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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Joaquim Alves dos Santos Neto APLICAÇÃO DO KAIZEN NAS OPERAÇÕES INTERNAS DE LOGÍSTICA DE UMA MONTADORA DE VEÍCULOS Taubaté – SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Joaquim Alves dos Santos Neto

APLICAÇÃO DO KAIZEN NAS OPERAÇÕES INTERNAS DE LOGÍSTICA DE UMA

MONTADORA DE VEÍCULOS

Taubaté – SP

2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Joaquim Alves dos Santos Neto

APLICAÇÃO DO KAIZEN NAS OPERAÇÕES INTERNAS DE LOGÍSTICA DE UMA

MONTADORA DE VEÍCULOS

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pelo Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos. Orientador: Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros.

Taubaté – SP

2008

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JOAQUIM ALVES DOS SANTOS NETO

APLICAÇÃO DO KAIZEN NAS OPERAÇÕES INTERNAS DE LOGÍSTICA DE UMA

MONTADORA DE VEÍCULOS

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional pelo Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos.

Data: ________________________

Resultado: ____________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros Universidade de Taubaté

Assinatura __________________________

Prof. Dr. Cyro Alves Borges Júnior Universidade do Estado do Rio de

Janeiro

Assinatura __________________________

Prof. Dr. José Luis Gomes da Silva Universidade de Taubaté

Assinatura __________________________

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“Aprender é a única coisa de que a mente

nunca se cansa, nunca tem medo

e nunca se arrepende”.

Leonardo da Vinci

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À Isabel, minha esposa, que me acompanhou, colaborou e

me apoiou no desenvolvimento deste trabalho.

À minha mãe, que me guiou nos primeiros passos da

aprendizagem e continua me incentivando.

Ao meu pai, que me mostrou o valor do trabalho, da

humildade e da honestidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. José Glenio Medeiros de Barros, pela dedicação e perspicácia na

orientação e na contribuição para o desenvolvimento deste trabalho.

À Profa. MSc. Miroslava Hamzagic, que trouxe sugestões de grande

importância para a qualidade desta dissertação.

Aos Professores Dr. Antonio Pascoal Del’Arco Júnior, Dr. José Luis Gomes da

Silva e Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo, pelo incondicional apoio, parceria

e colaboração no desenvolvimento deste aluno e profissional.

Aos Srs. Antonio Carlos da Silva e Roberto Pereira Pinto Júnior, que

colaboraram para o levantamento dos dados e resultados deste trabalho.

A todos os companheiros de classe e professores da Turma 7 do Mestrado

em Gestão e Desenvolvimento Regional, pelas alegrias nos bate-papos, pelo

incentivo nos momentos difíceis e pela presteza na hora da necessidade.

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RESUMO

A abertura econômica realizada no início da década de 90, no Brasil, levou as

empresas brasileiras a investir em novos métodos e tecnologias para ampliar sua

competitividade diante da concorrência global. Basicamente nesta época, o mercado

automobilístico brasileiro era atendido por quatro grandes montadoras (Volkswagen,

Ford, General Motors e Fiat) e, recebeu novos concorrentes, que trouxeram

produtos e instalações modernas. Esse fator aumentou a capacidade produtiva do

País na indústria automobilística, e a oferta excedeu a demanda do mercado. Como

decorrência, as empresas do setor concentraram esforços e investimentos em

melhorias dos seus processos e produtos para enfrentar a concorrência no mercado

interno e no mercado internacional. Muitas dessas empresas têm buscado implentar

a filosofia da Produção Enxuta para criar condições para obter vantangem

competitiva. É nesse contexto que o presente estudo se fez oportuno e foi

desenvolvido numa unidade de produção de uma montadora de veículos localizada

no Estado de São Paulo. Este descreve as ações desenvolvidas para aumentar a

produtividade das operações internas de logística desta empresa, baseadas na

aplicação de conceitos da Produção Enxuta. Isso significou o estabelecimento de

uma parceria entre a montadora e seu fornecedor de serviços nas operações

internas de logística. Os parceiros concordaram em compartilhar objetivos e

recursos e utilizar a metodologia do processo de melhoria contínua. A empresa

automobilística concordou em transferir ao fornecedor o seu conhecimento sobre

aplicação das ferramentas e sobre os conceitos da metodologia do Kaizen. Para

medir os resultados obtidos, foram definidos indicadores de produtividade, qualidade

e custos. Durante o período de estudo, os indicadores utilizados mostraram que o

desempenho das operações internas de logística foi aperfeiçoada, mas também

apontou que ainda há oportunidades de melhoria as quais dependem de novos

investimentos.

Palavras-chave: Produção Enxuta. Produtividade. Provedor de Serviços

Logísticos.

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ABSTRACT

The economical opening of the beginning of decade of 90, in Brazil, led the Brazilian

companies to invest in new methods and technologies to increase them

competitiveness in face of global competition. Basically at that time, Brazilian

automobile market share was attended by four great car manufacturing (Volkswagen,

Ford, General Motors and Fiat) and, received new competitors who brought modern

products and facilities. This fact increased the productive capacity of the country in

the automobile industry and supply exceeded demand in the market. As a result,

companies concentrated efforts and investments on process and products

improvements in order to confront the competition on internal market and

international market. Many of these companies have been trying to implement the

Lean Production philosophy to create conditions to achieve competitive advantage. It

is in this context that the present study was timely and was developed at production

unit of a car manufacturing located in São Paulo State. The study describes the

actions accomplished to increase the productivity of this company’s logistic internal

operations, based on application concepts from Lean Production. This fact signified

the establishment of a partnership process with the car manufacturing and its Third

Party Logistic supplier. The partners agreed to share resources and goals and use

the methodology of continuous improvement process. The automobile company

agreed to transfer to the supplier its knowledge about application of the tools and

concepts of Kaizen methodology. To measure the results obtained some indicators of

productivity, quality and cost were defined. During the period of study, the indicators

showed the performance of logistics internal operations was improved, but also

pointed out that there are still opportunities for improvement which depend on new

investment.

Keywords: Lean Production. Productivity. Third Party Logistics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A primeira linha de montagem em 1913, para o modelo T ..................... 27

Figura 2 - Fluxograma sobre o funcionamento do STP........................................... 30

Figura 3 - A casa do Sistema Toyota de Produção ................................................. 33

Figura 4 - Cartão Kanban ....................................................................................... 40

Figura 5 - Ciclo do PDCA ........................................................................................ 47

Figura 6 - Equipamentos industriais para operação interna de logística ................. 61

Figura 7 - Provedor de serviços logísticos na cadeia de suprimentos..................... 64

Figura 8 - Conceito do 4PL...................................................................................... 66

Figura 9 - Esquema do fluxo do processo produtivo na Unidade de Produção VP. 68

Figura 10 - Fluxo de atividades do provedor logístico ............................................. 73

Figura 11 - Composição do time no workshop de PMP .......................................... 80

Figura 12 - Nove desperdícios do SPO................................................................... 82

Figura 13 - Os onze passos do PMP....................................................................... 84

Figura 14 - Fluxograma ........................................................................................... 88

Figura 15 - Redução do tempo de ciclo das atividades do provedor logístico....... 102

Figura 16 - Carrinhos adicionais no abastecimento da linha de montagem .......... 108

Figura 17 - Organização do depósito .................................................................... 111

Figura 18 - Foto da simulação do transbordo do assoalho central........................ 114

Figura 19 - Indicadores de qualidade na portaria .................................................. 118

Figura 20 - Indicadores de qualidade no recebimento .......................................... 119

Figura 21 - Redução de custos por veículo produzido na logística ....................... 121

Figura 22 - Redução no custo por veículo produzido da unidade de produção .... 121

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descrição dos módulos do Sistema de Produção Ômega .................... 70

Quadro 2 - Oportunidade de melhorias nas operações internas de logística........ 100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produção na portaria............................................................................ 104

Tabela 2 - Produção no recebimento 1 da montagem final ................................... 105

Tabela 3 - Produção no abastecimento Kanban na linha de montagem............... 109

Tabela 4 - Produção nas atividades de depósito da montagem final .................... 113

Tabela 5 - Melhorias na movimentação de subconjuntos e laterais ...................... 116

Tabela 6 - Redução de custos operacionais ......................................................... 122

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

3PL: Third Party Logistics

4PL: Fourth Party Logistics

5S: Cinco Sensos

ASN: Advanced Shipping Notices

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

BOM: Bill of Material

BSC: Balanced Scorecard

CPMS: Central de Pré-montagem e Seqüenciamento

CSCMP: Council of Supply Chain Management Professionals

EAN: European Article Numbering

GLP: Gás Liquefeito do Petróleo

GTDA: Guia de Transporte de Dispositivos de Acondicionamento

JIT: Just-in-Time

KD: Knocked Down

MTM: Method Time Measurements

NF: Nota Fiscal

PCP: Programação e Controle da Produção

PDCA: Plan, Do, Check e Action

PMP: Processo de Melhoria da Produtividade

PSL: Provedor de Serviços Logísticos

SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SGA: Sistema de Gestão Ambiental

SPS: Set Pallet System

STP: Sistema Toyota de Produção

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TPM: Total Productive Maintenance

VP: Vale do Paraíba

WS: Workshop

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................15

1.1 NATUREZA DO PROBLEMA.........................................................................19 1.2 OBJETIVO GERAL DO TRABALHO..............................................................22 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.........................................................................23 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ..........................................................................23 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................24

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................26

2.1 A PRODUÇÃO EM MASSA ...........................................................................26 2.2 A PRODUÇÃO ENXUTA................................................................................28 2.2.1 A filosofia da Produção Enxuta ...........................................................30 2.2.2 O processo da Produção Enxuta.........................................................34 2.2.2.1 A cultura da qualidade – Jidoka.......................................................35 2.2.2.2 A padronização de atividades e o nivelamento da produção...........36 2.2.3 O valor da organização.........................................................................38 2.2.4 O método enxuto e suas ferramentas.................................................39 2.2.4.1 O método Kanban............................................................................40 2.2.4.2 O processo de melhoria contínua ....................................................42 2.2.4.3 A causa raiz dos desperdícios .........................................................44 2.2.4.4. A solução dos problemas.................................................................45 2.2.4.5 O ciclo PDCA e suas características ...............................................46 2.3 A LOGÍSITICA NA PRODUÇÃO ENXUTA.....................................................49 2.3.1 Operações logísticas na manufatura ..................................................50 2.3.2 A armazenagem ....................................................................................51 2.3.2.1 O recebimento .................................................................................53 2.3.2.2 O depósito .......................................................................................54 2.3.2.3 A expedição ou abastecimento........................................................55 2.3.2.4 Avaliação de desempenho...............................................................56 2.3.3 O manuseio de materiais......................................................................57 2.3.3.1 - Equipamentos para o manuseio de materiais...............................59 2.3.4 A terceirização ......................................................................................62 2.3.5 Parceria no gerenciamento da cadeia de suprimentos .....................65

3 CONTEXTO INDUSTRIAL DO ESTUDO..............................................................68

3.1 OS ELEMENTOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ÔMEGA – SPO ..............69 3.2 A LOGÍSTICA INTERNA E SUAS ATIVIDADES............................................71 3.3 ATIVIDADES DO PROVEDOR LOGÍSTICO..................................................74

4 A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE MELHORIA DA PRODUTIVIDADE ......77

4.1 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO DE CASO............................................78 4.2 O PROCESSO DE MELHORIA DA PRODUTIVIDADE .................................78 4.2.1 Descrição do processo.........................................................................80 4.2.1.1 Preparação das reuniões de melhorias ...........................................81 4.2.1.2 As atividades do grupo de trabalho .................................................82 4. 3 TEMPOS E MÉTODOS.................................................................................84

5 PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA .......................................................................86

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5.1 TIPO DE ABORDAGEM DA PESQUISA .......................................................86 5.2 ETAPAS DA METODOLOGIA .......................................................................87 5.2.1 Caracterização do problema ................................................................88 5.2.2 Definição dos objetivos........................................................................89 5.2.3 Definição dos indicadores de acompanhamento...............................91 5.2.3.1 Indicadores de produtividade............................................................91 5.2.3.2. Indicador de qualidade ....................................................................94 5.2.3.3. Indicador de custos..........................................................................95 5.2.4 Definição do período de controle ........................................................97 5.2.5 Levantamento e tratamento dos dados ..............................................98 5.2.6 Realização dos workshops ..................................................................98

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 100

6.1 AUMENTO DA PRODUTIVIDADE............................................................... 102 6.1.1 Ação de melhoria na atividade de portaria ....................................... 103 6.1.2 Ação de melhoria na atividade de recebimento ............................... 105 6.1.3 Ação de melhoria na atividade de abastecimento ........................... 106 6.1.4 Ação de melhoria na atividade de depósito ..................................... 109 6.1.4.1 A organização dos depósitos da montagem final .......................... 110 6.1.4.2 A produtividade dos depósitos da montagem final ........................ 112 6.1.5 Ações de melhorias nas atividades de subconjuntos e lateral ...... 113 6.1.6 Melhorias no fluxo de abastecimentos ............................................. 117 6.2 MELHORIA DA QUALIDADE....................................................................... 118 6.3 REDUÇÃO DE CUSTOS ............................................................................. 120

7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 124

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 127

GLOSSÁRIO........................................................................................................... 133

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1 INTRODUÇÃO

A maioria das empresas atuantes no Brasil tem buscado se tornar cada vez

mais competitivas, com o objetivo de aumentar sua participação no mercado

nacional e internacional. O processo de abertura econômica no Brasil, iniciado em

meados da década de 90, trouxe às empresas investimento em novos métodos e

tecnologias e mudanças de caráter cultural e operacional. Em particular, a indústria

automobilística brasileira realizou um forte trabalho na implementação da filosofia da

Produção Enxuta como mudança na cultura das empresas, visando adquirir

vantagem competitiva.

A Produção Enxuta foi criada e desenvolvida no Japão pela Toyota Motor

Company, ao longo das décadas de 50, 60 e 70. Esta filosofia é constituída por

estratégias de produção, que, entre outros benefícios, maximizam as reduções de

perdas nos processos. Seu reconhecido sucesso propiciou o crescimento da Toyota,

tornando-a a empresa mais lucrativa do mercado automobilístico. Assim, outras

organizações, concorrentes e fornecedores têm adotado seus conceitos e premissas

nas mais variadas atividades e operações dentro das empresas.

Nesse contexto, o presente trabalho aborda a aplicação da estratégia de

produtividade na logística de operações internas de uma montadora de automóveis,

com base na Produção Enxuta. O estudo foi desenvolvido em uma planta industrial

localizada no Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. Para preservar a empresa

envolvida no estudo, esta foi denominada Empresa Ômega e a planta citada como

Unidade de Produção do Vale do Paraiba ou Unidade de Produção VP. Esta

Unidade de Produção VP tem desenvolvido iniciativas de introdução dos conceitos

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contidos na filosofia da Produção Enxuta com sucesso. Essa experiência tem sido

transferida para as demais plantas nacionais do mesmo grupo por benchmarking.

A Unidade de Produção VP vem adotando conceitos e metodologias que

visam ao aumento da produtividade, à redução de custos e ao aperfeiçoamento do

seu sistema de gestão da qualidade. As metas estabelecidas buscam o melhor

aproveitamento das instalações e insumos disponíveis, o que aumenta a eficiência

da produção por meio da ampliação da capacidade produtiva. Os meios utilizados

para atingir essas metas baseiam-se na aplicação de técnicas e metodologias

variadas, tais como o Just-in-time e a gestão de melhoria contínua no modelo

japonês, denominada Kaizen. A política desenvolvida para a área da qualidade

fundamentou-se na certificação de qualidade, Norma ISO 9001, e na implantação do

Sistema de Gestão Ambiental - SGA.

Resultados significativos têm sido obtidos com o uso da melhoria contínua

(Kaizen) para a solução de problemas e a implementação de melhorias nos

processos e produtos. Essas ações têm sido realizadas por equipes multifuncionais.

As melhorias obtidas nos últimos três anos, com a eliminação de perdas nos

processos produtivos dessa unidade de produção, possibilitaram um aumento de

aproximadamente 30% da produção líquida horária.

A implementação do Just-in-time na unidade de produção VP promoveu a

introdução dos conceitos de logística integrada, do Kanban, do Milk Run e das

janelas de entregas para os fornecedores. A redução de custos indiretos de

produção ocorreu, principalmente, nos materiais de manutenção e de suprimentos e

nas ferramentas administrativas. Isso resultou na implementação de novos materiais

e fornecedores, inclusive com a nacionalização de alguns itens e componentes.

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A implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) teve duas

premissas: atender à normatização da ISO 14000 e, ao mesmo tempo, identificar

oportunidades para a aplicação dos processos de melhoria contínua em áreas

diretas e indiretas. O SGA colaborou com o processo de melhoria contínua, pois

reduziu as despesas e o consumo e, em alguns casos, transformou despesa em

receita. A redução no consumo de água tratada fornecida pela SABESP e a redução

do consumo de energia elétrica são exemplos de redução de despesas.

Contudo, alguns materiais que eram depositados em aterro sanitário

passaram a ser reciclados e vendidos a outras empresas. Pode-se citar o caso da

borra de tinta. Durante a aplicação de tinta nos veículos, por jato, parte desse

material recaía sobre o chão da cabine de pintura. Esse resíduo, denominado borra

de tinta, anteriormente era coletado e lançado em aterro sanitário. Atualmente, esse

material é reaproveitado na fabricação de tintas de segunda linha, utilizadas,

geralmente, para a pintura de cascos de barcos e navios, ou como combustível para

empresas de fabricação de cimento. Essa ação transformou despesa em receita.

A redução do consumo de água tratada deu-se com a introdução de um

sistema de reuso de água. Isso permitiu uma redução de 40% no volume de água

tratada adquirida da SABESP. Além da importância ambiental dessa ação, o custo

da água tratada para reuso é inferior ao custo da água adquirida da companhia de

saneamento. Por último, foi criado um grupo para gerenciar o consumo de energia

elétrica na planta, mediante padronização de atividades, identificação de

desperdícios, implantação e monitoramento de ações de redução do consumo de

energia elétrica. As ações implantadas nos últimos anos promoveram a redução do

consumo de energia e da demanda contratada, mesmo com o aumento de produção

observado no mesmo período. Por definição, a demanda contratada é a potência

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ativa disponibilizada no ponto de uso (empresa) a ser paga integralmente, sendo ou

não consumida pela empresa solicitante (ANEEL, 2000).

Os êxitos obtidos com a aplicação da técnica do processo de melhoria

contínua nas atividades diretas e indiretas de produção, em conjunto com o SGA,

possibilitaram que essa estratégia fosse expandida para a aplicação no

desenvolvimento de novos produtos e na rede de suprimentos. Dessa maneira, o

campo de oportunidades para a redução de custos na empresa Ômega foi ampliado,

com vistas a se manter a sustentabilidade da competitividade interna e externa da

empresa.

Para cumprir com eficiência as metas planejadas, a empresa Ômega

contratou uma consultoria internacional especializada no desenvolvimento e

treinamento da aplicação da Produção Enxuta. A consultoria atuaria como suporte e

orientadora dos trabalhos, durante o ano de 2006, com foco no processo produtivo e

no fluxo interno de materiais. No processo produtivo, a ferramenta utilizada foi a

análise do fluxo de valor. Este pode ser entendido como o mapeamento de um

processo, identificando as operações que agregam valor ao produto e aquelas que

são consideradas desperdícios. Para esses desperdícios são avaliadas

oportunidades de sua redução ou eliminação, as quais são analisadas e corrigidas

pelo processo de melhoria contínua.

Para a melhoria do fluxo interno do processo, foi necessário envolver o

fornecedor de serviços de logística interna, que, neste trabalho, foi denominado

provedor logístico. Esta ação se integrou à aplicação da metodologia Kaizen na rede

de suprimentos e no caso específico das atividades desenvolvidas pelo provedor

logístico. Assim, as metas estabelecidas tiveram por objetivo padronizar as

atividades, otimizar o fluxo de materiais e reduzir custos operacionais. Contudo, para

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o sucesso da operação, era necessário o compartilhamento de esforços,

metodologias e conhecimentos entre a empresa Ômega e o provedor logístico, num

autêntico processo de parceria.

1.1 NATUREZA DO PROBLEMA

O objetivo de realizar um processo de melhoria contínua em um fornecedor

tornou-se um desafio para a unidade de produção VP e para o próprio provedor

logístico. Para a unidade de produção VP, esse desafio consistiu, inicialmente, em

transferir o conhecimento da metodologia da melhoria contínua ao seu fornecedor de

serviços e em convencê-lo de que os trabalhos desenvolvidos, com a adequada

aplicação da metodologia, trariam benefícios às duas empresas. Por outro lado,

coube ao provedor logístico concordar e comprometer-se com o projeto, contribuindo

com recursos próprios e seu conhecimento operacional. Para as duas empresas e

para o grupo de trabalho formado, além do alcance das metas, havia o desafio de

engajar e treinar os empregados do provedor logístico, motivando-os a contribuir

com soluções para os desperdícios encontrados.

