Aplicação de Geossintéticos Na Impermeabilização e Selagem de Aterros

  • Upload
    jans13

  • View
    69

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • Universidade de Aveiro

    Ano 2009

    Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Alessandro Fernandes

    da Silva Duarte

    Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao

    e Selagem de Aterros

  • Universidade de Aveiro

    2009

    Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Alessandro Fernandes

    da Silva Duarte

    Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e

    Selagem de Aterros

    dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos

    requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Engenharia do

    Ambiente, realizada sob a orientao cientfica do Prof. Doutor Manuel Arlindo

    Amador de Matos, Professor Auxiliar do Departamento de Ambiente e

    Ordenamento da Universidade de Aveiro.

  • "A preservao do meio ambiente comea com pequenas atitudes

    dirias, que fazem toda a diferena. Uma das mais importantes a

    reciclagem do lixo."

    Natlia Alves

  • o jri

    presidente

    vogal

    vogal

    Professor Doutor Lus Antnio da Cruz Tarelho

    Professor Auxiliar do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

    Professor Doutor Manuel Arlindo Amador de Matos

    Professor Auxiliar do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

    (Orientador)

    Professora Doutora Isabel Maria da Assuno de Marta Oliveira Bentes

    Professora Associada, Departamento de Engenharia, Universidade de Trs-os-Montes e Alto

    Douro

    (Arguente)

  • agradecimentos

    No foi fcil concluir este projecto que propus a mim mesmo mas, apesar de todas as dificuldades inerentes s circunstncias em que foi realizado, penso ter adquirido mais-valias na sua realizao!

    Gostava de agradecer a todos aqueles que me apoiaram durante este tempo, quer tenha sido com colaborao tcnica, terica ou mesmo e s com a sua pacincia!

  • palavras-chave

    Geossintticos, aterro de inertes, aterro de resduos no perigosos,

    aterro de resduos perigosos, geomembrana, geotxtil, bentonite,

    geocomposto bentontico, geocomposto drenante, geogrelha, sistema

    de deteco de fugas, qualidade.

    resumo

    Os aterros controlados que actualmente operam em Portugal

    obedecem a critrios de construo e explorao muito mais restritivos

    que aqueles que deram origem s lixeiras que constituam o modo de

    acondicionamento final dos resduos urbanos na maioria dos

    municpios portugueses.

    Este documento descreve os processos de impermeabilizao e

    selagem de aterros recorrendo ao uso de geossintticos analisando

    passo a passo cada tarefa necessria sua implementao e as

    alternativas existentes actualmente no mercado para cada uma delas.

    As caractersticas tcnicas que tornam fiveis e seguros os referidos

    processos, tanto para o ambiente como para a populao, incluem o

    controlo de qualidade quer dos materiais quer da aplicao tcnica dos

    mesmos e os mtodos utilizados actualmente que reforam a

    segurana destas aplicaes (como sejam os sistemas de deteco de

    fugas).

    Todo o trabalho apresentado fruto da avaliao e acompanhamento

    directo de obras realizadas no mbito dos processos de

    impermeabilizao e selagem de aterros, esperando-se que no final o

    leitor possa ter ficado esclarecido acerca das tcnicas utilizadas

    actualmente para eliminao de resduos em aterro, tendo em vista

    garantir a proteco da sade pblica e do meio ambiente.

  • keywords

    Geosynthetics, inert waste landfill, non-hazardous waste landfill,

    hazardous waste landfill, geomembrane, geotextile, bentonite

    geocomposite bentonite, geocomposite drainage, geogrid,

    leakage detection system, quality.

    abstract

    The controlled landfills currently operating in Portugal meet

    much more restrictive criteria for construction and operation

    than those that led to the laystall that were the way to final

    deposition of waste in most Portuguese municipalities.

    This document describes the process of landfills sealing,

    through the use of geosynthetics, analyzing step by step every

    task necessary for its implementation and the alternatives

    currently on the market.

    The technical characteristics that make these proceedings

    reliable and safe, both to the environment and the population,

    includes quality control of the materials and technical

    application, and the currently used methods to strengthen

    security of these applications (such as the leakage detection

    systems).

    All work submitted is the result of direct monitoring and

    evaluation of works carried out in connection with the sealing of

    landfills, it is expected that in the end the reader may have been

    informed about the techniques currently used for waste disposal

    in landfills, and to ensure the protection of public health and the

    environment.

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro i

    ndice

    ndice .............................................................................................................................................. i

    ndice de figuras............................................................................................................................. v

    ndice de tabelas ........................................................................................................................... ix

    Lista de abreviaturas ...................................................................................................................... x

    Nomenclatura .............................................................................................................................. xii

    1 Introduo .............................................................................................................................1

    1.1 Das lixeiras aos aterros .................................................................................................2

    1.2 Situao nacional actual ................................................................................................4

    1.2.1 Lixeiras encerradas ...................................................................................................4

    1.2.2 Aterros em actividade e capacidades de deposio para resduos urbanos e

    industriais ..............................................................................................................................4

    1.2.3 Perspectiva futura para novos aterros e centrais de valorizao ................................8

    1.3 Legislao em vigor ......................................................................................................9

    1.4 Legislao relativa a aterros ........................................................................................ 16

    1.4.1 Licenciamento da instalao, construo e explorao ............................................ 16

    1.4.2 Preveno e controlo integrados da poluio (PCIP) ............................................... 22

    1.4.3 Classes de aterros .................................................................................................. 23

    1.5 O uso de geossintticos em aterros controlados .......................................................... 24

    1.6 Objectivos e metodologia deste trabalho ..................................................................... 26

    2 Tecnologias de aterro .......................................................................................................... 27

    2.1 Localizao ................................................................................................................. 27

    2.2 Projecto de execuo e de explorao ........................................................................ 27

    2.3 Controlo de emisses .................................................................................................. 28

    2.3.1 Sistema de proteco ambiental passiva ................................................................. 29

    2.3.2 Sistema de proteco ambiental activa.................................................................... 30

    2.4 Requisitos de estabilidade ........................................................................................... 32

    2.5 Equipamentos, instalaes e infra-estruturas de apoio ................................................ 32

    2.6 Acompanhamento e controlo nas fases de explorao e ps-encerramento ................ 33

    2.6.1 Acompanhamento e controlo na fase de explorao ................................................ 33

    2.6.1.1 Manual de explorao ..................................................................................... 33

    2.6.1.2 Relatrios de actividade .................................................................................. 34

    2.6.1.3 Registos ......................................................................................................... 34

    2.6.1.4 Controlo de assentamentos e enchimento ....................................................... 35

    2.6.1.5 Controlo dos lixiviados .................................................................................... 35

    2.6.1.6 Controlo das guas superficiais ...................................................................... 36

    2.6.1.7 Controlo do biogs .......................................................................................... 36

    2.6.1.8 Controlo das guas subterrneas.................................................................... 36

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    ii Departamento de Ambiente e Ordenamento

    2.6.1.9 Outros requisitos............................................................................................. 37

    2.6.2 Fase ps-encerramento .......................................................................................... 38

    2.6.2.1 Condies gerais ............................................................................................ 38

    2.6.2.2 Relatrios ....................................................................................................... 38

    2.6.2.3 Manuteno .................................................................................................... 39

    2.6.2.4 Controlo dos dados meteorolgicos e assentamentos ..................................... 39

    2.6.2.5 Controlo dos lixiviados .................................................................................... 40

    2.6.2.6 Controlo de gases ........................................................................................... 40

    2.6.2.7 Controlo das guas superficiais e subterrneas .............................................. 40

    3 Impermeabilizao de aterros .............................................................................................. 41

    3.1 Geossintticos............................................................................................................. 41

    3.1.1 Sistemas de impermeabilizao .............................................................................. 42

    3.1.2 Equipamentos de apoio instalao e aplicao de geossintticos ......................... 43

    3.2 Geogrelhas ................................................................................................................. 45

    3.2.1 Caractersticas e aplicaes .................................................................................... 45

    3.2.2 Tipos de geogrelhas ................................................................................................ 46

    3.2.3 Instalao de geogrelhas ........................................................................................ 47

    3.3 Georredes e geocompostos drenantes ........................................................................ 51

    3.3.1 Caractersticas da georrede .................................................................................... 52

    3.3.2 Geocomposto drenante ........................................................................................... 53

    3.3.3 Aplicaes dos geossintticos ................................................................................. 54

    3.3.3.1 Drenagem em planos inclinados ..................................................................... 54

    3.3.3.2 Drenagem horizontal....................................................................................... 54

    3.3.3.3 Como proteco ............................................................................................. 55

    3.3.4 Instalao de georredes e geocompostos drenantes ............................................... 55

    3.3.5 Vantagens da utilizao de georredes e de geocompostos drenantes ..................... 56

    3.4 Geotxteis ................................................................................................................... 58

    3.4.1 Tipos de geotxteis ................................................................................................. 58

    3.4.2 Funes e aplicaes dos geotxteis ...................................................................... 59

    3.4.2.1 Proteco ....................................................................................................... 59

    3.4.2.2 Separao ...................................................................................................... 60

    3.4.2.3 Filtragem ........................................................................................................ 61

    3.4.2.4 Drenagem....................................................................................................... 61

    3.4.2.5 Reforo ........................................................................................................... 62

    3.4.3 Instalao dos geotxteis ........................................................................................ 63

    3.5 Geocomposto bentontico ............................................................................................ 64

