Apostila CTM

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1.

CONCEITOS

1.1 Parcela De acordo com a FIG Federao Internacional de Agrimensores (Federation Internationale des Geometres), as parcelas so unidades de registros bem definidas por limites formais ou informais que delimitam a extenso de terra para uso exclusivo de indivduos (famlias, sociedade ou grupos comunitrios). Os limites das Parcelas podem ser definidos por demarcao fsica sobre o terreno por uma descrio matemtica, geralmente baseada em um sistema de coordenadas.

apostila de cadastro tcnico municipal1. Conceitos; 2. Origem e Evoluo do Cadastro; 3. Funes Bsicas e Benefcios do cadastro; 4. Cadastro Imobilirio e o Registro de Imveis; 5. O Levantamento cadastral de Imveis; 6. Implementao de um Sistema Cadastral Urbano; 7. Cadastro Tcnico Multifinalitrio; 8. Cadastro Tcnico Municipal Experincias de Algumas Cidades Brasileiras.

1.2 Cadastro Conforme ERBA (2005), no h consenso no mundo em relao definio de Cadastro e suas funes. O conceito apresenta diferentes conotaes, oriundas da legislao de terras de cada nao. Mesmo na etimologia, difcil precisar o significado da palavra Cadastro e por esse motivo colocam-se as vises de diferentes autores. O termo cadastro (do grego - Catastichon = lista, agenda) o que mais se aproxima da definio atual. O Dicionrio AURLIO da lngua portuguesa diz que, Cadastro deriva do

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registro oficial da quantidade, valor e posse da propriedade imobiliria, usado para ratear taxas. Para FERREIRA (1994), citado por LIMA (1999), o verbete cadastro vem do francs cadastre, substantivo masculino, com os seguintes significados: 1. 2. 3. 4. 5. registro pblico dos bens imveis de determinado territrio; registro que bancos ou casas comerciais mantm de seus clientes, registro policial de criminosos ou contraventores; conjunto das operaes pelas quais se estabelece este registro; censo, recenseamento.

parcelas e por uma parte descritiva, que contm registros dos atributos fsicos e abstratos relativos s parcelas identificadas nos mapas. A mesma autora descreve que no Brasil, o Cadastro Imobilirio tem por unidade o imvel (constitudo pelo lote ou gleba e edificaes ou benfeitorias, se houver), geralmente estabelecido para fins tributrios. Ao invs de conter todas as parcelas de uma determinada rea, contm apenas aquelas de interesse fiscal, no considerando como parcelas cadastrveis logradouros e outras reas pblicas. 1.4 Cadastro Tcnico Multifinalitrio De acordo com Blatchut (1974), citado por SATO (1996), o Cadastro Tcnico Multifinalitrio deve ser entendido como um sistema de registro da propriedade imobiliria, feita de forma geomtrica e descritiva. Geomtrica quando na forma cartogrfica e descritiva considerando o conjunto de registro de imveis. Para BHR (1997), citado por SILVA (2001), tecnicamente o Cadastro Tcnico Multifinalitrio pode ser definido como um inventrio pblico, metodicamente organizado, de dados concernentes s propriedades dentro de um certo pas, regio ou municpio, baseado no levantamento de seus limites, que inscreve, em assentos individuais, informao documentada das caractersticas fsicas, jurdicas e econmicas de cada um dos imveis, com fins de ordenamento territorial, e cuja informao geo-referenciada vital para o gerenciamento da coisa pblica.

da probidade mercantil e situao patrimonial;

1.3 Cadastro Tcnico Municipal, Cadastro Tcnico Territorial e Cadastro Tcnico Imobilirio Conforme ERBA (2205), nos pases que compem o Mercosul ( exceo do Brasil) e na maior parte dos que fazem parte do chamado primeiro mundo, o Cadastro Territorial um registro pblico sistematizado dos bens imveis de uma jurisdio contemplado nos seus trs aspectos fundamentais: o jurdico, o geomtrico e o econmico. A instituio tem por objeto coadjuvar a publicidade e garantir os direitos reais, efetuar uma justa e eqitativa distribuio das cargas fiscais e servir de base indispensvel para o planejamento do ordenamento territorial e da obra pblica. Isto pressupe uma metodologia para instrument-lo, uma longa e complexa tarefa para execut-lo,

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sejam detectados e controlados; (ii) Servir de apoio para polticos e nas decises locais, principalmente no que se refere ao uso da terra, evidenciando-se a aplicabilidade de boas polticas fundirias; (iii) Servir para polticas fundirias cotidianas, sendo considerado como um sistema de informao dinmico no uso dirio e, para tal, deve estar sempre atualizado para no se tornar inefetivo ou inadequado. BURITY et al (1998), afirmam que uma definio universal para o cadastro difcil de ser aplicada, pelo fato de ser o mesmo utilizado por diversos profissionais e reas de estudo. Estes autores sugerem os seguintes conceitos: 1. impostos; 2. Cadastro Legal ou Jurdico: trata do direito posse da terra, baseado em documentao descritiva, devidamente registrado no Cartrio de Registro de Imveis da jurisdio a que pertence; 3. Cadastro Tcnico Multifinalitrio: o uso do cadastro na sua forma geomtrica somada a descritiva com base para lanamento de informaes de usurios diversos (concessionrias de servios pblicos, prefeituras, proprietrios, entre outros). Cadastro Fiscal: este termo diz respeito questo de taxao

2) como registro jurdico para o setor privado. De acordo com LARSSON (1996), h fortes evidncias que alguns povos primitivos desenvolveram tcnicas de medies e registros de terras, a fim de documentar essas terras para cobrarem impostos. No Egito, 3000 anos antes de Cristo, foram encontrados desenhos topogrficos que ilustram agrimensores medindo e registrando as terras do rei. Na Roma, no ano 300 depois de Cristo, o Imperador ordenou a medio dos territrios conquistados para fins de domnio e cobrana de impostos. Na China, 700 anos depois de Cristo, existiu um sistema de tributao baseado nos lucros das safras agrcolas, tendo como base, as medies topogrficas da terra. Na ndia, 1000 anos depois de Cristo, o Imperador ordenou um levantamento topogrfico que mais tarde foi continuado pelo seu sucessor. Conforme PHILIPS (2003), citado por PEREIRA (2005), o Imperador Carlos VI do Imprio Austro-Hngaro, precisando de mais dinheiro, procurou m caminho para aumentar a arrecadao dos impostos sem provocar grandes tumultos na populao. A soluo encontrada foi criar um cadastro, baseado no levantamento topogrfico, mapeamento e avaliao de todas as parcelas. De acordo com LARSSON (1996), em Viena, em 1700, a Academia Militar de Engenharia formulou o projeto do cadastro de Milo. Era exigido que os resultados fossem uniformes, gerados com os mesmos mtodos de medio e padres de medidas, para garantir a mesma preciso em todas as partes do

das propriedades em valores monetrios, objetivando a arrecadao de

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tributos. Essa avaliao teve incio em 1721 e foi finalizada em 1759. O cadastro entrou em vigor em 1960, quarenta anos aps o incio dos levantamentos. Com isso, Milo foi o primeiro Estado da Europa a possuir um cadastro fiscal completo e baseado em medies sistemticas para todas as propriedades. Em 1807, na Frana, Napoleo Bonaparte deu incio a uma nova etapa na histria do cadastro, decretando a criao de um cadastro baseado no levantamento topogrfico de todas as parcelas do pas. A lei com as instrues relativas ao cadastro foi publicada ainda em 1807 e em janeiro de 1808, foi publicado o decreto de regulamentao, elaborado por um grupo tcnico, sob a direo do matemtico Delambre, ento Secretrio Geral da Academia de Cincias. O que mais chama a ateno no novo cadastro territorial, foram as precisas medies topogrficas, referenciadas a uma rede de pontos de controle determinados por triangulao. O levantamento cadastral foi sistemtico. As parcelas eram numeradas dentro de cada seo sobre um plano nas escalas de 1:2.500 ou 1:1.250. Dessa forma, uma identificao nica era usada para todas as terras do pas. Mais de 100 milhes de parcelas foram classificadas pela fertilidade do solo e para avaliar a capacidade de produo de cada uma, trazendo junto o nome do proprietrio a uma lista separada de parcelas que ele possua, determinando a base de sua capacidade global de produo, e sua avaliao, que serviria de base para a determinao de sua tributao. Alm disso, ao estruturar o Cdigo Civil Francs, Napoleo Bonaparte apontava para a inteno de colocar o cadastro a servio do Direito Civil de

propriedades imobilirias e evitar litgios. O cadastro francs foi finalizado em 1850, mas sua utilidade diminuiu rapidamente, principalmente, devido a falta de atualizao dos registros cadastrais. Durante todo o sculo XIX, a maioria dos pases da Europa continental, estabeleceram sistemas cadastrais sistemticos baseados nos critrios do cadastro napolenico. A Alemanha foi o primeiro pas europeu a dar um passo importante no desenvolvimento do cadastro, quando introduziu o registro de ttulo baseado no levantamento cadastral em meados do sculo XIX at o ano de 1900. Entre 1900 e 1935, outros pases como a ustria, a Sua, a Dinamarca, a Iugoslvia, a Sucia e a Noruega, tambm seguiram na mesma direo. No Brasil, de acordo com Silva (1979), a Constituio de 1946 definiu e assegurou aos municpios brasileiros a autonomia no que se refere decretao e arrecadao de tributos de sua competncia. Desde ento, os municpios passaram a se organizar para a cobrana de tributos sobre os imveis prediais e territoriais urbanos. A partir de ento, surgiram os primeiro cadastros fiscais imobilirios. Conforme a FUNCATE (Fundao de Cincias, Aplicaes e Tecnologias Espaciais) (1997), citada por NETO (2002), em meados de 1950 alguns tcnicos oriundos do grupo Hollerith, procurando dinamizar e modernizar o

