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O DIREITO E SUA DIVISÃO I - Noção de Direito O direito, ciência social que é, só pode ser imaginado em função do homem vivendo em sociedade. Por outro lado, não se pode conceber a vida social sem se pressupor a existência de um certo número de normas reguladoras das relações entre os homens, por estes mesmos julgadas obrigatórias. Tais normas determinam, de um modo mais ou menos intenso, o comportamento do homem no grupo social. Há e sempre houve uma norma, uma regra de conduta, pautando a atuação do indivíduo, nas suas relações com outros indivíduos. “Claude du Pasquier”, entende que a palavra direito deve ser sempre analisada em seus diverso sentidos: Objetivo (conjunto de regras obrigatórias); Subjetivo ( faculdade ou prerrogativa reconhecida a uma pessoa ou, de um interesse juridicamente tutelado); Fiscal (como sinônimo de imposto); Ideal (no sentido de justiça). Em razão da generalização do vocábulo DIREITO, é difícil encontrar uma fórmula sucinta que dê a noção de direito, independente de qualquer restrição. . “Caio Mário da Silva Pereira”, limita-se a dizer que O DIREITO É O PRINCÍPIO DE ADEQUAÇÃO DO HOMEM À VIDA SOCIAL. “Washington de Barros Monteiro” diz que DIREITO É O CONJUNTO DE NORMAS GERAIS E POSITIVAS, DITADAS POR UM PODER SOBERANO E QUE DISCIPLINAM A VIDA SOCIAL. O direito está na lei, como exteriorização do comando do Estado; integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de Justiça, como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção para a coexistência. Direito Positivo e Direito Natural Direito Positiv o É o conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada época (Caio Mário da Silva Pereira), não importa seja escrito ou não escrito, de elaboração sistemática ou de formação jurisprudencial. O direito positivo, segundo a síntese de “CAPITANT”, é o que está em vigor num povo determinado, e compreendem toda a disciplina da conduta, abrangendo as leis votadas pelo poder competente, os regulamentos, Apostila elaborada pelo Prof. LUIZ TUBENCHLAK FILHO Proibido a reprodução parcial ou total sem mencionar a fonte de consulta 1

Apostila de Direito Civil - Exame de Ordem - 2005

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O DIREITO E SUA DIVISÃO

I - Noção de Direito

O direito, ciência social que é, só pode ser imaginado em função do homem vivendo em sociedade. Por outro lado, não se pode conceber a vida social sem se pressupor a existência de um certo número de normas reguladoras das relações entre os homens, por estes mesmos julgadas obrigatórias. Tais normas determinam, de um modo mais ou menos intenso, o comportamento do homem no grupo social. Há e sempre houve uma norma, uma regra de conduta, pautando a atuação do indivíduo, nas suas relações com outros indivíduos. “Claude du Pasquier”, entende que a palavra direito deve ser sempre analisada em seus diverso sentidos: Objetivo (conjunto de regras obrigatórias); Subjetivo ( faculdade ou prerrogativa reconhecida a uma pessoa ou, de um interesse juridicamente tutelado); Fiscal (como sinônimo de imposto); Ideal (no sentido de justiça).

Em razão da generalização do vocábulo DIREITO, é difícil encontrar uma fórmula sucinta que dê a noção de direito, independente de qualquer restrição. .

“Caio Mário da Silva Pereira”, limita-se a dizer que O DIREITO É O PRINCÍPIO DE ADEQUAÇÃO DO HOMEM À VIDA SOCIAL. “Washington de Barros Monteiro” diz que DIREITO É O CONJUNTO DE NORMAS GERAIS E POSITIVAS, DITADAS POR UM PODER SOBERANO E QUE DISCIPLINAM A VIDA SOCIAL.

O direito está na lei, como exteriorização do comando do Estado; integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de Justiça, como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção para a coexistência.

Direito Positivo e Direito NaturalDireito Positivo

É o conjunto de princípios que pautam a vida social de determinado povo em determinada época (Caio Mário da Silva Pereira), não importa seja escrito ou não escrito, de elaboração sistemática ou de formação jurisprudencial. O direito positivo, segundo a síntese de “CAPITANT”, é o que está em vigor num povo determinado, e compreendem toda a disciplina da conduta, abrangendo as leis votadas pelo poder competente, os regulamentos, as disposições normativas de qualquer espécie.

Direito Natural

É o princípio regulador do direito positivo, o ideal para o qual este tende, o direito natural é o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema.

Acima do direito positivo, e sobre este influindo no propósito de realizar o ideal de justiça, ditado por uma concepção de superlegalidade, o direito natural sobrepaira a norma legislativa.

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Costuma-se dizer que o direito positivo se opõe ao direito natural, aquele representando o regime de vida social corrente, este o conjunto de princípios ideais preexistentes e dominantes. Enquanto o direito positivo é nacional e contingente, o direito natural é universal e eterno.

Não se pode, contudo falar em contraposição, pois se um é a fonte de inspiração do outro, não exprimem idéias antagônicas. O direito positivo amparando-se na sujeição ao direito natural para que a regra realize o ideal, e o direito natural inspirando o direito positivo para que este se aproxime da perfeição.

DIREITO E MORAL

A vida humana é submetida a uma grande variedade de normas. Para conservar a saúde, deve o indivíduo seguir os preceitos higiênicos. Para realizar um empreendimento, deve observar as regras técnicas. Para Cultuar a divindade, deve obedecer aos princípios religiosos. Para viver em sociedade, tem de pautar a sua conduta pela ética, de zoneamento mais amplo do que o direito, porque compreende as normas jurídicas e as normas morais.

As ações humanas interessam ao direito, mas nem sempre. Quando são impostas ou proibidas, encontram sanção no ordenamento jurídico. São as normas jurídicas, são os princípios de direito. Quando se cumprem ou se descumprem sem que este interfira, vão buscar sanção no foro íntimo, no foro da consciência, até onde não se chega a força cogente do estado. É, porém, certo que o princípio moral envolve a norma jurídica, podendo-se dizer que, geralmente, a ação juridicamente condenável o é também pela moral. Mas a coincidência não é absoluta. Quando o devedor invoca a prescrição para se furtar ao pagamento, vale-se de uma faculdade assegurada pela ordem jurídica, com a qual foge ao cumprimento da palavra empenhada.

Semelhanças entre Direito e Moral

1) Mesma base ética2) Mesma origem (consciência social)3) Ambos são normas de comportamento4) Mesmo fim: bem estar do indivíduo e da sociedade

Diferenças entre Direito e Moral

DIREITO MORAL

CAMPO MAIS RESTRITO, MAIS DEFINIDO MAIS AMPLO, MAIS DIFUSO.SANÇÃO TEM COAÇÃO É INCOERCÍVEL

OBJETIVO EVITAR QUE SE LESE OU PREJUDIQUE ALGUEM

VISA A ABSTENÇÃO DO MAL E À PRÁTICA DO BEM

OBJETO DE ABRANGÊNCI

A

DIRIGE-SE A UM MOMENTO EXTERNO FÍSICO

DIRIGE-SE A UM MOMENTO INTERNO, PSÍQUICO, VOLITIVO.

DIREÇÃO E BILATERAL UNILATERAL

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SENTIDO

DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO

O direito objetivo abrange na sua classificação, dois grandes ramos do direito que são o Direito Privado e o Direito Público.

A distinção entre esses dois ramos foi encontrada no Direito Romano e jurisconsultos daquela época definiam o “ius publicum” (Direito Público) como aquele que se refere aos interesses do Estado, e o Direito Privado como sendo o referente aos interesses particulares. Relações de Direito Público seriam, então, aquelas em que o Estado intervém e Relações de Direito Privado as travadas entre particulares.

Esse princípio, porém não é estanque, pois existem relações entre indivíduos e o Estado, que pertencem à área do Direito Privado (Locação pelo Estado) e existem relações entre indivíduos que não excluem a tutela direta do Estado (propriedade, constituição de sociedades com capital estrangeiro).

Direito Público

É o destinado a disciplinar o interesse geral da coletividade, é o que regula as relações entre os Estados, a organização e o funcionamento do Estado, e as relações entre o Estado e os indivíduos.

Direito Privado

Regula as relações entre os particulares, não encarando o indivíduo como cidadão, mas como membro da sociedade civil, é o conjunto de normas jurídicas que compõem os conflitos de interesses entre os particulares. Direito Privado é o que regula as relações entre os homens, tendo em vista o interesse particular dos indivíduos, ou a ordem privada. Ele disciplina as relações humanas que surgem dentro do âmbito familiar; as obrigações que se estabelecem de indivíduo para indivíduo, quer oriundas do contrato, quer derivadas do delito, quer provenientes da lei; os direitos reais sobre coisas próprias e os direitos reais sobre coisas alheias e ainda as questões que se ligam à transmissão da propriedade “causa mortis”.

O Direito Civil é o Direito Privado comum ou o Direito Privado geral.

Do Direito Civil, e por oferecer características próprias, destacou-se um ramo que foi constituir o Direito Comercial, que disciplina a atividade negocial entre comerciantes, ou entre estes e seus clientes, e que, em virtude da celeridade necessária aos negócios e da imprescindível dispensa da excessiva formalidade, requeriam uma disciplina diferente, deve-se ressaltar que a independência não é total, não sendo poucos os que apregoam a UNIFICAÇÃO DO DIREITO PRIVADO, unificação esta que será agasalhada pelo novo código civil.

A natureza jurídica do direito do trabalho é controvertida, uns entendem ser de Direito Privado, outros de Direito Público, uma terceira que entende ser o Direito do Trabalho de natureza mista por possuir preceitos das duas espécies.

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DIREITO CIVIL

O Direito Civil é, no campo do Direito Privado, o direito comum que preside as relações entre particulares, regendo-as sempre que não caiam sob o domínio de uma lei especial.

No Direito Civil, estudamos, de um lado, as relações puramente pessoais; do outro as relações patrimoniais. No campo das relações puramente pessoais, encontramos o pátrio poder, a autoridade marital; no campo das relações patrimoniais, todas as que apresentam um interesse econômico e visam à utilização de determinados bens.

O Direito Civil divide-se, dentro do sistema de nosso Código em Parte Geral e Parte especial.

A Parte Geral compreende as normas que podem ser aplicadas a todas as relações civis, definindo e classificando as pessoas, coisas, fatos e atos jurídicos.

Na Parte Especial, encontramos os direitos de família que regulam as relações existentes entre as pessoas, oriundas de casamento e parentesco, como, por exemplo, os alimentos, as conseqüências jurídicas da filiação, da adoção, da tutela e da curatela.

Em segundo lugar, aparecem os direitos reais, que são direitos absolutos, que aderem às coisas e dão a seus titulares uma senhoria completa ou parcial sobre a coisa, podendo ser direito sobre a coisa própria (propriedade), ou sobre coisa alheia (hipoteca, enfiteuse).

Em terceiro lugar, estudam-se as obrigações, direitos pessoais ou direitos de crédito, que dão ao indivíduo a faculdade de exigir de outrem uma certa prestação de caráter patrimonial.

Finalmente, estabelecem-se as normas de Direito Sucessório que dispõem sobre a transmissão em virtude de lei ou testamento, dos bens da pessoa falecida.

Existem direitos não incluídos no patrimônio do indivíduo, que são de um lado chamados personalíssimos e, de outro os poderes jurídicos que não tem expressão econômica.

O Direito Civil enuncia as regras de hermenêutica, os princípios relativos à prova dos negócios jurídicos, a noção dos defeitos dos atos jurídicos, a organização sistemática da prescrição etc., institutos comuns a todos os ramos do direito, tão bem manipulados pelo civilista quanto pelo publicista.

DIREITO OBJETIVO

CARACTERES

Na sua plurivalência semântica, a palavra direito ora exprime o que o Estado ordena, impõe, proíbe ou estatui, ora significa o que o indivíduo postula, reclama e defende. Quando alguém se refere ao preceito emanado da autoridade, chama-o de direito, porque aí enxerga a norma de conduta, revestida de autoridade. Quando alude à projeção individual da norma, ou ao seu efeito, igualmente lhe dá o nome de direito. Para distinguir um e outro sentido, qualifica-o no primeiro caso, como direito objetivo, traduzindo o comando estatal, a norma de ação ditada pelo poder público e é nesta

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acepção que se repete secularmente que “ius est norma agendi”. No segundo caso, acrescenta-lhe outro adjetivo, para denominá-lo direito subjetivo, abrangendo o poder de ação contido na norma, a faculdade de exercer em favor do indivíduo o comando emanado do Estado, definindo-se “ius est facultas agendi”.

A relação entre direito subjetivo e direito objetivo, segundo a concepção jusnaturalista, é de preexistência daquele. O direito objetivo teria a função de garantir, pela coação, direitos subjetivos. A concepção positivista sustenta, ao contrário, que os direitos subjetivos são criações do direito objetivo.

Direito subjetivo é a faculdade de agir, direito objetivo, norma de ação. Um não pode existir sem o outro, porque, se é inconcebível a existência de direitos subjetivos sem uma ordem jurídica, não se pode imaginar ordem jurídica sem direitos subjetivos.

Considerado objetivamente, o direito é a norma de comportamento, que se traduz num complexo de regras disciplinadoras da conduta. Não aparece, porém, sob a forma de conselho ou de regra facultativa, senão como determinação impositiva, pela qual se consegue a obrigatoriedade do preceito. A norma é jurídica, constitui direito objetivo, quando se faz um comando, uma ordem revestida de sanção.

Sua apresentação externa ou sua morfologia pode variar, e pode ser mais extensa ou mais restrita a noção da norma jurídica. Em uns sistemas de direito predomina a lei escrita (Brasil), em outros, tem preeminência a regra extraída do precedente judiciário, e constitui direito objetivo o complexo de princípios declarados pelas decisões das Cortes de Justiça, juntamente com os preceitos votados pelo Parlamento (Países da Common Law - Inglaterra), e, em outros, ainda, a vida social se disciplina fundamentalmente pelos costumes tradicionalmente adotados pelos indivíduos, sem embargo da existência de leis elaboradas pelo órgão do Estado (Direito Hindu).

Como quer que se apresente, o direito objetivo compreende um complexo de normas, a que os indivíduos devem obediência, sob a sanção do Estado, que no caso de transgressão é chamado, pelo seu órgão competente, a compelir o infrator a se sujeitar ao império da ordem jurídica.

FONTES DE DIREITO

CARÁTER DAS NORMAS DE DIREITO CIVIL

Muito têm escrito os autores a esse respeito, o importante é acentuar a existência das principais tipos de normas, aquelas que se devem distinguir na ocasião de aplicar a lei ao caso concreto. COM ESSE OBJETIVO, SIMPLIFICANDO A MATÉRIA, PODE-SE DIZER QUE HÁ DOIS TIPOS PRINCIPAIS DE NORMAS NO DIREITO CIVIL: NORMAS IMPERATIVAS OU COGENTES

são aquelas que obrigam de maneira absoluta o comportamento das partes; não podem ser alteradas pela vontade do particular; ordenam ou proíbem que se pratique algum ato de determinada maneira para que tenha validade e as partes atingidas por suas disposições, queiram ou não, tem que as obedecer.No caso de desobediência à norma Imperativa ou cogente, o ato não tem validade jurídica, com, por

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exemplo, o casamento realizado com transgressão dos impedimentos matrimoniais; o testamento que exclui da herança dos herdeiros necessários; o contrato sobre herança de pessoa viva (pacto corvino); os atos praticados pelos absolutamente incapazes. Mas nem sempre a norma imperativa tem esse caráter de negar validade ao ato praticado, ela poderá ser afirmativa, ou seja, determinar que as pessoas o pratiquem sem possibilidade de recusa, como por exemplo, o dever de assistência aos filhos que a lei impõe aos pais

NORMAS DISPOSITIVAS

são aquelas que podem ser alteradas pela vontade das partes; embora expressas em lei, essas normas cedem lugar ao que for estipulado pelas partes; elas nada proíbem ou obrigam de modo absoluto, permitindo que as partes estabeleçam livremente qual deva ser o comportamento a adotar.

Em face de normas dispositivas, não há que falar na não validade do ato que não as segue. Ex1. Sublocação: A lei diz que o locatário pode sublocar o imóvel, mas os contratantes podem estabelecer que a sublocação é proibida.Ex2. O Código estabelece uma vocação hereditária, mas o testamento pode alterá-la, desde que não afete o direito dos herdeiros necessários.

As normas dispositivas assumem muitas vezes, o caráter “SUPLETIVO”, quando falta a declaração expressa da vontade das partes.

Diante do Código, o mais importante, quando a norma não é impositiva, é a vontade das partes interessadas.

Pode ocorrer que as partes não tenham estipulado, no contrato, o comportamento que devam adotar; aplica-se então, diante da omissão, o que a lei estabelece.Ex1. Os juros de mora podem ser livremente estipulados pelos contratantes, mas se estes não estabelecerem será de 6% ao ano (Art. 1062 CC).Ex2. O pagamento de uma dívida será feito no domicílio da parte que o contrato estabelecer, mas se este nada estabelece, será feito no domicilio do devedor (Art. 950 CC).

DIREITO SUBJETIVO

CONCEITO DE DIREITO SUBJETIVO

O fenômeno jurídico, embora seja um só, pode ser encarado sob mais de um ângulo. Vendo-o como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, temos o DIREITO OBJETIVO. É a norma da ação humana, isto é, a “norma agendi”.

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Se entretanto, observarmos o fenômeno através da prerrogativa que para o indivíduo decorre da norma, tem-se o DIREITO SUBJETIVO. Trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma a seu favor, ou seja, da faculdade de agir sob o sombra da regra, isto é, a “facultas agendi”.

Devemos distinguir a norma jurídica abstrata e geral das relações jurídicas concretas entre determinados indivíduos, baseada nas normas vigentes.

Enquanto a norma impõe deveres a certos indivíduos em benefício de outros, a relação jurídica é o vínculo decorrente da norma ou de ato jurídico ou material, que existe entre duas posições de sujeito ativo e passivo.

A relação jurídica é, pois, o vínculo existente entre pessoas, em virtude de uma norma que cria deveres e direitos.

Em toda relação jurídica existe o vínculo entre o titular do direito, que denominamos sujeito ativo e uma pessoa sobre a qual recai o dever jurídico, que denominamos sujeito passivo.

PODEMOS DIZER QUE O DIREITO SUBJETIVO É A CONCRETIZAÇÃO EM FAVOR DE DETERMINADA PESSOA DE UM DIREITO OBJETIVO BASEADO NA NORMA; É O DIREITO DE EXIGIR QUE, SOB PENA DE SANÇÃO, ALGUÉM CUMPRA SEU DEVER JURÍDICO.

Se um sujeito ativo tem, por exemplo, o direito de exigir determinado pagamento, a esse direito subjetivo corresponde o dever jurídico do sujeito passivo de pagar o débito.

II - ANÁLISE DO DIREITO SUBJETIVO

O direito subjetivo se decompõe em três elementos fundamentais, que estão presentes onde quer que ele exista, são essenciais a sua constituição.

SUJEITO é o titular do direito, é aquele a qual a ordem jurídica assegura a faculdade de agir. Sendo o direito um poder de vontade, não se pode admitir a sua existência com abstração do sujeito. Toda vontade pressupõe um agente. “Não há direito sem sujeito”, mesmo que em estado potencial.

OBJETO é o bem jurídico sobre o qual o sujeito exerce o poder assegurado pela ordem legal. Sendo o direito uma faculdade de querer, para que se componha anatomicamente é necessário materializar-se em algo fora da pessoa de seu titular. Tanto quanto o sujeito é indispensável à noção de direito, também não pode haver direito sem objeto. O contrário seria a vontade atuando no vazio.

RELAÇÃO JURÍDICA

traduz o poder de realização do direito subjetivo, e contém a sua essência. É o vinculo que impõe a submissão do objeto ao sujeito. Impõe a sujeição de um ao outro. Não existe relação jurídica entre o sujeito e o objeto. Somente entre pessoas é possível haver relações, somente entre sujeitos, nunca entre o ser e a coisa. Esta subordina-se ao homem que a domina.

CATEGORIAS DE DIREITO SUBJETIVO

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Considerados intrinsecamente, dizem-se ABSOLUTOS e RELATIVOS.

ABSOLUTO

S

Quando traduzem uma relação oponível à generalidade dos indivíduos, isto é, dotada de eficácia universal, sem a especificação de sua exigibilidade contra determinado sujeito passivo. Neste sentido se diz que o direito de propriedade é absoluto, porque a ele não corresponde um dever jurídico de determinada pessoa, sujeita a uma prestação. Absolutos são também os direitos inerentes ao estado do indivíduo, cuja oponibilidade “erga omnes” é inerente a sua própria anatomia.

RELATIVOS os direitos quando o dever jurídico é imposto a determinadas pessoas. O poder de ação implica na exigibilidade específica de uma prestação contra alguém, seja este alguém um indivíduo isolado, seja um grupo de indivíduos, porém determinadamente identificados, ou suscetíveis de determinação.

Reciprocamente considerados, os direitos se dizem PRINCIPAIS e ACESSÓRIOS.

PRINCIPAL É o que tem existência autônoma, independente de qualquer outro.

ACESSÓRIO É o que não existe “per se”, senão em decorrência de outro a que adere com caráter secundário, e cuja sorte segue. Enquanto o direito principal independe do acessório para existir, e sobrevive ainda que o acessório se extinga, o acessório necessita do principal para subsistir.

Tendo em vista a disponibilidade, os direitos são TRANSMISSÍVEIS e INTRANSMISSÍVEIS.

TRANSMISSÍVEL É o direito que pode passar de uma a outra pessoa, mediante a substituição do sujeito que deixa de o ser, por outro que ocupa seu lugar, e que se sub-roga em todas as faculdades do substituído.

INTRANSMISSÍVEL aquele que é insuscetível de substituição subjetiva. Quando a intransmissibilidade decorre de se ter constituído em razão exclusivamente do seu titular, o direito se diz personalíssimo.

Economicamente considerados, os direitos chamam-se PATRIMONIAIS e NÃO-PATRIMONIAIS.

PATRIMONIAIS os que tem um objeto avaliável pecuniariamenteNÃO PATRIMONIAIS

os que escapam à possibilidade de avaliação econômica, como os direito da personalidade e os de famílias puros.

Quanto à forma de dominação, os direitos são REAIS ou DE OBRIGAÇÃO.

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REAIS os que atribuem ao sujeito uma dominação direta sobre o objeto.

DE OBRIGAÇÃO OU DIREITOS DE CRÉDITO

os que importam em exigibilidade de uma prestação relativamente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas.

Quanto a natureza da norma dividem-se os direitos em PÚBLICOS e PRIVADOS.

PÚBLICOS Os que se originam de normas de caráter públicoPRIVADOS Os que provêm de normas de natureza privada

Quanto a possibilidade de fracionamento, os direitos são DIVISÍVEIS e INDIVISÍVEIS. (Estas categorias somente interessam quando há mais de um sujeito dentro da mesma relação jurídica, e o poder de agir é atribuído a todos simultaneamente.)

DIVISÍVEIS São os direitos suscetíveis de partilha em quotas entre todos os sujeitos, de forma a atribuir a cada um a sua parte, passível de pleno exercício.

INDIVISÍVEIS Aqueles direitos que não se prestam a tal fracionamento, permanecendo íntegros na coletividade de seus titulares.

Quanto à indivisibilidade pode ser material ou jurídica.

MATERIAL Quando resulta da natureza da relação jurídica atribuir uma qualidade que não pode ser distribuída a mais de uma pessoa, e, pois, no caso de haver pluralidade de titulares, estes não tem a faculdade de percepção de uma quota-parte.

JURÍDICA Quando, em razão da disposição da lei ou da convenção, o direito que materialmente seria suscetível de fracionamento torna-se inábil a partilhar-se.

LEI - CONCEITO, FORMAÇÃO

Ao conjunto de regras destinadas a estabelecer o padrão de conduta humana na vida social, constituído pelo Estado e imposto coativamente a todos os cidadãos, denominamos norma jurídica. A norma jurídica se exterioriza através da lei.

Lei é, portanto, a promulgação de normas jurídicas aprovadas pela Câmara e pelo Senado e sancionadas pelo Presidente da República. Este é o sentido restrito da palavra. Em sentido lato, porém, podemos considerar lei como toda emanação de um poder organizado e imperativo que visa a regular as relações entre os indivíduos na sociedade. Neste sentido, um Decreto presidencial é lei.

A lei pode conter os elementos:

material O conteúdo, a matéria, a substância da lei.

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formal Relativo ao processo pelo qual é elaborada.

Como lei de conteúdo material (substancial), podemos citar a lei que aprova o orçamento, a que naturaliza estrangeiros, a que autoriza o funcionamento de empresas estrangeiras no Brasil, os Decretos e os regulamentos emanados do Poder Executivo. Como exemplo de lei formal, temos o Código Tributário Nacional.

Seja qual for a natureza, todas as leis devem obediência à Constituição Federal

CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS

a) ConstitucionaisI – da ConstituiçãoII – Leis Complementares

b) Ordináriasc) Decretos e Regulamentos

Sanção é a assinatura do Presidente da República, no exercício de função legislativa, que torna a lei executiva e obrigatória;

Promulgação é ato, também do Presidente da República, como chefe do Poder Executivo, que consiste em atestar a existência da lei e ordenar que tenha execução;

Publicação é o ato que torna conhecido de todos o conteúdo da lei. INTEGRAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LEI

A interpretação consiste em se determinar se a um fato concreto aplica-se o disposto na lei. É a função mais importante de um juiz.

Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Entende-se por analogia a aplicação de norma legal a casos não regulados pela lei, mas que a ela se assemelham. Emprega-se a analogia, por exemplo, quando se aplica dispositivo relativo à edição de livros didáticos ou de qualquer outra obra, desde que esta não esteja expressamente abrangida por lei específica (quando esta for omissa). Outra fonte subsidiária do direito é o costume (direito consuetudinário), entendido como a observância constante de uma norma jurídica não baseada em lei escrita. Pode ser, também, a prática reiterada de determinados atos considerados pela sociedade como juridicamente obrigatórios.

Dois são os elementos de costume: o objetivo (prática geral e reiterada) e o subjetivo (aceitação geral como necessário). São "secundum legem" (não contidos em lei, mas reconhecidos como força obrigatória para

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todos), "praeter legem" (são modos supletivos, reforçadores da lei) e "contra legem" (quando contrários à lei, acabando por modificá-la).

Tendo em vista que as leis refletem um ordenamento jurídico amplo e geral, devemos admitir que, quando a norma não contemple determinada situação, esta possa, ser regida por matéria que lhe seja pertinente, já regulada por dispositivo legal. São os princípios gerais de direito aplicados com o fim de preencher as chamadas lacunas da lei.

Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum, o juiz poderá abrandar os efeitos de uma norma legal, aplicando a equidade, que consiste numa interpretação segundo as peculiaridades de cada caso.

Dessa forma, suprem-se as lacunas (omissão) das leis. Interpretando-se, procuramos o sentido e o valor da norma para medir a sua extensão e avaliar a sua eficiência sobre as relações jurídicas. Chama-se hermenêutica o processo de interpretação da lei.

São três os modos principais da interpretação das leis:a) Quanto à origem;b) Quanto aos processos interpretativos; ec) Quanto aos resultados.

Quanto à origem, a interpretação é:

AUTÊNTICA OU LEGISLATIVA

Quando uma lei procura explicar outra lei.

JURISPRUDENCIAL Quando provém de decisões judiciais em casos concretos.

DOUTRINARIA Quando baseada no entendimento de juristas consagrados.

Quanto aos processos de interpretação, pode ser:

LITERAL OU GRAMATICAL

Procura-se o sentido gramatical das palavras no texto. Ex.: Todo homem (criatura humana) é capaz de direitos...

LÓGICA Procura-se extrair o seu "espírito". A lei é considerada dentro de um todo orgânico, no sistema jurídico. Busca-se a "ratio legis".

HISTÓRICA Pesquisa-se a evolução do instituto jurídico para melhor compreender-se o sentido da lei. Aos navios e aeronaves aplica-se a hipoteca, ao invés de penhor, embora sejam eles bens móveis.

SISTEMÁTICA O sentido de um dispositivo legal é dado pelo sistema legislativo a que pertence. A violação de direito autoral, assim como a usurpação de nome ou pseudônimo alheio são crime contra a propriedade imaterial e não contra a pessoa, pois são tratados naquele titulo do Código Penal Brasileiro.

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SOCIOLÓGICA Assenta-se à realidade da época em que é praticado o ato jurídico através de análise dos costumes e padrões morais do povo.

TELEOLÓGICA Procura-se interpretar a intenção do legislador. Quanto aos resultados, temos a interpretação:

DECLARATIVA O intérprete apenas “declara o sentido direto das palavras”.

RESTRITIVA Atribui-se à norma um alcance mais limitado que aquele que pareceria à primeira vista.

EXTENSIVA OU AMPLIATIVA

A forma legal entende-se, não exprime completamente o seu alcance.

A LEI E SUA EFICÁCIA NO ESPAÇO E NO TEMPO

A lei tem vigência até o dia em que é revogada.

Os conflitos resultantes da aplicação da lei segundo o intervalo de tempo decorrido, entre uma lei revogada e uma lei revogadora dizem-se de natureza intertemporal.

No conflito interespacial, ocorre um choque entre duas leis que coexistem dentro e fora de limite territoriais do Estado que se considera. Dentre os critérios seguidos para a solução de conflitos interespaciais, temos o da lei nacional ("lex patriae") e o da lei do domicílio ("lex domicilii"). No direito brasileiro, predomina o segundo critério. Domicílio civil da pessoa natural (ou física) é o lugar onde ela estabelece a sua residência (relação de fato) com ânimo definitivo (relação de direito, contendo o elemento subjetivo, intencional).

Diz o artigo 7º, da LICC: "A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família". Assim, a relação jurídica, estabelecida pelo regime de bens no casamento, se os nubentes possuem domicílios diversos, a lei a ser aplicada será a do primeiro domicílio conjugal.

Com relação aos bens, são distintos os critérios: o da lei do lugar onde estiver localizado para os bens imóveis; o do domicílio do proprietário para os bens móveis, para aqui transferidos em caráter definitivo ou destinados ao seu transporte. Da mesma forma, regula-se o penhor.

No que concerne às obrigações, deve-se obedecer à lei do lugar de sua constituição. Todavia, se a obrigação deve ser executada no Brasil, devem ser cumpridas as formalidades para ela exigidas. A compra e venda de bem imóvel, por exemplo, quando sua execução se der no Brasil, deve ser feita mediante escritura pública transcrita no Registro de Imóveis.

Na sucessão por morte, a vocação para suceder em bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira em benefício

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do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que não lhes seja mais favorável à lei de domicílio. Vamos assim, que a lei do domicílio não constitui regra absoluta para dirimência de conflitos interespaciais.

Sobre o conflito intertemporal, deve-se dizer que, salvo disposição em contrário a lei entra em vigor em todo o país quarenta e cinco dias após sua publicação em órgão de imprensa oficial, o período compreendido entre sua publicação e a vigência é chamado de "vacatio legis”. A lei vigora até ser por outra revogada. Esta pode ser:

EXPRESSA

Quando a nova lei expressamente o declare

TÁCITA A lei nova contém dispositivos conflitantes ou incompatíveis com a anterior ou trata de maneira diferente matéria tratada na lei anterior

O sistema legislativo nacional é claro em afirmar que a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue, não se tratando de lei temporária. Uma vez revogada não mais voltará a entrar em vigor porque o fenômeno da repristinação inexiste no direito brasileiro. Quando uma lei é sancionada para interpretar outra lei, seus efeitos retroagem desde a data da lei que se interpreta, salvo nos casos de ato jurídico perfeito (já consumado segundo a lei vigente na data em que consumou), direito adquirido (em que o titular tenha iniciado seu exercício com termo prefixado ou possa exercê-lo em iguais condições) e coisa julgada (decisão judicial de que não caiba recurso). Este é consagrado como o "princípio de irretroatividade da lei".

As conseqüências de uma lei revogada não se anulam e, portanto, não perdem a eficácia. Dentre os casos em que a eficácia da lei revogada permanece parcialmente inalterada, podemos citar aqueles em que se considera a contagem do prazo prescricional.

A lei especial não revoga a lei geral anterior. Assim, também, uma lei geral não revoga a lei especial anterior se a ele não se refere explícita e implicitamente para revogá-la.

Quando parte da lei é revogada, diz-se que houve derrogação. Se toda a lei é revogada, houve ab-rogação.

I - PARTE GERALDas PessoasPersonalidade Jurídica

A idéia de personalidade está intimamente ligada à de pessoa, pois exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres na ordem civil. Sendo, portanto, um atributo ou qualidade do ser humano. Atualmente toda pessoa, desde o nascimento (Art.2ºnCC) até a sua morte (Art. 6ºnCC), é considerada capaz de direitos. O direito pátrio exige tão somente o nascimento com vida, não se referindo aos requisitos romanisticos de viabilidade

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e de forma humana, que são mantidos em algumas legislações estrangeiras. Há corrente doutrinária que sustenta que a personalidade jurídica do ser humano se inicia com a concepção, como J. M. Leoni, Limongi França, Francisco Amaral entre outros.Todo indivíduo que chegou a desvincular-se do corpo materno, tendo vida própria é sujeito de direito, mesmo se vier a falecer algumas horas depois, ou se a sua constituição não for normal.O novo código Civil reconhece os atributos da personalidade com um sentido de universalidade, afirmando em seu art. 1º que “toda pessoa é capaz de direito e deveres na ordem civil”.O nascituro não é sujeito de direito, embora mereça a proteção legal, tanto no plano civil como no plano criminal. A proteção do nascituro explica-se, pois há nele uma personalidade condicional que surge na sua plenitude com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver. O código protege as expectativas do nascituro de acordo com os arts. 2°, 1.597, 1.777, 1778 e 1799.A personalidade, que o indivíduo adquire ao nascer com vida, termina com a morte. Esta qualidade é reconhecida pelo direito a certas entidades morais chamadas de pessoas jurídicas.A personalidade possui certos atributos que a caracterizam, como a capacidade, o nome e o estado.

capacidade Aptidão inerente a cada pessoa para que possa ser sujeito ativo ou passivo de direitos e deveres. Um incapaz possui direitos, mas não pode exercê-los diretamente, que faz por intermédio de outros que não ele próprio, o titular.

Capacidade de Direito

Constitui-se pela aptidão para ter diretos. Tanto a possui o homem (pessoa física ou natural) como a pessoa Jurídica.

Capacidade de Fato

É a aptidão para praticar os atos da vida civil por si só.Isto é, para exercer direitos e deveres por si só.

Incapacidade A capacidade de fato sofre limitações, determinando um estado de incapacidade para a vida civil, que o Código Civil classifica de absoluta e relativa. Os absolutamente incapazes praticam os atos da vida civil através de um representante, enquanto que a incapacidade relativa é suprida pela assistência. É o assistente que aperfeiçoa e manifesta vontade do relativamente incapaz. (Art. 1.634, V nCC)

Incapacidade Absoluta: é caracterizada pela impossibilidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil, de acordo com o art. 3° do Novo Código Civil. Código Civil de 1916 - art. 5° e Legislação Extravagante

Novo Código Civil – Art. 3º

a) Menores de 16 anos;b) Loucos de todo gênero

a) Menores de 16 anos (menores impúberes);

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(insanos);c) Surdos-mudos;d) Ausentes;e) Psicopatas (art. 26 e ss. do Dec.

nº 24.559/34)f) Toxicômanos (Art. 30 e ss do

Dec. 891/38)

b) As pessoas que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o discernimento necessário para a prática de atos da vida civil;c) Aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Incapacidade Relativa: Caracteriza-se pela impossibilidade da prática de certos atos ou a maneira de os exercer, sem a devida assistência. Código Civil de 1916 – Art. 6º Novo Código Civil – Art. 4º

a) Maiores de 16 e menores de 21 anos de idade;

b) Pródigo;c) Silvícola;

a) Menores entre 16 e 18 anosb) Toxicômanos e ébrios habituaisc) Deficientes mentais que tenham o discernimento reduzidod) Excepcionais sem desenvolvimento mental completo.e) Pródigos (Art. 1767, V do nCC) f)Índios (Lei nº 6.001/73 – Estatuto do Índio)

Cessação da incapacidade e Emancipação

Aos dezoito anos completos cessa a menoridade, ficando habilitado o individuo para todos os atos da vida civil. Contudo a aquisição da maioridade pode ser antecipada pela emancipação, que é a aquisição de capacidade de fato pelo maior de 16 anos e menor de 18 anos nas hipóteses do parágrafo único do Art. 5° do nCC. I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;II – pelo casamento;III – pelo exercício de emprego publico efetivo;IV - Pela colação de grau em curso de ensino superior;V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.A emancipação pode ser: voluntária (Art 5º parágrafo único, I), judicial (menor sob tutela, art. 1103 do CPC), emancipação legal (Art 5º parágrafo único, II, III, IV e V).

Interdição É o processo judicial pelo qual pessoa capaz é declarada incapaz.

Extinção da personalidade

A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 6º.

Morte simultânea ou Comoriência

É o fato de duas pessoas falecerem na mesma ocasião (acidente), havendo interesse ou dúvida quanto à determinação de quem tenha falecido primeiro. Não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos

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outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Art. 8º.Morte Real A morte real constante do art. 6º nCC é responsável pelo

término da pessoa natural. Não se trata de total aniquilamento, visto que sua vontade sobrevive através do testamento. A sua prova se faz pelo atestado de óbito, ação declaratória de morte presumida sem decretação de ausência (Art. 7 ºnCC) ou ainda através da Justificação de óbito, em caso de catástrofe (Art. 88 da LRP).

Morte civil Quando a pessoa mesmo viva é privada dos direitos civis e considerada morta para o mundo. Embora vivas, são tratadas como mortas. No direito brasileiro há um resquício deste instituto que existiu na idade média, no art. 1816 nCC, que trata do herdeiro, afastado da herança, como se ele “morto fosse antes da abertura da sucessão”.

Morte presumida

A morte presumida pode ser: com declaração de ausência (art. 6º, 2ª parte nCC) ou sem declaração de ausência, nas hipóteses do art. 7ºnCC : I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da guerra.

Ausência Ausente é toda pessoa do lugar onde normalmente desenvolve suas atividades sem deixar noticias de seu paradeiro e sem deixar representante legal nem procurador habilitado com poderes de administração.Curadoria dos bens do ausente: constatando o desaparecimento do individuo, sem que tenha deixado procurador com poderes para administrar os seus bens sem que dele haja noticia, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador (Art. 22 nCC)Sucessão provisória: Transcorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, permite o legislador que os interessados requeiram a abertura provisória de sua sucessão, como se o ausente fosse falecido.Sucessão definitiva: Se após a abertura da sucessão provisória transcorrerem dez anos, sem que o ausente retorne; ou então, se o ausente conta 80 anos de idade e de cinco datam as últimas notícias suas, confere aos interessados a prerrogativa de pleitearem a transformação da sucessão provisória em definitivo, o que se dá pelo levantamento das cauções prestadas e das demais restrições.

Direitos da Personalidade: Considerada a personalidade jurídica como inerente ao ser humano; decorrem desse princípio os denominados direitos da personalidade.

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Os direitos da personalidade têm características que os tornam distintos dos direitos patrimoniais. Os Direitos da personalidade são considerados:

necessários Porque toda pessoa os tem pelo fato de ser homemabsolutos Porque se opõe a todas as demais pessoas, ou seja,

prevalecem “erga omnes”. A eles corresponde o dever de todos, de se absterem de perturbar o direito natural à condição humana.

irrenunciáveis Pois a pessoa não pode abrir mão desses direitos, ninguém pode dizer que não mais os tem ou que não mais os quer.

inalienáveis Porque não podem ser transferidos ou transmitidos a outrem; não podem ser objeto de penhora ou de execução forçada; não se transmitem sequer “causa mortis”, embora gozem de proteção depois da morte da titular, sendo legitimados a requerê-la o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente mais próximo.

imprescritíveis Eles nascem e se extinguem com a pessoa, e perduram incólumes durante toda a sua vida, mesmo que não sejam exercidos; a qualquer tempo é possível reclamar contra quem os tenha ou esteja perturbando ou lesando; contra eles não corre prescrição, como acontece relativamente aos direitos pessoais ou reais.

extrapatrimoniais

Os direitos da personalidade não têm uma equivalência com valores pecuniários. Admite-se, porém, que sejam indenizáveis (embora não tenham um valor pecuniário pré-estimável), quando alguém sofre alguma lesão, seja de ordem física, ou um dano moral (quando se sofre uma ofensa a honra, quando se sofre um dano estético).

O novo Código Civil incluiu um capitulo para dispor sobre os direitos da personalidade (Art. 11 a 21 nCC).Os direitos da personalidade compreende a disposição do próprio corpo, sem importar na diminuição permanente da integridade física, ou que contrarie os bons costumes; disposição gratuita do próprio corpo, após a morte para fins científicos e altruísticos; direito ano nome.