    3.5.1 Generalidades......................................................................................................... 64

    3.5.2 A bentonite.............................................................................................................. 65

    3.5.2.1 Estado fsico ................................................................................................... 65

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro iii

    3.5.2.2 Tipos de bentonite .......................................................................................... 66

    3.5.2.3 Massa da bentonite......................................................................................... 67

    3.5.3 Caractersticas ........................................................................................................ 67

    3.5.4 Tipos de geocompostos bentonticos ....................................................................... 70

    3.5.4.1 Adesivos ......................................................................................................... 71

    3.5.4.2 Costura ........................................................................................................... 71

    3.5.4.3 Agulhagem ..................................................................................................... 72

    3.5.4.4 Soldadura a quente......................................................................................... 72

    3.5.5 Propriedades relevantes.......................................................................................... 73

    3.5.5.1 Condutividade hidrulica ................................................................................. 73

    3.5.5.2 Resistncia ao corte ....................................................................................... 74

    3.5.5.3 Autocicatrizao ............................................................................................. 74

    3.5.6 Funes e aplicaes dos geocompostos bentonticos ............................................ 74

    3.5.7 Vantagens do uso dos geocompostos bentonticos ................................................. 77

    3.5.8 Instalao dos geocompostos bentonticos .............................................................. 77

    3.6 Geomembrana ............................................................................................................ 79

    3.6.1 Caractersticas ........................................................................................................ 79

    3.6.2 Armazenamento e transporte da geomembrana ...................................................... 81

    3.6.3 Processos de soldadura .......................................................................................... 82

    3.6.3.1 Soldadura dupla .............................................................................................. 83

    3.6.3.2 Soldadura por extruso ................................................................................... 85

    3.6.3.3 Soldadura por mquina de ar quente .............................................................. 87

    3.6.4 Preparao das superfcies que recebero a geomembrana ................................... 89

    3.6.4.1 Superfcie de apoio ......................................................................................... 90

    3.6.4.2 Valas de amarrao/ancoragem ..................................................................... 90

    3.6.5 Instalao da geomembrana ................................................................................... 91

    3.6.5.1 Colocao da geomembrana .......................................................................... 91

    3.6.6 Aplicao da geomembrana .................................................................................... 93

    3.6.6.1 Soldadura por dupla-pista ............................................................................... 94

    3.6.6.2 Soldadura por extruso ................................................................................... 98

    3.6.7 Aplicaes ............................................................................................................ 100

    3.6.7.1 Aterros de resduos perigosos....................................................................... 100

    3.6.7.2 Selagem de aterros....................................................................................... 102

    4 Controlo de qualidade em sistemas de impermeabilizao de aterros ................................ 103

    4.1 Recepo qualitativa em obra ................................................................................... 103

    4.2 Recepo quantitativa em obra ................................................................................. 103

    4.3 Produto no conforme ............................................................................................... 103

    4.4 Aprovisionamento ...................................................................................................... 104

    4.4.1 Geocompostos bentonticos .................................................................................. 104

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    iv Departamento de Ambiente e Ordenamento

    4.4.2 Geotxteis, geocompostos drenantes e geogrelhas............................................... 104

    4.4.3 Geomembrana ...................................................................................................... 105

    4.5 Controlo de qualidade dos geossintticos aplicados .................................................. 105

    4.5.1 Controlo de qualidade da geomembrana (ensaios s soldaduras) ......................... 106

    4.5.1.1 Ensaios de pr-qualificao .......................................................................... 106

    4.5.1.2 Ensaios no-destrutivos ................................................................................ 107

    4.5.1.3 Ensaios destrutivos ....................................................................................... 110

    4.5.2 Mtodo elctrico de deteco de fugas ................................................................. 118

    4.5.2.1 Modo de funcionamento................................................................................ 119

    4.5.2.2 Descrio dos componentes do sistema ....................................................... 121

    4.5.2.3 Deteco de fuga caso prtico ................................................................... 124

    5 Concluses ....................................................................................................................... 127

    Referncias bibliogrficas .......................................................................................................... 129

    Anexo A Exemplo de caractersticas tcnicas de geogrelhas ................................................... 131

    Anexo B Exemplo de caractersticas tcnicas de geocomposto drenante (geotxtil+georrede) 132

    Anexo C Exemplo de caractersticas tcnicas de geotxteis .................................................... 133

    Anexo D Exemplo de caractersticas tcnicas de um geocomposto bentontico ....................... 135

    Anexo E Exemplo de caractersticas tcnicas de uma geomembrana lisa................................ 136

    Anexo F Impresso de qualidade e layout de aplicao ............................................................ 137

    Anexo G Impresso tipo de testes no destrutivos .................................................................... 139

    Anexo H Impresso tipo de testes destrutivos ........................................................................... 140

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro v

    ndice de figuras

    Figura 1.1 Evoluo do nmero de lixeiras activas. .....................................................................4

    Figura 3.1 Mquina retroescavadora: responsvel pelo armazenamento, transporte e apoio

    instalao dos geossintticos. .............................................................................................. 44

    Figura 3.2 Canga: equipamento de suporte dos geossintticos e apoio instalao. ................. 44

    Figura 3.3 Gerador e extenses elctricas: alimentao elctrica dos equipamentos. ................ 44

    Figura 3.4 a) Cortador de lmina curva: para acertos e cortes nos geossintticos e b) Agarra:

    ferramenta utilizada exclusivamente para puxar e colocar a geomembrana no local correcto e

    c) Rebarbadora de discos abrasivos: para preparar a rea a soldar por soldadura por

    extruso. .............................................................................................................................. 44

    Figura 3.5 P e sacos de fibra: para calcar e segurar provisoriamente os geossintticos

    aplicados e escadas de madeira para execuo de soldaduras e segurar provisoriamente os

    geossintticos aplicados em taludes inclinados. ................................................................... 45

    Figura 3.6 Mecanismo do intertravamento geogrelha/solo ou material granular. ........................ 46

    Figura 3.7 Exemplo de geogrelhas simples e geogrelhas acopladas com geotxtil. ................... 47

    Figura 3.8 Aplicao de geogrelhas........................................................................................... 48

    Figura 3.9 Operao de corte da geogrelha. .............................................................................. 49

    Figura 3.10 Reparao de geogrelhas. ...................................................................................... 50

    Figura 3.11 Aplicao de geogrelhas em taludes de grande inclinao em aterro, por cima da

    geomembrana. ..................................................................................................................... 50

    Figura 3.12 Cobertura de geogrelhas em talude de aterro de resduos. ..................................... 51

    Figura 3.13 Exemplo de aplicao de geogrelhas em taludes de grande inclinao e topo de

    aterros. ................................................................................................................................. 51

    Figura 3.14 Georrede. ............................................................................................................... 52

    Figura 3.15 Geocomposto drenante com geotxtil numa e duas faces. ...................................... 53

    Figura 3.16 Drenagem com geossintticos em impermeabilizaes (a) e selagens (b) de aterros.

    ............................................................................................................................................ 55

    Figura 3.17 Aplicao de geocomposto drenante de guas pluviais na selagem de um aterro,

    recorrendo unio dos painis por soldadura das abas suplementares com ar quente. ........ 56

    Figura 3.18 Vantagem do uso de geossintticos em aterros de resduos. .................................. 57

    Figura 3.19 Diferentes tipos de geotxteis: a) geotxtil tecido, b) geotxtil no tecido ligado

    quimicamente, c) geotxtil no tecido ligado termicamente, e c) geotxtil no tecido ligado

    mecanicamente (por agulhagem). ........................................................................................ 58

    Figura 3.20 Principais funes dos geotxteis de modo a cumprirem o seu desempenho. ......... 59

    Figura 3.21 Exemplo de aplicaes de geotxteis com a funo de proteco a geomembranas

    em reservatrios e aterros de resduos. ................................................................................ 60

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    vi Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Figura 3.22 Exemplo de aplicao de geotxtil de filtragem em aterros. .................................... 61

    Figura 3.23 Execuo de valas de drenagem no fundo de um aterro. ........................................ 61

    Figura 3.24 Aplicao de geotxteis com funo de proteco mecnica geomembrana. ....... 63

    Figura 3.25 Aplicao de geotxteis com funo de proteco mecnica e aos raios ultravioletas

    da geomembrana. ................................................................................................................ 64

    Figura 3.26 Aplicao de geotxtil de proteco contra os raios ultravioletas em aterro de

    resduos inertes. ................................................................................................................... 64

    Figura 3.27 Testes de impacto, usando este equipamento, mostra que alguns geocompostos

    bentonticos so mais robustos do que outros. ..................................................................... 69

    Figura 3.28 Argila Bentontica envolvida por dois Geotxteis. .................................................... 71

    Figura 3.29 Argila Bentontica aderida a uma Geomembrana. ................................................... 71

    Figura 3.30 Argila Bentontica ponteada entre dois Geotxteis. ................................................. 72

    Figura 3.31 Argila Bentontica agulhada entre dois Geotxteis. ................................................. 72

    Figura 3.32 Exemplo de um geocomposto bentontico com argila bentontica entre dois

    geotxteis............................................................................................................................. 73

    Figura 3.33 Exemplo de aplicao de geocomposto bentontico em aterro de inertes. ............... 75

    Figura 3.34 Exemplo de aplicao de geocomposto bentontico em sistema composto com uma

    geomembrana na cobertura e em sistema duplo de revestimento de base de clula de

    resduos. .............................................................................................................................. 76

    Figura 3.35 Segurana revelada na evoluo dos sistemas de impermeabilizao em aterros

    desde a utilizao simples de argilas at integrao de geomembranas e geocompostos

    bentonticos. ......................................................................................................................... 77

    Figura 3.36 Sobreposio da bentonite e aplicao de bentonite em p nas juntas. .................. 78

    Figura 3.37 Aplicao de geocompostos bentonticos recorrendo ao auxlio de uma multifunes.

