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CONTABILIDADE DECISORIAL 2º Sem./2010 Profº. Elias Lopes UNIVERSIDADE PAULISTA

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CONTABILIDADE DECISORIAL

2º Sem./2010 Profº. Elias Lopes

UNIVERSIDADE PAULISTA

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CURSO: Ciências Contábeis SÉRIE: 8°/7º semestres TURNO: Diurno e Noturno DISCIPLINA: Contabilidade Decisorial CARGA HORÁRIA SEMANAL: 2h/aula I – EMENTA Correção Monetária Integral. Conversão das Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira. II – OBJETIVOS GERAIS Desenvolver com os alunos conhecimentos necessários para as seguintes competências:

� Desenvolver o conhecimento técnico acerca do tratamento de tópicos especiais da contabilidade, ligados á teoria e desenvolvimento de algumas especialidades.

� Apresentar uma síntese dos principais temas relacionados à contabilidade

avançada, os principais procedimentos relacionados à elaboração de demonstrações contábeis em moeda constante e Conversão das demonstrações contábeis.

III – OBJETIVOS ESPECÍFICOS Oferecer ao educando, o conhecimento global de contabilidade examinando os aspectos de sua modernidade no Brasil e no mundo IV – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

4.1. Conversão das Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira

4.1.1 Conversão das Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira 4.1.2 Demonstração do Fluxo de Caixa – FAS-95 4.1.3 Statement of Financial Accounting Standards – FAS-52

4.2. Correção Monetária Integral 4.2.1 A questão do reconhecimento das variações de preços pela

Contabilidade 4.2.2 O método da correção integral

4.2.3 Definição 4.2.4 Base utilizada

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4.2.5 Ajuste a valor presente 4.2.6 Ganhos e perdas nos itens monetários. V – ESTRATÉGIA DE TRABALHO

5.1 Aulas expositivas 5.2 Exercícios de fixação individuais e em grupo 5.3 Exercícios em classe e extra-classe

VI – AVALIAÇÃO

6.1 Provas escritas 6.2 Trabalhos e exercícios desenvolvidos em classe e extra-classe 6.3 Participações em questionamentos e debates

VII – BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica FIPECAFI, Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as Sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 1a ed., São Paulo: Atlas, 2010. PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Conversão de Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira. 7a ed., São Paulo: Atlas, 2009. SCHMIDT, Paulo et alii. Fundamentos de Conversão das Demonstrações Contábeis. 1a ed., São Paulo: Atlas, 2006. Bibliografia Complementar CARVALHO, Luis Nelson et alii. Contabilidade Internacional. 1a ed., São Paulo: Atlas, 2006. SCHMIDT, Paulo et alii. Manual de Conversão de Demonstrações Financeiras. 1a ed., São Paulo: Atlas, 2005.

Líder da disciplina: Prof. Walter Dominas [email protected]

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CALENDÁRIO 2010 - 2º Semestre

dom seg ter qua qui sex sab dom seg ter qua qui sex sab dom seg ter qua qui sex sab dom seg ter qua qui sex sab dom seg ter qua qui sex sab1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 1 2 1 2 3 4 5 6 1 2 3 48 9 10 11 12 13 14 5 6 7 8 9 10 11 3 4 5 6 7 8 9 7 8 9 10 11 12 13 5 6 7 8 9 10 11

15 16 17 18 19 20 21 12 13 14 15 16 17 18 10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20 12 13 14 15 16 17 1822 23 24 25 26 27 28 19 20 21 22 23 24 25 17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27 18 20 21 22 23 24 2529 30 31 26 27 28 29 30 24 25 26 27 28 29 30 28 29 30 26 27 28 29 30 31

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05 Ago Apresentação da disciplina, ementa e conteúdo programático.12 Ago Introdução à Conversão das Demonstrações Contábeis em moeda estrangeira19 Ago Taxas e métodos de conversão26 Ago Técnicas, etapas e critério para conversão - Ganhos ou perdas na conversão02 Set Exemplo de Conversão - Balanço, DRE e DFC - modelos direto e indireto09 Set Exercícios16 Set Exercícios23 Set Correção dos exercícios30 Set Semana de Provas - NP107 Out Semana de Provas - NP114 Out Introdução à Correção Monetária Integral21 Out A questão do reconhecimento das variações de preços pela contabilidade - O método da correção integral28 Out Exemplo04 Nov Exercícios11 Nov Correção dos exercícios18 Nov Semana de Provas - NP225 Nov Semana de Provas - NP226 Nov02 Dez Substitutivas09 Dez16 Dez Exame

DezembroAgosto Setembro Outubro Novembro

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4.1 Conversão das Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira

Conversão nada mais é que o processo através do qual quantias determinadas em uma moeda são expressas em termos de outra moeda. A conversão de demonstrações contábeis faz-se necessária por motivos como consolidação das demonstrações contábeis de várias entidades, quando elas se encontram situadas em países distintos.

4.1.1 Conversão das Demonstrações Contábeis para moeda estrangeira

Explicitamente a Lei das Sociedades por Ações não faz menção à conversão de demonstrações contábeis. É de se notar, todavia, que, quando o citado diploma legal trata da avaliação de investimentos relevantes em controladas ou coligadas (artigo 248), ou quando trata da consolidação de demonstrações contábeis (artigo 249), não faz distinção quanto ao fato de a investida ser situada no Brasil ou em outro país.

Fica dessa forma implícita a necessidade de converter as demonstrações contábeis da investida quando esta se localiza no exterior e a investidora tem a obrigação legal de avaliar o investimento pela equivalência patrimonial ou de consolidar suas demonstrações contábeis com as de suas investidas.

Já o pronunciamento do IBRACON que trata do tema é o "XXV - Investimentos Societários no Exterior e Critérios de Conversão de Demonstrações Contábeis de outras Moedas para Reais". O referido pronunciamento apresenta critérios que devem ser adotados no tratamento contábil de Investimentos no Exterior (quanto à adoção do método da equivalência patrimonial em coligadas ou controladas no exterior) e da Consolidação de Demonstrações Contábeis que incluam as controladas no exterior.

Com relação à determinação da taxa de câmbio a ser utilizada no processo de conversão e o tratamento a ser dispensado aos ganhos ou perdas surgidos do processo, destacam-se como problemas principais no tocante à conversão de demonstrações contábeis.

Taxas de Conversão

Toda conversão para moeda estrangeira, depende de uma taxa de câmbio, e para isto, de acordo com as características dos itens patrimoniais e de acordo com o CRC-SP, utiliza-se as seguintes técnicas para conversão:

• Taxa Histórica: taxa de câmbio vigente na época da transação;

• Taxa corrente: taxa de câmbio vigente no momento da transação;

• Taxa de fechamento: taxa de câmbio vigente na data do encerramento do exercício social;

• Taxa média: média aritmética ponderada das taxas de câmbio vigentes durante determinado período;

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• Taxa prevista: taxa de câmbio estimada para a data da ocorrência do fato contábil.

Para determinar o valor da taxa de câmbio, geralmente utiliza – se a taxa de venda de câmbio comercial praticada pelo governo, também existe empresas que utilizam taxas praticadas no exterior ou informadas pela matriz.

O IBRACON recomenda uma "adequada consideração" referente à escolha da taxa de câmbio, independentemente do método a ser utilizado na conversão de demonstrações financeiras de uma moeda para outra. Tal recomendação decorre do fato de cada país possuir políticas distintas no tocante ao câmbio, existindo, por vezes, mais que uma taxa de câmbio vigente numa mesma data e afirma, no parágrafo 49 do Pronunciamento, que, "em princípio, devem ser adotadas taxas de câmbio oficiais sempre que representativas e como base das transações e operações internacionais, particularmente no que tange à remessa ou retorno de capital e à remessa de dividendos. Por este mesmo raciocínio, deve-se usar a taxa de câmbio de venda do banco".

Corroborando esse posicionamento, a Interpretação Técnica nº. 1, emitida pelo IBRACON em 16/01/1990, recomenda que, no caso de a moeda nacional ter conversibilidade oficial no país em que está sediada a investida, a conversão das demonstrações contábeis desta deve ser feita pela taxa de câmbio em que a moeda nacional é convertida naquele país, pois essa taxa é que será a base para retorno/remessa de capital e dividendos.

Métodos de Conversão

Vários métodos existem para converter demonstrações contábeis expressas na moeda de um país para a moeda de outro. A opinião do IBRACON, contida no parágrafo 27 do Pronunciamento, é no sentido de que o método utilizado produza a apuração de demonstrações contábeis expressas em nossa moeda, refletindo adequadamente sua posição patrimonial e financeira e os resultados de suas operações de acordo com os princípios contábeis vigentes em nosso país e com aplicação uniforme entre os exercícios. Dentre as técnicas existentes para conversão de demonstrações contábeis da moeda de um país para outro, o IBRACON recomenda no parágrafo 28:

§ 28 A literatura técnica, os pronunciamentos de entidades profissionais de outros países e os estudos feitos por profissionais em nosso país indicam diversas técnicas e formas de conversão de balanços de uma moeda para outra. Para o nosso caso, é recomendável e aplicável nos referirmos particularmente aos seguintes métodos:

• Método da taxa corrente;

• Método da taxa histórica.

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Método da Taxa Corrente

Esse método consiste na conversão de todos os valores constantes das demonstrações contábeis expressas na moeda de um país, pela taxa de câmbio vigente na data do balanço, apurando-se dessa forma os valores correspondentes na outra moeda (parágrafo 29).

A utilização do método da taxa corrente pode provocar distorções nas demonstrações contábeis convertidas, na opinião do IBRACON, se o país onde se encontra sediada a investida apresentar inflação e não adotar mecanismos de reconhecimento dos efeitos inflacionários nas demonstrações contábeis.

