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Contabilidade

Apostila contabilidade concursos

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Contabilidade

Fundação Biblioteca NacionalISBN 978-85-7638-769-5

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Contabilidade

Itamar Miranda Machado

1.ª edição

Page 3: Apostila    contabilidade   concursos

© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

B118

IESDE Brasil S.A Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

Machado, Itamar Miranda

Contabilidade/Itamar Miranda Machado — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2007.

188 p.

ISBN: 978-85-7638-769-5

1. Contabilidade, Balanço Patrimonial 2. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 3. Demonstrações Contábeis 4. Tomada de Decisão I. Título

CDD 086.9

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ário

Estrutura Patrimonial e de Resultado

A Contabilidade e seus Usuários 11

11 | Conceito e finalidade

11 | Usuários

12 | Diferenças entre as Contabilidades Financeira, Gerencial e Fiscal

Estrutura Patrimonial 15

15 | Ativo

15 | Passivo

15 | Patrimônio Total (ou Bruto)

16 | Patrimônio Líquido

16 | Conceitos de Capital

16 | A Equação Básica da Contabilidade

Demonstração do Resultado do Exercício − DRE

18

18 | Receita

18 | Despesa

19 | Custo

19 | Resultado

20 | Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício − DRE

Planos de Contas 26

26 | Contas Patrimoniais

26 | Contas de Resultado

26 | Plano de Contas

33 | Exercício de fixação (resolvido)

Método das Partidas Dobradas 41

41 | Débito e Crédito

44 | Representação gráfica dos lançamentos de débito e crédito

44 | Razonete x Balanço

48 | Características das partidas dobradas

49 | O extrato bancário e as partidas dobradas

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Apuração do Resultado do Exercício – ARE 52

52 | Procedimentos para Apuração do Resultado do Exercício

Princípios Contábeis: Entidade e Competência

Princípios Fundamentais da Contabilidade 57

58 | Princípio da Entidade

59 | Princípio da Competência

Provisões 62

Despesas Pagas Antecipadamente 64

66 | Exercício de fixação (resolvido)

Demonstrações Contábeis I

Depreciação e Amortização 73

73 | Depreciação do Ativo Imobilizado

76 | Amortização do Ativo Diferido

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ário

Demonstrações Contábeis 79

80 | Balanço Patrimonial

80 | Classificação das Contas no Balanço Patrimonial

Demonstrações Contábeis II 89

89 | Demonstração do Resultado do Exercício – DRE

94 | Síntese das Contas de Resultado

95 | Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido – DMPL

96 | Exercício de fixação (resolvido)

Demonstração das Origens

e Aplicações de Recursos – DOAR 105

105 | Explicação da variação do CCL

107 | Conceito de origem e aplicação

109 | Esquema para elaborar a DOAR

115 | Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR

118 | Demonstrações Contábeis: exercício de fixação

Relatório da Diretoria, Notas

Explicativas e Parecer dos Diretores 125

125 | Relatório da Diretoria

126 | Notas Explicativas

130 | Parecer dos Auditores Independentes

Indicadores de Gestão 137

141 | EBIT e EBITDA

Page 7: Apostila    contabilidade   concursos

Consolidação das demonstrações contábeis 145

145 | Objetivo

145 | Obrigatoriedade de Consolidação

146 | Informações adicionais às demonstrações consolidadas

146 | Uniformidade de práticas

147 | Técnica de Consolidação

149 | Participações minoritárias

Gabarito 157

Referências 185

Anotações 187

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IntroduçãoC

ontabilidadeObjetivo Geral

Propiciar aos participantes o entendimento dos conceitos, registros e dinâmica contábil, bem como a interpretação dos fatos e a contribui-ção das informações no processo de tomada de decisões.

Entender as interfaces das demonstrações con-tábeis compreendendo como os fatos econômi-cos e financeiros afetam a situação patrimonial da empresa.

