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“reminiscência” · 2020. 10. 21. · exemplo. Mas Abdelrauf tinha 18-zões de sobra para guardar amargo rancor pelo Mufti, e recusava-se. Foi nesta época que nasceu Yassir

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  • ThomasKiernan

    dúvidassobrea

    posiçãode

    YassirArafate

    a

    OLP

    comorepre—

    sentantesdo

    povo

    palestinoAlguns

    imaginamque

    todosos

    palestinos.

    inclusrveos

    que

    Vivemna

    Margem

    Ocidental.endossam&

    OLP,

    outros

    acreditamque

    Arafat

    respondeso»

    menteporum

    grupo

    extremistade

    descontentes.0fato.entretanto.é

    que

    Ara—

    fat

    não

    representanada

    disso.Ele

    fala,e

    tem

    faladodesde

    1967.pelo

    Governoda

    Síria.Não

    representaos

    palestinosem

    gerale

    nem

    mesmo

    uma

    parte

    específicade

    palestinos;

    ele

    representaseus

    superioresnore-

    gimesírio.Em

    1966,o

    CoronelSulayman

    Faqr,da

    políciasecretado

    exército

    sírio,

    designouYusef

    al-Urabi,capi—

    tãodo

    exército,

    comandantede

    YassirArafate

    seus

    colegasno

    mo-

    vimentoFatah.Numfútil

    esforço

    por

    estabelecersua

    autonomia.o

    Fatahmatou

    Urabi.Arafattentou

    fugirda

    Síriaparao

    Líbano,mas

    foi

    detido6

    aprisionadoem

    Damas-

    co,

    ondese

    decidiufuzilá-lo.A

    exe—

    cuçãofoi

    adiada

    enquantoo

    Coro-

    nel

    Faqr

    negociouum

    acordosim-

    plescomele:a

    vidade

    Arafatem

    trocado

    controledo

    Fatah.Arafat

    concordou,e

    desdeentãotem

    ope—

    radosob

    orientação,controlee

    sub—

    sfdiodos

    sucessivosregimessírios.

    Em

    1974,viajeipelo

    Oriente

    Médio

    coletandomaterial

    paraum

    livroqueme

    tinhasido

    encomenda-

    do

    porum

    grandeeditor

    norte-ame-

    ricano.0

    temaeramos

    árabes—e

    um

    dos

    meusalvos

    principaispara

    entrevistarera

    YassirArafat.

    Conse-

    gui

    finalmentefalarcomele

    em

    Bei—

  • rute,no

    verão

    daqueleano.Na

    épo-

    ca,

    mencioneique

    estava

    interessa-

    'doem

    escreversua

    biografia,desde

    que

    pudesseobtersua

    cooperação.

    Quandochegoua

    horade

    entrarem

    detalhes,aprendiquea

    idéiaque

    Arafattinhade

    “cooperação”era

    radicalmentediferenteda

    minha.

    Evidentemente,ele

    pensavaqueeu

    queria

    escrevera

    históriada

    suavi-

    da

    conformeditada

    porele(e

    inú-

    meroscolegasdo

    Fatah).Deixeicla-

    ro

    quesó

    desejavasua

    cooperação

    para

    poder

    escreveruma

    biografia

    objetiva,não

    servirde

    “ghost-wri-

    ter”para

    sua

    autobiografia.Ãquelaépoca,

    minha

    motiva-

    ção

    principaleraa

    curiosidade:que

    espéciede

    homemera

    esse,quede

    formatão

    súbitapassoua

    ocuparo

    centrodo

    palco?Poucose

    sabiaso-

    bre

    Arafat,e

    eu

    estavaávido

    por

    descobrirseo

    queera

    sabidoerafa-

    chadaou

    realidade.Por

    conseguin-

    te,a

    despeitode

    ter

    compreendido

    que

    muitopouco

    viriaa

    saberatra-

    vés

    dele

    mesmo,diSpus—mea

    entre-

    vistar

    membrosde

    sua

    família,cole-

    gasde

    infância,seus

    primeirosca-

    maradasno

    ativismopolíticoe

    fun-

    cionáriosde

    vários

    governosárabes

    ThomasKiernan,

    escritore

    jor-

    nalista

    americano,é

    o

    autorde

    vá-

    rios

    livros,

    destacando-se,entreos

    mais

    recentes,Os

    Árabes:sua

    histó—

    ria,

    seus

    objetivose

    o

    desafioao

    mundo

    industrializado,da

    Little,

    Browne

    Arafat,o

    homeme

    os

    mitos,da

    W.W.

    Norton.

    Está

    trabalhandoatualmente

    numlivro

    sobreBebe

    Rebozoe

    RichardNixon.

    que

    tiveramcontatocom

    Arafat.E

    o

    quevima

    saberé

    tremendamente

    diferentedo

    que

    esperava,e

    queo

    mundojulga.

    vários

    caminhosparase

    che—

    gara

    ser

    um

    revolucionário.Arafat

    gostade

    contarque

    sua

    formação

    foi

    marcadapor

    diversosepisódios

    dramáticos—

    expulsãode

    sua

    casa

    em

    Jerusalém,testemunho

    pessoal

    da

    tragédiade

    Deir

    Yassine

    assim

    por

    diante.Mas

    aconteceque

    Yassir

    Arafatnão

    nasceuem

    Jerusalém.

    Não

    testemunhouos

    acontecimen-

    tos

    em

    Deir

    Yassin.Sua

    vidade

    criançanãofoi

    marcadapor

    encon-

    tros

    repetidoscomas

    consequências

    da

    tensão

    árabe-judia.Foi,

    sim,

    pontuadade

    umasériede

    encontros

    com

    adultos

    fascinantes,cadaum

    dos

    quais

    “capturou”Arafat

    por

    algum

    tempo,usou-o,e

    o

    passou

    adiante.Arafat,tantoem

    criança

    como

    quandohomem

    jovem,busca-

    va

    um

    herói—

    provavelmentecomo

    substitutopara

    seu

    inútil

    pai—e

    sua

    históriapodeser

    contadada

    melhorformae

    coma

    maiorpreci-

    são

    como8

    históriados

    heróisque

    ele

    encontrou.Descrevoa

    seguiros

    doismais

    importantes,assimcomo

    os

    episódios-chaveno

    desenvolvi-

    mentode

    Arafat.

    Os

    sangrentosdistúrbiosde

    1929na

    Palestina,quandoquase

    mil

    judeusforam

    mortos,constitui-

    ramo

    primeirosinalrealde

    umare-

    sistênciaárabe

    nacionalistaà

    coloni-

    *zaçãosionista.Até

    então,a

    resistên-

    cia

    tinhasido,de

    modogeral,es-

    pontânea.A

    pessoaque

    recebeu

    amplocrédito

    porter

    organizadoe

    disciplinadoo

    nacionalismoárabe

    foi

    Haj

    Amin

    al—Husseini,o

    Grão—

    Muftide

    Jerusalém.Haj

    Amincon-

    o

    mais

    destacado111181

    poli-■

    111111011■ticoda

    resistênciaaté

    que

    seusdi-

    versos

    equívocosajudarama

    tornar

    realidadea

    criaçãodo

    Estadojudeu,

    e

    puseramo

    movimentode

    resistên-

    cia

    num

    círculode

    apatiae

    impo-

    tência.Ohomem

    que

    conhecemosho-

    je

    comoYassirArafatnasceubem

    na

    épocados

    distúrbiosde

    1929,

    num

    ramo

    distanteda

    familiade

    Haj

    Amin.O

    locale

    181111118118

    8811

    nascimentosãoas

    duascoisassobre

    as

    quais

    Arafatmenos

    gostade

    ser

    interrogado.Sua

    resistência8

    iden—

    tíficaçãocomo

    Grão-Muftié

    perfei-

    tamente

    compreensível,visto

    quea

    atual

    geraçãode

    nacionalistasára-

    bes

    vêemo

    falecido11118180111■1188■

    prezo.A

    questãodo

    seu

    localde

    nascimento6

    mais

    complexa.

    Comomuitoslíderes

    revolucio-

    nários,Arafattentoucriarumaori-

    gem

    misticaparasi

    próprio.Fre-

    qiientementegaba—sede

    quea

    casa

    onde

    nasceue

    foi

    criadoestavaa

    apenasalgunspassosdo

    Murodas

    Lamentações.Geralmenteconclui

    esta

    “reminiscência”com

    018111811-

    to:

    “E

    claroquea

    casanão

    existe

    mais.Os

    judeusnos

    expulsaramem

    1948.