Para o caso da investida em país com baixa taxa inflacionária ou que adote mecanismos de reconhecimento dos efeitos inflacionários nas demonstrações contábeis, essas distorções tendem a desaparecer. O IBRACON, a esse respeito, afirma no parágrafo 32:

§ 32 Tais distorções, todavia, tendem a se eliminar à medida que a inflação do País onde está sediada a investida seja menor. Similarmente, tais distorções são substancialmente eliminadas se a empresa investida estiver aplicando métodos eficientes de reconhecimento dos efeitos inflacionários na apuração das demonstrações contábeis adotados para a conversão para a outra moeda.

Método da Taxa Histórica

Conforme disposto no parágrafo 33 do Pronunciamento do IBRACON, este método baseia-se no princípio de que a conversão das demonstrações contábeis é feita interpretando-se as transações como se tivessem ocorrido na moeda para a qual se pretende converter.

Este método é indicado principalmente no caso de a investida estar situada em país com alta taxa inflacionária, sem adotar sistema de correção monetária e a investidora em país com moeda forte. A justificativa para tal indicação é dada pelo IBRACON, no parágrafo 34, da seguinte forma:

§ 34 (...) De fato, este método apura demonstrações contábeis convertidas para moeda forte, de forma bem mais realista e representativa, pois elimina parcela substancial dos efeitos da inflação, através da técnica de conversão.

A aplicação do Método da Taxa Histórica requer o perfeito entendimento dos conceitos de Ativos e Passivos monetários e não-monetários. A esse respeito o IBRACON explica:

§ 35 Os ativos monetários são aqueles expressos em moeda ou os que serão transformados em moeda cujo valor é dado pelo valor nominal de títulos ou documentos que os suportam, como as disponibilidades em dinheiro ou bancos, contas a receber representadas por duplicatas, faturas ou outros títulos, empréstimos a receber, depósitos etc.

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§ 36 Os passivos monetários, similarmente, são contas a pagar a fornecedores, empreiteiros, os impostos a recolher, os salários e encargos, os empréstimos e financiamentos e outros passivos provisionados cujos valores são também representados por faturas, notas, contratos, guias de recolhimento e outros títulos ou documentos que os suportam e serão quitados em moeda cujo valor pode estar ou não sujeito às atualizações. Os ativos e passivos monetários têm assim a característica de itens que estão expostos aos efeitos da inflação, em face da variação do poder aquisitivo da moeda.

O conceito do IBRACON para os itens "não-monetários" é:

§ 37 Os ativos não monetários são os bens ou direitos na maioria das vezes representada por itens com existência física, que têm substância econômica própria independentemente do valor de custo ou valor original de sua aquisição.

Método da Taxa Histórica com Correção Monetária

O IBRACON observa que, no caso de a investidora encontrar-se situada em um país com altas taxas inflacionárias, a conversão das demonstrações financeiras da(s) investida(s) através do Método da Taxa Histórica, da forma pura e simples, conforme descrito atrás, pode proporcionar elevadas distorções nas demonstrações convertidas. Diante dessa constatação, o IBRACON recomenda:

§ 43 Desta forma, para terem validade e representatividade, frente aos princípios de contabilidade vigentes no País, é necessário que, após o processo de conversão explicado, se aplique uma correção monetária nas demonstrações contábeis.

Perez Junior (2002, p. 53), elenca mais três métodos de conversão e os define como:

1. Câmbio de Fechamento;

2. Monetário e Não Monetário; e

3. Temporal.

Câmbio de Fechamento

De acordo com este método, as demonstrações contábeis serão convertidas da seguinte forma:

• Ativos: Taxa de câmbio de fechamento;

• Passivos: Taxa de câmbio de fechamento;

• Patrimônio Líquido: Taxa histórica;

• Receitas e Despesas: Taxa Média Ponderada.

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Segundo PEREZ JUNIOR (2002, P.55) “este método somente é aplicável em países de economia estável, pois em economias inflacionárias, o valor convertido de alguns itens não representaria seu valor em moeda norte-americana, de acordo com o USGAAP”.

Conta Valor R$ Tx. de câmbio na data da operação

Valor US$

Tx .de câmbio na data do fechamento

Vr. Sdo. Em R$ convertido

p/taxa corrente -

US$ Caixa 6.000 US$ 1,00 = R$ 1,00 6.000 US$ 1.00 = R$ 1, 00 7.500 Estoque 10.000 US$ 1.00 = R$ 1,00 10.000 US$ 1,00 = R$ 1,25 12.000

Fonte: PEREZ JUNIOR (2002, p.55)

OBS: O valor dos estoques convertidos, não corresponde ao valor de aquisição, pois houve uma desvalorização do Real em relação ao Dólar. Se não houvesse essa variação, a conversão estaria de acordo com os princípios norte-americanos. No caso do saldo de caixa, o valor em R$ encontrado, realmente é o equivalente em US$ nesta data. Em economias inflacionárias, este método não é recomendável, pois contraria o USGAAP.

Monetário e Não Monetário

Antes de entrar no método de conversão propriamente dito, é necessário lembrar que itens monetários são itens que representam liquidez imediata como caixa, aplicações financeira, fornecedores, etc. Já os itens não monetários, são itens que não representam numerário (dinheiro), como os estoques, imobilizados, itens do Patrimônio Líquido, etc. Os itens patrimoniais deverão ser convertidos da seguinte forma:

• Monetários: Taxa corrente;

• Não Monetários: Taxa histórica.

Por exemplo:

Conta Item R$ Taxa US$ 1,00 =

R$ US$

Caixa Monetário 6.000,00 Corrente 1,25 4.800,00 Clientes Monetário 14.000,00 Corrente 1,25 11.200,00 Fornecedores Monetário 17.000,00 Corrente 1,25 13.600,00 Estoques Não

monetário 20.000,00 Histórica 1,00 20.000,00

Imobilizado Não monetário

40.000,00 Histórica 0,80 50.000,00

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Por este método, tantos os itens monetários quanto os não monetários, estão de acordo com o USGAAP. (UNITED STATES GENERALLY ACCEPTED ACCOUNTING PRINCIPLES – Princípios Contábeis geralmente aceitos nos EUA)

Temporal

É uma combinação dos métodos monetário / não monetário e câmbio de fechamento, onde os itens patrimoniais são classificados de acordo com: valor passado, valor presente e valor futuro. Os itens patrimoniais são classificados e avaliados como:

• Itens monetários prefixados;

• Itens monetários pós-fixados; e

• Itens não monetários.

Os itens patrimoniais assim classificados serão classificados da seguinte forma:

Itens Base de valor Taxa

Monetários prefixados Futuro Corrente ou prevista Monetários pós-fixados Presente Corrente Não monetários Passado Histórica

Vale lembrar que para os itens prefixados em economia inflacionária, é aconselhável, antes da conversão, trazer o valor em R$ a valor presente, para depois convertê-lo em US$ pela taxa corrente. Para empresas que adotam um sistema contábil paralelo em moeda constante, fazer a operação pela quantidade de UMC, então, o valor estará pronto para a conversão em US$.

4.1.2 Demonstração do Fluxo de Caixa – FAS-95

O FAS 95, apresenta duas alternativas para a elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa, são elas o Método Direto e o Método Indireto, os quais serão brevemente comentados no tópico referente à Demonstração de Fluxo de Caixa.

A Demonstração de Fluxo de Caixa de uma empresa com transações em moeda estrangeira ou com operações no exterior deve apresentar fluxos de caixa que foram preparados utilizando taxas de câmbio vigentes no momento em que cada operação ocorreu.

O uso de uma taxa média de câmbio em um determinado período deve ocorrer se o resultado é substancialmente o mesmo de quando se utilizam as taxas vigentes na ocorrência da operação.

As subsidiárias no exterior geralmente usam essas variações de taxas de câmbio, em um método que reflete essas variações da taxa de câmbio em todos os itens

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classificados como fluxos de caixas das atividades operacionais, de investimento e de financiamento. (FAS 95, 1987).

Sendo assim, o FASB sugere que os itens componentes das Atividades Operacionais sejam convertidos pelo dólar médio, enquanto que as demais atividades devem ser convertidas pela cotação do dólar vigente na data em que as transações ocorreram, as diferenças encontradas são alocadas ao item chamado de Ganhos e Perdas na conversão.

4.1.3 Statement of Financial Accounting Standards – FAS-52

Método adotado pelo FAS 52

O FAS 52 definiu novos objetivos de conversão e introduziu conceitos para atingi-los. Objetivos da conversão:

1. Fornecer informações compatíveis com os efeitos econômicos esperados de uma alteração de taxas de câmbio sobre o patrimônio e o fluxo de caixa de uma empresa; e

2. Refletir nas demonstrações contábeis consolidadas as relações e resultados financeiros, calculados na moeda principal (moeda funcional) em que cada entidade conduz suas operações.

Ao definir os objetivos da conversão, a FASB, além dos objetivos contábeis, procurou atingir aspectos econômicos e financeiros dos resultados das subsidiárias, entendendo-os como que se fossem extensão das operações da matriz.

Moeda Funcional:

Para ter a real compreensão da moeda funcional, é necessário atentar para algumas definições:

• Moeda local: moeda vigente no país, onde é situada a entidade;

• Moeda estrangeira: moeda diferente da vigente no país;

• Moeda da matriz: moeda vigente no país onde se localiza a matriz da entidade;

• Moeda de relatório: moeda utilizada na apresentação das demonstrações contábeis;

• Moeda funcional: A FASB define a moeda funcional de uma entidade, como sendo a moeda do sistema econômico principal em que uma entidade opera.

