Apostila Contabilidade Intermediária Tiburcio

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  • Csar Augusto Tibrcio Silva

    ContabilidadeContabilidade

  • Copyright 2007. Todos os direitos desta edio reservados ao DEPTO. DE CINCIAS DA ADMINISTRAO (CAD/CSE/UFSC).

    Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, por fotocpia e outros, sem

    a prvia autorizao, por escrito, do autor.

    S586c Silva, Csar Augusto TibrcioContabilidade / Csar Augusto Tibrcio Silva. Florianpolis :

    Departamento de Cincias da Administrao /UFSC, 2007.264p.

    Inclui bibliografiaCurso de Graduao em Administrao a distncia

    1. Contabilidade. 2. Contabilidade gerencial. 3. Estoques.4. Fluxo de caixa. 5. Educao a distncia. I. Ttulo.

    CDU: 657.14

    Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

  • PRESIDENTE DA REPBLICALuiz Incio Lula da Silva

    MINISTRO DA EDUCAOFernando Haddad

    SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIACarlos Eduardo Bielschowsky

    DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLTICAS EM EDUCAO A DISTNCIA DPEADHlio Chaves Filho

    SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILUNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    REITORLcio Jos Botelho

    VICE-REITORAriovaldo Bolzan

    PR-REITOR DE ENSINO DE GRADUAOMarcos Lafim

    DIRETORA DE EDUCAO A DISTNCIAAraci Hack Catapan

    CENTRO SOCIOECONMICODIRETOR

    Maurcio Fernandes Pereira

    VICE-DIRETORAltair Borguet

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAOCHEFE DO DEPARTAMENTO

    Joo Nilo Linhares

    SUBCHEFE DO DEPARTAMENTORaimundo Nonato de Oliveira Lima

    COORDENADOR DE CURSOAlexandre Marino Costa

    COMISSO DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAO E FUNCIONAMENTOAlexandre Marino Costa Presidente

    Gilberto de Oliveira MoritzJoo Nilo LinharesLuiz Salgado Klaes

    Marcos Baptista Lopez DalmauMaurcio Fernandes Pereira

    Raimundo Nonato de Oliveira Lima

  • CONSELHO CIENTFICOProfa. Liane Carli Hermes Zanella

    Prof. Luis Moretto NetoProf. Luiz Salgado Klaes

    Prof. Raimundo Nonato de Oliveira Lima

    CONSELHO TCNICOProf. Maurcio Fernandes Pereira

    Profa. Alessandra de Linhares Jacobsen

    METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIADenise Aparecida Bunn

    Adriana NovelliRafael Pereira Ocampo Mor

    PROJETO GRFICOAnnye Cristiny Tessaro

    Mariana Lorenzetti

    DIAGRAMAOAnnye Cristiny Tessaro

    Victor Emmanuel Carlson

    REVISO DE PORTUGUSRenato Tapado

    ORGANIZAO DE CONTEDOCsar Augusto Tibrcio Silva

  • Apresentao

    Prezado Estudante,Iniciaremos o contedo de Contabilidade Geral e de Custos.

    Conforme voc vai notar, este contedo muito importante para oAdministrador, pois a informao financeira produzida pela Conta-bilidade. Esta informao ser usada no processo decisrio da empre-sa. Para o administrador necessrio conhecer o significado da infor-mao e como pode ajudar a melhorar seu desempenho.

    Voc vai notar que o foco de nosso estudo o administrador.Por este motivo, a metodologia de aprendizado est voltada para ousurio da informao, e no para o responsvel por sua elaborao esistematizao. Um aprofundamento pode ser obtido nas refernciasindicadas ao final da disciplina.

    O correto entendimento deste contedo ser importante para oadministrador nas decises que possuem impacto sobre as finanas deuma empresa.

    Bom estudo.

    Professor Csar Augusto Tibrcio Silva

  • Sumrio

    UNIDADE 1 Introduo s demonstraes financeiras

    Introduo s demonstraes financeiras....................................................11Resumo.......................................................................................................38Atividade de aprendizagem........................................................................39

    UNIDADE 2 Analisando as demonstraes financeiras

    Analisando as demonstraes financeiras...................................................43Resumo.......................................................................................................69Atividade de aprendizagem.......................................................................71

    UNIDADE 3 Sistema de informao contbil

    Sistema de informao contbil...................................................................75Resumo......................................................................................................101Atividade de aprendizagem......................................................................102

    UNIDADE 4 Caixa e controle interno

    Caixa e controle interno...........................................................................105Resumo......................................................................................................131Atividade de aprendizagem......................................................................133

    UNIDADE 5 Operaes com mercadorias

    Operaes com mercadorias.......................................................................137Resumo......................................................................................................159Atividade de aprendizagem......................................................................160

  • UNIDADE 6 Introduo Contabilidade Gerencial

    Introduo Contabilidade Gerencial.........................................................163Resumo......................................................................................................186Atividade de aprendizagem......................................................................188

    UNIDADE 7 Custos em decises

    Custos em decises...................................................................................191Resumo......................................................................................................213Atividade de aprendizagem......................................................................215

    UNIDADE 8 Apurando o custo unitrio

    Apurando o custo unitrio........................................................................219Resumo......................................................................................................238Atividade de aprendizagem......................................................................239

    UNIDADE 9 Avaliao de desempenho, preos detransferncia e descentralizao

    Avaliao de desempenho, preos de transferncia edescentralizao.................................................................................243Resumo......................................................................................................261Atividade de aprendizagem......................................................................262

    Referncias.....................................................................................263

    Minicurrculo.....................................................................................264

  • Introduo s demonstraesfinanceiras

    Introduo s demonstraesfinanceiras

    UNIDADE

    1

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Objetivo

    Nesta Unidade, voc conhecer os usurios das informaes contbeis,

    as atividades exercidas por uma entidade e o contedo das

    demonstraes financeiras mais relevantes, bem como os princpios

    fundamentais da Contabilidade.

  • Mdulo 3

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    Introduo sdemonstraes financeiras

    Caro estudante!

    Ser um prazer poder interagir com voc durante a discipli-na de Contabilidade. Queremos mostrar que a informaocontbil importante para ser utilizada nas decises dosgestores. A forma mais usual como uma informao contbil apresentada por meio das demonstraes financeiras,tambm denominadas de demonstraes contbeis. A Uni-dade 1 vai mostrar quem so os usurios da contabilidade eque tipo de perguntas pode ser respondido por meio dela.As demonstraes financeiras usuais sero conhecidas aseguir. Finalizando, vamos estudar os princpios fundamen-tais da Contabilidade.

    No esquea de fazer as atividades sugeridas ao final daUnidade. Vamos estar com voc, com muita alegria, esti-mulando a aprendizagem e auxiliando na soluo das dvi-das. Ento, no percamos tempo, vamos comear nossosestudos!

    O segundo semestre de 2001 est associado ao ataque terrorista aoWorld Trade Center. Entretanto, para o mundo dos negcios, outro even-to tambm chamou bastante a ateno: os problemas da empresa Enron.

    Essa empresa atuava no setor de energia e era considerada ummodelo de gesto com o uso de instrumentos financeiros inovadores.At alguns dias antes de os problemas da empresa serem conhecidospelo mercado, acreditava-se que a Enron fosse uma empresa saud-vel. No era.

    O impacto do problema da Enron foi to significativo que pro-vocou uma discusso no congresso norte-americano e no mercadomundial sobre assuntos como tica, papel da informao contbil ecredibilidade. Como resposta crise de confiana que ocorreu aps oescndalo da Enron, o Congresso dos EUA aprovou uma legislao

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    que tentava evitar que no futuro situaes como esta voltassem a ocor-rer. Esta legislao ficou conhecida como Sarbox*.

    Um dos pontos importantes da Sarbox afetava as demonstraesfinanceiras das empresas com aes negociadas na bolsa de valores.Determinava que constasse nas demonstraes financeiras a assinaturado dirigente da empresa, provando que ele confirmava as informaes.Em outras palavras, o administrador passou a ser tambm responsvelpelas informaes das empresas que so divulgadas para o usurio.

    Os usurios e as informaes contbeis

    A principal finalidade da contabilidade* preparar informaesque sero utilizadas pelo usurio no seu processo decisrio. Para isso, acontabilidade identifica, mensura e comunica os eventos econmicosde uma entidade.

    Geralmente, os usurios so classificados como:

    internos: so as pessoas internas entidade, como o casodo gerente e do diretor. Os usurios internos usam a contabi-lidade para ajudar no seu processo de tomada de deciso.Entre as diferentes situaes em que possvel utilizar a con-tabilidade, citamos a situao na qual o administrador estestudando a viabilidade de uma filial. Por meio da mensuraodo seu resultado pela contabilidade, ser possvel determinaro fechamento desta filial ou no. O Quadro 1 apresenta exem-plos de questes que so de interesse do usurio interno eque podem ser respondidas pela contabilidade;

    externos: so as pessoas que utilizam as informaes contbeispara seu processo decisrio. Entretanto, ao contrrio dos usu-rios internos, o acesso s informaes mais limitado, porpossuir uma menor possibilidade de obter informaes sobre aentidade. Um instrumento importante para estes usurios soas demonstraes financeiras, que permitem responder algu-mas das questes exemplificadas no Quadro 2.

    GLOSSRIO*Sarbox Legisla-o norte-americanacriada aps os es-cndalos contbeis.

    GLOSSRIO*Contabilidade sistema de informa-o responsvelpela identificao,mensurao e co-municao de even-tos econmicos deuma entidade paraseus usurios.

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    Apresentamos alguns dos usurios externos das demonstraesfinanceiras.

    Fisco: representado pela Secretaria da Receita Federal, nonvel federal, e pelas secretarias da fazenda nos Estados, Dis-trito Federal e municpios. Para o fisco, a informao contbil importante para a arrecadao de tributos.

    Investidores: aplicam ou aplicaro seus recursos na empre-sa. Estes usurios tm interesse em investir na empresa pormeio de emprstimos ou pela compra de parte do capital.Nesta situao, as demonstraes financeiras permitiro ana-lisar, por exemplo, o nvel de risco da entidade.

    Fornecedores e clientes: fazem negcios com a entidade.Ambos compem a denominada cadeia de valor do negcio

    Quadro 1: Questes do usurio internoFonte: figuras retiradas da internet e estrutura elaborada pelo autor

    Quadro 2: Questes do usurio externoFonte: figuras retiradas da internet e estrutura elaborada pelo autor

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    em que a entidade atua. Para esses usurios, a informaocontbil pode ser importante para determinar o nvel e a pro-fundidade no relacionamento comercial.

    rgos reguladores do governo: devem exercer um papelna regulao da relao entre as empresas, e entre as empre-sas e os clientes. Em alguns setores, existem rgos regula-dores especficos (Banco Central, para as instituies finan-ceiras; Anatel, para o setor de telecomunicaes; Procon, paraa proteo dos direitos do consumidor; etc.). Para estes r-gos reguladores, a informao contbil pode ser importantena discusso de tarifas de servios, apreciao de concorrn-cia predatria entre as empresas, entre outros assuntos.

