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Apostila_ Curso de Introdução à Filosofia Espírita - Espiritismo

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    Curso de Introduo Filosofia Esprita

    Conceito de FilosofiaNoes de LgicaO Mtodo da FilosofiaIntuio e InspiraoFilosofia EspritaSenso CrticoTeoria Esprita do ConhecimentoA Verdade e o ErroOntologia EspritaO Conhecimento de Si Mesmotica EspritaO Bem e o MalEsttica e Espiritismotil e IntilDescartes e o EspiritismoRazo e FKant, Hegel e o EspiritismoConscincia e InconscinciaExistencialismo EspritaVida e MorteFenomenologia e EspiritismoReal e IrrealMaterialismo Dialtico e EspiritismoLiberdade e EscravidoSociologia e EspiritismoIgualdade e DesigualdadePoder Poltico e EspiritismoJustia e InjustiaBibliografia ConsultadaVocabulrio Filosfico

    CENTRO ESPRITA ISMAEL

    DEPARTAMENTO DE ENSINO DOUTRINRIO

    AV. HENRI JANOR, 141, JAAN - S. P.

    FONE: 2242-6747

    APOSTILA

    CURSO DE INTRODUO FILOSOFIA ESPRITA

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    (SRGIO BIAGI GREGRIO)

    N D I C E

    Conceito de Filosofia..................................................................... 4

    Noes de Lgica.......................................................................... 7

    O Mtodo da Filosofia.................................................................... 10

    Intuio e Inspirao...................................................................... 13

    Filosofia Esprita............................................................................ 17

    Senso Crtico ................................................................................ 20

    Teoria Esprita do Conhecimento................................................... 24

    A Verdade e o Erro....................................................................... 27

    Ontologia Esprita.......................................................................... 31

    O Conhecimento de Si Mesmo...................................................... 34

    tica Esprita................................................................................. 37

    O Bem e o Mal............................................................................... 40

    Esttica e Espiritismo.................................................................... 44

    til e Intil ..................................................................................... 47

    Descartes e o Espiritismo.............................................................. 50

    Razo e F.................................................................................... 53

    Kant, Hegel e o Espiritismo............................................................ 57

    Conscincia e Inconscincia.......................................................... 60

    Existencialismo Esprita................................................................. 64

    Vida e Morte ................................................................................. 67

    Fenomenologia e Espiritismo......................................................... 71

    Real e Irreal................................................................................... 74

    Materialismo Dialtico e Espiritismo............................................... 78

    Liberdade e Escravido................................................................. 81

    Sociologia e Espiritismo................................................................. 85

    Igualdade e Desigualdade.............................................................. 88

    Poder Poltico e Espiritismo........................................................... 92

    Justia e Injustia.......................................................................... 95

    Bibliografia Consultada.................................................................. 98

    Vocabulrio Filosfico.................................................................... 100

    ndice Remissivo............................................................................ 107

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    INTRODUO

    O objetivo desta apostila fornecer contedo bsico para a formulao do pensamento crtico e reflexivo

    luz dos princpios codificados por Allan Kardec

    CONCEITO DE FILOSOFIA

    CONCEITO E DEFINIO

    Conceito - do latim conceptu - representao de um objeto pelo pensamento, por meio de suas caractersticasgerais.

    Definio - do latim definitione. Definir, segundo a lgica formal, dizer o que a coisa , com base no gnero

    prximo e na diferena especfica. enunciar os atributos essenciais especficos de um objeto ou o sentido de umconceito, seu contedo e limite, de modo que o torna inconfundvel com o outro (1).

    O conceito de Filosofia deve ser enunciado de acordo com a poca histrica: Antigidade - os filsofos; Idade Mdia- os sistemas doutrinrios; Idade Moderna e Contempornea - os problemas.

    O PROBLEMA DO CONCEITO DE FILOSOFIA

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    Colocar o problema do conceito de filosofia procurar determinar em que termos a filosofia poder ter asseguradasua autonomia.

    O verdadeiro conceito da filosofia deve atender conformemente a quatro problemas especficos:

    1) o da atitude filosfica;

    2) o do objeto da filosofia;

    3) o do mtodo da filosofia;

    4) o do fim da filosofia.

    O pensamento grego foi quem melhor se encaminhou para esta viso completa da filosofia (2).

    DEFINIO DE FILOSOFIA

    Filosofia - do grego philos e sophia significa amor sabedoria. Filsofo , portanto, o amante da sabedoria.

    Com o decorrer do tempo, entretanto, a palavra filosofia foi perdendo esse seu significado etimolgico.

    Na prpria Grcia Antiga o termo filosofia passou a designar no apenas o amor ou a procura da sabedoria, mas umtipo especial de sabedoria. Aquela que nasce do uso metdico da razo, da investigao racional em busca doconhecimento(3).

    A FILOSOFIA ANTIGA

    Plato distingue a doxa, opinio, ou seja, o saber que temos sem t-lo procurado, e a episteme, a cincia, que osaber que temos porque o procuramos.

    Ento, a filosofia j no significa amor sabedoria, nem tampouco significa o saber em geral, qualquer saber; senoque significa esse saber especial que temos, que adquirimos depois de t-lo procurado e de t-lo procuradometodicamente.

    Na filosofia, distinguem-se, ainda, diferentes partes. Na poca de Aristteles, a diviso era: lgica, fsica, metafsica etica (4).

    A FILOSOFIA NA IDADE MDIA

    Durante a Idade Mdia o saber humano dividiu-se em dois grandes setores: teologia e filosofia.

    A teologia o conhecimento acerca de Deus.

    A filosofia so os conhecimentos humanos acerca das coisas e da Natureza e at mesmo de Deus por via racional.

    Nesta situao a palavra filosofia continua designando todo o conhecimento, menos o de Deus. E assim adentroumuito o sculo XVII (4).

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    A FILOSOFIA NA ATUALIDADE

    A partir do sculo XVII, o campo imenso da filosofia comea a partir-se. Saem do seio da filosofia as cinciasparticulares: as matemticas, fsica, qumica etc.

    Assim, atualmente, a filosofia uma cincia que estuda as leis mais gerais do ser, do pensamento, do conhecimentoe da ao. uma concepo cientfica do mundo como um todo, da qual se pode deduzir certa forma de conduta (5).

    CONCEITO DE FILOSOFIA

    O conceito de Filosofia deve ser elaborado de acordo com as caractersticas filosficas de um determinadoperodo de tempo, no curso de sua histria. Na Antigidade, os filsofos; na Idade Mdia, a Escolstica; naAtualidade, os problemas.

    Os filsofos gregos da Antigidade fornecem-nos uma viso completa da Filosofia. A atitude desinteressada nabusca do conhecimento objetivava ltima reduo do real, sem compromissos particulares e limitados. Utilizavam omtodo demonstrativo no apenas aplicando a um plano lgico, mas metafsico. A finalidade era favorecer a retarazo, a perfeio interior e a autoconscincia do homem.

    Na Idade Mdia no existia uma Filosofia mas correntes de opinies, doutrinas e teorias, denominadas deEscolstica. Santo Toms de Aquino e Santo Agostinho so seus principais representantes. Buscava-se conciliar fcom razo. O mtodo utilizado o da disputa: baseando-se no silogismo aristotlico, partiam de uma intuio

    primria e, atravs da controvrsia, caminhavam at s ltimas conseqncias do tema proposto. A finalidade era odesenvolvimento do raciocnio lgico.

    Na Idade Moderna, as cincias se desprendem do tronco comum da Filosofia. Restam Filosofia as reflexessobre a Ontologia ou Teoria do Ser, a Gnoseologia ou Teoria do Conhecimento e a Axiologia ou Teoria dos Valores.O mtodo utilizado o da intuio: intelectual, emotiva e volitiva. Discutem-se problemas relacionados ao ser, aopensamento e conexo entre ambos. A finalidade a transformao da sociedade pela autoconscincia doindivduo.

    A atitude, o mtodo, o objeto e a finalidade da Filosofia mudam-se no decorrer de sua histria. Hoje, j nocomporta as cogitaes metafsicas e transcendentais, divorciadas da realidade e da vida social. H que se pensarem transformar a sociedade, oferecendo-lhe subsdios para uma vivncia plena e participativa dos indivduos que acompem.

    Desta forma, o conceito atual de Filosofia fundamenta-se no estudo da essncia e do valor de todas as coisas:cosmos, vida, sociedade, natureza. uma reflexo critica sobre o eu, o ns e a natureza, com a finalidade detornar mais humana a vida social.

    QUESTES

    1) Qual o significado de conceito?

    2) Qual o significado de definio?

    3) Qual o conceito de filosofia?

    4) Qual o conceito de filosofia na Idade Mdia?

    5) Qual o conceito de filosofia na atualidade?

    TEMAS PARA DEBATE

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    1) A partir da Idade Moderna, a extenso do conhecimento filosfico tendeu a reduzir-se ou a ampliar-se?

    2) O mtodo da disputa usado na Idade Mdia tem utilidade para a Filosofia Moderna?

    3) A filosofia uma reflexo crtica sobre o eu, o ns e a natureza. Comente.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) BAZARIAN, J. Introduo Sociologia.

    (2) MENDONA, E. P. de. O Problema do Conceito de Filosofia.

    (3) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

    (4) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia.

    (5) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.

    NOES DE LGICA

    CONCEITO DE LGICA

    Lgica a cincia das leis ideais do pensamento e a arte de aplic-los pesquisa e demonstrao da verdade.

    Diz-se que a lgica uma cincia porque constitui um sistema de conhecimentos certos, baseados em princpios

    universais.

    Formulando as leis ideais do bem pensar, a lgica se apresenta como cincia normativa, uma vez que seu objeto no definir o que , mas o que deve ser, isto , as normas do pensamento correto.

    A lgica tambm uma arte porque, ao mesmo tempo que define os princpios universais do pensamento, estabeleceas regras prticas para o conhecimento da verdade (1).

    EXTENSO E COMPREENSO DOS CONCEITOS

    Ao examinarmos um conceito, em termos lgicos, devemos considerar a sua extenso e a sua compreenso.

    Vejamos, por exemplo, o conceito homem.

    A extenso desse conceito refere-se a todo o conjunto de indivduos aos quais se possa aplicar a designaohomem.

    A compreenso do conceito homem refere-se ao conjunto de qualidades que um indivduo deve possuir para serdesignado pelo termo homem: animal, vertebrado, mamfero, bpede, racional.

    Esta ltima qualidade aquela que efetivamente distingue o homem dentre os demais seres vivos (2).