A montadora de veículos Ômega, mediante a análise dos indicadores de

produtividade, qualidade e custos das operações de logísticas, como também da

realização de benchmarking dos serviços prestados, identificou oportunidades em

diversas atividades. Em decorrência dessa análise, também se verificou que o

prestador de serviços não tinha conhecimento para a total aplicação da filosofia da

Produção Enxuta, conforme objetivos estabelecidos. No entanto, a montadora

também entendeu que contribuía para essa baixa eficiência no processo logístico,

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pois não realizou investimentos para a atualização de recursos, bem como não

desenvolveu um planejamento de melhorias para a área. A partir dessa situação, as

oportunidades foram identificadas, tanto no fornecimento de recursos por parte da

empresa automobilística, quanto no desempenho nas atividades operacionais por

parte do provedor de serviços logísticos.

Foi evidenciada uma baixa eficiência do fluxo de abastecimentos e

movimentação de materiais, proveniente de falta de padronização no fluxo de

movimentações, de equipamentos adequados, de rotas e freqüências não definidas,

da expansão não planejada do processo produtivo e do uso excessivo de

empilhadeiras.

O uso de empilhadeiras, em vez de rebocadores elétricos, trazia perda de

eficiência, em razão de o rebocador transportar uma maior quantidade de carga de

mesmo volume em relação às empilhadeiras, que só transportam um volume por

vez. Outro ponto observado na movimentação por empilhadeiras foi a alta freqüência

de movimentações vazias, ou seja, empilhadeiras sem carga ou com embalagens

vazias. Desse modo, as operações apresentavam-se com baixa eficiência quanto ao

uso dos equipamentos industriais, bem como um fluxo excessivo de veículos nas

ruas internas das alas, o que criava condição insegura aos empregados de ambas

as empresas.

Outra ineficiência das operações internas de logística encontrava-se no

recebimento de peças e partes dos fornecedores, o que ocasionava demora na

liberação da entrada do veículo, como também na descarga do caminhão. Isso

gerava constantes reclamações dos fornecedores. Para os clientes externos, os

motoristas de caminhões responsáveis pela entrega de peças e insumos dos

fornecedores à Unidade de Produção VP, os problemas iniciavam-se no portão de

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entrada da montadora. Havia uma burocracia significativa na preparação da

documentação de liberação de entrada e filas de espera para as docas de

recebimento.

Com a entrada do veículo e este estacionado na doca, a descarga dos

materiais ocorria de maneira lenta também, situação esta em que dois motivos

chamavam a atenção. O primeiro motivo era a distribuição irregular dos

recebimentos ao longo do dia e entre os dias da semana, ou seja, o fluxo de

veículos era mais intenso no período da manhã e no início da semana. O segundo

motivo residia no fato de a montadora utilizar dois turnos de produção, ou seja,

trabalhar apenas 16 horas por dia, enquanto o Recebimento necessitava de três

turnos para realizar os recebimentos, trabalhando 24 horas por dia. Isso gerava um

aumento de custo para a empresa automobilística relacionado diretamente com o

provedor e indiretamente com os insumos de energia e suprimentos para os

equipamentos logísticos necessários.

Essas situações concorreram para a definição de ações de melhoria de

processos logísticos, visando ao aumento de produtividade relacionado aos insumos

utilizados e à parceria das empresas no desenvolvimento dos trabalhos. Desse

esforço de melhoria surgiram os seguintes questionamentos: quais ações podiam

ser implantadas para aumentar a produtividade, a qualidade e reduzir os custos nas

atividades da operação interna de logística? A metodologia do processo de melhoria

contínua utilizada pela montadora seria eficiente e eficaz na solução dos problemas

das operações de logística? Haveria dificuldades no compartilhamento de recursos,

de objetivos e de tecnologia para a realização desse projeto? Os “ruídos” poderiam

prejudicar o desenvolvimento adequado dos trabalhos e a sua eficiência? Destas

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questões surgiram a necessidade e a motivação para o desenvolvimento da

presente dissertação.

1.2 OBJETIVO GERAL DO TRABALHO

O objetivo geral deste trabalho é a análise dos ganhos nas atividades de

logística interna com a Produção Enxuta.

O objetivo específico é resultado da análise do processo de logística interna e

da identificação de oportunidades de melhoria na unidade de produção VP, que

resultaram na elaboração de um plano de ações e na definição de uma equipe multi-

funcional responsável pela implementação dessas propostas. O trabalho

concentrou-se nos resultados de aumento da produtividade e qualidade, bem como

na redução de custos e na otimização do uso de equipamentos. O plano de ações

tinha como proposta central a eliminação do terceiro turno na atividade de

recebimento de componentes e insumos em geral, bem como a otimização dos

abastecimentos de linhas e postos de trabalho. Sendo assim, seria necessário:

• Adequar o layout dos depósitos.

• Planejar os fluxos de entrega e as freqüências adequadas para o abastecimento

de linha de montagem e postos de trabalho.

• Otimizar e eliminar operações de transbordo de materiais.

• Otimizar as operações de portaria, recebimento e abastecimento dos pontos de

uso de materiais.

O grupo de trabalho envolvido, no qual o autor foi integrado, elaborou uma

revisão dos fluxos de fornecedores mediante a uniformização das quantidades de

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recebimentos diários (fornecedores) buscando distribuir de maneira equilibrada toda

a entrega durante os dois turnos de trabalho e produção da montadora.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

As atividades de logística foram estudadas abordando-se exclusivamente a

operação interna de logística, ou seja, os serviços operacionais realizados dentro da

unidade de produção VP. As atividades analisadas, conforme já mencionado, foram

aquelas relacionadas ao recebimento de fornecedores e de material, à

administração de depósito e à movimentação de materiais dentro da planta. Para o

desenvolvimento da dissertação, houve contínuo acompanhamento das ações de

melhorias de processos realizadas entre julho de 2006 e julho de 2007.

O trabalho realizado na empresa Ômega utilizou a metodologia do próprio

grupo automobilístico, baseada nos princípios e conceitos da Produção Enxuta, que

está inserida em seu sistema de produção e é denominada Processo de Melhoria da

Produtividade (PMP). Essa metodologia foi transferida ao provedor logístico

mediante compartilhamento de conhecimentos na elaboração de melhorias

contínuas em suas atividades.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A relevância deste estudo está no fato de ele trazer informações sobre

melhorias que podem ser implantadas para a otimização de fluxos de abastecimento

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e no recebimento de fornecedores para outras empresas desse setor. Dessa

implantação discute-se a adequabilidade da aplicação da Produção Enxuta em todos

os processos de logística interna dentro de uma planta com as características

apresentadas, inclusive contando com a parceria de fornecedores na sua aplicação,

em função dos resultados obtidos.

Os benefícios e as dificuldades na realização da transferência de

conhecimentos do cliente para o fornecedor, ocorrida no caso estudado, tornam-se

uma referência para novos processos. As informações apresentadas servem como

“melhores práticas” para uso da própria empresa com novos fornecedores e,

principalmente, para outras organizações que estão planejando realizar processos

similares.

Para a empresa automobilística estudada, a relevância da aplicação da

metodologia trouxe ganhos financeiros, evidenciou ser benéfica para a parceria com

este fornecedor e serviu como importante contribuição para o banco de best practice

da empresa.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho foi elaborado em sete partes. O Capítulo 1 traz informações sobre

o contexto do estudo desenvolvido e fornece a descrição dos objetivos detalhados e

da relevância pretendida pelo estudo, bem como as suas delimitações.

No Capítulo 2, é apresentada a revisão bibliográfica, que objetiva fornecer o

embasamento teórico ao entendimento do trabalho e a justificativa das ferramentas

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escolhidas. Essa revisão da literatura inclui obras relevantes sobre o tema e artigos

recentemente publicados sobre os conhecimentos discutidos.

No Capítulo 3, pretende-se inteirar o leitor no contexto das empresas onde o

trabalho foi executado, auxiliando-o com informações sobre o processo produtivo da

montadora, sobre o seu sistema de produção e também sobre as atividades do seu

fornecedor de serviços logísticos.

O Capítulo 4 descreve o processo de melhoria contínua da montadora de

automóveis, compartilhado com seu fornecedor, para o desenvolvimento, em

parceria, dos trabalhos de melhoria nas operações de logística.

A proposição metodológica com a descrição dos processos de medição e a

avaliação dos resultados das melhorias realizadas está no Capítulo 5. Nesse

capítulo procura-se fornecer, de maneira clara, como se procedeu ao estudo e o

porquê dos indicadores escolhidos.

As ações implementadas e os resultados obtidos, com suas respectivas

análises estão elaborados no Capítulo 6. Para facilitar o entendimento dos trabalhos

elaborados e seus resultados, são apresentadas figuras e tabelas contendo os

valores obtidos antes e depois da aplicação das melhorias.

Para finalizar, o Capítulo 7 traz as conclusões e a contribuição do estudo

realizado, bem como propostas de desdobramentos em novos estudos, que possam

enriquecer a literatura sobre o assunto abordado.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A indústria automobilística foi considerada por Drucker (1946, apud Womack

et al., 1992) como a “indústria das indústrias”. Womack (1992) justificou essa

importância devido aos conceitos inovadores introduzidos. No entendimento destes

pesquisadores foram dois os conceitos surgidos, um em cada metade do século

passado, que estabeleceram tamanha distinção: a Produção em Massa e a

Produção Enxuta.

2.1 A PRODUÇÃO EM MASSA

Para Megginson et al. (1998) a Produção em Massa é resultado do

desenvolvimento da teoria da administração científica elaborada por Frederick W.

Taylor e outros estudiosos. No entendimento de Maximiano (2004), a administração

científica traduz-se em reduzir custos de produção por meio do incentivo monetário,

em determinar cientificamente a melhor maneira de se executar cada atividade do

processo, em treinar os operadores selecionados adequadamente conforme

determinado e em promover um ambiente integrado entre administração e

trabalhadores.

Ohno (1997, p. 105) diz que ”Henry Ford criou o sistema de produção

automotivo”, o qual originou o sistema de Produção em Massa. A característica

principal desse conceito, conforme descrita por Maximiano (2004) e Ohno (1997),

está na capacidade de transformar progressivamente a matéria-prima de cada

processo e de todos eles fluírem para uma linha de montagem final. Essa linha de

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montagem se movimenta em velocidade regular, enquanto as partes e peças são

agregadas por operadores distribuídos em postos fixos em toda a sua extensão. Os

carros saem totalmente montados, um após o outro, no final da linha de montagem.

Womack et al. (1992) e Ohno (1997) apontam a produção em massa como

inovação com foco em “quantidade e velocidade” com “baixa flexibilidade” da

produção. A Figura 1 ilustra a linha de montagem instalada em 1913, em Highland

Park, para a produção do modelo Ford T na fábrica da Ford Motor Company.

Figura 1 - A primeira linha de montagem em 1913, para o modelo T Fonte: www.images.google.com.br. Acesso em: 16 mar. 2007

Esse modelo de produção ficou conhecido como produção empurrada, porque

a linha de produção não pára quando ocorrem defeitos e esses são identificados. As

peças ou produtos são segregados para retrabalho posterior ou enviados a outra

área, para conserto.

FOTOS da PRIMEIRA LINHA de MONTAGEM

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2.2 A PRODUÇÃO ENXUTA

A manufatura na indústria automobilística, conforme a visão de Slack (1993),

é estrategicamente importante para a obtenção da competitividade. Este é o local

onde o produto é elaborado com qualidade, produtividade, flexibilidade e agilidade, e

ainda melhorando a cada dia. O resultado disso é o desempenho crescente, que traz

como conseqüência a redução de custos e a competitividade. Este também era o

pensamento de Ohno (1997), que refere que é na produção e por meio de sua

observação adequada que se pode entendê-la e otimizá-la, o que gera um

diferencial competitivo.

O desenvolvimento da empresa automobilística da Toyota resultou em uma

inovação do sistema produtivo, o Sistema Toyota de Produção (STP) (LIKER, 2005).

O STP tomou consistência na década de 50. Ohno (1997) comenta que a produção

da Toyota deveria ser flexível para produzir diferentes tipos de veículos e otimizar o

uso de insumos devido à escassez de recursos no Japão. O objetivo era tornar-se

competitivo no mercado japonês frente aos Estados Unidos e competir com sua

produção em escala. Essa necessidade gerou a pesquisa e o desenvolvimento de

uma metodologia que pudesse oferecer otimização da mão-de-obra, baixo nível de

estoque de materiais e atender a uma produção diversificada e de pequeno volume

mensal. A isso Shingo (1996) denominou evolução da linha de montagem da Ford.

O STP, aqui no Brasil, ficou conhecido também pelo termo Produção Enxuta,

que é a tradução de Lean Production, e descrito por Liker (2005) como sendo

adotado inicialmente por Womack, Jones e Ross (1992) no best seller “A Máquina

que Mudou o Mundo”. Este livro é o resultado do trabalho acadêmico para entender

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as práticas desenvolvidas por Eiji Toyoda e Taiichi Ohno na Toyota, que lhe

conferiam enorme competitividade no mercado mundial de automóveis.

Essas práticas do STP refletem a filosofia e os métodos de trabalho adotados

pela empresa japonesa. A disciplina, em sua aplicação, garante à empresa produzir

carros com alto desempenho, design arrojado, baixos custos de produção e,

conseqüentemente, preços competitivos e aumento da lucratividade, o que

possibilita sua expansão no mercado (LIKER, 2005). Holweg (2006) acrescenta o

processo de aprendizado constante como uma das importantes características do

STP.

Entretanto, é essencial o envolvimento de todos os envolvidos, desde o

fornecedor de matérias-primas ou partes e componentes, até o prestador de

serviços encarregado de entregar o produto ao cliente. Assim, Ohno (apud Liker,

2005) propõe o envolvimento e o comprometimento de fornecedores, distribuidores e

de todos os funcionários da empresa, independentemente do nível hierárquico, em

realizar, diariamente, suas atividades cada vez melhor, identificando desperdícios e

eliminando-os. Com esse incremento no desempenho, é possível aumentar cada

vez mais a competitividade no mercado.

Os autores Liker e Meier (2007) entendem que a filosofia da Produção Enxuta

fundamenta o STP mediante a interação entre o processo, a valorização da

organização e a solução contínua dos problemas em sua causa raiz. Nesse sentido,

os autores descrevem o processo de eliminação de desperdícios, representado pelo

fluxograma ilustrado na Figura 2, como a dinâmica de funcionamento do próprio

STP, o qual será mais bem detalhado a seguir.

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Figura 2 - Fluxograma sobre o funcionamento do STP Fonte: Liker e Meier (2007, p. 93)

2.2.1 A eliminação dos desperdícios

Define-se desperdício, ou perda, como toda atividade que não agrega valor

ao produto, também conhecido por Muda, em japonês. Então, ao se aplicar a

Produção Enxuta, duas características servem como medida, ou alerta: o

nivelamento da produção e a padronização das atividades. No entendimento de

Liker e Meier (2007), o nivelamento é conseqüência da estabilidade da demanda

produtiva, pois, ao se adotar uma produção uniforme e constante, os problemas irão

EFEITOOs problemas devem ser corrigidos rapidamente

FILOSOFIAEliminação de Perdas

PRINCÍPIOCriação do f luxo de processo

contínuo

ESTRATÉGIACriação de processos

"estendidos" interdependentes

MÉTODOSistema puxado

RAZÃOOs problemas são trazidos à

tona rapidamente e são críticos

ResultadoAs perdas

são reduzidas

FLUXOGRAMA DA ELIMINAÇÃO DOS DESPERDÍCIOS

Medida de DesempenhoRedução do lead time

Ferramentas EnxutasKanban, supermercados, rotas

FIFO def inidas

Método de ControleUtilização de controles visuais de modo que nenhum problema

fique oculto

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aparecer para serem solucionados. Os autores apontam a padronização como o

resultado da estabilidade e da repetibilidade do processo.

Ao se distribuir de maneira uniforme a carga de trabalho no eixo do tempo,

torna-se possível identificar e eliminar os desperdícios. Isso também permite eliminar

as sobrecargas de trabalho, denominadas Muri em japonês. E, finalmente, essa

sobrecarga é responsável pela quebra de qualidade ou de máquina, gerando a

produção de material defeituoso, chamada de Mura. Para promover a solução desta

tríade, é necessário desenvolver um sistema estável e uniforme, em que o conceito

seja garantir o nivelamento do plano de trabalho, o qual a Toyota denomina

Heijunka.

Pela sua importância, Ohno (1997) distinguiu as perdas ou desperdícios em

sete tipos distintos: superprodução, tempo disponível ou espera, transporte,

processamento, estoque disponível, movimento do empregado e produção de

produtos defeituosos. Para os autores Shingo (1996) e Liker (2005), as definições de

cada um desses sete tipos ajudam no entendimento e no conhecimento de suas

principais características e sustentam a sua aplicação adequada. Portanto, os sete

desperdícios são entendidos da seguinte forma, segundo Liker e Meier (2007), Liker

(2005) e Shingo (1996):

• Superprodução: exceder a utilização dos recursos produtivos em razão

da produção antecipada, ou em volume excedente ao necessário, gerando

alto volume de estoque.

• Espera: operador parado pelos seguintes motivos: quebra de máquina,

falta de material, setup, aguardando operação de máquina, aguardando

operação de gargalo, atrasos de processos ou excesso de estoque.

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• Transporte ou transferência: movimentação desnecessária de matéria-

prima, material em processo ou produto acabado, no estoque ou durante o

processo.

• Superprocessamento ou processamento incorreto: realização do

trabalho desnecessário, ou seja, que exceda a necessidade, ou trabalho

ineficiente, realizado devido a recursos inadequados que ocasionarão

defeitos.

• Excesso de estoque: excesso de matéria-prima, material em processo e

produtos acabados, gerando alto valor de estoque, necessidade de

espaço para alocação, além de não possibilitar a identificação de

problemas no processo.

• Deslocamentos desnecessários: movimento que não agrega valor ao

produto ou locomoção do empregado durante sua atividade produtiva.

• Defeitos: consumo adicional de recursos produtivos para realizar

retrabalho ou produzir material para substitiuir material refugado.

O planejamento inadequado, seja de marketing, seja de logística, seja ainda

de engenharia pode causar a produção em excesso, a movimentação ou fluxo

inadequado e a realização de atividades desnecessárias ou inadequadas e,

respectivamente, causar perdas. A falta de distribuição adequada da carga de

trabalho para máquinas e empregados, bem como o desbalanceamento das

atividades e dos fluxos de materiais, geram a perda por espera para o empregado e

excesso de estoque. O processamento inadequado também pode resultar na

produção de produtos defeituosos que necessitarão ser refugados ou até na

realização da atividade extra de retrabalho. E, ainda, o planejamento deficiente dos

layouts dos postos de trabalho pode causar excessiva movimentação dos

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operadores para buscar material ou equipamento para realização de sua atividade

(LIKER, 2005). Rawabdeh (2005) conclui em sua pesquisa que os tipos de

desperdícios se influenciam mutuamente em maior e ou menor grau, sendo que as

perdas por superprodução e defeitos são as de maior impacto e, conseqüentemente,

as que mais influenciam os demais desperdícios.

A Figura 3 traz uma representação gráfica do STP.

Figura 3 - A casa do Sistema Toyota de Produção

Fonte: Liker (2005)

Esta representação do STP em forma de casa foi elaborada por Fujio Cho,

discípulo de Taiichi Ohno, e teve como objetivo disseminar a filosofia nos

SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO

Melhor Qualidade - Menor Custo - Menor Lead time - Mais Segurança - Motivação

redução do fluxo de produção pela eliminação das perdas

Just-in-timePessoas e Equipe de

trabalho

Autonomação

Melhoria Contínua

Produção Nivelada

Processos estáveis e padronizados

Gerenciamento Visual

Sistema Toyota de Produção

Takt timeFluxo contínuo

Sistema PuxadoTroca rápida

Logística Integrada

Peça certaQuantidade certa

Tempo certo

Controle de qualidade

Solução de problemas

Andon

Separação pessoal e máquina

Redução de Perdas

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fornecedores da Toyota. De acordo com Liker (2005), foi uma maneira de facilitar o

entendimento do funcionamento desse sistema de produção.

2.2.2 O processo da Produção Enxuta

O desenvolvimento do STP teve início com a idéia de fluxo contínuo e

unitário de peças, para atendimento do cliente na hora exata, com a quantidade

certa e no local correto (LIKER, 2005). Ohno (1997) conta que a maneira imaginada

faria com que cada processo recebesse, continuamente, informações do que deveria

ser sua tarefa seguinte; assim poder-se-ia otimizar suas atividades e,

conseqüentemente, os insumos utilizados. Portanto, seria criado um fluxo contínuo

mediante a migração de peças e componentes do processo inicial para o seguinte,

até a linha de montagem final, sincronizados em quantidades, tempo e local.

O objetivo deste sistema é perseguir o estoque zero, que é a idéia precursora

do Just-in-time (JIT). E, como a produção de cada estação seria determinada pela

estação seguinte, ou seja, do fim para o começo, surgiu o termo “produção puxada”

(OHNO, 1997). A ferramenta desenvolvida para propiciar o fluxo unitário de

mercadorias foi o Kanban, um cartão de chamada enviado pela operação posterior à

anterior, solicitando sua necessidade de material. Destaca-se, assim, a importância

de uma comunicação eficiente entre os processos.

Para Fullerton e McWatters (2001), além da redução do nível de estoque e de

custos, o método propicia um alto compromisso com o consumidor e o incremento

da qualidade, por meio da eliminação de desperdícios e pelo desenvolvimento do

processo de melhoria contínua.

