APOSTILA DE ECONOMIA

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UNIDADE DIADEMA

UNIESP/2009-2

UNIESPUnidade de Diadema

INTRODUO ECONOMIA

Material elaborado pelo professor Marco Aurlio Vallim Reis da Silva

PROGRAMA SEMESTRALPROFESSOR: Everlan Elias Montibeler DISCIPLINA: Economia SEMESTRE: 2 semestre de 2009 CURSO: Direito

EMENTA Introduo a Cincia Econmica; Evoluo da Cincia Econmica; Problemas Bsicos de Organizao Econmica; Formas de Organizao da Atividade Econmica; Capital Nacional e Capital Estrangeiro; Noes de Microeconomia; A formao dos Preos; Fundamentos da Oferta e da procura; Noes de Macroeconomia; O comrcio Internacional e o Balano de Pagamentos e a Inflao.

OBJETIVOS Introduzir os conceitos fundamentais da cincia econmica para que o estudante desenvolva a capacidade de anlise e compreenso dos problemas econmicos, tanto estruturais como conjunturais, da nossa realidade. Mais especificamente, objetivamos enfocar as leis e as teorias fundamentais que compem a estrutura e o funcionamento da Cincia Econmica mostrando, sempre que possvel, as suas interaes com a rea jurdica.

METODOLOGIA Aulas expositivas, trabalhos em grupo e trabalhos individuais

AVALIAO 1- Provas; 2- Trabalhos individuais e/ou em grupos; 3- Participao na aula.

CONTEDO PROGRAMTICO

Parte I - Introduo a Cincia Econmica 1- A escassez de recursos e as necessidades ilimitadas 2- Evoluo da Cincia Econmica 3- O Direito e a Economia 4- Problemas Bsicos de Organizao Econmica 5- Formas de Organizao da Atividade Econmica 6- A ordem econmica e financeira do Brasil

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Parte II. - Noes de Microeconomia 1- A formao dos Preos 1.1 - O mercado 1.2 - A oferta 1.3 - A demanda 1.4 - O preo de equilbrio 1.5 - Imperfeies do mercado (oligoplio, monoplio e a concorrncia monopolista) Parte III - Noes de Macroeconomia 1- O Produto Interno Bruto 1.1 - Os ciclos econmicos 1.2 - Fatores de expanso e contrao da demanda agregada 2- As funes do Estado 2.1 - As contas governamentais e o dficit pblico 2.2 - Formas de financiamento do dficit 3- O mercado financeiro 3.1 - A moeda e os bancos 3.2 - Estrutura e funcionamento do Sistema Financeiro 3.3 - A Bolsa de Valores 3.4 - A Poltica Monetria 4- O comrcio Internacional e o Balano de Pagamentos 4.1 - A taxa de cmbio 4.2 - A balana Comercial 4.3 - A conta de Servios 4.4 - A conta Capital 4.5 - Os principais organismos internacionais 5- A inflao 5.1 - Teoria Monetarista 5.2 - Teoria Estruturalista 5.3 - Teoria Keynesiana 5.4 - Teoria Administrada BIBLIOGRAFIA BSICA CAMARGO, R.A.L. Desenvolvimento Econmico e Interveno do Estado na Ordem Constitucional. Porto Alegre: Srgio Fabris, 1995. CONSTITUIO BRASILEIRA, 1988. Ttulo VII: Da Ordem Econmica e Financeira. DORNBUSCH, Rudiger, FISHER, Stanley. Macroeconomia. So Paulo: 5 ed. Makron do Brasil, 1991. GRAU, E. R. A Ordem Econmica na Constituio de 1988. So Paulo: Malheiros, 2001. HUGON, Paul. Histria das Doutrinas Econmicas. So Paulo: 11 ed. Atlas, 1970. ROSSETI, Jos Paulo. Introduo Economia. So Paulo: 17 ed. Atlas, 1997. THORSTENSEN, V. O.M.C. As regras do Comrcio Internacional e a Rodada do Milnio. So Paulo: 2 ed. Aduaneiras, 2001. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998. BAER, Werner. A economia Brasileira. So Paulo: Nobel, 1996.3

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR BRUM, Argemiro J. O Desenvolvimento Econmico Brasileiro. Petrpolis: 21 ed. Vozes, 2000. CAMARGO, Ricardo Antnio Lucas. Desenvolvimento Econmico e Interveno do Estado na Ordem Constitucional. Porto Alegre: Sergio Fabris, 1995. CARDOSO, Eliana A. Economia Brasileira ao Alcance de Todos. So Paulo: Brasiliense.1997. CHESNAIS, Franois. A Mundializao do Capital. So Paulo: Xam, 1996. GALBRAITH, John Kenneth. O Novo Estado Industrial. So Paulo: 2 ed. Abril Cultural, 1983. GALBRAITH, John Kenneth . O Pensamento Econmico em Perspectiva. So Paulo: USP, 1989. GARLAN, Y. Guerra e Economia na Grcia Antiga. Campinas: Papirus, 1991. GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de Economia poltica. So Paulo: 17 ed. Saraiva, 2000. KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. So Paulo. Atlas, 1992. MANTEGA, Guido. A Economia Poltica Brasileira. So Paulo: 8 ed. Vozes, 1995. MARX, K. O Capital. Mxico: 17 ed. Grijalbo, 2001. MARX, K. Contribuio Crtica da Economia Poltica. So Paulo: Martins Fontes, 1977. MONTORO FILHO, Andr Franco et al. Manual de Economia. So Paulo, 1981. NAPOLEONI, Cludio. Curso de Economia Poltica. Rio de Janeiro: Graal, 1985. ORMEROD, Paul. A Morte da Economia. So Paulo: Cia. das Letras, 1996. PEDRO, Fernando Cardoso. Razes do Capitalismo Contemporneo. So Paulo: Hucitec. 1996. PRADO, J. R. C. Histria Econmica do Brasil. So Paulo: Brasiliense,1998. ______. Formao do Brasil Contemporneo. So Paulo: Brasiliense, 1999. RICARDO, D. Princpio de Economia Poltica e de Tributao. So Paulo: 3 ed. abril, 1983. SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento Econmico. So Paulo: 3 ed. Atlas, 1997. TAVARES, M. C. Da Substituio de Importaes ao Capitalismo Financeiro. Rio de Janeiro: 3 ed. Zahar, 1974. TAVARES, M. C., FIORI, Jos Luis ( Org.). Desajuste Global e Modernizao Conservadora. So Paulo: Paz e Terra, 1996. _______. Poder e Pinheiro: uma economia poltica da globalizao. Petrpolis: 6 ed. Vozes, 1997.

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UNIESP/2009-2

PARTE I - Introduo a Cincia Econmica

1- A escassez de recursos e as necessidades ilimitadasA Escassez de Recursos - Em todas as sociedades, os recursos humanos e patrimoniais so escassos para atender s crescentes necessidades de consumo e bem-estar. A disponibilidade limitada de bens e recursos encontra-se na base do surgimento e desenvolvimento de institutos jurdicos fundamentais para o desenvolvimento de sociedades e de suas economias. A propriedade privada constitui o mais claro exemplo dessa origem. No se pode falar da economia sem pressupor a existncia da idia de propriedade, e esta s faz sentido quando se trata de algum tipo de recurso cuja escassez justifique tal proteo do direito. Soaria insano nos dias de hoje falar de propriedade sobre o ar na atmosfera ou sobre o sal dos oceanos. No entanto, a medida que a realidade se transforma e alguns recursos parecem escassear, surge gradualmente uma tendncia a proteo daquilo que no passado parecia pouco relevante. Um exemplo dessa interessante mudana pode ser vista no caso do petrleo. A humanidade viveu por milnios sem dedicar qualquer ateno sobre esse leo, entretanto, sua utilizao em larga escala nas mais diversas reas o converteu num dos mais preciosos e protegidos recursos da humanidade. As necessidades ilimitadas - Nas modernas economias, apesar da inovao tecnolgica, as necessidades so cada vez maiores, seja atravs da realizao das necessidade primrias, seja atravs do aumento do padro de vida e do bem estar material (necessidades dependem do grau de desenvolvimento dos pases). Desse modo as necessidades so mltiplas, hierarquizadas e progressivas. As necessitas podem ser: Absolutas- satisfao das necessidades biolgicas do ser humano (respirar, comer, dormir, habitar, procriar, vestir e etc.) Relativas- sua satisfao no pe em risco a vida dos indivduo. Necessidades para a obteno de conforto ( Ex.: cama, talheres e etc.) Quanto mais relevante uma necessidade, maior a tendncia para consolidar esse status numa srie de mecanismos legais e estatais de proteo. A percepo dessas necessidade traz repercusses jurdicas significativas, pois boa parte do ordenamento se destina a garantir aos indivduos sua correta fruio. Diante da importncia de algo como a respirao, justifica-se de modo direto uma interveno estatal sobre a atividade econmica, principalmente atravs da legislao ambiental.

Os bens.- Tudo aquilo que serve para satisfazer uma necessidade tem o nome genrico de bem. Classificam-se:Bens livres- abundantes. (Ex. o ar, luz do sol e as guas dos mares)

Bens Econmicos- so escassos e para obte-los pressupe a necessidade de trabalho. Esse por sua vez dividem-se em: Tangveis- bens materiais Intangveis- no palpveis(Ex. cuidados de um mdico, ensino ministrado por um professor e etc.)

O direito cuida, de modo preponderante, dos bens econmicos cujo valor e escassez ensejam a constante formao de relaes jurdicas e de litgios resultantes da satisfao das necessidades humanas. Cabe principalmente ao direito civil lidar com tais bens, regulando sua propriedade, fruio, circulao, transmisso etc. Alguns bens, mesmo no apresentando uma carter corpreo, apresentam-se com um cunho econmico inegvel, como os direitos do autor de um livro ou de um programa para computador. Por outro lado, outros tipos de bens, mesmo sendo abundantes ou mesmo intangveis, tambm encontram resguardo no ordenamento jurdico. Nesses casos, a forma de proteo modifica-se, em especial nos casos em que a defesa de tais recursos nascem de sua importncia social, tica, moral ou histrica. A converso de um dano moral em indenizao, por exemplo, no se deve ao efeito patrimonial da ofensa, mas essencialmente a considerao de certos valores humanos como elementos fundamentais dentro do convvio social e da formao da personalidade. A defesa do patrimnio esttico e histrico de uma cidade advm em primeiro lugar da sua importncia para o legado cultural de uma sociedade, o que leva uma interveno jurdica de carter coletivo, realizada principalmente por agentes pblicos e no por indivduos.

