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Resumos de Aula -- Curso de Médiuns – 2º Ano - Bertani Marinho 1 Bertani Marinho CURSO DE MÉDIUNS 2º ANO

Apostila 2º Médiuns - TEXTO - 2013 tduu

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Bertani Marinho

CURSO DE MÉDIUNS

2º ANO

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Sumário ______________________________________________________________________________

1. Noções sobre o Corpo Físico. O Sistema Nervoso. O Cérebro.

................................................

2. Espírito e Perispírito.

................................................................................................................ 1

3. Duplo Etéreo e Aura.

................................................................................................................ 1

4. Centros Vitais.

.......................................................................................................................... 2

5. Ação dos Espíritos sobre a Matéria.

......................................................................................... 3

6. Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal.

....................................................................... 4

7. Mediunidade.

........................................................................................................................... 4

8. Sinais Precursores da Mediunidade: Sensações no Processo Mediúnico. Pré-

Mediunismo. .. 5

9. Formação dos Médiuns: Aprimoramento Moral. Desenvolvimento da Mediunidade.

........... 6

10. Obsessão: Obsessão Simples, Fascinação, Subjugação.

........................................................... 6

11. Moral dos Médiuns (1) – Moral e Ética. Valores Morais. Perda e Suspensão da

Mediunidade. ...........................................................................................................................

7

11. Moral dos Médiuns (2) – Papel dos Médiuns nas Comunicações Espíritas. Influência do Meio. Influência Moral do Médium. ........................................................................................

7

12. Identidade dos Espíritos.

.......................................................................................................... 8

13. Evocações.

................................................................................................................................ 8

14. Perguntas que se Podem Dirigir aos Espíritos.

......................................................................... 9

15. Contradições e Mistificações.

.................................................................................................. 9

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16. Charlatanismo e Prestidigitação.

............................................................................................. 99

17. A Mente (1): Consciente, Subconsciente e Superconsciente.

.................................................. 102

17. A Mente (2): Hábitos e Vícios.

.................................................................................................. 110

17. A Mente (3): Epífise.

................................................................................................................. 114

18. Vigilância, Prece, Evangelho e Responsabilidade.

.................................................................... 119

Introdução

______________________________________________________________________ O texto que ora apresentamos contém todos os temas referentes ao 2º Ano do

“Curso de Médiuns”.

Mais que expor as nossas ideias, buscamos apresentar o pensamento de autores

consagrados no meio espírita. Desse modo, pudemos abordar seguramente cada um

dos temas que constitui o programa de curso, pois estávamos fundamentados no

parecer sereno e firme de pesquisadores competentes e comprometidos com os

ideais da doutrina codificada por Allan Kardec.

Procuramos, em cada capítulo, ater-nos ao núcleo da doutrina espírita, como

revelada pelos Espíritos Superiores que participaram da Codificação efetuada pelo

Mestre de Lion.

Não tivemos em mente a pretensão de oferecer um conteúdo completo de cada

capítulo. Entendemos que os presentes apontamentos são apenas um singelo

subsídio para uma pesquisa mais profunda de cada tema por parte dos alunos. Nosso

intento, na verdade, foi promover a automotivação de cada participante do curso

para um estudo mais completo e aprofundado de todo conteúdo exposto em sala de

aula.

Com esta breve Introdução, desejamos a cada aluno que aproveite ao máximo o

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conjunto de temas oferecidos pelo curso, ampliando os seus conhecimentos

doutrinários e aplicando em sua vida o que puder contribuir para o seu

desenvolvimento moral e espiritual. E que esse conhecimento seja igualmente

utilizado em benefício dos semelhantes.

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NOÇÕES SOBRE O CORPO FÍSICO. O SISTEMA NERVOS E O CÉREBRO

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1. Introdução O corpo físico do ser humano é composto por um conjunto de tecidos e órgãos com características e funções diferentes, mas integrados num todo único pela ação do Espírito encarnado. Os tecidos e órgãos são formados pela aglutinação de células com características semelhantes.

a) Célula - É o menor componente vivo em que pode ser decomposto qualquer tecido animal ou vegetal. Assegura a harmonia interna do organismo. Há no corpo humano muitos tipos de células, com diferentes formas e funções. As células estão organizadas em grupos, que atuam de maneira integrada, desempenhando juntos uma dada função. Esses grupos de células são os tecidos.

b) Tecido - É um conjunto de células com forma e função semelhantes. c) Órgão – É a junção de vários tecidos que realizam uma determinada função. d) Sistema – É a união de vários órgãos atuando como um todo, com funções específicas. e) Organismo – É a união de todos os sistemas. 2. Sistemas do Corpo Humano 2.1 Sistema Cardiovascular Componentes: Coração, vasos sanguíneos, sangue, vasos linfáticos e linfa. Funções: Transporte de gases, nutrientes, resíduos metabólicos, hormônios, calor, intercâmbio de materiais, distribuição de mecanismos de defesa (anticorpos) e coagulação sanguínea. 2.2 Sistema Respiratório Componentes: Vias respiratórias e pulmões (cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares).

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Funções: Realizar a troca gasosa, ou seja, levar oxigênio (O2) às células e eliminar o dióxido de carbono (CO2) produzido por elas, o que assegura permanente concentração de oxigênio no sangue. 2.3 Sistema Digestivo Componentes: Boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Funções: Prover o organismo de água e nutrientes que suprem as necessidades energéticas do indivíduo; promover a digestão: quebra de alimentos, absorção dos componentes nutritivos e eliminação de substâncias indesejáveis. Estas funções podem ser resumidas em: tornar os alimentos solúveis, sofrendo modificações químicas, para que sejam absorvidos e assimilados pelo organismo. 2.4 Sistema Excretor a) Sistema urinário Componentes: Rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Funções: Produzir e excretar a urina. b) Glândulas sudoríparas Funções: Regularizar a temperatura corporal; eliminar substâncias tóxicas. 2.5 Sistema Genital Funções Gerais: Reprodução. a) Feminino Componentes: Ovários, trompa, útero e vagina. Funções: Formar as células sexuais (óvulos) e garantir o encontro entre estas e os espermatozoides. b) Masculino Componentes: Canal deferente, próstata, bolsa escrotal e pênis. Funções: Produzir e ejacular o líquido espermático, que pode fecundar o óvulo e gerar um novo ser. 2.6 Sistema Endócrino É constituído pelo conjunto de glândulas endócrinas, que são responsáveis pela produção de secreções denominadas hormônios. Componentes: Epífise (glândula pineal), hipófise (glândula pituitária), tireoide, paratireoides, suprarrenais, pâncreas, ovários e testículos. Funções: Coordenar e regular as funções corporais por meio dos hormônios; manutenção do equilíbrio do organismo (homeostase). 2.7 Sistema Locomotor Componentes: Ossos, articulações, músculos e tendões. Funções: Sustentação, movimento e proteção dos órgãos vitais. 2.8 Sistema Tegumentar Componentes: Tegumento, constituído pela pele e seus anexos (pelos, unhas, glândulas sebáceas, glândulas mamárias e glândulas sudoríparas). A pele é constituída por: a) epiderme (camada superficial); b) derme (camada intermediária); c) hipoderme (camada mais profunda). Funções: Controlar a temperatura corporal; permitir a difusão de gases (respiração cutânea); proteger contra abalos mecânicos; receber estímulos do meio; participar da nutrição (glândulas mamárias). 2.8 Sistema Nervoso É o mais complexo dos sistemas no que se refere às funções e às atividades humanas. Sua função básica é coordenar todas as atividades orgânicas. Serve como elemento adaptador do organismo às condições de momento. É formado pelo tecido mais delicado e complexo de todos: o tecido nervoso. Componentes: a) Sistema Nervoso Central (SNC); b) Sistema Nervoso Periférico (SNP)

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2.8.1 Sistema Nervoso Central (SNC) Componentes: Encéfalo e medula espinhal (raquidiana). A) Encéfalo Componentes: Cérebro, cerebelo, ponte e bulbo. Funções: Servir como estrutura física às ações da mente; gerar comportamentos que promovam o bem-estar do indivíduo; controlar o comportamento. - Cérebro Componentes: Tálamo, hipotálamo, cerebelo, ponte e bulbo. Funções: Receber as mensagens recolhidas pelos órgãos dos sentidos, por meio das áreas sensoriais; transmitir impulsos a músculos e glândulas, através das áreas motoras. Por meio dele, o Espírito interpreta as mensagens sensoriais, classifica-as e decide qual resposta deve ser dada, através das áreas de associação, instrumentos de elaboração do raciocínio, da aprendizagem e da memória. - Cerebelo: Funções: Modular e regular a função motora, coordenando os movimentos; regular o equilíbrio; regular o tônus muscular e a postura. - Ponte: Funções: Transmitir as informações da medula e do bulbo até o córtex cerebral; controlar o sono; regular a respiração. - Bulbo: Funções: Centro de reflexos do espirro, tosse, vômito, mastigação, sucção, fonação, movimentos das pálpebras, movimentos respiratórios, cardiomoderadores, cardioaceleradores, vasoconstritores, vasodilatadores etc. B) Medula Espinhal Componentes: 31 pares de nervos, que se ramificam, conectando-se a várias partes do corpo. Funções: Conduzir impulsos nervosos para o cérebro; produzir movimentos musculares; coordenar atividades musculares e reflexos. 2.8.2 Sistema Nervoso Periférico (SNP) Componentes: Sistema somático (voluntário) e sistema autônomo (involuntário). A) Sistema Somático (Voluntário) – Parte do sistema nervoso que responde ou relaciona o organismo com o meio ambiente externo. Função: Reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. B) Sistema Autônomo (Involuntário) – Funciona independentemente da nossa vontade. É responsável pela inervação dos músculos macios (vísceras) e das glândulas exócrinas (e algumas endócrinas). Função: Regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas digestivo, cardiovascular, excretor e endócrino. O sistema nervoso autônomo divide-se em:

a) Sistema Nervoso Simpático Componentes: Cadeia de gânglios e nervos paralelos à coluna vertebral e de gânglios disseminados na cabeça, pescoço, peito e abdômen. Função: Preparar o corpo para uma emergência, responder a um estímulo do ambiente.

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Ações do sistema nervoso simpático: Dilatar a pupila; contrair os vasos sanguíneos da pele; contrair os músculos eretores dos pelos; aumentar a freqüência de batimentos cardíacos; dilatar os bronquíolos; promover a despolimerização de glicose no fígado, aumentando a taxa de glicose no sangue; inibir o peristaltismo; relaxar a bexiga e contrair o esfíncter retal; promover a ejaculação. b) Sistema Nervoso Parassimpático Componentes: É quase inteiramente representado pelo nervo vago, que inerva todas as vísceras. Estimula principalmente as atividades relaxantes, como a redução do ritmo cardíaco e da pressão arterial. Funções: Tem função antagônica à do sistema nervoso simpático, isto é, reorganizar as atividades desencadeadas pelo sistema simpático, relaxando essas atividades. Este sistema encontra-se mais ativo quando estamos dormindo, desenvolvendo atividades, como a digestão do alimento. Ou seja, ele ativa as vísceras e nos mantém em estado de relaxamento cerebral e muscular. Ações do sistema nervoso parassimpático: Diminuir o diâmetro da pupila; estimular a secreção salivar e digestiva como um todo; dilatar os vasos sanguíneos da pele; relaxar os músculos eretores dos pelos; diminuir a frequência dos batimentos cardíacos; contrair os bronquíolos; estimular o peristaltismo; contrair a bexiga; promover a ereção. c) Sistema Nervoso Entérico Componentes: É constituído por uma rede de neurônios que inervam o sistema digestivo, pâncreas e vesícula biliar. Funções: Controlar os movimentos gastrintestinais; controlar a secreção gastrintestinal e o fluxo sanguíneo local.

SISTEMA NERVOSO

Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Periférico Encéfalo Medula Espinhal S. N. Autônomo S. N. Simpático S. N. Parassimpático S. N. Entérico

S. N. Somático

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Órgãos do Sistema Nervoso (Intracranianos), Órgãos da Face e Pescoço, em Corte Anteroposterior

Fonte: LEX, Ary. 1994, p. 15. 3. O Corpo Humano na Visão Espírita 3.1 Visão Platônica do Corpo Platão (429-348 a.C.), discípulo de Sócrates (470-399 a.C.) usa a imagem do corpo como uma “prisão” da alma. Segundo ele, a alma deseja o divino e tende para ele. Ela é a nossa melhor parte, sendo, para ela, o corpo uma prisão, um túmulo e um risco de perdição, dado que a dimensão corporal a afasta da dimensão espiritual. Assim, por exemplo, amar alguém é amar sua alma e não o envoltório grosseiro e mortal, que é seu corpo. Platão considera a existência de dois planos ou dimensões, que ele chama de “mundos”: o Mundo Sensível e o Mundo Inteligível, ou Mundo das Ideias.

- O Mundo Sensível corresponde ao campo das impressões ou sensações, procedentes dos sentidos. O Mundo Sensível diz respeito ao plano físico, onde tudo é mutável e imperfeito. Por meio das impressões sensíveis formamos apenas uma opinião (doxa) da realidade, não conseguindo atingir o conhecimento verdadeiro, dado que se trata de um conhecimento aparente. O Mundo Sensível traduz-se, portanto, em sombras e ilusões, não representando o verdadeiro conhecimento. As coisas que existem no Mundo Sensível são cópias, mais ou menos perfeitas, dos modelos existentes no Mundo Inteligível.

- O Mundo Inteligível é o Mundo das Ideias ou Essências. Corresponde ao plano metafísico, onde tudo é imutável e perfeito. Se o conhecimento sensível não consegue ultrapassar a aparência, a opinião (doxa), o Mundo Inteligível possibilita o conhecimento verdadeiro (episteme, isto é, conhecimento científico e filosófico), pois permite que o indivíduo contemple as Ideias ou essências das coisas. A alma ama as Formas ou Ideias. Ela deseja a beleza e ama a perfeição. Ela ama o Bom, o Belo e o Verdadeiro, que

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pertencem ao Mundo Inteligível. Entretanto, está ligada a um corpo físico, daí senti-lo como se fosse uma prisão, um empecilho para a sua plena realização.

3.2 Dois Extremos Há na sociedade duas atitudes extremas em relação ao corpo físico: de um lado o “culto ao corpo” e, de outro, o “desprezo pelo corpo”.

3.2.1 Culto ao Corpo - O culto ao corpo pratica uma inversão, ao considerar o corpo mais importante que o Espírito ou mesmo a desconsiderar completamente o Espírito. Para os cultores exacerbados do corpo, a aparência física é uma questão prioritária. Se o corpo estiver bem, não há necessidade de mais nada, pois, “o principal” já está sendo feito. Há grande dose de narcisismo nessa adoração ao elemento material do ser humano. Narcisismo é o amor excessivo a si mesmo, a admiração exagerada da própria imagem, é a atitude de autoadoração. Não se deve confundir o amor a si mesmo com narcisismo, pois neste o indivíduo tem um amor exagerado e irracional a si próprio, ao passo que no autoamor a pessoa busca ir ao encontro de si mesma para se conhecer melhor e poder melhor conhecer os demais. Não se deve também confundir autoamor com egoísmo, pois o egoísta é centrado em si mesmo, com a exclusão dos outros. Já na atitude de autoamor, a pessoa faz do amor a si mesmo uma etapa para o amor aos outros. No narcisismo, os cuidados com o corpo são exagerados, como resultantes da autoadoração. No culto ao corpo o que se busca é a apenas a perfeição física.

3.2.2 Desprezo Pelo Corpo – No desprezo pelo corpo, ocorre o inverso do culto ao corpo. Valoriza-se o Espírito, que é considerado fundamental, desqualificando-se a dimensão corporal do ser humano. O Espírito é tudo, o corpo nada vale. Chega-se ao exagero de se descuidar da saúde e da própria higiene. “Já que o corpo não tem nenhum valor, por que cuidar dele?”, diz quem assim se comporta. A aparência pessoal é posta de lado, descuidando-se da roupa, dos sapatos, do penteado, do corte das unhas, da barba, caindo-se até no extremo da falta de banho. No desprezo pelo corpo o que se busca é apenas a perfeição do Espírito, rejeitando-se a dimensão material do ser humano. 3.3 A Visão Espírita do Corpo Na questão do corpo, o Espiritismo prima pelo “justo meio”, como dizia Aristóteles (384-322 a.C.), isto é, não fica com nenhuma das atitudes extremadas, partindo para uma prudente reflexão a respeito. É verdade que o Espírito é primordial na relação Espírito – Corpo, entretanto, isto não significa que se deva desprezar o corpo físico. Ambos devem ser cuidados com o devido zelo e respeito. O Espiritismo trata o corpo em dois sentidos: o corpo como instrumento e o corpo como santuário do Espírito. 3.3.1 O Corpo Como Instrumento e Como Santuário do Espírito Encarnado O Espírito, para poder atuar no plano terreno, precisa de um elemento que se adapte a esse nível. Para tanto, faz uso do corpo físico, que se constitui em seu instrumento particular de ação na matéria. Na Terra, as atividades são desempenhadas com o concurso do corpo dirigido pelo Espírito, daí a importância de se manter a harmonia constante entre ambos. Como diz Edgard Armond: “O corpo humano é o santuário do Espírito encarnado e o instrumento de que se serve para o exercício de suas atividades no mundo físico; por isso foi formado de maneira que, ao mesmo tempo em que exerça essas atividades, permaneça o Espírito ligado por vários meios ao seu próprio mundo, que é o espiritual. Disso também decorre a grave responsabilidade que toca ao homem encarnado de zelar e responder pela conservação, equilíbrio e harmonia funcional desse corpo” (ARMOND, 1999, p. 19).

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Neste sentido, assinala Martins Peralva: “Ouçamos Emmanuel: És um espírito eterno, em serviço temporário no mundo. O corpo [somático] é teu refúgio e teu bastão, teu vaso e tua veste, tua pena e teu buril, tua harpa e tua enxada” (PERALVA, 1994, p. 132). Podemos concluir, dizendo que o corpo somático atua como (BVESPÍRITA, online): - Suporte material do Espírito encarnado; - Meio de que ele dispõe para atuar na matéria; - Somatização dos impulsos positivos ou dos impulsos negativos, oriundos dos demais corpos, em forma de vitalidade ou de doenças, desajustes ou desarmonias; - Somatização das impressões oriundas das personalidades que vivemos em encarnações anteriores, ainda latentes na alma. 4. Conclusão O corpo humano deve ser visto com a real dimensão que possui, na importância que tem para o ser humano. Se não é o principal elemento da composição humana, não deixa de ser importante por constituir-se em instrumento do Espírito para o cumprimento de suas metas em suas múltiplas encarnações. Desta forma, é também considerado um santuário por permitir que o Espírito, ao fazer bom uso dele, se depure e se aprimore espiritualmente. Para o Espiritismo, não se deve cair no “culto ao corpo” nem no seu descaso e desprezo, mas dar-lhe o seu real valor, como instrumento e santuário do Espírito, meio imprescindível para o autoaprimoramento do ser humano, na sua passagem pela Terra. o Apêndice: Os Lobos Cerebrais

O córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada uma com funções diferenciadas e especializadas.

1) Lobo Frontal

No lobo frontal, localizado na parte da frente do cérebro (testa), acontece o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. Nele estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal.

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O córtex motor controla e coordena a motricidade voluntária, sendo que o córtex motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do indivíduo, enquanto que o do hemisfério esquerdo controla o lado direito. Um trauma nesta área pode causar fraqueza muscular ou paralisia.

A aprendizagem motora e os movimentos de precisão são executados pelo córtex pré-motor, que fica mais ativo do que o restante do cérebro quando se imagina um movimento sem executá-lo. Lesões nesta área não chegam a comprometer a ponto de o indivíduo sofrer uma paralisia ou problemas para planejar ou agir, no entanto a velocidade de movimentos automáticos, como a fala e os gestos, é perturbada.

A atividade no lobo frontal de um indivíduo aumenta somente quando este se depara com uma tarefa difícil em que ele terá que descobrir uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias para resolvê-la. A decisão de quais sequências de movimento ativar e em que ordem, além de avaliar o resultado, é feito pelo córtex-frontal, localizado na parte da frente do lobo frontal. Suas funções incluem o pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção seletiva. Lesões nesta região fazem com que o indivíduo fique preso obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver uma sequência de ações correta.

2) Lobos Occipitais

Localizados na parte inferior do cérebro e cobertos pelo córtex cerebral, os lobos occipitais processam os estímulos visuais, daí também serem conhecidos por córtex visual. Possuem várias subáreas que processam os dados visuais recebidos do exterior depois destes terem passado pelo tálamo, uma vez que há zonas especializadas, como a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância e assim por diante. Depois de passarem por esta área, chamada área visual primária, estas informações são direcionadas para a área de visão secundária, onde são comparadas com dados anteriores, permitindo assim o indivíduo identificar, por exemplo, um gato, uma moto ou uma maçã. O significado do que vemos, porém, é dado por outras áreas do cérebro, que se comunicam com a área visual, considerando as experiências passadas e nossas expectativas. Isso faz com que o mesmo objeto não seja percepcionado da mesma forma por diferentes indivíduos. Quando esta área sofre uma lesão provoca a impossibilidade de reconhecer objetos, palavras e até mesmo rostos de pessoas conhecidas ou de familiares. Esta deficiência é conhecida como agnosia.

3) Lobos Temporais

Na zona localizada acima das orelhas e com a função principal de processar os estímulos auditivos encontram-se os lobos temporais. Como acontece nos lobos occipitais, as informações são processadas por associação. Quando a área auditiva primária é estimulada, os sons são produzidos e enviados à área auditiva secundária, que interage com outras zonas do cérebro, atribuindo um significado e assim permitindo ao indivíduo reconhecer ao que está ouvindo.

4) Lobos Parietais

Na região superior do cérebro, temos os lobos parietais, constituídos por duas subdivisões, a anterior e a posterior. A primeira, também chamada de córtex somatossensorial, tem a função de possibilitar a percepção de sensações como o tato, a dor e o calor. Por ser a área responsável em receber os estímulos obtidos com o ambiente exterior, representa todas as áreas do corpo humano. É a zona mais sensível, logo ocupa mais espaço do que a zona posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados, captados pelos lábios, língua e garganta. A zona posterior é uma área secundária e analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela anterior, que é a zona primária, permitindo ao indivíduo se localizar no espaço, reconhecer objetos através do tato etc. (Fonte: www.infoescola.com/anatomia-humana/lobos-cerebrais/).

Temos ainda outro lobo, chamado “Lobo da Ínsula”:

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5) Lobo da Ínsula

Está localizado internamente, na parte mais profunda do cérebro, no sulco lateral (portanto, não é visível na ilustração anterior). Uma de suas funções principais é coordenar as emoções, fazendo parte do sistema límbico. É responsável por monitorar em permanência o estado funcional do corpo e, portanto, as emoções, gerando informações que são então usadas pelo lobo frontal para ajustar o comportamento ao nosso estado interno.

A ínsula funciona como uma espécie de intérprete do cérebro ao traduzir sons, cheiros ou sabores em emoções e sentimentos como nojo, desejo, orgulho, arrependimento, culpa ou empatia.

Ela dá colorido psíquico às experiências sensoriais", diz o neurocirurgião Arthur Cukiert. Ou, como definiu o psiquiatra americano Martin Paulus, professor da Universidade da Califórnia, é na ínsula que o corpo e a mente se encontram.

Descrita pela primeira vez no fim do século XVIII, pelo anatomista e fisiologista alemão Johann Christian Reil, a ínsula sempre foi negligenciada pelos pesquisadores. A dificuldade de acesso impedia estudos mais minuciosos sobre sua fisiologia. Nos últimos dez anos, graças ao aperfeiçoamento dos exames de imagens, como a ressonância magnética funcional, a ínsula despertou a atenção dos neurocientistas. Flagrada em pleno funcionamento, já se viu que ela é ativada toda vez que alguém ri de uma piada, ouve música, reconhece expressões de tristeza no rosto de outra pessoa, quer se vingar ou decide não fazer uma compra.

“Os estudos já mostraram também que a superativação da ínsula está relacionada a diversos distúrbios psiquiátricos, sobretudo as fobias e o transtorno obsessivo-compulsivo", diz o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. Imagens do cérebro indicam que lesões na ínsula podem levar à apatia, à perda de libido, a alterações na memória de curto prazo e à incapacidade de alguém distinguir pelo cheiro um alimento fresco de outro estragado.

Como se trata de uma área de pesquisa relativamente nova, a ciência ainda não conseguiu esmiuçar todas as funções da ínsula. As diferentes partes do cérebro não agem isoladamente, mas por meio de circuitos múltiplos, que interagem entre si – o que torna o estudo do cérebro extremamente complexo. De qualquer forma, as descobertas recentes sobre a ínsula são uma fonte preciosa de informações sobre a anatomia das emoções (Fonte: www.guia.heu.nom.br/insula.htm).

IMPORTANTE: Como afirma a doutrina espírita, não é o cérebro que pensa e que sente. Ele é um instrumento importante da alma para a sua atuação no mundo material, entretanto, não passa disso. É a alma que pensa e sente, isto é, apenas a alma é o ser pensante e senciente. Em outras palavras, a alma é o agente, ao passo que o cérebro é seu meio de ação na dimensão material.

__________

Referências: ARMOND, Edgard. Passes e radiações: métodos espíritas de cura. 3.ed. São Paulo: Aliança, 1999. BVESPIRITA. Os corpos espirituais. Disponível em: <http://www.bvespirita.com>. Acesso em: 7 dez. 2012. GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. FALLER, Adolf. El cuerpo del hombre: introducción al conocimiento de su estructura y funciones. Barcelona: Editorial Labor, 1968. LEX, Ari. Do sistema nervoso à mediunidade. São Paulo: FEESP, 1994.

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ESPÍRITO E PERISPÍRITO ______________________________________________________________________________

1. Espírito O ser humano é essencialmente Espírito. É um Espírito imortal alojado num corpo físico passageiro. O Espírito é a parte imaterial do ser humano. O vocábulo “espírito” presta-se a dois significados: a) Princípio inteligente do universo, que é a própria essência do ser, sem incluir o perispírito; b) A individualidade do ser extracorpóreo (Espírito e períspirito). Como individualidades, os Espíritos

“são os seres inteligentes da Criação” (KARDEC, 2007, n. 76).

2. Elementos Gerais do Universo

Há 2 elementos gerais do universo: 1) O Espírito (Princípio inteligente do universo) 2) A Matéria (Estágio de condensação ou agregação do fluido cósmico universal). Acima destes dois elementos, está Deus, a constituir o que os Espíritos da Codificação chamam a “Trindade Universal” (Deus, Matéria e Espírito). Nada existe no universo que não esteja contido num desses dois elementos primordiais (Espírito e Matéria).

Princípio Inteligente Princípio Material “A matéria existe em estado indiferenciado ou primitivo, ou seja, sem qualquer grau de organização, a partir da qual, sob influência do princípio inteligente, tornar-se-á todo o tipo conhecido ou não de matéria do universo, incluindo-se aí todas as dimensões. Chamamos essa forma de matéria primária e pura de Fluido Cósmico Universal ou Primitivo (FCU)” (IANDOLI JR., 2001, p. 13) ou simplesmente Fluido Cósmico. Trata-se da matéria elementar primitiva, cujas modificações compõem a enorme variedade dos corpos da natureza.

DEUS

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Há duas fases principais do fluido cósmico: 1) Matéria imponderável, etérica ou quintessenciada (fluidos), que promove os fenômenos espirituais ou psíquicos; 2) Matéria ponderável ou física, que origina os fenômenos materiais. “A primeira é a que promove as manifestações ou fenômenos espirituais ou psíquicos, e a segunda os fenômenos materiais, tão bem estudados pela ciência terrena” (IANDOLI JR., 2001, p. 13). Em síntese: . Fluido Cósmico Universal (FCU): É o estado mais simples da matéria; matéria elementar primitiva, cujas modificações compõem a enorme variedade dos corpos da natureza; substância primária do Universo. . Espírito: É a causa de todos os fenômenos inteligentes; é aquele que pensa, que deseja, que ama. É o centro de todas as forças, onde residem todas as nossas potencialidades. . Corpo Físico (Somático): É o instrumento de que se vale o Espírito para atuar no plano terreno, material. 3. Espírito e Alma Usualmente valemo-nos dos vocábulos Espírito e Alma como sinônimos. Entretanto, para maior precisão, Kardec distingue entre os dois conceitos: a) Alma: É o espírito encarnado (KARDEC, 2007, n. 134). É o estado transitório de um Espírito, quando unido a um corpo somático. b) Espírito: Ser inteligente da Criação, desligado da matéria física, e que povoa o mundo espiritual. É revestido pelo períspirito. Diz Kardec que os Espíritos são “as almas dos que viveram na Terra ou em outros mundos, e que deixaram seu envoltório corporal; de onde se segue que as almas dos Homens são Espíritos encarnados; e que morrendo nos tornamos Espíritos” (KARDEC, 2004, n. 49). c) Ser Humano: É o composto de alma, perispírito e corpo físico. Trata-se de um ser complexo onde se combinam três elementos para formar uma unidade viva. O ser humano é uno em sua essência (divina) e trino em sua expressão no plano terreno (alma, perispírito e corpo físico). 4. Mônada De acordo com Ferrater Mora (1981), Pitágoras (c. 580-500 a.C.) já falava de uma primeira mônada, entendida como a unidade fundamental e última da qual derivam os números. Para esse filósofo, o número é a essência de todas as coisas. Platão, igualmente, teria chamado de mônadas as Ideias ou Formas (Ver: “A Teoria das Ideias”, em Platão). Também autores de inícios da Idade Moderna trataram do tema, particularmente Nicolau de Cusa (1401-1464) e Giordano Bruno (1548-1600). Todavia, foi o filósofo racionalista Gottfried Leibniz (1646-1716) quem propôs um amplo estudo sobre as mônadas, em sua obra “Monadologia”. “Leibniz sustenta que o espírito é a única e verdadeira substância. O átomo dessa substância é a mônada: ‘A mônada não é outra coisa que uma substância simples, que entra na formação dos compostos; simples quer dizer ‘sem partes’. Se a substância tem de ser simples, sem partes, obviamente só o espírito pode sê-lo, já que só o espírito é indivisível” (Pérez, 1988, p. 163-164). Para Leibniz, a mônada é o elemento fundamental da vida. Ensina-nos Schubert Coelho:

Leibniz define em sua monadologia alguns postulados que o Espiritismo viria a adotar quase dois séculos depois.

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Para Leibniz, a palavra mônada representa uma substância una, sem partes. Não é o átomo, nem as partículas subatômicas que conhecemos, mas algo menor e mais elementar que constitui a todos estes. Tal elemento não pode ser formado nem destruído, pois não tem partes que foram ou possam ser separadas. Todas são iguais em termos de estrutura e forma. Como tudo no Universo, a mônada está sujeita a mudanças; como sua forma não pode mudar, este processo só pode ser interno, em sua essência. Cada mônada é um princípio de vida, pois Deus não cria nada morto (COELHO, 2009, p. 130-131).

No âmbito do Espiritismo, podemos afirmar que a mônada é a célula espiritual, “o princípio inteligente em suas primeiras manifestações”, como diz André Luiz , que a denomina “mônada celeste” (XAVIER; VIEIRA, 1999, p. 33-34). A este respeito, diz Martins Peralva (1994, p. 101):

Em tudo, encontramos o Amor como expressão fundamental, básica da Vida Universal, evoluindo para as formas mais sutis e delicadas. Na fase preambular, a mônada luminosa, que mais tarde será Espírito, ser inteligente, vai sendo envolvida, como Energia Divina, em fluidos pesados. Perde sua luminosidade, condensa-se no reino mineral. Assim, a energia é:

ENERGIA – Suas Transformações

a) – Condensada, na pedra; b) – Incipiente, na planta; c) – Primária, nos irracionais; d) – Contraditória, nos homens de

mediana Evolução; e) – Excelsa, nas almas sublimadas.

É como mônada que o Princípio Inteligente inicia a sua evolução, rumo à razão, passando pelos reinos inferiores (mineral, vegetal e animal). Ali está o protótipo do futuro Espírito. Temos, então, o percurso monádico:

Mônada (Protoconsciência) Princípio Inteligente (Em Transformação) Espírito (Individualizado)

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?

Seres Angelicais . Intuição . Sabedoria . Amor

Seres Humanos

Animais . Instinto . Inteligência . Emoção

Vegetais . Excitação . Percepção . Tropismo

Minerais

. Inércia

Com relação ao processo evolutivo do Princípio Inteligente, comenta Therezinha Oliveira (2004, p. 26-27):

Exercendo seu papel no universo, os Espíritos evoluem, isto é, desenvolvem e aprimoram suas faculdades; quanto mais evoluem, mais usufruem das faculdades que desenvolveram. Deus (que é soberanamente justo e bom) estabeleceu igualdade no processo de evolução para todos os Espíritos, de tal modo que todos têm: - um mesmo ponto de partida (todos são criados simples e ignorantes); - as mesmas condições básicas (todos com as mesmas qualidades em potencial), a serem desenvolvidas com seu próprio trabalho e ao longo do tempo; - a mesma destinação (todos rumam para a situação de Espírito puro, em que possuem perfeição e desfrutam felicidade).

Mônada – Protoconsciência

. Instinto/Inteligência

. Emoção/Sentimento

. Razão/Consciência

Processo Evolutivo do Princípio Inteligente,

Segundo a “Lei do Progresso”

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A tendência natural do Espírito, na escala evolutiva, é progredir incessantemente, não podendo retroceder a estágios anteriores. “Pensar que possa retrogradar à sua condição primitiva, seria negar a lei do progresso” (KARDEC, 2007, n.778). “Sendo o progresso uma condição da natureza humana – diz Kardec –, ninguém tem o poder de opor-se a ele” (KARDEC, 2007, n. 781). 5. Lei do Progresso Segundo os Espíritos na Codificação, “lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do Homem. Indica-lhe o que deve fazer ou não fazer e ele é infeliz porque dela se afasta” (KARDEC, 2007, n. 614). Deduz-se daí a sua importância. Kardec denomina “lei divina” o conjunto de leis morais, que a constituem. São dez ao todo, e delas faz parte a lei do progresso. Desta lei afirma Palhano Jr.:

O Espiritismo é uma doutrina evolucionista. Ensina que existe no Universo a lei divina do progresso que garante, por determinismo divino, que todos os seres progridam, do primitivo, bruto e ignorante, para a plenitude de sabedoria e do amor. Uma vez que atinge um determinado grau de evolução, o Espírito não retrograda, pode estacionar por algum tempo, mas sempre existirá um estímulo para o incentivar a prosseguir (PALHANO JR., 1997, p. 296).

Assim, pois, do estado de simplicidade ao estado de pureza, da mônada ao Espírito puro, o Princípio Inteligente evolui graças à lei do progresso, que o impulsiona como uma força natural, rumo a seu autoaprimoramento. Como assevera ainda Kardec:

O progresso consiste, sobretudo, no melhoramento moral, na depuração do Espírito, na extirpação dos maus germens que em nós existem. Esse o verdadeiro progresso, o único que pode garantir a felicidade ao gênero humano, por ser o oposto mesmo do mal. Muito mal pode fazer o homem de inteligência mais cultivada; aquele que se houver adiantado moralmente, só o bem fará. É, pois, do interesse de todos o progresso moral da Humanidade (KARDEC, 2007-a, p. 423-424).

Atenção: “Em relação às aquisições morais e intelectuais, o Espírito não retrocede; no entanto, em termos de posição social, ele pode regredir [por cumprimento de missão, prova ou expiação]. [...] Assim, um Espírito que viveu num ambiente de abastança, de riqueza, de progresso, pode renascer em ambiente onde as dificuldades impostas pelo meio e pelas condições econômicas o impeçam de estudar ou de seguir uma profissão vantajosa; todavia, jamais o impedirá de evoluir moralmente” (BORGES, 2000, p. 111). 6. Perispírito 6.1 Perispírito (Corpo Fluídico, Corpo Espiritual ou Psicossoma): É o envoltório semimaterial do Espírito. É o envoltório sutil e perene da alma, que possibilita a interação com os meios espiritual e físico. É o laço fluídico, que une o corpo somático e o Espírito. De acordo com Kardec:

[O períspirito] é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo [somático]. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento [...]. Desse modo, o períspirito faz parte integrante do Espírito, assim como o

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corpo [somático] faz parte integrante do Homem. [...] Ele é para o Espírito o que o corpo representa para o Homem: o agente ou instrumento de sua ação (KARDEC, 2008, n. 54-55).

. Natureza do perispírito: Ele é semimaterial; matéria quintessenciada. . Constituição íntima do perispírito: É diferente em cada Espírito, variando em conformidade com a evolução moral da alma e com as condições do mundo em que se encontre. . Substância do perispírito: Trata-se de substância tomada do fluido universal, do qual é formado e pelo qual é alimentado. Como já vimos, no papel de intermediário entre o Espírito e o corpo físico, o períspirito é o órgão transmissor de todas as sensações. 6.2 Propriedades do Perispírito 1) Plasticidade – O perispírito é moldado de acordo com o comando da alma.

2) Luminosidade – O perispírito apresenta certa luminosidade. Quanto mais elevado é o Espírito, maior

a luminosidade do períspirito.

3) Penetrabilidade – O perispírito pode atravessar qualquer barreira física.

4) Sensibilidade Global – O Espírito encarnado recebe as impressões por meio dos órgãos dos sentidos. Já o Espírito desencarnado não depende de órgãos específicos, pois ocorre no perispírito um registro global de tudo o que ocorre à sua volta. A percepção é realizada pelo Espírito em todo o seu ser e não de modo localizado, como ocorre com os encarnados.

5) Expansibilidade – O perispírito pode expandir-se, aumentando inclusive o campo de percepção.

Amolda-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar a aparência que entenda. Pode dilatar ou contrair, prestando-se a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua.

6) Bicorporeidade – Faculdade que possibilita ao perispírito o seu desdobramento, de modo a

apresentar-se como um outro corpo (de forma igual ao do físico), fluídico, com maior ou menor densidade, mas suscetível de ser visto e, até, tocado.

7) Unicidade – A estrutura do perispírito é única. Não há perispíritos iguais como não há almas

idênticas.

8) Perenidade – A existência do perispírito é incessante. Ele é indestrutível e estável. Quando ocorre o desencarne, o perispírito permanece como vestimenta do Espírito.

9) Mutabilidade – Durante o seu processo evolutivo, o perispírito não se modifica no tocante à

substância, mas pode ser modificado em relação à sua estrutura e forma. Quanto mais a alma progride moralmente, mais apurado se torna o seu perispírito, manifestando-se mais delicada a sua forma.

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6.3 Funções do Perispírito a) Função Instrumental – A função principal do perispírito é servir de instrumento à alma na

interligação entre o mundo espiritual e o mundo físico. É o elemento semimaterial que serve de intermediário entre o Espírito e a matéria.

b) Função Individualizadora – O perispírito serve de elemento de individualização e identificação da alma. A alma é única e indiferenciada, e o perispírito, como seu envoltório perene, mostra-a, refletindo-a, assegurando-lhe a identidade exclusiva.

c) Função Organizadora – De acordo com Zimmermann (2000), o perispírito funciona como uma

matriz, um campo ou padrão organizador do corpo físico. Esta função – diz ele – pode ser notada especialmente no processo de encarnação, em que se forma um novo corpo físico que se estrutura rigorosamente de acordo com as características que marcam o perispírito.

d) Função Sustentadora (Conservadora) – Impregnado de energia vital, o perispírito sustenta o corpo físico, a partir de sua formação até a completude do seu crescimento, conservando-o, ainda, no transcorrer da vida adulta, tanto tempo quanto necessário. Ele é indispensável à estabilidade do ser humano.

