Apostila 1 Agronegócios 2011 2(Revisada)

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Mensagem do Professor Meus caros alunos, iniciamos mais um semestre letivo, espero que possamos desenvolver uma interao positiva entre professor e aluno afim de que o conhecimento adquirido na disciplina Agronegcios possa de alguma forma contribuir para o progresso profissional de vocs. O agronegcio hoje a principal locomotiva da economia brasileira, responsvel por 33% do PIB, 37% dos empregos gerados na economia e responde por 42% das exportaes totais (Dados do Ministrio da Agricultura. 2006) . Neste ano de 2011 o pas dever colher uma safra de mais de 162 milhes de toneladas de gros. O Brasil ostenta ainda o maior rebanho bovino comercial do mundo, cerca de 205 milhes de cabeas, e lidera as exportaes nesta rea. Somos tambm o principal produtor e exportador de acar, caf, suco de laranja e lcool derivado da cana. Em relao s exportaes, tambm somos primeirssimos em relao ao tabaco e carne de frango; somos o segundo lugar com o complexo soja e terceiro com o milho e a carne suna. Moderno, eficiente e competitivo, o agronegcio brasileiro uma atividade prspera segura e rentvel. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a gua doce disponvel no planeta. O Brasil um dos principais fornecedores de produtos agropecurios para o mundo. O pas envia alimentos para 215 destinos em 180 pases. O modelo adotado de agricultura sustentvel e competitiva pioneiro no apoio a programas de reduo de emisso de gases de efeito estufa. Eis a uma pequena amostra do dinamismo do agronegcio brasileiro. Prof. Danilo Biasi

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I - IntroduoI.1.Tendncias do agronegcio brasileiro para 2011O agronegcio brasileiro vai registrar expanso acima da mdia em 2011. A estimativa da Confederao Nacional da Agricultura (CNA), que atribui aos altos preos das commodities, forte demanda interna e externa e reduo dos custos de produo a projeo de um avano mais acelerado no campo neste ano. Com isso, o faturamento dos 25 produtos agropecurios vai crescer 3,65% e atingir 261 bilhes de reais no perodo. Os estoques de gros esto em baixos nveis, e o consumo deve continuar aquecido. O Brasil, maior produtor de alimentos do mundo, ser favorecido nessa conjuntura, diz a senadora Ktia Abreu, presidente da CNA. Outro aspecto positivo para o setor apontado pela CNA foi a queda dos custos de produo ao longo de 2010. No perodo, o gasto mdio por hectare foi de 936 reais, em comparao com os 1.160 reais gastos em 2009. Esse cenrio compe um quadro de rentabilidade para o agricultor brasileiro, avalia Andr Pessoa, diretor da Agroconsult, empresa de consultoria agrcola. Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e coordenador do Centro de Agronegcio da Faculdade Getlio Vargas (GV-Agro), 2011 ser um ano emblemtico para a agricultura e o Brasil no ser somente favorecido pela conjuntura internacional. Rodrigues afirma que o pas ser o protagonista do aumento da produo de alimentos no mundo. Teremos um novo governo e a oportunidade de grandes revises do processo produtivo no momento em que nos foi imposto o desafio de crescer acima da taxa mundial,afirma o ex-ministro. Rodrigues se refere a um levantamento realizado pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) que aponta que a produo de alimentos ter de crescer 20% nos prximos dez anos a fim de atender demanda mundial. Nesse panorama, a Unio Europeia vai contribuir com um aumento de 4%; a Austrlia com 7%; os Estados Unidos e o Canad com 15%; a Rssia e a China com 26%; e o Brasil com 40%. Teremos de avanar o dobro do crescimento mundial, e isso implica numa expectativa muito grande sobre nossa produo, em funo da disponibilidade de terras e de nossa competitividade, diz Rodrigues. Ele acrescenta que a projeo de crescimento da rea de energia ser ainda maior que a de alimentos. A China comprou mais carros que qualquer outro pas neste ano. L a estatstica de trs carros para cada 100 habitantes em comparao, os Estados Unidos tm 60 carros para cada 100 habitantes. Portanto, a demanda crescer ainda mais nos prximos anos, e a presso ambiental vai impulsionar o consumo de combustvel limpo, avalia o ex-ministro. A presidente da CNA tambm v a China como motor da economia mundial. Projees mostram que o pas deve crescer entre 8% e 9,5% neste ano, mas, se o desempenho do gigante asitico for inferior a 8%, o quadro ser de preocupao, uma vez que o crescimento menor reduzir a demanda por alimentos, importados principalmente do Brasil, avalia a senadora. A volta da inflao e uma desacelerao econmica mundial tambm poderiam afetar as boas previses da CNA para o setor em 2011. A entidade estima que as exportaes do agronegcio atinjam novo recorde histrico, de 77,8 bilhes de dlares, com saldo positivo de 66,5 bilhes de dlares. No entendimento de Rodrigues, existem seis pilares que so considerados fundamentais para a consolidao do agronegcio brasileiro. O primeiro a renda, com o seguro rural, o crdito e os preos de garantia ao produtor. O segundo a logstica, com priorizao das estradas, ferrovias e portos. Em terceiro, destaca-se a tecnologia, com a continuidade dos investimentos no campo. O quarto pilar refere-se ao comrcio exterior, com a adoo de uma poltica mais agressiva. O quinto4

trata da defesa sanitria, por meio da criao de um programa eficaz. E finalmente o sexto pilar trata de uma reviso ampla do aparato legal sobre o campo, que inclua as discusses sobre o direito de propriedade, questes trabalhistas e ambientais. O cenrio promissor para o Brasil, porm, se quisermos aproveitar essa oportunidade, temos de priorizar esses seis pilares, afirma Rodrigues. As estimativas para 2011 so otimistas para a maioria das commodities. O comrcio de gros, que surpreendeu em 2010 em funo das altas cotaes, deve se apresentar ainda mais aquecido em 2011, em funo dos baixos estoques mundiais e da tendncia de elevao no consumo das famlias. J a produo de cana-de-acar deve se manter estvel em 560 milhes de toneladas no Brasil. O segmento sucroenergtico apresenta potencial de crescimento em 2011, ainda que a safra de cana se mantenha estagnada. A expectativa de aumento das vendas de acar e lcool. A produo de energia a partir do bagao tambm vai aumentar, e o mercado de bioplstico tende a se desenvolver com mais velocidade. As perspectivas de mercado so otimistas, mas o setor necessita de um novo ciclo de investimentos, avalia Marcos Jank, presidente da Unio da Indstria da Cana (Unica).

