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Sistemas Prediais Hidráulico-Sanitários Wellington Luiz Borges Belo Horizonte, 2010.

Apostila Curso Sistemas Hidráulico Sanitários-Wellington

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Sistemas Prediais

Hidráulico-Sanitários

Wellington Luiz Borges

Belo Horizonte, 2010.

2

SUMÁRIO

1.1 - PERSPECTIVA DOS SISTEMAS HIDRÁULICO-SANITÁRIOS NO BRASIL .... 5

1.2 - SISTEMAS HIDRÁULICO-SANITÁRIOS MÍNIMOS .......................................... 5

1.3 - SISTEMAS PREDIAIS E RESPECTIVAS NORMAS ......................................... 6

1.3.1 - SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ...................................................... 6

1.3.2 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE ....................................... 10

1.3.3 - SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO – PROJETO E

EXECUÇÃO ........................................................................................................ 13

1.3.4 - SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS .......................................... 14

2. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA .................................................................. 16

2.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUA FRIA ...................................................... 16

2.2 – RESERVATÓRIOS......................................................................................... 16

2.2.1 - PRESCRIÇÕES PARA RESERVATÓRIOS .............................................. 16

2.2.2 - CONSUMO DIÁRIO .................................................................................. 16

2.2.3 - DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS .................................... 19

2.3 - DIMENSIONAMENTO DO ALIMENTADOR PREDIAL E DO RAMAL PREDIAL

................................................................................................................................ 21

2.4 - LIGAÇÃO PREDIAL ...................................................................................... 23

2.5 - DIMENSIONAMENTO DO EXTRAVASOR E LIMPEZA .................................. 26

2.6 - CONDUÇÃO DE ÁGUA FRIA ....................................................................... 28

2.6.1 - QUANTO À PRESSÃO MÁXIMA E MÍNIMA ........................................... 28

2.6.2 - QUANTO À VELOCIDADE MÁXIMA DO FLUXO ................................... 29

2.6.3 - QUANTO AO GOLPE DE ARIETE ......................................................... 29

2.6.4 - QUANTO À PERDA DE CARGA ............................................................ 30

2.6.5 - CÁLCULO DAS PERDAS DE CARGA ..................................................... 31

2.6.6 - QUANTO À VAZÃO E DIÂMETROS MÍNIMOS ........................................ 43

2.7 - SISTEMA ELEVATÓRIO ............................................................................... 46

2.7.1 - TUBULAÇÃO DE SUCÇÃO ...................................................................... 46

2.7.2 - TUBULAÇÃO DE RECALQUE ............................................................... 47

2.7.3 - VAZÃO A CONSIDERAR PARA A BOMBA .............................................. 47

2.7.4 - DIMENSIONAMENTO DE RECALQUE E DE SUCÇÃO ........................... 48

2.7.5 - BOMBAS .................................................................................................. 52

SISTEMA ELEVATÓRIO ESQUEMÁTICO .......................................................... 56

2.8 - DIMENSIONAMENTO DOS SUB-RAMAIS ................................................... 61

2.9 - DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE ALIMENTAÇÃO ........................... 61

3

2.10 - DIMENSIONAMENTO DO BARRILETE ...................................................... 71

PLANILHA DE CÁLCULO DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ......... 79

2.11 - DIMENSIONAMENTO DAS COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO ........................ 80

- MÉTODO DE HUNTER - ...................................................................................... 80

PLANILHA DE CÁLCULO DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ......... 82

3. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE............................................................ 83

3.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUA QUENTE .............................................. 83

3.2 - TIPOS DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO ................................................. 83

3.3 - CONSUMO PREDIAL ................................................................................... 84

3.4 - CONDUÇÃO DE ÁGUA QUENTE ................................................................. 84

3.4.1 - QUANTO À PRESSÃO MÁXIMA E MÍNIMA ........................................... 85

3.4.2 - QUANTO AS VAZÕES E VELOCIDADES MÁXIMAS DE FLUXO .......... 85

3.4.3 - QUANTO ÁS PERDAS DE CARGA ........................................................ 85

3.4.4 - QUANTO À VAZÃO E DIÂMETRO MÍNIMOS ......................................... 85

3.5 - DIMENSIONAMENTO PARA A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA QUENTE ............ 87

3.5.1 - SUB-RAMAIS ......................................................................................... 87

3.5.2 - RAMAIS DE ALIMENTAÇÃO .................................................................. 87

3.5.3 - COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO .............................................................. 87

3.6 - PRODUÇÃO DE ÁGUA QUENTE ................................................................... 88

3.6.1 - ELETRICIDADE E GÁS ............................................................................ 88

3.6.2 - ENERGIA SOLAR .................................................................................. 95

4. SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO .................................................. 97

4.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ESGOTO SANITÁRIO ...................................... 97

4.1.1 - ESGOTO SECUNDÁRIO E ESGOTO PRIMÁRIO .................................... 97

4.2 - DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE ESGOTO SANITÁRIO .............. 97

4.2.1 - RAMAIS DE DESCARGA E RAMAIS DE ESGOTO ................................. 97

POLEGADA ............................................................................................................ 99

4.2.2 - TUBOS DE QUEDA TQ .......................................................................... 102

4.2.3 - COLETOR PREDIAL, SUBCOLETOR OU REDE HORIZONTAL ........... 105

4.3 - TUBULAÇÃO DE VENTILAÇÃO ................................................................... 107

4.3.1 - OBJETIVO DA VENTILAÇÃO ................................................................. 107

4.3.2 - PRESCRIÇÕES BÁSICAS ..................................................................... 107

4.3.3 - DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE VENTILAÇÃO................... 112

4.4 - DIMENSIONAMENTO DAS CAIXAS ............................................................ 115

4.4.1 - CAIXA COLETORA (CC) ........................................................................ 115

4.4.2 - CAIXA DE INSPEÇÃO (C I) .................................................................... 115

4

4.4.3 - CAIXA DE PASSAGEM (C P) ................................................................. 118

4.4.4 - CAIXA RETENTORA DE GORDURA (CG) ............................................ 119

4.4.5 - CAIXA SIFONADA (CS) ......................................................................... 121

4.4.6 - POÇO DE VISITA (PV) ........................................................................... 122

4.5 - FOSSAS SÉPTICAS ..................................................................................... 123

4.5.1 - TERMINOLOGIA .................................................................................... 123

4.5.2 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA FOSSAS SÉPTICAS ................................ 127

4.5.3 - TIPOS DE FOSSAS SÉPTICAS ............................................................. 127

4.5.4 - DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS .................................. 133

4.5.5 - DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE ................................................................ 139

4.5.6 - OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO .............................................................. 144

4.6 ANEXOS SISTEMAS PREDIAIS ESGOTO SANITÁRIO ................................. 145

4.6.1 DISPOSITIVOS DE ADMISSÃO DE AR ................................................... 145

4.6.2 LIGAÇÃO DO RAMAL DE VENTILAÇÃO ................................................. 146

4.6.3 DESVIO DO TUBO DE QUEDA ................................................................ 148

4.6.4 ZONAS DE SOBREPRESSÃO ................................................................. 149

5. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS ...................................................... 150

5.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUAS PLUVIAIS .......................................... 150

5.2 - DIMENSIONAMENTO PARA ÁGUAS PLUVIAIS .......................................... 150

5.2.1 - FATORES METEOROLÓGICOS ............................................................ 151

5.2.2 - ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO .................................................................... 155

5.2.3 - VAZÃO DE PROJETO ............................................................................ 155

5.2.4 - CALHAS ................................................................................................. 156

5.2.5 - CONDUTORES VERTICAIS ................................................................... 159

5.2.6 - CONDUTORES HORIZONTAIS ............................................................. 162

5.2.7 - CAIXA DE AREIA E CAIXA DE INSPEÇÃO ........................................... 167

5

1.1 - PERSPECTIVA DOS SISTEMAS HIDRÁULICO-SANITÁRIOS NO BRASIL

Os sistemas prediais hidráulico-sanitários são regidos por normas da ABNT e

estão em constante evolução, portanto sujeitos a alterações visando adequá-los à

realidade. As normas são dinâmicas, precisam de constantes revisões.

Os projetos de sistemas prediais precisam ser integrados aos projetos

estruturais e as interferências devem ser analisadas e reduzidas ao mínimo.

Os projetos devem ter um nível de detalhamento que garantam a execução na

obra, sem improvisações; esta é a solução mais econômica e eficaz.

Na prática verifica-se um certo desprezo para com os projetos de sistemas

prediais e mais tarde, após a implantação da obra, vários problemas irão surgir,

relacionados com a hidráulica e estes poderiam ter sido eliminados se fosse dada a

devida importância que o assunto requer.

Faz-se necessário obrigar a incorporação da ART (Anotação de

Responsabilidade Técnica) ao projeto, bem como instituir uma fiscalização deste e de

sua execução.

1.2 - SISTEMAS HIDRÁULICO-SANITÁRIOS MÍNIMOS

Os sistemas prediais de água e esgotos têm como finalidades fazer a

distribuição da água, em quantidade suficiente, e promover o afastamento adequado

das águas servidas, criando, desta forma, condições favoráveis ao conforto e

segurança dos usuários.

Toda habitação, por mais simples que seja, deve possuir sistema de

abastecimento de água e condições satisfatórias de esgotamento dos resíduos.

Atendendo às exigências sanitárias mínimas, consegue-se atenuar o perigo das

contaminações; mas este perigo não é eliminado completamente, razão pela qual é

necessário que as populações e os governos adotem critérios nos quais as atividades

sanitárias sobreponham às de ordem econômica.

Os sistemas podem ser classificados em internos, quando estiverem no interior

das edificações; e externos, que são as obras públicas de saneamento.

Os sistemas hidráulico-sanitários residenciais mínimos compreendem os

seguintes aparelhos sanitários: um vaso ou bacia sanitária, um lavatório, um chuveiro,

uma pia de cozinha e um tanque. É necessário ainda que se instale uma caixa de

gordura, uma caixa sifonada e caixa de inspeção para ligar o esgoto predial à rede

6

pública. Em projetos especiais podem ser suprimidos e/ou acrescentados alguns

aparelhos sanitários, obedecendo, porém, as recomendações das Tabelas 1.1 e 1.2

A distribuição da água quente em sistemas prediais tem por finalidade atender

aos usos domésticos como banho, lavagem de roupas e utensílios de cozinha,

tornando-se indispensável em ambiente de maior conforto. O seu emprego é muito

difundido em indústrias, lavanderias, laboratórios e hospitais. É utilizada também para

a calefação, mas este fim não é de corrente uso no Brasil e sim em países de clima

frio.

As águas pluviais deverão ser conduzidas, por sistemas especiais, aos cursos

d’água disponíveis na região. A ligação do esgotamento das águas pluviais das

edificações à rede pública é feita através de uma caixa de areia ou de um poço de

visita. É comum também o lançamento direto em sarjetas de vias públicas.

1.3 - SISTEMAS PREDIAIS E RESPECTIVAS NORMAS

1.3.1 - SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

NBR 5626/1998 DA ABNT.

A distribuição de água fria potável poderá ser feita através dos seguintes

maneiras:

a) Distribuição Direta

Os pontos de saída de água serão alimentados diretamente da rede

pública, quando houver pressão suficiente e continuidade no sistema público

de abastecimento de água. Neste caso não existe reservatório domiciliar e a

distribuição da água no interior da edificação é ascendente (Figura 1.1).

b) Distribuição Indireta

Este sistema de distribuição exige o uso de reservatórios de acumulação para

atender às eventuais interrupções de fornecimento de água ou quando a pressão da

rede pública não for suficiente para elevar a água até o reservatório superior.

7

Tabela 1.1 – Número mínimo de aparelho sanitário

Tipo de edifício

ou ocupação

Lavatórios Banheiras ou

Chuveiros

Bebedouros

instalados fora

dos

compartimentos

sanitários

Vasos sanitários Mictórios

Residências ou

apartamentos

1 p/ cada

residência ou

apartamento

1 p/ cada

residência ou

apartamento e

chuveiro para

serviço

1 p/ cada

residência ou

apartamento e 1

para serviço

Escolas

Primárias

1 p/ cada 60

pessoas

1 p/ cada 20

alunos (caso haja

Educação Física)

1 p/ cada 75

alunos

Meninos: 1 p/

cada 100

Meninas: 1 p/

cada 25

1 para cada 30

meninos e/ou

rapazes

Escolas

Secundárias

1 p/ cada 100

pessoas

Rapazes: 1 p/

cada 100

Moças: 1 para

cada 45

Escritórios ou

Edifícios

Públicos

Nº de

pessoa

s

Nº de

aparel

hos

Nº de

pessoa

s

Nº de

aparelh

os

Quando há

mictórios

instalar 1 vaso

sanitário

1 - 15

16-35

36-60

61-90

91-125

1

2

3

4

5

1 para cada 75

pessoas

1-15

16-35

36-55

56-80

81-110

111-

150

1

2

3

4

5

6

para cada

mictório,

contanto que o

número de

vasos não seja

reduzido a

Acima de 125,

adicionar 1

aparelhos p/

cada 45

pessoas a mais

Acima de 150,

adicionar 1

aparelhos p/

cada 40 pessoas

a mais

menos de 2/3

do especificado

Estabelecimento

s industriais

Nº de

pesso

Nº de

aparelh

1 chuveiro para

cada 15 pessoas

1 para cada 75

pessoas

Nº de

pesso

Nº de

aparelh

Mesma

especificação

8

as os dedicadas a as os feita para os

1-100 1 para

cada

10

pessoa

s

atividades

contínuas ou

expostas a calor

excessivo ou

contaminação da

1-9

10-24

25-49

50-74

75-100

1

2

3

4

5

escritórios ou 1

p/ cada 50

operários

Mais

de

100

1 para

cada

15

pessoa

s

pele com

substâncias

venenosas,

infecciosas ou

irritantes

Acima de 100,

adicionar 1

aparelho para

cada 30

empregados

Tabela 1. 2 – Número mínimo de aparelho sanitário

Tipo de

edifício ou

ocupação

Lavatórios Banheiras ou

Chuveiros

Bebedouros

instalados

fora dos

compartime

ntos

sanitários

Vasos sanitários Mictórios

Cinemas,

teatros,

auditórios e

Nº de

pessoa

s

Nº de

aparel

hos

Nº de

pessoas

Nº de

aparelhos

Nº de

pessoas

Nº de

aparelhos

locais de

reunião

1 para cada mas

c

fem MASC

1-200

201-

400

401-

750

1

2

3

100 pessoas 1-100

101-200

201-440

1

2

3

1

2

3

1-100

101-200

201-400

1

2

3

Acima de 750,

adicionar 1

aparelho para

cada 500

pessoas a mais

Acima de 400,

adicionar 1 aparelho

para cada 500

homens ou 300

mulheres a mais

Acima de 400,

adicionar 1 aparelho

para cada 300

homens a mais

Dormitórios 1 para cada 12

pessoas. Acima

1 para cada 8

pessoas. No

1 para cada

75 pessoas

Nº de

pessoas

Nº de

aparelho

s

1 para cada 25

homens.

Acima de 150

pessoas

9

de 12 adicionar

1

caso de

dormi-

mas

c

fem. mas

c

fe

m

adicionar 1 aparelho

lavatório para tórios de mu- 1-10 1-8 1 1 para cada 20

pessoas

cada 20

homens ou

para cada 15

mulheres a

mais

lheres,

adicionar

banheiras na

razão de 1

para cada 30

pessoas a

mais

Acima de 10 homens

adicionar um aparelho

para cada 25 homens

a mais e acima de 8

mulheres 1 aparelho

para cada 20

mulheres a mais

a mais.

Acampament

os e

instalações

provisórias

1 para cada

30 operários

1 para cada 30

operários

1 para cada 30

operários

Podem ser adotados três casos:

b.1 - Distribuição indireta, sem recalque

A água potável vem diretamente da rede pública, quando houver pressão

suficiente até o reservatório superior, que alimenta por gravidade os pontos de saída

de água. Este reservatório fica situado acima do pavimento mais elevado do prédio.

(Figura 1.2).

b.2 - Distribuição indireta, com recalque

Quando a pressão da rede pública não for suficiente para alimentar o

reservatório superior, utiliza-se um outro de cota reduzida, geralmente localizado no

pavimento térreo ou no sub-solo, denominado reservatório inferior ou subterrâneo, de

onde a água é recalcada, por meio de bombas, para o reservatório superior ou

elevado e a partir deste é feita a distribuição por gravidade para o interior da

edificação. (Figura 1.3).

10

b.3 - Distribuição indireta, hidropneumática

Este processo dispensa o reservatório superior e a distribuição é ascendente, a

partir de um reservatório de aço onde a água fica pressurizada. Este reservatório

hidropneumático é alimentado por bombeamento a partir do reservatório inferior. Estes

equipamentos requerem manutenção preventiva periódica. (Figura 1.4).

c) Distribuição Mista

Trata-se de uma associação dos sistemas direto e indireto, ou seja, parte da

edificação tem os pontos de saída de água alimentados diretamente pela rede pública

e parte alimentada pelo reservatório superior ou através do sistema hidropneumático.

(Figura 1.5).

Cada um dos sistemas relacionados apresentam vantagens e desvantagens,

que devem ser analisadas pelo projetista, conforme a realidade local em que esteja

trabalhando.

A NBR 5626/98 recomenda que a utilização dos sistemas de distribuição de

água direto ou hidropneumático sejam devidamente justificados.

1.3.2 - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

NBR 7198/1993, DA ABNT.

Projeto e execução de Sistemas Prediais de Água Quente.

O aquecimento da água para fins domésticos normalmente é realizado pelos

seguintes sistemas:

a) Instantâneo ou Individual

O sistema de aquecimento é instantâneo ou individual quando alimenta uma

única peça de utilização. Ex.: chuveiros, torneiras.

11

b) Central Privado

O sistema de aquecimento é central privado quando alimenta várias peças de

utilização de um único domicílio, podendo ser instantâneo ou de acumulação. Ex.:

aquecedor de acumulação e reservatório de água quente.

c) Central Coletivo

O sistema de aquecimento é central coletivo quando alimenta peças de

utilização de vários domicílios ou várias unidades. Ex.: Prédio de apartamentos, hotéis,

motéis, hospitais, etc.

Figura 1.1 – Distribuição Direta

Figura 1. 2 – Distribuição Indireta, sem recalque

12

Figura 1. 3 – Distribuição indireta, com recalque

Figura 1. 4 – Distribuição indireta, hidropneumática

13

Figura 1. 5 – Distribuição mista

1.3.3 - SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO – PROJETO E EXECUÇÃO

NBR 8160/1999 DA ABNT

O despejo de esgoto sanitário poderá ser feito através das seguintes formas:

a) Direto

O esgoto é lançado diretamente do coletor predial ao coletor público, quando a

profundidade do mesmo não exceder à do coletor público. (Figura 1.6)

b) Indireto

O esgoto é recolhido em caixa coletora quando a profundidade do coletor

predial exceder à do coletor público e, em seguida, por meio de uma elevatória, é

recalcado para esse coletor. (Figura 1.7)

14

1.3.4 - SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

NBR 10844/1989 DA ABNT.

O esgotamento das águas pluviais poderá ser direto ou indireto (tal qual o de

esgoto sanitário) para os coletores públicos de águas pluviais ou sarjetas dos

logradouros. O mesmo deverá ser projetado através do menor percurso e

conseqüentemente ser feito no menor tempo possível.

O esgotamento das águas pluviais deverá ser independente do esgoto

sanitário, eliminando assim a possibilidade de penetração de gases ao interior

das edificações.

Além da NBR 10844/1989 da ABNT, os sistemas prediais de águas pluviais

são regidos também pelos códigos de Obras Municipais, que normalmente proíbem a

queda livre das águas dos telhados das edificações, bem como em terrenos vizinhos.

Figura 1. 6 – Esgotamento Direto

15

Figura 1.7 – Esgotamento Indireto

16

2. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

2.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUA FRIA

As Normas NBR 5626/98 prescreve os requisitos técnicos mínimos para que as

instalações prediais de água fria sejam projetadas e construídas de tal maneira que:

- garantam o fornecimento suficiente de água;

- minimizam os ruídos;

- tenham pressão mínima necessária;

- mantenham a qualidade da água.

2.2 – RESERVATÓRIOS

2.2.1 - PRESCRIÇÕES PARA RESERVATÓRIOS

Segundo a Norma NBR 5626/98 os reservatórios devem ser projetados e

construídos de maneira que:

- sejam perfeitamente estanques;

- possuam paredes lisas, executadas com materiais que não alterem a qualidade da

água e que resistam ao ataque da mesma;

- impossibilitem o acesso de elementos que poluam ou contaminem a água;

- possuam abertura para inspeção, limpeza e eventuais reparos;

- sejam dotados de extravasor;

- tenham canalização para esgotamento e, quando a área do fundo for superior a 2m2,

esta deverá ser inclinada a fim de permitir o seu perfeito esvaziamento.

OBS.: Alguns Códigos Municipais estabelecem que os reservatórios com capacidade

superior a 4.000 litros devem ser divididos em dois compartimentos iguais,

sendo estes interligados através de um barrilete.

2.2.2 - CONSUMO DIÁRIO

Quando não for conhecida a população da edificação, para fins de cálculo

determina-se a mesma através da Tabela 2.1.

17

Em caso de residências normalmente estima-se duas pessoas para cada

quarto e uma pessoa para quarto de empregada. Depois de conhecida a população,

calcula-se o consumo diário através da Tabela 2.2.

Cd = P x q

Sendo,

Cd - consumo diário, em l/dia.

P - população.

q - consumo “per capita”, em l/dia.