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Método das Partidas Dobradas

Com esse método iniciou-se uma forma estruturada de se registrar as variações patrimoniais de uma empresa. No final do século XIV, o Papa Leão X delegou ao Frei Lucca Paccioli, um matemático, o controle financeiro de um convento numa cidade da Itália. O Frei precisava demonstrar para o Papa a origem dos recursos e suas destinações, então para cada movimentação financeira ele tinha que apresentar dois registros: o de onde veio (origem dos recursos) e para onde foi (aplicação, destino dos recursos), daí o termo Partidas Dobradas.

O Frei Lucca Paccioli publicou um livro de matemática em Veneza no ano de 1494 intitulado Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Propor-tionalitá, e apesar de ser um livro de Matemática, continha um capítulo com o nome: Particularis de Computis et Scripturis, que trata dos registros pelo método das partidas dobradas. Há literaturas que trazem o início da Conta-bilidade há 4000 anos a.C. Entretanto, o primeiro registro sobre o tema que se tem notícia é esse livro de Paccioli.

Débito e CréditoA premissa básica das partidas dobradas, conforme mencionado, é que

para toda transação contábil há no mínimo dois registros (origens e destinos). Esses registros são denominados de Débito e Crédito e funcionam como as ações contábeis, uma vez que o ato de debitar e creditar alteram os saldos das contas e, conseqüentemente, geram as variações patrimoniais.

Portanto, debitar e creditar são os verbos da Contabilidade. Todas as transações contábeis que ocorrem são registradas utilizando esses dois verbos.

Antes de iniciar o entendimento de como se debita e se credita, é neces-sário entender qual a natureza dos grupos de contas. Para facilitar o enten-dimento, apresentamos o seguinte esquema:

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Contabilidade

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Grupo de contas Natureza Débito Crédito

Ativo Devedora aumenta diminui

Passivo e PL Credora diminui aumenta

Despesa e Custo Devedora aumenta diminui

Receita Credora diminui aumenta

Assim, se o Ativo é de natureza devedora, para aumentá-lo há que se fazer um débito e para reduzi-lo há que se fazer um crédito. O mesmo raciocínio serve para os demais grupos, como o Passivo e o PL são de natureza credora, para aumentá-los faz-se um crédito e para reduzi-los um débito.

Essa natureza dos grupos de contas gera ao iniciante desse estudo alguma confusão, pois pode-se questionar o seguinte: “se ativo são os bens e direitos que uma empresa possui, como isso pode ser um débito?”. Essa dúvida surge porque somos acostumamos a pensar que débito é estar em falta com algo, ou seja é uma coisa negativa, mas em Contabilidade não é bem assim, veja a origem das palavras:

Débito: do latim “debes” = devido a mim (pertencente a mim)

Crédito: do latim “credo” = confiança, crença

Portanto, a palavra débito significa devido a mim, logo o Ativo é de natureza devedora, pois os bens e direitos pertencem à empresa, ou seja são devidos a ela.

A palavra crédito significa confiança, portanto quem vende a prazo tem confiança na empresa, ou seja, acredita que ela vai pagar a dívida e, conforme já visto, as dívidas e obrigações são lançadas no Passivo, daí esse grupo ser de natureza credora. O mesmo ocorre com o Patrimônio Líquido, pois o investidor (proprietário) colocou recursos na empresa, acreditou nela.

As receitas, os custos e as despesas estão apresentadas na DRE, que, posteriormente, de forma resumida (pelo saldo: lucro ou prejuízo) são transferidas para a conta de Lucros Acumulados no Patrimônio Líquido, então o raciocínio para essas contas é o seguinte:

A receita é de natureza credora, pois aumenta o lucro, portanto aumenta a conta de Lucros Acumulados, sendo de mesma natureza que o Patrimônio Líquido.

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Método das Partidas Dobradas

43

Os custos e as despesas são de natureza devedora, pois reduzem o lucro, portanto reduzem a conta de Lucros Acumulados, sendo de natureza contrária a do Patrimônio Líquido.

Outra maneira de se entender essa questão é através da escola personalista. Considerando que no Passivo e no Patrimônio Líquido temos as fontes de recursos e no Ativo as aplicações, então o Ativo sempre é financiado por alguém (Passivo e Patrimônio Líquido) e, por isso, deve prestar contas a esse “alguém”. Para explicar vamos utilizar o exemplo da Cia. ABC do capítulo anterior:

Item1: Constituição da Cia. ABC com capital social no valor de $ 100 000, sendo integralizado em dinheiro.

