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RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO DE CONSULTA PÚBLICA ÁREA DE PRODUÇÃO AQUÍCOLA DE TAVIRA junho 2014 Av. de Brasília, Nº 6 1449-006 Lisboa, Portugal Tel.: + 351 218 291 000 [email protected] | www.dgpm.mam.gov.pt

APA de Tavira

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RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO

DE CONSULTA PÚBLICA

ÁREA DE PRODUÇÃO AQUÍCOLA DE TAVIRA

junho 2014

Av. de Brasília, Nº 6 1449-006 Lisboa, Portugal

Tel.: + 351 218 291 000 [email protected] | www.dgpm.mam.gov.pt

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ÍNDICE

1. ENQUADRAMENTO ...................................................................................................................................... 2

2. PROCEDIMENTO DA CONSULTA PÚBLICA ....................................................................................... 2

3. SESSÃO DE ESCLARECIMENTO ............................................................................................................... 3

4. PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO INTERESSADO ................................................................................... 5

5. ANÁLISE E PONDERAÇÃODAS PARTICIPAÇÕES NA CONSULTA PÚBLICA ....................... 7

6. SÍNTESE CONCLUSIVA .............................................................................................................................. 10

ANEXO I – EDITAL DE DIVULGAÇÃO DA CONSULTA PÚBLICA DA APA DE TAVIRA

ANEXO II – FOLHETO DE DIVULGAÇÃO DA CONSULTA PÚBLICA DA APA DE TAVIRA

ANEXO III – APRESENTAÇÃO EFETUADA NA SESSÃO DE ESCLARECIMENTO DA APA DE TAVIRA

ANEXO IV – PARTICIPAÇÕES RECEBIDAS RELATIVAS À APA DE TAVIRA

AMIC, Olhãopesca e Cooperativa Formosa

Olhãopesca

Tunipex

Município de Vila Real de Santo António

ADAPSA, APTAV, AMIC, Associação de Pescadores de Pesca Artesanal da Baía de Monte

Gordo e Olhãopesca

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1. ENQUADRAMENTO

A 21 de março de 2014 foi publicado no Diário da República, 2.ª Série, n.º 57, o Despacho n.º

4223/2014, relativo à criação da Área de Produção Aquícola (APA) de Tavira.

De acordo com o referido despacho o procedimento pré-contratual de concurso público para

atribuição de uma concessão de utilização privativa do domínio público hídrico destinada à

instalação e à exploração de estabelecimentos de culturas biogenéticas/culturas marinhas de

moluscos bivalves, deve ser precedida de um período de consulta pública do projeto da respetiva

área de produção aquícola.

Estabelece-se ainda que este período de consulta pública terá a duração de 15 dias úteis, que deve

a mesma ser publicitada nos sítios da internet da Direção-Geral de Política do Mar (DGPM), da

Agência Portuguesa do Ambiente, I. P., (APA, I. P.), da Direção-Geral de Recursos Naturais,

Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I. P.

(IPMA) e através de editais a afixar nos locais de estilo, e que o processo de receção e análise de

eventuais contributos recebidos no âmbito do período de consulta pública é coordenado pela

DGPM.

Terminado o período de consulta pública e observado o disposto no Despacho n.º 4223/2014, de

21 de março, no presente relatório procede-se à apresentação da metodologia adotada no

procedimento de consulta pública, ao relato das ações desenvolvidas, à explanação das principais

questões levantadas pelo público interessado e à análise e ponderação das participações recebidas.

2. PROCEDIMENTO DA CONSULTA PÚBLICA

Com o objetivo de dar cumprimento ao disposto no Despacho n.º 4223/2014, de 21 de março, a

DGPM procedeu à divulgação da consulta pública do projeto da APA de Tavira, tendo sido

publicitado através de edital o período de consulta de pública que decorreu entre 24 de março e 11

de abril de 2014, dando assim forma ao disposto no n.º 5 do referido despacho.