Tabela 2.1 – Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local

Natureza do local Taxa de ocupação

Prédio de apartamentos Duas pessoas por quarto e 200 l/pessoa/dia

Prédio de escritórios de

- uma só entidade locadora Uma pessoa por 7,0 m2 de área

- mais de uma entidade locadora Uma pessoa por 5,0 m2 de área

Restaurantes Uma pessoa por 1,5 m2 de área

Teatros e cinemas Uma cadeira para cada 0,7 m2 de área

Lojas (pavimento térreo) Uma pessoa por 2,5 m2 de área

Lojas (pavimentos superiores) Uma pessoa por 5,0 m2 de área

Supermercados Uma pessoa por 2,5 m2 de área

Shopping Center Uma pessoa por 5,0 m2 de área

Salões de hotéis Uma pessoa por 6,0 m2 de área

Museus Uma pessoa por 8,0 m2 de área

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Tabela 2.2 – Estimativa de consumo diário de água

Tipo do prédio Unidade Consumo l/dia

1. Serviço doméstico

Apartamentos per capita 200

Apartamentos de luxo por quarto 300 a 400

por quarto de empregada 200

Residência de luxo per capita 300 a 400

Residência de médio valor per capita 150

Residências populares per capita 120 a 150

Alojamentos provisórios de obra per capita 80

Apartamento de zelador 600 a 1.000

2. Serviço público

Edifícios de escritórios por ocupante efetivo 50 a 80

Escolas, internatos per capita 150

Escolas, externatos por aluno 50

Escolas, semi-internato por aluno 100

Hospitais e Casas de Saúde por leito 250

Hotéis com cozinha e lavanderia por hóspede 250 a 350

Hotéis sem cozinha e lavanderia por hóspede 120

Lavanderias por kg de roupa seca 30

Quartéis por soldado 150

Cavalariças por cavalo 100

Restaurantes por refeição 25

Mercados por m2 de área 5

Garagens e postos de serviços por automóvel 100

para automóveis por caminhão 150

Rega de jardins por m2 de área 1,5

Cinemas, teatros por lugar 2

Igrejas por lugar 2

Ambulatórios per capita 25

Creches per capita 50

3. Serviço industrial

Fábricas (uso pessoal) por operário 70 a 80

Fábrica com restaurante por operário 100

Usinas de leite por litro de leite 5

Matadouros por animal abatido 300

(de grande porte)

Idem de pequeno porte 150

19

2.2.3 - DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS

Conforme o item 1.3.1 do Capítulo I, a distribuição de água fria poderá ser feita

através dos sistemas de distribuição direta, indireta sem recalque, com recalque e

hidropneumática ou mista. No Brasil, porém, são encontrados em quase todas as

localidades deficiências quanto ao abastecimento d’água, razão pela qual

normalmente não é usado o sistema de distribuição direta. Em função disto é usual

prever os reservatórios com capacidade superior ao consumo diário. Alguns autores

prevêem reservatórios com capacidade suficiente para dois dias de consumo. Pela

nossa vivência achamos desnecessário a previsão para dois dias. Dimensionaremos,

então, nossos reservatórios com capacidade suficiente para o consumo diário

acrescido de 25% do mesmo, para que alguma eventual intermitência do

abastecimento da rede pública não interfira na distribuição predial.

No caso de se usar o sistema de distribuição indireta sem recalque, o volume

de água estimado ficará armazenado no reservatório superior. Já no caso de se usar o

sistema indireto com recalque, o reservatório inferior deverá armazenar 60% do

volume estimado, enquanto que o superior armazenará os 40% restantes.

Além do consumo predial, deverá ser previsto também a reserva de incêndio

de acordo com as Normas vigentes. A reserva de incêndio será assunto do capítulo VI.

Exemplo 2.1

Calcular a capacidade do reservatório de uma residência de dois pavimentos

com quatro quartos, sendo uma suite e um quarto de hóspedes. A residência possui

ainda uma dependência completa de empregada, para ser ocupada por duas pessoas.

Cálculo do consumo diário:

Baseado nas Tabelas 2.1 e 2.2 é possível fazer uma estimativa da população e

adotar um valor de consumo “per capita” (q), de acordo com o padrão da edificação.

Adotaremos q = 300 l/dia, duas pessoas por quarto e 2 empregadas ocupando a

dependência. O quarto de hóspede será ocupado eventualmente mas é necessário

computar toda a população para dimensionar o reservatório.

20

A edificação possui 02 pavimento e isto nos leva a definir o sistema de

distribuição indireto, sem recalque com o emprego apenas do reservatório superior.

Cd = P x q

Cd = (4 x 2 + 2) x 300 l = 3.000 l = 3 m3

Supondo que o serviço de abastecimento público seja contínuo, a NBR

5626/82 recomenda que a capacidade do reservatório seja superior ao consumo

diário. Adotaremos um acréscimo de 25% sobre o volume calculado.

Capacidade do reservatório:

CR = 3.000 x 1,25

CR = 3.750 litros

Conclusão: Este reservatório pode ser executado “in loco” em concreto armado, com

capacidade para 4.000 l; ou utilizar 04 caixas d’água de 1.000 l cada, interligando-as

como vasos comunicantes.

Exemplo 2.2

Calcular a capacidade dos reservatórios de um edifício residencial com 16

pavimento tipos, com 02 apartamentos por pavimento sendo que cada apartamento

possui 02 quartos e dependência de empregada. A área construída é de 5.200 m2 e o

abastecimento urbano de água é contínuo.

Cálculo do consumo diário:

Das Tabelas 2.1 e 2.2 tiramos os seguintes valores: q = 200 l (“ per capita” ) e

duas pessoas por quarto.

Cada apartamento terá: 2 x 2 + 1 = 5 pessoas. O edifício possui: 16 x 2 = 32

apartamentos. População estimada do prédio: 32 x 5 = 160 pessoas.

Cd = 160 x 200 = 32.000 l = 32 m3

A capacidade dos reservatórios será:

21

CR = 32 x 1,25 = 40 m3

Como o edifício possui 16 pavimentos, o sistema de distribuição adotado será

indireto com recalque sendo necessária a utilização de 02 reservatórios: um superior,

no qual será armazenado 40% (Cd) e o outro inferior com capacidade para 60% (Cd).

CR (superior) = 0,4 x 40 = 16 m3

CR (inferior) = 0,6 x 40 = 24 m3

Para edifícios com 04 ou mais pavimentos a NB 24/65 da ABNT e os

Grupamentos de Incêndios exigem uma reserva d’água para auxiliar o combate a

incêndios. Este assunto será visto no capítulo VI mas, para concluir o

dimensionamento dos reservatórios será necessário consultar a tabela 6.7 que nos

fornece, em função da área construída e da classe de risco, o volume de 15 m3, no

reservatório elevado ou superior.

Acrescentando a reserva de incêndio, a capacidade dos reservatórios será:

CR (superior) = 31 m3

CR (inferior) = 24 m3

2.3 - DIMENSIONAMENTO DO ALIMENTADOR PREDIAL E DO RAMAL PREDIAL

ALIMENTADOR PREDIAL

Tubulação compreendida entre o ramal predial e a primeira derivação ou válvula de

flutuador do reservatório.

RAMAL PREDIAL

Tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento e a instalação predial.

O limite entre o ramal predial e o alimentador predial deve ser definido pelo

regulamento da Cia. Concessionária de Água local.

22

A Figura 2.1 complementa estas definições.

Figura 2.1 – Alimentador predial e ramal predial

Para o dimensionamento do alimentador predial tem que ser considerado o

sistema de distribuição a ser adotado.

Se a distribuição for direta, o cálculo do alimentador predial se faz como o do

barrilete de distribuição de um reservatório, conforme será visto no item 2.10. Já no

caso da distribuição ser indireta ou mista, admite-se para o cálculo que o

abastecimento da rede seja contínuo e que a vazão que abastece o reservatório seja

suficiente para suprir o consumo diário dividido pelo tempo de 24 horas.

Cd

Qmin = __________

86400

Sendo,

Qmin - Vazão mínima, em l/s

Cd - consumo diário, em l

24 horas = 86400 segundos

Na prática adota-se a velocidade do alimentador predial oscilando entre os

valores de 0,60 a 1,00 m/s. Conhecida a vazão mínima e fixada a velocidade, o

diâmetro do alimentador predial pode ser obtido pelos ábacos de Fair-Whipple-Hsiao

para tubulações de aço galvanizado ou de cobre e plástico, nas figuras 2.6 e 2.7,

respectivamente.

23

O alimentador predial tem o mesmo diâmetro do ramal predial.

Algumas companhias de saneamento adotam o diâmetro mínimo de 3/4” para o

ramal predial.

As Companhias de Saneamento apresentam tabelas que relacionam o

diâmetro do ramal predial em função do número de economias. A TAB.5 é da

COPASA-MG que adota o diâmetro mínimo de 1/2” (15 mm) para atender até 04

(quatro) economias. A TAB.6 é da CEDAE-RJ, com diâmetro mínimo de 3/4” (20 mm).

2.4 - LIGAÇÃO PREDIAL

Se compararmos as Tabelas 2.3 e 2.4 vamos observar que os diâmetros do

ramal predial variam para cada região. Recomendamos que o projetista consulte

sempre as normas da concessionária de água local para detalhar a ligação predial.

Tabela 2.3 – Diâmetro do Ramal Predial – COPASA - MG

24

Tabela 2.4 – Diâmetro do Ramal Predial – CEDAE - RJ

Número de economias Diâmetro do Ramal Predial

Polegada (mm)

de 1 a 5

de 6 a 10

de 11 a 20

de 21 a 80

de 81 a 400

de 401 a 600

¾ (20)

1 (25)

1 ½ (40)

2 (50)

3 (75)

4 (100)

A Figura 2.2 exemplifica a ligação predial de acordo com as recomendações da

COPASA-MG.

25

A - Para a instalação predial, utilize o material adequado de maneira a evitar

vazamentos. Não recomendamos o uso de mangueiras;

B - O tubo de ferro galvanizado deve ter 60cm, sendo 40cm acima do piso e o

restante enterrado e fixado na base de concreto;

C - O tubo(gabarito) deve ficar perfeitamente nivelado. Este tubo será

posteriormente substituído pelo hidrômetro;

D - O tubo de ferro galvanizado deve ter 75cm, sendo 40cm acima do piso e o

restante enterrado e fixado na base de concreto;

E - O padrão deve ter um afastamento de, no máximo, 1,50m (um metro e

meio)em relação à testada do lote (muro de frente);

F- A tubulação que vai até o passeio deve ser de PEAD(Polietileno de alta

densidade), flexível, cor azul, DN 20;

G - Deixe a ponta do tubo PEAD no passeio(tubo de espera), com uma

distância de 25cm para fora da testada do lote(muro de frente) e a 38cm de

profundidade, para receber a ligação. Você deve arrolhar a ponta com bucha

de papel e cobrir com terra, até que seja executada a ligação.

H - Deve ser utilizada uma das divisas laterais do lote para a instalação do

padrão. Caso não seja possível, consulte a COPASA.

Figura 2.2 – Cavalete Padrão COPASA – MG

26

2.5 - DIMENSIONAMENTO DO EXTRAVASOR E LIMPEZA

O diâmetro do extravasor e da tubulação de limpeza é determinado adotando-

se uma bitola comercial imediatamente superior à bitola do alimentador predial ou da

tubulação de recalque. (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Extravasor e tubulação de limpeza

Exemplo 2.3

Dimensionar o alimentador predial, o diâmetro do extravasor e a tubulação de

limpeza da residência do exemplo 2.1.

a) Cálculo do alimentador predial

1º processo: pela vazão mínima

Q min = Cd/86400

do exemplo 2.1: Cd = 3.000 l

Q min = 3.000/86400 = 0,035 l/s

Conhecida a vazão e limitando a velocidade na faixa de 0,60 a 1,00 m/s, na figura

2.6 tiramos o diâmetro correspondente:

min = 1/2” (15 mm)

2º processo: pelo número de economias

No presente caso temos apenas uma economia ou ligação predial.

27

A COPASA-MG adota o diâmetro mínimo de 1/2”, conforme a tabela 2.3.

A CEDAE-RJ adota o diâmetro mínimo de 3/4”, conforme a tabela 2.4.

Conclusão: Adotar o diâmetro de acordo com a concessionária local.

b) Cálculo do extravasor e tubulação de limpeza

Adota-se uma bitola comercial imediatamente superior ao diâmetro do alimentador

predial.

COPASA-MG 3/4”

CEDAE-RJ 1”

Exemplo 2.4

Determinar o diâmetro do alimentador predial, do extravasor e da tubulação de

limpeza para o edifício residencial do exemplo 2.2.

O alimentador predial neste caso é a tubulação que alimenta apenas o

reservatório inferior.

a) Cálculo do alimentador predial.

1º processo: pela vazão mínima

Qmin = Cd/86400

do exemplo 2.2: Cd: Cd = 32000 l

Qmin = 32.000/86.400 = 0,37 l/s

Para v = 0,60 m/s e Q = 0,37 l/s, nos ábacos das figuras 2.6 e 2.7, o diâmetro

encontrado é de 1”, independente do material empregado.

2º processo: pelo número de economias

28

do exemplo 2.2: o edifício possui 32 apartamentos o que corresponde a 32

economias.

Pelas tabelas 2.3 e 2.4 o diâmetro correspondente é de 2” (50 mm).

Conclusão: O dimensionamento pelas tabelas das companhias de saneamento

leva a diâmetros maiores que o calculado com a vazão mínima.

b) Cálculo do extravasor e tubulação de limpeza

Para o reservatório inferior:

adotar uma bitola comercial imediatamente superior ao diâmetro do alimentador

predial. 2 1/2”

Para o reservatório superior:

após dimensionar o diâmetro de recalque, que será visto no item 2.7.4, adotar

uma bitola comercial imediatamente superior a este.

2.6 - CONDUÇÃO DE ÁGUA FRIA

2.6.1 - QUANTO À PRESSÃO MÁXIMA E MÍNIMA

a) Pressão Máxima

Admite-se uma pressão estática máxima de serviço de 400 Kpa (40,00 mH2O).

Em edificações onde a pressão de serviço ultrapasse este valor utiliza-se caixas

intermediárias ou válvulas redutoras de pressão. O segundo método é o mais

econômico, sendo, geralmente, o mais utilizado nas edificações.

b) Pressão Mínima

Para que as peças de utilização tenham um funcionamento perfeito,

necessitam de uma pressão mínima de serviço. Esta pressão mínima oscila entre os

valores 5 Kpa (0,50 mH2O) a 20 Kpa (2,00 mH2O).

Normalmente, os aparelhos sanitários funcionam com pressões que variam de

24 Kpa (2,40 mH2O) a 28 Kpa (2,80 mH2O) de pressão do ramal.

29

2.6.2 - QUANTO À VELOCIDADE MÁXIMA DO FLUXO

De acordo com a NBR 5626/98, a velocidade máxima do fluxo não poderá

ultrapassar a 3,0 m/s, porque acima desse valor provoca um ruído desagradável,

podendo, além disto, chegar a ocasionar o golpe de ariete. A velocidade de fluxo não

deve ultrapassar também o valor encontrado pela fórmula

V = 14 D

Sendo,

V - velocidade de fluxo, em m/s

D - diâmetro nominal, em m.

2.6.3 - QUANTO AO GOLPE DE ARIETE

Quando um líquido escoa numa calha e é parado bruscamente, ele sobre de

nível podendo até causar o seu transbordamento. Ora, quando isto ocorre num tubo, o

líquido não tendo por onde sair, aumenta de forma elevada a pressão em seu interior,

forçando as paredes do tubo e demais peças que compõem a tubulação.

Denomina-se golpe de ariete ao choque violento produzido sobre as paredes

da tubulação quando o escoamento do líquido é interrompido bruscamente.

O golpe de ariete origina depressões e sobrepressões que são prejudiciais ao

desempenho das tubulações. As depressões podem permitir infiltrações de fora para

dentro, enquanto que as sobrepressões forçam as juntas quanto a sua estanqueidade.

A sobrepressão, além de causar barulho excessivo, pode chegar até ao rompimento

da tubulação.

Alguns recursos podem ser adotados para atenuar os efeitos do golpe de

ariete:

a) limitação da velocidade nas tubulações (NBR 5626/98 da ABNT);

b) fechamento lento das válvulas e registros;

c) emprego de válvulas anti-golpe;

d) emprego de válvula de alívio;

30

e) emprego de caixa de quebra-pressão.

Tubos, conexões e outros acessórios devem ser criteriosamente selecionados,

a fim de garantir que o material de que são fabricados, resistirá aos impactos

resultantes do golpe de ariete. A escolha do material é de fundamental importância.

2.6.4 - QUANTO À PERDA DE CARGA

A diferença de energia inicial e a energia final de um líquido, quando o mesmo

flui numa tubulação de um ponto ao outro, denomina-se perda de carga. Esta

diferença de energia é dissipada sob a forma de calor. Observa-se que junto às

paredes da tubulação não há movimento do líquido e que a velocidade é máxima no

eixo da tubulação criando várias camadas em movimento com velocidades diferentes,

ocasionando a dissipação de energia.

As perdas de carga poderão ser:

a) Distribuídas

As perdas de carga distribuídas são ocasionadas pelo movimento da água na

tubulação.

b) Localizadas

As perdas de carga localizadas são ocasionadas pelas conexões, válvulas,

registros, medidores etc., que, pela forma e disposição, elevam a turbulência,

provocando, assim, atrito e choque de partículas.

A perda de carga é função dos elementos que interferem no deslocamento do

líquido, como por exemplo:

- rugosidade da tubulação;

- viscosidade e densidade do líquido;

- velocidade de escoamento;

- grau de turbulência do fluxo;

31

- distância percorrida pelo fluido;

- mudança de direção do fluxo.

2.6.5 - CÁLCULO DAS PERDAS DE CARGA

No cálculo das instalações de recalque e da rede de distribuição de água de

uma edificação é indispensável a determinação das perdas de carga.

A perdas de carga são de fundamental importância no cálculo de bombas e em

todos os itens implicados no escoamento de fluidos em tubulações.

O cálculo das perdas de carga será subdividido em:

a) Perdas de Carga Distribuídas

A Norma NBR 5626/82 recomenda as fórmulas de Flamant e de Fair-Whipple-

Hsiao para o cálculo das perdas de carga nas tubulações.

A Fórmula de Flamant para as tubulações é

4

7

4 D

Vb

DJ

Sendo:

b = 0,0023 - para tubos de aço galvanizado e ferro fundido, em uso.

b = 0,000185 - para tubos de aço galvanizado e ferro fundido, novos.

b = 0,000135 - para tubos de PVC.

D = diâmetro das tubulações, em m.

J - perda de carga unitária, em mH2O/m.

V - velocidade de fluxo, em m/s.

Para a fórmula de Flamant temos o ábaco da figura 2.5 para o cálculo de

perdas de carga em tubulações de PVC rígido. Este ábaco foi desenvolvido no Centro

de Computação Eletrônica e no Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola

de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, sob encomenda da Tubos

e Conexões Tigre. O referido ábaco é para tubos soldáveis, podendo ser empregado

também para os tubos roscáveis.

32

Figura 2.5 - ÁBACO DE FLAMANT PARA CÁLCULO DAS PERDAS DE CARGA EM

CANALIZAÇÕES DE PVC RÍGIDO PARA INSTALAÇÕES PREDIAIS

As fórmulas de Fair-Whipple-Hsiao são usadas para tubulações de diâmetro

até 4” (100 mm).

Para tubos de aço galvanizado e ferro fundido a fórmula de Fair-Whipple -Hsiao

é

Q 1,88

J = 0,002021 ___________

d 4,88

33

Para tubos de cobre e PVC a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao é

Q 1,75

J = 0,00086 ___________

d 4,75

Sendo:

J - perda de carga unitária, em mH2O/m

Q - vazão de água, em m3/s.

d - diâmetro das tubulações, em m..

A Norma NBR 5626/98 adota para transporte de água em condições normais

os ábacos representados nas figuras 2.6 e 2.7 - referentes às fórmulas de Fair-

Whipple-Hsiao.

Já o Professor Azevedo Netto recomenda a fórmula de Hazen-Williams para

diâmetros acima de 2” (50 mm).

A fórmula de Hanzen-Williams é

Q = 0,278531.C.D2,63 . J0,51

ou

V = 0,355 . C . D0,63 J0,54

Sendo:

Q = vazão da água, em m3/s.

V = velocidade média do fluxo, em m/s.

D = diâmetro das tubulações, em m.

J = perda de carga unitária, em mH2O/m

C = coeficiente que depende da natureza (material e estado) das paredes dos tubos.

A seguir os valores de C para a água em condições normais:

C = 125 - Aço galvanizado

C = 135 - Cimento amianto

C = 130 - Cobre

34

C = 130 - Concreto, com bom acabamento

C = 120 - Concreto, com acabamento comum

C = 130 - Ferro fundido (novo)

C = 100 - Ferro fundido (após 15 a 20 anos de uso)

C = 90 - Ferro fundido (usado)

C = 130 - Ferro fundido, com revestimento de cimento

C = 110 - Manilhas de barro vidrado

C = 140 – Plástico

Figura 2.6 - ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE AÇO

GALVANIZADO E FERRO FUNDIDO

35

Figura 2.7 - ÁBACO DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO PARA TUBULAÇÕES DE COBRE E

PLÁSTICO

A figura 2.8 é referente ao ábaco da fórmula de Hazen-Williams, para C = 100.

Quando o valor de C for diferente de 100, basta multiplicar a perda de carga pelo valor

de K correspondente. Este ábaco é de autoria do professor José Augusto Martins, da

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

36

Figura 2.8 - ÁBACO DE HAZEN-WILLIAMS, PARA C = 100

PARA C 100, MULTIPLICAR A PERDA DE CARGA PELO K CORRESPONDENTE

b) Perdas de Carga Localizadas

As perdas de carga localizadas poderão ser calculadas utilizando-se diferentes

métodos. Adotaremos o método dos comprimentos equivalentes, ou seja, cada

conexão, válvula etc., produz uma perda de carga semelhante à que seria produzida

num determinado comprimento de tubulação de mesmo diâmetro. Este é o método

recomendado pela Norma NBR 5626/82. Se somarmos os comprimentos equivalentes

de todas as peças ao comprimento real da tubulação, obteremos o comprimento total.