ATIVO PASSIVO

Caixa 100 000 Patrimônio Líquido 100 000

Capital Social 100 000

Total 100 000 Total 100 000

No Ativo há $ 100 000 no Caixa, esse recurso veio do acionista, portanto do Capital Social, então o Caixa está devendo esse valor para o Capital Social. Se a empresa fosse fechada nesse momento, teria que pegar o $ 100 000 e devolver para o dono (acionista). Entende-se, então, que o Ativo sempre deve para alguém, por isso dizemos que é de natureza Devedora. Por outro lado, o acionista acreditou na empresa, colocou $ 100 000 nesse empreendimento, daí o Patrimônio Líquido ser considerado de natureza Credora.

Outro raciocínio seria considerar a origem das palavras, com a entrada de $ 100 000 para o Caixa a empresa passou a ter esse valor, então há que se debitar esse valor para o Caixa, uma vez que a palavra débito significa “devido a mim”. Por outro lado, o acionista acreditou na empresa ao colocar $ 100 000 de recursos nela, portanto há que creditar esse valor para o acionista, uma vez que a palavra crédito significa “credo, confiança”.

O registro contábil dessa transação:

D- Caixa: $ 100 000

C- Capital Social: $ 100 000

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Contabilidade

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Representação gráfica dos lançamentos de débito e crédito

Uma forma de melhor visualizar os lançamentos contábeis é através dos Razonetes, também chamados de “Conta T” , pois seu formato é igual a letra “T”, onde do lado direito lança-se os valores que estão Debitados e do lado esquerdo os valores Creditados.

Nome da Conta

DébitoD

CréditoC

Para cada conta contábil haverá um razonete (T), assim, se no Plano de Contas de uma empresa houver 10 000 contas contábeis haverá essa mesma quantidade de razonetes.

Contabilizando o exemplo anterior nos razonetes teremos:

Caixa

(1) 100 000

Capital Social

100 000 (1)

Explicações dos lançamentos:

Como o Ativo é de natureza devedora, para se aumentar uma conta des-se grupo faz-se um débito e, conseqüentemente, para diminuir faz-se um crédito. Portanto, havia zero no Caixa agora há $ 100 000, então hou-ve um aumento de uma conta do Ativo, por isso, foi feito um débito.

O Patrimônio Líquido é de natureza credora, para se aumentar uma conta desse grupo faz-se um crédito e, conseqüentemente, para diminuir faz-se um débito. Portanto, havia zero no Capital Social agora há $ 100 000, então houve um aumento de uma conta do Patrimônio Líquido, por isso, foi feito um crédito.

Razonete x BalançoObserva-se que se unirmos os dois razonetes teremos $ 100 000 de

cada lado a exemplo do Balanço apresentado no item-1, portanto a representação gráfica de um razonete nos lembra um Balanço sem as bordas laterais e inferiores.

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Método das Partidas Dobradas

45

Caixa: 100 000 Capital Social: 100 000

Dessa forma, fica mais fácil compreender porque as contas do Ativo são de natureza devedora e as do Passivo e Patrimônio Líquido de natureza credora. Lembrando mais uma vez que o débito aumenta o saldo das contas do Ativo e o crédito aumenta o saldo das contas do Passivo e do Patrimônio Líquido.

Nota-se que lançar qualquer valor no lado esquerdo de um razonete é debitar. Lançar qualquer valor no lado direito de um razonete é creditar. Daí a conjugação dos verbos: debitar e creditar.

Prosseguindo com o exemplo vamos a mais três lançamentos. Faremos o registro até o item 4.

Item 2: Compra à vista de móveis e utensílios no valor de $ 12 000.

ATIVO PASSIVOCaixa 88 000 Patrimônio Líquido 100 000

Móveis e Utensílios 12 000 Capital Social 100 000

Total 100 000 Total 100 000

O registro contábil dessa transação:

Havia $ 100 000 no Caixa, agora só há $ 88 000, portanto houve uma redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um crédito.