    ............................................................................................................................................ 78

    Figura 3.38 Reparao de geocomposto bentontico. ................................................................ 79

    Figura 3.39 Exemplos de aplicao de geocompostos bentonticos em aterros de resduos (a-d)

    e como proteco geomembrana (d). ................................................................................ 79

    Figura 3.40 Diferentes texturas das geomembranas em PEAD existentes no mercado. ............. 81

    Figura 3.41 Armazenamento adequado da geomembrana......................................................... 82

    Figura 3.42 Transporte adequado e inadequado de geomembranas. ........................................ 82

    Figura 3.43 Representao esquemtica de uma mquina de soldadura dupla (a) e imagem real

    da mesma (b). ...................................................................................................................... 83

    Figura 3.44 Representao esquemtica de uma soldadura dupla com o canal de comprovao de

    estanquicidade. .................................................................................................................... 84

    Figura 3.45 Demonstrao de execuo de soldadura dupla. ...................................................... 85

    Figura 3.46 Representao esquemtica de uma soldadura por extruso. ................................... 86

    Figura 3.47 Representao esquemtica de uma extrusora (a) e imagem real da mesma (b). ... 86

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro vii

    Figura 3.48 Acessrios de uma mquina de soldar de ar quente (a) e imagem real da mesma (b).

    ............................................................................................................................................ 88

    Figura 3.49 Representao esquemtica da vala de amarrao ................................................ 91

    Figura 3.50 Disposio dos painis para taludes com mais de quinze metros. ........................... 92

    Figura 3.51 Disposio dos painis para um talude com menos de quinze metros..................... 92

    Figura 3.52 Exemplo de disposio correcta em curvas e sobreposio de fundo...................... 92

    Figura 3.53 Exemplos de sobreposies horizontais em talude (no recomendvel). ................ 93

    Figura 3.54 Exemplo de sobreposies adequadas (a) e inadequadas (b) na base do aterro..... 93

    Figura 3.55 Soldadura por dupla pista fluxograma da actividade. ............................................ 94

    Figura 3.56 Aplicao de geomembrana recorrendo ao uso de mquina de apoio. .................... 95

    Figura 3.57 Colocao da geomembrana em talude. ................................................................. 95

    Figura 3.58 Colocao da geomembrana na base do aterro. ..................................................... 96

    Figura 3.59 Ajustes da geomembrana para uma soldadura perfeita. .......................................... 96

    Figura 3.60 Soldadura da geomembrana. .................................................................................. 97

    Figura 3.61 Ancoragem provisria da geomembrana. ................................................................ 97

    Figura 3.62 Preparao da geomembrana em zonas de sobreposio das mesmas. ................ 98

    Figura 3.63 Soldadura por extruso fluxograma da actividade. ............................................... 98

    Figura 3.64 Preparao de um remendo a aplicar na geomembrana. ........................................ 99

    Figura 3.65 Colocao do remendo de geomembrana atravs da colagem do mesmo na zona

    danificada............................................................................................................................. 99

    Figura 3.66 Execuo de soldadura por extruso num remendo na geomembrana.................... 99

    Figura 3.67 Exemplo de sistema composto simples, utilizado na impermeabilizao de aterros de

    resduos no perigosos. ..................................................................................................... 101

    Figura 3.68 Exemplo de sistema composto duplo, utilizado na impermeabilizao de aterros de

    resduos perigosos. ............................................................................................................ 101

    Figura 3.69 Exemplo de sistema de selagem em aterro de resduos........................................ 102

    Figura 3.70 Representao esquemtica de uma configurao de impermeabilizao e selagem

    de aterro............................................................................................................................. 102

    Figura 4.1 Ensaio de presso de ar. ........................................................................................ 107

    Figura 4.2 Ensaio de vcuo. .................................................................................................... 108

    Figura 4.3 Esquema do ensaio do fio de cobre. ....................................................................... 109

    Figura 4.4 Ensaio do fio de cobre com escova condutora. ....................................................... 110

    Figura 4.5 Preparao de provetes para ensaios destrutivos. .................................................. 110

    Figura 4.6 Mquina porttil para ensaios destrutivos. .............................................................. 111

    Figura 4.7 Ensaios de resistncia ao arranque e ao corte de soldaduras. ................................ 111

    Figura 4.8 Testes destrutivos geomembrana, arranque e corte. ............................................ 114

    Figura 4.9 Esquema de amostragem. ...................................................................................... 116

    Figura 4.10 Esquema do plano de corte dos provetes. ............................................................ 116

    Figura 4.11 Modo de funcionamento de um sistema de deteco de fugas. ............................. 119

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    viii Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Figura 4.12 Esquema do ensaio com sistema fixo de deteco e localizao de orifcios. ....... 120

    Figura 4.13 Geomembrana com fuga. ..................................................................................... 121

    Figura 4.14 Sensores instalados em sistema simples e duplo de impermeabilizao. .............. 122

    Figura 4.15 Cabos de um sistema de deteco de fugas em impermeabilizao simples e dupla.

    .......................................................................................................................................... 123

    Figura 4.16 Caixas de um sistema elctrico de deteco de fugas. ......................................... 123

    Figura 4.17 Exemplo de uma fuga detectada pelo sistema elctrico de deteco de fugas. ..... 125

    Figura 4.18 Deteco e localizao da fuga atravs do cruzamento de dados do sistema. ...... 125

    Figura 4.19 Reparao da fuga detectada recorrendo a um remendo de geomembrana em

    PEAD e soldadura por extruso.......................................................................................... 126

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro ix

    ndice de tabelas

    Tabela 1.1 Aterros para resduos no perigosos de origem urbana .............................................4

    Tabela 1.2 Aterros para resduos no perigosos de origem industrial ..........................................6

    Tabela 1.3 Aterros para resduos no perigosos de estabelecimentos industriais ........................6

    Tabela 1.4 Aterros para resduos industriais de sectores especficos...........................................7

    Tabela 1.5 Aterros para resduos inertes destinados recuperao paisagstica de pedreiras.....7

    Tabela 1.6 Aterros para resduos perigosos ................................................................................8

    Tabela 1.7 Aterros para resduos perigosos ................................................................................8

    Tabela 1.8 Nmero de aterros e centrais de valorizao orgnica previstos por regies ..............8

    Tabela 2.1 Requisitos mnimos a que os aterros, em funo da correspondente classe, devem

    obedecer (Decreto-Lei n. 183/2009 de 10 de Agosto). ......................................................... 29

    Tabela 2.2 Valores do coeficiente de permeabilidade para as diferentes classes de aterros

    (Decreto-Lei n. 183/2009 de 10 de Agosto). ........................................................................ 30

    Tabela 3.1 Relevncia das propriedades dos geotxteis nas diferentes funes dos mesmos. .. 62

    Tabela 3.2 Caractersticas bsicas das mquinas de soldadura dupla. ...................................... 84

    Tabela 3.3 Caractersticas bsicas das mquinas de ar quente. ................................................ 88

    Tabela 3.4 Valores para a vala de amarrao tendo em conta o comprimento dos taludes (ver

    Figura 3.49). ......................................................................................................................... 91

    Tabela 4.1 Gama de presses para geomembranas de PEAD lisas e texturadas. ................... 108

    Tabela 4.2 Tipo de rotura das soldaduras por termofuso e por extruso (baseado na norma

    ASTM D 6392). .................................................................................................................. 112

    Tabela 4.3 Critrios de aceitao/rejeio para soldaduras de geomembrana em aterro de

    resduos. ............................................................................................................................ 114

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    x Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Lista de abreviaturas

    AIA Avaliao de Impacte Ambiental

    APA Agncia Portuguesa do Ambiente

    ARH Administrao de Regio Hidrogrfica

    CCDR Comisses de Coordenao e Desenvolvimento Regional

    CIRVER Centros Integrados de Recuperao, Valorizao e Eliminao de

    Resduos Perigosos

    CPE Polietileno Clorado

    DIA Declarao de Impacte Ambiental

    ECB Copolmero de Etileno com Betume

    ENRRUBDA Estratgia Nacional para a Reduo dos Resduos Urbanos

    Biodegradveis

    GRI Geosynthetic Research Institute

    HDPE Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

    LDPE Polietileno de Baixa Densidade (PEBD)

    LLDPE Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL)

    MTD Melhores Tecnologias Disponveis

    OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    PA Poliamida

    PCIP Preveno e Controlo Integrados da Poluio

    PE Polietileno

    PERSU Plano Estratgico para os Resduos Slidos Urbanos

    PESGRI Plano Estratgico de Gesto de Resduos Industriais

    PET Poliester (Polietileno tereftalato)

    PIRSUE Plano de Interveno de Resduos Slidos Urbanos e Equiparados

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro xi

    PNAC Plano Nacional para as Alteraes Climticas

    PNAPRI Plano Nacional de Preveno de Resduos Industriais

    PP Polipropileno

    PS Poliestireno

    PVC Cloreto de Polivinilo

    RIB Resduos Industriais Banais

    RIP Resduos Industriais Perigosos

    RSU Resduos Slidos Urbanos

    RU Resduos Urbanos

    RUB Resduos Urbanos Biodegradveis

    SIRAPA Sistema Integrado da Agncia Portuguesa do Ambiente

    SIRER Sistema Integrado de Registo Electrnico de Resduos

    U.V. Ultra-violeta

    UE Unio Europeia

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    xii Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Nomenclatura

    K Coeficiente de permeabilidade [m/s]

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 1

    1 INTRODUO

    Em pleno sculo XXI o tema da produo de resduos uma realidade que continua a

    constituir um desafio, no s ambiental, mas econmico e social, escala global. A

    produo de resduos responsvel por inmeros impactes no ambiente, relacionados

    principalmente com a poluio do ar e das guas superficiais e subterrneas, pelo que

    uma poltica eficaz de gesto de resduos contribuir para a promoo da sade pblica e

    qualidade do ambiente, preservando os recursos naturais.

