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a politica da assistencia social
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Grupo de Trabalho 01
Ttulo de Trabalho: APOLTICA DE ASSITNCIA SOCIAL NA LGICA DO
SUAS: A GARANTIA DO ACESSO A DIREITOS OU REITERAO DA
SUBALTERNIDADE?
Autora: Senir Santos da Hora (Assistente Social, Coordenadora do CRAS
no Municpio de Rio Bonito RJ e Mestranda em Servio Social pelo
Programa de Ps-Graduao em Servio Social e Desenvolvimento
Regional.)
RESUMO: A presente pesquisa busca analisar os principais avanos e entraves para a gesto do SUAS (Sistema nico de Assistncia Social) no municpio de Rio Bonito - RJ, apontando as estratgias adotadas para o fortalecimento da Poltica de Assistncia Social como garantia de direitos e identificando os seus desafios na atualidade, quanto a sua reafirmao como poltica de Seguridade Social e seu reconhecimento enquanto pblica. A pesquisa tambm visa compreender o processo de trabalho coletivo que se inscreve o assistente social na poltica de Assistncia e quais as estratgias potencializadas na conduo de sua atuao e integral implementao do projeto profissional frente s exigncias que o mercado de trabalho impe aos seus trabalhadores assalariados. Palavras-chave: SUAS, direitos, desafios, assistente social, projeto profissional.
ABSTRACT: This research seeks to analyze the main obstacles to progress and management of ITS (System of Social Assistance) in Rio Bonito - RJ, pointing out the strategies adopted for strengthening the Social Policy as a guarantee of rights and identifying their challenges today, and its reaffirmation of Social Security as a policy and its recognition as public. The research also aims to understand the process of collective work that fits in the social assistance policy and the strategies empowered to conduct its operations and the full implementation of the design professional handle the demands of the labor market imposes on its employees .
keywords: ITS, duties, challenges, social, professional design.
Introduo:
A escolha do tema se justifica pelo fato de atuar na poltica da
Assistncia social, pois atualmente estou lotada na Secretaria Municipal de
Trabalho, Habitao e Bem Estar Social no municpio de Rio Bonito RJ, onde
coordeno um equipamento estatal de base territorial, conhecido como Centro
de Referncia de Assistncia Social (CRAS).
O questionamento norteador deste estudo partiu de uma anlise crtica
sobre a poltica de Assistncia Social, a partir de seus avanos e retrocessos
em relao garantia de direitos. Em sociedades to desiguais como a
brasileira, o papel do Estado de regulador da vida social e de agente de
redistribuio da renda e da riqueza constitui-se essencial, e dessa
responsabilidade ele no pode nem deve abdicar, pois tal responsabilidade
assumida pelo Estado na vida social o que defini a dimenso estrutural das
polticas sociais.
O distanciamento das polticas sociais da concepo de direito
conquistado e garantido por lei e a sua vinculao com a prtica da ajuda,
possibilita os governos, na busca pela promoo poltica, a apropriao da
concesso do benefcio para arrecadao de votos. Alm da sujeio ao
patrimonialismo; assegurando o carter assistencialista.
Os Programas de Transferncia de renda, por exemplo, que foram
sempre utilizados associados imagem dos governantes, no so
universalizados e nem tm a titularidade, de tal forma que a pessoa possa
exigir. A noo de Direito est associado idia de exigibilidade. Hoje as
pessoas entram na justia para ter direito sade. Mas essas pessoas
tambm podem entrar na justia para ter o Bolsa Famlia, caso no sejam
contempladas ou supondo que o Programa acabe ou no tenha dinheiro? Elas
vo exigir de quem? No caso do BPC (Benefcio de Prestao Continuada),
que um Benefcio de Transferncia de Renda garantido Constitucionalmente
pela Poltica da Assistncia Social, quando h indeferimento do pedido o
requerente pode entrar na justia. Acredito que h noes que so muito
diferentes e que levam a populao a ver isso ou como direito, ou como uma
tutela, ou algo assim, porque realmente o conceito que est envolvido
diferente.
No se pode deixar de apontar que a poltica redistributiva de renda gera
polmicas: seu carter inovador traz divergncias ideolgicas e tcnicas nas
mais diversas classes sociais inclusive em segmentos mais empobrecidos
da populao. notrio que a poltica de transferncia de renda por si s no
oferece possibilidades de autonomizao dos indivduos e famlias, sendo
necessrio para tanto, buscar portas de sada. Pois o principal objetivo da
poltica de Assistncia Social justamente promover a emancipao do
cidado por meio do acesso s demais polticas pblicas.
