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APOSTILA BÁSICA DE COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA CAMPUS CAMPO GRANDE 2012 1

Apostila comunicação linguística

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Apostila usada para disciplina de comunicação Linguística.

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Page 1: Apostila comunicação linguística

APOSTILA BÁSICA DE COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA

CAMPUS CAMPO GRANDE

2012

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Page 2: Apostila comunicação linguística

APOSTILA BÁSICA DE COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA

Apostila elaborada pelo Prof. Me. Isaias L. Farias para acompanhamento da disciplina Comunicação Linguística, no campus Campo Grande do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul.

CAMPUS CAMPO GRANDE2012

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SUMÁRIO

1. Ementa da disciplina …............................................................................................ 42. Primeira parte: leitura e interpretação de textos técnico-acadêmicos ................ 42.1 Considerações sobre o texto …................................................................................. 42.2 Condições de textualidade ….................................................................................... 42.3 Coerência ….............................................................................................................. 62.4 Coesão …................................................................................................................... 73. Segunda parte: elaboração de textos técnico-acadêmicos …................................. 113.1 As funções da linguagem ….....…............................................................................ 113.2 Concordância verbal …............................................................................................. 143.3 Concordância nominal ….......................................................................................... 153.4 Regência verbal ….................................................................................................... 163.5 Regência nominal …................................................................................................. 164. Terceira parte: produção de textos orais …............................................................ 174.1 Semântica lexical ….................................................................................................. 174.2 Ambiguidade …......................................................................................................... 194.3 Análise e síntese ….................................................................................................... 205. Atividades avaliativas …........................................................................................... 215.1 Atividades …............................................................................................................. 215.2 Demais avaliações …................................................................................................ 225.3 Calendário das avaliações …..................................................................................... 226. Referências …............................................................................................................ 23

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1. Ementa

Conforme o Projeto do Curso, segue a ementa da disciplina. Partimos dessa base para desenvolvermos as demais atividades e leituras realizadas ao longo do semestre.

UNIDADE CURRICULAR COMUNICAÇÃO LINGÜÍSTICA

Carga Horária Semanal: 3 h/a Carga Horária Semestral: 60 h/aEMENTALeitura e interpretação de textos técnico-acadêmicos. Elaboração de textos técnico-acadêmicos. Produção de textos orais.BIBLIOGRAFIA BÁSICAABREU, Antônio Suarez. A arte de argumentar. 4. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

AZEVEDO, I. B. O prazer da produção científica. 10. ed. São Paulo: Hagnos, 2004. BLINKSTEIN, I. Técnicas de comunicação escrita. 22. ed. São Paulo: Ática, 2006.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006.GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 27. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2010.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTARCITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2002.LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

2. Primeira parte: leitura e interpretação de textos técnico-acadêmicos

2.1 Considerações sobre o texto

Nesta primeira parte, vamos tratar das características gerais de um texto. Quais são as características que tornam um amontoado de palavras em um texto?

Convém sabermos entender o que é um texto. Dentre algumas opções existentes, endendemos o texto como a unidade de comunicação social. É por meio dele que realizamos nossas tarefas envolvendo a comunicação de conteúdos.

Essa unidade de comunicação não se limita ao material escrito que usa a língua. Uma pintura, uma peça musical, um filme, uma fotografia, entre outros, também são considerados textos. Todas essas formas de comunicação partilham características comuns.

Essas características são chamadas condições de textualidade, e funcionam de forma distinta dependendo do tipo de texto. São elas: conectividade, informatividade, historicidade e intertextualidade.

2.2 Condições de textualidade

2.2.1 Conectividade

Conectividade diz respeito aos mecanismos de ligação entre as muitas partes de um

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texto. Isso pode se dar em um nível material, com uso de conectivos, ou no nível de manutenção das ideias, do tema, do sentido do texto.

Dessa forma,estabelecendo uma interdependência entre as ocorrências textuais. Realiza-se por meio da coerência e da coesão.

2.2.2 Informatividade

Um texto veicula informações, de variada ordem. Portanto, essa condição diz respeito a como se apresentam e se selecionam tais informações.

2.2.3 Historicidade

Textos são escritos por sujeitos em tempo e espaço determinados. Por isso possuem um caráter histórico, refletindo a época em que foram escritos.

2.2.4 Intertextualidade

Aqui a referência é a relação que um texto estabelece com os demais textos, fazendo parte de uma experiência textual compartilhada tanto pelo autor como pelo leitor do referido texto.

Com a seguinte imagem, temos um exemplo de intertextualidade. Claro está que nem sempre a referência será tão explícita, assim como nem sempre todos os intertextos são reconhecidos (mas seu reconhecimento pode enriquecer a leitura do texto).

(Imagem disponível em: <http://1bloguinhokin.blogspot.com.br/2011/09/charge-e-intertextualidade.html>, último acesso em 30 de julho de 2012.)

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2.3 Coerência

Também chamada de conectividade conceitual, a coerência é a relação estabelecida entre as partes de um texto, dando continuidade ao sentido pretendido. A coerência depende de vários fatores, entre os principais: conhecimento de mundo partilhado pelos interlocutores; domínio das regras que norteiam a língua; e os próprios interlocutores, sua intenção de comunicação, suas crenças, etc.