No segmento de carnes, o destaque ser a produo de frango, que foi a sensao de 2010 e promete repetir a boa fase neste ano, perodo em que a Unio Brasileira de Avicultura (Ubabef) prev um crescimento de 3% a 5% para o setor. Ao que tudo indica, o Brasil vai superar a China na produo de aves em 2011, diz Francisco Turra, presidente da Ubabef. J o boi gordo, que em novembro de 2010 atingiu preo histrico, com a arroba cotada a 117 reais, deve, durante abril ou maio, na safra, recuar para o patamar de 95 a 98 reais. Como ser um perodo de chuvas em abundncia, creio que isso ajudar na recuperao das pastagens e deve conter as presses de alta do mercado, diz Paulo Molinari, analista da empresa de consultoria Safras & Mercado. Ainda assim, o consumo interno e externo vai manter-se firme, em crescimento. Isso positivo para o preo do boi e da carne. Do lado da oferta, teremos uma produo um pouco maior que em 2010, pois o cenrio de preos mais convidativo ao uso de tecnologia e confinamento, calcula Miguel da Rocha Cavalcanti, analista do BeefPoint. Para o caf, cuja safra somar 48 milhes de sacas de 60 quilos no perodo 2009/2010, a previso de preos maiores ao longo deste ano, j que os estoques mundiais do produto esto em queda e a safra brasileira de 2010/2011 ser menor, em decorrncia do ciclo produtivo do gro, caracterizado por um ano de safra alta e seguido por perodo de safra baixa. Apesar do cenrio otimista para o ano, Ktia Abreu reivindica uma reforma do atual modelo da poltica agrcola do pas. O agricultor no pode arcar sozinho com o abastecimento do pas. O governo precisa garantir preos mnimos sem5

burocracia, diz a presidente da CNA, que tambm pede prioridade para a soluo da logstica do Centro-Oeste, responsvel por 50% da safra brasileira de gros. Outro ponto negativo para o segmento foi o adiamento da votao do novo Cdigo Florestal para este ano. Essa situao aumenta o quadro de insegurana jurdica entre os produtores, diz a senadora, acrescentando que, enquanto aguardam a aprovao da proposta de atualizao do Cdigo Florestal, 90% dos produtores continuam em situao irregular. Na avaliao de Rodrigues, o Brasil consegue superar problemas como a precariedade da infraestrutura e o protecionismo europeu, mas vive esse impasse na questo ambiental. Isso um absurdo, pois o agronegcio brasileiro um dos mais sustentveis do mundo, com os maiores ndices de produtividade agrcola, maior integrao lavoura-pecuria, maior plantio direto e maior reserva ambiental, afirma. A restrio da venda de terras para estrangeiros tambm no vista pelo setor com bons olhos. A vinda de estrangeiros para o Brasil tem a vantagem de que eles passaro a ser nossos aliados para derrubar subsdios no mercado internacional, avalia Roberto Rodrigues. Para ele, ainda que estejam nas mos de estrangeiros, as terras so brasileiras e geram emprego e renda no Brasil. Acredito que o governo deva discutir melhor essa questo em 2011, afirma.

I.2 - Caractersticas e Conceitos de agronegciocenrio atual aponta que o Brasil ser o maior pas agrcola do mundo em dez anos. Neste caso, o agronegcio brasileiro uma atividade prspera, segura e rentvel. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a gua doce disponvel no planeta, o Brasil tem 388 milhes de hectares de terras agricultveis frteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhes ainda no foram explorados.O

Todos esses fatores fazem do pas um lugar de vocao natural para a agropecuria e todos os negcios relacionados suas cadeias produtivas. O agronegcio , hoje, a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada trs reais gerados no pas. O Brasil situa-se, no contexto mundial atual, como celeiro mundial em termos de agronegcio. O pas possui 22% das terras agricultveis do mundo, alm de elevada tecnologia utilizada no campo, dados estes que fazem do agronegcio brasileiro um setor moderno, eficiente e competitivo no cenrio internacional. Todo esse cenrio brasileiro atual do agronegcio enquadra-se em uma evoluo que remonta ao sculo XVI. Com isso, faz-se mister ressaltar seus antecedentes histricos at o cenrio atual. I.2.1. Definio A definio correta de agronegcio muito mais antiga do que se imagina e incorpora qualquer tipo de empresa rural. Em 1957, Davis e Goldberg, dois pesquisadores americanos reconheceram que no seria mais adequado analisar a economia nos moldes tradicionais, com setores isolados que fabricavam insumos, processavam os produtos e os comercializavam. Neste caso, o agronegcio foi, ento, definido como o conjunto de empresas que produzem insumos agrcolas, as propriedades rurais, as empresas de processamento e toda a distribuio.6

No Brasil, o termo usado quando se refere a um tipo especial de produo agrcola, caracterizada pela agricultura em grande escala, baseada no plantio ou na criao de rebanhos e em grandes extenses de terra. Estes negcios, via de regra, se fundamentam na propriedade latifundiria bem como na prtica de arrendamentos. Este tipo de produo agrcola tambm chamada de agribusiness ou agrobusiness. (WIKIPDIA, 2007). O conceito de agronegcio implica, ento, na idia de cadeia produtiva, com seus elos entrelaados e sua interdependncia. A agricultura moderna, mesmo a familiar, extrapolou os limites fsicos da propriedade. Depende cada vez mais de insumos adquiridos fora da fazenda e sua deciso de o que, quanto e de que como produzir, est fortemente relacionado ao mercado consumidor, existindo diferentes agentes no processo produtivo, inclusive o agricultor, em uma permanente negociao de quantidades e preos. Desta forma, Davis e Goldberg (1957) definem o agronegcio como sendo a soma total das operaes de produo e distribuio de suprimentos agrcolas; das operaes de produo na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuio dos produtos agrcolas e itens produzidos a partir deles. Este conceito procura abarcar todos os vnculos intersetoriais do setor agrcola, deslocando o centro de anlise de dentro para fora da fazenda, substituindo a anlise parcial dos estudos sobre economia agrcola pela anlise sistmica da agricultura. No Brasil, essa abordagem sistmica foi utilizada explicitamente por Arajo, Wedekin e Pinazza (1990), com a finalidade de levantar as dimenses bsicas do agribusiness brasileiro. Estes autores concluram que o agribusiness brasileiro representava 46% dos gastos relativos ao consumo das famlias, o que correspondia ao equivalente a 32% do PIB brasileiro em 1980. Ento, o agronegcio toda relao comercial envolvendo produtos agrcolas. Conceito de Arajo e Pinazza ... conjunto de todas as operaes e transaes envolvidas desde a fabricao de insumos agropecurios, das operaes de produo nas fazendas, at o processamento, distribuio e consumo dos produtos agropecurios in natura ou industrializados Conceito de Davis & Goldberg, 1957 Soma total das operaes de produo, distribuio de suprimentos agrcolas, operaes de produo nas unidades agrcolas; e o armazenamento, processamento e distribuio dos produtos agrcolas e itens produzidos a partir deles O termo hoje est sendo aplicado como definio para o conjunto de empresas que produzem, processam, e distribuem produtos agropecurios (PORTAL DO AGRONEGOCIO, 2006).

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I.1.2. PODER NO AGRONEGCIO

Industria de Insumos; Em sua maioria compostas por empresas bem administradas e competitivas, regidas pela estrutura de mercado do tipo oligopolista e com forte poder de fixao de preo. Produo Agropecuaria; Composta por muitos produtores, mal organizados, desunidos e com pouca experiencia administrativa. Estrutura de mercado do tipo concorrncia perfeita, onde o produtor no tem poder de fixar o preo do seu produto; ele um tomador de preo. Agroindstrias; A maioria das empresas so bem administradas e competitivas, tem grande poder de fixao de preo. A estrutura de mercado do tipo Oligpolio.

