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Aplicação do protocolo de risco nutricional (NRS 2002) aos doentes internados no Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto Hospital de Santo António Nutritional risk screening (NRS 2002) application in patients hospitalized in the Endocrinology Service of Center Hospital of Porto Hospital Santo Antonio Otília Margarida Azevedo Meira Orientado por: Dr. Fernando Pichel Trabalho de Investigação Porto, 2010

Aplicação do protocolo de risco nutricional (NRS 2002) aos ... · O NRS-2002 desempenha o papel de toda a ferramenta de rastreio nutricional, tendo como diferencial a idade do doente

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Aplicação do protocolo de risco nutricional (NRS 2002) aos doentes

internados no Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar do Porto –

Hospital de Santo António

Nutritional risk screening (NRS 2002) application in patients hospitalized in

the Endocrinology Service of Center Hospital of Porto – Hospital Santo

Antonio

Otília Margarida Azevedo Meira

Orientado por: Dr. Fernando Pichel

Trabalho de Investigação

Porto, 2010

i

Dedicatória

Para os meus Pais

ii

iii

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos aqueles que me apoiaram durante este longo

percurso de aprendizagem, trabalho e dedicação. Especialmente:

Ao Dr. Fernando Pichel por ter sugerido e orientado este trabalho;

Ao Dr. André de Carvalho pela disponibilidade e apoio no Serviço de

Endocrinologia do CHP-HSA;

À Prof. Dra. Teresa Freitas do Amaral pela rapidez e disponibilidade em me

ajudar;

À Dra. Maria Menezes por todo o apoio, esclarecimentos e

aconselhamento durante e após o período de estágio.

Ao Prof. Dr. Bruno Oliveira pela ajuda no tratamento estatístico;

À minha família (Pai, Mãe, tia Lúcia e Irmã)

Aos meus Amigos e Colegas, que me acompanharam nesta longa

caminhada, em especial à Patrícia Santos.

Obrigado a todos aqueles que confiaram e acreditaram em mim

iv

v

Índice

Dedicatória .......................................................................................................... i

Agradecimentos ................................................................................................. iii

Lista de Abreviaturas ......................................................................................... vii

Resumo .............................................................................................................. ix

Abstract .............................................................................................................. x

Introdução .......................................................................................................... 1

Objectivos......................................................................................................... 11

Material e Métodos ........................................................................................... 12

Resultados ....................................................................................................... 16

Discussão ......................................................................................................... 26

Conclusões....................................................................................................... 32

Referências Bibliográficas ................................................................................ 34

vi

vii

Lista de Abreviaturas

CHP-HSA – Centro Hospitalar do Porto – Hospital Santo António

CHP – Centro Hospitalar do Porto

DAD – Desnutrição Associada à Doença

(NRS-2002) – “Nutritional Risk Screening 2002”

ESPEN – “European Society for Clinical Nutrition and Metabolism”

ASPEN – “American Society for Parenteral and Enteral Nutrition”

BAPEN – “British Association for Parenteral and Enteral Nutrition”

viii

ix

Resumo

Objectivos: Rastrear os doentes admitidos no Serviço de Endocrinologia do

CHP-HSA através da aplicação do protocolo de risco nutricional (NRS-2002),

assim como a sua avaliação nutricional, intervenção e acompanhamento

individualizado dos cuidados nutricionais ao doente hospitalizado.

Métodos: Foi efectuado um estudo descritivo longitudinal em 39 pacientes, onde

se pretendeu incluir todos os doentes admitidos no Serviço de Endocrinologia do

CHP. Foram motivos de exclusão desta amostra o internamento inferior a 24

horas e a incapacidade em completar o protocolo de rastreio nutricional. Foi

aplicado o Nutritional Risk Screening (NRS-2002) e recolhida uma história

nutricional completa, ou seja, história clínica, avaliação antropométrica, estimativa

da ingestão alimentar através do questionário às 24horas anteriores, avaliação

nutricional através do exame físico e da detecção de sinais clínicos de défices

nutricionais.

Através do tratamento estatístico foi efectuada uma análise descritiva das

variáveis, calculando-se os parâmetros de localização e dispersão para as

variáveis continuas assim como, os extremos para as variáveis categóricas.

Utilizou-se a prova de Levene para avaliar a homogeneidade da variância.

Quando a distribuição dos parâmetros estudados era normal, comparou-se as

médias pela prova de t de Student, quando as distribuições não eram normais

utilizou-se provas não paramétricas. Compararam-se as distribuições de

frequências pela prova do Qui-quadrado para avaliar a independência, ou pela

técnica exacta de Fisher. Utilizou-se a ANOVA para comparação dos motivos de

internamento e o modelo de regressão logística. O nível de significância utilizado

foi de 5%.

x

Resultados: A DAD está presente em 43,6% da população admitida no serviço

de endocrinologia do CHP e está correlacionada com o aumento da idade, baixa

escolaridade, baixa actividade física e aumento do risco nos doentes do sexo

masculino. Na avaliação nutricional efectuada foi detectada uma média de sinais

clínicos de défices nutricionais superior nos doentes com risco nutricional, no

entanto não é considerada significativa. Também o tempo de internamento foi

superior nos doentes do grupo de controlo, quando comparados com o grupo em

que existiu intervenção nutricional e cuidados individualizados dos pacientes

hospitalizados.

Conclusões: A frequência de DAD no Serviço de Endocrinologia do CHP é

elevada, existe uma necessidade de rastreio nutricional no momento de admissão

hospitalar assim como, os cuidados nutricionais individualizados e a avaliação

nutricional devem ser fundamentais para o sucesso da terapêutica nutricional

hospitalar.

Palavras-Chave: Rastreio nutricional, Desnutrição Associada à Doença,

Avaliação nutricional, Cuidados nutricionais individualizados

Abstract

Objectives: Screening patients in the Endocrinology Service of CHP-HSA using

the nutritional risk protocol application, also their nutritional evaluation, intervention

and individualized attendance of nutritional care to the hospitalized patient.

Methods: A descriptive longitudinal study was done in 39 patients, with the

purpose to include all the admitted patients at Endocrinology Service of CHP.

There were motives of exclusion of this pattern: the internment under 24 hours

xi

and the incapacity to complete the nutritional trace protocol. Nutritional risk

Screening (NRS-2002) was applied and collected the complete nutritional historic,

in other words, the clinical historic, anthropometric evaluation, and estimated of

food intake through physical exams and clinical signs detection of nutritional

deficit.

Through the statistically treatment was done a descriptive variables study,

calculating the location parameters dispersion to continuous variables, and

categorical variables limits as well. Was used the Levene test for variance

homogeneity evaluation.

