uniformidade nas ações e

esforços integrados. No Brasil, o monitoramento da infestação do Ae. aegypti é

realizado através de pesquisas domiciliares, por meio de coletas de formas

imaturas de Aedes em depósitos positivos. Sabe-se que os índices de

infestação predial e de Breteau têm sido utilizados para compor predições de

risco de transmissão de dengue, embora com essa finalidade, não são

considerados bons indicadores para inferir a abundância de adultos (Tun- Lin et

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al. 1996, Gomes 1998, Braga et al. 2000, Braga & Valle 2007, Honório et al.

2009b; Resende 2010, Pilger et al. 2011, Sivagnaname et al. 2012). No Brasil,

observa-se pouco avanço no conhecimento e resultados discordantes em

relação a correlação entre os índices de infestação vetorial (IIP e IB) com a

ocorrência de transmissão de dengue (Teixeira et al. 2002, Corrêa et al. 2005,

Zeidler et al. 2008; Coelho et al. 2008). De fato, o índice predial tem se

mostrado inadequado para inferir o real nível de infestação, já que tenta inferir

sobre a frequência de adultos, que é a fase responsável pela transmissão, a

partir de coletas larvárias (Braga & Valle 2007).

Os resultados do LIRAa analisados nesse trabalho em Itaboraí

apresentaram um padrão semelhante aos demais municípios da região

metropolitana, com índices prediais acima do limiar de transmissão (>1%) na

maioria dos estratos e com predominância de positividade em depósitos

usados para armazenamento de água para consumo humano localizados ao

nível do solo (como, por exemplo, barris, tonéis e galões). Um estudo

desenvolvido no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro identificou a

importância dos criadouros com maior capacidade de armazenamento de água,

como por exemplo, caixa d’água, tonéis, barris, dentre outros, os quais servem

para a manutenção de focos geradores do Ae. aegypti (Lagrotta et al. 2006),

corroborando com os depósitos mais importantes encontrados em Itaboraí.

Observou-se também que o mês de maio apresentou os maiores índices, que

variaram de 2,8 a 5,4%, apontando situação de risco para o município.

Encontrar infestação alta em maio surpreende por esse ser um mês mais

fresco, de outono, o que contrasta com os índices mais baixos observados no

verão e primavera.

No município de Guapimirim foram observados índices de infestação

predial baixos, entre 0,3 a 1%, com a predominância de depósitos móveis do

tipo B (prato xaxim, garrafas, dentre outros). Em Guapimirim, a predominância

de depósitos móveis, passíveis de remoção, demonstrou que ainda é um

desafio para a gestão local sensibilizar a população para redução mecânica de

criadouros, considerando que são dispensáveis no ambiente domiciliar. Estudo

realizado por Donalísio et al. (1998) constatou a distância entre o conhecimento

do problema e a condução de comportamento preventivo, o que aponta para a

necessidade de programas que induzam o envolvimento da população nas

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ações de controle mecânico de criadouros passíveis de remoção. O mesmo

estudo ressaltou a necessidade de utilizar instrumento simplificado específico

para acompanhamento do impacto de programas locais de controle do dengue

para guiar o desenvolvimento de novas abordagens. Segundo Valla (1998), um

programa de controle deve apresentar algumas premissas, caso queira

produzir redução da infestação do Ae. aegypti e diminuição do risco de

transmissão de dengue: levar em conta a realidade local, oferecer outros

serviços além do controle da doença, manter um elo de comunicação entre

comunidade e serviço público, aumentar o grau de confiança entre eles, além

de estimular a comunidade a exercer seus direitos.

Um estudo realizado em Singapura avaliou o impacto das ações de

controle do dengue, após uma intensa epidemia, e demonstrou que a

mobilização e participação da população na eliminação desses criadouros,

associada a outras medidas de controle, conseguiu impactar a redução dos

índices de infestação e também o número de casos de dengue (Burattini et al.

2008). Adicionalmente, Lenzi & Coura (2004) alertam que as ações de

mobilização da população para o controle do dengue requer antes o efetivo

envolvimento do papel do setor público em cumprir suas responsabilidades em

relação ao saneamento ambiental. Com efeito, a redução da quantidade de

recipientes nos ambientes é extremamente necessária, mas não suficiente para

a diminuição dos níveis de infestação do Ae. aegypti, pois é uma espécie que

apresenta grande capacidade de adaptação e, na falta de um tipo de criadouro,

pode se desenvolver nos disponíveis. Cabe ressaltar que um programa de

controle não pode ficar centrado unicamente na redução de criadouros

potenciais, mas, sim, na integração de outras estratégias complementares,

como por exemplo, o uso de armadilhas (Chiaravalloti-Neto et al. 2003).

