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ESTUDOS DA SÉRIE PSICOLÓGICA “JOANNA DE ÂNGELIS” Módulo 1 - Estrutura e Dinâmica da Psique: Conceitos básicos da Teoria Junguiana

Apostila 1 - Estrutura Dinamica Da Psique

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ESTUDOS DA SÉRIE PSICOLÓGICA “JOANNA DE ÂNGELIS”

Módulo 1 - Estrutura e Dinâmica da Psique: Conceitos básicos da Teoria Junguiana

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Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 31. Quem era Jung?......................................................................................................32. O que é a Psicologia Analítica?.........................................................................53. CONCEITOS JUNGUIANOS...................................................................................6

3.1 ESTRUTURA DA PSIQUE....................................................................................63.2 CONSCIÊNCIA......................................................................................................6

3.2.1 EGO....................................................................................................................73.2.2 PERSONA...........................................................................................................7

3.3 INCONSCIENTE....................................................................................................73.3.1 INCONSCIENTE PESSOAL..................................................................................73.3.2 INCONSCIENTE COLETIVO.................................................................................8

3.4 SOMBRA................................................................................................................83.5 COMPLEXOS.........................................................................................................83.6 ARQUÉTIPOS........................................................................................................9

3.6.1 ARQUÉTIPO MATERNO (A GRANDE MÃE)..........................................................93.6.2 Arquétipo Paterno................................................................................................93.6.3 ÂNIMA E ÂNIMUS................................................................................................93.6.4 SELF...................................................................................................................9

3.7 PERSONALIDADE..............................................................................................103.8 INDIVIDUAÇÃO.................................................................................................103.9 ENERGIA PSÍQUICA E LIBIDO........................................................................10

4. REFERÊNCIA...........................................................................................................11

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Introdução

Encontramos, nas diversas obras que compõem a Série Psicológica de Joanna de Ângelis, várias citações a Carl Gustav Jung, ou simplesmente Jung, e aos conceitos por ele estabelecidos. Nesse sentido, para facilitar a compreensão dos nossos estudos, apresentamos, de forma resumida, alguns desses conceitos.

Fica a observação de que os conteúdos aqui apresentados não coincidem, necessariamente, com os apresentados através da visão espírita, porquanto a Doutrina apresenta uma visão mais ampla e profunda da existência, pois não limita a visão da psique a apenas uma existência.

Em nossas aulas, e também nas obras de Joanna, ficará mais clara a analogia estabelecida entre os conceitos da psicologia acadêmica e da psicologia a partir de uma visão espírita.

1. Quem era Jung?

Carl Gustav Jung (1875-1961)O fundador da escola analítica de Psicologia

Carl Jung foi um dos maiores psiquiatras do mundo. Fundador da escola analítica de Psicologia, ele introduziu termos como extroversão, introversão e o inconsciente coletivo.

Jung ampliou as visões psicanalíticas de Freud, interpretando distúrbios mentais e emocionais como uma tentativa do individuo de buscar a perfeição pessoal e espiritual.

Jung foi uma criança muito solitária. Sua família mudou-se diversas vezes durante sua infância, e sua irmã somente veio a nascer quando ele já estava com nove anos. Assim, ele acabou desenvolvendo uma tendência a sonhar e fantasiar. Suas fantasias de infância se tornaram sua grande influência em seu trabalho.

Jung passou sua adolescência convivendo em meio aos conflitos internos religiosos, e encontrou consolo em seus estudos sobre a filosofia.

Após terminar a escola, Jung entrou para a Universidade de Basil. Em 1902, formou-se em medicina, com um amplo conhecimento em biologia, zoologia, paleontologia e arqueologia.

Em 1903, Jung casou-se com Emma Rauschenbach, que o ajudou em seu trabalho até vir a falecer, em 1955.

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Jung acompanhava de perto as publicações de Freud.