Podemos dividir a coerência em quatro tipos: semântica, sintática, estilística e pragmática.

2.3.1 Semântica

Relação entre os significados dos elementos das frases em sequência. Quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios, o texto será incoerente. Veja-se os exemplos:

“… ouvem-se vozes exaltadas para onde acorreram muitos fotógrafos e telegrafistas para registrarem o fato.” [aqui o uso do vocábulo telegrafistas causa incoerência, pois seu sentido não combina com o que expressa a oração. Esses profissionais trabalhavam em locais fixos.]

“Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter acesso.” [o pronome que não está bem posicionado, não deixando claro qual é seu antecedente, que parece ser problema. Isto resulta na falta de combinação entre ter acesso e problema].

2.3.2 Sintática

Este tipo de coerência diz respeito ao uso de mecanismos sintáticos, como o uso adequado de pronomes e conectivos. Observe-se os períodos seguintes, nos quais há dois problemas bastante comuns: o uso inadequado do pronome onde e períodos muito longos.

“Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular. Onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.” [o pronome onde estabele uma relação específica de lugar. O melhor seria utilizar no qual ou em que. Outro problema é a falta da relação de subordinação entre a frase iniciada por onde e a frase anterior, o que poderia ser evitado trocando-se o ponto por uma vírgula].

“O papel preponderante da escola, que seria de formar e informar, principalmente crianças e adultos, hoje não está alcançando esse objetivo.” [o problema: por ser um período muito longo, a relação entre o sujeito e o predicado fica prejudicada. Observe: qual o sujeito de não está alcançando esse objetivo? O papel da escola ou a escola?].

2.3.3 Estilística

A coerência estilística é uma noção relacionada à mistura de registros lingüísticos. Não chega a atrapalhar a interpretabilidade do texto, mas é conveniente que se mantenha uma certa uniformidade de registro. Por exemplo, se se trata de um texto mais formal, deve-se evitar gírias ou outras construções mais coloquiais. Entretanto convém acrescentar que às vezes a troca de registros pode ser um recurso de estilo.

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No seguinte poema, há uma mescla entre um registro mais formal e um mais informal. Inclusive o próprio texto, escrito, se assemelha a uma conversa, por isso essa mistura não é um problema, e sim um recurso.

Teresa, se algum sujeito bancar osentimental em cima de vocêe te jurar uma paixão do tamanho de umbondeSe ele chorarSe ele ajoelharSe ele se rasgar todoNão acredita não TeresaÉ lágrima de cinemaÉ tapeaçãoMentiraCAI FORA

(Manuel Bandeira)

2.3.4 Pragmática

Este tipo de coerência está vinculado à ideia de atos de fala, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Se se faz uma pergunta, é coerente que o interlocutor providencie uma resposta. Exemplos de incoerência podem ser:

“A: Você pode me dizer onde fica a Rua Alice?B: O ônibus está muito atrasado hoje.”

“No balcão da companhia aérea, o viajante perguntou à atendente:A - A senhorita pode me dizer quanto tempo dura o vôo do Rio a Lisboa?B - Um momentinho.A - Muito obrigado.”

Nesse segundo exemplo, a incoerência tornou-se um recurso para um gênero específico de texto: a piada.

2.4 Coesão

Coesão diz respeito aos processos de sequencialização que permitem uma ligação significativa entre os elementos da superfície do texto. Esses processos também são responsáveis pela recuperação dos elementos.

Os instrumentos de coesão podem se organizar da seguinte forma:

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2.4.1 Gramatical

A coesão gramatical se dá por meio do uso de recursos linguísticos que organizam o texto, estabelecendo um vínculo coerente entre as partes. Conforme diagrama acima, há ramificações, as quais serão analisadas a seguir.

2.4.1.1 Frásica

Como o nome antecipa, e a coesão interna da frase. Pode ocorrer por conta das concordâncias nominal e verbal, regências nominal e verbal (que serão vistas em detalhe em outro momento), assim como a própria ordem dos vocábulos.

No que diz respeito à ordem das palavras, alguns deslocamentos podem prejudicar o sentido das frases, principalmente quando se tratam de adjuntos adverbiais.

“O barão admirava a bailarina que dançava com um olhar lânguido.” [Neste exemplo, o segmento com um olhar lânguido poderia tanto vincular ao segmento a bailarina que dançava como ao o barão admirava. Para se desfazer a ambiguidade, é possível rearranjar a ordem do segmento problemático: “O barão, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que dançava”; ou “o barão admirava a bailarina que, com um olhar lânguido, dançava”].

2.4.1.2 Interfrásica (junção)

Designa as diversas interdependências semânticas entre as variadas frases de um texto. Essas relações são expressas por conectores ou operadores discursivos. Assim, é importante utilizar o conector adequado ao sentido que queremos transmitir. São esses conectores que permitem o “caminhar” pelo texto, o desenvolver da malha significativa.

Para exemplificar, segue uma pequena lista de conectores e seus possíveis significados:

E - liga termos ou argumentos.Porque, já que, como - introduzem uma explicação ou justificativa.Para, a fim de - indicam uma finalidade.Porém, mas, embora, no entanto - indicam uma contraposição.Como, tão ... que, tão ... quanto - indicam uma comparação.