• Economia estável: países cuja inflação acumulada não ultrapasse 100% num período de três anos;

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• Economia inflacionária: países cuja inflação acumulada ultrapasse 100% num período de três anos.

A FASB considera que a moeda das economias inflacionárias não pode ser usada com funcional e no caso da matriz, sendo a mais estável, poderá ser usada em seu lugar. A partir de julho de 1997, o Brasil passou a ser considerado país de baixa inflação, sendo assim, o REAL poderia ser utilizado como moeda funcional. Hoje, porém, ao verificar os indicadores de inflação acumulados a partir desta data, ver-se-á que a inflação acumulada do Brasil ultrapassa o limite de 100 % em três anos, não sendo possível utilizar o REAL com esta finalidade. Observe o quadro abaixo:

Conversão da: Método Situação A Situação B Situação C Moeda local R$ R$ R$

Para

Monetário / não

monetário

Ganhos ou perdas de conversão apropriados no resultado do período. (TGL – Translation gain or loss)

Moeda funcional US$ R$ UMC Para

Câmbio de

fechamento

Ajustes de tradução do Patrimônio Líquido. Na conta CTA – Cumulative translation adjustments. (AAT – ajustes acumulados de tradução)

Moeda de relatório US$ US$ US$ Fonte: PEREZ JUNIOR (2002, P.62)

1. Situação A: Moeda funcional igual à moeda de relatório. Neste caso somente há ajuste da moeda local para a funcional (TGL).

2. Situação B: Moeda local igual à moeda funcional. Neste caso somente há ajustes de tradução apropriados no PL (CTA), porém haverá necessidade de ajustes das demonstrações contábeis aos critérios contábeis norte-americanos.

3. Situação C: Neste caso haverá TGL da moeda local para a funcional e CTA da moeda funcional para a de relatório.

Conversão pela Taxa Prevista

O ato de prever a taxa é indispensável para efeito de conversão, pois, de acordo com o princípio da continuidade, no encerramento do exercício, os valores correspondentes às contas patrimoniais “a pagar” e “a receber”, ficam comprometidas. Antes de exemplificar, é necessário definir alguns conceitos:

• Taxa Real: é a taxa de conversão praticada num determinado momento, normalmente é usado o dólar comercial;

• Taxa Prevista: é a taxa de conversão estimada para um determinado momento futuro. A determinação desta taxa requer reconhecimento da variação cambial prevista para o momento futuro;

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• Variação Cambial: consiste na oscilação da taxa de câmbio num período predeterminado. A variação pode ser percentual ou relativa;

• Indicador de Inflação: são índices de inflação calculados por órgãos governamentais como o IBGE (INPC) e outros também reconhecidos e aceitos como o IGP-M, calculados por entidades privadas como a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Estes índices são publicados diariamente pela Folha de São Paulo, entre outros jornais, revista e internet;

• Taxa Maxi: é a diferença entre a variação cambial e a variação do indexador de inflação. Pode ser medida através de um método comparativo entre o indicador de moeda e o indicador de inflação;

• Variação de Estimativa: consiste na diferença entre a estimativa da variação cambial e a variação da inflação;

• Variação Total: prevê a diferença entre a variação cambial e a variação real.

Exemplo:

Venda a prazo no valor de $ 5.000,00 a vencer em uma data futura (prazo de um mês).

Contabilização no momento do fato:

D/C Conta patrimonial R$ Tx.US$ US$ D Duplicatas a receber 5.000,00 1,25 4.000,00 C Vendas 5.000,00 1,25 4.000,00

Estimativa para a taxa futura: Tx. US$: 1.30

Estimativa para a taxa de inflação: 1.20%

Contabilização considerando as variações previstas:

D/C Conta patrimonial R$ Tx.US$ US$ D Duplicatas a receber 4.940,00 1,30 3.800,00 C Vendas 4.940,00 1,30 3.800,00

Deve-se lembrar que este valor ficará em aberto até a data da liquidação.

Contabilização na liquidação:

Variação cambial real: Tx. US$: 1,28

Variação da inflação real: 1.15%

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D/C Conta patrimonial R$ Tx.US$ US$ D Duplicatas a receber 4.943,00 1.28 3.862,00 C Vendas 4.943,00 1.28 3.862,00

A diferença existente entre os valores contabilizados, deverá ser ajustada em contra partida com o C.T.A, no Patrimônio Líquido.

Itens Relacionados ao Processo de Conversão

Investimentos no Exterior

Os investimentos permanentes no exterior, que representam participação societária, devem ser avaliados da mesma forma que os investimentos realizados no país. O IBRACON expressa essa opinião no parágrafo 2 do referido pronunciamento:

§ 2. Pela legislação societária e pelos princípios de contabilidade, tais investimentos devem ser ajustados ao valor do patrimônio líquido na contabilidade da empresa investidora no Brasil, de forma que se reconheça sua participação nos resultados destas empresas no exterior à medida que são gerados, no regime de competência, similarmente ao que ocorre com investimentos em outras empresas sediadas no próprio país.

Segundo o parágrafo 9 do referido pronunciamento, os critérios de contabilização das transações devem seguir os mesmos procedimentos de um investimento feito no país, cabendo destacar os seguintes pontos:

• As integralizações de capital devem ser registradas pelo custo efetivamente incorrido. Se o investimento foi em moeda estrangeira, o custo a ser registrado em moeda nacional é o valor efetivamente incorrido, ou seja, à taxa de câmbio corrente na data da remessa que corresponda às ações ou quotas subscritas e integralizadas. São tratadas como créditos as eventuais remessas de recursos efetuadas que não correspondam efetivamente a ações ou quotas (parágrafo 10);

• As ações ou quotas bonificadas recebidas sem custo pela investidora de sua coligada ou controlada no exterior não devem ter registro equivalente em moeda nacional (parágrafo 11);

• Os dividendos recebidos devem ser registrados como redução da conta de investimentos, como se fosse investimento no Brasil, pelo valor do seu efetivo

ingresso, ou seja, à taxa de câmbio corrente desta data (parágrafos 12 e 13). Segundo, ainda, o parágrafo 13, o tratamento contábil do referido valor tem a seguinte segregação em:

a) Parte que será registrada como redução da conta de investimento pelo valor do dividendo recebido em moeda estrangeira convertido para moeda nacional à taxa de câmbio vigente na data da última equivalência patrimonial registrada;

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b) Parte representativa da diferença entre o valor em moeda nacional do dividendo efetivamente recebido e o valor apurado conforme o item a, que será registrada como ganho ou perda cambial decorrente de investimentos societários no exterior, em conta própria do resultado operacional do exercício.

O Instituto determina no parágrafo 14 do referido pronunciamento, na hipótese de os dividendos estarem sujeitos à tributação por impostos no país de origem, a seguinte contabilização:

a) Se tais impostos forem recuperáveis, constituirão créditos;

b) Se tais impostos não forem recuperáveis, representam um ônus da investidora, devendo ser registrados como despesa.

O IBRACON recomenda (parágrafo 15) analisar cada caso em particular quanto à incidência de impostos sobre dividendos remetidos à empresa no Brasil. E lembra que, nessa análise, pelo regime de competência, tal ônus e conseqüente despesa estão mais bem refletidos se registrados no mesmo período em que se reconhece o resultado da equivalência patrimonial e não no período em que os dividendos são efetivamente remetidos, gerando tais impostos.

Entretanto, observa ainda, no parágrafo 16, que nem todo resultado apurado se converte em dividendos, não havendo a correspondente incidência do imposto de renda, se for essa a legislação do país. Assim, tais impostos não devem ser provisionados quando relativos a lucros que se pretendem manter na empresa no exterior, por capitalização através de reinvestimento ou manutenção em reservas. Nesse caso, se houver mudança posterior de decisão e forem distribuídos dividendos relativos a tais lucros passados, o imposto deve ser registrado quando os dividendos forem declarados. Por outro lado, quando houver prévio conhecimento de dividendos futuros relativos a lucros apurados no exercício presente, em face de determinação estatutária ou legal, ou por deliberação da empresa, o imposto de renda correspondente deve ser provisionado no mesmo exercício.

Segundo o parágrafo 18, os investimentos no exterior são corrigidos monetariamente pelos mesmos critérios e bases adotados para a correção de investimentos no Brasil.

Ajuste ao Valor da Equivalência Patrimonial

O parágrafo 19 do referido pronunciamento dispõe que a apuração do valor da equivalência patrimonial na data do balanço é similar à de investimentos no Brasil, aplicando-se a porcentagem de participação no capital da investida no exterior sobre seu patrimônio líquido convertido para moeda nacional.

No que se refere aos resultados não realizados, o IBRACON recomenda:

§ 20 O patrimônio líquido da investida no Exterior deverá ser ajustado pela investidora quanto aos resultados não realizados, oriundos de transações dessa investida com a investidora ou outras coligadas e controladas, na forma da legislação e de pronunciamento específico do IBRACON a respeito.

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O parágrafo 21 dispõe sobre o tratamento do ajuste de equivalência patrimonial:

§ 21 O ajuste decorrente da comparação do valor final em relação ao valor contábil do investimento corrigido representará um ajuste à conta de investimentos, tendo como contrapartida conta de resultado do exercício, na medida em que corresponda a ganhos ou perdas efetivos, relativamente (1) à participação da investidora no resultado do exercício da coligada ou controlada e nos acréscimos ou diminuições patrimoniais realizados na coligada ou controlada ou (2) à diferença entre a correção monetária registrada na conta de investimentos e a paridade cambial utilizada. Tais ganhos ou perdas devem ser apresentados em destaque nas demonstrações contábeis, em função de sua origem, sendo que o resultado da equivalência patrimonial aplicável ao item (1) representa resultado operacional e o aplicável ao item (2), resultado não operacional (ganhos e perdas de capital).