Em 1905, Jung tornou-se professor de psiquiatria da Universidade de Zurich, na mesma época em que ocupava o cargo de médico superior em uma clínica psiquiátrica. Jung conduziu uma pesquisa que visava o estudo das reações da psique de pacientes mentais, dando início ao seu trabalho sobre associação de palavras. Nesta experiência, Jung apresentava uma lista de palavras, uma por vez, e o paciente tinha que responder com a primeira palavra que lhe viesse em sua mente. Caso o paciente hesitasse indevidamente antes de responder ou expressar uma emoção, isso indicava que a palavra revelava o que Jung chamava de “complexo” na pessoa – um termo que a partir de então se tornou universal.

Os estudos de Jung sobre complexos lhe trouxeram reconhecimento mundial. Publicou trabalhos a respeito do assunto e um livro chamado “A Psicologia da Demência Precoce”, no qual apoiava algumas das teorias de Freud. Quando Freud entrou em contato com o trabalho de Jung, em 1907, Freud o convidou para visitá-lo em Viena. O encontro deu início a uma amizade profissional e pessoal que durou cerca de seis anos. Freud via em Jung seu sucessor, a pessoa que pudesse dar continuidade às suas idéias, tendo inclusive o chamado de filho, em uma carta.

Em 1912, por insistência de Freud, Jung tornou-se presidente da Sociedade Psicanalítica Internacional.

Apesar da amizade, Jung não adotou várias das teorias de Freud, especialmente a de que os problemas sexuais são a base para todas as neuroses, ou a visão de Freud do complexo de Édipo. Jung tinha sua própria linha de pensamento, e em 1914, devido às divergências de opiniões, a amizade entre os dois foi quebrada. Jung desistiu da presidência da Sociedade Internacional de Psicanálise e co-fundou um movimento chamado Psicologia Analítica.

Durante seus 50 anos remanescentes Jung desenvolveu suas teorias, baseando-se na mitologia, história, viagens e suas próprias fantasias e sonhos de infância. Jung, em suas longas viagens ao Quênia, Tunísia, ao Deserto do Saara, Novo México e Índia, entre outros lugares, estudou diferentes culturas e seus povos. Nestas viagens, Jung formulou sua teoria do inconsciente coletivo, desenvolvendo uma distinção entre este e o inconsciente pessoal.

Dentre tantas coisas profundas que disse, podemos destacar a seguinte frase: " . . . a finalidade única da existência humana é a de acender uma luz na escuridão do ser."

Jung não era espírita, como muitos chegam a pensar, mas não mostrava preconceitos contras as denominações religiosas. Chegou a estudar a respeito da mediunidade e apresenta relatos que nos faz crer que era médium. Interpretava tudo, no entanto, como manifestações do psiquismo. Mas não tinha preconceitos contra as religiões, pelo contrário, chegava mesmo a direcionar os seus pacientes a uma busca religiosa, quando percebia dissociações profundas vinculadas a essas questões. Estudou os símbolos religiosos buscando sempre correspondentes na psique. Possibilitou inúmeros avanços na compreensão da Psique, muito embora não tenha apresentado, em sua obra, a visão do espírito imortal, pelo menos dentro da concepção profunda que nos apresenta o espiritismo.

2. O que é a Psicologia Analítica?

Nos primeiros tempos da investigação analítica, na virada do século, Bleuler sugeriu que o termo Psicologia Profunda fosse usado para indicar que essa psicologia estava preocupada com as regiões mais profundas da psique, isto é, o Inconsciente. Jung achava o termo limitado, pois, mesmo na ocasião, via seu método como um método simbólico tão ocupado com a consciência

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quanto com o inconsciente. O termo “psicologia complexa” de Toni Wolff não tem uso corrente porque enfatiza somente um segmento limitado, embora de primordial importância, da conceitualização de Jung.Jung asseverava sempre que sua psicologia era uma ciência e que tinha base empírica. Portanto, nos dias de hoje, a psicologia analítica abrange teoria, reflexão vazada em textos e pesquisa, bem como a prática clínica psicoterapêutica.