Sendo assim os produtores agropecurios esto pressionados pelos dois lados( tem pouco poder de barganha): - Na hora de comprar: quanto custa? - Na hora de vender: quanto me paga? I.1.3. REESTRUTURAO E PODER NO AGRONEGCIO 1 ONDA: O poder estava no campo ( produtores- bares do caf, cacau, leite, cana de acar, etc) 2 ONDA: O poder estava na Indstria (aps a 2 guerra mundial) 3 ONDA: O poder est na Distribuio (varejistas, supermercados,etc) ltimos 20 anos. MOTIVOS: - Identificao das tendncias de consumo; - Coordenao do fluxo de mercadorias ( coordenao para trs); - Maior poder de negociao; - Maior margem de lucro; - Imagem junto aos consumidores. QUAL SER A 4 ONDA? - O poder estar na Coordenao do Agronegcio (contratos, integrao, fuses, aquisies, joint ventures, etc); - Parcerias para agregao de valor; - Tecnologias (produo + informao), visando a orientao para o mercado ( rastreabilidade, produtos orgnicos, certificao de origem, selo de qualidade, etc). MUDOU O PARADIGMA8

CUSTO + LUCRO = PREO

Para

PREO CUSTO = LUCRO

I.3 A importncia do agronegcio para a EconomiaA presente unidade tem como objetivo expor as principais questes referentes ao agronegcio brasileiro, enfocando pontos fundamentais e atuais para um entendimento amplo e rico do assunto. Dessa forma, num primeiro momento, procurar-se- conceituar o termo agronegcio, mostrando as transformaes ocorridas no decorrer do tempo. O contedo abordado inteiramente voltado para a economia brasileira, com o objetivo de expor a importncia do agronegcio para a mesma e enfatizar a sua evoluo. Tambm sero enfocados os principais produtos utilizados, de modo a se fazer uma distino entre regies exportadoras e produtos exportados. A relao existente entre a balana comercial brasileira e o agronegcio ser tratada de modo a se obter dados referentes a influncia do setor agrcola no crescimento do pas. Levando-se em considerao a importncia das negociaes agrcolas internacionais, sero identificadas as principais barreiras impostas a essas negociaes, o que impede um maior crescimento do agronegcio no Brasil. Procurar-se- enfatizar nesta unidade a atuao do agronegcio na economia brasileira atual, visto que o mesmo considerado um setor fundamental no desenvolvimento e crescimento do Brasil. Veja porque desta afirmao: Emprega 37% da mo-de-obra, cerca de 35 milhes de trabalhadores. Considerando que o ndice PEA - Populao Economicamente Ativa do Brasil de 95 milhes de pessoas. Representa 45% dos gastos ou do consumo das famlias e movimenta mais de 50% da frota nacional de caminhes. Calculando a receita bruta dos dez principais produtos agrcolas brasileiros: soja, milho, cana-deacar, caf, arroz, feijo, algodo, mandioca, fumo e laranja verifica-se que o os estados do Sudeste e do Sul geram pelo menos um tero do valor global desses produtos, e somadas as duas regies produzem mais de dois teros da receita desses produtos. Fatores como urbanizao e renda fizeram o agronegcio do Brasil assumir importncia em razo das mudanas na cadeia de alimentos e fibras, com pesquisas, experimentao, sementes melhoradas, corretivos, fertilizantes, defensivos agrcolas, tratores, mquinas, combustveis, vacinas e medicamentos veterinrios. As projees para 2011 indicam nmeros favorveis para agricultura, o Valor Bruto da Produo estimado de R$ 185,2 bilhes, 7% a mais que o resultado de 2010. I.3.1. Algumas Especificidades Avaliando-se a evoluo do conceito de agronegcio, percebe-se que tanto o conceito antigo de agronegcio quanto o recente englobam os mesmos aspectos no que se trata da produo, processamento, armazenamento e distribuio dos produtos agrcolas. No entanto, o novo conceito de agronegcio acrescenta o aspecto da pecuria.9

Moderno, eficiente e competitivo, o agronegcio brasileiro uma atividade prspera, segura e rentvel. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a gua doce disponvel no planeta, o Brasil tem 350 milhes de hectares de terras agricultveis frteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhes ainda no foram explorados. Esses fatores fazem do pas um lugar de vocao natural para a agropecuria e todos os negcios relacionados suas cadeias produtivas.

DisFigura 1 Distribuio Territorial do Brasil no ano de 2010

BRA IL SFigura 2 Distribuio territorial do Brasil, por uso do solo, no ano de 2010

-D

C des, re ida

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...apesar de aO agronegcio hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada trs reais gerados no pas.Tambm responsvel por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportaes totais e 37% dos empregos brasileiros (MINISTRIO DA AGRICULTURA, 2006). O forte dinamismo do agronegcio no pas tem sido um dos aspectos mais relevantes da nossa economia nos ltimos anos. importante lembrar que nos primeiros anos desse novo milnio, esse setor vem tendo um desempenho ainda melhor que na dcada de 1990. De 2000 a 2009 o setor cresceu, em mdia, a 4,64 % a.a.; enquanto o crescimento da economia brasileira foi de 2,66%. Assim, a comparao do crescimento entre setores mostra que o setor agropecurio tem sido superior aos setores de indstria e servio no pas. A seguir mostra-se o quadro abaixo, referente a evoluo do agronegcio brasileiro em valores monetrios, por setores. 2005 a 2010 - Valores em Mil Reais.Agronegcio Total (A+B+C+D) A) Insumos B) Agropecuria C) Indstria D) Distribuio Agricultura Total (A+B+C+D) A) Insumos B) Agricultura 2005 708.800 74.593 171.215 231.125 231.868 498.343 44.718 94.832 2006 712.008 72.590 167.567 237.632 234.219 511.460 44.161 94.582 2007 768.202 82.018 187.981 247.975 250.227 394 546.148 50.288 106.177 2008 821.560 96.744 216.005 248.531 260.280 579.328 61.388 124.577 2009 779.791 87.804 207.461 234.634 249.892 544.147 53.421 116.021 2010 821.060 88.853 217.450 251.383 263.373 578.390 53.303 121.795

Disponibilida

Milhes de hectar

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C) Indstria D) Distribuio Pecuria Total (A+B+C+D) A) Insumos B) Pecuria C) Indstria D) Distribuio

197.423 161.370 210.457 29.875 76.382 33.702 70.498 2005

205.533 167.183 200.548 28.429 72.984 32.099 67.036 2006

213.373 176.310 222.054 31.730 81.804 34.603 73.917 2007

212.774 180.588 242.232 35.356 91.428 35.756 79.692 2008

201.381 173.325 235.644 34.383 91.440 33.253 76.567 2009

218.064 185.228 242.670 35.550 95.655 33.319 78.145 2010

PIB BR milhes 2010 (Valores deflacionados) Variao Anual (%)

2.743.765 2.976.407 3.181.358 3.258.340 4,37 2005 8,48 2006 23,92 2,44 5,63 7,98 7,87 6,89 2007 24,15 2,58 5,91 7,79 7,87 2,42 2008 25,21 2,97 6,63 7,63 7,99

3.362.764 3.674.964 3,20 2009 23,19 2,61 6,17 6,98 7,43 9,28 2010 22,34 2,42 5,92 6,84 7,17

Total do PIB (A+B+C+D) A) Insumos B) Agropecuria C) Indstria D) Distribuio

25,83 2,72 6,24 8,42 8,45

Fonte: Cepea-USP/CNA

O setor j obteve um crescimento sustentvel em termos financeiros ao longo dos anos. Por isso, considerado o setor mais importante da nossa economia. Os excelentes resultados resumem sua relevncia para o bolso das pessoas e para todos os veios ligados a ele. No entanto, o agronegcio j enfrentou muitos obstculos em sua trajetria de crescimento. Alguns de carter externo a ele, como distores macroeconmicas provocadas pela inflao e por problemas cambiais, e outros de carter interno, como desenvolvimento de certas tecnologias e identificao de reas propcias para o cultivo de determinadas culturas. Dessa forma, podemos perceber o grau de relevncia do agronegcio brasileiro para nossa economia no que se trata de proporcionar crescimento e aquecimento da mesma.