Concluindo: Economia- a Cincia que deve cuidar da eficiente administrao dos recursos disponveis, tendo em vista a satisfao dos ilimitados desejos da sociedade.Classificao dos Recursos ProdutivosTerra ( ou recursos naturais ) Trabalho Capital ( ou bens de capital) Capacidade Empresarial

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Curva ( ou fronteira) de possibilidades de produoComo os recursos so escassos, a produo de um pas tem um limite mximo. Este limite denominado de curva ou fronteira de produo. Exemplo: Suponhamos um advogado que disponha de apenas 4 horas dirias para analisar processos na rea trabalhista e na rea tributria. Processos trabalhistas Tempo Quantidade 0 0 1 3 2 6 3 9 4 12 Processos Tributrios Tempo Quantidade 4 8 3 6 2 4 1 2 0 0

12 Trabalhista deslocamento da curva significa crescimento econmico

8 Tributrio capacidade ociosa

2- Os problemas bsicos da Organizao EconmicaO que produzir- implica a questo contrria, isto , o que no produzir (Ex. Apartamentos de luxo X casas populares). Escolher o que produzir significa, ao mesmo tempo, resolver sobre quais necessidades ficaro insatisfeitas. Relaciona-se determinao do ilimitado conjunto de bens e servios que devem ser produzidos, bem como as suas respectivas quantidades. Como produzir- vinculada ao volume e a variedade dos recursos de produo disponveis e a fase do processo econmico, dependendo desse modo da tecnologia e da produtividade (mecanizao da agricultura). Alocao tima dos recursos disponveis de forma a adotar padres tecnolgicos que conduzam a melhor forma de extrair o mximo possvel de sua capacidade produtiva Como distribuir- problema mais delicado da poltica econmica. Envolve questes ticas, polticas e ideolgicas. Qual a distribuio mais justa do que produzido tem origem em quadros diferentes de organizao social e econmica. Relaciona-se aos problemas e estrutura de repartio dos bens e servios produzidos.

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3- Principais Escolas do Pensamento EconmicoOs economistas clssicosSec XVIII e XIX ( Smith e Ricardo) propuseram que as bases do modelo de organizao deveria ser: - o individualismo - a livre iniciativa - concorrncia empresarial - livre sistema de preos Os mecanismos de mercado conduziriam tima alocao dos recursos disponveis garantindo o pleno emprego e a eficincia econmica geral

MarxismoPropunha em contrate as idias liberais o seguinte para a resoluo dos problemas: - Bloqueio da liberdade empresarial - Coletivismo - Controle estatal - Sistema centralizado, em vez de mecanismos livres, capaz de coordenar as metas de produo da economia, a alocao dos recursos e a repartio do produto.

O Keynesianismo- Grande crise mundial de 1930 - Propunha uma maior interveno do governo ( abrandar principalmente as crises recessivas) Essas mudanas que ocorreram na forma de pensamento econmico proporcionaram alteraes na ordem jurdica institucional .Quando a cincia econmica despontou no sec XVIII, a escola clssica defendia o liberalismo econmico ( maior liberdade do indivduo e uma menor participao do Estado).Depois da Segunda Guerra, o Estado passou a ter uma maior participao na atividade econmica, fato que provocou uma ampliao da legislao jurdica no que tange as atividades econmicas, estreitando, desse modo, a inter-relao entre o Direito e a Economia.

4- Formas de organizao da atividade econmica Regime de livre iniciativa- Todos os bens de produo so de propriedade privada. - As necessidades individuais concentra-se na demanda de produtos. - Livre jogo da oferta e da procura. Todas as decises so tomadas automaticamente atravs dos mercados e preos. - Busca do lucro. - Interveno do Estado seria perturbadora. - O que produzir indicado pelos prprios consumidores ao criarem a demanda correspondente. - Como produzir determinado pela competio entre os vrios fabricantes. - Como distribuir os bens - sero destinados aos que podem comprar.

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Crticas Principais contestadores so os socialistas. Sistema injusto, pois produz somente para as pessoas que podem comprar e no para todos os necessitados. Tendo carter social, o processo de produo no pode ser decidido individualmente (interesse social nem sempre coincide com o individual ). Provoca uma grande concentrao de renda. Visa somente o lucro.

Sistema de Planificao Central- Consiste em confiar a soluo dos trs problemas bsicos ao Estado - O interesse econmica tem carter social, logo dever estar acima do individual. - Sua meta no proporcionar o lucro, ms sim o bem estar social ( sistema pode trabalhar com prejuzo). - O que produzir dever ser decidido atravs de uma hierarquia das necessidades sociais. - Como produzir, visa obter dos fatores de produo o mximo aproveitamento. - Como distribuir. O Estado proporciona a preos muito baixos ou gratuitamente as necessidades bsicas. Crticas -Principais contestadores so os liberais. - Esse sistema pode levar a uma ditadura ( supresso da liberdade individual). - O Estado sempre um mau administrador ( burocracia). - Homens possuem necessidades diferentes. - Propriedade individual um direito do homem. - Sem lucro no haver estmulo para o progresso pessoal.

Sistema Misto- Coexistncia simultnea dos dois setores econmicos, setor pblico e privado. - Como existe propriedade privada da maior parte dos meios de produo no possvel que o Estado determine aos empresrios o que e quanto produzir. Entretanto, pode influir direta ou indiretamente na soluo do que produzir, atravs: de subsdios, incentivos fiscais e empresas pblicas) - O como produzir decidido no setor privado, segundo a concorrncia; - Como distribuir. De um modo geral determinado pelos preos. Entretanto, o governo fornece aos mais pobres bens e servios vitais a preos reduzidos ou gratuitamente ( ensino, assistncia jurdica, hospitais e etc.) Crticas - Atacado pelos liberais pela participao do Estado na economia, fato que conduziria ao regime socialista. - Muitos segmentos onde o setor pblico e o privado se chocam ( interesses divergentes).

5- Funcionamento de uma economia de mercadoOs livros de Economia geralmente tratam dos fluxos real e monetrio, considerando as diversas categorias de agentes econmicos. De forma esquemtica, mostram que as unidades9

familiares, as empresas e o governo (todos agentes econmicos) interagem e geram fluxos reais (fatores de produo, produtos e servios) e fluxos monetrios (pagamentos pelos produtos e servios adquiridos, pagamento de impostos e remunerao dos fatores de produo) que circulam entre esses agentes econmicos. Abaixo, demostramos o funcionamento do fluxo real e monetrio de um sistema econmico de mercado sem a interferncia do governo e sem transaes com o exterior (economia fechada). Fluxo RealMercado de bens e servios

Famlias

Empresas

Mercado de fatores de produo

Fluxo Monetrio

Pagamento dos bens e servios

Famlias

Empresas

Remunerao de fatores de produo

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Fluxo circular de dinheiro na economiaRenda Mercado de M ercado Fatores de Produo Remunerao dos Fatores

Poupana Privada

M ERCADO MERCADO M ERCADO FINANCEIRO FINANCEIRO

Dficit do Governo FAMLIAS Impostos GOVERNO EMPRESAS

Impostos

Despesas do Governo Consumo

Investimento Receita Empresas

Mercado de M ercado Bens e Servios

Fonte: Assaf Neto, Alexandre. Mercado financeiro e de Capitais

6- A Economia e o DireitoComo a economia apresenta uma multiplicidade de problemas e uma diversidade de causas e efeitos, existe uma inter-relao entre o estudo econmico e os diversos ramos de conhecimento humano (sociologia, geografia, histria, poltica, direito e etc.). A interdependncia entre o Direito e a Economia grande uma vez que as leis jurdicas definem os direitos, as obrigaes e fixam a liberdade de ao dos diversos agentes econmicos (os indivduos, empresas e o setor governamental), que devem ser ajustadas de acordo com as mudanas sociais que vo ocorrendo de forma a conciliar os interesses divergentes desses grupos1.Ver por exemplo: Vasconcellos, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998, pp 23-28. 111

Direito Constitucional Governo

D. Tributrio

Exterior

D. Internacional Empresas Famlias

D. Comercial CADE D. Ambiental

D. Trabalhista C. D.Consumidor

Atualmente a relao entre o Direito e a Economia muito grande. Isto porque com o desenvolvimento do capitalismo as relaes entre os agentes econmicos tornaram-se muito mais complexas. A grande concorrncia que existia entre as empresas comea a dar lugar s grandes corporaes. O poder dessas empresas em impor os seus preos aos consumidores criou a necessidade do governo colocar determinadas barreiras ao abuso de poder econmico por parte destas companhias. Este o caso, por exemplo, do CADE Conselho Administrativo de Defesa Econmica. Cabe a este orgo analisar e punir quando as empresas praticam formas de concorrncia desleal como: formao de cartel, abuso no aumento de preos, dumping, etc. Alm disso, o CADE responsvel pela avaliao de fuses, incorporaes e aquisies de grandes empresas. Caso, na sua avaliao, ocorra uma concentrao no mercado que possa causar injustias ou abusos, o CADE poder vetar a operao. Nas relaes entre os trabalhadores e os empregados tambm surgiram diversas injustias e abusos. Dessa forma, houve a necessidade de criar uma legislao especfica que protegesse, principalmente os trabalhadores. Da o surgimento do Direito do Trabalho. No diferente se pensarmos no caso das relaes entre empresas e consumidores. Estes ltimos, eram de uma maneira generalizada, os mais prejudicados. Para equilibrar esta fora o governo criou o Cdigo de Defesa do Consumidor. O Estado para fazer frente s suas diversas funes necessita de recursos. Como sabido a principal fonte de receita do governo o imposto. Toda a regulamentao referente aos impostos, como alquotas, fato gerador e outras questes podem ser encontradas no Cdigo de Direito Tributrio. No mbito externo, os pases tambm se relacionam, principalmente, nas reas comerciais e financeira. Para regular estas relaes se faz necessrio o Direito Internacional. Alm disso, temos diversos organismos internacionais, como: OMC, FMI, BIRD, OIT, e outras que procuram promover uma maior integrao entre as naes. Desse modo de suma importncia o conhecimento pelos profissionais de cincias jurdicas dos principais conceitos dessa nova ordem econmica mundial, pois dever trazer alteraes significativas na regulamentao, proteo e legitimao das leis, modificando os impulsos de acumulao, proteo da integridade individual e preservao da comunidade.12

7 - A ORDEM ECONMICA E FINANCEIRA DO BRASIL(Constituio da Repblica Federativa do Brasil arts 170 a 192)Dividida em quatro captulos - Dos princpios Gerais da Atividade Econmica - Da Poltica Urbana - Da Poltica Agrcola e Fundiria e da Reforma Agrria - Do Sistema Financeiro Nacional Dos Princpios Gerais da Atividade EconmicaArt 170- A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observada os seguintes princpios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - funo social da propriedade; IV - livre jogo da concorrncia; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; VII- reduo das desigualdades regionais e sociais; VIII- busca do pleno emprego; IX - Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei.