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2.2.2.1 A cultura da qualidade – Jidoka

Liker (2005) define o Jidoka como a “qualidade intrínseca”, ou seja, a

abordagem da qualidade nas atividades humanas, nas máquinas e na interação

entre ambas. O termo japonês Jidoka é também conhecido por autonomação. Liker

e Meier (2007) explicam que a aplicação da autonomação, seja em máquinas, seja

pela ação humana, implica o uso da cultura de se parar a operação no momento em

que um problema ocorre e somente seguir adiante após sua solução definitiva. A

eficácia do sistema depende disto (LIKER, 2005).

Shingo (1996) aborda a autonomação no caso das máquinas como a maneira

de transferir atividades humanas para as máquinas, pela implementação de

dispositivos que permitam identificar automaticamente o problema, cessando a

operação e emitindo aviso. Este sistema é denominado Andon em japonês (LIKER;

MEIER, 2007).

Para Kim e Gershwin (2005), como o Jidoka trabalha na prevenção de falhas

e na solução definitiva dos problemas identificados, ele resulta na estabilidade do

processo, na maior qualidade do produto e no menor tempo de produção. Shingo

(1996) acrescenta que esses benefícios são obtidos com o rebalanceamento das

atividades produtivas e a otimização dos insumos, principalmente da mão-de-obra.

Ao se identificar um problema, deve-se reunir um grupo de empregados para

compartilhar a identificação das causas e a proposição de soluções. Liker (2005) e

Ohno (1997) concordam que esse envolvimento cria um ambiente motivacional à

propagação dos conhecimentos e experiências, pois todos da equipe colaboram e

aprendem.

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Uma importante ferramenta desenvolvida pela Toyota para a detecção da

causa do problema identificado é a simples aplicação da pergunta: “por quê?”, cinco

vezes. Liker (2005) enfatiza a importância dos “5 porquês” para a identificação

correta da origem do problema, para, assim, poder implantar a solução ideal.

Liker (2005) e Ohno (1997) afirmam que o Jidoka, ou a autonomação,

juntamente com o JIT, formam os pilares de sustentação do Sistema Toyota de

Produção.

2.2.2.2 - A padronização de atividades e o nivelamento da produção

Liker e Meier (2007, p. 118) vêem a “padronização como o ponto de partida

para a melhoria contínua”. No entendimento de Penner (2005, p. 63), a

padronização “é um esforço dirigido para o ganho de produtividade por meio da

redução do tempo de ciclo e da eliminação de desperdícios”. E Ohno (1997, p.41)

resume como sendo uma “combinação eficaz dos materiais, operários e máquinas

para produzir com eficiência”.

Ohno (1997) entende que o trabalho padronizado depende de três fatores: o

tempo de ciclo (takt time), a seqüência de processo, e o nível de estoque. O primeiro

fator determina o ritmo de trabalho para atender a necessidade do cliente; o

segundo refere-se à seqüência de atividades para obter-se o produto; e, por último,

tem-se o estoque necessário para manter o funcionamento sincronizado do

processo (LIKER, 2005). Para Liker e Meier (2007), a padronização deve atuar no

processo como um todo, distribuindo metodicamente a carga de trabalho e

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fornecendo orientação clara ao empregado quanto à execução de suas tarefas, mas

lhe concedendo a oportunidade de inovar ou melhorar o processo.

Os autores Liker (2005) e Ohno (1997) vêem o trabalho padronizado como

fundamental para a determinação científica do tempo de ciclo, para a descrição

eficiente da seqüência de trabalho e para a determinação adequada do nível de

estoque. Essas ações também contribuem para a eliminação de defeitos e,

conseqüentemente, para a melhoria da qualidade.

Para se padronizar um processo, primeiramente é necessário que ele se

encontre estável. A identificação da variação é um objeto de desenvolvimento no

processo de melhoria contínua e, após a implantação da solução que tone o

processo estável e repetitivo, realiza-se a redivisão das cargas de trabalho (LIKER;

MEIER, 2007).

O nivelamento de produção, ou Heijunka em japonês, apresentado por

Witcher (2004), é descrito como a eliminação das variações nas quantidades diárias

do volume de produção. McClellan (2004), em sua pesquisa, cita que, para atender

à variação do mix de produção, a manufatura deve ser flexível e apresentar setups

rápidos, empregados bem treinados e flexíveis e carga de trabalho balanceada entre

os funcionários.

Nos comentários de Liker e Meier (2007), o nivelamento provoca benefícios,

tais como flexibilidade da manufatura, uso otimizado dos recursos, produção

planejada, fornecedores internos operando com custos menores e melhor qualidade.

No entanto, há três aspectos que devem ser garantidos para a sua obtenção: o

volume de produção, o mix de produção (o volume distribuído por tipos ou modelos

de produto), e a seqüência dos modelos durante a produção.

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Ohno (1997) salienta que o nivelamento quebra o paradigma do lote

econômico, possibilitando que se produza em lotes pequenos e, dessa forma, se

reduza o tempo de setup (troca de ferramentas), o que permite que o processo

ocorra de maneira uniforme.

Hafner (2003) sumariza o trabalho padronizado e o nivelamento da produção

como a base para o desenvolvimento dos pilares do JIT e da Autonomação.

2.2.3 O valor da organização

A organização, para atingir os objetivos e os benefícios da Produção Enxuta,

precisa investir na mudança de atitude do seu corpo gerencial, no treinamento

constante de todos os seus empregados e na prática do trabalho em equipe, com

sinergia e compartilhamento dos conhecimentos individuais (OHNO, 1997).

No entendimento de Liker e Meier (2007), são três os fatores que valorizam a

capacidade da organização no desenvolvimento da Produção Enxuta: a formação de

líderes, o aculturamento dos funcionários e a parceria no trabalho. Em síntese, tem-

se, nos líderes, além das habilidades gerenciais, o conhecimento detalhado do

processo e da filosofia da Produção Enxuta, para auxiliar e orientar na correta

aplicação de seus métodos, de maneira corriqueira. Adiciona-se a isso o fato de que

todos empregados devem conhecer e ter o compromisso de praticar essa

metodologia , de maneira constante, nas suas atividades na empresa. A organização

deve trabalhar em parceria com seus fornecedores, a fim de compartilhar os

conhecimentos, a solução de problemas e desenvolver melhorias no processo

comum, para um crescimento mútuo.

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O sucesso da aplicação das metodologias depende das pessoas que

constroem essa organização. Assim, Liker (2005) pondera sobre a necessidade de

se criar uma organização do aprendizado e um ambiente de motivação. No STP os

líderes são os responsáveis pela divulgação e aplicação da cultura da Produção

Enxuta, pelo treinamento dos empregados e pela conduta de desafiar e propiciar o

desenvolvimento das pessoas. Isso é capaz de conduzir a organização a um

ambiente de motivação e de desafio profissional e de levar seus empregados a

identificar oportunidades de melhorar sua condição de trabalho e também de se

desenvolver profissionalmente.

Os meios utilizados para isso são a aplicação correta e constante das

metodologias e parcerias no trabalho, o que conduz ao compartilhando de

problemas e soluções. Tudo isso também deve ser praticado com os fornecedores

da cadeia de suprimentos, o que denota o desenvolvimento e crescimento mútuo.

2.2.4 O método enxuto e suas ferramentas

O texto de Liker (2005) explica que o ideal de fluxo unitário e de sistema

puxado de produção foi desenvolvido a partir da criação de pequenos lotes entre as

operações, em que eles somente seriam repostos conforme fossem sendo

consumidos, evitando-se, assim, a superprodução. Essa prática manteria a

produção uniforme e constante.

Este sistema foi denominado Kanban, responsável por “administrar e garantir

o fluxo e a produção de materiais em um sistema de produção Just-in-time”. Ohno

(1997) define que o método de operação do Sistema Toyota de Produção é o

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Kanban. No entendimento de Liker e Meier (2007), o método Kanban é uma

comunicação visual que informa à operação anterior a necessidade do cliente.

2.2.4.1 O método Kanban

A palavra Kanban significa “cartão ou etiqueta”, onde são concentradas as

informações sobre o item de produção, local de consumo, local no depósito ou

processo anterior, quantidade necessária e forma de acondicionamento (OHNO,

1997). A Figura 4 apresenta um modelo de Kanban para um melhor entendimento.

Figura 4 - Cartão Kanban Fonte: Lopes (1998).

O processo de aplicação do Kanban tem algumas funções e obedece a

determinadas regras para atingir seus objetivos. Conforme foi enumerado por Ohno

(1997), as funções do Kanban são de movimentação de informações sobre o

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material, tais como: o que e onde buscar, onde e quanto entregar. Nenhum material

poderá ser transportado sem essa etiqueta, e muito menos ser produzido em ela. Os

produtos transportados devem obedecer à quantidade requerida; portanto, não

haverá produção em excesso nem estoques intermediários. Os itens movimentados

devem estar aptos para o uso na próxima operação; por isso, não poderão

apresentar defeitos.

A redução das quantidades transportadas deve fazer parte da rotina de

trabalho, pois traz à tona problemas, ou seja, desperdícios, que podem e devem ser

solucionados. A pesquisa realizada por Chan (2001) sobre os efeitos do tamanho do

Kanban considera como principal vantagem dessa técnica a redução do estoque.

Como conseqüência, obtém-se a redução de custos e maior agilidade e rapidez na

movimentação de material.

Shingo (1996, p.223) definiu o sistema Kanban como “um meio com a

característica fundamental para a melhoria total e contínua dos sistemas de

produção”. A interrelação entre o sistema e a necessidade de nivelamento da

produção é grande. A sua aplicação, conforme planejado por Ohno (1997), é

responsável também por uniformizar a produção pela constância de abastecimentos,

que promovem a sincronia entre os processos produtivos e otimizam o consumo dos

recursos socioprodutivos.

A necessidade de os empregados manterem-se atentos às sinalizações

permite entender o sistema, para, conseqüentemente, transformar esse

conhecimento em experiência e, assim, sanar os problemas rapidamente. Para Liker

(2005), o sistema consiste em delegar responsabilidade aos empregados para que

eles estejam aptos a identificar e eliminar desperdícios e gerar o aumento da

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produtividade. Os benefícios de sua aplicação eficiente são qualidade, flexibilidade,

segurança e aumento de espaço físico.

A flexibilidade ocorre com a ocupação ideal da estação, da máquina ou do

equipamento, uma vez que produzo mais rápido e em espaços de tempo menores. A

segurança e a redução do espaço físico ocorrem devido à movimentação mais

freqüente de menores quantidades; portanto, os equipamentos utilizados causam

menos transtornos durante o fluxo, e, com a redução dos estoques, os espaços

físicos disponíveis aumentam.

2.2.4.2 O processo de melhoria contínua

O processo de melhoria contínua, conhecido também pelo termo japonês

Kaizen, está diretamente relacionado com a solução dos problemas. Para Liker

(2005), o Kaizen só ocorre quando o processo estiver estabilizado e padronizado.

Em sua obra, Ohno (1997) justifica a questão da solução de problemas como a parte

do sistema da Produção Enxuta responsável por eliminar os problemas, ou

desperdícios, identificados pela aplicação da metodologia JIT.

Em sua pesquisa sobre a aplicação de Kaizen em empresas de autopeças,

Delbridge e Barton (2002, p. 680) identificaram-no como importante valor para “a

interação interorganizacional, principalmente nas áreas de desenvolvimento do

produto, gerenciamento da qualidade e redução de custos”. Contudo, Bessant et al.

(2001), em seu artigo sobre o desempenho na implantação de programas de

melhorias contínuas, argumentam que a dificuldade das organizações está em

desenvolver uma atmosfera favorável e em incurtir uma mudança de atitude nos

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seus empregados. Esses autores comentam que “apesar da importância estratégica

do programa para a empresa, o seu gerenciamento ainda é realizado de maneira

errada”. Para os autores é vital que toda a organização entenda que a aplicação

dessa ferramenta traz a evolução e a agregação de valores às suas rotinas e

processos. Sendo assim, é fundamental que a filosofia do processo de melhoria

contínua possa ser disseminada como meio de obtenção dos objetivos estratégicos.

Para Slack (1993), o desenvolvimento de uma cultura de aprendizado vai

proporcionar um questionamento contínuo, o qual facilitará a adaptação às

mudanças e à melhoria dos sistemas de manufatura.

Novamente descreve-se a importância da experiência individual e do grupo e,

também, do desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem. Ahlström (1998)

entende que a forma usual utilizada é a formação de equipe multifuncional, que se

reúne para prover solução definitiva para o problema proposto na parte do processo

com o qual se relacionam. A mudança de atitude e a harmonia entre os membros da

equipe e entre os processos são, para Ohno (1997), a chave para a evolução do

sistema. A partir desses dois pontos, obtém-se o desenvolvimento individual,

mediante a experiência e a especialização, e a solução dos problemas, como

resultado do conhecimento compartilhado e integrado dos indivíduos. Liker (2005)

afirma a necessidade de capacitação profissional como base para o

desenvolvimento da rotina de melhoria contínua, e isso se reflete na formação de um

ambiente motivacional. O autor confirma a referência feita por Womack et al. (1992)

de que a eliminação das perdas resulta em redução do lead time devido ao

incremento da qualidade e da redução de custos e, ainda, na melhora da segurança

e do ambiente da organização.

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Por outro lado, a troca de experiência entre empresas que visam compartilhar

conhecimentos para obter vantagem competitiva, conforme estudo de Bessant et al.

(2003), na área da cadeia de suprimentos, apresentou grandes oportunidades e

muitas dificuldades. Os estudos realizados com empresas da Inglaterra concluíram

que há benefícios para a competitividade e a sustentabilidade, mas as empresas

ainda apresentam dificuldades em compartilhar seus conhecimentos.

2.2.4.3 A causa raiz dos desperdícios

Liker e Meier (2007) enfocam a importância da identificação e solução dos

problemas em suas causas raízes. Para isso é necessário conhecer o processo,

identificar claramente o problema e suas causas, para que seja possível propor uma

solução definitiva. O uso dessa prática é universal e ela pode ser utilizada, desde a

concepção do produto, até o processo de manufatura ou de serviços, sempre com o

objetivo de gerar produtividade e redução de custos. Estes autores também

analisam que a eficiência de aplicação dessa tarefa depende de vivência no conceito

da Produção Enxuta, treinamento, trabalho em equipe, para se utilizar o capital

intelectual da empresa, e de aplicação de ferramentas.

Liker (2005) cita duas ferramentas utilizadas: o método dos “5 Porquês” e o

diagrama de causa e efeito. O primeiro busca identificar a causa raiz de um

problema mediante os questionamentos consecutivos de “por quê?” e, de acordo

com Ohno (1997), esses questionamentos levarão à causa do problema e à solução

do problema. O diagrama causa e efeito, no entendimento de Wekerma (1995; 95-

96), é utilizado para auxiliar na identificação das causas raízes, por meio de uma

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“representação gráfica entre o processo (efeito) e os fatores (causas) do processo”.

Isso facilita o entendimento do problema e o alcance da solução, pois existem várias

influências ou causas comprometendo um único processo. Dessa forma, pode-se

distribuir as ações e priorizar os esforços na solução.

2.2.4.4. A solução dos problemas

O uso do Kanban e da autonomação provoca o aparecimento dos problemas,

das perdas, e a sua solução é básica para o incremento da produtividade. Para

Ohno (1997), o aumento da produtividade é parcialmente decorrente do nivelamento

da produção, como já foi citado anteriormente.

A aplicação dos cinco sensos (denominação brasileira), ou Programa 5S, é

muito útil na identificação de problemas no ambiente de trabalho, no entendimento

de Liker (2005; p.155). O autor diz que o “programa 5S no Japão compreende uma

série de atividades para eliminar as perdas que contribuem para os erros, os

defeitos e os acidentes de trabalho”. Esse programa, na visão de Bertaglia (2005), é

aplicado pelos funcionários da equipe no seu local de trabalho e também para

organizar melhor suas idéias. Os 5S significam:

• Seiri (utilização): classifica todo e qualquer material de maneira a separar o que

é útil, identifica-o e descarta os itens desnecessários.

• Seiton (ordenação): organiza e define que cada coisa deverá ser disposta no seu

devido lugar.

• Seiso (limpeza): remete à necessidade de todos em manter seu ambiente de

trabalho e áreas comuns limpas, fazendo uso dos dois sensos anteriores. Este

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senso apresenta como característica básica a eliminação de condições

inseguras que possam causar a perda de qualidade no produto, avarias nos

equipamentos e acidentes de trabalho.

• Seiketsu (padronização): tem a função de padronizar, mediante regras e normas

que monitorem a constante aplicação dos três sensos anteriores.

• Shitsuke (autodisciplina): reforça a necessidade de envolvimento do grupo e

mudança de atitude, para se praticar regularmente os sensos como parte

importante do processo de melhoria contínua.

A prática do Programa 5S também reforça a metodologia do gerenciamento

visual, que é responsável por evidenciar ou tornar visível todos os problemas

(LIKER, 2005).

2.2.4.5 O ciclo PDCA e suas características

O processo de melhoria contínua é a metodologia aplicada para a solução

dos problemas e se espelha no desenvolvimento do ciclo do PDCA, ferramenta da

qualidade elaborada por Deming (LIKER, 2005). Os autores Ohno (1997) e Liker

(2005) afirmam que o processo de melhoria contínua é essencial para o nivelamento

da produção e para a padronização das atividades, pois são responsáveis pela

estabilidade e uniformidade do processo, além de garantir condições ergonômicas

adequadas e melhoria das condições de trabalho.

Portanto, o Kaizen utiliza-se deste sistema como metodologia para a solução

dos problemas e para a introdução de melhorias realizadas por indivíduos em

grupos, com autonomia para decisões e para implementações, baseadas em

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consenso (LIKER, 2005). A melhoria de um processo traduz-se em ações

constantes de monitoramento e identificação das causas que afetam o processo, a

fim de reduzi-las e provocar o melhor desempenho do processo.

A metodologia do ciclo do PDCA, representado na Figura 5, consiste em 4

estágios, conforme apresentado por Ishikawa (1989, apud WERKEMA, 1995):

• PLAN (Planejar) – estabelecer as metas e os métodos utilizáveis para

alcançá-las, empregando para isso um sistema de padrões, além de definir os

itens que serão controlados.

• DO (Executar) – executam-se os processos conforme planejamento, com

pessoal adequadamente treinado. É feita a coleta de dados para a etapa

seguinte.

• CHECK (Verificação) – os dados coletados são comparados com as metas

planejadas.

• ACT (Ações Corretivas) – executam-se as ações corretivas necessárias

para que os problemas detectados na etapa anterior não se repitam, atuando

nas causas fundamentais destes.

Figura 5 – Ciclo do PDCA Fonte: Adaptação de Ômega (2006)

Verificar os efeitos do

trabalho executado em relação

às metas

Executar o plano de

ação

Padronizar e educar no

caso de sucesso

Identificar os problemas e estabelecer

as metas

Estabelecer plano de ação

Tomar ação corretiva no

caso de insucesso

PLANEJARAGIR

VERIFICAR

EXECUTAR

D

PA

C

CICLO do PDCA

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Quando o ciclo do PDCA é utilizado para atingir metas de melhorias,

Werkema (1995) denomina Método de Solução de problemas, pois se trata de um

método de gestão que é auxiliado por ferramentas da qualidade e técnicas

estatísticas. O autor também descreve que, no ciclo PDCA de melhoria,

primeiramente são definidas as metas, e o seu desenvolvimento ocorre em oito

passos:

1. Identificação do problema

2. Levantamento das características do problema

3. Identificação das principais causas desse problema

4. Elaboração de plano de ação para eliminação das causas raízes

5. Implementação das ações conforme planejado

6. Monitoramento do processo para averiguar a eficiência das ações tomadas

7. Caso se confirme a eficiência das ações, deve-se padronizá-las por meio de

documentação; porém, se não resultar em eficiência, retorna-se ao segundo

passo.

8. Rever as atividades e planejar as próximas ações.

No entendimento de Werkema (1995, p.42), as ferramentas da qualidade são

“utilizadas para coletar, processar e dispor as informações necessárias ao giro dos

ciclos do PDCA para manter e melhorar resultados”. Esta interação confere condição

vital à realização do ciclo do PDCA. A seguir, estão apresentados as características

e os principais usos dessas ferramentas.

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2.3 A LOGÍSTICA NA PRODUÇÃO ENXUTA

O dicionário Houaiss traz uma definição de logística como um termo militar

responsável pela “organização teórica da disposição, do transporte e do

abastecimento de tropas em operação militar”. As práticas logísticas, para Bowersox

et al. (2006), alteraram-se, ao longo do século 20, em razão da globalização,

também motivadas pelo crescimento da influência do consumidor sobre o produto e

pela evolução dos meios de produção e dos transportes. Para esses autores, a

década de 1990 trouxe outra significativa mudança: o avanço da tecnologia da

informação e a massificação da internet. A evolução da logística tornou sua

definição ampliada para atender a novos conceitos agora praticados pelas

empresas. Um conceito amplo e genérico também é dado pelo próprio Baudin

(2004), que refere que a logística passou a compreender todas as operações

necessárias para entregar produtos e serviços, exceto fabricá-los ou executá-los.

Vitasek (2006) apresenta a definição elaborada pelo Council of Supply Chain

Management Professionals (CSCMP), como sendo “a parte da cadeia de

suprimentos responsável por gerenciar o fluxo, eficiente e eficaz, dos bens, do

serviço e da informação, do ponto de origem até o consumidor, e vice-versa,

conforme os requisitos”.

