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_______________________________________________________________________________________________________ Curso Preparatório para Exame da ANCOR - Prova de Dezembro/2008 _____________________________________________________________________________________ 1 ÍNDICE ANALÍTICO 1 Economia 3 1.1 Noções Gerais de Economia Brasileira 3 1.2 Índices de Preços 3 1.3 Indicadores de Atividade Econômica 4 1.4 Indicadores Fiscais 4 1.5 Indicadores do Setor Externo 5 1.6 Determinação dos Juros 6 1.7 Noções Gerais de Economia Internacional 7 2. Sistema Financeiro Nacional 8 2.1 Regulamentação Governamental 8 2.2 Autoridades Monetárias e de Apoio 9 2.3 Auto-Regulação 11 2.4 Composição do SFN 12 3. Instituições e Intermediadores Financeiros 13 3.1 Instituições Financeiras 13 3.2 Classificação das Instituições Financeiras 13 3.3 Bancos Comerciais 13 3.4 Caixa Econômica Federal 14 3.5 Cooperativas de Crédito 14 3.6 Bancos de Investimentos 14 3.7 BNDES 15 3.8 Bancos Múltiplos 15 3.9 Crédito Imobiliário 15 3.10 Financeiras 16 3.11 Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários 16 3.12 Corretoras de Mercadorias 16 3.13 Distribuidoras de Valores 17 3.14 Agentes Autônomos de Investimentos 17 3.15 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Natural 17 3.16 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Jurídica 18 3.17 Bolsas de Valores 18 3.18 Bolsa de Mercadorias & Futuros 19 3.19 Bolsas Internacionais 19 4. Mercado de Capitais - Produtos, Modalidades Operacionais, Tributação e Regulação Básica 22 4.1 Estrutura Operacional da Bovespa 22 4.2 Mercado Primário e Secundário 22 4.2.1 O Financiamento das Empresas 23 4.2.2 Mercado de Balcão Organizado 23 4.2.3 Mercado Organizado 23 4.2.4 Sociedade Anônima 23 4.3 Ofertas Públicas de Ações e Debêntures 24 4.4 Principais Ativos de Emissão das Companhias 25 4.5 Operações em Bolsas de Valores 26 4.6 Os Mercados da Bovespa 27 4.6.1 Renda Fixa 27 4.6.2 Renda Variável 28 4.6.2.1 Mercado à Vista 28 4.6.2.2 Mercado a Termo 32 4.6.2.3 Mercado Futuro de Ações Individuais 34 4.6.2.4 Mercado de Opções 37 4.7 Governança Corporativa: O Novo Mercado, Bovespa Mais 41 4.8 Mercado Internacional: ADRs, GDRs e BDRs 44 5. Fundos de Investimento 46 5.1 Fundos de Investimento 47 5.2 Fundos de Índice 55

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ÍNDICE ANALÍTICO 1 Economia 3 1.1 Noções Gerais de Economia Brasileira 3 1.2 Índices de Preços 3 1.3 Indicadores de Atividade Econômica 4 1.4 Indicadores Fiscais 4 1.5 Indicadores do Setor Externo 5 1.6 Determinação dos Juros 6 1.7 Noções Gerais de Economia Internacional 7 2. Sistema Financeiro Nacional 8 2.1 Regulamentação Governamental 8 2.2 Autoridades Monetárias e de Apoio 9 2.3 Auto-Regulação 11 2.4 Composição do SFN 12 3. Instituições e Intermediadores Financeiros 13 3.1 Instituições Financeiras 13 3.2 Classificação das Instituições Financeiras 13 3.3 Bancos Comerciais 13 3.4 Caixa Econômica Federal 14 3.5 Cooperativas de Crédito 14 3.6 Bancos de Investimentos 14 3.7 BNDES 15 3.8 Bancos Múltiplos 15 3.9 Crédito Imobiliário 15 3.10 Financeiras 16 3.11 Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários 16 3.12 Corretoras de Mercadorias 16 3.13 Distribuidoras de Valores 17 3.14 Agentes Autônomos de Investimentos 17 3.15 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Natural 17 3.16 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Jurídica 18 3.17 Bolsas de Valores 18 3.18 Bolsa de Mercadorias & Futuros 19 3.19 Bolsas Internacionais 19 4. Mercado de Capitais - Produtos, Modalidades

Operacionais, Tributação e Regulação Básica 22

4.1 Estrutura Operacional da Bovespa 22 4.2 Mercado Primário e Secundário 22 4.2.1 O Financiamento das Empresas 23 4.2.2 Mercado de Balcão Organizado 23 4.2.3 Mercado Organizado 23 4.2.4 Sociedade Anônima 23 4.3 Ofertas Públicas de Ações e Debêntures 24 4.4 Principais Ativos de Emissão das Companhias 25 4.5 Operações em Bolsas de Valores 26 4.6 Os Mercados da Bovespa 27 4.6.1 Renda Fixa 27 4.6.2 Renda Variável 28 4.6.2.1 Mercado à Vista 28 4.6.2.2 Mercado a Termo 32 4.6.2.3 Mercado Futuro de Ações Individuais 34 4.6.2.4 Mercado de Opções 37 4.7 Governança Corporativa: O Novo Mercado, Bovespa Mais 41 4.8 Mercado Internacional: ADRs, GDRs e BDRs 44 5. Fundos de Investimento 46 5.1 Fundos de Investimento 47 5.2 Fundos de Índice 55

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5.3 Clube de Investimento 55 5.4 Fundo Imobiliário 55 5.5 Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes 56 5.6 Fundos de Investimento em Participações 56 5.7 Fundos Mútuos de Investimento em Direitos Creditórios 56 5.8 Securitização de Recebíveis 57 6. Liquidação das Operações 58 6.1 SPB - Sistema de Pagamentos Brasileiro 58 6.2 Liquidação das Operações em Bolsas de Valores 60 6.3 Mercado à Vista 62 6.4 Mercado de Opções 63 6.5 Mercado a Termo 65 6.6 Mercado Futuro de Ações 66 6.7 BTC 67 7. Mercado Financeiro - Produtos, Modalidades

Operacionais, Tributação e Regulação Básica 69

7.1 Títulos de Renda Fixa 69 7.2 Títulos Públicos 69 7.3 A Negociação dos Títulos Públicos Federais 70 7.4 Tesouro Direto 71 7.5 Sistemas e Centrais de Apoio às Negociações 72 7.6 Principais Títulos Públicos Federais 74 7.7 Principais Títulos Privados 77 7.8 Mercado de Câmbio 79 8. Mercados Derivativos - Conceituação, Mecânica

Operacional e Tributação 81

8.1 Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F 81 8.2 Estrutura Operacional 82 8.3 Conceituação de Derivativos 82 8.4 Mecânica Operacional dos Derivativos 82 8.5 Contratos de Derivativos Financeiros e Agropecuários 85 9. Marketing dos Produtos 95 9.1 Venda de Serviços Financeiros 95 9.2 Técnicas de Vendas 96 9.3 Aspectos Operacionais de Vendas 96 10. Ética Profissional e Aspectos Comportamentais 97 10.1 A Atividade 97 10.2 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Natural 97 10.3 Autorização do Agente Autônomo - Pessoa Jurídica 97 10.4 Relacionamento - Profissional / Investidores 98 10.5 Relacionamento - Profissional / Instituições Financeiras 98 10.6 Estabelecimento de Relacionamentos 99 10.7 Formas e Tipos de Responsabilidade e Remuneração 99 10.8 Informações sobre Riscos e Retorno dos Investimentos 99

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1. ECONOMIA

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1.1 NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA BRASILEIRA

O nível de atividade é mensurado por agregados econômicos, tais como inflação, desemprego, nível de reservas cambiais, déficits e superávits das contas governamentais, etc. Cabe ao analista de investimentos e aos investidores o acompanhamento dos diversos índices e indicadores que se refletem nos diferentes níveis de taxas de juros. O desempenho da economia afeta diretamente o mercado financeiro e os produtos nele negociados. A seguir destacamos os mais utilizados pelo setor financeiro para suas projeções e avaliações de níveis de juros e riscos.

____________________________________________________________________________________________

1.2 ÍNDICES DE PREÇOS (utilizados para avaliar inflação)

Os índices de preços são acompanhamentos da evolução dos preços de uma cesta de produtos e serviços costumeiramente consumidos por um extrato padrão da população. A inflação é o aumento contínuo no nível geral de preços, ocasionando uma perda do poder aquisitivo da moeda.

IPCA - ÍNDICE DE PREÇO AO CONSUMIDOR AMPLO

É calculado pelo IBGE desde 1980 e foi instituído com a finalidade de corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas. Seu universo de pesquisa é composto por variações dos custos com os gastos de famílias com rendimento monetário de um a quarenta salários mínimos, qualquer que seja a fonte, nas regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, município de Goiânia e Distrito Federal.

O IPCA atualmente é o índice oficial do governo, sendo utilizado como parâmetro para o sistema de metas inflacionárias desde julho/99. Sua apuração é mensal, sendo que o seu período de coleta vai do primeiro aos últimos dias do mês de referência.

IGP - ÍNDICE GERAL DE PREÇOS

Criado em 1947 e calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o Índice Geral de Preços e suas versões registram a inflação de preços de matérias primas agrícolas, industriais, bens e serviços finais. Apresentam-se em três versões, O IGP-DI, o IGP-10 e o IGP-M. O que faz a distinção entre cada um deles é o período de coleta.

Para o IGP-M são feitas 3 apurações mensais: duas prévias e uma de fechamento do índice. Para os outros é feita apenas uma apuração mensal.

Os IGP´s são compostos pelos índices IPA (índice de preços por atacado), o IPC (índice de preços ao consumidor) e o INCC (índice nacional de custos da construção), com ponderações de 60%, 30% e 10% respectivamente. Estes possuem a mesma metodologia de cálculo, porém com períodos de abrangência e de divulgação diferentes.

Composição dos IGP’s

Índices IPA IPC INCC

Ponderações 60% 30% 10%

Base de apuração

500 mercadorias no atacado

Famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos

Planilha de custos das empresas de

engenharia

IGP-DI - ÍNDICE GERAL DE PREÇOS - DISPONIBILIDADE INTERNA

É calculado pela FGV entre os dias 1 e 30 de cada mês e divulgado no dia 10. Até o Plano Real, reajustava títulos do setor privado e contratos de fornecimento de bens e serviços entre empresas. Foi instituído em 1944 com a

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finalidade de medir o comportamento de preços em geral da economia brasileira. É uma média aritmética, ponderada dos seguintes índices:

IGP-10

No dia 17 de setembro de 1993, por solicitação do mercado financeiro, o IBRE (Instituto Brasileiro de Economia - FGV) divulgou pela primeira vez o Índice Geral de Preços versão 10 (IGP-10). O IGP-10 mede a evolução de preços no período compreendido entre o dia 11 do mês anterior ao de referência e o dia 10 do mês de referência. À semelhança do IGP-DI e IGP-M, é composto por 60% do IPA-10, 30% do IPC-10 e 10% do INCC-10.

IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado)

O Índice Geral de Preços do Mercado, da FGV, também por solicitação do mercado financeiro, é calculado da mesma forma que o IGP-DI e o IGP-10, somente diferindo no período de coleta dos preços, efetuadas entre o 21° dia do mês anterior e o 20° do mês em referência e divulgadas no dia 30. É o parâmetro de inflação do mercado financeiro. Até o Plano Real, atualizava títulos do governo (Notas do Tesouro Nacional - NTN - séries B e C), títulos privados como as debêntures e aluguéis comerciais e residenciais.

Os índices de preços são utilizados entre outras funções para:

a) calcular o valor atual de um montante financeiro no passado, ou seja, para apurar qual seria "o poder de compra atual" de certa quantia. A esse cálculo o mercado dá o nome de "inflacionar";

b) calcular qual seria o poder de compra que certa quantia em moeda nacional teria no passado. A esse calculo o mercado dá o nome de "deflacionar".

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1.3 INDICADORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA (utilizados para avaliar o desempenho econômico do país)

PIB - PRODUTO INTERNO BRUTO

O Produto Interno Bruto mede o total da produção do país ao longo de um determinado período. É medido através do valor agregado em cada etapa da produção, ou pela outra ótica, representa a soma do consumo agregado, investimento, gastos do governo e saldo do comércio exterior tanto de bens quanto de serviços. É calculado pelo IBGE e divulgado trimestralmente.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL - IBGE

Mede o total da produção física de bens em determinado mês em diversas regiões do país. Abrange bens de consumo (duráveis e não duráveis), bens intermediários e bens de capital.

DESEMPREGO - IBGE

Mede o total de pessoas desempregadas como percentagem da PEA (População Economicamente Ativa). Com abrangência nacional, esse é o índice de desemprego oficial do Brasil.

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1.4 INDICADORES FISCAIS (utilizados para avaliar a situação das contas internas do governo)

ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS

Resultado de toda a arrecadação de tributos e contribuições federais de um mês medidos pela STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e Receita Federal. Dentre os impostos e contribuições federais mais importantes estão:

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- IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), - IR (Imposto de Renda), - CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), - IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), entre outras.

RESULTADO PRIMÁRIO

Resultado das contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência), estados, municípios e empresas estatais, que representa o total das arrecadações de impostos e contribuições menos os gastos destes mesmos órgãos, sem levar em conta as despesas e receitas financeiras. Quando as receitas excedem as despesas fala-se em superávit primário e, quando as despesas superam as receitas fala-se em déficit primário. O resultado primário serve para avaliar o equilíbrio fiscal de um país.

RESULTADO NOMINAL

É a soma do resultado primário com o resultado do pagamento e recebimento de juros. Como o Brasil é um pagador líquido de juros, fala-se que o resultado nominal é o resultado primário mais os gastos com juros. Se a soma dos dois for positiva, fala-se em superávit nominal e se negativa, fala-se em déficit nominal.

DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO

Consolida o endividamento líquido do setor público não financeiro e do Banco Central (Bacen) junto ao sistema financeiro (público e privado), setor privado não financeiro e resto do mundo.

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1.5 INDICADORES DO SETOR EXTERNO (utilizados para avaliar o desempenho do país, no que diz respeito às suas trocas internacionais)

BALANÇA COMERCIAL

Mede o resultado das transações de bens entre o Brasil e o resto do mundo. As exportações são os bens que vendemos ao exterior e as importações são os bens que compramos do exterior. O resultado das exportações menos as importações nos fornece o saldo da balança comercial.

BALANÇA DE SERVIÇOS

Mede o resultado das transações de serviços entre o Brasil e o resto do mundo. Nessa conta é computado o saldo entre nossas remessas de lucros, juros, royalties, seguros, viagens internacionais, etc., e aquilo que recebemos do exterior nessas mesmas categorias.

SALDO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (CONTA-CORRENTE)

Mede o resultado de todas as nossas transações com o exterior, tanto de bens quanto de serviços. É, na prática, a soma dos saldos da balança comercial e da balança de serviços. Saldos negativos na conta-corrente têm de ser financiados, pois indicam que gastamos mais do que recebemos do exterior. Esse financiamento vem de superávits na conta de capitais ou redução do total de reservas internacionais do país.

CONTA DE CAPITAIS

Essa conta registra todo o fluxo de capitais que entram e saem do país. Passam também por essa conta os investimentos estrangeiros diretos.

SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS

Essa conta representa a soma da conta-corrente e da conta de capitais. Caso haja um déficit no Balanço de Pagamentos esse será automaticamente financiado com perda de reservas num regime de câmbio fixo ou com ajustes na cotação da moeda num câmbio flutuante.

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RESERVAS INTERNACIONAIS

Correspondem ao total de reservas em moeda estrangeira detidas pelo Bacen. As reservas aumentam quando o Bacen compra moeda estrangeira e diminuem quando ele as vende. As reservas também podem aumentar ou diminuir devido a empréstimos ou pagamentos de empréstimos a organismos internacionais.

DÍVIDA EXTERNA

Total dos passivos externos tanto privados quanto públicos.

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1.6 DETERMINAÇÃO DOS JUROS

As taxas de juros são o resultado da oferta e demanda de recursos dentro de uma economia; elas refletem agregados econômicos tais como desemprego, inflação, recessão, etc. É um importante mecanismo de controle de política monetária, utilizado pelo governo que, através das operações de open market do Bacen, regula permanentemente a oferta monetária e o nível do custo primário do dinheiro na economia.

A taxa de juros de certa forma pode ser resumida como tudo aquilo que podemos acrescer ao valor principal; podendo ser pós-fixada ou prefixada. Seu montante, ligado ao prazo, depende das condições de oferta e demanda de recursos e do grau de risco e liquidez da economia.

Denominam-se prefixadas todas as taxas de juros com prazo e taxa definidos no ato da operação, ou seja, sabe-se antecipadamente o valor do resgate na data estipulada anteriormente, independente de oscilação da inflação ou outros fatores que possam vir a alterar as taxas praticadas no ato da operação.

Pós-fixadas são todas as operações onde só se sabe o valor de resgate no dia do vencimento, ficando assim sujeitas às flutuações de taxas praticadas diariamente, e a todas as situações político-econômicas ocorridas dentro do período da operação. O pós-fixado rende juros mais "correção monetária" (índices de correção Anbid, TR, IGP-M).

Denomina-se taxa de juros nominal, a taxa contratada que irá atualizar certa aplicação ou dívida. A taxa de juros real, por sua vez, é a taxa nominal descontada da variação da inflação no mesmo período.

TAXA DE JUROS DE LONGO PRAZO - TJLP

A Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e divulgada até o último dia útil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigência. Tem período de vigência de um trimestre-calendário e é calculada a partir dos seguintes parâmetros:

I - Meta de inflação calculada pro-rata para os doze meses seguintes ao primeiro mês de vigência da taxa, baseada nas metas anuais fixadas pelo CMN.

II - Prêmio de risco.

PRIME RATE

Taxa de juros básica utilizada por bancos comerciais norte-americanos em empréstimos para clientes preferenciais.

TAXA DE JUROS LIBOR (LONDON INTERBANK OFFERED RATE)

É a taxa de juros praticada no mercado interbancário londrino. A Libor é normalmente utilizada no Brasil nas operações financeiras internacionais e nas operações de comércio internacional (trade finance) - envolvendo importação e exportação de bens e serviços.

TAXA DE RISCO DO PAÍS

Indicador de uma taxa de juros anual linear calculado com base nos níveis de remuneração praticados no mercado secundário de títulos da dívida externa pública de alguns países emergentes. Usualmente é expressa em pontos base (cada ponto base equivale a 0,01%).

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A grosso modo indica o quanto a mais de juros anuais (em relação às taxas básicas de juros dos países desenvolvidos) está sendo exigido das captações de recursos feitas pelos países emergentes, em função da percepção do mercado em relação ao risco desses empréstimos não serem honrados pelo emissor dos títulos.

TAXA DE JUROS SELIC (SELIC OVER)

É a taxa de juros formada a partir do preço que o Bacen compra e vende recursos em reservas, decorrente de compra e/ou venda de títulos públicos federais de/para instituições financeiras, ou para cobertura de obrigações em reservas junto ao Bacen.

TAXA OVER

É uma taxa de juros mensal linear, definida para o mês comercial de 30 dias. Hoje divulgada nos leilões através de taxa ano, base 252 dias úteis. A taxa over é uma espécie de denominador comum do mercado financeiro, pois é uma taxa teórica, entretanto o mercado analisa grande parte de suas operações em termos de taxa over.

TR

Taxa referencial de juros calculada e divulgada diariamente pelo Bacen. É a taxa que define o rendimento das Cadernetas de Poupança e dos empréstimos do Crédito Rural e do SFH (Sistema Financeiro de Habitação). É usada, também, como referência de vários contratos, entre eles os de pagamento a prazo e de seguros em geral. É apurada com base na TBF (Taxa Básica Financeira).

A TBF (Taxa Básica Financeira) e a TR (Taxa Referencial) são calculadas a partir da remuneração mensal média dos CDB/RDB emitidos a taxas de mercado prefixados, com prazo entre 30 e 35 dias, praticada por uma amostra das 30 maiores instituições financeiras - em termos de volume de captação.

Para cada dia do mês - dia de referência - o Bacen calcula e divulga a TBF, para o período de um mês com início no próprio dia de referência e término no seu correspondente do mês seguinte.

Para cada TBF obtida, o Bacen calcula a correspondente TR, pela aplicação de um redutor (Art. 5º da Resolução CMN n° 2.809/00).

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1.7 NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA INTERNACIONAL (GLOBALIZAÇÃO)

Nas últimas décadas ocorreram vários fatores que, através da sua interferência no processo global, alteraram a dinâmica de relacionamento dos diversos países. Nesse novo cenário, presenciamos um expressivo crescimento do inter-relacionamento das economias e mercados, o que acabou gerando efeitos positivos e negativos, dado que tanto as fases de desenvolvimento e prosperidade como as crises, passaram a ser refletidas imediatamente em escala global, afetando diretamente o comportamento dos mercados financeiros. Indicam-se a seguir as principais causas e conseqüências desse processo:

CAUSAS

- Elevada revolução tecnológica / queda nos custos das comunicações.

- Queda de fronteiras (físicas e legais) / internacionalização e liberalização dos mercados.

- Formação de fortes grupos econômicos.

- Iniciada a revolução sócio-econômica / mudança países (desenvolvidos => em desenvolvimento).

- Maior institucionalização da poupança (seguridade e previdência).

CONSEQÜÊNCIAS

- Novos mercados emergentes (“Emerging Markets”).

- Busca de maiores ganhos / crescimento do fluxo de capitais.

- Nova ordem econômica mundial (“Investimentos Cross-Border”).

- Procura de formas de atenuar (diluir) riscos.

- Crescimento dos instrumentos financeiros.

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2. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é constituído por um conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores últimos para os tomadores últimos e criam condições para que os títulos tenham liquidez no mercado.

Os tomadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição de déficit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) mais do que sua renda. Eles precisam do complemento de poupanças de outros para executar seus planos. Os ofertadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição de superávit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) menos do que sua renda.

Diz-se ofertadores últimos ou ofertadores finais e tomadores últimos ou tomadores finais de recursos (e não simplesmente tomadores e ofertadores de recursos) para diferenciá-los dos intermediários financeiros, que oferecem recursos dos ofertadores últimos e não o seu próprio superávit financeiro, e tomam recursos não para cobrir o seu próprio déficit financeiro, mas para repassá-los aos tomadores finais para que cubram seus déficits.

Assim, o sistema financeiro, através de suas instituições, tem como função:

- Captar recursos financeiros;

- Distribuir e circular valores e títulos mobiliários;

- Regular esse processo.

Em sua estrutura como órgão maior está o Conselho Monetário Nacional, que possui as funções normativas. Diretamente ligados a ele estão o Banco Central como órgão executor e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que responde pela regulamentação do mercado. Em atuação conjunta com estas entidades estão as instituições de distribuição e intermediação do mercado.

O conjunto de instituições pertencentes ao SFN é denominado Mercado Financeiro. De acordo com as características, o Mercado Financeiro pode ser segmentado em quatro mercados específicos: Cambial, Monetário, de Crédito e de Capitais. É neste ambiente que o Agente Autônomo de Investimento desenvolve a sua atividade.

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2.1 REGULAMENTAÇÃO GOVERNAMENTAL

Os órgãos normativos e auxiliares do Sistema Financeiro Nacional regulamentam, controlam e exercem a fiscalização do SFN e das instituições de intermediação, disciplinando todas as modalidades e operações de crédito, assim como a distribuição de valores mobiliários. As normas e a disciplina operacional são impostas ao sistema por meio de resoluções, circulares, instruções e atos declaratórios, direta ou indiretamente decorrentes de decisões do CMN.

SEGMENTOS CAMBIAL MONETÁRIO CRÉDITO VALORES MOBILIÁRIOS

PRAZO À Vista e a Curto PrazoÀ Vista, Curto e Curtíssimo

PrazoPrazos Curto, Médio e Aleatórios

Prazos Curto, Médio, Longo e Indeterminado

CARACTERÍSTICA Transformação da moeda

estrangeira em moeda nacional e vice-versa

Controle da liquidez bancária

Financiamentos: Capital de Giro, Capital Fixo, Habitação, Rural,

Consumo

Financiamentos: Capital de Giro, Capital Fixo, Underwriting, Ações,

Debêntures

SISTEMA Bancário e AuxiliarBancário, Não-Bancário e

AuxiliarBancário e Não-Bancário Não-Bancário e Auxiliar

MERCADO FINANCEIRO

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Ao CMN e ao Bacen competem ainda todo um conjunto de atribuições, relacionadas à adaptação do volume de meios de pagamento, às necessidades da economia nacional, bem como a regulação dos valores internos e externos da moeda corrente do país.

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2.2 AUTORIDADES MONETÁRIAS E DE APOIO

CMN - CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Foi instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN. É composto pelo Ministro da Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil.

Dentre suas funções estão:

- Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia;

- Regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos;

- Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;

- Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;

- Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

- Coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.

TESOURO NACIONAL

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) foi criada em 10 de março de 1986 conforme Decreto n° 92.452. É o órgão central do Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal. É responsável pela administração e controle da dívida pública federal (seja ela interna ou externa). De certa forma, pode ser definido como o caixa do governo, pois capta recursos no mercado, via emissão primária de títulos, para financiamento da dívida interna do governo (LFT, NTN, LTN), através do Bacen.

BACEN - BANCO CENTRAL

O Banco Central do Brasil (Bacen) é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, que também foi criada pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por objetivos:

- Zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais em nível adequado;

- Estimular a formação de poupança;

- Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.

Dentre suas atribuições estão:

- Emitir papel-moeda e moeda metálica;

- Executar os serviços do meio circulante;

- Receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;

- Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;

- Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;

- Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;

- Exercer o controle de crédito;

- Exercer a fiscalização das instituições financeiras;

- Autorizar o funcionamento das instituições financeiras;

- Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras;

- Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

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O Comitê de Política Monetária (COPOM) foi instituído em junho de 1996 com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. Assim sendo, o COPOM, além de implementar a política monetária, também define a meta da taxa SELIC e seu eventual viés.

O COPOM é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Bacen: o presidente e os diretores de Política Monetária, de Política Econômica, de Estudos Especiais, de Assuntos Internacionais, de Normas e Organização do Sistema Financeiro, de Fiscalização, de Liquidação e Desestatização, e de Administração. O presidente tem direito ao voto decisório em caso de empate na decisão de política monetária.

A taxa SELIC, que se constitui no instrumento primário de política monetária, é a taxa de juros média que incide sobre os financiamentos diários com prazo de um dia útil (overnight) lastreados por títulos públicos registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC). O COPOM estabelece a meta para a taxa SELIC, e é função da mesa de operações do mercado aberto do Bacen manter a taxa SELIC diária próxima à meta.

A taxa SELIC tem grande importância na economia, pois acaba se constituindo no balisador para as taxas de juros praticadas por todo o mercado financeiro. Em função disso, os participantes do mercado financeiro costumam chamar a taxa SELIC de “custo primário do dinheiro” e “taxa básica de juros da economia”.

A Constituição de 1988 consagra dispositivos importantes para a atuação do Bacen, como o do exercício exclusivo da competência da União para emitir moeda e o da necessidade de aprovação prévia pelo Senado Federal, em votação secreta, após argüição pública, dos designados pelo Presidente da República para os cargos de presidente e diretores. Além disso, vedou ao Bacen a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional. A Constituição de 1988 prevê ainda, em seu artigo 192, a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional, que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir as atribuições e estrutura do Bacen.

CVM - COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônios próprios, dotados de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (Lei n° 6.385/76, com redação dada pela Lei n° 10.411/02).

A CVM foi criada para disciplinar o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas, assim classificados, as companhias abertas, os intermediários financeiros e os investidores, além de outros cuja atividade gira em torno desse universo principal. Em função da Lei 10.303/01, que introduziu alterações à Lei 6385/76, a CVM passou a regulamentar também as Bolsas de Mercadorias e de Futuros e os ativos nelas transacionados.

Organização

A CVM, com sede na cidade do Rio de Janeiro, é administrada por um Presidente e quatro Diretores, nomeados pelo Presidente da República. O Presidente e a Diretoria constituem o Colegiado, que define políticas e estabelece práticas a serem implantadas e desenvolvidas pelo corpo de Superintendentes (a instância executiva da CVM). O colegiado conta ainda com o suporte direto da Chefia de Gabinete, da Assessoria de Comunicação Social, da Assessoria Econômica e da Auditoria Interna. A estrutura executiva da CVM é completada pelas Superintendências Regionais de São Paulo e Brasília.

Objetivos

De acordo com a lei que a criou, a CVM exercerá suas funções a fim de:

- Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa - de valores e futuros - e de balcão;

- Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores mobiliários;

- Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado;

- Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e às companhias que os tenham emitido;

- Assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de valores mobiliários;

- Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;

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- Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular dos mercados de ações e de futuros e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.

Cabe à CVM, entre outras, disciplinar as seguintes matérias:

- Registro de companhias abertas;

- Registro de distribuições de valores mobiliários;

- Credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores mobiliários;

- Organização, funcionamento e operações das bolsas de valores.

- Organização, funcionamento e operações das bolsas de mercadorias e de futuros;

- Negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;

- Administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários;

- Suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações;

- Suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar recesso de bolsa de valores.

A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado. Seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários. A CVM não exerce julgamento de valor em relação a qualquer informação divulgada pelas companhias. Zela, entretanto, pela sua regularidade e confiabilidade e, para tanto, normatiza e persegue a sua padronização.

A Lei atribui à CVM competência para apurar, julgar e punir irregularidades eventualmente cometidas no mercado. Diante de qualquer suspeita a CVM pode iniciar um inquérito administrativo, através do qual recolhe informações, toma depoimentos e reúne provas com vistas a identificar claramente o responsável por práticas ilegais, oferecendo-lhe, a partir da acusação, amplo direito de defesa.

O Colegiado tem poderes para julgar e punir o faltoso. As penalidades que a CVM pode atribuir vão desde a simples advertência até a inabilitação para o exercício de atividades no mercado, passando pelas multas pecuniárias.

A CVM mantém, ainda, uma estrutura especificamente destinada a prestar orientação aos investidores ou acolher denúncias e sugestões por eles formuladas.

Em termos de política de atuação, a Comissão persegue seus objetivos através da indução de comportamento, da auto-regulação e da autodisciplina, intervindo efetivamente nas atividades de mercado, quando este tipo de procedimento não se mostrar eficaz.

A atividade de fiscalização da CVM realiza-se pelo acompanhamento da veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos valores mobiliários negociados. Dessa forma, podem ser efetuadas inspeções destinadas à apuração de fatos específicos sobre o desempenho das empresas e dos negócios com valores mobiliários.

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2.3 AUTO-REGULAÇÃO

As bolsas, através de poder atribuído pelos órgãos regulatórios que disciplinam e regulam seus mercados, aprovam regulamentos e normas, e definem as condições para admissão e exclusão de intermediários. Regulamentam e fiscalizam as atividades deles, controlam e fiscalizam as operações realizadas em seus pregões, e aplicam penalidades aos infratores das normas legais.

No caso da Bovespa Holding, suas subsidiárias BVSP (Bolsa de Valores de São Paulo) e CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) são órgãos auxiliares da CVM e se incubem de fiscalizar seus participantes e as operações realizadas em seus mercados. Este trabalho de supervisão é feito por áreas especializadas de cada uma delas.

ACOMPANHAMENTO DE NEGOCIAÇÃO

A BVSP tem um departamento de operações que, durante o curso das negociações (em tempo real), é responsável por garantir que os negócios sejam realizados de acordo com as regras estabelecidas pela própria BVSP e de acordo com as normas da CVM.

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ACOMPANHAMENTO DE EMISSORES

A área de relações com empresas da BVSP acompanha e supervisiona as companhias listadas e demais emissoras quanto ao cumprimento do envio das informações obrigatórias pela legislação e das regras dos segmentos especiais de listagens. Além disso, ela também disponibiliza rapidamente ao público todas essas informações obrigatórias, bem como os fatos relevantes que possam influenciar, diretamente ou indiretamente, o preço e a liquidez dos valores mobiliários listados e, conseqüentemente, a decisão dos investidores em negociá-los.

ACOMPANHAMENTO DOS PARTICIPANTES E INVESTIDORES PELA CBLC

O acompanhamento dos limites de posição dos agentes de custódia e a reconciliação diária de todos os valores depositados é realizada pela área de serviços de depositária da CBLC. A área de risco cuida do monitoramento e controle dos riscos operacionais dos agentes de compensação e da exposição ao risco dos investidores qualificados nos mercados derivativos, das instituições intermediárias e dos agentes de compensação. Adicionalmente, também é controlado o enquadramento dos participantes nos requisitos financeiros exigidos.

BOVESPA SUPERVISÃO DE MERCADOS (BSM)

Complementarmente, a BSM, associação civil sem fins lucrativos, detida em partes iguais pela BVSP e pela CBLC, tem atribuições de supervisão e fiscalização das normas legais e regulamentares emitidas pelos órgãos reguladores, BVSP, CBLC e pela própria BSM. É importante ressaltar que a BSM é uma entidade funcional e financeiramente autônoma, com orçamento, recursos humanos especializados e infra-estrutura próprios.