    Assim como na administrao, importante a questo tica nacontabilidade. As informaes so preparadas com esta preocupao,e o profissional responsvel por isto, o contador atua dentro de umcdigo de tica da profisso. Esta preocupao com a tica na conta-bilidade para fazer com que as demonstraes financeiras expressema realidade econmica da entidade.

    Atividades da entidade

    As entidades desenvolvem diferentes atividades no seu dia-a-dia. Para fins da contabilidade, classificamos todas estas atividadesem trs grupos:

    financiamento;

    investimento; e

    operaes.

    Essa classificao permite melhor viso do desempenho da enti-dade. Considere, a ttulo de exemplo, uma empresa de consultoria deRecursos Humanos. Para que esta empresa possa funcionar, so ne-

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    cessrios recursos financeiros, que so aportados por seus acionistasou por instituies financeiras. As atividades relacionadas captaode recursos so denominadas de financiamento. Com os recursos obti-dos, a empresa pode comprar computadores, mveis e terrenos. Estasatividades relacionadas com a obteno de bens utilizados para pro-duo se denominam investimento. Finalmente, com os recursos oriun-dos dos investimentos, a empresa vai prestar servios para seus clien-tes e pagar suas despesas operacionais (salrios dos funcionrios, ma-nuteno dos computadores, impostos prediais, etc.). Estas atividadesesto vinculadas operao da empresa.

    A partir desta classificao das atividades de uma entidade, po-demos ter um rico painel do seu desempenho. Vamos detalhar, a se-guir, essa classificao.

    Atividades de financiamento

    Conforme comentado anteriormente, as atividades de financia-mento dizem respeito obteno de recursos financeiros. Existem duasfontes em que uma entidade pode obter recursos:

    por meio dos acionistas: podem colocar dinheiro na entida-de aumentando seu capital; ou

    por meio de terceiros: no possuem participao acionria.

    Quando o financiador no possui vnculo acionrio com a enti-dade, esta fonte de recurso recebe o nome de passivo. Uma entidadetpica possui diferentes tipos de passivo. Os emprstimos referem-se aosrecursos que a entidade capta numa instituio financeira. J fornecedo-res correspondem aquisio de servios ou produtos que so usadosnas suas operaes. Os salrios a pagar dizem respeito folha de paga-mento da entidade que ainda no foi paga numa determinada data.E obrigaes tributrias correspondem a obrigaes com o governo.

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    importante destacar que os nomes utilizados podem va-riar de entidade para entidade. No existe uma padroniza-o para todas as entidades na denominao utilizada pelacontabilidade.

    Outra fonte de recursos so os acionistas. Na contabilidade, es-tes recursos recebem a denominao de patrimnio lquido. Os acio-nistas podem investir numa entidade de duas maneiras: aportando maiscapital ou no fazendo a distribuio do resultado.

    Tanto o acionista quanto a instituio financeira que concedeum emprstimo esperam ser remunerados por investir na entidade.Quando um acionista que investe numa entidade, a remunerao paraestes recursos investidos ocorre por meio da distribuio dos dividen-dos*. J para uma instituio financeira que concedeu um emprstimopara a empresa, a remunerao ocorre por meio dos juros que seropagos por este emprstimo.

    Os outros passivos relacionados com os funcionrios (como ocaso de salrios a pagar) e ao governo (as obrigaes tributrias, porexemplo) no possuem remunerao quando pagos pontualmente.

    Atividades de investimento

    Todas as transaes ocorridas na entidade que dizem respeitoaos itens utilizados para a produo econmica da prpria entidade,tais como mquinas, equipamentos, mveis, utenslios, computadorese terrenos, fazem parte das atividades de investimento. A finalidadedestas atividades montar uma infra-estrutura necessria para a ope-rao da entidade.

    Os recursos que so usados para trazer riqueza futura para a en-tidade recebem a denominao de ativo. Os ativos* vinculados a estainfra-estrutura so denominados de ativo permanente.

    Geralmente, as atividades de investimento so resultantes dasdecises estratgicas da entidade: entrar num novo negcio, abrir uma

    GLOSSRIO*Dividendos dis-tribuio do resulta-do da entidade paraos acionistas.

    GLOSSRIO*Ativos lado es-querdo do balanopatrimonial. Corres-pondem aos itensque vo trazer bene-fcios futuros para aentidade.

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    filial, expandir a linha de produo, modernizar os computadores, etc.De onde a empresa consegue os recursos para estes investimentos?A resposta : das atividades de financiamento.

    Atividades operacionais

    Com os investimentos realizados, a entidade pode fazer suas ati-vidades operacionais. Estas atividades esto ligadas obteno de re-ceita, e todo esforo vinculado diretamente a isso deve ser considera-do neste grupo. Usualmente, denominamos a receita conforme o modocomo foi obtida: receita de prestao de servio, receita financeira,receita de doao e receita de venda.

    No processo de gerao de receita, a entidade usa e consomeativo. Esse consumo de ativo recebe a denominao de despesa. Parapermitir uma melhor anlise do desempenho de uma entidade, separa-mos as despesas em diferentes tipos. Quando uma empresa comercialvende um produto para seu cliente, o valor da venda consideradocomo a receita obtida na transao. A quantidade que a empresa pa-gou pelo produto quando comprou do fornecedor considerada umadespesa, que recebe a denominao de custo da mercadoria vendida.Numa empresa industrial, este custo recebe a denominao de custodo produto vendido. Numa empresa prestadora de servio, a denomi-nao usual custo do servio prestado.

    Alm do custo da mercadoria, existem outras despesas que ocorremque ajudam a empresa a obter receitas. Estas despesas geralmente so:

    despesas de vendas: como comisso e salrio de vendedores;

    de publicidade e propaganda: como o anncio num classifi-cado de um jornal;

    administrativa: despesa de telefone da diretoria, por exem-plo; e

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    financeira: juros dos emprstimos obtidos junto s institui-es financeiras.

    Quando se comparam as receitas obtidas num determinado pero-do com todas as despesas, incluindo aqui o custo da mercadoria ven-dida/custo do produto vendido/custo do servio prestado, tem-se o re-sultado do perodo. Caso o resultado seja positivo, ou seja, a receitaseja maior que a despesa, a entidade obteve um lucro*. Na situaoinversa, quando a receita menor que a despesa, ocorreu um prejuzo.

    Comunicao com usurios

    O desempenho de uma entidade precisa ser comunicado aos seususurios. Para tanto, a contabilidade utiliza as demonstraes finan-ceiras que apresentam um resumo deste desempenho. As principaisdemonstraes financeiras so:

    balano patrimonial*: apresenta os ativos, os passivos e opatrimnio lquido numa determinada data;

    demonstrao do resultado: permite ao usurio verificar seo resultado foi positivo (lucro) ou negativo (prejuzo);

    demonstrao das mutaes do patrimnio lquido: deta-lha como o patrimnio lquido mudou entre um perodo eoutro, incluindo aqui o resultado do perodo;

    demonstrao dos fluxos de caixa: apresenta umdetalhamento das movimentaes ocorridas no caixa da enti-dade, indicando a origem e a aplicao desses recursos.

    Para mostrar essas demonstraes, apresentamos a seguir o exem-plo da Business Ltda.

    GLOSSRIO*Lucro resultadopositivo da entidade.Ocorre quando asoma das receitas superior s despesas.

    GLOSSRIO*Balano patrimo-nial demonstraofinanceira que mos-tra os ativos, os pas-sivos e o patrimniolquido numa deter-minada data.

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    Demonstrao do resultado

    A demonstrao do resultado informa se uma entidade apresen-tou um resultado positivo ou no durante um determinado perodo. Elatambm conhecida como DRE.

    A demonstrao do resultado apresenta se uma entidade obteveresultado ou no de maneira dedutiva. Assim, em primeiro lugar, apre-senta-se a receita derivada dos principais negcios da entidade; depois,o esforo realizado pela entidade para obteno desta receita, que co-nhecido, na linguagem contbil, como despesa. Deste modo, a despesade salrios refere-se ao pagamento de salrios aos funcionrios da enti-dade. A despesa de aluguel est associada utilizao de um imvel deterceiros pela entidade. A despesa de telefone e energia est relacionadacom a utilizao desses servios. J a despesa financeira so os jurosdos emprstimos que a entidade possui.

    O Quadro 3 apresenta a demonstrao do resultado da Business.No perodo de 2006, a empresa apresentou uma receita de R$ 230 milpara uma despesa de R$ 203 mil. A demonstrao do resultado permiteverificar que a entidade tem como maior despesa os salrios, no valor deR$ 104 mil.

    Quadro 3: Demonstrao do resultado da BusinessFonte: elaborado pelo autor

    Business Ltda.

    Demonstrao do Resultado2006 Em R$

    ReceitasReceitas de Servios 230.000,00

    DespesasDespesas de Salrios 104.000,00Despesas de Aluguel 27.000,00Despesas de Telefone e Energia 38.000,00Despesas Financeiras 34.000,00

    Total das Despesas 203.000,00

    Lucro Lquido 27.000,00

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Ao comparar a receita de servios da empresa com as despesas,tem-se que a entidade apresentou um resultado positivo, ou um lucrolquido, de R$ 27 mil.

    A demonstrao do resultado e a apurao se uma entidade obte-ve ou no lucro so importantes para o usurio. Uma entidade que con-segue obter lucros adequados sinal de entidade em condies de obterum bom crescimento, conquistar mercado, cumprir seus compromissosem dia e remunerar seus acionistas com dividendos.

    Demonstrao das mutaes dopatrimnio lquido (DMPL)

    O usurio sabe, com a demonstrao do resultado, se uma em-presa obteve ou no lucro. A demonstrao das mutaes do patrim-nio lquido mostra o que ocorreu com os recursos investidos pelo acio-nista na entidade. Isto inclui a destinao do lucro obtido no perodo.

    Quando a entidade decide no fazer a distribuio do seu resulta-do, esses valores ficam acumulados. O Quadro 5 apresenta o exemploda demonstrao das mutaes do patrimnio lquido da Business Ltda.

    Quadro 4: Analisando a informao contbil: demonstrao do resultadoFonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Demonstraodo Resultado.

    O que significa?

    A entidade tem lucrose receitas somaiores que asdespesas.

    Como analisar?

    necessrioverificar se o lucroque a entidade estobtendo compat-vel com suahistria e comentidades domesmo porte esetor.

    Questo

    A entidade lucrativa?

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    Conforme pode ser notado, a primeira linha da demonstraorefere-se ao saldo existente no incio do perodo. As linhas seguintesmostram os eventos que ocorreram no ano de 2006 que afetaram o pa-trimnio lquido da empresa. No exemplo da Business, so trs eventos:

    primeiro evento: o aumento do capital da empresa por meiodas reservas e dos lucros acumulados;

    segundo evento: diz respeito distribuio do lucro da em-presa, sob a forma de dividendos. A distribuio do lucropara os acionistas vai depender da poltica de distribuio dedividendos da entidade. Como regra geral, uma entidade quepretende crescer evita distribuir dividendo, uma vez que aexistncia de recursos importante para investimentos futu-ros; e

    terceiro evento: a incorporao do lucro do exerccio daempresa, no valor de R$ 27 mil. Observe que este valorcorresponde ao resultado apresentado no Quadro 3. Isto no uma mera coincidncia.

