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1 AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO NOTA TÉCNICA DA DEFENSORIA PÚBLICA DECRETO LEGISLATIVO BILHETE ÚNICO EMENTA: DECRETO LEGISLATIVO REAJUSTE DE BILHETE ÚNICO ILEGAL - BIS IN IDEM / DUPLICIDADE SUSTAÇÃO DO DECRETO DO EXECUTIVO I RELATÓRIO Trata-se de Nota Técnica da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, endereçada ao Poder Legislativo Estadual, com o conteúdo de Anteprojeto de Decreto Legislativo, com o fim de se fundamentar a sustação do ato do poder executivo que extrapolou no poder regulamentar ao reajustar, por ato normativo secundário (não por Lei) e pela 2ª vez, o valor do bilhete único para o ano de 2017. É a síntese do necessário.

AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO NOTA …sistemas.rj.def.br/publico/sarova.ashx/Portal/sarova/imagem-dpge/... · CHIQUINHO DA MANGUEIRA, CIDINHA CAMPOS, COMTE BITTENCOURT,

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AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DO RIO DE JANEIRO

NOTA TÉCNICA DA DEFENSORIA PÚBLICA

DECRETO LEGISLATIVO – BILHETE ÚNICO

EMENTA: DECRETO LEGISLATIVO –

REAJUSTE DE BILHETE ÚNICO –

ILEGAL - BIS IN IDEM / DUPLICIDADE –

SUSTAÇÃO DO DECRETO DO

EXECUTIVO

I – RELATÓRIO

Trata-se de Nota Técnica da Defensoria Pública do Estado do

Rio de Janeiro, endereçada ao Poder Legislativo Estadual, com o conteúdo de

Anteprojeto de Decreto Legislativo, com o fim de se fundamentar a sustação

do ato do poder executivo que extrapolou no poder regulamentar ao

reajustar, por ato normativo secundário (não por Lei) e pela 2ª vez, o valor

do bilhete único para o ano de 2017.

É a síntese do necessário.

2

II – FUNDAMENTAÇÃO

II.1 – DO PODER DE SUSTAR OS ATOS NORMATIVOS EXORBITANTES

DO PODER REGULAMENTAR DO PODER EXECUTIVO

Em primeiro lugar, a proposição encontra previsão na

Constituição do Estado do Rio de janeiro em seu art. 99, VII, vejamos:

Art. 99 - Compete privativamente à Assembléia Legislativa:

VII - sustar os atos normativos do Poder Executivo que

exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação

legislativa;

Em segundo, verifica-se a atuação ativa da Assembléia

Legislativa ao sustar os atos do Poder Executivo que exorbitem do seu poder

regulamentar, vejamos:

DECRETO LEGISLATIVO Nº 02 DE 2016

SUSTA OS EFEITOS DO DECRETO Nº 41142, DE 23 DE JANEIRO DE 2008.

Art. 1º – Ficam sustados os efeitos do Decreto nº 41142, de 23 de Janeiro de 2008, que “Dispõe sobre a isenção e redução de base de cálculo do ICMS em operação com bens ou mercadorias destinadas às atividades de pesquisa, exploração ou produção de petróleo e gás natural”, oriundo do Convênio nº 130 de 27 de novembro de 2007 do CONFAZ“.

Art. 2º – Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 14 de dezembro de

2016.

DEPUTADO JORGE PICCIANI Presidente

3

DECRETO LEGISLATIVO Nº 01 DE 2016

SUSTA OS EFEITOS DO DECRETO Nº 45.806, DE 03 DE NOVEMBRO DE 2016, QUE EXTINGUE O ALUGUEL SOCIAL NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Art. 1º - Ficam sustados os efeitos do Decreto nº 45.806, de 03 de novembro de 2016, que " Extingue o aluguel social no âmbito do Estado do Rio de Janeiro ".

Art. 2º - Este Decreto Legislativo entrará em vigor na data de sua publicação. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 29 de novembro de

2016.