    De acordo com a Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    (OCDE), entre 1995 e 2006 a produo de resduos aumentou 15 %, e as estimativas

    avanadas por esta organizao apontam para que em 2030 a produo de resduos

    possa ser 38 % superior aos nveis de 1995 (OECD Environmental Outlook to 2030).

    necessrio inverter esta tendncia, pelo que a problemtica da preveno da produo

    e gesto de resduos tem vindo a ser prioritria na agenda poltica nacional, comunitria e

    internacional. Ao nvel comunitrio, a gesto de resduos tem constitudo uma das

    prioridades da poltica ambiental nas ltimas dcadas, apresentando importantes

    desenvolvimentos. Actualmente, esta poltica na Unio Europeia (UE) baseada no

    conceito da hierarquia de gesto de resduos.

    Nas dcadas de 70 e 80, os sistemas de gesto de resduos preocupavam-se

    principalmente com o controlo das emisses para o ar e para a gua. Actualmente as

    preocupaes esto mais centradas na aplicao do life cycle thinking gesto de

    resduos, sendo dado um maior nfase avaliao dos impactes ambientais da produo

    e gesto de resduos ao longo de todo o ciclo de vida dos recursos.

    Uma gesto adequada de resduos comea pela preveno no pressuposto de que o

    que no produzido no necessita de ser gerido. Assim, a preveno, reflectida quer na

    minimizao da produo de resduos, quer na diminuio da sua perigosidade, deve

    adquirir a mxima prioridade em qualquer plano de gesto de resduos. De acordo com

    as actuais polticas da UE, a eliminao de resduos em aterro ou atravs de incinerao,

    deve ser a ltima opo a tomar, uma vez que um dos principais objectivos da Directiva-

    quadro sobre resduos recentemente aprovada (Directiva 2008/98/CE do Parlamento

    Europeu e do Conselho de 19 de Novembro de 2008) o de aproximar a UE de uma

    sociedade da reciclagem, procurando evitar a sua produo, incentivando a valorizao

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    2 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    dos resduos e a utilizao dos materiais resultantes da valorizao, a fim de preservar os

    recursos naturais.

    1.1 DAS LIXEIRAS AOS ATERROS

    A responsabilidade pela gesto dos resduos urbanos dos municpios onde ocorrem.

    Apesar disto, a existncia de infra-estruturas de recolha tem uma expresso nacional a

    partir da dcada de 70. Alguns contentores de armazenamento de lixo eram colocados

    em vrios pontos do concelho, geralmente nos lugares com maior populao ou nos

    stios onde existia comrcio mais intenso ou indstrias mais relevantes. Periodicamente

    um camio de lixo (muitas vezes, um simples camio de caixa aberta) recolhia os

    contentores ou o seu contedo, e levava-o para a lixeira.

    Estas lixeiras eram geralmente terrenos baldios, localizados fora das povoaes e

    relativamente afastados de aglomerados populacionais ou de habitaes isoladas. A

    seleco deste terreno era essencialmente o resultado da procura de um local que

    estivesse disponvel e que se encontrasse por um lado, relativamente perto do centro de

    gravidade das povoaes principais e, por outro, suficientemente afastado para no

    afectar as populaes com os cheiros exalados.

    Por vezes, o terreno permanecia propriedade privada e a autarquia pagava uma renda

    mensal pela sua ocupao, mas mais frequentemente eram parcelas adquiridas pelo

    municpio. O lixo para ali transportado era depositado superfcie do terreno, exalando

    um cheiro pestilento e constituindo alimento para um conjunto de espcies faunsticas

    oportunistas, conhecidas como vectores (ratos, insectos, aves).

    Muitas vezes, recorria-se a equipamentos de terraplanagem para dispor os resduos de

    uma forma mais adequada, para os arrumar por locais ou por tipo de material. Embora

    sempre condenvel, em pequenos municpios este tipo de acondicionamento era tolerado

    porque o volume de resduos era relativamente reduzido. Em mdios e grandes

    aglomerados populacionais esta situao era insustentvel. A deposio de lixos

    superfcie representava um atentado ambiental constituindo geralmente um foco de

    poluio e de contaminao dos terrenos e dos aquferos.

    Ocorriam fenmenos de combusto espontnea e mesmo exploses em algumas

    lixeiras, e em pocas invernosas, a gua das chuvas encharcava os locais, misturava-se

    com os resduos e produzia lixiviados que escorriam pela superfcie do terreno

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 3

    contaminando culturas e as linhas de gua, ou ento infiltravam-se levando a sua carga

    poluente para os solos e para os aquferos.

    Numa fase mais recente (que talvez se possa reportar h cerca de duas dezenas de

    anos) as populaes foram sendo sensibilizadas para os problemas que semelhantes

    prticas representavam para o meio ambiente e os municpios adoptaram solues mais

    consentneas com os desenvolvimentos tecnolgicos que estavam em curso em pases

    mais desenvolvidos. Nuns casos, o lixo era simplesmente recoberto com solos do local,

    noutros havia a prtica de misturar os lixos com solos, noutros ainda ensaiaram-se os

    primeiros aterros sanitrios com clulas de resduos, embora os elementos de proteco

    (camadas impermeabilizantes e camadas drenantes) no fossem objecto de qualquer

    dimensionamento ou de estabelecimento de critrios bem definidos e compatveis com o

    tipo de terreno em presena e o tipo de resduo acondicionado.

    Estas lixeiras foram muitas vezes apelidadas de aterros sanitrios e embora

    geralmente menos agressivas do que a simples deposio de lixos superfcie de

    terrenos, representavam ainda focos de poluio que afectavam solos e aquferos

    (Paulino Pereira, J. & Nunes da Costa, C., 1995).

    Mais recentemente, desde h cerca de uma dezena de anos, foi possvel sensibilizar os

    dirigentes autrquicos para a problemtica dos resduos slidos urbanos, tentando

    integr-los numa anlise abrangente e racional. O Plano Estratgico de Resduos Slidos

    Urbanos (PERSU I), publicado em Novembro de 1996, constituiu um modo de analisar o

    problema existente em termos regionais, agregando as autarquias entre si e fomentando

    o apoio estatal para o arranque dos designados aterros sanitrios, com projectos e

    construes conformes os parmetros adoptados a nvel europeu e americano.

    Esta poltica assentou essencialmente em duas vertentes: assegurar o tratamento e a

    reciclagem dos resduos urbanos; procurar educar as populaes, integrando-as numa

    poltica de gesto global de resduos.

    Relativamente aos resduos industriais, a importncia crescente da sua gesto no

    desenvolvimento harmonioso de uma sociedade moderna tem vindo a fazer-se sentir

    cada vez com mais acuidade no nosso pas.

    A estratgia nacional e comunitria no que respeita aos resduos em geral e em especial

    aos resduos industriais aponta para o desenvolvimento sustentvel, ou seja, a gesto de

    resduos deve proporcionar uma elevada proteco do ambiente sem que isso afecte o

    desenvolvimento social e industrial.

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    4 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    1.2 SITUAO NACIONAL ACTUAL

    1.2.1 LIXEIRAS ENCERRADAS

    A figura seguinte representa a evoluo do nmero de lixeiras municipais existentes em

    Portugal, desde 1996, encontrando-se actualmente, e desde 2002, todas as lixeiras

    municipais encerradas. A partir desse ano, passou-se a fazer a deposio dos resduos

    em aterros sanitrios projectados, construdos e explorados de acordo com a legislao

    em vigor.

    Figura 1.1 Evoluo do nmero de lixeiras activas (MAOTDR, 2007).

    Destas, 96 encontram-se na regio Norte, 83 na regio Centro, 50 na regio de Lisboa e

    Vale do Tejo, 92 na regio do Alentejo e 20 na regio do Algarve.