6.4 Cordão Fluídico ou Cordão de Prata Chama-se cordão fluídico “uma ligação tênue e prateada, parecendo um cordão, que liga o períspirito desdobrado ao corpo físico, nas pessoas ainda encarnadas, cujos Espíritos emanciparam-se momentaneamente, principalmente durante o sono” (PALHANO JR., 1997, p. 87). Como ensina André Luiz (“Nosso Lar”), é por meio desse cordão que se distingue um Espírito encarnado, quando fora do corpo físico, de um desencarnado, visto que o desencarnado já não apresenta o cordão fluídico. Silvia Puglia comenta que, quando encarnado, pode o Espírito desprender-se do corpo somático e percorrer longas distâncias, com seu períspirito, podendo mesmo tornar-se visível e tangível. Todavia, nunca sem o cordão fluídico, que apenas se rompe com o desencarne. “Esse cordão se formaria pela propriedade do períspirito de expansibilidade. Também chamado cordão de prata” (PUGLIA, 2000, p. 50). Palhano Jr. esclarece que “esse cordão fluídico está ligado à região cerebral, provavelmente no centro de força coronário, e parece ser a ligação mais forte, entre outras tantas que envolvem os outros centros de força principais e secundários. O filamento estende-se ao infinito, à medida que o Espírito se afasta do corpo, mas constitui o cabo de intercâmbio períspirito-corpo” (PALHANO JR., 1997, p. 87). Lemos, finalmente, em “O Livro dos Espíritos” que a alma, no desdobramento, não deixa totalmente o corpo, “ao qual está sempre ligada por um laço, que é o condutor das sensações” (KARDEC, 2007, n. 437). Sobre Espírito e Matéria, podemos fazer o seguinte resumo:

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Espírito e Matéria

1) ESPÍRITO Princípio imaterial; Princípio Inteligente do Universo; essência do Ser.

Princípio Inteligente

Elemento espiritual do Universo que se individualiza pouco a pouco, passando por transformações e tornando-se

Espírito emancipado (individualidade do ser extracorpóreo).

Mônada

É a célula espiritual, “o princípio inteligente em suas primeiras manifestações...”, isto é, na primeira fase de evolução do ser vivo; “o germe sagrado dos primeiros homens” (André Luiz).

Como mônada, o princípio inteligente inicia a sua evolução, rumo à razão, passando pelos reinos inferiores (mineral, vegetal e animal). Ali está o protótipo do futuro Espírito.

Mônada (Princípio Espiritual; protoconsciência) Princípio Inteligente (em transformação) Espírito (individualizado)

2) MATÉRIA

(Matéria cósmica primitiva; geratriz do mundo e dos seres).

Princípio Material (Fluido Cósmico Universal - FCU)

(Matéria elementar primitiva; Princípio Material, cujas modificações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. O FCU é chamado de “Energia Cósmica Radiante” pela Física contemporânea).

Princípio Vital

(Princípio geral da vida material e orgânica; força motriz dos corpos orgânicos, comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o Ser Humano; tem origem no Fluido Universal modidificado).

Fluido Vital

(É o princípio vital agindo sobre o corpo físico; é o veículo do princípio vital; é o mesmo que bioenergia).

SER HUMANO

Espírito (Alma)

Matéria (Corpo Somático)

Ser fluídico, etéreo, dotado de

Inteligência. Pensa, sente, quer.

Matéria bruta constituída

pelos átomos. Animada pelo Fluido Vital, é o instrumento

do Espírito para a sua ação

sobre a dimensão física.

Perispírito Matéria quintessenciada;

Laço de união entre o Espírito e a matéria.

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Referências: COELHO, Humberto Schubert. Genealogia do espírito: uma antropologia filosófica espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2009. IANDOLI JR., Décio. Fisiologia transdimensional: aspectos da fisiologia humana sob uma visão espírita. São Paulo: FE, 2001. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007. ______. Obras póstumas. 40.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007-a. ______. A gênese: os milagres e predições segundo o espiritismo. 32.ed. Araras, SP: IDE, 2002. ______ . O livro dos médiuns. 70.ed. Araras, SP: IDE, 2004. MEIRA, Rubens P. Atualidade de Allan Kardec: o perispírito. São Paulo: Brasbiblos, 1986. MORA, José Ferrater. Diccionario de filosofia. 3.ed. Madri: Alianza Editorial, 1981. 4v. OLIVEIRA, Therezinha. Iniciação ao espiritismo. 11.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2004. PERALVA, Martins. O pensamento de Emmanuel. 5.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. PUGLIA, Silvia C. S. C. Curso para dirigentes e monitores de desenvolvimento prático mediúnico. 3.ed. São Paulo: FEESP, 2000. RIZZINI, Carlos de Toledo. Evolução para o terceiro milênio: tratado psíquico para o homem moderno. 11.ed. Sobradinho, DF: EDICEL, 1994 XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Pelo Espírito André Luiz. Evolução em dois mundos. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. ZIMMERMANN, Zalmino. Perispírito. Campinas, SP: CEAK, 2000.

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DUPLO ETÉREO E AURA ______________________________________________________________________________

1. Duplo Etéreo . Duplo Etéreo (Duplo Etérico, Corpo Etérico; Corpo ou Campo Vital): É uma camada fluídica intermediária entre o perispírito e o corpo físico. Serve de “verdadeiro reservatório de vitalidade, necessário, durante a vida física, à reposição de energias gastas ou perdidas” (ZIMMERMANN, 2000, p. 175). Richard Gerber concorda com essa assertiva, ao afirmar que o corpo físico não poderia existir, não fosse a nutrição energizadora oriunda do duplo etérico (GERBER, 1988). O duplo etérico “penetra o corpo denso, preenchendo todos os espaços interatômicos e constitui a força de coesão que conserva unidos todos os átomos” (BATÀ, 1994, p.33). . Composição: É composto por um fluido denso, porém, mais sutil que a matéria carnal. Tem a mesma forma do corpo físico e ocupa um espaço aproximado de um a dois centímetros sobre o corpo físico. Diz Edgard Armond (1999, p. 51) que o duplo etéreo compõe-se de eflúvios vitais, na sua maior parte emanados do neuropsiquismo do corpo denso, assegurando a ligação entre o períspirito e este, do qual faz parte, como se fosse um prolongamento. Cada partícula do corpo físico possui a sua contraparte etérica, que constitui o duplo. Diferentemente do perispírito, que permanece, o duplo etéreo desintegra-se após o desencarne da pessoa. Segundo Armond, a desintegração do duplo etéreo ocorre entre 30 e 40 dias após a morte do corpo físico. Segundo Zimmermann, o duplo etéreo só existe devido à sustentação que recebe do perispíríto. 2. Funções do Duplo Etéreo Unindo textos de diversos autores, podemos sintetizar as funções do duplo etéreo em: a) Molde Energético – Serve de instrumento do Espírito, por meio do perispírito, para atuar como um molde energético, uma matriz do corpo denso. Nesta função, ele se apresenta como um padrão de crescimento modelador dos processos celulares a partir de um plano energético superior. O duplo etéreo oferece o padrão básico para a construção do corpo físico. b) Sustentação e Energização do Corpo Físico – O corpo físico não se nutre apenas de oxigênio, glicose e nutrientes químicos. Ele tem igualmente necessidade de energias e fluidos provindos do espaço. É por meio do duplo etéreo que essas energias são assimiladas e transferidas para o campo individual e distribuídas ao corpo denso. Transferir a energia vital ou vitalidade do campo universal para o campo individual e daí para o físico é para Karagulla e Kunz (1991) a função mais importante do duplo etéreo. É o primeiro contato com o oceano de energia vital que sustenta toda a natureza. O duplo etéreo distribui as energias pelo corpo denso, de tal modo que as funções vitais permaneçam equilibradas e o

UUnniiddaaddee 33

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organismo mantenha seu equilíbrio harmônico. Assim, é através dele que se realizam as cicatrizações de ferimentos, a cura de enfermidades localizadas etc. Podemos dizer que o duplo etéreo Serve de reservatório de vitalidade, necessário durante a vida física à reposição de energias gastas ou perdidas c) Elo entre o Corpo Denso e o Perispírito – O duplo etéreo atua como elo entre corpo denso e perispírito. Torna-se instrumento do Espírito, fazendo a ponte entre perispírito e corpo físico. Embora ainda não se saiba exatamente como isto ocorre, o duplo etéreo vitaliza o corpo físico. d) Integrador de Forças – Constitui-se num integrador de todas as forças que chegam ao físico, advindas de dimensões mais elevadas, transmitindo-as através dos sistemas nervoso, endócrino e sanguíneo. e) Transmissor de Impulsos Telepáticos – É transmissor e receptor de impulsos telepáticos de natureza intuitiva, mental ou emocional; e fornece uma maneira de a consciência fisicamente concentrada registrar os mundos mais sublimes. Berttran, sintetizando, fala apenas de duas funções principais do períspirito: 1. Ser um molde de energia, uma matriz; 2. Ser responsável pela sustentação e energização do corpo físico (BERTTRAN, 2002). Jorge Andréa (citado por ZIMMERMANN, 2000)) afirma, ainda, ser possível o duplo etéreo fornecer boa parte do ectoplasma, que se completaria com outros elementos de organização física, principalmente o Trifosfato de Adenosina (ATP). Neste caso, exerceria a função de fornecedor de ectoplasma. Conclui Zimmermann a respeito do duplo etéreo que as que informações já disponíveis dão conta da existência de um campo energético mais denso, que serve de união entre o perispírito e o corpo físico, interpenetrando-se com eles. Tal campo (duplo etéreo) reúne energia vital e sustenta o corpo físico, influenciado pelas forças oriundas do perispírito, que é propriamente a força motriz. Zimmermann conclui seu estudo sobre o duplo etéreo, dizendo:

As informações já disponíveis asseguram a existência de um campo energético mais adensado, servindo de ligação entre as estruturas perispirítica e somática, interpenetrando-se com ambas. Esse campo – o chamado duplo ou corpo etérico – é o grande aglutinador de energia vital e sustenta o corpo físico sob o influxo das forças oriundas do corpo espiritual, mostrando inúmeros pontos, dos quais emana a energia vital (ZIMMERMANN, 2000, p. 194).

Os pontos energéticos referidos por Zimmermann correspondem aos pontos de acupuntura e aos centros vitais. 3. Aura (Psicofesra, Fotosfera Psíquica, Fotosfera Humana) Aura significa em latim: “o ar em movimento, vento, sopro, eflúvio, exalação; no sentido figurado: brilho, cintilação”. Segundo Palhano Jr. (1997, p. 48), a aura é “um campo de influência formado ao redor de um corpo devido às suas radiações. Há nos corpos inorgânicos um campo magnético formado pelo magnetismo emanente do estado vibratório dos átomos”. [...] No ser orgânico, entretanto, há algo mais, pois este é dotado de vitalidade (energia ou fluido vital), o que enriquece a aura, tornando-a mais complexa. Já no ser humano a complexidade energética é muito maior ainda. O pensamento, orientado pela vontade, pode dar um maior significado à aura, visto que, sob o seu controle, ela pode expandir-se ao infinito”.

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Na conceituação de Zimmermann, a aura é um campo resultante de emanações de natureza eletromagnética, a envolver todo o ser humano, encarnado ou desencarnado. Reflete não só sua realidade evolutiva, seu padrão psíquico, como sua situação emocional e o estado físico (se encarnado) do momento. Espelha, pois, o ser integral: alma – períspirito – duplo etérico – corpo [somático]” (ZIMMERMANN, 2000, p. 200). Em síntese, aura é uma campo energético que envolve o ser humano, “um halo luminoso de radiações coloridas em torno do corpo humano” (TIRET, 1993, p. 18). Gentile, por sua vez, afirma que: temos à nossa volta um campo magnético, que se assemelha ao da lâmpada acesa e contém, realmente, a irradiação luminosa de nossa individualidade espiritual, a refletir as irradiações de nosso corpo físico, de nosso perispírito e de nosso Espírito: é a aura. André Luiz denomina a aura como “túnica de forças eletromagnéticas” (XAVIER; VIEIRA, 2000, p. 83) e “couraça vibratória, espécie de carapaça fluídica” (XAVIER; VIEIRA, 1999, p. 128). Como campo energético, a aura, envolvendo o corpo humano de uma pessoa, reflete os seus pensamentos, emoções, sentimentos e intenções. . Na verdade, a aura é a soma de três halos: o do corpo físico (formado pelas vibrações físicas); o do perispírito (formado pelas vibrações perispirituais), e o espiritual, que é a projeção da energia do corpo mental. Acompanhamos aqui as palavras de Salvador Gentile (1988, p. 25): a) Aura do Corpo Físico Corresponde ao campo de irradiação do corpo físico (soma). Situa-se junto ao corpo e reflete, pelas suas cores, o estado de saúde do indivíduo. Reflete as condições do corpo físico no momento. Conserva a estrutura do corpo físico, sendo considerada como um espelho da harmonia física do ser humano. Quando apresentamos boa saúde física, a aura torna-se brilhante, clara e de tamanho uniforme. Quando, porém, apresentamos algum tipo de doença, ela se avoluma diante da zona afetada pela enfermidade. Segundo Brennan, como campo eletromagnético, a aura do corpo físico ocupa geralmente um espaço aproximado de 1 mm a 6 cm além do corpo físico. b) Aura do Perispírito É o campo de irradiação do psicossoma do encarnado. Reflete o seu estado de saúde física e emocional. Pelas suas cores, reflete também o estado de saúde do perispírito. Ela sobressai sobre a aura do corpo físico, estendendo-se de 25 cm até por volta de 75 cm além do corpo físico. Quando alimentamos sentimentos puros, a sua coloração é brilhante, tornando-se turva, quando nossos sentimentos são menos dignos. c) Aura Espiritual Gentile considera esta aura uma espécie de neblina que envolve as duas auras anteriores. Ela reflete a energia do corpo mental, com as aquisições do Espírito, realizadas em suas encarnações. Pode ser desenvolvida por meio de intenso e constante trabalho de reforma íntima. Estende-se aproximadamente entre 75 cm a 1 m além do corpo físico, dependendo muito do nível de desenvolvimento espiritual da pessoa. A sua forma é ovoide com a parte mais larga para baixo. Quando se diz em geral que a aura humana tem a medida aproximada de 1 m, está-se referindo à aura espiritual, que absorve as outras duas.

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3.1 Funções da Aura

Cada uma das três auras tem a sua função específica:

a) Aura Física está ligada ao campo somático, às sensações de dor e prazer físicos. Refere-se ao funcionamento automático do corpo físico. A sua função, portanto, é física.

b) Aura do Perispírito associa-se ao aspecto emocional do ser humano. É o veículo por meio do qual temos a vida emocional e sentimental. A sua função é afetiva.

c) Aura Espiritual une-se à vida mental, à reflexão, ao raciocínio. Ela diz respeito à vontade, ao saber e à integração da constituição física e espiritual do ser humano. A sua função é de caráter espiritual.

Muito próximas ao que assevera Gentile estão as elucidações de artigo publicado na revista “Sexto Sentido” (Sexto Sentido Especial, n. 52):

A aura possui diversas camadas vibratórias correspondentes aos diversos corpos por onde a consciência se manifesta. De maneira geral, ela pode ser dividida em três frequências: física, extrafísica [do períspirito] e mental [espiritual].

A aura do corpo físico é conhecida por diversos nomes: duplo etérico (teosofia), corpo vital (rosacruz), pranamayakosha (vedanta), corpo biopolasmático (pesquisadores russos) ou simplesmente corpo energético (pesquisadores ocidentais). Ela reflete as predisposições energéticas e as condições do corpo físico no momento. A aura do corpo extrafísico reflete diretamente as emoções do ser humano, as condições psíquicas e parapsíquicas da consciência. [...] é a aura do corpo espiritual (cristianismo), corpo astral (teosofia), períspirito (espiritismo), corpo de luz (ocultismo), corpo psíquico (rosacruz), corpo bardo (tibetanos), ka (Egito) ou corpo não-físico (pesquisadores ocidentais).

A aura do corpo mental [aura espiritual], conhecida como aura mental ou aura dos pensamentos, reflete diretamente o clima interno de nossos pensamentos e ideias. O corpo mental (teosofia) também é denominado manomayakosha (vedanta), corpo dos pensamentos ou simplesmente mente. Nessa aura é possível perceber as formas-pensamento e sua cores. A aura pode irradiar a uma distância de 90 cm a 1,20 m do corpo. Sua energia impregna todos os sistemas de energias sutis (camadas de energia). Quando estamos doentes, ela se contrai e se mantém próxima ao corpo físico, com o intuito de proteger sua energia vital.

A aura humana varia em cor, densidade e tamanho com diferentes raios de luz coloridos. A sua vibração e tonalidade demonstram a evolução espiritual e a saúde da pessoa. Ela reflete humor, emoções e experiências pessoais. Problemas de ordem física ou psicológica, por exemplo, dariam à aura uma cor escura, como o marrom. Uma pessoa com boa saúde apresentaria cores claras. [...] As cores são associadas às qualidades espirituais, emocionais, mentais e físicas. Isso significa que a presença ou ausência de determinadas cores na anatomia sutil possibilita o conhecimento sobre as condições gerais da pessoa.

4 Outras Considerações 1. Considerando uma única aura com três camadas superpostas, podemos afirmar que no momento em que se apresenta equilibrada, saudável e brilhante, a aura torna-se um escudo que protege o ser humano das irradiações inferiores, como é o caso de pensamentos e sentimentos de inveja, ciúme, vingança, ódio, pessimismo, maledicência etc. Assim, como considera Gentile, (1988), a aura tem

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igualmente a função de defender a pessoa da interferência de Espíritos inferiores, repelindo a sua influência destrutiva, que pode levar a doenças no períspirito, com a passagem para o corpo físico e também a processos obsessivos altamente prejudiciais. Enfim, a aura humana apresenta a cada instante um diferente colorido, a refletir os diferentes estados da pessoa: a sua saúde física, as suas emoções e sentimentos, assim como a sua vida mental e moral.

Muito se lê sobre as cores das auras, havendo variações de acordo com os autores. Gentile observa que, “quanto às cores da aura, costuma-se dizer, geralmente, que a da saúde ou do corpo físico [aura física] é de tonalidade rosa quase branco; a do períspirito tinge-se de amarelo e a do campo fluídico ou do corpo mental [aura espiritual], varia de azul ao verde, ao rosa e às combinações dessas cores (GENTILE, 1988, p.29-30). É claro que ele está falando de auras expressando saúde física, emoções equilibradas, pensamentos positivos e moralidade correta. Fora disso, as cores variam muito.

Ainda sobre a aura, Zimmermann (2002, p. 68-69) tece duas considerações:

- A qualidade das irradiações da aura “determina o seu padrão vibratório, mostrando sua natureza. Um espírito amoroso, por exemplo, projeta uma aura que logo o identifica, pela luminosidade, cores predominantes e imagens mentais que reflete, além de outras características”.

- “Todo pensamento gera na aura a sua imagem – conhecida hoje como forma-pensamento –, variável de acordo com as emoções. Assim, o pensamento reflete-se na aura através de figurações as mais diversas, de simples manchas ou traços, até fisionomias e cenas completas, em telas vibrantes de cores, que identificam, imediatamente, sua qualidade espiritual”.

Neste sentido, as formas-pensamento refletidas na aura são como uma fotografia, radiografia do que acontece na vida do indivíduo. Já se falou, inclusive, que, neste aspecto, a aura revela-se como um documento de identidade, ao permitir aos Espíritos superiores fazer uma ampla leitura do que vai no íntimo de uma pessoa.

2. Além de alma, períspirito (psicossoma; corpo espiritual), duplo etéreo e corpo somático, André Luiz acrescenta o corpo mental, localizado entre o psicossoma e a alma.

- Corpo Mental: Trata-se de um corpo energético de dimensão superior ao psicossoma. Diz A. Luiz: “O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente” (XAVIER; VIERIA, 1999, p. 27). É o corpo mental que preside a formação do corpo espiritual. Este retrata em si o corpo mental. Ele é o envoltório sutil da mente, segundo A. Luiz.

Costuma-se dizer que são funções do corpo mental: - Presidir a formação do períspirito (corpo espiritual); - Transformar sensações em percepções; - Servir de veículo da alma para expressar pensamentos; - Servir de instrumento da alma para registrar e conservar a memória e acionar a imaginação.

Diz o Espírito Joseph Gleiber: “O corpo mental é a fonte de toda manifestação intelectual do Espírito. Os fenômenos da memória, do intelecto e da cognição são aí elaborados pelo Espírito [...]” (SANTOS, 1998, p. 121). E comenta mais adiante (p. 122): “Enquanto o psicossoma ou períspirito trabalha na área das sensações, das emoções e dos desejos e outras condições essenciais do corpo espiritual, o corpo mental reflete atributos mais sutis e elevados do Espírito”.

Costuma-se dividir o corpo mental em duas partes: corpo mental inferior e corpo mental superior, também chamado corpo causal.

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. Corpo Mental Inferior (Concreto) – O corpo mental inferior é o veículo da dedução, da lógica, do raciocínio, dos pensamentos concretos. A sua função intelectiva “é englobar as percepções que sensibilizam os cinco sentidos comuns ao homem terreno. É o corpo cognitivo, cujo raciocínio é naturalmente seletivo e impressiona diretamente o sistema nervoso. Está diretamente relacionado à personalidade encarnada e encontra-se ligado ao chacra laríngeo, o chacra da expressão. O mental inferior é conhecido também como mente objetiva, pois é o responsável pelo raciocínio, o intelecto calculista e relaciona-se com as formas de vida física” (SANTOS, 2011).

. Corpo Mental Superior (Abstrato) – Num nível mais elevado, é o veículo da razão pura e dos pensamentos abstratos. Tem a possibilidade de ligar-se à Fonte Suprema e captar diretamente o Conhecimento Universal, sem o esforço intelectual do raciocínio. Por meio dele grandes filósofos, cientistas e gênios trazem novas revelações ou novos aspectos da Verdade Universal à Humanidade. Diz-se, às vezes, que este é “o primeiro degrau da aproximação com o mundo espiritual. É um invólucro que manifesta os pensamentos cuja intenção está livre do ego humano, onde a condensação dos sentimentos e propósitos mais nobres se encontram, é a morada do altruísmo, da fé, da devoção. Este é o corpo que guarda a memória de nossas inspirações divinas, dessa e de outras vidas, dos pensamentos filosóficos, místicos, da inspiração para a manifestação artística, de tudo o que está além da dualidade criada pelo materialismo” (OLIVEIRA, online). Em termos globais, o corpo mental “conserva o registro memorial das mais rudimentares experiências e lembranças do Espírito imortal”. [...] Daí “originam-se as faculdades mais complexas do Espírito encarnado ou desencarnado, desde o desenvolvimento do instinto até o atributo da razão” (SANTOS, 2007, p. 23). __________ Referências: BATÀ, Angela Maria La Sala. O eu e seus instrumentos de expressão. São Paulo: Pensamento, 1994. BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. São Paulo: Panorama, 2000. BRENNAN, Bárbara Ann. Mãos de luz: um guia para a cura através do campo de energia humana. São Paulo: Pensamento, 1995. GENTILE, Salvador. O passe magnético: seus fundamentos e sua aplicação. Araras, SP: IDE, 1984. GERBER, Richard. Medicina vibracional. São Paulo: Cultrix, 1988. KARAGULLA, Shafica; KUNZ, Dora van Gelder. Os chakras e a cura esotérica. São Paulo: Roca, 1991. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007. OLIVEIRA, Lisa. Anatomia Sutil. Autoconhecimento & Liberdade, set. 2012. Disponível em: <http://www.autoconhecimento.org>. Acesso em: 7.dez.2012. PALHANO JR., L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 1997. SANTOS, Robson Pinheiro. Pelo Espírito Joseph Gleber. Medicina da alma. 3.ed. Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 1998. ______ Pelo Espírito Joseph Gleber. Além da matéria: uma ponte entre a ciência e a espiritualidade. Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2011. ______ Pelo Espírito Joseph Gleber. Consciência. Contagem, MG: Casa dos Espíritos, 2007. SEXTO SENTIDO ESPECIAL. Aura. São Paulo: Mythos Editora, n. 52, s.d. TIRET, Colette. Auras humanas: onde o abstrato se cruza com o concreto. São Paulo: Pensamento, 1993. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Pelo Espírito André Luiz. Evolução em dois mundos. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. ______ Pelo Espírito André Luiz. Mecanismos da mediunidade. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. ZIMMERMANN, Zalmino. Perispírito. Campinas, SP: CEAK, 2000. ______ Descobrindo o espiritismo. Campinas, SP: CEAK, 2002.

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CENTROS VITAIS ______________________________________________________________________________

1. Centros Vitais 1.1 Conceito

Centro Vital ou Centro de Força: É um ponto de convergência de energias captadas pelo perispírito, posteriormente redistribuídas a todos os órgãos deste, assim como ao duplo etéreo e ao corpo físico (soma). “Esses centros vitais são como círculos ou rodas de energia (chacra, em sânscrito, significa roda), com cerca de 5 cm de diâmetro, mas que podem assumir proporções maiores, assim como demonstrar maior intensidade de luminosidade, dependendo da capacidade do indivíduo de captar e utilizar as energias do fluido cósmico universal, capacidade esta que lhe confere maior potencial criativo e habilidades (IANDOLI JR. 2001, p. 123). O centro de força recebe no hinduísmo a denominação de chacra ou chakra (= roda), por ser constituído por um vórtice (redemoinho) semelhante a uma roda. Tal vórtice é o centro energético em constantes giros circulares. Os centros vitais são de importância fundamental para o equilíbrio energético do ser humano, para a manutenção da saúde e da harmonia biológica, psicológica e espiritual. A energia cósmica é distribuída por eles por meio das glândulas endócrinas, como também através dos órgãos internos. 1.2 Funções São funções básicas dos centros de força:

a) absorver energia vital;

b) distribuí-la ao corpo etérico; a energia vital é distribuída pelos centros de força por meio das glândulas endócrinas, como também através dos órgãos internos;

c) por meio deste, distribuí-la ao corpo físico;

d) coordenar a interação entre os diversos campos [corpos] (KARAGULLA; KUNZ, 1995).

Podemos citar, ainda, a função de:

e) controlar o funcionamento adequado dos órgãos do corpo físico como um todo.

UUnniiddaaddee 44

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Segundo Jon Aizpúrua (2000, p. 271), os centros vitais “funcionam como concentradores e distribuidores de energias provenientes do Espírito e são canalizados através do corpo físico. [...] Variam de tamanho, espessura, brilho, cor e localização, assim como nas funções que desempenham”. Therezinha Oliveira (1997, p. 56-57) considera que a função dos centros vitais é assimilar as energias cósmicas e espirituais, metabolizá-las e transferi-las para o corpo físico, ativando os sistemas por eles comandados. “A estimulação de um determinado centro de força poderá compensar ou descarregar outro. Estimulação que compensa: acontece através das atitudes boas. Ex.: ação bondosa estimula o centro de força cardíaco, responsável pelo controle dos sentimentos, compensando ou revitalizando um outro centro de força enfraquecido. Estimulação que descarrega: acontece por meio de atitudes incorretas. Ex.: gula e vícios, ativando negativamente o centro gástrico, fazem com que este, automaticamente, para poder continuar sua função, puxe para si as energias de outro centro de força. Ao sublimar certos comportamentos (dando-lhes direção superior), podemos diminuir a atividade de certos centros de força e canalizar suas energias, revigorando, desse modo outros centros vitais.

Fonte: ARMOND, 1999, p. 50

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1.3 Centros Principais Embora haja inúmeros centros, costuma-se distinguir sete, considerados principais por causa da sua relação e influência sobre o nosso corpo físico. Acrescentamos mais um, o esplênico, além de citar alguns centros secundários. São eles:

1 - CENTRO BÁSICO (Centro da Raiz, Fundamental, Muladhara) Enraizamento/Sobrevivência/Instinto

a) Localização: Está situado na base da coluna vertebral. b) Características e Funções: Relaciona-se com os instintos terrenos necessários à sobrevivência física, sendo particularmente associado à energia vital. É conhecido como o centro que governa a compreensão da dimensão física, estando, portanto, relacionado aos aspectos físicos, práticos do dia-a-dia. Mantém a pessoa fixada na terra ("com os pés no chão"), ancorando-a no plano terreno e permitindo a compreensão da dimensão física. Este centro expressa a união da matéria com o Espírito. “É fundamental para a manutenção da vitalidade do corpo físico, pois serve para a reativação dos demais chacras [centros vitais] desse tipo de energia” (IANDOLI JR., 2001, p. 129). O centro da raiz diz respeito à sobrevivência básica, ao impulso sexual primal [em conexão com o centro genésico] e à energia da vida física. Conecta-se aos centros das solas dos pés, favorecendo a ancoragem, o enraizamento do indivíduo. Se a conexão não for saudável, o enraizamento será muito difícil (MCLAREN, 2007). Ancoragem ou enraizamento significam a ligação da pessoa com a Terra, com o presente, com o cotidiano. De uma pessoa não enraizada, costuma-se dizer que está “com a cabeça nas nuvens”, ou seja, sem ligação com a concretude do cotidiano. Quem, deliberadamente, se contém em relação ao sexo, a energia que passa por este centro transforma-se, no cérebro, em energia intelectual (ARMOND, 1999). Entre as funções deste centro, estão: estimular desejos, agir sobre o sexo e os instintos de sobrevivência, captar e distribuir a força primária, manter a vitalidade do corpo físico e servir para reativação dos demais centros (PUGLIA, 2000; IANDOLI JR. 2001). Segundo Wauters, “sua função básica é ligar o espírito, de forma segura, à realidade física da existência humana” (WAUTERS, 1999, p. 69). De acordo com Fioravanti (2000, p. 134), este centro: “regula o fluxo de energias recebidas do sol e da terra; regula a energia que se usa nas atividades; regula a carga energética que a pessoa distribui; dá gosto pela vida material; ajuda a preservar o corpo físico; ativa outros centros; dá vitalidade; estimula a criação de raízes [...]; dá correta noção de tempo e espaço, ajuda a aceitar a encarnação”. Por meio dos centros secundários da sola dos pés, a energia telúrica (da terra) chega até este centro para distribuição a outras partes. c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Testículos, ovários, próstata, bexiga, rins, órgãos sexuais, útero, reto, ânus, base da coluna vertebral, intestino grosso, pernas, pés, ossos, dentes, unhas e sistema imunológico. d) Glândula Endócrina: Glândulas suprarrenais. e) Plexo Nervoso: Sacral. Nota: Chamamos plexos nervosos aos conjuntos ou aglomerados de nervos e gânglios do sistema nervoso periférico, que regulam a vida vegetativa do organismo. Nervo é um feixe de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido conjuntivo. Gânglio é um aglomerado de corpos celulares de neurônios. f) Cor: Vermelho. g) Mediunidade: Espíritos inferiores, ainda muito ligados aos desejos sexuais, procuram pessoas que também sentem grande necessidade dos prazeres do sexo, praticando-o de modo desregrado ou compulsivo. Tais entidades muitas vezes ligam-se ao centro básico do encarnado, buscando desfrutar as mesmas sensações conseguidas por este. Daí a necessidade da prática sadia do sexo e da oração no sentido de se proteger contra o assédio desses Espíritos, que podem ser extremamente perniciosos, levando as pessoas a cometer excessos, que se transformam em doenças: transtornos físicos e mentais (NILCÉIA, 2000).

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2 - CENTRO GENÉSICO (Sexual, do Sacro, Sacral, Púbico, Svadisthana) Sensualidade/Sexualidade/Relacionamentos.

a) Localização: Localiza-se na altura da região do osso sacro, na espinha. Olhando-se de frente,

está situado na região do baixo ventre, no púbis. b) Características e Funções: “O centro genésico é, por excelência, o centro da reprodução.

Também é o centro que traz toda a sensação corporal de calor ou de frio, através da pele. É o centro do prazer” (BORGES, s.d., p. 19). Regula as atividades ligadas ao sexo, recebendo influência direta do centro básico. É “responsável pelo funcionamento dos órgãos de reprodução e das emoções sexuais. Tem relação com os plexos hipogástrico e sacral” (OLIVEIRA, 2006, p. 59). “O centro genésico se incumbe de guiar a modelagem do embrião, bem como estabelecer os estímulos criadores” (BORGES, 2000, p. 64). “Relaciona-se à expressão das emoções sensuais, à sexualidade e ao potencial criador” (IANDOLI JR., 2001). Como diz Wauters, o centro genésico “governa tanto a vitalidade física quanto o fluxo da energia emocional” (WAUTERS, 1999, p. 89). Roberto Brólio considera que este centro está ligado ao magnetismo terrestre e reafirma que ele “é responsável por uma das funções mais importantes do ser humano, qual seja a da criação de novos seres” (BRÓLIO, 1998, p.100). Edgard Armond tece um comentário elucidativo sobre este centro vital, ao dizer que a sua reativação “aumenta a libido em grau imprevisível, podendo levar ao esgotamento e ao desequilíbrio, provocando muitas vezes vampirismo, sendo, portanto, desaconselhável [a sua reativação]” (ARMOND, 1999, p. 49). A principal função deste centro “é a procriação e a sexualidade” (OZANIEC, 1999, p. 82). Além de centro da energia sexual, porém, é igualmente “o centro das emoções” [em conexão com o centro gástrico] e o seu funcionamento harmônico “é representado pelo fluxo natural com a vida e os sentimentos” (SHARAMON; BAGINSKI, 1994, p. 84). Segundo Fioravanti (2000, p. 136), entre as funções deste centro, podemos citar: “reprodução; distribuição e coordenação de energias; magnetismo; eliminação de impurezas; acolhimento; maternalismo; favorecimento da sensibilidade mediúnica”.

c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Sistema gênito-urinário, quadris, intestino grosso, sucos digestivos, vértebras inferiores, pelve, área dos quadris, vasos linfáticos e apêndice.

d) Glândula Endócrina: Gônadas (glândulas reprodutoras): ovários e testículos.

e) Cor: Laranja.

f) Mediunidade: Dada a conexão entre os centros básico e genésico, repete-se aqui o que foi

registrado para o centro básico.

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3 - CENTRO GÁSTRICO (Centro do Plexo Solar, Umbilical, Manipura) Emoção/Vontade/Poder.

a) Localização: Situa-se na região do plexo solar, na parte superior do abdômen, prolongando-se até o umbigo (“boca do estômago”).

b) Características e Funções: Como diz Iandoli Jr.: “Por ser um chacra médio, relaciona-se com o eu,

ou seja, como o indivíduo se relaciona com ele mesmo e com seu conhecimento interior. Seu funcionamento adequado permite-lhe expressar o seu valor pessoal” (IANDOLI JR. 2001, p. 132-133). “É o centro de força abdominal, responsável pela energização do sistema digestivo” (BORGES, s.d., p. 18), assimilação de elementos nutritivos e reposição de fluidos em nossa organização física. O centro gástrico “regula a manipulação e a assimilação dos alimentos orgânicos; influi sobre as emoções e a sensibilidade, e a sua apatia produz disfunções vegetativas” (ARMOND, 1999, p. 49). Para Wauters, este “é o centro que rege o poder e o valor pessoal, a capacidade de tomar decisões e a percepção intuitiva” (WAUTERS, 1999, p. 100). André Luiz declara que o centro gástrico é o responsável pela penetração de alimentos e fluidos em nosso organismo (XAVIER, 1997). O centro gástrico interliga-se com o sistema nervoso que controla o funcionamento do fígado, estômago e todo o organismo. “Enquanto estamos trabalhando – diz ele –, dormindo, andando etc., todas as funções do organismo são realizadas pelo maravilhoso automatismo mantido sob o comando do centro gástrico. Controla a digestão e a absorção dos alimentos sólidos e líquidos que chegam através da boca para o interior do organismo, realizando uma das tarefas mais importantes para a saúde das pessoas” (BRÓLIO, 1998, p. 99-100). Este é, também, “por excelência, o centro das emoções densas misturadas com o processo da alimentação normal. É um centro de grande vitalidade! Também é altamente sobrecarregado pela tensão emocional. Porém, é um centro terno e suave para quem souber trabalhar com ele. [...] É um centro de grande capacidade ectoplásmica” (BORGES, s.d., p. 18). Segundo Fioravanti (2000, p. 137), estão entre as funções do centro gástrico: “distribuir e purificar as energias que nutrem o corpo físico; ajuste de nutrientes; expulsão de energias negativas; absorção de vibrações corretivas; aceitação, capacidade de respeitar o seu próprio espaço”.

c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Abdômen, estômago, intestino delgado, fígado, baço, vesícula biliar, sistema nervoso vegetativo e meio da espinha dorsal.

d) Glândula Endócrina: Pâncreas / suprarrenais.

e) Cor: Amarelo.

f) Mediunidade: Este centro “é a antena do indivíduo, para que o mesmo ‘sinta’ quando o ambiente está formado por vibrações boas ou más. As pessoas mais sensíveis costumam ver-se possuídas de grande mal estar e desconforto na área estomacal, quando visitadas por Espíritos sofredores. Por outro lado, [este centro] pode ser doador de energia e, muitos médiuns, quando oram pelos necessitados, [...] estão a doar, através desta região do organismo, energia restauradora àqueles pelos quais estão orando. Esta energia, emitida do plexo solar, fortifica e reanima, além de auxiliar na cura dos doentes, mesmo que os enfermos estejam à distância” (NILCÉIA, 2000, p. 48-49). Quando, num processo obsessivo, um encarnado se liga a um desencarnado, “tal ligação, ao efetivar-se pelo plexo solar, pode ter reflexos no estômago e demais órgãos do corpo humano, causando distúrbios e doenças” (NILCÉIA, 2000, p. 49). Para sanar tal situação, acima de tudo, é necessária a mudança moral do obsedado, a efetivação da sua reforma interior, porém, pode-se também fazer uso dos passes, das sessões de desobsessão e de outros recursos de auxílio, como a prece. Como assinala Borges, este é também um centro de grande capacidade ectoplásmica.

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4 - CENTRO DO CORAÇÃO (Centro Cardíaco, Anahata) Sentimentos Nobres/Autoamor/Compaixão.

a) Localização: Localiza-se no centro do tórax, na altura do coração. b) Características e Funções: É o centro de força responsável pela energização deo sistema cárdio-

respiratório, “particularmente sobre a aorta, as veias e artérias pulmonares, e sobre os sistemas neurovegetativos simpático e parassimpático” (BRÓLIO, 1998, p. 99). Regula, igualmente, a expressão dos sentimentos. Para Armond, o centro cardíaco “regula as emoções e os sentimentos. A sua reativação expande os sentimentos, influi sobre a circulação do sangue e sua manipulação é delicada” (ARMOND, 1999, p. 54). Ambika Wauters tece interessante comentário sobre este centro, dizendo que “representa o início do caminho em direção à luz e à consciência superior. Ele está relacionado com a lição da alma sobre fraternidade. As questões emocionais que giram em torno dele são chamadas de transpessoais, pois estão relacionadas com o aspecto do Eu que transcende as limitações do ego, indo em direção a questões mais elevadas de amor e de união. As questões transpessoais estão relacionadas com a nossa experiência de comunhão com as outras pessoas” (WAUTERS, 1999, p. 113). A autora diz também que os primeiros três centros vitais concentram-se particularmente em questões tribais, familiares e pessoais de sobrevivência. Estão mais voltados para o mundo material e para o poder usado por nóes para viver no mundo material e interagir com ele. Porém, a partir do centro cardíaco, ingressamos na dimensão espiritual. Karla McLaren afirma que o centro cardíaco está, ou deveria estar, conectado com os centros localizados nas mãos. Não sendo essa ligação saudável, a capacidade de dar, amar, relacionar-se e receber pode ser prejudicada. Amar e perdoar as pessoas é tido como o comportamento espiritual mais excelso. A capacidade de dar desinteressada e compassivamente é considerada como uma função maior. E essas são certamente algumas das características mais importantes da energia deste centro (MCLAREN, 2007).