DEPUTADO JORGE PICCIANI Presidente

Projeto de

Decreto Legislativo nº 09/2016

Mensagem nº

Data de

publicação 30/11/2016

Autoria

EDSON ALBERTASSI, ANDRÉ CECILIANO, ANDRE CORREA, ANDRÉ

LAZARONI, BEBETO, BENEDITO ALVES, BERNARDO ROSSI, BRUNO

DAUAIRE, CARLOS AUGUSTO, CARLOS MACEDO, CARLOS MINC,

CHIQUINHO DA MANGUEIRA, CIDINHA CAMPOS, COMTE

BITTENCOURT, CORONEL JAIRO, DANIELE GUERREIRO, DICA,

DIONISIO LINS, DR SADINOEL, DR. DEODALTO, DR. JULIANELLI,

ELIOMAR COELHO, ENFERMEIRA REJANE, FABIO SILVA, FARID

ABRÃO, FILIPE SOARES, FLAVIO BOLSONARO, FLAVIO SERAFINI,

GERALDO PUDIM, IRANILDO CAMPOS, JAIR BITTENCOURT, JANIO

MENDES, JOÃO PEIXOTO, JORGE FELIPPE NETO, JORGE PICCIANI,

JOSÉ ANCHITE, JOSÉ LUIZ NANCI, LUCINHA, LUIZ MARTINS, LUIZ

PAULO, MARCELO FREIXO, MARCELO SIMÃO, MARCIA JEOVANI,

MÁRCIO CANELLA, MÁRCIO PACHECO, MARCOS ABRAHÃO, MARCOS

MULLER, MARCUS VINÍCIUS, MARTHA ROCHA, MILTON RANGEL,

NIVALDO MULIM, OSORIO, PAULO MELO, PAULO RAMOS, PEDRO

AUGUSTO, PEDRO FERNANDES, RENATO COZZOLINO, ROGÉRIO

LISBOA, ROSENVERG REIS, SAMUEL MALAFAIA, THIAGO PAMPOLHA,

TIA JU, TIO CARLOS, WAGNER MONTES, WAGUINHO, WALDECK

CARNEIRO, WANDERSON NOGUEIRA, ZAQUEU TEIXEIRA, ZEIDAN,

ZITO

4

II.2 – DAS NORMAS DE REAJUSTE DO BILHETE ÚNICO PARA 2017

Em novembro de 2016, o Poder Executivo previu, por meio do

Decreto Nº 45.808, o reajuste o valor do Bilhete Único de R$ 6,50 (seis reais e

cinquenta centavos) para R$ 7,50 (sete reais e cinquenta centavos).

5

Em seguida, em 30 de dezembro de 2016, por meio de

emenda ao PL Nº 2248/2016, foi aprovada a Lei Estadual 7506 que reajustou

e fixou o valor do Bilhete Único em R$ 8,00 (oito reais), a partir de janeiro

de 2017:

LEI ESTADUAL Nº 7.506 DE 29 DE DEZEMBRO DE 2016

Art. 7º - Fica reajustado o valor pecuniário do Bilhete Único

Intermunicipal para R$ 8,00 (oito reais), com vigência a partir

de 1º de janeiro de 2017.

Por fim, em janeiro do presente ano, foi editado o Decreto do

Poder Executivo que reajustou pela 2ª vez o valor do Bilhete Único para o

valor de R$ 8,55 (oito reais e cinquenta e cinco centavos), em razão do

reajuste da tarifa de transporte intermunicipal ocorrida em janeiro de 2017:

6

7

II.3- DA SUPERIORIDADE HIERÁRQUICA DA LEI EM RELAÇÃO AO

DECRETO – VALOR (HOJE) FIXADO EM LEI

Até novembro de 2016, o valor do Bilhete Único era fixado e,

portanto, podia ser reajustado por meio de Decreto, conforme demonstra o

exemplo acima. Ocorre que, com a edição da Lei Estadual n. 7506/2016, o

valor do Bilhete Único passou a ser fixado por lei em sentido estrito.

Assim, tendo em vista que decreto é ato normativo de

hierarquia inferior a lei, por questão formal, não pode o decreto alterar a lei.

Assim, o valor fixado em lei por esta Casa Legislativa não pode ser revisto por

Decreto, como pretendeu fazer o Poder Executivo por meio do Decreto n.

45.888/2017 que não tem o condão de revogar o artigo 7º da Lei Estadual n.

7506/2016.

Logo, forçoso concluir que o Decreto n. 45.888/2017, no

tocante ao reajuste do valor do Bilhete Único, é ilegal e excedeu os limites do

poder regulamentar do Executivo. Por este motivo, o Poder Executivo usurpou

atribuição exclusiva do Poder Legislativo.

Ressalta-se, Constituição pode ser alterada por Emenda

Constitucional; Lei pode ser alterada/revogada por Lei; e Decreto pode ser

alterado/revogado por Decreto, nunca o contrário. Ou seja, Lei não pode alterar

a Constituição, nem Decreto pode alterar/revogar a Lei.

Lei é um ato normativo primário, o Decreto (regulamentar) é

ato normativo secundário, abaixo da Lei, e deve observá-la.

