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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE BELAS ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS JULIAN ANDRZEJ WROBEL APLICABILIDADE DO ISOPOR COMO MATRIZ PARA EXPRESSÃO ARTISTICA DA GRAVURA EM RELEVO E SUA POÉTICA CONTEMPORÂNEA Salvador 2015

Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE BELAS ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

JULIAN ANDRZEJ WROBEL

APLICABILIDADE DO ISOPOR COMO MATRIZ PARA EXPRESSÃO ARTISTICA DA GRAVURA EM RELEVO E SUA

POÉTICA CONTEMPORÂNEA

Salvador 2015

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JULIAN ANDRZEJ WROBEL

APLICABILIDADE DO ISOPOR COMO MATRIZ PARA EXPRESSÃO ARTISTICA DA GRAVURA EM RELEVO E SUA

POÉTICA CONTEMPORÂNEA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Artes Visuais, nos termos da Resolução nº03/2011 do Conselho Acadêmico de Ensino que estabelece as normas para habilitação ao Doutoramento Especial, direcionado aos docentes do quadro permanente da Universidade Federal da Bahia – UFBA. . Orientadora: Profa. Dra. Maria das Graças Moreira Ramos

Salvador

2015

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Wrobel, Julian Andrzej.

W957 Aplicabilidade do isopor como matriz para expressão artística da

Gravura em relevo e sua poética contemporânea. / Julian Andrzej

Wrobel. - Salvador, 2015.

68f.; il.

Orientadora: Profª. Drª. Maria das Graças Moreira Ramos.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia. Escola de Belas Artes,

Salvador, 2015.

1. Gravura. 2. Arte – Estudo e ensino. I. Universidade Federal da

Bahia. Escola de Belas Artes. II. Título.

CDU 76

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JULIAN ANDRZEJ WROBEL APLICABILIDADE DO ISOPOR COMO MATRIZ PARA EXPRESSÃO ARTISTICA

DA GRAVURA EM RELEVO E SUA POÉTICA CONTEMPORÂNEA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Artes Visuais, nos termos da Resolução nº03/2011 do Conselho Acadêmico de Ensino que estabelece as normas para habilitação ao Doutoramento Especial, direcionado aos docentes do quadro permanente da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Área de concentração: Artes Visuais: História, Teoria e Processos Linha de Pesquisa: Processos de Criação Artística Data de aprovação: ______/______/2015

Banca Examinadora:

_________________________________________________

Maria das Graças Moreira Ramos – Orientadora Doutora em Bellas Artes - Sevilla, ES. 1997

Universidade Federal da Bahia

__________________________________________________

Professor Doutor Juarez Marialva Tito Martins Paraíso ( EBA-UFBA )

__________________________________________________

Professora Doutora Nanci Santos Novais ( EBA – UFBA )

__________________________________________________

Professora Doutora Nayde Baptista Costa ( UNEB )

__________________________________________________

Professor Doutor Edson Dias Ferreira ( UEFS )

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“TU”

És sábio, valorizas meu valor,

corriges meu rumo, és

Humberto Rocha

Page 6: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

RESUMO

Este trabalho é o resultado da experimentação da aplicabilidade do Isopor, como

matriz destinada à produção de gravuras artísticas, consolidando a nova leitura

poética da gravura em relevo, “Isoporgravura”, como recurso já utilizado no ensino

da disciplina Gravura por mais de 20 anos constante do programa dos cursos de

Artes Plásticas, Licenciatura em Desenho e Plástica, Design e Decoração oferecidos

pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Durante a

experimentação, foram identificados nessa nova técnica as dimensões: artística por

valores estético e poético, pedagógica pelos estímulos especiais proporcionados

ao aluno com o aumento do interesse pela utilização de novos materiais e fazer

artístico tratado com maior amadurecimento e profundidade, Isso porque, foram

transferidas para o ensino acadêmico como recurso alternativo do fazer artístico na

contemporaneidade e, técnica consequente da ação do instrumental específico

sobre a matriz e a reação da mesma produzindo efeitos plásticos singulares.

Palavras-chave: Gravura. Isoporgravura. Ensino. Artístico. Estético. Poética.

Experimentação.

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ABSTRACT This work is the result of an experiment with Styrofoam applicability, as a mould for the production of artistic engravings, cementing the new poetic reading of embossment, “Isoporgravura”, as a resource that has been used for more than 20 years in the teaching of “Gravura”, which is part of the Fine Arts` program at the Escola de Belas Artes of Universidade Federal da Bahia. The following new dimensions were revealed in this technique: artistic for esthetic and poetic values, educational for the special encouragement provided to the students who are attracted to the use of new materials and the artistic practice treated with greater maturity and depth, because they were transferred to the academic education as an artistic practice alternative resource for art making in contemporary days and, technical as a consequence of specific instrumental action on the mould and its reaction producing unique plastic effects. KEY WORDS: Engraving, Fine Arts teching, artistic, esthetic, poetic, experiment

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Matriz de isopor...................................................................... 24

FIGURA 2: Impressão em tecido.............................................................. 24

FIGURA 3: Instalação 3D.......................................................................... 25

FIGURA 4: Seminário Avaliativo................................................................ 32

FIGURA 5: Seminário Avaliativo................................................................ 33

FIGURA 6 : Seminário Avaliativo............................................................... 33

FIGURA 7 : Seminário Avaliativo................................................................. 34

FIGURA 8: Exposição Expogravuras........................................................... 35

FIGURA 9: Exposição Expogravuras.......................................................... 35

FIGURAS 001E- 058E XXIX Expogravuras ............................ 37

FIGURAS 059E - 135E XXVIII Expogravuras ..................................... 38

FIGURAS 136E - 214E XXVII Expogravuras............................ 39

FIGURA 10: Exposição Expogravuras....................................................... 41

FIGURA 11: Exposição Expogravuras....................................................... 41

FIGURA 12: Isoporgravura, Exposição Coletiva na Galeria Cañizares...... 42

FIGURA 13: Isoporgravura, Exposição Coletiva na Galeria Cañizares...... 43

FIGURA 14: Desenho invertido sendo decalcado....................................... 45

FIGURA 15: Desenho invertido já decalcado.............................................. 45

FIGURA16 : Desenho invertido sendo perfurado...................................... 46

FIGURA 17: Matriz perfurada sendo desenhada........................................ 46

FIGURA 18: Corte Simples......................................................................... 48

FIGURA 19: Corte Duplo..................................................................... 48

FIGURA 20: Corte Rampado.................................................................... 49

FIGURA 21: Efeitos após impressão, Cortes Simples, V, Rampado 49

Page 9: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

FIGURA 22: Gravação com Pirógrafo......................................................... 50

FIGURA 23: Gravação com pincel e Thiner.............................................. 51

FIGURA 24: Limpeza de resíduos............................................................. 52

FIGURA 25: Recorte das bordas da matriz............................................... 53

FIGURA 26: Colando um fundo de papel sob a matriz........................ 53

FIGURA 27: Aplicação de silicone sobre a matriz..................................... 54

FIGURA 28: Rolo maior que a maior dimensão da matriz......................... 55

FIGURA 29: Preparação da “cama”........................................................... 55

FIGURA 30: Misturando vaselina à tinta................................................... 56

FIGURA 31: O tinteiro e a “cama”.............................................................. 57

FIGURA 32: Verificação do entintamento.................................................. 58

FIGURA 33: Prensa vertical, matriz voltada para cima............................. 60

FIGURA 34: Início da prensagem do conjunto – matriz, papel a ser

imprimido e feltro amortecedor.................................................................

60

FIGURA 35: Prensa horizontal – disposição do conjunto a ser prensado –

papel a ser imprimido, matriz voltada para baixo, papel de proteção e

feltro amortecedor.....................................................................................

61

FIGURA 36: Gravura sendo identificada pelo autor................................... 62

Page 10: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 A GRAVURA NA HISTÓRIA DA ARTE ........................................................... 15

2.1 BREVE HISTÓRICO ........................................................................................... 15

2.2 A GRAVURA NO CENÁRIO ARTÍSTICO DA BAHIA ......................................... 16

2.3 A GRAVURA NA CONTEMPORANEIDADE ....................................................... 19

2.4 PONTO PRINCIPAL PARALELAS NO HORIZONTE: SÍNTESE DAS

TENDÊNCIAS DA ARTE ABSTRATA, CUBISTA E EXPRESSIONISTA,

RELIDAS ATRAVÉS DA LINGUAGEM DA GRAVURA. ..................................... 21

2.5 INSTALAÇÃO 3D – DIÁLOGO ENTRE A MATRIZ E A IMPRESSÃO NO

TRIDIMENSIONAL ............................................................................................. 23

3 IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA DA NOVA LINGUAGEM GRAVADA –

ISOPORGRAVURA .......................................................................................... 26

3.1 DIMENSÃO ARTÍSTICA...................................................................................... 26

3.2 DIMENSÃO PEDAGÓGICA – POÉTICAS VISUAIS ........................................... 29

3.2.1 Seminários Avaliativos ..................................................................................... 31

3.2.2 Exposições Coletivas ....................................................................................... 34

3.2.2.1 Fotos das obras da “XXIX Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 1º

Semestre de 2015. (Figuras 001E – 058E) .................................................. 37

3.2.2.2 Fotos das obras da “XXVIII Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 2º

Semestre de 2014. (059E-135E) ................................................................. 38

3.2.2.3 Fotos das obras da “XXVII Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 1º

Semestre de 2014. (Figuras 136E – 214E) .................................................. 39

3.3 DIMENSÃO TECNICA - ISOPORGRAVURA ...................................................... 40

3.3.1 Matriz – Material ............................................................................................... 43

3.3.2 Preparação da Matriz- Dimensionamento e Recorte ........................................ 44

3.3.3 Desenho ...................................................................................................... 44

Page 11: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

3.3.4 Gravação (sulcagem ou rebaixamento) .................................................... 47

3.3.4.1 Gravação por ação mecânica ........................................................................ 47

3.3.4.2 Gravação por ação térmica ........................................................................... 50

3.3.4.3 Gravação por ação química .......................................................................... 51

3.3.5 Entintagem da Matriz .................................................................................. 54

3.3.5.1 Preparação do Tinteiro .................................................................................. 57

3.3.5.2 Transferência e Impregnação da Matriz ........................................................ 57

3.3.6 Impressão da Matriz ....................................................................................... 59

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63

REFERENCIAS ......................................................................................................... 64

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1 INTRODUÇÃO

O mundo está em constante transformação e o território da arte e da gravura

também acompanha e reflete esse movimento, ao assumir um caráter que perpassa

os séculos. A História da Arte vem demonstrando que a evolução da gravura, tem

sido possível pela ousadia de alguns mestres que buscaram novas

experimentações, estabelecendo rupturas na procura por melhores resultados.