“É considerado o canal de movimentação dos sentimentos. Por isso, é o centro mais afetado pelo desequilíbrio emocional. Quando bem desenvolvido, torna-se um canal de amor para o trabalho de assistência espiritual. [...] É, por excelência, o canal de toda transformação afetiva, em que o homem instintivo se transforma em espiritual. [...] Todo amor, toda qualidade afetiva, todo abraço, todo idealismo por algo melhor está no centro do coração. Toda cura, todo toque terapêutico e toda assistência espiritual vibra nesse centro [...] É o centro que dissolve o egoísmo e o bairrismo planetário – o racismo, os preconceitos sexuais, sociais, econômicos e de qualquer espécie” (BORGES, s.d., p. 18). Segundo André Luiz, o centro cardíaco é “que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral” (XAVIER, 1997, p. 128). Fioravanti (2000, p. 138) assinala como funções do centro do coração, entre outras: “expressar o perdão; unir as forças dos centros superiores e inferiores; irradiar amor; integração e encontro entre todas as pessoas; capacidade de sintonizar o amor divino; abrir o coração para receber Cristo; eliminar a falta de propósito da vida”. c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Coração e sistema circulatório, sistema respiratório, ombros e

braços, costelas, seios e diafragma.

d) Glândula Endócrina: Timo.

e) Cor: Verde, rosa ou dourado brilhante.

Mediunidade: Este centro, atuando em sintonia com o centro gástrico, relaciona-se com os sentimentos, de modo que, ao ocorrer um desequilíbrio emocional, ele é afetado. “Quanto aos médiuns, é imprescindível que sejam detentores de equilíbrio na área emocional, para que os obreiros espirituais consigam sucesso ao atender os necessitados, muitas vezes vitimados por sérias moléstias” (NILCÉIA, 2000, p. 48).

f)

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5 - CENTRO LARÍNGEO (Centro da Garganta, Vishudda) Comunicação/Autoexpressão/Entendimento.

a) Localização: Situa-se na altura da garganta.

b) Características e Funções: O centro laríngeo “regula as atividades ligadas ao uso da palavra” (ARMOND, 1999, p. 51), como é o caso da emissão de voz. “É um centro médio, sendo, portanto, pessoal. Está mais voltado às energias superiores e, por isso, relacionado à criatividade e ao desenvolvimento psicológico. É o centro da palavra, da força criativa que liga o pensamento à forma, a mente à matéria” (IANDOLI JR., 2001, p. 135). Sobre este centro, diz Ozaniec que ele “representa o poder que temos de nos comunicar verbalmente. O desenvolvimento da fala é exclusivo da humanidade, embora muitas outras espécies tenham aperfeiçoado maneiras sutis e sofisticadas de comunicação. A fala e a grande amplitude de vocalização permitem uma comunicação de um tipo complexo e único. A voz humana pode transmitir emoção, informações e uma grande variedade de significados sutis. Podemos cantar, gritar, sussurrar ou rir; podemos chorar ou berrar. A voz humana pode ocultar a verdade ou revelá-la. Muitas vezes, é possível detectar uma mentira apenas pela voz, quando denota insegurança e uma falsa qualidade. Os grandes oradores podem influenciar a mente coletiva e os demagogos podem levá-la à loucura” (OZANIEC, 1999, p. 127). E acrescenta: “Quando este centro está desperto e equilibrado, os poderes de comunicação e criatividade adquirem vida, acrescentando nova diemnsão à nossa compreensão da experiência” (p. 134). Segundo Wagner Borges, “o centro da garganta é, por excelência, o centro da comunicação e da mediunidade” (BORGES, s.d., p. 18). André Luiz confirma que o centro laríngeo “preside aos fenômenos vocais” (XAVIER, 1997, p. 128). “A linguagem [regida por este centro] – diz Wauters – tanto pode nos debilitar quanto nos fortalecer. O que dizemos reflete diretamente o grau de responsabilidade que estamos dispostos a assumir com relação às experiências da nossa vida. Quando a linguagem demonstra um alto nível de consciência e responsabilidade, ela também permite que a pessoa concentre sua energia dentro de si mesma, reconheça e experimente seus sentimentos e, por fim, libere as emoções bloqueadas que essa experiência criou para ela. Quando expressamos essa energia armazenada, recebemos a oportunidade de purificar essa experiência na sabedoria da vida” (WAUTERS, 1999, p. 128). Para Fioravanti (2000, p. 139), entre as funções deste centro, acham-se: “comunicação; decisão; materializa as ideias em sons; ensina responsabilidade; purificação; criatividade; assimilação de energias defensivas”.

c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Sistema respiratório, boca, dentes, gengivas, cordas vocais, vértebras cervicais e canal alimentar.

d) Glândula Endócrina: Tireóide e paratireóide.

e) Cor: Azul claro.

f) Mediunidade: “O desenvolvimento do centro laríngeo tem importância na psicofonia” (BRÓLIO, 1998, p. 99). “Influi sobre a audição mediúnica” (ARMOND, 1999, p. 51). Diz Ozaniec que “de acordo com a tradição, o despertar deste centro promove um aumento da capacidade telepática. [...] A ativação desse centro traz a telepatia para a consciência” (OZANIEC, 1999, p. 127-130). “Quando, por ocasião das manifestações dos Espíritos, os médiuns falam com voz diferente da que lhes é peculiar, é porque os Espíritos estão a se utilizar deste canal para dar as sua comunicações” (NILCÉIA, 2000, p. 48). McLaren afirma que este centro “é também o centro da capacidade de ouvir vozes desencarnadas e mensagens do mundo dos Espíritos” (MCLAREN, 2007, p. 173). Pessoas com o centro frontal ativo têm acesso a quantidades surpreendentes da informações. Quando as pessoas têm este centro saudável e equilibrado, “são naturalmente clarividentes, o que significa que sua clarividência não é chamativa e dramática (ver os números da loteria ou quedas de avião). Elas vêem coisas que são úteis para a vida delas (MCLAREN, 2007).

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6 - CENTRO FRONTAL (Centro da Fronte, Cerebral, Ajna) Razão/Intuição/Concentração.

a) Localização: Está localizado no centro da testa, entre as sobrancelhas.

b) Características e Funções: O centro frontal, “diretamente relacionado ao centro coronário, coordena o córtex cerebral, atuando sobre os órgãos dos sentidos, marcando sua atividade [...] sobre o sistema nervoso central e sobre os neurônios sensitivos que recebem as sensações dos órgãos dos sentidos, atuando também sobre os neurônios motores, responsáveis pela motricidade do organismo” (BRÓLIO, 1998, p. 98-99). Este centro governa as atividades inteligentes e tem influência sobre o desenvolvimento da vidência. (ARMOND, 1999). Diz Iandoli Jr. que o centro frontal “governa o cérebro inferior, os ouvidos e o nariz, sendo o responsável pelo funcionamento da audição, da visão e do tato, além dos processos de inteligência que dizem respeito à palavra, cultura, arte e ao saber. O seu grau de atividade indica a capacidade de percepção consciente da pessoa, permitindo seu crescimento espiritual” (IANDOLI JR., 2001, p. 136). Este centro “é o órgão da visualização e o centro da percepção, que pode ser orientado para cima, no sentido das coisas mais elevadas ou para baixo, na direção da vida mundana; ele reflete, portanto, a natureza da mente. [...] Quando está fundamentalmente ligado ao centro laríngeo, existe a indicação do emprego ativo da imaginação criativa” (KARAGULLA; KUNZ, 1995, p. 41). É da atividade deste centro que decorre a capacidade de visualizar e compreender conceitos mentais, habilidades mentais, concentração, introvisão, imaginação e inteligência emocional. O centro frontal “tem relação direta com os diversos fenômenos de clarividência, intuição e percepção parapsíquicas. É o centro da aprendizagem e do conhecimento”. Enfim, é o centro “da visão espiritual, da intuição, da percepção, do conhecimento e da síntese intelectual” (BORGES, s.d., p. 16). De acordo com Fioravanti (2000, p. 140), estão entre as funções deste centro: “visão interior; expressão da mediunidade; clarividência e vidência; concentração; inspiração”.

c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Cérebro, sistema nervoso, olhos, ouvidos e nariz.

d) Glândula Endócrina: Pituitária (hipófise). e) Cor: Azul índigo (combinação vibrante de vermelho e azul). f) Mediunidade: “O centro cerebral, quando devidamente desenvolvido e treinado, permite a percepção extrassensorial, principalmente a clarividência” (BRÓLIO, 1998, p. 99). “Influi no desenvolvimento da vidência” (ARMOND, 1999, p. 51). “Os médiuns possuem as visões do Plano Espiritual através deste centro e veem as cenas com ou sem movimento. As visões sofrem muitas variações, acontecendo com poucos ou muitos detalhes, parciais ou totais. Quando o ser humano emite energia mental, ele o faz através dos frontal e coronário. Assim, se alguém endereçar pensamentos maldosos a uma pessoa, esta pode ver-se prejudicada; entretanto, os recursos do passe, da oração e da fé restauram o equilíbrio do necessitado” (NILCÉIA, 2000, p. 47).

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7 - CENTRO CORONÁRIO (Centro da Coroa, Sahasrara)

Conexão Espiritual/Sabedoria/Iluminação.

a) Localização: Está localizado no topo da cabeça, por sobre a glândula pineal. b) Características e Funções: O nome “coronário” procede de coroa. Este centro recebe tal nome por estar

localizado na parte superior da cabeça, na região central do cérebro, sede da mente. “É o centro que assimila os estímulos energéticos do Plano Superior, mantendo-se em sintonia com a inteligência cósmica. Orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada e desencarnada. Estabelece, ainda, a função de supervisionar os demais centros vitais que lhe obedecem ao impulso” (BRÓLIO, 1998, p. 98). Dele diz Armond que é o “órgão de ligação com o mundo espiritual, serve ao Espírito para influir sobre os demais centros de força” (ARMOND, 1999, p. 51). O centro coronário “governa o cérebro superior [hemisférios cerebrais] e supervisiona os demais centros de energia, vibrando com eles de modo interdependente. É o primeiro que recebe os estímulos do Espírito na encarnação e é o último a ser desligado na desencarnação. Por ser o mais elevado centro de vibração sutil, está relacionado com a chamada busca interior, e seus distúrbios impedem a harmonização com o mundo espiritual e com as forças do universo, limitando o indivíduo a funcionar com as energias do seu ego” (IANDOLI JR., 2001, p. 137-138). O centro coronário está relacionado com a mente superconsciente. É o ponto de entrada das energias superiores. É também “o centro responsável pela expansão da consciência e pela captação das ideias elevadas. A raiz energética do centro coronário está no interior da epífise. Devido a essa ligação sutil, a pineal é o ponto de ligação das energias superiores no corpo denso e, por extensão, tem muita importância nos fenômenos anímico-mediúnicos, incluindo nisso as projeções da consciência para fora do corpo físico”. [...] Este é o centro “que sinaliza o caminho da evolução sideral; aponta para outras etapas do desenvolvimento do homem, para as estrelas e para o infinito... É o centro pelo qual vêm as ideias avançadas... é a bússola espiritual na navegação sideral, que sinaliza a direção evolutiva do homem para outros orbes e para outras estrelas. É o centro que liga a consciência humana com a Consciência Universal” (BORGES, s.d., p. 16). Christiano Torchi diz que o centro coronário é considerado o mais importante dos centros, pois, “distribui as energias para os demais centros”, sendo a sua função “ligar o plano espiritual com o plano físico” (TORCHI, 2007, p. 221). Já André Luiz considera que o centro coronário é “o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência.”. É dele que emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador de energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma” (XAVIER, 1997, p. 127). Comenta, ainda, André Luiz que, do centro coronário parte “a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, ideias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta” (XAVIER, 1999, p. 29). Estão entre as funções deste centro, segundo Fioravanti (2000, p.133): “distribuir energia vital para os outros centros; ligar a alma a Deus; ajudar na comunicação com o plano espiritual; facilitar o uso das faculdades mediúnicas; transmutar energias negativas em vibrações positivas; ajudar a consciência a iluminar-se; permitir o acesso às capacidades espirituais adquiridas em outras existências”.

c) Órgãos e Sistemas Relacionados: Cérebro, olhos, sistema muscular, sistema ósseo, sistema nervoso, pele,

ou, como já disse, todo o corpo.

d) Glândula Endócrina: Epífise (glândula pineal).

e) Cor: Violeta, lilás ou branco.

f) Mediunidade: O centro coronário “influi sobre o desenvolvimento mediúnico por sua ligação com a epífise. A reativação dá continuidade de consciência no sono e nos desdobramentos” (ARMOND, 1999, p. 51). “O ideal [particularmente para os médiuns] é manter a saúde deste centro com a emissão de equilibradas ondas mentais, através de pensamentos positivos; nos momentos de prece, em que o indivíduo liga sua mente com a mente divina, estabelecem-se as condições para que o Poder Maior preencha o espírito humano de fluidos vivificantes. Nestas ocasiões, podem ocorrer intuições e outras manifestações mediúnicas; é todo um processo poderoso levado a efeito pelas Forças Superiores para beneficiar as pessoas” (NILCÉIA, 2000, p. 47).

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CENTRO ESPLÊNICO (Centro Mesentérico, Centro do Baço)

Vitalidade

Nota: Há quem considere que o Centro Gástrico envolve o Centro Esplênico, constituindo-se, assim, num único centro vital. Entretanto, o Esplênico é também considerado por outros pesquisadores um centro à parte. Neste caso, são citadas como algumas de suas características:

a) Localização: Altura do baço. b) Características e Funções: “Regula a circulação dos elementos vitais cósmicos que, após

circularem, são eliminados pela pele, refletindo-se na aura; quanto mais intensa a absorção, mais poderoso o magnetismo individual aplicável às curas. A reativação aumenta a captação dessas energias, a vitalidade nervosa e a normalidade circulatória sanguínea.” (ARMOND, 1999, p. 49). Regula a formação e a reposição das defesas orgânicas através do sangue. Sua função mais importante é absorver a vitalidade do campo energético, modificá-la, e distribuí-la aos outros centros. É também “o responsável pela destruição das células do sangue que já estão velhas ou que apresentam alguma imperfeição. Tem uma ação muito importante na defesa do organismo contra a infecção por bactérias como o pneumococo” (IANDOLI JR., 2001, p. 132). Tem, pois, papel na manutenção do equilíbrio orgânico, dado que se relaciona com a produção do plasma sanguíneo, com o equilíbrio vital e com a distribuição destas energias vitais pelo corpo. “Absorve energia do sol e a distribui para a aura, promovendo a vitalidade e equilibrando o sistema nervoso” (WEINMAN, 1995, p. 85).

c) Glândula Endócrina: - o -

d) Cor: - o –

e) Mediunidade: Especialmente para os médiuns, é preciso dar atenção a este centro, pois, por meio dele, Espíritos inferiores podem, de algum modo, ligar-se à pessoa. “Pensamentos bons, sentimentos puros e equilíbrio na alimentação são essenciais para que as criaturas não sejam atingidas por entidades espirituais que costumam ligar-se ao centro esplênico para sugar energias” (NILCÉIA, 2000, p. 48).. É o que se denomina “vampirismo”, ou “ação de Espíritos maus e viciados sobre os seres vivos, principalmente pessoas incautas ou obsidiadas que aceitam essa influência. Esses Espíritos sugam-lhes as energias vitais, com o objetivo de gozarem as sensações próprias dos encarnados. Geralmente essa ação é nefasta e leva o paciente à fraqueza, inclusive orgânica, acarretando doença mental e física de natureza diversa” (PALHANO JR. 1997, p. 361).

1.4 Centros Vitais Secundários . Além dos citados centros, temos inúmeros centros secundários. Citamos, a seguir, alguns dos mais conhecidos: - Centro Umeral: Localizado nas costas, na altura da omoplata esquerda (entre e sobre o pulmão esquerdo). É, às vezes, chamado de centro espiritual, pois é através dele que as energias se conectam. É também considerado centro mediúnico e de proteção, porque equilibra as energias positivas e negativas em excesso. É um gerenciador energético. Afirma-se que é por meio dele que se recebe, em primeiro lugar, os contatos espirituais. - Centros das Palmas das Mãos: Utilizados para captação e doação de energia.

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- Plantas dos Pés: Captação de energia telúrica. - Língua: Dissipação da energia. - Centros da Cintura Pélvica (um de cada lado): Influenciam no trabalho do sistema dos centros visto como um todo. Estão estreitamente vinculados à nossa ligação com a Terra (WEINMAN, 1995). - Há ainda centros secundários nas têmporas, nos cotovelos, nos joelhos, nos tornozelos e em muitas outras partes do corpo. 1.5 Classificação dos Centros Vitais em Relação à Função na Mediunidade Therezinha Oliveira (1997, p. 59) assim classifica os centros vitais em relação à função na mediunidade: a) Centros Espirituais: Coronário e frontal. b) Centros Passionais (sentimentos): Laríngeo e cardíaco. c) Centros Fisiológicos: (funcionamento do organismo): Gástrico, esplênico e genésico. Acrescentamos

o centro da raiz.

Iandoli Jr. (2001, p. 126-127) apresenta o seguinte quadro:

SISTEMA DE CENTROS ENERGÉTICOS

Fisiológico

. Transfere para o corpo as energias procedentes do plano físico. . Corresponde ao centro genésico, associado ao centro básico.

Pessoal

. Este grupo relaciona-se com o ego e com a personalidade do indivíduo, mobilizando suas energias. . Corresponde aos centros gástrico, cardíaco e laríngeo. Acrescentamos o centro esplênico.

Espiritual

. Este grupo está ligado à hipófise e à epífise. . É o mais ativo em quem já desenvolveu um certo grau de espiritualidade. . É formado pelos centros frontal e coronário.

1.6 Centros Vitais e Plexos Nervosos Segundo Ari Lex (1994), há apenas cinco plexos nervosos no corpo humano: solar, cardíaco, carotídeo, lumbo-aórtico e hipogástrico. Sobre plexos, diz Palhano Jr. (1997, p. 289) que é a “designação genérica de rede de nervos, vasos ou nervos e gânglios, no sistema nervoso autônomo”. Sua função é de “distribuição e recpção dos sinais elétricos sensoriais e motores no corpo físico”. Armond (1999, p. 47) apresenta a seguinte relação:

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Plexo Localização Centro Vital

Sacral Base da espinha Básico

Hipogástrico Baixo ventre Genésico

Mesentérico Região do baço Esplênico

Solar* Região do estômago Gástrico

Cardíaco Região precordial Cardíaco

Laríngeo Garganta Laríngeo

Frontal** Fronte Frontal

*** Alto da cabeça Coronário (*) O plexo solar é atualmente designado por plexo gástrico. (**) O plexo frontal é conhecido na medicina como carotídeo ou carotidiano. (***) O centro coronário não está relacionado com nenhum plexo do corpo físico, mas o está com a glândula pineal.

1.7 Centros Vitais e Glândulas Endócrinas - Fonte: http://www.saudevidaonline.com.br/endocri.htm#supra.

Centro de

Força

Glândula Endócrina

Funções das Glândulas

Básico

Suprarrenais

Suprarrenais: Ficam sobre os rins e produzem hormônios que ajudam a regular as quantidades de açúcar, sal e água no organismo. Também são responsáveis pela constituição e distribuição dos pêlos no corpo. A medula das suprarrenais produz hormônios que aumentam o fluxo de sangue para os músculos, coração e pulmões para lidar com a excitação ou ameaças físicas e mentais. Hormônios: adrenalina, noradrenalina e aldosterona.

Genésico (Sacro)

Gônadas

Gônadas: Na adolescência, os ovários das meninas e os testículos dos meninos produzem os hormônios que determinam o início da puberdade. Nas mulheres, os ovários também são responsáveis pela produção de óvulos e nos homens os testículos produzem espermatozóides. Os hormônios secretados por essas glândulas determinam o desenvolvimento das características sexuais masculinas e femininas. Hormônios: estrógeno e testosterona.

Gástrico

Pâncreas

Pâncreas: Fica na parte posterior do abdômen, atrás do estômago. Produz enzimas que passam para o duodeno, onde ajudam a digerir o alimento, e os hormônios insulina e glucagon, que desempenham um papel essencial na regulação do nível de glicose do organismo. Hormônios: insulina e glucagon.

Esplênico

- o -

O Centro Esplênico está ligado ao baço, que não é uma glândula.

Cardíaco

Timo Timo: Situa-se sob o esterno, sendo ativo principalmente na infância. Influi no

desenvolvimento das defesas imunológicas. Ainda pouco se sabe sobre suas funções. Hormônio: peptídeo natriurético atrial (ANP).

Laríngeo

Tireóide; Paratireóides

Tireóide: Localiza-se na parte frontal da garganta. Logo abaixo do pomo-de-adão, e é responsável pela produção de hormônios que controlam a conversão do alimento em energia e regulam a temperatura corporal. Hormônios: triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e calcitonina. Paratireóides: As paratireóides produzem um hormônio que controla o nível de cálcio e fósforo do organismo, essenciais para se ter ossos saudáveis e nervos e músculos eficientes. Hormônio: PTH.

Frontal

Pituitária

Pituitária (Hipófise): É um órgão do tamanho de uma lentilha e fica logo abaixo do cérebro. Estimula e coordena as funções das outras glândulas endócrinas, para que elas produzam seus próprios hormônios. Também produz hormônios que regulam o crescimento do corpo na infância. Hormônios: hormônio do crescimento (GH), prolactina, ocitoxina, argenina vasopressina etc.

Coronário

Pineal Pineal (Epífise): Está localizada no centro geográfico do cérebro. É responsável pela

cronobiologia (relógio biológico): ela regula o ritmo do nosso organismo. Esta glândula coordena o tempo no organismo e liga o corpo humano aos ritmos do planeta e do universo. “A pineal é o ponto de convergência da tensão de forças da ligação do espírito com o corpo” (Sérgio Felipe de Oliveira – Espiritismo e Ciência – Ano 3, nº 28). Hormônios: dimetiltriptamina e melatonina.

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. Considerações Finais A energia emanada pela alma tem por função manter a vitalidade do organismo. Isto é feito por meio dos centros vitais, que atuam como terminais por onde a energia anímica é transmitida às células. Eles também assimilam os estímulos do plano exterior e orientam a forma, o movimento, a estabilidade e o metabolismo orgânico. Daí a importância de se manter em equilíbrio o funcionamento desses centros, vivendo-se de acordo com a lei divina e promovendo a harmonia interior pela expressão de sentimentos nobres, pensamentos elevados e atos exemplares.

__________ REFERÊNCIAS AIZPÚRUA, Jon. Os fundamentos do espiritismo. São Paulo: CEJB, 2000. ARMOND, Edgard. Passes e radiações: métodos espíritas de cura. 3.ed. São Paulo: Aliança, 1999. BORGES, Wagner. Os chakras. Caminho Espiritual. São Paulo, Ano 1, n. 2, s.d. BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. São Paulo: Panorama, 2000. BRÓLIO, Roberto. Psicologia da alma. São Paulo: Editora FE, 1998. IANDOLI JR., Décio. Fisiologia transdimensional: aspectos da fisiologia humana sob uma visão espírita. São Paulo: FÉ Editora, 2001. KARAGULLA, Shafica; KUNZ, Dora van Gelder. Os chakras e os campos de energia humanos. São Paulo: Pensamento, 1995. MCLAREN,Karla. A aura e os chakras. São Paulo: Pensamento, 2001. NILCÉIA, Maria. Reforma íntima. São Paulo: DPL, 2000. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 7.ed. Capivari, SP: EME, 1997. OZANIEC, Naomi. O livro básico dos chakras. São Paulo: Pensamento, 1999. PALHANO JR., L. Dicionário de filosofia espírita. 34.ed. Rio de Janeiro: CELD, 1997. PUGLIA, Silvia C. S. C. CDM: Curso para dirigentes e monitores de desenvolvimento prático mediúnico. 3.ed. São Paulo: FEESP, 2000. SHARAMON, Shalila; BAGINSKI, Bodo J. Chakras: mandalas de vitalidade e poder. São Paulo: Pensamento, 1994. TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2007. XAVIER, Francisco Cândido. Entre a terra e o céu. Pelo Espírito André Luiz. 17.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. ______ ; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 18. Rio de Janeiro: FEB, 1999. WAUTERS, Ambika. Um guia energético para os chakras e as cores. São Paulo: Cultrix, 1999. WEINMAN, Ric A. Suas mãos podem curar. São Paulo: Pensamento, 1995.

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AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA ______________________________________________________________________________

(O Livro dos Médiuns - Itens 52 a 59)

Nesta unidade, resumimos as considerações de Kardec a respeito dos procedimentos dos Espíritos

desencarnados em relação à dimensão material e de como tais ações se realizam. __________________________________________________

52 . A razão nos diz que não há nada de impossível em os Espíritos comprovarem para nós a sua presença. Essa é uma crença de todos os povos, em todos os lugares e épocas. . Nenhuma intuição seria tão generalizada nem sobreviveria ao tempo, se não tivesse fundamento. Tal crença é confirmada pelos livros sagrados e pelos Padres da Igreja. . Se o materialismo a coloca entre as superstições é porque se ignora a natureza dos Espíritos e os meios pelos quais eles se manifestam. Conhecida a sua essência, as manifestações deixam de ser surpreendentes e entram na ordem dos fatos naturais.

53 . As manifestações espíritas só podem ocorrer pela ação do Espírito sobre a matéria. . Se o Espírito fosse uma abstração ou um conceito não poderia agir sobre a matéria. Entretanto, o Espírito é um ser definido, limitado e circunscrito. Quando encarnado no corpo físico, o Espírito constitui a alma. Quando, pela morte, deixa o corpo, continua sob a forma que tinha quando encarnado. . Estado de perturbação: No momento do desencarne, os Espíritos entram em estado de perturbação; tudo se torna confuso ao redor deles; vêem seu corpo físico, mas ao mesmo tempo se vêem e se sentem vivos. Algo lhes diz que aquele corpo é seu e não compreendem como estão separados dele. Essa visão lhes causa uma ilusão: acreditam estar ainda vivos na carne. . Passado o momento de perturbação, percebem o corpo como uma vestimenta que despiram. Sentem-se mais leves, não sentem mais dores físicas e ficam felizes de poder se elevar e transpor o espaço, como faziam em sonho, quando encarnados. . Constatam que, mesmo com a ausência do corpo, a sua personalidade permanece; possuem consciência do seu “eu” e de sua individualidade. Conclui-se daí que a alma não deixa tudo no túmulo, mas que leva algo com ela.

54 . Observações e fatos irrecusáveis demonstram que há no homem três componentes:

UUnniiddaaddee 55

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1) Alma – Princípio inteligente onde reside o princípio moral; 2) Corpo Físico – Envoltório grosseiro, material, de que é temporariamente revestido para a realização de alguns objetivos providenciais; 3)Perispírito – Envoltório fluídico, etéreo, vaporoso, mas que não deixa de ser matéria. É formado por modificações do FCU. . Pela morte, há a desagregação do corpo físico, que a alma abandona. Já o perispírito, permanece com a alma. . O perispírito não é mera hipótese e sua existência não é somente revelada pelos Espíritos, mas é resultado de observações. . Seja durante a sua união com o corpo físico ou após a separação, a alma nunca é separada de seu perispírito.

55 . Quando se diz que o Espírito é uma centelha, deve-se entender o Espírito como princípio intelectual e moral ao qual não se saberia atribuir uma forma determinada. Mas em qualquer grau em que se encontre, é sempre revestido do perispírito, cuja natureza se eteriza à medida em que ele se purifica e se eleva na hierarquia espiritual. . O perispírito é, portanto, parte integrante do Espírito, contudo, sozinho, ele não é o Espírito. Porque não pensa, ele é apenas o agente ou instrumento da ação do Espírito.

56 . A forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, geralmente é sob a forma que tinha o encarnado. . A forma humana é a forma típica de todos os seres humanos em qualquer grau evolutivo em que estejam, mas a matéria sutil do perispírito não tem a tenacidade nem a rigidez da matéria compacta do corpo físico. Ela é flexível e expansível, podendo tomar uma determinada aparência, de acordo com a vontade do Espírito. . Desembaraçado do corpo físico, o perispírito se estende ou se contrai, transformando-se; ele se presta a todas as mudanças, conforme a vontade que age sobre ele. . Devido a essa propriedade é que o Espírito pode tomar a exata aparência que tinha quando encarnado.

57 . Embora fluídico, o perispírito é formado de matéria, possibilitando aparições tangíveis. . Mãos materializadas podem ter calor, podem ser apalpadas. Oferecem resistência a corpos sólidos, podem agarrar-nos e, de repente evaporar-se como uma sombra. . A ação inteligente dessas mãos prova que são parte visível de um ser inteligente invisível. Sua tangibilidade, temperatura, a impressão que provocam sobre os sentidos, podendo deixar marcas na pele, dar pancadas dolorosas ou acariciar delicadamente prova que são de uma matéria qualquer.

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. Por outro lado, o seu desaparecimento instantâneo prova que essa matéria é eminentemente sutil e se comporta como algumas substâncias que podem passar do estado sólido para o estado fluídico e vice-versa.

58 . A natureza íntima do Espírito nos é inteiramente desconhecida. Ela revela-se apenas pelos atos do Espírito e seus atos podem impressionar nossos sentidos materiais apenas por um intermédio material. Assim, o Espírito tem necessidade de matéria para agir sobre a matéria. . O instrumento direto de suas ações é o perispírito, que é matéria. . O agente intermediário da ação do Espírito é o fluido universal, veículo sobre o qual ele age. . Todos os efeitos resultantes da ação do Espírito sobre a matéria entram na ordem dos fatos naturais. Só pareceram sobrenaturais porque sua causa não era conhecida e essa causa está inteiramente nas propriedades semimateriais do perispírito.

59 . Talvez se pergunte como o Espírito, com a ajuda de uma matéria tão sutil como o perispírito pode agir sobre os corpos pesados e compactos, como erguer mesas, por exemplo. . Em primeiro lugar, ele pode ter propriedades que nos são desconhecidas. Em segundo lugar, sabemos que a indústria encontra nos gases rarefeitos e fluidos imponderáveis os seus mais poderosos motores. Usa-se o ar para derrubar edifícios, o vapor para arrastar massas enormes, pólvora gaseificada para levantar rochas, eletricidade para perfurar muralhas. . Portanto, qual a estranheza em admitir que o Espírito, com a ajuda do seu perispírito, possa erguer uma mesa? Principalmente quando se sabe que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e se comportar como um corpo sólido. __________ Pesquisa: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns: guia dos médiuns e dos evocadores. São Paulo: Petit, 2004.

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INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL ___________________________________________________________________

(O Livro dos Espíritos –Questões 456 a 557)

Nesta unidade, fazemos um resumo das possíveis intervenções dos Espíritos no mundo terreno,

segundo “O Livro dos Espíritos”. ____________________________________________________

1. Penetração dos Espíritos em nossos pensamentos Os Espíritos podem saber o que pensamos e fazemos, pois constantemente nos rodeiam, mas cada um só vê aquilo que lhe interessa. Os Espíritos levianos riem dos pequenos aborrecimentos que nos causam e zombam da nossa impaciência. Os Espíritos sérios lamentam as nossas imperfeições e procuram ajudar-nos. 2. Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos A influência dos Espíritos sobre nós é tão grande que frequentemente são eles que nos dirigem. Há pensamentos que são nossos e outros que são sugeridos pelos Espíritos. Temos, às vezes, pensamentos contraditórios em que há um pouco de nós e um pouco dos Espíritos. Isto nos deixa na incerteza, sem saber o que é nosso e o que é dos Espíritos. Os pensamentos próprios geralmente ocorrem em primeiro lugar. Porém, não é de grande interesse para nós distinguir entre os pensamentos que nos são próprios e os que nos são sugeridos. O importante é que nos decidamos pelos bons pensamentos. Quando algo permanece vago é porque assim deve ser para o nosso bem. Os homens inteligentes e de gênio têm ideias que lhes pertencem, mas têm igualmente outras de Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las e dignos de transmiti-las. Ao apelar para a inspiração, as pessoas não suspeitam que fazem uma verdadeira evocação. Com relação ao primeiro impulso, nem sempre é bom. Pode ser tanto bom quanto mau, conforme a natureza do Espírito encarnado. É bom naqueles que ouvem as boas inspirações. Um pensamento sugerido é bom quando sugere o bem. Cabe a nós distinguir. Os Espíritos imperfeitos induzem-nos ao mal para nos fazer sofrer com eles. Embora isso não diminua os seus sofrimentos, fazem-no por inveja, ao verem seres mais felizes. Eles querem que experimentemos os sofrimentos que eles mesmos têm. Na verdade, os Espíritos inferiores são instrumentos destinados a por à prova a nossa fé e a nossa constância no bem. Já a missão dos bons Espíritos é colocar-nos no bom caminho. As más influências agem sobre nós porque as atraímos pelo desejo do mal. Deus deixa à nossa consciência a escolha do caminho a seguir. Podemos libertar-nos da influência dos Espíritos que nos impelem ao mal, repelindo-a pela nossa vontade. Neste caso, os maus Espíritos deixam-nos, porém, ficam à espreita do momento favorável.

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Podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos praticando o bem e pondo toda a nossa confiança em Deus. É preciso que evitemos escutar as suas sugestões (maus pensamentos, discórdias, más paixões). Temos de desconfiar dos que exaltam o nosso orgulho, pois nos atacam em nossa fraqueza. Entenda-se, porém, que os maus Espíritos não receberam a missão de fazer o mal. Eles o fazem por sua própria vontade, sofrendo as suas consequências. Deus pode permitir que eles façam o mal para nos provar, mas não ordena, cabendo a nós repeli-los. Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou satisfação interior sem causa conhecida, isto se deve quase sempre a comunicações que, inconscientemente, temos com os Espíritos ou que tivemos com eles durante o sono. Finalmente, os Espíritos que nos querem induzir ao mal aproveitam a circunstância que surge, mas muitas vezes a provocam, impelindo-nos, sem que o saibamos, para o objetivo da nossa cobiça. 3. Possessos Um Espírito não pode tomar o corpo de uma pessoa, introduzindo-se nele e agindo em lugar do Espírito que nele se encontra encarnado. Entretanto, pode identificar-se com ele, se ambos tiverem os mesmos defeitos e qualidades. Neste caso, age em conjunto com o encarnado, que é sempre quem atua. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, pois este terá de permanecer ligado a seu corpo até seu desencarne. Não existe propriamente possessão (coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo), mas a alma pode ficar na dependência de outro Espírito, sendo por ele obsidiada a ponto de ter a sua vontade paralisada. Entretanto, não há obsessão sem a participação de quem a sofre. A palavra “possesso” deve ser entendida apenas como dependência absoluta de uma alma a Espíritos imperfeitos que a subjuguem. Tendo vontade firme, qualquer pessoa pode, por si mesma afastar os maus Espíritos. Sendo um homem de bem, pode também apelar aos bons Espíritos, pois quanto mais se é um homem de bem, mais poder se tem sobre os Espíritos imperfeitos para afastá-los e sobre os bons para atraí-los. Pode-se, ainda, apelar a uma outra pessoa, desde que o obsidado queira realmente sair da situação. No entanto, aquele que não tiver coração puro não poderá exercer nenhuma influência. Já as fórmulas de exorcismo não têm eficácia sobre os maus Espíritos. De qualquer modo, o melhor meio de nos livrarmos dos obsessores é não dar importância às suas sugestões. A prece é um poderoso meio para nos livrarmos da obsessão, mas não basta murmurar algumas palavras. Deus assiste os que agem e não os que se limitam a pedir. É preciso que o obsidiado faça o que for necessário para destruir em si mesmo a causa que atrai os maus Espíritos. Quando se fala em expulsão de demônios, deve-se apenas entender o afastamento de um mau Espírito que subjuga um indivíduo, quando essa influência é destruída. 4. Convulsionários Os Espíritos inferiores desempenham papel importante nos fenômenos que se produzem com os indivíduos chamados convulsionários, embora o charlatanismo tenha explorado e exagerado os seus efeitos. O estado anormal dos convulsionários pode estender-se subitamente a toda uma população pelo efeito de simpatia (afinidade). Kardec afirma que indivíduos acometidos por crises nervosas estão numa espécie de sonambulismo desperto, provocado pela influência que uns exercem sobre os outros. Nesses casos, cada um é magnetizador e magnetizado. A insensibilidade física de alguns convulsionários e de certas pessoas submetidas a torturas cruéis é, em algumas, um efeito exclusivamente magnético, que atua sobre o sistema nervoso. Em outros, a exaltação do pensamento amortece a sensibilidade. Esses fenômenos dependem – diz Kardec - de uma causa física e da ação de certos Espíritos.

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5. Afeição dos Espíritos por certas pessoas Os Espíritos afeiçoam-se às pessoas de acordo com a semelhanças de sentimentos. Os Espíritos superiores afeiçoam-se aos homens de bem, os inferiores aos viciosos. A verdadeira afeição nada tem de carnal, mas pode ocorrer de um Espírito apegar-se a uma pessoa por agregar a esse apelo uma lembrança das paixões humanas. Os bons Espíritos fazem todo o bem que podem e se sentem felizes com as nossas alegrias, como se afligem com os nossos males, quando não os suportamos com resignação. Vendo nas aflições da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como a crise momentânea que deve salvar o doente. Os nossos males que mais os afligem são egoísmo e dureza de coração. Os parentes e amigos desencarnados têm mais simpatia por nós que os estranhos e procuram proteger-nos com o poder de que dispõem. Eles são muito sensíveis à afeição que lhes dedicamos e se esquecem daqueles que também os esquecem. 6. Anjos da Guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos O anjo da guarda, Espírito protetor de uma ordem elevada, liga-se particularmente a uma pessoa. Sua missão é a de um pai: conduzir seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições e sustentar sua coragem nas provas da vida. Ele está ligado à pessoa do nascimento à morte, na vida espiritual e mesmo em muitas encarnações. Ele é obrigado a velar por nós, pois aceitou essa tarefa, mas pode escolher o seu protegido. Para uns, isso é prazer, para outros, missão ou dever. O Espírito protetor não renuncia a proteger outras pessoas, mas o faz com menos exclusividade. Pode acontecer de ele ter de cumprir outras missões, mas, nesse caso, outro o substitui. Por outro lado, se ele vê que a vontade de seguir maus Espíritos é mais forte em seu protegido, ele afasta-se, mas volta se for solicitado. Tornando-se capaz de conduzir-se por si mesma, a pessoa não tem mais necessidade de Espírito protetor, como o aluno que não necessita mais do professor. Mas isso não acontece na Terra. É necessário que cada pessoa progrida por si mesma por isso a ação do Espírito protetor é regulada de modo a não tolher o livre arbítrio do protegido. Não vendo quem o ampara, a pessoa entrega-se às suas próprias forças. Levar o protegido ao bom caminho é mérito do anjo guardião, que é levado em conta para o seu progresso e para sua felicidade. Ele sente-se feliz quando vê seus esforços serem bem sucedidos. Porém, não é responsável quando não consegue bons resultados, pois fez o que dependia dele. Por outro lado, ele sofre com os erros do seu protegido e os lamenta, embora essa aflição nada tenha das angústias da paternidade terrena, pois ele sabe que tudo tem o seu devido tempo. Para invocar o Espírito protetor, podemos dar um nome que nos inspire simpatia ou veneração, embora não haja necessidade de lhe dar nenhum nome. Ele sempre nos atenderá independentemente de nome. Quando estivermos no plano espiritual, poderemos reconhecer nosso anjo guardião, pois não raro já o conhecíamos antes da nossa encarnação. O Anjo guardião pode ser o próprio pai desencarnado de uma pessoa, mas precisa ter um certo grau de elevação, podendo também ser assistido por um Espírito mais elevado. Nem sempre amigos e familiares já desencarnados têm a elevação necessária para proteger seu familiares e amigos terrenos. Cada pessoa tem um Espírito que a protege, mas as missões são relativas ao seu objetivo. Quando um pai assiste seu filho e reencarna, ele roga, num momento de desprendimento, que um Espírito simpático o assista nessa missão. Vale lembrar que os Espíritos só aceitam missões que possam desempenhar até o fim. Não existem maus Espíritos com a missão de impelir-nos ao erro. Quando um deles se liga a um indivíduo o faz por sua própria vontade, pois espera ser ouvido. Nesse caso, a pessoa fica entre a boa e a má influência, vencendo aquela para a qual ele pender por sua livre escolha. Além do Espírito protetor,

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temos também Espíritos simpáticos, mais ou menos elevados, que se afeiçoam se interessam por nós. Mas temos também aqueles que nos assistem no mal. Em geral os Espíritos que nos são simpáticos são atraídos por nós pela identidade de pensamentos e de sentimentos, tanto para o bem quanto para o mal, embora possam também ter uma missão temporária a cumprir. O Homem sempre encontra Espíritos que com ele simpatizam, seja qual for o seu caráter. 6.1 Espírito protetor: É o que tem por missão seguir uma pessoa pela vida e ajudá-la a progredir. É sempre de natureza superior em relação ao protegido. Espíritos familiares: Ligam-se a certas pessoas por laços mais ou menos duráveis, a fim de lhes serem úteis, dentro dos limites do poder de que dispõem, quase sempre muito restrito. São bons, às vezes pouco adiantados e até um tanto levianos. Ocupam-se de boa vontade com as particularidades da vida íntima e só atuam por ordem ou com permissão dos Espíritos superiores. . Espíritos simpáticos: São os que se sentem atraídos por nós por afeições particulares e por uma certa semelhança de gostos e sentimentos, tanto para o bem quanto para o mal. A duração de suas relações quase sempre se acha subordinada às circunstâncias. 6.2 Mau gênio: É um Espírito imperfeito ou perverso, que se liga ao homem para desviá-lo do bem, mas age por impulso próprio e não em virtude de uma missão. A constância dessa ação depende da pessoa, pois esta é sempre livre para escutar ou repelir a voz do mau gênio. Há pessoas que se ligam a algum indivíduo para levá-os ao mal ou ao bem. Há maus Espíritos que se servem de tais pessoas para melhor exercer a subjugação sobre o indivíduo. Deus o permite para experimentá-lo. Também, frequentemente, os maus Espíritos encarregam Espíritos encarnados que lhes são simpáticos para acompanharem mais diretamente a pessoa sobre a qual exercem a subjugação. Por outro lado, alguns Espíritos apegam-se a todos membros de uma família para protegê-los. Há Espíritos que assistem sociedades, cidades e povos, que precisam de uma direção superior, mas não há protetores do orgulho das raças. Os povos antigos fizeram de seus Espírito protetores divindades especiais. As causa pelas quais os povos atraem tais Espíritos são os costumes, os hábitos, o caráter dominante e, sobretudo, as leis por que o caráter de uma nação reflete-se em suas leis. Também os maus Espíritos são atraídos pelos maus costumes e pelas leis injustas de um povo. 7. Pressentimentos Pressentimento: É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos quer bem ou a intuição da escolha que tenhamos feito antes de encarnar. Pode tratar-se de uma espécie de dupla vista, que permite ver as consequências do presente e o encadeamento natural dos acontecimentos. Pode ser também resultado da comunicação com Espíritos. Na incerteza a respeito do conteúdo de um pressentimento, deve-se invocar o Espírito protetor ou pedir a Deus que envie um mensageiro para dirimir a dúvida. Nosso Espírito protetor nos aconselha para que vivamos o melhor possível, mas se lhe fechamos os ouvidos, tornamo-nos infelizes por nossa própria culpa. 8. Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida Os Espíritos exercem influência por pensamentos e também atuam diretamente, mas nunca fora das leis da Natureza. Os Espíritos têm ação sobre a matéria para cumprimento das leis da Natureza. Assim, se um homem morre fulminado por um raio, não foi porque um Espírito o desviou, fazendo cair sobre o homem, mas este foi inspirado para se refugiar debaixo da árvore sobre a qual cairia o raio. Também se um homem mal intencionado dispara um tiro contra alguém e o projétil passa apenas de raspão, não foi porque o Espírito protetor desviou o projétil, mas pelo fato de ter inspirado nessa pessoa a idéia de se desviar.

