Apostila Da Denise de Cosmetologia Corporal

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF

CURSO SUPERIOR DE ESTTICA E COSMETOLOGIA2 e 3 perodos

COSMETOLOGIA I e II(ESTUDO E REVISO)

Prof Clia Regina Fernandes de CarvalhoGraduao em Qumica e Qumica Industrial, Ps Graduanda em Docencia Superior

UMA PUBLICAO

Rio de Janeiro 2003

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF

CURSO SUPERIOR DE ESTTICA E COSMETOLOGIA2 e 3 perodos

COSMETOLOGIA I e II(ESTUDO E REVISO)

Copyrigth da Autora Prof Clia Regina Fernandes de CarvalhoGraduao em Qumica e Qumica Industrial, Ps Graduanda em Docencia Superior

proibida a reproduo total ou parcial deste texto, sejam quais forem os meios empregados ( impresso, mimiografia, fotocpia, datilografia, gravao, reproduo em discos, fitas, CD ou DVD), sem permisso por escrito do Titular da Obra. Aos infratores aplicam-se as sanes previstas nos artigos 122 e 130 da lei 5.988 de 14/12/83.

Esta obra foi publicada e editada pelo convnio entre o ISBF- Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas da Sade, da Beleza e da Forma e o Centro Universitrio Augusto Motta

Direitos de Publicao

Publicado em Julho de 2003 Rio de Janeiro RJ - BRASIL

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NDICE GERAL

Legislao Brasileira e a Cosmtica ...................................1 Qumica Geral .................................................................... 2 Qumica Orgnica................................................................4 Carbono ..............................................................................5 Funes Orgnicas ........................................................... 5 Bioqumica......................................................................... 7 Citologia............................................................................10 Fisiologia da pele............................................................ .14 Formulao Cosmtica.............................................................. .19 - Emulses ........................................................................ .19 - Gis....................................................................................28 - Lquidos ............................................................................ 31 - Ps ................................................................................ ...31 - Vetoriais ....................................................................... .... 32 Princpios ativos ...........................................................................34 Aditivos..........................................................................................43 Utilizao prtica dos cosmticos ................................................50

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COSMETOLOGIAINTRODUO Os produtos cosmticos so formulaes elaboradas com a finalidade de uso tpico. Quando utilizados adequadamente sobre a pele sadia, assim como nos cabelos, proporciona resultados satisfatrios no interferindo nos processos normais do metabolismo celular e sim colaborando para que estes ocorram de forma a melhorar, satisfatoriamente, a qualidade da pele, seus anexos e dos cabelos. A LEGISLAO BRASILEIRA E A COSMTICA As leis Brasileiras que regem a preparao e comercializao de produtos cosmticos so: Lei 6360/76, Decreto-Lei 79094/77 e Portarias Essas normas foram estabelecidas pelo Sistema de Vigilncia Sanitria e so coordenadas pela Secretaria Nacional de Vigilncia Sanitria (SNVS),que atende ao Ministrio da Sade (MS). Entre outras determinaes estabelece que: A obrigatoriedade de registro no Ministrio da Sade, recebendo, aps avaliao e aprovao do produto, um nmero especfico acompanhado da sigla MS e esse registro dever constar em cada unidade do produto fabricado; Matrias-primas, aditivos, agentes antimicrobianos, protetores solares etc, permitidos para uso em cosmtica, assim como suas quantidades e limites de aplicao; A classificao dos produtos cosmticos, por categorias, levando-se em conta, principalmente, a natureza qumica dos compostos envolvidos na elaborao do cosmtico e ainda o seu usurio. Cdigo de Defesa do Consumidor Lei 8078/90 Essas leis so acompanhadas pela Secretaria Estadual de Educao de Defesa da Cidadania. O fabricante obrigado a informar ao consumidor, no rtulo do produto cosmtico, a respeito de: Composio qumica do produto Nomenclatura ou abreviaes universais das substncias que entram na composio da formulao cosmtica. Caso seja mencionada a funo especfica de determinada substncia (princpio ativo), a quantidade deve constar na embalagem em percentuais (%) ou mg/g. A data de fabricao do produto e o prazo de validade. O modo de uso e as devidas precaues que devem ser tomadas, em caso de necessidade.

Inmetro Instituto Nacional de Metrologia e Normatizao e Qualidade Industrial. Esse rgo exige a especificao da quantidade em massa ou volume contida na embalagem do produto. Controla a embalagem que dever estar adequada ao produto contido. Cetesb Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Responsvel pelo meio ambiente, controla a poluio causada pelas fbricas.

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NOES DE QUMICA

Para melhor compreenso da cosmetologia, necessrio que se faa uma abordagem sobre alguns conceitos fundamentais de qumica geral, orgnica e bioqumica. QUMICA GERAL o Matria tudo aquilo que tem massa e que ocupa lugar no espao, ou seja, tem volume. (exemplo plstico, madeira, gua etc). Toda matria constituda por tomos. tomo a menor poro da matria, ou seja, toda matria constituda por minsculas partculas chamadas tomos. Os tomos so formados por duas partes fundamentais: O ncleo e a eletrosfera. Ncleo O ncleo a parte central do tomo, constitudo por prtons (partculas que tm massa e carga eltrica positiva) e nutrons (partculas que tm massa e no tm carga eltrica). Eletrosfera o espao existente em volta do ncleo, onde giram os eltrons em rbitas conhecidas por camadas eletrnicas. As rbitas de todos os tomos se agrupam em sete camadas eletrnicas, denominadas K, L, M, N, O, P e Q. Cada uma dessa camadas suporta um nmero mximo de eltrons ou uma quantidade fixa de energia, conforme mostra o esquema abaixo. Camada Eletrnica-----------------N mximo de eltrons K ------------------------------------2 L-------------------------------------8 M-----------------------------------18 N------------------------------------32 O------------------------------------32 P------------------------------------18 Q-------------------------------------2 o Eltrons Praticamente no possuem massa, pois a massa do eltron 1.836 vezes menor que a massa do prton, sendo, portanto, desprezvel. Entretanto, os eltrons tm carga eltrica negativa e se distribuem nas camadas eletrnicas de acordo com o nmero mximo de eltrons que comporta cada camada. Camada de Valncia a ltima camada da eletrosfera de um tomo. Os fenmenos qumicos apenas arranham os tomos, pondo em jogo somente os eltrons da ltima camada, onde normalmente ocorrem as ligaes qumicas. Nmero Atmico o nmero de prtons existentes no ncleo de um tomo. Nmero de Massa a soma do nmero de prtons e de nutrons de um tomo. tambm chamado de massa atmica. Por exemplo: O sdio tem 11 prtons, 11 eltrons, 12 nutrons. Tem-se ento para o elemento sdio: N Atmico = 11 e N de Massa ou Massa Atmica = 23 Elemento Qumico o conjunto de todos os tomos com o mesmo nmero atmico. Neutralidade do tomo O tomo eletricamente neutro, porque o nmero de prtons (carga positiva) igual ao nmero de eltrons (carga negativa).

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFSubstncia Qumica a reunio dos diferentes tipos de tomos das mais variadas maneiras, formando uma infinidade de agrupamentos diferentes. Cada substncia representada por uma abreviao denominada Frmula Qumica. As substncias podem ser simples (formadas por tomos de um mesmo elemento) ou compostas (formadas por tomos de elementos qumicos diferentes). Exemplo: - Enxofre Reunio de oito tomos do tomo de enxofre, e representado pela frmula S8. - Cloreto de Sdio (sal) Reunio do tomo de Sdio com o tomo de Cloro, e representado pela frmula NaCl. o Molcula a menor parte de uma substncia qumica. o Peso Molecular a soma das massas atmicas de todos os componentes atmicos que constituem uma substncia qumica. Exemplo: - Cloreto de Sdio (sal) - Massa Atmica do Sdio = 23 - Massa Atmica do Cloro = 35,5 - Peso Molecular do Cloreto de Sdio = 58,5 u.m.a (unidade de massa atmica) o ons Um tomo pode ganhar ou perder eltrons da eletrosfera, sem sofrer alteraes em seu ncleo, resultando da partculas denominadas ons. Quando um tomo ganha eltrons ele se torna um on negativo (nion) e quando o tomo perde eltrons se torna um on positivo (ction). o Mistura ou disperso As substncias podem se apresentar misturadas de uma infinidade de maneiras diferentes, formando assim as misturas, onde cada substncia envolvida conserva sua individualidade. As misturas podem ser homogneas (ou solues) e heterogneas. o Misturas Homogneas Ocorre sempre a disperso de uma substncia em outra. Tem-se, desta maneira, o agente disperso e o agente dispersante ou ainda o soluto e o solvente. Por exemplo: gua com acar. A gua o solvente (o que dissolve, ou ainda, o agente dispersante) e o acar o soluto (o que est dissolvido ou disperso). o As misturas homogneas podem ser: o Solues moleculares No conduzem a corrente eltrica. Por exemplo: gua com acar. o Solues inicas Tambm chamadas de eletrolticas, quando as partculas dispersas so ons e, portanto, conduzem a corrente eltrica. Por exemplo: cloreto de sdio dissolvido em gua. Na realidade, os ons j esto presentes nos compostos slidos e se separam naturalmente ao dissolverem-se na gua (dissociao inica). o Solues coloidais Apresentam partculas dispersas no solvente. O dimetro das partculas varia entre 10 A a 1000 A. Os colides podem ser: moleculares formados por macromolculas, e inicos formados por ons gigantes, que quando colocados em gua se dissociam, formando ons, ou seja, so solues polares. o Solues Aquosas So as solues inicas (eletrolticas) e os colides inicos, so polares e por isso podem ser ionizadas. Observaes importantes: 1 A substncia polar aquela que apresenta uma diferena de eletronegatividade em sua estrutura molecular, gerando, assim, uma assimetria na distribuio das

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFcargas eltricas da molcula, criando dessa maneira plos positivos (pela falta de eltrons) e plos negativos ( pelo excesso de eltrons). Tais substncias so facilmente ionizveis atravs da corrente eltrica. A molcula apolar apresenta uniformidade na distribuio eletrnica ao longo da cadeia. 2 A polaridade da gua devido a diferena de eletronegatividade entre o Hidrognio (2,1) e o Oxignio (3,5), sendo facilmente dissociada pela passagem da corrente eltrica, formando ctions de Hidrognio (H) e nions Hidroxilas (OH). 3 Vale ressaltar a premissa qumica que semelhante dissolve semelhante, logo as substncias polares dissolvem substncias polares e sendo assim todas as substncias aquosas so ionizveis. o Misturas Heterogneas Tambm chamadas de sistemas heterogneos. Tratam-se de misturas onde podemos ver as substncias a olho nu ou ao microscpio comum e tendem a sedimentarem-se; so separadas por filtrao. Quando no ocorre sedimentao, a mistura comumente tratada como um colide devido estabilidade da suspenso. o Emulso Sistema heterogneo onde ocorre a mistura das fases aquosa e oleosa somente atravs de agentes emulsionantes/tensoativos. Tem-se nas emulses uma fase dispersa na outra em forma de microesferas. As fases da emulso so chamadas de: - Fase externa ou contnua; - Fase interna, descontnua ou dispersa Mais adiante abordaremos com mais detalhes as emulses devido sua relevncia em cosmetologia. Observao: Ao contrrio das substncias puras, as misturas: - no tm composio constante; - no tm propriedades e caractersticas bem definidas.

