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I CURSO DE APLICAÇÃO DE INJETÁVEIS DA FACULDADE DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA DA UFJF ABRIL/2011 Mércia Ramos 1 INTRODUÇÃO Os medicamentos, de uma forma geral, são administrados com o objetivo de levar um efeito benéfico ao paciente. Geralmente isto acontece na tentativa de resolução de algum problema orgânico. A droga é administrada conforme indicação médica e está ligada diretamente ao problema do paciente. Pode também ser usada na profilaxia de alguns problemas que poderiam vir a acontecer com o paciente. Seja qual for a intenção da administração de medicamentos, a grande maioria das drogas apresenta algum efeito colateral. Podemos dizer, então, que drogas ou medicamentos produzem efeitos benéficos, o que é o objetivo da sua administração, mas também podem causar efeitos maléficos, os chamados efeitos colaterais. Todos os medicamentos têm o que se chama, em um curioso eufemismo, de “efeito secundário” e “contra-indicação”. Há de se ter cautela na administração dos medicamentos, observando seus efeitos benéficos, efeitos secundários e contra-indicações. Assim, pode-se avaliar a eficácia do medicamento para determinado paciente (DUPUY & KARSENTY, 1979). É importante o saber técnico para se executar a implementação terapêutica, bem como o saber teórico, necessário para reconhecer problemas relacionados à terapêutica medicamentosa. Em se tratando de Unidades de Terapia Intensiva, alguns fatos, como gravidade e instabilidade do quadro clínico apresentado pelo paciente, quantidade e diversidade de drogas prescritas, o próprio estresse do ambiente, falta de recursos humanos e, em alguns casos, o despreparo do funcionário, interferem na administração de medicamentos. Com isso, a assistência perde qualidade e o paciente padece com os erros. Infelizmente, pode-se afirmar que este tipo de iatrogenia é freqüente em muitos hospitais, o que acarreta sérias conseqüências para o paciente, o profissional e a instituição. Frente aos diversos problemas relacionados à administração de medicamentos, destacam- se dois que se relacionam de forma direta ao volume de diluição e à velocidade de administração de cada medicamento: o surgimento de hipervolemia e flebites. Relacionado ao volume de diluição, pode surgir a hipervolemia. Este estado é decorrente do excessivo ganho de líquidos pelo paciente, ou seja, a perda de líquidos é muito inferior ao ganho. Como problemática ao paciente, surgem a sobrecarga cardíaca e o edema pulmonar, principalmente nos pacientes cardiopatas e nefropatas. O excesso do volume de líquidos pode estar relacionado à simples sobrecarga hídrica ou à diminuição da função dos mecanismos homeostáticos responsáveis pela regulação do equilíbrio hídrico (SMELTZER & BARE, 2002)

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I CURSO DE APLICAÇÃO DE INJETÁVEIS DA FACULDADE DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA DA UFJF – ABRIL/2011 – Mércia Ramos

1

INTRODUÇÃO

Os medicamentos, de uma forma geral, são administrados com o objetivo de levar um

efeito benéfico ao paciente. Geralmente isto acontece na tentativa de resolução de algum

problema orgânico. A droga é administrada conforme indicação médica e está ligada diretamente

ao problema do paciente. Pode também ser usada na profilaxia de alguns problemas que

poderiam vir a acontecer com o paciente.

Seja qual for a intenção da administração de medicamentos, a grande maioria das drogas

apresenta algum efeito colateral. Podemos dizer, então, que drogas ou medicamentos produzem

efeitos benéficos, o que é o objetivo da sua administração, mas também podem causar efeitos

maléficos, os chamados efeitos colaterais.

Todos os medicamentos têm o que se chama, em um curioso eufemismo, de “efeito

secundário” e “contra-indicação”. Há de se ter cautela na administração dos medicamentos,

observando seus efeitos benéficos, efeitos secundários e contra-indicações. Assim, pode-se

avaliar a eficácia do medicamento para determinado paciente (DUPUY & KARSENTY, 1979).

É importante o saber técnico para se executar a implementação terapêutica, bem como o

saber teórico, necessário para reconhecer problemas relacionados à terapêutica medicamentosa.

Em se tratando de Unidades de Terapia Intensiva, alguns fatos, como gravidade e

instabilidade do quadro clínico apresentado pelo paciente, quantidade e diversidade de drogas

prescritas, o próprio estresse do ambiente, falta de recursos humanos e, em alguns casos, o

despreparo do funcionário, interferem na administração de medicamentos. Com isso, a assistência

perde qualidade e o paciente padece com os erros. Infelizmente, pode-se afirmar que este tipo de

iatrogenia é freqüente em muitos hospitais, o que acarreta sérias conseqüências para o paciente,

o profissional e a instituição.

Frente aos diversos problemas relacionados à administração de medicamentos, destacam-

se dois que se relacionam de forma direta ao volume de diluição e à velocidade de administração

de cada medicamento: o surgimento de hipervolemia e flebites.

Relacionado ao volume de diluição, pode surgir a hipervolemia. Este estado é decorrente

do excessivo ganho de líquidos pelo paciente, ou seja, a perda de líquidos é muito inferior ao

ganho. Como problemática ao paciente, surgem a sobrecarga cardíaca e o edema pulmonar,

principalmente nos pacientes cardiopatas e nefropatas.

O excesso do volume de líquidos pode estar relacionado à simples sobrecarga hídrica ou à

diminuição da função dos mecanismos homeostáticos responsáveis pela regulação do equilíbrio

hídrico (SMELTZER & BARE, 2002)

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PROCEDIMENTOS CORRETOS PARA APLICAÇÃO DE INJEÇÕES

O serviço de aplicação de injeções é muito importante dentro do atendimento como um

todo na farmácia. E realizá-lo com qualidade implica numa série de conhecimentos básicos que,

se corretamente seguidos, vão conquistar a tranqüilidade e segurança dos clientes com relação

ao estabelecimento. Para trabalhar corretamente, devemos observar a aparência pessoal, o

ambiente (no caso, a sala de aplicações) e as técnicas para cada tipo de via de administração

(injeção intradérmica, subcutânea, intramuscular e intravenosa).

1- Qualidade na aparência pessoal: é imprescindível para que o cliente sinta segurança, além

do comportamento educado e gentil, é importante o cuidado com os cabelos, unhas, barba e

uniforme.

Lembre-se que o aspecto humano conta muito na nossa atividade e nossa apresentação também

significa respeito ao cliente.

2 - Ambiente: a sala de aplicação deve ser bem iluminada (luz natural ou branca), ventilada (veja:

um local mal ventilado pode proporcionar a absorção de partículas dos medicamentos usados, ou

facilitar a contaminação do aplicador, pois, se está junto de pessoas com diferentes enfermidades,

inclusive as infecto-contagiosas).

3 - Limpeza: absolutamente limpa (deve ser feita a limpeza e posterior desinfecção com álcool 70,

água sanitária ou outro bom desinfetante), todos os dias; o balcão onde é feito o preparo da

injeção deve ser desinfetado após cada aplicação. A limpeza inclui o chão, balcões e paredes da

sala de aplicação - é muito desagradável perceber respingos de líquidos nas paredes (por sinal,

essas perdas prejudicam a ação do medicamento, pois não é aplicada a quantidade necessária, e

revelam falta de cuidado e de técnica).