    Quadro 5: Demonstrao das mutaes do patrimnio lquidoFonte: elaborado pelo autor

    Business Ltda.

    Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido2006 Em R$

    Capital Social Reservas Lucros Acumulados Total

    Saldo Inicial 125.000,00 75.000,00 45.000,00 245.000,00Aumento de Capital 60.000,00 (40.000,00) (20.000,00) Distribuio de Dividendos (15.000,00) (15.000,00)Lucro do Exerccio 27.000,00 27.000,00

    Saldo Final 185.000,00 35.000,00 37.000,00 257.000,00

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Balano patrimonial

    O balano patrimonial uma demonstrao que mostra os itensque vo ajudar a gerar riqueza para entidade num futuro prximo, de-nominado de ativo na terminologia contbil, e as obrigaes de umaentidade numa determinada data. As obrigaes so agrupadas empassivo, que so as obrigaes de uma entidade para com terceiros, epatrimnio lquido, que so as obrigaes da entidade para com osacionistas. A relao entre os ativos e as obrigaes de uma entidadeest representada no Quadro 7, que trata da equao contbil bsicaque relaciona o ativo com o passivo e patrimnio lquido.

    Quadro 6: Analisando a informao contbil: demonstraes dasmutaes do patrimnio lquido

    Fonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Demonstraodas mutaesdo patrimniolquido.

    O que significa?

    Verificar como aentidade estaumentando oudiminuindo seupatrimnio lquido(distribuio dedividendos, retenode lucros, etc.).

    Como analisar?

    Entidades compossibilidades decrescimento devemevitar a distribuiode dividendos.

    Questo

    O que ocorreucom o

    patrimniolquido daentidade?

    V L q

    Quadro 7: Equao contbil bsicaFonte: elaborado pelo autor

    Ativo = Passivo + Patrimnio Lquido

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    A equao contbil bsica significa, em termos prticos, que, emuma determinada entidade, o valor do ativo dever ser igual soma doseu passivo e do seu patrimnio lquido. E isso ser verdadeiro para todasas entidades, pois, em caso contrrio, a contabilidade estar errada.

    O Quadro 8 apresenta o exemplo do balano patrimonial daBusiness Ltda. A primeira constatao possvel de que a equaocontbil bsica funciona para essa entidade. De um lado, temos umtotal de ativo de R$ 391 mil. Do outro lado do balano, o lado direito,h um passivo de R$ 134 mil e um patrimnio lquido de R$ 257 mil.

    Outro aspecto importante que os valores do patrimnio lquidoso aqueles que j foram mostrados na demonstrao do patrimniolquido (Quadro 5). Compare e comprove voc mesmo.

    Anlises diversas so possveis de serem feitas a partir do balan-o patrimonial. Podemos, por exemplo, verificar a composio do ati-vo de uma entidade. No exemplo apresentado, podemos notar que aBusiness tem seu ativo concentrado em terrenos e mquinas, que soitens que geralmente so utilizados no processo produtivo. Alm dis-to, existem valores a receber, geralmente de clientes, estoques, aplica-es financeiras e caixa, que correspondem moeda corrente. Do ladodas obrigaes, temos que a maior parte so obrigaes com os acio-nistas ou patrimnio lquido. Mas possvel observar que a entidade

    Quadro 8: Balano patrimonial da BusinessFonte: elaborado pelo autor

    Business Ltda.

    Em R$Balano Patrimonial

    31/12/2006

    Caixa 46.400,00 PassivoValores a Receber 71.000,00 Contas a Pagar 58.000,00Estoques 53.000,00 Emprstimos 76.000,00Terrenos 104.000,00 Total do Passivo 134.000,00Mquinas 116.600,00

    Patrimnio LquidoCapital Social 185.000,00Reservas 35.000,00Lucros Acumulados 37.000,00 Total do Patrim. Lquido 257.000,00

    Total do Ativo 391.000,00 Total do Passivo e Patrim. Lquido 391.000,00

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    possui tambm uma dvida com uma instituio financeira, quecorresponde ao valor dos emprstimos. Geralmente, este tipo de dvi-da produz despesa financeira, e isto pode ser notado na demonstraodo resultado (veja o Quadro 3).

    Finalmente, importante observar que o balano patrimonial dizrespeito a uma data especfica no tempo, ao contrrio, por exemplo,da demonstrao do resultado.

    Quadro 9: Analisando a informao contbil: balano patrimonialFonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Balanopatrimonial.

    O que significa?

    A resposta dessapergunta se refere aonvel deendividamento daentidade.

    Como analisar?

    Entidadesendividadaspossuem um riscomaior. Baixoendividamento podesignificar dificulda-de de acesso sfontes de recursos.

    Questo

    Onde aentidade estbuscando osrecursos parafinanciar suasoperaes?

    V L q

    Demonstrao dos fluxos de caixa

    A demonstrao dos fluxos de caixa vai detalhar o que ocorreucom o caixa da entidade num determinado perodo. Em outras pala-vras, esta demonstrao mostra os pagamentos e recebimentos da en-tidade. Esta demonstrao incorpora os valores monetrios que a empre-sa detm no caixa (moeda corrente), os valores nas contas bancrias eas aplicaes financeiras.

    Para melhor entender a movimentao do caixa de uma entida-de, os pagamentos e recebimentos so usualmente divididos em trsgrupos, conforme as atividades executadas:

  • Mdulo 3

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    fluxos de caixa provenientes das atividades operacionais;

    fluxos de caixa provenientes das atividades de investimento; e

    fluxos de caixa provenientes das atividades de financiamen-to. Esta classificao permite que o usurio possa saber deonde a entidade est obtendo recursos e como estes recursosesto sendo aplicados.

    Alm desses trs grupos, a demonstrao dos fluxos de caixatambm apresenta o valor inicial do caixa, o valor final e a variao noperodo, e esta variao a soma dos trs grupos.

    A demonstrao dos fluxos de caixa da Business encontra-se noQuadro 10. Durante o ano de 2006, a entidade apresentou um caixapositivo das atividades operacionais de R$ 78 mil, resultante do rece-bimento de clientes (R$ 250 mil) e dos pagamentos de salrios, alu-guel, telefone e energia. As atividades de investimento consumiramR$ 23.400 do caixa da entidade em razo da compra de terrenos emquinas. A empresa remunerou suas fontes de financiamento no to-tal de R$ 39 mil, com pagamento de dividendos para os acionistas (R$15 mil) e o pagamento de emprstimos (R$ 24 mil).

    A soma destes trs grupos de fluxos de caixa resulta um total deR$ 15.600, ou seja, R$ 78.000 R$ 23.400 R$ 39.000. Uma vezque o caixa inicial era de R$ 30.800, o saldo final do caixa da entida-de ser de R$ 46.400, ou R$ 15.600 + R$ 30.800. O valor do saldofinal do caixa igual quele que consta do balano patrimonial daentidade. Volte e verifique o Quadro 8.

  • 26

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    O que podemos obter com a demonstrao dos fluxos de caixaencontra-se no Quadro 11.

    Quadro 10: Demonstrao dos fluxos de caixa da BusinessFonte: elaborado pelo autor

    Quadro 11: Analisando a informao contbil: demonstraodos fluxos de caixa

    Fonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Demonstraodos fluxos decaixa.

    O que significa?

    A entidade estgerando caixa nasoperaes. Quandoisto no ocorre, preciso obter recursoscom terceiros ouvendendo seus ativos.

    Como analisar?

    O fluxo dasatividadesoperacionais deveser positivo.

    Questo

    A entidade estconseguindogerar recursosnas suas

    atividadesoperacionais?

    V L q

    Business Ltda.Demonstrao do Fluxo de Caixa

    2006

    Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais

    Recebimento de Clientes 250.000,00Pagamento de Salrios (110.000,00)Pagamento de Aluguel (27.000,00)Pagamento de Telefone e Energia (35.000,00)

    78.000,00

    Fluxo de Caixa das Atividades de InvestimentoAquisio de Terrenos (10.000,00)Aquisio de Mquinas (13.400,00)

    (23.400,00)Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento

    Distribuio de Dividendos (15.000,00)Pagamento de Emprstimos (24.000,00)

    (39.000,00)Variao no Caixa 15.600,00Caixa no Incio do perodo 30.800,00Caixa no Final do perodo 46.400,00

  • Mdulo 3

    27

    Vnculo entre as demonstraes

    Conforme voc j deve ter percebido, as demonstraes finan-ceiras esto relacionadas entre si. O lucro lquido obtido na demons-trao do resultado (Quadro 3) aparece na demonstrao das muta-es do patrimnio lquido (Quadro 5). Este patrimnio lquido tam-bm aparece no balano patrimonial (Quadro 8). A composio docaixa, que tambm aparece no balano patrimonial, est detalhada nademonstrao dos fluxos de caixa (Quadro 10).

    Demonstraes financeiras de uma empresa real

    O exemplo apresentado anteriormente tambm pode ser encon-trado numa empresa real. As grandes empresas, que possuem aesnegociadas na bolsa de valores, divulgam suas demonstraes finan-ceiras para os potenciais investidores. Para mostrar um exemplo real,utilizamos as demonstraes da empresa Brasil Telecom (BrT a partirde agora), do setor de comunicaes. Os valores apresentados a se-guir esto em R$ milhes, e as demonstraes foram simplificadaspara fins didticos.

    Demonstrao do resultado

    Pode ser notado na Quadro 12 que a BrT apresentou um lucrolquido em 2004, mas no ano anterior esta empresa teve um prejuzo.Em outras palavras, neste aspecto o desempenho da empresa melhorou.

    Este resultado explicado pelo aumento da receita da empresa.A maior parte dos custos e despesas da empresa tambm teve aumen-to, exceto o item outras despesas.

  • 28

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Demonstrao das mutaesdo patrimnio lquido

    J sabemos que o resultado da empresa melhorou em 2004. En-tretanto, o valor dos lucros acumulados diminuiu no perodo, e o Qua-dro 13 mostra a razo disto. Observe que, nos dois anos, a empresaprops a distribuio de dividendos para seus acionistas no valor de246 milhes e 445 milhes de reais. Observe que o valor do preju-zo* de 2003 e o lucro de 2004 constam desta demonstrao.

    GLOSSRIO*Prejuzo resulta-do negativo. Ocorrequando a receita inferior s despesas.

