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TEORIA DE DESENVOLVIMENTO CURRICULAR Alsone Jorge Guambe, PhD

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TEORIA DE DESENVOLVIMENTO CURRICULAR

Alsone Jorge Guambe, PhD

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Tipos de Curriculo

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• Currículo prescrito(*):• O currículo que sai do MINEC, elaborado pelos

especialistas.• Currículo apresentado aos professores(*):

Apresentado nos manuais (Editoras - interpretam o currículo prescrito), nas acções de formação, ... (tem algum poder político); Há professores que nem consultam os programas, jornais, revistas.

(*) programas exteriores à escola.• Currículo Formal: oficialmente aprovado pelas

entidades responsáveis pelo sistema educativo;

Curriculo Formal

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No Currículo moldado pelos professores: mais uma vez o currículo é alterado: cada um molda-o ao nível da escola, ou da turma. Ele interpreta - há interacção - há toques especiais de cada professor.

• Ensino interactivo onde emerge o Currículo Percepcionado: o que os professores transmitem, de acordo com a interpretação acerca do oficialmente definido e o Currículo Experienciado: traduz o que os alunos recebem e aprendem, em resposta ao planeado e ao transmitido;

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• Currículo em acção:• O professor pode levar uma planificação e há

sempre imprevistos por parte dos alunos - nos quais o professor muda ou altera o que tinha planeado.

• Currículo realizado:• O que é retido pelos alunos - o que passou do

professor para os alunos e dos alunos para o professor.

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• Devemos partir dos saberes dos alunos / partir das suas experiências e desenvolver as matérias a ensinar – há interacção entre os dois – deste modo desperta o interesse - ver o que é útil no dia a dia de outra forma.

• Currículo oculto – tudo o que é aprendido na escola deriva:• - da organização que a escola tem;• - do tipo de alunos que a escola tem;• - do tipo de professores.• O que se aprende implicitamente, não é consciente. No mesmo

contexto vários alunos podem aprender de forma diferente (depende do currículo paralelo que o aluno já possui – feitio, disciplina, organização, socialização ... do aluno).

• Currículos Paralelos ou Aprendizagens Paralelas – que se desenvolvem em todos os meios fora da escola (anterior e paralelamente à escola). Paralelos = Colaterais. As aprendizagens são distorcidas nos meios fora da escola.

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• Eisner fala ainda do Currículo Nulo: O que não se ensina, conteúdos disciplinares que não se ensinam. E há o que se ensina e que os alunos não aprendem.

• Assim temos:• Currículo Formal: oficialmente aprovado pelas entidades

responsáveis pelo sistema educativo;• Currículo Percepcionado: o que os professores transmitem, de

acordo com a interpretação acerca do oficialmente definido;• Currículo Experienciado: traduz o que os alunos recebem e

aprendem, em resposta ao planeado e ao transmitido;• Currículo Observado (Operacional): representa a perspectiva

externa daquelas que o descrevem tal como acontece na situação do ensino escolar, independentemente das perspectivas de entidades oficiais, professores e alunos.

• Os professores ensinam coisas – e os alunos vão relacioná-las com o que já sabem. Há muito mais para ensinar para além do programa. Os alunos não aprendem tudo ( processamento de informação).

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Neste nosso programa vamos nos concentrar em três tipos de curriculo, a saber:

Curriculo formalCurriculo informalCurriculo Oculto

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Já sabemos que nada na escola é neutro, que os alunos aprendem coisas muito para além do que lhes é ensinado pela via instrucional "em virtude da sua experiência diária num cenário organizativo com as características sociais da escola" (Dreeben, 1976); que os procedimentos organizacionais têm incidências nos valores e motivações dos alunos; que os conteúdos dos manuais veiculam mensagens implícitas; que as expectativas em relação aos alunos tendem a realizar-se; que algumas das coisas mais importantes que a Escola ensina não são mencionadas no currículo oficial, ou nos manuais; que há um conjunto vasto de aprendizagens "osmóticas" resultado mais das acções e das vivências dos alunos do que das aprendizagens escolares formais.

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Há quem afirme que "o comportamento profissional dos professores está mais ligado com os efeitos ocultos das práticas e das instituições em que se formaram, do que com os conteúdos explícitos do currículo com que se pretendeu prepará-los" (Sacristan e Gomez, 1985:18). Creio que não temos estudos bastantes que nos permitam para já, estabelecer esta relação de forças entre os dois conjuntos de influências, mas é inegável que há forças modeladoras nas instituições de formação que podem ter efeitos perversos e contrários aos objectivos e ao discurso explícito. [Há-os também de efeitos positivos e desejáveis].

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O conhecimento destruiu a ingenuidade. A força do oculto só prevalecerá na medida do nosso desconhecimento, ou do nosso consentimento. Neste último caso, foge-se à definição de "não intencional" e não será "oculto" para ninguém.

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O currículo oculto tem sido identificado com:• * práticas e métodos utilizados• * resultados da escolarização não previstos ou não

pretendidos explicitamente• * subproduto do curículo académico• * conjunto de factores modeladores de

aprendizagens não académicas e não mensuráveis nos alunos

• * contexto social no qual tem lugar a escolaridade, e que implica que os alunos alcancem modos de pensar, normas sociais e princípios de conduta, dada a sua prolongada exposição a esse ambiente.

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Temos, assim, que tanto é encarado como processo como produto; tanto associado a causa como a efeito. Quanto a efeitos, sabemos já que por esta via se formam ideias, representações e crenças; se constroem significados de que se pode não estar muito consciente; se criam disposições, atitudes e hábitos; se adquirem formas de socialização e se faz, em boa parte, uma organização de valores

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Destas afirmações, retiro duas conclusões:• 1.ª Dada a força modeladora do currículo

oculto, as pesquisas conduzidas nesta linha, permitir-nos-ão, por certo, identificar valores, crenças, concepções, expectativas, ideias e práticas que constituem o quadro de "culturas de aprendizagem" predominantes na nossa Escola.

• 2.ª Se essa força é tão determinante, precisamos de saber, com mais rigor, o quê leva a quê. Que mecanismos poderemos alterar, em função de que objectivos.

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Como já é sabido, o étimo latino currere significa caminho, percurso, trajectória e indicia uma possível relação entre currículo e biografia. Por outro lado, uma biografia reflecte a apropriação, pelo sujeito, das relações sociais e das características dos contextos de desenvolvimento nos quais decorreu o seu percurso de vida.