Para Christopher e Towill (2000), a flexibilidade é característica

preponderante numa organização ágil, criando-se, portanto, na logística, um fator

potencial de vantagem competitiva. Collin e Lorenzin (2006) entendem que a

habilidade de adaptação a mudanças rápidas e inesperadas confere à organização a

capacidade de crescimento no mercado globalizado. Por conseguinte, pode-se

entender o valor da logística dentro e fora da empresa, haja vista que ela promove a

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interação da cadeia produtiva, desde a matéria-prima, até o consumidor do produto,

possibilitando a articulação de todas as áreas da empresa por meio de informação e

produtos, acabados ou em processo (BOWERSOX et al., 2006).

Para Bowersox et al. (2006), a logística pode ser dividida em três segmentos,

conforme o nível de interação com os fornecedores, a produção e o cliente. A

integração entre eles deve ocorrer estrategicamente, tanto na operação, quanto na

tecnologia (HULT et al., 2004). Nessa pesquisa, eles concluem que o

compartilhamento de informações e divergências de idéias provoca melhorias no

processo e redução do tempo de ciclo, que traz o incremento do desempenho das

atividades logísticas.

2.3.1 Operações logísticas na manufatura

As operações de logística, segundo Bowersox et al. (2006), são responsáveis

pelos fluxos de estoque e de informação entre os fornecedores e os clientes e se

dividem em três partes: compras, apoio à produção e distribuição ao mercado.

Bertaglia (2005) define compras como processo de aquisição de materiais e

serviços, mantendo-se como premissas: atender às necessidades locais e

corporativas, elaborar e colocar pedidos, selecionar fornecedores, elaborar contratos

de negociação que incluem a seleção de fornecedores, os contratos de negociação.

O apoio à produção foi interpretado por Baudin (2004) como o gerenciamento, o

manuseio e a distribuição física de materiais para garantir o fluxo adequado de

material entre as áreas de produção, dentro da planta. A eficiência das operações

reflete diretamente na redução, ou otimização do lead time e, conseqüentemente, na

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redução dos custos (BAUDIN, 2004). Bowersox et al. (2006, p.53) definem a

distribuição ao mercado como “a movimentação de produtos acabados para o

cliente”, bem como do esforço em garantir a disponibilidade do produto na

quantidade e local solicitados. Bertaglia (2005) refere as devoluções de produtos

defeituosos, com prazo de validade vencido ou obsolescência, como parte desta

atividade.

Liker (2005) considera a logística integrada como uma das práticas

necessárias à implantação do JIT e uma parte importante na construção de uma

manufatura enxuta. Dentro da manufatura, Bowersox et al. (2006) vêem a logística

dividida em duas macroatividades: armazenagem e manuseio de materiais. De

maneira mais detalhada, Baudin (2004) apresenta essas atividades, que abrangem o

fluxo de materiais numa planta, compreendendo o recebimento de matéria-prima ou

partes, o transporte, a armazenagem, o manuseio e a entrega no ponto de uso ou

expedição.

2.3.2 A armazenagem

De acordo com Stock e Lambert (2001, p. 390) o armazenamento é “a ligação

primária entre fornecedores e clientes”. Frazelle (2002) destaca a importância da

armazenagem nas atividades logísticas, pois ela completa o ciclo iniciado com a

solicitação do cliente, passando pelo gerenciamento do estoque, suprimentos e

transporte. O autor caracteriza este valor como decorrente de três razões:

• Planejamento adequado pode eliminar a necessidade de armazenagem.

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• A armazenagem pode ser executada por um provedor de serviços logísticos

para atender a especificações estratégicas.

• A armazenagem deve ser dimensionada para atender aos procedimentos de

produção, conter um estoque adequado, disponbilizar mão-de-obra e

equipamentos industriais suficientes para suportar os itens anteriores.

No entendimento de Frazelle e Goetzer (1999), a logística interna inicia-se a

partir do portão de entrada da empresa, onde serão recebidos os materiais,

garantindo sua qualidade, integridade e quantidade, conforme pedido elaborado. Os

autores Stock e Lambert (2001) apontam a importância de alguns fatores, tais como

tempo, qualidade, melhoria da produtividade e flexibilidade no desempenho desta

atividade. Esses fatores criam oportunidades para garantir a pontualidade, a

acuracidade e a continuidade na entrega do material e da informação, bem como

para promover melhorias no sistema que tragam a redução do tempo de suas

atividades e que sejam capazes de absorver mudanças.

No glossário elaborado por Vitasek (2006), define-se o recebimento, a

separação do pedido, a preparação para entrega do material e a contagem cíclica

como atividades de armazenagem. No entanto, os autores Bowersox et al. (2006)

segmentam o armazenamento em apenas quatro macroatividades, quais sejam: o

manuseio, o recebimento, a estocagem e a expedição. Contudo, estes autores

apresentam como características inerentes às atividades de armazenamento a

movimentação de materiais, o acondicionamento no depósito e o envio de material

conforme pedido.

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2.3.2.1 Recebimento

O recebimento, na descrição de Stock e Lambert (2001), abrange as

atividades de descarregamento do material, identificação, conferência e atualização

do sistema de informação, movimentação para depósito, seleção, conforme ordem

de pedido e abastecimento ou expedição. Frazelle e Goetzer (1999) alertam para o

fato de que a movimentação e o local de destino devem atender às características

físicas do material. Bowersox et al. (2006), Baudin (2004) e Stock e Lambert (2001)

apontam como principais atividades do armazenamento de materiais a seleção do

pedido, o seqüenciamento e o cross-docking.

A seleção de pedido é considerada por Frazelle (2002, p. 147) como a

“principal atividade no depósito para a implementação de melhorias de

produtividade”. Conforme o autor, esta atividade requer maior concentração de mão-

de-obra entre todas as atividades de depósito e, ainda, é determinante para o

sucesso de técnicas como o JIT. Dessa, forma, esta atividade torna-se um foco para

a implementação de melhorias, para a redução do tempo de ciclo de abastecimento

e conseqüentemente, para o aumento da produtividade.

O seqüenciamento é o processo de combinar vários materiais em uma nova

embalagem formando um kit por produto, com a finalidade de atender às

especificações de entrega do material, de forma sincronizada com a produção

(BAUDIN, 2004). Portanto, este sistema é uma variação do sistema de separação de

pedidos, ou picking. Esse sistema é denominado set pallet system (SPS) e tem por

objetivos diminuir a complexidade e a quantidade de embalagens ao longo da linha

de montagem, reduzir a movimentação do montador e melhorar a qualidade na área

(SMALLEY, 2004). Para Svensson (2004), este sistema exige maior nível de

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confiabilidade entre fornecedor e cliente, pois há o compromisso do fornecimento

com sincronismo de tempo, conforme ordenação de produção requerida. Entretanto,

Baudin (2004) entende que o sistema garante a menor possibilidade de erro quanto

ao fornecimento dos materiais, ou seja, maior qualidade do serviço de

abastecimento.

O cross-docking é a operação na qual o material é entregue diretamente no

ponto de uso para o devido consumo, com precisão do ciclo de fornecimento

(BOWERSOX et al., 2006). Essas características garantem ao sistema a eliminação

dos processos de transferência para o depósito, tempo de permanência no depósito

e processo de seleção do pedido, o que reduz os custos de serviços logísticos

(STOCK; LAMBERT, 2001).

2.3.2.2 O depósito

A função do depósito na armazenagem de material é a manutenção de

estoque interno para suprir as necessidades do processo produtivo, mediante a

renovação sistêmica do estoque (STOCK; LAMBERT, 2001). Bowersox et al. (2006)

comentam a importância da organização no estoque como fator de desempenho da

atividade. Alocar os materiais de forma planejada, obedecendo-se suas

características físicas, é essencial. No entando, para garantir a rapidez na seleção

de pedidos e abastecimentos, faz-se necessário organizar também por ordem de

freqüência de consumo, alocando-se o material próximo ao seu ponto de uso

(BOWERSOX et al., 2006). Isso reduz as distâncias percorridas, possibilita menor

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intensidade no fluxo de equipamentos, bem como a redução dos ciclos de

abastecimentos.

A seleção de pedido (picking) é a preparação do material para ser enviado ao

seu ponto de uso e que precisa de acondicionamento adequado, precisão no

material, na quantidade e no tempo de entrega (STOCK; LAMBERT, 2001). Frazelle

e Goeltzer (1999) acrescentam que a característica do material definirá a escolha do

tipo de transporte até o ponto de uso.

A qualidade do processo é obtida pela conferência e manutenção da

acuracidade das informações de estoque físico e sistêmico (FRAZELLE;

GOELTZER, 1999). Stock e Lambert (2001) destacam a importância da elaboração

do planejamento do fluxo de abastecimento, do arranjo físico para distribuição dos

materiais e da periodicidade de entregas, com vistas a gerar funcionamento eficiente

e otimizado do processo.

2.3.2.3 A expedição ou abastecimento

Bowersox et al. (2006) entendem que a movimentação de materiais do

depósito para o ponto de uso, os meios e as formas (embalagens) de transporte

descrevem as operações de expedição ou abastecimento. As operações de

distribuição, para Frazelle e Goeltzer (1999), devem contemplar alguns princípios

para garantir sua qualidade e competitividade por meio da melhoria contínua e da

inovação. De maneira sucinta, essas atividades são:

• planejar, elaborar e manter perfil dos pedidos e itens.

• realizar continuamente o benchmarking com outros sistemas de depósito.

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• otimizar processos eliminando-se as atividades desnecessárias.

• implementar sistemas de informação que garantam rapidez e eficiência no

desempenho das atividades de distribuição.

• Investir em equipamentos ou sistemas mecanizados que possam agilizar a

movimentação ou aumentar a oferta de espaço físico de estocagem.

• manter atualizado o fluxo e o layout de abastecimentos.

• promover o trabalho participativo e a integração no ambiente de trabalho.

A aplicação desses fatores, conseqüentemente, irá conduzir à aplicação de

melhorias nos sistemas, obtendo-se com resultado o incremento do desempenho

operacional.

2.3.2.4 Avaliação de desempenho

Na visão de Bowersox et al. (2006), torna-se necessária a criação de

sistemas de avaliação financeira e de desempenho, como maneira de desenvolver

uma vantagem competitiva na cadeia de suprimentos. Estes sistemas precisam ser

eficientes, integrados, além de garantir o monitoramento, o controle, o

direcionamento das operações e agregar valor ao acionista. Iozzi e Salles (2004)

relatam que é importante a empresa desenvolver indicadores que, além das metas

financeiras, sejam capazes e eficazes em avaliar a cadeia de suprimentos, ou parte

dela, de forma a auxiliar na tomada de decisões e no direcionamento de

investimentos.

Quatro são os enfoques de avaliação para Bowersox et al. (2006): custo,

qualidade, produtividade e benchmarking, os quais Iozzi e Salles (2004, p.6)

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denominam como sendo “perspectivas financeiras, de clientes, de processos

internos e de aprendizado/inovação”. Hernandes et al. (2000) entendem que essas

perspectivas foram definidas para uso da ferramenta do Balanced Scorecard (BSC),

que tem por objetivo focalizar o desempenho organizacional. Maior ênfase é dada

por Brewer e Speh (2000), que consideram a inter-relação entre BSC e cadeia de

suprimentos como uma oportunidade de alavancar uma vantagem competitiva.

A metodologia do BSC foi desenvolvida para suprir uma deficiência e incluir o

fator não-financeiro e intangível na avaliação de desempenho. No entanto, Herrero

Filho (2006), em sua palestra no Instituto de Gerenciamento de Projetos, mostrou

que o BSC, desde sua criação por Robert Kaplan e David Norton em 1992, evoluiu e

tornou-se mais do que uma ferramenta de indicadores. Hoje, ele se traduz em um

modelo de gestão estratégica integrado. Segundo seu entendimento, em seu

conceito atual, o BSC tem a capacidade de elaborar um desdobramento da

estratégia de uma empresa em objetivos, medidas, metas e iniciativas, de fácil

compreensão para os participantes da organização. Ao mesmo tempo, é uma

ferramenta capaz de capturar, descrever e transformar os ativos intangíveis de uma

organização em valor para os stakeholders. Para os ativos intangíveis, cabe uma

relação de causa e efeito para um alinhamento adequado dos indicadores, pois, se

não houver, pode-se causar uma disfunção organizacional (BASSO; PACE, 2003).

2.3.3 O manuseio de materiais

Para Bowersox et al. (2006), o manuseio de materiais ocorre durante o

recebimento, na transferência de material para o depósito, e na preparação para

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envio ao ponto de uso, no depósito. Stock e Lambert (2001) entendem que o

manuseio é intrínseco às atividades de recebimento, depósito e abastecimento.

Na análise de Bowersox et al. (2006), o manuseio deve ocorrer de maneira a

movimentar a maior quantidade de carga possível, a fim de otimizar o uso dos

veículos e equipamentos de transporte e reduzir sua movimentação. Em sua

pesquisa, os autores Kritikos e Ioannou (2007) reforçam essa idéia, pois os

resultados mostraram que é possível reduzir os custos fixos referentes à frota de

veículos industriais e os custos variáveis com a mão-de-obra.

A embalagem tem por objetivo proteger o produto ou material durante o

transporte, e os autores Bowersox et al. (2006) e Stock e Lambert (2001) apontam

duas funções básicas: uma é mercadológica e a outra logística. Bowersox et al.

(2006) afirmam que a embalagem apresenta significativo impacto na produtividade e

eficiência do armazenamento de materiais e no seu transporte. De acordo com

Stock e Lambert (2001), o desempenho logístico dá-se mediante a aplicação

adequada de seis funções:

• capacidade física adequada para conter e transportar com eficiência o material

ou produto sem causar problemas ou perdas.

• condições de proteger a integridade física do produto.

• fracionamento adequado para conter tamanho e quantidade adequada ao

transporte eficiente e necessidade do cliente.

• capacidade de unitizar-se em uma única embalagem para facilitar a

movimentação e armazenagem.

• capacidade de oferecer comodidade ao cliente quanto ao uso e manuseio do

material.

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• condições de permitir a identificação eficaz do conteúdo por meio da

padronização de informações contidas no código de barras – EAN (European

Article Numbering).

Para a escolha adequada do sistema de manuseio de materiais, Bowersox et

al. (2006) apresentam seis princípios: a padronização, o fluxo contínuo de produtos,

a concentração de investimentos no manuseio, a utilização eficiente dos

equipamentos, a movimentação de materiais por gravidade e a minimização da

razão tara/peso útil. Essas ações buscam tornar o sistema eficiente, eficaz e flexível.

2.3.3.1 - Equipamentos para o manuseio de materiais

Na operação interna de logística das atividades de armazenagem e de

distribuição de itens aos pontos de uso, são utilizados vários equipamentos para

promover o acondicionamento, a estocagem no armazém e no ponto de uso e na

movimentação desses itens. Fayet (2002) concluiu que equipamentos e sistemas

devem estar projetados para atender às necessidades atuais e futuras da

organização, visando, assim, garantir condições de competitividade à empresa.

Os sistemas de manuseio de materiais podem ser mecanizados ou

automatizados ou, ainda, uma mescla desses dois modelos (BOWERSOX et al.,

2006). Enquanto o sistema automatizado reduz a necessidade de mão-de-obra com

altos valores de investimento em equipamentos e tecnologia da informação, o

sistema mecanizado necessita menor investimento e é mais flexível. Para Baudin

(2004), o sistema mecanizado é mais eficiente e econômico.

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Portanto, mediante análise dos trabalhos de Baudin (2004), Frazelle e

Goeltzer (1999), Bowersox et al. (2006) e Stock e Lambert (2001), são apresentados

a seguir alguns equipamentos utilizados por um sistema mecanizado para o

manuseio de materiais, dentro de uma manufatura. A Figura 6 apresenta os

elementos descritos a seguir:

• Palete: embalagem, geralmente de madeira ou plástico, que serve de base

para unitização de carga.

• Porta-palete (prateleira): local de acondicionamento (alocação) dos materiais

no depósito. Devem estar adequadas ao tipo e tamanho do material a ser

alocado.

• Contêineres: para o uso interno numa manufatura; são caixas plásticas,

cestos aramados, embalagens metálicas e dispositivos de acondicionamento

de material específico. O tipo e dimensão devem atender ao sistema de

manuseio utilizado, conforme já foi abordado anteriormente.

• Empilhadeira: carro com dispositivo elevatório utilizado para transportar

cargas unitárias, carregar e descarregar cargas e alocar no porta-palete ou no

ponto de uso. Esse equipamento é movido a gás liquefeito de petróleo (GLP),

diesel e a eletricidade.

• Rebocador: carro de tração com capacidade para movimentar mais de uma

carga por vez. É bastante utilizado no abastecimento dos pontos de uso.

• Plataformas móveis (dollies): são plataformas metálicas dotadas de rodas, o

que as torna manobráveis. São utilizadas para transporte de cargas pesadas

unitizadas em palete, ou contidas em embalagens plásticas ou metálicas, de

porte aproximado de 1,5 m³. São tracionadas por rebocadores, geralmente

em comboio, formando o chamado trem logístico.

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• Carretas seqüenciadoras: são dispositivos manobráveis confeccionados para

transportar uma determinada peça ou componente (conjunto), já ordenado

seqüencialmente conforme o mix da produção.

Figura 6 - Equipamentos Industriais para operação interna de logística Fonte: Diversas (internet)

Palete Porta-palete

Carro Paleteira

Contêiner grande (GLT)

Contêiner pequeno (KLT) Empilhadeira Rebocador Elétrico

Plataforma móvel (dolly ) Carreta Seqüenciadora Estante Inclinada

Dispositivo Inclinador Dispositivo de Acondicionamento (rack )

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• Estante inclinada: trata-se de prateleira alocada ao lado do ponto de uso e

que recebe caixas plásticas contendo suprimento para atender ao Kanban

planejado. O operador, ao utilizar a última peça da caixa, retira a caixa vazia e

a dispõe no local adequado. Pela força da gravidade, a caixa cheia

movimenta-se para frente e assume o local da caixa retirada.

• Base de elevação para contêiner: pode ser fixa ou móvel e contém

dispositivo, hidráulico ou mecânico, que possibilita erguer, inclinar ou girar o

dispositivo, para facilitar a retirada de material pelo operador.

• Dispositivo de embalagem: são embalagens desenvolvidas para transportar

um único tipo de material, peça ou componente.

• Carro paleteira: veículo com dispositivo elevatório para retirada e alocação de

material em locais estreitos.

2.3.4 A terceirização

Terceirização é o termo, em português, para outsourcing, e sua prática

consiste em “subcontratar outras empresas para assumir processos e funções que

não são chaves para o andamento do negócio”. Como estratégia, o intuito é oferecer

as melhores práticas às atividades não consideradas processos-chave pela

organização, mediante a contratação de empresas especializadas, garantindo

vantagem econômica e técnica (LIMA, 2004).

Devido à opção de se conseguir vantagem competitiva, terceirizando-se

parcialmente ou por completo as operações logísticas, a empresa compartilhará

suas operações com um provedor de serviços logísticos ou, conforme definição em

inglês, Third Party Logistic Service Provider – 3PL (SAHAY; MOHAN, 2006). A

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decisão de terceirizar a logística, segundo Moore (1998), remete à relação, entre a

empresa e o provedor de serviços logísticos, baseada na confiança e no

compromisso. Pires (2004) enfatiza a importância de um relacionamento

colaborativo e interdependente para integrá-los e maximizar o uso de suas

competências. Em seu artigo, van Hoek (2000) descreve que a terceirização nas

operações de logística tem expandido e se estabelecido em todos os segmentos.

O relacionamento entre organização e prestador de serviços, conforme

McQuiston (2001), baseia-se em seis valores: no compartilhamento de informação,

na interdependência, na livre comunicação, no foco sobre a satisfação do cliente, na

vantagem competitiva e na confiança. Para o autor, há quatro fatores que sustentam

o relacionamento: o envolvimento da alta gerência, o processo de melhoria contínua,

o respeito profissional e o trabalho de parceria.

O provedor logístico pode atuar em diversas etapas da cadeia de

suprimentos, entre o fornecedor de suprimentos e o cliente, ou seja, desde a

atividade de compra até a distribuição ou entrega do produto ao cliente (SETH et al.,

2006). A Figura 7 mostra mais claramente essas afirmações.

O provedor de serviços logísticos também pode atuar na logística reversa,

movimentando o produto usado, defeituoso ou obsoleto, do cliente para o produtor,

ou para um local apropriado para disposição (MUKHOPADHYAY; SETAPUTRA,

2006). Neste caso, as características de qualidade e agilidade tornam-se

ferramentas de marketing, ao mesmo tempo em que atendem às políticas

governamentais e, principalmente, estão diretamente relacionadas à satisfação do

cliente.

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Figura 7 – Provedor de Serviços Logísticos na Cadeia de Suprimentos Fonte: Adaptação de Seth et al. (2006)

Conforme descrição de Ballou (2006), a evolução da tecnologia da informação

determinou uma mudança na organização: a parceria pela colaboração, segundo a

qual as empresas, clientes e fornecedores compartilham a informação para obter

benefícios mútuos. O mesmo autor apresenta algumas sugestões para o sucesso do

relacionamento com um 3PL, das quais destacam-se três:

• Desenvolvimento de indicadores de desempenho capazes de avaliar as

operações do 3PL e garantir seu alinhamento ao plano estratégico da

organização.