    Quadro 12: Questes do usurio internoFonte: CVM

    Quadro 13: Demonstraes das mutaes do patrimnio lquido da BrTFonte: CVM

    Brasil Telecom S.A.Demonstrao do Resultado

    Exerccios Findos em 31/12 de 2004 e 2003Em Milhes de Reais

    2004 2003Receita Operacional 8.910 7.922

    Custos dos Servios Prestados (5.558) (4.753)

    Despesa de Comercializao (1.097) (947)

    Despesas Gerais e Administrativas (902) (771)

    Despesas Financeiras Lquidas (1.003) (1.092)

    Outras Despesas (61) (384)

    Lucro Lquido 289 (25)

    Capital Social L. Acum. TotalSaldo em 31/12/2002 5170 1802 6972

    Aumento de Reserva 4 4Prejuzo do Exerccio

    -25 -25Dividendos Propostos

    -246 -246Outras Movimentaes

    -15 -19 -34Saldo em 31/12/2003 5159 1512 6671Lucro do Exerccio 289 289Dividendos Propostos

    -445 -445Outras Movimentaes

    -3 -23 -26Saldo em 31/12/2004 5156 1333 6489

    Brasil Telecom S.A.Demonstrao das Mutaes do Patr. LquidoExerccios findos em 31/12/2003 e 2004

    Em R$ Milhes

  • Mdulo 3

    29

    Balano patrimonial

    O balano patrimonial da Brasil Telecom encontra-se apresenta-do, de forma resumida, no Quadro 14. Observe que a BrT aumentouos investimentos, o que, por sua vez, aumentou o ativo total. Ocorreuuma reduo no patrimnio lquido, devido conta de lucros acumu-lados, conforme visto anteriormente. J o passivo cresceu no perodo,em razo do valor de emprstimos e financiamentos.

    Demonstrao dos fluxos de caixa

    O Quadro 15 apresenta esta demonstrao da empresa de formasimplificada. Note que a empresa tem apresentado um fluxo positivo ecrescente no perodo das atividades operacionais. Com este dinheiro,a empresa tem realizado investimentos (compra de equipamentos, ter-renos, entre outros) e remunerado seus investidores (por exemplo, pa-gamento de emprstimos e de dividendos).

    Outro aspecto importante a ser notado na ilustrao 15 que osaldo final corresponde ao valor existente no balano patrimonial (Qua-dro 14). Compare e comprove!

    Quadro 14: Balano patrimonial da BrTFonte: CVM

    Ativo 31/12/04 31/12/03 Passivo e Patrimnio Lquido 31/12/04 31/12/03Caixa e Equivalente 1.964 1.413 Contas a Pagar 1.134 946

    Contas a Receber de Clientes 1.976 1.851 Emprstimos e Financiamentos 5.255 4.636Investimentos 2.029 541 Outros Passivos 3.170 2.744Imobilizado 7.358 8.632 Passivo 9.559 8.326Outros Ativos 2.721 2.560

    Capital e Reservas 5.156 5.159Lucros Acumulados 1.333 1.512Patrimnio Lquido 6.489 6.671

    Total 16.048 14.997 Total 16.048 14.997

    Brasil Telecom S.A.Balano Patrimonial

    Exerccios Findos em 31/12 de 2004 e 2003Em Milhes de Reais

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    GLOSSRIO*Notas explicativas parte das demons-traes financeiras.Sua finalidade de-talhar as contas ouos critrios usados,principalmente nobalano patrimoniale na demonstraodo resultado.

    Outras informaes dasdemonstraes financeiras

    Alm das demonstraes financeiras, aqui apresentadas nosQuadros 12 a 15, uma empresa pode divulgar outras informaes paraseu usurio. Teceremos algumas consideraes sobre as informaesmais usuais que so o relatrio de administrao, as notas explicativas*e o parecer dos auditores.

    O relatrio de administrao um texto redigido pelos gestoresda entidade com observaes sobre o seu desempenho. No existe umpadro de texto, o que significa dizer que cada entidade escolhe o seucontedo. O mais usual que a administrao da entidade comente odesempenho no perodo, podendo comentar como a economia (infla-o, atuao do governo, etc.) e outras variveis afetaram este desem-penho. Em algumas empresas, esse relatrio pode conter dezenas depginas de textos, tabelas e ilustrao.

    O Quadro 16 apresenta um pequeno trecho do relatrio de ad-ministrao da BrT. Nesse trecho, a administrao da empresa relatao desempenho no setor de telefonia fixa. Note que a empresa apre-senta sua justificativa para o baixo crescimento do nmero de linhasnesse setor.

    Quadro 15: Demonstrao dos fluxos de caixa da BrTFonte: CVM

  • Mdulo 3

    31

    As notas explicativas so partes integrantes das demonstraesfinanceiras. Sua finalidade explicar melhor algum detalhe dessasdemonstraes ou como os valores foram obtidos. Existe uma tendn-cia no Brasil de as demonstraes financeiras serem mais resumidas,ficando os detalhes para as notas explicativas. Nas grandes empresas, asnotas explicativas podem ter dezenas de pginas. O Quadro 17 apresentaum pequeno exemplo de notas explicativas da BrT, que nas demonstra-es financeiras encerradas em 31/12/2004 continham 41 pginas.

    GLOSSRIO*Parecer dos audi-tores independentes opinio sobre aentidade feita poruma empresa de au-ditoria, contratadapara verificar se asdemonstraes fi-nanceiras expres-sam o desempenhoda entidade.

    Quadro 16: Trecho do relatrio de administrao da BrT doexerccio de 2004

    Fonte: CVM

    Quadro 17: Trecho das notas explicativas da BrTFonte: CVM

    Apesar do nmero de pginas, a leitura das notas explicativas importante para analisar o desempenho de uma empresa como a BrT.

    Finalmente, e no menos importante, temos o parecer dos auditoresindependentes, que corresponde a uma opinio de uma empresa de audi-toria. Esta auditoria foi especialmente contratada para verificar se as de-monstraes financeiras apresentam o real desempenho. Ao contrrio dasnotas explicativas e do relatrio de administrao, o parecer dos audito-res independentes* pequeno, ocupando cerca de uma pgina.

    Telefonia Fixa

    A planta instalada da Brasil Telecom S.A. atingiu 10,7 milhes de terminais,refletindo a adio de aproximadamente 50 mil linhas. Esse desempenho explicado pelo fato de que a demanda por telefones fixos encontra-se atendida,considerando os nveis de renda da populao brasileira.

    Brasil Telecom S.A.

    Relatrio de Administrao

    Brasil Telecom S.A.

    Notas Explicativas Exemplo Exerccio findo em 31/12/2004

    Apresentao das Demonstraes FinanceirasCritrios de Elaborao

    As demonstraes financeiras foram preparadas de acordo com os padres adotados noBrasil, de conformidade com a legislao societria, normas da Comisso de ValoresMobilirios CVM e normas aplicveis s concessionrias de servios de telefonia.

  • 32

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    O Quadro 18 apresenta um trecho do parecer para a empresa BrT.

    Conhea mais sobre oConselho Federal de

    Contabilidade no site:www.cfc.org.br

    Quadro 18: Trecho do parecer dos auditores independentes da BrTFonte: CVM

    Princpios fundamentais de contabilidade

    O responsvel pela elaborao das demonstraes financeiras, ocontador, necessita ter algumas regras para a execuo do seu traba-lho. Existem regras especficas, que podem ser criadas por um rgoque regula um setor no caso da BrT, seria a Anatel. Alm disto,existem regras gerais que so muito teis de conhecer, inclusive paraquem vai utilizar essas informaes para tomar decises. Essas regrasgerais so denominadas de princpios fundamentais de contabilidade eso vlidas para qualquer tipo de entidade.

    No Brasil, os princpios foram propostos pelo Conselho Federalde Contabilidade, um rgo que rene a classe contbil. Em 1993,

    Brasil Telecom S.A.

  • Mdulo 3

    33

    esse conselho aprovou uma resoluo que apresentava sete princpiosfundamentais, conforme ser detalhado a seguir.

    Entidade

    Pelo princpio da entidade, temos que o patrimnio o objeto dacontabilidade. Para isto, necessrio que exista uma separao dosdiversos patrimnios. Em termos prticos, o princpio da entidade sig-nifica que o patrimnio de uma entidade deve estar separado do patri-mnio dos seus scios.

    Em pequenas empresas, observa-se que o seu proprietrio usaos recursos da conta-corrente da empresa para efetuar pagamentospessoais. Isto corresponde a um desrespeito ao princpio da entidade,pois existem dois patrimnios envolvidos: o da empresa e o do propriet-rio. O certo seria que a conta-corrente da empresa s realizasse paga-mentos da empresa.

    Nas empresas com aes negociadas em bolsa de valores, ne-cessrio que o princpio da entidade tambm seja observado. Casocontrrio, haveria problemas legais e ticos. Uma situao em que issopode ocorrer quando o scio, que tambm o administrador da em-presa, usar os recursos da entidade em benefcio prprio. Isto prejudi-ca os outros acionistas, uma vez que aumenta as despesas, reduz oslucros e diminui os dividendos.

    Continuidade

    Quando as demonstraes financeiras so preparadas, devemossupor a continuidade no futuro da entidade. Se existir a possibilidadede que a entidade encerre suas operaes em data prxima, isto podeafetar a forma como alguns ativos e passivos so apresentados ou ava-liados pela contabilidade.

  • 34

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Um exemplo disto ocorre com certos tipos de financiamento delongo prazo captados em instituies financeiras. Em alguns destescontratos, existe uma clusula exigindo que este financiamento sejaquitado o mais rpido possvel diante da possibilidade de a entidadeno existir. Outra situao ocorre com alguns ativos, que s existemcaso a empresa tenha continuidade no futuro. o caso dos chamadosimpostos a compensar*. Pela legislao fiscal, uma entidade que ti-ver prejuzo num determinado perodo pode reduzir a carga tributriado imposto de renda no futuro. Entretanto, esta reduo de carga tri-butria s possvel caso a empresa exista no futuro.

    Oportunidade

    Para a contabilidade, um evento deve ser reconhecido assim queele ocorra. Este o conceito de oportunidade, que indica a necessida-de de registrar os eventos no momento adequado.

    Se um incndio ocorrer num imvel da entidade, o prejuzo deveser considerado no momento do sinistro. Considere o caso de um fun-cionrio que entra com processo na Justia Trabalhista contra a em-presa. A entidade precisa estudar a situao para verificar se oportu-no considerar este processo nas demonstraes financeiras em razodas possibilidades de perder ou ganhar o processo. Se for constatada achance de a empresa perder o processo, o evento deve ser registradoimediatamente.

    Registro pelo valor original

    O princpio do registro pelo valor original ajuda a dar valor aoseventos que ocorrem na entidade. E este valor pelo montante deaquisio. Quando uma entidade adquire um terreno, a contabilidade

    GLOSSRIO*Impostos a com-pensar direito queuma entidade temde reduzir sua cargatributria no futuro.

  • Mdulo 3

    35

    vai considerar no registro o valor que foi pago. E este valor no deveser alterado no tempo.

    Alm disto, e em decorrncia deste princpio, a contabilidadedeve ser feita em moeda nacional.