4 - Móveis e utensílios: a sala deve possuir pia com torneira, balcão com gavetas (separado da

pia), cadeira e suporte de braços, lixeira com tampa (acionada por pedal), suporte para papel

toalha, pois a toalha de pano torna-se um veículo de recontaminação das mãos, além de um anti-

séptico (álcool 70, por ex.), um recipiente com tampa para o algodão, e caixas próprias para o

descarte dos materiais perfuro-cortantes.

Tenha na sala de aplicação, todo o material necessário: seringas, agulhas, algodão, todos

guardados de forma organizada, nas gavetas do balcão. É embaraçoso quando, com um cliente

na sala, precisamos abrir a porta para pegar algo que não estava ali. a mão, no momento.

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5 - Lavagem das mãos: é um procedimento tão importante que deve merecer atenção especial. A

lavagem correta vai diminuir a quantidade de microorganismos existentes nas mãos, reduzindo

consideravelmente o risco de contaminação do nosso cliente. As mãos devem ser lavadas à vista

do cliente, ensaboando bem as mesmas, entre os dedos e os pulsos (antes de começar a esfregá-

las, lave primeiro o sabonete). Após a lavagem, deve-se enxugá-las, iniciando-se pelas pontas

dos dedos e, por último, os pulsos. Após a aplicação da injeção, devemos lavar novamente as

mãos. Cuidado com as escovinhas para unhas, na pia! Elas ficam logo sujas, apresentando

pontos pretos de bolor. É melhor nem mantê-las na sala. Além do mais, as unhas devem estar

bem cortadas, o que dispensa o uso de escovinhas.

6 - Preparo do medicamento: antes de tudo, devemos estar bem seguros com relação à

prescrição médica, tendo plena certeza do tamanho da seringa e agulha utilizadas, da quantidade

e dosagem a ser aplicada e da via de administração (se é uma injeção IM, IV, etc.).

Vamos:

a - abrir a embalagem da seringa e movimentar o êmbolo, para lubrificar o interior da mesma,

tornando mais fácil a aspiração do medicamento;

b - recolocando a seringa sobre sua embalagem fazer a desinfecção da ampola com algodão

embebido em solução anti-séptica, abrindo-a em seguida com os dedos polegar e indicador da

mão direita (tenha o cuidado de envolvê-la com algodão ou gaze, para não se cortar). Retirar o

protetor da agulha, deixando-o sobre a embalagem da seringa;

c - aspirar o conteúdo da ampola, segurando-a com os dedos indicador e médio da mão esquerda;

com os dedos polegar, anular e/ou mínimo da mesma mão, segurar a seringa, introduzindo-a na

ampola e ir, aos poucos, inclinando ampola e seringa até que todo o líquido tenha sido aspirado.

d - Lembre-se: em nenhum momento seus dedos devem tocar a agulha ou partes da seringa que

tenham contato com o medicamento ou a pele do cliente:

e - retirar o excesso de ar da seringa, e, se houver bolhas, bater levemente sobre elas com a

ponta do dedo, para deslocá-las;

f- se formos retirar o conteúdo de um frasco ampola, devemos retirar o lacre médico e desinfetar a

tampa de borracha. Homogeneizar o medicamento (pó + liquido), girando o frasco suavemente

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entre as mãos, e, introduzir a agulha na rolha do frasco, fazendo a aspiração do mesmo como foi

explicado no item c).

g- Usar duas agulhas, uma para aspirar o líquido e outra para a aplicação (esse cuidado visa

evitar o entupimento da agulha, ou desconforto para o cliente, pois a agulha, depois de introduzida

na rolha de borracha, fica "rombuda", e machuca o local da aplicação). Para facilitar a aspiração

do líquido, podemos primeiro aspirar um pouco de ar na seringa e introduzi-lo no frasco, retirando,

em seguida, o conteúdo do frasco.

Durante o preparo do medicamento, não se deve falar, pois isso pode contribuir para a

contaminação do líquido estéril.

SALA DE VACINA

Descrição do Processo:

É de responsabilidade do profissional de enfermagem da sala de vacina:

1. Fazer leitura de termômetros de máxima e mínima e momento do refrigerador (geladeira e

refrimed) pelo menos três vezes ao dia, no início de cada jornada de trabalho (manhã e tarde) e a

terceira antes do fechamento da unidade, e anotando em impresso próprio (mapa de controle

diário). Comunicar qualquer alteração de temperatura ao Enfermeiro.

2. Organizar a sala;

3. Realizar limpeza concorrente (com água e sabão nas superfícies e após realizar desinfecção

com álcool a 70%) no início do plantão;

4. Solicitar a realização diária de limpeza concorrente e quinzenalmente limpeza terminal;

5. Transferir as vacinas de uso diário da geladeira de estoque para refrimed ou caixa de isopor

com termômetro de cabo extensor;

6. No início de cada plantão repor a sala com os materiais necessários para o atendimento;

7. Executar imunização, conforme normas de procedimentos técnicos registrando o procedimento

em instrumento próprio;

8. Realizar solicitação de vacina conforme calendário, com avaliação do Enfermeiro;

9. Realizar consolidado mensal de doses aplicadas de vacina e encaminhar a à Vigilância

Epidemiológica;

10. Realizar convocação de faltosos mantendo arquivo organizado;

11. No final do dia devolver as vacinas da refrimed para a geladeira;

12. Realizar limpeza de geladeira mensalmente antes da chegada do recebimento dos

imunobiológicos ou quando a espessura de gelo no congelador estiver a 2 cm

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REGRAS GERAIS

1. A princípio, todo medicamento deve ser prescrito pelo médico;

2. Nunca administrar medicamentos sem rótulo e de origem duvidosa;

3. Verificar a data de validade do medicamento;

4. Interar-se sobre as diversas drogas, para conhecer cuidados específicos e efeitos colaterais:

- melhor horário;

- formas de diluição e tempo de validade do medicamento;

- ingestão com água, leite, sucos;

- antes, durante ou após as refeições ou em jejum;

- incompatibilidade ou não de mistura de drogas;

5. Tendo dúvidas sobre o medicamento, não administrá-lo;

6. Manter controle rigoroso sobre medicamentos disponíveis;

7. Ler atenciosamente a bula é fundamental;

8. É bom salientar que os produtos veterinários não possuem o mesmo controle higiênico-

sanitário, quando comparados aos produtos destinados ao consumo humano, portanto devem ser

evitados.

Escolha da agulha

Para aplicar com agulha ideal, deve-se levar em consideração: o grupo etário, a condição

física individual e a solubilidade da droga a ser injetada.

Conduta na Superdosagem

Na eventualidade da administração de doses muito acima das preconizadas, recomenda-

se adotar as medidas habituais de controle das funções vitais

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Administração de medicamentos é um dos deveres de maior responsabilidade do

profissional. Requer conhecimentos de farmacologia e terapêutica médica no que diz respeito à

ação, dose, efeitos colaterais, métodos e precauções na administração de drogas.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Parenteral: - intradérmica (ID)

- subcutânea (SC)

- Intramuscular (IM)

- Endovenosa (EV) ou intravenosa (IV)

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REGRAS GERAIS

1.Todo medicamento deve ser prescrito pelo médico.

2.A prescrição deve ser escrita e assinada. Somente em caso de emrgência, a enfermagem pode

atender prescrição verbal, que deverá ser transcrita pelo médico logo que possível.

3.Nunca administrar medicamento sem rótulo.

4.Verificar data de validade do medicamento.

5.Não administrar medicamentos preparados por outras pessoas.