37

A partir daí procedemos como se tivéssemos somente tubulações retas, sem peças

especiais, donde caímos no cálculo de perdas de carga distribuídas.

Para a determinação dos comprimentos equivalentes utiliza-se o ábaco

reproduzido na Figura 2.9 ou as Tabelas 2.5; 2.6 e 2.7 dependendo do caso a ser

calculado.

Além das tabelas citadas anteriormente, temos a tabela 2.8, que foi

determinada através de ensaios efetuado pelo Departamento de Hidráulica e

Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo,

para a Indústria de Fundição Tupy Ltda, para o cálculo das perdas de carga

localizadas, através dos comprimentos equivalentes em metros de tubulação de aço

galvanizado, para as conexões BSP - baixa pressão.

Exemplo 2.5

Calcular a perda de carga distribuída em 4,00 m de tubo de PVC com 75 mm

de diâmetro e vazão de 5,5 l/s.

Pode-se utilizar o ábaco de Flamant para PVC, Figura 2.5.

Marca-se no eixo horizontal a vazão, em l/s; traça-se uma linha vertical até

encontrar o ponto de cruzamento com a linha do diâmetro, em mm; a partir deste

ponto faz-se a leitura da velocidade em m/s e da perda de carga unitária, em m/m.

Os valores encontrados foram:

V = 1,6 m/s

Ju = 0,038 m/m (em 1,00 m de tubo)

Para calcular a perda de carga em L = 4,00 m, basta multiplicar pela perda de

carga unitária:

J = Ju x L

J = 0,038 x 4,00

J = 0,152 mH2O

Exemplo 2.6

Calcular a perda de carga unitária para um diâmetro de 25 mm e vazão de 0,22

l/s, para os materiais:

a) aço galvanizado.

b) PVC.

38

Utilizando os ábacos de Fair-Whipple-Hsiao, figuras 2.6 e 2.7, respectivamente,

teremos o seguinte procedimento:

Na coluna DN marca-se o diâmetro do tubo e na coluna Q marca-se a vazão,

em l/s; traça-se uma reta unindo estes dois pontos até interceptar as outras colunas,

onde se lê a velocidade, em m/s e a perda de carga unitária, em m/m. É importante

verificar se a velocidade está compatível com o valor fixado na NBR 5626/82.

a) aço galvanizado - Figura 2.6

V = 0,43 m/s

Ju = 0,016 m/m

Figura 2.9 - PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS

(GRÁFICO DA CRANE CO.)

39

Tabela 2.5 – Perdas de Carga Localizadas

Sua equivalência em metros de tubulação de aço galvanizado ou ferro fundido

Tabela 2.6 – Perdas de Carga Localizadas

Sua equivalência em metros de tubulação de PVC Rígido ou cobre

40

Tabela 2.7 – Perdas de Carga Localizadas

Sua equivalência em metros de tubulação de aço galvanizado para bocais e válvulas

b) PVC - Figura 2.7

V = 0,42 m/s

Ju = 0,013 m/m

Exemplo 2.7

Utilizando o ábaco de Hazen-Williams determine a perda de carga unitária para

um tubo de ferro fundido usado com diâmetro 75 mm e vazão 4,0 l/s.

O procedimento para utilizar o ábaco de Hazen-Williams, figura 2.8, é

semelhante ao exemplo anterior, observar porém que a perda de carga é dada em

metro por mil metros e o ábaco é para o coeficiente C = 100.

Valor encontrado:

Ju = 21 m/1000

J = 0,021 m/m

para ferro fundido usado, C = 90 K = 1,22

a perda de carga será:

0,021 x 1,22 = 0,026 m/m

41

Exemplo 2.8

Determinar o comprimento equivalente para um tê de saída lateral com

diâmetro 1 1/4” (32 mm), utilizando o gráfico da Crane CO, figura 2.9.

Para utilizar o gráfico, na linha A localiza-se o ponto correspondente à peça;

une-se este ponto ao diâmetro correspondente na linha B; na interseção desta reta

com a linha C, determina-se o comprimento equivalente da canalização reta, em m.

Comprimento equivalente = 2,3 m.

Exemplo 2.9

Determinar o comprimento equivalente para um registro de gaveta totalmente

aberto, com diâmetro de 50 mm, em aço galvanizado.

Utilizando a tabela 2.5 basta localizar a linha horizontal correspondente ao

diâmetro da peça e procurá-la na coluna vertical; a leitura do comprimento equivalente

é direta, em m.

Valor encontrado: 0,4 m

Exemplo 2.10

Determinar o comprimento equivalente em tubo de PVC para um joelho 90o

com diâmetro 1” (25 mm).

Utilizando a tabela 2.6:

Valor encontrado: 1,5 m.

Exemplo 2.11

Empregando a tabela 2.8 determine o comprimento equivalente para o tê de

curva dupla com saída na bolsa central e diâmetro de 1/2” (15 mm), em aço

galvanizado.

Valor encontrado: 0,28 m.

Exemplo 2.12

42

Calcular a perda de carga do trecho RA da tubulação indicada na figura abaixo,

sabendo-se que o material empregado é aço galvanizado e que o diâmetro é de 3/4”

(20 mm), para uma vazão de 0,13 l/s.

OBS.: DIMENSÕES EM m.

No dimensionamento de uma tubulação é preciso determinar o valor da perda

de carga total nos diversos trechos. Se ao comprimento real da tubulação somarmos

os comprimentos equivalentes das conexões, válvulas, etc, teremos um comprimento

total equivalente. A perda de carga total será este comprimento multiplicado pela

perda de carga unitária.

No ábaco da figura 2.6

temos:

V = 0,43 m/s

Ju = 0,02 m/m

Na tabela 2.5 tiramos o comprimento equivalente a perdas de carga

localizadas:

Entrada normal: .........................................................................................0,20 m

Registro gaveta, aberto: ............................................................................0,10 m

Cotovelo 90o raio curto: ............................................................................0,70 m

Válvula de retenção (Pesada): ..................................................................2,40 m

Comprimento equivalente: ........................................................................ 3,40 m

Comprimento real da tubulação: ............................................................... 3,50 m

43

Comprimento total equivalente: ................................................................ 6,90 m

A perda de carga total será:

J = 6,90 x 0,02 = 0,14 mH2O

2.6.6 - QUANTO À VAZÃO E DIÂMETROS MÍNIMOS

a) Vazão Mínima

A Norma NBR 5626/98 fornece a vazão mínima das peças de utilização,

conforme a tabela 2.9 para que elas tenham um perfeito desempenho.

44

Tabela 2.9 - VAZÕES MÍNIMAS DAS PEÇAS DE UTILIZAÇÃO

Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto

(L/s)

Bacia Sanitária

Caixa de descarga 0,15

Válvula de descarga 1,70

Banheira Misturador (água fria) 0,30

Bebedouro Registro de pressão 0,10

Bidê Misturador (água fria) 0,10

Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20

Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10

Lavadora de pratos ou de roupas Registro de pressão 0,30

Lavatório Torneira ou misturador (água fria) 0,15

Mictório cerâmico

Com sifão

integrado

Válvula de descarga

Sem sifão

integrado

Caixa de descarga, registro de pressão

ou válvula de descarga para mictório

0,15

Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão 0,15

por metro de

calha

Pia

Torneira ou misturador (água fria) 0,25

Torneira elétrica 0,10

Tanque Torneira 0,25

Torneira de jardim ou

lavagem em geral

Torneira 0,20

45

b) Diâmetros Mínimos

A Norma NBR 5626/98 recomenda também que o diâmetro mínimo das

tubulações não seja inferior aos da tabela 2.10.

Tabela 2.10 - DIÂMETROS MÍNIMOS DOS SUB-RAMAIS

Diâmetro nominal

Peças de utilização DN (diâmetro nominal) Referência

(mm) (polegada)

Aquecedor de baixa pressão 15 ½

Aquecedor de alta pressão 20 ¾

Bacia sanitária com caixa de descarga 20 ¾

Bacia sanitária com válvula de descarga de DN 20 mm

(3/4)

32 1 ¼

Bacia sanitária com válvula de descarga de DN 25 mm (1) 32 1 ¼

Bacia sanitária com válvula de descarga de DN 32 mm (1

1/4)

40 1 ½

Bacia sanitária com válvula de descarga de DN 38 mm (1

1/2)

40 1 ½

Banheira 15 ½

Bebedouro 15 ½

Bidê 15 ½

Chuveiro 15 ½

Filtro de pressão 15 ½

Lavatório 15 ½

Máquina de lavar pratos 20 ¾

Máquina de lavar roupa 20 ¾

Mictório de descarga contínua por metro ou aparelho 15 ½

Mictório auto-aspirante 25 1

Pia de cozinha 15 ½

Pia de despejo 20 ¾

Tanque de lavar roupa 20 3/4

46

2.7 - SISTEMA ELEVATÓRIO

Para a elevação da água do reservatório inferior até o reservatório superior

utiliza-se a bomba, que é uma máquina geratriz hidráulica. A operação realizada pela

bomba, em virtude da energia transmitida pela mesma ao líquido, deslocando-o de um

reservatório a outro, denomina-se bombeamento.

O bombeamento será realizado através do sistema elevatório, mostrado na

figura 2.10, que se constitui de:

a) Tubulação de sucção.

b) Conjunto motor bomba.

c) Tubulação de recalque.

Figura 2.10 - SISTEMA ELEVATÓRIO

2.7.1 - TUBULAÇÃO DE SUCÇÃO

As linhas de sucção deverão ser projetadas e construídas obedecendo os

requisitos técnicos mínimos, conforme abaixo:

47

- a sucção deve ser a mais curta possível, nunca ultrapassando a 7,50 m, que é o

limite prático. Sempre que possível deve ser inferior a 5,00 m;

- à altura de sucção somadas as perdas de carga e a pressão do vapor d’água não

deverão ultrapassar os limites práticos de capacidade de sucção das bombas,

indicados pelos fabricantes;

- deverá ser estanque, evitando assim a entrada e formação de bolhas de ar;

- a redução entre a bomba e a tubulação de sucção deverá ser excêntrica, evitando

assim a formação de bolhas de ar;

- o registro de gaveta deverá ser colocado na horizontal (haste na horizontal), para

evitar também a formação de bolhas de ar;

- a válvula de pé deverá ser bem dimensionada e especificada;

- para impedir que objetos estranhos danifiquem a bomba, um crivo deverá ser

instalado no início da sucção, tendo 3 a 4 vezes a área da tubulação.

2.7.2 - TUBULAÇÃO DE RECALQUE

As linhas de recalque deverão ser projetadas e construídas obedecendo aos

requisitos técnicos mínimos, conforme abaixo:

- colocar na saída da bomba, em primeiro lugar, uma válvula de retenção e depois um

registro de gaveta.

A válvula de retenção irá proteger a bomba contra:

- pressão excessiva;

- efeito do golpe de ariete, quando da parada da bomba;

- a possibilidade da mesma girar em sentido contrário.

O registro de gaveta tem por finalidade possibilitar a manutenção e poderá

ainda ser usado para a regulagem da vazão.

2.7.3 - VAZÃO A CONSIDERAR PARA A BOMBA

O sistema elevatório deverá ter, segundo a Norma NBR 5626/82, uma vazão

mínima horária igual a 15% do consumo diário, ou seja, o sistema deverá funcionar

durante 6,66 horas por dia.

48

Baseando em inúmeras instalações executadas, adotaremos como base os

seguintes tempos de funcionamento diário:

- prédios de apartamentos e hotéis: três períodos de 1 hora e 30 minutos cada;

- prédios de escritórios: dois períodos de 2 horas cada;

- hospitais: três períodos de 2 horas cada.

A vazão da bomba será:

Q = 0,15 Cd ou Q = Cd/h

Sendo:

Cd = Consumo diário, em l

h = horas de funcionamento da bomba.

A vazão (Q) pode ser expressa em várias unidades, sendo as mais

empregadas: l/s; m3/s; l/h e m3/h.

2.7.4 - DIMENSIONAMENTO DE RECALQUE E DE SUCÇÃO

Na teoria, o diâmetro da tubulação de recalque pode ser qualquer um. Se for

escolhido um diâmetro relativamente grande, tem-se perdas de carga pequenas, e em

conseqüência, um conjunto elevatório com uma potência instalada pequena. Neste

caso as bombas para o sistema elevatório terão um custo baixo e as tubulações um

custo elevado. Se ao contrário do que foi visto anteriormente, for escolhido um

diâmetro pequeno, as perdas de carga serão significativas, exigindo com isto bombas

para o sistema elevatório com uma potência maior. Já neste caso, o custo das

tubulações será baixo, com as bombas a um custo de instalação e funcionamento

altos.

O ideal é que o sistema elevatório seja eficaz a um custo de instalação e

funcionamento mínimo.

Para alcançar este objetivo em instalações prediais de recalque e a fim de

reduzir as perdas de cargas nas tubulações de sucção e recalque, adota-se valores

reduzidos para as velocidades de escoamento dos líquidos. Geralmente as

velocidades nas tubulações de sucção e recalque oscilam entre 0,55 m/s e 2,40 m/s,

49

sendo que, nas tubulações de recalque com grandes extensões, a velocidade deve ser

baixa, oscilando entre 0,65 m/s a 1,30 m/s.

A Norma NBR 5626/98 recomenda a utilização da fórmula de Forchheimmer

para o dimensionamento da tubulação de recalque.

A fórmula de Forchheimmer é

Dr = 1,3 Q 4x

Sendo:

Dr - diâmetro nominal da tubulação de recalque, em m.

Q - vazão da bomba, em m3/s.

h - horas de funcionamento da bomba no período de 24 horas.

X - h/24 horas.

O gráfico de Forchheimmer para o dimensionamento de recalque está

reproduzido na figura 2.11.

Figura 2.11 - GRÁFICO DE FORCHHEIMMER PARA DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DA

TUBULAÇÃO DE RECALQUE

50

A tubulação de sucção é determinada, adotando-se uma bitola comercial

imediatamente superior à bitola da tubulação de recalque.

Calculado os diâmetros de recalque e de sucção, o ideal é que as perdas de

carga não sejam superiores a 15% da altura manométrica. No caso das perdas de

carga ultrapassarem a 15% da altura manométrica, pode-se usar o gráfico da Sulzer

para a escolha dos diâmetros de recalque e de sucção, porque o mesmo leva a

diâmetros relativamente grandes, se comparados com os diâmetros obtidos com o

método de Forchheimmer.

O gráfico da Sulzer está reproduzido na figura 2.12.

Figura 2.12 - GRÁFICO DE SULZER, PARA ESCOLHA DOS DIÂMETROS DE ASPIRAÇÃO E

DE RECALQUE

Exemplo 2.13

Calcular a vazão a considerar para a bomba do sistema elevatório do exemplo

2.2.

Pela NBR 5626/98 da ABNT a vazão mínima de bombeamento deve ser 15%

Cd.

Do exemplo 2.2: Cd = 32.000 l

Q min (bomba) = 0,15 x 32.000 = 4.800 l/h = 4,8 m3/h

Na prática o tempo de funcionamento da bomba, para edifícios residenciais, é

de 3 períodos de 1 hora e 30 minutos cada período, então: h = 4 horas e 30 minutos =

4,5 horas = 16.200 segundos.

51

Q (bomba) = 32.000/4,5 = 7.111 l/h = 7,11 m3/h

ou

Q (bomba) = 32.000/16.200 = 1,98 l/s = 0,00198 m3/s

Conclusão: O valor comumente empregado na prática está acima do mínimo

recomendado pela norma. Nos próximos exemplos usaremos o valor prático que nos

garante um bom funcionamento do sistema elevatório.

Exemplo 2.14

Calcular os diâmetros de recalque e sucção para o exemplo 2.2.

1º processo: fórmula de Forchheimmer

Para utilizar a fórmula, observar as unidades a serem adotadas. Do exemplo

2.13: Q = 0,00198 m3/s h = 4,5 horas X = 4,5/24 = 0,19

Substituindo estes valores na fórmula de Forchheimmer:

Dr = 1,3 x 0,00198 x 40,19

Dr = 0,038 m = 38 mm

O diâmetro comercial de recalque é 40 mm.

O diâmetro comercial da sucção é de 50 mm, ou seja, uma bitola

imediatamente superior ao recalque.

2º processo: ábaco de Forchheimmer. Figura 2.11. O procedimento para a

utilização do ábaco é simples e direto. Marca-se o valor h = 4,5 h na linha horizontal

correspondente e Q = 7,11 m3/h ou 1,98 l/s nas respectivas linhas verticais. A partir

destes pontos marcados traça-se as retas que se cruzam no interior de uma faixa

delimitada por duas retas inclinadas que expressam os diâmetros de recalque e

sucção. Os valores encontrados no ábaco são:

rec = 1 1/2” (40 mm)

suc = 2” (50 mm)

52

2.7.5 - BOMBAS

Normalmente o bombeamento de água nas edificações é feito através de

bombas centrífugas acionadas por motores elétricos.

Além das bombas centrífugas, empregam-se também as seguintes:

- bombas rotativas;

- bombas de êmbolo ou de pistão;

- bombas de poço profundo (tipo turbina).

Ao se dimensionar uma bomba, é preciso conhecer a vazão e a altura

manométrica.

2.7.5.1 - Altura Manométrica

A altura manométrica é a soma das alturas manométricas de recalque e de

sucção

H man = H man (rec.) + H man (suc.)

Sendo:

H man - altura manométrica, em m.

H man (rec) - altura manométrica de recalque, em m.

H man (suc) - altura manométrica de sucção, em m.

a) Altura Manométrica de Recalque

A altura manométrica de recalque é a diferença das cotas entre os níveis de

saída do líquido no reservatório superior e do centro da bomba acrescida das perdas

de carga entre os níveis citados.

H man (rec.) = H est (rec.) + J (rec.)

Sendo:

H man (rec) - altura manométrica de recalque, em m.

H est (rec) - altura estática de recalque, em m.

J (rec) - perdas de carga no recalque, em mH2O/m.

53

b) Altura Manométrica de Sucção

A altura manométrica de sucção é a diferença das cotas do nível do centro da

bomba e o nível da superfície livre do reservatório inferior, acrescida das perdas de

carga entre os níveis citados.

H man (suc.) = H est (suc.) + J (suc)

Sendo:

H man (suc) - altura manométrica de sucção, em m.

H est (suc) - altura estática de sucção, em m.

J (suc) - perdas de carga na sucção, em mH2O/m.

2.7.5.2 - Rendimento do Conjunto Motor-Bomba

Rendimento é a relação entre a potência aproveitável pelo líquido no

escoamento e a potência do motor que aciona a bomba.

Pa

R = _______

Pm

Sendo:

R - rendimento do conjunto motor-bomba.

Pa - potência aproveitável pelo líquido no escoamento, em CV.

Pm - potência do motor que aciona a bomba, em CV.

O rendimento é função da vazão, da altura manométrica e do número de

rotações. O valor do rendimento é obtido nos catálogos dos fabricantes. Como

estimativa de potência motriz, adota-se para bombas pequenas de 40 a 60% e para as

médias de 70 a 75% de rendimento.

54

2.7.5.3 - Cálculo da Potência

a) Potência Necessária ao Acionamento da Bomba

Para se ter a potência necessária ao acionamento da bomba, em C.V., usa-se

a fórmula:

Q x Hman

P = ______________

75 x R

Sendo:

P - potência necessária ao acionamento da bomba, em CV.

Q - vazão do sistema elevatório, em l/s.

R - rendimento do conjunto motor-bomba.

Quando não se tem catálogos de fabricantes, calcula-se a potência aproximada

com o emprego da fórmula dada, porque o valor do rendimento será arbitrado.

b) Potência Instalada

Na prática é recomendável que a potência instalada seja a potência do motor

comercial imediatamente superior à potência necessária ao acionamento da bomba.

Desta forma será dada uma margem de segurança para evitar que o motor

venha a operar em sobrecarga. A margem de segurança é de fundamental

importância, e alguns projetistas recomendam que a mesma tenha as proporções

citadas na tabela 2.11.

Tabela 2.11 - MARGEM DE SEGURANÇA

Potência calculada Margem de segurança

(recomendável)

até 2 CV 50 %

de 2 a 5 CV 30 %

de 5 a 10 CV 20 %

de 10 a 20 CV 15 %

acima de 20 CV 10 %

55

c) Potência Comercial de Motores Elétricos Nacionais

Para facilitar a indicação da potência instalada, na falta de catálogos de

fabricantes, segue abaixo a relação dos motores elétricos nacionais, dada sua

potência em CV, até 250 CV.

POTÊNCIA DOS MOTORES NACIONAIS (EM CV)

¼ 1 ½ 7 ½ 25 50 150

1/3 2 10 30 60 200

½ 3 12 35 80 250

¾ 5 15 40 100 -

1 6 20 45 125 -

Exemplo 2.15

Calcular a altura manométrica do sistema elevatório do exemplo 2.2, sabendo-

se que a tubulação é de aço galvanizado.

Para calcular a altura manométrica faz-se primeiro um esboço isométrico do

sistema elevatório, indicando as diferenças de níveis e o comprimento das tubulações

entre conexões, registros e válvulas.

Pronto o isométrico cotado, dimensiona-se a tubulação de sucção e recalque

conforme o item 2.7.4. Logo em seguida determina-se a altura manométrica.

Do exemplo 2.13: Q = 1,98 l/s

Do exemplo 2.14: sucção = 2” (50 mm)

recalque = 1 ½” (40 mm)

56

SISTEMA ELEVATÓRIO ESQUEMÁTICO

Dados tirados do desenho:

Tubulação de sucção 2” (50 mm)

Comprimento real da sucção

0,70 + 1,00 + 1,20 + 0,55 = 3,45 m

altura estática da sucção = 0,60 m

Peças de sucção: Tabelas 2.7 e 2.8

1 válvula de pé com crivo 14.0 m

1 cotovelo 90o, raio curto 1,88 m

2 registros gaveta, abertos (2 x 0,4) 0,8 m

2 tê 90o, saída lateral (2 x 2,74) 5,48 m

22,16 m

57

Relacionadas as peças da sucção, das tabelas 2.7 e 2.8 anota-se o

comprimento equivalente em canalização retilínea, a seguir somam-se estes valores

ao comprimento real da tubulação para o cálculo da perda de carga total.