8

Destarte, impõe-se seja realizado o controle externo do ato

ilegal pelo Legislativo, com a devida sustação do Decreto n. 45.888/2017, de

modo a permanecer íntegro o equilíbrio entre os Poderes e o princípio da

legalidade estrita.

Trata-se de conceitos claros e simples, que há muito são

indiscutíveis na doutrina e na jurisprudência. Vejamos a decisão vinculante em

sede de ADI e a antiga jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (grifos

nossos):

ADI 531 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL

AG.REG.NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Relator(a): Min. CELSO DE MELLO

Julgamento: 11/12/1991 Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

DJ 03-04-1992 PP-04288 EMENT VOL-01656-01 PP-00095

RTJ VOL-00139-01 PP-00067

Parte(s)

AGTE.: PARTIDO DOS TRABALHADORES

ADVDOS.: JONAS DUARTE JOSÉ DA SILVA E OUTROS

AGDO.: DIRETOR DO DEPARTAMENTO DA RECEITA FEDERAL

Ementa

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - INSTRUÇÃO

NORMATIVA Nº 62, DO DEPARTAMENTO DA RECEITA FEDERAL -

SUA NATUREZA REGULAMENTAR - IMPOSSIBILIDADE DE

CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE -

SEGUIMENTO NEGADO POR DECISÃO SINGULAR -

COMPETÊNCIA DO RELATOR (RISTF, ART. 21, § 1º; LEI 8.038,

ART. 38) - PRINCÍPIO DA RESERVA DE PLENÁRIO PRESERVADO

(CF, ART. 97) - AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

- E inquestionável que assiste à Suprema Corte, em sua composição

plenária, a competência exclusiva para julgar o processo de controle

concentrado de constitucionalidade e, pelo voto da maioria absoluta

dos seus membros, declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato

9

normativo do Poder Público (CF, art. 97; RISTF, art. 5º, VII e art. 173).

Essa regra de competência, no entanto, muito embora de

observância indeclinável por qualquer órgão judiciário colegiado, não

subtrai ao Relator da causa o poder de efetuar - enquanto

responsável pela ordenação e direção do processo (RISTF, art. 21, I)

- o controle prévio dos requisitos formais da fiscalização normativa

abstrata, o que inclui, dentre outras atribuições, o exame dos

pressupostos processuais e das condições da própria ação direta. A

possibilidade de controle recursal, "a posteriori", dos atos decisórios

que o Relator pratica, no desempenho de sua competência

monocrática, dá concreção, no âmbito do Supremo Tribunal Federal,

ao princípio da reserva de Plenário, inscrito no art. 97 da Lei

Fundamental da Republica. - As Instruções Normativas, editadas por

Órgão competente da Administração Tributária, constituem espécies

jurídicas de caráter secundário, cuja validade e eficácia resultam,

imediatamente, de sua estrita observância dos limites impostos

pelas leis, tratados, convenções internacionais, ou decretos

presidenciais, de que devem constituir normas complementares.

Não se revelam, por isso mesmo, aptas a sofrerem o controle

concentrado de constitucionalidade, que pressupõe o confronto direto

do ato impugnado com a Lei Fundamental.

Decisão

Por votação unânime, o Tribunal negou provimento ao agravo

regimental. Votou o Presidente. Plenário, 11.12.91.

ADI 533 MC / DF – DISTRITO FEDERAL

MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE

Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO

Julgamento: 07/08/1991 Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

DJ 27-09-1991 PP-13325 EMENT VOL-01635-01 PP-00006

RTJ VOL-00139-02 PP-00473

Ementa

10

- CONSTITUCIONAL. ATOS NORMATIVOS PRIMARIOS.

IMPOSSIBILIDADE DE SUA REVOGAÇÃO POR ATOS

NORMATIVOS SECUNDARIOS.

I. Decreto com força de lei, assim ato normativo primário.

Impossibilidade de sua revogação mediante decreto comum, ato

normativo secundário.

II. Ocorrência dos pressupostos da cautelar. Deferimento.

RE 17679 / DF – DISTRITO FEDERAL

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Relator(a): Min. JOSÉ LINHARES

Julgamento: 30/10/1950 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

DJ 23-11-1950 PP-10599 EMENT VOL-00021-01 PP-00378

ADJ 01-08-1951 PP-02117

Parte(s)

RECORRENTE: INSTITUTO DE APOSENTADORIA E PENSÕES

DOS EMPREGADOS DE TRANSPORTES E CARGAS.

RECORRIDO: MESBLA S.A.