Por outro lado, havia zero de Móveis e Utensílios agora há $ 12 000, portanto houve um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito.

D- Móveis e Utensílios: $ 12 000

C- Caixa: $ 12 000

Caixa Capital Social Móveis e Utensílios

(1) 100 000 12 000 (2) 100 000 (1) (2) 12 000

# 88 000

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Detalhes importantes:

Devemos sempre numerar os lançamentos para saber a que transação se refere.

O símbolo # (jogo da velha) representa o saldo de cada razonete.

Unindo os saldos dos três razonetes num único, chega-se a uma repre-sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 2, conforme a seguir:

Caixa: 88 000Móveis e Utensílios: 12 000

Capital Social: 100 000

Item 3: Compra de mercadorias no valor de $ 15 000, sendo $ 5 000 à vista e o restante a prazo.

ATIVO PASSIVOCaixa 83 000 Exigibilidade 10 000

Móveis e Utensílios 12 000 Fornecedores 10 000

Estoque de Mercadorias 15 000 Patrimônio Líquido 100 000

Capital Social 100 000

Total 110 000 Total 110 000

O registro contábil dessa transação:

Havia $ 88 000 no Caixa e houve um pagamento de $ 5 000 devido a compra de mercadorias, com isso o saldo caiu para $ 83 000, portanto houve uma redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um crédito.

Uma parte da compra foi a prazo, portanto a empresa fez uma dívida de $ 10 000 para com os Fornecedores, portanto houve um aumento de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz-se um crédito (já que esse grupo é de natureza credora).

Por outro lado, havia zero de Estoque de Mercadorias agora há $ 15 000, houve, então, um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito.

D- Estoque de Mercadorias: $ 15 000

C- Caixa: $ 5 000

C- Fornecedores: $ 10 000

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Método das Partidas Dobradas

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Caixa Fornecedores Móveis e Utensílios(1) 100 000 12 000 (2)

5 000 (3)

10 000 (3) (2) 12.000

# 83 000

Capital Social Estoque de Mercadorias

100 000 (1) (3) 15 000

Nota-se que o lançamento de crédito do item 3 foi desmembrado em dois: $ 5 000 no Caixa e $ 10 000 em Fornecedores, em função da compra ter sido uma parte à vista e outra a prazo.

Unindo os saldos dos cinco razonetes num único, chega-se a uma repre-sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 3, conforme a seguir:

Caixa: Móveis e Utensílios: Estoque de Mercadorias:

83 00012 00015 000

Fornecedores: Capital Social:

10 000100 000

Item 4: Compra de um veículo financiado no valor de $ 6 000.

ATIVO PASSIVOCaixa 83 000 Exigibilidade 16 000

Móveis e Utensílios 12 000 Fornecedores 10 000

Estoque de Mercadorias 15 000 Financiamento 6 000

Veículos 6 000 Patrimônio Líquido 100 000

Capital Social 100 000

Total 116 000 Total 116 000

O registro contábil dessa transação:

Havia zero de Veículos agora há $ 6 000, portanto houve um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito.

Por outro lado, havia zero de Financiamentos a Pagar agora há $ 6 000, houve um aumento de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz-se um crédito.

D- Veículos: $ 6 000

C- Financiamentos: $ 6 000

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Contabilidade

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Caixa Fornecedores Móveis e Utensílios(1) 100 000 12 000 (2)

5 000 (3)

10 000 (3) (2) 12 000

# 83 000

Estoque de Mercadorias Financiamento Capital Social(3) 15 000 6 000 (4) 100 000 (1)

Veículos(4) 6 000

Unindo os saldos dos sete razonetes, chega-se a uma representação semelhante ao Balanço apresentado no item 4, conforme a seguir:

Caixa : 83 000Móveis e Utensílios : 12 000Estoque de Mercadorias: 15 000Veículos: 6 000

Fornecedores: 10 000Financiamento: 6 000Capital Social: 100 000

Conclusão importante:

O Balanço é a forma de espelhar o saldo de cada razonete de maneira organizada, segregando em contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido, apresentando a situação patrimonial da empresa. Para o usuário, é bem melhor receber a informação do saldo de cada conta no Balanço do que receber diversos razonetes soltos.