When the distribution of the parameters was normal, the media was compared by t

student test, although when the distribution of the parameters was not normal was

used not parameters tests. Was also compared the distribution of the frequencies

by chi-square test or Fisher exact technique, that allowed to evaluate the

independence. Test statistic ANOVA was used to compare the reasons for

internment and logistic regression model. The level of significance used was 5%.

Results: DAD is present in 43,6% of population admitted on the service of

endocrinology of CHP and it is related to age increase, low scholarity and physical

activity and increased risk in hospitalized male patients. In nutritional evaluation

done was detected a media of clinical signs revealing high nutritional deficits in

patients with nutritional risk, although this with no statistical significance. The

hospitalization time in the control group was higher than the subject group that

was submitted to nutritional intervention and individualized care.

Conclusions: DAD frequency on Endocrinology Service of CHP is elevated; the

need of nutritional trace exists at the moment of admission in the hospital, as also

xii

individualized nutritional care and nutritional evaluation must be primordial for the

success of hospital nutritional therapeutics.

Key-Words: Nutritional screening, malnutrition related to disease, Nutritional

evaluation, Individualized nutritional care.

1

Introdução

A desnutrição associada à doença (DAD) é um “estado insuficiente de ingestão,

utilização ou absorção de energia e nutrientes, devido a factores individuais ou

sistémicos, que resulta na perda de peso rápida e na disfunção de órgãos e que

poderá estar associada a um pior resultado da doença ou do seu tratamento”(1).

Deve ser identificada como um diagnóstico clínico e deve ser distinguida do termo

“malnutrição”(2), que pode ser definida como o estado de nutrição em que existe

deficiência ou excesso de energia, proteína e outros nutrientes que causam

efeitos adversos mensuráveis nos tecidos (composição/ tamanho/ forma corporal),

em resposta clínica e função corporal(3).

A DAD é uma condição que prevalece a nível hospitalar e que pode oscilar entre

20-60% na população no momento de admissão hospitalar(2).

Epidemiologicamente a DAD é fortemente dependente da metodologia e

ferramentas utilizadas pelos autores dos relatórios correspondentes, pois taxas de

desnutrição hospitalar podem ser diferentes, dependendo do tipo e método de

ferramenta utilizada. A DAD não está homogeneamente distribuída entre serviços

ou especialidades hospitalares, pois, existem serviços com risco nutricional mais

elevado, levando a que haja maior concentração de pacientes desnutridos e

consequentemente maiores taxas de desnutrição(4).

O rastreio nutricional é definido pelo processo de identificação de características

reconhecidas como associadas a problemas nutricionais com a finalidade de

identificar indivíduos que estão desnutridos ou em risco nutricional(5-6), ou seja,

prever a probabilidade de uma melhor ou pior resposta face a factores nutricionais

e se o tratamento nutricional é provável influenciar este(5).

2

Várias ferramentas de rastreio e avaliação nutricional tem sido descritas para

identificar e monitorizar indivíduos hospitalizados em risco nutricional ou

desnutrição, assim, apesar de uma grande diversidade de instrumentos validados,

existem recomendações específicas para este efeito. A European Society for

Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN) (5) propõem três ferramentas diferentes

consoante o tipo de população e a área de intervenção, assim sendo, para o

rastreio a nível hospitalar (Nutritional Risk Screening 2002 (NRS-2002)); para a

comunidade (Malnutrition Universal Screening Tool (MUST)) e um específico para

idosos (Mini Nutrition Assessment (MNA)).

O NRS-2002 é recomendado pela European Society for Clinical and Metabolism

(ESPEN)(5) e detecta a desnutrição ou risco de a desenvolver, durante o

internamento hospitalar. Classifica os doentes internados segundo a deterioração

do estado nutricional e a gravidade da doença, podendo defini-las como normal,

ligeira, moderada ou grave, com um total de pontuação de 6. Se a idade for

superior a 70 anos, adiciona-se mais um valor à pontuação final. Um doente com

uma pontuação igual ou superior a 3 é considerado em risco nutricional ou

desnutrido(7).

O NRS-2002 desempenha o papel de toda a ferramenta de rastreio nutricional,

tendo como diferencial a idade do doente e inclui todos os doentes clínicos,

cirúrgicos e os demais presentes no âmbito hospitalar. Não discrimina doentes e

abrange todas as condições patológicas. Pode ser aplicado a todos os pacientes

adultos, independentemente da doença e da idade e por não excluir grupos

específicos, este método pode ser considerado como o mais recomendado entre

os outros. Os idosos recebem especial atenção por parte do NRS-2002, sendo a

pontuação final aumentada na classificação do risco nutricional deste grupo.

3

Sabe-se que o risco nutricional aumenta conforme a idade se torna mais

avançada, tornando-se necessário o cuidado reforçado com idosos

hospitalizados(8).

Alguns estudos demonstraram uma boa sensibilidade e especificidade e que a

pontuação deste prevê resultados clínicos(9), a dificuldade apresentada está

relacionada com a obtenção da informação relativamente ao peso perdido em

determinado período de tempo, ou seja qual a velocidade em que ocorreu a perda

de peso, o que nem sempre o paciente sabe esta informação. A quantificação da

ingestão alimentar também se torna um impasse pois é feita em quartis (50-75%),

(25-50%) e (0-25%), quando deveria ser obtida qualitativamente de forma

indirecta e rápida (mudança recente, consumo reduzido e perda de apetite)(8).

No entanto é eleita, por ser uma ferramenta de uso simples, tempo de utilização

eficiente (10) e por não exigir elevada qualificação por parte dos profissionais de

saúde que a aplicam(11), torna-se mais fácil de aplicar na prática clínica

rotineira(10), fazendo dela uma poderosa e notável ferramenta moderna de rastreio

nutricional(11).

A DAD tem vindo a ser associada a graves consequências, pois contribui para

uma cascata de efeitos adversos e eventos metabólicos que comprometam o

sistema imunológico, aumenta a susceptibilidade a doenças infecciosas(8-9, 12),

maior risco de disfunção de órgãos e a um aumento significativo não só da

morbilidade como da mortalidade(8, 13-19), assim como, os custos extras

associados para estes cuidados de saúde(2, 17-21).

O estado nutricional debilitado afecta as funções cognitivas(22), é um factor de

risco para infecções, reacções adversas à medicação, deficiências de cicatrização

de feridas, diminuição da síntese de proteínas hepáticas, quedas e delírios(8).