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Portanto - evidencia uma conclusão.Depois, por último, quando, já, ao longo dos meses, depois de cinco anos, em seguida, até que - servem para explicar a ordem dos fatos, para encadear os acontecimentos.Então - operador que serve para dar continuidade ao texto.Se - indica uma forma de condicionar uma proposição a outra.Não só... mas também - serve para mostrar uma soma de argumentos.Na verdade - expressa uma generalização, uma amplificação.Ou - apresenta um disjunção argumentativa, uma alternativa.Por exemplo - serve para especificar o que foi dito antes.Também - operador para reforçar mais um argumento apresentado.

2.4.1.3 Temporal

“A coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores temporais).”

Observe-se no seguinte texto como essas marcas temporais ajudam a manutenção do sentido por meio de uma sequência lógica, que localiza o leitor:

“A dita Era da Televisão é, relativamente, nova. Embora os princípios técnicos de base sobre os quais repousa a transmissão televisual já estivessem em experimentação entre 1908 e 1914, nos Estados Unidos, no decorrer de pesquisas sobre a amplificação eletrônica, somente na década de vintechegou-se ao tubo catódico, principal peça do aparelho de tevê. Após várias experiências por sociedades eletrônicas, tiveram início, em 1939, as transmissões regulares entre Nova Iorque e Chicago - mas quase não havia aparelhos particulares. A guerra impôs um hiato às experiências. A ascensão vertiginosa do novo veículo deu-se após 1945. No Brasil, a despeito de algumas experiências pioneiras de laboratório (Roquete Pinto chegou a interessar-se pela transmissão da imagem), a tevê só foi mesmo implantada em setembro de 1950, com a inauguração do Canal 3 (TV Tupi), por Assis Chateaubriand. Nesse mesmo ano, nos Estados Unidos, já havia cerca de cem estações, servindo a doze milhões de aparelhos. Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, em todo o território brasileiro, e perto de 4 milhões de aparelhos receptores. [dados de 1971]”

(Muniz Sodré, A comunicação do grotesco). [Tanto a citação inicial como este exemplo estão disponíveis em: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema09/coesaogramatical.html>, último acesso em 02 de agosto de 2012].

2.4.1.4 Referencial

Este tipo de coesão é caracterizado por um componente do texto faz referência a outro. Isso pode se dar através do uso de pronomes, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos.

Essa referência pode retomar um elemento (anáfora), caso mais comum, ou antecipar (catáfora).

a) anáfora

Nesse caso, o elemento que faz referência retoma algum “pedaço” textual já apresentado.

“Durante o período da amamentação, a mãe ensina os segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada por ele. A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele também

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o faz.

(Revista VEJA, n° 30, julho/97).

Ela, a - retomam o termo baleiona, que, por sua vez, substitui o vocábulo mãe.Ele - retoma o termo filhote.Ele também o faz - o retoma as ações de saltar, bater, que a mãe pratica.”

b) catáfora

Caso em que o pronome (ou outro elemento referenciador) antecipa o termo ao qual se faz referência.

“Elas estão divididas entre a criação dos filhos e o desenvolvimento profissional, por isso, muitas vezes, as mulheres precisam fazer escolhas difíceis.

(Revista VEJA, n° 30, julho/97).”

2.4.2 Lexical

Aqui, existe a retomado de vocábulos ou expressões por termos que guardam traços semânticos semelhantes, ou opostos. A coesão lexical pode ser realizada de duas formas: por reiteração ou por substituição.

2.4.2.1 Reiteração

Neste caso, há a repetição de expressões linguísticas. Tal recurso é comum em propagandas, caso em que a peça publicitária quer enfatizar as características vinculadas a um produto/ serviço; mas também outros motivos podem existir, por exemplo no caso de um termo técnico, ou para garantir a inexistência de ambiguidade, como no exemplo a seguir:

“A história de Porto Belo envolve invasão de aventureiros espanhóis, aventureiros ingleses e aventureiros franceses, que procuraram portos naturais, portos seguros para proteger suas embarcações de tempestades.

(JB, Caderno Viagem, 25/08/93)”

2.4.2.2 Substituição

O processo de substituição enriquece o texto, pois amplia o leque de possibilidades significativas dentro de um texto. Ele consiste na utilização de outro vocábulo que guarda alguma aproximação semântica com o anterior, podendo ser expresso por meio de sinonímia, antonímia, hiperonímia e hiponímia. Estes casos serão analisados mais detalhadamente na seção sobre semântica lexical, juntamente com outros casos que envolvem aproximação entre os itens lexicais.

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3. Segunda parte: elaboração de textos técnico-acadêmicos

3.1 As funções da linguagem

A linguagem serve, grosso modo, para veicular mensagens. Nesse processo, estão envolvidos certos fatores, os quais foram evidenciados de forma mais satisfatória por Roman Jakobson. Tais fatores seriam: um emissor, um receptor, um código, um contexto e um canal – juntamente com a própria mensagem, totalizando seis fatores. Vinculada a cada um desses fatores está uma das funções da linguagem: emotiva, conativa, metalinguística, referencial, fática e poética, respectivamente.

Importante lembrar que as funções da linguagem não aparecem sós na mensagem, e sim há uma articulação e hierarquização entre elas, fazendo com que uma seja mais evidente que as demais.