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O currículo constitui-se como parte integrante desses contextos e é nessa dimensão que nos possibilita interpretar o seu impacto na produção das identidades profissionais.

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De acordo com essa concepção, considerámos três dimensões de currículo a estudar, o currículo formal, o currículo informal e o currículo oculto

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O «currículo formal» é o currículo explícito na forma de planos de estudo, programas, regulamentos e legislação sobre diversos aspectos da educação; corporiza-se, assim, numa panóplia de documentos que visam implementar um projecto cultural, historicamente condicionado e integrado numa sociedade da qual e para a qual se seleccionam conteúdos que o possam fundamentar.

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O «currículo informal» refere-se a toda a actividade que faz parte da vida escolar dos alunos e tem, por isso, uma natureza dinâmica, mas dependente de um plano organizado, que inclui conteúdos, métodos e meios; diz respeito ao que realmente se faz, independentemente, ou para além, do formalmente previsto.

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São três as dimensões informais valorizadas pelo seu impacto na aprendizagem: as relações com o grupo de pares; as actividades curriculares não disciplinares – seminários, actividades de contacto e trabalhos de campo; e a participação em grupos de discussão pedagógica de professores e alunos.

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Nas relações com o grupo de pares, destaca-se o facto de o convívio e a aprendizagem serem indissociáveis. O trabalho de grupo é o modo de aprendizagem de eleição e o grupo de trabalho é um grupo de aprendizagem em que a formação pessoal, a aprendizagem profissional, o lazer e o convívio, não só coexistem como muitas vezes coincidem.

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O «currículo oculto» («implícito», «latente», «escondido» ou «paralelo») relaciona-se com os processos de socialização inerentes às diversas experiências escolares, académicas ou não académicas, que transmitem valores e produzem aprendizagens, com impacto na formação, sem que cheguem, alguma vez, a explicitar-se como metas educativas a atingir intencionalmente (Santomé, 1995).

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A primeira pessoa a utilizar a expressão “currículo oculto”, foi Philip Jackson, um educador americano, em seu livro Life in Classrroms para referir-se às “características estruturais da sala de aula que contribuíam para o processo de socialização”. Mas, a origem da noção de currículo oculto, é anterior, pois temos em 1938 John Dewey referindo-se a uma “aprendizagem colateral” de atitudes que ocorre de modo simultâneo ao currículo explícito.

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Segundo Giroux, todas as discussões em torno do papel implícito e explícito da escolarização chegam a diferentes conclusões, mas todos concordam que as escolas não ensinam os alunos apenas a “ler, escrever, calcular, entre outros conteúdos”, mas que elas são também agentes de socialização e sendo um espaço social, tem um duplo currículo, o explícito e formal, e o oculto e informal.

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O currículo oculto é geralmente associado as mensagens de natureza afectiva, como atitudes e valores, porém não é possível separar os efeitos destas mensagens das de natureza cognitiva.Logo, o currículo oculto está junto com as normas de comportamento social como as de concepções de conhecimentos, que são ligadas as experiências didácticas.

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O currículo oculto está oculto para o estudante, no qual há uma intenção oculta, que é conhecida por quem a ocultou (o professor, o sistema, etc.).Muitos professores não são conscientes do currículo oculto. Eles estabelecem o contrato didáctico, o qual traduz os seus objectivos e não percebem que o currículo oculto é subjacente ao contrato didáctico

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Ou seja, o currículo oculto pode estar sendo utilizado na relação pedagógica sem que o professor perceba. Ele utiliza a sua experiência para transmitir o conteúdo da disciplina e esta experiência é uma forma de currículo oculto.

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Concluindo, currículo oculto além de ser toda a característica de uma sala de aula que proporciona a socialização, é também a maneira como o professor ensina, toda a experiência que ele adquiriu ao longo de sua vida profissional,interfere no jeito de ensinar e isso faz com que ele saiba a melhor maneira de ensinar.

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Etapas na definição do curriculo

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Title

• Níveis Economia/Gestão Educação• Macro Planificação estratégica

Político/administrativa - O nível Macro pertence ao MINEC, define fins, objectivos gerais

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Title

• Meso Planificação táctica Gestão-escolar-objectivos-escola/regiões- Pertence à gestão escolar. Onde os professores intervêm.

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Title

• Micro Planificação operativa Sala de aula – objectivos - Pertence à sala de aula; Nível de gestão curricular onde o professor intervém.

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Componentes Fundamentais do Curriculo

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Pretende-se identificar os elementos básicos de um currículo, caracterizar a sua função no todo curricular bem como as relações entre as várias componentes, salientando a importância dos critérios de selecção bem como de organização das diferentes componentes e os princípios de relacionação entre si.

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• Entre especialistas do desenvolvimento curricular regista-se um amplo consenso quanto às componentes fundamentais do currículo, apesar de alguma variedade terminológica e conceptual na sua definição.

• Tyler (1950), que marcou decisivamente este domínio, identificou-as como «finalidades» (propósitos), «experiências de aprendizagem» (designando o «conteúdo» e a sua relação com os «processos» de aprendizagem), «organização» (incluindo aspectos estruturais, metodológicos e contextuais do ensino) e «avaliacão».

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Taba (1962), Tanner e Tanner (1975), Goodlad et al. (1979), Saylor et al. (1981), entre outros, concordam nestes «lugares-comuns» do currículo, se bem que os aspectos incluídos nas componentes «experiências de aprendizagem» e «organização» possam ser diferentemente definidos e expressos, designadamente quanto à relação entre «conteúdo» e «experiência de aprendizagem» e à «organização» de conteúdos ou de actividades de aprendizagem.

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A caracterização da natureza e âmbito do currículo apontaram para a sua concepção - qualquer que seja o modelo adoptado - como um sistema organizado de elementos que se influenciam mutuamente:

a) finalidades a objectivos; b) matérias a conteúdos; c) estratégias a actividades; d) avaliação.

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Por outras palavras, um currículo contém o enunciado das finalidades e objectivos visados, propõe ou indica uma selecção e organização de conteúdos de ensino, implica ou sugere modelos, métodos e actividades de ensino e aprendizagem, em virtude dos objectivos que prossegue e da organização de conteúdos que postula; inclui, por fim, um plano de avaliação dos resultados da aprendizagem.