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    O JUZO E O RACIOCNIO

    Entende-se por juzo qualquer tipo de afirmao ou negao entre duas idias ou dois conceitos. Ao afirmarmos, porexemplo, que este livro de filosofia, acabamos de formular um juzo.

    O enunciado verbal de um juzo denominado proposio ou premissa.

    Raciocnio - o processo mental que consiste em coordenar dois ou mais juzos antecedentes, em busca de um juzonovo, denominado concluso ou inferncia.

    Vejamos um exemplo tpico de raciocnio: 1) premissa - o ser humano racional; 2) premissa - voc um serhumano; concluso - logo, voc racional.

    O enunciado de um raciocnio atravs da linguagem falada ou escrita chamado de argumento. Argumentarsignifica, portanto, expressar verbalmente um raciocnio (2).

    SILOGISMO

    Silogismo o raciocnio composto de trs proposies, dispostas de tal maneira que a terceira, chamada concluso,deriva logicamente das duas primeiras, chamadas premissas.

    Todo silogismo regular contm, portanto, trs proposies nas quais trs termos so comparados, dois a dois.Exemplo: toda a virtude louvvel; ora, a caridade uma virtude; logo, a caridade louvvel (1).

    SOFISMA

    Sofisma um raciocnio falso que se apresenta com aparncia de verdadeiro. Todo erro provm de um raciocnioilegtimo, portanto, de um sofisma.

    O erro pode derivar de duas espcies de causas: das palavras que o exprimem ou das idias que o constituem. Noprimeiro, os sofismas de palavras ou verbais; no segundo, os sofismas de idias ou intelectuais.

    Exemplo de sofisma verbal: usar mesma palavra com duplo sentido; tomar a figura pela realidade.

    Exemplo de sofisma intelectual: tomar por essencial o que apenas acidental; tomar por causa um simplesantecedente ou mera circunstncia acidental (3).

    LGICA

    Lgica - do grego logos significa palavra, expresso, pensamento, conceito, discurso, razo. ParaAristteles, a lgica a cincia da demonstrao; Maritain a define como a arte que nos faz proceder, com ordem,facilmente e sem erro, no ato prprio da razo; para Liard a cincia das formas do pensamento. Poderamosainda acrescentar: a cincia das leis do pensamento e a arte de aplic-las corretamente na procura edemonstrao da verdade.

    A filosofia, no correr dos sculos, sempre se preocupou com o conhecimento, formulando a esse respeito vriasquestes: Qual a origem do conhecimento? Qual a sua essncia? Quais os tipos de conhecimentos? Qual o critrioda verdade? possvel o conhecimento? lgica no interessa nenhuma dessas perguntas, mas apenas dar asregras do pensamento correto. A lgica , portanto, uma disciplina propedutica.

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    Aristteles considerado, com razo, o fundador da lgica. Foi ele, realmente, o primeiro a investigar,cientificamente, as leis do pensamento. Suas pesquisas lgicas foram reunidas, sob o nome de Organon, porDigenes Larcio. As leis do pensamento formuladas por Aristteles se caracterizam pelo rigor e pela exatido. Porisso, foram adotadas pelos pensadores antigos e medievais e, ainda hoje, so admitidas por muitos filsofos.

    O objetivo primacial da lgica , portanto, o estudo da inteligncia sob o ponto de vista de seu uso noconhecimento. ela que fornece ao filsofo o instrumento e a tcnica necessrias para a investigao segura daverdade. Mas, para conseguirmos atingir a verdade, preciso raciocinarmos com exatido e partirmos de dadosexatos, a fim de que o esprito no caia em contradio consigo mesmo ou com os objetos, afirmando-os diferente doque, na realidade, so. Da as vrias divises da lgica.

    Assim sendo, a extenso e compreenso do conceito, o juzo e o raciocnio, o argumento, o silogismo e o sofismaso estudados dentro do tema lgica. O silogismo, que um raciocnio composto de trs proposies, dispostos detal maneira que a terceira, chamada concluso, deriva logicamente das duas primeiras chamadas premissas, temlugar de destaque. que todos os argumentos comeam com uma afirmao caminhando depois por etapas atchegar concluso.

    Estudemos a lgica, pois no basta conhecer a verdade, preciso que saibamos refutar os erros. E s oconseguiremos com a exatido do pensar.

    QUESTES

    1) O Que significa a palavra lgica?

    2) O que se entende por extenso e compreenso do conceito?

    3) Conceitue juzo e raciocnio.

    4) O que um sofisma? D um exemplo.

    TEMAS PARA DEBATE

    1) A lgica boa para o raciocnio, mas mal para a prtica. Comente.

    2) O todo sempre a soma das partes?

    3) Relacione acidental e essencial.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) SANTOS, T. M. dos. Manual de Filosofia.

    (2) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

    (3) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.

    O MTODO DA FILOSOFIA

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    O MTODO E OS PROBLEMAS

    Mtodo - do grego methodos significa caminho para chegar a um fim.

    Todo mtodo, seja na filosofia ou em qualquer outro campo, tem por finalidade formular ou tentar afirmaes,

    previses e explicaes, e, no caso especfico da filosofia, descobrir meios de chegar a uma reflexo mais precisa eeficaz sobre o eu, o outro e o mundo da natureza.

    Entretanto, os mtodos teis para solucionar um certo conjunto de problemas podem ser totalmente ineficazes parasolucionar outros conjuntos.

    Lembremo-nos, porm, de que ainda h problemas para os quais no se conseguiu nenhum mtodo capaz deproporcionar uma soluo (1).

    DIALTICA

    Scrates inaugura o mtodo quando institui a maiutica, ou seja, a arte de perguntar.

    Plato aperfeioa a maiutica de Scrates e a transforma no que ele chama dialtica.

    A dialtica platnica conserva a idia de que o mtodo filosfico uma contraposio, no de opinies distintas,mas de uma opinio e a crtica da mesma. Conserva pois, a idia de que preciso partir de uma hiptese primeira edepois ir melhorando, fora das crticas que se lhe fizerem.

    Em Hegel, abrange trs momentos: 1) o positivo, da unidade; 2) o negativo, da diviso; 3) o da nova unidade.Este processo renova-se constantemente. Exemplo: posio - boto; diviso - flor; nova unidade - fruto (2).

    A LGICA E A DISPUTA

    Aristteles atenta para este movimento da razo intuitiva que passa, por meio da contraposio de opinies, de umaafirmao seguinte e desta seguinte.

    Esfora-se para encontrar a lei em virtude da qual, de uma afirmao passamos seguinte.

    As leis do silogismo, suas formas, suas figuras, so, pois, o desenvolvimento que Aristteles faz da dialtica.

    Esta concepo da lgica como mtodo da filosofia herdada de Aristteles pelos filsofos da Idade Mdia, os quaisa aplicam com um rigor extraordinrio.

    O mtodo que seguem os filsofos da Idade Mdia no somente, como em Aristteles, a deduo, a intuioracional, mas tambm a contraposio de opinies divergentes. Por isso, a disputa (2).

    DVIDA HIPERBLICA

    Paradoxalmente, o caminho da dvida que leva Descartes ao mtodo que nos conduz ao conhecimento de todas ascoisas.

    Descartes parte da seguinte idia: aquilo que nos enganou, mesmo uma s vez, nunca mais merece a nossaconfiana, tornando-se duvidoso. Aquilo que duvidoso deve ser considerado como falso, pois a realidade scomporta dois valores: o verdadeiro ou falso.

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    Duvida de tudo. A dvida, no caso, ser sistemtica e geral, mas no ctica, pois o projeto de Descartes no visa afechar-se dentro da dvida, mas antes utiliz-la como instrumento para superar a prpria dvida (1).

    A FENOMENOLOGIA COMO MTODO

    O mtodo fenomenolgico, que encontra a sua primeira formulao em Edmund Husserl, tem por intuito primeiroelaborar uma descrio rigorosa da realidade.

    A essa realidade Husserl chama fenmeno, aquilo que se oferece minha observao intelectual, isto , observao pura.

    Para poder chegar a essa observao pura necessrio deixar de lado todas as idias preconcebidas, todos ospreconceitos, tudo aquilo que ouvimos dizer, tudo aquilo que lemos a respeito (1).

    O MTODO

    Mtodo - do grego methodos significa caminho para se chegar a um fim. Todo mtodo, seja em Filosofia ou emqualquer outro campo, tem por finalidade formular e tentar afirmaes, explicaes e previses, com o intuito dedescobrir a verdade, contrapondo-se ao erro. Na cincia, utilizamos o mtodo positivo; em filosofia, o mtodoespeculativo. Qual o alcance dessa diferena metodolgica?

    A intuio mstica , muitas vezes, cogitada na especulao filosfica. No podemos desprez-la de todo pois osentimento com relao ao Ser Supremo pode perfeitamente conter parte da verdade. A dificuldade em aceit-lacomo mtodo filosfico est no fato de que essa faculdade extra-racional e extra-emprica oferece pouca ou nenhumagarantia de rigor e preciso que o referido mtodo filosfico exige.

    A dialtica hegeliana, o transcendentalismo de Kant e a fenomenologia descritiva de Husserl constituem os trsmais importantes mtodos para superar o mtodo filosfico clssico, baseado no empirismo e no racionalismo.Partem de um conhecimento a priori, puro. Eles, porm, no explicam com clareza como chegam a essa pureza doconhecimento. Por isso, os crticos alimentam srias dvidas quanto ao xito desses ensaios, preferindo a opinio deque no passam de formas disfaradas do mtodo emprico e do mtodo racionalista.

    A axiomtica hilbertiana possibilitou nova dimenso tcnica reflexiva da filosofia. Segundo as prprias palavrasde Hilbert, tudo que pode ser motivo do pensamento cientfico recai, desde que se integre na estrutura de uma teoria,sob o domnio da axiomtica e, portanto, da matemtica. que toda a teoria, segundo ele, edificada sobre osindemonstrveis (axiomas). Por isso, a suspeita com relao garantia do conhecimento a priori.

    A criao do sistema especulativo, entretanto, uma atividade puramente esttica que no se submete apreceitos racionais. Nada disso porm dever impedir-nos de reter, apenas os axiomas arbitrariamente escolhidosdos que se mostram mais fecundos no curso do pensamento e do raciocnio abstrato. Desta forma, so a experinciae razo (no o empirismo ou o racionalismo) que devem constituir o critrio para o julgamento crtico do valor denossas proposies.

    A especulao filosfica, como vimos, exige o exerccio do bom senso. Urge estarmos sempre alerta para nocairmos na mitificao do conhecimento.

    QUESTES

    1) Qual o significado de mtodo?

    2) Qual o conceito de dialtica?

    3) Como Plato aperfeioa a maiutica socrtica?

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    4) No que consiste o mtodo da disputa?