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2.4 COMPOSIÇÃO DO SFN

COMPOSIÇÃO

ÓRGÃOS NORMATIVOS

ENTIDADES SUPERVISORAS

OPERADORES

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras captadoras de

depósitos à vista (1)

Demais instituições financeiras (2)

Conselho Monetário Nacional - CMN

Comissão de Valores Mobiliários - CVM

Bolsas de Mercadorias

e Futuros Bolsas de valores

Outros intermediários financeiros e

administradores de recursos de terceiros (3)

Superintendência de Seguros Privados - SUSEP Conselho Nacional de

Seguros Privados - CNSP

IRB - Brasil Resseguros

Sociedades Seguradoras

Sociedades de capitalização

Entidades abertas de previdência

complementar

Conselho de Gestão da Previdência

Complementar - CGPC

Secretaria de Previdência Complementar - SPC

Entidades fechadas de previdência complementar

(fundos de pensão)

(1) Bancos Comerciais e Múltiplos com Carteira Comercial e Caixas Econômicas.

(2) Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial, Bancos de Investimento, Bancos de Desenvolvimento, Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, Sociedades de Crédito Imobiliário.

(3) Sociedades Corretoras de Valores Mobiliários, Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Sociedades de Arrendamento Mercantil, Sociedades Corretoras de Câmbio, Representantes de Instituições Financeiras Estrangeiras, Agentes Autônomos de Investimento, Fundos Mútuos, Clubes de investimento, Carteiras de Investimentos Estrangeiros, Administradores de Consórcios, Clearings.

Fonte: Banco Central do Brasil

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3. INSTITUIÇÕES E INTERMEDIADORES FINANCEIROS

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3.1 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

A Lei n° 4595/64 dispõe em seu artigo 17 (anexo 1) - “Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.”.

O exercício da atividade financeira no Brasil está sujeito à autorização e regulamentação governamental. Conforme a origem dos recursos que compõem seu capital, as instituições financeiras dividem-se em públicas e privadas, conforme a seguir:

PÚBLICAS:

- Federais: constituídas com sede no país, com controle direto ou indireto pela União.

- Estaduais: instituições cuja maioria do capital votante seja detida, de forma direta ou indireta, por um ou mais estados da federação.

PRIVADAS:

- Nacionais: caracterizadas pelo fato de a maioria do capital votante ser de titularidade de pessoas físicas e/ou jurídicas domiciliadas e residentes no Brasil.

- Nacionais com Participação Estrangeira: instituições que tenham, direta e/ou indiretamente, participação estrangeira superiora 10% e até 50% de seu capital votante.

- Nacionais com Controle Estrangeiro: instituições cuja maioria do capital votante tenha, direta ou indiretamente, controle estrangeiro.

- Estrangeiras: filiais, instaladas no Brasil, de bancos com sede no exterior. ____________________________________________________________________________________________

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS INSTTTUIÇÕES FINANCEIRAS

As instituições financeiras que operam no mercado são classificadas segundo a natureza dos ativos que emitem e os tipos de operações que estão autorizadas a realizar. Segundo o ativo: bancárias e não bancárias; segundo as operações: crédito e distribuidoras.

As instituições de crédito classificadas como bancárias (ou monetárias) são os bancos comerciais e o Banco Central, que são responsáveis pela oferta de moedas. O Banco Central emite papel moeda (moeda legal), a qual, uma vez em poder do público, vai constituir, com os depósitos à vista nos bancos comerciais, os meios de pagamento da economia.

Os ativos financeiros podem também ser classificados em ativos financeiros monetários e ativos financeiros não monetários. No caso brasileiro:

- Monetários: papel moeda em poder do público mais depósitos à vista;

- Não Monetários: todos os demais: letras de câmbio, duplicatas, depósitos de poupança, certificados de depósito a prazo, etc.

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3.3 BANCOS COMERCIAIS

Instituição financeira regulada e fiscalizada pelo Bacen, cujo objetivo é proporcionar o suprimento de recursos para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas e pessoas físicas. Esses bancos podem: descontar títulos, realizar operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente, realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional, captar depósitos à vista e a

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prazo, emitir CDB e RDB, efetuar cobrança de títulos, arrecadar tributos e tarifas públicas, realizar empréstimos para giro da atividade produtiva (capital de giro, salários, etc.), obter recursos junto a instituições oficiais para repasse aos clientes, obter recursos externos para repasses, efetuar apresentação de serviços diretamente ou em convênio com outras instituições.

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3.4 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Instituição semelhante aos bancos comerciais: capta depósitos à vista, realiza operações ativas e efetua prestação de serviços. Prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte. Pode operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal. Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

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3.5 COOPERATIVAS DE CRÉDITO

As cooperativas de crédito observam, além da legislação e normas do sistema financeiro, a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Atuando tanto no setor rural quanto no urbano, as cooperativas de crédito podem se originar da associação de funcionários de uma mesma empresa ou grupo de empresas, de profissionais de determinado segmento, de empresários, ou mesmo adotar a livre admissão de associados em uma área determinada de atuação, sob certas condições. Devem adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações de serviços. Estão autorizados a realizar operações de captação por meio de depósito à vista e a prazo (sem emissão de certificados - os RDB’s), somente a associados, por meio de desconto de títulos, empréstimos, financiamentos, e realizar aplicação de recursos no mercado financeiro (Resoluções CMN n° 344/07 e n° 3454/07).

Também podem atuar na distribuição de cotas de fundos de investimentos abertos. Neste caso, devem observar as regulamentações do Bacen e da CVM nas respectivas áreas de competência. Nesse sentido, de acordo com a Resolução CMN n° 3309/05, até 30 de junho de 2008, todos os empregados da cooperativa que atuam no atendimento a clientes e usuários da instituição em atividades relacionadas com a distribuição e mediação de títulos e valores mobiliários devem ser considerados aptos por meio de exame de certificação, organizado por entidade de reconhecida capacidade técnica. Também nesse sentido, a IN CVM n° 424/05 determinou que até 30 de junho de 2008, as cooperativas de crédito só poderão realizar a distribuição de fundos classificados como de curto prazo, referenciados e de renda fixa, vedada a distribuição daqueles que cobrem taxa de performance, ingresso ou saída. Essa IN da CVM também estabelece que as cooperativas de crédito que desejarem distribuir cotas de outros tipos de fundos antes de 30 de junho de 2008, deverão atingir índice de 100% de certificação de seus empregados acima mencionados e solicitar à CVM autorização.

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3.6 BANCOS DE INVESTIMENTOS

Instituições financeiras de natureza privada, regulamentadas e fiscalizadas pelo Bacen e pela CVM, especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros, regulamentadas pela Resolução CMN n° 2624/99.

Aos bancos de investimento é facultada, além da realização das atividades inerentes à consecução de seus objetivos:

- Comprar e vender, por conta própria ou de terceiros, metais preciosos no mercado físico, e quaisquer títulos e valores mobiliários em qualquer mercado financeiro;

- Operar, por conta própria ou de terceiros, em bolsas de mercadorias e de futuros e em mercados de balcão organizados;

- Operar em todas as modalidades de concessão de crédito para financiamento de capital fixo e de giro;

- Participar de operação de underwriting;

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- Operar em câmbio, mediante autorização específica do Bacen;

- Coordenar processos de reorganização e reestruturação de sociedades e conglomerados financeiros ou não, mediante prestação de serviços de consultoria, participação societária e/ou concessão de financiamentos ou empréstimos;

- Realizar outras operações autorizadas pelo Bacen.

Além de recursos próprios, os bancos de investimento podem empregar em suas atividades, recursos oriundos: de depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado; do exterior, inclusive por meio de repasses interbancários; de repasses de recursos oficiais; de depósitos interfinanceiros; e de outras captações autorizadas pelo Bacen.

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3.7 BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES)

O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Tem linhas de apoio com financiamento de longo prazo e custos competitivos, que priorizam projetos que visem o desenvolvimento nacional, e o incremento das exportações brasileiras, além de linhas para ajudar a comercialização de máquinas e equipamentos novos fabricados no país.

Através de sua subsidiária integral, o BNDESPAR, investe em empresas nacionais através da subscrição de ações e debêntures conversíveis, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e ao mesmo tempo colaborar para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro.

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3.8 BANCOS MÚLTIPLOS

Instituição financeira regulada e fiscalizada pelo Bacen. Resultante da Resolução n° 1524/88, emitida pelo Bacen por decisão do CMN, com o intuito de racionalizar a administração das instituições financeiras, que muitas vezes eram empresas de um mesmo grupo, passaram a constituir-se em uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria, com um único balanço, um único caixa e com redução de custos.

Em termos práticos, foram mantidas as mesmas funções de cada instituição em separado, por intermédio das seguintes carteiras:

- Comercial;

- De investimento e/ou de desenvolvimento (exclusiva de banco público);

- De crédito imobiliário;

- De arrendamento mercantil e de crédito;

- Financiamento e investimento.

Ressalta-se que essas operações sujeitam-se às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras.

Os bancos múltiplos devem possuir no mínimo duas carteiras, sendo obrigatoriamente, uma delas, comercial ou de investimento. Ressalvamos que os bancos múltiplos com carteira de investimento são regulados e fiscalizados pelo Bacen e pela CVM.

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3.9 CRÉDITO IMOBILIÁRIO

As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras, constituídas sob a forma de sociedade anônima, integrantes do SFN, especializadas em operações de financiamento imobiliário, atualmente regulamentadas pela Resolução CMN n° 2735/00.

As SCI’s podem, além de realizar as atividades inerentes à consecução de seus objetivos, operar em todas as modalidades admitidas nas normas relativas ao direcionamento dos recursos captados em depósitos de poupança.

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As SCI’s, em suas atividades, podem empregar recursos próprios e os provenientes de: depósitos de poupança; letras hipotecárias; letras de crédito imobiliário; repasses e refinanciamentos contraídos no país; empréstimos e financiamentos contraídos no exterior; depósitos interfinanceiros e outras formas de captação de recursos autorizadas pelo Bacen.

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3.10 FINANCEIRAS

As sociedades de crédito, financiamento e investimento - financeiras, são instituições reguladas e fiscalizadas pelo Bacen, que foram criadas pela Portaria do Ministério da Fazenda n° 309, de 30 de novembro de 1959. São instituições financeiras privadas que têm como objetivo básico a realização de financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro. Tais entidades, obrigatoriamente instituídas sob a forma de S/As, captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio (Resolução CMN n° 45/66) e também através de depósitos a prazo sem emissão de certificados (RDB).

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3.11 CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS

São instituições financeiras constituídas como sociedades anônimas ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada, regulamentadas pela Resolução CMN n° 1655/89. Sua principal função é a de promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e vendedores de títulos, valores mobiliários e ativos financeiros, dando a estes negociabilidade adequada através de operações no sistema eletrônico da bolsa.

São instituições regulamentadas e fiscalizadas pelo Bacen e pela CVM. Suas principais atividades são as seguintes:

- Operar em sistema mantido por bolsas de valores;

- Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de underwriting);

- Encarregar-se da administração de carteiras de valores e da custódia de títulos e valores mobiliários; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento de cautelas, recebimento de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos e valores mobiliários, etc.;

- Operar no mercado aberto (“open market”);

- Intermediar operações de câmbio;

- Comprar e vender ativos financeiros, por conta de terceiros; encarregar-se da administração da custódia de ativos.

O papel da corretora não se restringe à execução de ordens de compra e venda transmitidas por seus clientes. A corretora se responsabiliza pelo controle da conta do cliente junto à bolsa e à clearing house, ou seja, mantém registro das posições de cada cliente, coleta as garantias exigidas pela clearing, recebe e paga as perdas e os ganhos incorridos pelos clientes, controla as ordens executadas e à executar, liquida as operações quando do vencimento dos contratos e assessora o cliente em suas decisões.

A corretora pode ou não ser credenciada como membro de compensação. Aqueles que não possuem esse status devem contratar um membro de compensação, que se responsabilizará financeiramente por suas operações junto à clearing house.

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3.12 CORRETORAS DE MERCADORIAS QUE NEGOCIAM OU REGISTRAM OPERAÇÕES COM VALORES MOBILIÁRIOS EM BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS

A Instrução CVM n° 402, de 27 de janeiro de 2004, estabeleceu as normas e procedimentos para a organização e o funcionamento dessas corretoras de mercadorias.

Essas instituições devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou sociedade limitada e serem admitidas como membro de Bolsa de Mercadorias e Futuros.

Como membro de Bolsa de Mercadorias e Futuros, elas têm o direito de realizar operações, em seu nome - carteira própria - e em nome de terceiros - seus clientes -, nos mercados administrados por essa bolsa. No

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desempenho dessas atividades, independentemente de serem ou não instituições financeiras, são reguladas e fiscalizadas pela CVM.

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3.13 DISTRIBUIDORAS DE VALORES

As Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários podem ser constituídas como sociedades anônimas ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada, cuja autorização para funcionamento é dada pelo Bacen, que também estipula os capitais mínimos a que estão obrigadas em função da região em que atuem. São instituições financeiras reguladas e fiscalizadas pelo Bacen e pela CVM.

Suas atividades básicas, determinadas pela Resolução CMN n° 1.120, de 04 de abril de 1986, com as alterações trazidas pela Resolução CMN n° 1.653 de 26 de outubro de 1989, são:

- Subscrever, isoladamente ou em consórcio, emissões de títulos ou valores mobiliários para revenda; intermediar a colocação de emissões no mercado;

- Encarregar-se da venda à vista, a prazo ou à prestação, de títulos e valores mobiliários por conta de terceiros;

- Operar também no mercado aberto (“open market”), desde que satisfaça às condições exigidas pelo Bacen;

- Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.

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3.14 AGENTES AUTÔNOMOS DE INVESTIMENTO

De acordo com a Instrução CVM n° 434, de 22 de junho de 2006, o Agente Autônomo de Investimento é a pessoa, natural ou jurídica, que obtém registro na CVM para exercer, sob responsabilidade e como preposto de instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, a atividade de distribuição e mediação de valores mobiliários.

A atividade de agente autônomo de investimento somente pode ser exercida por pessoa natural ou jurídica autorizada pela CVM, que mantenha contrato para distribuição e mediação com uma ou mais instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários. As instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários somente podem contratar para exercer a atividade de agente autônomo de investimento pessoa naturais ou jurídicas devidamente autorizadas pela CVM.

Os Agentes Autônomos de Investimento podem ser credenciados junto a bancos múltiplos (com carteira de investimento), bancos de investimento, corretoras de valores e de mercadorias e distribuidoras de valores, para desempenhar, exclusivamente por conta e ordem das entidades credenciadas, as atividades citadas e outras atividades autorizadas expressamente pelos órgãos reguladores competentes.

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3.15 AUTORIZAÇÃO DO AGENTE AUTÔNOMO - PESSOA NATURAL

A autorização para o exercício da atividade de agente autônomo de investimento somente será concedida à pessoa natural, domiciliada no país, que preencha os seguintes requisitos:

- Tenha concluído o ensino médio no país ou no exterior;

- Tenha sido aprovada em exame técnico específico para agente autônomo de investimento, organizado por entidade certificadora autorizada pela CVM;

- Não esteja inabilitada ou suspensa para o exercício de cargo em instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pela CVM, pelo Bacen, pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP ou pela Secretaria de Previdência Complementar - SPC;

- Não tenha sido condenada criminalmente, ressalvada a hipótese de reabilitação; e

- Não esteja impedida de administrar seus bens ou dispor em razão de decisão judicial.

Os exames de certificação serão organizados por entidades de classe ou entidade auto-reguladora que congregue profissionais, associações ou instituições do mercado financeiro e de capitais.

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O prazo de validade do exame técnico de certificação para obtenção da autorização da CVM para o exercício da atividade é de um ano, contado da data da divulgação do resultado final pela entidade certificadora.

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3.16 AUTORIZAÇÃO DO AGENTE AUTÔNOMO - PESSOA JURÍDICA

A autorização para o exercício da atividade de agente autônomo de investimento somente será concedida à pessoa jurídica, domiciliada no país, que preencha os seguintes requisitos:

- Tenha como objeto social exclusivo o exercício da atividade de agente autônomo de investimento e esteia regularmente constituída e registrada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ; e

- Tenha como sócios unicamente Agentes Autônomos autorizados pela CVM, e a eles sejam atribuídos, com exclusividade, o exercício das atividades referidas a ele conforme instrução, sendo todos os sócios responsáveis perante à CVM pelas atividades da sociedade.

Será admitido que a sociedade tenha como sócios terceiros que não sejam Agentes Autônomos, desde que sua participação no capital social e nos lucros não exceda de 2%, e que tais sócios não exerçam função de gerência ou administração ou por qualquer modo participem das atividades que constituam o objeto social.

Aos empregados de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Bacen, que exerçam, na própria instituição, as atividades de distribuição e mediação de títulos, valores mobiliários e derivativos, somente será exigida a aprovação em exame de certificação. O CMN disciplinou essa exigência na Resolução CMN n° 3.158 de 17 de dezembro de 2003.

Para efeito da Lei n° 4.595/64, os Agentes Autônomos de Investimento equiparam-se às instituições financeiras.

Os Agentes Autônomos de Investimento são regulados e fiscalizados pela CVM.

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3.17 BOLSAS DE VALORES

As bolsas de valores constituem-se em associações civis, sem fins lucrativos ou sociedades anônimas. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecem às diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional.

As bolsas de valores são instituições reguladas e fiscalizadas pela CVM, conforme IN CVM n° 461 de 23 de outubro de 2007.

Seus objetivos e atividades são:

- Manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e/ou valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizados e fiscalizados pela própria bolsa, sociedades membros e pelas autoridades competentes;

- Dotar, permanentemente, o referido local ou sistema de todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das operações;

- Estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao mercado de títulos e/ou valores mobiliários;

- Efetuar registro das operações;

- Preservar elevados padrões éticos de negociação;

- Divulgar as operações realizadas com rapidez, amplitude e detalhes;

- Exercer outras atividades expressamente autorizadas pela CVM.

Independentemente de sua forma jurídica de organização, deve contar necessariamente com os seguintes órgãos:

I - Conselho de Administração, com Comitê de Auditoria;

II - Diretor Geral;

III - Conselho de Auto-Regulação;

IV - Departamento de Auto-Regulação;

V - Diretor do Departamento de Auto-Regulação.

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O órgão deliberativo máximo das bolsas de valores é a assembléia geral, e a gestão dos seus negócios sociais é feita através do conselho de administração e do superintendente ou diretor geral.

____________________________________________________________________________________________

3.18 BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS

Uma bolsa de futuros é uma sociedade anônima ou uma associação de membros, sem finalidade lucrativa, organizada para, entre outras coisas, proporcionar a seus membros as facilidades necessárias para a realização de negócios (compra e venda) a futuro.

Atualmente são instituições reguladas e fiscalizadas pela CVM, conforme IN CVM n° 461 de 23 de outubro de 2007.

Com a colaboração de seus membros, o corpo técnico e administrativo de uma bolsa desenvolve ainda as seguintes funções:

- Controla e supervisiona as sessões diárias de negociação (pregões) e fiscaliza a atuação dos membros no recinto de negociação;

- Divulga as cotações diárias e estatísticas relativas aos contratos em negociação;

- Desenvolve e supervisiona os procedimentos de liquidação, incluindo o credenciamento das instituições onde as entregas podem ser feitas e a inspeção das mercadorias entregues;

- Desenvolve normas e procedimentos de controle para seus membros e fiscaliza sua aplicação;

- Desenvolve, publica e faz cumprir as normas e os regulamentos que disciplinam as operações;

- Desenvolve novos contratos e altera os já implantados;

- Desenvolve, executa e fiscaliza atividades de marketing e propaganda, objetivando promover os mercados futuros junto ao público em geral.

Uma das responsabilidades básicas de uma bolsa é assegurar que os negócios sejam realizados de forma competitiva, livres de manipulação, onde todos os participantes sejam tratados de forma justa e equânime.

Independentemente de sua forma jurídica de organização, deve contar necessariamente com os seguintes órgãos:

I - Conselho de Administração, com Comitê de Auditoria;

II - Diretor Geral;

III - Conselho de Auto-Regulação;

IV - Departamento de Auto-Regulação;

V - Diretor do Departamento de Auto-Regulação.

O órgão deliberativo máximo da BM&F é a assembléia geral, sendo sua administração feita pelo conselho de administração por meio do diretor geral.

____________________________________________________________________________________________

3.19 BOLSAS INTERNACIONAIS

A bolsa de valores cujo desempenho de seu índice é tomado como referência aos demais mercados acionários do mundo é a NYSE (New York Stock Exchange), a maior bolsa de valores americana.

Outra instituição importante no mercado americano é NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated Quotations). Lançada em 1971, a NASDAQ é a principal instituição norte-americana operando no mercado de balcão. Foi também o primeiro mercado eletrônico conectando diretamente compradores e vendedores; é altamente sofisticada, interligando os participantes através de um moderno sistema de computação e telecomunicações. A NASDAQ é conhecida por negociar ações das maiores empresas de tecnologia, como por exemplo, a Microsoft, Intel, Dell Computer, Yahoo, Amazon.com, etc.

Em 13 de janeiro de 2005 a US SEC (United States Security Exchange Commission) aprovou o pedido da NASDAQ para ter status de bolsa de valores.

A seguir algumas bolsas de valores do mundo e seus respectivos índices:

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AMÉRICAS

American Stock Exchange Amex Composite (XAX)

Bermuda BSX

Buenos Aires Composite, Burcap, MerVal.

Colômbia IGBC

Lima IGBVL, ISBVL.

México IPC, IPCompMx.

Nasdaq Composite, Nasdaq 100

NYSE Composite, Nyse US 100, Dow Jones

Santiago IGPA, IPSA

São Paulo (BOVESPA) IBOVESPA, IBrX50

TSX Group S&P/ TSX Composite, S&P/ TSX 60

ÁSIA - PACÍFICO

Australia All Ord Price, ASX/ S&P50

Bombain SENSEX

Malásia Composite

Colombia CSE All Share, Milanka Price Index

Hong Kong S&P/ HKEX Large Cap, Hang Seng Index

Jacarta Composite, LQ 45 Index

Coreia Kospi, KRX 100

Bolsa Nacional da Índia S&P CNX 500, S&P CNX NIFTY

Nova Zelândia NZX All, NZX 10

Osaka 300 Common, OSE Adjusted 250 issues

Filipinas PSE Index

Shangai SSE Composite, SSE 180

Shenzen SZSE Composite, SZSE 100

Singapura All Share, Straits Times

Taiwan TAIEX.TSEC Taiwan 50

Tailândia SET, SET 50

Tókio TOPIX, TOPIXCore 30, Nikkey

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EUROPA - ÁFRICA - ORIENTE MÉDIO

Atenas General Price, FTSE/ASE 20

BME Barcelona BCN Global 100, IBEX 35

BME Bilbao Índice Bolsa Bilbao 200, IBEX 35

BME Madrid IGBM,IBEX35

BME Valencia IGBV,IBEX35

Bolsa Italiana MIBHist Price, S&P/MIB

Budapest BUMIX, BUX

Cairo e Alexandria CASE 30, Price Index, DJ/ CASE Egypt Titans 20

Chipre CSE General, FTSE/ Cyse 20

Bolsa Alemã DAX, XETRA DAX

Euronext Amsterdam AAX, AEX 25, Euronext 100

Euronext Bruxelas General Price, BEL 20, Euronext 100

Euronext Lisboa PSI General, PSI 20, Euronext 100

Euronext Paris SBF 250, CAC 40, Euronext 100

Irlanda ISEQ Overall, ISEQ 20

Istambul ISE Nat. 100, National 30

Joanesburgo FTSE/ JSE All Share, FTSE/ JSE Top 40

Londres FTSE All Share , FTSE 100

Lubianca SBI 20, SBI Top

Luxemburgo Lux Gal Price, LuxX

Malta MSE Share

Mauritius SEMDEX, SEM 7

OMX Copenhagen OMXC, OMXC 20

OMX Helsinki OMXH, OMXH 25

Estocolmo OMXS, OMXS 30

Oslo Total Price, OBX

Suíça SPI, SMI

Tel Aviv General, TA 25

Tehran Tepix, TSE 50

Varsóvia WIG Total Return, WIG 20

Viena Wiener Borse Index, ATX

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4. MERCADO DE CAPITAIS - PRODUTOS, MODALIDADES OPERACIONAIS, TRIBUTAÇÃO E REGULAÇÃO BÁSICA

____________________________________________________________________________________________

4.1 ESTRUTURA OPERACIONAL DA BOVESPA

Em Assembléia Geral Extraordinária (AGE) realizada em 28 de agosto de 2007, foi aprovada a reestruturação societária da Bovespa, que deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos para se tornar uma sociedade por ações (S/A).

A medida consolidou o processo de desmutualização, que permitirá que o acesso às negociações e demais serviços prestados pela bolsa seja desvinculado da propriedade das ações. No formato anterior, apenas corretoras proprietárias de títulos patrimoniais podiam negociar em bolsa.

A reestruturação societária resultou na criação da Bovespa Holding, uma sociedade por ações, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP) e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), ambas sociedades de capital fechado. A BVSP é responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de balcão organizado; a CBLC presta serviços de liquidação, compensação e custódia.

A AGE aprovou ainda a criação do Instituto Bovespa de Responsabilidade Social e Ambiental, uma associação civil sem fins lucrativos, vinculada à Holding, incumbida dos projetos sociais e ambientais da companhia.

A BVSP e a CBLC são proprietárias em partes iguais da BSM (Bovespa Supervisão de Mercados), que é uma associação civil sem fins lucrativos, funcional e financeiramente independente, com funções ligadas à atividade de auto-regulação do mercado.

A nova estrutura traz consigo mudanças na área de governança corporativa. A Bovespa Holding terá um Conselho de Administração (CA) com mandato de dois anos e 9 conselheiros (5 independentes e 4 não independentes). Cabe ao CA indicar os nomes dos diretores do grupo - um Diretor Geral (CEO), um Diretor Financeiro e um Diretor de Assuntos Corporativos, além do conselho, departamento e diretor de Auto-Regulação, conforme determina a IN CVM n° 461 de 23 de outubro de 2007.

Em 08 de maio de 2008 foi aprovada a integração das atividades da Bovespa Holding S/A e BM&F S/A, com formação de uma entidade denominada BM&FBovespa S/A, que será uma companhia aberta, registrada na CVM e cujas ações serão negociadas no Novo Mercado.

____________________________________________________________________________________________

4.2 MERCADO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

Existe uma classificação de mercado financeiro bastante importante, que é a distinção entre mercado primário e secundário de títulos.

Em princípio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação no mercado primário. Quando uma letra de câmbio, um certificado de depósito, uma ação ou qualquer outro ativo financeiro é vendido pela primeira vez, isto é, quando é posto em circulação no mercado, diz-se que tais operações ocorreram no mercado primário.

Se o primeiro comprador revender este ativo financeiro a uma terceira pessoa e esta uma a outra, e assim por diante, diz-se que tais operações ocorrem em mercado secundário.

A distinção entre mercado primário e mercado secundário é muito importante sob o ponto de vista econômico, já que põe em relevo a forma como se dá o fluxo de recursos para o financiamento, principalmente das empresas, e mostra através de que mecanismos esse fluxo pode ser mantido e aumentado.

É no mercado primário que a empresa obtém recursos para seus investimentos, que os bancos obtêm recursos para financiar as empresas, etc. Deve-se ter em mente que apenas nas operações em mercado primário é que ocorre o fluxo de recursos dos fornecedores de fundos para aqueles que deles necessitam, tanto para investimentos como para consumo.

É ainda no mercado primário onde ocorre a colocação de ações ou outros valores mobiliários, provenientes de novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para complementar os recursos que necessitam, visando financiamento de seus projetos ou seu emprego em outras atividades produtivas.

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O mercado secundário é onde os títulos já existentes se transferem de um proprietário para outro. O valor transacionado nesse mercado não é canalizado para a empresa ou para o banco, etc. Sob o ponto de vista econômico, não significa aumento ou diminuição de recursos para financiar novos empreendimentos. A função deste mercado é dar liquidez aos papéis (ativos financeiros), negociados no mercado primário.

Esse mercado é, pois, tão importante quanto o primário, uma vez que sua existência é condição para o funcionamento do outro. Os ativos financeiros não encontram colocação no mercado primário se não contarem com um mercado secundário organizado capaz de dar liquidez a esses papéis.

Como exemplo de mercados secundários podemos citar o “open market” (mercado aberto) onde se transacionam, após a sua emissão e primeira venda, títulos como os de emissão do Tesouro Nacional, as Letras de Câmbio, Certificados de Depósitos Bancários (CDB), etc.; e as bolsas de valores, onde se transacionam, no caso brasileiro, predominantemente ações cuja emissão, muitas vezes, já ocorreu há décadas atrás.

4.2.1 O FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS

Os interesses financeiros e os agentes econômicos, de um modo geral, estão constantemente gerando poupanças e fluxos financeiros que alimentam (financiam) o processo de crescimento da economia. Os recursos oriundos dos movimentos de caixa dos agentes econômicos estão associados às necessidades de pagamentos de curto prazo, e são transacionados, fundamentalmente, no mercado aberto.

Já os recursos provenientes da poupança, conquanto não se excluem movimentações no “open market”, destinam-se, no fundamental, ao financiamento das atividades produtivas, em operações de prazos mais dilatados, e estas operações são conduzidas no mercado de capitais.

As empresas são, no sistema econômico, os principais centros de absorção dos investimentos produtivos. Para o financiamento de uma unidade produtiva empresarial são requeridos recursos de diferentes naturezas, magnitudes e prazos, obtidos, normalmente, de diferentes fontes aglutinadoras de poupança.

A atividade empresarial é, portanto, a arte de combinar, de forma eficiente, as atividades de obtenção de financiamentos, realização de investimentos, e de gerenciamento de processos de produção e de distribuição de seus produtos (bens ou serviços).

Simplificadamente, se uma empresa não dispõe de boa gerência de produto e distribuição de seus produtos, isto refletirá, negativamente, na sua política de financiamento que, por sua vez, implicará uma desajustada política de investimento. Neste caso, a empresa não gerará como resultados (lucros) do que advém baixa ou nula remuneração a seus credores e acionistas (proprietários), acarretando interrupções nos afluxos de recursos, indispensáveis à continuidade de suas funções econômicas e sociais.

4.2.2 MERCADO DE BALCÃO ORGANIZADO

A IN CVM n° 461, de 23 de outubro de 2007, disciplina o funcionamento dos mercados de balcão organizados para a negociação de títulos e valores mobiliários. É um mercado onde as operações são realizadas exclusivamente por sistema eletrônico de negociação, buscando assegurar a transparência das ofertas e operações realizadas e propiciar uma adequada formação de preços, sendo nele transacionadas ações de empresas não listadas em bolsas de valores e outras espécies de títulos. A SOMA é um exemplo de uma entidade administradora de um mercado de balcão organizado.

4.2.3 MERCADO ORGANIZADO (O Mercado de Bolsa)

Mercado de títulos onde as operações são realizadas por sistema eletrônico com a divulgação dos negócios on line. São negociadas ações de empresas registradas em bolsa e outras espécies de títulos previamente aprovados pela CVM. Exemplo: Bovespa (ações), também regulado pela IN CVM n° 461, de 23 de outubro de 2007.

4.2.4 SOCIEDADE ANÔNIMA

Modelo jurídico que visa permitir a operacionalização de uma companhia, sem maiores responsabilidades para seus sócios do que o capital investido. Características:

- Existência autônoma, com personalidade jurídica e patrimônio distintos;

- Responsabilidade de seus sócios limitada ao aporte de capital;

- Capital dividido em ações de livre transferência.

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De acordo com a Lei das Sociedades por Ações (Lei das SAs. n° 6404/76), a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. Tipos:

- De Capital Aberto: registrada na CVM e, portanto, autorizada a distribuir valores mobiliários de sua emissão junto ao público, admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão.

- De Capital Fechado: sem registro junto à CVM; os títulos de sua emissão só podem ser objetos de transações privadas.

____________________________________________________________________________________________

4.3 OFERTAS PÚBLICAS DE AÇÕES E DEBÊNTURES

UNDERWRITER

São instituições financeiras especializadas em operações de subscrições de ações ou debêntures junto ao público; em geral são bancos de investimentos, sociedades corretoras ou sociedades distribuidoras.

UNDERWRITING DE AÇÕES OU DEBÊNTURES

É o processo de lançamento de ações ou debêntures, mediante distribuição pública para o qual a empresa encarrega um intermediário financeiro, que será responsável pela colocação no mercado. Com relação ao tipo de ativos oferecidos, as distribuições públicas podem ser: distribuição pública primária (ativos novos) ou distribuições secundárias (títulos já existentes). Quanto ao tipo de garantia de colocação, esses lançamentos públicos podem ser basicamente de três tipos:

Underwriting Firme

É o processo de lançamento no qual a instituição financeira, ou um consórcio de instituições, assegura garantia firme de colocação, assumindo o compromisso de adquirirem para carteira própria qualquer quantidade de títulos eventualmente não colocada junto aos investidores individuais (público) e institucionais. Nesse tipo de operação o risco é inteiramente do underwriter.

O fato de uma emissão ser colocada através de underwriting firme oferece uma garantia adicional ao investidor porque, se as instituições financeiras do consórcio estão dispostas a assumir o risco da operação, é porque confiam no êxito do lançamento, uma vez que não há interesse de sua parte em imobilizar recursos por muito tempo.

Melhor Esforço ou “Best-Effort Underwriting”

É o lançamento de ações no qual a instituição financeira assume apenas o compromisso de fazer o melhor esforço para colocar o máximo de uma emissão junto à sua clientela, nas melhores condições possíveis e num determinado período de tempo. Neste caso, as dificuldades de colocação dos títulos irão se refletir diretamente na empresa emissora, e o investidor deve proceder a uma avaliação mais cuidadosa, tanto das perspectivas da empresa quanto das instituições financeiras encarregadas do lançamento.