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Os Espíritos levianos ou zombeteiros se comprazem em nos causar aborrecimentos, que são provas para nós, a fim de que exercitemos a paciência. Porém, quando vêem que nada conseguem, cansam-se. Não pensemos, porém, que todas as decepções que sofremos são causadas por eles. Muitas vezes, nós mesmos somos os principais responsáveis pela nossa irreflexão. Os Espíritos que provocam contrariedades podem ser inimigos que fizemos em outra existência, mas também pode tratar-se de Espíritos desconhecidos por nós. A malevolência dos seres que nos fizeram mal na Terra nem sempre se extingue com a vida corporal. Há aqueles que reconhecem a injustiça e o mal que causaram. Mas também há os que continuam a nos fazer o mal, se Deus o permitir, para nos experimentar. Entretanto, pode-se pôr um termo a isto, orando por eles e lhes retribuindo o mal com o bem. Se soubermos colocar-nos acima de suas maquinações, eles também nos deixarão, ao verem que nada ganham com isso. 9. Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da Natureza Os grandes fenômenos da natureza têm sempre uma razão de ser, podendo ter o homem como razão imediata de ser, mas, na maioria dos casos, tendo como único objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da natureza. Como Deus não exerce ação direta sobre a matéria, Ele tem agentes dedicados que o fazem, exercendo influência sobre os elementos da natureza para os acalmar, agitar ou dirigir. Os Espíritos que regulam os fenômenos e os dirigem não são seres especiais, mas Espíritos que foram ou serão encarnados como nós. Dependendo do papel mais ou menos material ou mais ou menos inteligente, há Espíritos que comandam e Espíritos que executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior. Na produção de certos fenômenos, como as tempestades por exemplo, os Espíritos reúnem-se em massas inumeráveis. Entre os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da natureza, uns dirigem, outros executam. Primeiramente, executam; mais tarde, quando suas inteligências estiverem mais desenvolvidas, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou pelo átomo (lei da harmonia). 10. Os Espíritos durante os combates Durante uma batalha, há Espíritos que sustentam e amparam cada uma das forças contrárias, estimulando-lhes a coragem. Para eles, pouco importa a justiça, pois são Espíritos que só procuram a discórdia e a destruição. Há Espíritos que influenciam o general na concepção de seus planos de campanha. Assim, os maus Espíritos podem induzi-lo a elaborar planos errôneos, a fim de levá-lo à derrota. No entanto, ele tem o seu livre arbítrio. Não distinguindo entre uma ideia justa e uma falsa, sofrerá as consequências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar. Com o homem de gênio pode ocorrer a inspiração, que lhe permite agir com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem e que se aproveitam das faculdades de que é dotado. Os Espíritos que desencarnam num combate, num primeiro momento ficam surpreendidos e como que atordoados. Não acreditam estar mortos. Parece-lhes que ainda tomam parte na ação, pois ouvem ainda o ruído das armas. Só pouco a pouco a realidade lhes aparece. Pode acontecer de, nos primeiros instantes depois da morte ainda, odiarem o seu inimigo e o perseguirem. Quando, porém, suas ideias se tornam claras, veem que sua animosidade não tem mais razão de ser. Entretanto, podem ainda guardar vestígios de rancor mais ou menos fortes, conforme o seu caráter. Já o os Espíritos que assistem ao combate testemunham a separação entre o corpo e o Espírito, mas concentram-se neste último e é com ele que conversam ou lhe dão ordens.

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11. Pactos Não existem pactos com os maus Espíritos. O que há são naturezas más que simpatizam com os maus Espíritos. Por exemplo, aquele que deseja praticar uma ação má, chama os maus Espíritos, a fim de que o auxiliem nessa decisão, mas aos quais, por sua vez, fica obrigado a servir, já que esses Espíritos também precisam dele para o mal que queiram fazer. É nisto que consiste o pacto, simbolizando uma natureza má, que se simpatiza com Espíritos malfazejos. A lenda dos pactos é uma alegoria que se pode explicar assim: aquele que chama em seu auxílio os Espíritos, para deles obter os dons da fortuna ou qualquer outro favor, rebela-se contra a Providência; renuncia à missão que recebeu e às provas que terá de suportar neste mundo, sofrendo na vida futura as consequências desse ato. 12. Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros Deus não permite que um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, faça mal ao seu próximo. Há, entretanto, pessoa que dispõem de um poder magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso se o seu próprio Espírito for mau. Neste caso, poderão ser secundadas por outros Espíritos maus. Não há, porém, um pretenso poder mágico, que somente existe na imaginação de pessoas supersticiosas ignorantes das verdadeiras leis da natureza. Todas as fórmulas são enganosas. Não há nenhuma palavra sacramental, nenhum sinal cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais. Espíritos que indicam sinais, palavras estranhas ou que prescrevem certos atos com ajuda dos quais as pessoas fazem conjurações, são Espíritos que zombam delas e abusam de sua credulidade. Com relação ao talismã, o Espírito não é atraído pela sua força, mas pelo pensamento de quem o utiliza. A natureza do Espírito atraído depende da pureza de intenção e da elevação dos sentimentos. Em geral quem usa talismã tem antes um objetivo material que moral. A crença no talismã denuncia uma fraqueza de ideias que favorece a ação dos Espíritos imperfeitos e zombeteiros. Feiticeiro é a pessoa que, quando de boa fé, é dotada de certas faculdades, como a força magnética ou a dupla vista. Como ele faz coisas que as pessoas não compreendem, julgam-no dotado de um poder sobrenatural. O conhecimentos do Espiritismo e do magnetismo é o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque, ao mostrar a realidade das coisas e suas verdadeiras causa, revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que não passa de uma crença ridícula. A força magnética pode levar uma pessoa a curar pelo toque, quando secundada pela pureza dos sentimentos e pelo desejo ardente de fazer o bem, porque, então, os bons Espíritos vêm em seu auxílio. Mas é preciso desconfiar da maneira como as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou muito entusiasmadas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e naturais. Também se deve desconfiar dos relatos interesseiros, por parte de pessoas que exploram a credulidade em benefício próprio. 13. Bênção e maldição A maldição injusta não é ouvida por Deus e aquele que a pronuncia é responsável perante o Criador. É possível que a maldição exerça uma influência momentânea. Contudo, essa influência só se verifica pela vontade de Deus, e como acréscimo de provação para aquele que a sofre. É mais comum serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. A bênção e a maldição jamais poderão desviar a Providência do caminho da justiça: ela só fere o maldito se ele for mau, e só cobre com sua proteção aquele que a merece. __________

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Pesquisa: KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

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MEDIUNIDADE ______________________________________________________________________________

1. O que é Mediunidade Apresentamos, inicialmente, algumas definições de mediunidade: . Mediunidade: É uma faculdade inerente ao homem, que lhe permite a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos (PALHANO JR., 1997, p. 242). . Mediunidade: É a capacidade que as pessoas encarnadas têm para servir como intermediárias, a fim de que os Espíritos se manifestem (AIZPÚRUA, 2000, p. 137). . Mediunidade: É a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e Espíritos (PIRES, 1992, p. 11). Enfim, mediunidade é a faculdade natural que possibilita o intercâmbio entre o mundo terreno e o mundo espiritual. Ela permite que a pessoa se torne um meio de comunicação entre o plano terreno e o espiritual. Todas as pessoas recebem influência dos Espíritos, porém, a maioria não percebe esse tipo de relacionamento. Desde todos os tempos os Espíritos exerceram influência salutar ou perniciosa sobre a Humanidade. Na falta da mediunidade, eles se revelam de inúmeras maneiras, mais ou menos ocultas. Ensina o Espiritismo que a mediunidade não é anormal nem sobrenatural, posto que não tem caráter patológico nem se trata de uma violação das leis naturais. Ela simplesmente constitui o caminho natural e normal para que os Espíritos desencarnados se manifestem aos encarnados, colocando em relação os dois lados da vida (J. AIZPÚRUA). Médium, como diz Kardec, “é toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos” (KARDEC, 2008, n. 159). A este respeito, comenta a “Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda”: “Esta é a definição basilar de Allan Kardec. Nela destacamos o verbo sentir, que exprime a ideia sobre o que é, na prática, a mediunidade: um sentido psíquico, de natureza paranormal que amplia o alcance perceptivo do ser, conferindo-lhe aptidão para servir de instrumento para a comunicação dos Espíritos com os encarnados e conectar planos vibratórios diferentes” (2010, p. 45). Kardec conclui o seu pensamento: “Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que não possuam alguns rudimentos dessa faculdade. Pode-se, pois, dizer que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação só se aplica àqueles em quem a faculdade se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva” (KARDEC,2008, n. 159). Esclarece Therezinha Oliveira: “Todas as pessoas recebem a influência dos Espíritos. A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos etc. Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo. Nelas, os fenômenos são frequentes, marcantes, intensos e bem característicos (psicofonia, psicografia, efeitos

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físicos etc.), ficando evidente uma outra individualidade: a do Espírito comunicante. A essas pessoas, Allan Kardec denominou médiuns” (OLIVEIRA, 2006, p. 3-4). 2. Mediunidade Natural e de Tarefa De acordo com Edgard Armond (2001, p. 15), podemos falar em dois tipos básicos de mediunidade: mediunidade natural e mediunidade de tarefa: 2.1 Mediunidade Natural É aquela que se desenvolve espontaneamente na pessoa, de acordo com o seu nível evolutivo. Isto é, “à medida em que evolui e se moraliza, a pessoa adquire faculdades psíquicas e aumenta, consequentemente, sua percepção espiritual”. A mediunidade natural reflete a capacidade de sintonia do médium, permitindo o intercâmbio com as entidades espirituais, sem necessidade do trabalho mediúnico obrigatório, pois o Espírito já está suficientemente evoluído e possui uma sensibilidade apurada que lhe possibilita vibrar naturalmente em planos superiores. Esta é uma faculdade puramente espiritual e resultante do próprio esforço da pessoa. Quando conquistada, transforma-se num atributo do Espírito. Todos caminhamos, paulatinamente, para a conquista deste atributo. A característica principal deste tipo de mediunidade é a intuição. 2.2 Mediunidade de Prova (ou de Tarefa) É aquela concedida a Espíritos endividados como um meio para auxiliá-los a resgatar suas dívidas e acelerar a sua evolução. Recebem-na como uma graça aqueles que ainda estão atrasados em sua evolução e se tornaram moralmente incapazes. Não a conquistaram, mas a recebem por empréstimo, ficando a sua posse precária na dependência do modo como for utilizada. Ao receber a prova, seja por intercessão de Espíritos, seja por sua própria solicitação, o médium ou consegue cumprir a sua tarefa eficazmente ou acaba por fracassar. No primeiro caso, consegue dar mais um passo no seu trajeto evolutivo; no segundo, acaba por sofrer as consequências de sua obstinação ou de sua fraqueza. A mediunidade de prova, concedida em caráter transitório, por empréstimo, segundo programação no plano espiritual, antes do reencarne do médium, pode ser suspensa por iniciativa da própria espiritualidade, consoante o uso que dela fizer. Por meio do seu livre arbítrio, o médium pode recusar-se ao trabalho mediúnico, entretanto, retorna ao plano espiritual mais compromissado, devido ao menosprezo da oportunidade que lhe foi concedida. A maioria dos médiuns pertence a esta classe de mediunidade. 3. Mediunidade, Mediunismo e Mediunato 3.1 Mediunidade: É a faculdade natural, orgânica e espontânea, que permite o intercâmbio entre o plano espiritual e o material (BORGES, 2000, p. 225). 3.2 Mediunismo: “Termo criado por Alexander Aksakof com a finalidade de denominar o fenômeno mediúnico em suas variadas nuances, de uma forma genérica e sem nenhum vínculo com hipótese alguma, doutrina alguma” (BORGES, 2000, p. 227). “A prática do mediunismo não significa que haja prática de Espiritismo propriamente dito, visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo, ele apenas a estuda e a pratica de modo científico, sem superstições, crendices ou sincretismo religioso” (PALHANO JR., 1997, p. 243). Portanto, o mediunismo é simplesmente a prática da mediunidade, sem

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vinculação necessária com a doutrina espírita, podendo ocorrer com qualquer médium, como tem ocorrido durante o transcorrer da História.

3.3 Mediunato (Mandato Mediúnico): Termo criado pelos próprios Espíritos, significa “missão mediúnica ou missão providencial dos médiuns”. Corresponde à mediunidade de compromisso, ou seja, de médiuns investidos espiritualmente de poderes mediúnicos para finalidades específicas na encarnação” (PIRES, 1992, p. 18). Trata-se, pois, da missão mediúnica de que se acha investido um médium. “A história do Espiritismo apresenta exemplos sem conta de médiuns que exerceram e exercem o mediunato, pois, em todos os tempos, em todos os lugares, a misericórdia divina envia seus mensageiros para servir de guia à humanidade” (BORGES, 2000, p.225). Na verdade, todos os médiuns que exercem a mediunidade como “uma coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente” (KARDEC, 2008, p. 452), estão praticando o mediunato.

O mediunato, também chamado mandato mediúnico, vai além do exercício comum da mediunidade. Considera Peralva:

Médiuns existem aos milhares colaborando, ativamente, nos centros espíritas; todavia, raríssimos estão investidos de mandato.

Somente depois de longas experiências, cultivando a renúncia e o sacrifício, sofrendo a ingratidão e conhecendo a dor, pode o Espírito reencarnar e exercer, entre os companheiros da Terra, tão extraordinário encargo. [...]

Entretanto, para que o médium se torne digno de um mandato [...], tem de ser portador de virtudes excepcionais, a fim de que não fracasse no tentame extraordinário. [...]

Mandato mediúnico – porto de chegada de todos os obreiros da seara mediúnica – exige condições especialíssimas, tais como: a) Bondade – Para atender, com o mesmo carinho e a mesma boa vontade,

todos os tipos de necessitados, sem qualquer expressão de particularismo. O médium investido de mandato é bondoso para com todos.

b) Discrição [reserva, moderação, prudência] – Para conhecer e sentir, guardando para si os dramas inconfessáveis e lacunas morais lastimáveis [dos assistidos]. A discrição do médium resguarda o visitante da humilhante posição de quem vê descobertas as mazelas que olhos comuns não percebem.

c) Discernimento [Capacidade de avaliar com bom senso e clareza] – Para examinar sensatamente as coisas, os problemas e as situações e dar-lhes a melhor, mais oportuna e mais sábia solução. Tendo discernimento capaz de opinar com segurança, segundo as necessidades do consulente, o médium o induz a reajustar-se e a caminhar com os próprios pés, isso depois de colocar-lhe na ferida do coração o bálsamo do reconforto.

d) Perseverança – Inúmeros médiuns, portadores de apreciáveis faculdades, têm-se afastado do serviço em virtude de incompreensão, inclusive dos próprios companheiros de ideal. Servir a Jesus e em nome dele, é dilatar os próprios recursos e perpetuar, no Espaço e no Tempo, o ideal de ajudar a todos.

e) Sacrifício – O médium que não é capaz de esquecer o próprio bem-estar, a benefício dos outros, está distanciado do mandato superior. O médium que possui espírito de sacrifício é como o médico que faz da medicina um sacerdócio. O seu ideal é servir, socorrer e curar.

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Bondade, discrição, discernimento, perseverança e sacrifício são, pois, virtudes que o médium deve esforçar-se por adquirir, pouco a pouco, sem violências nem precipitações. O exercício de tais qualidades abreviará o dia em que os Instrutores espirituais lhe identificarão a reforma (PERALVA, 1994, p. 132-136).

4. Mediunidade no Espiritismo Há pessoas que buscam na mediunidade, de modo irrefletido, os seus interesses imediatistas relacionados com a vida terrena. Há também pessoas que, por idolatrar os médiuns, ameaçam o equilíbrio espiritual desses médiuns, com dois graves riscos: para a causa espírita e para os próprios médiuns. Na ótica do Espiritismo, a mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os Espíritos bons se afastam de quem pretenda fazer dela um meio para alcançar um objetivo que não corresponda à vontade divina. Segundo André Luiz, a mediunidade é uma revelação divina para renovação fundamental dos homens. Assim, no âmbito do Espiritismo, ela é concebida como um instrumento da reforma interior. Ao reconhecê-la, o médium sério busca promover o seu desenvolvimento espiritual, de modo a prestar auxílio a si mesmo e aos semelhantes, saindo, desse modo, da faixa do egoísmo e de todos os desvios que nele têm a sua fonte. Já o espírita esclarecido vê no médium uma pessoa comum, com as mesmas responsabilidades e fraquezas comuns a todos. Não o considera, pois, um privilegiado, um adivinho ou um oráculo, evitando o elogio que prejudica a mediunidade e buscando antes incentivá-lo e sustentá-lo com palavras amigas e sinceras. O espírita autêntico entende que o Espiritismo e o mediunismo podem proporcionar-lhe a situação propícia à redescoberta do pensamento de Jesus, o que lhe fortalece a compreensão e o alcance da Verdade pregada pelo Divino Mestre. Por meio desse entendimento, saberá o espírita reverenciar o Espiritismo e a mediunidade como dois meios pelos quais podemos contemplar, mais de cima, o plano terreno, entendendo finalmente a glória sublime e infinita reservada ao espírito humano (PERALVA, 1994). 5. Mediunidade com Jesus A mediunidade, sob a perspectiva do Espiritismo, remete-nos à mediunidade com Jesus. Não faz sentido a mediunidade, a não ser como um trabalho em benefício do semelhante, em conformidade com os ensinamentos do Evangelho. Para que a mediunidade se converta realmente em um serviço ao semelhante, dentro da orientação evangélica, é preciso que deixemos nossos hábitos inferiores. Por meio do exercício da mediunidade, o médium também trabalha a si mesmo, lapidando-se, no sentido da sua renovação interior. Mediunidade sem Jesus não cumpre sua função nem finalidade. O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor. Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. - São características básicas do médium evangelizado: a) Vivência evangélica; b) Cumprimento do mandato mediúnico com amor. - São virtudes cultivadas pelo médium evangelizado: a) Humildade; b) Sinceridade; c) Paciência; d) Perseverança; e) Bondade; f) Estudo; g) Trabalho. No exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura, em nome da Caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da

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vida humana, na Terra. O médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral. Diz Peralva (1994) que estamos num período de transição entre a Era da Matéria e a Era do Espírito. Na Era da Matéria predominam a ignorância, a opressão e o império dos sentidos. À Era do Espírito correspondem o conhecimento, a fraternidade e a renovação. O quadro sinóptico seguinte nos fornece as características básicas de cada Era:

Ignorância Em questões materiais

Em questões espirituais

Era da Matéria Prevalecem

Opressão Espiritual Material

Instintos Expressos como

Animalidade Ambição

Conhecimento Sabedoria humana Sabedoria espiritual

Era do Espírito Prevalecem

Fraternidade Material Espiritual

Renovação Expressa como

Moralidade Altruísmo

Era da Matéria e Era do Espírito

Fonte: Peralva, 1994, p. 14.

O espírita que processa com seriedade e firmeza a sua reforma íntima, que vigia a própria vida, que disciplina as suas emoções, enfim, que cultiva as virtudes cristãs, oferecendo ao Pai, multiplicados, os talentos recebidos, que lhe foram confiados por empréstimo, esse estará cultivando o caminho para o predomínio do Espírito sobre a matéria. Como conclui Peralva, esse médium "Estará, sem dúvida, exercendo a mediunidade com Jesus". 6. Dar de Graça o que de Graça Recebeste (KARDEC) Diz Kardec que os médiuns receberam de Deus um dom gratuito e, portanto, cabe-lhes usar esse dom gratuitamente. O dom que receberam foi "o de serem os intérpretes dos Espíritos para a instrução dos homens, para mostrar-lhes o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para vender-lhes palavras que não lhes pertencem, porque não são o produto de sua concepção, nem de suas pesquisas, nem de seu trabalho pessoal. Cobrar por um dom recebido de graça é inconcebível dentro do Espiritismo. Quem poderá garantir a seriedade das comunicações obtidas por meio do dinheiro? Assim pondera Kardec. E conclui que Espíritos levianos, mentirosos, espertos e toda a espécie de Espíritos inferiores acorrem a esses chamados, respondendo a tudo que lhes é perguntado sem se preocupar com a verdade.

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Aquele que está à espera de comunicações sérias deve primeiramente procurá-las com seriedade, depois de certificar-se a respeito das ligações do médium com os Espíritos. Assim, a primeira condição para que alcancemos a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação e o mais absoluto desinteresse moral e material. Afirma Kardec, na Revista Espírita de 1864, que a mediunidade séria não pode ser, e não será jamais uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo comparada aos ledores de sorte, mas porque um obstáculo material a isso se opõe; é uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável com a permanência da qual ninguém pode contar. Todo aquele que conhece as condições nas quais os bons Espíritos se comunicam, sua repulsa por tudo o que seja do interesse egoístico, e que sabe quão pouca coisa é preciso para os afastar, não poderá jamais admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição de qualquer um que os chamasse a tanto por sessão; o simples bom senso repele um tal pensamento. O Espiritismo moderno, compreendendo o lado sério da coisa, pelo descrédito que lançou sobre essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão. Que a mediunidade seja, portanto, dentro da visão espírita, exercida como um instrumento de auxílio aos semelhantes, sendo realizada, assim, tão somente sob o signo da caridade. É como se expressa Yvone Pereira, ao dizer que “a mediunidade é dom sagrado, posto de abnegação e sacrifício a serviço dos desígnios de Deus para com a Humanidade”. A melhor garantia para que a mediunidade seja exercida devidamente “está na moralidade notória dos médiuns e na ausência de todas as causas de interesse material, ou de amor-próprio, capazes de estimular neles o exercício das faculdades mediúnicas que possuam, visto que essas mesmas causas poderiam induzi-los a simular as faculdades de que não dispõem” (KARDEC, 2008, n. 323). 7. Mediunidade nos Animais O enfoque espírita mais comum sobre a possibilidade de mediunidade nos animais é pela negativa. Costuma-se dizer que os animais domesticados compreendem certos pensamentos do homem, entretanto, não conseguem reproduzi-los. Sendo assim, não podem tornar-se mediadores entre os Espíritos desencarnados e os encarnados. Os animais têm sensibilidade aguçada, diz-se, mas não têm mediunidade. . Espírito Erasto (2008, n. 234): “Sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento uma forma sensível e compreensível para vós; é com a ajuda dos materiais que possui que o médium traduz nosso pensamento para a linguagem vulgar; pois bem! Que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Há nele palavras, números, letras ou quaisquer sinais semelhantes aos que existem nos homens, mesmo no menos inteligente? Entretanto, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, até mesmo o adivinham: sim, os animais adestrados compreendem certos pensamentos, mas já os vistes reproduzi-los? Não. Deveis então concluir que os animais não podem nos servir de intérpretes”. Diz ainda Erasto: “Para resumir: os fatos mediúnicos não podem se produzir sem a participação consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espíritos como nós, que podemos encontrar aqueles que podem nos servir de médiuns. Quanto ao adestramento de cães, pássaros ou outros animais, para fazer estes ou aqueles exercícios, é vosso trabalho, não nosso”. . Herculano Pires (1992, p.101-102): “Não podemos elevar os animais à condição superior de médiuns - diz Herculano Pires -, mas podemos conceder-lhes os benefícios da mediunidade. [...] A Mediunidade

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Veterinária pode socorrer espíritas zoófilos que se deixam levar pela idéia absurda da mediunidade animal, dando-lhes a oportunidade de socorrer os animais com os recursos espíritas”. . Espírito Emmanuel (2008, n. 391): Os irracionais não possuem faculdades mediúnicas propriamente ditas. Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo, através das quais podem indicar as entidades deliberadamente perturbadoras, com fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham, em determinadas circunstâncias. . Martins Peralva (1992, p. 86-87): “Os Amigos Espirituais definem a mediunidade como percepção. E os animais a possuem em alto grau. Não se dirá, contudo, com apoio doutrinário, que os Espíritos possam ‘dar comunicações’ por intermédio dos animais. Há de se admitir, porque insofismáveis, as suas fortes percepções, seja vidência, audiência ou pressentimentos. [...] Percepções que, se quisermos ser prudentes, diremos espirituais, ou mediúnicas, se formos um pouco mais corajosos”. . Marcel Benedeti (2006, p. 170-171): Considera que, em tese, o animal pode ser médium. Afirma que Kardec não parece convencido ao expressar-se neste trecho de “O Livro dos Médiuns”, dando a impressão de crer na possibilidade de animais poderem ser médiuns: “Seja como for em relação às experiências acima (adestramento dos animais e prestidigitação), a questão principal não ficou menos intacta em relação a um outro ponto de vista; porque do mesmo modo que a imitação do sonambulismo (transe mediúnico) não impede a faculdade de existir, a imitação da mediunidade por meio de pássaros, não provou nada contra a possibilidade de uma faculdade análoga entre eles ou outros animais... parece-nos bastante lógico supor que um ser vivo, dotado de certa inteligência, seja mais apropriado para esse efeito do que um corpo inerte, sem vitalidade, como uma mesa, por exemplo”. “Os animais podem ser médiuns – conclui Benedetti –, mas não seria uma maneira prática de comunicação, pois os Espíritos teriam de agir de modo mais trabalhoso e com resultados menos confiáveis e menos objetivos. Seria mais fácil e mais interessante a utilização de um médium humano”. . Jorge Iso Teixeira (Online): KARDEC foi prudente e não colocou como um dado doutrinário indubitável a questão do "espírito" dos animais. Em 1865, na “Revue Spirite” disse: "(...) Quando tivermos reunido documentos bastantes, resumi-lo-emos num corpo de doutrina metódica, que será submetida ao controle universal (o grifo é nosso). Até lá são apenas balizas postas no caminho para o esclarecer." (cf. KARDEC. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos, maio/1865, op. cit., p. 127). Este comentário KARDEC o fez a propósito de uma mensagem recebida pelo médium E. VÉZY, em 21/04/1865, que dentre outras coisas dizia: "(...) o animal, seja qual for, não pode traduzir seu pensamento pela linguagem humana, suas ideias são apenas rudimentares; para ter a possibilidade de exprimir-se, como o faria o Espírito de um homem, ele necessitaria de ideias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, nem pode ter. Tende, pois como certo que nem o cão, o gato, o burro, o cavalo ou o elefante, podem manifestar-se por via mediúnica." (cf. KARDEC. Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos, maio/1865, op. cit., p. 129). Hoje, após 137 anos, ante a comunicação acima, diante das pesquisas científicas acumuladas sobre o assunto, ante o ensino do Espírito ERASTO (em 1861) e considerando as ideias de KARDEC, acreditamos que podemos afirmar que NÃO HÁ MEDIUNIDADE NO ANIMAL, ou melhor, O ÚNICO ANIMAL QUE POSSUI MEDIUNIDADE É O HOMEM, MAS ESTE É O "REI DA CRIAÇÃO". . Irvênia Prada (Online): Temos de estar abertos para as possíveis explicações em relação ao assunto, sem idéias preconcebidas nem preconceitos, valendo-nos, entretanto, de informações contidas nas obras básicas da codificação espírita, sem deixar de lado a lógica e a razão, segundo recomendação de Kardec. “No meu entender – afirma ela –, a questão da mediunidade dos animais continua em aberto, pois ainda existem mais perguntas do que respostas, estando a própria discussão do conceito de médium implicada na discussão do assunto”.

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Referências: ARMOND, Edgar. Mediunidade: seus aspectos, desenvolvimento e utilização. São Paulo: Editora Aliança, 1999. AIZPÚRUA, JON. Os fundamentos do espiritismo. São Paulo: CEJB, 2000. BENEDETI, Marcel. A espiritualidade dos animais. São Paulo: Mundo Maior, 2006. BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. São Paulo: Panorama, 2000. BOZZANO,Ernesto. Os animais têm alma? 5.ed. São Paulo: Lachâtre, 2007. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. __________ O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 13.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006. PALHANO JR. L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: Celd, 1997. PERALVA, Martins. Estudando a mediunidade. 17.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. ______ Mediunidade e evolução. 6.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992. PIRES, J. Herculano. Mediunidade: conceituação da mediunidade e análise geral dos seus problemas atuais. 2.ed. São Paulo: Paidéia, 1992. PRADA, Irvênia. A mediunidade nos animais. Disponível em: <http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3667>. Acesso em 11 jan. 2007. TEIXEIRA, Jorge Iso. A mediunidade de animais em questão. Disponível em: <http://www.espirito.org.br/portal/artigos/iso-jorge/mediunidade-de-animais.htm>. Acesso em: 21 dez. 2011.

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SINAIS PRECURSORES DA MEDIUNIDADE: SENSAÇÕES NO PROCESSO MEDIÚNICO; PRÉ-MEDIUNISMO

______________________________________________________________________________ Nesta unidade, tratamos dos sinais precursores da mediunidade de prova. Não se trata, pois, da conquista própria da evolução espiritual do médium [Mediunidade Natural]”, mas da “capacidade transitória, de emergência, obtida por graça, com auxílio da qual o Espírito pode apressar sua marcha e redimir-se [Mediunidade de Prova]”. 1. Sinais de Mediunidade: Sensações no Processo Mediúnico O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição social ou sexo. Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice. Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa, em templos de quaisquer denominações religiosas, assim como no materialista (MARTINS PERALVA). 2. Alguns Sinais Precursores da Mediunidade Edgard Armond (2001) classifica a mediunidade, quanto ao fenômeno, em: a) Lucidez (telepatia, vidência, psicometria, audição e intuição); b) Incorporação (manifestações orais e escritas; sonambulismo); c) Efeitos Físicos (levitação, transporte, tiptologia, materialização e voz direta). Para cada uma dessas classes de manifestações mediúnicas há alguns sinais precursores da mediunidade. Vejamos: 2.1 Sinais Precursores para a Lucidez (faculdade mediante a qual os médiuns podem ver, ouvir e conhecer além dos sentidos comuns e dos limites vibratórios da luz e do som, naturais ao mundo físico): . Sonhos e Visões – A pessoa sonha com intensidade e nitidez cada vez maiores. Posteriormente, no semissono, os sonhos tomam o caráter de verdadeiras visões, cada vez mais perfeitas e significativas. Mais à frente, pode ocorrer que, mesmo em vigília, primeiro no escuro e depois no claro, o indivíduo passe a distinguir as cores áuricas das pessoas e dos objetos. As visões, na maioria das vezes, são desagradáveis. Representam animais estranhos e formas ou seres humanos grotescos e até repugnantes. Isto ocorre porque o desenvolvimento mediúnico geralmente

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tem início sob a interferência de Espíritos inferiores, que provocam tais visões. Mas pode ocorrer também que o médium veja tais coisas diretamente, nas regiões umbralinas. . Audição – A pessoa ouve vozes, rumores, de início incompreensíveis, tornando-se depois mais nítidos, ainda que não se trate de mediunidade auditiva. Há também quem fique com um zumbido nos ouvidos que, em casos mais graves, pode levar a risco para a saúde física e mental. 2.2 Sinais Precursores para a Incorporação (Forma de mediunidade caracterizada pela transmissão, oral ou escrita, da comunicação do Espírito e pode ser parcial ou total): . Adormecimento – Quando a pessoa não consegue concentrar-se ou dominar-se, particularmente no decorrer dos trabalhos práticos, podem os protetores espirituais submetê-lo a um sono, mais ou menos profundo, durante o qual agem sobre ele, quer afastando as causas perturbadoras quer trabalhando nos órgãos da sensibilidade, para a reparação necessária. . Fluidos – A partir da apuração de sua sensibilidade, a pessoa passa a sentir, cada vez mais intensamente, fluidos, que podem provir de encarnados ou de desencarnados. Tais fluidos podem provir de Espíritos protetores, que lhe enviam suas radiações poderosas, mas podem provir também de Espíritos inferiores. Pela natureza dos fluidos, pode a pessoa identificar a presença ou ação de Espíritos, quer bons ou maus, visto que o teor vibratório desses fluidos pode ser agradável ou não, produzindo boa ou má impressão e provocando reação suave e reparadora ou violenta e dolorosa. . Ideias e Impulsos Estranhos – Outro sinal precursor da mediunidade é o surgimento de idéias estranhas, surgidas às vezes de modo obsidiante, e de impulsos de agir em determinados sentidos, de agir de um modo como nunca a pessoa pensou fazer. Daí a importância de vigiar sempre, interferindo com a razão, analisando tais idéias e impulsos, ou seja, optando sempre pelo que for mais racional e justo. . Entorpecimento, Frio e Rigidez – Como diz Armond: “Os protetores, durante esse período que estamos analisando, agem sobre os órgãos da sensibilidade, bem como sobre todo o sistema nervoso, justamente visando o preparo do campo para as atividades mediúnicas, e essa ação muitas vezes provoca reflexos nos músculos, inibições na corrente sanguínea e nas terminações nervosas, do que resultam os fenômenos citados [entorpecimento, frio e rigidez], se bem que sempre em caráter passageiro”. O entorpecimento ocorre nos braços, mãos, pernas e pés, podendo ser precedido de formigamento na pele em geral. . Alheamento, Esvaimento, Vertigem – Na semi-incorporação ou na incorporação total, o processo de exteriorização do Espírito do médium pode provocar tais fenômenos (entorpecimento, frio e rigidez), mas também de modo passageiro. Em casos anormais, esses fenômenos podem ser causados pela influência de Espíritos obsessores, que interferem com brutalidade, provocando distúrbios na vida psíquica do indivíduo.

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. Expansão (“Ballonement”) – A palavra usada por Armond é francesa, significando “sensação de inchar, dilatar”. Assim, o “ballonement” corresponde à sensação de dilatação, expansão, estufagem, intumescimento de mãos, pés e rosto do médium, que muitas vezes ocorre antes do transe”. Trata-se de efeito da exteriorização do perispírito do médium. 2.3 Sinais Precursores para os Efeitos Físicos – Segundo Armond, são sinais prévios para efeitos físicos, “raps” (batidas, golpes secos desferidos aparentemente sem nenhuma intervenção humana), rumores diferentes, deslocação de objetos de uso, batidas em móveis, paredes, luzes e formas fluídicas, de ocorrência arbitrária e imprevista, tanto no lar como nos lugares frequentados pelo indivíduo. As perturbações citadas são próprias do período pré-mediúnico e acabam desaparecendo à medida que se educa a mediunidade. 3. Pré-Mediunismo Martins Peralva trata do pré-mediunismo sob o título de “eclosão mediúnica”. Ali afirma que o aparecimento da mediunidade independe de lugar, idade, sexo ou condição social. Destarte, pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice. Pode ocorrer no Centro Espírita, no lar, em templos e no cotidiano de um materialista. Os sintomas precursores da mediunidade variam ao infinito, diz Peralva, podendo ocorrer: - Reações emocionais insólitas; - Sensação de enfermidade, só aparente; - Calafrios e mal estar; - Irritações estranhas. - A mediunidade pode surgir também sem qualquer sintoma, ocorrendo espontaneamente. . Algumas Considerações de Martim Peralva sobre o Pré-mediunismo: - “Paciência, perseverança, boa vontade, humildade, sinceridade, estudo e trabalho são fatores de extrema valia na educação mediúnica. - Sem a humildade, o orgulho se apossa de nós. Expande-se e, com a sua expansão, sobrevém o fracasso, com o cortejo de suas consequências. O Apóstolo dos Gentios, incentivando e orientando os cristãos de Éfeso, aconselha-os: ‘Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade [paciência, resignação com que se suportam contrariedades, malogros, dificuldades etc.], suportando-vos uns aos outros’. - Estudo e trabalho formam a base para o desenvolvimento mediúnico, estruturando, com segurança, o processo educativo na alma e no coração do companheiro. O médium que não estuda e não trabalha assemelha-se a uma embarcação à deriva, no turbilhão oceânico. ‘Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo’ (O Espírito de Verdade)”.

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Em síntese, dadas as características nem sempre agradáveis e positivas dos sinais precursores da mediunidade, torna-se imprescindível a educação mediúnica, de que trataremos na Unidade 10. __________ Pesquisa: ARMOND, Edgard. Mediunidade: seus aspectos, desenvolvimento e utilização. 4.ed., 1.reimp. São Paulo: Aliança, 2001. PERALVA, Martins. Mediunidade e evolução. 6.ed. Brasília: FEB, 1992.