A forma de organizao da atividade econmica adotada pelo Brasil a Mista, uma vez que a ordem econmica est embasada na livre iniciativa, nos princpios da propriedade privada e na livre concorrncia, entretanto, existe uma srie de regulamentaes e intervenes feitas pelo Estado, no intuito de preservar as questes sociais. A constituio declara no artigo 170 que a ordem econmica baseia-se na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa. Entende-se por livre iniciativa uma econmica baseada no livre jogo do mercado, logo de natureza capitalista. Entretanto, a ordem econmica privilegia a valorizao do trabalho humano, que tem o sentido de orientar a interveno do Estado na economia de forma a preservar as questes sociais. Isto deve-se ao fato de que a forma de organizao econmica capitalista tem uma grande propenso de concentrar renda em mos de poucos. Desse modo, apesar da ordem econmica ter por fim assegurar existncia digna, conforme os ditames da justia social..., isso no significa que o estado tenha o dever de cumprir essa determinao, visto que este apenas um princpio. Cabe ao Estado, entretanto, prover-se de mecanismos no intuito de regulamentar as questes sociais (direito do consumidor, defesa do meio ambiente, reduo das desigualdades regionais e pessoais e a busca do pleno emprego) no intuito de promover a justia social. Os principais princpios do artigo 170 so: Soberania nacional - A inteno desse princpio de criar um capitalismo autnomo, uma vez que ainda existe, principalmente nas economias subdesenvolvidas, como o caso da brasileira, uma estreita relao de dependncia com as economias desenvolvidas. Propriedade privada e funo social da propriedade - A propriedade dos meios de produo privada, entretanto ela s se legitima quando voltada aos fins e valores da ordem econmica, isto , a vivncia digna. Alm disso, entendendo-se por funo social da propriedade, qualquer bem genrico, dando, dessa forma, ao Estado poderes de intervir na distribuio dos bens de13

consumo para propiciar a satisfao de necessidades bsicas (manuteno da sobrevivncia humana) que se constituem um modo de fazer cumprir a funo social da propriedade. Liberdade de iniciativa- A liberdade de iniciativa o princpio bsico do liberalismo econmico. Inclusive no pargrafo nico do art 170, assegura a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei. Isto quer dizer que apesar das empresas terem liberdade de iniciativa para o seu desenvolvimento, esta deve estar pautada dentro das limitaes e regulamentos que a lei estabelece (permisso para exercer algumas atividades; relaes de trabalho; fixao de preos, interveno direta do estado na produo e comercializao de determinados bens) Livre concorrncia - este princpio procura manter a livre concorrncia no mercado contra a concentrao capitalista. Analisando o processo evolutivo do capitalismo verificamos que houve uma tendncia de concentrao de capital, e por conseguinte a formao de grandes oligoplios. Apesar dessa constatao, a Constituio institui no art 174 pargrafo 4 que a lei reprimir o abuso do poder econmico que vise a dominao dos mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros , isto , o estado ir intervir na economia para evitar os abusos do poder econmico e preservar a liberdade de iniciativa ( formao de Leis Antitrustres). Defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; reduo das desigualdades regionais e sociais; e busca do pleno emprego. Estes princpios esto dirigidas para resolver as questes de ordem social e regional, dando possibilidades ao Poder Pblico de intervir na ordem econmica no intuito de proporcionar uma maior justia social, diminuir as desigualdades regionais e buscar o pleno emprego (oposio polticas recessivas). Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. Houve uma mudana no que se refere a definio de empresa brasileira, pois no importa mais a origem do seu capital, e sim estar sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no pas para caracterizar-se como brasileira. Alm disso, trata que dever haver um favorecimento das empresas de pequeno porte, micro e pequenas empresas. Esse assunto, tambm tratado no art 179, onde consta que a A Unio, os Estados, o Distrito Federal, e os Municpios dispensaro s microempresas e s empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurdico diferenciado, visando a incentiva-las pela simplificao de suas obrigaes administrativas, tributrias, previdenciarias e creditcias, ou pela eliminao ou reduo destas por lei. Outra forma de interveno do estado na economia est no artigo 173, onde admite-se a sua explorao direta de atividade econmica - Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos de segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Alm disso, no artigo 174 cabe ao Estado, como agente normativo e regulador da atividade econmica, as funes de fiscalizao, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor pblico e indicativo para o setor privado. Deste modo, o Estado pode ser um agente econmico, um agente regulador (arts 22,24 e 178 ordenao do transporte areo, aqutico e terrestre) da atividade econmica e um promotor do desenvolvimento econmico, estabelecendo as diretrizes e bases do desenvolvimento nacional equilibrado. Outra importante forma de interveno governamental expresso no artigo 177 que estabelece os monoplios da Unio no caso do petrleo, gs natural e minrio ou minerais nucleares. Entretanto, como houve uma flexibilizao nessa questo, a Unio poder contratar empresas estatais ou privadas para a realizao das atividades previstas nos incisos I a IV.

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Alm disso, cabe ao Poder Pblico a concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, da prestao de servios pblicos. Pertence a Unio as jazidas, em lavra ou no, e os demais recursos minerais e os potenciais de energia hidrulica, podendo o aproveitamento desses recursos serem efetuados pela iniciativa privada, mediante autorizao e concesso.

Da Poltica UrbanaNo que se refere a poltica Urbana, cabe a Unio dar as diretrizes para o desenvolvimento das funes sociais das cidades e garantir o bem estar de seus habitantes. Regula as desapropriaes e o usucapio.

Da Poltica Agrcola e Fundiria e da Reforma AgrriaNo plano da poltica agrcola, institui regras quanto a poltica agrcola e sobre a reforma agrria, com critrios definidos em lei, que tem a finalidade de promover a distribuio de terra. Dessa forma, o Poder Pblico tem uma ampla interveno nas relaes de trabalho, propriedade rural e na poltica de preos, atravs da poltica agrcola (art 187 A poltica agrcola ser planejada e executa na forma de lei, com a participao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercializao, armazenamento e de transporte, levando em conta, especialmente: I - os instrumentos de poltica creditcia e fiscais; II os preos compatveis com os custos de produo e a garantia de comercializao; III - o incentivo a pesquisa e a tecnologia; IV - a assistncia tcnica e extenso rural; V - o seguro agrcola; VI - o cooperativismo; VII - a eletrificao rural e irrigao; VII a habitao para o trabalhador rural).

Do Sistema Financeiro NacionalTem por objetivo promover o desenvolvimento equilibrado do Pas e a servir os interesses da coletividade. Regulamenta a participao do capital estrangeiro nas instituies . Cria as normas para a organizao, funcionamento e as atribuies do BC e demais instituies financeiras.

Bibliografia BsicaRossetti, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. So Paulo: Editora Atlas,1989 Captulo IV- A Evoluo da Economia como Cincia ( sees 4.4, 4.5 e 4.6) Captulo IV - Introduo geral aos problemas econmicos ( seo 5.1 ) Captulo VII- Os problemas Econmicos Centrais captulo XII- A organizao da Atividade Econmica ( sees: 12.3, 12.4 e 12.5)

Pinto, Anibal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo: Editora Unilivros,1980 Captulo I e II

Jorge, Fauzi Tmaco.Economia: Notas Introdutrias.So Paulo: Editora Atlas, 1989.Captulo I e II Vasconcellos, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998. Capitulo 1,2 e 3.

Constituio da Repblica Federativa do Brasil Silva, Jos Afonso; Curso deDireito Constitucional Positivo; 12 edio; So Paulo; Editora Malheiros Editores.15

PARTE II - Noes de Microeconomia

A microeconomia concentra-se na anlise do processo de formao dos preos de um determinado segmento econmico. Para isso, utiliza-se da hiptese coeteres paribus (tudo mais permanecendo constante). O estudo microeconmico analisa, principalmente, a demanda, a oferta, o preo de equilbrio e a estrutura de mercado.

1- A FORMAO DOS PREOS1.1 - O MERCADOO sistema econmico composto de vrias partes integrantes: unidades familiares, unidades produtivas, o governo e setor externo. O mercado funciona como ponto de unio entre estas unidades econmicas. Sempre que algum quiser vender ou comprar algo, isto , que desejar efetuar uma transao com outras unidades econmicas, ele far no mercado. Dentro da rea jurdica, existem campos especficos que regulam essas transaes (Direito Comercial, Direito Econmico, Cdigo de Defesa do Consumidor e etc.)

1.2-

A CURVA DE PROCURA ( DEMANDA)

As famlias so os grupos adquirentes de bens no mercado. A unidade familiar dispe de certa quantia de receita com que financia seu consumo, sendo muito diferente as quantidades e a origem de tais recursos (salrios, aposentadoria, lucros, juros e etc.). As despesas familiares esto atreladas s receitas auferidas e so gastas seguindo uma hierarquia ( pobres gastam maior parte de sua renda em alimentao). A demanda ( procura) influenciada principalmente pelo preo. Na maioria dos casos uma elevao dos preos dar origem a importantes variaes na demanda. Geralmente, observamos que os compradores esto dispostos a adquirir uma quantidade maior de um bem quando o seu preo reduzido. Dessa maneira, a quantidade procurada varia na razo inversa do seu valor. A demanda afetada tambm pelo efeito substituio (bem que poderia ser substituido por outro para atender uma mesma necessidade) e pelo efeito renda ( perda do poder aquisitivo do consumidor) A anlise da demanda est baseada em um crtrio subjetivo de utilidade (representa o grau de satisfao que o consumidor atribuem a um determinado bem ou servio).Preo

Curva de Demanda (Procura)

Quantidade 16

Alteraes na Demanda Preo Aumento da demanda

P1

P0

D1 D0 Q1 Q0 Q3 Q2 Quantidade

1.3-

A CURVA DE OFERTA

As quantidades de um produto que os vendedores desejam oferecer no mercado, a vrios preos, formam a curva de oferta. Caso os fabricantes consigam obter um preo mais alto por produto, ele passar a fabricar mais. Isto eleva o custo de produo e, assim, a quantidade oferecida somente aumentar caso for oferecida a um preo maior. Desse modo, as empresas geram bens e servios que so oferecidos aos consumidores. A oferta, como a demanda, varia conforme os preos. Entretanto deve-se introduzir um novo elemento que o custo de produo.

Preo Curva de oferta

Quantidade

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Deslocamento da curva de ofertaPreo Aumento da oferta

P0

Q0

Q1 Quantidade

As empresas podem ter formas diferentes de organizao. Na atualidade a mais importante a Sociedade Annima. Este tipo de sociedade caracteriza-se por ter o seu capital fracionado em aes. As companhias abertas com aes negociadas em Bolsa de Valores (lugar onde as operaes de compra e venda de aes so realizadas) possuem, geralmente, dois tipos de classes: ordinrias e preferencias. As aes ordinrias do direito a voto na Assemblia Geral dos Acionistas.

1.4- O PREO DE EQUILBRIONo ponto onde a curva de oferta cruza com a demanda d-se o preo e a quantidade de equilbrio.

Preo

Oferta

P0 Demanda

Q0

Quantidade

A quantidade e o preo de equilbrio somente so determinados no mercado, a partir de um nmero de compradores e vendedores, grande o suficiente para que ningum disponha de uma parcela substancial do mercado para si prprio. Todos os participantes do mercado subordinam18

se aos preos de mercado. Desse modo, no ponto de equilbrio se dar a fixao do preo ( lei da oferta e da demanda ). Essa lei, funciona em mercados de concorrncia perfeita, isto : - Nmero elevado de empresas produtivas e de compradores, agindo independentemente, de tal forma que nenhum deles consiga modificar os preos e os nveis de oferta e procura; - Inexistncia de quaisquer diferenas ente os produtos; - Perfeita mobilidade para o ingresso de novas empresa; - Liberdade dos agentes; - No h interveno estatal fixadora de preos; - No existem monoplios ( formadores de preos); - Elasticidade da demanda dos produtos so parecidas e os consumidores tambm tem um poder de compra semelhante.

Entretanto, quando analisamos a atualidade, verificamos que tal mercado no existe. O Estado tem uma grande influencia como defensor e interventor dos preos (questes sociais). Os monoplios existentes impem preos. Estabelece impostos. Pratica uma poltica de preo mnimo, principalmente, no setor agrcola. Isso, entretanto, no invalida por completo a Lei da Oferta e Procura de alguns bens.