Combinação dos Dois Tipos, Por Exemplo, Residual ou “Stand-By Underwriting”

É um esquema de lançamento no qual as instituições financeiras se comprometem a promover a colocação de determinado percentual dos títulos (por exemplo, 70% da emissão) no mercado dentro de certo prazo. Atingindo esse percentual antes do término do prazo, as próprias instituições absorverão a parcela restante (no exemplo, 30%), encerrando a operação. Caso o prazo expire sem que se tenha colocado a quantidade pretendida, as instituições, dependendo do estabelecido previamente no contrato, poderão comprar somente a parcela com a qual estavam comprometidas (em nosso exemplo, 30%) ou até mesmo devolver à empresa a totalidade dos títulos não adquiridos pelos investidores.

A execução das operações de underwriting pode estar a cargo de bancos, de corretoras e distribuidoras, na condição de líderes de sindicatos formados com o objetivo de proceder a esse lançamento, ou ser realizada em bolsas de valores, nos chamados “leilões especiais”.

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PREÇO DE EMISSÃO

O preço de emissão dos novos títulos é determinado previamente pela empresa emissora ou então através do procedimento de “book building” (construção do livro), onde a empresa, ao invés de fixar um preço, estabelece as condições básicas de lançamento e os interessados na aquisição encaminham suas ofertas, de forma sigilosa, para a instituição coordenadora da emissão. Nesse caso, o preço definitivo de colocação dos títulos é apurado após a análise dessas ofertas.

BLOCK TRADE

Oferta de grande lote de ações antigas (de posse de algum acionista) com colocação junto ao público através das bolsas de valores e/ou mercado de balcão.

____________________________________________________________________________________________

4.4 PRINCIPAIS ATIVOS DE EMISSÃO DAS COMPANHIAS

Entre os valores mobiliários definidos pela Lei n° 6.385/76 (com alterações dadas pela Lei n° 10.303/01) encontram-se as ações, debêntures, notas promissórias e bônus de subscrição.

Ações Notas promissórias (Commercial Papers) Debêntures Simples e/ou

Conversíveis em Ações

Não têm prazo para

resgate Têm prazo para resgate (curto e médio prazo)

Têm prazo para resgate e/ou conversão em ações (longo

prazo)

Representam menor fração do Capital da Empresa Eminente

Representam

empréstimos tomados no mercado

Representam empréstimos tomados no mercado

Renda Variável Usualmente rendem

juros

Rendem juros, além das atualizações monetárias

Geram benefícios aos

acionistas

SOMENTE AS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO PODEM DISTRIBUIR AO PÚBLICO

OS VALORES MOBILIÁRIOS DE SUA EMISSÃO.

AÇÕES

Pode-se conceituar a ação como o título emitido pela sociedade anônima, representativo do valor da fração em que é dividido o Capital Social e do qual resulta, para o seu titular, o direito de participar da vida social da companhia (S.A.).

Tal participação processa-se patrimonialmente, mediante a percepção periódica de dividendos, e pessoalmente ou politicamente, através de fiscalização dos negócios e influências nas deliberações sociais através do voto.

As ações são, portanto, títulos de propriedade, representados por um certificado que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no controle e nos lucros da empresa, bem como em suas obrigações.

Este certificado pode ser vendido e, conseqüentemente, transferido o seu interesse de propriedade para terceiros. A responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

As ações que constituem o Capital Social de uma companhia apresentam as seguintes características:

- A espécie (ordinária preferencial).

- A forma (nominativa, escritural).

- O tipo (comum resgatável).

- A classe (A, B, C).

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Com relação à natureza dos direitos e vantagens que outorgam a seus possuidores, as ações dividem-se em:

- Ordinárias: são ações que dão direito a voto, além de participar dos resultados da companhia.

- Preferenciais: são ações que, normalmente, apenas participam dos resultados da empresa, mas não têm direito a voto. Dependendo do estatuto da companhia, podem ter direito a voto em algumas situações e garantia de dividendos mínimos.

Sob a ótica do investidor, as ações são um investimento de prazo indeterminado e de renda variável.

DEBÊNTURES

São títulos de crédito de longo prazo emitidos por Sociedades Anônimas. Sua finalidade é captar recursos para financiar os projetos de investimento ou saldar dívidas.

As debêntures garantem ao seu comprador uma remuneração de juros periódicos, prêmio e outros rendimentos fixos ou variáveis e reembolso específico do principal (valor nominal da debênture) na data do seu vencimento. Podem ter garantias, não dando direito de participações nos bens ou lucros da empresa.

São operações que envolvem milhões de reais, realizadas seguindo requisitos legais para proteger os compradores de debêntures, através dos contratos de debêntures e agentes fiduciários; todas as características da operação são estabelecidas em escritura.

As debêntures podem ser simples ou conversíveis em ações. A colocação de uma debênture em mercado pode ser direta ou por oferta pública.

- Direta: feita diretamente a um comprador ou grupo de compradores, geralmente instituições financeiras ou fundos de pensão. Usualmente é feita por companhias de capital fechado e, nesse caso, como não há mercado secundário organizado, as taxas de juros tendem a ser mais altas.

- Oferta Pública: tem mercado secundário. Dependendo das alternativas são colocadas com descontos (abaixo do valor nominal) ou com prêmio (acima do valor nominal).

COMMERCIAL PAPER

São Notas Promissórias Comerciais, equivalem às debêntures de curto prazo. Foram regulamentados em fevereiro de 1990 (Instrução CVM n° 134/ 90 e n° 292/98). É um instrumento utilizado para obtenção de recursos de curto prazo resolvendo problemas de caixa. São títulos negociáveis, representativos de direito de crédito de curto prazo contra o emitente. A emissão de Commercial Papers é regulamentada e controlada pela CVM, assim como as debêntures.

Características do Commercial Paper:

- Prazo de emissão de 30 a 180 dias (Cias. Fechadas) e de 30 a 360 dias (Cias. Abertas);

- Os títulos são mantidos em custódia em nome de seus titulares junto ao banco emissor, com emissão de recibos de aplicação;

- Usualmente rendem juros.

BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO

Título emitido por uma Sociedade Anônima, dentro do limite do capital autorizado, que confere a seu titular, nas condições constantes no certificado, direito de subscrever ações, que será exercido contra apresentação do bônus à companhia e pagamento do preço de emissão da ação.

____________________________________________________________________________________________

4.5 OPERAÇÕES EM BOLSAS DE VALORES

A legislação atual autoriza as bolsas de valores a negociarem títulos e valores mobiliários de emissão ou co-responsabilidade de companhias abertas, registrados na CVM, assim como opções de compra e venda sobre ações de companhias abertas, debêntures (conversíveis ou simples) e “commercial papers” registrados para colocação pública. Direitos e índices referentes às ações negociadas, além de recibos de depósitos de ações, quotas de fundos ou de clubes também podem ser negociados nas bolsas.

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Na Bovespa, são regularmente negociadas ações de companhias abertas, opções sobre ações e índices de ações, direitos e recibos de subscrição, recibos de carteiras selecionadas de ações, BDR's (Brazilian Depositary Receipts), quotas de fundos e outros títulos autorizados pela CVM e pela bolsa.

Os investidores não compram ações diretamente na bolsa. Compram-nas através das sociedades corretoras que atuam na Bovespa.

O cliente emite uma ordem de compra ou venda à sua corretora e esta se encarrega de executá-la no pregão eletrônico. Para isso ela mantém em suas mesas de operações, operadores que são habilitados pela Bolsa de Valores de São Paulo através de um exame de qualificação.

O operador, de posse das ordens de compra e de venda dos clientes de sua corretora, introduz a ordem no sistema eletrônico.

Outra alternativa para o cliente atuar nos mercados da Bovespa é participar do programa “Home Broker”. Nesse programa, o cliente individual recebe uma senha da corretora que permite que ele, utilizando um computador conectado à internet, tenha acesso (via o computador da corretora), ao sistema eletrônico da Bovespa, podendo registrar diretamente suas ordens de compra e/ou de venda nos mercado à vista (lote e fracionário) e de opções. O computador da corretora monitora e controla todo o fluxo de comunicação entre o cliente e o sistema central da Bovespa.

Além do Home Broker (conexão varejo) existem outros dois grupos de conexão automatizados (gate way) onde os clientes das corretoras podem acessar, através do computador da corretora, o sistema eletrônico da Bovespa e nele registrar ordens de compra e venda: a conexão gestor e a conexão institucional.

A conexão gestor recepciona o roteamento de ordens encaminhadas por gestores de ordens, que são administradores de carteiras (pessoas físicas ou jurídicas, credenciadas na CVM) ou instituições intermediárias (corretoras, distribuidoras, bancos de investimento). Todas as ordens encaminhadas dessa forma são primeiramente identificadas (no código cliente) como “contas gestor”, devendo ser posteriormente reespecificadas mediante a substituição desse código pelos códigos dos clientes finais.

A conexão institucional recepciona o roteamento de ordens de clientes investidores institucionais e de clientes investidores instituições financeiras. As ordens roteadas por essa conexão devem conter o código cliente final.

Participam do mercado de ações:

- Comissão de Valores Mobiliários;

- Bolsas de Valores;

- Sociedades Corretoras;

- Investidores Pessoas Físicas;

- Investidores Pessoas Jurídicas Não Institucionais;

- Investidores Institucionais;

- Agentes Autônomos de Investimento;

- Sociedades Distribuidoras;

- Bancos Múltiplos e de Investimento;

- Companhias de Capital Aberto.

____________________________________________________________________________________________

4.6 OS MERCADOS DA BOVESPA

HORÁRIO DE NEGOCIAÇÃO

As negociações, em todos os mercados, ocorrem durante o pregão regular, cujo horário de funcionamento é determinado pela Bovespa. Após o encerramento do pregão regular, há ainda um período de negociação complementar (o “After-Market”) onde podem ser realizadas, exclusivamente, transações no mercado à vista - lote e fracionário. A Bovespa estabelece normas específicas - papéis autorizados e limite de negociação por investidor - válidos para esse segmento.

4.6.1 RENDA FIXA

As negociações são feitas no Bovespa FIX, que é um ambiente integrado para negociação, liquidação e custódia de títulos de renda fixa privada.

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Os negócios nesse mercado são realizados por meio do SISBEX, sistema eletrônico que oferece uma série de facilidades apropriadas para esse mercado.

O sistema proporciona total transparência - as ofertas são disseminadas para todo o mercado e os preços de fechamento são divulgados em tempo real -, permitindo uma melhor formação de preços e facilitando a “marcação a mercado” das carteiras de títulos.

Atualmente são transacionados nesse segmento: Debêntures, Notas Promissórias, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Cotas de Fundos de Investimentos de Direitos Creditórios (FIDC).

4.6.2 RENDA VARIÁVEL

As negociações em ativos de renda variável na Bovespa podem ser realizadas em dois segmentos e exclusivamente através do sistema eletrônico (pregão eletrônico):

- À VISTA: onde são realizadas operações que têm a finalização efetiva da operação (transferência de titularidade dos títulos e o acerto financeiro) em curto período.

- DERIVATIVOS: no caso do mercado de ações, são os mercados a termo, futuro e de opções. Em todos eles se estabelecem “hoje” as condições em que será efetivada a finalização da operação, que irá ocorrer em uma data futura. Uma das razões de um produto/mercado ser denominado derivativo, é o fato de sua existência e formação de preço estarem vinculados ao grau de risco e às diferentes expectativas quanto ao futuro comportamento de preços do mesmo ativo em outra modalidade de mercado.

4.6.2.1 MERCADO À VISTA

O mercado à vista é onde se realizam operações de compra e venda de ações emitidas pelas empresas abertas registradas em bolsa.

Este mercado caracteriza-se por ter os preços das ações com cotação atual, e pelo fato das operações serem liquidadas em três dias, se não houver atraso por parte do vendedor na entrega das ações vendidas ou falta de pagamento por parte do comprador, referente às ações compradas.

Considera-se “D+0” como sendo o dia da realização da operação no pregão ou no sistema eletrônico. No “D+3” a Corretora Vendedora entrega as ações e recebe um crédito no valor da operação, enquanto a corretora compradora tem um débito no valor da operação e recebe as ações adquiridas. A transferência dos títulos é denominada liquidação física e a movimentação dos recursos, liquidação financeira.

As liquidações física e financeira são realizadas pela “clearing”, empresa independente administrativa e financeiramente da bolsa, e responsável pela prestação dos serviços de compensação dos títulos negociados no mercado.

OPERAÇÃO “DAY TRADE”

É uma operação de compra e venda de uma mesma quantidade de ações de uma mesma empresa, realizada no mesmo dia pelo mesmo investidor, através da mesma corretora e utilizando o mesmo agente de compensação.

Esta operação será liquidada por saldos em “D+3”. Se o investidor vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia, a um preço superior à compra, também realizada no mesmo dia, ele receberá um crédito em “D+3” na compensação financeira referente ao saldo positivo da operação. Se o investidor vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia a um preço inferior à compra também realizada no mesmo dia, ele terá que pagar o prejuízo da operação em “D+3”, sofrendo um débito na compensação financeira.

FORMADOR DE MERCADO NA BOVESPA

Objetivo:

Garantir uma liquidez mínima e uma referência de preço para determinado ativo.

Quem Pode Ser:

Corretora de Valores (membro ou não), Distribuidora, Banco de Investimento ou Banco Múltiplo com carteira de investimento.

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Forma de Atuação:

Assumem a obrigação de estar presentes no mercado diariamente e de forma contínua, com ofertas firmes de compra e de venda. A quantidade mínima de ativos de cada oferta é estabelecida pela Bovespa, em função da quantidade média diária negociada da ação. Os preços das ofertas de compra e de venda devem respeitar um intervalo máximo (spread), estabelecido pela Bovespa, com base na volatilidade do ativo em determinado período de tempo. Na ocorrência de situações extraordinárias, quando o mercado apresentar comportamento indiscutivelmente atípico, o Formador ou terá seus parâmetros alterados ou será liberado de suas obrigações. As ofertas de um ativo que conta com o Formador competem em igualdade de condições com as demais ofertas do mercado, com o fechamento de negócios obedecendo aos critérios de melhor preço e ordem cronológica de registro.

Modelo Competitivo e Tipos de Formador:

Uma mesma ação poderá ter mais de um Formador. O Formador pode ser independente (sem vínculo com a companhia emissora, seus controladores ou grandes acionistas) ou contratado.

Regulamentação Pertinente:

IN CVM n° 384 de 17 de março de 2003 e Resolução n° 293/03 do Conselho de Administração da Bovespa.

FORMAÇÃO DO PREÇO À VISTA

- Oferta e procura.

- Determinantes: desempenho histórico; perspectivas futuras.

RISCOS NO MERCADO DE AÇÕES

- Sistêmico: ligado a fatores que afetam negativamente o mercado como um todo (todas as companhias negociadas). Para se proteger de seus efeitos, o Administrador de Carteira deve efetuar operações de “hedge” utilizando os mercados derivativos.

- Não Sistêmico: também conhecido como risco específico ou da empresa, é o risco inerente a uma empresa em particular. O Administrador de Carteira pode minimizar sua exposição a esse risco através da diversificação.

ESCOLAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

- Fundamentalista: baseada no estudo dos fundamentos econômico-financeiros das empresas.

- Técnica: também conhecida como Grafista, elabora análises com base no estudo de gráficos de comportamento das negociações dos ativos.

RETORNO DO INVESTIMENTO EM AÇÕES

A lucratividade é determinada por:

- Direitos e Proventos distribuídos.

- Variação das Cotações das Ações.

EVENTOS SOCIETÁRIOS

Dividendos:

Parte do lucro da empresa, após o imposto de renda, que é distribuída aos sócios da companhia. Para os acionistas os dividendos são isentos de IR.

Juros sobre capital próprio:

Recursos que são pagos aos acionistas como “retribuição ao aporte de capital que fizeram”. A empresa pode deduzir esse montante como custo de capital, enquanto os acionistas, aos receberem esses recursos, pagam 15% de IR na fonte.

Bonificação:

Ações novas, emitidas em função de aumento de capital decorrente da incorporação de reservas, que são distribuídas gratuitamente aos sócios.

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Desdobramento:

Ou “stock split”. A exemplo da bonificação, são ações novas que são distribuídas gratuitamente aos sócios. A diferença entre o desdobramento e a bonificação é que, nesse caso, não há alteração do capital da companhia, apenas aumento do número de ações.

Grupamento:

Evento oposto ao desdobramento. Nesse caso, a empresa emissora determina a troca de um determinado número de ações antigas por um número menor de ações novas. Por exemplo, em um grupamento de 100 para 1, os acionistas irão trocar 100 ações antigas por 1 ação nova. Usualmente esse evento é utilizado para melhorar as condições de liquidez das ações no mercado.

Subscrição Particular:

Ações novas que são emitidas pela companhia e vendidas preferencialmente aos atuais acionistas.

Subscrição Pública:

Ações novas que são emitidas pela companhia e vendidas para qualquer investidor nelas interessado, sem que haja preferência na venda para os atuais sócios.

Fórmula do Preço Ex-Téórico

Onde: Pex = preço Ex-Teórico

PV = último preço de fechamento “com direito” Div = valor do dividendo / juros

Jur = valor dos juros sobre o capital Bon = % da bonificação / desdobramento Sub = % da subscrição Pr = preço de emissão das ações V.Econ. = valor econômico de outros ativos distribuídos

CUSTOS DE TRANSAÇÃO

- Corretagem (receita da corretora);

- Emolumentos (receita da Bovespa);

- Taxa de Liquidação (receita da CBLC).

LOTE DE NEGOCIAÇÃO NO MERCADO À VISTA

- Padrão.

- Fracionário.

P ex = PV com – Jur + ( % Sub X Pr emissão ) – V. Econ

1 + % Bom + % Sub

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CODIFICAÇÃO

No mercado à vista - Lote Padrão -, o código do ativo é composto por quatro posições alfabéticas e uma ou duas posições numéricas.

ATIVO TIPO NÚMERO EXEMPLO

DIREITOS ORDINÁRIOS 01 VALE1

DIREITOS PREFERENCIAIS 02 VALE2

AÇÕES ORDINÁRIAS 03 VALE3

AÇÕES PREFERENCIAIS 04 VALE4

AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE A 05 VALE5

AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE B 06 VALE6

AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE C 07 VAL E7

AÇÕES PREFERENCIAIS CLASSE D 08 VALE8

RECIBOS ORDINÁRIOS 09 VALES

RECIBOS PREFERENCIAIS 10 VALE10

No mercado à vista fracionário, o código do ativo é igual ao do mercado à vista - Lote Padrão -, com acréscimo de um "F" ao final, por exemplo: VALE 3F.

FORMAS DE COTAÇÃO

- Unitária.

- Por Lote de Mil.

TRIBUTAÇÃO

MERCADO À VISTA - TRIBUTAÇÃO A PARTIR DE 01/01/2005

FATO GERADOR

ALÍQUOTA EM %

INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Venda 0,005% Valor da Venda Fonte Antecipação (*)

Venda 15% Ganho Líquido Mensal Isento se valor total das vendas no mês for menor que

R$ 20.000,00

Day-Trade 1% Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20% Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

OS ÍNDICES DAS BOLSAS DE VALORES

Os índices das bolsas de valores procuram medir a lucratividade média de uma carteira de ações, num determinado tempo.

Estes índices possibilitam aos investidores avaliar seus investimentos e a tendência dos negócios em geral; aos administradores dos fundos de investimentos, comparar seus desempenhos com o do mercado como um todo; às autoridades econômico-financeiras, utilizá-los como instrumentos de auxílio em suas análises da situação do país.

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Evidentemente, para que um indicador possa efetivamente ser utilizado para medir a lucratividade das ações negociadas em um mercado, o índice deve possuir o maior crédito possível junto a todas as instituições que, de uma forma ou de outra, tenham interesse neste mercado.

As ações que compõem o índice formam uma suposta carteira de investimentos, que deve representar de forma mais fiel e eficiente o comportamento do mercado.

A evolução dos índices das bolsas é uma informação de extrema importância que os analistas, investidores ou especuladores devem somar a outras, na avaliação de seus investimentos no mercado acionário.

Índices de Ações - Mecânica Operacional

Ação Quantidade Preço em D+0

Pontos do índice em D+0

Preço em D+1

Pontos do índice em D+1 Variação %

A 100 3,00 300 3,30 330 + 10,0

B 200 2,50 500 2,25 450 -10,0

C 400 0,50 200 0,60 240 + 20,0

Valor com a Carteira

1.000 1.020 +2.0

ÍNDICE BOVESPA

O Índice Bovespa foi criado em 1968, a partir da construção de uma carteira teórica de ações que em conjunto representam 80% do número de negócios e do volume transacionado à vista nos doze meses anteriores à formação da carteira. Sua função é ser indicador de desempenho médio das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Este índice não sofreu modificações metodológicas desde sua implantação, tendo apenas sofrido divisões do seu valor (por 100 e por 10), unicamente para efeito de divulgação. O número de ações que o compõe altera-se quadrimestralmente em função da participação relativa de cada ação nos últimos 12 meses; atualmente ele soma 66 papéis.

4.6.2.2 MERCADO A TERMO

No mercado a termo, compra-se ou vende-se um ativo com vencimento em determinada data futura (mínimo de 16 e máximo de 999 dias corridos), por um preço previamente estabelecido em mercado, resultando em um acordo/contrato entre as partes.

O preço a termo, que é fixado na abertura do negócio, é formado pelo preço à vista mais uma taxa de juros, que varia conforme o prazo da transação.

FORMAS DE ENCERRAMENTO

- Por decurso de prazo.

- Antes do decurso (os compradores podem solicitar o encerramento antes do decurso, mas isso não alterará o valor do preço a termo):

- Antecipada. - Por diferença.

GARANTIAS

São exigidas de ambos os participantes:

- Vendedor: cobertura, que é o depósito da totalidade dos títulos objeto da operação.

- Comprador: margem, que é o depósito de numerário e/ou ativos autorizados, em um valor estabelecido pela Bovespa / CBLC.

LIMITE DE POSIÇÕES EM ABERTO

A CBLC estabelece, para cada ativo objeto, limites máximos de posição - com base em um percentual das ações em circulação no mercado - que podem ser detidos por investidor, por intermediário e pelo mercado como um todo.

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CUSTOS DE TRANSAÇÃO

- Corretagem / Emolumentos / Taxa de Liquidação.

- Taxa de Registro.

TRIBUTAÇÃO

MERCADO A TERMO - TRIBUTAÇÃO A PARTIR DE 01/01/2005

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Venda (na abertura da

Operação) 0,005%

Diferença entre Preço a Termo e Preço à Vista na data da

Contratação

Fonte Antecipação (*)

Encerramento 15% Ganho Líquido Mensal

Encerramento da Venda Coberta

22,5% até 6m 20% até 12m

17,5% até 24m 15% acima de 24m

Ganho Líquido Fonte

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido.

ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO

Comprador a Termo:

- Fixação de Preço de Compra;

- Operação de Caixa.

Vendedor a Termo:

- Aumentar receita;

- Financiar.

OPERAÇÃO DE CAIXA

Operação através da qual um investidor vende à vista um lote de ações que possui e compra (no mesmo pregão) o mesmo lote a termo, por exemplo para 30 dias. O custo do financiamento é dado pela diferença entre os preços de compra e venda.

OPERAÇÃO DE FINANCIAMENTO

Operação através da qual um investidor compra à vista um lote de ações e o vende (no mesmo pregão) a termo, por exemplo para 30 dias. A diferença entre os dois preços é a remuneração pelo prazo do financiamento.

VANTAGEM DO FINANCIADO

O financiado (por exemplo, uma empresa que necessitou de recursos por 30 dias) não necessita recorrer a um banco, preencher ficha de cadastro, apresentar avalistas e comprar todo o tipo de serviço que as instituições bancárias exigem como reciprocidade para obter o empréstimo. O financiado realiza uma operação "Caixa" ao vender à vista as ações em carteira e simultaneamente abre uma posição comprada no Mercado a Termo para 30

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dias. No dia da realização desta operação, recebe os recursos para atender às suas necessidades de capital de curto prazo. Ao final de 30 dias, recompra as mesmas ações no Mercado a Termo, isto porque sua intenção não é se desfazer das ações de sua carteira.

VANTAGEM DO FINANCIADOR

Irá receber de volta os recursos aplicados com uma taxa de juros embutida, que remunera o seu capital.

MERCADO A TERMO FLEXÍVEL

Modalidade de contrato a termo na qual o comprador pode vender à vista as ações lastro da operação - depositadas pelo vendedor como cobertura -, sem que isso seja considerado uma liquidação antecipada, e utilizar o produto da venda para adquirir outras ações à vista, que passarão a ser o novo objeto da operação.

Caso o comprador faça uso dessa prerrogativa e efetivamente venda à vista as ações adquiridas a termo, a CBLC irá reter em dinheiro, do produto da venda, o valor equivalente ao compromisso financeiro da operação (quantidade de ações originalmente compradas a termo vezes o preço a termo original). A CBLC permitirá que esses recursos sejam utilizados exclusivamente para adquirir outras ações no mercado à vista, que ficarão retidas como sendo as novas ações objeto da operação.

O prazo máximo atualmente permitido para essa modalidade é de 90 dias corridos.

4.6.2.3 MERCADO FUTURO DE AÇÕES INDIVIDUAIS

CONCEITUAÇÃO

É a compra e venda de ações a um preço negociado entre as partes, para liquidação em uma data futura, previamente determinada. Diferentemente do Mercado a Termo, o preço do contrato futuro não é fixo até o vencimento da operação, sendo alterado diariamente em função das negociações ocorridas nesse segmento (ver procedimentos de ajuste, na seqüência deste texto).

MODALIDADE

A modalidade de futuro transacionada na Bovespa é conhecida como “futuro com ajuste diário de resultados”, ou seja, diariamente os preços de todas as posições em aberto são comparados a um preço de referência, chamado preço de ajuste, que é calculado para cada ação/vencimento.

FORMAÇÃO DO PREÇO FUTURO

Usualmente o preço do contrato futuro equivale ao preço à vista do papel, acrescido de uma fração correspondente à expectativa de taxas de juros entre o momento da negociação do contrato futuro e a respectiva data de liquidação do contrato.

PREÇO DE AJUSTE DIÁRIO

É calculado após o encerramento das negociações do dia, para cada papel e vencimento, correspondendo ao preço médio do papel no Mercado Futuro apurado no período de negociações da tarde.

PROCEDIMENTO DE AJUSTE DIÁRIO

O procedimento de ajuste é diferente para posições abertas no dia e para posições abertas em pregões anteriores:

a) Para posições abertas no dia: o preço do negócio é comparado com o preço de ajuste do dia. Se o resultado for positivo, o comprador é creditado e o vendedor debitado; se o resultado for negativo, ocorre o inverso.

Supondo que o preço do negócio realizado a futuro foi R$ 35,00 e que tanto o comprador quanto o vendedor não detinham posições anteriores e continuaram posicionados ao final da sessão:

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Se o preço de ajuste for superior ao do negócio, por exemplo R$ 36,10, o valor do ajuste será de R$ 1,10 (36,10 - 35,00), e portanto o comprador será creditado em R$ 1,10 e o vendedor debitado em R$ 1,10;

Se o preço de ajuste for inferior ao do negócio, por exemplo R$ 33,70, o valor do ajuste será de - R$ 1,30 (33,70 - 35,00), e portanto o comprador será debitado em R$ 1,30 e o vendedor creditado em R$ 1,30.

b) Para posições abertas em pregões anteriores: o preço de ajuste do dia é comparado ao preço de ajuste do dia anterior. Se o resultado for positivo, o comprado é creditado e o vendedor debitado, ocorrendo o inverso se o resultado for negativo.

Supondo que o preço de ajuste do dia anterior foi R$ 52,00:

Se o preço de ajuste do dia for superior, por exemplo R$ 54,00, o valor de ajuste será de R$ 2,00 (54,00 - 52,00), e portanto o comprador será creditado em R$ 2,00 e o vendedor debitado em R$ 2,00;

Se o preço de ajuste do dia for inferior, por exemplo R$ 50,60, o valor de ajuste será de - R$ 1,40 (50,60 - 52,00), e portanto o comprador será debitado em R$ 1,40 e o vendedor creditado em R$ 1,40 Os acertos financeiros dos ajustes ocorrem em D+1 de seu cálculo.

AÇÕES NEGOCIADAS NO MERCADO FUTURO

Somente ações previamente autorizadas podem ser transacionadas no Mercado Futuro de Ações.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE NEGOCIAÇÃO

O lote padrão das ações negociadas no Mercado Futuro é o mesmo vigente para o mercado à vista, bem como a forma de cotação. É permitida a realização de operações de day-trade nesse segmento.

ENCERRAMENTO ANTECIPADO DE POSIÇÕES

O investidor detentor de uma posição comprada ou vendida no Mercado Futuro que não desejar ir para a liquidação física pode sair de sua posição realizando uma operação de natureza oposta.

VENCIMENTO

É o último dia em que um contrato futuro pode ser encerrado por meio da realização de uma operação oposta no próprio Mercado Futuro. Ocorre na terceira segunda-feira do mês de vencimento do contrato.

LIQUIDAÇÃO FÍSICA

Os contratos que permanecerem em aberto após o fechamento do dia do vencimento terão obrigatoriamente liquidação física.

PREÇO DE LIQUIDAÇÃO

Será o preço médio à vista da ação no período da tarde do dia do vencimento.

CODIFICAÇÃO

Possui sete posições, sendo as quatro primeiras relativas ao código do ativo no mercado à vista; a quinta posição é uma letra de “A” a “L” que indica o mês de vencimento (igual ao procedimento adotado para as opções de compra); a sexta posição é numérica e utilizada para indicar o tipo da ação; a sétima posição é a letra “X” como indicação de mercado futuro.

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Por exemplo:

TNLPL4X TNLP: código da empresa TELEMAR L: mês de vencimento, no caso dezembro 4: indica o tipo (PN) X: indica que é Mercado Futuro

GARANTIAS

São exigidas tanto do comprador quanto do vendedor, podem ser cobertura ou margem. É importante ressaltar que o vendedor coberto fica dispensado do depósito de margem de garantia, mas continua participando dos procedimentos de ajuste diário.

PROVENTOS

- Em dinheiro e direitos de preferência: o valor líquido recebido e/ou o valor teórico do direito é descontado do último preço de ajuste “com-direito”.

- Em ações: os contratos passam a ser negociados na forma “com-direito” até o vencimento.

CUSTOS DE NEGOCIAÇÃO

Operações Normais (C e V): BOVESPA CBLC Emolumentos: 0,0055% - Registro: 0,0032% 0,0076%

Liquidação: - 0,0017%

Total Bovespa + CBLC 0,0180%

Operações de day-trade: BOVESPA CBLC Emolumentos: 0,0055% - Registro: 0,0006% 0,0015%

Liquidação: - 0,0017%

Total Bovespa + CBLC 0,0093%

TRIBUTAÇÃO

MERCADO FUTURO DE AÇÕES - TRIBUTAÇÃO A PARTIR DE 01/01/2005

FATO GERADOR AUQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Encerramento da Posição 0,005 Resultado positivo da soma

algébrica dos ajustes diários Fonte Antecipação (*)

Encerramento da Posição 15 Ganho Líquido Mensal

Day-Trade 1 Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20 Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

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POR QUE PARTICIPAR DO MERCADO FUTURO DE AÇÕES?

- Maiores retornos;

- Operar com expectativa de queda dos preços;

- Hedge;

- Arbitrando as expectativas de performance relativas de duas ações;

- Mudança de exposição em ações.

4.6.2.4 MERCADO DE OPÇÕES

CONCEITUAÇÃO

É o mercado onde não se negociam ativos financeiros ou commodities, e sim direitos de compra ou de venda de um lote de ações, ativos financeiros ou commodities, com preços e prazos de exercício preestabelecidos contratualmente. Por esses direitos, o titular de uma opção paga um prêmio, podendo exercê-los - a qualquer momento ou somente no dia do vencimento, dependendo do estilo da opção - ou revendê-los no mercado durante o período de validade da opção.

Assim, a opção é um contrato que dá ao seu detentor (ou comprador) o direito, mas não a obrigação de comprar o ativo objeto caso seja uma opção de compra, e vendê-lo caso seja uma opção de venda, pelo preço acordado, na data de vencimento da operação ou até esta. Em contrapartida, o vendedor (ou lançador) tem a obrigação de vender, caso tenha vendido uma opção de compra, e tem a obrigação de comprar, caso tenha vendido uma opção de venda.

TIPOS DE OPÇÕES

Opção de Compra (Call): o direito de comprar uma quantidade específica de um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em prazo determinado.

Opção de Venda (Put): o direito de vender uma quantidade específica de um ativo objeto, a um determinado preço de exercício e em prazo determinado.

Opções Européias: o comprador da opção tem o direito de exercício somente na data de vencimento.

Opções Americanas: o comprador da opção tem direito de exercer a opção a qualquer tempo até a data de vencimento.

CONCEITOS IMPORTANTES

Ativo Objeto: é o ativo objeto a que a opção se refere.

Preço Exercício: preço ao qual a opção poderá ser exercida.

Prêmio: preço negociado para adquirir o direito de exercício da opção.

Vencimento: quando ou até que data esta opção pode ser exercida.

Posição: é o saldo resultante de uma ou mais operações com opção da mesma série, realizadas em nome de um mesmo investidor, através de uma mesma corretora. Dependendo da natureza do saldo, a posição será de lançador ou titular.