4

A desnutrição hospitalar é um importante factor de risco para a ocorrência de

eventos sépticos, infecções de feridas, formação de abcessos e desenvolvimento

de osteomielite e broncopneumonia. Assim, deste modo a resolução destes

eventos pode ser dispendiosa a nível de tempo de internamento(22-24), a função

muscular prejudicada pode reduzir a eficácia de reabilitação(22). Enquanto, estes

casos são consequência da doença, outros decorrem da ingestão inadequada o

que pode ser mais facilmente detectada e corrigida(8).

A ingestão alimentar parece estar influenciada pela situação de vida em geral e é

também um comportamento social que depende de diferentes factores

psicológicos, culturais e sociais(21), normalmente os doentes apresentam um

preconceito em relação à estadia no hospital, vendo esta como uma maneira de

perder peso e as refeições servidas são sempre tidas como baixa qualidade(25).

As dificuldades na mastigação e deglutição, problemas crónicos como dor ou as

dificuldades na preparação das refeições são possíveis razões da diminuição da

ingestão alimentar oral em idosos(21). Estudos verificaram que em doentes que

são transferidos de um lar de idosos as dificuldades de deglutição e alteração do

paladar foram fortemente associados com a DAD(22).

A avaliação nutricional específica abrange uma história completa, ou seja, história

médica, condições socioeconómicas e psicossociais, perfil do doente, interacções

fármaco-nutriente(26), estimativa da ingestão alimentar, avaliação antropométrica e

vários parâmetros bioquímicos(6, 27-28), bem como o exame físico efectuado

através da observação da gordura subcutânea, muscular, sacral, edema no

tornozelo ou ascite(24), fazem parte de uma avaliação nutricional eficaz, completa

e eficiente.

5

O estado nutricional pode ser afectado por alterações na ingestão, na absorção,

transporte, utilização, excreção e reserva dos nutrientes, resultando em

desequilíbrio nutricional. Frequentemente, verifica-se distúrbios em mais de um

destes factores que de acordo com a sua intensidade e duração provocam

maiores ou menores sintomas e sinais clínicos. O reconhecimento destes é de

grande importância por se tratar de uma prática simples, económica e consiste

em avaliar as manifestações que podem estar relacionadas com uma possível

alimentação inadequada, evidenciando-se por meio de alterações de tecidos

orgânicos, de órgãos externos como a pele, mucosas, cabelos e olhos. Quando a

carência se encontra ainda numa fase inicial, torna-se difícil a sua interpretação, o

que torna a prática limitada impossibilitando a sua utilização como único método

de rastreio precoce da desnutrição(29).

A avaliação laboratorial é usada para rastreio da desnutrição, evolução do estado

nutricional, diagnósticos específicos de deficiências nutricionais, monitorização da

resposta à terapêutica médica e nutricional e estimativa do risco de morbilidade e

mortalidade(6). No entanto, indicadores bioquímicos como albumina, transferrina,

hemoglobina, hematócrito, linfócitos totais e colesterol, podem ser influenciados

por doenças, uso de fármacos e stress(30).

Níveis séricos de albumina são um bom índice de prognóstico para o risco de

mortalidade(26), porque é correlacionada com a severidade da doença, no entanto,

não é sensível nem específica para a detecção de DAD ou resposta à terapêutica

nutricional(6, 31). Também a capacidade física reduzida prejudica a concentração

de albumina sérica mesmo em idosos bem nutridos. A utilização de níveis <35g/L

de albumina sérica como marcador de desnutrição em idosos aliada a uma baixa

actividade diária pode levar a um diagnóstico de desnutrição sobrestimado(32).

6

A pré-albumina é a proteína transportadora da tiroxina, é um marcador mais

sensível para o défice de proteínas e energia é mais receptivo à terapêutica

nutricional, contudo é afectada pela doença renal e por doenças hepáticas(26).

Também a transferrina apresenta limitações quanto à sensibilidade e

especificidade, relativamente à identificação de desnutrição, no entanto, a síntese

da transferrina é inversamente correlacionada com as reservas corporais de

ferro(6).

Todos os marcadores bioquímicos referentes ao estado proteico visceral foram

questionados pela sua confiabilidade e nenhuma medida deve ser considerada

independentemente como um marcador nutricional adequado(26).

Níveis séricos de alguns minerais também são facilmente influenciados por

factores inespecíficos, isto proporciona um menor valor plasmático e leva a

falsear os resultados(29), como é o caso do folato que é influenciado por

anticoncepcionais orais(33).

A perda de peso durante o período de internamento hospitalar é ocasionada por

múltiplos factores, entre eles, o aumento das necessidades energéticas,

diminuição da capacidade de digestão e absorção intestinal dos nutrientes e do

seu metabolismo, administração de soluções endovenosas energéticas

hipocalóricas, períodos prolongados de jejum para realização de exames,

diminuição da ingestão calórica, náuseas, disfagia, inapetência, saciedade

precoce, terapêutica medicamentosa instituída, o próprio ambiente hospitalar ao

qual o doente não está familiarizado, o horário pré-estabelecido das refeições ao

qual o doente não está acostumado e a circulação intensa de pessoas na

enfermaria durante as refeições, entre muitos outros(25).

7

Alguns mecanismos já conhecidos parecem interferir com o apetite, a absorção,

metabolização e excreção dos nutrientes. Assim como algumas

drogas/medicamentos causam perda de peso, diminuição do apetite (por

exemplo, digoxina, furosemida, hidroclotiazida), má absorção (por exemplo,

laxantes), aumento do metabolismo (tiroxina)(27), alteração ou diminuição do

paladar (anfetaminas) e também aumento do apetite (anti-histamínicos,

corticosteróides)(33).

O rastreio nutricional é o primeiro passo num processo estruturado do cuidado

nutricional para identificar doentes que provavelmente irão beneficiar da

terapêutica nutricional, no entanto, não é rotina na maioria dos países

europeus(34).

A intervenção nutricional tem-se mostrado eficaz na redução das complicações,

tempo de permanência hospitalar, melhoramento da cicatrização, bem-estar e

redução da taxa de mortalidade dos pacientes desnutridos(35). A nutrição

parentérica diminui a taxa de complicações não infecciosas em doentes

gravemente desnutridos e a nutrição entérica tem sido associados com uma

menor taxa de complicações infecciosas e menor tempo de internamento. Assim,

o tratamento de forma a obter todos os nutrientes essenciais é eficaz no

tratamento das complicações infecciosas(9).

Vários estudos investigaram os benefícios e custos efectivos da imunonutrição e

tem demonstrado que a nutrição entérica precoce com uma fórmula imunológica

melhorada em doentes gravemente doentes reduz significativamente a sua

morbilidade(36).

