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Direito matrimonial: efeitos patrimoniais Os nubentes podem fixar livremente, na convenção antenupcial, o regime de bens que lhes aprouver (artigo 1698º do CC), quer escolham um dos regimes previstos no código, quer pretendam criar um regime atípico e/ou misto. Será de acordo com o regime de bens convencionado, ou supletivamente fixado na lei (na hipótese usual de não haver convenção), que serão definidas as relações de carácter patrimonial dos cônjuges. O regime de bens convencionado não pode ser alterado na vigência do casamento (artigo 1714ºCC), embora sejam admitidas estipulações a termo ou sob condição (artigo 1713º CC). Comunhão de adquiridos Neste regime há, ou pode haver, um património comum e bens próprios de cada um dos cônjuges. São comunicáveis os bens adquiridos depois do casamento a título oneroso, bem como o produto do trabalho de cada um deles: Artigo: 1724º do CC al. a) - o produto do trabalho, inclusive o trabalho intelectual, dos cônjuges; al. b) - os bens adquiridos na constância do matrimónio não excetuados por lei; São ainda comuns: os frutos (rendimentos, frutos civis) dos bens comuns e dos bens próprios, bem como as benfeitorias úteis realizadas nesses bens - artigo1728º, nº 1, do CC. bens móveis, salvo prova em contrário, pois quando haja dúvidas sobre a comunicabilidade dos bens móveis, estes consideram-se comuns - artigo1725º do CC. bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens próprios e, noutra parte, com dinheiro ou bens comuns, se esta prestação for mais valiosa - 1726º, nº 1. 1

Apontamentos Dra Neuza - d. Matrimonial Efeitos

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Direito matrimonial: efeitos patrimoniais

Os nubentes podem fixar livremente, na convenção antenupcial, o regime de bens que lhes aprouver (artigo 1698º do CC), quer escolham um dos regimes previstos no código, quer pretendam criar um regime atípico e/ou misto. Será de acordo com o regime de bens convencionado, ou supletivamente fixado na lei (na hipótese usual de não haver convenção), que serão definidas as relações de carácter patrimonial dos cônjuges.

O regime de bens convencionado não pode ser alterado na vigência do casamento (artigo 1714ºCC), embora sejam admitidas estipulações a termo ou sob condição (artigo 1713º CC).

Comunhão de adquiridos

Neste regime há, ou pode haver, um património comum e bens próprios de cada um dos cônjuges. São comunicáveis os bens adquiridos depois do casamento a título oneroso, bem como o produto do trabalho de cada um deles:

Artigo: 1724º do CCal. a) - o produto do trabalho, inclusive o trabalho intelectual, dos cônjuges; al. b) - os bens adquiridos na constância do matrimónio não excetuados por lei;

São ainda comuns: os frutos (rendimentos, frutos civis) dos bens comuns e dos

bens próprios, bem como as benfeitorias úteis realizadas nesses bens - artigo1728º, nº 1, do CC.

bens móveis, salvo prova em contrário, pois quando haja dúvidas sobre a comunicabilidade dos bens móveis, estes consideram-se comuns - artigo1725º do CC.

bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens próprios e, noutra parte, com dinheiro ou bens comuns, se esta prestação for mais valiosa - 1726º, nº 1.

bens sub-rogados no lugar de bens comuns - artigo1724º, b) do CC;

Cada um dos cônjuges participa por metade no ativo e no passivo da comunhão (artigo 1730º, n.º1). Em caso de dissolução do casamento por divórcio nenhum dos cônjuges pode receber mais do receberia no regime de comunhão de adquiridos.

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Em caso de divórcio, e independentemente da culpa de qualquer dos cônjuges, cada um deles perde os benefícios que recebeu do outro em consideração do estado de casados ou tendo em vista o casamento (artigo 1766º, artigo 1760 e artigo 1791º do CC).

São considerados como próprios bens cuja aquisição seja anterior ao casamento (artigo 1722º,

1, al. a)), bens recebidos por um dos cônjuges, por sucessão ou doação

na vigência do casamento (artigo 1722º, n.º1, al. b) do CC) bens adquiridos, na constância do matrimónio por virtude de

direito próprio anterior (artigo 1722º, 1, c)).