Bloqueio de Posição: é a operação através da qual o lançador impede o exercício sobre parte ou a totalidade de sua posição, mediante prévia compra de opção da mesma série da anteriormente lançada.

Série: são opções do mesmo tipo (compra ou venda) referentes ao mesmo ativo objeto, tendo a mesma data de vencimento e o mesmo preço de exercício.

CODIFICAÇÃO DAS OPÇÕES NA BOVESPA

Possui sete posições, sendo as quatro primeiras referentes ao código do ativo no mercado à vista; a quinta letra indica se é uma opção de compra ou de venda e o mês de vencimento (de “A” a “L” é opção de compra e de “M” a “X” é opção de venda, sendo que “A” e ‘M” referem-se ao mês de vencimento de janeiro, “B” e “N” a fevereiro e assim sucessivamente, até “L” e “X”, que indicam dezembro). A sexta e sétima posições são numéricas e referem-se à série específica daquela opção.

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Por exemplo:

PETR H 40 PETR: código da empresa PETROBRAS H: tipo da opção (compra) e mês de vencimento (agosto) 40: preço de exercício (*)

(*) sempre que possível esses números são semelhantes ao preço de exercício da opção, mas há exceções. Recomenda-se, portanto, sempre verificar o preço de exercício efetivo de uma determinada série (nos sites da Bovespa ou da CBLC, ou no Boletim de Informações) antes de se executar uma operação.

OPÇÃO DE COMPRA

O titular adquire o direito, e não uma obrigação de comprar um ativo objeto em uma data futura a um preço preestabelecido. Ao lançador cabe vender caso o comprador exerça seu direito de compra. São chamadas de CALL.

OPÇÃO DE VENDA

O titular adquire o direito e não obrigação de venda de um ativo objeto em uma data futura a um preço preestabelecido. Ao lançador cabe comprar caso o comprador exerça o seu direito de venda. São chamadas de PUT.

POR QUE PARTICIPAR DO MERCADO OPÇÕES?

- Seguro ou Hedge: a operação tem por objetivo a proteção contra o risco de grandes variações de preço do ativo objeto no futuro (moedas, juros, commodities, ações, empréstimos, etc.).

- Gerar Renda: quando o valor do ativo objeto tem pequenas variações de preço (alta ou queda).

- Realizar Lucros Especulativos: quando se aposta na direção do mercado e o resultado corresponde.

A expectativa do potencial de variação de preço do ativo objeto e da opção define o objetivo da operação.

OPÇÕES TITULAR LANÇADOR

Compra

Expectativa de Alta

Garantia de Preço

Alavancagem

Hedge de Posição Vendida

Expectativa de Baixa

Operação Casada

Renda Adicional

Venda

Expectativa de Baixa

Hedge de Posição Comprada

Operar Expectativa de Baixa

Expectativa de Alta

Operação Casada

Renda Adicional

FORMAÇÃO DO PRÊMIO

O prêmio da opção é negociado em mercado e seu valor depende da relação entre o preço de exercício e o preço à vista da ação-objeto (valor intrínseco), da volatilidade histórica do ativo/mercado (taxa de risco) e da rentabilidade prevista dos demais ativos (taxa de juros).

Exemplo: supondo que, faltando 20 dias para o vencimento, o preço à vista de YPT seja R$ 50,90, e que uma opção de compra sobre YPT com preço de exercício R$ 40,00 esteja cotada a R$ 14,00. Este prêmio pode assim ser dividido:

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Prêmio: R$ 14,00

Valor Intrínseco = R$ 10,90

Valor Tempo = R$ 3,10

Os preços das opções são formados pelo valor intrínseco mais o valor tempo.

Preço corrente do ativo objeto

Valor Intrínseco

Preço de exercício da opção

Maturidade (prazo até o vencimento)

Preço esperado no vencimento Volatilidade

Valor Tempo

Custo de fundos (funding)

Fluxo de caixa no período Renda corrente (yield)

VALOR INTRÍNSECO (o valor intrínseco de uma opção não pode ser menor ou igual a zero)

a) Valor intrínseco de uma Call: (preço corrente) - (preço de exercício)

Preço Corrente Preço de Exercício Valor Intrínseco

R$ 30 R$ 50 R$ 0 (fora do preço) R$ 40 R$ 50 R$ 0 (fora do preço) R$ 50 R$ 50 R$ 0 (no preço) R$ 60 R$ 50 R$ 10 (dentro do preço) R$ 70 R$ 50 R$ 20 (dentro do preço)

b) Valor intrínseco de uma Put: (preço de exercício) - (preço corrente)

Preço Corrente Preço de Exercício Valor Intrínseco R$ 30 R$ 50 R$ 20 (dentro do preço) R$ 40 R$ 50 R$ 10 (dentro do preço) R$ 50 R$ 50 R$ 0 (no preço) R$ 60 R$ 50 R$ 0 (fora do preço) R$ 70 R$ 50 R$ 0 (fora do preço)

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VALOR TEMPO

Vamos supor que, faltando 32 dias para o vencimento das opções, você adquiriu opções de compra sobre ações XYZ com preço de exercício a R$ 74,00, pagando um prêmio de R$ 6,60.

Pergunta: considerando que o preço à vista de XYZ no dia da compra das opções era de R$ 77,50, como podemos descrever a composição do prêmio pago por você?

Resposta: Em primeiro lugar, devemos verificar se no momento da sua aquisição a posse da opção trouxe alguma vantagem econômica. Como a opção adquirida lhe assegurou o direito de comprar por R$ 74,00 (o preço de exercício) uma ação que já estava cotada no mercado à vista por R$ 77,50, concluímos que essa vantagem / benefício econômico foi de R$ 3,50. Esse é o chamado valor intrínseco da opção. Como você pagou R$ 6,60 pela opção, logo a diferença, ou seja, R$ 3,10, é o chamado valor tempo.

Pergunta: por que pagou esses R$ 3,10 adicionais?

Resposta: ainda faltam 32 dias para o vencimento e você acha que XYZ até o vencimento estará sendo negociada por mais de R$ 80,60.

Considere que, faltando 32 dias para o vencimento das opções, você adquiriu opções de compra sobre ações XYZ com preço de exercício a R$ 90,00, pagando R$ 0,70 de prêmio.

Pergunta: dado que o preço à vista de XYZ no momento da compra era de R$ 77,50, sua opção tinha algum valor intrínseco?

Resposta: a questão proposta, em outros termos, é se existia alguma vantagem econômica no momento da aquisição da opção, de se ter o direito de comprar por R$ 90,00 uma ação que estava sendo negociada a R$ 77,50. Analisando dessa maneira, fica fácil concluir que não. Todo o valor do prêmio pago, portanto, é composto pelo chamado valor tempo.

GARANTIAS

- Para o Titular de Opções: o titular no Mercado de Opções está isento de prestar garantias, pois o risco máximo que pode correr é ele não exercer sua posição e perder o prêmio pago.

- Para o Lançador de Opções: somente das posições lançadoras é exigida a prestação de garantias, e a finalidade da garantia é assegurar o cumprimento da obrigação assumida.

- Lançador Coberto: deposita os títulos relativos à Opção.

- Lançador Descoberto: deposita margem em dinheiro ou os mesmos ativos aceitos no mercado a termo, conforme cálculo efetuado pela Clearing. A margem depositada é o resultado da soma dos seguintes componentes: margem de prêmio (prêmio de fechamento do dia) e margem de risco (maior prejuízo potencial projetado para o dia seguinte).

LIMITES DE POSIÇÕES EM ABERTO

A CBLC estabelece, para cada ativo objeto, limites máximos de posição - usualmente com base em um percentual das ações em circulação no mercado - que podem ser detidos por investidor, por intermediário e pelo mercado como um todo. No caso do mercado de opções os limites abrangem os seguintes níveis:

- Por investidor: total das posições em aberto; total por série; total das posições descobertas; total por série descoberta.

- Por intermediário: total das posições em aberto e total das posições descobertas.

- Para o mercado: total das posições em aberto e total das posições descobertas.

CUSTOS DE TRANSAÇÃO

- Emolumentos / Taxa de Liquidação;

- Taxa de Registro;

- Taxa de Corretagem.

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_____________________________________________________________________________________ 41

TRIBUTAÇÃO

MERCADO DE OPÇÕES - TRIBUTAÇÃO A PARTIR DE 01/01/2005

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Negociação de Opções 0,005

Resultado, se positivo, da soma algébrica dos

prêmios pagos e recebidos no mesmo dia

Antecipação (*)

Venda 15 Ganho Líquido Mensal

Encerramento de Box

22,5% até 6m 20,0% até 12m 17,5% até 24m

15% acima de 24m

Ganho Líquido Fonte

Day-Trade 1 Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20 Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurados nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

OPÇÕES SOBRE ÍNDICE DE AÇÕES

Opções de compra e de venda sobre o índice Bovespa, o índice Bovespa Mini e o lBrX50, sendo cada contrato equivalente ao direito de comprar ou vender um índice. Os preços de exercidos e os prêmios transacionados são cotados em pontos do índice, com cada ponto equivalendo a um valor em reais (atualmente R$ 1,00) estabelecido pela bolsa.

POP - PROTEÇÃO DO INVESTIMENTO COM PARTICIPAÇÃO

Instrumento que permite ao investidor comprar ações, protegendo-se de uma eventual desvalorização do preço no mercado à vista, ao estabelecer um preço mínimo de venda desses ativos (o preço de exercício POP).

Em troca desta proteção o investidor abre mão de uma parte de sua rentabilidade (atualmente 20% ou 30% da valorização do preço à vista que exceder o preço de exercício) em caso de alta nas cotações do papel no mercado à vista.

____________________________________________________________________________________________

4.7 GOVERNANÇA CORPORATIVA

É o resultado da combinação do direito e práticas voluntárias apropriadas do setor privado que habilitam a companhia a:

- atrair capital financeiro e humano;

- desempenhar suas metas de modo eficaz;

- perpetuar sua capacidade de gerar valor a longo prazo;

- respeitar o interesse de todos os acionistas e da sociedade como um todo.

O objetivo é assegurar a todos os acionistas equidade, transparência, responsabilidade pelos resultados e obediência às leis.

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O NOVO MERCADO DA BOVESPA

O Novo Mercado é um segmento de listagem destinado à negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela legislação. A valorização e a liquidez das ações são influenciadas positivamente pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações prestadas pelas companhias. Essa é a premissa básica do Novo Mercado.

A entrada de uma companhia no Novo Mercado ocorre por meio da assinatura de um contrato e implica a adesão a um conjunto de regras societárias, genericamente chamadas de “boas práticas de governança corporativa”, mais exigentes que as presentes na legislação brasileira. Essas regras, consolidadas no Regulamento de Listagem do Novo Mercado, ampliam os direitos dos acionistas, melhoram a qualidade das informações usualmente prestadas pelas companhias, bem como a dispersão acionária e, ao determinar a resolução dos conflitos societários por meio de uma Câmara de Arbitragem, oferecem aos investidores a segurança de uma alternativa mais ágil e especializada.

A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a exigência de que o capital social da companhia seja composto somente por ações ordinárias. Porém, esta não é a única exigência. Por exemplo, a companhia aberta participante do Novo Mercado tem como obrigações adicionais:

* Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia (tag along).

* Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado.

* Conselho de Administração com mínimo de cinco membros e mandato unificado de até dois anos, permitida a reeleição. No mínimo 20% dos membros deverão ser conselheiros independentes.

* Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais (ITRs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras trimestrais - entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a demonstração dos fluxos de caixa.

* Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras anuais - entre outras, a demonstração dos fluxos de caixa.

* Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais IFRS ou US GAAP.

* Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém informações corporativas - entre outras: a quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições.

* Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez por ano.

* Apresentação de um calendário anual, no qual conste a programação dos eventos corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc.

* Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes relacionadas.

* Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.

* Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital social da companhia.

* Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital.

* Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos societários.

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Além disso, a Bovespa irá classificar as demais empresas negociadas em dois níveis (1 e 2), dependendo do grau de atendimento aos seguintes itens:

Nível Nível Itens 1 2

x Conselho de Administração com mínimo de cinco membros e mandato unificado de até dois anos, permitida a reeleição. No mínimo 20% dos membros deverão ser conselheiros independentes.

x Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais IFRS ou US GAAP.

x Extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de, no mínimo, 80% deste valor para os detentores de ações preferenciais (tag along).

x Direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias, tais como: transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia e aprovação de contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo.

x Obrigatoriedade de realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação no Nível 2.

x Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos societários.

x x Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais (ITRs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras trimestrais - entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a demonstração dos fluxos de caixa.

x x Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras anuais - entre outras, a demonstração dos fluxos de caixa.

x x

Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs) - documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém informações corporativas - entre outras: a quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições.

x x Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez por ano.

x x Apresentação de um calendário anual, no qual conste a programação dos eventos corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc.

x x Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes relacionadas.

x x Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.

x x Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital social da companhia.

x x Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital.

BOVESPA MAIS

Segmento de listagem do mercado de balcão organizado idealizado para tornar o mercado acionário brasileiro acessível a um número maior de empresas, em especial àquelas atrativas aos investimentos de médio e longo prazos, e cuja preocupação com o retorno potencial sobrepõe-se à necessidade de liquidez imediata.

As empresas candidatas ao Bovespa Mais são aquelas que desejam ingressar no mercado de capitais de forma gradativa, ou seja, que acreditam na ampliação gradual da base acionária como o caminho mais adequado à sua realidade, destacando-se as de pequeno e médio porte que buscam crescer utilizando o mercado acionário como fonte de recursos.

Apesar de realizadas no mesmo sistema eletrônico de negociação utilizado no mercado principal, o que garante a facilidade de acompanhamento por todos os participantes do mercado, as negociações no Bovespa Mais são mais flexíveis, iniciando com um determinado número de leilões (Calls) diários em horários específicos, cujo número vai se ampliando à medida que o papel ganha liquidez, até chegar à negociação contínua (processo que pode ser antecipado caso a empresa contrate um formador de mercado).

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QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS SEGMENTOS DE LISTAGEM

BOVESPA MAIS NOVO MERCADO NÍVEL 2 NÍVEL 1 TRADICIONAL

Percentual Mínimo de Ações em Circulação

(free float)

25% de free float até o sétimo ano de listagem, ou condições mínimas de

liquidez

No mínimo 25% de free float

No mínimo 25% de free float

No mínimo 25% de free float Não há regra

Características das Ações Emitidas

Somente ações ON podem ser negociadas e

emitidas, mas é permitida a existência de PN

Permite a existência somente de ações ON

Permite a existência de ações ON e PN

(com direitos adicionais)

Permite a existência de ações ON e PN

Permite a existência de ações ON e PN

Conselho de Administração

Mínimo de três membros (conforme legislação)

Mínimo de cinco membros, dos quais pelo menos 20% devem ser

independentes

Mínimo de cinco membros, dos quais

pelo menos 20% devem ser

independentes

Mínimo de três membros (conforme legislação)

Mínimo de três membros (conforme

legislação)

Demonstrações Financeiras Anuais em Padrão Internacional

Facultativo US GAAP ou IFRS US GAAP ou IFRS Facultativo Facultativo

100% para ações ON Concessão de Tag Along 100% para ações ON 100% para ações ON

80% para ações PN

80% para ações ON (conforme legislação)

80% para ações ON (conforme legislação)

Adoção da Câmara de Arbitragem do Mercado Obrigatório Obrigatório Obrigatório Facultativo Facultativo

___________________________________________________________________________________________

4.8 MERCADO INTERNACIONAL

ADR'S - AMERICAN DEPOSITARY RECEIPTS

Os ADR's foram criados na década de 1920 com o objetivo principal de facilitar a negociação de “Securities” emitidas por companhias sediadas fora dos E.U.A., no mercado norte americano. O mercado de ADR's expandiu-se de forma importante durante as décadas de 70 e 80, crescendo de 585 programas em 1983 para 986 programas em 1993 e 1412 programas em junho de 2003, envolvendo 78 países emissores.

Os ADR's são instrumentos negociáveis que representam a propriedade indireta de “Securities” emitidas por companhias sediadas fora dos E.U.A.. São cotados em US$, e podem ser negociados em bolsas de valores americanas ou nos mercados OTC (“Over the Counter”, mercado de balcão onde são negociados as “Securities” não cotadas em bolsa).

Os ADR's são emitidos por um banco norte-americano (banco depositário), evidenciando a propriedade de “American Depositary Receipts”. Estes por sua vez representam uma certa quantidade de “Securities” emitidas por companhias sediadas fora dos E.U.A., mantidas em custódias por um banco sediado (banco custodiante) no país de origem das mesmas.

O público alvo para lançamento de ADR's são as empresas de grande porte, com boa situação econômica financeira e preferencialmente apresentando um importante volume de vendas para o mercado externo, permitindo às empresas não americanas o acesso às bolsas de valores norte-americanas.

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Níveis de ADR

Existem quatro diferentes níveis de ADR que se diferenciam basicamente com relação ao tipo de exigência de adaptação às regras americanas e quais os segmentos de mercado onde têm sua negociação autorizada:

Nível Mercado Tipo de Distribuição

144 A Balcão Secundária

1 Balcão Secundária

2 Bolsa Secundária

3 Bolsa Primária/Secundária

GDR'S - GLOBAL DEPOSITARY RECEIPTS

DRs que são ofertados para investidores em dois ou mais centros financeiros, fora do país de origem do emissor.

Os DRs podem ser ofertados de maneira pública ou privada: o método adotado definirá o segmento de investidores que poderão comprar/negociar estes instrumentos. Nos Estados Unidos, valores mobiliários ofertados através de emissão pública podem ser comprados por uma gama maior de investidores, no mercado de balcão ou em uma bolsa de valores nacional.

As emissões privadas podem somente ser vendidas para os chamados QIBs, Qualified Institutional Investors (Investidores Institucionais Qualificados).

BDR'S - BRAZILIAN DEPOSITARY RECEIPTS

BDR's são recibos brasileiros cujo lastro são ações de empresas estrangeiras. Os BDR's são regulamentados pelas Instruções CVM n° 331 e n° 332 (04 de abril de 2000), n° 431 (29 de maio de 2006) e n° 456 (22 de junho de 2007).

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5. FUNDOS DE INVESTIMENTO

Forma de investimento coletivo, administrado operacionalmente por instituições financeiras que captam recursos dos investidores, que adquirem cotas do fundo, formando um Patrimônio que aplicam em uma carteira de valores mobiliários. A gestão dessas carteiras pode também ser efetuada por instituições não financeiras especializadas.

EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA DE FUNDOS DE INVESTIMENTO NO BRASIL

Até 31 de dezembro de 2004 existiam dois grandes grupos de fundos de investimento:

- Fundos de Investimento Financeiros (FIF's), também denominados “Renda Fixa”, cuja carteira era formada preponderantemente por ativos de renda fixa (no mínimo 51%). Esses fundos, que em princípio eram regulados e fiscalizados pelo Bacen, passaram a ser de responsabilidade da CVM em 2001.

- Fundos de Investimento em Títulos e Valores Mobiliários (FITVM's), também conhecidos como “Fundos de Renda Variável”. Esses fundos, que já eram regulados e fiscalizados pela CVM, tinham como principal característica terem seu patrimônio composto, no mínimo, por 51% de ativos de renda variável.

BREVE HISTÓRICO DOS FIF'S

Os Fundos de Investimento Financeiros apresentaram um notável crescimento na segunda metade da década de 90. A ocorrência de uma grande crise mundial no segundo semestre de 1997 e seus efeitos no mercado financeiro brasileiro motivaram uma primeira regulamentação focada na informação/gerenciamento de risco:

CATEGORIAS DE RISCO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO FINANCEIROS (conforme definido pela Circular Bacen 2798 de 23/12/97 e revogada pela Circular 2949 de 5/11/99)

FAIXA DE ATUAÇÃO VALOR DAS OPERAÇÕES COM DERIVATIVOS

LIMITE DOS VALORES APLICADOS EM MARGENS DE GARANTIA E

PRÊMIO DE OPÇÕES

Conservadora Até 1 vez o PL 5% do PL

Moderada Até 3 vezes o PL 20% do PL

Agressiva Mais que 3 vezes o PL 50% do PL

A Circular n° 2958/00 do Bacen alterou a classificação dos FIF's, para o que está descrito no quadro resumo abaixo:

Aplicação Mínima da Carteira em:

Categoria Ativos/operações com rendimento igual ou

próximo ao referencial

Títulos públicos federais ou papéis

privados de baixo risco

Atuação nos Mercados Derivativos

Referenciado 95% 80% Até 1 vez o PL

Não Referenciado n.a. 80% Até 1 vez o PL

Genérico n.a. n.a. Liberdade de atuação (1)

n.a.: não se aplica.

(1) Eram obrigados a informar claramente, em todo o material de divulgação, a sua política de atuação e os riscos a ela inerentes.

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BREVE HISTÓRICO DOS FITVM'S

Os Fundos de Investimento em Títulos e Valores Mobiliários já eram regulamentados pela CVM e para funcionamento necessitavam solicitar autorização, conforme procedimentos determinados pela Instrução CVM n° 302/99, com alterações trazidas por diversas outras Instruções. A composição e diversificação de suas carteiras era regulada pela IN CVM n° 303/99, com alterações posteriores.

____________________________________________________________________________________________

5.1 FUNDOS DE INVESTIMENTO

O arcabouço legal que rege os dos Fundos de Investimentos segue o disposto na Instrução CVM n° 409 de 18 de agosto de 2004, com alterações determinadas pela Instrução CVM n° 411/04, n° 413 de 30 de dezembro de 2004, n° 450 de 30 de março de 2007, n° 456 de 22 de junho de 2007 e n° 465 de 20 de fevereiro de 2008.

DEFINIÇÃO

O Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros (Art. 2º da IN CVM n° 409/04), podendo ser constituído sob a forma de condomínio aberto, em que os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo, ou fechado, em que as cotas somente são resgatadas ao término do prazo de duração do fundo (Art. 5º).

Para efeito da IN CVM n° 409, consideram-se ativos financeiros (Art. 2º):

I - títulos da dívida pública;

II - contratos derivativos;

III - desde que a emissão ou negociação tenha sido objeto de registro ou de autorização pela CVM, ações, debêntures, bônus de subscrição, seus cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramentos, certificados de depósito de valores mobiliários, cédulas de debêntures, cotas de fundos de investimento, notas promissórias, e quaisquer outros valores mobiliários, que não os referidos no inciso IV;

IV - títulos ou contratos de investimento coletivo, registrados na CVM e ofertados publicamente, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros;

V - certificados ou recibos de depósitos emitidos no exterior com lastro em valores mobiliários de emissão de companhia aberta brasileira;

VI - o ouro, ativo financeiro, desde que negociado em padrão internacionalmente aceito;

VII - quaisquer títulos, contratos e modalidades operacionais de obrigação ou co-obrigação de instituição financeira; e

VIII - warrants, contratos mercantis de compra e venda de produtos, mercadorias ou serviços para entrega ou prestação futura, títulos ou certificados representativos desses contratos e quaisquer outros créditos, títulos, contratos e modalidades operacionais desde que expressamente previstos no regulamento.

Notas:

(A) Os ativos cuja liquidação possa se dar por meio da entrega de produtos, mercadorias ou serviços deverão:

I - ser negociados em bolsa de mercadorias e futuros que garanta sua liquidação; ou

II - ser objeto de contrato que assegure ao fundo o direito de sua alienação antes do vencimento, com garantia de instituição financeira ou de sociedade seguradora, observada, neste último caso, a regulamentação da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP.

(B) Somente poderão compor a carteira do fundo os ativos financeiros admitidos à negociação em bolsa de valores, de mercadorias e futuros, ou registrados em sistema de registro, de custódia ou de liquidação financeira devidamente autorizado pelo Bacen ou pela CVM, nas suas respectivas áreas de competência.

(C) Não dependerão do registro de que trata o § 3º as cotas de fundos de investimento aberto.

(D) Os ativos financeiros referidos no § 1º incluem os ativos financeiros da mesma natureza econômica negociados no exterior, nos casos e nos limites admitidos na Instrução, desde que a possibilidade de sua aquisição esteja expressamente prevista em regulamento e:

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I - sejam admitidos à negociação em bolsas de valores, de mercadorias e futuros, ou registrados em sistema de registro, custódia ou de liquidação financeira devidamente autorizados em seus países de origem e supervisionados por autoridade local reconhecida; ou

II - cuja existência tenha sido assegurada pelo custodiante do fundo, que deverá contratar, especificamente para esta finalidade, terceiros devidamente autorizados para o exercício da atividade de custódia em países signatários do Tratado de Assunção ou em outras jurisdições, desde que, neste último caso, supervisionados por autoridade local reconhecida.

(E) Os ativos financeiros negociados em países signatários do Tratado de Assunção equiparam-se aos ativos financeiros negociados no mercado nacional; e

(F) Os BDRs classificados como nível I, de acordo com o disposto no Art. 3º, § 1º, Inciso I e § 2º, da Instrução CVM n° 332, de 4 de abril de 2000, equiparam-se aos ativos financeiros negociados no exterior.

ADMINISTRAÇÃO

Os fundos podem ser administrados por pessoas jurídicas autorizadas pela CVM para o exercício profissional de administração de carteira (§ único do Art. 3º).

CLASSIFICAÇÃO

Da denominação do fundo deve constar a expressão “Fundo de Investimento”, acrescida da classificação do fundo (Art. 4º). Quanto à composição de sua carteira, os fundos de investimento e os FICs deverão pertencer a uma das seguintes classes (Art. 92):

I - Curto Prazo (Art. 93)

Aplicação exclusiva em títulos públicos federais ou privados de baixo risco de crédito, prefixados ou indexados à taxa SELIC ou outra taxa de juros, ou títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 dias, e prazo médio da carteira do fundo inferior a 60 dias, sendo permitida a utilização de derivativos somente para proteção de carteira e a realização de operações compromissadas com títulos públicos federais. É vedada a esses fundos a cobrança de taxa de performance, salvo se for destinado a investidor qualificado.

II - Referenciado

Devem identificar em sua denominação o seu indicador de desempenho e atender cumulativamente às seguintes condições (Art. 94):

1 - ter 80% do seu P.L., no mínimo, isolada ou cumulativamente em:

- títulos de emissão do Tesouro Nacional e/ou Banco Central do Brasil, e/ou

- ativo de renda fixa cujo emissor seja classificado como de baixo risco de crédito por agência de classificação de risco localizado no país;

2 - no mínimo 95% de sua carteira seja composta por ativos financeiros cuja rentabilidade acompanhe, direta ou indiretamente, a de seu indicador de desempenho (“benchmark”);

3 - façam operações com derivativos somente para hedge da carteira e somente até o limite desta.

Obs.:

- É vedada a esses fundos a cobrança de taxa de performance, salvo se for destinado a investidor qualificado.

- O disposto no item 1 acima não se aplica aos fundos referenciados em índices do mercado de ações.

III - Renda Fixa

No mínimo 80% de sua carteira aplicada em ativos relacionados diretamente ou sintetizados via derivativos, ao seu fator de risco - variação da taxa de juros doméstica ou de índice de preços, ou ambos (Art. 95, § 4º).

É vedada a esses fundos a cobrança de taxa de performance, salvo se for destinado a investidor qualificado, ou seja, classificado como “Longo Prazo”.

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IV - Cambial

No mínimo 80% de sua carteira aplicada em ativos relacionados diretamente ou sintetizados via derivativos, ao seu fator de risco - variação de preços de moeda estrangeira, ou a variação do cupom cambial (Art. 95, § 6º).

V - Ações

Os fundos classificados como “Ações” deverão ter como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado.

Esses fundos deverão ter:

I - 67%, no mínimo, de seu patrimônio líquido deverão ser compostos pelos seguintes ativos:

a) ações admitidas à negociação em bolsa de valores ou entidade do mercado de balcão organizado;

b) bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações admitidas à negociação nas entidades referidas na alínea “a”;

c) cotas de fundos de ações e cotas dos fundos de índice de ações negociadas nas entidades referidas na alínea “a”; e

d) BDRs classificados como nível II e III, de acordo com o Art. 3º, §1º, Incisos II e III da Instrução CVM n° 332, de 04 de abril de 2000.

II - o patrimônio líquido do fundo que exceder o percentual fixado no Inciso I poderá ser aplicado em quaisquer outras modalidades de ativos financeiros.

O investimento nos ativos financeiros indicados anteriormente não estará sujeito a limites de concentração por emissor, desde que o regulamento, prospecto e material de venda do fundo, bem como os extratos enviados aos clientes, contenham, com destaque, alerta de que o fundo pode estar exposto à significativa concentração em ativos de poucos emissores, com os riscos daí decorrentes.

O disposto acima não se aplica aos BDRs classificados como nível I, de acordo com o Art. 3º, § 1º, Inciso I da Instrução CVM n° 332, de 4 de abril de 2000.

De acordo com o estilo de gestão de carteira, os fundos de ações podem ser classificados como:

- Ativos: quando o gestor tem atuação ativa na montagem da carteira de ações do fundo, ou seja, escolhe as ações e decide qual a proporção de cada uma na carteira. Usualmente o objetivo é apresentar uma performance diferenciada e/ou superior à apresentada pelos índices de ações.

- Passivos: quando o gestor estabelece como estratégia formar uma carteira de ações igual ou muito semelhante à carteira teórica de algum índice de ações (Ibovespa, IBrX50, etc.). Nesse caso o objetivo é propiciar um retorno o mais próximo possível ao apresentado pelo índice de referência.

VI - Dívida Externa

No mínimo 80% do seu P.L. aplicado em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União, podendo aplicar até 20% do P. L. em outros títulos de crédito transacionados no mercado internacional (Art. 96).

Recursos remanescentes podem ser:

I - utilizados em operações em mercados organizados de derivativos no exterior (exclusivamente para hedge) de títulos integrantes da carteira ou, até no máximo 10% do P.L., mantidos em conta de depósito no exterior;

II - utilizados em operações em mercados organizados de derivativos no país (exclusivamente para hedge dos títulos integrantes da carteira) administrados por bolsa de mercadoria e de futuros ou balcão com registro na CETIP - ou mantidos em conta de depósito à vista no país (no conjunto, no máximo 10% do P.L.).

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VII - Multimercado

Devem possuir políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial ou em fatores diferentes das demais classes previstas no Art. 92 (Art. 97). O regulamento dos fundos de que trata este artigo poderá autorizar a aplicação em ativos financeiros no exterior, no limite de 20% de seu patrimônio líquido.

Notas:

I - a aquisição de cotas de fundos classificados como “Dívida Externa” e de cotas de fundos de investimento sediados no exterior pelos fundos de que trata este artigo não está sujeita à incidência de limites de concentração por emissor (Art. 86);

II - o investimento em ativos financeiros listados Inciso I do § 1º do Art. 95-B pelos fundos de que trata este artigo não estará sujeito a limites de concentração por emissor, desde que o regulamento, prospecto e material de venda do fundo, bem como os extratos enviados aos clientes, contenham, com destaque, alerta de que o fundo pode estar exposto a significativa concentração em ativos de poucos emissores, com os riscos daí decorrentes.

FUNDOS DE LONGO PRAZO

Os fundos classificados como “Referenciado”, “Renda Fixa”, “Cambial”, “Dívida Externa” ou “Multimercado” que dispuserem, em seu regulamento ou prospecto, que têm o compromisso de obter o tratamento fiscal destinado a fundos de longo prazo previsto na regulamentação fiscal vigente estarão obrigados a:

I - incluir a expressão “Longo Prazo” na denominação do fundo; e

II - atender às condições previstas na referida regulamentação de forma a obter o referido tratamento fiscal.

O fundo que mencionar ou sugerir, em seu regulamento, prospecto ou em qualquer outro material de divulgação, que tentará obter o tratamento fiscal previsto para fundos de longo prazo, mas sem assumir o compromisso de atingir esse objetivo, ou que irá fazê-lo apenas quando considerar conveniente para o fundo, deverá incluir no prospecto e em seu material de divulgação, em destaque, a seguinte advertência: “Não há garantia de que este fundo terá o tratamento tributário para fundos de longo prazo”.

CONCENTRAÇÃO DE CRÉDITOS PRIVADOS (ART. 98)

Os fundos de Curto Prazo, Referenciados, Renda Fixa, Cambiais e Multimercado que realizarem aplicações em quaisquer ativos ou modalidades operacionais de responsabilidade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, exceto no caso de ativos financeiros listados no Inciso I do § 1º do Art. 95-B, ou de emissores públicos outros que não a União Federal que, em seu conjunto, excedam o percentual de 50% de seu patrimônio líquido, deverão observar as seguintes regras, cumulativamente àquelas previstas para sua classe:

I - na denominação do fundo deverá constar a expressão “Crédito Privado”;

II - o regulamento, o prospecto e o material de venda do fundo deverão conter, com destaque, alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquidação, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo; e

III - o ingresso no fundo será condicionado à assinatura de termo de ciência dos riscos inerentes à composição da carteira do fundo, vedada a utilização de sistemas eletrônicos para esse fim.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÍNIMO

O fundo que mantiver P.L. médio diário inferior a R$ 300.000,00 pelo período de 90 dias consecutivos deve ser imediatamente liquidado ou incorporado a outro fundo (Art. 105).

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REGULAMENTO E POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

Todo cotista, ao ingressar no fundo, deve atestar que recebeu o regulamento do fundo, tomou ciência dos riscos envolvidos e da política de investimentos bem como, se for o caso, tomou ciência da possibilidade de ocorrência de patrimônio líquido negativo e de sua responsabilidade por conseqüentes aportes adicionais de recursos (Art. 30).