    5) Como voc explica a dvida hiperblica?

    6) O que fenomenologia como mtodo?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) A intuio mstica aceitvel como mtodo da filosofia?

    2) A tese do conhecimento a priori, defendida por Kant, Husserl e Hegel supera o mtodo baseado no empirismo eno racionalismo?

    3) Experincia e razo (no o empirismo ou o racionalismo) devem constituir o critrio para o julgamento crtico dovalor de nossas proposies. Comente.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) GILES, T. R. O que Filosofar?

    (2) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia.

    INTUIO E INSPIRAO

    CONCEITO DE INTUIO

    A palavra intuio (do latim in tueri = ver em, contemplar) significa um conhecimento direto, imediato do conjunto dequalidades sensveis e essenciais dos objetos e de suas relaes, sem uso do raciocnio discursivo (1).

    TIPOS DE INTUIO

    Dentre os vrios tipos de intuio, destacaremos trs:

    1) intuio sensvel ou emprica: viso da laranja;

    2) intuio intelectual: o todo maior que as partes;

    3) intuio metafsica: intuio de Deus.

    Em filosofia, aceita-se somente a intuio intelectual, porque a nica que se pode provar (1).

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    INTUIO INTELECTUAL

    Intuio um ato simples, por meio do qual captamos a realidade ideal de algo.

    Intelectual refere-se ao trnsito ou passagem de uma idia outra, quilo que Aristteles desenvolve sob a formade lgica.

    Assim, intuio e intelectual so termos que se excluem, que se repelem.

    O essencial no pensamento de Fichte, Schelling e Hegel considerar a intuio como mtodo da filosofia.

    E por que consideram a intuio intelectual como mtodo da filosofia? Porque do razo humana uma duplamisso:

    1) penetrar intuitivamente na essncia das coisas;

    2) partindo dessa intuio intelectual, construir, de modo puramente apriorstico, toda a armao, toda a estrutura douniverso e do homem dentro do prprio universo (2).

    FATORES FAVORVEIS MANIFESTAO DA INTUIO

    1) - Desejar imperiosamente solucionar o problema.

    2) - Acumular ricos conhecimentos prticos e tericos.

    3) - Trabalhar e pensar longa e intensamente.

    4) - Passar rapidamente de uma atividade outra.

    5) - Ter a mente flexvel e aberta ao novo.

    CONHECIMENTO INTUITIVO E CONHECIMENTO CIENTFICO

    A distino entre ambos pode ser expressa da seguinte forma:

    a) enquanto o conhecimento intuitivo se reduz a um ato, simples e individual, o conhecimento cientfico resulta de umprocesso complexo de anlise e de sntese.

    b) o conhecimento intuitivo consiste em um ato de experincia sensvel ou espiritual, j o conhecimento cientfico tomaa experincia como primeiro passo ou estgio inicial de um longo processo de pesquisa.

    c) o conhecimento intuitivo de ordem subjetiva, enquanto o conhecimento cientfico fundamenta-se na objetividade ena evidncia dos fatos, e, porque essa objetividade e evidncia so demonstradas lgica ou experimentalmente, oconhecimento cientfico adquire o carter objetivo de validade geral e independente de intuies (3).

    INTUIO, RAZO E ESPIRITISMO

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    O conhecimento vindo atravs do intelecto nos faz apreender o mundo ambiente, ao passo que a intuio nos d odiscernimento das coisas divinas;

    O conhecimento intelectual se estriba na razo que mediu, pesou, dividiu, analisou, concluiu;

    A intuio, porm, se apoia na f, porque somente cr e confia.

    O campo da razo vai at onde a inteligncia alcana, mas o da intuio no tm limites, porque o campo daconscincia universal. Por isso, s vezes diz sim, quando a intuio diz no; uma fala prudncia, a outra ordenaconfiana; uma diz raciocina primeiro, mas a outra determina cr e segue (4).

    CONCEITO DE INSPIRAO

    Inspirao - do latim inspiratio do verbo aspiro, soprar para dentro. Segundo o Dicionrio Aurlio, qualquer estmuloao pensamento ou atividade criadora.

    Na aspirao, quando o esprito humano, no seu dinamismo, dirige a um valor puro, como liberdade, justia, aaspirao torna-se inspirao.

    Fala-se muito na inspirao dos artistas, esse misterioso poder de criao espontneo, que parece como se umapotncia exterior viesse em auxlio daquele.

    Muitos artistas realizam obras num estado de mnima conscincia, apercebendo-se do que fizeram quase no fim ou notrmino do que encetaram. Alguns chegam a afirmar um carter de mediunidade, como se o artista no passasse deum instrumento dcil s mos de um ser misterioso que o guiasse na realizao de sua obra, como Mozart que ouviaos seus concertos, num s ato, escrevendo-os, depois, por memorizao (5).

    MDIUNS INTUITIVOS E MDIUNS INSPIRADOS

    Mdiuns Intuitivos: o papel desta categoria de mdiuns ser intrprete dos Espritos. Enquanto o mdium mecnicoage como uma mquina, o mdium intuitivo, para transmitir o pensamento, deve primeiramente compreend-lo, paradepois apropriar-se dele e traduzi-lo fielmente, embora esse pensamento no seja o seu.

    Mdiuns Inspirados: uma variedade da mediunidade intuitiva, entretanto a interveno de um poder oculto ainda

    bem menos sensvel, ou seja, no inspirado mais difcil distinguir-se o pensamento prprio daquele que lhe sugerido. O que caracteriza este ltimo sobretudo a espontaneidade (6).

    INTUIO, INSPIRAO E MEDIUNIDADE

    Intuio significa um conhecimento direto, imediato do conjunto das qualidades sensveis e essenciais dosobjetos e das suas relaes, sem uso do raciocnio discursivo. Inspirao quer dizer soprar para dentro. oestado de exaltao emotiva, de ntima e misteriosa iluminao, em que, pela intuio esttica, o artista apreende o seu objeto de modo impreciso, mas em plenitude.

    Por essas definies depreende-se que na intuio o indivduo busca o conhecimento por si mesmo,penetrando-o atravs de seus prprios esforos. Por outro lado, na inspirao, a descoberta vemespontaneamente, transparecendo em muitos artistas a existncia de uma percepo extra-sensorial - mediunidade. Muitos realizam suas obras num estado de mnima conscincia, como o caso de Mozart, quedepois do xtase, escrevia seus acordes de cor.

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    Teoricamente no difcil separar esses dois conceitos. Mas como precisar, com certeza, onde comea um eonde termina o outro? A doutrina dos Espritos, codificada por Allan Kardec, fornece-nos uma luz. De acordo comseus postulados, estamos envoltos pela presena de Espritos, que tanto podem influenciar-nos para o bem quantopara o mal. Neste sentido, o insight de uma descoberta poderia, perfeitamente, provir do sopro de um Esprito

    amigo.

    No desenvolvimento desses raciocnios, o homem de gnio poderia ser apontado como o serexclusivamente intuitivo. Isso no impossvel, visto que ele, em outras encarnaes, conquistou, atravs dosprprios esforos, condies para tal fim. Mesmo assim, no se invalida a influncia exercida pelos bons Espritos.Estes podem utilizar-se da matria cerebral do gnio e comunicar-lhe as invenes necessrias para a evoluo dahumanidade.

    No estudo da psicografia, Kardec usa os termos mdium intuitivo e mdium inspirado. O mdium intuitivoescreve e percebe que as idias so do Esprito comunicante e com o mdium inspirado isto no ocorre. Afirma,ainda, que o segundo um caso especial do primeiro. Ele considera a intuio e a inspirao como mediunidade,ao contrrio dos filsofos, que tratam da intuio como sendo uma abstrao do prprio sujeito cognoscente.

    Excluindo-se a terminologia exclusivamente medinica de Kardec, podemos dizer que a intuio refere-se ao fenmeno anmico, enquanto a inspirao, ao fenmeno medinico. Estejamos atentos para separar um do outro.

    QUESTES

    1) Qual o conceito de intuio?

    2) Qual o conceito de inspirao?

    3) Quais so os fatores favorveis manifestao da intuio?

    4) Como se distingue o conhecimento intuitivo do conhecimento cientfico?

    5) O que distingue o mdium intuitivo do mdium inspirado?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) A intuio vai alm da razo. Ela se apoia na f?

    2) O campo da razo vai at onde a inteligncia alcana, mas a intuio no tem limites. Comente.

    3) Em termos medinicos, possvel separar a intuio da inspirao? Como?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) BAZARIAN, J . Intuio Heurstica.

    (2) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia.

    (3) RUIZ, J. A. Metodologia Cientfica.

    (4) ARMOND, E. Mediunidade.

    (5) SANTOS, M. F. dos. Dicionrio de Filosofia e Cincias Culturais.

    (6) KARDEC, A. O Livro dos Mdiuns.

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    FILOSOFIA E ESPIRITISMO

    INTRODUO

    Uma introduo Filosofia Esprita exige longa pesquisa de suas razes na coordenadas da evoluo humana: otempo e o pensamento.

    A Histria da Filosofia um continuum, que nasce da primeira indagao do homem sobre a Natureza e depoissobre a vida e sobre ele mesmo.

    Da Magia Religio e desta Filosofia, o pensamento se desenrola numa seqncia ininterrupta de formulaespessoais que se encadeiam em processo dialtico (1).

    A REVELAO ESPRITA

    Nas civilizaes scio-cntricas do passado, o processo de representao coletiva, na tribo, se dividia entre ocacique e o paj - o primeiro representando o poder humano, o segundo o poder espiritual.

    Cristo, apresentou-se ainda como revelador pessoal e local.

    A revelao esprita coletiva.

    Isto porque no mundo novo que surgiu da abertura crist, tendo por paradigma a especulao ateniense e por bssolaa mensagem racional do Evangelho, no h mais lugar para a autoridade individual, no tocante problemtica daverdade, que brota do real-em-si e no das interpretaes individuais, sujeitas a condicionamentos desconhecidos(1).

    FILOSOFIA ESPRITA

    Kardec afirma, na introduo de O Livro dos Espritos, que a fora do Espiritismo no est nos fenmenos, comogeralmente se pensa, mas na sua filosofia, o que vale dizer na sua mundividncia, na sua concepo de realidade.

    Segundo Gonzales Soriano, o Espiritismo a sntese essencial dos conhecimentos humanos aplicada investigaoda verdade. o pensamento debruado sobre si mesmo para reajustar-se realidade.

    Trata-se, pois, no de fazer sesses, provocar fenmenos, procurar mdiuns, mas de debruar o pensamento sobre simesmo, examinar a concepo esprita do mundo e reajustar a ela a conduta atravs da moral esprita (1).