6.Interar-se sobre as diversas drogas, para conhecer cuidados específicos e efeitos colaterais. -

melhor horário;

- diluição formas, tempo de validade;

- ingestão com água, leite, sucos;

- antes, durante ou após as refeições ou em jejum;

- incompatibilidade ou não de mistura de drogas;

7.Tendo dúvida sobre o medicamento, não administrá-lo.

8.Manter controle rigoroso sobre medicamentos disponíveis.

9.Alguns medicamentos, como antibióticos, vitaminas e sulfas, precisam ser guardados

corretamente, pois se alteram na presença da luz, do ar ou do calor.

CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

- Ao preparar a bandeja de medicamentos, não conversar.

- Ter sempre à frente, enquanto prepara o medicamento, o cartão do medicamento ou a

prescrição médica.

- Ler o rótulo do medicamento três vezes, comparado-o com a prescrição:

a) antes de retirar o recipiente do armário;

b) antes de colocar o medicamento no recipiente para administrar;

c) antes de repor o recipiente no armário.- Colocar o cartão e o recipiente de medicamentos

sempre juntos, na bandeja.

- Não tocar com a mão em comprimidos, cápsulas, drágeas, pastilhas.

- Esclarecer dúvidas existentes antes de administrar o medicamento.

- Identificar o paciente antes de administrar o medicamento, solicitando nome completo e

certificando-se da exatidão do mesmo, pelo cartão de medicamento ou prontuário.

- Lembrar a regra dos 5 certos: medicamento certo, paciente certo, dose certa, hora certa,

via certa.

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- Só cancelar a medicação após administrá-la, rubricando ao lado.

- Quando o medicamento deixar de ser administrado por estar em falta, por recusado

paciente, jejum, esquecimento, ou erro, fazer a anotação no relatório.

- Fazer anotações cuidadosas sobre efeitos dos medicamentos ou queixas do paciente.

- Se faltar medicamentos, tomar providências imediatas, seguindo normas e rotinas do

serviço.

- Certificar-se sobre as ordens de de medicamentos antes de prepará-los.

É de grande utilidade seguir o roteiro para a correta administração de medicamentos

elaborada por Du Gas:

O cliente tem alguma alergia?

que medicamentos foram prescritos?

Por que está recebendo esses medicamentos?

Que informações devem ser dadas em relação ao efeito desses medicamentos sobre o

cliente?

Existem cuidados específicos devido à ação das drogas contidas nestes medicamentos?

Como devem ser administrados os medicamentos?

Que precauções devem ser tomadas na administração de tais medicamentos? Existem

precauções especiais que devem ser tomadas por causa da idade, condição física ou estado

mental do paciente?

Alguns dos medicamentos exigem medidas acautelatórias especiais na administração?

O paciente precisa aprender alguma coisa com relação à sua terapia médica?

CUIDADOS EM RELAÇÃO AO REGISTRO DOS MEDICAMENTOS

A fim de evitar acidentes, desperdícios, roubos e uso abusivo, os medicamentos devem ser

guardados em lugar apropriado e controlados.

Deve existir uma relação do estoque disponível, e dependendo da utilização um controle

de saída diária, semanal ou mensal.

As saídas podem ser controladas pelo receituário, folha de prescrição ou relatório de

enfermagem. O importante é que exista um sistema de controle.

O cancelamento no local apropriado (relatório, ficha ou prontuário) deve ser feito logo após

a aplicação.

VIA PARENTERAL

É a administração de drogas ou nutrientes pelas vias intradérmica (ID), subcutânea (SC),

intramuscular (IM), intravenosa (IV) ou endovenosa (EV).

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Embora mais raramente e reservadas aos médicos, utilizam-se também as vias intra-

arterial, intra-óssea, intratecal, intraperitonial, intrapleural e intracardíaca.

Existe uma fundamental diferença entre a VIA ENTERAL, em que o medicamento é

introduzido no aparelho digestivo e a VIA PARENTERAL. Nesta, as substâncias são aplicadas

diretamente nos tecidos através de injeção, com emprego de seringas, agulhas, cateteres ou

hipospray (pistolas de vacinação pressurizadas para injetar de forma intravenosa ou subcutânea

diversas substâncias num paciente).

VANTAGENS

Absorção mais rápida e completa.

Maior precisão em determinar a dose desejada.

Obtenção de resultados mais seguros.

Possibilidade de administrar determinadas drogas que são destruídas pelos sucos digestivos.

DESVANTAGENS

Dor, geralmente causada pela picada da agulha ou pela irritação da droga.

Em casos de engano pode provocar lesão considerável.

Devido ao rompimento da pele, pode ocorrer o risco de adquirir infecção.

Uma vez administrada a droga, impossível retirá-la.

REQUISITOS BÁSICOS

Drogas em forma líquida. Pode estar em veículo aquoso ou oleoso, em estado solúvel ou

suspensão e ser cristalina ou coloidal.

Soluções absolutamente estérieis, isentas de substâncias pirogênicas.

O material utilizado na aplicação deve ser estéril e descartável, de preferência.

A introdução de líquidos deve ser lenta, a fim de evitar rutura de capilares, dando origem a

microembolias locais ou generalizadas.

PROBLEMAS QUE PODEM OCORRER

Embora muito utilizada para a administração de medicamentos, a via parenteral não é isenta de

riscos.

As aplicações devem ser feitas com o máximo zelo, a fim de diminuir traumas e acidentes.

Os acidentes causam: dor, prejuízo (falta à escola e/ou serviço, gastos) deficiência e até morte.

Além dos problemas específicos a cada via, temos alguns problemas gerais, enumerados por

HORTA & TEIXEIRA:

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1. Infecções:

Podem resultar da contaminação do material, da droga ou em conseqüência de condições

predisponentes do cliente, tais como: mau estado geral e presença de focos infecciosos.

As infecções podem ser locais ou gerais.

Na infecção local, a área apresenta-se avermelhada, inturnescida, mais quente ao toque e

dolorida.

Além disso, pode haver acumulo de pus, denominado abscesso.

Pode aparecer também fleimão ou flegmão, que é uma inflamação piogênica, com infiltração e

propagação para os tecidos, caracterizando-se pela ulceração ou supuração.

Além das infecções locais em casos mais graves, a infecção pode generalizar-se, aparecendo

então a septicemia: infecção generalizada, conseqüente à pronunciada invasão na corrente

sangüínea por microorganismos oriundos de um ou mais focos nos tecidos, e possivelmente, com

a multiplicação dos próprios microorganismos no sangue.

2. Fenômenos alérgicos:

Os fenômenos alérgicos aparecem devido à susceptibilidade do indivíduo ao produto usado para

anti-sepsia ou às drogas injetadas.

A reação pode ser local ou geral, podendo aparecer urtcária, edema, o Fenômeno de Arthus ou

mesmo choque anafilático.

O Fenômeno de Arthus é uma reação provocada por injeções repetidas no mesmo local,

caracterizada pela não absorção do antígeno, ocasionando infiltração, edema, hemorragia e

necrose no ponto de inoculação.

No choque anafilático aparece a dilatação geral dos vasos, com congestionamento da face,

seguida de palidez, alucinações, agitação, ansiedade, tremores, hiperemia, cianose, edema de

glote, podendo levar à morte.

3. Má absorção das drogas:

Quando a droga é de difícil absorção, ou é injetada em local inadequado pode provocar a

formação de nódulos ou abscessos assépticos, que além de incomodativos e dolorosos, fazem

com que a droga não surta o efeito desejado.