22,16 + 3,45 = 25,61 m

Conhecidos os diâmetros de sucção e de recalque e a vazão, no ábaco de

Fair-Whipple-Hsiao determinam-se as perdas de carga e as velocidades

Sucção: Ju = 0,036 m/m

V = 0,98 m/s

Recalque: Ju = 0,11 m/m

V = 1,5 m/s

A perda de carga da sucção será:

J(suc) = 25,61 x 0,036 = 0,92 m

Tubulação de recalque 1 1/2” (40 mm)

comprimento real do recalque

0,60 + 1,80 + 0,30 + 3,60 + 4,80 + 63,20 + 0,30 = 74,60 m

altura estática do recalque

1,50 + 63,20 = 64,70

peças de recalque: Tabelas 2.7 e 2.8

1 válvula de retenção (vertical) 4,80 m

1 registro gaveta, aberto 0,30 m

1 tê 45o 1,31 m

2 cotovelos 45o (2 x 0,65) 1,30 m

3 cotovelos 90o, raio curto (3 x 1,41) 4,23 m

1 saída de canalização 12,94 m

12,94 + 74,60 = 87,54 m

58

A perda de carga do recalque será:

J(sec) = 87,54 x 0,11 = 8,754 m

Cálculo da altura manométrica:

H man suc = 0,60 + 0,92 = 1,52 m

H man rec = 64,70 + 8,75 = 73,45 m

H man = 1,52 + 73,45 = 74,97 m

H man = 75 m

Exemplo 2.16

Calcular a potência necessária para acionar a bomba e a potência a ser

instalada para o exemplo 2.13.

Para instalações prediais as bombas são consideradas pequenas e o

rendimento oscila na faixa de 40 a 60%. Neste exemplo adotaremos R = 50% = 0,50.

Dos exemplos anteriores: Q(bomba) = 1,98 l/s

H man = 75 m

Substituindo estes valores na fórmula de potência, temos:

1,98 x 75

P = ____________ = 3,96 C.V.

75 x 0,50

Da tabela 2.11 tiramos 30% como valor recomendado para a margem de

segurança da bomba e a potência instalada será:

P = 3,96 x 1,30 = 5,14 C.V.

Conclusão: a potência calculada, acrescida de 30% de segurança atende ao

funcionamento de uma bomba, porém devem ser instaladas duas bombas de 5 CV

59

(potência comercial) o que possibilita a manutenção do equipamento sem prejudicar o

abastecimento de água do prédio.

Exemplo 2.17

Escolher, utilizando catálogos de fabricantes, o modelo das bombas que

atendem ao conjunto elevatório do exemplo 2.15. São conhecidas a vazão e altura

manométrica

Q = 1,98 l/s

Hman = 75 m

H man = 75,00 m

Q = 1,98 l/s 7.128 l/h 7,13 m3/h

A partir do momento em que são conhecidas a altura manométrica e a vazão

de um sistema elevatório, normalmente recorre-se a catálogos de fabricantes.

Neste exemplo, vamos utilizar o gráfico para escolha prévia de bombas da

Indústria Metalúrgica Castro Alves S.A., ilustrado na figura 2.14b. Entrando com os

valores da Hman = 75,00 m e da Q = 7,13 m3/h, na figura 2.14b, na página 283,

encontramos como resultado a bomba K - 50 - 40 - 238 com n = 3.500 RPM.

Após a escolha prévia da bomba, deve-se recorrer às curvas características da

mesma, que está ilustrada na figura 2.15b, na página 286.

O gráfico da figura 2.15b nos fornece que a bomba KING, modelo K - 50 - 40,

para os valores de H man = 75,00 m e Q = 7,13 m3/h terá rotor de 205 mm, motor de

7,5 CV, rendimento de 41% e n = 3.500 RPM.

2.7.5.4 - NPSH (Net Positive Suction Head)

NPSH é a altura de sucção total, referida à pressão absoluta (pressão

atmosférica no local das instalações), determinada no centro de sucção, menos a

tensão de vapor do líquido. Temos o NPSH requerido e o NPSH disponível.

60

a) NPSH requerido

É uma característica de projeto da bomba. É determinado por testes de

laboratório ou cálculos e consta normalmente das curvas de desempenho das

bombas.

NPSH requerido é a energia necessária ao líquido para vencer as perdas de

carga, dentro da bomba, e chegar ao ponto de ganho de energia e ser recalcado como

líquido e não como vapor.

b) NPSH disponível

É uma característica do sistema, considerando o local, temperatura do líquido e

da instalação em que trabalha a bomba.

NPSH disponível é a energia que um líquido possui, num ponto anterior a

entrada de sucção da bomba, acima de sua pressão de vapor.

O NPSH disponível é dado pela fórmula:

NPSHd = HEST(SUC) + (Pa - Pv)/ x 10 - J(SUC)

Sendo,

NPSHd = NPSH disponível, em mH2O.

HEST(SUC) = Altura estática da sucção, em m.

Pa = Pressão atmosférica local, em kg/cm3.

PV = Pressão de vapor, na temperatura de bombeamento, em kg/cm3.

= peso específico do líquido, em kg/cm3.

J(SUC) = perda de carga na sucção, em m H2O/m.

Resumindo, o NPSHd é a energia disponível que o líquido possui na entrada

de sucção da bomba e o NPSHr é a energia do líquido que a bomba necessita para

funcionar satisfatoriamente. Para que a bomba tenha um bom funcionamento é

necessário que:

NPSHd NPSHr

61

2.7.5.5 - Cavitação

A cavitação ocorre quando a pressão de um líquido na tubulação de sucção se

encontra abaixo da pressão de vapor, ocasionando a formação de bolhas de vapor,

que desaparecem bruscamente em zonas de alta pressão dentro da bomba.

Os efeitos que evidenciam o processo de cavitação se caracterizam pelo ruído

e por meio de vibrações.

O processo de cavitação em tubulações de sucção, por muito tempo, ocasiona:

. a formação de “pequenos buracos” nas pás do rotor;

. no desaparecimento das bolhas de ar, a introdução do líquido em altas velocidades,

nos poros do metal, dando ao mesmo uma aparência esponjosa;

. ruído e vibração que provoca avarias nos rolamentos, quebrando o eixo;

. falhas da bomba por fadiga de materiais;

. diminuição de vazão.

A cavitação indica:

. NPSH disponível insuficiente;

. perda de carga elevada, na sucção;

. baixa altura estática;

. alta temperatura.

A solução deve ser a modificação do sistema elevatório; caso não seja possível

esta modificação, deve-se escolher outra bomba com NPSH requerido menor.

2.8 - DIMENSIONAMENTO DOS SUB-RAMAIS

Sub-ramal é a tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do

aparelho sanitário.

A NBR 5626/98 recomenda os diâmetros mínimos para os sub-ramais segundo

a tabela 2.10.

2.9 - DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE ALIMENTAÇÃO

Ramal é a tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar

os sub-ramais.

62

No dimensionamento dos ramais de alimentação são considerados os

seguintes sistemas:

a) Máximo Possível

Neste sistema considera-se que todas as peças de utilização alimentadas pelo

ramal funcionem, simultaneamente, em locais onde há horários rigorosos para a

utilização da água, como por exemplo: indústrias, estabelecimentos de ensino,

quartéis etc. O dimensionamento é feito usando o método das seções equivalentes,

onde os diâmetros serão expressos em função de ½” (15 mm). A correspondência dos

diversos diâmetros com o de 1/2” (15 mm) encontra-se na tabela 2.13.

Tabela 2.13 - CORRESPONDÊNCIA DE TUBOS DE DIVERSOS DIÂMETROS COM O DE 15

mm (1/2”)

Diâmetro do encanamento Número de encanamentos

mm polegadas de 15 mm (1/2”) com a

mesma capacidade

15 ½ 1

20 3/4 2,9

25 1 6,2

32 1 1/4 10,9

40 1 1/2 17,4

50 2 37,8

60 2 1/2 65,5

75 3 110,5

100 4 189,0

150 6 527,0

200 8 1.200,0

b) Máximo Provável

Este método já considera difícil que todas as peças de utilização, alimentadas

pelo mesmo ramal, funcionem simultaneamente e que a probabilidade de uso

simultâneo decresce com o acréscimo do número de peças.

63

Para este sistema o método de dimensionamento adotado pela NBR

5626/1998 é baseado na probabilidade do uso simultâneo das peças de utilização.

A tabela 2.14 fornece os pesos correspondentes a cada peça de utilização, que

serão usados no cálculo da vazão, empregando a fórmula:

Q = 0,30 P

Sendo:

Q - vazão, em l/s

P - Peso, adimensional

O ábaco da figura 2.16 fornece o diâmetro do ramal de alimentação em função

da vazão calculada

64

Tabela 2.14 - VAZÕES E PESOS, NBR 5626/98

Aparelho

sanitário

Peça de utilização Vazão de

projeto

(L/s)

Peso

relativo

Bacia Sanitária

Caixa de descarga 0,15 0,3

Válvula de descarga 1,70 32,0

Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,0

Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,1

Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,1

Chuveiro ou

ducha

Misturador (água fria) 0,20 0,4

Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,1

Lavadora de pratos ou de

roupas

Registro de pressão 0,30 1,0

Lavatório Torneira ou misturador

(água fria)

0,15 0,3

Mictório cerâmico

Com sifão

integrado

Válvula de descarga 2,8

Sem sifão

integrado

Caixa de descarga,

registro de pressão ou

válvula de descarga para

mictório

0,15 0,3

Mictório tipo

calha

Caixa de descarga ou

registro de pressão

0,15

por metro

de calha

0,3

Pia

Torneira ou misturador

(água fria)

0,25 0,7

Torneira elétrica 0,10 0,1

Tanque Torneira 0,25 0,7

Torneira de

jardim ou

lavagem em

geral

Torneira 0,20 0,4

65

A figura 2.17 representa um isométrico onde é possível distinguir os ramais e

sub-ramais de alimentação.

Figura 2.16 - DIÂMETRO E VAZÕES EM FUNÇÃO DA SOMA DOS PESOS

66

Figura 2.17 - RAMAIS E SUB-RAMAIS

Exemplo 2.18

Dimensionar os sub-ramais do isométrico representado na figura 2.17.

O dimensionamento dos sub-ramais é muito simples; na tabela 2.10 faz-se a

leitura direta do diâmetro mínimo para cada peça de utilização.

No exemplo temos:

3 sub-ramais de vaso ou bacia sanitária com válvula de descarga (1 1/2”) -

40 mm

1 sub-ramal para o lavatório - 15 mm

1 sub-ramal para o chuveiro - 15 mm

Terminado o dimensionamento anota-se no desenho os diâmetros

correspondentes.

67

OBS.: Os diâmetros estão expressos em mm

Exemplo 2.19

Dimensionar os ramais do isométrico representado na figura 2.17.

Para dimensionar os ramais é importante observar as peças de utilização a

serem alimentadas para definir qual o processo será utilizado. Neste caso temos três

vasos ou bacias sanitárias com possibilidade de uso simultâneo, devemos então

dimensionar pelo sistema máximo possível, utilizando o método das seções

equivalentes.

Divide-se o ramal em trechos e o dimensionamento é feito trecho a trecho.

O isométrico apresenta quatro trechos (I; II; III; IV), conforme a figura abaixo.

68

OBS.: Os diâmetros estão expressos em mm.

Para cada diâmetro de sub-ramal alimentado pelo trecho considerado, anota-se

da tabela 2.13 a equivalência de tubos de 15 mm correspondente, soma-se estes

valores e na mesma tabela, no sentido inverso, faz-se a leitura do diâmetro

correspondente ao trecho do ramal.

Trecho I Tabela 2

Chuveiro, 15 mm 1

Lavatório, 15 mm 1

2 20 mm

Trecho II

Trecho I, 2

1 vaso sanitário, 40 mm 17,4

19,4 50 mm

Trecho III

69

Trecho II 19,4

1 vaso sanitário, 40 mm 17,4

36,8 50 mm

Trecho IV

Trecho III 36,8

1 vaso sanitário, 40 mm 17,4

54,2 60 mm

Terminado o dimensionamento anota-se no desenho os diâmetros

correspondentes.

Exemplo 2.20

Dimensionar o isométrico abaixo considerando um edifício residencial.

OBS.: Os diâmetros estão expressos em mm.

70

O edifício é residencial, portanto, de uso privado e, neste caso, o

dimensionamento dos ramais é pelo sistema máximo provável. O ramal apresenta dois

trechos e o dimensionamento é trecho a trecho, determinando os pesos (tabela 2.14),

a vazão e, em função destes valores, o diâmetro correspondente no ábaco da figura

2.16.

Trecho I Peso (Tabela 2.14)

1 chuveiro 0,5

2 lavatório 0,5

_____

1,0

Q = 0,301,0 = 0,30 l/s 20 mm

Trecho II

Trecho I 1,0

1 Vaso sanitário, 40 mm 40,0

____

41,0

Q = 0,3041,0 = 1,92 l/s no ábaco da figura 2.16 os diâmetros

correspondentes são 32 mm e 40 mm, estão dentro da chamada faixa de transição e

sempre que isto ocorrer, recomendamos adotar o maior diâmetro. Neste exemplo o

32 mm não pode ser adotado pois é menor que o diâmetro do sub-ramal do vaso

sanitário.

Terminando o dimensionamento anota-se no desenho os diâmetros

correspondentes.

Trecho I 20 mm

Trecho II 40 mm

71

2.10 - DIMENSIONAMENTO DO BARRILETE

MÉTODO DE HUNTER

Barrilete é a tubulação que interliga o reservatório superior às colunas de

distribuição de água fria, Figura 2.18.

Figura 2.18 – BARRILETE

O dimensionamento do barrilete poderá ser feito pelo sistema máximo provável

porém, neste manual será desenvolvido o método de Hunter.

No método de Hunter é atribuído um “peso” para cada tipo de peça de

utilização. Estabelece também dependência entre as descargas das peças de

utilização e a soma total dos pesos de todas as peças. Para se determinar os “pesos”,

Hunter considerou o seguinte:

- consumo da peça de utilização;

- se a instalação é de uso privado ou de uso público;

- se as peças contêm válvulas de descarga ou não;

- se as peças estão agrupadas em compartimentos ou se localizadas isoladamente;

- se há água fria ou quente que possam ser utilizadas simultaneamente.

Para o cálculo observar o seguinte roteiro:

72

a) desenhar o barrilete, colocando as cotas, colunas a alimentar e trechos a

dimensionar;

b) relacionar as colunas de distribuição que serão alimentadas por cada trecho do

barrilete;

c) pela tabela 2.15 obtém-se os pesos das peças de utilização por pavimento;

d) após determinar os pesos por pavimento, calcular os pesos acumulados nas

diversas colunas;

e) determinar os pesos acumulados em cada trecho do barrilete;

f) conhecendo os pesos acumulados em cada trecho do barrilete, determinar as

vazões, em l/s, através da tabela 2.16;

g) determinar os diâmetros dos trechos do barrilete de acordo com a tabela 2.17

(perda de carga máxima fixada em 8%);

h) conhecida a vazão e o diâmetro, entra-se com estes dados num dos ábacos de

Fair-Whipple-Hsiao, que estão reproduzidos nas figuras 2.6 e 2.7 determina-se a

perda de carga unitária e a velocidade que deve ser comparada aos valores da tabela

2.18. Pode-se usar também os ábacos de Flamant e Hazem-Williams, figuras 2.5 e 2.9

respectivamente.

i) determina-se o comprimento total da tubulação, valor este que é a soma do

comprimento real mais o comprimento equivalente que é obtido nas tabelas 2.5; 2.6;

2.7 e 2.8;

j) conhecidos o comprimento total e a perda de carga unitária, determina-se a perda de

carga total, em cada trecho da tubulação (J = L x Ju);

l) determina-se então as pressões disponíveis nas derivações e nos topos das colunas de distribuição de água fria.

73

Tabela 2.15 - PESOS DOS APARELHOS, SEGUNDO ROY B. HUNTER

APARELHOS USO

COLETIVO

USO

PRIVADO

Banheiras 4 2

bidês 2 1

chuveiros 4 2

lavatórios 2 1

mictórios de parede com válvulas de descarga 10 -

mictórios de piso com válvulas de descarga 5 -

mictórios com caixa de descarga 3 -

pias de cozinha 4 2

pias de despejo 5 3

tanque de lavar roupas - 3

W.C. com caixa de descarga 5 3

W.C. com válvula de descarga 10 6

Conjunto de banheiro (com caixa de descarga para o W.C.) - 6

Conjunto de banheiro (com válvula de descarga para o W.C.) - 8

74

Tabela 2.16 - RELAÇÕES “PESOS” X VAZÕES (MÉTODO DE HUNTER)

PESO VAZÃO (l/S) PESO VAZÃO (l/S)

TOTAL COM PRE-

DOMINÂNCIA

DE V.D.

APARELHOS

COMUNS

TOTAL COM PRE-

DOMINÂNCIA

DE V. D.

APARELHOS

COMUNS

10 1,9 0,5 180 5,9 4,2

20 2,3 1,0 190 6,1 4,4

30 2,8 1,3 200 6,2 4,5

40 3,2 1,7 210 6,3 4,6

50 3,5 1,9 220 6,4 4,7

60 3,7 2,2 230 6,5 4,8

70 3,9 2,4 240 6,6 4,8

80 4,1 2,6 250 6,7 4,9

90 4,3 2,8 300 7,3 6,0

100 4,5 3,0 350 7,9 6,6

110 4,7 3,2 400 8,5 7,2

120 4,9 3,3 500 9,5 7,9

130 5,1 3,5 600 10,7 9,7

140 5,3 3,7 700 11,4 10,7

150 5,4 3,8 800 12,4 12,0

160 5,6 4,0 900 13,0 12,7

170 5,8 4,1 1.000 14,0 14,0

Tabela 2.17 - VAZÕES MÁXIMAS PERMISSÍVEIS NOS BARRILETES (JMAX = 0,08 m/m)

DIÂMETROS VAZÕES MÁXIMAS

mm Polegadas l/s m3/dia

25 1 0,50 43

32 1 ¼ 0,90 78

40 1 ½ 1,40 121

50 2 3,1 268

60 2 ½ 5,5 475

75 3 9,0 777

100 4 18,0 1.555

75

Tabela 2.18 - VELOCIDADES E VAZÕES MÁXIMAS PERMISSÍVEIS NOS ENCANAMENTOS

DIÂMETROS VEL. MÁXIMA VAZÃO MÁXIMA

mm polegada m/s l/s m3/dia

15 ½ 3,00 0,5 43

20 ¾ 3,00 0,7 61

25 1 3,00 1,2 95

32 1 1/4 3,00 1,8 157

40 1 1/2 3,00 2,9 252

50 2 3,00 4,5 389

60 2 1/2 3,00 6,7 579

75 3 3,00 10,4 899

100 4 3,00 23,5 2030

125 5 3,00 36,8 3179

150 6 3,00 53 4579

Exemplo 2.21

Dimensionar pelo método de Hunter, o barrilete (página 305) sabendo-se que o

edifício é residencial com cinco pavimentos tipo e que as colunas alimentam em cada

pavimento:

AF - 1 1 Pia de cozinha

1 Filtro

AF - 2 1 tanque

1 vaso sanitário com caixa de descarga

1 chuveiro

1 lavatório

AF - 3 1 lavatório

1 vaso sanitário com válvula de descarga

AF - 4 1 lavatório

e 1 chuveiro

AF - 5 1 bidê

1 vaso sanitário com válvula de descarga

Utilizar tubos de aço galvanizado e conexões de ferro maleável.

76

Seguindo o roteiro sugerido para o dimensionamento e utilizando a planilha de

cálculo, teremos:

- Cálculo dos pesos de Hunter, em cada coluna, de acordo com a tabela 2.15.

Peso

AF - 1 Pia 2

Filtro 1

3 Considerar o peso mínimo em cada pavimento,

acumulando até o 5º pavimento, temos:

3 x 5 = 15

Peso

AF - 2 Tanque 3

VS com caixa

de descarga 3

Chuveiro 2

Lavatório 1

77

9 x 5 = 45

Peso

AF - 3 Lavatório 1

V.S. com

válvula de

descarga 6

7 x 5 = 35

Peso

AF - 4 Lavatório 1

e Chuveiro 2

AF - 5 Bidê 1

VS com

válvula de

descarga 6

10 x 5 = 50

- Dividimos o barrilete em trechos e calculamos o peso acumulado em cada

trecho. O trecho que abastece apenas uma coluna terá o peso desta e quando

alimentar mais colunas, basta somar os pesos correspondentes a cada coluna. Estes

valores devem ser anotados na planilha de cálculo.

- Para anotar os valores da vazão, em função do peso (tabela 2.16), devemos

observar os trechos que alimentam válvulas de descarga e os trechos com aparelhos

comuns (AB; BC e BD).

Como o material empregado neste exemplo é o aço galvanizado devemos usar

as tabelas e ábacos correspondentes para o cálculo das perdas de carga. Nas colunas

de comprimentos teremos: “real” é o comprimento do trecho cotado no desenho;

“equivalente” é o valor obtido nas tabelas 2.7 e 2.8; “total” é a soma dos

comprimentos real e equivalente. No trecho RA temos os seguintes comprimentos

equivalentes:

78

entrada de borda 2,20 m

registro de gaveta, aberto 0,50 m

tê 90o, saída bilateral 4,11 m

_________

6,81 m

Comprimento real 3,30 m

_________

Comprimento total 10,11 m

Quando o trecho tiver apenas uma conexão, ou um valor de comprimento

equivalente anotamos direto este valor na planilha de cálculo.

