7
 FILOSOFIA DIÁRIA -  Blog:  PROFEMORAIS.BLOGSTPOT .COM e-mail :  [email protected] 1 1    CONFLITO ENTRE TRABALHO E REALIZAÇÃO O ser humano durante toda sua vida persegue um único objetivo: ser feliz, sentir-se realizado. Mas a realização humana é algo desde sempre incompleto, é um eterno vir-a-ser. É essa constante busca de realização que permite ao ser humano transformar o seu meio natural e, com isso, fazer história. É nessa ação de transformar a realidade à sua volta que o ser humano encontra momentos de satisfação, de realização de seus projetos, ainda que, paralelamente a isso, esteja gerando novos desejos e ansiedades. A realização de um sonho, de um projeto é um estímulo para o início de um outro. E toda realização humana se faz  por meio do traba lho. Mas apesar de a realização (a felicidade) somente vir por meio do trabalho, há uma enorme distância entre realização e trabalho. O conflito gerado entre trabalho e realização deve-se, além de ser associado à tortura e ao sofrimento, ao fato de que na sociedade os trabalhos realizados pelos trabalhadores não são projetos seus e nem mesmo são seus os frutos de seus esforços. Longe de ser sinônimo de criação e de transformação, o trabalho que desenvolvem torna-se opressivo e estafante. 2    HISTÓRIA DO TRABALHO O tr ab alho na ant i gui da de gr e co-r om ana Para o filósofo Aristóteles a diferença social entre os homens era natural, não havendo contradição alguma na divisão que se impunha entre o trabalho manual e as atividades intelectuais e políticas.  Na cultura grega, cabia aos cidadãos a organização e o comando da  polis. Ao cidadão era proibido o trabalho braçal, já que ele deveria ter o tempo livre    ócio    para se dedicar à reflexão e ao exercício da cidadania e do bem-governar. Por ser rotineiro e não exigir capacidade reflexiva, o trabalho manual era considerado atividade degradante (indigna), relegada a escravos e não cidadãos. Em Roma, permaneceu a divisão entre a arte de governar e o trabalho braçal. Sendo o império fundado na escravidão, o trabalho braçal era visto como degradante e destinado aos povos dominados, tidos como seres inferiores. Trabalhar , para o cidadão romano, era negar o ócio ( negotium), negar o tempo livre e o lazer. O tr ab alho na I da de Mé dia A Idade Média ocidental-cristã não alterou substancialmente o conceito de trabalho. Organizada com base numa economia de subsistência, grande  parcela da população, apesar de livre em relação aos senhores proprietários, encontrava-se presa à terra, em luta diária pela sobrevivência. O trabalho era visto como meio de subsistência, de disciplina do corpo e de purificação da mente. Assim, servia de instrumento de dominação social e de condenação a qualquer rebeldia à ordem instituída. Se entre os gregos a escravidão era justificada como algo natural, na Idade Média cristã a servidão era justificada pela ordem divina. PROF o : MORAIS EJA 3 a  SÉRIE   ENSINO MÉDIO BIMESTRE:  PRIMEIRO

Apostila de Filosofia - EJA 3ª série - Ensino Médio.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 1

    1 CONFLITO ENTRE TRABALHO E REALIZAO

    O ser humano durante toda sua vida persegue um nico

    objetivo: ser feliz, sentir-se realizado. Mas a realizao humana

    algo desde sempre incompleto, um eterno vir-a-ser.

    essa constante busca de realizao que permite ao ser

    humano transformar o seu meio natural e, com isso, fazer histria.

    nessa ao de transformar a realidade sua volta que o ser humano

    encontra momentos de satisfao, de realizao de seus projetos,

    ainda que, paralelamente a isso, esteja gerando novos desejos e

    ansiedades. A realizao de um sonho, de

    um projeto um estmulo para o incio de um outro. E toda realizao humana se faz

    por meio do trabalho.

    Mas apesar de a realizao (a felicidade) somente vir por meio do trabalho, h

    uma enorme distncia entre realizao e trabalho.

    O conflito gerado entre trabalho e realizao deve-se, alm de ser associado

    tortura e ao sofrimento, ao fato de que na sociedade os trabalhos realizados pelos

    trabalhadores no so projetos seus e nem mesmo so seus os frutos de seus esforos.

    Longe de ser sinnimo de criao e de transformao, o trabalho que desenvolvem

    torna-se opressivo e estafante.