4. Embolias:

Resultam da introdução na corrente sangüínea de ar, coágulos, óleos ou cristais de drogas em

suspensão. É um acidente grave conseqüente da falta de conhecimento e habilidade do

profissional.

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Pode ser devido à falta de aspiração antes de injetar uma droga, introdução inadvertida de ar,

coágulo, substância oleosa ou suspensões por via intravenosa, ou à aplicação de pressão muito

forte na injeção de drogas em suspensão ou oleosas, causando a rutura de capilares, com

conseqüente microembolias locais ou gerais.

5. Traumas:

Podemos dividi-los em trauma psicológico e trauma tissular.

No trauma psicológico, o cliente demonstra medo, tensão, choro, recusa do tratamento, podendo

chegar à lipotimia. O medo pode levar à exagerada contração muscular, impedindo a penetração

da agulha, acarretando acidentes ou a contaminação acidental do material.

É sempre de grande importância orientar o cliente, e acalmá-lo, antes da aplicação. Nos casos

extremos, esgotados os recursos psicológicos, faz-se necessária uma imobilização adequada do

cliente, a fim de evitar outros danos.

Os traumas tissulares são de etiologias diversas, podendo ser conseqüentes à agulha romba ou

de calibre muito grande, que causa lesão na pele ou ferimentos, hemorragias, hematomas,

equimoses, dor, paresias, parestesias, paralisias, nódulos e necroses, causando por técnica

incorreta, desconhecimento dos locais adequados para as diversas aplicações, falta de rodízio

dos locais de aplicação ou variações anatômicas individuais.

MATERIAL

Bandeja contendo: Seringas e agulhas esterilizadas. O ideal é usar material descartável.

Algodão.

Recipiente com álcool a 70%.

Serrinha, se a ampola não for semi-serrada.

Garrote.

Medicamento prescrito.

Saco para lixo.

PREPARO DO MEDICAMENTO EM AMPOLA

1. Lavar bem as mãos, fazendo assepsia com álcool a 70% ou sabonete anti-séptico;

2. Certificar-se do medicamento a ser aplicado, dose, via e paciente a que se destina;

3. Antes de abrir a ampola, certificar-se que toda a medicação está no corpo e não no gargalo. Se

não estiver, fazer a medicação descer com movimentos rotatórios na ampola;

4. Fazer a desinfecção do gargalo com algodão embebido em álcool a 70%;

5. Proteger os dedos com algodão, ao serrar ou quebrar o gargalo;

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6. Abrir a embalagem da seringa;

7. Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não contaminar as duas partes;

8. Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se a agulha está firmemente adaptada;

9. Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e segurar a ampola entre os dedos médio e

indicador da outra mão;

10. Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração do conteúdo, invertendo lentamente a

agulha, sem encostá-la na borda da ampola;

11. Virar a seringa com a agulha para cima, em posição vertical e expelir o ar que tenha

penetrado;

12. Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento;

13. Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apropriado à solubilidade da droga e à

espessura do tecido subcutâneo do indivíduo;

14. Manter a agulha protegida com protetor próprio.

PREPARO DO MEDICAMENTO EM FRASCO (PÓ)

Retirar a tampa metálica, e fazer desinfecção da tampa da rolha com algodão embebido em álcool

Abrir a ampola.

Preparar a seringa, escolhendo uma agulha de maior calibre (25 x 9, 10 ou 12).

Aspirar o líquido da ampola e introduzir no frasco. (A agulha deve apenas atravessar a tampa da

rolha).

Retirar a seringa.

Homogenizar a solução, fazendo a rotação do frasco, evitando a formação de espuma.

Colocar ar na seringa, em volume igual ao medicamento a ser aspirado.

Soerguer o frasco, aspirando.

Retirar o ar contido na seringa.

Trocar de agulha e identificar a seringa.

SUGESTÕES PARA DIMINUIR A DOR NAS INJEÇÕES

Transmitir confiança.

Aplicar compressas quentes ou cubos de gelo, um pouco antes da aplicação.

Introduzir a agulha rapidamente.

Injetar a solução vagarosamente.

Deixar na seringa uma pequena bolha de ar que, injetada no final, evitará a dor,

especialmente no caso de soluções irritantes para os tecidos.

Fazer rodízio de locais de aplicações, evitando áreas doloridas.

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Escolher a agulha ideal ao tipo de paciente e da solução, evitando agulhas calibrosas

demais (Tabela I).

Manter o paciente em posição confortável e apropriada (ver posição indicada).

Não aplicar com agulhas com pontas rombas ou rombudas.

Após a aplicação, fazer pressão leve e constante no local de penetração da agulha.

Massagear a área, a não ser que haja contra-indicação.

Existem medicamentos doloridos que vem acompanhados de diluentes com anestésico.

INJEÇÃO INTRADÉRMICA (ID)

É a aplicação de drogas na derme ou córion. Geralmente utilizada para realizar teste de

hipersensibilidade, em processos de dessensilidade e imnização. (BCG).

ÁREA DE APLICAÇÃO

Na face interna do antebraço ou região escapular, locais onde a pilosidade é menor e

oferece acesso fácil à leitura da reação aos alérgenos.

A vacina BCG intradérmica é aplicada na área de inserção inferior do deltóide direito.

MATERIAL

Bandeja contendo: Seringa especial, tipo insulina ou vacina.

Agulha pequena: 13 x 3,8 ou 4,5.

Etiqueta de identificação

Saco plástico para lixo.

MÉTODO

Lavar as mãos.

Preparar o medicamento, conforme técnica anteriormente descrita.

Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo em posição confortável e adequada.

Expor a área de aplicação.

Firmar a pele com o dedo polegar e indicador da mão não dominante.

Com a mão dominante, segurar a seringa quase paralela à superfície da pele (15") e com o bisel

voltado para cima, injetar o conteúdo.

Retirar a agulha, sem friccionar o local, colocar algodão seco somente se houver sangramento ou

extravasamento da droga.

Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

Providenciar a limpeza e a ordem do material.

Lavar as mãos.

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OBSERVAÇÕES

A injeção ID geralmente é feita sem anti-sepsia para não interferir na reação da droga.

A substância injetada deve formar uma pequena pápula na pele.

A penetração da agulha não deve passar de 2 mm (somente o bisel).

INJEÇÃO SUBCUTÂNEA (SC)

A via subcutânea, também chamada hipodérmica, é indicada principalmente para drogas

que não necessitam ser tão rapidamente absorvidas, quando se deseja eficiência da dosagem e

também uma absorção contínua e segura do medicamento.

Certas vacinas, como a anti-rábica, drogas como a insulina, a adrenalina e outros

hormônios, têm indicado especifica por esta via.

ÁREAS DE APLICAÇÃO

Os locais mais adequados para aplicação são aqueles afastados das articulações, nervos

e grandes vasos sangüíneos:

- partes externas e superiores dos braços;

- laterais externas e frontais das coxas;

- região gástrica e abdome (hipocondrio D e E);

- nádegas;

- costas (logo acima da cintura).

Obs.: Na aplicação de injeções subcutâneas o paciente pode estar em pé, sentado ou deitado,

com a área bem exposta.

Não se deve aplicar:

- nos antebraços e pernas;

- nas proximidades do umbigo e da cintura;

- próximo das articulações;

- na região genital e virilha.

MATERIAL

Bandeja contendo:

Seringa especial de 0,5 a 1 ml (seringa para insulina).