    Em geral, os pases possuem suas prprias normas de con-tabilidade. Um dos maiores desafios da contabilidade nomundo de hoje buscar a harmonizao destas normas.Mesmo os princpios fundamentais podem variar de paspara pas, e um exemplo disto o princpio do registropelo valor original. Em alguns pases, isto est mudando.As diferenas dos princpios podem conduzir a valores di-ferentes, conforme a norma adotada por uma empresa comatuao mundial.

    Atualizao monetria

    A experincia com a elevada inflao no Brasil, e em especialnos anos de 1970 a 1995, afetou os resultados das entidades. O princ-pio da atualizao monetria considera a necessidade de considerar nacontabilidade o efeito da inflao. Assim, um terreno que foi adquiri-do no passado deve ser devidamente corrigido para considerar a infla-o do perodo.

    Competncia

    J sabemos que a contabilidade deve considerar um evento queocorreu na entidade no momento oportuno. o princpio da oportuni-dade, estudado anteriormente. O princpio da competncia ajuda a es-tabelecer tambm quando a contabilidade deve registrar uma receita*

    GLOSSRIO*Receita resultadoda venda de produ-to ou servio.

  • 36

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    e uma despesa. A competncia informa que ambas devem ser conside-radas na demonstrao do resultado no momento que ocorrem, e nono pagamento ou recebimento.

    Uma situao na qual se aplica o princpio da competncia ocor-re quando uma empresa presta uma servio a prazo para um cliente.O registro da receita deve ser feito no momento da prestao do servi-o, e no no seu recebimento. Outra situao quando a empresa temuma despesa, como o aluguel de um imvel. O registro desta despesadeve ocorrer quando do uso do imvel, e no no seu pagamento.

    Prudncia

    Este princpio tambm conhecido como conservadorismo. Poreste princpio, entre duas alternativas contbeis vlidas, deve-se ado-tar aquela mais prudente (ou conservadora). E o que significaria a pru-dncia na prtica? Seria a escolha que conduziria ao menor ativo, menorreceita, maior despesa ou maior passivo.

    Considere uma situao de um processo judicial contra a entida-de. A entidade sabe que ser condenada, mas desconhece os valoresfinais da ao. Diante das incertezas, a entidade deve ser prudente,utilizando aquele maior.

    O Quadro 19 apresenta um resumo do que estudamos at o mo-mento.

  • Mdulo 3

    37

    Quadro 19: Analisando a informao contbilFonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Demonstraodo resultado.

    Demonstraodas mutaesdo patrimniolquido.

    Balanopatrimonial.

    Demonstraodos fluxos decaixa.

    O que significa?

    A entidade tem lucrose receitas somaiores que asdespesas.

    Verificar como aentidade estaumentando oudiminuindo seupatrimnio lquido(distribuio dedividendos, retenode lucros, etc.).

    A resposta dessapergunta se refere aonvel deendividamento daentidade.

    A entidade estgerando caixa nasoperaes. Quandoisto no ocorre, preciso obter recursoscom terceiros ouvendendo seus ativos.

    Como analisar?

    necessrioverificar se o lucroque a entidade estobtendo compat-vel com sua histriae com entidades domesmo porte e setor.

    Entidades compossibilidades decrescimento devemevitar a distribuiode dividendos.

    Entidadesendividadaspossuem um riscomaior. Baixoendividamento podesignificar dificulda-de de acesso sfontes de recursos.

    O fluxo dasatividadesoperacionais deveser positivo.

    Questo

    A entidade lucrativa?

    O que ocorreucom o

    patrimniolquido daentidade?

    Onde aentidade estbuscando osrecursos parafinanciar suasoperaes?

    A entidade estconseguindogerar recursosem suas

    atividadesoperacionais?

    V L q

  • 38

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Saiba mais...

    Uma narrativa interessante sobre os primrdios da Contabilida-de e seu vnculo com a mensurao e a Matemtica pode ser encon-trado no livro Histria universal dos algarismos, de George Ifrah,nas pginas 203 e seguintes. O aluno poder obter demonstraesfinanceiras nos sites de cada empresa. Geralmente, uma grandeempresa disponibiliza suas demonstraes para o pblico externo.

    No site da Comisso de Valores Imobilirios (www.cvm.gov.br), possvel obter demonstraes de empresas com aes negociadas nabolsa de valores. Para baixar essas demonstraes, necessrio terinstalado no computador um programa de leitura, que pode ser obtidogratuitamente pela rede, como, por exemplo, o Yahoo Finanas(http://br.financas.yahoo.com/). Quanto aos princpios fundamentais de Contabilidade, recomen-damos o site do Conselho Federal de Contabilidade (www.cfc.org.br)e do Comit de Pronunciamentos Contbeis (http://www.cpc.org.br),rgo criado recentemente para padronizar a Contabilidade no Brasil.

    RESUMO

    Nesta Unidade, mostramos as principais demonstraesfinanceiras produzidas pela comunidade. Esperamos que voctenha compreendido como os princpios fundamentais de Con-tabilidade auxiliam na elaborao das demonstraescontbeis. Sugerimos ao aluno que pense na Contabilidadecomo uma importante ferramenta para o administrador. O ad-ministrador vai precisar dessas informaes em suas decises.Por essa razo, o texto enfatizou essa questo, incluindo osquadros-resumo. Alguns dos assuntos tratados nesses captu-los sero relacionados ao longo do curso, mas importanteque o aluno tenha compreendido os principais conceitos apre-sentados aqui.

  • Mdulo 3

    39

    Atividades de aprendizagem

    1. Quais so os usurios da informao?

    2. Quais as atividades desenvolvidas por uma entidade?

    3. O que so: ativo, passivo, receita, despesa e lucro?

    4. Quais so as demonstraes financeiras?

    5. Apresente a finalidade de cada uma das demonstraes.

    6. Como as demonstraes financeiras esto vinculadas?

    7. Qual o contedo do relatrio de administrao?

    8. Qual a finalidade das notas explicativas?

    9. Quem responsvel pelo parecer de auditoria? O que esse pare-cer contm?

    10. Cite os princpios fundamentais de Contabilidade.

  • Analisando asdemonstraes financeiras

    Analisando asdemonstraes financeiras

    UNIDADE

    2

  • 42

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Objetivo

    Esta Unidade apresenta as caractersticas de uma

    informao til para o usurio e as demonstraes financeiras

    de uma entidade. Voc vai conhecer ainda os ndices que so

    utilizados para analisar uma entidade.

  • Mdulo 3

    43

    Introduo

    Caro estudante!

    Na Unidade 1, mostramos as principais demonstraes fi-nanceiras. Sabemos que estas informaes podem ser teisnas decises dos administradores, inclusive para fazeremnegcios com certos fornecedores, investir em outras em-presas, analisar a perspectiva da empresa em relao a seusconcorrentes, entre outras situaes.

    Para ajudar neste processo, necessitamos conhecer quaisas caractersticas que fazem com que a informao contbilseja til para o usurio e como este deve analisar estasinformaes. Voc j deve ter observado a importnciaque o usurio tem neste processo. Realmente, as demons-traes financeiras so preparadas para que sejam teis paraos usurios e melhore seu processo decisrio.

    Nesta Unidade, vamos detalhar algumas destas questes.

    As informaes divulgadas de uma empresa de capital aberto po-dem estar contidas em dezenas e dezenas de pginas. Os nmeros dasdemonstraes financeiras esto extensamente detalhados nas notasexplicativas.

    Para o administrador, fica uma questo: a partir desta grande quan-tidade de informaes, como sintetizar o desempenho da entidade?

    Infelizmente, no existe uma regra simples e infalvel para res-ponder a esta questo. A experincia em utilizar as demonstraes fi-nanceiras ajuda em saber se uma entidade est bem ou mal. Uminstrumento mais tcnico so os ndices. Estes ndices representam rela-es obtidas a partir das demonstraes financeiras. A vantagem apossibilidade de fazer comparaes com outras empresas e avaliar aevoluo ao longo do tempo.

    O nmero possvel de ndices que podem ser utilizados enorme.Estudaremos aqui os mais importantes e conhecidos dos ndices.

  • 44

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Objetivo das demonstraes financeiras

    O termo demonstrao financeira usado pela legislao brasi-leira, compreendendo as informaes financeiras divulgadas pela enti-dade. A elaborao e a divulgao destas demonstraes tm por finali-dade fornecer informaes para ajudar os administradores da entidade eos usurios externos no processo de deciso financeira. Para que a de-monstrao financeira seja til no processo decisrio, existem algumascaractersticas necessrias, que passaremos a estudar a seguir.

    Atributos da informao contbil

    Sabendo que a informao contbil deve atender a diferentes usu-rios, mesmo que seus interesses sejam tambm diferentes, podemosafirmar que, inicialmente, esta informao no deve privilegiar nenhumdeles. Em outras palavras, a informao contbil deve ser eqitativa.

    Para que isso seja possvel, devemos imaginar que a informaocontbil deve fazer as revelaes necessrias e suficientes sobre a enti-dade. Se a finalidade o usurio, a informao contbil deve atenderaos propsitos destes, possuindo os seguintes atributos:

    confiabilidade*: torna a informao aceita pelo usurio epossvel de ser utilizada nas decises. Para existir a confiabi-lidade, necessrio que a informao no contenha erros (sejaveraz), que abranja todos os aspectos importantes da entida-de (seja completa) e que o contedo seja coerente com a de-nominao a que se prope (seja pertinente);

    tempestividade: diz respeito ao fato de que a informaocontbil deve estar disponvel para o usurio em tempo hbilpara ser utilizada. Assim, as demonstraes financeiras deum determinado ano devem ser divulgadas no incio do anoseguinte. Alm disto, a entidade deve ter uma preocupaode manter a periodicidade na sua divulgao;

    GLOSSRIO*Confiabilidade caracterstica da in-formao contbilque permite a acei-tao por parte dousurio. Para existira confiabilidade, necessrio que a in-formao no con-tenha erros (seja ve-raz), que abranja to-dos os aspectos im-portantes da entida-de (seja completa) eque o contedo sejacoerente com a de-nominao a que seprope (seja perti-nente).

  • Mdulo 3

    45

    compreensibilidade: a preocupao de que a informaocontbil seja entendida pelo usurio, incluindo aqui a possi-bilidade de usar recursos como grficos e tabelas para facili-tar o entendimento. Para que isso seja possvel, necessrioque a informao divulgada seja clara e objetiva, devendoser expressa em lngua portuguesa. O usurio deve ter umconhecimento de contabilidade e das atividades da prpriaentidade, alm de tempo necessrio para fazer a sua leitura eanlise. Mesmo que exista um usurio com dificuldade deentendimento das informaes, isto no uma justificativapara sua no divulgao;

    comparabilidade: permite ao usurio avaliar a evoluo dainformao no tempo. Uma situao em que a compara-bilidade importante ocorre quando a entidade divulga suasdemonstraes, devendo apresentar, para fins comparativos,as informaes do perodo anterior. Verifique isto nos qua-dros apresentados da Brasil Telecom na Unidade 1. Uma res-salva importante que a comparabilidade no deve impedira evoluo da divulgao contbil.