    1.2.2 ATERROS EM ACTIVIDADE E CAPACIDADES DE DEPOSIO PARA RESDUOS

    URBANOS E INDUSTRIAIS

    1) Aterros para resduos no perigosos de origem urbana

    Tabela 1.1 Aterros para resduos no perigosos de origem urbana

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    REGIO NORTE

    VALORMINHO Valena 36.434

    RESULIMA Viana do Castelo 128.667

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 5

    BRAVAL Pvoa de Lanhoso 105.339

    Amave Gona (Guimares) 183.916

    Lipor Maia 522.489

    Ambisousa Penafiel 63.854

    Ambisousa Lustosa (Lousada) 60.936

    SULDOURO Gaia 182.485

    RESAT Boticas 39.232

    Resduos do Nordeste, EIM Mirandela 58.730

    REBAT Celorico de Basto 53.839

    RESIDOURO Lamego 36.312

    EMAR gua e Resduos de Vila Real, E.M. Vila Real 20.679

    REGIO CENTRO

    VALORLIS Leiria 122.342

    ERSUC Aveiro 189.560

    ERSUC Coimbra 127.866

    ERSUC Figueira da Foz 58.516

    GUAS DO ZZERE E CA/Sector Resduos Fundo 77.867

    AM Raia-Pinhal Castelo Branco 42.073

    Aterro Sanitrio do Planalto Beiro Tondela 127.750

    REGIO LISBOA E VALE DO TEJO

    RESIOESTE Cadaval 197.652

    Ecolezria Almeirim 63.721

    Resitejo Chamusca 92.514

    VALORSUL Mato da Cruz 547.632

    AMARSUL Palmela 297.668

    AMARSUL Seixal 353.684

    REGIO ALENTEJO

    Gesamb vora 87.414

    Ambilital Santiago do Cacm 64.962

    Amcal Cuba 14.566

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    6 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    VALNOR Avis 10.262

    VALNOR Abrantes 71.398

    RESIALENTEJO Beja 51.932

    REGIO ALGARVE

    ALGAR Aterro do Barlavento Algarvio Portimo 152.261

    ALGAR Aterro do Sotavento Loul 134.634

    2) Aterros para resduos no perigosos de origem industrial

    Tabela 1.2 Aterros para resduos no perigosos de origem industrial

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    Aterro da RESILEI Tratamento de Resduos Industriais, S.A. Leiria 25.000

    RIMA Resduos Industriais e Meio Ambiente, S.A. Lustosa 41.176

    Aterro de Resduos No Perigosos de Castelo Branco Castelo Branco 25.000

    RIBTEJO Aterro de Resduos No Perigosos da Chamusca Chamusca 25.000

    ProRESI Aterro de Resduos No Perigosos de Alenquer CME guas, S.A.

    Alenquer 50.000

    Aterro do CITRI Centro Integrado de Tratamento de Resduos Industriais

    Setbal 60.000

    Aterro de Resduos No Perigosos de Beja Beja 16.000

    VALOR-RIB Indstria de Resduos, Lda. Vila Nova de Famalico

    125.450

    3) Aterros para resduos no perigosos de estabelecimentos industriais

    Tabela 1.3 Aterros para resduos no perigosos de estabelecimentos industriais

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    PORTUCEL, Empresa Produtora de Pasta de Papel, S.A. Viana -

    SOPORCEL Figueira da Foz -

    PORTUCEL, Empresa Produtora de Pasta de Papel, S.A. Cacia -

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 7

    CELBI Celulose Beira Industrial, S.A. Figueira da Foz -

    RENOVA, Fbrica de Papel do Almonda, Lda. Torres Novas -

    PORTUCEL, Empresa Produtora de Pasta de Papel, S.A. Setbal -

    Central Termoelctrica de Sines Sines -

    4) Aterros para resduos industriais de sectores especficos

    Tabela 1.4 Aterros para resduos industriais de sectores especficos

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    EMAFEL, EM Empresa Pblica Municipal de Ambiente de Felgueiras

    Felgueiras 6.922

    5) Aterros para resduos Inertes destinados recuperao paisagstica de

    pedreiras

    Tabela 1.5 Aterros para resduos inertes destinados recuperao paisagstica de pedreiras

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    SOLUSEL, Sociedade Lusitana de Obras e Empreitadas, Lda. Vila Nova de

    Gaia -

    Central de Britagem ADIFER, S.A. Vila Real -

    CIVOPAL Sociedade de Construes e Obras Pblicas Aliana, S.A.

    Vila Nova de Gaia

    -

    Alberto Couto Alves, S.A. Aterro para resduos inertes Fafe -

    J. Batista Carvalho, Lda. Portunhos -

    Soarvamil Sociedade de Areias de Vale de Milhaos, Lda. Corroios -

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    8 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    6) Aterros para resduos inertes

    Tabela 1.6 Aterros para resduos inertes

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    VALNOR Aterro de Resduos Inertes Campo Maior -

    VALNOR Aterro de Resduos Inertes Ponte de Sr -

    7) Aterros para resduos perigosos

    Tabela 1.7 Aterros para resduos perigosos

    Designao Localizao

    Capacidade

    (t/ano)

    CIRVER ECODEAL Chamusca 116.387

    CIRVER SISAV Chamusca 150.000

    1.2.3 PERSPECTIVA FUTURA PARA NOVOS ATERROS E CENTRAIS DE VALORIZAO

    Tabela 1.8 Nmero de aterros e centrais de valorizao orgnica previstos por regies

    Designao Localizao Data Prevista

    REGIO NORTE

    VALORMINHO Aterro RSU Vila Nova de Cerveira 2010

    RESULIMA Aterro RSU Barcelos -

    BRAVAL Central de Valorizao Orgnica Pvoa de Lanhoso -

    Amave Aterro RSU Fafe 2012

    Lipor Laundos 2010

    SULDOURO Central de Valorizao Orgnica Sermonde 2010

    RESAT Central de Valorizao Orgnica Boticas 2011

    Resduos do Nordeste, EIM Central de Valorizao Orgnica

    Mirandela 2011

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 9

    REGIO CENTRO

    VALORLIS Central de Valorizao Orgnica Leiria 2009

    ERSUC Central de Valorizao Orgnica + Aterro RSU Aveiro -

    ERSUC Central de Valorizao Orgnica + Aterro RSU Coimbra -

    Aterro Sanitrio do Planalto Beiro Central de Valorizao Orgnica

    Tondela 2009

    REGIO LISBOA E VALE DO TEJO

    Resitejo Central de Valorizao Orgnica Chamusca 2010

    AMTRES Central de Valorizao Orgnica + Aterro RSU Mafra 2010

    AMARSUL Central de Valorizao Orgnica Seixal 2010

    REGIO ALENTEJO

    Gesamb Central de Valorizao Orgnica vora -

    Ambilital Central de Valorizao Orgnica Santiago do Cacm 2010

    REGIO ALGARVE

    ALGAR Central de Valorizao Orgnica S. Brs de Alportel 2010

    1.3 LEGISLAO EM VIGOR

    A consciencializao da necessidade de preservar a sade pblica, qualidade do meio

    ambiente e de proteger os solos e recursos hdricos, tm implicado nos ltimos anos uma

    grande revoluo na legislao ambiental sobre a gesto de resduos. Em Portugal tm-

    se registado progressos considerveis neste domnio nas ltimas dcadas, resultantes da

    implementao e aplicao de instrumentos legais, de planeamento e econmico-

    financeiros.

    O Plano Estratgico para os Resduos Slidos Urbanos (PERSU I), aprovado em 1997 e

    reeditado em 1999, configurou-se como um instrumento de planeamento de referncia na

    rea dos resduos urbanos (RU). Este Plano definiu, designadamente, metas

    quantificadas, de curto, mdio e longo prazo, de reduo da produo de RU, reciclagem

    multimaterial, valorizao orgnica, incinerao com recuperao de energia e deposio

    em aterro. O balano do PERSU I foi, de uma forma global, positivo com o encerramento

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    10 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    das lixeiras, a criao de sistemas multimunicipais e intermunicipais de gesto de RSU

    (sistemas plurimunicipais), a construo de infra-estruturas de valorizao e eliminao e

    a criao de sistemas de recolha selectiva multimaterial. O PERSU forneceu ainda linhas

    de orientao geral para a criao dos fluxos especiais de gesto, abrindo caminho

    criao de legislao especfica e constituio e licenciamento das respectivas

    entidades gestoras.

    No obstante o considervel nvel de estruturao e regulamentao do sector, vrias

    foram as razes que aconselharam uma reviso do PERSU, nomeadamente:

    1) As evolues ao nvel da poltica comunitria de resduos, em particular as

    decorrentes da Estratgia Temtica de Preveno e Reciclagem de Resduos e

    da Estratgia Temtica sobre a Utilizao Sustentvel dos Recursos Naturais,

    emanadas do 6. Programa Comunitrio de Aco em Matria de Ambiente, bem

    como a reviso em curso da Directiva n. 75/442/CE, de 15 de Julho, relativa aos

    resduos, entretanto codificada pela Directiva n. 2006/12/CE, de 5 de Abril;

    2) O Regime Geral da Gesto dos Resduos, aprovado pelo Decreto-Lei

    n. 178/2006, de 5 de Setembro, que, para alm de determinar a necessidade de

    um plano especfico de gesto de resduos urbanos, veio introduzir alteraes

    significativas no enquadramento legal do sector, por via da simplificao de

    procedimentos administrativos de licenciamento, da disponibilizao, em suporte

    electrnico, de um mecanismo uniforme de registo e acesso a dados sobre os

    resduos e da constituio um novo regime econmico-financeiro da gesto dos

    resduos, com o estabelecimento de taxas de gesto de resduos e a definio do

    enquadramento e princpios orientadores para a criao de um mercado

    organizado de resduos;

    3) A percepo da necessidade de uma reflexo sobre a estratgia a adoptar tendo

    em vista o cumprimento dos objectivos comunitrios de desvio de resduos

    urbanos biodegradveis de aterro e, por conseguinte, sobre alguns dos princpios

    consignados na Estratgia Nacional para o Desvio de Resduos Urbanos

    Biodegradveis de Aterro (ENRRUBDA) aprovada em 2003, na sequncia da

    Directiva n. 1999/31/CE, do Conselho, de 26 de Abril, relativa deposio em

    aterro, transposta pelo Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio;