• Avaliação do 3PL nos aspectos tangíveis e não-tangíveis.

FLUXOGRAMA COM AS ATIVIDADES DE UM PROVEDOR DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS

PSL

PSL

PSL

Fornecedor Empresa

DistribuidorCliente

PSL

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65

• Comunicação, compartilhamento e reconhecimento das informações, dos

riscos e dos benefícios obtidos com os trabalhos do 3PL.

2.3.5 Parceria no gerenciamento da cadeia de suprimentos

A globalização dos mercados tem demandado esforços das empresas para

tornarem-se, ao mesmo tempo, competitivas e eficientes em seus custos. Isso tem

provocado mudanças na cadeia de suprimentos, uma vez que os fornecedores estão

sendo impelidos a se adaptar às necessidades impostas (LEMOINE; SKJOETT-

LARSEN, 2004). Isso fez surgir uma categoria de provedores logísticos, denominada

Fourth Party Logistics (4PL), capaz de atuar como parceiro do cliente no

gerenciamento da cadeia de suprimentos, sugerindo melhorias e inovações (VAN

HOEK; CHONG, 2001).

Stefansson (2006) conceitua o 4PL como a “logística colaborativa” devido às

suas características de parceria, da confiança mútua e de bom relacionamento em

toda a cadeia logística. Fulconis et al. (2007) caracteriza o 4PL como o responsável

por gerir toda a cadeia de suprimentos de uma determinada empresa, monitorando

fornecedores e o 3PL, escolhendo os sistemas adequados, organizando as

atividades logísticas e controlando os fluxos físicos e de informação. No entanto,

eles declaram que há controvérsia entre pesquisadores quanto à capacidade desta

estratégia em identificar antecipadamente as oportunidades de melhoria na cadeia

de suprimentos pela análise dos problemas culturais, financeiros e organizacionais

da empresa. Para van Hoek e Chong (2001), nessa estratégia, a empresa (cliente)

e prestador de serviços (4PL) necessitam manter suas relações bem estreitas para

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que ocorra sucesso na parceria. Pode-se observar, na Figura 8, o posicionamento

do provedor de serviços logísticos 4PL dentro da cadeia produtiva.

Figura 8 - Conceito do 4PL Fonte: Adaptação de Fulconis et al. (2007)

Hui et al. (2003) afirmam, em sua pesquisa sobre e-commerce, que o uso do

4PL torna-se um desafio durante a escolha adequada de um prestador de serviços

que atenda às suas necessidades, por meio de valor agregado entre todos os

envolvidos, a saber: a empresa contratante, os 3PLs, os fornecedores e o cliente.

Um provedor de serviços 4PL, na sua função de integrador da cadeia produtiva,

deve apresentar uma elevada capacitação organizacional e tecnológica, pois seu

ativo é o capital intelectual.

Conceito do 4PL

4PL

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Seus desafios são proporcionar melhor desempenho da rede logística,

promovendo a customização e a padronização do fluxo de informações. Com isso, a

empresa torna-se ágil, é possível reduzir-se os custos de transações entre as

empresas da rede e, por fim, garante-se a sinergia para desenvolver inovações e

assegurar a sustentabilidade e a competitividade das operações da cadeia logística

(FULCONIS et al., 2007). Esses conceitos do 4PL foram inicialmente elaborados

pela Accenture Company; contudo, esta estratégia ainda se encontra em evolução.

O bom funcionamento da estratégia depende da interação eficiente promovida

pelo 4PL entre o cliente, por meio do seu ativo, do capital humano, das operações e

de seu staff, as operações de transporte e de armazenagem (3rd Party Logistic) e,

finalmente, com sua rede de parceiros, tais como consultorias e provedores de

tecnologia da informação. E ainda deve ser capaz de trazer inovação e melhorias ao

sistema administrado (LIMA, 2004). As parcerias são necessárias para fornecer

benchmarking, melhores práticas, novos sistemas e softwares e, com isso, estar

atento a oportunidades de aumento de desempenho das atividades integradas.

3 CONTEXTO INDUSTRIAL DO ESTUDO

A exemplo das outras unidades industriais da empresa automobilística

Ômega no Brasil, as áreas produtivas da Unidade de Produção VP podem ser

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estratificadas em quatro macroprocessos, quais sejam: estamparia, carroceria,

pintura e montagem final. A Figura 9 ilustra essas quatro grandes áreas de

produção, bem como fluxo do processo produtivo e montagem de um veículo ao

longo da planta.

Figura 9 – Esquema do fluxo do processo produtivo na Unidade de Produção VP Fonte: Documentação interna (adaptado pelo autor)

A estamparia é composta por quatro grupos de prensas responsáveis por

conformar todas as peças externas do veículo, como as portas, as tampas dianteira

e traseira, as laterais, o teto, os pára-lamas e os painéis internos das portas e das

laterais. Na segunda etapa de produção, é executada a armação da carroceria,

unindo-se as peças que formam a plataforma do veículo: caixa da roda, longarinas,

assoalhos traseiro e dianteiro, painel transversal e chapa de escoamento. Todas

essas peças são produzidas em fornecedores. Na seqüência são montados os

conjuntos de superfície (teto, portas e tampas), dando-se formato final à carroceria

do veículo. A denominação desta área é armação de carrocerias. O transporte das

Estamparia

Carroceria

Pintura

Montagem Final

FLUXO PRODUTIVO DA UNIDADE DE PRODUÇÃO VP

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carrocerias para a terceira etapa é efetuado por um sistema de elefantes localizados

sobre uma plataforma. As carrocerias são içadas por um sistema automatizado que

também as coloca ordenadamente nos elefantes transportadores. Ao chegar na

terceira etapa, a área de pintura, a carroceria é lavada para receber aplicação de

tinta e massa anticorrosiva, pintura e verniz. Finalmente, a carroceria é conduzida à

quarta etapa, a linha de montagem final, onde são montados os revestimentos, os

chicotes elétricos, o conjunto motriz, os vidros, os bancos, os pneus, os pára-

choques, o painel de instrumentos, e onde são realizados os alinhamentos dos faróis

e das rodas. Após a montagem, realizam-se os testes elétricos e mecânicos em

todos os veículos, testando-se, inclusive, a estanqueidade de suas vedações.

3.1 OS ELEMENTOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ÔMEGA (SPO)

Conforme está redigido na versão atualizada do Manual do SPO (2005), a

adoção e uso destes procedimentos fazem parte da estratégia da empresa para

atingir metas por meio de melhorias contínuas dos processos produtivos e do

produto e promover a satisfação dos empregados. As características e conceitos dos

elementos são apresentados a seguir, no Quadro 1.

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Módulo Descrição

Trabalho em equipe

Uso do capital intelectual dos empregados, distribuidos emequipes multifuncionais para promover a melhoria contínuapara cumprir as metas da empresa em qualidade,produtividade, custos e meio ambiente .

Processos padronizados de qualidade

O sistema que contém a metodologia para monitorar, prevenire detectar problemas que afetam a qualidade do processo ouproduto e informar e treinar colaboradores para a promoçãoda qualidade.

Solução de problemasUtilização das ferramentas da qualidade adequadas parasolução definitiva dos problemas.

Manutenção Produtiva Total - TPM

Reduzir as paradas, as quebras, as falhas e os riscos emelhorar as condições de qualidade, de higiene e desegurança e do ambiente de trabalho e, assim otimizar o usodos equipamentos por meio de manutenções adequadas eparticipação de todos os funcionários.

HousekeepingModo de trabalho com foco nos cinco sensos: organização,arrumação, limpeza, saúde e segurança e que visammelhorar as condições de trabalho e eficiência.

Gerenciamento visualComunicação rápida e simples ao time por meio deinformações padronizadas e expostas em quadros contendoos indicadores da área ou célula.

Qualificação e treinamentoDesenvolver a capacitação e a versatilidade dos empregadosa fim de melhorar o desempenho de suas funções e garantira qualidade do produto e do ambiente.

Trabalho padronizado

Promover a descrição das atividades e uniformização dotrabalho entre os turnos a fim de garantir um padrão e aeliminação de desvios que possam influenciar na qualidadedo processo ou produto.

Sistemas de materiais

Garantir o fluxo adequado dos produtos em processo,evitando faltas, excessos e estoques. Utiliza as metodologiasdo Kanban , Just-in-time , cestas de artigos, seqüenciamentointerno e fornecimento interno de conjuntos pré-montados.

Processo de Melhoria da Produtividade - PMP

Método padronizado para trabalho em grupos multifuncionaisfundamentadas em onze passos que compreendem ametodologia do PDCA.

MÓDULOS DO SPO

Quadro 1 - Descrição dos módulos do Sistema de Produção Ômega Fonte: Adaptação do Manual SPO (ÔMEGA, 2005)

A utilização do SPO tem proporcionado excelentes resultados no aumento da

capacidade produtiva e conseqüente aumento da produtividade e da qualidade. Os

trabalhos realizados também têm resultado em redução de custos e na melhoria do

ambiente de trabalho. O elemento do PMP é a metodologia utilizada para o

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incremento da eficiência nas atividades logísticas referentes a este trabalho,

portanto será apresentada de maneira mais detalhada no capítulo sobre

metodologia.

3.2 A LOGÍSTICA INTERNA E SUAS ATIVIDADES

A logística é parte integrante do processo de manufatura e também tem

grande importância para o funcionamento adequado do sistema produtivo, pois é

responsável pela provisão de informação e de insumos. A logística da Unidade de

Produção VP é formada pelas atividades de programação e controle da produção,

planejamento logístico, disposição de materiais diretos e indiretos, planejamento de

estoques e logística operacional.

Suas atividades consistem no gerenciamento da programação, recepção,

movimentação interna, armazenagem e deslocamento até os pontos de utilização de

todos os materiais diretos e indiretos necessários para o andamento do processo

produtivo da fábrica em geral. A programação e controle da produção (PCP) de

veículos coordena o planejamento interno do volume de produção nas diferentes

etapas da produção do carro e seu respectivo mix.

O processo inicia-se na área de disposição de materiais diretos e indiretos,

que se responsabiliza pelo controle do atendimento dos pedidos de peças

agendados junto a cada fornecedor e o respectivo recebimento de materiais. Os

volumes recebidos devem atender ao volume de produção de veículos, respeitando-

se sempre os níveis de estoques definidos dentro dos objetivos da planta. O

Planejamento Logístico elabora, analisa e implementa projetos e processos

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logísticos, tais como Kanban e seqüenciamento. Nas suas atribuições, inclui-se a

participação no desenvolvimento de novos fornecedores e a implementação de

melhorias de âmbito logístico, a fim de tornar os custos mais competitivos. O

planejamento de estoques monitora, diariamente, a quantidade de material no

depósito e em processo, para evitar divergências que possam prejudicar a produção

ou as metas de material em estoque.

A logística operativa é formada por empregados da Unidade de Produção VP

e por um prestador de serviços que realiza as atividades de recebimento, depósito e

movimentação de materiais dentro da planta. As atividades dos empregados da

Unidade de Produção VP consistem em monitorar as atividades de prestação de

serviço e administrar o contrato com esse fornecedor. Esse prestador de serviços

logísticos é denominado provedor logístico. O provedor logístico realiza as

atividades de portaria, de recebimento, de gerenciamento dos depósitos e de

abastecimento de materiais no ponto de uso. A Figura 10 apresenta um esquema de

funcionamento dessas atividades com seu respectivo fluxo.

Na atividade de portaria são recolhidas e conferidas as notas fiscais, e a

quantidade de material recebida é lançada no sistema de gerenciamento logístico. O

caminhoneiro recebe a sua documentação de controle de permanência na empresa,

sendo direcionado à doca de recebimento do material. Os veículos que trazem os

materiais dos fornecedores são descarregados nas docas de recebimento, onde os

materiais são conferidos fisicamente, confirmados no sistema de gerenciamento,

identificados e alocados no depósito.

O gerenciamento do depósito realiza as atividades de armazenamento,

contagem cíclica, controle de estoque, preparação para entregas Kanban e

transbordo de material.

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FLUXO DE ATIVIDADES DO PROVEDOR LOGÍSTICO

Portaria:• Conferência NF• Digitação de NF• Emissão de Packing List

• Sistemas de entrega

Fluxo de Abastecimento Fluxo de Vasilhames

Entrada

Saída

Pátio de Embalagens:• Recebimento, armazenamento e expedição de racks

• Carregamento de caminhões • Emissão de GTDA

Abastecimento:• Coleta de material do depósito• Abastecimento• Identificação • Emissão de embalagens vazias

Depósito:• Controle de estoque• Transbordo• Gerenciamento do abastecimento

Recebimento:• Descarga de material• Conferência de material e embalagens• Identificação • Armazenamento

Figura 10 - Fluxo de Atividades do Provedor LogísticoFonte: Adaptação de Provedor Logístico (2006)

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Grande parte dos transbordos é realizada quando a embalagem de entrega não está

adequada ao tipo de embalagem no ponto de uso. A operação final do provedor

logístico é o abastecimento do ponto de uso do material, seja ele produzido

internamente, seja ele entregue por um fornecedor. Portanto, o abastecimento

consiste tanto da movimentação de material entre operações quanto do depósito

para a linha de montagem ou ponto de uso.

3.3 ATIVIDADES DO PROVEDOR LOGÍSTICO

O provedor logístico assumiu, no contrato de prestação de serviços, o

compromisso de garantir a aplicação das normas e procedimentos da empresa

contratante, divulgar entre seus empregados e praticar os programas de qualidade

implantados pela contratante. As atividades contratadas pela empresa junto ao

provedor logístico estão descritas a seguir, sendo parcialmente pesquisadas no

presente estudo de caso:

• Portaria: administra e controla o processo da documentação de descarga

(packing list), atua em itens críticos e na devolução de materiais e

acompanhamento e medição do volume de veículos transportadores.

• Recebimento físico de bens: responsabiliza-se por receber, descarregar,

conferir embalagens e materiais, acessar o sistema para registrá-los, definir

local para a alocação, identificá-los e disponibilizá-los para o

acondicionamento no depósito.

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• Depósito de bens: as principais atividades desempenhadas são

armazenagem e alocação eficientes, transbordo de materiais e separação,

identificação, preparação e destinação de materiais para abastecimento

interno e expedição, mantendo-se o sistema atualizado.

• Abastecimento de bens: promove o gerenciamento das atividades contidas na

movimentação de material desde o depósito ou recebimento até o ponto de

uso. As atividades visam separar e preparar os materiais conforme programa

de produção ou procedimento e seqüenciar e dispor material conforme

determinação da contratante.

• Movimentação entre processos: refere-se à atividade de movimentação de

material em processo entre atividades da célula ou entre células, que não

sejam manuais e exijam transporte por veículo.

• Remessa de materiais: refere-se à atividade de expedição de material e

embalagens e compreende a alocação adequada, a conferência física, o

preenchimento da documentação necessária e lançamentos nos sistemas e

carregamento dos itens no veículo de transporte.

• Elaboração de lista crítica: compete ao provedor elaborar diariamente uma

lista da situação de estoque dos materiais estratégicos, com a finalidade de

informar a contratante sob os riscos de comprometimento da produção por

falta de material.

• Material de novos produtos: administra o recebimento, gerencia o estoque, o

abastecimento e a remessa de devolução de materiais destinados a novos

projetos e modificações do produto.

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76

• Administração do posto de combustíveis: administra e abastece os veículos

de frota e equipamentos industriais da contratante e controla seu consumo,

mantendo o sistema de materiais atualizado.

• Carregamento de baterias: administra o carregamento e a substituição de

baterias tracionárias elétricas nos equipamentos industriais de movimentação

logística e de todos os materiais necessários para o desempenho da

atividade.

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4 A IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE MELHORIA DA PRODUTIVIDADE

Compartilhar conhecimentos foi o método adotado pela empresa

automobilística Ômega para obter vantagem competitiva pelo incremento da

produtividade em toda a cadeia produtiva. A empresa já contava com um sistema de

produção (SPO) implantado e, em 2006, realizava duas ações simultâneas: a

capacitação dos empregados e a aplicação intensa do Kaizen. A primeira visava

fornecer conhecimentos para que os empregados praticassem todos os módulos do

SPO. A segunda ação teve o objetivo de desenvolver o processo de melhorias em

atividades de seus parceiros, compartilhando conhecimentos, investimentos e

ganhos.

A unidade de produção VP foi a escolhida para iniciar a parceria no processo

de melhoria contínua, e o processo escolhido foram as atividades do seu provedor

logístico. A unidade apresentava longa experiência na aplicação da metodologia de

melhoria contínua, com importantes resultados obtidos em dez anos de uso. A

escolha do provedor logístico é decorrente da representatividade dos custos

operacionais na unidade de produção VP. Adicionalmente a esse fato, uma

consultoria identificou oportunidades de redução de desperdícios e melhorias nas

atividades logísticas, que resultariam em ganhos para as duas empresas.

O caso estudado é importante, pois servirá de referência para esta unidade

de produção planejar a mesma abordagem em outros fornecedores e, também, para

desenvolver essas ações em outras unidades dessa empresa.

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4.1 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO DE CASO

Inicialmente, otimizações no processo operacional e melhorias

organizacionais foram planejadas para os processos de logística interna. Para cada

ação foi previsto um workshop. A relação dos workshops foi distribuída em duas

fases distintas: a primeira realizou-se no segundo semestre de 2006 e a outra, no

primeiro semestre de 2007. O intuito de cada fase foi organizar e agir

individualmente em cada processo e, em seguida, analisar a interação entre os

processos e introduzir mudanças de conceitos.

No segundo passo, a proposta foi discutida e aprovada pelo diretor, pela

engenharia e logística da unidade de produção VP e pela diretoria do provedor

logístico. Em consenso, foi elaborado um plano de realização dos workshops de

PMP, com a programação de melhorias esperadas no período previsto. Nessa fase,

escolheram-se as pessoas da equipe fixa do PMP, com um moderador da logística

da unidade de produção VP, um moderador do provedor logístico e um engenheiro

industrial para o estudo dos tempos e métodos dos processos logísticos. Os demais

participantes alternaram-se conforme a área considerada no workshop.

4.2 O PROCESSO DE MELHORIA DA PRODUTIVIDADE

O Manual do Sistema de Produção Ômega (SPO), Ômega (2005), considera

que o Processo de Melhoria da Produtividade (PMP) se caracteriza por promover a

melhoria contínua em pequenas e cíclicas alterações que apresentam curto prazo de

implantação, baixo investimento, forte participação dos empregados e objetivos

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monitorados. O PMP é desenvolvido em reuniões organizadas e padronizadas

denominadas workshops, que visam à análise de problemas e à eliminação de

desperdícios, com suas ações registradas em atas e formulários próprios. Os seus

objetivos estão distribuídos em quatro focos, apresentados a seguir:

• Desenvolvimento de um fluxo adequado e enxuto da produção;

• Distribuição, o mais uniforme possível, das atividades produtivas entre os

empregados;

• Desenvolvimento da cultura da produção puxada;

• Estabilização dos processos internos da empresa reduzindo os defeitos.

A empresa Ômega aplica, periodicamente, treinamento e capacitação da

metodologia em seus empregados, para que estes possam exercer funções de

moderadores (coordenadores) e de participantes em um workshop.

O desenvolvimento de um workshop de PMP obedece ao ciclo do PDCA e

contém alguns requisitos básicos à sua realização. A responsabilidade de coordenar

o workshop é do moderador, e há uma equipe de empregados treinados para essas

atividades, os quais estão subordinados à engenharia industrial. Esse grupo tem um

supervisor que faz a ligação entre as gerências das áreas e as necessidades e

dificuldades identificadas no desenvolvimento das reuniões de melhorias.

Semanalmente, são apresentados ao corpo diretivo da unidade de produção

VP os resultados de PMP finalizados na semana anterior. Essa ação permite a

divulgação das melhorias obtidas e propõe discussões de problemas que

necessitam de uma solução gerencial.

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4.2.1 Descrição do processo

O primeiro passo ocorre antes mesmo do início do workshop. O moderador

deve discutir com o solicitante ou beneficiário o tema a ser desenvolvido pelo grupo,

principalmente para conhecer as oportunidades identificadas. Após conhecer o

processo e as oportunidades apresentadas, ele deve planejar a rotina das reuniões

e os respectivos prazos, escolhendo os participantes. Esses participantes são

representantes das áreas envolvidas, com bom conhecimento técnico da situação a

ser discutida e estão divididos em três categorias, conforme o tipo de participação no

workshop. A Figura 11 apresenta os participantes e o tipo de participação de cada

um durante a realização de uma reunião de PMP.