1.4. ResultadosOs resultados da pesquisa bibliogrfica indicam que o agronegcio brasileiro tem dado uma demonstrao de vigor e competitividade sem precedentes em toda a histria, elevando o saldo da balana comercial de US$ 15 bilhes, em 1995, para U$ 55 bilhes, em 2009. Hoje o Brasil exporta mais de 150 itens, embora mais de 50% do valor exportado esteja concentrado em soja, carnes, acar, caf, laranja e tabaco. A explicao identificada para esse desempenho do comrcio externo do agronegcio est no ganho de competitividade das commodities brasileiras, em boa medida decorrente de melhores condies de qualidade e preo em relao aos concorrentes.12

De um lado, h de se destacar a observncia de normas de qualidade e sanidade dos nossos produtos com a ao do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento na inspeo e fiscalizao dos itens exportados; de outro, a competncia e compromisso dos exportadores em atender s exigncias do mercado internacional. Por sua vez, a capacidade em ofertar preos competitivos decorre, em grande parte, do esforo de pesquisa e desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa). Apesar do crescimento do agronegcio no Brasil, foi observada a necessidade de uma evoluo no setor, devido a manuteno de barreiras tarifrias e no tarifrias, alm de subsdios produo e exportao ainda impostos pelos pases desenvolvidos. notrio que os resultados obtidos nessa rea so, no mnimo, modestos, uma vez que o agronegcio brasileiro ainda se depara com uma verdadeira muralha protecionista, principalmente em mercados de pases desenvolvidos, o que representa uma sria restrio ao seu crescimento. Concluiu-e que o agribusines (agronegcio) um dos principais empregadores da economia brasileira, alm de ser responsvel por uma fatia considervel do PIB.

1.5. Ranking Mundial dos principais produtos brasileirosDentre os principais produtos agrcolas do agronegcio brasileiro esto: soja, cana, laranja, milho, arroz, trigo, feijo, algodo,sorgo e fumo. O Brasil atualmente um dos lderes mundiais na produo e exportao de vrios produtos agropecurios. o primeiro produtor e exportador de caf, acar, lcool e sucos de frutas. Alm disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calados de couro. Sobre a excelente colocao do agronegcio brasileiro em termos de produo mundial e participao nas exportaes mundiais apresenta-se a seguinte tabela.

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As projees indicam que o pas tambm ser, em pouco tempo, o principal plo mundial de produo de algodo e biocombustveis, feitos a partir de cana-de-acar e leos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas, cacau, castanhas, nozes, alm de sunos e pescados, so destaques no agronegcio brasileiro, que emprega atualmente 17,7 milhes de trabalhadores somente no campo (MINISTRIO DA AGRICULTURA, 2006). Visando analisar o posicionamento das regies em relao ao crescimento do setor no pas, buscouse a verificao dos principais produtos utilizados por cada regio, de modo a se fazer uma distino entre regies exportadoras e produtos exportados. De acordo com a figura apresentada a seguir, a regio Sul foi responsvel por quase a metade (41, 5%) das exportaes do agronegcio em 2006. O Sudeste foi a segunda maior regio exportadora, com 33,2% do total. A regio Centro-Oeste respondeu por 11,62%, mantendo a terceira posio, assumida desde 2000 como resultado do amplo crescimento das exportaes de soja e de carnes, o que reflete o dinamismo exportador dos estados de Mato Grosso e Gois. O Nordeste apresentou-se como o quarto maior exportador, com 9%. A regio Norte posicionou-se em quinto lugar, com 2,97 % das exportaes do agronegcio.

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importante enfatizar que os 1,76% restantes para completar os 100% do total de exportaes desse setor, refere-se as operaes especiais ocorridas neste ano. Constatou-se que as exportaes tm se diversificado no apenas em termos de produtos, mas tambm de mercados de destino. O nmero de destinos aumentou de 162 pases em 1990, para 209 em 2003. Ao longo da dcada de 90, a distribuio geogrfica apresentou modificaes com a crescente importncia de novos mercados da sia, Oriente Mdio, Europa Oriental e frica, reduzindo as participaes da Unio Europia e, em menor medida, do Nafta. A economia do Brasil passou por reformas radicais que propiciaram um clima mais estvel para investimentos e estimularam o crescimento da agricultura nos ltimos anos. O governo adotou uma ampla srie de reformas, as quais incluram estabilizao macroeconmica, reformas estruturais e liberalizao comercial. A estabilizao macroeconmica foi alcanada na metade dos anos noventa quando, aps vrios planos de estabilizao mal sucedidos, o plano real aplicou o controle oramentrio para o controle da inflao. Reformas estruturais incluram a privatizao de empresas estatais, a desregulamentao dos mercados domsticos e o estabelecimento de uma unio aduaneira, o Mercosul, com outros pases da Amrica do Sul. As mudanas na poltica incluram profundos cortes tarifrios e a eliminao de barreiras no tarifarias. A economia brasileira encontra-se hoje muito mais slida do que h dez anos atrs. No entanto, ainda apresenta-se vulnervel a choques externos, como ficou comprovado pelo contgio da crise asitica de 2001 e a crise financeira mundial de 2007 e pelos efeitos de um mercado sensvel corrida presidencial de 2002.

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I.6. Uma viso histrica do desenvolvimento do agronegcio brasileiro6.1. O ciclo do pau-brasil A floresta mida costeira, descoberta pelos portugueses, cobria uma faixa relativamente estreita desde o Rio Grande do Norte at o Rio Grande do Sul, com ocorrncia freqente do pau brasil (Caesalpinia echinata), nas regies costeiras acima do Cabo Frio. Do pau-brasil era extrado material corante vermelho, extremamente apreciado no mercado europeu que, j no sculo XII, importava o verzino ou brasil, empregado em Florena para tingir tecidos. A explorao, considerada monoplio da Coroa, foi arrendada, de incio, por mercadores ricos, que recebiam da casa real um quinto do valor real da madeira. Nos primeiros anos do sculo XVI (1500-1532), estima-se a exportao de cerca de 300 toneladas anuais, ou seja, a carga de trs a cinco anos daquele tempo. possvel que, em algumas fases do perodo, tenha sido maior a exportao, mas havia grandes dificuldades decorrentes da presena de corsrios franceses que alegavam a D. Joo III, em 1530, elevados prejuzos, j que o produto no representava 5% da receita do errio portugus,no dando para cobrir as despesas com a defesa das novas terras e do comrcio lusitano. Continuaram as exportaes, porm at o incio do sculo XIX, contribuindo para com a fazenda real, mas em quantidades e valores pouco significantes. Em poucas dcadas, esgotaram-se as disponibilidades da madeira preciosa em locais acessveis e o negcio foi perdendo o interesse, necessitando ento a Coroa achar novas fontes de recursos para conseguir assegurar a defesa e a posse da colnia, ameaada pela presena dos franceses que chegaram a fundar duas colnias na costa brasileira denominada Frana Antrtica e Frana Equinocial. 6.2. Ciclo do acar Portugal contava, na poca do incio do povoamento do Brasil, com pouco mais de um milho de habitantes, e o lucrativo comrcio do Oriente dominava, certamente, os seus interesses, devendo, pois, ser-lhe muito difcil o problema de promover a colonizao das novas terras. Procurou a Coroa, ento, atrair interesses em colonizar o Brasil, concedendo poderes soberanos e vastas reas de terras aos 12 nomes da nobreza e comrcio, que constituram os donatrios das capitais hereditrias. O plano, em sntese, constitua em dividir a costa brasileira em 12 setores lineares at a linha de Tordesilhas, com extenses variveis entre 180 e 600 quilmetros de costa, atribudos e tinha por motivao econmica principal a explorao da cana-de-acar, alm do paubrasil, do algodo e outros produtos. Seria o acar, no entanto, o responsvel principal pela fixao dos povoadores, desenvolvendo-se, amplamente, durante o perodo colonial e continuando, at hoje, a representar uma das maiores fontes de divisas de exportaes. Segundo alguns autores, o acar era conhecido na Idade Mdia, primitivamente fabricado na sia, atribuindo-se a sua origem s baixadas pantanosas de Bengala, de onde teria se estendido para China, Japo, Oriente Mdio, Egito (sculo VIII) e pelo Mediterrneo. Artigo extremamente valioso na Idade Mdia e objetivo de rico comrcio das repblicas italianas, foi introduzido pelos rabes na Espanha. Na Europa, era vendido como produto medicinal, e o infante d. Henrique, voltado sempre para a idia da intensificao do comrcio, introduziu na Madeira e outras ilhas portuguesas a explorao da cultura. Tornou-se o principal artigo do comrcio internacional, dominando Portugal o mercado mundial desde meados do sculo XV. No governo centralizado de Tom de Souza, na Capitania Real de So Salvador (1549), foram dados iseno por 10 anos para os engenhos que a se construssem e, mais tarde, privilgios de nobreza e impenhorabilidade aos senhores de engenho. Porm, para defender o produto da ilha da madeira, havia um imposto de 20%.16