RESPONSABILIDADE POR EVENTUAL P.L. NEGATIVO

Desde que esta seja decorrente da política de investimentos prevista no regulamento do fundo, será dos cotistas (Art. 13).

PRAZO DE CARÊNCIA PARA RESGATE

O regulamento do fundo poderá estabelecer prazo de carência para resgate, com ou sem rendimento (Art. 15).

DISTRIBUIÇÃO DE COTAS

A distribuição de cotas de fundo aberto independe de prévio registro na CVM e será realizada por instituições intermediárias integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários (Art. 19).

A distribuição de cotas de fundo fechado depende de prévio registro na CVM e será realizada por instituições intermediárias integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários (Art. 20) e, exceto se for destinado a investidores qualificados, deverá ser precedida de registro de oferta pública, nos termos da IN CVM n° 400/03 (Art. 22).

PROSPECTO (ART. 40)

O prospecto deve conter, entre outras informações, as seguintes:

a - metas e objetivos de gestão do fundo, bem como seu público alvo;

b - política de investimento e faixas de alocação de ativos;

c - especificação das taxas e demais despesas do fundo;

d - condições de resgate de cotas e, se for o caso, prazo de carência;

e - identificação dos riscos assumidos pelo fundo;

f - política de administração desses riscos, inclusive os métodos utilizados nesse gerenciamento;

g - percentual máximo de cotas que pode ser detido por um único cotista.

AVISO SOBRE RISCOS DE OCORRÊNCIA DE P.L. NEGATIVO

O fundo que pretender realizar operações com derivativos que possam resultar em perdas patrimoniais ou, em especial, levar à ocorrência de P.L. negativo, deverá inserir na capa do seu prospecto e em todo o seu material de divulgação, de forma clara, legível e em destaque, uma das seguintes advertências, conforme for o caso (Art. 40, § 2º):

I - “ESTE FUNDO UTILIZA ESTRATÉGIAS COM DERIVATIVOS COMO PARTE INTEGRANTE DE SUA POLÍTICA DE INVESTIMENTO. TAIS ESTRATÉGIAS, DA FORMA COMO SÃO ADOTADAS, PODEM RESULTAR EM PERDAS PATRIMONIAIS PARA SEUS COTISTAS”; ou

II - “ESTE FUNDO UTILIZA ESTRATÉGIAS COM DERIVATIVOS COMO PARTE INTEGRANTE DE SUA POLÍTICA DE INVESTIMENTO. TAIS ESTRATÉGIAS, DA FORMA COMO SÃO ADOTADAS, PODEM RESULTAR EM PERDAS PATRIMONIAIS PARA SEUS COTISTAS, PODENDO INCLUSIVE ACARRETAR PERDAS SUPERIORES AO CAPITAL APLICADO E A CONSEQÜENTE OBRIGAÇÃO DO COTISTA DE APORTAR RECURSOS ADICIONAIS PARA COBRIR O PREJUÍZO DO FUNDO”.

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REMUNERAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ADMINISTRADORA

O regulamento deve dispor sobre a taxa de administração, podendo haver remuneração baseada no resultado do fundo (taxa de performance), bem como taxa de ingresso e saída (Art. 61).

A cobrança de taxa de performance, quando cabível, deve atender aos seguintes critérios (Art. 62):

I - vinculação a um parâmetro de referência compatível com a política de investimento do fundo e com os títulos que efetivamente a componham;

II - é vedada sua vinculação a percentuais inferiores a 100% do parâmetro de referência;

III - cobrança, após a dedução de todas as despesas (inclusive taxa de administração), por período, no mínimo, semestral.

É vedada sua cobrança quando o valor da cota for inferior ao seu valor por ocasião da última cobrança efetuada.

DA CARTEIRA (ART. 85)

O fundo deve manter seu patrimônio aplicado em títulos e valores mobiliários, ativos financeiros, conforme definição do Art. 2º, nos termos estabelecidos em seu regulamento, observados os limites de que trata esta Instrução.

As aplicações em ativos no exterior serão consideradas, cumulativamente, no cálculo dos correspondentes limites de concentração por emissor e por modalidade, e o regulamento, o prospecto e o material de venda do fundo deverão conter, com destaque, alerta de que o fundo está autorizado a realizar aplicações em ativos financeiros no exterior.

LIMITES POR EMISSOR

O fundo observará os seguintes limites de concentração por emissor, sem prejuízo das normas aplicáveis à sua classe (Art. 86):

I - até 20% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen;

II - até 10% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for companhia aberta;

III - até 10% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for fundo de investimento;

IV - até 5% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for pessoa física ou pessoa jurídica de direito privado que não seja companhia aberta ou instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen; e

V - não haverá limites quando o emissor for a União Federal.

LIMITE POR MODALIDADE DE ATIVO FINANCEIRO (ART. 87)

Cumulativamente aos limites por emissor, o fundo observará os seguintes limites de concentração por modalidades de ativo financeiro (Art. 92):

I - até 20% do patrimônio líquido do fundo, para o conjunto dos seguintes ativos:

a) cotas de fundos de investimento registrados com base nesta Instrução;

b) cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de investimento registrados com base nesta Instrução;

c) cotas de Fundos de Investimento Imobiliário - FII;

d) cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC;

e) cotas de Fundos de Investimento em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios - FICFIDC;

f) cotas de fundos de índice admitidos à negociação em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado;

g) Certificados de Recebíveis Imobiliários - CRI; e

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h) outros ativos financeiros não previstos no Inciso II deste artigo, desde que permitidos pelo § 1º do Art. 2º desta Instrução.

II - não haverá limite de concentração por modalidade de ativo financeiro para o investimento em:

a) títulos públicos federais e operações compromissadas lastreadas nestes títulos;

b) ouro, desde que adquirido ou alienado em negociações realizadas em bolsas de mercadorias e futuros;

c) títulos de emissão ou coobrigação de instituição financeira autorizada a funcionar pelo Bacen; e

d) valores mobiliários diversos daqueles previstos no Inciso I, desde que registrados na CVM e objeto de oferta pública de acordo com a Instrução CVM n° 400/03, observado, ainda, o disposto no Inciso II, do § 10 do Art. 86.

DOS DEVERES DO ADMINISTRADOR E DO GESTOR QUANTO AOS LIMITES DE CONCENTRAÇÃO (ART. 88)

O administrador e o gestor respondem pela inobservância dos limites de concentração por emissor e por modalidade de ativo financeiro, de composição e concentração de carteira, e de concentração em fator de risco, estabelecidos na regulamentação.

O administrador e o gestor deverão acompanhar diariamente o enquadramento aos limites estabelecidos nesta Instrução e o fator de risco da carteira do fundo, de forma a manter a classe adotada no regulamento e a política de investimento do fundo.

Entende-se por principal fator de risco de um fundo o índice de preços, a taxa de juros, o índice de ações ou o preço do ativo cuja variação produza, potencialmente, maiores efeitos sobre o valor de mercado da carteira do fundo.

FUNDO PARA INVESTIDORES QUALIFICADOS

Pode ser constituído fundo destinado exclusivamente a investidores qualificados (Art. 108).

São considerados Investidores Qualificados (Art. 109):

I - instituições financeiras;

II - seguradores e companhias de capitalização;

III - entidades abertas e fechadas e previdência complementar;

IV - pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 300.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito essa sua condição, de acordo com formulário apropriado;

V - fundos de investimento de investidores qualificados;

VI - administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;

VII - regimes próprios de previdência social instituídos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou por Municípios.

FUNDOS EXCLUSIVOS

São considerados “exclusivos” os fundos para investidores qualificados constituídos para receber aplicações exclusivamente de um único cotista (Art. 11-A).

FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO - FIC’s

Deverá manter, no mínimo, 95% de seu patrimônio investido em cotas de fundos de investimento de uma mesma classe, exceto os fundos de investimento em cotas classificados como “Multimercado”, que podem investir em cotas de fundos de classes distintas.

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Os restantes 5% do patrimônio do fundo poderão ser mantidos em depósitos à vista ou aplicados em:

I - títulos públicos federais;

II - títulos de renda fixa de emissão de instituição financeira;

III - operações compromissadas.

Advertência em caso de operações com derivativos (Art. 115):

Os FIC’s que realizarem operações com derivativos que possam resultar em perdas patrimoniais ou em Patrimônio Líquido negativo devem explicitar, na capa de seu prospecto e em todo o material de divulgação, texto de advertência idêntico ao que é exigido aos demais fundos de investimento.

FUNDOS PREVIDENCIÁRIOS (ART. 116)

Consideram-se “Previdenciários” os fundos constituídos para aplicação de recursos de:

I - entidades abertas ou fechadas de previdência privada;

II - regimes próprios de previdência social instituídos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou por Municípios; e

III - planos de previdência complementar aberta e seguros de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência.

TRIBUTAÇÃO DAS APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTO

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

A Portaria n° 264, de 30 de junho de 1999, do Ministério da Fazenda, determina a incidência de IOF de 1% ao dia sobre o valor de resgate, limitado ao rendimento da operação, em função do prazo, conforme tabela abaixo:

Regras de Tributação - IOF (Decreto n° 6.306 de 14 de dezembro de 2007)

IOF de 1% ao dia, sobre o valor do resgate, limitado ao rendimento da operação, em função do prazo, conforme tabela abaixo:

N° de dias % Limite

Tributado N° de dias

% Limite

Tributado N° de dias

% Limite

Tributado

1 96 11 63 21 30

2 93 12 60 22 26

3 90 13 56 23 23

4 86 14 53 24 20

5 83 15 50 25 16

6 80 16 46 26 13

7 76 17 43 27 10

8 73 18 40 28 6

9 70 19 36 29 3

10 66 20 33 30 0

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IMPOSTO DE RENDA (SITUAÇÃO A PARTIR DE 02 de janeiro de 2005)

Os rendimentos sujeitam-se à incidência de imposto de renda na fonte, observadas as seguintes alíquotas, em função do prazo de aplicação:

I - 22,5% para aplicações de até 6 meses;

II - 20% para aplicações de 6 meses e 1 dia até 12 meses;

III - 17,5% para aplicações de 12 meses e 1 dia até 24 meses;

IV - 15% para aplicações acima de 24 meses.

Os rendimentos serão apropriados semestralmente e tributados em 15%, sendo que por ocasião do resgate será aplicada alíquota complementar de acordo com o indicado acima.

Somente serão tributados de acordo com os itens III e IV aplicações realizadas em fundos classificados como de longo prazo.

Os Fundos e Clubes de Investimentos em Ações têm seus rendimentos tributados exclusivamente no resgate das quotas, à alíquota de 15%.

____________________________________________________________________________________________

5.2 FUNDOS DE ÍNDICE COM COTAS NEGOCIÁVEIS EM BOLSA DE VALORES OU MERCADO DE BALCÃO ORGANIZADO

Esses fundos são regulados pela Instrução CVM n° 359/02, sendo definidos como uma comunhão de recursos destinada à aplicação em carteira de títulos e valores mobiliários que vise refletir as variações e rentabilidade de um índice referência (índice de mercado, reconhecido pela CVM).

Deve ser constituído sob a forma de condomínio aberto, e pode ser administrado por pessoa jurídica autorizada pela CVM para o exercício profissional de atividade de administração de carteira, sendo vedada a cobrança de taxa de performance.

A integralização ou resgate de cotas somente podem ser efetuados por meio da transferência de valores mobiliários que componham o índice referência, na proporção do mesmo. O regulamento do fundo pode estabelecer lotes mínimo e máximo de valores mobiliários para efeito de emissão ou resgate de cotas.

As cotas desses fundos podem ser negociadas no mercado secundário obedecendo, nesse caso, as regras e procedimentos estabelecidos pela instituição que o administra (bolsa de valores ou instituição administradora do mercado de balcão organizado).

O fundo deve ter uma página na rede mundial de computadores, em língua portuguesa, com todas as informações a ele pertinentes consideradas importantes.

O fundo deve manter 95%, no mínimo, de seu P.L. aplicado em valores mobiliários ou outros ativos autorizados pela CVM, na proporção em que estes integram o índice referência ou em posições compradas no mercado futuro do índice de referência.

____________________________________________________________________________________________

5.3 CLUBE DE INVESTIMENTO

Instrumento de participação dos pequenos e médios investidores no mercado de ações, que pode ser administrado por uma sociedade corretora, distribuidora, banco de investimentos ou banco múltiplo com carteira de investimento. A participação é feita através da aquisição de cotas iguais, representativas de uma parcela do patrimônio do clube e sua rentabilidade depende do desempenho dos títulos componentes de sua carteira.

Difere-se dos fundos mútuos pelo limite de participantes - máximo de cento e cinqüenta, sendo que é assegurado a cada membro o direito de aumentar o número de suas cotas, por novos investimentos, até o limite máximo de 40% das cotas existentes - e pela possibilidade de participação na gestão dos recursos da carteira do clube.

____________________________________________________________________________________________

5.4 FUNDO IMOBILIÁRIO

Fundo de investimento constituído sob a forma de condomínio fechado, regulamentado pelas Instruções CVM n°s 205/94, 389/03 e 418/05, cujo patrimônio é destinado a aplicações em empreendimentos imobiliários. As cotas desses fundos, que não podem ser resgatadas, são registradas na CVM, podendo ser negociadas em bolsas de

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valores ou no mercado de balcão.

Somente podem administrar esses fundos: bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira de investimento ou de crédito imobiliário, corretoras e distribuidoras de valores, sociedades de crédito imobiliário, caixas econômicas e companhias hipotecárias.

____________________________________________________________________________________________

5.5 FUNDOS MÚTUOS DE INVESTIMENTO EM EMPRESAS EMERGENTES

Regulamentados pela Instrução CVM n° 209/94, com alterações determinadas pelas Instruções CVM n°s 225/94, 236/95, 253/96, 363/02, 368/02, 415/05, 435/06, 453/07 e 470/08.

São condomínios fechados com o objetivo de aplicar carteira diversificada de valores mobiliários de emissão de empresas emergentes, com prazo máximo de duração de 10 anos, prorrogáveis por mais 5 anos.

Esses fundos devem ter no mínimo 75% de suas aplicações em ações, debêntures conversíveis ou bônus de subscrição de emissão de empresas emergentes.

O valor mínimo de emissão de suas cotas é de R$ 20.000,00, sendo que as objeto de colocação pública registradas na CVM, após a integralização do preço de emissão, podem ser negociadas em bolsa de valores ou balcão organizado.

Para efeito dessa legislação, são consideradas empresas emergentes aquelas com faturamento líquido anual, ou faturamento líquido anual consolidado inferior a R$ 150 milhões (no exercício anterior à aquisição das ações pelo fundo). É vedado ao fundo investir em sociedade integrante de grupo de sociedades, cujo patrimônio líquido consolidado seja superior a R$ 300 milhões.

Esses fundos somente podem ser administrados por pessoa física ou jurídica autorizada pela CVM para exercer a atividade de administração de carteira de valores mobiliários.

A regulamentação aqui citada também se aplica a “Fundos de Investimentos em Empresas Emergentes Inovadoras” (IN CVM n° 415/05), que são aquelas sociedades anônimas cuja atividade principal seja voltada para a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social, que resulte em novos produtos, processos ou serviços (Inciso IV, Art. 2º da Lei n° 10.793/04).

____________________________________________________________________________________________

5.6 FUNDOS DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES

Regulamentados pela Instrução CVM n° 391/03, são condomínios fechados, com o objetivo de investir em companhias abertas ou fechadas, com efetiva participação na administração dessas companhias.

Suas cotas somente podem ser adquiridas por Investidores Qualificados, nos termos da regulamentação editada pela CVM relativamente aos FITVMs, sendo de R$ 100.000,00 o compromisso mínimo por investidor.

A administração do fundo deve ficar a cargo de pessoa jurídica autorizada pela CVM para exercer a administração de carteira de valores mobiliários, que poderá contratar terceira pessoa, igualmente habilitada para o exercício profissional de administração de carteira, para gerir a carteira do fundo.

____________________________________________________________________________________________

5.7 FUNDOS MÚTUOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS (FIDC) E FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS EM CONTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS (FICFIDC)

Regulamentados pela Instrução CVM n° 356/01 com alterações determinadas pelas IN’s CVM n°s 393/03, 435/06, 442/06, 446/06 e 458/07, podem ser condomínios abertos ou fechados que devem aplicar mais de 50% de seu patrimônio líquido em direitos creditórios.

Esses fundos somente poderão receber aplicações, bem como ter suas cotas negociadas em mercado secundário, quando o subscritor ou adquirente das cotas for investidor qualificado, sendo que o valor mínimo para realização de aplicações é de R$ 25.000,00.

Cada classe ou série de cotas destinada à colocação pública deve ser classificada por agência classificadora de risco em funcionamento no país. Esses fundos podem ser administrados por banco (múltiplo, comercial, de investimento), pela Caixa Econômica Federal, por financeira (SCFI), por corretora ou distribuidora de títulos e valores mobiliários.

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Para efeito dessa legislação são considerados direitos creditórios: os direitos e títulos representativos de crédito, originários de operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de serviços; aplicações em warrants e em contratos de compra e venda de produtos, mercadorias e/ou serviços para entrega ou prestação futura quem tenham garantia de instituição financeira ou companhia seguradora; direitos e títulos representativos de crédito de natureza diversa assim reconhecidos pela CVM.

Os Fundos de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FICFIDC) devem ter no mínimo 95% do seu P.L. aplicado em cotas de FIDC.

____________________________________________________________________________________________

5.8 SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

Operação financeira estruturada onde uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) ou uma Sociedade Securitizadora capta recursos, usualmente através da emissão de debêntures ou “commercial papers”, visando exclusivamente adquirir direitos creditórios (recebíveis) originados por uma ou mais companhias previamente selecionadas e analisadas.

Esse tipo de montagem, ao segregar o risco de crédito de seu originador, reduz o risco da operação para o investidor que compra os títulos emitidos pela instituição, normalmente permitindo que ela capte recursos a uma taxa de juros mais favorável.

Outra forma de se estruturar uma operação de securitização de recebíveis é a montagem de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.

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6. LIQUIDAÇÃO DAS OPERAÇÕES

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6.1 SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB)

UMA VISÃO MACRO

A função básica de um sistema de pagamentos é transferir recursos, bem como processar e liquidar pagamentos para pessoas, empresas, governo, Banco Central e instituições financeiras. Ou seja, praticamente todos os agentes atuantes em nossa economia.

O cliente bancário utiliza-se do sistema de pagamentos toda vez que emite cheques, faz compras com cartão de débito e de crédito ou ainda quando envia um DOC - Documento de Crédito.

O Bacen e o sistema bancário tiveram boas razões para reestruturar o SPB: reduzir significativamente riscos e manter o sistema financeiro nacional entre os mais modernos do mundo: seguro, eficiente, ágil e transparente.

O novo SPB foi implantado e testado pelo Bacen, pelas instituições financeiras e pelas Câmaras (de Pagamentos, de Ativos, de Câmbio e de Derivativos), criadas para permitir seu funcionamento a partir da mais avançada tecnologia e experiência internacionais em sistemas similares e da análise das particularidades do Sistema Financeiro Nacional.

Ao adotar um padrão consagrado internacionalmente, o Brasil entrou para o grupo de países que monitoram em tempo real as reservas de seus bancos. Dessa forma, evita surpresas e turbulências que possam dificultar o funcionamento do sistema financeiro e da economia e reduz os riscos das transações para todos aqueles que recebem pagamentos e transferências em geral.

O sistema financeiro brasileiro havia se modernizado e apresentava uma série de condições que nos permitiam considerá-lo um dos mais sólidos do mundo, mas ainda realizava a maioria dos pagamentos, inclusive os de grande valor, por intermédio do Sistema de Compensação tradicional, sem garantias e com resultados que somente se concretizavam ao final do dia útil seguinte.

A implantação do SPB absorveu, em valores, a maior parcela dessas transações e aumentou ainda mais essa solidez, reduzindo a possibilidade de uma instituição financeira que enfrente dificuldade para liquidar seus compromissos diários, afetar as demais instituições, seus clientes, investidores e o Bacen.

Para realizar transferências financeiras pelo novo SPB, as instituições precisam de recursos efetivamente disponíveis, depositados no Bacen, e garantias previamente constituídas, em valores diariamente atualizados na CIP - Câmara Interbancária de Pagamentos.

Essas condições e o monitoramento em tempo real das reservas dos bancos por meio de uma moderna e complexa rede de teleprocessamento de mensagens, criada para realizar transferências de recursos e de ativos em moeda nacional e estrangeira, proporciona mais solidez e qualidade ao Sistema Financeiro Nacional.

Essa rede interliga instituições financeiras às Câmaras de Pagamentos, de Ativos e de Câmbio e ao Sistema de Transferências de Reservas desenvolvido pelo Bacen, permitindo que troquem mensagens em tempo real.

BENEFÍCIOS DESSE SISTEMA

Possibilidade de transferência imediata de dinheiro: um cliente de um banco em Parintins (AM) pode transferir, no mesmo dia, dinheiro de sua conta corrente para a conta de outra pessoa em outro banco, em Santana do Livramento (RS), por exemplo.

Agilidade: os recursos ficam disponíveis no dia da transferência.

Segurança e confiabilidade: redução do risco de crédito nos pagamentos, que são irreversíveis (não podem ser sustados ou devolvidos por falta de fundos, como podem ocorrer com cheques).

O Brasil passou a ter um sistema de pagamentos similar aos melhores do mundo.

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AS SIGLAS UTILIZADAS

STR - Sistema de Transferência de Reservas.

TED STR - Transferência Eletrônica Disponível no Bacen (irrevogável, incondicional).

TED CIP - Transferência Eletrônica Disponível na Câmara Interbancária de Pagamentos.

Os clientes transferem seus recursos usando cheques ou DOCs. O dinheiro assim remetido, em geral, só fica disponível após a compensação tradicional que demora, no mínimo, um dia útil, havendo o risco, por exemplo, de devolução do cheque por falta de fundos.

O novo SPB oferece uma nova opção para transferência de recursos de um banco para outro, denominada Transferência Eletrônica Disponível - TED. Utilizando a TED o valor é creditado na conta do favorecido e estará disponível para uso assim que o banco destinatário receber a mensagem de transferência.

A nova opção oferece vantagem em relação aos cheques e DOCs, que continuam sendo processados normalmente no Sistema de Compensação.

O cliente pode transferir dinheiro via TED se os recursos estiverem efetivamente disponíveis em sua conta corrente. Para os clientes que possuem cheque especial ou conta garantida é possível efetuar transferências nos limites e condições contratadas com o banco.

Os recursos provenientes de depósitos em cheques e DOCs em sua conta poderão ser utilizados somente depois da compensação desses documentos.

A TED pode ser feita nas agências, nas centrais de atendimento telefônico ou pelo Internet Banking.

AS APLICAÇÕES FINANCEIRAS

As aplicações em fundos de investimentos feitas mediante saldo disponível em conta corrente e/ou através de TED rendem a partir do dia da sua realização. Os bancos, a seu critério, podem agendar aplicações de recursos bloqueados na conta corrente (depósitos em cheques ou DOCs) para datas futuras.

Já as aplicações em depósitos a prazo (CDB e RDB) podem ser acolhidas independentemente da condição do recurso na conta corrente, porém sob remuneração diferenciada, a critério de cada banco.

Os depósitos em poupança continuam sendo acolhidos e remunerados de acordo com as normas que já estavam em vigor.

CHEQUES SUPERIORES A R$ 5.000,00

Os bancos continuam processando cheques de valor igual ou superior a R$ 5.000,00, mas são obrigados a recolher parte expressiva dos seus valores no Bacen. Isso eleva o custo desse serviço para a instituição, que poderá aumentar seu preço para o cliente.

Além disso, o valor do cheque só está disponível, para quem recebe, findo o prazo de bloqueio. Por isso, os bancos recomendam aos clientes que desejam economizar com tarifas que dêem preferência à TED, nas transferências acima de R$ 5.000,00.

Assim como os demais serviços, os preços das transferências - eletrônicas ou não - variam de banco para banco.

Seria ideal que todas as transações pudessem ser feitas por sistemas eletrônicos de forma mais rápida, cômoda, segura e barata, tanto para os clientes quanto para os bancos, e com risco reduzido para a economia e a autoridade supervisora, responsável por sua fiscalização. Por isso, o Bacen decidiu implantar o novo SPB e estimular a sociedade a utilizar mecanismos mais seguros para a transferência de fundos - como a TED - para as transações de maior valor, reduzindo riscos e custos para todos.

A obrigação dos bancos de recolherem compulsoriamente ao Bacen parcela expressiva do valor dos cheques e DOCs superiores a R$ 5.000,00 cria um custo adicional para bancos e clientes, com o objetivo de desestimular a realização dessas transferências pelos meios tradicionais. Não afeta, contudo, a grande maioria dos clientes. As transações superiores a esse valor representavam menos de 2% do total de documentos emitidos pelos clientes e usuários dos bancos.

A principal diferença entre essas formas de transferência de recursos está relacionada ao tempo em que são efetivadas.

Um DOC, que transita pela COMPE - Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis, leva um dia útil para ser compensado, de forma que o recebedor somente tem a informação do crédito no dia útil seguinte à sua emissão pelo pagador. Já a TED tem liquidação no próprio dia, ou seja, atualiza o saldo da conta do recebedor na

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mesma data em que é emitida pelo pagador.

Os cheques de valor inferior a R$ 5.000,00 não foram afetados pelo SPB pois, embora correspondessem a 98% dos mais de 216 milhões de documentos compensados mensalmente, representam menos de 20% dos valores.

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6.2 LIQUIDAÇÃO DAS OPERAÇÕES EM BOLSAS DE VALORES

CLEARING / BOVESPA VALORES

A CBLC - Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, foi criada a partir de uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, ocorrida em fevereiro de 1998.

O nascimento da CBLC representou uma resposta à necessidade do mercado brasileiro de uma estrutura moderna e eficiente, que compreendesse atividades relacionadas à compensação, liquidação, custódia e controle de risco para o mercado financeiro.

A CBLC trabalhou no sentido de constituir-se na empresa depositária central do mercado de ações no Brasil, objetivo alcançado quando assumiu o controle da Câmara de Liquidação e Custódia - CLC, em abril de 2000.

Atualmente, a CBLC é a responsável pela liquidação de operações de todo o mercado brasileiro de ações.

A CBLC é uma sociedade anônima, tendo como objetivo social a prestação de serviços de compensação e liquidação de operações realizadas nos mercados à vista e a prazo da Bovespa e de outros mercados, bem como a operacionalização dos sistemas de custódia de títulos e valores mobiliários em geral e de controle de risco nas operações cuja liquidação estão sob sua responsabilidade, incluindo a administração das garantias exigidas.

CUSTÓDIA DE TÍTULOS - DEFINIÇÃO

Serviço de guarda de valores prestado por instituições autorizadas aos participantes do mercado.

Existem duas modalidades de operacionalização desse serviço:

- Infungível: onde o mesmo ativo depositado é o que é devolvido ou transferido quando solicitado pelo seu proprietário;

- Fungível: onde há o comprometimento de devolver ou transferir um ativo de idênticas características, porém não necessariamente o mesmo que foi depositado.

HISTÓRICO DA CUSTÓDIA

A liquidação de cada operação feita nas bolsas de valores exigia que as cautelas de ações fossem transferidas de um lugar a outro. Evidentemente, o trânsito das ações aumentava o risco de perda ou roubo das cautelas. A centralização desses títulos permitiu que todas as cautelas fossem guardadas nos cofres da Bovespa, protegidas por um mecanismo de segurança criado especialmente para este propósito.

Com a centralização dos títulos no Serviço de Custódia, as transferências de titularidade das ações passaram a ser feitas em um único ambiente, reduzindo sensivelmente os riscos associados à movimentação dos títulos. Houve uma época em que o total de cautelas guardadas nos cofres do Serviço de Custódia superava a cifra de dois milhões.

A CBLC herdou os serviços de custódia que a Bovespa vinha prestando desde 1974.

O Serviço de Custódia foi reestruturado em 1990, quando o governo brasileiro decidiu extinguir todos os títulos ao portador no país e estabeleceu um prazo de dois anos para que as sociedades por ações adaptassem seus estatutos à nova condição.

Para se adequar à legislação, em 1990 o conceito de fungibilidade foi então estendido às ações nominativas. Atualmente, o serviço fundamenta-se na transferência do título que está em nome do detentor original para o nome da CBLC. Essa transferência significa que a CBLC é a proprietária fiduciária das ações exclusivamente para fins de custódia, de forma que os títulos não passam a integrar seu patrimônio.

A transferência de propriedade permite que uma companhia aberta, que tenha suas ações negociadas em mercados organizados, possua em seu livro de controle de acionistas uma única posição em nome da CBLC. Ao mesmo tempo, fica a cargo do Serviço de Custódia Fungível CBLC manter os registros em contas individualizadas em nome de cada detentor das ações da empresa. Apesar de as ações ficarem registradas em nome da CBLC, a

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companhia não perde o controle de seus acionistas. Por meio de terminais de computador, arquivos eletrônicos ou listagens fornecidas pela CBLC, a companhia pode obter uma relação atualizada de seus acionistas.

O recurso da propriedade fiduciária agiliza e facilita substancialmente a compensação e a liquidação das operações, proporcionando maior liquidez ao mercado de capitais. Como todas as transferências de propriedade são efetuadas por meio de lançamentos contábeis no serviço de custódia, as empresas não mais precisam registrar ou emitir novos certificados para cada operação feita com suas ações.

No atual sistema, para conciliar as posições dos acionistas em seus livros de controle, as empresas precisam apenas emitir um extrato contendo a posição acionária em nome da CBLC como proprietária fiduciária das ações.

A CBLC então compara diariamente os saldos de ações sob custódia em nome de seus clientes com as informações fornecidas pelas companhias.

Praticamente todos os valores em custódia na CBLC são mantidos em forma escritural (99%), uma vez que atualmente no Brasil poucas companhias ainda emitem certificados físicos.

O Serviço de Custódia Fungível foi aperfeiçoado novamente em 1997 com a implementação do acesso em tempo real a todas as transações de custódia - depósitos, retiradas, transferências, distribuição de proventos etc. O novo sistema foi implantado objetivando aumentar a produtividade do mercado por meio do uso da melhor tecnologia disponível em conformidade com os padrões de qualidade ISO 9002.

As movimentações em tempo real asseguram aos clientes uma forma mais fácil de se lidar com informações sobre as ações custodiadas na CBLC, garantindo ao mercado procedimentos de controles sólidos e seguros.

PARTICIPANTES

Os Agentes de Custódia são os participantes que usam os serviços de custódia da CBLC com o propósito de guardar os seus ativos mobiliários. Somente instituições financeiras estão autorizadas a prestar serviços de custódia às contrapartes e para gerenciar a estrutura das subcontas.

Os Usuários Especiais de Custódia também usam os serviços de custódia da CBLC com o propósito de guardar os seus ativos mobiliários, mas não são permitidos prestar serviços às contrapartes ou gerenciar a estrutura das subcontas.

São Agentes de Custódia do Serviço de Custódia Fungível CBLC os seguintes tipos de instituições:

- Corretoras de valores;

- Distribuidoras de valores;

- Bancos comerciais, múltiplos ou de investimento.

Os Agentes de Custódia podem também manter contas de custódia em nome de seus clientes.

Classificam-se como Usuários Especiais de Custódia do Serviço de Custódia CBLC os seguintes tipos de instituições:

- Companhias seguradoras;

- Fundos de pensão;

- Companhias abertas.

Os Usuários Especiais de Custódia podem manter contas de custódia apenas para a carteira própria.

É importante observar que os Serviços de Custódia se estendem até o segundo nível de usuário de custódia, ou seja, os clientes dos Agentes de Custódia. Isso significa que os títulos mantidos no Serviço de Custódia são registrados diretamente em nome do beneficiário final.

CONFIRMAÇÃO DAS MOVIMENTAÇÕES

Qualquer depósito, retirada e transferência de ações no Serviço de Custódia, bem como a atualização das contas de custódia devido à distribuição de proventos, motivam a emissão de documentos informativos que são enviados aos clientes da custódia - Agentes de Custódia e seus clientes e Usuários Especiais de Custódia. Essas informações visam permitir ao usuário o acompanhamento da movimentação das ações mantidas no Serviço de Custódia.

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CÓDIGO ISIN

Os títulos e valores mantidos no Serviço de Custódia Fungível CBLC são codificados pela Bovespa de acordo com os padrões de numeração da ISO - International Organization for Standardization.

O código ISIN (International Securities Identification Number) foi desenvolvido especialmente para atender a indústria internacional financeira, oferecendo um sistema de códigos para identificação de títulos que pode ser utilizado mundialmente.

A utilização do código ISIN vem se ampliando significativamente em diversos países. A crescente utilização desse padrão representa, além da quebra de mais uma barreira no sentido da globalização dos mercados, um passo importante na redução do risco de liquidação e problemas de back-office de operações locais e internacionais, uma vez que especifica o título objeto da negociação com um código único e inconfundível.

LIQUIDAÇÃO DAS OPERAÇÕES

A CBLC é responsável pela compensação e liquidação de operações feitas nos mercados da Bovespa e do SOMA, além dos negócios com títulos de renda fixa realizados no Bovespa FIX. As atividades de compensação e liquidação são realizadas por seus Agentes de Compensação, que podem ser plenos ou próprios.

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6.3 MERCADO À VISTA

Toda operação é registrada automaticamente na Bovespa ou SOMA e informada ao sistema de compensação e liquidação da CBLC. A comparação das informações das partes compradoras e vendedoras e validação dos negócios são feitas automaticamente pelo sistema eletrônico de registro.