8

A suplementação nutricional por si só pode não prevenir a perda secundária de

músculo na caquexia mas combinada com agentes anabólicos pode abrandar ou

prevenir a perda de massa muscular(37).

Indivíduos desnutridos ou em risco nutricional com úlceras de pé, beneficiam da

alimentação personalizada e/ou de suplementação, pois apresentam um maior

risco de complicações devido ao processo de inflamação e da cicatrização de

feridas necessitar de um maior consumo proteico(38), deste modo, o défice impede

o reparo de tecidos e interfere na síntese de enzimas e proteínas plasmáticas(12,

29), sendo mais frequente em indivíduos mais velhos levando ao aumento da

mortalidade e morbilidade(27).

A causa de DAD geralmente é multifactorial e inclui tanto os efeitos metabólicos

da doença subjacente como a reduzida ingestão alimentar. Há evidências que,

factores como idade, intervenções terapêuticas, condições socioeconómicas

baixas, o não reconhecimento das necessidades nutricionais do paciente e falta

de prescrição da terapêutica nutricional aumentam o risco geral de

desenvolvimento de défices nutricionais(10, 13, 17, 39-40).

A falta de reconhecimento e da monitorização dos aspectos relacionados com o

estado nutricional têm sido apontados como factores que contribuem para o

aumento da (DAD), durante o internamento hospitalar(2, 13).

Apesar de todos os avanços do conhecimento médico, a negligência na clínica

médica nutricional foi longe de mais, não só pelo facto da prevalência da

obesidade e as doenças associadas a esta, a desnutrição também amplamente

reconhecida como um problema frequente nos doentes hospitalizados(24), não se

tem feito grandes esforços na clínica médica mas também governamental a nível

nacional ou mundial para tentar combater esta situação, contudo, através do

9

esforço de muitos profissionais de saúde na área da nutrição, tem vindo a

verificar-se um crescente interesse e empenho na tentativa de minimizar os

factores de risco a ela associados e os custos económicos. O problema é em

parte devido à falta de formação/sensibilização e consciencialização médica na

área da nutrição/alimentação(13, 24).

O Conselho Europeu desenvolveu uma pesquisa para tentar esclarecer o porquê

de a prática da intervenção e atendimento nutricional não ser efectuada como

rotina, chegando à conclusão que os principais obstáculos são a falta de tempo,

falta de funcionários, a falta de conhecimento, a não aplicação das directrizes

instituídas pelo Conselho Europeu, falta de responsabilidades definidas e

desinteresse por parte das administrações dos hospitais(25).

Segundo Bavelaar et al 2008, nenhum profissional de saúde incluído no estudo

obteve uma visão completa sobre o estado dos doentes em relação ao estado

nutricional dos doentes hospitalizados(35), também foi demonstrado que a

terapêutica nutricional raramente é prescrita aos doentes e reforçou-se o facto de

que as questões relacionadas com a nutrição não fazem parte da rotina dos

cuidados de saúde(40).

A desnutrição em doentes recém - hospitalizados tem sido relatada como sendo

tão elevada como 50%, dependendo do panorama do hospital, a população de

doentes e os critérios utilizados para definir a desnutrição(17, 24, 35).

A DAD foi descrita pela primeira vez por Bistrian e Blachburn em 1970(26). Manuel

Giner et al, em 1995 mostraram o seu descontentamento pelo facto de após 20

anos de intensa sensibilização nutricional relativa à DAD, ainda se verificar uma

frequência de desnutrição hospitalar de cerca de 43% em doentes cirúrgicos e

reforçarem a importância do suporte nutricional nos pacientes hospitalizados,

10

assim como, as consequências alarmantes do estado clínico do doente e os

custos económicos a elas associadas(22, 41). Passados mais 15 anos de evolução

médica praticamente nada foi feito pelas Autoridades de Saúde Pública para

minimizar esta situação e as percentagens de desnutrição continuam prevalentes

e tão altas quanto as de décadas anteriores e esta continua a ser um problema da

atitude médica(18).

A terapêutica nutricional não está nas políticas governamentais para cuidados de

saúde em vários países(40), no entanto, a (SBPNE) Sociedade Brasileira de

Nutrição Entérica e Parentérica, através da iniciativa do Departamento do

Ministério Público Brasileiro e em colaboração com vários profissionais de saúde

criou e publicou regras para preparação e utilização da terapêutica nutricional

entérica e parentérica. De acordo com estas regras os hospitais são obrigados a

manter uma equipa multidisciplinar de suporte nutricional, composta por médicos,

enfermeiros, nutricionistas e farmacêuticos, esta equipa tem a responsabilidade

do apoio nutricional, realização de avaliação do estado nutricional do doente

hospitalizado e verificar se os procedimentos de realização do suporte nutricional

entérico e parentérico estão de acordo com as leis do Departamento Nacional de

Saúde(13).

Evidências recentes referem que a implementação de auditorias regulares

funciona como estratégia tal como o feedback resultante das mesmas, leva a um

decréscimo da frequência da DAD(42), assim, como o tratamento nutricional

individualizado pode evitar a perda de peso e melhorar a qualidade de vida(23).

Apesar da grande necessidade de investir na avaliação e protocolos de

atendimento especialmente para doentes hospitalizados onde factores como falta

de apetite, fadiga, dor, dependência de terceiros e saciedade precoce pode

11

reduzir a ingestão alimentar(43), a DAD parece estar relacionada com o sistema de

saúde, assim como cuidados de saúde e o sistema económico de cada país(10, 13).

A doença pode causar desnutrição e esta pode ser influenciada negativamente

pela doença subjacente(18), segundo Colomb. V. a consistência do programa

nacional de saúde e nutrição intitula que as instituições hospitalares devem ter

recursos humanos e técnicos disponíveis para a nutrição e alimentação

multidisciplinar, fazendo desta uma prática cada vez mais reconhecida como uma

completa especialidade hospitalar(44).

Em suma, o rastreio da desnutrição pode ser implementado com sucesso a nível

internacional(34). A DAD desenvolve-se com grande facilidade, no entanto a sua

correcção é muito difícil, trabalhosa e demorada(45), continuando a ser um

problema de saúde pública e está associado a uma série de consequências

devastadoras e ainda hoje é frequentemente não diagnosticada e não tratada(8).

O atendimento e acompanhamento nutricional ao doente hospitalizado são

fundamentais, já que durante o internamento ocorre uma redução da aceitação

alimentar, por factores psicológicos, gravidade da doença e terapêutica

medicamentosa instituída(25).