A pressão disponível é calculada a partir do reservatório. Consideramos

sempre a situação mais desfavorável, ou seja, aquela que leva a valores menores da

pressão disponível. A entrada de água na canalização está a 3,30 m do plano do

barrilete, então a pressão no ponto A será igual a este desnível subtraído a perda de

carga no trecho RA PA = 3,30 - J(RA) = 3,30 - 0,41 = 2,89.

Nos demais trechos, temos:

PB = PA - J(A B) = 2,89 - 0,20 = 2,69 m H2O

PC = PB - J(B C) = 2,69 - 0,06 = 2,63 m H2O

PD = PB - J(B D) = 2,69 - 0,10 = 2,59 m H2O

PE = PA - J(A E) = 2,89 - 0,21 = 2,68 m H2O

PF = PE - J(E F) = 2,68 - 0,46 = 2,22 m H2O

E assim sucessivamente. Estes valores devem ser calculados diretamente na

planilha e serão utilizados no dimensionamento das colunas de distribuição de água

fria.

79

- para anotar os valores da vazão devemos observar que a coluna alimenta

uma válvula de descarga.

- como o material empregado neste exemplo é o PVC devemos usar as tabelas

e ábacos correspondentes para o cálculo das perdas de carga (Figura 2.7 e tabela 2.6)

- a pressão disponível nas derivações serão calculadas a partir da pressão no

topo da coluna (PG = 2,05 m H2O) calculada no barrilete. A pressão no ponto A será:

PA = PG + Comprimento do trecho GA - J GA

PA = 2,05 + 1,10 - 0,31 = 2,84 m H2O

Nos demais trechos seguiremos o mesmo raciocínio:

PB = 2,84 + 2,80 - 0,34 = 5,30 m H2O

PC = 5,30 + 2,80 - 0,27 = 7,83 m H2O

E assim sucessivamente. Estes valores devem ser calculados diretamente na

planilha.

PLANILHA DE CÁLCULO DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

80

2.11 - DIMENSIONAMENTO DAS COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO

- MÉTODO DE HUNTER -

As colunas de distribuição de água fria derivam do barrilete, na posição vertical,

e alimentam os ramais nos pavimentos. Figura 2.19.

Figura 2.19 - COLUNA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA FRIA - AF

O dimensionamento das colunas poderá ser feito pelo sistema máximo

provável, usado no dimensionamento dos ramais. O método mais empregado do

dimensionamento é o de Hunter.

Para o cálculo pelo método de Hunter, observar o seguinte roteiro:

a) desenha-se a coluna, colocando as cotas, ramais a alimentar e trechos a

dimensionar. É preferível a criação de novas colunas para evitar que os ramais se

81

alonguem. A coluna que alimenta aparelhos que utilizam válvulas de descarga deverá

ser independente das demais;

b) relacionar os ramais que serão alimentados por cada coluna;

c) pela tabela 2.15 obtém-se os pesos das peças de utilização por pavimento;

d) após determinados os pesos por pavimento faz-se a soma, de baixo para cima,

encontrando assim os pesos acumulados em cada trecho da coluna;

e) encontrados os pesos acumulados em cada trecho da coluna, determina-se as

vazões, em l/s, através da tabela 2.16;

f) conhecida a vazão determina-se o diâmetro dos trechos da coluna de acordo com a

tabela 2.18;

g) conhecida a vazão e o diâmetro, entra-se com estes dados num dos ábacos de

Fair-Whipple-Hsiao, que estão reproduzidos nas figuras 2.6 e 2.7, determina-se a

perda de carga unitária e a velocidade que deve ser comparada aos valores da tabela

2.18. Pode-se usar também os ábacos de Flamant e de Hazem-Williams, figuras 2.5 e

2.9 respectivamente;

h) determina-se o comprimento total da tubulação, valor este que é a soma do

comprimento real mais o comprimento equivalente que é obtido nas tabelas 2.5; 2.6;

2.7 e 2.8;

i) conhecidos o comprimento total e a perda de carga unitária, determina-se a perda de

carga total, de cada trecho da tubulação (J = L x Ju);

j) determina-se então as pressões disponíveis nas derivações da coluna de

distribuição.

Exemplo 2.2

Calcular as pressões disponíveis nas derivações dos ramais da coluna AF-5,

do exemplo 2.21.

O material empregado é o PVC.

Seguindo o roteiro sugerido para o dimensionamento, pelo método de Hunter, e

utilizando a planilha de cálculo, temos:

Do exemplo 2.21:

Peso por pavimento = 10

Pressão disponível P (G) = 2,05 m H2O

82

PLANILHA DE CÁLCULO DE INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

OBS: Foram necessárias mudanças de diâmetros para atender o valor da

velocidade máxima (3,0 m/s).

83

3. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

3.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUA QUENTE

As instalações prediais de água quente são regidas pela NBR 7198/93 da

ABNT que fixa as exigências técnicas mínimas para criar um ambiente de maior

conforto aos usuários.

O uso da água quente é comum em quase todas as atividades humanas e as

instalações hidráulicas para a sua condução podem ser específicas para indústrias,

hospitais, hotéis, motéis e residências. A demanda de água quente e as instalações

hidráulicas industriais não serão abordadas neste manual.

As temperaturas mais usuais da água quente, são as seguintes:

- uso pessoal em banhos: ........................................................................35 a 50oC

- em cozinhas (gorduras): ........................................................................60 a 75oC

- lavanderias:............................................................................................ 75 a 80oC

- finalidades hospitalares: ........................................................................100oC ou mais.

Para reduzir as perdas de calor no sistema de distribuição de água quente,

costuma-se envolver as tubulações com material isolante, tais como: lã de vidro;

amianto em pó ou cortiça moída, em mistura com leite de cal; vermiculita; etc.

Já existem tubos e conexões de materiais com propriedades termoplásticas

que são isolantes térmicos. Tais produtos dispensam o revestimento utilizado com a

finalidade de diminuir a perda de calor; porém alguns fabricantes recomendam

envolver as tubulações para minimizar os efeitos da dilatação térmica.

3.2 - TIPOS DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO

O sistema de aquecimento poderá ser:

a) Individual

O sistema de aquecimento é individual quando alimenta uma única peça de

utilização. Ex.: chuveiros, torneiras.

84

b) Central Privado

O sistema de aquecimento é central privado, quando alimenta várias peças de

utilização de um único domicílio. Ex.: aquecedor de acumulação.

c) Central Coletivo

O sistema de aquecimento é central coletivo, quando alimenta peças de

utilização de vários domicílios. Ex.: Hotel, Motel, Hospital.

3.3 - CONSUMO PREDIAL

A NBR 7198/93 dita as bases para se determinar o consumo predial.

Conhecida a população da edificação, calcula-se o consumo predial através da tabela

3.1.

Tabela 3.1 - ESTIMATIVA DE CONSUMO DE ÁGUA QUENTE

PRÉDIO CONSUMO LITROS/DIA

Alojamento provisório de obra 24 por pessoa

Casa popular ou rural 36 por pessoa

Residência 45 por pessoa

Apartamento 60 por pessoa

Quartel 45 por pessoa

Escola (internato) 45 por pessoa

Hotel (sem incluir cozinha e lavanderia) 36 por hóspede

Hospital 125 por leito

Restaurantes e similares 12 por refeição

Lavanderia 15 por kg de roupa seca

OBS: No caso da água ser aquecida por energia solar recomenda-se considerar uma

estimativa de consumo de 120L/pessoa/dia.

3.4 - CONDUÇÃO DE ÁGUA QUENTE

85

3.4.1 - QUANTO À PRESSÃO MÁXIMA E MÍNIMA

A pressão estática máxima para as peças de utilização e para os aquecedores

é de 400 Kpa (40,00 mH2O).

As pressões mínimas nas torneiras e nos chuveiros são 10 Kpa e 5 Kpa (1,00

m H2O e 0,50 m H2O), respectivamente.

3.4.2 - QUANTO AS VAZÕES E VELOCIDADES MÁXIMAS DE FLUXO

A tabela 3.2 fornece as vazões e velocidades máximas de fluxo para

tubulações de água quente. A NBR 7198/93, em vigor, adota o valor máximo de 3,0

m/s.

3.4.3 - QUANTO ÁS PERDAS DE CARGA

O cálculo das perdas de carga é idêntico ao do item 2.6.5, de água fria.

3.4.4 - QUANTO À VAZÃO E DIÂMETRO MÍNIMOS

a) Vazão Mínima

A NBR 7198/93 fornece a vazão mínima das peças de utilização, conforme a

tabela 3.3 para que elas tenham um perfeito desempenho.

b) Diâmetro Mínimo

A NBR 7198/82 recomenda também que os diâmetros mínimos das tubulações

não sejam inferiores aos da tabela 3.4.

86

Tabela 3.2 - VELOCIDADES E VAZÕES MÁXIMAS PARA ÁGUA QUENTE

DIÂMETRO NOMINAL VELOCIDADES

MÁXIMAS

VAZÕES

MÁXIMAS

DN (DIÂMETRO NOMINAL) REFERÊNCIA

(mm) (Polegada) m/s l/s

15 ½ 3,00 0,5

20 ¾ 3,00 0,7

25 1 3,00 1,2

32 1 1/4 3,00 1,8

40 1 1/2 3,00 2,9

50 2 3,00 4,5

60 2 1/2 3,00 6,7

75 3 3,00 10,4

100 4 3,00 23,5

Tabela 3.3 - VAZÃO MÍNIMA E PESO DAS PEÇAS DE UTILIZAÇÃO

PEÇAS DE UTILIZAÇÃO VAZÃO l/s PESO

Banheira 0,3 1,0

Bidê 0,10 0,1

Chuveiro 0,20 0,4

Lavatório 0,15 0,3

Pia de cozinha 0,25 0,7

Pia de despejo - 1,0

Lavadora de roupa 0,30 1,0

87

Tabela 3.4 - DIÂMETRO MÍNIMO DOS SUB-RAMAIS

PEÇAS DE UTILIZAÇÃO DIÂMETRO (mm)

Banheira 15

Bidê 15

Chuveiro 15

Lavatório 15

Pia de cozinha 15

Pia de despejo 20

Lavadora de roupa 20

3.5 - DIMENSIONAMENTO PARA A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA QUENTE

O dimensionamento para a distribuição da água quente segue o mesmo

raciocínio empregado para a água fria, porém fazendo as devidas alterações quanto

ao consumo, conforme a NBR 7198/93.

3.5.1 - SUB-RAMAIS

A NBR 7198/93 recomenda os diâmetros mínimos para os sub-ramais

conforme a tabela 3.4.

3.5.2 - RAMAIS DE ALIMENTAÇÃO

A NBR 7198/93 recomenda o sistema de funcionamento máximo provável das

peças de utilização. Em casos especiais poderá ser usado o sistema máximo possível.

O dimensionamento dos ramais de alimentação de água quente, pelo sistema

máximo provável é feito conforme o item 2.9 de água fria.

3.5.3 - COLUNAS DE DISTRIBUIÇÃO

Quando o sistema de aquecimento utilizado for do tipo central coletivo a

distribuição da água quente se faz pelas colunas e pode ser ascendente; descendente

ou mista. O sistema pode ser projetado com sentido unidirecional de fluxo da água ou

com o retorno da mesma. O retorno pode ser feito com ou sem bombeamento

independente do tipo de sistema de distribuição de água quente adotado, a

88

alimentação com água fria do sistema de aquecimento deve ser totalmente separada

da tubulação que distribui água fria para a edificação. Deve ser colocada uma válvula

de retenção junto a saída do reservatório de água fria para evitar o acesso de água

quente neste. O diâmetro da coluna deve ser calculado pelo sistema máximo provável.

3.6 - PRODUÇÃO DE ÁGUA QUENTE

A produção de água quente se dá pela transferência de calorias de uma fonte

de calor para que a água alcance a temperatura desejada. Estas calorias poderão ser

obtidas através de diversas fontes de energia térmica, dentre as quais temos:

- combustíveis sólidos, líquidos e gasosos;

- energia elétrica;

- energia solar;

- vapor.

3.6.1 - ELETRICIDADE E GÁS

Os aquecedores de água residenciais normalmente utilizam eletricidade ou gás

como fonte de energia térmica. Podem ser de dois tipos:

a) de passagem contínua da água, que são os aquecedores individuais ou

central privado. A figura 3.1 ilustra os aquecedores de passagem.

a) individual

89

b) central privado

MODELO - 4000 B MODELO - 6000 B

4000 B - BAIXA PRESSÃO

6000 B - ALTA PRESSÃO

Para casas térreas e sobrados: Para prédios de apartamentos:

. Pressão mínima: 1,1 m H2O . Pressão mínima: 7 m H2O

. Pressão máxima: 7 m H2O . Pressão máxima: 70 m H2O

. Resistência Standard com regulagem

de temperatura

. Resistência Standard ou blindada (sem

regulagem de temperatura

90

Figura 3.1 - AQUECEDORES DE PASSAGEM

b) de acumulação, aparelho no qual a água acumulada é aquecida. É constituído de

dois reservatórios: um interno, de aço ou cobre, no qual a água é acumulada e

aquecida; outro externo, de aço, criando assim uma camada de ar entre os dois

tambores, necessária para isolação térmica do sistema. Os aquecedores são

fabricados para atender a baixa pressão de serviço, 20 Kpa (2 m H2O) e alta

pressão, acima de 20 Kpa (2 m H2O).

A tabela 3.5 é utilizada para o dimensionamento dos aquecedores de acumulação.

A figura 3.2 ilustra um aquecedor de acumulação e a figura 3.3 mostra um isométrico

utilizando aquecedor de acumulação.

91

Tabela 3.5 - DIMENSIONAMENTO INDICADO PARA AQUECEDORES ELÉTRICOS DE

ACUMULAÇÃO

CONSUMO DIÁRIO

A 70oC

CAPACIDADE DO

AQUECEDOR (LITROS)

POTÊNCIA

(kw)

60 50 0,75

95 75 0,75

130 100 1,0

200 150 1,25

260 200 1,50

330 250 2,0

430 300 2,5

570 400 3,0

700 500 4,0

850 600 4,5

1.150 750 5,5

1.500 1.000 7,0

1.900 1.250 8,5

2.300 1.500 10,0

2.900 1.750 12,0

3.300 2.000 14,0

4.200 2.500 17,0

5.000 3.000 20,0

a) Horizontal

92

b) Vertical

Figura 3.2 - AQUECEDOR DE ACUMULAÇÃO

a) DETALHE, EM PLANTA

93

b) DETALHE DA BANDEJA

Posição de montagem dos aquecedores

c) ISOMÉTRICO

Figura 3.3 - BANHEIRO COM AQUECEDOR DE ACUMULAÇÃO

94

Exemplo 3.1

Determinar o volume de um aquecedor de acumulação para atender a uma

residência com 5 pessoas.

Resolução:

Da tabela 3.1 tem-se que o consumo “per capita” é de 45 litros/dia.

O consumo diário será: 5 x 45 = 225 litros.

Na tabela 3.5 verifica-se que o aquecedor deverá ter capacidade para 200

litros.

Exemplo 3.2

Calcular o volume do reservatório de água quente para um sistema de

aquecimento solar de um edifício residencial, com oito apartamentos de dois quartos e

dependência de empregada.

Resolução:

Da tabela 3.1 consumo “per capita” = 45 litros.

População do prédio: o procedimento é análogo ao de água fria, então

teremos: 2 pessoas por quarto mais uma empregada, por apartamento.

População do prédio: 5 x 8 = 40 pessoas.

Volume do reservatório:

40 pessoas x 45 litros/pessoa = 1.800 litros

Exemplo 3.3

Determinar o volume do reservatório de água quente do sistema de

aquecimento solar, para atender a um hospital com cinqüenta leitos.

Resolução:

Da tabela 3.1 125 litros por leito

Volume do reservatório:

50 (leitos) x 125 (litros/leito) = 6.250 litros.

95

3.6.2 - ENERGIA SOLAR

O aquecimento da água utilizando a energia solar é um processo muito

econômico de se obter maior conforto nas residências. Apenas o investimento inicial

do sistema pode ser considerado elevado, mas não o é, e a manutenção é

praticamente inexistente e a fonte de energia é considerada inesgotável. Não produz

qualquer forma de poluição ambiental. O sistema de aquecimento solar sofre

interferências das variações meteorológicas. Em dias de chuva ou mesmo nublados a

eficiência do sistema é bastante reduzida, sendo necessário a utilização de um

sistema misto, com energia solar e elétrica, por exemplo.

O sistema de aquecimento da água através da energia solar consta de:

a) coletor solar.

b) reservatório de água quente.

c) distribuição.

A figura 3.4 ilustra de forma esquemática uma instalação de aquecimento solar.

As placas deverão ser direcionadas para o norte a fim de obter melhor exposição ao

sol. A inclinação do coletor solar para a cidade de Belo Horizonte é da ordem de 30o a

35o. A tabela 3.6 indica as inclinações recomendáveis para algumas cidades

brasileiras.

Tabela 3.6 - INCLINAÇÃO DOS COLETORES SOLARES EM RELAÇÃO À HORIZONTAL

LUGAR LATITUDE (RECOMENDADO)

Belém 2oS 12o à 17o

Manaus 3oS 13o à 18o

Fortaleza 4oS 14o à 19o

Recife 8oS 18o à 23o

Salvador 13oS 23o à 28o

Brasília 16oS 26o à 31o

Belo Horizonte 20oS 30o à 35o

Rio de Janeiro 23oS 33o à 38o

Campinas 23oS 33o à 38o

São Paulo 23oS 33o à 38o

Curitiba 26oS 36o à 41o

Porto Alegre 30oS 40o à 45o

96

Figura 3.4 - INSTALAÇÃO ESQUEMÁTICA DE AQUECIMENTO SOLAR

LEGENDA

1 - RESERVATÓRIO DE ÁGUA FRIA

2 - ALIMENTAÇÃO DO AQUECEDOR

3 - VÁLVULA DE ALÍVIO OU SEGURANÇA

4 - DRENO DO AQUECEDOR

5 - RESERVATÓRIO DE ÁGUA QUENTE

6 - COLETORES SOLARES

7 - RETORNO DOS COLETORES

8 - ALIMENTAÇÃO DOS COLETORES

9 - ALIMENTAÇÃO DE ÁGUA QUENTE AOS PONTOS DE CONSUMO

10 - ALIMENTAÇÃO DE ÁGUA FRIA AOS PONTOS DE CONSUMO

11 - DRENO DOS COLETORES

97

4. SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO

4.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ESGOTO SANITÁRIO

A NBR 8160/99 da ABNT prescreve as condições mínimas para o projeto e

execução das instalações prediais de esgoto sanitário de modo a:

- permitir rápido escoamento dos despejos e fáceis desobstruções;

- não permitir vazamento, escapamento de gases ou formação de depósitos no interior

das tubulações;

- vedar a passagem de gases e de animais das tubulações para o interior dos

edifícios;

- impedir a contaminação da água potável.

O esgoto sanitário coletado pela instalação predial deverá ser lançado na rede

pública ou em sistema particular quando não houver a rede pública. O esgoto deve ser

submetido a algum processo de tratamento antes de ser lançado nos cursos d’água.

Esta medida evita a poluição das águas. Como exemplo de sistema particular de

disposição final dos esgotos podemos citar a fossa séptica que será estudada no item

4.5.

4.1.1 - ESGOTO SECUNDÁRIO E ESGOTO PRIMÁRIO

Esgoto secundário compreende as canalizações e as peças de utilização que

não têm acesso de gases provenientes do coletor público, isto é, as descargas vão até

as caixas sifonadas, ralos sifonados, sifões e demais desconectores.

Esgoto primário compreende as canalizações que possam ter acesso de

gases, isto é, as descargas que vão dos desconectores até o coletor público.

4.2 - DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE ESGOTO SANITÁRIO

4.2.1 - RAMAIS DE DESCARGA E RAMAIS DE ESGOTO

RAMAL DE DESCARGA - RD

Tubulação que recebe diretamente efluentes de aparelhos sanitários.

98

RAMAL DE ESGOTO - RE

Tubulação que recebe efluentes de ramais de descarga.

O dimensionamento da tubulação de esgoto sanitário é em função das

“Unidades Hunter de Contribuição - UHC” que foram atribuídas aos aparelhos

sanitários. As unidades Hunter de contribuição - UHC e os diâmetros mínimos dos

ramais de descarga estão relacionados na tabela 4.1. O esgotamento sanitário é feito

por conduto livre (por gravidade) e os ramais de descarga e de esgoto devem

obedecer as declividades da tabela 4.2. Os diâmetros dos ramais de esgoto estão

relacionados na tabela 4.3.

Tabela 4.1 - UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO - UHC - DOS APARELHOS

SANITÁRIOS E DIÂMETRO DOS RAMAIS DE DESCARGA

APARELHO

UHC

DIÂMETRO NOMINAL

DO RAMAL DE

DESCARGA - DN

(mm)

Bacia sanitária 6 100(1)

Banheira de residência 2 40

Bebedouro 0,5 40

Bidê 1 40

Chuveiro De residência 2 40

Coletivo 4 40

De residência 1 40

Coletivo 2 40

Mictório Válvula de descarga 6 75

Caixa de descarga 5 50

Descarga automática 2 40

De calha 2(2)

50

Pia de cozinha residencial 3 50

Pia de cozinha Preparação 3 50

Lavagem de panelas 4 50

Tanque de lavar roupas 3 40

Máquina de lavar louças 2 50(3)

Máquina de lavar roupas 3 50(3)

99

(1) O diâmetro nominal DN mínimo para o ramal de descarga de bacia sanitária

pode ser reduzido para DN75, caso justificado pelo cálculo de

dimensionamento efetuado pelo método hidráulico apresentado no anexo B da

NBR8160/99 e somente depois da revisão da NBR 6452/1985 (aparelhos

sanitários de material cerâmico), pela qual os fabricantes devem confeccionar

variantes das bacias sanitárias com saída própria para ponto de esgoto de

DN75, sem necessidade de peça especial de adaptação.

