Apostila Administracao Financeira e Orcamentaria - Marcos Serpa

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  • Administrao Financeira e Oramentria I (Prof Ronaldo LP Amaral) .

    Apostila 1 AFO I (autoria do Prof. Marcos Antonio Serpa Coelho) Pgina 2 de 129

    Esta uma obra simples, dirigida principalmente a estudantes de economia, administrao de empresas e cincias contbeis, que objetiva dar um roteiro para o estudo da administrao financeira.

    Sua elaborao foi calcada nas obras de diversos autores, cujo contedo serve de base e estmulo para estudantes do mundo inteiro.

    Na medida em que se teve que adapt-las realidade brasileira, assim o fez-se, incluindo alguns assuntos e excluindo outros, sempre acreditando estar selecionando o necessrio para a carga horria de graduao na matria dentro dos padres de ensino da educao universitria brasileira.

    Desculpamos-nos antecipadamente por qualquer erro que esta obra possa conter, solicitando dos leitores que ao perceberem algum, nos informem atravs do e-mail [email protected], pelo que desde j agradecemos.

    O autor

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    1. INTRODUO

    1.1. CONCEITOS E PAPEL DA ADMINISTRAO FINANCEIRA 06 1.2. O ADMINISTRADOR FINANCEIRO 07 1.3. MERCADOS 09 1.4. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 10 1.5. ORDENAMENTO JURDICO DAS EMPRESAS 15 1.6. TIPOS DE SOCIEDADES MAIS CONSTITUDAS NO BRASIL 16

    1.6.1. Sociedades Annimas 16 1.6.2. Sociedades por Cotas de Participao Limitada 22 1.6.3. Firmas Individuais 22

    1.7. CONSIDERAES SOBRE RENTABILIDADE X LIQUIDEZ 23 1.8. AMBIENTE FISCAL DAS EMPRESAS 24 1.9. DIAGRAMA DOS FLUXOS FINANCEIROS 26 1.10. CICLOS FINANCEIROS 27

    2. ADMINISTRAO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

    2.1. ADMINISTRAO DO CIRCULANTE 29 2.2. CAPITAL DE GIRO 31 2.3. ESTRATGIAS DE INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO 34 2.4. ANLISE DA EVOLUO DO CAPITAL DE GIRO 37

    2.5. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO 39

    3. ORAMENTOS

    3.1. INTRODUO 43 3.2. ORAMENTO EMPRESARIAL 45 3.3. ELABORAO DE ORAMENTO EMPRESARIAL 48 3.4. ORAMENTO DE VENDAS 49 3.5. ORAMENTO DE PRODUO 50 3.6. ORAMENTO DE CONSUMO DE MATRIAS PRIMAS 50 3.7. ORAMENTO DE COMPRAS 51 3.8. OAMENTO DE MO-DE-OBRA DIRETA 52 3.9. ORAMENTO DE CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAO 53 3.10. ORAMENTO DOS ESTOQUES FINAIS 54 3.11. ORAMENTO DAS DESPESAS OPERACIONAIS 55 3.12. ORAMENTO DAS DESPESAS DE CAPITAL 55 3.13. ORAMENTO DOS CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS 56 3.14. ORAMENTO DE CAIXA 56 3.15. CONTROLE ORAMENTRIO 57

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    4. PROJEES FINANCEIRAS

    4.1.PROJEO DO RESULTADO DO EXERCCIO 58 4.2.PROJEO DO BALANO PATRIMONIAL 58

    5. ADMINISTRAO DE CAIXA

    5.1.INTRODUO 58 5.2.ESTRATGIAS DE CAIXA 60 5.3.SALDO MNIMO DE CAIXA 62 5.4.MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA... 62 5.5.COMPARATIVO ENTRE O RESULTADO... 64 5.6.MODELO FINANCEIRO DE PROJEO DAS NECESSIDADES... 65 5.7.FONTES DE CAIXA 67

    5.7.1. Operaes com Desconto de Duplicatas 68 5.7.2. Taxas do Mercado Aberto 70 5.7.3. Operaes Hot Money 71 5.7.4. Floating Bancrio 72 5.7.5. Crdito Rotativo 73 5.7.6. Leasing 73

    6. ADMINISTRAO DO CONTAS A RECEBER

    6.1.CONCESSO DE CRDITO 75 6.2.SELEO DE CRDITO 77 6.3.EFEITO DAS POLTICAS DE CRDITO 78 6.4.ESTUDOS SOBRE A FLEXIBILIZAO DO CRDITO 79

    7. ADMINISTRAO DE ESTOQUES

    7.1.INTRODUO 82 7.2.DIFERENTES ENFOQUES SOBRE ESTOQUES 83 7.3.ESTOQUE COMO INVESTIMENTO 83 7.4.CUSTO DE ESTOQUES 84 7.5.RELAO ESTOQUES X DUPLICATAS A RECEBER 85 7.6.SISTEMAS DE ADMINISTRAO DE ESTOQUES 85 7.7.SELEO DE COMPRAS 90 7.8.CLCULO DA TAXA DE EQUILBRIO PARA COMERCIALIZAO 92

    8. PONTO DE EQUILBRIO E ALAVANCAGEM

    8.1.PONTO DE EQUILBRIO CONCEITUAO E CLCULO 95 8.2.ALAVANCAGEM 98

    8.2.1. ALAVANCAGEM OPERACIONAL 99 8.2.2. GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL 100 8.2.3. ALAVANCAGEM FINANCEIRA 101

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    8.2.4. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA 102 8.2.5. ALAVANCAGEM TOTAL 102 8.2.6. GRAU DE ALAVANCAGEM TOTAL 103

    9. BIBLIOGRAFIA 105

    10. EXERCCIOS DE FIXAO 107

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    1.1 CONCEITOS E PAPEL DA ADMINISTRAO FINANCEIRA

    Quando se pretende administrar financeiramente uma empresa, tem-se que ter em mente todo um conjunto de decises que nortear seu rumo. Estas decises so calcadas no estudo da movimentao de fundos, e pressupem-se duas rotas bsicas: as decises de financiamento e as de investimento. As primeiras esto correlacionadas com as atividades de captao de recursos e as segundas com as atividades de aplicao de recursos. Ambas as atividades podem ser estudadas no curto e no longo prazo, dependendo de suas caractersticas. Os recursos captados, por sua vez, podem ser prprios ou de terceiros, o que implica num estudo mais aprofundado para determinar qual o mais vivel.

    Assim sendo, podemos definir FINANAS, como a arte e a cincia de administrar fundos, ou a cincia que estuda a movimentao financeira entre os agentes econmicos. Estes agentes podem ser instituies, mercados ou instrumentos envolvidos na transferncia de fundos entre pessoas, empresas e governos.

    A ADMINISTRAO FINANCEIRA, por sua vez, a cincia cuja finalidade maximizar a riqueza dos proprietrios, gerindo com competncia seus recursos. A empresa dever proporcionar aos seus donos o maior retorno possvel sobre seus investimentos. 1

    A administrao financeira, assim como a maioria das cincias, fruto do aprofundamento natural dos estudos no processo de desenvolvimento da humanidade. Nasceu com as teorias econmicas para aps, com as teorias de Taylor, Fayol e Ford, caminhar para sua independncia, com forte ascenso aps a grande depresso americana dos anos 1929/30. Estudos de fluxos de caixa, investimentos e retornos, foram transformando a teoria da administrao financeira em uma cincia independente. A dissociao total est ligada aos estudos de Modigliani e Miller aos quais se convencionou chamar de Moderna Teoria de Finanas. Por fim, os estudos de risco que se desenvolveram a partir da Teoria do Portflio, patrocinada principalmente por Markowitz e Sharpe, e permitiram fechar o esboo no qual trafega a moderna administrao financeira.Esta cincia atua em colaborao estreita com outras cincias tais como2:

    Contabilidade Cincia que subsidia as decises financeiras com os dados de seus demonstrativos e relatrios.

    Matemtica Financeira Cincia que situa os nmeros das finanas no tempo e facilita seu entendimento.

    Estatstica Cincia que colabora com seus dados e previses s decises de cunho administrativo/financeiro.

    1 Ver mais em Assaf Neto, 2002 pp 46 -47.

    2 Ver mais em Silva, 2001 pp 30-31.

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    Economia Cincia que ensina como a empresa deve se colocar dentro das variveis econmicas e das leis que a regem.

    Direito Cincia que orienta o disciplinamento legal dos procedimentos administrativo/financeiros.

    Informtica Cincia recente, mas de grande utilidade para o administrador financeiro pela rapidez e confiana no ordenamento de dados e elaborao de relatrios.

    1.2 O ADMINISTRADOR FINANCEIRO

    A administrao financeira pressupe pessoas qualificadas que administrem as decises necessrias ao seu funcionamento. Estas decises, via de regra, esto ligadas a atividades que envolvem recursos financeiros direta ou indiretamente. Podemos catalog-las em trs atribuies principais: Planejamento, anlise e controle. Decises de investimento. Decises de financiamento.

    As atribuies de PLANEJAMENTO, ANLISE E CONTROLE consistem em visualizar no futuro as conseqncias financeiras dos atos presentes, analisar os resultados apresentados e fazer com que o planejamento seja aplicado de maneira adequada, monitorando sua aplicao. A consulta aos demonstrativos contbeis, permite estudar os dados registrados e suas projees. O oramento empresarial, uma ferramenta de grande importncia, ajuda tambm ao administrador financeiro orientar financeiramente a empresa. A anlise dos relatrios contbeis e gerenciais denuncia possveis desvios de roteiro do planejamento, que devem ser corrigidos nas propores e tempo requeridos.

    A atribuio de selecionar INVESTIMENTO existe em decorrncia das decises poltico-administrativas da empresa, e delimitam o montante de recursos a serem aplicados em decorrncia daquelas decises. Esta atribuio administra os ativos tangveis e intangveis que so uma constante preocupao na administrao financeira. A aquisio, a depreciao, o risco, o retorno, todos estes itens devem ser questionados, como forma de manter a melhor produtividade e os menores custos.