Objectivos

O objectivo deste estudo foi:

Verificar se no momento de admissão hospitalar, assim como

semanalmente, os doentes internados no Serviço de Endocrinologia do

Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, apresentavam

risco nutricional ou desnutrição através da ferramenta de rastreio

nutricional (NRS-2002);

12

Saber se a estratégia de cuidados nutricionais individualizada em

pacientes em risco nutricional ou desnutrição beneficiava a condição

patológica e consequentemente a redução do tempo de internamento;

Avaliação nutricional através de sinais físicos e de exames físicos de

défices nutricionais.

Material e Métodos

Desenho do estudo:

Estudo descritivo longitudinal em trinta e nove doentes.

O estudo foi realizado durante dois meses e meio, entre 15 de Abril e 30 de

Junho de 2010 em doentes internados no Serviço de Endocrinologia do

CHP-HSA.

O serviço de Endocrinologia foi escolhido por conveniência, pois é um

serviço que está fortemente interligado com a unidade de nutrição através

de consultas multidisciplinares bem como a elevada solicitação do

nutricionista para intervenção nutricional a nível de doentes hospitalizados.

Foi excluído 1 doente com um tempo de internamento inferior a 24 horas, 2

doentes com incapacidade de aplicação do protocolo de risco nutricional

devido a impossibilidade ou por patologia clínica ou por demência e 3

doentes que permaneceram internados no momento terminal do estudo.

O questionário inclui a avaliação dos seguintes factores:

Utilizou-se um inquérito de aplicação indirecta constituído por grupos de

questões abertas e fechadas (sexo, idade, escolaridade, agregado familiar,

estado civil, actividade física(46), intolerâncias/ alergias alimentares, transito

13

gastrointestinal, dentição, deglutição, motivo do internamento, diagnósticos

anteriores e medicação).

A aplicação do método de rastreio nutricional (NRS-2002) foi feita nas

primeiras 48 horas de admissão do doente neste serviço.

Questionário da ingestão alimentar das 24 horas precedentes ao

internamento.

Foram recolhidos os dados antropométricos como peso (kg) e estatura

(cm) e consequente cálculo do IMC (Kg/m2)(47) semanalmente até à data de

alta do doente.

Utilizou-se alguns parâmetros bioquímicos (usados como rotina no serviço

em estudo) e os parâmetros foram os seguintes: Hematócrito (%),

Hemoglobina (g/dL), Linfócitos totais (%), Transferrina (mg/dL), Ferro

(mg/dL), Albumina (g/dL), Pré-albumina (mg/L), Proteínas totais (g/dL),

Proteína C-reactiva (mg/L), HbA1C (%), Zinco (mmol), Colesterol (mg/dL))

que parecem estar associados com a severidade da doença assim como o

estado nutricional do doente.

Foi efectuado avaliação nutricional através de exame físico (perda de

massa muscular, presença de edema nos membros inferiores, perda de

tecido subcutâneo na face região sacral ou ascite e coloração das mucosas

(palidez de anemia) e também o registo da detecção de sinais físicos de

défices nutricionais em (cabelo, face, olhos, lábios, língua, dentes,

gengivas, pele e unhas) (6, 29).

14

Avaliação antropométrica:

Todos os doentes foram pesados na mesma balança (Seca modelo 665),

vestidos com roupas leves e a altura foi estimada através da medição da

altura do joelho, medida com uma craveira (mede até 66 centímetros)

segundo a técnica de Chumlea descrita em Anthropometric Standards for

the Assessement of Growth and Nutritional Status(48) e posteriormente

calculada segundo a fórmula de cálculo de A. Roberto Frisancho(48).

Os parâmetros bioquímicos recolhidos serviam para confirmar ou não toda

a avaliação nutricional que foi efectuada e sempre que foram detectados

défices destes elementos foi informado ao médico assistente responsável

pelo paciente.

O estado nutricional dos doentes admitidos foi reavaliado semanalmente

de acordo com a permanência do doente no hospital.

Ensaio piloto:

O ensaio piloto de questionário foi aplicado a 10 doentes já internados

escolhidos aleatoriamente no serviço de endocrinologia, este ensaio foi

efectuado para verificar as limitações do inquiridor bem como as

dificuldades de categorização do risco nutricional.

Análise estatística:

Foi criada uma base de dados no programa informático Statistical Package

for Social Sciences (SPSS) para Windows (versão 17.0), na qual se

inseriram os dados recolhidos de todos os inquéritos.

A análise descritiva das variáveis efectuou-se a partir da determinação de

medidas de tendência central (média), medidas de dispersão (desvio

padrão) e dos extremos (mínimo e máximo). Usou-se a prova de Levene

15

para avaliar a homogenidade da variância. Quando a distribuição dos

parâmetros estudados era normal, comparou-se as médias pela prova de t

de Student, quando as distribuições não eram normais utilizou-se provas

não paramétricas. Comparou-se as distribuições de frequências pela prova

do Qui-quadrado para avaliar a independência, ou pela técnica exacta de

Fisher. Utilizou-se a ANOVA para comparação dos motivos de

internamento e o modelo de regressão logística. O nível de significância

utilizado foi de 5%.

Os doentes foram agrupados consoante o seu diagnóstico clínico como: Pé

Diabético infectado, Diabetes Mellitus descompensada e os restantes foram

classificados como outras patologias endócrinas das quais (Hipertensão arterial

para estudo, provável Síndrome de Cushing, nódulo da supra renal para estudo,

suspeita de hiperinsulinismo endógeno, recidiva de paraganglioma e Obesidade).

A intervenção nutricional foi efectuada sempre que se justificou devido à aplicação

do NRS - 2002 e sempre que se verificou anomalias nutricionais de acordo com a

observação de sinais físicos e que posteriormente foram comprovados com

parâmetros bioquímicos. A alteração da dieta alimentar procedia-se em função da

evolução terapêutica nutricional e consistia também no incentivo e verificação à

aceitação dietética prescrita.

O grupo de intervenção assim como o grupo de controlo utilizado para comparar

os tempos de internamento (doentes admitidos no serviço de endocrinologia do

CHP-HSA no período de 15 de Abril e 30 de Junho de 2009) apresentaram

patologias semelhantes, relativamente a média de idades e géneros também não

foi muito discrepante (Tabela 4), no entanto o estado nutricional não posso

afirmar nada pois não existem registos sobre estes e os parâmetros

16

antropométricos nem sempre são registados no processo clínico principalmente

em doentes com mais dificuldades de movimentação.

Relativamente ao número de diagnósticos anteriores e medicação a fazer serviu

para uma recolha mais aprofundada da história do paciente, bem como ter em

especial atenção as interacções fármaco nutrientes.