Figura 11 - Composição do time no workshop de PMP Fonte: Manual do SPO (ÔMEGA, 2005)

Participantes do Grupo de Melhoria Contínua no PMP

Conforme necessidade

Dedicação Integral

EngenheiroIndustrial

Gerente

Supervisor

Eng. Produto

MonitorLíder

RecursosHumanos

Eng. Processo

Logística

Qualidade Assegurada

Eng. Manufatura

Compras

Dedicação Parcial

Seg. Trabalho

Manutenção

Moderadordo

PMP

Conforme necessidade

Dedicação Integral

EngenheiroIndustrial

Gerente

Supervisor

Eng. Produto

MonitorLíder

RecursosHumanos

Eng. Processo

Logística

Qualidade Assegurada

Eng. Manufatura

Compras

Dedicação Parcial

Seg. Trabalho

Manutenção

Moderadordo

PMP

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4.2.1.1 Preparação das reuniões de melhorias

Escolhidos os participantes, o moderador providencia o local e os demais

recursos necessários para a realização das atividades e envia a convocação e

informação para todos os participantes do PMP. A convocação é feita para os

participantes em período integral e parcial e informa da realização do workshop

àqueles que participarão apenas se houver necessidade. O passo seguinte inclui

algumas ações que são iminentes para o bom andamento do processo de melhoria

e estão relacionadas, inicialmente, ao envolvimento e à facilitação dos clientes nas

pessoas do supervisor e do líder de célula. O moderador tem como responsabilidade

promover uma atmosfera motivadora, de investigação, de solução dos problemas,

começando logo na palestra de abertura. Cabe a ele iniciar os trabalhos

promovendo a interação mediante a apresentação dos participantes, seguida do

tema e dos objetivos. Ainda nessa etapa, são apresentados aos participantes os

conceitos que definem os nove tipos de desperdícios, conforme o SPO, devendo ser

verificadas suas ocorrências no trabalho que se segue. A Figura 12, retirada do

manual do SPO, apresenta os nove tipos de desperdícios considerados na

metodologia.

Os desperdícios considerados são: superprodução, transporte, tempo de

espera, retrabalhos, movimentação, estoque, condição ergonômica, falha de

comunicação e processos desnecessários. O SPO ressalta, sistematicamente, a

importância da ergonomia nos postos de trabalho, uma vez que sua prática evita

seqüelas nos funcionários, e também a atenção especial que se deve ter na busca

da eficiência e da rapidez na comunicação entre os empregados. Os sete outros

desperdícios já foram descritos anteriormente e se baseiam no STP.

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Figura 12 - Nove desperdícios do SPO Fonte: Adaptação do Manual SPO (ÔMEGA, 2005)

4.2.1.2 As atividades do grupo de trabalho

Na etapa seguinte, os participantes irão tomar conhecimento da situação atual

do processo in loco, onde farão suas análises da situação. Em seguida, retornam

para a sala e transcrevem os desperdícios ocorridos, priorizam ações, fazem sua

mensuração e usam os indicadores-chave para quantificar os resultados das

Transporte

Espera

Processo Desnecessário

Superprodução

Condição Ergonômica

Estoque Retrabalho

Falha de Comunicação

Movimentação

9 Tipos de Desperdícios do SPO

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análises. Então, o grupo passa a propor soluções e desenvolver melhorias

necessárias para conseguir os objetivos propostos. Nesse momento, devem ser

realizados testes e simulações para avaliar as propostas identificadas. Todos os

dados pertinentes a elas devem ser identificados e relacionados, assim como ações

mandatórias para a sua implementação.

Após os testes, o grupo define, em consenso, as soluções e as ações

necessárias e as formaliza, em formulário adequado, determinando prazos e

respectivos responsáveis. Nos testes e simulações devem estar presentes os

participantes com dedicação parcial para colaborar e aprovar as ações. Esta fase

encerra a primeira parte da metodologia, o ato de planejar, conforme a orientação do

ciclo do PDCA.

A segunda fase, relativa à execução do ciclo do PDCA, propõe a

implementação das soluções de consenso, para que o grupo possa avaliar e

mensurar os benefícios e ganhos obtidos.

A terceira fase do ciclo do PDCA, a verificação dos resultados obtidos,

confronta os resultados com os objetivos previstos no workshop. Se o desempenho

atingir as metas e obtiver a aprovação do cliente, as alterações no processo devem

ser padronizadas.

A última fase refere-se à preparação para a finalização do PMP e a

apresentação para a gerência das metas, do desenvolvimento e dos resultados

obtidos no workshop. Todas as informações necessárias para a padronização do

processo devem estar documentadas e, após a apresentação à gerência, sua

aprovação formal deverá ser obtida. A partir desse momento, a responsabilidade

pela manutenção da implantação, da padronização, dos treinamentos, da verificação

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dos resultados e da realização de revisão é da liderança da área em que ocorreu o

processo de melhoria.

Uma revisão dos resultados e pendências do workshop é realizada após 4

meses, para garantir a eficiência e eficácia das soluções implantadas pelo time do

PMP. A Figura 13 traz os onze passos de um workshop, para facilitar o

entendimento da metodologia do PMP.

Figura 13 - Os onze passos do PMP Fonte: Adaptado da Cartilha do SPO (ÔMEGA, 2006)

4. 3 TEMPOS E MÉTODOS

O estudo de caso utilizou a cronoanálise e o estudo de MTM para mensurar a

capacidade e a produtividade dos processos. Tanto a cronoanálise quanto a análise

de tempos e métodos (MTM) determinam o tempo operacional de uma atividade,

porém os métodos utilizados diferem entre si.

Na cronoanálise, o analista irá observar a atividade a ser medida, fazer sua

descrição em subatividades e, por último, medir o tempo num determinado número

ONZE PASSOS DA METODOLOGIA DO PMP

10. Apresentação

9c. Padronização

9b. Controle dos Resultados

9a. Implantação das ações

11. Acompanhamento das medidas

8. Preenchimento da folha de acompanhamento das reuniões da equipe

1. Preparação do Workshop

5. Identif icação dos desperdícios4. Análise da situação atual

2. Introdução ao Workshop3. Entendimento da seqüência do processo

6. Identif icação das melhorias7. Desenvolvimento da solução

PLANEJAR

EXECUTAR

VERIFICAR

AGIR

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de ciclos. O tempo da operação é definido pela média dos tempos dos ciclos

medidos Para a aplicação da cronoanálise, o ciclo deve ocorrer com operadores

treinados sob a visão do analista, para que ele identifique todas as ocorrências. O

tempo gasto para se realizar um estudo é relativamente pequeno, ou seja, uma ou

duas horas, dependendo da duração do ciclo. Contudo, ele apresenta dificuldades

para medir algumas operações logísticas, pois os veículos logísticos percorrem

distâncias significativas e transitam por locais que dificultam a visão.

No estudo de MTM, o analista identifica os tipos de movimentos realizados e

o respectivo nível de dificuldade e a distância percorrida nesse movimento. O estudo

deve relacionar cada movimento necessário para executar um ciclo completo. Feito

o estudo, utiliza-se uma tabela que contém um tempo padrão para cada tipo de

movimento; dessa maneira, o estudo é mensurado. Geralmente este tipo de estudo

dos tempos é bem mais demorado, principalmente quando se trata de operações

exclusivamente manuais, que exigem inúmeros movimentos. Contudo, numa

atividade logística, em que praticamente todas as movimentações são efetuadas por

veículos de transporte e movimentação de carga e os movimentos se restrigem a

retirar e colocar embalagens, ele se adequa inteiramente. Nesse caso, o analista

trabalha somente com as informações de distâncias de ponto de origem e ponto de

uso, tamanho da embalagem e forma de abastecimento.

Os dois métodos foram utilizados na medida dos tempos de operação, e a

sua escolha adequou-se ao tipo de atividade. Como resultado, pode-se calcular o

tempo de ocupação operacional de cada atividade e do equipamento utilizado no

processo analisado. A partir desses dados, foi elaborado um balanceamento das

atividades, melhorias foram propostas e implementadas mudanças de conceitos que

resultaram em ganhos de produtividade.

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5 PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA

O objetivo do presente trabalho é identificar e analisar os ganhos e perdas

provenientes da implantação de conceitos da Produção Enxuta em um provedor

logístico de uma montadora automobilística. Nesse caso, o cliente e o fornecedor

desenvolveram em conjunto o trabalho para a redução mútua de seus custos

operacionais. Também houve o interesse em analisar as dificuldades encontradas

na transferência de conhecimentos e no desenvolvimento do trabalho.

Para isso, buscou-se definir indicadores que pudessem refletir os benefícios

ou possíveis perdas obtidas com a implantação de conceitos da Produção Enxuta à

logística da empresa automobilística.

Nesse sentido, foram estabelecidos indicadores de produtividade, qualidade e

custos, alinhados com o objetivo de melhorias dos resultados financeiros, para

evidenciar a eficácia das ações e o desempenho do setor com os novos conceitos

adotados.

5.1 TIPO DE ABORDAGEM DA PESQUISA

Esta pesquisa enquadra-se em natureza aplicada, de abordagem quantitativa

e de objetivo exploratório, pois se trata de um estudo de caso. Para Cervo e Bervian

(1996, p. 47), a natureza aplicada da pesquisa “busca soluções para problemas

concretos”, e Gil (1999, p. 43) explica que sua “característica fundamental está no

interesse pela aplicação, utilização e conseqüências práticas dos conhecimentos”.

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Já a abordagem qualitativa, no entendimento de Lakatos e Marconi (2000,

p.109) pressupõe a correlação entre “características observáveis, ou

experimentalmente determináveis, de um objeto de estudo ou classe de fenômenos”

e as teorias estabelecidas. Para essa condição, também se propõe que a pesquisa

deva ser exploratória e descritiva, pois necessita de detalhamento dos fatos, e usa o

conhecimento para poder identificar relações entre elas (CERVO; BERVIAN, 1996).

Para Gil (2006; p. 54, apud Yin, 2001), o estudo de caso é mais adequado

para pesquisar um fenômeno “no seu contexto real, onde os limites entre este

fenômeno e o contexto não são claramente percebidos”. Gil (2006, p. 44) também

define que a pesquisa bibliográfica faz uso de “material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos”, que irão colaborar com a análise do

conteúdo, no suporte às práticas e metodologias adotadas, bem como facilitar o

entendimento dos leitores sobre o desenvolvimento dos trabalhos.

5.2 ETAPAS DA METODOLOGIA

Com a finalidade de planejar e controlar o desenvolvimento das atividades

inerentes às mudanças estabelecidas na forma de operar do provedor logístico, foi

elaborado um fluxograma contendo as etapas metodológicas de implantação e

verificação das melhorias obtidas, conforme ilustrado na Figura 14.

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Figura 14 - Fluxograma do estudo de implantação de melhorias

5.2.1 Caracterização do problema

Nesta etapa metodológica, buscou-se levantar informações para evidenciar os

problemas de processos já identificados, conforme relatório de uma consultoria

contratada. A relação de oportunidades apontava problemas nas principais

INÍCIO

Definição do Caso a ser estudado

Implantação de melhorias contínuas no processo de um provedor logístico mediante

transferência de conhecimento do cliente para o fornecedor

Caracterização do Problema

Definição dos objetivos

(Re)Definição dos indicadores de acompanhamento

Definição do período de controle

Levantamento e tratamento dos dados pertinentes aos indicadores definidos

Realização de workshops de melhorias da produtividade conforme metodologia do PMP

Acompanhamento da evolução dos indicadores

Comparação e avaliação dos indicadores com os objetivos

Os indicadores estão

adequados?

FIM

Sim

Não

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atividades desempenhadas pelo provedor logístico: recebimento, depósito,

abastecimento do ponto de uso, expedição de material em processo e de

embalagens vazias.

Esses problemas causavam baixo desempenho das atividades de

recebimento de materiais e desnivelamento das entregas, o que resultava no

acúmulo de caminhões nos pátios. O uso inadequado do Kanban pelos operadores,

tanto do cliente, quanto do fornecedor, e o dimensionamento precário em várias

operações tornavam o sistema pouco eficiente. O uso de empilhadeiras para realizar

a maior parte dos abastecimentos, nas linhas de montagem e postos de trabalho,

causava baixo rendimento desta atividade e alto fluxo de circulação de veículos

industriais, o que também é uma condição insegura. O depósito apresentava dois

tipos de perdas. A primeira em razão do grande número de transbordo, que não

agregava valor ao produto, causando desperdício de mão-de-obra. A segunda

relaciona-se aos materiais alocados aleatoriamente, gerando longos percursos das

empilhadeiras para buscar os materiais para reposição no ponto de uso.

O operador logístico contava com uma infra-estrutura de 334 funcionários

distribuídos nas atividades operacionais, em julho de 2006, data de início dos

trabalhos de melhorias.

5.2.2 Definição dos objetivos

A unidade de produção VP contém diferentes capacidades produtivas entre

as áreas de produção e isso é compensado com um terceiro turno nas áreas com

“gargalos” de produção. Dessa forma, o terceiro turno das áreas de armação e

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pintura apresentava as seguintes características: produção horária líquida menor e

efetivo reduzido. Somente a área de montagem final trabalhava em dois turnos e a

estamparia, em três turnos completos.

Essa situação foi alterada a partir do mês de maio de 2007, devido ao

aumento no volume diário de produção e conseqüente necessidade de implantação

do terceiro turno para a montagem final. No entanto, os resultados apurados durante

os três últimos meses de estudo desconsiderou esse incremento no efetivo, tendo

permanecido com o mesmo padrão do início ao fim do estudo.

A amostra analisada compreende 13 meses, desde o início dos trabalhos, em

julho de 2006, até o mês de julho de 2007, e inclui a realização de quinze

workshops. Os trabalhos em conjunto continuam, porém, para atender às datas de

apresentação do presente trabalho, adotou-se o mês de julho como data limite para

efetuar a coleta dos resultados.

As áreas envolvidas são: portaria, docas de recebimento da área de

montagem final, depósito de materiais de uso da montagem final e operações de

abastecimento da montagem final e da armação de carrocerias. Os tipos de

abastecimentos adotados foram em número de três, a saber:

• Comboio logístico realizado por rebocador elétrico, que abastece a linha de

montagem, originário de célula de seqüenciamento.

• Abastecimento da linha de montagem no sistema Kanban, realizado por

rebocadores elétricos provenientes do depósito.

• Abastecimento da linha de montagem no sistema Kanban, realizado por

empilhadeiras provenientes do depósito.

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5.2.3 Definição dos indicadores de acompanhamento

Para monitorar a evolução dos trabalhos, foram estabelecidos indicadores de

desempenho, visando medir a evolução dos índices de produtividade e de

qualidade. Caso, após o levantamento e tratamento dos dados, se algum indicador

se mostrar inadequado, haverá a necessidade de redifinição desse indicador ou

daqueles que se façam necessários.

A redução de custos dos processos envolvidos era esperada como resultados

das ações de melhorias, sem meta definida; contudo, foi necessário definir um

indicador de custos para acompanhar a sua evolução.

5.2.3.1 Indicador de produção

O indicador de produção (IP) adotado tem por objetivo medir a variação da

necessidade de mão-de-obra nas atividades em que foram realizadas melhorias,

com o objetivo de otimizá-la.

Este indicador tem por unidade de medida a razão entre a quantidade

planejada de veículos a ser produzida e o total de horas trabalhadas numa

determinada atividade, em um dia de produção (produção diária de veículos / horas).

O total de horas é resultado da soma das horas de trabalho de todos os empregados

envolvidos e necessários para a realização da atividade. A Equação (1) indica o

processo de cálculo citado.

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VDPIP = (1)

TH

Sendo:

IP: Indicador de produção das atividades analisadas [veículos/horas]

VDP: Quantidade de veículos produzidos em um dia de trabalho [veículos/dia]

TH: Quantidade total de horas necessárias diariamente [horas/dia]

A variação deste indicador mostra a maior ou menor necessidade de mão-de-

obra para desenvolver a atividade analisada. Assim, pode-se utilizar o valor deste

indicador em duas condições: para o cálculo da necessidade de pessoal e para

determinar a capacidade máxima de produção de um processo. Na primeira

condição, o produto do indicador pela quantidade de veículos a serem produzidos

diariamente resulta na quantidade de pessoas para cumprir o trabalho. E, na

segunda condição, parte-se da quantidade de pessoas que desenvolvem a atividade

e multiplica-se pela quantidade de horas úteis disponíveis num dia normal de

trabalho. O produto dessa multiplicação é dividido pelo indicador citado; como

resultado (quociente), tem-se a capacidade máxima de produção para a mão-de-

obra disponível.

A determinação da necessidade de mão-de-obra tem como base a

cronoanálise e a análise de tempos e métodos (MTM). Os tempos medidos para

cada atividade e as respectivas freqüências diárias de ocorrência, para cada item,

foram utilizados para totalizar a necessidade de mão-de-obra para cada atividade. A

esse total foi adicionado um percentual para suprir as necessidades de férias, de

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faltas, de necessidades fisiológicas pessoais e gerais ou de recuperação de esforço

realizado. Os percentuais são variáveis e estatísticos e obedecem ao padrão

adotado pela empresa Ômega e a valores da unidade de produção VP. A Equação

(2) reflete a explicação acima.

n

NP = ( ΣΣΣΣ TPi x FRi ) x [ 1 + (FA + FE + PP + PR) ] (2)

i = 1

Sendo:

NP: Necessidade de pessoal, obtido em horas de trabalho

TP: Tempo padrão de cada atividade analisada, obtido em horas

FR: Freqüência de ocorrência da atividade analisada

FA: Percentual estatístico de faltas ocorridas no último trimestre

FE: Percentual de férias proposto para o período

PP: Percentual de perdas para atender necessidades pessoais

PR: Percentual de tempo de recuperação por esforço físico

Contudo, pequenas melhorias ou pequenas variações na quantidade de

veículos ou, ainda, no mix de produção, podem ocorrer e reduzir a necessidade de

mão-de-obra, mas não o suficiente para retirar uma pessoa do processo. Portanto,

haverá uma diferença entre a quantidade de pessoas necessárias e a quantidade de

pessoas disponíveis nesse processo. A razão entre estas duas quantidades resulta

no nível de ocupação, como mostra a Equação (3). E, ainda, este fator indica

também a capacidade do processo analisado.

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NPNO = x 100 (3)

QD

Sendo:

NO: Nível de ocupação da atividade [%]

NP: Necessidade de pessoal para a atividade analisada [quantidade de

pessoas necessárias]

QD: Quantidade de mão-de-obra disponível para atividade analisada

[quantidade de pessoas trabalhando]

5.2.3.2. Indicador de qualidade

Nas áreas de recebimento (portaria e docas), utiliza-se um indicador para

medir o tempo de permanência do veículo dentro da fábrica. Esse tempo é medido

desde o momento em que o caminhoneiro entrega as documentações na portaria

para autorizar sua entrada até sua saída da empresa. Contudo, são consideradas

etapas para avaliar o seu tempo de permanência em cada estação. A primeira etapa

é o recebimento na portaria, onde ele aguardará até ser autorizado a entrar na

fábrica. A etapa segunda é o tempo de permanência na doca de recebimento, onde

o material é descarregado e de onde ele se encaminha para o depósito de

embalagens para realizar a terceira etapa, ou seja, carregar o seu veículo com

embalagens vazias para retorno, finalizando o processo.

O processo de monitoramento do tempo de permanência inicia-se com a

entrega de um cartão magnético ao motorista, no ato da chegada na portaria para

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apresentar as documentações requeridas. Nesse instante, ele ativa o sistema

acionando o coletor com o cartão fornecido, e o aciona novamente ao ser

encaminhado para o processo seguinte. Em todas as áreas de recebimento e

expedição, há leitoras de cartões instaladas. O tempo de permanência em cada

processo é obtido pela diferença entre os horários de entrada de cada etapa. Com

esse procedimento, ficarão registrados todos os tempos de permanência em cada

local e, no geral, o tempo despendido dentro da unidade de produção VP.

Se analisarmos o processo sob a ótica operacional, o tempo de permanência

também é um indicador de produção das áreas. Contudo, está se analisando sob o

ponto de vista do motorista de caminhão, e a agilidade e a rapidez no recebimento

da carga e no carregamento de dispositivos vazios dentro da empresa estão

relacionados à qualidade do serviço prestado a ele. E é com essa finalidade que se

pretende analisar e utilizar este indicador.

5.2.3.3 Indicador de custos

As ações de produtividade e de qualidade influenciam diretamente os custos

operacionais, pois contribuem para a otimização dos recursos. O principal recurso

influenciado nesta pesquisa foi a mão-de-obra do provedor logístico. Os esforços

foram concentrados na otimização das atividades manuais; no entanto, essas ações

propiciaram a redução da necessidade de equipamentos industriais e,

conseqüentemente, dos insumos indiretos consumidos por esses equipamentos.

Conforme definição contratual entre a montadora e o provedor logístico, as

ações de melhorias realizadas, que resultaram numa necessidade de menos mão-

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96

de-obra, propiciaram uma redução no valor mensal pago pela montadora. Para

definir o valor da mão-de-obra, utilizou-se o valor da despesa mensal da montadora

com o provedor logístico. Este valor foi dividido pela quantidade de empregados que

esta empresa mantinha operacionalizando a logística da unidade de produção VP. O

valor referente à metade de cada quantidade de mão-de-obra dispensada pelo efeito

das melhorias seria reduzido do valor a ser pago pela montadora ao provedor

logístico. Este iria aumentar sua margem de lucro com essa condição.

No entanto, para os fins deste trabalho, foi considerado o valor integral como

redução nos custos da montadora, para que o leitor possa verificar o impacto total

na redução dos custos com as ações realizadas.

As melhorias foram abordadas conforme sua natureza de custos, ou seja, a

redução de pessoas refletiu nas despesas com serviços comprados pela montadora

de veículo. As despesas com insumos operacionais ocorreram pela redução da

necessidade de equipamentos e serão apresentadas como combustível, materiais

de manutenção e suprimentos. O consumo de combustível de empilhadeiras é o gás

liquefeito de petróleo (GLP) e a energia elétrica é carregada nas baterias que

movimentam os rebocadores. A redução na compra de peças de reposição

amortizou as despesas com materiais para manutenção desses equipamentos e de

suprimentos, tais como óleo, graxas, fluidos, entre outros. A apuração desses

resultados ocorreu mediante a comparação dos gastos médios entre o semestre

anterior à implantação da melhoria e o semestre seguinte.