Temos de pensar polticas de desenvolvimento mais integradas, porque
a integrao que vai permitir a sada. Uma ao integrada prev a superao
da dicotomia que se observa na gesto das polticas sociais, pois mesmo
aquelas de carter universal, isoladamente, no conseguem desenvolver-se
com eficcia.
I - O trabalho do Assistente social na Poltica de Assistncia: desvelando
as possibilidades e os limites de sua atuao.
Com o advento da LOAS e com a implementao do SUAS, todas as
aes no campo da Poltica da Assistncia Social frente pobreza, no mbito
do Estado, passam a ser organizadas de modo a proporcionar a incluso social
atravs de Programas e/ou Servios, que garantam o desenvolvimento de
potencialidades e aquisies, o fortalecimento de vnculos familiares e
comunitrios e a ampliao do acesso aos direitos de cidadania.
O CRAS enquanto importante Servio para a Poltica de Assistncia
Social uma unidade pblica estatal responsvel pela oferta de Servios
continuados de Proteo Social Bsica de Assistncia Social s famlias e
indivduos em situao de vulnerabilidade social. (BRASIL, 2004).
O conceito de vulnerabilidade social, adotado pela Assistncia Social,
multidimensional e engloba tambm a pobreza. Reconhece-se que a pobreza
um dos indicadores de vulnerabilidade e que, de um modo geral, os territrios
em que vivem as famlias em situao de pobreza so carentes de servios
bsicos. A populao desses locais est exposta a diversas situaes que
colocam em risco, entre outros fatores, a segurana pessoal, o gozo dos
direitos e o convvio social, familiar e comunitrio e que, portanto, demandam
uma ao mais especfica por parte do Estado.
A famlia, quando no consegue mais dar conta das funes no mbito
da proteo social, logo recorrer ajuda institucional. E nesse contexto que
entra a nossa interveno profissional. Pois atravs da prestao de servios
socioassistenciais que o assistente social interfere nas relaes sociais que
fazem parte do cotidiano de sua populao usuria. (YASBEK, 2009, p.136).
Se compreendermos que somos o acesso aos servios e bens sociais
fornecidos pelo Estado, tambm entenderemos que, muitas vezes, assumimos
o papel deste Estado, no sentido de garantir o acesso aos direitos, porm
assumindo o papel seletivo, focalizado, seguindo a risca a condicionalidade dos
programas. Porque para enfrentar as novas configuraes e manifestaes da
questo social, que vem refletindo no desmonte dos direitos, cria-se uma forma
de assistncia focalizada e que se apresenta como alternativa paleativa, com
polticas minimalistas que s tm impactos no imediato, operantes enquanto
porta de entrada, mas sem subsdio para a garantia de uma porta de sada. E o
pior a convocao de profissionais para serem gestores da pobreza, meros
despachantes de usurios, que vm com o discurso assistencialista, decorado,
em defesa dos interesses da instituio empregadora, num processo de
refilantropizao do Social1.
1 Segundo Yazbek (2009) no contexto do Estado neoliberal, o atendimento s necessidades sociais passa
a ser transferida ao mercado e filantropia. Pois as mltiplas manifestaes da questo social tornam-se objetos de aes filantrpicas e de benemerncias boa vontade de indivduos isolados e do mercado. O que Yazbek (2009) chama de refilantropizao do social.
Diante desta realidade, percebe-se o quanto a Assistncia Social
necessita ainda avanar em seu reconhecimento como poltica de Seguridade
Social e enquanto garantia de direito; e ns assistentes sociais necessitamos
reafirmar o projeto tico poltico profissional enquanto importante
direcionamento social nossa atuao no cotidiano do espao scio-
ocupacional. Pois se no ficar claro para a Instituio, para os tcnicos que
tambm atuam no nosso cotidiano de trabalho, e para os usurios que
atendemos, quem realmente somos, o que fazemos e como fazemos e que
classe social defendemos, seremos cooptados pela lgica perversa do capital,
por ainda sermos confundidos como assistncia social, ou como elemento de
passivao dos usurios, aquele que deve vestir a camisa da Instituio
empregadora, tornando-se basicamente assistencialista, adequado aos novos
requisitos das polticas minimalistas. Ou podemos, por outro lado, contribuir
para que a Assistncia Social seja um campo em que podemos fazer um
trabalho de acesso a direitos, porque se a assistncia no se pautar no direito,
ela ainda continuar como reiterao da subalternidade. Assim afirma Yasbek
(2009) assumir a vinculao histrica da profisso com Assistncia Social
condio para que os assistentes sociais superem a ideologia do
assistencialismo e avancem nas lutas pelos direitos e pela cidadania
(YASBEK, 2009, p. 136).