Para além da publicitação do período de consulta pública do edital foi ainda anunciada a intenção

de realização de sessão pública de esclarecimento e prestada informação sobre o modo de

participação do público interessado. O edital que foi divulgado nos locais de estilo continha ainda

informação genérica sobre a APA, designadamente as coordenadas de localização.

A cópia do Edital n.º 2/2014, de 24 de março, relativo à APA de Tavira, consta do Anexo I e é

parte integrante deste Relatório.

Nos termos do n.º 5 do despacho já referido, a DGPM procedeu à divulgação do despacho e edital

no seu sítio da internet e ao envio, através de correio eletrónico, para a APA; I.P., DGRM, e IPMA,

para efeitos de divulgação nos respetivos sítios da internet. O edital foi igualmente enviado para a

DOCAPESCA e para as capitanias dos portos e câmaras municipais da área de influência da APA

no sentido de promover a sua ampla divulgação. Na tabela seguinte sistematiza-se a informação

relativa às ações desencadeadas com a indicação das entidades para as quais foi enviado edital de

divulgação da consulta pública da APA de Tavira.

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Tabela I: Entidades convidadas a divulgar a consulta pública da APA de Tavira

APA de Tavira

Entidades previstas no n.º 5 do Despacho n.º 4223/2014, de 21 de março

APA, I.P.

DGRM

IPMA

Outras entidades

DOCAPESCA

Capitania do Porto de Vila Real de Sto. António

Capitania do Porto de Tavira

Capitania do Porto de Olhão

Capitania do Porto de Faro

Câmara Municipal de V. Real de Sto. António

Câmara Municipal de Tavira

Câmara Municipal de Olhão

Em observância do disposto no Edital, no decorrer do período de consulta pública, foi divulgado

através das mesmas entidades e pelos mesmos meios, a data e local de realização da sessão de

esclarecimento da APA de Tavira: 9 de abril de 2014, na Biblioteca Municipal Vicente Campinas,

em Vila Real de Sto. António.

Esta sessão foi dinamizadas em articulação com a Câmara Municipal de Vila Real de St.º António,

tendo sido produzido material de divulgação com o intuito de promover a divulgação da sessão de

esclarecimento (Anexo II).

3. SESSÃO DE ESCLARECIMENTO

A sessão de esclarecimento teve dois momentos distintos: um primeiro momento em que se

procedeu à apresentação da proposta de APA de Tavira, explicando o processo que antecedeu a

sua criação, descrevendo a metodologia seguida e identificando as entidades envolvidas e um

segundo momento destinado ao debate e esclarecimento das questões apresentadas pelo público

presente.

Perante uma assistência de cerca de 35 pessoas, a sessão pública, promovida pela DGPM, contou

com a presença na mesa de representantes da DGRM, IPMA, APA, IP e Capitania do Porto de

Vila Real de St.º António. A apresentação efetuada na sessão de esclarecimento consta do Anexo

III.

As questões que foram apresentadas no momento reservado à participação do público e ao debate

estão resumidas seguidamente e refletem, na sua essência, as questões que foram abordadas durante

a sessão:

Sociedade de Bivalves Questionou se o estudo que permitiu a definição da área está disponível para consulta. Associação dos Pescadores e Armadores do Concelho de Tavira (Leonardo Diogo Egídio) Considera que o setor da pesca não foi ouvido. As Autarquias também não. Vai haver conflito de interesses com a pesca e outros setores. Considera que as coordenadas da APA de Tavira são