Características das partidas dobradas Para todo fato contábil haverá no mínimo dois lançamentos, um no

débito e outro no crédito.

Todas as aplicações de recursos (débito) vão necessitar de uma origem de recursos (crédito).

No Ativo, podemos dizer que toda entrada é débito e toda saída é crédito.

Exemplo: Compra de mercadoria à vista.

D- Estoque de Mercadoria (entrou mercadoria no estoque)

C- Caixa (saiu dinheiro do caixa)

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Método das Partidas Dobradas

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A soma dos débitos será sempre igual à soma dos créditos.

“Não há débito sem que haja o respectivo crédito e vice-versa”

O extrato bancário e as partidas dobradasO extrato bancário gera algumas dificuldades para o iniciante nesse

assunto, pois os lançamentos constantes no extrato são contrários aos registros das empresas, por exemplo, quando é feito um depósito na conta bancária, há que se fazer um débito, pois está aumentando a conta Banco, portanto está aumentando uma conta do Ativo. Mas no extrato o depósito consta como Crédito. Como isso é possível? Significa que a Contabilidade dos bancos é contrária à das empresas? Essas são perguntas rotineiras feitas pelo iniciante. Para responder utilizaremos o seguinte exemplo:

1. Supondo que a empresa efetue um depósito no valor de $ 100 000. A contabilização na empresa e no banco se dará da seguinte forma:

Na empresa

Saiu dinheiro do Caixa e foi para a conta Bancária, portanto é preciso creditar o Caixa uma vez que houve uma redução de recursos e aumentar a conta Banco em função do aumento.

Caixa Banco Conta Movimento

100 000 (1) (1) 100 000

No Banco

Entrou dinheiro no caixa do banco, portanto é preciso debitar o Caixa uma vez que houve uma entrada de recursos, por outro lado o banco está devendo esse valor para a empresa, como dívida é conta de Passivo, terá que efetuar um crédito na conta chamada Depósitos à Vista (C/C) – Passivo.

Caixa Depósito à Vista(1) 100 000 100 000 (1)

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Contabilidade

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Na empresa

Saiu dinheiro da conta bancária, portanto é preciso creditar a conta Banco uma vez que houve uma redução e debitar a conta Veículos em função da entrada de recursos para essa conta.

Caixa Banco Conta Movimento

100 000 (1) (1) 100 000 30 000(2)

Veículo

(2) 30 000

No Banco

Saiu dinheiro do caixa do banco, portanto é preciso creditar a conta Caixa uma vez que houve uma saída de recursos, por outro lado o banco que devia $ 100 000 passou a dever apenas $ 70 000 para a empresa, portanto houve uma redução da dívida, quando reduz uma conta do Passivo há que se fazer um débito.

Caixa(1) 100 000 30 000(2)

Depósito à Vista (C/C)(2) 30 000 100 000 (1)

Agora podemos responder aos questionamentos feitos, principalmente à pergunta: Significa que a Contabilidade dos bancos é contrária à das empresas?

A resposta é não, a Contabilidade dos bancos segue exatamente os mesmos conceitos da Contabilidade Empresarial, ou seja, quando aumenta uma conta do Ativo faz-se um débito e quando aumenta uma conta do Pas-sivo faz-se um Crédito.

Então, por que há divergência entre a forma de apresentação dos lança-mentos no extrato bancário e na Contabilidade das empresas?

A resposta é muito simples, ocorre que o extrato bancário recebido pelas empresas, nada mais é que a contabilização da conta “Depósitos à Vista (C/C)”, ou seja, os bancos quando começaram a fornecer os extratos, não tiveram o zelo de formatar um relatório que demonstrasse a contabilidade dos clientes, simplesmente pegaram a conta contábil do Passivo e enviaram para os clientes, é, por isso, que os depósitos aparecem como crédito

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Método das Partidas Dobradas

51

e os cheques pagos como débito, pois no caso do depósito, conforme demonstrado anteriormente, gera uma dívida para o banco, portanto registra-se como crédito e quando pagam um cheque do cliente reduz a dívida, portanto diminui uma conta do Passivo, por isso aparecem como débito.