Demonstrações Contábeis da Coligada ou Controlada – Uniformidade de Critérios Contábeis

O ponto de partida, antes mesmo da conversão propriamente dita, é o ajustamento das demonstrações contábeis da investida no exterior, por critérios e princípios contábeis adotados pela investidora. O IBRACON, a respeito desse ajustamento, tem a seguinte opinião:

§ 23 É fator fundamental que as demonstrações contábeis da coligada ou controlada que servirão de base aos ajustes da conta de investimentos ou à consolidação sejam elaboradas com uniformidade de critérios em relação aos princípios contábeis do Brasil que são, portanto, adotados, pela investidora.

Técnicas de Conversão das Demonstrações Contábeis

Uma das técnicas a ser utilizada na conversão de demonstrações contábeis é o Método da Taxa Histórica e é descrita pelo IBRACON nos parágrafos 38 a 40 do Pronunciamento da seguinte forma:

• Balanço Patrimonial: na conversão do Balanço Patrimonial, os itens monetários são convertidos pela taxa de câmbio vigente na data do balanço, enquanto os ativos não monetários são convertidos pela taxa de câmbio vigente à data de sua aquisição, ou seja, pela taxa de câmbio histórica. Na utilização de taxas históricas de câmbio, os valores eventualmente constantes dos saldos das contas não monetárias originárias de correções monetárias não são convertidos, ou seja, têm equivalência nula na outra moeda. (parágrafo 38, itens a e b).

• O item c do parágrafo 38 dispõe sobre as contas do patrimônio líquido:

c) As contas que formam o patrimônio líquido são também de natureza não monetária sendo que, por esse método de conversão, o valor total do patrimônio líquido convertido

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é apurado pela equivalência contábil, ou seja, pela diferença entre o ativo total e exigibilidades totais, já apurados conforme itens anteriores.

• Mutações do Patrimônio Líquido: conforme já citado na letra c do parágrafo 38, as contas que formam o Patrimônio Líquido são de natureza não monetária, sendo, desta forma, convertidas pela taxa de câmbio histórica. Com relação à conversão das Mutações do Patrimônio Líquido, o IBRACON recomenda:

§ 39 Mutações do Patrimônio Líquido.

a) Os aumentos de capital são convertidos pela taxa histórica em vigor nas datas das integralizações efetivas.

b) Os dividendos distribuídos são convertidos pela taxa histórica, ou seja, pela taxa de câmbio em vigor na data de distribuição dos dividendos ou, se forem dividendos contabilizados como propostos na data do balanço, pela taxa em vigor na data do balanço.

c) Os demais acréscimos ou reduções patrimoniais que representarem ganhos ou perdas patrimoniais efetivos, apesar de não transitarem pelo resultado do exercício, são convertidos às taxas históricas de formação.

d) Acréscimos ao patrimônio líquido oriundos de correções monetárias não são convertidos.

e) Os eventuais acréscimos registrados oriundos de novas avaliações de ativos (similares à Reserva de Reavaliação no Brasil) devem ser convertidos pela taxa de câmbio em vigor na data da reavaliação, de forma idêntica à conversão dos acréscimos nos ativos correspondentes. Nessa hipótese, o acréscimo equivalente na conta de investimento da empresa no Brasil deve ser registrado em conta específica de Reserva de Reavaliação, para ser baixado à medida da realização dos ativos que lhe deram origem na empresa no Exterior.

f) O lucro ou prejuízo é apurado pela diferença de patrimônios inicial e final, após a consideração dos itens a e acima.

• Demonstração do Resultado do Exercício: O IBRACON tem as seguintes recomendações para conversão das Demonstrações do Resultado do Exercício:

§ 40 Demonstrações do Resultado do Exercício.

a) As receitas e despesas são convertidas pelas taxas em vigor nos períodos respectivos de sua formação, normalmente numa base mensal, utilizando-se da taxa média do mês.

b) As depreciações são apuradas pela aplicação das taxas de depreciação sobre os custos dos bens depreciáveis já convertidos.

c) O custo das vendas deve levar em conta os estoques iniciais e finais convertidos pelas taxas históricas e os ingressos (compras, por exemplo) pelas taxas de formação.

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• Notas Explicativas: As notas explicativas relativas à conversão das demonstrações financeiras de investidas localizadas no Exterior que o IBRACON (parágrafos 51 e 52) recomenda são as relativas a:

a) critérios de apuração das demonstrações contábeis dessas investidas no Exterior e os critérios de conversão para moeda nacional;

b) Eventual mudança no método de conversão ou no critério de avaliação dos investimentos e os eventuais ajustes decorrentes e registrados como ajuste de exercícios anteriores.

Etapas da Conversão

1. Elaboração das demonstrações contábeis em moeda local;

2. Classificação dos itens patrimoniais em monetários e não-monetários;

3. Conforme PEREZ JUNIOR (2002, p.63) converter os itens patrimoniais da seguinte forma:

Itens Base de valor em

moeda local Taxa de conversão para

a moeda funcional Monetários prefixados (não indexados) duplicatas a pagar ou receber etc

Futuro Corrente ou futura projetada (hiperinflação)

Monetários pós-fixados (indexados) caixa, empréstimos, etc.

Presente Corrente

Não-monetários estoques, imobilizado, despesas antecipadas adiantamentos a fornecedores e de clientes, patrimônio líquido, etc

Passado Histórica

Fonte: PEREZ JUNIOR (2002, p.63)

Demonstrações contábeis indispensáveis:

2. Balanço Patrimonial;

3. Demonstração do Resultado do Exercício;

4. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;

5. Demonstração de Fluxo de Caixa.

6. Ainda hoje, por obrigação legal, elabora-se a Demonstração de Origem e Aplicações de Recursos, porém grande parte das empresas, já vem elaborando a D.F.C., razão pela qual este demonstrativo mostra de forma mais nítida, a

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movimentação financeira das empresas e é demonstrativo obrigatório pelo USGAAP.

Equalização dos Princípios, Normas e Práticas Contábeis

As diferenças existentes entre os princípios, normas e práticas contábeis, entre a filial (Brasil) e a matriz (EUA), devem ser ajustadas através de registros auxiliares (off-book adjustments), ou seja, fora dos livros obrigatórios pela legislação local (razão, diário, etc) e estes registros auxiliares devem identificar:

• As contas afetadas;

• As linhas de formulários utilizados para elaboração das demonstrações a serem reportadas para a matriz;

• O valor em moeda local (R$) e estrangeira (US$).

Ajustes mais comum:

• Referente à metodologia e taxas de depreciação, amortização e exaustão;

• Provisões não dedutíveis para fins fiscais;

• Diferimento do imposto de renda;

• Eliminação dos efeitos da correção monetária;

• Readequação dos gastos referentes a despesas antecipadas;

• Readequação referente ao subgrupo – Ativo Diferido;

• Obtenção do saldo final de resultado acumulados por diferença, anterior e atual;

• Elaboração da Demonstração de Resultados Acumulados e obtenção por diferença do lucro líquido do exercício, como segue:

Histórico Taxa de conversão Saldo inicial Histórica – período anterior Correção monetária Não é convertida Ajustes de exercícios anteriores Histórica – período anterior Dividendos distribuídos Histórica – período gerador Outras operações Histórica – período original Lucro líquido do exercício Por diferença 5 Saldo final Por diferença do Balanço encerrado

• Classificar as receitas e despesas conforme sua contrapartida nos itens patrimoniais e convertê-las da seguinte forma:

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Receitas e despesas Contrapartida Taxa para conversão Receitas e despesas monetárias prefixadas

• Receitas de vendas

Ativos ou passivos monetários prefixados

• Duplicatas a receber

• Média ponderada ou projetada (hiperinflação)

Receitas e despesas pós-fixadas

• Salários e encargos

6 Provisões passivas

• Salários a pagar

• Média ponderada Receitas e despesas não monetárias

• Custos de vendas • Depreciação

Ativos e passivos não monetários

• Salários • Imobilizado

• Histórica • Histórica

Receitas e despesas financeiras

• Variação monetária • Juros • Variação cambial

Ativos e passivos monetários pós-fixados

• Aplicações financeiras ou empréstimos

• Juros a pagar • Ativos ou passivos

em dólar

• Média • Média • Não é convertida

Correção monetária Ativo permanente ou patrimônio líquido

• Não é convertida

Imposto de renda • Corrente • Diferido (R$) • Diferido (US$)

7 Provisão para o IR • Corrente • Diferido • Diferido

• Corrente • Corrente • Calculado em US$

Equivalência Patrimonial Investimentos Permanentes

• Calculada em US$

Fonte: PEREZ JUNIOR (2002, p.64)

Critérios para Conversão

Ativos e passivos em moeda estrangeira:

• Independentes da moeda em que estiverem expressos, seus valores originais deverão ser utilizados;

• Deverá ser utilizada taxa de conversão de acordo com os itens patrimoniais se estes estiverem expressos em moeda diferente do Dólar (US$).

Títulos e valores mobiliários:

• Devem ser convertidos à taxas, de acordo com o custo os quais são avaliados.

Estoques:

Por serem itens não monetários, devem ser convertidos pela taxa histórica. Os estoques devem ser divididos em:

• Matérias-primas;

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• Produtos em elaboração;

• Produtos acabados; e

• Almoxarifado.