    4) A necessidade de assegurar o cumprimento dos objectivos de reciclagem e

    valorizao, decorrentes das Directivas n. 94/62/CE, de 20 de Dezembro, e

    2004/12/CE, de 11 de Fevereiro, relativas gesto de embalagens e resduos de

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 11

    embalagens, transpostas para ordem jurdica interna pelos Decretos-Lei n. 366-

    A/97, de 20 de Dezembro, 162/2000, de 27 de Julho, e 92/2006, de 25 de Maio;

    5) A importncia de uma poltica de resduos slidos urbanos ajustada aos

    compromissos de reduo das emisses de gases com efeito de estufa

    assumidos no mbito do Protocolo de Quioto e concretizadas no Plano Nacional

    para as Alteraes Climticas (PNAC), aprovado pela Resoluo do Conselho de

    Ministros n. 104/2006, de 23 de Agosto;

    6) A necessidade de articulao com outros documentos de orientao estratgica

    aprovados pelo Governo que eram relevantes para o enquadramento da poltica

    especfica para os resduos slidos urbanos, nomeadamente a Estratgia

    Nacional para o Desenvolvimento Sustentvel, aprovada no Conselho de

    Ministros de 28 de Dezembro de 2006, a proposta Assembleia da Repblica do

    Programa Nacional da Poltica de Ordenamento do Territrio, aprovada no mesmo

    Conselho de Ministros, o Programa Nacional de Aco para o Crescimento e

    Emprego (Estratgia de Lisboa), aprovado pela Resoluo do Conselho de

    Ministros n. 83/2005, de 20 de Outubro, e o Plano Tecnolgico, aprovado pela

    Resoluo do Conselho de Ministros n. 190/2005, de 16 de Dezembro;

    E ainda o novo ciclo de fundos comunitrios, relativo ao perodo de 2007-2013,

    consubstanciado no quadro de referncia estratgico nacional

    Publicado atravs da Portaria n. 187/2007, de 12 de Fevereiro, o PERSU II rev o

    PERSU I e constitui o novo referencial para o perodo de 2007 a 2016, apontando a

    estratgia, definindo as prioridades e estabelecendo as metas para este horizonte em

    matria de gesto de RU. Este Plano consubstanciou igualmente a reviso das

    estratgias consignadas na Estratgia Nacional para a Reduo dos Resduos Urbanos

    Biodegradveis (RUB) destinados aos Aterros1 (ENRRUBDA) (2003) e no Plano de

    Interveno de Resduos Slidos Urbanos e Equiparados2 (PIRSUE) (2006).

    Na elaborao do PERSU II foi tido em considerao o quadro legal comunitrio e

    nacional descrito em cima, nomeadamente o Regime Geral da Gesto dos Resduos

    1 Esta Estratgia surgiu como consequncia das disposies estabelecidas na Directiva

    1999/31/CE do Conselho, de 26 de Abril, relativa deposio de resduos em aterros,

    transposta para o direito nacional atravs do Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio.

    2 Aprovado pelo Despacho n. 454/2006, de 5 de Dezembro, publicado no D.R. n. 6 (II Srie), de

    9 de Janeiro.

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    12 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    (Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro), que concretiza disposies em matria de

    princpios, responsabilidade, planeamento, licenciamento e gesto de informao sobre

    resduos. Com este novo regime surgiu tambm o Sistema Integrado de Registo

    Electrnico de Resduos (SIRER) que, com a integrao dos ex-Institutos dos Resduos e

    do Ambiente na nova estrutura organizacional da Agncia Portuguesa do Ambiente

    originou o agora denominado SIRAPA Sistema Integrado de Registo da Agncia

    Portuguesa do Ambiente.

    Um outro elemento essencial introduzido por este diploma o novo regime econmico e

    financeiro de gesto de resduos, destacando-se neste contexto, a introduo da taxa de

    gesto de resduos um instrumento fiscal que tem como principal objectivo a

    penalizao das operaes de gesto de resduos menos nobres luz da hierarquia

    anteriormente referida, designadamente, a deposio em aterro, e, por conseguinte, o

    incentivo s operaes de valorizao e reciclagem.

    No que diz respeito aos resduos industriais, a nvel nacional, a gesto adequada de

    resduos foi entendida como um desafio inadivel, pelo que foram definidas regras

    relativas sua prossecuo atravs de vrios diplomas legais, nomeadamente do

    Decreto-Lei n. 239/1997, de 9 de Setembro, o qual estabelece, no seu artigo 5., como

    meio de fomentar uma eficaz gesto de resduos, a elaborao de um plano nacional de

    gesto de resduos apoiado por planos estratgicos sectoriais.

    A Resoluo do Conselho de Ministros n. 98/1997, de 25 de Junho, indica como forma

    eficiente de gesto dos resduos industriais a sua separao dos restantes tipos,

    nomeadamente dos resduos urbanos, e a tipificao dos resduos banais e perigosos,

    preconizando diferentes solues em funo da especificidade de cada tipo de resduos.

    A Assembleia da Repblica revelou idntica preocupao em relao ao assunto e

    decretou, atravs da Lei n. 20/1999, de 15 de Abril, que o Governo apresentasse, at ao

    final da presente legislatura, um plano estratgico de gesto dos resduos industriais e

    que o mesmo fosse aprovado por decreto-lei.

    O Plano Estratgico de Gesto de Resduos Industriais (PESGRI 1999), aprovado pelo

    Decreto-Lei n. 516/99, de 2 de Dezembro, constituiu um importante instrumento de

    planeamento que se destina a fornecer, aos responsveis polticos e da Administrao

    Pblica e a todos os agentes da indstria nacional, um conjunto fundamentado de

    orientaes e recomendaes tendentes a apoiar decises em matria de recolha e

    tratamento de resduos industriais.

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 13

    Este Plano Estratgico integra a inventariao e a caracterizao dos resduos industriais

    produzidos ou existentes em Portugal e assume como objectivos prioritrios a sua

    reduo, reutilizao e reciclagem.

    Entretanto, e como consequncia natural da dinmica do processo de planeamento e

    luz dos conhecimentos mais recentes sobre a gesto dos resduos industriais,

    nomeadamente no que diz respeito inventariao dos resduos produzidos e

    armazenados, assim como dos melhores tipos de tratamento para cada resduo

    industrial, na ptica do ambiente e da sade pblica, entendeu-se proceder reviso do

    PESGRI 99. Deste modo, dando-se simultaneamente cumprimento, ao preceituado no

    artigo 3. do Decreto-Lei n. 516/99, de 2 de Dezembro, e no n. 3 do artigo 6. da Lei

    n. 20/99, de 15 de Abril, na redaco dada pela Lei n. 22/2000, de 10 de Agosto, esta

    reviso veio originar o PESGRI 2001, que contou com actualizaes nos campos acima

    referidos.

    No contexto do PESGRI foi elaborado o Plano Nacional de Preveno de Resduos

    Industriais (PNAPRI), a implementar no perodo de 2000 a 2015, dando prioridade

    reduo da perigosidade e quantidade dos resduos industriais. Neste mbito, foi ainda

    aprovado o Projecto PRERESI Preveno de Resduos Industriais, com o apoio do

    Programa PRIME, envolvendo um conjunto de Associaes Empresariais que

    representam os sectores de actividade com maior potencial na preveno de resduos,

    bem como entidades ao nvel cientfico e tecnolgico especialmente vocacionadas para

    os sectores em causa.

    Particularmente para os resduos industriais perigosos, a linha de actuao a nvel

    nacional tem sido centrada na preveno da produo, na promoo e desenvolvimento

    das opes de reutilizao e reciclagem, garantindo um nvel elevado de proteco da

    sade e do ambiente, na promoo da eliminao do passivo ambiental e no

    desenvolvimento da auto-suficincia do Pas em matria de gesto de resduos. A

    estratgia nesta rea passa pela divulgao das Melhores Tecnologias Disponveis

    (MTD) e pela criao de um Mercado Organizado de Resduos.

    A aplicao dos princpios supra-referidos permitir a criao de um sistema integrado de

    tratamento de resduos industriais, que contemple os seguintes componentes:

    1) Inventariao permanente, acompanhamento e controlo do movimento dos

    resduos;

    2) Reduo dos resduos que necessitam de tratamento e destino final;

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    14 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    3) Constituio de uma bolsa de resduos;

    4) Construo de Centros Integrados de Recuperao, Valorizao e Eliminao de

    Resduos Perigosos (CIRVER).

    Em 2006 foram licenciados dois CIRVER por procedimento concursal estabelecido e

    regulado no Decreto-Lei n. 3/2004, de 3 de Janeiro, localizados no concelho da

    Chamusca, distrito de Santarm. O incio da explorao destes Centros deu-se em 2008

    tendo sido a sua regulamentao aprovada pela Portaria n. 172-2009 de 17 de

    Fevereiro.

    Mais recentemente, foi aprovada a Portaria 851/2009, de 7 de Agosto, que estabelece as

    normas tcnicas relativas caracterizao de resduos urbanos, designadamente a

    identificao e quantificao dos resduos correspondentes fraco caracterizada como

    reciclvel e o Decreto-Lei n. 183/2009, de 10 de Agosto, que estabelece o novo regime

    jurdico da deposio de resduos em aterro e os requisitos gerais a observar na

    concepo, construo, explorao, encerramento e ps-encerramento de aterros,

    incluindo as caractersticas tcnicas especficas para cada classe de aterros.