Os bens recebidos por sucessão ou doação entrarão na categoria dos bens comuns, quando forem deixados ou doados conjuntamente a ambos os cônjuges ou quando, deixados ou doados apenas a um, o testador ou o doador declarar que devem entrar na comunhão (artigo 1729º), exceto se integrarem a legítima.

De acordo com o artigo 1722º, n.º 2, do CC (não taxativo), consideram-se bens adquiridos em virtude de direito próprio anterior:

bens adquiridos através de herança indivisa, aberta antes do casamento, mas partilhada só depois;

bens adquiridos por meio de usucapião, baseada em posse que tenha tido o seu início antes do casamento;

bens comprados por qualquer dos cônjuges, antes do casamento, com reserva de propriedade por parte do alienante; e

bens adquiridos no exercício de qualquer direito de preferência

São ainda bens próprios os bens sub-rogados no lugar dos seus bens próprios - artigo 1723º do CC

Nos termos do artigo 1723º al c),os bens adquiridos, ou as benfeitorias efetuadas com dinheiro ou valores próprios de um dos cônjuges, só se consideram como bens próprios, quando a proveniência do dinheiro ou dos valores seja referida no próprio documento da aquisição ou em documento equivalente, com intervenção de ambos os cônjuges. Deve interpretar-se que assim é quando estão em causa interesses de terceiros. Se estiverem em causa somente interesses dos cônjuges, a qualificação como bem próprio, pode ser alcançada através da prova por qualquer meio de que o bem foi adquirido com dinheiro ou valores próprios do cônjuge adquirente.

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São ainda considerados como bens próprios, quer a parte atribuída a um dos cônjuges, em virtude da divisão da coisa de que ele seja comproprietário, fora da comunhão, quer a parte que ele venha adquirir para além da sua quota (artigo 1727º do CC). Se a parte adquirida o foi com recurso a bens comuns pode haver lugar a compensação ao património comum.

São também considerados como próprios os bens adquiridos por virtude da titularidade de bens próprios e que não sejam frutos daqueles (artigo 1728º do CC). O n.º2 do artigo 1728º do CC contém exemplos (não taxativo) de bens adquiridos em virtude da titularidade de bens próprios.

São, por maioria de razão bens próprios, aqueles que mesmo em regime de comunhão geral a lei considerou incomunicáveis (excetuados da comunhão) - artigo 1733º, nº 1, do CC.

Comunhão geral

Artigo 1732º CC – São comum todos os bens presentes e futuros dos cônjuges que não sejam excetuados por lei - 1732º. Excetuados da comunhão estão os bens previstos no artigo 1733º CC - norma imperativa – não é permitido estabelecer a sua comunicabilidade (artigo 1699º, n.º 1, al. d) do CC).

O regime de comunhão de bens não pode ser convencionado por quem já tenha filhos de anterior casamento, exceto se os filhos forem comuns a ambos os nubentes (nesta situação não se verifica ratio do artigo 1699º, n.º 2, do CC)

Regime de separação de bens

A separação de bens pode vigorar se tal for convencionado entre os cônjuges ou por via imperativa nas situações previstas no artigo 1720º CC. A separação de bens é também o regime que vigorará em caso de separação judicial de bens (artigo 1770º do CC).

Nota: o regime de separação de bens não afeta a posição sucessória do cônjuge (artigo 2157º e 2133º do CC).

No regime de separação de bens não há bens em comunhão conjugal, embora possam existir bens em compropriedade.

Em caso de dúvida, os bens móveis presumem-se em compropriedade de ambos os cônjuges (artigo 1736º, n.º2).

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No regime de separação de bens as dívidas contraídas pelo cônjuge comerciante no exercício do comércio não são comunicáveis (artigo 1691º, n.º 1, al. d) do CC) e a responsabilidade por dívidas não é solidária (artigo 1695º, n.º2, do CC). O repúdio da herança ou legado não necessita do consentimento de ambos os cônjuges. A alienação ou oneração de imóveis não necessita de consentimento de ambos os cônjuges, com exceção da casa de morada de família (artigo 1682º CC).