As declarações de Jung sobre a teoria e o método estão hoje compiladas e disponíveis em uns vinte volumes das Obras Completas (Editora Vozes), lado a lado com compilações em separado de correspondência, memórias e entrevistas, bem como escritos biográficos. Incluem as definições de Energia Psíquica que, segundo Jung, tinha sua fonte nos instintos, sendo, por outro lado, comparável e regida pelos mesmos princípios da energia física, exceto que a energia psíquica não tem apenas uma causa, mas também uma finalidade; o Inconsciente visto como complementar da Consciência e funcionando tanto como repositório de experiências pessoais anteriores como imagens universais, referindo-se ao modo como o inconsciente se comunica com a consciência revelando as imagens latentes subjacentes que motivam um indivíduo por meio dos Complexos e evidentes em atitudes, ações, escolhas e Sonhos, bem como em enfermidades; a Psique humana constelada em subpersonalidades ou representações arquetípicas, identificáveis como Persona, Ego, Sombra, Ânima e Ânimus, Velho Sábio, Grande Mãe e Self; finalmente, a Individuação, vista como o processo que, no curso de uma vida, conduz uma pessoa a uma unificação de sua personalidade expressiva de sua totalidade básica.

Jung também escreveu extensivamente no campo da psicologia da religião. Em diferentes ocasiões de sua vida esteve interessado em fenômenos paranormais, Tipologia individual e Alquimia, bem como em outros assuntos culturais mais genéricos. Daí a psicologia analítica ter-se tornado um termo de aplicação de vasto alcance, e de significação profissional.

3.0 CONCEITOS JUNGUIANOS

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3.1 ESTRUTURA DA PSIQUE

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CONSCIÊNCIA

Podemos dizer que é a parte da psique conhecida pelo indivíduo, da qual o centro é o ego. Distingue-se da totalidade da psique porque esta contém, além do material consciente, o inconsciente (pessoal e coletivo). Para representar a psique podemos utilizar várias imagens. Freud, por exemplo, no início da psicanálise, utilizou a imagem de um iceberg emergindo do mar como uma pequena ilha de gelo. A ponta do iceberg seria apenas a porção visível (o consciente) da montanha (inconsciente) que jaz sob as águas. No modelo junguiano, a psique seria composta de várias esferas concêntricas, lembrando uma cebola. A camada mais superficial representaria a consciência, enquanto as outras, mais internas, seriam os níveis mais profundos do inconsciente, até atingir-se o centro. Entre essas camadas ou “sistemas dinâmicos” haveria uma constante interação e mudança.

Para Jung a consciência não é algo fixo e imutável, mas em desenvolvimento. A consciência forma-se a partir do inconsciente e vai se desenvolvendo progressivamente, de acordo com alguns padrões (arquétipos). . A função principal da consciência e do ego é a adaptação à vida, tanto interior quanto exterior. Além da questão adaptativa, o desenvolvimento da consciência e do ego tem por finalidade a própria existência. Para Jung, a finalidade da vida humana poderia ser vista como a própria construção da consciência. Segundo ele, a consciência, portanto, não é simplesmente espectadora do mundo, mas participa de sua criação, como se o mundo só pudesse existir ao ser conscientemente refletido. Para estudar a consciência necessitamos tomar alguma distância dela, pois só podemos observá-la e descrevê-la com o nosso ego, que é o seu centro. Se o ego estiver muito identificado com os instrumentos de observação da consciência, a avaliação se tornará tendenciosa.

3.2.1 EGO

O Ego é o centro da consciência e um dos maiores complexos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados

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Inconsciente Coletivo

ConsciênciaEixo Ego-Self

Inconsciente Pessoal

C = ComplexosA = Arquétipos

Modelo da Psique proposto por Jung

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a crer que o Ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente.

De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O Ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no Ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.

3.2.2 PERSONA

Nossa Persona é a forma pela qual nos apresentamos ao mundo. É o caráter que assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A Persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de expressão pessoal. O termo Persona é derivado da palavra latina equivalente à máscara, se refere às máscaras usadas pelos atores no drama grego para dar significado aos papéis que estavam representando. As palavras "pessoa" e "personalidade" também estão relacionadas a este termo.