Individualização da pessoa natural

Registro Civil das Pessoas Naturais

A personalidade jurídica inicia-se com o nascimento com vida, ainda que o recém-nascido, venha a falecer instantes depois. As pessoas naturais passam, no correr de sua existência, por várias situações ligadas à sua condição na sociedade, que há interesse individual e público em perpetuar, através dos registros públicos.Todos os atos ou fatos ligados ao estado das pessoas ficam consignados, de forma a assinalá-los definitivamente e fazerem prova as certidões dos respectivos assentos, exaradas

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pelos oficiais que os tem ao seu cargo.Assim é que são inscritos no Registro Civil os nascimentos, os casamentos e óbitos; a emancipação, a interdição, a sentença declaratória de ausência e as opções de nacionalidade, entre outros.O registro de nascimento é uma instituição pública destinada a identificar os cidadãos, garantindo o exercício de seus direitos. Todo nascimento que ocorre no território nacional deve ser dado a registro, no local onde se deu o parto ou no da residência dos pais. Registro é o conjunto de atos autênticos tendentes a ministrar prova segura e certa do Estado das pessoas. Ele fornece meio probatórios fidedignos, cuja base primordial descansa na publicidade que lhe é imanente. Essa publicidade, de que se reveste o Registro, tem função específica: provar a situação jurídica do registrado e torná-la conhecida de terceiros.O registro apresenta-se sob vários aspectos: Civil, Imobiliário, da propriedade literária, da propriedade industrial, e das aeronaves.O registro civil, relativo à pessoa natural, se destina à fixação indelével dos principais fatos da vida humana, como nascimento, o casamento e o óbito, além da separação e do divórcio. Sua existência e funcionamento interessam de perto à nação, ao próprio registrado e a terceiros que com ele mantenha relações.

Nome Civil A identificação da pessoa se dá pelo nome, que individualiza a pessoa; pelo estado, que define a sua posição na sociedade política e na família, como indivíduo e pelo domicilio, que é o lugar de sua atividade social.O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade. Daí se inalienável e imprescritível.O nome representa, sem dúvida, um direito inerente à pessoa humana, portanto um direito da personalidade. São elementos constitutivos do nome:I – Prenome - Que é atribuído à pessoa por ocasião da abertura de seu assento de nascimento e que é imutável (Art. 58 da Lei 6.015/73). O prenome pode ser simples (João, Maria) ou Duplo (José Luís, Ana Cláudia) ou ainda triplo ou quádruplo. O prenome pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo, caso em que os oficiais do Registro Público poderão recusar-se a registrá-lo.II – Patronímico Familiar ou Sobrenome - Comum a todos os que pertencem a uma certa família. Ordinariamente representa uma herança que se transmite de pai para filho, ou é adquirido através do casamento. O sobrenome é o sinal que identifica a procedência da pessoa, identificando sua filiação ou estirpe, sendo por isso, imutável, podendo advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos. O sobrenome pode ser simples (Silva, Ribeiro, Santos) ou Composto, podendo

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ser acompanhado da partícula de, do, da, dos e das (Rodrigues Alves, Alcântara de Albuquerque). Os apelidos de família são adquiridos “ipso iure”, com o simples fato do nascimento, pois a sua inscrição no Registro competente tem caráter puramente declaratório.III - Agnome - Sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo (filho, júnior, neto, sobrinho) para diferenciar parentes que tenham o mesmo nome.

Ao lado desses elementos essenciais há os elementos secundários, como títulos nobiliárquicos ou honoríficos (duque, conde, comendador); títulos eclesiásticos (cardeal monsenhor, padre); qualificativos de dignidade ou identidade profissional (senador, juiz, governador); títulos acadêmicos e científicos (mestre, doutor, professor).

Alcunha é a designação dada a alguém devido a uma particularidade sua, como por exemplo. Tiradentes, Pelé, podendo agregar-se de tal sorte à personalidade da pessoa que, se não for jocoso, pode substituir o prenome, sob certas condições, ao nome da pessoa (Lula, Xuxa, Pelé), de acordo com a Lei 9.807/99.Hipocorístico é o nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho: Eduardo - Dudu; Roberto - Betinho; Bel - Isabel; Bia - Beatriz.

O prenome será imutável (art. 58 da Lei 6.015/73), não se admite que uma pessoa, registrada como Antônio, passe a chamar-se João. Contudo o princípio legal não é inflexível, absoluto. (parágrafo único do art. 58 da Lei 6.015/73 e parágrafo único do art. 56 da Lei 6.015/73).

Embora o principio da inalterabilidade do nome seja de ordem pública, sofre exceções quando: Expuser o seu portador ao ridículo e a situações vexatórias, desde que prove o escárnio a que é exposto (Maria Passa Cantando, Sum Tim An, Amim Amou Amado, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Merdalina, Urinina, ); Houver erro gráfico evidente. Osvardo, quando o certo é Osvaldo (Lei 6.015/73, art. 58, parágrafo único); Causar embaraço no setor comercial ou em atividade profissional, evitando homonímia; Alteração no primeiro ano após a maioridade civil (art. 56 da Lei 6.015/73); Alteração para fins de proteção de testemunha (Lei 9.807/99); Adoção (art. 1627 nCC); Substituição por apelidos públicos notórios (Lei 9.807/99, alterou a redação do art. 58 da LRP); Tradução de nomes estrangeiros (art. 43 da Lei 6.815/80).

Estado Estado das pessoas, segundo “Clóvis Bevilácqua” é o seu modo particular de existir, é a posição jurídica da pessoa no seio da coletividade. Toda pessoa tem um estado, de que resultam múltiplas relações jurídicas. Esse estado pode ser

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encarado sob os seguintes aspectos:Estado Individual ou Físico - é a condição física do indivíduo influente no seu poder de agir, é o modo de ser da pessoa sob o aspecto de sua constituição orgânica. Sobre o estado individual da pessoa atuam: a idade; a saúde; o sexo.Considerada a idade, as pessoas são: Maiores ou Menores; a saúde: são ou insanos; e o sexo: homens ou mulheres, elementos que influenciam sua capacidade civil, com exceção do sexo.Estado Familiar - indica a sua situação na família, sendo duas as situações em que alguém se encontra na família: a de cônjuge; a de parente.Pode ser a pessoa ser: casada, solteira, viúva, separada ou divorciada, conforme esteja vinculada pelo matrimônio, nunca tenha sido, ou tenha deixado de ser.No parentesco, o estado difere segundo o grau, isto é, na distância de uma geração a outra. O estado de filho resulta da procriação, no casamento, ou “extra matrimonium”, ou de ficção legal consiste na adoção, ou na legitimação adotiva.O parentesco pode ser consangüíneo ou afim, isto é decorrente do laço de sangue ou estabelecido entre um dos cônjuges ou conviventes e os parentes do outro até certo grau.São parentes consangüíneos: os pais, os avós, os filhos, os netos, os irmãos, os tios, os sobrinhos, os primos.São parentes afins: os sogros, o genro, a nora e os cunhados.O “status” familiar é condição de numerosos direitos e influi notavelmente sobre a capacidade. O estado civil cria direitos e deveres especiais e limita o poder de agir dos que o possuem, seja marido, seja mulher. O estado de parente também dá nascimento a obrigações e direitos, que variam conforme o grau e a fonte.Estado Político - é a qualidade jurídica que advém da posição da pessoa na sociedade política. Quanto ao estado político, as pessoas dividem-se em: nacionais (natos e naturalizados) e estrangeiros. O estado da condição jurídica do estrangeiro pertence, segundo alguns, ao campo do direito constitucional.O Estado da pessoa é a soma de suas qualificações, permitindo sua apresentação na sociedade numa determinada situação jurídica, para que possa usufruir os benefícios e vantagens dela decorrentes, e sofrer os ônus e obrigações que dela emanam.

Características do EstadoO estado da pessoa regula-se por preceitos de ordem pública, pois a situação jurídica de cada indivíduo interessa a toda sociedade. Esses preceitos não podem ser modificados pela vontade particular. Certos estados não são, entretanto, inalteráveis. Por vontade, pode a pessoa mudá-lo: o nacional torna-se estrangeiro; o solteiro casa-se; o casado divorcia-se, o insano cura-se; o menor emancipa-se.

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O estado civil da pessoa regula-se por normas de ordem pública, que não podem ser modificadas pela vontade das partes daí sua indivisibilidade, indisponibilidade e imprescritibilidade.Uma vez que o estado da pessoa é atribuído pela lei compulsoriamente, dele não pode dispor. Por ser o estado da pessoa um reflexo de sua personalidade, ele não pode ser objeto de comércio. Não se admite seja objeto de convenção, transação, ou renúncia. Toda manifestação de vontade tendente a alterá-lo é nula. Em virtude disso é Irrenunciável, de modo que nula seria a renuncia de alguém ao estado de filho. A proibição de dispor do estado não implica, contudo, impossibilidade de sua variação. Indisponibilidade não é sinônimo de Imutabilidade. A mudança de estado não é livre, mas, condicionadas a circunstâncias e formalidades previstas na lei.A indisponibilidade do estado não se estende aos direitos patrimoniais decorrentes de sua posse. Esses direitos são disponíveis. Assim, o filho natural que investiga a paternidade pode fazer transação com o direito de sucessão proveniente do possível reconhecimento.O estado é uno e indivisível, pois ninguém pode ter ao mesmo tempo, estados que se opõem. Não é possível ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade. A indivisibilidade do estado é imposição de sua natureza de ordem pública.Porque indisponível, o estado é Imprescritível. Pelo decurso de tempo ninguém adquire ou perde o estado. A regra da imprescritibilidade do estado não se estende necessariamente a toda ação destinada à sua aquisição ou perda.

Domicilio

Conceito É a sede jurídica da pessoa natural ou física, influindo na abertura da tutela e da sucessão, na publicação de editais para casamento, na proposição de ação para adoção, na exigência de pagamento de obrigações, na notificação de atos judiciais, no direito de votar e ser votado, nas relações tributárias, etc. É o lugar onde a pessoa tem a sede principal de seus interesses e negócios.

Estadia É o lugar onde uma pessoa que aí não reside, atualmente permanece e habita. É também chamada de morada.

Residência É o local onde a pessoa tem habitação estável.Espécies de domicílio

Voluntário: Lugar onde estabelece residência com animus definitivo. (Art. 70 nCC); Necessário ou legal: Aquele determinado por lei em razão de certa situação ou condição (o incapaz, o servidor público, o militar o marítimo e o preso – art. 76 nCC); Especial, de eleição ou contratual: Trata-se do domicilio escolhido pelas partes de contrato para exercitar

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direitos e cumprir obrigações contratuais (Art. 78 nCC).Pluralidade de domicílios

Se a pessoa natural tiver diversas residências onde alternativamente vive ou vários centros de ocupações habituais, considerar-se-á domicilio seu qualquer destes ou daquelas (Art. 71 nCC).

Domicilio ocasional

Quando a pessoa natural que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. (Art. 73 nCC).

Pessoa Jurídica

Conceito É um grupo de pessoas, juridicamente organizadas, que conjugam bens e esforços para a realização de um objetivo comum. As pessoas jurídicas, como as pessoas naturais, têm aptidão para exercer direitos e contrair obrigações.No sistema de direito positivo, além da Pessoa Natural ou física, podem ser sujeitos de direito, coletividades e bens, representativas de uma unidade de vontade e que tenham uma organização conforme a legislação determina. São chamadas de pessoas jurídicas, pessoas morais, pessoa civil, pessoa social, pessoa ideal entre outras.A necessidade de ser concebida a pessoa jurídica decorre de uma condição essencial, ou seja, a de o homem viver em sociedade.

1) Em virtude da necessidade de cooperação, ou de ação conjunta, para que os indivíduos alcançassem objetivos quem, se não unissem esforços, não conseguiriam ou seriam difíceis de alcançar.

2) A complexidade da vida em agrupamentos cada vez maiores sugeriu a organização de entidades capazes de servir às sociedades como um todo e dentro desta, a organização de entidades capazes de servir a determinados grupos de indivíduos. Essas coletividades organizadas ou entidades acabaram por ter reconhecida, por convenção dos componentes do grupo social, a sua personalidade independente dos indivíduos que as compunham

Natureza Jurídica I - Teoria da Ficção Pessoa Jurídica é imaginária, sem qualquer realidade, sem objetividade, constituindo-se em mera ficção criada pelo homem, ou mera forma especial de apresentação das relações jurídicas (Ihering). É a criação legal, artificial, cuja existência só encontra explicação como ficção da lei (Savigny); II - Teoria da Realidade Objetiva – (Gierke, Clovis Bevilacqua) Pessoa não é só a natural. Ao seu lado existem pessoas jurídicas que tem vida autônoma e vontade própria. O direito não cria as pessoas jurídicas, as declara existente. III - Teoria da Realidade Técnica/Realidade

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Jurídica – (Caio Mário, Washington de Barros Monteiro) Teoria Eclética. Pessoa Jurídica seria realidade, mas realidade jurídica e não física. Do ponto de vista físico, pessoa jurídica é ficção, mas a sua personalidade deriva do direito, sendo, portanto um conceito jurídico. Sua personalidade jurídica não é ficção, mas forma de investidura, é um atributo que o Estado oferece a certos entes. A vontade da Pessoa Jurídica é distinta daquela de seus membros, sendo considerada a Teoria mais aceita

Classificação Art. 40 nCC

Pessoas jurídicas de direito públicoI -Pessoas jurídicas de direito público externo (Art. 42 nCC): a Santa Sé, os Estados dotados de soberania e as organizações internacionais reconhecidas, como a ONU, a OEA, a OTAN, etc; II - Pessoas jurídicas de direito público interno (Art. 41 nCC) da administração direta a União, o Distrito Federal, os Estados, os Municípios, e da administração indireta as Autarquias e as Fundações Publicas.Pessoas jurídicas de direito privado As pessoas jurídicas de direito privado são (Art. 44 nCC): I - as associações: associações civis (culturais, literárias, artísticas, esportivas, sociais, beneficentes sindicais etc) resultam da conjugação de pessoas com um objetivo comum visando a execução desses objetivos e não possuem finalidade econômica (Art. 53 nCC)II – as sociedades: As sociedades podem ser: simples (Art. 997 a 1038 n CC) que são aquelas constituídas de um modo geral, por profissionais que atuam em uma mesma área ou por prestadores de serviços técnicos, possuindo fim econômico ou lucrativo e sociedades empresárias que visam, igualmente o lucro, todavia, através do exercício de uma atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no art. 967 nCC, tem por objeto exercício de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços, podendo assumir várias formas, tais como sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade limitada, sociedade anônima ou por ações.III - as fundações: fundações particulares são pessoas jurídicas compostas pela organização de um patrimônio, destacado pelo seu instituidor para uma finalidade específica. Não tem proprietários nem titulares ou sócios. Possui apenas patrimônio gerido por curadores. Pode ser instituída por escritura pública ou testamento, devendo o instituidor doar os meios

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necessários e especificar o fim a que se destina (religiosos, culturais, de assistência).

Elementos I – material: As pessoas, nas corporações e o patrimônio nas fundações;II – Formal: Ato constitutivo da pessoa jurídica de direito privado ou a disposição de lei criadora da pessoa jurídica de direito público;III – Volitivo: ato de vontade dos sócios nas associações e do instituidor no caso das fundações

Domicílio (Art.75 nCC)

Para as pessoas jurídicas de direito público, o domicílio civil, será sempre o lugar onde funciona a sua administração. Quanto à União, o foro será sempre a capital do Estado em que tiver domicílio a outra parte, quando demandar e na capital do Estado, à escolha do autor, quando demandada.As pessoas jurídicas de direito privado tem como domicílio fiscal o lugar onde tem o centro principal dos seus negócios e interesses, admitindo-se, todavia, outros domicílios, quando a entidade tiver mais de um estabelecimento ou representações, sendo estas consideradas especiais em relação ao domicílio geral da entidade.

Constituição das Pessoas Jurídicas

As pessoas jurídicas de direito público iniciam-se em razão de fatos históricos, de criação constitucional, de lei especial e de tratados internacionais, se se tratar de pessoa jurídica de direito público externo; nas pessoas de direito privado, o fato que lhes dá origem é a vontade humana, sem necessidade de qualquer ato administrativo de concessão ou autorização, salvo os casos especiais do NCC, porém a sua personalidade jurídica permanece em estado potencial, adquirindo status jurídico, quando preencher as formalidades ou exigências legais; o processo genético apresenta-se em 2 fases: a do ato constitutivo, que deve ser escrito, e a do registro público.

Extinção da pessoa jurídica

Termina a pessoa de direito privado:a) Pelo decurso do prazo de sua duração;b) Pela dissolução deliberada unanimemente entre os

membros;c) Por determinação legal, quando se der qualquer uma

das causas extintivas;d) Por ato governamental;e) Pela dissolução judicial.

A extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo; qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade; porém se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos, cessando,

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de uma vez, quando se der ao acervo econômico o destino próprio; sua existência finda pela sua dissolução e liquidação.

Capacidade da pessoa jurídica

Decorre da personalidade que a ordem jurídica lhe reconhece por ocasião de seu registro; essa capacidade estende-se a todos os campos do direito; pode exercer todos os direitos subjetivos, não se limitando à esfera patrimonial; tem direito à identificação, sendo dotada de uma denominação, de um domicílio e de uma nacionalidade; a pessoa jurídica tem capacidade para exercer todos os direitos compatíveis com a natureza especial de sua personalidade.

Responsabilidade contratual

A pessoa jurídica de direito público e privado, no que se refere à realização de um negócio jurídico dentro do poder autorizado pela lei ou pelo estatuto, deliberado pelo órgão competente, é responsável, devendo cumprir o disposto no contrato, respondendo com seus bens pelo inadimplemento contratual; terá responsabilidade objetiva por fato e por vício do produto e do serviço.

Responsabilidade extracontratual

As pessoas de direito privado devem reparar o dano causado pelo seu representante que procedeu contra o direito; respondem pelos atos ilícitos praticados pelos seus representantes, desde que haja presunção juris tantum de culpa in eligendo ou in vigilando, que provoca a reversão do ônus da prova, fazendo com que a pessoa jurídica tenha de comprovar que não teve culpa nenhuma; as pessoas de direito público são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano; bem como as de direito privado que prestem serviços públicos.

Grupos despersonalizados

Constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação; dentre eles podemos citar a família, as sociedades irregulares, a massa falida, as heranças jacente e vacante, o espólio e o condomínio.

Despersonalização da pessoa jurídica

O órgão judicante está autorizado a desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade, se houver, de sua parte: abuso de direito, desvio ou excesso de poder, confusão patrimonial; infração legal ou estatutária; falência, insolvência, encerramento ou inatividade, em razão de sua má administração; (Art. 50 NCC e Art. 28 da Lei 8.078/90).

Dos bens

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Conceito de Coisas e Bens

A palavra “coisas” abrange “bens”. A coisa tem um sentido amplo: é tudo quanto existe na natureza. “Bem” é a “Coisa” capaz de ter um valor econômico para o Homem, são as “coisas” capazes de fazerem parte do seu patrimônio.

Quanto a Natureza (classificação histórica e doutrinaria, pois o Código Civil não menciona)

Corpóreos - Aqueles que têm existência física, que podem ser tocados ou sentidos (como os gases), são os bens materiais.Incorpóreos ou imateriais - Aqueles que não têm existência física, as invenções, as criações intelectuais e os próprios direitos sobre as coisas; é uma ficção legal para dar proteção aos bens incorpóreos ou imateriais “erga omnes”, como têm as coisas materiais.

Bens Considerados em si mesmosImóveis e moveis (Arts. 79 a 84 nCC)

Bens imóveis por natureza – São aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro que, por sua natureza, se encontram imobilizados, como o solo e suas adjacências naturais. Bens imóveis por Acessão Física – Acessão é justaposição, aumento ou acréscimo ou aderência de uma coisa a outra. São aqueles que o homem incorpora permanentemente ao solo, como as sementes e construções, de modo que não possam ser retirados sem destruição ou modificação em sua estrutura.Bens imóveis por Acessão Intelectual – São aqueles que são mantidos intencionalmente no imóvel para a sua exploração, aformoseamento ou comodidade. Somente são considerados imóveis enquanto ligados ao imóvel. Alguns doutrinadores entendem que esta categoria foi contemplada pelo novo Código Civil sob o título de “pertença”.Bens imóveis por determinação legal - direitos ou bens incorpóreos, aos quais se estendem às normas relativas aos imóveis ou a legislação imobiliária. (art. 80 nCC)Bens móveis por sua natureza – São aqueles suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem que tal movimento ou remoção altere sua substancia essencial ou sua destinação econômico-social.Bens móveis por antecipação – São aqueles mobilizados pela vontade humana, em função da atividade econômica, ou seja, são bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis, como as arvores destinadas ao corte, as safras não colhidas.Bens móveis por determinação legal - são direitos ou bens incorpóreos, aos quais se aplicam às normas relativas a móveis, como as energias que tenham valor econômico, os direitos reais sobre móveis e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (Art. 83 nCC)

Fungíveis e infungíveis

Bens fungíveis - são aqueles bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma qualidade, quantidade e

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(Art. 85 nCC) espécie.Bens infungíveis - são aqueles bens móveis que se identificam pela sua individualidade, não podem ser substituídos por outros, ainda que absolutamente idênticos. A infungibilidade pode ser física, ou seja, bens raros, que possuem características especificas que os diferenciam dos demais (Obra de arte, livro raro, documento histórico) e Jurídica, isto é, bens que embora tenham características físicas de bens fungíveis, são tratados nos atos jurídicos como bens infungíveis (bem locado).

Consumíveis e não-consumíveis (Art. 86 nCC)

Bens consumíveis e não-consumíveis - consumíveis são os bens móveis que desaparecem com o uso normal e os que são destinados a serem vendidos; os não consumíveis são os que não desaparecem com o uso, embora possam sofrer desgastes.

Bens divisíveis e Bens indivisíveis (Art. 87 e 88 nCC)

Bens divisíveis – São aqueles que podem ser fracionados em partes homogêneas e distintas, sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.Indivisíveis são os bens que se não podem partir sem que seja alterado sua substância ou seu valor econômico. A indivisibilidade pode ser:I - por natureza- os de divisão impossível (Automóvel, um cavalo vivo),II - por convenção - qualquer coisa, que num ato pessoal de alguém, se estabelece que não poderá ser dividido, embora possa ser por sua natureza. III - por força de lei - aqueles que a lei diz que são indivisíveis.(as servidões prediais – Art 1.386 nCC, os módulos de propriedade rural – Lei 4.504/64).

Bens singulares e coletivos (Art. 89 a 91 nCC)

Coisas singulares - são as que têm individualidade própria. São as consideradas em si mesma e de maneira independente, embora possam estar reunidas com outras semelhantes (um baú, um livro, etc.).Coisas coletivas - são aquelas que se consideram em conjunto com outras semelhantes, coisas que pela reunião com outras da mesma espécie dão ao conjunto uma individualidade, pertencentes a uma só pessoa, tiver destinação unitária (um rebanho, o gado, uma biblioteca, etc) ou universalidades de direito (Herança).

Bens reciprocamente considerados – Art. 92 a 97 nCC – Art. 233, 287 e 1209 nCC

Principal É o bem que existe por si mesmo, abstrata ou concretamente, não depende de nenhum outro para existir

Acessório É o bem cuja existência supõe a do principal (Art. 92 nCC)Espécies de bens acessórios:I - Fruto é aquilo que a coisa produz periodicamente e que pode ser dela separado sem alterar a substancia da coisa principal. A denominação de frutos cabe, principalmente, aos frutos naturais, aqueles que a coisa produz em virtude de sua

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própria força orgânica (crias de animais, frutos de árvores, etc.), mas a palavra “frutos” também é geralmente usada para consignar “produtos” (frutos industriais) e “rendimentos” (frutos civis).Quanto ao seu estado, podem ser classificados como:

a) Frutos pendentes - quando ainda ligados à coisa que os produziu, os não colhidos, os não retirados da coisa principal.

b) Frutos percebidos - quando já separados da coisa que os produziu, os já colhidos, os já retirados da coisa principal;

c) Estantes - os armazenados para expedição ou venda;d) Percipiendos - os que deveriam, mas não foram

colhidos;e) Consumidos – os que não mais existem, porque já

forma utilizados.II - Produto (o mesmo que fruto industrial) é aquilo que a coisa principal produz em virtude do engenho humano (produtos de uma fábrica) e também é aquilo que se extrai da coisa principal e que, em conseqüência dessa extração, a coisa principal perde substancia, podendo até se esgotar: (minas, etc.).No Código de Defesa do Consumidor: “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (Art. 3º, § 1º da Lei 8.078/90)III - Rendimento (o mesmo do que fruto civil): são prestações que se percebem periodicamente em dinheiro, tendo em vista o uso da coisa principal por outra pessoa (aluguéis, juros, etc.).

Benfeitorias(Art. 96 nCC)

Benfeitorias: tudo aquilo que se acrescenta (obras ou despesas) a uma coisa móvel ou imóvel para melhorá-la, conservá-la, aformoseá-las, modificar ou ampliar sua utilização. Em princípio, as benfeitorias são consideradas bens acessórios. São três as espécies de benfeitorias:I - Benfeitorias voluptuárias – as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor;II - Benfeitorias úteis – as que aumentam ou facilitam o uso do bem;III - Benfeitorias necessárias – as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.Benfeitorias não se confundem com acessões industriais ou artificiais, previstas nos arts. 1253 a 1.259 do nCC. Benfeitorias são obras ou despesas feitas em um bem já existente, já as acessões industriais são obras que criam coisas novas, como a edificação de uma casa, sem modo de aquisição da propriedade imóvel.

Pertenças - Art. 93 e 94 nCC

São os bens que não constituindo partes integrantes de outros bens (como o são os frutos, produtos e benfeitorias), estão afetados de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao

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embelezamento de outro (trator destinado à exploração de uma propriedade agrícola). O art. 94 nCC distingue parte integrante (fruto, produto e benfeitoria) de pertença ao proclamar que os negócios jurídicos que dizem respeito ao principal não abrangem as pertenças

Bens considerados em relação ao titular do domínio

Bens públicos – Art. 99 nCC

São os de domínio nacional pertencente às pessoas jurídicas de direito público interno.Espécies:I - Bens Públicos de uso comum - Embora pertencentes a pessoa jurídica de direito público interno podem ser utilizados sem qualquer restrição, gratuita ou onerosamente por todos, sem qualquer permissão especial. Não perdem esse caráter, ainda que seja condicionado o seu uso a certos requisitos ou ao pagamento de uma contraprestação (pedágio, ingresso em museus etc.)II - Bens Públicos de uso especial - são os utilizados pelo próprio poder público, são os que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos, são os edifícios onde estão instalados os serviços públicos, inclusive o das autarquias, e os órgãos da administração.III - Bens Públicos dominicais - compõem o patrimônio da União, dos Estados, DF e Municípios, como objeto de direito pessoal ou real dessas pessoas de Direito Público Interno. São os bens sobre os quais as pessoas jurídicas de direito público tem propriedade como se fosse um bem particular.São do domínio privado do EstadoCaracteres:Inalienabilidade (em princípio) - enquanto guardem afetação pública (art. 100 e 101 nCC)Imprescritibilidade - Não são passíveis de Usucapião (art. 191 CF e art. 102 nCC)Impenhorabilidade - Não podem ser dados em garantia.

Bens particulares – Art. 98 nCC

Os que tiverem como titular de seu domínio pessoa natural, pessoa jurídica de direito privado ou pessoas jurídicas de direito publico externo.

Bens fora do Comércio – este capítulo não foi reproduzida no novo Código por despiciendo

Bens Alienáveis (no Comércio)

São os que podem ser transferidos ou apropriados, passando gratuita ou onerosamente, de um patrimônio a outro, quer por sua natureza, quer por disposição legal.

Bens Inalienáveis (fora do Comércio)

São os que não podem ser transferidos de um acervo patrimonial a outro, ou insuscetíveis de apropriação.Espécies:Por natureza Coisas de uso inexauríveis e direitos da personalidadePor previsão legal Bens públicos; bens de fundação; bens de menores; bem de família voluntário; Tecidos, órgãos e partes do corpo humano.

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Por vontade humana Em razão de cláusula de Inalienabilidade em doação ou testamento (Art. 1.848 e 1.911 nCC).

Bem de Família Conceito É todo bem imóvel que por força de lei ou da própria

vontade do dono, se torna impenhorável e/ou inalienável, ficando reservado para a residência da família.

Bem de Família voluntárioArt. 1.711 a 1722 nCC

Instituto pelo qual os cônjuges ou companheiros destinam um prédio para domicílio ou residência de sua família gravando-o de Impenhorabilidade e Inalienabilidade. Essa isenção de qualquer execução (exceto dividas do próprio imóvel) por dividas durará enquanto viverem os cônjuges/conviventes e até que os filhos completem a maioridadeInstituição Manifestação expressa em escritura pública, não podendo ser superior a 1/3 do patrimônio.Características:I - Inalienabilidade (acidental = pode ser removida havendo anuência dos interessados e representantes).II - Impenhorabilidade (não é absoluta, não subsistindo no caso de impostos relativos ao prédio, ou se foi instituído em fraude ou prejuízo de débito anterior).

Bem de Família LegalLei 8.009/90

Instituto pela qual o legislador estabelece a Impenhorabilidade de todas as moradias familiares próprias. Instituição Pela Lei independente de manifestação de qualquer membro da entidade familiar.Característica: Impenhorabilidade. Exceção Expressa no art. 3º da Lei 8.009/90. Destinatário entidade familiar (casamento, União estável, pessoa viúva, separada, divorciada, solteira e sociedade de fato entre pessoas do mesmo sexo). Objeto um único imóvel, quitado, para moradia. Havendo mais de um imóvel utilizado como residência, a Impenhorabilidade recai sobre o de menor valor.

Fato Jurídico, Ato Jurídico e Negócio JurídicoFato Jurídico (“Lato Sensu”)

São eventos, provindos da atividade humana ou decorrente de fatos naturais, capazes de ter influência na órbita do direito, por criarem, ou transferirem, ou conservarem, ou modificarem, ou extinguirem relações jurídicas.

Fato Jurídico Natural (Fato Jurídico “Stricto Sensu”)

Acontecimento que ocorre por exclusiva ação da natureza, portanto sem a intervenção da vontade humana, da ação humana, mas que produz efeitos jurídicos, relações de que o direito positivo cogita. (Ex. morte, nascimento, aluvião, avulsão).Os fatos jurídicos naturais são considerados:I - Ordinários: os que têm o caráter de normalidade como o nascimento, maioridade, morte, decurso de tempo etc.II - Extraordinários: os que têm caráter de anormalidade como as chuvas, catástrofes, inundações etc.

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Naturais extraordinários podem ser previsíveis, mas não podem ser evitados, não se podem evitar que aconteçam, são por isso chamados de “força maior” (acts of god). “casos fortuitos” De um modo geral os efeitos desses fatos são imprevisíveis.

Fato Jurídico Voluntário (Ato Jurídico “Lato Sensu”)

Acontecimento ocorrido em conseqüências de uma ação humana quer o agente busque os seus efeitos, quer o agente não os tenha pretendido produzir.Os fatos jurídicos voluntários são considerados:I - Fatos lícitos (Ato Jurídico “Stricto Sensu” e Negócio Jurídico): os que são produzidos de acordo com a lei em virtude de ações que não são proibidas por lei.II - Fatos ilícitos (Atos Ilícitos): os que são produzidos com a violação da lei - Fato Humano Involuntário.

Fato Jurídico em sentido estrito são espécie do gênero Fatos Jurídicos.Na categoria dos fatos jurídicos voluntários estão os atos jurídicos (“Lato Sensu”): as declarações de vontade produzidas com a intenção de alcançar um determinado efeito jurídico (lícito). Abrange as ações humanas, tanto aquelas que são meramente obedientes a ordem constituída independente de serem ou não queridas, como aquelas outras declarações de vontades, polarizada no sentido de uma finalidade.

Ato Jurídico (“Stricto Sensu”) - se objetivar a mera realização da vontade do agente. Ocorre manifestação volitiva, mas os efeitos jurídicos são gerados independente de serem perseguidos pelo agente. São manifestações de vontade obedientes à lei, porém geradoras de efeitos que nascem da própria lei.

Negócio Jurídico - é a declaração de vontade, em que o agente persegue o efeito jurídico. São declarações de vontade destinadas a produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente. Segundo Miguel Reale negócio Jurídico é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento jurídico. Para sua validade o Negócio jurídico, de acordo com o art. 104 do nCC, exige Agente capaz; objeto licito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei

Diferença entre ato jurídico e negócio jurídicoO ato jurídico é o fato decorrente da ação humana, voluntária e licita, praticada com a intenção de obter um resultado jurídico (reconhecimento de um filho), ao passo que o negócio jurídico é a declaração privada da vontade que visa a produzir determinado efeito jurídico.

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O ato ilícito não é um ato jurídico, ainda que o ato ilícito seja praticado visando alcançar um fim, ele não é um ato jurídico, uma vez que não é protegido por lei, não cria direitos para quem o pratica. Nos termos do Código, pratica ato ilícito quem Age com dolo (quando há intenção, por ação ou omissão, de prejudicar o terceiro), Age com culpa (quando não há intenção de prejudicar a terceiro, o ato produz prejuízo em virtude de negligência ou imprudência), Causa prejuízo a terceiro.

ELEMENTOS DOS NEGÓCIOS OU ATOS JURÍDICOSEssenciais Integram a própria substância dos atos – Agente capaz; objeto

licito, possível, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei (na compra e venda, as partes, a coisa, o preço e o assentimento e for imóvel a escritura).

Naturais são conseqüências do próprio ato, sem necessidade de menção especial (vícios redibitórios e evicção).

Acidentais

colocados facultativamente para modificar os efeitos dos atos (prazo para entrega da coisa).

Classificação dos Negócios jurídicos

Unilaterais O que se forma pela declaração de uma só pessoa ou de mais de uma pessoa, mas num só sentido.subdividem-se em Receptícios (aqueles que a declaração de vontade tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos – revogação de mandato) e Não receptícios (aqueles em que o conhecimento por parte de outras pessoas é irrelevante – testamento)

Bilaterais O que se forma pela declaração de vontade de duas pessoas, em sentido contrário. Subdividem-se em bilaterais simples e sinalágmaticos

Plurilaterais Os que envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade.

Onerosos Aqueles em que ambas as partes retiram proveito ou em que há uma prestação e uma contraprestação.

Gratuitos Aqueles em que só uma das partes tem acréscimo patrimonial (não há contraprestação)

Bifrontes São aqueles que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes (mutuo, mandato, depósito)

Principal São aqueles que têm existência própria e não dependem, pois, da existência de qualquer outro (compra e venda, locação)

Acessório São os que têm sua existência subordinada à do principal (cláusula penal, fiança, penhor, hipoteca)

Intervivos Quando os efeitos ocorrem entre pessoas vivas (compra e venda, locação, casamento etc)

Causa-mortis Quando os efeitos só se produzem após a morte de uma das partes. (testamento, codicilo, doação estipulada em pacto antenupcial para depois da morte do testador)

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Solenes ou Formais

Quando a lei prevê uma solenidade específica ou uma forma determinada

Não-Solenes (de forma livre)

Quando independe de solenidade ou de forma prevista em lei

Simples Aqueles que se constituem por ato único.complexos Aqueles que resultam da fusão de vários atos sem eficácia

independente (venda de imóvel em prestações, que se inicia com uma promessa e se completa com a outorga da escritura definitiva).

coligados Aqueles em que multiplicidade de negócios, conservando cada qual características próprias (arrendamento de estabelecimento comercial com locação do imóvel).

dispositivos Aqueles utilizados pelo titular para alienar, modificar ou extinguir direitos

obrigacionais

Os que por meio de manifestações de vontade, geram obrigações oara uma ou para ambas as partes.

Comutativos Quando a prestação e a contraprestação são equivalentes, a prestação tem uma contraprestação correspondente em valor.

Aleatórios A prestação e a contraprestação não são equivalentes, a contraprestação é um valor fixado em função de um acontecimento futuro e incerto.

Fiduciário É aquele em que algum, o fiduciante, transmite um direito para outrem, o fiduciário, que se obriga a devolver esse direito ao patrimônio do transferente ou a destiná-lo a outro fim

Simulado É o que tem aparência contrária a realidade. Pelo novo Código não se trata de um defeito do negócio jurídico, mas causa de invalidade (negócio jurídico nulo – art. 167 nCC)

Interpretação do Negócio Jurídico

É o processo através do qual se procura determinar os efeitos dos preceitos ou regras jurídicas estabelecidas pelas partes em determinado negócio jurídico. A doutrina e o Código civil estabelecem regras acerda da interpretação dos negócios jurídicos.

O código estabelece uma regra básica de interpretação da declaração da vontade - Art. 112 nCC. A doutrina e a jurisprudência têm fixado diversas regras básicas para a interpretação das declarações de vontade: a) Quando a cláusula contratual tiver mais de um sentido, deve prevalecer aquele que atende à natureza do contrato.b) Aquilo que é ambíguo, interpreta-se conforme o uso local.c) Uma cláusula deve ser interpretada de acordo com as demais cláusulas do contrato que lhe dão coerência.d) A cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exeqüível. Ou prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga.e) Nas declarações de vontade, dá-se a prevalência à intenção (vontade) sobre a declaração (sentido gramatical do texto) o que importa é a verdade real e não a declarada.

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A interpretação pode ser objetiva (esta deve averiguar através de critérios objetivos, independentemente do que os declarantes quiseram, o sentido das declarações) ou subjetiva (deve averiguar ou buscar a vontade ou intenção dos contratantes)

VÁRIOS PRINCÍPIOS REGEM A INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS:

Da boa fé – Art. 113 nCC

Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração; pode ser encarada tanto no sentido subjetivo como objetivo.

Da conservação do negócio jurídico

Ao interpretar uma clausula contratual deve-se procurar a interpretação que leve a sua validade

Da conduta posterior das partes

Ao interpretar o Negócio jurídico deve-se recorrer ao comportamento das partes posteriormente à celebração do negócio

Do favor debitoris

Nos casos duvidosos que não se possam resolver segundo os meios de interpretação, deve-se ter por regra geral, que as clausulas ambíguas sejam interpretadas sempre em favor do devedor, ou seja, no sentido de sua liberação.

Modalidades do Negócio Jurídico – Elementos acidentais do Negócio Jurídico

O Negócio jurídico é considerado:Puro A declaração de vontade produz imediatamente seu efeito,

não sofre nenhuma limitação no momento de sua manifestação;

Sob modalidade

A declaração de vontade só produz efeito se ou quando ocorrer um determinado acontecimento, quando for praticado um determinado ato. A modalidade é, portanto, uma restrição ao pleno efeito da declaração de vontade. Há certos Negócios jurídicos que não podem ficar sujeitos a limitações dos seus efeitos: casamento, reconhecimento de filhos, adoção etc.

O código refere-se a três modalidades dos Negócios Jurídicos:Condição

Condição - É um evento qualquer, que poderá ou não ocorrer (futuro e incerto). Ex. Deixo minha casa a João desde que se case, a casa é sua desde que pague a prestação (evento futuro e incerto)Características - é uma cláusula que consta do negócio jurídico, por vontade exclusiva das partes;

a) Quando a cláusula não deriva exclusivamente da vontade das partes não é condição, é determinação legal.Estabelecer numa promessa de compra e venda de imóvel, que a escritura definitiva se faça por instrumento público para que o Negócio jurídico se complete, não é uma condição. O instrumento público é exigência legal nos contratos de compra e venda de imóvel.

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A condição é inseparável do Negócio jurídico. Quando se estabelece uma condição, é necessário que ela se realize para que o ato jurídico produza efeito. Ex. Se João não se casou, e o casamento era condição, não pode exigir que cumpra o legado.

c) Sendo a condição um evento obrigatoriamente futuro (a acontecer), se já tiver ocorrido antes do ato jurídico, a condição não tem existência.

d) Sendo a condição um evento incerto, não se sabe será que vai acontecer, nem quando vai acontecer. Sabendo-se que o evento é certo, que irá acontecer (como a morte), embora seja um evento futuro, não é condição - é Termo.

Podem-se estabelecer quaisquer condições, desde que:1) Não contrariem a lei;2) Não tornem o ato jurídico ineficaz (dôo-lhe uma casa se você nunca morrer);3) Fiquem sujeitos à vontade arbitrária de uma só das partes (condição potestativa);4) Sejam física ou juridicamente impossíveis: (se você chegar ao sol, se você suicidar).

Quanto à vontade arbitrária de uma das partes, a doutrina estabelece dois tipos de condição:

I - Puramente potestativa Aquela em que a condição fica ao exclusivo arbítrio de uma das partes (invalida a condição). Ex. “Prometo vender a minha casa a você, mas só vendo quando quiser e se quiser”; “Se não quiser não pago a prestação”.

II - Simplesmente Potestativa A condição depende da vontade de um das partes, mas não é arbitrária, pois depende ou está subordinada a algum acontecimento fora desse arbítrio (não invalida a condição). Ex. se eu vender a minha casa, dôo a você o preço da venda. Aquele que se obriga a doar, ainda que o arbítrio de vender ou não seja dele, a condição depende de um evento futuro incerto (vender ou não), se vender, cumpre a obrigação de doar.