    Este novo diploma surge devido a uma necessidade de continuidade da poltica de

    promoo da reciclagem e valorizao, tendo em vista o cumprimento da Directiva

    n. 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro, relativa aos

    resduos, que fixa metas de reciclagem particularmente exigentes, designadamente para

    resduos urbanos e de construo e demolio e tambm devido identificao de uma

    necessidade de garantir a total conformidade da legislao nacional com a Directiva

    n. 1999/31/CE, do Conselho, de 26 de Abril, alterada pelo Regulamento (CE)

    n. 1882/2003, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Setembro,

    designadamente no que se refere ao mbito de aplicao, aos conceitos, ao contedo

    das licenas, s obrigaes de reporte e registo, ao prazo de adaptao aos requisitos da

    directiva e s medidas de reduo dos riscos para o ambiente.

    Todas estas circunstncias levaram reviso do quadro legal aplicvel deposio de

    resduos em aterro, numa lgica, por um lado, de reforo das medidas de promoo da

    reciclagem e da valorizao e de adaptao da operao de deposio de resduos em

    aterro a elevados padres de exigncia ambiental e, por outro, de harmonizao

    legislativa e de simplificao e economia processual.

    Com este novo diploma reforada a aplicao do princpio da hierarquia de gesto de

    resduos, prevendo a minimizao da deposio em aterro de resduos que tenham

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 15

    potencial de reciclagem e valorizao, atravs de restries admisso de resduos a

    incluir na respectiva licena em prazo pr-determinado.

    No que especificamente concerne valorizao de resduos urbanos biodegradveis

    (pese embora o progressivo e consistente incremento da capacidade nacional instalada

    ao nvel de unidades de tratamento mecnico e ou biolgico) a necessidade de

    introduo de ajustamentos fsicos e financeiros a diversos projectos de investimento

    imprescindveis para o cumprimento das metas de desvio de aterro estabelecidas no

    Decreto-Lei n. 152/2002, de 23 de Maio, veio aconselhar a respectiva recalendarizao,

    no uso da faculdade derrogatria consagrada na Directiva n. 1999/31/CE, do Conselho,

    de 26 de Abril, a exemplo do adoptado noutros Estados membros.

    Ainda na perspectiva da maximizao da reciclagem e da valorizao, cria-se um

    enquadramento para a recuperao dos resduos potencialmente valorizveis

    encaminhados para aterro, admitindo-se a deposio temporria em clula especfica

    desde que devidamente justificada e desde que identificado o local de destino.

    Numa lgica de desconcentrao, atribui-se s Comisses de Coordenao e

    Desenvolvimento Regional (CCDR) competncias de licenciamento para todos os tipos

    de aterros, com excepo dos abrangidos pelo anexo I do regime jurdico da avaliao de

    impacte ambiental, aprovado pelo Decreto-Lei n. 69/2000, de 3 de Maio (instalaes

    destinadas ao aterro de resduos perigosos e a operaes de eliminao de resduos no

    perigosos Aterros 150.000 t/ano) e dos associados a actividades industriais licenciadas

    por outras entidades da administrao.

    Racionalizam-se procedimentos, passando a ser necessria, para efeitos de incio do

    procedimento de licenciamento, parecer relativo compatibilidade da localizao emitida

    pela CCDR territorialmente competente, que, no futuro prximo tender a ser efectuado

    atravs de sistemas de informao que permitam ao requerente, conhecer da

    compatibilidade da localizao, atravs de um simulador on-line. So ainda clarificadas

    as normas relativas consulta de entidades no mbito do procedimento de

    licenciamento. Por outro lado, e na mesma lgica de simplificao, deixa de haver duas

    fases de licenciamento distintas que implicavam a emisso de uma licena de

    instalao e de uma licena de explorao do aterro passando a haver a emisso de

    uma nica licena, emitida no mbito do procedimento de licenciamento da operao de

    deposio de resduos em aterro estabelecido no captulo IV do presente decreto-lei, a

    qual habilita o operador construo e explorao do aterro.

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    16 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    Procede-se a uma articulao deste regime jurdico com os referentes Avaliao de

    Impacte Ambiental (AIA) e Preveno e Controlo Integrados da Poluio (PCIP),

    prevendo-se que, no caso de aterros sujeitos a este ltimo regime, o pedido de licena

    para a operao de deposio de resduos em aterro passe a ser efectuado atravs do

    formulrio para o pedido de licena ambiental.

    So definidas as normas relativas aplicao do regime jurdico ora aprovado a aterros

    j licenciados ou em funcionamento, bem como as relativas ao dever de registo e

    informao sobre as licenas emitidas.

    No que respeita s regras de admisso de resduos em aterro, as mesmas so ajustadas

    tendo em considerao a Deciso n. 2003/33/CE, do Conselho, de 19 de Dezembro de

    2002.

    Finalmente, actualiza-se o regime contra-ordenacional luz do disposto na lei-quadro das

    contra-ordenaes ambientais, aprovada pela Lei n. 50/2006, de 29 de Agosto.

    1.4 LEGISLAO RELATIVA A ATERROS

    1.4.1 LICENCIAMENTO DA INSTALAO, CONSTRUO E EXPLORAO

    O Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, veio definir novas regras para o

    licenciamento das operaes de gesto de resduos revogando o Decreto-Lei n. 239/97,

    de 9 de Setembro e a Portaria n. 961/98, de 10 de Novembro. O mais recente Decreto-

    Lei n. 183/2009, de 10 de Agosto, vem, como j foi referido anteriormente, simplificar

    ainda mais o processo de licenciamento passando a haver a emisso de uma nica

    licena emitida no mbito do procedimento de licenciamento da operao de deposio

    de resduos em aterro, a qual habilita o operador construo e explorao do aterro.

    Pretendeu-se com a publicao deste Decreto-Lei reformar o mecanismo da autorizao

    prvia de modo a aproxim-lo dos modelos em vigor nos ordenamentos jurdicos dos

    demais parceiros comunitrios, sujeitando as operaes de gesto de resduos a um

    procedimento administrativo clere de controlo prvio, que se conclui com a emisso de

    uma licena, e a procedimentos administrativos que assegurem uma efectiva

    monitorizao da actividade desenvolvida aps esse licenciamento. Neste diploma

    introduziram-se mecanismos de adaptao das licenas s inovaes tecnolgicas que

    constantemente surgem neste sector e de resposta a efeitos negativos para o ambiente,

    que no tenham sido previstos na fase de licenciamento, introduzindo-se, igualmente,

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 17

    procedimentos que visam acompanhar as vicissitudes da actividade de gesto de

    resduos, como sejam as da transmisso, alterao e renovao das licenas.

    O regime de licenciamento agora institudo no perde, tambm, de vista a necessidade

    ponderosa de simplificar as relaes administrativas que o Estado estabelece com o

    particular. Assim, foram encurtados os prazos previstos para o procedimento geral de

    licenciamento, tendo sido igualmente previsto a aplicao de um regime de licenciamento

    simplificado, que permite a emisso de uma licena num prazo mximo de 20 dias.

    O licenciamento da operao de deposio de resduos em aterro abrange as fases de

    concepo, construo, explorao, encerramento e ps-encerramento do aterro.

    Qualquer modificao ou ampliao de um aterro que seja susceptvel de produzir efeitos

    nocivos e significativos nas pessoas ou no ambiente ou cuja ampliao, em si mesma,

    corresponda aos limiares estabelecidos para aterros no anexo I do regime de preveno

    e controlo integrados da poluio, aprovado pelo Decreto-Lei n. 173/2008, de 26 de

    Agosto, determina um novo procedimento de licenciamento nos termos dos artigos 17. a

    27..

    O requerente do pedido de licena para a operao de deposio de resduos em aterro

    deve observar, cumulativamente, os requisitos dispostos no artigo 13. do presente

    diploma legal referente s qualidades tcnicas, econmicas e legais do mesmo.

    O artigo 14. do mesmo Decreto-Lei estipula que o licenciamento das operaes de

    gesto de resduos compete:

    1) A Agncia Portuguesa do Ambiente (APA), no caso de aterros abrangidos pelo

    anexo I do regime jurdico da avaliao de impacte ambiental, aprovado pelo

    Decreto-Lei n. 69/2000, de 3 de Maio;

    2) As entidades da administrao central consideradas entidades coordenadoras no

    mbito do artigo 9. do regime de exerccio da actividade industrial, aprovado pelo

    Decreto-Lei n. 209/2008, de 29 de Outubro, no caso de aterro tecnicamente

    associado a estabelecimento industrial sujeito a esse regime e que:

    a) Se encontre localizado dentro do permetro do estabelecimento industrial em

    causa;

    b) Se destine exclusivamente deposio de resduos produzidos nesse

    estabelecimento industrial e nos demais estabelecimentos pertencentes ao

    mesmo produtor.

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    18 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    3) As CCDR, nos restantes casos.