3.1.1 Referencial

Esta função está vinculada à associação direta da mensagem com seu referente. Está no campo da denotação. E é a privilegiada em textos científicos, mas não é o único lugar em que a função referencial pode assumir o topo da hierarquia. Veja-se o seguinte poema, no qual a referencialidade se articula com a função poética e a emotiva:

Lembrança rural

Chão verde e mole. Cheiros de relva. Babas de lodo.A encosta barrenta aceita o frio, toda nua.Carros de bois, falas ao vento, braços, foices.Os passarinhos bebem do céu pingos de chuvas.

Casebres caindo, na erma tarde. Nem existem na históriado mundo. Sentam-se à porta as mães descalças.E tão profundo, o campo, que ninguém chega a ver que é triste.A roupa da noite esconde tudo, quando passa...

Flores molhadas. Última abelha. Nuvens gordas.Vestidos vermelhos, muito longe, dançam nas cercas.Cigarra escondida, ensaiando na sombra rumores de bronze.

Debaixo da ponte, a água suspira, presa...Vontade de ficar neste sossego toda a vida:para andar à toa, falando sozinha,enquanto as formigas caminham nas árvores...

(Cecília Meireles)

3.1.2 Emotiva

Centrada no eu do emissor, a função emotiva deixa transparecer as intenções do dizer daquele que emite a mensagem.

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“Amor, então,também, acaba?Não, que eu saibaO que eu seié que se transformanuma matéria-primaque a vida se encarregade transformar em raivaOu em rima”

(Paulo Leminski)

3.1.3 Conativa

Também conhecida como apelativa, esta função está centrada no receptor. Comumente vinculada à intenção de persuadir o destinatário, convencê-lo de algo. Também seduzi-lo.

Cap. XXXIV — A uma alma sensível

Há aí, entre as cinco ou dez pessoas que me lêem, há aí uma alma sensível, que estádecerto um tanto agastada com o capítulo anterior, começa a tremer pela sorte deEugênia, e talvez... sim, talvez, lá no fundo de si mesma, me chame cínico. Eu cínico,alma sensível? [...] Não, alma sensível, eu não sou cínico, eu fui homem; [...] Retira,pois, a expressão, alma sensível, castiga os nervos, limpa os óculos, — que isso àsvezes é dos óculos, — e acabemos de uma vez com esta flor da moita.

(Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis)

3.1.4 Fática

Esta função procura evidenciar o canal por meio do qual veicula a mensagem. Exemplos comuns são as repetições, sem atribuição de sentidos referenciais, presentes em conversações. Os famosos “tiques”, como né?, certo?, tudo bem?, tipo assim, que estabelecem relações entre as partes da mensagem, procuram mostrar que a comunicação entre as partes existe: é o típico alô, significando que a conversação pode ser iniciada, pois o canal está pronto. Além disso, é bom ter em mente que esta função procura evidenciar o canal.

Veja-se o seguinte exemplo, no qual está também presente a função poética – nele o espaço em branco entre as palavras procura trabalhar com o espaço próprio da página (canal da mensagem), evidenciando-o.

silêncio silêncio silênciosilêncio silêncio silêncio silêncio silênciosilêncio silêncio silênciosilêncio silêncio silêncio

(Eugen Gomringer)

3.1.5 Poética

A função poética se sobressai quando o que é posto em evidência é a própria

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mensagem, ou seja, por meio de mecanismos que exibem a própria materialidade da mensagem. Comumente vinculada à poesia, também pode estar presente em outros tipos de textos, assim como em outras formas de linguagem.

A seguir, imagem da Casa Dançante, localizada na cidade de Praga, desenhada por Vlado Milunic e Frank Gehry. Inicialmente abrigaria um centro cultural, entretanto atualmente é um prédio comercial. Observe-se que a arquitetura não é usual, foge do comum; da mesma forma, chama a atenção para si mesma, para sua construção.

(Imagem disponível em: <http://www.bravemw.com.br/blog/tag/frank-gehry/>, último acesso em 31 de julho de 2012).

3.1.6 Metalinguística

Existem dois níveis de linguagem: a linguagem-objeto, que fala de objetos estranhos à linguagem; e metalinguagem, que fala da própria linguagem. Com isso, tem-se que a função metalinguística diz respeito à linguagem que fala sobre si. Exemplos corriqueiros são os dicionários. Mas também o são a atividade tradutória, pois atualiza determinado texto em nova atualização, e a crítica literária, que se serve da própria língua para falar de seu objeto.

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino, escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,Trabalha, e teima, e lima, e sofre e sua!

Mas que na forma se disfarce o empregoDo esforço; e a trama viva se construaDe tal modo, que a imagem fique nua,Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplícioDo mestre. E, natural, o efeito agrade,

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Sem lembrar os andaimes do edifício.

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,Arte pura, inimiga do artifício,É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac)

3.2 Concordância verbal

Concordância diz respeito ao ajuste dos termos de uma oração em razão da flexão de outros termos. Com relação à verbal, o verbo relaciona-se com o sujeito, observando sua pessoa e número.