Nos anos de 1960 e 1970 sob o comando de Mario Cravo Junior, Hansen

Bahia, Henrique Oswald e Juarez Paraíso, gravadores da Bahia influenciaram as

gerações seguintes de artistas, representando grande mudança na trajetória da arte

da gravura. Isso produziu um cenário expressivo de novas linguagens artísticas e

colocou o Estado, incluindo a Escola de Belas Artes, na vanguarda da pesquisa de

novos materiais e métodos de gravar. Calazans Neto também merece destaque por

utilizar pela primeira vez o compensado como matriz, possibilitando a impressão de

grandes estampas, com características de textura singular.

O ensino da Gravura além de levar o aluno/gravador ao domínio das técnicas

que utilizam o processo em relevo ( a exemplo da xilogravura, linoleogravura, etc.), o

insere no período histórico em que cada técnica surgiu e foi desenvolvida,

possibilitando a reflexão mais ampla sobre os efeitos plásticos decorrentes da

experimentação e criação de arte em materiais alternativos. Esses materiais,

poderão expressar propostas alternativas no âmbito das linguagens artísticas em

função de suas peculiaridades e características - como textura, dureza, peso,

resistência a flexão e compressão etc. – proporcionando, assim, a releitura de temas

aparentemente banalizados pelo cotidiano, agora valorizados com uma poética

própria.

Este estudo tem como base a pesquisa de caráter técnico e artístico

experimental realizada por mim, há mais de 20 anos, ao utilizar, como matriz

geradora de uma nova linguagem para a gravura, o isopor (espuma gerada pela

expansão do poliestireno), que se enquadra, segundo a classificação descrita por

Antônio Grosso, como gravura em relevo. (GROSSO apud FERREIRA; TÁVORA,

1995)

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Quando expressas, essas novas matrizes geram novos conceitos técnicos e

plásticos, os quais sustentam a nova poética do fazer e seu resultado plástico

específico, como nova poética do olhar, propondo assim, novas configurações do

fazer na era contemporânea, bem descrita, no que se refere à busca da expressão

gravada, como “Fazer gravura [...] É uma forma de manipular materiais da natureza

e materiais criados pelo próprio homem em busca de expressão”.(FARJADO,1999)

Como artista e professor/pesquisador desde 1974, docente das disciplinas

Geometria Descritiva e Perspectiva na Faculdade de Arquitetura da Universidade

Federal da Bahia (UFBA), e também como docente na Escola de Belas Artes desde

1982, ministrando as disciplinas de Desenho e Gravura, influenciado pelos mestres

gravadores baianos, a relevância do estudo pode ser avaliada por se tratar de uma

proposta inovadora, na medida que senti a necessidade de ousar na pesquisa de

novos materiais, que possibilitassem a releitura estética de outras linguagens de

gravar.

Nesse sentido, cabe registro, neste estudo, sobre o meu processo de

descoberta do isopor, como matriz para a gravura em relevo, material tão rico em

possibilidades decorrentes da sua textura, tensão superficial e peso específico etc.

O meu primeiro contato, com o material isopor foi na metade da década de 1970,

quando na execução de murais de concreto armado, utilizava esse material para

confecção de formas, e já sentia no seu manuseio que ele facilitava a condução da

minha ideia na forma plástica desejada.

Como gravador, constatei que a riqueza dos efeitos plásticos executados na

matriz de isopor, possibilitava efeitos estéticos diferenciados na gravura. Na

atividade de docente, considerando esses resultados, introduzi no programa da

disciplina Gravura, como Unidade Experimental, juntamente com as outras gravuras

em relevo.

A inquietude, sempre desafia o artista/pesquisador na busca por novos

materiais que deem suporte para a expressão plástica, levando-se em conta o dever

de estimular, enquanto professor/pesquisador os estudantes/gravadores à criação

do novo, estimulando novas experimentações, que resultem em uma nova

linguagem plástica na poética do olhar e na poética do fazer. Os processos e

procedimentos aplicados dão à Isoporgravura, mérito, como novo método de

gravação artística em relevo, que inclui efeitos singulares na linguagem

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contemporânea, ao superar os limites da linguagem artística, explorando as

possibilidades de materiais alternativos e seus efeitos plásticos.

O estudo incorpora referências do conceito e técnica da gravura em relevo,

delimitada pelo tema e suas linguagens artísticas, que descrevem não só o uso de

um novo material como matriz, mas, também, propõe uma reflexão mais apurada,

sobre os efeitos plásticos resultantes dessas novas experimentações, no âmbito das

linguagens artísticas, em sua evolução através da história, quando foram registrados

períodos marcantes que proporcionaram uma nova leitura estética para o objeto

artístico. Em paralelo, aporto a experiência da trajetória profissional desse

pesquisador na Escola de Belas Artes. Na ocasião em estava cursando o Mestrado

em Artes Visuais, na década de 1990, tive oportunidade de experimentar materiais

alternativos para produção de gravuras com matrizes de acetato, placas metálicas e

madeira esculpida por cupins que permitiram alicerçar as bases teórica e prática

desta pesquisa dirigida às experimentações com exploração do processo criativo da

Isoporgravura.

O questionamento pressupõe como encontrar novos materiais que

proporcionem a obtenção de novas formas de expressão plástica, pois é o

comportamento da renovação, do não conformismo à repetição ou mesmice, e do

rompimento de valores estabelecidos pelas academias, registrados pela história da

arte, que impulsionam o artista a antecipar o futuro de outras expressões e

linguagens plásticas.

A técnica da Isoporgravura aproxima o artista/gravador da sua inquietude

criativa, possibilitando o surgimento de uma nova poética aceita pela comunidade

acadêmica e artística, Isso, resulta das infinitas possibilidades técnicas e plásticas

inerentes à essa nova linguagem, dando abertura a novas configurações do fazer

arte hoje.

A pesquisa foi desenvolvida, concebendo um fazer artístico incorporado à

produção do conhecimento, atuando nos ajustes e correções dos processos e

procedimentos próprios da técnica da Isoporgravura, o que possibilitou uma

aplicação controlada e segmentada nas suas fases de elaboração da matriz, como

material alternativo e seus respectivos efeitos plásticos.

Através da prática do artista/professor e pesquisador, ao longo de mais de 20

anos de experimentações com diversos materiais, comprova-se que a Isoporgravura

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é um suporte eficiente e acessível, além de ecologicamente correto, dentro do apelo

da sociedade contemporânea de reutilizar e reciclar material não degradável. Outro

fator que agrega valor ao novo material é ser um produto acessível aos estudantes

da universidade pública, supostamente direcionada para um público carente e de

parcos recursos. Ressalta-se também, a preocupação de contribuir com a

sustentabilidade do planeta, no reaproveitamento de materiais alternativos,

descartados no lixo da sociedade contemporânea.

O ambiente acadêmico é favorável ao desenvolvimento da pesquisa e

experimentação de novas formas de linguagens artísticas e permite o controle das

situações que possam influenciar os diferentes resultados na elaboração dos

trabalhos plásticos, bem como, permite a abordagem das questões teóricas e

poéticas.

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2 A GRAVURA NA HISTÓRIA DA ARTE

2.1 BREVE HISTÓRICO

A história registra o surgimento da gravura em relevo bem antes da era cristã,

quando os egípcios, assírios e caldeus, gravavam moldes (silos), que eram

reproduzidos com materiais mais moles. Itajahy Martins (1987), em Gravura Arte e

Técnicas, comenta:

A gravura pertence a um os capítulos mais notáveis da história do ser humano, que descobriu em cada época o instrumental para dominar os suportes mais adversos. [...] Seguindo sua dança no tempo, cujo inicio remonta à lendária China no período anterior à era cristã, quando foi emprega na estampagem da seda, ela continuou sua trajetória sendo utilizada na impressão tabular, substituindo a iluminura e os livros medievais caligrafados. Continua o autor [...] passando pela imprensa dos tipos móveis, até chegar ao século XX com o aperfeiçoamento dos processos gráficos e a arte independente, presente nos grandes salões e museus. (MARTINS, 1987)

No texto, o autor faz um apanhado cronológico da evolução da gravura quando

descreve os períodos em que é utilizada pelo homem e as mudanças que ocorreram

com vários materiais empregados.

No Ocidente, a história aponta que a imagem impressa e sua reprodução vêm

desde o século XV registrando acontecimentos que permitiram a difusão do

conhecimento científico, cultural, histórico e religioso de cada época. “Assim, desde

sua origem a gravura foi utilizada como veículo para reprodução de imagens, e pela

força do seu impacto visual e social popularizou-se em forma de ilustrações em

livros, imagens religiosas e mapas, assumindo uma função utilitária”. (HAERTEL,

1999)

No Brasil, a técnica foi introduzida através da imprensa régia fundada por Dom

João VI em 1808, e só utilizada como conceito de arte, após a chegada da Missão

Artística Francesa em 1816. Seu reconhecimento, porém, e desenvolvimento como

arte só ocorreria a partir do século XX. Carlos Oswald (1882-1971) deu início a um

trabalho pioneiro da gravura em metal ao dirigir e inaugurar a Oficina de gravura do

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Liceu de Artes e Oficio do Rio de Janeiro com atuação fundamental para esse

reconhecimento, divulgação e disseminação da técnica da calcogravura como arte.