O código prevê as seguintes espécies de condição:a) Condição Suspensiva - verifica-se quando as partes

condicionam a eficácia do ato à ocorrência de algum fato possível. Somente com a ocorrência desse fato o ato é considerado perfeito e acabado, e o beneficiário adquire o direito correspondente. Ex. dôo minha casa no dia em que você completar o curso de direito. Enquanto o donatário não completar o curso de direito, não há doação, só no dia que completá-lo poderá exigi-la.

Antes de realizada a condição, o credor não pode exigir o cumprimento da obrigação. Não se realizando a condição, não há

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obrigação do devedor.

Havendo condição suspensiva, o principio é o de que o beneficiário do ato somente adquire o direito após a ocorrência do fato futuro estabelecido como condição. Mas o código permite ao beneficiário exercer os atos destinados à conservação do direito que lhe foi dado sob a condição, como se fosse o titular desse direito. Ex. se dôo um sítio sob condição (a vir ocorrer) o donatário, embora ainda não seja o proprietário, pode praticar atos que evitem a sua deterioração, que evitem a sua perda, defendendo o sítio contra os que o invadem.

Não pode, porém, o beneficiário ir além do direito “de exercer atos destinados a conservá-lo”. Não pode impedir que o próprio titular do direito pratique esses atos de conservação ou de defesa, nem impedir o titular de exercer o direito de usar ou de usufruir a coisa enquanto não ocorrer a condição (pode e explorá-la e perceber os seus frutos).

Não pode o titular do direito dispor da coisa alienada (doada, vendida) sob condição suspensiva, de forma a tornar inócua essa condição. Assim, se o titular do direito sobre a coisa o transferir para outro, este ato de disposição será nulo, uma vez que se choque com o ato anterior sob condição suspensiva. Em conseqüência, o que tem a expectativa condicional do direito pode reivindicar a coisa no momento em que a condição se realizar. O seu direito de titular, pelo implemento de condição, RETROAGE à data do ato que o beneficiou.

b) Condição Resolutiva - ao contrário da condição suspensiva, o ato sob condição resolutiva vigora desde o momento da sua assinatura, em favor do beneficiário, que poderá exercer o seu direito amplamente por já ser o titular. O que o contrato estabelece é uma condição (um fato futuro e incerto) que ocorrendo, resolverá ou rescindirá o contrato. Assim, verificada a condição resolutiva, ela extingue o direito já adquirido, volta ao estado anterior, como se nunca houvesse existido.

A condição resolutiva, porém, não precisa ser necessariamente expressa, ela também pode ser tácita. É expressa quando o contrato diz que a ocorrência de tal fato importará na sua resolução ou rescisão. É tácita quando se considera implícito, em virtude da natureza do contrato, que a falta de cumprimento da condição o resolve ou rescinde, apesar disto não estar expressamente declarado.

No primeiro caso, ele opera de pleno direito, e o contrato está rescindido, não havendo modo de suprir a falta posteriormente.

No segundo, a rescisão só ocorre se houver interpelação.

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Regra aplicável às duas espécies de condição (suspensiva e resolutiva):

a) A lei considera verificada a condição suspensiva quando ela for obstada por malícia de quem dela se beneficiaria se não ocorresse. (Ex. O doador impede que o donatário realize a condição que o tornará titular do direto).

b) A lei considera não verificada a condição resolutiva quando aquele que sofreria as conseqüências de não cumpri-la foi obstado por malícia de quem se beneficiaria desse fato.São sujeitos a condição os Negócios jurídicos que dependam de alcançar a maioridade. Temos no caso um ato “INCERTUS AN" (quanto a existência) e “CERTUS QUANDO”O fato também pode ser “INCERTUS AN” e “INCERTUS QUANDO” (Ex. quando Pedro se formar, quando Pedro se casar).

Termo O TERMO é uma data ou um momento e pode ser:Inicial - Quando fixa a data ou o memento a partir do qual o direito passa a ser exercido. Em geral, o termo inicial é imediato, simultâneo à aquisição do direito. Mas o termo inicial pode ter uma data que não corresponda à aquisição do direito (Ex. dou uma casa em locação hoje, mas o locatário somente poderá ocupá-la após um mês, somente a partir desta data ele exercerá o seu direito de locatário). Mas o direito já existe, ainda que não exercido, no caso da locação, o locatário tem o direito de receber a casa no fim do mês.Final - Quando fixa a data ou o momento em que o direito cessa. Diz-se que o termo final é certo quando tem uma data (Ex. o contrato de locação terminará no dia X). Diz-se que é incerto, quando ocorrerá, certamente, mas em data que não se pode precisar, ou que é incerto, como no caso da morte (Você ocupara a casa enquanto for vivo - usufruto vitalício).Se não há prazo estipulado, a obrigação pode ser exigida imediatamente, mas não pode ser exigida se depende, naturalmente, de tempo ou de outro motivo qualquer que impeça o seu cumprimento imediato.

Os eventos futuros sujeitam o Negócio jurídico ao TERMO podendo o evento ser “CERTUS AN” e “CERTUS QUANDO” ( hipótese de fixar-se determinada data para a realização do ato - vender-lhe-ei a casa em 1º de maio de 2005) e “CERTUS AN” e “CERTUS QUANDO” (quando Pedro falecer esta casa passará ser dos seus sobrinhos).

Encargo ou modo

O ENCARGO (ou MODO ou MODUS) é um ônus ou obrigação que se impõe a uma pessoa, num ato em que se lhe transfere um direito. Esse encargo não constitui uma contra-prestação, pois se assim fosse seria uma obrigação contratual bilateral.O encargo é próprio dos atos de liberalidade (atos unilaterais: doação, herança, legado) em que se exige do beneficiário o cumprimento de certa determinação, mas que não se poderá obrigá-lo a aceitá-la (Ex. dôo um terreno, devendo o donatário nela construir uma escola - deixo parte de minha herança a

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fulano, com o encargo de cuidar dos meus cachorros).O encargo poderá ou não ser uma condição suspensiva. Se o beneficiário não adquirir o direito ou não puder exercê-la sem o cumprimento do encargo, ele é uma condição suspensiva, o ato não se consubstancia ou fica na dependência do cumprimento do encargo para se consubstanciar. Neste caso, a pessoa beneficiada tem que cumprir o encargo, no prazo estipulado (na doação ou no testamento) ou, se não houver prazo, no que o juiz estabelecer, sob pena de ser revogada a liberalidade.Se o encargo for considerado ilícito ou impossível, o ato de liberalidade poderá ser considerado nulo (quando o encargo for à causa determinante).

Defeitos dos Negócios jurídicos

São defeitos dos negócios jurídicos, o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores.Erro Conceito: é uma noção inexata, não verdadeira, sobre alguma

coisa, objeto ou pessoa, que influencia a formação da vontade; o erro para viciar a vontade e tornar anulável o negócio deve ser substancial, escusável e real, no sentido de que há de ter por fundamento uma razão plausível, ou ser de tal monta que qualquer pessoa inteligente e de atenção ordinária seja capaz de cometê-lo. O erro decorre de uma falsa representação quanto à natureza do ato, à identidade do objeto, à essência da coisa ou à qualidade da pessoa.Erro escusável: é aquele que é justificável, tendo-se em conta as circunstâncias do caso.Erro substancial: haverá, quando recair sobre a natureza do ato, quando atingir o objeto da principal declaração em sua identidade, quando incidir sobre as qualidades essenciais do objeto e quando recair sobre as qualidades essenciais da pessoa; erro substancial é erro de fato por recair sobre circunstâncias de fato, isto é, sobre qualidades essenciais da pessoa ou da coisa.Erro acidental: é concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa, ou do objeto, não induz anulação do negócio por não incidir sobre a declaração de vontade.Erro de direito: é aquele relativo à existência de uma norma jurídica, supondo-se, que ela esteja em vigor quando, na verdade, foi revogada; o agente emite uma declaração de vontade no pressuposto falso de que procede conforme a lei.Erro quanto ao fim colimado (falsa causa): em regra, não vicia o ato jurídico, a não ser quando nele figurar expressamente, integrando-o, como sua razão essencial ou determinante, caso em que o torna anulável;Ignorância: total ausência de conhecimento.

Dolo Conceito: é o emprego de um artifício ou expediente astucioso para induzir alguém a pratica de um ato que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. Pode ser:a) Dolus bonus ou malus: o bonus não induz anulabilidade; é um comportamento lícito e tolerado, consistente em reticências,

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exageros nas boas qualidades, dissimulações de defeitos; é o artifício que não tem a finalidade de prejudicar; o malus consiste no emprego de manobras ardilosas destinadas a prejudicar alguém; é desse dolo que trata o CC, erigindo-o em defeito do negócio jurídico, idôneo a provocar sua anulabilidade;b) Dolus causam ou principal e dolus incidens ou acidental: o principal é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando, então, a anulabilidade daquele negócio; o acidental é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não efetuando sua declaração de vontade, embora provoque desvios, não se constituindo vício de consentimento, por não influir diretamente na realização do ato, que se teria praticado independentemente do emprego de artifícios astuciosos; não acarreta a anulação do ato, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação acordada;c) dolo positivo ou negativo: positivo é o dolo por comissão em que a outra parte é levada a contratar, por força de artifícios positivos, ou seja, afirmações falsas sobre a qualidade da coisa; o negativo se constitui numa omissão dolosa ou reticente; dá-se quando uma das partes oculta alguma coisa que o co-contratante deveria saber e se sabedor não realizaria o negócio; para o dolo negativo deve haver intenção de induzir o outro contratante a praticar o negócio, silêncio sobre uma circunstância ignorada pela outra parte, relação de causalidade entre a omissão intencional e a declaração de vontade e ser a omissão de outro contratante e não de terceiro.

Coação Conceito: seria qualquer pressão física ou moral exercida sobre a pessoa, os bens ou a honra de um contratante para obrigá-lo ou induzi-lo a efetivar um negócio jurídico; para que se configure a coação moral é mister a ocorrência dos seguintes requisitos:

a) A coação deve ser a causa determinante do negócio jurídico;b) Deve incutir à vítima a um temor justificado;c) O temor deve dizer a respeito a um dano iminente;d) O dano deve ser considerável ou grave;e) O dano deve ser igual, pelo menos, ao receável do ato

extorquido (a ameaça deve referir-se a prejuízo que influencie a vontade do coacto a ponto de alterar suas determinações);

Excluem a coação:a) a ameaça do exercício normal de um direito ou o simples temor reverencial;b) a coação exercida por terceiro, ainda que dela não tenha ciência o contratante, vicia o negócio, causando sua anulabilidade; porém, se for previamente conhecida pela parte a quem aproveitar, esta responderá solidariamente com aquele por todas as perdas e danos.

Estado de Perigo Art. 156 nCC

É a situação na qual a vitima se encontra que a obriga a realizar negócio jurídico contendo prestação que lhe é onerosa, para se livrar de risco iminente à vida ou a saúde, inclusive de terceiro. Como o caso daquele que promete pagamento de recompensa a quem o livre ou salve de ladrões, de afogamento. No estado de perigo não

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há qualquer processo de intimidação, mas o dolo de aproveitamento de quem obtém benefícios indevidos a partir da situação.

Lesão Art. 157 nCC

É a obtenção de vantagem indevida, em virtude da situação de inexperiência ou premência da vitima, acarretando-lhe prejuízo patrimonial. Segundo Caio Mario é o prejuízo sofrido por uma pessoa diante da desproporção existente entre as prestações do negócio jurídico. Não se trata de um vicio do consentimento porque não decorre da desconformidade entre a vontade real e a declarada, como ocorre no erro, dolo e coação. O elemento objetivo é a desproporção e o subjetivo, o dolo de aproveitamento.

Fraude contra credores Art. 158 nCC

Conceito: é a prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam o seu patrimônio, com o escopo de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios; possui o elemento objetivo, que é todo ato prejudicial ao credor, e o subjetivo, que é a má fé, a intenção de prejudicar do devedor. É a alienação, a título gratuito ou oneroso, de bens do devedor com o intuito de furtar-se à execução por dívidas. Os atos de transmissão gratuita ou de remissão (perdão) de dívidas é anulável pelos credores, se estes já o eram (credores) ao tempo desses atos. São requisitos para anulação de negócio jurídico a título oneroso a insolvência e a má-fé do alienante.Ação Pauliana ou Revocatória é a promovida contra o devedor insolvente e terceiros adquirentes da coisa com fim de anular o negócio jurídico praticado

Simulação Art. 167 nCC

Conceito: é uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado; caracteriza-se pelo intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um negócio jurídico, que, de fato, não existe, ou então oculta, sob determinada aparência, o negócio realmente querido. A simulação pode ser:

a) Absoluta, quando da declaração enganosa da vontade exprime um negócio bilateral ou unilateral, não havendo intenção de realizar negócio algum; fingem uma relação jurídica que na realidade não existe; Relativa, quando resulta no intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada; dá-se quando uma pessoa, sob aparência de um negócio fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do primeiro; a simulação relativa pode ser subjetiva ou objetiva, inocente ou maliciosa.O novo código considera a Simulação causa de nulidade absoluta e não mais relativa como o de 1916.

Invalidade do Negócio JurídicoOs atos NULOS são aqueles que não produzem qualquer efeito

jurídico; ANULÁVEIS são os atos que produziram efeito jurídico enquanto não anulados e que produzirão efeitos depois de convalidados.

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A nulidade não prescreve. A qualquer tempo, pode-se pleitear seja decretada sentença de nulidade, tornando-o negócio jurídico nulo. Ao contrario, a anulabilidade só pode ser alegada quem tiver interesse legítimo na ação, dentro dos prazos previstos em lei.

A nulidade em sentido amplo classifica-se em nulidade absoluta ou simplesmente nulidade (maior grau de invalidade) e nulidade relativa ou anulabilidade (menor grau de invalidade)

São nulos os atos (art. 166 nCC):

1 - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;2 – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;3 – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;4 - que não revestirem a forma prescrita em lei;5 – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;6 – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;7 – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática sem cominar sanção.8 – o negócio jurídico simulado (Art. 167 nCC)

São anuláveis os atos (art. 171 CC):

1 – Praticados por. pessoa relativamente incapaz; (exceto o previsto no art. 180 nCC)2 - Praticados com erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Características da Nulidade Características da anulabilidade

Compromete a ordem pública por infringir norma cogente;

Não compromete a ordem pública porque infringe norma dispositiva

Não convalesce com o tempo, salvo o previsto no art. 1.550, IV e 1.560, II nCC

Pode tornar-se válido, o ato, pela convalescença ou ratificação;

Não é decretada e sim declarada judicialmente em ação própria (declaratória de nulidade), ou em qualquer outra ação, com efeito ex tunc (desde a celebração do negócio jurídico)

O negócio e desconstituído em ação de anulação de negócio jurídico (ação pauliana por exemplo) – Sentença desconstitutiva, com efeito ex nunc (a negócio produz efeito até ser invalidado)

É pronunciável de ofício (art. 168, p. único nCC); Pode ser alegada pelas partes, MP ou qualquer interessado (Art. 168 nCC);

Só as partes ou seus interessados podem intentar ação

Não pode ser suprida (art. 168, p. único) e não pode ser ratificada (Art. 172 a contrario sensu nCC);

Pode ser suprido e ratificado (Art. 172 nCC)

Não está sujeito a prazo Convalesce o negócio jurídico quando

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prescricional ou decadencial, não, não admitindo a convalidação pelo decurso do tempo.

se perde o prazo para intentar a ação de anulação ou a parte renuncia ao direito de anular o negócio. Subordina-se a prazo decadencial

Ao estabelecer as normas relativas aos fatos jurídicos, o Código destaca, a aquisição, a defesa, a perda e a extinção dos direitos.

Aquisição de direitos: é o momento em que o direito se constitui ou começa para o seu titular.

O Direito pode constituir-se de:

Modo originário

Quando se adquire o direito sem que seja pela transferência por outra pessoa, o direito surge a primeira vez na pessoa do titular. Antes não existia direito. Ex. caça e pesca ou outra apropriação de coisa natural: ninguém era proprietário antes. (ocupação - art. 1251 nCC). Na aquisição pelo modo originário, nasce um direito novo. Não há titular de direito anterior. Nada que tenha ocorrido relativamente à coisa antes da aquisição afeta o direito que se estabelece sobre ela.

Modo derivado

Quando se adquire o direito pela transferência por outra pessoa. Ex. compra de uma casa, etc. Na aquisição pelo modo derivado, o direito anterior é transferido. Há um titular anterior e o direito do novo titular encontra-se na dependência do direito que tinha aquele que lhe fez a transferência.

a) Ninguém pode transferir direito que não tem. Ex. não se pode vender uma casa de que não se é proprietário.b) Ninguém pode transferir mais direitos que tem. Ex. se o titular é usufrutuário ele só pode transferir o usufruto.c) Ninguém pode transferir melhor direito do que tem, ou seja, os vícios e os ônus que pesam sobre o direito do titular anterior transmitem-se ao novo titular. Ex. se havia um posseiro na propriedade, ou uma servidão ou hipoteca sobre a propriedade transferida, esses ônus se transferem ao novo titular do direito de propriedade.

Classificação dos modos derivados de aquisição de direitos

A titulo gratuito

Quando não há contraprestação patrimonial do adquirente (sucessão hereditária)

A título oneroso

Quando há uma contraprestação patrimonial do adquirente (compra e venda, locação, etc.)

A título universal

Quando envolve a transferência de todo um patrimônio, sem individualização das partes componentes (uma

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universalidade de direitos e as obrigações).A título singular

Quando a transferência é de uma ou mais partes do patrimônio devidamente individualizados, ou mesmo de uma universalidade de fato (somente se adquirem direitos)

Aquisição translativa

Quando há a transferência de todo o direito de uma pessoa a outra. Ex. Compra de uma coisa.

Aquisição constitutiva

Quando há transferência apenas de parte do direito, pois o adquirente já era titular de parte do direito. Ex. usufruto: o usufrutuário já era titular anterior do uso e gozo da coisa, ao se extinguir o usufruto, ele é constituído na propriedade plena da coisa, recebe também a sua propriedade que até então era de outro.

Na terminologia do Código Civil, o Direito é:Atual Quando se incorpora imediatamente ao patrimônio do

adquirente. (Ex. compro uma casa e pago à vista)Futuro Quando essa incorporação não se realiza imediatamente,

dependendo de algum fato que só ocorrerá depois da realização do negócio. (Ex. compro uma casa a prestação: a aquisição do direito de propriedade só se dará quando for pago a última prestação).

Diferido Um direito futuro cuja aquisição só depende de um ato a ser praticado pelo próprio adquirente. (Ex. pagar)

Não-diferido

Um direito futuro que depende de uma ocorrência que poderá ou não acontecer (Ex. ter filho)

Deve-se distinguir o direito diferido ou não-diferido, que já é um direito, apenas que futuro, dependente de um evento ou de uma condição da expectativa de direito, que ainda não é um direito à aquisição.

Perda e extinção do direito

Perde o direito

O titular que transfere a outro o seu direito (aquisição derivada: alienação, desapropriação);

Extingue-se o direito

Quando este desaparece ou perece. O titular do direito deixa de poder exercê-lo, não se cogitando de transferência para quem quer que seja.

O direito se extingue

Por perecimento do objeto

Quando o objeto perde as qualidades essenciais ou o valor econômico; quando se confunde com outro, de modo que não se possa distinguir; quando fica em lugar que não pode ser retirado.

Pela renúncia do titular

Alguém abre mão do seu direito, sem transferi-lo para outro. Pode ser uma declaração de se desfazer do direito. Pode ser uma declaração de não aceitar o direito que lhe é atribuído. A declaração há de ser obrigatoriamente expressa.

Pelo abandono Alguém abre mão de uma coisa sem declaração expressa, mas praticando um ato em que está explicito que não quer mais exercer o seu direito

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sobre ela.Pelo falecimento do titular

Quando o direito é personalíssimo (exercício de um cargo público)

Por prescrição e Decadência

Pelo decurso do prazo legal, pela inércia do titular do direito em exercê-lo.

Pelo fato de não se realizar a condição ou de ocorrer o termo

Dos quais o negócio dependia para que se adquirisse o direito.

Forma e prova dos Negócios jurúidicos

A FORMA TEM POR FINALIDADE FACILITAR A PROVA DO ATO OU DO NEGÓCIO JURÍDICO E TRANSMITIR MAIOR SEGURANÇA À SOCIEDADE, MEDIANTE A PUBLICIDADE. A FORMA SE PRESTA PARA GARANTIR A LIVRE MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DAS PARTES E A SUA AUTENTICIDADE. A FORMA PODE SER:

Livre ou geral É aquela que a norma jurídica expressa ou implicitamente estabelece, ao consignar direta ou indiretamente a liberdade para a sua eleição.

Especial ou solene

É aquela prevista em lei e que deve ser observada pelos interessados na constituição, modificação ou extinção de um ato ou negócio jurídico sob pena de nulidade. Pode ser única, plural ou genérica.

Finalidade da forma: A forma especial, quando exigida pelo legislador tem por fim

a) Garantir a autenticidade do ato;b) Assegurar a livre manifestação de vontade das partes;c) Chamar a atenção das partes para a seriedade do ato que estão

praticando;d) Facilitar a prova do ato ou negócio jurídico.

Forma “ad solemnitatem” e “ad probationem”ad solemnitatem

Quando elementar para a existência do negócio jurídico, ou seja, sem elas o negócio é nulo

ad probationem

Quando o ato, embora ganhe vida sem utilize-las, não pode ser provado.

Prova

Conceito É o conjunto dos meios empregados para demonstrar legalmente a existência de um negócio jurídico

Classificação a) Prova plena e semiplena;b) Prova artificial (obliqua) e prova não artificial (direta);c) Prova de fato permanente e prova de fato transitório;d) Prova literal, prova vocal e prova muda;e) Prova causal e prova pré constituída;f) Prova pessoal e prova real;g) Prova testemunhal, documental e material.

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Meios de prova

a) confissãob) documentos públicos ou particulares;c) testemunhasd) perícia, vistoria e o arbitramento

Ônus da prova

a) o autor deverá provar o fato constitutivo de seu direito, inclusive quando o rei se limita a proceder à negativa geral das suas alegações;

b) o réu deverá provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor;

c) os fatos notórios não precisam ser demonstrados;d) prova-se o fato e não o direito;e) a menoridade deve ser comprovada por quem a

invoca;

Ato IlicitoConceito É aquele praticado com infração ao dever legal de não

lesar a outrem, dever este que é imposto a todos no art. 186 nCC. O ato ilícito é sempre uma conduta voluntária e consciente do ser humano que transgride um dever jurídico

Responsabilidade extracontratual e contratual

Tanto na responsabilidade extracontratual como na contratual há a violação de um dever jurídico preexistente. A distinção esta na sede deste dever. Haverá responsabilidade contratual quando o dever jurídico violado estiver previsto no contrato. Haverá responsabilidade extracontratual ou aquiliana se o dever jurídico violado estiver na lei ou na ordem jurídica.

Responsabilidade subjetiva e objetiva

Subjetiva – é aquela que pressupõe a culpa como fundamento da responsabilidade – Teoria da culpa ou subjetiva.Objetiva – é aquela que independe de culpa (art. 927, p. único nCC), não se presume, possui previsão legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Pressupostos da responsabilidade extracontratual

a) Ação ou omissãob) Culpa (negligencia, imprudência e imperícia) ou

dolo do agentec) Nexo causald) Dano matéria(lucros cessantes e danos

emergentes) e/ou moralAtos lesivos não considerados ilicitos

a) Legitima defesa (Art. 188, I nCC);b) Exercício regular e o abuso de direito (ocorre

quando o agente atuando dentro dos limites da lei, deixa de considerar a finalidade social de seu direito subjetivo e o exorbita, ao exercê-lo, causando dano a outrem – art. 187 nCC);

c) Estado de necessidade (arts. 188, II c/c 929 e 930

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nCC)

Prescrição e decadência

Prescrição O tempo é inexorável, daí a relevância do tempo como fato jurídico natural, influenciando a vida do homem no dia a dia. Trata-se de matéria controvertida e de extrema relevância. Atualmente existem três correntes que buscam esclarecer a natureza da prescrição.

Prescrição como perda da ação

Segundo Clóvis Beviláqua, Câmara Leal, Silvio Rodrigues entre outros a prescrição seria a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo.

Prescrição como perda do Direito

Para esta corrente, defendida por Caio Mário, a prescrição é a perda do direito subjetivo em decorrência da inércia de sue titular durante o prazo que a lei prevê.

Prescrição como perda da pretensão ou da Exigibilidade

Somente os direitos subjetivos estão sujeitos a lesão. Conforme prescreve o art. 189 do nCC, violado o direito (subjetivo), nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206 nCC. Desta forma a prescrição é a perda da pretensão, entendimento este adotado pelo novo Código Civil e por autores como José Carlos Moreira Alves, J. M. Leoni, José Acir Lessa Giordani, Aguinelo Amorim e Francisco Amaral.

Decadência É a perda de um direito potestativo em virtude do seu não exercício dentro do prazo estabelecido na lei. O prazo decadencial nasce junto com o direito.

Diferença entre prescrição e decadênciaPRESCRIÇÃO DECADENCIA

Perda da pretensão Perda de um direito potestativoO prazo começa a fluir da lesão ao direito subjetivo (dever jurídico)

O prazo decadencial tem seu inicio a partir do nascimento do direito

Matéria de ordem privada Matéria de ordem públicaSomente poderá ser reconhecida se invocada pela parte a quem beneficia ou se favorecer absolutamente incapaz ou ainda se não se tratar de direitos patrimoniais (Art. 194 e 219, § 5º nCC )

Pode e deve ser declarada de oficio pelo Juiz (Art. 210 nCC)

Permite que a pessoa a quem a prescrição aproveita a renuncie expressa ou tacitamente, desde que não cause prejuízo a terceiro (Art. 191 nCC).

A decadência fixada em lei é irrenunciável (art. 209 nCC)

Sentença condenatória Sentença constitutiva ou desconstitutiva

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Está sujeita a causas que obstam, suspendem ou interrompem o decurso do prazo.

Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (Art. 207 nCC) . Ver art. 208 nCC e Art. 26. § 2° CDC

Decadência Convencional (art. 210 e 211 nCC)

Ao contrário da decadência fixada em lei, a convencional pode ser objeto de renuncia e não pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, devendo ser alegada pela parte a quem ela aproveita.

Causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescriçãoCausas que obstam ou suspendem – Art. 197 nCC

a) Entre cônjuge na constância da sociedade conjugal;b) Entre ascendentes e descendentes, durante o poder

familiar;c) Entre Tutelados ou curatelados e seus tutores ou

curadores, durante a tutela ou curatela;d) Entre Depositante e depositário, mandante e

mandatário e outros equiparados, com relação aos bens confiados a sua guarda;

e) Contra absolutamente incapazes;f) Contra os ausentes do Brasil em serviço publico da

União, dos Estados ou dos Municípios;g) Contra os que se acharem servindo em tempo de

guerra;h) Pendendo condição suspensiva, não estando vencido o

prazo e pendendo ação de evicção.Causas que interrompem a prescrição (somente poderá ocorrer uma vez – Art. 202 nCC)

a) Pelo despacho do Juiz ordenando a citação;b) Pelo protesto nas condições do item anterior;c) Pelo protesto cambial;d) Pela apresentação do titulo de Crédito em Juízo de

Inventário ou em Concurso de Credores;e) Por qualquer ato judicial que constitua em mora o

devedor;f) Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que

importe reconhecimento do direito pelo devedor.

Prazos prescricionaisPrazos gerais, ordinários ou comuns

O novo código uniformizou os prazos prescricionais gerais e os reduziu a 10 anos

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Prazos especiais ou extraordinários

Os prazos especiais do novo código são de até 5 anos. Prescrevem em cinco anos:

a) Cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumentos público ou particular;

b) Cobrança de honorários dos profissionais liberais, procuradores judiciais, curadores e professores, contando a partir do término do serviço prestado;

c) Cobrança para obtenção das verbas decorrentes da sucumbência;

Prescrevem em quatro anos:a) as pretensões sobre tutela, contados da

aprovação das contas. Se as contas deixarem de ser prestadas pelo tutor, a sua exigibilidade poderá se dar no przo prescricional geral de dez anos.

Prescrevem em três anos :a) Cobrança de aluguéis de prédios urbanos e

rústicos;b) Prestações vencidas de rendas temporárias ou

vitalícias;c) Obter as pertenças e as demais prestações

acessórias, pagáveis em período de até um ano;d) Ressarcimento por enriquecimento sem causa;e) Reparação civil por danos patrimoniais ou

extrapatrimoniais, ressalvados os casos específicos indicados pela lei (exemplo: a ação de responsabilidade civil pelo acidente de consumo prescreve em cinco anos);

f) Restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé;

g) Responsabilidade dos fundadores, administradores, fiscais, sócios e liquidantes;

h) Recebimento do pagamento do título de crédito, contados do seu vencimento.

i) Seguro de responsabilidade civil obrigatório.Prescrevem em dois anos:

a) Prestações alimentares, exceção feita àquelas fixadas por decorrência de reparação civil, que se submetem ao prazo prescricional de três anos, conforme anteriormente disposto.

Prescrevem em um ano:a) hospedeiros ou fornecedores de víveres para

obter o pagamento daqueles que se utilizaram de seus serviços, como consumidores ou não;

b) Segurado contra o segurador, contado o prazo da data em que é citado para responder à ação de responsabilidade proposta por terceiro ou da data em que procede ao pagamento da indenização com anuência da seguradora;

c) Segurador contra o segurado, contado o prazo Apostila elaborada pelo Prof. LUIZ TUBENCHLAK FILHO

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da ciência do fato gerador da pretensão;d) Tabeliães, auxiliares de justiça, serventuários

judiciais, árbitros e peritos, para obterem o pagamento de emolumentos, custas e honorários;

e) Um interessado contra o perito avaliador dos bens que formaram o capital de sociedade anônima, contado o prazo da publicação da ata da assembléia que aprovou o laudo;

f) Credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

Não havendo regra especial, o prazo será o geral de dez anos. É o caso, entre outros, da:

a) Adjudicação compulsória, para se obter a transmissão formal da propriedade de um bem;

b) Retrocessão, para que o bem regularmente expropriado retome ao patrimônio do anterior proprietário porque não se cumpriu a finalidade pública ou social que motivou o decreto do poder público de desapropriação;

c) Petição de herança, para que a pessoa possa ser integrada ao rol de sucessores dos bens deixados pelo de cujus.

imprescritibilidade

Muito embora a prescrição das pretensões seja a regra estabelecida pelo sistema civil, há casos em que ocorre o fenômeno da imprescritibilidade, podendo aquele que se julga titular do direito subjetivo ajuizar a demanda judicial a qualquer tempo. Ordinariamente, considera-se que as pretensões patrimoniais sujeitam-se à prescrição. Clóvis Beviláqua, aliás, afirma que a pretensão prescritível deve ter cunho patrimonial.

São hipóteses de imprescritibilidade:a) a defesa de direitos da personalidade,

objetivando a cessação da atividade que lhes é ofensiva;

b) as ações decorrentes da relação de família, para os fins de declaração, constituição e desconstituição de direitos;

c) a alegação de nulidade absoluta, porque é desprovida de qualquer pretensão e, além disso, versa sobre matéria de ordem pública ou de interesse;

d) as ações sobre bens públicos, para defesa dos interesses públicos primários, assim como dos interesses sociais (difusos e coletivos);

e) a pretensão do condômino de exigir a divisão da

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coisa comum, pedir a sua venda ou proceder à meação do muro divisório;

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Prazos decadenciais

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Prazos decadenciais

Decadência ou caducidade, tem semelhança com a prescrição, mas com ela não se confunde. Representa também a interferência do tempo nas relações jurídicas, só que se dirige aos direitos potestativos e não aos subjetivos como a prescrição, o que nos permite dizer que trata-se na verdade da extinção de um direito pelo seu não exercício, no prazo assinalado por lei ou convenção. O que se extingue é o próprio direito e não apenas a pretensão como na prescrição. Na decadência não há prazos gerais, só especiais, porque expressamente fixados.

O novo código civil cita expressamente a decadência, coisa que não fazia o código de 1916.

a) 3 dias: inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção (preferência), se não exercido após a notificação.(bens móveis art. 516 nCC);

b) 30 dias: para haver o abatimento do preço de coisa móvel recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço mais perdas e danos (Art. 445 nCC.);

c) 60 dias: inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção (preferência) se não exercido após notificação - coisas imóveis (. art 516 nCC);

d) 90 dias: o direito do credor prejudicado mover ação de anulação de atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, contados da publicação dos mesmos (CC. art. 1122); para o consumidor obter o abatimento do preço do bem imóvel recebido com vício (Art. 26 CDC);

e) 120 dias: o direito de ingressar com mandado de segurança; para obter o transportador para obter indenização por informação inexata ou falsa descrição da carga (CC. art. 745 );

f) 180 dias: 1) ação para pleitear anulação do negócio concluído

pelo representante em conflito de interesses com o representado (art. 119, § único nCC);

2) para obter redibição ou abatimento do preço de coisa móvel cujo vício for constatado mais tarde (art. 445, § 1° nCC);

3) para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, o direito de reaver para si a coisa (Art.504 nCC);

4) exercer o direito de preferência a que alude o art. 513, p. único nCC;

5) para o dono da obra obter a responsabilidade do empreiteiro a partir do aparecimento do defeito (Art. 618, p. único nCC);

6) anular o casamento do menor no caso do art. 1555 e § 1°, de incapaz (art. 1560, I nCC), de menor de 16 anos no caso do Art. 1560, § 1° e o

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casamento celebrado através de mandatário no caso do art. 1560, § 2°; ainda

g) 1 ano: nos casos dos Art. 445, 501 e 559 nCC;h) um ano e dia: Art. 1302 nCC;i) 2 anos: arts. 179; 495; 513; 1078, § 4° e 1560,II nCCj) 3 anos: Arts. 26; 45, § único; 48, § único; 505; 1560, III;k) 4 anos: Arts.178, I, II, III (vícios da vontade); 1560, IV;

1815 e 1909 nCC;l) 5 anos: Art. 1859 nCC

II - Teoria Geral das Obrigações

Conceito Consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro; trata dos vínculos entre credor e devedor, excluindo de sua órbita relações de uma pessoa para com uma coisa; contempla as relações jurídicas de natureza pessoal.

Direitos reais

São os que atribuem a uma pessoa prerrogativas sobre um bem, como o direito de propriedade (direito sobre uma coisa).

Obrigações propter rem

São as que recaem sobre uma pessoa por força de um determinado direito real, permitindo sua liberação pelo abandono do bem; passa a existir quando o titular do direito real é obrigado, devido à sua condição, a satisfazer certa prestação; seus caracteres são: a) vinculação a um direito real, ou seja, a determinada coisa de que o devedor é proprietário ou possuidor; b) possibilidade de exoneração do devedor pelo abandono do direito real, renunciando o direito sobre a coisa; c) transmissibilidade por meio de negócios jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente.

Ônus reais São obrigações que limitam a fruição e a disposição da propriedade; representam direitos reais sobre coisa alheia e prevalecem erga omnes.

Obrigações com eficácia real

A obrigação terá eficácia real quando, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, se transmite e é oponível a terceiro que adquira direito sobre determinado bem.

Fontes das obrigações São os fatos jurídicos que dão origem aos vínculos obrigacionais, em conformidade com as normas jurídicas, ou melhor, os fatos jurídicos que condicionam o aparecimento das obrigações; desse conceito infere-se que a lei é a fonte primária de todas as obrigações; as fontes mediatas, isto é, as condições determinantes do nascimento das obrigações, são aqueles fatos constitutivos das relações obrigacionais, isto é, os fatos que a lei considera suscetíveis de criar relação creditória.

Classificação das obrigações: Considerada a)em relação ao seu vínculo (obrigação moral, civil e

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s em si mesmo:

natural);b)quanto à natureza de seu objeto (obrigação de dar, de fazer e de não fazer; positiva ou negativa);c)relativamente à liquidez do objeto (obrigação líquida e ilíquida);d)quanto ao modo de execução (obrigações simples e cumulativas, alternativas e facultativas);e)em relação ao tempo de adimplemento (obrigação momentânea ou instantânea; de execução continuada ou periódica); f) quanto aos elementos acidentais (obrigação pura, condicional, modal ou a termo); g)em relação à pluralidade dos sujeitos (obrigação divisível e indivisível; obrigação solidária);h)quanto ao fim (obrigação de meio, de resultado e de garantia).

Reciprocamente consideradas:

a) obrigação principal e acessória.

Modalidades das Obrigações

Obrigações em Relação ao seu VínculoObrigação civil

Nela há um vínculo que sujeita o devedor à realização de uma prestação positiva ou negativa no interesse do credor, estabelecendo um liame entre os 2 sujeitos, abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade em caso inadimplemento (obligatio), o que possibilita ao credor recorrer à intervenção estatal para obter a prestação, tendo como garantia o patrimônio do devedor.

Obrigação moral

constitui mero dever de consciência, cumprido apenas por questão de princípios; logo, sua execução é, sob o prisma jurídico, mera liberalidade.

Obrigação natural

é aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora, em caso de seu adimplemento espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento e não de liberalidade.

Obrigações quanto ao seu objetoEspécies de prestação de coisa

A obrigação de prestação de coisa vem a ser aquela que tem pos objeto mediato uma coisa que, por sua vez,pode ser certa ou determinada (CC, arts. 863 a 873) ou incerta (874 a 877); será específica se tiver por objeto coisa certa e determinada; será genérica se seu objeto for indeterminado; incluem-se a obrigação de dar, de restituir, de contribuir e de solver dívida em dinheiro.

Obrigação de dar

A prestação do obrigado é essencial à constituição ou transferência do direito real sobre a coisa; a entrega da coisa tem por escopo a transferência de domínio e de outros

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direitos reais; tal obrigação surge, por exemplo, por ocasião de um contrato de compra e venda, em que o devedor se compromete a transferir o domínio para o credor do objeto da prestação, tendo este, então, direito à coisa, embora a aquisição do direito fique na dependência da tradição do devedor.

Obrigação de restituir

Não tem por escopo transferência de propriedade, destinando-se apenas a proporcionar o uso, fruição ou posse direta da coisa, temporariamente; se caracteriza por envolver uma devolução, como,por exemplo, a que incide sobre o locatário, o depositário, etc., uma vez findo o contrato, dado que o devedor deverá devolver a coisa a que o credor já tem direito de propriedade por título anterior à relação obrigacional.

Obrigação de contribuir

Rege-se pelas normas da obrigação de dar, de que constitui uma modalidade, e pelas disposições legais alusivas às obrigações pecuniárias.

Obrigação de dar coisa certa

Tem-se quando seu objeto é constituído por um corpo certo e determinado, estabelecendo entre as partes da relação obrigacional um vínculo em que o devedor deverá entregar ao credor uma coisa individuada; se a coisa, sem culpa do devedor, se deteriorar, caberá ao credor escolher se considera extinta a relação obrigacional ou se aceita o bem no estado em que se encontra, abatido no seu preço o valor do estrago; perecendo a coisa, por culpa do devedor; ele deverá responder pelo equivalente, isto, pelo valor que coisa tinha no momento em que pereceu, mais as perdas e danos, que compreendem a perda efetivamente sofrida pelo credor (dano emergente) e o lucro que deixou de auferir (lucro cessante); deteriorando-se o objeto poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se achar, com direito de reclamar, em um ou em outro caso, indenização de perdas e danos.

Obrigação de dar coisa incerta

Consiste na relação obrigacional em que o objeto, indicado de forma genérica no início da relação, vem a ser determinado mediante um ato de escolha, por ocasião do seu adimplemento; sua prestação é indeterminada, porém suscetível de determinação, pois seu pagamento é precedido de um ato preparatório de escolha que a individualizará, momento em que se transmuda numa obrigação de dar coisa certa; a escolha não pode ser absoluta; deverá ser levada em conta a condição estabelecida no contrato, bem como as limitações legais, uma vez que a lei, na falta de disposição contratual, estabelece um critério, segundo o qual o devedor não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar melhor.

Obrigação de solver dívida em dinheiro

Abrange prestação, consistente em dinheiro, reparação de danos e pagamento de juros, isto é, dívida pecuniária, dívida de valor e dívida remuneratória; as obrigações que têm por objeto uma prestação de dinheiro, são denominadas

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obrigações pecuniárias, por visarem proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais.

Obrigação de fazer

é a que vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceira pessoa; tem por objeto qualquer comportamento humano, lícito e possível, do devedor ou de outra pessoa às custas daquele, seja a prestação de trabalho físico ou material, seja a realização de serviço intelectual, artístico ou científico, seja ele, ainda, a prática de certo ato que não configura execução de qualquer trabalho; se a prestação do fato se impossibilitar sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação, e as partes serão reconduzidas ao estado em que se encontravam antes do negócio; se foi impossibilitada por culpa do devedor, responderá este pelas perdas e danos.

Obrigação de não fazer

é aquela em que o devedor assume o compromisso de se abster de algum ato, que poderia praticar livremente se não se tivesse obrigado para atender interesse jurídico do credor ou de terceiro; caracteriza-se, portanto, por uma abstenção de um ato; o descumprimento da obrigação dar-se-á pela impossibilidade da abstenção do fato, sem culpa do devedor, que se obrigou a não praticá-lo, ou pela inexecução culposa do devedor, ao realizar, por negligência ou por interesse, ato que não podia.