    A atribuio de buscar FINANCIAMENTO executa a seleo do menor custo para viabilizao da funo anterior. Os financiamentos a longo e a curto prazo devem ser pesquisados para se evitar custos desnecessrios em pocas desnecessrias. O equilbrio do Balano Patrimonial deve ser sempre perseguido como forma de se ter uma interao entre fontes e aplicao de recursos.

    O administrador financeiro utiliza basicamente duas funes financeiras: As funes de tesouraria e as funes de controladoria. Dentre as principais funes de TESOURARIA destacam-se:

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    Oramento de caixa Cadastro Cmbio Financiamento Investimento Crdito e Cobrana Relacionamento com instituies financeiras

    Dentre as principais funes de CONTROLADORIA (O termo vem do ingls controller), destacam-se: Administrao de custos e preos Auditoria interna Contabilidade Oramento Geral Controle Patrimonial Planejamento tributrio Relatrios gerenciais

    Estas funes variam em funo do porte da empresa. Em empresas pequenas, os scios se incumbem de muitas destas funes, e a contabilidade geralmente terceirizada. Nas grandes empresas, as funes se subdividem, na maioria das vezes, conforme organograma a seguir:

    Conselho de Administrao

    Diretor de Vendas Diretor

    Administrativo-Financeiro

    Diretor de Produo

    Tesoureiro Controller

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    1.3 MERCADOS3

    A Administrao Financeira est inclusa em complexos mecanismos de funcionamento que se denominam mercados. Os mercados financeiros podem ser distribudos da seguinte maneira:

    MERCADO MONETRIO o mercado de curto e curtssimo prazo. Caracteriza-se pelas polticas de controle da oferta da moeda e das taxas de juros que garantem sua liquidez. Quem executa e controla estas polticas o Banco Central atravs dos seguintes instrumentos:

    o Depsito compulsrio o Redesconto ou emprstimo de liquidez o Mercado Aberto (Open Market) o Controle e seleo de crdito

    O depsito compulsrio regula o multiplicador bancrio atravs de reserva obrigatria de recolhimento de depsitos e recursos de terceiros determinado pelo CMN atravs de percentuais. O redesconto ou emprstimo de liquidez o socorro que o Banco Central fornece rede bancria para atender s necessidades de caixa. As operaes de mercado aberto um gil instrumento de poltica monetria pelo qual o BC pode regular o fluxo de recursos de mercado atravs de operaes overnight. O controle e a seleo de crdito se d atravs do controle de volume e destino do crdito, controle das taxas de juros, fixao de limites e condies de crdito.

    MERCADO DE CRDITO o mercado que tem como objetivo suprir as necessidades de recursos da economia atravs dos agentes econmicos que interligam poupadores e tomadores. Neste mercado se destacam os bancos comerciais e mltiplos.

    MERCADO DE CAPITAIS um mercado predominantemente de longo prazo. Seu principal ambiente a Bolsa de Valores. Divide-se em primrio, quando as operaes so realizadas ali pela primeira vez e secundrio, quando so realizadas nas demais oportunidades. As operaes tambm podem ser realizadas por instituies financeiras e seus recursos podem ser destinados para giro ou para o permanente das empresas.

    MERCADO CAMBIAL o mercado que envolve a contrapartida do mercado internacional. Inclui agentes econmicos variados como importadores e exportadores, investidores e instituies financeiras.

    3 Ver mais em Gitman, 1997 pp 4 24; Cherubim et al, 2002 pp 4 26; Fortuna, 2002 pp 45-60.

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    1.4 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL4

    At 1964 o Sistema Financeiro Nacional carecia de uma estruturao racional para administrar suas necessidades. A partir de ento foi montado um organograma funcional para disciplinar e entender as entidades participantes que distribudo da maneira a seguir:

    A. SISTEMA NORMATIVO Conselho Monetrio Nacional* - CMN

    Banco Central do Brasil - BACEN

    Comisso de Valores Mobilirios - CVM

    Superintendncia de Seguros Privados - SUSEP

    Banco do Brasil - BB

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social - BNDES

    Caixa Econmica Federal - CEF

    Apenas como adendo, informa-se que O CMN rgo de natureza poltica e altamente mutvel em virtude dos governos eleitos, e teve nos ltimos anos a seguinte formao:

    Presidente Nmero de membros Castelo Branco 6 Costa e Silva 4 Garrastazu Mdici 10 Ernesto Geisel 8 Figueiredo 8 Jos Sarney 15 Fernando Collor 11 Itamar Franco 13 Fernando Henrique Cardoso 3 Lus Incio Lula da Silva 3

    Os atuais membros so: Presidente: Ministro da Fazenda Membro: Ministro de Planejamento, Oramento e Gesto Membro: Presidente do Banco Central

    4 Ler mais em Hoji, 2001, pp 34-41 e Fortuna, 2002, pp 11-43.

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    B. SISTEMA DE INTERMEDIAO

    BANCOS o Comerciais o Mltiplos o Caixas Econmicas o De Desenvolvimento o De Investimento

    INSTITUIES FINANCEIRAS NO BANCRIAS o Sociedades de Crdito Financeiro e Investimentos o Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing) o Cooperativas de Crdito

    POUPANA E EMPRSTIMO o Sociedade de Crdito Imobilirio o Associao de Poupana e Emprstimo

    MERCADO DE CAPITAIS o Bolsa de Valores o Bolsa de Mercadorias e de Futuros o Sociedade Corretora o Sociedade Distribuidora o Agentes Autnomos de Investimento

    INSTITUIES NO FINANCEIRAS o Sociedade de Fomento Comercial (Factoring) o Seguradoras o Sociedades de Capitalizao o Agncias de fomento ou desenvolvimento o Fundos mtuos de investimento o Entidades abertas ou fechadas de previdncia complementar o Administradora de Carto o Consrcios

    O Conselho Monetrio Nacional CMN o rgo mximo do Sistema Financeiro Nacional. Sua misso definir as diretrizes de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e formular toda a poltica da moeda e crdito da economia, visando atender a seus interesses econmicos e sociais.

    O Banco Central o principal rgo executivo do CMN funcionando como sua secretaria executiva. rgo fiscalizador do mercado financeiro e executor da poltica monetria do governo.

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    A Comisso de Valores Mobilirios CVM controla e fomenta o mercado de valores mobilirios, atingindo as instituies financeiras, as companhias de capital aberto e os investidores.

    A Superintendncia de Seguros Privados SUSEP o rgo responsvel pelo controle e fiscalizao do mercado de seguros, previdncia privada aberta e capitalizao.

    O Banco do Brasil at janeiro de 1986 assemelhava-se a uma autoridade monetria mediante ajustamentos da conta movimento do BACEN e do Tesouro Nacional. Hoje, um banco comercial comum, embora responsvel pela Cmara de Compensao.

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES responsvel pela poltica de investimentos de longo prazo do Governo e tambm pela gesto do processo de privatizao. a principal instituio financeira de fomento do Brasil por impulsionar o desenvolvimento econmico, atenuar desequilbrios regionais, promover o crescimento das exportaes, dentre outras funes.

    A Caixa Econmica Federal - CEF caracteriza-se por estar voltada ao financiamento habitacional e ao saneamento bsico, alm de controlar as loterias. um instrumento governamental de financiamento social.

    Os bancos comerciais e mltiplos so intermedirios financeiros que transferem recursos dos agentes superavitrios para os deficitrios, mecanismo esse que acaba por criar moeda atravs do efeito multiplicador. Eles podem descontar ttulos, realizar operaes de abertura de crdito simples ou em conta corrente, realizar operaes especiais de crdito rural, de cmbio e comrcio internacional, captar depsitos vista e a prazo fixo, obter recursos junto s instituies oficiais para repasse aos clientes, etc.

    As Caixas Econmicas Estaduais tm, em crculo mais restrito, as atribuies da Caixa Econmica Federal. So agentes econmicos que esto desaparecendo do mercado.

    Os Bancos de Desenvolvimento, cujo principal agente o j citado BNDES, so os principais agentes de financiamento do governo federal. Destacam-se os bancos regionais de desenvolvimento como, por exemplo, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Banco da Amaznia (BASA), e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDES).

    Os Bancos de Investimento captam recursos atravs de emisso de CDB e RDB. Esses recursos so direcionados a emprstimos e financiamentos especficos aquisio de bens de capital pelas empresas ou subscrio de aes e debntures. Os Bancos de Investimento no podem destinar recursos a empreendimentos mobilirios e tm limites para investimentos no setor estatal.

    As Sociedades de Crdito Financeiro e Investimentos, as financeiras captam recursos atravs de letras de cmbio e sua funo financiar bens de consumo durveis aos consumidores finais (credirio). Tratando-se de uma atividade de alto risco, seu passivo limitado a 12 vezes seu capital mais reservas.

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    As Sociedades de Arrendamento Mercantil trabalham com operaes de leasing, que se trata de locao de bens de forma que, no final do contrato, o locatrio pode renov-lo, adquirir o bem por um valor residencial ou devolver o bem locado sociedade. Atualmente, tem sido comum operao de leasing em que o valor residual pago de forma diluda ao longo do perodo contratual ou de forma antecipada, no incio do perodo. As Sociedades de Arrendamento Mercantil captam recursos atravs da emisso de debntures, com caractersticas de longo prazo.

    As Cooperativas de Crdito equiparam-se s instituies financeiras. As cooperativas normalmente atuam em setores primrios da economia ou so formadas entre os funcionrios das empresas. No setor primrio, permitem uma melhor comercializao dos produtos rurais e criam facilidades para o escoamento das safras agrcolas para os consumidores. No interior das empresas em geral, as cooperativas oferecem possibilidades de crdito aos funcionrios, os quais contribuem mensalmente para a sobrevivncia e crescimento da mesma. Todas as operaes facultadas s cooperativas so exclusivas aos cooperados.