Oswald atuou durante 40 anos como mestre e foi responsável pela formação

de diversos artistas: Poty Lazarotto (1924-1998), Hans Steiner (1910-1974), Darel

Valença Lins (1924), Henrique Carlos Bicalho Oswald, seu filho (1918-1965), e

Orlando DaSilva (1923). O ensino formal da gravura se estendeu por todo país e

nomes como: Oswaldo Goeldi (1895–1961), Raimundo Cela (1890–1954), Lívio

Abramo (1903–1992) e Lasar Segall (1891-1957) entre outros, surgiram e se

destacaram em suas respectivas épocas (DASILVA, 1082).

A partir de 1920, novas técnicas são introduzidas, o linóleo (material usado

como piso desde 1860), passa a ser empregado como matriz para gravura, dando

opção à chamada “matriz recortada”, ou seja, permite que a matriz seja recortada

em partes e entintada separadamente. Artistas como Picasso (1881-1973), Matisse

(1869-1954), Kandinsky (1866-1944), Kirchner (1880-1938), Miró (1893-1983) e

Escher (1898-1972), aderem a esse processo produzindo gravuras de alto valor

estético, sendo a gravura então, reconhecida como obra de arte.

Em 1958, o crítico de arte Ferreira Gullar, reuniu um grupo de importantes

gravadores brasileiros para um “Debate sobre Gravura”, publicado posteriormente

no Jornal do Brasil com Oswald Goeldi (1895-1961), Lívio Abramo, Ligia Pape

(1927-2004), Iberê Camargo (1914-1994), entre outros, que deram depoimentos

justificando e delimitando a arte da gravura, tanto conceitualmente, quanto à sua

práxis. (HAERTEL, 1999)

Assim, através dos tempos a gravura vem sobrevivendo à alguns movimentos

estéticos e hoje mais uma vez, alia-se lado a lado à experimentos da era tecnológica

sem ser sufocada por eles.

2.2 A GRAVURA NO CENÁRIO ARTÍSTICO DA BAHIA

A trajetória da gravura na Bahia é bem sintetizada com maestria lógica por

Juarez Paraíso no titulo, Juarez Paraíso, desenhos e gravuras, 2001, quando além

de citar grandes mestres gravadores, aborda o momento criativo e inovador da

gravura, tanto na Escola de Belas Artes da UFBA, nas Oficinas de Artes em Série do

Page 18: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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Museu de Arte Moderna da Bahia, quanto em centros de produção de gravuras

como: Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA), Galeria Bazart e a Galeria

Convivium entre os anos 1950 e 1980. No texto, Juarez Paraíso (2001), descreve:

O período mais dinâmico e produtivo da gravura baiana, deu-se, até os dias atuais, na década de 60, principalmente motivado pelo desejo dos artistas de praticar novos meios de expressão, pela efervescência criativa reinante, pela criação da Oficina de Gravura por Mendonça Filho, pela existência dos cursos livres e do curso oficial de gravura, pela presença de mestres como Mario Cravo Junior, Hansen e Henrique Oswald e, naturalmente, pela concentração de tantos artistas emergentes, talentosos e predispostos às técnicas da gravura. Das técnicas da gravura, a xilogravura foi a mais empregada pelos gravadores da década de 60, artistas pertencentes à segunda geração de artista modernos da Bahia, principalmente por solicitar novas soluções criativas para a forma e o espaço concebidos e por ser uma técnica não adequada aos efeitos da Arte acadêmico-realista, ainda residual na EBA, tão afeitas ao modelado do ensino acadêmico da pintura a óleo e aos efeitos do desenho realizado com a técnica de ‘fusain’.

De forma especial trago os experimentos de diversos gravadores baianos que

ousaram nas pesquisas de novas formas do fazer arte na contemporaneidade

transformando o universo da gravura produzida no estado da Bahia, uma referência

nacional, incluindo, neste cenário, a Escola de Belas Artes. Como destaques: Mario

Cravo que desde a década de 1940 vem realizando litogravuras, gravuras em metal,

Lenio Braga, com xilogravuras, Yêdamaria com gravuras em metal, José Maria com

xilogravura e Renato da Silveira com serigrafias. A hegemonia da produção de

gravura foi exclusiva da Escola de Belas Artes, durante a década de 1950 até o

advento das Oficinas de Arte em Série, criadas em 1980 por Francisco Liberato, em

convênio com a Fundação Nacional de Arte (FUNARTE), e dirigidas por Juarez

Paraíso até 1988. (PARAISO, 2001)

Em release para a exposição O que é que a gravura tem? o gravador Adalberto

Alves, delimita sobre a fase inicial dos primeiros experimentos:

As primeiras experiências não tradicionais com a gravura no Brasil, ocorreram no final da década de 1960, momento em que os artistas encontraram no uso dessa técnica um meio simples e acessível para a realização de suas obras. A partir de então, além das técnicas tradicionais como a xilogravura, a gravura em metal, e a litografia, os artistas passaram a utilizar, intensamente, outras técnicas, como a serigrafia, a xerografia, o fax e a impressão digital. A gravura tradicional foi se libertando de alguns procedimentos, como a definição de número de série e de tiragem, assinatura, matriz e originalidade. Ainda que esses preceitos sejam bastante utilizados,

Page 19: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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vários artistas optaram por abdicá-los, buscando mais liberdade de criação e experimentação. (ALVES, 2005)

O caráter de inovação empreendido pelos artistas gravadores na Bahia pode

ser ressaltado pelos eventos ocorridos durante a década de 60, reconhecido como

um dos períodos mais produtivos da historia da gravura baiana em especial a

xilogravura, graças ao emprego do compensado e ao uso inadequada da prensa de

água-forte. O compensado foi introduzido pelo Mestre Calazans Neto que com esse

suporte conseguiu resultados significativos devido à sua plasticidade e fácil

manipulação. Com diversas camadas e textura singular, o compensado se

apresenta como um elemento facilitador de precisão no corte, ampliando a

possibilidade de manufaturar xilos com os mais diversos tamanhos. Esse material

permitiu aos artistas escaparem da restrição de trabalhar com pequenas áreas de

madeira de topo. (PARAISO, 2001)

Em relação à formação dos gravadores, Juarez registra que:

(...) Na Bahia, o primeiro curso de Gravura foi dado por Poty Lazarro, em 1950, no Museu do Estado, por iniciativa do seu diretor José Valladares através da Secretaria da Educação. Já na Escola de Belas Artes o primeiro curso foi dado por Mario Cravo Junior, em 1953, um curso de água-forte e água-tinta, freqüentado por Calazans Neto, Juarez Paraiso, Raimundo Aguiar, Newton Silva e, Jaime Hora, foi também bastante importante a vinda de artistas como Goeldi, Marina Caran e Marcelo Grassmann trabalhando e expondo, durante a década de 50, ressaltando-se a vinda de Hansen Bahia, que, já em 1957, publicou o seu álbum xilográfico Flor de São Miguel, com a forte temática da vida das prostitutas.

Trata ainda, Juarez Paraiso dos artistas gravadores, além dos já citados, com

expressão notória, entre eles: Henrique Oswald, José Maria, Helio Oliveira, Sonia

Castro, Leonardo Alencar e Juarez Paraiso, nos anos 1950, seguidas, nos anos

1960 pelos artistas: Emanuel Araujo, Edson da Luz, Gley Melo e Edizio Coelho,

Hilda Oliveira, Duda e Vera Lima, Renato Viana, Marcia Magno e na década de1970

surgem os gravadores, Denize Pitágoras, Terezinha Dumet, Chico Macedo entre

outros.

Page 20: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

19

2.3 A GRAVURA NA CONTEMPORANEIDADE

A aceitação de uma nova linguagem artística como propõe esta pesquisa e o

surgimento de novas linguagens para a gravura, sinalizam que apesar de ser um

processo fascinante, demanda, além de novas configurações técnicas e plásticas, a

necessidade de tenacidade na pesquisa, disciplina, paciência e também na alquimia.

Aspectos como dureza, maciez ou umidade são fatores determinantes para o

resultado da obra, pelas infinitas texturas e possibilidades gráficas proporcionadas

por cada material.

A arte de gravar está impregnada de ações que remetem à nossa arqueologia: esculpir em madeira, pedra, metal; estampar; fixar, marca; assinar. No mundo inteiro são vários os artistas que possuem uma relação afetuosa com a gravura: técnica de gravar sobre superfície cuja característica principal é a multiplicação de imagens. (ALVES, 2005)

Essa multiplicação de imagens é resultado de uma nova poética do fazer e do

olhar do artista na sua busca por novas expressões plásticas. Os gravadores

demonstram paixão pelas sutilezas, que resultam da criação e da impressão. “Do

atrito e da relação do artista com o material nasce um diálogo que advém dessa

relação e aparece no resultado final.” (FAJARDO, 1999)

No cenário contemporâneo brasileiro, algumas técnicas tradicionais permitem o

uso de novos materiais e o acetato como matriz de gravura em côncavo é um dos

procedimentos que vem sendo utilizado em larga escala.

Gravura em côncavo é a operação pela qual um desenho gravado sobre uma superfície, através de processos diretos ou químicos, produz um sulco que, retendo tinta, reproduz mediante impressão a imagem sobre o papel. Esta impressão se processa em prensa calcográfica especial em trabalho inteiramente manual. (MARTINS, 1987)

O procedimento técnico foi descrito pela artista e professora de gravura Marcia

Santos (2003):

O acetato é um material flexível e transparente, porém para gravura em côncavo deve-se utilizar a chapa com alguma espessura para

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20

que esta não rasgue durante a gravação. Sendo assim, optamos por utilizar o acetato reciclado a partir de radiografias, pois, além de não haver custo por ser reciclado, possui uma espessura adequada ao trabalho de gravação. Devido à sensibilidade do material, deve ser manuseado com cautela para que não sofra arranhões ou dobras acidentais durante os processos de gravação e impressão.