(2) Por metro de calha – considerar como ramal de esgoto.

(3) Devem ser consideradas as recomendações dos fabricantes.

Tabela 4.3

Tabela 4.2 DIMENSIONAMENTO DE

DECLIVIDADES MÍNIMAS RAMAIS DE ESGOTO

DIÂMETRO DECLIVIDADE DIÂMETRO NÚMERO

MÁXIMO

POLEGADA mm % NOMINAL DO DE UNIDADES

1 ¼” 30 3 TUBO HUNTER DE

1 ½” 40 3 DN CONTRIBUIÇÃO

2” 50 3 (mm)

3” 75 2 30 * 1

4” 100 1 40 3

5” 125 1,2 50 6

6” 150 0,7 75 20

8” 200 0,5 100 160

10” 250 0,5 150 620

12” 300 0,5 *o diâmetro DN 30 não é fabricado

16” 400 0,5 atualmente

Exemplo 4.1

Dimensionar os ramais de descarga e ramais de esgoto da figura abaixo. O banheiro é

residencial.

100

a) Ramais de descarga

Os diâmetros dos RD são anotados diretamente da tabela 4.1, bem como as

respectivas declividades da tabela 4.2.

Observação importante: quando utilizar tubulações de PVC o menor diâmetro

fabricado atualmente é DN 40; para ferro fundido o menor diâmetro é DN 50.

Na figura temos:

Tabela 4.1

DN DN - adotado

RD do lavatório 30 40

RD do bidê 30 40

RD do chuveiro 40 40

RD do vaso sanitário 100 100

101

A declividade para o diâmetro DN 40 é de 3% e para DN 100 é de 1%, de

acordo com a tabela 4.2.

Terminado o dimensionamento anotamos os valores no desenho.

b) Ramais de esgoto

No desenho temos dois trechos de ramais de esgoto: RE-1 e RE-2.

O dimensionamento é feito trecho a trecho, considerando o total de UHC para cada

trecho e em função deste valor faz-se a leitura direta do diâmetro na tabela 4.3 e a

declividade na tabela 4.2.

UHC (Tabela 4.1)

RE-1, esgota os aparelhos: Lavatório 1

Bidê 2

Chuveiro 2

______

5 UHC 50 mm

102

O RE - 1 terá DN 50 e i = 3%.

RE-2, esgota: RE-1 5 UHC

Vaso Sanitário 6

________

11 UHC 75 mm

O RE - 2 terá DN 100 e i = 2%. O valor encontrado ( 75 mm) não pode ser usado

porque o ramal esgota vaso sanitário que exige diâmetro mínimo de 100 mm.

4.2.2 - TUBOS DE QUEDA TQ

É a tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto

e ramais de descarga.

Os tubos de queda deverão, segundo a NBR 8160/83 da ABNT:

- ser o mais vertical possível;

- empregar sempre curvas de raio longo nas mudanças de direção, quando estas se

fizerem necessárias;

- nas mudanças de direção, colocar uma visita junto às curvas, sempre que estas

forem inatingíveis por varas de limpeza, introduzidas através das caixas de inspeção;

- ser prolongados com o mesmo diâmetro, até a cobertura da edificação, para fins de

ventilação.

Para o dimensionamento dos tubos de queda a NBR 8160/83 recomenda a

tabela 4.4, com as seguintes restrições:

1. Nenhum vaso sanitário poderá descarregar em um tubo de queda de diâmetro

inferior a DN 100;

2. Nenhum tubo de queda deve ter diâmetro inferior ao da tubulação a ele ligada.

3. Nenhum tubo de queda que receba descargas de pias de cozinha ou pias de

despejo deve ter diâmetro inferior a DN 75, excetuando o caso de tubos de queda que

recebam até seis unidades Hunter de contribuição em prédios de até dois pavimentos,

quando pode então ser usado o diâmetro nominal DN-50.

Quando forem necessários os desvios dos tubos de queda estes devem ser

dimensionados da seguinte forma:

a) desvios com ângulos menores que 45o com a vertical, o TQ é dimensionado pela

tabela 4.4.

103

b) desvios com ângulos maiores que 45o:

b.1 - Trecho acima do desvio, tabela 4.4;

b.2 - Trecho horizontal, funciona como subcoletor e é dimensionado pela tabela 4.5;

b.3 - Trecho abaixo do desvio, tabela 4.4, considerando o número de Unidades Hunter

de contribuição de todos os aparelhos que são esgotados pelo TQ, não podendo este

trecho ter DN menor que o trecho anterior.

Exemplo 4.2

Dimensionar o tubo de queda representado na figura abaixo. O edifício é

residencial com cinco pavimento tipo.

104

PLANTA ESQUEMA VERTICAL

OBS.: DIÂMETROS EM mm.

105

Tabela 4.4 - DIMENSIONAMENTO DE TUBOS DE QUEDA

DIÂMETRO NOMINAL NÚMERO MÁXIMO DE UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO

DO TUBO PRÉDIO DE ATÉ PRÉDIO COM MAIS DE 3 PAVIMENTOS

DN 3 PAVIMENTOS EM 1 PAVIMENTO EM TODO O TUBO

40 4 2 8

50 10 6 24

75 30 16 70

100 240 90 500

150 960 350 1.900

200 2.200 600 3.600

250 3.800 1.000 5.600

300 6.000 1.500 8.400

Para dimensionar o tubo de queda precisamos determinar o total de UHC em

um pavimento e em todo o tubo.

Da figura temos os seguintes aparelhos:

UHC (Tabela 4.1)

Bidê 2

Chuveiro 2

Lavatório 1

Vaso Sanitário 6

_____

11 UHC, por pavimento

11 (UHC/Pav) x 5 (Pav) = 55 UHC, em todo o tubo.

Com estes valores, verificando para um pavimento e em todo o tubo, o

diâmetro encontrado na tabela 4.4 é DN 75 que deve ser substituído pelo DN 100

porque o tubo de queda esgota vaso sanitário.

4.2.3 - COLETOR PREDIAL, SUBCOLETOR OU REDE HORIZONTAL

COLETOR PREDIAL

106

Trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de subcoletor,

ramal de esgoto ou de descarga e coletor público ou sistema particular.

SUBCOLETOR (SC)

Tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou ramais de

esgoto.

Os coletores prediais, subcoletores ou redes horizontais de esgoto sanitário

deverão:

- sempre que possível ser construído em área não edificada;

- na impossibilidade da construção em área não edificada, as caixas de inspeção

deverão ser localizadas em áreas abertas e de fácil acesso;

- ter traçado retilíneo;

- ter, nas mudanças de direção, caixas de inspeção;

- ter diâmetro mínimo de 4” (100 mm).

As interligações de ramais de descarga, ramais de esgoto e subcoletores

devem ser feitas através de caixas de inspeção sempre que as tubulações forem

enterradas.

Para o dimensionamento dos coletores prediais e subcoletores deve ser

considerado apenas o aparelho sanitário de maior contribuição para cada banheiro de

prédio residencial, para o cálculo do número de UHC. A NBR - 8160/83 da ABNT

recomenda a tabela 4.5 para este dimensionamento.

Tabela 4.5 - DIMENSIONAMENTO DE COLETORES PREDIAIS E SUBCOLETORES

DIÂMETRO NÚMERO MÁXIMO DE UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO

NOMINAL DO DECLIVIDADES MÍNIMAS (%)

TUBO DN (mm) 0,5 1 2 4

100 - 180 216 250

150 - 700 840 1.000

200 1.400 1.600 1.920 2.300

250 2.500 2.900 3.500 4.200

300 3.900 4.600 5.600 6.700

400 7.000 4.300 10.000 12.000

107

4.3 - TUBULAÇÃO DE VENTILAÇÃO

4.3.1 - OBJETIVO DA VENTILAÇÃO

É obrigatório, pela NBR 8160/99, a ventilação das instalações prediais de

esgoto sanitário. Esta obrigatoriedade tem por objetivo conduzir os gases para a

atmosfera evitando o acesso dos mesmos ao interior das edificações, bem como a

ruptura do fecho-hídrico dos desconectores.

4.3.2 - PRESCRIÇÕES BÁSICAS

A NBR 8160/99 estabelece as seguintes prescrições para a tubulação de

ventilação:

- toda instalação predial de esgoto sanitário deverá compreender, no mínimo, um tubo

de ventilação primária com diâmetro não inferior a DN 75 se o prédio for residencial

e tiver no máximo três vasos sanitários; nos demais casos, DN 100, ligado

diretamente a caixa de inspeção e prolongado até acima da cobertura do prédio.

Em edificações de dois ou mais pavimentos a ventilação se faz pelo prolongamento

vertical dos tubos de queda até a cobertura, sendo todos os desconectores ligados

por ramal de ventilação à coluna de ventilação e esta ligação deverá ter, no mínimo,

0,15 m acima do nível máximo da água do mais elevado aparelho sanitário. Figura

4.1;

- deverá, no caso de telhados e lajes de cobertura, elevar-se, no mínimo, 0,30m acima

destes e, no caso de terraços, 2,00m. Figura 4.2. Se a tubulação de ventilação

estiver a menos de 4,00m de janelas ou portas, esta elevar-se-á a 1,00m acima das

vergas. Figura 4.3.

- deverá ser instalada de modo a possibilitar o escoamento, por gravidade, de

qualquer líquido que porventura tenha acesso à mesma.

A coluna de ventilação deverá ter:

108

- o diâmetro uniforme;

- a extremidade inferior ligada a um subcoletor ou a um tubo de queda, em ponto

situado abaixo da ligação do primeiro ramal de esgoto ou de descarga, ou neste

ramal;

- a extremidade superior ou a ligação em tubos de ventilação primária nas mesmas

condições prescritas para as tubulações de ventilação.

Os tubos ventiladores individuais poderão ser interligados a um barrilete de

ventilação, evitando com isso o elevado número de tubulações na cobertura, sendo

que suas extremidades deverão ter, como recomendação prática, no mínimo 2,00m

acima da mesma e diâmetro DN 150, conforme ilustrado na figura 4.4.

Figura 4.1 - ESGOTO SANITÁRIO, VENTILAÇÃO

109

Telhado

Laje Terraço

Figura 4.2 - EXTREMIDADE DO VENTILADOR PRIMÁRIO. CASOS DE TELHADO, LAJE E

TERRAÇO

110

Figura 4.3 - AFASTAMENTO DE VENTILADOR PRIMÁRIO DE PRÉDIO VIZINHO

Figura 4.4 - BARRILETE DE VENTILAÇÃO

Todo desconector deverá ser ventilado obedecendo os valores da tabela 4.6, que fixa

a distância máxima de interligação do mesmo ao tubo ventilador. São considerados

devidamente ventilados os desconectores de pias, lavatórios e tanques, quando

ligados a um tubo de queda que não receba despejos de bacias sanitárias e mictórios,

observando os valores da tabela 4.6. Considera-se também devidamente ventilados os

desconectores instalados no último pavimento, ou pavimento único, quando o número

111

de UHC for menor ou igual a quinze e, ainda, quando a distância do desconector a

uma canalização ventilada não exceder os valores da tabela 4.6.

Os sistemas de ventilação podem ser individuais ou em circuitos, podendo o

sistema individual ser contínuo ou não.

Na ventilação contínua permite-se o emprego de um único tubo ventilador para

sifões instalados em dois ramais de descarga ou de esgoto que se ligam num único

tubo de queda.

Na ventilação em circuito, um tubo ventilador serve, no máximo, a oito

aparelhos sanitários. É necessária a inclusão de um tubo ventilador suplementar, se

houver aparelho sanitário, em pavimento superposto, ligado ao mesmo tubo de queda.

O tubo ventilador suplementar deverá ter a extremidade inferior ligada ao ramal de

esgoto, entre o tubo de queda e o primeiro dos aparelhos a ventilar, e a extremidade

superior ligada ao tubo ventilador do circuito. Figura 4.5.

A ligação do tubo ventilador a uma rede horizontal, será feita acima do eixo da

tubulação, no sentido vertical, ou com desvio máximo de 45o da vertical, até 0,15m

acima do nível máximo da água no mais elevado aparelho servido, antes de ser

desenvolvida horizontalmente ou ser ligada a outro tubo ventilador.

Tabela 4.6 - DISTÂNCIA MÁXIMA DE UM DESCONECTOR AO TUBO VENTILADOR

DIÂMETRO NOMINAL DO RAMAL DE

DESCARGA DN (mm)

DISTÂNCIA MÁXIMA (m)

40 1,00

50 1,20

75 1,80

100 2,40

112

Figura 4.5 - VENTILAÇÃO EM CIRCUITO

4.3.3 - DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE VENTILAÇÃO

A NBR 8160/99 fixa para o dimensionamento da ventilação, além das

prescrições já citadas, o seguinte:

113

a) ramal de ventilação

Os ramais de ventilação deverão ter diâmetro mínimo de acordo com os limites

fixados na tabela 4.7.

Tabela 4.7 - DIMENSIONAMENTO DE RAMAIS DE VENTILAÇÃO

GRUPO DE APARELHOS SEM VASOS

SANITÁRIOS

GRUPO DE APARELHOS COM VASOS

SANITÁRIOS

NÚMERO DE

UNIDADES HUNTER

DE CONTRIBUIÇÃO

DIÂMETRO NOMINAL

DO RAMAL DE

VENTILAÇÃO - mm

NÚMERO DE

UNIDADES HUNTER

DE CONTRIBUIÇÃO

DIÂMETRO NOMINAL

DO RAMAL DE

VENTILAÇÃO - mm

até 12 40 até 17 50

13 a 18 50 18 a 60 75

19 a 36 75 - -

b) Tubos Ventiladores em Circuito

Os tubos ventiladores em circuito terão, no mínimo, diâmetro igual ao do ramal

de esgoto ou da coluna de ventilação a que estiverem ligados.

c) Tubos Ventiladores Suplementares

Os tubos ventiladores suplementares terão, no mínimo, diâmetro igual à

metade do diâmetro do ramal de esgoto a que estiver ligado.

d) Colunas de Ventilação e barriletes

As colunas de ventilação e barriletes terão os seus diâmetros de acordo com

os valores da tabela 4.8.

114

Tabela 4.8 - DIMENSIONAMENTO DE COLUNAS E BARRILETES DE VENTILAÇÃO

Diâmetro

nominal do tubo

de queda ou do

ramal de esgoto

DN

Número de

unidades

Hunter de

contribuição

Diâmetro nominal mínimo do tubo de ventilação

40 50 75 100 150 200 250 300

Comprimento permitido

m

40 8 46 - - - - - - -

40 10 30 - - - - - - -

50 12 23 61 - - - - - -

50 20 15 46 - - - - - -

75 10 13 46 317 - - - - -

75 21 10 33 247 - - - - -

75 53 8 29 207 - - - - -

75 102 8 26 189 - - - - -

100 43 - 11 76 299 - - - -

100 140 - 8 61 229

100 320 - 7 52 195 - - - -

100 530 - 6 48 177 - - - -

150 500 - - 10 40 305 - - -

150 1100 - - 8 31 238 - - -

150 2000 - - 7 26 201 - - -

150 2900 - - 6 23 183 - - -

200 1800 - - - 10 73 286 - -

200 3400 - - - 7 57 219 - -

200 5600 - - - 6 49 186 - -

200 7600 - - - 5 43 171 - -

250 4000 - - - - 24 94 293 -

250 7200 - - - - 18 73 225 -

250 11000 - - - - 16 60 192 -

250 15000 - - - - 14 55 174 -

300 7300 - - - - 9 37 116 287

300 13000 - - - - 7 29 90 219

300 20000 - - - - 6 24 76 186

300 26000 - - - - 5 22 70 152

115

4.4 - DIMENSIONAMENTO DAS CAIXAS

4.4.1 - CAIXA COLETORA (CC)

Caixa onde se reúnem os refugos líquidos que exigem elevação mecânica.

Esta caixa é utilizada quando o sistema de lançamento do esgoto no coletor

público for indireto, necessitando portanto de bombeamento ou elevação mecânica.

Os efluentes de aparelhos sanitários, de caixas sifonadas, caixas retentoras, etc, não

podem descarregar diretamente em caixas coletoras e sim em caixas de inspeção, as

quais devem ser ligadas à caixa coletora. Para o esgotamento de pisos de sub-solos

dispensa-se a caixa de inspeção devendo os efluentes serem encaminhados a uma

caixa sifonada que pode ser ligada diretamente à caixa coletora.

A capacidade da caixa coletora deve ser calculada em função do volume de

esgoto da edificação e do funcionamento da bomba, esta não deve ter freqüência

exagerada de partidas e paradas por volume insuficiente de esgoto e o volume

exagerado pode levar o esgoto a estado séptico o que também deve ser evitado no

dimensionamento da caixa coletora. A profundidade mínima da caixa coletora quando

esta recebe esgoto de vaso sanitário deve ser de 0,90 m a contar do nível da geratriz

inferior da tubulação afluente (que chega na caixa) mais baixa e o fundo deve ser

inclinado para permitir, quando necessário, seu total esvaziamento. A ventilação da

caixa deve ser independente de qualquer outra ventilação de esgoto do prédio e o

diâmetro não deve ser menor que o diâmetro da tubulação de recalque. A figura 4.6

ilustra a elevatória de esgoto de um prédio residencial.

4.4.2 - CAIXA DE INSPEÇÃO (C I)

Caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza e desobstrução das tubulações.

As caixas de inspeção deverão ser executadas em anéis de concreto, alvenaria

e tijolo maciço, blocos de concreto com paredes mínimas de 0,20m. Figura 4.7.

As caixas de inspeção poderão ter:

- seção circular de 0,60m de diâmetro; quadrada ou retangular, de 0,60m de lado, no

mínimo;

- profundidade máxima de 1,00m;

116

- tampa de fácil remoção com perfeita vedação;

- fundo construído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar a formação de

depósitos;

- distância máxima entre as caixas de 25,00 m.

Em prédios de mais de cinco pavimentos, as caixas de inspeção não devem

ser instaladas a menos de 2,00 m de distância dos tubos de queda que contribuam

para as mesmas.

A distância entre a ligação do coletor predial com o coletor público e a caixa de

inspeção, poço de visita ou peça de inspeção mais próxima, não deve ser superior a

15,00 metros.

117

Figura 4.6 - ELEVATÓRIA DE ESGOTO

118

Figura 4.7.a - CAIXA DE INSPEÇÃO

Figura 4.7.b - CAIXA DE INSPEÇÃO

4.4.3 - CAIXA DE PASSAGEM (C P)

Caixa dotada de grelha ou tampa cega destinada a receber água de lavagem

de pisos e afluentes de tubulação secundária de uma mesma unidade autônoma.

As caixas de passagem devem ter as seguintes características:

- cilíndricas, com diâmetro mínimo de 0,15m ou prismática permitindo a inscrição de

um círculo de 0,15m em sua base;

- altura mínima: 0,10m;

- tubulação de saída dimensionada pela tabela 4.3 sendo o diâmetro mínimo DN 50.

119

4.4.4 - CAIXA RETENTORA DE GORDURA (CG)

Caixa retentora é um dispositivo projetado e instalado para separar e reter

substâncias indesejáveis às redes de esgoto sanitário, neste caso, as gorduras.

As caixas de gordura devem ser instaladas em locais de fácil acesso e boas

condições de ventilação, com tampa hermética e de fácil remoção. Devem ser

divididas em duas câmaras, uma receptora e outra vertedora. As pias de cozinha

superpostas em vários pavimentos devem ser esgotadas por tubo de queda ou tubo

de gordura que conduzem os esgotos para a caixa retentora de gordura coletiva,

sendo vetado o uso de caixas retentoras de gordura individuais nos andares.

As caixas retentoras de gordura poderão ser:

a) Caixa de Gordura Individual ou pequena (C G P)

Tem diâmetro interno de 0,30m, capacidade de retenção para 18 l e tubulação

de saída com DN 75.

b) Caixa de Gordura Simples (C G S)

Tem diâmetro interno de 0,40m, capacidade de retenção de 31l e tubulação de

saída com DN 75. É usada para receber despejos de até duas pias de cozinha.

c) Caixa de Gordura Dupla (C G D)

Tem diâmetro interno de 0,60m, capacidade de retenção de 120 l e tubulação

de saída com DN 100. É usada para receber despejos de duas até doze pias de

cozinha.

d) Caixa de Gordura Especial (C G E)

Utilizada quando o número de pias de cozinha for superior a doze ou quando

se tratar de cozinhas especiais. O volume da caixa de gordura especial poderá ser

calculado com o emprego da fórmula:

V = 2 N + 20

Sendo:

V = volume em litros

N = número de pessoas servidas pela cozinha.

120

O diâmetro da tubulação de saída é DN 100.

A figura 4.8 ilustra uma caixa retentora de gordura padrão COPASA - MG.

Figura 4.8 - CAIXA RETENTORA DE GORDURA – COPASA (MG)

As dimensões das caixas de gordura especiais seguem os valores da tabela

4.9.

121

Tabela 4.9 - CAIXA DE GORDURA ESPECIAL

DIMENSÕES

Nº PESSOAS VOLUME ÚTIL, l (m) h TOTAL (M)

400 820 1,10 1,15

750 1520 1,10 2,00

1000 2020 1,50 1,75

1500 3020 1,50 2,25

4.4.5 - CAIXA SIFONADA (CS)

Caixa dotada de fecho hídrico destinada a receber efluentes da instalação

secundária de esgotos.

As caixas sifonadas que são instaladas nos banheiros e áreas de serviço já

foram estudadas no item Acessórios Hidráulico-Sanitários (página 205). Além destas

caixas, a instalação de esgoto sanitário pode exigir o emprego de caixas sifonadas

especiais que devem ter as seguintes características:

- fecho hídrico com altura mínima de 0,20m;

- cilíndrica, com diâmetro interno mínimo de 0,30m ou prismática permitindo a

inscrição de um círculo de diâmetro 0,30m em sua base;

- devem ser fechadas hermeticamente com tampa de fácil remoção;

- o diâmetro da tubulação de saída não deve ser inferior a DN 75.