As operações registradas na Bovespa devem ter o investidor final identificado pelas corretoras que atuam como seus intermediários. Essa informação é confidencial, sendo seu acesso restrito apenas aos funcionários responsáveis pelo monitoramento do mercado.

Após registradas as operações, os corretores devem iniciar o processo de especificação dos comitentes finais (identificação de quem vendeu ou comprou ações). O processo de identificação dos comitentes é obrigatório e é feito por meio da Rede de Serviços CBLC.

D+1 é o último dia para a especificação de investidores compradores/vendedores da operação.

Mediante instruções dos Agentes de Custódia e Usuários Especiais de Custódia, o Serviço de Custódia Fungível da CBLC transfere, automaticamente, da posição do comitente vendedor a quantidade de ações negociada para a posição do comitente comprador. Vale acrescentar que o comprador só é debitado pelo valor da compra se efetivamente as ações forem creditadas em sua posição na custódia fungível.

LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA

Com a implantação do novo SPB - Sistema de Pagamento Brasileiro, a entrega dos títulos negociados deve ser realizada até às 10 horas de D+3. Nesse mesmo dia, após confirmado o pagamento da operação pelo agente intermediário, os títulos são creditados na posição do comprador na condição livre.

A transação financeira para pagamento e recebimento das operações é realizada através dos bancos liquidantes, que representam, financeiramente, os intermediários da operação e agentes de compensação, mediante mensagens que são trocadas no decorrer de D+3. O pagamento deve estar finalizado até às 15 horas de D+3. Todos os pagamentos são controlados pelos “pilotos de liquidação” de cada instituição e monitorados pela CBLC e pelo Bacen. A CBLC é garantidora de todas as operações realizadas na Bovespa e SOMA.

O pagamento das operações pelos clientes pode ser efetuado através do STR - Sistema de Transferência de Reserva ou pela TED - Transferência Eletrônica Disponível.

Caso os títulos objeto de uma determinada operação não sejam devidamente entregues em D+3, a CBLC lançará no mesmo D+3 um débito como margem de garantia na conta da corretora, representante do comitente vendedor faltoso. Esse valor é variado dependendo da volatilidade e liquidez do papel no mercado.

A operação que não tenha sido liquidada em D+3 poderá ser regularizada pela corretora até às 10 horas de D+4, que corresponde ao último dia para a regularização da entrega de títulos. Após esse prazo, a CBLC dará início ao processo de recompra das ações. Esse processo consiste na emissão, pela CBLC, de uma ordem de compra dos títulos que não foram entregues, que deverá ser executada pela corretora compradora original, até D+6 da operação inicial. Todos os custos resultantes da operação de recompra serão debitados da conta do Agente de

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Compensação, representante do comitente vendedor em default.

Caso não receba a confirmação da recompra até D+7, a CBLC realizará em D+8 a “reversão da operação”, encerrando compulsoriamente o ciclo de liquidação. A reversão da operação consiste no registro contábil de operações inversas (venda para o comprador e compra para o vendedor inadimplente) a um preço determinado de acordo com procedimentos regulamentares da CBLC.

Resumindo:

CICLO DE LIQUIDAÇÃO - Mercado à Vista

D+0 - Dia da operação no Pregão Eletrônico - Primeiro dia para especificação de operações à vista

D+1 - Prazo final para reespecificação de operações do mercado à vista

D+2 - Entrega dos relatórios definitivos - Relatório de Previsão de Vendas Descobertas - Potenciais Inadimplentes

D+3 - Entrega das ações - Liquidação Física (até às 10 horas) - Pagamento - Liquidação Financeira (até às 15 horas) - Chamada de margem para vendedor inadimplente

D+4 - Último dia para regularização da pendência (até às 10 horas) - Liberação da Ordem de Recompra a favor do comprador - Início do prazo para execução da recompra

D+5 - Prazo para a execução da recompra e confirmação

D+6 - Prazo para confirmação e término do prazo para execução da recompra

D+7 - Prazo final para confirmação da recompra

D+8 - Reversão da operação

Observações:

1) Durante sua vigência, a Ordem de Recompra poderá ser cancelada mediante acordo entre as partes (vendedor/comprador).

2) Todos os dias “D” acima citados são considerados como dias úteis.

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6.4 MERCADO DE OPÇÕES

NEGOCIAÇÃO DAS OPÇÕES

Toda operação é registrada automaticamente na Bovespa e informada ao sistema de compensação e liquidação da CBLC. A comparação das informações das partes compradoras e vendedoras e a validação dos negócios são feitas automaticamente pelo sistema eletrônico de registro.

Após registradas as operações, os corretores devem iniciar o processo de especificação dos comitentes finais (investidores). O processo de identificação dos comitentes é obrigatório e é feito por meio da Rede de Serviços que atende à Bovespa e à CBLC.

As operações no mercado de opções devem ser especificadas no mesmo dia em que são realizadas (D+0). Este também é o último dia para que o lançador (vendedor da opção) deposite as garantias em ativos dentre os elegíveis pela CBLC. A falta do depósito de ativos em D+0 implica em um débito em dinheiro no valor da garantia, a ser realizado em D+1.

Os lançadores de opções de compra que desejarem cobrir suas posições poderão depositar as ações objeto ou indicar uma operação de compra à vista, realizada nesta data, que será utilizada para cobertura de sua operação.

Os Agentes de Compensação devem liquidar financeiramente o prêmio referentes às operações com opções à CBLC em D+1.

A CBLC envia aos Agentes de Compensação um relatório completo com as operações cuja liquidação estão sob sua responsabilidade, indicando o valor líquido que os Agentes de Compensação devem pagar ou receber naquele dia. A liquidação com a CBLC é feita pelo valor líquido referente ao saldo das operações de cada agente.

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EXERCÍCIO DAS OPÇÕES

Os titulares de opções de compra poderão, se assim o desejarem, exercer suas posições dentro do horário estabelecido pela Bovespa.

Os titulares de opções de compra que exercerem suas posições poderão vender à vista, no mesmo pregão, as ações adquiridas.

Os lançadores de opções de compra poderão, dentro do horário fixado pela Bovespa, bloquear suas posições, evitando que as mesmas sejam exercidas, através de uma operação de natureza inversa à mantida, ou seja, compra de uma opção de compra sobre o mesmo ativo objeto, com mesmo preço de exercício e mesmo vencimento.

Os lançadores de opções de compra exercidos e cujas posições se encontravam descobertas poderão, no mesmo pregão, adquirir no mercado à vista as ações que serão destinadas a atender à operação de exercício.

Os titulares de opções de venda poderão, se assim o desejarem, exercer suas posições dentro do horário estabelecido pela Bovespa.

Os titulares de opções de venda poderão, no mesmo pregão do exercício, adquirir no mercado à vista as ações que serão entregues aos lançadores.

Os lançadores de opções de venda poderão, dentro do horário fixado pela Bovespa, bloquear suas posições, evitando que as mesmas sejam exercidas, através de uma operação de natureza inversa à mantida (compra de uma opção de venda sobre o mesmo ativo objeto, com mesmo preço de exercício e mesmo vencimento).

Os lançadores de opções de venda exercidos poderão realizar no mesmo pregão a venda à vista das ações adquiridas.

Aplicam-se para as operações de exercício os mesmos procedimentos operacionais descritos para o mercado à vista.

Resumindo:

Tipos de Opções:

- Opções de Compra.

- Opções de Venda.

Tipos de Lançamentos de Opções de Compra:

- Coberta para opções de compra:

- Lastrear com os títulos objeto.

- Descoberta / Margeada:

- Lastrear conforme cálculo CM-TIMS.

- Lastrear com os ativos autorizados.

CICLO DE LIQUIDAÇÃO - Negociação com Opções

D+0 - Dia da operação no Pregão Eletrônico - Único dia para especificação de comitentes - Depósito de Garantias em Ativos (lançador descoberto) - Depósito das ações-objeto ou indicação de compra à vista (lançador coberto)

D+1

- Débito do Prêmio (titular) - Crédito do Prêmio para lançador (que será retido pela CBLC se não houve cobertura ou depósito de ativos em D+0) - Depósito da margem em dinheiro (se lançador não faz cobertura ou depósito de ativos em D+0)

D+3

- Para o lançador que fez cobertura através de compra vinculada: a) Débito da compra à vista b) Crédito do Prêmio c) Retenção das Ações

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CICLO DE LIQUIDAÇÃO - Exercício de Opções

D+0 - Dia do exercício (“gera operações à vista”) - “Day-Trade” (titulares/lançadores) - Bloqueio (lançadores)

D+3 - Liquidação física e financeira da operação

____________________________________________________________________________________________

6.5 MERCADO A TERMO

Toda operação é registrada automaticamente na Bovespa e informada ao sistema de compensação e liquidação da CBLC. A comparação das informações das partes compradoras e vendedoras e a validação dos negócios são feitas automaticamente pelo sistema eletrônico de registro.

Após registradas as operações, os corretores devem iniciar o processo de especificação dos comitentes finais (investidores). O processo de identificação dos comitentes é obrigatório e é feito por meio da Rede de Serviços que atende à Bovespa e à CBLC.

As operações no mercado a Termo devem ser especificadas no mesmo dia em que são realizadas (D+0). Este também é o último dia para que o comprador deposite garantia em ativos dentre os elegíveis pela CBLC. A falta do depósito de ativos em D+0 implica em um débito em dinheiro no valor da garantia, a ser realizado em D+1.

O vendedor a termo deverá depositar os ativos objeto da venda ou indicar uma operação de compra à vista, realizada nesta data, que será utilizada para cobertura de sua operação.

LIQUIDAÇÃO POR DIFERENÇA

De D+3 até V-3, os compradores a termo podem liquidar suas posições através da venda à vista dos títulos objeto da operação a termo. Os compradores deverão, previamente à venda dos títulos, verificar se suas posições estão efetivamente cobertas. O investidor comprador terá como resultado, em D+3, a diferença entre o débito do valor da posição a termo e o crédito da venda à vista dos títulos. O vendedor, por sua vez, será creditado no valor da operação a termo em D+3 da solicitação de liquidação por parte do comprador.

LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA

De D+3 até V-2, os compradores a termo podem solicitar a liquidação antecipada de suas posições. Os compradores deverão, previamente à solicitação de liquidação, verificar se suas posições estão efetivamente cobertas. Em D+1 da solicitação, o investidor comprador será debitado no valor da operação a termo sendo o vendedor creditado nesta mesma data. Os títulos objeto da operação a termo serão disponibilizados para movimentação por parte do comprador em D+1 da solicitação.

LIQUIDAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO

No vencimento o comprador a termo será debitado no valor da operação a termo, sendo o vendedor creditado nesta mesma data. Os títulos objeto da operação a termo serão disponibilizados para movimentação por parte do comprador nesta mesma data.

Resumindo:

Especificação dos Comitentes / Depósito de Garantia:

Prazo D+0 Vendedores com compra à vista vinculada. Compradores com margem em títulos.

Prazo D+1 Compradores que não depositaram margem em ativos.

Registro das Operações Prazo = D+0 na forma escritural.

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Liquidação Financeira (na abertura) Prazo D+3 Débito dos custos da operação.

Tipos de Liquidação:

Antecipada Prazo = D+3 até V-2. Financeiro = LA+1 para comprador e vendedor Físico = LA+1 Obs.: LA = data da solicitação da liquidação antecipada Por Diferença Total ou Parcial Prazo = D+3 até V-3 Financeiro = LD+3 para comprador e vendedor Físico = LD+3 Obs.: LD = data da solicitação da liquidação por diferença Por Decurso de Prazo Liquidação automática no vencimento Financeiro = V Físico = V na carteira geral / comprador Obs.: V = vencimento

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6.6 MERCADO FUTURO DE AÇÕES

PREÇO DE AJUSTE DIÁRIO

As posições em aberto ao final de cada sessão de negociação serão ajustadas com base no preço de ajuste do dia, determinado pela média ponderada das cotações dos negócios com a ação no mercado futuro, realizados no segundo período de negociação do dia. Caso não tenha ocorrido negócio com o papel no período da tarde, mas houve negociação no período da manhã, será considerado para efeito de preço de ajuste, o preço médio do dia no mercado futuro. Caso não tenha havido negociação com o papel no mercado futuro no dia, mas houve negociação no mercado à vista, a Bovespa arbitrará o preço de ajuste do dia. O preço de ajuste arbitrado levará em consideração o preço do papel no mercado à vista e a taxa de juros de mercado, entre outros fatores.

DAY-TRADE

Poderão ser realizadas operações de compra e venda a futuro dos mesmos papéis, mesmo tipo, para o mesmo mês de vencimento, em uma mesma sessão de negociação, pela mesma sociedade corretora e por conta do mesmo comitente.

Tais operações serão liquidadas por compensação financeira, em valor equivalente à diferença entre o preço de compra e o preço de venda do título objeto. As operações serão agrupadas separadamente - compras e vendas - e em seguida o sistema fará a compensação das operações obedecendo à ordem cronológica em que foram realizadas.

GARANTIAS

Toda posição a futuro requer o depósito de garantias junto à CBLC, com o objetivo de assegurar o cumprimento das obrigações assumidas. As garantias serão mantidas até D+2, da data de liquidação do encerramento antecipado ou do vencimento das operações. Tanto o comprador como o vendedor a futuro devem depositar as garantias estabelecidas pela CBLC nos prazos, formas e montantes por ela determinados. Os ativos aceitos como margem são os mesmos utilizados nos demais mercados de derivativos.

ESPECIFICAÇÃO DE COMITENTES: D+0

A especificação dos negócios efetuados no mercado futuro de ações, identificando os comitentes compradores e vendedores junto à CBLC, deverá ser efetuada na data da realização da operação (D+0). As operações não especificadas em D+0, serão automaticamente direcionadas para a conta erro da sociedade corretora, visto não

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haver possibilidade de reespecificação da operação em D+1.

LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA: D+1

Os ajustes das posições, bem como as despesas operacionais das operações realizadas em D+0, serão debitadas/creditadas na compensação financeira da corretora em D+1.

LIQUIDAÇÃO NO VENCIMENTO

Os contratos que não forem liquidados até o dia do vencimento deverão ser liquidados mediante a entrega física das ações. As operações serão geradas automaticamente para liquidação física aplicando-se nesses casos as regras e procedimentos do mercado à vista. Não será necessária sua especificação pela corretora visto tratar-se de uma operação virtual.

O vendedor/comprador a futuro poderão realizar operações de day-trade ou de exercício de opção no mesmo pregão com papéis objeto do contrato futuro que foram para liquidação física. Havendo inadimplência pela ausência de saldo no atendimento da liquidação física, o vendedor a futuro será penalizado de acordo com as regras aplicadas para o mercado à vista.

Resumindo:

Registro das Operações Prazo = D+0 Especificação dos Comitentes Prazo = D+0 Encerramento do Contrato Até a data de vencimento Contratos não encerrados até o vencimento Liquidação Física = D+3 Liquidação Financeira = D+3

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6.7 BANCO DE TÍTULOS - BTC

O QUE É

O Banco de Títulos CBLC - BTC é um serviço por meio do qual investidores disponibilizam títulos para empréstimos e os interessados os tomam mediante aporte de garantias. A CBLC atua como contraparte no processo e garante as operações.

O acesso ao serviço se dá por meio de um sistema eletrônico, e o tomador paga uma taxa ao doador, acrescida do emolumento da CBLC. A taxa é livremente pactuada entre as partes. Todos os proventos declarados pelo emissor do título pertencem ao proprietário original.

PARTICIPANTES

Detentores de carteiras de investimento em geral podem atuar doando papéis, inclusive fundos de pensão e fundos de investimento.

Investidores, pessoas físicas e jurídicas, inclusive instituições financeiras, podem tomar papéis emprestados.

OPERACIONALIZAÇÃO

A operação de empréstimo, em si, consiste na transferência de títulos da carteira do investidor para satisfazer necessidades temporárias de um tomador, que precisa de títulos para suporte de sua atividade de trading ou

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para fazer frente à falta de papéis na liquidação de operações de venda já realizadas.

Qualquer Agente de Custódia da CBLC - isto é, instituições que detêm contas principais de custódia - pode disponibilizar papéis, sejam da carteira própria ou de clientes que tenham autorizado expressamente o empréstimo. Já os tomadores atuam por meio de Sociedades Corretoras, sob a responsabilidade de um Agente de Compensação.

O tomador deve depositar margem de garantia na CBLC por meio do respectivo Agente de Comissão. O valor da margem é igual ao valor atualizado dos títulos, acrescido de um percentual definido pelo BTC. Esse percentual é fixado considerando-se a liquidez e a volatilidade dos títulos objeto do empréstimo. O valor das margens é acompanhado diariamente e recomposto, se necessário, na forma e nos prazos estabelecidos pela CBLC.

Os títulos somente são liberados após o tomador ter depositado as garantias necessárias na CBLC e o BTC ter autorizado a operação. As taxas e custos são debitados ao tomador e creditados ao doador no primeiro dia útil após o encerramento da operação de empréstimo. O custo do tomador inclui a taxa de registro e a taxa de emolumento da CBLC. O doador recebe a taxa do empréstimo deduzida do imposto de renda aplicável. A base de cálculo dos custos e emolumentos é obtida pela multiplicação da quantidade de títulos emprestados pela cotação média de mercado verificada no dia útil imediatamente anterior à data de registro da operação de empréstimo. As taxas são expressas em bases anuais, com capitalização composta por dias úteis.

ATIVOS ELEGÍVEIS

São ativos elegíveis para as operações de empréstimo de títulos no BTC as ações emitidas por companhias abertas admitidas à negociação na Bovespa.

UTILIZAÇÃO DOS ATIVOS EMPRESTADOS

Os tomadores podem utilizar os ativos emprestados para as seguintes finalidades:

- Vendê-los no mercado à vista;

- Utilizá-los na Liquidação de Operações realizadas no mercado à vista (sistema voluntário e compulsório);

- Utilizá-los como Garantia para Operações nos mercados de Liquidação futura;

- Utilizá-los como cobertura no lançamento de opções de compra;

- Transferi-los para outra Conta de Custódia;

- Retirá-los do Serviço de Custódia da CBLC;

- Outras formas de utilização que a CBLC venha a definir.

O empréstimo de títulos é indicado para investidores que não têm interesse em vender suas ações a curto prazo. Emprestando ações, o investidor pode maximizar o retorno de sua carteira por meio da taxa que receberá por esse empréstimo.

PROVENTOS

É importante destacar que o doador que empresta seus títulos não deixa de receber, no período em que suas ações estiverem tomadas, eventuais proventos concedidos pela companhia emissora, ou seja, ele recebe (além da taxa de empréstimo) dividendos, lucros, enfim, qualquer provento que seus papéis venham a registrar, não importando que estejam temporariamente nas mãos de terceiros.

BTC AUTOMÁTICO

A diferença básica entre o BTC Convencional e o BTC Automático é o fato de que no primeiro caso o investidor é o responsável pela escolha de ações que ele deseja tomar emprestado. No caso do BTC Automático o próprio sistema identifica as operações que requerem ativos para serem liquidados e fecha o negócio em nome da corretora e do cliente.

A opção é vantajosa ao investidor vendedor, que não estará sujeito a uma eventual ordem de recompra para liquidar uma operação pendente. Por outro lado, o BTC Automático beneficia também o comprador, que tem a garantia do recebimento do ativo adquirido, na data esperada.

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7. MERCADO FINANCEIRO – PRODUTOS, MODALIDADES OPERACIONAIS, TRIBUTAÇÃO E REGULAÇÃO BÁSICA

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7.1 TÍTULOS DE RENDA FIXA

Os títulos de renda fixa são caracterizados pela definição prévia das regras para a determinação dos fluxos financeiros futuros, onde o emissor/tomador e o investidor/aplicador estabelecem no ato da operação a forma de remuneração que será utilizada.

Os títulos podem ser prefixados ou pós-fixados. Nos títulos prefixados, os fluxos nominais futuros são fixados antecipadamente, apresentando valor de resgate previamente definido, enquanto que nos títulos pós-fixados, o valor de resgate somente será conhecido no vencimento, uma vez que o rendimento desses títulos está atrelado à variação futura de um indicador, que pode ser um índice de preços (IGP-M, IPCA, etc.), uma taxa referencial de juros (SELIC, TR, TJLP, CDI, etc.), ou taxa de câmbio entre a moeda nacional (Real) e uma moeda estrangeira (Dólar, por exemplo).

A taxa de remuneração das operações é denominada taxa nominal, que é previamente conhecida no caso dos títulos prefixados. Para se obter a taxa real da operação, deve-se descontar da taxa nominal a taxa de inflação do período. No caso de títulos pós-fixados atrelados a índice de preços, a taxa real da operação é conhecida previamente, enquanto que a taxa nominal somente será conhecida no final da aplicação.

Os títulos de renda fixa, como fonte de captação de recursos dos agentes econômicos superavitários, podem ser emitidos pelo poder público (governo) ou por empresas (instituições financeiras e não financeiras), sendo classificados respectivamente em títulos públicos e privados.

Os títulos de renda fixa podem ser emitidos no país de origem (emissões domésticas) ou no exterior (emissões internacionais). Os títulos privados emitidos no exterior são os corporate notes e os corporate bonds, enquanto que os títulos emitidos pelos governos nacionais são denominados títulos soberanos (sovereign bonds).

____________________________________________________________________________________________

7.2 TÍTULOS PÚBLICOS

Os títulos públicos podem ser federais (emitidos pelo governo federal), estaduais (emitidos pelos governos estaduais) ou municipais (emitidos pelos governos municipais). Os títulos estaduais (LFTE) e municipais (LFTM), da mesma forma que os títulos públicos federais, são emitidos para financiar a dívida dos Tesouros Estaduais e Municipais, e suas características são semelhantes às das LFTs, porém têm baixa liquidez e circulação restrita.

Os títulos públicos federais são mecanismos de financiamento do governo via mercado financeiro, uma vez que o Bacen vende-os às instituições financeiras, a uma determinada taxa de juros. Os compradores pagam à vista e vão ao mercado diariamente obter recursos, repassando esses títulos aos investidores, com o compromisso de recomprá-los no dia seguinte e pagando uma taxa diária (financiamento de carteira).

Os títulos da dívida pública podem ser emitidos com três finalidades:

- Financiar o déficit orçamentário;

- Realizar operações para fins específicos, definidos em lei; e

- Refinanciar a dívida pública.

Os títulos são emitidos no mercado interno sob as formas de ofertas públicas para instituições financeiras (leilões), ofertas públicas para pessoas físicas (Tesouro Direto) e emissões diretas para finalidades específicas definidas em leis.

O Tesouro Nacional emite títulos para atender à política fiscal. O Bacen utiliza os títulos do Tesouro Nacional para realizar política monetária, por meio de operações de compra e venda no mercado secundário.

Já as instituições financeiras utilizam os títulos públicos para:

- Compor as carteiras de fundos;

- Cumprir depósitos compulsórios;

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- Assegurar a rentabilidade de outras aplicações.

O novo sistema de dealers, que incorporou importantes alterações em 2003, foi outro notável avanço no mercado financeiro em geral. Com o novo sistema, o Tesouro Nacional se tornou mais ativo nas transações de títulos. Anteriormente, o sistema de dealers era utilizado exclusivamente pelo Bacen, com o objetivo de auxiliar na administração da política monetária. Entretanto, o sistema antigo estava fazendo pouco para ajudar o desenvolvimento do mercado secundário, com ações limitadas no sentido de prover mais liquidez aos participantes do mercado de dívida e auxiliar na construção de uma estrutura a termo de uma maneira mais consistente. Essa foi a principal razão para o Tesouro Nacional e o Bacen se unirem a fim de reorganizar e implementar um sistema único, com uma estrutura de gerenciamento conjunto auxiliando tanto na administração da dívida como a da política monetária. Dois grupos de dealers foram criados (anteriormente havia apenas um grupo):

- Dealers primários: grupo voltado para os leilões primários e operações de mercado aberto. Compreende até 10 instituições.

- Dealers especialistas: grupo de até 10 instituições focadas no mercado secundário.

Há regras diferentes regendo os dois grupos de dealers. Por exemplo, é dado um peso maior à participação dos dealers primários nos leilões primários do Tesouro Nacional, enquanto os dealers especialistas devem negociar grandes volumes de títulos no mercado secundário. A introdução dos dealers especialistas fortaleceu a negociação no mercado secundário, ajudando a expandir a liquidez no sistema.

____________________________________________________________________________________________

7.3 A NEGOCIAÇÃO DOS TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS

LEILÕES

A grande maioria das emissões de títulos da dívida pública mobiliária federal interna - DPMFi - ocorre sob a forma competitiva, por meio de leilões, com preços múltiplos (exceção aos leilões de LFT e NTN-B realizados na modalidade de leilão holandês, ou preço único). Esses leilões são realizados em sistema eletrônico do Bacen. Cada participante (bancos, corretoras, distribuidoras e outras instituições registradas no SELIC) pode propor até cinco ofertas para cada um dos títulos ofertados, conforme definido em portaria.

Não há sistemas tipo tap system (administrador da dívida pública fixa o preço de venda dos títulos), sendo os leilões tradicionais a principal forma de emissão dos títulos competitivos. Atualmente, os leilões de títulos prefixados (LTN e NTN-F) são realizados semanalmente, sempre às quintas-feiras, com emissão e liquidação financeira às sextas-feiras.

O Tesouro Nacional implementou em janeiro de 2002 o programa Tesouro Direto, que tem por objetivo facilitar o acesso das pessoas físicas ao mercado de títulos públicos. Neste caso, adota-se o sistema tap system para compra e venda dos títulos, cujos preços de referência são estipulados a partir dos parâmetros observados nos mercados primário e secundário.

A emissão tanto dos títulos ofertados em leilão, quanto dos emitidos pelo programa Tesouro Direto processa-se exclusivamente sob a forma escritural, mediante registro dos respectivos direitos creditórios, assim como das cessões desses direitos, em sistema centralizado de liquidação e custódia, no caso SELIC, por intermédio do qual são também creditados os resgates do principal e rendimentos.

O processo de leilão origina-se a partir de portaria da Secretaria do Tesouro Nacional, tornando públicas as condições específicas de cada leilão, dentre as quais:

- Tipo, quantidade, prazo, taxa de juros (quando couber) e demais características de cada título ofertado;

- Data base, quando couber, que servirá como data de referência para atualização do valor nominal dos títulos;

- Data e hora limite para a apresentação das propostas (sendo tradicionalmente da 12 horas às 13 horas);

- Data e hora da divulgação do resultado do leilão (sendo tradicionalmente no dia do leilão a partir das 14:30 horas);

- Data da emissão, liquidação financeira e vencimento dos títulos;

- Critério de seleção das propostas; e

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- Sistema eletrônico a ser utilizado.

Podem participar diretamente dos leilões, apresentando propostas, as instituições regularmente habilitadas no sistema eletrônico disponibilizado pelo Bacen. As demais pessoas jurídicas e as pessoas físicas podem participar das ofertas públicas apenas por intermédio das referidas instituições.

As propostas são listadas obedecendo-se ordem decrescente de preços (ordem crescente de taxas), no caso dos leilões de venda (ocorrendo o inverso nos leilões de compra), e a seleção das propostas vencedoras efetua-se com base em um dos seguintes critérios:

- Melhor preço para o Tesouro Nacional (critério tradicional); ou

- Preço único para todas as propostas aceitas, sendo que serão acatadas aquelas de preços iguais ou superiores ao mínimo aceito, no caso de leilões de venda, e preços iguais ou inferiores ao máximo aceito, no caso dos leilões de compra.

Os títulos públicos adquiridos pelas instituições financeiras podem ser utilizados para compor exigências de fundos e de outros depósitos compulsórios, servir de lastro a aplicações de seus clientes, ou vendê-los a outras instituições no mercado secundário.

a) Oferta Pública:

Emissão primária de títulos em leilão formal. O Bacen anuncia antecipadamente as características dos títulos a serem leiloados (vencimento, prazo, indexador, etc.). Ele recebe as propostas até um determinado horário e posteriormente divulga o corte, taxa máxima, taxa média e o volume de títulos vendidos.

b) Leilões informais:

O Bacen, através de leilões informais de compra e venda secundária de títulos, títulos decorridos, regula a liquidez do mercado de curto prazo e sinaliza as taxas de juros.

O Bacen, para fazer leilões informais, limita alguns participantes, para ter maior agilidade. Participam desses leilões os “dealers” (bancos, corretoras ou distribuidoras) que fazem as ofertas, via computador, as quais o Bacen pode aceitar ou não.

As instituições encaminham propostas para os dealers, os quais repassam ao Bacen. Essas instituições financeiras utilizam os títulos para compor exigências de fundos e de outros depósitos compulsórios, além de assegurar a rentabilidade de outras aplicações que disponham para seus clientes.

Elas não são obrigadas a carregar o papel comprado no leilão, até seu vencimento, assim podem vendê-lo à outra instituição, através do mercado secundário.

O OPEN MARKET

É o mercado secundário privativo das instituições financeiras, onde se negociam títulos já emitidos anteriormente e onde ocorre a troca de recursos bancários lastreados em títulos públicos federais. Através destas operações, chamadas operações compromissadas, é que se forma a taxa de juros primária da economia, a taxa SELIC, que serve de referência para todas as demais taxas de juros.

A instituições financeiras se utilizam do open market via operações overnight para compor diariamente o seu caixa de acordo com a falta ou excesso de reservas bancárias, por meio da negociação de títulos públicos federais entre si.

O Bacen utiliza o open market como instrumento de política monetária, vendendo títulos quando há excesso de recursos na economia ou resgatando-os quando há falta de recursos e é necessário aumentar a liquidez.

____________________________________________________________________________________________

7.4 TESOURO DIRETO

A partir de 2002, a aquisição de títulos públicos deixou de ser privativa das instituições financeiras, com o lançamento do Tesouro Direto, que é um programa de venda de títulos públicos às pessoas físicas desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a CBLC. Assim, o Tesouro Direto oferece a possibilidade às pessoas físicas de adquirir diretamente os títulos públicos federais. O valor mínimo de aplicação é de R$ 200,00 e o máximo de R$ 400.000,00 por mês.

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7.5 SISTEMAS E CENTRAIS DE APOIO ÀS NEGOCIAÇÕES

SISBACEN - SISTEMA ELETRÔNICO DO BANCO CENTRAL

É um conjunto de recursos de tecnologia da informação, interligados em rede, utilizados pelo Bacen na condução de seus processos de trabalho. Define o mecanismo de comunicação através de computadores entre o Bacen e as várias instituições financeiras atuantes no país, que usam o sistema para enviar dados referentes às suas operações financeiras e cambiais, assim como para receber dados do Bacen.

SELIC - SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA

Foi criado em 1980 para liquidar as operações envolvendo títulos públicos. Na verdade este sistema é um grande computador onde os operadores das instituições financeiras registram as operações com títulos públicos realizadas durante o dia, e ele as liquida transferindo a custódia dos títulos do vendedor para o comprador final, e liquidando o financeiro dos mesmos. Os títulos negociados no SELIC são os títulos públicos (federais, municipais e estaduais).

Operacionalizado pelo Bacen e administrado pela Andima (Associação Nacional das Instituições dos Mercados Abertos), é utilizado pelas instituições financeiras credenciadas para liquidação de seus negócios de forma imediata.

As instituições, após acertarem seus negócios envolvendo títulos públicos, transferem essas operações via terminal ao SELIC, o computador por sua vez transfere o registro do título para o banco comprador do mesmo e faz o crédito na conta do banco vendedor, garantindo a validade da operação efetuada a ambas as partes.

O Bacen detém a guarda dos títulos em contas de custódias de cada instituição; por se tratar de títulos escriturais não há problemas de desdobro.

A liquidação financeira é automática e diretamente na conta reserva das instituições envolvidas em D+0.

Caso o título em custódia tenha crédito referente a pagamento de juros, este é lançado em conta reserva do detentor do título.

Toda e qualquer transferência de custódia do título é feita através de doc’s ou lançamentos em terminais do SELIC.

CETIP - CENTRAL DE CUSTÓDIA E LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA DE TÍTULOS PRIVADOS

A CETIP é uma empresa de custódia e liquidação financeira de títulos e valores mobiliários, atuando como entidade de balcão organizado, por autorização da CVM e do Bacen.

É uma associação civil sem fins lucrativos, criada em março de 1986 em conjunto pelas instituições financeiras e pelo Bacen, com a finalidade de garantir mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro.

Como câmara de custódia, faz a guarda eletrônica (custódia) de títulos e valores mobiliários emitidos por instituições financeiras e por empresas de diversos setores da economia, no caso dos valores mobiliários. Também efetua a liquidação física e financeira das operações, transferindo a titularidade dos títulos negociados do vendedor para o comprador mediante a correspondente disponibilidade de recursos financeiros pelo comprador, que são transferidos para o vendedor.

Além disso, a CETIP é um ambiente de negociação, onde são registrados os negócios de compra e venda de títulos e valores mobiliários realizados por telefone, entre as instituições financeiras, ou são efetuadas operações online, diretamente na plataforma de negociação eletrônica, o CETIPNET.