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urbano integrado das grandes cidades, encontra deficincias em dados bsicos espaciais e passa a financiar, com recursos do BNH Banco Nacional da Habitao, nas mdias e grandes cidades brasileiras, o ento denominado CTM cadastro Tcnico Municipal. De acordo com a EMPLASA (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano) (1992), ainda nesse perodo, para que as pequenas cidades tivessem a possibilidade de ter um Cadastro Tcnico Municipal que permitisse uma melhoria e acrscimo de arrecadao do IPTU, o Ministrio da Fazenda criou o projeto CIATA Convnio de Incentivo ao Aperfeioamento TcnicoAdministrativo das municipalidades, para executar um cadastro com financiamento a fundo perdido. A metodologia apresentava semelhanas com o sistema de cadastro desenvolvido pelo SERFHAU, muito embora, no houvesse a preocupao com a uniformizao das informaes imobilirias, ou seja, cada municpio definia o grupo de informaes necessrias ao atendimento da finalidade fiscal. De acordo com ERBA (2005), em 1992, na Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, foi aprovada uma resoluo em que deixou clara a importncia da informao territorial confivel para apoiar os processos de tomada de decises para a preservao do meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentvel. No mesmo sentido, anos depois, em junho de 1996, a Segunda Conferncia das Naes Unidas sobre Assentamentos Humanos HBITAT II

no final da Segunda Guerra Mundial, acabou consolidando a nova viso da instituio como um Cadastro Multifinalitario. ERBA (2005), afirma que a maioria dos cadastros implementados at hoje ainda no mostra claramente a incidncia das citadas limitaes impostas pelas normas de planejamento. Este fato tornou necessrio o estudo de um novo sistema cadastral e, em 1994, a Comisso 7 da Federao Internacional de Agrimensores FIG decidiu desenvolver uma nova viso futura de um cadastro moderno a ser instrumentado nos 20 anos seguintes. Naquele ano, comeou-se um trabalho de pesquisa e o resultado foi o denominado Cadastro 2014. Este sistema torna mais amplo ainda o registro de dados no cadastro e o transforma em um inventrio pblico metodicamente ordenado de todos os objetos territoriais legais de determinado pas ou distrito, tomando como base a mensurao dos seus limites. Tais objetos legais identificam-se sistematicamente por meio de alguma designao, e a delimitao da propriedade e o identificador, junto informao descritiva, podem mostrar para cada objeto territorial sua natureza, o tamanho, o valor e os direitos e, ou, restries legais associadas a ele. Os princpios do Cadastro 2014 baseiam-se em seis declaraes que, de forma resumida, afirmam que, no futuro: 1) 2) o cadastro mostrar a situao legal completa do territrio (incluindo o direito pblico e as restries); acabar a separao entre os registros grficos (cartografia) e os alfanumricos (atributos);

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fazer novos investimentos, procurando-se a melhora do sistema e, ou, a atualizao.

1) Localizao Geogrfica de todos os imveis cadastrados; 2) Ocupao ou finalidade do imvel; 3) Os ocupantes, pioneiros e sua respectiva fora de trabalho; 4) As reas de tenso efetivamente comprovadas; 5) As terras pblicas e respectivas delimitaes; 6) O uso atual do solo; 7) A declividade do solo; 8) Os tipos de solo; 9) A capacidade de uso do solo; 10) A aptido do solo; 11) Anlise entre a capacidade de uso do solo e sua aptido, permitindo definir as recomendaes de uso do solo; 12) reas de Litgio entre proprietrios e posseiros; 13) Condies de vias de acesso;

Figura 01. Evoluo Das Vises de Cadastro (adaptado de ERBA, 2005).

14) Limites de propriedades; 15) Estrutura fundiria (Distino das diferentes glebas: minifndios, latifndio e parcelas industriais);

3. FUNES BSICAS E BENEFCIOS DO CADASTRO Dentre as principais funes do cadastro, destacamos: a) Fornecimento de informaes para a tributao imobiliria (IPTU, ITR, ITBI); b) Fornecimento de informaes para o registro de imveis; c) Fornecimento de informaes para o planejamento e a gesto

16) Base de informaes para o planejamento rural e regional; 17) Base de informaes para o planejamento de regularizao de ttulos de registros de imveis; 18) Base de informaes para o planejamento da distribuio de equipamentos pblicos e infra-estrutura; De acordo com HENSSEN & WILLIAMSON (1990), os benefcios de possuir um sistema cadastral eficiente podem ser relacionados em: indivduos

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Para os pretendentes legtimos ou terceiros esse aumento resultar em um maior interesse de investimento financeiro na terra ou na propriedade; Os recursos financeiros necessrios para estes investimentos passam novamente a estabelecer um aumento na segurana jurdica, seja para pedir um emprstimo mais fcil ou um crdito mais barato em longo prazo (hipoteca); Os procedimentos referentes a terra ficam mais fceis, baratos, rpidos e seguros. Por causa disso, melhora o acesso a terra. No entanto, transferncias de terra no registradas so freqentemente caras, de procedimento inseguro e levam muito tempo para serem concretizadas; O aumento na segurana jurdica e geomtrica da propriedade resultar na reduo das disputas de limites e litgios. Portanto, reduz os custos financeiros pra o governo e para os indivduos. b) Para o governo ou sociedade: Um sistema cadastral permite ao governo estabelecer um eficiente sistema eqitativo de arrecadao ou imposto sobre a propriedade imobiliria. Este imposto, baseado em valor real precisa de informaes sobre as dimenses geomtricas, localizao geogrfica, uso da terra e proprietrio; Para atividades voltadas ao desenvolvimento da terra, no caso da reforma agrria ou reordenamento territorial, os dados do cadastro e do registro imobilirio, constituem um mecanismo necessrio sobre a situao desejada; O cadastro e o registro imobilirio podem fornecer a base para vrias

outras plantas, possibilitando com isso economia de tempo e custos. A maior parte as vantagens mencionadas acima trazem, na realidade custo para o governo em longo prazo. Todavia, o mais interessante seria recuperar os custos da manuteno do sistema cadastral atravs da cobrana de taxas de servios prestados. Para ONYEKA (2005), se o cadastro tcnico for implantado com o propsito de cobrir todo o territrio de um pas ou municpio, ele pode tornar-se um amplo conjunto de banco de dados e com isso apresentar mltiplos benefcios: a) Inventrio de propriedade Nomeando um nmero nico de identificao para cada parcela territorial, possvel ter a lista completa de todas as parcelas territoriais dentro de uma jurisdio. Por outro lado, possvel descobrir a situao e registrar todos os atributos desta parcela; b) Implementao e monitoramento de projetos O cadastro tcnico pode facilitar a exibio e expanso geogrfica dos projetos para o setor pblico e privado. Conectando dados cadastrais aos locais de projeto e detalhando seus custos dentro de uma determinada jurisdio; c) Preveno de crime e descoberta A polcia pode incluir os antecedentes penais de indivduos em um banco de dados e interligar com o cadastro tcnico, que mostrar geograficamente o

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prprio uso dos servios fornecidos para o pblico em geral, por exemplo: eletricidade, gua, sistema de esgoto, comunicao, correspondncias, leo e gs. Estes servios so providos, freqentemente, ao longo da superfcie terrestre e linhas subterrneas. A prpria distribuio e administrao de utilidades requer um inventrio dos espaos ocupados. Com o cadastro tcnico, a administrao de utilidades pblicas poderia saber onde os servios so requeridos. e) Administrao de escolas Com o crescimento das cidades, os bancos de dados cadastrais so atualizados. Desse modo, as administraes de escolas poderiam saber quando as crianas comeam a viajar distncias longas, indevidamente, para freqentar escolas. As diretorias teriam oportunidade de organizar ou construir novas escolas nos locais mais prximos das residncias dessas crianas. f) Prognstico do rendimento agrcola Uma parcela de terra a unidade de cadastro, que pode ser identificada como uma unidade no registro imobilirio e pode ser um pedao de terra para o cultivo uniforme. O cadastro tcnico pode prever a unidade bsica para o prognstico do rendimento agrcola. A parcela territorial, como unidade bsica, pode trazer proveito no uso de imagens de satlite para monitorar o desempenho das colheitas. 4. REGISTRO DE IMVEIS

passando para o domnio particular sem um adequado acompanhamento cartogrfico e mesmo, sem um disciplinamento jurdico global e sistematizado. Basicamente o direito de propriedade imobiliria no Brasil, foi gerado pela doao de Sesmarias e na obrigatoriedade de cultivar as terras (A sesmaria um instituto jurdico portugus, que normatiza a distribuio de terras destinadas produo). O primeiro ttulo de terras no Brasil aconteceu em 1504, atravs da doao efetuada a Ferno de Noronha, da Ilha de So Joo (hoje, Ilha de Fernando de Noronha). Em 1530, D. Joo III dividiu o Brasil em 14 Capitanias Hereditrias (lotes paralelos, frente para o litoral, de 30 a 100 lguas de profundidade para o interior, at a linha limite com o Tratado de Tordesilhas figura direita), e distribuiu ttulos com o poder apenas de explorar as terras, e seu domnio continuava pertencendo a Coroa de Portugal.

Fig. 01 - Capitanias Hereditrias Luiz Teixeira (1586).

4.2 Legislao Territorial 4.2.1 Legislao Territorial at a lei imperial no 601 de 1850.

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O quadro abaixo, resumido por SATO (1996), apresenta em ordem cronolgica, as principais medidas legais sobre a ocupao territorial at 1850. LegislaoOrdem de 27/12/1695 Carta Rgia de 07/12/1697 Carta Rgia de 03/03/1704 Decreto de 20/10/1753 Proviso de 11/03/1754

terras pblicas das privadas. Segundo o PROGRAMA NACIONAL DE POLTICA FUNDIRIA (1984), com esta lei, tem-se a primeira inteno de regularizar a ocupao de terra no Brasil, reconhecendo direitos a todos aqueles que possusses na ocasio cultura efetiva e moradia habitual, define-se as terras devolutas e garante a legitimao das posses. Instituiu-se o Registro Paroquial, e obteve-se a proibio da aquisio de terras devolutas, por outro meio que no fosse o de compra.

FinalidadeEstabelece um foro para a concesso de terras, alm do dzimo. Limita a extenso das sesmarias Exige a demarcao judicial das terras concedidas Probe a confirmao das concesses de sesmarias sem medio e demarcao Regula a concesso de terras cortadas por rios caudalosos, definindo faixa pblica. - Obrigao da demarcao das terras em um ano, restringindo-se a posse e cultivo; - Concesso de prazo dois anos aos posseiros de Sesmarias ainda no demarcadas; - Limitao de lgua quadrada (2.221.500 h), para a rea das Sesmarias ao longo de contornos martimos e fluviais e num raio de 6 lguas das vilas; - Os Sesmeiros que possussem terras e viessem a receber outras por heranas ou doaes, no caso de no terem posses para o cultivo, tinham que vend-las.