1.5- IMPERFEIES DO MERCADO1.5.1- Quanto a estrutura de bens e servios MONOPLIOSCaracterizado por grande nmero de compradores defrontando-se com apenas um vendedor; Inexistncia de produtos capazes de substituir aquele que produzido pela empresa; Inexistncia de competidores imediatos; Considervel poder sobre os preos; e Dificilmente recorrem a publicidade;

OLIGOPLIONmero pequeno de empresas que dominam o mercado; Produtos podem ser padronizados ou diferenciados; Controle sobre os preos pode ser amplo, devido ao nmero pequeno de empresas; e O ingresso de novas empresas geralmente difcil.

CONCORRNCIA MONOPOLISTA- H um grande nmero de empresas concorrentes e as condies de ingresso so relativamente fceis. Entretanto, cada empresa possui sua prpria patente ou particularidade, criando assim um segmento prprio de mercado; - Existem bens substitutos, no caracterizando dessa forma como monoplio.

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1.5.2- Quanto aos fatores de produoMONOPSNIOQuando existe um ncio comprador para muitos vendores de servios e insumos de produo

OLIGOPSNIOQuando existem poucos compradores que dominam um certo mercado para muitos vendedores. Exemplo: indstria montadora em relao a compra de insumos das autopeas.

MONOPLIO BILATERALOcorre quando um monopsnio compra determinado produto de um monoplio. Bibliografia - ROSSETTI, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. So Paulo: Editora Atlas,1989. Captulo 10 - A Formao dos preos e a Orientao da atividade econmica ( sees 10.1, 10.2 e 10.4) Captulo 11- As imperfeies da concorrncia e do sistema de preos ( Seo 10.1) - PINTO, Anibal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo: Editora Unilivros,1980 Captulo IV; V e VI

- VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998. Capitulo 5 e 7.

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PARTE III - Noes de Macroeconomia

A macroeconmica se preocupa em analisar o comportamento dos agregados economicos como um todo. Assim, os principais pontos estudados na macroeconomia, so: a Renda Nacional, o estoque de moeda e taxa de juros, as relaes internacionais, o nvel de emprego e o nvel de preos. Os objetivos da poltica macroeconomica so: proporcionar um elevado nvel de emprego; a estabilidade de preos, uma melhor distribuio da renda e promover o crescimento econmico. Os instrumentos disponveis para proporcionar tais objetivos, so: a poltica monetria, a poltica fiscal, a poltica cambial e a poltica de renda.

1- PRODUTO INTERNO BRUTOPara registrar e quantificar os agregados macroeconomicos de uma forma coerente e sistematizada foi criada a Contabilidade Nacional. O Produto Nacional Bruto (soma dos bens e servios) ou a Renda Nacional Bruta (soma das rendas ou receitas percebidas por todas as pessoas) a medida bsica da atividade econmica. No Brasil, entretanto, o indicador mais utilizado para avaliar o desempenho de todas as atividades econmicas o Produto Interno Bruto (PIB = PNB rendas enviadas ao exterior de no residentes, na forma de juros, lucros e royalties ).

PIB = Total das mercadorias e servios produzidos no Pas durante um determinado perodo de tempo.

Os principais objetivos em quantificar o PIB, so: - Medir o crescimento econmico; - Avaliar a execuo da poltica econmica; - Apreciar a importncia relativa de cada setor; - Verificar a produtividade de cada setor; - Fazer comparaes internacionais; e etc.

Para somar coisas heterogeneas faz-se necessrio a utilizao de um denominador comum, que o preo, para tornar possvel a soma dos vrios bens e servios produzidos na economia. Vamos supor como exemplo uma economia bastante simples que produza apenas quatro bens:

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BEM Automvel Caminho Motocicleta Bicicleta Total PIB

UNIDADES 200 60 400 900

PREO 10.000,00 40.000,00 3.000,00 500,00

TOTAL 2.000.000,00 2.400.000,00 1.200.000,00 450.000,00 6.050.000,00

O Problema da Dupla ContagemUm dos problemas para apurar o PIB a dupla contagem de bens intermedirios, uma vez que j esto includos no valor do produto final. Existem duas formas de evitar essa dupla contagem: - excluindo os bens intermedirios; ou - computando somente o valor adicionado de cada estgio de produo

Estgios de Produo 1-Trigo 2-Farinha 3-Padaria Valor

Receita de Vendas 7.000,00 10.000,00 12.000,00 Adicionado

Compras 0 7.000,00 10.000.00

Valor Adicionado 7.000,00 3.000,00 2.000,00 12.000,00

O PIB pode ser avaliado sob 3 ticas: Produto, Renda e DispndioPRODUTO NACIONAL = DESPESA NACIONAL = RENDA NACIONAL

Produto o valor de todos os bens e servios finais, ao preo de mercado, num dado perodo de tempo. No caso do exemplo anterior, o Produto Nacional seria de R$ 12.00,00. Pela tica da produo podemos, por exemplo, segmentar a produo de bens e servios entre os setores primrio (agro-pecuria), secundrio (indstria) e tercirio (servios). Abaixo temos a composio do PIB da economia brasileira no ano de 1993

SETOR AGRO-PECURIA INDSTRIA SERVIOS

% 10,0 38,1 51,9

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RendaPode ser dividido em lucros, salrios, juros e alugueis. Podemos exemplificar da seguinte forma:

Setor Trigo Farinha Padaria TOTAL

Salrio 4.000,00 1.000,00 500,00 5.500,00

Juros 1.000,00 500,00 500,00 2.000,00

Aluguis 500,00 500,00 500,00 1.500,00

Lucro 1.500,00 1.000,00 500,00 3.000,00

Dessa forma, sob a tica da renda teramos tambm o valor de R$ 12.000,00.

DispndioEm termos de dispndio ( gastos) o PIB pode ser dividido em consumo, investimento, gastos do governo e exportaes menos importaes.

Despesa Nacional = Consumo+Investimento+Gastos do Governo+ Exportaes - Importaes

Exemplo: Dispndio Consumo Investimentos Gastos do Governo Exportaes Importaes (-) R$ 9.000,00 1.000,00 1.500,00 1.500,00 -1.000,00 12.000,00

TOTAL

PIB Nominal, Real e Per-CapitaNos Pases onde o patamar inflacionrio elevado existe a necessidade de deflacionarmos o PIB para podermos compara-lo com os outros perodos. Desse modo, temos: PIB Nominal - mede o valor dos bens e servios aos preos prevalecentes no perodo em que so ofertados PIB Real - PIB nominal divido pelo ndice de preos

PIB Per-Capita - PIB real dividido pela populao23

CRESCI (%) MENTO cresc. (%) PIB per capita 1990 10,9 100 10,9 542.828,3 -4,3 -5,9 1991 57,1 523 10,9 544.456,8 0,3 -1,3 1992 620,2 5.726 10,8 540.143,8 -0,8 -2,3 1993 14.039,4 124.390 11,3 562.849,2 4,2 2,7 1994 355.566,8 2.979.021 11,9 595.218,8 5,8 4,3 1995 620.366,1 4.986.881 12,4 620.366,1 4,2 2,7 Fonte: - IBGE ( retirado de Vasconcellos, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998, pp 107.)

Brasil/ ANO

PIB NOMINAL a preos correntes R$ milhes

IGP (1990= 100)

PIB REAL R$ milhes de 1990

PIB REAL R$ milhes de 1995

PAS Brasil E.U.A Canad Mxico

PIB (em US$ bilhes) 676,0 7.250,0 566,0 279,0

PIB per capita (em US$) 4.350 27.300 19.000 2.900

Fonte: Revista Carta Capital, nmero 39, 25 de dezembro de 1996,pp38

1.2 - Os ciclos econmicosTodos os Pases passam por ciclos, isto , perodos de crescimento e queda da atividade econmica. At o perodo de 1930, as intervenes por parte do governo, eram pequenas, uma vez que, os economistas da poca acreditavam que as foras de mercado, lei da oferta e demanda, levariam ao equilbrio econmico e ao pleno emprego dos recursos. Entretanto, a crise econmica que teve incio com queda da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, mostrou que o mercado por s s no teria condies de levar a economia ao pleno emprego. Nesse sentido, Keynes, estudando esta crise, desenvolveu suas teorias, cuja base, est na maior interveno por parte do governo para regular a atividade econmica. Assim, atualmente o governo pode utilizar-se de diversas polticas econmicas, como por exemplo, a poltica fiscal, a monetria e cambial (sero analisadas mais detalhadamente nos prximos tpicos) no intuito de amenizar ou reverter esses ciclos, tanto de expanso como de contrao da demanda agregada e do nvel de emprego.

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1.3 - Fatores de expanso e Contrao da demanda agregada e do nvel de emprego

Poltica Fiscal MonetriaCambial

Fatores de expanso - Diminuio de impostos. - Aumento dos gastos do governo. - Subsdios e estmulos as exportaes - Tarifas e barreiras as importaes - Taxas de juros baixa - Crdito fcil. - Desvalorizao cambial

Fatores de contrao - Aumento dos impostos. - Reduo dos gastos do governo. - Retirada de subsdios as exportaes - Reduo de tarifas as importaes - Altas taxas de juros - Restrio ao crdito - Valorizao cambial

O governo dispe, principalmente, de trs instrumentos de poltica econmica para controlar a demanda agregada e o nvel de emprego. Estes instrumentos so: a poltica fiscal, monetria e cambial. 1.3.1- Fatores de Expanso da demanda agredada (PIB) e o nvel de emprego Quando o governo quer aumentar a demanda agregada (PIB) e o nvel de emprego, isto , praticar uma poltica expansionista, ele poder promover uma ou mais medidas nas seguintes reas: Poltica Fiscal: Reduzir impostos. Quando o governo reduz os impostos, mantidos os demais fatores constantes, sobrar mais recursos para serem gastos. Adquirindo mais mercadorias e servios, as empresas tero que produzir mais e para isto ser necessrio contratar mais trabalhadores. A contrao de mais trabalhadores significar um aumento da massa salarial que resultar no aquisio de mais produtos. Esta espiral positiva poder levar, dessa forma, ao aumento do PIB e do nvel de emprego. Aumentar os gastos Pblicos: Quando o governo gasta recursos na construo de novos prdios, escolas, hospitais, rodovias, e etc, ele ter que contratar, possivelmente, mais trabalhadores, que por sua vez tero condies de consumir mais produtos e servios, aumentando dessa forma o PIB e o nvel de emprego. Barreiras Alfandegrias : Quando o governo aumenta a alquota de importao, os preos dos produtos estrangeiros ficam mais caros, estimulando, dessa forma, a aquisio de produtos nacionais . Poltica Monetria:

Reduo das Taxas de Juros: Quando o governo reduz a taxa de juros, as pessoas e as empresas daro maior preferncia consumir do que investir os seus recursos no mercado25

financeiro. Alm disso, uma taxa de juros mais baixa, dever provocar uma reduo na taxa de juros do credirio, fato que possibilitar estimular a aquisio de mais produtos e servios prazo. Para aumentar a produo de bens e servios ser necessrio contratar mais mo-de-obra e o PIB dever crescer. Ampliao do Crdito: Quando o governo amplia o prazo do credirio, as parcelas ficam menores em termos monetrios, facilitando dessa forma a aquisio de produtos financiados, antecipando dessa forma, o consumo de bens e servios. Poltica Cambial:

Desvalorizao Cambial: Com a desvalorizao cambial os produtos estrangeiros ficam mais caros. Assim sendo, os produtos nacionais ficaro mais competitivos, ampliando a sua participao de mercado. Para isto, a produo dever ser ampliada, gerando dessa forma, um aumento do PIB e do nvel de emprego. 1.3.2- Fatores de Retrao da demanda agredada (PIB) e do nvel de emprego Quando o governo quer diminuir a demanda agregada (PIB) e o nvel de emprego, isto , praticar uma poltica restritiva ele dever atuar de forma contrria poltica expansionista.Bibliografia - Cardoso, Eliana.Economia Brasileira Atual ao Alcance de Todos. So Paulo. 5 Edio. Editora Brasiliense Captulo I - O PIB - Rossetti, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. Editora Atlas Captulo XX - Conceito e clculo do PIB - Pinto, Anibal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo. Editora Unilivros Captulo VIII

- Passos, Carlos Roberto Martins.Fundamentos de Economia.So Paulo. Editora Terra, 1994. Parte III - Noes Gerais de Macroeconomia Captulo III- Contabilidade Nacional Vasconcellos, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. So Paulo: Editora Saraiva, 1998. ( Captulo 9)

2- AS FUNES DO ESTADOCom a evoluo do capitalismo, o Estado foi assumindo diversas funes, que dentre elas destacam-se:26

Funo Alocativa - Fornecimento pelo estado de bens e servios que o mercado no oferta adequadamente (so os chamdos bens pblicos). Funo Distributiva- O sistema de preos, muitas vezes, em uma economia de livre mercado no leva a uma justa distribuio da renda. Dessa forma, o estado atravs da tributao, por exemplo, retira recursos das classes mais ricas e os transfere para os mais pobres. Funo Estabilizadora- Relacionada a interveno do estado na economia para regular os preos e o nvel de emprego. Esta interveno feita principalmente pela poltica fiscal, monetria, cambial e de renda.

2.1- As Contas Governamentais e o Dficit PblicoPoltica Fiscal Envolve as decises do governo sobre quanto gastar, quanto arrecadar e que tipos de impostos recolher.

Receitas do governo

A principal fonte de recursos do governo o tributo (constituidos por impostos taxas e contribuio de melhorias). Existem dois critrios bsicos de tributao: - o princpio de capacidade de pagamento e - de acordo com os benefcios recebidos do servio pblico ( taxas e contribuies) Os impostos so comumente divididos em diretos (incidem sobre as rendas ou o capital dos indivduos) e indiretos (incidem sobre o consumo de determinados bens).

O sistema tributrio brasileiro Segundo a Constituio da Repblica Federativa do Brasil no seu Artigo 145 cabe a Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios instituir os seguintes Tributos: I - impostos; II - Taxas; e III- contrituies de melhoria, decorrente de obras pblicas

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Competncia para Instituir impostos Unio (art.153)I- Importao de produtos estrangeiros; II- exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III- renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V -operaes de crdito, cmbio e seguros, ou relativos a ttulo ou valores mobilirios; VI- propriedade territorial rural

Estados( art. 155)I- Transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens ou direitos; II Operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicaes; III- propriedade de veculos automotores

Municpios ( art 156)I propriedade predial e territorial urbana; II- transmisso inter vivos; III- servios de qualquer natureza, no compreendidos os incidentes no artigo 155.

Alm da competncia de instituir os impostos, existe na Constituio (artigos 157 a 162) uma regulamentao que trata da repartio dessas receitas tributrias entre a Unio, os Estados e Municpios. No Brasil os impostos indiretos tem um peso elevado quando comprado aos pases desenvolvidos. Este fato, provoca uma tributao mais elevada sobre as pessoas de menor poder aquisitivo.

As principais despesas do governo so: . Despesas correntes - gastos para a manuteno do funcionamento do Estado ( Ex: despesas de pessoal, defesa nacional, material de ensino, vesturio, luz, etc.) . Transferncias - repasses de dinheiro( Ex:programas de previdncia social) . Juros - encargos da dvida Pblica . Gastos para a formao de capital fixo ( investimentos) - incremento da capacidade produtiva ( Ex: construes, obras pblicas, compra de mquinas,etc.) . Subsdios - benefcios concedidos s empresas, visando assegurar ao consumidor preos mais baixos

2.2- OS DFICITS GOVERNAMENTAISQuando o governo gasta mais do que arrecada ele cria uma situao de dficit pblico. A reduo dos impostos e/ou aumento dos dispndios do governo levam ao crescimento do dficit. O governo financia seu dficit, principalmente, atravs da colocao de ttulos pblicos ou emisso monetria. Quando o governo financia seu dficit atravs de colocao de ttulos ele cria a divida interna. Alguns dos problemas ocasionados por esse tipo de financiamento so: - colocao de mais ttulos para fazer frente ao pagamento de juros futuros. - deslocamento do estoque de capital (investimentos que poderiam ser feitos em mquinas e equipamentos) para a compra de ttulos do governo28

CONCEITOS DE DFICITS

Nominal = despesas correntes e de investimentos + despesas de juros + correo monetria e cambial da dvida - ( menos) receitas do governo Operacional = Nominal menos correo monetria e cambial da dvida

Primrio = Operacional menos juros da dvida interna e externa

FINANCIAMENTO DO DFICIT O governo financia os seus dficits atravs de duas formas bsicas: emisso monetria e emisso de ttulos. Financiamento do dficit atravs de emisso monetria gera: - crescimento da inflao, - no afeta os dficits futuros, e - diminuio das taxas de juros no curto prazo

Financiamento do dficit atravs de criao de dvida interna: - aumenta os dficits futuros, por causa dos pagamentos de juros, - elevao das taxas de juros, e - a inflao tende a cair

A Fragilidada Financeira do Setor Pblico da Economia BrasileiraA fragilidade financeira do setor pblico brasileiro pode ser atribuda crescente elevao de seu endividamento global que est diretamente relacionado exausto dos seus esquemas de financiamento. Deve-se buscar as causas da atual crise no financiamento da economia nos anos 70, fortemente apoiado no endividamento externo para ajustar o Balano de Pagamentos em 1974 e manter um elevado grau de crescimento atravs do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). Com a elevao significativa das taxas de juros internacionais em funo do segundo choque do petrleo (1979), agravou a situao do endividamento do setor pblico. A partir de 1982, com a interrupo dos fluxos internacionais, o setor governamental voltou-se para a expanso do mercado interno, aumentando consequentemente a dvida mobiliria interna, como nica alternativa para financiar-se (internao da dvida externa). Desse modo, a elevada dvida interna aliada a externa gerou uma grande fragilidade financeira do setor pblico. Esta reflete-se pela desarticulao institucional e financeira, pela no separao entre funes monetrias e fiscais que induziram a uma centralizao financeira na Unio, pela exausto dos esquemas de financiamento do setor pblico (queda da receita tributria lquida devido a concesso de subsdios e incentivos), e pela passagem do setor privado de devedor lquido para credor (financiavam o setor pblico atravs da ciranda financeira). Alm disso, as empresas pblicas, no incio da decda de 80, foram utilizadas como ferramenta de poltica macroeconmica,isto , os reajustes de preos dessas empresas estavam acontencendo abaixo dos ndices inflacionrios no29

intuito de conter a taxa de inflao que estava em asceno. Um outro fator importante, de que muitas dessas empresas foram obrigadas a tomar emprstimos no mercado financeiro internacional para proporcionar ao governo uma contnua entrada de recursos externos para fazer frente aos problemas do balano de pagamentos. Em funo disso, as empresas pblicas perderam a sua capacidade de se autofinanciarem levando-as, desse modo, a uma situao de deteriorao crescente(ocorreu uma grande queda dos investimentos dessas empresas). A resoluo da crise, desse modo, s se dar atravs de mudanas de ordem econmica, social e poltica, uma vez que o problema no pode ser resolvido atravs de fluxo e sim atravs de estoque, isto , somente atravs de venda de ativos (privatizao). Bibliografia - Cardoso, Eliana.Economia Brasileira Atual ao Alcance de Todos. So Paulo. 5 Edio. Editora Brasiliense.1985 Captulo - O oramento do governo, os dficits e a dvida interna - Pinto, Anibal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo. Editora Unilivros.1980 Captulo VII - O Estado como Ente Econmico. - Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 16 edio . So Paulo. Editor Saraiva. 1997. - Jorge, Fauzi Tmaco.Economia: Notas Introdutrias.So Paulo. Editora Atlas. 1989. Captulo 5 - O Setor Pblico - Rossetti, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. Editora Atlas.1989 Captulo XXX- A poltica Fiscal - Leal, Sueli. Fragilidade Financeira do Setor Pblico.Revista de Administrao Publica. Maio/Junho- 1990. - Baer, Werner. A economia Brasileira. So Paulo: Nobel, 1996. Captulo 11- O ampliado setor pblico brasileiro: seu papel em processo de mudanas e a privatizao.

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3 - O MERCADO FINANCEIRO3.1- A Moeda e os BancosBreve Histrico - Na vida primitiva, o trabalho era para atender as necessidades bsicas. - Comea a surgir de forma embrionria a diviso do trabalho - excedente de caa e pesca. - Surgimento dos preos relativos. - Intensificao de trocas. Escambo - Trocas de produtos por produtos ou servios por servios. - Problemas: - necessidades coincidentemente inversas; - acordo entre relaes de troca; e - quantidade enorme de combinaes.

As Mercadorias-Moeda - Algumas mercadorias foram eleitas instrumentos de troca. - As trocas eram indiretas. - Principais mercadorias utilizadas como moeda-Tabaco,algodo,linho e etc. - Problemas: - no possuam valor constante; - unidades indivisveis; e - produtos perecveis.

O Metalismo - Ouro e prata. Caractersticas: raros, durveis, fracionrios, continham grande valor para pequeno peso. - Problema: descobertas de minas faziam com que ocorressem variaes na relao legal. - Somente o ouro passa a ser utilizado como moeda Moeda Papel (Moeda conversvel) - Com o incremento das atividades econmicas, tornou-se desaconselhavl transaes de maior vulto (risco e dificuldade de transporte). - Surgimento das casas de custdia - faziam a custdia do ouro e davam certificados de depsitos de moeda metlica. - Estes certificados passaram a servir como meio de pagamento.

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O Papel Moeda (Moeda no conversvel) - As casas de custdia observaram que o lastro metlico no precisava ser necessariamente igual ao total dos valores dos certificados de depsitos para garantir a reconverso. - Casas de custdia comeam a emitir certificados sem encaixe metlico. - Quebra de diversos bancos. - Surgimento do Banco Central - regula a emisso de papel moeda - Deixa de existir a conversibilidade com o passar do tempo - Papel moeda tem curso forado e poder liberatrio

Moeda Escritural - Papel moeda passou a ser substitudo por operaes escriturais de dbito e crdito. - Sistema bancrio faz a custdia de valores e operaes creditcias.