De acordo com o CRC-SP, se a empresa adota o sistema de avaliação em Reais do custo de aquisição ou produção e para fins de apuração do estoque em Dólar, faz uma montagem ao FIFO (PEPS). Na divulgação das políticas contábeis da empresa para a conversão dos estoques, tem que dizer que os estoques em Reais, em Dólar estão avaliados ao custo médio. E no caso de produtos em elaboração, a única diferença está no estágio de produção em que estes se encontram, tornando necessária a composição dos custos incorridos até a data.

OBS:

Se na empresa existe um sistema contábil paralelo em moeda constante, não é necessário fazer provisão para redução dos estoques ao valor de mercado, pois os itens de estoques já estão dispostos à valor presente devendo-se fazer a conversão a conversão pela taxa histórica.

Investimentos Permanentes:

• Adições por compras, subscrições ou incentivos fiscais: Conversão pela taxa de câmbio vigente na data da transação;

• Baixa: pelo método histórico de aquisição.

Ativo Imobilizado:

• Adição: conversão pela taxa histórica;

• Depreciação: deve ser calculada sobre o valor do custo histórico em moeda estrangeira;

• Baixa: ativos baixados pelo valor líquido em moeda estrangeira

• Obras em andamento: taxa histórica.

Despesas pagas antecipadamente e despesas diferidas:

• Adições: conversão pela taxa histórica;

• Amortizações e baixas: valore históricos em moeda estrangeira.

Resultado de exercícios futuros:

• Valores não reembolsáveis: taxa histórica;

• Obrigações: taxa corrente.

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Patrimônio Líquido:

De acordo com o CRC-SP, o Patrimônio líquido deve ser convertido da seguinte forma:

Capital:

Aumento por Taxa de câmbio Subscrição Corrente até a data da integralização Integralização em dinheiro ou bens Vigente na data de integralização Capitalização de correção monetária do Capital

Não se converte

Capitalização de outras reservas de Capital e de lucros

Históricas ou compostas (divisão do saldo em R$ pela moeda estrangeira)

Capitalização da reserva de reavaliação Não se converte

É de suma importância que seja publicada em notas explicativas as eventuais divergências existentes entre o capital registrado, base da remessa de dividendos e a repartição, e o capital convertido, pois desta forma o acionista estrangeiro fica informado sobre a real situação da empresa.

Reservas de Capital:

Aumentos Taxa de câmbio • Correção monetária do capital e

das reservas de capital • Ágio na emissão de ações;

Alienação de partes beneficiárias; Alienação de bônus de subscrição.

• Doações e subvenções

Não é convertida Vigente na data dos respectivos recebimentos Não fazem parte do Patrimônio Líquido para fins de EUA.

Diminuições Taxa de câmbio

• Absorção de prejuízos e capitalização

• Resgate, reembolso ou compra de ações

• Resgate de partes beneficiárias • Pagamentos de dividendos à

ações preferenciais

Histórica para transferência Vigente na data da transação Vigente na data do resgate Vigente na data do pagamento

Fonte: CRC-SP

Lucros e Prejuízos Acumulados:

Representam os lucros e prejuízos acumulados no começo do Exercício Social, que se encontra convertido em Dólar à taxa histórica, deduzidos das apropriações para reservas, dividendos propostos ou distribuídos convertidos à taxa corrente ou do pagamento. Deve-se mencionar em Notas Explicativas que os lucros remissíveis e os prejuízos compensáveis são convertidos à taxa corrente da data da remessa ou compensação e não a valores históricos resultantes do processo de conversão.

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Ganhos ou Perdas na Conversão

São os efeitos decorrentes da variação nas taxas de câmbio e a desvalorização do Real (R$) sobre o Ativo Líquido Exposto durante um período determinado. Vamos através de exemplos, visualizar esses eventos.

Ativos Monetários:

Duplicatas a receber ou outros créditos:

Data Valor R$ Taxa do US$ Valor em US$ Emissão 15/09 6.000,00 2,50 2.400,00 Vencimento 15/10 6.000,00 2,56 2.343.74 Perda 56,25

Os ativos monetários geram perda, pois, se a taxa do Dólar aumenta o valor a receber em Dólar diminui e se ocorrer o inverso, ocorre o ganho. Nos passivos monetários, o efeito é exatamente o contrário, ocorre o ganho se a taxa aumenta e perda quando a taxa diminui.

Obrigações:

Data Valor R$ Taxa do US$ Valor em US$ Aquisição 15/09 12.000,00 2,50 4.800,00 Pagamento 15/10 12.000,00 2,56 4.687,50 Ganho 112,50

Para entender melhor, diga-se que em 15/09 a empresa adquire uma obrigação frente a um eventual fornecedor, no valor de R$ 12.000,00, que convertido à taxa corrente de US$ 2,50, resulta numa dívida de US$ 4.800,00. Com o efeito da variação cambial (crescente), em 15/10 os R$ 12.000,00 só valem US$ 4.687,50 . Conseqüentemente, diminui o valor da dívida em US$. E isto nos leva a afirmar que com a desvalorização do R$ frente ao US$, ocorre ganho na conversão dos Passivos Monetários.

De acordo com o CRC-SP, os ganhos e perdas de conversão, devem ser registrados diretamente numa conta de Patrimônio Líquido denominada Ajustes de Conversão Acumulados – Cumulative Translaction Adjustments. Também deverá ser feita uma análise de suas variações, sendo apresentada em Notas Explicativas, ou como item individual da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Esta análise deverá conter:

• Os saldos iniciais e finais;

• O valor dos ganhos e perdas de conversão do Exercício;

• O valor do imposto de renda sobre esses valores;

• O valor realizado desses ganhos ou perdas. A realização ocorre apenas pela venda ou liquidação de investimentos possuídos no exterior.

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Os ajustes devem ser feitos originalmente em moeda local e seu valor representa um item indispensável para compor o Patrimônio Líquido, pois sem ele, a equação básica da contabilidade fica incorreta. Em países de economia inflacionária, a divulgação dos ganhos e perdas na conversão, deve ser feita na Demonstração do Resultado do Exercício como um elemento Não-Operacional. E em países de economia estável a divulgação deverá ser feita no Patrimônio Líquido, numa conta denominada Ajustes acumulados de conversão. Deverão conter em Notas Explicativas, as seguintes informações:

• Critérios de apuração das Demonstrações Contábeis e critérios de conversão;

• Eventuais mudanças no método de conversão ou avaliação de investimentos e os ajustes referentes à exercícios anteriores.

Administração de Ganhos e Perdas na Conversão

Pode-se observar na comparação abaixo, que a empresa conseguir equiparar proporcionalmente suas vendas à variação da taxa de câmbio, dessa forma, a empresa poderá poupar prováveis perdas futuras, porém para executar esse procedimento, é necessário que a empresa adote um sistema de contabilidade em moeda constante.

R$ Taxa US$= 1,00 US$ Receita de venda 12.000,00 Corrente: 1,20 10.000,00 Custo da venda 11.000,00 Histórica: 1,00 11.000,00 Resultado 1.000,00 (1.000,00) Variação percentual da taxa do Dólar: 20% R$ Taxa US$= 2,00 US$ Receita de venda + Variação percentual

14.400,00 Corrente: 1,20 12.000,00

Custo da venda 11.000,00 Histórica: 1,00 11.000,00 Resultado 1.000,00

Ajustes para Uniformização das Demonstrações Contábeis

O ajuste das demonstrações contábeis da investida, para adequá-las aos princípios e critérios contábeis em uso no país da investidora, se faz necessário para preservar o Princípio da Uniformidade.

Dentro desse entendimento deve ser eliminado das demonstrações contábeis da investida o efeito produzido pela aplicação de critérios que não sejam aceitos ou utilizados no país da investidora.

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Se for critério usado no país da investida, por exemplo, trazer a valor presente as contas a receber e a pagar em longo prazo, mas o critério não é usado no país da investidora, tais contas devem ser convertidas pelo valor nominal (original). Da mesma forma, na conversão de reavaliações de ativos procedidas pela investida e contabilizadas pelo líquido do imposto de renda aplicável, deve ser eliminada a redução provocada pelo efeito do imposto de renda.

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CONTABILIDADE DECISORIAL

Exemplo: Balanços patrimoniais da CIA ABC em 31.12.X0 Ativo R$ Passivo R$

Circulante Circulante Disponibilidades 100 Empréstimos e financiamentos 50 Créditos 30 Fornecedores 30 Estoques 45 Obrigações fiscais e sociais 7 Despesas Antecipadas 5 Não circulante Empréstimos e financiamentos 45

Não circulante Patrimônio líquido Créditos 15 Capital social 150 Intangível 65 Reservas de capital 28 Imobilizado 140 Reservas de lucro 30 Lucros acumulados 60

Total do ativo 400 Total do passivo 400 Fatos contábeis 1 - Aquisição de mercadorias a prazo no valor de R$ 300 2 - Vendas de mercadorias a prazo no valor de R$ 650 - Baixa no estoque no valor de R$ 260 Impostos sobre a venda no valor de R$ 150 3 - Pagamento de despesas operacionais no valor de R$ 60 com desconto de R$ 30 4 - Pagamento de juros no valor de R$ 40 5 - Aquisição de empréstimos no valor de R$ 150 6 - Aquisição de imobilizado a vista no valor de R$ 60 7 - IR e CS sobre resultado no valor de R$ 58 Razonetes Disponibilidades Créditos Estoques Imobilizado 100 30 30 45 260 140 150 40 650 300 60 60 120 680 85 200

Empr. e finan. Fornecedores Obrigações

fiscais Lucros acum 50 30 7 60 300 150 112 58 50 330 215 172

Vendas CMV Deduções Despesas oper. 650 260 150 60 650 260 150 60

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Receitas financ. Despesas financ. Emprétimos IR e CS 30 40 150 58 30 40 150 58