Agulhas pequenas 13 x 3,8 ou 4,5.

Álcool a 70%.

Algodão.

Etiqueta de identificação.

Saco plástico para lixo.

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MÉTODO

Lavar as mãos.

Preparo da medicação conforme técnica anteriormente descrita.

Explicar ao paciente o que vai fazer e deixá-lo confortável, sentado ou deitado.

Expor a área de aplicação e proceder a anti-sepsia do local escolhido.

Permanecer com o algodão na mão não dominante.

Segurar a seringa com a mão dominante, como se fosse um lápis.

Com a mão não dominante, fazer uma prega na pele, na região onde foi feita a anti-sepsia.

Nesta prega cutânea, introduzir a agulha com rapidez e firmeza, com ângulo de 90º (perpendicular

à pele).

Aspirar para ver se não atingiu um vaso sanguíneo, exceto na administração da heparina.

Injetar o líquido vagarosamente.

Esvaziada a seringa, retirar rapidamente a agulha, e com algodão fazer ligeira pressão no local, e

logo após, fazer a massagem. Para certos tipos de drogas, como a insulina e a heparina, não é

conveniente a massagem após a aplicação, para evitar a absorção rápida.

Observar o paciente alguns minutos, para ver se apresenta alterações.

Providenciar a limpeza e a ordem do material.

Lavar as mãos.

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Técnicas utilizando seringa

Materiais necessários: insulina, seringa, agulha, álcool e algodão. Lembre-se de lavar

cuidadosamente as mãos.

Verifique se a seringa é a correta.

Se usar insulina de ação intermediária de aspecto leitoso, agite

suavemente o frasco até que o líquido se homogenize. Desinfetar a

tampa de borracha do frasco com álcool.

Introduza uma quantidade de ar na seringa, que corresponde à dose de

insulina prescrita pelo médico.

Injete lentamente o ar dentro do frasco mantendo-o verticalmente em

frente aos olhos.

Vire o frasco, tire um pouco mais de insulina do que o necessário. Bata

na seringa, suavemente, com os dedos para retirar as bolhas de ar.

Injete o excesso de insulina no frasco e retire a agulha.

Faça uma prega na pele na região da injeção e introduza a agulha em

ângulo de 90º no tecido subcutâneo. Em crianças e pessoas magras,

introduza a agulha a 45º no tecido subcutâneo.

Injete a insulina lentamente, depois pressione com o dedo no lugar da

injeção e retire a agulha.

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Para não prejudicar o tecido subcutâneo, é importante aplicar a injeção

alternando o local de aplicação.

Fonte: www.diabetesbrasil.org

Como misturar as insulinas N (NPH) + R (Rápida) ou então L (Lenta) + (R) Rápida

Agite suavemente o frasco de insulina de ação intermediária (líquido de

aspecto leitoso).

Introduza uma quantidade de ar na seringa que corresponde à dose de

insulina prescrita pelo seu médico.

Injete ar dentro do frasco que contém insulina intermediária (líquido de

aspecto leitoso). Sem extrair a insulina, retire a agulha.

Com a mesma seringa, injete a quantidade de ar correspondente à dose de

insulina regular prescrita.

Injete o ar dentro do frasco que contém insulina regular.

Aspire a quantidade desejada de insulina com o frasco de cabeça para

baixo.

Retire a agulha do frasco.

Introduza a agulha novamente no frasco de insulina intermediária,

aspirando com o frasco de cabeça para baixo até a marca correspondente

à soma das duas insulinas.

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Retire a agulha do frasco, prossiga seguindo as mesmas recomendações

citadas na técnica de aplicação de insulina.

Obs.: Quando a mistura de insulina regular (R) for feita com insulina lenta (L), a aplicação deve

ser feita imediatamente.

OBSERVAÇÕES

Não utilizando a agulha curta, a angulação será de 45º para indivíduos normais, 90º para

obesos e 15º para excessivamente magros.

A diluição das drogas deve ser feita com precisão e segurança. Na dúvida, não aplicar.

Na aplicação da heparina subcutânea:

a) para evitar traumatismo do tecido, não é recomendado aspirar antes de injetar a medicação;

b) para evitar absorção rápida da medicação, não se deve massagear o local após a aplicação.

Na aplicação de insulina, utilizar a técnica do revezamento, que é um sistema padronizado

de rodízio dos locais das injeções para evitar abscessos, lipodistrofias e o endurecimento dos

tecidos na área da injeção.

INJEÇÃO INTRAMUSCULAR (IM)

É a deposição de medicamento dentro do tecido muscular.

Depois da via endovenosa é a de mais rápida absorção; por isso o seu largo emprego.

LOCAIS DE APLICAÇÃO

Na escolha do local para aplicação, é muito importante levar em consideração:

a) a distância em relação a vasos e nervos importantes;

b) musculatura suficientemente grande para absorver o medicamento;

c) espessura do tecido adiposo;

d) idade do paciente;

e) irritabilidade da droga;

f) atividade do cliente;

São indicadas, para aplicação de injeção intramuscular as seguintes regiões:

a) região deltoidiana - músculo deltoíde.

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b) região ventro-glútea ou de Hachstetter - músculo glúteo médio.

c) região da face ântero-lateral da coxa - músculo vasto lateral (terço médio).

d) região dorso-glúteo - músculo grande glúteo (quadrante superior externo).

ESCOLHA DO LOCAL

Embora existam controvérsias, segundo CASTELLANOS a ordem de preferância deve ser:

1º) Região ventro-glútea (VG): indicada em qualquer idade.

2º) Região da face ântero-lateral da coxa (FALC): contra-indicada para menores de 28 dias e

indicada especialmente para lactentes e crianças até 10 anos.

3º) Região dorso-glútea (DG): contra-indicada para menores de 2 anos, maiores de 60 anos e

pessoas excessivamente magras.

4º) Região deltoidiana (D): contra-indicada para menores de 10 anos e adultos com pequeno

desenvolvimento muscular.

OBSERVAÇÕES

Em nosso meio, a região FALC é usada também para recém-nascidos e a região DG também

para menores de 2 anos.

Na escolha do local, devem ser consideradas as condições musculares.

Escolha da agulha

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Para aplicar com agulha ideal, deve-se levar em consideração: o grupo etário, a condição física do

cliente e a solubilidade da droga a ser injetada.

Angulação da agulha

Nas regiões D e DG, a posição é perpendicular à pele, num ângulo de 90º.

Na região VG, recomenda-se que a agulha seja dirigida ligeiramente à crista iliaca.

Na região FALC o ângulo deve ser de 45º, em direção do pé.

MÉTODO

Preparar o medicamento conforme técnica descrita.

Levar o material para perto do paciente, colocando a bandeja sobre a mesinha.

Lavar as mãos.

Explicar o que vai fazer e expor a área de aplicação.

Com os dedos polegar e indicador da mão dominante, segurar o corpo da seringa e colocar o

dedo médio sobre o canhão da agulha.

Com a mão dominante, proceder à anti-sepsia do local. Depois, manter o algodão entre o dedo

mínimo e anular da mesma mão.

Ainda com a mão dominante, esticar a pele segurando firmemente o músculo.

Introduzir rapidamente a agulha com o bisel voltado para o lado, no sentido das fibras musculares.

Com a mão dominante, puxar o êmbolo, aspirando, para verificar se não lesionou um vaso.

Empurrar o êmbolo vagarosamente.