    O ESPIRITISMO

    O Espiritismo uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada.

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    uma doutrina sobre o mundo, d-nos sua interpretao e nos mostra como nos devemos conduzir nele.

    Dizem que nasceu na cabea de Allan Kardec, mas no verdade. Dados histricos nos revelam que o Espiritismose formou lentamente atravs da observao e pesquisa cientfica dos fenmenos espritas, hojeparapsicologicamente chamados de fenmenos paranormais.

    Kardec partiu da pesquisa cientfica, originando-se desta a Cincia Esprita; desenvolveu a seguir a interpretao dosresultados da pesquisa, que resultou na Filosofia Esprita; tirou, depois, as concluses morais da concepofilosfica, que levaram naturalmente Religio Esprita (1).

    A TRADIO FILOSFICA

    A Filosofia Esprita se apresenta naturalmente integrada na tradio filosfica.

    Dos pitagricos, passando pela contribuio da doutrina da forma e matria, de Aristteles, enaltecendo ospensamentos de Descartes, Espinosa e Kant, a tradio filosfica terreno vasto e profundo em que podemosdescobrir as razes da Filosofia Esprita.

    A Filosofia Esprita sintetiza, em sua ampla e dinmica conceituao, todas as conquistas reais da tradio filosfica,ao mesmo tempo em que inicia o novo ciclo dialtico da nova civilizao em perspectiva (1).

    FILOSOFIA E ESPIRITISMO

    Filosofia - do grego filos (amor) e sofia (sabedoria). Tem o sentido etimolgico de amor sabedoria.Atualmente uma cincia que estuda as leis mais gerais do ser, do pensamento e da ao. Divide-se em trs partesfundamentais: 1) Gnosiologia ou Teoria do Conhecimento; 2) Ontologia ou Teoria do Ser; 3) Axiologia ouTeoria dos Valores.

    A Gnosiologia ou Teoria do Conhecimento estuda a origem, a essncia e a validade do conhecimento. DaAntigidade aos nossos dias, o problema do conhecimento, para a Filosofia, apresenta-se contraditrio: conhecemospelo esprito ou pelos sentidos? Essa dualidade, para a Filosofia Esprita, no existe, pois o homem essencialmenteEsprito. Assim, segundo a Doutrina Esprita, a percepo faculdade geral do esprito, que abrange todo o seu ser,isto , o Esprito, o Perisprito e o Corpo Fsico.

    A Ontologia ou Teoria do Ser estuda a origem, a essncia e a causa primria do cosmos, da vida e dopensamento. Para a Filosofia, a dualidade persiste: o ser que d origem ao pensamento, ou este quele? Quemsurgiu primeiro: a matria ou o esprito? Para o Espiritismo, Deus causa primria de todas as coisas. Dele vertem-se dois princpios: o princpio material e o princpio espiritual. Diz-nos que a ligao entre ambos feita atravs doperisprito.

    No conhecimento do perisprito est a soluo para muitos de nossos problemas, inclusive os filosficos. Ele oelo de ligao entre o ser e o pensamento. Enquanto a Filosofia debate se a origem est na matria (materialismofilosfico) ou no esprito (idealismo filosfico), o Espiritismo afirma que o ser essencialmente um Esprito, que deveser visto no seu trplice aspecto, ou seja: Esprito, Perisprito e Corpo Fsico.

    A Axiologia ou Teoria dos Valores estuda a origem, a essncia e a evoluo dos valores existenciais e indica

    os princpios da ao. Um estudo pormenorizado das Aleis Morais e, especificamente, a Lei de Justia, Amor eCaridade, contidas em O Livro dos Espritos nos fornecer os princpios da ao voltados para o bem.Automatizando-os em nossos atos cotidianos, poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitria.

    A atitude filosfica da dvida, crtica, reflexo e contradio aliada aos princpios codificados por Allan Kardec,fornecem-nos subsdios valiosos para a compreenso de ns mesmos, do nosso prximo, da natureza e do mundoque nos circunda.

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    QUESTES

    1) Qual a diviso da Filosofia, na atualidade?

    2) Qual o carter da revelao esprita?

    3) O que o Espiritismo?

    4) Como a Filosofia Esprita se integra na Tradio Filosfica?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) A fora do Espiritismo no est nos fenmenos mas na sua filosofia. Comente.

    2) A Filosofia Esprita nasceu na cabea de Allan Kardec?

    3) A atitude de dvida, crtica, contradio podem ser aplicados na Filosofia Esprita?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) PIRES, J. H. Introduo Filosofia Esprita.

    SENSO CRTICO

    CONCEITO

    Senso Crtico a busca da verdade pelo questionamento do eu do outro e do mundo.

    ESPRITO CRTICO E ESPRITO DE CRTICA

    Esprito crtico a atitude amadurecida do homem que busca com seriedade a verdade, suprema virtude da mente.

    O esprito crtico pondera razes, confronta motivos, busca o desvelamento da verdade, que tranqiliza as exignciasda razo, dissipa as trevas da ignorncia e promove o progresso da mente.

    Esprito de crtica o esprito de contradio.

    O esprito de crtica o indcio de uma desorganizao mental, de uma superficialidade irresponsvel que conduz aoceticismo, inanio; nasce do nada e no conduz a coisa alguma, ou nasce da inquietao pessoal e conduz

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    inquietao de muitos (1).

    O PAPEL DA FILOSOFIA

    A tarefa da Filosofia desenvolver no estudante o senso crtico, que implica a superao das concepes ingnuas esuperficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza; concepes essas forjadas pela ideologia socialdominante.

    O resultado desse processo a ampliao da conscincia reflexiva do estudante, voltada para dois setoresfundamentais:

    - a conscincia de si mesmo: crtica de si prprio enquanto pessoa e de seu papel individual e social(autocrtica).

    - a conscincia do mundo: compreenso do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudana (2).

    ESTIGMA E PRECONCEITO

    Nossas concepes ingnuas forjaram ideologias e estigmatizaram povos.

    No paramos para pensar se as atitudes de alguns indivduos referem-se ou no totalidade das pessoas. Exemplo:

    - o judeu ganancioso;

    - o negro indolente;

    - os americanos so superficiais.

    PASSAGEM DO ESPRITO NO CRTICO PARA O ESPRITO CRTICO

    A lei de evoluo inexorvel. Neste sentido, podemos passar de uma situao no crtica para uma que seja crtica,da seguinte forma:

    - de forma espontnea: quando novas crenas se chocam com as antigas e requerem uma mudana;

    - de forma provocada: quando deliberamos por ns mesmos uma mudana em nossos hbitos e atitudes (3).

    PENSADOR CRTICO

    O esprito crtico arranca o pensador das limitaes da particularidade, situando-o no plano das intencionalidadesglobais, originrias e finais do movimento da existncia.

    Para J. Ladrire, a crtica um recuo em direo ao momento originrio da existncia e tambm um mergulho naobscuridade do futuro, na tentativa de discernir as melhores possibilidades do devir.

    A crtica consiste num discernimento, num esforo de separar o que pode ser reconhecido como vlido daquilo queno o , a fim de reencontrar as orientaes autnticas das intencionalidades constitutivas (4).

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    SENSO CRTICO NA TICA ESPRITA

    Podemos v-lo, dentro da tica esprita, sob trs aspectos:

    1) vias de inspeo: as informaes nos chegam atravs das percepes sensoriais e das extra-sensoriais.Passam, primeiramente, pelo corpo fsico; depois, pelo corpo perispiritual, e, por ltimo, chegam ao Espritopropriamente dito. O senso crtico est localizado no Esprito, que faz a seleo de tudo o que lhe chega, enviando devolta, como crtica conceituada.

    Graficamente

    2) herana e automatismo: o princpio inteligente estagiando no reino mineral adquiriu a atrao; no reino vegetal, asensao; no reino animal o instinto; no reino hominal, o livre-arbtrio, o pensamento contnuo e a razo. Hoje, somos oresultado de toda essa herana cultural.

    3) a evoluo do Esprito: a lei do progresso exige que o princpio inteligente v-se despojando dos liames damatria. Para que tenhamos um olhar crtico, devemos libertar-nos da obscuridade da matria, consubstanciada noegosmo, no orgulho e no interesse prprio (5).

    O Espiritismo auxilia-nos a pensar criticamente, porque enfoca o ser no seu sentido global, ou seja, relaciona-o sexistncias anteriores.

    SENSO CRTICO E ESPIRITISMO

    Senso crtico - a busca da verdade pelo questionamento do eu, do outro e do mundo. Tenciona-se, comisso, superar as concepes ingnuas formadas pela ideologia dominante.

    O esprito crtico distingue-se do esprito de crtica. No primeiro, procura-se a verdade de forma amadurecida, ou seja, estimula-se o progresso mental, pela ponderao de razes e discusso de motivos. No segundo, desenvolve-se o esprito de contradio, no no sentido positivo, mas no sentido de que, uma vez estabelecida a inquietaopessoal, passa-se inquietao de muitos. H que se evitar a crtica contumaz e leviana.

    O pensador crtico afasta-se das limitaes particulares e impulsiona o seu pensamento para as generalizaesda existncia. No perde tempo com questinculas, tratando, exclusivamente, dos aspectos relevantes da evoluo do ser. Direciona seu entendimento no somente para o futuro obscuro, tentando captar o seu devir, como tambmpara o passado, buscando suas origens. Neste vai-e-vem no esquece o presente, vivendo-o intensamente, comtodas as foras de sua alma.

    O senso crtico, segundo o espiritismo, realizado pelo Esprito. Como se explica? H percepo sensorial epercepo extra-sensorial. Nossa mente capta as sensaes e transmite-as ao perisprito. Este, por sua vez, envia-as ao Esprito, que faz a crtica e retorna-as, em seguida, como crtica conceituada. A essncia espiritual aherana de todas as encarnaes e, de acordo com nossas vivncias anteriores, podemos ser mais ou menos ricosde inteligncia e de moral.

    O princpio inteligente, na sua escalada evolutiva, adquiriu a atrao no reino mineral; a sensao, no reino

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    vegetal; o instinto, no reino animal; o pensamento contnuo, a razo e o livre-arbtrio, no reino hominal. Disso resultaos automatismos de nossa existncia, em que a linguagem, o tato e a locomoo so os aspectos positivos, e osvcios e defeitos, os negativos. Na presente encarnao, temos de nos esforar para estimular os atos bons,reprimindo, em contrapartida, os maus.

    A evoluo do Esprito. Para que possamos melhorar o nosso "olhar crtico", temos de nos despojar dosautomatismos negativos. Essa atitude, tornando-se constante, libera a nossa mente para a compreenso dasessncias mais puras do nosso ser.