O Professor Adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, Sebastião

Gomes Pedrosa (2003), também partiu para experimentações tendo como base

pesquisas iniciadas pelo gravador canadense Keith Howard. Dessa forma, buscou

processos menos tóxicos a partir de 1986. Processos alternativos são necessários,

na medida em que a gravura, especialmente a gravura em metal, apresenta

verdadeiros coquetéis tóxicos.

No contexto contemporâneo mais recente, novos materiais surgiram e hoje

existe um universo experimental em que tanto novos gravadores quanto mestres do

passado investem na busca por novos caminhos que levem a novos resultados,

utilizando um arsenal de novas possibilidades.

Alguns artistas baianos, fazem parte dessas novas experimentações no sentido

de adentrar à arte contemporânea ou mesmo tentar novas linguagens por

inquietude, inconformismo ou até curiosidade, buscam se libertar da linguagem

tradicional. Em março de 2005 durante exposição O que é que a gravura tem?

gravadores baianos, exibem suas novas experimentações:

Em março de 2005, seis artistas aficionados pela gravura, iniciaram um projeto em favor da arte de gravar expondo na Galeria do EBEC. Mestre Duda com suas xilogravuras labirínticas; Adriano Castro através da sua monotipia singular; Chico Macedo pelas xilogravuras quase cirúrgicas; Baldomiro com suas monotipias naturalistas; Mundim apresentando resquícios do processo de impressão em off set e William A. explorando as sobreposições da litografia. Na segunda exposição em maio de 2005, na Galeria do Solar do Ferrão, juntaram-se ao grupo: Eneida Sanches, que busca unir a gravura em metal à tridimensionalidade de estruturas metálicas e Adalberto Alves que experimenta impressões em mimeógrafos. Na exposição ‘O que é que a gravura tem?’ o grupo elege a Galeria Cañiizares como espaço ideal para dar continuidade às suas reflexões em torno da gravura. Para isso, convidou artistas gravadores (alguns supracitados) que se dedicam ou dedicaram-se ao ensino da gravura: Juarez Paraíso, Marcia Magno, Julian Wrobel, Juraci Dorea, Renato Viana e Paulo Guinho. Para esse grupo de artistas, lançar o olhar sobre a gravura significa refletir sobre sua herança histórica e seu potencial em fundir-se com outras linguagens; é estar aberto ao novo sem negar sua tradição; é buscar a conveniência no mesmo

Page 22: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

21

espaço de diversos tipos de imagens. É um não ao determinismo; é uma afirmação do nosso tempo, tão controverso e tão plural. (ALVES, 2005)

Vale ressaltar que no contexto da experimentação, Juarez Paraiso, foi pioneiro

e vem trabalhando com sobreposição de imagens em uma técnica que delimita

como Arte Computacional, por não concordar que seja uma gravura digital e Sante

Scaldaferri, que produz o que chama de Gravuras da Informática, em que mantem

como tema seus ex-votos, agora numa releitura que pode ser considerada mais

universal e contemporânea.

Deve-se direcionar também um olhar mais atento para gravadores baianos

mais jovens, que embora já citados, constituem referência no cenário baiano a

exemplo de Adriano Castro, que enveredou pelo caminho da infogravura urbana,

impressa em papel para outdoor, resistentes à intempéries, na medida em que,

ficam expostas na rua como grafite e que já participou de vários salões

internacionais, inclusive sendo premiado. Evandro Sybine, que ganhou o prêmio

aquisição com a obra “A Benção” na IX Bienal do Recôncavo (2008) e William A.

com gravuras comestíveis, ambos participantes da mesma Bienal.

Esses são processos inovadores recorrentes no mundo todo, haja vista, a

última Bienal Internacional de Gravura Experimental da Romênia (2015), que

apresentou métodos, sinalizando para um futuro que já é presente.

A técnica da gravura é um campo que permite experimentações em diversas

linguagens, ampliando o campo de novas possibilidades de expressão do artista,

assim como vem comprovando a técnica de trabalhar com a Isoporgravura.

2.4 PONTO PRINCIPAL PARALELAS NO HORIZONTE: SÍNTESE DAS TENDÊNCIAS DA ARTE ABSTRATA, CUBISTA E EXPRESSIONISTA, RELIDAS ATRAVÉS DA LINGUAGEM DA GRAVURA.

Ponto Principal Paralelas no Horizonte é o titulo da dissertação, apresentada

por mim, em 1997, ao Curso de Mestrado em Artes Plásticas, da Escola de Belas

Artes - e tem como enfoque a matriz de isopor como proposta de uma linguagem

mais contemporânea para a gravura. Foram muitas matrizes criadas no objetivo de

materializar o conteúdo apresentado no texto.

Page 23: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

22

O estudo buscou fundamentação, no Cubismo e no Expressionismo, duas

linguagens que romperam com o impressionismo, sob o mesmo signo, da vanguarda

rebelde, que reagiu aos valores conceituais da arte desse período. Historicamente,

essas duas correntes artísticas se contrapõem, pelas características artísticas que

conduzem para obra plástica - O drama do homem e a imaginação como ponto de

partida para a base de representação expressionista, e, em um movimento que se

baseia numa visão pictórica do mundo, pela organização naturalística e lógica,

recusando-se a ser cópia da natureza – o Cubismo.

Contudo, ambas, apesar de divergentes, permitiram uma leitura estética com

influência sobre o processo criativo naquela dissertação. Esse processo foi

desenvolvido com base nesses movimentos precursores, traduzidos como proposta,

quanto ao ponto de vista estético, quando adota o abstracionismo, não como um

acidente de cópia, mas, como consideração dos valores formais captados

culturalmente pelo artista para sua representação. O abstracionismo passa, como

expressão específica do conteúdo plástico proposto, pela afirmação da liberdade do

homem. Portanto, admite-se que ele oferece uma emoção estética essencial, cujo

valor para a sensibilidade já não é posto em dúvida.

Ao Investigar o universo temático, essas são duas linhas paralelas, advindas

da mesma raiz rebelde e inovadora, não conseguem uma conciliação clara, pois,

filosoficamente, uma transmitia o espírito do homem, ao passo que a outra, rompia

com as leis físicas da construção formal e reconstruía o mundo logicamente.

A gravura que emergiu desse contexto, resultou na percepção, de uma

produção, com aprimoramento técnico e estético superior, por meio da aplicação de

matrizes de isopor. Sendo assim, o isopor é matéria que considero desde essa

época como um “revolucionário material plástico”, pelo potencial que reúne

possibilidades para uma nova leitura estética da gravura, como arte.

O resultado dessa experimentação agregou novos valores estéticos ao

artista/gravador, bem como, potencializou o espírito de investigação e reflexão

artística. Isso ocorre porque, parte-se do pressuposto de que as gravuras

produzidas, permitiram uma leitura transformadora da realidade, como se fora um

gérmen incentivador de novas pesquisas, vindo a gerar consequentes releituras

estéticas.

Page 24: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

23

2.5 INSTALAÇÃO 3D – DIÁLOGO ENTRE A MATRIZ E A IMPRESSÃO NO

TRIDIMENSIONAL

Instalação em Isoporgravura, apresentada no IX Colóquio Franco Brasileiro, em

2010, na Escola de Belas Artes, tendo por matriz um bloco de isopor medindo, 1250

x 650 x 2950 mm e duas impressões sobre tecido.

O IX Colóquio Franco Brasileiro de Estética foi um espaço que reuniu

acadêmicos em discussões sobre a pesquisa em arte e, em paralelo, apresentou

exposição de obras dos artistas envolvidos.

A obra apresentada por este pesquisador/gravador buscou concretizar um

processo evolutivo, que já vinha ocorrendo e inevitavelmente convergiu para uma

expressão artística contemporânea, isso porque tratar-se de uma proposta arrojada

do campo da experimentação estética, verdadeiro desafio ao se trabalhar com um

“monólito de isopor”, em tamanho monumental (Figura 1). Essa proposta foi possível

pela sequência de resultados anteriores quando se utilizou, em sala de aula, a placa

de isopor de forma recorrente como matriz, reafirmando os efeitos plásticos

diferenciados e resultando em nova leitura estética (Figura 2).

O trabalho significou ousar no processo de criação da obra e romper com os

conceitos tradicionais da gravura, ao estabelecer um novo diálogo entre a matriz e a

Impressão, numa releitura tridimensional quando – a matriz não é mais matriz e a

impressão não é mais impressão – ambas, são elementos plásticos, dialogando

entre si e formando um único corpo artístico (Figura 3).

Foi um processo emocionante o envolvimento que tive ao trabalhar e

retrabalhar com o material. A sensação foi visceral, por estar diante de um processo

de gestação do novo.

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FIGURA 1: Matriz de isopor FIGURA 2: Impressão em tecido

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FIGURA 3: Instalação 3D

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26

3 IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA DA NOVA LINGUAGEM GRAVADA – ISOPORGRAVURA

3.1 DIMENSÃO ARTÍSTICA

Compreender a arte como meio de expressão do homem, de suas percepções

do mundo em que vive e atua é compreendê-la num contexto cultural de uma

realidade construída pelo próprio homem. A transformação de uma realidade natural,

do mundo físico-natural, resulta outro mundo de realidade sociocultural a partir da

ação do homem, em face das suas necessidades e elaborada pela criatividade

sendo este um potencial inerente a todo ser humano. Essa potencialidade de

transformar a partir da criatividade humana resulta em várias expressões valorativas,

incluindo a arte. (OSTROWER, 1997)

Várias ciências procuram estudar a arte como objeto do conhecimento, como

uma representação, ou seja, vista como uma consequência, deixando de considerar

os processos decorrentes da criatividade do homem, seus processos intuitívos e

imaginativos. Se considerarmos a gravura como objeto do conhecimento pode-se

localizar no domínio da Psicologia da Arte, quando várias teorias foram formuladas

em busca dos mecanismos que explicassem ou mensurassem a visualidade

percebida, incluindo a Gestalt que formulou e comprovou teses em respostas às leis

da forma e da percepção, temos também estudos na Sociologia - a arte como objeto

do conhecimento - foi estudada sob o ponto de vista da arte produzida por grupos

sociais os quais sofreram influência e influenciaram na experiência estética.

