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APOSIÇÃO DE ORAÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS E NO INGLÊS: O PROCESSAMENTO NO BILINGÜISMO Juliana Meyohas Moreira Maia DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA DA FACULDADE DE LETRAS, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM LINGÜÍSTICA. ORIENTADOR: PROF. MARCUS ANTONIO REZENDE MAIA, Ph.D. RIO DE JANEIRO ABRIL DE 2005

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APOSIÇÃO DE ORAÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS E NO

INGLÊS: O PROCESSAMENTO NO BILINGÜISMO

Juliana Meyohas Moreira Maia

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA

DA FACULDADE DE LETRAS, DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO

TÍTULO DE MESTRE EM LINGÜÍSTICA.

ORIENTADOR: PROF. MARCUS ANTONIO REZENDE

MAIA, Ph.D.

RIO DE JANEIRO

ABRIL DE 2005

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UFRJ

APOSIÇÃO DE ORAÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS E NO

INGLÊS: O PROCESSAMENTO NO BILINGÜISMO.

Juliana Meyohas Moreira Maia

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA

DA FACULDADE DE LETRAS, DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO

TÍTULO DE MESTRE EM LINGÜÍSTICA.

ORIENTADOR: PROF. MARCUS ANTONIO REZENDE

MAIA, PH.D..

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RIO DE JANEIRO

ABRIL DE 2005

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DEFESA DE DISSERTAÇÃO

MAIA, Juliana Meyohas Moreira. 2005. Aposição de orações relativas noportuguês e no inglês: o processamento no bilingüismo. Rio de Janeiro:UFRJ (Dissertação de Mestrado)

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Lingüística e

Filologia da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Lingüística.

Banca Examinadora:

Prof. ________________________________________ - Orientador

Doutor Marcus Antonio Rezende Maia (UFRJ)

Prof. ________________________________________

Doutor Humberto Peixoto Menezes (UFRJ)

Prof. ________________________________________

Doutor Roberto de Almeida (Concordia University)

Prof._________________________________________ - Suplente

Doutora Mônica Nobre (UFRJ)

Prof._________________________________________ - Suplente

Doutora Marília Facó Soares (UFRJ)

Defendida a dissertação,

Conceito: ____________

Em ____/____/________.

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Maia, Juliana Meyohas Moreira.“Aposição de orações relativas no português e no inglês: o

processamento no bilingüismo"/ Juliana Meyohas Moreira Maia. -Rio de Janeiro: UFRJ/ FL, 2005.

xii, 108f.: il.; 31 cm.Orientador: Marcus Antônio Rezende MaiaDissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/

Programa de Pós-graduação em Lingüística e Filologia, 2005.Referências Bibliográficas: f. 72-75.1. Lingüística. 2. Psicolingüística. 3. Português do Brasil.

4. Orações relativas. 5. Processamento de sentenças. I. Maia,Marcus Antônio Rezende. II. Universidade Federal do Rio deJaneiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-graduação emLingüística e Filologia. III. Título.

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SINOPSE

Esta dissertação visa a investigar as estratégiasde parsing empregadas por sujeitos bilíngüesem português e inglês no processamento deestruturas sintaticamente ambíguas do tipoSN1-prep-SN2-OR. As orações relativasfinais, pospostas a um SN complexo,constituem o único tipo de estrutura já testadaque foge ao princípio da aposição local, queprevê que a OR seja aposta universalmente aoSN2. A variação translingüística verificada noprocessamento dessas sentenças mostra-se útilna investigação de como é processado o inputna mente dos bilíngües. Neste estudo,entreteremos a aplicabilidade da Hipótese daProsódia Implícita (Fodor, 1998; 2002),sugerindo que seria plausível a proposição deum parser universal, cujo default atuaria deacordo com o princípio da aposição local. Avariação translingüística, assim como asdivergências internas nos grupos de bilíngües,decorreriam do acesso à informação prosódicano processamento. Os dados obtidos sãointerpretados como evidência de que asvariações lingüísticas decorrem da interaçãoentre o princípio da aposição local e asparticularidades prosódicas das línguas..

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Marcus Maia pelo generoso apoio durante este trabalho.

Aos coordenadores e professores do programa de Pós-graduação, em especial a Marília

Facó, Myrian Freitas, Humberto Peixoto e Márcia Damaso. Às pessoas que direta ou

indiretamente ajudaram durante a pesquisa, em particular, Maria do Carmo Lourenço-

Gomes - nossa querida Cacau, Márcio Leitão, Guiomar Albuquerque, Eduardo Kennedy,

Gean Damulakis e Mauro S’antana.. A todos aqueles que participaram dos estudos

apresentados aqui e àqueles que permitiram o acesso a eles. A Gastão Coelho Gomes pelo

tratamento estatístico dos dados experimentais. Ao apoio técnico do Laboratório de

Psicolingüística Experimental (LAPEX).

Esta pesquisa não seria viável sem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES).

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ÍNDICE

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................... ........................ 13

1.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 13

CAPÍTULO 2 O PROCESSAMENTO DA ORAÇÕES RELATIVAS 16

2.1 A Teoria do Efeito Labirinto.. .............................................................................. 16

2.2 O Caso do Português............................................................................................ 22

CAPÍTULO 3 O PROBLEMA DAS ORAÇÕES RELATIVAS- MODELOS PROPOSTOS 27

3.1 O Problema das Orações Relativas- Modelos Propostos..................................... 27

3.1.1 Tuning ,ou Teoria da Sintonia....................................................................... 28

3.1.2 Teoria da Proximidade do Predicado ............................................................ 29

3.1.3 Construal ...................................................................................................... 31

3.2 A Hipótese da Prosódia Implícita.......................................................................... 34

Capítulo 4 O PROCESSAMENTO DAS ORAÇÕES RELATIVAS NO BILINGUISMO ...... ........ 39

4.1 Dados experimentais do bilingüismo................................................................... 39

4.2.O português e o inglês.......................................................... ................................ 40

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4.2.1 Estudo preliminar ........................................................................................ 40

4.2.2 Estudo II .......................................................... ............................................ 45

4.3 O espanhol e o inglês ........................................................................................... 53

CAPÍTULO 5 EXPERIMENTO ............ .................... ........... ..... ............................................ 59

5.1 Justificativa................ .......................................................................................... 59

5.2 Materiais............................................................................................................... 60

5.2.1 Avaliação dos materiais.................................... ........................................... 61

5.3 Sujeitos........................ ........................................................................................ 64

5.4 Procedimentos...................................................................................................... 65

5.5 Predições .............................................................................................................. 65

5.6 Resultados e discussões ........................................................................................ 67

5.7 Conclusões .......... ............................................................................................... 69

CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 73

6.1 Considerações finais. ............................................................................................ 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 75

ANEXO 1 QUADRO DE LÍNGUAS............................................................................................ 80

ANEXO 2 MATERIAIS 2004..................................................................................................... 81

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ANEXO 3 MATERIAIS 2005.................................................................................................... 84

ANEXO 4 PERFIL DOS SUJEITOS............................................................................................ 101

ANEXO 5 TESTE DE PLAUSIBILIDADE.................................................................................. 103

ANEXO 6. TABELAS DE CONTINGÊNCIA .............................................................................105

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Capítulo 1

Considerações Iniciais

Este trabalho tem como foco principal a investigação do processamento de orações

relativas estruturalmente ambíguas por parte de bilíngües tardios do português brasileiro,

cuja segunda língua é o inglês. Estruturas desse tipo são consideradas ambíguas pelo fato

de a oração relativa (OR) poder ligar-se tanto no âmbito do primeiro (SN1) quanto no

âmbito do segundo (SN2) sintagma nominal complexo que a precede, em tempo: SN1 prep

SN2 OR. Por exemplo, observe-se uma frase como (1), abaixo:

(1) Julia demitiu o secretário do advogado que estava de férias.

A relativa que estava de férias pode ser processada como fazendo referência ou a o

secretário ou a o advogado, respectivamente, SN1 e SN2. Segundo a teoria do Garden

Path, ou Efeito labirinto (Frazier & Fodor, 1979), seu processamento seria guiado pelo

princípio do Late Closure (LC), ou Aposição Baixa1. De acordo com esse princípio,

falantes aporiam localmente a oração relativa, o que na frase (1) estaria representado como

sendo o advogado quem estava de férias. Entretanto, um estudo realizado por Cuetos &

Mitchell (1989), que testou a compreensão desse tipo de estrutura no espanhol, revelou que

essa língua apresentava tendência a apor alto a relativa, contradizendo a previsão feita com

base no principio da Aposição Baixa. Essa preferência em ligar a OR ao N1 expressa pelos

1 Por vezes, usaremos aposição local. Note-se que tanto aposição baixa quanto aposição local referem-se aomesmo princípio, o Late Closure.

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falantes de espanhol foi, então, atribuída a um principio concorrente, o Early Closure(EC),

ou Aposição Alta, e a universalidade do Late Closure foi, assim, posta em xeque.

Com base nesses dados experimentais, línguas em todo o mundo foram testadas

quanto à aplicabilidade do princípio da aposição local. A distribuição complementar entre

os princípios da Aposição Baixa e da Aposição Alta levou à configuração de um quadro

classificatório no qual as línguas poderiam ser agrupadas quanto à sua preferência de

aposição da relativa posposta a um sintagma nominal complexo. Os resultados obtidos a

partir de tais estudos trouxeram evidências que justificam ser esse, SN1- prep- SN2- OR , o

único tipo de estrutura já testada que foge ao princípio da Aposição Local. A escolha pelas

orações relativas em contexto de ambigüidade estrutural deve-se, pois, a seu

comportamento peculiar de poder exibir preferências opostas quanto às estratégias de

processamento empregadas na sua compreensão. Esse tipo de frase torna-se relevante na

investigação do processamento no bilingüismo. A pesquisa com falantes bilíngües, cujas

primeira e segunda línguas divergem quanto à sua preferência de aposição das relativas,

pode trazer novos dados para o entendimento sobre como se dá o processamento de frases

dentro da mente/cérebro dos bilíngües.

Estudos comparativos realizados entre monolíngües e bilíngües (Maia & Maia,

2001, 2005 e Dussias, 2002) que lidavam com línguas contrastivas quanto à sua preferência

de ligação da OR, sugerem que, quando a primeira língua apresenta comportamento

condizente com o princípio da Aposição Baixa, o processamento de sua L2 será afetado por

esse principio, mesmo que ela aponte, por parte de seus monolíngües, para a preferência

pela aposição alta. Esse é caso dos bilíngües L1 inglês, língua de ligação baixa, e L2

português ou espanhol, línguas de aposição alta. Tais estudos também indicam que, quando

a primeira língua dos bilíngües demonstra preferência pela aposição alta, a segunda língua

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de tendência a apor baixo manterá esse comportamento de preferir a aposição local. Esse é

o caso dos bilíngües L1 português ou espanhol- L2 inglês. Neste trabalho, argumentaremos

que tais diferenças nas estratégias de processamento empregadas para a computação da

segunda língua nos bilíngües, cujas L1 e L2 diferem quanto à preferência de aposição da

OR em frases estruturalmente ambíguas, podem ser atribuídas a questões pertinentes à

interface processamento sintaxe-prosódia, mantendo-se, pois, a universalidade do princípio

da aposição baixa intacta.

Este texto encontra-se dividido em seis capítulos. No segundo capítulo, trataremos

da Teoria do Efeito Labirinto, expondo evidências e contra-evidências no português do

Brasil a um de seus princípios, o da aposição baixa, e como o debate acerca de sua

universalidade ainda é central para a pesquisa recente no campo do processamento de

frases. No terceiro capítulo, discorreremos sobre os modelos de processamento decorrentes

da falência do modelo inicialmente proposto pela Teoria do Efeito Labirinto e como o

processamento específico das orações relativas é neles tratado, sejam eles a Teoria da

Proximidade do Predicado, a teoria Tuning, o modelo Construal e a Hipótese da Prosódia

Implícita. No quarto capítulo, discutiremos estudos sobre as orações relativas realizados

com sujeitos bilíngües e mostraremos como os resultados experimentais apresentados

nesses estudos impulsionam o presente trabalho. No capítulo cinco, exporemos o

experimento realizado para este estudo e discutiremos os resultados obtidos. Finalmente, no

capítulo seis, explicaremos nossos dados experimentais com base na Hipótese da Prosódia

Implícita (Fodor, 1998; 2002) e delinearemos algumas considerações a respeito das

perspectivas futuras para a análise do processamento das orações relativas por falantes

bilíngües.

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Capítulo 2

O PROCESSAMENTO DAS ORAÇÕES RELATIVAS

2.1. A Teoria do Efeito Labirinto

Iniciaremos nossa introdução à Teoria do Efeito Labirinto por meio de uma breve

exposição a respeito do mecanismo da faculdade humana da linguagem responsável pela

decodificação do input lingüístico em informação relevante para a compreensão gramatical

das frases de uma língua. Esta linha de raciocínio é justificável tendo em vista que a exata

compreensão da arquitetura desse mecanismo constitui o objeto final das pesquisas na área

do processamento lingüístico, entre as quais se inclui este trabalho.

Esse mecanismo possui como prerrogativa, mesmo após a construção de uma

gramática-alvo na aquisição, processar todo e qualquer estímulo lingüístico na produção e

na compreensão da linguagem. Estamos falando do parser. Esse termo, sem tradução

consagrada para a língua portuguesa, refere-se ao mecanismo humano de processamento de

sentenças, ou analisador sintático.

Basicamente, nosso input na compreensão da língua é constituído por uma cadeia de

palavras, encontradas uma a uma. Uma vez percebido o estímulo lingüístico, suas palavras

devem ser analisadas e organizadas hierarquicamente, de forma a gerar estruturas sensíveis

à gramática da língua. Podemos admitir que nem sempre as mensagens lingüísticas que

recebemos são claras e bem construídas. Não raro, mormente na oralidade, mudamos a

estrutura das frases que emitimos ainda no decorrer de sua enunciação e enunciados

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ambíguos são produzidos a todo instante. Podemos assumir ainda que, a despeito de toda a

complexidade dos estímulos que recebemos, somos capazes de analisá-los e interpretá-los

de forma suficientemente rápida e eficaz para garantir o sucesso da comunicação. A

questão lógica recai, pois, sobre como conseguiríamos armazenar e processar tão

rapidamente as informações contidas no input, ou seja, sobre quais seriam os princípios que

regulam o modus operandi de nosso parser. Três desenhos são oferecidos. No modelo

delay, o parser atrasaria sua ação até o momento do estímulo em que uma possível

ambigüidade fosse desfeita e só então daria início à construção de sua análise, estando certo

de qual a árvore correta a ser construída. Entretanto, esta proposta esbarra nos limites de

nossa memória de curto prazo. A retenção perceptual de uma palavra na memória sensorial

auditiva é de cerca de 4 segundos, conforme estabelecido experimentalmente (Darwin,

Turvey & Crowder, 1972). No parseamento paralelo, o parser construiria simultaneamente

todas as possíveis análises do input, desfazendo-se daquelas não satisfatórias ao final da

computação. Também essa proposta mostra-se inadequada. A construção de várias análises

seria por demais custosa ao processamento, não obedecendo a princípios de economia, visto

que depois todas, à exceção da correta, seriam descartadas. No parser serial, cada palavra

também seria computada conforme recebida, porém ater-se-ia apenas a uma única estrutura,

refazendo sua análise apenas caso essa estrutura inicial fosse errônea. Tal proposta tem a

vantagem de evitar uma explosão computacional, visto que a memória de curto prazo teria

dificuldades em manter diferentes alternativas sintáticas e semânticas ativas até que uma

delas fosse a escolhida.2

2 Ribeiro (2005) expõe: “..., os resultados de nossos experimentos... rejeitam a Hipótese doProcessamento Paralelo, bem como aquelas que preconizam delay do parser para decidir entre asanálises alternativas de estruturas temporariamente ambíguas. Rejeitam ainda igualmente a hipótese

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É com esse último desenho que a Teoria do Efeito Labirinto (The Graden-Path

Theory) ( Frazier & Fodor, 1978; Frazier, 1979; Frazier & Rayner, 1982), um importante

modelo proposto para o processamento de frases nas ultimas duas décadas, se compromete.

Ela postula um parser eficiente, modular, incrementacional, serial e fechado à introspecção.

Seria modular, pois não teria acesso durante a análise inicial a informação de caráter

semântico-pragmático, além de suas próprias rotinas estruturais especializadas, precedendo

a fase interpretativa da compreensão. Seria incrementacional, pois faria uso da gramática da

língua estímulo para estruturar uma cadeia de palavras imediatamente, conforme elas são

recebidas. Serial, pois comprometer-se-ia com uma única análise sintática. Em caso de

ambigüidade estrutural, o parser procederia de forma serial, optando por apenas uma das

estruturas permitidas pela gramática da língua em uso. Essa primeira análise corrida, de

cunho estritamente sintático, apenas seria revista quando questionada, posteriormente, em

níveis interpretativos, menos reflexos, estando, pois, o parser fechado inicialmente á

introspecção.

Ainda, Segundo a Teoria do Efeito Labirinto, ou TGP, todos os princípios que

regem o parser são universais. Apesar de as línguas terem diferentes gramáticas, o

dispositivo mental que emprega essa gramática no processamento de frases é sempre o

mesmo, estando alheio à língua estímulo.

Além do princípio da imediaticidade da análise, a TGP postula outros dois

princípios que regulariam a ação do parser. Junto com o Minimal Attachment (MA), o Late

Closure(LC) constitui parte dessa teoria que visa a explicar como o parser, baseado numa

condição de economia da memória de curto prazo, computa a análise inicial de uma

de que o parser utiliza a informação semântica antes ou ao invés da sintática na condução doparsing.”