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Estas componentes fundamentais devem estar todas presentes - de modo explícito ou implícito - e, na medida do possível, de forma equilibrada, em qualquer plano curricular. No entanto, nem sempre os vários modelos de organização curricular, ao propor uma determinada relação das componentes, respeitam esse equilíbrio; ao invés, privilegiam uma ou outra componente quer por insuficiente clarificação de alguns elementos quer por ausência de justificação adequada para eles (Taba, 1962).

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Assim, por exemplo, o modelo de organização curricular centrado em disciplinas ou matérias, sobrevaloriza os conteúdos programáticos, subordinando-Ihes os objectivos curriculares; em contrapartida, uma estrutura curricular assente em núcleos de problemas ou experiências atribui grande relevo às experiências, actividades e situações de aprendizagem, sem se preocupar muito com o âmbito dos conteúdos a incluir.

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Nesta sequência de pensamento, afigura-se relevante avaliar, em qualquer currículo, a prioridade concedida às várias componentes bem como os critérios justificativos da selecção e valorização feitas.

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Elucidativo é o caso da maioria dos programas de educação dos primeiros anos de escolaridade, que se organizam em torno de actividades, situações lúdicas ou experiências proporcionadas às crianças. Esta componente prevalece sobre as outras - conteúdos, avaliação e, em menor grau, objectivos - o que, aliás, é perfeitamente justificável do ponto de vista psicológico, pedagógico e social.

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Podem-se, também, imaginar situações em que a avaliação seja a componente dominante - e mesmo determinante - das outras: num sistema educativo, em que exames nacionais, oficialmente estipulados, condicionem o acesso a alguns níveis de ensino e em que a concepção e elaboração dos planos e programas dependam da iniciativa local de escolas, é natural que o desenvolvimento e organização dos programas sejam determinados pelos objectivos e conteúdos que tais exames oficiais revelem.

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• Para lá dos exemplos, retenha-se, pois, a necessidade de analisar nos currículos a presença, dominância ou equilíbrio das componentes fundamentais de qualquer plano de estudos.

• As diferenças entre planos curriculares explicam-se, assim, por força da estruturação ou modo de relacionação dos vários elementos entre si, o relevo posto em cada um deles ou o equilíbrio e coerência dos ingredientes curriculares básicos.

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Os currículos diferem, também: • a) na formulação e justificação dos

objectivos; • b) nas modalidades e critérios de

selecção e estrutura de matérias ou conteúdos;

• c) nas modalidades e critérios de escolha e organização das actividades de ensino-aprendizagem;

• d) nos critérios a modalidades de avaliação propostos.

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Em última análise, os planos curriculares diferenciam-se, sobretudo, nos pressupostos, orientações e critérios de decisão em que assentam ou de que partem. A justificação curricular revela-se decisiva, determinando as bases, factores e influências que «legitimam» os vários elementos, designadamente objectivos e conteúdos de ensino e, ainda, a estrutura que os organiza num todo coerente.

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Como refere Taba (1962), a ausência de justificação de um plano curricular pode levar a que esse plano só possa ser «imposto» e aceite passivamente por quem tem de o implementar.

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A distância entre o currículo que, do ponto de vista teórico, se afirma e o que na prática se realiza, talvez se possa explicar, em grande medida, pela falta ou imprecisão dos fundamentos justificativos e linhas orientadoras do plano curricular que se propõe.

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Em síntese, um currículo deveria incluir as seguintes componentes:

• a) contexto e justificação; • b) quadro de objectivos; • c) roteiro ou «mapa» de conteúdos; • d) plano de organização e sequência

do ensino e aprendizagem; • e) plano de avaliação; • f) referência a condições de execução

prática.

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A explicitação do contexto e justificação fornece o quadro de referência, orientação e fundamentação do plano curricular, nas suas finalidades e objectivos e no seu modelo estrutural. Consideram-se, assim:

• a) a análise do contexto social, cultural e educativo em que se insere e a que pretende dar resposta, designadamente quanto a factores condicionantes e a necessidades educativas a satisfazer;

• b) a identificação de linhas de força, vectores orientadores e perspectivas sociais e educativas que assume ou o enunciado de pressupostos e orientações educacionais que o justificam;

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c) o enunciado dos critérios justificativos que suportam as decisões curriculares maiores, nomeadamente modelo de organização curricular, coerência e relações entre componentes básicas. Em termos do processo global de desenvolvimento curricular, esta fase corresponde ao que na introdução se designou como «justificação do currículo».

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0 estabelecimento de um quadro de objectivos preenche a necessidade de definir a intencionalidade fundamental do plano curricular, a sua direcção última e o quadro de resultados ou produtos finais a alcançar. Como a própria expressão «quadro» sugere, convém que se adopte uma estrutura e sequência de objectivos, em diferentes níveis de generalidade/especificidade, explicitando a sua relacionação, congruência e compatibilidade.

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A explicitação do «conteúdo» do currículo realiza-se através do roteiro de matérias ou conteúdos, indicando não apenas os seleccionados mas sobretudo organizando-os; a ideia de roteiro pretende exprimir a necessidade um «mapa» que trace as suas relações mútuas e o «itinerário» que propõe.

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Decisões importantes a considerar - e que constituem problemas a ser desenvolvidos mais tarde - referem-se à inserção dos conteúdos no quadro de objectivos, seu âmbito e sequência.

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A organização e sequência do processo de ensino e aprendizagem deve ser planificada em termos de tipos de actividades, experiências e situações de aprendizagem e proporcionar, incluindo, pois, acções do professor e acções do aluno: estratégias/métodos, actividades, materiais e meios de ensino-aprendizagem.

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Como já se disse, um currículo implica ou manifesta alguns modelos ou padrões de ensino, requeridos pela orientação educativa, pelos objectivos ou pela própria organização dos conteúdos.

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Em termos do processo de desenvolvimento curricular, é, sobretudo, nesta componente que a fase de planeamento curricular se aproxima mais da de implementação do currículo; aqui, também, o planeamento do currículo se pode vir a intrometer na planificação do ensino.

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A componente avaliação define o plano de apreciação dos resultados reais de aprendizagem, procurando indicadores que evidenciem a aprendizagem conseguida e a sua comparação com os objectivos visados, em ordem a aperfeiçoar o programa e o processo de ensino.

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Por fim, a explicitação de condições de execução do plano curricular visa, mais uma vez, aproximar o planeamento da implementação curricular, no sentido de encontrar o ponto de equilíbrio entre as exigências normativas de um plano e a situação real onde vai ser executado. A referência a factores de organização escolar, estruturas e meios impõe-se - sob pena de a concepção do plano ser feita no vazio - em particular no que concerne às variáveis « espaço», «tempo», « grupo de ensino» a «pessoal docente», como já foi mencionado.