3.1.1- Funes da Moeda

- Instrumento de Troca (no um bem de consumo e no tem outra utilidade especfica a no ser servir como instrumento de troca) - Instrumento para denominao comum de valores (expressa todos os bens e servios em unidades monetrias) - Instrumento para reserva de valores (sua posse representa liquidez por excelncia e seus detentores podem ser levados a reserva-las por motivos diferentes)

3.2 - Estrutura e funcionamento do mercado Financeiro brasileiro

Consideram-se instituies financeiras, para efeito de legislao em vigor, as pessoas jurdicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessria a coleta, a intermediao ou a aplicao de recursos financeiros prprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custdia de valor de propriedade de terceiros ( Lei de Reforma Bancria 4.595/64, Art 17).

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3.2.1- ESTRUTURA DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS Subsistema Normativo Sistema Financeiro Nacional

Subsistema de Intermediao

CONSELHO M ONETRIO NACIONAL (CM N)

BANCO CENTRAL (BACEN) SUBSISTEM A NORM ATIVO (CVM ) COM ISSO VALORES M OBILIRIOS INSTITUIES ESPECIAIS

B.B. BNDES CEF

Responsvel pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituies.

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Instituies Financeiras Bancrias

Instituies Financeiras no Bancrias SUBSISTEMA DE INTERMEDIAOSistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo (SBPE)

Instituies Auxiliares Composto pelas instituies bancrias e no bancrias que atuam em operaes de intermediao financeira. Instituies no Financeiras

I N S T IT U I E S I T I A U X IL IA R E S IL IA

B o lsa s ls a de V a lo r e s

S o c ie d a d e s C o r r e to r a s d e V a lo r e s M o b ili r io s

S o c ie d a d e s D is tr ib u id o r a s d e V a lo r e s M o b ili r io s

A g e n te s A u t n o m o s de In v e stim e n to I n s tim

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Instituies do Subsistema NormativoCMN Conselho Monetrio Nacional: o rgo deliberativo de cpula do Sistema Financeiro Nacional. Como rgo normativo no lhe cabem funes executivas, sendo responsvel pela fixao das diretrizes das polticas monetrias, creditcia e cambial do pas. Comisses consultivas prestam assessoria ao CMN, quando solicitadas, e se subdividem em: Bancria, Mercado de Capitais, Crdito Rural e Crdito Industrial. O presidente da CMN o Ministro da Fazenda. BACEN Banco Central do Brasil: Entidade vinculada ao Ministrio da Fazenda e criada para atuar como rgo executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposies que regulam o funcionamento e as normas expedidas pelo CMN CVM Comisso de Valores Mobilirios: Entidade vinculada ao Ministrio da Fazenda, administrada por um presidente e quatro diretores nomeados pelo Presidente da Repblica, e que funciona como rgo especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalizao do mercado de valores mobilirios no emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional, uma de suas competncias fiscalizar as Companhias Abertas. BB Banco do Brasil: Exerce ao mesmo tempo, as funes de agente financeiro do Governo Federal, e principal executor das polticas de crdito rural e industrial, e de banco comercial. Conserva ainda, algumas funes que no so prprias de um banco comercial comum, mas tpica de parceiro principal do governo federal na prestao de servios bancrios. BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico Social: Criado em 1952, como autarquia federal, o BNDES, hoje uma empresa pblica vinculada ao Ministrio do Planejamento, o principal rgo de execuo da poltica de investimentos do Governo Federal. Juntamente com as empresas a ele filiadas exerce uma tarefa de apoio aos investimentos estratgicos necessrios ao desenvolvimento do Pas e, particularmente ao fortalecimento da empresa privada nacional.

Instituies do Subsistema OperativoBancos Mltiplos: So bancos que podem operar simultaneamente, com autorizao do Bacen, carteiras de banco comercial, de desenvolvimento, de crdito imobilirio, de crdito, financiamento e investimento, de arrendamento mercantil, e de desenvolvimento, constituindo-se em uma s Instituio Financeira de Carteiras Mltiplas. Bancos Comerciais: Os bancos comerciais so classificados como instituies monetrias por terem o poder de criao de moeda escritural. So instituies financeiras que recebem depsitos a vista em contas de movimento e efetuam emprstimos a curto prazo, principalmente para capital de giro das empresas. CEF Caixa Econmica Federal: Instituio financeira responsvel pela operacionalizao das polticas do governo federal para habitao popular, saneamento bsico, caracterizando-se cada vez mais como banco de apoio ao trabalhador de baixa renda. Bancos de Investimento: Entidades privadas, especializadas em operaes de participao ou financiamento, a mdios e longos prazos, para suprimento de capital fixo de movimento de capital de giro.35

Bancos e Companhias de Desenvolvimento: Podem ser regionais ou estaduais, com funes semelhantes s do BNDES, com rea de atuao restrita esfera em que atua. Companhias de Crdito, Financiamento, e Investimento (Financeiras): Instituies privadas, constitudas na forma de sociedade annima, que tem por objetivo o financiamento ao consumo. Companhias de Crdito Imobilirio (SCI) e Associaes de Poupana e Emprstimo (APE) : As SCIs e as APEs so instituies participantes do Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimos (SBPE), estando sujeitas, enquanto instituies financeiras, s normas e fiscalizao do Bacen. Bolsas de Valores: Associao civil, sem fins lucrativos e tendo por objetivo social, entre outros, manter local adequado ao encontro de seus membros e realizao entre eles, de transaes de compra e venda de ttulos e valores mobilirios, em mercado livres e abertos. Sociedades Corretoras: Sociedade annima ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada, sua principal funo a de promover de forma eficiente aproximao entre compradores e vendedores de ttulos e valores mobilirios, dando a estes negociabilidade adequada atravs de operaes realizadas em recinto prprio (prego das Bolsas de Valores). Sociedades Distribuidoras: Firmas constitudas com sociedades annimas, sociedades por quotas de responsabilidade limitada, ou ainda como firmas individuais, cuja autorizao para o funcionamento dada pelo Bacen. Agentes Autnomos de Investimento: Pessoas fsicas credenciadas por bancos de investimento, sociedades de crdito, financiamento e investimentos, sociedade de crdito mobilirio, sociedades corretoras e sociedades distribuidoras, a desempenhar exclusivamente por conta e ordem das entidades credenciadas atividades como colocao ou venda de ttulos e valores mobilirios registrados na CVM ou de emisso ou de co-obrigao de instituies financeiras, entre outras. Companhias de Seguros: Constitudas como sociedade annima, so empresas administradoras de riscos, com obrigao de pagar indenizaes se ocorrerem perdas e danos nos bens segurados. Leasing, Factoring, Consrcios: So empresas ou atividades tpicas de concesso de crditos empresarial geral, ou operaes com consumidores.

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3.2.2 - Funcionamento simplificado de uma instituio BancriaIntermediao Financeira Banco Agentes Econmicos Deficitrios Ativo Passivo Captaes - Depsito a vista - Depsito a prazo - Poupana - CDI - Externas- Outras

Agentes Econmicos Superavitrios

Emprstimos

Prestao de Servios - Administrao de Fundos - Cobrana - Desconto de duplicata - Outras

Funcionamento simplificado da Bolsa de ValoresBolsa de Valores- o local especialmente criado e mantido para a negociao de valores mobilirios (principalmente aes) organizado pelas corretoras.

Investidor (comprar)

Investidor (Vender)

Sociedade Corretora

Sociedade Corretora

Prego

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3.3 - A POLTICA MONETRIAControle da oferta de moeda e das taxas de juros que garantem a liquidez ideal de cada momento econmico. O executor dessa poltica o Banco Central e os instrumentos que dispe so: - depsito compulsrio; - redesconto; - controle e seleo do crdito; e o - mercado aberto.

DEPSITO COMPULSRIO (regula o multiplicador bancrio)- so os depsitos que os bancos devem fazer junto ao BC e que correspondem a uma parcela dos depsitos vista e em trnsito. Restringem ou aumentam o processo de expanso dos meios de pagamentos.

REDESCONTO - a taxa cobrada pelo BC dos bancos comerciais para fazer emprstimos em caso de emergncia. Geralmente essas taxas so elevadas, no intuito de os bancos no ficarem sem reservas em caixa ( diminurem os emprstimos) CONTROLE E SELEO DE CRDITO - instrumento que impe restries ao livre funcionamento do mercado, pois estabelece controles diretos sobre o volume de crdito.

OPERAES DE MERCADO ABERTO - mais gil instrumento de poltica monetria de que o BC dispe, pois atravs dele so reguladas oferta monetria e o custo do dinheiro na economia. Essas operaes permitem: - controle da oferta de moeda; - manipulao das taxas de juros de curto prazo; e - garantir a liquidez dos ttulos pblicos.

3.3.1- AS TAXAS DE JUROSA expanso ou contrao da oferta monetria promovida pelo BC ir influenciar as taxas de juros no mercado financeiro. A taxa de juros a remunerao pelo uso do dinheiro. (TAXA NOMINAL - juros recebidos mais a correo monetria e a TAXA REAL - a taxa de juros descontada a correo monetria). Assim sendo a poltica monetria um elemento determinante das taxas de juros, que por sua vez, afetar a demanda ( consumo) agregada.

Contrao Monetria- Caso o BC promova uma contrao da oferta de moeda a tendncia de as taxas de juros aumentarem ( escassez de moeda). A elevao da taxa de juro aumenta a atratividade por investimentos no mercado financeiro, principalmente em ttulos da dvida pblica do governo. Como esta a taxa de juros bsica da economia, conseqentemente, ela acaba provocando um aumento nas taxas dos financiamentos cobradas pelas instituies financeiras, inibindo, desta forma a capacidade de investimentos das empresas e o crescimento da economia. Alm disso, os juros altos desestimulam o consumo, principalmente de bens de consumo durveis (automveis, eletrodomsticos, imveis e etc), uma vez estes produtos, normalmente, so adquiridos por meio de financiamento (as parcelas do financiamento ficam maiores devido taxa de juros elevadas). Assim sendo, com a elevao das taxas de juros, ocorrer uma diminuio do consumo e dos investimentos que, por sua vez, provocar uma queda no nvel de atividade econmica. Com a diminuio do ritmo da atividade, as empresas demitem trabalhadores, a massa salarial diminui e a demanda agregada tende a cair. Como a tendncia de que haja uma diminuio das vendas, as empresas diminuem o seu espaa para reajustar os seus preos. Um outro problema gerado pela elevao das taxas de juros e o aumento do volume de recursos necessrios para pagar o servio da dvida. Assim sendo, o governo se endivida mais para rolar os ttulos. 38

Expanso Monetria- O efeito exatamente contrrio. Caso o BC promova uma expanso da oferta de moeda a tendncia de as taxas de juros baixarem( excesso de moeda). A queda da taxa de juro diminui a atratividade por investimentos no mercado financeiro. Como consequncia ela acaba provocando um queda nas taxas dos financiamentos cobradas pelas instituies financeiras, incentivando, desta forma a capacidade de investimentos das empresas e o crescimento da economia. Alm disso, os juros baixos estimulam o consumo, principalmente de bens de consumo durveis (automveis, eletrodomsticos, imveis e etc), uma vez estes produtos, normalmente, so adquiridos por meio de financiamento (as parcelas do financiamento ficam menores devido taxa de juros baixa). Assim sendo, com a queda das taxas de juros, ocorrer um aumento do consumo e dos investimentos que, por sua vez, provocar uma aumento no nvel de atividade econmica. Com o aumento do ritmo da atividade, as empresas contratam trabalhadores, a massa salarial aumenta e a demanda agregada tende a subir. Como a tendncia de que haja um aumento das vendas, as empresas, caso a demanda esteja superior a oferta, aumentam o seu espaa para reajustar os seus preos .