Ementa

ABONOS PROVISORIOS. NÃO ESTA O EMPREGADOR

OBRIGADO A RECOLHER CONTRIBUIÇÃO PARA INSTITUTO DE

APOSENTADORIA E PENSÕES SOBRE OS ABONOS

PROVISORIOS RECEBIDOS PELOS EMPREGADOS. APLICAÇÃO

E INTELIGENCIA DO ART. 76, DO DECRETO 22.637, DE 1946, E

DEC-LEI N. 3.813, DE 1941, PRORROGADO PELO DE N. 4.356, DE

1942. A LEI SE REVOGA POR OUTRA. QUANDO OCORRE A

REVOGAÇÃO TACITA. NÃO CABIMENTO DE RECURSO.

Decisão

Não tomaram conhecimento, unanimemente.

11

Citamos, por fim, a jurisprudência pacífica também do Superior

Tribunal de Justiça, no mesmo sentido (grifos nossos):

RMS 21942 / MS

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA

2006/0108611-0

Ministro LUIZ FUX (1122)

T1 - PRIMEIRA TURMA

15/02/2011

DJe 13/04/2011

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL E

TRIBUTÁRIO. IPVA. ISENÇÃO. ARTIGO 1º, DO DECRETO ESTADUAL 9.918/2000.

RESTRIÇÃO AOS VEÍCULOS ADQUIRIDOS DE REVENDEDORES LOCALIZADOS NO

ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA

LEI ESTADUAL 1.810/97. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE ESTRITA.

INOBSERVÂNCIA. AFASTAMENTO DE ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO POR ÓRGÃO

FRACIONÁRIO DO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE. SÚMULA VINCULANTE 10/STF.

OBSERVÂNCIA.

1. A isenção do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), concedida pelo

Decreto Estadual 9.918/2000, revela-se ilegal e inconstitucional, porquanto introduzida, no

ordenamento jurídico, por ato normativo secundário, que extrapolou os limites do texto legal

regulamentado (qual seja, a Lei Estadual 1.810/97), bem como ante a inobservância do

princípio constitucional da legalidade estrita, encartado no artigo 150, § 6º, da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988.

2. Com efeito, a Lei Estadual 1.810/97, ao dispor sobre os tributos de competência do Estado

do Mato Grosso do Sul, preceituou que: "Art. 314 - Fica o Poder Executivo autorizado a

regulamentar esta Lei, podendo o Regulamento dispor que, mediante Resolução baixada pelo

Secretário de Estado de Finanças, Orçamento e Planejamento, sejam expedidas normas

complementares aos seus dispositivos. (...) § 2º - Fica a Secretaria de Estado de Finanças,

Orçamento e Planejamento autorizada a promover campanhas de incentivos à arrecadação

estadual, por meio de formas julgadas técnica e economicamente viáveis, inclusive com a

premiação de consumidores estimulados à exigência de notas fiscais."

12

3. O Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, no exercício de seu poder normativo e com

base no artigo 314, da Lei Estadual 1.810/97, expediu o Decreto Estadual 9.918/2000, verbis:

"Considerando que, pelo sistema tributário vigente, o ICMS incidente nas operações de saídas

diretamente ao consumidor final pertence ao Estado onde se encontra o estabelecimento que

promove a saída, ainda que o consumidor adquirente esteja localizado em outra unidade da

Federação; Considerando que, em decorrência de fatores de mercado, a procura por veículos

novos em outra unidade da Federação, diretamente pelo consumidor, vem aumentando

significativamente, em prejuízo do mercado local e, consequentemente, da arrecadação do

ICMS; Considerando que a exoneração do IPVA ou a redução do seu valor, condicionadas à

aquisição dos respectivos veículos neste Estado, são medidas capazes de estimular essa

aquisição em estabelecimentos revendedores localizados neste Estado, com vantagem para o

comércio local e, conseqüentemente, para a arrecadação deste Estado; onsiderando que,

quantitativamente, a receita proveniente do ICMS, por veículo, é maior que a do IPVA, fato que

justifica a renúncia de uma para garantir a outra, por resultar em maior vantagem para o

Estado.

DECRETA

Art. 1º As pessoas, físicas ou jurídicas, que adquirirem veículos automotores novos,

classificados nos códigos da NBM/SH relacionados na Seção A do Subanexo V (na redação do

Decreto nº 9.889, de 2 de maio de 2000) ao Anexo I ao Regulamento do ICMS, de

revendedores localizados no Estado de Mato Grosso do Sul, credenciados pelo Sindicato de

Concessionárias de Veículos Automotores do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 1º

de junho a 30 de novembro de 2000, ficam isentas do Imposto sobre a Propriedade de

Veículos Automotores (IPVA) incidente sobre a propriedade dos respectivos veículos,

relativamente à primeira tributação."