O indicador adotado é utilizado pela empresa automobilística em seus

Indicadores-chave da Produção, também conhecidos pela expressão inglesa Key

Production Indicators (KPI). Nesse caso, são os custos divididos pela quantidade de

veículos produzidos no período. A Equação (4) apresenta o indicador.

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97

DGCPV = (4)

VDP

Sendo: CPV: Custo por veículo produzido [R$ / veículo]

DG: Despesas gerais operacionais no período [R$]

VDP: Quantidade de veículos produzidos em um dia de trabalho

[veículos]

A evolução dos custos foi observada pela comparação entre os custos por

veículo produzido (CPV), antes e depois da implantação das melhorias, e os custos

serão apresentados na unidade monetária brasileira pelo volume de produção, ou

seja, Reais por veículo (R$/veículo).

5.2.4 Definição do período de controle

O acompanhamento dos indicadores para medir o desempenho das melhorias

no processo do provedor logístico, para efeito deste trabalho, ocorre no período de

julho de 2006 a julho de 2007. Contudo, o levantamento de dados para subsidiar as

ações de melhoria já vinha ocorrendo desde janeiro de 2006, quando se contratou

uma consultoria e logo se observou a possibilidade de melhoria nas atividades

realizadas pelo provedor logístico.

A despeito do período descrito acima, o processo de melhoria das atividades

das operações internas de logística continuam ocorrendo, com subseqüente coleta

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98

de dados, ações e monitoramento. Isto faz parte do plano estratégico da montadora

para incremento de produtividade.

5.2.5 Levantamento e tratamento dos dados

Os dados coletados, utilizados para análise, com o propósito de responder às

questões propostas para esse trabalho, foram obtidos nos relatórios de Processo de

Melhoria da Produtividade (PMP) realizados. Para facilitar o entendimento e

preservar as empresas envolvidas quanto à divulgação de dados referentes à

quantidade de mão-de-obra e produtividade na capacidade de produção, tanto as

meta quanto os valores obtidos, serão tabulados em forma percentual.

Os objetivos propostos e não realizados serão analisados e discutidos

basendo-se nas informações apresentas nos relatórios de produtividade. E aqueles

indicadores que se apresentarem inadequados necessitarão de redefinição, revisão

do período de controle, para novo levantamento e tratamento dos dados.

5.2.6 Realização dos workshops

Conforme planejamento elaborado para a realização de melhorias, as

reuniões com os grupos de trabalho são realizadas sucessivamente, de acordo com

a programação e os objetivos. Os resultados são inseridos no relatório de controle

para medir a eficiência das soluções implantadas e medir o desempenho dos

trabalhos realizados. Também é feito um relatório de pendências que têm prazo

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máximo de realização de 120 dias. Ao final desse prazo, é feita uma revisão final do

workshop e recertificados ou retificados os benefícios e ganhos de produtividade

obtidos.

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100

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A base do desenvolvimento do processo de melhorias está descrita no

Quadro 2, que relata os desperdícios identificados, suas possíveis causas e as

prováveis soluções.

Problemas Causas SoluçõesMelhorar a disposição dos postos

de trabalhoReduzir a quantidade de notas

fiscais digitadas

Operadores não treinados Treinamento dos operadores

Informações do Kanban não estão completas

Adicionar o ponto de ordem

Reduzir tamanho de embalagens e dinamizar abastecimentos

Implementar o requisito de duas embalagens no ponto de uso

Implementar o transporte por trem logístico em substituição às

empilhadeiras

Esforço excessivo na atividade de picking

Recebimento de material em caixas com tamanhos inadequados para o abastecimento direto no ponto de

uso

Substituir as embalagens de fornecimento para o tamanho

adequado ao ponto de uso (sem incremento de custos à empresa)

Transbordo realizado não agrega valor à operação

Melhorar o processo de embalar na CPMS

Partes são movimentadas para o ponto de uso em quantidades

inadequadas

Redimensionar as quantidades de entrega para sincronizar

abastecimento do ponto de uso

Definir fluxos e rotas

Aplicar adequadamente o kanban

Reduzir tempo de abastecimento para determinados itens

Área requerida não está disponível no local adequado

Uso de áreas livres

ANÁLISE DOS PROBLEMAS E OPORTUNIDADES NAS ATIVIDADES DE LOGÍSTICA INTERNA

Operações desnecessárias de transbordo na Célula de Pré-

montagem e Seqüenciamento - CPMS

Baixa eficiência do abastecimento por trem logístico (rebocadores

elétricos com várias embalagens grandes)

Fluxo inadequado, muitas vezes realizado sem transportar

embalagem

Kanban não é utilizado com eficiência pelos operadores

Embalagens grandes sem plataforma móvel para transporte

Uso excessivo de empilhadeiras para realizar abastecimentos no

ponto de uso

Acúmulo de caminhões no pátio aguardando liberação para entrada

na fábrica

Rotina inadequada, excesso de digitação, layout de trabalho

inadequado

Quadro 2 - Oportunidades de melhorias nas operações internas de logística Fonte: Documentação interna adaptada pelo autor

A análise inicial estendeu-se pelas principais áreas de operação do provedor

logístico; entretanto, os trabalhos foram planejados para ocorrer somente nas

atividades que mais utilizavam mão-de-obra e que são estratégicas para as

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101

atividades da montadora. Dessa maneira, os trabalhos foram realizados nas

atividades de portaria, de recebimento de peças e de componentes da área de

montagem final, de depósitos de peças e componentes da área de montagem final,

de operações de abastecimentos da área de montagem final e da armação de

subconjuntos; este último na carroceria.

Os desperdícios identificados referem-se, principalmente, à baixa eficiência

das operações de abastecimentos, que muitas vezes realiza viagens sem

movimentar nenhuma embalagem, geralmente por falta de rotina de trabalho ou de

treinamento do operador. O uso excessivo de empilhadeiras para fazer o

abastecimento do ponto de uso na linha de montagem ou armação de subconjuntos

também foi considerado um desperdício de transporte. A utilização de empilhadeiras

tem por característica o transporte de uma embalagem unitizada por vez e deve

movimentar-se em pequenas distâncias, a fim de usar com eficiência a sua

agilidade.

As soluções priorizadas pelo grupo de trabalho foram a implantação de

comboios (trens) logísticos e a elaboração de rotas de abastecimentos. A

movimentação de várias unidades de carga alocadas em plataforma móveis (dolly)

realizada por rebocadores de tração traria otimização de atividades e equipamentos

industriais, bem como a redução do fluxo de veículos industriais pelas áreas. A

definição de rotas traria a garantia para suportar, de maneira padronizada, o

abastecimento por comboio logístico.

As melhorias nas atividades de portaria, de recebimento e dos depósitos

foram ações específicas e propiciaram o incremento da sua eficiência e a melhoria

das condições de trabalho.

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102

6.1 AUMENTO DA PRODUÇÃO

Foram realizados dezesseis workshops (WS), durante o período de estudo.

Em cinco deles, obteve-se um aumento da capacidade de produção na ordem de

5,4% mediante a redução dos tempos dos ciclos das atividades analisadas. As

melhorias implementadas possibilitaram realizar uma nova distribuição das cargas

de trabalho e, com isso, reduzir a quantidade de mão-de-obra necessária. A Figura

15 apresenta o gráfico com as áreas onde ocorreram as melhorias e os respectivos

resultados das melhorias implantadas.

Figura 15 - Redução do tempo de ciclo das atividades do provedor logístico

O valor de 3,144 horas por veículo tomou como base o efetivo total do

provedor logístico, em junho de 2006, para realizar a produção diária de 850

veículos. Esta produção não apresentou variação ao longo do estudo.

Em termos absolutos (horas/veículo) obteve-se ganho nas atividades de

portaria, recebimento, abastecimento na montagem final, depósito da área de

2,974

3,1440,038

0,056

0,038

0,019

0,019

2,850

2,900

2,950

3,000

3,050

3,100

3,150

base: junho2006

portaria recebimento abastecimento depósito subconjuntos julho de 2007

[horas / veículo]

Redução de 5,4%na quantidade horas

para produzir um veículo.

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103

montagem final e em subconjuntos da armação. Em julho de 2007, as reduções

representavam o valor de 0,17 horas por veículo ou 5,4% de variação em relação à

base de junho de 2006.

Foram realizados nove WS para melhorar e organizar as atividades nos

postos de trabalho (housekeeping), inclusive criando um fluxo adequado de

movimentação, mas que não resultaram em redução do tempo de trabalho. Em

outros dois WS não se conseguiu obter as metas estimadas, pois houve

necessidade de investimentos, os quais não estavam planejados pela empresa

automobilística. As ações eram a implantação de comboio logístico e padronização

das quantidades de materiais e componentes transportados da Célula de Pré-

montagem e Seqüenciamento (CPMS) para a linha de montagem. A implantação

dessas melhorias implicava a aquisição de plataformas móveis (dollies) e a

confecção de dispositivos de armazenagem para transporte dos itens seqüenciados.

As análises das principais ações e de seus respectivos resultados serão

apresentadas neste capítulo.

6.1.1 Ação de melhoria na atividade de portaria

Os trabalhos foram iniciados pela portaria, onde se realizou um trabalho de

cronoanálise de todo o processo e que orientou as soluções implementadas no local.

Essas ações resultaram na redução do tempo de digitação de notas fiscais e da

movimentação interna e externa dos operadores da portaria e estão relacionadas a

seguir:

• Organização do layout interno, conforme fluxo do processo.

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104

• Redistribuição de atividades externas e padronização de horários.

• Incremento de fornecedores usuários do sistema Advanced Shipping Notices

(ASN).

Os dois primeiros itens ajudaram a disponibilizar os atendentes no posto de

trabalho por mais tempo. Isso agilizou o atendimento aos caminhoneiros, bem como

as outras atividades de separação de notas fiscais e a digitação dos itens recebidos

no sistema de materiais. As atividades externas foram distribuídas para empregados

de outras áreas, que, em seu fluxo de trabalho, passavam diariamente pela Portaria.

O terceiro item foi o responsável pela redução do tempo de digitação no

sistema de controle de materiais, pois, com um maior número de empresas usuárias

do sistema ASN, os dados constantes nas notas fiscais já estavam disponíveis no

sistema, e o digitador apenas conferia os dados e inseria as confirmações. A Tabela

1 mostra os ganhos de produção com base nos indicadores anteriormente

apresentados.

Tabela 1 - Produção na portaria

Antes Depois Variação

Produção - IP [volume diário de produção / horas] 10,63 13,28 25%

AtividadesSituação

Nível de Ocupação - NO (%) 80% 89% 11%

Os trabalhos realizados diminuíram a quantidade de horas necessárias para a

realização das atividades diárias em 0,019 horas por veículo causando um aumento

de 25% do indicador de produção da portaria. Isto é resultado da redução do tempo

de digitação no sistema de materiais devido ao incremento de fornecedores usuários

do ASN, que aumentou de 45 % para 80%, nos 13 meses de estudo.

Conseqüentemente, houve uma redução na quantidade de pessoas disponíveis para

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105

a realização deste processo e também houve um aumento no nível de ocupação da

mão-de-obra disponível após a realização das melhorias.

6.1.2 Ação de melhoria na atividade de recebimento

No recebimento de materiais para a área de montagem final, tentou-se

eliminar o uso do terceiro turno, uma vez que essa área trabalha apenas em dois

turnos. Durante a realização do workshop, foram identificadas as seguintes

oportunidades:

• Redistribuição das entregas de materiais pelos fornecedores (janelas de

entrega) para os dois primeiros turnos.

• Incremento de uma empilhadeira no recebimento, para suprir necessidades

da redistribuição das janelas de entrega.

• Otimização da quantidade de carga recebida por caminhões de entrega.

• Redução de movimentação dos conferentes, por meio da instalação de um

terminal de sistema de materiais da empresa Ômega, próximo às áreas de

conferência de material.

As melhorias realizadas não atingiram os resultados esperados, conforme

apresentação da Tabela 2.

Tabela 2 - Produção no recebimento da montagem final

Antes Depois Variação

Produção - IP [volume diário de produção / horas] 3,94 4,62 17%

Nível de Ocupação - NO (%) 67% 75% 13%

AtividadesSituação

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106

Os dados referentes à Tabela 2 mostram que houve uma redução de 0,038

horas por veículo no tempo de execução dessas atividades. Este fato resultou num

aumento da capacidade de produção em 17% (indicador de produção) e ainda,

possibilitou um aumento da taxa de ocupação da mão-de-obra de 67% para 75%. A

redução de tempo planejada era de 33%, mas o terceiro turno não foi eliminado,

apenas reduziu-se a quantidade de pessoas disponíveis.

A quantidade de janelas disponíveis no primeiro e segundo turnos seria

suficiente para atender a todos os recebimentos diários, pois a capacidade é de 84

recebimentos, com uma variação de 70 a 80 recebimentos diários. No entanto, os

recebimentos provenientes de outras plantas, especificamente motores e a malha de

transporte interplantas, não permitiram alterações, sem modificar outras entregas.

Isso manteve os recebimentos desses materiais no terceiro turno, mas o

planejamento logístico se comprometeu a realizar uma análise detalhada para

atender às solução propostas.

Em janeiro de 2007, um remanejamento interno permitiu direcionar um veículo

industrial adicional para a área de recebimento, porém a relocação do terminal mais

próximo foi postergada. A decisão ocorreu com base no planejamento de

modificações que serão implantadas para a produção de um novo produto, em 2008.

6.1.3 Ação de melhoria na atividade de abastecimento

O abastecimento da linha de montagem no sistema Kanban é realizado por

rebocadores elétricos e teve sua atividade cronometrada em todo o processo

logístico. A cronoanálise mostrou que havia um alto grau de ociosidade nos postos

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107

de trabalho. Isso gerou análise e rebalanceamento das cargas de trabalho nos sete

postos existentes. Dessa forma, permitiu-se maior sinergia entre as atividades, o que

resultou na redução de três postos por turno de trabalho, totalizando seis. As ações

implantadas que permitiram melhorar a rotina e as condições de trabalho foram:

• Redimensionamento do Kanban.

• Redefinição clara das atividades de separação e abastecimento.

• Garantia de um fluxo contínuo de processo.

• Disponibilidade de carrinhos de transportes adicionais, mais adequados para

o acondicionamento das embalagens plásticas e para movimentação durante

a separação de pedidos (picking).

Foi realizado um planejamento para a fabricação dos carrinhos com término

previsto para dezembro de 2007, o qual foi cumprido. As demais ações foram

implantadas durante a realização do workshop.

O redimensionamento do Kanban foi realizado, conforme os procedimentos

do Sistema de Produção da Ômega, que exige o mínimo de duas horas de material

disponível na linha de montagem. A partir dessa premissa, determinou-se a

necessidade adequada de embalagens a serem transportadas diariamente para as

prateleiras da linha de montagem.

A redifinição de atividades delineou as funções do separador de pedido e do

abastecedor, descrevendo suas respectivas atividades. Isso evitou a realização de

atividades em duplicidade, muitas vezes ocasionada por mau dimensionamento do

Kanban ou falta do cartão de chamada de material.

O uso de carrinhos adicionais para o transporte de materiais visava eliminar o

transbordo de caixas entre equipamentos de movimentação de material. O

separador fazia o supermercado de peças, conforme o pedido, e colocava as

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embalagens em um dispositivo, movimentando-o ao longo do porta-palete. Ao

finalizar essa atividade, o abastecedor relocava as embalagens para a carretinha

engatada ao rebocador elétrico utilizado por ele para a movimentação de material.

Na situação atual, o separador faz o picking e coloca as embalagens

diretamente no carrinho de transporte. O abastecedor, ao chegar, desengata o

dispositivo que ele trouxe com embalagens vazias e engata o dispositivo preparado

pelo separador. Em seguida, parte para novo abastecimento. A Figura 16 ilustra a

implantação dessa melhoria.

Figura 16 - Carrinhos adicionais no abastecimento da linha de montagem

CARRINHO DE ABASTECIMENTO ADICIONAL

SITUAÇÃO ANTERIOR

SITUAÇÃO POSTERIOR

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A Tabela 3 traz os resultados obtidos após a implantação de melhorias

propostas pelo grupo do PMP.

Tabela 3 - Produção no abastecimento Kanban na linha de montagem

Antes Depois VariaçãoAtividades

Situação

Produção - IP [volume diário de produção / horas] 7,59 13,28 75%

Nível de Ocupação - NO (%) 54% 94% 75%

As ações realizadas colaboraram para a melhoria das condições de trabalho

dos empregados. Porém, a alta taxa de ociosidade apurada com a realização da

cronometragem constatou a possibilidade da redistribuição de atividades. O trabalho

foi realizado, os operadores foram orientados e treinados. Realizou-se, então, uma

simulação para a aprovação conjunta do setor de medicina e segurança do trabalho,

do sindicato da categoria e dos demais participantes do workshop.

O balanceamento das cargas de trabalho reduziu a quantidade de mão-de-

obra disponível e aumentou a taxa de ocupação, de 54% para 94%. As horas

necessárias para cumprir a produção diária foram reduzidas em 0,056 horas por

veículo, melhorando em 75% indicador de produção da área após as modificações.

6.1.4 Ação de melhoria na atividade de depósito

As ações no depósito iniciaram pela organização e, em seguida, visaram

redistribuir as atividades e redimensionar a necessidade de pessoal.

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110

6.1.4.1 A organização dos depósitos da montagem final

Foram desenvolvidos cinco workshops nos depósitos, um para cada grupo de

células de abastecimento: bancos e pneus, vidros e pára-choque, pré-montagem e

montagem do conjunto motriz, teto-tapete e painel, e central de pré-montagens e

seqüenciamento. Os objetivos foram:

• Reagrupamento dos materiais das células de produção numa única célula de

depósito, tão próximo quanto possível da área de consumo.

• Correção da freqüência de entrega para o fornecedor com acerto da Bill of

Material (BOM) e, conseqüentemente, da quantidade de material em

estoque.

• Nova rotina de retirada de embalagens vazias, incluindo liberação de área e

redução de movimentação da empilhadeira e do consumo de gás GLP.

• Rearranjo do depósito conforme a freqüência de abastecimento.

• Eliminação do duplo manuseio na operação de separação de pedido.

• Redução dos ítens transbordados que não agregam valor ao produto.

A nova rotina para retirada de embalagens vazias trouxe melhorias ao

operador de empilhadeira do depósito. No processo anterior, as embalagens vazias

eram transportadas até a área de separação e expedição de embalagens vazias aos

fornecedores, localizada a 500 metros do depósito, numa freqüência de sete vezes

por turno. A rotina implantada passou a utilizar o fluxo de retirada de embalagens

vazias da linha de montagem, que era realizado por uma carreta. A área disponível

para a alocação das embalagens era distante 80 metros do depósito. A ociosidade

foi reduzida no processo da carreta com o aumento da carga de embalagens e no

depósito reduziu-se o percurso diário da empilhadeira em aproximadamente 6 km.

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111

As ações realizadas melhoraram a organização no depósito, ordenando os

materiais nos porta-paletes, de acordo com o local de consumo no processo

produtivo e a freqüência de consumo. Isso facilitou a execução das atividades de

separação de pedido, reduzindo a movimentação dos separadores. A Figura 17

ilustra essas ações: os círculos e os quadrados são materiais utilizados nas células

de produção diferentes, e as cores significam a freqüência de seu abastecimento

(vermelho=alta, amarelo=média, verde=baixa).

Figura 17 - Organização do depósito

DISTRIBUIÇÃO DOS MATERIAIS NO DEPÓSITO

SEPARAÇÃO

SEPARAÇÃO

CÉLULA 1 CÉLULA 2

Situação Atual

Situação Anterior

MaterialPorta-palete

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112

A redução de itens transbordados de uma embalagem para outra, sem

agregar valor, necessitou e ainda necessita de ação entre o planejamento logístico

da montadora e o fornecedor dos respectivos materiais. Essa situação foi criada pela

empresa automobilística, ao incrementar o abastecimento de Kanban em

embalagens pequenas, ao longo da linha de montagem, sem contar com a

substituição imediata da embalagem adequada ao ponto de uso na linha.

Muitos fornecedores alegaram não ter condições para investir na substituição

das embalagens. Isso causou a necessidade de realizar o fracionamento da carga e

o transbordo de peças entre embalagens, aumentando a carga de trabalho no

depósito. A negociação com os fornecedores é lenta e, geralmente, ocorre somente

na renovação do pedido. Contudo, até julho de 2007, já havia sido reduzido em 45%

o número de itens transbordados nessa situação.

6.1.4.2 A produção dos depósitos da montagem final

Em conjunto com as atividades de melhorias implantadas e apresentadas

anteriormente, foi realizada uma cronoanálise das seis diferentes atividades do

depósito para verificar a ocupação de cada uma delas. Estas atividades são:

separação de pedido das células, transbordo de materiais, separação de pedido

para Knocked Down (KD), Recebimento de Kanban, separação de materiais

susceptíveis ao furto, operação de empilhadeira. Essas atividades estavam

distribuídas entre 11 empregados. A Tabela 4 mostra os resultados após o estudo.