    2 HISTRIA DO TRABALHO

    O trabalho na antiguidade greco-romana

    Para o filsofo Aristteles a diferena social entre os homens era natural, no

    havendo contradio alguma na diviso que se impunha entre o trabalho manual e as

    atividades intelectuais e polticas.

    Na cultura grega, cabia aos cidados a organizao e o comando da polis. Ao

    cidado era proibido o trabalho braal, j que ele deveria ter o tempo livre cio para se dedicar reflexo e ao exerccio da cidadania e do bem-governar. Por ser rotineiro e

    no exigir capacidade reflexiva, o trabalho manual era considerado atividade

    degradante (indigna), relegada a escravos e no cidados.

    Em Roma, permaneceu a diviso entre a arte de governar e o trabalho braal.

    Sendo o imprio fundado na escravido, o trabalho braal era visto como degradante e destinado aos povos

    dominados, tidos como seres inferiores. Trabalhar, para o cidado romano, era negar o cio (negotium), negar

    o tempo livre e o lazer.

    O trabalho na Idade Mdia

    A Idade Mdia ocidental-crist no alterou substancialmente o conceito

    de trabalho. Organizada com base numa economia de subsistncia, grande

    parcela da populao, apesar de livre em relao aos senhores proprietrios,

    encontrava-se presa terra, em luta diria pela sobrevivncia.

    O trabalho era visto como meio de subsistncia, de disciplina do corpo e

    de purificao da mente. Assim, servia de instrumento de dominao social e

    de condenao a qualquer rebeldia ordem instituda. Se entre os gregos a

    escravido era justificada como algo natural, na Idade Mdia crist a servido

    era justificada pela ordem divina.

    PROFo: MORAIS

    EJA 3a SRIE ENSINO MDIO BIMESTRE: PRIMEIRO

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 2

    A tica capitalista do trabalho

    da poca do Renascimento a crena de que o trabalho inerente ao ser humano, isto , faz parte da

    essncia humana o desejo e a necessidade do trabalho.

    O fim da servido medieval determinou ao homem a liberdade de conquistar,

    com o suor de seu prprio rosto, o reconhecimento como cidado.

    Nicolau Maquiavel afirmava que os seres humanos trabalham por

    necessidade ou por escolha, afirmando haver mais virtude no trabalho realizado por

    escolha.

    Martinho Lutero afirmava ser o trabalho uma forma de purificao e adquiria

    sucesso na profisso aqueles que eram dignos da Providncia Divina. Por

    conseqncia, a ociosidade (moleza, preguia) passou a ser sinnimo de negao

    de Deus. S se mostrava a verdadeira f pelo trabalho incessante e produtivo.

    Adam Smith afirmava que a riqueza de uma nao dependia essencialmente

    da produtividade baseada na diviso do trabalho. O que antes era executado por um

    nico trabalhador, agora decomposta e executada por diversos trabalhadores, que

    se especializam em tarefas especficas e complementares. S o trabalho produtivo,

    fundado na mxima utilizao do tempo, dignificava o homem.

    ATIVIDADE 1

    1) Que relao podemos fazer entre trabalho e realizao humana ?

    2) Explique baseado no texto por que se diz que entre Trabalho e Realizao h um conflito constante?

    3) O pensar requer o cio. Analise essa frase de Aristteles de acordo com o contexto da sociedade grega antiga.

    4) Comparando a sociedade grega antiga e a sociedade medieval, em que aspectos elas se diferenciam?

    3 O MUNDO MODERNO E O VALOR DADO AO TRABALHO

    Cada homem vive do seu trabalho, e o salrio que recebe deve pelo menos ser suficiente para mant-lo. (...)

    Adam Smith

    O valor do trabalho segundo Adam Smith fornecer ao trabalhador o mnimo

    necessrio para sobreviver e procriar novos operrios. Assim como para os

    escravos da Antiguidade e os servos da Idade Mdia, a realizao que os

    trabalhadores assalariados deveriam esperar de seus esforos na produo das

    fbricas era a de poder sobreviver e procriar.

    Do mesmo modo como na sociedade greco-romana, os prazeres do esprito

    ficam reservados elite, e ao trabalhador, em geral, resta o exerccio do trabalho

    braal.

    O mundo moderno proporcionou exatamente o contrrio daquilo que os

    trabalhadores sempre desejaram. A mquina, que seria a libertadora do homem de

    seu esforo fsico, na verdade serviu para aumentar a produtividade, impor um ritmo e uma disciplina do

    tempo e do esforo.