122

Figura 4.9 - CAIXA SIFONADA

4.4.6 - POÇO DE VISITA (PV)

Dispositivo destinado a permitir a visita para a inspeção, limpeza e

desobstrução das tubulações.

Trata-se de uma caixa de inspeção com profundidade superior a 1,00m.

Em instalações prediais a distâncias máxima entre poços de visita é também

de 25,00m.

Os poços de visita poderão ser construídos em alvenaria de tijolo maciço ou

blocos de concreto, apresentando suas paredes com espessura mínima de 0,20m,

revestidas internamente com argamassa de cimento e areia ou ainda em concreto pré-

moldado ou concreto armado. Deverão ter seção circular com diâmetro mínimo de

1,10m, quadrada ou retangular com lado mínimo de 1,10m. Quando a profundidade do

PV for superior a 1,50m, este será composto de duas partes: a câmara inferior ou de

trabalho e a câmara ou chaminé de acesso, sendo esta de seção circular com

diâmetro mínimo de 0,60m.

O fundo do poço de visita deve ser construído de modo a garantir rápido

escoamento e evitar a formação de depósitos.

A figura 4.10, ilustra um poço de visita com duas câmaras, em alvenaria.

123

Figura 4.10 - POÇO DE VISITA

4.5 - FOSSAS SÉPTICAS

A NBR 7229/82 da ABNT fixa as condições para a construção e instalação de

fossas sépticas e disposição dos efluentes finais. O emprego de fossas sépticas é

recomendado em regiões desprovidas de rede coletora de esgoto e também para

resíduos industriais biodegradáveis em casos específicos e devidamente justificados.

4.5.1 - TERMINOLOGIA

A NBR 7229/82 adota as seguintes definições:

CÂMARA DE DECANTAÇÃO

Compartimento da fossa séptica onde se processa o fenômeno da decantação.

CÂMARA DE DIGESTÃO

Espaço da fossa séptica destinado à acumulação e digestão do material decantado.

124

CÂMARA DE ESCUMA

Espaço da fossa séptica destinado à acumulação e digestão de escuma.

ESGOTO

Refugo líquido dos prédios, excluídas as águas pluviais e despejos industriais.

DESPEJO INDUSTRIAL

Despejo decorrente de operações industriais.

DIÂMETRO NOMINAL

Número que classifica, em dimensão, os tubos e acessórios e que corresponde

aproximadamente ao diâmetro interno em milímetros das referidas peças, expresso

em DN.

DIGESTÃO

Decomposição bioquímicas da matéria orgânica em substâncias e compostos mais

simples e estáveis.

DISPOSITIVO DE DESCARGA DE LODO

Instalação hidráulica para descarga por pressão hidrostática do lado da fossa séptica.

DISPOSITIVO DE ENTRADA E SAÍDA

Peças instaladas no interior da fossa séptica à entrada e à saída dos despejos,

destinadas a garantir a distribuição uniforme do líquido e impedir a saída da escuma.

ESCUMA

Substância constituída por material graxo, sólidos em mistura com gases, que ocupa a

superfície do líquido na fossa séptica.

EFLUENTE

Substância predominantemente líquida que flui, em condições normais, através do

dispositivo de saída da fossa séptica.

FILTRO ANAERÓBIO

Unidade de tratamento biológico do efluente da fossa séptica de fluxo ascendente em

condições anaeróbias, cujo meio filtrante mantém-se afogado.

125

FOSSA SÉPTICA

Unidade de sedimentação e digestão, de fluxo horizontal, destinada ao tratamento dos

esgotos.

FOSSA SÉPTICA DE CÂMARAS EM SÉRIE

Aquela constituída de compartimentos interligados, nos quais se processam,

conjuntamente, os fenômenos de decantação e digestão, com predominância da

digestão no primeiro compartimento.

FOSSA SÉPTICA DE CÂMARAS SOBREPOSTAS

Aquela em que os despejos e o lodo digerido são separados em câmaras distintas,

nos quais se processam independentemente, os fenômenos de decantação e

digestão.

FOSSA SÉPTICA DE CÂMARA ÚNICA

Aquela constituída de um só compartimento no qual se processam, conjuntamente, os

fenômenos de decantação e digestão.

LODO

Substancia acumulada por sedimentação de sólidos contidos nos esgotos frescos ou

digeridos nas câmaras de acumulação e digestão das fossas sépticas.

LODO DIGERIDO

Lodo resultante da digestão completa das matérias decantadas na fossa séptica.

LODO FRESCO

Lodo instável cujo processo de digestão não foi iniciado.

PERÍODO DE ARMAZENAMENTO DO LODO DIGERIDO

Intervalo de tempo entre duas operações consecutivas de remoção de lodo da fossa

séptica, excluído o período de digestão.

PERÍODO DE DETENÇÃO DO ESGOTO

Intervalo de tempo médio de permanência dos esgotos no interior da fossa séptica.

126

PERÍODO DE DIGESTÃO

Intervalo de tempo estimado para a digestão do lodo fresco.

PERÍODO DE LIMPEZA

Intervalo de tempo entre duas operações consecutivas de remoção do lodo da fossa

séptica.

PROFUNDIDADE ÚTIL

Distância vertical entre o nível do líquido e o fundo da fossa.

SEÇÃO TRANSVERSAL ÚTIL

Área obtida pelo produto da largura da fossa pela altura útil.

SUMIDOURO

Poço destinado a receber o efluente da fossa séptica e a facilitar sua infiltração

subterrânea.

TUBO DE LIMPEZA

Tubo instalado na fossa séptica com a finalidade de permitir o fácil acesso dos

dispositivos de remoção do lodo.

VALAS DE FILTRAÇÃO

Unidade complementar de tratamento do efluente da fossa séptica, por filtração

biológica, constituída de tubulação e leito filtrante.

VALAS DE INFILTRAÇÃO

Valas destinadas a receber o efluente da fossa séptica, através de tubulação

convenientemente instalada e a permitir sua infiltração em camadas subsuperficiais do

terreno.

VOLUME ÚTIL

Capacidade útil calculada com o emprego de fórmulas.

ZONA NEUTRA

Espaço da fossa séptica de câmaras sobrepostas destinado a reduzir a turbulência do

material em digestão.

127

4.5.2 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA FOSSAS SÉPTICAS

O afastamento e o tratamento dos despejos domésticos devem ser realizados

visando o atendimento às seguintes condições:

- nenhum manancial destinado ao abastecimento d’água fique poluído;

- não cause poluição do solo;

- a qualidade de vida nas águas receptoras não seja prejudicada;

- não prejudique as praias e outros locais de recreio e esporte;

- não sejam observados odores desagradáveis, bem como a presença de insetos.

A NBR 7229/82 estabelece que o uso das fossas sépticas somente será

admissível para o tratamento de esgotos domésticos em edificações que possuam

instalação predial de água. A capacidade máxima de contribuição de esgotos é de

75.000 litros/dia. As águas pluviais não devem ser lançadas nas fossas sépticas.

A localização da fossa séptica e a disposição do efluente devem ser de tal

maneira que atenda às condições:

- afastamento mínimo de 20,00 m de qualquer fonte de abastecimento d’água;

- facilidade de ligação futura do coletor predial ao coletor público, porque o emprego

das fossas sépticas em áreas urbanas é considerado como solução provisória;

- facilidade de acesso devido à remoção do lodo digerido.

4.5.3 - TIPOS DE FOSSAS SÉPTICAS

A NBR 7229/82 recomenda a utilização dos seguintes tipos de fossas sépticas:

a) Fossas de Câmara Única

São constituídas de compartimento único, cilíndrico ou prismático, no qual

ocorrem os fenômenos de decantação e digestão das partículas sólidas. A figura 4.11

ilustra os dois formatos de fossas de câmara única e a tabela 4.10 fornece as

dimensões internas da fossa.

Tabela 4.10 - DIMENSÕES DE FOSSAS SÉPTICAS

128

CONTRIBUIÇÃO DIMENSÕES INTERNAS (m)

N C (LITROS/DIA) COMPRIMENTO LARGURA ALTURA

750 1,60 0,80 1,00

1500 2,30 1,10 1,00

2250 2,45 1,10 1,40

3000 3,00 1,30 1,30

4300 3,15 1,50 1,60

6000 3,20 1,50 2,10

a) Prismática retangular

129

b) Cilíndrica

Figura 4.11 - FOSSA SÉPTICA DE CÂMARA ÚNICA

b) Fossa de câmaras em série

São constituídas de dois ou mais compartimentos interligados, nos quais

ocorrem conjuntamente os fenômenos de decantação e digestão dos sólidos, com

predominância da digestão no primeiro compartimento. É indicada quando o efluente

exige baixo teor de sólidos em suspensão. Figura 4.12.

130

c) Fossas de Câmaras Sobrepostas

São constituídas de compartimentos distintos, nos quais ocorrem

independentemente a decantação e a digestão das partículas sólidas. Figura 4.12.

a) Prismática retangular de três compartimentos

131

b) Cilíndrica de dois compartimentos

Figura 4.12 - FOSSA SÉPTICA DE CÂMARAS EM SÉRIE

132

Figura 4.13 - FOSSAS SÉPTICAS DE CÂMARAS SOBREPOSTAS

Observações para as fossas sépticas:

1 - Sempre que L (comprimento longitudinal) ou d (diâmetro interno) for maior que 2,00

m a fossa levará no mínimo duas chaminés de acesso, uma sobre o dispositivo de

entrada e outra sobre o de saída;

2 - Nas fossas com capacidade superior a 6.000 l e o fundo deverá ser inclinado 3:1

na direção do tubo de limpeza.

133

4.5.4 - DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS

Para dimensionar uma fossa séptica é necessário conhecer os parâmetros

fixados pela NBR 7229/82, descritos a seguir:

a) Contribuição (C)

Para o cálculo da contribuição de despejos, é necessário levar em

consideração o seguinte:

- o número de pessoas a serem atendidas, não podendo ser inferior a cinco, produzirá

uma contribuição mínima de 75 l/dia;

- o consumo local da água, sendo que, na falta deste, poderão ser adotados os valores

da tabela 4.11.

- nas edificações em que houver, ao mesmo tempo, ocupantes permanentes e

temporários, a contribuição total será a soma das contribuições correspondentes a

cada um destes casos, sendo o período de detenção usado para ambos os casos o

correspondente à contribuição total.

134

Tabela 4.11 - CONTRIBUIÇÕES UNITÁRIAS DE ESGOTOS ( C ) E DE LODO

FRESCO (Lf) POR TIPO DE PRÉDIOS E DE OCUPANTES

CONTRIBUIÇÃO (LITROS/DIA)

PRÉDIO UNIDADE ESGOTOS ( C

)

LODO FRESCO

(Lf)

1-Ocupantes permanentes

Hospitais leito 250 1

Apartamentos pessoa 200 1

Residências pessoa 150 1

Escolas - internatos pessoa 150 1

Casas populares - rurais pessoa 120 1

Hotéis (sem cozinha e lavanderia) pessoa 120 1

Alojamentos provisórios pessoa 80 1

2-Ocupantes temporários

Fábrica em geral operário 70 0,30

Escritórios pessoa 50 0,20

Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 0,20

Escolas - Externatos pessoa 50 0,20

Restaurantes e similares refeição 25 0,10

Cinema, teatro e templos lugar 2 0,02

b) Períodos de Contribuição dos Despejos

São considerados os seguintes períodos:

- Edificações residenciais, hotéis, hospitais e quartéis: 24 horas;

- Outros tipos de edificações: os regimes próprios de funcionamento.

c) Contribuição de Lodo Fresco (L)

Na ausência de dados locais, adota-se os valores mínimos relacionados na

tabela 4.11.

135

d) Período de Detenção dos Despejos (T)

As fossas sépticas são projetadas considerando os seguintes períodos

mínimos de detenção:

- fossas de câmara única e de câmaras em série: observar os valores constantes da

tabela 4.12.

- fossas de câmaras sobrepostas: considerar o valor de 2h, para efeito de cálculo.

e) Câmara de Decantação

O volume mínimo da câmara de decantação nas fossas sépticas de câmaras

sobrepostas é de 500 litros.

f) Período de Armazenamento de Lodo Digerido (Ta)

As fossas sépticas deverão ter capacidade para armazenar o lodo digerido

durante um período de 10 meses, no mínimo.

g) Período de Digestão do Lodo (Td)

Para efeito de cálculo, o período de digestão do lodo é estimado em 50 dias.

h) Coeficiente de Redução do Volume de Lodo ( R )

Considerando a redução do volume de lodo fresco devido aos fenômenos de

digestão e adensamento, são adotados os seguintes coeficientes, para cálculo do

volume de lodo a ser armazenado:

Lodo digerido: R1 = 0,25.

Logo em digestão: R2 = 0,50.

i) Formato das Fossas

As formas cilíndricas e prismáticas retangulares são as mais recomendadas.

136

Tabela 4.12 - PERÍODO DE DETENÇÃO (T)

PERÍODO DE DETENÇÃO

CONTRIBUIÇÃO (LITROS/DIA) HORAS DIAS (T)

até 6.000 24 1

6.000 a 7.000 21 0,875

7.000 a 8.000 19 0,79

8.000 a 9.000 18 0,75

9.000 a 10.000 17 0,71

10.000 a 11.000 16 0,67

11.000 a 12.000 15 0,625

12.000 a 13.000 14 0,585

13.000 a 14.000 13 0,54

Acima de 14.000 12 0,50

4.5.4.1 - DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS DE CÂMARA ÚNICA

As fossas sépticas de câmara única são calculadas com o emprego da fórmula:

V = N ( CT + 100 Lf )

Sendo:

V = volume útil, em litros.

N = número de contribuintes.

C = contribuição de despejos, em l/pessoa x dia, conforme a tabela 4.11.

T = período de detenção, em dias, conforme a tabela 4.12

Lf = contribuição de lodos frescos, em l/pessoa/dia, conforme a tabela 4.11.

- o volume útil mínimo admissível para fossas sépticas de câmara única é de

1250 litros.

- As fossas sépticas de formato cilíndrico deverão ter diâmetro interno de

1,10m e profundidade útil de 1,10m, no mínimo. O diâmetro interno não

poderá ser superior a duas vezes a profundidade.

- As fossas sépticas de formato prismático retangular deverão ter largura

interna mínima de 0,70m. Deverá ocorrer uma relação entre o comprimento

(L) e a largura (b), conforme:

137

2 4 L

b

- A profundidade útil mínima deverá ser de 1,10m. A largura não poderá ser

superior a duas vezes a profundidade.

4.5.4.2 - DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS DE CÂMARAS SOBREPOSTAS

O volume útil das fossas sépticas de câmaras sobrepostas é calculado com o

emprego das fórmulas:

a) Volume da câmara de decantação (V1):

V1 = NCT

b) Volume decorrente do período de armazenamento de lodo digerido (V2):

V2 = R1NLfTa

c) Volume correspondente ao lodo em digestão (V3):

V3 = R2NLfTd

d) Volume correspondente à zona neutra (V4):

V4 = 0,30 S

Sendo o valor 0,30 correspondente à altura da zona neutra da fossa, em m.

e) Volume correspondente à Zona de escuma (V5):

V5 = hdS - V1

138

f) Volume útil (V)

V = V1 + V2 + V3 + V4 + V5

Sendo:

V = volume, em litros.

N = número de contribuintes.

C = contribuição de despejos, em l/pessoa/dia, conforme a tabela 4.11.

T = período de detenção, em dias, conforme a tabela 4.12.

Lf = contribuição de lodos frescos, em l/pessoa/dia, conforme a tabela 4.11.

R1 = coeficiente de redução de volume do lodo digerido (R1 = 0,25).

R2 = coeficiente de redução de volume do lodo em digestão (R2 = 0,50).

Ta = período de armazenamento de lodo digerido, em dias (aproximadamente 300).

Td = período de digestão do lodo, em dias (aproximadamente 50).

S = área da seção transversal da fossa, em m2.

Hd = distância vertical entre a geratriz inferior interna da câmara de decantação e o

nível do líquido, em m.

- O volume útil mínimo admissível para as fossas sépticas de câmaras

sobrepostas é de 1350 litros.

- As fossas sépticas de formato cilíndrico deverão ter diâmetro interno e

profundidade útil de 1,20m, no mínimo.

- As fossas sépticas de formato prismático retangular deverão ter largura

interna de 0,80m e profundidade útil de 1,20m, no mínimo.

- Inclinação 1,2:1 para as abas inferiores da câmara de decantação.

- Espaçamento mínimo de 0,10m para as fendas de saída da câmara de

decantação.

4.5.4.3 - DIMENSIONAMENTO DAS FOSSAS SÉPTICAS DE DUAS CÂMARAS EM SÉRIE

O volume útil das fossas sépticas de duas câmaras em série é calculado com o

emprego da fórmula:

V = 1,3 N (CT + 100Lf)

Sendo:

V = volume, em litros.

139

N = número de contribuintes.

C = contribuição de despejos, em l/pessoa/dia, conforme a tabela 4.11.

T = período de detenção, em dias, conforme a tabela 4.12.

Lf = contribuição de lodos frescos, em l/pessoa/dia, conforme a tabela 4.11.

- O volume útil admissível para as fossas sépticas de duas câmaras em série é de

1650 litros.

- As fossas sépticas de forma prismática retangular terão largura interna mínima

de 0,80m e profundidade útil mínima de 1,20m. A largura interna não deve

ultrapassar a duas vezes a profundidade.

- A relação entre o comprimento (L) e a largura interna (b) deverá ser:

2 4 L

b

- O comprimento da primeira câmara é 2/3L e o da segunda, 1/3L.

- O volume útil da primeira e segunda câmaras devem ser, respectivamente, 2/3 e

1/3 do volume útil total.

4.5.5 - DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE

Ao efluente da fossa séptica deve ser dada uma disposição que atenda às

finalidades do tratamento de esgotos e esteja de acordo com a realidade local. Vários

fatores interferem na escolha do processo de disposição do efluente, tais como a

existência de curso d’água receptor, a permeabilidade do solo, áreas disponíveis etc.

A capacidade de absorção do solo é determinada através do ensaio de infiltração,

descrito na NBR 7229/82, conforme tabela 4.13.

A NBR 7229/82 recomenda que a disposição do efluente das fossas sépticas

seja no solo ou em águas de superfície, das seguintes maneiras:

140

Tabela 4.13 - POSSÍVEIS FAIXAS DE VARIAÇÃO DE COEFICIENTE DE INFILTRAÇÃO

FAIXA

CONSTITUIÇÃO APROVÁVEL DOS SOLOS

COEFICIENTE

DE

INFILTRAÇÃO

lm2 x dia

1 Rochas, argilas compactas de cor branca, cinza ou preta, variando as

rochas alteradas e argilas medianamente compactas de cor

avermelhada

menor que 20

2 Argilas de cor amarela, vermelha ou marrom medianamente compacta,

variando as argilas pouco siltosas e/ou arenosas.

20 a 40

3 Argilas arenosas e/ou siltosa, variando a areia argilosa ou silte argiloso

de cor amarela, vermelha ou marrom.

40 a 60

4 Areia ou silte pouco argiloso, ou solo arenoso com humos e turfas,

variando os solos constituídos predominantemente de areias e siltes.

60 a 90

5 Areia bem selecionada e limpa, variando a areia grossa com cascalhos. Maior que 90

Nota: Os dados se referem, numa primeira aproximação, aos coeficientes que variam

segundo o tipo dos solos não saturados. Em qualquer dos casos é

indispensável a confirmação por meio dos ensaios de infiltração do solo

descritos na norma NBR 7229/82.

a) Sumidouros

Devem ter as paredes revestidas de alvenaria de tijolos, com juntas livres, ou

anéis de concreto convenientemente furados e o fundo com enchimento de cascalho

ou pedra britada. Sempre que possível devem ser construídos dois sumidouros para

uso alternado. Figura 4.14.

141

Figura 4.14 - SUMIDOURO

b) Valas de infiltração

Devem ser previstas no mínimo duas valas de infiltração para a disposição do

efluente de uma fossa séptica. A profundidade das valas varia de 0,60 a 1,00m, com

largura mínima de 0,50m e máxima de 1,00m. O comprimento máximo de cada vala é

de 30,00m. O diâmetro mínimo da tubulação de distribuição do efluente é DN 100.

Figura 4.15.

142

Figura 4.15 - VALAS DE INFILTRAÇÃO

c) Valas de filtração

Devem ser previstas no mínimo duas valas de filtração para a disposição do

efluente de uma fossa séptica. A profundidade das valas varia de 1,20 a 1,50m, com

largura mínima de 0,50m. No fundo da vala é assentada a tubulação receptora com

DN 100, envolvida por uma camada de brita nº 1 e uma camada de areia grossa com

0,50m, no mínimo, que constitui o leito filtrante. A tubulação de distribuição do efluente

da fossa deve ser assentada sobre a camada de areia que é recoberta com brita ou

escória e uma camada superior de terra para completar o enchimento da vala. Nos

terminais das valas devem ser instaladas caixas de inspeção, que devem ser

interligadas para facilitar o lançamento do efluente filtrado no corpo d’água receptor.

Figura 4.16.

143

Figura 4.16 - VALAS DE FILTRAÇÃO

d) Filtro anaeróbio

O filtro apresenta um fundo falso por meio do qual se faz a distribuição do

efluente. O leito filtrante deve ter altura de 1,20m, constante para qualquer volume

obtido no dimensionamento e profundidade útil de 1,80m. O volume útil mínimo é de

1250 litros. São construídos tantos filtros quantos forem necessários, funcionando em

paralelo. Figura 4.17.

144

Figura 4.17 - FILTRO ANAERÓBIO

4.5.6 - OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

A cada período de um ano de uso da fossa séptica deve ser removido o lodo

digerido, que pode ser enterrado. A remoção normalmente é realizada por meio de

bombas, através da tubulação de limpeza.