Quando o regime de separação de bens vigora pela via imperativa não são permitidas doações entre os cônjuges (artigo 1762ºCC).

Administração e Regime de dívidas

Na resolução de problemas relacionados com os efeitos patrimoniais do casamento o primeiro passo consiste na determinação do regime de bens que vigora entre os cônjuges. Ao determinar o regime de bens é possível perceber a titularidade dos bens, a que cônjuge pertencem certos bens. Num segundo momento, importa averiguar quem pode decidir sobre o destino e afetação desses bens, ou seja, quem tem poderes de administração sobre os bens. Por último, apenas após determinação do regime de bens e domínio das regras de administração deverá ser aferida a responsabilidade por dívidas (qual dos cônjuge é legalmente responsável pelo pagamento da dívida e quais os bens que respondem por cada uma das dívidas).

Em regra cada cônjuge tem a administração dos seus bens próprios artigo 1678º, n.º 1, do CC.De acordo com o n.º 2 do artigo do artigo 1678º do CC

Cada um dos cônjuges tem ainda a administração: a) Dos proventos que receba pelo seu trabalho (ainda que estes bens possam ser considerados comuns de acordo com o regime de bens adotado); b) Dos seus direitos de autor (os direitos morais de autor estão subordinados ao 1678º, n,º1 do CC); c) Dos bens comuns por ele levados para o casamento ou adquiridos a título gratuito depois do casamento, bem como dos sub-rogados em lugar deles; d) Dos bens que tenham sido doados ou deixados a ambos os cônjuges com exclusão da administração do outro cônjuge, salvo se se tratar de bens doados ou deixados por conta da legítima desse outro cônjuge; (respeito pela vontade do autor da sucessão)e) Dos bens móveis, próprios do outro cônjuge ou comuns, por ele exclusivamente utilizados como instrumento de trabalho; (conceito funcional de afetação exclusiva do bem à atividade laboral de um dos cônjuges)f) Dos bens próprios do outro cônjuge, se este se encontrar impossibilitado de exercer a administração por se achar em lugar

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remoto ou não sabido ou por qualquer outro motivo, e desde que não tenha sido conferida procuração bastante para administração desses bens; (“carácter permanente/ausência duradoura”)g) Dos bens próprios do outro cônjuge se este lhe conferir por mandato esse poder (o mandato deverá ser livremente revogável, pelo que não deverá constar da convenção antenupcial devido ao princípio da imutabilidade).

Por último, fora dos casos previstos no número dois, cada um dos cônjuges tem legitimidade para a prática de atos de administração ordinária relativamente aos bens comuns do casal; os restantes atos de administração só podem ser praticados com o consentimento de ambos os cônjuges. Importa aqui saber distinguir entre atos de administração ordinária ou extraordinária. Para o efeito, importa reter em traços gerais que a administração ordinária corresponde à gestão normal.« O que releva é a normalidade ou não da gestão, requisito que tem de ser avaliado com base em vários aspetos, nomeadamente a frequência com que o ato tende a ser praticado, as condições económicas do casal em concreto e o grau de repercussão do ato na esfera jurídica dos cônjuges (Cfr. JDP, O Direito da família contemporâneo, 4 edição, 2013, Pág. 541)

Artigo 1690º- qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro. Porém a falta de consentimento não significa que a dívida não se comunique ao outro cônjuge, p. ex., tal sucederá nos termos do artigo 1691.º als. b) e c).

Responsabilizam ambos os cônjuges:

- Dívidas contraídas por ambos, ou por um deles com o consentimento do outro (anteriores e tendo em vista o casamento ou posteriores a este)- artigo 1691º, n.º 1, al. a) do CC.