Resultados

Foram incluídos neste estudo 39 doentes que foram internados no serviço de

endocrinologia do CHP-HSA, destes doentes rastreados e avaliados 24 eram

homens (62%) e 15 mulheres (38%) como pode ser observado no (Gráfico 1),

estes doentes tinham uma média de idades de 59±16,97 (dp) em que a idade

mínima foi de 20 anos e a máxima 90anos.

Gráfico 1 - Distribuição por Géneros 1

Estes doentes foram avaliados segundo o seu Grau de escolaridade, apenas

duas pessoas não tinham qualquer escolarização e outras duas tinham o ensino

secundário, enquanto (64%) dos doentes apresentavam apenas o 1º ciclo ver

(Gráfico 2).

17

Relativamente ao agregado familiar (Gráfico 3) verificou-se que os doentes

admitidos no serviço estudado viviam em média com 3 pessoas.

O estado civil dos pacientes pode ser observado no (Gráfico 4), devendo-se

realçar que doentes que referiram união de factos foram incluídos no grupo

casados.

Gráfico 2 - Grau de Escolaridade

Gráfico 3 - Agregado Familiar

18

O nível de actividade física foi classificado consoante o (Gráfico 5) em que 34

doentes apresentavam uma actividade diária sedentária e 5 doentes com uma

actividade pouco activa.

Outras variáveis foram recolhidas para uma melhor avaliação do estado do

doente, destas recolheu-se dados sobre alergias/intolerâncias alimentares das

quais nenhum doente apresentava ou tinha conhecimento destas.

Gráfico 4 - Classificação do Estado Civil

Gráfico 5 - Nível de Actividade Física

19

Variáveis como dentição e deglutição podem ser observadas de acordo com os

(Gráficos 6 e 7) respectivamente.

Gráfico 6 - Classificação da Deglutição

Através do (Gráfico 8) pode-se observar a classificação do trânsito

gastrointestinal também foi alvo da pesquisa de avaliação nutricional.

O motivo do internamento mais frequente no Serviço de Endocrinologia foi o Pé

Diabético Infectado (n=21), seguido da Diabetes Mellitus Descompensada (n=10)

e outras patologias do foro Endócrino (n=8) como pode ser verificado no (Gráfico

9).

Gráfico 7 - Classificação da Dentição

Gráfico 8 - Funcionamento Intestinal

20

Segundo a classificação do NRS-2002, vinte e dois doentes não apresentavam

risco nutricional (56%), enquanto, dezassete doentes estavam em risco (44%)

(Gráfico 10), podendo ser observados e classificados de acordo com a

visualização do (Gráfico 11).

Gráfico 9 - Motivo do Internamento

Gráfico 10 - Classificação do Risco

21

De acordo com o NRS-2002 e a observação do (Gráfico12) podemos verificar

que a gravidade da doença foi das mais prevalentes, enquanto o IMC < 20 foi o

menos prevalente.

Foi efectuada a comparação de doentes em risco nutricional e sem risco

nutricional através dos parâmetros como idade, peso, altura e IMC no início do

Gráfico 11 - Pontuação do NRS - 2002

Gráfico 12 - Classificação do NRS - 2002

22

rastreio e conclui-se que a média de idades dos pacientes sem risco nutricional é

bastante mais baixa (51,27 anos) do que os doentes em risco nutricional (69

anos). O peso dos doentes sem risco nutricional é superior (78,73 kg) ao dos

doentes em risco (70,76) e o IMC também é mais elevado nos indivíduos sem

risco nutricional (28,93Kg/m2) quando comparado com os indivíduos em risco

nutricional (26,44 kg/m2), como pode ser observado na (Tabela 1).

Pontuação <3 (n=22)

Pontuação ≥3 (n=17)

Idade (anos)

51,27±15,462

69±13,491

Peso (kg) no inicio

78,73±20,42

70,76±16,81

Altura (m)

1,65±0,069

1,63±0,088

IMC (kg/m2) no inicio

28,93±6,922

26,44±5,144

Tabela 1 - Parâmetros do Risco Nutricional

Foram recolhidos vários parâmetros bioquímicos que parecem ter influência ou

estar associados à doença e consequentemente ao estado nutricional dos

indivíduos, no entanto é de realçar que como as análises foram recolhidas por

fazer parte do protocolo de rotina do serviço, nem sempre se obteve para todos

os doentes, logo o (n) varia, contudo conclui-se que de todos os parâmetros

apresentados na (Tabela 2) apenas a Proteína C - Reactiva e o Colesterol é que

se apresentaram mais elevados nos doentes desnutridos (Pontuação ≥3), quanto

23

aos outros parâmetros todas as médias destes estavam abaixo dos valores

encontrados nos pacientes sem risco nutricional (Pontuação <3).

Pontuação <3 Pontuação ≥3

Hematócrito (%) 39,63 (n=19) 34,82 (n=17)

Hemoglobina (g/dL) 13,24 (n=19) 11,44 (n=17)

Linfocitos totais (%) 27,91 (n=19) 25,68 (n=17)

Transferrina (mg/dL) 212.22 (n=9) 160,27 (n=11)

Ferro (mg/dL) 69,22 (n=9) 43,91 (n=11)

Albumina (g/dL) 4,05 (n=12) 3,44 (n=12)

Pré-albumina (mg/L) 167,33 (n=6) 166,50 (n=8)

Proteínas totais (g/dL) 7,16 (n=11) 6,15 (n=12)

Proteína C-reactiva (mg/L)

30,72 (n=13) 85,13 (n=13)

A1C (%) 9,29 (n=14) 10,64 (n=14)

Zinco (mmol) 11,50 (n=5) 8,10 (n=5)

Colesterol (mg/dL) 170,63 (n=16) 172,07 (n=14)

Tabela 2 - Parâmetros Bioquímicos e Risco Nutricional

Através do exame físico efectuado aos doentes que apresentavam perda de

massa muscular, presença de edema nos membros inferiores, perda de tecido

subcutâneo na face, região sacral ou ascite e coloração das mucosas pode-se

verificar na (Tabela 3) que estes sinais podiam ser observados na sua maioria

nos doentes em risco nutricional ou desnutridos.

24

Pontuação

<3

Pontuação

≥3

Perda de massa muscular 2 9

Presença de edema nos membros inferiores 7 7

Perda de tecido subcutâneo na face, região

sacral ou ascite 0 5

Coloração das mucosas 3 4

Tabela 3 - Exame físico em função do Risco Nutricional

Através da observação e detecção de sinais físicos de défices nutricionais

verifiquei que a média de sinais físicos em pacientes sem risco nutricional foi de

(2,82), enquanto nos pacientes com risco nutricional a média foi de (3,41) sinais.