Bibliografia: - Rossetti, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. Editora Atlas Captulo IX - A moeda (seo 9.6- As autoridades monetrias e o controle dos meios de pagamento) - Cardoso, Eliana.Economia Brasileira Atual ao Alcance de Todos. So Paulo. 5 Edio. Editora Brasiliense Captulo- O mercado financeiro, as taxas de juros e a poltica monetria

- Fortuna, Eduardo.Mercado Financeiro, produtos e servios. ED Qualitymark

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4- O Comrcio Internacional e o Balano de PagamentosO comrcio internacional praticado desde os tempos mais remotos. O intercmbio entre as Naes nos ltimos sculos foi aumentando devido a vrios fatores, entre os quais destacamse: o desenvolvimento da indstria (excedente de produo) e a melhoria dos meios de transportes e vias de comunicaes. Atualmente, com a crescente globalizao, existe uma interdependncia cada vez maior entre as Naes.

4.1- A TAXA DE CMBIOQuando dois pases apresentam relaes econmicas internacionais, para que as transaes sejam efetivadas, h a necessidade de se fixar a relao de troca entre as moedas de cada parceiro comercial, ou seja, a taxa de cmbio. Assim, a taxa de cmbio nada mais do que o preo, em moeda nacional, de uma unidade de outra moeda internacional. Assim sendo, a taxa de cmbio R$/US$, por exemplo, indica quantos Reais so necessrios para comprar um Dlar. A deciso de valorizar ou desvalorizar a moeda faz parte integrante da poltica cambial. Quando nossa moeda se deprecia (desvaloriza) em relao ao dlar, pagamos maior nmero de Reais por cada Dlar. Isto significa que os preos dos produtos estrangeiros ficaram mais caros e que os preos dos nosso produtos em dlares ficaram mais baratos.

Cmbio ValorizadoQueda de Exportaes Crescimento da Importao

Cmbio DesvalorizadoCrescimento da Exportaes Queda da Importao

4.2- O BALANO DE PAGAMENTOSRegistra toda as transaes comerciais, financeiras e tranferncias unilaterais com o exterior ou, conforme a definio do FMI Balano de pagamentos o registro sistemtico de todas as transaes econmicas realizadas entre residentes em determinado pas e os residentes no resto do mundo. Compreende duas contas principais a Corrente e a Conta Capital.

Estrutura1- A BALANA DE TRANSAES CORRENTES 1.1- O saldo da balana comercial Exportaes Importaes 1.2- O saldo da balana de servios Juros Lucros e Dividendos Viagens Internacionais Transportes (frete) Outros Servios40

1.3- transferncias unilaterais donativos manuteno de residentes no pas 2- A CONTA DE MOVIMENTO DE CAPITAIS 2.1- Investimentos 2.2- Financiamentos 2.3- Amortizaes 2.4- Emprstimos Curto Longo Prazo 2.5- Ouro monetrio

Erros e omisses3- SALDO DO BALANO DE PAGAMENTOS (supervit/dficit)

Assim sendo o Balano de Pagamentos a soma da Conta Corrente e de Capital. Caso o dficit em uma conta for compensado por um supervit na outra, o Balano de Pagamentos estar equilibrado. Quanto temos um dficit em Conta Corrente, podemos cobri-lo atravs do aumento da dvida externa, decrscimos dos ativos lquidos (diminuio das reservas internacionais) ou receber investimentos do exterior.

4.3- Evoluo do Comrcio Internacional 2Antiguidade at a crise de 1929 O Comrcio internacional pouco existia na antiguidade. O comrcio comea a crescer na era dos descobrimentos, fase mercantilista (1500-1750), com a busca de novas colonias. Nesta poca o interesse do Estado era buscar exportar mais do que importar (riqueza das naes era o ouro/prata). Na fase do liberalismo econmico (idias de Smith e Ricardo) ocorre, principalmente aps a revoluo industrial, um crescimento do comrcio internacional, pois os pases desenvolvidos estavam produzindo um maior excedente de produo. Praticamente no perdo que vai de 1880 at 1914 , primeira guerra mundial, as transaes internacionais eram baseadas no padro-ouro (as moedas de cada pas possuiam um lastro em ouro). No final da primeria guerra mundial os pases abandonam o padro-ouro e as moedas comeam a flutuar. Em funo das desvalorizaes entre as moedas aumenta o processo inflacionrio nos pases. A grande crise mundial de 1929 abalou as econmias de uma forma generalizada. Houve forte retrao econmica, fato que gerou uma elevao do nvel de desemprego e uma diminuio das transaes comerciais entre os pases.

Ver por exemplo: MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacinal e comrcio exterior. 4 edico. So Paulo: Atlas, 1998,p.63-84. 41

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A ordem econmica mundial do Ps-guerra No final da segunda guerra mundial, os pases europeus, estavam devastadas. Temendo que novas desvalorizaes fossem feitas, fato geraria uma maior disputa pelo comrcio internacional, foi proposto em 1944 na conferncia de Bretton Woods a volta do padro-ouro. Este tinha como principal objetivo incentivar o comrcio internacional. Suas principais propostas eram: paridades estveis entre as moedas, tomando-se como parmetro o dlar ( US$1= 1 ona troy de ouro); as flutuaes entre as moedas no poderiam exceder a 1% para cima ou para baixo; eliminao dos controles cambiais (livre movimentao) Criao do FMI e do BIRD. Este sistema funcionou praticamente at 1971. Isto porque a confiana na moeda americana comeava a ser abalada devido, principalmente, aos crescentes dficits do seu balano de pagamentos (diminua as suas reservas em ouro). Devido a elevao das taxas de juros no mercado Europeu e o temor de uma desvalorizao da moeda americana, muitos dlares comearam a ser trocados por moedas europias (a paridade entre as moedas eram mantidas porque os Bancos Centrais atuavam comprando ou vendendo moedas para sustentar as suas relaes de troca). Neste ano, como o Banco Central Alemo acabou aumentando muito as suas reservas em dlares, ele solicitou que os Estados Unidos convertessem os dlares em ouro. Isto provocou uma diminuio acentuada das reservas internacionais americanas em ouro. Assim, em de 15 de agosto de 1971 os EUA decidem que o dlar no mais seria convertido em ouro. Alm disso, passou a cobrar uma sobretaxa de 10% nas suas importaes. A partir deste instante foi abandonado o acordo de Bretton Woods e as moedas passam a ter livre flutuao. No final de 1971 houve nova tentativa de voltar ao padro ouro, entretanto em funo dos crescentes problemas enfrentados em seu balano de pagamentos, os Estados Unidos resolveram abandonar em definitivo o padro-ouro em 1973. Desta data at os dias atuais temos a livre flutuao entre as moedas.

4.4- Principais Organismos Internacionais4.4.1- BIRD - Banco Internacional de Reconstruo e Desenvolvimento ou Banco Mundial Foi criado junto ao acordo de Bretton Woods. Entrou em operao, entretanto, a partir de 27 de dezembro de 1945. Finalidade Inicial reconstruo dos pases devastados pela guerra, principalmente os europeus ( dcada de 50) Finalidade Posterior- Passou a atender os pases subdesenvolvidos ( dcada de 60 financiamento de transporte, energia e telecomunies; dcada de 70 - programas socias; dcada de 80 problemas da dvia externa; e atualmente estimular o comrcio internacional) Adeso por subscriao de aes e ser participante do FMI . No tem como o objevo o lucro.42

Dados nmero de membros Capital Subscrito Brasil

1996 180 US$ 281 bilhes US$ 3 bilhes

4.4.2- FMI - Fundo Monetrio Internacional Orgo executor das normas e princpios estabecidos em Bretton Woods. Inciou suas operaes em maio de 1946. Principais objetivos em 1946. -Establecer a paridade monetaria rgida (padro-ouro variao de 2%). -Desvalorizao dependia de aprovoo do FMI -Eliminar controles cambiais ( entrada e sada de recursos deveriam ser livres restrio somente ao hot money) -Dar assistncia aos pases com problemas no Balano de Pagamento (problemas estruturais e conjunturais) -Fornecer recursos Atualmente o seu principal objetivo dar assistncia aos pases com problemas no Balano de Pagamentos Adeso Qualquer pas pode subscrever cotas. - 25% em ouro ou em moeda forte - 75% em moeda do prprio pas. Solicitao de recursos 1 Tranche- Entrega moeda nacional e recebe divisas ou DES ( Direitos Especiais de Saque) limitada a 25% de sua quota 2 Tranche presta informaes ao FMI 3 tranche em diante Saques esto sujeitos aprovao do FMI 1996 Dados Nmero de membros 181 Capital Subscrito US$ 209 bilhes Brasil US$ 3 bilhes DES Direitos Especiais de Saque. -Criado em julho de 1969 -Incialmente US$ 1 = 1 DES -Depois da desvaloriao do dlar o DES foi calculado com base em 16 moedas. -A partir de 1981 cinco moedas eram utilizadas para o seu clculo ( dlar, marcos, franco franceses, ienes e libras)

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4.4.3- GATT - General Agreement on Tariffs and Trade Acordo geral sobre Tarifas e Comrcio / OMC Organizao Mundial do ComrcioGATT - General Agreement on Tariffs and Trade Acordo geral sobre Tarifas e Comrcio Objetivos - Desenvolver o comrcio internacional - Eliminar barreiras comerciais e protecionistas - Resolver disputas atravs de consultas Excees - Pases com dificuldades no Balano de Pagamentos - Pases subdesenvolvidos ( solicitavam ao GATT protees comerciais para acelerar o seu crescimento) Rodada do Uruguai (1986-1994) - Foram incluidas nas negociaes alm de mercadorias os servios e direitos autorais - Foi establecida a criao da OMC OMC Organizao Mundial do Comrcio Comea a operar a partir de 1/1/95 (124 pases integrantes) Resoluo dos problemas - No GATT as decises dependiam de consenso - Na OMC as restrioes depedem de consenso

4.5- BALANO DE PAGAMENTOS DO BRASILUS$ MILHES1981 Balana Comercial Exportaes Importaes Balana de servios juros outros Transferncias unilaterais TRANSAES CORRENTES 1.202 23.293 22.091 -13.135 -10.272 -2.664 199 -11.734 1983 6.470 20.175 15.428 -13.415 -11.008 -2.407 -108 -6.837 1989 19.096 33.784 14.688 -14.370 -11.371 -2.999 93 4.819 1993 13.100 38.800 25.700 -15.300 -8.500 -6.800 1.600 -600 1995 -3.200 46.500 49.700 -18.400 -8.100 -10.300 4.000 -17.600

CONTA CAPITAL emprstimos(mdio/longoprazo) outros ERROS E OMISSES BALANO DE PAGAMENTOS