    As Sociedades de Crdito Imobilirio, ao contrrio das Caixas Econmicas, essas sociedades so voltadas ao pblico de maior renda. A captao ocorre atravs de Letras Imobilirias, depsitos de poupana e repasses de CEF. Esses recursos so destinados, principalmente, ao financiamento imobilirio direto ou indireto.

    As Associaes de Poupana e Emprstimo so sociedades civis onde os associados tm direito participao nos resultados. A captao de recursos ocorre atravs de caderneta de poupana e seu objetivo principalmente financiamento imobilirio.

    As Bolsas de Valores so entidades fsicas, constitudas sob a forma de associaes civis sem fins lucrativos, com responsabilidades e funes de interesse pblico. As bolsas operam em trs tipos preferenciais de mercado:

    Mercado vista Onde a entrega dos ttulos do vendedor ao comprador efetuada no segundo dia til aps o fechamento do negcio na Bolsa. O pagamento da ao pelo comprador deve ocorrer no 3 dia til aps a negociao.

    Mercado a termo Onde a liquidao das operaes ocorre em prazos diferidos, em geral 30, 60 ou 90 dias. Para operar neste mercado exigido, tanto do comprador quanto do vendedor, um depsito de valores como margem de garantia da operao.

    Mercado de opes Onde se negocia os direitos de compra ou venda futura de aes a um preo pr-estabelecido. O comprador de uma opo de compra de aes, por exemplo, adquire at a data limite de vencimento da operao o direito de comprar o lote objeto de aes. O comprador de uma opo de venda, por outro lado, poder exercer o seu direito de vender os papis objetos na data de vencimento da opo. A principal contribuio deste mercado a proteo contra o risco (hedge).

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    A Bolsa de Mercadorias e de Futuros a bolsa cujo objetivo organizar operacionalizar e desenvolver um mercado de futuros (commodities, taxas de juros, taxas de cmbio, metais, ndice de aes e de conjuntura) livre e transparente. Mantm as seguintes modalidades de operao: Futuro, opes sobre o disponvel, opes sobre futuro, termo e disponvel ou vista (spot).

    As Sociedades Corretoras so instituies membros das Bolsas de Valores habilitadas para operar em seus preges por conta prpria e determinadas por seus clientes, por meio de negociaes com ttulos e valores mobilirios.

    As Sociedades Distribuidoras tm uma faixa operacional mais restrita do que as corretoras e no tm acesso s Bolsas de Valores e de Mercadorias.

    Os Agentes Autnomos de Investimento so pessoas fsicas, credenciadas por Bancos de Investimentos, Sociedades de Crdito, Financiamento e Investimento, Sociedades de Crdito Imobilirio, Sociedades Corretoras e Distribuidoras que exercem atividades por conta e ordem de quem os credenciou.

    As Sociedades de Fomento Comercial so conhecidas como factoring, e operam na venda de um direito de crdito, feita diretamente pelo detentor deste crdito (o sacador) a uma instituio compradora (o factor). Esta fornece os recursos ao sacador, mediante um desgio sobre o valor de face deste direito de crdito, que pode ser, por exemplo, uma duplicata ou cheque.

    As Seguradoras operam o sistema de seguros do pas e so regidas pelo Decreto-Lei n. 73 de 21/11/66 e suas alteraes posteriores. No esto sujeitas falncia nem podem impetrar concordata alm de no poderem explorar qualquer outro ramo de comrcio ou indstria.

    As Sociedades de Capitalizao so sociedades mercantis cujo objetivo fornecer ao pblico, de acordo com planos aprovados pelo Governo Federal, a constituio de um capital mnimo perfeitamente determinado em cada plano. Este capital pago em moeda corrente num prazo mximo indicado no mesmo plano, pessoa que possuir um ttulo, segundo clusulas e regras aprovadas e mencionadas nos prprios ttulos. DL 261, de 28.2.1967.

    As Agncias de Fomento ou Desenvolvimento so constitudas e funcionam sob as regras da Resoluo n. 2.828 de 30/03/2001. Realizam operaes de financiamento de capital fixo e de giro associados a projetos na unidade da federao onde tenha sede. Prestam garantias e servio de consultoria e ainda administram fundos de desenvolvimento, observando o disposto no Art. 35 da LC 101 de 04/05/2000.

    As Administradoras de Carto no so empresas financeiras, e sim empresas prestadoras de servios, que fazem a intermediao entre os portadores de cartes, os estabelecimentos afiliados, as bandeiras (Visa, Mastercard, etc.) e as instituies financeiras.

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    Os Consrcios. A atividade de consrcio uma inveno brasileira, hoje difundida no mundo inteiro. Diversos so os instrumentos legais de regulamentao da atividade. A Circular n. 3.070 e seus regulamentos estabelecem as regras e condies para a concesso de autorizao para administrar grupos de consrcios e outros aspectos societrios relacionados ao assunto.

    Os Fundos Mtuos de Investimentos so constitudos sob a forma de condomnio aberto ou fechado e representam a reunio de recursos de poupana, destinados aplicao em carteira diversificada de ttulos e/ou valores mobilirios, com o objetivo de propiciar aos seus condminos a valorizao de cotas, a um custo global mais baixo, ao mesmo tempo em que tais recursos se constituem em fonte de recursos para investimento em capital permanente das empresas.

    As Empresas Abertas ou Fechadas de Previdncia Complementar so instituies restritas a determinado grupo contribuintes ou no, com o objetivo de valorizao de seu patrimnio, para garantir a complementao da aposentadoria e, por esta razo, orientadas a aplicar parte de suas reservas tcnicas no mercado financeiro e de capitais.

    1.5 ORDENAMENTO JURDICO DAS EMPRESAS

    De acordo com o novo Cdigo Civil, as empresas, denominadas pessoas jurdicas, esto divididas em Pessoas Jurdicas de Direito Privado e de Direito Pblico Interno ou Externo. Pertence ao Direito Pblico Interno: a Unio, Estados, Distrito Federal, Territrios, Municpios, Autarquias e demais entidades pblicas criadas por lei. So pessoas de direito pblico externo os estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional pblico. As Pessoas Jurdicas de Direito Privado dividem-se em associaes, sociedades e fundaes. As sociedades, por sua vez, subdividem-se em personificadas e no personificadas. Ao segundo grupo pertence a Sociedade em Conta de Participao. Ao primeiro grupo pertencem as Sociedades Simples, Em Nome Coletivo, Comandita Simples, Limitada, Annima, Comandita por Aes e Cooperativas.

    Segundo o Novo Cdigo Civil (Lei n. 10.406/02) Sociedade Simples a sociedade constituda por pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados, no tendo por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio (Art. 981 e 982).

    Sociedade Empresria (Art.983) tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeita a registro, inclusive a sociedade por aes, independentemente de seu objeto, devendo inscrever-se na Junta Comercial do respectivo Estado. Isto , Sociedade Empresria aquela que exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios, constituindo elemento de empresa. Divide-se em: Comandita Simples, Em Comandita por Aes, De Capital e Indstria, em Nome

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    Coletivo, Limitada, Annima e Cooperativa. O presente estudo ser desenvolvido no ambiente das Sociedades Annimas. 5

    Unio De Direito Interno Estados Pblico Municpios Autarquias e demais entidades criadas por lei Externo Estados estrangeiros e pessoas regidas pelo dir. pub. internacional Pessoas Associaes Jurdicas Fundaes Simples Em Nome Coletivo Em Comandita Simples De Direito Personificadas Limitada Privado Sociedades Annima Em Comandita por Aes Cooperativas De Capital e Indstria No Personificadas Sociedades em Conta de Participao

    1.6 TIPOS DE SOCIEDADES MAIS CONSTITUDAS NO BRASIL

    1.6.1 Sociedades Annimas

    Estas sociedades tm seu capital dividido em aes. Aes so ttulos negociveis e corresponde menor frao em que se divide o capital da companhia. Tem natureza jurdica de ttulo de crdito, ou seja, o ttulo que d direito de propriedade sobre parte de uma companhia.

    As aes so representadas fisicamente pelo Certificado de Ao, que s pode ser emitido aps a companhia adquirir personalidade jurdica. Para que os acionistas confirmem a propriedade de suas aes, elas devem estar inscritas no Livro de Aes Nominativas.

    O estatuto da companhia fixar o nmero de aes em que se divide o capital social e ser estabelecido se esses ttulos tero valor nominal. Se tiver, corresponder quantidade expressa em dinheiro que o subscritor pagar pela ao. Se o estatuto fixar o valor nominal, este servir para todas as aes da companhia. Em se tratando de companhias abertas, o valor nominal das aes no poder ser inferior ao mnimo fixado pela Comisso de Valores Mobilirios.

    As aes sem valor nominal so aquelas que no expressam em dinheiro o valor que representam.

    5 Ver mais no Novo Cdigo Civil, Lei n 10.406/02, Art 996 a 1.195.

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    As aes sempre sero nominativas e podem ser classificadas conforme sua natureza em:

    Ordinrias So as que concedem a seus detentores o poder de voto nas assemblias deliberativas da companhia.

    Preferenciais So aquelas que oferecem aos seus detentores a preferncia na distribuio de resultados da empresa, assim como no reembolso do capital em caso de liquidao da companhia, mas no concede direito a voto. As aes preferenciais no podero ultrapassar 50% do total das aes.

    Fruio So as que podem ser distribudas aos acionistas em substituio ao que foi amortizada pela companhia. Este tipo de ao, mesmo no sendo negocivel assegurar aos seus detentores o direito de receber a parte do patrimnio da sociedade que ainda lhe couber em caso de liquidao.