Nossos resultados confirmam a alta sensibilidade de ovitrampas para

detectar a presença do gênero Aedes (Fay & Perry 1965, Mogi et al. 1990,

Kuno 1991, Braga et al. 2000, Focks 2003, Morato et al. 2005, Regis et al.

2008, Honório et al. 2009b, Campos et al. 2012). Em Itaboraí, o maior índice de

positividade (IPO = 52,3%) foi observado em maio, enquanto o menor

(IPO=22%) foi observado em agosto. O monitoramento de ovitrampas em

Guapimirim se restringiu aos meses de agosto e outubro de 2012, com o maior

IPO de 48,7% em agosto, mês de inverno.

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Ao comparar o IPO com o IDO em quatro inquéritos realizados em

Itaboraí e nos dois em Guapimirim, não detectou-se evidência de saturação do

índice de positividade. Saturação ocorre quando a infestação é alta e os

valores de IDO continuam variando enquanto o IPO estabiliza em valores

próximos de 100%. Lourenço-de-Oliveira et al. (2008) compararam a

sensibilidade da ovitrampa e detectaram tendência de saturação da ovitrampa

quando o número de dias de exposição em ambiente peridomiciliar aumenta.

Não encontrar saturação sugere que a infestação nessas áreas é relativamente

menor do que aquela encontrada no trabalho citado.

Entomologistas costumam relatar informalmente que mosquitos

“aprendem” a localização das armadilhas, de forma que o índice de

positividade de casas monitoradas tende a aumentar entre a primeira e

segunda coleta. Essa percepção nunca foi testada, até onde sabemos.

Entretanto, os resultados do presente estudo apoiam essa percepção: quando

comparamos o IPO a partir de armadilhas colocadas nos mesmos imóveis, os

dados revelaram, em geral, um aumento da positividade na segunda semana.

Os IPOs medidos simultaneamente (imóvel LIRAa versus imóvel não LIRAa)

apresentaram uma tendência a serem mais semelhantes do que indicadores

medidos nos mesmos imóveis em semanas subsequentes. Esses resultados

indicam a necessidade de se considerar desenhos de coleta de dados de

armadilhas que envolvam mais de uma semana de coleta.

Embora não tenha sido realizado nenhum teste estatístico para avaliar a

correlação entre os IIP aferidos pelo LIRAa com os dados da ovitrampa em

Itaboraí, ambos concordaram em indicar o mês de maio como o de maior

índice de infestação em relação aos demais meses avaliados no estudo.

Observou-se que a média dos IIP dos 5 bairros estudados foi de 4,5%, ou seja,

nesses bairros houve uma alta densidade de formas imaturas do Ae. aegypti

em maio. Essa medida geral de infestação, porém, esconde forte variabilidade

espacial. Em Itaboraí, observou-se grande variabilidade na produtividade de

ovos de Aedes dentre os bairros estudados, de 11,07 ± 23,68 a 32,47 ± 70,56

ovos/ armadilha. Já em Guapimirim, a variabilidade foi menor, de 8,7 ± 23,2 a

18,1 ± 57,5 ovos/armadilha. Aedes aegypti foi a espécie predominante nas

duas cidades, embora a frequência de Ae. albopictus não seja desprezível. A

predominância de Ae. aegypti foi maior nas áreas mais centrais, confirmando a

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sua adaptação ao ambiente urbano, onde a oferta de criadouros e de fonte

sanguínea favorecem sua permanência nos domicílios (Consoli & Lourenço-de-

Oliveira 1994). Os nossos resultados corroboram com estudos anteriores, que

mostraram que as ovitrampas são armadilhas muito sensíveis e capazes de

detectar a presença ou ausência de Ae. aegypti e comparar a infestação entre

diferentes áreas e períodos (Focks 2003, Morato et al. 2005, Ríos-velásquez et

al. 2007, Honório et al. 2009b).