QUMICA ORGNICA A qumica orgnica de fundamental importncia para o estudo da cosmetologia. grande o nmero de matrias-primas orgnicas utilizadas nas formulaes cosmticas, tanto para o preparo de veculos cosmticos, como princpios ativos, sejam eles hidratantes, nutritivos, umectantes etc. Qumica orgnica a qumica dos compostos de carbono. A denominao enganosa relquia dos dias em que se acreditava que os compostos de carbono se originavam apenas dos organismos vivos (animais e vegetais). Presentemente, a maioria dos compostos de carbono so preparados por sntese, embora a maneira mais fcil de obter muitos deles seja isol-los a partir dos organismos vivos de animais e vegetais. O que tem esses compostos de especial para que sejam destacados da qumica? A razo parece ser, pelo menos em parte, devido ao grande nmero de compostos e suas respectivas molculas que podem atingir grandes dimenses e complexidade. Tal fato est relacionado, principalmente, a tetravalncia do tomo de carbono, ou seja, o tomo de carbono precisa ligar-se a quatro outros tomos (iguais ou diferentes) para estabilizar-se quimicamente. Alm disso, o carbono forma ligaes simples, duplas e triplas. Assim, tem-se cadeias saturadas e insaturadas. Essas ltimas so mais frgeis, logo, os compostos

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFinsaturados reagem com maior facilidade devido ao rompimento da dupla ou tripla ligao. O carbono liga-se a vrios outros elementos qumicos, sejam eletropositivos ou eletronegativos, formando assim uma grande variedade de compostos com cadeias abertas ou fechadas, saturadas ou insaturadas. RESUMINDO: O CARBONO: Possui quatro eltrons disponveis para formar quatro ligaes qumicas; As quatro valncias do carbono so iguais, logo, tm a mesma fora; Forma mltiplas ligaes com outros elementos e com o prprio carbono; Forma cadeias abertas (compostos acclicos ou alifticos) e cadeias fechadas (aromticos e alicclicos); As cadeias abertas e fechadas podem ligar-se formando novos compostos. No admira, pois, que o estudo desses compostos constitua por si s domnio especial da Qumica, sendo de extraordinria importncia para a tecnologia de produtos. A qumica orgnica a cincia da vida, pois excluda a gua, os organismos vivos esto formados principalmente por compostos orgnicos. a qumica da indstria farmacutica, da medicina, da biologia, do papel, dos plsticos, tintas, vernizes, alimentos, do nosso vesturio etc.

FUNES ORGNICAS

O grande nmero de compostos orgnico nos obriga a agrup-los em famlias. Funo orgnica um conjunto de substncias com propriedades qumicas semelhantes, denominadas propriedades funcionais. Abordaremos as cosmetologia. principais funes orgnicas necessrias ao estudo da

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QUADRO DAS PRINCIPAIS FUNES ORGNICAS

FUNO HIDROCARB ONETO (CH)

GRUPO FUNCIONAL

alceno - CnH2n OH (1 ou +) com C saturado

LCOOL

EXEMPLOS leo mineral, butano, propano,vaselina esqualeno benzeno, naftenos, fenois Al. Etlico, propilenoglicol, glicerina, sorbitol A. Laurlico (C12), mirstilico (C14), esterilico (C18) lcool benzlico, mentol

OBSERVAO cadeia acclica cadeia acclica cadeia cclica acclica - c. curta hidrfilos accl. - c. longa lipfilos ou alc. Graxos cadeias cclicas acclico - cad. Curta - hidrfilos acclico - c. longa lipfilos ou ac. Graxos cadeias cclicas cadeias acclicas cadeias cclicas cadeia acclica cadeia cclica cadeia acclica cadeia cclica cadeia acclica cadeia cclica cadeia acclica cadeia acclica cadeia acclica cadeia cclica

CIDO CARBOXLIC O

R-COOH

Ac. Actico, ctrico, gliclico, oxlico Ac. Laurico (C12), Mirstico (C14), Palmtico (C16) Ac. Benzoico, Ac. Saliclico miristato de isopropila, palmitatos, estearatos metil parabenos, NIPAGIN ter etlico anisol formaldedo, glioxal, glutaroaldedo leos essenciais propanona, dihidroxicetona cnfora monoetanoamina (MEA) dietanoamina (DEA) trietanolamina (TEA), colina anilina cido fnico, Vit. E, hidroquinona, resorcinol, taninos cido saliclico

STER TER

R1-COO-R2 R1-O-R2

ALDEDOS CETONA

R-CHO R1-COR2 N (ligado a C) + H2 - primria N (ligado a C ) + H -secundria N (ligado a C) + H terciria

AMINA

FENOL

OH- anl aromtico ( obs. Pode ser + de um radical OH)

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BIOQUMICA Os compostos naturais fazem parte da qumica orgnica e possuem relevante importncia, pois so partes constituintes de nossa clula, tecidos e rgos de nosso organismo. Alm disso, so fundamentais na formulao cosmtica. Os principais compostos naturais orgnicos so: Glicdios So derivados dos lcoois polihdricos, tendo na sua estrutura molecular grupos aldedos ou cetonas. Esses grupos vo originar as aldoses e cetoses, respectivamente. Exemplo: Glicose, Frutose. Os glicdios so transformados em gorduras quando se encontram em excesso no nosso organismo e fazem parte de vrios tecidos como, por exemplo, o conjuntivo. So utilizados em cosmetologia principalmente como agentes hidratantes e espessantes. Os glicdios podem ser haloglicdios (constitudos somente de glicdios. Exemplo: lactose, sacarose, Agar etc) e heteroglicdios (uma parte glicdio e outra no glicdio. Exemplo: - saponinas, mucilagens, gomas, flavonis etc). o o Lipdios So steres de cidos e lcoois carboxlicos (cadeias longas). So insolveis em gua. Exemplo: ceras, leos (cadeias longas/alto peso molecular), gorduras etc. So utilizados em formulaes cosmticas como produtos emolientes e hidratantes de superfcie, uma vez que os lipdios com cadeias maiores fazem ocluso. Os lipdios podem ser classificados em quatro grandes grupos, sendo os trs primeiros (glicridos, cerdeos e estridos) lipdios simples (s apresentam em sua estrutura steres de cidos graxos e lcoois) e o ltimo (grupo) lipdios complexos (apresentam nas cadeias moleculares outros radicais alm daqueles). Vejamos cada um deles: Glicridos So steres do glicerol associados a cidos graxos (ex. esterico, oleico, linoleico, mirstico, lurico etc). Os glicridos tm significativa aplicao em cosmetologia, sendo os triglicridos os de maior importncia, pois encontram-se com maior facilidade na natureza e so amplamente utilizados nas formulaes cosmticas. Dentre eles destacamos: - leo de semente de uva - leo de girassol - leo de gergelim - leo de abacate - Manteiga de cacau - Manteiga de karit; - Etc. Cerdeos So steres de cidos graxos superiores (+ 20C) associados com lcoois graxos superiores (+ 12C). As cadeias so saturadas, permitindo assim uma certa estabilidade estrutural molcula. So exemplos: - Ceras (carnaba, de abelhas); - Palmitato de cetila; - steres Luricos; - Etc.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFEstridos So steres de cidos carboxlicos superiores (+ 6C) associados ao esterol (lcool). Como exemplo bastante conhecido, temos o colesterol. Lipdios Complexos Apresentam em sua estrutura molecular, alm de lcoois e cidos graxos, outros radicais que podem ser lcalis, cido fosfrico, aminas. So anfteros (hidroflicos e lipoflicos). Quando dissolvidos em gua, formam solues coloidais. So bons agentes emulsificantes e higroscpicos. Os principais lipdios complexos so as lecitinas e as cefalinas. A maior importncia dos lipdios nas formulaes cosmticas devida, principalmente, s suas propriedades de saponificar e de hidrolisar. Observaes: 1- A saponificao ocorre quando um leo ou gordura reage com uma base (lcali) formando sabo e glicerina. Muito utilizado nas formulaes cosmticas para higienizar e desincrustar, o lcali geralmente utilizado o Hidrxido de Sdio e a Trietanolamina. 2- A hidrlise a propriedade que os lipdios tm de reagir com a gua formando seus lcoois e cidos correspondentes. Pode ser feita por via mida ou por via enzimtica. A cosmetologia utiliza-se da ao enzimtica sobre os lipdios, hidrolizando-os, nos tratamentos para gordura localizada e celulite. Aminocidos So compostos orgnicos obtidos por hidrlise das protenas derivadas e apresentam em suas estruturas moleculares radicais amina e cido carboxlico. Os aminocidos so de fundamental importncia em nosso organismo, uma vez que atravs deles so formadas as protenas, substncias essenciais formao dos tecidos. Os aminocidos se combinam das mais variadas maneiras possveis, originando assim um grande nmero de protenas diferentes. Os aminocidos essenciais so: - Lisina, triptofano, leucina, treonina, metionina, valina, fenilanina, isoleucina, arginina. So amplamente utilizados como ativos hidratantes na cosmetologia. Fazem parte do NMF (Natural Moisturing Factor). Os aminocidos podem ser ionizados, pois sua estrutura molecular polarizada pelos radicais cidos (-COOH) e pelos radicais amino (NH2), que conferem aos aminocidos o carter alcalino. Podemos dizer que o aminocido tem carter anftero, logo a polaridade ser dependente do pH da soluo. Isso d ao aminocido um carter neutro quando em soluo aquosa, ou seja, s ser possvel a sua ionizao se alterarmos seu pH (mais cido ou mais alcalino). fcil perceber o ponto isoeltrico (molcula neutra) do aminocido, pois neste ponto eles so insolveis em gua, formando precipitados e coagulando as protenas. o Observao: Principais aminocidos usados em cosmetologia: Fenilamina Percursor da melanina DOPA Dihidroxifenil-amina percursor da melanina Cistina Di amina de cadeia longa, contendo enxofre Prolina e Hidroxiprolina Fazem parte do NMF, participam da molcula do colgeno.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFProtenas As protenas so as substncias da vida. Encontram-se em todas as clulas vivas. So os principais constituintes da pele, dos msculos, dos tendes, dos nervos, do sangue, das enzimas, anticorpos e vrios hormnios. Quimicamente as protenas so altos polmeros. So poliamidas, formadas pelos monmeros dos cidos amino-carboxlicos. Uma nica molcula de protena contm centenas e at milhares de aminocidos combinados. Formam macro molculas de altssimo peso molecular. Por exemplo: - colgeno peso molecular aproximado de 370000 u.m.a. (unidades de massa atmica). As protenas de colgeno so formadas por cadeias longas e com segmentos helicoidais, dando a cadeia uma forma enroscada que em conjunto com os radicais prolina e hidroxiprolina garantem a essas protenas uma capacidade de umectao e hidratao. O que, em princpio, explica sua utilizao cosmtica na formulao de bioativos para hidratar a pele. o As protenas podem ser: Simples formadas apenas por aminocidos. Exemplo: colgeno, elastina, queratina etc. Conjugadas formadas por protenas simples (aminocidos) combinadas com outras substncias no proticas. Exemplo: glicosaminoglicanos, condroglicoprotenas. Observao: - As nucleoprotenas (RNA e DNA), so muito utilizadas em formulaes cosmticas como bioativos. Enzimas - So estruturas proteicas de alto peso molecular. Geralmente funcionam como catalisadores dos processos biolgicos. Sem a ao enzimtica no existiria vida, pois todas as reaes que ocorrem nos seres vivos so catalisadas por enzimas. Freqentemente uma molcula de determinada enzima consegue provocar a reao de dezenas de milhares de molculas reagentes. Podem ser: - simples - compostas somente por protenas; - conjugadas ou complexas - quando alm da protena possuem outro grupo no protico, que chamamos de coenzima. Normalmente, a enzima uma protena conjugada. A protena s se torna uma enzima ativa quando auxiliada pelas coenzimas, assim: o Apoenzima (protena) + Coenzima = (grupo protstico) Holoenzima (enzima ativa)