Segundo os estudiosos de nossa histria econmica, h dvidas sobre a data exata de chegada da cana-de-acar no Brasil. Sabe-se que a lavoura se iniciou e floresceu em reas litorneas ao sul, onde haviam sido criadas as capitanias de Marfim Afonso de Souza, em uma das doadas a seu irmo Pero Lopes de Souza e tambm ao norte, Pernambuco, onde se estabeleceu Duarte Coelho. Os primeiros trs engenhos teriam sido construdos em terra da capitania de So Vicente. Ao norte, o primeiro engenho foi construdo, possivelmente, em 1534, por Marfim Afonso de Souza, nas colinas de Olinda. Em 1536, surgiram na Paraba do Sul e Bahia e mais tarde no Rio de Janeiro, aps a expulso dos franceses em 1567. O trabalho dos engenhos primitivos era extremamente pesado e difcil, razo por que, desde o incio, utilizou-se mo-de-obra escrava e procurou-se instal-los nas baixadas prximas costa pela facilidade de transporte martimo. As terras de plantio, de excelente fertilidade, resultavam de derrubada e queima das florestas, abandonando-se simplesmente as reas depauperadas. Os processos de cultivo eram dos mais primitivos. As matas foram tambm amplamente utilizadas para fornecimento de lenha necessria ao preparo do acar e confeco das caixas em que era exportado o produto. Pode-se dizer que, em grande parte, o acar foi responsvel pelas caractersticas sociais, polticas e econmicas do Brasil atual. A fbrica de acar e a plantao do canavial eram dispendiosas e demandavam considerveis investimentos. Com isso, surgiram as grandes propriedades monocultural e, conseqentemente, a figura do senhor de engenho e a necessidade de mo-de-obra escrava, elementos que se conjugavam em um sistema tpico, a grande explorao rural constitutiva da clula fundamental da economia agrria brasileira. As estatsticas disponveis mostram que, em 1570 havia 60 engenhos, com exportaes totais da ordem de 2.700 toneladas; em 1710, 528; com 19.500 toneladas. E em 1831, 78.000 toneladas. O maior nmero de engenhos localizava-se ao norte do rio So Francisco e nas capitanias de Porto Seguro, Ilhus, Bahia e Sergipe dEI Rei. A partir da metade do sculo XVI, a produo portuguesa de acar tem muito em comum com os interesses flamengos da Anturpia e Amsterd, que recolhiam o produto bruto em Lisboa, refinavam-no e o distribuam pela Europa. Excelentes comerciantes, foram eles os responsveis, em grande parte, pela colocao da grande produo brasileira, a preos firmes. Capitais de grupos financeiros holandeses teriam infludo, grandemente, na instalao e expanso dos engenhos. Controlando praticamente o comrcio dos pases europeus realizados em princpios do sculo XVII, os holandeses moviam guerra sem quartel contra a Espanha, por causa do controle do comrcio do acar. Nessa poca, a Companhia Holandesa das ndias Ocidentais procurou apossar-se da parte mais rica em acar do Brasil, ocupando, de 1630 a 1650, as capitanias de Pernambuco, Itamarac, Paraba, Sergipe e Rio Grande do Norte, de onde seriam expulsos em famosos episdios consagrados pela histria do Brasil. Ao fim do domnio espanhol, em 1640, e expulsos os holandeses, todo o litoral j estava de posse dos portugueses e seguindo-se a explorao e o lento povoamento do interior do pas, atravs da corrida do ouro nos sculos XVII e XVIII e da expanso lenta, das criaes de gado. Crescia, rapidamente, o consumo de acar e tambm a produo em outras colnias tropicais, entrando no mercado o produto das Antilhas, desenvolvidos os plantios por ingleses e holandeses. Em fins do sculo XVII, baixaram as cotaes em ouro, chegando, em princpios do sculo XVIII, a nveis prevalecentes em 1540. Assim, aps um perodo de cerca de 150 anos de destaque mpar no cenrio das exportaes mundiais, pode-se dizer que termina o chamado ciclo do acar no Brasil, que foi de grande importncia para o desenvolvimento inicial do pas. Nota-se que, no decurso do perodo colonial, de um total das exportaes avaliado em 530 milhes de libras, o acar concorreu com, aproximadamente, 300 milhes.

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6.3. Ciclo do ouro e diamantes Aps vrias expedies, que visavam freqentemente, busca de escravos ndios, as bandeiras aceleram as entradas pelo serto de 1670 a 1680, com vistas descoberta de metais preciosos. As primeiras descobertas de jazidas aurferas realmente importantes se deram em 1968 1699, em Minas Gerais. Multiplicaram-se, depois, os achados, sem interrupo at meados de sculo XVIII, quando a minerao do ouro atinge o seu auge, ocorrendo, nesse perodo, grande afluxo de migrantes de Portugal, de Piratininga e de outras reas do pas para as regies aurferas. O ouro encontrado, por se de origem aluvional, depositado no fundo e nas margens dos rios, oferecia possibilidade ao grande nmero de pessoas. Esse fato, conquanto positivo no sentido de propiciar um povoamento mais rpido, iria trazer reflexos negativos produo agropecuria ainda incipiente. Houve grande abandono das lavouras em virtude do atrativo de explorao mineira, havendo dificuldade em manter-se o suprimento adequado de alimentao populao das cidades que se desenvolviam nas novas regies aurferas. Como as regies minerais localizavam-se em reas imprprias para a agricultura, a situao se tornava mais grave, pois os produtos agrcolas tinham de se importados de regies distantes, utilizando-se tropas de animais para o transporte extremamente difcil. Em princpio, pode-se dizer que nessa poca se inicia, efetivamente, o comrcio inter-regional de produtos agrcolas no Brasil. A produo de ouro no Brasil, que iria causar sensvel impacto na economia europia e um perodo de grande prosperidade em Portugal, deve ter atingido cerca de 160 milhes de libras esterlinas no perodo colonial, segundo alguns autores. Outros consideram que, de 1500 a 1800, o valor total do ouro exportado pelas colnias espanholas e portuguesas atingiu 350 milhes de libras esterlinas, sendo 194 milhes correspondentes participao brasileira. As descobertas de jazidas diamantferas ocorreram em 1729, tambm na zona do ouro, ocasionando nos mercados internacionais uma baixa de cerva de 75% no valor do quilate, o que resultou na interveno da Coroa, limitando a produo. O diamante surgia juntamente com o ouro nos cascalhos de alguns rios, sendo a produo, em 70 anos de minerao, calculada em cerca de trs milhes de quilates, avaliados em 10 milhes de libras esterlinas. A transferncia da capital do pas, de Salvador, na Bahia, para o Rio de Janeiro, deu-se em 1763, deslocando-se o centro de atividade econmica nacional para a nova sede de governo, em grande parte, em razo da influncia da proximidade da regio da influncia da proximidade da regio aurfera. 6.4. Desenvolvimento do algodo, fumo e pecuria Ao esgotamento dos depsitos aurferos sucederam-se pequenos surtos de desenvolvimento da produo agrcola e pecuria, caracterizados, por alguns autores, como o renascimento da agricultura. O incremento das atividades econmicas e das relaes comerciais internacionais, em virtude da revoluo industrial e do crescente aumento populacional europeu, favorecia a procura de produtos coloniais. O algodo Nativo da Amrica e mesmo do Brasil, sendo utilizado j pelos indgenas, era cultivado h muito tempo, mas sem importncia como produto de exportao. Utilizado apenas na fiao e tecelagem de panos grosseiros, em fins do sculo XVII torna-se a principal matria-prima industrial, acompanhando a evoluo da mecanizao da indstria txtil na Europa. Admite-se que o consumo de algodo na Inglaterra, o centro da indstria txtil da poca, tenha aumentado de 4,76 milhes de libra-peso, no qinqnio 1771-1775, para 26 milhes, em 17911795, logo depois da introduo do tear mecnico. Tornou-se produto importante de exportao a partir de 1760, com a cultura se disseminando amplamente pelo territrio brasileiro, principalmente na Bahia, Pernambuco e Maranho, chegando a estender-se at a encosta da serra no Rio Grande do