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sentença. O Minimal Attachment3, ou princípio da Aposição Mínima, propõe que o parser

irá escolher o meio mais simples, e mais rápido, de analisar uma sentença, construindo um

marcador frasal com o mínimo de nós possível. O Late Closure4, ou princípio do Aposição

baixa, deve ser invocado quando não é possível decidir por uma estrutura apenas

computando-se o número de nós. Baseado no Princípio da Associação Imediata de Kimball

(1973), o LC prediz que ligamos novos itens à sentença correntemente sendo processada

(Frazier, 1987:562). Um exemplo de MA é dado em (1), no qual a clássica sentença de

Bever (1970) é tida como sendo preferencialmente analisada como a sentença do verbo

principal em (a) e não como a relativa reduzida em (b). A razão para tanto, argumenta

Frazier, seria a preferência do parser por menos nós, devida às limitações da memória em

operação.

(1)a. [[The horse] [raced past [the barn]]… fell]

b. [[The horse[raced past [the barn]] fell]]

Em (1a), o parser sofre o efeito labirinto ao buscar a estratégia pelo menor número

de nós. Comprometendo-se rapidamente com essa análise, o parser analisa o verbo ambíguo

“raced” como forma flexionada no passado simples. Entretanto, quando surge o espaço de

tempo de milissegundos no qual o parser deve integrar a forma verbal “fell” à estrutura, o

campo estrutural V já se encontra ocupado pelo errôneo palpite que fora guiado pelo

princípio da economia, “raced”. De acordo com a proposta de Frazier, ele deve, então,

3 Minimal Attachment: “Do no postulate any potentially unnecessary node.”4 Late Closure: “Attach new items into the clause or phrase currently being processed.”

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passar uma segunda análise corretiva para estabelecer estrutura reduzida relativa não

mínima em (1b).

Um outro tipo de estrutura, que é tema central desta dissertação, também

desencadearia um efeito labirinto durante seu processamento inicial. As orações relativas

subseqüentes a um sintagma nominal complexo configuram um tipo único de ambigüidade

estrutural. Sentenças do tipo SN1 prep SN2 OR, nas quais a oração relativa poderia ligar-se

tanto ao primeiro quanto ao segundo sintagma nominal, estariam submetidas ao princípio

de processamento da Aposição baixa, LC.

(2)a. Alguien disparó contra la criada de la actriz que estaba en el balcón.SN1 SN2 RC

b. Someone shot the servant of the actress who was in the balcony.SN1 SN2 RC

O Late Closure pode ser exemplificado em estruturas como (2), acima. Tanto a

análise que liga a OR ao N1 (Aposição alta) quanto a que a liga ao N2 (Aposição baixa),

postulam equivalente número de nós, eliminando, assim, a aplicabilidade do MA. A

decisão, então, é tomada com base na estratégia “faça o que está fazendo”, ou seja, invoca-

se o princípio da aposição local. De acordo com Frazier (1979), o parser escolheria prender

a oração relativa à frase correntemente sendo processada. Essa ligação ao N2 é, então,

proposta como sendo universalmente preferida pelo parser.

Contudo, um estudo conduzido por Cuetos & Mitchell (1988) mostrou que, ao

contrário do que ocorre com o inglês, o LC não é a estratégia preferencialmente empregada,

por exemplo, na análise da frase equivalente em espanhol, 2 (a). Ao responder perguntas do

tipo “¿Quién estaba en el balcón?”, sujeitos espanhóis revelaram tendência significativa ao

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EC (la criada estaba em el balcón.). De forma contrária, sujeitos de língua inglesa

demonstraram sua preferência em apor a relativa who was in the balcony ao nome actress.

A pesquisa comparativa de Cuetos & Mitchell acerca da compreensão de orações relativas

ambíguas em espanhol e em inglês mostrou que há diferenças translingüísticas no

processamento sintático de sentenças, desafiando a universalidade da estratégia do Late

Closure (LC), proposta por Frazier (1979), que fora estabelecida com base em dados

restritos à língua inglesa.

A partir das evidências do espanhol, outras línguas começaram a ser investigadas

quanto ao comportamento de seus falantes frente a sentenças contendo orações relativas em

contexto de ambigüidade estrutural. Em Fodor (2002), encontramos o quadro abaixo, que

expõe os resultados desses estudos. Nele, vemos agrupadas as línguas, segundo a

preferência de aposição da relativa em frases do tipo SN1-prep- SN2- OR.

QUADRO I5

Tendência à aposição alta Tendência à aposição baixa

Afrikaans Alemão Inglês Americano? Inglês Britânico

Croata Espanhol Árabe Egípcio Romeno

Francês Italiano? Norueguês Sueco

Holandês Russo Português Brasileiro?

Fodor (2002)

Pontuando-se que apenas uma exceção, as estruturas do tipo SN1-prep-SN2-OR, é o

suficiente para a queda da universalidade de um principio, a aparente falência do Princípio

da Aposição Local (LC) levanta o questionamento de se o processador sintático, parser,

opera sob princípios universais ou se é regido por parâmetros específicos de cada língua.

5 Para um quadro mais detalhado,veja o Anexo 1.

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2.2 O Caso do Português

No quadro 1, o português brasileiro (PB) encontra-se alocado junto a línguas com

preferência pela aposição alta. Tal diagramação é conseqüência dos resultados obtidos no

estudo de Miyamoto (1999) sobre o processamento de orações relativas no PB e no

Japonês. O autor trabalha com a concordância de numero entre o nome e o verbo na

aposição de orações relativas plenas e reduzidas. Em experimento on-line de metodologia

de leitura auto-monitorada, as frases experimentais eram apresentadas palavra por palavra

na tela do computador, de modo não cumulativo, na tentativa de evitar qualquer

enviesamento nos dados decorrente de uma segmentação em blocos. A análise dos dados de

compreensão, bem como dos tempos de leitura, sugeria que a aposição baixa era a

estratégia preferida no PB, que, conseqüentemente, alocar-se-ia junto a línguas de

comportamento semelhante ao inglês.

Quase que concomitantemente, um estudo realizado por Ribeiro (1999), testando a

aplicabilidade preferencial do LC no PB, apresentou resultados diferentes daqueles

recolhidos por Miyamoto. Um experimento de metodologia off-line de questionário foi

conduzido segundo os moldes do experimento 1A, , de Cuetos & Mitchell (1988), tendo as

frases sido adaptadas ao PB e selecionadas, observando a plausibilidade semântico-

pragmática, bem como a animacidade de ambos os Ns dos sintagmas nominais que

poderiam servir de local para interpretação da oração relativa posposta. Da analise dos

dados, concluiu-se pela preferência dos falantes de PB pela aposição alta, aproximando o

PB ao grupo de línguas ao qual o espanhol pertence. Ainda, dados de seu experimento on-

line, que replicava no português o experimento de leitura auto-monitorada de Cuetos &

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Mitchell (1988), mantendo a ligação das ORs compatível apenas ao antecedente mais

baixo, mostraram uma preferência pela aposição alta da OR.

Outros dois experimentos, que também testaram a preferência do PB quanto a

aposição das orações relativas, são Maia & Maia (2001, 2005). Embora tais estudos sejam

analisados em profundidade no capítulo 3, que trata do bilingüismo, adiantamos aqui que,

em ambos os experimentos de metodologia off-line, a preferência exibida pelos falantes

monolíngües do PB em apor as relativas foi pela aposição alta.

Destarte, podemos apontar a necessidade de se controlar os sujeitos quanto à sua

condição de bilíngüe no sentido de se obter dados mais limpos. Tanto em Miyamoto (1999)

quanto em Ribeiro (1999), cujos trabalhos visam a investigar a preferência de aposição das

relativas pospostas a um SN complexo na língua portuguesa, podemos perceber a não

observância desse fator. Ribeiro apresenta seus sujeitos apenas como alunos voluntários do

primeiro ano do Curso de Letras. A questão agrava-se no experimento conduzido por

Miyamoto, no qual os sujeitos são descritos como aprendizes adultos6 de língua inglesa,

vivendo nos Estados Unidos por períodos que variavam de uma semana a quinze anos

(Miyamoto, 1999:76).

Em um estudo off-line, Finger & Zimmer (2005) limita seu grupo de sujeitos como

sendo voluntários adultos de ambos os sexos, cursando terceiro grau, que relataram não ter

tido contato com uma segunda língua até os 6 anos7. Neste estudo, as autoras investigam a

6 Apesar de, na literatura, aprendizes adultos não serem considerados bilíngües verdadeiros, principalmentepelo fato de sua performance não raro estar aquém daquela esperada de um falante nativo, não muito se sabede sua competência e , apesar de ser um campo florescente, a questão do bilingüismo ainda carece deestudos.7 Ao tratar de aprendizes adultos, Bley-Vroman (1989) encontra respaldo na teoria do período críticodesenvolvida por Lenneberg (1967) para a aprendizagem de uma L2. Segundo essa teoria, por questõesorgânicas, de plasticidade cerebral , a disponibilidade para a faculdade da linguagem estaria prejudica após operíodo da puberdade. De fato, aprendizes jovens (early beginners) desenvolvem competência mais apuradaque aprendizes tardios (late beginners). Embora o recorte de sujeitos em Finger & Zimmer seja melhor

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preferência de falantes nativos do português brasileiro com relação à interpretação de

orações relativas complexas, bem como a influência do comprimento da OR (curta vs.

longa) 8 sobre sua ambigüidade de aposição, testando a Hipótese da Prosódia Implícita (Cf:

capítulo 3). Os resultados obtidos sugerem uma tendência no PB para a interpretação alta

da OR na estrutura do tipo SN1-prep-SN2-OR, com 63% de preferência de ligação ao N1

(z=3,64, p < 0,01). Os dados também revelaram interferência no comprimento da oração

relativa, estando a ligação alta facilitada quando o tamanho da relativa é maior, ou longo,

com 69%, visto que as orações relativas curtas apresentaram uma tendência menor de

aposição ao N1, com 58% de preferência.

Esse efeito do comprimento das orações relativas também foi observado em

Lourenço-Gomes (2003), que examinou no PB o efeito do comprimento do constituinte

sobre a interpretação final na estrutura do tipo SN1-prep-SN2-OR, com base na Hipótese

da Prosódia Implícita. Em experimentos on-line de leitura silenciosa com frases

segmentadas e não segmentadas, ao qual chamou de off-line controlado, realizado com

sujeitos nativos do PB, a autora obteve resultados compatíveis com Ingrid & Zimmer no

tangente a uma maior preferência pela aposição alta quando a oração era longa.

Dados obtidos do português europeu (PE) também foram trazidos para investigação

da tendência da língua portuguesa em apor alto as relativas nas estruturas ambíguas SN1-

prep-SN2-OR. Maia, Costa, Fernández e Lourenço-Gomes (2004) comparam os resultados

controlado que nos experimentos anteriormente expostos, se formos nos ater ao pregoado pela teoria doperíodo critico, tais sujeitos ainda poderiam ser considerados bilíngües. Esta realidade pode vir, conformeexplicitaremos no capítulo 3, a exercer interferência sobre os dados obtidos.8 Exemplo de frases experimentais, respectivamente, curta e longa.-Ontem à noite, meu irmão lembrou do filho do dentista que morreu. Quem morreu de um ataque de pneumonia? o filho o dentista-Ontem à noite, meu irmão lembrou do filho do dentista que morreu de um súbito ataque de pneumonia noano passado. Quem morreu de um ataque de pneumonia? o filho o dentista

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de uma tarefa de questionário off-line realizada com sujeitos nativos do PB e do PE,

respectivamente, graduandos no curso de Letras no Rio de Janeiro e em Lisboa. Em ambos

os grupos, a probabilidade de aposição alta aumenta quando o comprimento da OR é longo,

F1(1,116) = 67,43, p<.001; F2(1,22) = 45.55, p<.001. Tais resultados são debitados a

efeitos prosódicos desses dois dialetos em estabelecer uma ruptura prosódica após o SN

complexo na produção/ compreensão de sentenças com ORs longas.

Os dados de Finger & Zimmer (2005), Lourenço-Gomes (2003) e Maia et al. (2005)

parecem apontar para uma interferência da prosódia do PB e do PE sobre as estratégias

empregadas per seus falantes na resolução das estruturas ambíguas SN1-prep-SN2-OR. A

análise tanto do desenho quanto dos resultados desses estudos pode validar a proposta da

Hipótese da Prosódia Implícita de que o peso prosódico de um segmento irá lhe garantir

maior ou menor liberdade de aposição dentro da estrutura sendo processada. Dentro desse

quadro de trabalho, as relativas curtas tendem a se cliticizar, apondo-se, pois, localmente, e

as relativas longas, de maior peso prosódico, tomam para si maior liberdade, podendo apor-

se ao SN alto quando a prosódia da língua impõe uma ruptura precedente a essa OR.

Ribeiro (1999) e Maia & Maia (2001, 2005) trabalham com orações relativas consideradas

longas. A previsão estabelecida pela proposta prosódica estaria, então, também evidenciada

nestes experimentos. Quanto aos resultados levantados em Miyamoto (1999), o próprio

autor, em 2005, pondera que seus achados foram decorrentes de efeitos atribuídos ao

desenho do experimento9: Esse experimento, combinava, numa tarefa de interpretação on-

line, segmentação palavra por palavra, o que demandaria grande custo computacional,

9 “Em particular, a saliência dos substantivos no plural pode ter causado o tempo de leitura mais longoobservado nas associações distantes, e portanto esse resultado não pode ser usado como evidência de que apreferência no processamento de relativas completas ambíguas em português do Brasil é pelo substantivomais próximo” (Miyamoto, 2005:87)

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tendo em vista os limites impostos à memória de curto prazo destinada ao processamento

de frases. Além disso, usava como fator de desambigüização a manipulação da

concordância de número o que, conforme sugerido, posteriormente, pelo próprio

Miyamoto, pode ter levado a erros de concordância por atração. À combinação desses dois

fatores pode-se, pois, atribuir o viés encontrado para a aposição local.

A adoção da proposta de um parser de primeira análise estritamente sintático, que

somente num segundo momento checa traços semântico-pragmáticos, dá margem a

questionamentos desses resultados experimentais, à medida que dados oriundos de tarefas

off-line não são atribuíveis à captura dessa primeira varredura. Ainda que a medida das

influências pós-sintáticas, que ajudam a compor os resultados obtidos a partir desse tipo de

tarefa, ainda não tenha sido estabelecida com clareza, fato é que, no português brasileiro,

tanto estudos off-line quanto on-line (Ribeiro,1999) evidenciam tendência à aposição alta

das relativas longas.

É importante notar que a aplicabilidade do principio da aposição baixa é verificada

em outras estruturas na língua portuguesa que não as OR. Ribeiro (2003) reporta uma tarefa

on-line de leitura auto-monitorada em que o princípio da aposição é evidenciado10. As

considerações desta seção destacam, pois, a complexidade em torno do que costuma ser

apropriadamente caracterizado na literatura como "o problema de aposição de orações

relativas a SNs complexos".

10 Exemplos de frases testadas em Ribeiro (2003:95) que evidenciam a aplicabilidade no LC no PB:-Por mais que Jorge continuasse lendo / as histórias / aborreciam as crianças / da creche. (EC)-Por mais que Jorge continuasse lendo / as histórias / as crianças choravam / sem parar. (LC)

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Capítulo 3

O PROBLEMA DAS ORAÇÕES RELATIVAS- MODELOS PROPOSTOS

3.1 O Problema das Orações Relativas- Modelos Propostos.

Com a crise da Teoria do Efeito Labirinto, decorrente da proposta de Cuetos &

Mitchell (1988) que argumentava pela não aplicabilidade universal do princípio da

Aposição baixa no processamento das orações relativas estruturalmente ambíguas, novos

modelos de processamento foram propostos na tentativa de dar conta do comportamento

peculiar exibido por essas estruturas. Há, basicamente, dois grandes grupos em que

podemos enquadrar as explicações propostas para essa questão. Temos os modelos

baseados na gramática11e os modelos baseados na exposição a estímulos12.

Os modelos baseados na gramática, também tidos como universalistas, atribuem as

diferenças translingüísticas na aposição das ORs a particularidades nas gramáticas das

línguas individuais, considerando que os mecanismos de processamento são os mesmos

para todas as línguas. Segundo essa posição, o parser, bem como seus princípios, são

universais. A Teoria da Proximidade do Predicado, o Construal e a Hipótese da Prosódia

Implícita encontram-se nesse grupo. Os modelos baseados na exposição a estímulos

propõem que as preferências de aposição estejam baseadas em experiências anteriores com

esse mesmo tipo de estrutura, ou seja, é a interação entre o mecanismo de processamento e

11 Grammar-based12 Exposure-Based

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o estímulo ao qual os falantes são expostos que moldará as estratégias de processamento. O

Tuning, ou Teoria da Sintonia, encontra-se neste grupo.

Neste capítulo, iniciaremos com a apresentação do modelo baseado no estímulo,

qual seja, o Tuning. Seguiremos com os modelos universalistas da Teoria da Proximidade

do Predicado, do Construal e da Hipótese da Prosódia Implícita, enfatizando este último.

3.1.1 Tuning, ou Teoria da Sintonia

Cuetos, Mitchell e colegas (Mitchell & Cuetos, 1991, Cuetos, Mitchell & Corley,

1996, Brysbaert & Mitchell, 1996, entre outros) propõem que as variações translinguisticas

são explicadas pelo fato de que as rotinas de parsing são completamente moldadas pelo

input do ambiente em vez de limitadas por parâmetros específicos como sugerido

inicialmente em Cuetos & Mitchell (1988) ou apenas por eles influenciadas, como no

modelo acima.