Lucro líquido 112 112 - - Dados para Conversão dos demonstrativos em moeda estrangeira: US$ X0 X1 Taxa Histórica 1,70 1,70 Taxa Corrente 2,10 3,40 Taxa Média 2,65 2,65

Conversão das Demonstrações Contábeis em moeda estrangeira

X1 X0

Histórica Corrente média Histórica Corrente média

US$ 1,70 3,40 2,65 1,70 2,10 2,65

Ativo R$ Taxa US$ R$ Taxa US$ Circulante

Disponibilidades 120 3,40 35 100 2,10 48

Créditos 680 3,40 200 30 2,10 14

Estoques 85 3,40 25 45 2,10 21

Despesas Antecipadas 5 3,40 1 5 2,10 2

Não circulante

Créditos 15 3,40 4 15 2,10 7

Intangível 65 3,40 19 65 2,10 31

Imobilizado 200 3,40 59 140 2,10 67

Total do ativo 1170 344 400 190

Passivo

Circulante

Empréstimos e financiamentos 200 3,40 59 50 2,10 24

Fornecedores 330 3,40 97 30 2,10 14

Obrigações fiscais e sociais 215 3,40 63 7 2,10 3

Não circulante

Empréstimos e financiamentos 45 3,40 13 45 2,10 21

Patrimônio líquido

Capital social 150 1,70 88 150 1,70 88

Reservas de capital 28 1,70 16 28 1,70 16

Reservas de lucro 30 1,70 18 30 1,70 18

Lucros acumulados 172 71 60 2,10 29

Ajuste especial -82 -24

Total do passivo 1170 344 400 190

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CONTABILIDADE DECISORIAL

Demonstração do resultado do exercício em 31.12.X1

R$ Taxa US$

Receita bruta 650 2,65 245

Deduções da receita 150 2,65 57

Receita líquida 500 189

CMV 260 2,65 98

Lucro bruto 240 91

Despesas operacionais 60 2,65 23

Despesas financeiras 40 2,65 15

Receitas financeiras 30 2,65 11

Resultado antes do IR e CS 170 64

IR e CS correntes 58 2,65 22

Lucro líquido do exercício 112 42

Resumo dos Cáculos

1 - Evolução da Conta Capital e reservas

R$ Taxa US$

Capital e reservas inicial em X0 208 1,70 122

Capital e reservas final em X0 208 2,10 99

Ajuste Especial -24

2 - Evolução e efeito no Patrimônio Líquido

US$ Taxa R$

Patrimônio Líquido em X0 127 2,10 267 R$ US$

Patrimônio Líquido em X1 267 3,40 78

Perda Sobre Patrimônio Líquido Inicial -49

3 - Efeito Sobre o Lucro Líquido do Ano

R$ Taxa US$

Lucro Líquido (Taxa média) 112 2,65 42

Lucro Líquido (Taxa Final) 112 3,40 33

Perda na apuração do Lucro Líquido -9

4 - Efeito Total no ano de X1

Soma-se as duas perdas

US$

Perda Sobre Patrimônio Líquido Inicial -49

Perda na apuração do Lucro Líquido -9

-58

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CONTABILIDADE DECISORIAL

5 - Evolução da conta de Ajustes Especiais

US$

Saldo em X0 -24

(+) Valor em X1 -58

= Saldo X1 -82

Mutação do Patrimônio Líquido

R$ US$

Patrimônio Líquido inicial em X0 268 127

Lucro Líquido 112 42

Ajuste Especial -58

Patrimônio Líquido em final em X1 380 111

Demonstração do fluxo de caixa - MÉTODO DIRETO Atividades operacionais R$ Taxa US$

Despesas operacionais -30 2,65 -11

Despesas financeiras -40 2,65 -15

Σ Fluxo de caixa das atividades operacionais -70 -26

Atividades de Investimento

Aquisição de imobilizado -60 3,40 -18

Σ Fluxo de caixa das atividades de investimentos -60 -18

Atividade de financiamentos

Empréstimos 150 3,40 44

Σ Fluxo de caixa das atividades de financiamentos 150 44

Efeito da variação cambial no caixa -12

Aumento (perda) líquido de caixa 20 -12

Caixa no início do período 100 2,10 48

Caixa no fim do período 120 3,40 35 Reconciliação do lucro líquido do período com o fluxo de caixa das atividades operacionais: Lucro líquido do período 112 2,65 42

Aumento (diminuição) dos itens que não afetam o caixa:

Aumentos de clientes -650 2,65 -245

Aumento dos estoques -40 2,65 -15

Aumentos de fornecedores de estoques 300 2,65 113

Aumento de impostos sobre vendas 150 2,65 57

Aumento de impostos sobre o lucro 58 2,65 22

Σ Fluxo de caixa das atividades operacionais -70 -26

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CONTABILIDADE DECISORIAL

Demonstração do fluxo de caixa - MÉTODO INDIRETO Atividades Operacionais: R$ Taxa US$

Lucro líquido do período 112 2,65 42

Aumento (diminuição) dos itens que não afetam o caixa

Aumentos de clientes -650 2,65 -245

Aumento dos estoques -40 2,65 -15

Aumentos de fornecedores de estoques 300 2,65 113

Aumento de impostos sobre vendas 150 2,65 57

Aumento de impostos sobre o lucro 58 2,65 22

Σ Fluxo de caixa das atividades operacionais -70 -26

Atividades de Investimento

Aquisição de imobilizado -60 3,40 -18

Σ Fluxo de caixa das atividades de investimentos -60 -18

Atividades de financiamento 150 3,40 44

Σ Fluxo de caixa das atividades de financiamentos 150 44

Efeito da variação cambial no caixa: -12

Aumento líquido no caixa 20 -12

Caixa no início do período 100 2,10 48

Caixa no final do período 120 3,40 35

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4.2 Correção Monetária Integral

No Brasil, o convívio com a inflação por longos períodos tornou-se necessário o desenvolvimento de estudos dos efeitos inflacionários e métodos de mensuração desses efeitos nas demonstrações financeiras das empresas, no sentido de salvaguardar a informação contábil da deterioração da moeda. Assim surgiu a correção monetária das demonstrações contábeis, que foi introduzida de forma facultativa, em 1944, por regulamentação do Decreto-Lei 5.844/43 e que passou a ser obrigatória em 1964 pela Lei 4.357/64. Com a Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, em seu artigo 185, foi instituída a correção monetária do balanço, que consistia na correção dos itens do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido, onde a diferença apurada entre o valor da correção desses dois grupos era refletida no resultado do exercício e considerada para fins societários e de tributação. No sentido de fornecer maior transparência às informações das demonstrações contábeis, surgiu em 1987, através da Instrução CVM n° 64, a correção monetária integral, com a finalidade de corrigir as distorções que a correção monetária do balanço causava, pois consistia na correção de todos os itens da demonstração contábil, e que foi aperfeiçoada por normativos posteriores, consolidados pela Instrução CVM n° 191/92, sendo obrigatória para as sociedades anônimas de capital aberto, embora tenha sido largamente utilizada por outras empresas não obrigadas ao seu uso. Feitosa (2002, p.63) faz o seguinte comentário:

A correção monetária do balanço era uma metodologia simples e de fácil aplicabilidade, mostrando-se eficaz desde que os índices de inflação não fossem muito altos, pois deixava de reconhecer o efeito inflacionário sobre itens não monetários como os estoques finais, pelo fato de esses serem classificados fora do Ativo Permanente, e também não ajustava a valor presente os valores a receber e a pagar.

A Correção Monetária Integral foi aceita e recomendada para todos os países componentes das Organizações das Nações Unidas (ONU) em março de 1989. O International Accouting Standards Committee (IASC - hoje, International Accounting

Standards Board – IASB), que utiliza um modelo mais simples, declarou que o modelo brasileiro de reconhecimento da inflação nas demonstrações contábeis era o mais avançado que se tinha conhecimento. Com o surgimento do Plano Real, em 1º de julho de 1994 e com a instituição de uma nova moeda no Brasil, aparentemente estável, tornou–se desnecessária qualquer tipo de correção monetária, tendo em vista a redução da inflação a níveis bastante baixos, sendo então extinta pela Lei nº 9249/95, que diz: “Parágrafo único. Fica vedada a utilização de qualquer sistema de correção monetária de demonstrações financeiras, inclusive para fins societários”. Apesar de baixos índices de inflação, a taxa inflacionária ainda existe no Brasil, e a falta de seu reconhecimento provoca distorções nos números apresentados nas demonstrações financeiras, contribuindo para a irrealidade das informações contábeis. No longo prazo, mesmo para países onde a inflação é considerada baixa, a contabilidade, quando não devidamente atualizada, acaba por apresentar defasagens bastante sensíveis.

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4.2.1 A questão do reconhecimento das variações de preços pela Contabilidade

O papel do contador na tomada de decisão é o de ajudar os gestores a focalizar a informação relevante que o conduzirá a melhor decisão.

A tomada de decisões de negócios exige dos gestores que façam comparação entre dois ou mais cursos alternativos de ação. A informação relevante é o custo ou receita futura predita que diferenciará as alternativas.

Determinar preço adequado pode ser feito de muitas maneiras, como por exemplo:

i. Estabelecendo preço a um novo produto ou produto refinado.

ii. Estabelecendo preço de venda de produtos sob marcas particulares.

iii. Reagindo a novos preços de um competidor.

iv. Sugerindo preços em situações de concorrência aberta ou fechada.

As decisões de precificação dependem das características do mercado no qual a empresa atua.

Fatores que interferem na variação de preços:

a. Custo Marginal; b. Receita Marginal; c. Custo Variável.