4.2.3

Decreto 1318 de 1854 (regulamentao da Lei de Terras).

Alvar de 05/10/1795

O Decreto 1318 de 1854 regulamenta a lei de Terras, e obriga a todos os possuidores de terras a registr-las num prazo determinado, atravs de declaraes dos possuidores em dois formulrios, apresentando-os ao respectivo vigrio, que os confere, anotando-se a data da apresentao, assinando-os e devolvendo uma das vias ao possuidor. O outro ttulo retido e anotado no livro de registro, numerados, rubricados e encerrados. Os exemplares eram conservados nos arquivos das parquias e nos livros de registro remetido ao diretor geral das terras pblicas da provncia respectiva. O Registro Paroquial, tambm conhecido como Registro do Vigrio, apesar de um marco assinalador de posse, no conferia qualquer direito ao respectivo titular, passando a ser encaminhado ao registro imobilirio. De acordo com SATO (1996), a lei 601, apresentava-se teoricamente

Carta Rgia de 13/03/1797 Alvar de 05/10/1797 Alvar de 25/01/1807 Decreto de 02/07/1808 Decreto 25/11/1808 Resoluo-76 de 17/07/1822 Proviso de 22/10/1822 Constituio Poltica Decreto -482 de 14/11/1846

Probe a concesso de terras junto as costas martimas e s margens de rios. Consolida as disposies vigentes Probe a transferncia de Carta de Concesso Sesmarias sem prvia medio judicial, julgada por sentena. Estabelece obrigatoriedade da confirmao das concesses Sesmarias pela mesa de desembargo do Pao e assinatura real. Permite a concesso de Sesmarias aos estrangeiros residentes no Brasil. Suspende a concesso de Sesmarias at a convocao da constituinte Mantm a suspenso anterior at manifestao da constituinte Imprio do Brasil 1824 Art. 179: Garante propriedade aos cidados brasileiros Cria ou designa tabelies.

4.2.2

Lei 601 de 1850 (Lei de Terras).

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exigncia de medio e demarcao prvia dos lotes e da falta de uma administrao preparada para execut-la.

permanentes.

4.2.5 4.2.4 Constituio de 1891.

Lei 6015 de 1973: Lei de Registros Pblicos (LRP).

A lei 601 de 1973 dispe sobre o Registro de Imveis e segundo suas Para MIRAD (1987), a partir da proclamao da repblica, as Terras Devolutas finalmente passaram para o domnio dos Estados (artigo 64 da constituio de 1891), o que pode ter agravado ainda mais o problema, devido ao fato dos Estados receberem autonomia para elaborar suas prprias leis e administrar suas terras. Ainda hoje, sentem-se os reflexos negativos desta medida, tais como: Concesso de imensos latifndios; Aquisies indiscriminadas por estrangeiros; Titulaes por meras referencias (sem materializao no solo, como em rvores); Superposio de ttulos; Concesso de ttulos sem vistoria; Falta de confiabilidade na documentao do registro da terra; Ausncia de Base Cartogrfica para os Departamentos de terras Estaduais, provocando a superposio e deslocamento dos limites dos imveis; At 1970, a concesso de ttulos pelos estados continuava a serem efetuadas sem as devidas cautelas, sendo que as terras que eram atribuies, devem ser realizados o registro da instituio (imvel), os direitos reais relacionados com o imvel, a renda expressamente constituda e a averbao. Segundo NETO (2002), a Lei de Registros Pblicos modificou a sistemtica do registro imobilirio, estabelecendo um registro prprio para cada imvel, diferindo dos regulamentos anteriores, que previam registro prprio para cada ttulo, independentemente do nmero de imveis que nele contivesse. Para CENEVIVA (1997), a matrcula do imvel foi a grande inovao desta lei, que passou a individualiz-lo e caracteriz-lo, de modo a estrem-lo de dvida em relao a outros. De acordo com a LRP, o servio de registro est composto por cinco livros, de modo que cada um tivesse a sua finalidade, divididos da seguinte forma: a) Livro 1 Protocolo: serve para a recepo geral dos documentos; b) Livro 2 Registro Geral: para inscrio dos direitos reais porventura conduzidos nestes documentos. o livro mais importante do sistema, formado pelo conjunto de todas as matrculas. Como muitos registros utilizam o sistema de fichas, o livro 2, na prtica, um arquivo.

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de publicidade. Como exemplo, tem assento no livro auxiliar o penhor de mquinas utilizadas na indstria, o pacto antenupcial, a cdula de crdito rural, industrial ou comercial, o emprstimo por obrigao ao portados ou a conveno de condomnio. d) Livro 4 Indicador Real: indicador de imveis includos no registro. Destina-se a localizao dos registros pela identificao do imvel. Cada imvel recebe uma identificao pelo endereo, se urbano, ou por sua denominao ou localizao, se rural. e) Livro 5 Indicador Pessoal: Indicador das pessoas includas no registro. Serve para que os registros sejam localizados pelo nome das pessoas neles envolvidas.

decorrentes pelos motivos apresentados a seguir: No efetivao formal de partilha entre os herdeiros (no

materializao no terreno pelos imites de cada um) e a venda efetuada por estes, de seus direitos hereditrios; A venda de direitos sobre posse; O desconhecimento das terras pblicas devolutas (federal, estadual ou municipal); As reas arrendadas ou aforadas; A diversidade e a qualidade de sistemas de medidas de reas adotadas no Brasil (aceitos pelos registros oficiais de terras); A documentao existente, muitas vezes no expressa a quantidade de rea do imvel; o que menos conta na documentao so os nomes dos confrontantes; A no obrigatoriedade de registro de planta da propriedade caracterizando fisicamente a rea e sua situao espacial impossibilitando a correta elaborao de seu memorial descritivo; A ausncia de uma base cartogrfica de boa qualidade; No houve, no passado, qualquer preocupao em demarcar a terra considerada de direito, principalmente pelas condies financeiras para demarc-las, bem como, para providenciar a legalizao de seus documentos de posse, dos registros formais da partilha ou at de simples documento particular de compra e venda; Loteamentos implantados sem aprovao oficial no possuindo at hoje, sua situao jurdica regularizada, conseqentemente, sem

Com a informatizao dos servios de notariais e de registro, as consultas diretas por nome de pessoas ou endereo tornam implcitos os livros indicadores (4 e 5). ERBA (1995), ressalta que dos requisitos detalhados para o registro, observa-se que somente no livro 02, faz-se meno quanto identificao do imvel feita mediante a identificao das suas caractersticas e confrontaes, localizao, rea e denominao rural, logradouro e nmero, se urbano, e sua designao cadastral, se houver. Percebe-se nesta legislao, a no exigncia de uma base cartogrfica, muito menos a meno de uma planta de mensura, mostrando que a publicidade e a segurana dos interesses ligados a propriedade de carter declaratrio.

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absoro da estrutura cartorial.

4.2.7

A Matrcula e o Registro de Imveis

A Matrcula foi inserida no sistema de registro de imveis no Brasil a partir da Lei de Registros Pblicos, que prev em seus artigos Captulos III e IV, que a matrcula ser feita por ocasio do primeiro registro a ser lanado na vigncia da nova lei, com os elementos constantes do ttulo apresentado e do registro anterior nele mencionado. De acordo com CENEVIVA (1997), a introduo da matrcula aproximou o sistema de ordenamento jurdico nacional do germnico, cuja eficincia decorre de sua feio cadastral, possvel na realidade socioeconmica alem desde o sculo XIX. A feio cadastral pode ser explicada pelo fato de o registro alemo ter incorporado, desde o incio, as informaes cadastrais. A matrcula pode ser definida, como um ato de registro, no sentido lato, que d origem individualidade do imvel na sistemtica registral brasileira, possuindo um atributo dominial derivado da transcrio da qual se originou. (GANDOLFO, 1994).

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Embora a LRP trouxe um avano considervel quanto a instituio da matrcula e a individualidade do registro imobilirio, pode-se claramente perceber alguns problemas que ainda so identificados neste sistema. Para JACOMINO (2000), no houve a aperfeioamento tcnico na determinao do bem. Os memoriais descritivos, elaborados muitas vezes sem rigor tcnico, apresentam srios problemas e comum no apresentarem correspondncia com o que se encontra no solo. CARVALHO (1997), afirma que a comparao de dados do registro anterior com os do ttulo atual apresentado ao cartrio pode revelar coincidncia ou in coincidncia quanto a sua descrio, ambos os casos resultam em problemas na identificao do imvel.

se urbano, de suas caractersticas e confrontaes, localizao, rea, logradouro, nmero e de sua designao, se houver. O artigo 3 da Lei 10.267 de 2001 (Lei do Cadastro de Imveis Rurais), altera o artigo 176 da LRP, a identificao do imvel, ser feita com indicao:

a - se rural, do cdigo do imvel, dos dados constantes do CCIR, da denominao e de suas caractersticas, confrontaes, localizao e rea; b - se urbano, de suas caractersticas e confrontaes, localizao, rea, logradouro, nmero e de sua designao cadastral, se houver.