    Conforme sua forma em: Nominativas registradas Quando h um registro de controle de propriedade feito

    pela empresa ou por terceiros, podendo ou no haver emisso de certificado. Escriturais nominativas Quando h a designao de uma instituio financeira

    credenciada pela CVM, que atua como fiel depositria dos ttulos, administrando-os via conta corrente de aes.

    As aes podem ser classificadas em diferentes classes, como A, B ou C, por exemplo, conforme a importncia estabelecida no Estatuto Social. Quanto a liquidez, as aes podem ser classificadas em:

    Blue Chips ou de 1 linha Aes de empresas de grande porte, com elevado conceito de liquidez e de tradio.

    De 2 linha Aes de boa liquidez, porem com maior risco. De 3 linha Aes de empresas de mdio e pequeno porte, com pequena liquidez. De privatizao So aes de companhias colocadas no mercado atravs de

    leiles do Programa Nacional de Desestatizao PND. As aes rendem dividendos, que so a parcela de lucro lquido distribuda aos

    acionistas, na proporo da quantidade de aes detidas, ao fim de cada exerccio social. A companhia deve distribuir, no mnimo, 25% do seu lucro lquido ajustado.

    A distribuio de novas aes para os atuais acionistas chama-se bonificao, e acontece pela incorporao de reservas ao capital social em deliberao na Assemblia Geral dos acionistas. Excepcionalmente pode acontecer distribuio de bonificao em dinheiro.

    Subscrio o ato de adquirir novas aes emitidas em decorrncia de aumento de capital da companhia. Os direitos de subscrio conferem aos seus detentores a possibilidade de exercer o direito de compra de novas aes e podem ser negociados no mercado, isoladamente das aes.

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    As aes so negociadas no mercado de bolsa ou no mercado de balco. O mercado de balco um mercado de ttulos sem lugar fsico determinado, onde so negociadas aes e outros valores mobilirios, em geral, de empresas no registradas em Bolsa de Valores.

    Aes podem ser resgatadas com reduo ou no do capital social. Resgate o pagamento de aes para retir-las de circulao. J a amortizao consiste na distribuio aos acionistas a ttulo de antecipao e sem reduo do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidao da companhia. O estatuto da empresa disciplina a matria.

    Por fim, reembolso a operao pela qual a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberao da assemblia geral o valor de suas aes, nos casos previstos na legislao societria. Normalmente o reembolso feito com base no valor patrimonial da ao.

    Para constituio de uma sociedade annima, exige a lei um mnimo de duas pessoas, que subscrevam todas as aes que constituem o capital social, muito embora o Art. 251 da Lei das Sociedades Annimas admita excepcionalmente a figura da companhia com um s acionista. a chamada subsidiria integral, que a companhia constituda mediante escritura pblica, tendo como nico acionista uma sociedade brasileira. As sociedades annimas so regulamentadas pela Lei n. 6.404 de 15/12/76 e suas alteraes posteriores.

    A responsabilidade dos scios ou acionistas limitada ao preo de emisso das aes subscritas ou adquiridas.

    A sociedade annima ser designada por denominao acompanhada das expresses companhia ou sociedade annima, por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilizao da expresso companhia no final. O nome do fundador, acionista, ou pessoa que, por qualquer outro modo, tenha concorrido para o xito da empresa, poder figurar na denominao.

    Dando proteo ao nome comercial estabelece a lei que se a denominao da sociedade for idntica a de companhia j existente, assistir prejudicada o direito de requerer a modificao, por via administrativa, ou em juzo, e demandar as perdas e danos resultantes. Exemplos de denominao de Sociedades Annimas:

    Cia Nordestina de Alimentos Tecidos Paulista S.A. S. A. Araraquara de Ferragens

    A sociedade annima, qualquer que seja seu objeto, ser sempre empresria e se reger pelas leis e usos do comrcio. Isto significa dizer que seus atos constitutivos e estatutos sero arquivados no Registro do Comrcio, o que no ocorrer com uma sociedade simples, cujos atos constitutivos e contrato social devem ser arquivados em Cartrio. Tm competncia legal para emitir outros valores mobilirios como partes beneficirias, debntures e bnus de subscrio.

    Partes Beneficirias so ttulos de renda varivel, sem valor nominal e estranhos ao capital social da empresa emitente, os quais conferiro aos seus possuidores direito de crdito eventual contra a sociedade. Este direito consiste na participao nos lucros lquidos anuais da companhia. S podero ser emitidos por Sociedades Annimas de capital fechado.

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    As partes beneficirias emitidas ou atribudas aos fundadores e acionistas sero criadas no momento da constituio da empresa como forma de pagamento dos servios prestados, em vez de honorrios. Quando criadas gratuitamente para fundadores e acionistas no existe registro contbil dessas partes beneficirias, mas sim a meno em nota explicativa de sua quantidade, direitos e valor de resgate, se houver. A companhia fechada poder alienar as partes beneficirias emitidas ou atribu-las a fundadores, acionistas ou terceiros, como remunerao de servios prestados empresa.

    Depois de constituda a sociedade a criao de novas partes beneficirias s podero ser criadas em favor de acionistas ou terceiros. A criao desses novos valores mobilirios, em geral, ser para atender:

    Obteno de recursos financeiros com terceiros, Aquisio de bens de acionistas que interessam companhia, quando houver

    falta de recursos para adquiri-los no mercado,

    Para sanar obrigaes com terceiros. Etc. Devem constar na criao das partes beneficirias: A remunerao dos servios, A cesso de direitos,

    O nmero em que esto divididas, Os percentuais sobre o lucro lquido anual, o qual no poder ultrapassar

    10%.

    A conversibilidade ou no em aes. O prazo de durao das partes beneficirias atribudas gratuitamente no poder

    ultrapassar 10 anos, com exceo das destinadas a sociedades ou fundaes beneficentes dos empregados da companhia onde no h restries legais, quanto ao prazo de durao, conforme disposio do art. 48 1 da Lei das S/A. Sempre que estipular o prazo para resgate, dever criar reserva especial para esse fim.

    O artigo 190 da Lei das S/A preconiza que sero conferidos aos titulares direito de crdito por conta de lucros anuais, obedecendo a ordem de preferncia de participantes nos lucros em que as participaes estatutrias de empregados, administradores e partes beneficirias sero determinados, sucessivamente e nessa ordem com base nos lucros, j deduzidos os prejuzos acumulados e a proviso para Imposto de Renda, que vo remanescendo a cada deduo de participao anteriormente calculada.

    Fixado o preo de emisso das partes beneficirias, seu pagamento, pode ser feito das seguintes maneiras:

    Em dinheiro, Trocas ou compensao de direitos Dao em pagamento, etc.

    Debntures So valores mobilirios emitidos por Sociedades Annimas com prazo e remunerao previamente definida, podendo ser pblica ou particular, que conferem a

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    seus titulares diretos de crditos contra a empresa emitente, nas condies constantes dos certificados ou escrituras de emisso dos ttulos.

    Sua finalidade captar recursos financeiros de mdio e longo prazo, para suprir as necessidades de novos investimentos ou falta de capital de giro, sem que haja a necessidade da organizao recorrer a emprstimos em instituies financeiras com altas taxas de juros.

    As debntures possuem as seguintes vantagens: Os juros pagos so deduzidos como despesas financeiras, Capitalizam a empresa sem a necessidade de alterao do quadro acionrio,

    a menos que haja clusula de converso em aes, Flexibilidade nos prazos, garantias e condies de pagamento, A emisso pode ser dividida em sries a serem integralizadas nos perodos

    desejados pela empresa emissora. Apresenta custos menores (ttulos de longo prazo).

    Uma empresa pode efetuar vrias emisses de debntures, de acordo com suas necessidades. Cada emisso pode ainda ser dividida em sries, de forma a adequar o montante de recursos s necessidades da empresa ou demanda do mercado. De acordo com a lei, a emisso de debntures no poder ultrapassar o capital social da companhia. As debntures devero ter um valor nominal, o qual poder ser diferente da sua emisso, e quando isso acontece os ttulos podero ser colocados com gio ou desgio.

    As debntures podero ser conversveis ou no em aes. Podem ter garantias reais, quando garantidas por bens integrantes do ativo da emissora, bens que ficam indisponveis para negociao, e no poder ultrapassar 80% dos bens gravados da empresa. As garantias flutuantes asseguram privilgios sobre o ativo da emissora, no impedindo, entretanto, a negociao dos bens que compem o ativo. Estas garantias so limitadas a 70% do valor contbil do ativo da emissora, lquido das dvidas garantidas por direitos reais, quando o valor da emisso ultrapassar o do capital social.

    As debntures podem ser:

    Nominativas Quando so representadas por certificados emitidos em nome do titular e registrados em livro prprio mantido pela emissora,

    Escriturais Quando no possuem certificados representativos, sendo mantidas em nome do titular em conta de depsito em instituio financeira depositria designada pela emissora.

    As debntures podero ser amortizadas pelo pagamento parcelado, peridico e progressivo, e resgatadas quando retiradas de circulao de forma parcial ou total, independente da vontade do investidor, desde que previsto na escritura de emisso.

    Bnus de subscrio so ttulos negociveis emitidos dentro do limite de aumento do capital autorizado no estatuto. As sociedades annimas podem ser abertas ou fechadas, conforme os valores mobilirios de sua emisso estejam ou no admitidos negociao em bolsa ou mercado de balco.

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    A sociedade annima possui quatro rgos sociais, a saber: A Assemblia Geral, o Conselho de Administrao, a Diretoria e o Conselho Fiscal.

    O Conselho de Administrao rgo facultativo, obrigatrio apenas nos casos estabelecidos pela Lei.

    As Assemblias Gerais, convocadas e instaladas de acordo com a Lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negcios relativos ao objeto da companhia e tomar as resolues que julgar convenientes sua defesa e desenvolvimento.

    A administrao da companhia compete ao Conselho de Administrao. As companhias abertas, as de capital autorizado e as sociedades de economia mista tero obrigatoriamente Conselho de Administrao. Este conselho quem nomeia a Diretoria.