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uma calamidade para a economia da pesca. Mencionou os recifes do IPMA e uma eventual incompatibilidade de usos. Questionou a existência de um corredor para a navegação, e se tinham sido considerados os impactos sociais e económicos e ponderados os outros usos. Reclamou a definição de áreas alternativas para serem utilizadas pelos pescadores. Privado – Gestor e geógrafo (Pereira Campos) Questionou o nome da APA de Tavira referindo que a mesma deveria refletir a zona em que se insere, isto é, Vila Real de St.º António, Cacela ou Monte Gordo. TUNIPEX Indagou se existiu algum estudo que permita avaliar o impacto sobre a pesca local e costeira. Apontou a APPA Armona como sendo responsável por prejuízos que se fazem sentir na atividade das armações que sofrem danos devido à acumulação excessiva de mexilhões. Companhia de Pescarias do Algarve (CPA) (António Farinha) Felicita a iniciativa e a vantagem que a mesma oferece para evitar a proliferação de áreas de aquicultura sem regras e atribuídas de uma forma casuística. Associação Portuguesa de Aquicultura (APA) (Fernando Gonçalves) Felicita a iniciativa e a vantagem que a mesma oferece para evitar a proliferação de áreas de aquicultura sem regras e atribuídas de uma forma anárquica. Vê com interesse a simplificação processual que este modelo oferece. Considera que a APA Armona tem sido importante para a pesca, da mesma forma que os recifes artificiais têm tido um papel num incremento da pesca. Associação de Pescadores de Monte Gordo Considera que os pescadores e as associações deviam ter sido ouvidos. O projeto é bom, mas há falta de espaço, uma vez que a área da pesca é pequena. Câmara Municipal de Vila Real de St.º António (Luís Filipe Soromenho Gomes - Presidente) Considera que o nome deve ser alterado. Reconhece que pode existir conflitualidade com a atividade da pesca em particular a que é exercida por pequenas embarcações. Referiu que a comunidade de Monte Gordo é muito importante e pode ser afetada, devendo ser explicado melhor qual o impacto na mesma. Questionou se já havia o conhecimento da riqueza que se espera que a atividade das APA possa gerar. Mencionou o empenhamento do município com as causas do Mar e a intenção em constituir um Cluster do Mar. Associação dos Pescadores da Fuseta Referiu que o MONICAP só disponibiliza informação para barcos grandes e as embarcações de pesca que operam localmente ficam fora desses registos. Considera que não há espaço para a pesca e para a aquicultura. Referiu a importância de serem tomadas medidas adicionais para o crescimento do setor designadamente ao nível do IVA.

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Estaleiro de Construção e Reparação Naval (Rui Roque) Vê como muito interesse os projetos e refere que devem ser feitos todos os esforços para que o valor acrescentado da atividade fique em Portugal. O atual regime de IVA e regime fiscal são desincentivadores. Universidade do Algarve (Ana Amaral) Questionou sobre as bases científicas utilizadas e mencionou o AIA do Alqueva que aborda as questões larvares que podem ser relevantes para esta APA. Questionou sobre o mapa de fundos que foi utilizado. AQUAPRIME (Ostras) Referiu um projeto interessado em instalar-se na APPA Armona com um investimento de 1.5 M€ e que não avançou. A APPA Armona ainda está a 50% de utilização (será 20%). O SIMPLEX também não foi concluído, subsistindo dificuldades no processo administrativo. Há questões que ainda não estão resolvidas como o subsídio do combustível (falta Portaria), e o seguro Aquícola (falta a Portaria desde 2011). A isenção do IVA está por resolver e afasta investidores.

4. PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO INTERESSADO

Conforme referido no edital, existia a possibilidade do público interessado apresentar qualquer sugestão ou proposta que fosse relevante para a criação da APA do Centro, até ao dia 11 de abril, tendo sido criado um endereço eletrónico dedicado para a receção dessas participações - [email protected].