Já em relação aos índices de densidade de ovos (IDO), observou-se

maior densidade de ovos de Aedes por armadilha em maio, o mesmo indicado

pelo IPO. Não foi observada diferença significativa nos valores do IDO entre os

imóveis da primeira e segunda semana, na coleta realizada nos mesmos

imóveis, embora a segunda semana tenha gerado um número maior de ovos

de Aedes que a primeira. Assim como o IPO, o IDO indica grande variação na

infestação dos bairros, revelando padrão heterogêneo que deve ser

considerado na definição dos estratos para cálculos de medidas que subsidiem

o controle e prevenção do dengue nos diferentes municípios do Rio de Janeiro.

Iniciativas mais recentes sugerem a utilização de armadilhas de adultos

para a vigilância do Ae. aegypti, que teriam a vantagem de estimar diretamente

essa população responsável pela transmissão do dengue. Acredita-se que

essas armadilhas fornecem indicadores mais próximos da realidade que

aqueles aferidos pelos índices larvários e inquéritos pupais (Focks et al. 2000,

Fávaro et al. 2006, 2008, Braga & Valle 2007). Nesse sentido, Sivagnaname et

al. (2012) sugerem como prioridade o desenvolvimento de uma ferramenta de

campo apropriada para estimar a densidade de Ae. aegypti adulto. Esses

autores acreditam na criação de uma armadilha para adulto mais eficiente, que

permitiria maior cobertura espacial e temporal e com amostragem consistente.

Diferentes armadilhas e métodos complementares estão sendo testados para

capturar fêmeas adultas de Ae. aegypti, tais como MosquiTrap, Adultrap, BG-

Sentinel, dentre outras. Estas armadilhas consistem em diferentes

combinações de atrativos associados a diversos mecanismos para a captura

de fêmeas (Eiras 2002, Kröckel et al. 2006). Além de armadilhas, um método

de coleta de adultos é através da aspiração, empregando-se aparelhos

movidos à bateria (Scott et al. 2000, Lima-Camara et al. 2007). No nosso

estudo, a aspiração de mosquitos adultos nos mesmos imóveis onde o LIRAa

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foi realizado demonstrou ser eficiente ferramenta para capturar fêmeas e

machos de Ae. aegypti em ambos os municípios. O LIRAa apresentou baixa

capacidade de detecção do Ae. aegypti em Itaboraí, quando apenas um imóvel

em 100 pesquisados apresentou larvas ou pupas de Ae. aegypti, enquanto 6

imóveis foram positivos em relação a 72 pesquisados em Guapimirim. Embora

o método de aspiração dependa da habilidade do coletor para capturar as

fêmeas, sendo mais utilizado em projetos de pesquisa do que nos programas

de controle do dengue, 87 Ae. aegypti foram capturados em 32 imóveis de

Itaboraí, com índices de positividade que variaram de 10 a 80%. Já em

Guapimirim, foram coletados 58 Ae. aegypti distribuídos em 20 imóveis. A

obtenção de mosquitos adultos em um programa de monitoramento é

importante para a vigilância virológica e a aspiração é um dos métodos que

poderiam ser empregados para esse fim. A vantagem é que ela danifica pouco

o mosquito, em comparação com outros métodos. A desvantagem é o esforço

de coleta necessário.

Vários autores desenvolveram estudos que comparam indicadores de

infestação obtidos por diferentes armadilhas e métodos (Gomes 1998, Focks et

al. 2000, 2003, Eiras 2002, Williams 2006, Fávaro et al. 2006, 2008; Gomes et

al. 2007, Braga & Valle 2007, Honório et al. 2009b, Resende et al. 2010,

Steffler et al. 2011). No nosso estudo, os índices gerados pelo LIRAa, uso de

ovitrampas e aspiração de adultos foram diferentes. Essas diferenças podem

ser explicadas pela diferença da fase alvo de cada método, a saber: larvas e

pupas, no LIRAa, ovos nas ovitrampas e adultos na aspiração. Entretanto,

mesmo que não haja total associação entre os índices, cabe ressaltar que a

diferença de positividade de imóveis foi mais de 22% entre IPO e IIP no

município de Itaboraí e mais de 10% em Guapimirim, não só reforçando a

necessidade de rever as formas de medir os níveis de risco de transmissão do

dengue buscando indicadores mais sensíveis, como de repensar o conjunto de

indicadores que subsidiam os programas de vigilância e controle do dengue em

cidades com perfil socioeconômico semelhante como Itaboraí e Guapimirim.