    QUESTES

    1) O que senso crtico?

    2) Qual a distino entre esprito crtico e esprito de crtica?

    3) Qual o papel da Filosofia?

    4) Como se d a passagem do esprito no crtico para o crtico?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) fcil adquirir o olhar crtico? Em caso contrrio, o que dificulta tal aquisio?

    2) O pensador crtico e as generalizaes da existncia. Comente.

    3) Relacione senso crtico e Espiritismo.

    4) Para que possamos melhorar o nosso olhar crtico, temos de nos despojar dos automatismos negativos?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) RUIZ, J. A. Metodologia Cientfica.

    (2) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

    (3) BORNHEIM, G. A. Introduo ao Filosofar.

    (4) LADRIRE, J. Filosofia e Prxis Cientfica.

    (5) LUIZ, A. Evoluo em Dois Mundos.

    TEORIA ESPRITA DO CONHECIMENTO

    DIVISO DA FILOSOFIA

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    Como cincia que estuda as leis mais gerais do ser, do conhecimento e da ao, podemos distinguir na filosofia trspartes fundamentais:

    1) Ontologia ou teoria do ser: estuda a origem, a essncia e a causa primeira do cosmos, da vida e dopensamento; e a relao entre o ser e o pensamento;

    2) Gnosiologia ou teoria do conhecimento: estuda a origem e a validade do conhecimento;

    3) Axiologia ou teoria dos valores: estuda a origem, a essncia e a evoluo dos valores existenciais e indicaos princpios da ao (1).

    O CONHECIMENTO

    Diante da pergunta como conhecemos, a tradio filosfica mostra duas posies clssicas: a platnica ousocrtico-platnica, que envolve a questo da reminiscncia, das idias inatas, e a sofstica ou emprica que serefere apenas aos nossos sentidos.

    Surge a contradio: 1) conhecemos pelo esprito; 2) conhecemos pelos sentidos.

    O primeiro a dar uma resposta conciliatria, ao que nos parece, foi Aristteles, com sua teoria dos dois espritos dohomem: o formativo e o receptivo.

    Essa dualidade resolvida pela Filosofia Esprita (2).

    ESPRITO E CORPO

    Para a Filosofia Esprita, portanto, a dualidade de espritos da teoria aristotlica no existe. O homem essencialmente um esprito.

    O Esprito a substncia do homem e o corpo seu acidente.

    A percepo uma faculdade do esprito e no do corpo. o escafandrista que v atravs dos vidros do escafandroe no este que v pelos seus vidros.

    Veja-se o ensaio terico sobre as sensaes dos espritos, em O Livro dos Espritos. O Esprito no percebe atravsdos rgos, no v pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. V e ouve por todo o seu ser (2).

    PERCEPO OBJETIVA E SUBJETIVA

    H a percepo objetiva que estabelece a relao sujeito-objeto, e a percepo subjetiva, que faz do sujeito o seuprprio objeto.

    Isso quer dizer, em termos epistemolgicos (na teoria das cincias) que h Cincia e h Filosofia.

    A Cincia investiga os objetos exteriores, a Filosofia investiga a si mesma, o pensamento debruado sobre simesmo.

    Hoje, temos o mundo dividido em duas partes: numa, se desenvolve o pensamento materialista como ideologia oficialdos Estados; noutra, o pensamento espiritualista na mesma posio (2).

    A Filosofia Esprita se coloca entre ambas e nos oferece a sntese, mostrando o equvoco desse divisionismo artificiale anunciando o advento global da realidade.

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    O PROCESSO GNOSEOLGICO

    A lei dos trs estados da evoluo gnoseolgica segundo Auguste Comte so:

    1) o estado teolgico em que tudo se explica pela interveno dos deuses;

    2) o estado metafsico das explicaes abstratas (o pio faz dormir porque tem a virtude dormitiva);

    3) o estado positivo em que predominam as Cincias.

    Kardec acrescentou a essa teoria, por sugesto de um leitor da Revista Esprita, o estado psicolgico iniciado

    pelo Espiritismo (2).

    HUMANIDADE CSMICA

    A Teoria Esprita do Conhecimento amplia a nossa viso.

    No pensamos mais em termos geocntricos, organocntricos ou antropocntricos e, por isso mesmo, no vivemosmais apegados a temores e supersties.

    O Espiritismo nos confere a emancipao espiritual de cidados do Cosmos (2).

    CONHECIMENTO E ESPIRITISMO

    A Filosofia, depois que se desprendeu do tronco geral do conhecimento ficou, na atualidade, dividida em trspartes fundamentais: a Ontologia ou teoria do ser, a Gnosiologia ou teoria do conhecimento e a Axiologia outeoria dos valores. A teoria do conhecimento, objeto de nossa ateno, procura estudar a origem e a validade do

    conhecimento, inclusive distinguindo a verdade e o erro.

    O conhecimento a relao que existe entre o observador e a coisa observada. A realidade o que . Ela no falsa nem verdadeira. Verdadeiros ou falsos so os nossos juzos acerca da mesma. Se a imagem que fazemos deum objeto coincide com o que ele , estamos de posse da verdade; se, ao contrrio, houve um vis, estamos em erro.Assim sendo, muito mais importante a imagem que fazemos do objeto do que ele prprio.

    Como que o conhecedor conhece? Conhece pelo Esprito? Ou conhece pelo sentido? Embora Aristteles tenhadado sua contribuio a essa contradio, quando elaborou a teoria dos dois espritos do homem - formativo e

    receptivo - , ainda persiste muitas dvidas. Para os materialistas, conhecemos pelos sentidos; para os idealistas,conhecemos pelo esprito.

    Para o Espiritismo essa dualidade de Esprito e Matria no existe. O homem essencialmente um Esprito.Nesse sentido, o Esprito a substncia do homem e o corpo seu acidente. A percepo uma faculdade do Espritoe no do corpo fsico. O Esprito no percebe atravs dos rgos, no v pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. V eouve por todo o seu ser.

    Como vemos h a percepo objetiva que estabelece a relao sujeito-objeto, e a percepo subjetiva, que fazdo sujeito o seu prprio objeto. Isto quer dizer que h cincia e filosofia. No h, assim, uma separao total entrecincia e Filosofia. justamente esse vis do pensamento que divide o mundo em duas partes: numa o pensamentomaterialista como ideologia oficial dos Estados; noutra o pensamento espiritualista na mesma posio. A FilosofiaEsprita coloca-se entre ambas e oferece-nos a sntese, no sentido de compreender a realidade como um

    A convico de que somos um todo formado por Esprito, Perisprito e Corpo Fsico, auxilia-nos sobremaneira naconstruo dos conhecimentos verdadeiros que nem a traa e nem a ferrugem desgastam.

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    QUESTES

    1) Quais as duas posies clssicas diante da pergunta como conhecemos?

    2) Como o Espiritismo responde pergunta como conhecemos?

    3) O que a Filosofia Esprita?

    4) Quais so os estados da evoluo gnoseolgica?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) O Esprito v e ouve por todo o seu ser?

    2) Percepo objetiva, percepo subjetiva e Espiritismo. Comente

    3) O Espiritismo nos confere a emancipao espiritual de cidados do cosmos?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.

    (2) PIRES, J. H. Introduo Filosofia Esprita.

    A VERDADE E O ERRO

    CONCEITO DE VERDADE

    Conhecimento o reflexo e a reproduo do objeto em nossa mente.

    Conhecimento verdadeiro aquele que reflete corretamente a realidade na mente.

    Verdade o reflexo fiel do objeto na mente, adequao do pensamento com a coisa.

    verdadeiro todo o juzo que reflete corretamente a realidade (1).

    CONCEITO DE ERRO

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    O erro o conhecimento que no reflete fielmente a realidade e por isso mesmo no corresponde realidade.

    O erro consiste no desacordo, na no-conformidade, na inadequao do pensamento com a coisa, do juzo com arealidade (1).

    O VERDADEIRO E O ERRADO

    O que existe na realidade no pode ser verdadeiro ou errado. Simplesmente existe.

    Verdadeiros ou errados s podem ser nossos conhecimentos ou juzos a respeito do objeto.

    Em outras palavras, verdadeiro ou errado pode ser apenas o reflexo subjetivo da realidade objetiva (1).

    ESTADOS DA MENTE EM RELAO VERDADE

    Ignorncia: estado de completa ausncia de conhecimento do Sujeito em relao Objeto. Ignorar desconhecer.

    Dvida: estado em que determinado conhecimento tido como possvel. Mas as razes para afirmar ou negaralguma coisa esto em equilbrio.

    Opinio: estado em que o Sujeito julga ter um conhecimento provvel do objeto. Afirma conhecer, mas com temor dese enganar.

    Certeza: estado em que o Sujeito tem plena firmeza de seu conhecimento em relao ao Objeto. O conhecimento

    surge como algo evidente (2).

    FUNDAMENTO NICO

    A Filosofia procura, desde suas origens, a verdade diante da falsidade, o ser verdadeiro diante do ser aparente, oreino da certeza diante do reino da iluso (3).

    CRITRIO DA VERDADE

    Evidncia: o mais conhecido, divulgado e aceito critrio, desde Aristteles at nossos dias. A palavra evidnciaderiva de ver - ato de viso direta e imediata, obtida pela intuio de evidncia.

    Crtica: a evidncia como critrio da verdade, embora seja bastante eficiente, no , entretanto, suficiente, pois aevidncia pode ser verdadeira e falsa, real e aparente, ainda que haja no Sujeito o sentimento subjetivo de certeza (1).

    Outros critrios: critrio da autoridade, critrio da ausncia de contradio (ou da no-contradio), critrio da

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    utilidade, critrio da prova, critrio da prtica etc.

    A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

    Somos capazes de conhecer a verdade? possvel ao Sujeito apreender o Objeto? Respondendo a essas questesexistem duas correntes bsicas e antagnicas na histria da Filosofia:

    Ceticismo: defende nossa impossibilidade de conhecer a verdade.

    Dogmatismo: defende nossa possibilidade de conhecer a verdade.

    O FUNDAMENTO DO CONHECIMENTO

    Existem vrias correntes filosficas para aqueles que admitem a possibilidade do conhecimento humano:

    Empirismo: defende que todas as nossas idias so provenientes de nossas percepes sensoriais.

    Racionalismo Gnosiolgico: afirma que somente a razo humana pode atingir o conhecimento verdadeiro.

    O Realismo Crtico e o Materialismo Dialtico: meio-termo - tanto os sentidos como a razo humana tmparticipao determinante na origem de nossos conhecimentos (2).