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Do ponto de vista teórico, a concepção do plano viria em primeiro lugar e deveria postular determinadas condições de implementação; na realidade, acontece quase sempre o inverso: o plano curricular elaborado tem de se adaptar, desde logo, às condições da sua inserção e aos factores de organização escolar que o limitam ou enquadram. Uma avaliação pouco realista de tais factores e condições escolares distancia de tal modo o plano curricular da realidade que a consequência mais natural é poder vir a ser «desacreditado» por se revelar inviável.

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ABORDAGENS DE CURRICULO

“Se o currículo for visto como uma forma de praxis, então o aprender e o ensinar têm que ser vistos como uma relação dialógica entre professor e aluno, em vez de uma relação autoritária” (Grundy, 1987: 115).

Teoria de Desenvolvimento Curricular

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Conceito de Abordagem

• Um conjunto de crenças, pressuposições, ideias, sejam implícitas ou explicitas acerca de currículo.

• São orientações, perspectivas diferentes, posições que caracterizam uma forma de pensar sobre alguma coisa

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Abordagem implica em

Abordagem

Orientação

Imagem

Perspectiva

Posição

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Classificação de Posner

• Processual - Quais os passos?• Descritivo - o que o planificador faz?• Conceitual - quais os elementos que

compõem o currículo?

Processual -produção técnica

Descritivo - eventos e tomada de decisão

Conceitual - níveis de planificação

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Abordagem Racional Linear de Tyler• Ênfase na ordem, sequência lógica• Define 4 passos:

– Definir objectivos– Selecção de experiências de

aprendizagem– Organização de experiências de

aprendizagem– Avaliação

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Abordagem naturalista ou deliberativa de Walker

• Plataforma -(base) São as teorias, valores, conceitos, filosofias , ideias que fundamentam o curriculo (norteiam o processo como um todo).

• Deliberação -( fase de discussão) amadurecimento da ideia - análise do problema e busca de alternativas. Busca um consenso.

• Design - Concepção do curriculo

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Processo de concepção de Curriculo de Walker

3 etapasDeliberação

Concepção

Plataforma

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Diferença entre Walker e Tyler

• Tyler é inflexível (passos na ordem). Ele parte da teoria e cria passos para serem aplicados na prática.

• Walker observa a prática e escreve a sua teoria.

• Walker é mais flexível – Não especifica critérios ou passos – Cada grupo vai achar o caminho através do consenso.

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1. Metas e suas Prioridades 2. Conteúdo do Currículo3. Tipos de oportunidade de aprendizagem4. Organização das oportunidades5. Organização em áreas de conteúdo6. Modo de apresentação e modo de resposta7. Tipos de avaliação

Abordagem Artística de Eisner

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Algumas Conclusões Eisner e Walker usaram os conceitos

estabelecidos por Tyler - Por ter sido ele o primeiro.

Tyler é prescritivo e inflexível ( passos em ordem, Walker e Eisner são mais flexíveis.

Walker não especifica critérios para tomada de decisão. Cada grupo analisa e delibera o mais adequado

não está preocupado em ser técnico ou racional alvo é apenas ser prático. sua proposta é baseada na prática

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• Os 4 passos de Tyler estão na proposta de Eisner - A diferença:Tyler da ênfase na sequência rígida dos passos, e Eisner não.

• Crítica a Walker é que sua abordagem só focaliza na fase de discussão e concepção de currículo, deixando fora qualquer acção na área de avaliação

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Qual é a melhor abordagem?

A escolha da abordagem depende da situação, do grupo alvo, do planificador, dos objectivos, e da preferência de cada um.

Não podemos determinar qual é a melhor abordagem.

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Ao optarmos por realizar um estudo na área do Currículo, deparamo-nos com a primeira barreira que diz respeito à sua definição, e com isso, é necessário explorar a ambiguidade e a polissemia de alguns conceitos e perceber que não existe neutralidade nos mesmos.

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Na busca inicial pela etimologia da palavra, “Currículo” já vimos que é derivado do verbo latim Currere (correr), significa carreira, pequena caminhada a percorrer. A sua própria etimologia e o seu significado sugerem-nos estas interrogações:

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Se currículo é uma pequena caminhada a percorrer, qual seria o melhor percurso a fazer? Imaginemos um desportista do atletismo a desejar conseguir chegar em primeiro lugar na corrida. Qual a estratégia que o mesmo faria para atingir seu objectivo? Treinaria diariamente durante 6 meses antes da corrida?

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Qual seria a melhor alimentação para que ajudasse na sua performance física? Que vestimentas estariam mais adequadas para a realização da corrida? Essas e outras questões poderiam nortear o atleta para que pudesse atingir o seu alvo.

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• Pensando, agora, no currículo existente numa escola, quando a mesma traça previamente os seus objectivos, quais seriam os alvos a atingir com o currículo adoptado? Como as estratégias poderiam ser direccionadas? E de que maneira os seus objectivos poderiam ser avaliados?

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• Deste modo, procurar-se-á um enquadramento teórico-conceptual do currículo para melhor entender o resultado que dele se espera. Na Enciclopédia Mirador Internacional, Currículo do ponto de vista pedagógico, é um conjunto estruturado de disciplinas e actividades, organizado com o objectivo de possibilitar que seja alcançada certa meta, proposta e fixada em função de um planeamento educativo.

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Em perspectiva mais reduzida, indica a adequada estruturação dos conhecimentos que integram determinado domínio do saber, de modo a facilitar seu aprendizado em tempo certo e nível eficaz. O Currículo, nesta visão, funciona como a intermédia entre o que é planeado pelo sistema educativo e os percursos necessários para atingir a meta definida.

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Se optarmos por defini-lo como uma trajectória da acção educativa, na perspectiva de um processo, percebemos que, século XX, alguns teóricos (Tyler, 1950; Taba, 1962; Johnson, 1977) conceituavam Currículo como “uma construção dos objectivos da acção educativa e na subsequente determinação dos meios conducentes a tais fins.”

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• Este conceito de currículo prende-se com as ideias de Ralph Tyler, reforçado por Taba (1983), que concebe a aprendizagem dos alunos mediante um plano estruturado com objectivos formulados em função da previsão e precisão de resultados que ficou conhecida como racionalidade técnica.