A hiptese mais aceita atualmente para explicar a ao enzimtica que os reagentes (denominados substratos S) se unem temporariamente enzima (E), formando um complexo (ES). Este, por sua vez, se decompe logo em seguida formando o produto (P) desejado e regenerando a enzima. Assim:

E

+

S

ES

(reao reversvel)

ES

P

+ E (reao irreversvel)

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFas catlises enzimticas so altamente especficas pois, como toda protena, a enzima tem uma configurao espacial muito bem determinada. O complexo enzima mais substrato (E+S) formado por um sistema de encaixe, semelhante ao sistema chave e fechadura. Basta o reagente S ser um pouco diferente para que o encaixe no seja possvel e a reao no se efetue. Muitos medicamentos e cosmticos atuam bloqueando o encaixe das enzimas. Exemplo: Hidroquinona bloqueia a tirosinase no processo de formao da melanina. Algumas condies so favorveis para a atuao das enzimas. So elas: Temperatura: 37C a 40C (ideal) OBS: Acima de 60C a reao irreversvel e abaixo de 10C a reao no ocorre. Superfcie de contato: A reao ser tanto mais rpida quanto maior for a superfcie de contato entre a enzima e o substrato. PH: Cada enzima tem um pH timo de atuao, que pode ser cido ou alcalino. Ativadores e Inativadores: So substncias orgnicas ou inorgnicas que ativam reaes enzimticas (exemplo: cobre, cido, cido ascrbico, glutation). Observao: As enzimas so solveis em meio aquoso, logo so ionizveis. o Vitaminas So importantes catalisadores orgnicos que assim como as enzimas exercem vrias funes. As vitaminas so adicionadas aos cosmticos com funes diversas, por exemplo, estimulantes da renovao celular, antioxidantes, antienvelhecimento, hidratantes etc. Durante muito tempo discutiu-se a eficcia do uso das vitaminas em aplicaes tpicas. Atualmente j existe um consenso que o uso das vitaminas em formulaes cosmticas aumenta sua concentrao local, mostrando resultados efetivos e imediatos. As vitaminas podem ser hidrossolveis (exemplo: complexo B e vitamina C) e lipossolveis (exemplo: vitaminas A, D, E, K, F).

CITOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE

Para que possamos compreender a aplicabilidade da cosmtica, fundamental que estudemos a fisiologia da pele. Assim, poderemos compreender como os cosmticos atuam, seja por mecanismos celulares ou na superfcie da pele, e dessa maneira otimizarmos as aplicaes cosmticas. Para tanto, necessrio revermos alguns conceitos e estudos preliminares.

CITOLOGIA

Todo ser vivo tem estrutura celular. A citologia a cincia que estuda a clula. As clulas podem ser:

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF- Procariotas So clulas primitivas. O material gentico encontra-se espalhado no citoplasma, no h presena de membrana nuclear. Por exemplo: Algas Cianofceas. - Eucariotas So clulas que possuem carioteca que separa o material gentico do citoplasma. Na pele encontramos as clulas eucariotas. Elementos da clula eucariota: As clulas eucariotas so formadas por trs elementos fundamentais. So eles: Membrana plasmtica ou plasmanela Citoplasma ou hialoplasma Ncleo o MEMBRANA PLASMTICA

constituda por uma dupla camada de fosfolipdios ou glicolipdios intercalados por uma camada de protena. Esta estrutura conhecida por mosaico-fluido. (SingerNicholson) A membrana plasmtica desempenha importante papel nas trocas metablicas realizadas pela clula, pois permite a passagem de substncias slidas, lquidas e gasosas atravs dos poros da membrana. O transporte realizado pela clula pode ser feito de vrias maneiras. Devido relevncia do assunto vamos estudar cada um deles.

Transporte de Substncias realizado pela membrana plasmtica. de grande importncia a compreenso dos mecanismos de transporte celular realizados pela membrana plasmtica, pois so atravs destes que a cosmtica atua, aproveitando-se da permeabilidade especfica e seletiva do meio celular. As formulaes cosmticas pem disposio do meio celular, atravs de veculos potencializados, princpios ativos que vo promover a nutrio, hidratao e reestruturao dos tecidos para que possamos minimizar os efeitos causados pelo tempo. certo que alguns fatores so para ns inatingveis. Entretanto, com inteligncia, bom senso e conhecimento podemos atacar as aparentes manifestaes de envelhecimento e desgaste da pele e devolv-las a um nvel menor de importncia. Os tratamentos cosmticos, quando realizados com competncia, trazem resultados bastante satisfatrios e um retorno de prazer e felicidade com um profundo bem-estar psicolgico. Os procedimentos precisam ser realizados sempre com base cientfica (atravs do conhecimento das cincias pertinentes), procurando atender necessidade da clula e verificar a real possibilidade de atingi-la. Existem trs tipos de transporte: 1) Transporte Passivo a passagem de substncias de pequeno tamanho atravs da membrana plasmtica. Essas substncias entram e saem com muita facilidade, pois a prpria clula ajusta a concentrao necessria para manter o equilbrio interno celular.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFO transporte passivo ocorre sem gasto de energia pela clula. um processo natural de ajuste e equilbrio. Ocorre de trs maneiras diferentes: Transporte passivo por osmose a entrada e a sada de substncias em seu estado lquido, principalmente a gua. Transporte passivo por difuso a entrada e a sada de substncias slidas em estado ionizado (ons). Transporte passivo por difuso facilitada Entrada de substncias que tm afinidade com a protena da membrana plasmtica. Essas substncias se agregam estrutura protica e esta torna-se, ento, mais pesada. Nestas condies, a clula se movimenta com relativa facilidade carreando as substncias agregadas protena da membrana. 2) Transporte Ativo Este transporte celular ocorre com gasto de energia, uma vez que realizado contrrio ao equilbrio do meio externo. Ocorre para atender s necessidades fisiolgicas da clula no cumprimento de suas funes especficas. 3) Transporte em bloco a entrada e sada de substncias maiores que os poros da membrana plasmtica. Ocorre com gasto de energia (menor que no transporte ativo). O transporte em bloco pode ser: Endocitose a entrada de substncias para o meio celular. A membrana engloba as substncias atravs de seus pseudpodes (falsos ps). A endocitose pode ocorrer entre substncias slidas (neste caso recebe o nome de fagocitose) ou diludas (so chamadas de pinocitose) Exocitose a sada de substncias do meio intracelular, trata-se de processo inverso da endocitose. Neste caso, a membrana plasmtica se rompe para a sada de material. Resumindo: O transporte realizado pela clula feito atravs da membrana plasmtica da seguinte maneira: 1. Transporte Passivo substncias menores que os poros e sem gasto de energia. Pode ser: - Por osmose - lquidos - Por difuso - slidos - Por difuso facilitada - ons 2. Transporte Ativo Entrada de substncias necessrias ao funcionamento da clula. 3. Transporte em bloco Substncias maiores que os poros e com gasto de energia. Pode ser: Endocitose - entrada de substncias - Fagocitose slidas - Pinocitose - diludas Exocitose sada de substncias A endocitose e a fagocitose cumprem funes de relevada importncia no metabolismo celular. So elas: - Nutrio celular - Defesa do organismo - Reserva de material para a clula - Excreo celular

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Diferenciaes da Membrana Plasmtica Para cumprir a funo de realizar transporte, a membrana plasmtica sofre algumas modificaes que muito facilitaro esta tarefa. So chamadas de modificaes ou diferenciaes da membrana plasmtica. As principais so: Microvilosidade So pequenas dobras na superfcie da membrana. Essas modificaes aumentam a superfcie de contato. Desmossomos So pequenas presilhas que fazem a unio entre as clulas, permitindo maior contato entre elas. Plasmodemos Trata-se de um prolongamento do citoplasma, permitindo maior contato e comunicao entre as clulas. Funcionam como pontes. Ocorrem em tecidos com maior necessidade de troca de substncias.

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CITOPLASMA

Compreende a parte entre o ncleo e a membrana plasmtica. Subdivide-se em: 1. Incluses Substncias que servem de matria orgnica para a clula. Por exemplo: glicdios, gua, lipdios, sais minerais etc. 2. Organelas ou orgnulos So estruturas responsveis pelo cumprimento das funes e atividades da clula. As principais organelas so: 2.1) Retculo Endoplasmtico So pequenos canais que servem para comunicao e transporte de substncias. Realizam a sntese de substncias, principalmente protenas. O retculo endoplasmtico pode ser: - Retculo endoplasmtico liso REL - Retculo Endoplasmtico Rugoso RER O RER (retculo endoplasmtico rugoso) possui em sua superfcie ribossomos, organelas especializadas na sntese de protenas. Logo, o REL (retculo endoplasmtico liso) sintetiza substncias, principalmente lipdios, para atender s necessidades de clulas especficas de um modo geral. No raro, a sntese tem incio no REL e se completa no aparelho de Golgi. O RER (retculo endoplasmtico rugoso) faz a sntese proteica devido presena dos ribossomos, colocando as protenas disposio da membrana plasmtica, do ncleo e das organelas. Nas clulas glandulares o RER encaminha as protenas formadas ao Complexo de Golgi para que este as elimine para o meio externo (protena exportada). 2.2) Complexo de Golgi So organelas em forma de pequenos sacos que servem para armazenar substncias produzidas ou importadas pela clula. Dentro do Complexo de Golgi ocorrem algumas reaes qumicas secundrias com formao de substncias que, quando no so necessrias clula, so eliminadas para o meio extra celular.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF2.3) Lisossomos Organelas formadas dentro do Complexo de Golgi, sua funo principal o armazenamento de enzimas digestivas responsveis pela digesto celular. Os lisossomos se espalham por toda a clula eliminando para o meio externo as substncias desnecessrias, realizando assim a exocitose ou clasmocitose (excreo celular). 2.4) Ribossomos Organelas esfricas, ricas em cido ribonuclico e protenas. Realizam a sntese das protenas colocando-as disposio do Complexo de Golgi para que sejam processadas e aproveitadas pela clula. Encontram-se em abundncia no Retculo Endoplasmtico Rugoso. 2.5) Mitocndrias Organelas especializadas em realizar a respirao celular, fazem o armazenamento de energia celular. Possuem forma alongada e de tamanho varivel de acordo com a necessidade da clula. Produzem a enzima Adenosina Trifosfato (ATP) que a responsvel pela quantidade de energia da clula. A quantidade de mitocndrias nas clulas varivel de acordo com a necessidade energtica. So, por exemplo, muito numerosas nas fibras musculares.