    Depois

    demoliram-na,em

    1967.”Masos

    membrosda

    familia

    de

    Arafatquese

    arriscarama

    falar

    comigosobreeste

    tema

    consideram

    a

    históriade

    “Jerusalém”como

    uma

    brincadeiraparticular.Quando

    elaé

    mencionada,piscamos

    olhos

    ou

    dão

    risadinhas.Poisse

    desa-

    cordodentroda

    famíliaquanto8

    questãolimitadade

    seuspais

    terem

    viajadodo

    CairoparaGaza

    pouco

    antesdeleter

    nascidoou

    logode-

    pois,

    Jerusalém

    simplesmentenão

    entrana

    questão.Istonão

    querdizer

    que

    Arafat

    não

    tenha

    qualquerligação

    comJe-

    rusalém.Partede

    sua

    famíliaime-

    diata

    originou-sede

    lá.

    Suamãeera

    uma

    mulherbaixa,

    morena,chama-

    da

    HamidaKhalifa

    al-Husseini.Era

    filhade

    um

    mercadorfrequente-

    mentefalido

    chamadoMahmoudal-

    Husseinie,

    atravésdele,

    primaem

    segundograude

    Haj

    Amin,o

    Grão-

    Mufti.Opai

    de

    Arafat,

    Abdelrauf

    Muhammadal-Qudwa,era

    filhode

    umdos

    principaismercadores81811-

    fundiáriosde

    Gaza.

    Segundocorre

    na

    família,o

    casamentodos

    paisde

    Arafatfoi

    arranjadopelosdois

    pais.

    Rahmanal-Qudwzviuna

    filhade

    Mahmoudal-Husseiniuma

    maneira

    felizde

    ligarsuaclã

    meio

    plebéia

    comumadas

    famíliasmais

    respeita-

    dasde

    Jerusalém,descendentesdi-

    retosde

    Maomé.E

    Mahmoud,de

    seu

    lado,algo

    marginalentreos

    al—

    Husseinispor

    causade

    seus

    freqiien-

    tes

    problemasfinanceiros,viu

    em

    Abdelraufum

    caminhoparaas

    for-

    tunas

    mercantisdos

    al-Qudwa.Os

    dois

    jovens

    casaram—seem

    Jerusa-

    léma

    17de

    maiode

    1917.

    Radicaram—seem

    Gaza,e

    811

    Abdelrauffoi

    muitobem

    sucedido,

    progredindomais

    rapidamenteque

    váriosde

    seus

    irmãosmais

    velhosna

    administraçãodas

    empresasda

    fa-

    ■1111118■Sem

    dúvidagraçasao

    prestí-

    gio

    que

    ganhouatravésdo

    casamen-

    to,à

    épocada

    mortede

    seupai,em

    1924,ele

    estava

    chefiandometade

    do

    impériocomercialdos

    al-Qudwa.

    Sua

    esposaHamidajá

    tinhadadoà

    luz

    dois

    filhos—

    um

    meninochama-

    do

    BadirMutar8

    111118

    11181111188118-

    mada

    Fátima,e

    umano

    depois,nas-

    ceu

    um

    segundomenino

    Zaid

    Omar.Logoapósa

    mortede

    seu

    pai,

    Abdelrauffoi

    persuadidoporseu

    sogro

    Mahmoudde

    que

    podiamfa-

    zer-se

    grandessomasde

    dinheiro

    atravésda

    importaçãoe

    vendade

    artigos

    religiososàs

    colôniassionis-

    tas,

    que

    proliferavamrapidamente

    na

    Palestina.Abdelrauf

    concordou

    em

    estabelecerMahmoudnos

    negó-

    cios.

    Entretanto,logo

    chegouaos

    ouvidosdos

    escalõessuperioresdo

    SupremoConselho

    Muçulmano,

    queera

    chefiadoporHaj

    Amin,in.

    formaçãosobresuas

    atividades.O

    fatode

    queum

    al-Husseiniestivesse

    lucrandocomo

    odiadoinfluxosio-

    nistaera

    um

    profundoconstrangi-

    mentopara0

    Mufti,e

    ele

    enviou

    uma

    mensagema

    Mahmoude

    Abdelraufparaque

    interrompessem

    os

    negóciose

    desistissem.Quandoos

    dois

    hesitaram,sua

    loja

    recém-alugadaem

    Ramallahfoi

    queimada.Abdelrauf

    persistiu,rea-

    brindoo

    negócioem

    Gaza.Ali,no

    iníciode

    1927,os

    laranjaisdosal-

    Qudwaforam

    vítimasde

    vândalos.

    Depois,umasériede

    lojasda

    famí-

    lia

    na

    principalsoukfoi

    saqueada.

    Depois,um

    pomarde

    oliveirasfoi

    destruídopelo

    fogo.Em

    junho,a

    esposae

    0

    filhomais

    velhode

    Abdelraufforam

    apedrejadosna

    Praça

    Falastinde

    Gaza,o

    quepro-

    vocouum

    abortoem

    Hamida.Fi-

    nalmente,o

    próprio

    Abdelrauffoi

    agredidoe

    espancadoporum

    bando

    de

    jovens

    seguidoresde

    Haj

    Amin.

    Ao

    fimdo

    ano,o

    impérioco-

    mercialdos

    al—Qudwaestavaemvir-

    tual

    colapso.Os

    irmãosde

    Abdel-

    rauf

    insistiamem

    queele

    abando-

    nasseo

    mal-fadado

    empreendimen-

    to,e

    ele

    finalmenteaquiesceu.Mas

    mesmodepoisde

    ter

    renunciado

    publicamentea

    suas

    transaçõescom

    os

    sionistas,não

    houve

    descanso.

    Ele

    tinhasido

    estigmatizadocomo

    colaboradordos

    sionistas,e

    final-

    menteteve

    que

    fugirde

    Gazacom

    sua

    família.

    Mudaram-separaKhan

    Yunisonde

    ficaramcercade

    um

    mês,8

    depoisviajaramparao

    Cairo,

    onde,em

    fevereirode

    1928,fixa-

    ram-senuma

    modestacasade

    um

    bairro

    palestinense,8

    margemorien-

    tal

    do

    Nilo.Em

    julho,Hamidadeu

    à

    luzo

    terceirofilho,NasrMah-

    moud.Logoem

    seguida,Hamidavol-

    toua

    engravidar.No

    1111810118

    1929,

    Abdelrauf,sema

    antigaren-

    da

    de

    Gaza,

    começoua

    trabalhar

    como

    representantecomercialem

    Jerusalémde

    negociantesegípcios.

    Comisso,

    passoua

    viajarparaJeru—

    salémumaou

    duasvezes

    por

    mês,

    onde

    visitavaseu

    sogro

    Mahmoud.

    Estese

    tinha

    tornadoum

    [183-81111-

    nista

    fervoroso,8

    exortavainsisten-

    temente

    Abdelraufa

    seguirseu

  • exemplo.Mas

    Abdelrauftinha18-

    zõesde

    sobrapara

    guardaramargo

    rancorpelo

    Mufti,e

    recusava-se.

    Foi

    nesta

    épocaque

    nasceu

    Yassir.

    Conquantotenhasido110-

    possívelencontrar

    quaisquerregis-

    tros

    oficiaisde

    nascimento—

    tanto

    em

    Jerusalémcomono

    Cairoou

    em

    Gaza—um

    irmão,uma

    irmã,um

    dostiosde

    sua

    mãe,varios

    primose

    numerososconhecidos

    egípcios

    concordamem

    quea

    notíciados

    distúrbiosde

    1929em

    Jerusalémfi-

    zeramcom

    que

    Abdelraufcancelas-

    se

    sua

    viagemde

    agostopara

    aquela

    cidade.Hamidadeveriadarà

    luzem

    outubro,masa

    ansiedadequantoao

    destinode

    seupaie

    sua

    famíliaem

    Jerusalém

    evidentementeprovoca-

    ramo

    parto

    prematuro.Na

    madru-

    gadade

    27de

    agostoela

    deuà

    luz

    seu

    quartofilho.No

    dia

    seguinte,

    Abdelrauffoiao

    Ministériodo

    Inte-

    riordo

    Cairo

    registraro

    nomedo

    menino,Rahman

    AbdelraufMu-

    hammad

    al-Husseinial-Qudwa

    conhecidohoje

    comoYassirArafat.

    A

    explicaçãomais

    plausívelparaa

    ausênciado

    documentode

    region

    é

    fornecidoporum

    primode

    Ara-

    fat,que

    afirmaque0

    próprioYassir

    dissequeos

    documentosforamdes-

    111111108por

    amigos

    membrosdo

    ser-

    viçode

    espionagemegípcio,a

    fim

    de

    preservaro

    mitode

    Jerusalém.

    Sejaqualfora

    explicaçãoparaa

    au-

    sênciados

    documentos,0

    fatoé

    que

    Arafatnão

    nasceu,não

    cresceu

    e

    na

    realidadenuncaviveuemou

    próximoa

    Jerusalém.

    Rahman,comoera

    conhecido

    inicialmenteArafat,teveuma

    infân-

    cia

    pouconotavelno

    Cairo.Alguns

    parentes,contudo,

    lembramuma

    característicapeculiar

    uma

    espé-

    cie

    de

    memória

    fotográfica,espe-

    cialmentequantoa

    textosreligio-

    sos.