(CARVALHO,1996)

A natureza da pesquisa em gravura, nas artes visuais em geral, abrange o

processo de criação do artista na elaboração de novas poéticas de novos valores,

pois na arte se cria um mundo singular. De forma diferente a pesquisa em outras

áreas do conhecimento dirige-se para interpretar os fatos, os acontecimentos,

estabelecendo conceitos do mundo real. (REY, 1996)

A Isoporgravura, ao longo da minha experiência como gravador e como

docente, se consolidou como uma nova linguagem com poética própria. Essa nova

linguagem além de novas configurações técnicas e plásticas, permite reflexões de

Page 28: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

27

uma nova poética do fazer e poética do olhar. O verdadeiro artista na sua expressão

plástica é incansável e inquieto na busca por novas formas de fazer arte. Esse valor

que se origina dessa nova poética, interessa ao gravador, não somente a imagem

que surge da imaginação pura, mas, da técnica, da disciplina do material que ao

interagir com o gravador, o provoca, fazendo fluir sua criatividade e imaginação,

muito bem considerada pela professora de estética da Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ), Miriam de Carvalho (1996), quando ressalta: “a leitura poética da

gravura almeja atingir uma poética do fazer e uma poética do olhar”.

A contribuição de Miriam reflete sobre a leitura poética da gravura, a partir de

um modelo diverso do modelo de produzir conhecimento – sujeito cognoscente e

objeto, vistos de forma separada, como segue no geral, o modelo de produção do

conhecimento no contexto ocidental.

[...] O fazer e o olhar não é valorizado. A arte é caracterizada em função daquilo que é dito sobre ela como discurso. No modelo cognoscitivo – a arte como objeto do conhecimento – dirige-se à uma abstração. Sua meta é uma teoria. Tal modelo segue o referido parâmetro ocidental no qual é enfatizada a dualidade do sujeito e do objeto, sob esse ângulo e não se valoriza o imaginário – a imaginação criadora. [...] como objeto do conhecimento - a arte situa-se no plano do inteligível, do entendimento. Exclui a realidade da imaginação, a da imagem poética, a da fruição e a experiência estética. No domínio da objetividade visual, não é relevante a diferença entre pintura e gravura, uma vez que a imagem funciona como mero substituto. [...] a leitura poética da arte advém da experiência estética. A obra tem um universo anímico, solicita participação, age como força imagética. A gravura tem um espaço e um tempo específicos. Eles se revelam no olhar. Na poética do fazer desvelam-se a matéria e a técnica. (CARVALHO, 1996)

A poética da Isoporgravura encontra suporte no conceito de poética de Paul

Valéry, que relaciona a poética com a criação ou composição das obras, em que a

linguagem é, ao mesmo tempo, substância (matéria) e o meio:

[...] A poética compreende, por um lado, o estudo da invenção e da composição, a função do acaso, da reflexão e da imitação; a influência da cultura e do meio, e por outro lado o exame e análise de técnicas, procedimentos, instrumentos, materiais, meios, suportes de ação. (VALÉRY apud REY,1996)

Page 29: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

28

A Isoporgravura enquanto linguagem tem os seus limites, porém, permite, por

suas especificidades textuais e efeitos gráficos, a obtenção de uma riqueza plástica

e consequente valor estético, culminando numa leitura poética diferenciada.

A singularidade da gravura esta compreendida em todo seu labor, assumido

pelo artista/gravador, no processo de execução da gravura: concepção, gravação e

impressão da matriz. Esse processo constitui o suporte técnico para a manifestação

da linguagem e a construção dos processos poéticos na instauração da obra, o que

nos remete ao conceito de poética de Paul Valéry, a poética como um ato de

construção. O poeta de forma pioneira provoca, em 1937, com suas reflexões, uma

ruptura com a visão clássica de poética, resgatando o sentido empregado por

Aristóteles que considera arte um ato de produzir: “Toda arte visa à geração e se

ocupa em inventar e em considerar as maneiras de produzir alguma coisa que tanto

pode ser como não ser, e cuja origem esta no que produz e não no que é

produzido”. (VALÉRY apud REY,1996)

A compreensão da poética a partir do conceito de Valéry, como um ato de

construção na instauração da obra, sob influência da técnica e da linguagem e estas

participando com elementos da construção poética próprio do ato de criação onde

estão presentes elementos da motivação do artista, dos meios técnicos e os

recursos conceituais, o aproxima de Kandisky ao expressar que a obra de arte se

compõe de dois elementos: o interior e o exterior, faz referência que há uma

construção na obra que não exterioriza, as formas que não se ligam no exterior

encontram presença no mundo interior. (REY,1996)

O ato de criação ocorre de forma intuitiva, porque é um processo existencial

que não só contempla apenas pensamentos e emoções do intelecto; a experiência e

a capacidade de estabelecer significados têm origem no mundo interior onde as

emoções permeiam os pensamentos e o intelecto estrutura as emoções, dando

significado, através da capacidade de percepção. (OSTROWER, 1977)

A obra de arte é uma expressão de significados e sentidos, do modo de ver o

mundo, utilizando da linguagem técnica como meio para essa expressão, interessa

ao artista os processos e os elementos que envolvem a poética na construção

desses significados, ampliando a compreensão não só da obra acabada, mas

também a maneira como foi feita.

Page 30: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

29

3.2 DIMENSÃO PEDAGÓGICA – POÉTICAS VISUAIS

No ensino de graduação superior e em especial em arte, o aluno está num

processo de procurar respostas às suas expectativas, de iniciar ou de continuar

trajetórias ou, muitas vezes, de traçar novos caminhos o que é próprio do processo

de aprendizagem do homem. Nesse contexto, no ensino de arte, em especial da

técnica de gravura, o professor deve objetivar que o conteúdo da disciplina interaja

no processo de motivação do aluno na sua habilidade e desenvolvimento da sua

capacidade e que resulte de uma nova forma de sua expressão e reflexão da

realidade.

A dimensão pedagógica tem como enfoque principal no ensino da técnica da

Gravura a construção de poéticas visuais, promovendo o fazer artístico em diversas

linguagens, Ademais, desenvolver, no aluno/gravador a capacidade de interagir com

especificidade nas múltiplas linguagens, a expressão plástica desejada.

A técnica de gravura tendo como matriz o Isopor, constitui um veículo

facilitador dessa expressão plástica por sua especificidade. Esse fato desperta no

aluno, o interesse na sua produção artística em menor tempo, possibilitando maiores

experimentações, na sua produção artística.

Para tanto foram estabelecidos objetivos específicos que nortearam todo o

processo didático na utilização do novo material:

1. Aprofundar os conhecimentos sobre a gravura contemporânea e o uso de

materiais alternativos na elaboração da matriz da gravura, suas técnicas e

procedimentos;

2. Avaliar e documentar as várias intervenções instrumentais no processo de

rebaixamento da matriz de Isopor, identificando os diferentes efeitos

produzidos pelas sulcagens correspondentes, e os resultados após

entintagem e impressão;

3. Avaliar a nova técnica – Isoporgravura -- na perspectiva motivacional do

estudante/gravador na sua prática artística;

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30

4. Analisar a implementação metodológica da Isoporgravura, do ponto de

vista de sua expressão plástica e experiência estética;

5. Aprofundar o estudo das experimentações realizadas sobre as técnicas

convencionais, tais como xilo e linóleo gravuras, para alicerçar os fundamentos

da Isoporgravura;

6. Comprovar a aceitação da aplicação da Isoporgravura no âmbito da

comunidade acadêmica e artística da Escola de Belas Artes/UFBA.

Nesse processo de produção, o aluno desenvolve a sua sensibilidade estética,

a partir da experiência plástica, da relação razão e emoção. A experiência estética

decorre da vontade do artista de se libertar de conceitos pré-estabelecidos, de

censuras impostas, tendo atitude livre que permite a criação.

A experiência como pesquisador me permitiu buscar recursos técnicos

metodológicos, com a finalidade de levar os alunos/gravadores a uma análise

estética e poética da obra produzida, através de reflexões resultantes de um

trabalho de criação.

Um dos recursos metodológicos utilizados nos Seminários Avaliativos é a auto

avaliação crítica de sua obra, tanto no aspecto plástico, quanto no técnico, quando

descreve a realização das etapas: preparação da matriz – sulcagem, entintagem,

impressão, apresentando perante o público os graus de dificuldades enfrentados, os

que foram superados e os não, as surpresas negativas e positivas, os defeitos e os

efeitos técnicos surgidos, bem como relata as motivações que conduziram a escolha

do tema e a reação emocional que experimentou quando da primeira cópia da matriz

impressa. O processo é conduzido de forma que o aluno supere a dificuldade de

falar sobre a sua obra e desenvolva a sua sensibilidade para análise do processo

técnico e poético da linguagem da gravura.

Foram utilizados como recursos – Seminários Avaliativos e Exposições

Coletivas.

Page 32: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

31

3.2.1 Seminários Avaliativos

Os Seminários Avaliativos semestrais constituem o meio mais importante do

processo de solidificação e afirmação da aplicabilidade do isopor, como matriz para

expressão artística da gravura em relevo e sua contemporaneidade. Para validar os

processos e procedimentos técnicos e plásticos empregados, aprofundou-se os

conhecimentos sobre a gravura contemporânea e o uso de material alternativo como

matriz para ser gravada. Os registros das várias intervenções instrumentais no

processo de rebaixamento da matriz de isopor, identificando os diferentes efeitos

para sua sulcagem, constatam que a nova técnica, Isoporgravura, incentiva e motiva

o aluno/gravador para a prática artística, e o enfrentamento de outras técnicas com

labor mais penoso exemplo: xilogravura, linoleogravura etc.