A idéia básica é que as ambigüidades são inicialmente resolvidas de acordo com a

prevalência estatística das leituras alternativas na língua como um todo. Quando uma

estrutura não ambígua é aposta alta com grande freqüência numa língua, o parser estaria

moldado para interpretar as estruturas ambíguas de forma consistente com estímulos

anteriores, apondo-as alto, por entender que nesta língua haveria uma tendência maior para

aposições altas. Note-se que, para o Tuning, no que tange a concepção de um mecanismo de

compreensão, não é necessário haver uma explicação do porquê uma língua preferir apor

alto ou baixo. A preferência exibida por uma língua para a aposição da OR dá-se, pois, de

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forma arbitrária. A configuração deste quadro de trabalho leva Fodor (Fodor, J. D. & Maia,

M, 2003) a identificar esse modelo como proponente de “no parsing at all”.

Para apoiar esta suposição, no entanto, seriam necessários estudos de corpus nas

línguas de modo a ser possível estabelecer suas tendências. Entretanto, dados experimentais

do holandês (Brysbaert & Mitchell, 1996), tomados pelos autores como evidência a favor

de sua proposta, não encontram respaldo na análise de corpus. Exemplos de aposição de

relativas retirados de jornais indicam 31% de ocorrência da aposição alta. Esse percentual

não condiz, porém, com os obtidos experimentalmente, 60% (Fodor, J. D. & Maia, M,

2003).

3.1.2 Teoria da Proximidade do Predicado

Gibson, Pearlmutter, Canseco-Gonzáles & Hickok (1996) apresentaram uma

proposta na qual as operações do parser são guiadas essencialmente por dois fatores em

competição que interagem na tomada de decisão sobre a aposição de constituintes: Recency

preference13, ou princípio da localidade, correspondente à formulação básica do princípio

late closure (Frazier, 1979), que prevê que novos itens lexicais devem ser apostos,

preferencialmente, às estruturas mais recentemente construídas. Este princípio é proposto

como universal, dando respaldo às limitações da memória de curto prazo. Predicate

13 Preferentially attach structures for incoming lexical items to structures built more recently.(Gibson et al.,1996: 26)

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proximity14 , ou proximidade do predicado, que prevê que apomos o mais próximo possível

ao núcleo de um predicado, é proposto como passível a variações paramétricas.

Evidências a favor deste modelo são encontradas no espanhol e no inglês.

Fragmentos de sentenças do tipo estudado por Cuetos & Mitchell, porém envolvendo três

hospedeiros em vez de dois15, revelam que o nome do meio é o menos preferido. A ordem

da preferência de aposição era, do mais para o menos preferido, baixa-alta-do meio, tanto

para os falantes de inglês como de espanhol. Os resultados foram replicados, on-line e off-

line, em uma tarefa de julgamento de gramaticalidade. Os achados contrariaram as

evidências apontadas por Cuetos & Mitchell (1988) de que falantes espanhóis preferem

apor a OR ao hospedeiro mais alto quando o SN complexo é duplo. Os resultados

confirmam, pois, a predição de que, quando existem três hospedeiros para a aposição da

OR, a violação do primeiro fator (Recency preference) impõe mais custo ao processamento

do que quando existem apenas dois hospedeiros, ao passo que o custo associado à violação

do segundo fator (Predicate proximity) é assumido como sendo o mesmo para cada um dos

três locais não próximos ao predicado.

Quando o SN complexo é duplo, o primeiro fator compete com o segundo que está

sujeito a variações paramétricas e que determina a força de sua influência sobre as decisões

de aposição. Em espanhol, a violação da proximidade do predicado é mais custosa do que a

violação do fator localidade, ao passo que em inglês o mesmo não ocorre. Gibson et al.

(1996) sugeriram que a motivação para a maior ou menor primazia que as duas línguas

atribuem ao fator proximidade do predicado estivesse relacionada a diferenças na rigidez na

14 Attach as close as possible to the head of a predicate phrase.(Gibson et al., 1996:41)15 Exemplo de frases experimentais:- The lamps near the paintings of the house that was damaged in the flood.- The lamps near the painting of the houses that was damaged in the flood.

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ordem da palavra. No espanhol ela é mais livre e permite que os argumentos ocorram

depois do verbo em posição não adjacente. Em conseqüência, o verbo precisa ser ativado

com muita intensidade de modo que uma ativação suficiente esteja disponível quando o

argumento distante for processado. No inglês, em contrapartida, a ordem da palavra é mais

rígida, exigindo que os verbos sejam imediatamente seguidos por seus argumentos e,

portanto, o verbo não precisaria ser ativado com tanta intensidade quanto no espanhol.

Miyamoto (1999) argumenta que a preferência pela aposição local, por ele

encontrada, se justificaria, pois, pela ordem rígida VO encontrada no PB, assim como

ocorre no inglês, o que permitiria que o princípio da Recência prevalecesse.Tal explicação

não condiz com a realidade, visto que o PB tanto não é uma língua de ordem rígida, pois

admite advérbio entre o verbo e seu objeto, como também apresenta consistente evidência

em favor da preferência pela aposição alta. Ainda, mesmo estando o PB agrupado com o

espanhol pela preferência em apor alto a relativa, não é proposta uma explicação para que

os verbos dessas línguas sejam mais intensamente ativados.

3.1.3 Construal

Frazier & Clifton Jr. (1996) propõem que os princípios gerais de aposição como

argumentados no quadro da Teoria Garden Path (Frazier & Fodor, 1978; Frazier, 1979;

Frazier & Rayner, 1982), não se aplicam a qualquer tipo de estrutura. Um conjunto

particular está sujeito a um processo no qual os constituintes não são apostos ao marcador

- The lamp near the paintings of the houses that was damaged in the flood.

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frasal completamente determinado por princípios universais (tais como minimal attachment

e late closure). Em vez disso, eles são incorporados ao marcador frasal durante a

computação da sentença a partir de um processo específico de "associação", referido como

construal, sendo interpretados com base em informação estrutural e, ainda, com base em

informação semântica, pragmática e do discurso. A diferença entre os dois processos -

aposição e associação - é compreendida em termos de "relações primárias" e "relações não-

primárias". Constituintes obrigatórios (p. ex., complementos), são tomados como

estabelecendo relações gramaticais primárias na medida em que seus itens possuem

propriedades essenciais que precisam ser rapidamente fixadas para que possam ser

incorporados ao material prévio no marcador frasal logo que possível e atender à exigência

de uma análise sintaticamente bem formada na cadeia do input. Constituintes não

obrigatórios, como adjuntos, são associados, em vez de apostos, ao domínio de

processamento temático corrente, sendo interpretados com base em todo tipo de informação

disponível e necessária à sua análise inicial dentro deste domínio. A hipótese Construal é

sumarizada em Frazier & Clifton Jr. (op. cit., p. 41-42) como em (3) :

(3)16 a. Princípio Construal:

i. Associe um sintagma XP que não pode ser analisado como implicando a

ocorrência de uma relação primária no domínio de processamento temático

corrente.

ii. Interprete XP dentro daquele domínio usando princípios (interpretativos)

estruturais e não estruturais

16 a. Construal: Principle: i Associate a phrase XP that cannot be analyzed as instantiating a primary relationinto the current thematic processing domain.. ii. . Interpret XP within that domain using structural and non-

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b. Domínio de processamento temático corrente Current thematic processing domain

O domínio de processamento temático corrente é a projeção máxima estendida

do último atribuidor-theta.

Se, durante o mapeamento da sentença, um sintagma puder ser tomado como

primário, ele será processado como tal, com base em princípios estruturais, ainda que esta

análise tenha que ser revisada, ou seja, ainda que a atribuição de seu status como sintagma

primário se mostre incorreta. Caso contrário, ele será incorporado ao marcador frasal por

associação ao domínio de processamento temático corrente.

Como visto anteriormente, no quadro da Teoria Garden Path a aposição da OR ao

SN complexo é analisada com base no princípio late closure e, como previsto por este

princípio, a escolha inicial do parser favorece a aposição baixa (N2) antes do que a

aposição alta (N1). No modelo de Frazier & Clifton Jr. (op. cit.) a OR, nesta estrutura, é

tomada, ao lado de outros constituintes, como um sintagma não primário (adjunto) estando,

portanto, sujeita ao princípio construal.

(4) Martha cheered the brother of the priest who was in the school.

SN1 SN2 OR

Para dar conta da variância translingüística das ORs, Frazier postula dois princípios

de ordem discursiva, que concorreriam para a produção/compreensão dessas estruturas. A

Máxima da Clareza de Grice17 e o Princípio da Relevância Relativizada18. Segundo este,

structural (interpretative) principles.. b. The current thematic processing domain is the extended maximalprojection of the last theta assigner.17 A Máxima da Clareza de Grice (1975) postula: Be clear, seja claro.

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haveria uma tendência geral em todas as línguas a favor da aposição alta. Entretanto, no

caso do inglês, língua na qual existem duas formas para a construção do genitivo, o saxão,

que seria expresso na frase (4) com the priest’s brother, e o normano, instanciado em (4)

como the brother of the priest,, a Teoria Construal prevê que o Princípio da Clareza de

Grice se sobreporia ao da Relevância Relativizada. Dessa forma, línguas com formas

genitivas alternativas não ambíguas para expressar a aposição ao N1, devem apor baixo,

tendo em vista a Máxima da Clareza. Já outras línguas, que possuem apenas uma forma de

genitivo, devem apor alto, segundo o princípio da Relevância Relativizada.

Entretanto, esse modelo falha ao dar conta de línguas como o romeno, que não

possui forma alternativa para expressar o genitivo, mas que tende a apor baixo a relativa

final. Também há problema com evidências do holandês e do alemão que, mesmo

possuindo formas alternativas para o genitivo, demonstram preferência pela aposição alta

(Brysbaert & Mitchell, 1996).

3.2 A Hipótese da Prosódia Implícita

A "Hipótese da Prosódia Implícita" – Implicit Prosody Hypothesis, doravante HPI

(Fodor, 2002) constitui um importante objeto de investigação da área de processamento de

sentenças posto que, entre outros ganhos, traz explicações alternativas para algumas

questões intensamente discutidas à luz de modelos correntes de parsing. A proposta de

interface prosódia-sintaxe subjacente à HPI tem como pressuposto principal que tanto a

estrutura sintática como a estrutura prosódica são computadas durante a leitura, podendo

18 Frazier(1990) postula que o parser preferencialmente constrói um sintagma com sendo relevante para a

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esta última exercer influência sobre escolha alternativa de aposição de constituintes (Fodor,

1998; Bader, 1998). A HPI é apresentada abaixo, tal como formulada em Fodor (2002 a:

1)19:

Hipótese da Prosódia Implícita: na leitura silenciosa, um contorno

prosódico default é projetado sobre o estímulo, e pode influenciar a resolução da

ambigüidade sintática. Permanecendo iguais os outros elementos, o parser favorece a

análise sintática associada ao contorno prosódico (default) mais natural para a

construção.

Encontramos na literatura dois tipos de evidência que vêm dar suporte e essa teoria.

Alguns especialistas trabalham com dados obtidos a partir do exame de como a

manipulação do comprimento do constituinte20 pode produzir um efeito de anti-gravidade,

ou seja, de lhe garantir maior liberdade de aposição. Lovric(2003) examina, com base em

tarefas off-line de questionário e de produção oral, efeitos do comprimento da OR sobre as

estratégias de processamento empregadas por falantes de croata. Os resultados obtidos

evidenciam não apenas que o croata é uma língua de preferência por aposição alta, como

também que, tanto nos experimentos escritos quanto nos de produção oral, as ORs longas

são mais facilmente interpretadas como apostas ao N1 que as curtas.

Tais resultados sugerem que a prosódia tanto implícita quanto explícita exerce

influência no processamento. Finger & Zimmer (2005), Lourenço-Gomes (2003) e

proposição principal da sentença corrente.19 Implicit Prosody Hypothesis: In silent reading, a default prosodic contour is projected onto thestimulus, and it may influence syntactic ambiguity resolution. Other things being equal, the parserfavors the syntactic analysis associated with the most natural (default) prosodic contour for theconstruction.

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Maia et al. (2004), que também investigam o efeito do comprimento da OR no

processamento de sentenças no português, levantam dados condizentes com a

proposta prosódica. Nos três estudos, de metodologia off-line, encontramos

evidencia a favor da preferência de aposição alta para o português, bem como a

operância de um efeito anti-gravidade, estando as relativas longas mais livres para

apor alto.

Outro grupo de pesquisadores trabalha com evidência referente a características

prosódicas específicas da língua. A lógica subjacente a essa linha é a de que o estudo de

padrões prosódicos e entonacionais de uma língua trará uma melhor compreensão sobre

quais os traços específicos que podem determinar sua preferência em apor alto ou

localmente. Schafer, Carter, Clifton & Frazier (1996), através da utilização de sentenças

experimentais faladas, demonstraram que, em sentenças ambíguas SN1-prep-SN2-RC no

inglês, a prosódia pode guiar o comportamento do ouvinte. Recaído o acento sobre o N1,

aumentava significativamente a escolha pela OR estar modificando o N1. Recaído o acento

sobre o N2, aumentava a interpretação em favor de a OR estar modificando o N2. Neste

sentido, uma quebra entonacional entre o N2 e a OR favorecia a aposição alta, ao passo

que, quando da ausência da quebra, a tendência à aposição baixa fora relatada em Maynell

(1999). Lourenço-Gomes também observa que em português, assim como em francês21,

ambas línguas de aposição alta, há evidências de uma quebra prosódica precedente à OR

em posição final. Esse fato preveria a maior liberdade prosódica das OR nessas línguas,

20Orações relativas podem ser diferenciadas quanto a seu comprimento como sendo curtas oulongas. As consideradas curtas possuem apenas um item após o pronome reativo. As consideradaslongas possuem dois ou mais itens após o pronome relativo.21 “No inglês, os princípios prosódicos seriam flexíveis, permitindo que o fraseamento prosódico espelhe aestrutura sintática, ao passo que no francês eles exigiriam uma quebra entre N2 e uma OR longa,

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justificando, pois, a preferência em apor alto. A evidência de que no inglês não há essa

quebra após o SN complexo, sugere a previsão de que essa língua exibe grande

flexibilidade em termos de padrões prosódicos (Quinn et al., 2000).

De acordo com a HPI, a prosódia implícita exerceria, de mesma forma que a

explícita, influência sobre a escolha do falante na resolução de ambigüidade estrutural.

Evidência a favor pode ser encontrada nos experimentos on-line de metodologia auto-

monitorada. Nesse tipo de experimento, a forma de segmentação das frases pode enviesar

os dados recolhidos. Quando as frases são apresentadas com apenas uma quebra justamente

antes da OR, mostra-se preferência pela aposição alta. Gilboy & Sopena (1996) apontaram

que os efeitos da segmentação no parsing podem estar sendo mediados por um fraseamento

prosódico computado pelo falante. O mesmo efeito pode ser percebido quando de uma

vírgula logo após o NP complexo, em Carreiras (1992).

Contrariamente a Fodor, que propõe que o primeiro estágio do parsing seria

sensível a informação prosódica, Bader (1998) reconhece a influência da prosódia na

resolução da ambigüidade sintática apenas quando da reanálise. O autor fornece apoio

empírico à suposição de que durante a leitura silenciosa os leitores não apenas

computam a estrutura sintática mas também a estrutura prosódica da sentença. Em

uma série de experimentos on-line conduzidos em alemão, Bader usa partículas de

foco para manipular indiretamente a colocação do acento focal em sentenças

localmente ambíguas. Seus achados foram interpretados como sugerindo que a

resolução da ambigüidade sintática durante a leitura silenciosa é influenciada por

informação prosódica e que esta informação está presente na reanálise.

independentemente da aposição pretendida. A HPI, portanto, prediz que os leitores do francês projetam uma

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O debate é oportunamente analisado em Fernández (2005), que também defende a

inclusão da informação prosódica ao grupo dos fatores pós-sintáticos que determinam as

preferências de aposição. A autora pondera que se a as considerações prosódicas atuam nas

concatenações iniciais, cada constituinte é curto, e freqüentemente ainda mais curto que a

estrutura sintagmal a qual virá a se incorporar, no instante em que apenas as primeiras

poucas palavras foram lidas. A autora conjectura que talvez seja empiricamente impossível

distinguir uma aposição inicial ditada por princípios estritamente sintáticos daquela que

fora moldada por princípios prosódicos. Entretanto, ela sustenta que a interface sintaxe-

prosódia pode apenas ser instanciada após uma estrutura prosódica ter sido projetada e

comparada para melhor ajustar a estrutura sintática já construída.

Se a HPI conseguir provar ser possível atribuir as diferenças de processamento

sintático existentes entre as línguas ao crédito das diferenças entre os princípios prosódicos

em suas gramáticas, então a crise quanto à universalidade do parser estará desfeita.

ruptura antes de ORs longas, favorecendo o local mais alto.” Lourenço-Gomes(2003:62)

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39

Capítulo 4

O PROCESSAMENTO DAS ORAÇÕES RELATIVAS NO BILINGUISMO

4.1 Dados experimentais do bilingüismo

Neste capítulo, trataremos da literatura que trabalha com a comparação de dados

obtidos de grupos de bilíngües, cujas L1 e L2 diferem quanto às estratégias de

processamento empregadas por monolíngües na aposição das orações relativas. As línguas

já analisadas são o português e o espanhol, de aposição alta, e o inglês, de aposição baixa.

Maia & Maia (2001, 2005), que trabalham com português e inglês, e Dussias (2002, 2003)

e Fernández (1999), que trabalham com espanhol e inglês, traçam comparações entre os

grupos de monolíngües e de bilíngües. Já Fernández (2003) trabalha exclusivamente com a

comparação de dados obtidos de grupos bilíngües inglês-espanhol e espanhol-inglês.