Essas diferenças também foram observadas na comparação dos imóveis onde

foram feitas as coletas de adultos, que ocorreram nos imóveis onde o LIRAa foi

realizado. Mais de 19% de diferença para captura de Ae. aegypti adultos em

relação ao achado de larvas e/ou pupas de Ae. aegypti na pesquisa do LIRAa

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nos mesmos imóveis, o que reforça a necessidade premente de repensar os

indicadores usados para a vigilância entomológica do dengue, não obstante ao

aumento dos custos operacionais e financeiros que isso venha a requerer.

Vários autores descrevem a importância do SIG como ferramenta para a

análise espacial (Barcellos & Bastos 1996, Mondini et al. 2005, Lagrotta et al.

2006, Silveira 2007). O uso do sistema de informação geográfica (SIG) tem

auxiliado a construção de mapas de risco relacionados ao dengue, e tem sido

importantes ferramentas para subsidiar os gestores na reflexão e tomada de

decisão das medidas a serem implementadas.

Nossos resultados em relação à análise do padrão espacial do número

de ovos de Aedes coletados nas ovitrampas e estratificação do LIRAa em

Itaboraí e Guapimirim, revelaram alta densidade de ovos de Aedes em estratos

onde o LIRAa apresentou índices de infestação predial entre <1 e ≥4%. Os

dados revelam a distribuição espacial e temporal da positividade e quantidade

de ovos de Aedes, apontando para a sensibilidade da ovitrampa. Embora, a

armadilha de oviposição não seja um bom indicador da população de adultos,

os resultados demonstram a presença do Ae. aegypti, mesmo em estratos

onde o LIRAa apresenta situação satisfatória ou de alerta. Mesmo nos imóveis

onde o LIRAa foi realizado, observa-se elevados números de ovos de Aedes.

Já os dados de adultos, capturados nos aspiradores, após a realização do

LIRAa, revelaram predominância de Ae. aegypti em comparação ao Ae.

albopictus tanto em Itaboraí quanto em Guapimirim. Os dados revelaram que a

densidade do Ae. aegypti coincidiu com os índices considerados em situação

de alerta, aferidos no LIRAa. Cabe ressaltar, que o LIRAa é uma estratégia de

intervenção nos imóveis vistoriados, entretanto após sua realização tanto em

Itaboraí quanto em Guapimirim, machos e fêmeas de Ae. aegypti continuaram

sendo capturados. Esses resultados apontam para uma reavaliação do método

LIRAa, que tem sido utilizado para nortear as ações de controle e vigilância do

Ae. aegypti.

Ainda na avaliação qualitativa do LIRAa, sabe-se que um dos requisitos

básicos preconizados pelo PNCD/MS para sua realização é a definição da

base geográfica para composição dos estratos (MS 2009). Na nossa avaliação,

esse requisito não se apresentou de forma clara no município de Itaboraí,

quando foram identificadas formas de organização dos estratos diferentes com

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18 estratos nos meses de março, maio e outubro, enquanto em agosto foram

considerados 15 estratos. Este fato sugere que a forma de estratificação para o

LIRAa necessita de rigor e atenção por parte da gerência do programa de

controle do dengue municipal, principalmente na fase do planejamento, além

da necessidade de atualização da base cartográfica. De fato, a ausência de

padrão pode caracterizar fragilidade da gestão local, pois observam-se

divergências no uso da metodologia estabelecida pelo PNCD. Adicionalmente,

este fato pode interferir na qualidade das informações, como consequência da

não observação das etapas estabelecidas para a realização do LIRAa, o que

implica na ausência de confiabilidade dos dados para produção de indicadores

confiáveis. Neste sentido, Pereira (2010) ressalta que a qualidade da

informação e dos indicadores de saúde é fundamental para a correta avaliação

do perfil epidemiológico de doenças e adequação das medidas de controle.