    Demonstraes financeiras

    Apresentamos na Unidade 1 quatro demonstraes financeiras:balano patrimonial, demonstrao das mutaes do patrimnio lqui-do, demonstrao do resultado e demonstrao dos fluxos de caixa. Vamosaqui rever este ponto e fazer um melhor detalhamento destas informa-es. Comearemos com o balano patrimonial.

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Balano patrimonial

    A demonstrao financeira*: do balano patrimonial apresen-tada para uma determinada data no tempo. Deste modo, o balano deuma entidade est geralmente associado a um dia especfico no tempo.

    Os diversos itens de um balano patrimonial de uma entidade soagrupados para facilitar a anlise do usurio. O Quadro 20 apresentaum exemplo da empresa Simo Consultores S.A. Esta empresa foi cria-da pelo administrador Simo para prestar assessoria a empresas no setoragropecurio do seu Estado.

    Vamos descrever cada um dos grupos que aparece neste balanopatrimonial.

    GLOSSRIO*Demonstrao fi-nanceira informa-es financeirasapresentadas poruma entidade.

    Quadro 20: Balano patrimonial da Simo ConsultoresFonte: elaborado pelo autor

    Ativo 31/12/06 31/12/05 Passivo e Patrimnio Lquido 31/12/06 31/12/05

    Ativo Circulante Passivo CirculanteBancos R$ 11.520 8.880 Emprstimos e Financiamento R$ 40.800 60.480Aplicaes Financeiras 30.480 25.440 Fornecedores 15.360 20.160Clientes 35.760 30.480 Imposto a Pagar 4.992 8.304Material de Consumo 21.840 24.960 Dividendos a Pagar 5.088 4.800Outros 2.400 1.200 Outros 2.640 4.080

    Total do Ativo Circulante 102.000 90.960 Total do Passivo Circulante 68.880 97.824

    Ativo Realizvel em Longo Prazo Passivo Exigvel em L. Prazo

    Clientes 28.800 33.600 Emprstimos e Financiamento 57.600 21.792Outros 5.760 3.600 Outros 2.880 2.016 Total do Real. L. Prazo 34.560 37.200 Total do Exigvel em L. Prazo 60.480 23.808

    Ativo Permanente Resultado Exerc. Futuros 3.120 3.120Investimentos 32.160 30.480Imobilizado 86.400 84.000 Patrimnio LquidoDiferido 5.760 5.040 Capital Social 96.000 86.880 Total do Ativo Perman. 124.320 119.520 Reservas 19.200 28.320

    Lucros (Prejuzos) Acum. 13.200 7.728 Total do Patr. Lquido 128.400 122.928

    Ativo Total 260.880 247.680 Passivo e Patrimnio Lquido 260.880 247.680

    Simo Consultores S.A.Balano Patrimonial

    31 de Dezembro de 2005 e 2006

  • Mdulo 3

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    Ativo circulante

    O ativo circulante* engloba os ativos que so convertidos emmoeda corrente ou que sero utilizados nos negcios dentro de um pero-do de um ano. So os ativos mais lquidos, ou seja, que sero mais rapi-damente convertidos em moeda corrente. Para o nosso exemplo da Si-mo Consultores, apresentado no Quadro 20, pode-se observar a pre-sena de bancos, aplicaes financeiras, clientes, material de consumo eoutros itens. A denominao das contas auto-explicativa. A conta ban-cos representa os recursos existentes em conta-corrente em cada umadas datas. As aplicaes financeiras so inverses feitas pela empresaem fundos de investimentos e outras aplicaes, geralmente realizadasnas agncias bancrias em que a empresa possui sua conta-corrente. Oitem clientes corresponde a valores que a empresa tem a receber deseus clientes por servios que foram prestados, mas ainda no recebi-dos. Material de consumo engloba papel, cartucho para impressora,canetas, etc.

    Ativo realizvel em longo prazo

    O ativo realizvel em longo prazo agrupa os direitos que a entida-de possui e que sero convertidos em moeda corrente aps doze meses.Estes direitos so basicamente os mesmos listados no ativo circulantecomo clientes.

    Voltemos novamente ao balano patrimonial da Simo Consulto-res. So listados dois itens no realizvel em longo prazo: clientes e ou-tros itens. Conforme j comentamos anteriormente, o item clientes dizrespeito a valores que a empresa tem a receber dos seus clientes porservios j prestados. No dia 31 de dezembro de 2006, a Simo possuaR$ 35.760 a receber em curto prazo e R$ 28.800 em longo prazo. Istosignifica dizer que a empresa dever receber R$ 35.760 at o final do

    GLOSSRIO*Ativo circulante valores de uma em-presa que esto inves-tidos em estoques, emcrditos de curto pra-zo, em investimentosfinanceiros e em va-lores disponveis.Fonte: Lacombe(2004).

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Se o valor de investi-mentos for elevado,

    necessrio estudar esseitem com detalhes.

    prximo perodo contbil, tambm denominado de exerccio social. Emoutras palavras, este valor dever ser recebido pela empresa at o finaldo ano de 2007. J R$ 28.800 s sero recebidos pela empresa aps ofinal de 2007, e por isto esto classificados como de longo prazo.

    Ativo permanente

    O ativo permanente composto de trs subgrupos: investimentos,imobilizado* e diferido.

    No subgrupo de investimentos, encontram-se os recursos aportadosem outras entidades sob a forma de participao no capital de longoprazo. Devem possuir a caracterstica de serem permanentes, tendo operfil de longo prazo. As aplicaes em fundos de aes ou em peque-nas quantidades de aes, sem a caracterstica de longo prazo, devemser consideradas no ativo circulante.

    O imobilizado inclui ativos como terrenos, mquinas, equipamen-tos, computadores, mveis, instalaes e prdios. a infra-estrutura quea entidade possui para usar no processo de produo.

    O ativo diferido so os valores aplicados com a finalidade de aju-dar a formar o resultado em mais de um perodo futuro. Um exemplo deativo diferido uma pesquisa feita pela entidade para desenvolver umproduto futuro. Os montantes gastos com esta pesquisa devem constardo diferido, j que se espera que essa pesquisa possa influenciar os re-sultados da entidade nos prximos anos. Outro exemplo de uma enti-dade que est abrindo uma filial. Os gastos de implantao dessa filialso considerados como ativo diferido.

    Passivo circulante

    O passivo circulante engloba as obrigaes da entidade com ter-ceiros que devem ser quitadas at o final do prximo exerccio social.

    GLOSSRIO*Imobilizado subgrupo do ativopermanente que in-clui terrenos, mqui-nas, equipamentos,computadores, m-veis, instalaes eprdios. Representa ainfra-estrutura que aentidade utiliza no seuprocesso produtivo.

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    Se o circulante aumen-ta e o exigvel diminui,

    isso pode ser umareclassificao.

    Correspondem s obrigaes de curto prazo da entidade, que devem serquitadas rapidamente.

    Em geral, o passivo circulante composto de emprstimos e fi-nanciamentos a pagar, fornecedores, tributos, salrios e encargos, divi-dendos e outros itens a pagar. Considere, a ttulo de exemplo, os forne-cedores da Simo (Quadro 20). No dia 31 de dezembro de 2006, a em-presa possua um valor de fornecedores de R$ 15.360. Isto correspondea dvidas com fornecedores de insumos que a empresa dever quitar ato final de 2007.

    Por representar obrigaes que devero ser quitadas no curto pra-zo, o usurio deve estar atento capacidade da entidade em quit-las.Caso isto no ocorra, a entidade torna-se insolvente, colocando em ris-co sua continuidade.

    Passivo exigvel em longo prazo

    A grande diferena entre o passivo circulante e o passivo exigvelem longo prazo refere-se ao prazo do vencimento da obrigao. A obri-gao classificada no passivo exigvel em longo prazo dever ser pagaaps o final do prximo exerccio social.

    Uma dvida de uma entidade que esteja atualmente inserida nessegrupo poder ser classificada como circulante no prximo balano soci-al, caso seu vencimento passe a ser de curto prazo.

    Resultados de exerccios futuros

    O grupo de resultados de exerccios futuros corresponde a valoresque a entidade recebeu de forma antecipada e que vo corresponder, nofuturo, a uma receita. Esses montantes correspondem a receitas deduzidasdas despesas associadas.

  • 50

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Quando o patrimniolquido fica negativo,esse grupo apresen-tado do lado esquerdo

    do balano.

    GLOSSRIO*Reservas sub-grupo do patrimniolquido. Refere-se avalores que so dei-xados na entidadepara uma eventualnecessidade.

    *Capital social re-cursos aplicados naentidade pelos acio-nistas.

    Esse grupo foi criado pela legislao brasileira e tem causado po-lmica desde ento. Existe uma tendncia de no utilizao desse grupopor parte das entidades, devendo desaparecer numa reforma da legisla-o brasileira. Para fins de anlise, comum somar os valores destegrupo com os do patrimnio lquido.

    Patrimnio lquido

    So os recursos dos acionistas e por esta razo tambm recebem adenominao de capital prprio. composto do capital social, das re-servas* e do lucro (prejuzo) acumulados.

    O capital social* diz respeito ao montante que foi aplicado naentidade pelos acionistas. Estes recursos aplicados podem ter sido emdinheiro ou outro ativo, mediante a compra de aes, ou por meio dareteno de lucros e transformao em capital.

    As reservas, conforme o nome j indica, referem-se a recursosque se deixam na entidade para uma eventual necessidade. Existe umalegislao que detalha como e quando se tem uma reserva numa entidade.

    A conta de lucro (prejuzo) acumulado so os valores que a enti-dade teve como resultado, apurado na demonstrao do resultado dosltimos exerccios, e que ainda no tm uma definio do seu destino.Os valores desta conta podem ser distribudos (so os dividendos) ouaplicados na prpria entidade (capital social ou reservas). Na denomi-nao, tambm aparece a palavra prejuzo, entre parnteses, indican-do que o valor pode ser negativo.

    Utilizando as demonstraes financeiras

    Vamos agora nos concentrar na anlise das demonstraes finan-ceiras. Geralmente, a anlise realizada com auxlio de ndices.

  • Mdulo 3

    51

    Anlise de ndices

    ndices ou indicadores so relaes entre dois ou mais itens dasdemonstraes financeiras. Os mais conhecidos ndices so estabeleci-dos na literatura especializada, mas isto no impede que novos ndicessejam criados e usados regularmente pelos especialistas.

    Para mostrar a importncia da utilizao de ndices na anlise,considere o ativo circulante. Fazem parte deste grupo do balanopatrimonial itens que sero transformados em moeda corrente at o finaldo prximo exerccio social. Um analista, quando observa um balanode uma entidade, deseja saber se os montantes do ativo circulante sorazoveis ou no.