Essa literatura específica, visto que os estudos nela contidos lidam com o inglês

como representante para uma língua de aposição baixa, pode ser, portanto, dividida

segundo a língua de aposição alta trabalhada. Na primeira seção deste capítulo,

apresentaremos dois estudos que comparam monolíngües e bilíngües tanto em português

quanto em inglês. É valido ressaltar que esses experimentos constituem a base de dados que

impulsionaram a presente dissertação. Na segunda seção, analisaremos estudos conduzidos

em língua espanhola e inglesa.

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40

4.2 O português e o inglês

Diante do impasse acerca da preferência dos falantes do PB em apor as relativas que

fora reportada no Capítulo 1, um experimento preliminar conduzido por Maia & Maia

(2001) investigou a preferência de ligação das OR em contexto de ambigüidade estrutural

por parte de sujeitos monolíngües de inglês e de português, bem como em bilíngües

português-inglês. Os dados dos monolíngües confirmaram aposição alta preferencial de

orações relativas longas para o português do Brasil. Os resultados dos bilíngües sugeriam

interferência das estratégias de processamento da L1 sobre a L2, fato que suscitava maiores

investigações.

Um experimento subseqüente (Maia & Maia, 2005) foi realizado. Nele, foi incluído

um quarto grupo, composto de bilíngües inglês-português, visando a verificar se a

interferência da L1 sobre a L2, apontada no experimento anterior, também neste seria

reproduzida. A análise estatística dos resultados sugeria não apenas a interferência de

estratégia de processamento da L1 sobre a L2, como também da L2 sobre a L1.

A seguir, reportamos tais experimentos a apontamos algumas considerações com

base em seus resultados.

4.2.1 Estudo Preliminar

Esse estudo off-line preliminar testou a estratégia de processamento preferida por

falantes monolíngües de português e de bilíngües português-inglês na leitura de períodos

contendo orações relativas em contexto de ambigüidade estrutural. A motivação para

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escolha desses grupos de sujeitos era a de não apenas confirmar as tendências de aposição

das relativas por parte dos monolíngües em português, como também investigar qual

poderia ser o comportamento dos bilíngües se, de fato, suas L1 e L2 diferissem quanto a

preferência de apor as relativas..

Materiais

Um estudo off-line de questionário foi desenvolvido sob as mesmas bases de

Cuetos & Mitchell (1988). O experimento, constituído por duas folhas de questionário,

continha dez sentenças experimentais e dez frases consideradas distratoras, todas seguidas

por uma pergunta de compreensão. As experimentais obedeciam ao padrão estrutural de um

SN complexo seguido por uma oração relativa que tanto poderia ligar-se ao N1 quanto ao

N2, caracterizando a ambigüidade estrutural, SN1 of SN2 RC. As frases alvo foram

extraídas do Apêndice A1 de Cuetos & Mitchell (1988). As distratoras obedeciam a

estruturas variadas e estavam apresentadas de forma randomizada ao longo das folhas de

teste. Os testes foram construídos em duas versões, uma em inglês e outra em português.

As frases foram mantidas o mais próximo da construção original, tendo as traduções sido

feitas de forma próxima à literal.

Exemplo de frases experimentais:

(5) a. Someone shot the servant of the actress [who was on the balcony].SN1 SN2 RC

- Who was on the balcony?

b. Alguém atirou na empregada da atriz [que estava na varanda]. SN1 SN2 RC

- Quem estava na varanda?

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Sujeitos

Para este estudo preliminar foram selecionados três grupos de sujeitos O grupo I

correspondia a monolíngües falantes de português. O grupo II era formado por sujeitos

monolíngües de inglês. Já o grupo III era constituído por falantes bilíngües de português

que tinham o inglês como segunda língua. Por cada grupo foram examinados dez sujeitos,

tendo sido contabilizado um total de trinta sujeitos neste experimento. Os sujeitos do grupo

I foram determinados como tendo acesso mínimo à língua. inglesa. Os sujeitos do grupo II

foram caracterizados como possuindo pouco ou nenhum conhecimento de português. Os

sujeitos do grupo III foram definidos como sendo professores de língua inglesa. Os sujeitos

do grupo III foram obtidos em fontes diversas e os dos grupos I e II foram obtidos no

contexto da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Procedimentos

Os três grupos de sujeitos foram apresentados às folhas de teste obedecendo ao

seguinte critério. Eles foram instruídos para que respondessem segundo sua intuição de

falantes daquela língua. Foi posto que não se tratava de um teste de erros ou acertos e que

de forma alguma estávamos testando seus conhecimentos de gramática normativa.O grupo

I, formado por falantes monolíngües de português, respondeu a versão em português do

questionário. O segundo grupo, de falantes monolíngües de inglês, respondeu a versão

inglesa do questionário. O terceiro grupo, composto por falantes nativos de português,

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tendo o inglês como segunda língua, primeiro respondeu o questionário em inglês e em

seguida foi apresentado a sua versão em português.

Predições

A motivação para a escolha desses três grupos de sujeitos era a de não apenas

confirmar as tendências de aposição das relativas por parte dos monolíngües, como também

investigar qual seria o comportamento dos bilíngües.

Para o grupo II, era esperado que os monolíngües em inglês expressassem

preferência pela aposição baixa, exibindo comportamento a ratificar o uso da estratégia do

aposição baixa. Para o grupo I, era esperado que os sujeitos aplicassem a estratégia de

processamento de aposição alta da oração relativa. Para o grupo III, a proposta era a de

investigar, assumindo-se a contrastividade de comportamento exibido pelas duas línguas

em seus sujeitos monolíngües, qual a estratégia de processamento empregada pelos

bilíngües em sua L2.

Resultados e discussão

Comparando a preferência do parser pela aposição alta ou baixa da oração relativa,

os resultados mostraram que o grupo I apôs alto numa percentagem de 76,25% contra

22,5% de baixa. O grupo II preferiu a estratégia da aposição local à da alta em números de

81,0% contra 19,0%, demonstrando conformidade com as expectativas encontradas na

literatura. O terceiro grupo ofereceu 65% de evidência a favor da aposição alta e 35% a

favor da baixa para a versão portuguesa do questionário, e 57,5% de ligação ao N1 e 42,5%

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de ligação ao N2 para a versão inglesa. Os dados percentuais estão expostos no gráfico

abaixo.

Grupo I Grupo III Grupo II

Português Eng. Port. English

Alta 76,25% 57,50% 65,00% 19,00%

Baixa 22,50% 42,50% 35,00% 81,00%

* 1,25% 0,0% 0,0% 2,0202%

Tabela 2-Resultados do estudo piloto. * Dados inválidos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

P PI-P PI-I I

Baixa Alta

Gráfico 1- Resultados percentuais do estudo piloto.

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Conclusões

As análises percentuais dos resultados obtidos confirmaram a expectativa para os

grupo II. Monolíngües de inglês tendem a ligar a oração relativa localmente. Os dados

extraídos do grupo I vieram a corroborar os resultados de Ribeiro (1999), que indicam

preferência dos monolíngües em português em apor a relativa ao SN mais alto. Entretanto,

o grupo dos bilíngües no qual se podia observar dois padrões lingüísticos interagindo,

curiosamente, nos forneceu diferentes percentagens, sugerindo uma possível interferência

de um sistema de parsing sobre o outro, na medida em que as diferenças processuais de

análise tenderam a se neutralizar.

Com a finalidade de continuar a explorar as questões levantadas por esses resultados

e, ainda, de investigar se a tendência encontrada no grupo III seria reproduzida num grupo

equivalente de sujeitos nativos de língua inglesa tendo português como L2, um segundo

experimento foi desenvolvido.

4.2.2 Estudo II

Diferentemente de Cuetos & Mitchell (1988), no qual as preferências de estratégias

de processamento de monolíngües (inglês e espanhol) são comparadas, Maia & Maia

(2001, 2005) não apenas compararam as estratégias de parsing de monolíngües em

português e em inglês, como também observou interferências do sistema de parsing da L1

sobre as estratégias de processamento da L2. Dessa forma, sujeitos monolíngües e bilíngües

foram testados em sua compreensão de orações relativas em contexto de ambigüidade, com

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frases do tipo exemplificado em (5). Eles foram apresentados a um questionário baseado no

experimento 1 em Cuetos e Mitchell (1988), no qual a opção de ligar a oração relativa ao

primeiro ou ao segundo SN, respectivamente alta e baixa, foi oferecida.

Materiais

Um questionário off-line, impresso tanto em português quanto em inglês (cf. Anexo

2), composto por vinte itens dos quais dez eram frases distratoras e as outros dez

correspondiam a sentenças experimentais. As sentenças distratoras eram frases não

ambíguas de variada estruturação sintática. Os itens experimentais eram formados de

acordo com o padrão SN1 prep SN2 OR, todos extraídas do Apêndice 1 de Cuetos &

Mitchell (1988). Para este experimento, as frases foram selecionadas de forma a garantir

um SN complexo homogêneo quanto ao traço de animacidade. Tanto N1 quanto N2 eram

seres +animados (Cf: Anexo 2 ). A adoção dessa postura deve-se ao fato de que, mesmo

sem ter sido feita análise estatística específica para esse fator, os itens do experimento

anterior apresentaram nítida preferência de aposição para o SN +animado quando o SN

complexo era misto a esse respeito22. Os itens foram distribuídos de forma aleatória. Cada

sentença foi seguida por uma pergunta, cuja resposta teria de ser, presumivelmente,

direcionada ao SN1 ou ao SN2. Exemplos de sentenças experimentais em português e em

inglês são providos abaixo:

22 No primeiro experimento piloto, sentenças como a abaixo apresentaram nítida preferência em apor a oraçãorelativa ao N + animado, “a criança”.-A anciã observava o brinquedo da criança que estava cama.-The old lady was observing the toy of the child that was on the bed.

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(6) a. John met the friend of the teacher [who was in Germany].SN1 SN2 RC

- Who was in Germany?

b. João encontrou o amigo da professora [que estava na Alemanha]. SN1 SN2 RC

- Quem estava na Alemanha?

Sujeitos

Os sujeitos, num total de 40 voluntários, foram divididos em quatro grupos: (I) dez

falantes monolíngües em português com conhecimento mínimo ou nenhum de inglês, a

maioria alunos da graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), todos nos

seus vinte e poucos anos; (II) dez falantes bilíngües em inglês com português como L1,

selecionados entre professores de inglês e alunos da graduação da UFRJ no curso de Letras

em Português-Inglês, também nos seus vinte e poucos anos; (III) dez falantes monolíngües

em inglês com mínimo ou nenhum conhecimento de português, estudantes de graduação

norte-americanos, e (IV) dez bilíngües em português com inglês como L1, professores de

inglês norte-americanos que usam o português como segunda língua. Ambos os sujeitos dos

grupos (II) e (IV) aprenderam sua segunda língua após os dez anos de idade, sendo

considerados, portanto, de acordo com Fernandez (1999), como aprendizes tardios, visto

que a puberdade é comumente tida como o final do período crítico para a aquisição de

línguas (Lenneberg, 1967 e Johnson and Newport, 1989, 1991 ). A respeito da proficiência

do grupo (II), parte dos sujeitos era professores de inglês, conseqüentemente assumidos

como possuidores de um bom domínio da língua, e a outra parte, exceto por um, reportou

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ter certificados da University of Cambridge, indicando um nível de proficiência entre

intermediário e avançado. Os sujeitos do grupo (IV) alegaram ter aprendido português

durante longos períodos de permanência no Brasil.

Procedimentos

Os sujeitos foram apresentados a um questionário impresso de duas folhas,

contendo vinte itens. A eles foi pedido que respondessem às perguntas que se seguiam às

sentenças, fazendo uso de sua intuição de falante sem se preocuparem com aspectos

gramaticais normativos. Foi deixado claro a inexistência de gabaritos e que sua

performance, de forma alguma, estava sendo julgada. Os grupos I e III, monolíngües,

receberam a versão do questionário correspondente a sua língua. Os sujeitos bilíngües

foram primeiramente apresentados ao questionário em sua L2 e só depois de terminada essa

tarefa receberiam a versão do questionário em sua L1. Assim, o grupo IV primeiro

respondeu ao questionário em português e depois à versão inglesa, que correspondia a sua

L1, e o grupo III primeiro realizou a tarefa em sua L2 e depois em sua L1, português. Tal

procedimento fora executado na tentativa de evitar efeitos de perseveração nos nas rotina

empregadas pela L1 sobre as da L2.

Predições

Os resultados referentes ao grupo III não representam nenhuma surpresa. Estudos

acerca da preferência de ligação de orações relativas por falantes de inglês têm apontado na

direção da ligação baixa, em concordância com a estratégia do Late Closure a da Teoria do

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Garden Path. Tal afirmação implica, por exemplo, que a resposta esperada à questão (6)a

seria the teacher. O grupo I, entretanto, parece seguir na direção oposta. Trabalhos

anteriores (Maia & Maia, 1999 e Ribeiro, 1999) mostram que, assim como no espanhol,

falantes de português tendem a ligar a oração relativa ao N mais alto, preferindo a estratégia

do Early Closure na resolução da aposição das relativas. Não obstante, respostas como “o

amigo da professora” são mais prováveis de ocorrer. No tangente aos grupos bilíngües II e

IV, é esperado que a condição de interferência de um sistema de parsing sobre o outro deva

ocorrer. Conforme anteriormente indicado, os resultados de um estudo preliminar parecem

sugerir que as rotinas de processamento da L1 possam estar interferindo no sistema de

parsing da L2. A análise dos dados coletados a partir das amostras deste estudo põe-se

crítica para a investigação dessa possibilidade psicolingüística.

Resultados e discussão

Conforme indicado no gráfico e na tabela abaixo, os dados parecem ter confirmado

as previsões. Amostras do grupo II mostraram que 75,7 % das respostas seguiram em favor

da aposição baixa e 22,222% em favor da alta, com 2 % de dados inválidos. O Grupo I

também foi ao encontro das expectativas: 84 % revelaram preferência pela aposição alta

das orações relativas e apenas 14 % pela ligação baixa, com 2 % de dados inválidos. Os

grupos II e IV foram apresentados a questionários em ambas as línguas. Bilíngües

português/inglês responderam ao questionário em inglês, sua L2, com 53 % de aposição

alta e 47 % de baixa, e à versão portuguesa, sua L1, com 74 % de alta e 26 % de baixa. Os

bilíngües inglês-português deram 56 % de respostas referentes ao N1 e 44 % de respostas

referentes ao N2 para versão portuguesa do questionário, sua L2, e na versão inglesa, sua

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L1, os números foram de 47 % para aposição alta e 53 % para a baixa. Ao compararmos os

resultados em português do grupo monolíngües I com os do grupo bilíngüe II, um

decréscimo significativo de amostras com aposição alta foi claramente notado. O mesmo

foi percebido ao olharmos para os números de ligação baixa, comparando os resultados em

inglês entre os grupos III e IV. Na tentativa de verificar se tal decréscimo estabeleceria uma

diferença significativa proporcional, os números foram submetidos à análise estatística.

Tabela 3 - Resultados do estudo II. * Dados inválidos.

Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV

P PI P PI I I IP I IP P

Alta 84,00% 74,00% 53,00% 22,2222% 47,00% 56,00%

Baixa 14,00% 26,00% 47,00% 75,7575% 53,00% 44,00%

* 2,00% 0,0% 0,0% 2,0202% 0,0% 0,0%

Em relação ao decréscimo das marcações de alta e ao aumento das marcações de

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

P PI P IP P I IP I PI I

Baixa

Alta

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baixa, ao compararmos os resultados extraídos tanto no grupo I (monolíngües em

português) quanto no grupo IV (bilíngües em português de inglês como L1), essa diferença

entre as performances obtidas no questionário em português por esses grupos foi

encontrada como sendo estatisticamente significante num teste de análise t =1,76764E-05,

p<.001, sugerindo uma interferência de estratégia de parsing da L1(inglês) sobre a L2

(português) no grupo bilíngüe IV.

As diferenças nas marcações em inglês entre o grupo III (monolíngües em inglês) e

o grupo II (bilíngües em inglês de português como L1) também se revelaram

estatisticamente significantes num teste de análise t=8,34817E-06, p<.001, sugerindo

interferência da estratégia aposição alta do português sobre o inglês falado por falantes

nativos de português.

Curiosamente, também encontramos diferenças estatisticamente robustas entre o

português dos nativos monolíngües (grupo I) e dos bilíngües de L1 portuguesa (grupo II):

t(0,084908274, p<0,1) , assim como entre o inglês dos nativos monolíngües (grupo III) e o

dos bilíngües de L1 inglesa (grupo IV): t(0,999737419, p<0,1). Apesar de ser plausível que

a L2 possa vir a interferir sobre a L1, nós especulamos que tais resultados sejam devidos a

efeitos de imediaticidade ligados aos procedimentos do experimento, visto que os sujeitos

bilíngües responderam aos questionários em sua L1 logo após o terem feito em sua L2.

Conclusões

Fazendo uso de uma tarefa off-line de questionário, esse estudo mostra que a

preferência pela aposição alta de orações relativas, que é evidente no caso dos falantes

monolíngües (grupo I), não está instanciada no português L2 dos bilíngües nativos de

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língua inglesa (grupo IV). Os sujeitos desse grupo não demonstraram uma preferência

significativa pela ligação ao N mais alto, provavelmente devido a uma influência da

estratégia de processamento dominante no inglês, a aposição baixa. Também foi possível

capturar um efeito da estratégia de processamento do português, a aposição alta, sobre o

inglês dos bilíngües que o tinham como L2, conforme a comparação entre os grupo II e III

revelou. Tais resultados foram analisados como uma possível sugestão de que as estratégias

de processamento da L1 possam ter-se tornado solidificadas e, portanto, passariam a

influenciar o processamento do input da L2. Os resultados desse estudo foram

interpretados, à época de sua realização23, como evidência, com base em falantes bilíngües

português-inglês e inglês-português, para apoiar a alegação de Fernandez (1999) de que a

GU pode não estar acessível aos aprendizes adultos de L2 pelo fato de as estratégias de

processamento não serem apropriadas, levando a representações sub-ótimas da gramática.