3.3 INCONSCIENTE

É a parte da psique desconhecida pelo indivíduo. Jung coloca a existência de dois níveis de inconsciente: o pessoal e o coletivo. Além disso o inconsciente abrange: a sombra, a anima (esta é o inconsciente do homem) e o ânimus (este é o inconsciente na mulher), complexos (ligado ao inconsciente pessoal) e arquétipos ( ligados ao inconsciente coletivo).

3.3.1 INCONSCIENTE PESSOAL

O Inconsciente Pessoal ou Individual é, de acordo com Carl Gustav Jung, aquela camada mais superficial de conteúdos, cujo marco divisório com o consciente não é tão rígido. É uma camada de conteúdos que se acha contígua ao consciente. Estes conteúdos subjazem no inconsciente por não possuírem carga energética suficiente para emergir na consciência. Correspondem àqueles aspectos que em algum momento do desenvolvimento da personalidade não foram compatíveis com as tendências da consciência e foram, portanto reprimidas. Também estão, no inconsciente pessoal, percepções subliminares, ou seja, aquelas que foram captadas pelos nossos sentidos de forma subliminar, que nem nos demos conta de termos contato com o fato em si. Conteúdos da memória que não necessitam estar presentes constantemente na consciência estão presentes no inconsciente pessoal. Todos estes conteúdos formam no Inconsciente Pessoal um grande banco de dados que poderão surgir na consciência a qualquer momento.

3.3.2 INCONSCIENTE COLETIVO

Jung acredita que nascemos com uma herança também psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência do ser. Ele diz que "...exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos esperar encontrar também, na mente, uma organização análoga. Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe". Jung postula que a mente da criança já

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possui uma estrutura que molda e canaliza todo posterior desenvolvimento e interação com o ambiente. O chamado Inconsciente Coletivo inclui materiais psíquicos que não provêm da experiência pessoal, ao contrário de alguns autores, como Skinner, os quais assumem implicitamente que todo desenvolvimento psicológico vem da experiência pessoal. O Inconsciente Coletivo é constituído não por aquisições individuais, mas por um patrimônio coletivo da espécie humana. Esse conteúdo coletivo é essencialmente o mesmo em qualquer lugar e em qualquer época, não varia de pessoa para pessoa. Como o ar, este inconsciente é o mesmo em todo lugar, respirado por todo o mundo e não pertencendo a ninguém.

3.4 SOMBRA

Para Jung, a Sombra é o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A Sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A Sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos.

3.5 COMPLEXOS

“Conjunto de experiências nucleadas no inconsciente, sustentadas por uma emoção comum”. São influenciadores e motivadores da consciência, contaminando atitudes e idéias, de forma autônoma, sem o consentimento consciente da pessoa. Sua interferência na consciência provoca mal estar e a sensação de ter sido tomado por algo estranho a si mesmo. Os complexos conseguem alterar a disposição do ego, levando-o a atitudes nem sempre conscientes, que dirigem a ação para uma finalidade relacionada à sombra do indivíduo.

A formação dos complexos se dá pela associação inconsciente de emoções e avaliações resultantes das experiências da vida. Tais associações decorrem de mecanismos automáticos oriundos de funções da psique humana. Eles são elementos constituintes do inconsciente pessoal e influenciadores naturais da vida consciente.

São unidades básicas da psique e estão em constante modificação, de acordo com as experiências vividas e com os processos psíquicos a que estão submetidos. “Nosso mundo interior é preenchido por complexos que se refundem, impulsionando o ser humano para além de si mesmo.” (Adenáuer Novaes – Mito Pessoal e Destino Humano)

3.6 ARQUÉTIPOS

Dentro do Inconsciente Coletivo existem segundo Jung, estruturas psíquicas ou Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém desde que a água começa a fluir por eles. De qualquer maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo.

Jung também chama os Arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser encontrados em sonhos e fantasias de muitos

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indivíduos. De acordo com Jung, os Arquétipos, como elementos estruturais e formadores do inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.

3.6.1 ARQUÉTIPO MATERNO (A GRANDE MÃE)

Os atributos do arquétipo materno são, conforme Jung salienta: “o “maternal”, simplesmente a mágica autoridade do feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além da razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de crescimento, fertilidade e alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento, o instinto e o impulso favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal.”