    4 TRABALHO E ALIENAO

    A desvalorizao do mundo humano aumenta em proporo direta com a valorizao do mundo das coisas.

    Karl Marx

    O trabalho criado com a inteno de tornar o ser humano mais independente e mais satisfeito com as

    conquistas realizadas com seu esforo e dedicao. Porm, a partir da revoluo industrial e da evoluo do

    capitalismo o trabalho tem sido motivo de insatisfao e dependncia do ser humano em relao ao seu

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 3

    trabalho. O trabalho vem cada vez mais roubando (limitando ou mesmo

    inviabilizando) a liberdade e a vontade prpria de cada indivduo.

    Como trabalhador (operrio nas fbricas), o indivduo no possui vontade

    prpria sobre o que, quanto e como produzir, esse poder de deciso no lhe pertence,

    como tambm no lhe pertence o fruto de seu trabalho. O trabalhador no decide seu

    ritmo de trabalho, seu salrio, suas condies de moradia, de alimentao, seu tempo

    de lazer etc. Transforma-se, portanto, no que Marx chamou de sujeito alienado

    (alheio).

    Sujeito alienado, para Marx, aquele

    trabalhador que, diante daquele trabalho que realiza,

    torna-se muito mais um objeto usado para fabricar

    mercadorias que geraro riqueza para os capitalistas. O trabalhador alienado

    tanto se sente como objeto, quanto de fato tratado como tal o chamado processo de coisificao. Ele funciona nas fbricas como se fosse mais uma

    pea de uma engrenagem de produo: deve agir como for instrudo e produzir

    tanto quanto for exigido; nada seu, nem o que usa para produzir nem o

    produto de seu trabalho tudo lhe alheio, isto , tudo que produz pertence a outros.

    ATIVIDADE 2

    1) Segundo Adam Smith, qual a verdadeira utilidade do trabalho para o operrio?

    2) Segundo o texto, por qual razo o trabalho surgiu?

    3) Por qual motivo o trabalho no cumpre mais sua funo original, a funo a ele atribuda quando foi

    criado?

    4) De acordo com a leitura do texto acima, o que podemos entender por alienao?

    5) Explique o que um trabalhador alienado.

    6) No jogo de mercado da atualidade, o que precisamos fazer para alcanarmos sucesso profissional?

    7 Na sociedade na qual vivemos (uma sociedade de consumo), o que quer dizer vencer na vida? Voc concorda com essa viso? Justifique sua opinio.

    8 O que as pessoas so capazes de fazer para alcanarem o sucesso (vencer na vida)? O que voc pensa a

    respeito disso?

    9 Leia a seguinte frase: O sucesso prometido pelo mercado no um sucesso que todos podem alcanar. Analise-a e diga o que ela quer dizer com isso. Qual sua opinio sobre esse assunto?

    5 A REALIZAO NO MERCADO CONSUMIDOR

    Em todos os perodos da Histria humana a realizao sempre

    esteve ligada satisfao material. Nas economias de mercado a

    realizao se reduz, geralmente, ao consumo de bens materiais ou para

    ostentar aparncia de poder, ou para proporcionar mais lazer (diverso).

    muito comum ouvirmos e pensarmos que realizao significa

    vencer na vida, entendendo vencer como acmulo de bens materiais e ostentao de poder. vista como pessoa de sucesso aquela que possui carro do ano, veste-se com as melhores grifes e, de preferncia,

    conhea pessoas importantes e frequente lugares badalados. A obsesso humana por vencer tornou-se nos ltimos tempos uma

    doena social. Ela destri qualquer tica da convivncia, nela a vontade

    individual de vencer predomina, no importando os meios usados para

    realiz-la. Vence o mais forte ou o mais esperto. Essa vitria oferecida pelo mercado no uma vitria para todos. As condies de vida e de acesso aos bens

    no oferecida a todos de maneira igual, gerando, assim um processo de excluso. Mas, ao lado dessa

    realidade prevalece a idia de que todos podem vencer de forma igual, basta se esforar e ser competente,

    respeitando as regras do jogo.

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 4

    1 A HUMANIDADE E OS AVANOS TECNOLGICOS

    Desde sempre o ser humano desejou ir alm do que ele poderia

    imaginar. A sua capacidade criativa e inventiva o levaram onde todo o

    conjunto dos demais seres vivos no conseguiu ir: o ser humano

    evoluiu, modificou o meio sua volta, criou mquinas e equipamentos

    com a finalidade de mostrar sua grandeza frente natureza. O homem

    criou cidades inteiras, pases inteiros, mostrou sua grandeza inventiva e

    modificou radicalmente a imagem do mundo sua volta.