Não obstante, a proposta de um parser (in)dependente de uma língua específica,

trazida à literatura em Fernández (2005), poderia ser atribuída a tais resultados, visto que

eles forneceriam evidência para a dependência do parser em relação a uma língua

específica. Esses mesmos resultados coadunar-se-iam com os de Dussias (2001, 2003),

formando contra-evidência á proposta de um parser independente feita por Fernández.

Apesar de não estarmos fundamentando nossa proposta sob essa perspectiva, permanece

esta sendo uma discussão válida, que merece ser desenvolvida. É o que veremos na seção

seguinte.

23 Esse estudo foi realizado entre os anos de 2000 e 2001.

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4.3 O espanhol e o inglês.

Com referência à investigação do processamento da aposição das orações relativas

no bilingüismo em espanhol e inglês, encontramos na literatura duas autoras que tratam do

tema: Paola Dussias e Eva Fernández. Tais estudos têm sua validade pautada na já

constatada diferença que monolíngües de inglês e de espanhol exibem quanto ao que

podemos temporariamente chamar de parâmetro de processamento das orações relativas.

Fernández (1999), em sua investigação sobre se aprendizes adultos processam o

input lingüístico de sua L2 da mesma forma que monolíngües da língua alvo o fazem, põe o

seguinte problema empírico:

“Assumindo-se que haja estratégias de processamento específicas para uma língua,

nos casos em que a L1 e a L2 do aprendiz diferem quanto a essas estratégias, pode o

processador empregar ambas as variedades (e empregá-las cada uma adequadamente ao

contexto) ou não?” 24 (Fernandez, 1999:220)

Neste trabalho, a autora busca razões para as diferenças de performance entre

monolíngües e bilíngües aprendizes tardios, quando do uso da mesma língua alvo, nos

processos que nortearam a aquisição tanto de L1 quanto de L2.

A fim de processar o input, o mecanismo de construção da gramática deve lançar

mão de um processador lingüístico, o parser. Para que esse mecanismo atue

apropriadamente, certas condições fornecidas por uma teoria de aprendizagem devem ser

observadas, ou seja, devem ser satisfeitas condições que garantam o processo de interação

24 “Assuming that there are language-specific processing strategies, where the leaener’s L1 and L2differ with respect to these strategies, can the processor employ both varieties(and employ them each in theright context) or not?” (Fernandez, 1999:220)

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do input com o conhecimento específico da GU para que haja convergência numa

gramática-alvo. Sendo o parser quem traduz o input em informações úteis para a construção

de uma gramática-alvo junto aos constituintes do domínio do conhecimento específico da

GU, os princípios e os parâmetros, regras de aprendizagem, somadas aos princípios de

parsing, devem ser atendidas para que o mecanismo de construção de gramática alva

funcione.

A aquisição de língua pode, portanto, ser caracterizada como uma seqüência de

reestruturação de gramáticas. Tais reestruturações são orientadas pelo input e surgem em

decorrência dele. Durante o processo de representação de uma gramática nuclear de uma

língua específica, reestruturações somente são feitas se e quando o input não mais se mostra

compatível com aquela gramática já construída e disponível. O processo de aquisição torna-

se findo, conseqüentemente, quando não mais reestruturações fazem-se necessárias.

Guiando-se por esse recorte teórico, a autora analisa dados de um experimento off-

line focado na compreensão de ORs finais ambíguas. Para tanto, é feita uma comparação

entre um grupo de monolíngües em inglês e outros dois de bilíngües espanhol-inglês,

dividido entre early e late beginner conforme a idade de aquisição da L225. A respeito do

grupo de bilíngües tardios, foi encontrada relevante preferência em apor alto a relativa,

tanto na L1 quanto na L2. Sobre este fato a autora racionaliza que tais sujeitos podem estar

em processo de aquisição e que esse processo pode nunca vir a se concluir. Ela pondera que

acessibilidade à GU pode estar parcialmente condicionada a que as estratégias de

processamento empregadas para a L2 sejam adequadas. Ainda a respeito do grupo de

25 A autora põe a idade crítica para diferenciar aprendizes tardios de jovens como sendo os 10 anos e idade.Apesar de explicitar a arbitrariedade dessa medida, ela cita os trabalhos de Johnson and Newport (1989, 1991)que propõem como o sendo o início da puberdade o período crítico para a aquisição.

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bilíngües jovens, cujos resultados indicaram alta variância de aposição, a autora sugere a

investigação de se as preferências de aposição são de natureza estritamente sintática ou se

elas também podem ser determinadas por um processamento extra-sintático. Ela expõe que

esses resultados inconclusivos podem estar relacionados a questões de língua dominante, ou

seja, a língua a que os sujeitos são expostos mais freqüentemente. Quanto mais inseridos

num universo de língua inglesa, maior a probabilidade de empregarem a estratégia dessa

língua. E, quanto mais expostos à língua espanhola, maior a probabilidade de empregarem

as estratégias do espanhol.

Em Fernandez (2003), a autora sai em defesa da relevância da informação prosódica

para o processamento de sentenças. A questão de os bilíngües serem como dois

monolíngües em uma única pessoa é central em seu trabalho. Ela realiza um estudo acerca

da interferência do comprimento das relativas no processamento de sentenças por

monolíngües em inglês e em espanhol e também por bilíngües. O grupo de bilíngües é

definido de acordo com o critério de sua língua dominante. Nos históricos de aquisição,

ambos demonstraram simetria. Em sua maior parte, adquiriram as duas línguas durante a

infância, tendo o espanhol como L1 e Inglês como L2, ou tendo ambas as línguas

adquiridas concomitantemente, desde o nascimento. As diferenças estatisticamente

significativas foram encontradas entre os grupos de bilíngües, porém não dentro de cada

grupo. Os bilíngües de inglês dominante, exibiram preferência global pela aposição baixa

em as línguas. Os bilíngües de espanhol dominante exibiram preferência global pela

aposição alta, também em ambas as línguas. Tal cenário leva a autora a negar a assertiva

norteadora de sua investigação, ou seja, que bilíngües não são como dois monolíngües em

uma única pessoa. Ela propõe que as estratégias de processamento dentro da mente/cérebro

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dos bilíngües são as mesmas empregadas para ambas L1 e L2. Nesse sentido, o parser seria

tido como universal, independente de uma língua específica.

Entretanto, estudos realizados por Dussias indicam, assim como os de Maia &Maia,

diferenças internas quanto à aposição nos grupos bilíngües testados. Dussias (2001)

organiza a divisão dos grupos de sujeitos entre monolíngües, de inglês e de espanhol, e de

bilíngües. Este grupo encontra-se divididos entre aprendizes tardios, de espanhol-inglês e

de inglês espanhol, e aprendizes jovens, que aprenderam espanhol ou inglês, antes da idade

dos seis anos. Os dados de um estudo de questionário revelam que as preferências de

aposição entre o inglês dos monolíngües e o inglês dos aprendizes jovens diferiam

significativamente. Os resultados para os bilíngües tardios espanhol-inglês revelaram que

eles empregam a aposição baixa para o inglês, sua segunda língua. Dessa forma, embora os

dados obtidos do grupo dos aprendizes jovens compactue com a proposta de Fernández

(1999), os resultados oriundos do grupo espanhol-inglês surgem como contra-evidência de

que as rotinas de processamento estão abertas a reformatação, mesmo após a puberdade.

Porém, o grupo inglês-espanhol preferiu ligar localmente a relativa no questionário em

espanhol, sua segunda língua de aposição alta. Tais resultados apontam na mesma direção

que os do português, ou seja, se a L1 é alta, o bilíngüe processa sua L2 baixa de forma

similar aos monolíngües, mas quando a L2 é baixa, os bilíngües falham em exibir o

comportamento expresso pelos monolíngües de apor alto. Esses dados, que foram

interpretadas sob o prisma do acesso à GU, poderiam ser considerados como evidência a

favor da proposta prosódica, conforme veremos adiante.

Em Fernández (2005), encontramos o seguinte gráfico, que reproduz as evidências a

respeito dos bilíngües mostradas pela literatura.

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57

Gráfico 4-Média da diferença percentual de aposição alta.

-10

0

10

20

30

40

50

Fern‡ndez (2000, 2003) Dussias (2001) Maia & Maia (2001,2005)

Mˇd

ia d

a di

fere

n¨a

%N

1: L

x-A

lta m

enos

Ly-

Bai

xa

Primeiro Idioma / Idioma Dominante: Ingl� sPrimeiro Idioma / Idioma Dominante: EspanholAprendizes Iniciantes

A exceção da coluna referente aos dados obtidos por Fernández, as diferenças

significativas são apenas encontradas nos bilíngües de L1 alta, a despeito de terem sido

julgados como early ou late beginners, conforme feito por Dussias (2001).

Em um estudo mais recente, Dussias (2003), que trabalhou com um recorte de

bilíngues pautado na proficiência apresentada para a L2, apontou, por meio de um

experimento de metodologia off-line, que as diferenças significativas de aposição dentro do

mesmo grupo de bilíngües só foi instanciada quando a L1 era alta, no caso, espanhol-inglês.

Diante desses dados, autora lança mão de um experimento on-line, de leitura auto

monitorada, no qual utiliza a concordância de número como fator de resolução da

ambigüidade de aposição das orações relativas. Ela analisa apenas os bilíngües. Os dados

referentes aos bilíngües inglês-espanhol foram considerados inconclusivos. Quanto aos

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bilíngües espanhol-inglês, eles demonstraram preferência em apor localmente para ambas

as línguas. Tais resultados poderiam ser vistos como evidência em favor da proposta de

Fernández (2003, 2005) para um parser independente de uma língua específica, se tratados

isoladamente e sem as devidas considerações. A critica a este experimento recai sobre seu

desenho, em contraste com o que se pretendia capturar. Relações de concordância são de

cunho estritamente sintático.A preferência encontrada em apor localmente só vem, pois, a

contribuir para a concepção de um parser do primeiro passo estritamente sintático. Outro

fator, que concorre para que tenham sido estes os resultados obtidos, diz respeito ao limite

da memória de curto prazo empregada durante a computação, conforme já explanado com

relação a Miyamoto (1999)26.

Tanto em Dussias (2001, 2003), quanto em Fernández (2003), os bilíngües foram

controlados quanto ao grau de proficiência em sua L2. De forma geral, todos os estudos

relatados neste capítulo apresentam um conjunto de bilíngües com domínio de sua L2

oscilando entre intermediário e avançado. Dussias (2003), inclusive, controlou a língua

utilizada durante a aplicação das tarefas, de forma que fosse a mesma da língua em que o

sujeito seria testado. Dussias (2003) estabeleceu um intervalo de três meses entre as sessões

de testes e Fernández, duas semanas. Os resultados gerais parecem convergir para a

evidência de que bilíngues de línguas contrastivas quanto à preferência de aposição das

orações relativas finais em contexto de ambigüidade estrutural: (1) tendem a processar sua

L2 também baixo, caso a L1 seja baixa,. (2) tendem a processar sua L2 baixo, caso a L1

seja alta.

26 Para um debate mais aprofundado sobre os efeitos da segmentação sobre os tempos de leitura emexperimentos de leitura auto monitorada, vide Gilboy e Sopena (199)

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59

Capítulo 5

Experimento

5.1 Justificativa

Este experimento visa a investigar as estratégias de parsing empregadas por sujeitos

bilíngües de português-inglês no processamento de estruturas sintaticamente ambíguas do

tipo SN1-prep-SN2-OR, entretendo a aplicabilidade da HPI na explicação dos resultados

encontrados. Conforme discutido ao longo deste trabalho, as orações relativas finais

pospostas a um SN complexo constituem o único tipo de estrutura já testada que foge ao

princípio da aposição local. O uso dessa variação translingüística mostra-se útil na

investigação de como é processado tanto o input quanto o output, na mente dos bilíngües.

Dados experimentais coletados junto a grupos de bilíngües sugerem evidência de

que a estratégia de processamento da L2 parece sofrer influência das estratégias de

processamento da L1, apenas quando esta exibe preferência em apor alto. Nos bilíngües,

cuja primeira língua tende a apor baixo, essa interferência não se encontra instanciada.

Experimentos anteriores em PB, (Maia & Maia, 2001, 2005), fornecem indicações que

levam a essa observação. Entretanto, um estudo melhor controlado, com um grupo maior de

sujeitos analisados fazia-se necessário, no sentido de se melhor analisar o subgrupo de

bilíngües com a L1 alta, uma vez que o subgrupo com L1 baixa (inglês) tem sido estudado

por vários pesquisadores (Fernández, 1999; 2003 e Dussias, 2001; 2003), obtendo-se

resultados equivalentes aos obtidos em Maia & Maia. Nesses estudos, há concordância de

que os bilíngües, cuja primeira língua é o inglês (aposição baixa), não apresentam

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60

comportamento contrastivo no processamento de estímulos em sua L2 (alta). Por outro

lado, os dados de Maia & Maia (2001, 2005), bem como os de Dussias (2001, 2003)

indicam que os bilíngües cuja L1 é alta parecem adotar estratégias de parsing diferenciadas

na sua L2 baixa.

Diante dos fatos expostos, este experimento irá restringir seu escopo de análise aos

bilíngües português-inglês, respectivamente, línguas de aposição alta e baixa, pois é este o

grupo que apresenta contraste no processamento de sua L1 e L2. A investigação de sujeitos

monolíngües de português brasileiro objetiva confirmar a preferência alta exibida por seus

falantes, garantindo uma base inequívoca de sustentação para o presente estudo.

5.2 Materiais

Um questionário off-line foi impresso tanto em português quanto em inglês (cf.

Anexo 3). O material de análise, compondo um total de dez páginas, estava organizado em

duas seções. A primeira, correspondia a uma ficha de informações referentes ao histórico

lingüístico do sujeito, visando ao delineamento mais apurado do perfil dos nossos

entrevistados (Cf: Anexo 4). A segunda seção corresponde ao questionário propriamente

dito. Ele consta de 72 itens, sendo 48 sentenças distratoras e 24 sentenças experimentais.

As sentenças distratoras eram frases de variada construção sintática. Os itens experimentais

eram formados de acordo com o padrão SN1-prep-SN2-OR, sendo a relativa considerada

como longa. Para cada item, que era seguido por uma pergunta de compreensão, foram

oferecidas duas possíveis respostas. No caso das experimentais, a pergunta aferia o local de

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pouso da relativa e as respostas oferecidas eram, respectivamente, o SN1 e o SN2. Veja um

exemplo abaixo de experimental (7) e de distratora (8):

(7) Sônia criticou a irmã da vizinha que estava correndo.

Quem estava correndo? [ ] a irmã [ ] a vizinha

(8) Os rumores durante a eleição acabaram por prejudicar o presidente do clube.

O que prejudicou o presidente? [ ] os rumores [ ] a eleição

5.2.1 Avaliação dos materiais.

Na construção deste questionário, alguns cuidados foram tomados quanto à

avaliação e à elaboração dos itens experimentais. Um conjunto preliminar de frases,

condizentes com a estrutura alvo, num total de 32 itens, foi submetido a um teste de

plausibilidade (TP) (Cf: Anexo 5). Para tanto cada SN composto foi desmembrado em duas

estruturas não ambíguas. Dessa forma, o TP constava de 32 pares de frases candidatas a

experimentais e 34 pares de distratoras. Os pares distratores constavam de um item

plausível e de outro implausível, segundo o mundo real. Veja abaixo um exemplo de pares

produzidos a partir de frases pré-experimentais e de frases distratoras, respectivamente (9) e

(10) :

(9)a. Lia reconheceu os assessores dos ministros que estavam fumando.

N1 N2 OR

b.Os assessores estavam fumando.

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c.Os ministros estavam fumando

(10)a. A chuva molhou a cadeira do padre que estava lendo o jornal. N1 N2 OR

b.A cadeira estava lendo o jornal.

c. O padre estava lendo o jornal.

O julgamento de plausibilidade, traduzido nas duas línguas focadas neste

experimento, foi realizado por falantes nativos de inglês e de português, com oito juízes

para cada versão. Frente a pares de frases conforme exemplificado em (9) e (10), os juízes

deveriam atribuir um índice que ía do 1= muito plausível ao 5= muito implausível. Com

esse tipo de avaliação, objetivou-se confirmar a autonomia de cada nome do SN complexo

em receber a oração relativa. Se N1 e N2 obtivessem ranqueamentos pareáveis, então

ambos estariam em equilíbrio como possíveis hospedeiros para a OR. De acordo com um

teste t27 de duas variáveis (N1 e N2), realizado tanto para as amostras de português e de

inglês, os resultados foram, respectivamente, t(N1Pt,N2Pt)(382)= -1.07, p >0.1 e

t(N1It,N2It)(382) = -0.94, p > 0.1). A análise estatística dos resultados revela que a Ho , de

que N1 e N2 são autônomos, não pôde ser rejeitada.

Em termos qualitativos, visto que se tratava de um ranqueamento, as médias totais

atribuídas para N1 e N2 em ambas as línguas, quanto mais próximas de 1, evidenciam o

julgamento de muito plausível para os itens. Os resultados encontram-se na tabela abaixo.