Obrigações quanto à liquidez do objetoObrigação líquida

É aquela obrigação certa, quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto; seu objeto é certo e individuado; logo, sua prestação é relativa a coisa determinada quanto à espécie, quantidade e qualidade.

Obrigação ilíquida

É aquela incerta quanto à sua quantidade e que se torna certa pela liquidação, que é o ato de fixar o valor da prestação momentaneamente indeterminada, para que esta se possa cumprir; logo, sem liquidação dessa obrigação, o credor não terá possibilidade de cobrar seu crédito; se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, pelo processo de liquidação fixa-se o valor, em moeda corrente, a ser pago ao credor.

Obrigações relativas ao modo de execuçãoObrigação simples e cumulativa

a) simples é aquela cuja prestação recai somente sobre uma coisa (certa ou incerta) ou sobre um ato (fazer ou não fazer); destina-se a produzir um único efeito, liberando-se o devedor quando cumprir a prestação a que se obrigara; b) cumulativa é uma relação obrigacional múltipla, por conter 2 ou mais prestações de dar, de fazer ou de não fazer, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título, que deverão realizar-se totalmente, pois o inadimplemento de uma envolve seu descumprimento total.

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Obrigação alternativa

é a que contém duas ou mais prestações com objetos distintos, da qual o devedor se libera com o cumprimento de uma só delas, mediante escolha sua ou do credor; caracteriza-se por haver dualidade ou multiplicidade de prestações heterogêneas, e operar a exoneração do devedor pela satisfação de uma única prestação, escolhida para pagamento ao credor.

Obrigações concernentes ao tempo de adimplementoObrigação momentânea ou instantânea

É a que se consuma num só ato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela há uma completa exaustão da prestação logo no primeiro momento de seu adimplemento.

Obrigação de execução continuada

É a que se protrai no tempo, caracterizando-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo; por exemplo, a obrigação do locador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um bem infungível, e a obrigação do locatário de pagar o aluguel convencionado.

Obrigações quanto aos elementos acidentaisGeneralidades

Os elementos estruturais ou constitutivos de negócio jurídico abrangem:

a) elementos essenciais: imprescindíveis à existência do negócio jurídico, podem ser gerais, se comuns à generalidade dos atos negociais, e particulares, quando peculiares a certas espécies por atinarem à sua formas;

b) elementos naturais: são efeitos decorrentes do negócio jurídico, sem que seja necessário qualquer menção expressa a seu respeito, visto que a própria norma jurídica já determina quais são essas conseqüência jurídicas;

c) elementos acidentais: são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas conseqüências naturais (condição, modo, encargo ou termo).

Obrigação condicional

É a que contém cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e incerto; assim, uma obrigação será condicional quando seu efeito, total ou parcial, depender de um acontecimento futuro e incerto.

Obrigação modal

É a que se encontra onerada com um modo ou encargo, isto é, por cláusula acessória, que impõe um ônus à pessoa natural ou jurídica contemplada pela relação creditória; por exemplo, da obrigação imposta ao donatário de construir no terreno doado um prédio para escola; pode ter por objeto uma ação (dar ou fazer) ou uma abstenção (não fazer).

Obrigação a termo

É aquela em que as partes subordinam os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e certo; termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negocio

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jurídico; poder inicial, final, certo e incerto; a obrigação constituída sem prazo reputar-se-á exeqüível desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em local diverso ou depender de tempo; a obrigação só poderá ser exigida depois de espirado o termo.

Obrigações em relação à pluralidade de sujeitosObrigação divisível

É aquela cuja suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor; trata-se de divisibilidade econômica e não material ou técnica; havendo multiplicidade de devedores ou de credores em obrigação divisível, este presumir-se-á dividida em tantas obrigações, iguais e distintas.

Efeitos da obrigação divisível

Não traz em seu bojo nenhum problema por ser um modo normal de solução da prestação e pelo fato de a multiplicidade de devedores e de credores não alterar a relação obrigacional, visto que há presunção juris tantum de que está repartida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos forem os credores ou devedores.

Obrigação indivisível

É aquela cuja prestação só poder ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa parte exata da que resultaria do adimplemento integral; pode ser física (obrigação restituir coisa alugada, findo o contrato), legal (concernente às ações de sociedade anônima em relação à pessoa jurídica), convencional ou contratual (contrato de conta corrente), e judicial (indenizar acidentes de trabalho).

Efeitos da obrigação indivisível

1) havendo pluralidade de devedores:a) Cada um deles será obrigado pela dívida toda;b) O devedor que pagar a dívida sub-rogar-se-á no direito

do credor em relação aos outros coobrigados;c) O credor não pode recusar o pagamento por inteiro,

feito por um dos devedores, sob pena de ser constituído em mora;

d) A prescrição não aproveita a todos os devedores, mesmo que seja reconhecida em favor de um deles;

e) A nulidade, quanto a um dos devedores, estende-se a todos;

f) A insolvência de um dos co-devedores não prejudica o credor.2) havendo multiplicidade de credores:

a) Cada credor poderá exigir o débito por inteiro;b) O devedor desobrigar-se-á pagando a todos

conjuntamente, mas nada obsta que se desonere pagando a dívida integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais;

c) Cada co-credor terá direito de exigir em dinheiro a parte que lhe caiba no total;

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d) A remissão da dívida por parte de um dos credores não atingirá o direitos dos demais;

e) a transação, a novação, a compensação e a confusão, em relação a um dos credores, não operam a extinção do débito para com os outros co-credores, que só o poderão exigir, descontada a quota daquele;

f) a nulidade quanto a um dos co-credores estende-se a todos.

Obrigação solidária

É aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos; quatro são os seu caracteres:

a) Pluralidade de sujeitos ativos ou passivos;b) Multiplicidade de vínculos;c) Unidade de prestação;d) Co-responsabilidade dos interessados; a solidariedade

pode ser ativa, passiva e recíproca ou mista.Fontes da obrigação solidária

Só se admite a solidariedade se for determinada por disposição legal e se estiver expressamente manifestada pelas partes, o obrigação solidária será legal, se provier de comando normativo expresso, sem, contudo, se afastar a possibilidade de sua aplicação analógica, quando as circunstâncias o impuserem inevitavelmente, e convencional, se decorrer da vontade das partes pactuada em contrato ou negócio jurídico unilateral.

Solidariedade ativa

é a relação jurídica entre vários credores de uma obrigação, em que cada credor tem o direito de exigir do devedor a realização da prestação por inteiro, e o devedor se exonera do vínculo obrigacional, pagando o débito a qualquer um dos co-credores; extinguir-se-á se os credores desistirem dela, estabelecendo, por convenção, que o pagamento da dívida se fará pro-rata, de modo que cada um deles passará a ter direito apenas à sua quota-parte.

Solidariedade passiva

é a relação obrigacional, oriunda de lei ou de vontade das partes, com multiplicidade de devedores, sendo que cada um deles responde pelo cumprimento da prestação, como se fosse o único devedor; cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse contraído sozinho o débito; desaparecerá com o óbito de um dos coobrigados, em relação aos seus herdeiros, sobrevivendo quanto aos demais co-devedores solidários.

Solidariedade recíproca ou mista

é a que apresenta concomitantemente, pluralidade de credores e de devedores; submete-se às normas que regem essas 2 espécies de solidariedade.

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OBRIGAÇÕES QUANTO AO CONTEÚDO

Obrigação de meio

é aquela em que o devedor se obriga tão-somente a usar de prudência e diligência normais na prestação de certo serviço para atingir um resultado, se, contudo, se vincular a obtê-lo; sua prestação não consiste num resultado certo e determinado a ser conseguido obrigado, mas tão-somente numa atividade prudente e diligente deste em benefício do credor.

Obrigação de resultado

É aquela em que o credor tem o direito de exigir do devedor a produção de um resultado, sem o que se terá o inadimplemento da relação obrigacional; tem-se em vista o resultado em si mesmo, de tal sorte que a obrigação só se considerará adimplida com a efetiva produção do resultado colimado.

Obrigação de garantia

é a que tem por conteúdo a eliminação de um risco, que pesa sobre o credor; visa reparar as conseqüências de realização do risco;embora este não se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.

Obrigações Reciprocamente ConsideradasObrigação principal

é a obrigação existente por si, abstrata ou concretamente, sem qualquer sujeição a outras relações jurídicas.

Obrigação acessória

é aquela cuja existência supõe a da principal.

Efeitos jurídicos

as obrigações principal e acessória regem-se pelos mesmos princípios norteadores das relações entre a coisa principal e a coisa acessória, daí estarem subordinadas ao preceito geral accesorium sequitur naturam sui principalis, ou seja, o acessório segue a condição jurídica do principal; produz, além de outros, os seguintes efeitos jurídicos: a extinção da obrigação principal implica o desaparecimento da acessória; a ineficácia ou nulidade da principal reflete-se na acessória; a prescrição da principal afeta a acessória, etc.; é preciso ressaltar que a sorte a obrigação acessória não atinge a principal.

Modos de Extinção das ObrigaçõesMeios de solver as obrigações

Extingue-se a obrigação:a) Pelo pagamento direto ou execução voluntária da

obrigação pelo devedor;b) Pelo pagamento indireto;c) Pela prescrição, pela impossibilidade de execução sem

culpa do devedor e pelo implemento de condição ou termo extintivo;

d) Pela execução forçada, em virtude de sentença.

Pagamento ou modo direto de extinguir a obrigação

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Conceito É a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no titulo constitutivo.

Requisitos essenciais

Existência de vínculo obrigacional; intenção de solver este vínculo, cumprimento da prestação, presença da pessoa que efetua o pagamento (solvens); presença daquele que recebe o pagamento (accipiens).

Tempo do pagamento

O momento em que se pode reclamar a dívida designa-se vencimento; se há determinação negocial a respeito, sendo que as partes estipularam data para o cumprimento da dívida, esta deverá ser paga no seu vencimento, sob pena de incorrer em mora e em suas conseqüências; se a omissão do vencimento, isto é, se as partes não ajustaram data para o pagamento, o credor poderá exigi-lo imediatamente.

Lugar do pagamento

É o local do cumprimento da obrigação, está, em regra, indicado no título constitutivo do negócio jurídico, ante o princípio da liberdade de eleição; porém, se nada convencionarem a respeito, o pagamento deverá ser efetuado no domicílio atual do devedor (querable), Contudo pode ser eleito por clausula expressa o domicílio do credor (portable).

Prova do pagamento

Uma vez solvido o débito, surge o direito do devedor receber do credor um elemento que prove que o pagou, que é a quitação regular; de reter o pagamento enquanto esta não lhe for dada, ou de consignar em pagamento, ante a recusa do credor em dar a quitação, citando o credor para esse fim, de forma que o devedor ficará quitado pela sentença que condenar o credor.

Quem deve pagar Art. 304 a 307 nCC

a) Pagamento efetuado por pessoa interessada – (fiador, sublocatário) – art. 346, III nCC;

b) Pagamento efetuado por terceiro não interessado– Art. 304, p. único nCC.

A quem se deve pagar Art. 308 a 312 nCC

a) Pagamento efetuado diretamente ao credor;b) Pagamento efetuado ao representante do credor;c) Pagamento efetuado a terceiro sem poderes para a quitação

(ratificação do credor, se o pagamento reverter em beneficio do credor)

Pagamento putativo Art. 309 nCC

Credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. Recebe tal denominação, portanto, quem aparenta ser credor, como é o caso do herdeiro aparente, locador aparente.

Pagamento indevido

É uma das formas de enriquecimento ilícito, por decorrer de uma prestação feita por alguém com intuito de extinguir uma obrigação erroneamente pressuposta, gerando a aquele que recebe o pagamento, por imposição legal, o dever de restituir, uma vez estabelecido que a relação obrigacional não existia, tinha cessado de existir ou que o devedor não era a pessoa que deveria pagar ou o a pessoa que deveria receber não era o credor.

Repetição do pagament

Toda pessoa que receber o que lhe não era devido ficará obrigada a restituir; a mesma obrigação incumbirá à que receber divida condicional antes de cumprida a condição.

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PAGAMENTO INDIRETO

Pagamento por consignação Art. 334 a 345 nCC

É o meio indireto do devedor exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais;

Pagamento com sub-rogação Art. 346 a 351 nCC

A sub-rogação pessoal vem ser a substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor; não se terá, portanto, extinção da obrigação, mas substituição do sujeito ativo, pois o credor passará a ser o terceiro; é uma forma de pagamento que mantém a obrigação, apesar de haver a satisfação do primitivo credor; poderá ser legal (imposta por lei) ou convencional (resultante do acordo de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e o terceiro);

Imputação do pagamento Art. 352 a 355 nCC

Ocorrerá sempre que a pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, puder indicar a qual deles oferece em pagamento. Extingue o débito a que se refere, bem como todas as garantias reais e pessoais. Pressupõe 5 elementos:

c) dualidade ou multiplicidade de débitos;d) identidade de credor e de devedor;e) os débitos devem ser da mesma natureza;f) devem ser líquidos e estarem vencidos;g) o pagamento deve cobrir qualquer desses débitos.

A Imputação do pagamento pode ser feita:a) pelo devedor – Arts. 314, 352 e 353 nCCb) pelo credor – Art. 353 nCCc) por determinação legal – Art. 355 nCC

Dação em pagamento Art. 356 a 359 nCC

é um acordo liberatório, feito entre credor e devedor, em que o credor consente na entrega de uma coisa diversa da avençada (art. 995); é o cumprimento da obrigação, pela aceitação, por parte do credor, de coisa dada pelo devedor em lugar de dinheiro; os requisitos imprescindíveis para sua configuração são:

a) existência de um débito vencido; b) animus solvendi; c) diversidade de objeto oferecido em relação ao devido; d) concordância do credor na substituição; seu efeito é

produzir a extinção da dívida, qualquer que seja o valor do objeto ofertado em lugar do convencionado

Novação Art. 360 a 367 nCC

é o ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir a precedente, substituindo-a; é a conversão de uma dívida por outra para extinguir a primeira; é simultaneamente causa extintiva e geradora de obrigações. Pode ser:a) pela mudança de objeto da prestação – novação objetiva;b) pela mudança do devedor;

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c) pela mudança do credor.Não caracteriza a novação:

a) quando for feita simples redução do valor da dívida;b) mera tolerância do credor não importa manifestação da

vontade de novar;c) não ocorre novação quando o credor tolera que o

devedor lhe pague parceladamente;d) quando há modificação na taxa de juros.

Compensação Art. 368 a 380 nCC

É um meio especial de extinção de obrigação, até onde se equivalerem, entre pessoas que são, ao mesmo tempo, devedoras e credoras uma da outra; seria a compensação o desconto de um débito a outro ou a operação de mútua quitação entre credores recíprocos; pode ser

a) Legal - é a decorrente de lei, independendo de convenção das partes e operando mesmo que uma delas se oponha; se processa automaticamente, ocorrendo no momento em que se constituírem créditos recíprocos entre 2 pessoas;

b) Convencional - resulta do acordo de vontade entre as partes, que podem transigir, quando a ausência de algum dos pressupostos da compensação legal impedir a extinção dos débitos por essa via, estipulando, livremente e dispensando alguns de seus requisitos, desde que respeite a ordem pública.

c) judicial. - é determinada por ato decisório do Magistrado, que perceber no processo o fenômeno, em cumprimento das normas aplicáveis à compensação legal; entretanto, será necessário que cada uma das partes alegue o seu direito de crédito contra a outra;

São requisitos da compensação:a) reciprocidade das dívidas;b) que sejam liquidas e vencidas;c) que sejam da mesma natureza (homogêneas)d) que não haja renuncia prévia de um dos devedores ou

clausula expressa excluindo essa possibilidadee) que se observe a norma relativa a imputação do

pagamento se houver vários débitos compensáveisf) que não traga prejuízo a terceiros.

TransaçãoArt. 840 a 850 nCC

a) É um negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo-se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações duvidosas ou litigiosas; No novo código civil não é mais inserida entre os modos extintivos das obrigações, agora é caracterizada como uma espécie de contrato. Só pode ocorrer se os direitos patrimoniais forem de caráter privado (Art. 841 nCC). Pode ser Judicial ou extrajudicial (Art. 842 nCC)Características da transação:

a) bilateral;b) indivisível Art. 848, p. único nCC

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c) interpretação restritiva e de natureza declaratória Art. 843 nCC

Compromisso - ArbitragemArt. 851 a 853 nCC e Lei 9.307/96

Enquanto que na transação os próprios interessados resolvem suas controvérsias mediante concessões recíprocas, no Compromisso, através de acordo bilateral, as partes submetem as controvérsias jurídicas à decisão de árbitros, comprometendo-se a acatá-las, subtraindo a demanda da justiça comum. Trata-se de uma espécie de contrato. A arbitragem é o meio de solução de conflitos, por meio do árbitros resolvem divergências relativas a direitos de conteúdo estritamente patrimonial, com base na convenção de arbitragem pactuada entre as partes.O compromisso arbitral pode ser: Judicial ou extrajudicial.O art. 3° da Lei de arbitragem prescreve que as partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a clausula compromissória (Art. 4° LArb. - Convenção pela qual as partes se obrigam a submeter à decisão de um juízo arbitral todas as divergências que entre elas possam surgir em relação a determinado negócio jurídico, trata-se de um pacto adjeto ao contrato principal) e o compromisso arbitral( Art. 9°Larb. – convenção por meio do qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, o compromisso é posterior à clausula compromissória)

Confusão Art. 381 a 384 nCC

é a aglutinação, em uma única pessoa e relativamente à mesma relação jurídica, das qualidades de credor e devedor, por ato inter vivos ou causa mortis, operando a extinção do crédito; os requisitos essenciais são:

a) unidade da relação obrigacional, que pressupõe, a existência do mesmo crédito ou da mesma obrigação;

b) união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor, pois apenas quando a pretensão e a obrigação concorrem no mesmo titular é que se terá a confusão;

c) ausência de separação dos patrimônios, de modo que, por exemplo, aberta a sucessão, não se verificará a confusão enquanto os patrimônios do de cujus e do herdeiro permanecerem distintos, não incorporando o herdeiro, em definitivo, o crédito ao seu próprio patrimônio;

d) será total ou própria, se se realizar com relação a toda dívida ou crédito; parcial ou imprópria, se se efetivar apenas em relação a uma parte do débito ou crédito.

Remissão das dívidas Art. 385 a 388 nCC

É liberação graciosa do devedor pelo credor, que voluntariamente abre mão de seus direitos creditórios, com o escopo de extinguir a obrigação, mediante o consentimento expresso ou tácito do devedor; é um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor; todos os créditos, sejam qual for a sua natureza, são suscetíveis de serem remidos, desde que visem o interesse do credor e a remissão não prejudique interesse

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público ou de terceiro; poderá ser total ou parcial e expressa ou tácita; ter-se-á remissão de dívida presumida pela entrega voluntária do título da obrigação por escrito particular e a entrega do objeto empenhado.

CONSEQÜÊNCIAS DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES POR FATO IMPUTÁVEL AO DEVEDOR

Inadimplento voluntário

Ter-se-á o inadimplemento da obrigação quando faltar a prestação devida, isto é, quando o devedor não a cumprir, voluntária ou involuntariamente; se o descumprimento resultar de fato imputável ao devedor, haverá inexecução voluntária, que poderá ser dolosa, ou resultar de negligência, imprudência ou imperícia do devedor.

Responsabilidade contratual do inadimplente

Todo aquele que voluntariamente infringir dever jurídico, estabelecido em lei ou em relação negocial, causando prejuízo a alguém, ficará obrigado a ressarci-lo; havendo liame obrigacional, a responsabilidade do infrator, designar-se-á responsabilidade contratual; não havendo vínculo obrigacional será extracontratual ou aquiliana.

MoraConceito Considera-se em mora o devedor que não efetuar o

pagamento, e o credor que o não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados; a mora vem a ser não só a inexecução culposa da obrigação, mas também a injusta recusa de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos.

Mora solvendi ou mora do devedor

Configura-se quando este não cumprir, por culpa sua, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados, seu elemento objetivo é a não realização do pagamento no tempo, local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução culposa de sua parte; manifesta-se sob 2 aspectos:

a) mora ex re, se decorrer de lei, resultando do próprio fato do descumprimento da obrigação, independendo, portanto, de provocação do credor; se houver vencimento determinado para o adimplemento, o próprio termo interpela em lugar do credor, assumindo o papel da intimação;

b) mora ex persona, se não houver estipulação de termo certo para a execução da relação obrigacional; nesse caso, será imprescindível que o credor tome certas providências necessárias para constituir o devedor em mora (notificação, interpelação, etc.); pressupões os seguintes requisitos: I) exigibilidade imediata da obrigação;II) inexecução total ou parcial da obrigação; III) interpelação judicial ou extrajudicial do devedor; produz os seguintes efeitos jurídicos: 1) responsabilidade o devedor dos prejuízos causados pela mora ao credor, mediante pagamento de juros moratórios legais ou convencionais, indenização do lucro

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cessante, reembolso das despesas e satisfação da cláusula penal, resultante do não-pagamento; 2) possibilidade do credor exigir a satisfação das perdas e danos, rejeitando a prestação, se por causa da mora ela se tornou inútil ou perdeu seu valor; 3) responsabilidade do devedor moroso pela impossibilidade da prestação, mesmo decorrendo de caso fortuito ou força maior.

Mora accipiendi ou mora do credor

É a injusta recusa de aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma devidos; são pressupostos:

a) a existência de dívida positiva, líquida e vencida; b) estado de solvência do devedor; c) oferta real e regular da prestação devida pelo devedor; d) recusa injustificada, em receber o pagamento; e) constituição do credor em mora; tem como

conseqüências jurídicas a liberação do devedor, isento de dolo, da responsabilidade pela conservação da coisa, a obrigação de ressarcir ao devedor as despesas efetuadas, a obrigação de receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento, e a possibilidade da consignação judicial da res debita pelo devedor.

Purgação da mora Art. 401 nCC

É um ato espontâneo do contraente moroso, que visa remediar a situação a que se deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade; purga-se, assim, o inadimplente de suas faltas; é sempre admitida, exceto se lei especial regulamentar diferente, indicando as condições de emendar a mora .

Cessação da mora

Ocorrerá por um fato extintivo de efeitos pretéritos e futuros, como sucede quando a obrigação se extingue com a novação, remissão de dívidas ou renúncia do credor, não depende de um comportamento ativo do contratante moroso, decorre, na realidade da extinção da obrigação

Juros São os rendimentos do capital, São considerados frutos civis da coisa, sendo, portanto, considerados como bem acessório (Art. 95 nCC). Espécies:

a) Juros compensatórios – também chamados de remuneratórios são os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Devem ser previstos no contrato, estipulados pelos contratantes, não podendo exceder a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (Art. 406 e 591 nCC), permitida a capitalização anual. Os juros compensatórios são em regra convencionais

b) Juros moratórios – são os incidentes em caso de retardamento na sua restituição ou de descumprimento de obrigação, correm a partir da constituição em mora, podem ser convencionados ou não. A taxa se não convencionada, será a referida pela Lei (Art. 406 nCC)

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c) Convencionais - são aqueles ajustados pelas partes, de comum acordo

d) Legais – São os previstos ou impostos pela lei.e) Simples – são aqueles calculados sobre o capital inicialf) Compostos – são capitalizados anualmente, calculando-

se juros sobre juros, ou seja, os que forem computados passarão integrar o capital.

Perdas e DanosNoções O dano vem ser a efetiva diminuição do patrimônio do credor ao

tempo em que ocorreu o inadimplemento da obrigação, consistindo na diferença entre o valor atual desse patrimônio e aquele que teria se a relação fosse exatamente cumprida; o dano corresponderia à perda de um valor patrimonial, pecuniariamente determinado; serias as perdas e danos o equivalente do prejuízo suportado pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido a obrigação, expressando-se numa soma de dinheiro correspondente ao desequilibro sofrido pelo lesado.

Fixação da indenização de pernas e danosArt. 402 nCC

As perdas e danos devidos ao credor abrangerão, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar; para conceder indenização o magistrado deverá considerar de houve: 1º) dano positivo ou emergente, que consiste num déficit real e efetivo no patrimônio do credor, isto é, uma concreta diminuição em sua fortuna, seja porque se depreciou o ativo, seja porque aumentou o passivo, sendo, pois, imprescindível que o credor tenha, efetivamente, experimentado um real prejuízo, visto que não passíveis de indenização danos eventuais ou potenciais;2º) Dano negativo ou lucro cessante, alusivo à privação de ganho pelo credor, ou seja, ao lucro que ele deixou de auferir, em razão do descumprimento da obrigação pelo devedor; 3º) nexo de causalidade entre o prejuízo e a inexecução culposa ou dolosa da obrigação por parte do devedor, pois a dano, além de efetivo, deverá ser um efeito direto e imediato do ato ilícito do devedor.

Liquidação do dano Art. 946 nCC

Tem por fim tornar possível a efetiva reparação do dano sofrido pelo lesado, fixando o montante da indenização de perdas e danos; a liquidação se fará por determinação legal, por convenção das partes e por sentença judicial.

Cláusula PenalConceito É um pacto acessório, pelo qual as partes contratantes

estipulam, pena pecuniária ou não, contra a parte infringente da obrigação, como conseqüência de sua inexecução culposa ou de seu retardamento, fixando, assim, o valor das perdas e danos, e garantindo o exato cumprimento da obrigação principal; tem uma função compulsória, por constituir um meio de forçar o cumprimento do avençado; visa punir uma

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conduta ilícita;

A clausula penal difere das perdas e danos, visto que nas perdas e danos o valor será fixado pelo juiz, com base nos prejuízos alegados e provados enquanto na clausula penal o valor é arbitrado antecipadamente pelos próprios contratantes.

Características

a) Acessoriedade,b) Condicionalidade,c) Compulsoriedade,d) Subsidiariedade,e) Ressarcibilidade, por constituir prévia liquidação de

perdas e danos, f) Imutabilidade relativa;

Espécies a) Compensatória – quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da obrigação (Art. 410 nCC), em geral é de valor elevado.

b) Moratória – quando destinada a assegurar o cumprimento de uma cláusula determinada ou evitar o retardamento (mora – Art. 411 nCC)

Requisitos a) a existência de uma obrigação principal, b) a inexecução total da obrigação, c) a constituição em morad) a imputabilidade do devedor

Arras ou SinalConceito Consistem no pacto acessório real em que uma das partes entrega

à outra, dinheiro ou outro bem móvel, por ocasião da celebração do contrato principal, com a finalidade de provar a seriedade do propósito negocial e garantia de seu cumprimento, ou , ainda, com a finalidade de servir de antecipação da indenização para a hipótese de desistência ou arrependimento do contrato principal por qualquer das partes.

Natureza Jurídica

Possui natureza jurídica de pacto ou convenção acessória ou real

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Espécies Arras confirmatórias (Art. 417 nCC) – São aquelas em que uma das partes entrega à outra uma certa quantia em dinheiro ou outro bem móvel, por ocasião da celebração do contrato, visando a confirmar e garantir o contrato principalArras penitenciais (Art. 420 nCC) – São aquelas em que uma das partes entrega à outra uma certa quantia em dinheiro ou outro bem móvel, por ocasião da celebração do contrato, visando servir de prefixação da indenização para a hipótese de desistência (direito de arrependimento) de qualquer das partes.Arras assecuratórias – elencadas pela doutrina, são aquelas em que uma das partes entrega à outra um sinal, na fase de entendimentos preliminares, a fim de garantir a formação definitiva do contrato principal. Distinguem das confirmatórias no que diz respeito ao momento em que se efetuam. As confirmatórias no momento da celebração (conclusão) do contrato, as assecuratórias antes da celebração do contrato principal, ou seja, na fase de entendimentos.

Função Tríplice função:a) Confirmar o contrato, tornando-o obrigatório;b) Servir de prefixação das perdas e danos quando

convencionado o arrependimento;c) Principio de pagamento, quando a coisa entregue é parte ou

parcela do objeto do contrato.

Distinção ente Clausula penal e Arras

Clausula penal ArrasNenhum ato é exigido para o seu aperfeiçoamento, tendo cunho pessoal.

Só se perfazem com a entrega do dinheiro ou outra coisa móvel fungível, tendo cunho real.

Só se torna exigível se houver inadimplemento contratual

São pagas antecipadamente.

Prestação prometida Prestação realizadaPode ser reduzida eqüitativamente pelo magistrado (Art. 413 nCC)

Não podem ser reduzidas pelo Juiz

Aquele que paga a cláusula penal, o faz, por ter violado o acordo.

O contratante que solve arras penitenciais exerce um direito previamente estabelecido no ajuste, o arrependimento.

Transmissão das ObrigaçõesCessão É a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um

direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente (cessionário) exerça posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente).

Cessão de crédito Art. 286 a 298 nCC)

É um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo

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disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional; poderá ser:

a) Gratuita ou onerosa;b) Total ou parcial;c) convencional, legal ou judicial;d) “pro soluto” - quando houver quitação plena do débito do

cedente para o cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente.

e) “pro solvendo” - é a transferência de um direito de crédito, feita com intuito de extinguir a obrigação, que, no entanto, não se extinguirá de imediato, mas apenas, se e na medida em que, o crédito cedido for efetivamente cobrado.

Requisitos Capacidade genérica para os atos comuns da vida civil e capacidade especial, reclamada para os atos de alienação, tanto do cedente como do cessionário; objeto lícito e possível, de modo que qualquer crédito poderá ser cedido, constante ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei e a convenção com o devedor; não se exige formas específica para que se efetue a cessão, porém, para que possa valer contra terceiros, exceto nos casos de transferência de créditos, operados por lei ou sentença, será necessário que seja celebrada mediante instrumento público ou particular.

Assunção de dívida Art. 299 a 303 nCC)

É um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa ou tácita do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-o; realizar-se-á mediante:

a) expromissão - espécie de novação (negócio pelo qual uma pessoa assume espontaneamente o débito de outra);

b) delegação - quando o devedor transferir a terceiro, com a anuência do credor, o débito com este contraído.

Cessão de contrato Não regulamentado pelos Códigos de 1916 e 2002

É a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída; possibilita a circulação do contrato em sua integralidade, permitindo que um estranho ingresse na relação contratual, substituindo um dos contratantes primitivos, assumindo todos os seus direitos e deveres.

III - CONTRATOS

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Conceito Mútuo consenso entre duas ou mais pessoas acerca de um determinado objeto. Clóvis Beviláqua define o contrato como sendo o acordo de vontades que tem por finalidade constituir, modificar ou extinguir direito, para Washington de Barros Monteiro, contrato é o negócio jurídico bilateral de conteúdo patrimonial.

Elementos ou requisitos

Para a sua validade é necessária a existência dos seguintes requisitos: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 nCC). Verifica-se assim que existem nos contratos requisitos subjetivos, objetivos e formais.Requisitos Subjetivos:

1. a) A presença de duas ou mais pessoas, tendo em vista que o contrato é negócio jurídico bilateral ou plurilateral;

2. b) A capacidade dos contratantes, sob pena de contrato se tornar nulo, ou anulável, conforme o caso;

3. c) A aptidão para poder contratar, uma vez que o ordenamento jurídico estabelece certas restrições quanto à liberalidade de se realizar determinados contratos, como por exemplo, a estabelecida no art. 496 nCC;

4. d) O consentimento das partes, que deverá ser manifestado isento de vícios da vontade (erro, dolo, coação estado de perigo, lesão ou Fraude contra credores).

Requisitos Objetivos: São aqueles que dizem respeito ao próprio contrato, tais como objeto lícito e a sua possibilidade física ou jurídica.Por objeto lícito entende-se aquele que não contraria a lei, a moral, os princípios gerais de ordem pública e os bons costumes. Serão, portanto ilícitos os contratos que tiverem por objeto a exploração do contrabando, do lenocínio, dos jogos de azar etc.O objeto do contrato é o negócio jurídico que as partes pretendem realizar, não devendo ser confundido com o objeto da obrigação, que é a prestação que o devedor deverá fornecer ao credor e que este tem o direito de exigir daquele.Haverá impossibilidade física quando o contrato o contrato tiver por objeto realização de coisa que o devedor jamais poderá efetuar, por contrariar as leis da natureza, como por exemplo, levar o oceano a banhar um Estado Central. Quando for além das forças humanas, como levar uma mercadoria de São Paulo, a pé e em duas horas. Finalmente, quando já tiver notoriamente comprovada a sua inexistência, como trazer um unicórnio para o zoológico.Nestes casos, é evidente, o devedor ficará exonerado de cumprir o contrato, tendo em vista a sua invalidade. A impossibilidade material deverá existir desde o memento da celebração do contrato, pois se surgir posteriormente, responderá o devedor pela inexecução do contrato, com ou

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sem perdas e danos, conforme tenha ou não culpa, de acordo com o estabelecido nos arts. 234, 238 e 248 nCC.Por outro lado, a impossibilidade poderá ser absoluta ou relativa, sendo que somente a primeira é que tem efeito de romper o vínculo contratual. A relativa, que diz respeito às circunstâncias pessoais do devedor, não acarretará a invalidade do contrato sido temporária e haver cessado antes do implemento da condição pactuada (art. 106 nCC).A impossibilidade será jurídica, ocasionando a ineficácia do ato, se o objeto do contrato for proibido pelo ordenamento jurídico, como por exemplo, a venda de um bem de família ou a venda ou cessão de herança de pessoa viva (arts. 1.717 e 426 nCC)Pertencem ainda à classe dos requisitos objetivos:

a) A determinação de seu objeto - o objeto de um contrato deverá ser sempre certo ou, no mínimo, determinável.

b) Ser suscetível de apreciação econômica - objeto do contrato deverá, também, ser economicamente apreciável, isto é, a ponto de existir real interesse do credor em reclamar ou promover a execução do devedor para obter a prestação que lhe é devida.

Requisitos Formais: São aqueles que dizem respeito à forma do contrato. Forma é o conjunto de solenidades que deverão ser observadas para que a declaração de vontade tenha eficácia jurídica. De um modo geral existe a liberdade de forma, como se depreende da leitura do art. 107 nCC. Entretanto nos advertem os arts. 108 e 166, III do nCC.Para a validade de um contrato podemos acrescentar ainda , além dos mencionados requisitos gerais, o acordo de vontade dos contratantes que, evidentemente, é considerado como elemento essencial dos contratos, que poderá ser manifestado de forma expressa ou tácita, conforme o caso.

Princípios I - Principio da Autonomia da Vontade - funda-se na vontade livre, na liberdade de contratar, ninguém é obrigado a se vincular a um contrato se não quiser. Entretanto, a autonomia da vontade terá de se restringir, primeiramente, à imposição da lei e, em seguida, aos preceitos de ordem pública, dos bons costumes e da moral. Assim sendo, não poderá o interesse individual dos contratantes se sobrepor ao interesse geral e coletivo. – art. 421 nCCEx. Majoração de alugueres, fixação de juros, estabelecimento de cláusula penal, etc.

II - Princípio supremacia da ordem publica – Limita o da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse público. Lei do Inquilinato, Lei de Usura, Lei de Economia Popular, Código de Defesa do Consumidor etc.

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III - Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos - A obrigatoriedade das convenções prevalece porque as cláusulas contratuais avençadas deverão ser fielmente cumpridas pelos contratantes, sob pena de haver execução patrimonial contra o inadimplente. Significa, portanto, que o contrato válido, após a sua conclusão, torna-se lei entre as partes devendo, conseqüentemente, ser cumprido pelos contratantes.Entretanto existe uma exceção de caráter legal que poderá desobrigar o contratante, isto é, quando se tratar de caso fortuito ou de forma maior, conforme estabelece o art. 393 nCC.

A obrigatoriedade dos contratos em relação às partes contratantes, em certos casos porém, as obrigações avençada a termo e a longo prazo, tornam-se, às vezes, quase impossíveis de serem cumpridas devido ao aparecimento de causas supervenientes ao contrato. Quando esta circunstância ocorrer, aplicando-se o princípio da equidade e com base na boa-fé, pode se dar aplicação à figura da cláusula “rebus sic stantibus”, que tem seu fundamento na teoria da imprevisão ou da superveniência.

IV - Principio da Relatividade das Convenções - Fundamenta-se este princípio no fato de que o contrato só ira produzir efeitos em relação aos próprios contratantes, não tendo, então, alcance para beneficiar ou prejudicar terceiros.

V - PRINCIPIO DO CONSENSUALISMO - FUNDAMENTA-SE NO FATO DE QUE O ACORDO DE VONTADE É SUFICIENTE À

PERFEIÇÃO DO CONTRATO. NÃO OBSTANTE, ALGUNS CONTRATOS TÊM SUA VALIDADE SUBORDINADA À TRADIÇÃO DO OBJETO (CONTRATOS REAIS) E OUTROS À REALIZAÇÃO

DE DETERMINADA SOLENIDADE ESTABELECIDA EM LEI (CONTRATOS SOLENES).

VI - PRINCIPIO DA PROBIDADE E DA BOA-FÉ – A BOA FÉ REFERIDA NO ART. 422 NCC É A BOA FÉ OBJETIVA, QUE É

CARACTERÍSTICA DAS RELAÇÕES OBRIGACIONAIS. A BOA FÉ OBJETIVA NÃO DIZ RESPEITO AO ESTADO MENTAL

SUBJETIVO DO AGENTE, MAS SIM AO SEU COMPORTAMENTO EM DETERMINADA RELAÇÃO JURÍDICA DE COOPERAÇÃO. O SEU CONTEÚDO CONSISTE EM UM PADRÃO DE CONDUTA. A BOA FÉ OBJETIVA, DIVERSAMENTE DA SUBJETIVA PREVISTA NO CÓDIGO DE 1916 EXIGE QUE AS PARTES TUDO FAÇAM

PARA QUE O CONTRATO SEJA CUMPRIDO CONFORME PREVISTO E PARA QUE AMBAS OBTENHAM O PROVEITO

OBJETIVADO E NÃO APENAS DEVERES NEGATIVOS COMO O Apostila elaborada pelo Prof. LUIZ TUBENCHLAK FILHO

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DE SE ABSTER DE PREJUDICAR.

VII – PRINCIPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO – A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO ACENTUA A DIRETRIZ DE

SOCIABILIDADE DO DIREITO , COMO PRINCIPIO A SER OBSERVADO PELO INTERPRETE NA APLICAÇÃO DOS

CONTRATOS. POR SUA FUNÇÃO SOCIAL, O CONTRATO É SUBMETIDO A NOVOS ELEMENTOS INTEGRADORES DE

RELEVÂNCIA À SUA FORMAÇÃO, EXISTÊNCIA E EXECUÇÃO, SUPERANDO A ESFERA CONSENSUAL.

Formação dos contratos

De um modo geral todo contrato é precedido de negociações preliminares e de entendimentos prévios sobre o negócio jurídico que se pretende realizar. Assim sendo, nesta fase, os contratantes apenas trocam idéias e formulam questões, mas nada realizam ainda de concreto. É o chamado período pré-contratual.Estas negociações preliminares são apenas indagações prévias relativas aos interesses dos contratantes, não existindo, nesta oportunidade, qualquer vínculo entre eles, não chegando, portanto, a criar nenhum direito ou obrigação.Logo, nesta fase, não poderá ser responsabilizado civilmente a parte que desistir do contrato, uma vez que ainda não existia proposta concreta e, além disso, o contrato não teve propriamente seu início.Após esta etapa as parte já se encontram em condições de elaborar uma minuta contratual, reduzindo a termo as cláusulas anteriormente discutidas e que servirá de modelo para o contrato definitivo, não existindo, todavia, nenhum vínculo jurídico entre elas.Entretanto, em alguns casos, apesar de não existir obrigatoriedade nestes entendimentos preliminares, poderá haver responsabilidade civil a que responderão os contratantes, não devido à culpa contratual, ou seja, pelo descumprimento de qualquer de sua cláusulas, mas sim, devido à culpa aquiliana ou extra-contratual.Fundamenta-se esta responsabilidade no principio jurídico de que todo aquele que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano, conforme prescreve o art. 186 nCC. A culpa aquiliana deriva de atos de negligência ou imprudência cometidas pelas partes.

PROPOSTA OU POLICITAÇÃO - A PROPOSTA É O PRIMEIRO PASSO PARA A FORMAÇÃO DE UM CONTRA, ISTO É, REPRESENTA A FORMA UTILIZADA POR UMA DAS PARTES PARA OBTER A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DA OUTRA. A PROPOSTA EM SI JÁ TRADUZ UMA VONTADE DEFINITIVA DE

CONTRATAR COM ALGUÉM, DE ACORDO COM AS CLÁUSULAS E CONDIÇÕES OFERECIDAS, NÃO ESTANDO, PORTANTO,

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MAIS SUJEITA A ESTUDO OU DISCUSSÕES.Entendem alguns autores que nem mesmo a morte ou a interdição do proponente poderá revogar sua proposta, devendo quando tal acontecer, os herdeiros, ou seu representante legal, responderem pelos efeitos jurídicos da proposta.