Regras gerais:

a) Com sujeito simples (apenas um núcleo), o verbo concordará com a pessoa e o número desse, sendo claro ou subentendido. Ex: as palavras revelam mundos; o Brasil é o país do futuro;

b) Com sujeito composto, poderá haver três possibilidades de concordância:1. O verbo ficará na primeira pessoa do plural caso haja entre os núcleos do

sujeito um pronome de primeira pessoa. Ex: meu primo e eu fomos ao show;2. O verbo ficará na segunda pessoa do plural caso haja entre os núcleos do

sujeito um pronome de segunda pessoa, e não haja um de primeira. Ex: Tu e João adorais os filmes do Tim Burton? [obviamente sabemos do uso restrito que o pronome vós e sua conjugação têm no português brasileiro. Neste caso, é comum usar a terceira pessoa do plural: “tu e joão adoram os filmes do Tim Burton?”];

3. E, claramente, o verbo ficará na terceira pessoa do plural caso os núcleos do sujeito estejam em terceira pessoa. Ex: João e Maria encontraram uma deliciosa casa na floresta.

Casos especiais:

Sempre bom ter em mente que sempre dependerá do sentido que quer atribuir ao enunciado. Por isso, mais importante que decorar regras, vale refletir sobre o que se está escrevendo e seus sentidos possíveis.

Com sujeito simples

a) Quando o sujeito começar com uma expressão que indica parte de um conjunto, seguida por substantivo ou pronome no plural, o verbo poderá ir para o singular ou o plural. Ex: a maioria das pessoas prefere/ preferem pagar a prazo;

b) O sujeito pode expressar uma quantidade aproximada. Neste caso, opta-se pelo plural. Ex: cerca de duzentas pessoas estiveram na passeata;

c) Quando o verbo vier após o pronome relativo que, deverá concordar com o termo antecedente ao pronome, seja singular ou plural. Ex: fui eu que escrevi este texto;

d) Se o pronome for quem, o verbo irá para a terceira pessoa. Ex: fui eu quem escreveu este texto;

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e) Quando se tratar de nomes próprios construídos no plural, o verbo permanecerá no singular, a menos que haja precedência de artigo. Ex: Estados Unidos é um dos maiores países do mundo; os Estados Unidos são conhecidos por seus posicionamentos nas políticas de outros países;

f) O verbo ser além de concordar com seu sujeito, tende a concordar com o predicativo caso este seja de número plural. As exceções são para sujeito representado por nome próprio ou pronome pessoal; assim como quando se utiliza uma expressão numérica que se considera em sua totalidade. Ex: tudo são flores; você era beijos e abraços; cinco minutos é um tempo razoável.

Com sujeito composto

a) O verbo pode concordar com o núcleo mais próximo se o sujeito vier posposto ou quando os núcleos forem ou sinônimos ou quase sinônimos. Ex: em tudo reina a desolação, a pobreza e a miséria; a música e a sonoridade era o que encantava as pessoas;

b) Quando o sujeito for resumido por um pronome indefinido, o verbo ficará no singular. Ex: o arroz, o feijão, o açúcar, tudo custava os olhos da cara;

c) Quando o sujeito composto vier ligado por ou ou nem, o verbo ficará no plural caso possa ser aplicado aos dois sujeitos ao mesmo tempo; e ficará no singular caso haja uma ideia de exclusão. Ex: Nem eu nem ele fizemos os deveres; ou Saramago ou Lobo Antunes ganhará o prêmio;

d) Quando os sujeitos vierem ligados por com, irá para o plural caso ambos estejam em pé de igualdade ou para o singular caso se queira ressaltar o primeiro sujeito. Ex: João com Maria se perderam na floresta; João, com Maria, se perdeu na floresta;

e) Quando ligados por conjunção comparativa, dependerá da interpretação que se quer dar: se quisermos destacar o primeiro sujeito. Ex: Aristóteles, como Platão, é um filósofo grego; quando quisermos englobar ambos sujeitos. Ex: Não só o Rio como também Fortaleza são cidades maravilhosas.

3.3 Concordância nominal

Como dito anteriormente, concordância diz respeito ao ajuste dos termos de uma oração em razão da flexão de outros termos. Com relação à nominal, adjetivos, pronomes, numerais e artigos se ajustam em número e gênero ao substantivo a que se referem.

Regra geral

Os adjetivos concordam em número e gênero ao substantivo ao qual se referem.

Casos específicos

Quando houver mais de um substantivo sendo associado ao adjetivo, convém observar:

a) Quando o adjetivo vier anteposto aos substantivos, concordará com o primeiro deles. Ex: Vivia em tranquilos bosques e montanhas/ vivia em tranquilas montanhas e bosques/ tinha por ele alto respeito e admiração/ tinha por ele alta admiração e respeito. A exceção será para nomes próprios e de parentescos. Ex: Passeava com as formosas prima,

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irmã e tia;b) No caso do adjetivo aparecer depois dos substantivos, poderá ir para o plural e

seguirá o gênero dos substantivos (ou assumirá com mais frequência a forma masculina); também poderá concordar com o substantivo mais próximo. O importante aqui é observar o sentido expresso pela construção. Ex: Estudo a língua e literatura portuguesas/ a professora estava com uma saia e um chapéu escuro/ havia alunos e alunas interessadas no jogo;

c) Se o adjetivo estiver em função de predicativo do sujeito, deverá concordar com o gênero dos substantivos. Caso sejam de gêneros diferentes, o adjetivo deverá ir para o masculino plural. A exceção é para quando o adjetivo vier antes do substantivo e o verbo de ligação estiver no singular: nessa situação, o adjetivo concordará com o substantivo mais próximo. Ex: A porta e a janela estavam abertas/ o livro e a caneta são novos/ estava aberta a janela e o portão.