27 Quando as variáveis são apenas duas, um test T corresponde a uma análise de variância de duas vias.

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63

N1 N2Português 1.125 1.182

Inglês 1.057 1.088

Tabela 5- médias totais de ranqueamento.

A única diferença estatisticamente significante foi encontrada quando da

comparação entre as médias atribuídas ao ranqueamento avaliado pelos juizes do português

e do inglês t (N1Pt,N1It)(382) = 1.88, p < 0,1) e t (N2Pt,N2It)(382) = 1.83, p < 0,1. Tal

resultado, contudo, não deve ser considerado como representativo de uma versão ser menos

plausível que a outra. Ele apenas reflete idiossincrasias dos grupos de juízes. A tabela de

contingências, apresentada no Anexo 6, referente á independência e ao ranqueamento dos

fatores entre e intra línguas não deixa dúvidas quanto à plausibilidade e à autonomia dos

Ns.

Estando assegurada a plausibilidade do conjunto preliminar de frases, as

experimentais foram selecionadas de modo a obedecer a oito tipos de SNs complexos,

mesclando gênero (M ou F), animacidade (A, In) e número (Sg, Pl) para ambos os nomes, e

a três tipos de relativas, ou compostas por um sintagma adjetival (SAdj), ou por um

sintagma preposional (SP), ou por um sintagma verbal (SV). Para cada tipo de SN

complexo, foram selecionadas três frases experimentais. Note-se que o objetivo de

diferenciá-las em oito tipos serve-se tão somente ao propósito de não torná-las explícitas

para os sujeitos testados.

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Tipo

OR

Tipo I

M A Sg

Tipo II

M A Pl

Tipo III

M In Sg

Tipo IV

M In Sg

Tipo V

F A Sg

Tipo VI

F A Pl

Tipo VII

F In Sg

Tipo VIII

F In Pl

S Adj 1 2 1 1 1 2 8

SP 1 1 2 1 2 1 8

SV 2 2 2 2 8

Tabela 6- Arranjo das construções das frases experimentais

5.3 Sujeitos

Para este experimento, foram selecionados dois grupos de sujeitos. O grupo I

compõe-se de falantes monolíngües de PB, adultos, com média de idade em torno dos 35

anos, reportando pouco ou nenhum conhecimento de uma língua estrangeira, na sua maioria

possuindo terceiro grau completo ou em curso, e com predominância do sexo feminino. O

grupo II, de bilíngües português-inglês, professores de língua inglesa, caracteriza-se por

sujeitos com idade média em torno dos 32 anos, possuindo terceiro grau completo ou pós-

graduação. A média de idade com que primeiro tiveram contato com sua segunda língua, o

inglês, situa-se em torno dos 11 anos, configurando um quadro de aprendizes tardios. A

média de tempo em que foram expostos à L2, contabilizando curso de língua estrangeira e

graduação, é também de 11 anos28. Tanto o grupo I quanto o II constam de 32 sujeitos cada.

28Para maiores informações sobre o perfil dos conjuntos dos sujeitos, vide Anexo 5 que traz as percentagensdas respostas à Ficha de Informações pessoais.

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65

5.4 Procedimentos

Os sujeitos do grupo I foram apresentados ao questionário na versão em português.

Primeiro lhes fora pedido que preenchessem a ficha de informações pessoais. Eles foram

informados de que aquele teste correspondia a um experimento de psicolingüística de

compreensão que visava a estabelecer a interpretação intuitiva do falante acerca daquelas

frases, desconsiderando quaisquer aspectos normativos. Foi deixado claro a inexistência de

um gabarito, e que, portanto não havia certo ou errado. Em um ambiente calmo, eles foram

instruídos a ler as sentenças e a responder as subseqüentes perguntas de acordo com a

primeira resposta que lhes ocorressem. Os sujeitos do grupo II foram apresentados primeiro

à versão em português do teste e, uma semana depois, à versão em inglês. Esta atitude foi

tomada visando a evitar um efeito de perseveração das respostas ofertadas no primeiro

questionário para o segundo. O procedimento referente ao grupo II foi semelhante ao

empregado no grupo I, excetuando que, por serem bilíngües, eles foram informados de que

deveriam responder também a um teste em inglês.

5.5 Predições

Este estudo trabalha com orações relativas longas. De acordo com a lei da anti-

gravidade proposta pela HPI, a relativa final gozaria de maior liberdade para apor-se alto.

Entretanto, não apenas o peso prosódico do constituinte entra em jogo no processamento.

Padrões prosódicos de uma língua específica irão direcionar a preferência de aposição.

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66

Quanto ao grupo I, de monolíngües em português, era esperado que os sujeitos, em

alinhamento com os dados já encontrados na literatura (Maia & Maia, 2001, 2005; Ribeiro,

1999; Finger & Zimmer, 2005; Lourenço-Gomes, 2003; Maia et al., 2004), exibissem

preferência pela aposição alta das relativas. Aqui, estamos creditando essa preferência ao

padrão prosódico do português, que prevê uma ruptura precedente á OR (Lourenço-Gomes,

2003), direcionando a OR ao N1. Uma vez assegurada a preferência alta para o PB,

analisaremos o grupo de bilíngües cuja L2 é o inglês. Essa língua, conforme exposto em

Quinn et al (2000), possui um padrão prosódico bastante flexível, não indicando uma

ruptura precedente à OR. Dessa forma, o inglês tem respaldo na HPI para sua preferência

em apor baixo. Quanto aos bilíngües português-inglês, esperávamos que, na versão inglesa,

correspondente à sua L2, fosse observada a aplicação da aposição baixa para a interpretação

das sentenças experimentais. Tal resultado seria condizente com o padrão observado nos

monolíngües dessa língua alvo. Era previsto também investigar se, na versão portuguesa do

questionário, correspondente à L1 dos bilíngües, o decréscimo na preferência pela aposição

alta, observado nos experimentos anteriores, seria reproduzido, indicando, caso

significativo, que o bilíngüe, ainda que tardio, possuiria dois padrões prosódicos latentes,

que poderiam ser ativados para o processamento das frases.

Caso confirmadas, as previsões poderiam sugerir que não são as estratégias de

parser que podem estar solidificadas, inviabilizando a construção da gramática-alvo da L2

no bilíngüe. Mas, sim, que a sensibilidade à informação prosódica da língua-alvo nos

bilíngües tardios pode estar de alguma forma diminuída. Nosso experimento não nos

permite ir além e apontar quais fatores interferem na aquisição da prosódia da L2.

Juntamente com os resultados apresentados em Dussias (2001), que também encontra

diferenças significativas nas performances de bilíngües espanhol-inglês em aprendizes

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jovens, intuitivamente, nos e plausível supor que o período crítico para aquisição seja muito

inferior ao já predito pela literatura.

Esse estudo, aliado os dados dos bilíngües em espanhol, poderia fornecer evidência

no sentido de que as diferenças internas de processamento nos bilíngües seriam decorrentes

de um sistema de processamento no qual o LC, assegurado como estratégia default do

parser, logo, universal, entraria em competição com a informação prosódica disponível da

língua-alvo para a compreensão final de frases.

5.6 Resultados e discussão

A preferência pela marcação alta no grupo dos monolíngües em português brasileiro

representou 60,15% do total de frases respondidas. Quanto ao grupo II, dos bilíngües,

observou-se um decréscimo nas percentagens das respostas referentes ao N1, com 48,69%,

para a versão em português, e 32,03%, para a versão em inglês do questionário. O gráfico

abaixo melhor delineia esses valores:

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60,9%48,7%

32%

0

20

40

60

80

P PI P PI I

Gráfico 3-Percentagem derespostas N1

No grupo I , a preferência pela aposição alta da relativa mostrou-se estatisticamente

significativa tanto na analise de sujeitos, F1(1, 62)= 10.2, p=.002, quanto na analise de

itens F2(1, 46) = 154.1, p<.0001. Os resultados exclusivos do grupo I ratificam a tendência

do PB em apor alto as relativas. Estes dados vêm a confirmar que as orações relativas

longas são passíveis ao efeito de anti-gravidade. Incorporando a OR maior liberdade

prosódica, adicionada à quebra prosódica característica do português antes da OR, seja

longa ou curta, o hospedeiro preferido será, então, o N1. Não obstante, estará mais do que

qualificada a variação lingüística existente entre PB e inglês quanto à aposição das

relativas.

Quanto ao grupo de bilíngües, a analise dos resultados de sua L1 revelou uma

diferença significativa entre respostas N1 e N2 na análise por itens, F2(1, 46)=46.1, p <

.0001, mas não na análise por sujeitos, F1 (1, 62)=1.64, p = .21. Entretanto, a preferência

pela aposição alta no português L1 dos bilíngües mostrou-se significativamente diferente da

observada no português dos monoliongues, F1 (1, 62)=5.89, p = .02; F2(1, 46) = 10.8, p =

.002. A análise da L2 dos bilíngües revelou robusta preferência pela aposição baixa tanto na

comparação de sujeitos, F1 (1, 62) = 241.4, p < .0001, quanto na de itens, F2(1, 46) =

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69

9.48, p = .003. Na comparação entre as duas línguas dos bilíngües, a análise revelou que

esse grupo emprega diferentes estratégias na resolução da ambiguidade estrutural em sua

L1 e L2, F1 (1, 62)=52.8, p < .0001; F2(1, 46) = 23.6, p < .0001.

Com base nos dados, é plausível aferir que as predições foram confirmadas. Os

bilíngües não empregam, de fato, as mesmas estratégias para ambas as línguas. Isso poderia

ser interpreatdo como evidência de que bilíngües não teriam, de fato, nenhuma estratégia

preferida para o processamento da L2. Contudo, a análise revela que os bilingues aqui

estudados exibem uma estratégia preferida em sua L2, e que tal estratégia é condizente com

o principio do LC. Se fôssemos assumir a proposta de um parser independente para uma

língua específica, ela estaria, aqui, sendo refutada. Esses dados mostram, mais uma vez,

que há diferenças estatisticamente relevantes para a aposição das orações relativas finais

ambíguas na L1 e na L2 daqueles bilíngües cuja L1é de preferência alta.

5.7 Conclusões

Mostra-se oportuno, pois, o questionamento de porque os bilíngües encaixados

neste perfil tendem a apor localmente em sua L2. Se houvesse simples transferência da

estratégia de parsing da L1 sobre a L2, conforme a proposta em Fernández (1999), também

testada em Dussias (2001) e Maia & Maia (2005), de que os resultados experimentais

refletissem questões de solidificação das estratégias de parsing e conseqüente utilização de

representações subótimas para a aquisição/processamento da L2, então as diferenças

internas nos bilíngües deveriam ser, logicamente, observadas em ambas as direções, L1

alta-L2 baixa e L1 baixa-L2 alta.

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70

Um novo viés de ação é adotado por Fernández (2003) que, atentando para a

dificuldade de se reconhecer, padronizar e testar apenar apenas um dos vários possíveis

tipos de bilíngües, trabalha com o conceito de língua dominante. Deste modo, abre-se uma

janela para fora do campo minado que é a descrição do universo lingüístico dos bilíngües.

O recorte do histórico lingüístico dos sujeitos põe-se, dessa maneira, mais controlável. Os

resultados encontrados, porém, mostram-se na contra-mão do já reportado na literatura.

Não é o caso de que algo deva ser descartado pelo simples fato de ser diferente. O espírito

científico preconiza a exata descoberta do novo. Entretanto, é necessário atentar-se ao

tratamento oferecido aos dados experimentais. As evidências estão aí. É necessário saber

como interpretá-las.

Com base nas evidências das pesquisas sobre o processamento nos bilíngües, torna-

se plausível a proposição de um parser universal, cujo default atuaria sob os comandos do

princípio da aposição local. A variação translingüística, assim como as divergências

internas nos bilíngües, decorreriam da força exercida pela informação prosódica no

processamento. Segundo preconiza a HPI, os padrões prosódicos de uma língua direcionam

as estratégias de processamento para ela aplicadas. O que argumentamos, pois, é que,

quando uma língua apresenta preferência pela aposição baixa, tanto a estratégia default LC

do parser, quanto a informação prosódica seguiriam na mesma direção. Sem conflito, o LC

prevalece. Por outro lado, quando há conflito entre o padrão prosódico da língua-alvo e o

principio da aposição local, a informação prosódica irá prevalecer. Teríamos, então, no ato

do processamento, dois fatores em competição para a interpretação/formulação do

input/output. São eles o princípio universal da aposição baixa e a informação parametrizada

da prosódia da língua alvo.

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71

No caso dos bilíngües tardios estudados, o padrão prosódico da L2, de alguma

forma que não podemos aqui precisar, falha em ser totalmente adquirido. Estando o fator

prosódico enfraquecido, o processamento se dará segundo as regras do princípio da

aposição baixa. O esquema abaixo oferece uma boa visão dessa proposta.

(11)

a.L1 baixa-L2 alta = L1 baixa L2 baixa

LC = prosódia + LC prosódia não atuante

b.L1alta-L2 baixa = L1 alta L2 baixa

LC ≠ prosódia + LC prosódia não atuante

As evidências dos bilíngües discutidas no capítulo 4 oferecem respaldo a essa

proposição. O gráfico 4 é bastante elucidativo no sentido de mostrar que quando a L1 é alta,

o bilíngüe processa a sua L2 baixa (11.b), mas que, quando a L1 é baixa, a L2 também será

processada conforme o princípio do LC.

Quanto aos resultados apresentados por Fernández (2003), nos quais não foram

reproduzidas diferenças internas às performances dos bilíngües, cabe ressaltar que

diferenças foram encontradas entre os grupos de bilíngües. O grupo de espanhol dominante

apresentou tendência geral a apor alto e o grupo de inglês dominante apresentou tendência

geral a apor localmente. Como a autora trabalha com um recorte de língua dominante,

torna-se plausível supor que o padrão prosódico dominante tenha exercido sua força sobre o

processamento sintático em ambos os grupos: inglês dominante- aposição baixa, espanhol

dominante- aposição alta.

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72

As formas como a informação prosódia é operacionalizada no processamento, se

concomitante ao parser ou se pós-sintática, e ainda a forma como ela é adquirida ou

ativada nos falantes mostra-se um campo aberto à investigação.

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73

Capítulo 6

Considerações Finais

6.1 Considerações Finais

Nossa hipótese é a de que no processamento de sentenças, aplicar-se-iam duas

forças. De um lado, teríamos o princípio universal default, o LC, que prevê que devemos

apor localmente os constituintes sendo processados. Do outro lado, teríamos a informação

prosódica com a qual o parser checaria sua análise. Ao processar sentenças estruturalmente

ambíguas, como as do tipo SN1-prep-SN2-OR, o parser atuaria sob o princípio do LC. Se o

padrão prosódico daquela língua também favorece a aposição local, então, não haveria

competição. Nesse caso, bem exemplificado pela língua inglesa, a OR seria aposta baixo.

Porém, outra forma de interação na interface de processamento sintaxe-prosódia pode

ocorrer. Caso o padrão prosódico da língua em questão for tal a prever que a OR possa vir a

apor-se alto, então haveria competição entre o princípio universal da aposição baixa e as

informações prosódicas parametrizadas. Quem parece ganhar, por fim, é a prosódia.

Evidência a esse favor pode ser encontrada na literatura específica referente ao PB.

O que diferenciaria os bilíngües dos monolíngües é que, ao invés de ter apenas um

padrão prosódico disponível para checagem com o parser sintático, o bilíngüe possuiria

dois padrões prosódicos em sua mente/cérebro. Sendo esses dois padrões diferentes, de

alguma forma, a despeito ou com respeito ao contexto de língua dominante, eles estariam

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acessíveis para a checagem com o parser, interferindo no processamento. Mesmo falantes

nativos de L1 alta, PB, após longo período em ambiente de L2 baixa, inglês, apresentam

sotaque de “gringo” ao se expressar em português. A imposição da prosódia ativa da L2

sobre o processamento da L1 estaria então perceptível no output. Porém, há casos em que o

bilíngüe de L1 baixa, mesmo vivendo por um longo período em ambiente de L2 alta,

continua exibindo sotaque. Sinalizando, no output, que a prosódia de sua L2 ainda foi não

foi adquirida, sem termos claro se um dia chegará a ser. Maiores estudos concernentes a um

inventário prosódico das línguas, mais especificamente acerca da existência ou não de uma

quebra prosódica precedendo as ORs, aliados a um estudo do histórico lingüístico dos

bilíngües, põem-se, pois, crucial para um melhor esclarecimento da aplicabilidade da teoria.

Constam na literatura estudos acerca do padrão prosódico do português (Lourenço-

Gomes, 2003) e do francês (Quinn et al, 2000), que exerceriam pressão para um

processamento alto da relativa final ambígua. Um próximo passo a ser seguido seria no

sentido de coletar dados entre grupos de bilíngües L1-português/francês L2-inglês, línguas

cujo inventário prosódico já foi iniciado, para investigar se a proposta aqui sugerida seria

replicável. Outro viés sugerido de pesquisa seguiria no sentido de estabelecer comparações

entre três grupos de bilíngües: aprendizes adultos, aqueles considerados como jovens, e

aqueles que aprendem/adquirem as duas línguas desde o nascimento. Esse recorte visa a

investigar se existe realmente um período critico para a aquisição de línguas e, caso exista,

qual é, exatamente, esse período.

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Anexo 1

Percentuais de aposição a N1 em inglês e em espanhol, conforme reportados em estudos

usando métodos off-line e materiais-alvo como OR longa, N1 e N2 com traço [+ animado],

seqüência N-Prep-N-OR em posição canônica de objeto nas línguas. (Fernández, 2005)

Língua Semelhante

ao inglês

Semelhante ao

espanhol

Relatado por

Afrikaans 55 Mitchell, Brysbaert, Grondelaers &

Swanepoel, 2000

Alemão 62 Hemforth, S. Fernández, Clifton,

Frazier, Konieczny & Walter, a

aparecer.