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Sul e para o interior de Gois. Caracterizou-se, mesmo, um perodo de boom, o que justificou a denominao de ciclo secundrio do algodo, algumas vezes lembrado. A competio dos Estados Unidos viria restringir, drasticamente, a produo, dado o declneo de preos verificados desde o incio do sculo XIX. Ainda assim, continuaria a representar fonte de receitas de exportao constante neste sculo, superando, em alguns perodos, a receita do acar. O Tabaco Originrio da Amrica, constituiu importante produto de exportao a partir de meados do sculo XVII. Amplamente produzido em diversas reas do pas, particularmente na Bahia e no sul de Minas, dadas as caractersticas do produto, podia ser produzido tambm por pequenos produtores. Avalia-se em cerca de 12 milhes de libras esterlinas o total exportado no perodo colonial, soma essa idntica estimativa das exportaes de algodo no mesmo perodo. A ocorrncia de outras reas produtivas viria tambm ocasionar a rpida perda dos mercados europeus. A Pecuria O desenvolvimento da pecuria processou-se gradativamente, j que as atividades econmicas eram marcadamente voltadas para a exportao. Ainda assim, a carne bovina tinha grande importncia na alimentao, destacando-se o papel exercido como poderoso agente de colonizao do interior e, particularmente, no extremo sul do pas. Dado o aproveitamento das reas prximas ao litoral para a produo das mercadorias de exportao e dadas as disponibilidades de amplas pastagens nativas no interior, alm da inexistncia de arames que separassem o gado das culturas, orientou-se a criao para os setores afastados e imprprios para agricultura, ocupando os sertes da Bahia, Pernambuco e mesmo o Piau, os campos gerais do Paran, a parte meridional de Minas Gerais e os campos do Rio Grande do Sul. Cumpre tambm ressaltar a importncia do gado como fora motriz, sendo grande o nmero de bois para mover os engenhos de acar e transportar cana e lenha. Muares e cavalos eram tambm largamente utilizados no transporte, particularmente na poca da minerao. A pecuria, introduzida no pas desde a poca de Martim Afonso de Souza (1533), atingia, no incio do sculo XVII, mais de 1,5 milhes de cabeas, calculadas em 500 mil na Bahia, 800 mil em Pernambuco e 60 mil no Rio de Janeiro, sem contar o gado em So Paulo, campos de Curitiba e o gado bravo dos campos de Sacramento. 6.5. Ciclo da borracha O chamado ciclo da borracha surgiu com a extrao do produto em fins do sculo XIX e alcanou o auge no primeiro decnio do sculo XX. Proporcionou apreciveis recursos ao pas, e em 1910, o produto chegou a representar cerca de 42% do valor total das exportaes brasileiras. A espcie predominante no Brasil, a Hevea brasiliensis, tem por habitat natural a Amaznia, conhecida desde meados do sculo XVIII. O seu uso em maior escala, porm iniciou-se partir da descoberta dos processos de vulcanizao por volta de 1888, evoluindo, enormemente, a partir da era do automvel com rodas pneumticas em 1895. J era em 1876, foram transportadas 70 mil sementes por Henry Wickham, sendo as mudas embarcadas para o Ceilo e Malsia, de onde se difundiram pela regio. No Brasil, grandes plantaes foram instaladas pela Ford, inicialmente em concesso de 1.211.700 ha no local chamado Fordlandia, s margens do Tapaj, onde foram plantados cerca de quatro mil hectares. Outra concesso perto de Santarm, denominada Belterra, foi plantada com 2,5 milhes de rvores em 1940, mais tarde vendidas ao governo brasileiro, constituindo reas do ministrio da Agricultura para fins de experimentao e produo. As exportaes mundiais da goma silvestre atingiram seu mximo em 1910, com 84.328 toneladas, representando 90% do consumo mundial, sendo que o Brasil exportaria, em 1912, o mximo de 42.000 toneladas. Em 1937, a borracha, de exportao silvestre, caa para 2% do consumo internacional, dada a produo em reas plantadas. J a produo da borracha artificial ou sinttica desenvolveu-se, em grande escala, a partir do perodo da Segunda Guerra, na Alemanha e nos Estados Unidos.19