Dívidas destinadas a ocorrer aos encargos normais de vida familiar -artigo 1691º, n.º 1, al. b) do CC. Para que determinada dívida possa considerar-se afeta a encargos da vida familiar deve procurar-se um critério funcional assente quer na natureza da dívida, quer no seu montante comparado ao nível social-económico do casal (são exemplos de dívidas contraídas para fazer face aos encargos comuns do casal as que se destinam ao pagamento de água, luz, compras de supermercado, propinas, despesas de creche, seguros de saúde). O critério é meramente funcional dispensando o apuramento da existência de poderes de administração por parte de quem contrai a dívida. Ambos os cônjuges são responsáveis pelo pagamento de dívidas desta natureza ainda que a mesma tenha sido contraída ante do casamento.

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Dívidas contraídas 1)na constância do matrimónio 2)pelo cônjuge administrador e 3)nos limites dos seus poderes de administração, 4)em proveito comum do casal. – Os quatro elementos são de verificação cumulativa para que possa aplicar esta disposição.

Estamos em face de dívidas contraídas após o casamento pelo cônjuge administrador o que pressupõe a determinação prévia dos poderes de administração. Em segundo lugar, o cônjuge deverá ter atuado dentro dos seus poderes de administração. Por último, a dívida terá de ter sido contraída em proveio comum do casal. Sobre este aspeto importa considerar que o proveito comum do casal não se presume. A existência de proveito comum do casal não se afere necessariamente pelo resultado, mas sim pelo fim visado com a assunção da dívida, todavia o critério subjetivo deve ser doseado exige-se uma intenção objetiva de proveito comum, ou seja, é necessário que a divida se possa considerar-se aplicada em proveito comum aos olhos de uma pessoa média e, portanto, à luz das regras da experiência e das probabilidades normais. Por outro lado, o proveito comum do casal não tem de ser uma vantagem económica, poderá resultar da satisfação de um interesse moral ou emocional do casal (p. ex., uma viagem).

Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães – 22-2 2007

1º- O “proveito comum do casal” a que alude o art. 1691º, nº.1, al. c) do C. Civil, afere-se pelo fim objectivamente visado pelo agente, ou seja, pela aplicação da dívida no interesse de ambos os cônjuges ou da sociedade familiar em geral, visto aos olhos de uma pessoa média e, portanto, à luz das regras da experiência e das probabilidades normais.

2º- Nem todas as dívidas contraídas por um dos cônjuges com vista à aquisição de bens para o património comum do casal ou à construção de bens que passarão a ingressar neste património, são, só por isso, da responsabilidade de ambos os cônjuges.

3º- Para tanto e nos termos do citado art. 1691º, nº. 1, al. c), torna-se ainda necessário que a dívida tenha sido contraída pelo cônjuge administrador e nos limites dos seus poderes de administração.

4º- Em obediência ao princípio constitucional da igualdade jurídica dos cônjuges, a lei civil, relativamente aos bens comuns do casal, passou a reconhecer a legitimidade de qualquer dos cônjuges para a prática de actos de administração ordinária (art. 1678, nº. 3, 1ª parte) - administração concorrente -, exigindo, porém, o consentimento de ambos os cônjuges, para a prática de actos de administração extraordinária (art. 1678º, nº. 3, 2ª parte)- administração conjunta.

5º- São actos de administração extraordinária, os que visam a realização de benfeitorias ou melhoramentos nas coisas ou a frutificação anormal (excepcional) dos bens.

6º- A construção de um prédio urbano levada a cabo pela ré mulher em terreno comum do casal e com recurso a empréstimo de dinheiro é um acto de administração extraordinária, para cuja prática, o citado art. 1678º, nº. 3º, 2ªparte, exige o consentimento do réu marido, não sendo, da responsabilidade deste a

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dívida contraída pela ré mulher nos termos do disposto no art.1691º,nº. 1, al. c) do C. Civil.

Acórdão do tribunal da Relação de Coimbra, de 30-11-2010

II – Para que um cônjuge possa, à luz do disposto na al. c) do nº 1 do artº 1691º do CC, ser responsabilizado por uma dívida contraída pelo outro, necessário se torna que: a) essa dívida tenha sido contraída na constância ou vigência do matrimónio; b) que o tenha sido em proveito comum do casal; c) e que o tenha sido no âmbito e nos limites dos poderes de administração do cônjuge que a contraiu.