Em relao Assistncia Social, a partir da implementao do SUAS,
podemos afirmar que esta poltica sofreu mudanas, refletindo impactos na
organizao do trabalho coletivo nos Centros de Referncia, na composio
das equipes e nas rotinas institucionais. A municipalizao das polticas
pblicas vai ampliar o mercado de trabalho do assistente social, exigindo deste
profissional novas funes e competncias na gesto social pblica,
requerendo sua qualificao, e ao mesmo tempo, estabelecendo novas
atribuies.
Segundo Iamamoto (2009) o exerccio da profisso requisita um perfil
de profissional culto, crtico e capaz de formular, recriar e avaliar propostas que
apontem para a progressiva democratizao das relaes sociais
(IAMAMOTO, 2009, p. 368). Sendo assim, podemos afirmar que a nossa
profisso defini-se pelo saber, pelo conhecimento, pela pesquisa, pela
capacidade de crtica e de interveno.
Outros impactos so percebidos em relao dimenso pedaggica e
gerencial, isto , o processo de trabalho passa a ser controlado com a
subordinao do contedo do trabalho aos objetivos e necessidades das
entidades empregadoras, levando o assistente social a exercer um trabalho
muito mais gerencial do que pedaggico. por isso que precisamos buscar
estratgias de alargamento da nossa relativa autonomia, estratgias que
expressam o domnio terico-metodolgico do fazer profissional frente s
determinaes externas, incidentes no mundo do trabalho. Mas isso requer de
ns a deciso de ultrapassar a poltica institucional do dia-a-dia, do
pragmatismo, da prtica imediata, manipuladora e burocratizada. Pois como
afirma Iamamoto (2009), isso requer de ns o saber articular no cotidiano de
trabalho, o clssico dilema entre causalidade e teleologia, entre momentos de
estrutura e momentos de ao (...) (IAMAMOTO, 2009, p. 39).
Iamamoto (2009) aponta a ampla investida ideolgica por parte do
capital e do Estado para a cooptao dos trabalhadores, em que se tem uma
assistencializao da pobreza contra o direito ao trabalho, isto , a pobreza
passa a ser tratada a partir de programas sociais focalizados e fragmentados,
que no contribuem para a construo da cidadania, na rbita dos direitos
sociais.
Ns assistentes sociais, apoiados em um projeto profissional de
dimenso poltica que se vincula a um projeto de transformao da sociedade,
devemos continuar na luta pela efetivao dos direitos sociais, pois
entendemos a democracia enquanto necessidade de acesso e oportunidades,
em que todos os indivduos tenham direito a um trabalho digno, condies de
moradia, sade, lazer e cultura. A democracia aponta para a necessidade de
socializao da riqueza e distribuio de renda.
J a cidadania corresponde universalizao dos direitos sociais,
polticos e civis. Pois temos um desafio de no permitir que a cidadania se
esgote simplesmente na entrega de cesta bsica. Precisamos trabalhar na
perspectiva de tentar levar o usurio a avanar no processo de formao de
sua conscincia.
O nosso projeto profissional, numa perspectiva poltica, vincula-se a um
projeto de transformao da sociedade. Logo, no somos um coletivo sem
direo social, porque, quando nos inserimos no movimento contraditrio das
classes, consequentemente imprimimos uma direo social s nossas aes,
ligadas por uma valorizao tica especfica, isto , quando as demandas
chegam at ns no cotidiano institucional, ao serem processadas teoricamente
atravs das nossas intervenes profissionais, podemos favorecer interesses
sociais distintos e contraditrios. (NETTO, 2009).
Falar sobre a atuao do assistente social na poltica de assistncia
social tambm pressupe entender como a profisso intervm nas diferentes
manifestaes da questo social. Porque no enfrentamento da questo social,
em suas mais agudas manifestaes, o assistente social depara-se com
diversas estratgias que tm sido tencionadas por projetos sociais distintos,
que tero seus rebatimentos na estruturao e implementao das polticas
sociais pblicas.