Conclusão: o extrato bancário retrata a Contabilidade do banco e não do cliente.

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Contabilidade

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Apuração do Resultado do Exercício – ARE

Toda empresa é obrigada legalmente a fazer apuração dos resultados pelo menos uma vez por ano. O lucro ou prejuízo de um exercício está na dependência do confronto das contas de receitas, custos e despesas, e este resultado líquido é apurado na conta denominada ARE – Apuração do Resultado do Exercício.

As contas de receitas, custos e despesas tem periodicidade anual, por isso, são chamadas de contas transitórias, isto é, somente deverão conter registros para um ano, ou período menor, conforme a duração do período contábil, o que significa que todas as contas de resultado devem possuir saldo zero no início de cada ano. Por esta razão, é feito o encerramento dessas contas em 31 de dezembro.

Procedimentos para Apuração do Resultado do Exercício

Apurar o saldo das contas de resultado nos razonetes (T). Abrir a conta ARE e transferir todos os saldos das contas de resultado para o ARE.

Debitar o saldo das contas de receitas, em contrapartida creditar a conta ARE.

Creditar o saldo das contas de despesas, em contrapartida debitar a conta ARE.

Apurar o saldo da conta ARE. Se for credor, o resultado será lucro do exercício, se devedor, será prejuízo do exercício.

Transferir o saldo da conta ARE para a conta Lucros/Prejuízos Acumulados, esta conta é do Patrimônio Líquido.

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Método das Partidas Dobradas

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Ampliando seus conhecimentos

Para saber mais, ler os capítulos 03 dos livros:

Equipe de Professores da USP. Contabilidade Introdutória. 9 ed. São Paulo: Atlas, 1998.

GOUVEIA, Nélson. Contabilidade Básica. 2 ed. São Paulo: Harbra, 1993.

Ler também o capítulo 17 do livro:

IUDÍCIBUS,Sérgio de. MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não Contadores. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Atividades de aplicação1. Durante o mês de janeiro a Cia. EFG realizou as seguintes operações:

1. Constituição da empresa com capital social integralizado em di-nheiro no valor de $10 000.

2. Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 5 000.

3. Contratação de um empréstimo no valor de $ 3 000, o dinheiro entrou no caixa da empresa.

4. Venda de 50% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 6 000, sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista.

5. Pagamento de $ 500 de juros referente ao empréstimo contraído no item 3.

6. Houve uma despesa de salários no valor de $ 2 000 que serão pa-gos em fevereiro.

Pede-se

Faça todos os lançamentos em conta “T” e Apuração do Resultado do Exercício transferindo para a Conta de Lucros Acumulados.

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Contabilidade

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2. Durante o mês de janeiro a Cia. Tico e Téco realizou as seguintes operações:

1. Constituição da empresa com capital inicial integralizado em di-nheiro no valor de $ 70 000.

2. Contratação de um empréstimo bancário no valor de $ 10 000, tendo o banco depositado a quantia na conta da empresa.

3. Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 40 000.

4. Venda de 75% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 50 000, sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista.

5. Pagamento em cheque no valor de $ 2 000 referente a juros do empréstimo contraído no item 2.

6. Despesa com energia elétrica no valor de $ 3 000 pago à vista em dinheiro.

7. Houve uma despesa de salários no valor de $ 4 000 que serão pa-gos em fevereiro.

8. Despesa com telefone no valor de $ 1 000 que serão pagos no mês seguinte.

9. Aumento do Capital Social em cheque no valor de $ 25 000. Este valor foi depositado diretamente na conta da empresa.

Pede-se:

a) Lançar todas as transações em razonetes

b) Apurar o Resultado do Exercício – ARE em 31.01.X1

c) Elaborar a DRE em 31.01.X1

d) Elaborar o Balanço Patrimonial em 31.01.X1