III – Regime esse que se aplica independentemente do regime de bens que vigore entre os cônjuges, sendo que tais requisitos são cumulativos e cujo ónus de alegação e prova incumbe, como regra, ao autor que dele pretenda prevalecer-se.

IV – Haverá proveito comum do casal sempre que a dívida tiver sido contraída tendo em vista os interesses comuns do casal, ou seja, o interesse da sociedade familiar, sendo que o mesmo, salvo nos casos em que a lei o declarar, não se presume, pelo que terá de ser alegado e provado.

V – O proveito comum do casal deve ser aferido, como critério, em função do fim visado pelo devedor com a contracção da dívida e não pelo seu resultado da aplicação da mesma.

VI – O referido proveito não se esgota num conteúdo puramente económico, podendo mesmo acontecer que o fim visado se reduza tão somente a um interesse intelectual, espiritual ou moral, tudo a avaliar casuisticamente, ou seja, perante cada caso concreto.

VII – Saber se determinada dívida foi contraída em proveito comum do casal implica ou envolve, simultaneamente, uma questão de facto (que comporta a averiguação do destino dado ao dinheiro representado pela dívida) e uma questão de direito (que se traduz em averiguar ou ajuizar se, em face desse destino apurado, a dívida foi ou não contraída em proveito comum do casal).

VIII – A simples prova de que um dos cônjuges aplicou o dinheiro, que lhe foi entregue na sequência de um empréstimo bancário que só ele contraiu, na aquisição de um veículo automóvel revela-se, só por si, manifestamente insuficiente para preencher e integrar quer o aludido conceito de “proveito comum do casal”, quer mesmo o conceito de “património comum do casal”.

Dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio, salvo se se provar que não foram contraídas no interesse do casal (artigo 1691º, nº 1, al. d) do CC). Esta alínea não tem aplicação no caso de separação de bens

São também da responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas que onerem doações, heranças ou legados, quando os bens ingressem património comum (artigos. 1691º, nº 1, al. e) e 1693º). As doações heranças ou legados são bens comuns no regime da comunhão geral ou em caso de regime atípico que preveja essa comunicabilidade. O cônjuge não tem de consentir na aceitação da

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herança ou legado, porém pode limitar a sua responsabilidade por dívidas ao valor dos bens (artigo 1693º, n.º2, CC).

Por força do regime de bens escolhido e desde que a dívida tenha sido contraída em proveito comum do casal, são ainda comuns as dívidas contraídas antes do casamento por qualquer dos cônjuges vigorando o regime da comunhão geral de bens (artigo 1691º, n.º2 do CC).

As dívidas que onerem bens comuns são da responsabilidade de ambos os cônjuges (artigo 1694º, n.º1)

Após determinar quem responde pela dívida, deve, então, procurar saber-se que bens respondem pelo seu cumprimento.

Assim, e se a dívida for comum,

Bens que respondem pelas dívidas de responsabilidade comum são os bens comuns e, na falta ou insuficiência deles, os bens próprios de qualquer dos cônjuges (artigo 1695º, nº1 do CC). A responsabilidade entre os cônjuges será solitária exceto no regime de separação de bens.

São da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges as dívidas previstas no artigo 1692º do CC.

Dívidas contraídas por um dos cônjuges sem o consentimento do outro, fora do disposto nas alíneas b) e c) do artigo 1691º do CC.

Dívidas provenientes de crimes e indeminizações, multas, custas judiciais por factos imputáveis apenas a um dos cônjuges.

Dívidas que onerem doações, heranças ou legados, quando os bens não ingressem o património comum (artigo 1693º)

Dívidas que onerem bens um dos cônjuges e não tenham como causa a perceção dos respetivos rendimentos que sejam comuns por força do regime adotado

De acordo com o artigo 1696º do CC pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os seus bens próprios e, subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns.

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Respondem ainda ao mesmo tempo que os bens próprios os bens elencados no n.º2 do artigo 1696º do CC.

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