4.2.8

O Princpio da Especialidade do Registro Imobilirio

No entanto, conforme NETO (2002), a falta de referenciamento geodsico, ainda permite a ocorrncia de vrios problemas. GANDOLFO (1994), afirma que o imvel confronta com outros imveis e no com pessoas, assim, ao fazer a sua caracterizao deve-se mencionar, sempre que possvel, confrontando-se com o prdio numero tal ou com o lote nmero tal, dispensando-se o nome dos proprietrios dos prdios limtrofes. O artigo 225 da LRP cita que: os tabelies, escrivs e juzes faro com que, nas escrituras e autos judiciais, as partes indiquem, com preciso, as caractersticas, as confrontaes e as localizaes dos imveis, mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar s de terreno, se esse fica do lado par ou impar do

O princpio da especialidade do registro imobilirio o mais importante para a integrao do registro de imveis com o cadastro imobilirio. Para CARVALHO (1997), o princpio da especialidade significa que toda a inscrio deve recair sobre um objeto precisamente especificado. O requisito registral da especializao do imvel significa a sua descrio como corpo certo, a sua representao escrita como individualidade autnoma, com o modo de ser fsico, que o torna inconfundvel, e, portanto, heterogneo em relao a qualquer outro. O princpio da especialidade considera que o imvel individual e ocupa um lugar determinado no espao, que o abrangido por seu contorno, dentro

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CARNEIRO (2000), comenta que apesar de no haver exigncia de amarrao geodsica nem expressa previso legal para o arquivamento de plantas (com exceo dos registros de loteamento e condomnios), muitos atos registrais requerem a apresentao de plantas: retificaes de registro; usucapio; discriminao de terras pblicas; aes demarcatrias; averbaes (modificao do teor do registro) de reservas legais; desmembramentos, remembramentos, etc.;

4.2.9

A Desordem das Estremas e a Sobreposio de Ttulos

Conforme visto nas sees anteriores, a situao fundiria do Brasil evidenciou-se confusa desde a sua colonizao. A primeira tentativa de regularizar as posses ocorridas foi atravs da Lei 601 de 1850, fonte primordial de todas as leis agrrias do pas, porm, seus propsitos impuseram providncias que o governo no teve estrutura administrativa para implementar at hoje (ZANATA, 1984). Segundo NETO (2002), a organizao apresentada pelo Registro de Imveis nos direitos sobre a propriedade, apresenta falha na indicao das reas, limites e confrontaes de terrenos, ao ponto tal que certos ttulos apresentam limites escriturados de imveis vizinhos, caracterizando

No entanto, a simples exigncia da planta do imvel pelo registro pouco acrescenta em termos de preciso da individualizao do imvel, uma vez que o registrador no possui capacitao tcnica, nem a possui em seu quadro de funcionrios, para realizar a anlise da qualidade e conformidade tcnica destas plantas. Para JACOMINO (2000), embora padea de reconhecidas imperfeies, o registro cumpre o seu papel, ressaltando a baixa taxa de litgios que versam sobre os conflitos de domnio. O que ocorre que, normalmente, os limites naturais dos prdios urbanos ou rurais so socialmente reconhecidos e respeitados. No entanto, quando em um ou mais imveis so realizados levantamentos topogrficos, por tcnicos competentes, constata-se geralmente divergncias entre a realidade fsica e o ttulo de propriedade, surgindo, desta maneira, imediatamente o conflito entre os proprietrios dos imveis envolvidos.

sobreposio e falhas entre as reas tituladas. A certido do registro imobilirio tida em todo o Brasil como aquela emitida pelo Registro de Imveis. Assim o proprietrio apresenta ao servio notarial a certido da Matrcula do imvel, para que a escritura seja lavrada com os dados do imvel existentes na matrcula. Esta sistemtica tem mantido intactos o Registro de Imveis, os erros antigos existentes na caracterizao da propriedade, baseados em atos declaratrios e em projetos de loteamento e desmembramentos projetados por tcnicas imprecisas, provocando erros inadmissveis, no correspondendo realidade fsica. ERBA (2005), comenta que os limites, objetos de registro do cadastro, so entes culturais concebidos pela razo de quem interpreta um documento ou os fatos materiais existentes no territrio.

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legal, definido por HAAR (1992), como uma linha imaginria que no se pode localizar no terreno sem um sinal que a materialize, exigindo para sua determinao o estudo dos ttulos da parcela em questo e das propriedades vizinhas; e o limite da posse, que determinado pelo uso do imvel, materializado por entes naturais ou antropolgicos. Os limites antropolgicos, definidos pelo encontro de dois ttulos de propriedade devem ser sinalizados de maneira clara e inconfundvel mediante marcos. J quando os limites so definidos por elementos naturais, como divisrias dgua ou cursos dgua (rios ou arroios), pode-se prescindir da demarcao, no entanto, ambos s tero valor legal se existir um documento cartogrfico que os revele como tais.

Conforme NASCIMENTO (1984), o Cadastro Imobilirio independente do sistema de registro de direitos sobre a terra, mas a ele que cabe a caracterizao geomtrica do bem possudo, e que com ele deve ser estabelecida a conexo aos sistemas cartorrios por meio de cdigos apropriados, de modo a permitir a sua entrada futura no sistema de registro legal, a quem cabe indicar o possuidor do bem e o apoio legal dessa posse. imprescindvel a coordenao entre o Cadastro Territorial que publicita a realidade fsica de fato e o Registro de Imveis, que publicita os direitos expressados nos ttulos, sob pena de cair num sistema de clandestinidade de Publicidade Imobiliria. Para CARVALHO (1976), citado por NETO (2002), o cadastro constitui o complemento natural do Registro de Imveis. O registro informa a situao jurdica do imvel, o cdastro informa a situao fsica. O segundo traz enorme

4.2.10

A Importncia do Cadastro para Solucionar a Desordem

vantagem ao primeiro, basta lembrar que a maioria das dvidas suscitada perante os juzes diz respeito a limites, sua metragem, sua localizao e sua rea. Essas dvidas tenderiam a desaparecer com o advento do cadastro. Sabe-se que a soluo deve vir do Cadastro imobilirio, pois compete ao municpio o controle do uso e ocupao do solo urbano. Mas a maioria das Prefeituras no possuem cadastro de boa qualidade, no os atualizam, nem encaminham as caracterizaes dos imveis de maneira adequada para que sejam escrituradas as matrculas Registro de Imveis. Para os Imveis Rurais, a Lei 10.267 de 2001, institui que alm dos requisitos previstos nas leis anteriores, os servios notariais so obrigados a mencionar nas escrituras os seguintes dados do CCIR (Certificado do Cadastro

Segundo PHILIPS (1996), citado por NETO (2002), o cadastro imobilirio deve conter chaves de conexo entre o Cadastro Tcnico Municipal e o Registro de Imveis para a integrao dos dois registros. Os registros grficos, tcnicos e descritivos do cadastro imobilirio devem ser a base geomtrica e legal para todas as outras cartas e registros que se referem a propriedade de terrenos. O cadastro imobilirio deve ser correto e completo para todo o territrio, e atualizado, representa sempre a situao do dia, fato importante para o registro pblico de imveis. Para ERBA (1995), h uma necessidade urgente do Brasil acordar para a iniciativa tomada por muitos pases do mundo que sentiram a importncia da

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IV denominao do imvel; V localizao do imvel. Os servios de registro de imveis ficam obrigados a encaminhar ao INCRA, mensalmente, as modificaes ocorridas nas matrculas imobilirias decorrentes de mudanas de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento, remembramento, retificao de rea, reserva legal e particular do patrimnio natural e outras limitaes e restries de carter ambiental, envolvendo os imveis rurais, inclusive os destacados do patrimnio pblico. O INCRA encaminhar, mensalmente, aos servios de registro de imveis, os cdigos dos imveis rurais de que trata o pargrafo anterior, para serem averbados de ofcio, nas respectivas matrculas. Fica criado o Cadastro Nacional de Imveis Rurais - CNIR, que ter base comum de informaes, gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, produzida e compartilhada pelas diversas instituies pblicas federais e estaduais produtoras e usurias de informaes sobre o meio rural brasileiro. A base comum do CNIR adotar cdigo nico, a ser estabelecido em ato conjunto do INCRA e da Secretaria da Receita Federal, para os imveis rurais cadastrados de forma a permitir sua identificao e o compartilhamento das informaes entre as instituies participantes. Integraro o CNIR as bases prprias de informaes produzidas e gerenciadas pelas instituies participantes, constitudas por dados especficos de

memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotao de Responsabilidade Tcnica ART, contendo as coordenadas dos vrtices definidores dos limites dos imveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodsico Brasileiro e com preciso posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a iseno de custos financeiros aos proprietrios de imveis rurais cuja somatria da rea no exceda a quatro mdulos fiscais. A identificao do imvel tornar-se- obrigatria para efetivao de registro, em qualquer situao de transferncia de imvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo.

4.2.11

Exemplo de Situaes de Conflito Territorial

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5.

O LEVANTAMENTO CADASTRAL DE IMVEIS

concebidos h algumas dcadas, na qual a populao do municpio e o nmero de imveis eram, provavelmente, muito inferiores aos nmeros atuais. A dinmica de desenvolvimento a qual foram submetidos alguns municpios, fez com que estes nmeros, seguramente, aumentassem significativamente. Esta simples analogia aliada estagnao dos sistemas cadastrais um forte argumento para se perceber a necessidade de modernizao da administrao do territrio e os elementos a ele agregados. Torna-se, assim, necessrio uma inovao radical nos meios administrativos no sentido da acomodao irreversvel a esta nova situao. 5.1 ALGUNS MODELOS CADASTRAIS TERICOS

De acordo com LARSSON (1991), h muito tempo reconhecida a importncia do cadastro tcnico na gesto territorial dos municpios, sobretudo quando se trata da tributao dos imveis, sendo este o principal fim que definiu a sua instituio em tempos anteriores, funo esta que vem se mantendo ao longo de sua histria e que, pelo acervo de dados que possui, agregou uma grande gama de utilidades nas mais variadas reas que possuem relao com um pedao especfico de terra.

BHR (1997), citado por SILVA (2001), tecnicamente o Cadastro Tcnico pode ser definido como um inventrio pblico, metodicamente organizado, de dados concernentes s propriedades dentro de um certo pas, regio ou municpio, baseado no levantamento de seus limites, que inscreve, em assentos individuais, informao documentada das caractersticas fsicas, jurdicas e econmicas de cada um dos imveis, com fins de ordenamento territorial, e cuja informao geo-referenciada vital para o gerenciamento da coisa pblica. Diante deste conceito, entende-se que o Levantamento Cadastral decorrente da necessidade do conhecimento dos limites e atributos das parcelas de uma determinada regio, atravs do levantamento de dados primrios e secundrios, sejam eles sobre as suas caractersticas legais, fsicas e temticas (scio-econmico-ambiental). Os nveis de informaes, a preciso e os mtodos de coleta de dados devem ser definidos de acordo com

Conforme CARNEIRO (2003), pode-se identificar, atravs de publicaes, alguns modelos tericos que tentam esquematizar os sistemas cadastrais existentes, no entanto, nenhum deles pode ser aplicado em outros pases, sem considerveis modificaes em funo dos fatores sociais, econmicos e histricos. Como parmetros para a leitura destes modelos, devem ser analisados os elementos essenciais de um cadastro, os processos relevantes, a relao entre as partes componentes e o ambiente de funcionamento.