    Antesmesmode

    aprendera

    ler,

    ele

    conseguiarepetirpalavraporpa-

    lavra

    longostrechosdo

    Corão,após

    ouvi-losumasó

    vez.Esta

    habilida—

    de,

    juntamentecomum

    comporta-

    mentoalgo

    taciturno,fizeramde

    Rahmanum

    enigma,e

    mesmoum

    aborrecimentopara

    seu

    pai.

    Foi

    portantocom

    algumalívio

    que

    Abdelraufdeixoua

    educaçãodo

    meninoa

    responsabilidadede

    um

    idoso

    parentede

    Harnida,um

    certo

    Yussef

    al-Akbar.Al-Akbarera

    uma

    espéciede

    sábioe

    mestre

    religioso

    muçulmanodo

    bairro,e

    ficoumui-

    to

    impressionadocoma

    precocida-

    de

    religiosade

    Rahman.Durante

    quatroanosfoielea

    figuradomi-

    nantena

    vidade

    Rahman;ao

    fim,

    sua

    relaçãocom

    Rahmancustou—lhe

    a

    própriavida.

    Em

    1936,

    Abdelraufviajoupa-

    ra

    Jerusalémcom

    Badir,seu

    filho

    mais

    velho.Ali

    viram-seenvolvidos

    numabrigade

    rua

    entreárabese

    iu-

    deus,e

    emborafossem

    inocenteses-

    pectadores,foram

    espancadosbru-

    talmentepela

    políciainglesa.Ab-

    delraufvoltouao

    Cairocomum

    ódio

    recém-adquiridopelos

    ingleses,

    convencidode

    que

    eles

    estavam

    protegendoos

    sionistase

    perseguin-

    doos

    árabes.Ãquelaépoca,um

    movimento

    subterrâneoegípcio,

    extremamente

    contraos

    ingleses,ganhavapopula-

    ridade.

    Chamadoal-Ikhwanal-Mus-

    limin,istoé,

    IrmandadeMuçulma-

    na,

    tinhasido

    fundadoalguns

    anos

    antespor

    um

    professorde

    ginásio

    fundamentalista,HassanBanna.

    Proclarnavauma

    políticade

    “Egito

    paraos

    egípcios”,praticava

    assassí-

    nios

    políticose

    terrorismoe

    busca-

    va

    uma

    revoluçãoque

    levasseo

    Egi-

    toa

    ser

    governadosegundoos

    pre-

    ceitosdo

    Corão.Quando

    Abdelrauf

    regressouao

    Cairo,depoisde

    sua

    experiênciainfelizem

    Jerusalém,

    ingressou

    imediatamentena

    célula

    localda

    Irmandade,trazendocon-

    sigo

    seusdois

    filhosmais

    velhos.

    No

    ínterim,Rahman0818mais

    e

    maissoba

    influênciade

    Yussefal-

    Akbar.Neste

    período,segundoa

    irmãmais

    moçade

    Rahman,Halma,

    o

    meninoera

    bastante

    introvertido.

    “Era

    semprevitimade

    brincadeiras

    cruéispor

    partede

    meus

    irmãos0

    80118

    amigos.No

    entanto,nuncarea-

    gia.

    Ficavasentado0

    deixavaque

    batessemneleouo

    provocassem.

    Ficavaolhando

    paraeles,sem

    piscar

    um

    olho,até

    queeles

    ficavamassus—

    tadose

    paravam.Era

    assima

    vida

    toda.

    Mesmoquando

    meupai

    dava-

    lhe

    uma

    surra,o

    que

    ocorriafre-

    qiientemente,poiseleeraum

    meni-

    no

    desobediente,eleo

    encaravaaté

    que

    meupai

    parasse.Então

    surgiria

    um

    leve

    sorrisonos

    cantosde

    sua

    boca”.Al—Akbar,talvez

    movidopor

    uma

    combinaçãode

    simpatiapela

    infelizvida

    familiardo

    meninoe

    ex-

    citaçãocomsua

    precocidade,pro-

    pôsa

    Abdelraufadotar

    Rahman'e

    devotaro

    restode

    sua

    vidaa

    trans-

    forma-lonum

    grandelíder

    religioso.

    'Quando

    Abdelraufrecusoua

    pro-

    posta,

    al-Akdardecidiu

    envenenaro

    relacionamentode

    Rahmancom

    seu

    pai.

    Revelouos

    negóciosante-

    rioresde

    Aldelraufcomos

    sionistas,

    embebeuo

    meninodo

    antijudaísrno

    clássicodo

    islamismoprimitivoe

    destaforma

    demonstroucomoera

    monstruosaa

    heresiade

    Abdelrauf.

    Assim

    programado,Rahman

    foi-se

    tornandocadavez

    menosres-

    peitosode

    seu

    pai,

    publicamente.

    Na

    primaverade

    1939,

    Abdelrauf,

    ao

    descobrirquea

    causado

    desres-

    peitode

    Rahmaneraa

    perfídiade

    al-Akhbar,invadiua

    casado

    velhoe

    0

    acusou.

    Al-Akbar

    desculpou-se.

    Contudo,no

    dia

    seguinte,foi

    en-

    contradomorto,

    assassinadoa

    ma-

    neira

    especialda

    [mandadeMuçul-

    mana.Em

    agosto,a

    polícialocalin-

    vestigouo

    crimee

    concluiuqueos

    culpadoseram

    Abdelraufe

    alguns

    de

    seus

    associadosna

    célulalocal.

    Ao

    saberque

    estavaparaser

    preso,

    Abdelraufbuscouo

    auxíliode

    HassanBanna.Banna

    recomendou-lhe

    que

    deixasseo

    Cairoe

    voltasse

    comsua

    famíliaa

    Gaza,paraali

    fundaruma

    célula.

    Acabarade

    irrompera

    guerrana

    Europa,o

    que

    apresentavaa

    Irmandadea

    ºportu-

    nidadede

    expandirsua

    influência,

    enquantoos

    inglesesestavamocu-

    padoscom

    outras

    questões.Segun-

    do

    Banna,o

    potencialparaa

    Irman-

    dadeem

    Gazaaindaestava

    paraser

    explorado.O

    trabalhode

    Abdelrauf

    seria

    organizaras

    coisasparaa

    Ir-

    mandadeem

    Gaza.Em

    troca,

    Banna

    cuidaríaqueele

    pudessesair

    do

    Cairosem

    maiores

    problemas

    coma

    polícia.Abdelraufe

    sua

    famíliachega-

    ramde

    voltaa

    Gazano

    outonode

    1939.

    Rahmanfoi

    confiadoa

    uma

    escola

    pública,comtrêsde

    seusir-

    mãos.Longeda

    influênciade

    al-

    Akbar,logoele

    começoua

    mudar.

    A

    transformaçãoteve

    lugar

    devidoà

    chegadana

    escolade

    um

    jovempro-

    fessor

    libanês-palestinochamado

    Majid

    Halaby.Halaby,filhode

    um

    rico

    proprietáriode

    terrasde

    Haifa,

    tinhasido

    educadoem

    Paris.Retor-

    naraa

    Palestinaem

    1938cheiode

    zelo

    nacionalistarevolucionário,an—

    siosopor

    combatertanto

    ingleses

    quantojudeusem

    prólda

    fundação

    de

    uma

    naçãoarabe

    palestina.De-

    poisde

    ser

    postoparaforado

    negó-

    ciode

    seupai,porter

    tentadosabo-

    tara

    vendade

    terrapara

    colonos

    sionistas,juntou-sea

    um

    bandode

    terroristasnas

    colinasda

    Galiléia

    Setentrional,chefiados

    porum

    anti-

    sionistachamadoYassir

    al-Birah.

    Al-Birahfoi

    mortonuma

    embosca-

    da

    inglesaumano

    depois,mas

    antes

    de

    morrertinha

    doutrinadointeira—

    menteHalabyquantoàs

    virtudesda

    violênciae

    os

    prazeresdo

    homosse-

    xualismo.Halabyvagueouaté

    Jerusalém,

    onde

    ingressounas

    forçasde

    Abdel-

    qadir

    al-Husseini.Sobrinhode

    Haj

    Amin,

    Abdelqadirteveuma

    rápida

    ascensãoà

    proeminência,comoli-

    der

    substitutodo

    movimentonacio-

    nalista

    haj-aminista—

    tendoo

    Mufti

    sido

    forçadoa

    fugirda

    Palestina

    apósa

    eclosãodos

    distúrbiosárabes

    0

    o

    boicotede

    1936.