Foram recebidas na DGPM as seguintes participações:

AMIC, Cooperativa Formosa e Olhãopesca

Apesar de consistir numa exposição maioritariamente relativa à APA da Armona, manifestam surpresa pela publicação do Despacho n.º 4223/2014, relativo à criação da APA de Tavira, sem que tenha havido previamente a auscultação dos representantes da pesca local e costeira, numa lógica de prevenção de conflitos de interesses entre usos e atividades no espaço marítimo nacional. Olhãopesca Refere-se ao impacte da APA Armona nas atividades existentes, nomeadamente na pesca local, na pesca costeira e no marisqueiro, salientando que 50% não está a ser explorada, que existe equipamento abandonado e que foram defraudadas as expectativas iniciais. Assim questiona se a APA de Tavira não estará sobredimensionada e se existe tão elevada procura que justifique o investimento por parte da administração para a delimitação da APA. Face aos potenciais conflitos de interesses propõem que a área da APA possa ser reduzida em 50%. TUNIPEX Questionam se foi realizado algum estudo científico ou se o mesmo será realizado no sentido de aferir a influência que o Projeto da APA terá sobre a pesca local e costeira.

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Município de Vila Real de Santo António

Não entendem a definição nominal de APA de Tavira (Área de Produção Aquícola de Tavira)

considerando que esta área localiza-se totalmente na baia de Monte Gordo, Concelho de Vila

Real de Santo António, logo, considera-se que a sua definição nominal deveria ser: “APA de

Monte Gordo ou APA da Baía de Monte Gordo.

Descontentamento por parte dos pescadores do Concelho por não terem sido previamente

consultados.

A área definida para a APA de Tavira irá ocupar um pesqueiro atualmente muito utilizado.

Esta área localiza-se a menos de seis milhas da costa, logo interfere diretamente com a área de

pesca utilizada pelos barcos de pesca artesanal; A área da APA de Tavira irá coincidir com a

zona de reserva de pescado e com os blocos artificiais existentes; As embarcações de pesca

artesanal da baía de Monte Gordo representam um importante sustento para a freguesia de

Monte Gordo.

Esta área irá colidir com o corredor de circulação das embarcações de recreio quer referentes

ao Concelho de Vila Real de Santo António como de Tavira; Esta área irá de forma consequente

aumentar o trafego de barcos nesta zona; Foi enorme o investimento público nas infraestruturas

de apoio ao Rio Guadiana, que possibilitam uma atual dinâmica de embarcações de recreio na

baía de Monte Gordo muito positiva;

A baía de Monte Gordo é uma área de excelência para a prática de desportos náuticos, com a

localização da APA nas coordenadas atualmente definidas inviabilizará as competições

internacionais de desportos náuticos;

A espécie mexilhão pode ser um elemento dissuasor para o desenvolvimento de outras espécies

marinhas.

O Município de Vila Real de Santo António apresenta as seguintes propostas:

Alteração de APA de Tavira para APA da Baía de Monte Gordo.

Que a APA seja localizada a pelo menos seis milhas da costa, mais duas milhas a Sul do

definido.

A diminuição da área dos lotes definidos.

ADAPSA, APTAV, AMIC, APPABMG e Olhãopesca

Não concordam que a aquicultura elimine, substitua ou seja uma alternativa para a atividade

piscatória, pelo que não concordam nem aceitam a criação da APA de Tavira.

Mencionam que os dados do MONICAP só são válidos para embarcações de comprimento de

fora a fora igual ou superior a 12 metros a operar ao abrigo do acordo fronteiriço do Guadiana,

e que a unanimidade das embarcações que operam na zona não têm o sistema.

Afirmam que o espaço é da comunidade piscatória em geral e dos pescadores do Sotavento em

particular (Tavira, Sta. Luzia, Cabanas, Manta Rota, Altura, Monte Gordo, Vila Real de Santo

António, Fuzeta e Culatra), e que a instalação da APA de Tavira põe em causa a sustentabilidade

da pequena pesca artesanal, local e costeira, o que originará uma catástrofe social e económica,

colocando no desemprego um número significativo de pessoas, não tendo sido ouvidas as

preocupações da classe piscatória e outros sectores.

Consideram ainda que a APA de Tavira vai promover a sujeição de contraordenações e coimas

consideráveis.

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Não concordam que a APA de Tavira tenha um espaço em regime de exclusividade em

detrimento de um equilíbrio.