5.1.1 Modelo de Dale O modelo de Dale sistematiza o cadastro ingls, os seus componentes

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A figura 02 apresenta, de forma esquemtica, o funcionamento do modelo cadastral de Dale. importante observar que o mapa cadastral externo ao sistema de levantamento cadastral, sendo a descrio dos limites o mecanismo de ligao responsvel pelos produtos gerados pelo sistema. Isto significa que esta descrio pode ser utilizada tanto para a produo de mapas cadastrais como para o registro de ttulos, e at para alimentar subsistemas de avaliao e taxao ou planejamento e desenvolvimento. Outro aspecto a ser observado a igualdade de importncia dos elementos de sada: mapeamento cadastral, registro de ttulos, registro de limites, avaliao e taxao e planejamento e desenvolvimento.

levantamento cadastral e os mtodos de levantamento utilizados na definio de limites para fins de registro. A prtica do registro de ttulos na Inlaterra controlada pelo HMRL Registro de Terras de Vossa Majestade, e esta, depende da agncia de mapeamento topogrfico nacional (Ordnace survey) para os mapas cujo imvel identificado com a finalidade de registro. A existncia de uma srie de mapas topogrficos uniforme, precisa, continuamente revisada e em escala grande (1:1.250 em reas urbanas), que representam claramente os limites fsicos de todas as parcelas (cercas, muros), possibilita a definio dos limites por sua evidncia fsica.

5.1.2 Modelo de McLaughlin O modelo de McLaughlin corresponde ao modelo norte americano de cadastro multifinalitrio. Segundo WILLIAMSON (1983), este modelo representa uma situao terica e ideal, somente possvel naqueles pases com uma reforma que partisse dos elementos bsicos do sistema. Observa-se que os principais subsistemas, componentes bsicos do cadastro multifinalitrio, so o mapa cadastral (composto pelo mapa base mais o overlay cadastral contendo informaes sobre a parcela), os registros fiscais e de ttulos, os registros administrativos e os registros de recursos naturais. Essa viso de cadastro contempla assim, com igual nfase, registros fiscais e legais, registros administrativos, registros de recursos naturais e outros registros relativos parcela.

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numa rede de referncia geodsica.

Segundo o prprio autor, todos os componentes principais dos sistemas cadastrais mapeamento australianos: em grande registro escala imobilirio, e avaliao levantamento tem se cadastral, desenvolvido

independentemente, o que provoca um dos problemas fundamentais dos sistemas cadastrais, que a fragmentao.

Figura 02. Modelo de McLaughlin

5.1.3 Modelo de Williamson O modelo de sistema cadastral para o gerenciamento de informaes territoriais sugerido por Williamson constitudo de dois componentes principais: o banco de dados cadastrais, contendo as informaes grficas e descritivas das parcelas legais, e um centro de informaes territoriais, cuja funo gerenciar os dados dentro de todo o sistema. O modelo enfatiza a importncia fundamental dos mapas cadastrais e do registro territorial na manuteno de Sistemas de Informaes Territoriais baseados em parcelas (SIT baseado em parcelas, ou seja: Sistemas de informaes Geogrficas, baseado no modelo conceitual Cadastral). 5.1.4 Modelo da Sucia Segundo ERICSSON (1995), citado por CARNEIRO (2003), toda a Sucia est dividida em aproximadamente 4 milhes de unidades de bens de raiz daFigura 03. Modelo de Williamson

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do solo e mantido em originais na escala 1:10.000 nos departamentos regionais. Em reas urbanas, os mapas originais esto nas escalas 1:400 a 1:1.000. O mapa ndice obtido com base nos mapas municipais do sistema de referncia nacional ou local, e apresentado na escala 1:2.000.

a) b) c) d)

identificadores como designaes imobilirias, endereos e nome de quadras; dados relativos propriedade, como registros territoriais e cadastrais e coordenadas; mapas fsicos e regulamentaes de uso do solo; outras bases com informaes diversas. O sistema funciona de forma on-line, permite o dilogo entre usurio

e computador. Cada organizao de levantamento e agncia de registro equipada com um terminal de comunicao. Quando h uma solicitao de alterao no registro, como no caso de uma transferncia de propriedade, o responsvel pelo registro consulta o terminal e verifica os dados cadastrais atuais da parcela em questo. O registrador realiza a alterao e envia a informao para o banco de dados, que emite o documento oficial relativo operao, aps checagem das informaes transmitidas. A informao enviada, ento, aos demais banco de dados relacionados. O banco de dados territoriais est integrado com outros importantes registros nacionais, como registros de mapas de uso do solo, populao, etc,Figura 04. Exemplo mapa cadastral urbano

tendo como chave de identificao o nmero da parcela. Como o banco de dados contm as coordenadas do centride de cada unidade cadastral, todas as informaes sobre pessoas, edificaes, empresas, preos de compra e venda, impostos, etc. podem ser identificados e mapeados automaticamente. Apenas as agncias do registro de propriedade e do registro territorial tm permisso para atualizar o contedo dos registros, e essas alteraes so permitidas apenas para os dados referentes sua jurisdio.

O registro territorial administrado em mbito municipal e supervisionado pelo rgo nacional de levantamento territorial, responsvel pelo mapeamento nacional. Contm registros das reas das propriedades e suas designaes, alm de outras informaes de infra-estrutura, uso do solo, coordenadas do centride da parcela e o seu endereo.

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6.

IMPLEMENTAO DE UM SISTEMA CADASTRAL URBANO

O cadastro das reas urbanas no Brasil no possui uma diretriz que oriente o seu funcionamento. Essa tarefa de responsabilidade dos setores de cadastro das prefeituras, o que torna a sistemtica complexa, devida a quantidade de municpios no pas, com diferentes caractersticas sob o ponto de vista social, econmico e cultural. A regulamentao do uso da propriedade territorial urbana apontada pela Lei de Parcelamento do solo e pelo Estatuto da Cidade, que estabelece normas de ordem pblica e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo. Em alguns municpios do pas, os cdigos tributrios municipais estabelecem o cadastro fiscal e muitas vezes definem o cadastro imobilirio como um de seus componentes. De acordo com CARNEIRO (2003), no Brasil, o modelo implementado pelo projeto CIATA considera o Cadastro Imobilirio como um conjunto deFigura 05. Sistema de Informaes Territoriais Sueco

informaes das reas urbanas a serem mantidas permanentemente atualizadas pelas municipalidades. Segundo esse modelo, o Cadastro Imobilirio concebido principalmente para os seguintes casos: a) arrecadao municipal, compreendendo lanamento do Imposto Predial e Territorial Urbano; lanamento de Contribuio de Melhoria; lanamento de taxas de servios urbanos; b) planejamento fsico territorial urbano, compreendendo estudo e localizao de equipamentos sociais e de infra-estrutura urbana;

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urbanos, valores dos imveis, contribuintes, obras pblicas e particulares e ocupao do espao urbano, podendo ser utilizado para a elaborao de leis urbansticas, como Planos Diretores Municipais. As informaes so registradas por unidades imobilirias e representadas graficamente por quadra, distrito e zona. O Cadastro Tcnico Municipal constitudo de uma parte cartogrfica: composta por cartas que indicam a diviso em parcelas de uma rea, juntamente com identificadores das parcelas, e por uma parte descritiva: que contm registros dos atributos fsicos e abstratos relativos s parcelas identificadas nos mapas. BLACHUT (1985), citado por LOCH (1998), considera que a implantao do cadastro tcnico num municpio ou regio deve, desde o incio ter um rgo, ou grupo de coordenao, no qual existam tcnicos habilitados nas mais variadas reas em atuao do cadastro. Esta equipe de coordenao quem vai conduzir o andamento dos trabalhos, verificando a preciso dos trabalhos e na medida do possvel, at corrigindo algum erro eventual que percebam durante a execuo do projeto. Este grupo de coordenao deve dividir os trabalhos em duas partes: campo. A parte jurdica compreende a avaliao da situao legal das parte jurdica; parte tcnica.

A parte tcnica deve compreender todos os trabalhos de escritrio e de

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6.1 Diagnstico Cadastral A primeira etapa a ser considerada no levantamento Cadastral o Diagnstico Cadastral. Nesta etapa, devem-se levantar as informaes necessrias para determinar a finalidade do cadastro, a estrutura existente na instituio, seja do ponto de vista fsico, de equipamentos e de pessoal, o sistema cartogrfico e descritivo utilizado, o nvel de atualizao, os usurios atuais e em potencial e as informaes necessrias para a gesto das atividades destes usurios. A FIG (Federao Internacional de Agrimensores) elaborou um instrumento de pesquisa para ser aplicado nos municpios, baseado nos indicadores de eficincia definidos no Estudo Cadastro 2014 (cadastro do futuro). Baseado na indicao desta instituio e da pesquisa feita por CARNEIRO (2003), a figura 07 ilustra os principais aspectos a serem levantados e analisados para considerar a implementao de um sistema cadastral:

Figura 07. Principais aspectos a serem identificados para considerar a implementao de um Cadastro Tcnico Municipal.

O Anexo 01 apresenta um modelo de Estudo Diagnstico elaborado para a implementao do Cadastro Tcnico do municpio de Cricima, SC.