Com exceção a esta regra estabelece o art. 428 nCC.I - A proposta feita sem prazo à pessoa presente, verbalmente ou por escrito, deverá ser imediatamente aceita, sob pena de perder a sua obrigatoriedade. Além disso, se o proponente estiver no Rio de Janeiro e o solicitado em Porto Alegre e o negócio tiver sido proposto por meio de telefone, considera a lei como se as partes estivessem presentes.No entanto, se estiverem até no mesmo edifício e a proposta tiver sido encaminhada por intermédio de mensageiro, considera a lei como negocio entre ausentes.II - Neste caso, transcorrido o chamado “prazo moral” sem que tenha sido expedida a aceitação, a proposta perderá a sua obrigatoriedade. Porém, se houver sido estipulado prazo, deverá o proponente aguardar o seu termino, conforme, aliás, determina o inciso III.III - Nesta hipótese torna-se evidente que se a resposta não tiver sido expedida dentro do prazo estabelecido pelo proponente, claro está que a proposta perderá a sua obrigatoriedade.IV - Por último, diz o código que cessará a obrigatoriedade da proposta se o proponente se arrepender e comunicar esta circunstância ao solicitado, desde que tenha tomado esta providência antes dele receber a proposta feita anteriormente ou, no máximo, fazendo com que a retratação chegue ao aceitante simultaneamente com ela.

Aceitação

É o segundo passo para a formação do contrato. Representa a manifestação de vontade, tácita ou expressa do solicitado (oblato), feita dentro do prazo, caso este tenha sido estipulado pelo proponente, declarando concordar com os termos da proposta oferecida, tornando, assim, o contrato como concluído, desde que, é evidente, tenha a aceitação chegado ao conhecimento do proponente em tempo hábil.

Entre presentes, se a proposta contiver prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentre dele sob pena de ficar o proponente desobrigado.

Se não houver prazo estabelecido, a aceitação deverá ser manifestada imediatamente pois, em caso contrário, de igual forma, desobrigará o proponente.

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Entre ausentes, a aceitação deverá ser manifestada de modo a ser possível chegar ao proponente dentro do prazo contido na proposta. Se chegar posteriormente e o proponente não quiser mais realizar o contrato, deverá comunicar este fato ao aceitante uma vez que, se não o fizer, responderá por perdas e danos, conforme estabelece o art. 1082 CC.

O art. 432 nCC contempla duas hipóteses:1 - Não é costume a aceitação expressa;2 - O proponente dispensa a aceitação.

Como exemplo da primeira hipótese podemos citar produtos natalinos enviados e recebidos pelos comerciantes que, normalmente efetua o pagamento com pontualidade. Empresa que mesmo não confirmando os pedidos que recebe, os executa fielmente.

Em ambos os casos, se não mais convier o prosseguimento das negociações, é necessário se dar conhecimento à outra parte, sob pena de concluir-se o vínculo contratual habitualmente estabelecido entre eles.

Da segunda hipótese, podemos citar reservas de acomodações em hotel por via postal. Se o hoteleiro não recusar a proposta em tempo hábil, o contrato deverá ser cumprido, sob pena de responder por perdas e danos.

Da mesma forma que a proposta, a aceitação, também poderá ser revogada, conforme determina o art. 434 nCC.

Momento em que se tem por concluído o Contrato

Para que se estabeleça a obrigatoriedade do contrato é necessário saber-se o exato momento, em que, efetivamente, se concluiu o vínculo jurídico entre as partes, isto é, o momento em que cessou a possibilidade de retratação, ficando elas obrigadas a cumprir o negócio jurídico ajustado, sob pena do pagamento de perdas e danos.

Vimos que entre presentes não existe dúvida alguma, o mesmo não acontecendo entre ausentes.

Existem algumas teorias que se propuseram a demonstrar qual o exato momento em que se tem por concluído um contrato entre ausentes.

Teoria da Cognição ou da Informação

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Segundo esta teoria forma-se o vínculo obrigacional no memento em que o proponente tem conhecimento da aceitação. É o sistema jurídico adotado pela Itália, Austria e Argentina.

Teoria da Agnição ou da Declaração

De acordo com esta teoria, conclui-se um contrato entre ausentes no momento em que o aceitante manifesta concordar com os termos da proposta recebida, isto porque, é neste exato momento que se conjugam as vontades dos contratantes.Esta teoria compreende três entendimentos distintos:Teoria da Declaração propriamente ditaforma-se o vínculo obrigacional no momento em que o aceitante formula a resposta, escrevendo carta ou redigindo telegramaTeoria da ExpediçãoFormular a aceitação não é o suficiente. É necessário remeter a resposta para o proponente pelo correio ou telégrafo. Assim sendo, o contrato estará concluído no momento em que a resposta favorável tiver sido expedida.Teoria da RecepçãoTem-se por concluído o vínculo obrigacional quando, realmente a resposta favorável chega às mãos do proponente.De acordo com o nosso Código não basta escrever a resposta favorável, é necessário, também, remetê-la, conforme estabelece o art. 434 nCC, que adotou a Teoria da Declaração em seu segundo aspecto.

Lugar da Celebração do Contrato

Art. 435 nCC e Art. 9º, § 2º da Lei de Introdução ao Código Civil.

Revisão dos Contratos (Arts. 478 a 480 nCC)

O Estado intervém nos contratos, não só mediante a aplicação de normas de ordem pública, mas também alterando-lhes a essência ou a forma de execução conforme as circunstâncias, onde pode o juiz, fundando-se em superiores princípios de direito, boa fé, comum intenção das partes, amparo do fraco contra o forte, interesse coletivo etc.

Forma e Prova

FORMA: OS CONTRATOS SE APRESENTAM, INVARIAVELMENTE, DAS SEGUINTES FORMAS : VERBAL,

POR INSTRUMENTO PÚBLICO OU POR INSTRUMENTO PARTICULAR.

Prova dos Contratos: Como os contratos são negócios jurídicos, poderão ser provados por qualquer dos meios estabelecidos pelo art. 212 nCC, quando a lei não exigir forma especial.

interpretaçã Interpretar um contrato é chegar ao perfeito entendimento

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o no que diz respeito à real intenção das partes quando redigiram as cláusulas contratuais de acordo com suas vontades.

De acordo com o art. 112 nCC, o julgador deverá interpretar um contrato observando a verdadeira intenção das partes quando resolveram realizá-lo, abandonando, às vezes, até mesmo, sua forma literal.Deverá agir deste modo porque é possível encontrar-se erros técnicos inseridos nas cláusulas contratuais, resultantes, comumente, da ignorância dos próprios contratantes sobre a matéria contratual.Os contratos gratuitos, em que somente uma das partes é que obtém vantagens, deverão ser interpretados de modo restrito (art. 114 nCC).Para se dar uma boa interpretação de um contrato é necessário aplicar-se regras de caráter subjetivo e objetivo.

Regras de Caráter Subjetivo São regras que tem por finalidade verificar-se a

verdadeira intenção das partes, prevalecendo, neste sentido, a vontade dos contratantes até mesmo sobre a própria redação contratual.Ex. Devemos interpretar uma cláusula contratual relacionando-a sempre com as demais, quer anteriores, quer posteriores, nunca isoladamente. O intérprete não pode por sua própria conta, adicionar ou eliminar matéria relativa ao objeto do contrato, devendo, aliás, intensificar sua atenção, exatamente, sobre ele.

Regras de Caráter ObjetivoSão as que tem por finalidade analisar o contrato como

um produto objetivo, isto é, tendo em vista as decorrências ordinárias das cláusulas contratuais.Ex1. Quando o contrato, ou uma de suas cláusulas, apresentar duplo sentido, devemos interpretar de modo que possa conduzir a algum efeito jurídico e não de forma que acarrete nenhum efeito.Ex2. As cláusulas ambíguas devem ser interpretadas de acordo com o costume do lugar em que foram estipuladas.Ex3. As expressões que de algum modo possam acarretar duplo sentido, na dúvida, devem ser interpretadas de modo que possam se harmonizar com a natureza e com o objeto do contrato.Ex4. As cláusulas inscritas nas condições gerais do contrato, ditadas apenas, por um dos contratantes, como acontece nos contratos de adesão, na dúvida, devem ser interpretadas em favor do contratante que adere.Ex5. Nos contratos de compra e venda interpretam-se, de um modo geral contra o vendedor que por presunção, é quem melhor deveria conhecer a coisa vendida.

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Ex6. Nos contratos de locação, havendo dúvida, devem ser interpretados em favor do locatário.

Publicidade dos ContratosPara que um contrato possa se tornar do

conhecimento público, é indispensável que seja levado a Registro nos órgãos competentes, tais como, Registro Civil, Registro Civil das Pessoas Jurídicas, Registro de Imóveis, Registro de Títulos e Documentos, Juntas Comerciais etc.

Vícios redibitórios (Arts. 441 a 446 nCC)

São verificados no bem objeto dos contratos comutativos, que a torne imprópria ao uso a que se destina ou que lhe diminuam o valor. O Desconhecimento do vício redibitório não exime a responsabilidade do alienante, salvo disposição expressa, em contrário, no contrato. Em venda em hasta pública, não cabe ação redibitória. É necessário, para se caracterizar o vício redibitório que o defeito ou vício esteja presente na data da celebração do contrato. O art. 442 n CC deixa duas alternativas ao adquirente:a) Rejeitar a coisa, rescindindo o contrato e pleiteando a devolução do preço pago, mediante ação redibitória, b) Conservá-la, malgrado o defeito, reclamando, porém, abatimento no preço, pela ação quanti minoris ou estimatória.

O vício redibitório é erro objetivo sobre a coisa, que contém um defeito oculto. Provado o defeito oculto, não facilmente perceptível, cabem as ações edilícias. Os prazos para o ajuizamento das referidas ações são decadenciais: 30 dias, se relativas a móveis, e 1 ano, se relativas a imóveis, cotados, nos dois casos, da tradição (art. 445 nCC).Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

Evicção É dever do alienante não só fazer a entrega da coisa alienada, como também, garantir ao adquirente o direito de uso e gozo, resguardando contra terceiro que pretendem obter o seu domínio, garantindo-lhe, assim, contra os riscos da evicção.É possível que o adquirente venha a perder a coisa, total ou parcialmente, em face de sentença judicial fundamentada em causa anterior ao contrato.A evicção se dará, também, quando se reconhece em juízo a existência de ônus gravado sobre a coisa alienada e que

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deixou de ser declarado pelo alienante por ocasião da lavratura do contrato, como por exemplo uma hipoteca.A evicção é, portanto, a perda da coisa adquirida por força de sentença judicial, baseada em direito anterior ao contrato, que veio a conferir a outrem, seu verdadeiro proprietário, direito real, direito real sobre ela, ou então, o reconhecimento da existência de ônus real sobre a coisa que não havia sido declarado no contrato.

A garantia contra os riscos da evicção mencionada no art. 447 nCC, constitui numa obrigação de fazer do transmitente e que se resume no seguinte:

1º - Não turbar o adquirente, garantindo-lhe a posse mansa e pacífica da coisa que alienou;

2º - Assistir e defender o adquirente no curso da ação reivindicatória quando chamado à autoria;

3º - Reparar os danos sofridos pelo adquirente se a evicção ficar configurada.

O dever do alienante de responder pela evicção é elemento característico dos contratos comutativos, bilaterais ou onerosos, que estabelecem a obrigação de transferir o domínio, a posse ou o uso da coisa.Esta responsabilidade só será afastada se do contrato translativo de propriedade ficar expressamente declarada a sua exclusão.Em outras palavras, a garantia contra os riscos da evicção será de responsabilidade do alienante mesmo que do contrato nada conste expressamente neste sentido.Na configuração da evicção, necessariamente, tomam parte três elementos:

a) o evicto - que é o adquirente e que vem a perder em parte ou totalmente a coisa adquirida;b) o alienante - que transferiu a propriedade da coisa ao evicto, mediante contrato;c) o evictor - que é quem move a ação e vem a obter a coisa que se encontrava em poder do evicto.

REQUISITOS:1º Onerosidade na aquisição da coisaA responsabilidade pelos riscos da evicção é inerente aos contratos onerosos. Em decorrência, nos contratos gratuitos não poderá existir a garantia contra a evicção por não haver equivalência de prestações recíprocas.

2º - A perda total ou parcial da propriedade ou da posse do bem alienado A evicção será total quando ocorrer a perda integral da coisa adquirida, cabendo ao evicto o direito de

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obter a restituição total do preço que pagou acrescido das indenizações cabíveis, conforme prescreve o art. 450 nCC.

Será parcial quando houver a perda de uma fração ou parte material da coisa ou de seus acessórios ou, ainda, quando ocorrer a limitação do direito de propriedade, como por exemplo, o adquirente ter sido privado de uma servidão ativa ou ter que se sujeitar ao ônus de uma servidão passiva.

Nestes casos poderá o adquirente optar pela rescisão do contrato ou pedir abatimento no preço, proporcional, evidentemente, à parte que perdeu ou a sua desvalorização. 3º - Sentença Judicial transitada em julgado, conforme determina o art. 457 nCCEntretanto, tem a jurisprudência admitido, em casos excepcionais, que se dê a evicção independentemente de sentença judicial, como por exemplo:

a) a) quando ocorrer à perda do domínio da coisa pelo implemento de condição resolutiva;

b) b) quando houver a apreensão da coisa pela polícia, tendo em vista a existência de furto ou roubo ou roubo anterior à sua aquisição.

c) c) quando o adquirente perder a coisa por ato discricionário de qualquer autoridade.

4º - Possuir o evictor direito anterior ao contrato.Por esse motivo a sentença judicial deverá se fundamentar em causa preexistente ao contrato em que o evicto adquiriu a coisa.

5º - Ser o alienante notificado do litígio, conforme estabelece o art. 456 nCC.Contudo, será desnecessária a notificação se o alienante tiver sido também citado como parte na ação.O alienante só poderá ser acionado pelo adquirente depois que o evictor tiver obtido sentença transitada em julgado.Do enunciado do art. 449 nCC pode-se deduzir o seguinte:1 - existindo cláusula de exclusão da garantia contra a evicção e conhecendo o adquirente a possibilidade deste risco, ficará o alienante isento de qualquer responsabilidade;2 - existindo cláusula expressa de exclusão de garantia sem que o adquirente tenha ciência do risca da evicção, responderá o alienante, apenas, pela devolução do preço recebido;3 - havendo cláusula expressa de exclusão, embora informado do risco não haja assumido a responsabilidade, terá o direito de reaver o preço que pagou pela coisa evicta.

DIREITOS DO EVICTO

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a) Demandar pela evicção movendo ação contra o alienante, a não ser nas hipóteses mencionadas

b) Reclamar, no caso da evicção tiver sido total, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou, ainda: Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir ao evictor; O pagamento relativo às despesas efetuadas com o contrato; As custas judiciais desembolsadas com a lide, compreendendo também, os honorários do perito e do seu advogado.

c) Obter o valor das benfeitorias necessárias ou úteis (Arts. 453e 454 nCC).

d) Receber o valor das vantagens das deteriorações da coisa (Arts. 451 e 452 nCC)

e) Notificar o alienante para vir integrar a lide (art. 456 nCC)f) Optar, sendo parcial a evicção, entre rescindir o contrato

ou receber a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido (Arts. 456 nCC)

g) Responsabilizar os herdeiros do alienante pela evicção, se este tiver falecido.

Extinção dos contratos

Extinção normal do contrato: Extingue-se normalmente o contrato pela sua execução e o credor atestará o pagamento por meio de quitação regular.NULIDADE: É UMA SANÇÃO, POR MEIO DA QUAL A LEI PRIVA DE EFEITOS JURÍDICOS O CONTRATO CELEBRADO CONTRA OS PRECEITOS DISCIPLINADORES DOS PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO; PODE SER ABSOLUTA OU RELATIVA.Condição resolutiva tácita: Está subentendida em todos os contratos bilaterais ou sinalagmáticos, para o caso em que um dos contraentes não cumpra sua obrigação, autorizando, então, o lesado pela inexecução a pedir rescisão contratual e indenização das perdas e danos.Condição resolutiva expressa: Uma vez convencionada, o contrato rescindir-se-á automaticamente, fundando-se no princípio da obrigatoriedade dos contratos, justificando-se quando o devedor estiver em mora.Direito de arrependimento: Pode estar previsto no próprio contrato, quando os contraentes estipularem, expressamente, que o ajuste será rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer deles se arrepender de o ter celebrado, sob pena de pagar multa penitencial, devida como um compensação pecuniária a ser recebida pelo lesado com o arrependimentoResolução por inexecução voluntária do contrato: Para que se opere, serão imprescindíveis o inadimplemento do contrato por culpa de um dos contratantes, o dano causado ao outro e o nexo de causalidade entre o comportamento ilícito do agente e o prejuízo; produz os seguintes efeitos: extingue o contrato retroativamente, visto que opera ex

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tunc; atinge os direitos creditórios de terceiros, desde que adquiridos entre a conclusão e a resolução do ajuste; sujeita o inadimplente ao ressarcimento de perdas e danos, abrangendo o dano emergente e o lucro cessante.Resolução por inexecução contratual involuntária: se a total inexecução contratual se der por força maior ou caso fortuito, a resolução do contrato operar-se-á de pleno direito, sem ressarcimento das perdas e danos, porém, haverá intervenção judicial para compelir o contratante a restituir o que recebeu e responsabilidade do devedor pelos danos causados, es estiver em mora.Resolução por onerosidade excessiva (Art. 478 nCC): se houver onerosidade excessiva, oriunda de evento extraordinário e imprevisível, que dificulte extremamente o adimplemento do contrato por uma das partes, ter-se-á a resolução contratual, por se considerar subentendida a cláusula rebus sic stantibus, de modo que o lesado poderá desligar-se da obrigação, pedindo ao juiz a rescisão do contrato ou o reajustamento das prestações recíprocas.Distrato: é um negócio jurídico que rompe o vínculo contratual, mediante a declaração de vontade de ambos os contraentes de pôr fim ao contrato que firmaram; submete-se às mesmas normas e formas relativas aos contratos.Resilição unilateral: é a dissolução do contrato pela simples declaração de uma das partes; assume, em certos casos, a feição especial de revogação, renúncia e resgate; produz efeitos ex nunc.Morte de um dos contraentes: só é causa extintiva de contrato se este for intuitu personae; se ocorrer essa hipótese, o contrato extinguir-se-á de pleno direito, produzindo efeitos ex tunc.

Estipulação em favor de terceiro

É a cláusula que estabelece benefício em favor de terceiros, que não figura como parte no contrato. São freqüentes as estipulações em favor de terceiros no contrato de seguro de vida. A disciplina do instituto encontra-se nos arts. 436 a 438 nCC. Nela figuram três personagens:

a) Estipulante,b) Promitente,c) Beneficiário (alheio à convenção)

A capacidade só é exigida do estipulante e do promitente, pois qualquer pessoa pode ser contemplada com a estipulação, seja ou não capaz. O art. 793 nCC estabelece uma restrição. É um contrato “sui generis”, consensual e de forma livre. A gratuidade do beneficio é essencial, não podendo ser imposta contraprestação a terceiro.

Promessa de fato de terceiro (Art. 439 e 440 nCC)

Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a

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indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.

Contrato com pessoa a declarar (Art. 467 a 471 nCC)

No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.A pessoa, nomeada, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOSQuanto à sua NaturezaUnilaterais e Bilaterais

Preliminarmente salientamos que esta classificação não tem relação alguma com os atos jurídicos unilaterais e bilaterais, uma vez que todos os contratos são atos jurídicos bilaterais, inclusive os próprios contratos unilaterais. Consideramos nesta classificação apenas o efeito da obrigação criada pelo contrato que evidentemente, poderá vir a ser unilateral ou bilateral.Unilaterais - São os contratos em que somente uma das partes se obriga em relação a outra, isto é, um dos contratantes é apenas credor e o outro devedor. Ex. Doação pura e simples, em que apenas o doador contrai obrigações, enquanto que o donatário só adquire vantagens, não assumindo qualquer obrigação, a não ser o dever moral de gratidão. São exemplos também de contratos unilaterais o Depósito, mútuo, mandato e comodato.Bilaterais - São aqueles que acarretam obrigações para ambos os contratantes. Ex. Compra e venda, locação, seguro, sociedade e etc.

Onerosos São os contratos em que ambas as partes tem por objetivo auferir proveito. De um modo geral nos contratos onerosos existe equivalência entre a vantagem obtida e o sacrifício

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patrimonial despendido. Ex. Compra e Venda, locação, etc.

Gratuitos São aqueles em que somente uma das partes é que sofre um sacrifício patrimonial, enquanto que, a outra, apenas recebe o benefício. Ex. Comodato, mútuo sem cobrança de juros.

Comutativos

São os contratos onerosos em que cada um dos contratantes além de receber do outro a prestação equivalente à sua, pode avaliar, imediatamente, esta equivalência. Ex. Compra e Venda, locação, etc

Aleatórios São os contratos onerosos em que não há certeza se a prestação se efetivará, havendo, assim, apenas a possibilidade de uma das partes receber o que lhe é devido. A prestação de uma delas, ou de ambas, dependerá de um acontecimento incerto e futuro, estando, portanto, sujeito a risco. Ex. Seguro e Compra e Venda

Quanto a Forma (ou a maneira com que se aperfeiçoam)Reais São os contratos que se concluem com a tradição, isto é,

mediante a entrega da coisa objeto da prestação e que deverá ocorrer após o acordo de vontades das partes. Ex. Mútuo, Comodato, Penhor e Depósito

Consensuais

São os que se concluem apenas por intermédio do consentimento, ou seja, dispensando qualquer outro complemento. Ex. Compra e venda, troca de coisas móveis

Solenes São aqueles em que a lei exige forma especial, isto é, não podem ser convencionados de forma livre, sendo que a sua inobservância acarretará a sua nulidade ou anulabilidade, conforme o caso. Ex. Pacto antenupcial, compra e venda de imóveis.

Não Solenes São os contratos em que a lei não determina forma especial para a sua formação. Ex. Compra e venda de bens móveis

Escritos São os que se formam por intermédio de instrumento público ou particular, conforme exigir a lei. Ex. Sociedade

Verbais São os que se concluem apenas mediante o consentimento das partes. Ex. Transporte coletivo

CONSIDERADOS EM SI MESMOSPrincipais Independe da existência de outroACESSÓRIOS Só existe em função de outro. Por exemplo, é comum firmar-

se um contrato de fiança (acessório) como garantia de um contrato de locação (principal)

QUANTO ÀS CERTAS MODALIDADESNominados São aqueles que possuem denominação legal e própria, sendo

disciplinados de forma especial. Compra e Venda - Troca - Doação - Locação - Empréstimo - Mandato - Depósito - Sociedade - Seguro - Jogo - Aposta – Fiança – corretagem – agência – transação – compromisso

Inominados São aqueles que o legislador não previu expressamente, mas,

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desde que atendam às exigências legais, são aceitos na ordem pública. Ex. Factoring, Franchising, contratos bancários etc.

De Adesão São os contratos em que todas as cláusulas são previamente estipuladas por um dos contratantes, de modo que o outro, na necessidade de contratar, não pode discutir livremente as cláusulas que lhes são impostas. Ex. Fornecimento de força e luz, consórcio, cartão de crédito.

Paritários São aqueles em que as partes interessadas, colocadas em pé de igualdade discutem os termos do ato negocial, eliminando nos pontos divergentes mediante transigência mútua.

QUANTO AO TEMPO DE EXECUÇÃODe Execução Instantânea

São aqueles em que as partes efetuam a sua execução num só momento e logo depois à sua formação

De Execução Diferida no Futuro

São os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro.

De Trato Sucessivo ou de execução continuada

São aqueles que se cumprem por meio de atos reiterados

QUANTO AO SEU OBJETIVO Definitivos São os que tem por finalidade criar vários tipos de obrigações

para os contratantes. Ex. Compra e Venda, LocaçãoPreliminares

São os que tem por objetivo, invariavelmente, a realização de um contrato definitivo e que será realizado posteriormente. Ex. Promessa de Compra e Venda.

Modalidades Contratuais previstas no Código Civil

Compra e venda (Arts. 481 a 532 nCC)Conceito Vem a ser o contrato em que uma pessoa (vendedor) se

obriga a transferir a outra (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.

Características

1) Bilateral e sinalagmático,2) Oneroso,3) Comutativo ou aleatório,4) Consensual5) Solene (bem imóvel),6) Não solene (bem móvel),7) Translativo do domínio (não no sentido de operar sua transferência, mas de servir como titulus adquirendi, isto é, de ser o ato causal da transmissão da propriedade gerador de uma obrigação de entregar a coisa alienada e o fundamento da tradição ou da transcrição;

O contrato de compra e venda vem a ser um título hábil à aquisição do domínio, que só se dá com a tradição e a transcrição, conforme a coisa adquirida seja móvel ou

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imóvel.Elementos constitutivos

1) A compra e venda estará perfeita e acabada quando estiverem presentes a coisa, o preço e o consentimento;2) Bastará o acordo de vontades sobre a coisa e o preço; 3) a coisa deverá ter existência, ainda que potencial, no momento da realização do contrato, ser individuada, ser disponível ou estar in commercio e ter a possibilidade de ser transferida ao comprador; 4) o preço, que deverá apresentar pecuniariedade, por constituir um soma em dinheiro, seriedade e certeza;5) o consentimento dos contratantes sobre a coisa, o preço e demais condições do negócio, pressupõe o poder de disposição do vendedor, sendo necessário que ele tenha capacidade de alienar, bastando ao adquirente a capacidade de obrigar-se.

Conseqüências jurídicas

1) Obrigação de o vendedor entregar a coisa e do comprador de pagar o preço;2) Obrigação de garantia imposta ao vendedor, contras os vícios redibitórios e a evicção;3) Responsabilidade pelos riscos e despesas;4) Direito aos cômodos antes da tradição;5) Responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas ;6) Direito do comprador de recusar a coisa vendida sob amostra ;7) Direito do adquirente de exigir, na venda ad mensuram, o complemento da áreas, ou de reclamar, se isso for impossível, a rescisão do negócio ou o abatimento do preço;8) Exoneração do adquirente de imóvel, que exibir certidão negativa de débito fiscal;9) Nulidade contratual no caso do art. 53 da Lei 8078/90.

Cláusulas Especiais à Compra e Venda – Arts. 505 a 532 nCCRetrovenda (Art. 505 a 508 nCC)

É a cláusula adjeta à compra e venda, pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramento do imóvel; é apenas admissível nas vendas de imóveis; torna a propriedade resolúvel; o vendedor só poderá resgatar o imóvel alienado dentro de prazo improrrogável de 3 anos, ininterruptos e insuscetíveis de suspensão; o direito de resgate é intransmissível, não sendo suscetível de cessão por ato inter vivos, mas passa a seus herdeiros.

Venda a contento (Art. 509 a

É a cláusula que subordina o contrato à condição de ficar desfeito se o comprador não se agradar da coisa; é a que se realiza sob a condição de só se tornar perfeita e obrigatória se

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512 nCC) o comprador declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz; ela reputar-se-á feita sob condição suspensiva, não se aperfeiçoando o negócio enquanto o adquirente não se declarar satisfeito.

Preempção ou preferência ou prelação (Art. 513 a 520 nCC)

É o pacto adjeto à compra e venda em que o comprador de coisa móvel ou imóvel fica com a obrigação de oferecê-la a quem lhe vendeu, para que este use do seu direito de prelação em igualdade de condições, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento.

Venda com Reserva de domínio (Art. 521 a 528 nCC)

Ter-se-á quando se estipula que o vendedor reserva para si a sua propriedade até o momento em que se realize o pagamento integral do preço; dessa forma, o comprador só adquirirá o domínio da coisa se integralizar o preço, momento em que o negócio terá eficácia plena (arts. 1170 e ss, do CPC).

Venda sobre documentos (Arts. 529 a 532 nCC)

A venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos.Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.

Troca ou permuta - Art. 533 nCC

Conceito é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro.

Características

1) Contrato bilateral,2) Oneroso,3) Comutativo,4) Translativo de propriedade no sentido de servir como titulus adquirendi, gerando, para cada contratante, a obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua prestação.

Objeto São suscetíveis de troca todas as coisas que puderem ser vendidas, não sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou tenham igual valor.

Doação – Arts. 538 a 564 nCC Conceito Segundo o art. 538 nCC, doação é o contrato em que uma

pessoa. por liberalidade, transfere do seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, que os aceita.

Requisitos Para que seja válida, além dos requisitos gerais reclamados por qualquer negócio jurídico, será imprescindível o preenchimento de outros, especiais, que lhe são peculiares;

1) requisito subjetivo, isto é, a capacidade ativa e passiva dos contraentes;

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2) requisito objetivo, pois para ter validade a doação precisará ter por objeto coisa que esteja in commercio; além do mais, será imprescindível a liceidade e a determinabilidade; 3) requisito formal, visto ser a doação um contrato solene, pois lhe é imposta uma forma que deverá ser observada, sob pena de não valer o contrato .

Doação pura e simples

É feita por mera liberalidade, sem condição presente ou futura, sem encargo, sem termo, enfim, sem quaisquer restrições ou modificações para a sua constituição ou execução.

Doação modal ou com encargo

É aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou do interesse geral.

Doação remuneratória

É aquela em que, sob aparência de mera liberalidade, há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou alguma outra vantagem que haja recebido dele.

Doação condicional

É a que surte efeitos somente a partir de um determinado momento, ou seja, é a que depende de acontecimento futuro e incerto.

Doação a termo

Se tiver termo final ou inicial

Doação de pais a filhos

É aquela que importa em adiantamento da legítima, ou seja, daquilo que por morte do doador, o donatário receberia.

Doação conjuntiva

Feita em comum a mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários, exceto se o contrato estipulou o contrário.

Invalidade Invalidar-se-á a doação se ocorrerem casos de nulidade comuns aos contratos em geral, se se apresentarem os vícios que lhe são peculiares, ou se houver a presença de vícios de consentimento, como o erro, o dolo, a coação, e de vícios sociais, como a simulação e a fraude contra credores, que a tornam anulável.

Revogação A revogação de um direito é a possibilidade de que um direito subjetivo, em dadas circunstâncias, por força de uma causa contemporânea à sua aquisição, possa ou deva retornar ao seu precedente titular; o doador não poderá revogar unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve aceitação pelo donatário.

Locação de coisas – Arts. 565 a 578 nCCConceito É o contrato pelo qual uma das partes (locador) se obriga a

ceder à outra (locatário), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante certa retribuição.

Elementos essenciais

Consentimento válido; capacidade dos contraentes; cessão de posse do objeto locado, que deverá ser infungível, inconsumível, suscetível de gozo, determinado ou determinável, dado por quem possua título bastante para

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fazê-lo e alienável ou inalienável; remuneração; lapso de tempo determinado ou não; forma livre.

Direitos e obrigações do locador

O locador tem o direito de:a) Receber o pagamento do aluguel, b) Cobrar antecipadamente o aluguel (Art. 42 e 43, III da Lei nº 8.245/91),c) Mover ação de despejo,d) Exigir as garantias constantes do art. 37 da Lei 8245/91,e) Reaver a coisa locada ou o prédio alugado, após o vencimento da locação,f)Autorizar, por escrito, a cessão de locação, a sublocação e o empréstimo do prédio,g) Pedir a revisão judicial do aluguel ou a atualização dos aluguéis das locações,h) Ser comunicado de sub-rogação na locação;

O locador e obrigado:a) Entregar ao locatário a coisa alugada, manter o bem nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário,b) Responder pelos vícios ocultos do bem locado,c) Garantir o uso pacífico da coisa locada,d) Pagar não só os impostos que incidam sobre o imóvel locado, mas também as despesas extraordinárias de condomínio,e) Fornecer o recibo de aluguel ou de encargos, f)Indenizar as benfeitorias úteis ou necessárias feita pelo locatário de boa fé, g) Dar preferência ao locatário ou sublocatário para adquirir o prédio locado, em igualdade de condições com terceiroh) Não exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e dos encargos permitidos.

Direitos e deveres do locatário

O locatário terá direito de:a) Exigir do locador não só a entrega da coisa, b) O recibo de aluguel ou de encargos, c) A manutenção do statu quo da coisa locada durante o tempo do contrato, mas também a garantia de uso pacífico do bem locado e a responsabilidade pelos vícios ocultos (22, V, Lei 8245/91), d) Exigir do locador, relação escrita do estado do prédio, e) Reter o prédio alugado no caso de benfeitorias necessárias ou úteis, feitas com o consentimento escrito do locador,f)Ter preferência para a aquisição, no caso de alienação do imóvel locado,g) Purgar a mora pra evitar a rescisão da locação,h) Ser despejado mediante denúncia vazia ou cheia,i)Sublocar, ceder ou emprestar o bem locado, havendo consentimento prévio e expresso do locador,

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j)Alegar a impenhorabilidade dos bens móveis quitados que guarneçam o imóvel locado e que sejam de sua propriedade;k) Terá o dever de servir-se da coisa locada exclusivamente pra o uso convencionado ou presumido,l)Tratar do bem alugado como se fosse seu e pagar pontualmente o aluguel, levar ao conhecimento do locador os danos, que a este incumbe reparar, e as turbações de terceiros, m) restituir a coisa, finda a locação, no estado em que as recebeu, n) Pagar os encargos de limpeza, força e luz, água, saneamento e despesas ordinárias de condomínio,o) Fazer reparações, consentir nos reparos urgentes de que o prédio necessitar, p) Dar caução em dinheiro, garantia fidejussória e seguro de fiança locatícia, se o locador exigir,q) E responder pelo incêndio do prédio, se não provar o caso fortuito ou força maior, vício de construção ou propagação de fogo originado em outro prédio.

Cessão de locação

Consiste na alienação, na transferência a outrem da posição contratual do locatário; enfim, na transmissão, para outra pessoa, dos direitos e deveres que lhe competem.

Sublocação Consiste na concessão do gozo, parcial ou total, da coisa locada, por parte de quem é, por sua vez, locatário dela mesma; vem a ser um contrato de locação que se efetiva entre o locatário de um bem e terceiro (sublocatário), com a prévia permissão do locador, que participando de uma primeira relação jurídica ex locato, se vincula a uma segunda, tendo-se em conta, nas duas, o mesmo objeto locado.

Extinção da locação das coisas

Cessará a locação:a) Se houver distrato,b) Retomada do bem locado nos casos admitidos por lei,c) Implemento de cláusula resolutória expressa,d) Perda total da coisa locada, perda parcial ou deterioração do bem,e) Vencimento do prazo contratual,f)Desapropriação do prédio locado, com imissão de posse,g) Morte do locatário,h) Nulidade ou anulabilidade,i)Resilição unilateral por inexecução contratual ou por infração à lei,j)Extinção de usufruto ou fideicomisso, e;k) Falência ou concordata de um dos contratantes.

Empréstimo (mutuo e comodato) – Arts .579 a 592 nCCConceito É o contrato pelo qual um pessoa entrega a outra,

gratuitamente, uma coisa, para que dela se sirva, com a obrigação de restituir; duas são suas espécies: o comodato

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e o mútuoComodato É o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém

entrega a outrem coisa infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída; infere-se dessa definição os traços característicos: a) Contratualidade, visto ser um contrato unilateral,b) Gratuito,c) Real,d) Intuitu personae) Infungibilidade e não consumibilidade do bem dado em comodato,f)Temporariedade;g) Obrigatoriedade da restituição, da coisa emprestada.

Obrigações do comodatário

a) Guardar e conservar a coisa emprestada com se fosse sua; b) Limitar o uso da coisa ao estipulado no contrato ou de acordo com sua natureza;c) Restituir a coisa emprestada in natura no momento devido; d) Responder pela mora; e) Responder pelos riscos da coisa;f)Responsabilizar-se solidariamente, se houver mais comodatários.

Obrigações do comodante

Não pedir restituição do bem, pagar as despesas extraordinárias e necessárias e responsabilizar-se, perante o comodatário, pela posse útil e pacífica da coisa dada em comodato.

Extinção do comodato

Ter-se-á a extinção com o advento do prazo convencionado, a resolução por inexecução contratual, a resilição unilateral, o distrato, a morte do comodatário e com a alienação da coisa emprestada.

Mútuo É o contrato pelo qual um dos contraentes transfere a propriedade de bem fungível ao outro, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade; é um contrato real, gratuito e unilateral; possui ainda as seguintes características: temporariedade; fungibilidade da coisa emprestada; translatividade de domínio do bem emprestado; obrigatoriedade da restituição de outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Mútuo feneratício ou oneroso: é permitido em nosso direito, se fixem juros ao empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis.

Obrigações do mutuário

Restituir o que recebeu em coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, dentro do prazo estipulado e pagar os juros, se feneratício o mútuo.

Direitos do mutuante

Exigir garantia de restituição, reclamar a restituição e demandar a resolução do contrato se o mutuário, no mútuo feneratício, deixar de pagar os juros.

Extinção do mútuo

Extinguir-se-á havendo vencimento do prazo convencionado, resolução por inadimplemento das obrigações contratuais, distrato, resilição unilateral por parte do devedor e a

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efetivação de algum modo terminativo previsto no próprio contrato.

Depósito – Arts. 627 a 652 nCCConceito é o contrato pelo qual um dos contraentes (depositário)

recebe de outro (depositante) um bem móvel, obrigando-se a guardá-lo, temporária e gratuitamente, para restituí-lo quando lhe for exigido.

Elementos característicos

é um contrato unilateral, gratuito, real, e, em regra, intuitu personae; entrega de coisa móvel corpórea pelo depositante ao depositário; obrigação de custódia; restituição da coisa na ocasião ajustada ou quando reclamada; temporariedade; gratuidade.

Depósito voluntário ou convencional

Advém da livre convenção dos contraentes, visto que o depositante escolhe espontaneamente o depositário, confiando à sua guarda coisa móvel corpórea a ser restituída quando reclamada, sem sofrer quaisquer pressões de circunstâncias externas.

Depósito necessário

É aquele que independe da vontade das partes, por resultar de fatos imprevistos e irremovíveis, que levam o depositante a efetuá-lo, entregando a guarda de um objeto a pessoa que desconhece, a fim de subtraí-lo de uma ruína imediata, não lhe sendo permitido escolher livremente o depositário, ante a urgência da situação; subvide-se em depósito legal, miserável e do hoteleiro ou do hospedeiro.

Depósito regular ou ordinário

É o atinente à coisa individuada, infungível e inconsumível, que deve ser restituída in natura, isto é, o depositário deverá devolver exatamente a própria coisa depositada.

Depósito irregular

Recai sobre bem fungível ou consumível, de modo que o dever de restituir não tem por objeto a mesma coisa depositada, mas outra do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regendo-se pelo disposto acerca do mútuo.

Depósito judicial

É determinado por mandado do juiz, que entrega a terceiro coisa litigiosa (móvel ou imóvel), com o intuito de preservar sua incolumidade, até que se decida a causa principal, para que não haja prejuízo aos direitos dos interessados.

Extinção Pelo vencimento do prazo; pela manifestação unilateral do depositante; por iniciativa do depositário; pelo perecimento da coisa depositada, pela morte ou incapacidade superveniente do depositário, se o contrato for intuitu personae; pelo decurso do prazo quando não reclamado o bem.

Jogo e Aposta – Arts. 814 a 817 nCCConceito jogo é o contrato em que duas ou mais pessoas prometem, entre

si, pagar certa soma àquela que conseguir um resultado favorável de um acontecimento incerto, ao passo que aposta é a

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convenção em que duas ou mais pessoas de opiniões discordantes sobre qualquer assunto prometem, entre si, pagar certa quantia ou entregar determinado bem àquela cuja opinião prevalecer em virtude de um evento incerto; são contratos regulados pelos mesmos dispositivos legais do CC.

Fiança – Art. 818 a 839 nCCConceito Fiança ou caução fidejussória vem a ser a promessa, feita por

uma ou mais pessoas, de satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo cumprimento; o contrato será intuitu personae relativamente ao fiador, porque para sua celebração será imprescindível a confiança que inspirar ao credor; o fiador terá responsabilidade por débito alheio.

Benefício de ordem

É o direito assegurado ao fiador de exigir do credor que acione, em primeiro lugar, o devedor principal, isto é, que os bens do devedor principal sejam excutidos antes dos seus.

Mandato – Arts. 653 a 692 nCCConceito É o contrato pelo qual alguém (mandatário ou procurador)

recebe de outrem (mandante) poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses;Seus caracteres jurídicos são:a) Contratualidade,b) Representatividade,c) Revogabilidade;d) Pode ser oneroso ou gratuito;e) Singular (se o encargo for cometido a um procurador),f)E plural (se forem vários; se não puderem agir separadamente, será conjunto; se puderem, independente de nomeação, será solidário; se a ação estiver delimitada, será fracionário; se um puder agir na falta de outro, será substitutivo ou sucessivo); g) Expresso ou tácito;h) Verbal ou escrito;i) Civil ou comercial; geral ou especial;j)Em termos gerais ou com poderes especiais;k) Extrajudicial (ad negotia) ou judicial (ad judicia).

Direitos e deveres do mandatário

Terá o direito de exigir a remuneração ajustada e as despesas de execução do mandato, pedir o adiantamento das importâncias às despesas necessárias, receber o que desembolsou, reter o objeto que estiver em seu poder por força do mandato, até ser reembolsado, substabelecer os seus poderes representativos e obter do mandante a quitação dos seus encargos, ao prestar contas; terá o dever de dar execução ao mandato, agindo de acordo com as instruções e poderes recebidos, aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, indenizar qualquer prejuízo causado

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por sua culpa, , responder somente por culpa in eligendo, se fez substabelecimento com autorização do mandante, apresentar o instrumento do mandato, enviar as somas recebidas, prestar contas de sua gerência, concluir o negócio já começado, representar o mandante nos 10 dias seguintes à notificação de sua renúncia ao mandado judicial e entregar ao novo mandatário os bens do mandante que se encontravam em seu poder.