4. Como de sabença, a validade dos atos normativos secundários (entre os quais figura

o decreto regulamentador) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos

atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções

internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese

que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciar-se-ão de ilegalidade e

não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel.

Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365

AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991).

13

5. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" do decreto regulamentador que extrapolou os

limites impostos pela Lei Estadual 1.810/97, ao instituir hipótese isentiva não prevista no texto

normativo primário.

6. Ainda que assim não fosse, o aludido diploma normativo encontra-se eivado de

inconstitucionalidade formal, uma vez que o princípio constitucional da legalidade estrita, além

de proscrever a exigência ou aumento de tributo sem lei que o estabeleça, condiciona a

concessão de isenção à edição de lei específica, consoante se infere da leitura do artigo 150,

inciso I, e § 6º, da Carta Magna: "Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao

contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...) § 6.º Qualquer subsídio ou isenção,

redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a

impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,

estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o

correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g." 7.

Ne se segmento, abalizada doutrina assinala que:

"O princípio da legalidade é limite objetivo que se presta, ao mesmo tempo, para oferecer

segurança jurídica aos cidadãos, na certeza de que não serão compelidos a praticar ações

diversas daquelas prescritas por representantes legislativos, e para assegurar a observância

ao princípio constitucional da tripartição dos poderes. O princípio da legalidade compele o

intérprete, como é o caso dos julgadores, a procurar frases prescritivas, única e

exclusivamente, entre as introduzidas no ordenamento positivo por via de lei ou de diploma que

tenha o mesmo status. Se do conseqüente da regra advier obrigação de dar, fazer ou não fazer

alguma coisa, sua construção reivindicará a seleção de enunciados colhidos apenas e tão-

somente no plano legal." (Paulo de Barros Carvalho, in "Direito Tributário: Linguagem e

Método", 2ª ed., 2008, Ed. Noeses, São Paulo, págs. 282/283) 8. Ademais, o Código Tributário

Nacional, em seu artigo 97, determina que somente a lei pode estabelecer as hipóteses de

exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de

penalidades (inciso VI).

9. Deveras, o princípio da legalidade tributária, corolário do valor Segurança Jurídica, não se

resume à simples exigência de comando abstrato, geral e impessoal (reserva de lei material),

mas, também, à necessidade de sua formulação pelo órgão titular da função legislativa

(reserva de lei formal) (Luciano Amaro, in "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., 2004, Ed.

Saraiva, São Paulo, pág. 116).

14

10. Destarte, a instituição de isenção tributária mediante decreto oriundo do Poder

Executivo, além de extrapolar o exercício do poder regulamentar (em flagrante oposição

ao princípio da hierarquia das leis), caracteriza violação ao princípio da legalidade tributária

estrita, razão pela qual manifesta a ilegalidade/inconstitucionalidade do Decreto Estadual

9.918/2000.

11. Assim, revela-se prejudicada a análise da insurgência sob a ótica da alegada inobservância

aos princípios constitucionais da isonomia (artigo 150, II, da CRFB/88) e da não-discriminação

tributária em razão da origem ou do destino dos bens e serviços (artigo 152, da CRFB/88), o

que poderia, em tese, resultar na extensão da isenção de IPVA aos contribuintes, residentes no

Estado do Mato Grosso do Sul, que adquiriram veículos automotores novos de revendedores

localizados em outros Estados Membros.

12. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de

reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não

declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta

sua incidência, no todo ou em parte."

13. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não

abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido

confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à

espécie.

14. Recurso ordinário desprovido.

Isto posto, demonstra-se que o Decreto em tela é ILEGAL,

devendo ser removido (existência/validade/eficácia retirada) do nosso

ordenamento jurídico.

15

II.4 – DO BIS IN IDEM / DUPLICIDADE DO REAJUSTE PARA 2017

Conforme demonstramos acima, o Poder Legislativo e

Executivo REAJUSTOU o valor do Bilhete Único através da aprovação e

sanção da Lei Estadual n. 7.506 de 30 de dezembro de 2016 para o ano de

2017 no índice de 23% (vinte e três por cento).

Contudo, tendo em vista o reajuste das tarifas de ônibus

intermunicipais para o ano de 2017 no percentual de 6,99% (seis vincula

noventa e nove por cento), o Poder Executivo aplicou o mesmo valor de

REAJUSTE PARA O VALOR JÁ REAJUSTADO do Bilhete Único, sob o

fundamento que a Lei Estadual n. 5.628/2009 prevê o reajuste de ambos na

mesma data e proporção.1

Esquece-se, porém, que o reajuste do Bilhete Único para o

ano de 2017 já ocorrera pela Lei Estadual n. 7.506 de 30 de dezembro de

2016...