Árabe 44 Abdelghany & Fodor, 1999

Búlgaro 64 Sekerina, Fernández & Petrova, a

aparecer.

Croata 66 Lovrić, 2003

Francês 94 Zagar, Pynte & Rativeau, 1997

Hebraico 48 Shaked, p.c.

Holandês 62 Brysbaert & Mitchell, 1996

Italiano 65 De Vincenzi & Job, 1993

Japonês 66 Kamide & Mitchell, 1997

Norueguês 32 Ehrlich et al., 1999

Português

(Brazil)

84

69

Maia & Maia, 2005

Ribeiro, 2005

Romeno 42 Ehrlich et al., 1999

Russo 82 Sekerina, 2002

Sueco 28 Ehrlich et al., 1999

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Anexo 2 Questionário 2004

Versão portuguesa:

1-Catarina encontrou pedras preciosas quando era criança.

Quando ela encontrou tais pedras?

2-Alguém atirou no empregado da atriz que estava na sacada.

Quem estava na sacada?

3-João encontrou o amigo da professora que estava na Alemanha.

Quem estava na Alemanha?

4-Alessandra viaja todo mês a Paris por ser comissária de bordo.

Quem é comissária de bordo?

5-A polícia deteve a irmã do porteiro que estava em Minas Gerais.

Quem estava em Minas Gerais?

6-Mariana arranjou um emprego quando descobriu a doença de seu pai.

Quem esteve doente?

7-Amélia se corresponde com o primo do cantor que estava na igreja.

Quem estava na igreja?

8-Luis canta numa casa noturna todos os sábados.

Quem canta todos os sábados?

9-O jornalista entrevistou a filha do coronel que sofrera um acidente.

Quem sofrera um acidente?

10-Patrícia liga para o namorado sempre antes de dormir.

Quando Patrícia liga para o namorado?

11-André jantou com a filha do porteiro que pertencia ao Partido Comunista.

Quem pertencia ao Partido Comunista?

12-Carla sempre come cachorro-quente durante o recreio.

Quando Carla come cachorro-quente?

13-Marta saudou o irmão do padre que estava na escola.

Quem estava na escola?

14-O filho da empregada é muito inteligente.

Quem é muito inteligente?

15- Esta tarde eu vi o filho do doutor que estava em nossa casa.

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Quem estava em nossa casa?

16-Vinícius estudou muito para poder vencer na vida.

Por que Vinícius estudou muito?

17-Os meninos caçoaram da sobrinha da professora que estava no parque.

Quem estava no parque?

18-Paulo tem que acordar cedo por trabalhar longe de sua casa.

Onde Paulo trabalha?

19-Maria discutiu com o primo do leiteiro que esteve no Paraguai.

Quem esteve no Paraguai?

20-O amigo francês de Daniela é muito bonito.

Quem é muito bonito?

Versão inglesa:

1-Catarina found precious stones when she was a child.

When did she find those stones?

2-Someone shot the servant of the actress who was on the balcony.

Who was on the balcony?

3- John met the friend of the teacher who was in Germany.

Who was in Germany?

4-Alessandra every month travels to Paris because she is a flight attendant.

Why does she travel to Paris every month?

5-The police arrested the sister of the porter who was in Minas Gerais.

Who was in Minas Gerais?

6- Maryanne got a job when she discovered her father illness.

Who had been sick?

7-Amelia exchanged letters with the cousin of the singer who was in the church.

Who was in the church?

8-Louis sang every Saturday at a night club.

Who sang every Saturday?

9-The journalist interviewed the daughter of the colonel who had had the accident.

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Who had had the accident?

10-Patricia always gives her boyfriend a call before going to sleep.

When does she give him a call?

11-Andrew had dinner with the niece of the porter who belonged to the communist

party.

Who belonged to the communist party?

12-Carla always eats hot-dog during the break.

When does Carla eat hot-dog?

13-Martha cheered the brother of the priest who was in the school.

Who was in the school?

14-The son of the maid is very intelligent.

Who is very intelligent?

15-This afternoon I saw the son of the doctor who was at our home.

Who was at our home?

16-Vinicius studied hard in order to succeed in life.

Why did he study hard?

17- The boys poked fun at the niece of the teacher who was in the park.

Who was in the park?

18- Paul has to wake up early because he works far from home.

Where does he work?

19-Mary argued with the cousin of the milkman who had been to Paraguai.

Who had been to Paraguai?

20-The french friend of Daniela is very handsome.

Who is very handsome?

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Anexo 3 Questionário 2005

Versão portuguesa:Informações pessoais

Sujeito #. :.......................

Idade:........... Sexo: o masculino o feminino

País de origem: .............................. Ocupação..............................Língua falada pela mãe...................... Língua falada pelo pai.............................- Conhece outra língua além do Português?

Não Sim Que língua(s) conhece? ................. ......... .................... ...........

Com que idade começou a aprendê-la(s)? ............... .......... ..............- Marque a alternativa que melhor caracteriza o seu conhecimento de cada língua.

Língua: .................. Língua: .................. Língua: ..................

Falo e compreendo com fluência Falo e compreendo com fluência Falo e compreendo com fluência

Falo e compreendo muito bem Falo e compreendo muito bem Falo e compreendo muito bem

Falo e compreendo um pouco Falo e compreendo um pouco Falo e compreendo um pouco

Estudei, mas não chego a falar Estudei, mas não chego a falar Estudei, mas não chego a falar

o Compreendo, mas não falo Compreendo, mas não falo Compreendo, mas não falo

- Já residiu no estrangeiro? Não Sim. Descreva brevemente onde, quando, e por quanto tempo:

........................................ ...................................................... .................

............................................................ .....................................................................

- Já passou mais de dois meses num país onde o português não seja a língua majoritária? Não. Sim. Descreva brevemente onde, quando, e por quanto

tempo:........................................ .............................................................................

- Histórico de escolaridade (em caso de outro idioma, indicar qual e onde):

Ensino Fundamental português outro idioma ......................

Ensino Médio português outro idioma ......................

Ensino Superior português outro idioma ......................

Pós-graduação português outro idioma ......................

Outro português outro idioma ......................

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Questionário

1 As floristas vendem mais rosas vermelhas do que cravos.

O que vendem mais as floristas? [ ] cravos [ ] rosas

2 O advogado defendeu o seu cliente durante o julgamento.

Quem foi defendido? [ ] o cliente [ ] o advogado

3 As empregadas compraram os chapéus azuis com os vestidos preto para combinar.

De que cor eram os chapéus? [ ] azuis [ ] pretos

4 O Alexandre fotografou a amiga que costumava cantar com sua professora.

Quem Alexandre fotografou? [ ] a amiga [ ] a professora

5 Júlia demitiu o secretário do advogado que estava de férias.

Quem estava de férias? [ ] o secretário [ ] o advogado

6 A lojista vendeu dez camisas em duas horas.

Quantas camisas vendeu a lojista? [ ] dez [ ] duas

7 Tomás denunciou os amigos dos detetives que estavam viajando.

Quem estava viajando? [ ] os amigos [ ] os detetives

8 Mateus instalou o alto-falante do rádio que estava na garagem.

O que estava na garagem? [ ] o alto-falante [ ] o rádio

9 As crianças gostam de fazer castelos de areia na praia com conchinhas e seixos.

O que as crianças gostam de fazer? [ ] castelos [ ] seixos

10 O carro destruído no acidente desta manhã pertencia a um coronel do exército.

A quem pertencia o carro? [ ] ao exército [ ] ao coronel

11 A etiqueta no livro registra o código da biblioteca.

Onde está registrado o código? [ ] na etiqueta [ ] no livro

12 O candidato desconhecia a fórmula química da água.

O que desconhecia o candidato? [ ] a água [ ] a fórmula

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13 A anfitriã anunciou a amiga da princesa que estava grávida.

Quem estava grávida? [ ] a amiga [ ] a princesa.

14 O rapaz estava na sala quando partiu a cabeça.

Onde estava o rapaz? [ ] na cozinha [ ] na sala

15 O cão do Pedro mordeu o gato da vizinha.

De quem era o cão? [ ] da vizinha [ ] do Pedro

16 O João fez três testes de matemática no último semestre.

Quantos testes fez o João? [ ] seis [ ] três

17 Fernando convidou vinte pessoas para seu barco novo.

Quantas pessoas estavam no barco? [ ] vinte e uma [ ] vinte

18 João empurrou as colegas das desenhistas que estavam dançando.

Quem estava dançando? [ ] as colegas [ ] as desenhistas

19 A comissão dos trabalhadores da empresa exigiu o pagamento dos salários.

O que exigiu a comissão ? [ ] aumento [ ] pagamento

20 Luana adorou a calda da torta que estava na geladeira.

O que estava na geladeira? [ ] a calda [ ] a torta

21 A Maria e a Luísa pintaram a varanda amarela com tinta branca.

De que cor era a varanda? [ ] branca [ ] amarela

22 Os juízes absolveram a atleta acusada de usar drogas pelo comitê Olímpico.

Quem absolveu a atleta? [ ] o comitê Olímpico [ ] os juízes

23 O gerente contratou o assistente do contador que estava espirrando.

Quem estava espirrando? [ ] o assistente [ ] o contador

24 Na recepção do hotel havia um tapete vermelho que contrastava com o tom creme das paredes.

Qual era a cor do tapete? [ ] creme [ ] vermelho

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25 Lia reconheceu os assessores dos ministros que estavam fumando.

Quem estava fumando? [ ] os assessores [ ] os ministros

26 Os rumores durante a eleição acabaram por prejudicar o presidente do clube.

O que prejudicou o presidente? [ ] os rumores [ ] a eleição

27 Os médicos aconselham o consumo de produtos mais ricos em hidratos ao invés de proteínas.

O que aconselham os médicos? [ ] proteínas [ ] hidratos

28 Henrique substituiu os fios dos amplificadores que estavam danificados.

O que estava danificado? [ ] os fios [ ] os amplificadores

29 O telescópio orbital registrou nítidas imagens dos berçários de estrelas.

O que registrou o telescópio? [ ] berçários [ ] estrelas

30 O diretor constatou ontem que o menino tinha desaparecido durante o encontro com os pais.

Quando o menino desapareceu? [ ] durante o encontro [ ] ontem

31 A testemunha afirmou no interrogatório que o detetive tinha mentido no depoimento.

Quando o detetive mentiu? [ ] no interrogatório [ ] no depoimento

32 A experiência no laboratório de química acabou antes da experiência no laboratório de biologia.

Que experiência acabou mais cedo? [ ] química [ ] biologia

33 Os bilhetes para os espetáculos de música de agosto esgotaram em abril.

Em que mês são os espetáculos? [ ] agosto [ ] abril

34 Dalila fotografou a filha da bailarina que estava pescando.

Quem estava pescando? [ ] a filha [ ] a bailarina

35 O médico chamou as enfermeiras das crianças que estavam dormindo.

Quem estava dormindo? [ ] as enfermeiras [ ] as crianças

36 A Sara deu comida aos macacos do jardim zoológico sem autorização do veterinário.

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Quem deu comida aos macacos? [ ] a Sara [ ] o veterinário

37 A gata da Ana foi atropelada pela bicicleta do Pedro.

De quem é a gata? [ ] do Pedro [ ] da Ana

38 O jardineiro tratou as folhas das árvores que estavam queimadas.

O que estava queimado? [ ] as folhas [ ] as árvores

39 O encontro de pais e professores deste mês será realizado na casa de um de nossos alunos.

Onde será realizado o encontro? [ ] na escola [ ] em uma casa

40 O dono do hotel na Alemanha preparou-se para a chegada dos conferencistas vindos da Itália.

De que país vieram os conferencistas? [ ] da Alemanha [ ] da Itália

41 Um mamute foi encontrado nas geleiras da Rússia por pesquisadores do museu.

Onde foi encontrado o mamute? [ ] no museu [ ] nas geleiras

42 Carlos conheceu o intérprete do embaixador que estava lendo.

Quem estava lendo? [ ] o intérprete [ ] o embaixador

43 O garçom quebrou os copos ao lado das garrafas de vinho.

O que se quebrou? [ ] os copos [ ] as garrafas

44 O bombeiro consertou o cano do tanque que estava rachado.

O que estava rachado? [ ] o cano [ ] o tanque

45 Luís fotografou o refugiado americano deixando a embaixada.

Quem foi fotografado? [ ] Luís [ ] o refugiado americano

46 O presidente vai receber amanhã o governador para planejarem as comemorações do Dia do Trabalho.

Quando eles se encontrarão? [ ] no Dia do Trabalho [ ] amanhã

47 Maria examinou os teclados dos computadores que estavam no laboratório.

O que estava no laboratório? [ ] os teclados [ ] os computadores

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48 Sônia criticou a irmã da vizinha que estava correndo

Quem estava correndo? [ ] a irmã [ ] a vizinha

49 O cozinheiro quebrou a tampa da panela que estava limpa.

O que estava limpo? [ ] a tampa [ ] a panela

50 O caderno verde está em cima do móvel azul.

De que cor é o caderno? [ ] verde [ ] azul

51 A sala de estar da Bárbara foi decorada em estilo clássico pelo marido da Mafalda.

Em que estilo foi decorada a sala? [ ] clássico [ ] moderno

52 Meu tio vendeu as rodas das bicicletas que estavam amassadas.

O que estava amassado? [ ] as rodas [ ] as bicicletas

53 A porcelana presenteada pela madrinha foi roubada do apartamento da noiva.

De que apartamento foi roubada? [ ] da madrinha [ ] da noiva

54 Os pescadores que deixaram os barcos na doca foram comer no bar do cais.

Onde estão os barcos? [ ] na doca [ ] na praia

55 Os seis cavalos do circo ganharam três medalhas no mês passado.

Quantas medalhas ganharam? [ ] seis [ ] três

56 Os críticos aplaudiram entusiasticamente o diretor no final da representação.

Quem foi aplaudido? [ ] o diretor [ ] o ator

57 O diretor do hotel dispensou os guias dos turistas que estavam irritados.

Quem estava irritado? [ ] os guias [ ] os turistas

58 O público fugiu do prédio depois de o palco ter se incendiado.

O que se incendiou? [ ] a platéia [ ] o palco

59 Laurêncio apertou o botão do elevador que estava quebrado.

O que estava quebrado? [ ] o botão [ ] o elevador

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60 Os técnicos do Centro de Saúde manifestaram-se durante à tarde em frente à Câmara Municipal.

Onde foi a manifestação? [ ] na Câmara Municipal [ ] no Centro de Saúde

61 Vestígios de dinossauros foram casualmente encontrados em pedreiras por habitantes locais.

Quem encontrou os vestígios? [ ] os habitantes [ ] os arqueólogos

62 O economista pesquisou os preços dos carros que estavam na vitrine.

O que estava na vitrine? [ ] os preços [ ] os carros

63 Patrícia viu as professoras das alunas que estavam no pátio.

Quem estava no pátio? [ ] as professoras [ ] as alunas

64 Os diamantes roubados na África foram vendidos ao homem mais rico da América.

Onde estavam os diamantes? [ ] na África [ ] na América

65 Os ladrões roubaram o carro estacionado ao lado do caminhão.

O que foi roubado? [ ] o carro [ ] o caminhão

66 A TV estatal anunciou diretamente de Londres os vencedores da viagem ao Brasil.

Onde foram anunciados os vencedores? [ ] em Londres [ ] no Brasil

67 Os trabalhos entregues no mês passado só foram distribuídos ontem.

Quando foram entregues os trabalhos? [ ] ontem [ ] no mês passado

68 Raul transportou a escultura da exposição que estava no museu.

O que estava no museu? [ ] a escultura [ ] a exposição

69 Lisa comprou as cargas das canetas que estavam na promoção.

O que estava na promoção? [ ] as cargas [ ] as canetas

70 A catedral tem uma torre com quatro sinos.

Quantas torres tem a catedral? [ ] uma [ ] quatro

71 O turista fotografou a estante de livros no quarto do poeta.

O que fotografou o turista? [ ] o poeta [ ] a estante

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72 A polícia anunciou ontem à noite que prendeu os traficantes durante a madrugada de domingo.

Quando foram presos os traficantes? [ ] domingo [ ] ontem

Versão inglesa:

Informações pessoaisSujeito #. :............

Idade:........... Sexo: masculino feminino

País de origem: .................. . . . . .......... Curso:.........................................

Língua falada pela mãe.............................. Língua falada pelo pai..............................

Idade em que começou a aprender inglês:......................................

Descreva brevemente onde e como aprendeu inglês:.................................................................................................................................................................................

............................................................................................................................................

Por quanto tempo, no total, estudou ou foi exposto ao inglês:.............................................

Além do inglês, indique se você conhece outra(s) língua(s), assim como a idade em quecomeçou a aprendê-la(s). Marque, também, a alternativa que melhor caracteriza o seuconhecimento de cada uma.

Língua:..................................... Língua:....................................Inglês

Idade:................ Idade:................

Falo e compreendo com fluência Falo e compreendo com fluência Falo e compreendo com fluência

Falo e compreendo muito bem Falo e compreendo muito bem Falo e compreendo muito bem

Falo e compreendo um pouco Falo e compreendo um pouco Falo e compreendo um pouco

Estudei, mas não chego a falar Estudei, mas não chego a falar Estudei, mas não chego a falar

Compreendo, mas não falo Compreendo, mas não falo Compreendo, mas não falo

- Marque a(s) ocasião(ões) e a freqüência em que você usa o inglês e o português:Sempreportugu

ês

Maisportuguêsque inglês

Ambasigualme

nte

Mais inglêsque

português

Sempre

inglês em casa com amigos

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no trabalho outro:.................................