No presente estudo, observou-se outro aspecto importante quanto a

classificação dos estratos na forma estabelecida pelo PNCD/MS, que gerou

muitas dúvidas nos técnicos dos municípios de Itaboraí e Guapimirim em

relação a representatividade da amostra, pois a ênfase dos programas

propostos pelo nível federal ao longo dos anos, orientava a classificação dos

índices pelos bairros (ou localidades), popularmente conhecidos pelos

munícipes, que constituem a base do Sistema de Informação de Febre Amarela

e Dengue - SISFAD, permitindo a concentração das medidas de redução dos

índices de forma mais pontual naqueles territórios (MS 1986, 2002). Kuno

(1995) adverte que o índice de infestação diluído em vários bairros pode

mascarar áreas de maior risco para o dengue. Já Oliveira (2011) considera

extremamente importante que o índice de infestação seja identificado por

localidade, visando assim subsidiar a definição de medidas de controle no nível

local.

Muito tem se discutido entre os técnicos responsáveis pelos programas

municipais de controle do dengue sobre os vários aspectos que envolvem a

execução do LIRAa, e ainda persiste um grande questionamento quanto a sua

eficácia. Nos nossos resultados ficou evidente a necessidade de investimento

na qualificação profissional para o exercício das ações de vigilância

entomológica de vetores do dengue, porém as condições para que isso ocorra

na prática não foram identificadas nos municípios pesquisados. Gomes (1998)

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ressalta a importância do papel do agente que realiza pesquisa entomológica e

destaca limitações para auto-sustentação da vigilância entomológica no

contexto da saúde pública, como por exemplo, a “falta de conhecimento básico,

por parte dos profissionais do setor, para entender o rigor nos procedimentos

entomológicos”. Segundo Gomes (1998), a vigilância entomológica é tida como

uma ferramenta de inteligência epidemiológica, cuja habilidade de quem a

executa incorpora a análise das informações sobre vetores para

acompanhamento contínuo de indicadores. Acredita-se que a qualidade dos

indicadores aferidos pela metodologia do LIRAa pode estar diretamente

relacionada ao grau de conhecimento e comprometimento dos agentes que a

executa. Para evidenciar a premissa de que bons indicadores dependem da

atuação responsável do agente envolvido, bem como da disponibilidade de

recursos logísticos e infraestrutura para sua realização, nas visitas realizadas

pela equipe da Secretaria de estado de Saúde do Rio de Janeiro, foram

observados os quesitos de planejamento e execução do LIRAa tanto em

Itaboraí quanto em Guapimirim. Em ambos os municípios, o LIRAa foi

executado, produzindo dados para aferição dos indicadores entomológicos a

que se propõe o método (índice de infestação predial, índice de tipos de

recipientes e índice de Breteau), embora a precariedade em alguns quesitos

básicos foram observadas, como divergências na base geográfica ou falta de

identificação dos agentes. Porém, sob o aspecto da execução, a falta de

material para a pesquisa e deficiência na inspeção aos imóveis podem colocar

em dúvida a qualidade dos dados produzidos. Em trabalho realizado em

Olinda, Pernambuco, para analisar o processo de trabalho dos agentes de

saúde ambiental, concluiu-se que a falta de material interfere no desempenho

em campo e compromete as ações dos profissionais envolvidos (Pimentel et al.

2009).

Em suma, nossos resultados respondem a pergunta inicial deste projeto:

a metodologia de medição da infestação do Ae. aegypti, baseada na utilização

do LIRAa, é considerada um marcador entomológico capaz de definir áreas de

maior abundância do Ae. aegypti de forma a nortear as intervenções e

direcionar as ações de controle do dengue? Nossos resultados sugerem que: o

LIRAa é uma metodologia importante para a identificação dos criadouros

predominantes nas áreas, o que pode guiar a estratégia de controle. Por outro

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lado, o LIRAa sozinho tem baixa sensibilidade para gerar índices adequados de

infestação, uma vez que índices altos de oviposição estão presentes em

estratos que o LIRAa classifica como satisfatório ou de alerta. Além disso,

observamos que o estrato do LIRAa contém uma heterogeneidade de níveis de

infestação que é mascarada pelo cálculo do índice médio, que é o IIP. A

ovitrampa, por sua vez, é um instrumento sensível e de fácil multiplicação, que

pode ser utilizado para aumentar a cobertura espacial do monitoramento

entomológico. Ela não permite informar sobre o tipo de criadouro que deve ser

alvo do controle, porém, pode indicar pequenas áreas nas quais esforços de

controle devam ser aplicados. Vimos também, que a colocação da armadilha

por uma única semana não é uma boa estratégia, uma vez que é necessário

pelo menos duas semanas para que os mosquitos “aprendam” a localização da

armadilha, e o índice gerado seja mais estável a variações decorrentes do

comportamento do mosquito. Por fim, o uso de aspiração em uma escala

menor é uma estratégia interessante para obtenção de mosquitos para

isolamento viral. Seu custo-benefício em relação a outros métodos de captura

de adultos, porém, merece uma investigação posterior.