Direitos e obrigações do mandante

Terá direito de revogar o mandato, autorizar ou não o substabelecimento, ratificar ou não o negócio, que excedeu os poderes outorgados, exigir a entrega das somas recebidas, reclamar a prestação de contas, exigir a responsabilidade do mandatário pelos prejuízos causados; mover ação de perdas e danos contra o mandatário e solicitar a prestação de informações sob o estado em que se encontrem os negócios; terá o dever de remunerar o mandatário, adiantas às despesas necessárias, reembolsar as despesas feitas na execução do mandato, ressarcir os prejuízos, honrar os compromissos em seu nome assumidos, vincular-se com quem seu procurador contratou, responsabilizar-se solidariamente, pagar a remuneração do substabelecido e vincular-se a terceiro de boa fé, no caso de mandato aparente.

Extinção Extinguir-se-á pela: a) Revogação ad nutum pelo mandante;b) Renúncia expressa do mandatário;c) Morte de qualquer dos contraentes;d) Interdição de uma das partes por incapacidade superveniente;e) Mudança de estado;f)Término do prazo;g) Conclusão do negócio.

SEGURO – ARTS. 757 A 802 NCCConceito É aquele pelo qual uma das partes (segurador) se obriga para

com a outra (segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos futuros, previsto no contrato; é o meio pelo qual a pessoa física ou jurídica se protege contra os riscos que impendem sobre sua vida, ou sobre o objeto de seus negócios.

Seguro de vida

permite que a vida humana seja objeto de seguro contra os riscos de morte involuntária; tem por fim garantir, mediante prêmio anual que se ajustar, o pagamento de certa soma a determinada ou determinadas pessoas, por morte do segurado, podendo estipular-se igualmente o pagamento dessa soma ao próprio segurado ou terceiro, se aquele sobreviver ao prazo de seu contrato.

Seguro de mútuo

É o contrato pelo qual várias pessoas se unem por meio de estatutos para dividir danos que cada uma poderia ter, em razão de certo sinistro; em lugar do prêmio, os segurados contribuirão com as cotas necessárias para ocorrer às despesas da

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administração aos prejuízos verificados.

IV. DIREITO DAS COISAS

Dentro do direito das coisas estuda-se: posse, propriedade e direitos reais. Coisa é tudo o que existe suscetível de apropriação pelo homem, portanto, os bens corpóreos, excluído o ser humano, em que pese outrora ter sido considerado também "coisa", que eram os escravos. Assim, bem é a coisa suscetível de apreciação econômica, o que desperta o interesse do homem, são os bens que podem ser adquiridos e apropriáveis. Os bens fora do comércio por disposição legal, incluindo aqui os bens públicos ou por impossibilidade de apreensão, ou, até mesmo, por existirem em abundância, não despertam interesse ao homem e, conseqüentemente, não são objeto da legislação. Pode-se conceituar o direito das coisas como sendo um complexo de normas que disciplinam as relações jurídicas, tendo por objeto coisas corpóreas suscetíveis de apropriação pelo homem para satisfazê-lo.

DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS

Direitos Reais Direitos PessoaisPoder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Os direitos reais possuem como elementos essenciais, o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa (domínio).

Relação Jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo uma determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação.

Teoria Unitária realista

Busca unificar direitos reais e obrigacionais (Pessoais) pelo critério do patrimonial

Teoria Dualista ou Clássica

Distingue os direitos reais e Obrigacionais através de princípios que impedem a sua unificação

Principio Direito Real Direito Pessoal - Obrigacional

DA ADERÊNCIA OU ESPECIALIZAÇÃO

Estabelece um vínculo ou uma relação entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir.

O vinculo obrigacional existente entre credor e devedor confere ao credor o direito de exigir a prestação pactuada.

Do absolutismo Exercem-se “erga O vinculo obrigacional por

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omnes”, ou seja, contra todos, que devem se abster-se de molestar o titular. Deriva daí o “ius persequendi” ou direito de seqüela (Ação real), ou seja, o direito de perseguir e reivindicar a coisa em poder de quem quer que esteja, bem como o direto de preferência – “ius praeferendi”.

não estabelecerem vínculos desta natureza, resolvem-se em perdas e danos e não se exercem contra todos, mas em face de um ou alguns sujeitos determinados (Ação pessoal).

Da publicidade ou da visibilidade

Os direitos reais sobre imóveis só se adquirem depois da transcrição no RGI, do respectivo título (Art. 1227 nCC) já os direitos sobre bens móveis, só depois da tradição (Art. 1267 nCC). Sendo oponíveis contra todos, faz-se necessário que todos possam conhecer os seus titulares para não molestá-los.

Os direitos pessoais ou obrigacionais seguem o princípio do consensualismo, ou seja, aperfeiçoam-se com o acordo de vontades.

Da taxatividade O número dos direitos reais é limitado, taxativo. Somente são direitos reais os enumerados na lei (“numerus clausus”). O art. 1225 nCC limita o número dos direitos reais, indicando, além da propriedade, mais nove (Enfiteuse, Servidões, Usufruto, Uso, Habitação, Rendas Constituídas sobre Imóveis, Hipoteca, Penhor e Anticrese). Conforme o art. 1227 nCC, a transcrição do título é condição para a aquisição do direito real sobre imóveis. Alguns autores entendem não

No direito Obrigacional não há essa limitação. A enumeração dos direitos obrigacionais é meramente exemplificativa. Além dos contratos nominados, previstos no texto legal, podem as partes criar os chamados inominados. Basta que sejam capazes as partes e lícito o objeto.

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ser taxativa essa enumeração devendo ser incluídos neste rol o direito de retenção (Art, 1219 nCC); O pacto de retrovenda (Art. 507 nCC).

Da tipificação ou tipicidade

Os direitos reais existem de acordo com os tipos legais. São definidos e enumerados determinados tipos pela norma.

Os direitos obrigacionais admitem contratos típicos e atípicos em número ilimitado.

Da perpetuidade A propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não uso, mas somente pelos meios e formas legais, ou seja, desapropriação, usucapião, renúncia, abandono, etc

Os direitos obrigacionais, pela sua natureza são transitórios. Cumprida a obrigação, extinguem-se. Não sendo exigido o seu cumprimento dentro de certo lapso temporal, prescrevem.

Da exclusividade Não pode haver dois direitos de igual conteúdo, sobre a mesma coisa.

Do desmembramento Conquanto os direitos reais tenham possivelmente mais estabilidade do que os obrigacionais, são também transitórios. Desmembrando-se do direito matriz, que é a propriedade, constituindo os direitos reais sobre coisas alheias. Quando estes se extinguem, o poder que residia em mão de seus titulares retorna novamente às mãos do proprietário (princípio da consolidação).

Características dos Direitos Reais

a) Adere imediatamente à coisa, sujeitando-a diretamente ao titular;

b) Segue seu objeto onde quer que este se encontre. É o direito de seqüela que é a base do direito real;

c) É exclusivo, no sentido de que não é possível instalar-

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se direito real onde outro já exista;d) É provido de ação real, que prevalece contra

qualquer detentor da coisa, razão pela qual preferem muitos denominá-lo de absoluto;

e) Seu número é bastante limitado, mas, além dos existentes, outros poderão ser criados pelo legislador. O número dos direitos pessoais é ilimitado;

f) Só os direitos reais são suscetíveis de posse, tese que comporta divergências doutrinárias.

DA POSSECONCEITO É a relação de fato entre possuidor e a coisa possuída, que

assegura ao primeiro o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes, ao domínio ou à propriedade. Posse é a manifestação do direito real por excelência, a propriedade. A posse, segundo alguns, é um direito real provisório, enquanto que a propriedade é um direito real permanente.Posse é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa. Posse é conduta de dono – Art. 1196 nCC.

Natureza Jurídica da Posse

Fato (Clóvis Beviláqua) - Não é direito, mas simples fato, que é protegido em atenção a propriedade, da qual ela é a manifestação exterior.Direito (Ihering) - Um interesse legalmente protegido. Natureza Dupla (Savigny) - É fato e direito. Em principio, considerada em si mesmo, é um fato, mas, pelas suas conseqüências legais, pelos efeitos que gera, entra na esfera do direito.

Teorias da Posse

Teoria Subjetiva (Savigny) - A posse se caracteriza pela conjugação de dois elementos: o corpus (elemento objetivo), que consiste na detenção da coisa física da coisa e o animus (elemento subjetivo) que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio.Teoria Objetiva (Ihering) – Adotada pelo Código Civil Brasileiro (Art. 1196 nCC).Obs. Contudo em determinados disposotivos, notadamente Arts. 1.204 e 1223 nCC, observa-se influência da Teoria Subjetiva de Savigny.Esta teoria não empresta à intenção, ao animus, a importância que lhe confere a teoria subjetiva. Considera-o como já incluído no corpus e dá ênfase, na posse, ao seu caráter de exteriorização da propriedade. Para que a posse exista, basta o elemento objetivo, ou seja, o corpus, que não significa contato físico com a coisa, mas sim conduta de dono. A conduta de dono pode ser analisada objetivamente, sem necessidade de pesquisar-se a intenção do agente.

Classificação da Posse

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Possuidor: é o que tem pleno exercício de fato dos poderes constitutivos do domínio ou somente de alguns deles, como no caso dos direitos reais sobre coisa alheia, como o usufruto, etcDireta É aquela confiada a alguém que não é proprietário da coisa,

mas a detém materialmente. Locatário e usufrutuário, por exemplo.

Indireta É a do proprietário que concedeu direito de posseJurídica ou civil

Por força de lei, sem necessidade de apreensão da coisa.

Detenção Ação por ordens ou instruções do proprietário. Caseiro de sítio.

De boa-fé O possuidor ignora o obstáculo que impede a posseDe má-fé O possuidor tem conhecimento do vicio obstativo da posse.Justa Quando não for violenta, clandestina ou precária.Injusta Apresenta um dos vícios: violenta, clandestina ou precária.Nova É a de menos de ano e dia. Neste casoVelha É a de ano e dia ou mais. Neste caso o possuidor será

mantido sumariamente, até ser convencido pelos meios ordinários.

Composta É á posse conjunta, por duas ou mais pessoas de coisa indivisa ou fruição (gozo) dos mesmos direitos, como, por exemplo, marido ou mulher adquirente de coisa comum quando casados em regime de comunhão de bens, condôminos sobre as partes comuns de um edifício.

Pro diviso Pode estabelecer uma divisão de fatoPro indiviso Todos os possuidores exercem a posse ao mesmo tempo e

sobre a totalidade da coisaPosse ad interdicta

é a que se pode amparar nos interditos, caso for ameaçada, turbada, esbulhada ou perdida.

Posse ad usucapionem

quando der origem ao usucapião da coisa desde que obedecidos os requisitos legais.

Quase-Posse e ComposseQuase-posse

A exercida nos termos de qualquer direito real menor (iura em re aliena ou direitos reais sobre coisas alheias) desmembrado do direito de propriedade, como a servidão e o usufruto.

Composse Ter-se-á quando, em virtude de contrato ou herança, duas ou mais pessoas se tornam possuidoras do mesmo bem, embora, por quota ideal, exercendo cada uma sua posse sem embaraçar a da outra; para que se tenha a posse comum ou compossessão será mister a pluralidade de sujeitos e a coisa ser indivisa.

Composse pro diviso

Ocorre quando há uma divisão de fato, embora não haja de direito, fazendo com que cada um dos compossuidores já possua uma parte certa, se bem que o bem continua indiviso.

Composse pro indiviso

Dá-se quando as pessoas que possuem em conjunto o bem têm uma parte ideal apenas, sem saber qual a parcela que compete a cada uma

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OBJETO DA POSSE

Podem se objeto da posse, as coisas corpóreas, salvo as que estiverem fora do comércio, ainda que gravadas com cláusula de inalienabilidade, as coisas acessórias se puderem ser destacadas da principal sem alteração de sua substância, as coisas coletivas, os direitos reais de fruição (uso, usufruto, etc.) e os direitos pessoais patrimoniais ou de crédito.

Natureza da posse

A posse é um direito; para a maioria de nossos civilistas é um direito real devido ao seu exercício direto, sua oponibilidade erga omnes e sua incidência em objeto obrigatoriamente determinado.

Elementos constitutivos

a) O corpus, exterioridade da propriedade, que consiste no estado normal das coisas, sob o qual desempenham a função econômica de servir e pelo qual o homem distingue quem possui e quem não possui; b) O animus, que já está incluído no corpus, indicando o modo como o proprietário age em face do bem de que é possuidor.

Princípio geral sobre o caráter da posse

Está firmado no art. 1203 nCC, que salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida; este disposição legal contém uma presunção juris tantum, no sentido de que a posse guarda o caráter de sua aquisição; quer isso dizer que se uma posse começou violenta, clandestina ou precária presume-se ficar com os mesmos vícios que irão acompanhá-la nas mãos dos sucessores do adquirente; do mesmo modo se adquirida de boa fé ou de má fé, direta ou indireta, entende-se que ela permanecerá assim mesmo, conservando essa qualificação; contudo sendo juris tantum, tal presunção admite prova em contrário.

MODOS AQUISITIVOS DA POSSEAquisição originária da posse

Realiza-se independentemente de translatividade, sendo, portanto, em regra, unilateral, visto que independe da anuência do antigo possuidor, ou seja, efetiva-se unicamente por vontade do adquirente sem que haja colaboração de outrem; são modos aquisitivos originários: Arts. 1204, 1205 e 1263 nCC

Aquisição derivada da posse

Requer a existência de uma posse anterior, que é transmitida ao adquirente, em virtude de um título jurídico, com a anuência do possuidor primitivo, sendo, portando, bilateral; assim, pode-se adquirir a posse por qualquer um dos modos aquisitivos de direitos:

a) Por atos jurídicos gratuitos ou onerosos,b) Inter vivos ou causa mortis; São modos aquisitivos derivados da posse:a) Tradição - efetiva ou real, simbólica ou ficta, consensualb) Constituto possessório - forma de tradição ficta que é o

ato pelo qual aquele que possuía em seu nome passa a possuir em nome de outrem.

c) Acessão - se dá pela causa mortis ( Arts. 1206, 1207 e

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1784 nCC) ou pela união (Art. 1207 nCC)Tradição É a entrega ou transferência da coisa, sendo que, para tanto,

não há necessidade de uma expressa declaração de vontade; basta que haja a intenção do tradens (o que opera a tradição) e do accipiens (o que recebe a coisa) e efetivar tal transmissão; pode ser efetiva ou material (que se manifesta por uma entrega real do bem, como sucede quando o vendedor passa ao comprador a coisa vendida), simbólica ou ficta (substitui-se a entrega material do bem por atos indicativos do propósito de transmitir a posse) e consensual, que se apresenta sob duas formas, traditio longa manu e traditio brevi manu.

Constituto possessório (art. 1205, II nCC)

Ocorre quando o possuidor de um bem (imóvel, móvel ou semovente) que o possui em nome próprio passa a possuí-lo em nome alheio; é uma modalidade de transferência convencional da posse, onde há conversão da posse mediata em direta ou desdobramento da posse, sem que nenhum ato exterior ateste qualquer mudança na relação entre a pessoa e a coisa.

Acessão Pela qual a posse pode ser continuada pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus antecessores; essa conjunção de posse abrange a sucessão (ocorre quando o objeto da transferência é uma universalidade, como um patrimônio, ou parte alíquota de uma universalidade) e a união (se dá na hipótese da sucessão singular, ou melhor, quando o objeto adquirido constitui coisa certa ou determinada).

Quem pode adquirir

Se considerar subjetivamente a aquisição da posse pelo art. 1205 nCC, poderá ela efetivar-se: a) pela própria pessoa que a pretende desde que se encontre no pleno gozo de sua capacidade de exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a exteriorização do domínio; b) por representante ou procurador do que quer ser possuidor, caso em que se requer a concorrência de 2 vontades: a do representante e a do representado; c) por terceiro sem procuração, caso em que a aquisição da posse fica na dependência da ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato.

Perda da Posse – Art. 1223 nCCPelo abandono Que se dá quando o possuidor, intencionalmente, se

afasta do bem com o escopo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela quaisquer atos possessórios.

Pela tradição Que além de meio de aquisição da posse pode acarretar sua extinção; é uma perda por transferência.

Pela perda da própria coisa

Que se dá quando for absolutamente impossível encontrá-la, de modo que não mais se possa utilizá-la economicamente.

Pela destruição Decorrente de evento natural ou fortuito, de ato do

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da coisa próprio possuidor ou de terceiro; é preciso que inutilize a coisa definitivamente, impossibilitando o exercício do poder de utilizar, economicamente, o bem por parte do possuidor; a sua simples danificação não implica a perda da posse.

Pela sua inalienabilidade

Por ter sido colocada fora do comércio por motivo de ordem pública, de moralidade, de higiene ou de segurança coletiva, não podendo ser, assim, possuída porque é impossível exercer, com exclusividade, os poderes inerentes ao domínio.

Pela posse de outrem

Ainda que contra a vontade do possuidor se este não foi manutenido ou reintegrado em tempo competente; a inércia do possuidor, turbado ou esbulhado no exercício de sua posse, deixando escoar o prazo de ano e dia, acarreta perda da sua posse, dando lugar a uma nova posse em favor de outrem.

Pelo constituto possessório

Que, simultaneamente, é meio aquisitivo da posse por parte do adquirente, e de perda, em relação ao transmitente.

Perda da posse dos direitos

a) Pela impossibilidade de seu exercício, isto porque a impossibilidade física ou jurídica de possuir um bem leva à impossibilidade de exercer sobre ele os poderes inerentes ao domínio; b) Pela prescrição, de modo que, se a posse de um direito não se exercer dentro do prazo previsto, tem-se, por conseqüência, a sua perda para o titular

Perda da posse para o ausente

Quando, tendo notícia da ocupação, se abstém o ausente de retomar o bem, abandonando seu direito; quando, tentando recuperar a sua posse, for, violentamente, repelido por quem detém a coisa e se recusa, terminantemente, a entregá-la.

EFEITOS DA POSSE

Noção Os efeitos da posse são as conseqüências jurídicas por ela produzidas, em virtude de lei ou de norma jurídica.

a) Presunção de propriedade;b) Direito ao uso dos interditos;c) Direito de Usucapião;d) Percepção dos frutos;e) Direito de retenção por benfeitorias;f) Responsabilidade pelas deteriorações

Ação de manutenção de posse

É o meio de que se pode servir o possuidor que sofrer turbação a fim de se manter na sua posse, receber indenização dos danos sofridos e obter a cominação da pena para o caso de reincidência ou, ainda, se de má fé o turbador, remover ou demolir construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

Turbação É todo ato que embaraça o livre exercício da posse, haja, ou não, dano, tenha, ou não, o turbador melhor direito sobre a coisa; pode ser de fato (consiste na

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agressão material dirigida contra a posse) ou de direito (é a que opera judicialmente, quando o réu contesta a posse do autor, ou por via administrativa).

Ação de reintegração de posse

É movida pelo esbulhado, a fim de recuperar a posse perdida em razão de violência, clandestinidade ou precariedade; pode o possuidor intentá-la não só contra o esbulhador, mas também contra terceiro, que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era.

Esbulho É o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse, injustamente, por violência, por clandestinidade e por abuso de confiança.

Interdito proibitório

É a proteção preventiva da posse ante a ameaça de turbação ou esbulho; assim o possuidor direto ou indireto, ameaçado de sofrer turbação ou esbulho, previne-os, obtendo mandado judicial para segurar-se da violência iminente; só produz efeitos depois de julgado por sentença.

Nunciação de obra nova

É a ação que visa impedir que o domínio ou a posse de um bem imóvel seja prejudicada em sua natureza, substância, servidão ou fins, por obra nova no prédio vizinho (CPC, arts. 934 a 940); só cabe se a obra contígua está em vias de construção; seu principal objetivo é o embargo à obra, ou seja, impedir sua construção.

Ação de dano infecto

é uma medida preventiva utilizada pelo possuidor, que tenha fundado receio de que a ruína ou demolição ou vício de construção do prédio vizinho ao seu venha causar-lhe prejuízos, para obter, por sentença, do dono do imóvel contíguo caução que garanta a indenização de danos futuros; não é propriamente uma ação possessória, mas sim cominatória, ante sua finalidade puramente acautelatória.

Ação de imissão de posse

É a que tem por escopo a aquisição da posse pela via judicial; embora o CPC não a tenha previsto, de modo específico, o autor poderá propô-la desde que imprima ao feito o rito comum (ação de imissão de posse pelo rito ordinário), que objetivará a obtenção da posse nos casos legais.

Embargos de terceiro senhor e possuidor

É o processo acessório que visa defender os bens daqueles que, não sendo parte numa demanda, sofrem turbação ou esbulho em sua posse ou direito, por efeito de penhora, depósito, arresto, seqüestro, venda judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha ou outro ato de apreensão judicial (art. 1046, § 1º, do CPC).

Direito à percepção dos frutos

O possuidor tem direito à percepção dos frutos, que são utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja percepção se dá sem detrimento de sua substância; em relação a sua percepção, que é o ato material pelo qual o possuidor se torna proprietário dos frutos dividem-se em: pendentes (quando unidos à coisa principal);

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percebidos (quando colhidos); estantes (quando armazenados para venda); percepiendos (quando deviam ter sido, mas ainda não foram colhidos) e consumidos (quando, ante sua utilização pelo possuidor, não mais existem); o possuidor de boa fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos tempestivamente, equiparando-se ao dono, uma vez que possui o bem; pune-se o dolo, a malícia e a má fé, pois o possuidor de má fé responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber; tem, porém, direito às despesas de produção e custeio, a fim de se evitar enriquecimento ilícito, mas não tem direito a quaisquer frutos.

Direito à indenização das benfeitorias e direito de retenção

O possuidor tem direito à indenização das benfeitorias, que são obras ou despesas efetuadas numa coisa para conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la, bem como o direito de retenção, que é o direito que tem o devedor de uma obrigação reter o bem alheio em seu poder, para haver do credor da obrigação às despesas feitas em benefício da coisa; o possuidor de boa fé, privado do bem em favor do reivindicante ou evictor, tem direito de ser indenizado das benfeitorias necessárias e úteis, e de levantar, desde que não danifique a coisa, as voluptuárias; o possuidor de má fé é ressarcido do valor das benfeitorias necessárias, executadas para a conservação da coisa.

Responsabilidade pela deterioração e perda da coisa

O possuidor tem essa responsabilidade, sendo que o de boa fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa, a não ser que concorra propositadamente para que se dê a deterioração ou a perda do bem; o de má fé responde pela perda e deterioração, mas poderá exonerar-se dessa responsabilidade se demonstrar que esses fatos se verificariam de qualquer modo, ainda que estivesse o bem em poder do reivindicante.

DOS DIREITOS REAISDireitos reais sobre coisas

alheiasArt 674 Código Civil/1916

Direitos reaisArt. 1225 novo Código Civil/2002

Propriedade PropriedadeEnfiteuse -

- SuperfícieServidões ServidõesUsufruto Usufruto

Uso UsoHabitação Habitação

Rendas expressamente constituídas sobre imóveis

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- Direito do promitente comprador do imóvel

Penhor PenhorHipoteca HipotecaAnticrese Anticrese

PropriedadeConceito É o direito que a pessoa, física ou jurídica, tem, dentro dos

limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha; a propriedade não é a soma desses atributos, ela é direito que compreende o poder de agir diversamente em relação ao bem, usando, gozando ou dispondo dele.

Jus utendi É o direito de usar a coisa, dentro das restrições legais, a fim de evitar o abuso de direito, limitando-se, portanto, o bem-estar da coletividade; o direito de usar da coisa é o de tirar dela todos os serviços que ela pode prestar, sem que haja modificação em sua substância.

Jus fruendi Exterioriza-se na percepção dos frutos e na utilização dos produtos da coisa; é o direito de gozar da coisa ou de explorá-la economicamente.

Jus abutendi ou disponendi

Equivale ao direito de dispor da coisa ou poder de aliená-la a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), abrangendo o poder de consumi-la e o poder de gravá-la de ônus (penhor, hipoteca, etc.) ou de submetê-la ao serviço de outrem.

Rei vindicatio É o poder que tem o proprietário de mover ação para obter o bem de quem injustamente o detenha, em virtude do seu direito de seqüela, que é uma das características do direito real.

Caráter absoluto

Devido a sua oponibilidade erga omnes, por ser o mais completo de todos os direitos reais e pelo fato de que o seu titular pode desfrutar do bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais impostas em razão do interesse público ou da coexistência do direito de propriedade de outros titulares.

Caráter exclusivo

Em virtude do princípio de que a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas; o direito de um sobre determinado bem, exclui o direito de outro sobre o mesmo bem.

Caráter perpétuo

A característica da perpetuidade do domínio resulta do fato de que ele subsiste independentemente de exercício, enquanto não sobrevier causa extintiva legal ou oriunda da própria vontade do titular, não se extinguindo, portanto, pelo não uso.

Caráter elástico

O domínio pode ser distendido ou contraído, no seu exercício, conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis (Orlando Gomes).

Objeto Inicialmente, poder-se-á dizer que pode ser objeto da propriedade tudo aquilo que dela não for excluído por força

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da lei; tanto as coisas corpóreas como as incorpóreas podem ser objeto do domínio desde que apropriáveis pelo homem, que, como sujeito da relação jurídica, poderá exercer sobre ela todos os poderes dentro dos limites impostos pela ordem jurídica.

Propriedade plena

É plena quando todos os seus elementos constitutivos se acham reunidos na pessoa do proprietário, ou seja, quando seu titular pode usar, gozar e dispor do bem de modo absoluto, exclusivo e perpétuo, bem como reivindicá-lo de quem, injustamente o detenha.

Propriedade restrita ou limitada

Quando se desmembra um ou alguns de seus poderes que passa a ser de outrem, caso em que se constitui o direito real sobre coisa alheia.

Propriedade perpétua

É a que tem duração ilimitada.

Propriedade resolúvel ou revogável

É a que encontra, no seu título constitutivo, uma razão de sua extinção, ou seja, as próprias partes estabelecem uma condição resolutiva.

Responsabilidade civil do proprietário

Responde objetiva ou subjetivamente pelos prejuízos, se houver nexo de causalidade entre o dano causado pela coisa e sua conduta; responde subjetivamente por danos causados por animais de sua propriedade, porque há presunção juris tantum de que tem obrigação de guardá-los e fiscalizá-los; responde pelos prejuízos causados por coisa que ante sua periculosidade deve ser controlada por ele; responde pelos danos causados por coisas não perigosas.

Tutela específica do domínio

Ação de reivindicação para retomar o bem de quem o injustamente o detenha; ação negatória se sofrer turbação no exercício de seu direito; ação declaratória para dissipar dúvidas concernentes ao domínio; ação de indenização por prejuízo causado por ato ilícito; ação de indenização quando sua propriedade é diminuída em razão de um acontecimento natural como no caso de avulsão.

PROPRIEDADE IMÓVEL

Aquisição da originária da propriedade imobiliária

Ter-se-á quando o indivíduo faz seu o bem sem que este lhe tenha sido transferido por alguém, não havendo qualquer relação entre o domínio atual e o anterior, como ocorre com a acessão e o usucapião.

Aquisição derivada da propriedade imobiliária

Será derivada quando houver transmissibilidade de domínio por ato causa mortis ou inter vivos; tal se dá no direito hereditário e no negócio jurídico seguido de registro do título de transferência na circunscrição imobiliária competente.

Aquisição pela transcrição do título (Arts. 1245 e 1246 nCC)

Estão sujeitos à transcrição no respectivo registro os títulos translativos da propriedade imóvel por ato inter vivos, onerosos ou gratuitos, porque os negócios jurídicos não são hábeis para transferir o domínio de bem imóvel; sem o Registro Público não há transferência de propriedade; a transcrição só produz efeitos a partir da data em que se apresentar o título ao oficial do Registro e este o prenotar no

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protocolo (CC, arts. 1245 e 1246 e arts. 174 e 182 da Lei 6015/73);

AQUISIÇÃO POR ACESSÃO(Arts. 1248 nCC)

É o modo originário de adquirir, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem (530, II) (Clóvis Beviláqua); a acessão vem a ser o direito em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir o domínio de tudo aquilo que a ele adere; possui duas modalidades:

a) A acessão natural que se dá quando a união ou incorporação de coisa acessória à principal advém de acontecimento natural (formação de ilhas, aluvião, avulsão e o abandono de álveo);b) A acessão industrial ou artificial, quando resulta do trabalho do homem (plantações e as construções de obras).

Formação de ilhas (Arts. 1249, I nCC)

É a acessão em rios não navegáveis ou particulares, em virtude de movimentos sísmicos, de depósito pauliano de areia, cascalho ou fragmentos de terra, trazidos pela própria corrente, ou de rebaixamento de águas, deixando descoberto e a seco uma parte do fundo ou do leito.

Aluvião (Arts. 1250 nCC)

Dá-se quando há acréscimo paulatino de terras às margens de um rio, mediante lentos e imperceptíveis depósitos ou aterros naturais ou desvio das águas, acréscimo este que importa em aquisição de propriedade por parte do dono do imóvel a que se aderem essas terras:

a) Será própria a aluvião quando o acréscimo se forma pelos depósitos ou aterros naturais nos terrenos marginais do rio;

b) E imprópria quando tal acréscimo se forma em razão do afastamento das águas que descobrem parte do álveo.

Avulsão (Arts. 1251 nCC)

Dá-se pelo repentino deslocamento de uma porção de terra por força natural violente, desprendendo-se de um prédio para se juntar a outro; o proprietário do imóvel desfalcado não perderá a parte deslocada; poderá pedir sua devolução desde que reconhecível, mas não lhe será lícito exigir indenização.

Abandono de álveo (Arts. 1252 nCC)

Tem-se por um rio que seca ou se desvia em virtude de fenômeno natural.

Acessões artificiais Construções e plantações (Arts. 1253 nCC)

São as que derivam de um comportamento ativo do homem, dentre elas as plantações e construções de obras, processando-se de móvel a imóvel; possui caráter oneroso e se submete à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao bem em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio de seu proprietário ante a presunção juris tantum.

Aquisição por usucapião

É um modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela posse prolongada da coisa com a observância dos requisitos legais; é uma aquisição de domínio pela posse prolongada (Clóvis Beviláqua); o usucapião tem por

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fundamento a consolidação da propriedade, dando juridicidade a uma situação de fato: a posse unida ao tempo; a posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em direito.

Requisitos da usucapião

os requisitos pessoais consistem nas exigências em relação ao possuidor que pretende adquirir o bem e ao proprietário que, conseqüentemente, o perde; há necessidade que o adquirente seja capaz e tenha qualidade para adquirir o domínio por essa maneira; os requisitos reais são alusivos aos bens e direitos suscetíveis de serem usucapidos, pois nem todas e nem todos os direitos podem ser adquiridos por usucapião; jamais poderão ser objeto de usucapião: a) As coisas que estão fora do comércio;b) Os bens públicos que estando fora do comércio são inalienáveis;c) Os bens que, por razões subjetivas, apesar de se encontrarem in commercio, dele são excluídos, necessitando que o possuidor invertesse o seu título possessório; quanto aos direitos, somente os reais que recaírem sobre bens prescritíveis podem ser adquiridos por usucapião; dentre eles, a propriedade, as servidões, a enfiteuse, o usufruto, o uso e a habitação; seus requisitos formais compreendem quer os elementos necessários e comuns do instituto, como a posse, o lapso de tempo e a sentença judicial, quer os especiais, como o justo título e a boa fé.

Usucapião extraordinário (Arts. 1238 nCC)

Aquele que, por 15 anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título de boa fé, que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual lhe servirá de título para a transcrição no Registro de Imóveis.

Usucapião ordinário (Arts. 1242 nCC)

Adquire também o domínio do imóvel aquele que,contínua e incontestadamente, com justo título e boa fé, o possuir por 10 anos.

Usucapião Constitucional urbano ou pro moradia (Art. 183 CF c/c Art. 1240 nCC)

Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Usucapião Constitucional rural ou pro labore (Art 191 CF c/c Art. 1239 nCC)

Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

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PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL

Alienação (Art. 1275, I nCC)

É a forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse direito, por vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa; é a transmissão de um direito de um patrimônio a outro; essa transmissão pode ser a título gratuito, como a doação, ou oneroso, como a compra e venda, troca, dação em pagamento.

Renúncia (Art. 1275, II nCC)

É um ato unilateral, pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não precisa manifestar sua aceitação.

Abandono (Art. 1275, III nCC)

É o ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, voluntariamente, do seu imóvel, porque não quer mais continuar sendo, por várias razões, o seu dono; é necessário a intenção abdicativa; simples negligência ou descuido não a caracterizam.

Perecimento do imóvel (Art. 1275, IV nCC)

Como não há direito sem objeto, com o perecimento deste extingue-se o direito; esse perecimento pode decorrer de ato involuntário, se resultante de acontecimentos naturais, ou de ato voluntário do titular do domínio, como no caso de destruição.

Desapropriação (Art. 1275, V nCC)

É o procedimento pelo qual o Poder Público, compulsoriamente, por ato unilateral despoja alguém de um certo bem, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o, mediante prévia e justa indenização, pagável em dinheiro ou se o sujeito concordar, em títulos de dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, ressalvado à União o direito de saldá-la por este meio nos casos de certas datas rurais, quando objetivar a realização de justiça social por meio de reforma agrária.

Requisição É o ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse público, constitui alguém de modo unilateral e auto executório, na obrigação de prestar-lhe um serviço ou ceder-lhe, transitoriamente, o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar os prejuízos que tal medida, efetivamente, acarretar ao obrigado.

CONDOMÍNIO

Conceito Temos condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes; concede-se a cada consorte uma quota ideal qualitativamente igual da coisa e não uma parcela material desta; por conseguinte, todos os condôminos têm direitos qualitativamente iguais sobre a totalidade do bem, sofrendo limitação na proporção quantitativa em que decorrem com os outros comunheiros na titularidade sobre o conjunto.

Classificação quanto à

a) Convencional - se resultar de acordo de vontade dos consortes, nascendo de um negócio jurídico pelo qual duas

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sua origem ou mais pessoas adquirem ou colocam um bem em comum para dele usar e gozar,b) Incidente ou eventual - quando ela vier a lume em razão de causas alheias à vontade dos condôminos, como ocorre com a doação em comum a 2 ou mais pessoas;c) Forçado ou legal - quando derivar de imposição de ordem jurídica, como conseqüência inevitável do estado de indivisão da coisa.

Quanto ao seu objeto

a) Comunhão universal - se compreender a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimento,b) Particular - se restringir a determinadas coisas ou efeitos, ficando livres os demais.

Quanto à sua necessidade

a) Condomínio ordinário ou transitório - denomina-se assim, aquele que, oriundo ou não de convenção, vigora durante um certo lapso de tempo ou enquanto não se lhe ponha termo, mas que sempre e em qualquer momento pode cessar,b) Permanente - não poderá extinguir-se dada a natureza do bem ou em virtude da relação jurídica que o gerou ou do exercício do direito correlativo.

Quanto à sua forma

a) Condomínio pro diviso - a comunhão existe juridicamente, mas não de fato, já que cada comproprietário tem uma parte certa e determinada do bem;b) Condomínio pro indiviso - a comunhão perdura de fato e de direito; todos permanecem na indivisão, não se localizando o bem, que se mantém indiviso.

RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE

Fundamento das limitações

Encontra-se no primado do interesse coletivo ou público sobre o individual e na função social da propriedade, visando proteger o interesse público social e o interesse privado, considerado em relação à necessidade social de coexistência pacífica; sua natureza é de obrigação propter rem, porque tanto o devedor como o credor é titular de um direito real, pois ambos os direitos incidem sobre a mesma coisa, só que não são oponíveis erga omnes nem interessam a terceiros.

Restrições em virtude de interesse social

Pressupõe a idéia de subordinação do direito de propriedade privado aos interesses públicos e às conveniências sociais; são restrições imprescindíveis ao bem-estar coletivo e à própria segurança da ordem econômica e jurídica do país.

Limitações ao domínio baseado no interesse privado

Inspiram-se no propósito de coexistência harmônica e pacífica de direitos, fundando-se no próprio interesse do titular do bem ou de terceiro, a quem este pretende beneficiar, não afetando, dessa forma, a extensão do exercício do direito de propriedade; caracteriza-se por sua bilateralidade ante o vínculo recíproco que estabelece.

Direito de São limitações impostas por normas jurídicas às

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vizinhança propriedades individuais, com o escopo de conciliar interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a convivência social.

Passagem forçada

É o direito que tem o proprietário de prédio rústico ou urbano, que se encontra encravado em outro, sem saída para a via pública, fonte ou porto, de reclamar do vizinho que lhe deixe passagem, fixando-se a esta judicialmente o rumo, quando necessário.

Direito de tapagem

O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio urbano ou rural, para que possa proteger, dentro de seus limites, a exclusividade de seu domínio, desde que observe as disposições regulamentares e não cause dano ao vizinho.

Direito de construir

Constitui prerrogativa inerente da propriedade o direito que possui o seu titular de construir em seu terreno o que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

FORMAS DE AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE MÓVELNoções gerais

São modos aquisitivos da propriedade móvel:a) Da usucapião,b) Da ocupação,c) Do achado do tesouro,d) Da tradição,e) Da especificação,f)Da confusão, da comissão e da adjunção, São considerados modos originários de aquisição e perda: a usucapião e a ocupação, porque neles não há qualquer ato volitivo de transmissibilidade, ao passo que as outras modalidades, acima citadas, são tidas como derivados, porque só se perfazem com a manifestação do ato volitivo de transmissibilidade.

Usucapião (Art. 1260 nCC)

É o modo originário de bens móveis; o fundamento em que se baseia a usucapião de bens móveis é o mesmo que inspira o dos imóveis, ou seja, a necessidade de dar juridicidade a situações de fato que se alongaram no tempo; ter-se-á o usucapião ordinário quando alguém possuir como sua uma coisa móvel, ininterruptamente e sem oposição, durante 3 anos; quando se tiver posse ininterrupta e pacífica, pelo decurso do prazo de 5 anos, sem que haja justo título e boa fé, o possuidor adquirirá o domínio do bem móvel por meio do usucapião extraordinário .

Ocupação (Art. 1260 nCC)

É o modo de aquisição originário por excelência de coisa móvel ou semovente, sem dono, por não ter sido ainda apropriada, ou por ter sido abandonada não sendo essa apropriação defesa por lei; apresenta-se sob 3 formas: a) a ocupação propriamente dita, que tem por objeto seres vivos e coisas inanimadas; suas principais

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manifestações são a caça e a pesca, disciplinadas por leis especiais; b) a invenção, que é relativa a coisas perdidas;c) tesouro, concernente à coisa achada.

Achado do Tesouro (Art. 1264 a 1266 nCC)

Tesouro e todo depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória. As situações podem ser as mais variadas. A aquisição da propriedade do tesouro explica-se assim, por dois modos:

a) Em relação ao dono do prédio, a aquisição será por acessão de móvel a imóvel;

b) Em relação ao descobridor, se não for o dono do prédio, a aquisição da propriedade do tesouro reputa-se recompensa legal.

Tradição (Art. 1267 nCC)

Vem ser a entrega da coisa móvel ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em razão de título translativo de propriedade; o contrato, por si só, não é apto para transferir o domínio, contém apenas um direito pessoal; só com a tradição é que essa declaração translatícia de vontade se transforma em direito real.

Especificação (Art. 1269 nCC)

É o modo de adquirir a propriedade mediante transformação de coisa móvel em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador, desde que não seja possível reduzi-la à sua forma primitiva Ex. Madeira em estátua, aço em automóveis.

Confusão, comistão e adjunção (Art. 1272 nCC)

Quando coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las;a) Tem-se a confusão, se a mistura se der entre coisas líquidas;b) A comistão se a mistura se dá entre coisas secas ou sólidas;c) Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisa a outra, que não torne mais possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se à adjunção.

INCORPORAÇÕES É a atividade exercida com o intuito de promover e realizar construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas.

Propriedade Resolúvel (Art. 1359 e 1360 nCC)

É aquela que no próprio título de sua constituição encerra o princípio que a tem de extinguir, realizada a condição resolutória, ou vindo o termo extintivo, seja por força de declaração de vontade, seja por determinação da lei; imprescindível é a expressa declaração de vontade nesse sentido; pode advir de um negócio jurídico a título gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa mortis.

Propriedade fiduciária (Art. 1361 a 1368 nCC)

É espécie de propriedade resolúvel, em que o fiduciário torna-se dono de um bem que pertencia ao fiduciante, seja para servir-lhe de garantia de divida, seja para

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administrá-lo em favor de alguém ou outro intuito qualquer. É propriedade resolúvel porque tem tempo determinado não sendo perpetuo como em principio é a propriedade.