    O Conselho Fiscal verifica a gesto patrimonial da sociedade, podendo no ter funcionamento permanente, hiptese em que ser instalado pela assemblia geral, a pedido de seus acionistas, que representem no mnimo 10% das aes com direito a voto, ou 5% das aes sem direito a voto.

    As Assemblias podero ser ordinrias ou extraordinrias. Nas ordinrias, que se realizam uma vez por ano, com primeira convocao com 25% dos acionistas com direito a voto e em segunda convocao com qualquer quorum, se debatero as contas da diretoria. Nas extraordinrias, que se realizaro quando necessrio, a primeira convocao exigir 2/3 dos acionistas com direito a voto, e a segunda convocao qualquer quorum. Nelas, os demais assuntos que meream a convocao dos acionistas sero tratados. 6

    Vantagens das Sociedades Annimas

    Responsabilidade limitada: cada acionista um scio com responsabilidade limitada, no podendo perder alm do que investiu no negocio.

    Dimenso do negcio: o capital pode ser obtido a partir de muitos investidores, pela facilidade com que as aes podem ser negociadas. A sociedade pode ser pulverizada entre uma infinidade de acionistas, pequenos, mdios ou grandes.

    Transferncia de propriedade: a propriedade comprovada pelos certificados de aes, que podem ser facilmente transferidos a outras pessoas. As bolsas de valores facilitam enormemente a venda e compra de aes.

    Vida ilimitada: a S/A no se dissolve com a morte ou retirada de um proprietrio e pode perdurar indefinidamente no tempo.

    Crescimento: A S/A pode expandir-se atravs de aumento de capital devido ao rpido acesso aos mercados de capitais.

    Administrao profissional: a direo da empresa passa para administradores profissionais contratados e que podem ser promovidos ou substitudos.

    6 Ver mais em Iudcibus et al, Manual de Contabilidade das Sociedades por Aes, 1995, no Novo Cdigo

    Civil e na Lei das S.A. e suas alteraes posteriores.

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    Desvantagens:

    Regulamentao governamental: como a S/A uma entidade legalmente estabelecida, ela est submetida a regulamentaes federais, estaduais e municipais, tornando necessrios alguns rgos para prestar servios burocrticos e atender a todas essas regulamentaes.

    Falta de sigilo: como os acionistas devem conhecer o desempenho e a situao financeira da S/A atravs das demonstraes financeiras, a empresa torna-se muito transparente. O Novo Cdigo Civil (2002) estabelece algumas normas visando uma maior transparncia das sociedades annimas.

    1.6.2 Sociedade em Cota de Participao Limitada (ltda.)

    So sociedades de pessoas, constitudas de dois ou mais proprietrios que se associam no mesmo negcio, com o objetivo de obter lucro. Embora quase sempre maiores do que as firmas individuais, geralmente no chegam a assumir grandes propores. A sociedade limitada constituda atravs de um contrato social firmado entre os scios e registrado na Junta Comercial. A responsabilidade de cada scio restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralizao do capital social. Nas sociedades limitadas, os bens pessoais dos scios respondem pelas dvidas assumidas no negcio.

    Principais vantagens:

    Economias fiscais: semelhante firma individual quanto aos custos organizacionais e certos tributos.

    Capital social: Geralmente maior que as firmas individuais, pois so sociedades com participao de mais de uma pessoa.

    Facilidade de crdito: Os bens pessoais dos scios garantem os valores emprestados.

    Administrao: cooperao e habilidades administrativas de vrios scios envolvidos no negcio so somadas.

    Principais desvantagens:

    Responsabilidade solidria dos scios: os scios respondem conjunta e solidariamente pelo negcio. No caso de liquidao do negcio os bens pessoais de um dos scios podem ser levados a garantir o prejuzo, caso os demais scios no o possa faz-lo.

    Vida limitada: do ponto de vista tcnico, quando um dos scios se afasta ou morre, a sociedade dissolvida.

    1.6.2 Firma Individual

    A firma individual constituda por um nico empresrio ou proprietrio que responde pelos seus negcios. a empresa cujo proprietrio uma pessoa que opera em

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    seu prprio benefcio. A firma individual geralmente uma pequena empresa, registrada em Junta Comercial, onde o proprietrio toma todas as decises e opera a propriedade juntamente com alguns poucos empregados. O capital da firma individual advm de recursos prprios ou de emprstimos a curto prazo. grande a quantidade de firmas individuais, porm sua participao pequena no volume de faturamento de todas as empresas.

    Principais vantagens:

    O proprietrio o seu prprio patro. O proprietrio assume todo o lucro e todo o resto do negcio. Baixos custos operacionais. Economias fiscais.

    Principais desvantagens:

    Responsabilidade ilimitada em relao aos credores. A riqueza total do proprietrio e no o capital investido responde pelas dvidas do negcio.

    Limitao de capital: a capacidade financeira do proprietrio limitada e pode restringir operaes maiores.

    O proprietrio deve jogar em todas as posies do negcio, isto , deve conhecer e dominar todos os aspectos tcnicos, comerciais e financeiros da sua empresa.

    1.7 CONSIDERAES SOBRE RENTABILIDADE E LIQUIDEZ

    Como j se viu, o principal objetivo do administrador financeiro o aumento da riqueza dos proprietrios. Para isso ele pondera as alternativas de investimento e financiamento, planeja e administra, alm de analisar demonstrativos e propor solues. Para alcanar seu objetivo, necessrio atentar para dois fatores importantes que afetam as finanas: a rentabilidade e a liquidez.

    Ao contrrio do que se pensa, nem sempre uma empresa rentvel est livre de um processo falimentar. Para ilustrar o que estamos afirmando, transcrevemos o exemplo a seguir: Exemplo: A empresa ALFA S.A. vendia por R$ 10,00 com prazo de 30dd o artigo que produzia a R$ 7,50 e pagava seus insumos vista. Como era nova, no tinha crdito na praa para levantar emprstimos, ou fundos de qualquer espcie.

    Em dezembro de determinado ano, tinha os seguintes saldos no circulante: Caixa 7.500,00 Estoques 11.250,00 Contas a receber 15.000,00

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    Animada pela margem de contribuio (10,00 7,50), em janeiro vendeu 2.000 unidades e produziu 2.500. Em fevereiro vendeu 2.500 unidades e produziu 3.000. Em maro vendeu 3.000 unidades e produziu 3.500. De repente se viu em dificuldades financeiras.

    Caixa Estoques Contas a Receber 7.500 18.750 11.250 15.000 15.000 15.000 15.000 18.750 20.000 3.750 22.500 15.000 18.750 20.000 20.000 20.000 22.500 25.000 1.250 26.250 18.750 22.500 25.000 25.000 25.000 26.250 30.000 0 22.500 30.000

    Vendas Custo das vendas Resultado 20.000 15.000 5.000 25.000 18.750 6.250 30.000 22.500 7.500

    Muito embora a empresa fosse lucrativa, teve que encerrar suas atividades por insolvncia, pois no tinha mais dinheiro em caixa para comprar insumos de produo. 7

    1.8 AMBIENTE FISCAL DAS EMPRESAS

    Com a alta carga tributria atual do Brasil imprescindvel que tenhamos um canal de discusso permanente nas empresas sobre economia de tributos.

    A globalizao, o mercado competitivo e o pesado nus tributrio que sufoca as empresas brasileiras requer do administrador e do contador prticas de gerenciamento eficazes para preservar a continuidade do empreendimento. Frente realidade tributria brasileira, a principal preocupao dos contribuintes a reduo da carga tributria. Portanto, o contribuinte pode e deve estudar opes de economia de tributos, ou seja, praticar quaisquer condutas objetivando eliminar, reduzir ou retardar o pagamento de tributos, desde que se mantendo no campo jurdico da licitude.

    Procurar alternativas de formas lcitas para reduzir a carga tributria das empresas e estar atento s mudanas da legislao, bem como controle e emisso de relatrios

    7 Exemplo extrado de Gitman, Administrao Financeira, 1978 p 6.

    insolvncia

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    contbeis confiveis, torna-se imprescindvel para maximizao dos lucros das empresas para manuteno dos negcios e contribuio para combater o nvel de desemprego.

    No Brasil, compete Unio tributar sobre:

    Importao de produtos estrangeiros Exportao de produtos nacionais ou nacionalizados Rendas e proventos de qualquer natureza Produtos industrializados Operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas a ttulos ou valores mobilirios Propriedade territorial rural Grandes fortunas, nos termos de lei complementar

    A Unio poder instituir mediante lei complementar, impostos no previstos nesta relao, desde que no cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos j discriminados. Na iminncia ou no caso de guerra externa, poder instituir impostos extraordinrios, compreendidos ou no na sua competncia tributria, os quais sero suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criao.