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informaes obtidas no Diagnstico Cadastral. Nesta etapa consideram-se os aspectos Tcnicos (cartogrficos e descritivos) e os aspectos estruturais (ambiente fsico, recursos humanos e equipamentos). O Prognstico Cadastral deve indicar os produtos a serem obtidos, bem como os mtodos de aquisio de dados, nveis de informao, parmetros de preciso, padronizao dos dados e normalizao das rotinas de trabalho. Com base no relatrio final do Estudo Prognstico Cadastral, poder ser elaborado o Termo de Referncia para o Edital de Licitao Pblica com vistas contratao de empresa ou instituio para a implementao do Cadastro Tcnico Municipal. A tabela 01 apresenta a relao dos servios definidos no Estudo Prognstico Cadastral realizado pelo IPAT/UNESC para o municpio de Cricima, SC 2000. 6.3 A implementao do Sistema CadastralTabela 1. Relao de Servios para a implementao do Cadastro Tcnico Municipal de Cricima (PMC-2001).ITEM 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 SERVIOS COBERTURA AEROFOTOGRAMTRICA NA ESCALA 1:8000 (130Km ) APOIO TERRESTRE DO VO 1:8000 (130Km2) AEROTRIANGULAO DO VO 1:8000 (130Km2) AMPLIAO FOTOGRFICA DAS AEROFOTOS DO VO 1:8000 (130Km 2) ORTOFOTOCARTA NA ESCALA 1:2000 (130Km2) RESTITUIO NUMRICA NA ESCALA 1:2000 (130Km ) REAMBULAO DO VO 1:8000 (130Km ) EDIO GRFICA ( 1:2000 ) (130Km )2 2 2 2

ITEM 1.14 1.15 1.16 1.17 1.18 2

SERVIOS RESTITUIO NUMRICA NA ESCALA 1:5000 (80 Km 2) REAMBULAO DO VO 1:25000 (80 Km ) GENERALIZAO CARTOGRFICA DE 1:2000 PARA 1:5000 (130 Km 2) EDIO GRFICA ( 1:5000 ) (210Km2) EMISSO DOS PRODUTOS FINAIS (1:5000 ) (210Km2) LEVANTAMENTO CADASTRAL MULTIFINALITRIO ( 65.000 un )2

O anexo 02 apresenta um Termo de Referncia elaborado para a implementao do Cadastro Tcnico do municpio de Cricima, SC, utilizando o mtodo de levantamento aerofotogramtrico e o anexo 03 apresenta um Termo de Referncia elaborado para o Cadastro Tcnico do municpio de Penha, SC, utilizando o mtodo de levantamento topogrfico.

A implementao do Cadastro Tcnico Municipal deve seguir as informaes tcnicas definidas no Termo de Referncia, elaborado por ocasio do Estudo Prognstico Cadastral. A execuo dos servios de levantamento cadastral pode ser dividida em 4 etapas, sendo: a) Planejamento; b) Execuo; c) Disponibilizao de dados; d) Atualizao Cadastral

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necessria para a execuo dos servios, considerando o detalhamento tcnico das atividades a serem desenvolvidas, a definio dos recursos humanos necessrios, a instalao da sede administrativa do projeto, a definio dos equipamentos e acessrios necessrios e a determinao das rotinas de trabalho. Esta fase antecede a execuo dos servios de levantamento cadastral e, pode ser considerada fundamental para que se possa alcanar os objetivos do trabalho, principalmente, no que se refere confiabilidade, preciso e consistncia dos dados. Sobretudo, como em qualquer projeto de engenharia, o planejamento adequado dos servios, tende a garantir a qualidade tcnica dos produtos a serem gerados, com o menor custo de produo possvel. A figura 08 apresenta o fluxograma da etapa de Planejamento do cadastro Tcnico Municipal. em:

6.3.2 Execuo do Cadastro A execuo do cadastro deve ser orientada pelas definies apontadas no Termo de Referencia Cadastral, delineadas na etapa de planejamento, em conformidade com as normas tcnicas e legislaes pertinentes. As Fases de execuo do levantamento cadastral podem ser classificadas a) Fase de Levantamento de Dados; b) Fase de Processamento de dados; c) Fase de Controle de Qualidade. Na fase de levantamento de dados, so realizadas as atividades de pesquisa e levantamento de campo. As pesquisas so realizadas em entidades detentoras de dados secundrios que so relevantes para o sistema cadastral e, permitem a obteno de dados existentes, sendo desnecessria a coleta de campo, ou dados que no podem ser obtidos in loco, como dados provenientes do registro de imveis, cadastros de servios pblicos e dados atualizados que constam no atual sistema cadastral, se houver. O levantamento de campo realizado para a obteno de dados fsicos, obtidos por medies ou captura de imagens para a confeco dos produtos cartogrficos e descritivos, para o preenchimento do boletim cadastral. Na fase de processamento de dados, as informaes coletadas so armazenadas em formato digital, por meio de rotinas de automao e uso de

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informaes territoriais, modelado e estruturado para a utilizao pelos mais diversos usurios.

a) Rede de Referncia Cadastral A Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT normalizou a

A fase de controle de qualidade corresponde a etapa de validao da consistncia dos dados. A referncia espacial do cadastro dever garantir a qualidade geomtrica de todos os levantamentos a serem realizados no futuro, seja por ocasio de novos projetos de parcelamento do solo ou da implementao de rotinas de atualizao cadastral. O sistema descritivo do cadastro, a ser utilizado para a confeco de relatrios e envio de dados para a tributao territorial, no podem conter dados inconsistentes, duplicados, com erros de notao grfica ou ausncia de informaes. O sistema cartogrfico do cadastro deve permitir com clareza a leitura dos elementos grficos, suas toponmias relativas as medies das parcelas e benfeitorias, complementaridade e exatido do cdigo identificador e endereo da propriedade, livre de inconsistncias geomtricas quanto a duplicao ou ausncia de elementos, padronizao de smbolos e escalas, fechamento analtico de reas, aspectos visuais e preciso cartogrfica.

implantao da Rede de Referncia Cadastral Municipal. Segundo a norma NBR 14166, a RRCM tem como objetivo o apoio na elaborao e atualizao de plantas e o referenciamento de todos os servios topogrficos. A norma NBR 14166 apresenta os seguintes passos para a estruturao e classificao de uma rede de referncia: a) sobre a carta do IBGE, estabelecer a rea de abrangncia do sistema topogrfico local; b) fixar ponto central da rea de abrangncia sobre a carta; c) definir a altitude mdia; d) estabelecer a articulao de folhas da futura planta cadastral do municpio; e) iIdentificar o(s) fuso(s), meridiano(s) central (is) e meridianos limites, no sistema de projeo UTM; f) pesquisar vrtices do SGB, nas proximidades da rea;

6.3.2.1 O Sistema Cartogrfico do Cadastro O sistema cartogrfico do cadastro tcnico municipal compreende os documentos e produtos grficos necessrios para a representao espacial dos elementos que constituem o sistema cadastral, desde a localizao global da rea de estudo at o detalhe das parcelas e duas relaes intrnsecas e

g) inventariar os vrtices existentes; h) verificar no mapeamento existente, os sistemas de projeo utilizados, elipside e data adotados, verificando tambm o sistema de articulao de folhas; i) adotar os Sistema Geodsico Brasileiro SAD-69;

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rea rural

==> 1 / 16 Km a 50 Km

3. intervisibilidade entre os MGs e os pontos topogrficos; 4. elementos da Rede de Referncia Cadastral podem ter suas coordenadas plano-retangulares tanto no Sistema Transverso de Mercator (UTM-RTM-LTM), como no Sistema Topogrfico Local; 5. a norma prev algumas consideraes sobre o calculo das coordenadas plano retangulares baseadas no sistema local ou geodsico; 6. localizao dos pontos topogrficos: pontos que facilitem a sua ocupao e materializao; Urbana ==> ponto de esquina = 400 m de pontos topogrficos densidade de 4 pontos por Km Rural ==> condies do terreno. Densidade de 1 pontos a cada 2 Km A figura 09 apresenta um mapa de localizao dos marcos geodsicos da Rede de Referncia Cadastral do municpio de Cricima, SC.Figura 09. Mapa de localizao dos marcos geodsicos da RRC do municpio de Cricima, SC.

A figura 10 apresenta a monografia de um par de marcos geodsicos proposta para a implantao da Rede de Referncia Cadastral do municpio de Cricima, SC.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CRICIMA REDE DE REFERNCIA CADASTRAL MONOGRAFIA DE MARCO GEODSICO E DE AZIMUTE

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b) Planta Geral do Municpio Consiste na representao dos limites do municpio, apresentando a delimitao das reas urbanas e rurais e a delimitao dos bairros e localidades. A funo da Planta Geral do Municpio apresentar as caractersticas territoriais gerais da rea de estudo, como rea total, permetro urbano, reas de expanso urbana e distribuio de bairros e localidades. Pode ser apresentada na legenda do mapa, uma tabela contendo informaes dos atributos de populao e numero de unidades imobilirias em cada bairro e localidade. A Planta Geral do Municpio pode ser representada na escala de 1:100.000 a 1:20.000, dependendo da extenso territorial do municpio. A figura 12 apresenta um exemplo da Planta Geral do Municpio de Cricima.

Figura 12. Mapa Geral do municpio de Cricima, SC

c) Planta de Referncia Cadastral A Planta de Referncia Cadastral possui uma ligao com o mapeamento sistemtico nacional, sendo georreferenciada a Rede de Referncia Geodsica, ela possui a delimitao e codificao da diviso administrativa do

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d) Plantas de Quadra As plantas de quadra constituem a unidade segmentada do sistema cadastral. Elas so utilizadas, em primeira anlise, para apoiar o levantamento de dados e, por fim, como referncia para a consulta no servio de atendimento ao contribuinte e usurios do sistema, operao bsica para a gerao de processos de modificao de informaes cadastrais. As plantas de Quadra no necessitam obrigatoriamente de representao em escala especfica, devendo ser apresentada em formato de prancha adequado para a sua manipulao, desde que, no interfira na leitura de suas informaes. Se apresentadas em escalas, estas podem variar de 1:2.000 1:250, dependendo da extenso territorial da quadra ou gleba. A figura 14 mostra uma planta-imagem de quadra do municpio de Cricima, SC e a figura 15 apresenta uma planta de quadra do municpio de Indaial, SC.

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Essas informaes so utilizadas para a constituio do sistema descritivo do cadastro que, posteriormente podem ser utilizadas para a tributao e titulao do imvel. O croqui do levantamento da parcela tambm no necessita de representao em escala, desde que sejam anotadas as medidas efetuadas nas unidades imobilirias, de forma clara e legvel, no entanto, podem-se utilizar escalas de 1:2.000 a 1:100 para a sua apresentao no sistema. A figura 16 apresenta o layout do boletim de desenho do croqui do cadastro imobilirio de Presidente Nereu, SC e as figuras 17 e 18 mostram os croquis do cadastro imobilirio de Cricima e presidente Nereu, SC, respectivamente.