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NCLEO

Controlador das atividades celulares, responsvel pela multiplicao celular. Carrega o material gentico (DNA) e contm todas as informaes que controlam o funcionamento da clula e do organismo como um todo. No nos deteremos na abordagem do ncleo celular dada a irrelevncia do assunto para o nosso estudo em cosmetologia e esttica de um modo geral.

FISIOLOGIA DA PELE

Os tecidos so o conjunto formado por clulas que possuem a mesma funo. A pele considerada o maior rgo do corpo humano, tem espessura que varia entre 0,5mm e 5mm, tendo seus extremos de variao na nuca e nas plantas dos ps respectivamente. A pele formada por trs tipos de tecidos: - Tecido Epitelial epiderme - Tecido Conjuntivo derme - Tecido adiposo hipoderme Devido importncia do assunto para o nosso estudo, abordaremos cada um. 1) Tecido Epitelial forma a epiderme A epiderme formada por um epitlio estratificado que juntamente com o tecido conjuntivo serve de revestimento, formando a pele, o maior rgo do corpo humano. A epiderme tem como funo principal proteger o organismo contra a invaso de bactrias e outros agentes estranhos, protegendo-nos de doenas e infeces diversas. A capacidade de proteo da epiderme devida, principalmente, ao nmero de camadas superpostas (cinco camadas) de clulas fortemente ligadas pela queratina, que forma uma espcie de cimento entre as clulas do epitlio, que juntamente com

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFo manto hidrolipdico, proveniente de excrees das glndulas sebceas e sudorparas e gua, formam uma verdadeira barreira contra ataques externos. As camadas que compem o epitlio so: 1.1) Camada basal ou germinativa

a primeira camada do tecido epitelial, de onde se originam todas as clulas da epiderme. Tem, ento, relevante importncia em cosmetologia, pois cumpre papel essencial nos mecanismos de regenerao e renovao celular. Suas clulas constituintes so: queratincitos e melancitos. Queratincitos clulas responsveis pela formao de queratina (protena fibrosa formada por vrios aminocidos). produzida no queratincito e no decorrer do processo de maturao celular se transforma em queratina dura por polimerizao. Apesar da queratina ser encontrada na epiderme, nos plos e nas unhas, existem diferenas qualitativas e quantitativas entre elas. Por exemplo: A queratina do cabelo e da unha rica em cistina enquanto que na pele o teor deste aminocido baixo. Os queratincitos encontram-se fortemente ligados pelos desmossomos. Essas clulas vo de uma para a outra camada passando por um processo de desidratao do citoplasma, chegando morte celular na camada crnea. Melancitos Clulas responsveis pela produo de melanina, pigmento responsvel pela colorao da pele. Os melancitos repousam sobre a lmina basal e so absorvidos para a camada germinativa, possuem organelas especializadas para a produo de melanina que so os melanossomos. Os dentritos dos melancitos se prolongam para cima e lateralmente permitindo maior contato entre eles e o queratincito, facilitando o depsito do pigmento melnico na clula de queratina. O processo de colorao da pele , portanto, realizado com o conjunto dos melancitos e queratincitos constituintes do epitlio. 1.2 Camada de Malpighi ou espinhosa Segunda camada do epitlio, apresenta clulas fortemente unidas com a presena de tonifibrilas espessas e engrossadas, dando clula um aspecto espinhoso. Ao microscpio percebe-se o achatamento das clulas onde j teve incio o processo de desidratao celular com conseqente acidificao do meio. Nesta camada concentram-se maior nmero de clulas de Langerhans, que so responsveis pelo sistema imunolgico da clula, capturando microorganismos cutneos invasores e colocando-os disposio dos leuccitos. 1.3 Camada Granulosa Composta por clulas achatadas, subdivididas e queratinizadas com seu ncleo em estado de degradao. Forma a terceira camada do epitlio e neste ponto o estado de maturao da clula j bastante adiantado. Apresenta-se cheia de queratina j bastante endurecida, formando gros de queratohialina, o que lhe confere um aspecto granular.

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1.4 Camada Lcida Formada por fina camada de clulas achatadas e anucleadas, mas ainda se pode verificar a presena de desmossomos entre as clulas. Mostra-se translcida, da o nome de camada lcida. 1.5 ) Camada Crnea De espessura varivel, constituda por clulas achatadas, anucleadas e mortas. A queratina est totalmente formada e o meio celular encontra-se cido devido perda de gua do citoplasma. A gua perdida em todo o processo de queratinizao se evapora e vai compor o manto hidrolipdico juntamente com o leo proveniente das glndulas sebceas e com o suor das glndulas sudorparas. Observao: No processo de queratinizao, quando ocorre a formao de queratohialina na camada granular, resulta a formao de filagrina, protena que por decomposio produz substncias que conferem resistncia queratohialina, alm de formar uma mistura de aminocidos que em contnuo processo de maturao daro origem a uma mistura de substncias (uria, aminocidos, PCA, ac. Hialurnico, etc) que devido ao carter hidratante so chamadas de NMF Natural Moinstuzring Factor. Essas substncias juntam-se ao manto hidrolipdico ( gua, leo e suor ) no extrato crneo e formam verdadeiras emulses cosmticas naturais protegendo e hidratando a pele. 2) Tecido Conjuntivo Derme Tem origem na mesoderme, trata-se de um tecido de sustentao, rico em substncia intercelular constituda por uma parte amorfa formada por gua, polissacardeos e protenas e outra parte figurada formada pelas fibras: colagnicas, elticas e reticulares. As fibras colagnicas so mais abundantes que as demais e so formadas principalmente por colgeno, cuja estrutura molecular, muito bem organizada, rica em radicais glicina e hidroxiprolina. As fibras elsticas so muito parecidas com as colagnicas. Entretanto, diferem na organizao estrutural, so mais delgadas e podem apresentar ramificaes na cadeia. As fibras reticulares so mais delgadas e possuem a forma de rede entrelaada, ocorrem em maior nmero nos rgos formadores de sangue, que possuem as clulas entre as malhas do retculo. Devido sua localizao (mesoderme), o tecido conjuntivo tem importante papel no desempenho da nutrio celular, uma vez que os vasos sangneos e linfticos passam por ele fazendo o transporte de substncias, alm de clulas especializadas em fagocitose, exercendo assim importante papel de defesa eliminando agentes estranhos e prejudiciais sade. O tecido conjuntivo se subdivide em: - Tecido conjuntivo propriamente dito - Tecido Adiposo - Tecido sseo - Tecido cartilaginoso - Tecido sangneo - Linfa

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Tecido Conjuntivo propriamente dito o principal tecido conjuntivo. Apresenta vrios tipos de clulas e grande quantidade de substncia intercelular. As clulas mais comuns nesse tecido so: fibroblastos, macrfagos, plasmcitos e mastcitos. Assim temos: - Fibroblastos Clulas especializadas na produo de fibras colagnicas, reticulares e elsticas. Sintetizam as fibras a partir de protenas provenientes da alimentao e as enviam para as reas de interesse do organismo por estmulos fsicos/qumicos. - Macrfagos Clulas de grandes dimenses que se movimentam por intermdio de pseudpodes fazendo a fagocitose de micrbios e clulas degeneradas do organismo. Participam dessa maneira ativamente do processo de defesa do tecido conjuntivo. - Plasmcitos Produzem anticorpos que atuam decisivamente no processo imunitrio do organismo. - Mastcitos Clulas responsveis pela produo de heparina, substncia que impede a coagulao do sangue dentro dos vasos sangneos. Alm de clulas especializadas, o tecido conjuntivo propriamente dito tambm apresenta grande quantidade de lquido interticial, rico em polissacardeos, gua e protenas. Essas substncias so produzidas por clulas especializadas do tecido conjuntivo. Devemos considerar dois tipos de tecido conjuntivo: o denso (modelado e no modelado) e o frouxo. A principal diferena entre esses dois tipos fundamentalmente a organizao e a quantidade das fibras colagnicas, reticulares e elsticas. - O tecido conjuntivo frouxo se localiza imediatamente abaixo da epiderme e suas fibras no formam massas compactas. o tecido de maior distribuio no organismo, pois preenche espaos vazios deixados por outros tecidos. - O tecido conjuntivo denso modelado encontrado nos tendes, estruturas que ligam os msculos ao osso. Apresentam fibras ordenadas e compactas e em maior nmero, com relao ao tecido frouxo. - O tecido conjuntivo denso no modelado ocorre em lugares como cpsulas de rgos e na derme. So fibras distribudas ao acaso, ou seja, sem nenhuma ordenao. Tecido Adiposo Este tecido possui um grande nmero de clulas adiposas. Fazem a reserva de lipdios que atuam protegendo o organismo contra as perdas de energia oferecendo, assim, um constante abastecimento energtico para as atividades celulares. Alm disso, fazem tambm a proteo trmica do organismo e funcionam como um isolante contra as variaes de temperatura. Tecido sseo Tecido conjuntivo de sustentao, dotado de maior rigidez, se destina essencialmente s funes de sustentao e proteo do sistema nervoso central.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFO tecido sseo pode ser de dois tipos: reticulado (poroso) e compacto (denso). A diferena fundamental entre eles quanto disposio de seus elementos e a quantidade dos espaos intercelulares. O tecido sseo reticulado apresenta espaos medulares maiores enquanto que o compacto no apresenta espaos medulares. O tecido sseo forma uma estrutura inervada e irrigada e por isso apresenta sensibilidade e capacidade de regenerao. Tecido Cartilaginoso tambm um tecido conjuntivo de sustentao, de consistncia semi-rgida, apresentando, entretanto, maior elasticidade que o tecido sseo. O tecido cartilaginoso no vascularizado, por isso as trocas metablicas e respiratrias ocorrem por difuso a partir dos tecidos vizinhos. O tecido cartilaginoso pode ser de trs tipos dependendo das fibras presentes na cartilagem. - Tecido cartilaginoso de hialina Abundante no nariz, nas articulaes e nos brnquios. Aparece em maior concentrao no fetos, pois nesta fase o tecido cartilaginoso se apresenta como percussor do tecido sseo sendo gradativamente substitudo por este ltimo. - Tecido cartilaginoso elstico Apresenta um grande nmero de fibras elsticas, sendo por isso mais resistente a tenses e mais elstico que as outras cartilagens, encontrado por exemplo no pavilho auditivo. - Tecido cartilaginoso fibroso Rico em fibras colgenas, o que lhe garante resistncia e fora. Muito encontrado nos discos da coluna vertebral e em algumas articulaes. Tecido Sanguneo Toda a substancia intercelular lquida, suas clulas se deslocam livremente em meio a massa de substncias intercelular. Transportam substncias para o organismo e cumprem importante papel de defesa atravs de clulas especializadas em fagocitose. O sangue formado por uma mistura homognea de substncias onde podemos distinguir duas partes principais: Uma parte lquida plasma ( lquido intercelular) Uma parte slida clulas especializadas (hemcias, leuccitos, plaquetas) Linfa O sistema linftico constitudo por uma vasta rede de vasos capilares chamados de capilares linfticos, que correm paralelo com os vasos sanguneos da pele e a seguir juntam-se para formar vasos ligeiramente maiores. um tecido de transporte formado por uma parte lquida que varia em funo da alimentao e uma parte celular composta principalmente por linfcitos e alguns leuccitos. A linfa um lquido que banha os tecidos, sendo posteriormente coletado por um sistema circulatrio composto por vasos e ndulos que vo conduzir a linfa corrente sangunea atravs dos vasos.