    Compete aos Estados e ao Distrito Federal institurem impostos sobre:

    Transmisso causa mortis ou doao, de quaisquer bens ou direitos Operaes relativas circulao de mercadorias e sobre a prestao de servios de

    transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior

    Propriedade de veculos automotores

    Compete aos Municpios instituirem impostos sobre:

    Propriedade predial e territorial urbana Transmisso inter vivos, a qualquer ttulo, por ato oneroso, de bens imveis, por

    natureza ou acesso fsica, e de direitos reais sobre imveis, excetos os de garantia, bem como cesso de direitos a sua aquisio

    Servios de qualquer natureza, definidos em lei complementar

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    1.9 DIAGRAMA DOS FLUXOS FINANCEIROS

    Compra venda pgto

    pgto. Compra venda

    pgto.

    depreciao

    pagamento

    restituio

    Recebimento venda de aes

    Recebimento quitao

    Pagamento de dividendos

    Recompra de aes

    Mo-de-Obra

    Matria-Prima

    Despesa Indireta

    Imobilizado

    Investimentos

    Produtos em processo

    Produtos Acabados

    Despesas Operacionais

    Imposto de Renda

    Vendas

    Emprstimos Financiamentos

    Patrimnio Lquido

    Disponibilidades

    Fluxo Operacional

    Fluxo de Investimentos

    Fluxo de Financiamentos

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    1.10 CICLOS FINANCEIROS

    Pelo que pudemos observar, os recursos financeiros movimentam-se sempre dentro de uma determinada seqncia e repetidas vezes, constituindo-se em ciclos

    Graficamente, os ciclos financeiros de uma empresa podem ser assim representados:

    Suponhamos que uma empresa disponha dos seguintes dados de Balano, em Reais:

    Ano x Ano x+1 Estoques = 100 600 Duplicatas a receber = 200 300 Compras a prazo = 1.500 Duplicatas a pagar = 100 150 Vendas a prazo = 2.000

    Calcular: Ciclo Operacional Ciclo de caixa Prazo Mdio de Recebimento Prazo Mdio de Pagamento Prazo Mdio de Estoques

    PMRPMECO +=

    36023602

    +

    +

    +

    =vendas

    DRfDRi

    CPV

    EfEiCO

    Ciclo de caixa

    PMP PMR

    PME

    Ciclo Operacional

    compra venda Recbto da venda Pgto da compra

    Prazo Mdio de Estoque

    Prazo Mdio de Recebimento

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    diasEfCEiCO 171360000.2

    250360600500.1100

    350360000.22

    300200

    3602600100

    =++

    =

    +

    ++

    +

    =

    PMPCOCC =

    diascompras

    DPfDPiCC 141360

    500.12

    150100

    1713602171 =

    +

    =

    +

    =

    LEGENDA

    CO = Ciclo Operacional CC = Ciclo de Caixa

    PMP = Perodo Mdio de Pagamento PME = Perodo Mdio de Estoque PMR = Perodo Mdio de Recebimento Ei = Estoques Iniciais Ef = Estoques Finais

    DRi = Duplicatas a Receber Inicial DRf = Duplicatas a Receber Final DPi = Duplicatas a Pagar Inicial

    DPf = Duplicatas a Pagar Final

    CMV = Custo das Mercadorias Vendidas C = Compras

    Prazo Mdio de Pagamento

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    8

    2.1 ADMINISTRAO DO CIRCULANTE

    O objetivo da administrao financeira de curto prazo gerir cada um dos ativos circulantes tais como caixa, duplicatas a receber, estoques, etc., e dos passivos circulantes tais como duplicatas a pagar, contas a pagar, impostos a recolher, etc. a fim de encontrar um equilbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para o valor da empresa. Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a lucratividade, enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa no poder honrar suas obrigaes nos prazos estipulados. Ambas as situaes levam reduo do valor da empresa.

    Os ativos circulantes, normalmente chamados de capital de giro ou capital circulante representam a parcela do investimento que circula transitando de conta, durante a conduo normal dos negcios. Essa idia compreende a transio peridica de caixa para estoques e destes para duplicatas a receber e de volta para caixa que compe o ciclo operacional da empresa. Na condio de substitutos de caixa, as aplicaes financeiras so consideradas como parte do capital de giro. Da mesma forma, as despesas pagas antecipadamente esto includas no capital de giro porque representam servios devidos

    8 Ver mais em Gitman, 1997, pp 588-590; Braga, 1989, pp 227-246; Melo, pp 140-142

    FLUXO OPERACIONAL

    FLUXO DE INVESTIMENTOS FLUXO DE

    FINANCIAMENTOS

    DISPONIBILIDADES

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    empresa e que so usados na realizao de suas atividades, eliminando a necessidade de desembolsos posteriores.

    Os passivos circulantes representam os financiamentos a curto prazo das empresas pois incluem todas as dvidas que tero vencimento em um ano ou menos. Tais dvidas incluem normalmente os valores a pagar a fornecedores, bancos, empregados e governo, dentre outros.

    O Capital Circulante Lquido usualmente definido como a diferena entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa. Quando os ativos circulantes superam os passivos circulantes a empresa tem capital circulante lquido positivo. Nessa situao mais comum, o capital circulante lquido a parcela dos ativos circulantes da empresa financiada com recursos de longo prazo, os quais excedem as necessidades de financiamentos dos ativos permanentes. Visto que os passivos circulantes representam fontes de recursos a curto prazo, quando os ativos circulantes superam os passivos circulantes, a diferena precisa ser financiada com fundos a longo prazo.

    Quando os ativos circulantes so menores que os passivos circulantes, a empresa tem capital circulante lquido negativo. Nesta situao menos usual, o capital circulante lquido a parcela dos ativos permanentes da empresa que est sendo financiada com passivos circulantes. De uma forma geral, quanto maior a margem pela qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem suas obrigaes a curto prazo, tanto mais apta ela estar para pagar suas contas nos vencimentos.

    O investimento total de uma empresa engloba os ativos circulantes e os ativos permanentes, sendo que sua lucratividade e risco so afetados pela relao entre essas duas categorias. O nvel de ativos permanentes de uma empresa determinado pela escala de produo e pela intensidade de uso do fator capital. Por sua vez, o nvel de ativos circulantes guarda estreita reao com o nvel de produo, acompanhando de forma direta os aumento e redues desta.

    A lucratividade, neste contexto, a relao entre receitas e custos gerados pelo uso dos ativos da empresa nas suas atividades produtivas. O lucro de uma empresa pode ser aumentado de trs maneiras:

    1. Aumentando as receitas

    2. Reduzindo-se custos

    3. Pela combinao dos itens 1 e 2.

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    2.2 CAPITAL DE GIRO

    CAPITAL DE GIRO: So os recursos necessrios para subsidiar o fluxo operacional. Atravs dele so elaboradas as polticas de estoques, compras de materiais, produo, vendas e poltica de crdito, etc.

    CAPITAL DE GIRO = CAPITAL CIRCULANTE

    CAPITAL DE GIRO LQUIDO a diferena entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Pode tambm ser entendido como a diferena da soma entre Exigvel a Longo Prazo e Patrimnio Lquido e Realizvel a Longo Prazo e Permanente.

    CAPITAL DE GIRO LQUIDO = CAPITAL CIRCULANTE LQUIDO

    CAPITAL DE GIRO PRPRIO a diferena entre o Patrimnio Lquido e o Permanente.

    Toda empresa, durante sua gesto corre riscos. O risco operacional o risco de no se poder cobrir os custos operacionais. J o risco financeiro refere-se impossibilidade de efetuar os pagamentos fixos programados decorrentes de emprstimos, leasing e dividendos preferenciais. Uma empresa que no consegue saldar suas dvidas nos vencimentos considerada tecnicamente insolvente. Um aumento nos ativos circulantes eleva o CCL e, portanto, reduz o risco de insolvncia tcnica. Ademais, as contas dos ativos so apresentadas no balano em ordem crescente de risco. Assim, os investimentos em caixa e aplicaes financeiras so menos arriscados que as duplicatas a receber, os estoques e os ativos permanentes. O investimento em duplicatas a receber apresenta o menor risco do que em estoques e ativos permanentes. Finalmente o investimento em estoque representa risco menor que o investimento em ativos permanentes. Em outros termos, quanto mais um ativo se aproxima da conta caixa no balano, tanto menos arriscado ele ser. Geralmente mais fcil transformar duplicatas a receber em caixa do que faz-lo com estoques. Como exemplo adicional, os investimentos em ativos permanentes tm maturao a longo prazo e o surgimento de maquinrios e instalaes novos e mais eficientes pode tornar os ativos permanentes de uma empresa relativamente ineficientes ou obsoletos.

    Uma das decises mais importantes que precisa ser tomada com respeito aos itens circulantes da empresa como usar os passivos circulantes para financiar os ativos circulantes. Os credores concedem emprstimos a curto prazo para permitir que a empresa financie aumentos sazonais de estoque ou duplicatas a receber. Esses recursos no devem servir para aplicaes a longo prazo.

    As necessidades de financiamento da empresa podem ser subdivididas em permanentes e sazonais. A necessidade permanente, que consiste dos ativos permanente mais a parcela permanente dos ativos circulantes da empresa permanece inalterada ao longo do ano. J a necessidade sazonal, que se pode atribuir existncia de certos ativos circulantes temporrios, varia ao longo do ano conforme podemos ver no diagrama abaixo:

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    :

    A administrao de capital de giro envolve um processo contnuo de tomada de decises voltadas principalmente para a preservao da liquidez da empresa, mas que tambm afetam a sua rentabilidade. As concordatas e falncias geralmente constituem o desfecho natural para as solues inadequadas dos problemas de gesto do capital de giro. Muitas vezes ouvimos dizer que determinada empresa tornou-se insolvente devido ao excesso de imobilizaes. Em geral isto significa que foram desviados para outra finalidade recursos que deveriam estar financiando o capital de giro ou, ento que os planos de expanso no levaram na devida conta as necessidades adicionais de recursos para financiar o giro das operaes.

    Enquanto os ativos fixos geram produtos, cujas vendas propiciam a recuperao dos custos e despesas e o suprimento dos lucros, os ativos circulantes constituem aplicaes de recursos de baixa rentabilidade, mas necessrias sustentao das atividades operacionais da empresa. Alguns dizem que os ativos fixos criam riqueza e que os ativos circulantes so um mal necessrio.

    Dependendo do tipo de negcio e da qualidade da sua gesto, cada ciclo do capital de giro ser repetido mais ou menos vezes em determinado perodo. Assim, de se supor que quanto mais os ciclos se completarem em cada perodo, mais eficientemente estaro sendo geridos os recursos aplicados no ativo circulante, ocasionando maior rentabilidade.

    INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

    ABORDAGEM AGRESSIVA - Mais lucro, mais risco.

    ABORDAGEM CONSERVADORA Menos lucro, menos risco.