    VERDADE REVELADA

    O conceito de verdade como revelao pode ser encontrado entre os empiristas e telogos.

    Os empiristas defendem que a verdade representa aquilo que, imediatamente, se revela ao homem.

    Os telogos, que a verdade a evidncia manifestada nas coisas e que o princpio de todas as coisas Deus (2).

    CARTER DA REVELAO ESPRITA

    Revelar, do latim revelare, cuja raiz velum = vu, significa literalmente sair de sob o vu, e, figuradamente,descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

    O carter essencial da revelao divina o da eterna verdade. Toda revelao eivada de erros ou sujeita amodificao no pode emanar de Deus.

    O que caracteriza a revelao esprita o ser divina a sua origem e a iniciativa dos Espritos, sendo a sua elaboraofruto do trabalho do homem (4).

    O PARADOXO

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    A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrrio do que so. Supor queo impossvel exista um dos preceitos da arte de inventar.

    Comparar: louco um homem que perdeu a razo com louco um homem que perdeu tudo, exceto a razo (5).

    A VERDADE, O ERRO E O ESPIRITISMO

    Verdade - o conhecimento que reflete corretamente a realidade na mente. Erro - o conhecimento

    que no reflete fielmente a realidade na mente. A realidade o que . Ela no verdadeira nem falsa. Verdadeirosou falsos so os nossos juzos acerca dela.

    A verdade uma relao entre o Sujeito e o Objeto. Embora haja vrias espcies de verdade, tais como a lgica formal, a pragmtica, a axiolgica e outras, o seu fundamento nico: distinguir o erro da verdade.Neste sentido, estabelecem-se os argumentos dos vrios sistemas filosficos. O dogmatismo defende a possibilidade de conhec-la; o ceticismo, no. Os empiristas admitem o conhecimento vindo, exclusivamente, pelas vias sensoriais; os racionalistas, somente pela razo.

    Buscar a verdade obter o verdadeiro reflexo da realidade. Para que possamos capt-la globalmente, temos de admitir, tambm, uma realidade espiritual sobreposta realidade material. A realidade espiritual explicada pelas diversas religies. Assim, no contexto religioso, a verdade apresenta-se como evidnciamanifestada nas coisas. E o princpio de todas as coisas Deus. Este critrio da verdade problemtico. Quantosno so os fatos que, no primeiro momento, parecem verdadeiros e que so desmentidos logo aps uma anliseampla e profunda.

    A Doutrina dos Espritos, codificada por Allan Kardec, aceita a revelao divina. Como pode haverrevelaes srias e mentirosas, h que se precaver o esprito, deixando-o de atalaia. Deve-se, tambm, tomarconscincia de que o carter essencial da revelao divina o da eterna verdade. Conforme j foi dito, toda a revelao eivada de erros ou sujeita a modificao no pode emanar de Deus.

    A revelao esprita apresenta-se com duplo carter: de um lado, h a iniciativa dos Espritos e, de outro, otrabalho do homem. Por isso, na sua elaborao, o Espiritismo procedeu do mesmo modo que as cincias positivas, aplicando o mtodo experimental. Ainda mais, um mesmo problema foi enviado a vrios mdiuns, emtodo o mundo, a fim de se alcanar a universalidade do conhecimento.

    A construo rigorosa dos princpios doutrinrios d-nos condies de melhor conhecer a realidade que nosabsorve. De acordo com esses postulados, captamos as verdades que nos libertam e distanciamo-nos doserros que nos escravizam.

    QUESTES

    1) Qual o conceito de verdade?

    2) Qual o conceito de erro?

    3) Quais os estados da mente com relao verdade?

    4) Qual o carter da revelao esprita?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) H verdades reveladas?

    2) A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrrio do que so.Comente.

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    3) Captarmos as verdades que nos libertam e desviarmo-nos dos erros que nos escravizam. Comente.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.

    (2) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

    (3) VITA, L. W. Compndio de Filosofia.

    (4) KARDEC, A. A Gnese.

    (5) GUITTON, J. Nova Arte de Pensar.

    ONTOLOGIA ESPRITA

    O SER HISTRICO

    O problema do ser empolga toda a Histria da Filosofia e podemos consider-lo como o elo que mantm a unio dopensamento religioso com o filosfico.

    O incio da cogitao filosfica encontra-se em Pitgoras, quando o representa pelo nmero um.

    Para Sartre, criador do Existencialismo Ateu, o Ser uma espcie desses ovides de que nos falam os livros deAndr Luiz.

    No marxismo e no neopositivismo, o ser humano o que importa.

    E o que o ser humano, seno a projeo pitagrica do Ser nico e a projeo sartreana do mistrio limboso?Assim, o Ser sempre, em qualquer sistema ou concepo, o mistrio do Um e do Mltiplo (1).

    REVELAO E COGITAO

    Na Filosofia Esprita esse mistrio se aclara atravs da revelao e da cogitao.

    A revelao, como vimos, pode ser humana e divina. No caso, divina, pois reservamos para o campo humano a

    expresso clssica da tcnica filosfica: a cogitao.

    Os Espritos revelaram a existncia do Ser pela comunicao medinica (e a provaram pela fenomenologiamedinica), mas os homens confirmaram essa existncia pela cogitao, pela pesquisa mental do problema.

    Kardec no repetiu Descartes - cogito ergo sum - mas ampliou o conceito da presena de Deus no homem.Podemos interpretar assim a posio de Kardec: sinto Deus em mim, logo existo (1).

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    O SER HUMANO

    Para Aristteles, o Ser aquilo que .

    Na Bblia Deus quem fala, embora figuradamente, e se explica: Eu sou o que .

    Deus e se afirma na intuio cartesiana de Um Ser supremo, como se afirma no sentimento intuitivo kardeciano.

    Na Filosofia Esprita o conceito de Ser abrange todas as categorias daquilo que , concordando portanto com opensamento filosfico antigo e moderno.

    A definio do Ser supremo, por exemplo, nos dada no item 1 de O Livro dos Espritos da seguinte forma: Deus a inteligncia suprema, causa primria de todas as coisas ( 1).

    ESSNCIA E EXISTNCIA

    Os seres tm essncia e essa essncia se desenvolve atravs da evoluo: o princpio inteligente. Essa essncia

    se reveste de formas diversas no processo evolutivo, isto , toma determinada forma e se reveste de matria.

    No ser humano, essa realidade se apresenta no complexo Esprito, Perisprito e Matria. Entre os dois ltimos

    existe ainda o fluido vital.

    Toda essa complexidade, entretanto, simplesmente a expresso pluralista de um monismo fundamental. A essncia que tudo domina. Ela a realidade ltima. Mas s atravs da existncia conseguimos atingi-la.

    Temos de penetrar as capas existenciais do Ser para encontr-lo na sua realidade essencial (1).

    VISO DIALTICA DAS COISAS E DOS SERES

    Aprendemos que a realidade aparente ilusria mas que tambm necessria para chegarmos realidadeverdadeira.

    O ser humano est no pice da escala evolutiva existencial. Acima dele, os que superaram o domnio da matria eque as religies chamam anjos, devas, arcanjos e assim por diante.

    Esses Espritos conservam sua individualidade aps a morte do corpo e a conservam atravs da evoluo nosmundos superiores. S a parte formal perecvel: o corpo e o perisprito.

    A essncia do Esprito indestrutvel, pois representa a atualizao das potencialidades do princpio inteligente, umacriao de Deus para fins que ainda desconhecemos (1).

    ESCALA ESPRITA

    O Livro dos Espritos, a partir do n. 100, oferece-nos um esquema ontolgico da evoluo do homem. No umesquema rgido, mas uma orientao aos estudiosos (1).

    ONTOLOGIA E ESPIRITISMO

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    Ontologia - do grego onto mais logia significa parte da Filosofia que trata do ser enquanto ser, ou seja, do ser

    concebido na sua totalidade e na sua universalidade. A Ontologia seria, ento, a cincia do noumeno. A ela caberia

    o papel especial de estudar o que permanece atrs dos fenmenos, de explic-los, enquanto os fenmenos,propriamente ditos, caberiam s cincias particulares.

    Essncia e existncia so os elementos bsicos do ser. pergunta: que o ser, temos uma infinidade de

    respostas, dependendo, claro, do ponto de vista considerado. Se materialista, a essncia estaria na matria; seidealista, no esprito; se religioso dogmtico, em Deus. Essa aparente contradio de pontos de vista aclarada peloEspiritismo, que faz a sntese de todas as correntes filosficas.

    Allan Kardec, em O Livro dos Espritos, define o Ser, com s maisculo, como sendo Deus, a inteligncia suprema,causa primeira de todas as coisas. A prova da existncia de Deus no se d Nele mesmo, mas nos efeitos que Deleprovm. Dessa forma, se o efeito inteligente deduz-se que a causa tambm o seja. Embora ainda nos falte umsentido para compreender o mistrio da Divindade, chegar um dia que o compreenderemos, principalmente quandoos nossos espritos no estiverem mais obscurecidos pela matria.

    O Ser maisculo Deus, o ser minsculo o homem. O ser minsculo provm do Ser maisculo, ou seja, no serminsculo existe uma essncia criada pelo Ser maisculo, cujo processo de criao ainda nos infenso. Sabemosapenas que fomos criados simples e ignorantes, o que j suficiente para entendermos o ser no seu trplice aspecto:Esprito, Perisprito e Corpo Vital. Essa a grande diferena que o Espiritismo nos proporciona com relao sdiversas filosofias existentes. por esse conhecimento que fazemos a sntese dessas filosofias.

    O Espiritismo uma doutrina com recursos extraordinrios para desvendarmos os mistrios que se ocultam atrsdo ser. Mas, mesmo assim, h muitos conhecimentos que no nos so revelados, porque no temos condies deabsorv-los. medida, porm, que evolumos atravs do nosso esforo e da nossa perseverana, vamos adentrando,tambm, em nveis mais elevados do conhecimento superior.

    Estejamos sempre alertas a fim de sermos dignos de captar o contedo da revelao que os Espritos superioresnos proporcionam. Os bons Espritos desejam apenas a constncia do nosso progresso espiritual.

    QUESTES

    1) Qual o conceito de Ontologia?

    2) Como o Ser visto no processo histrico?

    3) Como o mistrio do Um e do Mltiplo se aclara no Espiritismo?

    4) O que o Ser supremo para o Espiritismo?

    5) O que distingue a essncia da existncia?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) O homem, no processo evolutivo, o ltimo estdio de evoluo do Esprito?

    2) No que se transforma o ser aps a morte fsica?

    3) Essncia, existncia e Espiritismo. Comente.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) PIRES, J. H. Introduo Filosofia Esprita.