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FORMULAO COSMTICA

A formulao de um cosmtico envolve trs partes fundamentais, a saber: Veculo ou Excipiente Princpio Ativo Aditivos Cada uma dessas partes pode ser composta por uma ou mais substncias que compem cada grupo. Abordaremos detalhadamente cada um deles.

VECULOS COSMTICOS

quase sempre composto de uma ou mais substncias cuja finalidade dar forma ao cosmtico, bem como favorecer ou reduzir os efeitos dos princpios ativos. Os veculos cosmticos podem ser: Emulses cremes, leites e loes cremosas; Gis gel aquoso e gel oleoso (gel-creme); Lquidos loes ( aquosas e adstringentes) Ps cosmticos em p (talco, maquilagem etc) Vetoriais lipossomos, nanosferas e silanois O estado fsico do veculo selecionado pelo formulador de acordo com o objetivo do princpio ativo sobre a pele assim como de sua atividade. Logo, a escolha do veculo em emulso, gel, creme, lquido ou p vai depender diretamente do princpio ativo a ser veiculado. sempre necessrio que se considere a melhor estabilidade qumica, aproveitamento e compatibilidade entre os componentes. Devido importncia dos veculos, abordaremos os principais utilizados em cosmetologia e os estudaremos em detalhes para melhor compreenso do assunto.

1) Cosmticos veiculados na forma de EMULSO: Cremes, leites e loes cremosas. 1.1) Conceito de emulso um sistema composto de duas fases que no se misturam (sistema heterogneo). Uma fase fica dispersa na outra em forma de microesferas. As duas fases da emulso so: fase externa ou contnua; fase interna, descontnua ou dispersa.

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1.2) Tipos de emulso H principalmente dois tipos de emulso: emulso O/A (emulso leo em gua) e emulso A/O (emulso gua em leo). Existem tambm as emulses mistas O/A/O e A/O/A.

1.2.1) Emulso O/A aquela em que a fase interna constituda pelos componentes oleosos e a fase externa pela gua. As emulses O/A so geralmente menos oleosas, menos emolientes, pois possuem menor quantidade de leo, tm secagem mais rpida, sua preparao menos cara e mais fcil. Neste sistema a gua engloba as partculas oleosas proporcionando um efeito evanescente ao mesmo. So facilmente lavveis com gua, podendo ocorrer a formao de espuma. As emulses O/A possuem menor quantidade de leos, neste caso, dizemos que o material graxo est disperso na gua. As emulses de um modo geral apresentam-se brancas, devido ao diminuto tamanho de suas partculas. 1.2.2) Emulso A/O aquela em que os componentes hidrossolveis constituem a fase interna e os componentes oleosos a fase externa da emulso. As emulses A/O possuem alto grau de ao emoliente e dissolvente, por isso so as formulaes ideais para se preparar cosmticos demaquilantes, cremes de limpeza em geral. 1.2.3) Emulses mistas A/O/A e O/A/O So aquelas em que uma emulso A/O e O/A podem existir simultaneamente, isto , uma gotcula do leo pode conter diversas partculas de gua e por sua vez estar suspensa em uma fase aquosa. 1. 3) Preparo das emulses A preparao das emulses exige agitao constante e a mistura gradativa dos componentes. As substncias envolvidas na formulao devem ser previamente dissolvidas em gua e em leo de acordo com a solubilidade de cada um dos componentes participantes. As fases oleosas e aquosas devem estar mesma temperatura. A fase interna deve ser lentamente adicionada fase externa que j contm os agentes emulsionantes adequados. Este procedimento deve ser acompanhado de agitao constante e controle de temperatura. Um fator importante no preparo das solues a viscosidade do meio dispersante, pois quanto mais viscoso menor ser a possibilidade de ocorrer a aglutinao das gotculas e, conseqentemente, a quebra da emulso por separao das fases. Para corrigir a viscosidade utilizam-se agentes espessantes, geralmente derivados da celulose, entre outros. Outro dado relevante refere-se densidade dos componentes. Quanto menor a diferena de densidade entre os dois lquidos que sero emulsionados, menor ser tambm a facilidade de separao entre eles.

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1.4)

Como atua um tensoativo?

Os tensoativos so substncias com caractersticas especiais em sua estrutura molecular, o que em ltima anlise os tornam compostos essenciais nas formulaes cosmticas. Devido sua propriedade especfica de emulsificao, so tambm chamados de agentes emulsionantes. So substncias que contm um grupo polar lipfilo e hidrfilo, sendo imprescindvel a especificidade do tensoativo, ou seja, nitidamente lipfilo ou hidrfilo para que atue de forma a diminuir a tenso interfacial de uma das fases da mistura, podendo dessa maneira orientar a emulso no sentido A/O ou O/A. Tenso interfacial a fora que existe entre as molculas, que se manifesta sempre quando ocorre separao entre as fases no miscveis: Exemplo gua em contato com leo ou graxa. A tenso interfacial pode ser alterada pela introduo de agentes tensoativos em uma fase ou na outra e, s vezes, nas duas fases. Para que determinada substncia seja considerada um bom agente tensoativo, necessrio que sua estrutura molecular seja tal que se coloque na interface entre o leo e a gua, ou seja, a parte lipfila ficar envolvida com o leo da emulso e a parte hidrfila ir dissolver a gua ou outros componentes hidrfilos presentes. Os emulsionantes/tensoativos quando dimensionados adequadamente atuam de forma a arrastar as impurezas que se lhes apresentam. o que acontece, por exemplo, com o detergente que ao dissolver os compostos graxos arrastam a sujeira que est contida e o fazem atravs da sua capacidade de detergncia. O mesmo ocorre com o xampu, que retira a sujeira do cabelo emulsificando o leo e arrastando as impurezas. Os tensoativos ou emulsionantes so selecionados pelo formulador de acordo com a finalidade do cosmtico, pois alguns so formadores de espuma, como por exemplo os detergentes e xampus, enquanto outros so agentes de dissolvncia apenas, ou seja, devem dissolver substncias lipfilas ou hidrfilas, de acordo com a necessidade exigida para atender formulao. Um bom tensoativo deve ter caractersticas gerais, como: Ser um bom agente estabilizador; Diminuir a tenso interfacial entre as partes; Ser especfico, ou seja, nitidamente lipfilo ou hidrfilo para um dos tipos da emulso; Ser quimicamente estvel; Ser inodoro, incolor e no irritativo para a pele. Alm das caractersticas acima, os agentes tensoativos possuem propriedades especficas, o que os tornam substncias de relevante importncia na indstria cosmtica. Tais propriedades so: Ao emulsificante Espessantes/estabilizantes Ao de detergncia Ao dispersante Ao anti-sptica Ao emoliente/amolecedores

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF1.5 ) Classificao dos tensoativos Os tensoativos podem ser classificados de acordo com a capacidade de ionizao dessas substncias. Assim, podemos ter: Tensoativos Inicos (catinicos e aninicos), Tensoativos Anfteros (podem ser inicos e catinicos) e Tensoativos no inicos. Para que possamos compreender com clareza os rtulos dos produtos cosmticos necessrio que faamos uma abordagem detalhada dos tensoativos. Assim, temos: Tensoativos Inicos So substncias tensoativas que em soluo aquosa se dissociam formando ons. Podem ser: Aninicos Formam nions (ons negativos) em dissociao aquosa. So nitidamente hidrfilos, por isso orientam emulses no sentido O/A. As principais caractersticas dos tensoativos aninicos so: - Ao detergente - Ao anti-sptica - Ao dispersante - Orientadores de emulses O/A Os principais tensoativos aninicos usados em cosmetogia atualmente so: - Mono, di e tri estearatos de sdio - Estearato de glicerila - Derivados orgnicos amnicos - steres sulfricos de lcoois graxos Observao: Os sais metlicos de cidos graxos (Estearatos de Clcio e Magnsio) so tensoativos aninicos, entretanto orientam emulses no sentido A/O. Catinicos So substncias tensoativas que quando em soluo aquosa formam ctions (ons positivos). As principais caractersticas dessas substncias so: - Orientam emulses no sentido A/O; - So bacteriostticos; - Amaciantes (cabelos, tecidos, tinturas) Os tensoativos catinicos mais usuais na indstria da cosmetologia so os sais de amnio quaternrio, como por exemplo: Brometo de cetil trimetil amnio, muito utilizado na indstria cosmtica para cabelos como emulses para cremes rinses, cremes hidratantes e cremes amaciantes associados tintura capilar. Tensoativos Anfteros - So substncias com dupla polaridade, podem formar nions ou ctions, dependendo do pH do meio onde se encontram em dissociao. Em meio alcalino os anfteros formam tensoativos aninicos enquanto que em meio cido so tensoativos catinicos. So substncias menos agressivas que os aninicos e por isso so mais utilizados em formulaes para produtos mais suaves, como xampus para bebs, cremes para peles sensveis etc. Os tensoativos anfteros apresentam as seguintes caractersticas: Compatibilidade com outros tensoativos; So nitidamente hidrfilos, orientam emulses O/A; Possuem ao detergente.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFTensoativos No-Inicos So substncias tensoativas que em soluo aquosa no se dissociam, ou seja, no formam ons. So steres obtidos de reaes de esterificao de polialcoois com cidos graxos, resultando em um tensoativo oleoso. So muito utilizados como agentes estabilizantes e espessantes das emulses. As caractersticas principais destes tensoativos so: Compatibilidade com outros tensoativos; So pouco irritativos; Estabilizantes, espessantes e geilificantes. Os mais usuais so: - Estearatos de glicerol Estearato de poetileno glicol - steres do sorbitol - steres da sacarose

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1.6)

Componentes da emulso 1.6.1) gua - A pele tem grande necessidade de gua para se manter elstica e saudvel. A camada crnea da epiderme extrai normalmente a gua de que necessita das camadas inferiores e do suor. Quando a pele est exposta a umidades relativas altas, ela absorve do prprio meio ambiente a gua de que necessita. Entretanto, em condies desfavorveis, tais como muito vento e baixa umidade, a pele mostra-se ressecada e spera. Os cosmticos constitudos to somente por compostos graxos podero ressecar a pele pela falta de gua no produto. A excessiva ocluso feita pelos componentes oleosos acabam por impedir a sudorese, o que prejudicial sade da pele, apesar de permitir a absoro de princpios ativos por simples osmose. A grande vantagem dos cremes emulsionados sobre os compostos anidros que permite um equilbrio entre os componentes umectantes e emulsionantes, dando ao produto eficcia hidratante e superioridade sobre os ungentos e pomadas anidros. A gua utilizada deve ser incua e isenta de metais, pois o processo de formao das colnias bacterianas se inicia no momento da fabricao e manipulao do produto. Faz-se necessrio a adio de conservantes de todas as espcies para que o fabricante possa garantir a validade do produto por determinado prazo. Evidentemente que o formulador tem em absoluta relevncia a importncia da higiene na manipulao e da gua utilizada que deve ser destilada ou deionizada. 1.6.2) Componentes Oleosos/Emolientes Os componentes oleosos so selecionados de acordo com as funes desejadas para o produto, procurando atender s caractersticas da formulao final e o preo. Existe disposio da cosmetologia uma grande variedade de matrias-primas oleosas e podemos classific-las de acordo com sua composio qumica, estabelecendo assim critrios funcionais para a sua seleo. Os componentes oleosos so matriasprimas com baixa capacidade de absoro e, portanto, no realizam trabalho de nutrio como se pode supor. Atuam principalmente como agentes emolientes e de lubrificao do extrato crneo, com a funo principal de proteo.