Para evitar odores decorrentes do início do tratamento dos esgotos na fossa

séptica, o processo de decomposição deve ser ativado introduzindo de 50 a 100 litros

de lodo em digestão, proveniente de outra fossa ou a mesma quantidade de solo rico

em humos.

145

Quando a fossa séptica em funcionamento apresentar maus odores deve ser

colocada uma substância alcalinizante, a cal por exemplo.

As valas de filtração, as valas de infiltração e os sumidouros devem ter

inspeção semestral.

Quando constatar redução da capacidade de absorção das valas de infiltração

ou sumidouros, novas unidades devem ser construídas, para a recuperação da

capacidade perdida.

4.6 ANEXOS SISTEMAS PREDIAIS ESGOTO SANITÁRIO

4.6.1 DISPOSITIVOS DE ADMISSÃO DE AR

Exemplos de sistemas prediais de esgoto sanitário com ventilação secundária

– dispositivos de admissão de ar.

Figura 4.18 – Exemplo 1

146

Figura 4.19 – Exemplo 2

4.6.2 LIGAÇÃO DO RAMAL DE VENTILAÇÃO

Figura 4.20 – Exemplo Ligação 1

147

A Figura 4.21 apresenta a ligação do ramal de ventilação que ocorre dentro do shaft,

quando da impossibilidade de ventilação do ramal de descarga da bacia sanitária.

Figura 4.21 – Exemplo Ligação 2

A Figura 22 apresenta exemplo quando da dispensa de ventilação de ramal de

descarga de bacia sanitária.

Figura 4.22 – Exemplo Ligação 3

148

4.6.3 DESVIO DO TUBO DE QUEDA

Figura 4.23 – Desvio Tubo de queda (NBR8160/99)

149

4.6.4 ZONAS DE SOBREPRESSÃO

Figura 4.24 – Zonas de sobrepressão (NBR8160/99)

150

5. SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

5.1 - PRINCÍPIOS GERAIS PARA ÁGUAS PLUVIAIS

O esgotamento das águas pluviais deverá ser projetado e executado de

maneira tal que permita a rápida coleta e escoamento das águas para córregos, rios,

lagos ou oceanos, a fim de evitar inundações em edificações e logradouros públicos.

A Norma que rege as instalações prediais de águas pluviais é a NB 611/81 da

ABNT que estabelece as seguintes prescrições básicas:

- uso exclusivo para recolhimento e condução de água pluvial, não sendo permitidas

quaisquer interligações com outras instalações prediais;

- permitir a limpeza e desobstrução de qualquer ponto no interior da tubulação;

- inclinação mínima de 0,5% nas superfícies horizontais das lajes, a fim de garantir o

escoamento das águas pluviais até os pontos previstos de drenagem;

- as calhas e condutores horizontais deverão ter declividade uniforme, com valor

mínimo de 0,5%;

- os condutores verticais devem ser projetados, sempre que possível, em uma só

prumada. Os desvios são permitidos, quando necessários, se providos de peças de

inspeção;

- nos condutores horizontais aparentes devem ser previstas inspeções a cada trecho

de 20,00 m, em percurso retilíneo e quando houver:

. conexão com outra tubulação;

. mudança de declividade;

. mudança de direção;

- nos condutores horizontais enterrados devem ser previstas caixa de areia a cada

trecho de 20,00m, nos percursos retilíneos e quando houver:

. conexão com outra tubulação;

. mudança de declividade;

. mudança de direção;

- a ligação entre os condutores verticais e horizontais é sempre feita por curva de raio

longo com inspeção ou caixa de areia, segundo o condutor horizontal esteja

aparente ou enterrado.

5.2 - DIMENSIONAMENTO PARA ÁGUAS PLUVIAIS

151

5.2.1 - FATORES METEOROLÓGICOS

Os fatores meteorológicos que interferem no cálculo da vazão de projeto são a

intensidade pluviométrica (“I”) e o período de retorno (“T”), cujos valores,

recomendados pela Norma, foram obtidos do trabalho “Chuvas Intensas no Brasil” de

Otto Pfafstetter, do Ministério de Viação e Obras Públicas, DNOS, 1957, que estão

reproduzidos na tabela 5.1.

O período de retorno deve ser fixado segundo as características da área a ser

drenada, obedecendo os valores:

T = 1 ano, para áreas pavimentadas, onde empoçamentos possam ser tolerados;

T = 5 anos, para coberturas e/ou terraços;

T = 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamentos ou extravasamento não

possa ser tolerado.

Tabela 5.1 - CHUVAS INTENSAS NO BRASIL (DURAÇÃO: 5 MIN)

INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)

LOCAL PERÍODO DE RETORNO (anos)

1 5 25

1 - Alegrete/RS 174 238 313 (17)

2 - Alto Itatiaia/RJ 124 164 240

3 - Alto Tabajós/PA 168 229 267 (21)

4 - Alto Terezópolis/RJ 114 137 (3) -

5 - Aracaju/SE 116 122 126

6 - Avaré/SP 115 144 170

7 - Bagé/RS 126 204 234 (10)

8 - Barbacena/MG 156 222 265 (12)

9 - Barra do Corda/MA 120 128 152 (20)

10 - Bauru/SP 110 120 148 (9)

11 - Belém/PA 138 157 185 (20)

12 - Belo Horizonte/MG 132 227 230 (12)

13 - Blumenau/SC 120 125 152 (15)

14 - Bonsucesso/MG 143 196 -

15 - Cabo Frio/RJ 113 146 218

16 - Campos/RJ 132 206 240

152

INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)

LOCAL PERÍODO DE RETORNO (anos)

1 5 25

17 - Campos do Jordão/SP 122 144 164 (9)

18 - Catalão/GO 132 174 198 (22)

19 - Caxambu/MG 106 137 (3) -

20 - Caxias do Sul/RS 120 127 218

21 - Corumbá/MT 120 131 161 (9)

22 - Cruz Alta/RS 204 246 347 (14)

23 - Cuiabá/MT 144 190 230 (12)

24 - Curitiba/PR 132 204 228

25 - Encruzilhada/RS 106 126 158 (17)

26 - Fernando de Noronha/FN 110 120 140 (6)

27 - Florianópolis/SC 114 120 144

28 - Formosa/GO 136 176 217 (20)

29 - Fortaleza/CE 120 156 180 (21)

30 - Goiana/GO 120 178 192 (17)

31 - Guaramiranga/CE 114 126 152 (19)

32 - Iraí/RS 120 198 228 (16)

33 - Jacarezinho/PR 115 122 146 (11)

34 - Juaretê/AM 192 240 288 (10)

35 - João Pessoa/PB 115 140 163 (23)

36 - Km 47 - Rodovia Presidente Dutra/RJ 122 164 174 (14)

37 - Lins/SP 96 122 137 (13)

38 - Maceió/AL 102 122 174

39 - Manaus/AM 138 180 198

40 - Natal/RN 113 120 143 (19)

41 - Nazaré/PE 118 134 155 (19)

42 - Niteroi/RJ 130 183 250

43 - Nova Friburgo/RJ 120 124 156

44 - Olinda/PE 115 167 173 (20)

45 - Ouro Preto/MG 120 211 -

46 - Paracatu/MG 122 233 -

47 - Paranaguá/PR 127 186 191 (23)

48 - Paratins/AM 130 200 205 (13)

153

INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)

LOCAL PERÍODO DE RETORNO (anos)

1 5 25

49 - Passa Quatro/MG 118 180 192 (10)

50 - Passo Fundo/RS 110 125 180

51 - Petrópolis/RJ 120 126 156

52 - Pinheiral/RJ 142 214 244

53 - Piracicaba/SP 119 122 151 (10)

54 - Ponta Grossa/PR 120 126 148

55 - Porto Alegre/RS 118 146 167 (21)

56 - Porto Velho/RO 130 167 184 (10)

57 - Quixeramobim/CE 115 121 126

58 - Resende/RJ 130 203 264

59 - Rio Branco/AC 126 139 (2) -

60 - Rio de Janeiro/RJ (Bangu) 122 156 174 (20)

61 - Rio de Janeiro/RJ (Ipanema) 119 125 160 (15)

62 - Rio de Janeiro/RJ (Jacarepaguá) 120 142 152 (6)

63 - Rio de Janeiro/RJ (Jardim Botânico) 122 167 227

64 - Rio de Janeiro/RJ (Praça XV) 120 174 204 (14)

65 - Rio de Janeiro/RJ (Praça Saenz

Peña)

125 139 167 (18)

66 - Rio de Janeiro/RJ (Santa Cruz) 121 132 172 (20)

67 - Rio Grande/RS 121 204 222 (20)

68 - Salvador/BA 108 122 145 (24)

69 - Santa Maria/RS 114 122 145 (16)

70 - Santa Maria Madalena/RJ 120 126 152 (7)

71 - Santa Vitória do Palmar/RS 120 126 152 (18)

72 - Santos/Itapema/SP 120 174 204 (21)

73 - Santos/SP 136 198 240

74 - São Carlos/SP 120 178 161 (10)

75 - São Francisco do Sul/SC 118 132 167 (18)

76 - São Gonçalo/PB 120 124 152 (15)

77 - São Luiz/MA 120 126 152 (21)

78 - São Luiz Gonzaga/RS 158 209 253 (21)

79 - São Paulo/SP (Congonhas) 122 132 -

154

INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA (mm/h)

LOCAL PERÍODO DE RETORNO (anos)

1 5 25

80 - São Paulo/SP (Mirante Santana) 122 172 191 (7)

81 - São Simão 116 148 175

82 - Sena Madureira/AC 120 160 170 (7)

83 - Sete Lagoas/MG 122 182 281 (19)

84 - Soure/PA 149 162 212 (18)

85 - Taperinha/PA 149 202 241

86 - Taubaté/SP 122 172 208 (6)

87 - Teófilo Otoni/MG 108 121 154 (6)

88 - Teresina/PI 154 240 262 (23)

89 - Terezópolis/RJ 115 149 176

90 - Tupi/SP 122 154 -

91 - Turiassu/MG 126 162 230

92 - Uaupés/AM 144 204 230 (17)

93 - Ubatuba/SP 122 149 184 (7)

94 - Uruguaiana/RS 120 142 161 (17)

95 - Vassouras/RS 125 179 222

96 - Viamão/RS 114 126 152 (15)

97 - VItória/RS 102 156 210

98 - Volta Redonda/RJ 156 216 265 (13)

Nota:

a) Para locais não mencionados nesta Tabela, deve-se procurar correlação com dados

dos postos mais próximos que tenham condições meteorológicas semalhantes às

do local em questão.

b) Os valores entre parênteses indicam os períodos de retorno, a que se referem as

intensidades pluviométricas, em vez de 5 ou 25 anos, em virtude dos períodos de

observação dos postos não terem sido suficientes.

155

5.2.2 - ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO

No cálculo da área de contribuição, além da área plana horizontal, deve-se

considerar os incrementos devidos à inclinação da cobertura e às paredes que

interceptem água de chuva que também deve ser drenada pela cobertura, tal como

ilustrado na figura 5.1.

5.2.3 - VAZÃO DE PROJETO

A vazão de projeto é calculada pela fórmula

QIxA

60

Sendo,

Q = Vazão de projeto, em l/min

I = intensidade pluviométrica, em mm/h

A = área de contribuição, em m2

156

Figura 5.1 - INDICAÇÕES PARA CÁLCULOS DA ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO

5.2.4 - CALHAS

Quando a saída da calha estiver a menos de 4,00 m de uma mudança de

direção, a vazão de projeto deve ser multiplicada pelos coeficientes da tabela 5.2. Os

coeficientes de rugosidade dos materiais normalmente utilizados na confecção estão

reproduzidos na tabela 5.3.

Tabela 5.2 - COEFICIENTES MULTIPLICATIVOS DA VAZÃO DE PROJETO

TIPO DE CURVA CURVA A MENOS DE 2 m DA

SAÍDA DA CALHA

CURVA ENTRE 2 E 4 m DA

SAÍDA DA CALHA

canto reto

1,2

1,1

canto arredondado

1,1

1,05

157

Para o dimensionamento das calhas a NB 611/81 recomenda o emprego da

fórmula de Manning-Strickler, ou qualquer outra equivalente da hidráulica.

Q KxS

nxR xih

2

3

1

2

Sendo,

Q = vazão de projeto, em l/min

S = área de seção molhada, em m2

n = coeficiente de rugosidade, conforme a tabela 5.3

RH = S/P raio hidráulico, em m

P = perímetro molhado, em m

i = declividade da calha, em m/m

K = 60.000

A tabela 5.4 permite o dimensionamento de calhas semicirculares cujos

diâmetros foram calculados utilizando a fórmula de Manning-Strickler, com a lâmina

d’água a meia seção do tubo.

Tabela 5.3 - COEFICIENTE DE RUGOSIDADE

MATERIAL n

plástico, fibrocimento, aço, metais não ferrosos

ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida

cerâmica, concreto não alisado

alvenaria de tijolos não revestida

0,011

0,012

0,013

0,015

Tabela 5.4 - CAPACIDADE DE CALHAS SEMICIRCULARES COM COEFICIENTE DE

RUGOSIDADE

n = 0,011 (Vazões em l/min)

DIÂMETRO INTERNO DECLIVIDADE

(mm) 0,5% 1% 2%

100 130 183 256

125 236 333 466

150 384 541 757

200 829 1167 1634

158

As calhas de concreto fundidas “in loco” em geral apresentam seção

retangular, devido à facilidade de execução. Para o seu dimensionamento utiliza-se as

equações da hidráulica.

Q = S V equação da continuidade

V R x i n 23 / equação de Manning

Sendo,

Q = vazão de projeto, em m3/s

S = área da seção molhada, em m2

V = velocidade de escoamento, em m/s

R = raio hidráulico, em m

i = declividade, em mm/m

n = coeficiente de rugosidade.

A figura 5.2 ilustra uma calha de seção retangular. O cálculo do raio hidráulico

é obtido dividindo-se a área molhada pelo perímetro molhado.

Raxb

b a

( )

( )2

A seção retangular mais favorável ao escoamento ocorre quando a base é o

dobro da altura d’água no canal, isto é, para valores de b = 2a.

159

Figura 5.2 - CALHA DE SEÇÃO RETANGULAR

5.2.5 - CONDUTORES VERTICAIS

O dimensionamento dos condutores verticais pode ser feito com o emprego da

tabela 5.5 que fornece o diâmetro do condutor e o valor máximo da área de telhado

drenada pelo tubo.

Tabela 5.5 - ÁREA MÁXIMA DE COBERTURA PARA CONDUTORES VERTICAIS DE SEÇÃO

CIRCULAR

DIÂMETRO NOMINAL

DN (mm)

ÁREA MÁXIMA DE COBERTURA

(m2)

50

75

100

150

13,6

42,0

91,0

275,0

160

O dimensionamento dos condutores verticais para grandes áreas é feito a partir

dos seguintes dados:

Q = vazão de projeto, em l/min.

H = altura da lâmina d’água na calha, em mm.

L = comprimento do condutor vertical, em m.

O diâmetro do condutor vertical é obtido através dos ábacos da figura 5.3

confeccionado com dois desvios na base e coeficiente de atrito f = 0,04. O

procedimento para a utilização dos ábacos é o seguinte:

1. Levanta-se uma perpendicular por Q até interceptar as curvas H e L

correspondentes; caso não haja curvas nos valores de H e L, deve-se interpolar entre

as curvas existentes;

2. Transportar a interseção mais alta até o eixo D;

3. Adotar o diâmetro nominal (DN) cujo diâmetro interno seja superior ou igual ao valor

encontrado.

Exemplo 5.1

Determinar o diâmetro do condutor vertical para as seguintes condições:

. calha com saída em aresta viva

. Vazão: Q = 1300 l/min

. comprimento: L = 2,00 m

. altura da lâmina d’água na calha: H = 80 mm

Com estes dados, no ábaco da figura 5.3a conclui-se que o condutor vertical

deve ter DN 100.

161

a) Calha com saída em aresta viva

b) Calha com funil de saída

Figura 5.3 - ÁBACOS PARA A DETERMINAÇÃO DE DIÂMETROS

DE CONDUTORES VERTICAIS

162

Exemplo 5.2

Qual o valor de DN para o condutor vertical de águas pluviais que atende as

condições:

. calha com funil de saída

. Q = 1010 l/min

. L = 6,00 m

. H = 70 mm

No ábaco da figura 5.3b conclui-se que DN 75 atende às condições descritas.

5.2.6 - CONDUTORES HORIZONTAIS

Para o dimensionamento dos condutores horizontais de seção circular

emprega-se a fórmula de Manning-Strickler, com altura de lâmina d’água igual a 2/3 do

diâmetro interno do tubo. A tabela 5.6 fornece o diâmetro interno dos condutores

horizontais calculados com o emprego da fórmula recomendada.

Tabela 5.6 - CAPACIDADE DE CONDUTORES HORIZONTAIS DE SEÇÃO CIRCULAR

(vazões em l/min)

DIÂMETR

O

n = 0,011 n = 0,012 n = 0,013

INTERNO

(D) (mm)

0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4%

50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54 76

63 59 84 118 168 55 77 108 154 50 71 100 142

75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159 226

100 204 287 405 575 187 264 372 527 173 243 343 486

125 370 521 735 1040 339 478 674 956 313 441 622 882

150 602 847 1190 1690 552 777 1100 1550 509 717 1010 1430

200 1300 1820 2570 3650 1190 1670 2360 3350 1100 1540 2180 3040

250 2350 3310 4660 6620 2150 3030 4280 6070 1990 2800 3950 5600

300 3820 5380 7590 10800 3500 4930 6960 9870 3230 4550 6420 9110

163

Exemplo 5.3

Projetar e dimensionar o esgotamento pluvial para o telhado indicado na figura

abaixo, sendo dados:

. casa de dois pavimentos

. intensidade pluviométrica: I = 160 mm/h

. material empregado: PVC

OBS.: DIMENSÕES EM m.

O telhado é simétrico, basta calcular para uma água.

1) Área de contribuição

Da figura 5.1 (b) tem-se a indicação para o cálculo da área de contribuição.

A = (a + h/2) b

A = (5 + 2/2) 15

A = 90,00 m2

2) Vazão de projeto

Q = (I x A)/60

Q = (160 x 90)/60

164

Q = 240 l/min

3) Calhas

Da tabela 5.3 tem-se que o coeficiente de rugosidade para o PVC é igual a 0,011. O

diâmetro da calha será determinado pela tabela 5.4, em função da vazão de

projeto.

Q = 240 l/min

Na tabela 2.4, diâmetro 100 mm e declividade 2% ou diâmetro 125 mm e

declividade 1%.

4) Condutores verticais

Podem ser analisadas duas situações:

a) um condutor

A = 90,00 m2 na tabela 5.5, DN 100 (na prática será adotado DN 75)

b) dois condutores

A = 90/2 = 45,00 m2 na tabela 5.5, DN 75.

a) 1 condutor para cada água b) 2 condutores para cada água

165

Outro processo para o dimensionamento dos condutores verticais, muito

utilizado na prática, é fixar o diâmetro e calcular o número de condutores necessários

em função da água a ser esgotada.

5) Condutores horizontais e caixas

Os condutores verticais deságuam nas caixas de inspeção e a interligação destas

caixas é feita através dos condutores ou redes horizontais que devem ser

dimensionadas para drenar também o piso das áreas externas da edificação.

Para o caso ilustrado em b, temos

OBS.: DIMENSÕES EM m.

A área de contribuição para cada caixa é de, aproximadamente, 94,00 m2 e a

vazão correspondente é:

Q = (160 x 94)/60 = 250 l/min

O dimensionamento é feito por trechos utilizando a tabela 5.6.

166

Trecho CI 1 a CI 3 é igual ao trecho CI 2 a CI 4 com a vazão de 250 l/min, na tabela

5.6 encontra-se o diâmetro 100 mm e declividade mínima de 1%.

Trecho CI 4 a CI 3

A área de contribuição é 188,00 m2 e a vazão correspondente é de 500 l/min,

encontrando-se na tabela 5.6 o diâmetro 125 mm com declividade de 1%.

Trecho CI3 à rede pluvial

Este trecho esgota toda a área de 375,00 m2, cuja vazão é 1000 l/min e o que leva a

um diâmetro de 150 mm e declividade de 2%.

Terminado o dimensionamento, anota-se no desenho os valores encontrados.

167

5.2.7 - CAIXA DE AREIA E CAIXA DE INSPEÇÃO

É uma caixa detentora de areia e/ou de inspeção que permite a junção de

coletores, mudança de seção ou mudança de declividade e de direção.

As caixas de areia e/ou de inspeção, deverão ser executadas em anéis de

concreto, alvenaria de tijolo maciço ou blocos de concreto, com paredes mínimas de

0,10m quando feitas no local. A caixa de areia é empregada quando ocorre a

possibilidade do arrastamento de lama e de areia para a tubulação, em caso contrário,

é suficiente o emprego da caixa de inspeção. A figura 5.4 ilustra uma caixa de areia e

uma caixa de inspeção, ambas dotadas de grelha.

Pode-se adotar também a caixa coletora de águas pluviais ilustrada na figura

5.5, com enchimento de brita e cascalho, no mesmo nível do piso ou acima deste com

altura variável a critério do projetista. Nestes casos os condutores verticais podem ser

substituídos por correntes que são usadas para direcionar o fluxo da água.

As caixas de areia ou de inspeção deverão ter:

- seção circular de 0,60m de diâmetro ou quadrada de 0,60m de lado, no mínimo;

- profundidade máxima de 1,00m;

- distância máxima entre as caixas de 20,00m.

Figura 5.4.a - CAIXA DE AREIA

168

Figura 5.4.b - CAIXA DE INSPEÇÃO

OBS.: DIMENSÕES EM mm.

Figura 5.5 - CAIXA COLETORA DE ÁGUA PLUVIAL