A observação do numero de sinais físicos de défices nutricionais pode ser

verificada no (Gráfico 13) e comparar em os doentes sem risco e os doentes com

risco nutricional.

Gráfico 13 - Sinais clínicos de défices nutricionais perante a classificação do risco nutricional

25

O grupo utilizado para comparação de tempos de internamento pode ser

observado através da (Tabela 4), segundo o sexo, diagnóstico e idades.

Características

Doentes Admitidos no

Serviço de

Endocrinologia em

2010

n %

Doentes Admitidos no

Serviço de

Endocrinologia em

2009

n %

Género

Masculino

Feminino

24

15

62%

38%

20

19

51%

49%

Diagnóstico

Pé diabético infectado

DM descompensada

Outras patologias do

foro endócrino

21

10

8

53,9%

25,6%

20,5

20

18

1

51,3%

46,2%

2,5%

Idade média ±(DP)

59±16,972

62,03±13,74

Tempo de

internamento médio

±(DP)

10,59±6,576

14,74±8,38

Tabela 4 - Comparação das Características dos dois Grupos de Doentes

As necessidades energéticas de repouso foram calculadas através de equações

específicas de Harris and Bennedit e a energia total foi calculada para um factor

de actividade física e de stress adequado(6).

26

Dos trinta e nove doentes incluídos neste estudo, trinta e oito foram alimentados

oralmente através de dietas hospitalares e sempre que se justificou segundo o

grau de risco nutricional utilizaram-se alimentação entérica enriquecida em

energia e proteínas. Apenas um doente foi alimentado por sonda Nasogástrica

durante um período de 3 dias, devido a uma fase mais aguda de demência por

Alzheimer em que houve uma maior recusa alimentar.

Calculou-se o tempo de internamento através da diferença entre o dia de

admissão e o dia da alta clínica, no respectivo serviço de internamento.

Discussão

Actualmente a DAD ainda passa despercebida em muitos hospitais, com

consequências visíveis na qualidade de vida dos doentes, apesar de ter vindo a

receber cada vez mais atenção nos últimos anos(49). Apesar das diferentes

percentagens de risco nutricional encontradas em doentes hospitalizados, a

classificação do risco nutricional ou desnutrição, depende da ferramenta de

rastreio utilizada e dos critérios usados para a sua definição(4, 50-52).

A ferramenta utilizada para a identificação dos doentes em risco nutricional nesta

amostra foi o NRS-2002(7) é de fácil utilização e aplicável à diversidade de

patologias existentes neste serviço. Para além de descrita previamente como

tendo validade preditiva em relação ao resultado clínico e dado que é a

ferramenta actualmente recomendada pela ESPEN(5).

A execução deste trabalho permitiu que os doentes internados no Serviço de

Endocrinologia do CHP-HSA fossem alvo de rastreio nutricional, bem como

avaliação do estado nutricional. Estes doentes beneficiaram do acompanhamento

nutricional durante o tempo de internamento, visto que em apenas um serviço

27

deste mesmo hospital apresenta implementado um protocolo de rastreio

nutricional aos doentes admitidos.

Os métodos de rastreio nutricional descritos por diversas identidades

competentes (ESPEN, ASPEN, BAPEN entre outras) apenas identificam o risco

nutricional mas, a classificação do grau da desnutrição é indispensável utilizar-se

a avaliação nutricional(8).

No presente estudo, foi encontrada uma frequência de doentes em risco

nutricional de 43,6%, a frequência de desnutrição antropométrica apresentada foi

de 7,7% e a frequência de desnutrição proteico energética foi de 5,13%, nos 39

doentes observados e acompanhados. Apesar dos resultados obtidos estarem de

acordo com a literatura (20-50%) de risco nutricional(2, 5, 8-9, 11, 13-14, 16, 21-23, 26, 35, 40,

42, 50, 53-56) o serviço onde apliquei o protocolo de risco nutricional é considerado

como percentagens de risco nutricional baixas(17), sendo verificada recentemente

num outro Serviço de Endocrinologia uma frequência de desnutrição proteico

energética de (7,8%)(57).

A DAD está associada uma má evolução clínica, ao aumento da mortalidade

numa fase aguda de doenças crónicas, imobilização, anorexia, fraca dentição e

impacto na convalescença(36, 51, 58)

Verificou-se que pessoas mais velhas (B = 0,146 com p=0,017) e menos

escolarizadas (OR=0,021 com p=0,010) encontram-se com maior frequência no

grupo de risco nutricional ou desnutrição. Quando se passa do 1º para o 2º ciclo o

risco de desnutrição diminui 48x, assim como, por cada ano a mais o risco de

desnutrição aumenta 16%. De acordo com a literatura os factores associados ao

risco nutricional foram: idade(10, 17, 21-22, 39, 42, 49, 59), baixa escolaridade(4, 21, 42, 59),

sexo masculino, estado civil(42), e doentes a viver sozinhos(21). Parâmetros

28

socioeconómicos e qualificação profissional são de menor importância, contudo

mais de 90% dos pacientes mais jovens (<40 anos) apresentavam bom estado

nutricional(21).

Neste estudo foi observado que as mulheres tem um risco 40x menor de ter

desnutrição do que os homens (OR=0,025 com p=0,022), segundo estudos

anteriores, a maior frequência de desnutrição em pacientes do sexo masculino

pode reflectir o aumento de factores de risco como hábitos tóxicos e/ou

alimentares, estilos de vida e obesidade. Ou essas diferenças podem ser

explicadas em termos de mudanças na composição corporal e/ou diferenças na

capacidade adaptativa de homens e mulheres à DAD(4, 20).

Verificou-se que existe uma maior actividade física no grupo que não apresenta

risco nutricional e quem faz actividade física tem um risco 50x menos hipóteses

de ter desnutrição (OR = 0,020 com p=0,042) de que quem não faz, de acordo

com recentes evidência, a perda de peso e a ingestão alimentar influencia a

capacidade funcional do paciente(60).

A DM descompensada apresenta idades superiores, enquanto as patologias

agrupadas como patologias do foro endócrino e o pé diabético infectado

apresentam idades inferiores. O motivo do internamento não se relaciona com o

risco nutricional nem com o sexo da pessoa.

Recentemente também se verificou que níveis baixos de albumina foram

associados com maior tempo de internamento e aumento do risco de

readmissão(61), deste modo os níveis inferiores de albumina nos pacientes em

risco nutricional também podem ter influências no aumento do tempo de

internamento (p=0,04).