PROPRIEDADE LITERÁRIA, CIENTÍFICA E ARTÍSTICA

Direito de autor (lei 9610/98)

É um conjunto de prerrogativas de ordem não-patrimonial e de ordem pecuniária que a lei reconhece a todo criador de obras literárias, artísticas e científicas de alguma originalidade, no que diz respeito à sua paternidade a ao seu ulterior aproveitamento, por qualquer meio durante toda sua vida e aos sucessores, ou pelo prazo que ela fixar..

Direitos morais

São aqueles em que se reconhece ao autor à paternidade da obram sendo, portanto, inseparáveis de seu autor, perpétuos, inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis, uma vez que são atributos da personalidade do autor.

Direitos patrimoniais

São direito de utilizar-se economicamente da obra, publicando-a, difundindo-a, traduzindo-a, transferindo-a, autorizando sua utilização, no todo ou em parte, por terceiro.

ENFITEUSE – ARTS. 678 A 694 CÓDIGO CIVIL /1916 C/C ART. 2038 NCCConceito É o desmembramento da propriedade, do qual resulta o

direito real perpétuo em que o titular (enfiteuta), assumindo o domínio útil da coisa, constituído de terras não cultivadas ou terrenos por edificar (prazo, bem enfitêutico ou bem foreiro), é assistido pela faculdade de lhe fruir todas as qualidades, sem destruir a substância, mediante a obrigação de pagar ao proprietário (senhorio direto) uma pensão anual invariável (foro); segundo o art. 678 do CC/16, dá-se a enfiteuse, aforamento ou aprazamento quando, por ato entre vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro anual, certo e invariável.

Natureza É o mais amplo direito real sobre coisa alheia imóvel, já que com ela se pode tirar da coisa todas as utilidades e vantagens que encerra e de empregá-la nos misteres a que, por sua natureza, se presta, sem destruir-lhe a substância e com a obrigação de pagar ao proprietário uma certa renda anual.

Objeto Só pode ter objeto coisa imóvel, limitando-se a terras não cultivadas e aos terrenos que se destinem à edificação (Art. 680 CC/16); pode ter por objeto terrenos de marinha e acrescidos.

Constituição

Constitui-se:a) Pela transcrição (art. 167, I, n.10 da lei 6015/73),b) Pela sucessão hereditária,c) Pelo usucapião (arts. 550 e 551 CC/16).

Extinção Extingue-se a enfiteuse:a) Pela natural deterioração do prédio aforado (Art. 692, I

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CC/16);b) Pelo comisso, deixando o foreiro de pagar as pensões devidas por três anos consecutivos (Art. 692, II CC/16);c) Pelo falecimento do enfiteuta sem herdeiros, salvo direito de credores (Art. 692, IIICC/16);d) Pela confusão, ou seja, quando as condições de senhorio e enfiteuta reúnem-se na mesma pessoa;e) Pelo perecimento do prédio aforado;f)Pelo usucapião do imóvel enfitêutico;g) Pela desapropriação do prédio aprazado, tendo o enfiteuta direito de receber a indenização, da qual se deduzirá o que se deve pagar ao senhorio direto.

SUPERFÍCIE - ARTS. 1369 A 1377 NCC – ESTATUTO DA CIDADE (LEI 10.257/01 – ART. 21 CAPUT)Conceito É o direito real sobre coisa alheia (um terreno) de gozo ou

fruição, conferido a uma pessoa, o superficiário, a fim de que nele possa construir e ou plantar, a titulo gratuito ou oneroso.

Objeto Bem imóvel.Constituição

Constituída por contrato público transcrito no Registro de Imóveis

Partes Proprietário e superficiárioExtinção a) Advento do termo;

b) Implemento da condição resolutiva;c) Falecimento do superficiário, se pessoa jurídica, por sua

extinção;d) Descumprimento das obrigações, por parte do

superficiário;e) Desvio de finalidade por parte do superficiário;f) Pela desapropriação.

Extinta a superfície, retorna ao proprietário o domínio pleno do imóvel.

Diferenças entre enfiteuse e superfícieEnfiteuse Superfície

Perpétua Pode ser temporária ou nãoSempre onerosa Pode ser gratuita ou onerosaO direito do enfiteuta é mais amplo, pois não se restringe a superfície e não diz respeito somente às construções ou plantações, mas a todo o bem.

O superficiário pode plantar ou edificar na superfície do terreno

O enfiteuta pode alugar ou emprestar o imóvel

É defeso ao superficiário alugar ou emprestar o terreno

Extinção em decorrência do não pagamento consecutivo de três prestações anuais.

Não a pena de comisso

SERVIDÕES PREDIAIS – ARTS. 1378 1 1389 NCCConceito São as restrições às faculdades de uso e gozo que sofre a

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propriedade em benefício de alguém (Clóvis Beviláqua); é o direito real constituído em favor de um prédio (dominante), sobre outro prédio (serviente), pertencente a dono diverso; é um direito real de fruição ou gozo de coisa alheia imóvel, limitado e imediato, que impõe um encargo ao prédio serviente em proveito do dominante.

Finalidade Têm por objetivo precípuo proporcionar uma valorização do prédio dominante, tornando-o mais útil, agradável ou cômodo; implica, por outro lado, uma desvalorização econômica do prédio serviente, levando-se em conta que as servidões prediais são perpétuas, acompanhando sempre os imóveis quando transferidos.

Princípios fundamentais

1) É em regra, uma relação entre prédios vizinhos (praedia debent esse vicina), embora a contigüidade entre prédios dominante e serviente não seja essencial;2) A servidão não pode recair sobre prédio do próprio titular, logo não há servidão sobre a própria coisa;3) A servidão serve a coisa e não o dono, por essa razão distingue-se da obrigação;4) Não se poder uma servidão constituir outra;5) A servidão não se presume, porque deve ser constituída de modo expresso e transcrita no Registro de Imóveis;6) A servidão, uma vez constituída em benefício de um prédio, é inalienável.

Natureza jurídica

É um direito real de gozo ou fruição sobre imóvel alheio, de caráter acessório, perpétuo, indivisível e inalienável.

Modos de constituição

a) Ato inter vivos ou causa mortis;b) Sentença judicial;c) Usucapião;d) Destinação do proprietário.

Proteção jurídica

No direito brasileiro as ações que amparam as servidões são:a) Ação confessória, que tem por escopo reconhecer sua existência, quando negada ou contestada pelo proprietário do prédio gravado;b) Ação negatória a que pode recorrer o dono do prédio serviente para provar que inexiste ônus real, ou para defender seus direitos contra o proprietário do imóvel dominante que, sem título, pretender ter a servidão sobre o prédio, ou então para ampliar os direitos já existentes;c) Ação de manutenção de posse, outorgada ao dono do prédio dominante, se este tiver sua posse protestada pelo dono do serviente;d) Ação de nunciação de obra nova para defender a servidão tigni immitendi (CPC, art. 934, I);e) Ação de usucapião, nos casos expressamente previstos em lei.

Extinção a) Renúncia do seu titular;b) Impossibilidade de seu exercício

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c) Resgate, ou seja, quando o proprietário do imóvel serviente resgatar a servidão;d) Pela confusão;e) Pela supressão;f)Pelo desuso durante 10 anos;g) Pelo perecimento ou desaparecimento do objeto;h) Pelo decurso do prazo (se foi constituída a termo, ou o implemento da condição, se a ela estava subordinada);i)Pela convenção, se a servidão é oriunda de um ato de vontade.

Classificação a) rústicas: aquelas localizadas fora do perímetro urbano e servem para:

1) Tirar água de poço ou de cisterna do Vizinho (servidão de água);

2) Transitar (servidão de passagem);3) Conduzir o gado até o poço (servidão de

bebedouro);4) Pastagem do gado no terreno Vizinho;5) Caçar em propriedade alheia;6) Extrair areia ou pedras.

b) urbanas: que serve para a utilidade de prédios edificados e servem para:

1) Permitir o escoamento de água do terreno para o do vizinho;

2) Não criar obstáculo à entrada a de luz no prédio dominante;

3) Permitir que se abra janela na parede para obtenção de luz;

4) Gozar da vista da janela ou do terraço de sua casa;5) Para não construir prédio até certa altura.

Todas elas podem ser, ainda:c) contínuas: quando existem independente de ato humano direto, embora seu exercício possa ser interrompido como p. ex. servidão de passagem de água, de iluminação;d) descontínuas: quando seu exercício requer ação humana como p. ex. transitar, tirar água, pastagem;e) positivas: o proprietário do prédio dominante tem direito a uma utilidade do serviente, podendo praticar os atos necessários a esse fim;f) negativas: o proprietário do prédio serviente abstém-se de certa conduta que poderia livremente praticar não fosse a servidão;g) ativas: direito do dono do prédio dominante;h) passivas: dever ou encardo do prédio serviente;i) aparentes: quando se mostram por obras ou sinais exteriores;j) não aparentes: as que não se revelam externamente.

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USUFRUTO – ARTS. 1390 A 1411 NCCConceito É o direito real conferido a alguém de retirar,

temporariamente, da coisa alheia os frutos e utilidades que ela produz, sem alterar-lhe a substância.

Objeto Seu objeto poder ser:a) Os bens móveis infungíveis e inconsumíveis,b) Os imóveis;c) Pode ter ainda como objeto um patrimônio, no todo ou em parte, o que, comumente, ocorre na sucessão hereditária, quando o testador grava, por exemplo, parte de seu patrimônio com o ônus do usufruto;d) Pode, ainda, gravar direitos, desde que sejam transmissíveis.

Caracteres jurídicos

É um direito real sobre a coisa alheia,a) Temporário,b) Intransmissível,c) Inalienável, ed) Impenhorável.

Espécies de usufruto

1) quanto à origem pode ser legal (quando for instituído por lei em benefício de determinadas pessoas) ou convencional (ocorre quando um direito real de gozar e usar, temporariamente, dos frutos e das utilidades de uma coisa alheia, advém de um ato jurídico inter vivos (um contrato) ou causa mortis (testamento));2) quanto ao seu objeto, subdivide-se em próprio (é o que tem por objeto coisas inconsumíveis e infungíveis, cujas substâncias podem ser conservadas e restituídas ao nu proprietário) ou impróprio ( é o que recai sobre bens consumíveis ou fungíveis); 3) quanto a sua extensão, apresenta-se como: universal (é o que recai sobre uma universalidade de bens, como o patrimônio) ou particular (quando tem por objeto uma ou várias coisas individualmente determinadas) ou pleno (quando abranger todos os frutos e utilidades, sem exceção que a coisa produz) ou restrito (se se excluem do gozo do bem algumas de suas utilidades); 4) quanto a sua duração, pode ser temporário (quando sua duração se submete a prazo preestabelecido, extinguindo-se com sua verificação) ou vitalício (perdura até a morte do usufrutuário).

Modos constitutivos

Constitui-se o usufruto:a) Por lei,b) Por ato jurídico inter vivos ou causa mortis;c) Por sub-rogação real;d) Por usucapião;e) Por sentença.

Extinção (Art. 1410 nCC)

Extingue-se:a) Pela morte do usufrutuário;b) Pelo advento do termo de sua duração;c) Pelo implemento de condição resolutiva estabelecida

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pelo instituidor;d) Pela cessação da causa de que se origina;e) Pela destruição da coisa não sendo fungível;f)Pela consolidação;g) Pela prescrição;h) Por culpa do usufrutuário;i)Pela renúncia;j)Pela resolução do domínio de quem os constituiu.

USO – ARTS. 1412 E 1413 NCCConceito É um direito real, que a título gratuito, autoriza uma pessoa

a retirar, temporariamente, de coisa alheia, todas as utilidades para atender às suas próprias necessidades e às de sua família; prescreve o art. 1412 nCC que o usuário fruirá a utilidade da coisa dada em uso, quando o exigirem as necessidades pessoais suas e de sua família.

Características

É um direito real sobre coisa alheia, temporário, indivisível, intransmissível ou incessível e é personalíssimo.

Objeto Pode recair tanto sobre bens móveis (infungíveis e inconsumíveis) como imóveis, como sobre bens corpóreos ou incorpóreos; pode também ser objeto terrenos públicos e particulares (Dec-lei n° 271/97).

Modos de constituição

Não pode ser constituído por lei; deriva ele:a) De ato jurídico inter vivos ou causa mortis; b) Por sentença judicial ;c) Por usucapião, desde que cumpridos os requisitos exigidos por lei.

Extinção Extingue-se pelas mesmas causas do usufruto: a) Morte do usuário,b) Advento do prazo final,c) Perecimento o objeto,d) Consolidação,e) Renúncia.

HABITAÇÃO – ARTS. 1414 A 1416 NCCConceito Segundo o art. 1414 nCC é a habitação o direito real

temporário de ocupar gratuitamente casa alheia, para morada do titular e de sua família.

Objeto Há de ser um bem imóvel, casa ou apartamento, com a destinação de proporcionar moradia gratuita, não podendo ser utilizado para estabelecimento de fundo de comércio ou de indústria.

Característica

É um direito real limitado, personalíssimo, temporário indivisível, intransmissível e gratuito.

Extinção Desaparece do mesmo modo que o usufruto e o uso.

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DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR – ARTS. 1417 E 1418 NCCCONCEITO Consiste no compromisso ou na promessa de compra e

venda que, registrado, confere direito real de adquirir a coisa de outrem caso cumpra o adquirente sua parte na prestação e o vendedor não queira transferir o domínio.

DIREITOS REAIS DE GARANTIA

Conceito É o que confere ao seu titular o poder de obter o pagamento de uma dívida com o valor ou a renda de um bem aplicado exclusivamente à sua satisfação (Orlando Gomes); tem por escopo garantir ao credor o recebimento do débito, por estar vinculado determinado bem pertencente ao devedor ao seu pagamento.

Requisitos a) Subjetivos: além da capacidade genérica para os atos da vida civil, o art. 1420 nCC exige a de alienar, ao prescrever que só aquela que pode alienar poderá hipotecar, dar em anticrese ou empenhar;b) Objetivos: somente bens suscetíveis de alienação é que podem ser dados em garantia real; bem pertencente em comum a vários proprietários pode ser dado em garantia, na sua totalidade, se todos consentirem com isso; podem recair sobre coisa móvel (penhor) e imóvel (hipoteca e anticrese); c) Formais: para que os direitos reais de garantia possam valer contra terceiros é preciso que haja especialização e publicidade.

Especialização

Do penhor, da hipoteca, da anticrese, vem a ser a pormenorizada enumeração dos elementos que caracterizam a obrigação e o bem dado em garantia; de modo que além dos requisitos do art. 104 nCC, é exigido que no instrumento figurem os requisitos do art. 1424 nCC.

Efeitos O principal efeito do direito real de garantia é o de separar do patrimônio do devedor um dado bem, afetando-o ao pagamento prioritário de determinada obrigação, donde se pode deduzir os demais efeitos:a) Preferência em benefício do credor pignoratício ou hipotecário; b) Direito a excusão da coisa hipotecada ou empenhada (art. 1422 nCC); c) Direito de seqüela, que vem a ser o poder de seguir a coisa dada como garantia real em poder de quem quer que se encontre, pois mesmo que se transmita por ato jurídico inter vivos ou mortis causa continua ela afetada ao pagamento do débito;d) Indivisibilidade do direito real de garantia;e) Remição total do penhor e da hipoteca.

Vencimento Como a obrigação pela qual se constitui garantia real é acessória, ela acompanha a principal, não subsistindo se a principal for anulada; prorroga-se com a principal, vencendo-se com ela, desde que se vença o prazo marcado

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para pagamento do débito garantido, hipótese em que se terá vencimento normal do ônus real; entretanto, casos há em que se pode exigir o vencimento antecipado da dívida assegurada por garantia real, desde que se verifique qualquer uma das causas arroladas no art. 1425 nCC.

PENHOR – ARTS. 1431 A 1472 NCCConceito É um direito real que consiste na tradição de uma coisa

móvel ou mobilizável, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, a fim de garantir o pagamento do débito; tem como sujeitos o devedor pignoratício (pode ser tanto o sujeito passivo da obrigação principal como terceiro que ofereça o ônus real) e o credor pignoratício (é o que empresta o dinheiro e recebe o bem empenhado, recebendo pela tradição, a posse deste).

Características

É um direito real de garantia, acessório, dependente de tradição, recai sobre coisa móvel, exige alienabilidade do objeto, o bem empenhado deve ser da propriedade do devedor, não admite pacto comissório, é direito real uno e indivisível, e é temporário.

Modos de constituição

Pode constituir-se por convenção (caso em que credor e devedor estipulam a garantia pignoratícia, conforme seus próprios interesses) ou por lei (quando, para proteger certos credores, a própria norma jurídica lhes confere o direito de tomar certos bens como garantia até conseguirem obter o total pagamento das quantias que lhes devem).

Penhor legal É aquele que surge, no cenário jurídico, em razão de uma imposição legal, com o escopo de assegurar o pagamento de certas dívidas de que determinadas pessoas são credoras, e que, por sua natureza, reclamam tratamento especial; determina a norma jurídica que são credores pignoratícios, independentemente de convenção, todos aqueles que preencherem as condições e formalidades legais, podendo, então, apossar-se dos bens do devedor, retirando-os de sua posse, para sobre eles estabelecer o seu direito real, revestido de seqüela, preferência e ação real exercitável erga omnes.

Penhor rural O agrícola é o vínculo real que grava culturas, e o pecuário, animais; podem ser objeto do penhor agrícola: colheitas, pendentes ou em vias de formação, quer que resultem de prévia cultura, quer de produção espontânea do solo; frutos armazenados, ou acondicionados para venda; madeiras de matas, preparadas para o corte, ou em toras ou já serradas e lavradas; lenha cortada ou carvão vegetal; máquinas e instrumentos agrícolas; e do penhor pecuário: os animais que se criam para indústria pastoril, agrícola ou de laticínios.

Penhor industrial

Recai sobre máquinas e aparelhos utilizados em indústria, bens da indústria de sal, produtos de suinocultura, carnes

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e derivados e pescado; caracterizando-se pela dispensa da tradição da coisa onerada, o devedor continua na sua posse, equiparando-se ao depositário para todos os efeitos.

Penhor mercantil

Essencialmente não há nenhuma diferença entre o penhor mercantil e o civil; distingue-se do civil apenas pela natureza da obrigação que visa garantir; esta obrigação é comercial.

Penhor de direitos

Orlando Gomes ensina que o penhor não incide somente em coisas, mas também em direitos; assim, ao lado dos bens móveis corpóreos, podem ser gravados com ônus pignoratício os bens incorpóreos.

Extinção Resolve-se o penhor:a) Com a extinção da dívida;b) Com o perecimento do objeto empenhado;c) Com a renúncia do credor;d) Com a adjudicação judicial, remição ou a venda amigável do penhor;e) Com a confusão;f)Com a adjudicação judicial, ao regate ou a venda do penhor autorizada pelo credor;g) Com a resolução da propriedade;h) Com a nulidade da obrigação principal;i)Com a prescrição da obrigação principal;j)Com o escoamento do prazo;k) Com a reivindicação do bem gravado;l)Com a remissão ou perdão da dívida.

Operada a extinção do penhor por qualquer desses casos, o credor deverá restituir o objeto empenhado.

ANTICRESE – ARTS. 1506 A 1510 NCCConceito É uma convenção mediante a qual o credor, retendo um imóvel

do devedor, percebe os seus frutos para conseguir a soma em dinheiro emprestada, imputando na dívida e até o seu resgate, as importâncias que for recebendo; é o direito real sobre imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa a fim de perceber-lhe os frutos e imputá-los no pagamento da dívida, juros e capital, sendo, porém, permitido estipular que os frutos sejam, na sua totalidade, percebidos à conta de juros (Clóvis Beviláqua).

Caracteres jurídicos

É um direito real de garantia; requer capacidade das partes; não confere preferência ao anticresista; o credor anticrético só poderá aplicar as rendas que auferir com a retenção do bem de raiz, no pagamento da obrigação garantida; requer escritura pública e inscrição no Registro Imobiliário; o seu objeto recai sobre coisa imóvel alienável; requer a tradição real do imóvel.

Extinção Resolve-se:a) Pelo pagamento da dívida;b) Pelo término do prazo legal;c) Pelo perecimento do bem anticrético;d) Pela desapropriação;

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e) Pela renúncia do anticretista;f) Pela excussão de outros credores, quando o anticrético

não opuser seu direito de retenção.

Hipoteca – Arts. 1473 a 1505 nCCConceito É um direito real de garantia de natureza civil, que grava

coisa imóvel ou bem que a lei entende por hipotecável, pertencente ao devedor ou a terceiro, sem transmissão de posse ao credor, conferindo ao devedor ou a terceiro, sem transmissão de posse ao credor, conferindo a esta o direito de promover a sua venda judicial, pagando-se, preferentemente, se inadimplente o devedor; é, portanto, um direito real sobre o valor da coisa onerada e não sobre sua substância.

Caracteres jurídicos

1) É direito real de garantia;2) Possui natureza civil;3) Requer a presença de dois sujeitos;4) O objeto gravado deve ser da propriedade do devedor ou de terceiro;5) Exige que o devedor hipotecante continue na posse do imóvel;6) É indivisível;7) É acessório de uma dívida, cujo pagamento pretende garantir.

Remição hipotecária

É o direito concedido a certas pessoas de liberar o imóvel onerado, mediante pagamento da quantia devida independentemente do consentimento do credor; podem resgatar o credor sub-hipotecário, o adquirente do imóvel hipotecado, o devedor da hipoteca ou membros de sua família e a massa falida.

Hipoteca convencional

É aquela que se constitui por meio de um acordo de vontade do credor e do devedor da obrigação principal, pois são suscetíveis de ônus real todas as obrigações de caráter econômico, sejam elas de dar, de fazer, ou de não fazer.

Hipoteca legal

É aquela que a lei confere a certos credores, que, por se encontrarem em determinada situação e pelo fato de que seus bens são confiados à administração alheia, devem ter uma proteção especial.

Hipoteca judicial

É a hipoteca geral que a lei empresta a todo julgamento que condena um devedor a executar sua obrigação

Hipoteca cedular

Consiste num título representativo de crédito com este ônus real, sempre nominativo, mas transferível por endosso e emitido pelo credor.

Extinção da hipoteca

Extingue-se:a) Pelo desaparecimento da obrigação principal;b) Pela destruição da coisa;c) Pela resolução do domínio;d) Pela renúncia do credor;e) Pela remição;f)Pela sentença passada em julgado;

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g) Pela prescrição;h) Pela arrematação do imóvel onerado por quem der maior lance ou adjudicação requerida pelo credor hipotecário;i)Pela consolidação;j)Pela perempção legal ou usucapião de liberdade.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA

Conceito Consiste na transferência feita pelo devedor ao credor da propriedade resolúvel e da posse indireta de um bem infungível, como garantia do seu débito, resolvendo-se o direito do adquirente com o adimplemento da obrigação, ou melhor, com o pagamento da dívida garantida.

Características

É um negócio jurídico que apresenta os seguintes caracteres: á bilateral; é oneroso; é acessório; é formal.

Execução do contrato

Devido à proibição do pacto comissório, se o débito não for pago no vencimento, deverá vendê-lo a terceiros, não estando sujeito à excussão judicial; o fiduciário poderá intentar ação executiva ou executiva fiscal contra o fiduciante, contra seus avalistas ou credores, hipótese em que o credor poderá fazer com que a penhora recaia sobre qualquer bem do devedor.

Extinção da propriedade fiduciária

Ocorrerá sua extinção com:a) A extinção da obrigação;b) O perecimento da coisa alienada fiduciariamente;c) A renúncia do credor;d) A adjudicação judicial, remição, arrematação ou

venda extrajudicial;e) A confusão;f) A desapropriação da coisa alienada fiduciariamente;g) O implemento de condição resolutiva a que estava

subordinado o domínio do alienante.

V. DIREITO DE FAMÍLIA

Conceito e conteúdo de direito de família

Constitui o direito de família, o complexo de normas que regulam a celebração do casamento, sua validade e os efeitos que dele resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, a dissolução desta, da União estável, as relações entre pais e filhos, o vínculo do parentesco e os institutos complementares da tutela, curatela e da ausência; é, portanto, o ramo do direito civil concernente às relações entre pessoas unidas pelo matrimonio , União Estável ou pelo parentesco a aos institutos complementares de direito protetivo ou assistencial, pois, embora a tutela e a curatela não advenham de relações familiares, têm, devido a sua finalidade, conexão com o direito de família.

Objeto O objeto do direito de família é a própria família, embora

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contenha normas concernentes à tutela dos menores que se sujeitam a pessoas que não são seus genitores, à curatela, que não tem qualquer relação com o parentesco, mas encontra, guarida nessa seara jurídica devido à semelhança ou analogia com o sistema assistencial dos menores, apesar de ter em vista, particularmente, a assistência aos psicopatas e à ausência, que é modalidade especial de assistência aos interesses de quem abandona o próprio domicílio, sem que lhe conheça o paradeiro e sem deixar representante.

Princípio da ratio do matrimônio

Segundo ele, o fundamento básico do casamento e da vida conjugal é a afeição entre os cônjuges e a necessidade de que perdure completa comunhão de vida.

Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges

Com ele desaparece o poder marital e a autocracia do chefe de família é substituída por um sistema em que as decisões devem ser tomadas de comum acordo entre marido e mulher, pois os tempos atuais requerem que a mulher seja a colaboradora do homem e não a subordinada.

Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos

Com base nele, não se faz distinção entre filho legítimo e natural quanto ao pátrio poder, nome e sucessão; permite-se o reconhecimento de filhos ilegítimos e proíbe-se que se revele no assento de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade.

Natureza É ramo do direito privado, apesar de sofrer intervenção estatal, devido à importância social da família; é direito extrapatrimonial ou personalíssimo (irrenunciável, intransmissível, não admitindo condição ou termo ou exercício por meio de procurador); suas normas são cogentes ou de ordem pública; suas instituições jurídicas são direitos-deveres.

DO DIREITO MATRIMONIALConceito de matrimônio

Casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa o auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma família legítima;

Características do casamento

a) Liberdade na escolha do nubente, por ser o matrimônio um ato pessoal;b) A solenidade do ato nupcial;c) O fato de ser a legislação matrimonial de ordem pública, por estar acima das convenções dos nubentes;d) A união permanente, indispensável para a realização dos valores básicos da sociedade civilizada;e) A união exclusiva.

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Princípios do direito matrimonial

Segundo Orlando Gomes são 03 (três):a) A livre união dos futuros cônjuges, pois o casamento advém do consentimento dos próprios nubentes que devem ser capazes para manifestá-lo;b) A monogamia, por entender que a entrega mútua só é possível no casamento monogâmico, que não permite a existência simultânea de dois ou mais vínculos matrimoniais contraídos pela mesma pessoa;c) A comunhão indivisa, que valoriza o aspecto moral da união sexual de dois seres.

Esponsais ou promessa de casamento

Consistem num compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo diferente, com o escopo de possibilitar que se conheçam melhor, que aquilatem suas afinidades e gostos.

Condições indispensáveis à existência jurídica do casamento

a)Diversidade de sexos;b)Celebração na forma prevista em lei; c) Consentimento.

Condições necessárias à validade do ato nupcial

a) Condições naturais de aptidão física (puberdade, potência, sanidade) e intelectual (grau de maturidade e consentimento íntegro);b) Condições de ordem moral e social.

Condições essenciais à regularidade do matrimônio

a) Celebração por autoridade competente; b) Observância de formalidades legais.

IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS

Conceito São condições positivas ou negativas, de fato ou de direito, físicas ou jurídicas, expressamente especificadas pela lei, que, permanente ou temporariamente, proíbem o casamento ou um novo casamento ou um determinado casamento; impedimento matrimonial é a ausência de requisitos para o casamento.

Impedimentos dirimentes públicos ou absolutos ou simplesmente impedimentos (Art. 1521 nCC) – São causas de nulidade – Art. 1548 nCC

Distribuem-se em 03 (três) categorias:1) Impedimentos resultantes de parentesco, que se subdividem em:a) impedimentos de cosangüinidade, que se funda em razões morais (para impedir núpcias incestuosas) e biológicas (para preservar a prole) – Art. 1521, I nCCb) impedimento de afinidade – Art.1521 ,II nCC;c) impedimento de adoção, para velar pela legitimidade das relações familiares e pela moral do lar. Art. 1521, III nCC2) Impedimento de vínculo, que deriva da proibição da bigamia, por ter a família base monogâmica. Art. 1521, VI nCC3) Impedimento de crime - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio

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contra o seu consorte Art. 1521, VII nCC.Impedimentos dirimentes privados ou relativos - (Art. 1550 nCC) – São causas de anulabilidade

I - de quem não completou a idade mínima para casar;II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Impedimentos impedientes ou proibitivos ou causas suspensivas (art. 1523 nCC)

São estabelecidos no interesse da prole do leito anterior; no intuito de evitar a confusio sanguinis, na hipótese de segundas núpcias ou no interesse do nubente, presumivelmente influenciado pelo outro, para impedir confusão de patrimônios; para evitar turbatio sanguinis; matrimônios de pessoas que se acham em poder de outrem, que poderia por isso conseguir um consentimento não espontâneo; que certas pessoas se casem sem autorização de seus superiores.Art. 1523 nCC. Não devem casar:I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Oposição dos impedimentos matrimoniais

É o ato praticado antes da realização do casamento, que leva ao conhecimento do oficial perante o qual se processa a habilitação ou do juiz que celebra a solenidade de um dos impedimentos previstos no Código Civil, entre pessoas que pretendem convolar núpcias.

Formalidades Preliminares à Celebração do Casamento

Habilitação matrimonial

Processo que corre perante o oficial do Registro Civil para demonstrar que os nubentes estão legalmente habilitados para o ato nupcial.

Publicidade O oficial do Registro Civil lavrará os proclamas do casamento, mediante edital que será afixado durante 15 dias em lugar ostensivo do edifício onde se celebram os casamentos e publicado pela imprensa (Art. 1527 nCC).

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Celebração do Casamento

Formalidades essenciais da cerimônia nupcial

a) Requerimento à autoridade competente; b) Publicidade do ato nupcial;c) Presença real e simultânea dos contraentes ou de procurador especial, em casos excepcionais, das testemunhas, do oficial do registro e do juiz de casamento;d) Declaração dos nubentes de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, sob pena de ser a cerimônia suspensa;e) Co-participação do celebrante que pronuncia a fórmula sacramental, constituindo o vínculo matrimonial;f)Lavratura do assento do matrimônio no livro de registro (art. 70 da Lei 6015/73).

Casamento por procuração

Se um dos contraentes não puder estar presente ao ato nupcial, é permitido que se celebre o matrimônio por procuração, desde que o nubente outorgue poderes especiais a alguém para comparecer em seu lugar e receber, em seu nome, o outro contraente, indicando o nome deste, individuando-o de modo preciso, mencionando o regime de bens.

Casamento nuncupativo ou in extremis vitae momentis ou inarticulo mortis (Art. 1540 nCC)

É uma forma excepcional de celebração em que o Art. 1540 nCC, possibilita que, quando um dos nubentes se encontrar em iminente risco de vida, ante a urgência do caso, não se cumpram as formalidades dos arts. 1533 e ss nCC, de modo que o oficial do Registro, mediante despacho da autoridade competente, à vista dos documentos exigidos no art. 1525 n CC, independentemente de edital de proclamas, dará certidão de habilitação.

Casamento religioso com efeitos civis (Art. 1515 e 1516 nCC)

O casamento é civil, mas é perfeitamente válido que os nubentes se casem no religioso, atribuindo-lhes efeitos civis desde que haja habilitação prévia ou não; logo, o casamento religioso terá efeito civil se, observados os impedimentos e as prescrições da lei, assim, o requerer o celebrante ou qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no registro público.

Casamento inexistente

É aquele que existe apenas nas aparências, mas que, juridicamente, não tem existência, ou seja, não é reconhecido pelo Direito como União matrimonial:

a) Casamento entre pessoas do mesmo sexo genital;

b) Casamento celebrado apesar do silencio ou da negativa expressa de um dos nubentes;

c) Casamento celebrado sem observância da devida forma, como a falta de habilitação prévia ou celebrado por pessoa sem competência para tal ato.

Casamento irregular

É aquele celebrado apesar de um impedimento impediente, de uma causa suspensiva do matrimonio. Tais impedimentos apenas impedem a celebração do casamento se alegados antes da celebração. Apesar de valido, o

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regime de bens será o da separação legal de bens, como sanção indireta.

Casamento putativo ( Art. 1561 a 1564 nCC c/c Art. 14, Par. Único da Lei 6515/77)

É o casamento nulo ou anulável, o qual pelo menos um dos cônjuges acredita ser válido(boa fé). Ex casamento entre irmãos que desconhecem tal condição.

Provas do Casamento

Diretas Comprova-se diretamente o matrimônio celebrado no Brasil pela certidão do registro feito ao tempo de sua celebração (Art.1543 nCC).

Indiretas (a posse do estado de casados)

A posse do estado de casados é a situação em que se encontram pessoas de sexo diverso, que vivem notória e publicamente como marido e mulher; aplica-se para provar o casamento de pessoas falecidas, em benefício da prole (Art. 1545 nCC), ante a impossibilidade de se obter prova direta, para eliminar dúvidas entre as provas a favor ou contra o casamento (Arts. 1546 e 1547 nCC), e para sanar eventuais defeitos de forma do casamento.

Efeitos Jurídicos do MatrimônioEfeitos jurídicos do casamento

São conseqüências que se projetam no ambiente social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges, nas relações pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, dando origem a direito e deveres próprios e recíprocos, disciplinados por normas jurídicas.

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Efeitos sociais

a) Criação da família legítima, considerada como o primeiro e principal efeito matrimonial,b) O casamento produz a emancipação do cônjuge menor de idade, tornando-o plenamente capaz, como se houvesse atingido a maioridade;c) Estabelece, o vínculo de afinidade entre cada consorte e os parentes do outro;d) Conferem aos cônjuges um status, o estado de casado, fator de identificação na sociedade.

Efeitos pessoais

Com o ato do casamento nascem, automaticamente, para os consortes, situações jurídicas que impõem direitos e deveres recíprocos, reclamados pela ordem pública e interesse social, e que não se medem em valores pecuniários tais como:

a) Fidelidade recíproca - O dever moral e jurídico de fidelidade mútua decorre do caráter monogâmico do casamento e dos interesses superiores da sociedade, pois constitui um dos alicerces da vida conjugal e da família legítima;b) Vida em comum no domicílio conjugal - A coabitação é o Estado de pessoas de sexo diferente que vive juntas na mesma casa, convivendo sexualmente.c) Mútua assistência - O dever de mútua assistência, segundo Beviláqua, abrange os cuidados pessoais nas moléstias, ao socorro de desventuras, ao apoio da adversidade e ao auxílio constante em todas as vicissitudes da vida, não se concretizando, portanto, no fornecimento de elementos materiais de alimentação, vestuário, transporte, diversões e medicamentos conforme as posses e educação de um e de outro.

Efeitos patrimoniais

1) Assistência pecuniária recíproca e aos filhos;2) Usufruto dos bens dos filhos menores sob o poder familiar3) Direitos sucessórios4) Direito real de habitação do cônjuge viúvo sobre o imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único bem residencial inventariado e enquanto perdurar a viuvez.

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DO DIREITO PATRIMONIALREGIME DE BENSConceito É o conjunto de normas aplicáveis às relações e interesses

econômicos resultantes do casamento; é o estatuto patrimonial dos consortes. O direito brasileiro prevê quatro regimes de bens entre os cônjuges:

a)O regime da comunhão universal;b)O regime da comunhão parcial de bens;c) O regime da separação de bens;d) O regime da participação final dos aquestos.

É licito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver, ressalvado as hipóteses do art. 1641 nCC. O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. Não havendo convenção ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. É admissível alteração do regime, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges.

Regime da Comunhão Universal

Conceito: é aquele em que todos os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do casamento, tornam-se comuns, constituindo uma só massa, tendo cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum, havendo comunicação do ativo e do passivo, instaurando-se uma verdadeira sociedade. Bens incomunicáveis: embora o regime de comunhão universal implique a comunicabilidade dos bens presentes e futuros, excepcionalmente, a lei exclui da comunhão alguns bens, por terem efeitos personalíssimos ou devido a sua própria natureza (art. 1668 nCC).

Regime da Comunhão Parcial

Conceito: é aquele que exclui da comunhão os bens que os consortes possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, e que inclui na comunhão os bens adquiridos posteriormente. Bens incomunicáveis e comunicáveis: os incomunicáveis constituem o patrimônio da mulher ou do marido (Art. 1659 e 1661 nCC); os comunicáveis integram o patrimônio comum do casal (Art.1660 e 1662 nCC);

Regime de Separação de Bens

Conceito: é aquele em que cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio, a posse e a administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao casamento; pode ser legal ou obrigatória, se imposto pela lei (Art. 1641 nCC), ou convencional, que poder ser: absoluta, se estabelecer a incomunicabilidade de todos os bens adquiridos antes e depois do casamento, inclusive frutos e rendimentos, ou relativa, se a separação se circunscrever apenas aos bens presentes, comunicando-se os frutos e rendimentos futuros (Art. 1639 nCC).

Regime da Conceito: É o regime pelo qual cada cônjuge possui

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participação final nos aquestos

patrimônio próprio, cabendo-lhe, à época da dissolução da sociedade conjugal, metade do patrimônio adquirido, a titulo oneroso, na Constancia do casamento. É regime misto, que conjuga a separação de bens com a comunhão parcial. Aproxima-se de um e de outro regime, deles se distanciando para constituir um regime autônomo. Cada cônjuge terá seu patrimônio separado. Não obstante, um não poderá praticar sem a autorização do outro nenhum dos atos previstos no art. 1647 nCC

Pacto antenupcial (Art. 1653 a 1657 nCC)

É o contrato solene feito por escritura pública, realizado antes do casamento, cuja eficácia subordina-se à sua celebração, por meio do qual as partes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre elas durante o matrimonio. Na falta do pacto antenupcial vigorará o regime da comunhão parcial (art. 1640 nCC).

Dissolução da Sociedade ConjugalCasos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento (Art. 1571 nCC)

O novo Código Civil, em seu art. 1571 regula os casos de dissolução da sociedade conjugal termina pela morte de um dos cônjuges, pela nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial e pelo divórcio; acrescente no parágrafo primeiro, que o casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio.

Dissolução pela morte de um dos cônjuges

Possui efeito dissolutório tanto da sociedade como do vínculo conjugal, fazendo cessar o impedimento para contrair novo casamento; se opera com a morte real ou presumida nos casos previsto em lei (art. 6° e 7° nCC)

Nulidade matrimonial

De acordo com o art. 1548 nCC, nulo será o matrimônio contraído:i)pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;. j)Por infrigencia de impedimento (Art. 1521 nCC)

Anulabilidade do casamento

O nCC, no seu art. 1550, trata dos casos de matrimônio anulável ao dispor que, é anulável o casamento contraído com infração de qualquer dos seus; assim se os cônjuges violarem os impedimentos dirimentes relativos poderá ocorrer a anulabilidade das núpcias.

Declaração de putatividade do casamento nulo ao anulável

A teoria das nulidades matrimoniais possui um princípio básico que nulo ou anulável o casamento produz efeitos civis válidos em relação aos consortes e à prole, se um deles ou ambos o contraíram de boa fé; trata-se de casamento putativo, no qual a boa fé supre o impedimento, fazendo desaparecer a causa de sua nulidade por ignorá-la.

Separação JudicialFinalidade e espécies

É causa de dissolução de sociedade conjugal, não rompendo o vínculo matrimonial, de maneira que nenhum

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dos consortes poderá convolar novas núpcias; é uma medida preparatória da ação do divórcio; duas são as espécies de separação judicial: a consensual e a litigiosa.

Separação consensual (Art. 1574 nCC)

Seu procedimento judicial de requerimento conjunto é muito simples, bastando a observância do disposto no CPC, arts. 1120 a 1124, sob pena de nulidade; os consortes devem requerê-la em petição assinada por ambos, por seus advogados ou por advogado escolhido de comum acordo (Lei 6515/77, art. 34, §1º), comunicando a deliberação de pôr termo à sociedade conjugal, sem necessidade de expor os motivos, convencionando as cláusulas e condições em que o fazem; essa petição deverá ser instruída com os documentos e dados exigidos pelo CPC, art. 1121; verificando que a petição preenche todos os requisitos legais, o magistrado ouvirá ambos os consortes, separadamente, esclarecendo-os, verificando que estão plenamente conscientizados de seus atos e das condições avençadas, mandará reduzir a termo suas declarações e depois ouvir o representante do MP, no prazo de 5 dias homologará o acordo para que produza efeitos jurídicos; transitada em julgado, a decisão homologatória deverá ser averbada no Registro Civil competente e, se a partilha abranger bens imóveis, deverá ser averbada no registro imobiliário; a separação Consensual só terá eficácia com a homologação judicial, que não é mero ato de chancela de um acordo, mas de fiscalização e controle da convenção firmada pelos cônjuges, visto que a separação do casal envolve também interesses da prole.