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Tyler (1950) propõe um currículo com quatro princípios:

• 1º - Definição dos Objectivos onde coloca que o sistema escolar deve alcançar finalidades tendo como base o sujeito, a sociedade e a cultura e as funções que a desempenham;

• 2º - Selecção de experiências educativas através da interacção aluno e condições externas;

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• 3º - Organização das experiências através da selecção de actividades organizadas em unidades, cursos e programas e perspectivadas vertical e horizontalmente.

• 4º - Avaliação da eficácia das actividades de aprendizagem através de verificação dos resultados uma vez comparados com os objectivos pretendidos.

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Com o mesmo raciocínio de Tyler, Taba (1962) propõe algumas etapas sequenciais para que se conceba um currículo devidamente planeado e dinamicamente concebido: diagnóstico das necessidades educacionais; definição de objectivos; escolha dos conteúdos; preparação dos conteúdos; selecção das experiências de aprendizagem; determinação dos métodos de avaliação do ensino.

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• O modelo de currículo defendido por Tyler, e reforçado por Taba, segundo Pacheco (1996), é uma derivação das primeiras perspectivas da teoria curricular técnica, defendidas por Bobbit, ao pretender aplicar as técnicas de racionalização do trabalho resultantes do taylorismo dentro de uma óptica empresarial para transportar para a escola e, neste enquadramento, ao definir currículo como meio para a obtenção de determinados fins, defende-se uma visão utilitarista da educação, ao serviço

• da eficiência e da reprodução social, através de uma técnica de antecipação de resultados.

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Diante desta visão utilitarista da educação, o contexto político, económico, cultural e social está sempre inserido em uma proposta curricular e, como afirma Snedden (1925), o currículo é “simplesmente, uma série de planificações e especificações explícitas bem documentadas dos propósitos educacionais dos conceptualizadores das políticas educativas e curriculares, dirigidas para um grupo específico de alunos”.

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• Snedden também contrói o que denomina de “rationale” onde procura expandir a questão de Herbert Spencer “What knowledge is most worth?” para: Que tipos, quantidades e níveis de conhecimentos, destrezas, apreciações, aspirações, atitudes, gostos, ideais e outras qualidades se revelam como os mais valiosos em termos de grupos de aprendentes com determinadas capacidades, circunstâncias e potencia oportunidades?

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• O autor defende que a eficiência deveria ser um produto do currículo e o controlo social era imprescindível para a conseguir através da determinação de objectivos apoiados numa base científica.

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• Em oposição a um currículo voltado para eficiência técnica, Dewey (1916, p. 369) salienta que o currículo faz da educação “um instrumento perpétuo de manutenção da ordem social existente, em vez de operar como veículo de transformação”.

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• Não é por acaso que o estado tem tanto interesse pela escola, interesse voltado para a manutenção das ideologias dominantes e daqueles que possuem o poder económico. Gimeno Sacristán (2000) comenta que a assepsia científica não cabe ao estudarmos o tema currículo, pois o projecto cultural e de socialização que a escola tem para seus alunos não é neutro, já que o currículo reflecte conflito entre interesses dentro de uma sociedade e os valores dominantes que regem os processos educativos.

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Bobbitt (1918) defendia que a escola era um espaço de produção de indivíduo, tal como uma fábrica, defendendo que a educação era um processo de modelação, tal como a fabricação de carris de caminho-de-ferro; a personalidade deve ser moldada e trabalhada de forma a adquirir as formas desejadas. O homem na sua visão é primeiramente um fazedor e não um conhecedor. Entendia, assim, currículo como um mosaico de uma vida humana completamente formada.

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Se a escola, em busca da eficiência, transporta as ideias de uma fábrica para o seu modelo de aprendizagem, então faz da criança, ou do adulto aprendente, uma matéria-prima e depois do processo de transformação sai o produto acabado. O operário que contribui para a transformação do produto é o professor que desempenha a tarefa de manter e controlar a qualidade do produto em elaboração face a um modelo instituído.

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O Currículo funciona neste caso, como o meio estratégico para atingir o objectivo de um produto final. Assim surgem algumas indagações: Será possível através de um currículo transformar alguém naquilo que previamente se desejava? O ser humano pode ser confundido como um produto acabado?

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• Será o papel da escola alienar o indivíduo ou conduzi-lo para uma consciência critica dos seus próprios actos?

• A escola neste modelo de fábrica forma ou deforma o indivíduo aprendente?

• Em que zona de conflito nos encontramos?

• A escola prepara para a vida ou com a vida?

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Kilpatrick (1918, p.323) entendia que a educação deveria ser considerada “como uma vida em si e não como uma mera preparação para a vida futura”. O que vemos ainda hoje é o discurso que a escola prepara para a vida, parece até que temos outra vida terrena, devemos educar com a vida, pois a vida é, a vida está.

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• Bobbitt (1918), mesmo defendendo a ideia da educação como processo de modelação do indivíduo, argumentava que existem questões importantes que se perdem de vista; que há mais coisas na vida humana do que acções práticas, por mais eficientes que estas sejam; que viver só por si vale a pena, que é o fim da educação e que as várias utilidades servem tão só para providenciar os meios.

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Ele ainda salienta que aprender coisas por curiosidades sem fazer referência à utilidade desse conhecimento é, na verdade, uma das maiores actividades normais do homem. A mente saudável quer saber as coisas de que favorecem o apetite mental para se importar, na altura, com a sua aplicabilidade prática. Assim, Bobbitt resume a noção de currículo às actividades e experiências que circunscreve, na forma de uma engenharia curricular, a 821 objectivos, pertencentes a 10 dimensões.

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As definições de currículo propostas por Phenix (1962); Saylor (1966); Jonhson (1977), explícita ou implicitamente, definem o currículo como uma série estruturada de experiências de aprendizagens proporcionadas pela escola que ao final prescreve, ou pelo menos, antecipa, o que, como e quando se ensina ao aluno.

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É uma dimensão por certo reduccionista do currículo, onde cabe somente ao sujeito da aprendizagem acatar ao comando previamente definido da sua própria aprendizagem.

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Diante desta perspectiva, o currículo representa algo muito planificado e com intenções tão bem delineadas que não deixa margem para a reflexão crítica destas acções e não dá oportunidade ao sujeito aprendente de construir o seu próprio caminho de aprendizagem.

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Numa visão crítica das abordagens transmissivas, McLaren (1997) comenta que o mesmo representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente.