29

Relativamente á presença de sinais clínicos verificou-se que de um modo geral os

doentes apresentavam pelo menos um sinal clínico de défices nutricionais

independentemente de estar ou não em risco nutricional. Contudo, a minha

experiência e treino na detecção destes não era relevante, mas evidências

anteriores mostraram que 4 em cada 10 pacientes demonstrou sinais de

desnutrição ou tinha elementos de diagnóstico que determinava o seu estado

nutricional(4).

O desconhecimento, a falta de preocupação e tentativas de economizar a

despesa pública dos serviços nacionais de saúde relativamente à DAD podem ser

responsável por um aumento de custos económicos durante o internamento

hospitalar(20, 51, 53, 58).

Em alguns países, o rastreio nutricional é realizado a todos os doentes admitidos

nos hospitais e é um procedimento padrão, necessário para a acreditação e até

usado como critério da avaliação da qualidade do serviço hospitalar(2).

De acordo com a Resolução ResAp (2003) 3 do conselho da Europa, todos os

doentes devem ser regularmente submetidos à avaliação do risco nutricional,

desde o período prévio de admissão hospitalar até ao final do seu internamento(1-

2, 54).

A avaliação nutricional deve ser realizada como padrão de rotina efectuado

durante o internamento hospitalar na tentativa de diminuir as consequências

relacionadas com a DAD(18).

Cursos de intervenção médica continuada, assim como os simpósios sobre

avaliação nutricional e cuidados nutricionais são necessários introduzir na

formação médica para elevar o nível de conhecimento e competência destes.

30

Pois, a avaliação nutricional é um pré-requisito para o inicio do suporte nutricional

adequado aos pacientes que dele necessitem(36, 44, 55, 58).

Apesar do conhecimento médico e os efeitos económicos da desnutrição, é

sabido que a desnutrição em pacientes hospitalizados é frequentemente

subestimada pelo departamento médico e que mesmo simples procedimentos de

diagnóstico como a medição do peso corporal dos doentes não é feito(10, 20).

Devem desenvolver e implementar recomendações nacionais sobre alimentação

e cuidados nutricionais a nível hospitalar, assim como, assegurar uma ampla

divulgação a todas as partes interessadas, nomeadamente as autoridades

públicas e particulares, funcionários dos hospitais e prestadores de cuidados de

saúde primários a pacientes, assim como pressionar/ajudar as identidades

competentes que actuem nesta área(17).

A fim de aumentar a consciência dos problemas nutricionais deve-se implementar

como um pré-requisito para se poder obter uma gestão adequada da desnutrição,

de modo a tornar-se um procedimento de rotina de diagnóstico(45).

O cuidado nutricional por níveis assistenciais permite caracterizar procedimentos

conforme o estado nutricional e o grau de complexidade das acções do

nutricionista, bem como dar prioridade de atendimento aos pacientes

nutricionalmente comprometidos e proporcionando uma terapêutica adequada e

diferenciada(19).

A maneira de actuar dos médicos e outros profissionais de saúde em situações de

risco nutricional ou desnutrição deve ser padronizado e preferencialmente

informatizado, assim como devem ser dadas orientações claras e essenciais para

o tratamento ou minimização destas situações, com vista a garantir e melhorar os

cuidados do paciente(35).

31

Se o estado nutricional e a doença determinam a evolução do doente temos

razões para estar preocupados. Assim a melhor solução é tratar a doença e nutrir

o doente(18), contudo, evidências anteriores mostram que uma pequena

percentagem de pacientes estão a receber suporte nutricional adequado(20, 36).

Criar directivas que obrigue todos os hospitais portugueses façam o rastreio

nutricional dos doentes mo momento de admissão hospitalar. Após a

implementação de protocolos de risco nutricional em todos os hospitais

Portugueses, seria necessário melhorar a ingestão alimentar e garantir que os

doentes mais vulneráveis recebam apoio nutricional que necessitam, estes

doentes seriam destacados dos restantes pelo sistema de cores de tabuleiros

categorizando-os previamente iniciando o alerta máximo de desnutrição com o

tabuleiro de cor vermelha. Deste modo, os doientes em risco nutricional ou

desnutrição teriam um maior reconhecimento/atenção por parte dos profissionais

de saúde(62).

Este estudo teve como limitações:

A medição da altura do joelho por ser uma medida indirecta da estatura /

comprimento;

Baixo tamanho amostral de doentes;

A avaliação da ingestão alimentar através do inquérito às 24 horas

anteriores, pois apesar de se ter usado o manual de quantificação dos

alimentos é complicado distinguir a quantidade que se ingeriu ontem e a

que se ingeriu à uma semana atrás, apesar de no NRS-2002 se apresentar

quantidades de ingestão alimentar por quartis é complexo para o inquiridor

quantificar a ingestão nestes, daí só ter usado em três doentes a opção (o

doente teve uma reduzida ingestão alimentar na ultima semana?), pois

32

foram os únicos que consegui obter uma ingestão mais aproximada do

real, contudo uma grande percentagem de doentes referiu menor apetite

logo menor ingestão.

Portugal precisa urgentemente de implementação de protocolos de risco

nutricional para rastreamento de Desnutrição Associada à Doença, bem como na

comunidade pois, esta situação inicia-se em casa (lar) e está constantemente a

agrava-se a nível hospitalar devido à falta de formação e interesse dos

profissionais de saúde prestadores de cuidados a doentes hospitalizados.

Qualquer iniciativa para detectar precocemente a DAD em doentes hospitalizados

deve ser uma prioridade para todos os profissionais de saúde.

A detecção de sinais físicos de défices nutricionais e exame físico é uma medida

de avaliação nutricional simples, barata e rápida, contudo, necessita de

experiência/treino profissional, no entanto pode ser um suporte básico para o

nutricionista aplicar na prática clínica para efectuar a avaliação nutricional de

modo mais aprofundado.

Conclusões

Neste estudo verificou-se uma frequência de DAD elevada.

A avaliação/acompanhamento nutricional individualizada aos doentes em risco

nutricional deveria ser efectuada como rotina a nível de doentes hospitalizados

visto que se tem verificado evidências dos seus benefícios, assim como se

verificou que houve uma redução do tempo de internamento e uma melhoria do

estado nutricional do doente.

Verifiquei que a média de sinais físicos de défices nutricionais era superior em

doentes em risco nutricional ou desnutridos do que em doentes sem risco

33

nutricional, seria também importante relacionar os sinais clínicos como estado de

rastreio à desnutrição.

Os resultados deste estudo vão de encontro a outros estudos efectuados em

hospitais portugueses, bem como estudos internacionais, deste modo, deve-se

gerar consciência desta situação tão preocupante, se nada for feito para impedir

esta progressão pode ter efeitos irreversíveis nas populações bem como o

aumento dos custos associados à saúde.

34

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