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Operações registradas no CETIP:

a) Produtos de Captação:

- CDB

- RDB

- CDI

- Letra de Câmbio (LC)

- Letra Hipotecária (LH)

b) Cotas de Fundos:

- FIF e FIC

- FI-TVM e FICFITVM

- FIDC e FICFIDC

c) Títulos do Setor Produtivo:

- Cédula de Crédito Bancário (CCB)

- Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI)

- Debênture

- Export Note

- Nota Promissória (Commercial Paper)

d) Produtos de Financiamento Rural

e) Títulos Públicos

f) Derivativos

- Swap

- Contrato a Termo de Moeda sem Entrega Física

- Derivativos de Crédito

SISBEX

O sistema eletrônico SISBEX é um conjunto de aplicativos que permite a negociação e registro de operações realizadas com títulos e outros ativos. Nele pode ser negociada uma variedade de ativos: títulos públicos, câmbio, títulos privados, contratos de energia e derivados, e outros bens e direitos.

Esses ativos podem ser negociados em diversas modalidades operacionais: compra e venda à vista, compra e venda a termo, opções, futuros e operações compromissadas.

O SISBEX dispõe de ferramentas especiais para efetuar o gerenciamento e o controle de risco das mesas de operações das instituições participantes, assim como dar suporte aos procedimentos de liquidação.

ADM - ADMINISTRATIVO

Mais voltado à liquidação em cheque.

As operações em ADM têm liquidação em 24 horas (liquidação em cheque) e servem para que as instituições financeiras financiem a sua carteira de títulos privados, sejam eles emitidos pela própria instituição ou não. São operações compromissadas.

Estas operações são registradas, custodiadas e liquidadas pelo CETIP.

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____________________________________________________________________________________________

7.6 PRINCIPAIS TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS

São títulos de crédito público federal, emitidos pelo Tesouro Nacional, para cobertura do déficit orçamentário, bem como para a realização de operações de crédito por antecipação de receita, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. São títulos pós-fixados, nominativos e negociáveis, com valor nominal de emissão em múltiplos de R$ 1.000,00, e sua colocação é por oferta pública, via leilões do Bacen.

LTN - LETRA DO TESOURO NACIONAL

Emitidos pelo Tesouro Nacional, para cobertura do déficit orçamentário do governo e provimento de créditos através da antecipação de receitas, observados os limites fixados pelo Poder Legislativo. São títulos prefixados negociados com deságio sobre o valor nominal.

Características gerais:

- Juros: não há, estão implícitos no deságio do título.

- Modalidade: escritural, nominativa e negociável.

- Atualização do valor nominal: não há.

- Resgate de juros: não há.

- Valor Nominal no Vencimento: R$ 1.000,00.

Considerações gerais:

As LTN’s são títulos públicos com valor nominal de R$ 1.000,00 na data de vencimento. O referido título é denominado prefixado porque sua rentabilidade é determinada no momento da compra pela diferença entre o preço de compra e o valor nominal no vencimento (R$ 1.000,00).

Metodologia de Cálculo da Rentabilidade:

252DU

)taxa1(

VNeçoPr

, truncado na segunda casa decimal

Onde:

Preço = preço de compra

VN = valor nominal da LTN na data de vencimento = R$ 1.000,00

DU = dias úteis entre a data de liquidação (inclusive) e a data de vencimento (exclusive)

Taxa = rentabilidade anual do título

LFT - LETRA FINANCEIRA DO TESOURO

São emitidas pelo Tesouro Nacional para assunção pela União das dívidas de responsabilidade dos estados e do DF. Podem ser emitidas também para viabilizar a redução da presença do setor público estadual na atividade financeira bancária. As LFT’s podem ser emitidas em duas séries distintas: LFT Série A e LFT Série B.

Características Gerais:

- Juros: não há.

- Data base: 01/07/2000, serve como referência para atualização do valor nominal.

- Modalidade: escritural, nominativa e negociável.

- Valor Nominal na data base (01/07/2000): R$ 1.000,00.

- Atualização do Valor Nominal: definida pela taxa média ajustada dos financiamentos apurados no

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sistema SELIC (Taxa SELIC).

- Pagamento de juros: não há.

- Resgate do principal: na data de vencimento.

Considerações Gerais:

A taxa da LFT observada no ambiente de compra do Tesouro Direto reflete o deságio ou ágio sobre o valor nominal atualizado do título na data de liquidação da compra. Assim, a rentabilidade proporcionada pelo título será a taxa SELIC acrescida pelo deságio ou ágio da LFT.

Metodologia de Cálculo da Rentabilidade:

252DU

)taxa1(

VNCotação

VNA = R$ 1.000,00 x fator SELIC entre 01/07/200 e a data de liquidação, truncado na sexta casa decimal

PREÇO = VNA x (cotação / 100), truncado na segunda casa decimal

Onde:

Preço = preço de compra

VNA = valor nominal atualizado pelo fator SELIC entre a data-base (01/07/2000) e a data de liquidação

DU = dias úteis entre a data de liquidação (inclusive) e a de vencimento (exclusive)

Taxa = rentabilidade anual do título

Fator SELIC entre 01/07/2000 e a data de liquidação = disponível em websites de indicadores econômicos.

Cotação = reflete o deságio ou ágio da LFT

NTN - NOTA DO TESOURO NACIONAL

As NTN’s têm como objetivo básico alongar o prazo de financiamento da dívida do tesouro. Séries especiais de NTN podem ser lançadas com finalidades específicas. As NTN’s podem ser emitidas em 10 séries distintas: A, B, C, D, F, H, I, M, P, e R, subsérie 2. A principal nota negociada é a NTN série B.

NOTAS DO TESOURO NACIONAL - SÉRIE B

Características gerais:

- Cupom semestral de juros: 6%aa.

- Data-Base: 15/07/2000, serve como referência para atualização do valor nominal.

- Modalidade: escritural, nominativa e negociável.

- Valor Nominal na data-base (15/07/2000): R$ 1.000,00.

- Atualização do valor nominal : IPCA.

- Pagamento de juros: semestralmente, com ajuste no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para 6 meses, independentemente da data de liquidação da compra.

- Resgate do principal: na data do vencimento.

Considerações gerais:

- As NTN série B são títulos públicos com rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra.

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- O referido título possui pagamento semestral de cupom de juros de 6%aa.

- As datas de pagamento são definidas retrospectivamente a cada 6 meses a partir da data de vencimento da NTN-B. Caso esta data não seja dia útil, o pagamento ocorrerá no primeiro dia útil subseqüente.

- O pagamento do último cupom de juros coincide com o resgate do principal da NTN-B.

- A taxa da NTN-B observada no ambiente de compra do Tesouro Direto reflete a taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de pagamento dos cupons de juros e do deságio ou ágio sobre o valor nominal atualizado do título.

Metodologia de cálculo da rentabilidade:

Como a coleta de preços para cálculo do IPCA situa-se, aproximadamente, do dia 15 do mês anterior a 15 do mês de referência, utiliza-se o IPCA projetado pelo mercado para atualizar o valor nominal da NTN-B, sendo assim:

DCbDCa

x

Onde:

DCa = dias corridos entre a data de liquidação e o dia 15 do mês atual

DCb = dias corridos entre o dia 15 do mês seguinte e o dia 15 do mês atual

VNA = R$ 1.000,00 x fator de variação do IPCA entre 15/07/2000 e o dia 15 do mês atual

NOTAS DO TESOURO NACIONAL - SÉRIE C

Características gerais:

- Cupom semestral de juros: 6%aa, exceto no caso da NTN-C 010131, cujo cupom é de 12%aa.

- Data-Base: 01/07/2000, serve como referência para atualização do valor nominal.

- Modalidade: escritural, nominativa e negociável.

- Valor nominal na data-base (01/07/2000): R$ 1.000,00.

- Atualização do valor nominal: IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

- Pagamento de juros: semestralmente, com ajuste no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independente da data de liquidação da compra.

- Resgate do principal: na data do vencimento.

Considerações gerais:

- As NTN série C são títulos públicos com rentabilidade vinculada à variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no momento da compra.

- O referido título possui pagamento semestral de cupom de juros de 6%aa (exceto as NTN-C 010131 cujo cupom de juros é de 12%aa).

- As datas de pagamento são definidas retrospectivamente a cada seis meses a partir da data de vencimento da NTN-C. Caso esta data não seja dia útil, o pagamento ocorrerá no primeiro dia útil subseqüente.

- O pagamento do último cupom de juros coincide com o resgate do principal da NTN-C.

- A taxa da NTN-C observada no ambiente de compra do Tesouro Direto reflete a taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de pagamento dos cupons de juros e do deságio ou ágio sobre o valor nominal atualizado do título.

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Metodologia de cálculo da rentabilidade:

Como a variação mensal do IGP-M é divulgada no início de cada mês, utiliza-se o IGP-M projetado pelo mercado para atualizar o valor nominal da NTN-C, sendo assim:

DCbDCa

x

Onde:

DCa = dias corridos entre a data de liquidação e o dia 1º do mês atual

DCb = dias corridos entre o dia 1º do mês seguinte e o dia 1º do mês atual

VNA = R$ 1.000,00 x fator de variação do IGP-M entre 01/07/2000 e o dia 1º do mês atual

NOTAS DO TESOURO NACIONAL - SÉRIE F

Características gerais:

- Modalidade: escritural, nominativa e negociável.

- Atualização do valor nominal: não há.

- Cupom semestral de juros: 10%aa.

- Valor nominal no vencimento: R$ 1.000,00.

- Pagamento de juros: semestralmente, com ajuste no primeiro período de fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa integral definida para seis meses, independente da data de liquidação da compra.

- Resgate do principal: na data do vencimento.

Considerações gerais:

- As NTN série F são títulos públicos com rentabilidade prefixada pela taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de pagamentos dos cupons de juros e do deságio ou ágio sobre o valor nominal do título.

- O referido título possui pagamento semestral de cupom de juros de 10%aa.

- As datas de pagamento são definidas retrospectivamente a cada seis meses a partir da data de vencimento da NTN-F. Caso esta data não seja dia útil, o pagamento ocorrerá no primeiro dia útil subseqüente.

- O pagamento do último cupom de juros coincide com o resgate do principal da NTN-F.

NTN-D

Tipo: pós-fixado juros de 6% ou 12%aa pagos semestralmente, indexado à variação cambial.

Resgate: feito através de cotações de dólar divulgadas pelo Bacen PTAX, pela cotação média do dia útil anterior à emissão e ao vencimento.

NTN-H

Tipo: pós-fixada, atualizada pelo índice TR (taxa referencial), desde a emissão até o resgate.

Resgate: o resgate do principal é feito em uma única parcela na data do vencimento.

____________________________________________________________________________________________

7.7 PRINCIPAIS TÍTULOS PRIVADOS

São títulos emitidos pelas instituições financeiras ou por empresas e utilizados como instrumento de captação de recursos para atender às suas necessidades de curto, médio ou longo prazos. Os prazos de emissão dos diversos títulos privados são regulados pelo Bacen ou pela CVM.

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CDB (CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO) - PRÉ/PÓS

O certificado de depósito bancário (CDB) e o recibo de depósito bancário (RDB) são títulos de captação de recursos utilizados pelo setor privado. São oficialmente conhecidos como depósitos a prazo, emitidos por bancos comerciais, de investimentos ou de desenvolvimento. Os RDBs não podem ser resgatados antes do prazo de vencimento, já os CDBs podem ser transferidos por endosso e serem vendidos a qualquer hora, dentro do prazo contratado.

Os recursos captados através desses títulos são repassados aos clientes na forma de empréstimos para financiamento de capital de giro e/ou aquisição de equipamentos. A rentabilidade dos CDBs pode ser prefixada ou pós-fixada.

Resumindo:

Emissor: bancos;

Função: captação de recursos financeiros para o banco;

Prazo mínimo: não há fixação;

Tipo: prefixado ou pós-fixado;

Liquidação: ADM ou CETIP.

CDB Prefixado

Os títulos prefixados são negociados, normalmente, no prazo de 30 dias e são oferecidos a uma taxa de juros que compreende os juros e a expectativa de inflação do período. O Valor Bruto de Resgate (VBR) é fornecido pela aplicação desta taxa sobre o Valor Aplicado (VA). Os CDBs são tributados na data do vencimento, conforme tabela de Imposto de Renda, incidente sobre o ganho nominal, ou seja, sobre a diferença entre VBR e VA. O cálculo da taxa ano é feito com base de 360 dias e 252 dias úteis.

Nota-se que o Valor Líquido de Resgate (VRL) de um título prefixado pode ser determinado no ato de sua compra, o que não ocorre com os pós-fixados, como será visto a seguir.

Os jornais publicam, diariamente, as taxas prefixadas do CDB percentuais ao mês (a.m.) e ao ano (a.a.) praticadas no mercado financeiro.

CDB Pós-fixado

Os CDBs pós-fixados são oferecidos a uma taxa de juros mais a variação de um índice de correção monetária (geralmente a TR - Taxa Referencial), estando sujeitos à mesma tributação dos prefixados, em termos de IR.

O cálculo do Valor Bruto de Resgate (VBR) é feito mediante a aplicação da variação do índice estipulado para o CDB sobre o Valor Aplicado (VA), obtendo-se o Valor Aplicado Corrigido (VAC). Uma vez determinado o Valor Aplicado Corrigido, aplica-se a taxa de juros, resultando no Valor Bruto de Resgate (VBR).

LC (LETRA DE CÂMBIO)

São títulos utilizados como instrumento de captação pelas financeiras. São emitidos com lastro em uma transação comercial, ou seja quando elas emprestam algum valor para alguém, essa pessoa saca, por procuração, uma LC contra a financeira, que a aceita e lança no mercado.

O critério de cálculo é igual ao dos CDBs.

TRIBUTAÇÃO CDBs E LCs

Prazo das aplicações até 180 dias de 181 dias a 360 dias de 361 dias a 720 dias superior a 720 dias

Alíquotas 22,5% 20% 17,5% 15%

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CDI (CERTIFICADO DE DEPÓSITO INTERFINANCEIRO)

São títulos de emissão de instituições financeiras, que lastreiam as operações do interbancário (mercado onde as instituições financeiras negociam entre si qualquer tipo de instrumento financeiro). Suas características são idênticas às de um CDB, mas sua negociação é restrita ao mercado interbancário. Sua função é transferir recursos de uma instituição financeira para outra. As transações são fechadas por meio eletrônico e registradas no CETIP. As operações podem ser negociadas por um dia ou por prazo mais longos (30 dias), sendo a maioria das operações negociadas por um só dia. Sua vantagem é não haver taxação, ser rápido e seguro.

Resumindo:

Emitente: Bancos Financeiros;

Função: troca de fluxo financeiro entre as instituições;

Prazo mínimo: para emissão Over (1 dia);

Prazo máximo: n.d.;

Tipo: prefixado;

Tributação: título isento de tributação;

Liquidação: CETIP.

Forma de cálculo para CDI Over (1 dia):

LI (LETRA IMOBILIÁRIA)

As sociedades de crédito imobiliário podem captar depósitos a prazo com correção monetária através de letras imobiliárias, podendo estabelecer convênios com bancos comerciais para funcionarem como agentes do SFH. É um título de captação para financiamentos imobiliários.

LH (LETRA HIPOTECÁRIA)

São títulos emitidos pelas instituições financeiras autorizadas a conceder créditos hipotecários. São emitidas com juros fixos e flutuantes.

____________________________________________________________________________________________

7.8 MERCADO DE CÂMBIO

É o mercado onde ocorre a negociação de moedas estrangeiras entre as instituições ou pessoas interessadas em movimentar essas moedas.

- O controle é exercido pelo Bacen.

- Pessoas físicas ou jurídicas não podem receber/pagar em moedas estrangeiras.

- As operações influem na Balança de Pagamentos refletindo na economia nacional.

As operações de câmbio consistem na troca ou conversão da moeda de um país pela de outro. Em relação às instituições que operam no mercado elas podem ser classificadas como: compra de câmbio (é o fato pelo qual se compra uma moeda estrangeira contra entrega de moeda nacional); venda de câmbio (é o fato pelo qual se vende uma moeda estrangeira contra entrega de moeda nacional), e arbitragem (é o fato pelo qual se troca duas moedas estrangeiras).

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As operações de câmbio geram compromissos com outros países influindo na Balança de Pagamentos e refletindo na economia nacional e, em decorrência disto, tanto as autoridades governamentais do Brasil como as de diversos países exercem controle rigoroso nas operações de câmbio.

No Brasil o controle cambial é exercido pelo Bacen, que normatiza e fiscaliza as operações de câmbio.

Pela legislação vigente, as pessoas físicas ou jurídicas não podem receber diretamente o valor em moedas estrangeiras das operações internacionais, devendo converter a moeda estrangeira em moeda nacional em instituição credenciada pelo Bacen.

Participam do mercado de câmbio:

Exportador:

O Vendedor do bem ou serviço transacionado.

Importador:

O Comprador do bem ou serviço transacionado.

Agente/Representante:

Intermediário da operação comercial.

Banco do Exportador:

Banco comprador da moeda transacionada e/ou prestador de serviços e/ou prestador de garantias para o exportador.

Banco do importador:

Banco vendedor da moeda transacionada e/ou prestador de serviços e/ou prestador de garantias para o importador.

Corretor de Câmbio:

Intermediário na operação de troca de moeda.

Organismos Internacionais:

Entidades financiadoras de projetos especiais.

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8. MERCADOS DERIVATIVOS – CONCEITUAÇÃO, MECÂNICA OPERACIONAL E TRIBUTAÇÃO

____________________________________________________________________________________________

8.1 BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS - BM&F

A BM&F foi fundada em julho de 1985, como uma associação civil sem fins lucrativos, tendo iniciado seus pregões em janeiro de 1986. Em pouco tempo, a Bolsa Mercantil & de Futuros conquistou posição de destaque ao oferecer aos participantes do mercado a opção de negociar produtos financeiros em diversas modalidades operacionais.

Em 1991, a BM&F celebrou acordo operacional com a Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP), tradicional bolsa de commodities fundada em 1917. A iniciativa aliou a tradição da BMSP ao dinamismo da Bolsa Mercantil & de Futuros, adotando a denominação Bolsa de Mercadorias & Futuros - BM&F.

Em 1997, a BM&F celebrou acordo operacional com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), com o objetivo de consolidar-se como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.

Em 2002, a BM&F iniciou as atividades de sua Clearing de Câmbio e adquiriu da CBLC os direitos de gestão e operacionalização das atividades da câmara de compensação e liquidação de operações com títulos públicos, títulos de renda fixa e ativos emitidos por instituições financeiras, além de títulos patrimoniais dos titulares da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) e dos direitos de administração e operacionalização do sistema de negociação de títulos públicos e outros ativos. No mesmo ano, a Companhia lançou a Bolsa Brasileira de Mercadorias, que reúne, além da BM&F, as bolsas de mercadorias dos estados do Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e da cidade de Uberlândia (MG), com o intuito de formar um grande mercado nacional para as commodities agropecuárias, com mecanismos modernos de formação de preços e sistema organizado de comercialização.

Em 2004, foram iniciadas as operações da Clearing de Ativos da BM&F e o CMN autorizou as bolsas de futuros a constituir banco comercial para desempenhar funções de liquidante e custodiante central, prestando serviços às bolsas e aos agentes econômicos responsáveis pelas operações nelas realizadas. Com isso, a BM&F iniciou o processo de criação do Banco BM&F, que começou a operar em novembro do mesmo ano.

Em 2007, a BM&F iniciou seu processo de Desmutualização, preparando a Companhia para a abertura de capital. A BM&F é uma companhia desmutualizada e com novo Estatuto Social, que incorpora sólidas práticas de governança corporativa a sua nova estrutura societária. A partir de 1º de outubro de 2007, a Companhia tornou-se uma sociedade por ações com fins lucrativos e os negócios passaram a ser conduzidos visando o benefício dos acionistas no longo prazo.

Por meio da Desmutualização, os direitos patrimoniais dos antigos associados da Companhia foram desvinculados dos Direitos de Acesso, e convertidos em participações acionárias. Tendo a CME Group 10%, a GA Private Equity Group 10% e os demais 80% das ações pulverizadas entre investidores diversos.

Adicionalmente, a Companhia aprovou nova estrutura de governança corporativa e de auto-regulação que, além dos padrões mais elevados de governança corporativa, estabelece a segregação das atividades relacionadas à administração da BM&F, das atividades relacionadas à auto-regulação dos seus sistemas de registro, negociação, compensação e liquidação. Nesse sentido, foi criado o Conselho de Auto-Regulação, com plena autonomia em relação ao Conselho de Administração da BM&F para fiscalizar e supervisionar seus mercados e seus participantes, o qual conta com a participação do Diretor de Auto-Regulação. A BM&F dispõe, ainda, de um Departamento de Auto-Regulação para execução de tais atividades.

Em 08 de maio de 2008, foi aprovada a integração das atividades da BM&F S.A. e Bovespa Holding S.A., com formação de uma entidade denominada de BM&F Bovespa S.A. que será uma companhia aberta, registrada na Comissão de Valores Mobiliários, e cujas ações serão negociadas no Novo Mercado da Bovespa.

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8.2 ESTRUTURA OPERACIONAL

A BM&F é uma associação constituída sob o regime de sociedade anônima. O modelo de negócios da BM&F abrange as principais etapas dos ciclos de negociação e liquidação de títulos contratados, ou seja:

1) sistemas de negociação em ambientes de pregão de viva voz, pregão eletrônico e pregão via internet (WebTrading);

2) sistemas de registro, compensação e liquidação de operações, integrados a robusto e sofisticado sistema de gerenciamento de risco destinado a assegurar a boa liquidação das operações registradas; e

3) sistemas de custódia de títulos do agronegócio, de ouro e de outros ativos.

A ADMINISTRAÇÃO

A BM&F é administrada pelo Conselho de Administração e pela Diretoria. O Conselho de Administração é composto por no mínimo 7 e no máximo 11 membros, todos acionistas e eleitos pela Assembléia Geral. A diretoria é composta pelo Diretor Geral e demais diretorias conforme estabelecido em seu estatuto.

____________________________________________________________________________________________

8.3 CONCEITUAÇÃO DE DERIVATIVOS

Os derivativos constituem o instrumento de mercado mais eficaz para eliminar o risco da variação de preços dos bens econômicos, permitindo a permuta desses riscos (ou sua transferência para os especuladores), sendo esta a sua função básica.

Embora o surgimento dos mercados futuros esteja ligado aos produtos agrícolas, atualmente as operações nas bolsas de futuros envolvem ativos financeiros, moedas, índices, metais (ouro, prata, etc.), incluindo os produtos agrícolas.

Muitas empresas correm diversos tipos de riscos, inerentes à sua própria atividade ou não.

A utilização de produtos derivativos permite a estas empresas a transferência desses riscos, eliminando com isso alguns fatores de incerteza relacionados, ou não, ao seu ramo de atividade.

Podemos citar como exemplo uma empresa de petróleo: esta compra a sua matéria prima, que é o petróleo, e vende no mercado nacional, e com isso ela corre o risco do preço do petróleo subir muito. Com o derivativo de petróleo futuro negociado na Bolsa de Chicago, a empresa pode comprar petróleo a futuro fazendo assim um hedge de seu risco de matéria prima.

Por outro lado, esta mesma empresa pode ter riscos não provenientes de sua atividade principal. Por exemplo, se esta mesma empresa de petróleo capta recursos em dólar comercial e vende no mercado nacional em reais, existe aí um descasamento de moeda (passivo em dólar e ativo em reais). Esta empresa pode utilizar o derivativo swap ou dólar futuro para esterilizar este risco do dólar.

Os mercados onde se negociam ativos financeiros e mercadorias de especificação padrão (commodities) são divididos em:

- Mercados à vista, spot ou disponível;

- Mercados derivativos.

Os mercados derivativos são compostos das seguintes modalidades:

- Mercado a termo;

- Mercado futuro;

- Mercado de opções (sobre futuros e sobre disponível).

- Swaps

____________________________________________________________________________________________

8.4 MECÂNICA OPERACIONAL DOS DERIVATIVOS

Derivativos são produtos cujos valores dependem de outras variáveis básicas (índices, taxas de juros, câmbio, commodities, etc.).

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SWAP

É uma operação onde duas partes pactuam uma troca de indexadores por um determinado tempo e sobre um montante previamente acordado. É um instrumento de hedging e gestão de risco, não tendo como finalidade o levantamento de fundos. Os swaps são normalmente usados como instrumento para casamento de prazos e indexadores de dívidas.

OPÇÕES

É o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender uma quantidade específica de um ativo ou uma commodity, objeto da negociação, a um preço previamente estipulado e até uma data prefixada.

- Titular de uma Opção: é o comprador da opção, aquele que tem o direito de exercer a opção, pagando ao lançador um prêmio por este direito.

- Lançador de uma Opção: o lançador se obriga a fazer a transação específica sempre e quando o titular desejar. Em retorno recebe do titular pagamento sob a forma de prêmio.

Tipos:

- Opção de Compra (Call): compra ou venda de um direito (não obrigação) de comprar um determinado ativo a um preço e data pré-determinados.

- Opção de Venda (Put): compra ou venda de um direito (não obrigação) de vender um determinado ativo a um preço e data pré-determinados.

- Opções Européias: o comprador da opção tem o direito de exercício somente na data de vencimento.

- Opções Americanas: o comprador da opção tem direito de exercer a opção a qualquer tempo até a data de vencimento.

Por que participar do Mercado de Opções?

- Seguro ou Hedge: a operação tem por objetivo a proteção entre o risco de grandes variações de preço do ativo objeto no futuro (moedas, juros, commodities, ações, empréstimos, etc.).

- Gerar Renda: quando o valor do ativo objeto tem pequenas variações de preço (alta ou queda).

- Realizar Lucros Especulativos: quando se aposta na direção do mercado e o resultado corresponde. A expectativa do potencial de variação de preço do ativo objeto e da opção define o objetivo da operação.

Características do Mercado de Opções:

No mercado de opções não existe o ajuste diário, que caracteriza os mercados futuros. Existe a margem, que é uma garantia exigida pela bolsa. A bolsa determina as margens, podendo fazer inclusive chamadas de margem adicionais. A margem, diferentemente do ajuste diário nos mercados futuros, é remunerada a taxas de mercado, podendo assim ser desconsiderada como custo nas operações com opções.

Preço em função f (S, I, Volat, T, K)

Onde:

S = preço spot ou à vista

I = taxa de juros no tempo

Volat = volatilidade dos preços

T = tempo

K = preço de exercício

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TERMO

Compra ou venda de um ativo com vencimento em determinada data futura por um preço previamente estabelecido, em mercado organizado (bolsa), ou fora dele (mercado de balcão) através de acordos/contratos particulares entre as partes.

Enquanto uma parte contratante assume posição longa, isto é, o compromisso de comprar o ativo em data futura por preço certo e especificado, a outra parte assume posição curta, ou seja, de vender o mesmo ativo na mesma data pelo mesmo preço.

O preço especificado no contrato de compra e venda é o preço de entrega. O preço de entrega no momento da contratação é tal que o valor do contrato para ambas as partes contratantes é zero. Ou seja, teoricamente ficar longo ou curto não tem custo para nenhuma das partes.

O preço a termo de um certo contrato é definido como o preço de entrega, que faria o contrato ter valor igual a zero. No momento da contratação o preço do termo é igual ao preço de entrega.

O preço do termo está sujeito à variação ao longo da vida do contrato, enquanto o preço de entrega permanece o mesmo.

Um contrato de compra e de venda é inteiramente liquidado no vencimento. O vendedor (posição curta) entrega ao comprador (posição longa) o ativo e recebe em contrapartida uma quantidade, em caixa, igual ao preço da entrega.

Existe uma importante diferença entre especular com contrato a termo e com ativo no mercado spot. No primeiro caso, não há necessidade de caixa, enquanto que no segundo caso, há desembolso na compra do ativo. Por essa razão, o contrato de termo permite alavancagem muito maior.

Em resumo, as condições de operações do mercado a termo são as seguintes:

- Prazo determinado, pactuado entre as partes;

- Liquidação física e financeira diferidas;

- Venda: só coberta (com a existência da mercadoria);

- Comprador: só opera com margem de garantia de compra.

Por que comprar a termo?

As operações a termo permitem ao investidor proteger preços de compra, diversificar risco, obter recursos (operação caixa) e alavancar seus ganhos.

Por que vender a termo?

Para financiar: o investidor compra o ativo no mercado à vista e o vende a termo. A operação de financiamento tem como objetivo ganhar a diferença existente entre os preços à vista e a termo, ou seja, a taxa de juros da operação.

Preço em função f (S, I, T)

Onde:

S = preço spot ou à vista

I = taxa de juros no tempo

T = tempo

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FUTUROS

Compra ou venda de um ativo com vencimento em determinada data futura por preço previamente estabelecido, dentro de um mercado organizado (bolsa).

Preço em função f ( S, I ,T, Ce)

Onde:

S = preço spot ou à vista

I = taxa de juros no tempo

T = tempo

Ce = custo de estocagem/carregamento no tempo

____________________________________________________________________________________________

8.5 CONTRATOS DE DERIVATIVOS FINANCEIROS E AGROPECUÁRIOS

Um contrato é um acordo entre duas partes, que fixa hoje o preço de uma transação entre elas que acontecerá no futuro, numa data previamente acordada.

Apesar de se ter notícia de contratos para liquidação futura desde a época do Império Romano (cobertura de preços para entrega de cereais vindos do Egito), os primeiros contratos padrão foram negociados na Chicago Board of Trade na década de 1860.

Originalmente, os contratos futuros negociavam apenas commodities físicas; no início dos anos 1970 foram criados os primeiros contratos futuros baseados em instrumentos financeiros. O primeiro contrato futuro de moedas foi negociado em 1972 no IMN (Internacional Moneraty Market), uma subsidiária da CME (Chicago Mercantile Exchange) e o primeiro de taxas de juros foi negociado em 1975 na CBT (Chicago Board of Trade).

Um contrato de futuro financeiro envolve duas partes, comprometendo-se uma delas a vender e a outra a comprar, a um preço estabelecido no ato, uma quantidade padrão de um instrumento financeiro de quantidade padrão, numa data futura e definida.

Os contratos futuros são sempre negociados em bolsas (de valores, mercadorias ou especificamente de futuros) e sujeitos às regras destas. Entre as regras há a necessidade de constituição de margens de garantia que assegurem liquidez aos participantes do mercado e a boa liquidação dos contratos firmados.

PARTICIPANTES DOS MERCADOS DE DERIVATIVOS FINANCEIROS E AGROPECUÁRIOS

- Os Clientes: os hedgers; os especuladores; os financiadores; os arbitradores, etc.

- O Corretor.

- A Bolsa.

- A Clearing House.

- O Membro de Compensação.

OS CLIENTES

Hedger

A principal função dos mercados futuros é a permitir a proteção contra riscos de preços ou realizar o hedge. Hedge significa latu sensu o ato de defender-se de alguém ou de um risco ou prejuízo, por meio de arranjos compensatórios no outro lado.

Em termos operacionais, no mercado de capitais, hedge significa contrabalançar a compra ou venda de um título através de compra ou venda de outro.

O hedger é aquele investidor que executa operações de hedging para se proteger contra o risco de oscilação de

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preço de um ativo específico. Características do hedger:

- mantém posição do ativo spot (carrega);

- normalmente opera grandes volumes;

- atuação pouco freqüente.

Especulador

É aquele que negocia tendências de preço, dando liquidez às operações no mercado futuro. É importante a sua presença, contrariamente ao que se pensa no Brasil, onde a figura do especulador está associada, quase sempre, a ações desmoralizadoras do mercado.

Este participante, ao assumir riscos de preços, exerce papel fundamental, permitindo que as operações de hedging possam ser concretizadas. Características do especulador:

- não possui interesse no ativo spot;

- normalmente opera pequenos volumes;

- atua freqüentemente;

- preferência por liquidez;

- aceita maior risco e objetiva maior retomo.

Financiador

É aquele investidor que executa operações de renda fixa, combinando compras no mercado à vista com vendas de contratos no mercado futuro (operações de cash and carry), fixando seu ganho nominal. Para esse investidor, as operações de financiamento, da forma como descrevemos, podem ser consideradas sempre que as perspectivas da rentabilidade nominais, nessas operações, superem a rentabilidade prevista nas demais operações de renda fixa disponíveis no mercado.

Arbitrador

O arbitrador é o participante do mercado que em função da sua atuação assegura que o preço negociado a futuro seja sempre justo, atendendo a determinadas regras mínimas.

A arbitragem pode ser definida como uma operação que busca tirar proveito da variação na diferença entre o preço de dois ativos ou mercados, ou das expectativas futuras de mudanças nessa diferença. Existe um grande número de arbitragens possíveis no mercado financeiro, cada uma com suas características próprias, e muitas delas envolvendo os mercados futuros e de opções. As arbitragens geralmente apresentam níveis de risco menores que a especulação simples, pois as posições ficam de certa forma travadas em dois segmentos de mercado, o que atrai muitos investidores.

O CORRETOR

É um intermediário que atua em nome próprio ou por conta de clientes de acordo com a forma de organização do mercado. Este pode ser uma pessoa física (operador especial) ou uma corretora de mercadorias. A corretora representa o cliente e atua em seu nome na bolsa.

Na BM&F as operações em pregão são privativas aos operadores de pregão, credenciados pelas corretoras de mercadorias, e dos operadores especiais. Isso significa que a corretora pode confiar a execução das ordens de seus clientes a outros membros ou a seus operadores de pregão.

A corretora pode ou não ser credenciada como membro de compensação. Aqueles que não possuem esse status devem contratar um membro de compensação, que se responsabilizará financeiramente por suas operações junto à clearing house.

A BOLSA

Uma das responsabilidades básicas de uma bolsa é assegurar que os negócios sejam realizados de forma competitiva, livres de manipulação, onde todos os participantes sejam tratados de forma justa e equânime.