3.4 Regência verbal

Segundo definição da Gramática de Celso Cunha:

A relação necessária que se estabelece entre duas palavras, uma das quais serve de complemento a (sic) outra, é o que se chama regência. A palavra dependente denomina-se regida, e o termo a que ela se subordina, regente (2008, p. 299, grifos no original).

Como os termos numa oração são, de certo modo, interdependentes, eles se relacionam para formar o sentido do todo. Certas palavras “pedem” determinados complementos. Com relação aos verbos, se transitivos diretos ou indiretos, vão ser regidos por determinados complementos. Por exemplo, verbos transitivos indiretos serão regidos por preposições, entretanto, cada verbo será regido por uma preposição específica. Ex: assistia ao espetáculo; o deputado respondeu à provocação do colega.

3.5 Regência nominal

O mesmo tipo de relação de regência é observada com os nomes. Assim, alguns substantivos (e adjetivos) vão “pedir” também preposições específicas. Exemplos: ele é carinhoso com a irmã; ela deve obediência ao seu pai.

Significação das preposições

Elemento importante da língua, as preposições merecem uma atenção mais detida. Devemos ter em mente algumas relações transmitidas por este grupo de palavras.

De forma geral, as preposições indicam dois tipos de relações: movimento e não-movimento. A esta última relação chamaremos situação. Estes dois tipos de relação podem ser exprimidas em três domínios: tempo, espaço e noção. Com isso, temos o seguinte diagrama:

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Conteúdo significativo fundamental/ \

Movimento Situação/ \

Tempo Espaço Noção Tempo Espaço Noção

Assim, as preposições podem ser observadas a partir desse modelo: cada uma, apesar de vários significados, tem um sentido fundamental, o qual pode ser indicativo de movimento ou não, e a partir daí, pode indicar uma relação temporal, espacial ou nocional. Ex: trabalharei até amanhã/ estou aqui desde ontem; vou a Roma/ volto de Roma; foi para o norte/ saíram pela porta.

Obviamente, o conteúdo das preposições possui muitos matizes, a depender das situações de uso. Mas esse modelo serve para compreendermos de maneira global o funcionamento desse grupo de palavras em português.

4. Terceira parte: produção de textos orais

4.1 Semântica lexical

Para compreendermos a semântica lexical, devemos primeiro compreender o que significam duas importantes noções:

Léxico: conjunto de palavras existentes na língua de uma comunidade ou de um locutor.

Semântica: parte da Gramática que se dedica ao estudo das relações dos significados.

Denotação: é o nome que designa o significado normal da palavra, mais usual e corrente.Conotação: conjunto de significações secundárias que se associam ao sentido fixo de uma palavra, ao sentido denotativo.

Sentido Denotativo – cor escura, Negro; Sentido Conotativo – luto, tristeza, morte.

Ainda sobre a denotação: “A linguagem denotativa seria, então, construída em bases convencionais, elaborada em função de uma certa repetibilidade das normas do código, produzindo informações definidas, claras, transparentes, sem ambigüidades.” (CHALHUB)

Monossemia: caracteriza as palavras que têm apenas 1 significado, as que se utilizam na linguagem científica, por exemplo. (ex. eutrofização)

Polissemia: as palavras possuem vários significados relacionados entre si e só o contexto permite identificá-los. (ex. estrela)

Hiperonímia: as palavras apresentam um sentido mais geral em relação a outras de significado mais restrito – os hipônimos.

Caso de substituição: “Em Abrolhos, as jubartes fazem a maior esbórnia. Elas se reúnem em grupos de três a oito animais, sempre com uma única fêmea no comando. É ela,

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por exemplo, que determina a velocidade e a direção a seguir. (Revista VEJA, no 30, julho/97).” [Aqui o termo jubartes foi substituído por um hiperônimo, animais. Veja: jubartes < animais].

Hiponímia: palavras de significado mais restrito em relação aos hiperônimos. O contrário do exemplo anterior.

Caso de substituição: “Tão grande quanto as baleias é a sua discrição. Nunca um ser humano presenciou uma cópula de jubartes, mas sabe-se que seu intercurso é muito rápido, dura apenas alguns segundos. (Revista VEJA, no 30, julho/97).” [Aqui o termo baleias foi substituído por um hipônimo, jubartes. Veja: baleias > jubartes].

Em um quadro:

Hiperônimo HipônimoAnimal Baleia, jubarte, cetáceoÁrvore Macieira, laranjeira, pessegueiro, eucalipto

Holonímia: a palavra remete-se a um todo.

Meronímia: a palavra refere-se a uma parte da holonímia.