Terminada a aplicação, retirar rapidamente a agulha e fazer uma ligeira pressão com o algodão.

Fazer massagem local enquanto observa o paciente.

Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

Providenciar a limpeza e a ordem do material.

Lavar as mãos.

Checar o cuidado fazendo as anotações necessárias.

OBSERVAÇÕES

Em caso de substâncias oleosas, pode-se aquecer um pouco a ampola para deixá-la menos

densa.

Em caso de substância escura, puncionar com seringa em medicação e aspirar. Não vindo

sangue, adaptar a seringa com a medicação e injetar.

Caso venha sangue na seringa, retirar imediatamente e aplicar em outro local.

Injeções de mais de 3 ml. não devem ser aplicadas no deltóide.

Região deltóide – de 2 a 3 mililitros

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Região glútea – de 4 a 5 mililitros

Músculo da coxa – de 3 a 4 mililitros

Estabelecer rodízio nos locais de aplicação de injeções.

O uso do músculo deltóide é contra-indicado em pacientes com complicações vasculares dos

membros superiores, pacientes com parestesia ou paralisia dos braços, e aquelas que sofreram

mastectomia.

APLICAÇÃO EM Z OU COM DESVIO

É usada para evitar o refluxo da medicação, prevenindo irritação subcutânea e manchas

pelo gotejamento da solução no trajeto da agulha.

MÉTODO

Puxar a pele e o tecido subcutâneo para um lado (uns 2 cm) e manter assim até o final da

aplicação.

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Com a outra mão, inserir a agulha, aspirar com a ajuda dos dedos polegar e indicador e empurrar

o êmbolo com o polegar.

Retirar a agulha e só então liberar a mão não dominante, deixando o tecido subcutâneo e a pele

voltarem ao normal.

INJEÇÃO IM

Locais de Aplicação, Delimitação da área e Posição do Cliente

REGIÃO DELIMITAÇÃO DA ÁREA POSIÇÃO DO CLIENTE

1. Deltoidiana (D) Face lateral do braço, aproximadamente 4 dedos abaixo do ombro, no centro do

músculo deltóide. Preferencialmente sentado, com o antebraço flexionado, expondo

completamente o braço e o ombro.

2. Dorso-glutea (DG) Dividir o glúteo em 4 partes e aplicar no quadrante superior externo. Deitado,

em decúbito ventral, com a cabeça de preferência voltada para o aplicador - a fim de facilitar a

observação de qualquer manifestação facial de desconforto ou dor durante a aplicação. Os braços

devem ficar ao longo do corpo e os pés virados para dentro.

Deve-se evitar aplicações na região DG com o cliente em decúbito lateral, pois nessa posição há

distorção dos limites anatômicos, aumentando a possibilidade de punções mal localizadas. A

posição do cliente em pé também deve ser evitada, pois há completa contração dos músculos

glúteos nesse decúbito. A contração pode ser atenuada solicitando ao cliente que flexione

levemente a perna em que será aplicada a injeção. No caso de crianças, especialmente as

agitadas, há necessidade de uma contenção firme, sendo recomendado o auxílio da mãe,

colocando a criança em decúbito ventral no colo, segurando os braços com as mãos e colocando

as pernas da criança entre suas pernas, firmando bem.

3. Ventro-glútea (VG) Colocar a mão não dominante no quadril do paciente, espalmando a mão

sobre a base do grande trocanter do fêmur, localizando a espinha iliaca ântero-superior. Fazer a

injeção no centro da área limitada pelos dois dedos abertos em V. Nesse local não é necessária

posição especial. No entanto, especialmente no caso de principiantes a delimitação da área é

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facilitada com o paciente em decúbito lateral. Se a musculatura do paciente estiver tensa, a flexão

dos joelhos auxilia no relaxamento.

4. Músculo vasto lateral da coxa (FALC) Dividir a coxa em 3 partes e fazer a aplicação na região

ântero-lateral do terço médio. De preferência, o paciente deve ficar sentado, com a perna fletida,

ou deitado em decúbito dorsal, com as pernas distendidas.

INJEÇÃO ENDOVENOSA (EV)

É a introdução de medicamentos diretamente na veia.

FINALIDADES

Obter efeito imediato do medicamento.

Administração de drogas, contra-indicadas pela via oral, SC, IM, por sofrerem a ação dos sucos

digestivos ou por serem irritantes para os tecidos.

Administração de grandes volumes de soluções em casos de desidratação, choque, hemorragia,

cirurgias.

Efetuar nutrição parenteral.

Instalar terapêutica com sangue e hemoderivados.

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LOCAIS DE APLICAÇÃO

Quaisquer vias acessíveis, dando-se preferência para: Veias superficiais de grande calibre da

dobra do cotovelo: cefálica e basílica.

Veias do dorso da mão e antebraço.

MATERIAL

Bandeja contendo: Seringas de preferência de bico lateral.

Agulhas tamanhos 25 x 7 ou 8 ou 30 x 7 ou 8.

Algodão e álcool a 70%.

Garrote.

Toalha, papel-toalha, plástico ou pano para forrar o local da aplicação.

Etiqueta ou cartão de identificação.

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Luvas de procedimento.

Saco plástico para lixo.

MÉTODO

Lavar as mãos.

Preparar a injeção conforme técnica já descrita.

Levar a bandeja para perto do paciente.

Deixar a bandeja na mesa-de-cabeceira e preparar o paciente: explicar o que vai fazer; expor a

área de aplicação, verificando as condições das veias; colocar o forro para não sujar o leito.

Calçar as luvas.

Garrotear sem compressão exagerada, aproximadamente 4 dedos acima do local escolhido para

a injeção. Em pacientes com muitos pêlos, pode-se proteger a pele com pano ou com a roupa do

paciente.

Fazer o paciente abrir e fechar a mão diversas vezes e depois conservá-la fechada, mantendo o

braço imóvel.

Fazer a anti-sepsia ampla do local, com movimentos de baixo para cima.

Fixar a veia com o polegar da mão não dominante.

Colocar o indicador da mão dominante sobre o canhão da agulha, e com os demais dedos,

segurar a seringa. O bisel da agulha deve estar voltado para cima.

Se a veia for fixa, penetrar pela face anterior. Se for móvel, penetrar por uma das faces laterais,

empurrando com a agulha até fixá-la.

Evidenciada a presença de sangue na seringa, pedir para o paciente abrir a mão e retirar o

garrote.

Injetar a droga lentamente, observando as reações do paciente.

Terminada a aplicação, apoiar o local com algodão embebido em álcool.

Retirar a agulha, comprimir o vaso com algodão, e solicitar ao paciente para permanecer com o

braço distendido. Não flexioná-lo quando a punção ocorrer na dobra do cotovelo, pois esse

procedimento provoca lesão no tecido.

Retirar as luvas.

Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

Providenciar a limpeza e a ordem do material.

Lavar as mãos.

OBSERVAÇÕES

Não administrar drogas que contenham precipitados ou flóculos em suspensão.

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Para administrar dois medicamentos ao mesmo tempo, puncionar a veia uma vez, usando uma

seringa para cada droga. Só misturar drogas na mesma seringa se não existir contra-indicação.

Usar só material em bom estado: seringa bem adaptada, agulha de calibre adequado.

Mudar constantemente de veia.

A presença de hematoma ou dor indica que a veia foi transfixada ou a agulha está fora dela:

retirar a agulha e pressionar o local com algodão. A nova punção deverá ser feita em outro local,

porque a recolocação do garrote aumenta o hematoma.