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    O CONHECIMENTO DE SI MESMO

    CONCEITO DE CONHECER

    Conhecer reproduzir em nosso pensamento a realidade.

    Damos o nome de conhecimento posse desse pensamento que concorda com a realidade.

    concordncia do pensamento com a realidade chamamos verdade.

    Que pensar bem? chegar a fazer de nosso pequeno modelo interior de mundo uma imagem, to perfeita quantosomos capazes, do grande mundo real.

    ANTIGIDADE CLSSICA

    Antes de Scrates, os ensinamentos e reflexes dos primeiros filsofos voltaram-se para os problemas do ser, domovimento e da substncia primordial do mundo, a Physis, procurando dar-lhes uma explicao racional.

    Para Tales de Mileto, a gua era a origem de tudo;

    para Anaximandro, o infinito;

    para Pitgoras, o nmero;

    para Empdocles, o ar, o fogo, a terra e a gua, e,

    para Demcrito, o tomo.

    Scrates inaugura o mtodo da volta reflexiva sobre si mesmo.

    CONHECE-TE A TI PRPRIO

    Conhece-te a ti prprio o dstico colocado no frontispcio do orculo de Delfos.

    Aps a visita de Scrates a este templo, emanam-se dois dilogos, que podem ser encontrados em: Plato(Alcibades, 128d-129) e Xenofontes (Memorveis, IV, II, 26) (1).

    O MTODO SOCRTICO

    Scrates procura o conceito. Este alcanado atravs de perguntas. As perguntas tm um duplo carter: ironia e

    maiutica.

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    Na ironia, confunde o conhecimento sensvel e dogmtico.

    Na maiutica, d luz um novo conhecimento, um aprofundamento, sem, contudo, chegar ao conhecimento absoluto

    (2).

    REFLEXO

    uma volta sobre si mesmo. A reflexo seria mais perfeita se fosse somente sobre o prprio pensamento, sem ainterveno dos sentidos; mas, como o pensamento e os sentidos so inseparveis, de qualquer forma uma reflexo(3).

    HERANA E AUTOMATISMO

    Nosso passado histrico propiciou-nos a automatizao de hbitos e atitudes.

    nossa herana, que comea desde o reino mineral. H hbitos positivos e negativos. Os positivos devem serincrementados; os negativos, extirpados.

    A funo da reforma ntima, no seu sentido amplo, melhorar o reflexo condicionado, arquitetado pelo nosso Esprito(4).

    COMO CONHECER-SE?

    Pela Dor: a dor teleolgica e leva consigo um destino. Por ela podemos saber o que fomos e, tambm, o quetencionamos ser. Ela sempre positiva; no sofrimento, estamos purgando algo ou preparando-nos para o futuro.

    Pelo Convvio com o Prximo: podemos avaliar-nos, observando as reaes dos outros com relao s nossasatitudes.

    Pela Auto-Anlise: as questes 919 e 919A de O Livro dos Espritos auxiliam-nos a pratic-la. Santo Agostinhosugere que todas as noites devamos revisar o dia para ver como fomos em pensamentos, palavras e atos (5).

    CONSCINCIA DA IGNORNCIA

    Tomando conscincia de nossa ignorncia, estaremos alicerados para detectar a nossa verdadeira capacidade.

    O CONHECIMENTO DE SI MESMO

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    Os primeiros filsofos antes de Scrates buscavam, nos elementos externos do ser, as explicaesracionais do mundo. Para Tales de Mileto, a substncia primordial era a gua; para Anaxmenes, o ar; paraPitgoras, o nmero e para Demcrito, o tomo. Nesse contexto, surge Scrates, com a autoconscincia, ou seja,com uma volta reflexiva sobre si mesmo.

    Scrates, depois da visita a Cherofonte, o orculo de Delfos, passa a refletir sobre o "conhece-te a ti mesmo".Este dstico, inscrito no frontispcio do templo, inspira-lhe dois dilogos, narrados em Plato (Alcibades, l28d-l29) e em Xenofontes (Memorveis IV, II, 26), onde retrata a importncia do autoconhecimento.

    A reflexo uma volta do esprito sobre si mesmo, colocando em pauta os conhecimentos que possui. Seriaperfeita se o ato de refletir se restringisse, somente, ao processo racional do pensamento. Contudo entram emcena os sentimentos e as emoes, o que no deixam de ser, tambm, uma reflexo.

    O mtodo usado por Scrates para o "conhecimento de si mesmo" o de perguntar. As perguntas objetivavam descobrir o conceito que se ocultava na superficialidade do conhecimento. Primeiramente aplicava a ironia(confundir o interlocutor) e, depois, a maiutica (vir luz um novo saber). Ele no ensinava, mas criava condies

    para que o conhecimento brotasse do ouvinte.

    Allan Kardec trata desse tema em O Livro dos Espritos, nas questes 9l9 e 9l9A. As elucidaes so do Esprito Santo Agostinho, que nos orienta a repassar mentalmente, todas as noites, o nosso dia, a fim de verificar como nos expressamos em pensamentos, palavras e atos. Na Psicanlise conhecido como auto-anlise.

    A dor , tambm, uma avaliadora de nosso autoconhecimento. Atravs dela podemos intuir o que fomos nopassado, pois, sendo teleolgica, leva consigo um destino. Nesse sentido, buscar a causa do sofrimento tem maisvalor do que, simplesmente, elimin-lo.

    Embora haja dificuldade de conhecermos a ns mesmos, uma avaliao serena de nossa dor e do nossorelacionamento com o prximo pode oferecer-nos uma luz no fim do tnel.

    QUESTES

    1) Qual a origem do Conhece-te a ti mesmo?

    2) O que representa para Scrates o Conhece-te a ti prprio?

    3) O que significam a ironia e a maiutica?

    4) O que reflexo?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) possvel conhecermos a ns mesmos?

    2) O esquecimento do passado apregoado pela Doutrina Esprita dificulta o conhecimento de ns mesmos?

    3) Sei que nada sei. Comente.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) SAUVAGE, M. Scrates e a Conscincia do Homem.

    (2) GILES, T. R. Introduo Filosofia.

    (3) PAULI, E. Que Pensar.

    (4) LUIZ, A. Evoluo em Dois Mundos.

    (5) PERES, N. P. Manual Prtico do Esprita.

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    TICA ESPRITA

    CONCEITO DE TICA

    A tica a parte da Filosofia que se ocupa com o valor do comportamento humano. Investiga o sentido que o homem

    imprime sua conduta para ser verdadeiramente feliz.

    Etimologicamente, a palavra tica deriva do grego ethos, que significa comportamento.

    Pertencem ao vasto campo da tica a reflexo sobre os valores da vida, a virtude e o vcio, o direito e o dever, o beme o mal (1).

    CONSCINCIA MORAL E LIBERDADE HUMANA

    A conscincia de si mesmo confere ao ser humano a capacidade de julgar suas aes, e de escolher, dentre as

    circunstncias possveis, seu prprio caminho na vida. A essa caracterstica peculiar damos o nome de conscincia

    moral.

    possibilidade que o homem tem de escolher seu caminho na vida e construir sua histria, damos o nome deliberdade.

    Evidentemente, a liberdade no algo que se exerce no vazio, mas dentro das limitaes impostas pelascircunstncias; o exerccio da liberdade a luta para ampliar ou romper os limites das circunstncias.

    A liberdade e a conscincia moral esto intimamente relacionadas. Quando estamos livres para escolher entre estaou aquela ao, tornamo-nos responsveis pelo que praticamos (1).

    A TICA NA HISTRIA

    Em Kant, a tica Autnoma e no Heternoma, isto , a lei ditada pela prpria conscincia moral, e no por

    qualquer instncia alheia ao Eu.

    Espinosa, no seu livro A tica, cujo contedo incorpora no somente princpios morais, como todo o acervo filosficoespinosiano e seu pantesmo singular, destaca Deus como Natureza Criadora e a Criao como a Natureza criada.

    A tica a Nicmaco, de Aristteles, contm, em detalhes, a exposio de seus conceitos morais e constitui aexpresso mais elevada da filosofia tica grega.

    Na segunda metade do sculo XIX, surge a Filosofia Esprita, como ncleo central do pensamento do EspritoVerdade e o processo da revelao (2).

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    A TICA ESPRITA

    A tica Esprita uma decorrncia natural de sua prpria Essncia.

    Contudo, o Codificador, dando-lhe um Cdigo preestabelecido - O Evangelho Segundo o Espiritismo - alcana, nums passo, dois objetivos: a emergncia da religiosidade, cuja potncia se atualiza no Ser Humano, e mantm ausenteo sentido que a palavra Religio contm como conveno tradicional.

    O Evangelho Segundo o Espiritismo no o Evangelho comum em que se misturam profecias, milagres, ocorrnciashistricas da vida de Jesus.

    O Chamado Evangelho Esprita to somente a compilao dos ensinos de Jesus, imbudo do Esprito da Missoque lhe competia: por isso segundo o Espiritismo, ou posto em nossas mos, sob os reflexos da Verdade (2).

    O COMPORTAMENTE TICO-ESPRITA

    A tica Esprita o fruto saboroso de uma Semente que s pode germinar em terra frtil.

    O comportamento tico-esprita no consiste exclusivamente em fazer o bem a outrem, mas em exemplificar em simesmo, uma vida laboriosa que se expanda e se eleve na hierarquia da justia social, e, sobretudo, do prprioconceito, pois este o que remodela o Esprito, numa tal freqncia vibratria, que o aproxima dos nveis intelectuaisque roam as esferas superiores (2).

    TICA E ESPIRITISMO

    tica - etimologicamente deriva da palavra grega ethos (comportamento). a parte da Filosofia que se ocupa dovalor do comportamento humano. Investiga, assim, o sentido que o homem impe sua conduta para serverdadeiramente feliz.

    A conscincia moral e a liberdade humana esto intimamente ligadas. Por conscincia moral, entende-se acapacidade que o homem tem de julgar e escolher o seu prprio caminho na vida. J, a liberdade, refere-se

    possibilidade da escolha deste ou daquele caminho. A liberdade no algo que se forma no vazio, mas dentro daslimitaes impostas pelas circunstncias. Assim sendo, o exerccio da liberdade a luta que o homem trava paraampliar ou romper esses limites.

    Os grandes filsofos sempre destacaram os valores morais em suas obras. Aristteles em A tica a Nicmaco,desenvolve, em detalhes, o acervo dos conceitos sobre a ao humana e sua relao com as idias elevadas de uma

    vida superior. Espinosa, em A tica, encerra extensa doutrina sobre a maneira de fortalecer as virtudes e combater aspaixes. Em Kant, a tica deixada ao sabor da prpria conscincia, onde a ao humana ditada pela boavontade, ou seja, pela intencionalidade do eu.