O colapso da produo da borracha, no Brasil, deu-se por volta de 1914, em decorrncia da queda drstica de preos ante a concorrncia internacional. O mercado, j iniciante para as exportaes brasileiras, viu-se ao sabor de flutuaes de preos internacionais, encerrando o curto perodo que deixou como saldo um considervel aumento populacional e o impulso inicial para desenvolvimento de Manaus e Belm, na regio Norte. 6.6. Ciclo do caf Segundo algumas fontes, o caf originou-se da frica Oriental, entre Etipia e a regio dos Grandes Lagos. Da, teria sido levado ao Imen, onde se iniciou a cultura em meados do sculoXV. Por volta de 1690, o caf (arbica) foi levado da Arbia para o Jardim Botnico de Amsterd. Desta planta se originaram os primeiros cafeeiros cultivados nos pases americanos. Em 1713, mandaram um descendente do cafeeiro de Amsterd para o Jardim de Plantas de Paris. Os franceses logo enviaram sementes para a Martinica, de onde o caf passou para os pases da Amrica Central e Colmbia. Em 1714, os holandeses enviaram semente de planta de Amsterd para a Guina Holandesa, de onde passou, em 1718, para a Guiana Francesa e, da, para o Brasil. A planta foi introduzida, no Brasil, em 1727 pelo sargento-mor Francisco de Mello Palheta, que recebera do governador do Par-Maranho a incumbncia de chefiar a misso oficial a Caiena, relacionada com incidentes ocorridos na linha democrtica entre a Guiana Francesa e o Brasil. Por recomendao escrita, deveria tambm tentar trazer material de reproduo do caf, o que conseguiu, trazendo um pouco mais de mil sementes e cinco mudas, que foram plantadas no Par. Por volta de 1760, algumas mudas foram plantadas no Rio de Janeiro, onde a cultura desenvolveu de tal maneira que, em 1826, a exportao do caf brasileiro representava 20% das exportaes mundiais do produto. A produo de So Paulo sobrepujava a do Rio de Janeiro, em 1894, e seria suplantada pela do Par, em 1960. Hoje, Minas Gerais o maior produtor. A expanso da cultura cafeeira ocorreu quando o Brasil, que se caracterizava como um pas exportador de produtos primrios, especialmente algodo e acar, achou-se em sries dificuldades com relao aos preos e mercados desses produtos, dada a competio de outras reas; a renda per capita da populao livre diminuiu de 50 para 43 dlares (de 1953), de 1800 a 1850. Em meados do sculo passado, inicia-se uma fase de real prosperidade em razo da contribuio das exportaes de caf, que, a partir dessa poca, tomam vulto. A balana comercial do pas, que vinha registrando saldos comerciais negativos desde a sua independncia, passa a apresentar supervits a partir de 1860. Dotado de clima e solo excepcionalmente adequados produo de caf e sendo, praticamente, o nico produtor mundial de expresso, somente o problema de mo-de-obra poderia constituir um bice expanso acelerada da produo. Com efeito, tendo trafico de escravos sido eliminado em 1850, o desenvolvimento das plantaes via-se comprometido pelo fato de os escravos existentes estarem sendo amplamente utilizados nas plantaes de cana-de-acar ou nas atividades domsticas. A imigrao veio solucionar a questo. As estatsticas revelam terem entrado no estado de So Paulo, principalmente centro de imigraes, 928.445 pessoas, de 1879 a 1899. Evoluram, ento, as exportaes e, rapidamente, aumentaram de 2.734 mil sacas em mdia, no decnio 1851 a 1860, para 12.979 mil, de 1900 a 1909. Os preos de caf apresentam, inicialmente, marcante comportamento cclico. As flutuaes de preos refletiam, fundamentalmente, o comportamento irregular da produo cafeeira, resultado das presses baixistas de excedentes de produo ou expectativas de alta depois de geadas severas e outras limitaes de oferta. Dada a abundncia de terras virgens, timas do ponto de vista ecolgico, no havia limitaes de espao ou aumento de produo e os incentivos resultantes da elevao de preos, aos quais os fazendeiros respondiam, eram plenamente aproveitados. As terras da regio no s produziam muito caf, mas criavam uma expectativa de ganhos raramente superada na agricultura, no havendo alternativas de investimentos comparveis no pas, tradicionalmente voltado aos cultivos tropicais de20

produtos de exportao. A estrutura agrria favorecia tambm o surto cafeeiro, pois havia, de incio, mo-de-obra escrava disponvel, dada fase depressiva por que passavam as culturas canavieiras e algodoeiro. A imagem do senhor do engenho no encontrou dificuldades em se transformar na personalidade do desbravados dos sertes , o bares do caf. Durante quase 100 anos, O Rio de Janeiro manteve a liderana como maior produtor do pas, at a safra de 1894-1895, quando de uma produo exportvel total da ordem de 6.695.000 sacas, So Paulo foi responsvel por cerca de 60%, cabendo o restante ao Rio de Janeiro. A cultura penetra nas terras paulistas do Vale da Paraba a partir da dcada de 1830, expandindo-se, primeiramente, at a Zona da Mata mineira e alcanando o sul do Esprito Santo. As terras acidentadas do territrio fluminense apresentavam sinais de exausto, quando o planalto paulista passou a apresentar melhores possibilidades de expanso, para o que contribuiriam as estradas de ferro, a partir da segunda metade do sculo XIX, passando So Paulo a contar com o Porto de Santos para escoamento das safras para o exterior, aps atravessar a grande barreira representada pela serra do Mar. J por volta de 1850, Campinas era a grande produtora e, nas duas primeiras dcadas do sculo XX, o centro de So Paulo e a regio de Ribeiro Preto, com suas famosas terras roxas, traziam tambm os recursos necessrios para o incio da grande expanso industrial que se verificaria nas dcadas subseqentes. Posteriormente, a despeito do risco de geadas, o norte do Paran ira ajudar a ampliar, drasticamente, os domnios da cultura cafeeira. Deslocara-se, assim, o plo econmico para So Paulo e Paran, acompanhando esse processo o grande aumento populacional advindo das imigraes estrangeiras, que exerciam importantssimo papel no processo de industrializao do pas. Na verdade, trazidos inicialmente para os trabalhos agrcolas, os seus imigrantes e seus descendentes iriam construir, mais tarde, grande parte da mode-obra industrial. A medida das riquezas advindas do caf pode ser dada pelo percentual representado pelo produto sobre o total do valor das exportaes. A partir de 1831, o caf passa a ocupar o primeiro lugar na pauta das exportaes, posio que persistiu por vrias dcadas. A produo exportvel do Brasil, que atingira a mdia anual de 6,5milhes de sacas, na dcada de 1881-1890, e 7,2 milhes, na dcada de 1890-1900, chegaria, na safra 1901-1902, a um nvel de cerca de 15 milhes de sacas, esboando-se a primeira crise de superproduo, que iria originar o movimento em favor da interveno estatal. Essas crises, que se repetiriam vrias vezes , iriam provocar a interveno permanente a partir de 1924, caracterizando-se uma fase de ingentes esforos governamentais para valorizao do produto, mas de contnua e acentuada perda de mercado internacional. A fase ascendente do ciclo, em termos de participao no mercado internacional, passou a sofrer acentuada reduo. 6.7. Fase do desenvolvimento industrial Graas prosperidade excepcional advinda do caf, So Paulo logo passaria a ser o maior centro industrial do pas. Diversas razes explicam porque somente o ciclo do caf iria permitir o desenvolvimento auto-sustentado, despeito das diversas crises que motivaram as primeiras intervenes espordicas no mercado cafeeiro e, finalmente, a interveno permanente a partir de 1924. Antes do advento da expanso cafeeira no havia condies favorveis ao desenvolvimento industrial. A poltica portuguesa no perodo colonial no se diferenciava da adotados pelos demais pases europeus. Em 1785, a rainha. Maria decretou um mandado que abolia as indstrias e fbricas, para no distrair os braos da lavoura e para assegurar uma diferenciao na produo entre a Metrpole e a Colnia, a qual permitisse o fermento do comrcio e o aumento dos produtos industrializados da Metrpole. Lembra ainda, o ttulo de comparao, que tambm a Inglaterra no consentiria, em seu regime colonial, que nos Estados Unidos se fabricassem simples pregos.