    Em

    1940

    Abdelqadirenviou

    Halaby,que

    sabiafalarum

    pouco

    de

    alemão,a

    Gaza,para

    encontrar

    um

    submarinoalemão

    que

    deveria

    entregarum

    carregamentode

    armas

    a

    umapraia

    próxima.Halaby

    can-

    sou-sede

    esperarpelo

    U-boate

    arranjouum

    empregona

    escolalo-

    cal,

    para

    ensinarálgebra.Ali

    encon-

    trou

    Rahmanal-Qudwa,entãocom

    11

    anos,e

    espantou-secoma

    seme-

    lhançaentreo

    meninoe

    Yassiral-

    Birah.Logo

    passoua

    chamarRah-

    mande

    “Yassirzinho”.Halaby,cheiode

    históriasso-

  • bre

    feitos

    terroristasno

    norte,com

    al-Birah,

    rapidamente10111011-86

    objetode

    adoraçãoem

    massados

    estudantesna

    escola.O

    fatode

    ter

    escolhidoRahman

    para1116

    1181

    atençãoespecial

    —e

    mesmoafeto

    elevoumuitoa

    posiçãoaindame-

    díocredo

    meninoentreseus

    cole-

    gas.

    Isto,porsua

    vez,

    produziuum

    casode

    dupla

    adoraçãopor

    partede

    Rahman.Ele

    gostavade

    ser

    chama-

    do

    de

    Yassirzinho.Em

    poucosme-

    seso

    “linho”foi

    abandonadoe

    ele

    se

    tornou

    conhecidosimplesmente

    comoYassir.Segundo

    Ibrahim

    Rashidiyah,

    611180

    1116111010118

    célula

    recém-for-

    madada

    Irmandadede

    Abdelrauf,

    e

    atualmenteveteranocidadãode

    Ca-

    za,

    bem

    situado,MajidHalabytor-

    nou-se

    rapidamentefocode

    umari-

    validadecadavez

    mais

    profundaen-

    tre

    Abdelraufe

    Rahman—

    ou

    Yassir,comoo

    chamaremosde

    ago-

    ra

    em

    diante.De

    fato,

    Halabyen-

    volveu—senas

    vidasde

    paie

    filhode

    maneira180

    bizantinaqueas

    reper-

    cussões

    prolongaram—sepor

    anos.

    Rashidiyahdiz

    que

    Halaby,em

    1942,

    recebeuem

    Jerusalémordens

    de

    Abdelqadirde

    matar

    Abdelrauf

    al-Qudwa.O

    motivodadoera

    que

    Abdelraufdesobedeceraa

    ordemde

    Abdelqadirde

    dissolversua

    célula

    da

    Irmandade,queera

    considerada

    um

    perigoso

    competidordo

    ramo

    de

    Gazados

    haj—aministas.Istoé

    confirmadopor

    outro

    ex-membroda

    célula.SalahKwad-

    jieh,que

    sustentater

    sidoo

    melhor

    amigode

    Abdelraufnaquelesdias,

    acrescentaque,em

    vezde

    matar

    Abdelrauf,Halabyingressouna

    cé-

    lulada

    Irmandade.Kwadjiehexpli-

    caa

    atitudedizendo

    que"

    Halaby

    tinha

    ouvidorumoresde

    que

    Abdel

    qadirtinhafeitoum

    pacto

    secreto

    comos

    inglesespara

    suspenderas

    atividadesterroristas

    haj-aministas

    enquantodurassea

    guerra.Dizele

    que

    Halabyestava

    enlouquecendo

    de

    desejode

    ação,e

    que

    ingressou

    na

    Irmandadeparapôrde

    ladoAb-

    delraufe

    reformara

    célulaà

    sua

    própriaimagem.Rashidiyah,

    por

    outrolado,diz

    quea

    únicarazão

    porqueHalabyse

    juntoua

    Abdelrauf,ao

    invésde

    ma-

    ta-lo,foi

    queele

    estava

    obsecado

    coma

    memóriade

    al-Birahe

    viuno

    meninoque

    apelidarade

    Yassiruma

    oportunidadede

    recriaro

    terrorista

    galileu.Para

    fazê-lo,

    precisariade

    acessodiarioao

    jovem.

    Fossemquais

    fossemas

    motiva-

    çõesde

    Halaby,dentrode

    semanas

    ele

    envolveu-senuma

    amargadispu—

    ta

    com

    Abdelraufquantoà

    direção

    do

    grupo.

    Abdelrauf,seguindo

    HassanBannano

    Cairo,depoisda

    derrotaalemãemEl

    Alamein,assu-

    miuuma

    atitudede

    espera.No

    inte—

    rim,

    Halaby

    pressionavapor

    ação

    imediatacontraas

    forçasdo

    Manda-

    to

    inglês,no

    que

    recebiacrescente

    apoiodos

    membrosmais

    jovensda

    célula.Yassirtinha

    agora13

    anos.

    Admiradorirrestritode

    Halaby,

    começaraa

    servir

    sexualmenteao

    professore

    evidentementetinha

    prazercom0

    desconfortodo

    pai.

    Seu

    pai,

    cônsciode

    seu

    prestígio

    decadente,tentou

    finalmentetirar

    Halabyda

    célula.

    Conseguiupor

    uma

    pequenamargemde

    votos,se-

    gundo

    Rashidiyah.Masissosó

    pio-

    rouas

    coisas,pois

    Halabypronta-

    menteformouuma

    célula

    dissocia-

    da,

    levandoconsigo30

    dos

    menbros

    mais

    jovens—

    inclusiveYassir.

    Ao

    mesmotempo,

    Halabydei-

    xouseu

    empregode

    professor,ado-

    touo

    nomede

    guerrade

    “AbuKha-

    lid”e

    entregoua

    Yassire

    outrosra-

    pazesmais

    velhosa

    tarefade

    recru-

    tar

    um

    “comandoda

    juventude”

    nas

    escolaslocais.

    Aquelaépocafr-

    cou

    claroquea

    Alemanha11806011-

    seguirialibertara

    Palestinados

    ju-

    deuse

    ingleses—

    um

    acontecimento

    queHaj

    Amin

    prediziade

    seu

    posto

    na

    Berlimnazista.

    Prometendoa

    seus

    subordinadosiminente

    ação

    guerrilheiracontraos

    sionistas,Ha-

    laby

    conseguiusozinho

    realizarum

    ousadoataquea

    um

    comboiode

    ca—

    melos

    haj-aminista,e

    capturouum

    carregamentode

    armas.Antes

    que

    tivessechancede

    formarsua

    força

    guerrilheira,entretanto,as

    armas

    foram

    capturadaspor

    representan—

    tesde

    Abdelrauf.Abdelrauffoia

    Jerusaléme,

    sobos

    auspíciosde

    seu

    velhosogro

    Mehmoud,fezas

    pazescom

    Abdel—

    qadir,

    oferecendodevolveras

    armas

    aos

    haj-aministas.Em

    troca,exigia

    que

    Abdelqadirse

    livrassede

    Hala-

    by.De

    bomgosto

    Abdelqadir0

    ,■1`6■

    6111

    vistada

    deslealdadede

    Halaby.

    Comum

    pretexto,atraiu

    Halabya

    Jerusalém,e

    fez

    comqueo

    matas-

    sem.

    Poucassemanas

    depois,numa

    viagema

    Gaza,

    Abdelqadirfalou

    com0

    jovemYassire

    completou0

    quebra-cabeçasem

    quese

    tinhaem-

    penhadocomo

    paide

    Yassir.Disse-

    lhe

    que

    tinha

    enviadoHalabyem

    missãosecreta

    paraa

    Síria,parare-

    crutar

    comandos.Disse

    que

    Halaby

    fora

    mortopor

    uma

    patrulhajudia

    enquantoregressavaatravésda

    fron—

    teira.

    Mostrouumanota

    escritapor

    Halaby,que

    disseter

    encontrado

    emseu

    corpo.Era

    dirigidaa

    Yassir,

    e

    ordenavaqueo

    rapaz,caso

    ocor—

    ressealgocom

    Halaby,seguissefiel;

    menteas

    ordensde

    Abdelqadir.

    Este

    entregouao

    chorosoYassirsua

    primeiratarefa

    estabeleceruma

    “SociedadeMártirAbu

    Khalid”se-

    creta,emsua

    escola,e

    desenvolve-la

    de

    acordocomos

    principiosde

    Haj

    Amine

    Abdelqadir.Yassircaiuno

    logro,e

    no

    ano

    seguinteocupou-seem

    organizara

    SociedadeMártirAbu

    Khalid.Se—

    gundoalgunsdos

    que

    conseguiure—

    crutar,a

    experiêncialhe

    deu

    pela

    primeiravez0

    gostoda

    liderança.