    Necessidade permanente

    Necessidade sazonal

    Abordagem Agressiva

    Abordagem Conserva-

    dora

    Abordagem Mdia

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    A necessidade permanente de fundos a parcela de recursos necessria para financiar necessidades constantes da empresa. Esse valor calculado, tomando-se por base o valor anual necessrio para manter o imobilizado da empresa no nvel de produo pretendida adicionado a alguns itens do ativo circulante, que, sob a tica financeira, tm caractersticas de permanente, como os estoques mnimos e o fluxo de caixa mnimo, por exemplo.

    A necessidade complementar de fundos a parcela que acrescida necessidade mnima citada acima. Esta necessidade calculada, tomando-se por base as operaes da empresa que so representadas no ativo circulante em funo da flutuao do mercado ou sazonalidade dos insumos, conhecidas como as necessidades eventuais ou sazonais.

    A necessidade mnima permanente de fundos o valor encontrado na menor soma mensal das necessidades permanente com a complementar.

    Para um melhor entendimento, vejamos o seguinte exemplo9:

    Necessidade Ativo Ativo Ativo Mnima Necessidade Ms Circulante Permanente Total Permanente Complementar Janeiro 4.000 13.000 17.000 13.800 3.200 Fevereiro 3.000 13.000 16.000 13.800 2.200 Maro 2.000 13.000 15.000 13.800 1.200 Abril 1.000 13.000 14.000 13.800 200 Maio 800 13.000 13.800 13.800 0 Junho 1.500 13.000 14.500 13.800 700 Julho 3.000 13.000 16.000 13.800 2.200 Agosto 3.700 13.000 16.700 13.800 2.900 Setembro 4.000 13.000 17.000 13.800 3.200 Outubro 5.000 13.000 18.000 13.800 4.200 Novembro 3.000 13.000 16.000 13.800 2.200 Dezembro 2.000 13.000 15.000 13.800 1.200 Mdia Mensal 13.800 1.950

    Esta tabela subsidia o grfico a seguir:

    9 Tabela extrada de Gitman, opus cit p 623

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    Necessidade 17.000 sazonal Necessidade 13.800 Mnima do Circulante 13.000 Necessidade Permanente Necessidade total

    0 j f m a m j j a s o n d

    As empresas podem enfrentar estas necessidades de trs modos:

    Caso sejam conservadoras, podem manter em caixa um volume de dinheiro suficiente para cobrir todas as necessidades por todo o ano. Em outras palavras, manter em caixa, no mnimo, R$ 18.000,00 (valor de outubro). Isto d tranqilidade ao administrador, porm onera a empresa, posto que os juros de longo prazo so maiores que os de curto prazo.

    Caso sejam agressivas, mantero o nvel mnimo de R$ 13.800,00. Isto minimizar os custos, porm qualquer imprevisto poder causar srios transtornos financeiros.

    Se ficarem na mdia, R$ 15.750,00, oneraro menos que a conservadora e ficaro com menos riscos de sobressaltos que a agressiva.

    1.2.3 ESTRATGIAS DE INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

    Vamos supor que uma empresa tenha as opes de financiamento de seu Ativo Circulante conforme quadro abaixo:

    BALANO PATRIMONIAL

    AGRESSIVO MDIO CONSERVADOR

    Ativo Circulante 800 1.100 1.400 Ativo Permanente 1.200 1.200 1.200

    Total 2.000 2.300 2.600 Custos

    Passivo Circulante (20%) 400 460 520 15% aa Exigvel a Longo Prazo (30%) 600 690 780 20% aa Patrimnio Lquido (50%) 1.000 1.150 1.300

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    Esta suposio far que a Demonstrao de Resultado das trs opes, partindo de um mesmo Lucro Operacional, sejam as representadas a seguir:

    V-se ento que a abordagem agressiva a que traz maior retorno sobre o Patrimnio Lquido, embora tambm seja a que tem maior risco.

    A seguir, v-se como se pode analisar a necessidade de investimento em capital de giro, partindo-se das demonstraes financeiras publicadas.

    Como se estuda a seguir, necessrio um maior aprofundamento para diagnosticar as necessidades de financiamento, pois a simples anlise dos ndices de liquidez no demonstra necessariamente a situao financeira da empresa.

    Suponha-se uma empresa que apresente a seguinte demonstrao financeira:

    ATIVO CIRCULANTE 20 PASSIVO CIRCULANTE 10 Caixa 2 EXIGVEL A LP 20 Valores a Receber 10 PAATRIMNIO LQUIDO 20 Estoques 8 ATIVO PERMANENTE 30 TOTAL 50 50

    CCL = AC PC CCL = 20 10 = 10

    Isto significa que R$ 10,00 do PL + ELP esto financiando as atividades do AC. Num primeiro instante, isto pareceria uma posio confortvel, pois alie-se a isto um ndice de liquidez corrente igual a 2.

    DEMONSTRAO DE RESULTADOS

    Lucro Operacional 1.000 1.000 1.000 Despesas financeiras 180 207 234 Circulante (0,15x400) 60 69 78 Exigvel LP(0,20x600) 120 138 156 Lucro antes do IR 820 793 766 Imposto de Renda (40%) 328 317,20 306,40 Lucro Lquido 492 475,80 459,60 Retorno sobre o PL 49,2% 41,4% 35,4%

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    Entretanto, se esta demonstrao pertencesse empresa que tem as seguintes informaes:

    Volume de vendas = R$ 40,00 por ms Vendas a vista = 75% Vendas a prazo = 25% Prazo mdio de recebimento = 18 dias Prazo mdio de estoque = 15 dias Custo / Receitas = 40% Caixa mnimo = 10 dias de desembolso, correspondente a R$ 1,50.

    Poder-se-ia ento redimensionar as necessidades.

    1. Se o caixa apresentado no Balano R$ 2,00 e a necessidade mnima R$ 1,50, ento R$ 0,50 a necessidade sazonal.

    2. Os valores a receber so iguais s vendas a prazo multiplicado pelo perodo de crdito, ou seja:

    6301810 = ou DRm/V x 30 = 18 DRm/10x30=18 DRm = R$ 6,00

    Dessa forma, R$ 6,00 a necessidade constante. Como o Balano apresenta saldo de R$ 10,00 ento R$ 4,00 a necessidade sazonal.

    3. Os estoques representam 40% das receitas por 15 dias, ou seja:

    83015404,0 = ou Em/CMV x 30 = 15 (Em/0,4 x 40)30=15 Em=R$ 8,00

    Como o valor igual ao do Balano, no h necessidade sazonal.

    Assim, poder-se-ia compor o seguinte quadro:

    ATIVO CIRCULANTE

    Necessidade Constante Sazonal Total Caixa 1,50 0,50 2,00 Valores a Receber 6,00 4,00 10,00 Estoques 8,00 0,00 8,00 TOTAL 15,50 4,50 20,00

    Agora se tem um quadro mais real. Os R$ 10,00 do ELP + PL esto financiando necessidades constantes do Circulante (que tm as mesmas caractersticas do Permanente), no valor de R$ 15,50. Se o ELP + PL financiasse os R$ 15,50 ou fosse superior a este valor,

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    o risco de inadimplncia seria diminudo. Na verdade, R$ 5,50 do PC esto financiando atividades similares ao do Permanente.

    Por outro lado, o PC tambm tem fontes constantes e fontes sazonais. A conta Salrios a Pagar, por exemplo, pode ser considerada uma fonte constante. A conta Fornecedores seria sazonal.

    Desta forma, a Necessidade de Investimento em Giro (NIG) pode ser apresentada da seguinte forma:

    NIG = Necessidades constantes do AC Fontes Constantes do PC.

    Se as fontes constantes do PC forem R$ 5,00, por exemplo, ento:

    NIG = R$ 15,50 R$ 5,00 = R$ 10,50

    2.4 ANLISE DE EVOLUO DE CAPITAL DE GIRO

    Suponhamos que determinada empresa apresente os nmeros abaixo10:

    ESTRUTURA DO ATIVO CIRCULANTE E DAS SUAS FONTES DE FINANCIAMENTO

    APLICAES X0 X1 X2 Caixa e Bancos 200 250 380 Duplicatas a receber 3.120 4.200 5.850 Devedores duvidosos -93 -126 -175 Estoques 2.400 3.600 5.200 Diversos 373 1.076 995 FONTES Fornecedores 1.580 2.400 3.540 Emprstimos 2.300 2.300 5.100 Diversos 1.120 1.850 1.910 ATIVO CIRCULANTE 6.000 9.000 12.250 PASSIVO CIRCULANTE 5.000 6.550 10.550 CAP. CIRC. LQUIDO 1.000 2.450 1.700

    Comparando a posio de X2 com X0, verificamos atravs da anlise vertical que:

    Na composio do Ativo Circulante, percentualmente aumentou a proporo dos estoques e declinou a das duplicatas a receber. Isto prejudica a liquidez, pois os valores a receber ficam mais longe de se concretizar.

    10 Exemplo extrado de apostilha do prof. George Washinton A Melo

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    Na composio do Passivo Circulante, percentualmente, os fornecedores apresentam pequena elevao e o significativo aumento na participao sos emprstimos revela a crescente dependncia por essa fonte onerosa de recursos.

    Na composio de financiamentos do ativo circulante ocorreu aumento na participao do passivo circulante e reduo na do capital circulante lquido.

    O que mais se destaca nessa anlise que a liquidez, aps ter apresentado sensvel melhora em X1, acusou evoluo bastante desfavorvel no ltimo exerccio. Isto fica evidenciado com a queda de 31% verificada no CCL (de R$ 2.450,00 para R$ 1.700,00).