Holonímia MeronímiaCarro Porta, volante, pedais, pneus

Sinonímia: palavras que têm idêntico significado, mas significante diferente. Ex.: contente – alegre; fiel – leal; habitar – residir…

Caso de substituição: “Pelo jeito, só Clinton insiste no isolamento de Cuba. João Paulo II decidiu visitar em janeiro a ilha da Fantasia. (Revista VEJA, nº 39, outubro/97).” [Observe: Cuba = ilha da Fantasia]

Antonímia: palavras que se opõem pelo significado. Ex.: amor – ódio; doce – amargo; entrar – sair; viver – morrer…

Caso de substituição: “Gelada no inverno, a praia de Garopaba oferece no verão uma das mais belas paisagens catarinenses. (JB, Caderno Viagem, 25/08/93).” [Observe: inverno ≠ verão. Aqui a oposição ajuda a construir uma descrição mais completa da praia e cria um contraste].

Homonímia: palavras homônimas, têm a mesma pronúncia, mesma grafia e diferentes significados. Ex.: rio (verbo rir) /rio (substantivo); são (verbo ser) /são (substantivo saudável); nós (substantivo) /nós (1ª pessoa do plural).

Homofonia: palavras homófonas têm igual som mas grafia e significados diferentes. Ex.: conselho/ concelho; cela/sela; acento/assento…

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Homografia: palavras homógrafas têm grafia idêntica mas significados e sons diferentes. Ex.: andamos/andámos; fabrica/fábrica; sabia/sábia…

Paronímia: palavras que têm significados diferentes mas aproximam-se pelo som e pela grafia. Ex.: imigrante/emigrante; cumprimento/comprimento; imergir/emergir …

Campo Lexical: conjunto de palavras que associadas entre si remetem para um domínio da realidade, ou apresentam uma determinada noção.Terra: solo, chão, montanha, planície…Fogo: calor, brasa, sol…Ar: Estrela, céu, planeta, sopro…Praia: Guarda-sol, toalha, areia, conchas…

Campo Semântico: diferentes significados que essa palavra adquire de acordo com o contexto em que está integrada.Estrela: corpo celeste, esquema, ator/atriz, animal marinho, nome próprio.

Neologia: processo de inovação lexical, formam-se novas palavras que remetem a uma nova realidade, ou as palavras existentes adquirem novos significados.

1. Empréstimos. Ex.: snobe, golfe, futebol, pacemaker…2. Acronímia: formação de uma palavra a partir da junção de uma ou mais de uma sílaba de várias palavras. Ex.: Fenprof, Sindetex…3. Amálgamas: formar uma nova palavra a partir da fusão de duas outras ou mais. Ex.: Informática, telemóvel, robótica…4. Abreviação: substituição de uma palavra por uma parte, que funciona como o sentido pleno daquela. Ex.: Foto (fotografia), Metro (metropolitano), Prof. (professor) …5. Siglas: processo de formação de uma nova palavra pela redução ás iniciais de um conjunto de palavras. Ex.: ONU, FCP, RTP, TAP6. Abreviaturas. Ex.: séc.7. Onomatopeias: criação de palavras a partir da imitação de sons ou movimentos que existem na natureza. Ex.: Blá-blá, cocorococó, trrrim, zum zum...

4.2 Ambiguidade

Sentenças com mais de um sentido possuem o que se chama ambiguidade. Em alguns gêneros de texto isto é um excelente recurso, por exemplo na publicidade e em piadas; entretanto, em textos mais objetivos, torna-se defeito grave.

Veja-se este exemplo:

“Ladrões inovam no ataque a mulheres em carros” [Pode ser: “os ladrões descobrem novas maneiras de atacar mulheres motoristas” ou “ladrões que atacam de carro descobrem novas maneiras de atacar mulheres”].

Dentre os muitos fatores criadores de ambiguidade, observe-se os seguintes:

- A sentença aceita duas análises sintáticas diferentes:

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“Ambulante vende clandestino no centro (FSP, 2.8.1998).”

- Um mesmo pronome aceita dois antecedentes:“Duquesa de York diz que nobreza quer manchar sua imagem (Hoje em Dia – BH,

20.1.1996).”

- Uma mesma palavra tem dois sentidos diferentes:- Um mesmo operador se aplica de duas maneiras diferentes aos conteúdos da

sentença:“Palmeiras só empatou com Bahia pelo Brasileiro – 1996 (FSP, 11.8.1996).”- Uma mesma sequência de palavras pode ser interpretada como uma frase feita:“A – O Senhor Guimarães caiu das nuvens.B – Ficou surpreso com alguma coisa?A – Não, caiu das nuvens mesmo. O avião em que ele voava sofreu uma pane.”

4.3 Análise e síntese

São processos de raciocínio que utilizamos para ler textos. A análise consiste em “desmontar” as partes que compõem um texto para compreender seu funcionamento. Por isso a importância de se conhecer bem os mecanismos que pautam a construção de um texto.

Já a síntese consiste em um processo que envolve tanto a leitura quanto a escrita, pois é por meio dela que extraímos aquilo que de mais importante, essencial, há em um texto.

Para melhor entendimento, seguem dois trechos, retirados da internet, que explicam os dois processos:

“Analisar é dividir um conjunto a fim de descobrir e revelar os elementos de seu todo, bem como especificar as relações desses elementos entre si.

O trabalho de análise comporta, portanto, a divisão de um todo em partes, com o objetivo de melhor compreensâo do todo.