Informam que 80 embarcações da pesca local e 50 embarcações da costeira usam essa zona e

são responsáveis pelo fornecimento de pescado fresco, uma das principais âncoras do turismo.

Pelas características das embarcações envolvidas, para a viabilidade destas embarcações, é

preciso o acesso à área da APA de Tavira.

Sugerem:

Redução para metade da área dedicada à APA de Tavira

Deslocação da APA de Tavira para fora das 6 milhas de distância à linha de costa

Sugerem ainda que no futuro seja garantido que:

Se evite a ocupação em regime de exclusividade de áreas com profundidades inferiores

a 70 metros dentro das 6 milhas de distância à costa, e caso não seja possível, que a área

não seja alargada e localizada paralelamente à costa

Poderá ser considerada a coexistência de diversas atividades fora das 6 milhas, desde

que sejam salvaguardadas as zonas tradicionais de pesca polivalentes costeiras.

5. ANÁLISE E PONDERAÇÃODAS PARTICIPAÇÕES NA CONSULTA PÚBLICA

Tendo por base as participações recebidas por correio eletrónico assim como os contributos

apresentados na sessão de esclarecimentos é possível agrupar as principais questões colocadas

sobre as APA e efetuar a análise e ponderação que se segue:

A - Características da área

Classificação

Físicas / Químicas / Biológicas /Geológicas

B - Conflitos com Usos/Funções

Pesca

Turismo náutico

Navegação

Impactos no Ambiente Marinho

C - Outras Questões

Denominação

Dimensão; Viabilidade económica, etc.

A análise dos vários contributos permite perceber que o estabelecimento desta Área de Produção

Aquícola não reúne consenso.

Foi recebido um total de 16 contributos, 4 contributos através de participações escritas e 12

contributos apresentados durante a sessão pública de esclarecimento. Na tabela seguinte encontra-

se sistematizada a informação relativa às participações:

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Tabela II: Participações efetuadas por área temática

INTERVENÇÕES

A - Características da área

B - Conflitos com Usos / Funções

C - Outras Questões

Cla

ssif

icaç

ão

Fís

icas

/

Quím

icas

/

Bio

lógi

cas

/

Geo

lógi

cas

Pes

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Turi

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Dim

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Via

bili

dad

e

eco

mic

a, e

tc.

Comunicação escrita - 4 0 1 4 1 1 0 1 2

% 0 25 100 25 25 0 25 50

Sessão pública - 12 0 3 5 0 1 0 2 5

% 0 25 42 0 8 0 17 42

Das 4 comunicações recebidas por correio eletrónico, 3 são do sector da pesca e 1 da

Administração local. É evidente um maior predomínio das questões relacionadas com os “B -

Conflitos com Usos/Funções (Pesca/Funções)”, acompanhada pelas participações que abordam a

denominação que é muito questionada. Na sessão pública o predomínio vai para a denominação e

compatibilização com outros usos e atividades, mas tem origem num grupo mais diversificado

(comunidade piscatória, representantes da administração, da comunidade científica e dos

aquicultores). O representante da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António manifestou-se

quanto a um eventual conflito com uma área utilizada para competições internacionais de desportos

náuticos (“B - Conflitos com Usos/Funções (Turismo náutico/Funções”).

É de realçar o fato da APAquicultores ter felicitado esta iniciativa por considerar que a mesma vai

opta por um modelo mais facilitador, que promove o ordenamento e a simplificação processual e

contraria a proliferação de áreas de aquicultura sem regras, atribuídas de uma forma desordenada.

Atenta as às questões colocadas, importa fazer uma revisitação da metodologia e das diferentes

etapas do trabalho já desenvolvido, com o objetivo de clarificar o processo e a integração das

diferentes componentes, numa ótica de ordenamento do espaço e de simplificação:

Quanto às Características da área importa realçar que a seleção da APA de Tavira teve por base

as áreas identificadas para a produção aquícola no âmbito do exercício do ordenamento do espaço

marítimo desenvolvido entre 2008 e 2011, e divulgado pelo Despacho n.º 14449/2012, de 8 de

novembro.