    DEMONSTRAO DAS ORIGENS E APLICAES DE RECURSOS

    X1 X2 ORIGENS 1.850 3.500 Lucro Lquido 1.350 1.000 Depreciao 500 700 RECURSOS GERADOS PELAS OPERAES 1.850 1.700 Aumento do Exigvel a Longo Prazo 1.800 APLICAES 400 4.250 Aumento no Imobilizado 0 4.000 Dividendos Propostos 400 250 VARIAO NO CAP. CIRC. LQUIDO 1.450 -750 INICIAL FINAL VARIAES X1 Ativo Circulante 6.000 9.000 3.000 Passivo Circulante 5.000 6.550 1.550 CCL 1.000 2.450 1.450 X2 Ativo Circulante 9.000 12.250 3.250 Passivo Circulante 6.550 10.550 4.000 CCL 2.450 1.700 -750

    Atravs da DOAR, podemos identificar os elementos responsveis pelo decrscimo verificado no CCL. Em X1 o CCL havia aumentado em R$ 1.450,00, enquanto em X2 ocorreu uma reduo de R$ 750,00. Esta situao decorreu da queda dos recursos gerados pelas operaes e do aumento no imobilizado que foi parcialmente financiado com a contratao de emprstimo de longo prazo. Enquanto que em X1 foram destinados ao reforo do capital de giro de 78,4% dos recursos gerados pelas operaes, no ltimo ano as aplicaes de CCL superaram as origens em 21,4%. Constatamos ento que as novas imobilizaes absorveram parte dos recursos que antes estavam financiando o capital de giro.

    Devemos considerar que os fornecedores e as instituies financeiras iro indicar a queda ocorrida na folga financeira e isto prejudicar de alguma forma as facilidades de crdito que a empresa vinha desfrutando.

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    DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO X1 X2 RECEITA OPERACIONAL BRUTA 21960 24120 ICMS (17%) 3730 4110 Devolues 230 220 RECEITA OPERACIONAL LQUIDA 18000 19800 Custo das Mercadorias Vendidas 12000 13200 LUCRO BRUTO 6000 6600 Despesas com vendas 900 990 Despesas com devedores duvidosos 33 49 Despesas administrativas 1935 1961 Despesas com depreciaes 500 700 LUCRO OPERACIONAL 2632 2900 Despesas financeiras 552 1350 LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 2080 1550 Proviso (35%) 730 550 LUCRO LQUIDO 1350 1000 Lucro por ao 0,338 0,2

    Nas demonstraes de resultados, observamos que a receita operacional lquida e o lucro operacional (antes das despesas financeiras) acusaram integralmente acrscimos de 10% no ltimo exerccio. Isto evidencia que foram mantidas as margens de lucro na comercializao e que houve bom controle sobre as despesas operacionais. Entretanto, todo este esforo foi comprometido pelo significativo aumento nas despesas financeiras (+145%). Com isso, o lucro lquido apresentou uma queda de 26% em X2 (de R$ 1.350,00 para R$ 1.000,00).

    Supondo que as novas imobilizaes estivessem orientadas para a expanso dos negcios verificamos que ocorreu uma frustrao nos planos da empresa. As receitas de vendas deveriam ter aumentado muito mais para justificar esse investimento, com o agravante de que foram utilizadas fontes de financiamento inadequadas. Esses elementos foram responsveis pela evoluo desfavorvel observada tanto na liquidez, quanto na rentabilidade .

    2.5 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

    Segundo Hogarty11, os dez erros mais comuns na fase inicial das pequenas empresas so:

    11 HOGAARTY, donna Brow. Briting the adds: avoid these mistakes at all. Managements Review, feb 1993,

    p. 16-21 apud Sobansky.

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    1. Desprover-se de dinheiro, por no ter estimado adequadamente as sadas de caixa da organizao. No determinar previamente e com relativa preciso onde o dinheiro deve ser gasto e onde no deve.

    2. No dispor de um plano para a empresa. 3. No fazer uma prvia pesquisa de mercado sobre as potencialidades do produto, dos

    competidores e dos distribuidores. 4. No ter encontrado um nicho no mercado. importante que o produto ou servio a

    oferecer seja diferenciado. 5. No obter auxlio, no reconhecer suas prprias fraquezas e desprezar a assistncia

    de administradores competentes, rigorosamente selecionados. 6. Rapidez em admitir, lentido em demitir. Mesmo um nica pessoa fraca na equipe

    inicial pode comprometer todo o projeto. 7. No conhecer os verdadeiros nveis das despesas. No dedicar tempo para sentar-se

    e responder Quanto obteremos de receitas nos prximos seis meses, um ano e dois anos? Quais so os nveis reais de despesas?.

    8. No manter os investidores (scios, bancos) informados sobre o progresso ou falta de sucesso; isto requer que o prprio empresrio saiba a quantas anda a empresa.

    9. No manter altos padres, inclusive, os de qualidade. Se a empresa promete que entrega algo, deve entregar o que promete.

    10. No conseguir fazer rapidamente uma clientela. Achar que o produto se vender por si prprio.

    Como se disse no incio, o administrador financeiro deve estar preocupado nas formas de investimento e captao de recursos mensurando a rentabilidade e a liquidez da empresa no curto e longo prazo.

    Para se movimentar os valores o administrador financeiro deve ter em mente que seu papel na empresa deve estar voltado para:

    Manter a empresa em permanente situao de liquidez Maximizar o retorno sobre o investimento realizado Administrar o capital de giro da empresa Avaliar os investimentos realizados em itens do ativo permanente Estimar o provvel custo dos recursos de terceiros a serem captados Informar sobre as condies atuais e futuras da empresa Interpretar as demonstraes financeiras Manter-se atualizado no mercado financeiro

    Para tanto sua atividade deve ser planejada. Este processo se inicia com os planos financeiros de longo prazo (estratgicos) e continua com a formulao de planos e oramentos de mdio prazo (tticos) e termina com os planos de curto prazo (operacionais).

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    Planos Financeiros de Longo Prazo - So as aes planejadas para perodos superiores a um ano, chegando muitas vezes a alcanar mais de 10 anos, acompanhadas da previso de seus reflexos financeiros.

    Planos Financeiros de Mdio e Curto Prazo - So aes planejadas, normalmente at um ano, acompanhadas da previso de seus reflexos financeiros.

    Agregando os planos financeiros de longo e curto prazo em demonstrativos contbeis, como Balanos Patrimoniais, Demonstrativos de Resultado do Exerccio, Oramento de Caixa, etc., e partindo-se da previso de vendas, pode-se montar um fluxograma de planejamento, conforme demonstramos a seguir:

    DIAGRAMA DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

    Como podemos notar, por um lado comeamos com o Balano Patrimonial atual, que servir de base para o balano patrimonial projetado. Com base nas vendas, que propiciar um plano de produo, e, por via de conseqncia, a Demonstrao de Resultados. Seu fruto, o Lucro ou Prejuzo previsto ser acrescido ao Balano Patrimonial atual, e seus pagamentos curto prazo, lanados no oramento de caixa. Por outro lado, os planejamentos de longo prazo, financiamentos de longo prazo e planejamento de investimentos, ensejaro as mudanas no Patrimnio Lquido, Exigvel Longo Prazo,

    Previso de vendas

    Planos de produo

    Balano Patrimonial Atual

    Plano de Financiamento a Longo Prazo

    Demonstrao de Resultados projetada

    Balano Patrimonial projetado

    Oramento de Caixa

    Oramento de Capital

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    Permanente e Realizvel Longo Prazo, sendo suas parcelas a curto prazo lanadas no planejamento de caixa. Por fim, este planejamento alimentar o ativo e o passivo circulante.

    Todo este processo constitui no que se denominou de Planejamento oramentrio, ou simplesmente, oramento.

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    12

    3.1 INTRODUO Segundo Sanvicente (1983), Planejar estabelecer com antecedncia as aes a

    serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuies de responsabilidades em relao a um perodo futuro determinado, para que sejam alcanados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados para uma empresa e suas diversas unidades.

    Os nveis de planejamento podem ser: Estratgico Onde as decises so de natureza poltico-administrativas e esto

    geralmente voltadas para o ambiente externo da empresa. Administrativo - Onde o foco na administrao interna da empresa, seus

    procedimentos e distribuio de recursos humanos.

    Operacional So os procedimentos de curto prazo, buscando a mxima eficincia no que foi programado. O planejamento busca a finalidade de antecipar os fatos atravs de planos e

    oramentos. Segundo Welsch13, oramento um meio de coordenar os esforos individuais

    num plano de ao que se baseia em dados de desempenhos anteriores e guiado por julgamentos racionais dos fatores que influenciaro o rumo dos negcios no futuro. Assim, orar processar o sistema de informaes contbeis atual, introduzir as alteraes pretendidas e organizar os dados de acordo com as demonstraes regulamentares.

    A origem da palavra oramento deve-se aos antigos romanos que usavam uma bolsa de tecido chamada fiscus para coletar impostos. No incio da idade mdia esta bolsa j era conhecida da Inglaterra sob o nome de fisc. Posteriormente, na Frana, esta bolsa tomou o nome de bouge ou bougette, cujo termo procede do latim bouga. A Inglaterra adaptou o termo para budget.

    Em 1860 a Frana adotou um sistema de contabilidade uniforme que foi aplicado a todos os departamentos. Era o rudimento dos sistemas oramentrios atuais. Nos Estados Unidos, j no sculo XX, foram desenvolvidos conceitos e uma srie de prticas para planejamento e administrao financeira que se tornariam, em 1907, o primeiro oramento pblico da cidade de Nova York. Em 1921 estes procedimentos foram universalizados pelo Congresso norte-americano.

    A iniciativa privada comeou a adapt-lo em 1929 atravs da empresa Du Pont de Memours.

    12 Ler mais em PADOVESE, 2004 pp 498-560, LEONE, 1991 pp 318-403, LUNKES, 2003, SANVICENTE,

    1983, MOREIRA, 2002, SOBANSKY, 1994 13

    WELSH, 1978, pp 171-265.

  • Administrao Financeira e Oramentria I (Prof Ronaldo LP Amaral) .

    Apostila 1 AFO I (autoria do Prof. Marcos Antonio Serpa Coelho)