12.773 15.553 -2.780 -414 -625

1.538 8.153 -6.615 -670 -5.969

3.358 10.225 -6.867 -1.200 6.977

9.800 12.200 -2.400 -800 8.400

29.100 14.700 14.400 1.400 12.900

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No Brasil, a Conta Corrente no perodo de 1950 a 1960 apresentou-se com pequeno dficit. Na dcada de 1970, entretanto, ela francamente deficitria, apesar do expressivo crescimento das exportaes (aumento do comrcio internacional e incentivos a exportao). Tudo isto no foi suficiente para compensar o crescimento das despesas com importaes (aumento dos investimentos e elevao dos preos do petrleo). Os investimentos estavam sendo feitos, principalmente para financiar o II Plano Nacional de Desenvolvimentos ( PND-II, 1975-79 ), cuja metas eram: - substituio das importaes de produtos industriais bsicos (como ao, alumnio, fertilizantes, produtos petroqumicos) e bens de capital; e - expanso da infra-estrutura econmica ( energia, produo de lcool, transporte e telecomunicaes). Assim sendo, os dficits eram financiados por emprstimos no exterior (formao da dvida externa). A situao agrava-se nos primeiros anos da dcada de 80 com a recesso mundial (queda nas exportaes e diminuio do fluxo de emprstimos) e pelo aumento das taxas de juros internacionais provocada pelo 2 choque do petrleo em 1979. Para recuperar o equilbrio da conta corrente, uma vez que, no poderia ser mais financiado atravs de recursos externos, foram adotadas polticas de conteno de gastos e de maxi-desvalorizaes da moeda, como forma de gerar um saldo da balana comercial superavitria para fazer frente ao pagamento de juros da dvida externa. Em funo desse fatores, a economia brasileira entra em um profunda recesso no perodo de 1981-83. A melhora do desempenho da balana comercial a partir do ano de 1983 esteve ligada a queda do PIB e principalmente a maturao dos investimentos feitos pelo II PND (aumento das exportaes e reduo das importaes). No incio da dcada de 90, com o governo Collor, tivemos o incio da abertura econmica do Pas. Foram reduzidas as tarifas e eliminadas as reservas de mercado (principalmente computadores). Essas polticas continuaram a ser adotadas pelo presidente Itamar Franco. Entretanto, aps a implantao do Plano Real, em 1994, a balana comercial comeou a apresentar dficits, fruto principalmente dessa maior abertura econmica, da apreciao do Real e do aquecimento da demanda interna. Esse dficit tanto da balana comercial, como na de transaes correntes, estava sendo financiado, principalmente, pela entrada de recursos internacionais ( investimentos em portflios e investimentos diretos).

4.5.1- As crises recentes do Balano de PagamentosOs recentes problemas enfrentados por alguns pases nos seus Balanos de Pagamentos tem provocado um temor de uma crise de proporo mundial. Incialmente tivemos a crise do Mxico, posteriormente da sia e da Russia e mais recentemente do Brasil. De uma forma genrica o desquibrio externo do Brasil foi ocasionado: Valorizao do Real Dficit na Balana comercial devido ao incremento das importaes (provocaado pela valorizao) Dfict em trasanes Correntes Cobertura dos dficts sendo financiado por capital especulativo atrados principalmente por elevadas taxas de juros interna ( fato que agrava o endividamento interno)

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Bibliografia -MAIA, Jayme de Mariz. Economia internacinal e comrcio exterior. 4 edico. So Paulo: Atlas, 1998 - VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & Garcia, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. SoPaulo: Editora Saraiva, 1998.

captulo- 12. - Cardoso, Eliana.Economia Brasileira Atual ao Alcance de Todos. 5 Edio. So Paulo: Editora Brasiliense,1985 - Rossetti, Jos Paschoal. Introduo Economia. 14 edio. So Paulo: Editora Atlas,1989Captulo 33 - Balano de Pagamentos e o Equilbrio Econmico Interno ( sees 33.1 e 33.2)

- Pinto, Anibal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo: Editora Unilivros,1980 - Banco Central do Brasil.

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5- InflaoA inflao caracteriza-se pela aumento contnuo e generalizado dos preos atravs do tempo, o que resulta em uma perda do poder aquisitivo da moeda. Na atualidade a inflao atinge todas as economias, umas em maior e outras em menor grau. O processo inflacionrio traz diversos tipos de distores: afeta o bem-estar (reduo da capacidade de adquirir bens), a distribuio de renda (os agentes econmicos que tiverem condies de elevar os seus preos sairo ganhando) e a alocao de recursos (preferencia de investir no curto prazo ou em especulao em detrimento dos investimentos de longo prazo). A inflao provocada pelo crescimento do meio circulante (moeda) com velocidade muito maior que a quantidade de bens e servios. Desse modo, a elevao dos preos atuam como corretora do desnvel entre o poder aquisitivo em excesso e os bens escassos. Esse processo, entretanto, pode ser causado pelo aumento da demanda (fatores monetrios) ou pelo aumento de custos (efeitos no-monetrios).

M. V = P.Q

Em alguns perodos, pode ocorrer um processo de queda de preos que denominamos de deflao. Existem fatores aceleradores da inflao (Choques de oferta e demanda), fatores mantenedores da inflao (indexao) e fatores sancionadores da inflao (aumento da oferta de moeda).

Fatores aceleradores do processo inflacionrio:- Aumento dos salrios acima da produtividade; - Aumento das margens de lucros das empresas; - Maxi-desvalorizaes; - Elevao dos impostos; - Elevao dos preos dos bens importados e etc.

Fatores MantenedoresIndexao - Consiste na correo de preos e salrios de acordo com a inflao passada ou com a inflao que se espera no futuro. Nos perodos de inflao elevada na economia brasileira todos os custos de produo eram indexados (salrios, bens intermedirios, bens importados, juros alugueis e etc.). A indexao provoca o que os economistas chamam de inrcia infacionria.47

Preos agrcolas Preos pblicos Preos industriais

Custo de Vida

Custos de Produo Salrios Produtos importados juros aluguis

Indexao Indexao Salarial Minidesvalorizaes Correo Monetria

Fator sancionador - Emisso monetria

5.1- Principais teoriasOs principais fatores aceleradores do processo inflacionrio so explicadas pelas seguintes teorias:

5.1.1- Monetarista - (Universidade de Chicago - Milton Friedman). A inflao decorre principalmente do aumento da quantidade de moeda em circulao. A causa para o aumento da emisso monetria est vinculada as presses que a sociedade faz para que o governo realize gastos maiores do que a sua receita. Quando o governo toma esta postura, acaba gerando dficit pblico (pode ser atribudo a subsdios dados pelo governo, contratao de mais funcionrios, aumento das obras pblicas e etc). Para solucionar o problema inflacionrio, na viso dos monetaristas, o governo deveria acabar com o dficit pblico. Entretanto, analisando o problema sobre outro angulo a idia monetarista pode ocorrer de forma contrria, isto , o aumento dos preos em geral, pode levar o governo a aumentar a quantidade de moeda (mesmo que o governo no tenha dficit) para que no ocorra uma presso muito forte sobre as taxas de juros. Desse modo, a emisso de moeda pode ser um processo passivo.

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5.1.2 - Estruturalismo - Ocorre quando determinado setor da atividade econmica cresce mais rapidamente que a oferta ou ento a oferta diminui por algum acidente. Os setores econmicos crescem em ritmos diferentes uns dos outros. Em conseqncia os preos naquele setor sobem. Como a tendncia de que eles permaneam elevados, devido a carncia de recursos para importar ou elevar a produo no curto prazo, os demais agentes econmicos elevam tambm os seus preos, no intuito de manterem os seus lucros. Esta escola de pensamento econmico tem as suas origem na CEPAL (Comisso Econmica para a Amrica Latina).

5.1.3 - Keynesiana - Ocorre na fase de pleno emprego e plena capacidade de produo, demanda agregada supera a oferta, pressionando os preos para cima. Em uma economia onde a mo de obra, os bens de capital e os bens intermedirios importados crescem na mesma proporo que a demanda agregada, no existiria presso inflacionria. Entretanto, se a economia crescer acima da capacidade de oferta, existiria presso inflacionria. Isto elevaria os custos de produo e os salrios acima da capacidade de pleno emprego. Por outro lado, caso exista capacidade ociosa de produo, haver tendncia para a inflao cair. Isto porque a demanda agregada tende a cair, a capacidade ociosa com isto, aumenta, provocando um processo recessivo. O nvel de emprego, consequentemente, tende a cair, diminuindo o salrio real que reduzir por conseguinte, os custos de produo e por fim a inflao.

5.1.4 - Administrada - Decorre da capacidade que as empresas monopolista e/ou oligopolista tm de aumentarem os seus preos, mantendo dessa forma a margem de lucro, mesmo nos perodos onde a demanda est abaixo da oferta. Como estas grandes companhias impem os seus preos, os demais setores econmicos acabam elevando tambm os seus como medida de defesa.

Taxas anuais de inflao no BrasilTaxas anuais de inflao (medidas pelo ndice Geral de Preos- Disponibilidade Interna)Anos (%) Anos (%) Anos (%) Anos 1948 8,3 1961 47,7 1974 34,6 1987 1949 12,2 1962 51,3 1975 29,4 1988 1950 12,4 1963 81,3 1976 46,2 1989 1951 11,9 1964 91,9 1977 38,8 1990 1952 12,9 1965 34,5 1978 40,8 1991 1953 20,8 1966 38,8 1979 77,2 1992 1954 25,6 1967 24,3 1980 110,2 1993 1955 12,4 1968 25,4 1981 95,2 1994 1956 24,4 1969 20,2 1982 99,7 1995 1957 7,0 1970 19,3 1983 211,0 1996 1958 24,3 1971 19,5 1984 223,8 1959 39,5 1972 15,8 1985 235,1 1960 30,5 1973 15,5 1986 65,0 Fonte: Revista Conjuntura Econmica , da fundao Getlio Vargas. (%) 415,8 1.037,6 1.782,9 2.596,0 421,0 988,0 2.087,0 2.312,0 75,0 9,0

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Principais ndices inflacionriosEm geral, temos o ndice de preos por atacado (ou de produtos industrializados) e o ndice de preos ao consumidor (ou do custo de vida). Na economia brasileira, em funo de termos passado por um longo perodo com inflao elevada, temos uma srie de ndices, entre os quais destacamos como principais: INPC e IPCA Calculados pelo IBGE, coleta dados a nvel nacional. O governo os consideram como inflao oficial. O INPC usa a ponderao dos pesos dos fatores que compem o custo de vida, tendo como base os gastos de famlias de at 8 salrios mnimos, e o IPCA de at 40 salrios mnimos.

IPA-DI - Calculado pela FGV, mede a variao dos preos no atacado. composto por duas partes: bens de consumo (durveis e no durveis) e bens de produo (matriasprimas, materiais de construo, mquinas, veculos e equipamentos) IPC-FIPE Calculado pela FIPE-USP, usa a ponderao dos pesos atuais dos fatores que compem o custo de vida. Tem como ponto restritivo a sua abrangncia , que compreende somente So Paulo. IGP-M Calculado pela FGV, foi criado para medir os ganhos ou prejuzos reais do mercado financeiro. composto de trs ndices: 60% do IPA (atacado), 10% de INCC (construo civil) e 30% de IPC (consumidor). Este um ndice geral da inflao.

Bibliografia- CARDOSO, Eliana.Economia Brasileira Atual ao Alcance de Todos. 5 Edio. So Paulo: Editora Brasiliense,1985 - PINTO, Anbal. Curso de Economia.11 edio. So Paulo: Editora Unilivros