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FORMAÇÃO DOS MÉDIUNS: APRIMORAMENTO MORAL;

DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE ______________________________________________________________________________

1. Educação Mediúnica . Médium é um vocábulo latino, que tem o significado de “o que está no meio”, o “intermediário”. Destarte, médium é aquela pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos desencarnados e os seres humanos (encarnados), isto é, entre o mundo espiritual e o mundo terreno. Segundo “O Livro dos Médiuns”, o termo “médium” só se aplica usualmente “àqueles em quem a faculdade se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva” (KARDEC, 2008, n. 159). Entretanto, como a criança com o dom da música ou com o dom da pintura precisa educar a sua sensibilidade artística para tornar-se um músico ou pintor maduro e competente, com a mediunidade ocorre o mesmo. A mediunidade ostensiva surge de modo natural, assim, ou a pessoa a possui ou não. Não é possível, portanto, instalar a mediunidade ou desenvolvê-la em quem não a possui. Mas, para quem possui a mediunidade, é possível desenvolvê-la, promovendo-se a formação do médium, a educação mediúnica. Edgard Armond (2000, p. 9) lembra que, comumente, se usa a expressão “desenvolvimento mediúnico”, devendo-se entender por esta expressão: “ajudar a manifestação de faculdades psíquicas; auxiliar sua eclosão; orientá-las, ampliá-las, educa-las etc., envolvendo, portanto, providências e ações de natureza intelectual, moral e técnica”. E esclarece:

O caráter intelectual é aquele que obriga o médium a instruir-se na doutrina, da qual deverá ser um exemplificador e um arauto capacitado e não um agente inculto, que age por fé cega e fanática. O caráter moral – que é essencial para se obter êxito na tarefa mediúnica – é aquele que exige evangelização, a reforma íntima, para fazer do médium um expoente, assegurar-lhe comunhão permanente com esferas espirituais elevadas e autoridade moral na exemplificação pessoal. O caráter técnico, finalmente, se refere ao adestramento das faculdades, para que o médium saiba agir com eficiência, adquira flexibilidade mediúnica e autocontrole em todas as circunstâncias. Estes três setores correspondem aos três aspectos – filosófico, religioso e científico – que caracterizam a Doutrina dos Espíritos (ARMOND, 2000, p. 9-10).

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1.1 Etapas do Desenvolvimento Mediúnico Na sequência do que foi dito, podemos falar em etapas do desenvolvimento mediúnico, isto é, no desenvolvimento mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual, material e moral (Guia.Heu, online): a) Etapa Intelectual: É representada pela necessidade do estudo. Kardec afirma: "...O estudo preliminar da teoria é indispensável, se quisermos evitar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM - n. 211] O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina Espírita são bases essenciais e indispensáveis. b) Etapa Material: É o adestramento, uma forma de treinamento da faculdade mediúnica, uma familiarização com as técnicas envolvidas no processo da mediunidade. "Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico infalível para se chegar à conclusão de que alguém possua essa faculdade; os sinais físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de infalíveis. Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência, que é o experimentar." [LM – n. 200] Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em grupo, local adequado, sob orientação experiente, desprovida de condicionamentos. O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para as comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabelecidos, de preferência em grupo. Kardec nos orienta [LM – n. 207] que a reunião de pessoas com intenção semelhante forma um todo coletivo onde a força e a sensibilidade se encontram aumentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o desenvolvimento da faculdade. A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas experientes, conhecedoras da Doutrina Espírita e do fenômeno mediúnico. Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local apropriado, isto é, no Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a orientação de Bons Espíritos, que são responsáveis pelos trabalhos mediúnicos da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético que nos protege espiritualmente durante os trabalhos mediúnicos. É simples compreendermos, pois na Terra acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a supervisão de um médico experiente para evitar desastres. Se for uma cirurgia, será necessário um cuidado ainda maior - um centro cirúrgico. O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 tentativas de comunicação com os Espíritos não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício de comunicação. Como vimos, existem obstáculos decorrentes da própria organização mediúnica em desabrochamento, impedimentos materiais e psíquicos que, só com o tempo e a dedicação serão contornados. Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite aos Espíritos se comunicarem com facilidade, que seja, em uma palavra, um “médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec, [LM – n. 216] crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma resistência material, e é agora que começa para ele o verdadeiro desafio, as verdadeiras dificuldades: vencer a terceira etapa - a moral. c) Etapa Moral: Allan Kardec define como espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se contenta em admirar a moral espírita, mas a pratica e aceita todas as suas consequências. Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos os instantes para avançar no caminho do Progresso, esforçando-se em fazer o bem e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é a regra de sua conduta.

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Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação religiosa das mais sérias, é um mandato que nos é oferecido pela Espiritualidade Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o aspirante à mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus ensinamentos e esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão. Isto significa trabalhar incessantemente por nossa reforma moral. Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso crescimento para o Bem poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro da mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil, pois o que mais temos dentro de nós são sensações e experiências negativas e deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é mais fácil e cômodo, sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas. E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferiores? Carregamos séculos de erros e alguns anos de boas intenções. É claro que não podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta reforma moral, que só nós saberemos identificar e sentir, porque estará marcada em nosso íntimo. Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando muito. Jesus, o Médium por Excelência, sintonizava-se constantemente com Deus, no entanto, após a convivência com o povo, sempre se afastava para orar e meditar em silêncio e solidão. A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na mediunidade, mas no caráter de um e de outro; na formação moral está a base de todo desenvolvimento mediúnico. Alguns cuidados devem ser tomados por todos aqueles que aspiram ao desenvolvimento mediúnico: . Culto do Evangelho no Lar: Ele proporciona a renovação do clima espiritual do lar sob as luzes do Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina maior de energia de que somos carentes, é onde compensamos nossa vibrações psíquicas em reajustamento. . Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando-nos pelo próximo, auxiliando-o sempre em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa capacidade de servir desinteressadamente. Participação em atividades como: campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e creches, grupos de costura, evangelização etc. . Frequência ao Centro Espírita: Nas reuniões públicas e outras atividades oferecidas pelas Casas Espíritas. Aprenderemos a viver em grupos Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos as sessões mediúnicas nos lares; organização espiritual não se improvisa. . Estudo Coletivo: Reunidos aos companheiros para o estudo das obras espíritas, evitemos as falsas interpretações. Assimilando as experiências de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa percepção dos conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária. . Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábitos, permutando vícios por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que sobreviverão eternamente. Como nos diz o instrutor Albério (“Nos Domínios da Mediunidade”): "... elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores..." Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha a desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o exercício da mediunidade com Jesus. A partir do que foi dito sobre o desenvolvimento mediúnico, Armond (2000, p. 15) passa ao chamado “Método das Cinco Fases”, que permite realizar o desenvolvimento mediúnico (educação mediúnica) de modo gradativo e seguro, "eliminando dúvidas, incertezas e suposições errôneas anteriores, e, sobretudo, dando-lhe um sentido racional, próprio do Espiritismo”. Sintetizamos, a seguir, o referido método, chamado muitas vezes de PACEM, pois cada uma das letras corresponde à primeira letra do título de cada fase.

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2. Método das Cinco Fases . Objetivo: Edgard Armond estabelece um método composto por cinco fases, com o objetivo de proceder à educação mediúnica, passo a passo.

1ª Fase: Percepção de Fluidos Nesta fase, os operadores espirituais “estudam o organismo dos médiuns, anotam os seus pontos sensíveis e medem a sensibilidade de cada um. Quando o dirigente encarnado pede seu concurso, eles projetam um jato de fluidos sobre os pontos sensíveis e os médiuns devem sentir a projeção” (CARVALHO, 2001, p. 76). Pontos de sensibilidade: a) Cérebro, lado esquerdo acima da orelha (ação sobre a glândula pineal). b) Bulbo (ação sobre o nervo Vago, do Sistema Nervoso Parassimpático, que inerva todas as vísceras até o intestino grosso, na sua parte mais alta). c) Braços e mãos.

2ª Fase: Aproximação O dirigente encarnado solicita a aproximação dos instrutores espirituais, a fim de que se façam sentir pessoalmente. O médium deve sentir, perceber a aproximação ou, no mínimo, a sua presença. Aproximam-se dos médiuns Espíritos cujas vibrações se afinam com as deles, justamente para que possam ser sentidas as aproximações sem maiores dificuldades (ARMOND). “O médium terá uma percepção geral em todo o organismo porque todo ele recebe as vibrações do Espírito desencarnado” (PUGLIA).

3ª Fase: Contato Agora, os operadores espirituais, já aproximados, estabelecem contato com o médium: a) Nos pontos de sensibilidade já anteriormente estudados por eles (cérebro, bulbo, braços e mãos),

porém, com maior intensidade;

b) Nos centros de força;

c) Nos plexos (corpo físico).

4ª Fase: Envolvimento Diz Armond que, nesta fase, ”o instrutor espiritual, por si mesmo ou através de uma terceira entidade, procurará assenhorear-se primeiramente da mente do médium envolvendo em seguida, caso possível, todo o perispírito, conforme o grau de afinidade que existir entre ambos”.

5ª Fase: Manifestação

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Esta última fase é a conclusão do processo, expressando-se como a manifestação direta do operador espiritual no plano terreno. Pode ser verbal ou escrita, inconsciente ou telepática, de acordo com a natureza da faculdade mediúnica que o aluno possuir. . Modos de Transmitir a Mensagem Falada: a) Telepatia ou Inspiração – O envolvimento é com a mente do médium (aluno) e não com os órgãos

vocais. O médium retransmite a mensagem. Ao Espírito pertencem apenas as ideias, já as palavras são do próprio médium. O médium assimila as correntes mentais do pensamento, traduzindo-o em seus próprios termos, podendo, pois, haver erros gramaticais ou de pronúncia, por exemplo, se o médium não for culto.

b) Psicofonia – Neste caso, o Espírito entra em contato com o perispírito do médium e atua sobre o corpo físico, ficando os órgãos vocais do médium sob o controle do Espírito comunicante. O perispírito do médium exterioriza-se. O Espírito comunicante (operador espiritual) assume a sua própria personalidade por meio da fala e dos gestos.

Nota: A psicofonia pode ser: 1) Consciente - O médium tem consciência do que será dito, antes de falar; após o transe, o médium recorda tudo o que disse; o médium recebe o pensamento do Espírito Comunicante e o transmite (mente a mente); as palavras, frases, estilo e gestos são do médium; não há contato perispiritual.

2) Inconsciente – O médium não tem consciência do que ocorre; após o transe, o médium não se recorda do que disse ou fez; a alma do médium exterioriza-se temporariamente, passando o corpo físico, mais ou menos, à disposição e controle do Espírito Comunicante; as palavras, frases, estilo e gestos são do Espírito Comunicante; há contato perispiritual.

c) Mensagem Anímica – O fenômeno anímico diz respeito à manifestação da alma do médium. Diz

Puglia que a alma do médium pode manifestar-se, apresentando certo grau de liberdade, pois recobra os seus atributos de Espírito e fala como tal e não como encarnado. Revela-se aí tanto a alma com problemas de fixação mental (cristalizações mentais), que ainda não se superou em sua evolução, bem como a intuição da alma do médium, que fez aquisições positivas em encarnações anteriores. De qualquer modo, o conteúdo da mensagem é do próprio médium e não de algum Espírito comunicante.

. Modos de Transmitir Mensagem Escrita: Trata-se da psicografia, mediunidade na qual os Espíritos comunicantes atuam sobre os médiuns, levando-os a escrever. Estes médiuns também são denominados de Médiuns Escreventes.

Nota: A psicografia pode ser: 1) Psicografia Mecânica - Tipo raro hoje em dia. O Espírito comunicante atua diretamente sobre a mão do médium. A escrita é muito rápida e mantém a forma e a caligrafia personalizadas. O médium não sabe o que escreve, tomando conhecimento do teor da mensagem somente após ler o que escreveu. 2) Psicografia Semimecânica – É um tipo mais comum. O Espírito comunicante tem domínio parcial do braço e mão do médium. O médium tem consciência do que escreve à medida que as palavras vão sendo escritas.

3) Psicografia Intuitiva – É o tipo mais comum de psicografia. O Espírito interage com a alma do médium, transmitindo mentalmente as suas ideias. O médium capta as ideias e serve como um intérprete. Tem conhecimento do que será transmitido antes de escrever.

3. Aprimoramento Moral

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Como acabamos de assinalar nesta unidade de ensino, a Doutrina Espírita ensina que a faculdade mediúnica por si só não basta. O importante está na conduta moral daquele que é seu portador. Porque na base do intercâmbio espiritual está a lei de sintonia, que diz que cada um será assistido por Espíritos em afinidade com seus sentimentos e suas emoções. Quando, em “O Livro dos Médiuns”, Kardec perguntou aos Espíritos da Codificação se o desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns (Q.226), responderam que a faculdade mediúnica independe da moralidade do médium. “O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, de acordo com as qualidades do médium”. Disseram ainda os Espíritos que as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores chegue ao médium isenta de qualquer alteração resumem-se em: “Querer o bem; repelir o egoísmo e o orgulho”. Esclarece-nos André Luiz em “Nos Domínios da Mediunidade” que não podemos esquecer o problema da sintonia. “Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos: e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá. [...] E como não podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima". Aprimoramento moral é essencial para quem deseja caminhar pela trilha da “mediunidade com Jesus”. __________ Referências: ARMOND, Edgard. Desenvolvimento mediúnico: mediunidade prática. São Paulo: Aliança, 2000. CARVALHO, Eunilto de. Manual prático do desenvolvimento mediúnico. São Paulo: Madras, 2001. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. PERALVA, Martins. Estudando a mediunidade. 17.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. PUGLIA, Silvia C.S.C. Curso para dirigentes e monitores de desenvolvimento prático mediúnico. 3.ed. São Paulo: FEESP, 2000.

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OBSESSÃO: OBSESSÃO SIMPLES; FASCINAÇÃO; SUBJUGAÇÃO

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1. O que é Obsessão

Segundo Kardec (2008, n.237), obsessão é “o domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas”. Trata-se, portanto, da influência decisiva e determinante de um espírito sobre alguém. “A obsessão, então, consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua” (PALHANO JR., 1997, p. 264). Porém, a obsessão é praticada apenas por espíritos inferiores que procuram dominar a pessoa que se acha sob a sua mira. Kardec deixa bem claro que “obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta características muito diversas, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Oblitera todas as faculdades mediúnicas” (KARDEC, 2008-a, cap. 28, n. 81).

Comenta Christiano Torchi:

A obsessão, geralmente categorizada como expiação (sofrimento derivado de atos passados), é um dos flagelos terríveis que afligem a Humanidade, em virtude da inferioridade moral da maioria dos indivíduos. Funciona também como uma prova (teste), com vistas ao despertamento do Espírito para novos valores morais. Se fosse mais estudada, muito ganhariam médicos e pacientes, pois teriam armas potentes para combater grande número de enfermidades em suas raízes. No item 459 de O Livro dos Espíritos, Kardec indagou dos mentores do Mundo Maior: “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?”. E eles responderam, objetivamente: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. As influências dos Espíritos em nossos pensamentos podem ser boas ou más. Se forem boas, produzem resultados positivos em nosso psiquismo e mesmo em nosso organismo. Se forem más, produzem resultados negativos cuja intensidade depende da persistência do fato (TORCHI, 2007, p. 286-287).

A partir do nível das influências negativas, destrutivas, sobre alguém, infere-se a existência de diferentes graus de domínio de um espírito inferior sobre o obsidiado. Temos, assim, segundo Kardec, três diferentes graus de obsessão:

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2. Graus da Obsessão 2.1 Obsessão Simples É um tipo de influência que, sutilmente, coage a pessoa a praticar atos ou ter pensamentos diferentes daqueles que habitualmente possui. Dada a sutileza com que ocorre, a obsessão simples nem sempre é percebida pelo obsedado. Ou, então, ele tem consciência da influência nociva, mas não consegue livrar-se dela. É comum a ocorrência deste tipo de obsessão, que pode agravar-se, de acordo com a natureza do Espírito inferior envolvido e das disposições do obsedado. Como diz Therezinha Oliveira: “De modo geral, todos nós a sofremos de vez em quando” (OLIVEIRA, 2006, p. 153). Considera Gonzaga Pinheiro: “A mente disciplinada, adornada pelas virtudes básicas, apesar de não estar imune às investidas trevosas, possui sustentáculos de defesa que geralmente lhe resguarda a integridade. A mente ociosa candidata-se a hospedar visitantes hostis, forçando-a à luta para expulsá-los, no que é impelida ao trabalho renovador, a favor de si mesmo. O visitante, então, terá sido mestre, e a dor a lição ministrada, passado o curso a que se habilitaram os protagonistas”(PINHEIRO, 1996, p. 48-49). 2.2 Fascinação É um tipo grave obsessão, em que o obsidiado sofre “uma ilusão produzida pela ação direta do pensamento do Espírito obsessor, o que, de certa maneira, paralisa-lhe a capacidade de julgar as comunicações” (KARDEC, 2008, n. 239). “Neste caso, o obsidiado não se reconhece importunado, porque o obsessor foi astuto e, agindo disfarçadamente, conseguiu fasciná-lo com uma ilusão. O obsidiado acha a sua ilusão certa e bela, confiando no obsessor” (OLIVEIRA, 2006, p. 153). “A fascinação é um produto da ampliação do domínio do invasor na casa mental do invadido” [...] Podem ocorrer, em tal circunstância, “atitudes bizarras, tais como assumir uma personalidade com facetas místicas, autodenominar-se missionário, tornar-se fanático, cultuar uma filosofia inócua, isolar-se, atitudes que, em verdade, objetivam um afastamento do fascinado de tudo e de todos que possam auxiliá-lo em seu retorno à normalidade” (PINHEIRO, 1996, p. 53-54). Quando se consegue convencer o fascinado de que foi ludibriado, há um favorecimento da regressão do quadro para uma obsessão simples, com a possibilidade de libertação. Isto, entretanto, não é fácil devido a dois pontos fundamentais: “(1) Quando existe uma ascendência demasiada do Espírito invasor sobre o fascinado e, em outros casos; (2) pela falta de humildade do obsedado em reconhecer-se logrado que é exacerbada pela ação do hóspede indesejável” (PINHEIRO, 1996, p. 54). 2.3 Subjugação . É o tipo de obsessão em que “a vontade do obsidiado foi dominada moral ou fisicamente” pelo obsessor (OLIVEIRA, 2006, p. 153). Como diz Gonzaga Pinheiro: “A subjugação é a etapa final do processo obsessivo. Combate decisivo, onde o mais forte se sobrepõe ao mais frágil, dominando-o e impondo o império do seu querer” (PINHEIRO, 1996, p. 55). Na subjugação existe o envolvimento do obsessor, que produz a paralisação da vontade do obsedado, fazendo-o agir independentemente da sua vontade, ainda que a ação ou o pensamento seja ridículo ou danoso. A subjugação pode ser: 2.3.1 Física (Corporal) – “O Espírito atua sobre os órgãos materiais do obsidiado e provoca movimentos involuntários” (KARDEC, 2008, n.240). No caso do médium psicógrafo, por exemplo, ele passa a ter uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos mais inoportunos. “Não há paralisação da lucidez intelectual, tendo a pessoa consciência dos atos absurdos que executa, mas sentindo-se impotente para interrompê-los, pois o obsessor age diretamente sobre os centros nervosos. Podem ficar comprometidos a visão, a audição e os demais sentidos, de modo que a pessoa confunda a realidade

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objetiva com as suas alucinações. A situação pode agravar-se a ponto de surgirem enfermidades orgânicas e até mesmo podendo levar à loucura” (BORGES, 2000, p. 342).

2.3.2 Moral (Psicológica) – “O subjugado é constrangido a tomar decisões muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele considera sensatas” (KARDEC,2008, n. 240). Neste caso, a pessoa é dominada mentalmente pelo obsessor, caindo em estado de passividade e chegando mesmo a perder completamente a lucidez. O obsidiado pode sofrer uma alteração completa no senso crítico, de modo que passa a falar ou agir contra a sua vontade, o que lhe traz grande mal estar e constrangimento.

2.3.3 Física e Moral – “Nessa fase, o domínio do obsessor, que já atingiu a mente e os centros motores, é total sobre a vítima. Esta perde a sua vontade e o livre arbítrio” (BORGES, 2000, p. 343). No livro “A Gênese”, Kardec fala também de possessão, em que o Espírito desencarnado toma temporariamente o lugar do Espírito encarnado, que se afasta do seu corpo físico, dando lugar à posse por parte do desencarnado. Diz Kardec: “na posse momentânea do corpo, dele se serve como de seu próprio; fala por sua boca, vê pelos seus olhos, age com os seus braços, como o faria como vivo”. O obsessor apodera-se do corpo do obsidiado e, “servindo-se dos membros e dos órgãos do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata aqueles que o cercam; entrega-se a excentricidades e atos que têm todos os caracteres de loucura furiosa”. A possessão é sempre temporária e intermitente, pois o obsessor “não pode tomar definitivamente o lugar de um Espírito encarnado, tendo em vista que a união molecular do perispírito e do corpo não se opera senão no momento da concepção” (KARDEC, 2002, n. 45-47). Mesmo quando se fala em possessão, lembramos que a alma continua ligada ao corpo físico pelo cordão fluídico. Ela apenas separa-se do corpo somático no momento do desencarne. 3 Por Que Ocorre a Obsessão? a) Por débito de um Espírito para com outro, originado nesta ou em outra existência (Ex.: vingança, oposição etc.); b) Pela afinidade que atrai um Espírito para outro. Nossas imperfeições atraem para junto de nós Espíritos com idênticas imperfeições, vícios e falhas morais, tais como: alcoolismo, maledicência, ambição, crueldade, sexualismo exacerbado etc.; c) Pela falta de ação do bem. Muitas vezes, a obsessão é consequência da nossa omissão ante o bem que sabemos e podemos fazer como, por exemplo, o não exercício da faculdade mediúnica em favor dos demais (OLIVEIRA, 2006, p. 151-152). 4 Tipos de Obsessão Quanto ao seu Agente 4.1 De Desencarnado Sobre Encarnado – É o tipo de obsessão que mais se costuma notar. Trata-se da “atuação maléfica de um Espírito sobre um encarnado. [...] Agindo nas sombras, o obsessor tem, a seu favor, o fato de não ser visível e nem sempre percebido ou pressentido pelo obsidiado. Este [...] deixa-se induzir, sugestionar e dominar pelo perseguidor, que encontra em seu passado as tomadas mentais que facultarão a conexão. Nem sempre, contudo, o Espírito está consciente da sua influência negativa sobre o encarnado. Não raro, desconhecendo a sua situação, pode, sem o saber, aproximar-se de uma pessoa com a qual se afinize e assim prejudicá-la com suas vibrações” (SCHUBERT, 1997, p. 38). 4.2 De Encarnado Sobre Desencarnado – Ocorre quando o encarnado obsidia o desencarnado, importunando-o ou dominando-o obsessivamente. “Expressões de amor egoísta e possessivo, por parte dos que ainda estão na carne, redundam em fixação mental naqueles que desencarnaram, retendo-os às reminiscências da vida terrestre. Essas emissões mentais constantes, de dor, revolta, remorso e

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desequilíbrio terminam por imantar o recém desencarnado aos que ficaram na Terra, não lhes permitindo alcançar o equilíbrio de que carece para enfrentar a nova situação. A inconformação e o desespero, pois, advindos da perda de um ente querido, podem transformar-se em obsessão que irá afligi-lo e atormentá-lo. Idêntico processo se verifica quando o sentimento que domina o encarnado é o do ódio, da revolta etc.” (SCHUBERT, 1997, p. 37). 4.3 Encarnado Sobre Encarnado - Grande é a ocorrência deste tipo de obsessão. Diz Caldas Schubert: “Pessoas obsidiando pessoas existem em grande número. Estão entre nós. Caracterizam-se pela capacidade que têm de dominar mentalmente aqueles que elegem como obsidiados. Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder, orgulho, ódio, e é exercido, às vezes, de maneira tão sutil que o dominado se julga extremamente amado. Até mesmo protegido. Essas obsessões correm por conta de um amor que se torna tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro”. 4.4 Obsessão Mútua (Recíproca) – Quando, de lado a lado, é exercida insistentemente uma ação mental e fluídica inferior e prejudicial. Pode ser entre encarnados como entre desencarnados. “Na vida real é fácil encontrar casos que confirmem isto. Assim como as almas afins e voltadas para o bem cultivam a convivência amiga e fraterna, na qual buscam o enriquecimento espiritual que as possa nutrir e confortar, assim também, sob outro aspecto, as criaturas se procuram para locupletar-se das vibrações que permutam e nas quais se comprazem”. É o caso das “paixões avassaladoras que tornam os seres totalmente cegos a quaisquer outros acontecimentos e interesses, fechando-se ambos num egoísmo a dois, altamente perturbador” (SCHUBERT, 1997, p. 39). 4.5 Auto-Obsessão – É quando a pessoa se torna obsessora de si mesma. Trata-se, pois, de um constrangimento provocado pelo Espírito da própria pessoa. “Obsidiamos a nós mesmos pelo trabalho excessivo da mente em ideias improdutivas, egoístas, de temor, de orgulho etc. São exemplos, “a imaginação fantasiosa, o misticismo doentio, as fixações mentais persistentes [monoideísmo], o complexo de superioridade ou de inferioridade, enfim, tudo que ultrapassa o limite da normalidade” (OLIVEIRA, 2006, p. 153). 5 Duração da Obsessão A obsessão instala-se de forma sutil e paulatina ou de modo rápido e intempestivo. Ela pode ter uma duração: a) Breve, transitória; b) Periódica (que retorna ou se acentua, de vez em quando). Mas pode igualmente ser: c) Permanente, alongando-se pela encarnação ou atingindo até a vida na erraticidade (OLIVEIRA, 2006, p. 154). Na verdade, a duração depende em grande parte do obsidiado. Se o seu desejo sincero for de livrar-se do obsessor, receberá o apoio de entidades protetoras, que o auxiliarão na empreitada da desobsessão. Entretanto, se ele não muda a sua conduta ou se até se compraz nas relações com o obsessor, certamente a duração poderá ser muito longa. 6 A Cura da Obsessão . A libertação de uma pessoa que esteja obsidiada se alcança pela ação:

1) “Do Encarnado: que, sem se abater, suporta com paciência o assédio espiritual e, enquanto isso, procura ir se renovando moralmente e se exercitando na prática do bem, além de pedir auxílio de terceiros;

2) Do Desencarnado: que desanima por não obter os efeitos que pretendia ou que se sente motivado a se modificar para melhor;

3) De Terceiros: que ofereçam, tanto ao obsessor quanto ao obsidiado:

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a) Esclarecimentos sobre o porquê de seus sofrimentos e como se conduzir para se libertar e continuar a progredir;

b) Preces, como recomenda Jesus: ‘Orai pelos que vos perseguem e vos maltratam’ (Mt 5:44);

c) Preces e vibrações (para renovação fluídica do obsidiado e do obsessor) (OLIVEIRA, 2006, p.

154).

Acrescentamos o tratamento especializado por meio da prática da desobsessão, em casa espírita. Consiste na assistência espiritual ao obsidiado. Trata-se de um trabalho realizado por uma equipe composta por médiuns de recepção, médiuns de sustentação e doutrinador, previamente preparados para essa atividade. Os médiuns de recepção recebem o Espírito obsessor, que se manifesta por seu intermédio; os médiuns de sustentação permanecem em constantes vibrações, a fim de que o ambiente se torne fluidicamente propício aos trabalhos; o doutrinador busca evangelizar, esclarecer e aliviar o Espírito obsessor, além de encaminhá-lo aos Espíritos que ali estão para conduzi-lo ao local adequado à continuidade de seu crescimento espiritual. O doutrinador “tem por objetivo levar ao Espírito sofredor o consolo, o lenitivo para suas dores morais, proporcionando-lhe condições de refazimento em busca da reformulação de pensamentos” (BORGES, 2000, p. 98). Anexo:

DECÁLOGO DA DESOBSESSÃO André Luiz

1) Não permita que ressentimento ou azedume lhe penetrem o coração.

2) Abençoe quantos lhe censuram a estrada sem criticar a ninguém. 3) Jamais obrigue essa ou aquela pessoa a lhe partilhar os pontos de vista. 4) Habitue-se a esperar pela realização dos seus ideais, trabalhando e construindo para o bem de todos. 5) Abstenha-se de sobrecarregar os seus problemas com o peso inútil da ansiedade. 6) Cesse todas as queixas ou procure reduzi-las ao mínimo. 7) Louve, mas louve com sinceridade, o merecimento dos outros. 8) Conserve o otimismo e o desprendimento da posse. 9) Nunca se sinta incapaz de estudar e de aprender, sejam quais forem as circunstâncias. 10) Esqueçamo-nos para servir.

(Fonte: XAVIER, 1972, p. 12). __________ Referências: BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. São Paulo: Panorama, 2000. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. ______ A Gênese. 14.ed. Araras, SP: IDE, 2002. ______ O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008-a. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 13.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006. PALHANO Jr., L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 1997. PINHEIRO, Luiz Gonzaga. Terapia das obsessões: sobre a prevenção, instalação e terapia das obsessões. 2.ed. Capivari, SP: EME, 1996. SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão / desobsessão. 11.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2007. XAVIER, Francisco Cândido. Espíritos Diversos. Paz e Renovação. Rio de Janeiro: FEB, 1972.

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MORAL DOS MÉDIUNS (1) MORAL E ÉTICA; VALORES MORAIS;

PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE ______________________________________________________________________________

1. Moral e Ética Na linguagem do senso comum, costumamos usar os termos ética e moral como sinônimos. A etimologia destes dois termos contribui para isto, pois ética vem do grego “ethos”, com o significado de modo de ser, e Moral se origina do latim “mores”, significando costumes. Entretanto, tecnicamente, na linguagem científica, costuma-se estabelecer uma distinção entre os dois termos. 1.1 Moral Para Aranha e Martins, “moral é o conjunto de regras de conduta assumidas pelos indivíduos de um grupo social com a finalidade de organizar as relações interpessoais, segundo os valores do bem e do mal” (ARANHA; MARTINS, 2001, p. 117). Segundo Cortina e Martínez moral é o “conjunto de princípios, normas e valores que cada geração transmite à geração seguinte, na confiança de que se trata de um bom legado de orientações sobre o modo de se comportar para viver uma vida boa e justa” (CORTINA; MARTÍNEZ, 2005, p. 20). 1.2 Ética A ética, também denominada Filosofia Moral, “é mais abstrata [que a moral], constituindo a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral” (ARANHA; MARTINS, 2001, p. 117). A ética caracteriza-se pela reflexão crítica sobre os fundamentos da Moral. A Moral é objeto de estudo da Ética. Podemos também caracterizar a ética como “essa disciplina filosófica que constitui uma reflexão de segunda ordem sobre os problemas morais. A pergunta básica da moral seria então: ‘O que devemos fazer?’, ao passo que a questão central da Ética seria antes: ‘Por que devemos?’, ou seja, ‘Que argumentos corroboram e sustentam o código moral que estamos aceitando como guia de conduta?’” (CORTINA; MARTÍNEZ, 2005, p. 20).

* Feita a observação a respeito da distinção entre ética e moral, que pode ser encontrada em alguns textos técnicos, cabe dizer que Kardec, em suas obras, não faz tal distinção. Usaremos, portanto, indistintamente os dois termos. 2. Valores Morais Diz Kardec: ''Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações'' (KARDEC, 2008-a, p. 340). Com isto, escolhe a reforma moral como elemento essencial da doutrina espírita. Se tal assertiva refere-se aos espíritas em geral, mais grave ainda se torna em relação aos médiuns. O cultivo da moralidade elevada, por parte dos médiuns, é

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fundamental. E com ele vem a escolha dos valores morais que devem nortear o serviço da mediunidade. Ao mesmo tempo, eliminam-se vícios e imperfeições que possam obstar a “mediunidade com Jesus”. “A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais do seu possuidor oferecem qualificação. Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os centros de registro e decompõe-se, igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai submetida, passa ao comando de Entidades, perversas e frívolas, que se comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando-a para lamentáveis obsessões” (CARVALHO, online). “Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor. Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio, que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium, cedem lugar à inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atrações externas, passando a sofrer de irritação, de devaneios, e à crença de que repentinamente se tornou pessoa especial, irreprochável, não tendo ouvidos para a sensatez nem discernimento para a equidade” (CARVALHO, online). “A faculdade mediúnica é transitória como outra qualquer, devendo ser preservada mediante o esforço moral do seu possuidor, assim tornando-se simpático aos Bons Espíritos que o inspiram à humildade, à renúncia, à abnegação. Quando o personalismo sensacionalista domine o psiquismo do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos sensores mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas, sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos dignificantes” (CARVALHO, online). Daí a necessidade básica da humildade, do desprendimento, da paciência, persistência, da serenidade, do equilíbrio emocional, da caridade, entre outros valores a serem conquistados pelo médium. Vale, como sempre, o “orai e vigiai”. Vejamos resumidamente cada um deles:

• Humildade – Corresponde à capacidade de reconhecermos nossos próprios defeitos e limitações. Equivale também a não buscarmos nos projetar sobre as outras pessoas, nem nos mostrarmos superiores a elas. Diz acertadamente o Espírito Lacordaire: “Sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Não, pois este sentimento nivela os Homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente e os conduz ao bem” (KARDEC, 2008-a, p. 165).

• Desprendimento – O desprendimento corresponde ao desapego, à renúncia a certas comodidades para abrir-nos e doar-nos ao próximo. Fala-se, às vezes, que devemos desprender-nos de nós mesmos, pois só assim podemos aproximar-nos daqueles que necessitam da nossa ajuda. Somente assim podemos abrir as portas do coração para aquecer o inverno moral e espiritual do próximo.

• Paciência e Persistência – A paciência e a persistência caminham juntas. Entendamos a paciência como a capacidade de tolerar contrariedades, dissabores do cotidiano. Ou suportar os transtornos e desconfortos sem queixas e com resignação. A persistência consiste em perseverar nessa atitude com firmeza de ânimo. Diz-nos Cenyra Pinto: “A cura para a impaciência é a imposição consciente de uma disciplina mental, ordenando a mente a se aquietar e viver alegremente, cada momento, a experiência que ele traz” (PINTO, 1975, p. 85).

• Serenidade – É a tranquilidade da alma, a imperturbabilidade, a pacificação. A este respeito, afirma o Espírito André Luiz: “Em todas as situações aflitivas, use a prece como sendo o nosso melhor tranquilizante no campo do espírito. E quando problemas apareçam, não se deixe arrastar nas labaredas da angústia. Você pode ficar em paz. Para isso, basta que você trabalhe e deixe Deus decidir” (XAVIER, 1995, p. 152).

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• Equilíbrio Emocional – Significa a harmonia entre a razão e a afetividade. Já se disse que equilíbrio emocional é o preparo psicológico para superar adequadamente as adversidades que surgem no dia-a-dia. E isso, por sua vez, requer equilíbrio entre a razão (pensamentos) e a afetividade (emoções e sentimentos). Somente quando refletimos logicamente, envolvendo essa reflexão em sentimentos positivos, podemos agir de modo adequado. Isto é também o que se chama de harmonia interior. Quando interiormente estamos harmonizados, temos condições de agir satisfatoriamente em nosso próprio benefício e em benefício dos nossos semelhantes.

• Caridade – Dizem os Espíritos da Codificação que caridade, como a entendia Jesus, é “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas” (KARDEC, 2007, n. 886). Considera Kardec: “Sede bons e caridosos, pois essa é a chave que tendes em vossas mãos. Toda a eterna felicidade se acha contida neste preceito: ‘Amai-vos uns aos outros’. [...] A caridade é a virtude fundamental que há de sustentar todo o edifício das virtudes terrestres. Sem ela não existem as outras. Sem a caridade não há esperança de melhor sorte, não há interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, pois a fé não passa de um raio muito puro que torna brilhante uma alma caridosa” (KARDEC, 2008, p. 270-271).

Albino Teixeira (XAVIER, 1993, p. 13) sintetiza os cuidados que devemos ter em relação à mediunidade, num interessante:

Decálogo para Médiuns

1) Não afastar-se dos deveres e compromissos que abraçou na vida, reconhecendo que é impossível manter intercâmbio espiritual claro e constante com o Plano Superior, sem base na consciência tranquila.

2) Não descuidar-se do autodomínio, a fim de controlar as próprias faculdades.

3) Não ignorar que desenvolvimento mediúnico, antes de tudo significa educar-se o médium a si

mesmo para ser mais útil.

4) Não desejar "fazer tudo", mas fazer o que deve e possa no auxílio aos outros.

5) Não recusar críticas ou discussões e sim aceitá-las de boa vontade por teste de melhoria e aperfeiçoamento dos próprios recursos.

6) Não guardar ressentimentos.

7) Não fugir do estudo, nem da disciplina para discernir e agir com segurança.

8) Não relaxar a pontualidade das tarefas que lhe cabem, a não ser por motivos de reconhecida necessidade.

9) Não olvidar pessoas nos benefícios que preste.

10) Não olvidar que o melhor médium para o Mundo Espiritual, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, será sempre aquele que estiver resolvido a burilar-se, decidido a instruir-se, disposto a esquecer-se e pronto a servir.

3. Perda e Suspensão da Mediunidade A faculdade mediúnica está sujeita a interrupções e a suspensões momentâneas, quaisquer que sejam os seus tipos. Em geral a ocorrência não passa de uma interrupção momentânea, que cessa com a causa que a produziu. A suspensão em geral se dá pelo afastamento do Espírito, que não quer mais ou não pode se servir dele.

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O que mais influi sobre os Espíritos é o uso que o médium faz da mediunidade, particularmente utilização para coisas fúteis ou ambiciosas ou ainda quando se nega a transmitir as mensagens dos Espíritos aos encarnados que lhe pedem ou que têm necessidade de ver para se convencerem. A mediunidade não é dada ao médium para o seu mero prazer e ainda menos para servir à sua ambição, mas para o seu próprio melhoramento e para transmitir a verdade aos Homens. Não correspondendo mais a esse objetivo, e não aproveitando as instruções e as advertências que lhe dá o Espírito comunicante, este se retira para procurar outro médium, mais digno. A privação da comunicação pode ser momentânea, para que sirva de lição ao médium e lhe prove que a sua mediunidade não depende dele, de modo a não envaidecer-se dela. Mas nem sempre a interrupção da mediunidade é uma punição. Pode ser a preocupação carinhosa do Espírito para com o médium a quem se afeiçoa, para lhe dar um repouso material que julga necessário, retomando posteriormente a ligação com o médium. Entretanto, mesmo sem a necessidade de repouso, pode acontecer de um médium digno ter a sua mediunidade interrompida. Respondem os Espíritos que, neste caso, o objetivo é colocar a paciência do médium à prova e para julgar a sua perseverança. De outras vezes, é para lhe dar tempo de meditar sobre as instruções que lhe passaram, de modo que, na meditação sobre os seus ensinamentos, possam conhecer os espíritas verdadeiramente sérios. A maneira de abreviar esse período de interrupção da mediunidade é a resignação e a prece. Em síntese a interrupção da mediunidade deve-se às seguintes causas (Comunidade Espírita, online): a) “Advertência - Prova ao médium que ele é um simples instrumento, que sem o concurso dos Espíritos nada faria. Se o médium se vem conduzindo mal, moral e doutrinariamente, fazendo mau uso ou abusando de sua faculdade, o Espírito, verificando que o médium já não lhe corresponde nem aproveita suas instruções e conselhos, afasta, se em busca de um protegido mais digno. Neste caso, quase sempre, os maus Espíritos se apoderam do médium "para o obsedar e enganar, sem prejuízo das aflições comuns", a que se subordina, por seu orgulho, por seu egoísmo. É uma suspensão temporária, voltando a funcionar, cessada a causa que a produziu. b) Benevolência - É um benefício ao médium para evitar que se debilite por doença física. Quando as forças do médium se agitam, seu poder de defesa fica reduzido. Neste caso, a suspensão é temporária. O Espírito lhe proporciona um repouso material necessário. c) Provação - O objetivo é desenvolver a paciência, a perseverança, para dar tempo ao médium de meditar sobre o conteúdo das comunicações recebidas. Meditar significa examinar-se interiormente, estudar, refletir, ponderar, pensar sobre o que se aprendeu e buscar aplicar o aprendido. Therezinha Oliveira aponta como razões para a perda ou suspensão da mediunidade: problemas físicos, programação de trabalho, mau uso e teste. a) Problemas Físicos – Já que a mediunidade tem raiz no corpo somático, um desgaste ou um problema grave no organismo podem modificar a capacidade de produção mediúnica. b) Programação de Trabalho – De acordo com o tipo de tarefa programada para o médium nesta encarnação, os bons Espíritos podem alterar sua ação por meio do médium (reduzir ou modificar) em diferentes fases do trabalho mediúnico. Pode acontecer também de a mediunidade entrar em recesso no médium, a fim de que outra modalidade seja ativada. c) Mau uso – Se o médium passa a usar a mediunidade para atividades frívolas; se a usa com propósitos ambiciosos ou egoístas; ou se deixa de transmitir mensagens e produzir os fenômenos necessários ao socorro material e espiritual dos outros, os bons Espíritos afastam-se, procurando quem se mostre mais digno de sua assistência.