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O currículo favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos selectos de estudantes sobre outros grupos, com frequência discriminando certos grupos raciais, de classe ou género.

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Uma outra perspectiva de currículo, com uma vertente já flexível e dependente das condições de sua aplicação, pode-se encontrar na definição de Stenhouse (1984:29): “Um currículo é uma tentativa de comunicar os princípios e aspectos essenciais de um propósito educativo, de modo que permaneça aberto à uma discussão crítica e possa ser efectivamente realizado.”

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Na prática, essa abertura a uma discussão crítica, salientada por Stenhouse, fica somente no campo do discurso, pois a maioria das nossas propostas curriculares são determinadas por escalões superiores aos docentes e discentes e o sujeito aprendente é o menos consultado sobre o seu processo de aprendizagem. Por essa perspectiva surgem naturalmente manifestações não prescritas no currículo escrito, pois, na implementação curricular, acontece o ambiente simbólico, material e humano.

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Como os indivíduos são diferentes e as zonas de interesses diversificadas, as tensões aumentam e o currículo vivido torna-se diferente do instituído legalmente por grupos que o tenham elaborado. Dessa forma, Apple (1989) acredita que as decisões curriculares não são neutras nem científicas, envolvem questões técnicas, políticas, éticas e estéticas.

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Essas dimensões de entendimento curricular, em que o escrito nem sempre será o implantado, são o que ficou conhecido como a prática de realização do currículo oculto. E entende-se aqui currículo oculto como uma maneira implícita através dos conteúdos culturais, dos hábitos, das interações, tarefas escolares, a reprodução das principais dimensões e peculiaridades da esfera económica da sociedade.

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O interessante é que o mesmo se planifica, se desenvolve e se avalia sem chegar a surgir explicitamente, em momento algum, na mente e nas intenções dos docentes e obviamente, sem ter o consentimento dos alunos ou das famílias (Santomé, 1995).

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A Contribuição de Santomé (1995) conduz-nos a algumas inquietações, tais como: Este currículo é tido como oculto para quem? Será que o professor não exerce o currículo oculto no seu ambiente escolar de forma consciente? Como conceber a educação sem intenção? O professor, como agente de transformação social, não contribui na sua prática efectiva em sala de aula para defender alguma ideologia, mesmo estando naquele momento supostamente latente?

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Em um outro olhar sobre o currículo, Zabalza (1998) define-o como o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se desejam alcançar e dos passos que se dão para as alcançar; é o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes, etc. que são considerados importantes para serem trabalhados na escola, ano após ano.

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E, supostamente, é a razão de cada uma dessas opções que o currículo pode ser entendido, como salienta Gimeno Sacristán (2000), a expressão do equilíbrio de interesse e forças que gravitam sobre o sistema educativo num dado momento, enquanto que através dele se realizam os fins da educação no ensino escolarizado.

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Nestes últimos conceitos, o currículo não é entendido como um plano totalmente acabado e definido, mas como um espaço de partida das metas a serem alcançadas dependentes das condições da sua aplicação.Como acrescenta Pacheco (1996:16), o conceito de currículo advém da sua própria natureza divergente:

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“O currículo, se comparado a um jogo com regras, torna-se, pela sua própria natureza e dimensão, bastante problemático e conflitual, sempre que se procura defini-lo. Aliás, cada definição não é neutral, senão que nos define e situa em relação a esse campo. Insistir numa definição abrangente de currículo poder-se-á tornar extemporâneo e negativo dado que, apesar da recente emergência do currículo como campo de estudos e como conhecimento especializado, ainda não existe um acordo sobre o que verdadeiramente significa”.

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Diante desta complexidade para a definição de currículo, Contreras (1990) argumenta que em qualquer tentativa para sua sistematização será necessário interrogar os seguintes dualismos:

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• a) O currículo deve propor o que se deve ensinar ou aquilo que os alunos devem aprender?

• b) O currículo é o que se deve ensinar e aprender ou é também o que se ensina e aprende na prática?

• c) O currículo é o que se deve ensinar e aprender ou inclui também a metodologia (as estratégias, métodos) e os processos de ensino?

• d) O currículo é algo especificado, delimitado e acabado que logo se aplica ou é de igual modo algo aberto que se delimita no próprio processo de aplicação?

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Essas e outras interrogações poderão surgir em busca de um consenso de respostas, porém neste campo de estudo tão divergente de opiniões e a inexistência de um consenso relativo à sua conceituação, o que de certa forma o consideramos salutar, pois toda a unanimidade é contraproducente, e é na sociedade dos opostos que construímos ideias.

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O currículo precisa de ser entendido como algo muito superior a um programa de estudos ou elenco de disciplinas. Essa transformação é importante, porque a relação pedagógica já não é concebida como uma transmissão em sentido único, do professor para o aluno, que visava a transformação do outro, como se o outro fosse um produto para ser manipulado e alterado sem interferência alguma.

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Actualmente, estamos inseridos em uma “permuta entre gerações, onde a subjectividade desempenha o seu papel, onde surge o conflito, que não se evita, e que, pelo contrário, serve de estímulo para o avanço, para o progresso”

(Postic, 1990:16).

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Na tentativa de organizar as diversas definições, acepções e perspectivas de currículo, Gimeno Sacristán (2000:14) propõe que o mesmo possa ser analisado a partir de cinco âmbitos formalmente diferenciados:

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• a) O ponto de vista sobre sua função social como ponto entre a sociedade e a escola.

• b) Projecto ou plano educativo, pretenso ou real, composto de diferentes aspectos, experiências, conteúdos, etc.

• c) Fala-se do currículo como a expressão formal e material desse projecto que deve apresentar, sob determinado formato, seus conteúdos, suas orientações e suas sequências para abordá-lo, etc.

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• d) Referem-se ao currículo os que o entendem como um campo prático. Entendê-lo assim supõe a possibilidade de: 1) analisar os processos instrutivos e a realidade da prática a partir de uma perspectiva que lhes dota de conteúdo; 2)estudá-lo como território de intersecção de práticas diversas que não se referem apenas aos processos de tipo pedagógico, interacções e comunicações educativas; 3) sustentar o discurso sobre a interacção entre a teoria e a prática em educação.

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e) Referem-se a ele os que exercem um tipo de actividade discursiva académica e pesquisadora sobre todos estes temas.

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O Currículo entendido como Função Social proporciona uma interacção entre a escola e a sociedade, reproduzindo os seus itinerários históricos ou construindo um espaço de conflitos e compromissos dentro das contradições emergidas destas relações.