O trabalho analítico aplicado à compreensão de texto implica a separação das idéias principais das secundárias. Isso envolve um trabalho cognitivo sobre as estruturas sintáticas, o vocabulário, a construção dos parágrafos e o conteúdo do tema em foco. Além disso, devem-se considerar aspectos ideológicos que sempre estâo presente nos textos e o confronto do texto com outros que tratam do mesmo assunto” (SHAOLIN).

“O vocábulo síntese vem do grego e significa etimologicamen “ação de pôr junto”. Nesse sentido, como veremos aqui, análise síntese se complementam.

A sintese é um rico exercício que envolve tanto a leitura quanto escrita. Ela requer a depreensão bem nítída do que se lê ou escreve para que possa ser desenvolvida com eficácia. Seu procedimento consiste na retirada dos dados secundários, do acessório, em relaça às idéias principais, que constituem o núcleo semântico do texto.

É bem conhecida uma passagem epistolar de Padre Antônio Vieira, em que se desculpava de ter sido longo, pois não tivera tempo de ter sido breve. Aí reside o grande paradoxo na feitura de síntese. A síntese exige um elaborado esforço de redução que evidentemente tem como pré-requisito um minucioso trabalho analítico.

A vida atual se caracteriza pela produção crescente de informações, embora as pessoas dísponham cada vez de menos tempo para absorvê-las. Em conseqüência disso, impõe-se a

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necessidade de feitura de sínteses. O trabalho de síntese pode ser oral ou escrito e se faz necessário tanto nas atividades acadêmicas quanto na vida profissional.

Na universidade despontam os trabalhos de seminários, de monografias, enquanto na vida profissional somos constantemente chamados a fazer exposições em grupos de trabalhos, apresentar ou sustentar oralmente uma proposta em programa de rádio ou televisão, a produzir um relatório ou a dar um parecer na escrita. Nosso interesse aqui privilegia a síntese escrita tanto em relação â leitura quanto à produção de texto” (SHAOLIN).

5. Atividades avaliativas

No decorrer do semestre, serão realizadas diversas atividades que contemplarão os tópicos aqui estudados.

5.1 Atividades

Provas:

Prova 1 (até o item 3.1 da apostila);Prova 2 (a partir de 3.2);

Leitura de textos técnico-acadêmicos:

Resenha de artigo científico

Análise e síntese:

Relatório de filmeResumo de artigo científico

Elaboração de textos técnico-acadêmicos:

Texto do seminário

Expressões orais:

Seminário[assuntos relacionados à internet:

1. Grandes momentos da internet;2. Inclusão digital;3. Filosofia na computação (relação homem X máquina);4. Segurança na internet;5. Acessibilidade web;6. Redes sociais;7. Internet e educação (e-learning);8. E-commerce;9. Internet e sociedade: usos em outras áreas;10. Inteligência artificial;11. Sistemas e dispositivos móveis;

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12. A internet e sua linguagem (html, css, xml, etc);13. Assunto não contemplado pelos itens anteriores.]

5.2 Demais avaliações

Conjunto de atividades cotidianas: leituras, debates, etc;Autoavaliação final

5.3 Calendário das avaliações

Prova 1 – começo de outubro [segunda chamada, 10 dias após a prova];Prova 2 – final de novembro [segunda chamada, 10 dias após a prova];Resenha – final de setembro;Relatório de filme – começo de setembro;Resumo – começo de outubro;Texto do seminário – uma semana antes de cada apresentação;Seminários – Novembro e dezembro;Conjunto de atividades – no decorrer do semestre;Autoavaliação – final de dezembro.

Observação: essas datas servem de referência e podem sofrer alterações, as quais serão comunicadas e acordadas com antecedência.

Cálculo da média final

As atividades serão divididas em dois intervalos: primeiro e segundo bimestres.

Mb1 = (P1*3 + resenha*2 + filme*2 + resumo*2 + conjunto de atividades)/10Mb2 = (P2*2 + texto do seminário*3 + seminário*3 + conjunto de atividades + autoavaliação)/10Mfinal = (Mb1 + Mb2)/2

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6. Referências [além das que se encontram na ementa da disciplina]

CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. São Paulo: Ática, 2008.

CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo: edição de bolso. Organização de Cilene da Cunha Pereira. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexikon; Porto Alegre: L&PM, 2008.

DUARTE, Vânia. O seminário – o que é e como realizá-lo?. In: Brasil escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/o-seminarioque-e-como-realizalo.htm>, último acesso em 21 de julho de 2012.

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do Léxico: brincando com as palavras. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008.

ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica: brincando com a gramática. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Trabalhos de pesquisa: diários de leitura para a revisão bibliográfica. São Paulo: Parábola, 2007.

MAURÍCIO, Janaína. Semântica lexical. Disponível em: <http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/semanticalexical.htm>, último acesso em 14 de junho de 2012.

PINILLA, Aparecida; RIGONI, Cristina; INDIANI, M. Thereza. Produção de textos. Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/index.html>, último acesso em 14 de junho de 2012.

SHAOLIN. Língua Portuguesa: Análise e síntese de textos. In: Dicazine. Publicado em 07 de julho de 2011. Disponível em: <http://www.dicazine.com.br/lingua-portuguesaanalise-e-sintese-de-textos>, último acesso em 02 de agosto de 2012.

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