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Assim temos: Derivados do petrleo - Parafinas (principalmente a lquida) - Vaselinas Triglicerdeos de origem vegetal ou animal Produtos oleosos sintticos cidos e lcoois graxos e seus derivados steres graxos Silicones leos e gorduras insaponificveis Observao: Devido importncia dos componentes oleosos nas emulses cosmticas abordaremos os mais usuais com detalhes. Triglicerdeos de origem vegetal leo de amndoas doces extrao a frio das sementes de amndoas, constitudo principalmente pelos cidos: Oleico, linoleico e steres de cidos graxos. leo de jojoba - extrao a frio das sementes, rico em protenas e aminocidos. leo de amendoim extrao a frio dos gros sem casca, composto por: cido oleico, linoleico, palmtico e esterico, alm de outros em teores menores. leo de coco gordura slida a temperatura ambiente, largamente utilizada no preparo de sabes e xampus. leo de palma extrado do fruto de certo tipo de palmeira, um leo bastante viscoso, amarelado e sua aplicao cosmtica ocorre principalmente na fabricao de sabes. um leo rico em glicerdeos derivados do cido palmtico, esterico e linoleico. leo de gergelim extrao a frio das sementes do gergelim, trata-se de um leo adocicado com capacidade de absorver os raios UV sendo, assim, bastante indicado seu uso em cosmticos com a finalidade de proteo solar. leo de rcino extrao a frio das sementes do rcino, leo viscoso de colorao amarelo claro. Possui a vantagem de ser solvel em lcool, sendo por isso muito utilizado quando faz-se necessrio dissolver substncias solveis em lcool. leo de abacate extrao a frio da polpa do fruto do abacateiro. Constitudo principalmente por cido oleico, linoleico e palmtico. leo amarelo, com excelente resistncia oxidao, rico em carotenos (predecessor da vitamina A), alm de vitaminas E, K, fitoesteris e vitamina B, sendo esta ltima hidrossolvel, se mantm sobre a polpa do fruto. Trata-se de um leo empregado em produtos mais sofisticados, como cosmticos restauradores, nutritivos e produtos para os cabelos. Largamente utilizado no preparo de mscaras, cremes e loes cremosas nas concentraes de 0,1 a 5%.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFleo de algodo Extrado a frio, constitudo pelos cidos: Linoleico, oleico e palmtico. leo de milho Extrado do germe de milho. Constitudo pelos cidos: olico e linoleico e ainda palmtico esterico.

Triglicerdeos de origem animal Esqualeno Obtido por hidrogenao na extrao do leo de fgado de tubaro. leo incolor e antialrgico com excelente adaptabilidade para veicular, pois no reage quimicamente com facilidade dando assim estabilidade ao cosmtico. leo de tartaruga Muito untoso, rico em vitaminas leo de purcellin Encontrado nas penas dos patos, apresenta muita semelhana com o sebo cutneo e sendo assim possuem muita afinidade com o tecido epitelial e com os cabelos. So utilizados em cosmetologia como complemento para reestruturar o manto hidrolipdico. Manteiga de cacau Extrado por compresso a quente das sementes do fruto, cera de colorao branca/amarelada e odor muito caracterstico e agradvel, muito utilizada no preparo de formulaes para batons e cremes especficos. Cera de carnaba Extrada por fuso das ceras contidas nas folhas de certas palmeiras. Possui alto ponto de fuso e garante caractersticas de brilho ao cosmtico, sendo amplamente utilizada no preparo de batons cintilantes e sombras para os olhos. Cera de abelha Utilizada como agente espessante nas emulses cosmticas, obtida por purificao e fuso das ceras constituintes nos alvolos das colmias. Lanolina Retirada da l do carneiro, um leo de consistncia firme amarelado, odor caracterstico e com composio semelhante do sebo humano. Seus derivados so largamente utilizados como agentes espessantes e emolientes nas emulses comsticas. Espermacete leo extrado do crebro dos cachalotes. De cor branca semitransparente solvel em leos, fornece ao produto final um aspecto perolado. No contm teores altos de gorduras insaturadas, o que o torna um leo bastante refratrio oxidao, facilmente absorvido pelo epitlio. Sebo Extrado do abdome do boi, carneiro ou cabra. Muito utilizado em indstrias de sabo, uma vez que so substncias ricas em steres do glicerol, ou seja, com grande capacidade de saponificao.

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Matrias-primas oleosas sintticas Apresentam alguma vantagem sobre os leos naturais, entre elas, a maior facilidade de conservao, no exigindo, dessa maneira, o uso concentrado de aditivos o que torna o produto final mais vulnervel a alergias. So leos e gorduras modificadas que apresentam compatibilidade qumica e estabilidade, substituindo com vantagem os produtos naturais. 1.6.3) Componentes tensoativos/emulsionantes A facilidade ou dificuldade com que duas fases formam uma emulso determinada pela tenso interfacial que existe entre os lquidos em questo. Emulsionam-se facilmente aqueles que tm baixa tenso interfacial com a gua e, contrariamente, a tenso interfacial alta entre os componentes dificulta a emulso.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFA introduo de agentes tensoativos/emulsionantes pode alterar a tenso interfacial entre as fases. Tensoativos (ou emulsionantes) so substncias que contm em sua estrutura um radical lipfilo em uma extremidade da cadeia molecular e na outra um radical hidrfilo. Dessa maneira, apresentam-se como estruturas bipolares. Os tensoativos possuem caractersticas e propriedades especiais o que os tornam substncias de relevante importncia no preparo dos cosmticos. Caractersticas gerais importantes dos tensoativos: Deve ser um bom agente estabilizador Ser especfico, ou seja, nitidamente lipfilo ou hidrfilo para um dos tipos da emulso. Ser quimicamente estvel Inodoro, incolor e no irritar a pele

Propriedades dos tensoativos: So agentes emulsificantes So agentes emolientes (amolecedores) So agentes dispersantes Ao anti-sptica Ao de detergncia

Atividade das substncias tensoativas

Tensoativos/emulsionantes aninicos So tensoativos nitidamente hidrfilos, ou seja, orientam as emulses com gua na fase externa (O/A), sendo amplamente utilizados no preparo de detergentes, sabonetes e xampus. Os principais so: - Lauril sulfato de sdio - Lauril sulfato de amnia - Lauril ter sulfato de sdio - Lauril ter sulfacianato de sdio - Lauril ter de trietanolamina Tensoativos/emulsionantes catinicos Essas substncias possuem propriedades anti-spticas e so excelentes agentes para condicionadores capilares devido atrao que existe entre o amino-cido (carregado negativamente) da fibra de queratina do cabelo e o emulsionante catinico (positivamente carregado). Por isso so largamente utilizados nas formulaes para condicionadores capilares, alm de desodorantes devido sua ao antisptica. Os mais utilizados so: - CETAC Cloreto de trimetil amnio - CETAB brometo de trimetil amnio - Sais de dialquil dimetilamonio - Cloreto de benzalcnio

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFTensoativos/emulsionantes anfteros Variam sua ao como tensoativo de acordo com o pH do meio. So agentes emulsionantes com maior tendncia hidrfila, sendo por isso muito utilizado no preparo de detergentes e xampus. So menos agressivos que os aninicos e, assim sendo, sua aplicao maior nos produtos com ao de detergncia mais suaves. Exemplos dos mais usuais: - Imidazolina e seus derivados ( espumantes/bactericida) - Betana e seus derivados - Aminocidos e derivados Tensoativos/emulsionantes no inicos So substncias que no formam ons quando se dissociam em gua. So utilizados em geral como agentes espumantes e associados a outros tensoativos. Exemplos: - stere de glicerol - Monoetanolaminas de cidos graxos de coco - Dietanolaminas de cidos graxos de coco - steres do polietilenoglicol - steres do sorbitano 1.6.4) Estabilizantes/Espessantes So usados colides hidrfilos na fase aquosa, especialmente para estabilizar as emulses O/A. A funo do estabilizante aumentar a viscosidade, impedindo assim a mobilidade e a coalescncia da fase dispersa. Os colides podem ser: Orgnicos (naturais ou sintticos): - Goma Xantana - Carbmeros - Derivados da celulose - Acrilatos - Alginatos Inorgnicos - Silicatos de alumnio e magnsio (SAM) - Bentonitas - Cloreto de sodio 1.6.5) Umectantes So substncias hidroscpicas (propriedade de reter gua) que diminuem a perda de gua da massa cremosa dos produtos acabados e impedem a ruptura da emulso e a formao de crostas superficiais. Facilitam a distribuio e a ao lubrificante dos cremes, causando uma sensao agradvel de umidade e maciez pele. Os umectantes mais utilizados em cosmetologia so de origem orgnica. So eles: Sorbitol Etilenoglicol Dietilenoglicol Carbowax 1000 Glicerol Propilenoglicol Ceras (animal e vegetal) Silicones oleosos Fosfolipdeos Glicerina Lactatos D-Pantenol Derivados da lanolina

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFOs umectantes devem ter as seguintes caractersticas: Alto grau de higroscopia Intervalode umectao alto Baixa viscosidade Compatibilidade com outras substncias Volatilidade baixa Inocuidade Baixo ponto de congelamento 2 ) Cosmticos veiculados na forma de GEL 2.1) Conceito de Gel um sistema coloidal constitudo por duas fases: uma fase dispersora lquida (gua, lcool, propilenoglicol, acetona) e outra fase dispersora slida ( agentes geilificantes). O gel um veculo cosmtico, viscoso, mucilaginoso, transparente, preparado em estado slido ou semi-slido. 2.2) Tipos de Gis H dois tipos principais de gis: Gis Aquosos So preparados em forma de gel sendo a fase dispersora lquida um solvente aquoso, ou seja, gua, propilenoglicol, glicerol, acetona, lcool (sendo os dois ltimos menos comuns) e a fase slida um agente geilicante hidrosolvel, como resinas, silicatos, polmeros etc. So formulaes apropriadas para peles bastante oleosas, trazendo uma sensao de frescor e bem estar. Entretanto, apresentam limitaes, uma vez que a maioria dos princpios ativos so no aquosos. Gis-Creme Alguns autores chamam de oleogis, pois so gis emulsionados com substncias oleosas em baixa concentrao de graxos e alta concentrao de hidrfilos. Apresentam algumas vantagens sobre o gel aquoso, uma vez que podemos adicionar parte oleosa princpios ativos lipossolveis e ainda assim ter um produto com baixa concentrao de leos, garantindo frescor para as peles mais oleosas. Os gis-cremes so chamados de cremes oil-free e as loes cremosas so chamadas de loes oil-free. Assim como as emulses e os gis, os gis-cremes so tambm bastante suscetveis a ataques bacterianos e a oxidao. Faz-se necessrio, ento, a adio de aditivos antioxidantes e preservantes ao produto.