    Exploroua

    oportunidade,modelan—

    doseu

    estilo

    naqueledo

    seu

    amado

    Majid

    Halabye

    se

    tornougregário,

    arrogantee

    impiedoso—

    caracterís-

    ticasque

    contradiziamsua

    aparên-

    cia

    fr'sica

    desajeitada.Na

    primaverade

    1947,

    quando

    Yassirtinha17

    anose

    as

    hostilida-

    des

    árabe-judiasestavamnum

    cres-

    cendo,

    antecipandoa

    vindouravo-

    taçãoda

    ONUsobrea

    partilhada

    Palestina,Yassirfoi

    até

    Jerusalém

    com

    váriosde

    seus

    companheiros

    da

    Abu

    Khalid,parase

    oferecerem

    como

    voluntáriosa

    Abdelqadir.Ao

    chegarem,descobriram

    que

    Abdel-

    qadirtinhasido

    feridona

    véspera

    por

    estilhaçosde

    vidrode

    uma

    bombasionista.Para

    mostrarsua

    devoçãoao

    111161

    árabe,Yassirime-

    diatamentecorreuàs

    ruascomuma

    pistolaque

    tomoude

    empréstimo,

    esperandoencontrarum

    judeupara

    fuzilarem

    retaliação.Emvez

    disso,

    ao

    tentarsubirum

    muro,

    acidental-

    mente

    disparoua

    arma

    contrasua

    perna.Voltouao

    esconderijode

    Ab-

    delqadir,foi

    tratadoe

    depoisenvia-

    do

    para

    prestarserviçono

    posto

    avançadopróximoa

    Beit

    Safafa.

    Ocasionalmentechegavamnotícias

    de

    Gazasobre

    açãode

    guerrilheiros

    árabesbem

    sucedida.Entediado

    comseu

    trabalhode

    escritório,que

    consistia

    principalmentede

    fazer

    café,

    Yassir

    começoua

    gabar—sede

    fictíciosfeitos

    militaresde

    suaSo-

    ciedadeAbu

    Khalid,e

    a

    queixar-se

    de

    que,

    enquantoseus

    “homens”

    continuavamna

    luta

    contraos

    ju-

    deus,ele

    estavapresoem

    Jerusalém.

    “Finalmente”,lembraSalah

    Haddad,que

    testemunhoutodoo

    episódio,“nós

    começamosa

    ficar

    cansadoscoma

    arrogânciade

    Yassir.Umdos

    homensno

    quartel-

    generalque

    sabiaa

    verdadesobre

    Abu

    Khaliddissea

    Yassirqueeste

    não

    sabiao

    que

    estava

    dizendo.

    Yassir

    replicoucomode

    hábito,de

    modoque0

    homemgritouqueAbu

    Khalidnaoeraum

    mártir,massim

    um

    traidorque

    Abdelqadirtinha

    mortocomoum

    favorao

    paide

    Yassir.Yassirficou

    chocadocom

    isto.

    Tentourir

    do

    argumento,mas

    alguémmais

    que

    estava

    presenteo

    confirmou.Contoutodaa

    história

    como

    Abdelqadirtinha-se

    encon-

    tradocomo

    paide

    Yassir,como

    este

    concordaraem

    devolveras

    81-

    11188

    101108118886

    Abdelqadirconse-

    guissea

    mortede

    Halaby,comoo

    fariamsegredode

    Yassir,comoAb-

    delqadirfez

    comque

    Halabyviesse

    a

    Jerusalém,comoo

    tinha

    tortura-

    do

    paraque

    escrevessea

    notaa

    Yassir

    ordenando-lheque

    seguisse

    Abdelqadir,comoo

    matara,como

    queimaraseu

    corpoparaque1180

    ■168188861■vestígios”.

    Para

    Yassir,

    terminarasua

    guer-

    ra

    contraos

    judeus.Ele

    voltoua

    Gazacomum

    único

    propósitona

    mente:matarseu

    pai.Foi

    eventual-

    mente

    dissuadidopor

    seus

    irmãos,

    segundoNasr

    al-Qudwa.Mas

    passou

    os

    doisanos

    seguintesnuma

    rever-

    880à

    sua

    personalidadeinfantil

    lerdo,

    introvertido,emburrado.To-

    daa

    históriada

    tempestuosarelação

    de

    Arafatcomseu

    paié

    matériapa-

    ra

    psico-história.Uma

    criançaque

    buscava180

    desesperadamenteum

    herói,_nunca

    encontrandoem

    seu

    paia'

    possibilidadedo

    herói,180

    amargamentedesapontado

    que

    esta-

    va

    prontoa

    pensarem

    patricidio;

    umpai

    180

    completamenteindife-

    renteâs

    necessidadesmais

    elemen-

    taresde

    seu

    filhoque

    certamente

    quasenunca

    tentou

    descobrirqual

    erao

    problemacom0

    menino;uma

    relação180

    vaziade

    conteúdoposi-

    tivoque

    certamenteoferecerico

    materialpara

    psicanálise.

    Em

    1948,0

    exércitoegipcio,

    derrotadopor

    Israel,recuou

    através

    de

    Gaza.

    Apressadamente,Abdel.

    rauf

    al—Qudwadecidiu

    segui-lo.

    Reuniusua

    família,

    requisitouum

    caminhãoda

    Companhiade

    Cítri-

    cosda

    Palestinae

    dirigiuaté

    Port

  • Said.Dali,sua

    famíliafoiatéo

    Cai-

    ro

    de

    volta,e

    retomouresidência

    temporariano

    mesmobairro

    onde

    tinhavivido

    antes.Yassir

    seguiusem

    qualquerre-

    lutânciaparticular.A

    rupturanavi-

    da

    familiartiveraum

    efeitounifica-

    dor,

    dizemalguns,e

    Yassire

    seupai

    chegarama

    uma

    modestareconcilia-

    ção.A

    atmosferano

    Cairoerade

    descontentamentonacional.A

    Ir-

    mandade

    Muçulmana,agorapode-

    rosa,

    abrigavagrupos

    dissidentes—

    particulamenteno

    exército—

    pla-

    nejandoderrubar0

    corruptorei

    Fa-

    rouke

    seu

    GovernoWafd.

    Haj

    Amintinha

    escapadoaos

    processos

    dos

    aliadospor

    crimesde

    guerra,na

    Europa,tinha

    obtidorefúgiono

    Cairoe

    estavano

    processode

    tentar

    alinharseus

    nacionalistaspalestinos

    dispersoscomas

    forçasda

    Irmanda-

    de

    de

    HassenBanna.

    Abdelraufal-

    Qudwaviu

    uma

    oportunidadepara

    si

    próprionesta

    aliança.

    Insinuou—se

    de

    volta8

    HassanBanna,na

    espe-

    rançade

    atuarcomo

    mediadoren-

    tre

    388888

    Haj

    Amin.Abdelrauf

    persuadiuYassira

    ingressarna

    Universidadedo

    Cairo

    (então

    chamada

    UniversidadeRei

    Fuad).Maso

    jovemde

    20

    anosveri-

    ficouque

    necessitavacompletar

    algunscursos

    paraser

    aceito.Então

    seupai

    arranjousua

    entradanuma

    escolada

    IrmandadeMuçulmana

    porum

    semestre.Ali

    Yassirmeteu-

    se

    comum

    grupode

    estudantes

    egípciosque

    eram

    ativistaspolíti-

    cos,

    preparando-separao

    que

    julga—

    vamsera

    iminenterevoluçãoda

    Irmandade,e

    seu

    temperamentopo-

    liticojuvenil

    começoua

    se

    manifes-

    tarde

    novo.

    Poucosmeses

    depois,Haj

    'Amin,com

    apoioda

    Irmandade,

    conseguiuformarum

    “Governode

    Toda8

    Palestina”.Estabeleceusua

    assembléiaem

    Gaza,que

    tinhasido

    postasob

    administraçãoegípcia

    após0

    cessar-fogo

    arabe-israelense

    de

    1949.

    Abdelraufobteveo

    posto

    de

    elementode

    ligaçãoda

    Irmanda-

    de

    na

    assembléiae

    voltoua

    Gaza.

    Yahirfoi

    comele,e

    poucodepois

    completavasua

    transformaçãopara

    YassirArafat.

    Um

    mês

    depoisde

    sua

    volta,

    foi

    como

    voluntárioparaum

    campo

    de

    treinamentode

    guerrilheirospa-

    trocinadopela

    Irmandade,próximo

    à

    cidadede

    Suez.

    EnquantoYassir

    estavano

    campo,o

    rei

    Abdullahda

    Transjordâniaanunciousua

    inten-

    çãode

    anexara

    MargemOcidentale

    incorpora-lanum

    novo

    Reinoda

    Jordânia,conferindoa

    cidadania

    jordanianaautomáticaa

    todosos

    árabesda

    Margem

    Ocidental.1810

    despertoufurorno

    movimentona-

    cionalistapalestinoora

    centradoem

    Gaza,poisa

    açãode

    Abdullahre-

    moveriaboa

    partedo

    apoio

    popular

    ao

    movimento.Haj

    Amine

    sua88-

    sembléiapara

    Todaa

    Palestina

    ameaçarame

    importunaramAbdul-

    lah,mascomtodasua

    pomposare-

    tórica,não

    tinhaforçasparadetê-

    lo.