    Mas tudo na vida tem seu revs (seu contrrio)! A tecnologia traz

    consigo uma ambigidade: o avano que ela proporciona vem

    acompanhado de perigos e manipulao de poder. A tecnologia pode

    tanto estar a servio da vida como da morte: basta observarmos como

    foi a inveno da arma de fogo, do avio e da bomba atmica!

    O homem finalmente conseguiu superar os pssaros. Mas os pssaros no carregam

    bombas em suas asas!

    A civilizao tecnolgica exerce profundas influncias no modo

    de ser e pensar de cada um de ns, assim como na forma da

    organizao econmica, poltica e cultural das sociedades

    contemporneas.

    A tecnologia desempenha hoje um papel social relevante,

    basicamente por meio de instituies (centros

    de pesquisa, laboratrios, universidades), de

    associaes (de pesquisadores, cientistas,

    professores), de polticas cientfico-

    tecnolgicas das instituies governamentais.

    Se a Revoluo Industrial tirou o homem

    de casa para confin-lo nas fbricas repletas de

    mquinas, a atual revoluo da microeletrnica e da comunicao invadiu a

    intimidade do lar de cada um de ns.

    2 A SOCIEDADE TECNOLGICA E SEUS PROBLEMAS

    A tecnologia pode salvar o ser humano das

    doenas e da fome, abreviar seu sofrimento, substitu-lo

    nas rduas tarefas, garantir-lhe melhor qualidade de

    vida. Mas pode tambm acelerar a destruio da vida na

    Terra, desequilibrar os ecossistemas pelo uso

    desordenado dos recursos naturais, pelo excesso de

    produo e pelo desperdcio de energia.

    A Revoluo Industrial foi o marco decisivo para

    a consolidao do capitalismo. A inovao tcnica a

    prpria razo da concorrncia e o motor do lucro. Mas,

    embora o capitalismo acarrete um avano incrvel nas

    tcnicas da produo, fazendo aumentar consideravelmente a riqueza das

    naes, radicalizou a explorao do homem pelo homem, as guerras e a

    dominao de algumas naes sobre outras.

    Talvez a maior das contradies da moderna civilizao tecnolgica esteja na capacidade de produzir

    riquezas sem, no entanto, distribu-las ao conjunto da humanidade.

    PROFo: MORAIS

    EJA 3a SRIE ENSINO MDIO BIMESTRE: PRIMEIRO

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 5

    A cada nova conquista originada pelo avano tecnolgico, surge

    uma srie de novos problemas. Longe esto os homens, ainda, de chegar

    ao Pas das Maravilhas. Hoje, coexistimos, por exemplo, com o chamado

    desemprego tecnolgico. Justamente as

    sociedades mais desenvolvidas acabam

    deixando os homens sem emprego. O

    desemprego, nesse caso, causado pelo

    excesso de riqueza das sociedades mais

    desenvolvidas.

    Outros problemas decorrentes do

    avano tecnolgico nas sociedades

    modernas vinculam-se produo de

    energia nuclear, manipulao do material

    gentico humano, s tecnologias de armamentos e diettica. Frequentemente

    a moderna organizao tecnolgica da sociedade acaba produzindo resultados

    diferentes dos esperados, sem que houvesse inteno para tal fato.

    ATIVIDADE 3

    1) A partir de sua opinio, comente a frase: A tecnologia pode ser tanto criativa quanto destrutiva. 2) Quais so os aspectos positivos e negativos da tecnologia em sua vida?

    3) Cite as principais inovaes tecnolgicas presentes na maioria das sociedades mundiais.

    4) Voc concorda que a tcnica utilizada para resolver um problema acaba criando outros? Voc acha que

    sempre ser assim? Justifique sua opinio.

    3 O PAPEL DA TECNOLOGIA HOJE

    O filsofo Blaise Pascal, em seu livro Pensamentos, j havia profetizado que o ser humano moderno,

    ao colocar-se no centro do universo (como senhor das mudanas em seu mundo), se sentiria como um gro

    de areia no infinito e entregue ao seu prprio destino.

    A moderna sociedade tecnolgica parece indicar que o homem abriu uma via (um caminho) na qual

    no pode mais parar de buscar avanos, com uma ousadia cada vez maior. como se estivesse condenado ao

    progresso e a fugir em direo de seu prprio futuro, que no sabe ao certo onde fica e como alcan-lo

    plenamente.