Ocorreu uma duplicidade de reajuste do valor do Bilhete

Único para o ano de 2017.

Primeiro o valor do B.U. de R$ 6,50 sofreu o reajuste de 23%

(R$ 8,00) para o ano de 2017 pela Lei Estadual n. 7.506/2016 (alterou

parcialmente a Lei Estadual n. 5.628/2009).

Segundo, o Decreto n. 45.888 de 12 de janeiro de 2017

reajustou em mais 6,99% o valor do B.U. (já reajustado), passando de R$

8,00 para R$ 8,55 (todos em 2017)...

1 Decreto n. 45.888 de 12 de janeiro de 2017

16

O bis in idem é um fenômeno do direito que consiste na

repetição (bis) de uma sanção sobre mesmo fato (in idem).2

A jurisprudência rechaça o fenômeno do bis in idem, vejamos

(grifos nosso).

REsp 1478439 / RS

RECURSO ESPECIAL

2014/0151778-2

Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)

S1 - PRIMEIRA SEÇÃO

25/03/2015

DJe 27/03/2015

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL

REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO

STJ 08/2008. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AUDITORES FISCAIS DA

RECEITA FEDERAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO INDIVIDUAL CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA. REAJUSTE DE 28,86%. INCIDÊNCIA SOBRE A

GRATIFICAÇÃO DE ESTÍMULO À FISCALIZAÇÃO E ARRECADAÇÃO - GEFA,

APÓS A EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA 831/1995 E ATÉ A EDIÇÃO DA

MEDIDA PROVISÓRIA 1.915/1999. POSSIBILIDADE. APLICABILIDADE DO

MESMO ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO

ESPECIAL REPETITIVO 1.318.315/AL. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE

PROVIDO.

1. Cinge-se a controvérsia posta em exame à análise acerca da incidência ou

não do reajuste de 28,86% sobre a Gratificação de Estímulo à Fiscalização e

Arrecadação - GEFA, no período entre a data da edição da Medida Provisória 831, de

18 de janeiro de 1995, e da Medida Provisória 1.915-1, de 29 de julho de 1999.

2. A Gratificação de Estímulo à Fiscalização e Arrecadação – GEFA foi criada pelo

Decreto-Lei 2.357/1987, hipótese em que tal gratificação era atribuída em forma de

pontos por servidor em função do desempenho global da Administração Tributária,

2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bis_in_idem

17

consistindo cada ponto em 0,095% do vencimento básico do respectivo padrão

do servidor.

3. A Lei 7.787/1989 dispôs que GEFA atenderia os mesmos princípios estabelecidos

pela Lei 7.711/1988, que criou a Retribuição Adicional Variável - RAV, também

devida aos Auditores-Fiscais e Técnicos-Fiscais do Tesouro Nacional.

4. A Lei 8.477/1992 assegurou que a Retribuição Adicional Variável - RAV, instituída

pela Lei 7.711/1988, e a GEFA, quando devida aos Fiscais de Contribuições

Previdenciárias (art. 11 da Lei 7.787/1989), observariam o limite previsto no art.

12 da Lei 8.460/1992, isto é, limitou o valor da RAV e da GEFA ao equivalente ao

soldo de Almirante-de-Esquadra, de General-de-Exército ou Tenente-Brigadeiro.

5. Ocorre que o soldo de Almirante-de-Esquadra foi reajustado pela Lei

8.627/1993 no percentual de 28,86%, o que afastaria a incidência do reajuste

sobre a GEFA nesse período, sob pena de incorrer em bis in idem.

6. Contudo, em 18 de janeiro de 1995 foi editada a Medida Provisória 831, convertida

na Lei 9.624, de 02/04/1998, onde modificou-se a forma de cálculo da RAV e da

GEFA, as quais passaram a serem pagas em valor fixo, correspondente ao oito

vezes o maior vencimento básico do servidor situado no grau mais elevado da

respectiva carreira.

7. Consoante entendimento sedimentado pelo Pretório Excelso, o reajuste de

28,86%, de que tratam as Leis 8.622 e 8.627, ambas de 1993, por ser tratar de

reajuste geral de vencimentos, incide sobre a remuneração do servidor, incluídas as

parcelas vencimentais que possuam como base de cálculo o vencimento básico do

servidor, bem como as gratificações, adicionais e parcelas de natureza permanente,

atreladas ou não ao vencimento básico, que devem observar pela sobredita

reposição salarial, sendo vedado, contudo, que as parcelas vinculadas ao vencimento

básico sejam objeto de dupla incidência do aludido reajuste, o que caracterizaria

bis in idem. Nesse sentido: REsp 990.284/RS, Rel. Ministra Maria Thereza de

Assis Moura, Terceira Seção do STJ, julgado em 26/11/2008, DJe 13/4/2009.