    Esta

    impotênciaprejudicou

    aindamaisa

    reputaçãode

    Haj

    Amin

    no

    mundoárabe.Muitos

    jovensára-

    bes

    tentaramdissociar-sede

    qual-

    quer

    ligaçãocomo

    Mufti.Yassiral-

    Husseinial-Qudwatentou

    dupla-

    mente

    removero

    estigma.No

    cam-

    po,

    tinha-setornado

    objetode

    es-

    cárnio,devidoa

    seu

    parentescocom

    Haj

    Amin.Para

    demonstrarsuaf-

    delidadeà

    Irmandade,Yassir

    anun-

    ciouque

    mudariaseu

    nome.Sugeri-

    ram-lhevários

    nomes,todoscomo

    objetivode

    simbolizar8

    crençano

    fundamentalismoreligiosoda

    lr.

    mandade.Yassir

    escolheuArafat,

    nomeda

    montanhapróximaa

    Meca

    quese

    dizter

    sido

    tomadasagrada

    por

    Maomé.FoiportantocomoYassirAra—

    fat

    queele

    retornoude

    Suez8

    Gaza

    em

    1950,

    treinadonos

    rudimentos

    da

    guerrade

    guerrilha.Foi

    designa—

    do

    paraum

    grupode

    comandos,e

    partindodo

    grau

    mais

    inferior,

    abriu

    caminhoatéa

    liderançade

    uma

    esquadrade

    sapadores(en-

    quantoestavano

    campo,revelara

    um

    talentoparalidarcom

    explosi-

    vos).

    ºstensivamente,as

    guerrilhas

    estavamsendo

    preparadasparaata-

    ques

    contraIsrael,masa

    maiorpar-

    te

    48

    suas

    atividadesera

    dirigida

    contraárabesricosnas

    redondezas

    de

    Gaza,que

    relutavamem

    prestar

    apoio

    financeiroao

    Governode

    Todaa

    Palestina.Amin

    Hegoub,nos

    últimos

    temposvendedorde

    fundosmútuos

    na

    Europa,era

    membrodo

    esqua-

    drãode

    Arafat.Falade

    uma

    missão

    noturnaa

    um

    pomarde

    cítricosde

    propriedadede

    umdos

    recalcitran-

    tes.

    “Nossatarefaera

    queimar0

    po-

    mar,mas

    quandochepmosencon-

    tramosuma

    emboscada.Alguém

    tinha

    informado0

    proprietario.

    Yassirera

    entãoo

    líderdo

    esqua-

    drão8

    planejaraa

    missão.Haviaum

    rapazem

    nosso

    esquadrãoem

    quem

    ninguémconfiava.Seu

    nomeera

    Rork

    Hamid,e

    sabia-sequesuafa-

    miliatinha

    relaçõesde

    amizade

    como

    proprietáriodo

    pomar.Bem,

    os

    homensque

    nos

    emboscaram,

    tinhamporretese

    facas.Houveuma

    luta

    furiosa,e

    todosnós

    apanha-

    mos.

    ExcetoRork

    Hamid.Quando

    finalmentenos

    abrigamosem

    nossa

    casade

    reuniões,Hamidtinhaum

    jeito

    muitosonso.

    Tinhamosvárias

    pistolas

    armazenadasnum

    quarto

    contíguo.Yassirficou

    olhandoacu—

    sadorarnentepara

    Hamid;acho

    que

    todos0

    fizemos.

    Pensávamosque

    foraele

    quem

    alertarao

    inimigo.

    Finalmente,coma

    voz

    muitosuave,

    Yassirdisseo

    que

    estavamostodos

    pensando.Hamid

    negou.

    Começou

    a

    soluçar.Yassir

    levantou-see

    foi

    mancandoatéo

    outro

    quarto.

    Quandosaiu,um

    momentodepois,

    todosvimos

    que

    tinhauma

    pistola

    nas

    costas.

    Caminhouaté

    Hamid,

    que

    estavacegopelas

    lágrimasque

    nossas

    acusaçõeso

    faziam

    derramar,

    e

    o

    fuzilou.Na

    cabeça.Maistarde

    descobrimosquenãofora

    Hamid0

    traidor,mas

    alguémligadoao

    escri-

    tóriode

    Haj

    Amin,que

    esperava

    que8

    emboscadadeflagrassedistúr-

    biosem

    Gaza.

    QuandoYassirsoube

    disso,deude

    ombros,

    simplesmen-

    te,e

    disse

    algum

    lugar-comumsobre

    as

    difíceisdecisões

    queum

    líder

    temde

    tomar”.O

    assassinato,entretanto,criou

    um

    alvoroçoem

    certos

    circulos.Pa-

    ra

    escapara

    vingançado

    paido

    jo-

    vem

    assassinado,Yassirfoi

    forçado

    a

    se

    esconder.Apósalgumtempo,

    Abdelraufpersuadiu-oa

    voltarao

    Cairoe

    ingressarna

    Universidade.Primeiramente,elese

    registrou

    na

    Universidadedo

    Cairocomoes-

    tudantede

    Engenharia,em

    agosto

    de

    1951,sobo

    nomede

    YassirAra-

    fat

    al-Qudwa.Logo

    abandonouo

    “al-Qudwa”,pois

    estavamaisansio-

    so

    do

    que

    nuncapor

    ocultarsuali-

    gaçãocom

    al—Husseini.Poucasse-

    manasantes,Haj

    Amintinhaenvia-

    do

    agentesà

    MesquitaAl

    Aksa,em

    Jerusalém,para

    assassinaro

    rei

    Ab-

    dullah.O

    fatode

    queo

    Muftiper-

    mitissequeo

    assassinatotivesselu-

    gar

    numdos

    locaismais

    sagradosdo

    Islã

    causourevoltano

    devotomun-

    do

    muçulrnanoe

    selouseu

    descrédi-

    tº”

    Como

    estudante

    universitário,

    0

    ativismopolíticode

    Arafatcome-

    çou8

    florescer.Cedoele

    ingressou

    na

    Uniãodos

    EstudantesPalestinos.

    Chamoua

    atençãogeral

    durante

    uma

    manifestaçãode

    protestoda

    Ir-

    mandadeMuçulmanafrenteao

    pa-

    láciodorei

    Farouk,quandochefiou

    um

    pequenogrupode

    estudantes

    armadosnuma

    malogradatentativa

    de

    invadiro

    palácio,e

    foi

    preso.

    Depoisdo

    golpede

    Nasser,no

    verãode

    l952,o

    ímpetoda

    Irman-

    dade

    começoua

    se

    esvair,e

    comele

    o

    prestígioda

    Uniãodos

    Estudantes

    Palestinos,queera

    apoiadapelaIr-

    mandade.Arafat

    voltou-separa

    outra

    organização,em

    finsde

    1952

    —8

    Federaçãodos

    EstudantesPa-

    lestinos—e

    começoua

    subirna

    sua

    hierarquia.Masnemtudoera

    politicanes-

    te

    momentoda

    vidade

    Arafat.Na

    opiniãode

    váriosde

    seus

    conheci-

    dosda

    época,ele

    era

    basicamente

    assexuado,mas

    quandotinharela-

    ções

    sexuais,era

    invariavelmente

    com

    outroshomens.Istonãoé

    tão

    incomumassim,à

    luzda

    pemtissivi—

    dadedo

    Corãocom

    relaçãoao

    ho-

    mossexualismoe

    a

    tradiçãobeduina

    de

    sexo

    casualentre

    homens.Se-

    gundoseus

    amigos,o

    homossexua-

    lismo

    juvenilde

    Arafatera

    mais

    questãode

    conveniênciado

    quero-

    mance,e

    ele

    evitavaligaçõesperma-

    nentes.

    Evidentemente,entretanto,

    em

    seu

    segundoanode

    faculdade,

    ele

    decidiuque

    chegaraa

    horadese

    afirmarcomas

    mulheres.

    Sua

    primeira

    experiência,se-

    gundoo

    xequeZaki

    al-Yamani,

    atual

    ministrodo

    petróleoda

    Ará-

    bia

    Sauditaquefoi

    colegade

    Ara-

    fat,

    envolviauma

    garota

    chamada

    Demona.

    Al-Yamanilembra

    que

    Arafatestavaficandocarecae

    mui-

    to

    perturbadocomisso.Viafre-

    qiientementeDemona,queera

    pelo

    visto

    muitobela,no

    campusda

    uni-

    versidade.Ela

    tinhasido

    educada

    em

    Londrese

    estavamuitoacima

    de

    Arafatem

    questãode

    sofistica-

    çãoe

    maneiras.E

    no

    entanto,Ara-

    fat

    estavacertode

    que,se

    pudesse

    conquista-la,sua

    estaturafrentea

    seus

    colegas

    estudantessubiriame-

    teoricamente.Mas

    haviao

    proble-

    mado

    seu

    cabelo.“Subitamente”,diz

    al-Yamani,

    “começamosa

    ver

    Yassir

    desfilando

    comuma

    perucae

    uma

    jaquetaoci-

    dental,

    esperandoque

    Demonapas-

    sasse.Umdiaela

    passou,e

    Yassir

    abordou-acom

    algumasfrasesflo-

    ridas,à

    maneiraBedu.