Em conclusão, esse trabalho aponta para a necessidade e viabilidade de

se executar estratégias integradas de monitoramento com o objetivo de melhor

informar as decisões de intervenção para essa grave doença que acomete

nossa população.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não só o dengue, como outras doenças infecciosas e de transmissão

vetorial, requerem esforço intersetorial e qualificação profissional dos agentes

de saúde envolvidos no controle de doenças veiculadas por artrópodes vetores.

Investimentos financeiros também são necessários para subsidiar as ações e

garantir infraestrutura adequada para que as estratégias ocorram de forma

resolutiva e oportuna. No presente estudo, constatou-se a necessidade

premente de uma agenda prioritária dos gestores e profissionais de saúde dos

municípios investigados, em decorrência dos impactos resultantes de grandes

empreendimentos como, por exemplo, o COMPERJ, que pode acelerar o

processo endêmico-epidêmico do dengue e de outras doenças negligenciadas

no Brasil. Acredita-se que é imprescindível a articulação entre os gestores,

agentes de saúde e a população, com vistas à obtenção de um planejamento

unificado, que possa dar soluções para os problemas advindos principalmente

das alterações antrópicas e da morbimortalidade observada no dengue.

Quanto a análise dos dados do LIRAa observa-se a necessidade de

maior discussão sobre a seleção dos estratos e a unidade de análise que hoje

é o quarteirão, com sugestões de incorporação da base territorial única, o setor

censitário utilizado pelo IBGE. A amostragem de seleção dos estratos é uma

insatisfação recorrente dos técnicos no âmbito dos municípios, pois não

contempla de forma satisfatória a subdivisão da cidade, impossibilitando a

identificação dos bairros existentes e gerando índices diluídos. Por conta disso,

é comum em alguns municípios a realização de outra forma de levantamento

de índice, apontadas na metodologia deste estudo, que é o Levantamento de

Índice Amostral - LIA, junto com a modalidade tratamento, que irá produzir IIP,

IB e ITR ao final de cada período de 60 dias. É importante observar que esta

decisão é local de alguns municípios, a despeito das recomendações, tanto do

PNCD/MS, quanto da SES-RJ, inclusive com o referendo e chancela dos

secretários, por meio de pactuações nas reuniões da Comissão Intergestores

Bipartite – CIB. Com isso, observa-se uma insatisfação contínua dos técnicos,

e infere-nos a necessidade de reflexão urgente sobre a metodologia do LIRAa.

Isso torna cada vez mais premente a necessidade de avaliação do custo-

benefício quanto a possibilidade de agregação de outras metodologias, não

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obstante a perspectiva de aumento de recursos que deverão ser dispensados

para implantação e implementação destas estratégias de monitoramento.

A despeito das potencialidades do LIRAa, dada a sua aplicação em

campo de forma menos onerosa e mais rápida que outras metodologias, bem

como de suas limitações aqui expostas, acredita-se que o LIRAa não deveria

ser o único método de aferição dos índices de infestação do Ae. aegypti,

principalmente sob o aspecto da classificação das cidades quanto aos risco de

transmissão, o que requer de outros níveis de governabilidade estudar e

apontar alternativas complementares, como as que foram utilizadas neste

estudo. Para isso, a promoção de fóruns e pesquisas nessa direção deve ser

priorizada na agenda de gestores, técnicos e pesquisadores que militam no

ramo da saúde pública.

Em suma, nossos resultados sugerem que o LIRAa é uma metodologia

importante para a identificação dos criadouros predominantes nas áreas, o que

pode guiar a estratégia de controle, principalmente, por conta dessa

capacidade, poder permitir a definição de estratégias de acordo com a

realidade local, possibilitando aos técnicos desenvolverem estratégias que

envolvam a participação da população no processo de controle mecânico dos

criadouros passíveis de remoção. Por outro lado, o LIRAa sozinho tem baixa

sensibilidade para gerar índices adequados de infestação, uma vez que índices

elevados de positividade e de densidade de ovos e adultos de Ae. aegypti

foram obtidos em estratos onde o LIRAa classificou como satisfatório ou de

alerta. Dessa forma, o presente estudo aponta para a necessidade e

viabilidade de se executar estratégias integradas de monitoramento com o

objetivo de melhor informar as decisões de intervenção para essa grave

doença que acomete nossa população.