    Suponha o caso da Simo Consultores, que possua um ativocirculante de R$ 102 mil no final de 2006 (vide no Quadro 20). Umapossibilidade de saber se este montante de ativo adequado ou no comparar com as dvidas de curto prazo, ou seja, o passivo circulante.No caso da Simo Consultores, o valor do passivo circulante de R$68.880. Podemos perceber que o total do ativo circulante maior que opassivo circulante. Para que a comparao seja mais adequada, usamosdividir o ativo circulante pelo passivo circulante, resultando num ndicedenominado de liquidez corrente. Fazendo as contas para a Simo, te-mos: R$ 102.000/68.880 1,48. Isso significa que o valor do ativocirculante representa 1,48 vezes mais que o passivo circulante.

    A vantagem de usar ndices para analisar uma entidade decorre dapossibilidade de fazer uma comparao com outras entidades, compararo desempenho da entidade com valores mdios de entidades de um de-terminado setor e permitir uma comparao do ndice ao longo do tem-po. Observe que o ndice de liquidez corrente* permite analisar o ativocirculante e o passivo circulante por meio de uma medida relativa decomparao (o nmero 1,48 no possui uma unidade que o representa).

    Vamos estudar alguns dos ndices mais comuns que so obtidos apartir das demonstraes financeiras. Em virtude da grande quantidadede ndices possveis de serem obtidos, a anlise aqui apresentada serlimitada a um estudo mais abrangente da entidade. Usaremos, paraexemplificar nossa explicao, o caso da Simo Consultores.

    GLOSSRIO*Liquidez corrente ndice calculadopela diviso do ati-vo circulante pelopassivo circulante.Mede a relao deativos de curto pra-zo com as obriga-es que a entidadedeve honrar at o fi-nal do prximoexerccio social.

  • 52

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Como uma entidade decide o que apresentar para o usu-rio? Qual o formato da informao? Como deve ser amensurao? Para responder a estas perguntas, so neces-srias regras contbeis. No mundo, o organismo respons-vel pela formulao das normas contbeis o InternationalAccounting Standards Board (IASB). Fazem parte do IASBos mais importantes pases, inclusive o Brasil.

    Utilizando a demonstrao do resultado

    A demonstrao do resultado mostra se uma entidade est obten-do lucro ou no. Sabendo que, provavelmente, uma das finalidades daempresa Simo gerar resultado positivo para os seus investidores, aanlise dessa demonstrao pode ser til. Ela pode ser feita se for estu-dada a evoluo do desempenho no tempo. O Quadro 21 mostra essademonstrao no nosso exemplo.

    Quadro 21: Demonstrao do resultado da Simo ConsultoresFonte: elaborado pelo autor

    Simo Consultores S.A.Demonstrao do Resultado

    2005 e 2006 em R$

    2006 2005ReceitaReceita Lquida 228.960

    183.168

    DespesasCusto dos Servios Prestados 138.240

    114.960

    Despesas Operacionais 36.960

    41.040

    Despesas Financeiras 25.920 13.824 Despesas com Impostos 17.280 9.216 Total das Despesas 218.400 179.040 Lucro Lquido 10.560 4.128

  • Mdulo 3

    53

    Para analisar esta demonstrao, comecemos pelo lucro lquidoda empresa. possvel verificar que ele aumentou no perodo. As ra-zes deste fato podem estar na receita e/ou nas despesas. Observe que areceita da empresa aumentou no perodo em 25%. Tambm possvelobservar que as despesas aumentaram no perodo, mas a uma taxa de22%. Obviamente, nem todas as despesas aumentaram nesta proporo,e o custo dos servios prestados e as despesas com impostos aumenta-ram, e as despesas operacionais diminuram.

    Alm desta anlise, podemos calcular alguns ndices para a em-presa. Como a demonstrao do resultado apresenta o desempenho daempresa, os ndices obtidos a partir dessa demonstrao so denomina-dos ndices de rentabilidade. Vamos calcular dois destes ndices: a mar-gem lquida e o giro do ativo.

    Margem lquida: um ndice que relaciona o resultado daentidade com a sua receita. Em geral, este ndice apresenta-do em percentagem e mensura quanto a entidade gerou deresultado para cada unidade de receita obtida. O valor finaldesse indicador varia de acordo com o setor de atuao daentidade. Por esta razo, interessante fazer uma compara-o do desempenho da entidade com o de outras do mesmosetor. O Quadro 22 apresenta o clculo da margem lquidapara os dois perodos (2005 e 2006).

    Podemos observar que a margem lquida da Simo foi de 4,61%em 2006. Isto significa que, de cada R$ 100 de receita, a empresa gerouR$ 4,61 de lucro para os acionistas. O valor do ltimo ano superior aodo ano anterior, quando a margem foi de 2,25%.

    Quadro 22: Margem lquida da SimoFonte: elaborado pelo autor

    %2,25100183.168

    4.128

    %4,61100228.96010.560

    100

    ==

    ==

    =

    Em 2005

    Em 2006

    ReceitaLucro Lquido

    Margem Lquida

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    O Quadro 23 apresenta a margem lquida de algumas empresasbrasileiras de diferentes setores. Observe que o desempenho bastantevariado entre as empresas, com casos de alta rentabilidade (Vale do RioDoce, Petrobrs, Votorantim, Embraer e Cosern) e casos de empresasque apresentam um desempenho ruim (especialmente Hopi Hari, comprejuzo em todos os anos).

    GLOSSRIO*Giro do ativo n-dice que relaciona areceita pelo ativo.Mede a capacidadeda entidade detransformar o lucrolquido em caixa.

    Quadro 23: Margem lquida de algumas empresas brasileirasFonte: CVM

    Giro do ativo: este ndice mensura a capacidade da empresaem gerar receita com os ativos que possui. Para obter essevalor, basta dividir a receita pelo ativo no final do perodo.O nmero final indica quantas vezes o ativo da entidade con-seguiu gerar de receitas. Quando uma entidade trabalha comcapacidade ociosa ou no utiliza seus ativos de forma eficien-te, este ndice tende a ser menor. O Quadro 24 mostra o girodo ativo* para a empresa Simo.

    Quadro 24: Giro do ativo da SimoFonte: elaborado pelo autor

    Margem LquidaEmpresa Setor 2005 2004 2003 2002

    Brasil Telecom S.A. Telecomunicaes -3,2% 3,2% -0,3% 6,2%Cosern Energia Eltrica 18,8% 20,8% 12,4% 7,0%

    Cia. Vale do Rio Doce Minerao 61,1% 49,4% 45,0% 24,8%Cia. Brasileira de Distribuio Comrcio 2,7% 4,2% 2,5% 3,1%Embraer Avies 9,0% 13,8% 10,3% 16,3%Hopi Hari Parque de Diverses

    -114,8% -128,5% -128,2% -99,9%Mundial S.A. Manufatura -10,4% 6,2% -31,9% 2,5%Petrobrs S.A. Petrleo 22,1% 20,7% 22,8% 17,4%Votorantim Celulose e Papel Celulose e Papel 25,3% 32,3% 39,0% 17,7%

    Em 2005

    Em 2006

    AtivoGiro do Ativo

    0,74 vezes247.680183.168

    0,88 vezes260.880228.960

    Receita

    ==

    ==

    =

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    Observe que o aumento da receita da empresa, que comentamosanteriormente, fez com que o giro tambm aumentasse. Para cada uni-dade monetria que tem investida em ativo, a Simo foi capaz de gerarR$ 0,88 de receita. Este valor superior ao que foi obtido no ano ante-rior, de R$ 0,74.

    O Quadro 25 mostra o clculo do giro do ativo para algumas em-presas brasileiras. Observe que o valor desse ndice varia de empresascom baixo giro (Hopi Hari, Votorantim e Vale) para empresas com giromais elevado (Cia. Brasileira de Distribuio).

    Quadro 25: Giro do ativo de algumas empresas brasileirasFonte: CVM

    O clculo do giro do ativo mais controverso do que o damargem lquida. Alguns autores sugerem utilizar o ativomdio do perodo, geralmente obtido por meio da mdiasimples do ativo inicial e do ativo final. Outros propemtrabalhar somente com o ativo inicial. Optamos por utilizaro ativo final por uma questo de simplicidade nos clculos.De igual modo, alguns autores substituem o ativo pelo per-manente. Outros trabalham com o ativo menos certo itensdo passivo. A opo adotada aqui a mais usada.

    O Quadro 26 apresenta um resumo do que estudamos at o mo-mento nesta Unidade.

    Giro do Ativo

    Empresa 2005 2004 2003 2002

    Brasil Telecom S.A. 0,61 0,56 0,53 0,47 Cosern 0,51

    0,47

    0,38

    0,33

    Cia. Vale do Rio Doce 0,37

    0,37

    0,33

    0,31

    Cia. Brasileira de Distribuio 1,06

    0,98

    1,03

    0,88

    Embraer 0,55 0,66 0,49 0,62 Hopi Hari 0,28

    0,24

    0,22

    0,22

    Mundial S.A. 0,37 0,47 0,36 0,70 Petrobrs S.A. 0,69 0,62 0,64 0,56 Votorantim Celulose e Papel 0,31

    0,45

    0,49

    0,42

  • 56

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Usando a demonstrao das mutaesdo patrimnio lquido

    A demonstrao das mutaes do patrimnio lquido evidencia asalteraes ocorridas no patrimnio lquido da entidade. Entre as altera-es, destacam-se a destinao dos resultados do perodo, integralizaodo capital e aumento ou diminuio das reservas.

    O resultado do perodo, informao obtida na demonstrao doresultado, pode ser usado para aumentar o capital da entidade, aumentaras reservas ou simplesmente distribuir aos acionistas.

    O aumento de capital pode ser feito por meio da aquisio de aesda entidade, em troca de recursos financeiros, ou por meio dos recursosj existentes. Nesse caso, a entidade pode usar os lucros acumulados ouas reservas, diminuindo esses e aumentando o capital social.

    Quadro 26: Analisando a informao contbil:demonstrao do resultado

    Fonte: elaborado pelo autor

    Informao

    Margemlquida.

    Giro do ativo.

    O que significa?

    Lucro lquidodividido pela receitalquida e multiplicadopor cem.

    Receita sobre ativo.

    Como analisar?

    Qual o lucro paracada unidade dereceita? Maioresmargens indicammaiores rentabilidade.

    Quanto est sendogerado de receitapara cada ativoexistente naempresa? Valoresreduzidos pode sersinal de baixautilizao dosativos.

    Questo

    O resultadoobtido adequado?

    A entidade estusando seusativos?

    V L q

  • Mdulo 3

    57

    As reservas numa entidade devem ser feitas de acordo com o quedetermina a legislao societria brasileira. Existem diferentes tipos dereservas.

    O Quadro 27 mostra esta demonstrao para a Simo Consulto-res. Observe que so trs colunas que correspondem as trs grandescontas do patrimnio lquido da empresa. Os valores apresentados socoerentes com aqueles apresentados no Quadro 20. Podemos, inclusi-ve, afirmar que a demonstrao das mutaes um detalhamento damovimentao ocorrida no patrimnio lquido de uma entidade.