Figura 15. Planta de Quadra do municpio de Indaial, SC

e) Croquis do Boletim de Cadastro Imobilirio

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detalhes planimtricos e o relevo da superfcie territorial, para mltiplos fins, como planejamento e ordenamento territorial, avaliao imobiliria, gesto ambiental, gesto dos postos de atendimento de sade pblica, educao, transportes, obras de infra-estrutura e servios pblicos, etc. Geralmente, so elaboradas duas sries de bases cartogrficas, a primeira para a rea urbana, com um nvel maior de detalhamento, de acordo com a sua finalidade e, representada em escala compatvel, como 1:2000 a 1:1000. A segunda deve cobrir todo o territrio do municpio, sendo representados apenas os principais detalhes do territrio, geralmente, em escalas 1:10.000 a 1:5.000. A figura 19 apresenta um modelo de base cartogrfica elaborado atravs de restituio fotogramtrica do municpio de Cricima, SC e a figura 20 mostra um modelo de base cartogrfica elaborado por desenho topogrfico do municpio de Indaial, SC.

Figura 18. Croqui do boletim do cadastro imobilirio do municpio de Presidente Nereu, SC.

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Em levantamentos cadastrais realizados a partir do levantamento aerofotogramtrico, as imagens so imprescindveis para a elaborao das bases cartogrficas e do apoio ao levantamento. As escalas de vo variam de 1:8.000 a 1:5.000 nas reas urbanas e de 1:40.000 a 1:20.000 para reas rurais. As ortofotos so geradas na escala de 1:2.000 a 1:1.000 nas reas urbanas e 1:10.000 a 1:5.000 em todo o territrio. Em cadastros elaborados atravs de levantamentos topogrficos, comum a aquisio de imagens orbitais para a composio dos produtos cartogrficos, neste caso as imagens variam quanto a sua resoluo espacial de 5 a 1 metro, equivalentes aproximadamente a escalas de 1:50.000 a 1:5.000, respectivamente. A figura 21 mostra um exemplo de imagem de satlite, enquanto que a figura 22 apresenta uma ortofoto.

Figura 20. Base cartogrfica elaborada pelo processo de levantamento topogrfico no municpio de Indaial, SC.

g) Imagens Areas e Orbitais As imagens areas (fotografias areas e ortofotos) e as imagens orbitais As imagens areas (fotografias areas e ortofotos) e as imagens orbitais (imagens de satlite) possuem um papel importante para a complementaridade dos produtos que constituem o sistema cartogrfico do cadastro. Essas

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menos dois tipos de Cadastros: o Cadastro Imobilirio e o Cadastro de Logradouros, tambm conhecido como Cadastro de Infra-estrutura e Servios Urbanos. Em sistemas cadastrais multifinalitrios, so inseridos novos tipos de cadastros, como o cadastro de Atividades Econmicas, o Cadastro Socioeconmico, o Cadastro de Servios Pblicos, etc.

a) Cadastro Imobilirio O cadastro imobilirio agrupa informaes referentes ao imvel urbano. Registra dados relativos ao proprietrio, as caractersticas do imvel e a sua localizao. O instrumento de pesquisa denominado de BCI Boletim de Cadastro Imobilirio. Neste cadastro, o cerne do sistema a parcela, que representa a unidade territorial. As benfeitorias e construes instaladas sobre a parcela tambm so cadastradas neste boletim. O cadastro imobilirio pode ser subdividido em vrios cadastros, deFigura 22. Ortofoto de parte do municpio de Cricima, SC.

acordo com as caractersticas e finalidades do sistema, como Cadastro de Condomnios, Cadastro de Condomnios Horizontais, Cadastro de reas Invadidas ou irregularizadas e Cadastro de Parcelamentos (Loteamentos,

6.3.2.2 O Sistema Descritivo do Cadastro A parte descritiva do cadastro diz respeito s informaes sobre o imvel

desmembramentos e remembramentos). A figura 23 apresenta o boletim de cadastro imobilirio. O anexo 4 apresenta o manual de preenchimento do BCI.

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b) Cadastro de Logradouros (face de quadra) O cadastro de Logradouros relaciona dados referentes aos logradouros urbanos, sendo coletadas informaes relativas infra-estrutura e aos servios urbanos existentes. Este cadastro pode ser desenvolvido por zonas homogneas, logradouro, seo de logradouro ou face de quadra. O instrumento de pesquisa pode ser denominado BCL - boletim do cadastro de Logradouro, BCIE Boletim do cadastro de Infra-estrutura ou BFQ Boletim de face de Quadra. A figura 24 apresenta o boletim de Cadastro de Infra-estrutura e o anexo 5, contm o manual de preenchimento deste boletim.

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na Planta de Referencia Cadastral, onde so inseridos em cada logradouro, um gabarito com cdigos dos servios urbanos ou da infra-estrutura, sendo assinaladas aquelas existentes em cada logradouro. A figura 25 apresenta a planta gabarito para o levantamento do Cadastro de Logradouros e a figura 26 mostra o aplicativo de entrada de dados do sistema de armazenamento de dados. O cadastro de Atividades relaciona os dados referentes ao uso da edificao urbana, sendo coletadas informaes relativas ao proprietrio, ramo de atividade e as caractersticas da atividade econmica. O instrumento de pesquisa denominado BCAE Boletim de Cadastro de Atividades Econmicas As informaes do cadastro de atividades so utilizadas para fins de fiscalizao e regularizao das atividades econmicas quanto a emisso de licenas, alvars, tributao e ordenamento urbano. A figura 27 apresenta o modelo de boletim do cadastro de atividades econmicas. c) Cadastro de Atividades Econmicas

Figura 25. Planta gabarito para o levantamento de dados do Cadastro de Logradouros.

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d) Cadastro Socioeconmico O cadastro socioeconmico constitui-se num inventrio sobre as informaes das condies gerais dos domiclios e das caractersticas socioeconmicas dos seus moradores, sejam eles proprietrios ou no do imvel. Neste cadastro, so coletadas informaes inerentes aos principais aspectos da condio de moradia, como saneamento, nmero de cmodos; banheiros; dos aspectos socioeconmicos da famlia, como meio de transporte utilizado, principais meios de comunicao, existncia de problemas de sade, prtica de atividades culturais e; dos aspectos socioeconmicos dos moradores como, idade, escolaridade, profisso, renda, etc. O instrumento de pesquisa deste cadastro denominado de BCSE Boletim do Cadastro Scio-Econmico. Dentre as muitas utilidades deste cadastro, destaca-se a necessidade destas informaes para o Planejamento Urbano, programas de Regularizao Fundiria e, Programas Sociais do Governo Federal como CADSUS, CADNICO, etc. O anexo 6 apresenta um modelo de boletim de cadastro socioeconmico.

6.3.3 Disponibilizao dos Dados Aps a implementao do cadastro, os dados digitais so armazenados em banco de dados e sistemas de informaes territoriais. Os dados

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O principal benefcio do sistema cadastral a utilizao das informaes no somente para a finalidade na qual foi concebido, mas tambm pelos mais diversos usurios que podem utilizar tais informaes para o desenvolvimento de suas atividades, sejam elas sociais, econmicas, culturais ou polticas. Para tal, necessrio o desenvolvimento de um plano estratgico de divulgao e fornecimento dessas informaes, tanto para os usurios diretos do sistema, que tero acesso livre para administrao, operao e consulta aos dados, quanto para os usurios indiretos, que devero adquirir uma licena para a utilizao dos dados. A disponibilizao dos dados cadastrais, obrigatoriamente, passa pela estruturao da instituio detentora das informaes. Esta estruturao dever prever dentro do departamento de cadastro, um setor de Gesto da Informao Cadastral (que pode ser denominado: setor de Cartografia e Geoprocessamento), com espao fsico apropriado, equipamentos de hardware (computadores, impressoras, ploters e scanners) e software (programas CAD, banco de dados, SIT/SIG e aplicativos) alm de pessoal tcnico devidamente habilitado e capacitado para desenvolver os trabalhos necessrios. Caber a este setor, a disponibilizao das informaes cartogrficas e descritivas para os diversos setores da instituio, definindo o tipo de informao (mapa base, mapa temtico, relatrio, informaes especficas), o mtodo de disponibilizao (mdia digital, impressos, Internet, intranet ou consulta local), as regras de utilizao (quem, como e quando utiliza) e os nveis de acesso dos usurios (administrador, operador e usurio). Uma forma de subsidiar as despesas relativas ao funcionamento do setor,

privadas interessas na utilizao dos produtos cartogrficos e informaes descritivas. 6.3.4 Atualizao Cadastral A preocupao com a atualizao do sistema cadastral deve ser entendida com o mesmo nvel de importncia da implementao do cadastro. A transformao do territrio, tanto urbano, quanto rural, dinmica. Todos os dias ocorrem transaes imobilirias, construo de imveis licenciados ou sem as devidas documentaes legais, a demolio de edificaes, a modificao do uso do solo ou do ramo de atividade, o nascimento e bito de indivduos, entre outros. Se todas estas informaes fazem parte de um sistema cadastral, indispensvel a definio de rotinas de atualizao cadastral como forma de admitir que o processo contnuo e evitar a defasagem de informaes e necessidades de considerveis investimentos num curto espao de tempo. Para SILVA (2001), este dinamismo deve ser brevemente inserido ao cadastro tcnico por meio de uma estrutura que estimule a sua constante atualizao. Para que isso ocorra, necessrio o estabelecimento de rotinas de atualizao integradas (operadas com segurana) entre os diferentes setores, mediante vias rpidas e confiveis, atuando com um esforo cinegtico que propicie uma constante troca de informaes, que evite a redundncia de dados e atividades, e, por conseguinte, reduza custos, melhorando a relao custo/benefcio, e com alta confiabilidade.