    Allan Kardec em O Livro dos Espritos, quando trata das Leis Morais, define a moral como a regra da boaconduta e portanto, da distino entre o bem e o mal. D sua contribuio formao da tica esprita. Em suaresposta pergunta 630 - como se pode distinguir o bem do mal? -, diz-nos que o bem tudo o que est de acordocom a lei de Deus e o mal tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem se conformar lei de Deus; fazer o mal infringir essa lei.

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    A tica esprita uma decorrncia da Lei Natural. Contudo, o Codificador, para lhe dar um cunho de praticidade,legou-nos O Evangelho Segundo o Espiritismo, como norma de conduta. Observe que, das cinco partes dasmatrias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as profecias, as palavras queserviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o ensinamento moral, ateve-se, exclusivamente, ltima, porse tratar de um cdigo divino onde a prpria incredulidade se inclina.

    O comportamento tico-esprita s pode fixar-se e expandir-se em terra frtil. Desta forma, o adepto doEspiritismo deve, em primeiro lugar, limpar, adubar e regar o terreno interior, a fim de criar condies favorveisde receber a semente evanglica para, posteriormente, faz-la frutificar cento por um.

    QUESTES

    1) Qual o conceito de tica?

    2) O que entende por conscincia moral?

    3) O que significa dizer que a tica Autnoma e no Heternoma?

    4) Como a tica pode ser vista no processo histrico?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) A tica Esprita uma decorrncia da Lei Natural? Comente.

    2) Relacione conscincia moral e liberdade humana.

    3) O comportamento tico-esprita s pode expandir-se em terra frtil. Por que?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.

    (2) SO MARCOS, M. P. Filosofia Esprita e seus Temas.

    O BEM E O MAL

    CONCEITO DE BEM

    O bem designa, em geral, o acordo entre o que uma coisa com o que ela deve ser.

    a atualizao das virtualidades inscritas na natureza do ser.

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    Relaciona-se com perfeito e com perfectibilidade (1).

    CONCEITO DE MAL

    Para a moral, o contrrio de bem.

    Aceita-se, tambm, como mal, tudo o que constitui obstculo ou contradio perfeio que o homem capaz deconceber, e, muitas vezes, de desejar.

    Divide-se em:

    a) mal metafsico (imperfeio);

    b) mal fsico (sofrimento);

    c) mal moral (pecado) ( 2).

    CONCEITO DE VALOR

    As noes que temos do bem e do mal dependem da avaliao que fazemos deles.

    Acontece que o valor pode ser entendido como:

    a) valor moral (refere-se ao);

    b) valor esttico (refere-se ao dever-ser);

    c) valor religioso (refere-se ao sentimento de temor ou de confiana na divindade).

    Um fato pode ser analisado, respectivamente, como proveniente de uma ao m, feia ou pecaminosa.

    No centro das discusses est a questo da mudana das avaliaes. Malinovsky, etnlogo polons, estudando amoral sexual dos selvagens australianos, chegou concluso de que tudo o que entre ns considerado vlido e atsanto, l considerado mau (3).

    PRINCPIOS MORAIS E CONHECIMENTO MORAL

    O bem e o mal como princpios podem ser encontrados no livro da natureza.

    O conhecimento deles requer experincia.

    Tomemos as figuras de Ado e Eva.

    Eles comeram o fruto proibido, instigados pela serpente. Para conhecerem o bem e o mal, tiveram de prov-los. MasAdo pode ter pensado: no vou ligar para isso, pois foram a serpente e a Eva que me tentaram. Porm, nessemomento, Deus passa-lhe a noo de responsabilidade.

    A conscincia moral comea com a responsabilidade (4).

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    A RESPONSABILIDADE

    O Esprito Andr Luiz, no livro Evoluo em Dois Mundos, psicografado por Francisco Cndido Xavier, traa-nos atrajetria do princpio inteligente atravs dos vrios reinos da natureza.

    O princpio inteligente conduzido pelos Operrios Espirituais. A repetio dos atos cria a herana e oautomatismo. Ao adentrar na fase hominal, ele adquire o pensamento contnuo, o livre-arbtrio e a razo.

    Aos poucos esses operrios espirituais vo entregando o aprendizado ao livre-arbtrio, sob a prpriaresponsabilidade (5).

    O BEM E O MAL SEGUNDO ALLAN KARDEC

    Uma vez adquiridos o livre-arbtrio e a responsabilidade, o Esprito tem condies de distinguir o bem do mal. Mas oque o bem e o que o mal?

    Allan Kardec, em O Livro dos Espritos, nas perguntas 630 e 632, esclarece-nos: o bem tudo aquilo que est deacordo com a lei de Deus; o mal tudo o que dela se afasta. Para evitar o engano, devemos apoiar-nos se estribarna lei urea de Jesus: Vede o que querereis que vos fizessem ou no (6).

    Deus, sendo justo, a origem do mal no pode Nele estar. Entretanto, o mal existe e tem uma causa. Qual?

    H duas categorias:

    a) o que no se pode evitar (flagelo);

    b) o que se pode evitar (vcio).

    Porm, os males mais numerosos so os que o homem cria pelos seus vcios, os que provm do seu orgulho, do seuegosmo, da sua ambio, das sua cupidez, de seus excessos em tudo (7).

    IDEAL EVANGLICO

    O princpio inteligente, impulsionado pela lei do progresso, busca a sua perfeio.

    O ideal evanglico tem grande peso nesse mister.

    Cuidemos de absorv-lo dentro das nossas necessidades reais, sem nos importarmos com as avaliaes de nossossemelhantes.

    O BEM, O MAL E O ESPIRITISMO

    A questo das mudanas de nossas avaliaes um dos pontos centrais para o entendimento do bem e do mal.Embora haja uma moral objetiva, traada pelas leis divinas, s captamos o que nossa viso interior consegueabarcar. O valor das coisas est constantemente alterando-se, principalmente devido educao cultural dosdiversos povos.

    A experincia propicia-nos condies de conhecer o bem e o mal. Se Ado e Eva no tivessem provado a ma,no saberiam o que o bem e o que o mal. O fato bblico, nesse contexto, pode ser analisado da seguinte forma:

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    Ado, estimulado pela Eva e esta, pela serpente, comem o fruto proibido - cometem o pecado. Ado poderia escusar-se dizendo que a culpa era da Eva e da serpente. Mas justamente nesse ponto que a divindade intervm ed-lhe a noo de responsabilidade.

    A responsabilidade pode ser visualizada espiritualmente. O Esprito Andr Luiz, no livro Evoluo em Dois

    Mundos, psicografado por Francisco Cndido Xavier, traa-nos a trajetria do princpio inteligente, atravs dosvrios reinos da natureza. Diz-nos que, desde a nossa criao, estamos sendo conduzidos pelos OperriosEspirituais. A diferena que, uma vez adquirido o livre-arbtrio no reino hominal, o princpio, agora denominado

    Esprito, deixado ao sabor de suas prprias foras, porm com a responsabilidade pelos atos praticados.

    O estudo ora encetado comporta a seguinte pergunta: onde est a origem do mal? Deus, que sabedoria, justia e bondade, no pode ser a sua causa. Mas o mal existe e, portanto, deve ter uma causa.Excluindo-se os males que no podemos evitar, tais como os flagelos destruidores, a maioria deles tem sua causa noorgulho, na ambio e no egosmo humanos.

    Podemos, ainda, levantar outra questo: como distinguir o bem do mal? Allan Kardec, em O Livro dos

    Espritos, esclarece-nos que o bem agir de acordo com a lei de Deus. Diz-nos, tambm, que se tivermos dvidasobre o ato, devemos reportar-nos regra urea, ensinada por Jesus: "no fazer aos outros o que no gostaramosque nos fizessem".

    medida que se depura o Esprito, vamo-nos colocando em condies de melhor distinguir o bem do mal. Aquiloque era um bem, num nvel inferior de evoluo, deixa de s-lo, num estado mais elevado. Cuidemos, pois, de no nosmedirmos pelas avaliaes dos nossos semelhantes.

    QUESTES

    1) Qual o conceito de bem?

    2) Qual o conceito de mal?

    3) O que se entende por responsabilidade?

    4) Como se distingue o bem do mal?

    TEMAS PARA DEBATE

    1) O bem e o mal so absolutos ou dependem de um juzo de valor?

    2) Como situar a responsabilidade do Esprita frente aos problemas do mundo?

    3) Como possvel a existncia do mal se os Espritos foram criados simples e ignorantes?

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    (1) LOGOS - Enciclopdia Luso-Brasileira de Filosofia.

    (2) LALANDE, A. Vocabulrio Tcnico e Crtico da Filosofia.

    (3) BOCHENSKI, J. M. Diretrizes do Pensamento Filosfico.

    (4) SCHNEIDER, H. W. Moral para a Humanidade.

    05) LUIZ, A. Evoluo em Dois Mundos.

    (6) KARDEC, A. O Livro dos Espritos.

    (7) KARDEC, A. A Gnese.

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    ESTTICA E ESPIRITISMO

    CONCEITO DE ESTTICA

    Em sua origem grega, a palavra esttica tinha o seguinte significado: coisa possvel de ser percebida pelos sentidoshumanos.

    Baseando-se nesse significado etimolgico, o filsofo Kant definiu esttica como a cincia que tratava dascondies da percepo pelos sentidos.

    Foi, entretanto, com o alemo Alexander Baumgarten (1714-1762) que a palavra esttica adquiriu o significado decincia do belo, cujo objetivo era alcanar a perfeio do conhecimento captado pelos sentidos.

    Dentre os principais problemas filosficos pertencentes Esttica podemos citar aqueles que se referem aosfundamentos da arte e do belo, aos diferentes tipos de obras de arte, s relaes da arte com a sociedade (1).

    A ARTE

    De acordo com Susanne Langer, a funo primordial da arte objetivar o sentimento de modo que possamoscontempl-lo e entend-lo. a formulao da chamada experincia interior, que impossvel de atingir pelopensamento discursivo.

    Desta forma, ela pode ser definida como a prtica de criar formas perceptveis expressivas do sentimento humano.

    H que se distinguir realizaes tcnicas e belas-artes: a primeira enfatiza a utilidade, enquanto a segunda, o

    belo.

    Dentre as belas-artes, citamos: msica, dana e pintura (1).

    A ARTE ESPRITA

    Assim como a arte crist sucedeu arte pag, transformando-a, a arte esprita ser o complemento e a transformaoda arte crist.

    O Espiritismo, efetivamente, nos mostra o porvir sob uma luz nova e mais ao