3.6.2 Arquétipo Paterno

Apresenta como características principais: a estruturação da lei e da ordem. Enquanto o Arquétipo Materno caracteriza-se por sua relação com o mundo interno, o Arquétipo Paterno orienta o psiquismo para a sua relação com o mundo externo. Quando esse arquétipo atua de forma estruturada, colabora para um bom relacionamento do indivíduo na profissão e um bom relacionamento com a ordem e a disciplina.

3.6.3 ÂNIMA E ÂNIMUS

Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; ele denomina tal estrutura de Anima no homem e Ânimus na mulher. Esta estrutura psíquica básica funciona como um ponto de convergência para todo material psíquico que não se adapta à auto-imagem consciente de um indivíduo como homem ou mulher.

Ele é orientado basicamente para os processos internos, da mesma forma como a Persona é orientada para processos externos. É a fonte de projeções, a fonte da formação de imagens e a porta da criatividade na psique. (Não é surpreendente, pois, que escritores e artistas homens tenham pintado suas musas como deusas femininas).

3.6.4 SELF

Jung chamou o Self de Arquétipo central, Arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o Self. Jung descobriu o Arquétipo do Self apenas depois de estarem concluídas suas investigações sobre as outras estruturas da psique.

O Self é um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao Ego e à consciência. Para Jung, o Self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente, ele é o centro desta totalidade, tal como o Ego é o centro da consciência. Assim, podemos afirmar que para Jung não é o Ego o centro da personalidade. Adquire então a importância de ajudar a realizar a totalidade da psique, pois é o ego que transporta para a consciência as mensagens enviadas pelo self. O self inicia como uma possibilidade inata, que só se desenvolverá com a “ajuda” do ego. Por exemplo: possuir um dom artístico do qual o ego não está consciente é o mesmo que se ele não existisse, pois ele não se desenvolverá. Tal dom só virá à tona se o ego “notar” as mensagens enviadas pelo Self.

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3.7 PERSONALIDADE

Em Psicologia Analítica define-se a personalidade como tudo aquilo que distingue um indivíduo de outros, ou seja, o conjunto de características que determinam a sua pessoal e social. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. Segundo Jung, a personalidade se desenvolve no decorrer da vida, a partir de germes, cuja interpretação é difícil ou até impossível; somente pela nossa ação é que se torna manifesto quem somos de verdade. Em seu modo de ver, a personalidade, no sentido da realização total de nosso ser, é um ideal inatingível. Mas nem por isso, segundo ele, deveríamos desistir desse ideal, pois os ideais são apenas os indicadores do caminho e não as metas visadas.

3.8 INDIVIDUAÇÃO

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou autodesenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si mesmo.

Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias partes da psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses Arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas. Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do Eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos.

3.9 ENERGIA PSÍQUICA E LIBIDO

Freud chamou a energia vital de Libido, termo originário de libere, do latim, que significa “ter vontade de”, “aquilo que dá prazer, desejo, ânsia, saudades”. Para ele, libido e energia do instinto sexual são sinônimos. Seu ponto de vista é mecânico. A energia vital aparece de várias formas e em várias situações, mas a qualidade dos fenômenos é sempre a mesma: de natureza sexual.

Para libertar a energia vital de uma definição muito estreita, Jung baseou-se no conceito de energia da física. De início, como Freud, ele empregava o termo Libido para designá-la. Posteriormente, passou a chamar a energia vital simplesmente de “Energia Psíquica”. Assim como calor, luz e eletricidade são manifestações diferentes da energia física, fome, sexo e agressividade seriam expressões variadas da energia psíquica. Para ele, a dinâmica sexual é somente uma das instâncias particulares na totalidade do campo da psique.

4. REFERÊNCIA

Grinberg, Luiz Paulo. Jung: O homem criativo Edit. FTD, 1997

JUNG, C. G. Sonhos, Memórias e Reflexões. Nova Fronteira. 1975.

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Novaes, Adenáuer. Mito Pessoal e Destino Humano. Fundação Lar Harmonia, 2005

Silveira, Nise da. Jung, Vida e obra. Paz e Terra, 1997.

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