    Demonapis-

    cou,

    olhou-ode

    soslaioe

    seguiuem

    frente.Yassir

    tentou

    novamenteal-

    gumasvezes.mas

    sem

    sucesso.

    Então,um

    dia,elese

    aproximou

    para

    pegarsua

    mão.A

    perucaestava

    um

    poucotorta.Com0

    1118101488-

    dém,

    Demonaa

    ergueude

    sua

    cabe-

    ça8

    entregou-aa

    garotaque

    estava

    comela.

    Ambasriram,e

    Yassirfi-

    cou

    loucode

    raiva.Estefoio

    fim

    de

    sua

    perseguiçãode

    Demona.Eu

    diriaqueas

    mulheresnão

    eramo

    métierde

    Yassir”.

    A

    segundatentativade

    Arafat

    de

    afirmarsua

    masculinidadeteve

  • um

    fim

    mais

    trágico.Em

    1954ele

    encontrouuma

    jovem

    gorducha

    chamadaJinan

    al-Oraby,filhade

    um

    próspero

    empreiteirode

    Ale-

    xandria.Ela

    nãoo

    repeliu,e

    os

    dois

    logo

    formaramum

    par

    frequenteno

    campus.Segundolembra

    hoje

    Ismael

    Riad,outro

    colegade

    turmade

    Ara-

    fat,

    “Yassirme

    disse

    váriasvezes

    que

    tencionavacasar-secom

    Jinan,

    para

    conseguiruma

    colocaçãona

    companhiade

    seupai

    àquelaépo-

    ca

    ele

    pensavaem

    ficarno

    Egitoe

    desfrutardo

    climada

    Alexandria.

    Estevecom

    Jinen

    constantemente

    duranteseis

    meses,emboraeu

    não

    acrediteque

    tenha

    havidoalgode

    mais

    íntimoentreos

    dois.

    Entãoela

    o

    levoupara

    Alexandria,paraque

    ele

    pudessepedirsua

    mãoao

    pai.

    Enquantoele

    estavaali,

    descobriu

    queos

    vizinhosde

    Jinaneramuma

    famíliajudiaque

    estavamtentando

    deixaro

    Egitoparair

    parao

    Estado

    sionista.Jinanera

    muitoamigadas

    filhas,

    emboraelas

    fossemjudias.

    Isto

    enfureceuYassir.Elejáse

    ima-

    ginavauma

    espéciede

    líderdo

    futu-

    ro,e

    paraele

    era

    inimaginávelque

    sua

    esposa

    pretendidativesseami-

    gas

    judias.Por

    isso,

    enquantoestava

    em

    Alexandria,foiao

    [khwun(Ir-

    mandade

    Muçulmana)local.Dois

    dias

    depoistodaa

    familiajudiafoi

    mortaem

    sua

    casa.

    QuandoJinan

    soubeda

    noticia,ficou

    pertur—

    bada”.Riad

    tambémerade

    Alexan-

    dria,e

    conheciaJinan

    al-Oraby.

    “Nãoera

    uma

    moçamuito

    inteli-

    gente,e

    de

    inícionão

    ligoua

    época

    dos

    assassinatoscomo

    que

    tinhati—

    doa

    Yassirsobreo

    desejoda

    fami-

    liade

    deixaro

    Egito.Mas

    maistar-

    de

    elame

    contouque

    Yassirgabou-

    se

    de

    ter

    instigadoos

    assassinatos.

    Então,quandoela

    fez

    objeçõesao

    queele

    tinhafeito,ele

    espancou-a

    na

    casado

    pai,

    enquantoeste

    estava

    fora.E

    depoistentou

    estupra-la.

    Masnão

    conseguiu—

    compreende,

    eleera

    incapazde

    penetra-la.Quan-

    do

    tudo

    temrinou,ele

    aindaespera-

    va

    casar-secomela.

    Mas

    Jinanto-

    mou-sede

    um

    medomortaldele.

    Maistarde

    disse-meque

    tinhainfor-

    madoa

    seupai

    que

    Yassirera

    pa-

    rentede

    Haj

    Amin.O

    Sr.

    al—Oraby

    tinha

    grandeódio

    pelo

    Mufti,e

    ao

    saberdisto

    expulsouYassirda

    casa.

    Acreditoque

    Yassirtentoufazer

    comqueele

    tambémfosse

    assassi-

    nado,masnãoo

    conseguiu”.

    Em

    1955,logoapósseu

    frus-

    trado

    namoro,Arafat

    recebeuuma

    visitano

    Cairo,de

    uma

    duplade

    jo-

    vens

    palestinosde

    um

    campode

    re-

    fugiadosem

    Gaza.Seus

    nomeseram

    Khalil

    al-Wazire

    Salah

    Khalef,e

    es-

    tavamde

    passagempelo

    Cairo,para

    começar0

    treinamentocom

    uma

    recém-fomradabrigadade

    guerri—

    lheirosfedayindo

    exércitoegipcio

    próximoa

    al-Mansura.Talvezcom

    invejade

    sua

    dedicação,Arafatti-

    rou

    licençada

    universidadee

    seguiu

    na

    mesmadireção,

    surgindoemal-

    Mansurapoucassemanas

    depois.Ali

    encontrouAnwar

    Ghalib,um

    major

    do

    exércitoegípcionaturalde

    Jeru-

    salémque,alémde

    seu

    serviçode

    treinamentona

    brigada,tambémre-

    crutavaespiõesem

    potencialparao

    serviçode

    espionagemegipcio.

    Ghalib

    interessou-sepor

    Ara-

    fat.

    Depoisde

    lhe

    concedero

    posto

    de

    tenenteno

    exércitoegipcio,per-

    suadiu-oa

    ingressarno

    serviçode

    espionagem.Pôs

    Arafatem

    contato

    comum

    homem

    chamadoMu-

    hammadTakieddin.

    Takieddinmi-

    nistrou-lheum

    brevecursode

    trei-

    namentoe

    depois

    instruiu-oa

    reto-

    marseus

    estudosna

    universidadee

    estabeleceruma

    nova

    organização

    estudantila

    ser

    chamadaUniãoGe-

    ral

    dos

    EstudantesPalestinos.A

    or-

    ganizaçãoseria

    utilizadapela

    inteli-

    gênciaegípcia

    paraunira

    popula-

    ção

    palestinado

    Egitosoba

    linha

    durado

    regimede

    Nassere

    denun-

    ciar

    aquelesque

    fossemmenos

    que

    fervorososem

    seu

    apoioa

    Nasser.

    Dentrode

    seis

    mesesestavaor-

    ganizadaa

    UniãoGeral,e

    como

    apoio

    clandestinode

    Takieddine

    seus

    associados,tinha

    atingidodes-

    taquena

    universidade.Arafatfoi

    nomeadopresidente.Seusdois

    aju-

    dantes

    principais,a-despeitodo

    fato

    de

    não

    serem

    estudantesregistra—

    dos,

    eram

    al-Yazire

    Khalef,

    os

    anti-

    gos

    visitantesde

    Gaza.

    Arafate

    seus

    colegasentraram

    numaaliançada

    Uniãocomum

    gru-

    pode

    estudantesda

    Argéliaquees-

    tavam

    promovendoa

    musado

    mo—

    vimentode

    libertaçãoargelino.To-

    maramde

    empréstimolivrementea

    retóricados

    argelinospara

    promul-

    gar,em

    linhas

    nasseristas,a

    idéiade

    libertaçãode

    sua

    pátria

    palestinade

    Israel.Nesta

    aliançaforam

    lançadas

    as

    sementesdo

    modernomovimen-

    to

    de

    libertaçãoda

    Palestina,que

    eventualmenteseria

    chefiado,ao

    menosde

    nome,por

    Arafat,al-Wa-

    zire

    Khalef.

    Antesque

    muito

    pudesseser

    feito,

    entretanto,estouroua

    Guerra

    de

    Suez,em

    1956.Arafatfoi

    envia-

    do

    paraa

    cidadede

    Suez,parain-

    gressarnuma

    unidadeegípciade

    de-

    molição,mas

    poucodepoisde

    che-

    gar

    terminou0

    tiroteio.Ele

    voltou

    ao

    Cairodois

    mesesdepois,revolta-

    do

    como

    desempenhodo

    exército

    egipciono

    Sinaie

    dispostoa

    aban-

    donarsuafé

    no

    regimede

    Nasser.

    Reencontroual-Wazire

    Khaledex-

    primindosentimentos

    semelhantes.

    Os

    três,

    proclamando-segrandiosa-

    mente“a

    vanguardada

    geraçãoda

    vingança”,resolveramcriaruma

    frentede

    libertaçãoda

    Palestina8

    maneirada

    FLN,que

    ganhavapree-

    minênciana

    Argélia.