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d) Teste – “Se o médium é correto moralmente e não sente necessidade de repouso, a suspensão da mediunidade servirá para: A perda da mediunidade prolonga-se indefinidamente, quando o médium não se corrige, continuando com sua vida desvinculada dos objetivos da mediunidade. Entretanto, como vimos, a perda da mediunidade nem sempre significa abuso ou uso indevido da faculdade, mas encerramento de uma tarefa, e toda tarefa encerrada com bom êxito é o indício de nova tarefa, a ser desenvolvida com dedicação e responsabilidade. 4. Missão do Médium Quando Kardec (2008, n. 220) perguntou aos espíritos com que objetivo a Providência dotou certas pessoas com o dom especial da mediunidade, obteve como resposta: “É uma missão de que se incumbiram e da qual se sentem felizes. Eles são os intérpretes entre os Espíritos e os Homens”. A este respeito, comenta a “Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda” (2010, p. 92-93):

Ao dizer que a mediunidade é incumbência aceita pelo seu portador, os Espíritos deixam claro que há programação de trabalho estabelecida no Mundo Espiritual, certamente quando o médium se preparava para a reencarnação, donde se conclui que mediunidade-tarefa não é improvisação nem imposição, mas programa de trabalho espontaneamente aceito em clima de esperança, até porque somente médiuns imperfeitos “(...) desconhecem o valor da graça que lhes é concedida (...)”, como responderam os Espíritos na pergunta seguinte. [...] A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se não aproveitam da concessão, sofrerão as consequências. Todos precisamos de bons ensinamentos. A missão do médium é recebê-los, aplicá-los a si mesmo, melhorar-se com eles e distribuí-los a mancheias para que outros também se beneficiem dos ensinos.

Esclarece a mesma Equipe que o termo “missão” não diz respeito apenas a tarefas de grande expressão. Há missões mais relevantes que outras. Desse modo, “missão é tarefa estimuladora do progresso, sob qualquer aspecto considerado, seja o moral, social ou científico, e missionário é o ser que a executa com êxito, ascendendo de patamar evolutivo” (p.93). O médium será, pois, “intérprete fiel dos Espíritos, ao desempenhar essa tarefa, pois comprovará a imortalidade da alma. E, pela caridade, de que se fizer mensageiro vivo, contribuirá para a justiça social e para o reinado da paz na Terra. Essa é sua missão; e nenhum médium poderá ser considerado missionário antes de cumpri-la" (p. 93). E conclui a “Equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda” (2010, p. 94): “Quem não é médium – e falamos da faculdade ostensiva, porque, de certo modo, todos o somos – faça-se um deles onde estiver, ensinando, amando e servindo por construir um mundo mais ditoso, regenerado”.

- testar sua paciência, sua perseverança na fé e no bom proceder, e sua honestidade (não fingindo fenômenos que já não se produzem por seu intermédio; - levá-lo a meditar nos ensinos já recebidos, pois os Espíritos não querem que sejamos meros autômatos na transmissão dos ensinos e, sim, que os assimilemos e vivamos” (OLIVEIRA, 2006, p. 165).

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Referências: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 2. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2001. CARVALHO, Vianna de. Médiuns sensacionalistas. Disponível em: <http://www.centronocaminhodaluz.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=300:mediuns-sensacionalistas&catid=61:mensagens&Itemid=87>. Acesso em 12.Ago.2009. COMUNIDADE ESPÍRITA. Formação dos médiuns. Disponível em: <http://www.comunidadeespirita.com.br/grupoestudos/cursomed2/4%20formacao%20dos%20mediuns.htm>. Acesso em 24.12.2011. CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emílio. Ética. São Paulo: Loyola, 2005. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. ______ O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008-a. ______ O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 13.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006. PINTO, Cenyra. Eu sou o caminho... Rio de Janeiro: Movimento Assistencial Mara, 1975. TEIXEIRA, Albino. Decálogo para médiuns. In: XAVIER, Francisco Cândido. Por espíritos diversos. Paz e renovação. 8.ed. Uberaba, MG: CEC, 1993. XAVIER, Francisco Cândido. Busca e acharás. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 16.ed. São Paulo: IDEAL, 1995.

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MORAL DOS MÉDIUNS (2) PAPEL DOS MÉDIUNS NAS COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS;

INFLUÊNCIA DO MEIO; INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM ______________________________________________________________________________

1. Papel dos Médiuns nas Comunicações Espíritas Em primeiro lugar, o que é papel? Trata-se das atribuições ou funções que alguém desempenha ou cumpre. Portanto, ao estudarmos o papel dos médiuns nas comunicações espíritas, estaremos analisando quais as suas funções nesse processo. De acordo com Andreas e D’Alessandro (online), “o termo médium tem a sua origem na língua latina (medium) e é aquele que serve de instrumento entre os dois polos da vida: física e espiritual”. Diz Divaldo Franco que a mediunidade, de acordo com o próprio Kardec, “é uma certa predisposição orgânica, é a faculdade de que dispõe o organismo que a reveste de células. Essa faculdade é do Espírito, a fim de permitir à criatura humana entrar em contato com o mundo extrafísico”. Trata-se de “uma certa tendência do organismo para captar ondas especiais que são decodificadas pelo sistema endócrino do médium e do seu sistema nervoso central” (FRANCO, 2000, p. 12). "Médium é o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se com os homens: Espíritos encarnados", conforme acentuou o espírito Erasto, em memorável comunicação sobre a mediunidade dos animais, inserta em "O Livro dos Médiuns", capítulo XXII, item 236. Desta forma, o Espírito do médium é o interprete do Espírito comunicante, porque está ligado ao corpo que serve de comunicação e porque é necessária essa cadeia entre o médium e o os Espíritos, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia à distância, e na ponta do fio uma pessoa inteligente que a receba e a comunique. Daí se entende que o papel do médium é sempre ativo nas comunicações, seja ele consciente ou inconsciente. Lembremo-nos do que são médiuns consciente ou inconsciente. - Consciente: o médium sabe o que o Espírito quer falar antes que o faça. O médium tem consciência do que será dito, antes de falar; após o transe, o médium recorda tudo o que disse; o médium recebe o pensamento do Espírito Comunicante e o transmite (mente a mente); as palavras, frases, estilo e gestos são do médium; não há contato perispiritual. O Espírito emite o pensamento e tenta influir sobre o órgão material do médium; o médium sente essa influência e capta o pensamento do Espírito comunicante na origem, antes de falar, e pode transmiti-lo ou não. Se concordar em falar, transmite a ideia conforme a entende e usando seu próprio estilo, vocabulário e construção de frases.

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- Inconsciente: O médium não tem consciência do que ocorre; após o transe, o médium não se recorda do que disse ou fez; a alma do médium exterioriza-se temporariamente, passando o corpo físico, mais ou menos, à disposição e controle do Espírito Comunicante; as palavras, frases, estilo e gestos são do Espírito Comunicante; há contato perispiritual. Ocorre, pois, uma atuação mais direta do comunicante sobre o organismo mediúnico, através dos centros nervosos liberados.

Portanto, no aspecto funcional, a influência do médium na comunicação pode ser:

. “Quanto à forma de expressão do pensamento: o Espírito pode exprimir-se em língua que ele mesmo não conheceu em nenhuma de suas existências terrenas, mas que é familiar ao médium porque o Espírito estará emitindo o pensamento e o médium "traduzindo" em um dos idiomas terrestres que conheça. O Espírito também pode fazer que o seu pensamento seja reproduzido em um idioma que lhe é familiar mas ao médium não - nem em outra existência; a dificuldade, neste caso, está em que terá de procurar os sons conhecidos pelo médium em outros idiomas e tentar reuni-los formando as palavras do idioma que quer empregar. A mesma resistência mecânica encontrará o Espírito quando quiser escrever por um médium analfabeto, desenhar por um médium que não possua técnica ou aptidão para isso. . Quanto ao conteúdo do pensamento a ser expresso: por processo análogo e com igual dificuldade, o Espírito poderá conseguir que o médium pouco desenvolvido intelectualmente, transmita comunicações de ordem elevada. Mas, comumente, o médium "interpreta" o pensamento do espírito. Se não compreender o alcance desse pensamento, não o poderá fazer com fidelidade. Se compreender o pensamento, mas, por falta de simpatia ou outro motivo, não for passivo (isto é, se misturar suas ideias próprias com as do Espírito comunicante), deformará o pensamento comunicado.

Observação:

Não só o Espírito tem suas aptidões particulares, também o médium possui um "matiz" especial a colorir sua interpretação. Um único médium, por melhor que seja, não fornecerá boas comunicações em todos os gêneros de manifestações e conhecimentos. O Espírito preferirá o médium que menos obstáculos ofereça às comunicações usuais e de certa extensão, embora possa, na falta de instrumento melhor e ocasionalmente, servir-se do que tem à mão. Conclui-se, desta forma, que cabe ao médium desenvolver-se intelectualmente e moralmente, para oferecer extensa faixa de interpretação e forma mais fiel ao pensamento do Espírito comunicante”(OKLIVEIRA, 2006, p. 125-127). Podemos ainda, em termos gerais, dizer do papel do médium nas comunicações espíritas: - Nas manifestações físicas, o papel preponderante do médium é de fornecedor de fluidos que, misturados com o fluido universal do Espírito, possibilitem a ocorrência do fenômeno. - Nas manifestações inteligentes, o papel precípuo do médium é servir de intermediário entre o mundo espiritual e o mundo terreno, servindo de veículo para a mensagem a ser comunicada pelo Espírito. Lembremos, enfim, que na mediunidade mecânica, o médium é como uma máquina que reproduz um conteúdo, ao passo que na mediunidade intuitiva, o seu papel é de tradutor ou intérprete de uma ideia. Este, para transmitir o pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente. Todavia, o pensamento não é seu, apenas sendo captado por seu cérebro e interpretado pela alma. Esse é realmente o papel do médium intuitivo.

2. Influência do Médium na Comunicação

Segundo Therezinha Oliveira (2006, p. 126-128), em quem nos apoiamos neste item, a influência do médium na comunicação ocorre nos aspectos funcional e moral.

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2.1 No Aspecto Funcional – O médium sempre influi no fenômeno mediúnico, porém, a sua influência é maior nas manifestações inteligentes. É verdade que a sua linguagem é a do pensamento, entretanto, quando se expressam por meio da mediunidade, fazem uso de ideias e vocabulário do médium.

1) Quanto à forma de expressão do pensamento – O Espírito pode expressar-se em língua que ele mesmo não conheceu em nenhuma de suas existências passadas, mas que seja familiar ao médium. Isto porque ele estará emitindo o pensamento e o médium “traduzindo” para o idioma que conhece. O Espírito pode também fazer com que seu pensamento seja reproduzido em um idioma familiar a ele e desconhecido do médium (mesmo em outras encarnações). Neste caso, ele precisa procurar sons conhecidos do médium em outros idiomas e buscar reuni-los, formando as palavras no idioma que quer utilizar. O Espírito também encontrará resistência mecânica, quando quiser escrever por meio de um médium analfabeto ou desenhar por um médium que não tenha habilidade técnica ou aptidão para essa empreitada.

2) Quanto ao conteúdo do pensamento a ser expresso – Dificuldade semelhante encontra o Espírito para conseguir que um médium pouco desenvolvido intelectualmente transmita comunicações de teor elevado. Como o médium terá dificuldade para “interpretar” o pensamento do Espírito, também não conseguirá repassar com fidelidade a mensagem. Entretanto, mesmo compreendendo o pensamento, não havendo simpatia ou se não for passivo (ou seja, se misturar suas ideias próprias com as do Espírito comunicante), o médium deformará o pensamento comunicado.

3) Quando a especialização é desejável – Mesmo que o médium tenha várias especializações, sempre há uma que predomina. Desde que seja útil, é ao seu cultivo que o médium deve dedicar-se. Por outro lado, incorre em grave erro quem procura forçar o desenvolvimento de faculdade que não tenha. Que cultive as que reconheça possuir em germe. Entretanto, buscar ter outras é perda de tempo e enfraquecimento, e mesmo perda daquela de que seja dotado.

2.2 No Aspecto Moral – O bom ou mau uso que o médium faz da sua faculdade mediúnica depende das suas qualidades morais, determinando também de que natureza serão os Espíritos que o assistirão em seu trabalho mediúnico. Ao empregar a mediunidade para o bem, atrairá bons Espíritos, empregando-a para o mal, atrairá maus Espíritos (Lei da Sintonia ou Afinidade Moral). Sabe o médium espírita que apenas deve usar a sua faculdade para o bem, dado que o fim da mediunidade é dar o conhecimento da verdade aos homens e promover a melhoria espiritual do próprio médium. Ao empregar mal a sua faculdade, sujeita-se às mistificações, à obsessão, à perda e suspensão da mediunidade, além de promover em veículo de ideias fantasiosas e prejudiciais. Os bons Espíritos apenas se utilizam de médiuns imperfeitos em situações extremas (quando não dispõem de bom médium), fazendo-o com relutância (OLIVEIRA, 2006). 3. Influência do Meio (Comunidade Espírita, online)

“Os Espíritos estão, incessantemente, ao redor do homem, em ligação mental, interferindo em suas ações, reuniões, seguindo-os, evitando-os, conforme seja sua afinidade fluídica, sua simpatia ou antipatia. O médium é o intérprete, o instrumento dos Espíritos e sua faculdade mediúnica nada mais é do que um meio de comunicação. Consequentemente, a ação do médium depende do meio em que se encontra, dos objetivos das reuniões, da elevação moral dos encarnados e desencarnados, da afinidade fluídica entre o médium e o Espírito comunicante, da boa ou má preparação do ambiente etc. A reuniões fúteis comparecem Espíritos levianos e brincalhões; a reuniões sérias, Espíritos elevados. Kardec perguntou se os Espíritos Superiores procuram encaminhar ideias sérias às reuniões fúteis. Como

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resposta, foi-lhe dito (LM 2.a Parte, cap. XXI, item 231) que: "Os Espíritos Superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é inútil. Nos meios pouco instruídos, mas onde há sinceridade de boa mente vamos, ainda mesmo que aí só instrumentos medíocres encontremos. Não vamos, porém, aos meios instruídos onde domina a ironia. Em tais meios, é necessário se fale aos ouvidos e aos olhos: esse é o papel dos Espíritos batedores e zombeteiros. Convém que aqueles que se orgulham da sua ciência sejam humilhados pelos Espíritos menos instruídos e menos adiantados".

O meio exerce enorme influência sobre a natureza das manifestações inteligentes. Meio, aqui, não é espaço, local, condição atmosférica ou ambiente, mas conjunto de qualidades morais e objetivos de Espíritos e encarnados interessados na reunião mediúnica. "Assim, onde quer que haja uma reunião de homens, há igualmente em torno deles uma assembleia oculta, que simpatiza com suas qualidades ou com seus defeitos" (LM, 2.a Parte, cap. XXI item 232). A ação do médium é de fundamental importância para a formação desse "meio", que deverá influenciá-lo, porquanto "os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam" (LM, 2.a Parte, cap. XX, item 227). Como se viu na lição anterior, "a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais" são qualidades que atraem os Bons Espíritos e o "orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria" são defeitos que os afastam, mas que atraem os Espíritos inferiores.

Necessariamente, não basta que uma assembleia seja séria para receber comunicações de ordem elevada, como também não basta que seja fútil para ali só existirem comunicações fúteis. Um Espírito elevado, se for evocado numa reunião fútil, poderá proferir ali palavras de elevação, como a um chamamento às ovelhas desgarradas, e, não sendo ouvido nem compreendido, afasta-se, deixando aos outros o campo livre (LM, 2.a Parte, cap. XXI, item 232).

Em resumo, diz Kardec: "As condições do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais sentimentos puros e elevados, mais desejo sincero de instrução, sem ideias preconcebidas" (LM, 2.a Parte, cap. XXI, item 233). Para esse meio tornar-se melhor ainda, devem os participantes da assembleia preparar-se para o trabalho mediúnico:

- mantendo pensamentos elevados, objetivos e sadios, e conversação construtiva; - evitando alimentação excessiva, bebidas alcoólicas, fumo; - tendo consciência do seu trabalho na ligação com os Espíritos; - fazendo reforma íntima, evangelizando-se e mantendo alto padrão vibratório; - mantendo fidelidade aos compromissos assumidos.

Observadas essas condições, os serviços mediúnicos serão sempre protegidos pelos Bons Espíritos, em nome de Jesus, e a influência será sempre boa, pois "a prece, a meditação elevada, o pensamento edificante, refundem a atmosfera, purificando-a" (André Luiz, Missionários da Luz, cap. 5).

Referências: ANDREAS, Hérin; D’ALESSANDRO, Tereza Cristina. O papel do médium nas comunicações. Disponível em: <http://artigosespritas.blogspot.com/2009/02/mediunidade-estudo-8-o-papel-do-medium.html>. Acesso em: 25. dez. 2011. COMUNIDADE ESPÍRITA. O papel dos médiuns nas comunicações; Influência moral dos médiuns. Disponíveis em: <http://www.comunidadeespirita.com.br/grupoestudos/aulas2006/200610.htm>. Acesso em: 13. Ago. 2009. FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade: encontro com Divaldo. 3.ed. São Paulo: Mundo Maior, 2000. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 13.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006. XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 29.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998

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IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS ______________________________________________________________________________

(LM, cap. 24) 1. Provas Possíveis de Identidade A questão da identidade é uma das mais controversas pelo fato de os Espíritos não carregarem um documento de identidade. Com facilidade, alguns tomam nomes emprestados. Em contrapartida, em muitos casos a identidade perfeita é secundária e sem importância. Julgam-se os Espíritos, assim como os homens, pela sua linguagem. Se um Espírito afirma ser Fénelon, por exemplo, e diz trivialidade ou tolices, é certo que não pode ser ele. Mas se apenas diz coisas dignas do caráter de Fénelon e que este não reprovaria, há toda probabilidade moral de ser ele. Neste caso, entretanto, a identidade torna-se apenas acessória. Já que o conteúdo da comunicação é elevado, pouco importa o nome que o identifica. Uma vez que se encontram entre os Espíritos todas as fraquezas humanas, encontram-se também a astúcia e a mentira. Entre eles há muitos que não tem qualquer escrúpulo em lançar mão dos nomes mais respeitáveis visando inspirar maior confiança. É preciso, pois, abstermo-nos de aceitar, de maneira categórica, a autenticidade de todas as firmas. A identidade é uma das grandes dificuldades do Espiritismo prático. Amiúde é impossível tirá-la a limpo, sobretudo quando se trata de Espíritos superiores, antigos em relação a nossa época. Entre os que se manifestam, muitos não têm nome conhecido para nós e para fixar-nos a atenção podem tomar o de um Espírito conhecido, pertencente à mesma categoria. De modo que, se um Espírito se comunica como nome de São Pedro, por exemplo, nada prova que seja precisamente o apóstolo desse nome. Pode ser ele um Espírito da mesma ordem, um de seus enviados. A questão de identidade é, neste caso, absolutamente secundária, e seria pueril atribuir-lhe importância. O que importa é a natureza dos ensinamentos. São bons ou maus, dignos ou indignos do personagem cujo nome traz? Este os aceitaria ou iria renegá-los? Eis a questão. Em resumo, a questão do nome é secundária. O nome pode ser considerado um simples indício da classe que ocupa o Espírito na Escala Espírita. A identidade é mais fácil de se evidenciar quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujos caracteres e costumes são conhecidos. Por estes e pelas particularidades da vida privada, revela-se a identidade da maneira mais segura, e muito amiúde de modo incontestável. Quando se evoca um parente ou um amigo, o que interessa é a personalidade e é muito natural que se procure provar a identidade.

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0 Espírito revela sua identidade por um sem-número de circunstâncias que se nos deparam nas comunicações, nas quais se refletem os seus hábitos, seu caráter, sua linguagem e mesmo locuções familiares. Revela, também, por pormenores íntimos que aborda espontaneamente com as pessoas que estima. Estas são as provas mais concludentes. Não raro, porém, responde às perguntas diretas que lhe são dirigidas neste particular, sobretudo se provenientes de pessoas que lhe são indiferentes, movidas por curiosidade ou pelo desejo de comprovação. O Espírito prova sua identidade como quer e como pode, segundo a faculdade de seu intérprete, e muito habitualmente essas provas são abundantes. O erro está em querer que as forneça ao gosto do evocador. Recusa então a submeter-se a tais exigências. 2 Distinção entre os Bons e os Maus Espíritos Como diz Kardec, a “individualidade [dos Espíritos] pode nos ser indiferente, porém, sua qualidade não o é jamais”, pois dela depende “a confiança que podemos ter no Espírito que se manifesta, qualquer que seja o nome com que se apresente”. E como saber se o Espírito manifestante é bom ou mau? Pode-se resumir os meios de reconhecer a qualidade dos Espíritos nos seguintes princípios (KARDEC, 2008, n. 267):

1º) Não há outro critério para se discernir o valor dos Espíritos senão o bom senso. Qualquer fórmula dada pelos próprios Espíritos, com esse fim, é absurda e não pode provir de Espíritos superiores. 2º) Julgamos os Espíritos pela sua linguagem e as suas ações. As ações dos Espíritos são os sentimentos que eles inspiram e os conselhos que dão.

3º) Admitido que os Espíritos bons só podem dizer e fazer o bem, tudo o que é mau não pode provir de um Espírito bom.

4º) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem qualquer mistura de trivialidade. Eles dizem tudo com simplicidade e modéstia, nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares é sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que revele baixeza, auto-suficiência, arrogância, fanfarronice, mordacidade é sinal característico de inferioridade. E de mistificação, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado.

5º) Não devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e a correção do seu estilo, mas sondar-lhes o íntimo, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção. Toda falta de lógica, de razão e de prudência não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome de que o Espírito se enfeite.

6º) A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, se não quanto à forma, pelo menos quanto à substância. As idéias são as mesmas, sejam quais forem o tempo e o lugar. Podem ser mais ou menos desenvolvidas segundo as circunstâncias, as dificuldades ou a facilidade de se comunicar, mas não serão contraditórias. Se duas comunicações com o mesmo nome se contradizem, uma das duas é evidentemente apócrifa. A verdadeira será aquela em que nada desminta o caráter conhecido do personagem. Entre duas comunicações assinadas, por exemplo, por São Vicente de Paulo, uma pregando a união e a caridade e outra tendendo a semear a discórdia, não há pessoa sensata que possa enganar-se.

7º) Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com segurança, sem se importar com a verdade. Toda

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heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude, se o Espírito se apresenta como esclarecido. 8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação.

9º) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, não exigindo esforço para a compreensão. Eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras, porque cada palavra tem o seu justo emprego. Os Espíritos inferiores ou pseudossábios escondem sob frases empoladas o vazio das ideias. Sua linguagem é sempre pretensiosa, ridícula ou ainda obscura, a pretexto de parecer profunda.

10º) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente. Todo Espírito que se impõe trai a sua condição. São exclusivistas e absolutos nas suas opiniões e pretendem possuir o privilégio da verdade. Exigem a crença cega e nunca apelam para a razão, pois sabem que a razão lhes tiraria a máscara. 11º) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de maneira prudente. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar. 12º) Os Espíritos superiores mantêm-se, em todas as coisas, acima das puerilidades formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as ideias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é sinal certo de inferioridade e mistificação de parte de um Espírito que toma um nome pomposo. 13º) Devemos desconfiar dos nomes bizarros e ridículos usados por certos Espíritos que desejam impor-se à credulidade. Seria extremamente absurdo tomar esses nomes a sério. 14º) Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se apresentam com muita facilidade usando nomes bastante venerados, e só com muita reserva aceitar o que dizem. Nesses casos, sobretudo, é que um controle severo se torna indispensável. Porque é frequentemente a máscara que usam para levar-nos a crer em pretensas relações íntimas com Espíritos excelsos. Dessa maneira eles lisonjeiam a vaidade do médium e se aproveitam dela para o induzirem a atos lamentáveis e ridículos.

15º) Os Espíritos bons são muito escrupulosos no tocante às providências que podem aconselhar. Em todos os casos têm apenas em vista um fim sério e eminentemente útil. Devemos, pois, encarar como suspeitas todas aquelas que não tenham esse caráter ou sejam condenáveis pela razão, refletindo de modo maduro antes de adotá-las, pois do contrário nos exporemos a mistificações desagradáveis. 16º) Os Espíritos bons são também reconhecíveis pela sua prudente reserva no tocante às coisas que possam comprometer-nos. Repugna-lhes desvendar o mal. Os Espíritos levianos ou malfazejos gostam de expô-lo. Enquanto os bons procuram abrandar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a discórdia por meio de pérfidas insinuações.

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17º) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Toda máxima, todo conselho que não for estritamente conforme à mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons. 18º) Os Espíritos bons só dão conselhos perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afaste da linha reta do bom senso ou das leis imutáveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito e, portanto, pouco digno de confiança. 19º) Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos ainda se revelam por sinais materiais que a ninguém poderão enganar. A ação que exercem sobre o médium é às vezes violenta, provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e convulsiva que contrasta com a calma e a suavidade dos Espíritos bons. 20º) Os Espíritos imperfeitos aproveitam-se frequentemente dos meios de comunicação de que dispõem para dar maus conselhos. Excitam a desconfiança e a animosidade entre os que lhes são antipáticos. Principalmente as pessoas que podem desmascarar a sua impostura são visadas pela sua maldade

21º) Os Espíritos dos que tiveram, na Terra, uma preocupação exclusiva, material ou moral, se ainda não conseguiram libertar-se da influência da matéria continuam dominados pelas ideias terrenas. Carregam parte dos preconceitos, das predileções e até mesmo das manias que tiveram aqui. Isso é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.

22º) Os conhecimentos de que certos Espíritos muitas vezes se enfeitam, com uma espécie de ostentação, não são nenhum sinal de superioridade. A verdadeira pedra de toque para se verificar essa superioridade é a pureza inalterável dos sentimentos morais. 23º) Não basta interrogar um Espírito para se conhecer a verdade. Devemos, antes de tudo, saber a quem nos dirigimos. Porque os Espíritos inferiores, pela sua própria ignorância, tratam com leviandade as mais sérias questões. Também não basta que um Espírito tenha sido na Terra um grande homem para possuir no mundo espírita a soberana ciência. Só a virtude pode, purificando-o, aproximá-lo de Deus e ampliar os seus conhecimentos. 24º) Os gracejos dos Espíritos superiores são muitas vezes sutis e picantes, mas nunca banais. Entre os Espíritos zombeteiros, mas que não são grosseiros, a sátira mordaz é feita quase sempre muito a propósito.

25º) Estudando-se com atenção o caráter dos Espíritos que se manifestam, sobretudo sob o aspecto moral, reconhece-se a sua condição e o grau de confiança que devem merecer. O bom senso não se enganará. 26º) Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é necessário antes saber julgar-se a si mesmo. Há infelizmente gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiz a sua maneira de ver, as ideias, o sistema que inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos. Falta a essas criaturas, evidentemente, a primeira condição para a reta apreciação: a retidão do juízo. Mas elas nem percebem. Esse o defeito que mais enganos produz.

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Em Síntese:

DIFERENÇA NAS ATITUDES DOS BONS E DOS MAUS ESPÍRITOS

Bons Espíritos

Maus Espíritos

. Só dizem o que sabem e calam-se ou confessam a sua ignorância sobre o que não sabem. . Se conveniente, fazem com que fatos futuros sejam pressentidos, mas nunca determinam datas para a sua ocorrência. . Nunca ordenam. Não se impõem. Apenas aconselham. Não sendo escutados, retiram-se. . Não lisonjeiam. Aprovam o bem feito, mas sempre com reservas. . Desprezam em tudo as puerilidades da forma. . São escrupulosos no aconselhar atitudes. Quando o fazem, objetivam sempre um fim sério e eminentemente útil. Só prescrevem o bem e o que é perfeitamente racional e dentro das leis da natureza. . Guardam reserva sobre assuntos que possam trazer comprometimentos. Repugna-lhes desvendar o mal. Procuram atenuar o erro e pregam a indulgência. . Atuam com calma e doçura sobre o médium.

. Falam de tudo com desassombro, sem preocupação com a verdade. . Os levianos, com facilidade, predizem o futuro. Determinam com precisão fatos materiais que não temos como verificar. Apontam época determinada para um acontecimento. . São imperiosos. Dão ordens e querem ser obedecidos. Não se afastam por nada. São exclusivistas e absolutos, pretendendo ter o privilégio da verdade. Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, pois seriam desmascarados. . Prodigalizam exagerados elogios, estimulam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles aos quais pretendem dominar. . Ligam importância às particularidades mesquinhas, incompatíveis com ideias verdadeiramente elevadas. Fazem prescrições meticulosas. . Dão conselhos pérfidos, aconselham atitudes más, tolas , improdutivas, irracionais, fora do bom senso e das leis naturais. . Gostam de pôr o mal em evidência. Exageram-no e, com insinuações pérfidas, semeiam a intriga e a discórdia. . Tanto os maus como os simplesmente imperfeitos, ao agirem sobre o médium, provocam, às vezes, movimentos bruscos e intermitentes, agitação febril e convulsiva. Para se impor à credulidade e desviar os homens da verdade: - Adotam nomes singulares e ridículos, e nomes extremamente venerados; - Usam, alternativamente, de sofismas, sarcasmos e injúrias e, até, de demonstração material do poder oculto de que dispõem; - Excitam a desconfianças e a animosidade contra os que lhes são antipáticos e, especialmente, contra os que lhes podem desmascarar as imposturas.

Fonte: OLIVEIRA, 2006, p. 38-40.

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Referências: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. São Paulo: Petit, 2004. ______ O que é o espiritismo. São Paulo: LAKE, 1998. OLIVEIRA, Therezinha. Mediunidade. 13.ed. Campinas, SP: Allan Kardec, 2006.

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EVOCAÇÕES ______________________________________________________________________________

1. Considerações Gerais Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente ou vir ao nosso chamado. Temos, assim, duas modalidades de comunicação: espontânea (por iniciativa do Espírito) e por evocação. a) Comunicação Espontânea – Quando o Espírito se apresenta por vontade própria, sem que tenha havido antes um chamamento por parte do médium. b) Comunicação por Evocação – Quando o Espírito se apresenta após ter recebido um chamamento por parte do médium. Evocação é o ato pelo qual pedimos a um Espírito desencarnado que se manifeste. É – como diz Kardec – “um ato pelo qual um Espírito, dono de um corpo [somático], pede a outro Espírito ou muito simplesmente lhe permite servir-se de seu próprio órgão, de seu próprio instrumento, para manifestar o seu pensamento ou a sua vontade” (KARDEC, apud: BORGES, 2000, p. 125). Diz ainda o Mestre Lionês: “A chamada direta a um Espírito determinado constitui um laço entre ele e nós; chamando-o pelo nosso desejo, impomos assim uma espécie de barreira aos intrusos” (KARDEC, 2008, n. 269). A evocação traz consigo uma responsabilidade, isto é, deve ser: criteriosa, fundada num exame meticuloso, devendo ser evitadas evocações para consultas particulares. 2. Espíritos Que Podem Ser Evocados Sempre fundamentados em Kardec (2008), afirmamos que se pode evocar quaisquer Espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam. Entretanto, isto não quer dizer que queiram ou possam sempre atender ao nosso chamado. Há causas que podem impedir a evocação: a) Causas Pessoais: O Espírito pode estar desempenhando uma dada missão, o que o impede de nos atender; sua situação na Espiritualidade como, por exemplo, um Espírito recém-desencarnado, ainda incapaz de comunicar-se; b) Causas Estranhas: Dizem respeito particularmente à natureza do médium, à natureza da pessoa que evoca, ao meio em que é feita a evocação e no objetivo que se tem em vista. Se qualquer Espírito pode ser invocado, pergunta-se: Há inconveniente em evocar maus Espíritos? “Depende dos objetivos a que se propõe e da superioridade que se tenha sobre eles. Não há inconveniência, quando são evocados com o objetivo sério de os instruir e melhorar [como no processo de desobsessão]. Não se deve fazê-lo, porém, quando é por pura curiosidade, por divertimento ou para se pôr sob sua dependência, quando se lhes pede algum tipo de serviço. Lembre-se de que “ninguém exerce ascendência sobre os Espíritos inferiores, a não ser pela superioridade moral. Os Espíritos perversos sentem que os Homens de bem os dominam” (KARDEC, 2008-a, n. 279). E só assim.

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2. Linguagem Que Se Deve Usar Com Os Espíritos O grau de superioridade ou inferioridade dos Espíritos indica, naturalmente, o tom que se deve usar para com eles. É evidente que quanto mais elevados eles são, mais direito têm ao nosso respeito, às nossas atenções e à nossa submissão. Não devemos, pois, testemunhar-lhes menos deferência do que o faríamos se fossem encarnados. Na Terra, consideraríamos sua posição e classe social; no mundo dos Espíritos, nosso respeito não se dirige senão à superioridade moral. A própria elevação os coloca acima das puerilidades de nossas formas aduladoras. Não é por meio de palavras que se pode captar a sua benevolência, mas pela sinceridade dos sentimentos. Títulos não só não lhes são necessários, como os desagrada. Quanto aos Espíritos inferiores, devemos fazer uso de uma linguagem mais simples, sem perder o respeito, falando-se em tom de familiaridade. Entre os Espíritos inferiores, aqueles que são infelizes, a benevolência que lhes testemunharmos é um alívio para eles. Os que revelam a sua inferioridade pelo cinismo da linguagem, pelas mentiras, pela baixeza dos seus sentimentos, pela perversidade de seus conselhos são menos dignos do nosso interesse do que aqueles que demonstram arrependimento. Devemos-lhes ao menos a piedade que concedemos aos maiores criminosos. O meio de reduzi-los ao silêncio é nos mostrarmos superiores a eles. Em síntese, tenhamos veneração por aqueles que a merecem, reconhecimento por aqueles que nos protegem e nos assistem; por todos os outros, tenhamos uma benevolência da qual nós mesmos um dia talvez tenhamos necessidade (KARDEC, 2008-a, n. 280). 3. Utilidade das Evocações Particulares As comunicações que se obtêm dos Espíritos muito elevados, ou dos que animaram grandes personagens da Antiguidade, são preciosas, pelos altos ensinamentos que encerram. Esses Espíritos conseguem alcançar os mistérios que ultrapassam a importância vulgar da humanidade e, por conseguinte, nos iniciar melhor do que os outros em certas coisas. Os Espíritos comuns nos mostram a aplicação prática das grandes e sublimes verdades, cuja teoria os Espíritos superiores nos ministram. A evocação dos Espíritos comuns tem outra vantagem: a de nos colocar em relação com os Espíritos sofredores, a quem podemos aliviar e facilitar o adiantamento por meio de bons conselhos. Podemos, portanto, nos tornar úteis e nos instruir ao mesmo tempo. Há egoísmo naquele que somente a sua própria satisfação procura nas manifestações dos Espíritos, e dá prova de orgulho aquele que deixa de estender a mão em socorro dos desgraçados. De que lhe serve obter delas comunicações de Espíritos de escol, se isso não o faz melhor para consigo mesmo, nem mais caridoso e benévolo para com seus irmãos deste mundo e do outro? Que seria dos pobres doentes, se os médicos se recusassem a lhes tocar as feridas? (KARDEC, 2008-a, nº 281). . Evocação dos Animais Pode evocar-se o Espírito de um animal? Respondem os Espíritos: "Depois da morte do animal, o princípio inteligente que nele havia se acha em estado latente e é logo utilizado, por certos Espíritos incumbidos disso, para animar novos seres, nos quais ele continua a obra de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há Espíritos errantes de animais, mas somente Espíritos humanos" (KARDEC, 2008, n. 283).

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Como é então que, tendo evocado animais, algumas pessoas tenham recebido resposta? Respondem os Espíritos: "Evocai um rochedo e ele vos responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra, sob qualquer pretexto" (KARDEC, 2008-a, n. 283). Observação de Kardec: Pela mesma razão, ao se evocarmos um mito, ou uma personagem alegórica, eles responderão, isto é, algum Espírito responderá por eles e lhes tomará o caráter e as maneiras. Certo dia, alguém teve a ideia de evocar Tartufo e este veio logo. Mais ainda: falou de Orgon, de Elmira, de Dâmide e de Valéria, de quem deu notícias. Quanto a si próprio, imitou o hipócrita com tanta arte, como se Tartufo houvesse sido uma personagem real. Disse mais tarde ser o Espírito de um ator que havia desempenhado esse papel. Os Espíritos levianos se aproveitam sempre da inexperiência dos interrogantes. Evitam, porém, dirigir-se aos que eles sabem bastante esclarecidos para lhes descobrir as imposturas e que não lhes dariam crédito aos contos. Acontece a mesma coisa entre os homens. Um senhor tinha em seu jardim um ninho de pintassilgos, pelos quais se interessava bastante. Certo dia, o ninho desapareceu. Tendo-se certificado de que ninguém da sua casa era culpado do delito, e como ele mesmo fosse médium, teve a ideia de evocar a mãe dos passarinhos. Ela veio e lhe disse em muito bom francês: "Não acuses a ninguém e tranquiliza-te quanto à sorte de meus filhotes; foi o gato que, saltando, derrubou o ninho; tu o encontrarás debaixo dos arbustos, assim como os passarinhos, que não foram comidos." Indo verificar, encontrou tudo certo, conforme lhe fora dito. Devemos concluir que foi a ave quem respondeu? Claro que não; mas, apenas um Espírito que conhecia a história. Isso prova quanto se deve desconfiar das aparências e quanto é preciosa a resposta acima: Evocai um rochedo e ele vos responderá (Veja-se o capítulo 22 de “O Livro dos Médiuns”: “Mediunidade entre os Animais”, n. 234). . Evocação das Pessoas Vivas "A encarnação dos Espíritos não constitui obstáculos à sua evocação, mas é necessário que o estado do corpo permita que no momento da evocação o Espírito se desprenda [isto é, que deva estar dormindo ou cochilando]" (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 37). Independentemente de sua evocação, um Espírito encarnado pode comunicar-se em reuniões mediúnicas, embora ligado ao seu corpo físico pelo laço fluídico perispirítico, que influencia a comunicação (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 40). Um Espírito encarnado não pode comunicar-se em dois pontos diferentes ao mesmo tempo, dizem os Espíritos, o que somente é possível ao desencarnado (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 46). Pode evocar-se um Espírito, cujo corpo ainda se ache no seio materno? Perguntou Kardec. "Não", responderam os amigos espirituais, "porquanto ele se acha em estado de perturbação, que aumenta, à medida que se aproxima o momento do nascimento" (KARDEC, 2008-a, n. 284, §51). Os ensinamentos posteriores da Doutrina, especialmente os de André Luiz e Emmanuel, mostram que este estado de perturbação depende do estado evolutivo do Espírito reencarnante, de sorte que a resposta é relativa e não absoluta. Recomendam os Espíritos não evocar crianças de tenra idade, nem pessoas gravemente doentes, nem ainda velhos e enfermos, pois todos, nestas condições, têm seus corpos enfraquecidos (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 54). Conta Kardec que um Espírito afirmou que seu corpo sofria fadiga, quando evocado. Disse: "Meu Espírito é como um balão cativo amarrado a um poste; meu corpo é o poste, que estremece com as sacudidelas do balão" (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 55).