O custo marginal é o custo adicional que resulta da produção e venda de uma unidade adicional, enquanto que a receita marginal é aquela resultante da venda de uma unidade adicional. Para estimar a receita marginal, os gestores devem predizer o efeito das mudanças em preços no volume de vendas.

Na contabilidade gerencial, o custo marginal é essencialmente o custo variável.

O custo variável é constante dentro de um intervalo relevante de volume, já o custo marginal pode mudar a cada unidade produzida.

A influência da contabilidade na precificação ocorre por meio dos custos.

O papel que os custos desempenham nas decisões de preços depende das condições e da abordagem da empresa para precificar.

Abordagens de precificação utilizadas pelas empresas:

1) Precificação por custo mais margem de lucro: a margem dependerá dos custos e da demanda dos clientes e não de um Mark-up fixo.

2) Custeio-alvo – está baseado no preço do produto e no lucro desejado pela empresa.

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A contabilidade é peça chave no processo de precificação, pois é através dela que obtém as informações necessárias para tomada de decisão.

Os modelos decisórios sobre produtos e serviços fundamentam-se na análise de lucratividade e rentabilidade.

A importância da decisão de preço de venda é fundamental dentro da empresa. A fixação do preço é a última decisão a ser tomada, porém é a mais importante.

Não se administra uma empresa com base em margem, e sim pela contribuição total.

Tomada de decisão sobe preço

a) Lançamento de um novo produto;

b) Introdução de produtos regulares em novos canais de distribuição ou em novos segmentos de mercado;

c) Conhecimento de alteração de preços dos concorrentes;

d) Variações significativas da demanda dos produtos para mais ou para menos;

e) Alterações significativas na estrutura de custos da empresa e dos produtos, bem como dos investimentos;

f) Mudança de objetivos de rentabilidade da empresa;

g) Adaptação às novas estratégias de atuação no mercado;

h) Alterações na legislação vigente;

i) Adaptação a novas tecnologias existentes ou empregadas.

A validação gerencial na formação de preços a partir do custo está focada na necessidade de avaliar a rentabilidade dos investimentos em relação aos custos e despesas decorrentes da estrutura empresarial criada para produzir e vender os produtos e serviços. Isso objetiva a determinação do preço-alvo que mostra a contribuição ao resultado obtido considerando a composição do preço com base nas estruturas de custos e despesas e dos investimentos realizados.

Um diferencial na margem de lucro por produto ou divisão da empresa, deverá ter como base os valores constantes do gerenciamento contábil setorial.

A contabilidade setorial expressa em segmentar os resultados da empresa em suas partes geradoras de resultado, apurando o resultado para cada um dos segmentos identificados e, ao mesmo tempo, permitindo a avaliação de desempenho de cada gestor responsável pelos segmentos identificados.

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4.2.2 O método da correção integral

Método regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aplicado apenas às companhias de capital aberto e com o objetivo de reconhecer os efeitos inflacionários de modo integral, ou seja, todas as contas das demonstrações contábeis evidenciadas em moeda de uma mesma data. Nessa técnica, distingue-se ativos e passivos monetários (expostos aos efeitos da inflação) de não monetários. Além disso, os ativos e passivos monetários são classificados como puros (exposição completa aos efeitos inflacionários) e impuros (com mecanismos de proteção contra a exposição à inflação). A CMI é uma técnica refinada, que reconhece a correção monetária de todas as contas patrimoniais e de resultado. O manual da Fipecafi (1994, p. 118-119) demonstra que:

Ativos Monetários geram perdas inflacionárias, sendo consideradas na demonstração do resultado;

O saldo de correções monetárias de balanços contém perda dos ativos monetários;

O saldo de correção monetária não somente considera as perdas nos ativos monetários, como também atualiza o valor dos resultados intermediários, conseqüentemente, causando mudanças no Resultado da empresa;

As despesas e receitas financeiras reais são apenas as que excedem à inflação; entre outros. Com o advento da Lei 9.249/95, a utilização de qualquer sistema de correção monetária das demonstrações contábeis passou a ser vedada, inclusive para fins societários. Desse modo, a partir de 1996, todas as companhias passaram a divulgar as suas informações contábeis sem o reconhecimento dos efeitos inflacionários. Com isso, algumas empresas passaram a divulgar, espontaneamente, como informações complementares, suas demonstrações corrigidas.

4.2.3 Definição

Correção Monetária Integral é o resultado do esforço da ciência contábil em tornar o conteúdo das demonstrações financeiras mais confiáveis retratando a necessidade de proteger informação contábil da deterioração do poder de compra da moeda. A técnica contábil da Correção Monetária Integral - CMI, que se tornou desobrigatória desde 1996, foi trabalhosamente desenvolvida (especialmente pelos professores do departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP) para corrigir todos os efeitos que a inflação poderia causar nas demonstrações financeiras de uma empresa. Assim, a Contabilidade estaria avaliando, mensurando e demonstrando as operações de uma entidade da melhor forma, embora dependa fundamentalmente da qualidade do indexador utilizado. 4.2.4 Base utilizada

A base utilizada é a adoção de um índice que reflita a perda do poder de compra da moeda corrente para uma única data. Poderá ser utilizada uma Unidade Monetária Contábil - UMC, que poderá ser representado pelo INPC; IGPM; IPCA ou qualquer outro índice aprovado pelo governo.

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4.2.5 Ajuste a valor presente

Com a utilização da técnica de ajuste a valor presente, as contas do Ativo e Passivo são avaliadas por critérios que possibilitam apresentá-las a valores coincidentes com a data de cada transação, atendendo, assim, o Princípio do Denominador Comum Monetário. As transações, que são realizadas por valores pré-fixados para liquidação futura, são responsáveis para que a administração tenha a necessidade de trabalhar com o conceito de valor presente. O valor do dinheiro no tempo tem sido peça fundamental para que a organização tome certas precauções, em termos de prazos e juros, para se proteger dos efeitos inflacionários existentes em uma economia. Considerando o impacto que os juros prefixados provocam nas transações, as demonstrações Contábeis, ao serem elaboradas em dado período, não refletem a realidade daquele momento. Desse modo, torna-se importante que tais transações geradoras de Direitos e Obrigações futuras em montantes pré-fixados sejam traduzidas a valor presente nos respectivos registros contábeis, fazendo o expurgo dos juros embutidos, tornando os valores compatíveis à época da transação. Assim, dá condições para que seja aplicada a técnica da correção monetária integral, partindo-se de valores que atendam o Princípio da Realização da Receita e do Confronto com a Despesa e ou da Competência dos Exercícios, observada a Convenção da Materialidade. O primeiro procedimento a ser adotado para ajuste a valor presente é trazer para valores do final do balanço patrimonial os valores dos créditos e obrigações com valores prefixados e vencimentos futuros. Pode-se dizer que, para aplicação do ajuste a valor presente necessita-se reconhecer o valor do dinheiro no tempo. Sendo assim, valor presente é o valor atual de um montante futuro. Iudícibus et al (2003, p. 514) dizem que:

Na correção integral, como estamos trazendo todos os valores dos itens componentes das Demonstrações Contábeis para uma única data, nada mais justo que descontarmos dos valores a receber e a pagar este sobrepreço. Se o sobrepreço não tiver sido adicionado, de qualquer forma o ajuste deve ser feito para se trazerem os valores nominais a seus efetivos valores presentes.

Segundo Yamamoto (1994, p. 290): “Todos os itens não monetários adquiridos para pagamento a prazo precisam, primeiro, ser ajustados a valor presente, para depois serem transformados em UMC (Unidade Monetária Constante) ou passarem a ser corrigidos”. Por exemplo, na aquisição de mercadorias a prazo a conta fornecedor (item monetário) não muda de valor com a aplicação do ajuste a valor presente, o que muda é o valor dos estoques (item não monetário), que são deduzidos dos juros prefixados para, posteriormente, serem transformados em UMC (Unidade Monetária Contábil), podendo, a partir daí, serem desenvolvidos os trabalhos com relação à correção monetária integral. Com a aplicação do ajuste a valor presente, os juros embutidos nos montantes pré-fixados, oriundos de vendas e compras a prazos, ao invés de serem considerados como receitas de vendas ou custos das mercadorias estocadas são tratados como receita financeira comercial a apropriar, retificadora dos valores a receber, e despesa financeira comercial a apropriar, retificadora dos valores a pagar. Nos respectivos vencimentos das

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parcelas a receber ou a pagar tais receitas e despesas são baixadas das contas a apropriar e levadas ao resultado do período nas contas receita financeira comercial e despesa financeira comercial. Após a aplicação do valor presente, as contas, no momento da transação, são transformadas em UMC e, futuramente, na data da apresentação das demonstrações contábeis, são convertidas novamente para moeda corrente, gerando, assim, ganhos ou perdas nas contas monetárias e correção monetária nas contas não monetárias. Após conhecerem as receitas financeiras comerciais do período e a perda com valores a receber, tais contas são confrontadas confirmando se realmente houve naquele período receita financeira comercial ou perda em função da inflação. Da mesma forma, ao apurar as despesas financeiras comerciais do período e os ganhos com valores a pagar também são confrontadas com a finalidade de verificar se houve realmente despesa financeira ou ganho em função da inflação. A correção monetária apurada em função dos itens não monetários é incorporada ao respectivo item, alterando, assim, o seu valor contabilmente, passando a fazer parte do patrimônio da empresa. Como contrapartida das contas de ganhos ou perdas com a inflação pode-se criar uma conta transitória, denominada de Ganhos ou Perdas com itens monetários, que, posteriormente, será zerada confrontando-se com a conta de correção monetária, gerada através da atualização dos itens não monetários. Para melhor ilustração sobre a aplicação da correção monetária integral e do ajuste a valor presente, apresenta-se, a seguir, um caso com a tradução das contas a valor presente, conversão dos itens em moeda forte, aplicação da correção monetária integral, reconversão para moeda corrente e apresentação do resultado atualizado na data de encerramento do balanço.