    O pedido de licena da operao de deposio de resduos em aterro apresentado pelo

    requerente entidade licenciadora, instrudo com todos os elementos referidos no artigo

    17. do Decreto-Lei em causa (documentos de identificao do requerente;

    comprovativos dos requisitos exigidos; projecto de execuo e de explorao do aterro;

    cpia da Declarao de Impacte Ambiental (DIA), favorvel ou favorvel condicionada, ou

    comprovativo da entrega do estudo de impacte ambiental junto da Autoridade de

    Avaliao de Impacte Ambiental competente; cpia do parecer relativo compatibilidade

    da localizao do aterro com os instrumentos de gesto territorial; garantias financeiras).

    No caso de aterros sujeitos ao regime de preveno e controlo integrados da poluio,

    aprovado pelo Decreto-Lei n. 173/2008, de 26 de Agosto, o respectivo pedido de licena

    apresentado atravs do formulrio para o pedido de licena ambiental, designado por

    formulrio PCIP.

    Um aterro sujeito a AIA, nos termos do regime jurdico de AIA, aprovado pelo Decreto-Lei

    n. 69/2000, de 3 de Maio, compreende as seguintes operaes:

    1) Instalaes de eliminao de resduos perigosos que realizem a operao D1

    (deposio em aterro), com uma capacidade superior a 10 t/dia;

    2) Aterros de resduos urbanos ou de aterros de resduos no perigosos, com

    excepo dos aterros de resduos inertes, que recebam mais de 10 t/dia ou com

    uma capacidade total superior a 25.000 t.

    Para estes o pedido de licena para a operao de deposio de resduos entregue

    aps:

    1) A emisso de DIA favorvel ou condicionalmente favorvel, no caso do

    procedimento de AIA decorrer em fase de projecto de execuo;

    2) A emisso de parecer relativo conformidade do projecto de execuo com a

    DIA, no caso do procedimento de AIA decorrer em fase de estudo prvio;

    3) A emisso de declarao relativa dispensa do procedimento de AIA, ou

    4) O decurso do prazo necessrio para deferimento tcito nos termos previstos no

    regime jurdico de AIA, aprovado pelo Decreto-Lei n. 69/2000, de 3 de Maio.

    Por opo do operador, o procedimento de licenciamento da operao de deposio de

    resduos em aterro pode decorrer em simultneo com o procedimento de AIA desde que

    este seja relativo a um projecto de execuo.

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 19

    No caso referido no nmero anterior o procedimento de licenciamento da operao de

    deposio de resduos em aterro inicia-se logo que seja emitida a declarao de

    conformidade do estudo de impacte ambiental, nos termos do n. 4 do artigo 13. do

    regime jurdico da avaliao de impacte ambiental, aprovado pelo Decreto-Lei

    n. 69/2000, de 3 de Maio.

    No prazo de cinco dias aps a regular instruo do pedido de licena nos termos do

    artigo anterior, a entidade licenciadora promove a consulta das entidades pblicas que,

    nos termos da lei, devam pronunciar-se sobre o pedido de licena, nomeadamente a

    Administrao de Regio Hidrogrfica (ARH) e a CCDR territorialmente competentes, a

    consulta do delegado de sade regional e da Autoridade para as Condies de Trabalho

    que, num prazo de 20 dias comunicam o seu parecer entidade licenciadora.

    Aps 30 dias do termo do prazo estabelecido anteriormente a entidade licenciadora

    comunica ao requerente a deciso relativa aprovao do projecto de execuo e de

    explorao do aterro. Esta deciso vlida por um perodo de 2 anos e pode ser

    prorrogvel a pedido do requerente, o qual deve ser apresentado entidade licenciadora

    nos 30 dias anteriores ao termo do referido perodo e com fundamento em motivo que

    no lhe seja imputvel.

    Concluda a fase de construo, o requerente solicita a realizao de uma vistoria com

    uma antecedncia mnima de 40 dias da data prevista para o incio da realizao da

    operao de gesto de resduos e, aps todas as condies impostas pela entidade

    licenciadora impostas e pelas demais entidades consultadas, estarem devidamente

    cumpridas, ento realizada a vistoria e diferida a deciso final (no prazo mximo de 10

    dias aps a vistoria) que estabelece os termos e as condies de que depende a

    realizao da operao de gesto de resduos licenciada.

    As operaes que esto sujeitas a um procedimento de licenciamento simplificado so,

    conforme consta do artigo 32. do Decreto-Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro, as

    operaes de:

    1) Gesto de resduos relativas a situaes pontuais, dotadas de carcter no

    permanente ou em que os resduos no resultem da normal actividade produtiva;

    2) Armazenagem de resduos, quando efectuadas no prprio local de produo, no

    respeito pelas especificaes tcnicas aplicveis e por perodo superior a um ano;

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    20 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    3) Armazenagem de resduos, quando efectuadas em local anlogo ao local de

    produo, pertencente mesma entidade, no respeito pelas especificaes

    tcnicas aplicveis e por perodo no superior a um ano;

    4) Armazenagem e triagem de resduos em instalaes que constituam centros de

    recepo integrados em sistemas de gesto de fluxos especficos;

    5) Armazenagem, triagem e tratamento mecnico de resduos no perigosos;

    6) Valorizao de resduos, realizadas em instalaes experimentais ou a ttulo

    experimental destinadas a fins de investigao, desenvolvimento e ensaio de

    medidas de aperfeioamento dos processos de gesto de resduos;

    7) Valorizao no energtica de resduos no perigosos, quando efectuadas no

    prprio local de produo;

    8) Valorizao interna no energtica de leos usados;

    9) Valorizao de resduos inertes, de beto e de betuminosos;

    10) Valorizao de resduos tendo em vista a recuperao de metais preciosos;

    11) Recuperao de solventes quando efectuada no prprio local de produo;

    12) Co-incinerao de resduos combustveis no perigosos resultantes do tratamento

    mecnico de resduos.

    Foi, ainda, consignada a possibilidade de dispensa de licenciamento para determinadas

    operaes quando sejam definidas normas especficas para o exerccio das mesmas,

    ficando neste caso sujeitas apenas a uma comunicao prvia. Esta possibilidade est,

    no entanto, ainda dependente, conforme definido no artigo 25. do Decreto-Lei

    n. 178/2006, da publicao de planos especficos de gesto e/ou de Portarias conjuntas

    que definam, para cada tipo de resduo, as normas especficas para cada tipo de

    operao de gesto, fixando os tipos e as quantidades de resduos a eliminar ou

    valorizar.

    De modo a evitar uma onerao desnecessria do particular com o esforo de se sujeitar

    a procedimentos administrativos diferentes com vista a exercer uma mesma actividade, o

    licenciamento ora vigente articula-se numa relao de complementaridade e

    alternatividade com os regimes de licenciamento ambiental e de licenciamento industrial

    j em vigor.

  • Alessandro Duarte

    Universidade de Aveiro 21

    Assim, as operaes de gesto de resduos sujeitas ao regime de licenciamento

    ambiental (PCIP) no ficam sujeitam emisso de qualquer outra licena adicional,

    sendo, conforme consta do artigo 41. do Decreto-Lei n. 178/2006, licenciadas nos

    termos da legislao de PCIP.

    De forma equivalente, o licenciamento de uma operao de gesto de resduos sujeita a

    regime de licenciamento industrial, substitudo, conforme definido no artigo 42. do

    referido Decreto-Lei, por um parecer vinculativo emitido no mbito desse procedimento.

    Pretende-se com este novo regime introduzir, portanto, um acrscimo de eficincia e de

    eficcia na prossecuo dos seus objectivos, sem prejuzo da imperativa defesa do

    interesse pblico em causa.

    Operaes de gesto no sujeitas ao regime de licenciamento previsto no Decreto-

    Lei n. 178/2006, de 5 de Setembro.

    No esto sujeitas a licenciamento nos termos do previsto neste diploma as operaes de:

    1) Recolha e de transporte de resduos;

    2) Armazenagem de resduos que seja efectuada no prprio local de produo por

    perodos no superiores a um ano;

    3) Valorizao energtica de biomassa (tal como definida na alnea c) do seu artigo 3.).

    De salientar que quer a biomassa agrcola quer a biomassa vegetal, tal como definidas

    respectivamente nas alneas d) e e) do artigo 3. do Decreto-Lei em referncia, esto

    excludas do mbito de aplicao deste diploma, ao contrrio do que acontece com a

    restante biomassa, que se encontra sujeita s disposies deste diploma, no obstante

    no se encontrar sujeita ao licenciamento previsto neste diploma, como atrs referido,

    nem s regras de transporte da Portaria n. 335/97.

    O facto de a operao de valorizao energtica de biomassa deixar de ter

    enquadramento em termos de licenciamento ao abrigo do Decreto-Lei n. 178/2006, no

    obsta a que deva ser dado cumprimento demais legislao ambiental, bem como outra

    que lhe seja aplicvel.

    No se encontram igualmente sujeitas ao licenciamento previsto no Decreto-Lei

    n. 178/2006, de 5 de Setembro, as operaes de:

  • Aplicao de Geossintticos na Impermeabilizao e Selagem de Aterros

    22 Departamento de Ambiente e Ordenamento

    1) Incinerao e co-incinerao de resduos, que se encontram sujeitas s

    disposies do Decreto-Lei n. 85/2005, de 28 de Abril, que estabelece o regime a

    que fica sujeito a incinerao e co-incinerao de resduos, com excepo da co-

    incinerao de resduos combustveis no perigosos resultantes do tratamento

    mecnico de resduos que, no obstante ter de obedecer s disposies deste

    diploma, o seu licenciamento efectuado ao abrigo do disposto na alnea m) do

    artigo 32. do Decreto-