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A CÂMARA DE COMPENSAÇÃO (CLEARING HOUSE)

O papel desempenhado por uma clearing é de fundamental importância na organização de qualquer mercado futuro. É sua existência que garante o cumprimento e a integridade de todos os contratos assumidos por vendedores e compradores, característica indispensável ao funcionamento de qualquer mercado futuro.

A clearing não espera o vencimento do contrato para cobrar as perdas dos clientes perdedores e pagar os ganhos aos ganhadores. Ela faz isso diariamente, com base nos preços do mercado futuro. Como as perdas e os ganhos são pagos diariamente, a margem cobrada pela clearing é apenas o valor necessário para cobrir um ou dois dias de variação de preços. Essa margem é denominada de margem inicial, e o pagamento diário das perdas é conhecido como ajuste diário.

A clearing é ainda responsável pela liquidação física dos contratos. Com algumas exceções, todos os contratos que não forem encerrados através de uma operação inversa (compra ou venda) devem ser liquidados pela entrega efetiva das commodities ou ativos objeto de negociação.

Percebe-se assim, que apenas em dois momentos um cliente vendedor está ligado a um cliente comprador: quando um contrato é negociado e quando um contrato é liquidado pela entrega da mercadoria ou ativo financeiro. Fora desses dois momentos, todos os clientes estão ligados à clearing house (teoricamente eles compram da clearing e vendem seus contratos para a clearing), através de seus membros de compensação.

TIPOS DE NEGÓCIOS

Day-Trade:

Compra e venda de um mesmo ativo com o mesmo vencimento futuro no mesmo dia.

Posições Simples:

Posição comprada ou vendida de um ativo.

Posições Sintéticas:

Combinação de dois ou mais futuros na compra ou venda.

Financiamento:

Compra do ativo negociado no mercado à vista e venda de um contrato futuro do mesmo ativo. Nessa operação, o financiador ou arbitrador irá fixar uma taxa de aplicação, pois terá comprado algo hoje (gastando dinheiro na compra) e garantindo um preço de venda para o produto numa data futura. Essa operação sempre será feita quando a taxa de juro embutida (preço do contrato futuro dividido pelo preço à vista) for maior que o custo de oportunidade do financiador ou arbitrador.

Captação:

Venda do ativo à vista e compra de um contrato futuro. Nesse caso, o aplicador ou arbitrador faz caixa hoje e garante um preço de recompra para o ativo em data futura. Essa operação sempre será feita quando a taxa de captação, dada pela relação entre os preços futuros e à vista, for inferior às taxas de juro disponíveis para aplicação.

Straddle:

Compra (venda) de um contrato futuro para um mês de vencimento e venda (compra) do mesmo contrato futuro para um mês de vencimento mais distante. Aqui o arbitrador está apostando numa queda (alta) na diferença entre os preços de negociação dos contratos futuros para vencimentos diferentes.

Lançamento Coberto com Opção de Compra:

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Compra do objeto do contrato e venda de opções de compra (lançamento coberto ou financiamento com opções). Nesse caso, o arbitrador procura garantir maior retorno para o investimento, estabelecendo uma taxa de aplicação máxima para a operação.

Arbitragem:

Compra a futuro de uma commodity e venda a futuro de outra, cujos preços sejam relacionados. Nessa operação, o arbitrador negocia contratos futuros em mercados diferentes, com a expectativa de que a diferença entre eles se altere.

PREÇO FUTURO E BASE

Os preços futuros movem-se geralmente em harmonia na mesma direção que os preços do mercado à vista, tendendo a convergir na proximidade do vencimento. Desses pressupostos decorre um elemento conceitual típico das operações de hedging, que também é o melhor instrumento que dispomos para avaliar o acerto de posição e negócios: a base, ou seja, a diferença entre o preço futuro e o preço à vista.

A base corresponde, em valor, ao custo de se manter a posse do ativo físico em questão da presente data até a época do vencimento do contrato futuro, e ela evolui juntamente com as oscilações e a volatilidade no mercado. Em situações normais de mercados esse custo é previsível e, no máximo, igual à soma dos custos de armazenamentos, juros, seguro, taxa de manuseio, margem de lucro do vendedor etc., ou seja, o que habitualmente se denomina de carrying cost.

A base, com respeito aos diversos ativos transacionados em mercados futuros, representa para:

- Produtos agrícolas:

- custos de armazenamentos;

- seguro;

- frete ao local de entrega física;

- taxa de juros do período.

- Carteira de Ações:

- inflação;

- taxa de juros;

- relação risco/retomo do mercado acionário.

- Títulos de Renda Fixa:

- juros efetivos (títulos prefixados);

- juros reais (títulos pós-fixados).

A base evolui juntamente com as oscilações e a volatilidade no mercado. Estas relações podem ser sucintamente descritas como:

- Mercado Normal: base positiva;

- Mercado Invertido: base negativa

- Convergência entre preços à vista e a futuro: estreitamento da base, arbitragem;

- No vencimento: base levemente negativa, devido às opções do vendedor.

SISTEMA DE NEGOCIAÇÃO

Na sala de negociações da BM&F são realizados pregões públicos diários, destinados à negociação de contratos por ela aprovados.

Os pregões são realizados de forma contínua, em postos específicos, conforme estabelecidos pela bolsa.

Têm acesso ao pregão somente as pessoas devidamente credenciadas pela bolsa, as quais deverão exibir suas credenciais para fins de identificação imediata. Ao público é destinado um local especialmente reservado, que lhe permitirá assistir aos trabalhos sem neles interferir.

As negociações são conduzidas pelo diretor do pregão, com auxílio de responsáveis em cada posto de

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negociação.

Os operadores deverão manifestar sua intenção de realizar negócios através das seguintes formas de ofertas:

- por apregoação à viva voz;

- por registro no posto.

Além das negociações efetuadas na sala de negociações, a BM&F, desde 29 de setembro de 2000, conta também com uma plataforma de negociação on-line, o Global Trading System (GTS).

As negociações eletrônicas são abertas às 09 horas e interrompidas quando são iniciadas as operações viva-voz. O GTS também funciona durante os horários de almoço, bem como after-hours para todos os mercados futuros e para o disponível de ouro. Os negócios realizados no after-hours fazem parte do movimento do pregão do dia seguinte.

SISTEMA DE GARANTIA E AJUSTE DIÁRIO

Margem Inicial

São depósitos efetuados pelos clientes em dinheiro, carta de fiança, ouro ou títulos públicos federais junto à bolsa, e que representam uma garantia do cumprimento do contrato. Em geral, representam uma pequena fração do valor do contrato.

Margem Adicional

Se as condições de mercado recomendarem, a bolsa poderá exigir margem adicional para um ou todos os mercados, ou ainda um ou grupo de clientes, determinando a forma a que deverão ser prestadas as novas garantias.

Ajuste Diário

No mercado futuro, todas as posições são equalizadas diariamente com base no preço de compensação do dia, resultando em realização diária de lucros e prejuízos para todas as posições abertas que possuam saldos credor e devedor, respectivamente.

Limite de Oscilação

Estabelecido pela Bolsa, estes limites são tecnicamente determinados para cada contrato, e permitem uma garantia de cumprimento das obrigações incorridas pelos ajustes diários. Este valor auxilia na determinação da margem inicial.

A BM&F dispõe de uma série de contratos de ativos financeiros e commodities para negociação, entretanto seu maior volume de negociação é representado pelos contratos de ativos financeiros, tais como DI (Depósito Interfinanceiro) de um dia que é o contrato de juros, Dólar Comercial, e Ibovespa Futuro.

Existe ainda uma nova modalidade que são os contratos de swap realizados em bolsa. A BM&F divulga através de seu Boletim Diário e sua Resenha Mensal as informações sobre os diversos contratos e suas especificações.

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TRIBUTAÇÃO RENDA VARIÁVEL

TRIBUTAÇÃO RENDA VARIÁVEL - OURO

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Venda 0,005 Valor da Venda Fonte Antecipação (*)

Venda 15 Ganho Líquido Mensal Isento se valor total das

vendas no mês for menor que R$ 20.000,00

Day-Trade 1 Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20 Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurados nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

TRIBUTAÇÃO RENDA VARIÁVEL - TERMO

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Venda (na abertura da

Operação) 0,005

Diferença entre Preço a Termo e Preço à Vista na

data da contratação Antecipação (*)

Encerramento 15 Ganho Líquido Mensal

Encerramento da Venda Coberta

22,5% até 6m 20% até 12m

17,5% até 24m 15% acima de 24m

Ganho Líquido

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

Page 91: Apostila Ancor 08

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TRIBUTAÇÃO RENDA VARIÁVEL - OPÇÕES

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Negociação de Opções 0,005

Resultado, se positivo, da soma algébrica dos prêmios pagos e

recebidos no mesmo dia Antecipação (*)

Venda 15 Ganho Líquido Mensal

Encerramento de Box

22,5% até 6m 20% até 12m

17,5% até 24m 15% acima de 24m

Ganho Líquido

Day-Trade 1 Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20 Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

TRIBUTAÇÃO RENDA VARIÁVEL - FUTURO

FATO GERADOR ALÍQUOTA EM % INCIDÊNCIA RECOLHIMENTO OBS.:

Encerramento da Posição

Resultado positivo da soma algébrica dos

ajustes diários Antecipação (*)

Encerramento da Posição

15 Ganho Líquido Mensal

Day-Trade 1 Ganho Líquido Fonte Antecipação (*)

Day-Trade 20 Ganho Líquido Mensal

(*) Esse valor poderá ser:

I - deduzido do Imposto sobre Ganhos Líquidos apurados no mês;

II - compensado com o imposto incidente sobre Ganhos Líquidos apurado nos meses subseqüentes;

III - compensado na Declaração de Ajuste se, após as deduções mencionadas em I e II, houver saldo de imposto retido;

IV - compensado com o imposto devido sobre o Ganho de Capital na alienação de ações.

MERCADO FUTURO DE TAXA DE JUROS

O mercado futuro de DI (Depósito Interbancário) de um dia foi idealizado para melhor oferecer cobertura ao risco de oscilação de uma das variáveis mais importantes da economia, a taxa de juros.

As taxas de juros refletem não só a integração entre oferta e demanda, como também o próprio comportamento da economia, desemprego, inflação, recessão, etc., sendo mais um mecanismo de controle de política monetária utilizado pelo governo através das operações de open market do Bacen.

O risco embutido nos movimentos de oferta e demanda de recursos dentro da economia gera uma extrema

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volatilidade das taxas de juros, sendo a sua negociação nos mercados futuros um instrumento de fabuloso potencial, de proteção e ganhos financeiros.

O contrato futuro de DI de um dia é cotado em PU (Preço Unitário), sendo que o PU reflete a variação na taxa esperada para um período futuro, e é referenciado na taxa média calculada pelo CETIP.

Essa taxa reflete o custo médio praticado nas operações de taxa de disponibilidade de recursos entre instituições financeiras para curtíssimo prazo. A negociação é feita de acordo com as expectativas deste custo médio, acumulado desde o dia de negociação até o dia do vencimento do contrato.

Quanto maior o PU, menor a taxa de juros embutida na cotação.

A forma de cotação do Contrato Futuro de DI 1

Desde 18 de janeiro de 2002, a forma de cotação do Contrato Futuro de DI 1 foi alterada para taxa de juro efetiva anual, base 252 dia úteis.

Os negócios passaram a ser realizados em taxa de juros e são, depois do pregão, convertidos em PU, com a inversão da natureza das posições. Assim, a compra de um contrato de DI 1, negociada em taxa de juros, é após o registro da operação, transformada em posição vendida em um contrato de DI 1, expressa em PU. Analogamente, a venda em taxa de juros é transformada em posição comprada expressa em PU.

Dessa forma, essa mudança não provocou nenhum impacto no cálculo dos ajustes diários.

Por que utilizar o Mercado de DI Futuro?

O mercado de DI Futuro é utilizado por bancos e empresas que montam suas estratégias de hedge, alvancagem ou especulativas.

MERCADO FUTURO DE ÍNDICES

O mercado acionário brasileiro desenvolveu-se muito nos últimos anos. As bolsas de valores ganharam o interesse dos investidores, que vieram atraídos pelas novas oportunidades de ganhos. No entanto, o mercado de ações é essencialmente um mercado de risco que, para efeito de análise, pode ser dividido em dois tipos:

Risco Não Sistemático:

Este risco está ligado a fatores que afetam uma empresa ou um setor isoladamente e, para combatê-lo, basta o investidor diversificar o seu patrimônio formando uma carteira com ações de diferentes empresas e setores, minimizando-o.

Risco Sistemático:

Este é atribuído a todos os fatores que interferem no mercado como um todo, afetam diretamente a formação dos preços de todas as ações. Neste caso, a diversificação por parte do investidor não é uma forma de proteção e este tipo de risco é conhecido como risco do mercado.

O único método conhecido para se proteger do risco sistemático do mercado de ações é operar no mercado futuro de índice.

O índice de lucratividade do mercado acionário é a relação entre o valor atual e o capital inicialmente investido em uma carteira hipotética de ações, considerada como a mais representativa do mercado. Sua composição deve procurar aproximar-se o máximo possível da real confirmação das negociações à vista nas bolsas de valores.

Operando no mercado futuro de índice, o investimento pode diminuir ou eliminar o risco sistemático, fazendo seu hedge contra uma desvalorização do seu portfólio ou defendendo-se para que uma possível alta de preços não venha a frustrar seus objetivos.

OPERAÇÕES DE FINANCIAMENTO NO MERCADO FUTURO DO IBOVESPA

A montagem de operações de financiamento no mercado futuro do Ibovespa consiste na aquisição de ações no mercado à vista e simultânea venda de contratos futuros sobre o Ibovespa.

Tais operações têm por objetivo fixar um retorno para valor no mercado à vista, como se fosse uma aplicação em

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título de renda fixa. Uma operação de financiamento perfeita ocorreria se o investidor adquirisse no mercado todas as ações componentes da carteira teórica do Ibovespa, na proporção em que elas participam nessa carteira.

Uma conveniente alternativa para o investidor está em montar uma carteira de ações que, embora não complete todas as ações integrantes do índice Bovespa, apresente comportamento semelhante em termos de rentabilidade decorrente dos preços das ações no mercado à vista.

Uma das referências para a montagem dessa carteira é a própria composição da carteira teórica do Ibovespa e a participação relativa de cada ação.

MERCADO FUTURO DE CÂMBIO

O mercado futuro embute no seu preço a expectativa da taxa de juros em reais do período entre a negociação à vista e o vencimento do contrato futuro. Quando se trata do futuro de câmbio, não podemos nos esquecer que, quando compramos dólares, podemos aplicá-los (no exterior) pelo período que quisermos. Quando vendemos dólares sem tê-los, temos que pedir estes emprestados (também no exterior), pagando juros por esses empréstimos.

SWAP

Swap quer dizer troca. É um instrumento de hedging e gestão de risco, não tendo como finalidade levantamento de fundos. Os swaps são normalmente usados como instrumento para casamento de prazos e indexadores de dívidas, permitindo essa cobertura a custos menores.

SWAP DE TAXA DE JUROS

Contrato entre empresas, no qual os pagamentos de juros se baseiam em um saldo devedor de referência, o qual jamais é pago ou recebido. O contrato determina (combina) trocar os juros que seriam devidos sobre o saldo devedor de referência. O swap de taxa de juros envolve taxas fixas vs. taxas variáveis ou flutuantes.

Por que utilizar o Swap de Taxa de Juros?

- Promover casamento mais adequado de ativos e passivos de uma empresa ou de um banco;

- Uma empresa com ativo de taxa variável e passivo de taxa fixa (e vice-versa);

- Eliminar o risco de variação de taxas de juros, evitando perder se as taxas do ativo caírem e continuar aplicando as mesmas taxas sobre o passivo;

- Buscar possibilidades de vantagens comparativas em captar no mercado de taxas fixas trocando (swaps) com empresas que tenham vantagens comparativas no mercado de taxas flutuantes;

- A operação é estruturada e intermediada por uma instituição financeira;

- Obter recursos a taxas inferiores às normalmente disponíveis ao tomador;

- Prover fontes alternativas de recursos à taxa flutuante;

- Reestruturar dívida sem refinanciar débitos;

- Mudar a composição de um fluxo de um ativo.

SWAP DE MOEDAS

São trocados fluxos de amortização e juros de uma operação de crédito em uma moeda por fluxos de amortização e juros de uma operação de crédito semelhante, em outra moeda.

Por que utilizar o Swap de Moeda?

- A empresa tem necessidade de recursos em uma determinada moeda, e facilidade de captar recursos em outra moeda;

- Levantar recursos em uma moeda onde o tomador normalmente não teria acesso;

- Levantar fundos em uma moeda e trocar (swaps) por outra com uma vantagem de taxa;

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- Administrar o risco cambial;

- Alterar a moeda de um fluxo de renda de um ativo.

CONTRATO FUTURO CAFÉ ARÁBICA

Ativo Objeto:

Café cru, em grão, de produção brasileira, tipo seis ou melhor, bebida dura ou melhor, ensacado em sacas novas de juta, não viajadas, tipo oficial adotado, bem identificável, em perfeito estado de conservação, que não tenha sofrido avarias, danos, adulteração nem deterioração, não seja resultante de salvados de incêndio e nem contenha corpos estranhos, além dos que lhe sejam próprios. O café deve ser classificado pela BM&F, de acordo com seus regulamentos, depositado em armazém credenciado pela BM&F.

Valor do Contrato:

100 sacas de 60 kg líquidos.

Cotação:

US$ / 60 kg pela taxa de câmbio média de compra de dólar.

Preço:

É formado pela diferença entre o preço da mercadoria no mercado à vista e o preço futuro (base).

Vencimento:

Março, maio, julho, setembro e dezembro.

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9. MARKETING DOS PRODUTOS

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9.1 VENDA DE SERVIÇOS FINANCEIROS

Para falarmos em venda de serviços, devemos observar algumas diferenças e características de “bens” e “serviços”, ou melhor, de “tangíveis” e “intangíveis”.

Geralmente, os produtos ou bens tangíveis podem ser diretamente experimentados - vistos, tocados, cheirados, degustados e testados, até mesmo antes de você comprá-los. Os produtos ou serviços intangíveis - como transporte, despacho de cargas, seguros, reparos, consultoria, softwares, investimentos, corretagens, educação, assistência médica, contabilidade, etc. - raramente podem ser experimentados ou testados adiantadamente.

Os clientes, por sua vez, podem consultar atuais usuários para saber qual o desempenho ou para avaliar uma corretora ou um banco; podem indagar a já usuários ou clientes, a respeito de empresas financeiras e assim por diante.

Quando os clientes potenciais não podem antecipadamente provar, testar, sentir, cheirar ou ver o produto em uso, o que os induzem a comprar são, simplesmente, promessas de satisfação. A satisfação posterior no consumo ou no uso raramente é igual à satisfação sentida na promessa. O produto é uma promessa, um aglomerado de expectativas de valor, assim a necessidade de garantias metafóricas tornam-se presentes para efetuar a venda.

As promessas, sendo intangíveis, têm que ser tornar tangíveis em sua apresentação, e isto explica os escritórios e agencias elegantes e de decoração sólida das instituições financeiras, folhetos de venda de produtos e serviços financeiros bem elaborados, e consultores confiantemente vestidos em ternos alinhados.

O bom senso recomenda, e a pesquisa confirma, que as pessoas usam aparência para julgar realidades. Consideremos como exemplo um banco: não importa quanto completas e persuasivas sejam as recomendações e garantias sobre uma subscrição de ações proposta, não importa o quanto evidente seja sua reputação de integridade e de desempenho, entretanto seu representante deve ter excelente aparência e demonstrar enorme conhecimento do produto. Os produtos oferecidos serão julgados em parte por “quem” pessoalmente o oferece - não apenas “quem” é o vendedor da empresa, mas também “quem” representa essa empresa.

A empresa e o vendedor que a representa são ambos inseparáveis e inevitavelmente parte “do produto” que o cliente potencial precisa julgar antes de comprar. Quanto menos tangível o produto genérico, tanto mais poderoso e persistente é moldado o julgamento pela “embalagem” - quem é a instituição, como é apresentado e quem o apresenta - uma boa aparência e um profundo conhecimento do produto apresentado.

A venda de produtos financeiros tem buscado o atendimento especial às necessidades particulares das empresas e seus profissionais.

Para obter clientes de produtos financeiros - serviços intangíveis - torna-se importante criar substitutos ou metáforas para a tangibilidade - como nos vestimos, falamos, escrevemos, criamos e apresentamos propostas, como trabalhamos com clientes potenciais, respondemos a indagações, iniciamos idéias, mostramos como entendemos bem o negócio do cliente.

A meta da prestação de serviços é a exclusividade, onde o cliente merece um tratamento diferenciado; diferentemente da produção de um bem onde o cliente não se envolve no seu processo, na prestação de serviços ele além de participar diretamente, interfere inclusive no resultado final.

Para manter clientes de produtos financeiros - serviços intangíveis - é importante lembrar aos clientes o que estão recebendo regularmente e o que temos adicionalmente a oferecer-lhes. Se isso não for feito, o cliente não saberá. Somente o saberá quando não estiver obtendo o que comprou. E isso é tudo o que vai prevalecer, salvo se no intervalo, foi regular e persuasivamente convencido de que vem recebendo o tempo todo, e que as falhas ocasionais têm importância relativa. O relacionamento com o cliente tem que ser administrado cuidadosa e continuamente, e os contatos freqüentes permitem que o cliente não se esqueça quem é seu vendedor.

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9.2 TÉCNICAS DE VENDAS

Uma boa técnica de venda faz parte de um bom serviço. As pessoas que sabem ouvir, encontram as repostas apropriadas aos seus clientes, e continuam dando apoio a eles depois de feita a venda, são as que sabem “atender e vender”.

A cultura é a base da excelência em matéria de serviços. Cultura é o código de conduta invisível, porém poderoso, que existe nas empresas, ela define as regras do jogo e é essencial para um bom relacionamento de vendas. Assim, é importante que o cliente conheça a cultura da empresa que você representa, e que você conheça a cultura da empresa a qual está oferecendo seus produtos financeiros; isso permitirá uma seleção mais precisa e adequada de produtos potenciais a serem oferecidos ao seu cliente.

O melhor produto/serviço é o que o cliente quer. É bem mais fácil atender uma necessidade apontada pelo cliente oferecendo a ele o produto/serviço financeiro adequado, do que convencê-lo a adquirir um produto qualquer. Assim, o bom vendedor é aquele que conhece profundamente os produtos que oferece a seus clientes e ainda consegue diagnosticar as necessidades dos mesmos.

A qualidade na prestação de serviços envolve as pequenas coisas, não as grandes. Os clientes partem do princípio de que você está preparado para cuidar das grandes coisas, assim, são as pequenas, associadas às grandes, que fazem com que você se diferencie no mercado.

As palavras chaves em atendimento e vendas são: conhecimento, especialização, qualidade e confiabilidade.

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9.3 ASPECTOS OPERACIONAIS DE VENDAS

Na venda de todo e qualquer serviço financeiro faz-se necessário o preenchimento de uma ficha cadastral, na qual informará os dados de identificação do cliente, sujeito à aprovação da sociedade corretora ou distribuidora de valores mobiliários. Nesse momento, é muito importante que você informe ao cliente as regras de atuação da instituição que você representa, assim como as particularidades e riscos que envolvem o produto em questão, de modo que o cliente possa tomar conhecimento dos procedimentos operacionais que envolvem o produto e a instituição financeira que o oferece.

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10. ÉTICA PROFISSIONAL E ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

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10.1 A ATIVIDADE

O Agente Autônomo de Investimento foi criado pela Lei n° 4.595 de 31 de dezembro de 1964, e sua atividade é regulada pela CVM de acrodo com a Instrução n° 434 de 22 de junho de 2006.

O Agente Autônomo de Investimento é a pessoa natural ou jurídica, que obtém registro na CVM para exercer, sob responsabilidade e como proposto de instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, a atividade de distribuição e mediação de valores mobiliários.

A atividade de agente autônomo de investimento somente pode ser exercida por pessoa natural ou jurídica autorizada pela CVM, que mantenha contrato para distribuição e mediação com uma ou mais instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários.

As instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários somente podem contratar para exercera atividade de agente autônomo de investimento pessoa natural ou jurídica devidamente autorizada pela CVM.

Os Agentes Autônomos de Investimento podem ser credenciados junto a bancos múltiplos (com carteira de investimento), bancos de investimento, corretoras de valores e de mercadorias e distribuidoras de valores, para desempenhar, exclusivamente por conta e ordem das entidades credenciadas, as atividades citadas e outras atividades autorizadas expressamente pelos órgãos reguladores competentes.

____________________________________________________________________________________________

10.2 AUTORIZAÇÃO DO AGENTE AUTÔNOMO - PESSOA NATURAL

A autorização para o exercício da atividade de agente autônomo de investimento somente será concedida à pessoa natural, domiciliada no país, que preencha os seguintes requisitos:

- tenha concluído o ensino médio no país ou no exterior;

- tenha sido aprovada em exame técnico específico para agente autônomo de investimento, organizado por entidade certificadora autorizada pela CVM;

- não esteja inabilitada ou suspensa para o exercício de cargo em instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pela CVM, pelo Bacen, pela SUSEP ou pela SPC;

- não tenha sido condenada criminalmente, ressalvada a hipótese de reabilitação; e

- não esteja impedida de administrar seus bens ou deles dispor em razão de decisão judicial.

Os exames de certificação serão organizados por entidades de classe ou entidade auto-reguladora que congregue profissionais, associações ou instituições do mercado financeiro e de capitais.

O prazo de validade do exame técnico de certificação para obtenção da autorização da CVM para o exercício da atividade é de um ano, contado da data da divulgação do resultado final pela entidade certificadora.

____________________________________________________________________________________________

10.3 AUTORIZAÇÃO DO AGENTE AUTÔNOMO - PESSOA JURÍDICA

A autorização para o exercício da atividade de agente autônomo de investimento somente será concedida à pessoa jurídica, domiciliada no país, que preencha os seguintes requisitos:

- tenha como objeto social exclusivo o exercício a atividade de agente autônomo de investimento e esteja regularmente constituída e registrada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ; e

- tenha como sócios unicamente Agentes Autônomos autorizados pela CVM, e a eles seja atribuído, com exclusividade, o exercício das atividades referidas a ele conforme instrução, sendo todos os sócios responsáveis perante à CVM pelas atividades da sociedade.

Será admitido que a sociedade tenha como sócios terceiros que não sejam agentes autônomos, desde que sua

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participação no capital social e nos lucros não exceda de 2%, e que tais sócios não exerçam função de gerência ou administração ou por qualquer modo participem das atividades que constituam o objeto social.

____________________________________________________________________________________________

10.4 RELACIONAMENTO - PROFISSIONAL / INVESTIDORES

O Agente Autônomo de Investimento deve:

- empregar, no exercício de sua atividade, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma dispensar à administração de seus próprios negócios;

- abster-se da prática de atos que possam ferir a relação fiduciária entre investidores e a instituição intermediária à qual estiver vinculado;

- zelar pelo sigilo de informações confidenciais a que tenha acesso no exercício de sua função; e

- comunicar à CVM qualquer informação cadastral, por intermédio da página da CVM na rede mundial de computadores, no prazo de cinco dias úteis, contados da data de sua ocorrência.

É vedado ao Agente Autônomo de Investimento:

- receber ou entregar a investidores, por qualquer razão, numerário, títulos ou valores mobiliários, ou quaisquer outros valores, que devem ser movimentados através de instituições financeiras ou integrantes do sistema de distribuição;

- ser procurador de investidores para quaisquer fins;

- atuar como contraparte, direta ou indiretamente, em operações das quais participem clientes da instituição intermediária à qual o agente autônomo esteja vinculado, sem a prévia e específica autorização do mesmo;

- contratar com investidores a prestação de serviços de:

a) análise ou consultoria de valores mobiliários, salvo se estive autorizado pela CVM a exercer tais atividades; e

b) administração de carteira de títulos e valores mobiliários, salvo se o agente autônomo - pessoa natural, autorizado pela CVM também para exercer a atividade de administração de carteira, não estiver contratualmente vinculado, direta ou indiretamente, a entidades do sistema de distribuição de valores;

- atuar como preposto de instituição com a qual não tenha contrato; e

- delegar a terceiros, total ou parcialmente, a execução de serviços que constituam objeto do contrato celebrado com a instituição intermediária.

____________________________________________________________________________________________

10.5 RELACIONAMENTO - PROFISSIONAL / INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

O Agente Autônomo de Investimento deve:

- manter contrato com as instituições para as quais prestará serviço;

- guardar sigilo de informações confidenciais e daquelas relacionadas às instituições com que opere, mantendo acesso restrito a arquivos; e

- a celebração, rescisão ou a extinção de contratos deve ser comunicada à CVM no prazo de até cinco dias, pela instituição contratante.

É vedado ao Agente Autônomo de Investimento:

- receber ou entregar a seus clientes, por qualquer razão, numerário, títulos ou valores mobiliários, ou quaisquer outros valores, que devem ser movimentados através de instituições financeiras ou integrantes do sistema de distribuição;

- atuar por conta e ordem de instituição pela qual não seja contrato; e

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- manter contrato para distribuição e intermediação com outro agente autônomo de investimento, pessoa natural ou jurídica.

____________________________________________________________________________________________

10.6 ESTABELECIMENTO DE RELACIONAMENTOS - Normas de Conduta

O Agente Autônomo de Investimento deve:

- empregar, no exercício de sua atividade, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma dispensar à administração de seus negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas sob a sua responsabilidade;

- evitar práticas que possam ferir a relação fiduciária mantida com seus clientes; e

- guardar sigilo de informações confidenciais a que tenham acesso no exercício de sua função, bem como zelar que tal dever seja observado por terceiros ou subordinados de confiança.

____________________________________________________________________________________________

10.7 FORMAS E TIPOS DE RESPONSABILIDADE E REMUNERAÇÃO

Da responsabilidade:

- O Agente Autônomo de Investimento é responsável, civil e administrativamente, no exercício de suas atividades, pelos prejuízos resultantes de seus atos dolosos ou culposos e pelos atos que infligirem normas legais ou regulamentares, sem prejuízo de sua eventual responsabilidade penal.

- A instituição intermediária é responsável pelos atos praticados pelo agente autônomo na condição de seu proposto.

- A responsabilidade administrativa da instituição intermediária decorrerá de eventual falta em seu dever de supervisão sobre os atos praticados pelo agente autônomo.

Da remuneração:

- A atividade do Agente Autônomo de Investimento não está restrita a uma única instituição, mantendo contrato com as instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários.

- A instituição contratante pagará ao agente autônomo de investimento um percentual pactuado entre as parte que será calculado sobre as receitas geradas com as operações dos clientes por ele mediados durante um período de tempo estabelecido.

- O Agente Autônomo de Investimento pode exercer ainda, cumulativamente, a atividade de gestor ou administrador de carteira de investimento, desde que autorizado pela CVM.

____________________________________________________________________________________________

10.8 INFORMAÇÕES SOBRE RISCOS E RETORNO DOS INVESTIMENTOS

O Agente Autônomo de Investimento deverá informar aos seus clientes todos os riscos inerentes aos produtos financeiros de renda fixa ou variável, sobre as características de negociação dos produtos e informar claramente os indexadores que servirão de parâmetros para avaliação das operações.

Embora lidemos com o risco todos os dias nas suas mais variadas formas, a sua conceituação é muito difícil. Além do problema da conceituação, existe uma grande dificuldade em estabelecermos a aversão ao risco. Situações que podem parecer de alto risco para uma pessoa poderão ser consideradas de risco aceitável para outros.

Esta variedade de posturas em relação ao risco é que permite, muitas vezes, a ocorrência de negócios. As diferentes perspectivas, geradas por diferentes conjuntos de informações, é que estabelecerão o nível de risco de um evento.

Podemos partir de definições simples sobre o conceito de risco, como por exemplo, a de Gitman: “no sentido mais básico, risco deve ser definido como a possibilidade de perda”, ou a de Sollomon e Pringle: “risco é o grau de incerteza a respeito de um evento”.

Nas duas definições, podemos entender a idéia de probabilidade pelo uso dos termos “possibilidade” e “grau de incerteza”. Esta ligação fica mais clara se lembrarmos que, do cálculo de probabilidade, ao evento certo

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corresponde a probabilidade unitária. Assim, podemos entender que o evento “não certo”, ou que apresenta um grau de incerteza, pode ser expresso por uma probabilidade.

O risco definido como probabilidade, pode ser calculado como um desvio padrão, e podemos ainda estabelecer os tipos de riscos e aspectos de sua diversificação; assim o risco total envolvido na manutenção de um título é composto de duas partes: Risco Sistemático ou não diversificável e Risco Não Sistemático ou diversificável.

RISCO TOTAL = RISCO SISTEMÁTICO E RISCO NÃO SISTEMÁTICO

O Risco Sistemático é devido ao risco global do mercado resultante de mudanças na economia do país, alterações das alíquotas de imposto pelo governo, mudanças na situação da energia mundial, que afetam os títulos e não pode ser diversificado; é a parte do risco que não pode ser eliminada através da diversificação, pois decorre da covariância com o mercado. Ele reflete o grau de sensibilidade do título ao risco da economia como um todo.

O Risco Não Sistemático é único para cada empresa, sendo independente da economia ou política. Por exemplo, a entrada de um novo concorrente e o desenvolvimento de novas tecnologias podem tornar um determinado produto obsoleto. Entretanto, pela diversificação, este tipo de risco pode ser reduzido ou até eliminado se a diversificação for eficiente.