Tomando como referência estas vastas áreas o dimensionamento e localização da APA de Tavira

teve por base a experiência existente na produção de bivalves em Portugal, as condições de

operacionalidade dos portos de pesca presentes na zona e os usos e atividades existentes. Com base

nestes pressupostos e considerando ainda a experiência colhida da implementação da APPA da

Armona, foi considerado o atual dimensionamento da APA de Tavira.

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9

Tomando como referência o polígono estabelecido foram identificadas as características físicas,

químicas e biológicas da área de implantação da APA, tendo o IPMA efetuado um relatório1 sobre

as principais características existentes, onde caracterizou ainda os usos da pesca, apontando

algumas lacunas de informação e avançando com um conjunto de pressupostos de monitorização.

No que se refere á classificação das áreas para a produção de bivalves, refere-se que a legislação em

vigor relativa ao controlo de salubridade dos bivalves destinados ao consumo humano,

nomeadamente o Regulamento (CE) N.º 854/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29

de abril, obriga à definição e classificação de áreas de produção de moluscos bivalves vivos,

entendendo-se por zona de produção, de acordo com o Regulamento (CE) N.º 853/2004 do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, “qualquer parte de território marinho, lagunar

ou estuarino que contém bancos naturais de moluscos bivalves ou áreas utilizadas para a cultura de

moluscos bivalves, em que os moluscos bivalves vivos são colhidos”.

Através do Despacho n,º 15264/201, publicado no Diário da República, 2,ª série, n.º 227, de 22 de

novembro de 2013 e do Despacho n.º 3244/2014, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º

4, de 27 de fevereiro de 2014, foram classificadas e aferidos os limites das zonas de produção de

bivalves, estando a APA de Tavira integralmente inserida na Zona Litoral L9, Litoral Tavira -Vila

Real de Santo António (Zona compreendida entre o meridiano 7,65535W e 7,39781W (foz do Rio

Guadiana), e entre a costa, incluindo a zona intertidal e a batimétrica dos 70 metros).

Mais recentemente e na sequência da monitorização desenvolvida, o Despacho n.º 7443/2014,

publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 109, de 6 de junho de 2014, veio proceder à

atualização da classificação desta zona para Classe A.

No que se relaciona com Conflitos com Usos/Funções, e como já referido anteriormente, foram

ponderados os eventuais conflitos existentes com outros usos existentes na área de implantação da

APA de Tavira, reconhecendo, que a reserva ou afetação de uma área do espaço marítimo para um

determinado uso ou atividade pode ser indutora de impactes noutros usos e atividades, tendo

havido assim a preocupação de minimizar os impactes desta natureza. No que se relaciona com a

pesca é de registar que a área a afetar pela APA de Tavira foi substancialmente reduzida

relativamente à área identificada para a produção aquícola no âmbito do exercício do ordenamento

do espaço marítimo, o que conduz a uma maior redução do impacte neste domínio, devendo ser

promovida a utilização do espaço marítimo por diferentes usos e atividades. A definição da

localização também teve em consideração os usos pesqueiros e a sua expressão na área de

implantação. Por último é de referir que a existência de estabelecimentos aquícolas em mar aberto

poderá constituir um impacte positivo ao nível dos recursos pesqueiros, pela relevância que pode

ter na cadeia alimentar.

No que se relaciona com a atividade turística, designadamente o turismo náutico importa referir

que não foram identificados conflitos com a atividade. Não se encontram definidas na área

quaisquer áreas para a realização de desportos náuticos, designadamente campos de regatas, que

1 http://www.ipma.pt/resources.www/docs/publicacoes.site/caracterizacao_zonas_Tavira_Aveiros_novas_APAs_v3.pdf.

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10

sejam coincidentes em área. Não são igualmente expetáveis interferências significativas com a

náutica de recreio, prática balnear ou prática de surf.

No que se relaciona com outros impactes no ambiente marinho, não se encontraram registos de quaisquer ocorrências que possam ser perspetivadas para a atividade a desenvolver na APA de Tavira, para além dos impactes habitualmente considerados para este tipo de exploração. Importa salientar que a atividade de produção de moluscos bivalves não se encontra englobada na tipologia de projetos sujeita a avaliação de impactes ambiental nos termos do regime jurídico consagrado no Decreto-Lei n.º Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, sendo que nos termos do Despacho n.º 4223/2014, de 21 de março, uma eventual alteração das espécies a utilizar nos estabelecimentos aquícolas está sujeite ao regime legal aplicável.

No que se relaciona com Outras Questões, designadamente a designação, dimensão, viabilidade

económica, etc., importa referir que o loteamento previsto teve por base a experiência existente

neste domínio, tendo assumindo que o desenvolvimento da atividade deve preconizar um maior

investimento e capacidade de gestão e igualmente pelo que se considerara área de exploração com

dimensão expressiva. Uma maior concentração da atividade numa zona específica também

condicionou o loteamento proposto.

Quanto à denominação pode-se considerar aceitável que no futuro a APA de Tavira venha a ser

designada como APA de Monte Gordo ou APA da Baía de Monte Gordo, conforme sugerido.

6. SÍNTESE CONCLUSIVA

Analisados os contributos recebidos durante o período da consulta pública e o teor das questões

colocadas nas sessões públicas de esclarecimento, e tal como já apresentado no ponto anterior do

presente Relatório, pode-se concluir que as questões podem ser agrupados de acordo com as

seguintes temáticas:

A. Características da área

B. Conflitos com outros Usos/Funções

C. Outras questões

O trabalho que antecedeu a delimitação e a criação da APA de Tavira considerou os usos e funções

existentes, no espaço marítimo e na orla costeira, assim como o conhecimento disponível sobre as

áreas com maior importância para a conservação da natureza.

Assim e a partir das áreas identificadas como potencial para a atividade aquícola, foi possível

delimitar as áreas onde o conflito com outros usos e atividades é menor e onde não há interferência

com áreas identificadas como relevantes para a conservação da natureza.

Atinente à natureza das questões colocadas durante a fase de consulta pública e após a sua

ponderação afigura-se que o presente relatório oferece resposta às mesmas não tendo sido

identificada qualquer matéria que, fundamentadamente leve à recomendação de relocalização ou

mesmo a sua anulação.

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11

Sobre a denominação da APA de Tavira, afigura-se pertinente poder optar por outra designação

que permita uma maior apropriação da mesma podendo ser equacionada a denominação de APA

de Monte Gordo.

Por último importa referir que a APA de Tavira será objeto de monitorização dos principais

parâmetros ambientais no quadro da sua implementação e igualmente num quadro mais vasto de

monitorização das áreas de produção de bivalves e do espaço marítimo, a qual permitirá aferir de

eventuais impactes ambientais no ambiente marinho. De igual modo a instalação dos

estabelecimentos aquícolas poderá potenciar a obtenção de informação sobre a atividade e

correspondentes impactes.

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ANEXO I – EDITAL DE DIVULGAÇÃO DA CONSULTA PÚBLICA DA APA DE TAVIRA

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ANEXO II – FOLHETO DE DIVULGAÇÃO DA CONSULTA PÚBLICA DA APA DE TAVIRA

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ANEXO III – APRESENTAÇÃO EFETUADA NA SESSÃO DE ESCLARECIMENTO DA APA DE TAVIRA

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ANEXO IV – PARTICIPAÇÕES RECEBIDAS RELATIVAS À APA DE TAVIRA

AMIC, Olhãopesca e Cooperativa Formosa

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4

Olhãopesca

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5

Tunipex

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6

Município de Vila Real de Santo António

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ADAPSA, APTAV, AMIC, Associação de Pescadores de Pesca Artesanal da Baía de Monte Gordo e Olhãopesca

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