Os Seminários Avaliativos resultaram em respostas favoráveis aos objetivos

que foram previstos na minha trajetória de professor/gravador, de introduzir o ensino

da técnica Isoporgravura ao conteúdo da disciplina Gravura, como assunto

antecessor à linoleogravura e xilogravura, com vistas aos objetivos de:

a) Incentivar o aluno/gravador após preparar e imprimir a matriz de isopor

rapidamente em 3 aulas, gratificando-o com o resultado final, ao

enfrentamento das duas outras técnicas, constante do programa da

disciplina (linoleogravura e Xilogravura), mais penosas e demoradas,

aumentando o interesse em continuar e, consequentemente a permanecer

no curso;

b) Proporcionar ao aluno/gravador, a possibilidade de expor seu trabalho

artístico na “Expogravuras” levando-o ao interesse pelo reconhecimento

público;

c) Possibilitar aos colegas professores/pesquisadores a continuidade e

ampliação da pesquisa da linguagem e técnica do novo material utilizado,

bem como, a inserção desse assunto na disciplina Gravura, por eles

ministrada;

Page 33: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

32

d) Estimular estudantes/gravadores e colegas/pesquisadores a busca

constante de novos materiais e ferramentas que possam enriquecer o

processo construtivo da estética gravada;

e) Buscar na sociedade artística o reconhecimento da nova linguagem gravada

(utilizada e testada) apoiada por lógicas técnicas, teorias plásticas e poéticas

própria;

f) Resgatar o interesse da comunidade artística pela gravura produzida na

EBA, historicamente respeitada como celeiro de inovações expressivas nas

pesquisas em “Gravuras no Brasil”.

Os Seminários Avaliativos, assim como as Exposições Coletivas, propiciam

através de exercícios, a interação e troca de experiências, um processo de análise e

autoanálise da criação, decorrente das experimentações estéticas e leitura poética

(Figuras, 4,5,6,7).

FIGURA 4: Seminário Avaliativo

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FIGURA 5: Seminário Avaliativo

,

FIGURA 6 : Seminário Avaliativo

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FIGURA 7: Seminário Avaliativo

3.2.2 Exposições Coletivas

As exposições coletivas dos trabalhos produzidos sucederam-se associadas

aos cursos de extensão universitária desde o ano 2000, promovidas pelo

Departamento II, da Escola de Belas Artes, resultando em grandes exposições

coletivas dos trabalhos de gravura com matriz de isopor, Isoporgravura, com

expressiva mostra quantitativa de 120 trabalhos de mais de 50 artistas, por

semestre, sob minha curadoria. Nas exposições coletivas são promovidos os

Seminários Avaliativos, com a participação dos artistas produtores das obras, alunos

e professores da disciplina.

A montagem da exposição, Expogravuras, ocorre na mesma sala em que os

alunos produziram os trabalhos, uma sala de 160.00m², composta de armários

prensas, secadores e mesas. Dessa forma, é o ambiente do laboratório de convívio

do gravador com a sua obra, os trabalhos de Isoporgravura são pendurados e

presos por pegadores à fios de nylon, entre as paredes com maior dimensão da

sala, criando então um ambiente propício ao devaneio da poética do olhar (Figuras

8, 9).

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FIGURA 8: Exposição Expogravuras

FIGURA 9: Exposição Expogravuras

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Relação dos participantes das três ultimas Expogravuras, um total de 29

exposições realizadas até o ano de 2015.

Adriana Dias, Andrea Chaves, Camilo Barreto, Carlo Pereira, Everaldo Junior,

Gabriela Maia, Leandro Santos, Mariza Nunes, Saionara Lourenço, Sandoval Silva,

Sidnei Conceição, Stefany Santos, Vinicius Barbosa, Alisson Silva, Barbara Santos,

Biemvenido Filho, Douglas Lima, Iago Virgens, Ikaro Santos, Joanice Oliveira,

Juciara Santos, Marcela Almeida, Milena Santos, Patricia Martins, Tayara Chagas,

Dina Salles, Francisco Gomes, Gabriel Silva, Jose Antonio Campista, Luiz Henrique

de Lima, Marcos Mulert Ribeiro, Nicole Vasconcelos, Qeise da Hora, Rosivalda

Jesus, Vanessa Cordeiro, Brakti, Mateus Almeida, Mariana Netto, Maria Magalhães.

Aline Lima, Caroline Souza, Ingrid Dourado, Ingrid Meneses, Irving Souza,

Maria Coelho, Maryna Junquilho, Mayra Dourado, Rafaela Guimarães, Valdir Junior,

Yanna Pita, Aloisio Nascimento, Amanda Queiroz, Bianca Maciel, Biemvenido Filho,

Carolina Albuquerque, Daniel Onofre, Ellane Meirelles, Evaldo Oliveira, Felipe

Fonseca. Gendley Nascimento, Heidi Couto, Heitor Oliveira, Larissa Lima, Luciana

Alcântara, Luis Santos, Marcos Queiroz, Nadine Santana, Nicole Vasconcelos, Lelo

Mata, Mariano Gonçalves, Dina Salles, Luciana Coluzol, Dandara Santos, Dilma

Araujo, Ivone Santos, Manuela Guerra, Marcia Saievicz, Maria Matos, Maria

Mendes, Nathalee Rocha, Paulo Silva, Pierre Farina, Rebecca Almeida, Vanderlucia

Correia, Virginia Oliveira.

Adriano Albuquerque, Aline Santos, Anne Plerote, Florisvalda Santos, Franciele

Schons, Jociene Santos, Jozias Cedraz, Leonardo Lorenzo, Mabell Silva, Rita

Muniz, Tatiane Machado Valdenice Oliveira e Henrique Sales, Aidil Pinto, Ana Costa,

Andrea Chaves, Andreia Freitas, Anilda Santos, Daniel Onofre, Glaucia Aspera,

Linces Fontes, Magali Souza, Miguel Assunção, Nildemira Soares, Renata Menezes,

Ysmine Modercin, Alexandre Santos, Ana Matos, Cintia Costa, Daniela Santana,

Dilma Araujo, Marcello Filho, Scheila Leal, Tricia Oliveira.

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3.2.2.1 Fotos das obras da “XXIX Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 1º Semestre de 2015. (Figuras 001E – 058E)

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3.2.2.2 Fotos das obras da “XXVIII Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 2º Semestre de 2014. (059E-135E)

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3.2.2.3 Fotos das obras da “XXVII Expogravuras”, Isoporgravuras, realizada no 1º Semestre de 2014. (Figuras 136E – 214E)

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3.3 DIMENSÃO TECNICA - ISOPORGRAVURA

A gravura é uma expressão artística com poética e linguagem plástica própria.

A partir da utilização de técnicas específicas, condizentes com cada material

utilizado pode ser classificada quanto ao modo do tratamento aplicado à matriz e

seu processo de entintagem descrito no livro Oficinas: Gravura, capitulo A gravura

segunda as técnicas: “a partir das técnicas pode-se classificar a gravura em quatro

grandes tipos: em relevo, a entalhe, em plano e a estampilha e classifica como

gravura em relevo a xilogravura, linoleogravura e outras técnicas parecidas.”

(GROSSO apud FAJARDO, 1999)

A gravura é então resultante da ação do artista sobre uma matriz e pela

pressão dessa matriz sobre o suporte. O processo de impressão vem aceitando

desdobramentos e evoluindo no aprimoramento das imagens gráficas e dos

recursos, aumentando sensivelmente a sintaxe em sua reprodução visual

pincipalmente quando se experimenta novos materiais. É fato que, na arte, a técnica

e o ato de criar se integram e estabelecem uma unidade. Imprimir é, portanto, obter

uma forma pelo contato entre duas superfícies, ou entre dois corpos, que permite

tiragens múltiplas. “A imagem impressa (a estampa) revela ao mesmo tempo em que

traduz o que antes existia apenas como possibilidade na matriz.” (POHLMANN,

2008)

Na gravura esse processo sempre resulta em novas poéticas, novas

linguagens de gravar, como bem demonstra a história da gravura em suas distintas

linguagens e seus efeitos estéticos próprios.

A nova técnica de gravar artisticamente em relevo, Isoporgravura, assim

denominada em virtude do material Isopor adotado como matriz e já utilizada há 20

anos como parte do conteúdo programático da disciplina Gravura, oferecida a alunos

de graduação dos cursos da EBA-UFBA, ministrada por este professor/pesquisador,

produziu mais de 2000 mil, trabalhos elaborados por alunos participantes de Cursos

de Extensão e 29 (vinte e nove) exposições coletivas Expogravuras apresentadas ao

público no espaço da Escola de Belas Artes (EBA). (Figuras 10,11)

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FIGURA 10: Exposição Expogravuras

FIGURA 11: Exposição Expogravuras

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Além de curador das exposições referidas iniciadas no ano de 2000, a XXVI

Expogravura de 2013, fez parte do “X Colóquio Internacional Franco Brasileiro de

Estética”, e como palestrante tive oportunidade de apresentar um resumo da técnica

Isoporgravura, com demonstração prática ao público, e seus efeitos plásticos

singulares e expressões poéticas do novo, consequentes das possibilidades

especiais oferecidas pelo material nunca utilizado como matriz de gravuras

artísticas, bem como, duas Expogravuras mostradas na Exposição Coletiva

realizada na Galeria Cañizares, evento que fez parte do Colóquio (Figuras 12, 13).

FIGURA 12: Isoporgravura, Exposição Coletiva na Galeria

Cañizares

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FIGURA 13: Isoporgravura, Exposição Coletiva na Galeria

Cañizares

3.3.1 Matriz – Material

O material utilizado como matriz das gravuras é o Isopor, nome de marca do

poliestireno expandido que tem como sigla internacional (EPS) de acordo com a

Norma Isopor ®”, marca registrada da empresa Knauf Isopor LTDA. O produto foi

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descoberto em 1949, pelos químicos Fritz Stastnej e Karl Buchkolz, nos laboratórios

da Basf, na Alemanha.

O EPS é um plástico celular rígido, resultante da polimerização de estireno em

água possuindo as seguintes características: material plástico em forma de espuma

com micro células fechadas composta basicamente de 2% de poliestireno e 98% de

vazios contendo ar; tem cor branca é inodoro, reciclável não poluente, fisicamente

estável, isolante térmico nas temperaturas de -70º a 80ºc; flexível, fácil de cortar,

leve e durável, a sua resistência à compressão é de 1 a 2 Kg/cm² e pesa entre 13 a

25 Kg/m³, dependendo da densidade, tem dimensões comerciais que vão desde

blocos medindo 1250 x 650 x 2950 mm, a placas medindo 1000 x 500 x 5 mm,

características essas adequadas para servirem como matrizes usadas em prensas

de gravação, tanto as verticais manuais “planas ou platina” quanto a de “tórculo ou

talho doce”.