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113

Tabela 4 - Produção nas atividades no depósito da montagem final

Antes Depois Variação

Nível de Ocupação - NO (%) 85% 90% 5%

AtividadesSituação

Produção - IP [volume diário de produção / horas] 4,83 5,90 22%

O estudo de tempos e métodos forneceu dados para orientar as ações de

melhorias elaboradas pelo grupo de trabalho. Como resultado, foram obtidas

condições de redistribuir algumas atividades e eliminar postos de trabalho. Isso pode

ser observado no aumento do indicador de produção, de 4,83 para 5,90 veículos por

hora. Esse aumento corresponde a 22 % na capacidade de atender aos pedidos e

manuseios de materiais para a produção diária executada. Como conseqüência, a

quantidade de mão-de-obra do depósito sofreu uma redução da necessidade de

pessoal. O nível de ocupação também foi afetado e apresentou uma redução de 5%

da ociosidade média das atividades.

O trabalho realizado pelo planejamento logístico da montadora para a

redução do transbordo, citado anteriormente, colaborou para essa otimização, e a

sua completa eliminação poderá melhorar ainda mais o desempenho nas atividades

do depósito.

6.1.5 Ações de melhorias nas atividades de subconjuntos e lateral

A segurança do trabalho e a medicina ocupacional solicitaram eliminar duas

atividades, na área de armação de carroceria, que apresentavam condições

antiergonômicas, com riscos à segurança dos empregados.

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114

A primeira situação ocorria na área de soldagem e armação da caixa da roda

e do assoalho central do veículo, onde havia um manuseio adicional inadequado na

retirada de peças KD prontas. Tanto o assoalho quanto a caixa da roda são peças

de proporções dimensionais grandes. Os funcionários da montadora realizam suas

atividades na soldagem destes conjuntos, acondicionando-os em dispositivo

localizado ao lado do posto de trabalho até utilizar o espaço completamente. Então,

dois empregados do provedor logístico retiravam as peças, uma a uma, e as

transportavam, manualmente, por aproximadamente 15 metros até um outro

dispositivo de acondicionamento, localizado na rua interna de movimentação de

materiais. A operação seguinte era realizada por um operador de empilhadeira, que

retirava o dispositivo cheio e o movimentava para a área de expedição. A Figura 18

é uma foto que simula a movimentação de peças realizada pelos operadores do

provedor logístico.

Figura 18 – Foto da simulação do transbordo do assoalho central Fonte: Ômega (2007)

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115

A outra condição inadequada ocorria no transporte de laterais externas, após

a operação de soldagem do suporte do bocal de combustível. O operador da

montadora movimentava manualmente um dispositivo contendo 15 conjuntos até o

equipamento de soldagem do conjunto lateral. Para realizar esse abastecimento, ele

percorria 350 metros, empurrando o dispositivo por uma rua interna com fluxo

intenso de circulação de rebocadores e empilhadeiras, o que poderia causar

acidente ao operador. Também fazia parte dessa atividade a operação de

transbordo e separação de um rack de acondicionamento para dispositivos

ergonômicos e adequados ao layout das respectivas estações de trabalho.

Para eliminar os riscos na primeira situação, foram adquiridos oito dollies para

movimentar dois dispositivos de acondicionamento móveis para o assoalho central e

dois para a caixa da roda, lados direito e esquerdo. Dessa forma, os operadores da

empresa automobilística passaram a acondicionar as peças KD nesse novo

dispositivo e, depois de completar todos os espaços disponíveis, eles próprios

faziam a movimentação até a rua de abastecimento. Para que isso ocorresse, foram

realizadas melhorias nos dispositivos de montagem e no layout da área, bem como

verificado se os tempos adicionais não influenciariam na capacidade de produção do

posto de trabalho. Isso extinguiu a necessidade dos operadores do provedor

logístico.

A segunda atividade, a movimentação de laterais externas do veículo, passou

a ser executada pelo provedor logístico. No entanto, um rebocador elétrico foi

disponibilizado para transportar o dispositivo com as laterais, reduzindo, assim, a

condição de risco de acidentes. A condição antiergonômica de o operador empurrar

o dispositivo foi eliminada. A operação de transbordo não sofreu ações de melhorias,

mas também passou a ser realizada pelo operador do provedor logístico.

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116

A implantação dessas melhorias resultou na otimização de mão-de-obra do

provedor, reduzindo-a para dois operadores, um por turno, e os benefícios podem

ser observados na Tabela 5.

Tabela 5 – Melhorias na movimentação de subconjuntos e laterais

Antes Depois Variação

Nível de Ocupação - NO (%) 65% 95% 46%

AtividadesSituação

Produção - IP [volume diário de produção / horas] 26,56 53,13 100%

As ações planejadas tiveram sucesso e resultaram em:

• Eliminação do transbordo da caixa de roda e do assoalho central.

• Eliminação da condição antiergonômica durante a movimentação.

• Substituição do tipo de veículo que realizava a atividade de escoamento, de

empilhadeira para rebocador.

• Redução dos riscos de acidentes.

Essa condição contribuiu para a redução da necessidade de mão-de-obra do

provedor logístico e, ao mesmo tempo, para a melhoria das condições de trabalho

nas atividades envolvidas, tanto para operadores da indústria automobilística,

quanto para os empregados do provedor de serviços logísticos.

A eliminação de um posto de trabalho é responsável pela redução de 0,019

horas por veículo nas atividades do provedor logístico, a qual alterou a capacidade

de produção de 26,56 para 53,13 veículos produzidor por hora. Com a mudança das

atividades, houve um aumento da taxa de ocupação do operador, que passou de

65% para 95%. Enquanto que, uma análise conjunta destes dois postos mostrou um

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117

aumento da capacidade de produção do prestador de serviços e como

conseqüência, houve um incremento de 100% no indicador de produção.

6.1.6 Melhorias no fluxo de abastecimentos

Os abastecimentos realizados por empilhadeira nas áreas da linha de

montagem final de armação de carrocerias foram estudados, com o intuito de alterar

o tipo de abastecimento para comboio logístico.

De maneira geral, as ações desenvolvidas redistribuíram o fluxo de

abastecimentos, uniformizando as cargas de trabalho de cada rota. O modelo de

abastecimento não pôde ser alterado devido ao investimento que seria necessário

para a aquisição de plataformas móveis (dollies) para o transporte de caixas

plásticas de grande dimensão, caixas metálicas (caçamba) e dispositivos. O cálculo

determinou uma necessidade de 220 unidades de dollies. Como não havia provisão

para este investimento, a montadora postergou a implementação para 2008, durante

o desenvolvimento de um novo veículo da empresa.

Realizaram-se quatro workshops no abastecimento de peças e componentes

da célula central de pré-montagem e seqüenciamento (CPMS) para a linha de

montagem, com o objetivo de redefinir os fluxos e rotas de abastecimento. Esses

abastecimentos já são realizados no modelo de comboio logístico. O problema

idenficado foi a falta de padronização das quantidades nos dispositivos de

abastecimentos, que dificultam a otimização dos fluxos. Mas, nesse caso também, o

investimento foi postergado para ocorrer simultaneamente ao desenvolvimento do

novo veículo, como no caso anterior.

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118

6.2 MELHORIA DA QUALIDADE

O estudo de melhoria da qualidade avaliou somente as duas atividades do

provedor logístico: portaria e recebimento da área de montagem final. Nestas duas

atividades também foram desenvolvidas ações que incrementaram a produtividade,

como já apresentado nos itens 6.1.1 e 6.1.2.

O indicador de produtividade nessas duas áreas avaliou a variação do

cumprimento do prazo de atendimento ao motorista de caminhão na portaria e a

variação do tempo para realizar a retirada de carga do caminhão no recebimento.

Conforme determinação da montadora de veículos, o tempo de permanência na

portaria é de 40 minutos e, no recebimento, de 60 minutos. As Figuras 19 e 20

mostram as variações do atendimento dentro do prazo e compara com a variação de

entregas recebidas, tanto na portaria, quanto no recebimento.

Figura 19 - Indicador de qualidade na portaria

239 241

95

87

0

60

120

180

240

300

jan-fev 2006 jan-fev 2007

[veíc.]

0

20

40

60

80

100[ % ]

caminhões recebidos atendimento no prazo

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119

Figura 20 - Indicador de qualidade no recebimento

O período adotado para esta análise foi o primeiro semestre de 2006 e de

2007, pois as alterações ocorreram durante o segundo semestre de 2006, assim foi

possível avaliar antes e depois das ações implementadas.

A Figura 19 reflete os dados apurados após as modificações elaboradas no

processo da Portaria, que aumentaram a produtividade. Ao mesmo tempo, ocorreu o

aumento no nível de atendimento dentro do prazo. Em valores absolutos, esse

atendimento cresceu de 87% para 95%, sem que houvesse uma variação na

quantidade de caminhoneiros atendidos diariamente. A maior agilidade na liberação

de entrada dos caminhões resultou no incremento da qualidade de atendimento.

O objetivo do recebimento da montagem final difere da anterior, pois aqui as

melhorias implementadas visaram ao aumento da quantidade de recebimentos nos

dois primeiros turnos. As variações apresentadas na Figura 20 mostram que houve

um aumento na quantidade de veículos recebidos diariamente, de 66 para 75

caminhões. Isso atendeu aos objetivos propostos e não influenciou o nível de

66

75

96 95

0

20

40

60

80

100

jan-fev 2006 jan-fev 2007

[veíc.]

0

20

40

60

80

100[ % ]

caminhões recebidos atendimento no prazo

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120

atendimento dentro do prazo, que permaneceu em aproximadamente 95%;

manteve-se a qualidade e a agilidade dos serviços prestados durante a descarga

dos caminhões.

6.3 REDUÇÃO DE CUSTOS

O aquecimento do mercado de venda de automóveis novos alterou algumas

rotinas da unidade de produção VP, primeiramente com a introdução da produção

em regime aos sábados. Com a manutenção dessa situação, foi necessário criar um

turno adicional para aumentar a produção e, com isso, foi necessária a admissão de

mão-de-obra. Contudo, os dados referentes aos custos operacionais foram

tabulados para desconsiderar essas situações e não prejudicar a qualidade dos

resultados.

Então, tomou-se como base os custos operacionais por veículo produzido do

ano de 2006, de onde foram subtraídos os valores médios das reduções de custos

ocorridas em conseqüências das ações de produtividade, totalizando o custo final.

Esses custos foram apresentados conforme categoria contábil utilizada pela

montadora, descritos a seguir:

• Serviços comprados (mão-de-obra do provedor logístico).

• Manutenção e suprimentos de equipamentos industriais devido à redução do

uso de dois rebocadores elétricos e uma empilhadeira.

• Combustível para movimentar os referidos equipamentos industriais.

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121

As Figuras 21 e 22 mostram a redução de custo por tipo de despesa

operacional, analisando a área de logística e a unidade de produção VP,

respectivamente.

85,5

81,8

3,40,20,1

81

82

83

84

85

86

base 2006 combustível manutenção serviços comprados custo final

[R$/veículos]

Figura 21 - Redução de custos por veículo produzido na logística

300,2

303,90,1 0,2 3,4

299

300

301

302

303

304

305

base 2006 combustível manutenção serviços comprados custo final

[R$/veículos]

Figura 22 - Redução no custo por veículo produzido da unidade de produção

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122

A redução total foi de R$ 3,70 por veículo produzido, somando-se as

despesas evitadas com combustíveis (R$ 0,10/veíc.) e com a manutenção de

veículos industriais retirados do processo (R$ 0,20/veíc.). O valor dos serviços

prestados pelo provedor logístico foi reduzido, em conseqüência da otimização do

seu processo e da redução da quantidade de mão-de-obra. Para a montadora, essa

redução ocorreu nas despesas com serviços comprados, em que se observou a

maior redução dos custos (R$ 3,40/veíc.). No entanto, é importante salientar que,

com a retirada do processo de quatro veículos industriais, o fluxo de veículos

melhorou e o risco de acidentes foi reduzido, mesmo que esses benefícios não

sejam mensuráveis.

A Tabela 6 mostra a redução do custo de veículos, tanto na área de logística,

quanto na unidade de produção VP.

Tabela 6 – Redução de custos operacionais

Antes Depois Variação

Unidade de Produção VP 303,86 300,20 -1,2%

Custo por veículo [R$/veiculos produzidos]

Situação

Área de Logística 85,50 81,85 -4,3%

Tanto nas Figuras 21 e 22, quanto na Tabela 6, a redução de custos obtida

(R$ 3,70/veíc.) mostra o impacto nas despesas da área de logística e na unidade de

produção VP. As bases são diferentes, ou seja, as despesas da área de logística

estão contidas nas despesas da unidade de produção, por isso apresentam

percentuais diferentes. O impacto dos valores reduzidos nas despesas da área de

logística foi de 4,3 % e de 1,2% nos custos da unidade de produção.

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123

Os valores dos custos operacionais tomados como base excluem os custos

com a mão-de-obra dos empregados da montadora, tanto para a unidade de

produção, quanto para a área de logística.

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124

7 CONCLUSÃO

O presente trabalho analisou os resultados obtidos em produtividade,

qualidade e custos, a partir da implantação de conceitos da Produção Enxuta em um

provedor de serviços logísticos de uma indústria automobilística. Também avaliou as

dificuldades ocorridas na transferência de conhecimentos entre uma montadora de

automóveis e o seu fornecedor de serviços logísticos, com relação ao desempenho

do trabalho em conjunto na redução mútua de seus custos operacionais. Dessa

forma, o estudo também almejou contribuir, com base nas lições aprendidas, para o

desenvolvimento regional que envolvem a transferência de conhecimentos entre

empresas parceiras locais.

Os resultados apresentados e discutidos atingiram as metas propostas e

corresponderam às expectativas da montadora em seu empreendimento em

parceria com seu provedor de serviços logísticos. As otimizações realizadas nas

atividades de logística contribuíram para o aumento da eficiência na execução das

atividades do provedor logístico e, conseqüentemente, reduziu-se a necessidade

dessa mão-de-obra. Estas ações também permitiram a retirada do processo de

veículos industriais, o que possibilitou a redução do consumo de combustível, de

materiais de manutenção e de suprimentos para esses equipamentos. Os resultados

também apresentaram melhoria nas condições de trabalho, com a redução de

condições inseguras e riscos de acidentes, sejam em postos fixos, sejam na criação

de um fluxo ordenado e padronizado dos veículos industriais.

A indústria automobilística é responsável por uma parcela dos desperdícios

ocorridos nas atividades de seu parceiro de serviços logísticos. Muitas ações foram

realizadas sem o planejamento adequado, o que onerou as atividades logísticas.

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125

Exemplos disso são os transbordos realizados para se adequar o tipo e o tamanho

de embalagens de fornecimento a aquelas necessárias no local de consumo, e a

necessidade de se manter um terceiro turno para receber materiais para uma

produção que trabalha em regime de dois turnos.

O provedor logístico recebeu o conhecimento da aplicação de uma nova

metodologia, a qual ele poderá aplicar em outras unidades e obter os mesmos

benefícios. Contudo, durante o desenvolvimento deste projeto, observou-se falhas

de treinamento, de comunicação e de comprometimento. Para se aplicar

adequadamente a metodologia, há que se treinar e fornecer conhecimentos da

prática de cada ferramenta. O desdobramento dos objetivos da empresa em

objetivos individuais para toda a média liderança poderia assegurar o

comprometimento de todos. Este conjunto de ações possibilitaria ao provedor

logístico desenvolver suas melhores práticas, tornando seus processos eficientes e

eficazes e garantindo-lhe uma vantagem competitiva.

As informações contidas neste trabalho podem contribuir com informações

para outras empresas que planejam transferir suas atividades para um provedor de

serviços logísticos (3PL) quanto a desenvolver um processo de melhoria contínua

em parceria com seu fornecedor ou contratante, compartilhando conhecimentos. No

entanto, se faz necessária uma abordagem mais ampla para ambos os casos.

A terceirização de atividades traz benefícios estratégicos e operacionais, mas

exige uma comunicação eficiente, parceria e comprometimento recíproco das partes

envolvidas, bem como definição clara e eficaz das atividades, dos objetivos e dos

indicadores de desempenho. Então, seria importante para um mercado em

desenvolvimento, como o Cone Leste Paulista, avaliar os benefícios, as dificuldades

encontradas e as soluções adotadas por parcerias entre empresas do setor

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126

automobilístico e seus fornecedores de serviços logísticos. Esta pesquisa forneceria

dados sobre as melhores práticas encontradas e serviria de orientação para novos

empreendimentos, contribuindo, dessa forma, para a adoção de modelos eficientes

e para o crescimento do setor.

Ao se desenvolver um estudo que aborda a aplicação de conceitos da

Produção Enxuta em parcerias, a qual permite compartilhar conhecimentos entre

empresas brasileiras, estar-se-á contribuindo para o reconhecimento da importância

da relação eficiente entre cliente e fornecedor. Os resultados podem fornecer

benchmarking para desenvolver confiança mútua, redução da resistência às

mudanças, comunicação eficiente, cultura de compartilhar objetivos e estratégia de

redução de custos.

A soma destas duas propostas forneceria subsídios para elaborar os

requisitos para a contratação de um fornecedor e promover um relacionamento

adequado com ele. Para o fornecedor, estas informações seriam uma orientação

para o seu desenvolvimento quanto à capacidade de atender às necessidades do

mercado e, conseqüentemente, do seu cliente.

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127

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GLOSSÁRIO

• Advanced Shipping Notices: sistema de envio dos dados de nota fiscal

diretamente do emissor (fornecedor) para o recebedor (cliente), com o

objetivo de agilizar a entrada de material na empresa.

• Andon: quadro indicador de parada de linha (OHNO, 1997).

• Balanced Scorecard: gestão de desempenho da organização por meio de

indicadores de itens tangíveis e não-tangíveis.

• Benchmarking: metodologia de identificação oportunidades de melhorias por

comparação com modelos pré-conceituados.

• Best practice: melhores práticas, geralmente inseridas em banco de dados

para consultas futuras.

• Bill of material: lista de materiais.

• Carroceria: denominação de objeto (conjunto) montado na área de armação

da carroceria.

• Cross-docking: recebimento de materias diretamente no ponto de uso.

• Design: desenho, projeto, esboço.

• Dolly / dollies: plataforma móvel para transporte de cargas.

• Empowerment: enriquecimento da atividade com responsabilidade e

autonomia.

• Feedback: informação de retorno, avaliação.

• Fourth party logistics: provedor de serviços logísticos de integração de toda a

cadeia de suprimentos, incluindo também outros provedores, por meio de

organização e gerenciamento de recursos e tecnologia.

• Heijunka: termo japonês para nivelamento da produção.

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• Housekeeping: utilização dos 5 sensos japoneses para organização do local

de trabalho.

• In loco: termo em latim para designar a expressão “no local”.

• Kit: conjunto de peças, componentes, ou materiais.

• Knocked Down (KD): partes de conjuntos de peças do veículo produzidas

para suprir o mercado interno de reposição.

• Know-how: conhecimento

• Kaizen: filosofia japonesa sobre o processo de melhoria contínua.

• Jidoka: termo japonês que designa a autonomação, ou seja, a automação

com toque humano.

• Just-in-time: filosofia desenvolvida pela Toyota para o fluxo unitário de

material, que significa o material adequado, no tempo certo, no local correto e

na quantidade exata.

• Layout: desenho esquemático de um local, processo ou instalação.

• Lead time: tempo de duração do processo.

• Lean: enxuto

• Lean Manufacturing: produção enxuta

• Marketing: mercadologia

• Milk run: sistema de rota regular que circula por vários fornecedores

recebendo material ou componente e entregando embalagens vazias e

finalizando na empresa do cliente entregar o material recolhido e retirar as

embalagens vazias.

• Mix: mistura, distribuição, uniforme ou não, de produtos diferentes numa linha

de montagem.

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• Muda: perda em japonês; identifica as atividades que não agregam valor ao

produto.

• Mura: significa denivelamento em japonês e é o resultados de perdas que

causam irregularidades na produção.

• Muri: termo japonês para sobrecarga de trabalho, tanto em pessoas, quanto

em máquinas e, respectivamente, causa falta de segurança e/ou quebra de

qualidade e quebra de máquinas e defeitos.

• Outsourcing: termo em inglês que designa a terceirização de atividades.

• Packing list: lista de embalagens com materiais recebidos.

• Picking: separação de pedido no depósito para entrega e consumo no posto

de trabalho.

• Plan, Do, Check e Act: fases da metodologia do PDCA desenvolvida por E.

Deming; em português, as ações são planejar, executar, controlar e agir.

• Racks: dispositivos de armazenagem para manuseio de materiais em paletes,

geralmente horizontais.

• Seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke: termos japoneses que designam os

cincos sensos (utilização, ordenação, arrumação, padronização e

autodisciplina)

• Set pallet system: uma das desinações do transporte de materiais

seqüenciados para posto de trabalho.

• Set up: tempo de troca de ferramentas.

• Stakeholder: usuário, interessado ou cliente interno na organização.

• Takt time: templo ciclo padrão, ou ritmo.

• Teamwork: trabalho em equipe

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• Third party logistics: provedor de serviços logísticos para atividades

compreendidas entre fornecedores de partes e materiais, empresa e

distribuidores. As atividades são de transporte, armazenagem, gerenciamento

de inventário, embalagem e expedição.

• Workshop: reunião de trabalho estruturada entre uma equipe multifuncional

para desenvolvimento de projetos.