Para facilitar o aparecimento da veia podemos empregar os seguintes meios:

Aquecer o local com auxilio de compressas ou bolsas de água quente.

Fazer massagem local com suavidade, sem bater. Os "tapinhas" sobre a veia devem ser evitados,

pois além de dolorosos podem lesar o vaso. Nas pessoas com ateroma (placas, compostas

especialmente de lipídeos e tecido fibroso, que se formam na parede dos vasos e acumulam-se

progressivamente no vaso) pode haver seu desprendimento, causando sérias complicações.

Pedir ao paciente que, com o braço voltado para baixo, movimente a mão (abrir e fechar) e o

braço (fletir e estender) diversas vezes.

ACIDENTES QUE PODEM OCORRER

Choque: vaso-dilatação geral com congestão da face, seguida de palidez, vertigem, agitação,

ansiedade, tremores, hiperemia, cianose, podendo levar a morte. O choque pode ser:

-Pirogênico: atribuído à presença de "pirogênio"no medicamento (substância produzida por

bactérias existentes no diluente).

-Anafilático: devido à susceptibilidade do indivíduo à solução empregada.

-Periférico: etilogia variada (emocional, traumático, superdosagem, aplicação rápida).

Embolia: devido à injeção de ar, coágulo sangüíneo ou medicamento oleoso.

Acidentes locais:

-Esclerose da veia por injeções repetidas no mesmo local.

-Necrose tecidual: devido a administração de substâncias irritantes fora da veia.

-Hematomas: por rompimento da veia e extravasamento de sangue nos tecidos próximos.

-Inflamação local e abscessos: por substâncias irritantes injetadas fora da veia ou falta de

assepsia.

-Flebites: injeções repetidas na mesma veia ou aplicação de substâncias irritantes.

APLICAÇÃO DE INJEÇÃO ENDOVENOSA EM PACIENTES COM SORO

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Devido ao risco de contaminação e acidentes, a aplicação de medicamentos através da

"borrachinha" deve ser evitada. Nesse caso, o melhor é usar equipos com infusor lateral ou

conectores em y (Polifix).

Na ausência de dispositivos especiais, aconselha-se:

Pinçar o equipo de soro e desconectá-lo do escalpe.

Adaptar a seringa, com a medicação ao escalpe mantendo a extremidade do equipo entre os

dedos, sem contaminá-lo.

Aspirar com a seringa. Havendo refluxo de sangue, administrar lentamente o medicamento.

Terminada a aplicação, adaptar novamente o equipo ao escalpe, evitando a entrada de ar, e

regular o gotejamento do soro.

VENÓCLISE

É a introdução de grande quantidade de líquido, por via endovenosa.

LOCAIS DE APLICAÇÃO

De preferência veias que estejam distantes de articulações, para evitar que com o movimento a

agulha escape da veia.

MATERIAL

Bandeja contendo: Agulha ou escalpe*.

Equipo para soro (plastequipo).

Frasco com a solução prescrita.

Esparadrapo ou micropore.

Suporte para o frasco de soro.

Tesoura.

Saco plástico para lixo

Luvas de procedimento

Etiqueta de identificação.

Garrote.

Algodão.

Cuba-rim.

Álcool a 70%.

Quando necessário: Tala para imobilizar e ataduras.

* Ao invés da agulha, melhor é utilizar conjunto alado para infusão, também chamado escalpe ou

Butterfly.

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VANTAGEM DO "ESCALPE "SOBRE A AGULHA COMUM:

-As asas podem ser dobradas para cima, facilitando a introdução na veia.

-A ausência de canhão permite melhor controle sobre a agulha e envia maior angulação.

-É menos traumatizante, pois são apresentados em diversos calibres e com bisel curto que reduz

a possibilidade de transfixar a veia.

-Após a introdução na veia, as asas são soltas, proporcionando um contato plano menos irritante

para o paciente.

A numeração dos escalpes na escala descendente é 27,25,23,21,19 e 17 para o uso comum,

existindo outros calibres para tratamentos especializados.

MÉTODO

Preparo do ambiente e do paciente

Conversar com o paciente sobre o cuidado a ser executado.

Providenciar suporte para o soro.

Verificar as condições de iluminação e aeração.

Desocupar a mesa-de-cabeceira.

Preparo do medicamento

Lavar as mãos.

Abrir o frasco com a solução e o plastequipo.

Introduzir no frasco de soro, os medicamentos prescritos.

Adaptar o plastequipo no frasco.

Retirar o ar, pinçar e proteger a extremidade do plastequipo.

Rotular o frasco com nome do paciente, leito, o conteúdo da solução, horário de início e término,

número de gotas/minuto, data e assinatura do responsável pelo preparo.

APLICAÇÃO

Lavar as mãos.

Levar o material na bandeja e colocar na mesa-de-cabeceira.

Separar as tiras de esparadrapo ou micropore.

Selecionar a veia a ser puncionada.

Colocar o frasco no suporte e aproximá-lo do paciente.

Posicionar o paciente de modo a mantê-lo confortável e facilitar a visualização das veias.

Calçar as luvas.

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Prender o garrote aproximadamente 4 dedos acima do local da punção e pedir ao paciente para

abrir e fechar as mãos (se MMSS), e conservá-la fechada.

Fazer anti-sepsia da área, com movimentos firmes e no sentido do retorno venoso, para estimular

o aparecimento das veias.

Desprezar o algodão no saco plástico com o polegar da mão não dominante, fixar a veia,

esticando a pele, abaixo do ponto de punção.

Introduzir o escalpe e tão logo o sangue preencha totalmente o escalpe, pedir para o paciente

abrir a mão, soltar o garrote e adaptar o escalpe ao equipo.

Abrir o soro observando o local da punção.

Fixar o escalpe com o esparadrapo ou micropore.

Controlar o gotejamento do soro, conforme prescrição.

Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.

Providenciar a limpeza e a ordem do material.

Retirar as luvas e lavar as mãos.

Anotar o horário da instalação.

OBSERVAÇÕES

Observar o local da punção, para detectar se o escalpe está na veia, evitando edema, hematoma,

dor e flebite.

Controlar o gotejamento do soro de 2/2 horas.

No caso de obstrução do cateter ou escalpe, tentar aspirar o coágulo com uma seringa. Jamais

empurrá-lo.

Para verificar se o soro permanece na veia:

Observar a ausência de edema, vermelhidão ou dor no local.

Colocar o frasco abaixo do local de punção, a fim de verificar se há refluxo de sangue para o

escalpe.

Devido ao risco de contaminação, não se deve desconectar o soro escalpe para ver se o sangue

reflui.

Caso os testes demonstrem problemas, providenciar imediatamente nova punção.

Em casos de pacientes inconscientes, agitados e crianças, fazer imobilizações.

Se o acondicionamento da solução for em frasco tipo "Vacoliter", ao retirar a borracha que recobre

os orifícios de entrada do equipo e do ar, observar se faz ruído pela entrada do ar. Se não o fizer,

não deverá ser usado.

Só aplicar soluções límpidas.

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Nos frascos de plástico não há necessidade de colocar a agulha para fazer o respiro. Se julgar

conveniente colocá-la, observar que não haja contaminação do conteúdo, fazendo desinfecção do

local de inserção da agulha e evitando que a agulha toque no conteúdo líquido.