3.3.2 Preparação da Matriz- Dimensionamento e Recorte

A folha de ISOPOR de 10mm é encontrada no mercado com varias dimensões,

sendo a mais comum de 1000 x 500mm, portanto o artista deverá recortá-la para a

dimensões desejadas. O recorte deve ser feito com auxilio de lâminas de aço e

réguas plásticas ou metálicas.

Na pesquisa realizada as matrizes foram dimensionadas em espessuras de 10

mm, (330x500mm), para melhor aproveitamento da folha padrão encontrada no

mercado (1000 x500mm).

3.3.3 Desenho

O desenho escolhido para ser gravado na matriz deve ser elaborado em papel

translúcido (papel manteiga), possibilitando ao artista no momento da transferência

do desenho para a matriz, ajustes e a reversão da forma, pois a matriz conterá

sempre o desenho invertido em relação ao trabalho final, impresso.

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Essa transferência poderá ser conseguida utilizando-se a face oposta do

papel desenhado, agora colocado sobre a matriz e voltado para o observador,

então estará o desenho invertido entre a matriz e o artista.

Com o auxílio de papel carbono colocado entre a matriz e o papel translúcido,

desenhado e já invertido, deverá o artista pressionar com lápis as linhas básicas e

de referências do desenho, transferindo-o para a matriz, que após retoques e

complementações, estará pronta para ser sulcada (Figuras 14,15).

FIGURA 14: Desenho invertido sendo decalcado.

FIGURA 15: Desenho invertido já decalcado.

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Poderá também transferir o desenho para a matriz, executando pequenos

furos próximos uns dos outros sobre o papel, o qual neste processo não mais

precisará ser translucido, invertendo o desenho sobre a matriz e com auxilio de um

pincel macio, espalhar sobre os furos executados, talco com pigmentos coloridos

ou pó de carvão, em seguida retirar o papel, retocar e complementar o desenho

invertido na matriz, pronta para ser sulcada. (Figura 16, 17)

FIGURA16: Desenho invertido sendo perfurado.

FIGURA 17: Matriz perfurada sendo desenhada.

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3.3.4 Gravação (sulcagem ou rebaixamento)

Na gravação a sulcagem ou rebaixamento consiste na retirada de partes da

superfície plana da matriz criando-se então sulcos rebaixados, os quais não serão

impregnados de tinta no processo de entintagem. Portanto, não aparecerão

cromáticos após a impressão, ficarão com a cor do papel ou suporte de fundo que

recebeu a impressão.

Essa gravação ou retirada de material da superfície plana da matriz, dar-se-á

de três formas distintas: por ação mecânica, térmica ou química.

3.3.4.1 Gravação por ação mecânica

Todo elemento ou instrumento com massa mais densa que o isopor quando

friccionado sobre a superfície plana deste o “agredirá”, tendendo a impor sua

dureza, escavando–o e retirando mecanicamente material do menos denso da

superfície, criando o sulco que definirá o objetivo buscado.

São utilizados materiais e instrumentos para esse fim, sendo eles: o estilete

que é o principal e consiste de uma lâmina afiada capaz de cortes superficiais na

face da matriz, criando sulcos rebaixados que terão características próprias.

Dependendo da ação e modo como forem feitos esses rebaixamentos terão efeitos

diferenciados na impressão.

As ilustrações sequenciadas descrevem as ações executadas pelo gravador, e

os efeitos diferenciados obtidos após impressão, lembrando neste momento do

principio básico do processo de gravura em relevo que é: para que haja sucesso na

impressão da matriz submetida à ação de sulcagem, deverá acontecer intervenções

que retirem o material da matriz, pois o simples corte, não criará o sulco buscado.

Tipos de cortes na matriz de isopor, feitos com o estilete, que é o principal

instrumento utilizado pelo gravador na ação mecânica na Isoporgravura e efeitos

finais após a impressão.

• Corte simples: terá como efeito após a impressão o seu fechamento,

(Figura 18);

• Corte duplo: (com formato em V ou U): terá como efeito arestas bem

definidas e resistirá ao processo de impressão (Figura 19);

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• Corte rampado: terá o efeito de passagem do claro ao escuro (luz e

sombra) com suavidade após a impressão (Figuras 20,21).

FIGURA 18: Corte simples

FIGURA 19: Corte em V

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,

FIGURA 20: Corte rampado

FIGURA 21: Efeitos após impressão, Corte simples, Corte em V e Corte rampado

Além do estilete, outros instrumentos são utilizados para sulcar mecanicamente

a matriz do isopor:( as facas, lixas, vazadores, brocas etc.), sempre observando com

Page 158: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

50

cuidado sua aplicação para não danificar a composição estrutural do isopor,

causando a desagregação do seu aglomerado”

3.3.4.2 Gravação por ação térmica

Vimos que o (EPC), poliestireno expandido, ou seja o Isopor é constituído de

98% do seu volume total de vazios contendo ar, que será liberado com a destruição

da fina película que o aprisiona. A ação da temperatura maior que 80ºC expande o

ar aprisionado forçando a película ao rompimento liberando o ar e

consequentemente, a diminuição do volume inicial, causando o rebaixamento

pretendido. Esse processo quando ocorre pontualmente sobre uma área da

superfície plana do isopor matriz, causa o rebaixamento dessa área onde houve a

ação térmica provocando o sulcamento desejado pelo gravador.

Varias ações, ferramentas e utensílios podem provocar tal reação à superfície

plana da matriz de isopor, causando, assim, o rebaixamento pela ação térmica, são

eles: o pirógrafo (Figura 22), ferro de soldar circuitos eletrônicos, agulhas metálicas

e garfos de cozinha aquecidos em fogões domésticos, ou em velas de cera, bem

como outros utensílios metálicos aquecidos tais como: chaves, tubos, anéis etc, que

são apropriados pelo gravador como elementos formais a integrarem a composição

da sua gravura.

FIGURA 22: Gravação com Pirógrafo

Page 159: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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3.3.4.3 Gravação por ação química

O Isopor quando submetido ao contato com o solvente Thiner ou similar que

tenha na sua composição solventes aromáticos e alinfáticos, álcoois e acetatos,

transforma-se também na forma líquida ou pastosa, reduzindo o volume total da

massa â 2%, ocasionando a perda de volume e atingindo a sulcagem pretendida

pelo gravador. Essa forma de sulcagem com Thiner requer uma disciplina especial,

pois o solvente quando aplicado sobre o Isopor com utilização de pincéis permite

que o gravador não possa mensurar o quantitativo, a não ser de forma empírica,

uma vez que se o quantitativo for maior que se pretendeu, o excedente ficará a

reagir com o Isopor sem o controle do gravador, entretanto, todo esse procedimento

poderá ser controlado quando o artista tiver adquirido por ensaios e erros o domínio

total dessa sulcagem. Vários instrumentos, utensílios, ferramentas e equipamentos

são utilizados para obtenção dos efeitos pretendidos, são eles: pequenos

borrifadores ou pistolas, pincéis, palitos, escovas e outros criados pelo gravador

(Figura 23).

FIGURA 23: Gravação com pincel e Thiner

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Após concluída a sulcagem o gravador deverá proceder a limpeza da matriz e

sua preparação à entintagem a qual deverá se bastante criteriosa, pois a matriz de

Isopor é instável quanto a agregação das “pérolas expandidas”, as quais poderão se

soltar durante o processo de entintagem, prejudicando todo o tinteiro quando irá

contaminá-lo com resíduos soltos, os quais serão transferidos pelo rolo de tintagem

para a próxima rolagem, entretanto para evitar, devemos adotar os seguintes

procedimentos:

1. Escove com “escova espanador” de cerdas macias toda a superfície

trabalhada até que não haja mais resíduos do rebaixamento ou “pérolas

expandidas” soltas; (Figura 24)

FIGURA 24: Limpeza de resíduos

2. Recorte as bordas da matriz buscando enquadrar os vértices do

paralelogramo em ângulos retos (Figura 25). Quando a matriz não tiver que

obedecer a linhas retas e vértices definidos, proteja esse contorno externo

colando um fundo de papel de 60 Kg, para servir de reforço contra a

desagregação da matriz; (Figura 26)

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FIGURA 25: Recorte das bordas da matriz

FIGURA 26: Colando um fundo de papel sob a matriz

3. Borrife a matriz com verniz agregador à base de silicone para proteger da

desagregação das “pérolas expandidas” e manter a flexibilidade da mesma

que deverá no processo de impressão deformar até 20% da sua espessura.

Não deve ser utilizado verniz à base do solvente Thiner, pois interferirão na

composição já sulcada e pronta, pondo em risco a integridade da proposta

do artista. (Figura 27)

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FIGURA 27: Aplicação de silicone sobre a matriz

3.3.5 Entintagem da Matriz

O gravador deve, além da preparação do ambiente de trabalho, checar todo o

equipamento e material a ser utilizado, pois, se houver falha em um desses itens,

todo processo será frustrado em razão da sua interdependência. O ambiente de

trabalho deve estar limpo de poeira e outros resíduos, com todo instrumental e

equipamentos dispostos de forma ao fácil acesso, pois iniciado o processo de

entintagem, o gravador deverá cumprir as etapas até o seu final, pois a sua

interrupção poderá causar prejuízo material e até emocional com a frustração de não

ter atingido o objetivo cronologicamente proposto. Lembrando como é importante no

ambiente de trabalho, os cuidados com a temperatura ambiente e umidade relativa

do ar, pois esses fatores se não adequados prejudicarão tanto o gravador na sua

performance quanto a qualidade dos fluidos empregados no processo, tais como:

tintas, vernizes secantes, solventes etc., o ambiente ideal será aquele controlado

com ar-condicionado. O ambiente de entintagem deve conter além de armários e

duas “mesa tinteiro”, uma pia para limpeza e iluminação adequada.