8. In casu, desde a edição da Medida Provisória 831, de 1995, a GEFA não tinha por

base de cálculo o vencimento básico do respectivo servidor, nem o soldo de

Almirante-de-Esquadra, mas sim o maior vencimento básico da respectiva

categoria, correspondendo a oito vezes o maior vencimento básico da tabela

referente aos Auditores Fiscais, que pode ou não corresponder com a referência

ocupada pelo respectivo servidor.

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9. Impõe-se aferir se o maior vencimento básico da tabela (padrão A-III) sofreu

algum reajuste em decorrência da edição das Leis 8.622 e 8.627, ambas de 1993,

a fim de concluir-se por eventual compensação, na forma do que enuncia a Súmula

672/STF.

10. Nesses termos, relativamente a um determinado Auditor Fiscal reposicionado

do padrão B-VI para o A-III, há uma coincidência no fato de o padrão A-III surgir

duas vezes no cálculo do reajuste de 28,86%: (i) está no vencimento básico deste

Auditor Fiscal (aí sim, o reajuste de 28,86% sofrerá compensação pelo

reposicionamento); e (ii) está na base de cálculo da GEFA (que é de oito vezes o valor

do mais alto vencimento básico da respectiva tabela, que é o padrão A-III), e esta

verba recebe o reajuste de 28,86% sem desconto por não ter como base de cálculo o

vencimento deste específico servidor, não tendo relevância, no ponto, o

reposicionamento determinado pela Lei 8.627/1993.

11. É de se ressaltar que o padrão A-III já se encontrava previsto pela Lei

8.460/1992 (Anexo II) como o vencimento básico mais alto e o aumento de valor

promovido pelos arts. 1º e 2º da Lei 8.622/1992 não é compensável no pagamento

do reajuste de 28,86% sobre a GEFA porque trata-se de reajuste de natureza diversa

daquela constatada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RMS 22.307/DF.

Assim, não há que confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento

básico do Auditor Fiscal (o que é compensável pelo reposicionamento) com o

pagamento do mesmo reajuste sobre a GEFA, cuja base de cálculo é o padrão A-III

multiplicado por oito, cujo reajuste pelas Leis 8.622/1993 e 8.627/1993 não

justifica compensação, à luz do entendimento do STF no RMS 22.307/DF e da

Súmula 672/STF.

12. Portanto, conclui-se que incide o reajuste de 28,86% sobre a Gratificação de

Estímulo à Fiscalização e Arrecadação - GEFA, após a edição da Medida Provisória

831/1995 e até a edição da Medida Provisória 1.915-1/1999, mais precisamente no

período de janeiro de 1995 a julho de 1999, quando teria a sua base de cálculo

desvinculada do soldo de Almirante-de-Esquadra e vinculada ao maior vencimento

básico da respectiva tabela.

13. Aplica-se à GEFA o mesmo entendimento adotado pela 1ª Seção do STJ no

julgamento do REsp 1.318.315/AL, sob a sistemática do art. 543-C do CPC,

porquanto, não obstante referir-se a verba distinta (RAV), produz reflexos também no

que se refere à incidência do mesmo índice sobre a GEFA, especialmente diante das

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disposições do art. 8° da Medida Provisória 831/1995 e do art. 11 da Lei 9.624/1998,

que tratam dessas duas verbas de forma conjunta, conferindo-lhes tratamento

idêntico e a mesma base de cálculo. Precedente: AgRg no REsp 1.162.264/RS, Rel.

Ministro Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma do STJ, julgado em 5/6/2014, DJe

8/8/2014.

14. A Medida Provisória 1.915-1, de 29/7/1999, além de promover uma reestruturação

da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional, alterando a nomenclatura para "Carreira

Auditoria da Receita Federal", reajustou a remuneração e concedeu aumento de

um padrão para cada classe dos servidores em questão, dispondo ainda, em seu art.

14, que "os integrantes da Carreira da Auditoria-Fiscal da Previdência Social e da

Carreira Fiscalização do Trabalho não fazem jus à percepção da Gratificação de

Estímulo à Fiscalização e Arrecadação - GEFA, criada pelo Decreto-Lei nº 2.371, de

18 de novembro de 1987", sendo este o termo final da incidência do reajuste de

28,86% sobre a GEFA.