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Nesta perspectiva, Dewey (1916) fez florescer a ideia de educação como processo social, o instrumento primordial e mais eficaz para a reconstrução social.

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No Currículo visto como Expressão Formal e Material surge sempre a figura dos conteúdos como elemento primordial para a sua existência; acompanhado a selecção destes mesmos conteúdos faz com que o currículo possa favorecer mais a uns do que a outros, sobretudo a partir do momento em que a selecção é realizada previamente pelos professores e coordenações, respeitando e legitimando conhecimentos que o indivíduo ou grupo que o elaborou acha pertinente a ser abordado,

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Onde o sujeito aprendente dificilmente é consultado sobre as suas necessidades de aprendizagens, o que faz com que o conhecimento seja oferecido dentro de uma percepção muitas das vezes alheia ao desejo do aprendiz. Os grupos de interesses e especialistas impõem prioritariamente os seus pontos de vista no processo de determinação dos conteúdos curriculares considerados mais relevantes.

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O Currículo como Projecto ou Plano Educativo desempenha um lugar preponderante no ambiente escolar, dado que contribui para a organização das aprendizagens. Essa organização acontece tanto no campo explícito como no implícito.

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Pacheco (2001: 139), comenta que “ quanto mais a escola existir em termos de práticas de aprendizagens mais o currículo é conceituado como um plano, um dispositivo que contém não só o que deve ser ensinado, bem como as orientações para a sua interpretação”.

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O Currículo como Campo Prático traduz a aplicabilidade dos conhecimentos, o que não se deve reduzir, contudo, a uma visão de currículo utilitarista, porque os conhecimentos sistematizados que a escola organiza nem sempre podem conduzir ao imediatismo de seu uso.

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Dentro da lógica do mercado, o currículo pode ser entendido pela sua utilidade e que o aluno é visto como um produto que quanto mais trabalhado for supostamente mais eficiente se tornará para atender às necessidades do mercado.

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Entender o currículo como Actividade Discursiva Académica é perceber os diálogos que têm surgido historicamente na academia a respeito das teorias curriculares e das possibilidades, que cada ideia pode contribuir para uma prática efectiva.

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Destas ideias surge a compreensão essencial do currículo como prática social e cultural e, como salienta Grundy (1987:5), “O currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstracto que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas”.

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Ao entender o currículo como prática social Apple & Beane (2000) defende um currículo mais participativo, compreendendo que o conhecimento é construído socialmente, sendo produzido e disseminado por pessoas com determinados valores, interesses e tendências.

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O Currículo não é uma realidade abstracta à margem do sistema em que se desenvolve e para o qual se planifica. Para Heubner, citado por Mcneil (1983), o currículo é a forma de ter acesso ao conhecimento, não podendo esgotar seu significado em algo estático, mas através das condições em que se realiza e se converte numa forma particular de entrar em contacto com a cultura.

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Dentro deste contexto, Moreira e Silva (1994:28) comentam que o Currículo é antes “um termo de produção e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de criação, recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão.” É então o currículo entendido como cultura real que surge de uma série de processos, mais do que um objecto delimitado e estático que se pode planear e depois implantar.

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Poder-se-á reflectir sobre o currículo como algo externo ao indivíduo, construído por outros para que depois tome forma de acordo com os seus idealizadores e os resultados esperados sejam alcançados, o que nem sempre será viável, pois o ser humano é singular, por mais plurais que queiram que ele seja.

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Olhando para a contemporaneidade, Doll (2002) comenta que um dos desafios educacionais do mundo pós-moderno é planear um currículo que tanto acomode quanto estenda; um currículo que (combinando termos e conceitos de Kuhn e de Piaget) tenha a tensão essencial entre o desequilíbrio e o equilíbrio, para que origine uma reequilibração nova, mais abrangente e transformativa.

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A esses desafios educacionais, o currículo se posiciona como o produto de uma selecção de um universo de conhecimentos para aqueles que melhor atendam aos interesses subjacentes. Em busca de uma reequilibração o currículo pode torna-se num espaço aberto e democrático, onde as ideias opostas se articulem e contribuam para que o processo de ensino funcione com a intencionalidade de desenvolver-se a aprendizagem.

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Para que o ensino proporcione um ambiente de aprendizagem é necessário que o currículo seja real para o sujeito da aprendizagem (o discente) e o professor possa conduzir o processo de ensino e aprendizagem respeitando as diferenças no contexto da sala de aula e, assim, compreender o que afirma Shulman (1989:18):

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” … não há ´mundo real´ da aula, da aprendizagem e do ensino. Há muitos mundos reais, talvez incorporados um dentro de outros, talvez ocupando universos paralelos que frequentemente, e às vezes de uma maneira imprevisível, interactuam entre si cada um destes mundos é ocupado pelas mesmas pessoas, mas com papeis diferentes e perseguindo distintos propósitos simultaneamente.”

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Em toda a definição, o currículo possui uma base epistemológica e interpretativa, pois, Kelly (1986) comenta que a dialéctica em torno do currículo é sempre de cariz ideológico, observando-se uma disputa entre ideologias conflituosas.

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Confirmando essas ideias, Apple (1997) diz que o Currículo surge sempre como produto de uma selecção, da visão que alguém ou que um grupo tem acerca do conhecimento legítimo. A sua génese repousa num estendal de conflitos, negociações, cumplicidades culturais, políticas e económicas.

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O Currículo conduz a produção cultural existente dentro de um contexto de saberes, valores, atitudes que cada actor envolvido no currículo arquitecta o seu espaço e a sua subjectividade. Diante desta perspectiva, a escola tem reforçado uma cultura erudita para todos e como não consegue atingir a todos, surgem na escola espaços para disputas e discriminações, pois é ilusória uma mesma cultura para todos.

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E o currículo pode ser o veículo facilitador para que estes conflitos diminuam. Pareskeva (2001) salienta que o currículo limita-se a ser o espelho fiel do(s) seu (s) próprios construtores, isto é, imperfeito, finito, cataléptico, imediatista, operacionalizado num presente perspectivado em um determinado futuro social.

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A escola é um local de tomada de decisões e estas não ficam circunscritas à administração, pois os professores, alunos e pais, entre outros, que actuam no contexto curricular, são decisores políticos, embora nem sempre reconhecidos. É nesta perspectiva que os agentes educativos precisam exercer bem os seus espaços para que a escola seja o palco dos conflitos e também das conquistas de transformação social.