O instrumental para entintagem das matrizes de isopor é simples: dois rolos

pequenos, um mais mole (silicone) e outro mais duro (borracha); outro maior com

grau de dureza médio, que preferencialmente deverá ter seu tamanho igual ou

superior à maior dimensão da matriz. (Figura 28)

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FIGURA 28: Rolo maior que a maior dimensão da matriz

Também são necessários pequenas pinças e estiletes para periódica limpeza

do tinteiro e rolos, quando da necessidade de retirada de resíduos desagregados da

matriz de isopor, além de duas espátulas – uma para a retirada da tinta da

embalagem original e transferência para o tinteiro e outra que servirá para misturar a

tinta a outros elementos e preparar a “cama” (porção de tinta já espalhada no tinteiro

pronta para ser transferida para a matriz com auxílio do rolo), essa espátula não

deve ser utilizada para retirar tinta da embalagem, pois já estará contaminada com

elementos estranhos à sua composição original, quais sejam: secantes, óleos,

vaselinas, o que prejudicarão a próxima entintagem (Figura 29).

FIGURA 29: Preparação da “cama”

Page 164: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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A tinta utilizada deve ser a tipográfica de boa qualidade, respeitando-se sempre

ao manuseá-la o boletim técnico do fabricante. Para utiliza-la na matriz de Isopor,

com tensão superficial bem elástica, é necessário que essa tinta seja misturada a

um elemento que possa torna-la mais fluida, menos pegajosa, com fins a não

permitir a desagregação dos grânulos compositivos da matriz de isopor, quando do

processo de entintagem. Existem alguns elementos que podem ser misturados à

tinta como a terebintina, óleo de linhaça, etc, porém optamos por vaselina líquida

que não altera a composição original da tinta e a faz fluida suficiente para uma

perfeita entintagem. A relação quantitativa dessa mistura é variável, considerando no

ambiente, a temperatura, o grau de umidade do ar, a oxidação e perda de

viscosidade, portanto é recomendável que se proceda misturando pequenas

quantidades de vaselina líquida à porções de tinta retiradas da embalagem até que

ao se levantar a espátula untada de tinta à 20 cm do tinteiro permaneça escorrendo

um filete da mistura, ligando a espátula ao tinteiro de mais ou menos um milímetro,

essa mistura estará completa, quando forem adicionadas algumas gotas de secante

próprio para a tinta gráfica (Figura 30).

FIGURA 30: Misturando Vaselina à tinta

Page 165: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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3.3.5.1 Preparação do Tinteiro

O tinteiro assim denominado pelo gravador é uma placa metálica, de mármore

ou vidro, plana e lisa. Ele serve para o preparo da tinta, depositando-a da

embalagem original com auxilio de espátula, misturando-a a outros elementos para

mudança conveniente de suas características físico-químicas, também com o auxílio

de outra espátula( para não contaminar a primeira) e agora espalhando-a em várias

direções com auxílio de rolo, até que se obtenha uma fina camada de tinta que será

transferida, com auxilio do rolo, para a matriz; a tinta excedente que permanece

sobre o tinteiro após transferência é denominada pelo gravador como “cama” que

sofrerá oxidação rapidamente e não deverá ser retirada do tinteiro, permanecendo

como base para próxima operação de entintagem. (Figura 31)

FIGURA 31: O tinteiro e a “cama”

3.3.5.2 Transferência e Impregnação da Matriz

Espalhada a tinta no tinteiro com auxílio do rolo maior, que deverá ser

movimentado rolando pelo menos em quatro direções, pode-se obter uma camada

uniforme quanto à sua espessura e assim absorvida pelo rolo, também untado ou

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impregnado com essa camada de tinta, será transferida à matriz que estará sobre

uma superfície lisa e plana. Essa transferência dar-se-á com movimentos de ida e

volta no mesmo sentido, porém, em direção oposta, proporcionando, assim, a

transferência da tinta do rolo para a matriz.

Esse procedimento deverá ser repetido, mudando-se apenas o movimento de

ida e de volta, que será em outro sentido, agora perpendicular ao anterior, porém em

direção oposta; esses movimentos serão repetidos tantas vezes, até que a matriz

esteja completamente entintada; o teste para verificação do entintamento completo

consiste da exposição da matriz a um foco de luz, dirigido em sentido contrário ao

olho do observador formando um ângulo igual ou inferior a 15º com a matriz

entintada; ao constatar um brilho uniforme e constante, a matriz estará pronta para a

impressão, porém, se observar alguma área entintada da matriz sem brilho, estará a

mesma com pouca tinta e deverá ser complementada rolando agora o rolo com

pouca tinta, até que passe a estar uniforme com as outras áreas brilhantes estando

pronta para impressão. (Figura 32)

FIGURA 32: Verificação do entintamento

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3.3.6 Impressão da Matriz

A impressão da matriz dar-se-á sobre qualquer suporte, a critério do gravador,

seja uma superfície plana de papel, tecido, plástico, madeira, cimento, parede,

isopor etc., porém, nos deteremos à superfície de papel utilizada como suporte

nesse estudo. O papel adequado para receber a matriz de isopor poderá ser

qualquer um oferecido no mercado, incluindo papeis reciclados, entretanto, os

papeis mais absorventes são os mais adequados para a impressão.

A impressão com matrizes de isopor poderá ser feita de duas maneiras:

manual ou com utilização de prensas. Quando o gravador optar por impressão

manual, os papéis deverão ser leves em sua gramatura, mas, maleáveis e flexíveis,

pois necessitarão de menor pressão para atingir e captar a tinta da matriz, vez que,

oferecerão menor resistência ao processo de impressão manual. No entanto,

quando o processo escolhido for com a utilização de prensas, os papeis deverão ser

encorpados, com pouca “cola” do tipo mata-borrão. Foram utilizados ao longo da

pesquisa os papéis , ingrés, rivers, canson e fabriano.

Quanto ao procedimento adotado para impressão manual de matrizes de

isopor, o gravador deverá, deitar a matriz numa mesa plana e forrada com o papel

de impressão e, em seguida, deverá ser colocada a matriz devidamente entintada, e

por cima da mesma, uma folha de papel para sua proteção. Com um rolo de

borracha, madeira, ou até um barém, o gravador deverá rolar sobre o conjunto, co

os “rolos”, ou pressioná-lo com o barém, até que haja a transferência da tinta da

matriz para o papel, quando o processo estará concluído e a matriz imprimida. Após

se e identificada, estará pronta a gravura.

Quando o gravador optar pela impressão com o auxílio de prensas em matrizes

de isopor, deverá assim proceder: na prensa vertical, é conveniente ter uma base

resistente (compensado ou duratex) com dimensão superior à matriz, a qual

devidamente entintada e convenientemente enquadrada, estará apoiada nessa

base; o papel para impressão deverá ser disposto sobre a matriz, voltada para cima,

e, sobre esse papel, deverá ser deitado outro papel e ainda sobre este, um feltro

(amortecedor), formando um conjunto pronto para o procedimento da impressão.

(Figuras 33,34)

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FIGURA 33: Prensa vertical, matriz voltada para cima

FIGURA 34: Início da prensagem do conjunto – matriz, papel a ser imprimido e feltro amortecedor

Quando a prensa for horizontal, chamada tórculo ou talho doce o procedimento

para imprimir matrizes de isopor deverá ser o mesmo da impressão em madeira,

porém, com uma inversão de posicionamento do conjunto (papel da impressão e

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matriz entintada) uma vez que o isopor diferentemente da madeira tem tensão

superficial e densidade inferior. Portanto, enquanto, na impressão com matriz de

madeira este conjunto é disposto sobre a placa móvel da prensa, voltado com o

entintamento para cima. Na impressão com matriz de isopor, esta será posicionada

de forma inversa, ou seja, com o entintamento da matriz para baixo. (Figura 35)

FIGURA 35: Prensa horizontal – disposição do conjunto a ser prensado – papel a ser imprimido, matriz voltada para baixo, papel de proteção e feltro amortecedor.

Após imprimidas as cópias das matrizes de isopor, deverá o gravador

inspecioná-las quanto a limpeza técnica e colocá-las para secar em bastidores

especiais e quando secas serão recortadas, segundo o planejamento e devidamente

identificadas com grafites (Figura 36).

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FIGURA 36: Gravura sendo identificada pelo autor

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As várias linguagens da arte constituem os meios que o artista se utiliza para

expressar a sua criatividade a forma de percepção do mundo vivido, neste ponto as

linguagens artísticas existentes se igualam, entretanto as linguagens se diferenciam

em face do contexto que surgiram o que no geral expressam as necessidades da

sociedade, que encontram na capacidade criativa do homem o meio de transformar

de interferir na realidade, abstraindo e revelando novos conceitos e novos caminhos

do que o homem observa.

O trabalho de pesquisa na academia é relativamente novo, entretanto, novas

pesquisas e experimentos surgem sempre, quando se obtêm resultados que

mostram novos caminhos, novas linguagens que permitem a auto expressão e

alteração do ambiente social.

Na pesquisa em artes visuais o artista/pesquisador tem inicialmente um ponto

que quer alcançar, entretanto o caminho que vai ser percorrido até alcançar esse

“ponto de chegada” é cheio de possibilidades que vão direcionando para outras

criações, decorrentes do fazer e das experiências estéticas e plásticas próprio do

processo de criação em arte.

Vimos que os desdobramentos na utilização de novos materiais na elaboração

da gravura e as novas expressões estéticas surgidas ao longo da sua história,

deram autenticidade artística e um lugar para a gravura como obra de arte.

Ao longo da minha experiência como artista gravador e no trabalho acadêmico

no ensino da Gravura na Escola de Belas Artes/UFBA, em duas décadas, a

isoporgravura consolidou como uma linguagem diferenciada para a expressão

artística, no ambiente acadêmico e profissional.

.

Page 172: Aplicabilidade Do Isopor Como Matriz Para Expressão Artística Da

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