    Nosdoisanos

    seguintes,coma

    ajudade

    iniciode

    um

    grupodentro

    da

    inteligênciaegípciaque

    visavaa

    derrubadade

    Nasser,e

    depoisde

    seus

    própriosardís,os

    três

    fizeram

    uma

    viagem8

    Europae

    depoisde

    volta

    atravésdo

    Egitoatéo

    Kuwait,

    colhendoseguidoresao

    longodo

    ca-

    minhoe

    levantandofundosde

    dias-

    pora

    palestina.Arafat

    fixou-seno

    Kuwaitem

    1958,

    arranjouum

    em-

    pregode

    aprovarcontratosde

    cons-

    truçãoparao

    Departamentode

    Obras

    Públicas,e

    o

    utilizouparaex-

    torquirdinheiro

    daquelesque

    esta-

    vam

    dispostosa

    pagar

    comissõesem

    trocade

    contratos.Pouco

    depois

    ele,

    al-Wazire

    Khalef,

    juntamente

    com

    diversos

    seguidoresnovos,fun-

    daram

    formalmenteo

    A1

    Fatah.

    Desdeo

    início,segundovários

    membrosprimitivosdo

    Fatah,Ara-

    fat

    controlouas

    finançasdo

    grupo,

    e

    destaforma

    assegurou-sea

    palavra

    finalno

    que

    originalmentetinhasi-

    do

    concebidocomouma

    liderança

    coletiva.Sua

    primeirarealizaçãofoi

    o

    lançamentode

    Nossa

    Palestina,

    uma

    revistamal

    feitaque

    aparecia

    duasou

    três

    vezesporanoe

    conti-

    nha

    esboços

    freqiientementecon-

    traditóriosda

    nascenteideologiado

    Fatah.A

    revistaera

    escritaquase

    totalmentepor

    Arafate

    Faroukal-

    Qaddumi,outrodos

    primeiros

    membrosdo

    Fatah.Era

    produzida

    em

    Beirutee

    distribuídaem

    campos

    de

    refugiadosno

    Líbanoe

    Jordânia,

    onde,em

    1962,

    começoua

    chamar

    8

    atenção.OpróprioArafat

    mudou-sepa-

    ra

    Beiruteem

    1962,comuma

    pe—

    quenafortuna

    levantadano

    Kuwait,

    e

    ali

    estabeleceuo

    primeiroescritó-

    riodo

    Fatah.Umano

    depois,viajou

    para

    Argele

    foi

    doutrinadodurante

    um

    mêsnas

    táticasda

    FLNque

    tinhamlevado8

    expulsãodos

    fran-

    cesesda

    Argélia.Seguiu-seumavia-

    gem

    secreta8

    China,

    financiadapela

    FLN,e

    quandoArafat

    regressoua

    Beirute,em

    1963,

    dominavacom

    mais

    segurançaa

    ideologiae

    jargão

    revolucionários.

    O

    progressode

    Arafatdesde

    1963foi

    bastantebem

    documen-

    tado.Sua

    ascensão,primeiroà

    proe-

    minênciae

    depoisà

    preeminência

    no

    movimentopalestino.marcada

    por

    encontroscomos

    mais

    destaca-

    dos

    estadistase

    governantesporto-

    doo

    mundo,com0

    ápicede

    seu

    aparecimentoperantea

    Assembléia

    Geraldas

    NaçõesUnidasem

    1974

    tudoistoé

    bem

    conhecido.

    Maso

    Arafatdas

    manchetes,

    heróipara

    algunse

    monstropara

    outros,é,

    comoo

    temsidoha

    mui-

    tos

    anos,uma

    fraude.O

    menino

    confuso,dominado

    por

    adultosca-

    rismáticos,tornou-seum

    homem

    confuso,dominado

    porseus

    empre-

    gadoressírios.la'

    em

    1965,o

    jovem

    Fatahfoi

    infiltradoe

    depoisdomi-

    nadopor

    agentesdo

    DeuxiemeBu-

    reausírioe

    do

    exércitosírio.Em

    finsde

    1965,a

    maioriadas

    opera—

    ções

    terroristasdo

    Fataheram

    pla-

    nejadase

    montadasprimeiropor

    um

    certoGaeth

    Hafez,agentedo

  • DeuxiemeBureau,

    depoispeloco-

    ronel

    SulaymanFaqr,do

    exército

    sírio.Todoo

    treinamentode

    guerri-

    lhado

    Fatahera

    organizado,condu-

    zidoe

    financiadopelo

    Governosí-

    rio.

    Arafate

    seus

    colegasserviam

    principalmentecomo

    recrutadores

    nos

    camposde

    refugiadosdo

    Líba-

    no.Os

    sírios,porseu

    lado,

    ficavam

    felizesde

    dar

    créditoao

    Fatah,e

    apoiaro

    mitode

    que

    Arafate

    seus

    amigoseram

    operadoresindepen-

    dentes;isto

    favoreciaos

    esforçosde

    recrutamentode

    Arafate,

    maisim-

    portante,inibiaa

    retaliaçãodireta

    de

    Israelcontraa

    Síria.

    E

    nemse

    tratavaapenasde

    um

    exemplode

    ajudaa

    uma

    organiza-

    ção

    recém-criada,que

    mais

    tarde

    proviriaseus

    própriosmeios.Desde

    o

    episódiode

    1966,

    quandoArafat

    explicitamentenegociousua

    auto—

    nomiaem

    trocade

    sua

    vida,o

    con-

    trolesíriodo

    Fatah

    permaneceutir—

    me.

    Regimessíriosvãoe

    vêm,mas

    todos

    continuama

    subsidiare

    con-

    trolar

    Arafat.O

    chamado“repre-

    sentantedo

    povo

    palestino”,na

    rea-

    lidadenão

    representanema

    81

    pró—

    prioe

    a

    seu

    movimento,e

    a

    evidên-

    cia

    mais

    recenteé

    a

    tragédiado

    Lí-

    bano,no

    decorrerda

    qual

    Arafat,

    depoisde

    uma

    tentativageradade

    pacificaros

    militantesmuçulmanos,

    manteve-senotavelmente

    quieto.A

    Síria

    buscou—e

    quandoescrevo

    isto,

    aindabusca

    instalarum

    regi-

    me

    cúmpliceno

    Líbano,e

    a

    última

    coisaqueela

    quer,por

    conseguinte,

    é

    um

    Governolibanês

    dominado

    por

    muçulmanosgenuinamentena-

    cionalistas,simpáticosàs

    exigências

    palestinas.Poisumtal

    regimecerta-

    mente

    triihariaseu

    própriocami-

    nho,às

    vezescomoaliadoda

    Síria,

    às

    vezesnão.Nãoseria“de

    confian-

    ça”,

    comoé

    Arafat.E

    provavelmen—

    te

    poriaArafatno

    centrodas

    aten-

    ções,

    pondofimà

    todaidéiade

    que

    eleé

    maisdo

    queum

    porta-voz.E

    portanto,Arafatestá

    numa

    embru-lhada:não

    pode

    apoiaros

    1111111811

    tes,

    pois8

    Síriao

    proíbe,e

    eleso

    li-

    qíiidariam;não

    podeapoiar0

    esfor-

    ço

    sírio,

    porquefazê-loseria

    revelar

    nãosua

    moderação——

    seus

    vizinhos

    o

    conhecembem

    demaispara

    acre-

    ditar

    nisso—massua

    duplicidade.

    Porissoele

    está

    quieto,para

    variar.

    Esperandonovas

    instruções.E

    quardoele

    fala,jánãoé

    maiscoma

    voz

    autoritáriade

    uma

    figurainter-

    nacional

    reconhecida,mas,pelo

    contrário,é

    comos

    tons

    estridentes

    de

    um

    homemque

    procuradesespe-

    radamentesalvar

    algode

    seu

    poder

    em

    desmoronamento.Os

    síriosque-

    remalgo

    maioragora;Arafat,por-

    tanto,deve

    esperarsalvarsua

    pró-

    pria

    posiçãotornando

    partenum

    rompimentodos

    libaneses-muçul-

    manoscoma

    Síria.Pelo

    registro—

    um

    region

    basicamentede

    impos-

    tura,um

    registrobem

    conhecidode

    seus

    colegas—

    suas

    perspectivasnão

    parecemmuito

    promissoras.

    Reproduzidocom

    permissãode

    MOMENT

    MAGAZINE,maio/junho76

    A

    tragédiado

    Libanofoi

    tambémpalcoda

    mais

    recentee

    grotescareviravoltada

    lealdadede

    YassirArafat:de

    guerrilheiro

    palestinoa

    instrumentodos

    sírios,

    voltou-secontraa

    Sinaco—

    mo0

    feitiçocontrao

    feiticeiro.Masa

    histórianão

    acabaai:

    fiel

    na

    verdadeaos

    seus

    própriosinteressese

    conveniências,Arafat

    maisumavez

    reconciliou-secomos

    seus

    amosou

    como

    sonho

    da

    GrandeSíria.

  • Editado pela CASA DE CULTURA DE ISRAEL,Dezembro, 1976 São Paulo.