O primeiro projeto, de carter progressista, visa transformao da
sociedade a partir do vis da universalidade e da democracia, fundado no
princpio da universalizao e da defesa dos direitos sociais, na garantia do seu
acesso e na defesa da qualidade dos servios na perspectiva da equidade e da
integralidade.
O outro projeto de inspirao neoliberal se contrape a este projeto
progressista ao subordinar os direitos sociais lgica oramentria e poltica
social e econmica, visando o desmonte dos direitos conquistados
constitucionalmente:
A elaborao e interpretao dos oramentos passam a ser efetuadas segundo os parmetros empresariais de custo/benefcio, eficcia/inoperncia, produtividade / rentabilidade. O resultado a subordinao de respostas s necessidades sociais mecnica tcnica do oramento pblico, orientada por uma racionalidade instrumental. A
democracia v-se reduzida a um modelo de gesto, desaparecendo os sujeitos e a arena pblica em que se expressam e defendem seus interesses. (IAMAMOTO, 2009, p. 168).
A partir da Constituio de 1988, vamos ter uma srie de direitos
conquistados pela classe trabalhadora que foram inseridos na carta
constitucional. A Seguridade Social brasileira, por sua vez, teve uma grande
inovao, tendo como trip as polticas de previdncia, sade e assistncia
social. Porm muitos desses direitos foram submetidos crise econmica
enfrentada no Brasil, que refletiu no retrocesso social, com o aumento da
pobreza e com a permanncia de um Estado neoliberal (dcada de 90), um
Estado mnimo, que no se preocupou com o social, no assumindo
compromissos redistributivos. (BEHRING & BOSCHETTI, 2008)
Boschetti (2009) apesar de reconhecer as conquistas no campo da
Seguridade Social a parir da Constituio de 88, no deixa de apontar alguns
limites estruturais na ordem capitalista que constituem caminhos que
caracterizam o chamado permanente e gradual desmonte da Seguridade
social (a desconfigurao dos direitos previstos constitucionalmente; a
fragilizao dos espaos de participao e controle democrtico previstos na
Constituio, como Conselhos e Conferncias; as contenes dos recursos,
alm da reforma tributria). Entretanto, a autora se contrape a essas reformas
neoliberais regressivas, defendendo uma Seguridade Social consolidada,
enquanto poltica pblica e universal.
O iderio neoliberal, na rea social, prega a solidariedade e voluntariado
da sociedade civil, fazendo apelo filantropia, contribuindo assim no
crescimento do terceiro setor e dos programas seletivos e focalizados de
combate pobreza no mbito do Estado. Essas mudanas na conjuntura
trazem para a profisso novas expresses da questo social, que nos
permitem uma anlise crtica da realidade social a partir de debates que
perpassam a noo de Seguridade Social, como cobertura social na preveno
de situaes de riscos e vulnerabilidades sociais, o reconhecimento da
Assistncia Social como poltica e a sua reafirmao como pblica:
Embora as polticas pblicas sejam de competncia do Estado, no so decises impositivas e conjunes do governo para a sociedade, mas envolvem relaes de reciprocidade e antagonismo entre essas duas esferas. Portanto, mesmo considerando-se primazia do Estado pela conduo das polticas pblicas, a participao ativa da sociedade civil nos processos de definio e controle de sua execuo fundamental para a consolidao da sua dimenso efetivamente pblica. (RAICHELIS; WANDERLEY, 2008, p.1).
Ao discutir as polticas sociais no como instrumentos de trabalho do
assistente social, mas como afirma Montao como base de sustentao
funcional ocupacional do assistente social (MONTAO, 2007, p. 244), ou
ainda como terreno de atuao que defini a nossa condio de assalariado,
no podemos negar que o Estado atual constituiu polticas de proteo social
voltadas para a famlia, o que nos possibilita reconhec-lo como o agente
importante na definio de normas e regras s quais a famlia est articulada.
Porm no podemos negar que essas polticas sociais que entram em cena no
contexto neoliberal, acabam assumindo caractersticas focalizada e imediatas,
pois, como afirma Behring (2009), ao mencionar as expresses polticas da
crise e as novas configuraes do Estado e da Sociedade civil, nessa
perspectiva, os benefcios, servios e programas sociais deixam de ser direitos
sociais para se tornarem direito do consumidor (BEHRING, 2009, p. 76).