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8. CONCLUSÕES

Os municípios de Itaboraí e Guapimirim apresentaram precariedades nos

serviços básicos de saneamento ambiental, com baixa e irregular cobertura no

abastecimento de água, condição que contribui para o armazenamento em

depósitos móveis ao nível do solo, favorecendo a proliferação do Ae. aegypti e

consequentemente a manutenção do dengue;

O LIRAa em Itaboraí apresentou índices de infestação predial, que variaram

entre 1,2% a 5,4%, apontando no mês de maio situação de risco e com a

predominância de depósitos para armazenamento de água, enquanto em

Guapimirim os índices foram mais baixos, com variação de 0,3 a 1%, com

predominância de depósitos móveis;

As ovitrampas apresentaram elevada sensibilidade para detectar a presença do

Ae. aegypti em todos os bairros nos dois municípios avaliados, quando

comparadas ao método LIRAa;

Ao comparar os índices de positividade da ovitrampa (IPO) com os índices de

densidade de ovos (IDO) nos inquéritos realizados em Itaboraí e Guapimirim,

não detectou-se evidência de saturação do índice de positividade das

ovitrampas;

O (IPO) a partir de ovitrampas instaladas nos mesmos imóveis, revelaram um

aumento da positividade das armadilhas na segunda semana, enquanto o

(IPO) medido simultaneamente (imóvel LIRAa versus imóvel não LIRAa)

apresentou uma tendência a ser mais semelhante do que indicadores medidos

nos mesmos imóveis em semanas subsequentes;

Em Itaboraí, observou-se grande variabilidade na produtividade de ovos de

Aedes dentre os bairros estudados, de 11,07 ± 23,68 a 32,47 ± 70,56 ovos/

armadilha, porém em Guapimirim a variabilidade foi menor, de 8,7 ± 23,2 a

18,1 ± 57,5 ovos/armadilha;

Aedes aegypti foi a espécie predominante tanto em Itaboraí quanto em

Guapimirim, principalmente nas áreas mais centrais dos municípios, quando

comparado ao Ae. albopictus;

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Em Itaboraí observou-se maior densidade de ovos de Aedes por armadilha em

maio, com o IDO indicando grande variação na infestação dos bairros,

revelando padrão heterogêneo que deve ser considerado na definição dos

estratos para cálculos de medidas que subsidiem o controle e prevenção do

dengue nos diferentes municípios do Rio de Janeiro;

A aspiração de mosquitos adultos nos mesmos imóveis onde o LIRAa foi

realizado demonstrou ser eficiente ferramenta para capturar fêmeas e machos

de Ae. aegypti em ambos os municípios;

O LIRAa apresentou baixa capacidade de detecção do Ae. aegypti em

Itaboraí, quando apenas um (1) imóvel em 100 pesquisados pelo método de

aspiração apresentou larvas ou pupas de Ae. aegypti, enquanto 32

apresentaram mosquitos adultos de Ae. aegypti, e em Guapimirim 6 imóveis

foram positivos em relação a 72 pesquisados pelo mesmo método, enquanto

20 positivaram para adultos de Ae. aegypti;

Nossos resultados em relação à análise do padrão espacial do número de ovos

de Aedes coletados nas ovitrampas e estratificação do LIRAa em Itaboraí e

Guapimirim, revelaram alta densidade de ovos de Aedes em estratos onde o

LIRAa apresentou índices de infestação predial entre <1 e ≥4%. Embora, a

armadilha de oviposição não seja um bom indicador da população de adultos,

os resultados demonstram a presença e elevadas densidades do Ae. aegypti,

mesmo em estratos onde o LIRAa apresenta situação satisfatória ou de alerta;

Observou-se a necessidade de manter regularidade nos processos de

qualificação sobre a metodologia LIRAa, para garantir melhor desempenho nas

diferentes fases de sua execução, a saber: planejamento, execução e

avaliação dos resultados para direcionar medidas de intervenção oportuna.

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