    Diante da magnitude criada por suas mos, uma questo permanece: qual o sentido de sua existncia

    diante de tamanho desenvolvimento tecnolgico? como aquele/aquela trabalhador/trabalhadora que se

    esforou uma vida inteira para construir uma vida de sucesso e estvel, e, quando consegue tudo aquilo que

    desejou ter, pode perguntar-se: e agora o que farei? O que me espera daqui por diante?

    Antes, quando sua capacidade tecnolgica era mais limitada, o ser humano aproveitava a fora da natureza de um modo simples e direto (diques, barcos a vela, luz solar etc.). Atualmente, pode transformar as

    fontes energticas, como por exemplo, a eletricidade e a energia nuclear, por meio de operaes tecnolgicas

    mais avanadas e complexas, e isso exige maior interveno humana na natureza; essa interveno maior

    exige uma nova tomada de conscincia sobre como conviver com o meio ambiente sem transgredi-lo.

    O avano tecnolgico parece indicar que toda a humanidade pode ser beneficiria dessas conquistas e

    no apenas alguns poucos. Mas falta ainda ao ser humano descobrir que acumular riquezas e mquinas no

    tudo.

    Existem imensas possibilidades para o homem fundar uma nova sociedade planetria: as mquinas

    podem pensar com o auxlio humano, a informatizao lhe possibilita produzir em casa e estar conectado ao

    mundo pela rede de computadores (internet, TV, telefone); basta que saibamos utilizar nossa criatividade e a

    tecnologia na construo de uma solidariedade planetria.

    Filsofos como Max Horkheimer, Theodor Adorno e Jrgen Habermas nos alertam para a necessidade

    de uma reflexo moral e poltica sobre os fins das aes humanas no trabalho, no consumo, no lazer e nas

    relaes afetivas, observando atentamente se essas prticas esto a servio do ser humano ou da sua

    alienao.

  • FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 6

    LENDO E REFLETINDO A REALIDADE

    Globalizao: quem faz a nossa cabea?

    Magda Vianna de Souza

    As novas tecnologias surgidas no final do sculo 20 causaram enorme impacto sobre a produo cultural, reestruturando-a. Apenas os grandes grupos internacionais e financeiramente poderosos tm condies de produzir nesses moldes, levando os pequenos a desaparecer ou tornarem-se insignificantes, produzindo de forma paralela, como, por exemplo, as pequenas e tradicionais editoras. As novas tecnologias passam a dominar toda mdia e se disseminam por todo o globo, veiculando apenas uma viso, tirando espao dos antigos agentes socializadores como escola, igrejas etc.

    Os produtos da mdia para serem considerados vendveis, so analisados do ponto de vista da demanda e do mercado. Sob essa tica surge o que Warnier chama esporte-espetculo, religio-espetculo, poltica-espetculo. Tanto o esporte como a poltica e a arte tornam-se mercadorias e a sua midiatizao favorece o aparecimento das estrelas que so utilizadas pelo marketing publicitrio.

    As atividades do cotidiano, como a religio, o esporte, o lazer e a cultura, passam a fazer parte do fluxo miditico e so agora fenmenos espetculos globalizados, chegando a todos os espaos do planeta. Alteram profundamente as prticas locais, pois para estas no h espao de divulgao, fazendo com que se tornem pouco conhecidas em contraposio aos acontecimentos globais. Desta forma, os padres culturais dos pases ricos, que dominam a tecnologia da comunicao, repassam os contedos para os pases pobres, com menos tecnologia, caracterizando uma hegemonia cultural do Ocidente.

    Boaventura de Souza Santos, analisando esse processo, afirma que est ocorrendo no uma globalizao da cultura, mas sim uma ocidentalizao ou mesmo americanizao, com uma imposio de valores como: individualismo e a racionalidade econmica, todos dentro do padro de comportamento americano que se estendem e se impem a toda a sociedade.

    Este fenmeno da comunicao avalanche de notcias e informaes impessoais e desterritorializadas transmitido pelas grandes cadeias de meios de comunicao de massa e provoca um sentimento de valorizao de costumes, hbitos e tradies que esto prximos ao indivduo, que podem ser facilmente identificveis. Desta forma a sociedade globalizada determina um fortalecimento da cultura e dos vnculos locais.

    (...)

    (IN: Sociologia. Jornal Mundo Jovem e Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da PUCRS, n.10, ano 2, out 2010)