15. Sucumbência recíproca mantida.

16. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao

regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.

Ademais, ressaltamos que não se pode confundir reajuste da

tarifa de ônibus, que é apta a recompor o equilíbrio econômico-financeiro da

concessão em tela (6,99%) com reajuste do valor do Bilhete Único, que é uma

política pública de subsídio (tarifa social) destinada à população hipossuficiente

fluminense.

Ressaltamos que o reajuste exacerbado do valor do Bilhete

Único implica em extinguir a política pública da tarifa social de transporte

à população carente. É dizer: só se valerá da tarifa social quem gastar mais

de R$ 8,55 (oito reais e cinquenta e cinco centavos) para se deslocar, casos

que são exceção e não regra.

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Impor mais um reajuste ao valor do Bilhete Único é

desconsiderar o reajuste legal já aplicado anteriormente por meio de Lei,

é prejudicar somente os mais pobres (que terão de arcar com todo o valor

da passagem que até dezembro de 2016 era de R$ 6,50).

Vejamos o valor do transporte arcado pelo passageiro (grande

parte carente), em seus diversos modais de integração, por amostragem, a

título de exemplificação:

MODAL VALOR

Trem R$ 4,20 ( a partir de

02/02/17)3

Barcas R$ 4,104

Metrô R$ 4,105

Ônibus Municipal R$ 3,806

BRT R$ 3,807

Se somarmos o valor da utilização de 2 (dois) transportes,

observaremos que pouquíssimos superarão o valor de R$ 8,00 (oito reais).

No caso do aumento do valor do Bilhete Único para R$ 8,55

(oito reais e cinquenta e cinco centavos), praticamente ninguém usufruirá

desse benefício social.

3 http://www.supervia.com.br/pt-br/estacoes-e-tarifas/formas-de-pagamento 4 http://www.grupoccr.com.br/barcas/mobile 5 https://www.metrorio.com.br/como-pagar/meios-e-tarifas 6 https://onibusrio.wordpress.com/tarifas/ 7 https://onibusrio.wordpress.com/tarifas/

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Em outras palavras, por via indireta, o Decreto n. 45.888 de 12

de janeiro de 2017 acaba por, na prática, EXTINGUIR O BILHETE ÚNICO...

Ressaltamos mais uma vez:

1 – O valor do Bilhete Único era de R$ 6,50 até

dezembro de 2016;

2 – Lei Estadual reajustando e fixando o valor do Bilhete

Único no valor de R$ 8,00, a partir de 2017;8

4 – agora, o Executivo quer um novo reajuste do valor do

Bilhete Único para a cifra de R$ 8,55, para o ano de

2017.9

Em dezembro de 2016 o valor do Bilhete Único era R$ 6,50

(seis reais e cinquenta centavos).

Reajustar o valor para R$ 8,55 (oito reais e cinquenta e

cinco centavos) representa um aumento de 31,6% (trinta e um vírgula seis

por cento) no valor do Bilhete Único para o ano de 2017.

Com base nos dados informados pelo RioCard ao Tribunal de

Contas do Estado, existem, aproximadamente, 4 milhões de usuários

cadastrados no Bilhete Único, o que significa 8 milhões de transações diárias

(ida e volta da viagem).10

8 Lei Estadual n. n. 7.506/2016 para o ano de 2017 (alterando a Lei Estadual n. 5.628/2009) 9 Decreto n. 45.888 de 12 de janeiro de 2017 10 Processo TCE n. 4.337-2/2015

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Assim sendo, ressaltamos que tal medida impactará no

aumento de R$ 1,10 (um real e dez centavos) diariamente no orçamento de,

aproximadamente, 4.000.000 (quatro milhões) de passageiros, representando,

contando ida e volta, no aumento do valor diário do transporte para a

população de, aproximadamente, R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais).

III - CONCLUSÃO

Isto posto, conclui a Defensoria Pública do Estado do Rio de

Janeiro pela necessidade de se sustar o ILEGAL e REPETIDO reajuste do

valor do Bilhete Único para o ano de 2017, previsto no art. 1º do Decreto n.

45.888/2017, que desconsidera e extrapola o reajuste dado pela Lei Estadual

n. 7.506 de 29 de dezembro de 2016 (art. 7°), violando-se o princípio da

Separação dos Poderes, a Legalidade Estrita, o bis in idem e a razoabilidade

do impacto financeiro na população carente trabalhadora do Estado do Rio de

Janeiro.

Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 2017

Eduardo Chow De Martino Tostes

Defensor Público

Mat. 969.598-2

Subcoordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor