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Apadrinhamento Civil (Lei nº103/2009, de 11Setembro) Definição e características (art 2º) - Relação jurídica com caráter permanente que se estabelece entre uma criança e uma pessoa singular ou família, entre as quais se estabeleçam vínculos afetivos, passando a/as última/s a exercer as responsabilidades parentais sobre a primeira. - Constitui-se por decisão judicial ou compromisso entre as partes, sujeito a homologação (artigo 13º/1/a e b); - Facto sujeito a registo (art 1º, nº1, al a) i) CRC) (artigo 28º Lei Apadrinhamento) - Aplica-se apenas a crianças e jovens em território nacional, que, por qualquer motivo, já não é possível a sua adoção (ex: mais do que 15 anos) - Sujeita a homologação e sujeito a compromisso (artigo 16º) Artigos mais importantes : - Requisitos do afilhado/apadrinhado (artigo 5º) - Requisitos do padrinho (artigo 4º e 11º) - Consentimento por parte de terceiros (artigo 14º) - Efeitos (7º, 21º, 22º) (mais ténue do que a adoção restrita, em que são estabelecidos efeitos sucessórios, ainda que limitados) (mais intenso do que a tutela: pois havendo apadrinhamento civil já não é preciso tutela, uma vez que o menos já tem quem o represente e porque uma vez estabelecido, cessa a tutela) - Possibilidade de revogação (artigo 25º) ou através da morte do padrinho; Verdadeira relação familiar? Sim, pois apresenta todas as suas características 1 , pelo que o CC não contém o monopólio do elenco das relações familiares. União de Facto (Lei 7/2001, de 11 de Maio) Quando se verifica/existe A partir do momento que se verifique uma convivência entre duas pessoas em condições análogas às dos cônjuges: comunhão de mesa, leito e habitação. A partir de quando é protegida? 1 Intervenção de uma autoridade pública na constituição do vínculo, vínculo sujeito a registo civil, caráter permanente (não cessa com maioridade como a tutela, ainda que esteja sujeito a revogação), e visa estabelecer uma ligação de grande proximidade entre padrinho e apadrinhado.

Apadrinhamento Civil União de Facto e Economia Comum

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Apontamentos de Direito da Familia

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Apadrinhamento Civil (Lei nº103/2009, de 11Setembro)Definição e características (art 2º)- Relação jurídica com caráter permanente que se estabelece entre uma criança e uma pessoa singular ou família, entre as quais se estabeleçam vínculos afetivos, passando a/as última/s a exercer as responsabilidades parentais sobre a primeira.- Constitui-se por decisão judicial ou compromisso entre as partes, sujeito a homologação (artigo 13º/1/a e b);- Facto sujeito a registo (art 1º, nº1, al a) i) CRC) (artigo 28º Lei Apadrinhamento)- Aplica-se apenas a crianças e jovens em território nacional, que, por qualquer motivo, já não é possível a sua adoção (ex: mais do que 15 anos)- Sujeita a homologação e sujeito a compromisso (artigo 16º)

Artigos mais importantes:- Requisitos do afilhado/apadrinhado (artigo 5º)- Requisitos do padrinho (artigo 4º e 11º) - Consentimento por parte de terceiros (artigo 14º)- Efeitos (7º, 21º, 22º) (mais ténue do que a adoção restrita, em que são estabelecidos efeitos sucessórios, ainda que limitados) (mais intenso do que a tutela: pois havendo apadrinhamento civil já não é preciso tutela, uma vez que o menos já tem quem o represente e porque uma vez estabelecido, cessa a tutela)- Possibilidade de revogação (artigo 25º) ou através da morte do padrinho;

Verdadeira relação familiar? Sim, pois apresenta todas as suas características1, pelo que o CC não contém o monopólio do elenco das relações familiares.

União de Facto (Lei 7/2001, de 11 de Maio)Quando se verifica/existeA partir do momento que se verifique uma convivência entre duas pessoas em condições análogas às dos cônjuges: comunhão de mesa, leito e habitação.

A partir de quando é protegida?O art 1º, nº2 é duplamente enganador:1º Porque dá a entender que só se verifica UF após dois anos, quando o que queria dizer era que esta só produz efeitos juridicamente quando exista há mais de dois anos2º Porque para uns institutos esta produz efeitos com menos tempo de existência (como é o caso do arrendamento) e para outros exige-se mais tempo (como é o caso da adoção)O que este artigo quer dizer é que, ainda que já exista UF há menos tempo, para que esta produza a maioria dos efeitos jurídicos, exige-se que perdure há mais de dois anos. No entanto, há um acórdão (STJ de 22 Maio 2012) em que o tribunal não exigiu os dois anos.

Artigos mais importantes:- Factos que impedem que a proteção da UF produza efeitos (artigo 2)- Prova da UF: qualquer meio admitido em direito; prova testemunhal; declaração que ateste que as pessoas vivem em determinada freguesia (artigo 2º-A)

1 Intervenção de uma autoridade pública na constituição do vínculo, vínculo sujeito a registo civil, caráter permanente (não cessa com maioridade como a tutela, ainda que esteja sujeito a revogação), e visa estabelecer uma ligação de grande proximidade entre padrinho e apadrinhado.

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- Efeitos: - Gerais (A doutrina entende que deve de haver uma comunicabilidade das dívidas para encargos da vida comum, de modo a serem protegidos os credores que confiaram na aparência de casados dos Unidos de Facto; - Específicos (artigo 3º): os unidos de facto não podem contratualizar deveres de fidelidade, mas podem constituir obrigações de alimentos durante e depois de a união se cessar.-Em caso de morte: Alimentos (artigos 2019º e 2020º); Pensão de sobrevivência e subsídio de morte (Acórdão de uniformização da jurisprudência STJ nº3/2013, de 15 Janeiro); Casa de morada de família: no caso de esta ser do unido morto (artigo 5º), no caso de esta ser arrendada (1106º); Eventual indemnização por danos não patrimoniais (artigo 496º,3)- Em caso de rutura: Casa morada de família (artigo 4º, que nos remete para os artigos 1105º e 1793º, com necessárias adaptações) (artigo 1106º, CC)- Em caso de cessação da UF: À liquidação do património comum devem ser aplicadas as regras do ESC e das sociedades de facto;-Nacionalidade: pode ser adquirida por quem esteja numa união de facto há mais de 3 anos com um nacional português, desde que haja reconhecimento judicial dessa união, segundo o artigo 3º da Lei nº 37/81;-Segundo o artigo 2020º, CC o cônjuge sobrevivo tem dois anos para pedir alimentos da herança do falecido;

Problema levantado pelo art 8º, relativo às causas de dissolução da UF- Será possível duas UF em simultâneo? Este artigo não nos diz que uma UF se dissolve com outra UF. Se, por um lado, pela teleologia somos tentados a dizer que faz sentido assim ser, por outro lado surge o problema do unido de facto que ignorava a existência da segunda UF, que merece ser protegido, pelo que não faz sentido a primeira deixar de produzir efeitos...-Alínea c) só está pensada para se um deles de casar com outra pessoa; Mas claro que os unidos se casarem um com o outro, a UF cessa por haver um vínculo maior - Dissolução: artigo 8º;- Separação após união de facto: acordo ou por via judicial, segundo o artigo 4º, aplicando-se os artigos 1105º e 1793º, CC;

Nota: para termos união de facto é preciso que haja convivência e uma habitação comum, apesar de, hoje em dia, ser mais comum a coabitação. No entanto, esta ainda não está regulada pela lei.

Medidas de proteção das pessoas que vivam em economia comum (Lei nº6/2001 de 11 de Maio)

Quando se verifica/existe ECRequisitos da UF, mas sem componente sexual. Podem viver várias pessoas em economia comum.Requisitos: viver juntos (comunhão mesa e habitação), num regime de partilha de despesas/recursos. Não se aplica quando há um contrato que justifique que pessoas vivam

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juntas.

Artigos mais importantes:-artigo 1º/1: duração há mais de dois anos;-artigo 2º/2: regra-artigo 3º: exceção- Direitos atribuídos (artigo 4º)- Artigo 5º: casa arrendada