4.2.6 Ganhos e perdas nos itens monetários.

Após a conversão para moeda constante, elabora-se a movimentação de cada conta apresentando os saldos em moeda corrente e moeda constante. No final do período proposto para apresentação das demonstrações contábeis, o saldo de cada conta em moeda constante é convertido novamente para moeda corrente, com valores ajustados, possibilitando encontrar as perdas ou ganhos com itens monetários e a correção dos itens não monetários. Com a identificação dos ganhos e perdas, com itens monetários, da correção monetária dos itens não monetários e das atualizações das vendas, custos e despesas torna-se possível apresentar um resultado bem próximo da realidade. Assim, é possível apresentar a Demonstração de Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial, tanto em moeda corrente ajustada como em moeda constante, vindo atender as exigências das Normas Internacionais de contabilidade, no que tange aos parágrafos 11 a 28 da NIC – 29.

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Exemplo: Correção Monetária Integral

Balanço Patrimonial 31.12.X0 31.12.X1

Caixa 30.000 8.000 Aplic. Financ. 90.000 157.000 Terrenos 130.000 165.000 250.000 330.000 IR a pagar 20.000 19.200 Emprestimos 40.000 62.000 Capital 150.000 185.000 Lucros Acum. 40.000 63.800 250.000 330.000

Vendas Custos Despesas IR / CS Aq. Imob Aum. Cap.

Ap. Financ

31/12/X0 31/01/X1 160.000 110.000 6.000 10.000 15.000 31/03/X1 110.000 90.000 35.000 20.000 31/05/X1 80.000 50.000 10.000 65.000 31/07/X1 6.000 31/10/X1 15.000 Resgate 31/12/X1 6.000 8.000 350.000 250.000 18.000 28.000 35.000 35.000 80.000

DRE em X1 UMC Vendas 350.000 31/12/X0 1,90 (-) CMV -250.000 31/01/X1 2,05 (=) Lucro bruto 100.000 31/03/X1 2,08 (-) Despesas -18.000 31/05/X1 2,10 (-) Desp. Financ -22.000 31/07/X1 2,15 (+) Rec. Financ 20.000 31/10/X1 2,18 (=) LAIR 80.000 31/12/X1 2,25 (-) IR -27.200 Lucro Líquido 52.800

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Resolução: 1º Passo1º Passo1º Passo1º Passo Caixa 31/12/X0 31/12/X1

30.000 x 2,25 = 35.526

1,90

2º Passo2º Passo2º Passo2º Passo Terrenos 31/12/X0 31/12/X1

130.000 x 2,25 = 153.947

1,90 Aquisição de terreno 31/03/X1 31/12/X1

35.000 x 2,25 = 37.861

2,08 Total de terreno 31/12/X1 191.808 3º Passo3º Passo3º Passo3º Passo Capital 31/12/X0 31/12/X1

150.000 x 2,25 = 177.632

1,90 Aumentos de capital 31/12/X1

20.000 x 2,25 = 21.635

2,08

15.000 x 2,25 = 15.482

2,18 Total do capital 31/12/X1 214.748 4º Passo4º Passo4º Passo4º Passo Lucros acumulados lucro X0 40.000 lucro X1 - DRE 52.800

lucro acum. 92.800

lucro acum Bal 63.800

Dividendos 29.000 DRE 5º Passo5º Passo5º Passo5º Passo Vendas Taxa UMC's 31/12/X1 31/01/X1 160.000 2,05 78.049 175.610 31/03/X1 110.000 2,08 52.885 118.990 31/05/X1 80.000 2,10 38.095 85.714 Total de vendas 31/12/X1 169.029 380.314

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6º Passo6º Passo6º Passo6º Passo Custos Taxa UMC's 31/12/X1 31/01/X1 110.000 2,05 53.659 120.732 31/03/X1 90.000 2,08 43.269 97.356 31/05/X1 50.000 2,10 23.810 53.571 Total dos custos 31/12/X1 120.737 271.659 8º Passo8º Passo8º Passo8º Passo Despesas de Vendas Taxa UMC's 31/12/X1 31/01/X1 6.000 2,05 2.927 6.585 31/07/X1 6.000 2,15 2.791 6.279 31/12/X1 6.000 2,25 2.667 6.000 Total de despesas 31/12/X1 8.384 18.864 9999º Passoº Passoº Passoº Passo Despesas Financeiras Empréstimos Taxa UMC's 31/12/X1 31/12/X0 40.000 1,90 21.053 31/12/X1 62.000 2,25 27.556 (-) 6.503 x 2,25 14.632 10º Passo10º Passo10º Passo10º Passo Receita financeira 20.000 aplic. fin. Taxa UMC's

Saldo 31/12/X0 90.000 1,90 47.368

aplicação 31/01/X1 15.000 2,05 7.317

aplicação 31/03/X1 65.000 2,10 30.952

resgate 31/10/X1 (33.000) 2,18

(15.138)

receita financ. 20.000

70.500

saldo 31/12/X1 157.000 2,25 69.778

(722) x 2,25 (1.626)

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11º Passo11º Passo11º Passo11º Passo

Apuração do IR taxa UMC

Saldo inicial 31/01/X1 20.000 1,90 10.526

Pgto IR 31/03/X1 (10.000) 2,05

(4.878)

Pgto IR 31/05/X1 (10.000) 2,10

(4.762)

Pgto IR 31/12/X1 (8.000) 2,25

(3.556)

IR s/LAIR 31/12/X1 27.200 2,25 12.089

19.200 9.420

2,25

8.533

ganho 9.420 (8.533) 887 x 2,25 1.994

12º Passo12º Passo12º Passo12º Passo Lucros acumulados (comprovação) lucros acumulados no balanço 60.860 lucros acumulados X0 47.368 (+) lucro do exercicio corrigido 42.492

(-) dividendos

(29.000) (=) total 60.860 13º Passo13º Passo13º Passo13º Passo Conciliação dos lucros (Ativo Permanente e Patrimônio Líquido). Lucro societário 52.800 (+/-) C.M. Terrenos 23.947 (+/-) C.M. Terrenos novos 2.861

(+/-) C.M. Capital

(27.632)

(+/-) C.M. Aum. Capital

(1.635)

(+/-) C.M. Aum. Capital

(482)

(+/-) C.M. Lucros acum.

(7.368) Lucro integral 42.492

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7º Passo 7º Passo 7º Passo 7º Passo APURAÇÃO DE PERDAS NO CAIXA

R$ UMC taxa

31/12/X0 saldo inicial 30.000

15.789 1,90

31/01/X1 vendas 160.000

78.049 2,05

31/01/X1 custo (110.000)

(53.659) 2,05

31/01/X1 despesas (6.000)

(2.927) 2,05

31/01/X1 IR/CS (10.000)

(4.878) 2,05

31/01/X1 aplic.financ. (15.000)

(7.317) 2,05

31/03/X1 vendas 110.000

52.885 2,08

31/03/X1 custos (90.000)

(43.269) 2,08

31/03/X1 aquis. Imob. (35.000)

(16.827) 2,08

31/03/X1 aum. Capital 20.000

9.615 2,08

31/05/X1 vendas 80.000

38.095 2,10

31/05/X1 custos (50.000)

(23.810) 2,10

31/05/X1 IR/CS (10.000)

(4.762) 2,10

31/05/X1 aplic. Financ. (65.000)

(30.952) 2,10

31/07/X1 despesas (6.000)

(2.791) 2,15

31/10/X1 aum. Capital 15.000

6.881 2,18

31/10/X1 resgate 33.000

15.138 2,18

31/12/X1 despesas (6.000)

(2.667) 2,25

31/12/X1 IR/CS (8.000)

(3.556) 2,25

31/12/X1 dividendos (29.000)

(12.889) 2,25

SQDEX 8.000

3.556 2,25

SDEX

6.150 Σ UMC

(2.594) 2,25

(5.837)

Page 42: Apostila de Contabilidade Decisorial - xa.yimg.comxa.yimg.com/kq/groups/...+Apostila+de+Contabilidade+Decisorial.pdf · Apresentar uma síntese dos principais temas relacionados à

CONTABILIDADE DECISORIAL

Balanço Patrimonial

nominal 31/12/X0 em nominal 31/12/X1 em

31.12.X0 moeda 31/12/X1 31.12.X1

moeda 31/12/X1

Caixa

30.000

35.526

8.000

8.000

Aplic. Financ.

90.000

106.579

157.000

157.000

Terrenos

130.000

153.947

165.000

191.808

250.000

296.053

330.000

356.808

IR a pagar

20.000

23.684

19.200

19.200

Emprestimos

40.000

47.368

62.000

62.000

Capital

150.000

177.632

185.000

214.748

Lucros Acum.

40.000

47.368

63.800

60.860 por diferença

250.000

296.053

330.000

356.808

DRE em X1

nominal UMC 31/12/X1

Vendas

350.000

169.029

380.314

(-) CMV

(250.000)

(120.737)

(271.659)

(=) Lucro bruto

100.000

48.291

108.656

(-) Despesas

(18.000)

(8.384)

(18.864)

(-) Desp. Financ

(22.000)

(6.503)

(14.632) Perda/ganho no caixa

(2.594)

(5.837)

(+) Rec. Financ

20.000

(722)

(1.626)

(=) LAIR

80.000

30.088

67.697

(-) IR

(27.200)

(12.089)

(27.200)

Perda/ganho no IR

886

1.994

Lucro Líquido

52.800

18.885

42.492