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. Enfim, já que a evocação das pessoas vivas pode ter inconvenientes, quando feita sem precaução, não haverá perigo quando se evoca um Espírito que não se sabe se está encarnado e que poderia não se encontrar em condições favoráveis? Resposta dos Espíritos: “Não, as circunstâncias não são as mesmas. Ele só virá se estiver em condições de fazê-lo. Aliás, eu já não vos disse que perguntásseis, antes de fazer uma evocação, se ela é possível?” (KARDEC, 2008-a, n. 284, § 56). . Telegrafia Humana A Telegrafia Humana, dizem os Espíritos, será um dia o meio universal de correspondência, quando os homens se depurarem, a fim de que seus Espíritos se desprendam da matéria (KARDEC, 2008-a, n. 285, § 58 e 58-a). Telegrafia Humana: É a “comunicação à distância entre duas pessoas vivas que se evocam reciprocamente. Esta evocação provoca a emancipação da alma ou do Espírito encarnado, que vem se manifestar, podendo comunicar seu pensamento pela escrita ou qualquer outro meio. Os Espíritos nos dizem que a telegrafia humana será um dia um meio comum de comunicação, quando os homens forem mais moralizados, menos egoístas e menos presos às coisas materiais. Enquanto se aguarda, a telegrafia humana só é privilégio das almas de elite. (KARDEC, 1997, p. 138). A telegrafia humana é uma comunicação direta de Espírito a Espírito encarnado, não adormecidos (LOBO, 1993, v. 2., p. 66). O termo mais usado hoje em dia para este fenômeno psíquico é telepatia, com o significado de transmissão, a longa distância ou não, sem o emprego dos órgãos sensoriais, de pessoa para pessoa, de palavras, ideias, emoções e imagens mentais. Para que ocorra este fenômeno, é necessário que ambas estejam sintonizadas na mesma faixa vibratória de transmissão mental. Diz Léon Denis que a telepatia é o “processo de comunicação entre todos os seres pensantes na Vida Superior e a oração é uma das suas formas mais poderosas, uma das suas aplicações mais elevadas e mais puras. A telepatia é a manifestação de uma lei universal e eterna” [...] “A ação telepática não conhece limites; suprime todos os obstáculos e liga os vivos da Terra ao vivos do Espaço, o mundo visível aos mundos invisíveis, o homem a Deus; une-os de maneira mais estreita, mais íntima” (DENIS, 2008, p. 129). Trata-se, enfim, da comunicação direta e a distância entre duas mentes, sem o uso dos sentidos comuns. __________ Referências: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008-a. ______ Definições espíritas. Apresentação e Notas de L. Palhano Jr. Niteroi, RJ: Lachâtre, 1997. LOBO, Ney. Filosofia espírita da educação e suas consequências pedagógicas e administrativas. 2.ed. Rio de janeiro: FEB, 1993. 2 v. DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 1.ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

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PERGUNTAS QUE SE PODEM DIRIGIR AOS ESPÍRITOS ______________________________________________________________________________

(O Livro dos Médiuns, cap. 26)

1. Observações Preliminares Em relação às perguntas a serem feitas aos Espíritos, há que se dar a maior importância ao modo de formular as questões e mais ainda à sua natureza. Dois aspectos devem ser considerados: a forma e a essência. a) Forma: As perguntas devem ser claras e precisas, evitando-se as questões complexas. Quando um assunto requer uma série de perguntas, é essencial que elas se encadeiem logicamente, de modo a decorrerem naturalmente umas das outras. É necessário também prepara as questões antecipadamente (planejamento) e, durante a sessão, intercalar aquelas que as circunstâncias tornem necessárias. Esse trabalho preparatório é uma espécie de evocação antecipada, à qual o Espírito pode ter assistido e a que se dispõe a responder. b) Essência: A essência da questão exige atenção ainda mais séria, pois muitas vezes é a natureza da pergunta que provoca uma resposta exata ou falsa. Há questões a que os Espíritos não podem ou não devem responder, por motivos desconhecidos, portanto, é inútil insistir, mas, acima de tudo, o que se deve evitar são as perguntas feitas com o objetivo de colocar a inteligência deles à prova. Podemos receber ensinamentos úteis e bons conselhos, mas os Espíritos respondem mais ou menos bem, de acordo com os conhecimentos que possuem, o interesse que merecemos de sua parte, o afeto que nos dedicam e o objetivo a que nos propomos, assim como a utilidade que vêem no que lhes pedimos. 2. Perguntas Simpáticas ou Antipáticas aos Espíritos Os Espíritos sérios respondem com prazer às perguntas que objetivam o bem e os meios de vos fazer progredir e ignoram as perguntas fúteis, feitas por curiosidade e para experimentá-los. Neste caso, eles se afastam. Não é o tipo de pergunta que afasta os Espíritos levianos, mas o caráter elevado de quem a faz. Somente as perguntas que possam pôr-lhes à mostra a ignorância ou a mistificação, afastam os Espíritos imperfeitos, quando estão procurando enganar. Fora disso, respondem a tudo sem se preocuparem com a verdade. Eles gostam muito das pessoas que buscam diversão e passatempo com suas perguntas, e ficam satisfeitos quando as mistificam. Nem todos os Espíritos estão aptos a compreender as perguntas que lhes fazem. Os Espíritos inferiores são incapazes de responder a certas perguntas, o que não os impede de fazê-lo bem ou mal, como acontece com os encarnados. Observação de Kardec: Em certos casos, e quando for útil, acontece muitas vezes que um Espírito mais esclarecido ajuda um Espírito ignorante e lhe “assopra” a resposta. Isso se reconhece facilmente pelo

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contraste da resposta com as demais, e também porque frequentemente o próprio Espírito o confirma. Mas isso só acontece com os Espíritos ignorantes de boa fé, jamais com os que fingem saber.

3. Perguntas Sobre o Futuro Não se deve fazer perguntas sobre o futuro. Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente. É esse um problema sobre o qual sempre há quem insista para obter resposta precisa. Trata-se de um grave erro, porque a manifestação dos Espíritos não é meio de adivinhação. Se alguém insistir numa resposta ela lhe será dada por um Espírito leviano. Pode acontecer que o Espírito preveja coisas que considera conveniente dar a conhecer, ou que tenha por missão revelar à pessoa que recebe a comunicação. Mas é nesses casos que mais devemos temer os Espíritos mistificadores, que se divertem fazendo predições. É somente pelo conjunto das circunstâncias que podemos julgar o grau de confiança que elas merecem. Devemos desconfiar mais de todas as previsões que não forem de utilidade geral. As predições pessoais podem, quase sempre, ser consideradas falsas. Os Espíritos sérios não marcam data para uma ocorrência futura porque não devem ou porque não podem. Eles podem, em certos casos, fazer pressentir um acontecimento: é então um aviso que dão. Quanto a precisar a época, muitas vezes não o devem fazer; muitas vezes também não o podem, porque eles mesmos não sabem.

. Comentário de Kardec: Os Espíritos veem ou pressentem por indução os acontecimentos futuros. Vêem que se realizam num tempo que não medem como nós. Para precisar a época da ocorrência teriam de identificar-se com a nossa maneira de calcular a duração, o que nem sempre julgam necessários. Essa, quase sempre, a causa dos erros aparentes. . Existem homens dotados de faculdade especial para ver o futuro. São aqueles cuja alma se desprende da matéria. E nesse caso é o Espírito que vê. Quando convém, Deus lhes permite revelar algumas coisas para o bem. Mas ainda existem mais impostores e charlatões. Essa faculdade se tornará mais comum no futuro.

4. Perguntas Sobre Existências Passadas e Futuras Deus às vezes permite que fatos de existências passadas sejam revelados, dependendo do objetivo. Se for para a nossa edificação e instrução as revelações serão verdadeiras, e, nesse caso, quase sempre feitas espontaneamente e de maneira inteiramente imprevistas. Mas nunca Deus as permite para satisfazer à vã curiosidade. Com relação ao gênero de existência que tivemos, a posição social que ocupamos e, principalmente, as qualidades e defeitos que predominaram em nós, estudando o nosso presente podemos deduzir, por nós mesmos, o nosso passado. Não podemos obter revelações sobre nossa existência futura, pois vossa futura ela não pode ser percebida antes, dado que será o que determinarmos por nós mesmos, segundo a nossa conduta na Terra e as resoluções posteriores como Espírito.

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5. Perguntas Sobre Questões Morais e Materiais Podemos pedir conselhos aos Espíritos. Os Espíritos bons jamais se recusam a ajudar os que os invocam cheios de confiança, principalmente quando se trata de assuntos da alma. Mas repelem os hipócritas, aqueles que fingem buscar a luz e se comprazem nas trevas. Os Espíritos podem aconselhar sobre questões de interesse particular, conforme o caso. Depende também dos Espíritos interpelados. Os conselhos referentes à vida particular são dados com mais exatidão pelos Espíritos familiares, os que mais se ligam às pessoas e se interessam pelo que lhes concerne. O Espírito familiar é o amigo, o confidente de vossos mais secretos pensamentos. Mas frequentemente a pessoa o cansa com perguntas tão estúpidas que ele se afasta. Se, no interesse da justiça e das pessoas que estima, um Espírito julgar útil fazer revelações particulares, as fará espontaneamente, sem necessidade de que o interessado seja médium ou recorra a um médium. Ele o levará ao conhecimento do assunto por meio de circunstâncias inesperadas, mas nunca em virtude de pedidos que lhe façam, pois os pedidos não podem mudar a natureza das provas que se têm de sofrer. 6. Perguntas Sobre a Situação dos Espíritos Podemos solicitar esclarecimentos aos Espíritos sobre a sua situação no mundo espiritual, desde que o pedido seja ditado pela simpatia e pelo desejo de ser útil, e não pela curiosidade. Nesse caso, eles respondem de boa vontade. Evocando-se uma pessoa cujo destino é ignorado, pode-se saber dela mesma se ainda está viva, desde que a incerteza quanto à sua morte não seja uma necessidade ou uma prova para os que têm interesse em sabê-lo. 7. Perguntas Sobre a Saúde Os Espíritos podem aconselhar quanto à saúde de uma pessoa, porém, como há ignorantes e sábios entre eles, nesse caso como em outros não convém dirigir-se ao primeiro que se manifeste. Um médico, evocando os seus clientes mortos, poderia deles obter esclarecimentos sobre a causa de suas mortes, as faltas que poderia ter cometido no seu tratamento e aumentar assim a sua experiência, se ele se fizesse assistir por Espíritos esclarecidos que supririam as faltas de conhecimento de alguns doentes. Mas, para isso, seria necessário fazer esses estudos de maneira séria, assídua, com fim humanitário e não como meio de adquirir saber e fortuna sem trabalho. 8. Perguntas Sobre Invenções e Descobertas O conhecimento mais preciso do Espiritismo acalmou a febre das descobertas que, no princípio, muitos se vangloriavam de fazer por seu intermédio. Chegaram mesmo a pedir aos Espíritos receitas para tingir, fazer nascer cabelos etc. Todavia, quando chega o tempo de uma descoberta os Espíritos incumbidos de lhe dirigir a marcha procuram o homem capaz de a levar a bom termo. Inspiram-lhe as ideias necessárias, com o cuidado de lhe deixar todo o mérito, porque essas ideias ele terá de elaborar e pôr em execução. 9. Perguntas Sobre Tesouros Ocultos Os Espíritos superiores não se ocupam dessas coisas, mas os brincalhões muitas vezes indicam tesouros inexistentes ou podem ainda indicar um lugar enquanto o tesouro se encontra em outro. E isso

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tem a sua utilidade, por mostrar que a verdadeira fortuna está no trabalho. Se a Providência destina riquezas ocultas a alguém, essa pessoa as encontrará naturalmente e não de outra maneira. 10. Perguntas Sobre Outros Mundos Observação de Kardec: As perguntas sobre a constituição física e as condições astronômicas dos mundos entram no campo das pesquisas científicas, cujos trabalhos os Espíritos não podem poupar-nos. Do contrário, um astrônomo acharia muito cômodo mandar os Espíritos fazerem os seus cálculos, o que, sem dúvida, depois não confessaria. Se os Espíritos pudessem, pela revelação, poupar o trabalho de uma descoberta, provavelmente o fariam em favor de um sábio bastante modesto para abertamente reconhecer a fonte, e não em proveito dos orgulhosos que os renegam e aos quais, pelo contrário, muitas vezes reservam as decepções do amor próprio. __________ Referências: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008-a.

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CONTRADIÇÕES E MISTIFICAÇÕES ______________________________________________________________________________

(O Livro dos Médiuns, cap. 27)

1. Contradições Dizemos que há contradição, quando se afirma e se nega simultaneamente algo sobre a mesma coisa. Destarte, se alguém, num interrogatório policial, diz que na noite do crime permaneceu em casa e depois afirma que nessa noite viajou a uma cidade vizinha, diz-se que tal pessoa entrou em contradição. Por outro lado, no estudo da Lógica, deparamo-nos com o “Princípio da Contradição”, segundo o qual duas proposições contraditórias não podem ser ambas falsas ou ambas verdadeiras ao mesmo tempo. Portanto, as afirmações do interrogado (“Permaneci em casa” e “Viajei a uma cidade vizinha”) são contraditórias. Afirmam os adversários do Espiritismo que os espíritas não estão de acordo entre si; nem todos partilham das mesmas crenças, ou seja, contradizem-se. No âmbito do Espiritismo, as contradições seriam pontos de atrito, de divergências nos ensinos dos Espíritos. Se o ensinamento é dado pelos Espíritos – dizem os adversários da doutrina –, por que não é idêntico? Kardec rebate essas colocações, dizendo que, em geral, essas contradições são mais aparentes do que reais. Prendem-se mais à superfície do que ao fundo da questão, não tendo, pois, importância. As contradições provêm de duas fontes: dos Homens e dos Espíritos.

1.1 Contradições dos Homens Os passos de toda ciência nascente são necessariamente incertos, até que o tempo permita reunir e coordenar os fatos que podem firmar opinião. À medida que os fatos se completam e são mais bem observados, as ideias prematuras se apagam e a unidade se estabelece, senão em todos os detalhes, pelo menos sobre os pontos fundamentais. O Espiritismo não escapou a essa lei comum, tendo por sua natureza de se prestar à diversidade das interpretações. Entretanto, o Espiritismo foi mais rápido do que outras ciências, como a medicina – diz Kardec –, que divide ainda os maiores sábios. Hoje há uma unidade na imensa maioria dos espíritas, pelo menos quanto aos princípios gerais, salvo em alguns detalhes insignificantes.

1.2 Contradições dos Espíritos Para entender as contradições referentes aos Espíritos, é preciso lembrar-se da escala espírita, com seus diversos níveis. Há um número infinito de degraus que os Espíritos devem percorrer antes de atingir o último: o dos Espíritos perfeitos. Supor-lhes uma igual apreciação das coisas seria equiparar todos no mesmo nível. Pensar que todos devem ver o que é justo seria admitir que eles atingiram a perfeição, o que não ocorre e o que não pode ser, se considerarmos que eles não são outra coisa senão a humanidade sem o corpo físico.

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Os Espíritos de todas as classes podem se manifestar, e disso resulta que suas comunicações revelam a condição de sua ignorância ou de sua sabedoria, de sua inferioridade ou de sua superioridade moral. Assim como entre os homens, há Espíritos que são falsos sábios e semissábios, orgulhosos, presunçosos e sistemáticos. Como é dado apenas aos Espíritos perfeitos tudo conhecer, há para os outros, assim como para nós, mistérios que explicam à sua maneira, segundo suas ideias, e sobre os quais podem ter opiniões mais ou menos justas, que por amor próprio fazem prevalecer e que gostam de repetir em suas comunicações.

1.3 Questões Duvidosas Dois meios podem servir para fixar as ideias sobre as questões duvidosas:

1º) Submeter as comunicações ao controle severo da razão, do bom senso e da lógica. É uma recomendação que fazem todos os bons Espíritos, e que procuram não fazer os Espíritos enganadores que sabem muito bem não poder senão perder com um exame sério e, por isso, evitam a discussão e querem ser acreditados sob palavra.

2º) A concordância do ensinamento. Quando o mesmo princípio é ensinado sobre vários pontos, por diferentes Espíritos e médiuns estranhos uns aos outros, e que não estão sob a mesma influência, pode-se disso concluir que ele é mais verdadeiro que aquele que emana de uma só fonte e se encontra em contradição com a maioria (KARDEC, 2003, p. 144-145).

Diante da incerteza de um ensinamento, Kardec aconselha: “Nós não aceitamos com a mesma confiança o ensinamento de todos os homens, e entre duas doutrinas, damos preferência àquela cujo autor nos parece ser o mais esclarecido, o mais capaz, o mais judicioso e o menos acessível às paixões. É preciso agir da mesma forma com os Espíritos” (KARDEC, 2008-a, n. 300). No caso de ocorrerem dissidências capitais em relação ao fundamento da doutrina, orienta-nos o Espírito de Verdade, dizendo que há uma regra certa a apreciar: “” melhor doutrina é a que melhor satisfaz ao coração e à razão, e a que dispõe de mais elementos para levar o Homem ao bem. Essa, eu vos asseguro, é a que prevalecerá” (KARDEC, 2008-a, n. 302). 1.4 Resumo Kardec sintetiza o tema presente, ao dizer:

As contradições que se notam nas comunicações espíritas podem resultar das seguintes causas: ignorância de certos Espíritos; embuste de Espíritos inferiores que, por malícia ou maldade, dizem o contrário do que o Espírito falou em outro lugar, cujo nome eles usurpam; vontade do próprio Espírito, que fala conforme os tempos, os lugares e as pessoas, e que pode julgar conveniente não dizer tudo a toda gente; insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas do mundo incorpóreo; insuficiência dos meios de comunicação, que nem sempre permitem ao Espírito expressar todo o seu pensamento; enfim, resulta da interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, segundo suas ideias, seus preconceitos, ou o ponto de vista sob o qual considere o assunto. Só o estudo, a observação, a experiência e a ausência de todo sentimento de amor-próprio podem ensinar a distinguir estes diversos matizes (KARDEC, 2008-a, n. 302 ).

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2. Mistificações Segundo o Dicionário Houaiss, mistificação é “ato ou efeito de enganar alguém, de induzi-lo a crer em uma mentira; ludíbrio, farsa, embuste”. Em nosso caso, mistificação é a “comunicação de Espíritos impostores, que se ocultam sob a identidade de Espíritos respeitáveis para transmitir informações e conceitos absurdos” (BORGES, 2000, p. 236). É comum o Espírito mistificador fazer uso da comunicação para explorar defeitos dos médiuns, como a vaidade e o orgulho. 2.1 Respostas do Espírito de Verdade (KARDEC, 2008-a, n. 303)

O Espírito de Verdade responde a questões sobre este assunto:

1) As mistificações são um dos escolhos mais desagradáveis da prática espírita. Haverá um meio de evitá-las?

— Parece-me que podeis encontrar a resposta revendo o que já vos foi ensinado. Sim é claro, há para isso um meio muito simples, que é o de não pedir ao Espiritismo nada mais do que eles podem e devem dar-vos: seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da Humanidade. Desde que não vos afasteis disso, jamais serei mistificado, pois não há duas maneiras de se compreender a verdade moral, mas somente aquela que todo homem de bom senso pode admitir. Os Espíritos vêm instruir-vos e guiar-vos na rota do bem e não na das honrarias e da fortuna ou para atender ás vossas pequeninas paixões. Se jamais lhe pedissem futilidades ou o que seja além de suas atribuições, ninguém daria acesso aos Espíritos mistificadores. Do que se conclui que só é mistificado aquele que merece.

Os Espíritos não estão incumbidos de vos instruir nas coisas deste mundo, mas de vos guiar com segurança naquilo que vos possa ser útil para o outro. Quando vos falam das coisas daqui é por considerarem isso necessário, mas não porque o pedis. Se quiserdes ver nos Espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então sereis mistificados. Se bastasse aos homens dirigir-se aos Espíritos para tudo saberem, perderiam o livre arbítrio e sairiam dos desígnios traçados por Deus para a Humanidade. O homem deve agir por si mesmo. Deus não envia os Espíritos para lhe aplainarem a rota da vida material, mas para lhe prepararem a do futuro.

1-a) Mas há pessoas que não os interrogam sobre nada e que são enganadas de modo infame por Espíritos que se manifestam espontaneamente, sem que os evoquem.

— Se nada perguntam, aceitam o que dizem, o que dá na mesma .Se recebessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, os Espíritos levianos não as enganariam tão facilmente.

2) Porque Deus permite que as pessoas sinceras, que aceitam de boa fé o Espiritismo, sejam mistificadas? Isso não poderia acarretar o inconveniente de lhes abalar a crença?

— Se isso lhes abalasse a crença, seria por não terem a fé bastante sólida. As pessoas que abandonassem o Espiritismo por um simples desapontamento provariam não o haver compreendido, não se terem apegado ao seu aspecto sério. Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um simples meio de divertimento.

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. Observação de Kardec: A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo que se possa imaginar. A arte com que assestam as suas baterias e tramam os meios de persuadir seria digno de atenção, caso se limitassem a brincadeiras inocentes. Mas as mistificações podem ter consequências desagradáveis para os olhos a tempo a muitas pessoas que nos pediram conselhos, livrando-as de situações ridículas e comprometedoras. Entre os meios empregados por esses Espíritos devemos colocar em primeiro lugar, como os mais frequentes, os que excitam a cupidez, como a revelação de pretensos tesouros ocultos, o anúncio de herança e de outras fontes de riqueza. Devem, também se considerar desde logo suspeitas às predições com épocas marcadas e todas as indicações precisas referentes a interesses materiais. Toda cautela com as providências prescritas ou aconselhadas pelos Espíritos, Quando os fins não forem claramente razoáveis. Jamais se deixar ofuscar pelos nomes usados pelos Espíritos para darem validade ás suas palavras. Desconfiar das teorias e sistemas científicos ousados. Enfim, desconfiar de tudo o que se afaste do objetivo moral das manifestações. Poderíamos escrever um volume dos mais curiosos com as estórias de todas as mistificações que têm chegado ao nosso conhecimento. __________ Referências: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008-a. ______ O que é o espiritismo. 53.ed. Araras, SP: IDE, 2003.

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CHARLATANISMO E PRESTIDIGITAÇÃO ______________________________________________________________________________

(O Livro dos Médiuns, cap. 28)

1. Médiuns Interesseiros Como tudo pode tornar-se objeto de exploração, há também quem busque explorar os Espíritos. Nada se presta melhor ao charlatanismo e à trapaça – diz Kardec – do que uma exploração dessas. Se o número dos falsos sonâmbulos é imenso, bem maior deve ser o dos falsos médiuns. Dado que não há charlatanismo desinteressado, o desinteresse pecuniário, entretanto, é a resposta mais clara e incontestável que se pode dar àqueles que veem nos fatos espíritas apenas uma hábil manobra. Não se pode supor que um Espírito, por menos elevado que seja, fique a qualquer hora do dia às ordens de um negociante de sessões e se submeta às suas exigências para satisfazer a curiosidade das pessoas. Sabe-se da aversão dos Espíritos por tudo o que cheira cobiça, egoísmo, e pouco caso fazem das coisas materiais. Omo admitir, então, que se prestem a ajudar quem quer negociar com a sua presença? Em caso de cobrança de consulta, se a pessoa não é mistificada por um falso médium, tem a chance de o ser por um Espírito leviano. Os médiuns interesseiros não são apenas os que exigem pagamento. O interesse não se traduz sempre na esperança de um ganho material, mas também pelas considerações ambiciosas de toda a natureza, sobre as quais podem fundar esperanças pessoais. Kardec considera também que está ainda aí um defeito de que sabem se aproveitar muito bem os Espíritos zombeteiros, que agem com astúcia verdadeiramente notável, embalando enganosas ilusões naqueles que se colocam, assim, sob sua dependência. Em resumo, a mediunidade é uma faculdade dada para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem pretenda fazer dela uma escada para chegar ao que quer que seja, que não responda aos objetivos da Providência. O egoísmo é a praga da sociedade. Os bons Espíritos o combatem, não se podendo supor que se ponham a seu serviço. Um médium de efeitos físicos que quisesse explorar essa faculdade, encontraria muitos Espíritos que o assistiriam sem muita repugnância, mas aí se apresenta outro inconveniente. O médium de efeitos físicos, como o de comunicações inteligentes, não recebeu sua faculdade para seu prazer: foi-lhe dada com a condição de fazer dela um bom uso. Assim, se dela abusa, pode ser-lhe retirada, ou causar-lhe algum mal, porque, definitivamente, os Espíritos inferiores estão sob as ordens dos Espíritos superiores. Os Espíritos inferiores gostam muito de mistificar, mas não gostam de serem mistificados. Prestando-se voluntariamente ao gracejo, às coisas curiosas, não gostam, mais que os outros, de serem explorados, e provam, a cada instante, que têm sua vontade, que agem quando e como bem lhes pareça, o que faz com que o médium de efeitos físicos esteja ainda menos seguro da regularidade das manifestações do que o médium psicógrafo. Pretender produzi-las em dias e horas fixas, é dar prova da mais profunda ignorância. Dada essa dificuldade, o que se faz é simular os fenômenos. Se o Espírito não atende, o charlatão o inventa. A imaginação é muito fecunda, quando se trata de ganhar dinheiro – diz Kardec. A faculdade mediúnica não foi dada para ser exibida sobre os palcos, e qualquer pessoa que pretenda ter às suas

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ordens Espíritos para exibi-los em público pode, com razão, ser suspeita de charlatanismo ou de ilusionismo. Conclusão: o desinteresse mais absoluto é a melhor garantia contra o charlatanismo. 2. Fraudes Espíritas Entendemos por fraude, todo artifício empregado para enganar alguém ou ação desonesta realizada com o propósito de enganar alguém. Destarte, fraudar é enganar. No Espiritismo, quando falamos em fraude, estamos nos referindo particularmente à ação do médium que simula uma modalidade de mediunidade que não possui. Há quem julgue qualquer fenômeno mediúnico fruto da fraude. Tais pessoas afirmam que os médiuns são ilusionistas. Responde Kardec que há, sem dúvida, ilusionistas de habilidade notável, mas são raros. Se todos os médiuns praticassem fraude, seria preciso convir que a arte do ilusionismo teria feito, em pouco tempo, progressos extraordinários e teria se tornado subitamente bem comum, uma vez que se encontraria em estado inato em pessoas que dela nem suspeitavam, até mesmo crianças. Do fato de haver médiuns fraudulentos, não se segue que todos os médiuns pratiquem a fraude. De todos os fenômenos espíritas, os que mais se prestam à fraude são os fenômenos físicos, primeiramente porque, impressionando mais a vista do que a inteligência; são os que o ilusionismo pode mais facilmente imitar. Em segundo lugar, porque, despertando, mais do que os outros, a curiosidade, são mais apropriados a atrair as multidões. São, por conseguinte, os mais produtivos. Entretanto, mesmo os fenômenos espíritas de efeitos físicos não são fáceis de imitar, daí ser necessário observar atentamente as circunstâncias e, principalmente, levar em conta o caráter e a posição das pessoas, o objetivo e o interesse que elas poderiam ter em enganar. Esse é o melhor de todos os controles. As manifestações inteligentes são, de acordo com as circunstâncias, as que oferecem a maior garantia; entretanto, nem elas estão ao abrigo da imitação, pelo menos no que se refere às comunicações banais e comuns. A fraude se insinua por toda parte. O que tira todas dúvidas são os pensamentos expressos, quer venham de um médium mecânico, intuitivo, auditivo, psicofônico ou vidente. Há comunicações que estão de tal forma fora das ideias, dos conhecimentos e até mesmo da capacidade intelectual do médium que seria preciso iludir-se para atribuí-las a ele. Pode-se reconhecer no charlatanismo uma grande habilidade e muitos recursos, mas ainda não se conhece nele o dom de dar o saber a um ignorante ou espírito àquele que não o tem. Em resumo, a melhor garantia está na moralidade dos médiuns e na ausência de todas as causas de interesse material ou de vaidade que, além de estimular neles o exercício das faculdades mediúnicas que possuem podem animá-los a simular as que não têm.

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. Anexo Carta que censura os médiuns trapaceiros, publicada

na Revista Espírita de Agosto de 1861, e reproduzida em “O Livro dos Médiuns” – Parte Segunda – Capítulo 28.

Paris, 21 de julho de 1861.

Senhor,

Pode-se estar em desacordo sobre certos pontos e estar em perfeito acordo sobre outros. Acabo de ler, na página 213 do último número de vosso jornal, reflexões sobre a fraude em matéria de experiências espiritualistas (ou espíritas), reflexões a que sou feliz em me associar

com todas as minhas forças. Aí, toda dissidência em matéria de teorias e de doutrinas desaparece como por encanto. Não sou, talvez, tão severo quanto vós em relação aos médiuns que, sob uma forma digna e conveniente, aceitam uma remuneração como indenização pelo tempo que consagram às experiências frequentemente longas e fatigantes; mas eu sou como vós – e não se poderia ser menos – em relação àqueles que, em semelhante caso, suprem pela falcatrua e pela fraude a ausência ou a insuficiência dos resultados prometidos e esperados (Veja a questão nº 311).

Misturar o falso com o verdadeiro, quando se trata de fenômenos obtidos pela intervenção dos Espíritos, é certamente uma infâmia, e haveria adulteração no senso moral do médium que acreditasse poder fazê-lo sem escrúpulo. Conforme frisastes com exatidão, “é lançar o descrédito sobre a coisa no espírito dos indecisos, desde que a fraude seja reconhecida”. Acrescentaria que é comprometer da maneira mais deplorável os homens dignos que prestam aos médiuns o apoio desinteressado de seus conhecimentos e de suas luzes, que se fazem fiadores de sua boa fé e que os patrocinam de algum modo; é cometer para com eles uma

verdadeira deslealdade. Todo médium que fosse culpado de manobras fraudulentas, que fosse apanhado, para me servir de uma expressão pouco trivial, com a boca na botija mereceria ser banido por todos os espiritualistas ou espíritas do mundo, para os quais seria um dever rigoroso desmascará-los ou marcá-los. Se vos convier, senhor, insira essas poucas linhas em vosso jornal; elas estão ao vosso serviço.

Mateus.

__________ Referências: KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. São Paulo: Petit, 2004.

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A MENTE (1): Consciente; Subconsciente; Superconsciente ______________________________________________________________________________

1. A Mente Mente é o conjunto das atividades psíquicas de um indivíduo. Mente é o mesmo que psiquê. Trata-se de “um fenômeno de exteriorização ou manifestação do Espírito, sendo-lhe órgão funcional que se localiza no períspirito. Através dela [mente, psiquê], ele consegue manipular a matéria” (NOVAES, 2004, p. 25). André Luiz acrescenta que a mente é a orientadora do universo microscópico dos bilhões de células que se consagram a seu serviço. “Dela emanam as correntes da vontade, determinando vasta rede de estímulos, reagindo ante as exigências da paisagem externa, ou atendendo às sugestões das zonas interiores” (XAVIER, 1995, p. 56). Em “Pensamento e Vida”, diz Emmanuel: “A mente é o espelho da vida em toda a parte”. E conclui: “Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar” (XAVIER,1998, p. 11-12). A mente – diz Adenáuer Novaes – “é responsável pela gama de fenômenos que atravessa o cérebro a caminho do Espírito. Ela, a mente, não é uma criação arbitrária da evolução, mas um mecanismo de captação e atuação de que se serve o Espírito e que foi deliberadamente constituída para servir a seus propósitos”. Todavia, o conceito de mente é ainda obscuro. “A psiquê é um enigma, um mistério tanto quanto a própria Natureza. Temos apenas uma pálida e imperfeita ideia do que ela é” (NOVAES, 2004, p. 112). Estudaremos a mente segundo dois grandes pesquisadores, Freud e Jung, e, por último, a formulação de André Luiz, no âmbito do Espiritismo. 1.1 Sigmund Freud (1835-1930) a) Primeira Formulação – Em sua primeira formulação, Freud concebe a mente composta por três instâncias: Consciente, Inconsciente e Pré-Consciente.

- Consciente: É o nível da vida mental do qual uma pessoa tem consciência. Inclui tudo de que estamos cientes num dado momento. Ou seja, “é a parte da mente que percebe o meio imediato” (CABRAL; NICK, 1995, p. 72). Segundo Freud, “o consciente é apenas uma pequena parte da mente” (FADIMAN; FRAGER, 1979, p. 7).

- Inconsciente: É o nível da mente onde estão os elementos instintivos não acessíveis à consciência. “Além disso, há material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido ou perdido, mas não lhe é permitido ser lembrado (FADIMAN; FRAGER, 1979, p. 7). No inconsciente estão os elementos instintivos não acessíveis à consciência. Nele está igualmente o material que foi excluído da consciência,

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censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido, entretanto, não lhe é permitido ser recordado. No inconsciente estão os principais determinantes da personalidade, as fontes de energia psíquica, assim como as pulsões ou instintos.

- Pré-Consciente: É o “material imediatamente acessível à consciência, embora não esteja, em determinado momento, efetivamente consciente” (CABRAL; NICK, 1995, p. 286). “Estritamente falando, o pré-consciente é uma parte do inconsciente, mas uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. [...] O pré-consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções” (FADIMAN; FRAGER, 1979, p. 7-8). As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do pré-consciente. Enfim, o pré-consciente corresponde ao material que não está consciente em um dado momento, mas que pode, com certa facilidade, ser trazido à consciência.

Esta primeira formulação de Freud é habitualmente chamada “1ª Tópica”. c) Segunda Formulação – Em sua segunda formulação da estrutura mental, Freud concebe a mente como compostas pelas seguintes instâncias: Ego, Id e Superego.

- Id: “É o componente arcaico e inconsciente do sistema de energias mentais que dinamiza o comportamento humano” (CABRAL; NICK, 1995, p. 175). O id é constituído por instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes, sendo regido pelo princípio do prazer, que exige satisfação imediata. É a energia dos instintos e dos desejos em busca da realização do Princípio do Prazer. “Ele é a matriz da qual se originaram o ego e o superego. [...] Ele é o reservatório da energia psíquica e fornece toda a energia para a operação dos outros dois sistemas [ego e superego]” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 53).

- Ego: “Constitui o componente intermédio das energias mentais (entre o id – inconsciente – e o superego – consciência –) .Exerce o controle das experiências conscientes e regula as ações entre a pessoa e o seu meio” (CABRAL; NICK, 1995, p. 101). O ego obedece ao Princípio da Realidade, cujo objetivo é “evitar a descarga de tensão até ser descoberto um objeto apropriado para a satisfação da necessidade” [...] “A distinção básica entre o id e o ego é que o id só conhece a realidade subjetiva da mente, ao passo que o ego distingue as coisas na mente das coisas no mundo externo” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 54).

- Superego: “É a mais recente formação ou componente do sistema de energias mentais” [...]. Ele atua “no sentido de evitar punições por transgressões morais ou de fomentar a realização de ideais moralmente aceitos” (CABRAL; NICK, 1995, p. 371). “Ele é o representante interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade conforme interpretados para a criança pelos pais e impostos por um sistema de recompensas e punições” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 54). O superego contém os ideais do indivíduo, oriundos dos valores familiares e sociais. Atua como um censor das funções do ego, sendo, como tal, a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição. É parcialmente consciente. É, pois, a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade, como incorporados pela criança. Suas principais funções podem ser assim resumidas: “(1) Inibir os impulsos do id, especialmente aqueles de natureza sexual ou agressiva; (2)persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas; (3) buscar a perfeição” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 55).

Esta segunda formulação de Freud é habitualmente chamada “2ª Tópica”.

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1.2 Carl Gustav Jung (1875-1961)

Para Jung, a personalidade total do indivíduo consiste em sistemas diferenciados, mas interatuantes. Os principais são: Ego, Inconsciente Pessoal e Inconsciente Coletivo.

- Ego: “O ego é a mente consciente. Ele é constituído por percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes. O ego é responsável pelos nossos sentimentos de identidade e de continuidade, e, do ponto de vista da pessoa, considera-se que esteja no centro da consciência” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 88). “O ego proposto por Jung é muito semelhante em escopo e significado ao proposto por Freud. É o aspecto da personalidade que é consciente e incorpora a percepção do self (FRIEDMAN; SHUSTACK, 2004, p. 118).

- Inconsciente Pessoal: Trata-se de “uma região adjacente ao ego. Ele consiste em experiências que outrora foram conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e em experiências que foram a princípio fracas demais para deixar uma impressão consciente na pessoa. Os conteúdos do inconsciente pessoal, como os do material pré-consciente de Freud, são acessíveis à consciência, e existe um grande trânsito de duas vias entre o inconsciente pessoal e o ego” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 88). Assim, para Jung, “o inconsciente pessoal contém pensamentos e sentimentos que não fazem parte do conhecimento consciente no presente. Os pensamentos do inconsciente pessoal, entretanto, podem ser acessados [...]. Para Jung, além disso, o inconsciente pessoal continha informações passadas (retrospectivas) e futuras (prospectivas). Essa constatação partiu da observação de que vários de seus pacientes tinham sonhos relacionados com problemas e eventos futuros. Isso não quer dizer que eles “viam” o futuro, mas que sentiam coisas que tendiam a acontecer” (FRIEDMAN; SHUSTACK, 2004, p. 118).

- Inconsciente Coletivo: O inconsciente coletivo, ou transpessoal, “é o reservatório de traços de memória latentes herdados do nosso passado ancestral, um passado que inclui não apenas a história racial dos seres humanos como uma espécie separada, mas também seus ancestrais pré-humanos ou animais” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 2000, p. 88). O inconsciente coletivo “é a parte da psique que se pode distinguir do inconsciente pessoal pelo fato de sua existência não depender da experiência pessoal” (HALL; NORDBY, 2010, p. 31), pois se trata da camada mais profunda da psique, constituindo-se dos materiais que foram herdados da humanidade. Desse modo, entende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das gerações anteriores, de tal modo que ele expressa a identidade de todos os homens, não importa em que local ou em que época tenham vivido. Na verdade, o inconsciente coletivo é o depósito das “imagens primordiais” (arquétipos), que se referem ao mais primitivo desenvolvimento da psique. Segundo Jung, o ser humano está ligado ao seu passado pessoal pelo inconsciente pessoal e ao passado de sua espécie e à longa cadeia da evolução orgânica pelo inconsciente coletivo.

1.3 André Luiz A mente, como psiquismo, constitui-se no conjunto de funções, fenômenos ou processos, entendidos como ações próprias do ser humano. Como o ser humano é essencialmente um espírito, a mente é o conjunto de funções ou atributos do espírito, sendo constituída por três níveis ou dimensões: consciente, subconsciente e superconsciente. André Luiz, em seu livro “No Mundo Maior”, discorre sobre a “casa mental”, dizendo que nosso cérebro se divide em três regiões distintas (o subconsciente, o consciente e o superconsciente), fazendo comparação com um castelo constituído de três andares. No primeiro andar, está situado o subconsciente; no segundo, o consciente; e, no terceiro, o superconsciente (XAVIER, 1995).