Usualmente o frasco fica pendurado no suporte, numa altura aproximada de um metro acima do

leito, mas pode variar conforme a pressão que se deseja obter. Quanto mais alto estiver o frasco,

maior é a força da gravidade que impulsiona o líquido.

HEPARINIZAÇÃO

É a administração de uma solução anticoagulante (heparina ou liquemine) para evitar a

coagulação do sangue no equipo, mantendo-o o pérvio.

São bastante controvertidas as quantidades recomendadas para heparinizar.

Aplicar 0,5 a 1,0 ml da solução preparada.

OBSERVAÇÕES

O escalpe heparinizado deve ser trocado quando surgirem sinais de flebite ou infiltração como:

edema, dor e vermelhidão no local.

A heparina diluída, guardada no refrigerador a 4ºC, pode ser utilizada até 72 horas após seu

preparo.

Certos serviços de saúde já utilizam a heparina que vem diluída da farmácia, pronta para uso.

Recomenda-se trocar a solução heparizada contida no interior do cateter, a cada 8 horas, caso

não haja administração de medicamento neste período.

É utilizada, também vitamina C sem diluir, para manter o cateter desobstruido.

CÁLCULO PARA GOTEJAMENTO DE SORO

Para calcular o ritmo do fluxo do soro a ser administrado num determinado período de tempo,

deve-se considerar o tipo de equipo, a quantidade e o número de horas desejado para a

administração do soro. Existe no mercado equipo de micro e macrogotas, que correspondem

respectivamente a 60 gotas e a 20 gotas por ml.

Para administrar um soro de 500 ml em 8 horas, utilizando equipo de macrogotas ( equipo

padrão), efetuaremos o seguinte cálculo:

1º) 1ml = 20 gotas

50 ml = x = 10.000 gotas

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2º) 1 hora = 60 minutos

8 horas = x = 480 minutos

3º) 10.000 gotas = 20.8

480 minutos = 21,0 gotas por minuto

TABELA de gotejamento de soro

Quantidade 500 ml 1000 ml 2000 ml

Nºhoras Nºgotas Nºgotas Nºgotas

24 07 14 27

18 09 18 37

12 14 27 55

10 16 33 66

08 21 42 83

06 27 55 111

Obs.: 1) Para controle mais preciso de gotejamento e quantidade a ser infundida existem

aparelhos apropriados, como a bomba infusora.

CATETERES

O uso constante da rede venosa para administração de medicamentos, sangue e coleta de

sangue para exames laboratoriais, e as condições próprias das veias do paciente, às vezes

recomendam que se utilizem cateteres venosos, que podem ser de curta ou longa permanência.

O cateter de curta permanência mais comum é o Intracath. E dentre os de longa

permanência, existem os totalmente implantados (Port-a-cath) e os parcialmente implantados

(Broviac e Hickman).

Os cuidados variam conforme o tipo de cateter.

Geralmente é recomendado:

Manter o cateter sob infusão continua (preferencialmente) ou heparinizado.

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Fazer diariamente curativo no local de implantação do cateter, observando as condições locais.

Utilizar para anti-sepsia soluções a base de iodo (Povidine tópico, por exemplo).

Controlar o tempo de permanência do cateter.

Observar possíveis complicações, como febre ou outros sintomas sugestivos de infecção.

DELIMITAÇÃO DOS LOCAIS DE APLICAÇÃO

Devem ser distantes dos vasos e nervos, musculatura desenvolvida, irritabilidade da droga

(profunda), espessura do tecido adiposo, preferência do paciente.

REGIÃO DELTÓIDE

-Traçar um retângulo na região lateral do braço iniciando de 3 a 5 cm do acrômio (3 dedos), o

braço deve estar flexionado em posição anatômica;

-Não pode ser com substâncias irritantes acima de 2 ml.

REGIÃO DORSOGLÚTEA (DG)

-Traçar linha partindo da espinha ilíaca póstero-superior até o grande trocânter do fêmur,

puncionar acima desta linha (quadrante superior externo);

-Em dorso lateral (DL): posição de Sims;

-Em pé: fazer a contração dos músculos glúteos fazendo a rotação dos pés para dentro e braços

ao longo do corpo.

REGIÃO VENTROGLÚTEA (HOCHSTETER OU VG)

-Colocar a mão E no quadril D, apoiando com o dedo indicador na espinha ilíaca ântero-superior

D, abrir o dedo médio ao longo da crista ilíaca espalmando a mão sobre a base do grande

trocânter do fêmur e formar com o dedo indicador um triângulo.

-Se a aplicação for feita do lado esquerdo do paciente, colocar o dedo médio na espinha ilíaca

ântero-superior e afastar o indicador para formar o triângulo.

-A aplicação pode ser feita em ambos locais.

REGIÃO FACE ÂNTERO-LATERAL DA COXA

- Retângulo delimitado pela linha média anterior e linha média lateral da coxa, de 12 a 15 cm

abaixo do grande trocânter do fêmur e de 9 a 12 cm acima do joelho, numa faixa de 7 a 10 cm de

largura;

-Agulha curta: criança 15/20, adulto 25;

-Angulação oblíqua de 45º em direção podálica (em direção ao pé);

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I CURSO DE APLICAÇÃO DE INJETÁVEIS DA FACULDADE DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA DA UFJF – ABRIL/2011 – Mércia Ramos

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APLICAÇÃO

-Pinçar o músculo com o polegar e o indicador, introduzir a agulha e injetar lentamente a

medicação, retirar a agulha rapidamente colocando um algodão, massagear por uns instantes.

Referências Bibliográficas

1 - FRANÇA, Júnia Lessa. Manual de Normalização; de Publicações Técnico - Científicas. 3. ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. 191p.

2 - GALLINA, Vera Lúcia Pivello. Âmbito Farmacêutico 145 - Manual do Balconista no 1

3 - http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura <acessada em 06/04/2011>

4 - http://www.hipertrofia.org/forum/topic/7995-injecao-subcutanea-e-intramuscular/ <acessada em

06/04/2011>

5 - AMATO, Alexandre Campos Moraes. Procedimentos Médicos - Técnica e Tática. São Paulo:

Roca, 2008

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I CURSO DE APLICAÇÃO DE INJETÁVEIS DA FACULDADE DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA DA UFJF – ABRIL/2011 – Mércia Ramos

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6 - GODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 8.ed. Rio de

Janeiro:.Guanabara Koogan, 1997. 1232p.

7 - KATZUNG, Bertram G. Basic & Clinical Pharmacology. 7th ed. Stamford: Appleton .& Lange,

1998. 1151p.

8 - SOUZA, Euvira de F. Novo Manual de Enfermagem; Procedimentos e Cuidados. Básicos. 6.ed.

Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1980. 491p.

9 - SOUZA, Euvira de F. Administração de Medicamentos e Preparo de Soluções. 3.ed. .Rio de

Janeiro: Cultura Médica, 1978. 128p.

10 - GODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 8 ed. Rio de

Janeiro:.Guanabara Koogan, 1997. 1232p.

11 - KATZUNG, Bertram G. Basic & Clinical Pharmacology. 7th ed. Stamford: Appleton .& Lange,

1998. 1151p.

12 - SOUZA, Euvira de F. Novo Manual de Enfermagem; Procedimentos e Cuidados Básicos. 6

.ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1980. 491p.

13 - SOUZA, Euvira de F. Administração de Medicamentos e Preparo de Soluções. 3.ed. Rio de

Janeiro: Cultura Médica, 1978. 128p.