2.3) Vantagens e Desvantagens do Gel. Vantagens Menos gorduroso Secagem rpida Fcil aplicao Recebe ativos hidrfilos ( Gel aquoso) Recebe ativos lipfilos ( Gel-Creme) No so oclusivos Baixo ndice de toxidade (preparo simples) Rpida absoro Sensao de frescor

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Desvantagens - Pode ressecar a pele (principalmente os hidroalcolicos) - Controle de pH bastante crtico - Uso limitado (peles oleosas ou mistas) 2.4) Aplicaes dos cosmticos na forma de gel. As formulaes cosmticas geilificadas aquosas ou gel-creme so preparadas com princpios ativos de maneira a garantir a aplicao especfica do gel. Por tratar-se de formulaes de preparo bastante simples, so geralmente formulados para atender a necessidades especficas, assim temos: Gel com efeito hidratante Adiciona-se matria-prima geilificante e gua substncias ativas com propriedades de hidratao e umectao, como por exemplo: glicerol, propilenoglicol, sorbitol etc., que sero associados a substncias emolientes e solveis em gua, como derivados da lanolina por exemplo. Para o efeito hidratante pode tambm ser usado como solvente os lcoois umectantes cetlicos (etoxi e propoxi). O Lubragel tem sido amplamente utilizado como base umectante. Trata-se de um gel levemente cido, com excelente estabilidade qumica, consistncia e incuo. Converte-se facilmente em hidratos, o que lhe garante a caracterstica de excelente agente umectante e hidratante da pele. Gel com efeito deslizante Ideal para o preparo de produtos para massagem corporal. Para se obter o efeito deslizante, adiciona-se base gel um componente oleoso e que promova emolincia. Aos gis hidroflicos adicionam-se os leos leves que so solveis em gua, como por exemplo: derivados da lanolina, lecitina, poliois etc. Os gis oleosos promovem bastante emolincia e deslizamento. Entretanto, so muito untosos deixando uma sensao desagradvel de oleosidade e dificultando o trabalho do esteticista. So, dessa forma, pouco recomendados.

Gel com efeito calmante Gel hidroflico, obtido atravs da adio de ativos calmantes, como extratos vegetais (p.ex. camomila, calndula, tlia etc), alm de alantona, D-pantenol e outros. Gel com efeito refrescante Obtm-se a partir da adio de ativos com capacidade de refrescncia como mentol, hortel, lcool etlico etc.

Gel com efeito antiinflamatrio Adiciona-se base gel substncias ativas com propriedades antiinflamatrias e cicatrizantes. Os mais usuais so: alfa bisabolol (extrado da camomila) e prpolis. Tm larga aplicao no tratamento de peles acneicas. Gel com efeito condicionador Encontra sua maior aplicao nos produtos capilares. O cabelo humano constitui-se de uma fibra carregada negativamente devido presena dos aminocidos da protena queratina, principal constituinte do cabelo. Dessa forma, os produtos mais indicados para o cabelo humano so

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFos catinicos, pois devido a atrao eletrosttica entre o cabelo (negativamente carregado) e a substncia que, por tratar-se de um ction, est com carga positiva, ir, por atrao, revestir o fio capilar protegendo-o e garantindo brilho e maciez. Os gis indicados para receber os ativos condicionadores devem ter carter catinico e pH ligeiramente cido. Os mais usuais so os polmeros poliquaternrios (CTFA polyquaternarium). So eles: Luviquat e Merquat. 2.5) Matrias-primas utilizadas para a formulao do gel base. Formulao do gel base = Matria-prima geilificante + solvente (gua, lcool, acetona, propilenoglicol etc) Agentes Geilificantes Derivados da Celulose - Natrozol (HEC) - Cellosize (HEC) - CMC (carboxi metil celulose) Resinas - carbopol (polmero do cido acrlico) - Acrypol ICS 1 - Acrisint 400 Naturais - gar gel hidratante extrado de alguns tipos de algas - Alginatos algas - Bentonita Silicato de hidrato de alumnio Polmeros Merquat (poliquaternrio) PVA (lcool polivinlico) PVP (polivinilpirrolidona) Veegun Silicato de magnsio e alumnio Aerosil silicato de silcio Ativos usados no preparo do gel ativado - Lanolina e seus derivados - leos hidrossolveis ( os leos vegetais so mais indicados) - Extratos vegetais - Protenas - Vitaminas hidrossolveis

Resumindo temos: Gel = matria-prima geificante + (gua ou outro solvente) + P. Ativo Gel-Creme = matria-prima geilicante + (gua ou outro solvente) + componente oleoso /tensoativo + Princpio Ativo

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF3) Veculos Lquidos Loes Os veculos lquidos formam as loes cosmticas. So formulaes simples em que o veculo principal a gua, ou mistura de gua e lcool (hidroalcolicas), alm de agentes umectantes e conservantes. Podemos classificar as loes tnicas em dois tipos principais: Loes aquosas So cosmticos preparados principalmente com gua e ativos hidroflicos, podem tambm conter agentes umectantes como o propilenoglicol ou o glicerol. indispensvel a adio de agentes conservantes devido presena de altos teores de gua no produto, o que propicia ataques bacterianos. Os conservantes mais usuais so o cido brico, cido benzico, alm de outros. As loes aquosas podem ser preparadas com guas aromticas, como por exemplo, rosas, hamamelis etc, o que garante personalidade ao produto, alm de agradvel perfume. A gua utilizada pode ser desmineralizada ou a destilada, sendo esta ltima a mais indicada, pois totalmente incua, apesar de conter ainda ons metlicos o que torna necessrio a adio de agente seqestrante (geralmente EDTA) nas loes tnicas. Loes Adstringentes - hidroalcolicas So preparadas com gua e lcool em quantidades de at 20% do etanol (lcool etlico), que neste caso cumpre papel de agente de adstringncia e refrescncia no produto. s loes hidroalcolicas so adicionadas ativos diversos, como por exemplo: hamamelis, arnica, prpolis, mentol etc. com objetivo de garantir ao produto, alm de adstringncia, efeito calmante, antiinflamatrio ou secativo. Faz-se necessrio a adio de conservantes nas loes adstringentes, que entretanto ser em menor quantidade que nas loes aquosas, uma vez que o lcool presente atua tambm como preservante. So produtos indicados para peles muito oleosas ou acneicas. Observaes: s loes tnicas aquosas ou hidroalcolicas (adstringentes) so adicionados cidos orgnicos fracos para ajustar o pH do produto ao pH da pele. Os cidos mais utilizados para promover esse ajuste so o ctrico e o ltico. 4) Veculos em p So produtos cosmticos, cujas matrias-primas precisam ser preservadas de qualquer umidade, ou seja, necessrio que o produto seja preparado e mantido em seu estado seco para que a adio de gua ocorra no momento de sua aplicao, como , por exemplo, o caso de algumas mscaras argilosas, secativas e outras, ou ainda porque a funo principal do produto seja a de absorver umidade, como o talco e os produtos de maquilagem em p (p faciais, p compacto, e blush), que alm de garantir colorido e textura tambm absorvem a oleosidade e a umidade excessiva na pele. As matrias-primas mais utilizadas para veculos em p so o xido de zinco, xido de titnio, carbonato de clcio, silicato de alumnio etc. Os princpios ativos adicionados devero evidentemente ser produtos em p, o que limita bastante o uso de ativos para este tipo de cosmtico.