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A abertura dos portos por D. Joo VI ao livre comrcio exterior, em 1808, praticamente paralisava as dbeis manufaturas brasileiras ante a competio de mercadoria estrangeira. Explicita-se, tambm, a inexistncia do carvo-de pedra, fonte energtica fundamental da poca, e o difcil acesso s reservas de ferro, que permitiriam o desenvolvimento da siderurgia. Alm disso, o mercado consumidor, esparso ao longo de extenso litoral e pelo vasto interior e dadas s vias de comunicao extremamente precrias, no se mostrava favorvel ao desenvolvimento do comrcio interno. Somente a partir dos meados do sculo XIX, So Paulo iria, pouco a pouco, se afirmando como grande produtor de caf, graas grande disponibilidade de terras frteis e clima propcio, s ferrovias que se estendiam pelo interior do planalto e ao desenvolvimento de uma infra-estrutura slida, inclusive com a instalao da primeira usina eltrica, o que ocorreu em 1901. A poltica de favorecimento imigrao estrangeira iria trazer grande quantidade de mo-de-obra indispensvel expanso da cafeicultura. Somada ao grande nmero de imigrantes de outras reas do pas, aquela mo-de-obra representava um acrscimo constante no contingente de recursos humanos, fato que iria exercer fundamentalmente papel no desenvolvimento econmico, no s por seu nmero, como tambm por sua melhor qualificao. de fundamental importncia observar a contribuio de pessoal imigrante melhor qualificado para suprir as necessidades iniciais de capacidade empresarial e tcnica, exigida pela produo de bens e servios, na fase incipiente do processo de substituio de importaes. Alm disso, o caf, graas elevada rentabilidade das exportaes e abundncia de terras novas e frteis, ensejava oportunidades a grande nmero de fazendeiros, sitiantes e assalariados. Isso no ocorria, de modo geral, com a cana-de-acar, pois o elevado investimento necessrio explorao aucareira deu origem a nmero relativamente pequeno de fazendeiros e usineiros. Vale ressaltar tambm que a cultura cafeeira, ao permitir o cultivo intercalar de cereais, favorecia, grandemente, a produo subsidiria de alimentos a baixo preo, ao contrrio do que ocorria com a cana-de-acar ou algodo. Esse elevado nmero de pessoas envolvidas direta ou indiretamente no prspero setor cafeeiro exigia crescente quantidade de bens de consumo, o que propiciou um florescente e variado comrcio de mercadorias, que a indstria local ia aos poucos produzindo, em substituio aos produtos estrangeiros, at, h pouco tempo, eram os nicos disponveis. Os dficits contnuos de nosso comrcio exterior at meados do sculo XIX, provenientes da incapacidade das exploraes fornecem recursos para cobrir as crescentes necessidades de importao, resultam em constante desvalorizao cambial, provocando o encarecimento das mercadorias de importao, o que constituir, por sua vez, um dos estmulos produo interna. As tarifas alfandegrias, progressivamente elevadas a partir de 1844, constituram tambm outra fonte de incentivos produo nacional, a despeito das presses dos consumidores, que preferiam, naturalmente, importar bens de consumo a baixos preos. A poltica de proteo a industria nacional iria mostrar-se intensa nas dcadas mais recentes, culminando com os controles estritos observados a partir das dcadas de 60 e 70. A produo industrial evoluiu, lentamente, a partir de 200 estabelecimentos, em 1881, para 600, em 1889, no ltimo ano da monarquia, sendo o capital distribudo entre a indstria txtil (60%), de alimentao (15%), indstria qumica (10%) e o restante na de madeira, vesturio, objetos de toucador e manteiga. Em 1907, primeiro censo geral das indstrias computou 3.258 estabelecimentos, em que 26,7% representavam a produo de alimentos, e 20,6%, a de txtil. A Guerra de 1914 veio impulsionar, grandemente a produo industrial, evoluindo para 13.336 o nmero de estabelecimentos em 1920. De modo geral, os fatores descritos, favorveis industrializao, tm seus efeitos acentuados, visto que se desenvolveu slida infra-estrutura nas regies mais prsperas, concentrando-se a populao em ritmo mais acelerado nos centros urbano industriais e, assim, demandando mais servios e bens de consumo, que iam, paulatinamente, tendo

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sua produo nacionalizada. No se pode deixar de assinalar a contribuio indireta dos conflitos na Europa, os quais dificultavam as importaes. Em 1920, predominava a indstria de alimentao, que passa a representar 40,2% da produo, graas, especialmente, ao aparecimento das indstrias de frigorificao de carne bovina, instaladas por filiais de empresas estrangeiras, e a Segunda Grande Guerra, que iria expanso ainda maior da indstria brasileira, multiplicando-se as grandes empresas nacionais e as filiais das grandes empresas estrangeiras. A partir da, o governo tomou posio em favor da poltica de substituio de importaes.6.8. Avanos recentes do agronegcio brasileiro Quando se debate a poltica regional, depreende-se que a preocupao com este tema engloba no s pases ou regies subdesenvolvidas, mas so enfatizados aspectos como a globalizao, construo de novos paradigmas tcnico-econmicos, reestruturao produtiva, eficincia e eficcia das instituies e instrumentos existentes para sua implementao, alm da necessidade de insero no mbito de polticas de carter geral e especifico. Como se pde ser depreendido das notas anteriores referentes ao processo de formao do complexo agroindustrial brasileiro, o desdobramento da produo, exportao, polticas do imprio e da repblica produziu uma estrutura social, econmica e poltica que reduziu por diversas dcadas num regime de concentrao de renda e terra que at hoje se fazem notar. As polticas regionais dos dias de hoje, ao inserirem-se no contexto da economia globalizada, visam equacionar e solucionar problemas de natureza estrutural nos diversos setores. O Brasil tem se destacado pela criao de instituies especificamente voltadas para reduzir as disparidades regionais. Dentre essas iniciativas, mencionam-se os empreendimentos no campo de potencialidades, criao de empregos e aumento de produtividade, com repercusses marcantes. Na dcada de 70, a questo da concentrao industrial no eixo Rio/So Paulo foi tambm objeto de aes governamentais, quando foram feitos investimentos nos sistemas de transporte, energia e telecomunicaes, que trouxeram benefcios e criou oportunidades industriais nas regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Alm disso, foram criados incentivos fiscais para SUDENE, SUDAM e SUFRAMA, que contriburam, substancialmente, para o processo de desconcentrao espacial das atividades produtivas do pas. Entretanto, se no perodo dos anos 50 e fins da dcada de 70 o Estado foi prdigo na concentrao de benefcios/iseno fiscais e realizaes de investimentos diretos que favoreceram o crescimento daquelas regies, o mesmo no se pode dizer do perodo subseqente a 1979, quando o planejamento regional deixou de ser prioridade nacional, em face do quadro de instabilidade macroeconmica do pas. A crise fiscal e financeira, ao impossibilitar a implantao de polticas regionais por mais de 20 anos, contribuiu, grandemente, para a manuteno dos ndices de disparidade regional preexistentes. Entretanto esse processo de descontrao espacial da atividade econmica do pas, a partir da segunda metade dos anos 70 at a primeira metade da dcada seguinte, tem sido um tema que tem exercido bastante atrao sobre os estudiosos em economia regional. Na verdade, de meados do sculo passado at a atualidade, muito se fez para o crescimento do agronegcio brasileiro. O governo priorizou a agricultura de exportao, nos moldes que sempre foi feito neste pas; foram criadas linhas de financiamentos a juros subsidiados e programas de incentivos a produtos estratgicos; e o aparato de pesquisa e extenso rural foi modernizado, ampliado e prestigiado. Assim, novos produtos passaram a ocupar papel importante em nossa pauta de exportao, dentre os quais a soja, a laranja, o cacau, a celulose, as carnes em geral, dentre outras. Bibliografia PAIVA, R.M. et al. Setor agrcola do Brasil comportamento econmico problemas e possibilidades. So Paulo: Secretaria da Agricultura, 1973. 456 p. SAES, M.S.M., JAYO,M. E.M.M.Q., ZYLBERSZTAIN, D. Et al. Competitividade no agribusiness brasileiro. S.P. PENSA/FIA/FEA/USP, 1998. v. 4, p. 8-21.SANTANA, A.C. A dinmica do complexo agroindustrial e o crescimento econmico no Brasil. Viosa, MG: UFV, 1994. 301 p. Tese.23