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• Goodson (2001) aponta que especialistas do currículo como Henry Giroux, Michael Apple, Jo Anne Pagane, Jean Anyon, Philip Wesley e Peter Mclaren, sustentam que qualquer análise crítica do currículo implicaria questionar o que ele exclui e não apenas o que inclui e estabelecer ligações entre o currículo e os processos culturais mais globais, envolvendo a validação de formações sociais baseadas na raça, na classe social e no género sexual, implicando perspectivar o currículo como parte de um processo de aprendizagem social mais global, inseparável de questões relativas aos privilégios e à opressão.

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Outros conceitos de currículo apontam para a valorização das experiências vivenciais pelos alunos em contexto fora e dentro da ambiente escolar. Pacheco (1996:17) diz que currículo é “conjunto das experiências vividas pelos alunos, dentro do contexto escolar, ora como um propósito bastante flexível que permanece aberto e dependente das condições da sua aplicação”.

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Se desejarmos ainda identificar o currículo como desenvolvimento de programas educacionais, poderemos utilizar a compreensão de Moreira (2003), para quem currículo é o conjunto de experiências vividas por estudantes e docentes, desenroladas em termos do conhecimento escolar e organizadas pelas instituições educacionais.

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As abordagens conceituais de currículo poderão contemplar uma visão abrangente, ou seja, os aspectos mais gerais como cultura, socialização e numa visão restrita o aspecto da escola, da sala de aula.

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Compreender o significado de currículo é uma tarefa um pouco espinhosa em razão da diversidade de pensamento a respeito do assunto. Deste modo o currículo pode ser entendido como uma prática social, cultural, ideológica e económica.

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O seu estudo proporciona uma procura incessante de romper com as barreiras epistemológicas, criar meios de transgredir o instituído, caminharmos para uma reflexão consciente de onde estamos e o que queremos neste oceano de incertezas.

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• A partir do momento em que encararmos a complexidade como possibilidade de desenvolvimento de um novo olhar sobre questões que nos colocam à frente, estaremos assim fazendo da educação uma ciência que, possibilite testagem, levantamento de hipótese, construção de teorias e seguir o conselho de Heraclito que a única certeza que temos é a mudança.

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A questão da definição do currículo não se torna numa tarefa prioritária no dizer de Pacheco (1996), jamais uma definição contribuirá para a existência de um pensamento comum sobre uma realidade, realidade esta que se constrói na multiplicidade das práticas, concorrentes para uma mesma finalidade: a educação dos sujeitos em função dos seus percursos de aprendizagem.

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Outras Considerações

Teoria de Desenvolvimento Curricular

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Ao dedicarmos um pouco do nosso tempo na investigação histórica dos estudos curriculares e ao tentar fazer uma associação com a prática efectiva que ocorre na maioria das nossas escolas hoje, podem ainda fazer algumas indagações:

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• Será que Bobbitt estava totalmente certo ao associar o currículo escolar ao modelo de uma fábrica, preocupado com a gestão científica, seguindo a padronização e homogeneização da administração científica de Taylor? O que fazer para sairmos desta inércia curricular? Como romper com barreiras tão rígidas, que parecem intransponíveis e que no campo do discurso torna-se até fácil fazermos críticas e apontarmos possíveis soluções.

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Quando mergulhamos no terreno, na prática efectiva, no quotidiano da sala de aula nos deparamos com as mesmas práticas que tanto questionamos no campo teórico, Gimeno Sacristán (1999) aponta que são múltiplos os factores que contribuem para a taylorização, padronização e homogeneização do currículo.

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• Citaremos algumas:• a) estrutura organizativa do sistema educacional

e das escolas, que gradua as aprendizagens a transmitir, ordenadas em classes ou ciclos, marcando níveis e caminhos de passagem de uns para outros;.

• b) ordenação do currículo, com a atribuição tempo próprio para cada tipo de conteúdo (atribuindo, assim, professores diferentes a cada um deles e também recursos ou materiais didácticos específicos). O conhecimento a ser assimilado é classificado para ser adquirido por todos;

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• c) se fizermos uma retrospectiva histórica da educação, alunos com peculiaridades pessoais, culturais e com diferentes destinos sociais foram sendo segregados em tipos de escola e de educação, segundo critérios diferentes;

• d) comodidade profissional dos docentes a certas condições de trabalho não satisfatórias tem conduzido e reforçado a crença de que é mais fácil trabalhar com uma base homogénea de estudantes, o que repercute num estilo profissional que submete a um mesmo tratamento pedagógico grupo de alunos com uma heterogeneidade interna;

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• e) os mecanismos selectivos do sistema escolar e de controle externo e interno sobre os conteúdos que são transmitidos impõem uma cultura de certo modo homogeneizada aos professores, assim como tipos e níveis de rendimento padronizados aos estudantes;

• f) escassa variedade de espaços, de estímulos e de recursos culturais para a aprendizagem propiciam o uso de fontes uniformizadas de informação, como é o caso do emprego massivo de livros didácticos idênticos para todos.

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Essas e outras condições tornam a nossa prática as vezes divergente da teoria. Como podemos trabalhar as diferenças individuais dos alunos que tanto se fala, se a ambiência da sala de aula não permite que essa prática se realize? O que fazer então?

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Não queremos com isso ser cépticos, mudar é preciso, porém precisamos achar o caminho e o mesmo somente se constrói caminhando.

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Gimeno Sacristán (1999) nos aponta algumas estratégias que as considera importante para uma reforma curricular que são:

a) formação de professores; b) planeamento dos currículos; c) desenvolvimento de materiais apropriados; d) análise e a revisão crítica das práticas vigentes,

a partir de avaliações de experiências ou da realidade mais ampla, da pesquisa-acção com professores e ainda acrescentaria o uso dos recursos tecnológicos para efectivação da aprendizagem.

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• Corroborando com as inquietações anteriormente relatadas sobre a actuação do currículo para uma escola actual Silva (1999), salienta que no novo mapa cultural traçado pela emergência de uma multiplicidade de actores sociais (pais, professores, alunos, comunidade, etc) e por um ambiente tecnicamente modificado, a educação institucionalizada e o currículo continuam a reflectir anacronicamente, os critérios e os parâmetros de um mundo social que não existe.

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Por isso se faz necessário repensarmos e criarmos alternativas para que a nossa acção docente acompanhe as mudanças emergentes nos contextos actuais.