No quero aqui, desconsiderar o fato de que a poltica social seja
necessria, por tambm responder as necessidades e direitos concretos de
seus usurios, assim como Yasbek (2009) afirma (...) ela significa mais comida
na mesa dos miserveis (YASBEK, 2009, p. 160). Mas no podemos negar
que ela tambm acaba por ser focalizada, por destinar-se s pequenas
parcelas da populao mais pauperizadas. E essa focalizao compromete o
carter universal da poltica pblica na medida em que os critrios de
elegibilidade so determinados por quem precisa mais dos servios e no por
quem demanda dos mesmos.
A seletividade e focalizao acabam por aprofundar a conformao dual
da seguridade social no Brasil. E essa dualidade, que resulta na focalizao
das polticas assistenciais na direo dos grupos sociais mais pobres e na
reproduo de uma cultura de subalternidade, est inter-relacionada com os
processos histricos mais gerais que vm definindo as formas concretas de
interveno do Estado no enfrentamento da pobreza. (YASBEK, 1993).
Por outro lado, as demandas sociais tambm so atendidas de acordo
com a disponibilidade de recursos, ou seja, atende-se as necessidades de
pobreza e misria em proporo aos recursos disponveis. Desvelar a realidade
sobre a maneira como so ofertados os benefcios e servios sociais, nos
permite compreender que muitas vezes a organizao desses benefcios e/ou
servios nem sempre correspondem s reais necessidades e perfil das famlias
usurias.
Devemos fazer uma sistematizao da nossa prtica nesses servios no
mbito da Poltica de Assistncia Social, e assim refletirmos a forma como eles
esto sendo potencializados: a partir de que leitura da realidade, a do usurio
ou da Instituio? Precisamos ter a conscincia, de que nem sempre ensinar
a pessoa a pescar, o caminho mais eficaz do que dar o peixe. Porque,
como ensinar algum a pescar sem rios? E no basta verificarmos se existe
rio ou no, preciso tambm saber se o rio em que buscamos existem peixes!
Ou ainda se rio para peixe, ento para qual peixe serve? Ou se no final
pague e pesque ou pesque e leve? .
Concluso:
Percebe-se que as medidas polticas se apresentam como alternativa
paleativa e no soluo. Como, por exemplo, o direito ao trabalhador
substitudo por polticas de beneficiamento que colaboram com o aumento
contnuo da precarizao das relaes de trabalho; esvazia o movimento social
da luta dos trabalhadores por trabalho, por melhores condies trabalhistas. No
mbito de uma efetiva articulao da transferncia monetria com outros
programas sociais, devemos pensar numa articulao com uma Poltica
Econmica de gerao de emprego e renda, de valorizao da renda e da
riqueza socialmente produzida, o que no se realizar sob a orientao
neoliberal que continua pautando o desenvolvimento da economia.
Nesse sentido, podemos afirmar que s a partir da interveno direta do
Estado na regulao da vida social, a partir do reconhecimento da assistncia
social enquanto poltica de Seguridade Social ser possvel o fortalecimento de
uma cultura democrtica, de defesa dos direitos sociais conquistados
constitucionalmente.
Neste contexto de reestruturao produtiva e de adoo do iderio
neoliberal, em que se tem um Estado Mnimo que reduz os gastos sociais e
retrai suas funes no que diz respeito a sua responsabilidade em relao s
polticas sociais universais, por meio de um retrocesso na consolidao e
expanso dos direitos conquistados pela Constituio de 88, vamos ter como
conseqncia o agravamento da questo social, com suas mltiplas
expresses, que exigir do Estado respostas ou intervenes diretas e
imediatas. (BEHRING, 2009).
Diante disso ns, assistentes sociais, somos requisitados pelo Estado,
enquanto profissionais habilitados, a intervir na realidade social atravs das
polticas sociais. Na maioria das vezes somos convocados a atuar com uma
classe social, vulnerabilizada pelas expresses da questo social, que vem
nas polticas sociais, em seus programas e servios, respostas s suas
necessidades emergentes. Nesse sentido Netto (2009) menciona sobre
investimento dos assistentes sociais enquanto apenas executores terminais
das polticas sociais ou agentes tcnicos puramente executivos. Precisamos
romper com a lgica do apenas executa sob uma lgica de atendimento
quantitativo sem comprometimento com a qualidade, pois no somos gestores
da pobreza e nem meros despachantes de usurios. Como afirma Iamamoto
(2007), o Servio Social contemporneo exige (...) um profissional qualificado,
que reforce e amplie a sua competncia crtica; no s no executivo, mas que
pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade (...) (IAMAMOTO, 2007, p. 49).
IV BIBLIOGRAFIA:
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