A primeira rotina de atualizao pode ser criada atravs do

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SILVA (2001), aponta outra forma de atualizao cadastral a partir do

apoiado em imagens areas ou orbitais, com uma determinada periodicidade. Neste processo, adquiri-se uma imagem de satlite atualizada ou uma cobertura aerofotogramtrica em mdia escala (1:30.000 a 1:20.000) e realiza-se uma fotointerpretao, atravs do cruzamento de informaes com as imagens existentes ou com as plantas de quadra do cadastro, identificando os parcelamentos irregulares e as novas construes ou ampliaes realizados no perodo. Este mtodo permite que a equipe de levantamento cadastral atue pontualmente na atualizao das informaes, evitando assim, a fiscalizao quadra-a-quadra, que necessita da verificao in loco destas situaes, tornando o processo de atualizao mais oneroso.

estabelecimento de parcerias interinstitucionais permitindo o aprimoramento da gesto territorial, na medida em que ocorra a troca de informaes entre as entidades. A base de dados cadastrais tende a ser atualizada com menor tempo e recursos. A situao ideal o nascimento de uma parceria desde a contratao dos levantamentos cadastrais, todavia, nem sempre possvel discutir esta possibilidade neste momento, em virtude da incerteza de recursos, divergncias polticas, entre outros. Entende-se que com os produtos finais do levantamento cadastral torna-se mais vivel o estabelecimento de uma parceria, que pode ocorrer com base na troca de informaes ou na venda de dados e servios, cabendo as entidades discutirem a melhor forma de relacionamento; alianas, acordos formais ou informais, convnios, so exemplos. As concessionrias de servios pblicos (gua, energia, telefone e correio), por terem os imveis como referncia para desenvolvimento de suas atividades, so as entidades que merecem maior ateno para este propsito. Num processo de troca de informaes, as concessionrias poderiam indicar cada nova ligao que realiza. Assim, a equipe de fiscalizao poderia trabalhar pontualmente na atualizao cadastral. A equipe de carteiros do correio possui um grande conhecimento da cidade, uma vez que diariamente percorrem os logradouros pblicos e, seguramente, esto atentos as modificaes no ambiente construdo. A prefeitura poderia se valer desta fiscalizao indireta para trocar informaes ou comprar indicaes de modificaes que estejam ocorrendo. Numa viso mais avanada, caberia municipalidade, de posse de to valiosas informaes, organizar as aes destas concessionrias cujo efeito possa interferir nos muncipes. Evidentemente que no uma tarefa das mais simples. Requer muita discusso, normalizao e legalizao dos procedimentos que fundamentaro a ligao entre as entidades. No entanto, possvel vislumbrar

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7.

O CADASTRO TCNICO MULTIFINALITRIOCartrio

De acordo com LOCH (2005), o CTM compreende desde as medies, que representam toda a parte cartogrfica, at a avaliao socioeconmica da populao; a legislao, que envolve verificar se as leis vigentes so coerentes com a realidade regional e local; e a parte econmica, em que se deve considerar a forma mais racional de ocupao do espao, desde a ocupao do solo de reas rurais at o zoneamento urbano. O Cadastro Tcnico representa um vasto campo de atuao profissional, abrangendo desde tecnologias para medies do imvel, o mapeamento temtico: fundirio, uso do solo, geologia, planialtimtrico, solo, rede viria, rede eltrica; a legislao que rege a ocupao territorial e, finalmente, a economia que se pode extrair da terra. O Cadastro Tcnico, para ser Multifinalitrio, deve atender ao maior nmero de usurios possveis, o que exige que se criem produtos complexos e tecnologias que os tornem acessveis para qualquer profissional que necessite de informaes sobre propriedade. Dresbach (1995) mostra as diferentes faces do cadastro, desde a preciso em que se pode garantir a medida do imvel em termos de rea, caracterizao de sua paisagem, locao em termos de recursos hdricos, ocupao antrpica, prova que a terra vem sendo ocupada regularmente at o respeito s leis que regem a ocupao do solo. O autor conclui que impossvel administrar uma propriedade sem conhec-la em sua essncia, pois seu valor advm de sua explorao segundo a sua aptido. Para coordenar um Para LOCH (2005), o cadastro tcnico urbano composto por uma srie de mapas ou cartas que representam os mais variados temas analisados na 7.1 COMPONENTES DO CADASTRO TCNICO MULTIFINALITRIOCASAN Figura 1 Instituies e rgos do Cadastro Tcnico Multifinalitrio CELESC Fiscal CulturaBombeiro Educao

Sade

Imobilirio

TELESC

Correio

Parcela

Atividades

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a) Cadastro da rede viria urbana A rede viria urbana tem uma importncia fundamental dentro da cidade, o que proporciona facilidade no escoamento do trfego, alm de preservar a sua esttica. A rede viria um dos fatores que mais pesam na avaliao de uma cidade quanto ao planejamento, uma vez que ela deve prever o aumento demogrfico, aumento do fluxo de carros e a facilidade de sadas (ligao com outras cidades ou mesmo com outras regies do interior). b) Cadastro da rede de drenagem (hidrografia) A rede de drenagem, como um recurso natural que vem sendo agredido constantemente pela ocupao desordenada, deve merecer um cuidado especial pelos projetos de cadastro. Outro fato que merece ateno, pois tratase de um tema com caractersticas lineares, que permitem uma srie de correlaes de posio e localizao, elementos de vital importncia para qualquer projeto de planejamento urbano. c) Cadastro imobilirio O cadastro imobilirio urbano deve avaliar inicialmente os princpios ou leis vigentes no pas ou estado quanto ao parcelamento e ocupao do solo urbano. A rea de uma parcela imobiliria deve ser compatvel com a rea mnima permitida por lei. Aps a definio precisa do permetro necessrio analisar se o percentual da rea apresenta edificaes, alm de o posicionamento estar de acordo com o projeto aprovado na prefeitura. Esse cadastro imobilirio a base para a estruturao da planta de valores

urbana deve se ater s caractersticas do relevo local quando de sua implantao. Os mapas planialtimtricos tambm so importantes na demarcao das reas de preservao permanente devido declividade do solo. e) Cadastro tributrio O cadastro tributrio deve avaliar a propriedade segundo a sua ocupao, segundo o valor da terra nua com todos os elementos implementados pelo ocupante da terra. O lote que estiver caracterizado como terreno baldio, alm do imposto territorial, deveria pagar uma taxa de manuteno da rea limpa, alm da taxa de iluminao pblica que est implcita desde o momento em que a rea pertence a um loteamento, atendendo sempre aos critrios do municpio. A parcela imobiliria que apresentar construes, alm do imposto territorial, deve pagar tambm o imposto predial, incluindo ainda as taxas de coleta de lixo. Os impostos territorial e predial urbano variam segundo a valorizao imobiliria do local dentro da conjuntura da cidade. Portanto, deve ficar claro que o imposto no varia com a variao cambial, mas sim a infraestrutura que vai agregar valor. f) Cadastro de rea verde e de lazer As cidades devem ter uma boa distribuio de reas verdes e de lazer, respeitando ao menos o limite mnimo exigido em lei. Trata-se de um tema muito pouco valorizado nas cidades brasileiras, existindo algumas delas que so desprovidas de reas verdes, ou mesmo de reas de lazer, mesmo que a Lei Federal exija que os loteamentos reservem um mnimo de 20% da rea

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Normalmente so elaborados nas escalas 1:1.000, enquanto os mapas com a estrutura fundiria, so na escala 1:2.000 e os mapas da rede viria, reas verdes, etc., so executados na escala 1:10.000. Deve-se afirmar que o ideal seria que todos estes mapas estivessem numa escala 1:1.000, o que permitiria sua correlao e confrontao com Sistemas de Informaes Geogrficas SIGs. Os servios de infra-estrutura urbana normalmente podem ser representados por uma srie de mapas cadastrais: - rede de guas pluviais; - rede de gua potvel; - rede de esgoto sanitrio; - rede de energia eltrica; - rede de telefonia. h) Cadastro de glebas. Trata-se de tema que representa a espacializao das diferentes zonas urbanas, elemento de vital importncia para as estruturas da planta de valores genrica, que passa a ser base do sistema tributrio urbano de uma cidade.

durante as etapas de implantao, manuteno e atualizaes necessrias para o funcionamento do sistema. Conforme FIDEM (1988), este projeto integrava diversos rgos pblicos estaduais e as prefeituras da regio metropolitana. Considerando a carncia de recursos econmicos vistas nestas empresas pblicas, pretendia-se racionalizar os recursos, investindo-se numa base que servisse para todos, o que na realidade no saiu das intenes. b) Unibase de Curitiba Segundo Hardt (1987), o projeto de Unibase de Curitiba obteve financiamento do governo alemo, chegando-se execuo de um projeto cartogrfico e cadastral da regio metropolitana. Na estruturao do projeto, foi identificada uma total desarticulao dos diferentes rgos usurios da cartografia. O projeto teve um bom planejamento, no entanto, a falta de mentalidade cartogrfica geral nos rgos interessados prejudicou o seu xito, pois no houve preocupao com treinamento de pessoal, levando-o ao descrdito. c) Unibase de So Paulo

7.2 O CTM E A INTEGRAO DE CONCESSIONRIAS Conforme LOCH (2005), houve vrias tentativas para o estabelecimento de projetos de Base nica, ou unibase, em diversas cidades brasileiras, entre elas Recife, Curitiba e So Paulo.

De acordo com Lima (1990), o projeto Unibase de So Paulo tinha aproximadamente a configurao daqueles de Recife e de Curitiba, com a diferena que os paulistanos tinham um convnio com os canadenses, ao invs da parceria com os alemes. Acabou no tendo sucesso pelas mesmas razes, alm da grandiosidade do espao urbano a ser avaliado.

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nacional. Assim atendem-se aos requisitos bsicos dos diversos nveis da administrao pblica, desde a federal at a municipal. A gerao de um sistema cartogrfico sustentvel, de acordo com Yovanny e Nyrian (2000), deve obrigatoriamente atender aos diferentes usurios pblicos e privados, trazendo dados e informaes desde uma viso macro at o nvel imobilirio. Este sistema deve ser de tal qualidade que satisfaa o parceiro mais exigente, pois, dessa forma, tambm vai atender aquele que no requer tanta qualidade, enquanto o recproco no verdadeiro. De acordo com Joo (1998), para a gerao de sistemas cartogrficos visando ao atendimento de projetos que tenham metas desde uma viso panormica at avaliaes localizadas, de vital importncia que se usem os ltimos recursos tecnolgicos da rea, seja a generalizao cartogrfica para otimizar recursos na execuo de produtos cartogrficos em diversas escalas, seja a utilizao de ferramentas para a confrontao de diversos nveis de informaes, o que pode ser perfeitamente resolvido com a utilizao de um Sistema de Informaes Geogrficas, entre tantos outros recursos tecnolgicos.

IX-elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenao do territrio e de desenvolvimento econmico e social; X-manter o servio postal e o cor