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1.1 Subconsciente O subconsciente é a dimensão onde estão arquivadas as nossas experiências de vida. “Em Psicologia, é o conjunto dos processos e fatos psíquicos que estão latentes no indivíduo, mas lhe indluenciam a conduta e podem facilmente aflorar, mas, em se tratando nos termos metapsíquicos, o subconsciente é o escaninho, ainda inexplorado do psiquismo, que guarda as impressões e registros do Espírito além do estado de consciência, e que, mediante estímulos específicos, podem aflorar” (PALHANO JR. 1997, p. 336). É a localização dos nossos impulsos automáticos, hábitos e aptidões. É, portanto, a localização dos instintos, das idéias inatas, das qualidades obtidas. Representa o passado. Para Edgard Armond, o subconsciente é o “conjunto de conhecimentos e experiências anteriores adquiridos e que vão se armazenando aos poucos nessa zona obscura e que, por efeito de repetições insistentes, acabam por se tornarem espontâneos e instintivos, estabelecendo, para suas manifestações, um regime de harmonioso automatismo” (ARMOND, 2001, p. 207). Diz Hernani Santanna que o subconsciente é “precisamente a zona dos instintos, das idéias inatas, das qualidades adquiridas; é o passado transposto, inferior mas adquirido (misoneísmo). Aí se depositam todos os produtos substanciais da vida; nessa zona reencontrais o que tendes sido e o que tendes feito” (SANTANNA, 1994, p. 54). “Nesse campo do subconsciente, classificam-se quase todos os atos de nossa vida material, inclusive o funcionamento dos órgãos do corpo físico, dos sentidos, e ainda muitos dos atos da atividade psíquica, inclusive os hábitos e os procedimentos de rotina” (ARMOND, 2001, p. 208). Podemos subdividir esse porão em áreas superpostas: a área mais próxima ao térreo contém as lembranças da existência presente, a segunda contém as lembranças de uma vida anterior e assim por diante. Essas separações correspondem à tela vibratória que impede que tenhamos acesso a recordações de existências passadas. São, na verdade, uma proteção para que, esquecidos do passado, que pode ter sido delituoso, tenhamos agora a oportunidade de reconstrução da nossa vida a partir dos pontos onde falhamos. Podemos sintetizar com André Luiz, dizendo que o subconsciente representa e ou contém: - O repositório dos movimentos instintivos; - O porão da individualidade; - O arquivo das experiências; - O registro dos menores fatos da vida; - A residência dos nossos impulsos automáticos; - O sumário vivo dos serviços realizados; - O hábito e o automatismo, que moram nele; - Representa e contém o passado, desta e das anteriores reencarnações.

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1.2 Consciente A dimensão consciente (térreo do castelo) do ser humano refere-se ao imediato, ao presente. Diz respeito às experiências que percebemos, incluindo lembranças e ações intencionais. Ela funciona de modo realista, de acordo com as regras do tempo e do espaço. Refere-se o consciente ao lado da vida mental a que se tem acesso instantâneo e que está em maior contato com a realidade exterior. O consciente – diz Armond – é o “conjunto das atividades do presente, do que está sendo vivido, experimentado, compreendido e assimilado no ‘agora’, sob o controle e superintendência da Razão; atividades que se processam em uma zona lúcida e dependente da Vontade” (ARMOND, 2001, p. 208). É no consciente que percebemos as nossas atividades psíquicas e que temos a noção da nossa identidade como seres humanos. O consciente é a dimensão do livre arbítrio, através do qual fazemos nossas escolhas. É igualmente a sede da razão. É o consciente “a parte da psique que regula, suprime e modifica a expressão do instinto, de acordo com o sentido individual de valores sociais e morais” (CABRAL; NICK, 1995, p. 72). É a dimensão da mente que percebe o meio imediato, ou seja, que tem conhecimento dele. No consciente, localizam-se as conquistas atuais. Se no subconsciente prevalece o instinto, aqui prevalece a razão. Por meio da dimensão consciente, temos, num dado momento, acesso às percepções externas e internas, que constituem o conjunto dos fenômenos psíquicos. É, pois, o nível consciente que comporta todos os pensamentos que temos num dado momento. Enfim, o consciente corresponde a tudo de que estamos cientes num momento específico. No consciente localizam-se as conquistas atuais. Ele está encarregado da análise por meio da razão. 1.3 Superconsciente (Supraconsciente) O superconsciente (andar superior) corresponde às noções superiores, indicando o ideal e a meta divina a ser atingida pelo ser humano. É a sede da intuição e da inspiração, qualidades ainda pouco desenvolvidas na espécie humana. Intuição é a apreensão direta e imediata de uma realidade. Pode também ser entendida como uma modalidade de telepatia em que um médium recebe uma mensagem de um Espírito comunicante, e a transmite. Neste caso, o médium age como um intérprete que, para transmitir a mensagem, precisa compreendê-la e apropriar-se dela, para traduzi-la fielmente (PALHANO JR., 1997). Corresponde o superconsciente a possibilidades de trabalhos mais avançados que definirão a condição do ser mais evoluído. É interessante notar que o superconsciente, no futuro, tomará o lugar do consciente. À semelhança do animal que conquistou a sua perfeição no instinto, após a construção e desenvolvimento dos hábitos e automatismos, também nós, ao completarmos o desenvolvimento da razão revelaremos uma profunda sabedoria fundada na intuição, expressão mais nova da consciência em nossa próxima fase evolutiva. É interessante notar que Roberto L. Miranda diz haver uma região prefrontal do cérebro constituída por uma porção cortical ainda não totalmente desenvolvida ou utilizada, o poscórtex, que abriga aptidões supraintelectuais ainda não claramente identificadas ou compreendidas: cognição espontânea, clarividência, capacidade telepática e outras variáveis supraintelectuais, vistas hoje como sobrenaturais (MIRANDA, 1997). O superconsciente está encarregado da síntese por meio da intuição. Em síntese: o subconsciente simboliza o passado, o consciente representa o presente e o superconsciente é o futuro.

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2. Relação entre as Dimensões da Mente e Regiões Cerebrais Na obra “No Mundo Maior”, o Assistente Calderaro relaciona as dimensões estudadas (subconsciente, consciente e superconsciente) a três regiões do cérebro:

a) Cérebro Inicial (sistema nervoso): é o repositório dos movimentos e sede das atividades subconscientes. Pode ser figurado como o porão da individualidade, onde arquivamos todas as experiências e registramos os menores fatos da vida.

b) Córtex Motor (zona intermediária entre os lobos frontais, anterior ao sulco central, e a

fissura longitudinal): é o cérebro desenvolvido, consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do nosso ser.

c) Lobos Frontais (porção mais anterior dos hemisférios cerebrais): região em que jazem

materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre de nosso organismo divino em evolução (XAVIER, 1995, p. 46).

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Três Níveis Mentais: Consciente, Subconsciente e Superconsciente (André Luiz)

Níveis Mentais

Comparação com um Castelo

Características

Unidades Cerebrais

Superconsciente

Piso Superior

. Conquistas a atingir, metas superiores e ideal a ser alcançado. . Aptidões “espirituais”: clarividência, telepatia... . Noções superiores da vida. . Moradores deste nível: Ideal e meta. Intuição Futuro.

Lobos Cerebrais (Cérebro Superior, Neopálio) Partes: Lobo frontal (planejamento de ações e movimentos; pensamento abstrato e criativo); Lobos temporais (audição); Lobos parietais (captação de estímulos externos; sensações de dor, tato e calor); Lobo occiptal (visão); Lobo da ínsula (emoções e paladar) Funções Gerais: funções cognitivas superiores, como linguagem e raciocínio.

Consciente

Piso Térreo

. Domínio das conquistas atuais; sede do esforço e da vontade. . Identidade pessoal (constitui a personalidade atual, desde a nossa reencarnação até o momento atual).

. Vida afetiva (emoções, sentimentos, paixões)

. Moradores deste nível: Esforço e vontade. . Análise racional Presente .

Córtex Motor (Cérebro Intermediário; Paleopálio) Sistema límbico. Partes: Hipotálamo, tálamo, hipocampo e amígdala. Funções: responsável pelas emoções, sentimentos e memória.

Subconsciente

Porão

. Impulsos automáticos, hábitos, instintos, aptidões, controle das funções viscerais e movimentos corporais. . Autopreservação. . Arquivo de experiências de vida, registro dos fatos da vida. . Moradores deste nível: Automatismo e hábito. . Resultado das experiências já vividas Passado.

Cérebro Inicial (Cérebro Primitivo; Arquipálio) Partes: Tronco cerebral, medula espinhal e cerebelo. Funções: autossustentação do corpo, como a respiração, o batimento cardíaco e o sono. O cérebro inicial (arquipálio) não para de funcionar, mesmo durante o sono.

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Em resumo:

Superconsciente (Piso Superior)

Sede das noções superiores; indica as iminências que ainda temos de atingir.

Ideal e metas superiores. . Intuição Futuro.

Consciente (Piso Térreo)

Domínio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando.

Esforço e vontade. . Análise racional Presente .

Subconsciente (Porão)

Situam-se aqui os impulsos automáticos, simbolizando o conjunto dos serviços realizados.

Hábitos, automatismos, instintos. . Resultado das experiências já vividas Passado.

3. Níveis Mentais e Evolução Humana Segundo o Assistente Calderaro (XAVIER, 1995), a demora excessiva num dos três planos determina a destinação do indivíduo. Diz ele: A pessoa estacionada na região dos impulsos (subconsciente – cérebro inicial) perde-se num labirinto de causas e efeitos, desperdiçando tempo e energia. Entregue de modo absoluto ao esforço maquinal, sem consulta ao passado e sem planejamento destinado ao futuro, mecaniza a existência, privando-a de luz edificante. Aqueles que permanecem exclusivamente no nível das noções superiores sofrem o perigo da contemplação sem obras, da meditação sem trabalho, da renúncia sem proveito. Para que nossa mente siga avante em direção do alto, é necessário que se equilibre, fazendo uso das conquistas passadas, para orientar os serviços presentes, ao mesmo tempo amparando-se na esperança de um idealismo elevado. É por meio dessa fonte superior de idealismo que ela pode captar do plano divino as energias restauradoras. Construindo assim o futuro santificante. É indispensável, pois, que nos equilibremos, valendo-nos das conquistas passadas como lição para o presente, ao mesmo tempo em que ergamos pontes para um futuro carregado de elevado e santificante ideal. __________ Referências: ARMOND, Edgard. Mediunidade: seus aspectos, desenvolvimento e utilização. 4.ed. 1.reimp. São Paulo: Aliança, 2001. CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo: Cultrix, 1995. FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1979. FRIEDMAN, Howard S.; SCHUSTACK, Miriam W. Teorias da personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. São Paulo: Printice Hall, 2004. HALL, Calvin S.; LINDZEY, Gardner; CAMPBELL, John B. Teorias da personalidade. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. HALL, Calvin S.; NORDBY, Vernon J. Introdução à psicologia junguiana. São Paulo: Cultrix, 2010. MIRANDA, Roberto Lira. Além da inteligência emocional: uso integral das aptidões cerebrais no aprendizado, no trabalho e na vida. 2.reimp. Rio de Janeiro: Campus, 1997. NOVAES, Adenáuer. Psicologia do espírito. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2004. PALHANO JR. , L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 1997. SANTANNA, Hernani. Universo e vida. Pelo Espírito Áureo. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. XAVIER, Francisco Cândido. No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 20.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. ______ Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 10.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998.

Casa Mental

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A MENTE (2): Hábitos e Vícios ______________________________________________________________________________

1. Hábitos Hábito é um “padrão de reação adquirido por aprendizagem social, relativamente estável, facilmente evocado e difícil de eliminar” (CABRAL; NICK, 1995, p. 165). Em outras palavras, hábito é a “tendência adquirida que nos impele a respostas prontas, automatizadas, uniformes” (FERRAZ, 1959, p. 140). Ou, ainda, hábito é maneira permanente ou frequente, regular ou esperada de agir, sentir e comportar-se (Dicionário Houaiss). O hábito é adquirido por repetição. “A série de atos conscientes repetidos se torna inconsciente por automatização – diz Jason de Camargo –. Isso produz uma ação assimiladora porque poderá atingir determinadas regiões psíquicas e se transformar em arquivos do inconsciente, a produzirem reflexos nas atitudes futuras do indivíduo” (CAMARGO, 2011, p. 35). E continua: “Assim, a repetição exaustiva da bondade levará o indivíduo ao hábito da bondade, adquirindo o saudável condicionamento inconsciente dessa virtude. Ele agirá espontaneamente com pensamentos e atos de bondade, porque ela já é parte integrante de seu psiquismo. Os hábitos saudáveis geram ações satisfatórias, e os deprimentes só produzem aborrecimentos” (CAMARGO, 2011, p. 36). Os hábitos podem ser tanto positivos, quanto negativos. Os hábitos positivos são em geral chamados de virtudes. A virtude corresponde a um tipo de comportamento que está em acordo com o que é considerado correto e desejável, em termos éticos. Neste sentido, praticar a caridade é considerado um hábito positivo ou virtude. O mesmo se diga da humildade ou da temperança, por exemplo. Os hábitos negativos recebem a denominação de vícios. O vício é uma conduta ou hábito moralmente censurável, uma disposição habitual para certo mal. Por exemplo, o hábito da gula (excesso no gosto de comer e beber) ou da toxicomania, que corresponde aos hábitos mórbidos de absorver doses crescentes de substâncias tóxicas ou estupefacientes por amor às sensações anômalas que eles produzem, como éter, morfina, cocaína, ópio etc. (Dicionário Priberam). . Dependendo, portanto, do tipo de hábito adquirido, incorremos no vício ou na virtude. 2. Vícios Morais 2.1 Egoísmo Egoísmo é o “sentimento ou maneira de ser dos indivíduos que só se preocupam com o interesse próprio, com o que lhes diz respeito. É o estado de alma que torna o indivíduo insensível às necessidades, às dores, às dificuldades alheias” (SPADA, 2000, p. 103). O egoísta vive encapsulado em si mesmo, tendo os seus interesses voltados apenas para ele mesmo. Ele valoriza a própria pessoa em prejuízo dos outros.

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Em “O Livro dos Espíritos”, o egoísmo foi considerado pelos próprios Espíritos da Codificação como o vício mais radical, pois dele deriva todo o mal. No fundo de todos os vícios se acha o egoísmo, de tal modo que se torna inútil combater qualquer vício se não for antes destruída a causa (o egoísmo). Este vício – dizem os Espíritos – é a verdadeira chaga da sociedade. Assim, para nos aproximarmos da perfeição moral, temos necessariamente de extirpar do coração todo sentimento de egoísmo. Ele “é incompatível com a justiça, o amor, a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades” (KARDEC, 2007, n. 913). O Espírito Fénelon diz sobre o vício: “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver outro, tal deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se ele quer assegurar sua felicidade neste mundo, assim como no futuro” (KARDEC, 2007, n. 917). É imprescindível que nos amemos a nós mesmos, para que possamos amar ao próximo. Isto, entretanto, é diferente de egoísmo. “Quando nos amamos – diz o Espírito Ermance Dufaux – a ânsia de progredir transforma-se em fornalha crepitante de entusiasmo, distanciando-nos da atitude patológica de prestígio ou reconhecimento” (OLIVEIRA, 2006, p. 116). O autoamor não nos leva a ignorar e desqualificar o próximo, como acontece com o egoísmo. O egoísmo gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento magoam o homem. Ele é a causa que perturba todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho e faz do amigo um inimigo. O ser humano tem de entender também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança (KARDEC, 2007, n. 917). 2.2 Arrogância Segundo o Dicionário Houaiss, arrogância é a “qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude preponderante ou de desprezo com relação aos outros”. O Espírito Ermance Dufaux considera que, no sentido espiritual, a arrogância corresponde à “exacerbada estima a si mesmo. Supervalorização de si. Autoconceito superdimensionado. Desejo compulsivo de se impor aos demais” (OLIVEIRA, 2006, p. 103). Ainda segundo Ermance Dufaux, há quatro ações mais perceptíveis que decorrem da arrogância e que estruturam a maioria dos estados psicológicos do ser humano:

a) Rigidez – É “a raiz das condutas autoritárias e da teimosia que, frequentemente, deságuam nos comportamentos de intolerância. Sob ação da rebeldia, patrocina o desrespeito ao livre arbítrio alheio e alimenta constantemente o melindre por a vida não ser como ele gostaria”.

b) Competição – “A competição não existe sem a comparação e o impulso da disputa. Quando tomado pela paixão, a força motriz de semelhante ação é o sentimento de inveja. Na mira da rebeldia, causa o menosprezo e a indiferença que tenta empanar o brilho de outrem. A competição é o alimento do sentimento de superioridade”.

c) Imprudência - “A imprudência é marcada pela ousadia transgressora que não teme nem respeita os limites. Quase sempre, essa inquietude da alma alcança o perfeccionismo e a ansiedade que, frequentemente, deságuam na necessidade de controle e domínio. Consubstanciam modos rebeldes de ser. Desejo de hegemonia. Sentimento de poder”.

d) Prepotência – “A prepotência é um efeito natural da perspicácia que pode insuflar a megalomania, a presunção. Juntos formam o piso da vaidade. A rebeldia, nesse passo, conduz a

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uma desmedida necessidade de fixar-se em certeza que adornam posturas de infalibilidade” (OLIVEIRA, 2006, p. 104-105).

“A arrogância – diz-nos Ermance Dufaux – retira-nos o ‘senso de realidade’. Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que são realmente. Por essa razão, esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumeráveis psicopatologias da classificação humana” (OLIVEIRA, 2006, p. 106). Em síntese: “Na rigidez, controlo. Na competição, eu sou o maior. Na imprudência, eu quero. Na prepotência, eu posso. A arrogância pensa a vida e, ao pensá-la, afasta-nos dos nossos sentimentos” (OLIVEIRA, 2006, p. 106). 2.3 Vaidade A vaidade é um “sentimento que flui das criaturas que se julgam superiores às demais, seja quanto ao saber, à beleza, às posses, posição que ocupa, enfim quanto a tudo que possui ou que realiza. É um estado interior, matiz do egoísmo, que neutraliza os bons sentimentos e se faz presente em todas as atividades humanas” (BORGES, 2000, p. 367). “A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

a) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falar demasiado);

b) Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou algo que realiza;

c) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;

d) Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;

e) Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;

f) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;

g) Obstrução mental na capacidade de se autoanalisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar (PERES, 1993, p. 79).

“A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. [...] No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores e desencadeados na infância e na adolescência” (PERES, 1993, 80). “Em princípio, o homem que se enaltece, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito efetivo que possa ter” (Espírito François-Nicolas-Madeleine; KARDEC, 2008 p. 345).

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2.4 Maledicência “A maledicência é uma crítica maldosa, cuja finalidade é desacreditar, prejudicar a pessoa, ressaltando-lhe os defeitos, atitudes ou atos impensados” (BORGES, 2000, p. 202). “A censura que se faz à conduta alheia pode ter dois motivos: reprimir o mal ou desacreditar a pessoa cujos atos se criticam. Este último propósito nunca encontra desculpa, porque, no caso, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser luvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque daí pode resultar um bem e porque, a não ser assim, jamais o mal seria reprimido na sociedade” (KARDEC, 2008, cap. 10). A pessoa que estuda os defeitos alheios para criticá-los e dvulgá-los, “incorrerá em grande culpa, porque será faltar com a caridade. Mas se ofizer para daí tirar algum proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ter alguma utilidade. Não se deve esquecer porém que a indulgência para com os defeitos alheios é uma das virtudes que fazem parte da caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se não poderão dizer o mesmo a vosso respeito. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais nos semelhantes; esse é o meio de vos tornardes superiores a eles” (KARDEC, 2007, n. 903). • Resumindo o que foi aqui afirmado, é importante que nos precavenhamos contra os hábitos

negativos, destrutivos (vícios), e procuremos cultivar os hábitos positivos, elevados (virtudes), pois estes nos auxiliam no processo contínuo da nossa reforma íntima, ao passo que aqueles constituem sérios obstáculos.

__________ Referências: BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo: Cultrix, 1995. CAMARGO, Jason de. Educação dos sentimentos. 2.ed. Porto Alegre: Francisco Spenelli, 2011. FERRAZ, João de Sousa. Psicologia humana. 5.ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 1958. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB. 2007. ______ O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB. 2008. OLIVEIRA, Wanderley S. de. Escutando sentimentos: a atitude de amar-nos como merecemos. Belo Horizonte: Dufaux, 2006. PERES, Ney Prieto. Manual prático do espírita: guia para a realização do autoaprimoramento com base na doutrina dos espíritos. São Paulo: Pensamento, 1993.

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A MENTE (3): Epífise ______________________________________________________________________________ 1. Epífise Epífise ou glândula pineal é parte integrante do sistema endócrino (secreção interna). É um corpo ovóide, do tamanho de uma ervilha média. Localiza-se aproximadamente no centro do encéfalo, no epitálamo, fixando-se sobre o tecto mesencefálico. Demonstrando a importância que lhe dava, o filósofo e matemático francês, René Descartes (1596-1650), a considerava a “sede da alma” ou a “glândula do saber”, que permitiria ao “eu psíquico influir sobre o eu físico (IANDOLI JR., 2001).

2. Funções A epífise produz um hormônio, a melatonina, que regula o período de atividade e repouso, com função reabastecedora, sendo produzido mais em ambiente escuro. A melatonina é estimulada pela escuridão e inibida pela luz. Ela também participa da regulação endócrina da reprodução. “Preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo” (XAVIER, 1998, p. 20).

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A epífise não produz, mas organiza os ciclos circadianos (24 horas controlado pelo sol – ciclos dia/noite; ciclos ultradIanos (picos hormonais relacionados com períodos do dia); ciclos infradianos (ciclos mensais): controlado pela lua: cabelos menstruação, gestação, ciclos hipofisiários). A epífise organiza esses ciclos, sincronizando o indivíduo com o cosmos (IANDOLI JR., 2001). A epífise “conserva ascendência em todo o sistema endócrino. Ligada à mente, através dos princípios eletromagnéticos do campo vital, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade” (XAVIER, 1998, p. 20). Em sua relação com a sexualidade, a epífise funciona como uma usina, fonte geradora de elementos psíquicos (“unidades-força") necessários à fecundação das diversas formas da criação. Desse modo, “deve ser aproveitada e controlada, no serviço de iluminação, refinamento e benefício da personalidade e não relaxada em gasto excessivo do suprimento psíquico, nas emoções de baixa classe” (XAVIER, 1998, p. 22). “No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária” (XAVIER, 1998, p. 15). Diz André Luiz: “As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal [hipífise], se me posso exprimir assim, segrega ‘hormônios psíquicos’ ou ‘unidades-força’ que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras” (XAVIER, 1998, p. 20). Considera Jorge Andréa: “Podemos considerar a pineal como sendo a glândula da vida psíquica, a glândula que resplandece o organismo, acorda a puberdade e abre suas usinas energéticas para que o psiquismo humano, em seus intrincados problemas psicológicos, se expresse em vôos imensuráveis” (ANDRÉA, 1991, p. 91). “A glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endócrino. Ligada à mente, através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade. [...] Na qualidade de controladora do mundo emotivo, sua posição na experiência sexual é básica e absoluta” (XAVIER, 1998, p. 20-21).

FUNÇÕES DA EPÍFISE (Resumo)

1) Glândula da vida mental – órgão por onde o psiquismo se expressa no corpo. Preside as atividades endócrinas e do Sistema Nervoso. 2) Glândula da mediunidade – responsável pela conversão da energia do comunicante em impulso nervoso a ser assimilado pelo cérebro do médium.

3) Controle da sexualidade – na adolescência, determina o início da função sexual a partir de estímulos sobre as gônadas.

4) Preside os fenômenos da emotividade.

Fonte: OLIVEIRA, As bases orgânicas da mediunidade, online.

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3. Epífise e Mediunidade Segundo A. Luiz, a epífise desempenha papel muito importante em qualquer modalidade de mediunidade. Ela atua como um sensor, uma antena que capta as vibrações do mundoespiritual e as transmite para o organismo físico. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção, de raios peculiares à nossa esfera. A epífise corresponde ao órgão controlador das percepções extra-sensoriais (PES) ou mediúnicas no organismo. Segundo Sérgio Felipe de Oliveira, da Associação Médica Espírita de São Paulo, “Apesar de todos possuirmos na epífise uma certa quantidade de cristais de apatita, os que possuem esses cristais em maior quantidade são médiuns ostensivos. Ou seja, umacaracterística orgânica. Do mesmo modo que existem pessoas mais altas, mais aptas a jogarbasquete, existem pessoas com mais apatita na epífise, o que as torna mais aptas a percebere relacionar-se com a dimensão espiritual” (Luz no Caminho, online). Iandoli Jr (2001, p. 170) afirma que “a calcificação que se observa com a idade, na glândula pineal, ao contrário do que se acreditou, não seria por inatividade e degeneração da estrutura, mas sim por aumento na sua atividade energética, funcionando como um cristal condutor de energias sutis particularmente importantes para a nossa receptividade psíquica”. Durante o circuito mediúnico intensifica-se a ação sobre as estruturas nervosas, especialmente no cérebro e nas glândulas endócrinas, situação característica do estado de transe mediúnico. A glândula pineal ou epífise, sobretudo, exerce papel fundamental. Pela ação preponderante na mediunidade e no psiquismo humano, a epífise é denominada “glândula da vida mental”. Diz André Luiz a respeito de um rapaz que participava de uma sessão mediúnica em profunda concentração e cercado por auxiliares do plano espiritual (“Missionários da Luz”): “As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular. Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos. [...] Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço da educação humana demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático... Requer muita compreensão, oportunidade e consciência. [...] No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção, de raios peculiares à nossa esfera. [...] Reconheci que a glândula pineal do médium expelia luminosidade cada vez mais intensa... a glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e ao redor seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes. Examinei atentamente os demais encarnados e observei que em todos a pineal apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no médium em serviço. Alexandre esclarece: é na pineal que reside o sentido novo dos homens, entretanto, na grande maioria, a potência divina dorme embrionária." (XAVIER, 1998, p. 15). Durante o transe mediúnico, as ondas mentais emitidas pelo Espírito comunicante deslocam-se ao longo do córtex cerebral, em processo de varredura, até atingirem a região mediana do cérebro, onde estão localizadas estruturas nervosas diretamente envolvidas nas funções psíquicas do ser humano. Neste local, os impulsos mentais do desencarnado – que é mantido ligado à mente do intermediário encarnado, sob amparo dos orientadores espirituais -, podem acessar as memórias do médium, sob a concordância deste, de forma que seja possível, ao medianeiro, processar as idéias que lhe chegam ao

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mundo íntimo e acionar comandos psicomotores para que estas idéias sejam manifestadas. São exemplos de comando psicomotores: movimento da mão na psicografia; emissão verbal de palavras e frases na psicofonia; implementação das funções ópticas (visuais) e auditivas (óticas), de ocorrência na vidência e na audiência mediúnicas, respectivamente. 3.1 O Circuito Mediúnico Esclarecendo quanto ao mecanismo íntimo do fenômeno mediúnico, Kardec reproduz o pensamento dos Espíritos Erasto e Timóteo: “Nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesma forma que com os Espíritos propriamente ditos, tão-só pela irradiação do nosso pensamento” (KARDEC, 2008, n. 225). A comunicação mediúnica é, em síntese, um processo de transferência de conteúdos mentais da dimensão espiritual para a física. No processo de comunicação entre os dois mundos (espiritual e terreno), André Luiz fala em circuito mediúnico, ou seja, “a extensão do campo de integração magnética em que circula uma corrente mental, sempre que tenha a sintonia psíquica entre os seus extremos, ou, mais propriamente, o emissor e o receptor” (XAVIER, 2000, p. 55-56). Puglia explica esse conceito:

...estabelece-se o circuito mediúnico do Espírito para o médium, e do médium para o Espírito através da sintonia e por afinidade, projetando o Espírito seus pensamentos em forma de ondas magnéticas, sonoras e coloridas. As ideias, em forma de ondulações, são recebidas pelo médium, interpretadas, ampliadas, trabalhadas e retransmitidas através do cérebro físico, sistema nervoso, órgãos da palavra (comunicação oral), braço e mão (comunicação escrita). A união das correntes mentais chama-se, portanto, circuito mediúnico (PUGLIA, 2000, p. 69).

CIRCUITO MEDIÚNICO

Fonte: PUGLIA, 2000, p. 69. Como assevera André Luiz: “O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma vontade-apelo e uma vontade-resposta, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concordância do médium”. E conclui: “Para a realização dessas atividades, o emissor e o receptor guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do cérebro em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espírito, como sejam, ideação, seleção, autocrítica e expressão” (XAVIER, 2000, p. 58).

Emissor (Espírito) Receptor

(Médium)

Ondas Sonoras, Magnéticas e Coloridas

Vontade – Apelo

Campo de Integração Magnética

Vontade - Resposta

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O desdobramento do médium quase sempre precede a captação da onda mental do Espírito comunicante, conforme mostra o esquema a seguir: -------------------

Fonte: OLIVEIRA, As bases orgânicas da mediunidade, online. __________ Referências:

IANDOLI JR., Décio. Fisiologia transdimensional. São Paulo: FE, 2001. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2008. SANTOS, Jorge Andréa dos. Forças sexuais da alma. Rio de Janeiro: FEB, 1991. C.E. LUZ NO CAMINHO. Mediunidade. Disponível em: <http://www.luznocaminho.org/index.php/artigos/70-mediunidade?...> Acesso em: 27.out.2009. PUGLIA, Silvia C. S. C. CDM: Curso para dirigentes e monitores de desenvolvimento prático mediúnico. São Paulo: FEESP, 2000. XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 29.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. OLIVEIRA, Ricardo Baesso de. As bases orgânicas da mediunidade. Disponível em: <htpp://www.oconsolador.com.br>. Acesso em: 27.out.2009.

Espírito do Médium Desdobrado

“Vontade Resposta”

Espírito Comunicante

“Vontade Apelo”

Emite corrente mental

Epífise

Transforma a corrente mental em corrente nervosa

Córtex Cerebral

Corpo Físico do Médium

Lobo Frontal Fala e Escrita Lobo Parietal Sensações Lobo Temporal Audição Lobo Occipital Visão

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VIGILÂNCIA, PRECE, EVANGELHO E RESPONSABILIDADE ______________________________________________________________________________________________________ 1. Vigilância O Divino Mestre orientou-nos para que estejamos constantemente vigilantes. Mas o que é vigiar? Vigiar é observar atentamente, velar, controlar. Entretanto, o que precisamos observar atentamente e controlar? Os nossos pensamentos, emoções e sentimentos; as nossas palavras, atitudes, intenções e comportamentos. O pensamento é sempre acompanhado por uma emoção. O pensamento-emoção leva a uma dada atitude. A atitude predispõe o indivíduo à ação. Assim, tudo começa com os nossos pensamentos e emoções. Quando conseguimos controlá-los, a possibilidade de comportamentos desastrosos torna-se nula. Lembremo-nos de que, ao eliminar-se a causa, cessam os efeitos. O poder do pensamento é tão grande que sobre ele assim se expressa André Luiz: “Nos fundamentos da criação, vibra o pensamento imensurável do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os poderes do espírito se manifestam” (XAVIER; VIERIA, 2000, p. 44). O Espírito Benedito completa: “O pensamento é o gerador; é a força motriz que cria a história do mundo desde que o homem tornou-se racional, pois esse mesmo ser passou a edificar a história, construindo a civilização, colaborando, por meio do trabalho, com um mundo produtivo, semeando e cultivando a terra, modificando, inclusive, a própria natureza” (LOURENÇO, 2010, p. 10-11). Vigiar é principalmente ter controle sobre os nossos pensamentos e emoções. Não podemos deixar-nos levar pela mágoa, ciúme, inveja nem nos abater diante das circunstâncias da vida, pois o abatimento acaba atraindo pessoas, Espíritos e situações que se harmonizam com aquela que estamos vivendo. De acordo com a lei da sintonia: “semelhante atrai semelhante”. Daí a importância de cultivarmos pensamentos positivos, construtivos, elevados e sentimentos também positivos e nobres. Desse modo, deixamos de “cair em tentação”, ou seja, deixamos de nos levar pelos maus hábitos, deixando à margem os vícios que prejudicam o nosso autodesenvolvimento moral e espiritual. Como nos diz, sabiamente, Emmanuel: “As mais terríveis tentações decorrem do fundo sombrio de nossa individualidade, assim como o lodo mais intenso, capaz de tisnar o lago, procede do seu próprio seio. Renascemos na Terra com as forças desequilibradas do nosso pretérito para as tarefas do reajuste. Nas raízes de nossas tendências, encontramos as mais vivas sugestões de inferioridade” (XAVIER, 2007, p. 283). E conclui: “Caminhar do berço ao túmulo, sob as marteladas da tentação, é natural. Afrontar obstáculos, sofrer provações, tolerar antipatias gratuitas e atravessar tormentas de lágrimas são vicissitudes lógicas da experiência humana. Entretanto, lembremo-nos do ensinamento do Mestre, vigiando e orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda” (XAVIER, 2007, p. 283-284). 2. Prece O melhor meio de evitarmos “cair em tentação” é a prece. “A prece – diz Kardec – é uma invocação. Através dela o homem entra em comunicação, pelo pensamento, com o ser a quem se dirige” (KARDEC,

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2008, p. 460). Entretanto, a prece não é uma mera repetição de palavras já decoradas; ela tem de partir do coração. Dizem os Espíritos da Codificação: “A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo, e a prece do coração é preferível àquela que podes ler, por mais bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus, quando dita com fé, com fervor e sinceridade. Mas, não creiais que o sensibilize a prece do homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade” (KARDEC, 2007, n. 658). 2.1 Tipos de Prece Com o objetivo de elevar o Espírito a Deus, a prece pode ser de três tipos: petição, agradecimento e louvor: 2.1.1 Petição A prece de petição acontece quando fazemos um pedido a Deus. Diz Kardec que o pedido mais importante é aquele destinado à nossa própria transformação moral (KARDEC, 2007, N. 659). Entretanto, pedimos muitas coisas, inclusive aquilo que pode ser prejudicial à nossa reforma íntima. Daí devermos pensar bem antes de fazermos um pedido a Deus por meio da prece. Este é o tipo de prece que mais se faz. 2.1.2 Agradecimento Quando recebemos um presente, costumamos agradecer. Se não o fazemos, atribuem-nos a pecha de “mal educado”. Se for um bem muito grande que nos fizeram e deixamos de agradecer, somos chamados de “ingratos”. Pois bem, com relação à Espiritualidade superior, com relação a Deus, nem sempre nos lembramos de agradecer o benefício recebido. A prece de agradecimento é muito importante, pois expressa o nosso reconhecimento e a nossa gratidão. Este tipo de prece é realizado em número menor que a petição. 2.1.3 Louvor Prece de louvor é aquela em que reconhecemos e enaltecemos a Deus por tudo o que Ele criou. É a prece em que reconhecemos e nos alegramos com a Sabedoria, Poder, Glória e Amor de Deus. Significa também aceitar com alegria tudo o que nos rodeia, pois, em termos da participação de Deus em nossa vida, é sempre justo, equilibrado e perfeito. A prece de louvor acontece quando nos alegramos e bendizemos a Deus, por exemplo, pela oportunidade de termos sido criados. Este é o tipo de prece que menos fazemos. 2.2 Prece Intercessória Prece intercessória é aquela em que pedimos algo a Deus em favor de outras pessoas, dos animais ou da natureza. Allan Kardec, considera que “o pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade” (KARDEC, 2007, n. 662). Podemos, ainda, definir a prece intercessória como “a prece sincera, haurida do coração, em benefício de outro ser, encarnado ou desencarnado” (BORGES, 2000, p. 289). Acrescenta Borges que o efeito da prece intercessória “é tão eficaz quanto a prece dita em proveito próprio”. A prece intercessória e o pensamento de bondade representam irradiações de nossas melhores energias, não podendo, pois, deixar de ser usada por nós em favor daqueles que necessitam de algum tipo de ajuda. Não oremos apenas para nós mesmos, pensemos também nos outros. Oremos pelos desencarnados, pelos sofredores, pelos suicidas, pelos animais maltratados e perdidos e pela natureza tão danificada pelo Homem.

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Argumenta Christiano Torchi (2007, p. 108-109): “É muito importante também que oremos pelos desencarnados e pelos sofredores. Eles sentem muito alívio quando recolhem as nossas preces. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece, atrai para junto da entidade sofredora Espíritos melhores, que a vão esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças (KARDEC, 2007, n. 664). [...] Os suicidas são os que mais precisam das nossas rogativas, em virtude do grande sofrimento que encontram, ao desertarem do bem mais precioso do Universo – a vida (KARDEC, 2008, p. 71-72). 2.3 Prece Refratada Trata-se da prece redirecionada a outro espírito, quando aquele ao qual foi dirigida inicialmente não tem condições de atendê-la. A prece sincera e de objetivo elevado jamais fica sem resposta. André Luiz, em “Entre a Terra e o Céu”, a define como “aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo” (XAVIER, 2008, p. 14). “A prece refratada é como a prece propriamente dita, porém, dirigida a um Espírito que ainda não apresenta condições de atender o solicitante; neste caso, a prece não se perde, pois dirige-se a um outro Espírito capaz de atendê-lo” (BORGES, 2000, p. 289-290). 3. Particularidades da Prece (PALHANO JR., 1997)

. “Definição: A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige.

. Objetivos: Pedir, agradecer e louvar, por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos.

. Qualidades: Humilde, sem afetação, inteligível, objetiva, sem palavrório, sincera, caridosa, pura, sem mácula nem auto-exaltações.

. Eficácia: Condições Confiança na Providência Divina, submissão à vontade de Deus, fé em si mesmo.

. Ação da Prece: Dá-se pela transmissão do pensamento, que se propaga pelo fluido cósmico universal, como o som se propaga pelo ar.

. Maneira de Orar: A oração matinal é primordial; com humildade, reconhecimento; profunda; pedidos justos; como um ato de amor; deve partir do coração. A oração noturna, antes de deitar-se para dormir, é fundamental, pois que o Espírito se emancipa com o sono físico e o homem deve procurar proteção espiritual. Não há posição corporal específica para a prece, a ação mental numa vontade firme é que dá força e direção à prece.

. Resposta Divina: Depende da intenção, do devotamento e da fé daquele que ora” (PALHANO JR., 1997, p. 294).

4 Evangelho e Responsabilidade Considera Kardec o conteúdo dos Evangelhos constituem “uma regra de conduta que abrange todas as circunstâncias da vida pública e privada, o princípio de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. É, finalmente, e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos ocultava a vida futura” (KARDEC, 2008, p.21-22). Pelo valor inestimável desse conteúdo sagrado, temos por obrigação estudá-lo, a fim de obtermos os instrumentos necessários para a execução da nossa reforma interior, voltada para Deus. O Evangelho é, sem dúvida alguma, o instrumento de maior segurança que tem o Espírito para realizar a sua evolução. Evoluir é espiritualizar, é ser cada vez menos influenciado pela matéria, até o Espírito Puro que não sofre

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influência desta (KARDEC, 2007, n. 112). O Evangelho é a luz que nos tira das trevas, iluminando o nosso caminho. Vale lembrar que, ao estudarmos o Evangelho sob a perspectiva da doutrina espírita (=cristianismo redivivo), passamos a conhecer a Verdade que liberta, mas precisamos igualmente praticar o que aprendemos. Daí a responsabilidade que passamos a ter, na medida em que crescemos em conhecimento. Estudar o Evangelho é bom, mas praticá-lo é melhor! Outro tipo de responsabilidade que passamos a ter, ao conhecermos o Evangelho e a doutrina espírita, é que passamos também a ter o dever de propagar o que aprendemos, ajudando os irmãos que ainda desconhecem a luz que ilumina o caminho do ser humano. Em síntese: estudemos o Evangelho, estudemos a doutrina espírita, pratiquemos o seu conteúdo e repassemos esse conhecimento aos nossos semelhantes, principalmente pelo exemplo. __________ Referências: BORGES, A. Merci Spada. Doutrina espírita no tempo e no espaço: 800 verbetes especializados. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB. 2007. ______. O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. LOURENÇO, Eduardo Augusto. Pelo Espírito Benedito. O espírito e o pensamento. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2010. PALHANO JR. L. Dicionário de filosofia espírita. Rio de Janeiro: CELD, 1997, TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2007. XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Entre a terra e o céu. Edição Especial. 2.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. XAVIER; Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Pelo Espírito André Luiz. Mecanismos da mediunidade. 18.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000.