Separação litigiosa (Art. 1572 nCC)

Permite o art. 5º da Lei 6515/77 a separação judicial a pedido de um dos cônjuges, mediante processo contencioso, qualquer que seja o tempo de casamento, estando presentes hipóteses legais, que tornam insuportável a vida em comum; de conformidade com essas causas previstas em lei, tem-se 3 espécies de separação litigiosa:

a) separação litigiosa como sanção, que se dá quando um dos consortes imputar ao outro conduta desonrosa ou qualquer ato que importe em grave violação dos deveres matrimoniais (art. 1572, 1573, I a VI nCC);

b) separação litigiosa como falência, que se efetivava quando qualquer dos cônjuges provasse a ruptura da vida em comum há mais de 1 ano, e sem possibilidade de reconciliação, não importando a razão da ruptura, sendo, ainda, irrelevante saber qual dos consortes foi culpado pela separação (art. 1572, § 1° nCC);

c) separação litigiosa como remédio, ocorre quando o cônjuge a pede ante o fato de estar o outro acometido de grave doença mental, manifestada após

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o matrimônio, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de 5 anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável (art. 1572, § 2° nCC).

A ação de separação litigiosa pode ser precedida por uma separação de corpos; essa separação cautelar consiste na suspensão autorizada do dever de coabitação, por prazo curto, findo o qual deve ser proposta a ação de separação litigiosa; a ação de separação litigiosa obedece o rito ordinário, e somente poderá ser proposta pelo cônjuge que não lhe deu causa, com base nas circunstância previstas em lei, cabendo-lhe o ônus da prova.

Efeitos da separação judicial

Verificam-se em relação à pessoa dos cônjuges, aos bens e em relação aos filhos, variando conforme seja a separação judicial consensual ou litigiosa, se consensual, conformam-se às condições ajustadas pelo próprio casal, e, se litigiosas, são estabelecidos, com certa margem de arbítrio, pelo juiz dentro dos termos legais.

Efeitos pessoais em relação aos cônjuges

a) Pôr termo aos deveres recíprocos do casamento, coabitação, fidelidade e assistência; b) Impedir a mulher de continuar a usar o nome do marido, se condenada na separação litigiosa ou se teve a iniciativa da separação judicial fundada em ruptura da vida em comum ou moléstia grave do marido;c) Impossibilitar a realização de novas núpcias, pois a separação judicial é relativa, já que não se dissolve o vínculo;d) Autorizar a conversão em divórcio, cumprido um ano de vigência de separação judicial.

Efeitos patrimoniais

a) Resolver a situação econômica, pondo fim ao regime matrimonial de bens;b) Substituir o dever de sustento pela obrigação alimentar;c) Dar origem, se litigiosa a separação, a indenização por perdas e danos, em face de prejuízos morais ou patrimoniais sofridos pelo cônjuge inocente;d) Suprimir o direito sucessório entre os consortes.

Efeitos em relação aos filhos

a) Passá-los à guarda e companhia de um dos cônjuges, ou, se houver, motivos graves, de terceiro;b) Assegurar ao genitor, que não tem guarda e companhia da prole o direito de fiscalizar sua manutenção e educação, de visitá-los e de ter os filhos temporariamente em sua companhia no período de férias ou dias festivos, e de se corresponder com os filhos;c) Garantir aos filhos menores e maiores inválidos, mediante pensão alimentícia, a criação e educação.

DIVÓRCIO

Conceito É a dissolução de um casamento válido, ou seja, extinção do vínculo matrimonial, que se opera mediante sentença

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judicial, habilitando as pessoas a convolar novas núpcias; é uma permissão jurídica colocada à disposição dos consortes, logo nenhum efeito terá cláusula. Colocada em pacto antenupcial, em que os cônjuges assumam o compromisso de jamais de divorciarem.

Divórcio indireto

Pode apresentar-se como:a) Divórcio consensual indireto, pois o sistema brasileiro adotou o sistema que autoriza o pedido de conversão de prévia separação judicial consensual ou litigiosa em divórcio, feito por qualquer um dos cônjuges, com o consenso do outro;b) Divórcio litigioso indireto é o obtido mediante uma sentença judicial proferida em processo de jurisdição contenciosa, onde um dos consortes, judicialmente separado há mais de um ano, havendo dissenso ou recusa do outro em consentir no divórcio, pede ao magistrado que converta a separação judicial em divórcio, pondo fim ao matrimônio e aos efeitos que produza.

Divórcio direto

Distingue-se do indireto, porque resulta de um estado de fato, autorizando a conversão direta da separação de fato por mais de 2 anos, desde que comprovada, em divórcio, sem que haja prévia separação judicial, em virtude de norma constitucional (CF, 226, §6º, regulamentado pela Lei 6515, art. 40 e §§ e arts. 1120 a 1224 CPC)

Efeitos do divórcio

A sentença do divórcio, que o homologa ou decreta, possui eficácia ex nunc; produz os seguintes efeitos:a) Dissolve definitivamente o vínculo matrimonial civil e faz cessar os efeitos civis do casamento religioso;b) Põe fim aos deveres recíprocos;c) Extingue o regime matrimonial de bens;d) Faz cessar o direito sucessório dos cônjuges;e) Possibilita novo casamento aos que se divorciam;f)Não admite reconciliação entre os cônjuges divorciados;g) Possibilita o pedido de divórcio sem limitação numérica;h) Põe termo ao regime de separação de fato se se tratar de divórcio direto;i)Substitui a separação judicial pelo divórcio;j)Mantém inalterados os direitos e deveres dos pais relativamente aos filhos, ainda que contraiam novo casamento;k) Mantém o dever de assistência por parte do cônjuge que teve a iniciativa do divórcio;l)Subsiste a obrigação alimentícia para atender as necessidades de subsistência do ex-consorte;m) Faz perder o direito ao uso do nome do marido.

Extinção do direito ao divórcio

Extingue-se pelo seu exercício, pelo perdão, pela renúncia, ou melhor, desistência da ação, pelo decurso do tempo e pela morte de um dos cônjuges no curso da ação, antes do registro da sentença.

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União Estável – Arts. 1723 a 1727 nCCConceito de União Estável

É uma união livre e estável de pessoas de sexo diferente, que não estão ligadas entre si por casamento civil; É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

a) A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;

b) Não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

c) As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

d) As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

e) Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

f) A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

g) As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.

Direito Parental

ParentescoConceito É a relação vinculatória existente não só entre pessoas

que descendem uma das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre o cônjuge e os parentes de outro e entre adotante e adotado.

Parentesco natural ou consangüíneo

É o vínculo entre pessoas descendentes de um mesmo tronco ancestral, ligadas umas às outras pelo mesmo sangue.

Afim (parentesco por afinidade)

Se estabelece por determinação legal (Art. 1595 nCC), sendo o liame jurídico estabelecido entre um cada cônjuge ou companheiro e os parentes consangüíneos do outro nos limites estabelecidos na lei.

Parentesco civil ( Art. 1593 e 1626 nCC)

É o que se refere à adoção, estabelecendo, se simples, um vínculo entre adotante e adotado, que não se estende aos parentes de um e de outro, salvo para efeito de impedimento matrimonial.

Contagem de Divide-se em linha reta e em linha colateral; a

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graus de parentesco consangüíneo

linha vem a ser a vinculação de alguém a um tronco ancestral comum;a) Assim serão parentes em linha reta as pessoas que estão ligadas umas às outras por um vínculo de ascendência e descendência (Art. 1591 nCC);b) Serão parentes em linha colateral aquelas pessoas que, provindo de tronco comum, não descendem uma das outras (art. 1592 nCC);

O parentesco conta-se por graus que constituem a distância que vai de uma geração a outra; para saber o grau de parentesco que há entre um parente em relação a outro, basta verificar as gerações que os separam, já que cada geração forma um grau.

Simetria entre afinidade e parentesco natural (Art. 1595, § 1° nCC)

A afinidade é o liame jurídico que une o cônjuge aos parentes do outro, em linha reta até o infinito, e em linha colateral, até o 2º grau (Art. 1521 nCC), mantendo certa analogia com o parentesco natural quanto à determinação das linhas e graus.

FILIAÇÃO – ART. 1596 A 1606 NCCDefinição É o vínculo existente entre pais e filhos; vem a ser a

relação de parentesco consangüíneo em linha reta de primeiro grau entre uma pessoa e aqueles que lhe deram a vida.

Filiação Os filhos havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação

Presunção legal juris tantum da paternidade

Presumem-se concebidos na constância do casamento dos pais; esta presunção é relativa ou juris tantum, pois a prova em contrário é limitada, porém em relação a terceiros é absoluta, pois ninguém pode contestar a legitimidade da filiação de alguém, visto ser a ação para esse fim privativa do pai.Conforme art. 1597 nCC presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;II - nascidos nos trezentos dias subseqüentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.

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Ação negatória de paternidade

É de ordem pessoal, sendo privativa do marido, pois só ele tem legitimatio ad causam para propô-la (Art. 1601 nCC),sendo tal ação imprescritível, mas se porventura, falecer na pendência da lide, a seus herdeiros será lícito continuá-la (Art. 1601, parágrafo único nCC); contudo o marido não poderá contestar a paternidade ao seu alvedrio; terá que mover ação judicial, provando uma das circunstâncias do Código Civil (Arts. 1599, 1600, 1602 e 1597, V).

Reconhecimento voluntário (Art. 1607 a 1617 nCC)

É o meio legal do pai, da mãe ou de ambos revelarem espontaneamente o vínculo que os liga ao filho ilegítimo, outorgando-lhe, por essa forma, o status correspondente; uma vez declarada a vontade de reconhecer, o ato passa a ser irretratável ou irrevogável, por implicar uma confissão de paternidade ou maternidade, apesar de poder vir a ser anulado se inquinado de vício de vontade como erro, coação, ou se não observar certas formalidades legais; pode ser feito:

a) No próprio termo de nascimento,b) Por escritura pública,c) Por testamento cerrado, público ou particular,d) Por manifestação expressa por termo nos autos.

Reconhecimento judicial

Resulta da sentença proferida em ação intentada para esse fim, pelo filho, tendo, portanto, caráter pessoal, embora os herdeiros do filho possam continuá-la.

Ação de investigação de paternidade

Processa-se mediante ação de procedimento ordinário, promovida pelo filho, ou seu representante legal, se incapaz, contra o genitor ou seus herdeiros ou legatários, podendo ser cumulada com a petição de herança; é permitida quando houver concubinato; rapto da mãe pelo suposto pai, ou relação sexual coincidente com a data da concepção; existência de escrito daquele a quem se atribui a paternidade, reconhecendo-a expressamente.

Conseqüência do reconhecimento

a) Estabelecer liame parentesco entre o filho e seus pais;

b) Impedir que o filho ilegítimo, reconhecido por um dos cônjuges, resida no lar conjugal sem anuência do outro;

c) Dar ao filho ilegítimo reconhecido direito à assistência e alimentos;

d) Sujeitar o filho reconhecido, se menor, ao poder familiar;

e) Conceder direito à prestação alimentícia tanto ao genitor que reconhece como ao filho reconhecido;

f) Equiparar, para efeitos sucessórios, os filhos de qualquer natureza;

g) Autorizar o filho reconhecido a propor ação de petição de herança e a de nulidade de partilha.

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ADOÇÃO – ARTS. 1618 A 1629 NCCConceito Vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os

requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. Estabelecendo a adoção um parentesco civil entre adotante e adotado, as demais pessoas da família conservam-se estranhas exceto para efeitos matrimoniais, atribuindo ao adotado a condição de filho, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios. A adoção civil e a adoção plena deixam de existir pelo novo código civil, passando a ser adoção irrestrita.

Poder Familiar – Arts. 1630 a 1638 nCCConceito É um conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e

bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições, por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção do filho.

Conteúdo Engloba um complexo de normas concernentes aos direitos e deveres dos pais relativamente à pessoa e aos bens dos filhos menores não emancipados.

Suspensão (Art. 1637 nCC)

É uma sanção que visa a preservar os interesses do filho, afastando-o da má influência do pai que viola o dever de exercer o pátrio poder conforme a lei;

Destituição (Art. 1638 nCC)

É uma sanção mais grave do que a suspensão, operando-se por sentença judicial, se o juiz se convencer de que houve uma das causas que a justificam, abrangendo, por ser medida imperativa, toda a prole e não somente um filho ou alguns filhos.

Procedimento da perda e da suspensão

Iniciar-se-á por provocação do MP, ou de quem tenha o legítimo interesse (Lei 8069/60, arts. 24, 155 e 201, III); a petição inicial deverá indicar a autoridade judiciária a quem se dirige, a qualificação do requerente e do requerido, a exposição sumária do fato e do pedido e as provas.

Extinção Opera-se ipso iure, quando (Art. 1635 nCC) houver: a) Morte dos pais ou do filho;b) Emancipação do filho;c) Maioridade do filho;d) Adoção.e) Por decisão judicial, na forma do art. 1638 nCC

ALIMENTOS – ARTS. 1694 A 1710 NCCConceito Segundo Orlando Gomes, alimentos são prestações para

satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si; compreende o que é imprescindível à vida da pessoa como alimentação, vestuário, habitação, tratamento médico, diversões, e, se a pessoa alimentada for menor de idade, ainda verbas para sua instrução e educação; a

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obrigação de prestar alimentos é recíproca (Art. 1694 nCC) entre ascendentes, descendentes e colaterais de 2º grau; logo o direito de exigi-los corresponde o dever de prestá-los; uma vez pagos, não serão restituídos, qualquer que tenha sido o motivo da cessação do dever de prestá-los.

Pressupostos

Existência de um vínculo de parentesco entre alimentando e alimentante; necessidade do alimentando; possibilidade econômica do alimentante; proporcionalidade, na sua fixação, entre as necessidades do alimentando e os recursos econômico-financeiros do alimentante.

Alimentos provisionais (Art. 852 CPC)

São os reclamados pela mulher ao propor, ou antes, de propor, a ação de separação judicial ou de nulidade de casamento, ou de divórcio direto, para fazer face ao seu sustento durante a demanda; chamam-se também provisionais os alimentos fixados na ação de investigação de paternidade.

Alimentos provisórios

São os fixados imediatamente pelo juiz, a título precário, ao receber a inicial, na ação de rito especial da Lei 5478/68; “os alimentos provisórios, sem prova constituída de parentesco, são indevidos”.

Direito AssistencialGuarda Pela Lei 8069/90, art. 28, constitui a guarda um meio de colocar

menor em família substituta ou em associação, independentemente de sua situação jurídica, até que se resolva, definitivamente, o destino do menor; destinar-se-á à prestação de assistência material, moral e educacional ao menor, dando ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais, regularizando assim a posse de fato (guarda legal); poderá ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

Tutela (Art. 1728 nCC)

É um instituto de caráter assistencial, que tem por escopo substituir o pátrio poder; protege o menor não emancipado e seus bens, se seus pais faleceram ou foram suspensos ou destituídos do poder paternal (art. 1728 nCC e arts. 165 a 170 ECA), dando-lhe assistência e representação na órbita jurídica; portanto, é um complexo de direitos e obrigações conferidos pela lei a um terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, que não se acha sob o pátrio poder, e administre seus bens.

Curatela (Art. 1767 nCC)

É o encargo público, cometido, por lei, a alguém para reger e defender a pessoa e administrar os bens de maiores, que, por si sós, não estão em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade ou deficiência mental; o pressuposto fático da curatela é a incapacidade; o seu pressuposto jurídico é uma decisão judicial.

Interdição A curatela é sempre deferida pelo juiz em processo de interdição, que visa a apurar os fatos que justificam a nomeação de curador, verificando, sempre tendo em vista os fins do instituto, não só se é necessária a interdição e se ela

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aproveitaria ao argüido da incapacidade, bem como a razão legal da curatela, ou seja, se o indivíduo é ou não, incapaz de dirigir sua pessoa e seu patrimônio.

Ausência Tem-se a ausência quando alguém desaparece de seu domicílio, sem dar notícias de seu paradeiro e sem deixar representante ou procurador, ou se deixou, este não quer ou não pode exercer mandato Art. 22 nCC; sendo declarado com ausente pelo magistrado.

VI. DIREITO DAS SUCESSÕES

Conceito É o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou de testamento; consiste no complexo de disposições jurídicas que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro.

Espécies de sucessão

Quanto à fonte que deriva Quanto aos seus efeitosSucessão legítima Sucessão a título universalSucessão testamentária Sucessão a título singular

Abertura da sucessão

A sucessão hereditária só se abre no momento da morte do de cujus, devidamente comprovada; com a abertura da sucessão os herdeiros, legítimos ou testamentários, adquirem, de imediato, a propriedade e a posse dos bens que compõe o acervo hereditário, sem necessidade de praticar qualquer ato; só se abre a sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus; requer apuração da capacidade sucessória.

Momento da transmissão da herança

Transmite-se a herança aos herdeiros na data da morte do de cujus; daí a importância da exata fixação do dia e da hora do óbito, uma vez que uma precedência qualquer, mesmo de segundos, influi na transmissão do acervo hereditário.

Inventário O processo de inventário visa descrever e apurar os bens deixados pelo de cujos, a fim de que se proceda à sua partilha entre os sucessores, legalizando, assim, a disponibilidade da herança.

Foro competente

Último domicílio do falecido, porque presume que aí esteja a sede principal dos interesses e negócios do de cujus;

Função da inventariança

A inventariança é um “munus” público, submetido à fiscalização judicial; o inventariante adquire a posse direta dos bens do espólio para administrá-los, inventariá-los, e oportunamente partilhá-los entre os herdeiros.

Herança É o patrimônio do falecido, isto é, o conjunto de direitos e

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deveres que se transmitem aos herdeiros legítimos ou testamentários, exceto se forem personalíssimos ou inerentes à pessoa do de cujus.

Indivisibilidade da herança

A herança é uma universalidade, indivisível até a partilha; assim, se houver mais de um herdeiro, o direito de cada um, relativo ao domínio e à posse do acervo hereditário, permanecerá indivisível até que se ultime a partilha, havendo um regime de condomínio forçado.

Capacidade para suceder

é a aptidão da pessoa para receber os bens deixados pelo de cujus no tempo da abertura da sucessão;

Indignidade É uma pena civil, que priva do direito à herança não só o herdeiro, bem como o legatário que cometeu os atos reprováveis, taxativamente enumerados em lei contra a vida, a honra e a liberdade do de cujus; a indignidade não opera ipso iure, mas é pronunciada por sentença proferida em ação ordinária, movida contra o herdeiro por quem tenha legítimo interesse na sucessão.

Reabilitação do indigno

É possível, se a pessoa ofendida, cujo herdeiro ele for, assim o resolveu por ato autêntico ou testamento.

DISTINÇÃO ENTRE INCAPACIDADE SUCESSÓRIA E INDIGNIDADEIncapacidade sucessória

a) A incapacidade sucessória impede que nasça o direito à sucessão;b) A incapacidade é um fato oriundo do enfraquecimento da personalidade do herdeiro;c) O incapaz não adquire a herança em momento algum;d) O incapaz nada transmite a seus sucessores.

Indignidade a) A indignidade obsta a conservação da herança;b) A indignidade é uma pena civil;c) O indigno a adquire quando da abertura da sucessão, vindo a perdê-la com o trânsito em julgado da sentença declaratória de sua indignidade.d) O indigno transmite sua parte da herança, como se morto fosse, a seus herdeiros.

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DISTINÇÃO ENTRE INDIGNIDADE E DESERDAÇÃOindignidade

a) A indignidade funda-se, exclusivamente, nos casos do art. 1.814 NCC;b) A indignidade é própria da sucessão legítima, embora alcance o legatário;c) A indignidade priva da herança sucessores legítimos e testamentários.

deserdação a) A deserdação repousa na vontade exclusiva do autor da herança, que a impõe ao ofensor no ato de última vontade, desde que fundada em motivo legal (Arts. 1.814, 1.962 e 1.963 NCC);b) A deserdação só opera na seara da sucessão testamentária;c) A deserdação é o meio empregado pelo testador para excluir da sucessão os seus herdeiros necessários.

Aceitação da herança

É o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro, legítimo ou testamentário, manifesta livremente sua vontade de receber a herança que lhe é transmitida; não se pode admitir a aceitação parcial, com exclusão de determinados bens; deve ser aceita na sua totalidade.

Retratação da aceitação

Apesar de sua irrevogabilidade, a aceitação é passível de retratação desde que não acarrete prejuízo aos credores; pode dar-se a qualquer tempo, mediante simples declaração unilateral do interessado, por termos nos autos, pagos os impostos devidos.

Anulação e revogação

A aceitação pode ser anulada ou revogada, se após sua ocorrência for apurado que o aceitante não é o herdeiro ou que o testamento absorvia a totalidade da herança, havendo herdeiro necessário.

Renúncia da herança

É o ato jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade; uma vez formalizada, passa a produzir o seguintes efeitos, por retroagir ao tempo da abertura da sucessão:

a) O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão;

b) O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acréscimo);

c) Os descendentes do renunciante não herdam por representação na sucessão legítima, porém, se ele for o único da classe ou se os demais desta também repudiarem a herança, seus filhos poderão ser chamados à sucessão, por direito próprio e por cabeça (Art. 1811 NCC);

d) Na sucessão testamentária, a renúncia torna caduca a disposição de última vontade que a beneficie, a não ser que o testador tenha indicado substituto ou haja direito de acrescer entre os herdeiros (Arts. 1.943 e 1947 NCC);

e) O que repudia a herança não está impedido de aceitar

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legado (Art. 1808 NCC);f) O renunciante pode administrar e ter usufruto dos bens

que, em razão de seu repúdio, forem transmitidos a seus filhos menores sob pátrio poder.

Cessão da herança

a cessão da herança, gratuita ou onerosa, consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo quinhão hereditário ou de parte dele, que lhe compete após a abertura da sucessão.

Herança jacente

Existe quando não houver herdeiro legítimo ou testamentário notoriamente conhecido, ou quando for repudiada pelos herdeiros sucessíveis; consiste numa massa de bens arrecadada pela morte do de cujus, sujeita a guarda, conservação e administração de um curador nomeado pelo juiz.

Habilitação Habilitação do herdeiro da herança jacente é o reconhecimento de que alguém é herdeiro sucessível do autor da herança. (Arts. 1055 a 1062 e 1153 CPC).

Declaração de vacância

declarar-se-á vacante a herança se após a realização de todas as diligências legais não aparecerem herdeiros sucessíveis, decorrido 1 ano da primeira publicação do edital convocatório dos interessados, desde que não haja herdeiro habilitado ou habilitação pendente, operando-se por devolução dos bens vagos ao poder público, sem caráter definitivo.

Da sucessão legítima

A sucessão legítima, deferida por lei, ocorre se o de cujus faleceu sem testamento; se seu testamento caducou ou é ineficaz; se houver herdeiro necessário, obrigando à redução da disposição testamentária para respeitar a quota reservatória.

Vocação dos herdeiros legítimos A ordem de vocação hereditária é uma relação preferencial, estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas a suceder o finado; consiste na distribuição dos herdeiros em classes preferenciais, baseada em relações de família e de sangue; a sucessão defere-se na ordem seguinte – Art. 1829 NCC:I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;III – ao cônjuge sobrevivente;IV – aos colaterais; V – (aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União – 1844 nCC);

Na sucessão legítima convocam-se os herdeiros segundo tal ordem legal, de forma que uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe precedente.

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Sucessão dos descendentes

Com a abertura da sucessão legítima os descendentes do de cujus são herdeiros por excelência, pois são chamados em primeiro lugar, adquirindo os bens por direito próprio; além disso, são herdeiros necessários, de forma que o autor da herança não poderá dispor, em testamento ou doação, de mais da metade de seus bens, sob pena de se reduzirem às disposições de última vontade e de se obrigar o donatário a trazer à colação os bens doados.

Sucessão dos ascendentes

Não havendo herdeiros da classe dos descendentes, chamar-se-ão à sucessão do de cujus os seus ascendentes (Art. 1836 NCC), sendo que o grau mais próximo exclui o mais remoto, não se devendo atender à distinção de linhas, ou seja, à diversidade entre parentes pelo lado paterno ou pelo materno, porque entre os ascendentes não há direito de representação, de modo que o ascendente falecido não pode ser representado por outros parentes.

Sucessão do cônjuge sobrevivente

À falta de descendentes ou ascendentes será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente, desde que não esteja separado judicialmente, nem separado de fato a mais de dois anos. Deve-se distinguir herança de meação, observando o regime de bens do casamento. Na sucessão do cônjuge,

Sucessão dos colaterais

Na falta de descendentes, ascendentes e de cônjuge sobrevivente, são chamados a suceder os colaterais até o quarto grau (Art. 1839 nCC), atendendo-se ao princípio cardeal de que os mais próximos excluem os mais remotos; assim, se forem convocados à sucessão os irmãos (parentes de 2º grau), excluídos estarão os tios e sobrinhos (3º e 4° graus); entretanto, ressalva-se o direito de representação, concedido estritamente a filhos de irmãos (Art. 1840 nCC), assegurando-se a sucessão por estirpe quando filhos de irmãos concorrerem com irmão do falecido, aproximando-se por ficção, os parentes mais afastados.

Sucessão da Administração Pública

Não havendo parentes sucessíveis, ou cônjuge sobrevivente, ou se eles renunciarem à herança, o direito sucessório será transmitido ao Município ou ao Distrito Federal ou à União; na ordem de vocação hereditária o poder público está em último lugar, sendo chamado à sucessão na falta de consorte sobrevivente e de parente sucessível até o quarto grau, desde que haja sentença que declare a vacância dos bens, que só passarão ao seu domínio após 5 anos da abertura da sucessão, porque nesse lapso de tempo o herdeiro pode, ainda, reclamar judicialmente a herança. (Arts. 1822 c/c 1844 nCC)

Sucessão do Companheiro

Além das pessoas casadas, segundo o Art. 2° da lei 8971/94 e o art. 1790 nCC, os companheiros (Art. 1723 nCC), assim entendidos aqueles que vivem em União Estável, também têm direitos sucessórios. A redação do art. 1790 é confusa o que levará a um grande número de

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litígios, pois uma das interpretações do dispositivo é no sentido de colocar o companheiro em situação inferior a da Administração Pública, a se interpretar o art. 1790 apenas de acordo com o caput. Depreende-se que o companheiro quando concorrer com filhos comuns receberá uma cota equivalente à que a lei atribuir a eles; se concorrer com filhos e netos do autor da herança receberá metade do que couber a cada um deles; se concorrer com outros parentes sucessíveis terá direito a um terço da herança e na falta de parentes sucessíveis terá direito à totalidade da herança.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃOConceito Representação sucessória é um benefício da lei, segundo o qual

os descendentes de uma pessoa falecida são chamados a substituí-la na sua qualidade de herdeira legítima, considerando-se do mesmo grau que a representada, e exercendo, em sua plenitude, o direito hereditário que a esta competia; dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse (Art. 1851 nCC); o direito de representação só pode dar-se em linha reta descendente e nunca na linha reta ascendente (Art. 1852 nCC).

Finalidade

O direito de representação tem por escopo corrigir injustiça da rigorosa aplicação do princípio cardeal da sucessão legítima de que os mais próximos excluem os mais remotos, no caso de pré-morte, ausência ou indignidade de um descendente ou de um irmão, favorecendo então os descendentes daqueles que não puderam herdar, por haverem falecido antes do autor da herança, por serem declarados ausentes ou indignos.

Sucessão testamentária.

Conceito É aquela em que a transmissão hereditária se opera por ato de última vontade, revestida da solenidade requerida por lei, prevalecendo às disposições normativas naquilo que for ius cogens, bem como no que for omisso o testamento.

Normas Reguladoras

Lei vigente no momento da facção testamentária, que regula a capacidade testamentária ativa (Art. 1861 nCC) e a forma extrínseca do ato de última vontade. Lei que vigora ao tempo da abertura da sucessão, que rege a capacidade testamentária passiva (Art. 1787 ncc CCB) e a eficácia jurídica do conteúdo das disposições testamentárias (Arts. 1875 e ss nCC).

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Restrições a) Dispor de mais da metade de seus bens, havendo herdeiros necessários (Art. 1846 nCC), exceto se forem deserdados ou excluídos da sucessão por indignidadeb) Fazer pactos sucessórios e doações causa mortis.

Testamento É o ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável, pelo qual alguém, segundo norma jurídica, dispõe, no todo ou em parte, de seu patrimônio para depois de sua morte, ou determina providências de caráter pessoal ou familiar.

Capacidade testamentária

É o conjunto de condições necessárias para que alguém possa, juridicamente, dispor de seu patrimônio por meio de testamento, ou ser por ele beneficiado.

Condições 1) Capacidade testamentária ativa e passiva;2) Não haver deserdação;3) Observância de todas as formalidades legais.

Capacidade Testamentária Ativa

Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento e os menores de dezesseis anos (art. 1860 nCC),

Capacidade Testamentária Passiva

A capacidade para adquirir por testamento rege-se pela regra de que são capazes para isso todas as pessoas físicas ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador, não havidas como incapazes (Art. 1799 nCC). São absolutamente incapazes para adquirir o testamento: os não concebidos até a morte do testador, salvo se a disposição testamentária se referir à prole eventual de pessoa designada pelo testador, existente ao abrir-se a sucessão (CC, art. 1799, I nCC). Também não podem receber por testamento as pessoas arroladas no art. 1801 nCC. São nulas todas as disposições testamentárias em favor dos incapazes dos arts. 1799, I e 1801 nCC, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso ou feitas mediante interposta pessoa. (Art. 1802 nCC).

Deserdação É o ato pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante testamento com expressa declaração da causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima, por ter praticado qualquer ato taxativamente enumerado no Código Civil nos artigos arts. 1814, 1962 e 1963 nCC.

Requisitos d) Exigência de testamento válido com expressa declaração do motivo determinante da deserdação. Art. 1964 nCC e) Fundamentação em causa expressamente prevista pelo legislador;f)Existência de herdeiros necessários;g) Comprovação da veracidade do motivo alegado pelo testador (arts. 1965 caput e Parágrafo Único e 2008 nCC).

Efeitos a) Deserdado, na abertura da sucessão, adquire o domínio e a posse da herança (1784 nCC); com a publicação do testamento, passa a ter propriedade resolúvel;

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b) Descendentes do deserdado sucedem-no, por substituição, como se ele morto fosse, ante o caráter personalíssimo da pena civil;c) Necessidade de preservar a herança durante a ação ordinária proposta pelo beneficiado com a deserdação para comprovar a sua causa geradora, nomeando-se um depositário judicial;d) Não provado o motivo determinante da deserdação, o testamento, apesar da ineficácia daquela, produzirá efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.

Revogação O testador só poderá perdoar o deserdado por meio de revogação testamentária, porque essa pena é imposta por testamento.

Testamento público(arts. 1864 a 1867 nCC e art. 1128 CPC)

a) Ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;

b) Lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;

c) Ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

d) O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.

Testamento cerrado (arts. 1868 a 1875 nCC e arts. 1126, 1130 a 1133 CPC)

O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades:

a) Que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;

b) Que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;

c) Que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas;

d) Que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.

e) O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas.

Testamento particular. (Arts. 1876 a 1880 e arts. 1126, 1130 a

O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico.

a) Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três

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1133 CPC) testemunhas, que o devem subscrever.b) Se elaborado por processo mecânico, não pode

conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão.

Testamento marítimo e aeronáutico (Art. 1888 a 1892 nCC)

É a declaração de última vontade feita a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante e ainda aeronave militar ou comercial, com as formalidades pertinentes (Art. 1134, I CPC e arts 1891 e 1892 nCC), apresentando forma similar ao testamento público (art. 1888 nCC) ou ao testamento cerrado(art. 1890 nCC).

Testamento militar (Art. 1893 a 1896 nCC).

É a declaração de última vontade feita por militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro ou fora do país, ou em praça sitiada ou com as comunicações cortadas (Art. 1893 nCC e art. 1134, II CPC). Comporta 3 formas:

a) Testamento público (Art. 1893 nCC);b) Testamento cerrado (Art. 1894 nCC), e c) Nuncupativa (Art. 1896 nCC e arts 1134, III e 1130 a 1133 CPC). Sua caducidade está prevista no Art. 1895 nCC.

Testemunhas Testemunha testamentária é a pessoa que tem capacidade para assegurar a veracidade do ato que se quer provar, subscrevendo-o, devendo ser observado o disposto no art. 228 n CC

Disposições TestamentáriasRegras Gerais a) As disposições sobre o elemento intrínseco do

testamento emergem diretamente do ato causa mortis; b) A instituição do legatário é sempre expressa e a do herdeiro, expressa ou tácita. (Arts. 1788, 1906 e 1908);c) O testamento contém disposições patrimoniais e pessoais;d) As disposições testamentárias só podem beneficiar pessoas naturais ou jurídicas.

Formas de Nomeação

a) Nomeação pura e simples (Art. 1923 nCC); b) Condicional (Arts. 121 a 126, 130, nCC);c) Modal ou com encargo (Arts. 555 nCC);d) Por certa causa;e) A termo de herdeiro apenas nas disposições fideicomissárias (Art. 1898 nCC), sendo que a de legatário é permitida em disposição fideicomissárias ou não (Arts. 1924 e 1928 nCC).

Cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade

Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de

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e incomunicabilidade (Art 1848 nCC)

incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

Pluralidade de herdeiros

Se houver testamento disposição conjunta, em que vários herdeiros ou legatários são chamados coletivamente para receber os bens do testador ou uma certa porção deles, observar-se-á o Arts. 1904 a 1908 mCC

Regras interpretativas

a) Na interpretação do testamento dever-se-á buscar a real intenção do testador e não o sentido literal da linguagem (Arts. 112 e 1899 nCC);b) Na ausência de dados para interpretar a vontade do disponente, atender-se-á à literalidade das palavras;c) Deve-se procurar o sentido mais cômodo ao objeto e à natureza do ato;d) Havendo 2 sentidos na cláusula testamentária, considerar-se-á o que produzir efeito;e) O prazo deve ser presumido em favor do herdeiro (Art. 133 nCC);f)Não pode suprir o que o testador não determinou, nem incluir cláusula inexistente no testamento;

g) Deve-se preferir a inteligência que faz valer o ato à que o torne insubsistente; cláusula obscura, truncada ou incompleta, que impossibilite determinar a vontade do testador, será tida como não escrita;h) Dúvida relativa ao quantum da dívida será decidida do modo menos prejudicial ao que prometeu;i)Preferir-se-á a opinião mais benigna nas coisas dúbias e nas proposições mais rigorosas;j)Dúvidas quanto à intenção de beneficiar certas pessoas não invalidam o testamento, pois as quotas deverão ser igualadas;k) O temo prole abrange os descendentes. A expressão filho alcança a filha e o neto;l)A denominação herdeiro abrange não só o próximo, mas também o mais afastado;m) O gênero masculino abrange o feminino, porém este não compreende aquele; n) Se o objeto da disposição constituir-se de universalidade, abarcará todas as coisas que a compõe, mesmo se desconhecidas do testador, por serem descobertas posteriormente; o) Se o disponente beneficiar certa categoria de pessoas, entender-se-á que apenas contemplou os que estavam as suas ordens no momento da abertura da sucessão;p) Se o testador instituir herdeiros sucessivos, ter-

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se-á fideicomisso, embora tenha empregado o termo usufruto;q) Se o disponente legar à mesma pessoa 2 vezes a mesma quantia, restringir-se-á o legado a uma só quantia, salvo se apurar que a sua vontade era multiplicar o legado;r) Se nos legados pecuniários a quantia tornar-se irrisória, em razão da inflação, em atenção ao fim do legado, à intenção do testador, dever-se-á entender que a liberalidade está sujeita a corrigir-se quantitativamente;s) Em certos casos dever-se-á verificar que o testador considerou os usos locais de onde vivia, a qualidade do legatário, a amizade, etc.;t) Se não puderem solucionar as dúvidas, procurar-se-á decidir em favor da sucessão legítima;u) Compete a interpretação do testamento ao juízo do inventário;v) Se uma palavra for usada mais de uma vez haverá presunção de que foi usada sempre no mesmo sentido;w) Se o testador deixar uma universalidade de coisas, entender-se-ão incluídas as coisas particulares de que a mesma se compõe, mesmo as descobertas ulteriormente, desconhecidas do testador.

Redução das disposições testamentárias

Com o fim de garantir a intangibilidade da quota legitimária do herdeiro necessário, confere-se-lhe o direito de pleitear a redução da liberalidade efetuada por ato causa mortis ou inter vivos até completar a legitima, se o testador dispuser além de sua quota disponível, pois a disposição excessiva não invalida o testamento (Arts. 1967, 1968 e 549 nCC).

Testamenteiro É o conjunto de funções que se enfeixam na pessoa do testamenteiro, constituindo o estatuto deste, seu complexo de direitos e deveres.

INEFICÁCIA DO TESTAMENTO

Revogação Ocorre quando o testador expressa sua vontade, por modo legítimo, de inutilizar o testamento;

Caducidade

Quando, embora válido o testamento, não puder produzir efeitos em razão de fato superveniente, alheio à vontade do disponente;

Nulidade Quando o testamento, em virtude de vício de origem, não satisfazer as condições que a lei declara indispensáveis à sua validade.

CODICILO

Conceito É o ato de última vontade pelo qual o disponente traça diretrizes sobre assuntos pouco importantes, despesas e

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dádivas de pequeno valor.Objeto Contém disposições sobre o próprio enterro; legado de

móveis, roupas, jóias, não muito valiosas de uso pessoal; sufrágios por intenção da alma do codicilante; nomeação e substituição de testamenteiro; perdão de indigno.

Revogação Por outro codicilo; por testamento posterior, que não o confirme ou que o modifique.

LegadoConceito É a disposição testamentária a título singular, pela qual o

testador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados ou uma certa quantia em dinheiro.

Objeto Deve ser lícito, possível, economicamente apreciável e suscetível se alienação, podendo ser presente ou futuro, determinado ou determinável, corpóreo ou incorpóreo, e nada obsta que incida sobre prestação de fazer ou não fazer.

Espécies I - Quanto à sua modalidade:a) Legado puro e simples;b) Legado condicional;c) Legado a termo;d) Modal ou com encargo; e) Subcausa. II - Quanto ao seu objeto:a) De coisa alheia;b) De coisa comum;c) De coisa singularizada;d) De universalidade;e) De coisa ou quantidade localizada;f)De crédito;g) De quitação de dívida;h) De alimentos;i)De usufruto;j)De imóvel.

Efeitos a. Quanto à transmissão da propriedade e da posse;b. Em relação de pedir o legado;c. Relativamente aos frutos e juros da coisa legada;d. Quanto à renda ou prestações periódicas que o

herdeiro deverá pagar ao legatário, após a morte do testador;

e. Em relação à escolha do legado;f. Concernentes aos riscos e às despesas com a

entrega do legado;g. Atinentes à entrega da coisa legada; h. quanto à aceitação e à renúncia do legado.

Caducidade

Renúncia do legado pelo legatário, falecimento do legatário antes do implemento da condição suspensiva, incapacidade do legatário, anulação de testamento, modificação da coisa, indignidade, falecimento do legatário antes do testador, revogação expressa ou tácita, impossibilidade material ou

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ilicitude do objeto.

DIREITO DE ACRESCER Entre herdeiros e legatários (Art. 1941 nCC)

Consiste no direito do co-herdeiro ou co-legatário de receber o quinhão originário de outro co-herdeiro ou co-legatário, que não quis ou não pode recebê-lo, desde que sejam, pela mesma disposição testamentária, conjuntamente chamados a receber a herança ou legado em quotas não determinadas.

Entre Co-Herdeiros

a) Nomeação dos herdeiros na mesma cláusula testamentária para receber o acervo hereditário ou porção dele;b) Incidência na mesma herança;c) Ausência de determinação das quotas de cada um.

Entre Co-Legatários

a) Nomeação conjunta dos co-legatários;b) Legado deve recair em uma só coisa, determinada e certa, ou indivisível;c) Ausência de um dos co-legatários, em razão de premoriência, renúncia ou exclusão da sucessão, desde que o testador não tenha nomeado substituto;d) Legado de um só usufruto conjuntamente a 2 ou mais pessoas;

Substituição hereditáriaConceito (Art. 1947 nCC)

É a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para receber, no todo, ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quanto à vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa.

Princípios a) Deve ser capaz para ser instituído em primeiro lugar;b) Podem ser dados substitutos a um só herdeiro ou um

único substituto a muitos herdeiros;c) Não é permitida a substituição de mais de um grau;d) É uma instituição condicional, que pode ser subordinada a

outra condição, termo ou encargo;e) O substituto pode ser nomeado no mesmo testamento em

que for feita a instituição ou em cédula testamentária posterior; deverá cumprir o encargo ou condição imposta ao substituto, exceto se o testador estabeleceu diferentemente.

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Espécies a) Vulgar: consiste na indicação da pessoa que deve ocupar o lugar do herdeiro ou legatário, que não quer ou não pode aceitar a liberalidade;b) Recíproca: é aquela em que o testador, ao instituir a pluralidade de herdeiros ou legatários, os declara substitutos uns aos outros;c) Fideicomissária: consiste na instituição de herdeiro ou legatário, designado fiduciário, com a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida, transmitir a uma outra pessoa, chamado fideicomissário, a herança ou o legado;d) Compendiosa: é um misto de substituição vulgar e fideicomissária; é o que se verifica na hipótese em que o testador dá substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um outro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado.

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