- Marque a(s) ocasião(ões) e a forma como nela(s) você usa seu inglês :

Semprefalado

Mais faladoque escrito

Ambosigualme

nte

Mais escritoque falado

Sempre

escrito em casa com amigos no trabalho outro:...............................................

- Histórico de escolaridade (em caso de outro idioma, indicar qual e onde):

Ensino Fundamental em português outro idioma ..................................

Ensino Médio em português outro idioma ..................................

Ensino Superior em português outro idioma ..................................

Pós-graduação em português outro idioma ..................................

Outro em português outro idioma ..................................

Já residiu no estrangeiro? Não Sim. Descreva brevemente onde, quando, e por quanto

tempo:

.......................................................................................................................................

.......................................................................................................................................

Já passou mais de dois meses num país onde o português não seja a línguamajoritária?

Não. Sim. Descreva brevemente onde, quando, e por quanto

tempo:

......................................................................................................................................................................................................................................................................................

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Questionnaire

1 The florists sell more red roses than carnations.

What do the florists sell more? [ ] carnations [ ] roses

2 The lawyer defended his client during the trial.

Who was defended ? [ ] the client [ ] the lawyer

3 The maids bought the blue hats with matching black dresses.

What color are the hats? [ ] blue [ ] black

4 Alexander photographed the friend who used to sing with his teacher.

Who did he photograph? [ ] the friend [ ] the teacher

5 Julia fired the secretary of the lawyer that was on vacation.

Who was on vacation? [ ] the secretary [ ] o lawyer

6 The shopkeeper sold ten T-shirts in two hours.

How many T-shirts did she sell? [ ] ten [ ] two

7 Thomas accused the friends of the detectives that were travelling.

Who was travelling? [ ] the friends [ ] the detectives

8 Matthew installed the loudspeaker of the radio that was in the garage

What was in the garage? [ ] the loudspeaker [ ] the radio

9 Children enjoy building castles at the beach with little sea-shells and flint-stones.

What do children enjoy doing? [ ] castles [ ] flint-rocks

10 The car destroyed in the accident this morning belonged to an army colonel.

Who did the car belonged to? [ ] the army [ ] the colonel

11 The label on the book registers the library code.

Where is the library code registered? [ ] on the label [ ] on the book

12 The candidate didn’t know the chemical formula of water.

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What didn’t he know? [ ] the water [ ] the formula

13 The hostess announced the friend of the princess that was pregnant.

Who was pregnant? [ ] the friend [ ] the princess.

14 The boy was in the living room when he broke his head.

Where was the boy? [ ] kitchen [ ] living room

15 Peter’s cat bit the neighbor’s dog.

Who bit the dog? [ ] the neighbor [ ] the cat

16 John did three math tests last semester.

How many tests did John do? [ ] six [ ] three

17 Fernando invited twenty people to his new boat.

How many people were on the boat? [ ] twenty-one [ ] twenty

18 John pushed the colleagues of the designers that were dancing.

Who was dancing? [ ] the colleagues [ ] the designers

19 The union demands the immediate payment of the salaries

What is the union demand? [ ] a raise [ ] the payment

20 Luanne loved the syrup of the pie that was in the refrigerator.

What was in the refrigerator? [ ] the syrup [ ] the pie

21 Mary and Louise painted the yellow balcony with white paint.

What color was the balcony? [ ] white [ ] yellow

22 The judges absolved the athlete accused of using drugs by the Olympic Committee

Who absolved the athlete? [ ] the Olympic Committee [ ] the judges

23 The manager hired the assistant of the accountant that was sneezing

Who was sneezing? [ ] the assistant [ ] the accountant

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24 There was a red carpet at he entrance of the hotel that contrasted with the pale vanilla of the walls.

What color was the carpet? [ ] red [ ] vanilla

25 Lia recognized the assessors of the ministers that were smoking.

Who was smoking? [ ] the assessors [ ] the ministers

26 The rumors during the election ended up hurting the president of the club.

What hurt the president? [ ] the rumors [ ] the election

27 Doctors encourage the consumption of products richer in hydrates instead of proteins.

What do doctors encourage? [ ] proteins [ ] hydrates

28 Harry replaced the wires of the amplifiers that were damaged.

What was damaged? [ ] the wires [ ] the amplifiers

29 The orbital telescope captured clear images of the stars nurseries.

What did it capture? [ ] nurseries [ ] stars

30 The principal realized yesterday that the boy had disappeared during the parents’ meeting.

When did the boy disappear? [ ] during the meeting [ ] yesterday

31 The witness confirmed during the audience that the detective lied on the deposition.

When did the detective lie? [ ] in the audience [ ] on the deposition

32 The experience at the chemistry lab was finished just before the experience at the biology lab..

What experience was finished earlier? [ ] chemistry [ ] biology

33 The tickets for the August concerts were sold out in this very April

What month are the concerts? [ ] August [ ] April

34 Delilah photographed the daughter of the ballerina that was fishing.

Who was fishing? [ ] the daughter [ ] the ballerina

35 The doctor called the nurses of the children that were sleeping.

Who was sleeping? [ ] the nurses [ ] the children

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36 Sarah fed the monkeys of the zoo without the permission of the veterinarian.

Who fed the monkeys? [ ] Sarah [ ] the veterinarian

37 Ana’s cat was run over by Peter’s bike.

Whose cat is it? [ ] Peter’s [ ] Ana’s

38 The gardener treated the leaves of the trees that were burned.

What was burned? [ ] the leaves [ ] the trees

39 The parents and teachers’ meeting of this month will take place in one of our students’ house.

Where is the meeting taking place? [ ] at school [ ] in a house

40 The owner of the hotel in Germany was prepared for the arrival of the lecturers coming from Italy.

Where are the lecturers from? [ ] Germany [ ] Italy

41 A mamute was found in an ice-cave in Russia by researchers from the museum.

Where was the mamute found? [ ] museum [ ] ice-cave

42 Charles met the interpreter of the ambassador that was reading.

Who was reading? [ ] the interpreter [ ] the ambassador

43 The waiter broke the glasses next to the bottles of wine.

What was broken? [ ] glasses [ ] bottles

44 The plumber fixed the pipe of the sink that was cracked.

What was cracked? [ ] the pipe [ ] the sink

45 Louis filmed the American refugee leaving the embassy.

Who was filmed? [ ] Louis [ ] the American refugee

46 The president will be meeting the governor tomorrow in order to plan the celebration on the Labor’s Day.

When will they meet? [ ] on the Labor’s Day. [ ] tomorrow

47 Mary examined the keyboards of the computers that were in the laboratory.

What was in the laboratory? [ ] the keyboards [ ] the computers

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48 Sonia criticized the sister of the neighbor that was running.

Who was running? [ ] the sister [ ] the neighbor

49 The chef broke the lid of the pan that was clean

What was clean? [ ] the lid [ ] the pan

50 The green notebook is on the blue table.

What color is the notebook? [ ] green [ ] blue

51 Barbara’s living room was decorated in a classic style by Mafalda’s husband

Which style is Barbara’s living room? [ ] classic [ ] modern

52 My uncle sold the wheels of the bikes that were twisted.

What was twisted? [ ] the wheels [ ] the bikes

53 The china given by the bridesmaid was stolen from the bride’s apartment

Whose apartment was it stolen from? [ ] the bridesmaid’s [ ] the bride’s

54 The fishermen that left the boats on the docks are now having lunch..

Where are the boats? [ ] on the docks [ ] on the street

55 The six horses of the circus were awarded three medals last month.

How many medals do they have? [ ] six [ ] three

56 The critics acclaimed the director at the end of the play.

Who was acclaimed? [ ] the director [ ] the actors

57 The hotel director dismissed the guides of the tourists that were angry.

Who was angry? [ ] the guides [ ] the tourists

58 The audience left the building after the stage got burned.

What got burned? [ ] the building [ ] the stage

59 Lawrence pressed the button of the elevator that was broken.

What was broken? [ ] the button [ ] the elevator

60 The Health Center technicians occupied the stairs of the City Hall this morning.

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Where was the manifestation? [ ] at the City Hall [ ] at the Health Center.

61 Some dinosaurs traces were found by chance on a quarry by the locals.

Who found the traces? [ ] the locals [ ] the archeologists

62 The economist researched the prices of the cars that were in the shop window.

What was at in the shop window? [ ] the prices [ ] the cars

63 Patricia saw the teachers of the students that were in the yard.

Who was in the yard? [ ] the teachers [ ] the students

64 The diamonds stolen in Africa were sold to the richest man in America.

Where were the diamonds? [ ] in Africa [ ] in America

65 The thieves stole the car parked next to the truck.

What was stolen? [ ] the car [ ] the truck

66 The state TV channel announced live from London the winner of the trip to Brazil.

Where was announced the winner? [ ] in London [ ] in Brazil

67 The papers delivered last month were only distributed this week.

When were the papers delivered? [ ] this week [ ] last month

68 Raul carried the sculpture of the exhibit that was at the museum.

What was at the museum? [ ] the sculpture [ ] the exhibit

69 Lisa bought the refills of the pens that were on sale.

What was on sale? [ ] the refills [ ] the pens

70 The Cathedral has one tower with four bells.

How many towers does the Cathedral have? [ ] one [ ] four

71 The tourist photographed the bookshelf in the office of the poet.What did the tourist photograph? [ ] the poet [ ] the bookshelf

72 The police announced last night that they had arrested the terrorists last Sunday night

When were they arrested? [ ] this morning [ ] last night

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Anexo 4

Perfil dos Sujeitos

Dados extraídos das fichas de Informações Pessoais

Monolíngües

Média de idade

34, 875 anos

Grau de escolaridade

Médio 15,625%

Superior 75%

Pós-graduação 9,375%

Sexo

Feminino 65,625

Masculino 34,375

Conhecimento de língua estrangeira

Pouco 75%

Nenhum 25%

Residiu no estrangeiro

0%

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Bilíngües

Média de idade 32,344 anos

Grau de escolaridade

Superior 65,5% Pós-graduação 37,5%

Sexo

Feminino 65,625% Masculino 34,375%

Conhecimento de língua estrangeira

Inglês 100%

Falo e compreendo com fluência 84,375%

Falo e compreendo muito bem 15,625%

Espanhol 37,5% Italiano 3,125%

Falo e compreendo um pouco 25% Falo e compreendo um pouco100%

Estudei mas não chego a falar 41,6%

Compreendo mas não falo 33,3%

Idade média de aquisição do inglês 11,6875 anos

Tempo médio de exposição ao inglês 11, 375 anos

Residiu em país de língua. inglesa 40,625%

Até dois meses 61,538% Até seis meses 38,462%

Uso do português e do inglês

Em casa Com amigos No trabalho

Sempre português 81,25% Sempre português 93,75% Ambas igualmente28,125%

Mais port. que ing. 18,75% Mais port. que ing. 6,25% Mais port. que ing. 68,75%

Sempre inglês2,125%

Forma de uso do inglês

Em casa Com amigos No trabalho

Sempre falado 18,75% Mais falado que escrito 6,25% Mais falado que escrito 6,25%

Ambos igualmente 37,5%

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Anexo 5

Teste de plausibilidade

Versão portuguesa:

Sem levar em conta a possível interpretação que você possa ter das seguintesorações, indique o quão plausível você as considera, marcando o número apropriado.Baseie suas respostas na seguinte escala:

Muitoplausível

Poucoplausível Não sei

Poucoimplausível

Muitoimplausível

1 2 3 4 5

Tomemos por exemplo a seguinte frase: O polvo estava lendo o jornal. Embora essafrase possa fazer sentido em determinadas circunstâncias - como, por exemplo, paradescrever uma figura dentro de um livro infantil-, seu significado não é muito plausível nomundo real., visto que polvos tipicamente não conseguem ler. Dessa forma, baseie suaavaliação de acordo com a plausibilidade da sentença no mundo real.

Observe que as frases se apresentam em pares (A tampa estava limpa e A panelaestava limpa). Isso não significa, porém, que uma das orações deva ser mais plausível que aoutra. De fato, as duas orações podem ser plausíveis ou não.

√+P ? ×-P1- O cavalo estava fazendo uma fogueira. 1 2 3 4 5

2- O cigano estava fazendo uma fogueira. 1 2 3 4 5

3- O treinador estava doente. 1 2 3 4 5

4- O ginasta estava doente. 1 2 3 4 5

5- As roupas eram vermelhas. 1 2 3 4 5

6- As estudantes eram vermelhas. 1 2 3 4 5

7- A cadeira estava lendo o jornal. 1 2 3 4 5

8- O padre estava lendo o jornal. 1 2 3 4 5

9- O assistente estava espirrando. 1 2 3 4 5

10- O contador estava espirrando. 1 2 3 4 5

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Test of plausibility

Vesão inglesa:

Regardless of what you think the interpretation of the sentence could be, indicate howplausible you consider the meaning of each of the following sentences by circling theappropriate number. Base your answers on the following scale.

very plausible

somewhatplausible don’t know

somewhatimplausible

veryimplausible

1 2 3 4 5

For example, consider the sentence The octopus was reading the newspaper. While thesentence could be meaningfully uttered under certain circumstances (for instance, todescribe a picture in a children’s book), it’s meaning is not very plausible in the real world(octopi typically cannot read).Please note that the sentences below come in pairs (e.g., The lid was clean, The pan wasclean). This does not mean that one of the sentences should be more plausible than theother. In fact, both sentences could be very plausible or very implausible.

√+P ? ×-P1- The horse was lighting a fire. 1 2 3 4 5

2- The gypsy was lighting a fire. 1 2 3 4 5

3- The coach was sick.. 1 2 3 4 5

4- The gymnast was sick. 1 2 3 4 5

5- The clothes were red. 1 2 3 4 5

6- The students were red. 1 2 3 4 5

7- The chair was reading a newspaper. 1 2 3 4 5

8- The priest was reading a newspaper. 1 2 3 4 5

9- The assistant was sneezing. 1 2 3 4 5

10- The accountant was sneezing. 1 2 3 4 5

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Anexo 6Tabelas de contingências

table(N1Pt,N2Pt) 1 2 3 4 5

1 165 6 0 2 12 1 11 0 0 13 2 0 2 0 04 1 0 0 0 05 0 0 0 0 0

table(N1It,N2It) 1 2 3 4 5

1 173 7 1 1 02 6 1 2 0 03 1 0 0 0 04 0 0 0 0 05 0 0 0 0 0

table(N1Pt,N1It) 1 2 3 4 5

1 164 9 1 0 02 13 0 0 0 03 4 0 0 0 04 1 0 0 0 05 0 0 0 0 0

table(N2Pt,N2It) 1 2 3 4 5

1 157 8 3 1 02 17 0 0 0 03 2 0 0 0 04 2 0 0 0 05 2 0 0 0 0

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RESUMO

APOSIÇÃO DE ORAÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS E NO INGLÊS: OPROCESSAMENTO NO BILINGUISMO.

Juliana Meyohas Moreira Maia

Orientador: Marcus Antônio Rezende Maia

Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação emLingüística, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitosnecessários à obtenção do título de Mestre em Lingüística.

Esta dissertação visa a investigar as estratégias de parsing empregadas por sujeitosbilíngües de português-inglês no processamento de estruturas sintaticamente ambíguas dotipo SN1-prep-SN2-OR. As orações relativas finais, pospostas a um SN complexo,constituem o único tipo de estrutura já testada que foge ao princípio da aposição local. Avariação translingüística verificada no processamento dessas sentenças mostra-se útil nainvestigação de como é processado o input na mente dos bilíngües. Neste estudo,entreteremos a aplicabilidade da Hipótese da Prosódia Implícita (Fodor, 1998; 2002),sugerindo que seria plausível a proposição de um parser universal, cujo default atuaria deacordo com o princípio da aposição local. A variação translingüística, assim como asdivergências internas nos grupos de bilíngües, decorreriam do acesso à informaçãoprosódica no processamento. Os dados obtidos são interpretados como evidência de que asvariações lingüísticas decorrem da interação entre o princípio da aposição local e asparticularidades prosódicas das línguas.

Palavras-chave: psicolingüística processamento de frases, orações relativas, bilingüismo,aquisição de segunda língua.

RIO DE JANEIRO

ABRIL DE 2005

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ABSTRACT

RELATIVE CLAUSE ATTACHMENT IN PORTUGUESE AND IN ENGLISH: THEBILINGUAL PROCESSING.

Juliana Meyohas Moreira Maia

Orientador: Marcus Antônio Rezende Maia

Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação emLingüística, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitosnecessários à obtenção do título de Mestre em Lingüística.

This dissertation aims to investigate the parsing strategies employed by Portuguese -English bilinguals in the processing of syntactically ambiguous structures of the type NP1-prep-NP2-RC. Relative clauses in sentence final position, following a complex NP, are theonly type of structure already tested which escape the Late Closure principle. Thecrosslinguistic variation in the processing of these sentences is useful for the investigationof how input is processed in the bilinguals’ mind. In the present study, we entertain theapplicability of the Implicit Prosody Hypothesis (Fodor, 1998, 2002), suggesting that itmight be feasible to assume a universal parser, acting under the Late Closure Principle. Thecrosslinguistic variation, as well as the discrepancies inside the bilinguals groups, can bedue to the access to the prosodic information in the course of sentence processing. Resultsare taken as evidence that linguistic variations are generated by the interaction of the LateClosure principle and the prosodic particularities of a specific language.

Key-words: psycholinguistics, sentence processing, relative clauses, bilingualism, secondlanguage acquisition

RIO DE JANEIRO

ABRIL DE 2005