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5) Veculos Vetoriais Lipossomos, nanosfera, silanois So estruturas capazes de carrear princpios ativos hidro e lipossolveis at s camadas mais profundas da epiderme, depositando o ativo diretamente na camada basal e colocando-o disposio do tecido. A clula absorve o princpio ativo das mais variadas maneiras, que vai depender do mecanismo de ao do vetor carreador, podendo ser: por osmose, por difuso, por endocitose. Os veculos vetoriais so preparados de forma a se obter a atividade especfica e desejada do produto final, garantindo assim a eficcia do princpio ativo agregado ao vetor. Os principais veculos vetoriais so: 5.1) Lipossomos So pequenas vesculas delimitadas por uma membrana constituda por uma camada bimolecular de glicerofosfolipdios intercaladas por compartimentos aquosos. So, portanto, estruturas muito prximas daquela da membrana plasmtica da clula, o que permite a dissoluo dos lipossomos com a membrana celular. Ao se dissolverem, os vetores liberam seu contedo diretamente sobre a clula e ser imediatamente absorvido por difuso ou endocitose. Os lipossomos aceleram a eficcia e a permeao de ativos na epiderme. As caractersticas especficas de cada lipossomo vai depender diretamente do princpio ativo a ele encapsulado. Devido sua estrutura laminar e bimolecular, contendo camadas lipdias e aquosas, podemos incluir princpios ativos lipfilos nas paredes dos lipossomos e ativos hidrfilos no interior do lipossomos na cavidade central. Existem atualmente no mercado cosmtico vrios tipos de lipossomos de acordo com o nmero de compartimentos e com o tamanho. So eles: - MLV Lipossomos multilamelar, constitudos por vrias paredes e compartimentos concntricos. Devido a essa estrutura, podem conter vrios ativos lipo e hidro solveis. - SUV Lipossomos unilamilar, so pequenas vesculas contendo apenas uma parede lipfila e um compartimento aquoso. - LUV Lipossomos unilaminar, so vesculas maiores que contm uma s parede lipfila e um compartimento aquoso. So, portanto, iguais ao anterior diferindo apenas no tamanho. Desvantagens dos lipossomos: - Devido dissoluo que ocorre entre a membrana celular e o vetor, no possvel a seletividade da clula. - Tratando-se de estruturas ricas em lipdios oxidam-se com facilidade e so, portanto, produtos bastante instveis quimicamente. Observao: Para minimizar os problemas de oxidao e conseqente deteriorao dos produtos lipossomados, a indstria cosmtica desenvolveu lipossomos no inicos, ou seja, as paredes so constitudas de substncias lipdicas apolares e no mais por fosfolipdios. Esses lipossomos apresentam algumas vantagens sobre os demais: - So quimicamente mais estveis - Apresentam similaridade com os lipdios do extrato crneo, o que facilita a coeso do cimento celular formado pela queratina e conseqentemente promove a regenerao do epitlio.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBF5.2) Nanosferas So estruturas polimricas inertes, capazes de armazenar princpios ativos de natureza diversa que podem estar em seu interior dissolvidos, dispersados ou encapsulados. Devido inrcia qumica do polmero usado no preparo da nanosfera, seu contedo liberado lenta e gradativamente, de forma linear, na medida em que o vetor vai sendo absorvido pelo tecido, proporcionando assim uma ao mais uniforme e controlada. Com isso, temos que a objetividade do produto diretamente relacionada com o princpio ativo nanosferado, alm da vantagem de podermos usar ativos hidroflicos ou lipoflicos, de acordo com o polmero selecionado pelo formulador ou com a forma de nanosferar o ativo. O princpio ativo dar ento objetividade e potencialidade ao produto final. Assim temos, por exemplo: Vitamina E nanosferada (tocoferol); Vitamina C Nanosferada (Fosfato de ascorbil Magnsio); Nanosfera com Silanol e elastina; Nanosfera com Silanol e vitaminas; Etc. As nanosferas podem ainda apresentar-se sob a forma de microcpsulas, cujo contedo pode ser lquido ou slido, mas encontram-se encapsulados no interior da nanosfera. As vantegens desses produtos so: - Mascaram odores desagradveis dos ativos; - Aumentam o prazo de validade do produto; - Evita a mistura de substncias incompatveis entre si. As nanosferas podem ser de diversos tamanhos. Quando micro so chamadas de nanocpsulas. Neste caso, so capazes de migrar para dentro da clula, sendo absorvidas por endocitose e liberam seus contedos dentro do citoplasma, o que lhes garante maior eficcia. 5.3) Silcio Orgnico / Silanois O silcio um elemento de fundamental importncia para o desenvolvimento do ser humano, ele faz parte da estrutura molecular de vrias substncias proticas que formam os tecidos, sendo, dessa forma, elemento indispensvel para o bom funcionamento do organismo. Entretanto, a capacidade de assimilao do silcio diminui sensivelmente com a idade o que com certeza vem colaborar com o processo de envelhecimento, uma vez que o silcio um dos maiores captadores de radicais livres devido sua afinidade qumica com o carbono, elemento principal na constituio da matria orgnica. A indstria cosmtica, aproveitando-se de uma forma bastante inteligente da grande receptividade do silcio pelo organismo, elaborou produtos que agregados ao elemento silcio tornam-se ento cosmticos com grande capacidade de penetrao cutnea e absoro celular, fazendo do silcio um vetor de grande potencial. Esses produtos so conhecidos no mercado de cosmtica e esttica em geral como Silanois e, doravante, assim o chamaremos para facilitar o nosso estudo. Os silanois so ento biocosmticos compostos por molculas orgnicas que se encontram combinadas com o silcio. Normatizam a bioatividade celular, reduzindo consideravelmente a oxidao e conseqentemente o processo de envelhecimento, melhorando e acelerando a regenerao celular e o processo de hidratao.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFA atuao dos silanois est diretamente ligada ao princpio ativo a ele agregado. Assim, poderemos ter: silanois hidratantes, calmantes, antiinflamatrios, silanois para cabelos, de nutrio etc. Os silanois podem se apresentar de diversas formas, por exemplo: solues, emulses, lipossomos ou nanosferas. Devido sua atividade ampliada e diversificada, os silanois apresentam algumas vantagens. So elas: Atuam em vrias frentes, como por exemplo: produtos para cabelos, pele, tratamentos de celulite, gordura localizada, unhas etc; Podem conter ativos especficos lipossomados ou nanosferados agregados ao silanol; So mais rapidamente absorvidos pelos tecidos constituintes do nosso organismo; Apresentam mais eficcia nos tratamentos onde necessrio maior penetrabilidade, como o caso do tecido conjuntivo/adiposo nos tratamentos de celulite e gordura localizada.

PRINCPIOS ATIVOS

So substncias qumicas ou biolgicas (sintticas ou naturais) que possuem atividade comprovadamente eficaz sobre a clula do tecido. Enquanto o veculo responsvel pelo transporte, pela forma cosmtica e finalmente por garantir a melhor penetrao na pele, o princpio ativo promove a ao especfica sobre a clula que pode ser de vrias formas, por exemplo: de hidratao, nutrio, cicatrizao, revitalizao etc. Os princpios ativos juntamente com as formas veiculares precisam estar em perfeita afinidade e estabilidade qumica a fim de garantir a eficcia e o sucesso do produto final. Para facilitar o estudo e a consulta dos Ativos cosmticos usados em cosmetologia, abordaremos com detalhes os principais Princpios Ativos e Bioativos usados atualmente, classificados de acordo com a especificidade de cada um. 1) Princpios ativos para hidratao A hidratao da pele ocorre de duas formas distintas: superfcie da pele: Por se tratar de um rgo externo, a pele submetida a todos os tipos de agentes agressivos. Dentre eles temos o sol, o vento, a baixa umidade relativa do ar etc, fatores que acabam por retirar a gua da camada crnea, comprometendo dessa maneira a qualidade do manto hidrolipdico e conseqentemente desidratando a pele. Existem duas maneiras de hidratar a pele em sua superfcie: 1 - Impedindo a perda de gua proveniente das secrees naturais - Ocluso 2 - Molhando a pele, atravs de substncias com propriedades hidroscpicas. Umectao

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFHidratao por ocluso Processo que impede a desidratao atravs de substncias que proporcionam um tamponamento pela formao de um filme protetor superfcie da pele. As substncias mais indicadas para este fim so as emulses cremosas base de leos vegetais e animais, pois alm de proporcionarem uma leve ocluso, reduzindo a perda de gua, tambm possuem propriedades emolientes dando pele maciez e textura aveludada. Os mais usuais em cosmetologia so: - leo de amndoas; - leo de semente de uva; - leo de jojoba; - leo de macadmia; - leo de tartaruga; - Lanolina; - Ceras animais ou vegetais - leos de silicone - Vaselina - leo de parafina - Etc. Hidratao por umectao Outra forma de hidratar a pele com o uso de agentes molhantes, ou seja, substncias que por possurem propriedade de hidroscopia so capazes de manter a superfcie de contato mida. Por isso, so chamados de agentes umectantes. Os melhores agentes de umectao so os polialcoois, dentre outros. As formulaes cosmticas destinadas a promover hidratao geralmente contm matrias-primas capazes de formar um filme oclusivo e substncias umectantes que vo promover a hidratao da pele assegurando mais umidade local. Os agentes umectantes tambm asseguram a capacidade hidratante do produto, uma vez que as emulses cosmticas contm gua em sua composio e faz-se necessrio que essa gua permanea no produto at o final do consumo para que no ocorra a formao de crostas e torne o cosmtico de aparncia desagradvel. Logo, os umectantes so substncias que vo garantir tambm a reteno de gua na massa cremosa. Os umectantes mais usuais em cosmetologia so: - Glicerol ou glicerina - Propilenoglicol - Sorbitol - Etilenoglicol - D-pantenol Observao : de relevante importncia incluir aqui o Colgeno, que por possuir uma cadeia molecular rica em radicais prolina e hidroxiprolina um excelente agente de hidratao por umectao. Age na superfcie da pele, pois sua estrutura macromolecular (360000 uma) impede a sua absoro pelo tecido epitelial.

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFHidratao por mecanismo intracelular A hidratao por mecanismo intracelular obtida atravs de princpios ativos que, em ao conjunta com os umectantes e as substncias que garantam a qualidade da fase lipdica, vo promover a reidratao da pele proporcionando as condies necessrias para a recuperao das suas propriedades naturais. Os ativos de hidratao so veiculados de forma a se obter a mxima penetrao no tecido epitelial para que atuem ainda sobre a camada basal, repondo os nutrientes necessrios sade da clula e mantendo em equilbrio os componentes do NMF ( fator natural de hidratao). As substncias do fator natural de hidratao (NMF) so formados naturalmente a partir da camada granular durante o processo de queratinizao. Trata-se da decomposio da protena fibrila em seus aminocidos, que por sua vez se decompem em outras substncias hidrosolveis, tais como: cido pirrolidona carboxlico (PCA), uria, acido hialurnico etc. Este grupo de substncias associadas, formam o NMF que, solubilizado na parte aquosa do manto hidrolipdico e juntamente com a parte lipdica, promove proteo e hidratao pele. necessrio, entretanto, que se preserve a quantidade e a qualidade desses componentes atravs dos princpios ativos de hidratao que atuam diretamente na camada germinativa. As substncias mais utilizadas para hidratao intracelular so: - Uria - PCA-Na - cido Hialurnico - cido Ltico Resumindo, temos que: O mecanismo de hidratao da pele ocorre atravs da reteno de gua e da manuteno do Fator Natural de Hidratao. - A reteno de gua acontece de duas maneiras: 1 - pela formao de um filme oclusivo que impede a perda de gua; 2 - substncias com alto grau de higroscopia que mantm a umidade da pele; - Manuteno do Fator Natural de Hidratao: Mecanismo intracelular com ativos que melhoram as condies naturais da pele atravs da nutrio celular. Concluso: No se pode falar em hidratao com procedimentos isolados, ou seja, necessrio sempre que se considere os trs aspectos relevantes para este fim, quais sejam: o Impedir a perda de gua filme protetor por ocluso o Manter a umidade da pele agentes umectantes o Manter a alimentao celular ativo hidratante intracelular

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Curso Superior de Esttica e Cosmetologia UNISUAM - ISBFAbaixo, os principais ativos hidratantes (naturais e sintticos) que atuam na superfcie da pele e por absoro. Hidratantes (naturais e sintticos) cido gliclico cido hialurnico cido ltico Ceramidas Colgeno d-pantenol Elastina Lactato de amnio PCA-Na Palmitato de isopropila Pentaglycan Propilenoglicol Reticulina Sorbitol Sulfato de condroitina (NMF) Vitamina A Vitamina E

Bioativos e Fitoativos Hidratantes Abacate Alface Algas marinhas Aloe Vera Aminocidos da seda Arnica Babosa Bioflavonoides Camomila Cenoura Confrey Erva doce Germem de trigo Ginseng Jasmim Manteiga de Karit Mel Sndalo leo de jojoba leo de macadmia leo de amndoa leo de semente de uva leo de semente de cereja leo de abric leo de borage

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2) Princpios ativos antiinflamatrios e cicatrizantes Qumicos Bioativos lcool de cereais Agrio Aloe-vera Arnica Alecrim Argila Babosa Calndula Camomila Centella Asitica Camomila Confrey (alantona) Erva-cidreira Extrato de sete ervas ( camomila, alecrim, arnica, castanha da ndia, confrey, jaborandi e quina) Ginko biloba Hortel Hamamelis Hera Limo Malva Prpolis Slvia Sndalo Soja Tlia Alfa-bisabolol Alantona Azuleno Colamina (mistura de xidos de zinco e ferro com carbonato