    Do final de 2004 at o final de 2005, o patrimnio lquido daSimo aumentou devido, principalmente, ao aumento de capital. J noperodo seguinte, a movimentao do patrimnio ocorreu devido a trseventos: o resultado do perodo (confira que o valor est coerente com oQuadro 21, a realizao de reservas e a distribuio de dividendos.Observe que, num perodo de dois anos, a empresa distribuiu quase R$10.000,00.

    Quadro 27: Demonstrao das mutaes do patrimniolquido da Simo

    Fonte: elaborado pelo autor

    Simo Consultores S.A.Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido

    2005 e 2006em R$

    Capital Social Reservas

    Lucros (Prejuzos)

    Acum.

    Total do Patrimnio

    LquidoSaldo inicial em 31/12/2004 43.680,00 4.320,00 32.400,00 80.400,00Aumento/Reduco do Capital 43.200,00 43.200,00Constituio de Reservas 24.000,00 (24.000,00) - Lucro/Prejuzo do Exerccio 4.128,00 4.128,00Dividendos Propostos (4.800,00) (4.800,00)Saldo em 31/12/2005 86.880,00 28.320,00 7.728,00 122.928,00Lucro/Prejuzo do Exerccio 10.560,00 10.560,00Realizao de Reservas 9.120,00 (9.120,00) - Dividendos Propostos (5.088,00) (5.088,00)Saldo em 31/12/2006 96.000,00 19.200,00 13.200,00 128.400,00

  • 58

    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Quando s apresenta-mos a coluna

    dos lucros acumula-dos, temos a demons-

    trao dos lucrosacumulados.

    No Brasil, os montantes das contas de reservas so expres-sivos. Isso talvez ocorra devido existncia de certas nor-mas legais que exigem a criao de reservas ou as questesculturais. Em outros pases, em especial os de cultura an-glo-saxnica, a demonstrao das mutaes resume a mo-vimentao do capital e de lucros acumulados.

    Usando o balano patrimonial

    O Quadro 20 apresentou o balano da Simo Consultores S.A.para duas datas: 31/12/2006 e 31/12/2005. Vamos analisar esse balanoe tambm fazer algumas relaes com a demonstrao do resultado soba tica da liquidez e do endividamento.

    Liquidez

    Obtm-se a liquidez corrente pela diviso entre o ativo circulante eo passivo circulante. um ndice muito usado na anlise por relacionar osativos de curto prazo e os passivos de curto prazo. Tradicionalmente, aliquidez corrente tem sido considerada uma medida de risco de uma enti-dade. Um valor abaixo da unidade para este ndice significa que o volumede obrigaes de curto prazo superior aos ativos de curto prazo.

    Quadro 28: Liquidez corrente da SimoFonte: elaborado pelo autor

    0,9397.82490.960

    1,4868.880102.000

    ==

    ==

    =

    Em 31/12/2005

    Em 31/12/2006

    Passivo CirculanteAtivo CirculanteLiquidez Corrente

  • Mdulo 3

    59

    Conforme pode ser observado no Quadro 28, a liquidez da em-presa aumentou no perodo de 0,93 para 1,48. No final de 2005, a em-presa possua dvidas de curto prazo superiores aos ativos de curto pra-zo. Um ano depois, as dvidas diminuram, e o ativo circulante aumen-tou, o que levou a uma melhoria na liquidez corrente.

    O Quadro 29 apresenta o clculo da liquidez corrente para algu-mas empresas brasileiras. Duas empresas possuam uma liquidez redu-zida: a Vale do Rio Doce e a Hopi Hari. A primeira empresa tem apre-sentado uma elevada lucratividade (volte no Quadro 23 e confira). J aHopi Hari motivo de preocupao, pois uma empresa que tem apre-sentado prejuzo (volte novamente ao Quadro 23 e verifique).

    Quadro 29: Liquidez corrente de algumas empresas brasileirasFonte: CVM

    Atividades

    Alguns autores defendem que uma entidade deva possuir umaliquidez elevada para reduzir o risco. Chegam at a defender umaliquidez de 2. Baseado nos exemplos prticos apresentados, vocconsidera esta posio razovel?

    Liquidez Corrente

    Empresa

    Brasil Telecom S.A.CosernCia. Vale do Rio DoceCia. Brasileira de DistribuioEmbraerHopi HariMundial S.A.Petrobrs S.A.Votorantim Celulose e Papel

    31/12/2006 31/12/2005 31/12/2004 31/12/2003

    0,99 1,26 1,00 1,30 1,12 1,01 0,57 0,94

    0,52 0,70 0,76 1,03

    1,25 1,12 1,04 1,08 1,29 1,32 1,11 1,12

    0,10 0,10 0,10 0,18

    0,93 0,76 0,73 0,66

    0,94 0,74 0,90 0,75

    1,01 1,43 1,44 0,80

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    possvel tambmutilizar dvida sobrepatrimnio lquido.

    Quanto maior o resul-tado, maior o

    endividamento.

    Assim como os demais ndices anteriormente apresentados, aliquidez corrente precisa ser considerada com cautela na anlise. Ape-sar de uma elevada liquidez ser tida como adequada para uma entida-de, muitas vezes pode tambm ser considerada um sinal negativo.Liquidez elevada numa empresa comercial pode ser decorrente de ex-cesso de estoque.

    Endividamento

    A anlise do endividamento uma observao detalhada do pas-sivo da entidade. Em outras palavras, procuramos saber como a entida-de est sendo financiada: recursos dos acionistas ou recursos obtidoscom terceiros (instituies financeiras, fornecedores, etc.); recursos delongo prazo (passivo exigvel em longo prazo e patrimnio lquido) oucurto prazo (passivo circulante). Ao usarmos os ndices de endividamento,estamos interessados em saber da capacidade que a entidade tem emcumprir suas obrigaes com terceiros. Por essa razo, os ndices deendividamento tambm so conhecidos como ndices de solvncia.

    Dvida sobre ativo total

    O ndice da dvida sobre ativo total calculado dividindo a somado passivo circulante e do exigvel em longo prazo (obrigaes da enti-dade com terceiros) pelo ativo total. Com esse ndice, analisamos quan-to de recursos de terceiros a entidade est usando para financiar seusativos. Geralmente, expressamos esse ndice em percentagem. Resulta-dos maiores indicariam maiores endividamentos, podendo significarmaior nvel de risco.

    O Quadro 30 apresenta o clculo desse ndice para a Simo Con-sultores S.A. Como pode ser notado, o nvel de endividamento da em-

  • Mdulo 3

    61

    presa no se alterou de forma expressiva nas duas datas. Cerca de meta-de do ativo financiado com recursos de terceiros.

    Quadro 30: Dvida sobre ativo da SimoFonte: elaborado pelo autor

    Como podemos saber se a empresa est endividada ou no? Umaalternativa buscar resposta nas outras empresas. O Quadro 31 apre-senta o resultado de algumas empresas selecionadas. Como pode serobservado, a maior parte das empresas possuem uma dvida sobre ativoacima de 50%. Em algumas, esse ndice reduziu nos ltimos anos(Petrobrs, por exemplo), e em outras, o ndice aumentou (Votorantim).

    O valor do ndice para a empresa Hopi Hari ultrapassa a 100%.Isto sinal de que essa empresa tem patrimnio lquido negativo, co-nhecido tecnicamente como passivo a descoberto. Isto pode ocorrerquando a empresa no est gerando lucro nos ltimos anos, fazendocom que o sinal de lucros (prejuzos) acumulados seja negativo.

    Quadro 31: Dvida sobre ativo de algumas empresas brasileirasFonte: CVM

    Em 31/12/2005

    Em 31/12/2006

    49%100247.680

    23.80897.824

    50%100260.880

    60.480.68.880

    100

    =+=

    =+=

    =Ativo Total

    Passivo Circulante + Exigvel em Longo PrazoDvida sobre ativo

    Dvida sobre Ativo

    Empresa

    Brasil Telecom S.A.CosernCia. Vale do Rio DoceCia. Brasileira de DistribuioEmbraerHopi HariMundial S.A.Petrobrs S.A.Votorantim Celulose e Papel

    31/12/2006 31/12/2005 31/12/2004 31/12/2003

    65% 60% 56% 54%63% 63% 59% 62%48% 49% 51% 52%52% 55% 58% 60%66% 67% 70% 71%178% 145% 110% 84%85% 85% 83% 80%48% 53% 57% 63%41% 26% 25% 33%

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    Curso de Graduao em Administrao a Distncia

    Observe como umndice complementa aanlise feita por outro.

    Ao fazer a anlise desse ndice, devemos considerar outras vari-veis que podem afetar o resultado. Uma empresa que possui acesso fcilao sistema financeiro pode apresentar um ndice maior. J uma empresaque atua num setor instvel deveria ter uma dvida sobre ativo menor.

    Perfil da dvida

    O ndice do perfil da dvida* analisa a composio doendividamento da entidade. Obtemos este ndice por meio da diviso dopassivo circulante pelo exigvel em longo prazo, ou seja, as obrigaesde curto prazo pelas obrigaes de longo prazo. Quanto maior o ndice,maior a utilizao de obrigaes de curto prazo. Nesse caso, o riscotende a aumentar, j que a entidade deve quitar as obrigaes de curtoprazo em data prxima.

    GLOSSRIO*Perfil da dvida ndice que mede a re-lao entre passivocirculante e exigvelem longo prazo. Indi-ca quanto a entidadepossui de dvida decurto prazo (passivocirculante) para cadaR$ 1 de exigvel emlongo prazo.

    Quadro 32: Perfil da dvida da SimoFonte: elaborado pelo autor

    O Quadro 32 mostra o clculo do ndice para a Simo Consulto-res S.A. Observe como a anlise ficou mais rica. Pelo ndice anterior,conclumos que o nvel de endividamento da empresa no tinha sofridogrande alterao. Entretanto, quando se compara com o perfil da dvida,percebemos que ocorreu uma grande transformao. No final de 2005,a dvida estava concentrada no curto prazo. Um ano depois, a situaomudou com a reduo do passivo circulante e o aumento do exigvel emlongo prazo. Em outras palavras, apesar de o endividamento no ter sealterado, melhorou o perfil da dvida.

    4,1123.80897.824

    1,1460.48068.880

    ==

    ==

    =

    Em 31/12/2005

    Em 31/12/2006

    Exgivel em Longo Prazo Passivo CirculantePerfil da dvida

  • Mdulo 3

    63

    O Quadro 33 apresenta o perfil da dvida para algumas empresasbrasileiras. A maioria das empresas possui uma dvida concentrada nolongo prazo (o ndice menor que a unidade). Ao final de 2006, a nicaexceo era a Embraer. No entanto, observando o comportamento des-se ndice para a Embraer, possvel notar uma evoluo no sentido demelhoria no perfil da dvida.

    Em geral, desejvel que o perfil da dvida seja o menor possvel,pois isso tende a reduzir o risco. No entanto, isso deve ser analisado emconjunto com outros fatores, como o caso do custo de captao dosrecursos. Caso o custo dos recursos de curto prazo (passivo circulante)seja menor que o de longo prazo (exigvel em longo prazo), um perfil dadvida maior pode ser um